gestÃo do conhecimento e inovaÇÃo para a … consad/painei… · a incerteza, somos diariamente...
TRANSCRIPT
GESTÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO PARA A
MELHORIA DA GESTÃO PÚBLICA: O PROGRAMA DE
INOVAÇÃO DO GOVERNO DE SÃO PAULO
Roberto Meizi Agune José Antônio Carlos
II Congresso Consad de Gestão Pública – Painel 20: Gestão do Conhecimento e Inovação para a Melhoria da Gestão Pública
GESTÃO DO CONHECIMENTO E INOVAÇÃO PARA A MELHORIA DA GESTÃO
PÚBLICA: O PROGRAMA DE INOVAÇÃO DO GOVERNO DE SÃO PAULO
Roberto Meizi Agune José Antônio Carlos
RESUMO O setor público tem hoje como um de seus maiores desafios comandar uma complexa e mutante cadeia de atividades – regulações, terceirizações, concessões, parcerias, relações com a cidadania – cuja efetividade impõe a ele a necessidade de uma profunda revisão em seus métodos e forma de trabalhar. Este novo cenário tem o conhecimento como fator crítico, em torno do qual deve se concentrar a reinvenção dos governos. A produção continuada e o compartilhamento deste bem, na proporção necessária para enfrentar os graves desafios propostos ao serviço público, depende, por sua vez, da sensibilização e qualificação dos funcionários públicos, da troca continua de experiências e do estímulo à criatividade e a inovação. Atento a essa necessidade, o Governo de São Paulo, por intermédio da Secretaria de Gestão Pública, está instituindo um Programa de Inovação em Gestão, composto por três instrumentos, integrados e coordenados: 1. Um portal de colaboração, interação e qualificação, denominado rede paulista de inovação em governo, (www.igovsp.net), centrado no uso de ferramentas sociais, no qual os funcionários públicos podem iluminar e compartilhar experiências inovadoras em gestão; 2. Um decreto, de no 53.963, promulgado em 21 de janeiro deste ano, que institui, no âmbito da Administração Pública Estadual, a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação, e; 3. Um conjunto de ações efetivas que visam garantir a implementação do programa, envolvendo os seguintes temas: cultura da inovação, capacitação, tecnologia da inovação, projetos de inovação e governança.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................... 03
I A REDE PAULISTA DE INOVAÇÃO EM GOVERNO.............................................. 05
II INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PROGRAMA........................................................... 11
III IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA.................................................................... 13
CONCLUSÃO.............................................................................................................16
REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 17
3
“Não há nada em um lagarto que nos diga que ele vai se transformar em uma borboleta”
Richard Buckminster Fuller
INTRODUÇÃO
Vivemos hoje um inédito momento dentro da história, que tem como
principal marca a presença da mudança como rotina. Neste cenário, onde prevalece
a incerteza, somos diariamente desafiados nos planos pessoal e profissional a
conviver e buscar soluções para questões inéditas, muitas delas de alta
complexidade.
Sentimos também, e a atual crise global só faz reforçar essa percepção,
que os modelos, métodos, ferramentas e demais instrumentos analíticos, com os
quais nos acostumamos a trabalhar por mais de duzentos anos, começaram a
perder efetividade, notadamente a partir do final do século passado.
Momentos assim acentuam a necessidade de inovar e atenuam a
vocação para fazer as coisas tal como “sempre” foram feitas, moldada por uma visão
de mundo forjada nos muitos anos comandados pela indústria.
Este descarte, no entanto, não ocorre em um piscar de olhos. Da mesma
forma que as sociedades dos séculos XVIII e XIX tiveram dificuldade para
compreender os paradigmas determinados pela chegada das máquinas, a economia
do conhecimento também tem seu tempo de maturação.
Em outras palavras, se identificamos, de modo cada vez mais claro, o que
não funciona, ainda não temos uma visão precisa sobre as soluções a serem
adotadas. A Gestão do Conhecimento surge, nesse contexto, não como uma
disciplina mágica abarrotada de respostas exatas para os novos desafios
organizacionais, e sim como um campo de análise sobre os procedimentos mais
adequados para a criação e disseminação do conhecimento, fator líder dos nossos
tempos, que paulatinamente permita definir os requisitos culturais, organizacionais,
processuais e de qualificação profissional necessários para a criação de ambientes
favoráveis à inovação continuada.
Foi exatamente a consciência sobre esse momento de mudanças e a
necessidade de adequar os níveis de inteligência do setor público para a solução de
problemas complexos e de difícil previsibilidade que conduziram o Governo de São
4
Paulo, por meio de sua Secretaria de Gestão Pública, a lançar um programa de
estímulo à inovação em gestão, ancorado em três pontos principais:
1. Criação e operação da Rede Paulista de Inovação em Governo
(www.igovsp.net), um canal virtual que aproxime funcionários públicos
de diversas secretarias, setores e especializações, interessados em
discutir problemas e co-participar da complexa tarefa de reinventar o
setor público.
2. Institucionalização de mecanismos que permitam a construção de
ambientes propícios à inovação nas diversas secretarias e órgãos do
governo paulista.
3. Definição de planos, projetos e ações que permitam a efetiva
implementação do programa de inovação em gestão.
5
I A REDE PAULISTA DE INOVAÇÃO EM GOVERNO
A Rede Paulista, iniciada em fevereiro de 2008, é o ambiente virtual do
Programa de Inovação em Gestão do Governo de São Paulo. Sua montagem
expressa duas preocupações centrais: promover a cooperação entre servidores e
estimular a qualificação desses quadros.
Cooperação
A preocupação em promover a cooperação está expressa na
apresentação de experiências inovadoras geradas por mais de 600 mil servidores
públicos do Estado de São Paulo. Publicando tais iniciativas na Internet, as mesmas
ultrapassam o âmbito local e setorial onde foram geradas, abrindo possibilidade para
sua replicação de forma mais ampla, alargando, dessa forma, a inteligência do
governo como um todo.
Além das iniciativas sistematizadas pela equipe responsável pelo projeto,
a rede tem como um de seus fundamentos estimular a publicação de conteúdo
(relatos, histórias, problemas, soluções criativas, casos de envolvimento da
comunidade) referente ao objeto do programa pelos próprios funcionários.
Qualificação
O crescimento e a produção de conteúdo de redes de conhecimento
repousa na qualificação continuada de seus integrantes. Por esse motivo um dos
pontos centrais da rede é disponibilizar textos, apresentações, vídeos, depoimentos
gravados, tutoriais e links de interesse que permitam ao servidor, à distância e nos
horários mais adequados, ter contato permanente com o que há de mais recente em
termos de gestão do conhecimento, inovação e tecnologias, todos esses temas
enfocados sob o prisma do serviço público.
Outro princípio adotado na montagem e operação da rede, diz respeito à
utilização de ferramentas sociais1, tais como blogs, wikis, twitter, podcasts, fóruns,
comunidades, armazenadores de arquivos, vídeos, documentos, feeds, entre outras.
Três motivos principais nos levaram a recorrer a essas ferramentas:
1 Conjunto de ferramentas gratuitas disponíveis na Internet destinadas a promoção do trabalho colaborativo e da interatividade; à criação, administração, publicação e armazenamento de conteúdo, e que facilitem ou forneçam suporte para a execução das tarefas antes mencionadas.
6
a) Facilidade de uso, visto que elas não demandam conhecimentos
especializados em informática para serem utilizadas;
b) Gratuidade ou custo simbólico; e,
c) Adequação para o trabalho cooperativo.
Estas características somadas permitem a adesão à rede de um número
maior de servidores, do que se ficássemos restritos aos instrumentos convencionais,
normalmente onerosos e comprometidos com o processamento de cadastros e
sistemas corporativos inadiáveis.
Componentes da rede
Os diversos conteúdos e serviços disponíveis na rede encontram-se
distribuídos em páginas agrupadas segundo algum grau de afinidade temática. Os
principais ambientes disponíveis são comentados na seqüência deste documento.
Portal iGovSP
É a página inicial da rede onde são apresentadas matérias em destaque.
Através dela, também, o usuário entra em contato com a administração do site, tem
conhecimento das informações sobre o programa de inovação do governo paulista,
acessa os blogs, canais de vídeo, wikis, podcasts e outros produtos da rede, além
de ter acesso a comunidade de funcionários.
Blog iGovBrasil
Este blog, existente desde 2007, inspirou a criação da rede paulista de
inovação. Ele é hoje a principal referência, em língua portuguesa, sobre iniciativas
inovadoras em governo nos planos nacional e internacional. Sua leitura permite ao
leitor encontrar ações criativas usadas pelo setor público, visando equacionar
problemas para os quais os procedimentos antes adotados não mais produziam a
efetividade pretendida, bem como conhecer serviços inéditos disponibilizados ao
cidadão, a partir do surgimento de novas tecnologias e métodos de trabalho. No
fechamento deste documento o blog contava com 136 postagens.
Blog iGovSP
Este conteúdo tem a função de relatar as experiências inovadoras
promovidas por servidores públicos paulistas. O blog ilumina boas práticas muitas
vezes restritas ao órgão onde foram concebidas, permitindo sua apropriação por
7
outras entidades Desde o início da rede, já foram publicadas 48 postagens nesse
ambiente.
Blog iGovSaber
O iGovSaber é o espaço virtual destinado à divulgação de conteúdo sobre
gestão do conhecimento e inovação, de uma forma geral, bem como aplicações
específicas para o setor público. É o ambiente da rede mais dedicado à qualificação
do servidor. Este blog disponibiliza informações em diversos formatos, textos,
apresentações, vídeos, recomendações bibliográficas e podcasts. Desde sua
criação, em maio de 2008, já foram publicadas 42 postagens.
Blog do Projeto SMS
Este ambiente possui uma proposta diferente daquela apresentada nos
três casos anteriores. Aqui se pretende exemplificar a utilização de blogs para
coordenar as ações, centralizar a comunicação e armazenar informações referentes
a projetos. Este blog, em particular, tem como objetivo acompanhar pilotos voltados
para o uso de mensagens SMS (popularmente conhecidas como torpedo) em
serviços públicos.
Blog Rede IntegraRH
Este blog é uma iniciativa da Coordenadoria de Recursos Humanos da
Secretaria da Saúde e tem como a missão de integrar os profissionais das diversas
unidades de Recursos Humanos, que se encontram dispersos fisicamente.
Blog Inova Metrô
O Blog Inova Metrô foi concebido como trabalho final de avaliação da
disciplina Gestão da Cultura de Mudança Organizacional do MBA Excelência
Gerencial do Metrô, promovido pela FIA. Este ambiente abriga relatos informais
sobre algum tema livre de escolha, e que estivesse associado à história do metrô.
Atualmente, além de compor a Rede Paulista o blog é parte integrante da
Universidade Corporativa do Metrô com uma variedade de informações, como dicas
para monografias, artigos e relatos sobre inovação.
Site Compras Sustentáveis
O site Compras Públicas Sustentáveis é um espaço informativo que
possibilita a troca de informação e criação conjunta de conteúdo com a finalidade de
8
incentivar hábitos sustentáveis e compartilhar experiências de sucesso pelos
servidores públicos. O objetivo é torná-lo um espaço permanente de colaboração
para implementação do Programa Estadual de Contratações Públicas Sustentáveis.
O conteúdo discutido no site abrange as ações ambientais das Comissões e
Secretarias Públicas, notícias sobre sustentabilidade, leis e decretos, publicações e
estudos de sustentabilidade em diversos setores, como educação, saúde, segurança
e transporte. Esse conteúdo deve ser criado de forma colaborativa, por exemplo,
através dos relatos dos coordenadores e membros das Comissões Internas de
Contratações Públicas Sustentáveis, sobre as ações, experiências e atividades
realizadas por sua entidade.
Podcast Pensando Alto
O propósito do canal de áudio é promover, como em uma programação
de rádio, o debate, as idéias, as novidades e acontecimentos nacionais e
internacionais em tecnologia, governo e inovação. O público pode participar dando
sua opinião através de comentários direcionados a cada podcast. A ferramenta
podcast possibilita que cada programa seja ouvido on-line no próprio canal ou possa
ser baixado para ser ouvido a qualquer hora e qualquer lugar. O canal Pensando
Alto foi lançado em agosto de 2008 e conta com seis programas. A freqüência de
promoção desses debates é quinzenal.
Tutorial iGovExplica
O iGovExplica é um ambiente virtual de capacitação. Ele se propõe a
habilitar o servidor público, de uma maneira bastante intuitiva, para a utilização de
ferramentas web 2.0, de modo que ele se sinta estimulado a usá-las em seu
trabalho, ou mesmo em sua residência. O tutorial é composto por um canal de vídeo,
um ambiente de construção colaborativa de conteúdo (wiki) e gabaritos prontos para
aplicações (templates).
Até a conclusão deste documento estavam disponíveis neste ambiente os
seguintes conteúdos instrucionais:
a. Canal de vídeo – o que é blog, blog passo a passo, o que é wiki, wiki
passo a passo, o que é fórum e o que é moodle.
b. Construção colaborativa de conteúdo – blog, wiki, fórum, moodle e
transmissão interativa
c. Gabaritos prontos para aplicações – blog
9
Canal de vídeo iGov Flash
Este ambiente agrega vídeos de poucos minutos colhidos em
apresentações proferidas nos ciclos de palestras promovidos pela Secretaria de
Gestão Pública, em parceria com as Secretarias de Estado de Economia e
Planejamento, da Saúde, da Justiça e Defesa da Cidadania, Empresa Paulista de
Planejamento Metropolitano S.A. (Emplasa), Fundação do Desenvolvimento
Administrativo (Fundap) e Sociedade Brasileira de Gestão do Conhecimento
(SBGC), em torno de temas como gestão do conhecimento, inovação, ferramentas
sociais, gestão pública, entre outros.
Canal de vídeo IPTV iGov
Este ambiente tem como proposta incorporar no acervo do “IPTV USP”,
canal de divulgação de vídeos educacionais, científicos e culturais produzidos pela
Universidade de São Paulo, a íntegra de algumas apresentações ministradas nos
ciclos de palestras promovidos pela Secretaria de Gestão Pública, de modo a
ampliar a possibilidade de acesso às mesmas.
Canal de vídeo Persona
Nesse espaço, personalidades do meio acadêmico, do setor público e do
setor privado mostram sua opinião sobre assuntos variados como gestão do
conhecimento, inovação e gestão pública. As entrevistas são realizadas geralmente
após as palestras ministradas, sendo questionados pontos relevantes das
exposições efetuadas.
Canal de vídeo O que você pensa?
O canal O que você pensa? mostra a opinião de especialistas e
servidores sobre um conceito ou um tema escolhido, de modo a formar um mosaico
com os distintos depoimentos. Atualmente, o tema em destaque é “inovação”.
Canal Interativo iGovSP
O canal é uma plataforma para a transmissão ao vivo de palestras e
eventos, que permite a interação do público através de debates em chats. O Canal
Iterativo iGovSP também disponibiliza fotos desses eventos e links dos pontos que
compõem a rede. Quando não há nenhum evento, ocorre a transmissão de vídeos
dos pontos da rede relacionados a inovação no setor público.
10
Comunidade NósGov
A comunidade NósGov tem o objetivo de ser um ambiente colaborativo
entre os servidores públicos interessados em promover a inovação. É um espaço
propício a debates e integração dos servidores públicos, feita através da criação de
fóruns. Além dos debates que ocorrem nos mesmos, cada membro pode ter um
perfil na comunidade e estando habilitado, ainda, a publicar vídeos e informações de
eventos relacionados à inovação em Governo.
11
II INSTITUCIONALIZAÇÃO DO PROGRAMA
Tendo em vista acelerar o processo de inovação na gestão pública
paulista, e ampliar o conjunto de instrumentos à disposição dos servidores, o
Governo de São Paulo, de forma pioneira no Brasil, promoveu em 21 de janeiro de
2009, a institucionalização de um programa de inovação em gestão pública,
materializado pela a assinatura do Decreto no 53.963.
Este instrumento criou, no âmbito da Administração Pública Estadual, a
Política de Gestão do Conhecimento e Inovação, tendo como objetivos centrais:
1. Buscar a efetividade na formulação e implantação de políticas públicas
e serviços ao cidadão;
2. Promover a transparência na gestão pública, por meio do fornecimento
de informações de governo relevantes para o exercício da cidadania;
3. Incentivar a criação de uma cultura voltada para a inovação;
4. Ampliar a colaboração entre servidores e entre secretarias de estado;
5. Acelerar o processo de criação e circulação de conhecimento
organizacional relevante para o serviço público;
6. Ampliar as oportunidades de aprendizado continuado nas disciplinas de
interesse governamental;
7. Estimular o uso de novas tecnologias e de ferramentas sociais pela
administração pública.
Para a obtenção desses objetivos, o decreto fixou as seguintes diretrizes:
1. Planejar e executar iniciativas de fomento à inovação no âmbito da
administração pública paulista;
2. Empregar a gestão do conhecimento na preparação e capacitação dos
profissionais de governo;
3. Mensurar os resultados e benefícios do uso da gestão do
conhecimento e da inovação nos programas de governo;
4. Divulgar ações e resultados obtidos pelo programa;
5. Promover e fomentar iniciativas e eventos voltados à gestão do
conhecimento e inovação;
6. Promover novas formas de organização e gestão para o serviço
público;
12
7. Desenvolver aplicações criativas voltadas para o aprimoramento do
serviço público.
A gestão do programa de inovação do Governo de São Paulo será
coordenada pela Secretaria de Gestão Pública, por intermédio de seu Grupo de
Apoio Técnico à Inovação – GATI, que terá como missão identificar áreas de
interesse e promover iniciativas que permitam a rápida disseminação das medidas
preconizadas neste decreto por toda a administração pública.
A íntegra do decreto pode ser visualizada no Anexo I, que integra este
trabalho.
13
III IMPLEMENTAÇÃO DO PROGRAMA
Uma vez institucionalizado, o programa de inovação em gestão, o
Governo do Estado de São Paulo estará iniciando, ainda no 1° semestre deste ano,
a implementação do mesmo, de modo a acelerar e dar maior visibilidade às
iniciativas de inovação em gestão pública.
Para tanto, a Secretaria de Gestão Pública, por intermédio de seu Grupo
de Apoio Técnico à Inovação (GATI), definiu cinco linhas principais de atuação
envolvendo os seguintes temas: cultura da inovação, capacitação, tecnologia da
inovação, projetos de inovação e governança. (Vide Figura III.1), que serão
comentadas na seqüência deste trabalho.
Figura III.1
Cultura da inovação
Esta dimensão abrangerá ações de sensibilização e conscientização
relativas à importância da inovação para o aprimoramento do serviço público,
compreendendo a realização de eventos, palestras, exibição de vídeos, etc. Esta
linha de atuação envolverá, ainda, a composição de grupos setoriais de inovação,
montados a partir da identificação de lideranças, especialistas e outros quadros
existentes nas secretarias que tenham sua história profissional associada a
projetos de mudança. Caberá a estes profissionais, normalmente chamados de
14
“early adopters” comandar o processo interno de inovação em gestão dentro de
cada secretaria.
Capacitação
Uma outra linha de atuação com vistas a implementação do programa de
inovação diz respeito à capacitação continuada dos funcionários públicos. Para
tanto, estão previstas ações presenciais, articuladas com outras à distância. Dentre
as intervenções presenciais prevê-se a ampliação da carga horária dedicada à
gestão do conhecimento e inovação no setor público dentro dos programas de
desenvolvimento gerencial patrocinados pelo governo paulista. Outra medida,
também presencial, diz respeito à realização de oficinas de criatividade, atividades
“hands-on”, na qual os servidores são treinados para a utilização de ferramentas
sociais e novas tecnologias objetivando a melhoria das atividades já existentes, bem
como a viabilização de uma nova geração de serviços públicos.
Tecnologias da inovação
Neste vetor, o programa criará mecanismos para o contínuo
acompanhamento de novidades tecnológicas, ferramentas sociais e técnicas
gerenciais que possam ser utilizadas para a melhoria do serviço público. Para dar
mais concreção a esta atividade serão desenvolvidos testes e protótipos de
utilizando esses novos recursos.
Projetos de inovação
Este conjunto de ações objetiva dar apoio conceitual e metodológico para
a viabilização de projetos inovadores embrionários, surgidos nas diferentes
secretarias de estado.
Estas ações, em síntese, conformam uma incubadora de projetos
inovadores, que na fase seguinte passarão a ser operados, em regime de rotina,
pelos respectivos órgãos.
Governança
As diversas modalidades de atuação, antes apontadas, requerem a
montagem de uma estrutura mínima de governança que garanta a transformação de
idéias inovadoras em projetos inovadores. Pela própria essência do projeto, esta
estrutura não poderá ficar circunscrita a uma diretoria ou área de uma secretaria,
devendo, ao contrário cortá-los horizontalmente, de modo a garantir a visão da
15
inovação como desafio da Casa como um todo, e não de segmentos isolados dentro
dela. Ainda, no âmbito da governança do projeto serão estruturados grupos técnicos
de trabalho intra e inter secretarias voltados para a definição de normas,
detalhamento de procedimentos, compatibilização de ações e outras atividades que
surgirão na medida em que projetos de inovação em gestão sejam selecionados e
implementados.
Um resumo das linhas de atuação formuladas e das ações programadas
pode ser observado na Figura III. 2, abaixo.
Figura III.2
16
CONCLUSÃO
Na conclusão deste texto, gostaríamos de mencionar que o programa de
inovação do Governo de São Paulo não pretende ser um manual de caminhos
prontos e procedimentos padronizados. Isto seria reproduzir na sociedade do
conhecimento, receitas que já perderam sua efetividade.
O grande desafio deste trabalho é conceber e implementar ambientes
propícios à descoberta e ao compartilhamento de novos conhecimentos,
fundamentais para que o setor público consolide e, em alguns casos mais crassos,
recupere seu poder de coordenação, em um mundo globalizado, complexo e
sobretudo mutante.
Mais ainda, segundo nosso julgamento, esses ambientes não podem
compostos por estruturas rígidas, que ao invés de incentivar, sepultem a
criatividade. Para tanto, três características fundamentais estão presentes nesses
espaços:
Devem ser um locais de aprendizagem continuada, não apenas sobre o
uso de novas tecnologias, mas principalmente sobre o entendimento de como esses
recursos estão mudando o modelo de negócios das organizações públicas e
privadas, e como isto irá reinventar o papel do governo em suas ações de
coordenação, implementação de políticas públicas e provimento de serviços.
Devem constituir uma rede de talentos, habilidades, experiências onde
visões distintas coexistam e produzam soluções compreensivas e ousadas que
permitam enfrentar, de modo efetivo, problemas complexos e de difícil mapeamento
Devem ser locais abertos à mudança de paradigmas, modelos mentais,
onde o erro seja compreendido como parte do processo de mudança e a criatividade
incentivada a cada momento.
17
REFERÊNCIAS
ANDERSON, C. A cauda longa. Rio de Janeiro: Elsevier, 2006. BERNARDES, R. (Org.). Inovação em serviços intensivos em conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2007. CASTELLS, M. A sociedade em rede: a era da informação: economia, sociedade e cultura, volume I. Editora Paz e Terra, 1999. CAVALCANTI, M.; NEPOMUCENO, C. O conhecimento em rede: como implantar projetos de inteligência coletiva. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 CHRISTENSEN, C. M. O futuro da inovação: usando as teorias da inovação para prever mudanças no mercado. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007 DAVENPORT, T. H. Ecologia da Informação: porque só a tecnologia não basta na era da informação. São Paulo: Editora Futura, 1998. HAMEL, G.; BREEN, B. O futuro da administração. Campus, Rio de Janeiro, 2007 NONAKA, I.; TAKEUCHI H. Criação de conhecimento na empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1997. POLIZELLI, D. L.; OZAKI, A. M. (Org.) Sociedade da informação: os desafios da era da colaboração e da gestão do conhecimento. São Paulo: Saraiva, 2008 SENGE, P. M. A quinta disciplina: arte e prática da organização que aprende. Edição revisada. São Paulo: Best Seller, 2004. STEWART, T. A. A riqueza do conhecimento: o capital intelectual e a organização do século XXI. Rio de Janeiro: Campus, 2002. SVEIBY, K. E. A nova riqueza das organizações: gerenciando e avaliando patrimônios de conhecimento. Rio de Janeiro: Campus, 1998. SUROWIECKI, J. A sabedoria das multidões. São Paulo: Record, 2006.
18
___________________________________________________________________
AUTORIA
Roberto Meizi Agune – Formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo com especialização em Administração e Planejamento Urbano pela Faculdade Getulio Vargas de São Paulo. Atualmente é o coordenador do Grupo de Apoio Técnico à Inovação da Secretaria de Gestão Pública do Governo do Estado de São Paulo. Secretaria de Gestão Publica de São Paulo. Endereço eletrônico: [email protected] José Antônio Carlos – Economista Formado e Pós Graduado pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Trabalha no Grupo Técnico de Apoio à Inovação da Secretaria Estadual de Gestão Pública de São Paulo e coordena a disciplina “Gestão do Conhecimento no Setor Público”, integrante do Programa de Desenvolvimento Gerencial do Governo de São Paulo. Secretaria de Gestão Publica de São Paulo. Endereço eletrônico: [email protected]
19
Anexo I Íntegra do Decreto No 53.963 que institui, no âmbito da Administração Pública Estadual, a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação e dá providências Correlatas JOSÉ SERRA, Governador do Estado de São Paulo, no uso de suas atribuições legais, Decreta: Do Objeto e Âmbito de Aplicação Artigo 1o – Fica instituída, no âmbito da Administração Pública Estadual, a Política de Gestão do Conhecimento e Inovação, tendo como objetivos: I – a melhoria da eficiência, eficácia, efetividade e qualidade da formulação e implantação de políticas públicas e serviços ao cidadão e à sociedade; II – a promoção da transparência na gestão pública por meio do provimento de informações governamentais ao cidadão, possibilitando a crescente capacidade para participar e influenciar nas decisões político-administrativas que lhe digam respeito; III – o incentivo à criação de cultura voltada para a importância da inovação e da geração e compartilhamento de conhecimento e informação na gestão pública, entre os dirigentes governamentais; IV – o desenvolvimento de cultura colaborativa e inovadora intra e inter-governamental, com a geração e compartilhamento de conhecimento e informações entre áreas governamentais e entre governo e sociedade; V – a promoção de oportunidades de aprendizado contínuo aos servidores; VI – a promoção da adoção e capacitação dos servidores na adoção de ferramentas de informática e uso da Internet para fins da Gestão do Conhecimento e Inovação; VII – a divulgação dos resultados e benefícios da implantação da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação. Das Diretrizes Artigo 2o – São diretrizes da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação: I – o planejamento e execução de iniciativas inovadoras; II – o emprego da gestão do conhecimento na preparação e capacitação dos seus profissionais em competências (conhecimentos, habilidades, atitudes e valores) para o planejamento e a execução de ações de gestão do conhecimento e inovação; III – a mensuração dos resultados e benefícios do uso da gestão do conhecimento e das iniciativas inovadoras em governo; IV – a ampla divulgação das ações, resultados e benefícios da gestão do conhecimento e das iniciativas inovadoras em governo; V – o desenvolvimento da cultura de inovação e compartilhamento de conhecimentos e informações nos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual, entre eles, e junto aos demais Poderes e níveis de governo, e com a sociedade; VI – a garantia do amplo acesso dos servidores públicos às informações e ao conhecimento disponíveis na sociedade; VII – a garantia do amplo acesso dos servidores e dos cidadãos às informações e ao conhecimento disponíveis na Administração Pública Estadual; VIII – a promoção e o fomento à participação em iniciativas e eventos próprios e de terceiros voltados à gestão do conhecimento e inovação e ao compartilhamento de conhecimento entre governo e sociedade; IX – a promoção de modos inovadores de organização e gestão para o serviço público que visem a melhores usos e circulação do conhecimento;
20
X – a promoção do uso intensivo das tecnologias da informação com aplicações relacionadas às práticas de gestão do conhecimento e inovação. Do Gestor da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação Artigo 3o – O papel de gestor da Política de Gestão do Conhecimento e Inovação será desempenhado por Grupo Técnico instituído pelo Comitê de Qualidade da Gestão Pública, o qual será coordenado pela Secretaria de Gestão Pública, por intermédio do Coordenador do Grupo de Apoio Técnico à Inovação – GATI, com as seguintes atribuições: I – identificar áreas de interesse e promover iniciativas estratégicas de inovação e de gestão do conhecimento; II – orientar os órgãos e entidades no planejamento e implementação de ações relativas à política objeto do presente decreto e suas diretrizes estabelecidas no artigo 2o; III – fomentar a incorporação de conhecimentos, de forma inovadora, aos processos e aos produtos, políticas e serviços; IV – avaliar e divulgar os resultados obtidos pelas iniciativas de gestão do conhecimento e inovação. Dos Programas para a Gestão do Conhecimento e Inovação Artigo 4o – Cabe aos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual elaborar e implementar programas para as ações de gestão do conhecimento e inovação nos respectivos âmbitos de atuação, voltados para a política objeto do presente decreto e tendo em vista as diretrizes estabelecidas no artigo 2o. Parágrafo único – Caberá à Secretaria de Gestão Pública implementar programa de estímulo à gestão do conhecimento e inovação no âmbito da Administração Pública Estadual. Da Capacitação Artigo 5o – Os órgãos e entidades da Administração Pública Estadual deverão priorizar ações de capacitação constantes de sua programação e que contemplem a qualificação do corpo funcional nas áreas de gestão do conhecimento e de inovação. Parágrafo único – Caberá à Secretaria de Gestão Pública promover, elaborar e executar as ações de capacitação para os fins dispostos no “caput” deste artigo e, em especial, dentro de seu Programa de Desenvolvimento Gerencial (PDG), bem como a coordenação e supervisão das ações de capacitação executadas pelas demais escolas estaduais de governo. Da Reserva de Recursos Artigo 6o – Os órgãos e entidades da Administração pública Estadual deverão contemplar em seus programas e ações as atividades e recursos orçamentários destinados ao planejamento, execução, monitoramento, acompanhamento e avaliação das ações em gestão do conhecimento e inovação. Artigo 7o – A Secretaria de Gestão Pública editará normas complementares para execução deste decreto. Artigo 8o – Este decreto entra em vigor na data de sua publicação. Publicado na Casa Civil, aos 21 de janeiro de 2009.
21