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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
SECRETARIA DE ESTADO DO MEIO AMBIENTE CONSELHO ESTADUAL DO MEIO AMBIENTE – CONSEMA
Av. Prof. Frederico Hermann Jr., 345 – Prédio 6, 1ºAndar CEP 05489-900 São Paulo – SP
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Ata da Audiência Pública sobre o Plano de Trabalho para elaboração do EIA/RIMA do
empreendimento “Unidade Industrial para a Produção de Aminoácido Lisina”, de
responsabilidade de CJ do Brasil Indústria e Comércio de Produtos Alimentícios Ltda.,
realizada no dia 11 de agosto de 2005, na cidade de Piracicaba.
Realizou-se, no dia 11 de agosto de 2005, às 17h00, no Anfiteatro da Prefeitura Municipal de
Piracicaba, Rua Antônio Correa Barbosa, 2233, Piracicaba-SP, a Audiência Pública sobre o Plano de
Trabalho para elaboração do EIA/RIMA do empreendimento “Unidade Industrial para a Produção de
Aminoácido Lisina”, de responsabilidade de CJ do Brasil Indústria e Comércio de Produtos
Alimentícios Ltda.. Dando início aos trabalhos, a Secretária-Executiva Adjunta do Consema, Cecília
Martins Pinto, declarou que, em nome do Secretário de Estado do Meio Ambiente e Presidente do
Consema, Prof. José Goldemberg, saudava e dava boas-vindas a todos os que haviam comparecido –
os representantes dos Poderes Executivo e Legislativo, de órgãos públicos e de entidades civis e
ambientalistas, enfim, todos que vieram participar dessa Audiência Pública sobre o Plano de
Trabalho para elaboração do EIA/RIMA do empreendimento ”Unidade Industrial para a Produção de
Aminoácido Lisina”, de responsabilidade de CJ do Brasil Indústria e Comércio de Produtos
Alimentícios Ltda. Declarou que tinha a missão de inicialmente compor a Mesa de Trabalhos,
chamando para dela fazerem parte os representantes da Coordenadoria de Licenciamento Ambiental
e de Proteção dos Recursos Naturais-CPRN, Engo
Pedro Stech, e do Conselho Estadual do Meio
Ambiente, conselheiro Paulo Figueiredo. Depois de explicar que a audiência pública constituía um
dos momentos do processo de licenciamento ambiental cujo objetivo era ouvir a sociedade e recolher
subsídios sobre o projeto específico que seria apresentado, contribuições essas que seriam juntadas
ao processo para que os técnicos dos órgãos responsáveis pelo licenciamento as analisassem e
verificassem a possibilidade de incorporá-las ao projeto, a Secretária-Executiva Adjunta expôs
resumidamente as normas estabelecidas pela Deliberação Consema 34/01 para a condução de
audiências públicas. Em seguida, após o representante da Coordenadoria de Licenciamento
Ambiental e de Proteção dos Recursos Naturais, Engo
Pedro Stech, informar em que fase do processo
de licenciamento ambiental o projeto se encontrava e de tecer comentários a respeito da importância
da participação da comunidade nas audiências públicas, passou-se à etapa em que se manifestam os
representantes do empreendedor e da equipe técnica responsável pela elaboração do Plano de
Trabalho. Jacinto C. Júnior, representante do consultor e da empresa Walm Engenharia e Tecnologia
Ambiental, inicialmente informou que a empresa CJ do Brasil pertencia a um grupo sul-coreano que,
presente há décadas na Coréia do Sul – e incluído entre as dez maiores empresas - e em outros
Países, como a Austrália e os Estados Unidos, estava se expandido no Brasil com a implantação de
atividades dos ramos alimentício, bio-farmacêutico, logístico e de entretenimento, e que, depois de
analisar várias alternativas locacionais, esse grupo escolheu a cidade de Piracicaba para implantar
uma unidade de fabricação de lisina, cuja produção de aminoácidos – com previsão anual de 57 mil e
700 toneladas - destinar-se-ia ao mercado da América do Sul. Informou também: 1) que esse produto
era um aminoácido essencial – um produto vegetal - produzido a partir da fermentação do açúcar
bruto; 2) que, além das lisinas cristal e líquida, essa unidade também produziria alguns subprodutos,
como um líquido fertilizante utilizado para irrigação agrícola, sulfato de amônia e a proteína prozim,
e que todos eles seriam encaminhados às indústrias alimentícias para fabricação de ração para suínos
e aves; 3) que outra matéria-prima a ser utilizada por essa unidade, além da cana-de-açúcar, seriam
amônia, ácido sulfúrico, ácido clorídrico, ácido fosfórico e soda cáustica; 4) que a planta que se
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pretendia instalar no Distrito Industrial de Piracicaba - em área plana próxima da rodovia que ligava
esse Município ao de São Pedro - era similar a de uma outra unidade desse grupo localizada na
Indonésia; 5) que na unidade de Piracicaba seriam investidos cerca de 202 milhões de reais para
construção da fábrica, cujas etapas de implantação e de operação se previa que gerassem,
respectivamente, 1 mil e 400 empregos diretos e 200 empregos fixos; 6) que essa unidade contaria
com estação de tratamento de água - que seria captada no Rio Piracicaba –, e sua disponibilidade
hídrica na seção de captação em frente da fábrica seria de 9256,45 litros por segundo, embora a
captação fosse de apenas 108 litro/segundo; 7) que essa unidade contaria também com estação de
tratamento de efluentes, torre de resfriamento, tecnologia de redução do consumo de água, de
separação da biomassa e de reutilização de subprodutos, utilizaria em suas caldeiras gás natural, o
que reduziria a produção de Nox, e que os resíduos sólidos seriam dispostos em aterros licenciados
pelos órgãos ambientais; 8) que os responsáveis por essa unidade solicitaram e receberam outorga de
captação de água e autorização de lançamento de efluentes, lançamento este que atenderia o disposto
pelo Decreto Estadual nº 8464; 9) que o consumo de energia elétrica seria de 10 megawatts/hora; 10)
que o Plano de Trabalho, elaborado de acordo com as exigências e determinações estabelecidas pela
legislação ambiental, federal e estadual, incluía a caracterização do empreendimento, a descrição das
alternativas locacionais, diagnóstico ambiental dos meios físico, biótico e antrópico, identificação
dos potenciais impactos positivos e negativos a serem causados, descrição sumária dos aspectos
climáticos,da qualidade do ar e das águas e do balanço hídrico, aspectos sobre os quais seriam
realizados estudos aprofundados, como igualmente o seriam acerca da hidrogeologia, da ictiofauna,
da fauna e da flora; 11) que igualmente seria analisado o aspecto sócio-econômico do Município,
análise esta que incluiria breve história sobre o desenvolvimento do Município de Piracicaba e, entre
outros, levantamentos sobre sua atual situação no que diz respeito à demografia, à educação, à
habitação, à saúde, às atividades econômicas, à infra-estrutura existente, às ocorrências arqueológicas
e ao uso e à ocupação do solo. Passou-se à etapa em que se manifestam os representantes do Coletivo
das Entidades Ambientalistas Cadastradas no Consema. Maria da Glória Siqueira de Melo, depois de
lamentar que o Plano de Trabalho tivesse sido colocado à disposição dos interessados apenas no
sexto andar da Prefeitura, pois, levando-se em conta que, se aprovado esse empreendimento, seu
funcionamento provocaria significativas mudanças na vida da cidade e da população, que seriam
colocadas em situação de risco, cópias desse documento deveriam ter ficado à disposição da
população em outros locais, inclusive durante o horário noturno, de modo a facilitar o acesso da
população, e que, da mesma forma, deveria se proceder em relação ao EIA/RIMA. Kátia Belmente,
igualmente representante do Coletivo das Entidades Ambientalistas Cadastradas no Consema,
comentou que, mesmo se se levasse em conta a possibilidade de esse empreendimento gerar
empregos no Município de Piracicaba, era fundamental que se aprofundassem as discussões sobre os
impactos que provocaria, ou seja, sobre sua sustentabilidade ambiental, especialmente no que dizia
respeito à utilização da água do Rio Piracicaba, e também se fazia necessário fossem oferecidos
detalhamentos sobre o aminoácido lisina, sua utilização e que impactos o funcionamento dessa
unidade industrial que o produziria provocaria nos recursos ambientais do Município e da região.
Paulo Jorge Moraes Figueiredo, representante do Proam, teceu os seguintes comentários: 1) que
manifestava sua satisfação em participar de uma audiência pública sobre o Plano de Trabalho desse
empreendimento, pois a análise e a discussão desse documento constituíam uma etapa anterior à
elaboração dos estudos ambientais propriamente ditos, e, portanto, uma oportunidade única para a
sociedade fazer suas advertências, admoestações, sugestões e críticas ao empreendedor e aos
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profissionais responsáveis pelas análises dos diferentes atributos ambientais a serem afetados pelo
funcionamento do empreendimento; 2.) que não se podia deixar de enxergar que Piracicaba era uma
região que se tornara saturada do ponto de vista ambiental, por se encontrar degradada a qualidade de
suas águas, do ar e de seu solo; 3) que, na visão do movimento ambientalista, a região que envolvia
os Municípios de Piracicaba, Campinas, Paulínia e Jundiaí, que constituía o eixo de expansão a partir
das Rodovias Anhangüera e Luiz de Queiroz, se encontrava em condição semelhante à do Município
de Cubatão nos anos 70 e 80, porque se tornara uma região fortemente adensada, em virtude,
principalmente, da existência de um grande número de indústrias que, embora gerassem elevadas
arrecadações, acarretavam nefastos danos ao meio ambiente; 4) que as condições ambientais do
Município de Piracicaba se encontravam no limite, ou seja, não mais suportariam o funcionamento
de uma grande indústria, o que fazia com que fosse este o momento decisivo para se exercer
escolhas, inclusive em relação a alguns processos produtivos, os quais não eram condizentes com o
estágio de saturação da região; 5) que se vinham notando alguns avanços no âmbito do planejamento,
inclusive com apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente, como era o caso de Paulínia, com
propostas de substituição dos processos produtivos obsoletos - que produzem grande quantidade de
resíduos e elevado consumo de energia - por processos menos impactantes, e que, coerentemente
com essa proposta, a implantação de novos empreendimentos ou indústrias só se tornava possível
com substituições capazes de reduzir a carga de emissão de poluidores ambientais; 6) que esse
procedimento adotado por Paulínia deveria ser também adotado pelo Município de Piracicaba,
inclusive em virtude da ocorrência de evidentes problemas de saúde pública, entre os quais
sobressaíam doenças respiratórias decorrentes dos processos de queimada, e que nem mesmo o
argumento da geração de empregos e de aumento de renda no Município justificaria a implantação de
novos empreendimentos poluidores; 7) que se fazia necessário que o setor produtivo se adequasse à
realidade ambiental dos contextos em que funcionavam, respeitando sua capacidade de suporte
ambiental, ou seja, a disponibilidade existente de água, o grau de saturação do ar e a disponibilidade
de áreas capazes de “metabolizar” a indústria na cidade, o que tornava necessário a implementação
de gestões administrativas preocupadas com a qualidade de vida da população; 8) que, por
desconhecer o processo de fabricação de aminoácidos, especialmente da lisina, buscara subsídios a
seu respeito, os quais o levaram a concluir que se tratava de processo de fermentação que geraria
grande quantidade de resíduos com alta carga orgânica, chamados pelo empreendedor de líquido
fertilizante, e essa característica de produzir resíduos levava esse processo a se assemelhar ao da
indústria sucroalcoleira, que, presente na região, igualmente gerava grande descarte – no caso, a
vinhaça -, a qual, jogada no campo em excessiva quantidade, acabava não sendo incorporada pelas
plantas, e, com a ação das chuvas, chegava às águas superficiais; 9) que, embora não estivesse se
referindo à contaminação do lençol freático, era preciso que esses efluentes fossem tratados de forma
cuidadosa e adequada, tornando-se necessário, por isso, se conhecer a qualidade desses efluentes; 10)
que, apesar de o projeto prever pequeno consumo de água, era preciso se levar em conta que, pelo
fato de esse processamento industrial utilizar açúcar, amônia, ácido sulfúrico, soda,ou seja, uma série
de produtos que provocavam danos à saúde se não forem adequadamente manuseados, recomendava-
se fossem rigorosamente analisados os possíveis riscos a que seriam submetidos o trabalhador e o
meio ambiente local; 11) que não se poderia conceber o descarte do processo produtivo como se
fosse sempre passível de reutilização, porque isso nem sempre acontecia, e essa constatação tornava
necessário se pensar nos efluentes gerados, que eram cargas orgânicas que, se jogadas no rio sem
tratamento adequado, poderiam causar verdadeiras tragédias, e, num processo industrial como o que
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estava sendo proposto, os vários elementos e insumos a ele incorporados, entre os quais açúcar,
amônia, ácido sulfúrico, clorídrico, fosfórico, soda, eram todos eles produtores de risco; 12) que tal
constatação tornava necessário se exigir que o Estudo de Impacto Ambiental a ser elaborado sobre
esse processo industrial contemplasse, com precisão, o potencial de risco a ele inerente, inclusive a
possibilidade de acidentes rodoviários ou operacionais capazes de provocar vazamento desses
produtos no Rio Piracicaba, levando-se em conta as características e o grau de saturação desse
manancial; 13) que, ao ouvir do consultor informação sobre disposição de resíduo Classe II em aterro
sanitário, era necessário se ter consciência da inexistência de um aterro controlado no Município e de
que há mais de uma década se vinha debatendo a implantação ou não de aterros industriais no
Município, não tendo a sociedade local chegado até agora a algum consenso, e esse dado também
deveria constar dos estudos; 14) que esses estudos deveriam apresentar alternativas locacionais
situadas em diversos pontos do território do Município, e não com um distanciamento mínimo entre
si como foi o caso daquelas apresentadas para implantação da Termelétrica Carioba II, e que
igualmente deveriam ser apresentadas alternativas tecnológicas e compará-las entre si, ou seja,
comparar, por exemplo, a torre de resfriamento, que, como afirmou o consultor, possuía a qualidade
de evitar descartes, com outras tecnologias, isto é, com o estado da arte das tecnologias de
refrigeração no Primeiro Mundo, por se levar em conta a pouca disponibilidade de água na região;
15) que, no que concernia às compensações ambientais, propunha que elas não consistissem na
recuperação da mata ciliar do próprio empreendimento, mas, sim, que se constituíssem efetivamente
em compensação ambiental, e que, portanto, o critério para sua definição fosse a degradação dos
recursos da região e a existência, na região, dos vários problemas aqui referidos. Passou-se à etapa
em que se manifestam os representantes da sociedade civil. Carlos Roberto Rodrigues, representante
do Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia de Piracicaba, depois de citar o provérbio que diz
ser necessário se dar o primeiro passo se se pretende ir até a China, comentou que a implantação
dessa unidade industrial em Ártemis poderia mobilizar outras empresas e empreendimentos a
procederem da mesma forma; que o contexto do desenvolvimento sustentável da região de Piracicaba
envolvia três dimensões, que eram a social, a ambiental e a econômica; que esse Município possuía
um planejamento até o ano 2010, o qual incluía várias expectativas de desenvolvimento, como bem
explicitava o Projemap - projeto que tinha como objetivo atrair novas empresas e negócios para o
Município; que, por outro lado, se aprovada a implantação desse empreendimento, ele teria em vista
três vértices - ou três pontas -, que davam conta de toda a dimensão ambiental, por envolver as
questões lixo, resíduos e água; que o tratamento do esgoto, como todos sabiam, era outra questão a
ser resolvida na cidade, motivo por que propunha constituísse uma das medidas compensatórias a
participação dessa indústria na implementação de soluções para o grave problema de saneamento
básico; que propunha também constituísse outra medida de compensação a participação da empresa
responsável por essa unidade industrial na implementação de programas sociais para a região, e que
um deles tivesse como objetivo promover a inserção da população ribeirinha no processo de
desenvolvimento do Distrito de Ártemis, envolvendo todos os bairros próximos, uma vez que o
funcionamento desse empreendimento afetaria Ártemis e todo o entorno; e que a terceira proposta era
que essa empresa estudasse a possibilidade de doar ao Município de Piracicaba uma reserva
ecológica, que funcionasse ou como parque ecológico ou como área de lazer, e reflorestasse a área
limítrofe desse parque ou as margens do Rio Piracicaba; que outra proposta era que esse
empreendimento promovesse o reúso da água e o aproveitamento das águas de chuva, o que muito
contribuiria para uma racionalidade do uso da água. Lourival Fonte Junior, professor vinculado à
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Universidade Metodista de Piracicaba, comentou que fazia parte do Núcleo de Estudos
Interdisciplinares em Meio Ambiente, Energia e Sociedade que funcionava no âmbito da
Universidade Metodista, e que as discussões por ele realizadas levaram à constatação de que as
indústrias em funcionamento nesse Município produziam, em grande quantidade, um líquido
fertilizante, parecido com a vinhaça, e, para se ter uma idéia, a cada litro de álcool produzido eram
gerados de oito a dez litros ou dez metros cúbicos de vinhaça, resíduo este que, embora funcionasse
como fertilizante, sua incorporação ao solo vinha sendo de oito a dez vezes maior que os níveis
estabelecidos pela Cetesb, como comprovava trabalho recentemente desenvolvido pela Unimep sobre
uma usina em funcionamento na região; que, levando-se em conta essa situação, era problemático o
aumento da produção desse tipo de resíduo, pois, dada a impossibilidade de seu aproveitamento
como fertilizante, ele passaria a se constituir um descarte, e essa possibilidade colocava a
necessidade de se analisar seus componentes com o objetivo de se esclarecer o que de fato estava
sendo jogado no solo; que outra questão importante, como já foi dito, dizia respeito ao uso da água,
que aparecia nesse Plano de Trabalho como um dos significativos impactos que o funcionamento
dessa unidade industrial acarretaria, e que, no entanto, era necessário se ter consciência da
impossibilidade de o Rio Piracicaba suportar mais esse impacto; que, outro dado importante dizia
respeito aos dados fornecidos pela Cetesb sobre a qualidade do ar da região, que revelavam não ser
boa, e que esses dados deveriam ser utilizados nos estudos ambientais que fariam o diagnóstico sobre
a viabilidade ou inviabilidade desse empreendimento. José Antônio de Godoy, representante da
Associação Comercial e Industrial de Piracicaba, comentou que analisava a instalação dessa empresa
no Município na perspectiva dos benefícios que ela traria, e que a associação que representava teve
conhecimento da responsabilidade ambiental e social do empreendedor quando esse projeto lhe foi
apresentado, pois, nessa oportunidade, foi relatado o procedimento do empreendedor nos outros
locais onde essa empresa atuava; que a entidade que representava também confiava nos técnicos que,
após analisar esse projeto - examinar suas características e os danos que elas poderiam provocar -,
por certo o dotariam de mecanismos e cuidados de modo a que sua implantação não trouxesse
nenhum risco para o meio ambiente e seu funcionamento efetivamente contribuísse para o
desenvolvimento e o crescimento de Piracicaba, de modo a que esse Município se tornasse em um
efetivo pólo do desenvolvimento da região. Hans Eckert, representante do Centro das Indústrias do
Estado de São Paulo-CIESP, comentou que as empresas coreanas, presentes no mercado
internacional, atendiam todas as normas e exigências e que o cuidado que dispensavam aos aspectos
social e ambiental lhes trouxeram várias certificações; que outro critério para sua tranqüilidade em
relação ao meio ambiente era a existência, hoje, de tecnologias capazes de controlar tudo o que
estava sendo despejado nos rios, além da existência de normas e exigências que controlavam todos os
sistemas, avaliando tudo o que se processava ou acontecia, como bem mostrava o funcionamento de
outras multinacionais no Município de Piracicaba; que, por outro lado, só depois de sua instalação,
seria possível se exigir dessa empresa benefícios para o meio ambiente e para a comunidade. José
Luiz Ribeiro, representante do Sindicato dos Metalúrgicos, comentou que esse sindicato lutava pela
melhoria das condições ambientais do Município, e que o interessante do regime democrático era a
convivência entre aqueles que se posicionavam favoráveis e contrariamente à implantação de um
mesmo projeto ou de mudanças, e, no caso desse empreendimento, em nome dos trabalhadores de
Piracicaba posicionava-se favorável à sua implantação em virtude dos benefícios que ele traria,
especialmente no que dizia respeito à geração de empregos; que a entidade que representava lutaria
para que fosse contratada, para preenchê-los, a mão-de-obra local, pois essa medida em si mesma já
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consistiria numa grande compensação, na medida em contribuiria para amenizar a fome daqueles que
se encontravam desempregados; e que esse sindicato acompanharia de perto o licenciamento desse
projeto e, se ele vier a ser aprovado, se preocupará com a saúde dos trabalhadores, ou seja, com o
meio ambiente no interior da empresa; que essa empresa já entrara em contato com o Sindicato dos
Trabalhadores das Indústrias da Alimentação de Piracicaba, o que demonstrava sua boa vontade e
transparência. Fânio Luiz Gomes, representante do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de
Alimentação em Piracicaba, comentou que esse sindicato representava seiscentos mil trabalhadores
no setor de alimentação do Estado de São Paulo, e que, como seu representante, vira com
tranqüilidade o que foi apresentado e o posicionamento dos representantes dos diferentes segmentos
que se haviam manifestado; que esse sindicato desejava fosse esse projeto rapidamente aprovado
para que a empresa pudesse dar início às suas atividades o mais breve possível, e que, com certeza,
todos os cuidados seriam adotados, e esse sindicato, juntamente com todos os órgãos, continuariam
vigilantes com a saúde e a segurança dos trabalhadores. Isidoro Camolese Filho, representante da
Fundação Educacional e Cultural Elvira Guarda Mascarin de Piracicaba, comentou que essa era a
entidade mais nova de Piracicaba que discutia a questão ambiental, e que, embora não conhecesse
ninguém que fizesse parte do Conselho Estadual do Meio Ambiente, solicitaria sua inclusão nesse
conselho, e convidava membros da Unimep e de outras universidades para trabalharem com essa
entidade com vistas ao desenvolvimento da região e com vistas à implantação de um projeto
educacional que levasse em conta o meio ambiente. Sérgio Horlink, representante da entidade
Piracicaba 2010, comentou que considerava essa reunião importante, pois demonstrava o grau de
evolução da população da cidade, e que era imprescindível que todos os setores sociais se
envolvessem com ela; que a entidade que representava havia formatado, conjuntamente com outros
setores do Município envolvidos com a questão social, a Agenda 21 de Piracicaba, cujo principal
objetivo era tratar a sociedade em todas as suas dimensões, quais sejam, ambiental, sócio-econômica,
política, urbanística e cultural; que essa entidade era favorável à implantação dessa unidade
industrial, e sugeria que, quando da elaboração do EIA/RIMA, fossem levadas em conta as
determinações legais relativas ao lançamento dos efluentes, à vazão de estiagem, aos procedimentos
do reúso industrial da água e de energia, ao reaproveitamento de matéria-prima e à utilização de
tecnologias limpas de prevenção à poluição, e que, em relação aos resíduos sólidos, esse estudo
deveria explicitar as taxas de aplicação e conter proposta de monitoramento contínuo, e propunha
também que, em relação aos empregos, o EIA/RIMA indicasse as instituições a serem contatadas,
entre as quais o Senai e o Senac, e outras entidades com atuação em Piracicaba, para quedessem
preferência à mão-de-obra local. Passou-se à etapa em que as pessoas se manifestam em seu próprio
nome. Eloá Marconi declarou que, como cidadã, pretendia apenas colocar e democratizar suas
dúvidas, que se deviam, por certo, à dificuldade em se estabelecer o nexo causal entre a maneira
como a cidade inchava, recebia novas empresas que poluíam ou que, potencialmente, poluíam e a
violência urbana, que se devia talvez ao fato de que cada empresa ao se implantar atraía grande
quantidade de imigrantes, os quais, muitas vezes, não encontravam emprego na cidade, motivo pelo
qual os empregos a serem gerados deveriam ser preenchidos pela mão-de-obra local, pois de nada
adiantava o crescimento do PIB se piorava a qualidade de vida; que sua pretensão era colocar esse
ponto de vista, pois acreditava que todos os que estavam presentes não pretendiam viver numa cidade
violenta, com enormes desigualdades sociais e com a degradação da água, do solo e do ar e,
conseqüentemente, com a piora de sua qualidade de vida. Luis Carlos Gregório Ramos declarou que
pretendia fazer uma série de perguntas: 1) o que era a biomassa, como seria separada a lisina, que era
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o produto principal, dos subprodutos que provinham de sua fermentação; 2) quais os gases emitidos
com a evaporação e se eles provocariam algum impacto na atmosfera da região; 3) qual a função da
proteína prozim e onde e como ela seria aplicada e igualmente onde seria aplicado ou se seria
descartado o sulfato de amônia e qual a sua utilização; 4) como se daria o armazenamento e o
transporte dos produtos referidos pelo ambientalista Paulo Figueiredo como perigosos, e como eles
deveriam ser tratados no caso da ocorrência de acidente e de contaminação do rio ou do solo; 5) qual
o funcionamento da torre de resfriamento e se uma quantidade de água considerável seria devolvida
por ela ao rio, e, nesse caso, se essa água seria devolvida numa temperatura mais elevada; 6) qual o
volume dos efluentes que seriam lançados no rio e quais as suas condições; 7) se haveria infiltração
de efluentes tóxicos no solo; 8) se a Cetesb faria monitoramentos periódicos da qualidade da água do
rio localizado em volta da planta; 9) e se a cana utilizada seria queimada ou utilizada na forma crua
Passou-se à etapa em que se manifestam os representantes de órgãos públicos. Milton Sérgio Bissoli,
Procurador-Geral do Município de Piracicaba, declarou que, como o objetivo de se construírem
Distritos Industriais no Município se fez necessário alterar a destinação da área na qual seria
implantada essa unidade industrial, anteriormente destinada à urbanização, e que tal alteração
permitia, inclusive, o parcelamento do solo; que, de acordo com a justificativa técnica oferecida pelo
Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba, concluiu-se que a implantação de indústrias nessa
área, precisamente no Bairro Itaperu, seria tecnicamente viável, desde que analisadas, entre outras, as
questões ambientais e observadas as legislações municipal, estadual e federal pertinentes; que existia,
obviamente, por parte do Município a preocupação com o impacto ambiental, e tal preocupação fora
contemplada pela legislação que iria de agora em diante normatizar a zona industrial ou a zona
específica urbana onde seria implantada essa unidade industrial de responsabilidade da CJ do Brasil.
João Chaddad, vinculado ao Instituto de Pesquisa e Planejamento de Piracicaba, declarou que
representava, nessa audiência, a equipe de planejamento da Prefeitura do Município de Piracicaba,
órgão este que tinha grande preocupação com o crescimento ordenado da cidade, e que um
acontecimento digno de nota ocorrido nesses últimos dias tinha sido o envio à Câmara de
Vereadores, pelo Prefeito do Município, do Plano Diretor, o qual contemplava aspectos importantes,
como o sistema viário e os distritos industriais; que, em relação a esses distritos, eles possuíam
características diferentes, uma vez que, naquele localizado ao leste, os lotes eram médios e pequenos,
enquanto, naquele localizado ao norte, o tamanho dos lotes era de médio para cima, e que nesse que
estava sendo criado e que se situaria a oeste os lotes seriam destinados às grandes unidades
indústrias; que o Município de Piracicaba era a passagem por terra para o Mercosul, e, sendo assim,
possuía uma situação geográfica privilegiada, uma vez que os produtos e/ou veículos vindos de
Brasília, São José do Rio Preto e Belo Horizonte passavam obrigatoriamente por esse Município, e
que o gás natural oriundo da Bolívia também passaria por seu território, o que permitiria que alguns
empreendimentos fossem movidos por esse gás; que, por todos esses motivos, se podia afirmar que
Piracicaba se situava numa das regiões mais prósperas do Estado de São Paulo e, conseqüentemente,
do Brasil; que rodovias não só interligavam Ártemis aos Municípios de Águas de São Pedro, Bauru,
Botucatu e a uma série de outras cidades daquela região como também saíam de outras regiões e
chegavam a Ártemis; que o anel viário a ser construído fortaleceria mais ainda essa situação
privilegiada do Município de Piracicaba; que também seria construído um modal de cargas em
direção a São Paulo e a Santos e se esperava que brevemente fosse implantada uma hidrovia em
Piracicaba. Passou-se à etapa em que se manifestam os representantes do Poder Legislativo. Roberto
Moraes, Deputado Estadual, comentou que, na verdade, participara de algumas atividades
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promovidas pelo Consema na cidade, como, por exemplo, da audiência pública que discutiu o
EIA/RIMA da ampliação da unidade industrial de responsabilidade da Belgo-Mineira, e,
anteriormente, da audiência sobre os estudos ambientais da Termoelétrica Carioba II, em relação à
qual a população de Piracicaba manifestou-se contrariamente à sua implantação; que todos sabiam da
importância da geração de empregos, sabiam da importância da vinda de novas empresas para a
cidade, todos sabiam da importância do meio ambiente da região de Piracicaba e que ele precisava
ser protegido, especialmente em virtude da existência de alguns problemas; que todos também
sabiam que o Município precisava de investimentos, precisava que mais empresas se instalassem em
seu território e trouxessem mais riqueza e mais desenvolvimento para a cidade com a criação de
novos empregos, diretos e indiretos; que Piracicaba conseguira, através de uma articulação muito
bem-elaborada pelo seu meio político, que essa empresa se instalasse nesse Município, e isso
significava aumento na arrecadação de impostos da cidade, significava geração de empregos e,
conseqüentemente, geração de renda; que o Governador já havia liberado o projeto técnico do
primeiro trecho do anel viário, que era um sonho antigo da cidade que agora se concretizava; que,
como Deputado eleito pela cidade, apoiava esse empreendimento, apoiava que novos
empreendimentos fossem implantados na cidade, o que tornava necessário que ela reduzisse seus
impostos para atrair mais investimentos ainda, porque só gerando emprego e renda, ela continuaria
sendo ponto de referência em termos de desenvolvimento para o País. Passou-se à etapa em que se
manifestam os representantes do Poder Executivo. Vlamir Augusto Schiavuzzo, Secretário Municipal
de Meio Ambiente, comentou que, quando tivemos a oportunidade de conhecer o Plano de Trabalho
que ficou à disposição na Secretaria Municipal de Indústria e Comércio, verificamos que uma
empresa que precisava de uma área com tais proporções necessitava de estudos especiais sobre o
meio ambiente, mas verificamos nesse mesmo documento que todos eles estavam contemplados;
que, além disso, confiamos nos técnicos dos órgãos ambientais que terão a responsabilidade de
estudar, analisar e propor sugestões e mudanças capazes de evitar ou mitigar os impactos ambientais
que vierem a ser causados, o que dará muita segurança à população de Piracicaba e região; que
aproveitamos essa oportunidade para solicitar que os recursos previstos pela legislação do Sistema
Nacional de Unidades de Conservação - mais conhecida como a lei do SNUC - sejam aplicados no
Município de Piracicaba, e que, com vistas à elaboração de projetos que visem promover a qualidade
ambiental e a preservação dos recursos naturais, a Prefeitura de Piracicaba, através da Secretaria
Municipal do Meio Ambiente, se colocava à disposição, e, além de se colocar à disposição para
realização de tais propósitos, esse órgão também se propunha a acompanhar, passo a passo, todas as
etapas do licenciamento, e, se se fizer necessário e se o projeto for aprovado, todas as etapas da
implantação e de construção desse empreendimento. Luciano Almeida, Secretário Municipal da
Indústria e do Comércio de Piracicaba, declarou que ofereceria algumas informações que diziam
respeito a esse empreendimento, precisamente sobre os cuidados ambientais que ele,
obrigatoriamente, teria de adotar, porque, se assim não procedesse, não conseguiria exportar grande
parte de sua produção para os Estados Unidos, como pretendia, uma vez que uma das contrapartidas
para a exportação era o atendimento de uma série de exigências ambientais; que esse grupo
representava para o Município de Piracicaba também investimentos indiretos que elevariam ainda
mais a arrecadação de impostos, e, no que se referia a projetos ambientais, era o próprio EIA/RIMA
que exigia que essa empresa investisse nesses projetos cerca de 1 milhão de reais; que, talvez até esse
momento, nenhum empreendimento se enquadrasse tão bem no Município como esse, em virtude dos
insumos de que se utilizava e dos produtos de que necessitava lançar mão em seu processo produtivo,
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pois essas condições eram tais que possibilitava se redobrasse o retorno à economia local; que
acreditava que o impacto mais importante provocado por essa empresa consistiria na credibilidade
que ela oferecia à Piracicaba ao conferir-lhe o estatuto de cidade industrial; que esperava que
reuniões como essa se realizassem a cada mês com o objetivo de se discutir a viabilidade ambiental
de projetos, para cuja implantação no Município ele despenderia todo o esforço necessário, de modo
a torná-lo um Município industrial. Barjas Negri, Prefeito do Município de Piracicaba, comentou
que, com muita alegria, comparecia a essa audiência pública e agradecia a presença de cada pessoa:
representantes dos trabalhadores, dos empresários, da empresa coreana, dos técnicos e das empresas
de consultoria e do Poder Executivo, enfim, a todos que se dispuseram a acompanhar e participar
desse debate público que tinha como objetivo analisar e discutir o Estudo de Impacto Ambiental de
uma unidade industrial que pretendia instalar-se em Piracicaba; que, semelhante à planta que seria
instalada nesse Município, apenas duas outras havia que possuíam, como essa, certificados de
qualidade ambiental, motivo pelo qual agradecia imensamente à CJ do Brasil ter escolhido esse
Município, e que, uma vez aprovado esse estudo, a população de Piracicaba os receberia de braços
abertos, pelo que essa empresa representaria para todos, em virtude dos empregos e da renda que
geraria; que a preocupação ambiental não era monopólio apenas de pequenos grupos acadêmicos,
mas, sim, uma prerrogativa de todos os piracicabanos, entre os quais o Prefeito não constituía uma
exceção; que, para fazer tal convite, o Prefeito debatera durante alguns meses aspectos que diziam
respeito ao desenvolvimento econômico e sua relação com o meio ambiente da cidade, pois não era
irresponsável a ponto de entrar numa aventura que denegriria a imagem de sua cidade, ao ampliar
seus problemas ambientais; que esse debate – uma das etapas do licenciamento anteriores à
apresentação do EIA/RIMA – obrigatoriamente não necessitaria ser feito, mas a empresa decidiu
realizá-lo com o objetivo de ouvir as críticas e sugestões da população e incorporá-las aos estudos
ambientais; que o investimento que seria feito no Município de Piracicaba agregaria valor na medida
em que a empresa utilizaria matéria-prima que se encontrava em abundância no Município, que era o
açúcar; que durante duas décadas a cidade enfrentou problemas relacionados com o seu crescimento
econômico, pois o índice de participação do Município caiu durante bom período, mas que agora ele
retornava ao patamar antigo com a inserção do Município no ciclo das exportações brasileiras; que
tudo aquilo que gerava valor adicionado gerava receita, e isso significava mais investimentos para a
melhoria do meio ambiente, mais recursos para as áreas da educação e da saúde e para os sistemas
viário e de segurança; que, embora parecesse pequena a geração de emprego, lembrava a todos que a
Prefeitura de Piracicaba oferecia todo apoio até mesmo aquele empresário que, com sua micro-
empresa, geraria apenas dois empregos; que, na sociedade industrial globalizada, gerar emprego
constituía um imperativo, e que a esses duzentos empregos gerado se somariam outros tantos em
decorrência das articulações e do entorno logístico que o funcionamento dessa empresa exigiria; que,
como afirmou o Secretário Municipal de Meio Ambiente, a Prefeitura acompanharia as questões
relacionadas com a prevenção ou mitigação dos impactos ambientais previstos pelos estudos, como
também lutaria para que outras empresas desse porte se instalassem no Município, pois Piracicaba
precisava se desenvolver, crescer, pois ela possuía mão-de-obra qualificada, possuía matéria-prima e
se encontrava inserida na economia do Estado de São Paulo; que, com certeza, a empresa ouviria as
sugestões feitas e as incorporaria nos estudos, e que essa contribuição que ela daria permitiria que
não só Piracicaba, não só o Estado de São Paulo, mas também o Brasil ganhasse com o progresso
desse Município. Passou-se à etapa das réplicas. Jacinto Constâncio Júnior, representante da Walm
Engenharia e Tecnologia Ambiental e da CJ do Brasil, Indústria e Comércio de Produtos
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Alimentícios Ltda., esclareceu que muitas questões levantadas seriam obviamente respondidas no
Estudo de Impacto Ambiental, o qual teria um capítulo específico sobre a caracterização do
empreendimento, mas que tentaria responder a algumas perguntas: 1) que, em relação ao andamento
dos trabalhos, já haviam sido realizadas algumas reuniões, inclusive no âmbito do próprio Consema –
precisamente no âmbito da Câmara Técnica de Empreendimentos Industriais ou Imobiliários e de
Projetos Urbanísticos -, oportunidade em que foi apresentado esse projeto e recebidas sugestões; que
outra reunião foi realizada com o grupo técnico do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piracicaba,
há cerca de quinze dias atrás, oportunidade em que novamente foi feita uma apresentação desse
projeto, e que a empresa tinha disponibilidade de realizar quantas reuniões se fizerem necessárias; 2)
que essa audiência pública havia sido amplamente divulgada por jornais locais e regionais e pela
Rádio Difusora de Piracicaba; 3) que o Plano de Trabalho ficou durante trinta dias à disposição para
consultas, e que igualmente o RIMA ficaria disponível para consulta na Câmara de Vereadores; 4)
que, em relação ao consumo de água, se previa que esse empreendimento utilizaria cerca de 108
litros de água por segundo, ou seja, captaria um centésimo da água disponível na seção que seria
utilizada, lembrando que à jusante existia a foz, que era o Reservatório Barra Bonita, e que os
Municípios à jusante, Águas de São Pedro e São Pedro, não faziam suas captações nesse trecho do
rio, e que, portanto, o empreendimento, em virtude de suas características, não consumiria grande
quantidade de água, e o consumo que faria não seria consumptivo, uma vez que metade dos 9.370
metros cúbicos captados por dia voltaria tratada para o rio; 5) que seriam elaborados todos os estudos
necessários, de modo a se atender à legislação específica, e o projeto teria todas as informações a
respeito da composição do líquido fertilizante, da sua utilização em outros Países, tudo o que a planta
possuía e a prática agrícola adequada para a sua utilização; 6) que existia um plano de aplicação da
vinhaça no Estado de São Paulo, de responsabilidade da Cetesb, em torno de 150 metros cúbicos por
hectare, ou seja, mais ou menos 15 litros por metro quadrado; 7) que a produção do líquido
fertilizante seria de 57.900 toneladas ao ano; 8) que, em relação à monitoração de produtos e ao risco
existente em sua manipulação, tinha a dizer que esses produtos químicos seriam usados no processo
industrial e estocados de acordo com as normas e as leis brasileiras; 9) que, em relação ao resíduo
Classe II, a situação do Aterro Sanitário de Piracicaba estava sendo acompanhada, e que, quando
esse empreendimento entrasse em operação, se não houver condições de se dispor os resíduos nesse
aterro, se procurariam outras alternativas para sua disposição adequada, e que, nessa perspectiva,
algumas consultas já haviam sido feitas; 10) que, em relação às alternativas locacionais, um capítulo
específico do EIA trataria dessa questão, até mesmo porque a CJ está a quase um ano estudando qual
o local mais adequado para sua instalação; 11) que, em relação a programas a serem desenvolvidos
com a população, as ações educativas praticadas pela CJ concorreram para que ela fosse designada,
na Coréia, uma das treze empresas mais importantes na área ambiental; 12) que, em relação à
qualidade do ar, utilizar-se-ão as estações da Cetesb como referência, mas também mensurações
não-oficiais poderiam der feitas; 13) que outra característica desse empreendimento era que
praticamente todos os recursos de que ele necessitava Piracicaba poderia oferecer, entre os quais um
setor metalúrgico e de serviços bastante desenvolvido; 14) que, como toda a sociedade piracicabana,
a empresa pretendia ver o Rio Piracicaba tornar-se Classe II, mas, infelizmente, no trecho onde seria
implantado esse projeto ele era Classe IV, mas que a Resolução Conama 357 continuaria sendo uma
meta a ser alcançada; 15) que, em relação às compensações, mesmo sabendo que ocuparemos uma
área degradada, será assinado um termo de recomposição florestal com o DEPRN de toda a faixa até
cem metros desde a margem do Rio Piracicaba, onde hoje não existia mata ciliar; 16) que, por se
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tratar de empreendimento de grande porte, passível de licenciamento por EIA/RIMA, ele tinha de
necessariamente atender à lei federal do SNUC, que é o Sistema Nacional de Unidades de
Conservação, que previa o pagamento mínimo de 0,5% do valor do empreendimento, para ser
aplicado prioritariamente em unidades de conservação, e que, além desse percentual, o EIA proporia
outras compensações; 16) que as questões relacionadas com a separação da biomassa, da evaporação
e da composição do líquido fertilizante estariam respondidas no item caracterização do
empreendimento, mas que, de antemão, esclarecia que não ocorreria infiltração no solo e que a bacia
de contenção, onde ficaria contido o líquido fertilizante, seria projetada de acordo com as normas
brasileiras, ou seja, com solo compactado, manta apropriada e bacia para evitar vazamentos, e que,
mesmo cumprindo todas as exigências, o EIA proporia programa de monitoramento da qualidade da
água subterrânea; 17) que, em relação às emissões, todos os componentes que tinham em sua
composição gás natural seriam considerados no estudo de qualidade do ar; 18) e que todos os
subsídios colhidos nessa audiência seriam utilizados para elaboração do Termo de Referência. Paulo
Figueiredo, representante do Coletivo das Entidades Ambientalistas Cadastradas no Consema,
comentou que essa audiência poderia ter sido menos longa, pois considerou exagerada a ênfase dada
ao aspecto econômico do empreendimento, pois se deveria debater tão somente os aspectos
ambientais, mas que, mesmo assim, achava importante que essas reuniões ocorressem para que as
pessoas adquirissem familiaridade com o processo de licenciamento ambiental; que a priori não era
contrário e nem favorável à indústria, até mesmo porque todos utilizavam produtos industriais, e que,
se essa indústria for implantada e operar de acordo com as normas ambientais, ninguém poderia a ela
se opor; que uma amostragem realizada às custas do movimento ambientalista e do movimento
Nastalis detectou uma área contaminada em nível de intervenção, o que depois foi reiterado pela
Cetesb, e que esse trabalho realizado pelo movimento ambientalista era numa atividade talvez a mais
importante por ele realizada, porque se tratava do controle social sobre os sistemas produtivos, sobre
os gestores, e até sobre o próprio órgão de controle do Estado de São Paulo; que o movimento
ambientalista do Estado de São Paulo com muita freqüência era convidado para auxiliar movimentos
ambientalistas de outras partes do Brasil, e até mesmo movimentos ambientalistas internacionais, e
que mais do que se considerar competente, os membros do movimento reconheciam nisso uma
militância; que existiam problemas ambientais à farta no Município de Piracicaba, todos os
conheciam, bastava andar ao longo do rio e ter olhos para vê-los; que entendia que seriam
incorporadas aos estudos todas as sugestões feitas durante essa audiência e por ocasião das reuniões
realizadas no âmbito da Câmara Técnica do Consema e do Comitê de Bacia, e que, se isso não
acontecesse, o Engº Pedro Stech, conselheiro e diretor do DAIA seria cobrado por isso, e se tratava
de uma cobrança intensa que vinha se dando ao longo do processo; e que, ao terminar, chamava
atenção para a questão da incorporação dos subprodutos e resíduos na terra, porque isso vinha se
tornando uma prática em Piracicaba, e não só com a vinhaça, mas, também, com o vidro e com
metais pesados no solo, o que era justificado com o argumento da “nutrificação” ou da incorporação
de micronutrientes metálicos no solo; que se tratava, pois, de uma questão preocupante, a da
contaminação da área agrícola do Município e da região; e que, por fim, reiterava que essa
participação, ou esse controle social, constituía uma obrigação, uma atividade, do movimento
ambientalista e era realizado com muita paixão. Passou-se à etapa em que se manifesta o
representante do Consema. O conselheiro Luciano Shiguero Sakurai, representante no Conselho da
Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, comentou que essa era uma etapa muito importante
do processo de licenciamento ambiental, pois se tratava do procedimento democrático de ouvir a
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sociedade, processo este que por si mesmo conferia grandes benefícios tanto ao empreendedor como
a todos os membros da sociedade que dele participavam; que era fundamental o processo de
comunicação que ocorreu durante a audiência e que tudo o que foi dito teria pronto acolhimento no
âmbito do Conselho Estadual do Meio Ambiente e pela equipe do DAIA, gerenciada pelo Engº.
Pedro Stech, pois tudo foi anotado e gravado e seria levado em consideração tecnicamente; e, mais
ainda, que, se alguém ainda quisesse contribuir, poderia encaminhar sua contribuição para a
Secretaria-Executiva ou para qualquer um dos membros do Consema; que, no Mundo globalizado de
hoje, era muito importante tomar contato com essa proposta da CJ do Brasil, proposta responsável e
que ia muito além do que se esperava, e que pelo que ouviu tinha certeza de que essa empresa não
tinha nenhum interesse em queimar etapa ou deixar que aspectos importantes passassem
despercebidos, e que taç perspectiva era aquela na qual perfilavam todos os membros do Consema.
Foi entreguem durante a audiência, correspondência encaminhada por Gustavo Ferber, Produtor
Rural e Ecologista, cujo original será encaminhado ao DAIA e cuja cópia integraria a pasta desta
reunião. A Secretária-Executiva Adjunta do Consema agradeceu, em nome do Secretário de Estado
do Meio Ambiente, Prof. José Goldemberg, a presença de todos e declarou terem sido cumpridas
todas as etapas da audiência pública previstas pela Deliberação Consema 34/2001. Eu, Paula
Frassinete de Queiroz Siqueira, Diretora da Divisão de Documentação e Consulta da Secretaria
Executiva do Consema, lavrei e assino a presente ata.