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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
FENOLOGIA, GERMINABILIDADE E QUALIDADE DE
SEMENTES DE Alibertia edulis Rich. E Lafoensia pacari St.
Hill.
REINALDO DE SOUZA BÍLIO
C U I A B Á - MT
2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA
Programa de Pós-graduação em Agricultura Tropical
FENOLOGIA, GERMINABILIDADE E QUALIDADE DE
SEMENTES DE Alibertia edulis Rich. E Lafoensia pacari St.
Hill.
REINALDO DE SOUZA BÍLIO
Engenheiro Florestal
Orientadora: Prof. Dra. MARIA DE FATIMA BARBOSA COELHO
Tese apresentada à Faculdade de Agronomia e Zootecnia da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do título de Doutor em Agricultura Tropical.
C U I A B Á – MT
2018
Aos meus pais
Simão Abnel Araújo Bílio e Lúcia Helena de Matos Souza Bílio
Aos meus irmãos
Ivan Humberto de Souza Bílio e Heitor Abnel de Souza Bílio
Aos meus sobrinhos
Gustavo Humberto Rocha de Souza Bílio e Isadora Helena Rocha de Souza
Bílio
À minha prima
Gilcelle Maciel Bílio
OFEREÇO
À Lenir de Matos Souza (in memorian)
DEDICO
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela ajuda para vencer mais esse desafio.
À Universidade Federal de Mato Grosso, pela oportunidade de realização do
curso.
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso,
especialmente ao Campus Cuiabá Bela-Vista, por proporcionar minha
dedicação integral ao curso de Doutorado.
À FAPEMAT, pelo incentivo, apoio e suporte financeiro para a realização desse
trabalho.
À Profa Dra Maria de Fátima Barbosa Coelho, pela orientação, amizade e
dedicação.
À Profa Dra Elisângela Clarete Camili, pela acolhida no Laboratório de Análise
de sementes da FAAZ, e pelas contribuições ao longo da realização desse
trabalho.
Aos membros da banca examinadora, pela atenção disponibilizada na análise e
sugestões para melhoria desse documento.
Às técnicas Sidnéa Aparecida Fiori Caldeira e Rosiane Alexandre Pena, pelo
carinho e prestatividade.
Aos funcionários da secretaria do Programa de Pós-graduação em Agricultura
Tropical, Huan Hailon e Paulo César Andrade, pelo profissionalismo e atenção
para com todos os pós-graduandos.
Aos amigos Renata Sales de Oliveira Cabral, Simone dos Santos Silva e Hellen
Garcez Nabuco pelas palavras de conforto e companheirismo.
A toda equipe do Laboratório de Sementes da FAAZ, em especial: aos colegas
Dryelle Sifuentes Pallaoro, Cárita Rodrigues de Aquino Arantes, Anne Caroline
Dallabrida Avelino, Ludmila Porto Piton, Pedro Silvério Xavier Pereira, Amanda
Ribeiro Correa, Ana Mayra Pereira da Silva, Ritielly Laiany Leandro Carvalho e
Adeissany Santos.
Ao graduando e Bolsista FAPEMAT, Victor Hugo Gavilon pela ajuda e parceria
na execução dos experimentos desse trabalho.
FENOLOGIA, GERMINABILIDADE E QUALIDADE DE SEMENTES DE Alibertia edulis Rich. E Lafoensia pacari St. Hill.
RESUMO - Alibertia edulis Rich e Lafoensia pacari St. Hill. são espécies típicas do Cerrado, muito apreciadas pelo potencial medicinal, popularmente conhecidas como marmelada-bola e mangava-brava, respectivamente. Este trabalho teve como objetivo acompanhar o ciclo fenológico das duas espécies em duas áreas distintas, bem como estudar a germinabilidade e a qualidade das sementes de A. edulis em função do armazenamento e temperatura e, avaliar a biometria e o efeito da cor e do tamanho das sementes na germinação de L. pacari. Os estudos fenológicos foram realizados em uma propriedade localizada a 15 km do município de Cuiabá-MT. As observações foram realizadas por um período de 24 meses, a cada quinze dias, em duas áreas com fitofisionomias distintas (Cerrado sentido restrito e Cerradão), utilizando o índice Fournier. Nos estudos de germinabilidade de A. edulis, as sementes foram armazenadas em câmara refrigerada por 0, 6, 12, 18 e 24 meses. Em cada período de armazenamento foram determinados o teor de água, % de germinação e % de emergência. As temperaturas avaliadas foram as constantes de 15, 20, 25, 30 e 35 °C e alternadas de 25-15 e 25-20 °C. As sementes de L. pacari foram avaliadas quanto às características biométricas com medição do comprimento, largura, espessura, massa da matéria fresca de frutos e sementes e o número de sementes por fruto. Nas avaliações da germinação, as sementes foram separadas visualmente pela coloração, em claras e escuras e, em seguida, foram separadas e classificadas pelo tamanho, em sementes pequenas, médias e grandes. As fenofases apresentaram correlação significativa com algumas variáveis ambientais, para as duas espécies estudadas. A. edulis é uma espécie perenifólia, tendo a brotação e as fenofases reprodutivas influenciadas pela precipitação. A senescência das folhas de L. pacari é sazonal no período seco, com brotação ocorrendo no período chuvoso. Sua floração se correlaciona negativamente com a UR e precipitação, enquanto a frutificação ocorre no início das chuvas. Sementes de A. edulis podem ser armazenadas em câmara refrigerada por até seis meses, com teor de água de 11%, mantendo a capacidade de germinar e formar plântulas normais acima de 90%. O vigor das plântulas de A. edulis foi favorecido com o armazenamento, principalmente pelo período de doze meses. As temperaturas de 25 e 30 °C são as mais indicadas para o teste de germinação, porém, para o desenvolvimento inicial das plântulas, a temperatura de 25 °C é a mais adequada. As características biométricas das sementes de L. pacari apresentam maior variação do que dos frutos. Sementes grandes e de coloração clara apresentam maior porcentagem de germinação.
Palavras-chave: fenologia, plantas medicinais, Cerrado, marmelada-bola,
mangava-brava.
PHENOLOGY, GERMINABILITY AND SEED QUALITY OF Alibertia edulis
Rich. E Lafoensia pacari St. Hill.
ABSTRACT - Alibertia edulis Rich and Lafoensia pacari St. Hill. are typical species of Cerrado, much appreciated by the medicinal potential, popularly known as marmalade-ball and manva-brava respectively. The objective of this work was to follow the phenological cycle of the two species in two distinct areas, as well as to study the germinability and quality of A. edulis seeds as a function of storage and temperature and to evaluate the biometry and the effect of color and size of the seeds in the germination of L. pacari. Phenological studies were carried out in a property located 15 km from the municipality of Cuiabá-MT. The observations were made for a period of 24 months, every two weeks, in two areas with distinct phytophysiognomies (Cerrado restricted sense and Cerradão), using the Fournier index. In the germinability studies of A. edulis, the seeds were stored in a refrigerated chamber for 0, 6, 12, 18 and 24 months. In each storage period the water content,% of germination and% of emergence were determined. The temperatures evaluated were the constants of 15, 20, 25, 30 and 35øC and alternates of 25-15 and 25-20øC. The seeds of L. pacari were evaluated for biometric characteristics by measuring the length, width, thickness, mass of the fresh matter of fruits and seeds and the number of seeds per fruit. In the germination evaluations, the seeds were visually separated by coloration, in light and dark, and then separated and sorted by size into small, medium and large seeds. Phenophases showed a significant correlation with some environmental variables for the two species studied. A. edulis is a perennial species, with sprouting and reproductive phenotypes influenced by precipitation. The senescence of the leaves of L. pacari is seasonal in the dry period, with sprouting occurring in the rainy season. Its flowering correlates negatively with RH and precipitation, while fruiting occurs at the beginning of the rains. A. edulis seeds can be stored in a refrigerated chamber for up to six months, with a water content of 11%, maintaining the capacity to germinate and form normal seedlings above 90%. The vigor of the seedlings of A. edulis was favored with storage, mainly for the period of twelve months. Temperatures of 25 and 30 ° C are the most suitable for the germination test, but for the initial development of the seedlings the temperature of 25 ° C is the most adequate. The biometric characteristics of the seeds of L. pacari present greater variation than the fruits. Large, light-colored seeds show a higher percentage of germination.
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 1. Mapa e Localização das áreas dos estudos fenológicos diferenciadas
pela cobertura vegetal e solo: Área 1 (A1) e Área 2 (A2) .............................. 39
Figura 2. Extratos arbóreos (A), (B) e (C) e solo (D) de uma área de Cerradão
Matogrossense................................................................................................ 40
Figura 3. Extratos arbóreos (A), (B) e (C) e perfil de solo (D) de uma área de
Cerrado scrito sensu Matogrossense ............................................................. 41
Figura 4. Médias mensais das temperaturas máxima (Tmáx) e mínima (Tmín),
média mensal da umidade relativa (UR) do ar e precipitação mensal acumulada
(PPT) entre os meses de fevereiro de 2015 e janeiro de 2017..................... 44
Figura 5. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de queda foliar de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich. em duas áreas de Cerrado
Matogrossense .............................................................................................. 46
Figura 6. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de brotação de folhas de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich., em duas áreas de Cerrado
Matogrossense................................................................................................ 48
Figura 7. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de queda foliar de 25
indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill., em duas áreas de Cerrado
Matogrossens.................................................................................................. 50
Figura 8. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de brotação de 25
indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill., em duas áreas de Cerrado
Matogrossense................................................................................................ 53
Figura 9. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de botões florais de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich. em duas áreas de Cerrado
Matogrossense................................................................................................ 56
Figura 10. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de flores abertas de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich. em duas áreas de Cerrado
Matogrossense................................................................................................ 58
Figura 11. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de frutos imaturos de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich. em duas áreas de Cerrado
Matogrossense................................................................................................ 62
Figura 12. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de frutos maduros de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich. em duas áreas de Cerrado
Matogrossense................................................................................................ 64
Figura 13. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de botões florais (Bf) de
25 indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill. em duas áreas de
Cerrado Matogrossense.................................................................................. 66
Figura 14. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de flores abertas (Fa) de
25 indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill. em duas áreas de
Cerrado Matogrossense.................................................................................. 68
Figura 15. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de frutos imaturos (Fi) de
25 indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill. em duas áreas de
Cerrado Matogrossense.................................................................................. 71
Figura 16. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de frutos maduros (Fm) de
25 indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill. em duas áreas de
Cerrado Matogrossense.................................................................................. 74
Figura 17. Fruto em processo de amadurecimento (A), fruto maduro (B), fruto
aberto (C) e sementes (D) de Alibertia edullis Rich......................................... 85
Figura 18. Porcentagem acumulada de germinação de sementes (A) e
emergência de plântulas (B) de Alibertia edulis Rich. oriundas de diferentes
períodos de armazenamento das sementes.................................................... 90
Figura 19. Porcentagem e tempo médio de germinação de sementes (A) e
porcentagem e tempo médio de emergência de plântulas (B) de Alibertia edulis
Rich., em diferentes períodos de armazenamento. Para cada variável, letras
distintas indicam diferenças entre os valores médios observados (Scott-Knot; p
< 0,05) ............................................................................................................. 91
Figura 20. Porcentagem acumulada de germinação de sementes de Alibertia
edulis Rich., sob temperaturas alternadas e constantes................................ 100
Figura 21. Porcentagem (A) e tempo médio (B) de germinação de sementes de
Alibertia edulis Rich, sob temperaturas constantes........................................ 101
Figura 22. Medição biométrica de frutos de Lafoensia pacari St. Hill., com
auxílio de régua (A) e paquímetro digital (B) ................................................ 115
Figura 23. Lote de frutos para beneficiamento (A), sementes (B) e (C) e
medição biométrica de sementes de Lafoensia pacari St. Hill. (D) .............. 116
Figura 24. Sementes claras e escuras (A) e (B), semeadura em rolo de papel
de sementes grandes escuras (C) e pequenas claras (D) de Lafoensia pacari
St. Hill............................................................................................................. 117
Figura 25. Distribuição de frequência dos valores de comprimento (A), largura
(B), espessura (C) e massa (D) dos frutos e número de sementes (E) por fruto
de Lafoensia pacari St. Hill............................................................................ 122
Figura 26. Distribuição de frequência dos valores de comprimento (A), largura
(B), espessura (C) e massa de matéria fresca (D) de sementes de Lafoensia
pacari St. Hill.................................................................................................. 123
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação total
mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e umidade relativa e a
porcentagem de indivíduos de Alibertia edulis Rich. nas fenofases queda foliar
(Q) e brotação (Br) .......................................................................................... 49
Tabela 2. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação total
mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e umidade relativa e a
porcentagem de indivíduos de Lafoensia pacari St. Hill., nas fenofases queda
foliar (Q) e brotação (Br) ................................................................................. 51
Tabela 3. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação total
mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e umidade relativa e a
porcentagem de indivíduos de Alibertia edulis Rich., na fenofase botão floral
(Bf) .................................................................................................................. 57
Tabela 4. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação total
mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e umidade relativa e, a
porcentagem de indivíduos de Alibertia edulis Rich. na fenofase flores abertas
(Fa) ................................................................................................................. 60
Tabela 5. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação total
mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e umidade relativa e a
porcentagem de indivíduos de Alibertia edulis Rich., na fenofase frutos imaturos
(Fi) ................................................................................................................... 63
Tabela 6. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação total
mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e umidade relativa e a
porcentagem de indivíduos de Alibertia edulis Rich., na fenofase frutos
maduros (Fm) ................................................................................................. 65
Tabela 7. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação total
mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e umidade relativa e, a
porcentagem de indivíduos de Lafoensia pacari St. Hill., na fenofase botões
florais (Bf) ........................................................................................................ 67
Tabela 8. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação total
mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e umidade relativa e a
porcentagem de indivíduos de Lafoensia pacari St. Hill., na fenofase flores
abertas (Fa) .................................................................................................... 69
Tabela 9. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação total
mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e umidade relativa e, a
porcentagem de indivíduos de Lafoensia pacari St. Hill., na fenofase frutos
imaturos (Fi) .................................................................................................... 73
Tabela 10. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação total
mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e umidade relativa e, a
porcentagem de indivíduos de Lafoensia pacari St. Hill., na fenofase frutos
maduros (Fm) ................................................................................................. 75
Tabela 11. Teor de água de sementes de Alibertia edulis Rich. em diferentes
períodos de armazenamento (Scott-Knot; p < 0,05) ....................................... 88
Tabela 12. Comprimento de plântula (CPL), comprimento da parte aérea
(CPA), comprimento de raiz (CR), massa seca da parte aérea (MSPA), massa
seca de raiz (MSR), número de folhas (NF) e diâmetro do colo (DC) de Alibertia
edulis Rich., após diferentes períodos de armazenamento nos testes de
germinação e emergência (Scott-Knot; p < 0,05) ........................................... 95
Tabela 13. Comprimento de plântulas (CP), comprimento da parte aérea
(CPA), comprimento de raiz (CR), massa fresca da parte aérea (MFPA), massa
seca da parte aérea (MSPA), massa fresca das raízes (MFR) e massa seca
das raízes (MSR) de Alibertia edulis Rich., submetidas ao teste de germinação
nas temperaturas constantes de 25 e 30 °C (** p<0,01; * p<0,05) ............... 105
Tabela 14. Classificação por tamanho dos frutos e semente ....................... 116
Tabela 15. Comprimento (C), largura (L), espessura (E), massa (MS) de frutos
e sementes e número de sementes por fruto (NF) de Lafoensia pacari St. Hill
....................................................................................................................... 119
Tabela 16. Comprimento (C), largura (L) e massa (MS) de sementes de
Lafoensia pacari St. Hill., classificadas visualmente pelo tamanho e coloração
....................................................................................................................... 124
Tabela 17. Porcentagem (%G) e Tempo médio de germinação (TM) de
sementes de Lafoensia pacari, distribuídas em três classes de tamanho (**
p<0,01), e, em duas classes de coloração (** p<0,01; * p<0,05) submetidas ao
teste de germinação ...................................................................................... 125
SUMÁRIO
Página
INTRODUÇÃO GERAL ................................................................................. 17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 20
CAPÍTULO 1: FENOLOGIA DE Alibertia edulis Rich. E Lafoensia pacari St. Hill NO CERRADO MOTOGROSSENSE ................................................
33
Resumo .......................................................................................................... 33
1 Introdução .................................................................................................... 35
2 Material e Método ........................................................................................ 38
2.1 Área de estudo ......................................................................................... 38
2.2 Caracterização das áreas ........................................................................ 38
2.3 Área 1 ........................................................................................................ 39
2.4 Área 2 ........................................................................................................ 41
2.5 Seleção dos indivíduos amostrados e dados fenológicos ......................... 42
2.6 Dados meteorológicos .............................................................................. 42
2.7 Análise dos dados ..................................................................................... 42
2.7.1 Intensidade de Fournier ........................................................................ 43
2.7.2 Indice de atividade (porcentagem de indivíduos) ................................... 43
2.8 Correlação entre as variáveis .................................................................... 43
3. Resultados e Discussão .............................................................................. 45
3.1 Fenologia vegetativa ................................................................................. 45
3.1.1 Aliberta edulis Rich. ................................................................................ 45
3.1.2 Lafoesia pacari St. Hill. ........................................................................... 49
3.2 Fenologia Reprodutiva ............................................................................... 55
3.2.1 Aliberta edulis Rich. ............................................................................... 55
3.2.2 Lafoesia pacari St. Hill ............................................................................ 65
4 Conclusão ...................................................................................................... 76
5 Referências bibliográficas ............................................................................. 76
CAPÍTULO 2: ARMAZENAMENO E TEMPERTAURA NA GERMINAÇÃO E EMERGÊNCIA DE Alibertia edulis Rich .......................................................
81
Resumo .......................................................................................................... 81
1 Introdução .................................................................................................... 83
2 Material e Método ........................................................................................ 84
2.1 Armazenamento ......................................................................................... 86
2.2 Temperatura ............................................................................................... 86
3 Resultados e Discussão ................................................................................ 88
3.1 Armazenamento ......................................................................................... 88
3.2 Temperatura ............................................................................................... 99
4 Conclusão ..................................................................................................... 106
5 Referências Bibliográficas ............................................................................. 106
CAPÍTULO 3: BIOMETRIA E GERMINABILIDADE DE SEMENTES DE Lafoensia pacari St. Hill. ...............................................................................
111
Resumo ............................................................................................................ 111
1 Introdução ..................................................................................................... 113
2 Material e Método ......................................................................................... 115
2.1 Biometria de frutos e sementes ................................................................. 115
2.2 Germinabilidade de sementes .................................................................... 117
3 Resultados e discussão ................................................................................. 118
3.1 Biometria de frutos e sementes .................................................................. 118
3.2 Germinabilidade de semente ...................................................................... 123
4 Conclusão ...................................................................................................... 127
5 Referências bibliográficas ............................................................................. 127
17
1 Introdução Geral
O Brasil detém a maior diversidade biológica do mundo, com rica flora
que desperta interesse de comunidades científicas internacionais (Souza e
Félfili, 2006). Cerca de 20% do número total de espécies estão distribuídas em
diversos biomas (Giulietti et al., 2005).
A vegetação do Cerrado caracteriza-se por grandes variedades
fitofisionômicas, dentre elas o Cerradão, com espécies ocorrentes do Cerrado e
também de Floresta, e o Cerrado stricto sensu com árvores baixas e retorcidas,
arbustos, subarbustos e ervas (Silva et al., 2007). Porém, os ambientes deste
bioma podem variar significativamente no sentido horizontal, sendo que áreas
campestres, florestais e brejosas podem existir em uma mesma região. Essa
biodiversidade qualifica o Cerrado como a savana mais rica do mundo (Brasil,
2011).
Apesar da grande importância, Cunha et al. (2008) relataram que a
degradação ambiental no Cerrado, decorrente da exploração da agropecuária,
tem transformado consideravelmente o perfil, resultando principalmente na
perda da biodiversidade, com reflexos sobre todo o ecossistema.
A perda da flora nativa do Cerrado traz consigo inúmeros problemas,
visto que várias espécies do Bioma se destacam pelos diferentes potenciais de
uso, que variam desde o alimentício, medicinal, madeireiro, até ao uso
artesanal. No entanto, há ainda necessidade de estudos profundos mostrando
a utilidade das plantas. Estes estudos podem incentivar o uso e manejo
adequados, visando à valorização desses recursos e combate ao extrativismo
predatório (Aquino et al., 2007).
Dessa forma, estudos multidisciplinares que envolvam etnobotânicos,
químicos, farmacólogos, agronômicos (Velga Júnior e Pinto, 2005), e também
fenológicos são necessários para ampliar os conhecimentos sobre espécies de
plantas.
A fenologia, segundo Lieth (1974) tem como objetivo verificar a
ocorrência de eventos biológicos periódicos e as causas de sua ocorrência, em
relação a fatores bióticos e abióticos.
A fenologia pode contribuir com informações sobre o estabelecimento e
manejo de espécies ou populações, principalmente na escolha de espécies
18
para recomposição de áreas. Além disso, tais informações garantem maior
conhecimento de épocas mais propícias para colheita de sementes, introdução
de espécies como fonte de alimento para a fauna em diferentes períodos do
ano (Pereira et al., 2008) e também a presença de agentes polinizadores e
dispersores, que por sua vez, caracterizam uma visão mais ecológica da
população.
Os estudos agronômicos com espécies nativas apesar de não serem
recentes, necessitam de informações mais específicas, e principalmente
estabelecer parâmetros com relação à germinabilidade. Informações sobre os
fatores que influenciam a germinação e a qualidade das sementes são
fundamentais para traçar planos e metas em programas de produção de mudas
e recuperação de áreas, principalmente das espécies nativas, em que os
estudos apresentam lacunas. Estudos de fatores como armazenamento,
temperatura, substrato e características físicas das sementes podem gerar
respostas iniciais, que serão substanciais para pesquisas futuras.
A forma correta do armazenamento das sementes, levando em
consideração o ambiente, o teor de água e principalmente o tempo, pode nos
revelar a qualidade física, fisiológica e sanitária do material genético
armazenado. Outro ponto importante é a deterioração das sementes, que é um
processo natural, que se inicia logo após a maturação, que pode ser controlado
ou até mesmo acelerado pelas condições do armazenamento.
A temperatura é outro fator relevante, principalmente porque
desencadeia as reações bioquímicas internas na semente, responsáveis pelo
início do processo germinativo ou pela latência das sementes, até que encontre
condições propícias para germinar. Estabelecer as faixas ótimas de
temperatura para germinação de sementes de espécies nativas, assim como
as temperaturas máximas e mínimas, são essenciais para os programas e
projetos de produção de mudas.
E por último, porém não menos importante, estão as características
físicas dos frutos e sementes. Os aspectos morfológicos, assim como a
coloração e o tamanho podem influenciar diretamente na germinação, uma vez
que são primordiais para o processo de identificação e diferenciação das
espécies. Os estudos sobre a variabilidade dessas características entre os
19
indivíduos numa determinada área, permitem inferir sobre os aspectos e o
comportamento ecológico das espécies.
Diante disso, estudos multidisciplinares envolvendo as espécies nativas
do Cerrado que contemplem não somente os aspectos agronômicos, mas
também os morfológicos e fenológicos são necessários para que sejam
ampliados os conhecimentos sobre espécies de plantas com potencial
medicinal.
Desta forma, neste trabalho os objetivos foram descrever o ciclo
fenológico da A. edulis e L. pacari, bem como estudar a germinabilidade em
função do armazenamento, temperatura e características morfológicas.
20
2 Revisão Bibliográfica
2.1 Alibertia edullis Rich.
A. edulis, popularmente conhecida como marmelada-bola, é uma
espécie amplamente difundida no Cerrado brasileiro. A espécie pertence à
família Rubiaceae, que é reconhecida como uma rica fonte de bioativos (Silva
et al, 2007; Silva et al, 2008).
Campos Filho (2009) descreveu A. edulis como sendo árvores de
pequeno porte, com até 6 m de altura, de crescimento rápido. A casca do
tronco tem fissuras quadriculadas e cor escura. Possui duas folhas por nó, com
uma pequena folha pontuda entre elas. As diferentes espécies de marmelada
ocorrem na mata de transição, na mata de várzea, Cerrado, Cerradão, Campo
cerrado, matas de brejo e matas de galeria. Florescem de agosto a fevereiro.
Os frutos amadurecem de julho a setembro, indo do verde ao roxo. São
monóicas, que se diferenciam pelas flores: as flores masculinas são pequenas
e aglomeradas, enquanto as femininas são grandes e solitárias.
A. edulis possui grande função ecológica e forte interação com a fauna,
é precoce na produção de frutos, podendo produzir a partir dos três anos de
idade (Campos Filho, 2009).
Diversas espécies da família Rubiaceae detém importância econômica,
sendo utilizadas como alimentícias, ornamentais, na indústria farmacêutica,
como medicinais e/ou tóxicas (Coelho et al., 2006).
Avaliando informações etnobotânicas, farmacológicas e fitoquímicas de
espécies da família Rubiaceae, Souza et al. (2013) descreveram expressivo
número de constituintes químicos com o descobrimento de substâncias inéditas
para a ciência e potencial atividade farmacológica, sugerindo-se maior
realização de estudos para as mesmas. Quanto aos estudos farmacológicos e
fitoquímicos há maior concentração destes nas regiões Sudeste e Sul do Brasil,
os quais primam pelo isolamento dos constituintes químicos de espécies desta
família.
21
2.2 Lafoensia pacari St. Hill.
L. pacari, conhecida como dedaleiro, louro-da-serra, mangava-brava,
copinho, dedal, entre outros, é uma espécie arbórea nativa com ocorrência nas
florestas de altitude, nos estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e Santa Catarina. É uma planta decídua, indiferente às
condições físicas do solo; ocorre também no Cerrado, onde as plantas
apresentam menor desenvolvimento. A dispersão é ampla, porém descontínua,
nunca formando grandes populações, produz anualmente grande quantidade
de sementes viáveis. A madeira pode ser utilizada para obras externas e
internas, marcenaria, cabos de ferramentas, moirões, construção civil e
tabuado em geral. Apresenta boas características ornamentais, sendo utilizada
no paisagismo e na arborização urbana (Lorenzi, 2000).
Esta espécie possui distribuição geográfica na América do Sul e América
Central. Pode atingir de 3 a 30 m de altura ocorrendo, principalmente, em
formações secundárias como capoeiras. Por ser nativa no Cerrado demonstra
adaptações às condições físicas desse solo, no entanto, as condições
ambientais em que se encontra refletem nas variações de altura ocasionando,
dessa forma, um menor desenvolvimento das plantas de Cerrado (Prance,
1994; Cabral e Pasa, 2009).
As flores são expostas acima da copa de forma ereta ou ligeiramente
inclinadas, possuem pétalas de cor branco-amarelada, numerosos estames
com anteras razoavelmente grandes e exalam odor desagradável. Todos esses
atributos florais sugerem que a polinização de L. pacari ocorra, principalmente,
por morcegos, mesmo havendo produção de néctar constante capaz de atrair
outros animais e insetos polinizadores. Os frutos são cápsulas conspícuas com
sementes aladas, o que favorece a disseminação através do vento (Cabral e
Pasa, 2009).
Em estudo etnobotânico realizado por Cabral e Pasa (2009), a espécie é
utilizada para o tratamento de úlcera, seguido de gastrite, câncer,
emagrecimento, cicatrizante e anti-inflamatória. Dentre as partes da planta
mais usadas no tratamento dos males do organismo destaca-se a casca,
seguida da raiz e folha.
22
2.3 Fenologia
A fenologia estuda a ocorrência de eventos biológicos periódicos e as
causas de ocorrência, em relação a fatores bióticos e abióticos, e a inter-
relação entre fases caracterizadas por esses eventos numa mesma e em
diferentes espécies (Lieth, 1974). Mediante estudos fenológicos é possível
prever a época de reprodução, deciduidade e ciclo de crescimento vegetativo,
parâmetros que podem ser utilizados para o manejo adequado da flora (Ribeiro
e Castro, 1986).
A fenologia tem como base a observação de fenofases das espécies,
que são os estádios de desenvolvimento, como a emergência das gemas, o
desenvolvimento das folhas, a floração, a frutificação, a descoloração das
folhas e a senescência. Assim, o conhecimento da floração e frutificação
permite estimar períodos de reprodução das plantas, os ciclos de crescimento,
a relação com o clima, e o melhor período para colheita de sementes (Fournier,
1974; Morellato, 1995; Mariot et al., 2003; Freire et al., 2013).
Silva e Scariot (2013) confirmaram em pesquisas que a fenologia auxilia
no conhecimento dos padrões reprodutivos e de produtividade de uma
população, e que são fundamentais no planejamento de estratégias de gestão
para espécies exploradas. O conhecimento da variação temporal e
interpopulacional nos parâmetros de produção e biométricos dos frutos de uma
espécie pode contribuir para a colheita de frutos e sementes, visando consumo
e comercialização, bem como a sua conservação ex situ.
Pereira et al. (2008), afirmaram que a fenologia é uma ferramenta útil no
planejamento do manejo das florestas tropicais, proporcionando informações
não só sobre a época mais propícia para colheita de sementes, mas também
indicando que espécies devem ser introduzidas em plantios como fonte de
alimento para a fauna, em diferentes períodos do ano, como forma de atrair
maior diversidade para os sistemas manejados.
Dentre os fatores que influenciam os eventos fenológicos, pode-se
destacar a disponibilidade de luz e de nutrientes, temperatura e precipitação,
sendo estes fatores abióticos essenciais, que podem limitar direta e
indiretamente as fases reprodutiva e vegetativa das plantas. Com relação aos
23
fatores bióticos, pode-se citar polinização, patógenos e herbivoria (Ranthcke e
Lacey, 1985).
As espécies do Cerrado podem apresentar diferentes períodos de
floração, frutificação e dispersão das sementes, evidenciando estratégias
distintas de ajustamento aos condicionantes bióticos e abióticos (Lenza e Klink,
2006; Munhoz e Felfili, 2007; Oliveira 2008).
O comportamento fenológico parece ter se desenvolvido como uma
resposta evolutiva principalmente à sazonalidade climática (Lenza e Klink,
2006; Oliveira 2008).
Vegetações em climas sazonais, como é o caso do Cerrado, apresentam
maior periodicidade na produção de flores, folhas e frutos, sendo a alternância
de estações seca e úmida apontada como o principal fator envolvido no
desencadeamento das fenofases (Talora e Morellato, 2000).
Se as relações causais entre seca sazonal e fenologia das árvores são
verdadeiras, então as variações dos padrões fenológicos deverão ser
indicadoras da sazonalidade ambiental. Por outro lado, produzir folhas, flores e
frutos nessa estação pode ser um indicativo da disponibilidade de água no solo
para as plantas durante a seca sazonal (Lenza e Klink, 2006), que pode indicar
um papel importante das características edáficas nos estudos fenológicos.
2.4 Fatores que influenciam a germinação das sementes
2.4.1 Armazenamento
Após as operações de secagem e beneficiamento, o armazenamento
tem por finalidade conservar as sementes, preservando a qualidade física,
fisiológica e sanitária, para posterior semeadura. Para tanto, é necessário um
local apropriado, seco, seguro, passível de aeração e de fácil combate a
roedores, insetos e microrganismos. Essa prática pode trazer grandes
vantagens, pois, se efetuado adequadamente, o armazenamento pode
aguardar as sementes até o momento em que a demanda atinja um nível que
possibilite o uso e a comercialização (Parrella, 2011).
Diversas técnicas são, com frequência, estudadas em busca de
melhores condições de armazenamento, sendo que o principal método de
24
conservação de sementes durante este período é, ainda, a redução do
metabolismo, seja através da remoção da água ou da diminuição da
temperatura. Contudo, várias espécies tropicais, principalmente arbóreas
nativas do Brasil, são intolerantes à dessecação aos níveis desejáveis para
conservação durante o armazenamento, o que requer o desenvolvimento de
tecnologias específicas para a conservação (Kohama et al., 2006).
Segundo Marcos Filho (2005) a conservação da qualidade fisiológica
das sementes está relacionada ao tipo de embalagem utilizada, conforme a
maior ou menor facilidade que apresentam para as trocas de vapor d'água
entre as sementes e a atmosfera do ambiente em que estão armazenadas.
Uma vantagem que Caldeira e Perez (2008) apontam, é que o
armazenamento possibilita alguma independência do período de
disponibilidade natural e da quantidade de produção anual das espécies
florestais.
A semente é um ser vivo e mesmo depois da colheita continua
respirando, necessitando de condições ideais para que o metabolismo seja o
menor possível, não prejudicando a garantia da qualidade durante o tempo de
vida útil. Assim, as condições de manuseio, transporte e armazenamento
devem favorecer a redução da respiração. Entre os fatores que influenciam na
respiração das sementes estão o impacto físico, a temperatura e a umidade no
armazenamento (Parrela, 2011).
Vale ressaltar que problemas podem ocorrer se o armazenamento não
for realizado corretamente. Segundo Parrella (2011), os problemas de
armazenamento surgem normalmente quando ocorrem as seguintes situações
ou circunstâncias: sementes de baixa qualidade são armazenadas, sementes
são armazenadas por longos períodos, sementes de vida curta/sementes
recalcitrantes são armazenadas inadequadamente, sementes não são
armazenadas convenientemente secas em lugares sem ventilação e quentes.
As características da espécie ou cultivar, como longevidade natural,
composição química e diferenças genéticas, aliadas às condições ambientais
de armazenamento, podem facilitar ou retardar a redução da velocidade e da
intensidade de deterioração (Souza et al., 2011).
25
Dessa forma, há necessidade de trabalhos contínuos de classificação
das espécies nativas que ainda não foram estudadas, quanto à capacidade de
armazenamento em função da enorme diversidade da flora brasileira (Carvalho
et al., 2006).
2.4.2 Temperatura
A busca de conhecimentos sobre as condições ótimas para os testes de
germinação das sementes, principalmente dando ênfase aos efeitos da
temperatura, substrato e etc., desempenha papel fundamental dentro da
pesquisa científica e fornece informações valiosas sobre a propagação das
espécies (Varela et al., 2005).
Conhecer e controlar os fatores ambientais permite otimizar a
quantidade, velocidade e uniformidade da germinação e produzir mudas
vigorosas de baixo custo. Os principais fatores do ambiente que influenciam na
germinação são: luz, temperatura, água, meio de crescimento, recipiente,
nutrientes, alelopatia, fauna e micro-organismos (Floriano, 2004). Essa
informação vai ao encontro com Nassif et al. (1998) que afirmaram que a
influência na germinação das sementes pelos fatores ambientais, pode ser
manipulada a fim de otimizar a porcentagem, velocidade e uniformidade de
germinação, resultando na obtenção de plântulas mais vigorosas e na redução
dos gastos de produção.
Segundo Brancalion et al. (2010), as Regras Para Análise de Sementes
estabelecem instruções para a condução do teste de germinação incluindo,
basicamente, o tipo de substrato e as exigências quanto à disponibilidade de
água, luz e temperatura. Entretanto, as informações referentes ao teste de
germinação de sementes de espécies arbóreas brasileiras não estão
devidamente organizadas nem incluídas em tais regras, impedindo a utilização
de métodos de análise confiáveis e padronizados.
O estudo de métodos adequados para as análises de sementes de
espécies florestais e nativas tem merecido atenção no meio científico, visando
à obtenção de informações referentes às condições ideais de germinação
(Guedes et al., 2010).
26
A temperatura é um fator que pode alterar as reações bioquímicas que
determinam todo o processo germinativo. As sementes apresentam potencial
germinativo em limites bem definidos de temperatura, variável de espécie para
espécie, que caracterizam a distribuição geográfica. No estudo dessa
dependência, é de grande importância ecofisiológica, a determinação das
temperaturas mínima, ótima e máxima. Há espécies que respondem bem tanto
às temperaturas constantes como às alternadas. A alternância de temperatura
corresponde, provavelmente, a uma adaptação às flutuações naturais do
ambiente (Nassif et al., 1998).
Partindo do princípio de que a temperatura ótima para a germinação é
resultado da adaptação fisiológica das sementes às condições ambientais dos
locais de ocorrência ou de cultivo das espécies, Brancalion et al. (2010),
afirmaram que pode haver relação direta entre essa temperatura e o bioma
onde as sementes foram produzidas. Além desse fator, características
ecológicas das espécies, tal como o grupo sucessional, podem ter participação
na definição da temperatura que mais estimula o processo germinativo.
Tem-se observado que o desempenho das sementes de diversas
espécies florestais em relação à temperatura ótima é bastante variável. Para
determinadas espécies, a germinação das sementes é favorecida por
temperaturas constantes na faixa de 20 a 30 ºC, podendo variar de acordo com
as temperaturas encontradas na região de origem (Borges e Rena, 1993; Lima
et al., 2011).
Assim, caso as condições não sejam as ideais para a germinação, as
sementes podem permanecer vivas nos solos por longos períodos (Steckel et
al., 2004).
Brancalion et al. (2010) verificaram que, o teste de germinação com
sementes de espécies arbóreas brasileiras pode ser conduzido mediante o uso
de temperatura constante de 25 °C para as espécies do bioma Cerrado. As
espécies iniciais da sucessão não requerem temperaturas mais altas para a
germinação das sementes, mas, destaca que, para a superação da dormência
podem ser necessários regimes diferenciados de temperatura.
27
2.4.4 Características físicas das sementes
As características inerentes às sementes tais como forma, tamanho e
cor, constituem importantes fatores na propagação de diferentes espécies
vegetais. As influências de cada característica possuem graus variáveis de
importância, e isso será mutável de acordo com a espécie (Flores et al., 2014).
Os aspectos morfológicos e biométricos de frutos e sementes, assim
como os testes de germinação, são importantes para identificação e
diferenciação das espécies e reconhecimento das plântulas no campo (Oliveira,
2009).
Ao avaliar as características biométricas de frutos e sementes de uma
determinada espécie, obtêm-se maiores informações sobre a variabilidade
dessas características entre indivíduos numa determinada área, que permite
conhecer os aspectos ecológicos das plantas (Souto et al., 2008).
Outro fator relevante com o estudo da biometria é a facilidade para
detectar a variabilidade genética dentro de populações de uma mesma
espécie, e as relações entre esta variabilidade e os fatores ambientais, como
também em programas de melhoramento genético (Gonçalves et al., 2013).
Segundo Popinigis (1985), o tamanho das sementes, em muitas
espécies, é indicativo da qualidade fisiológica. Assim, dentro do mesmo lote, as
sementes pequenas apresentam menor germinação e vigor que as sementes
de tamanho médio ou grande. A remoção de sementes menores de um lote no
beneficiamento permite, em muitas espécies, melhorar a qualidade fisiológica.
Carvalho e Nakagawa (2000) afirmaram que as sementes de maior
tamanho podem receber maior quantidade de substâncias de reserva durante a
fase de desenvolvimento, o que acarretaria em embriões bem formados, sendo
consideradas sementes de maior vigor.
O tamanho das sementes é uma das características que apresenta
maior variabilidade segundo Winn (1991), sendo definido pelo comprimento,
largura e espessura. O autor justifica que a produção de sementes de
tamanhos completamente diferentes, se dá pelas variações na disponibilidade
de nutrientes durante o desenvolvimento dos frutos.
28
Biruel et al. (2010) estudaram a germinação de sementes de
Caesalpinea leiostachya (Benth) em função do tamanho e forma, e relataram
que o tamanho pode ser um indicativo da qualidade fisiológica das mesmas
para muitas espécies e, que de forma geral, as pequenas apresentaram
menores valores de germinação e vigor quando comparadas com as de maior
tamanho.
As modificações morfológicas e fisiológicas que ocorrem nos frutos e
sementes durante a maturação podem ser usadas como indícios para
estabelecer a época de coleta e, esses sinais baseiam-se em características
como coloração, teor de umidade, densidade, tamanho e massa dos frutos e
sementes (Figliolia e Aguiar, 1993).
A cor do tegumento das sementes tem influência sobre a qualidade
fisiológica e está associada ao grau de maturação, sendo as sementes de
coloração mais claras as mais imaturas (Lucena et al., 2008). Para algumas
espécies, as diferenças na cor da semente estão associadas a diferentes taxas
de germinação (Flores et al. 2014).
Dessa maneira, o conhecimento da morfologia de sementes e plântulas
é essencial para a análise do ciclo vegetativo das espécies, assim como para o
reconhecimento destas no estádio juvenil, indispensável nos estudos de
regeneração e manejo de florestas naturais ou implantadas, e nas atividades
em laboratórios e viveiros, contribuindo para o reconhecimento das espécies e
para adequar os métodos de produção de mudas (Kuniyoshi, 1983; Roderjan,
1983; Ferreira et al., 1998).
29
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33
FENOLOGIA DE Alibertia edulis Rich. E Lafoensia pacari St. Hill. NO CERRADO MATOGROSSENSE
RESUMO – A. edulis e L. pacari são espécies nativas do Cerrado, conhecidas popularmente como marmelada-bola e mangava-brava, respectivamente. Ambas com alto potencial medicinal. Este trabalho teve como objetivo acompanhar o ciclo fenológico das espécies em duas áreas com fitofisionomias distintas. Os estudos fenológicos foram realizados em uma propriedade particular, próximo ao município de Santo Antônio do Leverger-MT, pelo período de 24 meses com observações a cada quinze dias, utilizando o índice Fournier. Correlacionou-se as fenofases observadas com as variáveis ambientais: temperatura máxima (°C), temperatura mínima (°C), umidade relativa (%) e precipitação (mm). Durante o período estudado foi observada a sazonalidade climática, abrangendo dois períodos chuvosos, dois períodos secos, dois períodos de transição chuvoso/seco e dois períodos de transição seco/chuvoso. O percentual de senescência de folhas da A. edulis se manteve baixo, ao longo de todo o período observado, não ultrapassando 8% nos dois locais avaliados. A senescência das folhas de L. pacari, ocorreu de maneira intensa, com início no final do período das chuvas e se intensificou no auge do período de seca. A. edulis, nas duas áreas de estudo, apresentou crescimento vegetativo pontualmente nos meses de chuva. A brotação das folhas da L. pacari ocorreu de forma significativa entre os meses de agosto a outubro de 2015, e entre setembro a novembro de 2016, ou seja, no início do período chuvoso, nas duas áreas de estudo. Os picos de intensidade do evento botões florais de A. edulis ocorreram em dezembro de 2015 e novembro de 2016 e, das flores abertas ocorreu no mês de dezembro do ano de 2015, e novembro e dezembro de 2016, nas duas áreas. Nos meses de agosto e setembro de 2015 ocorreram os maiores índices de intensidade de frutos maduros de A. edulis, nas duas áreas analisadas, com valores não ultrapassando 12%. Em 2016 não houve registro de maturação dos frutos de A. edulis nas duas áreas de estudo. A porcentagem de indivíduos de L. pacari que floresceram (botões florais e flores abertas) ocorreu de maneira sazonal em ambos os locais, no final do período chuvoso, percorrendo por todo o período seco. O início da produção de frutos coincidiu com o final do período seco, e início do período chuvoso. A. edulis é uma espécie perenifólia, tendo a brotação influenciada pelos primeiros índices de chuva, com as fenofases reprodutivas influenciadas pela precipitação. A senescência das folhas de L. pacari ocorre no período seco, a brotação no período chuvoso e, a floração se correlaciona negativamente com a UR e a precipitação, enquanto a frutificação ocorre no início das chuvas.
Palavras-chave: ciclo fenológico, fenofases, fournier, marmelada-bola,
mangava-brava.
34
PHENOLOGY OF Alibertia edulis Rich. AND Lafoensia pacari St. Hill. IN
CERRADO MATOGROSSENSE
ABSTRACT - A. edulis and L. pacari are native species of the Cerrado,
popularly known as marmelada-bola and manva-brava, respectively. Both with
high medicinal potential. This work aimed to follow the phenological cycle of the
species in two areas with different phytophysiognomies. The phenological
studies were carried out in a private property, near the municipality of Santo
Antônio do Leverger-MT, for the period of 24 months with observations every
fifteen days, using the Fournier index. The observed phenotypes were
correlated with the environmental variables: maximum temperature (° C),
minimum temperature (° C), relative humidity (%) and precipitation (mm). During
the study period, climatic seasonality was observed, covering two rainy periods,
two dry periods, two rainy / dry transition periods and two dry / rainy transition
periods. The percentage of senescence of leaves of A. edulis remained low,
throughout the observed period, not exceeding 8% in the two evaluated sites.
The senescence of L. pacari leaves occurred intensively, beginning at the end
of the rainy season and intensifying at the height of the dry season. A. edulis, in
both study areas, presented vegetative growth in the rainy months. The
sprouting of L. pacari leaves occurred significantly between August and October
2015, and between September and November 2016, that is, at the beginning of
the rainy season, in the two study areas. The intensity peaks of the floral buds
of A. edulis occurred in December 2015 and November 2016, and of the open
flowers occurred in the month of December of the year 2015, and November
and December of 2016, in the two areas. In August and September of 2015, the
highest fruit intensity indices of A. edulis occurred in the two analyzed areas,
with values not exceeding 12%. In 2016 there was no record of maturation of A.
edulis fruits in the two study areas. The percentage of L. pacari individuals that
bloomed (flower buds and open flowers) occurred seasonally in both locations
at the end of the rainy season, traversing throughout the dry period. The
beginning of the fruit production coincided with the end of the dry period, and
the beginning of the rainy season. A. edulis is a perennial species, with
sprouting influenced by early rainfall indexes, with reproductive phenotypes
influenced by precipitation. The senescence of the leaves of L. pacari occurs in
the dry season, the sprouting in the rainy season and, the flowering correlates
negatively with the RH and precipitation, while the fruiting occurs in the
beginning of the rains.
Keywords: phenological cycle, phenophases, fournier, marmelada-bola,
mangava-brava.
35
1. Introdução
A fenologia estuda a ocorrência de eventos biológicos periódicos e as
causas de sua ocorrência, em relação a fatores bióticos e abióticos, e a inter-
relação entre fases caracterizadas por esses eventos numa mesma e em
diferentes espécies (Lieth, 1974). Mediante estudos fenológicos é possível
prever a época de reprodução, deciduidade e ciclo de crescimento vegetativo,
parâmetros que podem ser utilizados para o manejo adequado da flora (Ribeiro
e Castro, 1986).
A fenologia tem como base a observação de fenofases das espécies,
que são os estádios de desenvolvimento, como a emergência das gemas, o
desenvolvimento das folhas, a floração, a frutificação, a descoloração das
folhas e a senescência. Assim, o conhecimento da floração e frutificação
permite estimar períodos de reprodução das plantas, os ciclos de crescimento,
a relação com o clima, e o melhor período para colheita de sementes (Fournier,
1974; Morellato, 1995; Mariot et al., 2003; Freire et al., 2013).
Silva e Scariot (2013) confirmaram em seus estudos que a fenologia, os
padrões reprodutivos e a produtividade de uma população, são de fundamental
importância no planejamento de estratégias de gestão para espécies
exploradas, e que o conhecimento da variação temporal e interpopulacional
nos parâmetros de produção de uma espécie pode favorecer a colheita de
frutos e sementes para consumo e comercialização, bem como a conservação
ex situ.
Pereira et al. (2008) afirmaram que a fenologia é uma ferramenta útil no
planejamento do manejo das florestas tropicais, proporcionando informações
não só sobre a época mais propícia para colheita de sementes, mas também
indicando que espécies devem ser introduzidas em plantios como fonte de
alimento para a fauna, em diferentes períodos do ano, como forma de atrair
maior diversidade para os sistemas manejados.
Dentre os fatores que influenciam os eventos fenológicos, se destacam a
disponibilidade de luz e de nutrientes, temperatura e precipitação, sendo esses
fatores abióticos essenciais, que podem limitar direta e indiretamente a fase
reprodutiva e vegetativa da planta, além dos fatores bióticos como polinização,
36
patógenos e herbivoria, que também são importantes na floração de espécies
vegetais (Ranthcke e Lacey, 1985).
Dessa maneira, as espécies lenhosas do Cerrado podem apresentar
diferentes períodos de floração, frutificação e dispersão das sementes,
evidenciando estratégias distintas de ajustamento aos condicionantes bióticos
e abióticos (Lenza e Klink, 2006; Munhoz e Felfili, 2007; Oliveira, 2008).
Alibertia edulis (Rich.), popularmente conhecida como marmelada-bola,
é uma espécie amplamente difundida no Cerrado brasileiro, pertencente à
família Rubiaceae, reconhecida como rica fonte de bioativos (Silva et al, 2007;
Silva et al, 2008).
A marmelada-bola apresenta árvores de pequeno porte, com até 6m de
altura e de crescimento rápido. A casca do tronco tem fissuras quadriculadas e
cor escura, duas folhas por nó. Florescem de agosto a fevereiro, e os frutos
amadurecem de julho a setembro. Possui grande função ecológica, forte
interação com a fauna, podendo produzir a partir dos três anos de idade. Há
marmelos que toleram secas e outros que suportam inundações temporárias
(Campos Filho, 2009).
A espécie Lafoensia pacari possui distribuição geográfica na América do
Sul e América Central sendo nativa no Cerrado Brasileiro. Pode atingir de 3 a
30 m de altura ocorrendo, principalmente, em formações secundárias como
capoeiras. É conhecida popularmente como mangava-brava ou dedaleiro
(Prance, 1994; Cabral e Pasa, 2009).
Suas flores são expostas acima da copa, possuem pétalas de cor
branco-amarelada com numerosos estames e exalam odor desagradável.
Todos esses atributos florais sugerem que a polinização da Lafoensia pacari
ocorra, principalmente, por morcegos. Os frutos são cápsulas conspícuas com
sementes aladas, o que favorece a disseminação da espécie através do vento.
A espécie é principalmente utilizada para o tratamento de úlcera, seguido de
gastrite, câncer, emagrecimento, cicatrizante e anti-inflamatória. Dentre as
partes da planta mais usadas no tratamento dos males do organismo destaca-
se a casca, seguida da raiz e folha (Cabral e Pasa, 2009).
37
A despeito do grande potencial medicinal das espécies mencionadas
acima, suas populações naturais são constantemente alvo do extrativismo, na
maioria das vezes predatório.
Dessa maneira, torna-se urgente a elaboração e aumento do número de
estudos que contribuam para o entendimento do processo de reprodução e
regeneração das plantas nativas, assim como informações quanto ao
comportamento fenológico (Pires et al., 2016), que poderão futuramente
subsidiar ações de recuperação de áreas degradadas.
A baixa disponibilidade de pesquisas sobre fenologia para grande parte
das espécies reforça a necessidade de se realizar mais estudos sobre este
tema, em regiões bioclimáticas específicas (Freire et al., 2013).
Desse modo, estudos que visam à caracterização das fenofases
vegetais são importantes para a compreensão da dinâmica das populações,
funcionando como indicadores das respostas das plantas às condições
climáticas e edáficas locais (Fournier, 1974).
O objetivo desse trabalho foi avaliar a fenologia de Alibertia edulis Rich.
e Lafoensia pacari St. Hill, em duas áreas que se distinguem pela
fitofisionomia, relacionando os dados fenológicos com fatores ambientais, como
precipitação, temperatura e umidade relativa, visando gerar subsídios para o
manejo sustentável e conservação das populações naturais nas áreas de
ocorrência.
38
2. Material e Métodos
2.1 Área de Estudo
Os dados deste trabalho foram coletados em uma propriedade particular,
localizada a 15 km de Cuiabá-MT (15°43’ Sul e 56°04’ Oeste) pela MT-040,
rodovia que liga a capital a Santo Antônio do Leverger-MT. A área onde se
localiza a propriedade é de Cerrado com camada relativamente contínua de
gramíneas perenes e descontínua de árvores pequenas e arbustos.
O clima da região, segundo a classificação de Köppen, é do tipo Aw,
com temperatura média mensal variando entre 22 e 28 ºC, e precipitação
média anual de 1.320 mm.
O solo da área é caracterizado por ser pouco espesso, imperfeitamente
drenado, concrecionário e com superfície cascalhenta, plintossolo pétrico,
podendo ocorrer locais com a presença de solos litólicos distróficos (Embrapa,
1999).
A altitude varia entre 165 e 189 m acima do nível do mar, e as áreas de
estudo se encontram protegidas do fogo há 20 anos, localizada dentro de uma
área de 54.522 km2 (Arruda et al., 2008) de um ecótono entre o Cerrado e o
Pantanal.
2.2 Caracterização das áreas
Este estudo foi desenvolvido em duas áreas distintas dentro da
propriedade particular, que se distinguem principalmente pela cobertura vegetal
e solo. Na Figura 1 pode ser observado a localização das duas áreas e a
distância entre elas.
39
FIGURA 1. Mapa e Localização das áreas dos estudos fenológicos
diferenciadas pela cobertura vegetal e solo: Área 1 (A1) e Área 2
(A2).
1.3 Área 1
A área 1 é caracterizada por vegetação típica de Cerradão. Esta
fitofisionomia caracteriza-se pela presença de espécies que ocorrem no
Cerrado sentido restrito e também por espécies de mata. Os indivíduos desta
área, em geral, apresentam copas contínuas e altura média do estrato arbóreo
de 8 a 15 metros, o que proporciona condições de luminosidade que favorecem
o estrato arbustivo e herbáceos (Figura 2). O solo possui grande aporte de
serrapilheira com característica arenosa.
A2
A1
40
FIGURA 2. Extratos arbóreos (A), (B) e (C) e solo (D) de uma área de
Cerradão Mato-grossense.
A B
C D
41
2.3 Área 2
Área caracterizada por vegetação de Cerrado sentido restrito com
árvores de menor porte, inclinadas, tortuosas e com ramificações irregulares e
retorcidas. Os indivíduos encontram-se mais distanciados entre si, e o sub-
bosque é menos denso que da área anterior. O solo é pedregoso com a fina
camada de solo seguida de material rochoso no horizonte B (Figura 3).
FIGURA 3. Extratos arbóreos (A), (B) e (C) e perfil de solo (D) de uma área de
Cerrado scrito sensu Mato-grossense.
2.5 Seleção dos indivíduos amostrados e dados fenológicos
A B
C D
42
Foram escolhidos e demarcados aleatoriamente 50 indivíduos de A.
edulis e 50 de L. pacari, 25 indivíduos de cada espécie localizados na Área 1 e,
25 na Área 2. Os indivíduos selecionados apresentavam boa visibilidade da
copa, se encontravam em idade reprodutiva e, preferencialmente distanciados
a aproximadamente 10 m.
As observações das fenofases dos indivíduos selecionados no campo
foram realizadas quinzenalmente, durante o período de fevereiro de 2015 a
janeiro de 2017.
Registrou-se a ocorrência percentual das seguintes fenofases: i)
brotação: período em que ocorre o aparecimento de brotos foliares até a
expansão das folhas novas; ii) senescência das folhas; iii) floração: dividida em
período com produção de botões e, de flores abertas (antese); iv) frutificação:
dividida em período com frutos imaturos e, frutos maduros.
2.6 Dados Meteorológicos
Os dados meteorológicos utilizados foram: precipitação acumulada
mensal, média mensal da umidade relativa do ar e médias das temperaturas
máxima e mínima mensais. A obtenção dos dados de umidade relativa e das
temperaturas foi através de uma estação situada na propriedade onde foram
realizados os estudos, os dados de precipitação foram obtidos através do
INMET (Instituto Nacional de Meteorologia).
2.7 Análise dos dados
Os dados das duas áreas foram analisados separadamente e
comparativamente para cada espécie, conforme os índices a seguir:
2.7.1 Intensidade de Fournier
Os valores foram obtidos in loco através de observação por meio de uma
escala intervalar semiquantitativa de cinco categorias com variação de 0 a 4 e
43
intervalo de 25% entre cada categoria. Tais categorias permitiram estimar a
porcentagem de intensidade da fenofase em cada indivíduo:
(0) ausência do evento fenológico;
(1) presença do evento de 1 a 25%;
(2) presença do evento de 26 a 50%;
(3) presença do evento de 51 a 75%;
(4) presença do evento de 76 a 100%.
O cálculo foi feito pela equação: [% Fournier = (Ʃ Fournier / 4 N) × 100],
onde Ʃ Fournier = somatório das categorias de Fournier para cada indivíduo e
N = número total de indivíduos da amostra (Fournier, 1974).
2.7.2 Índice de atividade (ou porcentagem de indivíduos)
É um método simplificado, no qual se constata a presença ou ausência
da fenofase no indivíduo, não estimando a intensidade. Esse método indica a
porcentagem de indivíduos da população em determinado evento fenológico
(Bencke; Morellato, 2002).
2.8 Correlação entre as variáveis
Para se verificar a relação entre as fenofases e as variáveis climáticas
(precipitação acumulada mensal, média mensal da umidade relativa do ar, e
médias das temperaturas máxima e mínima mensais) foi utilizado o coeficiente
de correlação de Spearman (rs). Os cálculos foram realizados utilizando o
número de indivíduos observados mensalmente em cada fenofase e as
variáveis abióticas (Zar 1998).
3. Resultados e Discussão
Durante o período do estudo, com início em fevereiro de 2015 e término
em janeiro de 2017, foi registrada a sazonalidade climática (Figura 4),
44
abrangendo dois períodos chuvosos, dois períodos secos, dois períodos de
transição chuvoso/seco e dois períodos de transição seco/chuvoso.
0
5
10
15
20
25
30
35
0
50
100
150
200
250
300
350
F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D J
UR (%) PPT (mm) Tmax (°C) Tmin (°C)
20162015
chuvoso chuvososecoseco
PP
T (m
m)
e U
R (
%) Tm
ax
e Tmin
(°C)
FIGURA 4. Médias mensais das temperaturas máxima (Tmáx) e mínima
(Tmín), média mensal da umidade relativa (UR) do ar e
precipitação mensal acumulada (PPT) entre os meses de
fevereiro de 2015 e janeiro de 2017.
No ano de 2015, o período chuvoso iniciou em novembro e foi até abril
de 2016, onde se concentrou os maiores índices de precipitação, seguido de
um período de transição entre o período chuvoso e seco com declínio dos
índices de precipitação a partir de maio. Nos meses de maio, junho e julho de
2016, a precipitação incidida foi baixa, caracterizando o período seco; nos
meses de agosto e setembro de 2016, ocorreram as primeiras precipitações,
sendo este o período de transição entre o período seco e chuvoso. A partir de
outubro de 2016 iniciou-se um novo período de chuvas.
Nos meses de agosto de 2015 e julho de 2016 não houve precipitação e,
o mês que mais choveu durante os vinte e quatro meses de observação foi
fevereiro de 2015, com total de precipitação acumulada de 328,6 mm. Os
períodos de seca nos anos de 2015 e 2016 se estenderam por três meses.
45
As temperaturas mínimas mensais no período seco variaram entre 16,1
e 29,1 ºC e, as máximas entre 17,2 e 33,5 ºC. No período chuvoso as
temperaturas mínimas mensais variaram entre 26,3 e 28,2 ºC e, as máximas
entre 28,5 e 34,5 ºC. A média mensal da umidade relativa do ar nos meses de
seca, chegou a atingir 45% e, durante o período de chuvas variou entre 67 e
85%.
3.1 Fenologia vegetativa
3.1.1 Alibertia edulis Rich.
A porcentagem de indivíduos de A. edulis que apresentou queda das
folhas durante todo o período de avaliação ficou abaixo de 25%, com ligeiro
aumento de indivíduos em dois momentos específicos, entre outubro a
novembro de 2015 e entre agosto a setembro de 2016, na Área 2.
A queda de folhas se manteve baixa, ao longo de todo o período
observado, não ultrapassando 8% nas duas áreas avaliadas. Tal característica
sugere um comportamento perenifólio de A. edulis, visto que, árvores e
arbustos perenifólios conservam a folhagem sempre persistente e verde o ano
todo (Pereira, 2004).
Os índices de atividade e intensidade da fenofase de queda foliar de A.
edulis podem ser observados na Figura 5.
46
0
25
50
75
100
fev
mar
ab
r
mai
jun jul
ag
o
se
t
ou
t
no
v
de
z
jan
fev
mar
ab
r
mai
jun jul
ag
o
se
t
ou
t
no
v
de
z
jan
Área 1 Área 2Q
ue
da
de
fo
lha
s(%
)
2015 2016
0
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50
75
100
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mar
ab
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ag
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ou
t
no
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mar
ab
r
mai
jun jul
ag
o
se
t
ou
t
no
v
de
z
jan
Área 1 Área 2
Qu
ed
ad
e f
olh
as
(%)
2015 2016
FIGURA 5. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de queda foliar de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich. em duas áreas de
Cerrado Mato-grossense.
A área 1, nos períodos compreendidos entre dezembro de 2015 a
janeiro de 2016, e de setembro a novembro de 2016, contou com maior
número de indivíduos no estádio de brotação, 36 e 92% dos indivíduos,
respectivamente. Porém, a intensidade de brotação não ultrapassou 11 e 65%,
respectivamente. Esses picos de crescimento foliar ocorreram justamente no
início do período chuvoso, nos dois anos de avaliação.
A diferença de produção de novas folhas entre os dois anos de
avaliação, pode ser explicada pelo atraso no início do período chuvoso no ano
B
A
47
de 2015. No ano de 2016 as chuvas iniciaram no final de agosto e atingiram no
mês de outubro um acumulado de 257 mm (Figura 4).
Quanto ao crescimento vegetativo, este foi marcante na área 1, nos
meses de dezembro de 2015 e de setembro a novembro de 2016. Na área 2
registrou-se crescimento vegetativo de A. edulis de janeiro a maio de 2016 e,
de outubro a novembro de 2016.
Pode-se observar que, nas duas áreas de estudo, o crescimento
vegetativo da espécie ocorreu nos meses de chuva.
Tal comportamento se assemelha aos levantamentos feitos por Ferreira
et al. (2017), em um remanescente de Cerrado sentido restrito em Aquidauana-
MS, observaram que indivíduos de Qualea parviflora apresentaram o início da
brotação foliar predominantemente no começo das chuvas. Os autores
salientam que em regiões com clima sazonal, como ocorre no bioma Cerrado,
a brotação foliar incidindo no período que antecede as primeiras chuvas pode
sugerir uma estratégia para evitar a emissão de folhas novas durante períodos
de escassez de água.
Em estudos em um Cerrado sentido restrito, Pirani et al. (2009),
chegaram a resultados semelhantes ao deste trabalho ao verificarem que o
pico de brotamento (54 a 40% das espécies) ocorreu nos meses de setembro e
outubro, na transição da estação seca para chuvosa.
O índice de intensidade da fenofase brotação foi quase nulo (Figura 6)
em ambas as áreas, na época seca do ano de 2015, quando os níveis de UR
foram em torno de 45%.
48
0
25
50
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fev
mar
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ag
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z
jan
Área 1 Área 2
Bro
taç
ão
(%
)
2015 2016
0
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fev
mar
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mai
jun jul
ag
o
se
t
ou
t
no
v
de
z
jan
Área 1 Área 2
Bro
taç
ão
(%
)
2015 2016
FIGURA 6. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de brotação de folhas de
25 indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich., em duas áreas
de Cerrado Mato-grossense.
O índice de correlação da fenofase brotação não foi significativo com
nenhuma das variáveis meteorológicas em ambas as áreas de estudo.
Para os dados da área 1, o índice de correlação de queda foliar foi
negativo com as variáveis UR (umidade relativa) e precipitação (rs= -0,53 e -
0,85, respectivamente) (Tabela 1).
B
A
49
TABELA 1. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação
total mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e
umidade relativa e a porcentagem de indivíduos de Alibertia edulis
Rich. nas fenofases queda foliar (Q) e brotação (Br).
Área 1 Área 2
Variável ambiental Fenofase rs p Fenofase rs p UR (%) Q -0,53 0,0067* Q -0,33 0,11
Br 0,06 0,77 Br 0,23 0,27 Temp. Máx. (°C) Q -0,31 0,13 Q -0,18 0,37
Br -0,02 0,91 Br 0,19 0,36 Temp. Mín. (°C) Q -0,28 0,17 Q -0,25 0,23
Br -0,12 0,56 Br 0,11 0,60 Precipitação (mm) Q -0,85 0,0001* Q -0,34 0,09
Br 0,11 0,60 Br -0,01 0,94
* Correlação significativa ao nível de significância de 5% de probabilidade
(p<0,05).
Embora A. edulis tenha apresentado um ligeiro aumento na queda foliar
em novembro de 2015, mês com índice de precipitação considerável, este
resultado indica que menores taxas de precipitação e umidade relativa,
proporcionaram maior queda de folhas.
Na área 2, o índice de correlação da queda foliar não foi significativo
com nenhuma das variáveis meteorológicas (Tabela 1).
3.1.2 Lafoensia pacari St. Hill.
Observou-se o pico de queda foliar de L. pacari em julho e agosto de
2015, nas áreas 2 e 1, respectivamente, com 80 e 84% dos indivíduos
apresentando a fenofase. Em 2016 o pico de queda de folhas ocorreu em
agosto e setembro nas duas áreas de estudo, onde 92% dos indivíduos na
área 2 e, 88% dos indivíduos na área 1 perderam folhas.
O índice de intensidade da fenofase de senescência foliar atingiu 75 e
72% nos meses de julho e agosto no ano de 2015 nas áreas 2 e 1,
respectivamente. No mês de agosto do ano de 2016, a intensidade de queda
de folhas atingiu 80 e 82% nas áreas 1 e 2, respectivamente (Figura 7).
50
0
25
50
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ou
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mar
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r
mai
jun jul
ag
o
se
t
ou
t
no
v
de
z
jan
Área 1 Área 2Q
ue
da
de
fo
lha
s(%
)
2015 2016
0
25
50
75
100
fev
mar
ab
r
mai
jun jul
ag
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ou
t
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z
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mar
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mai
jun jul
ag
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t
no
v
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z
jan
Área 1 Área 2
Qu
ed
ad
e f
olh
as
(%)
2015 2016
FIGURA 7. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de queda foliar de 25
indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill., em duas áreas
de Cerrado Mato-grossense.
Pôde-se observar que a queda das folhas de L. pacari se intensificou no
auge do período de seca.
Ao acompanhar o comportamento fenológico de espécies lenhosas em
um Cerrado sentido restrito em Brasília-DF, Lenza e Klink (2006) afirmaram
que além da capacidade de controlar a abertura estomática, as espécies
lenhosas de Cerrado reduzem a folhagem no período seco como mecanismo
adicional na redução da perda de água, nas espécies sempre verdes com
A
B
51
crescimento contínuo, espécies brevidecíduas e espécies decíduas, ou seja, a
perda é uma resposta da vegetação que, com a derrubada de folhas, reduz a
perda de água por transpiração (Silva et al., 2007).
L. pacari, de maneira geral, nos dois anos avaliados, apresentou queda
das folhas nos meses de julho, agosto e setembro, períodos estes que
coincidiram com as épocas secas dos anos, ou com a retomada dos períodos
chuvosos. Faria et al. (2015) ao avaliarem a fenologia de Brosimum
gaudichaudii em um Cerrado sentido restrito localizado na comunidade de Mata
Cavalos-MT, verificaram que além da precipitação, temperaturas reduzidas,
principalmente no mês de julho, contribuíram marcadamente para a
senescência das folhas da espécie.
Na área 1, a queda foliar correlacionou negativamente com as variáveis
UR (rs= -0,73) e precipitação (rs= -0,59). Na área 2, o evento se correlacionou
com todas as variáveis climáticas analisadas. Isso confirma a queda de folhas,
predominantemente no período seco, nos dois locais avaliados (Tabela 2).
TABELA 2. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação
total mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e
umidade relativa e a porcentagem de indivíduos de Lafoensia
pacari St. Hill., nas fenofases queda foliar (Q) e brotação (Br).
Área 1 Área 2
Variável ambiental Fenofase rs p Fenofase rs p UR (%) Q -0,73 0,0001* Q -0,55 0,004*
Br -0,50 0,01* Br -0,58 0,002* Temp. Máx. (°C) Q -0,18 0,38 Q -0,41 0,04*
Br 0,28 0,17 Br 0,18 0,39 Temp. Mín. (°C) Q -0,27 0,19 Q -0,50 0,012*
Br 0,29 0,16 Br 0,16 0,44 Precipitação (mm) Q -0,59 0,002* Q -0,74 0,0001*
Br -0,02 0,89 Br -0,32 0,12
* Correlação significativa ao nível de significância de 5% de probabilidade
(p<0,05).
Santos et al. (2009), verificaram em seus estudos fenológicos numa área
de Cerrado sentido restrito em Barra do Garças-MT, um padrão de queda de
folhas similar ao deste trabalho. A abscisão das folhas de L. pacari iniciou-se
no mês de julho de cada ano de avaliação e apresentou maior intensidade nos
52
meses de setembro de 2004 e 2005, com 98 e 100%, respectivamente. Os
autores concluíram que a queda foliar mostrou correlação negativa com a
temperatura mínima e com a precipitação, e que a correlação entre queda foliar
e diminuição da pluviosidade encontrada para L. pacari sugere este fator como
desencadeador do processo.
A brotação das folhas de L. pacari ocorreu de julho a outubro de 2015 na
área 1, e de junho a outubro de 2015 na área 2. Nas áreas 1 e 2, 96 e 88% dos
indivíduos apresentaram o máximo de brotação no mês de setembro,
respectivamente.
Em 2016, a brotação foliar ocorreu de setembro a dezembro nas duas
áreas de estudo. O pico de brotação nesse ano ocorreu em outubro, onde 92%
dos indivíduos na área 1 e, 88% dos indivíduos na área 2, registraram o evento
(Figura 8).
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Bro
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ão
(%
)
2015 2016
FIGURA 8. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de brotação de 25
indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill., em duas áreas
de Cerrado Mato-grossense.
Santos et al. (2009) observaram o evento de brotação de L. pacari de
outubro a dezembro em 2004 e de setembro a novembro em 2005, com maior
intensidade no início do período chuvoso. A mesma variação da fenofase entre
os anos de avaliação observada neste trabalho, foi verificada pelos autores.
O índice de intensidade de brotação foliar no ano de 2015 foi de 33 e
15% nas áreas 1 e 2, respectivamente. Em 2016 os índices foram de 33 e 32%
A
B
54
nas áreas 1 e 2, nesta ordem. O crescimento vegetativo teve início no período
chuvoso.
Pirani et al. (2009) avaliaram a fenologia de uma comunidade arbórea
em Cerrado sentido restrito, situado no município de Barra do Garças-MT, e
observaram que algumas das espécies estudadas apresentaram alta
intensidade de brotação durante a transição da estação seca para chuvosa,
entre os meses de setembro e novembro.
A emissão de brotos em indivíduos de Byrsonima basiloba, descrita por
Silva et al. (2016), foi observada em meados do período seco, na transição
deste para o chuvoso e durante a época chuvosa.
Souza et al. (2014) explicam que o fato das espécies apresentarem alto
sincronismo na produção de folhas novas pode ser atribuído à disponibilidade
hídrica, por meio da precipitação no início da estação chuvosa, pois, todas as
espécies, tanto as decíduas quanto as perenes aguardam pela água para ativar
os mecanismos de produção foliar, pelo menos de forma mais intensa.
A brotação ocorreu no início e durante o período das chuvas. É
fundamentado na literatura que a precipitação contribui para o surgimento das
gemas vegetativas, porém, a brotação foliar se correlacionou negativamente
apenas com a variável UR (Tabela 2).
Santos et al. (2009) verificaram que a brotação de L. pacari apresentou
correlação positiva apenas com as temperaturas mínima e máxima.
55
3.2 Fenologia Reprodutiva
3.2.1 Alibertia edulis Rich.
A observação dos primeiros botões florais teve início em dezembro de
2015 na área 1, com 40% dos indivíduos. Em novembro do mesmo ano na
área 2, os primeiros botões florais apareceram e, no mês seguinte, botões
florais puderam ser observados em 20% dos indivíduos.
Em novembro de 2016 o percentual de indivíduos com botões florais
aumentou para 68% na área 1, e diminuiu para 8% na área 2. O período das
chuvas nos dois anos de avaliação contribuiu para o aparecimento dos
primeiros botões florais nos indivíduos da espécie. Os picos de atividade e
intensidade do evento ocorreram em dezembro de 2015 e novembro de 2016
nas duas áreas de estudo, períodos esses com índices de precipitação de 132
e 270 mm, respectivamente.
O índice de intensidade dos botões florais foi maior no ano de 2016, com
40% de ocorrência da fenofase em novembro, justamente o mês que se
registrou o maior índice de precipitação de todo o período de avaliação,
aproximadamente 270 mm (Figura 9).
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Área 1 Área 2
Bo
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)
2015 2016
FIGURA 9. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de botões florais de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich. em duas áreas de
Cerrado Mato-grossense.
Newstrom et al. (1994) afirmaram que a maioria das espécies tropicais
não apresenta, de fato, padrões anuais de floração. Para muitas espécies é
possível registrar a ocorrência de flores todos os anos, mas, existe muita
variação interanual na quantidade de flores produzidas de forma que, em
certos anos, a produção de flores pode ser reduzida. Tal afirmação se
aproxima ao que foi constatado com a floração de A. edulis, que apresentou
maior frequência de indivíduos com botões florais no ano de 2016. A
A
B
57
observação de botões florais nas plantas de A. edulis ocorreu durante a
estação chuvosa, nos dois anos de estudo.
A emissão de botões florais, durante a estação chuvosa, também foi
observada em Byrsonima basiloba no Cerrado goiano, nos dois anos da
pesquisa (Silva et al., 2016).
Coelho e Spiller (2008) relataram que para a Heteropterys aphrodisiaca
e outras espécies do Cerrado, a floração parece estar associada à
disponibilidade de água e ao fator temperatura. As autoras afirmam que esse
comportamento pode ser uma característica própria das espécies de ocorrência
no Cerrado.
Nos estudos fenológicos de Alves e Silva (2013) realizados no Cerradão
de Planaltina-DF, os indivíduos de Emmotum nitens apresentaram floração na
estação chuvosa.
A presença de botões florais na área 1 foi significativamente positiva
com a precipitação (rs = 0,55) (Tabela 3). Isso demonstra a dependência da
espécie com relação à hidratação para que ocorra o surgimento das gemas
florais.
TABELA 3. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação
total mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e
umidade relativa e a porcentagem de indivíduos de Alibertia edulis
Rich., na fenofase botão floral (Bf).
Área 1 Área 2
Variável abiótica rs p rs p
UR (%) 0,06 0,77 0,12 0,55
Temp. Máx. (°C) 0,05 0,80 0,31 0,13
Temp. Mín. (°C) 0,13 0,53 0,27 0,19
Precipitação (mm) 0,55 0,005* 0,33 0,10
* Correlação significativa ao nível de significância de 5% de probabilidade
(p<0,05).
A antese ocorreu entre os meses de novembro e dezembro de 2015 nas
áreas 2 e 1, nesta ordem. O pico do índice de atividade ocorreu no mês de
dezembro do mesmo ano nas duas áreas. Em 2016, 36% dos indivíduos
58
apresentaram o evento na área 1 e, na área 2 o evento praticamente não
ocorreu.
O registo significativo do índice de intensidade ocorreu em dezembro de
2015 com apenas 9 e 7% da fenofase flores abertas entre os indivíduos, nas
áreas 1 e 2, respectivamente. No ano de 2016 apenas 6% da abertura das
flores ocorreu entre os indivíduos da área 1 nos meses de novembro e
dezembro (Figura 10).
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Área 1 Área 2
Flo
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(%)
2015 2016
FIGURA 10. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de flores abertas de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich. em duas áreas de
Cerrado Mato-grossense.
A
B
59
Foi notória a ocorrência da antese no início e no decorrer do período das
chuvas nas duas áreas avaliadas. Moura et al. (2010) trabalhando com
Solanum lycocarpum, espécie típica do Cerrado, verificaram forte correlação
entre floração e precipitação e floração e umidade, e sugeriram que a produção
de flores está fortemente associada a essas variáveis ambientais. Os autores
destacaram ainda que a floração e brotação ocorrem principalmente ao longo
da estação chuvosa, aludindo que a precipitação é o principal fator estimulador
da produção de folhas e flores.
Nas observações de Soares et al. (2014) ficou evidenciado a maior
produção de botões e flores de Xylopia aromatica na segunda quinzena de
outubro de 2010. Os autores constataram que a floração de X. aromatica no
Cerrado stricto sensu, apesar de ter iniciado no final da estação seca, ocorreu
mais intensamente na estação úmida, assim como demonstram os resultados
deste trabalho com A. edulis. Oliveira (2008) confirmou a normalidade da
ocorrência de floração logo no início da estação úmida nos Cerrados do
Planalto Central e em áreas disjuntas no Sudeste.
Ao avaliar a fenologia de espécies lenhosas em um Cerrado típico no
Parque Municipal do Bacaba, no município de Nova Xavantina-MT, Silvério e
Lenza (2010) registraram maior número de espécies florescendo no início e
durante a estação chuvosa. A maioria das espécies estudadas apresentaram
um padrão de floração anual e unimodal, com picos rápidos e sincrônicos.
Mantovani e Martins (1988) afirmaram que grandes concentrações de
espécies florindo na época chuvosa não estaria somente relacionada com o
alto índice de pluviosidade e umidade relativa, mas também com temperaturas
mais altas e fotoperíodos mais longos.
Cobra et al. (2015) verificaram em seus estudos sobre a biologia
reprodutiva de Cordiera macrophylla no município de Tangará da Serra-MT,
que diferentemente da A. edulis, a floração da espécie, pertencente à família
Rubiaceae, limitou-se a três meses do ano, durante a estação seca e início da
estação chuvosa.
Assim como ocorreu com os botões florais, a fenofase flores abertas, na
área 1, se correlacionou positivamente com a precipitação (rs = 0,47),
60
indicando forte dependência deste evento fenológico com a estação úmida
(Tabela 4).
TABELA 4. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação
total mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e
umidade relativa e, a porcentagem de indivíduos de Alibertia
edulis Rich. na fenofase flores abertas (Fa).
Área 1 Área 2
Variável abiótica rs p rs p
UR (%) 0,14 0,49 0,14 0,50
Temp. Máx. (°C) -0,01 0,92 -0,01 0,93
Temp. Mín. (°C) 0,05 0,81 0,10 0,62
Precipitação (mm) 0,47 0,01* 0,30 0,15
* Correlação significativa ao nível de significância de 5% de probabilidade
(p<0,05).
Os eventos de floração avaliados na área 2, não apresentaram
correlação significativa com nenhuma das variáveis climáticas.
A frutificação de A. edulis apresentou um padrão anual e levemente
sincronizado. A observação de frutos imaturos ocorreu entre os meses de
fevereiro e agosto de 2015, nas duas áreas avaliadas. Nesse período, 64% dos
indivíduos na área 1 apresentaram o evento e, em maio de 2015, 52% dos
indivíduos na área 2 possuíam frutos imaturos nas copas.
Em 2016 a frutificação na área 1 iniciou em janeiro, atingindo em março
32% dos indivíduos. Na área 2 o evento não se manifestou com a mesma
intensidade, atingindo no mês de abril o maior índice de atividade, com apenas
12% dos indivíduos com frutos imaturos.
Em dezembro de 2016, um novo ciclo de frutificação ocorreu na área 1,
sendo registrado em janeiro, 56% dos indivíduos de A. edulis com frutos.
O início da frutificação coincidindo com o período das chuvas e se
mantendo até o final do período chuvoso e início do seco, e com alta umidade
relativa do ar, foi observado durante os dois anos de avaliação. Reys et al.
(2005) avaliando a fenologia reprodutiva de espécies arbóreas em mata ciliar
no Rio Formoso em Bonito-MS, verificaram que toda a comunidade arbórea
61
frutificou o ano todo, com maior ocorrência de espécies na fenofase reprodutiva
durante a estação úmida e, no final da estação seca.
A observação de frutos imaturos de A. edulis estendeu-se por um
período de aproximadamente seis meses, entre janeiro a agosto de 2015 e
entre janeiro a junho de 2016. Esse período pode ser denominado de fase de
maturação ou desenvolvimento dos frutos. Ferreira et al. (2017) observaram
um longo período de maturação e crescimentos dos frutos de Qualea parviflora
e, queda gradativa na intensidade dessa fenofase, antes mesmo da ocorrência
de frutos maduros, fato que pode ser justificado pelo abortamento de frutos.
O índice de intensidade de frutos imaturos nos indivíduos da espécie,
apresentou valores significativos entre os meses de fevereiro a agosto de 2015,
registrando mais precisamente no mês de fevereiro e abril, 35 e 53% da
fenofase ocorrendo entre os indivíduos, nas áreas 2 e 1, respectivamente.
No ano de 2016 o índice de intensidade de frutos imaturos, na área 1,
começou em janeiro, atingiu em março apenas 12%. Em dezembro do mesmo
ano voltou a ter um crescimento no índice de intensidade dos frutos imaturos,
alcançando em janeiro de 2017, 35% da fenofase ocorrendo entre os
indivíduos. Na área 2 os valores do índice de intensidade do evento ficaram
abaixo de 2% no ano de 2016. (Figura 11).
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Fru
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)
2015 2016
FIGURA 11. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de frutos imaturos de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich. em duas áreas de
Cerrado Mato-grossense.
Esses dados demonstram dois fatos importantes, primeiro a diminuição
tanto dos índices de atividade e de intensidade de um ano para outro, quanto à
baixa produção de frutos, mesmo com número significativo de indivíduos
apresentando o evento.
Bencke e Morellato (2002) afirmaram que a alta produtividade de frutos,
ou seja, a intensidade desta fenofase estaria relacionada com fatores bióticos,
como por exemplo, a presença de polinizadores ou dispersores, enquanto que
a atividade da fenofase estaria vinculada a fatores endógenos da planta ou a
A
B
63
interação de fatores abióticos com a fisiologia do vegetal, interferindo na
presença ou ausência do estádio fenológico.
Não foi obtida correlação entre frutos imaturos com nenhuma das
variáveis analisadas na área 1 (Tabela 5).
TABELA 5. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação
total mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e
umidade relativa e a porcentagem de indivíduos de Alibertia edulis
Rich., na fenofase frutos imaturos (Fi).
Área 1 Área 2
Variável abiótica rs P rs p
UR (%) 0,39 0,05 0,28 0,,17
Temp. Máx. (°C) -0,37 0,07 -0,12 0,56
Temp. Mín. (°C) -0,30 0,15 0,02 0,91
Precipitação (mm) -0,03 0,87 -0,03 0,88
* Correlação significativa ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).
O pico de atividade de frutos maduros ocorreu em setembro de 2015,
em 44 e 24% dos indivíduos nas áreas 1 e 2, respectivamente. Porém, antes
de iniciarem o processo de amadurecimento, os frutos foram altamente
predados por insetos, inviabilizando na maioria das vezes a coleta e o
aproveitamento do material. As larvas dos insetos completaram o
desenvolvimento na parte interna dos frutos, comprometendo as sementes.
Diante disso, não foi observado o amadurecimento dos frutos que se
desenvolveram no ano de 2016 nas duas áreas estudadas, pois, a maioria dos
frutos não completou o processo.
Nos meses de agosto e setembro de 2015 ocorreram os maiores índices
de intensidade de frutos maduros nas duas áreas analisadas, no entanto não
ultrapassou 12% (Figura 12).
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Área 1 Área 2
Fru
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ma
du
ros
(%)
2015 2016
FIGURA 12. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de frutos maduros de 25
indivíduos amostrados de Alibertia edulis Rich. em duas áreas de
Cerrado Mato-grossense.
A correlação foi significativamente negativa (rs = -0,47) com a UR, e
positiva com as temperaturas máxima (rs = 0,50) e mínima (rs = 0,57) na área 1,
corroborando com as observações em campo, onde o pico de amadurecimento
dos frutos ocorreu em setembro, período altamente seco e quente.
Na área 2, o índice de correlação para os frutos maduros foi
expressivamente positivo para as variáveis temperaturas máxima (rs = 0,78) e
mínima (rs= 0,78) (Tabela 6).
A
B
65
TABELA 6. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação
total mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e
umidade relativa e a porcentagem de indivíduos de Alibertia edulis
Rich., na fenofase frutos maduros (Fm).
Área 1 Área 2
Variável abiótica rs p rs p
UR (%) -0,46 0,02* -0,27 0,19
Temp. Máx. (°C) 0,50 0,01* 0,78 0,0001*
Temp. Mín. (°C) 0,57 0,003* 0,78 0,0001*
Precipitação (mm) -0,38 0,06 -0,12 0,55
* Correlação significativa ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).
3.2.2 Lafoensia pacari St. Hill.
Indivíduos de L. pacari com botões florais foram observados no final do
período chuvoso e por todo o período seco, na área 1, entre os meses de maio
a julho de 2015 e de abril a agosto de 2016. Os botões florais foram
observados em até 40% dos indivíduos no mês de junho, nos dois anos de
avaliação.
O período de floração em botão foi menor em 2015, sendo de três
meses em ambas as áreas. O registro de botões florais ocorreu de forma
reduzida na área 2, em 4% dos indivíduos entre maio e julho de 2015 e, março
de 2016.
Na área 1, o pico de intensidade dos botões florais ocorreu em junho de
2015 e em maio de 2016, com 14 e 25%, respectivamente. O índice de
intensidade de botões de L. pacari foi inferior a 2% na área 2 (Figura 13). Nos
dois anos de observação, no mês de junho, foram registrados os menores
valores de temperaturas mínima e máxima, indicando uma forte relação do
aparecimento dos botões florais com a temperatura.
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FIGURA 13. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de botões florais (Bf) de
25 indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill. em duas
áreas de Cerrado Mato-grossense.
O índice de correlação fez reforçar a hipótese de dependência de
temperaturas reduzidas e baixa precipitação para estímulo ao aparecimento de
botões florais. A correlação foi significativamente negativa com as temperaturas
máxima e mínima e com a precipitação na área 1. Na área 2, a fenofase de
botões florais não se correlacionou com nenhuma das variáveis climáticas
analisadas (Tabela 7).
B
A
67
TABELA 7. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação
total mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e
umidade relativa e, a porcentagem de indivíduos de Lafoensia
pacari St. Hill., na fenofase botões florais (Bf).
Área 1 Área 2
Variável abiótica rs P rs p
UR (%) -0,20 0,33 0,02 0,,91
Temp. Máx. (°C) -0,73 0,0001* 0,18 0,39
Temp. Mín. (°C) -0,73 0,0001* -0,40 0,05
Precipitação (mm) -0,63 0,0009* -0,24 0,25
* Correlação significativa ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).
A abertura das flores foi observada no final do período chuvoso e por
todo o período seco na área 1. Entre os meses de maio a julho de 2015 e de
maio a agosto de 2016 foi observada a fenofase de flores abertas nos
indivíduos de L. pacari. As flores foram observadas em até 32 e 40% dos
indivíduos no mês de junho, nos anos de 2015 e 2016, simultaneamente.
O registro de flores abertas ocorreu de forma reduzida na área 2, com
8% dos indivíduos entre maio e julho de 2015 e, 4% em março de 2016.
Na área 1, o pico de intensidade das flores ocorreu em maio de 2015 e
em junho de 2016, com 9 e 17%, respectivamente. O índice de intensidade de
floração de L. pacari atingiu valores inferiores a 2% na área de Plintossolo
(Figura 14).
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Área 1 Área 2
Flo
res
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as
(%)
2015 2016
FIGURA 14. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de flores abertas (Fa) de
25 indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill. em duas
áreas de Cerrado Mato-grossense.
Nos estudos fenológicos de Santos et al. (2009) em Barra do Garças-
MT, houve registro da presença de flores de L. pacari nos meses de abril a
julho de 2004 e junho a agosto de 2005, com maior intensidade da fenofase
nos meses de maio de 2004 e agosto de 2005. Tais resultados são similares
aos encontrados neste trabalho, onde a floração ocorreu no final das chuvas e
prolongou-se por todo o período seco.
B
A
69
O índice de correlação reforçou a relação entre temperaturas amenas e
baixa precipitação e, abertura das flores. A correlação das flores abertas foi
significativamente negativa com as temperaturas máxima e mínima e com a
precipitação nas duas áreas de estudo (Tabela 8).
TABELA 8. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação
total mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e
umidade relativa e a porcentagem de indivíduos de Lafoensia
pacari St. Hill., na fenofase flores abertas (Fa).
Área 1 Área 2
Variável abiótica rs p rs p
UR (%) -0,22 0,29 -0,06 0,77
Temp. Máx. (°C) -0,77 0,0001* -0,56 0,004*
Temp. Mín. (°C) -0,79 0,0001* -0,56 0,003*
Precipitação (mm) -0,63 0,0008* -044 0,02*
* Correlação significativa ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).
Segundo Santos et al. (2009), a floração na seca parece ser o padrão
mais comum da vegetação arbórea do Cerrado e de savanas, visto que, em
seus estudos fenológicos, a floração de L. pacari mostrou correlação negativa
com a precipitação e a temperatura mínima.
Indivíduos de Byrsonima umbellata apresentaram período longo de
floração, entre os meses de março a outubro, porém, todos os indivíduos
amostrados floresceram entre os meses de junho e julho, meses esses com
baixos índices de precipitação (Mendes et al., 2012). Silvério e Fernandes-
Bulhão (2009) observaram o florescimento de Byrsonima orbignyana durante
toda a estação seca e início das chuvas e de Byrsonima crassa durante toda a
estação seca. Todas essas espécies relatadas acima apresentaram
comportamento semelhante ao da espécie L. pacari.
Entretanto, nos estudos de Silva et al. (2016), a emissão de botões
florais e das flores de Byrsonima basiloba foi sazonal, durante a estação
chuvosa, nos dois anos de observação. Os autores salientaram que o início da
floração na estação chuvosa parece ser bastante comum para as espécies do
Cerrado.
70
Alguns autores relatam que a característica de florescimento em épocas
de seca ou no início das chuvas que ocorre no Cerrado (Frankie et al. 1974;
Oliveira 1998, Batalha & Mantovani 2000), são altamente facilitadoras da
atividade polinizadora, já que a ausência de chuvas, ou chuvas em menores
intensidades não causariam danos às flores (Janzen, 1980; Mendes et al.,
2012).
Diferentemente do que ocorreu com L. pacari, a floração de Hylocereus
undatus (Silva et al., 2015), em um Cerrado em Jaboticabal-SP, predominou
em novembro, nos dois ciclos de produção avaliados, com cerca de 35% do
total emitido durante o período de novembro a março, coincidindo com altas
temperaturas e início da estação chuvosa.
Outro fator que ficou evidenciado durante as observações dos eventos
de floração, foi a baixa porcentagem de abertura das flores em relação à
produção de botões, nos dois anos de acompanhamento. Esse mesmo
comportamento foi observado por Silva et al. (2016) ao avaliarem a fenologia
reprodutiva de indivíduos de Byrsonima basiloba no Cerrado goiano.
Um dos fatores que explica essa diminuição da produção de flores
abertas, consequentemente de frutos da L. pacari, é a alta predação das flores
observadas em campo, ou ainda baixa disponibilidade de água, ausência de
agentes polinizadores e nutrientes. Diversas vezes, durante as observações
fenológicas foram encontrados vestígios das flores no chão nas proximidades
do indivíduo. E muitas vezes as flores ainda na árvore apresentavam as
estruturas danificadas.
A frutificação de L. pacari apresentou padrão anual. A observação de
frutos imaturos ocorreu entre os meses de julho e setembro de 2015, na área 1,
porém, apenas 8% dos indivíduos avaliados apresentaram o evento (Figura
15).
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Área 1 Área 2F
ruto
sim
atu
ros
(%)
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jan
Área 1 Área 2
Fru
tos
ima
tuto
s(%
)
2015 2016
FIGURA 15. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de frutos imaturos (Fi)
de 25 indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill. em duas
áreas de Cerrado Mato-grossense.
No ano de 2016 a frutificação ocorreu nos meses de julho e agosto, com
20% dos indivíduos apresentando frutos imaturos na área 1. Na área 2 o
evento não se manifestou nos dois anos de avaliação.
Como já frisado anteriormente, a baixa frutificação de L. pacari pode
estar intimamente relacionada com a alta predação e alta taxa de queda das
flores antes da polinização.
A observação dos frutos imaturos coincidiu com o final do período seco e
início do chuvoso, comprovando que a frutificação da espécie depende da
B
A
72
hidratação dos tecidos para o início do processo. Isso pode indicar uma
estratégia da espécie para que a dispersão ocorra nas primeiras chuvas, e as
sementes encontrem condições hídricas favoráveis para a germinação.
Embora Moura et al. (2010) tenham afirmado que a frutificação de
Solanum lycocarpum, em Morrinhos-GO, não está correlacionada com fatores
ambientais, a frutificação ocorreu em dois picos, um em novembro e outro em
abril, ambos os meses apresentaram valores consideráveis de precipitação.
Pirani et al. (2009) verificaram que o início da estação chuvosa foi
favorável para que ocorresse picos de frutificação das espécies de comunidade
arbórea em Barra do Garças-MT. Afirmaram que frutificar nessa época é
vantajoso, pois, favorece a dispersão dos diásporos. No entanto, enfatizaram
que, na maioria das vezes, a produção contínua de frutos é evidência que essa
fenofase apresenta certa independência de fatores abióticos.
Verificou-se a presença de frutos de L. pacari nos meses de junho a
setembro de 2004 e de julho a agosto de 2005 nos estudos de Santos et al.
(2009), em Barra do Garças-MT, ambos os períodos nos meses de seca dos
respectivos anos.
Quando se compara os resultados deste trabalho com os da pesquisa de
Santos et al. (2009), percebe-se que houve diferença no período de frutificação
de L. pacari. O aparecimento dos frutos ocorreu no período seco na região de
Barra do Garças-MT e no final do seco e início do chuvoso na Baixada
Cuiabana. A altitude pode ser a explicação para essa diferença na frutificação,
visto que, a mesma variável climática (precipitação) se correlacionou
inversamente com a fenofase nos dois estudos.
O índice de intensidade de frutos imaturos de L. pacari apresentou
valores inferiores a 8% na área 1. Na área 2 não foram observados frutos
imaturos.
A fenofase frutos imaturos se correlacionou negativamente com a
umidade relativa (rs = -0,60), e com a precipitação (rs= -0,51) (Tabela 9).
73
TABELA 9. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação
total mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e
umidade relativa e, a porcentagem de indivíduos de Lafoensia
pacari St. Hill., na fenofase frutos imaturos (Fi).
Área 1 Área 2
Variável abiótica rs p rs p
UR (%) -0,60 0,001* - -
Temp. Máx. (°C) -0,02 0,91 - -
Temp. Mín. (°C) -0,04 0,84 - -
Precipitação (mm) -0,51 0,01* - -
* Correlação significativa ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).
Na área 1 a ocorrência de frutos maduros foi observada apenas no
segundo ano de avaliação, atingindo o pico de atividade em setembro, com
16% dos indivíduos apresentando o evento. Na área 2 o evento não se
manifestou nos dois anos de avaliação (Figura 16).
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jun jul
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jan
Área 1 Área 2F
ruto
sm
ad
uro
s(%
)
2015 2016
0
25
50
75
100
fev
mar
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jun jul
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mai
jun jul
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ou
t
no
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Área 1 Área 2
Fru
tos
ma
du
ros
(%)
2015 2016
FIGURA 16. Índices de atividade (A) e intensidade (B) de frutos maduros (Fm)
de 25 indivíduos amostrados de Lafoensia pacari St. Hill. em duas
áreas de Cerrado Mato-grossense.
O índice de intensidade de frutos maduros de L. pacari foi baixo na área
1, apenas 5%. Na área 2 o evento não foi observado.
Silvério e Lenza (2010) avaliaram a fenologia de espécies lenhosas de
um Cerrado típico no Parque Municipal do Bacaba, Nova Xavantina-MT e,
encontraram variação na proporção de frutos imaturos e maduros. Qualea
grandiflora, por um período de 12 meses, praticamente não produziu frutos e,
espécies como Ouratea spectabilis, Qualea grandiflora, Kielmeyera rubrifora e
B
A
75
Byrsonima pachyphylla são exemplos de espécies que apresentaram baixa
produção de frutos maduros.
Embora a maturação dos frutos tenha coincidido com o início do período
chuvoso, a fenofase não se correlacionou com nenhuma das variáveis
ambientais (Tabela 10).
TABELA 10. Coeficientes de correlação de Spearman (rs) entre precipitação
total mensal, temperatura máxima, temperatura mínima e
umidade relativa e, a porcentagem de indivíduos de Lafoensia
pacari St. Hill., na fenofase frutos maduros (Fm).
Área 1 Área 2
Variável abiótica rs p rs p
UR (%) -0,19 0,35 - -
Temp. Máx. (°C) -0,01 0,94 - -
Temp. Mín. (°C) 0,13 0,52 - -
Precipitação (mm) -0,07 0,72 - -
* Correlação significativa ao nível de 5% de probabilidade (p<0,05).
Ao estudar a fenologia reprodutiva de espécies arbóreas de Mata Ciliar
no rio Formoso em Mato Grosso do Sul, Reys et al. (2005) verificaram que
frutos maduros de espécies zoocóricas estavam disponíveis durante o ano
todo, mas, com pico de produção na estação úmida. Os autores destacaram
que tal fato pode estar associado à manutenção de recursos para os animais
dispersores de sementes.
Com relação ao comportamento fenológico, foi observado que os
indivíduos localizados na área 1 apresentaram maiores índices de atividade e
intensidade, principalmente relacionados às fenofases reprodutivas.
Dessa forma, as variações na fisionomia e, consequentemente na
composição florística do Cerrado, influenciam na ocorrência dos eventos
fenológicos desse Bioma.
76
4. Conclusão
A. edulis apresenta comportamento perenifólio com crescimento
vegetativo notadamente concentrado no período chuvoso, enquanto que a L.
pacari é uma espécie caducifólia com intensa senescência das folhas no auge
do período seco.
A incidência de botões florais, flores, bem como a frutificação de A.
edulis ocorre de forma intensa no período chuvoso. A maturação dos frutos
acontece pontualmente nos meses secos e quentes.
A floração de L pacari é sazonal no período seco, relacionando-se com
baixas temperaturas e precipitação. A frutificação apresenta padrão anual
sazonal no início do período chuvoso, porém, com baixa intensidade.
Os indivíduos da área de Cerradão apresentam melhor desempenho,
principalmente das fenofases reprodutivas, quando comparado ao do Cerrado
sentido restrito.
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81
ARMAZENAMENTO E TEMPERATURA NA GERMINAÇÃO E EMERGÊNCIA DE Alibertia edulis Rich.
RESUMO – A. edulis é uma espécie do Cerrado, popularmente conhecida como marmelada-bola, com potencial medicinal. Este trabalho teve como objetivo avaliar a germinabilidade e a qualidade das sementes durante o armazenamento e, estudar os aspectos da germinação de plântulas de A. edulis, com relação à temperatura. A coleta dos frutos de A. edulis foi realizada manualmente nos meses de agosto e setembro de 2015, em uma propriedade particular, localizada a 15 km de Cuiabá-MT. Após a extração, as sementes foram armazenadas em embalagem de papel em câmara refrigerada por 0, 6, 12, 18 e 24 meses. Em cada período de armazenamento foram avaliados o teor de água, a germinação e a emergência em areia. As temperaturas testadas foram as constantes de 15, 20, 25, 30 e 35 °C e alternadas de 25-15 e 25-20 °C. Houve aumento gradual do teor de água até 12 meses de armazenamento. As maiores porcentagens de germinação e emergência de plântulas foram obtidas de sementes armazenadas por seis meses, com média superior a 90%. A germinação das sementes de A. edulis iniciou-se por volta do 14˚ dia nas temperaturas constantes de 20, 25 e 30 ˚C e, aos 18 dias na temperatura de 35 ˚C. Sementes submetidas a 15 ˚C não germinaram. Nas temperaturas alternadas de 25-15 e 25-20 ˚C, o processo de germinação iniciou no 20˚ e 22˚ dia, respectivamente. A maior porcentagem de germinação foi observada nas temperaturas constantes de 20, 25 e 30 °C, com valores superiores a 90%, e, na temperatura alternada de 25-20 °C (85%). Sementes de A. edulis podem ser armazenadas com teor de água de 11%, em ambiente refrigerado por até seis meses, mantendo a capacidade de germinar e formar plântulas vigorosas. As temperaturas de 25 e 30 °C são as mais indicadas para o teste de germinação de sementes de A. edulis, porém, para o desenvolvimento inicial das plântulas, a temperatura de 25 °C é a mais adequada. Palavras-chave: germinabilidade, longevidade de sementes, marmelada-bola.
82
STORAGE AND TEMPERATURE IN THE GERMINATION AND EMERGENCY
OF Alibertia edulis Rich.
ABSTRACT - A. edulis is a Cerrado species, popularly known as marmalade-
ball, with medicinal potential. The objective of this work was to evaluate
germinability and seed quality during storage and to study the germination
aspects of A. edulis seedlings in relation to temperature. The fruits of A. edulis
were collected manually in the months of August and September of 2015, in a
private property, located 15 km from Cuiabá-MT. After the extraction, the seeds
were stored in paper bags in refrigerated chamber for 0, 6, 12, 18 and 24
months. In each storage period, water content, germination and sand
emergence were evaluated. The temperatures tested were the constants of 15,
20, 25, 30 and 35 °C and alternates of 25-15 and 25-20 °C. There was a
gradual increase in water content up to 12 months of storage. The highest
percentages of germination and emergence of seedlings were obtained from
seeds stored for six months, with an average of over 90%. Germination of A.
edulis seeds started at around 14 ° C at constant temperatures of 20, 25 and 30
° C and at 18 days at 35 ° C. Seeds submitted to 15 ˚C did not germinate. At
alternating temperatures of 25-15 and 25-20 ˚C, the germination process
started at 20˚ and 22˚ day, respectively. The highest percentage of germination
was observed at constant temperatures of 20, 25 and 30 ° C, with values higher
than 90%, and at the alternating temperature of 25-20 ° C (85%). Seeds of A.
edulis can be stored at a water content of 11% in a refrigerated environment for
up to six months, maintaining the ability to germinate and form vigorous
seedlings. Temperatures of 25 and 30 ° C are the most suitable for the seed
germination test of A. edulis, but for the initial development of the seedlings the
temperature of 25 ° C is the most adequate.
Key words: germinability, seed longevity, marmelada-bola.
83
1. Introdução
A espécie Alibertia edulis tem distribuição neotropical e está presente em
praticamente todo o Cerrado, sendo conhecida no Brasil como “marmelada-
bola”. É uma espécie reconhecida como rica fonte de bioativos (Silva et al,
2007; Silva et al, 2008).
Moreira e Guarim-Neto (2009) destacaram os diferentes usos da espécie
como medicinal, lenha e alimentar, reforçaram que a parte da planta mais
utilizada é a folha no preparo de chá para combater a gripe.
Pode ser utilizada como antisséptica, antiviral, anti-inflamatória,
adstringente e diurética, possuindo compostos triterpenos e alcalóides. Porém,
são poucos os estudos agronômicos com a espécie na fase de propagação de
mudas (Santos et al., 2014).
Os estudos com espécies nativas ainda necessitam estabelecer
parâmetros com relação à germinabilidade. Informações sobre os fatores que
influenciam a germinação e a qualidade das sementes dessas espécies
apresentam lacunas e, as pesquisas direcionadas sobre esse assunto são
essenciais para respostas de fatores como armazenamento, temperatura,
substrato e características físicas das sementes.
Estudar esses fatores geram informações relevantes que vão contribuir
para a correta forma de armazenamento das sementes, principalmente no que
se refere ao processo de deterioração, que pode ser controlado ou até mesmo
intensificado pelo armazenamento. A temperatura ativa as reações bioquímicas
na semente, e são responsáveis pelo início da germinação. Conhecer as faixas
ótimas, bem como as temperaturas máximas e mínimas para germinação,
ajuda no processo de produção de mudas.
Um ponto positivo dessa pesquisa é que, apesar de já comprovada a
importância ecológica, econômica e medicinal de A. edulis, ainda podem ser
considerados incipientes os estudos sobre a conservação das sementes
(Nunes, 2014), tornando as pesquisas sobre a germinação e a qualidade
fisiológica imprescindíveis.
84
Dessa forma, esse trabalho teve como objetivo, estudar os aspectos da
germinação e emergência de plântulas de A. edulis, com relação ao
armazenamento e temperatura.
2. Material e Métodos
2.1 Armazenamento
O experimento foi realizado com frutos de A. edullis, coletados
manualmente nos meses de agosto e setembro de 2015. A coleta foi realizada
em uma propriedade particular, localizada a 15 km de Cuiabá-MT (15°43’ Sul e
56°04’ Oeste).
Os frutos coletados de indivíduos aparentemente sadios antes de
atingirem o amadurecimento foram transportados em sacos de papel para o
Laboratório de Sementes da Faculdade de Agronomia e Zootecnia da
Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde foram abertos para a
retirada das sementes, quando apresentaram coloração amarronzada, ou seja,
quando completaram o amadurecimento. Posteriormente, as sementes foram
lavadas em água corrente, com auxílio de uma peneira, para a retirada total da
polpa. Em seguida ocorreu a secagem natural das sementes em laboratório por
três dias. Após a secagem, as sementes foram limpas e beneficiadas para
posterior acondicionamento e armazenamento em embalagem de papel (Figura
17).
85
FIGURA 17. Fruto em processo de amadurecimento (A), fruto maduro (B), fruto
aberto (C) e sementes (D) de Alibertia edullis Rich.
O armazenamento foi realizado em câmara refrigerada (18 ± 2 °C e
umidade relativa de 63 ± 5%). A qualidade das sementes foi avaliada aos 0, 6,
12, 18 e 24 meses de armazenamento. O experimento foi conduzido em
delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições.
Os parâmetros avaliados foram:
- Teor de água - expresso em base úmida, determinado em três repetições de
3 g de sementes, em estufa a 105 ± 3 ºC, durante 24 horas (Brasil, 2009).
- Teste de germinação - As sementes foram semeadas em papel germitest, na
forma de rolo, sendo a unidade experimental constituída por um rolo com 25
sementes.
Os rolos de papel foram umedecidos com água destilada na quantidade
de 2,5 vezes a massa do papel seco. Para diminuir a perda da umidade, os
rolos foram mantidos dentro de sacolas de plástico transparente e, sempre que
necessário, o reumedecimento foi realizado. Os rolos foram levados a câmaras
A B
C D
86
de germinação reguladas na temperatura de 25 °C, com fotoperíodo de 12
horas.
A contagem das sementes germinadas ocorreu diariamente até o 30° dia
e determinada a porcentagem de sementes germinadas, considerando aquelas
que apresentaram protrusão de raiz primária com, no mínimo, dois milímetros
de comprimento. Com os dados da contagem diária das sementes germinadas,
calculou-se o tempo médio de germinação (dias), calculado pela fórmula TMG
= (∑ni ti )/∑ni, em que: ni = número de sementes germinadas por dia; ti = tempo
decorrido entre o início da germinação e a i-ésima contagem (Labouriau, 1983).
Após 60 dias foram determinados o comprimento total (cm),
comprimento da parte aérea (cm), comprimento da raiz (cm), massa fresca (g)
e seca (g) da parte aérea e das raízes, de dez plântulas por repetição
escolhidas aleatoriamente.
- Emergência em areia - em laboratório, foram semeadas quatro repetições de
25 sementes em areia esterilizada em estufa a 100 °C por quatro horas. A
profundidade de semeadura foi entre 0,5 a 1,0 cm. Foram utilizadas bandejas
com dimensões de 29 x 20 x 9 cm e os registros das plântulas emergidas,
foram realizados diariamente, até o 50º dia para determinação da porcentagem
de plântulas emergidas e cálculo do tempo médio de emergência (dias), de
acordo com Labouriau (1983).
Após 90 dias foram determinados o comprimento total (cm),
comprimento da parte aérea (cm), comprimento da raiz (cm), massa fresca (g)
e seca (g) da parte aérea e das raízes, diâmetro do colo (mm) e número de
folhas de dez plântulas de cada repetição escolhidas aleatoriamente.
Realizou-se a análise de variância dos dados e as médias dos
tratamentos foram comparadas pelo teste de skott knott com nível de
significância de 5%.
2.2 Temperatura
O experimento foi instalado no mês de abril de 2016, sete meses após o
armazenamento nas mesmas condições descritas no item 2.1. Inicialmente, foi
87
determinado o teor de água pelo método de estufa a 105 ± 3 ºC por 24 h
(Brasil, 2009), com três repetições de 3 g cada.
As temperaturas constantes testadas foram de 15, 20, 25, 30 e 35 °C e
alternadas de 25-15 e 25-20 °C com fotoperíodo de 12 horas. As sementes
foram semeadas em substrato papel germitest, na forma de rolo, sendo a
unidade experimental constituída por um rolo com 25 sementes, e mantidas em
B.O.D., nas temperaturas equivalentes aos tratamentos.
O umidecimento do substrato foi realizado seguindo a mesma
metodologia descrita no item 2.1. A contagem das sementes germinadas
ocorreu diariamente durante 30 dias, e foram consideradas sementes
germinadas, as que apresentaram protrusão de raiz primária com, no mínimo,
dois milímetros de comprimento.
Foram avaliados a porcentagem de germinação (%) e o tempo médio de
germinação (dias), como descrito no item 2.1.
Após 60 dias para as temperaturas constantes de 25 e 30 °C foram
obtidos o comprimento total das plântulas (cm), da parte aérea (cm), da raiz
(cm), a massa fresca e seca da parte aérea (g) e das raízes (g), de dez
plântulas de cada repetição escolhidas aleatoriamente.
O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente casualizado,
e, para testar as diferenças entre os tratamentos quanto aos parâmetros de
porcentagem e tempo médio de germinação, efetuou-se o estudo de regressão,
com nível de significância de 1%.
Para testar as diferenças entre os tratamentos quanto aos parâmetros
de vigor das plântulas, foi realizada a análise de variância dos dados e as
médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey com nível de
significância de 1%.
88
3. Resultados e Discussão
3.1 Armazenamento
A variação no teor de água das sementes de A. edulis durante o
armazenamento foi de 10,38 para 11,86%. As sementes as quais foram
mantidas em sacos de papel aumentaram gradualmente o teor de água até os
12 meses de armazenamento. A partir dos 18 meses de armazenamento o teor
de água oscilou na faixa de 11% de umidade (Tabela 11). Tal variação pode
ter ocorrido devido às trocas gasosas realizadas entre as sementes e o meio,
pelo uso de embalagem não hermética.
TABELA 11. Teor de água de sementes de Alibertia edulis Rich. em diferentes
períodos de armazenamento (Scott-Knot; p < 0,05).
Períodos de Armazenamento Teor de água (%)
Inicial 10,38 d
6 meses 11,45 b
12 meses 11,86 a
18 meses 11,20 c
24 meses 11,09 c
CV(%) 0,66
A embalagem de papel, dada à capacidade de troca gasosa com o
ambiente, contribuiu para a oscilação do teor de água das sementes ao longo
do tempo.
Sementes de Tabebuia serratifolia acondicionadas em embalagem de
papel, apresentaram maiores teores de água ao longo do armazenamento, nos
ambientes de câmara e condições normais de laboratório (Souza et al., 2005).
Avaliando a qualidade fisiológica de diásporos de Myracrodruon
urundeuva durante o armazenamento, Caldeira e Perez (2008) constataram
que os diásporos mantidos em sacos de papel e de malha, apresentaram
maiores variações no teor de água em relação ao valor inicial, aumentando
após 12 meses em ambiente de câmara controlada.
89
Dessa forma, sementes acondicionadas em saco de papel podem ter o
teor de água modificado de acordo com o ambiente de armazenamento. Arruda
et al. (2017) avaliaram o armazenamento de sementes de Genipa americana
em diferentes embalagens, verificaram que as sementes armazenadas em
sacos de papel apresentaram decréscimo do teor de água a medida em que o
período do armazenamento aumentou. A embalagem de papel proporcionou
grande perda de água para o meio até atingir o equilíbrio higroscópico com o
ar.
Marcos Filho (2015) afirma que em recipientes porosos, o grau de
umidade das sementes pode ser mantido relativamente baixo, sob umidades
relativas inferiores a 70% e, não são aconselháveis para o armazenamento das
sementes em ambientes mais úmidos, principalmente sob temperaturas
elevadas.
Neves (2011) e Nunes (2013) observaram em suas pesquisas que
sementes de A. edulis armazenadas em embalagem de plástico transparente,
apresentaram variação no teor de água, com acréscimo e redução,
respectivamente.
O processo de germinação das sementes de A. edulis iniciou entre o
décimo segundo e o décimo quarto dia após a semeadura, estabilizando entre
o vigésimo sétimo e o vigésimo oitavo dia, com exceção das sementes
armazenadas por 24 meses em que o processo iniciou no décimo sétimo dia
(Figura 18A). A emergência de plântulas teve início entre o vigésimo e o
vigésimo quarto dia após a semeadura, com o processo estabilizando próximo
ao quadragésimo quinto. Com 24 meses de armazenamento a emergência de
plântulas teve início no trigésimo dia e estabilizou a partir do quadragésimo
quarto dia de avaliação (Figura 18B).
90
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
Germ
inação
(%
)
Tempo (dias)
0 meses
6 meses
12 meses
18 meses
24 meses
0
20
40
60
80
100
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
Em
erg
ên
cia
(%
)
Tempo (dias)
0 meses
6 meses
12 meses
18 meses
24 meses
FIGURA 18. Porcentagem acumulada de germinação de sementes (A) e
emergência de plântulas (B) de Alibertia edulis Rich. oriundas de
diferentes períodos de armazenamento das sementes.
Os períodos de armazenamento demonstraram diferença significativa
em relação à porcentagem e tempo médio de germinação e emergência de
plântulas de A. edulis (Figuras 19A e 19B).
A
B
91
0
10
20
30
0
20
40
60
80
100
0m 6m 12m 18m 24m
% Germinação Tempo médio
Germ
inação
(%
)
Períodos de Armazenamento (meses)
Tem
po
Méd
io (
dia
s)a
b b
bccc
a
b
a
0
10
20
30
40
0
20
40
60
80
100
0m 6m 12m 18m 24m
% Emergência Tempo médio
Em
erg
ên
cia
(%
)
Períodos de Armazenamento (meses)
a
b c
c
c bb
a
Tem
po
Méd
io(d
ias)
d
a
FIGURA 19. Porcentagem e tempo médio de germinação de sementes (A) e
porcentagem e tempo médio de emergência de plântulas (B) de
Alibertia edulis Rich., em diferentes períodos de armazenamento.
Para cada variável, letras distintas indicam diferenças entre os
valores médios observados (Scott-Knot; p < 0,05).
As maiores porcentagens de germinação foram verificadas para as
sementes armazenadas por seis e doze, com médias de 100 e 89%,
simultaneamente (Figura 17A). No teste de emergência em areia, a maior
porcentagem foi obtida nas sementes armazenadas por seis meses, com 96%.
As sementes avaliadas antes do armazenamento apresentaram porcentagem
de germinação e emergência de plântulas inferiores, porém com média
B
A
92
superior a 80%. Sementes armazenadas por mais de 18 meses apresentaram
queda na germinação e emergência.
Resultados semelhantes foram encontrados por Scalon et al. (2006), que
avaliaram o armazenamento de sementes de Jacaranda cuspidifolia,
verificaram que as mesmas não devem ser semeadas logo depois de extraídas
do fruto, pois, a porcentagem de emergência aumenta com o período de
armazenamento. Os autores salientaram que as sementes recém-extraídas do
fruto ainda não estavam em plena maturidade fisiológica, pois somente com o
passar do tempo houve reflexos positivos na emergência.
Quando o acondicionamento de sementes de Anonna squamosa foi
realizado em embalagem de papel em ambiente natural, Morais et al. (2014)
detectaram incremento na porcentagem de plântulas emergidas até seis meses
de armazenamento (90%). Quando o armazenamento foi superior a seis
meses, a taxa de emergência foi reduzida a 50%.
Estes resultados apontam que sementes recém-coletadas podem não
estar em plena maturidade fisiológica, e que necessitam ser armazenadas para
atingir o máximo desempenho germinativo.
Oliveira et al. (2011) verificaram oscilações no teste de primeira
contagem de germinação, onde aos 45 dias após o armazenamento houve
aumento da porcentagem de germinação de sementes de Caesalpinia
pyramidalis.
Piña-Rodriguez (1992) salientou que muitas espécies florestais
apresentam uma maturação diferenciada dentro do próprio fruto com a mesma
coloração, assim, durante o armazenamento as sementes poderiam continuar o
ciclo de maturação e os picos observados seriam de sementes com maturação
mais tardia, podendo influenciar na germinação.
Outra explicação é a presença de inibidores naturais presentes nas
sementes recém-coletadas. Esses inibidores são, na maioria das vezes,
substâncias simples e de baixo peso molecular, tais como: amônia, etileno,
óleos essenciais, aldeídos, fenóis etc. A presença desses inibidores tem sido
relatada em diversas espécies (Embrapa, 2001). Uma hipótese a ser levada em
conta é a de que, o armazenamento das sementes por seis meses possibilitou
93
a diminuição desses inibidores, aumentando a porcentagem de germinação e
emergência de A. edulis.
As sementes de A. edulis armazenadas por mais de doze meses
apresentaram leve queda na porcentagem de germinação e emergência de
plântulas, e maior tempo médio para germinação e emergência, com média de
18 e 29 dias, respectivamente.
Nunes (2013) verificou que a porcentagem de emergência de plântulas
de A. edulis foi maior nas sementes que não foram armazenadas, ou seja, à
medida que o período de armazenamento aumentou, a porcentagem de
emergência de plântulas diminuiu.
Vieira e Gusmão (2006) avaliaram o efeito do armazenamento de
sementes de Genipa americana, pertencente à família Rubiaceae e,
observaram que as sementes não armazenadas apresentaram maior
germinação (37%), se comparadas àquelas armazenadas em sacos de papel
por 60 dias (0%).
Ao estudarem o efeito do armazenamento de sementes de A. edulis e
Himatantus obovata, Albuquerque et al. (2002) observaram pequenos
decréscimos na porcentagem de germinação quando armazenadas em câmara
refrigerada por dezoito meses, entre 84 e 78%, respectivamente.
Estes resultados assemelham-se aos obtidos com A. edulis, que
armazenadas por até dezoito meses, apresentaram leves decréscimos, porém,
sem perda da viabilidade, com valores de germinação e emergência acima de
70 e 60%, simultaneamente.
Marcos Filho (2015) afirmou que independentemente do processo de
armazenamento, em todas as sementes ocorre o processo contínuo de
deterioração, levando à perda gradativa da viabilidade e do vigor.
As diferenças encontradas nos resultados de literatura podem ser
atribuídas a vários fatores, tais como: características genéticas da espécie,
época e estágio de maturação das sementes na coleta, formas de
acondicionamento, teor de água e condições do ambiente de armazenamento.
Marcos Filho (2015) afirmou que a longevidade das sementes se trata de uma
característica determinada pelo genótipo e influenciada diretamente pelo
ambiente.
94
Neves (2011) constatou que sementes de A. edulis apresentaram
comportamento ortodoxo e não perderam a capacidade de germinação ao
atingir o teor de água de 5%, mesmo após 30 dias de armazenamento. A
autora ainda destaca que as sementes não devem ser semeadas logo após o
beneficiamento.
Os resultados deste trabalho indicam que sementes de A. edulis podem
ser armazenadas em câmara refrigerada por até seis meses, com teor de água
de 11%, mantendo a capacidade de germinar e formar plântulas acima de 90%,
o que sugere o comportamento ortodoxo da espécie em relação ao
armazenamento.
Desse modo, vale ressaltar que novos estudos poderão ser realizados,
visando verificar períodos de armazenamento, sem prejudicar a longevidade
das sementes de A. edulis.
A avaliação do vigor das sementes de A. edulis durante o
armazenamento através do desenvolvimento das plântulas nos testes de
germinação e emergência pode ser observado na Tabela 12.
95
TABELA 12. Comprimento de plântula (CPL), comprimento da parte aérea
(CPA), comprimento de raiz (CR), massa seca da parte aérea
(MSPA), massa seca de raiz (MSR), número de folhas (NF) e
diâmetro do colo (DC) de Alibertia edulis Rich., após diferentes
períodos de armazenamento nos testes de germinação e
emergência (Scott-Knot; p < 0,05).
Germinação
CPL (cm) CPA (cm) CR(cm) MSPA (g) MSR (g)
0 10,37 c 2,13 b 8,24 b 0,00334 b 0,00196 b
6 11,55 b 2,99 a 8,35 b 0,00359 b 0,00243 a
12 14,93 a 2,44 b 12,48 a 0,00451 a 0,00280 a
18 11,35 b 2,44 b 8,90 b 0,00383 b 0,00209 b
24 9,85 c 2,17 b 7,67 b 0,00423 a 0,00220 b
CV (%) 7,85 11,83 8,93 13,25 15,43
Emergência CPL (cm) CPA (cm) CR (cm) MSPA (g) MSR (g) NF DC (mm)
0 11,37 b 3,33 a 8,04 b 0,02574 a 0,00704 a 6,72 a 0,58 c
6 11,32 b 2,92 b 8,40 b 0,01813 b 0,00568 b 6,40 a 0,41 d
12 12,56 a 2,73 b 9,95 a 0,01604 b 0,00553 b 6,00 a 0,75 a
18 9,33 c 1,91 c 7,42 b 0,01144 c 0,00386 c 4,35 b 0,63 b
24 9,76 c 2,11 c 7,64 b 0,00743 d 0,00216 d 4,23 b 0,52 c
CV (%) 6,28 13,06 7,45 11,35 16,15 7,53 10,00
Médias seguidas
Quanto ao comprimento total de plântula (CPL), tanto no teste de
germinação quanto no teste de emergência, as sementes armazenadas
apresentaram um ligeiro aumento no vigor ao longo do período de
armazenamento, mais precisamente até os doze meses. Aos doze meses
houve um pico de incremento no CPL, e com dezoito meses de
armazenamento ocorreu ligeiro decréscimo.
Com relação ao comprimento da parte aérea as sementes submetidas
ao teste de germinação, originaram plântulas mais vigorosas quando
armazenadas por até seis meses, apresentando queda no vigor em períodos
superiores de armazenamento. No teste de emergência em areia as plântulas
de A. edulis apresentaram redução do vigor, porém, a partir do sexto mês de
armazenamento.
Azevedo et al. (2003) verificaram aumento no vigor de sementes de
Sesamum indicum acondicionadas em embalagem de saco de papel a partir do
96
quarto até o sexto mês. Tal crescimento foi verificado para embalagens
semipermeáveis e impermeáveis. Segundo os autores, as sementes
apresentaram melhor qualidade fisiológica, dada pelo teste de vigor, quando
armazenadas em condições controladas em relação às condições ambientais,
pelo controle da temperatura e umidade relativa do ar.
Souza et al. (2005) verificaram oscilações do comprimento da parte
aérea de sementes de Tabebuia serratifolia durante o armazenamento. Após
90 e 120 dias de armazenamento em embalagem de papel em ambiente de
geladeira, as sementes apresentaram aumento do CPA em relação ao período
anterior, porém, apresentaram valores inferiores ao da testemunha, ou seja,
sementes que não foram submetidas ao armazenamento.
Para o parâmetro comprimento de raiz (CR) exposto na Tabela 13,
houve um pequeno incremento com o decorrer do tempo de armazenamento,
tanto no teste de germinação quanto de emergência. Constatou-se o aumento
do comprimento radicular de zero a doze meses no teste de germinação (8,24
e 12,48 cm), e no teste de emergência (8,04 e 9,70). Embora o período de
doze meses de armazenamento tenha apresentado maior CR, foi observado
decréscimo a partir de 18 meses.
Avaliando o vigor de plântulas de Moringa oleifera durante o
armazenamento, Bezerra et al. (2004) verificaram aumento no comprimento de
raiz até seis e doze meses, para ambiente sem controle de temperatura e
umidade e em câmara fria (10 °C/55%), respectivamente.
Souza et al. (2005) observaram que as sementes acondicionadas em
saco de papel produziram plântulas com menor comprimento de raiz, no início
e no final do armazenamento, assim como observado nessa pesquisa.
Considerando o ambiente de câmara (18,5 ± 1 °C e UR 71 ± 3%), o
comprimento de raiz das plântulas de Apeiba tibourbou resultantes do
armazenamento em embalagens de vidro e papel kraft, apresentaram redução
após sete meses de armazenamento (Matos et al., 2008).
Tais resultados demonstram um pequeno incremento no comprimento
das raízes, após o início do armazenamento e um declínio no final, em
períodos maiores. Esses resultados exemplificam claramente que, à medida
que há o aumento do período de armazenamento, a germinação e o vigor
97
decrescem, devido ao avanço da deterioração, que influencia diretamente no
desempenho das sementes, refletindo no potencial de armazenagem
(Popinigis, 1985).
O processo de deterioração é um complexo de modificações que
ocasionam prejuízos aos sistemas e funções vitais que resultam em redução
no grau de capacidade e desempenho da semente, onde os primeiros eventos
que ocorrem são: diminuição na produção de energia e na biossíntese e com
efeito pronunciado sobre a celeridade das respostas germinativas, diminuindo a
velocidade de germinação, de crescimento e desenvolvimento de plântulas
(Delouche, 1997).
Marcos Filho (2005) afirmou que a deterioração se inicia na maturidade
fisiológica, no entanto, é detectada com maior frequência durante o
armazenamento, acentuando a sensibilidade às adversidades ambientais,
caracterizando a queda do vigor.
Os dados de massa seca de parte aérea de plântulas provenientes do
teste de germinação de sementes de A. edulis apresentaram incremento a
partir do armazenamento. Os períodos de doze e vinte e quatro meses
possibilitaram valores maiores de MSPA, com diminuição aos dezoito meses.
As plântulas apresentaram-se menos vigorosas no início do armazenamento,
exibindo o máximo de massa seca (0,00451 g) aos doze meses.
No teste de emergência em areia, as plântulas reduziram o vigor à
medida que os períodos de armazenamento foram aumentando, ou seja, houve
redução linear na massa seca a cada período de armazenamento.
Esses resultados se assemelham aos encontrados por Souza et al.
(2005) que obtiveram plântulas de Tabebuia serratifolia menos vigorosas no
início do armazenamento quando contidas em embalagens de sacos de papel
em câmara úmida (22 ± 3 °C e UR 74 ± 2%).
A massa seca de plântulas de Anonna squamosa foi seriamente afetada
pelo tempo de armazenamento. Até os seis meses foram observados acúmulo
significativo de massa seca, sendo reduzida acentuadamente ao final do
período de armazenamento, aos nove meses (Morais et al., 2014).
Diferentemente do que ocorreu nesse trabalho, sementes de Tabebuia
roseo alba demonstraram melhor desempenho no vigor quando recém-
98
colhidas, o que permitiu concluir que o período entre a colheita e a semeadura
exerceu relevante influência (Abbade e Takaki 2014).
Avaliando o vigor de plântulas de Adonidia merrillii, Félix et al. (2017)
verificaram os melhores resultados de massa seca de plântulas no período
inicial de armazenamento, com redução nas sementes conservadas em
ambiente durante 120 dias. Sementes armazenadas em refrigerador durante 90
dias obtiveram o mínimo de vigor. A formação de plântulas normais vigorosas
foi alta até os 120 dias de armazenamento em condições de ambiente (25 ± 4
°C; 51% de U.R do ar).
Da mesma forma que ocorreu com a MSPA, os valores de massa seca
de raiz das plântulas provenientes do teste de germinação, apresentaram
incremento a partir do armazenamento. Os períodos de seis e doze meses
possibilitaram valores maiores de MSR, com redução aos dezoito meses de
armazenamento. As plântulas se apresentaram menos vigorosas no período
inicial ao armazenamento, exibindo o máximo de massa seca de 0,00196 g.
No teste de emergência as plântulas perderam o vigor a medida que o
tempo de armazenamento foi maior, ou seja, houve redução linear na massa
seca a cada período de armazenamento.
Souza et al. (2005) ao avaliarem o armazenamento de sementes de
Tabebuia serratifolia concluíram que, na utilização da embalagem de papel,
houve ganho em massa seca de raiz de plântulas, a partir dos 30 dias de
armazenamento, mostrando-se superior à embalagem de polietileno, atingindo
valor máximo de MSR aos 45 dias de armazenamento.
Embalagens de papel kraft não proporcionaram aumento na massa seca
de plântulas de Apeiba tibourbou oriundas de sementes armazenadas na
câmara (18,5 ± 1 °C e UR 71 ± 3%) até 180 dias. Diferentemente do que foi
observado nesse trabalho, as sementes apresentaram pequeno aumento na
MSR ao atingirem 225 dias de armazenamento (Matos et al., 2008).
Os dados desse trabalho vão ao encontro dos preceitos de Nakagawa
(1994), segundo os quais, durante a germinação, as sementes vigorosas
proporcionam maior transferência de massa seca dos tecidos de reserva para o
eixo embrionário, originando plântulas com maior massa, em razão do maior
acúmulo de matéria.
99
Segundo o teste de germinação, para manutenção do vigor de plântulas
de A. edulis, o tempo de armazenamento das sementes não deve ultrapassar
doze meses, pois, a partir desse período se inicia a perda de massa seca,
comprometendo o desenvolvimento das plântulas.
Em relação ao número de folhas, as sementes que não foram
submetidas ao armazenamento e as que foram armazenadas por seis e doze
meses, apresentaram em média três pares de folhas, conforme observado na
Tabela 13.
As sementes armazenadas por dezoito e vinte e quatro meses
apresentaram em média dois pares de folhas, indicando que o armazenamento
contribuiu para o declínio do incremento foliar das plântulas de A. edulis. Tal
resultado é de extrema importância, pois pode comprometer a habilidade da
plântula em produzir energia para o estabelecimento.
Pedó et al. (2013) afirmaram que as folhas são os principais órgãos
fotossintéticos das plantas superiores, e a redução destas e da área foliar pode
afetar a captação de energia luminosa e reduzir a quantidade de carbono
alocado. A energia armazenada nos compostos de carbono é utilizada para a
manutenção estrutural, para o crescimento e o desenvolvimento vegetal (Taiz e
Zeiger, 2013).
Com relação ao diâmetro do colo, as plântulas cujas sementes foram
submetidas ao armazenamento por doze meses, apresentaram maiores
valores, em média 0,75 mm. O armazenamento superior a doze meses reduziu
o diâmetro do colo das mudas.
De forma geral, o vigor das plântulas de A. edulis foi favorecido pelo
armazenamento em câmara refrigerada a 18 ± 2 °C de temperatura e 63 ± 5%
de umidade relativa, pelo período de doze meses.
3.2 Temperatura
A germinação das sementes de A. edulis iniciou-se entre o 12° e o 14˚
dia nas temperaturas constantes de 20, 25 e 30 ˚C, e aos 18 dias na
temperatura de 35 ˚C. Na temperatura de 15 ˚C não ocorreu protrusão da raiz
primária (Figura 20).
100
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18 20 22 24 26 28 30
Germ
inação
(%
)
Tempo (dias)
15 °C
20 °C
25 °C
30 °C
35 °C
25-15 °C
25-20 °C
FIGURA 20. Porcentagem acumulada de germinação de sementes de Alibertia
edulis Rich., sob temperaturas alternadas e constantes.
Nas temperaturas alternadas de 25-15 e 25-20 ˚C, o processo de
germinação iniciou mais tardiamente em relação às temperaturas constantes,
no 24˚ e 20˚ dia, respectivamente.
Observou-se que as temperaturas estudadas influenciaram
significativamente na porcentagem (Figura 21A) e no tempo médio (Figura 21B)
de germinação das sementes de A. edulis.
101
y = -0,7314x2 + 39,011x - 413,37R² = 0,9121
p < 0,01
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
15 20 25 30 35
Ger
min
açã
o (%
)
Temperaturas (°C)
y = 0,11x2 - 5,857x + 95,705
R² = 0,91p < 0,01
0
5
10
15
20
25
30
15 20 25 30 35
Temperaturas (°C)
Tem
po
méd
io(d
ias)
FIGURA 21. Porcentagem (A) e tempo médio (B) de germinação de sementes
de Alibertia edulis Rich, sob temperaturas constantes.
A maior porcentagem de germinação foi observada nas temperaturas
constantes de 20, 25 e 30 °C, com valores superiores a 90%. Na temperatura
constante de 35 °C foram observados valores estatisticamente inferiores (60%).
Não foi observada germinação na temperatura de 15 °C, e a 20 e a 35
°C, embora as sementes tenham germinado, não formaram parte aérea
durante o período de avaliação.
O tempo médio de germinação foi menor nas temperaturas de 25 e 30
ºC, com valor médio de 18 dias, ou seja, a protrusão da raiz primária ocorreu
até o 18° dia após a semeadura.
A
B
102
Na temperatura de 35 °C, embora a germinação tenha atingido 60%,
ocorreu distribuída até o 25° dia após a semeadura e não formou plântulas
normais.
Outro ponto interessante foi que, como já exposto, a germinação foi mais
rápida a 25 e 30 °C, com tempo médio de 18 dias. Este por sua vez, se
mostrou inferior estatisticamente ao valor de 22 dias, obtido a 20 °C,
temperatura que não diferiu estatisticamente na variável porcentagem de
germinação.
Sementes que demoram muito para germinar podem ser atacadas por
patógenos durante o processo de embebição e, dessa forma, o processo
germinativo pode ser comprometido. Portanto, sementes que apresentam
maior velocidade durante o processo de germinação, ou seja, alto vigor, podem
sofrer menor influência dos agentes patológicos (Scremin-Dias et al., 2006), o
que é benéfico para o processo germinativo. No caso das sementes de A.
edulis, o fato de não serem submetidas a nenhum tratamento pré-germinativo
e, apresentarem altos índices de germinação e tempo médio de germinação
em torno de 18 dias, podem conferir às sementes e plântulas maior resistência
ao ataque de patógenos, e um alto grau de estabelecimento e
desenvolvimento.
Nunes et al. (2014) encontraram valores de germinação de A. edulis
semelhantes aos deste trabalho. Nas temperaturas de 20 e 25 °C registraram
valores acima de 90%, e a germinação foi nula na temperatura constante de 15
°C.
Costa et al. (2012) avaliando a porcentagem de germinação de A. edulis
sob a temperatura de 25 °C, verificaram que as sementes apresentaram baixa
velocidade de germinação, apesar da porcentagem total ser elevada (95%).
As sementes de A. edulis apresentaram comportamento similar à grande
parte das espécies arbóreas/arbustivas do Cerrado, com germinação acima de
80% nas temperaturas entre 20 e 30 ºC.
Sementes de várias espécies características das regiões de Cerrado
como, por exemplo, Tabebuia roseo-alba (Ridl.) Sand (Stockman et al., 2007);
Campomanesia adamantium (Scalon et al., 2009) e Torresia acreana (Bello et
103
al., 2008) apresentaram maiores porcentagens e velocidades de germinação
sob temperaturas constantes entre 29,5 e 35 °C.
Sementes de Aspidosperma tomentosum não apresentaram resultados
favoráveis à germinação, quando submetidas à temperatura de 35 °C. Nas
temperaturas de 20, 25 e 25-35 °C apresentaram os melhores resultados, com
valores acima de 90% (Oliveira et al., 2011).
Zaidan e Carreira (2008) em revisão sobre a germinação de sementes
do Cerrado, salientaram que espécies das famílias Melastomataceae e
Vellozaceae apresentam maior germinabilidade a 20 e 30 °C. Temperaturas de
15 e 35 °C influenciaram negativamente na germinação e, isso corrobora o fato
de que temperaturas entre 20 e 30 °C são as mais favoráveis para o início do
processo germinativo.
Carvalho e Nakagawa (2012) sugerem a faixa de 20 a 30 ºC como
sendo a melhor condição para a maioria das espécies subtropicais e tropicais,
informação essa confirmada pelos resultados encontrados neste trabalho para
a A. edulis.
Temperaturas constantes e inferiores a 20 °C reduzem ou inibem o
processo de germinação de sementes de diversas espécies nativas do
Cerrado, tais como: Cochlospermum regium (Coelho et al., 2008); Erythrina
verna (Demuner et al., 2008) e Aristolochia esperanzae (Maekawa et al., 2010).
Algumas sementes, assim como de A. edulis, não emitem raiz e não
formam plântulas em condições de baixas temperaturas, como a 15 ºC. Tal
comportamento pode ser caracterizado como uma restrição ecológica, que
evita o estabelecimento da espécie em ambientes não adequados ao
desenvolvimento do indivíduo adulto.
Marcos Filho et al. (2005) afirmaram que os efeitos sobre a velocidade
de embebição e de mobilização das reservas, em função da diminuição da
temperatura, resulta no decréscimo acentuado da velocidade de germinação.
Bewley e Black (1994) afirmaram que a temperatura influencia na
velocidade de absorção de água, modificando a velocidade das reações
químicas que irão mobilizar ou degradar as reservas armazenadas nas
sementes e a síntese de várias substâncias para o crescimento das plântulas.
Dessa maneira, baixas temperaturas podem favorecer a diminuição da
104
velocidade dessas reações, reduzindo a velocidade de germinação das
sementes.
Sementes de determinadas espécies germinam melhor quando
submetidas à alternância de temperatura, a qual corresponde às flutuações
naturais encontradas no ambiente. Geralmente a flutuação de temperatura é
um mecanismo que controla eventos de colonização no tempo e no espaço
(Moreno-Casasola et al., 1994; Copeland e McDonald 1995; Dutra et al., 2007),
daí a importância ecológica e solução alternativa encontrada por algumas
espécies.
As sementes de A. edulis apresentaram germinação de 85% quando
submetidas à temperatura alternada de 25-20 °C e, 38% na temperatura 25-15
°C. Estes resultados podem indicar que a espécie possui mecanismos
enzimáticos que funcionam em diferentes temperaturas e, pode ser explicado
pelas adaptações ecológicas da espécie ao ambiente (Vázquez-Yanes e
Orozco-Segovia, 1987).
Silva e Aguiar (2004) constataram que para sementes de Cnidosculus
phyllacanthus, a alternância de temperatura proporcionou melhores condições
de germinação, principalmente nas temperaturas alternadas de 20-30 e 20-35
ºC.
Levando-se em consideração que a temperatura ótima é aquela que
possibilita elevada porcentagem de germinação no menor tempo (Carvalho e
Nakagawa, 2000), pode-se afirmar que, para sementes de A. edulis, a
temperatura ótima está na faixa de 25 a 30 °C.
Com relação à formação de plântulas, as temperaturas que
proporcionaram o desenvolvimento das mesmas, foram as temperaturas
constantes de 25 e 30 °C (Tabela 13).
105
TABELA 13. Comprimento de plântulas (CP), comprimento da parte aérea
(CPA), comprimento de raiz (CR), massa fresca da parte aérea
(MFPA), massa seca da parte aérea (MSPA), massa fresca das
raízes (MFR) e massa seca das raízes (MSR) de Alibertia edulis
Rich., submetidas ao teste de germinação nas temperaturas
constantes de 25 e 30 °C (** p<0,01; * p<0,05).
T °C CP (cm)* CPA (cm)** CR (cm)** MFPA (g) MSPA (g) MFR (g)* MSR (g)*
25 9,33 a 1,65 b 7,68 a 0,03049 a 0,00346 a 0,02034 a 0,00219 a
30 8,58 b 2,50 a 6,07 b 0,03513 a 0,00333 a 0,01620 b 0,00122 b
Na avaliação do vigor pelo desenvolvimento das plântulas, observou-se
que na temperatura de 25 °C as plântulas demonstraram melhor desempenho
quanto ao comprimento total, comprimento de raiz e massa fresca e seca de
raiz em comparação com as plântulas que se desenvolveram na temperatura
de 30 °C. Tais resultados indicam que a melhor temperatura para germinação
(25 °C) foi também a melhor para o crescimento inicial das plântulas, com
destaque para o desenvolvimento radicular.
Os melhores valores de massa fresca e seca das raízes observados na
temperatura constante de 25 °C em relação à temperatura de 30 °C podem
estar associados à atividade respiratória, pois, quando submetidas a
temperaturas mais elevadas, pode ter se sobressaído em relação aos demais
processos fisiológicos, esgotando as reservas das sementes, comprometendo
o acúmulo de biomassa (Oliveira et al.; 2011).
Os resultados obtidos nesse trabalho indicam que as temperaturas de 25
e 30 °C, levando-se em consideração as variáveis percentagens e tempo
médio de germinação, são as mais indicadas para o teste de germinação.
Porém, para o desenvolvimento inicial das plântulas, a temperatura de 25 °C é
a mais adequada.
106
4. Conclusão
Sementes de Alibertia edulis Rich. podem ser armazenadas em
embalagem de papel kraft em câmara refrigerada regulada a 18 ± 2 °C e 63 ±
5%, por até seis meses, com teor de água de 11%.
Temperaturas de 25 e 30 °C são as mais indicadas para o teste de
germinação de sementes de A. edulis. Contudo, para o desenvolvimento inicial
das plântulas a temperatura de 25 °C é a mais adequada.
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111
BIOMETRIA E GERMINABILIDADE DE SEMENTES DE Lafoensia pacari St. Hill.
RESUMO – A mangava-brava (Lafoensia pacari St. Hill.) é uma espécie nativa do Cerrado, de uso medicinal. Este trabalho teve o objetivo de avaliar a biometria e o efeito da cor e do tamanho das sementes na germinação de L. pacari. A coleta dos frutos foi realizada em Manso, próximo ao município de Chapada dos Guimarães-MT. Foram amostrados 30 frutos e sementes, para medição individual do comprimento, largura, espessura, massa da matéria fresca e número de sementes por fruto. Nas avaliações da germinação, as sementes foram separadas visualmente pela coloração em claras e escuras, em seguida, foram separadas e classificadas pelo tamanho: em sementes pequenas, médias e grandes. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2X3. Posteriormente foram realizadas as medições do comprimento, largura, espessura e massa das sementes. As sementes foram semeadas em rolo de papel germitest com 25 sementes por repetição. Dentre as características biométricas avaliadas, a maior amplitude ocorreu na massa dos frutos (5,8573 a 16,4758 g). A espessura das sementes variou de 0,08 a 0,27 mm e a massa das sementes de 0,0149 a 0,0442 g. As sementes de coloração clara apresentaram valores superiores em todas as variáveis de dimensão, exceto para o comprimento (22,03 mm) e massa da matéria fresca (0,0393 g) das sementes grandes. As sementes grandes apresentaram em média 22,03 e 10,58 mm de comprimento e largura, respectivamente e, 0,0393 g de massa. A porcentagem de germinação de sementes médias e grandes foi de 86 e 95%, simultaneamente, enquanto que o tempo médio de germinação foi mais rápido para sementes pequenas e grandes, 3,6 e 3,7 dias, respectivamente. As sementes claras iniciaram o processo germinativo em 3,6 dias com 87%. As características biométricas das sementes de L. pacari apresentam maior variação que dos frutos. Sementes de L. pacari classificadas como grandes e de coloração clara apresentam maior porcentagem de germinação.
Palavras-chave: germinação, tamanho de sementes, coloração de sementes,
mangava-brava.
112
BIOMETRY AND SEED GERMINABILITY OF Lafoensia pacari St. Hill.
ABSTRACT - Mangava-brava (Lafoensia pacari St. Hill.) is a native species of the Cerrado, of medicinal use. The objective of this work was to evaluate the biometry and the effect of seed color and size on the germination of L. pacari. The fruits were collected in Manso, near the municipality of Chapada dos Guimarães-MT. 30 fruits and seeds were sampled for individual measurement of the length, width, thickness, mass of fresh matter and number of seeds per fruit. In the germination evaluations, the seeds were separated visually by light and dark coloration, then separated and classified by size: in small, medium and large seeds. The experimental design was completely randomized, in a 2X3 factorial scheme. Measurements of seed length, width, thickness and mass were then performed. The seeds were seeded in germitest paper roll with 25 seeds per replicate. Among the biometric characteristics evaluated, the greatest amplitude occurred in the fruit mass (5.8573 to 16.4758 g). The seed thickness ranged from 0.08 to 0.27 mm and seed mass from 0.0149 to 0.0442 g. Light-colored seeds presented higher values in all size variables, except for the length (22.03 mm) and fresh matter mass (0.0393 g) of the large seeds. The large seeds had, on average, 22.03 and 10.58 mm of length and width, respectively, and 0.0393 g of mass. The germination percentage of medium and large seeds was 86 and 95%, while the mean germination time was faster for small and large seeds, 3.6 and 3.7 days, respectively. Clear seeds started the germination process in 3.6 days with 87%. The biometric characteristics of the seeds of L. pacari present greater variation than the fruits. Seeds of L. pacari classified as large and of light staining present a higher percentage of germination.
Key words: germination, seed size, seed coloring, mangava-brava.
113
1. Introdução
Lafoensia pacari St. Hill. é uma árvore nativa do Brasil que ocorre no
Cerrado nos Estados do Acre, Mato Grosso, Tocantins, Distrito Federal, Goiás,
Mato Grosso do Sul, Bahia, Maranhão, Minas Gerais, São Paulo e Paraná em
vegetação de Cerrado, Floresta Ciliar ou Galeria (CNCFlora, 2012; Cavalcanti,
2018). A espécie tem diferentes denominações regionais tais como: candeia-
de-caju, copinho, dedal, dedaleiro, dedaleira amarela, louro-da-serra, mangava-
brava, pacari, pacari do mato e pacari do sertão.
A madeira de L. pacari pode ser usada em marcenaria, cabos de
ferramentas, moirões, construção civil, tabuado em geral e, a planta é utilizada
no paisagismo e na arborização urbana pelas características ornamentais
(Lorenzi, 1992). O uso medicinal das cascas, folhas e raízes (Cabral e Pasa,
2009) é relatado para úlcera e gastrite do duodeno, câncer, emagrecimento,
cicatrizante e como anti-inflamatório (Pereira et al., 2018).
A planta é empregada pela população e muitas de suas propriedades
farmacológicas já foram testadas e comprovadas cientificamente, como
observado em consideráveis publicações científicas (Rogerio et al., 2003;
Rogerio et al., 2007; Firmo et al., 2014). A descrição etnobotânica e a
importância de L. pacari, enfatizando o uso da espécie pelas comunidades
tradicionais já foram abordadas por Tonello (1997), Pasa (2007) e, Cabral e
Pasa, (2009). Entretanto, é factível o estudo de vários aspectos, para assim,
aumentar o acervo de informações sobre a planta (Firmo et al., 2016).
As pesquisas com espécies nativas do Cerrado necessitam estabelecer
parâmetros com relação à germinabilidade e, principalmente os fatores que a
afetam. Os estudos direcionados sobre esse assunto são essenciais para
respostas, principalmente relacionadas às características físicas das sementes,
tais como tamanho e coloração.
Estudar os aspectos morfológicos e biométricos de frutos e sementes é
importante para identificação e diferenciação das espécies e reconhecimento
das plântulas no campo (Oliveira, 2009).
Ao avaliar as características biométricas de frutos e sementes de uma
determinada espécie, obtêm-se maiores informações sobre a variabilidade das
114
características entre indivíduos numa determinada área, o que permite
conhecer os aspectos ecológicos das plantas (Souto et al., 2008).
Características físicas das sementes como tamanho e cor podem
fornecer informações iniciais de um lote, tais como: qualidade, germinação,
viabilidade e sanidade. Utilizar essas características no beneficiamento pode
auxiliar na composição de lotes uniformes e vigorosos e, consequentemente
plântulas de maior vigor.
Com relação à germinação das sementes de L. pacari, há diversos
estudos avaliando fatores que influenciam o processo, exemplo Seneme et al.
(2010), que avaliaram substratos e temperaturas para a germinação e,
verificaram o efeito do armazenamento na qualidade fisiológica e sanitária das
sementes. A influência do GA3, em diferentes concentrações, na superação de
dormência de sementes de L. pacari foi avaliada por Fernandes et al. (2012).
Coelho et al. (2013) testaram diferentes tratamentos pré-germinativos e
substratos na germinação de sementes.
Embora haja a existência de trabalhos com L. pacari, praticamente não
existem resultados de pesquisa acerca da relação do processo germinativo
com características físicas das sementes como tamanho e cor.
Dessa forma, conhecimentos sobre a germinação das sementes,
aspectos biométricos e características morfológicas em geral das espécies
tropicais, possibilitam o maior uso em programas de recuperação e manejo
(Vázquez-Yanes; Aréchiga, 1996).
Porém, muitas vezes por falta de conhecimento sobre a morfologia e a
fisiologia de sementes e plântulas, a multiplicação de espécies florestais
nativas apresenta limitações. Em face dessa deficiência, para muitas espécies,
nem os parâmetros para testes de germinação encontram-se estabelecidos
(Novembre et al., 2007). Macedo et al. (2009) salientaram que é necessário
que sejam estabelecidos protocolos que propiciem o máximo aproveitamento
germinativo das sementes, uma vez que o sucesso na utilização desses
propágulos depende de uma germinação rápida e uniforme, seguida por pronta
emergência das plântulas.
Considerando a necessidade de melhor conhecer a influência de fatores
intrínsecos das sementes de L. pacari, o objetivo deste trabalho foi avaliar a
115
biometria, o efeito da cor e do tamanho das sementes na germinação e no
vigor.
2. Material e Métodos
2.1 Biometria de frutos e sementes
Os frutos de L. pacari foram coletados na região do Manso em 2016,
próximo ao município de Chapada dos Guimarães-MT, no final do período de
maturação e antes do início da deiscência.
Foram amostrados, ao acaso, trinta unidades dos frutos para medição
individual do comprimento, largura e espessura (da parte dorsal à ventral), com
a utilização de um paquímetro digital, com resolução de 0,01 mm (Figura 22).
Na mesma amostra, fez-se a abertura dos frutos com auxílio de canivete
metálico para o registro do número de sementes por fruto.
FIGURA 22. Medição biométrica de frutos de Lafoensia pacari St. Hill., com
auxílio de régua (A) e paquímetro digital (B).
A extração das sementes foi manual, após abertura de 30 frutos, foram
selecionadas 30 sementes ao acaso, considerando-se apenas as intactas e
sem sintomas de ataque de pragas, para medição individual de comprimento,
largura e espessura. As medições foram realizadas com auxílio de um
paquímetro digital (Figura 23).
A B
116
FIGURA 23. Lote de frutos para beneficiamento (A), sementes (B) e (C) e
medição biométrica de sementes de Lafoensia pacari St. Hill. (D).
Os valores de massa dos 30 frutos e sementes foram obtidos por
pesagem em balança analítica.
Calculou-se a média e o coeficiente de variação, e os dados foram
classificados por meio de distribuição de frequência e plotados em
histogramas.
Os frutos e sementes foram classificados com base nos valores médios
da massa, conforme recomendações de Camargo et al. (2008) (Tabela 14).
TABELA 14. Classificação por tamanho dos frutos e sementes.
Tamanho do fruto/semente Massa (g)
Muito Pequeno 0,0 - 0,2 Pequeno 0,2 - 2,0
Médio 2,0 - 20,0 Grande 20,0 - 60,0
Muito Grande Maior que 60,0
Fonte: Camargo et al. (2008).
A B
C D
117
As sementes foram transferidas para sacos de papel kraft e,
armazenadas em câmara refrigerada (18 ± 2 °C e umidade relativa de 63 ± 5%)
por 60 dias.
2.2 Germinabilidade de sementes
O experimento foi conduzido no Laboratório de Sementes da
Universidade Federal de Mato Grosso, em novembro de 2016, dois meses
após a coleta e beneficiamento das sementes.
As sementes foram primeiramente separadas pela coloração em claras e
escuras (Figura 24A e 24B). Em seguida, foram classificadas visualmente pelo
tamanho em pequenas, médias e grandes, posteriormente, com o auxílio de
um paquímetro digital foi avaliada a biometria com a medição do comprimento,
largura e espessura.
FIGURA 24. Sementes claras e escuras (A) e (B), semeadura em rolo de papel
de sementes grandes escuras (C) e pequenas claras (D) de
Lafoensia pacari St. Hill.
A semeadura foi feita em substrato papel-toalha, na forma de rolo, com
quatro repetições, sendo a unidade experimental constituída por um rolo com
A B
C D
118
25 sementes (Figura 24 C e D), os quais foram mantidos em B.O.D, na
temperatura de 25 °C e 12 horas de fotoperíodo.
Os rolos de papel foram umedecidos com água na quantidade de 2,5
vezes a massa do papel seco (Brasil, 2009), colocados dentro de sacolas de
plástico transparente. Sempre que necessário o reumedecimento com água foi
realizado.
A contagem das sementes germinadas ocorreu até o 10° dia e, foram
consideradas sementes germinadas, as que apresentaram protrusão de raiz
primária com, no mínimo, dois milímetros de comprimento.
Foram determinadas a porcentagem (%) e o tempo médio de
germinação (dias), calculado pela fórmula TMG = (∑ni ti )/∑ni, em que: ni =
número de sementes germinadas por dia; ti = tempo decorrido entre o início da
germinação e a i-ésima contagem (Labouriau, 1983). O delineamento
experimental foi inteiramente casualizado, em esquema fatorial 2X3 (coloração
X tamanho), os dados submetidos à análise de variância e as médias dos
tratamentos comparadas pelo teste Tukey a 5% de significância.
3. Resultados e Discussão
3.1 Biometria de frutos e sementes
Os valores médios das dimensões, massa dos frutos e sementes e,
número de sementes por fruto de L. pacari encontram-se na Tabela 15.
119
TABELA 15. Comprimento (C), largura (L), espessura (E), massa (MS) de
frutos e sementes e número de sementes por fruto (NF) de
Lafoensia pacari St. Hill.
Frutos
C
(mm) L
(mm) E
(mm) MS (g)
NS
Média 28,55 33,58 31,71 10,34 141,05
CV (%) 9,58 9,25 11,24 25,33 19,31
Erro 1,87 2,12 2,44 1,79 15,23
Sementes
C
(mm) L
(mm) E
(mm) MF (g)
Média 18,13 8,73 0,17 0,0268
CV (%) 15,19 13,32 28,26 30,39
Erro 1,88 0,79 0,03 0,0055
Paiva Sobrinho et al. (2017) obtiveram, no município de Cáceres-MT,
valores médios das dimensões dos frutos de L. pacari de 27,51; 31,09 e 29,33
mm de comprimento, espessura e largura, simultaneamente. Silva Junior
(2005), determinou valores de comprimento de frutos de L. pacari entre 40 e 80
mm, muito acima da média encontrada neste trabalho, assim como Fernandes
et al. (2012) e Paiva Sobrinho et al. (2017) que obtiveram média de 29,9 e 27,5
mm de comprimento, respectivamente.
Outra diferença encontrada na literatura foi com relação ao número de
sementes por fruto. Os valores encontrados neste trabalho foram superiores
aos relatados por Pereira et al. (2016), que registraram média de 112,9
sementes e, por Fernandes et al. (2012), no qual foi obtida média de 72
sementes por fruto, de coletas em Campo Largo-PR e Araras-SP,
respectivamente.
Piña-Rodrigues e Piratelli (1993) afirmaram que essas diferenças podem
ser explicadas tanto por fatores endógenos quanto exógenos, como o efeito de
temperatura, fotoperíodo e umidade do solo, além de fatores genéticos e
hormonais, que podem ser contrabalanceados com produção total de frutos,
sincronia de frutificação entre indivíduos, impactos por predadores, entre
outros.
120
A massa dos frutos de L. pacari teve variação de 5,86 a 16,48 g. Valores
próximos aos encontrados por Paiva Sobrinho et al. (2017), com variação de
3,57 a 18,36 g, no município de Cáceres-MT. Carvalho et al. (2003) verificaram
limites de variação da massa superiores e de maior amplitude, na faixa 6,1 a
40,6 g.
As diferenças nas características biométricas dos frutos, segundo
Nogueira et al. (2010), podem não somente relacionar-se à diversidade
genética própria da espécie na população, mas às condições determinadas
pelo meio ambiente.
O tamanho e a massa de frutos e sementes, do mesmo modo o número
de sementes por fruto são característicos de cada espécie, existindo, porém,
forte influência ambiental sobre os mesmos (Cassoli Neto et al., 2012).
Pereira et al. (2016) encontraram valores nas dimensões das sementes
de L. pacari, coletadas em regiões distintas do estado do Paraná, diferentes ao
deste trabalho, com média de 29,5 e 25,8 mm de comprimento, e largura em
média de 8,90 e 11,00 mm, nos municípios de Bocaiúva do Sul e Tibagi,
respectivamente.
Os estudos de morfobiometria de sementes de L. pacari realizados por
Fernandes et al. (2012) no município de Araras-SP, chegaram a valores de
comprimento, largura e espessura de 19,6, 7,40 e 0,40 mm, em média,
simultaneamente.
Em média as sementes de L. pacari apresentaram comprimento, largura
e espessura igual a 18,70, 9,55 e 0,86, respectivamente, segundo
levantamento realizado por Paiva Sobrinho et al. (2017) no município de
Cáceres-MT.
Os frutos e sementes de L. pacari variaram pouco quanto às dimensões
(comprimento, largura e espessura) e, dentre as características biométricas
avaliadas, a maior variação ocorreu na massa dos frutos (CV > 25%),
espessura das sementes (CV > 28%) e massa das sementes (CV > 30%)
(Tabela 16).
Assim como neste trabalho, Paiva Sobrinho et al. (2017) verificaram que
a característica biométrica de frutos de L. pacari com maior coeficiente de
variação foi a massa. Moura et al. (2010) mencionaram em seus estudos que
121
características que apresentam maior coeficiente de variação, indicam maior
possibilidade de seleção. Comportamento este que influência diretamente na
variabilidade genética e na ecologia da espécie.
Sangalli et al. (2008) descreveram que as variações nas dimensões e na
massa dos frutos podem ser promovidas tanto por fatores ambientais,
principalmente durante o florescimento e o desenvolvimento, como pela alta
variabilidade genética populacional. A influência do ambiente sobre o
desenvolvimento das sementes é traduzida por variações nas dimensões,
massa, potencial fisiológico e sanidade, entretanto, o tamanho é menos afetado
em relação ao número de sementes produzidas por fruto (Marcos Filho, 2015).
Como já mencionado anteriormente, as sementes de L. pacari,
apresentaram maiores coeficientes de variação para espessura e massa. Paiva
Sobrinho et al. (2017) verificaram que a característica que apresentou maior
desvio padrão e coeficiente de variação foi a massa.
Na Figura 25 verifica-se a predominância das classes em que ocorreram
maior frequência das dimensões dos frutos e número de sementes por fruto de
L. pacari.
122
0
10
20
30
40
50
24,2 - 26,1 26,1 - 28,0 28,0 - 29,9 29,9 - 31,8 31,8 - 33,6 33,6 - 35,5
Fre
quência
(%
)
Comprimento (mm)
0
10
20
30
40
50
27,4 - 29,5 29,5 - 31,6 31,6 - 33,7 33,7 - 35,8 35,8 - 37,9 37,9 - 40
Fre
quência
(%
)
Largura (mm)
0
10
20
30
40
50
24,2- 26,7 26,7 - 29,2 29,2 - 31,7 31,7 - 34,2 34,2 -36,7 36,7 - 39,2
Fre
quência
(%
)
Espessura (mm)
0
10
20
30
40
50
5,8 - 7,8 7,8 - 9,7 9,7 - 11,7 11,7 - 13,6 13,6 - 15,5 15,5 - 17,5F
requência
(%)
Massa Fresca (g)
0
10
20
30
40
50
89 - 108 108 - 127 127- 146 146 - 165 165 - 184 184 - 203
Fre
quência
(%
)
Número de sementes
FIGURA 25. Distribuição de frequência dos valores de comprimento (A),
largura (B), espessura (C) e massa (D) dos frutos e número de
sementes (E) por fruto de Lafoensia pacari St. Hill.
A massa dos frutos de L. pacari, característica que apresentou maior
coeficiente de variação, demonstrou 30% da amostra total nas classes de 7,8 a
9,7 g e de 11,7 a 13,6 g.
Na Figura 26 pode-se verificar a predominância das classes em que
ocorreu maior frequência das dimensões das sementes de L. pacari.
A B
C D
E
123
0
10
20
30
40
50
13,8 - 15,5 15,5 - 17,2 17,2 - 18,9 18,9 - 20,6 20,6 - 22,3 22,3 - 24,0
Fre
quência
(%
)
Comprimento (mm)
0
10
20
30
40
50
7,15 - 8,0 8,0 - 8,8 8,8 - 9,6 9,6 - 10,5 10,5 - 11,3 11,3 - 12,1
Fre
quência
(%
)
Largura (mm)
0
10
20
30
40
50
0,08 - 0,110,11 - 0,140,14 - 0,170,17 - 0,200,20 - 0,230,23 - 0,260,26 - 0,29
Fre
quên
cia
(%)
Espessura (mm)
0
10
20
30
40
50
0,0149 -0,0202
0,0202 -0,0255
0,0255 -0,0308
0,0308 -0,0361
0,0361 -0,0414
0,0414 -0,0467
Fre
quência
(%
)
Massa Fresca (g)
FIGURA 26. Distribuição de frequência dos valores de comprimento (A),
largura (B), espessura (C) e massa de matéria fresca (D) de
sementes de Lafoensia pacari St. Hill.
A espessura das sementes concentrou 40% da amostra total na classe
0,17 - 0,20 g, e a massa das sementes de L. pacari, apresentou 26% da
amostra na classe 0,0202 a 0,0255 g.
Segundo a classificação de Camargo et al. (2008) (Tabela 15), os frutos
de L. pacari foram considerados de tamanho médio e as sementes muito
pequenas.
3.2 Germinabilidade de sementes
Na Tabela 16 encontram-se os valores médios de comprimento (mm),
largura (mm) e massa (g) das sementes de L pacari, visualmente classificadas
pelo tamanho e coloração.
A B
C D
124
TABELA 16. Comprimento (C), largura (L) e massa (MS) de sementes de
Lafoensia pacari St. Hill., classificadas visualmente pelo tamanho
e coloração.
Cor
Claras Escuras
Tamanho
C (mm) L (mm) MS (g) C (mm) L (mm) MS (g)
Média 13,81 8,04 0,0189 13,70 7,28 0,0163
Pequenas CV(%)
5,77 9,63 18,52 7,45 14,46 31,36
Erro
0,99 0,96 0,0043 1,27 1,31 0,0055
Média 18,72 10,55
0,0328
17,56 9,03 0,0267
Médias CV(%)
7,07 6,99 14,28 8,51 10,90 19,81
Erro
1,65 0,92 0,0058 1,86 1,23 0,0066
Média 22,03 10,58 0,0393 22,42 9,61 0,0463
Grandes CV(%)
8,31 12,28 12,93 5,39 14,42 11,87
Erro
2,28 1,62 0,0063 1,51 1,73 0,0054
As sementes de coloração clara apresentaram valores superiores em
todas as variáveis de dimensão, exceto para o comprimento e massa de
sementes grandes. As sementes classificadas visualmente como grandes
obtiveram maiores valores em todas as variáveis avaliadas.
No ensaio visando a avaliação da germinação das sementes de L. pacari
oriundas de lotes diferenciados pelo tamanho e coloração, pode- se observar
que não houve interação entre estes dois fatores. Sementes grandes e médias
apresentaram maior porcentagem de germinação, enquanto sementes grandes
e pequenas, menor tempo médio de germinação (Tabela 17).
125
TABELA 17. Porcentagem (%G) e Tempo médio de germinação (TM) de
sementes de Lafoensia pacari, distribuídas em três classes de
tamanho (** p<0,01), e, em duas classes de coloração (** p<0,01; *
p<0,05) submetidas ao teste de germinação.
Tamanho
Pequenas Média Grandes
%G** 68,5 b 86,0 a 95,0 a
TM** 3,70 a 4,30 b 3,60 a
Cor
Claras Escuras
%G* 87,5 a 78,8 b
TM** 3,60 a 4,20 b
Oliveira et al. (2005) afirmaram que no mesmo lote de sementes, as
classificadas como pequenas podem apresentar menor porcentagem de
emergência de plântulas e vigor do que as médias e grandes.
Segundo Pádua et al. (2010) o tamanho da semente é um dos
componentes da qualidade fisiológica, representada pela viabilidade e vigor e,
pode influenciar diretamente muitos aspectos do desempenho, como por
exemplo, a taxa de germinação e emergência.
Carvalho e Nakagawa (2000) explicaram que sementes de maior
tamanho geralmente são mais bem nutridas durante a formação, possuindo
embriões bem formados e com maior quantidade de substâncias de reserva,
sendo, consequentemente, as mais vigorosas. Sementes mais pesadas, por
possuírem maior quantidade de reserva nutricional, geralmente apresentam
melhor desempenho se comparadas às leves (Souza et al., 2017).
O fato das sementes de L. pacari pequenas não se diferenciarem das
sementes grandes com relação ao tempo médio de germinação, está
relacionado à tendência das sementes menores a germinarem mais
rapidamente, enquanto as maiores acabam por originar plântulas de maior
tamanho e massa (Vanzolini e Nakagawa et al., 2007).
126
As sementes de coloração clara apresentaram maior porcentagem e
menor tempo médio de germinação (Tabela 17).
Totalmente contrário aos resultados deste trabalho, Flores et al. (2014)
verificaram que sementes claras de Melanoxylon brauna apresentaram
germinação e índice de velocidade de germinação inferiores às escuras,
principalmente quando classificadas como pequenas.
Lucena et al. (2008) concluíram que quanto mais clara, menor o vigor e
a porcentagem de emergência de sementes de Ricinus communis. Os autores
afirmaram que a cor do tegumento está associada ao grau de maturação, ou
seja, sementes mais claras são mais imaturas.
Ao avaliar a influência de tratamentos pré-germinativos para superação
de dormência em sementes de Albizia lebbeck com diferentes colorações,
Benedito et al. (2009) constataram maior desempenho das sementes de
coloração escura.
Todos os autores mencionados acima, apesar de não trabalharem com
espécies da família Lythraceae, atribuíram o sucesso no processo germinativo
das sementes escuras à adequada maturação fisiológica das sementes, que
geralmente é acompanhada por visíveis mudanças no aspecto externo e na
coloração das sementes (Carvalho e Nakagawa, 2000).
Entretanto, neste trabalho, as sementes de L. pacari de coloração
escura apresentaram menores percentuais de germinação. Possivelmente a
coloração mais escura das sementes refletiu na germinação devido ao atraso
da colheita, e isso acarretou em vários inconvenientes determinados pela
exposição relativamente prolongada das sementes às condições menos
favoráveis do ambiente (Marcos Filho, 2005). Piña Rodrigues et al. (2015)
afirmaram que em se tratando de espécies florestais, a qualidade das
sementes é muito prejudicada quando a colheita é realizada antes de atingir a
maturidade fisiológica ou após esse estádio.
A partir da maturidade fisiológica, tende a ocorrer redução da qualidade
das sementes, cuja velocidade de deterioração é influenciada pelos fatores
ambientais, especialmente aqueles predominantes na fase final de maturação
(Popinigis, 1985; Pedroso et al., 2008).
127
Diante disso, a época de coleta das sementes está dentre os fatores que
afetam a qualidade das sementes, visto que, geralmente, aquelas colhidas
antes ou após a maturidade fisiológica podem apresentar menor potencial de
germinação e vigor (Carvalho e Nakagawa, 2000).
No caso das sementes de L. pacari, essa indicação de vigor através da
coloração, contribui para a seleção de sementes mais vigorosas, visto que
dentro do mesmo fruto podem-se encontrar sementes claras e escuras.
Dessa forma torna-se relevante detalhar os estudos sobre a influência
da coloração na germinação de sementes de L. pacari, visto que, a cor é um
indicador do ponto de maturidade fisiológica das sementes (Piña Rodrigues et
al., 2015), e pode apontar o período propício de coleta para se obter um
número maior de sementes no máximo poder germinativo e vigor.
4. Conclusão
As características biométricas das sementes de L. pacari apresentam
maior variação que as dos frutos. Os frutos de L. pacari são considerados de
tamanho médio e as sementes muito pequenas.
Sementes de L. pacari classificadas como grandes ou de coloração clara
apresentam maior porcentagem de germinação e vigor.
5. Referências Bibliográficas
BENEDITO, C.P.; RIBEIRO, M. C.C.; OLIVEIRA, M. K. T.; GUIMARÃES, I. P.; RODRIGUES, G. S. O. Influência da cor e métodos de superação de dormência em sementes de Albizia. Revista Caatinga, v. 22, n. 2, p. 119-122, 2009. CABRAL, P.R.F.; PASA, M.C. Mangava-brava: Lafoensia pacari a. st. - hil.
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