gerenciamento de projetos de software

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SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL JEFERSON ANDRÉ FARIAS GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE UM ESTUDO DE CASO Florianópolis – SC 2008

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Page 1: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

SENAI - SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL

JEFERSON ANDRÉ FARIAS

GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

UM ESTUDO DE CASO

Florianópolis – SC

2008

Page 2: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

JEFERSON ANDRÉ FARIAS

GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gerenciamento de Projetos apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Gerenciamento de Projetos da Faculdade de Tecnologia SENAI Florianópolis em parceria com EUAX – Gestão de Projetos.

Orientador: Prof. Antonio Joaquim da Silva

Florianópolis – SC

2008

Page 3: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

JEFERSON ANDRÉ FARIAS

GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

UM ESTUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Banca Examinadora do Curso de Pós Graduação Lato Sensu em Gerenciamento de Projetos da Faculdade de Tecnologia SENAI Florianópolis em cumprimento a requisito parcial para obtenção do título de especialista em Gerenciamento de Projetos.

APROVADO PELA BANCA EXAMINADORA

EM FLORIANÓPOLIS, 15 DE SETEMBRO DE 2008.

____________________________________________________ Prof. Antonio Joaquim da Silva, Esp. SENAI / Florianópolis

Coordenador do Curso

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Prof. Antonio Joaquim da Silva, Esp. SENAI Florianópolis

Orientador

__________________________________________________ Profª. Francisca Rasche, Me. SENAI - Florianópolis

Examinadora

Florianópolis – SC

2008

Page 4: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

Dedico este trabalho aos meus falecidos pais,

pelo Amor que nos envolve em laços de

afinidade eterna. Pelos exemplos de que a vida

é um processo constante de busca e

aperfeiçoamento, mesmo que por vezes,

estejamos dispersos a este propósito.

Page 5: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

AGRADECIMENTOS

Agradeço inicialmente a DEUS, por mais esta oportunidade, pela inspiração, pela

força sempre presente.

A minha esposa, Priscila Sobierajski Barreto, pelas palavras de incentivo, pelos

gestos de carinho, pela paciência, sem esquecer é claro, do AMOR que nos une.

Ao meu orientador, Antonio Joaquim da Silva, pelo auxílio sempre presente, pela

extrema paciência, pelos exemplos de profissionalismo.

A professora Francisca Rasche, pelo auxílio na organização metodológica.

Ao professor Carlos Fernando Martins, pelas orientações e pelo bom humor.

Aos demais professores pelos ensinamentos.

Aos meus colegas de trabalho, pelo aprendizado diário e pela oportunidade de

colocar em prática todo o conhecimento adquirido durante o curso.

Aos integrantes da turma, pessoas com quem a oportunidade de trocar

experiências, ampliar contatos, aprender, e principalmente fazer grandes amizades.

Page 6: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

I

RESUMO

Com os crescentes avanços tecnológicos e econômicos, o gerenciamento de projetos tornou-se uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento das empresas, nos seus mais diversos segmentos. Buscar uma forma organizada e padronizada de gerenciar projetos denota forma eficiente de competitividade. Com o intuito de buscar uma forma de adaptação a estes constantes avanços, este trabalho pesquisa e apresenta uma metodologia de gerenciamento de projetos para ser inserido em ambiente específico. A metodologia aplicada neste trabalho baseou-se no levantamento bibliográfico em livros especializados, pesquisas na Internet, trabalhos acadêmicos, além de padrões criados por órgãos nacionais e internacionais, propiciando embasamento mínimo necessário sobre metodologias de gerenciamento de projetos, visando a busca de práticas a serem inseridas no ambiente de pesquisa. Objetiva-se neste trabalho uma análise, por intermédio de um estudo de caso frente a um referencial bibliográfico, a indicação e adaptação de práticas de gerenciamento de projetos que possam auxiliar a condução de projetos na empresa alvo de estudo, levando-se em consideração seu momento atual e seu planejamento estratégico. Os resultados obtidos neste trabalho atingiram os objetivos propostos, uma vez que foram identificadas práticas de gerenciamento de projetos mais viáveis, podendo as mesmas ser inseridas no ambiente de estudo de maneira gradativa.

Palavras chave: Gerenciamento de Projetos, Desenvolvimento de Software.

Page 7: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

II

ABSTRACT

Project Management has shown to be a powerful tool helping companies on their growth when adding constant technological and economical improvements to the equation. A company who is looking for organized and standardized ways of managing a project keeps competitive efficiency on their side. Willing to adapt to these constant improvements, project management methodologies were researched and are shown here to be used in a specific environment. Specialized books, Internet, academic papers, or even more, national and international standardization organizations, were basic bibliographic sources of information about project management methodologies applied to a research environment. The target of this study is to use the bibliographic study compared to a real case scenario to analyze what project management practices can be indicated and adapted to the company who is presented on this study. Nonetheless, this analyze, has been based considering the present moment and this company strategic planning. The results of this study has matched its objective, since more interesting project management practice were identified and may be implanted on the studied company in a gradual way.

Keywords: Project Management, Software Development.

Page 8: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

III

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Exemplo de réguas de sucesso ................................................................................12

Figura 2 – O Ciclo do Scrum....................................................................................................21

Figura 3 – Interação entre grupos de processos em um projeto................................................24

Figura 4 – Visão geral das áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos e os

processos de gerenciamento de projetos ...................................................................................26

Figura 5 – Componentes do MPS.BR.......................................................................................28

Figura 6 – Estrutura organizacional da empresa alvo de estudo...............................................39

Figura 7 – Estrutura organizacional do setor de desenvolvimento da empresa alvo de estudo 40

Figura 8 – Novo processo de desenvolvimento proposto. ........................................................52

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Níveis de maturidade do MR-MPS..........................................................................31

Page 9: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

IV

LISTA DE SIGLAS

ACATE Associação Catarinense de Tecnologia

ANSI American National Standarts Institute

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APM Agile Project Management

BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DSDM Dynamic System Development Method

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

MCT Ministério da Ciência e Tecnologia

MA-MPS Método de Avaliação para Melhoria de Processo de Software.

MN-MPS Modelo de Negócio para Melhoria de Processo de Software.

MR-MPS Modelo de Referência para Melhoria de Processo de Software.

MPS.BR Melhoria do Processo de Software Brasileiro

PACS Picture Archiving and Communication Systems

PMBOK Project Management Body of Knowledge

PMI Project Management Institute

RAP Rapid Plainning

RC Release Candidate

SOFTEX Associação para Promoção da Excelência do Software Brasileiro

XP Extreme Programming

XPM Extreme Project Management

Page 10: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................1

1.1. Tema da pesquisa........................................................................................................2 1.2. Questões de pesquisa ..................................................................................................2 1.3. Objetivos.....................................................................................................................3

1.3.1. Objetivo Geral...........................................................................................................3 1.3.2. Objetivos Específicos................................................................................................3

1.4. Justificativa .................................................................................................................4 1.5. Estrutura do Trabalho .................................................................................................4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................6

2.1. Gerenciamento de Projetos .........................................................................................6 2.2. Gerenciamento de Projetos Ágil .................................................................................7

2.2.1. XPM (Extreme Project Management) ......................................................................9 2.2.1.1. Valores ............................................................................................................9 2.2.1.2. Regras ...........................................................................................................10 2.2.1.3. Técnicas e Ferramentas.................................................................................12

2.2.2. APM (Agile Project Management) .........................................................................13 2.2.2.1. Princípios ......................................................................................................14 2.2.2.2. Práticas..........................................................................................................14

2.2.3. Scrum ......................................................................................................................17 2.2.3.1. Papéis e responsabilidades............................................................................18 2.2.3.2. Fundamentos .................................................................................................19 2.2.3.3. O ciclo do Scrum ..........................................................................................20

2.3. PMBOK - Project Management Body of Knowledge ..............................................21 2.3.1. O ciclo de vida do projeto:......................................................................................22 2.3.2. Grupos de Processos ...............................................................................................22 2.3.3. Áreas de Conhecimento ..........................................................................................24

2.4. MPS/BR....................................................................................................................27 2.4.1. Guias .......................................................................................................................28 2.4.2. Níveis de Maturidade..............................................................................................29 2.4.3. Processo ..................................................................................................................30 2.4.4. Capacidade de Processo..........................................................................................30

3. METODOLOGIA ...............................................................................................................32

3.1. Classificação da Pesquisa .........................................................................................32 3.2. Procedimentos Técnicos ...........................................................................................32

4. ESTUDO DE CASO............................................................................................................35

4.1. Apresentação da Empresa.........................................................................................35 4.2. Planejamento estratégico da empresa .......................................................................36

4.2.1. Negócio ...................................................................................................................37 4.2.2. Missão.....................................................................................................................37 4.2.3. Visão .......................................................................................................................37 4.2.4. Objetivo...................................................................................................................37 4.2.5. Iniciativas................................................................................................................38

4.3. Estrutura organizacional ...........................................................................................38 4.4. Diagnóstico do ambiente interno ..............................................................................41

4.4.1. Contextualização dos projetos da empresa .............................................................41

Page 11: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

4.4.2. Contextualização das estruturas da empresa e seus papéis.....................................41 4.4.3. Processo de desenvolvimento de software..............................................................41 4.4.4. Levantamento de requisitos ....................................................................................42

4.4.4.1. Identificação de erros e não-conformidades.................................................42 4.4.4.2. Análise de requisitos, erros e não-conformidades ........................................42 4.4.4.3. Definição de versões .....................................................................................43 4.4.4.4. Implementação..............................................................................................43 4.4.4.5. Controle de Qualidade ..................................................................................44 4.4.4.6. Liberação de versões.....................................................................................44 4.4.4.7. Pesquisa e Desenvolvimento.........................................................................44 4.4.4.8. Práticas de Gerenciamento de Projetos.........................................................44

4.4.5. Dificuldades encontradas ........................................................................................45

5. PROPOSTA DE METOLOGIA ........................................................................................47

5.1. Novo processo de desenvolvimento de software ......................................................47 5.1.1. Primeira Etapa.........................................................................................................48

5.1.1.1. Iniciação de Novo Ciclo de Desenvolvimento..............................................48 5.1.1.2. Testes Finais do Ciclo de Desenvolvimento anterior ...................................50

5.1.2. Segunda Etapa.........................................................................................................50 5.1.3. Terceira Etapa .........................................................................................................51

5.2. Apresentação do novo processo de desenvolvimento...............................................52 5.3. Alinhamento de Processos ........................................................................................54 5.4. Formalização de Processos .......................................................................................54 5.5. Práticas de Sugeridas ................................................................................................55

6. CONCLUSÕES...................................................................................................................57

6.1. Sugestões para trabalhos futuros...............................................................................58

REFERÊNCIAS ......................................................................................................................59

Page 12: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

1

1. INTRODUÇÃO

É comum verificarmos atualmente, empresas de desenvolvimento de software de

pequeno porte que utilizam um reduzido conjunto de padrões ou boas práticas no

gerenciamento de seus projetos.

Segundo Castor (2007), esta pouca afinidade entre pequenas empresas e técnicas

de gerenciamento de projetos ocorre devido ao fato de pequenas empresas serem associadas à

uma alta dose de improvisação, enquanto que o gerenciamento de projetos exige uma elevada

dose de previsibilidade e rigor.

Os fatores que motivaram a concepção de projetos de desenvolvimento de software

com a utilização reduzida de padrões ou boas práticas em seus gerenciamentos, geralmente

vem de encontro com o histórico da empresa.

Na maioria dos casos, tratam-se de pequenas empresas, criadas para suprir

demandas de desenvolvimento de softwares específicos, para desenvolverem soluções mais

simples ou mais acessíveis financeiramente em comparação a soluções já existentes, tornando-

as viáveis a um mercado consumidor de menor poder aquisitivo.

Inicialmente estas pequenas empresas possuem um número reduzido de recursos.

No caso de recursos humanos, estes são, em alguns casos, os próprios sócios da empresa. Elas

têm como um de seus atributos indissociáveis a concentração em um, ou pouquíssimos

administradores, das decisões relativas a produtos, mercados, tecnologia, finanças e

administração, onde as responsabilidades se sobrepõem de maneira informal (CASTOR,

2007).

Com gradativo crescimento destas empresas, surgem novas oportunidades de

negócio gerando demanda de aquisição e contratação de novos recursos.

Na medida em que novos recursos são adquiridos e contratados, ocorrem melhoras

no processo de desenvolvimento de software, em decorrência da soma intelectual e

Page 13: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

2

tecnológica das novas aquisições e contratações. Mesmo com este fator positivo, os novos

projetos oriundos das novas oportunidades de negócio ainda não possuem um padrão definido

de gerenciamento em suas etapas: iniciação, controle, execução e finalização.

A não existência de um gerenciamento específico dos projetos de desenvolvimento

de software, aliado crescimento destas empresas, gera dificuldades durante todo o ciclo destes

projetos, na definição de escopo, na análise de riscos, na manutenção de softwares e no

gerenciamento dos recursos envolvidos nos projetos, gerando custos excessivos, esforços

extras, além da possibilidade de não cumprimento de prazos.

Tendo como base o contexto apresentado, este trabalho visa desenvolvimento e

apresentação de uma metodologia de gerenciamento de projetos de software, baseado em

padrões e boas práticas de gerenciamento de projetos para que possa ser incorporado

gradativamente no cotidiano de projetos uma empresa com o perfil citado acima, de modo a

possibilitar um controle mais efetivo sobre os mesmos, tornando-os mais produtivos e por

conseqüência com melhores resultados.

A empresa selecionada para a efetuação deste estudo de caso será descrita

posteriormente neste trabalho, no capítulo 4.

1.1. Tema da pesquisa

Gerenciamento de Projetos de Software.

1.2. Questões de pesquisa

Quais são as práticas de gerenciamento de projetos de software que a empresa

selecionada utiliza atualmente?

Page 14: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

3

Que boas práticas de gerenciamento de projetos podem ser incorporadas na

empresa de forma a melhorar seu desempenho atual e auxiliar na obtenção de seus resultados

conforme seu planejamento estratégico?

1.3. Objetivos

Frente ao tema proposto, apresentam-se o objetivo geral e os específicos deste

trabalho.

1.3.1. Objetivo Geral

Desenvolver e apresentar uma metodologia de gerenciamento de projetos de

software alinhado a necessidades atuais e ao planejamento estratégico de uma pequena

empresa.

1.3.2. Objetivos Específicos

Os objetivos específicos deste trabalho compreendem as seguintes atividades:

a) Identificar quais são as práticas de gerenciamento de projetos de software que a empresa

selecionada utiliza atualmente.

b) Analisar, indicar e adaptar práticas de gerenciamento de projetos que podem ser úteis à

empresa selecionada, levando em consideração o momento atual da empresa e seu

planejamento estratégico (visão).

c) Criar uma metodologia de gerenciamento de projetos de software com as práticas mais

viáveis à empresa alvo do estudo de caso, adequando-as gradativamente ao seu contexto.

Page 15: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

4

1.4. Justificativa

Partindo do princípio de que existe a possibilidade do aumento da quantidade de

projetos e o reconhecimento da importância dos mesmos para a empresa. A apresentação de

uma metodologia de gerenciamento de projetos para a empresa visa auxiliá-la na busca de

uma forma padronizada de conduzi-los e monitorá-los, para com isso possibilitar a

compilação de uma visão centralizada e precisa sobre o andamento e situação de cada um dos

projetos da empresa.

Como justificativa, convém citar um desafio ainda maior: Como inserir a forma

padronizada de maneira prática, gradativa, estando ela alinhada aos objetivos estratégicos da

empresa, sem causar prejuízo ao conjunto das atividades em andamento, levando-se em

consideração a situação atual da mesma e os recursos disponíveis para propiciar tal mudança?

1.5. Estrutura do Trabalho

O presente trabalho está estruturado em seis capítulos.

No primeiro capítulo, denominado Introdução são apresentados o tema e a questão

de pesquisa, o objetivo geral e os objetivos específicos, sendo finalizado com a justificativa da

pesquisa.

O segundo capítulo, diz respeito à Revisão Bibliográfica, onde serão apresentados

conceitos e definições referentes aos temas relevantes ao estudo, baseados em literaturas com

respaldo científico. Os temas abordados serão: metodologias, guias, processos e boas práticas

de gerenciamento de projetos de software, sempre levando em consideração o contexto da

empresa alvo de estudo.

O terceiro capítulo é composto pela Metodologia utilizada na pesquisa.

Page 16: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

5

O quarto capítulo é denominado Estudo de Caso, onde será efetuada a descrição do

ambiente alvo de estudo, além de diagnóstico das práticas de gerenciamento de software hoje

efetuadas no mesmo.

O quinto capítulo, denominado de Proposta de Metodologia, tem como base o

segundo e quarto capítulos, e trata-se da descrição de boas práticas de gerenciamento de

projetos de software a serem propostas a empresa alvo de estudo, além da forma com que tais

práticas podem ser inseridas em seu contexto.

No sexto capítulo, será apresentada a Conclusão deste trabalho, além das

perspectivas de continuidade do mesmo, na forma de melhorias na metodologia proposta.

Por fim, são apresentadas as referências utilizadas na confecção deste trabalho.

Page 17: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

6

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Gerenciamento de Projetos

Conforme o PMBOK (2004), gerenciamento de projetos trata-se da aplicação de

conhecimentos, habilidades, ferramentas e técnicas as atividades do projeto a fim de atender

aos seus requisitos. Sua realização se dá por intermédio da aplicação e integração de processos

de iniciação, planejamento, execução, monitoramento e controle, e por fim o encerramento.

A gerência de projetos surgiu pela demanda de novos métodos de gerenciamento,

sendo consideradas três forças básicas que impulsionam sua aplicação que são: o crescimento

exponencial do conhecimento humano, a demanda crescente por produtos e serviços mais

complexos e padronizados, e a evolução da competição global pela produção de produtos e

serviços (ZANONI, 2001).

O termo gerência de projetos é também utilizado para descrever uma abordagem

organizacional para gerenciamento de processos operacionais contínuos. Esta abordagem,

mais conhecida como gerência por projetos, trata aspectos de serviços continuados como

projetos, objetivando aplicar a eles também os conceitos de gerência de projetos.

Gerenciar projetos, segundo o PMBOK (2004) inclui:

a) Identificação de necessidades.

b) Estabelecimento de objetivos claros e alcançáveis.

c) Balanceamento de demandas conflitantes de qualidade, escopo, tempo e custo.

d) Adaptação de especificações, dos planos e da abordagem às diferentes preocupações e

expectativas das diversas partes interessadas.

O principal objetivo gerenciamento de projetos consiste na obtenção de um

equilíbrio entre custos, prazos e qualidade, buscando atingir metas previamente estabelecidas.

Page 18: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

7

2.2. Gerenciamento de Projetos Ágil

Em um contexto onde avanços tecnológicos acontecem de maneira cada vez mais

rápida, é importante que as empresas estejam atentas às inovações a fim de ampliarem sua

capacidade e agilidade produtiva. Este também é um desafio para a área de desenvolvimento

de software, que constantemente visa a melhoria em seu processo produtivo.

Mesmo com a constante evolução de métodos, técnicas e ferramentas nesta área, a

entrega de software em prazos e custos estabelecidos nem sempre é atingida. Uma das causas

deste problema é o excesso de formalidade nos modelos de processo propostos nos últimos

anos (FILHO, 2005).

Conforme Yoshima (2007), o desenvolvimento de software é uma atividade

completamente diferente de tudo o que a indústria construiu desde os tempos de revolução

industrial. Cita ainda que reconhecer que o desenvolvimento de software requer práticas

especiais de gerenciamento de projetos, por terem uma natureza que denomina como

“diferente”, é o primeiro passo de uma importante caminhada que irá definir o sucesso ou o

fracasso de projetos de desenvolvimento de software.

Uma nova abordagem para o desenvolvimento de software tem despertado grande

interesse entre as organizações de todo mundo. Trata-se de uma tendência para o

desenvolvimento ágil de aplicações, motivado pelo ritmo acelerado de mudanças na

tecnologia da informação, pressões por constantes inovações, concorrência acirrada e grande

dinamismo no ambiente de negócios (PEREIRA, 2007).

Com o objetivo de oferecer ao mundo uma alternativa às metodologias pesadas,

que exigem um planejamento rigoroso e detalhado de todo o processo de desenvolvimento de

software, tornando-o lento e burocrático, um grupo de 17 autores e representantes das mais

variadas técnicas e metodologias ágeis reuniu-se para identificar boas práticas de

desenvolvimento de projetos dentre as metodologias e técnicas existentes, padronizando-a.

Page 19: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

8

Este grupo autodenominou-se de aliança ágil (agille alliance) e defende valores e

práticas de métodos ágeis, apresentando valores e princípios que definem critérios para o

desenvolvimento ágil (MÜLLER, 2004). O resultado deste encontro foi a criação do

Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software (Agile Manifesto, 2001), cujos valores são

descritos a seguir:

a) Indivíduos e interações são mais importantes que processos e ferramentas.

b) Software funcionando é mais importante do que documentação detalhada.

c) O relacionamento com o cliente é mais importante do que a negociação de contratos.

d) Adaptação às mudanças é mais importante do que seguir um planejamento.

Compreender os valores do Agile Manifesto traz novas sugestões para a melhoria

de métodos, processos e técnicas de desenvolvimento e gestão de projetos (PEREIRA, 2007).

Conforme Müller (2004), os métodos de desenvolvimento ágeis adaptam-se às diversas

situações e necessidades de software, como mudanças constantes nos requisitos, diferente dos

processos tradicionais, que buscam prever todos os requisitos e necessidades do sistema.

Outro valor significativo é o incentivo ao trabalho em equipe, sendo

constantemente reforçada a idéia de time, pois as pessoas são o plano principal no

desenvolvimento ágil, não o processo. Este fator facilita o gerenciamento do projeto, uma vez

que propicia uma maior integração e comprometimento da equipe do projeto, que

consequentemente se sente mais motivada (PEREIRA, 2007).

O reforço do planejamento do projeto, minimizando riscos, considerando que o

planejamento é mais importante do que o plano (uma vez que o mesmo não é cessado até que

se tenha atingido a satisfação do cliente na entrega do produto final) é outra característica

positiva a ser destacada.

Existem várias opções para começar a praticar a agilidade em projetos de software,

das quais podem ser destacadas o XP (Extreme Programming), Scrum (PEREIRA, 2007),

Page 20: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

9

além de XPM (Extreme Project Management) e APM (Agile Project Management)

(MAGALHÃES, 2005).

Uma vez que XP (Extreme Programming) tem seu enfoque voltado para práticas

de desenvolvimento de software (e não gerenciamento), não serão citadas suas características

no decorrer desta revisão bibliográfica.

2.2.1. XPM (Extreme Project Management)

O XPM caracteriza-se pela facilitação de mudanças no decorrer do projeto, sendo

recomendado para projetos de software para os quais o tempo e o custo para tornar o produto

disponível no mercado é crítico.

Segundo o paradigma ágil, o XPM visa a melhoria no gerenciamento de projetos,

cuja abordagem de desenvolvimento é baseada em XP (Extreme Programing).

Sua principal característica frente às abordagens tradicionais está na sua atitude em

relação às mudanças, no qual os resultados direcionam o planejamento e não o contrário.

Segundo Magalhães (2005), a meta é entregar o resultado desejado e não necessariamente o

resultado planejado.

2.2.1.1. Valores

Segundo PONS (2004), são considerados valores do XPM:

a) Participação: O gerenciamento de projetos é baseado na participação de stakeholders 1do

projeto.

b) Pró-Atividade: Trata-se de um processo criativo e pró-ativo de solução de problemas.

c) Transparência: Todas as informações do projeto são compartilhadas com stakeholders.

1 Stakeholders são as partes envolvidas no projeto, englobando clientes, a organização executora do projeto, os membros da equipe, o gerente ou equipe de gerenciamento de projetos, os patrocinadores e os influenciadores do projeto.

Page 21: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

10

d) Foco externo: O foco do Gerente de Projetos está relacionado ao foco dos stakeholders.

e) Confiança: A equipe do projeto é tratada como um conjunto de profissionais em que se

pode confiar.

2.2.1.2. Regras

Magalhães (2005) cita 11 regras que compõe o XPM, descritas a seguir:

a) A gerência de pessoas e processos criativos demanda processos de gerenciamento

criativos: Não existe uma maneira específica e certa para se gerenciar projetos na

dinâmica atual do mercado. Todos os envolvidos no projeto precisam de criatividade para

agregar valor e qualidade ao produto final.

b) Quanto menos o gerente souber sobre questões técnicas do projeto, melhor: Faz-se

necessário distinguir informação técnica da informação gerencial em um projeto, com o

intuito de viabilizar uma maior compreensão do mesmo. Uma vez que um abrange o

domínio de tecnologias, o outro abrange o controle processos e a integração das partes

envolvidas visando à agregação de valor ao produto. Experiências específicas devem ser

usadas em áreas específicas (MAGALHÃES, 2005).

c) O que ocorre depois do projeto é mais importante do que o que ocorre durante o projeto: O

acompanhamento de um projeto após sua implantação, possibilita uma análise de

cumprimento de metas de sucesso do projeto (por parte da equipe de desenvolvimento),

viabilizando a ampliação da visão do cliente do valor agregado pelo produto em seu

negócio.

d) Um planejamento de projeto desenvolvido sem a participação completa dos stakeholders

não é mais que a fantasia de um planejamento efetuado por uma só pessoa: Nesta regra é

destacada a importância do envolvimento dos stakeholders durante o processo de

Page 22: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

11

planejamento, tornando-o aberto e colaborativo, o que facilita a busca de consenso na

resolução de pontos de discórdia entre eles.

e) Quanto mais tempo o gerente de projeto permanecer com os stakeholders, melhor: Sugere

que o gerente de projetos deve investir uma parte considerável de seu tempo na

compreensão das pessoas que fazem parte da equipe do projeto, já que a abordagem do

XPM é relacionada à informação gerencial (diferente do XP, cuja abordagem, conforme

citado anteriormente, é mais voltada para o desenvolvimento de software).

f) Se o sucesso de projeto não foi definido no começo, ele possivelmente não será alcançado

no final: Sugere que os critérios que determinam o sucesso de um projeto devem ser

definidos no início do projeto e acompanhados no seu decorrer, por intermédio de “réguas

de sucesso”, que serão descritas no decorrer deste tópico.

g) A importância da apresentação do lucro: Visa a análise do negócio, a fim de identificar o

valor agregado que o produto trará. Esta regra torna possível ainda à priorização de

funcionalidades a serem desenvolvidas de modo a maximizar benefícios.

h) Os stakeholders do projeto podem ser seus melhores aliados ou seus piores inimigos: A

fim de evitar a perda de recursos estratégicos, o XPM sugere a utilização de uma

ferramenta cujo objetivo é manter os stakeholders informados sobre a possibilidade de

utilização de um recurso (próprio, ou de outro stakeholder). A ferramenta utilizada para

este fim, também será descrita no decorrer deste tópico.

i) Se você não pode prever o futuro, não planeje detalhes: Trata-se de extensão de boas

práticas de desenvolvimento utilizadas em XP, onde planejamento e re-planejamento são

efetuados diariamente, envolvendo toda a equipe do projeto (inclusive stakeholders).

j) Se o seu projeto não mudou, fique preocupado: Trata-se de uma avaliação diária do

andamento do projeto, a fim de identificar quaisquer situações que possam prejudicar o

andamento do mesmo.

Page 23: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

12

2.2.1.3. Técnicas e Ferramentas

São técnicas e ferramentas do XPM:

a) RAP (Rapid Plainning) (Utilizada na regra 4): Segundo Magalhães (2005), o XPM utiliza

Planejamento Rápido (RAP), para criar planos de projeto, visando assegurar a

fundamentação do mesmo, com a participação intensiva dos stakeholders. Conforme Pon

(2004), sem a realização de reuniões de planejamento intensivo, é comum a morosidade

no desenvolvimento de um plano de projeto, ao custo de o mesmo sofrer muitas revisões e

alterações. O mesmo autor cita ainda, como vantagem desta técnica que a duração do

projeto é diminuída, aumentando o alinhamento das expectativas de todos os envolvidos e

fortalecendo a comunicação.

b) “Réguas de Sucesso” (utilizada na regra 6): Trata-se do alinhamento de expectativas do

cliente, patrocinador e outros stakeholders (PON, 2004), ou seja, é a representação do grau

de atendimento dos critérios de sucesso do projeto definido pelos mesmos. A figura 1

ilustra um exemplo de réguas de sucesso.

Figura 1 – Exemplo de réguas de sucesso Fonte: Pon (2004)

Page 24: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

13

c) Modelo O3 (Objective, Output, Outcome) (Utilizado na regra 7): Modelo que cria uma

cadeia de valores para o projeto, permitindo vislumbrar os benefícios atrelados aos

objetivos, tendo como princípio que a empresa só atingirá seus resultados se houverem

sucessos na produção de saídas relevantes ao projeto.

d) Acordo de Qualidade (Utilizado na regra 7): Trata-se do estabelecimento de critérios e

processos de qualidade do produto a partir de seus objetivos.

e) Acordos de Parceria (Utilizado na regra 8): Trata-se de ferramenta que documenta

serviços, identifica recursos capacitados, tempo estimado e custo estimado para as

necessidades de stakeholders.

2.2.2. APM (Agile Project Management)

O APM é um conjunto de práticas e princípios cuja finalidade é guiar o

gerenciamento de projetos, auxiliando as equipes de projetos a entregarem produtos ou

serviços de valor agregado em ambientes complexos, desafiadores e instáveis (DIAS, 2006).

Segundo MAGALHÃES (2005), O APM tem seu enfoque direcionado para

habilidades de liderança, destacando a combinação de características atreladas a esta

habilidade como visão de negócio, comunicação, flexibilidade, compreensão de requisitos

técnicos, juntamente com habilidade de planejamento, coordenação e execução.

No APM, é o cliente quem define e prioriza as funcionalidades essenciais ao seu

negócio, levando em consideração o valor agregado que estas funcionalidades trarão ao

mesmo. As equipes de desenvolvimento são responsáveis pela criação e monitoramento do

seu próprio planejamento, incluindo interações junto com o cliente para alinhamento de

expectativas. Em um cenário como este, o gerente de projetos tem pouca necessidade de atuar

de forma tradicional, passando a ser mais um facilitador e orientador.

Page 25: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

14

Os valores e os princípios do APM descrevem a motivação de sua criação, já suas

práticas descrevem como pode ser aplicado. Ambos serão apresentados a seguir.

O APM é considerado uma das referências básicas para metodologias ágeis. Fora

concebido pelo grupo denominado aliança ágil (agille alliance), descrito anteriormente, e seus

valores são os mesmos descritos no manifesto ágil (Agile Manifesto, 2001), ou seja:

a) Indivíduos e interações são mais importantes que processos e ferramentas.

b) Software funcionando é mais importante do que documentação detalhada.

c) O relacionamento com o cliente é mais importante do que a negociação de contratos.

d) Adaptação às mudanças é mais importante do que seguir um planejamento.

2.2.2.1. Princípios

São considerados princípios do APM:

a) Entregar valor ao cliente.

b) Gerar entregas iterativas e baseadas em funcionalidades.

c) Buscar a excelência técnica.

d) Encorajar a exploração.

e) Construir times adaptativos, auto-organizados e auto-disciplinados.

f) Simplificação nas atividades.

2.2.2.2. Práticas

Segundo Magalhães (2005), são práticas do APM:

a) Visão Direcionada: Trata-se do estabelecimento de uma visão direcionada para o projeto,

reforçando-a continuamente por meio de atitudes, influenciando assim os membros da

equipe do projeto. Munido da visão do cliente no que diz respeito ao atendimento de suas

Page 26: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

15

expectativas, o gerente de projetos deve prover uma propriedade coletiva desta visão,

facilitando a obtenção de senso comum sobre a mesma, por intermédio de debates.

Estando a visão do projeto clara a todos os membros da equipe, fica mais fácil a equipe em

manter o foco do projeto.

b) Trabalho e Colaboração em Equipe: Trata-se da facilitação da colaboração ativa da

equipe, estabelecendo-se condições para se manterem bons relacionamentos. Sessões de

planejamento são situações propícias para auxiliarem neste processo, Elas auxiliam no

desenvolvimento de uma compreensão e respeito comum entre os desenvolvedores e o

cliente. Com uma liderança adequada, na medida em que o projeto progride, sessões de

planejamento podem tornar-se altamente colaborativas e criativas, resultando em melhoria

do clima da equipe. Uma definição de papéis na equipe, o conhecimento da característica

de cada indivíduo (como habilidades complementares e interesses), aliadas a um

relacionamento próximo, cordial e respeitoso entre todos proporcionam interações ricas e

também aprimoram o trabalho colaborativo. Cabe ao gerente, o monitoramento da

dinâmica da equipe e decidir alguma intervenção (como resolução de conflitos, caso

necessário), não esquecendo de celebrar sucessos e marcos conquistados. Valorizar a

autonomia da equipe é fundamental para todas as outras práticas.

c) Regras Simples: Objetiva o fornecimento de suporte a equipe do projeto para um

comportamento complexo, permitindo que a mesma trabalhe em uma estrutura flexível.

Estas regras devem fornecer limites claros, mas não a ponto de restringir a autonomia e

criatividade da equipe. Devem ser declaradas explicitamente, compreendidas e acordadas

por todos os membros da equipe logo no início do projeto, cabendo ao gerente de projetos

a avaliação, junto dos mesmos, se estas regras estão sendo seguidas, procurando ajustá-las

continuamente.

Page 27: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

16

d) Informação Aberta: Objetiva o fornecimento claro e aberto à informação, para que a

equipe possa adaptar-se continuamente, não estando alheios a situações que, em

abordagens tradicionais somente o gerente teria conhecimento. Algumas técnicas eficazes

para serem utilizadas na disseminação de informações: Uma proximidade do gerente de

projetos com a equipe, uso de quadros, reuniões diárias ou com freqüência definida

(incluindo a participação de stakeholders), uso de wiki2.

e) Toque leve: Trata-se da aplicação de um "controle inteligente" na equipe do projeto.

Levando em consideração que na gerência tradicional há um enfoque específico em

controle, seja de mudanças, de riscos, de pessoal, diversas metodologias, ferramentas e

práticas evoluíram com o intuito de administrar "um mundo fora de controle", acreditando

que controle resultaria em mais ordem. Algumas delas porém, não manipulam processos

cíclicos com facilidade, assim como situações variáveis presente em um mundo real e

incerto. O gerente de projetos que utiliza uma metodologia ágil, reconhece que é

impossível prever tudo antecipadamente, renunciando parte do controle, controlando

somente o que for suficiente para manter a ordem. Sob o ponto de vista da gerência

tradicional, esta ordem pode parecer com desordem ou caos. Mas se o gerente estiver

disposto a renunciar parte deste controle, as recompensas desta prática englobam uma

equipe dinâmica e comprometida, soluções inovadoras e adaptação contínua.

f) Vigilância Ágil: Conduzir uma equipe, levando em consideração as 5 primeiras regras

descritas anteriormente requer do gerente ágil uma vigilância contínua. Isto significa

confiar na equipe do projeto e no processo que elas auxiliaram a desenvolver, ser

observador, avaliar continuamente a equipe e os processos, monitorar sucessos e fracassos,

adaptando-se conforme a necessidade. A vigilância ágil consiste em algumas atitudes,

como: encorajar o desenvolvimento colaborativo e o trabalho em equipe, percebendo

2 Wiki é uma coleção de muitas páginas interligadas e cada uma delas pode ser visitada e editada por qualquer pessoa.

Page 28: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

17

sinais de tensão e intervindo quando necessário, encorajar a auto-organização, estar

atualizado frente a tecnologia, estando situado na linguagem da equipe, motivar e

recompensar iniciativas, administrando expectativas, refletir sobre o que está de acordo e o

que precisa de melhoria.

2.2.3. Scrum

O Scrum é um método ágil para o gerenciamento de projetos de desenvolvimento

de software, cujo objetivo é a maximização da produtividade de um grupo de trabalho.

Segundo Filho (2005), o Scrum foi desenvolvido para gerenciar o processo de

desenvolvimento de software em ambientes em que os requisitos estão em constante mudança.

A metodologia Scrum pode ser vista como um processo incremental e iterativo,

mais orientado para o gerenciamento dos projetos de software (MAGALHÃES, 2005), mas

também pode ser usado para projetos sem relação com software, pois seus princípios são

aplicados a qualquer projeto (MÜLLER, 2004).

A idéia principal do Scrum é que o desenvolvimento de software envolve muitas

variáveis técnicas e de ambiente (como requisitos, recursos e tecnologia) que podem sofrer

mudanças durante o processo, tornando-o complexo e imprevisível, requerendo flexibilidade

para o acompanhamento de tais mudanças.

O Scrum é baseado em processos empíricos, ou seja, processos que não são pré-

definidos, por isso menos tempo é despendido tentando planejar e definir tarefas

antecipadamente, bem como para ler e criar documentação. Estes processos (empíricos)

divergem dos processos tradicionais (definidos), como o cascata e o espiral, quanto ao

tratamento da análise e desenvolvimento (MÜLLER, 2004).

Page 29: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

18

Por se tratar de um framework3, o Scrum poderá ser útil como guia de boas práticas

para atingir objetivos (PEREIRA, 2007). Entretanto, as decisões de quando e como utilizá-lo,

quais táticas e estratégias seguir para obtenção de maior produtividade fica a cargo de quem as

estiver aplicando. Um dos aspectos positivos do Scrum é a sua adaptabilidade, pois o

conhecimento das suas práticas permite sua aplicação de variadas formas.

A seguir serão apresentadas algumas dos conceitos e práticas do Scrum.

2.2.3.1. Papéis e responsabilidades

São consideradas práticas do Srum:

a) Product Owner - Trata-se do encarregado pela definição de requisitos do produto, sendo

responsável por decidir a data de liberação da versão e o que deve conter a mesma. É

responsável também pelo retorno financeiro (ROI) do produto. Ele é quem pode mudar

requisitos e prioridades de cada Sprint, além ainda de poder aceitar ou rejeitar o resultado

de cada Sprint (PEREIRA, 2007).

b) Scrum Master – O Scrum Master é o responsável pela garantia dos utilização dos valores

do Scrum, respeitando e fazendo respeitar as práticas e regras do mesmo. Cabe a ele o

relacionamento com o cliente e com os membros da equipe, representando-os.

c) Scrum Team - Trata-se da equipe que desenvolverá o produto. Ela é responsável por

selecionar entre os itens priorizados, os que irão ser executados durante a Sprint, tendo

liberdade de realizar o que quiser dentro da Sprint para cumprir o objetivo da iteração.

Cabe aos membros da equipe uma auto-organização de forma participativa.

3 Framework é uma estrutura de suporte definida em que um outro projeto de software pode ser organizado e desenvolvido.

Page 30: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

19

2.2.3.2. Fundamentos

São considerados fundamentos do Scrum:

a) Product Backlog - Trata-se da lista das funcionalidades que estarão contempladas na

versão do software (organizadas em ordem de prioridade). É nela onde serão especificados

novos requisitos, tarefas e tecnologias.

b) Sprint – Sprint é o ciclo de desenvolvimento do Scrum. Não possui especificamente um

período de tempo pré-definido, mas sugere-se que seja curto (geralmente com duração

máxima de trinta dias). Durante sua execução são realizadas tarefas e atividades para

garantir a meta de entregar um software que contemple o disposto no product backlog.

c) Sprint Backlog – Trata-se do backlog que será executado durante o ciclo do Sprint, ou

seja, é uma lista com funcionalidades, atividades e tarefas a serem executadas e

desenvolvidas durante o Sprint.

d) Daily Meeting – Reunião realizada diariamente, com duração máxima de 15 minutos, onde

a equipe discute aspectos pertinentes ao trabalho. Nesta reunião é efetuada a análise do

que fora produzido desde a última reunião e o que se pretende fazer até a próxima. A

brevidade da reunião fica à cargo do Scrum Master.

e) Sprint Planning Meeting – Trata-se de reunião realizada antes do Sprint, onde são

definidos os itens que irão compor a lista de backlog do Sprint e sua ordem de prioridade

entre os itens. Por intermédio de estimativas efetuadas pela equipe de desenvolvimento,

será definida a lista de backlog do próximo Sprint. Nesta reunião os requisitos podem ser

alterados, sendo que após o início do Sprint só os desenvolvedores podem realizar

mudanças. (MÜLLER, 2005).

Page 31: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

20

2.2.3.3. O ciclo do Scrum

O ciclo do Scrum, conforme ilustrado na Figura 2, inicia-se com o product

backlog, através de uma reunião de planejamento, onde o usuário vai definir e classificar as

funcionalidades desejadas para o software por nível de prioridade. A cada novo ciclo poderão

ser alterados os itens deste backlog, podendo-se inserir, mudar ou excluir requisitos antes

especificados. A mudança de requisitos é aceita, não prejudicando o andamento do projeto.

Backlog do Sprint - Esta etapa é efetuada após a definição do backlog de produto.

É nela onde são definidas (a partir do backlog do produto), quais atividades serão realizadas

no Sprint.

Sprint - Sprint é a fase de desenvolvimento do que fora definido no backlog do

Sprint. Uma vez iniciada só os desenvolvedores envolvidos poderão fazer mudanças nas

atividades especificadas. Estas mudanças tratam-se de alterações e expansões nas tarefas

definidas no backlog de Sprint e visam a melhor adaptação ao trabalho a ser realizado.

O objetivo do Sprint é completar as tarefas definidas para ele e entregar uma

pequena parte funcional do software, também conhecida como incremento. Para tanto a

equipe é livre para desenvolver, desde que os objetivos sejam alcançados (MÜLLER, 2005).

Qualquer problema ou necessidade da equipe ou com um membro em particular,

reporta-se ao Scrum Master, que deverá orientar a equipe para evitar problemas e atingir sua

meta.

Diariamente, durante o Sprint, realizam-se as reuniões de Scrum (os Daily

Meetings), onde a equipe se reúne e discute sobre o andamento do projeto. Nela, os membros

da equipe falam brevemente de como vai o seu trabalho, explicitando problemas encontrados

e qual será sua próxima atividade.

Por fim, é efetuada uma apresentação ao cliente o produto da iteração, ou seja, o

pedaço executável de software ou incremento, para ser analisado pelo usuário final (Product

Page 32: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

21

Owner). Este incremento deverá estar testado e com as funcionalidades especificadas para ele.

Nesta fase também é analisado o progresso do projeto, onde são gerados gráficos de

monitoramento (MÜLLER, 2005).

Figura 2 – O Ciclo do Scrum Fonte: Magalhães (2005)

2.3. PMBOK - Project Management Body of Knowledge

O guia PMBOK (2004) é uma publicação que descreve conhecimentos e práticas

para gerência de projetos, publicado pelo PMI (Project Management Institute), sendo

mundialmente aceito e reconhecido como padrão neste segmento pelo ANSI (American

National Standarts Institute).

Nele são tratados aspectos como ciclo de vida do projeto, processos e grupos de

processos de gerenciamento, sendo abordadas áreas de conhecimento da gerência de projetos

e suas interações. Conforme Magalhães (2005) o PMBOK (2004) também pode ser utilizado

para orientar a definição de um processo padrão para o gerenciamento de projetos de software.

O conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos descreve o

conhecimento exclusivo da área de gerenciamento de projetos e que se sobrepõe às outras

disciplinas de gerenciamento PMBOK (2004). Este conjunto de conhecimentos consiste na

Page 33: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

22

definição do ciclo de vida do projeto, em cinco grupos de processos de gerenciamento de

projetos e em nove áreas de conhecimento, que serão apresentados a seguir.

2.3.1. O ciclo de vida do projeto:

Em se tratando de gerenciamento de projetos deve haver uma distinção do ciclo de

vida de projeto e do ciclo de vida do gerenciamento de projeto.

Com relação ao ciclo de vida de um projeto o PMBOK (2004) descreve-o como o

conjunto de fases nas quais um projeto é dividido, visando a determinação de seu início e fim.

São assim divididos visando facilitar sua elaboração progressiva, seu gerenciamento e seu

controle. Ainda segundo o PMBOK (2004), são as características específicas de cada projeto

que determinam seu ciclo de vida.

Com relação ao ciclo de vida do gerenciamento do projeto, o PMBOK (2004)

descreve que o gerenciamento de projetos ocorre por intermédio de processos (que é um

conjunto de ações que geram um resultado). Cita ainda que os processos de gerenciamento

estão distribuídos em 5 fases do ciclo de vida do gerenciamento do projeto: Iniciação,

Planejamento, Execução, Controle e Encerramento.

2.3.2. Grupos de Processos

Conforme o guia PMBOK (2004), o gerenciamento de projetos é um

empreendimento integrador, e esta integração exige que cada processo do projeto e do produto

seja adequadamente associado e conectado a outros processos, visando facilitar a sua

coordenação. Esta integração ocorre por intermédio da descrição da natureza dos processos de

gerenciamento de projetos, em termos da integração entre eles, das interações dentro deles e

dos objetivos a que atendem.

Page 34: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

23

Esses processos são agregados em cinco grupos, definidos como os grupos de

processos de gerenciamento de projetos, que são:

a) Grupo de processos de iniciação: Visam à definição e autorização de um projeto ou uma

fase de um projeto.

b) Grupo de processos de planejamento: Visa à definição e o refinamento dos objetivos do

projeto (escopo), sendo posteriormente planejada a ação necessária para alcançar os

objetivos definidos.

c) Grupo de processos de execução: Visa à mobilização e integração de recursos a fim de

realizar o plano de gerenciamento do projeto.

d) Grupo de processos de monitoramento e controle: Visam o monitoramento e medição do

progresso no desenvolvimento do projeto, para que possam ser identificadas variações em

relação ao plano de gerenciamento do projeto, tornando possível a tomada de ações

corretivas e preventivas quando necessário.

e) Grupo de processos de encerramento: Visam à formalização da aceitação do produto,

serviço ou resultado, conduzindo o projeto a um final ordenado.

A figura 3 ilustra a interação entre os grupos de processos:

Page 35: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

24

Figura 3 – Interação entre grupos de processos em um projeto Fonte: PMBOK (2004)

2.3.3. Áreas de Conhecimento

Com relação às áreas de conhecimento, o PMBOK (2004) identifica nove áreas de

concentração do conhecimento do gerenciamento de projetos, cujos objetivos são descritos a

seguir:

Page 36: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

25

a) Gerenciamento da integração: Objetiva assegurar a coordenação dos elementos do projeto,

como negociações de conflitos visando atingir as necessidades de todas as partes

interessadas no mesmo. Envolve as atividades de desenvolvimento e execução do plano do

projeto, além do controle de mudanças.

b) Gerenciamento de escopo: Objetiva a definição e controle dos trabalhos solicitados no

projeto. Nele estão inseridas as atividades de iniciação, planejamento, definição,

verificação e controle de mudanças do escopo.

c) Gerenciamento do tempo: Objetiva a conclusão do projeto no prazo previsto. Nele estão

inseridos os processos de definição, ordenação, estimativa de duração das atividades, além

da elaboração e controle de cronogramas.

d) Gerenciamento de custos: Objetiva a garantia da conclusão da execução do projeto dentro

do orçamento previsto. Fazem parte desta área as atividades de planejamento de recursos,

estimativas, orçamentos e controle de custos.

e) Gerenciamento da qualidade: Objetiva a certificação de que o projeto satisfará as

conformidades solicitadas pelo cliente nas atividades de planejamento, garantia e controle

de qualidade.

f) Gerenciamento de recursos humanos: Objetiva a otimização da utilização de recursos

humanos envolvidos no projeto. As atividades pertinentes a este gerenciamento são: o

planejamento organizacional, alocação de recursos humanos e o desenvolvimento da

equipe do projeto.

g) Gerenciamento da comunicação: Objetiva a obtenção e disseminação adequada das

informações do projeto. Ou seja, as informações são filtradas de acordo com os papeis dos

envolvidos no projeto. Consiste das atividades de planejamento da comunicação,

distribuição da informação, relatórios de acompanhamento (reports) e encerramento

administrativo do projeto.

Page 37: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

26

h) Gerenciamento de riscos: Objetiva a identificação e análise de riscos ao projeto, de modo

a maximizar resultados e minimizar conseqüências. Fazem parte desta área as atividades

de identificação, quantificação, tratamento e controle de tratamento de riscos.

i) Gerenciamento das aquisições: Objetiva a obtenção de recursos, bens e serviços externos a

capacidade produtiva da equipe do projeto. Neste gerenciamento são necessárias as

atividades de planejamento de aquisição, planejamento de solicitação, solicitação de

propostas, seleção de fornecedores, e administração e encerramento de contratos.

A figura 4 ilustra as áreas de conhecimento e os processos de gerenciamento de

projetos

Figura 4 – Visão geral das áreas de conhecimento em gerenciamento de projetos e os processos de gerenciamento de projetos

Fonte: PMBOK (2004)

Page 38: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

27

2.4. MPS/BR

O MPS.BR (Softex, 2007) é um programa para a Melhoria de Processo do

Software Brasileiro. Trata-se de um projeto coordenado pela SOFTEX (Associação para

Promoção da Excelência do Software Brasileiro), com apoio do MCT (Ministério da Ciência

e Tecnologia), da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e do BID (Banco

Interamericano de Desenvolvimento).

Este programa busca estar adequado a empresas com diferentes tamanhos e

características, sendo elas públicas ou privadas, concentrando sua atenção nas micro,

pequenas e médias empresas, estando alinhado a padrões de qualidade já aceitos no contexto

de projetos mundial, aproveitando toda a competência já existente nos padrões e modelos de

melhoria de processo já disponíveis (Softex, 2007).

O MPS.BR é baseado em conceitos de maturidade e capacidade de processo para a

avaliação e melhoria da qualidade e produtividade de produtos de software e serviços

correlatos, cujo embasamento é orientado por três componentes, conforme ilustrado na figura

5:

a) Modelo de Referência (MR-MPS): O Modelo de Referência MR-MPS contém os

requisitos que os processos das unidades organizacionais devem atender para estar em

conformidade com o mesmo. Nele estão contidas as definições dos níveis de maturidade,

processos e atributos do processo, descritos no decorrer deste tópico. Este modelo está em

conformidade com os requisitos de modelos de referência de processo da norma ISO/IEC

15504-2 (ISO/IEC 15504-2, 2003).

b) Método de Avaliação (MA-MPS): O método de avaliação descreve o processo de

avaliação, os requisitos para os avaliadores e os requisitos para atender o Modelo de

Referência (MR-MPS), em conformidade com a norma ISO/IEC 15504, sendo descrito no

guia de avaliação.

Page 39: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

28

c) Modelo de Negócio (MN-MPS): O Modelo de Negócio MN-MPS descreve regras de

negócio tanto para a implementação do Modelo de Referência (MR-MPS), seja pelas

instituições que desejam implementá-la, como para as instituições que almejem avaliá-la,

como para a organização de grupos de empresas para implementação do MR-MPS e

avaliação MA-MPS para tornarem-se consultores e certificadores de aquisição e

programas anuais de treinamento por meio de cursos, provas e workshops MPS.BR.

Figura 5 – Componentes do MPS.BR Fonte: SOFTEX (2007)

2.4.1. Guias

A descrição do MPS.BR (Softex, 2007) foi efetuada por meio de documentos em

formatos de guias, descritos a seguir:

a) Guia Geral: Guia que contém a descrição geral, detalhando o Modelo de Referência (MR-

MPS), seus componentes e as definições necessárias para seu entendimento e aplicação.

b) Guia de Aquisição: Guia que descreve um processo de aquisição de software e serviços

para este fim. Visa o apoio às instituições que desejam adquirir produtos de software e

serviços apoiando-se também no Modelo de referência (MR-MPS).

Page 40: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

29

c) Guia de Avaliação: Guia que descreve o processo e o método de avaliação do Guia de

Aquisição, os requisitos para avaliadores líderes, avaliadores adjuntos e Instituições

Avaliadoras (IA).

d) Guia de Implementação: Guia que descreve como implementar um determinado nível do

Modelo de Referência (MR-MPS), sub-dividido em 7 partes.

2.4.2. Níveis de Maturidade

Segundo a Softex(2007), os níveis de maturidade estabelecem patamares de

evolução de processos, caracterizando estágios de melhoria da implementação de processos na

organização. O nível de maturidade em que se encontra uma organização permite prever o seu

desempenho futuro ao executar um ou mais processos.

São sete os níveis de maturidade do MPS.BR: A (Em Otimização), B (Gerenciado

Quantitativamente), C (Definido), D (Largamente Definido), E (Parcialmente Definido), F

(Gerenciado) e G (Parcialmente Gerenciado).

O nível G é o nível inicial, indicando que o processo é mais imaturo que os demais

níveis, e o nível A indica que o processo é mais maduro.

Perfis de processo são atribuídos a cada um dos níveis descritos. Eles indicam

pontos de melhoria nos processos. O atendimento de propósitos, a obtenção de resultados

esperados dos processos e dos atributos de processo estabelecidos são indicadores de alcance

de níveis de maturidade.

Segundo Weber (2006) os sete níveis do MR-MPS possibilitam uma

implementação e reconhecimento mais gradual da melhoria de processo de software,

facilitando sua adequação às pequenas e médias empresas, com visibilidade dos resultados em

prazos mais curtos.

Page 41: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

30

2.4.3. Processo

Os processos no MR-MPS são descritos na forma de propósitos e resultados.

Propósitos descrevem o objetivo a ser atingido durante a execução de um processo.

Resultados estabelecem os resultados a serem obtidos com a efetiva implementação do

processo.

Os resultados obtidos podem ser evidenciados por intermédio de um artefato

produzido ou por intermédio de uma mudança significativa de estado ao ser executado o

processo.

2.4.4. Capacidade de Processo

Conforme Softex (2007), a capacidade do processo é representada por um conjunto

de atributos de processo descrito em termos de resultados esperados.

Ela expressa o grau de refinamento e institucionalização com que o processo é

executado. No MPS.BR, à medida que a organização evolui nos níveis de maturidade, um

maior nível de capacidade para desempenhar o processo deve ser atingido pela organização.

A capacidade do processo no MPS.BR possui nove (9) atributos de processos (AP)

que são: AP 1.1, AP 2.1, AP 2.2, AP 3.1, AP 3.2, AP 4.1, AP 4.2, AP 5.1 e AP 5.2.

Cada AP está detalhado em termos de resultados esperados do atributo de processo

(RAP) para alcance completo do atributo de processo. A tabela 1 apresenta os níveis de

maturidade do MR-MPS, os processos e os atributos de processo correspondentes a cada

nível.

Page 42: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

31

Tabela 1 - Níveis de maturidade do MR-MPS

Fonte SOFTEX(2007)

Page 43: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

32

3. METODOLOGIA

A metodologia da pesquisa norteia o caminho a ser seguido, orienta o pesquisador

como realizar o trabalho, quais procedimentos seguir para que a pesquisa seja confiável e

tenha respaldo científico.

Para formular a metodologia utilizada nesta pesquisa, foi empregada a

classificação conforme Gil (2002). Segundo o autor, “toda e qualquer classificação se faz

mediante algum critério”, pode-se classificar a pesquisa com base em seus objetivos gerais, e

conforme os procedimentos técnicos utilizados.

3.1. Classificação da Pesquisa

Com base nos objetivos da pesquisa, o presente estudo é classificado como

exploratório e descritivo.

A pesquisa exploratória visa proporcionar maior familiaridade com o problema,

tornando-o explícito. Envolve levantamento bibliográfico, entrevistas com envolvidos em

experiências práticas com o problema pesquisado, assumindo, em geral, as formas de

pesquisas bibliográficas e estudos de caso (GIL, 2002).

Já a pesquisa descritiva visa descrever características de determinada população,

fenômeno ou ambiente. Envolve o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados como

questionários e observação sistemática, assumindo em geral a forma de levantamento (GIL,

2002).

3.2. Procedimentos Técnicos

A classificação conforme os procedimentos técnicos utilizados têm como objetivo

traçar um modelo conceitual e operativo da pesquisa. A forma como os dados foram

Page 44: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

33

coletados compreende os seguintes procedimentos técnicos: pesquisa bibliográfica,

documental, levantamento e estudo de caso.

Conforme Gil (2002) “A pesquisa bibliográfica é desenvolvida com base em

material já elaborado (...)”. A pesquisa bibliográfica dá sustentação teórica a qualquer tipo de

pesquisa.

A pesquisa é classificada como documental, pois fora elaborada a partir de

materiais que não receberam tratamento analítico (GIL, 2002). Foram utilizados documentos

internos da empresa alvo do estudo de caso, como instruções de trabalho, intranet4,

informativos.

Para obtenção de maiores informações referentes às práticas atuais de

gerenciamento de projetos de software será efetuado um levantamento. Levantamento é um

procedimento de interrogação direta de pessoas cuja atividade e comportamento deseja-se

conhecer (GIL, 2002). Nesta pesquisa, o levantamento de dados foi realizado a partir da

observação direta na empresa alvo de estudo, conforme será detalhado no estudo de caso.

O estudo de caso consiste em uma pesquisa profunda de uma ou poucas unidades,

tem como objetivo dar um caráter de profundidade e detalhamento. (VERGARA, 2004). A

presente pesquisa pode ser classificada como um estudo de caso, de uma realidade específica,

pois se trata de um estudo sobre as ações de gerenciamento de projetos de software utilizadas

atualmente pela empresa alvo de estudo.

Portanto, com base na classificação apresentada e com o objetivo de criar uma

metodologia com as práticas de gerenciamento de projetos de software mais viáveis à empresa

alvo de estudo, foram realizadas as seguintes etapas metodológicas:

a) Levantamento bibliográfico: Levantamento bibliográfico baseado em livros

especializados, pesquisas na Internet, artigos de revistas especializadas, trabalhos

4 Uma Intranet é uma plataforma de rede independente, conectando os membros de uma organização, utilizando protocolos padrões de internet.

Page 45: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

34

acadêmicos, apresentando metodologias, modelos de maturidade, guias, processos e boas

práticas de gerenciamento de projetos de software. O foco deste tópico é a apresentação de

conceitos básicos, para propiciar embasamento mínimo necessário para a criação de uma

metodologia, viabilizando o entendimento de onde e como a metodologia proposta poderá

ser inserida.

b) Levantamento do atual contexto de gerenciamento de projetos de software: Para viabilizar

a criação de uma metodologia de gerenciamento de projetos de software, faz-se necessária

a contextualização das atuais práticas adotadas pela empresa alvo de estudo, para que sirva

como base na elaboração da nova metodologia. Esse levantamento foi realizado por meio

da observação direta, bem como a pesquisa documental.

c) Proposta de metodologia: A partir do conhecimento prévio sustentado pelo levantamento

bibliográfico e pelo levantamento do contexto atual, será elaborada e apresentada uma

metodologia de gerenciamento de projetos de software para a empresa alvo de estudo de

forma descritiva, com definições acerca do que a metodologia propõe.

Page 46: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

35

4. ESTUDO DE CASO

Neste capítulo será realizada a apresentação da empresa estudada, sendo

apresentado seu nicho de mercado e as soluções que oferece ao mesmo, seguido da

contextualização de dados de crescimento. Em seguida, serão citadas informações de sua

estrutura organizacional e seu planejamento estratégico, com o intuito de prover uma maior

visão de sua estrutura.

Por fim, serão apresentados o diagnóstico do ambiente interno, ou seja, os

processos de trabalho (com foco no desenvolvimento de software), as práticas de

gerenciamento de projetos utilizadas, além dos problemas que a empresa enfrentada

atualmente na concepção de seus projetos.

As informações obtidas neste estudo de caso, servirão como base para a criação de

uma metodologia mais adequada para a empresa alvo de estudo, que é apresentada no capítulo

5.

4.1. Apresentação da Empresa

A empresa alvo de estudo fui fundada em maio de 2002, em Florianópolis (SC) e é

especializada em desenvolvimento e comércio de sistemas para o setor de radiologia e de

diagnóstico por imagem.

Especializada em soluções PACS (Picture Archiving and Communication

Systems), um avançado conjunto de softwares que permitem realizar captura, armazenamento,

impressão, distribuição, visualização e manipulação de exames de diagnóstico por imagem,

fornecendo soluções personalizadas e adaptadas ao mercado nacional, com investimentos

viáveis e adequados à realidade do sistema de saúde brasileiro.

Page 47: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

36

Seus produtos destinam-se a médicos radiologistas, clínicas especializadas de

diagnóstico por imagem e hospitais, sejam eles públicos ou privados. Suas soluções estão

presentes em vinte e oito bases espalhados por dez estados Brasileiros.

Com relação a seu crescimento, comparando o exercício do ano de 2006 para

2007, a empresa triplicou seu faturamento (de R$ 593.000,00 para R$ 1.600.000,00) Maia

(2007). Neste exercício, o número de hospitais e clínicas especializadas aumentou de 15 para

27, e para suprir esta nova demanda, o número de funcionários passou de 17 para 23.

Atualmente a empresa alvo de estudo tem como meta aumentar seu faturamento

para R$ 2.500.000,00, consta atualmente com 35 clientes um quadro de 33 funcionários.

Conforme citado anteriormente, seu negócio está voltado ao fornecimento de um

conjunto de softwares para a manipulação de imagens médicas, que por conseqüência gera

serviços (de vendas, implantação, treinamento e suporte), indicando que sua receita esta

diretamente ligada à venda dos softwares produzidos e os serviços que gera, denotando a

importância do gerenciamento de projetos de software para a empresa.

4.2. Planejamento estratégico da empresa

O planejamento estratégico trata-se de um plano onde é formalizado o caminho

que a empresa optou com o objetivo de torná-la competitiva, garantindo sua continuidade.

Neste plano, estão definidas atividades e competências relacionadas entre si visando à entrega

de valor de maneira diferenciada aos interessados.

O planejamento estratégico da empresa alvo de estudo, será descrito a seguir:

Page 48: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

37

4.2.1. Negócio

A empresa é especializada no desenvolvimento de soluções voltadas para a gestão

de imagens médicas em hospitais e clínicas de imagem. O produto desenvolvido é o sistema

de PACS (Picture Archiving and Communication Systems), um avançado conjunto de

softwares que permitem realizar aquisição, armazenamento, distribuição, visualização e

manipulação de exames de diagnóstico por imagem.

4.2.2. Missão

A missão da empresa é o desenvolvimento de tecnologia e a prestação de serviços

para clínicas e hospitais da área de diagnóstico por imagens médicas na América do Sul,

visando otimizar os recursos dos clientes por meio de uma solução integrada de software,

tendo como benefício social a melhoria do atendimento a comunidade.

4.2.3. Visão

Tornar-se referência na área de desenvolvimento de softwares para diagnóstico por

imagem nos países em desenvolvimento.

4.2.4. Objetivo

O objetivo principal da empresa é o desenvolvimento de tecnologias inovadoras e

diferenciadas, com alto valor agregado e facilidade de uso, a fim de disponibilizar soluções

capazes de garantir maior agilidade no fluxo de trabalho dos médicos e maior precisão

diagnóstica.

Page 49: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

38

4.2.5. Iniciativas

A empresa está em fase de registro e certificação de marcas e produtos na

ANVISA (Agência Nacional de vigilância Sanitária), órgão que rege o setor brasileiro de

saúde.

Com o intuito de aumentar diretrizes e reconhecimento da qualidade dos seus

produtos e processos, ela está em busca da constante melhoria de seus processos produtivos

(além da busca por certificações), baseando-se em padrões e boas práticas recomendadas pelo

PMBOK, MPS.BR (Melhoria do Processo do Software Brasileiro) e Agille Aliance.

4.3. Estrutura organizacional

Encontram-se na literatura três denominações básicas para os tipos de estruturas

organizacionais: Funcional, Matricial e Projetizada.

Segundo Vargas (2003) estruturas funcionais são caracterizadas pela utilização de

uma mesma linha de controle para operações regulares e projetos. O mesmo autor cita ainda

que neste tipo de estrutura os projetos tem importância reduzida frente as atividades

consideradas na organização.

Conforme Valeriano (2001), estruturas projetizadas são caracterizadas por formar

equipes temporárias de trabalho chefiadas por um Gerente de Projetos, exclusivamente

dedicadas à execução de um projeto. Vargas (2003) cita que em organizações estruturadas

desta forma os gerentes têm autonomia total assumindo também o controle funcional dos

envolvidos.

A estrutura matricial, segundo Valeriano (2001) é caracterizada pela combinação

de benefícios das estruturas funcional e projetizada. O mesmo autor cita ainda que nesta

estrutura existe a sobreposição de uma estrutura de projetos à uma estrutura funcional.

Page 50: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

39

Vargas (2003) subdivide as organizações matriciais em fracas, equilibradas ou

moderadas e fortes.

Em uma organização matricial fraca, cita que existe a alocação de recursos para

condução de projetos com pouco reconhecimento de autoridade formal sobre as atividades e

os recursos, destacando que nestas organizações a importância dada aos projetos ainda é

limitada.

Em estruturas organizacionais consideradas moderadas, há uma dedicação integral

do Gerente de Projetos aos projetos, possuindo ainda uma autonomia comparável a de um

gerente funcional.

Em estruturas matriciais consideradas fortes, a autonomia do Gerente de Projetos é

maior que a de gerentes funcionais, pois os projetos tendem a ser estratégicos para a empresa.

A figura 6 ilustra o organograma da empresa alvo de estudo. Nela pode-se

constatar a ligação direta das diferentes áreas da empresa com a diretoria, onde a

descentralização de autoridade está dividida entre Gerências, Coordenadorias e Lideranças de

equipe, não existindo a figura do Gerente de Projetos.

Figura 6 – Estrutura organizacional da empresa alvo de estudo

Page 51: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

40

Com exceção do setor de desenvolvimento de software, os demais setores da

empresa são considerados como funcionais, uma vez que são agrupadas na mesma unidade e

realizam atividades dentro de uma mesma área técnica.

O desenvolvimento é caracterizado por uma estrutura por projetos, como ilustra a

figura 7, onde os recursos estão agrupados de acordo com o(s) projeto(s) com o(s) qual(is)

estão envolvidos. Neste caso, o projeto funciona como um departamento temporário, cujas

lideranças de equipe e desenvolvedores podem trabalhar em mais de um projeto

simultaneamente.

Figura 7 – Estrutura organizacional do setor de desenvolvimento da empresa alvo de estudo

As duas formas de departamentalização da empresa caracterizam-na como uma

estrutura tipicamente matricial, haja vista que existe uma combinação de dois tipos de

departamentalização, uma funcional e outra por projetos.

A empresa pode ser considerada uma estrutura matricial fraca, pois não existe hoje

a figura do Gerente de Projetos, sendo os projetos conduzidos pelo Diretor de Tecnologia,

Gerências, Coordenadorias e Lideranças de Equipe.

Page 52: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

41

4.4. Diagnóstico do ambiente interno

4.4.1. Contextualização dos projetos da empresa

A empresa alvo de estudo possui um conjunto de softwares desenvolvidos em 2

linguagens de programação (Java e C++) para viabilizar sua solução PACS. No Setor de

Desenvolvimento, cada software é considerado como um projeto.

Atualmente são 13 os projetos ativos na empresa, que juntos ou separadamente

compõe 8 produtos. Existe uma forte dependência entre os projetos, mesmo nos casos que os

projetos envolvidos em um produto específico sejam concebidos em linguagens diferentes.

4.4.2. Contextualização das estruturas da empresa e seus papéis

Conforme citado anteriormente a empresa alvo de estudo tem seu foco no

desenvolvimento de softwares para diagnóstico de imagens médicas. Estes softwares por sua

vez geram produtos e serviços que são os insumos que o setor Comercial, Marketing,

Qualidade, Implantação e Suporte utilizam para o desenvolvimento de suas atividades. Estes

setores serão ora denominados de stakeholders do setor de desenvolvimento de software.

4.4.3. Processo de desenvolvimento de software

O processo e desenvolvimento de software da empresa alvo de estudo consiste das

seguintes etapas:

Page 53: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

42

4.4.4. Levantamento de requisitos

Esta atividade é efetuada pelos diversos setores da empresa como a Gerência de

Produto, o Setor Comercial, o Setor de Implantação e o Setor de Suporte.

A Gerência de Produto efetua pesquisa de mercado para avaliar diferencial entre

ferramentas para o mesmo fim, solicitando funcionalidades de equiparação com produtos de

empresas concorrentes.

O Setor Comercial efetua consultas e solicitações para o atendimento de exigências

contratuais de novos clientes. O Setor de Implantação após efetuar suas atividades

(implantação e treinamento), encaminha as solicitações de melhorias (efetuadas pelos clientes

durante suas atividades).

O Setor de Suporte solicita melhorias na medida em que as mesmas são reportadas

ao setor. Estes requisitos são reportados ao Setor de Desenvolvimento, onde são cadastrados

(por projeto) em um software específico para o cadastramento de requisitos, denominado

JIRA (ATLASIAN, 2008).

4.4.4.1. Identificação de erros e não-conformidades

Esta atividade é executada pelos mesmos envolvidos no levantamento de

requisitos, com a participação adicional do Setor de Controle de Qualidade. Suas ocorrências

também são cadastradas no software JIRA (ATLASIAN, 2008).

4.4.4.2. Análise de requisitos, erros e não-conformidades

Uma vez registradas as ocorrências de requisitos, erros e não-conformidades é

efetuado o processo de análise de características da ocorrência, análise de impactos e análise

de riscos que envolvem a mesma.

Page 54: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

43

Ocorrências podem ser desmembradas em mais de um outro projeto, uma vez que

pode englobar uma funcionalidade específica de um projeto.

Esta análise geralmente ocorre em breves reuniões, entre o Diretor de Tecnologia e

o(s) envolvido(s) no projeto que é afetado pela ocorrência. Nesta análise também é efetuada

definição prévia de qual versão do projeto a mesma será implementada ou solucionada.

4.4.4.3. Definição de versões

A definição de datas e de que quais itens (seja a implementação requisitos ou a

resolução de erros) farão parte da próxima versão de cada software fica a cargo do Diretor de

Tecnologia e do Líder da Equipe do projeto envolvida.

A empresa atualmente adota a postura de desenvolvimento de releases curtos (de

aproximadamente 30 dias), sob a justificativa de manter os clientes constantemente

atualizados.

Durante a pesquisa observou-se que dependendo da criticidade da solicitação, a

geração de uma versão pode ocorrer no mesmo dia da solicitação.

4.4.4.4. Implementação

Os desenvolvedores são encarregados de consultar diariamente o software JIRA

(ATLASIAN, 2008), para verificação e implementação das pendências que estão sob sua

responsabilidade.

Page 55: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

44

4.4.4.5. Controle de Qualidade

Na medida em que são efetuadas implementações, o Setor de Qualidade efetua

testes incrementais nas versões "parciais" de cada projeto.

4.4.4.6. Liberação de versões

Finalizada a etapa de implementações e de controle de qualidade, é efetuada a

gerência de configuração das versões produzidas.

Esta atividade consiste de um conjunto de atividades de apoio ao desenvolvimento

no controle de mudanças efetuadas nos softwares. É nela onde são gerados documentos de

atualização que serão encaminhados aos setores de Suporte e Implantação para atualização e

implantação de novas versões de softwares em clientes.

4.4.4.7. Pesquisa e Desenvolvimento

Em virtude da necessidade de estar constantemente inovando seus produtos, a

empresa alvo de estudo tem investido em pesquisa e desenvolvimento, buscando fomento

junto a instituições como o FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) e o CNPq (Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Existe a perspectiva criação de

novos projetos na empresa, caso estes fomentos sejam concretizados.

4.4.4.8. Práticas de Gerenciamento de Projetos

Durante o estudo de caso, pode-se observar que a empresa alvo de estudo não

aplica práticas específicas de Gerenciamento de Projetos em seu cotidiano. A própria

inexistência do papel de Gerente de Projetos denota este fato. Existem atividades

Page 56: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

45

organizacionais que merecem destaque, mas que não possuem vínculos ou referências

específicas com práticas de Gerenciamento de Projetos, que são:

a) Definição de processos da ANVISA (Para todos os setores da organização).

b) Gerência de Configuração.

c) Análise de Riscos simplificada (Sem formalização, nem plano de ações corretivas).

4.4.5. Dificuldades encontradas

Em decorrência do crescimento da empresa (apresentado em item anterior neste

capítulo), ocorreram mudanças com relação ao número e ao perfil de clientes. Some-se a este

fato ocorrências como: Necessidade de criação de inovações como diferencial competitivo,

necessidade de atualizações tecnológicas, necessidade de estabilização de versões dos 3

principais produtos da empresa e treinamento de novos recursos.

Mesmo com o aumento do quadro de funcionários (nos diferentes setores) o

processo de desenvolvimento de software existente não está adaptado a esta nova realidade, o

que ocasionou uma queda gradativa na capacidade de produção do setor de desenvolvimento.

Mesmo efetuando esforços extras como tentativa de suprir a nova demanda, constatou-se uma

queda na qualidade dos produtos e serviços gerados.

Em levantamento efetuado com os demais setores da empresa, foram constatados

os seguintes problemas em relação ao processo de desenvolvimento de software atual:

1) Geração de novas versões em períodos curtos (menores do que 30 dias):

a) Dificulta a atualização de clientes por parte do Setor de Suporte (apenas parte dos

clientes recebem atualização devido à sua quantidade).

b) Dificulta a atualização e divulgação de manuais por parte do Setor de Implantação.

c) Dificulta a especificação de prazos aos clientes por parte dos setores Comercial,

Implantação e Suporte.

Page 57: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

46

d) Dificulta a divulgação direcionada (a médicos radiologistas e gerentes de TI dos

clientes) de novas implementações e ajustes.

e) Dificulta o controle de qualidade, devido ao número de projetos a serem testados

(sendo testadas apenas os incrementos / alterações efetuadas e não todo o aplicativo

novamente).

2) Geração de versões por projeto e não do PACS como um produto:

a) Dificulta o entendimento das dependências entre projetos por parte dos Setores de

Implantação e Suporte.

Durante o levantamento de informações, ficaram evidenciadas falhas de

comunicação entre os setores no alinhamento de suas expectativas.

Page 58: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

47

5. PROPOSTA DE METOLOGIA

Uma vez efetuada a revisão bibliográfica, na qual foram apresentados conceitos de

metodologias de Gerenciamento de Projetos e efetuado o estudo de caso das atuais práticas

que a empresa alvo de estudo utiliza, torna-se possível identificar e propor uma maneira

prática de inserir práticas de Gerência de Projetos à empresa alvo de estudo.

A proposta é composta das seguintes fases:

a) Criação de um novo processo de desenvolvimento de software.

b) Apresentação do novo processo de desenvolvimento de software.

c) Alinhamento de processos internos dos stakeholders com o novo processo de

desenvolvimento.

d) Formalização de processos.

e) Sugestão de práticas de gerenciamento de projetos.

5.1. Novo processo de desenvolvimento de software

Conforme observado no estudo de caso, o processo atual de desenvolvimento de

software da empresa alvo de estudo não suporta a nova demanda ocasionada pelo crescimento

da empresa.

É essencial que o mesmo seja re-adequado para não apenas suportar a nova

demanda, mas estar alinhado com os demais setores, que utilizam o produto dos projetos do

setor de desenvolvimento como insumos para suas atividades.

Mesmo não sendo este o foco deste estudo de caso (a re-adequação do processo de

desenvolvimento de software), é importante apresentá-lo, pois é a partir do mesmo que será

sugerida a inclusão gradativa de práticas de Gerenciamento de Projetos na empresa alvo de

estudo, servindo como meio.

Page 59: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

48

O novo processo de software sugerido trata de uma mudança conceitual, pois como

os projetos que compõe o PACS estão fortemente interligados e cada vez mais com relações

de dependências entre os mesmos, sugere-se que não mais sejam efetuadas liberações de

versões de softwares, mas sim, versões do PACS. Ao conjunto destas versões dos projetos

sugere-se a definição de um nome específico, seguido de um controle de versões numérico

(Ex. PACS 1.0).

O novo processo sugerido é dividido em 3 etapas, descritas a seguir:

5.1.1. Primeira Etapa

Sugere-se que esta etapa tenha a duração de trinta dias e seja composta de dois

processos, que são: o Processo de Iniciação de Novo Ciclo de Desenvolvimento e o Processo

de Testes Finais do Ciclo de Desenvolvimento Anterior.

Sugere-se também que estes processos ocorram de forma paralela.

5.1.1.1. Iniciação de Novo Ciclo de Desenvolvimento

Neste processo, objetiva-se que o setor de desenvolvimento de software reúna-se

com todos os seus stakeholders para a definição de quais funcionalidades irão compor cada

software que compõe o PACS.

Sugerem-se duas reuniões durante este processo.

Sobre a primeira reunião de cada projeto, sugere-se que ocorra nos dez primeiros

dias desta etapa. É nela onde deverão ser apresentadas as necessidades de cada stakeholder,

como descrito a seguir:

a) Equipe de desenvolvimento do projeto: Equipe que será responsável pela análise e

implementação das solicitações.

Page 60: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

49

b) Líderes de Equipe de projetos dependentes: Caso o projeto cujas funcionalidades a serem

incorporadas no ciclo de desenvolvimento dependam de um outro projeto, sugere-se a

participação das lideranças de equipe dos mesmos para alinhamento de expectativas.

c) Gerente de Produto: Para solicitações de diferenciais de produto, efetuados por intermédio

de pesquisa mercadológica.

d) Coordenadoria de Implantação: Para solicitações de clientes cuja implantação e

treinamento já ocorreram.

e) Gerente de Suporte: Para as solicitações de correções de erros, reportadas por clientes.

f) Gerente Comercial: Para incorporar solicitações contratuais de clientes novos.

g) Gerente Financeiro: Caso haja a necessidade de ser efetuada alguma aquisição para o

processo de desenvolvimento, a presença deste gerente se faz necessária para que possa

efetuar previsão orçamentária.

h) Coordenadoria de Qualidade: Para que possa mapear todas as necessidades, solucionar

dúvidas sobre os objetivos das mesmas e assim traçar plano global de testes.

i) Gerente de Marketing: Para verificar as necessidades de insumos por parte do setor de

Desenvolvimento, como por exemplo a produção de ícones.

Uma vez apresentadas as necessidades, serão efetuadas em conjunto análises de

viabilidade, análise de riscos, impacto sobre outros projetos, dentre outras considerações

importantes.

Objetiva-se que ao final desta reunião, tanto desenvolvedores como os

stakeholders já tenham definido o escopo prévio do que irá compor a versão do projeto em

análise (com todos os requisitos, devidamente cadastrados no software JIRA (ATLASSIAN,

2008)), alinhando assim expectativas entre as partes interessadas.

Page 61: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

50

Sobre a segunda reunião de cada projeto, sugere-se que seja efetuada nos últimos

dez dias desta etapa. É nela onde a equipe técnica de desenvolvimento irá efetuar definições

de arquitetura, modelagem de objetos, modelagem de dados, definições de tarefas por recurso.

5.1.1.2. Testes Finais do Ciclo de Desenvolvimento anterior

Conforme citado anteriormente, trata-se de processo paralelo ao de iniciação de

ciclo de desenvolvimento.

Uma vez que a equipe de desenvolvimento não estará em continuamente reunida

para a definição de versões, sugere-se que em paralelo a estas atividades, sejam efetuados

ajustes nas versões do ciclo de desenvolvimento anterior, ou seja, a que a equipe de

desenvolvimento esteja focada na estabilização dos aplicativos que compõe a versão anterior

do PACS.

Para viabilizar a estabilização de versões de software que compõe o PACS, sugere-

se que sejam liberadas versões RC (Release Candidate5) em ambiente de produção de um

número reduzido de clientes.

Para os clientes dispostos a testarem as novidades do PACS, podem ser concedidas

algumas vantagens contratuais, como atualizações gratuitas, por exemplo.

5.1.2. Segunda Etapa

Trata-se da etapa a ser considerada como o Desenvolvimento do Ciclo, onde serão

implementadas as funcionalidades definidas nos escopos dos projetos durante a 1ª etapa.

Sugere-se que esta etapa tenha a duração de quarenta e cinco dias e que nela sejam

definidos marcos dentro dos projetos, para que na medida em que forem alcançados, sejam

5 Refere-se à liberação de uma versão com potencial para se tornar o produto final. Nesta fase, o produto apresenta todas as funcionalidades

concebidas sem a presença de erros impeditivos;

Page 62: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

51

geradas versões parciais a serem encaminhadas ao Setor de Qualidade para a efetivação de

testes. Sugere-se também que o Setor de Marketing produza e disponibilize os insumos

solicitados pelo Setor de Desenvolvimento, como por exemplo, a criação de ícones.

Cabe nesta etapa ainda, como sugestão, a atualização de clientes com versões

fechadas de aplicativos de ciclo anterior, além de seus manuais e materiais de divulgação, pelo

Setor de Suporte.

5.1.3. Terceira Etapa

Trata-se da etapa a ser considerada como Testes Iniciais do Ciclo. Sugere-se que

esta etapa tenha a duração de 15 dias.

Nesta etapa as versões implementadas são liberadas para testes completos para o

Setor de Controle de Qualidade. Nela o Setor de Desenvolvimento deve estar focado no ajuste

de erros e não conformidades encontradas durante os testes.

Sugere-se também que na medida em que forem finalizados os ajustes citados

acima, sejam efetuadas as seguintes atividades pelo Setor de Desenvolvimento, para que os

demais setores possam dar seqüência à suas atividades:

a) Encaminhamento de informação ao setor de implantação para atualização de manuais.

b) Encaminhamento de informações ao setor de marketing para a divulgação de material de

divulgação.

c) Efetuar de treinamentos de novas funcionalidades com os Setores de Suporte, Implantação

e Comercial.

Page 63: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

52

5.2. Apresentação do novo processo de desenvolvimento

A apresentação do novo processo de desenvolvimento aos demais setores da

empresa (stakeholders) tem o intuito de diminuir o impacto causado, por se tratar de uma

mudança conceitual na concepção de projetos e geração de produtos e serviços.

A figura 8 ilustra o novo processo de desenvolvimento proposto.

Figura 8 – Novo processo de desenvolvimento proposto.

Objetiva-se também nesta fase obter desde o princípio a participação de todos os

envolvidos, seja avaliando o processo, questionando motivações, sugerindo mudanças,

enriquecendo-o, dando início à um processo de desenvolvimento colaborativo entre setor de

desenvolvimento e seus stakeholders, fazendo com que todos sintam-se parte integrante do

processo.

Page 64: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

53

Como toda mudança tende a gerar certa resistência inicial, cabe apresentar aos

envolvidos as vantagens do novo processo, no que diz respeito à produtividade. Basicamente

elas estão relacionadas ao ganho de tempo na execução de atividades, descritas por setor a

seguir:

1) Setor de Controle de Qualidade:

a) Intervalo de tempo maior para efetuação de testes na empresa.

b) Possibilidade de execução de testes em ambiente de produção na 1ª Etapa.

2) Setor de Suporte:

a) Intervalo de 90 dias para a atualização de clientes.

b) Intervalo de tempo maior para treinamento interno de novas funcionalidades.

c) Informar melhorias e correções aos clientes com base em prazos mais seguros.

3) Setor de Marketing:

a) Intervalo de tempo maior para a geração e divulgação de material de apresentação de

melhorias e novas funcionalidades (o popular “o que há de novo?”).

4) Setor de Implantação:

a) Intervalo de tempo maior para incremento e atualização de manuais.

b) Intervalo de tempo maior para preparação de treinamentos.

c) Intervalo de tempo maior para agendar implantações em novos clientes.

d) Informar melhorias e correções aos clientes com base em prazos mais seguros.

5) Setor Comercial:

a) Possibilidade de prospecção antecipada (e com prazo de entrega seguro) de novas

funcionalidades.

b) Informar melhorias e correções aos clientes com base em prazos mais plausíveis.

6) Setor de Desenvolvimento:

a) Maior controle em seu processo produtivo.

Page 65: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

54

b) Alinhamento de expectativas com os demais setores da empresa.

5.3. Alinhamento de Processos

Uma vez apresentado, debatido, melhorado e aceito o novo processo de

desenvolvimento de software, sugere-se que seja efetuado um alinhamento do mesmo com os

processos internos dos stakeholders.

Este alinhamento auxiliará na obtenção de respostas a perguntas como:

a) Em que etapa o desenvolvimento de software poderá solicitar insumos ao setor de

Marketing (por exemplo, a confecção de ícones)?

b) Caso hajam ocorrências emergenciais de suporte durante a 2ª etapa, como inseri-las no

ciclo em andamento?

c) Cabe na segunda reunião da 1ª etapa, alguma nova solicitação de algum stakeholder que

tenha surgido desde a primeira reunião?

A identificação de informações úteis entre os processos, como necessidades,

exceções, dados de entradas e saídas, viabiliza não somente a integração entre ambos, mas a

possibilidade de serem monitorados e melhorados continuamente.

5.4. Formalização de Processos

Com os processos (o de desenvolvimento de software e os dos stakeholders)

alinhados, sugere-se a formalização dos mesmos.

Como a empresa alvo de estudo já está em processo de registro com a ANVISA, é

importante que os novos processos sejam formalizados perante o órgão conforme suas

diretrizes.

Page 66: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

55

Convém citar que a formalização de processos auxilia a divulgação e o

conhecimento de todos para toda a organização.

5.5. Práticas de Sugeridas

Visando a criação da cultura de Gerenciamento de Projetos na empresa alvo de

estudo, levando-se em consideração sua situação atual e seu planejamento estratégico,

sugerem-se as seguintes práticas a serem inseridas de forma gradativa em seu contexto:

a) Criação do papel de Gerente de Projetos: Conforme pode ser observado na estrutura

organizacional da empresa estudada, não existe o papel do Gerente de Projetos. Sugere-se

a criação deste papel, para que possa desempenhar atividades necessárias, com foco inicial

na concepção, análise e melhoria de processos, servindo de elo entre o Setor de

Desenvolvimento e os stakeholders, agindo como facilitador.

b) Passar mais tempo com os stakeholders: Citado como regra do XPM, tende a viabilizar

uma visão direcionada (APM), sobre as reais expectativas e necessidades dos mesmos.

c) Participação ativa de stakeholders na concepção de projetos e produtos: Citado na revisão

bibliográfica como prática do XPM, esta sugestão visa tornar o processo de

desenvolvimento de software aberto e colaborativo, propiciando transparência, alinhando

a produção de software aos seus objetivos reais.

d) Encerramento de ciclos: Sugere-se que ao final de cada ciclo de desenvolvimento de

software (apresentado no capítulo Proposta de Metodologia) sejam efetuadas reuniões do

Setor de Desenvolvimento com seus stakeholders para que possa ser efetuado o

encerramento do ciclo de desenvolvimento, onde sugere-se que sejam expostos e

formalizados os erros e acertos do mesmo (popular “lições aprendidas” conforme

PMBOK).

Page 67: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

56

e) Melhoria contínua nos processos: Citada em praticamente todas as referências da revisão

bibliográfica, a criação de práticas para inspeção e adaptação de processos, propiciando

uma reflexão regular sobre seus sucessos e falhas auxilia na obtenção da maturidade

organizacional.

f) Desenvolver e implantar o Gerenciamento da Comunicação: Conforme observado no

estudo de caso, existem falhas de comunicação entre o Setor de Desenvolvimento e seus

stakeholders. Visando sanar este problema, sugere-se a definição de processos que

viabilizem a disseminação adequada das informações entre ambos, assegurando a geração,

coleta, distribuição, armazenamento e apresentação das informações às partes interessadas.

g) Desenvolver e implantar o Gerenciamento da Qualidade: Uma vez que o novo processo de

desenvolvimento sugerido tem duas de suas etapas voltadas para testes, sejam eles

executados na própria empresa, ou em ambiente de produção de um número reduzido de

clientes, sugere-se a criação de processos para a certificação de que os softwares estarão

sendo disponibilizados em conformidade com as expectativas iniciais dos clientes finais.

h) Criação de metodologia de medição do novo processo de desenvolvimento de software:

Visa à obtenção de informações acerca da capacidade produtiva do Setor de

Desenvolvimento, com o intuito de disponibilizar informações para a tomada de decisões

da diretoria quanto à incorporação de novos projetos ao portifólio da empresa.

i) Criar processos de gestão de Conhecimento e Inovação: Com o intuito de formalizar o

conhecimento tácito adquirido pelos recursos da empresa, visando facilitar a disseminação

de conhecimento entre as diferentes áreas da empresa além da rápida adaptação de novos

recursos.

Page 68: GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE SOFTWARE

57

6. CONCLUSÕES

No decorrer deste estudo foram sugeridas boas práticas de gerenciamento de

projetos com o intuito de introduzir de maneira gradativa o gerenciamento de projetos na

empresa alvo de estudo.

A revisão bibliográfica propiciou o embasamento das metodologias de

gerenciamento de projetos mais difundidas, de forma sucinta, uma vez que não era seu

objetivo o aprofundamento nas mesmas, para que a partir deste embasamento fosse possível a

seleção ou adaptação das práticas que compõe a metodologia proposta.

A partir das práticas inseridas na metodologia, desde que seguidas, tem-se

condições gradativamente conduzir projetos de uma maneira mais padronizada e organizada e

ainda de efetuar um processo de melhoria contínua, sempre alinhado à realidade e ao

planejamento estratégico da empresa, viabilizando uma fácil adequação à metodologias mais

robustas, caso haja necessidade e interesse.

Como resultado a metodologia proposta cumpre seus objetivos específicos, ou seja,

efetua um estudo da empresa alvo, tomando conhecimento de sua estrutura, seus objetivos,

seus processos e suas dificuldades. Com base nestas informações, efetua a análise no intuito

de indicar e adaptar práticas baseadas na revisão bibliográfica, levando em consideração o

momento atual da empresa, como seu planejamento estratégico.

Por fim, espera-se que este trabalho possa agregar valor à empresa alvo de estudo,

servindo como base na inclusão da cultura de gerenciamento de projetos na mesma,

melhorando o índice de sucesso em seus projetos, aumentando a satisfação dos stakeholders

internos e clientes por meio da melhora na qualidade dos serviços entregues, além de servir

como base a outros trabalhos acadêmicos.

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6.1. Sugestões para trabalhos futuros

Por se tratar de um estudo de caso, que propõe uma metodologia, este trabalho

apresenta uma sugestão para trabalhos futuros, descrito a seguir:

a) Aumento da maturidade de Gerenciamento de Projetos: Uma vez adotada e sendo seguida

a metodologia de gerenciamento de projetos proposta neste trabalho, sugere-se que seja

aumentado o nível de maturidade do mesmo, sendo adicionados novos processos,

tornando-a mais robusta, e que estejam coerentes com os objetivos e planejamento

estratégico da empresa.

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REFERÊNCIAS

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