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FICHA PARA CATÁLOGO

PRODUÇÃO DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PROFESSOR PDE 2010

Título: A Construção de Significados na Leitura de Editorial de Jornal: Uma visão crítica

dos fatos.

Autor: Professora PDE – Rosa Maria Martins Garcia

Escola de Atuação: Colégio Estadual Benedita Rosa Rezende

Município da Escola: Londrina

NRE: Londrina

Orientador: Professor Doutor: Paulo de Tarso Galembeck

Instituição de Ensino Superior: UEL – Universidade Estadual de Londrina

Área de Conhecimento: Língua Portuguesa

Natureza da produção Didático-Pedagógica: Unidade Didática

Relação Interdisciplinar: História / Sociologia

Público Objeto da Intervenção: 2.º Ano do Ensino Médio

Localização: Colégio Estadual Benedita Rosa Rezende, Av. Robert Kock, 377

Apresentação: O material didático-pedagógico apresentado nesta unidade didática, propõe

desenvolver uma proposta de encaminhamento didático com atividades de leitura de Editorial

de Jornal, com alunos do 2.º ano do Ensino Médio, em uma perspectiva dialógica

interlocutiva sugerida nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná. Acreditamos

que o gênero editorial constitui-se um grande instrumento para a formação do leitor crítico,

uma vez que leva o aluno a ler sua realidade social e cultural. Buscamos, assim, oferecer aos

alunos um gênero discursivo que trata de temas sociais polêmicos inseridos na esfera de

atividades do aluno, e, dessa forma ressaltar a interação entre escola e a realidade social

expressa na mídia, como formas de estimular a participação dos alunos na vida social e

política como sujeitos conscientes de seu papel na sociedade.

Palavras-chave: gêneros textuais; editorial; jornal

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ….............................................................................................................. 03

ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO …..................................................................04

CRONOGRAMA …............................................................................................................ 06

O TEXTO JORNALÍSTICO.................................................................................................07

NOTÍCIAS DO FIM DO MUNDO..........................................................................................07

CONHECENDO ALGUNS GÊNEROS MIDIÁTICOS:

A NOTÍCIA .............................................................................................................................09

Massacre na Escola - Atirador mata 12 estudantes no Rio ….................................................09

NOTÍCIA OU REPORTAGEM? ….........................................................................................10

Wellington justifica o crime por ser vítima de bullying ….......................................................10

A CRÔNICA JORNALÍSTICA …....................................................................................... ...12

Meu bullying.............................................................................................................................12

QUESTIONANDO E REFLETINDO

Além da indisciplina – “Pais pensam que a escola resolve tudo”.............................................12

SUGESTÕES DE LEITURA

“Salas de aula são barris de pólvora”........................................................................................14

Aluno é “recebido” com socos e chutes …...............................................................................14

Instituição é despreparada para enfrentar diferenças …...........................................................14

Cidadania em risco – A violência que explode na escola …....................................................14

Cartas do leitor ….....................................................................................................................14

Violência nas escolas …...........................................................................................................15

Educação de luto …..................................................................................................................15

PESQUISANDO E ESCREVENDO …...................................................................................15

EDITORIAL …....................................................................................................................... 15

Tragédia no Rio …....................................................................................................................16

De repente o terror …...............................................................................................................17

PARA ENTENDER MELHOR …........................................................................................... 18

OS DIFERENTES PONTOS DE VISTA DOS EDITORIAIS …............................................18

DE LEITORES A REDATORES ….........................................................................................19

ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES ….............................................................................20

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ….................................................................................21

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INTRODUÇÃO

Esta produção didático-pedagógica propõe atividades para desenvolver a leitura de Editorial

de Jornal, em uma perspectiva dialógica, interlocutiva, sugerida nas Diretrizes Curriculares da

Educação Básica do Paraná, que concebe “a leitura como um ato dialógico, interlocutivo. O leitor,

nesse contexto, tem um papel ativo no processo de leitura (2008, p.71).” Entende-se, assim, que a

leitura é um processo dialógico entre autor/leitor, e a aprendizagem que se dará nessa interação,

consiste na leitura compreensiva e responsiva de concordância ou discordância. “A aula deve ser

um fórum de diálogo e negociação de concepções e representações da realidade (Neira, 2004,

p.86).” Também fundamentarão a elaboração das atividades, os gêneros textuais concebidos por

Bakhtin, que apresentam a heterogeneidade dos gêneros discursivos na atividade humana. “A

riqueza e a diversidade dos gêneros do discurso são infinitas porque são inesgotáveis as

possibilidades da multiforme atividade humana (Bakhtin, 2003, p.262)” Os gêneros são formas de

enunciados relativamente estáveis nas esferas comunicativas das atividades humanas. A diversidade

desses gêneros é determinada em função da situação, posição social e das relações pessoais entre

participantes da comunicação.

Situamo-nos em um contexto que reconhece a importância da leitura no processo ensino-

aprendizagem, e considera, ainda, a complexidade do trabalho com a leitura e o desafio para

efetivar tal prática no espaço da sala de aula, isso nos levou à reflexão e à busca na contribuição

teórica, de ferramentas que auxiliassem a elaboração de atividades de leitura do gênero editorial de

jornal, para que possam intervir no processo de construção do conhecimento e na formação do

indivíduo. Gonçalves (2010, p.77) postula que “a leitura crítica da mídia na sala de aula, é tarefa

imprescindível para a formação de leitores críticos, visto que os assuntos atuais despertam a

curiosidade dos jovens e contribuem para que eles adquiram o hábito da leitura.” Sob esse enfoque,

escolhemos desenvolver uma proposta de encaminhamento didático, com atividades de leitura de

Editorial de Jornal, com os alunos do 2.º ano do Ensino Médio, de uma escola pública, localizada na

região Leste da cidade de Londrina. Buscamos, assim, proporcionar aos alunos o contato com um

gênero discursivo que trata de temas polêmicos, inseridos na esfera de atividades do aluno, e

ressaltar a interação entre a escola e a realidade expressa na mídia, como formas de estimular a

participação dos alunos na vida social, política como sujeitos da sua história. Isso se justifica

porque, “o papel da escola é formar cidadãos conscientes e autônomos, que sejam fiéis aos seus

sonhos, respeitem os outros e que intervenham de forma científica, crítica e ética na realidade

brasileira (Neira, 2004, p. 87).”

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ENCAMINHAMENTO METODOLÓGICO

O encaminhamento metodológico das atividades desta unidade didática consistirá,

inicialmente, na preparação da turma, por meio de uma solicitação para que os alunos acompanhem

os noticiários de diferentes jornais locais. Esta atividade tem como objetivo fazer com que os alunos

se familiarizem com o jornal. Observem sua organização e reconheçam os diferentes gêneros

textuais que circulam no jornal. A ideia vai além da busca de informações, pois também discute

sobre os assuntos desses textos.

A justificativa para essa proposta reside no fato que os alunos, apesar de estarem informados

de alguns fatos, não estão acostumados a ler jornais. As informações chegam até eles, por meio da

televisão, Internet ou transmitidas oralmente pelos familiares e amigos.

O passo seguinte é a exposição oral dos conteúdos que serão desenvolvidos nesta etapa.

Então, serão feitos questionamentos sobre a pesquisa solicitada anteriormente. Perguntas tais como:

O que acham dos textos lidos? Quem é favor disso? Quem é contra? Por quê? Essas perguntas

facilitarão a promoção de um debate que vai ajudar os alunos a perceber os temas que podem ser

discutidos a partir daquela notícia. Além disso, cabe aproveitar o momento para mostrar-lhes que,

quando discutimos um tema começamos a tomar posicionamento e defendemos nossas opiniões. O

resultado da pesquisa, as informações coletadas pelos alunos, suas considerações proporcionarão

subsídios para que a professora tenha conhecimento do ponto onde deve iniciar a ação e os alunos

possam entender e participar da mesma. “É de fundamental importância que os educandos sejam

previamente informados sobre o que será tratado com eles, a fim de que saibam para onde caminhar

seus esforços no processo aprendizagem e com que finalidade estão aprendendo (Gasparin, 2009,

p.25).”

Após esta prática inicial, espera-se que os alunos conheçam a organização do jornal e os

diferentes gêneros que nele circulam. Dessa forma, preparados, os alunos receberão textos do

gênero: notícia, reportagem, entrevista, carta ao leitor, carta do leitor, editorial; para que possam ler

e analisar as diferenças linguísticas, a intencionalidade e a construção composicional dos textos. A

professora formulará perguntas que visam à promoção de debate, para que os alunos percebam que

os temas discutidos geram opiniões divergentes e cada um dos participantes procura justificar seu

ponto de vista.

O desenvolvimento da ação se dará com a organização dos textos que expressam claramente

a opinião do autor. As opiniões dos alunos serão registradas, os textos opinativos separados. Ainda

com base nestes textos, será elaborada uma lista com os temas que aparecem nos textos opinativos,

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para que os alunos possam perceber os fatores polêmicos que fazem suscitar diferentes pontos de

vista. Para finalizar esta etapa, como proposta de atividade, uma pesquisa em sites dos jornais

estudado, outros exemplos de textos semelhantes aos analisados.

A próxima etapa será a apresentação de uma notícia que envolva mais diretamente os alunos,

e após a leitura, problematizar o fato, para iniciar a discussão. Este momento de interação será

explorado no sentido que todos tenham oportunidade para exporem seus conhecimentos acerca do

fato em questão. Ao final do debate, será esclarecido que quando discutimos um tema, nos

posicionamos em relação ao mesmo, defendendo nossa opinião, por isso cada aluno deve elaborar

melhor seu posicionamento acerca do tema discutido. Então, para expor com clareza e mais

detalhes as ideias que surgiram durante o debate, os alunos escreverão um texto, analisando um

fato atual, sob o ponto de vista individual.

Após a prática de exploração de diferentes gêneros textuais que circulam no jornal, os

alunos iniciarão o estudo de dois editoriais de jornais diferentes (Folha de Londrina e Jornal de

Londrina). Neste estudo, serão abordados os seguintes aspectos: os editoriais onde circulam, quem

escreve, para quem ler e com que objetivo. Para auxiliar os educandos, recorreremos a algumas

estratégias de leitura: marcar nos textos os elementos importantes para a discussão (tema, opinião

defendida, argumentos, possíveis interlocutores). Serão elaboradas questões para que os alunos

possam identificar, compreender e analisar: o veículo onde o texto foi publicado, seu autor

(editorialista) que incorpora as diferentes vozes (empresa jornalística) no enunciado que constrói.

Também se considera a que tipo de leitor o editorial se dirige, que importância essas informações

têm para o leitor, a finalidade da abordagem do assunto, a ideia que o autor defende e os argumentos

utilizados por ele; elementos indispensáveis à construção e compreensão do editorial.

A análise da publicação dos editoriais originados de uma mesma notícia, em jornais

diferentes e que tenham públicos-alvos diferentes, tem como objetivo levantar elementos que

possam revelar posicionamentos assumidos e defendidos. Neste momento, também, será feito junto

a turma, um levantamento dos recursos de linguagem presentes nos textos, como: nível de

formalidade das expressões e do vocabulário, uso de palavras mais técnicas, próprias do assunto

tratado ou de termos mais populares; os subentendidos, certas redundâncias intencionais e outros

recursos usados para persuadir e convencer.

Em seguida, serão retomados os textos produzidos pelos alunos, no início da ação, e

assim,desenvolver uma análise comparativa com os editoriais lidos.

Para finalizar a ação, a título de avaliação do processo, colocar os alunos na posição de

redatores de editoriais de um jornal, para que os mesmos manifestem suas opiniões acerca de fatos

que monopolizam a atenção. Serão observados todos os procedimentos para a produção do

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mesmos. Consideraram-se, ainda, os temas polêmicos locais que mobilizam as pessoas da

comunidade, sua relevância social para merecerem ser discutidas.

Esta ação terá como suporte teórico os gêneros textuais, e as atividades serão construídas

mobilizando os conhecimentos docentes adquiridos na prática em sala de aula, balizados no plano

de trabalho docente de Gasparin. (2009)

CRONOGRAMA

As ações de implementação deste material didático-pedagógico serão desenvolvidas no

período de setembro a dezembro de 2011.

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UNIDADE DIDÁTICA

Fonte: www.portaldoprofessor.mec.gov.br Acesso: 12/07/2011

O texto jornalístico

“O que deve ser o jornalismo?”

“O jornalismo seria uma prática social mediadora entre os eventos que ocorrem no nosso dia

a dia, no mundo, e o público, que tem deles uma leitura, um entendimento, a partir dos fatos

divulgados pela imprensa.”(Alexandre Freire)

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/jornalismo Acesso: 08/07/2011

EXTRA! EXTRA!

Como seria noticiado o fim do mundo nos jornais do Brasil?

O FIM DO MUNDO

O Globo - “GOVERNO ANUNCIA O FIM DO MUNDO”

Jornal do Brasil - “FIM DO MUNDO ESPALHA TERROR NA ZONA SUL”

O Dia - “FIM DO MUNDO PREJUDICA SERVIDORES”

Folha de São Paulo - “CUT E PT ENVOLVIDOS NO FIM DO MUNDO”

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Zero Hora - “RIO GRANDE VAI ACABAR”

A Notícia - “PSICOPATA MATA A MÃE, DEGOLA O PAI, ESTRUPA A IRMÃ E FUZILA O

IRMÃO AO SABER QUE O MUNDO VAI ACABAR”

Tribuna de Alagoas - “DELEGADO AFIRMA QUE FIM DO MUNDO SERÁ CRIME

PASSIONAL”

Estado de Minas - “SERÁ QUE O MUNDO ACABA MESMO?”

Jornal do Comércio - “JUROS FINALMENTE CAEM”

Jornal dos Sports - “NEM O FIM DO MUNDO SEGURA O MENGÃO”

Correio Braziliense - “CONGRESSO VOTA CONSTITUCIONALIDADE DO FIM DO

MUNDO”

Notícias Populares - “O MUNDO SIFU. ACABOU-SE TUDO”

Fonte: http://bacaninha.uol.com.br/home/mensagens/engraçadas/fimdomundo.htm

Acesso: 28/03/2011

QUESTIONANDO AS MANCHETES

O jornal é um dos objetos mais interessantes do nosso tempo. É um componente

comunicativo típico da cultura urbana e importante na sociedade moderna. A leitura do jornal é

imprescindível para manter-se informado acerca dos acontecimentos no mundo. Analisando as

manchetes dadas a respeito do fim do mundo, responda:

1. O que você pensa das manchetes apresentadas nestes jornais?

2. Você é capaz de perceber a verdade de cada jornal apresentada nas manchetes?

3. O fato noticiado nas manchetes é um só (O fim do mundo), no entanto o ponto de

vista de cada jornal é diferente. Você concorda com esta afirmação? Por quê?

4. E você? Qual seria a sua manchete para relatar o fim do mundo?

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CONHECENDO ALGUNS GÊNEROS MIDIÁTICOS

1. NOTÍCIA

O que é mesmo uma notícia?

Notícia é um formato de divulgação de um acontecimento por meios jornalísticos, normalmente

reconhecida como algum dado ou evento socialmente relevante que merece publicação numa

mídia.

Fonte: www.dicionarioinformal.com.br Acesso 02/05/2011

A NOTÍCIA

MASSACRE NA ESCOLA - Atirador mata 12 estudantes no RioJovem de 24 anos invadiu colégio e disparou mais de cem tiros; ferido por polícia, ele se matou com um disparo na

cabeça.

Rio – A escola municipal Tasso da Silveira, em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, foi palco

ontem do crime mais brutal num colégio do País. Por volta de 8h15, Wellington Menezes de Oliveira, de 23 anos,

disparou mais de cem tiros em duas salas no primeiro andar da escola. Dez meninas e dois meninos, entre 12 e 15

anos, morreram. Dez meninas e dois meninos ficaram feridos. Três deles estão em estado grave. Uma delas teve

lesão na medula e corre risco de ficar paraplégica.

Alertado por duas meninas que, mesmo feridas, conseguiram fugir da escola, o sargento da PM Márcio

Alves trocou tiros com Wellington no corredor do primeiro andar. O atirador foi atingido na perna, caiu na escada

e, segundo Alves, se matou com um tiro na cabeça. Toda a ação não durou mais do que 15 minutos.

Wellington chegou à escola por volta de 8h15 e se identificou com ex-aluno interessado em buscar seu

histórico escolar. Estava bem-vestido, de camisa verde, calça e sapatos pretos, com uma mochila nas costas. Subiu

direto para a sala de leitura, no primeiro andar. Na hora, foi reconhecido por sua ex-professora, Doroteia. “Você

veio fazer palestra para os alunos?”, perguntou. A escola está comemorando 40 anos com palestras de ex-alunos

bem-sucedidos.

Não era o caso de Wellington. Doroteia pediu para que ele esperasse um pouco porque estava ocupada.

Minutos depois começou a tragédia. Wellington saiu da sala, largou a mochila, colocou o cinturão com

carregadores, entrou na sala em frente, e anunciou: “Vim fazer a palestra”. Em seguida, começou a atirar com um

revólver 38 mirando na cabeça das crianças sentadas nas primeiras filas. A outra arma, um revólver 32, não foi

usada.

Folha de Londrina, 08/04/11 p. 10

ATIVIDADES

1. A notícia , assim como a reportagem, a entrevista, o editorial, o artigo de opinião, é

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um gênero jornalístico. Qual é a função de uma notícia?

2. Qual é o fato abordado na notícia lida?

3. O redator da notícia dá sua opinião sobre o acontecimento ou apenas registra sua

repercussão? Justifique?

4. Um evento só é notícia se apresentar um fato socialmente relevante. De acordo com

as informações fornecidas pela notícia lida, qual a relevância do fato noticiado?

5. Diante de fatos desse tipo, que questionamento é possível fazer?

6. O que deveria ser feito para evitar esse tipo de tragédia?

2. NOTÍCIA OU REPORTAGEM?

Reportagem é um conteúdo jornalístico, escrito ou falado, baseado no testemunho direto dos fatos e

situações explicadas em palavras e, numa perspectiva atual, em histórias vividas por pessoas,

relacionadas com o seu conteúdo. O repórter pode valer-se também de fontes secundárias

(documentos, livros, almanaques, relatórios, recenseamentos, etc) ou servir-se de material enviado

por órgãos especializados em transformar fatos em notícias. Uma reportagem é uma notícia mais

aprofundada, que pode conter opiniões de terceiros.

Wellington justifica crime por ser vítima de bullyingA Secretaria de Segurança Pública do Rio divulgou novo material, que inclui vídeos, fotos e textos,

encontrados no computador do assassino.

15/04/2011 Agência Estado

O assassino Wellington Menezes de Oliveira diz em vídeo que o bullying sofrido por ele foi a principal

motivação para o massacre em Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro. A Secretaria de Segurança Pública do

Rio divulgou novo material, que inclui vídeos, fotos e textos, encontrados no computador do assassino.

O acervo mostra a preparação de Wellington, não só para as mortes, mas para a repercussão que o caso

teria. Lendo textos ou falando diretamente para a câmera, Wellington contraditoriamente justifica o assassinato

das 12 crianças como uma resposta aos “covardes”. “Eu era agredido, humilhado, ridicularizado (…), mas o que

mais me irrita hoje é saber que esse cenário vem se repetindo sem que nada seja feito contra essas pessoas

covardes e cruéis”, diz.

Referindo-se às vítimas de bullying como “irmãos”, o assassino culpa as “autoridades escolares” por

cruzarem os braços diante do problema, e diz que, não fosse por isso, estaria vivo, assim como todos que matou.

Em um dos vídeos, o assassino “parabeniza” o garoto australiano Casey Heynes, famoso depois da divulgação na

internet de um vídeo em que se defende de bullying.

Wellington cita também o sul-coreano Cho Seung-Hui, que invadiu o Instituto Politécnico e Universidade

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Estadual da Virgínia (EUA), em 2007, matando 32 pessoas; e Edmar Aparecido Freitas, que entrou atirando, em

2003, no colégio onde estou em Taiuva (SP), ferindo 8 pessoas, e depois se matou.

Em outra gravação, já sem barba, Wellington se despede. “hoje é quarta-feira, dia 06 de outubro de 2011

(sic), já são quase 7 horas da noite, daqui a pouco estou saindo de Sepetiba e me dirigindo para Realengo onde

ficarei hospedado no hotel Shelton pra me preparar (…) Este é meu último discurso”, diz. Há também sete fotos

do assassino. Nelas, Wellington aparece segurando duas armas, apontando uma delas para a câmera e, em outra

foto, para a própria cabeça.

Fonte: http://www.jornaldelondrina.com.br Acesso: 12/05/2011

ATIVIDADES

1. Para entender melhor a justificativa de Wellington, vamos conhecer o significado do termo

bullying, fenômeno em evidência atualmente.

Bullying é um termo de origem inglesa utilizado para descrever atos de violência física ou

psicológica, intencionais e repetidos, praticados por um indivíduo (bully) ou grupo de indivíduos

com o objetivo de intimidar ou agredir outro indivíduo (ou grupo de indivíduos) incapaz de se

defender. A palavra “Bully” significa “valentão”, o autor das agressões. A vítima ou alvo, é a que

sofre os efeitos delas. Também existem as vítimas/agressores ou autores/alvos, que em

determinados momentos cometem agressões, porém também são vítimas de bullying pela turma.

Fonte: www.babylon.com/definition/bullying/portuguese Acesso: 12/05/2011

2. De acordo com as informações fornecidas na reportagem lida, qual foi o motivo que

levou o assassino a cometer tal ato de violência?

3. Com base nesse caso de violência está o preconceito contra o que parece “diferente”,

“fora do normal.” Você poderia citar um exemplo de um caso conhecido por você, na

sua comunidade, ou até mesmo na sua escola? Faça um breve relato do fato,

preservando a identidade dos envolvidos.

4. Wellington culpa as “autoridades escolares por cruzarem os braços diante do

problema.” Você concorda com a afirmação feita por Wellington? Justifique sua

resposta com exemplos de medidas que poderiam ser tomadas pelas autoridades

escolares.

5. Qual seria, na sua opinião, a verdadeira causa que levou Wellington a prática dessa

atrocidade?

6. Diante de fatos como estes, que questionamentos é possível fazer?

7. Que medidas poderiam ser tomadas no âmbito familiar, escolar e social para evitar

esse tipo de violência?

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Para saber mais...Leia a crônica a seguir e faça uma análise reflexiva a respeito de como cada pessoa encara o

fenômeno do bullying.

Meu bullyingQuando eu estava no ginásio, era vítima perfeita daquilo que hoje chamariam de bullying: magro, feio,

cabeçudo, tímido, ruim nos esportes e considerado CDF.

Dos 11 aos 14 anos fui bastante importunado pelos valentões da escola. Levei um sem-número de tapas na cabeça

(não era difícil acertá-la). Até a oitava série, nunca tive popularidade na escola. Lembro-me de apenas uma

agressão mais violenta, na quinta série, aos 11 anos. No pátio da escola, um grandalhão que chamarei de Ronaldo

passou-me uma rasteira e me chutou quando eu estava caído. Do episódio, guardei a regra pessoal: não se deve

chutar alguém no chão.

As coisas melhoraram quando entrei no colegial e mudei de escola. Comecei a me interessar seriamente

por literatura. Descobri que gostava de ler e escrever. De repente, até os valentões da escola (porque eles sempre

existem) passaram a respeitar-me. Aprendi, com Paulo, a transformar minha fraqueza em minha força. De modo

que posso agradecer pelo bullying. Os valentões me fizeram compreender que a verdadeira coragem individual

estava muito além de um soco na cara, um xingamente, uma “zoação”, e certamente não era nada parecida com

um chute em um garoto menor caído.

Por onde andará Ronaldo. Meu antigo agressor? Hoje deve ter mais de 40 anos, e muito provavelmente se

tornou um bom sujeito. Rezarei por ele hoje. Minha fraqueza é minha força.

Jornal de Londrina, 25/04/2011 p. 5

Paulo Briguet

[email protected]

www.jornaldelondrina.com.br/blogs/comoperdaodapalavra

Após a leitura do texto acima, pesquise a definição de crônica jornalística no site

htt://pt.wikipedia.org/wiki/Cr%C3%B4nica_(literatura_e_jornalismo) e também o termo

cyberbullying no endereço http://pt.wikipedia.org/wiki/Cyberbullying, para uma discussão em

grupos.

Questionando e Refletindo

Os fatos relacionados à violência na escola emergem todos os dias. A situação descortina

uma realidade preocupante. O espaço escolar, que deveria ser tranquilo e protegido dos conflitos

para que a aprendizagem se efetive, tornou-se um reduto de problemas de difícil solução. O quadro

atual de violência na escola tem preocupado diversos estudiosos em busca de uma solução, como

veremos na reportagem seguinte.

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ALÉM DA INDISCIPLINA - “Pais pensam que a escola resolve tudo”Pesquisadora, que lançou livro em parceria com Maria Luiza Abbud, aponta que solução para violência

nas instituições de ensino depende da participação dos familiares

14/04/2011

A violência e a indisciplina na escola são alguns dos maiores desafios para os educadores hoje no Brasil.

Ameaças a professores, atos de vandalismo e até agressões estão sempre nos noticiários. Recentemente em

Londrina, o caso do Colégio Thiago Terra, localizado no Jardim União da Vitória (Zona Sul), chamou a atenção. A

instituição de ensino foi apedrejada e invadida por vândalos. A diretora recebeu ameaça de morte. Já o massacre

de 12 estudantes no Rio de Janeiro colocou a violência escolar no Brasil nos noticiários do mundo inteiro.

Problemas graves em escolas são mais comuns do que se imagina. Tanto que as professoras Leoni Henning e

Maria Luiza Macedo Abbud, do Departamento de Educação da Universidade Estadual de Londrina (UEL), a

organizarem o livro “Violência Indisciplina e Educação”, que foi lançado ontem. O Objetivo da obra, de acordo

com Leoni, é tentar entender as causas e apontar soluções para a crise enfrentada pela educação pública em todo o

País. São artigos acadêmicos e de profissionais de outras áreas, como médicos, arquitetos e promotores. Nesta

entrevista, Leoni aponta que a saída para os problemas está também fora dos muros escolares, uma vez que o

papel da família na formação das crianças é essencial. “Não se pode deixar simplesmente a educação na mão da

escola. A afetividade na família é, insubstituível”, destaca. Quais sãos as principais causas de violência e

indisciplina na escola? O livro mostra quão complexo é esse fenômeno. No livro a questão é analisada por

profissionais que atuam em nove diferentes áreas do conhecimento. Incluímos desde profissionais da área

acadêmica até médicos, promotores, arquitetos. É importante colocar que essa questão não acontece só no Brasil,

mas em todo o globo. A escola tem responsabilidade para atuar no enfrentamento, mas o trabalho dela é limitado,

pois faz parte de um mecanismo social muito mais amplo. As famílias hoje vivem condições desafiadoras para o

seu sustento. As pessoas assumem vários papéis na sociedade, atividades múltiplas e o atendimento a suas

crianças é muitas vezes precário. A criança, algumas vezes, pode estar bem instalada em casa no momento que os

pais saem, mas elas requerem cuidados e atenção mais íntimos. Esse é um mal que está acontecendo. Observamos,

no entanto, que o papel da família é fundamental. É comum pais confundirem qual é o papel da escola? Pensarem

que na escola os filhos vão aprender a ter disciplina e de certa forma sobrecarregam os professores? Certamente,

acho que não só o pais, mas as pessoas em geral também. Às vezes eles esperam demais. Esperam demais, ao

pensar que a escola resolve tudo. (…) O que poderia ser feito para reduzir a violência na escola? A expectativa que

as pessoas têm de soluções rápidas para essa questão é muito grande, mas o livro mostra a complexidade desse

fenômeno. Existem vários fatores e um universo todo particular para cada situação. Então é muito difícil ter uma

solução que abrange todos os casos. O que seria o ideal? Que pessoas preocupadas com esse assunto em suas

localidades possam estudar o assunto e talvez utilizar o nosso próprio livro como inspiração, para criarem

soluções e modos alternativos de enfrentamento do problema. Mas, de uma forma geral, a solução começa com a

família e passa também por um maior investimento no professor e na escola também. (…)

Davi BaldussiReportagem Local

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Fonte: http://www.folhaweb.com.br Acesso: 12/05/2011

ATIVIDADES

1. Com base na reportagem lida, você é capaz de perceber que o tema violência na escola, tem

monopolizado a atenção de estudiosos e de diversos setores da sociedade. Portanto, o

assunto é grave. A pesquisadora Leoni Henning lançou um livro em parceria com Maria

Luiza Abbud. Qual o título do livro em questão? E qual o objetivo da publicação do livro?

2. Segundo a reportagem, quais seriam alguns dos maiores desafios para os educadores hoje no

Brasil?

3. Quais seriam as principais causas da violência na escola, segundo o livro organizado pelas

pesquisadoras?

4. Qual o papel da família na educação dos filhos, de acordo com o depoimento das

pesquisadoras? Você concorda com o posicionamento delas? Justifique sua opinião.

5. Na sua opinião, qual é a responsabilidade da escola na educação do indivíduo?

6. O que poderia ser feito para reduzir a violência na escola. Cite duas medidas para o

enfrentamento do problema?

Para saber mais...Acesse o site www.folhaweb.com ou www.folhadelondrina.com e leia as seguintes

reportagens cujos títulos e as datas estão listados a seguir, e reportam o tema violência na escola.

“Salas de aula são barris de pólvora” (20/04/2011)

Aluno é “recebido” com socos e chutes (20/04/2011)

Instituição é despreparada para enfrentar diferenças. (20/04/2011)

CIDADANIA EM RISCO – A violência que explode na escola. (26/04/2011)

3. Cartas do leitor

A opinião do leitor manifesta-se sempre que assuntos polêmicos de interesse público e de

relevância social suscitam preocupação e indignação. Pois, o problema e as prováveis soluções

afetarão a vida de milhares de pessoas, além disso, a função de opinar consiste em uma necessidade

social, junto a um acontecimento se levanta uma tomada de posição como uma alavanca motora da

ação individual e coletiva.

Carta do leitor é um gênero textual em que um leitor expressa opiniões (favoráveis ou não) a

respeito de um assunto publicado em revistas, jornais, ou a respeito do tratamento dado ao assunto.

Nesse gênero textual, o autor pode também esclarecer ou acrescentar informações ao que foi

publicado; apesar de ter um destinatário específico – o diretor da revista, ou o jornalista que

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escreveu determinado artigo -, a carta do leitor pode ser publicada e lida por todos os leitores do

meio de comunicação para o qual foi enviada.

Fonte: http://profmi.wordpress.com Acesso: 30/05/2011

Violência nas escolasProfessores, alunos e funcionários testemunham casos de violência corriqueiramente. E até o momento

tudo que as autoridades têm feito é fechar os olhos. De que adiantam programas pedagógicos que mais parecem

contos de fadas, se na realidade os professores estão de mãos atadas com salas superlotadas? É necessária a

contratação de funcionários para se poder dar um mínimo de dignidade para estudantes e funcionários. Até quando

vamos assistir a isso? Até quando vamos aceitar governantes que só pensam no próprio umbigo? Investimento em

educação e saúde até agora não se tem nada de significante. Foi necessária a tragédia de Realengo para chamar a

atenção das autoridades com relação à violência dentro das escolas; o que será preciso para que isso mude?

FERNANDA MARTINS DE OLIVEIRA

(estudante de Filosofia) – Londrina

Folha de Londrina, 17/04/2011 p. 2

Como você responderia à pergunta feita pela leitora Fernanda Martins de Oliveira, estudante

de Filosofia: “O que será preciso para que isso mude?”

Educação de lutoO magistério brasileiro está de luto diante da tragédia ocorrida com os estudantes no Rio de Janeiro.

Nessas horas não existem palavras que possam expressar o sentimento de dor dos profissionais da Educação dessa

escola e dos familiares dos alunos. Da mesma forma não existem palavras que possam aliviar essa dor. Os

profissionais da Educação do Brasil são solidários aos familiares vítimas dessa atitude horrenda. Aos familiares,

nossos mais sinceros sentimentos.

Jonas Vieira da Costa

(professor de Geografia) – Londrina

Folha de Londrina, 09/04/2011 p. 2

PESQUISANDO E ESCREVENDOPesquise em sites da Internet, jornal local, revistas, temas semelhantes aos estudados, para

colher mais informações e formar ideias sobre o tema. Assim, escrever uma carta do leitor, expondo

o ponto de vista a respeito dos fatos reportados, pois quando lemos, discutimos um assunto,

começamos a tomar posicionamentos e tentamos defender nossas opiniões.

4. Editorial

Além dos gêneros midiáticos apresentados (a notícia, a reportagem, carta do leitor) temos a

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opinião do jornal, revista, ou outro suporte no qual o fato veicula. O texto jornalístico não é um

instrumento neutro; ele reflete os interesses e opiniões do proprietário ou grupo que representa a

empresa. Essa opinião é expressa na seção Editorial.

Editorial é um gênero jornalístico que expressa a opinião oficial da empresa diante dos fatos de

maior repercussão do momento, sem a obrigação de ter alguma imparcialidade ou objetividade.

Geralmente, grandes jornais reservam um espaço predeterminado para os editoriais em duas ou

mais colunas logo nas primeiras páginas internas. Os boxes (quadros) dos editoriais são

normalmente demarcados com uma borda ou tipografia diferente para marcar claramente que aquele

texto é opinativo, e não informativo. O profissional da redação encarregado de redigir os editoriais é

chamado de editorialista. Os editoriais são apócrifos, isto é, nunca são assinados por ninguém em

particular. Linha editorial é uma política predeterminada pela direção do veículo de comunicação

ou pela diretoria da empresa que determina a lógica pela qual a empresa jornalística enxerga o

mundo; ela indica seus valores, aponta seus paradigmas e influencia decisivamente na construção de

sua mensagem.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Editorial Acesso: 03/05/2011

O editorial se origina em uma notícia de interesse geral. O editorialista identifica os

problemas em foco e os informa e comenta. A notícia com a qual iniciamos esta unidade (Massacre

na Escola), fato brutal que jornais do mundo inteiro noticiaram e comentaram. Vamos reler a notícia

e, em seguida analisar dois editoriais de jornais locais que comentam o fato.

Tragédia no Rio Um homem armado entra numa escola e dispara a arma diversas vezes, matando 12 crianças de 12 a 15 anos de

idade e deixando outras 21 feridas. Depois de ser atingido por um policial, se mata. É um tipo de cena que

infelizmente tem se tornado comum nos EUA, nos últimos anos. Ontem ela se repetiu, só que dessa vez no Brasil.

Foi em Realengo, na Zona Oeste do Rio de Janeiro. Wellington Menezes de Oliveira, 23 anos, ex-aluno da Escola

Municipal Tasso da Silveira, que entrou na mesma unidade em que havia estudado. Deixou uma carta de suicídio,

na qual faz alegações de caráter religioso – alegações sem sentido e que não têm qualquer denominação religiosa.

Os fatos ocorridos na manhã de ontem provocam perplexidade. A ação de um desequilibrado que sai

matando a esmo choca e entristece a todos, até porque suas vítimas eram crianças que tinham uma vida inteira

pela frente e que não tiveram a menor chance de defesa diante do seu algoz. É um episódio trágico que ficará

gravado na memória de gerações.

Que a dor pela perda irreparável das famílias e de toda a sociedade sirva para uma reflexão sobre a

violência. Que a perplexidade de hoje dê lugar a uma semente da paz na sociedade brasileira.

Jornal de Londrina, 08/04/2011 p.2

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ATIVIDADES

1. De acordo com as informações fornecidas pela notícia (Massacre na Escola), e o que

você já sabe sobre o gênero editorial, relate o fato que levou o editorialista a escrever

o editorial?

2. O título do editorial é um elemento que tem como objetivo atrair a atenção do leitor.

No editorial em questão, o título cumpre essa função?

3. O editorialista dialoga com o leitor a respeito de um fato ocorrido de grande

repercussão (Tragédia no Rio); o assunto é introduzido com um breve relato acerca

do fato. Indique os pontos nos quais começa e termina a sequência narrativa do

acontecimento. Qual seria a intenção do editorialista ao utilizar esse recurso?

4. Por meio dos editoriais, os jornais expressam sua opinião. Sobre o tema abordado,

no editorial lido, o jornal deixa claro seu ponto de vista? Justifique.

5. A conclusão pretende levar o leitor a concordar com a visão do editorialista em

relação ao fato, ou ainda apresenta uma proposta para a solução do problema. Qual o

ponto de vista e qual a provável solução apontada pelo editorialista?

6. Quem assina o editorial?

7. Com base no que você leu, e, observando os recursos linguísticos utilizados pelo

editorialista, é possível saber que tipo de leitor o editorial visa a atingir?

Continuando nossa reflexão. A mesma notícia, outro editorial

De repente o terrorEstamos engolfados numa das tonalidades da civilização hodierna.: a violência. A maneira como a

aceitamos, tal qual se trata de uma rotina contra a qual não há sinais de reversão, só é rompida pela dimensão

exagerada de um evento como esse do Rio de Janeiro em que um jovem armado matou 12 crianças e adolescentes

e feriu outros tantos num ato de extrema loucura, ainda que comum no primeiro mundo em termos estatísticos

como se viu tantas vezes especialmente nos Estados Unidos.

O abalo da ocorrência é de tal impacto que torna inútil a linha de exegese, de interpretação sociológica ou

criminalista, que se segue como se viu no desfilar de especialistas. Curiosamente no dia anterior o ex-prefeito de

Nova Iorque, Rudy Giuliani, o homem da cruzada da “tolerância zero”, como conselheiro contratado para a

segurança dos Jogos Olímpicos, fez alerta sobre a possibilidade de o Brasil, especialmente o Rio de Janeiro,

tornar-se alvo das ações do terror organizado. Para quem viveu como autoridade o atentado das torres gêmeas de

2001 em Nova Iorque tanto as Olimpíadas como a própria Copa do Mundo podem se tornar um alvo desses

fanáticos. Sua argumentação é forte: quando um país sedia Jogos Olímpicos ou a Copa do Mundo internaliza, isso

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é importante, a problemática do mundo para as suas fronteiras.

Um ato isolado como esse do Rio de Janeiro é uma das formas inesperadas e de difícil previsão de terror,

mesmo que não vinculado a uma organização, embora a visível personalidade psicótica e centrada num

fundamentalismo religioso do autor do massacre, como se deduziu da carta deixada que indica a intenção do

suicídio com recomendações ritualísticas em relação ao seu corpo e para que os “ímpios” dele não se aproximem.

Aquilo que era marca dos países cosmopolitas chegou até nós, patologia do primeiríssimo mundo. Só que

onde se deram esses atentados os países têm bases mais sólidas de segurança em questões elementares que mal

enfrentamos. Essa constatação torna mais agudo o alerta de Giuliani anteontem em Genebra.

Folha de Londrina, 08/04/2011 p.2

ATIVIDADES

Para entender melhor...

Ao longo da leitura do editorial (De repente o terror), deparamos com diversas palavras que

não são utilizadas no nosso cotidiano. Vamos pesquisar o significado das seguintes palavras:

hodierna - exegese - cosmopolita - patologia - psicótica - ímpios

1. O assunto abordado no editorial (De repente o terror), é relacionado com a notícia lida

(Massacre na Escola) no início da unidade? Explique por quê?

2. O título do editorial atrai a atenção do leitor? Justifique?

3. De que forma o editorialista inicia o texto (recursos linguísticos: sequência narrativa do

acontecimento, comentário, análise do fato)?

4. Que importância a publicação desse editorial pode ter para o leitor? Com que finalidade esse

assunto é abordado?

5. Qual é a ideia que o editorialista defende? Que argumentos são utilizados para defender seu

ponto de vista?

6. Com base no que você leu é possível saber que tipo de leitor o editorial visa atingir?

Justifique?

7. “O editorial é um gênero jornalístico que expressa a opinião oficial da empresa diante dos

fatos.” Agora vamos analisar as semelhanças e diferenças, existentes entre os dois editoriais,

em relação ao mesmo fato.

Semelhanças Diferenças

_____________________________ ______________________________

_____________________________ ______________________________

_____________________________ ______________________________

8. Com base no quadro das semelhanças e diferenças responda: Como o editorialista do Jornal

de Londrina introduz o texto? E a Folha de Londrina?

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9. Em qual dos dois editoriais, apresenta maior número de argumentos para defesa da ideia?

Indique os argumentos utilizados em cada editorial?

10. Na sua opinião, quais os argumentos mais consistentes apresentados nos dois editoriais, e

que certamente, conseguiriam a adesão da maioria dos leitores?

11. As palavras “tragédia” e “terror”, empregadas no título dos editoriais, possuem significados

diferentes? Qual delas, na sua opinião, transmite maior carga significativa?

12. Para finalizar nossas reflexões, retomamos as manchetes do fim do mundo, apresentadas na

abertura da unidade e com base nos textos analisados, como você entende a objetividade e a

imparcialidade na imprensa?

De leitores a redatores

O tema estudado, violência na escola, é um assunto polêmico e de grande repercussão. Os

textos analisados apresentam um painel da situação atual no mundo. Converse com seus colegas,

pais, professores e pesquise em jornais, revistas e Internet sobre o assunto. Anote as informações

importantes, para desenvolver argumentos consistentes na produção de um editorial.

Para auxiliá-los, escolha na seguinte lista algumas questões para abordar no editorial.

_ Quais são as principais causas da violência e indisciplina na escola?

_ O que poderia ser feito para reduzir a violência na escola?

− A violência é um fenômeno humano, portanto sempre vai existir?

− É muito difícil ter uma solução que abrange todos os casos?

− Qual seria a solução ideal?

− A escola está despreparada para enfrentar diferenças?

− Os pais pensam que a escola resolve tudo?

− Os governantes não se esforçam para aplicar medidas eficazes contra o problema?

− O bullying é uma das principais causas de violência na escola?

Para produção do editorial siga também estas orientações:

a) Em grupos, debata sobre o tema, faça uma síntese das informações mais relevantes,

fortaleça seus argumentos.

b) Apresente a ideia no primeiro parágrafo – pode ser um breve relato, perguntas ou

interpretações sociológicas, filosóficas ou criminalísticas.

c)Desenvolva seus argumentos e procure justificá-los cada um em um parágrafos

separados.

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d) No último parágrafo, reserve para a sua conclusão, que pode ser um resumo das

ideias apresentadas, um questionamento diante do problema, ou ainda, uma solução para

o problema enfocado.

e) Revise o seu texto cuidadosamente e reescreva-o para exposição no mural.

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ORIENTAÇÕES AOS PROFESSORES

Este material didático tem como objetivo a leitura e compreensão de Editorial de Jornal.

Mas sabemos que os alunos têm pouco ou quase nenhum contato com o jornal impresso. Dessa

forma, apresentamos inicialmente alguns gêneros jornalísticos mais comuns a eles (notícia,

reportagem, cartas do leitor) para em seguida chegar ao Editorial, já que este gênero é um texto

complexo, pois representa a opinião da empresa jornalística de forma bastante sutil, em relação aos

acontecimentos de grande repercussão. A intenção de se trabalhar este gênero textual, justifica-se

pelas dificuldades apresentadas pelos alunos na compreensão e escrita de textos argumentativos. O

editorial por apresentar fatos reais, facilitaria aos alunos o entendimento da estrutura do texto

argumentativo, pois à medida que vissem o texto em uso concreto, passaria melhor entendê-lo e

reproduzi-lo.

O material didático-pedagógico aqui apresentado poderia ser explorado de diversas formas:

enfocar a notícia e a reportagem aprofundando o seu estudo, ou as cartas do leitor introduzindo as

características do texto opinativo. E, ainda, poderia desenvolver um trabalho a longo prazo com

editoriais, não apenas aqueles veiculados no suporte jornal, mas também os de revistas, televisão,

etc.

Enfim, a ideia aqui descrita, seria acrescida da experiência de diferentes professores, tomaria

diversas formas a fim de acrescentar ao aluno ferramentas para desenvolver sua competência

linguística.

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FOLHA DE LONDRINA. Londrina, 08 abr. 2011.JORNAL DE LONDRINA. Londrina, 08 abr. 2011.FOLHA DE LONDRINA. Londrina, 09 abr. 2011.FOLHA DE LONDRINA. Londrina, 14 abr. 2011.FOLHA DE LONDRINA. Londrina, 15 abr. 2011.FOLHA DE LONDRINA. Londrina, 17 abr. 2011.FOLHA DE LONDRINA. Londrina, 20 abr. 2011.FOLHA DE LONDRINA. Londrina, 22 abr. 2011.FOLHA DE LONDRINA. Londrina, 25 abr. 2011.

GASPARIN, João Luiz. Uma Didática para a Pedagogia Histórico Crítica. 5.Ed. Campinas, SP: Autores Associados, 2009.

GONÇALVES, Lídia Maria. Formação de Leitores. O Jornal no Ensino de Língua Portuguesa. Revista da Área de Humanas. Boletim Cent. Let. CI. Hum. UEL Londrina – n.º 59 – p. 63 – 80 Jul./Dez. 2010.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção Textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola Editorial, 2008.

Minidicionário Houaiss da Língua portuguesa. 2.ed. Rev. E aum. Rio de Janeiro: Objetiva, 2004.

NEIRA, Marcos Garcia. Por dentro da Sala de Aula. Conversando sobre a prática. São Paulo: Phorte, 2004.

PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares para Língua Portuguesa, 2008.

PERFEITO, Alba Maria (UEL). Gênero Editorial: A Análise Linguística Contextualizada às Práticas de Leitura e de Produção Textual. www3.unisul.br/paginas/ensino/pos/linguagens/cd/port/6.pdf.