fepiano x

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Agitação Fepiana Página 3 Dia da FEP’14 Página 4 Claan: é tudo à tua medida Página 5 “A necessidade aguça o engenho” Página 10 Maldita Austeridade Página 11 Mobilidade internacional nos Estados Unidos Páginas 12 a 14 Desenvolve-te com a UE Página 14 Desporto na FEP U.SPORTS: Desporto & Solidariedade Final da FEP CUP Páginas 18 e 19 nº 10 • junho 2014 • distribuição gratuita • Periodicidade: mensal www.facebook.com/fepianojornal [email protected] 223 399 400 Visite-nos em: http://livraria.vidaeconomica.pt Autor: Eduardo Sá Silva Páginas: 144 P.V.P.: € 11,90 ESTRUTURA DA OBRA: • Conceitos introdutórios: apresentação genérica da Diretiva • Princípios gerais do relato financeiro: bases conceptuais da Diretiva Balanço e Demonstração de Resultados: aspetos basilares destas demonstrações financeiras • Notas: o essencial na divulgação • Outras simplificações: outros aspetos de eliminação da carga administrativa TEIXEIRA DOS SANTOS, EX-MINISTRO E PROFESSOR DA FEP, AFIRMA “Lembro-me de, em casa, ter dito: se não aceitar este desafio, ficarei para sempre arrependido. ” Páginas 6 a 9 Páginas 16 e 17

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Edição nº 10 - Junho de 2014

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Page 1: Fepiano X

Agitação FepianaPágina 3

Dia da FEP’14Página 4

Claan: é tudo à tua medida

Página 5

“A necessidade aguça o engenho”

Página 10

Maldita AusteridadePágina 11

Mobilidade internacional nos Estados Unidos

Páginas 12 a 14

Desenvolve-te com a UE

Página 14

Desporto na FEP● U.SPORTS: Desporto & Solidariedade

● Final da FEP CUPPáginas 18 e 19

nº 10 • junho 2014 • distribuição gratuita • Periodicidade: mensal www.facebook.com/fepianojornal

[email protected] 223 399 400 Visite-nos em: http://livraria.vidaeconomica.pt

Autor: Eduardo Sá SilvaPáginas: 144 P.V.P.: € 11,90

ESTRUTURA DA OBRA:• Conceitos introdutórios: apresentação genérica da Diretiva• Princípios gerais do relato financeiro: bases conceptuais da Diretiva • Balanço e Demonstração de Resultados: aspetos basilares destas demonstrações financeiras • Notas: o essencial na divulgação • Outras simplificações: outros aspetos de eliminação da carga administrativa

TEIXEIRA DOS SANTOS, EX-MINISTRO E PROFESSOR DA FEP, AFIRMA

“Lembro-me de, em casa, ter dito: se não aceitar este desafi o, fi carei para sempre arrependido. ”

Páginas 6 a 9

Páginas 16 e 17

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2 Nº 10 - junho 2014

O mês queria-se de mudança, para alguns. Para outros, o importante era a continuidade e, nestas coisas da dico-tomia, a “festa” acaba por ser o que fica relembrado. Contudo, pede-se a um órgão de comunicação que analise a situação e contribua ativamente para a formação daquela coisa hermética que apelidam de opinião pública.

Porque “duas cabeças pensam me-lhor do que uma”, pensámos que era possível escrever este editorial a dois. Rapidamente per-cebemos que era impossível. Seria uma coisa inédita nas lides jornalís-ticas, porventura, mas lançamos o repto a quem nos quiser provar o contrário. Ser pio-neiro está na moda e há muito tempo que estamos habi-tuados ao swag pró-prio do tuga que dá coisas modernas ao mundo, ou não ti-véssemos sido nós a desvendá-lo, já lá vão tantos séculos.

À conquista de novos palcos, desta vez na Eurovisão, bem queria Suzy ser da Europa, mas Conchita não lhe deu hipóteses. Num continente defensor dos direitos humanos, e onde muito se discute a paridade entre géneros, esta vitória não podia ser mais justa: uma única pessoa conseguiu concentrar as duas facetas. Talvez seja fruto da tão apregoada austeridade que infunde o espírito de fazer mais e melhor com menos. O que é certo é que, com uma comitiva constituída por uma só pes-

soa, a Áustria de Mozart garantiu a or-ganização do próximo festival.

E porque falar de Europa é, também, falar de futebol, nuestros hermanos marcharam sobre Lisboa para se digla-diarem numa batalha de titãs que há de ficar marcada para a história como a primeira final da Champions dispu-tada entre dois clubes da mesma cida-de. O Real reinou no prolongamento e conquistou a décima Taça dos Clubes Campeões Europeus, destronando, as-

sim, os sonhos do Atlético, que vinha para deixar marca.

Por sinal, também os encarnados fi-zeram festa rija, neste mês. Não é to-dos os anos que se festeja um tripelete nacional, capaz de ressuscitar o Mar-quês de um período de sossego.

O desassossego, e não aquele pensa-do por Pessoa, não se cingiu a esse lo-cal. As Portas de Santo Antão haveriam de se abrir para mais uma aclamação do talento nacional. Um desfile de caras bem conhecidas marcou a noite, que

se quer glamorosa, e, com toda a pom-pa, os notáveis Xutos e Pontapés foram distinguidos pela sua incomparável carreira. Ao leme desta emissão esteve, como habitual, “aquela moça de Gui-marães” que, ao que parece, anda, por aí, a explorar o poder do amor. Juntou--se a prata da casa ao recém chegado João Baião e o mote estava dado para mais uma celebração. Só ficou mesmo a faltar o macaco Adriano, que, com certeza, deve ter sido contratado para

outras campanhas. Como duas elei-

ções nunca vêm sós, em maio os euro-peus foram chama-dos a eleger os seus representantes para o Parlamento. Era expectável pouca afluência às urnas, em terras nacio-nais, ou não se pre-visse a passagem de um furacão para os lados da Bela Vista. A poeira levantou, é certo. E, à espe-ra da sorte grande, Marinho e Pinto conseguiu eleger

dois deputados. Será que teremos uma sexta força política a entrar na casa da democracia nacional, no próximo ano? Esta aliança com o MPT veio para fi-car? São tudo coisas para refletir, a seu tempo.

O tempo agora é de Mundial. E de exames! Por isso, o Fepiano deseja--te um período de bom trabalho. Retiramo-nos para uma pausa com a promessa de regressar no próximo ano letivo. Afinal, tu continuas a fazer no-tícia!

Há maio em nós

JOÃO SEQUEIRA

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3Nº 10 - junho 2014

PEDRO MALAQUIAS

No passado dia 19 de maio, ocorreu um dos dois eventos da Start Up BUZZ na Faculdade de Economia do Porto: o Startup Case Competition. As temáticas de inovação e empreendedoris-mo interligaram-se com a reso-lução de casos de estudo prove-nientes de startups em atividade. A primeira Startup presente foi a LabOrders, uma plataforma online de gestão de encomendas de material de laboratório, que, num único lugar, reúne fornece-dores e cientistas, e tinha, como caso de estudo, a planificação do seu processo de internacio-nalização. A segunda Startup presente foi a Last2Ticket, que desenhou e desenvolveu uma so-lução de bilhética, que permite comercializar online e validar bilhetes electrónicos em qual-quer espaço ou local. O caso de estudo proposto assentava no desenvolvimento de uma estra-tégia que aliasse a consolidação da presença no mercado nacio-nal à expansão para os países de língua oficial portuguesa.

O evento foi aberto pelo seu coordenador, Nuno Vicente Machado, aluno da FEP, que realçou o espírito empreende-dor que esta semana promovia, bem como a oportunidade que

a Startup BUZZ teve em estar, pela primeira vez, na organiza-ção desta semana.

Numa primeira fase, o even-to contou com a colaboração do FICT (FEP International Case Team), que explicou como ela-borar um caso de estudo. Du-rante a explicação, foram fo-cados pontos como as análises estatísticas, estratégicas, finan-ceiras e de ponderação do risco.

Numa fase posterior, decor-reram as apresentações das Star-tups, com o objetivo de resolução do caso de estudo de cada uma.

Apresentaram a sua história, os problemas que queriam colma-tar, as vantagens que trouxeram para os clientes com a sua cria-ção, o seu modelo de negócio e o que necessitavam para o futuro.

A resolução dos casos de es-tudo teve uma duração de cin-co horas e trinta minutos, tendo começado as apresentações após esse período de tempo.

BUZZ Arena High School

A nossa faculdade acolheu o BUZZ Arena High School Edi-

tion, um concurso de ideias de negócio, direcionado para alu-nos do secundário.

Após meses de trabalho e vá-rias fases do concurso, 9 proje-tos de 9 escolas diferentes passa-ram o dia 20 de maio na FEP para disputar a grande final. No final de todas as apresentações, dos nove projetos finalistas, foi “Amarantiza-te”, proveniente do Colégio São Gonçalo, a sagrar--se o grande vencedor. O con-curso foi um enorme sucesso e mostrou o potencial que os jo-vens têm.

João Parreira, membro da equipa vencedora do caso de estudo da Last2Ticket, deixou alguns comentários ao Fepiano sobre o evento.

AGITAÇÃO FEPIANA

Startup Case Competition

Tendo em conta que tinhas oportu-nidade de escolher entre a LabOrders e a Last2Ticket, por que razão prevale-ceu esta última?

Foi uma escolha de todo o grupo e o fac-tor que mais pesou foi o modelo de negó-cio. A Last2Ticket apresentava um modelo que compreendíamos melhor e, como tal, sentíamo-nos mais à vontade a abordá-lo.

Durante a resolução do caso, quais foram as maiores dificuldades?

A nossa primeira dificuldade foi mesmo o tempo, mas acabámos por ter de lidar com a gestão do mesmo em variadíssimas situações. Outra adversidade foi o facto de o caso incidir sobre uma startup, havendo menos informação disponível para susten-

tar as nossas decisões e, no final, acabámos por realizar uma previsão menos sólida do que estávamos à espera. Em termos do tra-balho em grupo, não existiu qualquer pro-blema. Houve sempre uma boa comunica-ção entre todos.

Após vencerem esta competição, tu e a tua equipa estão a pensar partici-par noutras competições?

Esta experiência não foi ponderada, vim aqui parar a convite do Gabriel Canelas (outro membro da equipa vencedora), de forma espontânea. Foi bastante gratifican-te participar, mas ainda não foi falado nem decidido se voltávamos a participar noutra competição. Está tudo em aberto… Além disso, foi a minha primeira resolução de um

caso e deixou um “bichinho”. É para repetir a experiência.

Para uma futura edição do evento, queres deixar alguma dica aos nossos leitores?

Em primeiro lugar, ter a consciência de que é necessário muita concentração para partici-par, estar disposto a ter um “almoço rápido” e haver uma mentalização de que serão cinco horas intensas de trabalho, pesquisa e sistema-tização de informação. Um trabalho pré-com-petição é necessário, porque, neste caso, já sa-bíamos quais eram as startups e procurámos obter informação acerca de cada uma. Duran-te a realização do caso, também temos de ser rigorosos na construção dos slides e a comuni-cação do grupo tem de ser boa.

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4 Nº 10 - junho 2014

Dia da FEP’14

NOMEADOS PRÉMIO CARREIRA 2014

António SimõesLicenciado em Economia e docente da FEP até 1988, ocupa, atualmen-te, o cargo de Presidente do Conselho de Administração e CEO do Sovena Group. É Vice-Presidente Executivo da Nutrinveste, Presidente do Con-selho de Administração da Elaia, SGPS, SA e Participadas e Presiden-te do “Consejo Asesor” do Instituto Internacional San Telmo, em Sevilha.

José RoquetteEm 1953, entrou com 16 anos para o primeiro curso de Economia da Uni-versidade do Porto. Começou a sua vida profissional no Banco Espírito Santo e foi o primeiro Presidente do Conselho de Administração do Banco Totta & Açores, após a sua privati-zação. Foi Presidente da Federação Portuguesa de Golfe e Presidente do Sporting Clube de Portugal. É, des-de 1973, Presidente do Conselho de Administração do Esporão, SA.

Manuel de Oliveira MarquesLicenciou-se em Economia na FEP, em 1973, onde é Professor há 40 anos. Doutor em Finanças Empresa-riais pela Universidade de Strathcly-de, em Glasgow, Manuel Oliveira Marques é, atualmente, Vice-Presi-dente do Conselho de Administração da Sociedade Hospitais do Senhor do Bonfim, SA e Presidente da Mesa da Assembleia Regional Norte da Ordem dos Economistas, entre outras ativi-dades.

No passado dia 27 de maio, celebrou-se o dia da Faculdade de Economia da Universi-dade do Porto, com uma sessão solene que contou com as intervenções do Diretor da Faculdade, Prof. João Proença, e do presi-dente da AEFEP, Tiago Fernandes. Usou, igualmente, da palavra o Reitor da Univer-sidade do Porto, José Marques dos Santos, e o Secretário de Estado do Ensino Superior, José Ferreira Gomes, para uma conferência com o mote “Para um sistema de ensino su-perior de alto desempenho”.

O programa contemplou, também, a re-

velação dos nomeados ao Prémio Carrei-ra 2014, que distingue um diplomado pela FEP que se tenha destaca ao longo da sua carreira. Na corrida para esta eleição estão António Simões, José Roquette e Manuel de Oliveira Marques. As votações decorrem, on-line, até ao dia 15 de setembro.

Noutro âmbito, foram conhecidos os sete vencedores da Pool de Talentos. Dinami-zada pela Academia de Competências da FEP, esta competição constitui uma opor-tunidade para os estudantes da Faculdade – finalistas de licenciatura e de mestrado –

se darem a conhecer junto de entidades em-pregadoras de excelência. Com uma verten-te formativa, tem a função de identificar os talentos não só ao nível das competências técnicas, como também pessoais e sociais. Os premiados foram Ângelo Teles, Duarte Silva, Francisco Pereira, Luís Brás, Mafalda Carmona, Maria do Carmo Pereira e Miguel Fraga.

A cerimónia incluiu, ainda, alguns mo-mentos musicais a cargo dos grupos da fa-culdade: a TFEP, o eCOROmia, o Grupo Coral e a TAFEP.

XAVIER BRANDÃO

Foram três dias de intensa cam-panha, no qual ambas as listas – A e C – lutaram por convencer a comunidade Fepiana, proporcio-nando agradáveis momentos de festa, sempre sobre um clima de fair-play. Com churrascos, atua-ções musicais e uma panóplia de atrações, o último dia de campa-nha terminou com o já habitual debate. No dia 28, a comunida-de estudantil deslocou-se às urnas,

tendo proporcionado uma vota-ção renhida, da qual saiu vencedo-ra a lista C. Para o Conselho Fiscal foi eleita a lista D e para a Mesa da Assembleia Geral a lista B.

O novo presidente da Associa-ção de Estudantes, Vasco Moreira, deixou-nos algumas palavras: “É bom ver cada vez mais estudantes a adotar uma postura ativa na fa-culdade e isso nota-se pela afluên-cia de pessoas ao debate, às urnas e pelo número de candidaturas aos vários Órgãos Sociais da AE-

FEP. Relativamente à eleição da Direção, penso que o resultado foi justo e agradeço a confiança que depositaram em mim e na minha

equipa. Iremos enfrentar este de-safio com muita responsabilidade e empenho, tendo sempre os estu-dantes como principal foco.”

Eleições AEFEP

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5Nº 10 - junho 2014

Há precisamente 6 anos, 6 pessoas juntaram-se, uma equipa formou-se e o Claan nasceu. Já que há quem diga que “um grama de exemplos vale mais que uma tonelada de conselhos”, nesta edição ficarás a conhecer mais um decigrama para o teu portefólio.

CAROLINA FERNANDES

O Claan, fundado em 2008, foi criado por Clara Vieira e Andreas Eberharter. Ambos vi-veram e trabalharam em vários países, mas foi no Porto que decidiram abrir uma empresa, crescendo no UPTEC. Foi esta diversificada experiência de cul-turas e métodos que conduziu o Claan a uma grande internacio-nalização, quer na Europa, quer nos Estados Unidos da Améri-ca e América do Sul. Destaca--se, claramente, pela diversida-de de competências técnicas e criativas dos membros. Ao aliar o design, a arquitetura e a enge-nharia informática, conseguem dar uma especial originalidade aos seus projetos.

Em relação ao Parque de Ci-ência e Tecnologia da Univer-sidade do Porto (UPTEC), confirmam que é um impor-tante espaço de aprendizagem de competências pela benéfica aproximação entre a universi-dade e o mundo de trabalho. E, mais do que isso, consideram que fomenta o empreendoris-mo em Portugal e, em particu-lar, no Porto. A equipa confessa que sabe que se tivessem aber-to o Claan noutro país a veloci-dade de crescimento era maior, mas, na verdade, gostam mui-to desta cidade e acreditam que ainda tem muito para dar, caso as pessoas se empenhem.

Ora, o Claan é um estúdio criativo que desenha e constrói produtos digitais e comunica-ção aplicada. Encontra-se mui-to centrado no design, mas não esquece a utilidade dos produ-tos. Segue uma filosofia de “em-presa” interessante, na medida em que adequa os seus traba-lhos aos clientes e assume que cada projeto é um novo desafio diferente, personalizado e úni-co. A equipa confere que é isso que os motiva: nenhum pro-jeto ser igual a outro. Assim, esforçam-se para que as ideias se transformem não só em re-alidade, mas numa realidade de qualidade. É de salientar que desenvolvem projetos para multinacionais e muitos tipos de organizações, sem qualquer restrição em termos de dimen-são de atividades. Nos primei-ros tempos, o forte da empresa foi a exportação, mas já há al-gum tempo que têm um mer-cado nacional e é notório um número crescente de clientes portugueses. Não é de descu-rar o local de trabalho harmo-nioso que esta empresa, sediada no UPTEC, possui. Têm, ain-da, uma mascote. Dizem que o cão é o melhor amigo do ho-mem, mas também é do Claan. Vincent Van Dog foi o nome escolhido adequadíssimo, por sinal. Nos últimos anos, ela-boraram alguns projetos que se destacaram. Sim, uma app para iPad, “Tally Weijl-Fashion iPad App”, relativa à produção e

venda de produtos de moda do sexo feminino da “Tally Weijl--Fashion”. É de focar a abertu-ra de uma nova loja desta marca em Viena, em que equiparam os provadores com iPads e as clientes podiam tirar fotos com as roupas e enviar por e-mail ou qualquer rede social para obte-rem um rápido feedback. Ainda criaram uma espécie de “Insta-gram” em que se podia alterar as fotos com filtros fotográficos. Foi um sucesso no mundo fe-minino. Ainda nas apps, cons-truíram o “ArchDaily iPad App” com o objetivo de mostrar os vencedores e finalistas em várias categorias de arquitetura. Todas as imagens e desenhos são de alta definição e cada página foi criteriosamente concebida para tirar o melhor partido de todos os elementos.

Apoia também a Universida-de do Porto, através do Portal do Empreendedorismo que de-

senvolveu. Com um site visu-almente chamativo apresenta informações e eventos impor-tantes relativos à universidade.

Como não dizem “não” a um desafio, estão constantemente a alargar horizontes e têm um novo projeto, mesmo no Cen-tro de Inovação do Pólo Tecno-lógico do UPTEC: a criação da sinalética. Isto, porque acredi-tam que um edifício é um obje-to de comunicação. As paredes, as cores e os gráficos dão vida e “comunicam” com quem lá passa.

Da história do Claan retira--se que é necessário partilhar ideias.Quem sabe se terão “per-nas para andar”… Aqui há uns tempos, numa notícia do jornal Público em relação ao UPTEC do Pólo das Indústrias Criativas (PINC) lia-se: “as ideias dispa-ratadas são as que têm mais su-cesso”. Parece-me que os Claan concordam, no bom sentido.

Claan: é tudo à tua medida

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6 Nº 10 - junho 2014

Numa conversa intimista, Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças e professor desta “casa” revela-nos detalhes das suas vivências.

JOÃO SEQUEIRAMATILDE ROSA CARDOSO

Quem é o Teixeira dos Santos para lá da figura pública?

É um professor da FEP já há 41 anos, é um pai de família que teve sempre a sua vida muito centrada no Porto e que, por razões profissio-nais, teve que estar uns tempos em Lisboa. Fez o ensino secundário no Liceu D. Manuel II e, mais tarde, estudou na FEP, onde tirou o cur-so de Economia entre 1968 e 1973. Viveu uns anos nos Estados Unidos, onde obteve o dou-toramento em Economia. É um cidadão preo-cupado com a situação atual e futura do nosso país.

É mais do seu agrado enfrentar uma tur-ma ou o Parlamento?

Apesar de tudo, é mais fácil enfrentar uma turma, sem dúvida, porque temos um conjunto de pessoas que, de uma forma geral, estão in-teressadas em ouvir-nos e em poder aprender alguma coisa com aquilo que nós procuramos transmitir durante uma aula, o que nem sem-pre acontece no Parlamento. O intuito principal no Parlamento é, sobretudo, encontrar alguma coisa sobre a qual se possa ripostar, contra-ar-gumentar e pôr em causa. Uma postura muito diferente e um registo comunicacional necessa-riamente distinto.

Prefiro ser Professor. É aí que sinto que, de facto, lido com os problemas com um cuida-do e um rigor que, normalmente, não aconte-ce no debate político, embora no exercício em si das funções, com certeza que esse rigor não pode deixar de estar presente. O cargo político também é, sem dúvida, aliciante, porque impli-ca estar no domínio da decisão e da ação e não tanto da análise. Todo o instrumental teórico e técnico que possuímos é posto à prova quando confrontado com os desafios da realidade, com as decisões que temos que tomar e com o risco que essas decisões envolvem, sendo certo que o quadro da decisão não é o quadro abstrato, do modelo, que é sempre uma realidade simplifi-cada. É um quadro em que múltiplas valências se cruzam, onde o objetivo a atingir não é úni-co, como, muitas vezes, resumimos nos mode-los económicos. São decisões que procuram ba-lancear objetivos contraditórios e múltiplos ao

mesmo tempo. Daí que nem sempre seja fácil a tomada de decisão, por ter que ponderar as vá-rias cambiantes de uma realidade que é, necessa-riamente, mais complexa.

Quando decidiu licenciar-se em Econo-mia, já ambicionava ser professor ou ten-cionava fazer outro percurso?

À partida, tencionava fazer outro percurso. Devo confessar que não fazia bem ideia, quando iniciei Economia, que percurso poderia ser, por-que o curso era relativamente novo, mas sabia-se que era uma área com prestígio, dando oportu-nidade de exercer um cargo de gestão. Nunca equacionei, quando iniciei o curso, vir a seguir uma carreira universitária. Isso resultou do facto de ter feito um bom percurso na universidade, tendo acabado com uma boa média para aquilo que era padrão na altura. Pouco depois de ter terminado, fui convidado para ser Assistente da faculdade. Foi deste modo que enveredei por esta carreira. Se, por acaso, tivesse tido um outro convite, com certeza teria seguido outro cami-nho, mas são também estes acasos da vida que, muitas vezes, depois nos fazem enveredar por um percurso. Neste caso, senti-me bem, gostei e não estou arrependido, de forma alguma, de o ter escolhido.

O que o levou a aceitar o convite do Pro-fessor Sousa Franco para seu Secretário de Estado do Tesouro e das Finanças, em 1995, e que veio a ser a sua porta de en-trada para o mundo da política?

Eu sempre tive o que se pode chamar de um “bichinho da política”, apesar de não ter mili-tância partidária. A minha juventude e o pós--licenciatura foram muito marcados por aconte-cimentos políticos. A minha geração vivenciou intensamente o 25 de abril de 1974, que foi logo no meu primeiro ano como Assistente na FEP. Este “bichinho da política” ficou sempre presente, bem como a preocupação com a nossa vida coletiva e com o país, que foram questões que sempre valorizei.

Nos anos 90, começou a sentir-se a necessida-de de uma mudança política, de orientação e de dar algum élan à vida política portuguesa com uma alternativa política que fosse diferente. Por-tugal queria integrar a moeda única em 1999. Os desafios, que se colocavam ao país, eram, também, desafios para mim, enquanto econo-mista e professor. Daí que, quando em 1995 fui desafiado para fazer parte deste novo Governo que iria ter a seu cargo, no fundo, conduzir o país para a moeda única, achei que seria uma boa oportunidade de viver esta questão, não tanto no âmbito académico, mas na perspetiva

PROFESSOR DA FEP, EM ENTREVISTA

Cavaqueando com... Tei

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7Nº 10 - junho 2014

de alguém que teria que estar no terreno e par-ticipar ativamente, pela sua ação política, nesse processo. Esta oportunidade foi única e uma ex-periência, para mim, muito enriquecedora, de que não me esqueço. Participei no que me pare-ce ter sido um momento decisivo da vida portu-guesa desde então e que, espero, venha continu-ar a marcar o país.

Recordo-me de que o Governo nesta altu-ra era minoritário: o Eng. António Guterres ganhou as eleições, mas não as ganhou com maioria absoluta. O país tinha um historial de governos minoritários que tinham vida curta. Lembro-me de, em casa, ter dito: “Posso vir em-bora daqui a poucos meses e posso vir a arrepen-der-me de aceitar este desafio, mas de uma coisa estou certo: se não o aceitar, ficarei para sempre arrependido”.

Mais tarde, integrou o Governo Socia-lista como Ministro. Como convivia o Tei-xeira dos Santos, Ministro das Finanças, com o Teixeira dos Santos, contribuinte?

Os contribuintes reclamam sempre, porque ninguém gosta de pagar impostos.

Distingo, aqui, duas situações. Uma delas, vivi-a durante a primeira fase da governação – de 2005 até praticamente à crise –, onde grande parte do esforço que foi feito foi no sentido de melhorar a eficiência da Administração Fiscal, cobrando os impostos que as pessoas tinham efetivamente que pagar e melhorando os sis-temas de fiscalização e detecção de incumpri-mento. Isso gerou, na altura, algumas reações,

como era natural, mas, no fundo, estávamos a “ir atrás” de incumpridores das suas obrigações e o que se pretendia era obrigá-los, construin-do um sistema em que as pessoas percebessem que, se não cumprissem, a probabilidade de se-rem detectadas era grande. Uma medida impor-tante até mesmo para reforçar a credibilidade da Administração Fiscal. A segunda situação é aquela em que há, de facto, grandes aumen-tos de impostos, o que ocorreu na fase final da minha atuação enquanto Ministro e, também, mais recentemente, face ao agravamento da si-tuação orçamental e à necessidade de redução do défice.

Na primeira situação, posso perceber que as pessoas protestem pela razão de fundo de que ninguém gosta de pagar impostos, mas tal não me parece defensável porque é uma obrigação subjacente a todos e não pode haver quem cum-pra e quem não cumpra. Por outro lado, numa segunda situação em que aumentamos a carga fiscal e vamos onerar mais as pessoas, reconhe-ço alguma legitimidade ao protesto. Afinal, aí, as pessoas percecionam que se lhes está a tirar mais rendimento do que aquilo que é razoável, o que também limita a sua margem de inter-venção, seja no caso das empresas ou das famí-lias, quer pela via do investimento como pela do consumo.

Nesta fase, conseguia ter tempo para se dedicar aos seu hobbies ligados ao cine-ma, fotografia e jardinagem?

Sim. Não tanto quanto gostaria, mas procu-rei manter alguns hobbies, nomeadamente a fo-tografia. Descurei um bocadinho a jardinagem, porque nem sempre tinha fins de semana dis-poníveis para me dedicar a isso. Contudo, gos-tei sempre de ver um bom filme ou umas boas séries e dar passeios com os amigos. Uma coisa que gosto de fazer quando me reúno com ami-gos é filmar e fotografar para depois fazer um vídeo acompanhado por uma banda sonora adequada aos momentos e às situações. Dá-me prazer passar algumas horas ao computador a fa-zer essa edição e montagem. É algo a que sem-pre me dediquei.

Depois de ter saído do Governo, a minha mulher e eu concretizámos um projeto que tí-nhamos de poder reunir todos os meses um conjunto de amigos para ver um filme de refe-rência, que tenha marcado a sétima arte. Faze-mo-lo em nossa casa ou em casa de outros ami-gos, de forma alternada. Estive praticamente 16 anos a viver em Lisboa, estando a família no Porto, o que forçosamente me retirou tempo a um convívio regular com o grupo de amigos. O

meu regresso ao Porto simbolizou, de certa for-ma, o momento certo para reativar e reanimar o círculo de amigos. Podermos nos divertir juntos é sempre algo saudável.

O mediatismo inerente ao exercício de cargos públicos é algo que o incomoda?

Sim, de alguma forma. É evidente que, quan-do estamos no exercício das funções, o media-tismo é incontornável e importante, porque há a necessidade de comunicar. Os meios mediáti-cos são, obviamente, um instrumento através do qual podemos fazer essa interação com os portu-gueses. Tirando este benefício, a pressão é muito grande. Além disso, quando se deixa de exercer esse tipo de cargos e se vai a qualquer sítio, a sen-sação de que toda a gente está a olhar para nós, a cochichar e a tecer comentários é estranha. Aprendemos a conviver com isso, mas não nos sentimos tão à vontade. Deixa de ser possível es-tarmos num espaço público e usufruirmos do anonimato do cidadão comum. Devo dizer que, depois de seis anos no Ministério das Finanças, com a pressão mediática forte que se vivia, senti a necessidade de ter algum recato.

Outros aspetos a distinguir no seio da media-tização são, por um lado, quando se está a exer-cer um cargo e se está exposto mediaticamente, porque é necessário e, por outro lado, quando não se está a exercer um cargo e se expõe porque se quer. Neste último caso, está-se numa posição em que se escolhe e comanda, de certa forma, as condições, o que está longe de acontecer no primeiro caso.

Como lidava a sua família com a expo-sição e as críticas que lhe foram dirigidas durante o exercício dos seus cargos polí-ticos?

A pessoa que está diretamente ligada a estas situações habitua-se a lidar com elas, acabando por se tornar no seu dia a dia. Encara-as com um escudo protetor e deixa de estranhá-las. Aprende a ter um certo distanciamento e frieza que permite que os comentários não a toquem muito nem a afetem, mas o mesmo não acon-tece com a família e com as pessoas que lhe são mais queridas. Isso é o que mais custa. Não tan-to, às vezes, o que está a ser noticiado, mas ver que os que nos rodeiam são feridos e tocados.

xeira dos SantosParticipei no que me parece ter sido um momento decisivo da vida portuguesa

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8 Nº 10 - junho 2014

Centremo-nos na fase final do seu man-dato: a aprovação do PEC IV teria evitado o pedido de ajuda externa?

Eu estou convencido que sim. Convém não ignorar que a seguir ao chamado chumbo do PEC IV, sofremos, em poucas semanas, um downgrade do nosso rating na ordem dos cin-co a seis notches na escala de classificação. Foi esta queda abrupta que acabou por precipitar as dificuldades – que, sem dúvida, já existiam – e estreitar o acesso do país aos mercados. Se esse acesso já não era fácil, depois deste acontecimen-to tornou-se praticamente impossível podermos garantir todo o financiamento que precisáva-mos. Foi isto que esteve na base da necessidade do pedido de ajuda. Na minha leitura, o que nós tínhamos conseguido com o PEC IV na altu-ra era um quadro onde havia um compromis-so com a Comissão Europeia e, principalmente, com o Banco Central Europeu (BCE). O BCE iria fazer aquilo que, mais recentemente, disse que faria com as Operações Monetárias Defi-nitivas, que era ter uma intervenção monetária permanente; como disse Mario Draghi, “fazer o que for necessário para salvar o Euro”.

Em resumo, se o PEC IV tivesse sido apro-vado, estaríamos numa situação que, segundo me parece, seria muito semelhante àquela que a Espanha acabou por vir a ter, porque este país precisou de um apoio para o financiamento dos seus bancos, mas não teve que pedir um resgate formal. A Espanha conseguiu avançar com um programa de reformas e aliviar a pressão que os mercados exerceram sobre o país.

A melhoria que temos vindo a sentir nestes últimos meses na evolução dos spreads da dívida pública está muito relacionada com o dissipar do risco que os mercados temiam sobre questões que se prendem com a saída de países do Euro ou com o risco de default de outros. Ora, estas iniciativas dissiparam tais dúvidas e os mercados passaram a valorizar menos este risco.

E o PEC IV teria sido suficiente?Foi bom ver que nem o Memorando de En-

tendimento celebrado com a Troika se manteve inalterado do princípio ao fim. Ao longo destes três anos, muita coisa foi alterada e viveu-se um período muito crítico da crise, onde o risco da Espanha e da Itália poderem ser, também, sub-mersas por esta onda de crise foi muito grande. Foi também este receio de contágio que levou a decisões mais fortes a nível europeu.

Quando é que tomou consciência de que seria inevitável o resgaste?

A partir do momento em que o rating sofreu uma queda acentuada, arrastando, também, o ra-ting dos bancos e das principais empresas, o pro-blema era não só de financiamento do Estado, mas também de financiamento dos próprios ban-cos e das grandes empresas portuguesas que, por essa via, estavam a ser contagiados no que diz res-peito à falta de confiança dos mercados.

Durante muito tempo, grande parte do fi-nanciamento vinha do exterior: tínhamos um mercado da dívida pública europeu no qual

nos financiávamos. Esse mercado começou a fechar-se e restava o sistema financeiro nacional. Porém, com a própria degradação do rating da banca, esta não estava em condições de suportar o ónus de garantir o financiamento do país e de, assim, poder substituir os investidores estrangei-ros. No fundo, quer o mercado interno, quer o mercado externo, e, particularmente, o mercado europeu, estreitaram muito. Daí as dificuldades de obtenção de financiamento.

Esta visão que, para si, era clara, tam-bém o era para os restantes membros do Governo?

É natural que, para mim, fosse mais clara pelo dever do ofício e da formação. Tinha uma percepção mais clara do funcionamento dos mercados, da forma como reagiam e o acom-panhamento que fazia da evolução da situação obrigava-me, necessariamente, a isso. Os mem-bros do Governo tinham um maior sensibilida-de política de não esquecer que o país já havia estado em dois programas de assistência externa e a marca que isso deixou. Ainda hoje, quan-do se fala naqueles tempos, nos anos 80, com a presença do FMI, a ideia é de grande auste-ridade, de tempos difíceis. Uma marca política muito forte e quase traumática dessa passagem. Essa memória existia, e daí que, politicamente, não se tome uma decisão destas de ânimo leve. Compreendo que quem tem a sensibilidade po-lítica mais apurada resista a dar um passo des-sa natureza, porque deixa uma marca. Passados três anos, acabou este período do programa e vemos o resultado que deixou na sociedade por-tuguesa. Há fissuras que se geraram entre quem tem trabalho e que não tem, quem está no setor público e no privado, entre jovens e velhos. Há um ambiente de algumas clivagens que se agu-dizaram e que vamos ter que sarar, nos próximos tempos. Não é só ter que pagar mais impostos, ou cortes nos salários e pensões, mas a ideia que ficou no debate político é a de que há um sector privado que é virtuoso e um sector público que o não é. Vamos ter que ultrapassar isto. Não é fácil tomar estas decisões para quem já viveu, no passado, este déjà vu. Posso perceber – e, na al-

tura, entendia isso – que havia esta tensão entre quem tem esta visão das exigências de financia-mento do país e aqueles que, percebendo estas dificuldades, têm sensibilidade à questão políti-ca e menos apetência para certo tipo de soluções técnicas que, pela minha formação, possuo.

Como foi tomar a decisão de comunicar a um jornal a necessidade de pedir aju-da externa sem o consentimento do então primeiro ministro, José Sócrates?

Isso tem a ver com a questão de ter expres-so essa necessidade. Entrou-se no processo de, no fundo, querer adiar essa tomada de decisão e chegou-se a um ponto em que me parecia que não era mais adiável. Concretamente, no diálo-go que tivemos, eu referi que era preciso pedir auxílio externo, ao qual me solicitaram 24 ho-ras para pensar sobre o assunto e sobre possíveis alternativas. Cheguei a um ponto em que, em consciência, tinha de expressar aquilo que tinha que ser feito. Caberia aos decisores concordar comigo ou não. Foi isso que me levou a expri-mir publicamente o meu entendimento sobre a questão, o que, felizmente, foi aceite.

Não se aconselhou com ninguém? Não revelou a ninguém que ia tomar esta atitu-de? Foi uma decisão solitária?

É uma decisão muito nossa. Ao fim ao cabo, somos nós que a tomamos.

O facto de se assumir como indepen-dente permitiu-lhe pensar “que se lixem as eleições, o que interessa é Portugal”?

Para mim é um bocado difícil responder a isso: não tendo uma obrigação perante uma for-ça política qualquer, não sei qual seria o tipo de decisões ou reações minhas, se tivesse. Admito que, em princípio, não tendo obrigações parti-dárias, nem tendo que prestar contas a um par-tido, a minha motivação é a de alguém que está no governo com o objetivo de servir o país com aquilo que sabe, bem ou mal. Não tenho uma contabilidade partidária que tenha que cumprir.

Já houve pessoas na nossa história, ligadas a partidos, que tomaram decisões, como o Dr.

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Mário Soares que pediu a ajuda do FMI nos anos 80. Acho que há momentos onde, apesar das ligações partidárias, ao fim do dia, estando em causa o interesse do país, esse interesse aca-ba por prevalecer. Aliás, também quero acreditar que os bons líderes partidários percebem que os partidos não têm futuro se não velarem pelo in-teresse do país.

Arrepende-se de ter aceite o convite para integrar o governo socialista?

Não, de forma alguma. Acho que foi um grande desafio, com momentos muito difíceis e dolorosos, principalmente neste último perío-do. Devo reconhecer que até com algum dano reputacional e de imagem, pela crise e sua gra-vidade. Quando as coisas são tão difíceis, e pe-rante as dificuldades que se geraram, procura-se ter algum rosto a quem culpabilizar e, portanto, tenho consciência que possa ter sido penalizado por isso. Mas não é este facto que me faz achar que tenha razões para estar arrependido.

Se estivesse no Governo, teria optado pelo programa cautelar?

Sim, já tive oportunidade de defender pu-blicamente a conveniência de um programa cautelar. Uma rede de segurança seria impor-tante, porque a crise ainda não acabou. Exis-tem riscos e estamos sujeitos a que possam ocorrer acontecimentos que perturbem a si-tuação mais positiva que temos vivido ulti-mamente. Temos um nível de desemprego e de dívida pública muito elevados, as nossas empresas são as mais endividadas no quadro do Euro e o nosso crescimento ainda é fraco. Tudo isto são factores que aconselham a pru-dência. Convém, como se costuma dizer, não “embandeirar em arco” nesta situação de al-guma acalmia e descompressão que se viveu nos mercados recentemente, porque ainda nada está garantido. O programa cautelar não só manteria alguma contenção nas promessas que se é tentado a fazer em ambientes eleito-rais, como se alguma coisa viesse a correr me-nos bem, e oxalá que não, teriamos uma solu-ção de recurso para o financiamento do país.

Dado o fim do programa de assistência, acha que todas reformas necessárias ao sucesso foram implementadas?

Ainda há muito para fazer. A nível orçamen-tal, estamos longe do objectivo de médio pra-zo, que é uma situação próxima do equilíbrio. Posteriormente, vamos precisar de atingir saldos primários positivos para aliviar o peso da dívi-da. Precisamos de aprofundar reformas nalguns mercados importantes que afectam as condições de funcionamento da economia, como a ener-gia, as telecomunicações, a rede de transportes. No sistema de justiça, ao fim de três anos, fica-mos com a sensação de que nada mudou.

Tivemos uma janela de oportunidade, por-que, quer queiramos quer não, esta condiciona-lidade que um programa com o FMI e a Co-missão Europeia nos impunha, era também uma oportunidade para fazer as mudanças que precisamos. Nota-se que pouco mudou.

Continuamos a ter um enorme défice em ter-mos de qualificações e níveis de educação. Um país que não tem um elevado grau de educação é um país que dificilmente pode vir a ser mais produtivo ou a melhorar o seu rendimento e as suas condições de vida, fatores que têm uma correlação muito forte entre si.

A reforma do Estado ficou por fazer, tam-bém. E, por isso, acho que é importante que haja compromissos políticos fortes, que possam

gerar um entendimento em torno de alguns ei-xos de política que são fundamentais e estrutu-rantes para o país.

Chamo a atenção para o seguinte: os dois grandes partidos da nossa democracia, o PS e o PSD, confrontaram-se sempre e disputaram entre si as eleições, mas houve uma transforma-ção que foi a mais profunda que se fez no nosso país, após o 25 de abril, e que resultou de um compromisso – foi a integração europeia, a en-trada na moeda única, tudo o que isso implicou em termos de mudanças no país, reformas eco-nómicas, reformas legais e constitucionais. Tudo isso foi possível porque existiu um compromisso entre esta duas forças políticas. Anteve-se fun-damental que, noutros eixos da política, assim como se entenderam quanto ao projeto euro-peu, venham a marcar o nosso caminho futuro com o compromisso. Apesar das diferenças e da disputa, espero que haja um sentido do cami-nho a prosseguir.

Estando, atualmente, em constante contacto com jovens universitários, como avalia o afastamento destes da política?

Primeiro, acho que temos que valorizar o sis-tema democrático em que vivemos e, para já,

estou à espera que alguém me venha sugerir um que seja melhor do que este. Sinceramente, ape-sar dos seus defeitos, este é um regime onde te-mos um espaço de intervenção e liberdade que são fundamentais preservar. Temos que encon-trar formas de funcionamento do sistema polí-tico e do sistema partidário que, de alguma for-ma, credibilizem a atividade política. Isso passa por reformas importantes. Uma que, para mim, seria decisiva era termos um sistema político--eleitoral onde, de facto, os eleitos ficassem cla-ramente vinculados aos eleitores e tivessem que responder de forma mais clara e direta àqueles que os elegeram. Temos um sistema eleitoral em que elegemos alguém no Porto que aparece nas listas dos partidos “sabe-se lá de onde”. São elei-tos pelo Porto, vão para Lisboa exercer o cargo político e nunca mais vêm ao Porto. Os cida-dãos do Porto não se sentem identificados com as pessoas eleitas pelo seu círculo eleitoral, nem elas lhes vêm dar explicações ou prestar contas daquilo que estão a fazer em sua representação. Acho que precisamos de um sistema político onde esta ligação do eleito ao eleitor seja mais forte. O que temos é um sistema em que o eleito está ligado a um partido. A fidelidade às lideran-ças do partido é o que acaba por contar na sua carreira política e não tanto o cumprimento do mandato que lhe foi dado pelo voto de quem o elegeu.

Ainda que seja um adepto fervoroso do Futebol Clube do Porto, qual con-sidera ser o impacto no PIB resultan-te dos sucessos do Benfica na última temporada? Compensam os momentos menos felizes do seu clube?

Eu só recordo que o PIB caiu no último tri-mestre. Não há correlação entre as vitórias do Benfica e o PIB.

Qual a sua maior qualidade e o seu maior defeito?

Como defeito, diria alguma teimosia. Desde pequenino, a minha mãe já se queixava disso. Como qualidade, gosto de estabelecer pontes. Gosto de ter as pessoas a trabalhar e servir de elemento aglutinador, de ultrapassar clivagens. Portanto, de uma forma geral, sou paciente e perseverante, de forma a encontrar soluções que possam ser partilhadas pela generalidade das pessoas. Gosto de ser um elemento catalisador de compromissos, consensos e diálogo.

O que o move e comove? O que me move continua a ser procurar fa-

zer bem aquilo que tenho que fazer, numa busca permanente de aperfeiçoamento. Co-movem-me as relações afetivas pessoais, os la-ços familiares, as pessoas que me são queridas. Comove-me muito o sofrimento... É uma coisa que me custa ver.

O que vale realmente a pena na vida? Ter pessoas à nossa volta de que gostamos e

que gostam de nós. Sentirmos isso, ao fim ao cabo, é o que conta... Sentirmos que amamos e somos amados.

Não tenho uma contabilidade partidária que tenha que cumprir.

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“A necessidade aguça o engenho”MARIANA RIBEIRO

Que soluções temos para dar um pontapé na crise? Mudar de emprego, dirão uns, emigrar, dirão outros. Eu diria que a so-lução passa pela capacidade de inovar e de nos reinventarmos constantemente.

“Empreendedorismo” é a palavra de ordem das gerações presen-tes; os portugueses estão, cada vez mais, a pensar “fora da caixa”. Esta onda de inquietude surge da necessidade de explorar caminhos alternativos num mercado tão saturado e homogeneizado. Diaria-mente, surgem novos projetos e criações que procuram combater esta realidade. As plataformas online, como as redes sociais e os blo-gs, têm sido o motor de arranque para estes negócios pessoais.

Na hora de criar um negócio, apostam firmemente e confiam no instinto positivo que os move. Partem de ideias simples e acrescentam-lhes uma pitada de irreverência que os distingue.

Como consumidora atenta, posso distinguir três ou quatro ideias de negócio que prenderam a minha atenção.

Wish a Bean é uma marca inovadora que deixa qualquer um curioso. Numa lata de metal é plantada uma semente de feijão personalizada. Na verdade, não se sabe bem como, mas após 2 a 3 semanas de rega, o feijão cresce com uma mensagem gravada. O cliente pode escolher o que quer transmitir, existindo já algu-mas palavras pré-definidas como “obrigada”, “adoro-te” ou “des-culpa”. Este é o presente ideal para se oferecer a alguém especial, pela sua originalidade e pelo simbolismo que carrega. A meu ver, qualquer “coisa” ou objetivo que queiramos ver crescer e dar fru-tos, requer a nossa atenção e cuidado, tal como o feijão mágico!

Num ramo um tanto diferente, mas igualmente fascinante, surge o grupo Tricírculo que vende roupa em segunda mão per-sonalizada, dando-lhe um toque vintage, muito em voga atual-mente.

BC Exclusive é uma marca que se veste de cor de rosa, conhe-cida por despertar a atenção de inúmeras personalidades famo-sas portuguesas, fazendo as delícias da camada feminina mais jovem.

Add&Keep personaliza e redecora movéis, acrescentando-lhes um painel de PVC (material plástico), dando uma nova vida a peças já obsoletas.

Por fim, os óculos Resso vieram reinventar a moda das arma-ções. Estas são feitas de forma artesanal, totalmente em madeira, e combinam os modelos mais recentes.

Muito ao contrário do que se pensa, esta onda de empreen-dedorismo não bateu apenas à porta dos mais jovens e dos mais desfavorecidos. A classe média concilia o seu emprego fixo com este part-time e dedica boa parte do seu tempo àquilo que come-çou por chamar hobby.

De facto, estamos longe de ser um povo conformado e queixo-so. Na hora de trilhar um novo percurso, o incerto vira desafio e do velho faz-se novo. Mas estarão as gerações vindouras prepa-radas para este caminho que se avizinha altamente competitivo?

Após 5 minutos de reflexão, consigo facilmente decifrar o fu-turo com contornos bem mais virtuais do que físicos. Os estabe-lecimentos darão lugar aos espaços online e o consumidor estará cada vez mais insaciável e exigente. Os negócios mais inovadores irão encher as “montras” e surpreender os mais céticos, sendo que o lifetime dos produtos será cada vez mais efémero.

No entanto, deparamo-nos, nesta fase, com um paradoxo in-teressante: com tanta rapidez e tanta alteração, resta saber se o mercado será capaz de absorver tanta novidade e, mais impor-tante ainda, se o potencial cliente não estará já imune a qualquer tipo de estratégia de comunicação por parte das marcas.

Todos sabemos que o nosso dia a dia está repleto de campa-nhas publicitárias, umas mais subtis, outras mais intrusivas. É com base nesta extrema dificuldade de agradar a um leque tão diverso de consumidores que me arrisco a dizer que o paradigma se vai alterar e que amanhã estaremos mais “dentro” das marcas do que possamos imaginar!

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DANIEL SALAZARJOÃO PARREIRA

Após a falência do Lehman Bro-thers e da crise financeira subse-quente que culminou na crise das dívidas soberanas europeias em 2010, países como Portugal, Gré-cia e Irlanda submeteram-se a pro-gramas de ajustamento financeiro, com uma componente muito forte de austeridade (entenda-se aumen-tos de impostos e cortes na depesa), como forma de estancar o brutal aumento das dívidas públicas.

Vários políticos e analistas, ten-do à cabeça Paul Krugman, alegam que o problema atual da Euro-pa é a própria austeridade. O ar-gumento padrão é o seguinte: em decorrência das reduções nos gas-tos públicos, a procura na econo-mia torna-se insuficiente. Isso leva a um aumento do desemprego. O desemprego piora a situação, por-que gera uma queda ainda maior na procura agregada, o que, por sua vez, provoca uma queda nas receitas governamentais e um con-sequente aumento dos défices orça-mentais.

Mas será mesmo assim? Será que a austeridade conduz a um ciclo vi-cioso de desemprego e a uma espi-ral recessiva sem fim? A economia portuguesa parece estar a dar a vol-ta, mas olhemos para o comporta-mento de outras regiões, como o caso dos países bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) que iniciaram processos de ajustamento alguns anos antes de nós.

EstóniaCom 1,3 milhões de habitantes,

a Estónia foi um dos países bálti-cos com uma recuperação robus-ta. Em 2009, conseguiu reduzir a sua despesa em 4,5% face ao ano anterior, sofrendo, no entanto, um ajustamento de grande impacto no curto prazo, que motivou uma queda acentuada do seu PIB. Po-rém, registou, em 2010, um ex-cedente orçamental, quando, em 2009, atingia um défice de 7% do PIB. Além disso, conseguiu colo-car a sua dívida pública nos 10% do PIB, alcançando, assim, um excelente resultado. A clara vonta-de das autoridades estonianas em manter o rigor das contas públicas e o rigor orçamental foi fundamen-tal para proporcionar um clima de

confiança entre os investidores e os mercados. Com a estabilidade ge-rada por estas políticas, os cidadãos puderam aumentar os seus níveis de poupança, o que é fundamen-tal para manter o investimento em níveis elevados. Desta forma, a taxa de poupança evoluiu de 2008 a 2013, passando de 20% para 26% do PIB, mantendo, assim, o inves-timento em 27% do PIB. A pou-pança revelou-se fundamental para levar a cabo uma transformação da economia deste país, que ante-riormente se sustentava em bolhas creditícias. Consequentemente, deu-se uma alteração da estrutu-ra produtiva, devido à diminuição do consumismo, que era sustenta-do pelo crédito, o que conduziu a um aumento das exportações. Estas passaram de 50% do PIB em 2007 para 72% em 2012. Os resultados ao nível de crescimento do PIB e do emprego são, também, claros. Entre 2010 e 2013, houve um crescimento de 16% e uma criação líquida de emprego de 10%. Estas políticas foram, também, seguidas pela Letónia e pela Lituânia, con-duzindo aos resultados que a seguir se enunciam.

Letónia

A Letónia, que partiu de um dé-fice orçamental de 7,2% do PIB em 2009, conseguiu equilibrar o seu orçamento em apenas 3 anos (défice de 0,1% do PIB em 2012). Este rigor nas contas públicas per-mitiu a consolidação da sua dívi-da pública em apenas 36,4% do PIB letão, um valor invejável para a grande maioria dos países ociden-tais. Já a sua taxa de poupança pas-sou de 17% para 24%, reforçando a sua taxa de investimento em tor-no dos 26% do PIB. Entre 2007 e 2012, as exportações passaram de 27% para 44%, conduzindo a uma drástica melhoria das suas contas

externas: um saldo de -22% para apenas -1% do PIB. A sua taxa de desemprego, após atingir um má-ximo de 18% da população ativa (2010), vai reduzir para 12% no fi-nal deste ano. Entre 2010 e 2013, o PIB letão expandiu em cerca de 15% e, no corrente ano de 2014, o PIB segue a somar 4,2% de cresci-mento. Prevê-se que o seu PIB per capita supere, já em 2014, o seu máximo atingido antes da crise.

Lituânia

A Lituânia é, no conjunto dos países analisados, o que tem uma recuperação menos acentuada. No entanto, o seu sucesso é, também, assinalável. Através de uma redução de 4,7% dos gastos em comparação com 2008, conseguiu passar de um défice de 9,4% do PIB em 2009 para 3,3% em 2012, reduzindo a dívida pública para 42% do PIB.

Entre 2008 e 2013, a taxa de pou-pança da Lituânia evoluiu de 14% para 18% do PIB, obtendo uma taxa de investimento de 18%. As exportações registaram uma subida expressiva, passando de 44% para 70% do PIB, entre 2007 e 2012, o que levou a um equilíbrio das con-tas externas. Tudo isto se traduziu num crescimento do PIB da Lituâ-nia, entre 2010 e 2013, de 13% e numa taxa de criação de empregos líquidos de 3%.

ConclusãoCom estes três exemplos, é pos-

sível compreender a necessidade de implementação de medidas de aus-teridade perante situações de crise económica e financeira. Anterior-mente, os gastos superavam as re-ceitas, sendo suportados com re-curso a crédito que ia aumentando a dívida pública até esta se tornar insustentável. Foi necessário atu-ar de imediato e, apesar do gran-de impacto no momento da apli-cação das medidas, os resultados são, agora, notórios. Tal não seria possível sem um ajustamento claro e imediato que transformasse uma economia dependente de crédito numa economia sólida e susten-tada na sua capacidade produtiva. Ou seja, tal não seria possível sem a austeridade.

Maldita Austeridade

País Estónia Letónia LituâniaCapital Tallinn Riga VilniusÁrea (Km2) 45100 64589 65200Pop. Absoluta 1400000 2400000 3700000Pop. Relativa 31 hab./Km2 37 hab./Km2 57 hab./Km2

PIB per capita PPCPaís/Região 2008 2009 2010 2011 2012

UE 28 100 100 100 100 100Estónia 69 64 64 69 71Letónia 59 54 55 60 64Lituânia 64 58 62 68 72Fonte: Eurostat

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Para que as oportunidades fora de portas te inspirem, este mês o Fepiano esteve à conversa com um aluno da FEP. Nuno Sousa trilhou um notável percurso académico enquanto aluno desta faculdade e não se ficou por aí. O passo seguinte foi o Master in Economics na prestigiada Pompeu Fabra, em Barcelona, e frequenta, agora, o programa de doutoramento na Universidade de Chicago.CAROLINA REISLARA QUEIROZ

Qual a tua motivação para escolher tirar o doutoramento em Chicago?

Eu tinha alguma ideia de prosseguir es-tudos de doutoramento e os EUA oferecem as melhores universidades. A grande dificul-dade é ser aceite no programa de doutora-mento - vindo diretamente da FEP é bastan-te difícil, a competição é muito intensa. Há poucas escolas na Europa direcionadas para enviar os seus estudantes de Master para este Doutoramento. A rede de networking entre professores tem, também, grande im-portância e a FEP não se encontra, ainda, bem posicionada nesse contexto. A Uni-versitat Pompeu Fabra, em Barcelona, tem um bom historial de recomendar estudantes para doutoramentos como este e alguns dos seus docentes são mesmo oriundos dos Esta-dos Unidos, incorporando as suas redes de contatos. Este mestrado acabou por ser uma plataforma de arranque e a melhor forma de testar se o doutoramento seria para mim uma boa opção.

O que mais me motivou a ingressar no doutoramento nos Estados Unidos foi a pos-sibilidade de entrar no mercado de trabalho americano.

O acesso ao visto, para poder trabalhar nos Estados Unidos, é um processo bastan-te longo e, geralmente, para se ser aceite, é necessário provar que se é detentor de uma qualificação verdadeiramente distintiva. Em igualdade de circunstâncias, os estrangeiros são preteridos aos americanos.

Nessa medida, quando terminares o teu doutoramento, que oportunidades consideras que surgirão?

A University of Chicago é uma universi-

dade prestigiada. Creio que só com o mes-trado pela Universitat Pompeu Fabra não teria as mesmas oportunidades no setor pri-vado, aqui nos Estados Unidos. Há bastantes PhDs a competirem com MBAs diretamen-te. Existem empresas que requerem com-petências a nível de big data, por exemplo competências de programação, dados estatís-ticos, no setor de investment banking, entre outros, que exigem grande qualificação e co-nhecimentos avançados.

Relativamente ao MBA, o de Chicago está no top do ranking do Financial Times, no entanto, o perfil é diferente. É mais direcio-nado para quem já está no mercado de traba-lho e pretenda estabelecer uma rede de con-tatos empresariais.

Uma das vantagens de um PhD em econo-mia é, também, o facto de não ser exclusivo; ser possível dar aulas na universidade e re-alizar, por exemplo, trabalho de consultoria para o setor privado.

Alguém que acabe o doutoramento nos Estados Unidos não fica, normalmente, na universidade que lhe atribuiu o grau, mas tem sempre a possibilidade de se candidatar a outras universidades.

O setor de investigação também é comple-tamente diferente do de cá, sendo os salários equiparáveis aos do setor privado. Na Eu-ropa, isso é impraticável. A maior parte das universidades são públicas e não têm possi-bilidade de contratar ou financiar projetos da mesma dimensão. Aqui, as universidades

NUNO SOUSA, ESTUDANTE DA FEP, EM ENTREVISTA

MOBILIDADE INTERNACIONAL nos Estados Unidos

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NUNO SOUSA, ESTUDANTE DA FEP, EM ENTREVISTA

MOBILIDADE INTERNACIONAL nos Estados Unidoscompetem para atrair os investigadores de topo, e os salários podem tornar-se avulta-dos.

Como foi o processo de admissão na universidade? Candidataste-te a bolsa de estudos? Que entidade providenciou a bolsa?

Em Barcelona, tive a sorte de ter recebi-do uma isenção de propinas e um pequeno stipend que, pelo menos, chegava para pagar a renda mensal. Quando me candidatei, o projeto da Barcelona GSE Master in Econo-mics era relativamente recente e pretendiam atrair estudantes. Hoje já não creio que fosse possível, uma vez que a competitividade tem vindo a aumentar.

Depois do primeiro ano em Barcelona, que por si só daria direito ao mestrado, com-pletei o segundo ano, correspondente à parte da tese de mestrado.

Ao nível do doutoramento, recebo uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecno-logia - FCT, que cobre apenas uma peque-na parte das propinas, e um subsídio de ma-nutenção. A Universidade cobre o restante das propinas e o seguro de saúde. Como Te-aching Assistant - algo que o Doutoramento prevê no seu plano, sendo mesmo obrigató-rio cumprir alguns créditos de ensino - pos-so, ainda, obter um rendimento adicional a ensinar ou a realizar trabalho de investigação para um professor.

O que consideras mais distintivo no sistema de ensino e no método de tra-balho americano?

Comparando com o que se passa na Uni-versidade do Porto, por exemplo, a interli-gação entre os departamentos e faculdades. No Porto, a faculdade de Ciências situa-se noutro campus, por exemplo. A flexibilida-de da licenciatura também constitui uma das grandes vantagens. O primeiro ano é mais geral, depois escolhe-se um Major e um Mi-nor, que podem ser em áreas completamente distintas. No meu caso, por exemplo, tinha interesse em estudar mais matemática e ci-ência computacional e não tive essa possi-bilidade na FEP, onde tive de fazer o curso inteiramente em Economia. Se fosse aqui, teria tido a possibilidade de realizar um Mi-nor ou um Double Major nas áreas que mais me interessassem. A flexibilidade do ensino é um ponto muito positivo. O apoio dado também é diferente. Existe um Teaching As-sistent por cada curso que presta feedback so-bre um conjunto de exercícios que os estu-dantes têm de realizar, um apoio que não é possível prestar com um ou dois professores para 300 alunos.

Consideras que, enquanto aluno da FEP, a tua formação te deu as qualifi-cações e preparação necessárias para enfrentares a exigência de uma das mais reconhecidas universidades ame-ricanas?

A FEP tem excelentes professores. Exis-tem, no entanto, muitos estudantes e os recursos não são os mesmos. É impossível, para a FEP, competir com Chicago, ou mes-mo com Barcelona. O grau de exigência é bastante superior. Por exemplo, em Barce-lona, tal como em Chicago, existem os tais Teaching Assistents (TA), que lecionam au-las práticas e de esclarecimento de dúvidas, como complemento às aulas principais. Ain-da, recentemente, enquanto TA, introdu-zi programação em MatLab e ajudei alunos a aceder a bases de dados para responder a questões macroeconómicas. Os métodos são bastante avançados.

Penso que o melhor da FEP é a matéria prima, porque a faculdade tem a capacida-de de atrair os melhores estudantes da zona norte e tem, também, docentes de elevada qualidade. Muitos professores da FEP incen-tivam os estudantes a estudar fora e a expan-dir horizontes.

A exigência horária é grande? Há tempo para vida social?

Sim, diria mais de 60 horas semanais, ga-rantidamente. Tenho encontros com ou-tros estudantes, existe o “Political Economy Club” que organiza eventos a cada duas se-manas à sexta-feira, por exemplo.

Qualquer almoço é uma boa oportuni-dade para discutir assuntos e sente-se uma grande entreajuda entre os doutorandos, já que estamos sujeitos às mesmas dificulda-des. Não há um espírito de competitividade a este nível.

Encontro, também, tempo para conviver fora da Universidade, saindo em Chicago ou encontrando-me com amigos dentro de por-tas.

Os estudantes são de origens diver-sas? Existe algum apoio a estudantes internacionais?

Os americanos não estão em maioria. Há grupos da América Latina, Europa, Ásia. Como falo Espanhol, comunico muito com latino-americanos e europeus.

Existe um organismo especializado em estu-dantes internacionais. Fico sempre surpreen-dido com os fundos que a Universidade pode gastar neste tipo de iniciativas. O “Internatio-nal Office” trata de todas as questões relativas ao visto, assinaturas, ao preenchimento dos tax forms e outra documentação relevante. Ainda organizam diversos eventos informativos sobre variados temas, desde o rigoroso inverno de Chicago a como lidar com a ansiedade.

Também na Finlândia, quando fiz Eras-mus, fiquei surpreso com a receção e organi-zação que encontrei.

Uma das principais correntes de pen-samento da economia encontra-se re-presentada na chamada Escola de Chi-cago, associada ao liberalismo e a um certo laissez-faire. É facto, também, que, mesmo em Chicago, nem todos partilham dessa corrente. Isso é notó-rio nas aulas e exposição das matérias? Consegues identificar, na abordagem adoptada, alguma ideo logia subjacen-te, ou há a procura por apresentar as várias perspetivas de forma imparcial?

Não acredito que haja um enviesamen-to na teoria económica, em particular para um tipo de ideologia laissez-faire. Uma prova disso é um recente livro de um professor de Chicago, Amir Sufi – House of Debt –, que defende ativamente o refinanciamento de al-gumas subprime mortgages, e como os progra-mas de ajuda da crise financeira deveriam ser mais direcionados a aliviar o endividamento das famílias, ao invés de contemplar, somen-te, o setor financeiro, uma vez que o sistema de forças pendeu, essencialmente, para o lado dos bancos. De facto, há professores de Chi-cago que são republicanos e defendem a redu-ção dos impostos, mas as opiniões são diversas e outros, por sua vez, defendem uma maior redistribuição. Claro que, historicamente, en-contra-se associada ao laissez-faire e a Milton Friedman, grande culto da Chicago School. E, no entanto, o novo livro do Thomas Piket-ty, que propõe uma taxa global à riqueza, está a dar bastante que falar por cá.

Já tiveste aulas ou oportunidade de conversar com grandes nomes, inclusi-vamente prémios Nobel da Economia?

Sim, tive oportunidade de contactar por exemplo com o Gary Becker. O PhD em

Penso que o melhor da FEP é a matéria prima, porque a faculdade tem a capacidade de atrair os melhores estudantes da zona norte

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14 Nº 10 - junho 2014

ALICE MOREIRA MANUEL LANÇA

A União Europeia inaugurou, recente-mente, um pacote de fundos comunitários, destinados ao desenvolvimento dos Estados Membros em várias dimensões. A Juventu-de é uma delas. Iremos cingir-nos, no espaço deste artigo, a alguns aspetos deste eixo de desenvolvimento, particularmente ao apoio que a União se compromete a prestar a asso-ciações e a projetos de jovens. Consideramos relevante informar e discutir sobre isto, pois a FEP é o berço de uma multitude de asso-ciações que podem ter interesse em recorrer a estes projetos e fundos comunitários.

O principal pacote de fundos para a Ju-ventude é o Erasmus+, que compreende, entre outros eixos, o da cooperação para a inovação e a partilha de boas práticas. Visa apoiar jovens com idades compreendidas en-tre os 13 e os 30 anos, bem como organiza-ções juvenis sedeadas dentro e fora da União Europeia.

Neste eixo, a UE procura estimular par-cerias estratégicas e o desenvolvimento de capacidades. As parcerias estratégicas visam promover laços de cooperação entre orga-nizações de diferentes países nos campos do

emprego jovem e da aprendizagem informal para os jovens. Tem a duração de 6 meses a 2 anos. O desenvolvimento de capacidades, por seu turno, tem como objetivo incenti-var a partilha de padrões de qualidade e ino-vação entre organizações de todos os pontos do globo, bem como permitir networking. Estima-se que 7.700 iniciativas beneficiem destes fundos em ambos os projetos do eixo

da cooperação para a inovação e partilha de boas práticas, no horizonte 2014-2020.

Em Portugal, é possível adquirir mais in-formações sobre estes projetos junto da Agência Nacional para a gestão do programa Juventude em Ação.

Podes, ainda, aceder ao site ec.europa.eu, onde tens, também, diversos conteúdos so-bre o tema.

Desenvolve-te com a UE

Economia em Chicago tem uma cadeira, “Price Theory”, que aplica os conhecimen-tos de Economia a quase todos os aspetos da realidade, e ele foi pioneiro a aplicar a teoria económica a áreas como o casamento, crime, altruísmo, entre outros.

Este ano, dois prémios Nobel da Econo-mia foram para Chicago, Lars Peter Hansen, meu professor de Econometria, e Eugene Fama. Acerca deste último, os seus alunos contam que, no dia seguinte à atribuição do prémio, o mesmo foi dar aulas como se de um dia normal se tratasse.

A minha perceção sobre a Chicago School também mudou. Por exemplo, o Nobel Eu-gene Fama, defensor da Teoria dos Mercados Eficientes, teoria que não partilho, e alguém que inicialmente considerava pouco flexível. Passei, no entanto, a encará-lo como uma pessoa inteligente e recetiva a novas ideias, e, o mais importante, intelectualmente ho-nesto.

Consideras que esses economistas, apesar do seu estatuto e distinção, con-seguem, ainda assim, preservar abertu-ra para conversar e debater temas com a comunidade académica?

Absolutamente. O Gary Becker, que tive o privilégio de ter como professor, além de uma pessoa de grande nível em termos inte-lectuais, estava também recetivo a conversar sobre alguma ideia para a tese que surgisse e a contribuir com bons conselhos.

Há um incentivo maior ao debate e à análise crítica dos temas da Economia face ao ensino em Portugal?

Chicago tem uma tradição de crítica mui-to forte. Isto aplica-se a qualquer pessoa, até mesmo os prémios Nobel. Não há autorida-des inquestionáveis em certas matérias. Essa é a cultura de Chicago, de crítica dura e de-mocrática.

O distanciamento deu-te uma outra perspetiva daquilo que é o projeto eu-ropeu?

Estando fora, tem-se uma visão menos nacionalista. Sempre fui a favor do projeto europeu e de maior integração económica entre os países da Europa. A nível de traba-

lho, também os trabalhadores que exercem a sua atividade em vários países deveriam po-der beneficiar de um sistema de pensão so-cial único e não estar a perder benefícios de um país para outro. Há bastantes dificulda-des com que a Europa se depara; as medidas de austeridade, a falta de solidariedade para com os países do sul. No panorama portu-guês, penso que é necessário implementar re-formas estruturais, muito enunciadas pelos políticos, mas cujos condicionalismos im-pedem a sua implementação. Creio que há boa vontade de algumas partes, mas também o chamado “Capturing”, captação dos in-teresses políticos numa mescla de interesses privados. Em Portugal, existe alguma intro-missão, nomeadamente, do setor da Ener-gia e do setor Bancário. Algumas reformas mais pró-competição e menos pro-business são, certamente, mal recebidas. No entanto, não negligencio a dificuldade em implemen-tar reformas estruturais, nomeadamente na Justiça.

Consideras regressar a Portugal futu-ramente?

Dependerá um pouco da minha vida pes-soal. Voltar será improvável, a curto prazo. As oportunidades em Portugal escasseiam para o tipo de trabalho que quero desenvol-ver. Diria, também, que regressar não me providenciaria o retorno do investimento que tenho feito. Para já, não considero essa possibilidade.

Este ano, dois prémios Nobel da Economia foram para Chicago, Lars Peter Hansen, meu professor de Econometria, e Eugene Fama.

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15Nº 10 - junho 2014

CAROLINA REIS

As terapias alternativas têm tomado um destaque cada vez maior, originando diver-sos centros de discussão e análise. Anbarasu Murugesan, estudante indiano que se en-contra a realizar o Master in Management na FEP, dá-nos a conhecer a sua perspe tiva sobre medicina alternativa e práticas como o reiki, o yoga, as massagens ayurvédicas e os respetivos benefícios da sua implementação ao nível da melhoria do nosso quotidiano. Aproveitou, também, para nos contar um pouco sobre a sua cultura e o funcionamen-to do ensino no seu país natal.

Anbarasu Murugesan é praticante e mestre de várias terapias do novo mundo e aponta o dedo às atuais vidas stressantes e ocupadas que nos rodeiam, marcadas por difi culdades fami-liares, tensões no trabalho, problemas econó-micos e de saúde, e realça como, por vezes, nos podemos esquecer do que de mais precioso te-mos nesta vida – a nossa saúde e bem-estar.

Como nos tem sido evidenciado por várias vezes, a medicina convencional não resolve e não consegue explicar muitos dos atuais pro-blemas, enquanto que estas novas terapias contribuem para melhorar o bem-estar diá-rio. Anbarasu tem como motivação melho-rar continuamente a vida das pessoas e ten-

ciona, para isso, abrir o seu próprio negócio, num futuro próximo.

Relativamente a Portugal, as pessoas reve-lam, ainda, pouco conhecimento em relação a estas terapias e é seu objetivo expandir este tipo de alternativas. A ideia passa por uma completa harmonia entre o físico, intelectual e emocional.

No que concerne à educação na Índia, esta é totalmente diferente da que se pratica em Portugal, e consiste numa educação muito

mais teórica. Considera que, cá, os profes-sores são bastante amigáveis face aos alunos, mas duros na avaliação. Já lá, existe um res-peito maior pelos professores. Pequenas ati-tudes relativamente comuns no nosso meio seriam impensáveis, como o facto de profes-sores e alunos fumarem juntos. Há um ou-tro tipo de educação e maneiras, também. O fecho da universidade acontece por volta das 18 horas e os colégios privados são em maior número no país asiático.

O novo mundo

Título Projetar para todos Autor Mário Pessegueiro

Páginas 180 PVP €20.00

http://livraria.vidaeconomica.pt [email protected] 223 399 400 [email protected] 223 399 400

Um livro que aborda o tema da acessibilidade em espaços públicos.

Projetar para Todos - um estudo sobre a acessibilidade nos espaços públicos que abrange não só a componente técnica, mas também a histórica e cultural, recorrendo a exemplos nacionais e internacionais e que resulta de uma pesquisa de Mário Pessegueiro sobre o que se está a fazer em Portugal e no estrangeiro em matéria de acessibilidades.

Aos desenhos técnicos que sugerem boas práticas, o arquiteto juntou exemplos práticos e abordou temáticas nunca antes exploradas como as acessibilidades em museus e monumentos.

Novidade

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Agenda Cultural ANDRÉ SILVAPAULO MARTINS

ESPECIAL FESTIVAISNOS Primavera Sound

De 5 a 7 de JunhoParque da Cidade, PortoPreços: 55 euros (diário)

a 105 euros (passe)

Sendo esta edição do Fepiano dedica-da aos principais Festivais de Verão, não poderíamos deixar de referir o que está mais próximo de ti.O NOS Primavera Sound, até ago-ra conhecido por Optimus, deve a sua nova designação à fusão das marcas Zon e Optimus (esta segun-da era o seu principal patrocinador) e ao nascimento da marca NOS. Com um crescimento exponencial nos últimos anos, o Primavera Sound assume-se, cada vez mais, como umas das principais referências en-tre os vários festivais do género em Portugal, o que pode ser explicado pela belíssima cidade em que é rea-lizado e pelo ambiente que o festival foi gerando e que se demarca de to-dos os outros aqui em Portugal, que em nada envergonha o mais antigo festival, que podemos considerar «pai» deste, realizado em Barcelona.

CARTAZ

Quinta-feira é, sem dúvida, o mais calmo dos dias, numa espécie de aquecimento para o que aí vem, e proporcionando sempre momentos descontraídos e relaxantes (quem não precisa deles, nesta época de exames?). É sempre difícil estabe-lecer quais os principais destaques de cada dia, mas, neste primeiro, as escolhas do Fepiano recaem em Caetano Veloso, Kendrick Lamar e Haim. O primeiro já conta com uma longa carreira, e é dos nomes mais reconhecidos da música brasileira. A sua mistura de rock e samba é sem-pre excelente som. Kendrick Lamar

é um dos poetas de rimas urbanas com mais sucesso recentemente, um pouco a fazer relembrar esse «Deus» do hip hop que se chama Tupac Shakur. Numa mistura de pop e R&B, os Haim estão a assumir-se como um grande nome do género e têm ganho uma elevada notoriedade ao longo destes últimos dois anos. O segundo dia do festival rima com escolhas. As opções serão tantas que será impossível assistir a todos os con-certos, mas, se quisermos destacar um nome, temos de falar dos Pixies — pena que a maioria das pessoas apenas os reconheça por fazerem par-te da banda sonora daquele filme do Brad Pitt e dos sabonetes. Escolhendo um segundo nome, recomendaríamos os Shellac, que já é tradição atuarem nos Primavera. Aliás, «já fazem parte da mobília» e conseguem criar uma química impressionante com aquele ambiente, graças à sua experiência. O último dia não está nada mal quan-do comparado com os outros dois; este ano, o festival acaba em grande, deixando já aquela sensação amarga de nostalgia e de um «até para o ano». Para este último dia, recomendamos apenas um nome. Não porque os res-tantes não sejam bons, mas porque esse nome é “The National” — quase não era preciso dizer mais nada. Esta banda representa todo o espírito do rock independente e, só de pensar no cariz épico dos seus concertos, já nos sentimos arrepiados.

QUE MAIS FAZER?A resposta é óbvia. Estamos no Porto, um dos principais destinos turísticos mundiais, por isso, que tal aproveitar uma pausa nos concertos e ir redes-cobrir esta cidade?

Optimus AliveDe 10 a 12 Julho

Parque Marítimo de AlgésPreços: 53 euros (diário)

a 116 euros (passe)

Quando se pergunta a alguém o seu festival de eleição, pelo menos em

termos de cartaz, a probabilidade de obtermos o nome supracitado como resposta é quase certa. Ora, pelo cartaz que é quase sempre im-pressionante (já trouxeram nomes como Radiohead), pela organização que é das melhores, pelo facto de ser, talvez, o mais limpo de entre todos os festivais, o Alive consegue abranger uma maior faixa etária que os restantes.

CARTAZ

Este ano, o nível dos cabeças de cartaz não faz justiça ao seu slogan: “Optimus Alive: o melhor cartaz, sempre”. Artic Monkeys já cá esti-veram nos últimos três anos, Imagi-ne Dragons não têm nada realmente novo para apresentar e Bastille, a meu ver, não merecem tamanho des-taque.No entanto, não são só más noticias. Aliás, um festival considerado como um dos seis melhores da Europa, pela New Musical Express, não se pode dar ao luxo de falhar. De entre os cabeças de cartaz, saliento os Black Keys e os Foster the People, mas é nos ou-tros nomes que encontro alternativas interessantes aos nomes mais sonan-tes: Ben Howard, Lumineers e es-sencialmente no palco Heineken que encontro opções mais válidas. Nomes como Daughter, Paus, Chet Faker, The War on Drugs, dão muita vonta-de de ir lá disfrutar dos seus rasgos de genialidade! E não fica por aqui. Temos, também, um palco eletrónico (Optimus Clubbing) e um palco cons-tituído, essencialmente, por música independente portuguesa (Raw Core-to), onde podemos ouvir nomes como Manuel Fúria e JUBA. Pressinto que vão ter, pelo menos, duas agradáveis surpresas neste palco.

QUE MAIS FAZER?

Não é só na música que o Alive se destaca. Além de se situar no pas-seio marítimo de Algés que per-mite uma visita à capital e uma constante convivência com o mar, tem, este ano, também, uma área reservada a stand-up comedy, para quando a música não nos alegrar o suficiente.

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17Nº 10 - junho 2014

ESPECIAL FESTIVAISSuper Bock Super Rock

De 17 a 19 JulhoHerdade do Cabeça da Flauta

Praia do Meco - SesimbraPreços: 48 euros (diário)

a 150 euros (passe)

“Meco, Sol e Rock and Roll” é o lema deste festival, onde impera o bom am-biente e o espírito festivaleiro. Este ano, talvez tenha deixado escapar um bocado a parte do Rock, o que, embora não seja necessariamente mau, pode desiludir al-guns fãs mais extremistas que, como to-dos nós, depositavam bastante esperança neste vigésimo aniversário do festival.

CARTAZ

Apesar da aparente falta de nomes sonan-tes do rock puro e duro, há muitos e bons nomes da cena indie e não só ! No pri-meiro dia, as sugestões do Fepiano reca-em sobre o folk sorridente de Erlend Øye, membro integrante dos Kings of Conve-nience, as “Love letters” dos Metronomy, dos quais podemos esperar o novo álbum e um concerto bastante dançável, o rock psicadélico dos Tame Impala e, por últi-mo mas nem por isso menos agradável, terminar a noite a dançar ao som dos Dis-closure. Não se esqueçam de passar, tam-bém, pelo palco Antena 3 para ouvirem dois grandes concertos de artistas nacio-nais: Frankie Chavez e Ciclo preparatório.O segundo dia do festival tem um nome que, não só pela sua carreira nos Pearl Jam, mas também pela sua carreira a solo consegue de, certa forma, abafar todos os outros: Eddie Vedder. Se é no Paredes de Coura que nos lembramos do cenário do filme “Into the Wild”, é aqui que ouvimos a sua banda sonora, num cenário que cer-tamente agradará ao artista, amante do surf. Aconselhamos, também, Woodkid, não só pela música que assume propor-ções épicas, mas também pelo espetá-culo (teatral), que não fica nada atrás, e, ainda, For Pete Sake, banda de rock por-tuguesa que, seguramente, será uma boa

surpresa. Banda esta que é a combinação perfeita com um final de tarde solarengo e um bom fino.No terceiro dia, temos reunidas todas as condições para acabar em grande forma. É. talvez. o indie rock dos The Foals que nos chama mais atenção neste dia, pois, embora tenham estado em território na-cional o ano passado, prometem muito mais em modo festival. Temos, também, os portugueses Dead Combo (que tiveram destaque, aquando do lançamento do novo álbum, no Fepiano) e uma homena-gem a Lou Reed, em que Zé Pedro dos Xutos chama amigos como Tomás Wal-lenstein (Capitão Fausto), Jorge Palma, Frankie Chavez entre outros, para uma homenagem póstuma ao músico norte--americano. Para acabar a noite em jeito de dança, nada melhor que os C2C que nos levam “Down the road” para fechar o festival com chave de ouro.

QUE MAIS FAZER?

Fora o cartaz, o Super Bock é o festival com melhor ambiente a nível de campis-mo, a par com o Paredes de Coura. Além disso, de ano para ano, tem melhorado em termos de logística, estando cada vez com menos filas e menos pó. Se todos os nomes acima mencionados não conven-ceram, há sempre a praia, a cerveja e o sol para aproveitar!

Vodafone Paredes de CouraDe 20 a 23 de Agosto

Praia Fluvial do Taboão, Paredes de Coura

Preços: 80 euros (passe geral)

Com mais de 20 anos de existência, o Paredes de Coura é o festival com mais tradição do nosso país. Quem se deslocou à primeira edição, em 1993, poucas dife-renças encontrará em termos de ambien-te festivo. No entanto, toda a organização, segurança, higiene e acessibilidades têm sido melhoradas ao longo dos anos.A parceria com a Vodafone para patroci-nador principal veio reforçar esta batalha

travada pelas empresas de telecomunica-ções em garantirem a associação dos seus nomes a estes festivais, o que beneficiou as duas partes: os festivais atraíram ban-das com maior reputação e as empresas cativaram os setores mais jovens do seu público alvo.

CARTAZ

Entre outras coisas, o Paredes pauta por ser um festival de culto, que proporciona uma experiência musical diferenciada aos seus visitantes, sendo que este ano não é exceção. Os principais destaques, ou melhor dizendo, aquelas bandas que fazem os 80 euros parecerem uma ninharia, vão desde Franz Ferdinand a Beirut, passando por Mac DeMarco, James Blake, 1-800 Dinosaur ou Cage the Elephant. Os Franz Ferdinand foram a primeira confirmação para o festival e uma aposta acertadíssima, pois, pela pri-meira vez, vamos ter a oportunidade de ouvir ao vivo no nosso país as canções do seu novo álbum, bem como, os temas já clássicos, como é “Take me out”. Con-tem, também, com o Indie vindo do leste europeu, aquilo que parece uma mistura improvável de resultar acaba por se tor-nar numa das melhores experiências mu-sicais dos últimos tempos, mas os Bei-rut são mais do que isso e este festival irá, com certeza, provar esse facto. Os Cage the Elefant estrearam-se em 2007, ainda que com um nome diferente, no festival South bow Southwest, e, a partir daí, tornaram-se um verdadeiro sucesso comercial, mas, acima de tudo, musical. Por fim, Mac DeMarco, o talentoso cana-diano que é músico, artista de multimé-dia e, sobretudo, alguém que dá um bom espetáculo. Apesar de não ter um estilo definido, DeMarco é descrito com sendo de um género mais “blue wave”.

QUE MAIS FAZER?

Não sendo o que oferece a mais alargada variedade de opções para além dos con-certos, o Paredes é um autêntico anfite-atro natural, onde podemos acampar, to-mar banho no rio e estar uns dias isolado do caos das zonas urbanizadas, imitando Emile Hirsch no “Into the Wild”. Claro que sem a banda sonora de Eddie Vedder, mas a que este festival oferece também não lhe fica nada atrás.

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Desporto na FEPAFONSO VIEIRA XAVIER BRANDÃO

A U.DREAM é a primeira empresa júnior social de Portugal e tem como função acompanhar diariamente crianças com pro-blemas graves de saúde, culminando este acompanhamento com a realização do seu sonho pessoal, como recentemente aconteceu no caso da visita de Ricardo Quaresma a casa do Luís (uma das crianças acompanhadas a quem já foi realizado um sonho). Um dos seus objetivos secundários passa pela aposta no desenvolvimento das skills dos universitários, através da criação de um impacto social direto na vida das famílias e das crianças acompanhadas.No passado dia 25 de maio, realizou-se, no Pavilhão Despor-tivo Footspace, a primeira edição do U.SPORTS, um evento desportivo da responsabilidade da U.DREAM, que juntou vá-rias dezenas dos seus sócios, assim como todas as pessoas que decidiram fazer parte desta festa e, exclusivamente neste dia, puderam tornar-se sócios pela simbólica quantia de 2 euros.Numa tarde repleta de animação e solidariedade, pôde fazer-se de tudo um pouco. Houve lugar a três aulas de fitness, de 30 minutos cada, dadas por instrutores de um ginásio e, simul-taneamente, um torneio de futsal, no qual participaram nove equipas.Para além disto, a U.DREAM preparou uma grande surpresa para os seus associados, reservada para o final do evento, que tornou o dia de todos ainda mais especial. Entre todos os so-nhadores, participaram no evento oito meninas. O que ninguém sabia é que a U.DREAM tinha convidado a Associação Lar da Santa Cruz a estar presente no evento, tendo trazido consigo estas crianças institucionalizadas. As meninas chegaram e co-meçaram a pintar telas e três peças únicas (para cada peça havia um duplicado, ou seja, no total foram seis peças), que viriam a ser leiloadas no evento. O dinheiro angariado reverteu a favor da Instituição, tendo-se conseguido uma angariação no valor de 52 euros.Este foi o primeiro passo do acompanhamento que a U.DREAM vai fazer a esta instituição. Dado o sucesso do evento, o primeiro destinado aos sócios, a previsão é de que mais estejam para vir, sejam eles, ou não, de cariz desportivo.

No passado dia 27 de maio, o Atlético Atum conquistou a Fep Cup, consumando, assim, a dobradinha. Apesar dos números serem expressivos, não espelham o equilíbrio que se verificou em campo. Após um início equilibrado, o Atum chegou à vantagem. Os CTT reagiram mal ao golo e, nos minutos seguintes, foram encostados às cordas, con-sentindo mais três golos. No entanto, após um minuto de desconto, a equipa regressou mais concentrada e, através de rasgos individuais, reduziu para dois golos de desvan-

tagem, ainda antes do intervalo.

A segunda parte começou com os CTT a tentarem correr atrás do prejuízo, em contraste com um Atlético Atum seguro a defender e eficaz a atacar, o que culminou em mais um golo. No entanto, rapidamente os CTT reduzi-ram novamente para dois golos de desvantagem e tiveram, ainda, uma oportunidade de ouro para voltar a marcar, tendo desperdiçado uma grande penalidade. Até ao final, o Atlético Atum conseguiu travar as investidas em 5x4 do adversário, tendo inclusive marcado por mais duas vezes e sentenciado a partida.

O Fepiano felicita o Atlético Atum e os CTT, assim como todas as equipas que participaram na prova, sendo que a competição voltará já em setembro com a disputa da Supertaça.

U.SPORTS: DESPORTO & SOLIDARIEDADE

FINAL DA FEP CUP: ATLÉTICO ATUM - 7 VS CTT - 3

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19Nº 10 - junho 2014

TOP 5 EQUIPAS MAIS ANTIGAS A DISPUTAR A FEP LEAGUE 2013/2014

TAFEP SMMM - 1996

TAFEP SAD - 1997

ECOROBALL.A.M.U’S - 2002

PRESCRITOS - 2003

XERIFES - 2005

E depois da troika?JOÃO FERNANDES*

17 de maio de 2014. Chega ao fim, e sem a adoção de qualquer programa cautelar, o período de resgate financeiro a Portugal. A troika deixou o país, ou, pelo menos, é esta a mensagem que muitos parecem querer passar aos portugueses. No entan-to, citando o ex-Ministro das Finanças Professor Doutor Teixeira dos San-tos, “desenganem-se aqueles que propagandearam a libertação nacional”. Isto porque a vigilância da troika manter-se-á com missões regulares ao país, duas vezes por ano, até meados da década de 2030, de acordo com as regras europeias.

Assim, as interrogações quanto ao futuro da nação multiplicam-se e dificilmente conhecem uma resposta objetiva e certa. Estarão criadas as condições necessárias para o crescimento sustentado da economia? Quais as perspetivas face aos alarmantes e tão badalados níveis de desemprego? Para quando o fim ou o abrandamento das políticas austeridade? A res-posta a todas estas questões implica analisar o que foi feito durante os últi-mos 3 anos, as metas ou resultados que foram alcançados e os que ficaram aquém do esperado.

Começando pelos resultados alcançados, são visíveis os sinais de inver-são do ciclo recessivo que se tinha instalado no país. Primeiro, as yields das Obrigações do Tesouro a 10 anos baixaram de 17%, em janeiro de 2012, para 3,8%. Segundo, o PIB cresceu 1,2% no primeiro trimestre de 2014, relativamente ao período homólogo. Terceiro, segundo o INE, a taxa de desemprego em Portugal está em queda desde o primeiro trimestre de 2013, altura em que atingiu um máximo histórico de 17,7%, fixando-se atualmente nos 15%.

Ao nível das reformas estruturais do Estado e da economia, entre 2011 e 2013, o défice orçamental encolheu cerca de 6,5 mil milhões de euros (cerca de 5 pontos percentuais do PIB), enquanto o mercado laboral so-freu um significativa liberalização e foi feito um esforço no sentido de aumentar a concorrência em sectores chave como o da energia (apesar de aquém das expectativas da troika ou do necessário para a economia por-tuguesa foi um esforço quase sem precedentes).

Muitos foram também os esforços suportados pelos portugueses como as fortes reduções nas remunerações da função pública e pensionistas, mas, sobretudo, o enorme aumento da carga fiscal (IVA e IRS) para níveis nunca vistos. Apesar de terem tido um papel preponderante no controlo das contas públicas e estabilização do país, os impactos negativos destas medidas na vida dos portugueses foram muito superiores ao que anteviam a troika e o Governo.

Ao longo do programa de ajustamento, o PIB português registou uma queda acumulada de 5%. Movido pelas políticas de austeridade, o con-sumo privado encolheu 7,1%, enquanto o investimento caiu 19,2%. Por seu lado, e como já foi referido, o desemprego atingiu valores nunca antes registados, afetando cerca de um milhão de portugueses, e levando outros 300 mil a abandonar o país, o equivalente a 3% da população.

Mais ainda, a mediática reforma do Estado encontra-se ainda inaca-bada (e ao dia de hoje arriscamos mesmo dizer que foi pouco mais longe do que cortes em gastos com pessoal e um guião constituído unicamente por metas) e o nível de défice exigido pelo Tratado Orçamental ainda não foi atingido.

Em suma, com uma dívida pública aumentou cerca de 35% entre 2011 e 2013, para 132,4% do PIB no primeiro trimestre de 2014 e, de acordo com o IGCP, apenas em 2037, ano em que acabarão (de vez?) as missões regulares da troika, Portugal terá reembolsado 75% do montante recebido de Bruxelas em maio de 2011 (52 do total de 78 mil milhões) que é menos de um terço da dívida do país e com um tecido empresarial sobre-endividado sujeito à contração do mercado interno e a altíssimos spreads, a situação para Portugal augura-se negra num conjuntura inter-nacional altamente volátil a nível económico e social. Cabe apenas ao lei-tor aferir se estaríamos pior ou melhor tendo tomado outras decisões no passado e quanto do nosso futuro está neste momento nas nossas mãos.

* ANÁLISE PELOS ASSOCIADOS DA FEP FINANCE CLUB

Nesta edição do Fepiano, fomos conhecer a equipa mais an-tiga da FEP League. Eis que estivemos um pouco à conversa

com os atuais membros da TAFEP SMMM. Conhecidos por vencerem inúmeros troféus fora das quarto linhas e das tradi-cionais longas viagens, é nas pandeiretas que costumam ser mais felizes, além do reconhecimento do seu espírito acadé-mico alegre, dentro e fora do palco.Relativamente à FEP League, em 1996 foi criada a equipa TAFEP SMMM, que veio dar seguimento aos já realizados jo-gos da bola entre os membros da Tuna, que gostaram da ideia de defender as suas cores, agora na tradicional competição de futsal fepiana. Infelizmente, mas sem tristeza, nunca con-seguiram ir mais além da fase de grupos da FEP League. No entanto, este ano, conseguiram atingir os quartos de final da FEP Cup.Nota para o facto de o grande espírito académico da FEP League ter feito surgir uma segunda equipa representante da Tuna da nossa faculdade, tendo sido, no ano seguinte à estreia nesta competição, criada a TAFEP SAD.

HÁ 18 ANOS A ANIMAR A FEP LEAGUE

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20 Nº 10 - junho 2014

Coordenação: João Sequeira e Matilde Rosa CardosoRedação: Afonso Vieira, Alice Moreira, André Silva, Carolina Fernandes, Carolina Reis, Daniel Salazar, João Parreira, Lara Queiroz, Manuel Lança, Mariana Ribeiro, Paulo Martins, Pedro Malaquias e Xavier BrandãoPaginação: Célia César - Grupo Editorial Vida Económica, S.A.Impressão: PapelicópiaMorada: Rua Dr. Roberto Frias, 4200-464 (Porto, Portugal) Contacto: [email protected] Facebook: www.facebook.com/fepianojornal

TIRAGEM DESTA EDIÇÃO:600

70 metros

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