funções do bacen

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  • 7/30/2019 Funes do Bacen

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    Diretoria de Poltica Econmica

    Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos Especiais

    Funes do Banco Central do Brasil

    Janeiro de 2012

    Perguntas

    mais Freqentes

    S r i e

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    Funes do Banco Central do Brasil1

    Este texto integra a srie Perguntas Mais Frequentes (PMF),

    editada pelo Departamento de Relacionamento com Investidores e

    Estudos Especiais (Gerin) do Banco Central do Brasil, abordandotemas econmicos de interesse da sociedade. Com essa iniciativa, o

    Banco Central do Brasil vem prestar esclarecimentos sobre diversos

    assuntos da nossa realidade, buscando aumentar a transparncia na

    conduo da poltica econmica e a eficcia na comunicao de suas

    aes.

    1 O Gerin agradece aos servidores do BCB Vera Maria Schneider, Mrcio Antnio Estrela, Ricardo Vieira Orsi eRenato Jansson Rosek pelo material gentilmente cedido para a elaborao desse texto, utilizado nos cursos deformao de novos servidores do Banco Central do Brasil.

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    1. O que um banco central? ............................................................................. 7

    2. Quais so as funes tpicas de um banco central? ......................................... 7

    3. Quando surgiram os primeiros bancos centrais? ............................................ 7

    4. Como e quando surgiu o Banco Central do Brasil (BCB)? ............................. 7

    5. Antes da criao do BCB, quais instituies brasileiras eram responsveis

    pelas funes tpicas de banco central? .................................................................. 8

    6. Quando as funes de autoridade monetria passaram a ser exercidas

    exclusivamente pelo BCB?...................................................................................... 8

    7. Qual a importncia da atuao do BCB no crescimento da economia

    brasileira? ................................................................................................................ 9

    8. Quem fabrica o dinheiro brasileiro? Qual o papel do BCB nesse processo? .. 9

    9. Como executada no BCB a funo de Monoplio de Emisso?............. 10

    10. Como executada no BCB a funo de Banco dos Bancos? .................... 11

    11. O que a conta Reservas Bancrias? ............................................................ 11

    12. Quais so os fatores condicionantes da conta Reservas Bancrias? .............. 11

    13. O que so as reservas compulsrias estabelecidas pelo BCB? Qual o seu

    objetivo?................................................................................................................ 12

    14. O que so operaes de redesconto do BCB s instituies financeiras? .... 13

    15. Qual a diferena entre a atuao do BCB como prestamista de ltima

    instncia e como executor da poltica monetria?................................................ 14

    16. Como a administrao do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) pelo BCB

    relaciona-se funo de Banco dos Bancos?..................................................... 14

    17. Quais as principais diretrizes para o funcionamento das Cmaras de

    Compensao e Liquidao?................................................................................. 15

    18. O que o Sistema Especial de Liquidao e de Custdia (Selic), e qual o

    papel do BCB em seu funcionamento? ................................................................. 16

    19. No que consiste a funo Banqueiro do Governo? ................................... 17

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    20. Como executada no BCB a funo Banqueiro do Governo? ................. 17

    21. No que consiste a funo Supervisor do Sistema Financeiro?................... 18

    22. Como executada no BCB a funo Supervisor do Sistema Financeiro ? 19

    23. No que consiste a funo de Executor da Poltica Monetria?.................. 21

    24. Como executada no BCB a funo de Executor da Poltica Monetria?22

    25. O que o Copom? Quem so os seus membros? ....................................... 25

    26. O que Regime de Metas para a Inflao? ................................................... 25

    27. No que consiste a funo de Executor da Poltica Cambial? ..................... 25

    28. Como executada no BCB a funo de Executor da Poltica Cambial? ... 26

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    1.

    O que um banco central?Segundo o Banco de Pagamentos Internacionais (Bank for InternationalSettlements BIS), banco central a instituio de um pas qual se tenhaconfiado o dever de regular o volume de dinheiro e de crdito da economia. Essaatribuio dos bancos centrais geralmente est associada ao objetivo de assegurara estabilidade do poder de compra da moeda nacional. Alm disso, a maior partedos bancos centrais tambm tem como misso promover a eficincia e odesenvolvimento do sistema financeiro de um pas.

    2. Quais so as funes tpicas de um banco central?

    Um banco central, em geral, desempenha as seguintes funes:

    a) monoplio de emisso;b) banqueiro do governo;c) banco dos bancos;d) supervisor do sistema financeiro;e) executor da poltica monetria; ef) executor da poltica cambial e depositrio das reservas internacionais.

    3. Quando surgiram os primeiros bancos centrais?

    O banco central uma instituio de configurao relativamente recente, tendosurgido na maior parte dos pases industrializados no final do sculo XIX ou naprimeira metade do sculo XX. As origens dos primeiros bancos centrais,entretanto, so mais remotas. Seu desenvolvimento foi gradual, como resposta instabilidade dos incipientes sistemas financeiros europeus dos sculos XVI,XVII e XVIII. Em distintos pases europeus, a prtica bancria foi concentrandocertas funes, fundamentalmente a partir do direito de emisso, em instituiesprivadas que, de fato, comearam a assumir contornos de bancos centrais. Estesforam se consolidando com a absoro das funes de banqueiro do estado, dedepositrio das reservas de outros bancos e de prestamista de ltima instncia sinstituies financeiras.

    Os primeiros bancos estatais de que se tm notcias foram o Banco de Amsterd,fundado em 1609 por particulares, mas com garantia daquela municipalidade, e oRiksbank, fundado na Sucia, em 1656, que se caracterizou por funes decarter comercial. Mas a evoluo do Banco da Inglaterra, fundado em 1694,inicialmente como instituio privada, que melhor permite discernir o processo deformao dos bancos centrais modernos, pois foi a primeira instituio a agruparde forma mais clara as funes de um banco central.

    4. Como e quando surgiu o Banco Central do Brasil (BCB)?

    O Banco Central do Brasil (BCB), autarquia federal integrante do SistemaFinanceiro Nacional, foi criado em 31/12/1964, com a promulgao da Lei n4.595. A Constituio Federal de 1988 estabeleceu dispositivos importantes paraa atuao do BCB, dentre os quais o exerccio exclusivo da competncia daUnio para emitir moeda e a exigncia de aprovao prvia pelo Senado Federal,

    em votao secreta, aps arguio pblica, dos nomes indicados pelo Presidente

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    da Repblica para os cargos de presidente e diretores da instituio. AConstituio de 1988 prev ainda, em seu artigo 192, a elaborao de LeiComplementar do Sistema Financeiro Nacional, que dever substituir a Lei 4.595e redefinir as atribuies e estrutura do BCB.

    5. Antes da criao do BCB, quais instituies brasileiras eram

    responsveis pelas funes tpicas de banco central?

    Antes da criao do BCB, as funes tpicas de autoridade monetria, a partir de1945, eram desempenhadas conjuntamente pela Superintendncia da Moeda e doCrdito (Sumoc), pelo Banco do Brasil (BB) e pelo Tesouro Nacional.

    O Tesouro Nacional era o rgo emissor de papel-moeda. J a Sumoc foi criadacom a finalidade de exercer o controle monetrio e preparar a organizao de umbanco central, tendo a responsabilidade de fixar os percentuais de reservasobrigatrias dos bancos comerciais, as taxas do redesconto e da assistnciafinanceira de liquidez, e os juros sobre depsitos bancrios. Alm disso,supervisionava a atuao dos bancos comerciais, orientava a poltica cambial e

    representava o Pas junto a organismos internacionais.

    O BB, por sua vez, desempenhava as funes de banqueiro do governo e bancodos bancos, mediante o controle das operaes de comrcio exterior, orecebimento dos depsitos compulsrios e voluntrios dos bancos comerciais e aexecuo de operaes de cmbio em nome de empresas pblicas e do TesouroNacional, de acordo com as normas estabelecidas pela Sumoc e pelo Banco deCrdito Agrcola, Comercial e Industrial. At 1986, foi mantida a contamovimento, criada em 1965, que garantia a transferncia de recursos do BCB aoBB.

    6. Quando as funes de autoridade monetria passaram a ser

    exercidas exclusivamente pelo BCB?

    Desde a promulgao da Lei 4.595, buscou-se dotar o BCB de instrumentoslegais para o desempenho do papel de "banco dos bancos". Alm disso, coube-lheexercer o monoplio de emisso, nos termos do artigo 164 da Constituio daRepblica Federativa do Brasil, e da Lei 4.595, que estabeleceu competnciaprivativa do BCB para emitir papel-moeda e moedas metlicas e executar osservios do meio circulante, a superviso do Sistema Financeiro Nacional (SFN)e executar as polticas monetria e cambial. Essa mesma Lei no definiu, noentanto, limites claros de separao na relao entre o BCB, o BB e o TesouroNacional, o que dificultava a atuao do BCB na conduo da poltica monetria,cabendo-lhe inclusive a responsabilidade por contas do oramento fiscal, como asrelativas dvida pblica.

    Em 1965, passou a funcionar a conta movimento do BB, que registrava asoperaes realizadas na condio de agente financeiro do BCB. Essa contapassou gradativamente a ser utilizada como fonte de suprimento automtico doBB, viabilizando, assim, a realizao da poltica de crdito oficial e outrasoperaes do Governo Federal, sem o prvio aprovisionamento de recursos.

    Em 1985, com o objetivo de definir linhas mais claras de responsabilidade naatuao do BCB, foi promovido o reordenamento financeiro governamental coma separao das contas e das funes do BCB, BB e Tesouro Nacional. Em 1986foi extinta a conta movimento que marcava o relacionamento entre BCB e BB, e

    a transferncia de recursos do BCB ao BB passou a ser claramente identificada

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    nos oramentos das duas instituies. Eliminaram-se, dessa forma, ossuprimentos automticos que prejudicavam a atuao do BCB no controlemonetrio e contribuam para a acelerao da inflao observada naquela poca.

    O processo de reordenamento financeiro governamental se estendeu at 1988,quando as funes de autoridade monetria foram transferidas progressivamente

    do BB para o BCB, enquanto as atividades atpicas exercidas por este ltimo,como as relacionadas ao fomento e administrao da dvida pblica federal,foram transferidas para o Tesouro Nacional.

    Outro avano importante na definio exclusiva de atuao do BCB comoautoridade monetria foi estabelecido pela Constituio Federal de 1988,proibindo o BCB de conceder direta ou indiretamente emprstimos ao TesouroNacional. Posteriormente, o artigo 34 da Lei de Responsabilidade Fiscal (LeiComplementar n. 101/2000) impediu a emisso de ttulos da dvida pblica peloBCB para fins de poltica monetria, a partir de maio de 2002, reforando maisainda a separao entre autoridade fiscal e autoridade monetria2.

    7. Qual a importncia da atuao do BCB no crescimento da

    economia brasileira?

    A misso do BCB assegurar a estabilidade do poder de compra da moeda e umsistema financeiro slido e eficiente. No exerccio das suas diversas funes, oBCB, por sua atuao autnoma, pela qualidade dos seus produtos e servios epela competncia dos seus servidores, uma instituio essencial estabilidadeeconmica e financeira, indispensvel ao desenvolvimento sustentvel e melhordistribuio de renda no Brasil.

    8. Quem fabrica o dinheiro brasileiro? Qual o papel do BCB nesse

    processo?A Casa da Moeda do Brasil (CMB), que empresa pblica, produz comexclusividade o dinheiro brasileiro a partir de 1969, conforme definido em lei. OBCB relaciona-se com a CMB por meio de contrato de fornecimento de cdulas emoedas.

    No caso de lanamento de novas cdulas e moedas, o projeto desenvolvido emconjunto com a CMB, levando em conta aspectos decorrentes das exigncias decirculao, custos, segurana contra a ao de falsificadores e valores semnticos,isto , a carga de informao de natureza cultural que o dinheiro possa veicular.Assim, so adotadas linhas temticas que confiram identidade nacional s cdulase moedas. O projeto submetido Diretoria Colegiada do BCB e ao Conselho

    Monetrio Nacional (CMN), a quem cabe a aprovao final. A definio de elementos de segurana, que dotam o dinheiro de caractersticas especiais queiro distingui-lo como tal, leva em conta a anlise das falsificaes existentes oudas tentativas de falsificao, para identificar fragilidades e as formas de super-las. Considera tambm a orientao de instituies como a Interpol e de outrosbancos centrais e produtores de cdulas.

    Cabe ao Departamento do Meio Circulante (Mecir) do BCB, sediado no Rio deJaneiro, a programao de encomendas de numerrio, cujo estoque deve sermantido em nvel suficiente para suprir as necessidades de cdulas e moedas, em

    2 No existem mais ttulos emitidos pelo BCB no mercado. O ltimo lotede NBC-Evenceu em 16/11/2006.

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    funo do crescimento do meio circulante, da substituio das cdulasdesgastadas pelo uso e da recomposio dos estoques de segurana.

    Pesquisa de opinio encomendada pelo BCB ao Instituto Datafolha (2007) mostraa intensificao do uso do dinheiro em notas e moedas como meio de pagamentodesde o lanamento do real, em 1994, apesar do avano dos instrumentos

    eletrnicos, como cartes de dbito e crdito.

    9. Como executada no BCB a funo de Monoplio de

    Emisso?

    A funo Monoplio de Emisso engloba a gesto das atividades referentes aomeio circulante e destina-se a satisfazer a demanda de dinheiro indispensvel atividade econmico-financeira do pas. Do ponto de vista operacional, o BCBatende s necessidades de numerrio do sistema bancrio, e, consequentemente,do pblico, por meio dos mecanismos de emisso e recolhimento.

    importante registrar que somente o BCB emite moeda (a CMB apenas fabrica o

    numerrio). Os conceitos econmicos de emisso/recolhimento monetrioreferem-se, respectivamente, a colocar/retirar dinheiro em circulao,aumentando/diminuindo os meios de pagamento.

    A emisso ocorre quando o BCB entrega papel-moeda para o banco comercialpor meio de dbito de sua conta Reservas Bancrias para atender s necessidadesde saques dos clientes nas respectivas contas correntes3. Desse modo, a emissode papel-moeda pelo BCB reflete a demanda do pblico por papel-moeda.

    Por outro lado, existem momentos em que os indivduos e empresas depositam osexcedentes de papel-moeda em suas contas correntes, trazendo para o sistemabancrio excesso de numerrio, relativamente s necessidades de saques. Assim,

    num movimento similar ao do pblico, os bancos depositam o numerrioexcedente no BCB, o qual, por sua vez, credita o valor correspondente na contaReservas Bancrias da instituio em questo, operao que se denominarecolhimento de reservas em espcie.

    A execuo dos servios do meio circulante consiste: no atendimento demandade dinheiro; na substituio e destruio do numerrio desgastado, inservvel paracirculao (saneamento do meio circulante); e no estudo, pesquisa, elaborao eaprovao de projetos de novas cdulas e moedas, visando aperfeio-las eminimizar os riscos de falsificao.

    A prestao de servios do meio circulante foi alterada pelo CMN, por intermdio

    da Resoluo 3.322, de 27/10/2005, regulamentada pela Circular 3.298, de19/1/2006. A partir desses dispositivos legais, a custdia de numerrio do BCBpode ser executada por instituies financeiras bancrias ou por associaes deinstituies financeiras constitudas para essa finalidade.

    A prestao dos servios de custdia realizada em dependncias das instituiescustodiantes, sob seu controle administrativo e operacional. Cabe ao BCB exercera fiscalizao das instituies custodiantes em relao ao cumprimento dasnormas e dos procedimentos, e qualidade dos servios prestados. O BCBtambm estabelece a remunerao mxima a ser paga pelas instituiesfinanceiras aos custodiantes, tomando em considerao, inclusive, a escala decustos incorridos na prestao dos servios.

    3 A pergunta 11 define o que a conta Reservas Bancrias.

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    10. Como executada no BCB a funo de Banco dos Bancos?

    Nessa funo, o BCB recebe os depsitos (reservas) dos bancos, prestamista deltima instncia, regula, monitora e fornece sistemas de transferncia de fundos ede liquidaes de obrigaes.

    Na sua relao com as instituies financeiras, o BCB presta servios e realizaoperaes tais como:

    a) manter contas nas quais so depositadas as reservas voluntrias ecompulsrias do sistema bancrio (Contas de Reservas Bancrias);

    b) fornecer crdito a instituies com necessidades transitrias de liquidez;c) intervir, em casos de problemas maiores, como prestamista de ltima

    instncia;d) administrar cmaras de compensao; ee) supervisionar e gerir sistemas de pagamentos.

    11. O que a conta Reservas Bancrias?

    Em 7/1/1980, pela Circular 492, foi criada a conta Reservas Bancrias, tendocomo titulares as instituies financeiras autorizadas a captar depsitos vista

    junto ao pblico (bancos comerciais, mltiplos com carteira comercial e caixaseconmicas). Essa conta passou a funcionar como uma conta corrente de seustitulares junto ao BCB, onde ocorre a liquidao financeira das operaesrealizadas com a autoridade monetria ou com outras instituies do SFN. Asinstituies financeiras no autorizadas a movimentar a conta Reservas Bancriasdevem firmar convnio com um titular dessa conta, para o registro de suasoperaes financeiras. Desse modo, a reserva legal passou a ser utilizada para acentralizao de dbitos e crditos entre o BCB e as instituies financeiras,inclusive os originrios da liquidao financeira das operaes com ttulospblicos (Selic).

    A conta Reservas Bancrias representa as disponibilidades em moeda nacionalmantidas no BCB, obrigatoriamente, pelos bancos comerciais, bancos mltiploscom carteira comercial e caixas econmicas. Com a nova regulamentao, nocontexto do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB), foi facultada a titularidadedessas contas para bancos de investimento e bancos mltiplos sem carteiracomercial, estendida em maro de 2009 aos bancos de desenvolvimento. Nessecontexto, a conta Reservas Bancrias passou a ser monitorada em tempo real, nopodendo haver saldo devedor ao longo do dia, a partir de 24/6/2002. Com isso,foi afastada a possibilidade de o BCB incorrer em prejuzos em virtude daliquidao de uma instituio financeira cujo saldo da conta Reservas Bancriasestivesse negativo.

    O monitoramento das contas Reservas Bancrias atribuio do Departamento deOperaes Bancrias e de Sistema de Pagamentos (Deban), que tambm prestaassistncia financeira aos bancos detentores destas contas.

    12. Quais so os fatores condicionantes da conta Reservas

    Bancrias?

    Esta conta impactada principalmente pelos seguintes fatores:

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    a) o resultado das operaes de compra, venda e resgate de ttulos pblicosfederais realizadas no Sistema Especial de Liquidao e de Custdia (Selic)4;

    b) o resultado da troca de cheques na Centralizadora da Compensao deCheques e Outros Papis (Compe), operada pelo BB;

    c) o resultado das operaes com ttulos privados, bolsas de valores, bolsas defuturos, compra e venda de moeda estrangeira, dentre outros ativos, cursadasnos ambientes das diversas cmaras de compensao e liquidao;

    d) o resultado, em reais, das operaes de compra e venda de moeda estrangeirapor agentes domsticos, realizadas fora do ambiente da Cmara de Cmbio;

    e) os pagamentos e os recebimentos efetuados pelo BCB, na condio dedepositrio da conta nica do Tesouro Nacional, incluindo tributos, Fundo deGarantia do Tempo de Servio (FGTS), Instituto Nacional de Seguro Social(INSS) e Programa de Integrao Social (PIS);

    f) os saques e os depsitos de moeda fsica no BCB e no BB, que atua comocustodiante de numerrio, bem como a movimentao de numerrio entreinstituies financeiras; e

    g) os recolhimentos compulsrios, as multas e os custos financeiros institudos

    pelo BCB.13. O que so as reservas compulsrias estabelecidas pelo BCB?

    Qual o seu objetivo?

    O BCB est autorizado pela Lei 4.595, com a redao dada pela Lei 7.730, de31/1/1989, a instituir recolhimento compulsrio de at 100% sobre os depsitos vista e at 60% de outros ttulos contbeis das instituies financeiras.

    Obedecidos aos limites mximos estabelecidos, a Diretoria Colegiada do BCBpode alterar as alquotas de recolhimento compulsrio a qualquer tempo. Asinstituies financeiras podem ser obrigadas a se enquadrarem s novas alquotasimediatamente (quando o objetivo do BCB for impactar imediatamente essasinstituies) ou aps algum prazo.

    O recolhimento compulsrio sobre recursos vista incide sobre os depsitos vista e sob aviso, e tambm sobre recursos transitrios acolhidos pelos bancos,tais como cheques administrativos, recebimentos de tributos e assemelhados,recursos em trnsito de terceiros e recursos oriundos de garantias realizadas.

    O objetivo das reservas compulsrias esterilizar parte dos recursos captadospelas instituies financeiras de forma a controlar a liquidez agregada e reduzir acapacidade de criao de moeda pelas instituies financeiras. Ao realizar crditoem conta-corrente, uma instituio bancria cria meios de pagamento que, aoserem utilizados pelo tomador de crdito, geram depsito em outra instituio

    financeira, que passa a dispor da capacidade de gerar novo crdito a outro cliente,e assim por diante. A repetio desse mecanismo mostra a capacidade do setorbancrio de multiplicar a moeda. No intuito de reduzir essa capacidade, o BCBexige que certa parcela dos depsitos vista e de outras rubricas contbeis darede bancria permanea depositada na autoridade monetria.

    4

    O Selic um sistema informatizado que se destina custdia de ttulos escriturais de emisso do TesouroNacional, bem como ao registro e liquidao de operaes com os referidos ttulos.

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    14. O que so operaes de redesconto do BCB s instituies

    financeiras?

    A funo de prestamista de ltima instncia exercida pelo BCB por meio dasoperaes de Redesconto do Banco Central nas modalidades c e d descritas aseguir. As modalidades do crdito intradia e de um dia til no tm relao com o

    emprstimo de ltima instncia sendo, antes, uma funcionalidade do sistema depagamentos brasileiro, concebida para garantir a fluidez dos pagamentos no novocontexto inaugurado pela reforma de 2002, quando foi proibido s instituiesfinanceiras apresentar saldos negativos na conta Reservas Bancrias, o quesignificava saques a descoberto contra o BCB.

    O acesso ao redesconto restrito s instituies financeiras titulares de contaReservas Bancrias. As operaes, concedidas a exclusivo critrio do BCB, porsolicitao da instituio financeira interessada, so operadas nas modalidades decompra com compromisso de revenda e redesconto. O BCB concede recursos emgeral mediante venda, pela instituio tomadora do crdito, de ttulos pblicos novalor correspondente operao. De acordo com a finalidade e os prazos, as

    operaes podem ser:

    a) intradia: So operaes compromissadas com ttulos pblicos federaisdestinadas a atender necessidades de liquidez ao longo do dia. A instituioque necessita de reservas e que possua ttulos pblicos federais em sua contade custdia no Selic, pode vend-los ao BCB com o compromisso derecompr-los no mesmo dia da contratao, ao mesmo valor da venda, at ofechamento do Sistema de Transferncia de Reservas (STR)5. Trata-se deoperao sem custo financeiro para a instituio contratante, de cursoautomtico. So cursadas em sistemas automatizados com base em mensagensde solicitao e pagamento. Qualquer instituio detentora de conta ReservasBancrias pode utilizar o redesconto intradia, desde que tenha ttulossuficientes em sua conta de custdia, no havendo outro limite para esse tipode operao que no o total de ttulos disponveis na carteira da instituiocontratante. O regulamento do redesconto permite que as operaes intradiapendentes de liquidao ao trmino do horrio de funcionamento do STRsejam convertidas automaticamente em operaes de um dia til taxapunitiva (taxa Selic + 6% a.a.), tendo por objeto os mesmos ttulos daconcesso intradia;

    b) de um dia til: para satisfazer necessidades de liquidez decorrentes dedescasamento de curtssimo prazo no fluxo de caixa da instituio financeira;

    c) de at quinze dias teis: podendo ser recontratadas at 45 dias teis, nahiptese de descasamento de curto prazo no fluxo de caixa, no caracterizado

    como problema de desequilbrio estrutural. Essas operaes sodiscricionrias no sentido de que dependem de prvia anuncia do BCB autorizadas a contratao e a recontratao no mbito de competncia dotitular da diretoria de Poltica Monetria e da apresentao, pela instituiointeressada, de projeo detalhada de seu fluxo de caixa dirio, demonstrandoas necessidades de fundos previstas para o perodo da operao. Dependemtambm de assinatura prvia de contrato; e

    5 O STR um sistema de transferncia de fundos com liquidao bruta em tempo real (LBTR), operado peloBCB, que funciona com base em ordens de crdito, isto , somente o titular da conta a ser debitada pode emitir aordem de transferncia de fundos. O sistema de importncia fundamental principalmente para liquidao deoperaes interbancrias realizadas nos mercados monetrio, cambial e de capitais, inclusive no que diz respeito

    liquidao de resultados lquidos apurados em sistemas de compensao e liquidao operados por terceiros.Para informaes mais detalhadas, acesse http://www.bcb.gov.br/?SPBSTR.

    http://www.bcb.gov.br/?SPBSTRhttp://www.bcb.gov.br/?SPBSTR
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    d) de at noventa dias corridos: podendo ser recontratadas desde que o prazototal no supere 180 dias corridos, para viabilizar ajuste patrimonial deinstituio financeira com desequilbrio estrutural. Essas operaes dependemde assinatura prvia de contrato e de aprovao pela Diretoria Colegiada doBCB tanto da contratao quanto da recontratao. A instituio financeiradeve apresentar pleito fundamentado ao Deban, acompanhado dedemonstrativo das necessidades de caixa projetadas para o perodo daoperao e programa de reestruturao visando a sua capitalizao ou vendado controle acionrio, firmado pelo acionista controlador, a ser implementadono perodo da operao.

    Na modalidade de compra com compromisso de revenda podem ser utilizados osseguintes ativos: ttulos pblicos federais, outros ttulos e valores mobilirios,crditos e direitos creditrios, preferencialmente com garantia real, e outrosativos. As operaes intradia e de um dia til contemplam exclusivamente osttulos pblicos federais.

    A movimentao financeira relativa s operaes de redesconto contabilizadana conta Reservas Bancrias. Observe-se que num contexto de estabilidade dosistema financeiro predominam as operaes intradia, no havendo registroatualmente das modalidades c e d.

    15. Qual a diferena entre a atuao do BCB como prestamista de

    ltima instncia e como executor da poltica monetria?

    Existe uma distino entre a atuao do BCB como executor da polticamonetria e a funo de prestamista de ltima instncia. Quando faz polticamonetria, o foco de sua atuao o controle da liquidez do sistema bancrio(agregados monetrios) com o objetivo de atuar sobre a taxa de juros. Quando

    atua na funo de prestamista de ltima instncia, seu foco resolver problemasde liquidez de instituies especficas. Nesse ltimo caso, o mercado pode estarlquido e a instituio estar ilquida ou insolvente, no conseguindofinanciamento no interbancrio e recorrendo ao redesconto do BCB que, nessecaso, atua como prestamista de ltima instncia. O redesconto no tem comoobjetivo principal controlar a liquidez do sistema financeiro e sim resolverproblemas de liquidez de instituies especficas. Modernamente a regulao daliquidez do sistema bancrio no se faz com redesconto e sim com operaes demercado aberto, que permitem maior flexibilidade na execuo da polticamonetria.

    16.Como a administrao do Sistema de Pagamentos Brasileiro(SPB) pelo BCB relaciona-se funo de Banco dos Bancos?

    Pela Resoluo 2.882, de 30/8/2001, do CMN, o BCB deve promover a solidez, onormal funcionamento e o contnuo aperfeioamento do sistema de pagamentos.O funcionamento dos sistemas de liquidao est sujeito autorizao e superviso do BCB, inclusive aqueles que liquidam operaes com ttulos,valores mobilirios, moeda estrangeira e transferncia de fundos. O sistema queliquida operaes com valores mobilirios depende tambm de autorizao daComisso de Valores Mobilirios (CVM), caso em que compete ao BCB, comexclusividade, a anlise dos aspectos relacionados ao controle do risco sistmico.Como previsto na Lei 10.214/01, compete tambm ao BCB definir quais so os

    sistemas de liquidao sistemicamente importantes.

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    A internacionalizao dos mercados, viabilizada pelos avanos na informtica enas telecomunicaes, possibilita volume crescente de transaes financeirasinternacionais de grande valor, que podem gerar problemas na hiptese de umadelas no se concretizar no tempo devido ou de acordo com os termos pactuados.

    A infraestrutura que permite o trfego de informaes por meio do sistema

    financeiro de maneira segura a prpria definio de sistema de pagamento, quecompreende o conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e sistemasoperacionais integrados usados para transferir fundos do pagador para orecebedor e, com isso, encerrar uma obrigao, interligando o setor real daeconomia, as instituies financeiras e o banco central.

    Risco sistmico o risco de que a inadimplncia de um participante de umsistema de transferncia, ou participante de um mercado financeiro leve outrosparticipantes ou instituies financeiras ao descumprimento de suas obrigaes(incluindo inadimplncia nas obrigaes de liquidao em um sistema detransferncia), no momento em que so devidas. Para evitar esse risco, cabe aosbancos centrais minimizar o incentivo para que as instituies financeiras adotem

    comportamento propenso ao risco.

    Em sistemas de pagamentos modernos, o custo para se proteger dos riscosincorridos pelo sistema financeiro financiado pelo prprio sistema. A anliserisco-retorno dos participantes torna-se efetiva, isto , se os participantes optampor assumir mais riscos em busca de maior retorno financeiro em suas operaes,o custo de operar no sistema aumenta. Esse modelo induz as instituiesfinanceiras disseminao da cultura de risco ao longo de seus processosoperacionais, tornando o sistema financeiro menos propenso a crises. O bancocentral, por sua vez, atuar com menor frequncia como prestamista de ltimainstncia.

    O BCB, alm de responsvel pela regulamentao e pela superviso dos sistemasde liquidao, tambm provedor de servios de transferncia de fundos e deliquidao de obrigaes, operando o STR e o Selic.

    17. Quais as principais diretrizes para o funcionamento das

    Cmaras de Compensao e Liquidao?

    As cmaras consideradas sistemicamente importantes, pelo volume ou pelanatureza de suas operaes e por seu potencial em gerar risco sistmico, devemobedecer s seguintes diretivas:

    a) garantir, no mnimo, a liquidao das operaes cursadas por seu intermdio,

    mesmo na hiptese de inadimplncia do participante com maior posiolquida devedora;b) assumir a posio de contraparte central, isto , ser o comprador para toda

    venda e o vendedor para toda compra cursada por seu intermdio, podendoutilizar as garantias constitudas em seus ambientes de liquidao (retiradas doescopo da Lei de Falncias);

    c) liquidar suas operaes diretamente em conta de liquidao no BCB, podendoadotar a compensao multilateral das operaes (esse tipo de compensaofoi caracterizado na Lei 10.214);

    d) possuir capital especial, apartado de seu patrimnio, para garantir, nos termosdo regulamento, a liquidao das operaes cursadas por seu intermdio; e

    e) no ser responsveis pela liquidao de operao com risco de emissor, no

    caso de emisses, resgates e pagamentos de juros.

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    Para que as cmaras atendam aos requisitos legais e regulamentares, foramcriados mecanismos e salvaguardas em vrios nveis ao longo do processo deliquidao. O desenho geral envolve o primeiro nvel de proteo pelo qual oparticipante constitui garantias na cmara e, com base nessas garantias, recebelimite para operar. Em caso de inadimplncia do participante, a cmara executaessas garantias para assegurar a liquidao. Se os recursos forem insuficientes, osegundo nvel de proteo acionado. Nesse nvel, h repartio de perdas contrafundo mtuo constitudo com contribuies de todos os participantes do sistema.Nesse caso, a cobertura pode ser isonmica ou proporcional s posiesassumidas com o participante inadimplente. Em qualquer caso, a regra que ossobreviventes pagam.

    Somente em situao catica, em que todos os mecanismos de proteo soinsuficientes para conter o risco sistmico, o BCB intervir como guardio dosistema financeiro. Na estrutura do novo SPB, as cmaras funcionam como umaespcie de rede de segurana ao BCB. Assim, o escopo de atuao da autoridademonetria ficou mais restrito ao papel clssico de bancos centrais: os riscosprivados passaram a ser administrados e custeados pelo prprio setor privado.

    18. O que o Sistema Especial de Liquidao e de Custdia

    (Selic), e qual o papel do BCB em seu funcionamento?

    O Sistema Especial de Liquidao e de Custdia (Selic), do BCB, o depositriocentral dos ttulos emitidos pelo Tesouro Nacional e pelo BCB, sendoresponsvel pelo processamento de emisso, resgate, pagamento de juros ecustdia desses ttulos. Todos os ttulos so escriturais, ou seja, emitidosexclusivamente na forma eletrnica. A administrao do Selic e de seus mduloscomplementares de competncia exclusiva do Departamento de Operaes doMercado Aberto (Demab).

    No escopo do novo SPB, o Selic encontra-se interligado ao STR, observando omodelo de entrega contra pagamento. Por ser um sistema de liquidao bruta emtempo real, a liquidao de operaes est condicionada disponibilidade dottulo negociado na conta de custdia do vendedor, registrada no Selic, e disponibilidade de recursos pelo comprador na conta Reservas Bancrias no STR.

    O sistema gerido pelo BCB e operado por ele em parceria com a AssociaoNacional das Instituies do Mercado Aberto (Andima)6. Participam do sistema,na qualidade de titular de conta de custdia, alm do Tesouro Nacional e do BCB,bancos comerciais, bancos mltiplos, bancos de investimento, caixas econmicas,distribuidoras e corretoras de ttulos e valores mobilirios, entidades operadoras

    de servios de compensao e de liquidao, fundos de investimento e diversasoutras instituies integrantes do Sistema Financeiro Nacional.

    No mbito do novo SPB, o Selic permaneceu como custodiante central dos ttulospblicos federais, mas passou a dividir com as cmaras de ativos a liquidao dasoperaes com esses papis. Para isso, as cmaras mantm contas de custdia noSelic, para onde so transferidos os ttulos que sero negociados nessesambientes. Maiores informaes sobre o Sistema de Pagamentos Brasileiropodem ser obtidas no PMF 7, emhttp://www.bcb.gov.br/?FOCUSPERG.

    6

    Em outubro de 2009, a Andima uniu-se Associao Nacional dos Bancos de Investimento (Anbid), criando aAssociao Nacional das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).

    http://www.bcb.gov.br/?FOCUSPERGhttp://www.bcb.gov.br/?FOCUSPERGhttp://www.bcb.gov.br/?FOCUSPERGhttp://www.bcb.gov.br/?FOCUSPERG
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    19. No que consiste a funo Banqueiro do Governo?

    Esta funo guarda em suas origens estreita relao com o direito de emisso dobanco central, pois os governos concediam-no a instituies que, em muitoscasos, assumiam o compromisso de conceder-lhes emprstimos. O banco centralatualmente continua como o principal banqueiro do governo, pois detm suas

    contas mais importantes, participa ativamente do manejo do seu fluxo de fundos,e o depositrio e administrador das reservas internacionais do pas.

    A concentrao de boa parte das operaes bancrias governamentais no bancocentral fundamental pela estreita relao que existe entre os oramentospblicos, seu fluxo de fundos e o mercado de capitais. O governo o agenteeconmico com maiores receitas e despesas; consequentemente suas operaesfinanceiras do lugar a movimentos sazonais que podem alterarsignificativamente o volume das disponibilidades bancrias e do crdito. Nessascondies, o manejo das contas do tesouro pelo banco central fundamental pararegular o crdito e os agregados monetrios.

    No passado, antes do desenvolvimento do mercado de ttulos da dvida pblica, oajuste da disponibilidade de recursos do governo aos seus compromissos depagamento se dava mediante a concesso de crditos de curto prazo pelo bancocentral a ttulo de antecipao de receitas futuras de impostos. Modernamenteesse ajuste feito via colocao de ttulos pelos tesouros. Outro avanoinstitucional foi a proibio do financiamento de dficits fiscais dos tesourospelos bancos centrais, dados seus efeitos deletrios sobre o controle monetrio, aestabilidade de preos e o equilbrio do balano de pagamentos.

    Enquanto depositrio e administrador dos ativos internacionais do pas, o bancocentral deve zelar para que a estrutura das moedas e prazos, bem como oequilbrio entre rendimentos, risco e incerteza seja compatvel com a natureza

    desses recursos. A concentrao das divisas no banco central permite-lhe comprare vender divisas para reduzir a volatilidade e a especulao no mercado cambial.Isso especialmente importante nos pases altamente endividados, em que astransaes vinculadas aos servios de amortizao da dvida externa podemdesequilibrar o mercado cambial. Alm disso, em vrios pases, os bancoscentrais administram por conta do governo acordos de comrcio porcompensao e fundos de estabilizao cambial.

    20. Como executada no BCB a funo Banqueiro do Governo?

    Em 1986, teve incio o processo de reorganizao das contas que ligavam asoperaes do BCB, do BB e do Tesouro Nacional, tendo ocorrido o fim da contamovimento que unia o BCB e o BB, a unificao oramentria das contastipicamente fiscais, com a criao da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e atransferncia para o Tesouro Nacional de parcela da dvida externa depositada noBCB. A separao de contas do BCB e do Tesouro Nacional visouprincipalmente estabelecer com clareza as diferenas institucionais entre aconduo das polticas monetria e cambial e a execuo da poltica fiscal.

    A Constituio Federal de 1988 deu sustentao s reformas iniciadas em 1986,proibindo emprstimos, diretos ou indiretos, do BCB ao Tesouro Nacional ou aqualquer entidade que no fosse instituio financeira. Assim, o BCB no podemais ser utilizado para financiamento inflacionrio de dficits pblicos, nem paraatender funes de fomento (emprstimos indiretos). Porm, pode manter em sua

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    carteira ttulos pblicos, com fins de poltica monetria. O BCB tem ainda comofuno constitucional receber em depsito as disponibilidades de caixa da Unio.

    Pela Lei da Responsabilidade Fiscal, o BCB s pode comprar diretamente ttulosemitidos pela Unio para refinanciar a dvida mobiliria federal que estivervencendo na sua carteira. A mesma lei vedou ao Tesouro Nacional adquirir ttulos

    da dvida pblica federal existentes na carteira do BCB, ainda que com clusulade reverso, salvo para reduzir a dvida mobiliria, e proibiu o BCB de comprarno mercado secundrio ttulos emitidos no mesmo dia pelo Tesouro Nacional.

    A partir de ento, o BCB no pode emitir ttulos prprios de forma que apenasttulos do Tesouro Nacional em circulao no mercado podem ser utilizados parafins de poltica monetria, atravs de operaes de mercado aberto.

    Dada a importncia das relaes entre o BCB e o Tesouro Nacional, e o impactodas aes do governo sobre a poltica monetria, a execuo oramentria doGoverno Federal acompanhada detalhadamente pelo BCB, incluindo asfinanas dos Estados e Municpios, bem como da administrao indireta das trs

    esferas de Governo. Alm disso, todos os financiamentos tomados pelo setorpblico no sistema financeiro ou Necessidades de Financiamento do SetorPblico (NFSP), so acompanhados pelo BCB.

    Tambm como banqueiro do governo, cabe ao BCB atuar, em nome do TesouroNacional, nos leiles de ttulos pblicos federais, administrar as reservasinternacionais, representar o pas junto a organismos internacionais e receber asdisponibilidades de caixa da Unio, conforme o pargrafo 3 do artigo 164 daConstituio Federal, na chamada Conta nica, mantida pelo TesouroNacional, na qual so lanados quaisquer dbitos ou crditos provenientes de suastransaes com a sociedade em geral (o BCB remunera os recursos desta contacom base na taxa de remunerao intrnseca da carteira do BCB).

    21. No que consiste a funo Supervisor do Sistema Financeiro?

    A estabilidade, a eficincia e o desenvolvimento do sistema financeiro requeremesquemas de normas e procedimentos apropriados e sua observncia. Em muitoscasos, a superviso das instituies financeiras responsabilidade direta eexclusiva do banco central; em outros casos, pertence alada de organismosindependentes. No obstante, em nenhum caso a fiscalizao totalmenteexgena ao banco central, a quem cabe elaborar normas para o funcionamento dosistema financeiro e ser o prestamista de ltima instncia.

    A regulao do sistema financeiro se inicia, geralmente, pela limitao do nmero

    de participantes. As restries nesse sentido vo desde requisitos quanto qualidade da administrao, passam por montantes mnimos de capital e chegamat a aplicao de critrios de necessidade ou convenincia econmica, comos quais se pretende evitar um nmero exagerado de instituies ou concentraoexcessiva.

    Alm do capital mnimo exigido para a entrada no mercado, os bancos podem serobrigados a manter certas relaes entre capital, ativos e passivos. Asmetodologias mais aperfeioadas para definio dos coeficientes de solvncia, oude adequao do capital, incorporam a qualidade da carteira, isto , no sebaseiam apenas em magnitudes contbeis globais, mas reconhecem osdiferenciais de risco entre distintas classes de ativos mediante ponderaes. Sem

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    dvida, a avaliao da qualidade dos ativos constitui uma das tarefas maiscomplexas e importantes da superviso do sistema financeiro.

    Outro aspecto da regulao refere-se liquidez exigida das instituies, a partirde coeficientes cuja observncia visa garantir a correspondncia entre asestruturas de prazos de ativos e de passivos. A correspondncia entre estruturas

    por moeda igualmente fundamental e de crescente importncia na medida emque avana a internacionalizao da atividade financeira.

    A restrio ao tipo de atividade em que as instituies financeiras podem seenvolver constitui vertente da regulao em muitos pases. Em alguns casos, aatividade financeira se segmenta, com instituies especializadas emdeterminadas atividades, como, por exemplo, banco comercial e de investimento.Em outros, probem-se ou limitam-se aos bancos qualquer atividade extrabancriae, ainda, a manuteno de aes de companhias em seus ativos. Emcontraposio, alguns esquemas de regulao no estabelecem restries ao tipode atividade que as instituies desenvolvem.

    No que se refere restrio da concentrao em carteira, em praticamente todosos pases impem-se limites, como, por exemplo, uma proporo entre o capital,ativos e o limite ao crdito concedido a um s cliente. Diversificam-se, assim, osriscos e reduzem-se as possibilidades de manejo desonesto de recursos.

    Por ltimo, devem ser destacadas as regulaes relacionadas com as condiesmonetrias e creditcias da economia, tais como o encaixe legal, os limitesglobais do crdito e a conformao da estrutura em carteira dos bancos, segundoa atividade do tomador de emprstimo.

    O tipo de superviso varia consideravelmente de pas para pas. H sistemasbaseados na inspeo direta dos bancos e h aqueles baseados na inspeo

    indireta, sustentados no contato permanente com suas gerncias, complementadocom fornecimento de informaes peridicas. Nos ltimos anos, as regras bsicasde superviso, nos diversos mercados, tm sido definidas por instituiessupranacionais e adotadas, mediante assinatura de acordos, pelos bancos centraisde diversos pases. A adeso a esses preceitos internacionais serve como garantiaadicional de que o sistema financeiro do pas signatrio relativamente maisslido, fator importante num contexto de globalizao crescente das transaesfinanceiras.

    22. Como executada no BCB a funo Supervisor do Sistema

    Financeiro ?

    O BCB atua no sentido de regular e supervisionar o Sistema Financeiro Nacional(SFN) e as demais entidades por ele autorizadas a funcionar, com vistas suacrescente eficincia, zelando por sua liquidez e solvncia e buscando a adequaodos instrumentos financeiros.

    O presidente do BCB integra o CMN, o rgo deliberativo mximo do SFN. OCMN estabelece as polticas e os regulamentos bsicos que dirigem ofuncionamento do mercado financeiro e as atividades das instituies financeiras,e fundamenta suas decises nas recomendaes apresentadas pelo BCB.

    As decises do Conselho so implementadas por meio de resolues, tornadaspblicas pelo BCB e assinadas por seu presidente. As circulares, emitidas pela

    Diretoria do BCB, regulamentam as resolues. Cartas-circulares e comunicados

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    so de responsabilidade dos departamentos do BCB e regulamentam os aspectosoperacionais das resolues e circulares editadas.

    Com a implantao do Plano Real, em julho de 1994, ocorreu o maior processode mudanas estruturais no sistema financeiro brasileiro, que pode ser divididoem trs fases. Na primeira, ocorreu o uso dos mecanismos oficiais de interveno

    e de liquidao, que teve como consequncia a reduo do nmero de bancos. Asegunda fase se caracterizou pela adoo do Programa de Estmulo Reestruturao e ao Fortalecimento do SFN (Proer), em novembro de 1995, e doPrograma de Incentivo Reduo do Setor Pblico Estadual na AtividadeBancria (Proes). A terceira fase foi marcada pela entrada de bancos estrangeirosque compraram instituies financeiras, inclusive por meio do programa deprivatizao (Meridional, Banerj, Banespa). Assim, em funo da estabilizaomonetria, o nmero de instituies financeiras e de suas dependncias diminuiu,em consequncia sobretudo dos menores ganhos provocados pelo impostoinflacionrio. Ademais, a reduo e a reorganizao do SFN tambm podem serexplicadas pelas novas condies decorrentes da maior abertura e da globalizaodos mercados financeiros, que tornaram os negcios mais competitivos eprofissionalizados.

    A atividade de superviso, por sua vez, desenvolve-se de modo direto vistorianas instituies para verificar sua solidez e observncia dos aspectos legais eregulamentares das operaes, registros e controles e de modo indireto quando ocorre internamente, com uso das informaes prestadas pelasinstituies ao BCB, utilizando-se da fixao prvia de parmetros operacionais ede desempenho.

    A superviso direta realizada por equipes tcnicas, a partir de planejamento ouprograma de fiscalizao, que contempla diretrizes bsicas da atividade. Esseplanejamento pode ser redimensionado em funo de demandas extraordinrias,

    como a verificao de anormalidades ou de procedimentos no usuais no sistemafinanceiro. O acompanhamento indireto consiste no monitoramento, por meio desistema computadorizado, de instituies financeiras, conglomerados e outrasinstituies, independentemente de qualquer programao, tendo como objetivoprincipal colher e analisar informaes sobre sua situao econmico-financeira eprocedimentos.

    Na prtica, as duas formas se complementam, uma vez que o acompanhamentoindireto possibilita ajustar o programa de superviso direta quando detectadasocorrncias anormais. Alm disso, as equipes de fiscalizao so supridas comdados e informaes relevantes sobre as instituies, o que til para odirecionamento de seu trabalho. Aps concluir a fiscalizao em determinada

    instituio, as irregularidades detectadas so inseridas nos sistemas deinformaes do BCB, sob forma de ajustes, retroalimentando os dados de cadainstituio, para fins de acompanhamento indireto.

    Cabe ao BCB supervisionar mais de duas mil instituies, que possuem mais de20 mil dependncias, considerados bancos mltiplos, bancos comerciais, caixaseconmicas, bancos de investimento e de desenvolvimento, bancos de cmbio,financeiras, sociedades corretoras e distribuidoras, sociedades de arrendamentomercantil, sociedades de crdito imobilirio, associaes de poupana eemprstimo, cooperativas de crdito, companhias hipotecrias, agncias defomento, sociedades de crdito ao microempreendedor e sociedadesadministradoras de consrcios (os fundos mtuos passaram a ser fiscalizados pelaCVM). So tambm fiscalizadas operaes de crdito rural e agroindustrial. Alm

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    disso, denncias e reclamaes do pblico em geral, solicitaes de outros rgosdo Executivo e dos poderes Legislativo e Judicirio exigem aes imediatas dasuperviso para levantar informaes e apurar irregularidades. A superviso fazainda o acompanhamento, em trinta e oito pases, das dependncias de bancosbrasileiros no exterior.

    23. No que consiste a funo de Executor da Poltica Monetria?

    Esta funo a que define o sentido mais amplo do banco central e que, emltima instncia, engloba as demais.

    A poltica monetria influencia a evoluo dos meios de pagamento e controla oprocesso de criao da moeda e do crdito, mediante os seguintes instrumentosclssicos dos bancos centrais:

    a) encaixe legal (depsito compulsrio);b) redesconto; ec) operaes de mercado aberto.

    A taxa de encaixe legal, ou seja, a frao dos depsitos compulsrios mantidospelos bancos comerciais no banco central, guarda relao inversa com acapacidade do sistema bancrio de expandir o crdito e a oferta monetria.Maiores taxas de encaixe legal ou depsito compulsrio implicam menorcapacidade dos bancos comerciais para conceder crdito e multiplicar a moeda. Areserva legal esteriliza parte dos recursos que, de outra maneira, seriam utilizadospelas instituies bancrias para realizar operaes ativas, isto , emprstimos ouinvestimentos. Dessa forma, ao aumentar o requisito de encaixe, o banco centralreduz a capacidade potencial dos bancos para expandir o crdito.

    Diferentemente de outros instrumentos de poltica monetria, a reserva legal

    (depsito compulsrio) tem que ser cumprida obrigatoriamente. Em alguns casos,parte do encaixe pode ser coberta com ttulos governamentais. Por afetar asposies dos bancos, este no instrumento flexvel, haja vista que mudanasbruscas nas taxas da reserva legal poderiam provocar crises de liquidez, uma vezque mudanas abruptas de alquotas podem provocar descasamentos na estruturatemporal entre ativos e passivos das instituies submetidas a essesrecolhimentos. Ele mais utilizado quando a autoridade monetria pretendeimplantar mudana mais radical na liquidez das instituies. Alm disso, oaumento dos requisitos de reserva amplia os diferenciais entre as taxas de jurosativas e passivas, mas a magnitude desse efeito inversamente proporcional aonvel de remunerao do encaixe adotado pelo banco central. Outro aspecto quedeve ser considerado em relao ao requisito do depsito compulsrio a

    discriminao que exerce contra os bancos em favor de outros intermediriosfinanceiros que no esto sujeitos sua observncia.

    O redesconto, por sua vez, embora esteja muito mais relacionado funo deprestamista de ltima instncia, tambm considerado instrumento de polticamonetria. Ao se destinar o redesconto a sustentar instituies com problemas deliquidez ou a fomentar atividades prioritrias, injeta-se liquidez no sistemabancrio. Amplia-se a base de reserva dos bancos, sustentando nveis de crditode outra maneira inacessveis, com efeitos expansionistas sobre a ofertamonetria. Ao contrrio, uma diminuio do redesconto, seja por intermdio dacontrao dos montantes ou por elevao das taxas correspondentes, provocarestrio creditcia e monetria, ao diminuir a liquidez no sistema bancrio.

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    As operaes de mercado aberto apresentam grande flexibilidade, agilidade ealcance para a regulao dos meios de pagamento, sendo de impacto imediato edireto sobre os agregados monetrios, e regulando simultaneamente a taxa de

    juros e a oferta monetria. o instrumento atualmente utilizado por amplamaioria dos bancos centrais para a execuo da poltica monetria.

    Esse tipo de operao se realiza mediante compra e venda de ttulosgovernamentais de curto prazo, no mercado secundrio, com rendimentoscompetitivos. Ao comprar ttulos pblicos, o banco central entrega moeda(depsitos) em troca de papel do governo, aumentando as reservas dos bancos, ocrdito e a oferta monetria, causando aumento dos preos dos ttulos e queda nataxa de juros. Em sentido oposto, quando o banco central vende ttulosgovernamentais, recolhe, em contrapartida, moeda do sistema bancrio,diminuindo a liquidez na economia, provocando queda dos preos dos ttulos eincremento dos seus rendimentos.

    24. Como executada no BCB a funo de Executor da Poltica

    Monetria?O controle da liquidez ocorre principalmente com o uso dos instrumentosclssicos de poltica monetria que so o recolhimento compulsrio ou encaixelegal, as operaes de redesconto ou assistncia financeira de liquidez e asoperaes de mercado aberto (ou open market). As operaes de redesconto jforam descritas no item banco dos bancos. Observe-se que tanto osrecolhimentos compulsrios como as operaes de redesconto no afetamimediatamente a liquidez, haja vista que as instituies financeiras dispem deum prazo para se adequar a eventuais mudanas no compulsrio, enquanto que arealizao de operaes de redesconto ou assistncia financeira de liquidezdepende da ocorrncia de maior necessidade de liquidez. As operaes demercado aberto, por outro lado, podem ser utilizadas diariamente para controlar aliquidez. Esses instrumentos so operacionalizados por departamentos vinculados Diretoria de Poltica Monetria do BCB: o redesconto e o compulsrio, peloDeban, e as operaes de mercado aberto, pelo Demab.

    O objetivo das reservas compulsrias esterilizar parte dos recursos captadospelas instituies financeiras de forma a controlar a liquidez agregada e reduzir acapacidade de criao de moeda pelas instituies financeiras. Ao realizar crditoem conta-corrente, uma instituio bancria cria meios de pagamento que, aoserem utilizados pelo tomador de crdito, geram depsito em outra instituiofinanceira, que passa a dispor da capacidade de gerar novo crdito a outro cliente,e assim por diante. A repetio desse mecanismo gera o processo demultiplicao de moeda pelo setor bancrio. No intuito de limitar esse processo, oBCB exige que certa parcela dos depsitos vista e de outras rubricas contbeisda rede bancria permanea depositada na autoridade monetria.

    O BCB est autorizado pela Lei 4.595, com a redao dada pela Lei 7.730, de31/1/1989, a instituir recolhimento compulsrio de at 100% sobre os depsitos vista e at 60% de outros ttulos contbeis das instituies financeiras. Dentrodesses limites, o BCB pode adotar percentagens diferenciadas em funo dasregies geoeconmicas, das prioridades que atribuir s aplicaes e da naturezadas instituies financeiras.

    Obedecidos os limites mximos estabelecidos, a Diretoria Colegiada do BCBpode alterar as alquotas de recolhimento compulsrio a qualquer tempo. Asinstituies financeiras podem ser obrigadas a se enquadrarem s novas alquotas

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    imediatamente (quando o objetivo do BCB for impactar imediatamente essasinstituies) ou aps algum prazo.

    No clculo da exigibilidade sobre recursos vista, considerada a mdia dossaldos dirios das contas sujeitas a recolhimento no perodo de duas semanas,cuja movimentao ou ajustamento se d ao longo de um perodo tambm de

    duas semanas. O perodo de clculo tem incio numa segunda-feira e trmino nasexta-feira da semana seguinte. O perodo de movimentao tem incio na quarta-feira da segunda semana do perodo de clculo e trmino na tera-feira dasegunda semana subsequente.

    Uma vez que ocorre superposio entre o perodo de clculo e o demovimentao, ao prestar as informaes relativas a todo o perodo de clculo, asinstituies devem estimar os valores para as posies ainda no conhecidas,podendo alter-las at o terceiro dia til posterior ao trmino do perodo declculo. As instituies financeiras so divididas em dois grupos, A e B, quetm defasagem de uma semana entre os respectivos perodos de clculo emovimentao, de forma a minimizar possveis presses no mercado de reservas

    bancrias.

    O acesso ao redesconto restrito s instituies financeiras titulares de contaReservas Bancrias.

    Existe distino entre a atuao do BCB como executor da poltica monetria e afuno de prestamista de ltima instncia. Quando faz poltica monetria, o focode sua atuao o controle da liquidez do sistema bancrio (agregadosmonetrios) e a atuao sobre a taxa de juros. Quando atua na funo deprestamista de ltima instncia, seu foco resolver problemas de liquidez deinstituies especficas. Nesse ltimo caso, o mercado pode estar lquido e ainstituio estar ilquida ou insolvente, no conseguindo financiamento no

    interbancrio e recorrendo ao redesconto do BCB que, nesse caso, atua comoprestamista de ltima instncia.

    O artigo 10 da Lei 4.595 outorgou ao BCB a atribuio de efetuar operaes decompra e venda de ttulos pblicos federais, as operaes de mercado aberto.

    Na execuo da poltica monetria, a venda de ttulos pelo BCB ao sistemabancrio provoca a reduo das reservas bancrias e o contrrio ocorre no caso decompra de ttulos. As intervenes (compras e vendas de ttulos), realizadas peloDemab, so de dois tipos: operaes compromissadas, voltadas para ajustes deliquidez; e operaes definitivas, voltadas para mudanas de tendncia. Nasoperaes compromissadas, o BCB toma (ou empresta) recursos por prazo

    definido, vendendo (ou comprando) ttulos com o compromisso de recompr-los(ou revend-los) em data combinada, a um determinado preo. Nesse tipo deoperao (dito leilo informal), o BCB atua no mercado por meio de instituiesdealers, credenciadas periodicamente pelo BCB.

    Nas operaes definitivas, o ttulo incorpora-se carteira da instituiocompradora. A compra ou venda definitiva realizada pelo BCB d-se por meiodos leiles informais, restritos aos dealers, ou dos leiles formais (ofertaspblicas), dos quais podem participar todas as instituies financeiras com contano Selic. O BCB opera nos leiles formais com ttulos do Tesouro que fazemparte de sua carteira e, portanto, j tm prazo decorrido.

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    Observe-se que, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, o BCB pode comprar ttulosdiretamente do Tesouro Nacional apenas quando a compra se destina aorefinanciamento da dvida mobiliria vincenda de sua carteira. Alm disso, paraimpedir que as operaes monetrias do BCB tenham impactos no endividamentopblico, o BCB no pode emitir ttulos prprios. Caso contrrio, a emisso dettulos do BCB aumentaria a quantidade de ttulos pblicos em circulao e,consequentemente, a dvida pblica total. Assim, apenas ttulos do TesouroNacional em circulao no mercado passaram a ser utilizados para fins deoperaes de mercado aberto.

    O ajuste dirio da liquidez realizado por meio das operaes compromissadas.O processo pode ser descrito, sinteticamente, da seguinte forma: antes de omercado comear a operar, o BCB estima se h excesso de reservas no sistemabancrio ou deficincia de reservas. Essa estimativa obtida por meio deconsultas a diversas fontes, referentes a operaes que afetam as reservasbancrias. Os fatores mais importantes que impactam as reservas bancrias so:

    a) emisso ou recolhimento de moeda;

    b) operaes com cmbio:c) recolhimento de tributos;d) gastos do Tesouro Nacional;e) transferncias do oramento oficial de operaes de crdito e do Oramento

    Geral da Unio;f) financiamentos tomados ou concedidos pelo BCB, e seu retorno;g) resgates e colocaes de ttulos pblicos;h) operaes de extramercado;i) recolhimentos ou liberaes de depsitos compulsrios em geral; e

    j) saques ou depsitos sobre a mdia mvel do recolhimento obrigatrio.

    Por exemplo, se o Tesouro Nacional realiza despesas, ou se o BCB liquidaoperaes de compra de moeda estrangeira (mediante crdito em moeda nacionalem favor da instituio vendedora), necessrio compensar a expanso do nvelde reservas bancrias, tomando os recursos excedentes. Essa operao sematerializa pela venda de ttulos que so recomprados em data posterior. Damesma forma, quando ocorre escassez de reservas, causada por arrecadaosignificativa de impostos federais ou por conta da liquidao da venda de cmbiopelo BCB, a mesa de operaes realiza operaes de compra de ttulos que sorevendidos em data posterior.

    Considerando, portanto, a estimativa quanto a excessos ou deficincias dereservas, bem como a meta para a taxa Selic estabelecida pelo Copom, realizam-se as intervenes no mercado aberto, com o objetivo de manter a taxa Selicefetiva prxima da meta. No final do dia pode ser realizado o ajuste fino dasreservas (nivelamento da liquidez bancria), que consiste em neutralizareventuais desequilbrios ainda remanescentes7. Maiores informaes sobre asoperaes de mercado aberto no Brasil podem ser obtidas no PMF 6 sobre Gestoda Dvida Mobiliria e Operaes de Mercado Aberto, emhttp://www.bcb.gov.br/?FOCUSPERG.

    7 A Taxa Selic pode ser definida como a taxa mdia ponderada e ajustada das operaes de financiamento porum dia, lastreadas em ttulos pblicos federais e cursadas no sistema Selic na forma de operaescompromissadas. O Selic um sistema informatizado que se destina custdia de ttulos escriturais de emissodo Tesouro Nacional e do BCB (no tem mais atualmente), bem como ao registro e liquidao de operaes

    com os referidos ttulos. A administrao do Selic e de seus mdulos complementares de competnciaexclusiva do Demab.

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    25. O que o Copom? Quem so os seus membros?

    O Comit de Poltica Monetria, ou Copom, o rgo decisrio da polticamonetria do BCB, responsvel por estabelecer a meta para a taxa Selic, cujoprincipal objetivo o alcance das metas de inflao estabelecidas pelo CMN. OCopom composto pelos membros da Diretoria Colegiada do BCB: o Presidente

    e os Diretores de Administrao, Poltica Monetria, Poltica Econmica,Assuntos Internacionais e de Gesto de Riscos Corporativos, Regulao doSistema Financeiro, Organizao do Sistema Financeiro e Controle de Operaesdo Crdito Rural, e Fiscalizao. Maiores informaes sobre o Copom podem serobtidas no PMF 3 emhttp://www.bcb.gov.br/?FOCUSPERG.

    26. O que Regime de Metas para a Inflao?

    Desde 1/7/1999, a poltica monetria no BCB conduzida sob o regime de metaspara a inflao. Esse regime monetrio caracterizado pelo comprometimento doBCB a atuar de forma a garantir que a inflao observada esteja em linha comuma meta pr-estabelecida, anunciada publicamente. Maiores informaes sobre

    o regime de metas para a inflao no Brasil podem ser obtidas no PMF 10 emhttp://www.bcb.gov.br/?FOCUSPERG.

    27. No que consiste a funo de Executor da Poltica Cambial?

    no mercado de cmbio que se forma a taxa de cmbio, ou seja, o preo damoeda estrangeira, um dos preos bsicos da economia. A taxa de cmbio formada a partir das condies de oferta e de demanda. Demandam divisas osagentes econmicos que adquirem moeda estrangeira para efetuar pagamentosdiversos a agentes domiciliados no exterior (importaes de bens e servios,realizao de viagens ao exterior, etc.). Por outro lado, ofertam divisas os agenteseconmicos que exportam bens e servios em geral, que contratam emprstimosno exterior, etc., e que desejam internalizar os recursos no Pas.

    Cabe autoridade monetria de um pas executar a poltica cambial, funo queexige a manuteno de ativos em moeda estrangeira e/ou ouro para atuao nosmercados de cmbio, de forma a contribuir para a manuteno do poder decompra da sua moeda e para assegurar o desempenho adequado das transaesinternacionais, de acordo com as diretrizes da poltica econmica.

    Para alcanar esses objetivos, o banco central pode adotar diferentes regimescambiais, de acordo com as circunstncias da economia. Esses podem seragrupados, em um sentido amplo, em dois grupos:

    a) cmbio fixo, quando a autoridade monetria fixa o preo internacional da

    moeda nacional. Para sustentar a paridade, o banco central se compromete acomprar ou vender a moeda taxa estabelecida; e

    b)cmbio flexvel, no qual a taxa cambial formada pela atuao dos agentesdemandantes e ofertantes de moeda estrangeira no mercado cambial, sem ainterferncia (ou com pouca interferncia) da autoridade monetria. Nesseregime, a autoridade monetria no se compromete a sustentar um preointernacional para a moeda nacional.

    Dada a estreita relao entre as polticas monetria e cambial, os efeitos dapoltica monetria dependem fundamentalmente do tipo de regime cambial usado.

    Em um contexto de mobilidade internacional de capital, com taxas de cmbio

    fixas, reduz-se a capacidade de o banco central influir na quantidade de moeda. O

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    estoque monetrio passa a ser determinado pela oferta cambial. Dessa maneira, oestoque monetrio no controlvel pelo banco central, ajustando-se s variaesna quantidade de moeda estrangeira. A taxa de juros bsica, fixada pelaAutoridade Monetria, fixada de modo a assegurar o equilbrio do Balano dePagamentos, em vez de perseguir o objetivo de estabilidade de preos, o qualdepende da manuteno da paridade cambial desejada. Ou seja, uma vez que aautoridade monetria no controla o estoque monetrio, a poltica monetria considerada passiva.

    J em um sistema de taxas de cmbio flexveis com mobilidade internacional decapital, o preo da moeda estrangeira que se ajusta s variaes na quantidadede moeda. Assim, o estoque monetrio controlvel pela autoridade monetria, oque determina que a poltica monetria considerada ativa. A taxa de jurosbsica, nesse regime, pode ser fixada de acordo com o objetivo principal deestabilidade de preos.

    28. Como executada no BCB a funo de Executor da Poltica

    Cambial?No Brasil, o Inciso XIII do art. 48 da Constituio Federal estabelece que cabe aoCongresso Nacional, com a sano do Presidente da Repblica, dispor sobrematria financeira, cambial e monetria, instituies financeiras e suasoperaes. A responsabilidade pela normatizao das operaes da polticacambial, das reservas e das demais atribuies da rea financeira externa doCMN. A execuo da poltica cambial cabe ao BCB. Para isso, o BCB mantmativos em ouro, ttulos e moedas estrangeiras para atuao nos mercados decmbio, que compem as reservas internacionais do Pas, de forma a contribuirpara a sustentabilidade das contas externas do Pas, bem como evitar volatilidadeexcessiva da moeda, de acordo com as diretrizes da poltica econmica.

    A competncia do BCB para administrar as reservas cambiais tem base legal naLei 4.595, artigos 10 e 11. Outro aspecto a ser considerado diz respeito ao nvelmnimo que o BCB tem que garantir para as reservas internacionais do Pas. OSenado Federal, conforme foi estabelecido na Resoluo 82, de 18/12/1990, fixoucomo nvel mnimo aquele que assegure recursos suficientes para manter a mdiamensal das importaes dos ltimos 12 meses, durante perodo mnimo de quatromeses.

    O BCB responsvel pelo funcionamento regular do mercado de cmbio, aestabilidade relativa das taxas de cmbio e o equilbrio do balano depagamentos, podendo, para esse fim: comprar e vender ouro e moeda estrangeirae realizar operaes de crdito no exterior; administrar as reservas cambiais do

    pas; promover, como agente do governo federal, a contratao de emprstimos;acompanhar e controlar os movimentos de capitais, inclusive os que se referem aacordos com entidades internacionais e recuperao de crditos governamentaisbrasileiros no exterior; e negociar, em nome do governo brasileiro, com asinstituies financeiras e com os organismos financeiros estrangeiros einternacionais.

    Num regime de livre flutuao cambial como o adotado pelo Brasil em janeiro de1999, no h um nvel considerado timo para a taxa de cmbio. A atuao doBCB, nesse contexto, visa assegurar condies adequadas de formao de preos,evitando situaes extremas de falta ou excesso de liquidez no mercadointerbancrio. Por outro lado, como parte do esforo para reduo davulnerabilidade externa do Pas, com a consequente diminuio da possibilidade

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    de transmisso ou contgio das condies monetrias domsticas por eventos ouchoques de origem externa, desde 2004 o BCB vem atuando no mercado decmbio com o intuito de reforar as reservas cambiais do Brasil.

    A compra ou venda de divisas pela Autoridade Monetria brasileira acontece, viade regra, por intermdio da realizao de leiles eletrnicos de cmbio, nos quais

    o BCB recebe ofertas para compra ou venda de dlares norte-americanos,mediante entrega ou recebimento de moeda nacional, de instituies financeirasdomiciliadas no Pas. A atuao do BCB no mercado de cmbio se d porintermdio de dealers, que so escolhidos pelo critrio de movimentao globalcom clientes, e no mercado interbancrio de cmbio. Assim, as intervenes doBCB nos mercados de cmbio ocorrem via leiles de compra ou venda de moedaestrangeira, com a intervenincia dos dealers, cuja funo principal dar liquidezao mercado interbancrio como um todo e a clientes finais de operaes decmbio, sendo obrigatria sua participao nos leiles sempre que foremrealizados pelo BCB.

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    Srie Perguntas Mais Frequentes Banco Central do Brasil

    1. Juros e SpreadBancrio2. ndices de Preos no Brasil3. Copom4. Indicadores Fiscais5. Preos Administrados6. Gesto da Dvida Mobiliria e

    Operaes de Mercado Aberto7. Sistema de Pagamentos Brasileiro8. Contas Externas9. Risco-Pas10. Regime de Metas para a Inflao no Brasil11. Funes do Banco Central do Brasil

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    Carlos Hamilton Vasconcelos Arajo

    Equipe Andr Barbosa Coutinho MarquesCarolina Freitas Pereira MayrinkHenrique de Godoy Moreira e CostaLuciana Valle Rosa RoppaManuela Moreira de SouzaMaria Cludia Gomes P. S. GutierrezMrcio Magalhes Janot

    CoordenaoRenato Jansson Rosek

    Criao e editorao:

    Departamento de Relacionamento com Investidores e Estudos EspeciaisBraslia-DF

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