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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS FACULDADE DE HUMANAS CIÊNCIAS ECONÔMICAS MARCELO SANTOS FERREIRA A HISTORIA DO BANCO CENTRAL: Da Origem a Autonomia São Paulo 2010

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Este texto procura analisar os principais elementos e etapas da evolução histórica e do aperfeiçoamento institucional do Banco Central do Brasil. É contada a origem dos Bancos Centrais Mundiais, como o Banco da Inglaterra e Federal Reserve, depois é relatada a criação do Banco Central, e as várias tentativas de criar um banco central na República Velha. Foi descoberto que a história de nosso Banco Central passa por três momentos importantes: a criação da Superintendência da Moeda e do Crédito, em 1945, a criação formal do Bacen, em 1964, e as reformas institucionais da Constituinte de 1988. Trata-se de uma longa história marcada por conflitos e resistências. Seus momentos decisivos aconteceram ou por força de regimes ditatoriais ou durante uma Constituinte. Com as informações sobre o Banco Central e sua origem, no Brasil e no mundo, é inserido um pouco do conceito de macroeconomia e após, é exposto os argumentos a favor e contra a Independência do BaCen, com pensadores e economistas renomados e contemporâneos. Na Conclusão, é definido um viés de pensamento do trabalho em relação ao tema e fundamentado nas informações extraídas para o trabalho.

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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

FACULDADE DE HUMANAS

CIÊNCIAS ECONÔMICAS

MARCELO SANTOS FERREIRA

A HISTORIA DO BANCO CENTRAL:

Da Origem a Autonomia

São Paulo 2010

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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS

FACULDADE DE HUMANAS

CIÊNCIAS ECONÔMICAS

MARCELO SANTOS FERREIRA

A HISTORIA DO BANCO CENTRAL:

Da Origem a Autonomia

Trabalho de Conclusão de Curso de Ciências Econômicas para obtenção do título de Bacharel ou Licenciatura em Ciências Econômicas das Faculdades Metropolitanas Unidas, orientada pela Professora Lucilia de Miranda Gonçalves.

São Paulo 2010

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Marcelo Santos Ferreira

A HISTORIA DO BANCO CENTRAL:

Da Origem a Autonomia

Objetivo: Subsidiar a discussão sobre a autonomia do Bacen, abordando sua historia, as

ferramentas de seu funcionamento, seus defensores e opositores e quais os maiores benefícios

e/ou prejuízos que a sua autonomia podem trazer.

FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU

Faculdade de Humanas, curso de Ciências Econômicas

COMISSÃO EXAMINADORA

_____________________________________ Profª. Lucilia de Miranda Gonçalves

Faculdades Metropolitanas Unidas

_____________________________________ Profª. Andressa Guimarães Rego

Faculdades Metropolitanas Unidas

_____________________________________ Profº. Edmilson da Silva Costa

Faculdades Metropolitanas Unidas

Data de aprovação: ____ de ____________ de 20____.

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Dedico este trabalho aos meus pais e irmãos, que

sempre me apoiaram, aos meus amigos que me

ajudaram, a minha noiva Bruna e a minha grande

inspiração, minha Vó, Cecília Vieira.

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AGRADECIMENTOS

A minha orientadora, Lucilia, pela paciência e perseverança, alto astral sempre e grandes

idéias que somaram a este trabalho.

Ao meu querido amigo, Jorge, que indicou-me muitos materiais utilizados neste trabalho.

Ao meu grande amigo, Marcelo Morata, que sempre indicou um caminho coerente a

seguir.

Ao meu Tio, Ricardo Oliveira, com ótimos conselhos e a idéia para a conclusão, somando

muito para a qualidade final deste trabalho.

A todos que me auxiliaram neste processo, me deram novas idéias ou corrigiram o que eu

não conseguia ver.

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6

“Allow me to issue and control a nation’s currency, and I care not who makes its

laws.” (Mayer Amschel [Bauer] Rothschild, 1791)

“Todo aquele que controla o volume de dinheiro de qualquer país é o senhor absoluto

de toda a indústria e o comércio e quando percebemos que a totalidade do sistema é facilmente

controlada, de uma forma ou de outra, por um punhado de gente poderosa no topo, não

precisaremos que nos expliquem como se originam os períodos de inflação e depressão”. (James

A. Garfield, 1881)

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RESUMO

Este texto procura analisar os principais elementos e etapas da evolução histórica e do aperfeiçoamento institucional do Banco Central do Brasil. É contada a origem dos Bancos Centrais Mundiais, como o Banco da Inglaterra e Federal Reserve, depois é relatada a criação do Banco Central, e as várias tentativas de criar um banco central na República Velha. Foi descoberto que a história de nosso Banco Central passa por três momentos importantes: a criação da Superintendência da Moeda e do Crédito, em 1945, a criação formal do Bacen, em 1964, e as reformas institucionais da Constituinte de 1988. Trata-se de uma longa história marcada por conflitos e resistências. Seus momentos decisivos aconteceram ou por força de regimes ditatoriais ou durante uma Constituinte. Com as informações sobre o Banco Central e sua origem, no Brasil e no mundo, é inserido um pouco do conceito de macroeconomia e após, é exposto os argumentos a favor e contra a Independência do BaCen, com pensadores e economistas renomados e contemporâneos. Na Conclusão, é definido um viés de pensamento do trabalho em relação ao tema e fundamentado nas informações extraídas para o trabalho.

Palavras Chave: Origem. BaCen. Independência.

ABSTRACT

This article analyzes the main elements and stages of the historical evolution and institutional improvement of the Central Bank of Brazil. The world Central Bank origin is told, like the England Bank and Federal Reserve, then the Central Bank is related and de several attempts to create a centralized federal bank during the period called Old Republic. During research, was discovered that the history of our Central Bank has three important moments: the creation of the Superintendence of Currency and Credit in 1945, the formal creation of the Central Bank in 1964 and the institutional reforms of the Constituent Assembly in 1988. It is a long history marked by conflicts and resistance. Its decisive moments happened either because of dictatorial regimes or during a Constituent Assembly. With the information about the Central Bank and his origin, in Brazil and the world, it is inserted a little of the concept of macroeconomics and after that, it is started show the arguments to favor and against the Bank Central Independence, with great academic thinkers and contemporary and renowned economists. The Conclusion, it is defined a bias of thought of the work regarding the subject and substantiated in the information extracted for the work..

Key words: Central Bank, Origin. Independence.

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LISTA DE ABREVIATURAS

1. ABC - Autonomia do BaCen

2. BACEN – Banco Central do Brasil

3. BB - Banco do Brasil

4. Cared - Carteira de Redesconto

5. CMN - Conselho Monetário Nacional

6. FED – Federal Reserve

7. IBC - Independência do BaCen

8. PROER - Programa de Estímulo à Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema

Financeiro Nacional.

9. EMM - Efeito Multiplicador da Moeda

10. SUMOC – Superintendência da Moeda e do Crédito

11. SPC - Secretaria de Previdência Complementar

12. FHC – Fernando Henrique Cardoso

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................10

2. REVISÃO DA LITERATURA.......................................................................................12

2.1. MACROECONOMIA E ECONOMIA MONETÁRIA: UM BREVE CONCEITO......12

2.1.1. Macroeconomia........................................................................................................12

2.1.2. Economia Monetária...............................................................................................13

2.1.2.1 Política econômica.....................................................................................................15

2.1.2.2 Política Monetária......................................................................................................16

2.1.2.3 Política Fiscal............................................................................................................17

2.1.2.4 Política Cambial........................................................................................................18

2.2. BANCO CENTRAL: ORIGEM E HISTÓRIA NO MUNDO..................................20

2.3. BANCO CENTRAL: ORIGEM E HISTÓRIA NO BRASIL...................................23

3. AUTONOMIA DO BACEN: IDEOLOGIA OU NECESSIDADE?............................26

3.1. TEORIAS A FAVOR DA IBC OU ABC.................................................................29

3.2. TEORIAS CONTRA A IBC OU ABC.....................................................................31

3.3. NO BRASIL: IDEOLOGIA OU NECESSIDADE?.................................................32

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................................41

REFERÊNCIAS......................................................................................................................43

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1. INTRODUÇÃO

Devido ao agravamento da crise de 2008, tornou-se necessário uma nova discussão a

respeito da autonomia do Bacen e quais as ferramentas que este órgão possui para regular

suas políticas e até que ponto é benéfico sua autonomia para a sociedade.

Na década de 1990, observou-se uma forte tendência mundial a respeito da autonomia

do Banco Central, no Brasil a discussão teve alguns momentos no final do período,

discutindo-se também a definição da regulamentação do sistema financeiro nacional.

Porém, com um sistema financeiro ainda desestruturado e castigado com as constantes

trocas de moedas e inovações na área financeira, algumas instituições financeiras

demonstraram despreparo para a nova fase na política econômica, chegando até a necessitar

de ajuda financeira do governo. Para regularizar o sistema e evitar uma crise institucional e

um colapso no sistema, foi criado em 3 de novembro de 1995, através da Resolução 2.208 do

Conselho Monetário Nacional (CMN) e das Circulares Bacen de nºs 2.636/95, 2.672/96,

2.681/96, 2.713/96, 2.369/97 e 2.748/97 o Programa de Estímulo à Reestruturação e ao

Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (PROER).

Era consenso, que para existir um banco central independente, sem intervenções

políticas para favorecer determinada política econômica e um banco central isento dos

interesses de grupos privados, financeiros ou não, primeiro seria necessário regularizar e

estabilizar todo o sistema. Foi com este intuito que o PROER foi criado.

Na década de 2000, iniciou-se academicamente, estudos que defendiam esta tese, como

a proposta para aperfeiçoar o regime de metas para a inflação. Em 2003, a alteração do art.

192 da Constituição Federal, permitindo a regulamentação “fatiada” do sistema financeiro,

trouxe o tema para a arena política. Evidenciou-se, então, a divergência ainda existente sobre

o tema que foi “congelado”, permanecendo, entretanto, latente na agenda do debate

econômico.

Para a elaboração deste estudo, primeiro iremos fazer uma breve discussão sobre

economia monetária e macroeconomia sem a pretensão de elucidar dúvidas profundas ou

discutir possíveis linhas de pensamento econômico, será apenas uma pequena introdução,

para ai então discorrer sobre a origem dos Bancos Centrais no mundo: como e por que

surgiram, qual o intuito inicial destas instituições e outras informações relevantes para o

desenvolvimento deste documento.

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Após contada a história mundial, será possível elucidar a historia do Banco Central do

Brasil, passando pela criação do BB em 1808, quando em outubro daquele ano, quando D.

João VI criou “um banco estatal para emitir moeda” Gomes Laurentino (2007, p. 190), depois

sua recriação1 em 1853 e todas fases que levaram o Banco do Brasil a contribuir fortemente a

criação do Bacen, e os fatos que o trouxeram a condição que é observada hoje, para que em

posse destes dados, possa ser discutida a idéia de um Bacen independente, como é defendido

por Fernando Nogueira Costa, , Francisco Gross, José Serra e outros que serão citados

oportunamente durante o desenvolvimento do trabalho, como também, àqueles que defendem

um Bacen dependente ao governo, como Laura Sola, Eduardo Kugelmas e Lawrence

Whitehead.

1 “...Falida e sem chances de recuperação, a instituição teve de ser liquidada em 1829, sete anos depois da Independência. Foi recriada duas décadas e meia mais tade, em 1853, já no governo do imperador Pedro II....”

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2. REVISÃO DA LITERATURA:

2.1. MACROECONOMIA E ECONOMIA MONETÁRIA: UM BREVE CONCEITO.

Macroeconomia (do Grego: µακρύ-ς /ma΄kri-s/ grande, amplo, largo e οικονοµία

/ikono΄mia/ lei ou administração do lar) é uma das divisões da ciência Economia dedicada ao

estudo, medida e observação de uma economia regional ou nacional como um todo.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/)

Economia monetária é como é chamada o processo de troca da sociedade, podendo ser

produtos trocados por dinheiro ou dinheiro por dinheiro ou produto por produto. A economia

monetária corre em contraste com a economia de escambo, onde os produtos e ou serviços

são trocados por outros produtos e ou serviços e produzidos e consumidos pelas próprias

famílias. (http://pt.wikipedia.org/wiki/)

2.1.1. Macroeconomia

Em 1929, com a forte crise econômica agravada pela quebra da bolsa de New York, o

economista britânico John Maynard Keynes introduziu os primeiros estudos

macroeconômicos através do livro: Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda,

considerada a primeira grande obra literária macroeconômica.

Ainda segundo Keynes, uma das bases da economia e seu estudo é a Macroeconomia,

sendo a outra base a Microeconomia. A macroeconomia é estudada a partir de processos

microeconômicos da economia, a partir destes estudos busca-se seu objetivo, por exemplo:

produção e o seu crescimento; geração de renda a partir do consumo e do pleno emprego; uso

de recursos, naturais e bem finais; comportamento dos preços analisando controle

inflacionário e ao comércio exterior buscando balança comercial favorável.

A estrutura macroeconômica se compõe de cinco mercados

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Macroeconomia):

� Mercado de Bens e Serviços: determina o nível de produção agregada bem como

o nível de preços. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Macroeconomia)

� Mercado de Trabalho: admite a existência de um tipo de mão-de-obra

independente de características, determinando a taxa de salários e o nível de

emprego. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Macroeconomia)

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� Mercado Monetário: analisa a demanda da moeda e a oferta da mesma pelo

Banco Central que determina a taxa de juros.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Macroeconomia)

� Mercado de Títulos: analisa os agentes econômicos superavitários que possuem

um nível de gastos inferior a sua renda e deficitários que possuem gastos

superiores ao seu nível de renda. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Macroeconomia)

� Mercado de Divisas: depende das exportações e de entradas de capitais

financeiros determinados pelo volume de importações e saída de capital

financeiro. (http://pt.wikipedia.org/wiki/Macroeconomia)

2.1.2. Economia Monetária

Há três funções básicas da moeda: um intermediário de trocas, unidade de medida

(denominador comum de preços) e reserva de valor.

Sua oferta é pressionada conforme a disponibilidade de ativos financeiros de liquidez

imediata, os chamados meios de pagamento. Também conhecidos como papel-moeda, esses

ativos de liquidez imediata ficam em poder dos bancos comerciais, através dos depósitos à

vista (moeda escritural) e em poder do público em geral (moeda manual).

A partir dos depósitos à vista nos bancos comerciais, dá-se inicio ao processo chamado

de Efeito Multiplicador da Moeda (EMM). Onde os bancos, tendem a oferecer mais moeda

do que possuem em seu poder.

Vários agentes econômicos compram produtos e serviços com uma mesma quantidade

inicial de moeda, porém quando se lança mão da emissão de cheques, uso de cartões de

débito e crédito e empréstimos de curto e longo prazo, a moeda injetada tende a se

transformar em depósitos bancários. As parcelas de tais depósitos se tornam empréstimos dos

bancos a terceiros, que retornam tais recursos ao sistema bancário por meio de novos

depósitos, que se tornarão novos empréstimos. Este mecanismo é controlado pela autoridade

monetária. Uma das formas de controle é chamada de Depósito Compulsório.

Quando são feitos os depósitos a vista nos bancos comerciais, são divididos em duas

parcelas. Uma que deve satisfazer às operações diárias dos bancos, chamado de técnico ou

voluntário, e uma como forma de se controlar o efeito multiplicador, recolhido de forma

compulsória pelo Banco Central.

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Os motivos mais básicos para geração da demanda da moeda são:

� Transação: representa a guarda de moeda para se fazer face a pagamentos, dado

que os pagamentos e recebimentos não são perfeitamente sincronizados

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

� Precaução: é a guarda de moeda para cobrir gastos imprevistos.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

� Especulação: a moeda é considerada também como reserva de valor e não

apenas meio de troca. Por isso, não seria estranho que os agentes econômicos

guardassem moeda ociosa, na expectativa de mudanças na taxa de juros de

mercado e, assim, aplicá-la melhor no futuro.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

Inflação é o contínuo, persistente e generalizado aumento de preços. Consideramos

quatro tipos principais (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-

monetaria-e-internacional/).

� De demanda: refere-se ao excesso de demanda agregada em relação à produção

disponível de bens e serviços na economia. É causada pelo crescimento dos

meios de pagamento, que não é acompanhado pelo crescimento da produção.

Ocorre apenas quando a economia está próxima do pleno-emprego, ou seja, não

pode aumentar substancialmente a oferta de bens e serviços a curto prazo.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

� De custos: tem suas causas nas condições de oferta de bens e serviços na

economia. O nível da demanda permanece o mesmo, mas os custos de certos

fatores importantes aumentam, levando à retração da oferta e provocando um

aumento dos preços de mercado.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

� Inercial: é a aquela em que a inflação presente é uma função da inflação

passada. Deve-se à inércia inflacionária, que é a resistência que os preços de

uma economia oferecem às políticas de estabilização que atacam as causa

primárias da inflação. Seu grande vilão é a “indexação”, que é o reajuste do

valor das parcelas de contratos pela inflação do período passado.

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(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

� Estrutural: a corrente estruturalista supunha que a inflação em países em vias de

desenvolvimento é essencialmente causada por pressões de custos, derivados de

questões estruturais como a agrícola e a de comércio internacional.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

2.1.2.1. Política econômica

A política econômica é o controle da economia através de medidas, micro ou

macroeconômicas, adotadas pela autoridade monetária de um país.

Podem afetar ou manipular as mais diversas áreas do governo, como a de planejamento

ou de orçamento, com foco macroeconômico; ou com interesse microeconômico, em um

setor específico, por exemplo, a indústria de sapatos. As políticas microeconômicas visam

várias áreas da atividade econômica e criam a base legal em que devem operar os diferentes

mercados, evitando que a competição gere injustiças sociais, podendo ser destinadas a um

setor, a uma indústria ou a um produto. O sistema econômico existente do país ou região, bem

como suas leis e suas instituições definem o alcance da política macroeconômica. Ainda não

existe um consenso quanto ao grau de intervenção do Governo na economia, existindo a

corrente que defende a política do laissez-faire, onde não existe intervenção alguma no

mercado. Em The End of Laissez-Faire, de 1926, portanto 3 anos antes da Crise de 1929,

Keynes critica fortemente este tipo de política e se torna o principal defensor da intervenção

do estado na economia, exercendo um papel fiscalizador, cobrindo possíveis deficiências do

mercado. A política econômica, neste caso, segundo Keynes, deve buscar a redução do nível

de desemprego, garantir condições de um rápido crescimento econômico, administrar as

flutuações existentes, melhorando a qualidade e o potencial produtivo, reduzindo o poder

monopolista das grandes empresas e protegendo o meio ambiente.

Se os diagnósticos dos problemas econômicos mostrarem-se equivocado, a política

econômica pode tornar-se contraproducente e suas diretrizes inadequadas ao problema que se

pretende resolver. A intervenção do Estado mostra-se maior e com políticas mais rígidas nas

economias planificadas ou centralizadas, principalmente em tempos de guerra. O sucesso de

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uma política econômica pode ser medido a partir da reação dos agentes econômicos, da sua

execução e da confiança na administração.

2.1.2.2. Política Monetária

A Política Monetária representa a atuação das autoridades monetárias, por meio de

instrumentos de efeito direto ou induzido, com o propósito de se controlar a liquidez global

do sistema econômico. Para isso, o governo lança mão de dois tipos de política monetária:

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-internacional/)

A ) Política Monetária Restritiva: engloba um conjunto de medidas que tendem a

reduzir o crescimento da quantidade de moeda, e/ou a encarecer os empréstimos.

Instrumentos: (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

� Recolhimento compulsório: consiste na custódia, pelo Banco Central, de parcela

dos depósitos recebidos do público pelos bancos comerciais. Esse instrumento é

ativo, pois atua diretamente sobre o nível de reservas bancárias, reduzindo o

efeito multiplicador e, conseqüentemente, a liquidez da economia.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

� Assistência Financeira de liquidez: o Banco Central empresta dinheiro aos

bancos comerciais, sob determinado prazo e taxa de pagamento. Quando esse

prazo é reduzido e a taxa de juros do empréstimo é aumentada, a taxa de juros da

própria economia aumenta, causando uma diminuição na liquidez.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

� Venda de Títulos públicos: quando o Banco Central vende títulos públicos ele

retira moeda da economia, que é trocada pelos títulos. Desta forma há uma

contração dos meios de pagamento e da liquidez da economia.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

B ) Política Monetária Expansiva: é formada por medidas que tendem a acelerar a

quantidade de moeda e/ou a baratear os empréstimos (baixar as taxas de juros). Incidirá

positivamente sobre a demanda agregada. Instrumentos:

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-internacional/).

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17

� Diminuição do recolhimento compulsório: o Banco Central diminui os valores

que toma em custódia dos bancos comerciais, possibilitando um aumento do

efeito multiplicador, e da liquidez da economia como um todo.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/).

� Assistência Financeira de Liquidez: o Banco Central, ao emprestar dinheiro aos

bancos comerciais, aumenta o prazo do pagamento e diminui a taxa de juros.

Essas medidas ajudam a diminuir a taxa de juros da economia, e a aumentar a

liquidez. (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-

monetaria-e-internacional/).

� Compra de títulos públicos: quando o Banco Central compra títulos públicos há

uma expansão dos meios de pagamento, que é a moeda dada em troca dos

títulos. Com isso, ocorre uma redução na taxa de juros e um aumento da

liquidez. (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-

monetaria-e-internacional/).

2.1.2.3. Política Fiscal

Política Fiscal é a manipulação dos tributos e dos gastos do governo para regular a

atividade econômica. Ela é usada para neutralizar as tendências à depressão e à inflação e

também possuem dois tipos: (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-

monetaria-e-internacional/)

A ) Política Fiscal Expansiva: é usada quando há uma insuficiência de demanda

agregada em relação à produção de pleno - emprego. Isto acarretaria o chamado "hiato

deflacionário", onde estoques excessivos se formariam, levando empresas a reduzir a

produção e seus quadros de funcionários, aumentando o desemprego. As medidas nesse caso

seriam: (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-internacional/).

� Aumento dos gastos públicos; (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-

de-economia/economia-monetaria-e-internacional/)

� Diminuição da carga tributária, estimulando despesas de consumo e

investimentos; (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-

monetaria-e-internacional/)

� Estímulos às exportações, elevando a demanda externa dos produtos;

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/)

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18

� Tarifas e barreiras às importações, beneficiando a produção nacional.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/)

B ) Política Fiscal Restritiva: é usada quando a demanda agregada supera a capacidade

produtiva da economia, no chamado "hiato inflacionário", onde os estoques desaparecem e os

preços sobem. As medidas seriam: (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-

economia/economia-monetaria-e-internacional/)

� Diminuição dos gastos públicos;

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/)

� Elevação da carga tributária sobre os bens de consumo, desencorajando esses

gastos; (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/)

� Elevação das importações, por meio da redução de tarifas e barreiras.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-

internacional/)

2.1.2.4. Política Cambial

A política cambial é constituída pela administração das taxas (ou taxas múltiplas) de

câmbio, pelo controle das operações cambiais, tendo como objetivo central o mercado

externo, no sentido de manter equalizado o poder de compra do país em relação aos outros

com os quais este mantenha relações de troca. Da mesma forma que todo bem tem um valor,

as moedas nacionais também têm seu valor, seu preço - que é a taxa de câmbio - que expressa

o preço da moeda externa em relação à moeda nacional. Se a taxa de câmbio hoje é 2.34

R$/US$, significa dizer que o preço do dólar americano, em termos do real brasileiro, é de R$

2,34 para cada dólar. (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-

e-internacional/)

Como todo preço, a taxa de câmbio é basicamente determinada pela “lei da oferta e da

procura”. Se a procura é maior que a oferta, o preço do dólar, em reais, sobe. Se a oferta é

maior que a procura, consequentemente, o preço cai. São vários os fatores que podem

influenciar a oferta/demanda por dólares, daí a dificuldade que os economistas têm em prever

o comportamento da taxa de câmbio. (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-

economia/economia-monetaria-e-internacional/)

Page 19: Bacen Mono 1

19

O Banco Central é quem define a política ou regime cambial. Existem duas políticas

cambiais extremas. Na primeira, chamada de política de câmbio fixo, que é uma taxa com que

os países se comprometem a manter o mesmo poder de paridade, comprometendo-se o Banco

Central a satisfazer qualquer oferta ou demanda por dólares que o mercado possa necessitar.

Isto é, o Banco Central entra no mercado de câmbio e diz que, para ele, o dólar vale dois reais

e trinta e quatro centavos (2.34 R$/US$), e garante a compra ou venda de qualquer

quantidade de dólares que o mercado ofertar a esse preço. Neste caso o dólar fica parado em

2.34 R$/US$, porque o Banco Central anula, comprando ou vendendo dólares, qualquer seja a

pressão de aumento ou queda de seu preço. A principal vantagem da taxa de câmbio fixo está

na integração dos mercados internacionais em uma rede de mercados conexos, que não têm

incerteza e nem são especulativos. (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-

economia/economia-monetaria-e-internacional/)

O outro tipo de política cambial é definido pelo afastamento do Banco Central do

mercado de câmbio. As taxas flutuam livremente, respondendo aos efeitos da oferta e da

procura. Temos, neste caso, o regime de câmbio flutuante, que possibilita o equilíbrio

contínuo do balanço de pagamento. É importante salientar, que há apenas o afastamento como

instituição controladora, porém o BaCen continua operando no mercado de câmbio.

(http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-internacional/)

Existe, ainda, um outro tipo de política cambial, que seria intermediária entre o câmbio

fixo e o câmbio flutuante, que é a política de bandas câmbio, na qual o Banco Central não

define um preço único para o dólar, e sim um intervalo (banda), dentro do qual ele pode

flutuar livremente. Se a banda, por exemplo, for fixada entre 2.20 R$/2.50 R$, o Banco

Central só entra no mercado se o dólar cair a 2.20 R$, entra comprando dólares, ou subir a

2.50 R$, entra vendendo dólares. (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-

economia/economia-monetaria-e-internacional/)

Quando um país, através do seu Banco Central, faz opção por um regime de câmbio

fixo ou flutuante, é de suma importância que se tenha uma noção abalizada do valor correto

do câmbio para a economia naquele momento. O conhecimento desse valor (que os

economistas chamam de câmbio de equilíbrio) é o referencial que pode definir o sucesso de

um regime de câmbio fixo, ou mesmo o bom funcionamento de um regime de câmbio

flutuante. (http://carteiradeinvestimento.wordpress.com/about/aprendizado/topicos-de-economia/economia-monetaria-e-internacional/)

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20

2.2. BANCO CENTRAL: ORIGEM E HISTÓRIA NO MUNDO

Para que os bancos centrais mundiais tivessem o aspecto de instituição segura e

inabalada, como vemos nos dias de hoje, foi necessário percorrer um longo caminho, com

características e atribuições relativamente similares na grande maioria das economias de

mercado mais complexas. Porém, no desenvolvimento histórico, cada país apresentou

processo próprio devido às demandas trazidas e as respectivas experiências de

desenvolvimento, moldando especialmente a relação entre estado e bancos. GOODHART

(1989) e TONIOLO (1991).

A partir da segunda metade do século XVII inicia-se a evolução bancária, com o estado

concedendo benefícios a bancos públicos ou privados em busca de facilidades para se

financiar. Em termos de historia, os Bancos Centrais não foram criados com a função de

estabilizar a moeda, nem mesmo naqueles países onde foram tornados independentes, com a

exceção da Alemanha do pós-guerra, por razões historicamente compreensíveis. Essas

instituições foram criadas para relaxar restrições sobre o crédito e a circulação monetária,

primeiramente regulada pelo padrão-ouro, vigente de 1870-1914, após o padrão ouro-dolar,

entre 1945 e 1971, e finalmente, a partir de 1971 o padrão-dólar, como conhecemos

atualmente. No hiato de 1914-1944, durante as duas grandes guerras, não houve nenhum

padrão monetário predominante na história da economia mundial.

As instituições mais antigas, das quais o Banco da Inglaterra, criado em 1694 é o

exemplo mais importante, mas cujas linhas gerais são válidas também para o Banco da

França, criado em 1800 pelo Império Francês, e os bancos centrais alemães do século XIX.

Todos surgiram com a função de aliviar as restrições sobre os gastos do setor publico. Em

troca desse serviço, esses bancos receberam privilégios de emissão que acabaram por tornar

suas notas um ativo de reserva para os outros bancos comerciais, evoluindo-se para uma

situação em que aquelas instituições se tornariam banco dos bancos.

Uma vez que um banco passou a ocupar posição central no sistema financeiro,

respaldado pelas relações especiais com o estado, assumiu naturalmente o papel de

emprestador de última instância das demais instituições financeiras, outra atribuição clássica

dos bancos centrais, ao lado do financiamento ao estado. A institucionalização dessa função

formalizou um dos papéis mais importantes dos bancos centrais modernos, ou seja, dar

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21

segurança a operação de instituições bancárias, tornando a oferta de ativos monetários elástica

e não o seu contrário, como algumas teorias da criação dos Bacen´s afirmam.

Dar elasticidade a oferta de ativos monetários foi a função especifica de muitos dos

modernos bancos centrais. O Ato de criação do Federal Reserve System, em 1913, criado

formalmente independente do poder executivo, porém não na prática, estabelece seus poderes

como sendo o do esforço em gerar elasticidade na oferta de moeda através de commercial

paper, ser o maior e mais efetivo supervisor dos bancos nos USA, servindo de fiscalizador e

emprestador de última instância.2

A história do banco central brasileiro, não foi muito diferente de seus assemelhados

europeus, como será possível ver na seqüência deste texto. Quando D. João VI, decidiu pela

criação do Banco do Brasil, precursor do Banco Central, sua função principal era financiar os

luxos e necessidades da coroa, que se tornara corrupta e excessivamente cara. Gomes (2007,

p. 190).

A tabela abaixo mostra os maiores Bancos Centrais do mundo, suas principais

características e seu grau de autonomia e operação.

Este tipo de tabela, nos ajuda a entender o funcionamento de outros bancos ao redor do

mundo, inclusive os mais antigos, como Bank of Englad, Banque de France, os mais

independentes, como o FED e o Bundesbank, os mais novos, como o Banco Central do Brasil

e o Banco Central do Chile, entre vários outros bancos centrais ao redor do mundo.

A tabela é de apenas caráter informativo e comparativo, baseado nas informações

coletadas do estudo do Machado, R. M.A. B. (1993).

2 To provide for the establishment of Federal Reserve Banks, to furnish an elastic currency, to afford means of rediscounting commercial paper, to establish a more effective supervision of banking in the United States, and for other purposes. (citado em Eijffinger & Schalling, 1993, p.83. “grifo do autor”)

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22

BaCen Bundesbank FED Banque de France Bank of England Banco do Japão BNS B.C. do Chile B.C. do Brasil

Institucionais

Objetivos

Estatutários

+Estabilidade e valorinterno e externo damoeda

+Manutenção dosagregados monetários deacordo com o produtopotencial

-Objetivos amplos

-Objetivos amplos

-Objetivos amplos

+Estabilidade interna eexterna da moeda

+ -Estabilidade da moeda eo desenvolvimentonormal dos pagamentosinternos e externos

-Objetivos amplos

Responsabilid

ade e

monitorament

o das políticas

monetárias

+Responsabilidade estatutária pela conduçãoda política monetária,apoiando a políticaeconômica do governo, secompatível

+Explicitamente independente doexecutivo, nadeterminação eimplementação dapolítica monetária

-Governo decide e o bancocentral implementa apolítica monetária

-Formulação e execuçãoda política monetária pelogoverno

+ -Formalmente tem poderesde formular eimplementar a políticamonetária, porémtrabalha em estreitaparceria com o governo

+Constitucionalmente independente do governo,na determinação dapolítica monetária

+Tem autoridade paradeterminar e implementara política monetária,levando em conta asdiretrizes gerais dapolítica econômica do

+ -Formula e com aaprovação do governoexecuta a políticamonetária

Limites de

financiamento

ao governo

+ -Não tem responsabilidadede financiar o déficitpúblico, mas concedecrédito ao governo dentrode limites estritos

+ -Não pode financiar otesouro diretamente, maspode adquirir títulospúblicos no mercadoaberto

+ -Concede créditos aogoverno dentro de certoslimites pré-determinados

-Financia o governomediante aquisição detítulos e valoresgovernamentais, semlimites específicos

+ -É proibida a compradireta de novas emissõesde longo prazo dogoverno, porém nomercado secundário nãohá limites p/ esta prática

+ -A legislação estabelecelimites estritos p/ ocrédito do banco centralao governo

+É proibido financiar,direta ou indiretamente otesouro, mesmo atravésda aquisição de títulos dadívida pública

+É vedado ao BACENconceder direta ouindiretamente empréstimos ao tesouronacional

Instrumentos

de política

monetária

disponíveis e

restrições ao

uso

+Utiliza-se dosinstrumentos monetáriosclássicos. Não hárestrição ao uso destes

+Utiliza-se dosinstrumentos monetáriosclássicos. Não hárestrição ao uso destes

+ -Utiliza-se dosinstrumentos clássicos.Porém, com restrições,acerca dos depósitoscompulsórios.

+ -Utiliza-se dosinstrumentos clássicos.Porém, com restriçõesacerca dos depósitoscompulsórios

+ -Utiliza-se dosinstrumentos clássicos.Porém com restrições,acerca do depósitocompulsório

+ -Swaps de moeda, e emmenor escala asoperações de mercadoaberto. Porém,requerimentos de reservasão limitados em lei.

+Utiliza-se dosinstrumentos clássicos.Não há restrição ao usodestes

+Utiliza-se dosinstrumentos clássicos eda taxa de juros, não hárestrição ao uso dosinstrumentos monetários

Determinantes

da política

cambial

-O governo federal tem aresponsabilidade últimana determinação dapolítica cambial

-O tesouro tem aresponsabilidade últimapela política cambial

-O ministério das finançastem a responsabilidadepela política cambial queé delegado ao bancocentral com podereslimitados

-O governo tem aresponsabilidade final, nadeterminação da políticacambial

-O ministério das finançastem a responsabilidadefinal pela política cambial

-É responsabilidade dogoverno a políticacambial

-Conselho deadministração tem opoder decisório sobre apolítica cambial

-Conselho monetárionacional tem aresponsabilidade decondução da políticacambial

Organizacionais

Função,

composição e

designação

das diretorias

dos bancos

centrais

+Demissões – causastécnicasMandato – presidente ediretoria – 08 anos

+Demissão – justa causaMandato – presidente –04 anosDiretoria – 14 anos

-Demissões – não existemlimitesMandato Presidente –indefinidoDiretoria – 06 anos

+Demissões – causastécnicasMandato Presidente – 05anosDiretoria – 04 anos

-Demissões – razões depolítica econômicaMandato Presidente – 05anosDiretoria – 04 anos

+Demissões – justa causaMandato Presidente ediretoria – 06 anos

+Demissões – justa causaMandato Presidente – 05anosDiretores – 15 anos

Demissões – não existemlimitesMandato Presidente –indefinidoDiretores – Indefinido

Financiament

o das

atividades do

Banco Central

+O banco centraldetermina seu orçamentoindependente do governo

+O banco centraldetermina seu orçamentoindependente do governo.

-O orçamento é aprovadopelo ministro das finanças

+O banco determina seuorçamento independentedo governo

-O orçamento é aprovadopelo ministro das finanças

+Banco determina seuorçamento independentedo governo

+Banco determina seuorçamento independentedo governo

-O banco envia seuorçamento paraapreciação peloCongresso Nacional.

FONTE: Holanda, Marcos C. e Freire, Leonardo, (2002, p. 5)

Quadro Comparativo (Bancos Centrais pelo mundo e BACEN x Aspectos Institucionais e Organizacionais da Independência).

Page 23: Bacen Mono 1

23

2.3. BANCO CENTRAL: ORIGEM E HISTÓRIA NO BRASIL

Em 1945, foi criada a SUMOC com o objetivo de fixar a taxa dos depósitos

compulsórios, de redesconto e assistência financeira de liquidez, além de definir os juros

sobre depósitos bancários. Além disso, possuía outras funções, como a de papel fundamental

na supervisão dos bancos comerciais, orientação da política cambial nacional e representação

junto a organismos internacionais do País. Com isso preparava-se o País para a criação de um

Banco Central, fato que aconteceria 19 anos depois.

O Banco do Brasil, em sua primeira versão, criada em Outubro de 1808, tinha como

objetivo principal, servir ao interesses do governo, financiando o luxo e os vícios da corte

portuguesa recém instalada, sem responsabilidade monetária alguma. Tanto que em 1829, foi

liquidada e somente voltou a operar quase 30 anos depois. (Gomes, 1808). Após sua recriação

em 1853, O Banco do Brasil funcionou durante muito tempo como banco do governo, além

de seguir as definições da SUMOC e do Banco de Crédito Agrícola, Comercial e Industrial

para o recebimento dos depósitos compulsórios e voluntários, controle das operações de

comércio exterior, e execução de operações de câmbio em nome de empresas públicas e do

Tesouro Nacional, enquanto o Tesouro Nacional era o órgão emissor de papel-moeda.

Em 31 de dezembro de 1964 através da promulgação da Lei nº 4.595, estas três

instituições: a Superintendência da Moeda e do Crédito (SUMOC), o Banco do Brasil (BB) e

o Tesouro Nacional, transferiram estas responsabilidades ao recém criado Banco Central do

Brasil (www.bcb.gov.br), vinculado-o ao Ministério da Fazenda do Brasil como autarquia

federal integrante do Sistema Financeiro Nacional, tornando-o assim a autoridade monetária

principal do país.

Após a criação do Bacen, em 1964 buscou-se preparar a autarquia com ferramentas

corretas para assumir seu papel de “banco dos bancos”. Porém este processo se arrastou por

anos e somente em 1985 foi promovido o reordenamento financeiro governamental com a

separação das contas e das funções do Banco Central, Banco do Brasil e Tesouro Nacional.

Em 1986 foi extinta a conta movimento e o fornecimento de recursos do Banco Central ao

Banco do Brasil passou a ser claramente identificado nos orçamentos das duas instituições,

eliminando-se os suprimentos automáticos que prejudicavam a atuação do Banco Central.

Este processo estendeu-se até 1988, quando as funções de autoridade monetária foram

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24

transferidas progressivamente do Banco do Brasil para o Banco Central, enquanto as

atividades atípicas exercidas por esse último, como as relacionadas ao fomento e à

administração da dívida pública federal, foram transferidas para o Tesouro Nacional.

Em outros países, como Alemanha, Suíça e Itália, a centralização do sistema monetário

teve relação direta com a origem do banco central, tornando-o racional, mesmo que de forma

subjetiva, embora o financiamento do estado ficasse em segunda plano.

No Brasil, como se pode notar, esta transição prolongou-se por mais de 20 anos, dos

quais foram cenários de muitas disputas e reviravoltas nos bastidores do poder público

brasileiro. Mesmo após todos esses anos, em 1988, quando finalmente foi promulgado o

funcionamento e regras do Bacen, deixou-se ainda para posterior discussão, a questão sobre

sua independência. Souza Gomes (1967, p. 95) sugere que “[...] forças ocultas dificilmente

identificáveis vinham se opondo a que o Brasil possuísse o seu banco central” já segundo

Corazza Gentil (2005, p.3), “[...] essas forças não eram tão ocultas assim a ponto de não

poderem ser identificáveis. Elas se materializavam no Congresso e no Banco do Brasil, mas

apresentavam claramente os interesses de setores específicos do campo, do setor urbano

industrial e dos banqueiros”.

Contudo, em 1988, com a Constituição Federal, foi possível estabelecer dispositivos

importantes para sua atuação, como a emissão de moeda exclusivamente a cargo da União e

para os cargos de presidente e diretores da instituição, ficou definido que somente se houver a

aprovação prévia pelo Senado Federal em votação secreta dos nomes indicados pelo

Presidente da República. Outro fato importante foi a proibição, por parte do Banco Central,

de emprestar direta ou indireta recursos ao Tesouro Nacional. A Constituição de 1988 prevê

ainda, em seu artigo 192, a elaboração de Lei Complementar do Sistema Financeiro Nacional,

que substituiu a Lei 4.595/64 e redefiniu as atribuições e estrutura do Banco Central do

Brasil.

Para tornar o sistema mais seguro, foi incumbida ao Bacen a fiscalização e

regulamentação do sistema financeiro, paralelamente ao seu papel de banco dos bancos,

procurando evitar que o empréstimo de última instância resultasse em comportamento

imprudente por parte dos demais bancos, conhecido como risco moral. É válido notar também

que a incompatibilidade entre o papel assumido pelo banco central e a atividade comercial

propriamente dita que ainda mantinha foi decisiva para torná-lo público.

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25

A gestão da política monetária pelo Bacen com certeza é o ponto de partida para a

defesa ou não da IBC ou ABC. O papel de gestor da política passou a ser relevante somente

no século XX e a com mais força, aqui no Brasil, mais próximo de seu final. No começo do

século XX o foco era o monopólio público da emissão de moeda e principalmente, nos outros

países, o grau de intervencionismo do estado na economia.

Não havia até 1914 motivos para se discutir a gestão da política monetária pelo

BACEN, uma vez que o padrão-ouro, que vigorou até este ano, e o sistema de paridade com o

dólar vigente no pós-guerra tornavam o espaço de atuação da política monetária limitado. No

primeiro caso, a quantidade de moeda da economia era dada pelo fluxo líquido de ouro para o

país; no segundo, o agregado monetário respondia à aquisição líquida de divisas requerida

para manter a paridade com a moeda americana. Neste último caso, havia mais espaço para a

atuação da política monetária, por causa da baixa mobilidade do capital.

No início dos anos 70 a economia mundial enfrentava a estagflação, apresentando um

desempenho fraco, uma vez que os desempregos estavam em baixa e o valor do dinheiro

estava cada vez menor. Nesta mesma época o fim da paridade entre o ouro e o dólar era

iminente e então a gestão da política monetária começa a destacar-se diante do maior espaço à

idéia dos limites da economia..Todo este cenário depunha contra o ativismo da política

econômica de inspiração keynesiana, em voga desde os anos trinta, particularmente nas

décadas de cinqüenta e sessenta.

Na Europa, Ásia e América do Sul, outros países desenvolvidos e em desenvolvimento

conferiram maior autonomia aos bancos centrais, modificando sua legislação ou

simplesmente ajustando os procedimentos operacionais da política. Através das teorias

econômicas, a gestão da política monetária utiliza como ferramenta a adoção de pressupostos,

tais como imposição de limites aos agregados monetários ou à evolução da taxa de câmbio. Já

no final dos anos oitenta e ao longo dos anos noventa, o destaque dirigiu-se à Independência

do BaCen (IBC), muitas vezes associada ao regime de metas para a inflação. Ainda que a

orientação da teoria econômica tenha sido importante, mais decisivas foram as modificações

institucionais verificadas em vários países, destacando-se as que visavam a criação do banco

central europeu, os acontecimentos no Reino Unido e a reforma neozelandesa, além dos

considerados bem sucedidos modelos alemão e americano.

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26

3. AUTONOMIA DO BACEN: IDEOLOGIA OU NECESSIDADE?

Em 1930, com a criação da Carteira de Redesconto (Cared) do Banco do Brasil, órgão

este, segundo Bulhões (1990), embrião do Bacen, desenha-se o banco central da forma como

o conhecemos hoje, porém ainda na sua forma mais simples de instituição.

Toda política monetária da época, era conduzida diretamente pelo Banco do Brasil e

Tesouro Nacional, que tomavam suas decisões de acordo com o apelo popular, e decisões

governamentais, deixando decisões técnicas de lado, ignorando as filosofias e escolas

econômicas como a conhecemos.

Neste momento, o “BACEN” da época, era completamente dependente de seus

governantes, fato este que ia contra os princípios de seus fundadores, que queriam separar a

autoridade monetária não apenas do Tesouro, mas principalmente do Banco do Brasil, pois ali

se misturavam não só os interesses monetários e fiscais do governo, mas também os

interesses da classe rural, da indústria e dos banqueiros privados. Nogueira (1994) deixa claro

por que todos esses interesses, aninhados no Banco do Brasil, eram contra a criação do Banco

Central. O sentido original da independência da autoridade monetária, então, dizia respeito

não só ao Governo, mas a todos aqueles interesses que se valiam do uso fácil da emissão para

financiar seus negócios. Já em 1931, o Relatório da Missão Niemeyer apontava que a

expansão dos meios de pagamento não decorria só dos déficits fiscais, mas era provocada,

também, pelo descontrole do crédito, através da Carteira de Redescontos do Banco do Brasil.

Em 1964, no ato da criação do Bacen, houve a formalização da idéia de um Banco

Central independente. Esta formalização baseava-se, assim como o projeto do Ministro

Correia e Castro apresentado em 1947, no mandato de seus dirigentes, fixado em cinco anos.

Com isso, esperava-se conter o descontrole do crédito e déficits fiscais. Mas, conforme relata

Dênio Nogueira (ver: Bulhões, 1990, p. 267), foi Castello Branco quem definiu que o

mandato dos diretores do Bacen fosse maior que os dos Presidentes da Republica, na época

de 5 anos, Definiu-se então um mandato de 6 anos, preservando desta forma a instituição de

interferências eleitorais. Apesar de limitada, a independência do Bacen teve vida curta, uma

vez que Dênio Nogueira, primeiro presidente da instituição, não pôde cumprir seu mandato

inteiro e acabou renunciando por pressão do presidente Costa e Silva, que tinha outros

interesses para a direção do banco. Foi ministro Simonsen, no entanto, que propôs a

revogação formal da independência.

Page 27: Bacen Mono 1

27

Dentre os textos que defendem posições contrárias à IBC é necessário destacar os de

Ferreira e Silva (s/d), Ferreira e Freitas (1990 e 1991), Sola Laura, Kugelmas Eduardo e

Whitehead Lawrence; (2002) seus principais argumentos são os da inoportunidade,

inutilidade e ilegitimidade da independência. Menciona-se ainda o fato de que a

independência seria um obstáculo à coordenação da política macroeconômica.

Estes autores defendem que o Brasil não possui maturidade econômica suficiente para

operar sua política monetária através de um banco central independente e que decisões apenas

técnicas na condução dessas políticas, sem considerar variáveis políticas, poderiam ser

desastrosas no curto, médio e longo prazo para a sociedade como um todo. Ainda segundo

eles, um banco central independente estaria sujeito a interesses privados, uma vez que este

poderia ser financiado, talvez não em sua totalidade, mas de alguma forma que os ligaria a

interesses que não estariam de acordo com os interesses da nação.

Para Ferreira e Silva (s/d), as condições peculiares da situação brasileira e, em especial,

das finanças públicas e do sistema financeiro “impedem uma gestão monetária

independente”. O motivo principal pelo qual a independência não é desejada é a

“impossibilidade conjuntural e estrutural de eliminar-se o financiamento indireto”. Porém, os

autores não definem por que a independência impede “mudanças mais profundas, como a

redefinição do padrão de financiamento do setor público”Segundo esta teoria ainda, uma vez

superados estes obstáculos conjunturais, a idéia de independência ganharia sentido, pois uma

coisa é afirmar que a idéia de independência não tem sentido em si mesma, e outra, diferente,

é considerá-la apenas “inoportuna”, devido a problemas conjunturais.

Segundo Walsh (1995a, p. 237): “O desafio do arranjo do banco central é equilibrar a

necessidade de limitar a inflação média com a necessidade de manter suficiente flexibilidade

para o banco central responder aos distúrbios econômicos.”

Braga (1993), defende a independência do banco central e uma total reorganização no

sistema financeiro e monetário, com criação de comissões no intuito de fiscalizar as políticas

e as tomadas de decisões deste órgão independente, como segue: “Comissão Mista

Permanente do Congresso Nacional” com funções regulatórias e o objetivo de definir as

diretrizes gerais das políticas; uma “Comissão de Coordenação da Política Monetária e

Financeira” com o objetivo de “orientar e compatibilizar” as políticas executadas pelo Banco

Central com a política macroeconômica; o Banco Central executaria as políticas monetárias,

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28

creditícia e cambial em consonância com as diretrizes e parâmetros legais fixados pela

Comissão Mista do Congresso e de acordo com a orientação macroeconômica oriunda da

Comissão de Coordenação.

Desta forma, após fixadas as regras, o Bacen conduziria as políticas com uma

autonomia relativa, com a execução consistente ficando sob a única responsabilidade da

Direção do Banco, sem que sejam admitidas mudanças abruptas por parte do governo central.

Ao mesmo tempo evita-se o paroxismo monetarista embutido na idéia de “independência” do

banco central pela qual este, supostamente, asseguraria, pela pura gestão monetária, a

estabilidade econômica. (BRAGA, 1993p. 32).

Já para Fisher (1995a, 1995b) existem dois tipos de autonomia: de objetivos, onde o

banco central decide seus objetivos e utiliza os instrumentos de modo a alcançá-los e

instrumental (ou operacional), onde os objetivos são dados pelo governo, e a autonomia do

banco central se restringe ao uso dos instrumentos para alcançar as determinações.

Para Serra (1991), o banco central pode ser independente sem perder sua subordinação

ao ministério da fazenda, “tornar o Bacen independente não significa, necessariamente,

querer transformá-lo no quarto poder da República, nem colocá-lo acima da lei”, pois ele

pode ser independente “[...] somente se for dependente da lei, que deve fixar com clareza o

que essa instituição pode e o que não pode fazer.” (Serra, 1991, p. 43). Não deve haver

dúvida sobre isso, pois o banco central é uma instituição vinculada e subordinada ao Poder

Executivo: “Não representa um novo poder, nem é órgão auxiliar do Congresso Nacional [...]

Se o Banco Central merece tratamento especial, cabe prever na lei quais suas particularidades

em relação aos demais órgãos do Executivo, mas não excluí-lo das normas gerais da

administração pública federal.” (Serra, 1991, p. 44). Franco (1991) considera a subordinação

do Bacen a outro órgão, que não o ministério da fazenda, somando ainda a criação de uma

junta econômica que decidiria as políticas monetárias, idéia esta que vai completamente

contra a definição de que o comandante da política monetária de um país seja o Bacen.

Com um breve relato, referenciando economistas das mais variadas escolas, defendendo

e reprovando a idéia da IBC, chega-se ao ponto, que se faz necessário, explicitar um pouco

mais as vertentes referentes ao tema abordado, utilizando para isso, os mais variados

pensadores, clássicos ou contemporâneos, abordando então os prós e os contras da IBC:

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29

3.1. TEORIAS A FAVOR DA IBC OU ABC

Existem pelo menos duas interpretações do conceito de IBC, não excludentes entre si,

ao contrário, complementares. A mais influente, conceituada como não-conexidade, baseia-se

no viés inflacionário decorrente da falta de credibilidade da política monetária para perseguir

a estabilidade de preços. A falta de credibilidade, por sua vez, deriva da busca discricionária

de inúmeros objetivos, muitas vezes conflitantes com a estabilidade de preços. Ou seja, este

conceito defende que um banco central independente buscará um objetivo de estabilidade de

preços, mesmo que para isso, vá contra objetivos de curto prazo, muitas vezes conflitantes,

como o emprego ou consumo, objetivos estes, responsabilidade da autoridade fiscal, o

Governo no caso.

Partindo deste conceito, um banco central independente ou autônomo, responsável pela

política monetária, busca a construção da credibilidade, o que requer um grande esforço na

procura da estabilidade de preços, somada a manutenção da flexibilidade necessária para

manter o produto e a taxa de desemprego próximos da tendência de longo prazo.

O outro conceito, chamado de não-subordinação, onde o ciclo econômico político pode

causar flutuação econômica e política. Os incentivos trazidos pela democracia representativa

são tais que resultam numa política monetária do tipo stop and go, com seus efeitos sobre o

desempenho da inflação, produto e taxa de desemprego. Nesta situação, um banco central

independente ou autônomo, possui uma certa habilidade em reduzir a influência

governamental, tanto política quanto financeira, garantindo assim a estabilidade na política

monetária e em sua gestão de processos e políticas internos.

Estudo publicado em 1993, realizado por Alberto Alesina e Laurence H. Summers,

considerou dezessete países industrializados, correlacionando a taxa média de inflação e sua

economia no período 1973 a 1986, choque do petróleo, e o grau de independência de seus

bancos centrais (A origem dos bancos centrais, os arranjos formais para financiamento do

déficit público por meio da emissão de moeda e a forma de escolha de seus dirigentes foram

fatores determinantes para a definição do fator de independência) concluiu que países com

bancos centrais mais dependentes apresentavam maiores taxas médias de inflação se

comparado a países com bancos centrais mais independentes. Espanha e Itália, países com

bancos centrais menos independentes, apresentaram taxas médias de inflação equivalentes a

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30

três vezes a taxa média de inflação verificada em Suíça e Alemanha, os dois países cujos

bancos centrais eram os mais independentes. ALESINA e SUMMERS(1993, p.154-159).

Também, segundo estudos econométricos de Sylvia Maxfield, é possível relacionar os

níveis de independência do banco central e de investimento privado nos países em

desenvolvimento.Segundo estes estudos, quanto maior a IBC, mais alto será o investimento

privado nesta economia. Ainda segundo Maxfield, isso acontece porque os investidores

consideram ser maior a sua capacidade de influenciar a política quanto mais independente o

banco central for do Governo e acreditam na discrição e autoridade da IBC para manter a

estabilidade da política econômica nacional. MAXFIELD (1997, p. 120-127).

Em economias, onde o controle da inflação, é o norte forte da política, um banco central

independente é crucial no sucesso da condução deste tipo de regime. No Brasil, estudos de

Albuquerque (1991), consideram a independência como “uma forma de impor disciplina

fiscal aos governantes”. Para ele, um país com tradição inflacionária como o Brasil, que

nunca se impôs restrições sérias ao uso inflacionário da emissão monetária, o arcabouço legal

tornaria mais transparentes as relações e as responsabilidades entre a política fiscal e a

monetária. A existência de “regras claras”, que definam as relações do Bacen com o Governo,

certamente contribuiria para a solução do problema fiscal. Embora a independência não seja

uma solução mágica, é uma medida que se impõe, “em virtude da fragilidade dos atuais

mecanismos de decisão”.

Considerando Keynes, que defendia a intervenção do estado na economia, para mantê-la

em produção constante e geração de capital e trabalho, é necessária a fiscalização do estado

nas decisões do banco central, tendo como mecanismos de proteção, uma possível

intervenção. Porém admitir que este órgão deva ser totalmente subordinado ao estado e

conseqüentemente a sua política social, já aparenta ser um erro, do qual o Brasil já aprendeu

sua lição, onde com decisões populistas que tinham resultado imediato e efeito de curto

prazo, acabavam deixando uma herança de dívidas e políticas monetárias mal conduzidas e

mal executadas.

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31

3.2. TEORIAS CONTRA A IBC OU ABC

Contra as idéias da IBC, recentes pesquisas econômicas têm posto cada vez mais em

cheque a IBC e seus benefícios, assim como a primazia da defesa da moeda. Segundo estudo

elaborado para o Bank of England, apresentado por Robert J. Barro, professor da Harvard

University, comparou-se, por mais de 30 anos, índices de inflação e crescimento de 100

países. Este estudo constatou que a relação não é significativa para taxas de inflação abaixo

de 10%. e que a inflação somente afeta o crescimento no caso de taxas muito altas. Em um

outro estudo, realizado por Pr. Manfred Gärtner (St. Gallen, Suíça) descobriu-se que os custos

do combate à inflação, correlacionando renda e redução do PIB, mostraram-se menores em

países onde o banco central é dependente, se comparado com países onde é independente.

Utilizando a Suíça como exemplo, segundo ainda Pr. Gärtner, uma redução de 1% na inflação

acarretaria uma redução de 2% no PIB, o que representaria 1000 Francos Suíços per

capita/ano. Portanto, para economias com taxas de inflação inferiores a 10%ªª, o debate a

respeito da IBC ou ABC, seria minimizados devido as conseqüências de uma política

monetarista serem economicamente negativas.

De acordo com William Roberts Clark, professor da New York University, as “políticas

macroeconômicas feitas sob influência eleitoral tendem a gerar mais crescimento e menos

desemprego, apesar de parecerem ser mais inflacionárias do que políticas feitas por

formuladores imunes a essas pressões”, ou seja, segundo Clark (2000), o fator influenciável

nas políticas econômicas e monetárias, ao contrário do que se pode pensar, pode ser benéfico

à economia nacional, no curto e no longo prazo.

Deixar que a opinião pública participe da formulação de políticas, e até se deixar

influenciar por ela, pode não ser tão destrutivo para o interesse público quanto alguns

economistas acreditam. Ao se quebrar este paradigma, o maior desafio, seria permanecer uma

questão política, mais do que tecnocrática na formulação destas políticas, uma vez que,

segundo estes estudos, bancos centrais independentes não podem garantir baixos níveis de

inflação sem sacrifício de crescimento, emprego ou equidade.

Tal discussão tem origem nos diversos grupos setoriais, com força política e tendência a

privilegiar a estabilidade de preços ou emprego, segundo Maxfield (1997). Para ele, a força

do primeiro grupo esta diretamente conectada a capacidade de medidas para conferir

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32

independência ao banco central, assim considerada a sua capacidade de decidir sobre as metas

e as ferramentas de política monetária. Caso contrário, quando privilegiado o nível de

emprego, prefere-se o "controle político do banco" apontado por William R. Clark. Também

são relevantes para definir o nível de autonomia ou independência a natureza das instituições

políticas e o sistema partidário, e as necessidades de financiamento do governo. A correlação

de forças atual, onde ainda é sensível o avanço do neoliberalismo e políticas de ajuste

econômico, justificaria o avanço das medidas tendentes à concessão de autonomia aos bancos

centrais.

E por fim, a maior defesa em relação ao IBC esta sempre relacionada a credibilidade da

economia e da política econômica adotada. Porém, este conceito, segundo Marco Grocco e

Frederico G. Jayme Jr está equivocado.

Para eles, o conceito de política econômica de credibilidade incorre em um problema de

circularidade, ou seja, a política econômica gera credibilidade se eficaz e a credibilidade gera

a política econômica confiável e eficaz. (Grocco e Jayme. 2003.p. 13). De acordo com seu

ponto de vista, este ciclo é maléfico ao sistema, tornando este sistema anti-democrático à

condução da economia, excluindo outras possibilidades de políticas econômicas, talvez até

mais eficazes e populares do que as já adotadas, como aconteceu no governo FHC.

(GROCCO e JAYME. 2003.p. 13).

Em outro ponto do trabalho, esses mesmos autores citam que“a credibilidade de uma

política econômica é determinada por fatores endógenos à sociedade onde é implementada, e

não determinada exogenamente, por um manual de economia qualquer”, onde acreditam que

estas políticas são influenciadas por interesses privados, de outros players do mercado, que se

interessam por um cenário de altas taxas de juros, ou prazos maiores de pagamento, e que

neste momento o critério de credibilidade não é econômico, e sim político. (GROCCO e

JAYME. 2003.p. 14.).

3.3. NO BRASIL: IDEOLOGIA OU NECESSIDADE?

A discussão sobre a IBC, sua necessidade ou não, ainda mostra-se muito limitada. Por

um lado, uma reforma fiscal desconectada da reestruturação dos mecanismos de

financiamento da economia pode ser insuficiente para equilibrar as contas públicas, pois não

equaciona as demais necessidades de financiamento da economia. Por outro, é difícil

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33

imaginar como um maior grau de independência, por si mesmo, possa conter as pressões

sobre o Bacen e o Tesouro. “Desta forma torna-se inatingível a estabilização, entendida como

a ausência de pressões monetárias sobre o banco central, permitindo a manutenção do valor

da moeda.” (BRAGA, 1993, p 4).

Apesar de vários pensadores e estudiosos a respeito desse tema, não é possível, de

forma simplória estabelecer uma fórmula de atuação do Bacen no Brasil, visto que após

tantos anos de dependência deste órgão ao governo, com a confusão das políticas fiscais,

monetárias e sociais, seu papel ficou distorcido diante de sua real função. A idéia deste

trabalho é, através dos conceitos econômicos estabelecermos uma linha de pensamento que

aborde e atuação do Bacen e a importância de sua autonomia ou não, em cenários adversos.

Com a introdução do Plano Real, 1994, iniciou-se um processo no Bacen de autonomia,

que se não legal, na prática já esta acontecendo. Torna-se necessário então discutir a

autonomia do banco central e qual seu papel na condução da política monetária e econômica.

Sempre que crises como a 2008, iniciada nos EUA, devido a hipotecas mobiliarias, ganham a

luz dos acontecimentos, pensadores, economistas e filósofos vêm a público para defender ou

crucificar a IBC.

Observando o comportamento de todas as economias na mais recente crise que

enfrentaram, apesar de ser muito cedo para dizer o melhor modelo utilizado na condução da

política, percebeu-se que onde existe a autonomia de processos e ferramentas do Bacen e um

controle por parte de órgãos governamentais, estas economias mostraram-se mais preparadas

e ágeis para o enfrentamento da crise. Como se pôde observar, todas as economias que

seguiram este modelo, inclusive a brasileira, obtiveram sucesso perante a crise de 2008 e

acabaram saindo mais fortalecidas de um cenário adverso, enquanto que economias que

possuíam bancos centrais muito fortes e também independentes, passaram e passam ainda por

grandes turbulências econômicas.

Nesse contexto, vêm-se construindo um modelo de autonomia parcial dos bancos

centrais em relação ao Poder Executivo na condução da política monetária. Valores como

controle da inflação e a garantia da estabilidade de preços se tornariam predominantes sobre

os demais, especialmente em países que superaram, em períodos recentes, os seus processos

inflacionários.

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34

Seria um Bacen subordinado ao Poder Executivo, e com ferramentas que legitimam sua

autonomia, como a função de implementar e executar as políticas por ele definidas, podendo

participar de sua definição, mas sem poder de veto. Da mesma forma, a responsabilidade

política pelo êxito ou fracasso não é da instituição, mas do Governo. Um Banco central

independente, é o que tem total liberdade na elaboração e condução da política monetária,

cabendo-lhe escolher livremente os instrumentos a serem utilizados. A independência inclui o

poder de definir a sua própria estrutura interna, assim como a supervisão e controle do

sistema financeiro. A autonomia seria a confluência destes dois modelos.

Conforme Serra (1991) e Saddi (1997), não é possível tornar o banco central um quarto

poder, fato que aconteceria caso fosse definido um banco central independente, porém torna-

se muito arriscado, também, deixá-lo a mercê das políticas fiscais e sociais do governo, logo,

um banco central autônomo estaria dotado de uma "liberdade relativa". Dessa forma, ao passo

que o Poder Executivo formule as diretrizes a serem seguidas é papel do bacen implementá-

las de modo a atingir "o objetivo da estabilidade monetária, na qual foi concedida a

autonomia". O Bacen define os instrumentos para a condução da política monetária em

sintonia com as diretrizes mais gerais da política econômica estatal e sua autonomia deve ser

“dirigida ao coletivo e ao interesse público.3 (Saddi, 1997: 56).

A autonomia de um Bacen pode ser medida se características econômicas forem

identificadas, sendo as principais (Saddi, 1997: 73-76):

• Estabilidade macroeconômica;

• Uma política fiscal adequada, reduzindo a necessidade de financiamento ao Tesouro

por parte do banco central;

• Reconhecimento por parte da classe política da legitimidade da autonomia e as

limitações ao papel do governo;

• Consciência Nacional;

Já para ROLL (1993: 56), a autonomia pode ser caracterizada se for identificado cinco

condições, a saber:

3 “o órgão de disciplina monetária deve ser autônomo para tomar decisões racionais e técnicas sobre moeda, sem as ingerências alheias com fins políticos que tanto caracterizam as atividades dos mandatários do Estado moderno. Para tanto, não deve estar subordinado hierárquica ou funcionalmente a nenhum órgão ou cargo do Poder Executivo. Por ser autônomo, segundo esta proposição, ainda que deva satisfações a respeito de suas ações ao Poder Legislativo e, em alguns casos, ao Poder Judiciário, o banco central zelaria apenas pela estabilidade da moeda, acomodando tão-somente as demandas sociais que não causassem a sua desestabilização. (SADDI, 1997: 56)”

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1. A limitação de objetivos e funções, com a definição clara de sua área de

atuação e poderes;

2. Precisão e Especificação das metas a serem atingidas pela política monetária;

3. Base estatutária para autonomia: pode-se ser feito através de lei ou

assembléia, com ata constituída. Na falta de estatuto o Governo poderia

interferir nos processos a qualquer momento. Deve-se deixar claro quando o

BACEN perde sua autonomia perante o Executivo assim como as formas de

prestação de contas da instituição.

4. Garantias institucionais do Executivo: definido na base estatutária;

5. Nomeação da diretoria do bacen: com regras claras para sua nomeação e

destituição, e duração do mandato, de preferência que não seja coincidente

com o Presidente ou Chefe do Executivo.

Os pontos negativos da autonomia são: necessidade de definir o responsável político

pelo manejo da economia; Ausência de legitimidade da diretoria do banco central, que sem

ser eleita para um mandato, exerce-o em sua plenitude; Eventual conflito que pode vir a

surgir, no âmbito da coordenação das políticas econômicas, em função do duplo comando

(Governo e banco central); E por fim, a concentração de poderes, o conflito de competências

e a "personificação do dirigente do banco central", que concentra no seu principal dirigente o

ônus ou o bônus do sucesso ou fracasso na condição da política monetária. Em face dessas

contradições, não existe um modelo único de banco central autônomo.

Exemplos, como Chile, onde o banco central é considerado um dos mais independentes,

um grupo multidisciplinar é o responsável pela coordenação da política econômica. Este

grupo é subordinado ao Presidente da República e estão nele o Presidente do Banco Central

do Chile, que também se reporta diretamente ao Presidente da Repúplica, o Ministro da

Fazenda, entre outros. No Japão, modelo parecido ao do Brasil, o Banco do Japão tem um

objetivo claro contra a inflação, e é vinculado formal e hierarquicamente ao Ministério da

Fazenda, e seus dirigentes não têm um mandato legal. Esse fato revela a existência, em alguns

casos, de autonomia não-formal, mas legitimada pelos resultados alcançados pela instituição

no alcance de metas de controle da inflação.

Nas páginas 10, 11 e 19 deste documento foram abordadas algumas condições, na

ocasião da constituição de 1988, que facilitariam a autonomia do BACEN.

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Apesar de existirem condições para o Bacen trabalhar com certa autonomia, não há

proteção que evite torná-lo instrumento de financiamento do governo vulnerável às pressões

do Tesouro. Além disso, o parágrafo 3º do art. 164 da CF determina que "as disponibilidades

de caixa da União serão depositadas no banco central", atribuindo-se, portanto, ao Bacen uma

função de “banco” do governo.

Segundo Saddi, Jairo, quando o Bacen no Brasil foi criado, a questão da autonomia ou

Sujeição ao Poder Executivo não ficou esclarecida.4. Ainda segundo Saddi,, para exercer com

maior autonomia suas funções o bacen deve reduzir as suas funções não-regulares, como, nos

setores legislativos ou normatização, executivo, tributação, fiscalização e diplomacia, dentre

outras que com o tempo lhe foram sendo.

Seguindo esse pensamento, o bacen deve concentrar-se nas atividades monetárias, uma

vez que defender a moeda, para Saddi, é o papel principal do Banco Central, (SADDI,

1997:212). As funções de supervisão ou ordenamento do mercado financeiro seriam

transferidas, para um órgão de controle como a CVM e Susep.

Quanto a esse ponto, uma das propostas em discussão junto ao Governo Federal,

apresentada por Henrique Meirelles, atual presidente do BACEN, é no sentido de que seja

criada uma superagência para todo o sistema financeiro brasileiro. Essa agência reuniria

atribuições de supervisão e regulação, hoje a cargo do BACEN, da CVM e da Secretaria de

Previdência Complementar (SPC), relativamente aos fundos de pensão.

O The Bank of England, autônomo desde 1997, implementou recentemente proposta

semelhante a apresentada por Meirelles. No Reino Unido houve a transferência de funções de

fiscalização e regulação para uma nova agência, que veio a reunir competências de nove

agências pré-existentes, indo das áreas imobiliária e habitacional e de seguros, de

investimentos e mercado futuro à fiscalização bancária.

Embora ainda seja um embrião, caso se concretize, surgirá uma entidade extremamente

poderosa, e que, dotada de autonomia, constituir-se-ia efetivamente num Quarto Poder. Em

qualquer situação, essa entidade jamais poderia estar totalmente imune ao controle social ou

ao controle do Congresso Nacional.

4 “a disciplina constitucional do Banco Central, em resumo, é omissa nos detalhes da estabilidade de seus mandatários, não restringe de forma completa a vedação de empréstimos ao Tesouro e remete a uma futura lei complementar, até hoje não emanada, a disciplina do sistema financeiro nacional. Optando apenas pelos parâmetros

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Segundo Saddi(1997: 217) para que esse objetivo seja atingido, devem ser atendidos

sete princípios básicos:

I. Proibição de financiamento ao Tesouro;

Os bancos centrais autônomos podem atuar comprando títulos de seus governos, porém

não pode haver pressões políticas para financiar o Tesouro.

II. Garantia de mandato dos dirigentes;

Como já fora dito neste trabalho, mandato fixo aos dirigentes, isolando-os de toda e

qualquer influência política na gestão e garantindo que as decisões sejam tomadas da forma

mais técnica e adequada a cada situação particular. No Brasil a discussão ainda é recente,

porém em alguns órgãos definiu-se um mandato de 2 anos, sempre renováveis, como no caso

da Procuradoria Geral da Republica e das Agências Reguladoras5. Na Europa, os presidentes

dos bancos centrais dos países membros da União Européia possuem mandato fixo de, no

mínimo, cinco anos.

III. Próprio regime jurídico, ou estatuto do Banco Central;

Para Saddi, o Banco Central deve permanecer como autarquia federal, de tipo especial,

regida por lei própria – a Lei Complementar de que trata o art. 192 –assegurando aos seus

servidores, por conseqüência, estatuto que garanta proteção a perda do cargo, repercutindo,

em toda a sua estrutura, as garantias asseguradas aos seus dirigentes.

IV. Regime cambial a ser adotado;

V. Regulamentação da transferência de lucros do Banco para o Tesouro;

A questão da definição do regime cambial e a transferência dos lucros do Banco Central

para o Tesouro conectam-se a política monetária adotada.

Antes de 1988, os lucros do BACEN eram acumulados no próprio Banco. Com a nova

constituição, definiu-se que os lucros passariam a ser transferidos para o Tesouro, sob a forma

de receita, por outro lado, possíveis prejuízos seriam compensados pelos resultados de

exercícios seguintes. A partir do 3T94, passaram a ocorrer prejuízos não compensados. Em

1994, esse prejuízo foi de R$ 14,4 bilhões, devido a política cambial adotada na época..

gerais, a constituinte acabou não indicando o modelo de autoridade monetária para o Brasil: autônomo ou dependente do Poder Executivo" SADDI (1997, p.197). 5 A exceção é a Agência Nacional de Telecomunicações – ANATEL. A Lei nº 9.472, de 16 de julho de 1997 previu, em seu artigo 8°, que a sua autonomia, vinculada à “natureza de autarquia especial” que lhe foi conferida é caracterizada por “independência administrativa, ausência de subordinação hierárquica, mandato fixo e estabilidade

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A política de priorização do capital financeiro, adotada desde 1995, acarretou graves

prejuízos ao BACEN e, por conseqüência, ao Tesouro Nacional. Segundo o Bacen, de 1994

até 1T00, o banco teve prejuízo acumulado de R$ 34,15 bilhões (em valores de dez/1999).

Somente em 1999, devido a atuação do Bancen no mercado cambial e de perdas com o

PROER, foi de R$ 13 bilhões (www.bacen.gov.br). Desde dezembro de 1998, a Medida

Provisória n° 1.789, definiu que, a partir de 1994, os prejuízos do BACEN seriam assumidos

pelo Tesouro Nacional.

Com a proteção destas regras, o bacen pode gerar déficits ou prejuízos, e estará

amparado pela sua “autonomia”, sem prejuízo público direto para a sociedade. Haverá, é

claro, uma distribuição dos prejuízos pela sociedade, porém não será sacrificada despesas de

caráter social, ou de investimentos públicos.

VI. Estabelecimento de mecanismos de prestação de contas (accountability);

Do ponto de vista de prestação de contas, o Bacen deveria mostrar seus resultados e

objetivos atingidos, como forma de avaliação da política e estratégia adotada. Com o

entendimento da criação de uma “agência” para regular o Bacen, esta prestação de contas

seria avaliada por esta agência periodicamente.

Esta idéia nos direciona à necessidade de que sejam assegurados mecanismos de

accountability eficazes, porém sem interferir na capacidade operacional da instituição, e

impeçam que a luta em defesa da moeda, sacrifique interesses da sociedade que tenham

importância tão relevante ou mesmo maiores.

VII. Coordenação macroeconômica.

Na busca da estabilidade monetária, deve-se criar um órgão hierarquicamente superior

ao próprio Bacen, livre de representação corporativa. Também deve existir um comitê misto,

com representantes do Executivo e do Banco, no intuito de coordenar todas as políticas

macroeconômicas, dando ao Poder Executivo a prerrogativa de vetar qualquer decisão.

Respeitado estes princípios, ao invés de “independência”, deve ser estabelecida a

autonomia do Banco Central, mas por meio de sua submissão a “Super Agência”, a qual

caberia definir, em concordância com o Bacen as políticas monetária, cambial e creditória,

definindo os marcos para sua ação autônoma. A “agência” também ficaria responsável em

de seus dirigentes e autonomia financeira”,, enquanto o art. 9º estabelece que a agência “atuará como autoridade administrativa independente”. No caso da ANATEL, os mandatos dos dirigentes são de 5 anos.

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impedir as relações promíscuas entre o Bacen e o setor privado, fixando limites para o

financiamento à instituições financeiras privadas e instituindo um regime de "quarentena"

para sua diretoria, fortalecendo o seu quadro de pessoal e sua capacidade operacional.

O Bacen deve dispor de várias “autonomias” para garantir seu correto funcionamento,

como a autonomia operacional, instrumental, patrimonial e administrativa. A operacional

considera a condução prática da política monetária, garantindo flexibilidade para sua

implementação nos termos definidos pelo Executivo;. A autonomia instrumental, garante de

acordo com a política monetária, instrumentos a serem utilizados da melhor forma, incluindo

recursos técnicos objetivando determinado resultado; A autonomia patrimonial implica na

liberdade, do Banco Central dispor de seus bens materiais e financeiros que são suscetíveis de

apreciação econômica, respeitando os limite da lei;. E a autonomia administrativa, limitada

pelo princípio da legalidade (art. 37, “caput” da CF). A esse respeito, o Banco Mundial

recomenda que se deve dispor de suficientes recursos humanos e financeiros, garantindo

autonomia orçamentária gerando capacidade para atrair e reter profissionais de alta qualidade

através de políticas salariais adequadas e planos de carreira baseadas no mérito.

Porém, é necessário resolver primeiro a vulnerabilidade do Bacen à facilitação de

interesses privados nos interesses públicos. A falta de separação clara entre público e privado

é claramente notada, faltando ao BACEN não só independência em relação aos políticos do

momento, como também em relação aos interesses financeiros internos e externos.

Dessa forma, a concessão da autonomia do Banco Central em relação ao governo só

deve ser considerada, se o relacionamento com o sistema privado, externo e interno estiver

bem fundamentado, bem como a definição de uma diretoria com isenção de interesses e

pressões políticas, algo ainda improvável no Brasil.

Para que o Brasil possa realmente ter um sistema central autônomo e o utilize em sua

plenitude de direito e dever, é mandatária uma mudança completa nas relações com o setor

privado, além de uma reformulação nos critérios de seleção de seus dirigentes e o principal, a

alteração da Constituição, ou o Estatuto do Banco Central e ainda reformulação de processos

administrativos internos, afim de blindar e dar mais segurança ao sistema. Desta forma, o

sistema fica imune a oscilações políticas, evitando escândalos que possam afetar a

credibilidade perante os agentes econômicos e incentivando uma mudança na cultura

econômica brasileira.

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Feito isso, o relacionamento do Bacen com o Executivo deverá ser de uma cordial

autonomia, zelando pela ordem monetária da sociedade, mesmo que isso contrarie os anseios

políticos, especialmente em períodos pré-eleitorais. Neste cenário, é importantíssimo um

banco central saber dizer não quando identifica risco de qualquer natureza, tomando como

missão principal a estabilidade de preços e de sua moeda.

É necessário também que o bacen utilize suas ferramentas para manter a estabilidade e

legitimidade de operações no Sistema Financeiro Nacional, porém ao identificar qualquer

situação que possa apresentar risco ou falta de transparência e credibilidade, reportar

imediatamente a “superagência” a ser criada, trabalhando em parceria, evitando assim

relações promíscuas e possíveis crises de confiança.

A autonomia do bacen, seria para o sistema político no Brasil um espécie de contrapeso.

Segundo Saddi:

“...no regime democrático é necessário que ‘o poder controle o poder’. O

melhor controle, nesse caso, é outorgar uma parcela deste poder -- o poder

monetário -- a uma instituição que, fazendo parte do Poder Executivo e a ele se

reportando, tenha um mandato fixo, com condições para seu exercício e parâmetros

para o seu desempenho. A lei outorga este mandato, garantindo a autonomia apenas

para que o banco central vele pela estabilidade da moeda. Desta forma, o banco

central deve ser autônomo do poder Executivo, das pressões da sociedade civil e das

instituições financeiras...”

O sistema político brasileiro, para ratificar a autonomia do Bacen, precisa passar por um

processo de absoluta mudança em relação ao entendimento de autonomia. Se for observado o

sistema como funciona, até órgãos que foram concebidos como autônomos, hoje têm um

grande grau de dependência do poder executivo.

Pode-se observar como exemplo, as agências executivas ou agências reguladoras, que

por lei foram concebidas com autonomia administrativa e financeira, e portanto uma maior

capacidade de gestão, mas que, na prática, atendem a vontade do Poder Executivo,

sujeitando-se a manipulações políticas e subordinadas ao núcleo estratégico do governo.

Portanto, para o crescimento e fortalecimento da economia, o Brasil deve providenciar

que os conceitos de autonomia que já existem realmente sejam postos em prática, em

agências e órgão criados já com esta idéia e posteriormente, iniciar o processo de um Bacen

autônomo.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Analisando toda a estrutura econômica mundial, as correntes que a cercam e todas as

suas vertentes, os efeitos que um banco central tem dentro de uma sociedade, é possível

concluir que a Autonomia do Banco Central e principalmente a idéia de Independência deste

órgão, só pode ser concebida se, e somente se, a sociedade estiver suficientemente madura

para trabalhar com um banco central autônomo.

Seguindo esta idéia, e procurando exemplos práticos, no Brasil e no mundo, percebemos

que determinados comportamentos ou atitudes, só foi possível realmente, devido a alta

maturidade da sociedade participante.

No Brasil, podemos utilizar casos recentes, que exemplificam este pensamento. Durante

toda a década de 1980, quando houve trocas de planos econômicos, este tipo de manobra só

mostrou-se possível devido ao pequeno grau de maturidade que existia na sociedade brasileira

nesta década. Uma sociedade ainda constrangida e traumatizada pelos regimes ditatoriais e

militares que governaram o país, acostumada ao papel de telespectadora diante das manobras

políticas e econômicas dos governantes. Desta forma, quem estava no poder, sentia-se no

direito de seguir suas idéias próprias e tomava atitudes que visavam seu próprio beneficio ou

de determinado setor da sociedade, não governando da forma como deveriam, para todos,

sem exceções ou descriminações. O Bacen, era um agente coadjuvante neste momento e

trabalhava de forma totalmente dependente de ações políticas, que buscavam estratégias

muitas vezes contraditórias aos interesses do país.

Porém em 1988 com a constituinte, este cenário lentamente começa a sofrer alterações e

a sociedade brasileira começa a se conscientizar de seu papel, a imprensa assume seu papel

fiscalizador e informativo. O Bacen começa então, a tornar-se um órgão mais respeitado e

conceituado. Em 1994, com a implantação do Plano Real, percebe-se a importância de uma

moeda estável para a economia e a sociedade. Apesar de uma política restritiva, com juros

altos e impostos sufocantes, há uma percepção geral, dos políticos e sociedade, que estas

medidas são necessárias para a estabilização da moeda e melhora das condições econômicas

do país. Neste contexto, o Bacen teve um papel fundamental como agente coordenador desta

política e começou a tornar-se autônomo de pressões políticas, podendo assim adotar

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medidas, que em muitos casos, contrariavam estes interesses no curto prazo, em beneficio de

uma melhora no longo prazo.

A grande confirmação do papel autônomo do Bacen foi em 2002, quando da eleição do

Presidente Luis Inácio Lula da Silva, o Lula. Apesar do temor geral de que a política

econômica não seria seguida, devido a toda história de Lula, como sindicalista e correntes

socialistas presentes em seu partido político, os políticos e a sociedade mostraram-se maduras

em seus conceitos, de forma que os políticos entenderam qual era a necessidade do pais

naquele momento, e a sociedade, mostrou por sua vez, que apesar de descontente em relação

a política adotada, entendia que para alcançar a estabilidade de preços e uma renda melhor,

com igualdade de condições, era necessário manter a política e não aceitaria regredir depois

de tanto já conquistado.

Neste momento, o Bacen tornou-se autônomo, não formalmente como já explicado

neste trabalho, mas em seus processos e ferramentas, definindo as políticas a que lhe

conferem, de forma isenta e autônoma das pressões que por ventura sofra.

Em países, onde a maturidade das instituições é muito maior, como USA, Alemanha,

Japão, os bancos centrais podem atuar de forma independente em sua plenitude, de direito e

de fato, pois a sociedade e a classe política, já entende e exerce pressão fiscalizatória nas

instituições, como o banco central e agencias reguladoras.

Porém, em países onde a população ainda é refém das vontades dos políticos, como

Venezuela e Cuba, este comportamento é impensável, por hora, devido a falta de

transparência e maturidade da sociedade e da classe política.

Portanto, ratificando a conclusão, a autonomia do bacen, apesar de todos os benefícios

que proporciona, só é possível a partir do momento que a sociedade se torna o

suficientemente madura para entender a importância da política monetária adotada em cada

momento que for apresentado. Sem esta maturidade, não é possível se desenvolver um

dialogo construtivo a respeito da IBC ou ABC. Seria necessário primeiramente, fortalecer as

instituições, investir em educação e contar com leis transparentes que sejam válidas a todos

integrantes do país. Feito isso, a ABC pode ser uma realidade, adaptada a esta sociedade.

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