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Londrina 2011 ARINILSON MOREIRA CHAVES LIMA CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE MESTRADO EM ODONTOLOGIA FATORES ASSOCIADOS ÀS CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL DA POPULAÇÃO ADOLESCENTE, ADULTA E IDOSA DE UM MUNICÍPIO DO INTERIOR DO CEARÁ, BRASIL

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Londrina 2011

ARINILSON MOREIRA CHAVES LIMA

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE MESTRADO EM ODONTOLOGIA

FATORES ASSOCIADOS ÀS CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL DA POPULAÇÃO ADOLESCENTE, ADULTA E IDOSA DE UM

MUNICÍPIO DO INTERIOR DO CEARÁ, BRASIL

Londrina 2011

FATORES ASSOCIADOS ÀS CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL DA POPULAÇÃO ADOLESCENTE, ADULTA E IDOSA DE UM

MUNICÍPIO DO INTERIOR DO CEARÁ, BRASIL

Dissertação apresentada à Universidade Norte do Paraná - UNOPAR, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Odontologia, área de concentração Dentística Preventiva e Restauradora.

Orientadora: Profª. Drª. Sandra Mara Maciel Co-orientadora: Profª. Drª. Ana Raquel Benetti

ARINILSON MOREIRA CHAVES LIMA

AUTORIZO A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.

Dados Internacionais de Catalogação-na-publicação Universidade Norte do Paraná

Biblioteca Central Setor de Tratamento da Informação

Lima, Arinilson Moreira Chaves L696f Fatores associados às condições de saúde bucal da população

adolescente, adulta e idosa de um município do interior do Ceará, Brasil / Arinilson Moreira Chaves Lima. Londrina: [s.n], 2011.

viii; 78p. Dissertação (Mestrado). Odontologia. Dentística Preventiva e

Restauradora. Universidade Norte do Paraná. Orientadora: Profª Drª. Sandra Mara Maciel 1- Odontologia - dissertação de mestrado – UNOPAR 2- Saúde

bucal 3- Inquéritos de saúde bucal 4- Fatores de risco 5- Autopercepção 6- Adolescente 7- Adulto 8- Idoso I- Maciel, Sandra Mara, orient. II- Universidade Norte do Paraná.

CDU 616.314-089.27/.28

FATORES ASSOCIADOS ÀS CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL DA POPULAÇÃO ADOLESCENTE, ADULTA E IDOSA DE UM

MUNICÍPIO DO INTERIOR DO CEARÁ, BRASIL

Trabalho de Dissertação apresentado à UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Odontologia com nota final igual a _______, conferida pela Banca Examinadora formada pelas professoras:

Profª. Drª. Sandra Mara Maciel 1ª Examinadora Presidente

Universidade Norte do Paraná

Profª. Drª. Marina de Lourdes Calvo Fracasso 2ª Examinadora

Universidade Estadual de Maringá

Profª. Drª. Regina Célia Poli-Frederico 3ª Examinadora

Universidade Norte do Paraná

Londrina, 15 de Dezembro de 2011.

Dedico este trabalho à minha esposa, Marta, e

aos meus filhos, Alice e Miguel, pelo amor e

compreensão a mim dedicados neste período

de trabalho intenso. Vocês são o motivo da

minha determinação.

AGRADECIMENTOS

A Deus, sem o qual tudo perderia o sentido;

À Profª. Drª. Sandra Mara Maciel que, como orientadora irretocável,

me guiou durante a elaboração deste trabalho;

À banca examinadora, pelas sugestões sempre enriquecedoras;

À Profª. Drª. Terezinha Esteves de Jesus Barata, pelo estímulo

inicial e pelas lições de humildade;

À Profª. Drª. Ana Raquel Benetti, amiga, sensata e precisa;

Ao Prof. Dr. Luiz Reynaldo de Figueiredo Walter, pela receptividade

e compreensão;

À Profª Drª Sandra Kiss Moura, pelas opiniões gentis durante os

seminários;

Aos demais Professores do Mestrado pelos preciosos ensinamentos;

Aos colegas João, Clauber, Anderson, Karla, Miula, Renata, Denise,

Luana, Vivian, Vanina, Luciene, Sílvia e Diego, pelo convívio respeitoso e agradável;

Ao amigo Mauro Toma, por sua imensa hospitalidade;

Ao parceiro Deolino Júnior Ibiapina que também enfrentou o desafio

do Mestrado longe de casa;

Aos meus pais, Ary e Nilma, meus primeiros mestres, pela educação

a mim ofertada;

Ao meu primo Alfredo Luiz, sem o qual os obstáculos para trilhar

este caminho seriam imensamente maiores;

Ao Diretor Geral do Instituto Federal de Educação Ciência e

Tecnologia do Ceará (IFCE), Campus Limoeiro do Norte, José Façanha Gadelha,

pelo estímulo dado à minha qualificação profissional;

À Secretaria de Saúde e à Coordenação de Saúde Bucal de

Limoeiro do Norte, por possibilitarem a minha participação nesta jornada.

Muito obrigado por me fazerem chegar até aqui!

AGRADECIMENTOS

À Universidade Norte do Paraná, UNOPAR, representada pela

Chanceler, Profª. Elisabeth Bueno Laffranchi e pela Reitora, Profª. Wilma Jandre

Mello;

À Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação, representada pelo

Prof. Dr. Hélio Hiroshi Suguimoto;

Ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, representado pelo

Prof. Ruy Moreira da Costa Filho;

À Coordenadoria do Curso de Odontologia, representada pelo

Prof. Dr. Alcides Gonini Júnior;

A todos os funcionários da UNOPAR.

Muito obrigado por terem contribuído para a realização desta Dissertação!

LIMA, Arinilson Moreira Chaves. Fatores associados às condições de saúde bucal da população adolescente, adulta e idosa de um município do interior do Ceará, Brasil. 2011. 78 p. Dissertação (Mestrado em Odontologia). Universidade Norte do Paraná, Londrina.

RESUMO O objetivo principal deste estudo foi avaliar as condições de saúde bucal da população adolescente, adulta e idosa de um município de pequeno porte da região nordeste do Brasil. Adicionalmente, investigou-se as associações entre estas condições e indicadores sociodemográficos, de acesso aos serviços odontológicos e de autopercepção da saúde bucal. Tratou-se de um estudo transversal, realizado com base nos resultados de um levantamento epidemiológico em saúde bucal que teve como amostra 139 indivíduos dos seguintes grupos etários: 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos. A coleta de dados incluiu exames bucais, seguindo os critérios da OMS, e entrevistas estruturadas, realizados no domicílio do participante. Foram analisadas informações sobre experiência e severidade de cárie dentária; perfil sociodemográfico da população; necessidades de tratamento geradas pela cárie; edentulismo, uso e necessidade de prótese; padrão de acesso aos serviços odontológicos e, principalmente, autopercepção da saúde bucal. Na análise estatística foram aplicados os testes: Exato de Fischer, Mann Whitney, Kruskal Wallis e modelos da regressão de Poisson. O nível de significância foi fixado em 5%. O índice CPO-D foi de 6,57 (DP 4,17) entre os adolescentes, 22,76 (DP 7,63) entre os adultos e 30,96 (DP 2,82) entre os idosos. A autopercepção da necessidade de tratamento mostrou-se menor entre os idosos (RP=0,45; IC 95%: 0,27-0,75), entre aqueles que não haviam recebido informações sobre como evitar problemas bucais (RP=0,80; IC 95%: 0,67-0,96), e entre os edentados (RP=0,53; IC 95%: 0,29-0,98). Foi maior entre os que autoperceberam sua saúde bucal como regular/ruim/péssima (RP=1,27; IC 95%: 1,06-1,34). Os resultados apontam para a importância da condição de saúde bucal autopercebida e do acesso a informações sobre prevenção de problemas bucais, e sugerem a necessidade do estabelecimento de políticas de saúde bucal voltadas para a prevenção da cárie e para a promoção da saúde. Palavras – chave: Saúde bucal, inquéritos de saúde bucal, fatores de risco, autopercepção, adolescente, adulto, idoso.

LIMA, Arinilson Moreira Chaves. Factors associated with the oral health status of adolescents, adults and elderly in a municipality in the interior of Ceará, Brazil. 2011. 78 p. Dissertation (Master Dentistry). Northern University of Paraná, Londrina.

ABSTRACT The main objective of this study was to evaluate the oral health conditions of adolescents, adults and elderly in a small city in northeastern Brazil. Additionally, we investigated the associations between these conditions and sociodemographic indicators, access to dental care and self-perception of oral health. It was a cross-sectional study based on the results of an epidemiological survey on oral health as a sample 139 individuals had the following age groups: 15-19, 35-44 and 65 to 74 years. Data collection included oral examinations, according to WHO criteria, and structured interviews, conducted at the participant household. We analyzed information about experience and severity of dental caries, socio-demographic profile of the population, treatment needs generated by caries, edentulism, use and need of prosthesis, pattern of access to dental services and, mainly, self-perception of oral health. In statistical analysis, we used the package Statistical Package for Social Sciences - SPSS version 15.0, and applied the tests: Fisher's exact, Mann Whitney, Kruskal-Wallis and Poisson regression models. The significance level was set at 5%. The DMFT index was 6.57 (SD 4.17) among adolescents, 22.76 (SD 7.63) for adults and 30.96 (SD 2.82) among the elderly. Self-perceived need for treatment was lower among elderly people (PR = 0.45, 95% CI: 0.27 to 0.75) among those who had not received information on how to avoid oral problems (PR = 0, 80, 95% CI: 0.67 to 0.96), and among the edentate (PR = 0.53, 95% CI: 0.29 to 0.98). However, it was higher among those who self-perceived their oral health as fair / poor / very poor (PR = 1.27, 95% CI: 1.06 to 1.34). The results indicate the importance of self-perceived oral health status and access to information about prevention of oral problems, and suggest the need for the establishment of health policies aimed at preventing dental caries and health promotion. Keywords: Oral health, dental health surveys, risk factors, self-perception, adolescent, adult, elderly.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................09

2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................................................12

2.1 CÁRIE DENTÁRA E ALGUNS DADOS EPIDEMIOLÓGICOS ...........................12

2.2 CÁRIE DENTÁRIA E INDICADORES SOCIODEMOGRÁFICOS.......................14

2.3 NECESSIDADES DE TRATAMENTO ................................................................17

2.4 EDENTULISMO, USO E NECESSIDADE DE PRÓTESE ..................................18

2.5 ACESSO A SERVIÇOS E AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE BUCAL .................21

3 ARTIGOS...............................................................................................................31

3.1 ARTIGO 1............................................................................................................31

3.2 ARTIGO 2............................................................................................................47

4 CONCLUSÕES......................................................................................................62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.........................................................................63

APÊNDICE................................................................................................................69

APÊNDICE A – Códigos e respectivas condições bucais .........................................70

ANEXOS ...................................................................................................................72

ANEXO A – Autorização da Secretaria de Saúde de Limoeiro do Norte...................73

ANEXO B – Parecer do Comitê de Ética em Pesqusa da UNOPAR.........................74

ANEXO C – Modelo para autorização do examinado ou responsável ......................75

ANEXO D – Modelo para autorização das escolas sorteadas ..................................76

ANEXO E – Ficha de exame e formulário socioeconômico.......................................77

9

1 INTRODUÇÃO

Levantamentos epidemiológicos em saúde bucal são definidos como

estudos que fornecem informações básicas sobre a situação de saúde bucal e/ou

sobre as necessidades de tratamento odontológico de uma população, em

determinado tempo e local (WHO,1997). O diagnóstico de saúde proporcionado pela

epidemiologia está inserido dentro das estratégias globais de planejamento e

avaliação nos serviços de saúde (HOBDELL et al., 2003).

No Brasil, foram realizados quatro levantamentos com abrangência

nacional, coordenados pelo Ministério da Saúde, que objetivaram o conhecimento

sobre as condições de saúde bucal da população: O primeiro tendo sido executado

em 1986 (BRASIL, 1988); o segundo, promovido em associação com algumas

entidades de classe, em 1996 (BRASIL, 1996); o terceiro, conduzido nos anos de

2002 e 2003, denominado Condições de Saúde Bucal da População Brasileira 2002-

2003, conhecido como Projeto SB Brasil 2003 (BRASIL, 2004), e o quarto, intitulado

Pesquisa Nacional de Saúde Bucal 2010, o SB Brasil 2010, concluído recentemente

(BRASIL, 2011).

Estes dois últimos levantamentos foram baseados na proposta da

Organização Mundial de Saúde (WHO, 1997), tendo investigado as condições de

saúde bucal dos seguintes grupos relevantes da população: crianças de 5 e 12 anos

de idade, adolescentes de 15 a 19 anos, adultos de 35 a 44 anos e idosos entre 65 e

74 anos. Ambos envolveram vários municípios brasileiros, desde as grandes capitais

até os municípios de pequeno porte. Na faixa etária acima de 15 anos, além do

estudo das condições clínicas, foram obtidas informações que permitiram a

caracterização da população quanto ao perfil socioeconômico, acesso aos serviços

odontológicos e autopercepção da saúde bucal (BRASIL, 2004, 2011).

No que diz respeito à avaliação do levantamento epidemiológico

realizado no Brasil em 2002/2003 (BRASIL, 2004), os resultados expressaram que

entre as metas globais sobre a saúde bucal estabelecidas pela Organização Mundial

de Saúde (OMS) e pela Federação Dentária Internacional para o ano 2000 (FDI,

1982), a única atingida foi a dos 12 anos (CPO-D ≤ 3). Por ter sido estratificado por

regiões e por porte municipal, permitiu que fossem evidenciadas grandes

diversidades regionais para todas as idades, e condições mais desfavoráveis em

municípios com populações menores (BRASIL, 2004). Vale destacar que por ter se

10

consolidado como uma das mais bem sucedidas experiências de produção de dados

epidemiológicos de saúde bucal no Brasil, e por ter tido o seu banco de dados

disponibilizado pelo Ministério da Saúde, diversas análises sobre o mesmo vêm

sendo realizadas e várias já se encontram publicadas (BASTOS et al., 2009;

BORGES et al., 2008; MARTINS et al., 2008; PATTUSSI et al., 2010).

O SB Brasil 2010 foi desenvolvido com base em uma amostra

estatisticamente representativa da população brasileira, de 37.519 pessoas,

residentes em 177 municípios (BRASIL, 2011). Neste levantamento foi constatada

uma melhoria em vários indicadores de saúde bucal, quando comparados àqueles

observados no SB Brasil 2003. Houve, por exemplo, redução do CPO-D aos 12 anos

(média anterior de 2,8 dentes com experiência de cárie, passando a 2,1); nos grupos

etários de 15 a 19 anos (de 6,2 a 4,2) e de 35 a 44 anos (de 20,1 a 16,7); diminuição

da necessidade de prótese dentária entre adolescentes e adultos; e diminuição do

componente cariado com aumento do componente restaurado do CPO-D na

população adulta. Contudo, na população idosa, o valor do CPO-D permaneceu

praticamente inalterado (de 27,8 a 27,5), com o componente perdido sendo

responsável por quase a totalidade do índice, da mesma forma que as porcentagens

daqueles que necessitavam de prótese permaneceram no mesmo patamar (BRASIL,

2011). É digno de nota, que grandes diversidades regionais e entre capitais e

municípios do interior também foram registradas.

Quanto à necessidade de tratamento autopercebida, o SB Brasil

2010 mostrou que 65,1% dos indivíduos de 15 a 19 anos, 75,2% dos indivíduos de

35 a 44 anos e 46,6% daqueles com 65 a 74 anos, declararam necessitar de

tratamento odontológico (BRASIL, 2011).

Em saúde bucal as medidas clínicas (critérios normativos) de

doença podem ser obtidas na população com relativa facilidade, mas o mesmo não

pode ser dito em relação às medidas autopercebidas (critérios subjetivos). Obter

informações sobre estados ou condições de saúde que possibilitem aos indivíduos

comer, falar e socializar sem desconforto ou embaraço não é tarefa simples. Com

isso não é raro que os aspectos subjetivos da saúde bucal deixem de ser

considerados nos estudos epidemiológicos (LEÃO; LOCKER, 2006).

Medidas de autopercepção de saúde bucal podem ser utilizadas em

estudos populacionais ou atuar como um complemento de medidas clínicas

utilizadas rotineiramente. Resultados obtidos através daquelas medidas podem

11

auxiliar na seleção do tratamento; na monitoração de pacientes; na identificação de

determinantes de saúde e de fatores de risco; na seleção de serviços específicos

para a população; no estabelecimento de serviços de saúde e prioridades; na

alocação de verbas e outros recursos (GIFT; ATCHISON, 1995).

A Secretaria Estadual da Saúde do Ceará promoveu um projeto,

onde 20 municípios realizaram levantamentos epidemiológicos em suas populações,

seguindo os critérios metodológicos propostos pela OMS. Limoeiro do Norte fez

parte deste projeto, e os dados coletados estão disponíveis para estudos científicos

e planejamento de ações de saúde bucal.

Desta forma, este trabalho apresenta uma análise de dados do

levantamento de saúde bucal de Limoeiro do Norte, CE; e se propõe a servir de

fonte de informações para subsidiar possíveis projetos de atenção à saúde bucal

deste município, estimulando ações de prevenção e promoção de saúde

fundamentadas em dados epidemiológicos que incluem além de informações

clínicas, a autopercepção dos usuários. O presente estudo se propõe ainda a

contribuir com seus resultados para o desenvolvimento de outros trabalhos

científicos sobre epidemiologia em saúde bucal, especialmente em cidades de

pequeno e médio porte.

12

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 CÁRIE DENTÁRIA E ALGUNS DADOS EPIDEMIOLÓGICOS

A doença cárie é infecciosa e multifatorial, envolvendo como fatores

locais o biofilme dental, a saliva, os minerais e alimentação, além daqueles

dependentes do hospedeiro, como genética, comportamento, idade, nível de

escolaridade e cuidado com a cavidade bucal. A interação de todos esses fatores

determinará a presença ou não da doença e sua gravidade, num processo dinâmico

de desmineralização e remineralização (MOBLEY, 2003; NAVIA, 1996). Este

processo leva à destruição dos tecidos dentais duros, por ácidos produzidos por

microrganismos do biofilme dental, resultando na formação de uma cavidade (FDI,

1982).

A cárie tem sido descrita como um mal típico do processo de

industrialização, cuja gravidade e velocidade de expansão estão fortemente

condicionadas por fatores extrabiológicos (PINTO, 1992).

Apesar disso, em diversos países industrializados é possível

observar uma tendência de redução na prevalência e severidade da cárie dentária

entre as crianças e redução no número de dentes perdidos entre os adultos

(PETERSEN et al., 2005). Na maioria dos países desenvolvidos, a partir da década

de 1970, houve diminuição na prevalência da cárie (NARVAI, 1999).

A Organização Mundial de Saúde utiliza o índice CPO-D (que se

refere ao número de dentes permanentes cariados, perdidos e obturados) aos 12

anos de idade como indicador básico de comparação para o estado de saúde bucal

entre populações diversas, e definiu o valor 3,0 como satisfatório e como meta para

o ano de 2000 (FDI, 1982). A OMS também estabeleceu uma classificação de

gravidade do índice CPO-D para a idade de 12 anos: 0,1 a 1,1 - prevalência muito

baixa; 1,2 a 2,6 - prevalência baixa; 2,7 a 4,4 - prevalência moderada; 4,5 a 6,5 -

prevalência alta e 6,6 ou superior - prevalência muito alta (PETERSEN, 2003).

Aproximadamente 70% dos países do mundo alcançaram a meta de

CPO-D menor ou igual a 3 aos 12 anos de idade, proposta pela OMS para o ano

2000 (NISHI, 2002). Ainda para o ano 2000, entre os indivíduos de 35 a 44 anos,

75% deveriam apresentar 20 ou mais dentes funcionais presentes na boca; e entre

13

os de 65 a 74 anos, 50% deveriam ter os mesmos 20 ou mais dentes presentes

(FDI, 1982).

Noro (2009) afirma que é fundamental que gestores e profissionais

de saúde formulem políticas públicas que não se restrinjam a aspectos como

atendimento clínico e prevenção de doenças.

Enquanto países como a Inglaterra e os países nórdicos detêm

bases de dados de cárie dentária desde as primeiras décadas do século passado,

no Brasil, o primeiro levantamento de saúde bucal de base nacional foi realizado

somente em 1986, seguido pelos estudos de 1996, 2003 (RONCALLI, 2006) e 2010

(BRASIL, 2011).

O estudo epidemiológico de 2003 sobre as condições de saúde

bucal da população brasileira (BRASIL, 2004) demonstrou que aos 12 anos de idade

o valor médio do CPO-D era 2,8, sendo que cerca de 70% dos indivíduos nesta

idade possuíam pelo menos um dente permanente afetado. A situação se agravava

no grupo de 15 a 19 anos de idade, havendo elevação do índice médio de cárie para

6,2 e do percentual de adolescentes com história de cárie, para cerca de 90%. Além

disso, 14,4% destes apresentavam perda de pelo menos um dente (BRASIL, 2004).

O pior quadro foi observado em idades mais avançadas. O índice

CPO-D foi de 20,1 no grupo etário de 35 a 44 anos e o percentual de indivíduos com

20 ou mais dentes na boca não passou de 53,96%. Já no grupo de 65 a 74 anos, o

CPO-D foi de 27,8, e somente 10,23% dos examinados tinham 20 ou mais dentes.

Os menores índices para o grupo de adultos foram encontrados nas regiões Norte e

Nordeste. Para o grupo de idosos, os menores índices foram os das regiões

Nordeste e Sul. Destaca-se o fato de que o componente perdido foi responsável por

cerca de 66% do índice no grupo de 35 a 44 anos e quase 93% no grupo de 65 a 74

anos (BRASIL, 2004).

As metas mundiais para o ano 2010 foram definidas em 1993,

durante o 4º Congresso Mundial de Odontologia Preventiva, em Umea, na Suécia,

onde se propôs: 90% de pessoas livres de cárie na idade de 5 anos; CPO-D menor

o u i g u a l a 1,0 para as crianças de 12 anos; 100% com todos os dentes aos 18

anos; 90% com 20 ou mais dentes, ou não mais que 2% de desdentados no grupo

etário de 35 a 44 anos; não mais que 5% de desdentados entre a população de 65

a 74 anos; além de outras metas relacionadas às doenças periodontais

(mensuradas através do Índice Comunitário de Necessidade de Tratamento

14

Periodontal – ICNTP) (BUISCHI, 2000).

Resultados do SB Brasil 2010 revelaram os seguintes valores para o

CPO-D: aos 12 anos, 2,07 (sendo de 1,12 o valor componente cariado); no grupo

etário de 15 a 19 anos, 4,25 (com 1,52 para o valor do componente cariado); para o

grupo de 35 a 44 anos, 16,75 (com 1,52 para o valor do componente cariado e 7,48

para o componente perdido) e para o grupo de 65 a 74 anos, 27,53 (com 25,29 para

o valor do componente perdido). Somente 23,9% dos adolescentes estavam livres

de cárie, fato que piorou com o aumento da idade, pois entre os adultos e idosos,

este percentual foi de 0,9% e 0,2%, respectivamente (BRASIL, 2011).

O SB Brasil 2010 mostrou que algumas condições encontradas

estavam bem acima das metas globais propostas para o ano de 2010. O CPOD-D

aos 12 anos, que foi de 2,1, superou em duas vezes o recomendado (CPO-D = 1).

Os desdentados totais foram 15,4% do grupo de 65 a 74 anos, quando deveriam ter

sido no máximo 5% (BRASIL, 2011).

Analisando apenas os dados de cárie dentária em dentes

permanentes do interior da região nordeste, o CPO-D por grupo etário foi seguinte:

15 a 19 anos, 6,22; 35 a 44 anos, 17,83 e 65 a 74 anos, 28,47. Estes valores, para

os três grupos etários, foram sempre maiores do que os encontrados nas capitais

nordestinas, sem exceção; além de terem ultrapassado também as respectivas

médias nacionais (BRASIL, 2011).

Entre as metas de saúde bucal estabelecidas para 2020 estão:

baixar o CPOD aos 12 anos, em especial entre os grupos de alto risco, identificados

entre as populações; reduzir o número de dentes perdidos para a idade de 18 anos

e grupos etários de 35 a 44 anos e 65 a 74 anos; reduzir também para estes dois

grupos etários, o número de edêntulos; aumentar o número de pessoas com mais de

20 dentes funcionais presentes na boca. Não foram estabelecidos valores globais

absolutos. Os percentuais deverão adequar-se as condições locais (HOBDELL et al.,

2003).

2.2 CÁRIE DENTÁRIA E INDICADORES SOCIODEMOGRÁFICOS

Gushi et al. (2005a) realizaram um trabalho com base nos resultados

do levantamento epidemiológico em saúde bucal Condições de Saúde Bucal no

Estado de São Paulo em 2002, estudo decorrente do Projeto SB 2000 – Condições

15

de Saúde Bucal da População Brasileira no Ano 2000. Nesta investigação, foram

analisados os dados secundários do grupo etário de 15 a 19 anos de idade,

totalizando 1.825 exames. Os dados obtidos foram estratificados segundo a idade,

gênero, etnia e municípios com e sem fluoretação das águas de abastecimento

público. A prevalência de cárie dentária foi de 90,4%, enquanto o índice CPO-D

encontrado foi de 6,44, sendo que o componente obturado constituiu 71,26% do

índice, enquanto os componentes cariado e perdido constituíram, respectivamente,

22,24% e 6,5%. Houve maior porcentagem de livres de cárie nos municípios com

água fluoretada. O gênero masculino teve pior condição em relação à cárie que o

gênero feminino. Os não-brancos tiveram maior percentual de dentes cariados e

perdidos que os brancos.

Em outro trabalho com os dados dos 1.825 exames do grupo etário

de 15 a 19 anos de idade, do já referido levantamento realizado em São Paulo em

2002, Gushi et al. (2005b) concluíram que: não ser estudante, estudar em escolas

públicas e ter renda familiar menor que 5 salários mínimos, foram indicadores para a

presença de cárie dentária. Além destes fatores citados, não possuir automóvel e

residir em casa cedida pareceram contribuir para a experiência de cárie.

Frias et al. (2007) analisaram dados dos 16.833 adolescentes de 15

a 19 anos que compuseram a amostra deste grupo etário no SB Brasil 2003

empregando o índice CPO-D. O estudo buscou identificar fatores individuais e

contextuais da prevalência de cárie dentária não tratada entre jovens no Brasil. A

variável de estudo foi a presença de pelo menos um dente permanente com cárie

não tratada. As variáveis explicativas, em nível individual, foram: gênero, grupo

étnico, local de residência e situação escolar. As variáveis referentes ao município

foram: índice de desenvolvimento humano municipal (IDH-M), proporção de

domicílios com ligação de água e presença de flúor na água de abastecimento há 5

anos ou mais. Analisando os dados, foram encontrados como fatores individuais de

maior probabilidade para a presença de cárie não tratada, ser negro ou pardo e

residir em área rural. Ser estudante foi considerado um fator de proteção. Segundo

os autores, tais resultados convergem para confirmar o caráter social da doença

cárie, e para a contribuição da educação para uma condição de saúde bucal mais

favorável.

Barbato e Peres (2009) também realizaram estudo com os dados

existentes sobre as condições dentárias da população de 15 a 19 anos examinada

16

quando do levantamento SB Brasil 2003. Foi estudada a perda de pelo menos um

dente permanente e sua associação a variáveis sociodemográficas. Construiu-se um

modelo teórico hierárquico onde foram estimadas as razões de prevalência. Foram

perdidos 0,961 dentes por indivíduo em média. Dentre os elementos dentários

perdidos, 92,71% foram decorrentes de cárie dentária. A prevalência de pelo menos

uma perda dentária foi de 38,9%. Estas perdas foram 40% maiores entre os

adolescentes residentes em áreas sem acesso a água fluoretada quando

comparadas àquelas ocorridas entre os residentes em áreas com disponibilidade

desta medida. Houve uma grande concentração das perdas dentárias. Enquanto

61,1% da amostra não apresentou perdas, 35% aproximadamente, apresentou até

quatro dentes perdidos. O estudo aponta para a necessidade de haver prioridade

para o atendimento de adolescentes nos serviços odontológicos, demonstrada pela

alta prevalência de perdas dentárias neste grupo etário.

Kitamura e Leite (2009) investigaram através de dados de CPO-D e

IDH-M de 95 municípios do estado de Minas Gerais para o ano de 2000, a

correlação entre prevalência de cárie e fatores socioeconômicos. Os indicadores de

prevalência de cárie foram obtidos por meio do relatório do levantamento

epidemiológico de saúde bucal do estado de Minas Gerais em 2000, e o valor do

IDH-M, junto ao IBGE em 2008. Os valores encontrados para o CPO-D e o IDH-M

foram de 3,65 e 0,73, respectivamente. Segundo as autoras, os resultados relatados

neste estudo corroboram o que tem sido descrito na literatura: existe correlação

entre IDH-M e CPO-D, indicando que fatores socioeconômicos influem na

prevalência de cárie. Foi encontrada uma correlação negativa significativa entre os

indicadores, que embora fraca, permitiu dizer que em municípios com maior IDH

espera-se encontrar menor CPO-D na população.

Grandes diversidades regionais e entre as capitais e os municípios

do interior foram percebidas em todas as idades no levantamento SB Brasil 2010. Os

valores de CPO-D foram quase sempre piores nas regiões Centro-Oeste, Norte e

Nordeste quando comparados com os das regiões Sul e Sudeste. A situação

mostrou-se variada ao comparar os municípios do interior com as capitais em cada

região. Nas regiões Sul e Centro-Oeste, por exemplo, os percentuais de crianças e

adolescentes livres de cárie foram mais elevados nas capitais do que no interior,

enquanto em adultos e idosos algumas capitais apresentam percentuais mais baixos

do que os municípios do interior (BRASIL, 2011).

17

2.3 NECESSIDADES DE TRATAMENTO

Moura et al. (2005) realizaram um estudo transversal em uma

instituição que abriga 81 idosos em Fortaleza, CE. Foi feito um levantamento

epidemiológico das necessidades de tratamento odontológico, entre as quais

estavam a necessidade de restaurações dentárias e de exodontias. Entre os

examinados, 55,7% eram do gênero feminino e 44,3% do gênero masculino. Entre

as mulheres, 23,5% necessitavam de restaurações dentárias e 44,1%, de

exodontias. Entre os homens, a necessidade de restaurações foi vista em 18,5% do

grupo e a necessidade de exodotias, em 37%.

Rihs, Sousa e Cypriano (2007) analisaram dados de um

levantamento de condições de saúde bucal da população do Estado de São Paulo,

especificamente de 8 municípios da região de Campinas. Neste estudo foram

avaliados os dados de 535 indivíduos de 35 a 44 anos que trabalhavam como

professores do ensino fundamental ou funcionários de escolas públicas e

particulares. As maiores necessidades de tratamento encontradas foram as de

restaurações de 2 ou mais faces, 36,7%. Também foi detectada a necessidade de

exodontia, que atingia 28,8% dos examinados, porém as causas destas indicações

não foram diferenciadas no momento do exame. Não foi verificada a diferença de

necessidade de exodontia segundo o gênero.

Gushi et al. (2008) buscaram avaliar indicadores de prevalência e

severidade de cárie em adolescentes do Estado de São Paulo, e suas necessidades

de tratamento. Os dados desta pesquisa foram colhidos em levantamentos

epidemiológicos de saúde bucal realizados no Estado de São Paulo em 1998 e

2002, com adolescentes de 12 e 18 anos de idade. Foram examinados 9.327

adolescentes de 12 anos de idade no ano de 1998 e 5.782 em 2002. No

levantamento de 1998 foram examinados 5.195 adolescentes de 18 anos, e em

2002, 1.825 no grupo etário de 15 a 19 anos de idade, estando incluídos neste grupo

os dados de 257 adolescentes de 18 anos de idade. A maior parte das necessidades

de tratamento odontológico encontradas foram de baixa complexidade. Ao comparar

o ano de 1998 com 2002, observou-se que aumentou a necessidade de

restaurações (de uma e de duas ou mais superfícies) aos 12 anos de idade. Já aos

18 anos, houve diminuição dessa necessidade. De um modo geral observou-se o

declínio da cárie entre os adolescentes.

18

Seguindo os procedimentos recomendados pela OMS para a

realização de inquéritos epidemiológicos, Carneiro et al. (2008) observaram as

necessidades de tratamento de uma população indígena de São Gabriel da

Cachoeira, AM. Foram examinados 590 indivíduos de vários grupos etários, entre os

quais, 73,6% apresentaram necessidades de tratamento, que se concentraram em

10,4% dos dentes. Dos 1.956 dentes que necessitavam de tratamento, 57,3%

precisavam de restaurações (49% de 1 face e 51% de 2 ou mais faces) e 42,7%, de

exodontias. Ao comparar os resultados entre os grupos etários, observou-se que as

restaurações eram o tratamento mais necessário até os 19 anos, passando este

lugar, a partir dos 20 anos, a ser ocupado pela necessidade de exodontias. Entre os

adolescentes, ao observar os dados quanto ao gênero, as mulheres apresentaram

um maior número de dentes sem necessidades de tratamento. Já entre os adultos,

as mulheres apresentaram um maior percentual de necessidade de restaurações de

2 faces.

Machado, Abreu e Vargas (2010) examinaram 183 adolescentes (12

a 20 anos) de unidades socioeducativas de Minas Gerais, e constataram que 38,8%

apresentavam necessidades de tratamento. De acordo com o gênero, viu-se que

45,1% das mulheres e 36,4% dos homens necessitavam de tratamento

odontológico.

Tanto no SB Brasil 2003, quanto no SB Brasil 2010, a necessidade

de tratamento para cárie dentária mais freqüente entre adolescentes, adultos e

idosos, foi a de restaurações de 1 face em todas as regiões do Brasil. Assim como

verificado para os índices de cárie, há desigualdades entre as regiões do país,

sendo as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste as que em geral apresentaram

mais dentes que necessitavam de restaurações, tratamentos pulpares ou extrações.

(BRASIL, 2004, 2011).

2.4 EDENTULISMO, USO E NECESSIDADE DE PRÓTESE

Silva, Sousa e Wada (2004), desenvolveram um trabalho que

abordou as condições de edentulismo, uso e necessidade de prótese em adultos (35

a 44 anos) e idosos (65 a 74 anos) no município de Rio Claro, SP, em uma amostra

com n=202. Foram feitos para cada indivíduo um registro para maxila e outro para

mandíbula. A porcentagem de edentulismo encontrada foi de 74,25% entre os

19

idosos e 8,91% entre os adultos. Os idosos apresentaram uma média de 28,8

dentes perdidos. A média de dentes hígidos foi de 0,91 para os idosos e 8,5 para os

adultos; quanto aos dentes presentes, a média foi de 3,19 e 22,10, respectivamente.

Da idosos, 52,48% usavam próteses totais superiores e 35,64% inferiores; dentre os

adultos, somente 18,81% e 7,9% usavam próteses totais superiores e inferiores,

respectivamente. Com relação aos idosos, a necessidade de próteses totais foi de

48,51% para superior e de 45,54% para inferior. Para os adultos, esta necessidade

foi de apenas 1% para ambas as arcadas.

Moreira Jr. (2006) fez uma análise das condições de saúde bucal de

uma população institucionalizada na cidade de São Paulo, onde foram examinados

398 indivíduos, divididos em grupos etários de 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos.

Entre outras condições, foram registrados os dados referentes ao uso e necessidade

de prótese dentária desta população. Os resultados principais foram os seguintes:

no grupo de 15 a 19 anos não foram encontrados indivíduos usando prótese. Entre

os idosos, 60% usavam prótese superior e 41,11%, inferior. Quanto à necessidade

de prótese, verificou-se que 27,6% necessitavam de prótese superior, e 49,68%, de

inferior.

Matos e Lima-Costa (2006) utilizaram a base de dados do projeto SB

Brasil 2003 para promover um estudo sobre todos os examinados da região sudeste

nos grupos etários de 35 a 44 e 65 a 74 anos (3.240 pessoas). Foi observado na

análise descritiva, que entre os adultos, 11% não possuíam dentes naturais, sendo

essa proporção igual a 65,5% entre os idosos. O uso de prótese total superior e/ou

inferior foi igual a 22% no primeiro grupo, e 66% no segundo.

Teixeira (2007), em um estudo com uma amostra de 1.212 idosos

com 65 anos ou mais, residentes na zona urbana da cidade de São Paulo, verificou

que a prevalência de edentulismo total foi de 69,40% nas mulheres e 30,60% nos

homens. 74,48% das mulheres e 53,43% dos homens faziam uso de prótese total

superior; e 45,51% das mulheres e 33,77% dos homens faziam uso de prótese total

inferior. O uso de prótese total superior e inferior teve prevalência de 44,40% entre

as mulheres e 32,90% entre os homens. O uso de prótese parcial removível foi mais

comum na arcada dentária inferior em mulheres (16,38%). Necessitava de prótese

total, mas não a usava, 5,70% da população examinada, sendo que a porcentagem

foi maior na população masculina (14,78%). A necessidade de prótese total teve

maior prevalência, seguida da necessidade de prótese parcial removível. Dentre os

20

idosos que usavam outros tipos de próteses, a média de dentes presentes na boca

foi de 11,62 nas mulheres e 13,84 nos homens.

Estudando a influência de variáveis de nível individual, familiar e de

contexto na ocorrência de perdas dentárias superiores a 12 dentes em adultos de 40

anos, Martins (2009) identificou em uma amostra de 241 indivíduos da zona leste do

município de São Paulo, os seguintes fatores de risco: renda familiar mensal inferior

a 170 dólares; densidade no domicílio superior a um indivíduo por cômodo; ser

negro ou pardo; residir em uma microárea onde 4,5% ou mais dos indivíduos com 15

anos são analfabetos; residir em um microárea com prevalência igual ou superior a

1,25% de alcoolismo entre os indivíduos com 15 anos ou mais.

Ao analisar dados secundários do levantamento epidemiológico

sobre as condições de saúde bucal da população brasileira, SB Brasil 2003, Moreira

(2009) identificou os fatores individuais e contextuais associados à perda dentária de

adultos e idosos no Brasil, além das características da distribuição espacial desses

fatores. A amostra foi constituída de 13.431 adultos de 35 a 44 anos e 5.349 idosos

de 65 a 74 anos. Na população adulta as variáveis associadas à maior perda

dentária foram: baixo número de cirurgiões-dentistas por mil habitantes; maior

número de exodontias por habitante; municípios com menor porte populacional;

maior número de pessoas por cômodo; ter consultado o cirurgião-dentista alguma

vez na vida, há três anos ou mais e por motivo de dor; não ter recebido informações

sobre prevenção de doenças bucais, ser do gênero feminino e ter idade maior. Entre

os idosos, as variáveis associadas à menor necessidade de prótese total foram:

maior taxa de primeira consulta odontológica programática; maior média de anos de

estudo e maior porte populacional. Já os fatores associados à maior necessidade de

prótese total entre os idosos foram: morar em área rural; maior número de pessoas

por cômodo; ter tido a ultima consulta odontológica em serviço público; ser do

gênero masculino, não-branco e ter idade mais avançada.

No SB Brasil 2003, quanto às próteses, os adolescentes das regiões

Norte e Nordeste possuíam os maiores percentuais de uso de algum tipo de prótese

dentária neste grupo etário. Para adultos e idosos, um maior uso foi constatado na

Região Sul. As regiões Norte e Nordeste possuíam maior necessidade de algum tipo

de prótese dentária. Estas regiões também apresentavam um maior percentual de

pessoas com necessidade de próteses totais. As regiões norte e nordeste

apresentaram o maior número de indivíduos com necessidade de prótese (BRASIL,

21

2004).

No SB Brasil 2010, os resultados relativos ao uso de prótese

demonstraram que no Brasil 96,3% e 99,4% dos examinados no grupo etário de 15 a

19 anos não usavam qualquer tipo de prótese dentária superior e inferior,

respectivamente. No grupo etário de 35 a 44 anos, 67,2% e 89,9% dos examinados

não usavam prótese dentária superior e inferior, respectivamente. No grupo etário de

65 a 74 anos, apenas 23,5% e 46,1%, não usavam algum tipo de prótese dentária

superior e inferior, respectivamente. A porcentagem de idosos que usavam prótese

total superior foi de 63,1%, e prótese total inferior, de 37,5%. A maioria dos

adolescentes examinados não necessitava de prótese (86,3%). Apenas 31,2% dos

examinados no grupo etário de 35 a 44 anos não necessitavam de prótese. A

proporção de indivíduos de 65 a 74 anos que não necessitavam prótese dentária foi

igual a 7,3%, sendo marcantes as diferenças entre as regiões. Na região Sul, a

proporção foi de 12,7% e na Norte, 2,8%. (BRASIL, 2011).

2.5 ACESSO A SERVIÇOS E AUTOPERCEPÇÃO DA SAÚDE BUCAL

Entre as informações coletadas em 2002/2003 sobre as condições

de saúde bucal da população (BRASIL, 2004), incluiu-se pela primeira vez questões

sobre autopercepção nos grupos etários de 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos de

idade. Os resultados apontaram que em média, 44,7% dos jovens, 59,2% dos

adultos e 43,6% dos idosos do país, julgavam insatisfatória a própria saúde bucal.

Ao mesmo tempo 39,6%, 56,6% e 45,6% de jovens, adultos e idosos,

respectivamente, não estavam satisfeitos com a aparência de seus dentes e

gengivas. A dificuldade mastigatória (regular/ruim/péssima) expressa naqueles

grupos etários foi de, respectivamente, 22,8%, 43,8% e 47,8%.

Martins, Barreto e Pordeus (2008b) em um estudo com idosos

brasileiros participantes do SB Brasil 2003 encontraram entre esta população, um

total de 55% que relatou necessitar de tratamento odontológico. Ekanayake e Perera

(2005), no Sri Lanka encontraram 43% com essa mesma autopercepção, e Slauther

e Taylor (2005), nos Estados Unidos, 46%.

Estudos como os de Chisick, Poindexter e York (1997) e os de

Atchison e Dubin (2003), relacionaram, embora de forma antagônica o uso de

serviços odontológicos com a autopercepção da necessidade de tratamento.

22

Ao avaliar a autopercepção da saúde bucal de um grupo de 72

idosos institucionalizados de Belo Horizonte, Haikal (2004) pôde perceber que

apesar de, em geral, a população estudada possuir precário quadro clínico, a

condição bucal foi avaliada positivamente por 67% da população (8,88% como

excelente e 57,78% como boa). A auto-avaliação da condição bucal contrastou com

a condição clínica, pois a maioria das pessoas entrevistadas teve visão positiva,

mesmo com dados clínicos insatisfatórios. 23,8% dos indivíduos apresentaram uma

alteração patológica nos tecidos moles intra-orais, 8,4% apresentaram duas

alterações, enquanto 2,8% apresentaram três alterações. Apesar do quadro

encontrado, nenhum paciente entrevistado relatou necessidade em procurar um

dentista para tratar qualquer tipo de machucado, ferida, ardência, secura ou

qualquer outra necessidade relacionada a alterações na mucosa oral. Quando lhes

foi perguntado se seria difícil ir a um dentista, 71% afirmaram que sim. A maioria dos

idosos apontou mais de uma razão para essa dificuldade. As referências à falta de

companhia, de alguém para os levarem até um consultório, foram relatadas por 57%

dos entrevistados, sendo essa a razão mais freqüentemente citada. 40% alegaram

também dificuldades devido à falta de dinheiro, 37,8% devido à distância, 13%

relataram não saber aonde ir e um único idoso também alegou o medo como uma

dificuldade.

Silva, Sousa e Wada (2005) investigaram as condições de saúde

bucal e a autopercepção na população com idade acima de 60 anos, no município

de Rio Claro, SP. A amostra foi de 112 indivíduos. A autopercepção foi avaliada

usando o índice GOHAI (Geriatric Oral Health Assessment Index), que é composto

de 12 perguntas que se distribuem em 3 domínios (físico, psicossocial e dor) com

uma pontuação final que pode variar de 12 a 36. A média do GOHAI foi de 33,61,

qualificando como positiva a percepção da saúde bucal. Contrapondo-se a este fato,

foi encontrado nesta população um CPO-D médio de 29,13 e ainda uma amostra

composta por 45,5% de dentados e 54,5% de edêntulos. O estudo concluiu que

apesar das condições de saúde bucal para este grupo etário ainda apresentarem-se

insatisfatórias, com CPO-D alto e grande número de indivíduos edêntulos, a

autopercepção foi muito positiva, mostrando que a situação percebida pelos

indivíduos não pôde ser confirmada através dos dados clínicos encontrados.

Entrevistando as 17 mulheres com idade acima de 60 anos que

compareceram à Clínica de Prótese Total da Faculdade de Odontologia de

23

Piracicaba - FOP – Unicamp, no período de fevereiro a junho de 2004 para trocar

suas próteses totais superiores e inferiores, Silva e Sousa (2006) descreveram a

autopercepção da saúde bucal percebida por este grupo. Utilizou-se o índice GOHAI

e, posteriormente, classificou-se a qualidade da saúde bucal percebida em alta

(acima de 34 pontos), baixa (abaixo de 30) e média, entre esses valores. Além disso,

também foi aplicada a ficha socioeconômica adaptada do projeto SB 2003, contendo

perguntas sobre a quantidade de pessoas que moram na casa, o grau de

escolaridade, a renda pessoal e familiar e o número de quartos; e uma pergunta

única de autopercepção sobre como a paciente classificaria seu atual estado de

saúde bucal, dividido em: não sabe, péssima, ruim, regular, boa e ótima. Quando

analisada a autopercepção da saúde bucal obteve-se: 18% ruim, 35% regular, 41%

boa e 6% ótima. Na avaliação da saúde bucal geriátrica percebida usando-se o

índice do GOHAI, a pontuação encontrada mostrou que 17,6% perceberam como

alta qualidade de saúde bucal, 23,5% como moderada qualidade de saúde bucal e

58,9% como baixa qualidade de saúde bucal.

Matos e Lima-Costa (2006), no estudo com os grupos etários de 35

a 44 e 65 a 74 anos pesquisados na região sudeste quando do SB Brasil 2003,

utilizaram como variável dependente a auto-avaliação da saúde bucal, determinada

por meio da seguinte pergunta: “Como classificaria a sua saúde bucal?”, com as

respostas variando de “ótima” a “péssima”. As outras variáveis utilizadas foram:

gênero, número de anos completos de escolaridade, renda domiciliar per capita,

porte do município (até 50 mil habitantes ou mais que isto), número de dentes

permanentes presentes, uso de prótese total superior e/ou inferior, necessidade

atual autodefinida de tratamento odontológico e o tempo decorrido após a última

visita ao dentista. Entre os adultos, 43% haviam visitado o dentista há menos de um

ano, ao passo que somente 19% dos idosos haviam visitado o dentista nesse

período. Em ambos os grupos etários, predominou a auto-avaliação da saúde bucal

como boa (39,9% dos adultos e 54,4% dos idosos) e regular (34,4% e 28,2%,

respectivamente). Somente 8,1% dos adultos e 4,8% dos idosos avaliaram a saúde

bucal como péssima. Na análise das características associadas à auto-avaliação da

saúde bucal como ótima/boa entre os adultos (35 a 44 anos), renda domiciliar per

capita maior ou igual a R$ 181,00 e percepção de não necessidade atual de

tratamento odontológico permaneceram positiva e significativamente associadas à

melhor auto-avaliação da saúde bucal. Associações significantes e negativas foram

24

encontradas para municípios com mais de 50 mil habitantes e três ou mais anos

decorridos após a última visita ao dentista. Os resultados da análise das

características associadas à auto-avaliação da saúde bucal classificada como

ótima/boa pelos idosos mostraram que associações significantes e positivas com

melhor auto-avaliação da saúde bucal foram observadas para: renda domiciliar per

capita maior ou igual a R$ 181,00 e percepção de não necessidade atual de

tratamento odontológico. Associação significante e negativa foi observada para

presença de 1 a 19 dentes.

Na Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP em 2001, 61

idosos (mais de 60 anos) atendidos tiveram sua autopercepção da saúde bucal

avaliada através do índice GOHAI, a partir do qual, foram agrupados em

autopercepção “ótima”, “regular” e “ruim”. Apesar da maioria dos idosos afirmarem

nunca ter sofrido limitações devido a seus dentes, gengivas ou próteses, o Índice

GOHAI global foi de 27,77, característico de uma autopercepção ruim (HENRIQUES

et al., 2007).

Pattussi et al. (2007) em trabalho de pesquisa feito com 1.302

adolescentes com idades de 14 e 15 anos, em 39 escolas de duas cidades da região

de Brasília – DF, estudaram a autopercepção que estes indivíduos tinham de sua

saúde bucal e a associação entre autopercepção e algumas variáveis. Foi

perguntado aos adolescentes, de forma geral, como eles classificariam a sua saúde

bucal. As respostas possíveis eram: excelente, muito boa, boa, razoável ou ruim.

Dentre os 1.302, 28,2% disseram ter saúde geral ruim; 52,1% tinham ido ao dentista

no último ano; 33,3% tinham cárie dentária não tratada; 30,3% classificaram a

qualidade da mastigação como regular ou ruim; 42,1% consideraram a aparência de

suas bocas como regular ou ruim; 44,6% apresentaram autopercepção de saúde

bucal ruim. Diante das respostas encontradas, os autores observaram que uma

autopercepção da saúde bucal ruim foi significativamente associada ao gênero

masculino, à baixa classe social, a uma autopercepção da saúde geral também tida

como ruim, à aparência da boca e à presença de cárie dentária não tratada.

Ao relacionarem a saúde gengival de 1.799 adolescentes de 35

cidades do estado de São Paulo em 2002 e o acesso aos serviços odontológicos,

Antunes et al. (2008) constataram que a maior utilização de serviços odontológicos

por parte de adolescentes foi associada à menor prevalência de sangramento

gengival e cálculo dentário.

25

Martins et al. (2008) tiveram como objetivo principal de seu estudo,

investigar a utilização de serviços odontológicos por rotina entre idosos brasileiros.

Os autores utilizaram a base de dados do SB Brasil 2003, e tiveram como amostra

todos os idosos (65 a 74 anos) que tinham usado serviços odontológicos uma vez ao

menos na vida (94% do total, n=5.009). Os outros 6% (n=310) nunca haviam usado

serviços odontológicos e não compuseram a amostra deste trabalho. Dentre os

5.009 idosos que fizeram uso dos serviços odontológicos pelo menos uma vez na

vida, 2.211 (44%) eram dentados e 2.798 (56%) eram edentados; 912 (18%) usaram

o serviço odontológico por rotina e 4.097 (82%) por problemas bucais. Nos estratos,

a prevalência do uso, por rotina, foi de 444 (20%) entre dentados e de 468 (17%)

entre os edentados. As prevalências dos motivos para o uso dos serviços

odontológicos entre os idosos dentados foram: rotina 444 (20%); dor 1.161 (53%);

sangramento gengival 46 (2%); presença de cavidades nos dentes 296 (13%);

feridas, caroços ou manchas na boca 13 (1%) e outros motivos 252 (11%). Entre os

edentados, observaram-se as seguintes prevalências quanto ao motivo do uso:

rotina 468 (17%); dor 1.388 (49%); sangramento gengival 41 (1%); presença de

cavidades nos dentes 304 (11%); feridas, caroços ou manchas na boca 19 (1%) e

outros motivos 578 (21%).

Martins, Barreto e Pordeus (2008a) utilizaram dados coletados

durante o levantamento SB Brasil 2003 para avaliar o uso de serviços odontológicos

por parte de 1.014 idosos, com idade entre 65 e 74 anos, residentes na região

sudeste do Brasil. Desse total, 187 (18%) haviam usado serviços odontológicos há

menos de um ano, enquanto 827 (82%) haviam usado há um ano ou mais. Do total

de idosos, 345 (34%) eram dentados e 669 (66%) eram edentados. Dos dentados,

111 (32%) usaram os serviços há menos de um ano e entre os edentados, 76 (11%)

usaram esses serviços no mesmo período. O índice CPO-D entre os dentados foi

22, sendo composto em sua grande maioria pelo componente dentes perdidos

(78%), seguido pelos cariados (12%), verificando-se que a maioria dos idosos

dentados estavam bem próximos à condição de edentados. Os fatores associados

ao uso de serviços odontológicos há menos de um ano, entre os dentados,

mostraram maior prevalência de uso dos serviços entre os que perceberam sua fala

como péssima ou ruim em função da sua condição de saúde bucal. A menor

prevalência de uso foi evidenciada entre os que residiam na zona rural; entre

aqueles com menor renda per capita; entre os que perceberam sua aparência como

26

péssima em função dos dentes ou gengivas; entre os que usaram os serviços por

problemas bucais e entre os que necessitavam de próteses. Entre os edentados, a

maior prevalência de uso de serviços há menos de um ano foi entre aqueles com

escolaridade entre 5 e 8 anos; entre os que perceberam sua aparência como

péssima ou ruim devido aos dentes ou gengivas e entre os que relataram ter

apresentado sensibilidade dolorosa nos dentes ou na gengiva nos últimos seis

meses. Ainda neste grupo, a menor prevalência de uso dos serviços foi constatada

entre os que buscaram estes serviços por problemas bucais e entre os que

perceberam que seu relacionamento foi afetado pela sua condição bucal. O estudo

aponta para uma situação de iniqüidade no acesso aos serviços odontológicos, ao

constatar um menor uso dos mesmos entre os idosos que mais necessitam de

atenção à saúde bucal.

Em novo trabalho, Martins, Barreto e Pordeus (2008b) analisaram

fatores associados à autopercepção da necessidade de tratamento odontológico

entre idosos, a partir do modelo teórico para compreensão geral da percepção de

saúde bucal proposto por Gift, Atchison e Drury (1998). O modelo original prevê uma

relação de retroalimentação entre cinco subgrupos de variáveis (ambiente externo,

características individuais, comportamentos relacionados à saúde, condições

objetivas e subjetivas de saúde) e a auto-avaliação da saúde geral e bucal. As

autoras adaptaram este modelo, com a inserção de novas variáveis associadas à

auto-avaliação da saúde bucal. A amostra foi composta por todos os indivíduos de

65 a 74 anos incluídos no SB Brasil 2003, que responderam à pergunta sobre a

autopercepção da necessidade de tratamento (n=5.326). Do total da amostra, 55%

disse necessitar de tratamento odontológico. A autopercepção da necessidade de

tratamento foi menor entre os idosos com 70 anos ou mais; os que não receberam

informações sobre como evitar problemas de bucais e os que eram edentados. Por

outro lado, a autopercepção da necessidade de tratamento foi maior entre aqueles

indivíduos que também autoperceberam: saúde bucal regular ou ruim/péssima;

aparência dos dentes e gengivas regular ou ruim/péssima; e mastigação regular ou

ruim/péssima. Foi também maior entre os que relataram dor nos dentes ou gengivas

nos 6 meses anteriores ao levantamento em questão; e entre os que necessitavam

de prótese em uma ou em ambas as arcadas dentárias. Concluiu-se que as

informações sobre como prevenir problemas bucais e as questões ligadas à

autopercepção (critérios subjetivos) estiveram fortemente associadas à

27

autopercepção da necessidade de tratamento odontológico entre os idosos

pesquisados.

Um outro estudo que teve como amostra os indivíduos

examinados/entrevistados durante a coleta de dados do SB Brasil 2003, foi o de

Borges et al. (2008). Desta vez o estrato populacional estudado foi o de 15 a 19

anos (16.833 que compuseram a amostra do levantamento nacional para este

estrato populacional). Neste estudo sobre a autopercepção de saúde bucal desta

população, foram abordados a dor nos dentes ou gengivas sentida pelos

adolescentes nos 6 meses anteriores ao inquérito, e seus fatores associados. A

pergunta do questionário utilizado no SB Brasil 2003 foi: “O quanto de dor seus

dentes e gengivas causaram nos últimos seis meses?”, com as seguintes opções de

resposta: nenhuma dor, pouca, média e muita dor. Os autores dicotomizaram as

respostas possíveis em não (ausente) e sim (presente). A prevalência da dor de

dentes e gengivas foi de 35,6%. A prevalência de dor foi maior nas meninas;

naqueles pertencentes a famílias com baixa renda per capita; nos não estudantes e

estudantes de escola pública; e naqueles com baixa escolaridade para a idade.

Bastos et al. (2009) utilizaram os dados dos 16.833 adolescentes

brasileiros do levantamento SB Brasil 2003 em uma pesquisa e observaram que a

necessidade de tratamento dentário autopercebida foi maior nas regiões mais

pobres (norte, 83,0% e nordeste, 80,1%), enquanto nas regiões centro-oeste,

sudeste e sul, os valores encontrados foram 70,7%, 74,5% e 68,9%,

respectivamente. A associação entre cor/raça e necessidade de tratamento

autopercebida foi maior entre negros no norte (84,1%) e nordeste (81,3%), e entre

pardos nas regiões centro-oeste (74,5%), sudeste (78,4) e sul (77,2%). Além disso, o

trabalho verificou que entre 14 e 18% dos adolescentes brasileiros de todas as

regiões relataram ter tido pelo menos um episódio de dor moderada a grave nos

dentes ou gengivas nos últimos seis meses.

Martins, Barreto e Pordeus (2009) desenvolveram um trabalho sobre

a auto-avaliação da condição de saúde bucal dos idosos brasileiros integrantes do

SB Brasil 2003, utilizando as respostas obtidas por meio da seguinte pergunta, feita

durante as entrevistas do levantamento em questão: “Como classificaria sua saúde

bucal?” (péssima, ruim, regular, boa, ótima). As respostas foram agregadas em duas

categorias: auto-avaliação ótima, boa ou regular (positiva); e auto-avaliação péssima

ou ruim (negativa). Tal agregação seguiu aquela utilizada por Borrel et al. (2004) nos

28

Estados Unidos e por Locker e Gibson (2005) no Canadá. Dos 5.014 idosos que

responderam à pergunta sobre auto-avaliação da saúde bucal, 250 (5%) a

perceberam como péssima, 620 (12,4%) como ruim, 1.465 (29,2%) como regular,

2.452 (48,9%) como boa e 227 (4,5%) como ótima. O índice CPO-D médio foi 28.

Um terço deles necessitavam de prótese superior e mais da metade, de prótese

inferior. A maioria (4.144 – 83%) auto-avaliou sua saúde bucal positivamente. Foi

encontrado um número maior de avaliações negativas entre indivíduos que nunca

usaram serviços, que relataram pouca e média/muita dor, que auto-avaliaram sua

aparência e mastigação como regular ou ruim/péssima, que relataram seus

relacionamentos sociais pouco ou muito afetados pelas condições bucais e entre os

que avaliavam necessitar de tratamento bucal. Apesar das precárias condições

bucais, a maioria fez uma auto-avaliação positiva da sua saúde bucal. As condições

subjetivas estiveram mais fortemente associadas à auto-avaliação do que as

objetivas.

Em um trabalho que também teve como amostra a população de 64

a 75 anos integrante do levantamento SB Brasil 2003, Moreira, Nico e Sousa (2009)

buscaram conhecer os fatores relacionados à necessidade de tratamento

odontológico percebida por idosos brasileiros. As variáveis associadas à

necessidade subjetiva de tratamento odontológico foram diferentes para idosos

edêntulos e não edêntulos. Os idosos não edêntulos sentiram maior necessidade

subjetiva de tratamento odontológico do que os edêntulos. Entre os não edêntulos,

tiveram maior necessidade de tratamento percebida, aqueles que nunca haviam

visitado o dentista; os que tiveram a última consulta odontológica em serviço público

e por motivo de dor, sangramento na gengiva ou cavidades nos dentes (tratamento

curativo); os que perceberam a própria saúde bucal como regular, ruim ou péssima;

os que tiveram uma autopercepção negativa da aparência dos dentes e gengivas, da

mastigação e da fala; aqueles que relataram que a saúde bucal afetava os

relacionamentos sociais e os que sentiram dor nos dentes ou gengivas nos últimos 6

meses (anteriores à entrevista). Entre os edêntulos, o fato de nunca ter ido ao

dentista aumentou em 45% a prevalência da autopercepção da necessidade de

tratamento. Neste grupo, todas as variáveis relacionadas à autopercepção negativa

da saúde bucal estiveram fortemente associadas à necessidade percebida de

tratamento odontológico.

Gibilini et al. (2010) buscaram relacionar, na população do estado de

29

São Paulo, a autopercepção de saúde bucal com: o índice CPO-D em adolescentes

de 15 a 19 anos (n = 1.824); o número de dentes presentes em adultos de 35 a 44

anos (n = 1.612); e o edentulismo entre os idosos de 65 a 74 anos (n = 781). Para

analisar as possíveis associações acima descritas, as autoras dicotomizaram as

variáveis das condições clínicas da seguinte forma: o CPO-D, em acima e abaixo da

média; a presença de dentes, em até 19 e 20 ou mais; e o edentulismo, em presente

e ausente. Grande parte dos adolescentes (68,0%) e adultos (72,3%) e mais da

metade dos idosos (53,5%) relataram necessitar de tratamento odontológico. A

autopercepção da saúde bucal de forma geral foi favorável, sendo que mais da

metade de todos os entrevistados avaliaram a mastigação e a fala de forma positiva

(boa/ótima), acharam que a saúde bucal não afetou o relacionamento com outras

pessoas e não sentiram dor nos dentes ou gengivas. Os adolescentes que relataram

não necessitar de tratamento odontológico, que classificaram de forma positiva a

saúde bucal, a mastigação, a fala, que responderam que a saúde bucal não afetava

seus relacionamentos e que não tiveram dor, foram os que apresentaram menor

experiência de cárie. A proporção de adultos com 20 ou mais dentes presentes foi

de 64,3%. A presença de 20 ou mais dentes foi mais prevalente entre os adultos que

classificaram de forma positiva a saúde bucal, a mastigação e a fala. A prevalência

de idosos edêntulos foi de 59,9%; essa proporção foi mais elevada entre os idosos

que relataram de forma positiva todas as variáveis relacionadas à autopercepção da

saúde bucal, com exceção da fala.

Pattussi et al. (2010) tiveram como objetivo estimar a prevalência de

auto-avaliação negativa da saúde bucal (péssima, ruim ou regular) entre idosos

brasileiros de 64 a 75 anos, entrevistados nos anos de 2002 e 2003, e os fatores a

ela associados. A prevalência de auto-avaliação negativa foi de 46,6% no total da

amostra, tendo sido de 50,3% entre homens e de 44,2% entre as mulheres. Foram

encontradas associações significativas entre auto-avaliação negativa da saúde bucal

e nunca ter ido ao dentista; apresentar cárie não tratada; ter sentido dor nos dentes;

ter relatado aparência dos dentes péssima/ruim/regular; ter relatado mastigação

péssima/ruim/regular; ser homem; ser negro; e apresentar situação sócio-econômica

desfavorável. O estudo mostra que para a compreensão da auto-avaliação da saúde

bucal devem ser levados em consideração fatores sociais, clínicos e subjetivos.

Bandéca et al. (2011) examinaram adultos residentes na zona

urbana de uma cidade do sul do Brasil e observaram que apesar dos exames

30

clínicos terem revelado uma alta experiência de cárie (CPO-D = 18,9) e uma alta

prevalência de doença periodontal, a condição de saúde bucal foi considerada

normal por 42% dos entrevistados, mostrando que os indicadores clínicos tinham

pouca influência na autopercepção, e que iniciativas educacionais e estratégias

preventivas para a população adulta são recomendadas.

Cerca de 14% dos adolescentes brasileiros nunca haviam ido ao

dentista até 2003. A ida ao dentista por motivo de dor dentária foi relatada por mais

de 30% dos adolescentes no mesmo ano. Quanto a adultos e idosos, a percentagem

de pessoas que foram ao dentista devido à presença de dor foi de 45,6% e 48,12%,

respectivamente. A porcentagem de pessoas que relataram uma situação de saúde

bucal péssima, ruim ou regular foi de 44,7%, 59,2% e 43,6% para os grupos etários

de 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos de idade respectivamente (BRASIL, 2004).

Em 2010, 45% dos adolescentes, 34,5% dos adultos e 44,5% dos

idosos, disseram-se satisfeitos com relação aos seus dentes e boca, enquanto

20,6% dos adolescentes, 32,2% dos adultos e 25,2% dos idosos, disseram-se

insatisfeitos (BRASIL, 2011).

31

3 ARTIGOS

3.1 ARTIGO 1

FATORES ASSOCIADOS À AUTOPERCEPÇÃO DA NECESSIDADE DE

TRATAMENTO ODONTOLÓGICO EM ADOLESCENTES, ADULTOS E IDOSOS DE

UM MUNICÍPIO DO NORDESTE BRASILEIRO.

RESUMO O objetivo deste estudo foi identificar os fatores relacionados à autopercepção da necessidade de tratamento odontológico em adolescentes, adultos e idosos de um município de pequeno porte do nordeste brasileiro. Dados de um estudo transversal de base populacional, com uma amostra de 139 indivíduos foram analisados. As informações foram coletadas por meio de exames bucais e da aplicação de um questionário sobre o perfil sociodemográfico, o acesso aos serviços odontológicos, e a autopercepção da saúde bucal. A metodologia utilizada para coleta dos dados atendeu às recomendações da OMS. Para análise estatística foi utilizada a regressão de Poisson, em um modelo hierárquico. O nível de significância foi de 5%. Do total da amostra, 85,5%, 84,5% e 38,5% dos adolescentes, adultos e idosos, respectivamente, relataram necessitar de tratamento odontológico. A autopercepção desta necessidade mostrou-se menor entre os idosos (RP=0,45; IC 95%: 0,27-0,75), entre aqueles que não haviam recebido informações sobre como evitar problemas bucais (RP=0,80; IC 95%: 0,67-0,96), e entre os edentados (RP=0,53; IC 95%: 0,29-0,98). Por outro lado, foi maior entre os que autoperceberam sua saúde bucal como regular/ruim/péssima (RP=1,27; IC 95%: 1,06-1,34). Estes resultados apontam para a necessidade de uma maior atenção aos idosos, grupo que apresentou baixa autopercepção da necessidade de tratamento. Apontam ainda, para a importância da condição de saúde bucal autopercebida e do acesso a informações sobre prevenção de problemas bucais, para a formação do conceito individual de necessidade de tratamento odontológico. As associações encontradas podem ser utilizadas para o planejamento de estratégias de prevenção e intervenção em saúde bucal. Palavras – chave: Saúde bucal, autopercepção, adolescente, adulto, idoso.

32

FACTORS ASSOCIATED WITH SELF-PERCEIVED NEED FOR DENTAL

TREATMENT AMONG ADOLESCENTS, ADULTS AND ELDERLY RESIDENTS IN

THE INTERIOR OF NORTHEASTERN BRAZIL.

ABSTRACT The objective of this study was to identify factors associated with self-perceived need for dental treatment in adolescents, adults and elderly residents of a small city in northeastern Brazil. Data from a population-based cross-sectional study with a sample of 139 individuals were analyzed. Data were collected through oral examinations and the application of a questionnaire on sociodemographic characteristics, access to dental care, and self-perception of oral health. The methodology used for data collection met the recommendations of the WHO. For data analysis the Poisson regression in a hierarchical model was used. The significance level was set at 5%. Of the total sample, 85.5%, 84.5% and 38.5% adolescents, adults and elderly people, respectively, reported need for dental treatment. The perception of this need was lower among elderly (PR = 0.45, 95% CI: 0.27 to 0.75) amongst those who had not received information on how to avoid oral problems (PR = 0.80; 95% CI: 0.67 to 0.96), and among the edentate (PR = 0.53, 95% CI: 0.29 to 0.98). On the other hand, it was positively associated with the self-perception of fair/poor/very poor oral health (PR = 1.27, 95% CI: 1.06 to 1.34). These results indicate the need for greater attention to the elderly, a group that had low self-perceived need for treatment. It also identifies the importance of self-perceived oral health status as well as the access to information about prevention of oral problems, for the formation of the individual concept of need for dental treatment. The associations found can be used for planning and prevention strategies in oral health. Keywords: Oral health, self-perception, adolescent, adult, elderly.

33

INTRODUÇÃO

Medidas de autopercepção de saúde bucal podem ser utilizadas em

estudos populacionais ou atuar como um complemento de medidas clínicas

utilizadas rotineiramente. Resultados obtidos através do estudo da autopercepção

de saúde podem auxiliar na seleção do tratamento; na monitoração de pacientes; na

identificação de determinantes de saúde e de fatores de risco; na seleção de

serviços específicos para a população; no estabelecimento de serviços de saúde e

prioridades; na alocação de verbas e outros recursos (GIFT; ATCHISON, 1995).

Obter informações sobre estados ou condições de saúde que possibilitem aos

indivíduos comer, falar e socializar sem desconforto ou embaraço não é tarefa

simples. Com isso não é raro que os aspectos subjetivos da saúde bucal deixem de

ser considerados nos estudos epidemiológicos, o que contrasta com as definições

de saúde contemporâneas que incluem tanto aspectos clínicos, como subjetivos

(LEÃO; LOCKER, 2006).

Nos dois últimos levantamentos epidemiológicos de abrangência

nacional, realizados no Brasil com o objetivo de se obter um diagnóstico sobre as

condições de saúde bucal da população, além dos índices tradicionais para aferição

dos agravos bucais, foram coletadas algumas informações subjetivas, dentre as

quais a autopercepção da necessidade de tratamento e autopercepção da saúde

bucal (BRASIL, 2004, 2011). Apesar de constatada uma melhoria em vários

indicadores normativos de saúde bucal, percentuais elevados de experiência de

cárie e perda dentária foram registrados no inquérito mais recente, denominado

Pesquisa Nacional de Saúde Bucal 2010 - SB Brasil 2010 (BRASIL, 2011), o que,

consequentemente, se reflete em elevadas taxas de necessidade de tratamento

autoreferida: 65,1%, 75,2% e 46,6%, respectivamente, para adolescentes, adultos e

idosos.

Apesar de alguns estudos terem investigado os fatores objetivos e

subjetivos relacionados à autopercepção da necessidade de tratamento odontológico

(EKANAYAKE; PERERA, 2005; HEFT et al., 2003; WEYANT et al., 2007), poucos o

fizeram a partir de um modelo teórico prévio (GIFT; ATCHISON; DRURY, 1998;

MARTINS; BARRETO; PORDEUS, 2008; MOREIRA; NICO; SOUSA, 2009), e estes

investigaram a autopercepção de adultos e idosos, analisando dados secundários de

estudos nacionais. Até o presente momento, não se conhece estudos que tenham

34

analisado a autopercepção da necessidade de tratamento, a partir de um modelo

teórico, em adolescentes, adultos e idosos, residentes em municípios brasileiros de

pequeno porte. Tal fato, associado à discrepância entre a autopercepção da

necessidade de tratamento e as necessidades normativas encontradas em exames

bucais; e à necessidade de realização de mais pesquisas que abordem as condições

subjetivas de saúde bucal, motivaram o seguinte questionamento: que fatores

estariam associados à maior ou menor autopercepção da necessidade de

tratamento odontológico nesta população?

Conhecer como cada indivíduo percebe a própria saúde bucal é um

passo importante para a compreensão do padrão de busca por um serviço de saúde.

Os resultados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio de 1998 (IBGE, 1998)

mostraram que, dentre as pessoas que não procuraram serviços de saúde, 96%

declararam que não o fizeram por que “não tiveram necessidade” (ausência de

necessidade autopercebida). Estudos prévios têm demonstrado divergência entre a

autopercepção das pessoas e as suas condições objetivas de saúde bucal

(BANDÉCA et al., 2011; MARTINS; BARRETO; PORDEUS, 2009; SILVA; SOUSA;

WADA, 2005).

Alguns pesquisadores têm procurado entender quais fatores

estariam relacionados à maior ou menor autopercepção da necessidade de

tratamento odontológico nos distintos grupos etários. Bastos et al. (2009), em uma

pesquisa com os dados nacionais de adolescentes brasileiros, observaram que a

necessidade de tratamento dentário autopercebida foi maior nas regiões mais

pobres. Heft et al. (2003) relataram forte associação entre a necessidade de

tratamento autopercebida por adultos americanos e as condições clínicas que eram

aparentes aos mesmos, tais como restaurações quebradas, raízes residuais,

mobilidade dentária e dor de dente. Martins, Barreto e Pordeus (2008) encontraram

que informação, condições de saúde bucal e questões subjetivas associaram-se à

autopercepção da necessidade de tratamento odontológico entre idosos brasileiros.

Moreira, Nico e Sousa (2009) observaram que idosos brasileiros não-edêntulos

sentiram maior necessidade de tratamento que os edêntulos e que as variáveis

associadas à necessidade subjetiva de tratamento odontológico foram diferentes

para os dois grupos. Uma vez que há carência de informações para os diferentes

grupos etários, o presente estudo teve por objetivo analisar os fatores associados à

autopercepção da necessidade de tratamento odontológico em adolescentes,

35

adultos e idosos residentes em um município de pequeno porte do nordeste do

Brasil.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal que teve como referência

geográfica o município de Limoeiro do Norte, situado no estado do Ceará, Brasil,

cuja população estimada, por ocasião da pesquisa, era de 54.582 habitantes (IBGE,

2005), inseridos nos distintos estratos sociais e sem acesso à fluoretação da água

de abastecimento público.

Foi utilizada a base de dados do levantamento epidemiológico sobre

as condições de saúde bucal da população de Limoeiro do Norte, CE, promovido

pela Secretaria Estadual de Saúde do Ceará, em parceria com a Secretaria

Municipal de Saúde. Este utilizou a mesma metodologia do levantamento

epidemiológico Condições de Saúde Bucal da População Brasileira 2002-2003 - SB

Brasil 2003 (BRASIL, 2004), que por sua vez atendeu às recomendações do Manual

de Instruções para Levantamentos Epidemiológicos Básicos em Saúde Bucal da

OMS (WHO, 1997). Preliminarmente, obteve-se a autorização para utilização dos

dados, junto à secretaria de saúde de Limoeiro do Norte e a aprovação do projeto de

pesquisa pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do

Paraná – UNOPAR (Pt/0268/2010).

A amostra do referido inquérito foi constituída por 139 indivíduos

pertencentes aos grupos etários de 15 a 19 anos (n=55), 35 a 44 anos (n=58) e 65 a

74 anos (n=26), e foi representativa para o porte do município, de acordo com a

metodologia utilizada (SILVA, 1998). Os exames dos participantes foram realizados

sob iluminação natural, nos respectivos domicílios, por cirurgiões-dentistas locais.

Houve uma calibração prévia, utilizando-se a concordância kappa, sendo 97,5% o

mínimo aceitável intra-examinador, e 90%, interexaminador. Todos os examinados

ou seus responsáveis legais assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.

Além da ficha de exame utilizada para coletar os dados durante os

exames bucais, foi aplicada uma entrevista para se obter informações sobre a

caracterização socioeconômica; acesso a serviços odontológicos e autopercepção

da saúde bucal de cada indivíduo dos grupos etários mencionados.

Os dados secundários para análise foram obtidos por meio do

36

programa Visual Fox Pro versão 5.0, convertidos para o programa Excel e

posteriormente exportados para o programa estatístico Statistical Package for Social

Science – SPSS, versão 15.0, com o qual os dados foram analisados.

A variável dependente analisada na presente pesquisa foi a

autopercepção da necessidade subjetiva de tratamento odontológico, obtida por

meio da seguinte pergunta da entrevista: “Considera que necessita de tratamento

atualmente?” (sim, não). As variáveis independentes foram reunidas em quatro

grupos definidos pelo modelo de Gift, Atchison e Drury (1998) adaptado por Martins,

Barreto e Pordeus (2008): características demográficas, disponibilidade de recursos,

predisposição e condição de saúde bucal.

As variáveis demográficas (grupo 1) foram: grupo etário (15 a 19

anos, 35 a 44 anos e 65 a 74 anos); gênero (masculino, feminino); grupo étnico

(dicotomizado em branco e não branco); e localização da residência (rural, urbana).

Constituíram variáveis de disponibilidade de recursos (grupo 2): renda familiar em

reais (dividida em tercis: R$ 241,00 ou mais; R$ 101,00-R$ 240,00; R$ 0,00-R$

100,00); posse de automóvel (possui, não possui); e tipo de serviço odontológico

utilizado (privado, público).

As variáveis de predisposição (grupo 3) foram: escolaridade em

anos de estudo (≥9 anos, 5-8 anos, ≤4 anos); acesso a informações sobre como

evitar problemas bucais (recebeu informações, não recebeu informações); ida ao

dentista alguma vez na vida (sim, não); uso de serviços odontológicos (usou há

menos de um ano, usou há mais de um ano, nunca usou); motivo da consulta

odontológica (dicotomizado em: rotina/preventivo e tratamento/curativo);

autopercepção da saúde bucal; autopercepção da aparência de dentes e gengivas;

autopercepção da mastigação; e, autopercepção da fala (dicotomizadas em

ótima/boa e regular/ruim/péssima); autopercepção da influência da saúde bucal no

relacionamento com outras pessoas (não afeta, afeta); relato de dor de dentes e

gengivas nos últimos seis meses (não, sim).

As variáveis de condições clínicas (necessidades normativas) de

saúde bucal (grupo 4) foram: índice CPO-D, distribuído em três categorias (valor

entre 0-9, 10-26, 27-32); edentulismo (dentado, edentado); uso de prótese

independente do tipo (não usa, usa em pelo menos uma arcada); necessidade de

tratamento por cárie (não necessita, necessita em pelo menos um dente);

necessidade de prótese independente do tipo (não necessita, necessita em pelo

37

menos uma arcada dentária).

Inicialmente foi feita a descrição das variáveis e sua distribuição

dentro de cada grupo do modelo proposto por Gift, Atchison e Drury (1998), a fim de

caracterizar a população e possibilitar as análises posteriores. A seguir, foi realizada

uma análise bivariada em cada um dos quatro grupos de variáveis. A magnitude das

associações entre a variável dependente e as independentes foi estimada pela razão

de prevalências, com nível de significância de 5% e respectivos intervalos de

confiança de 95% (IC 95%). As razões de prevalências foram obtidas através da

regressão de Poisson, com estimação de variância robusta.

Apenas as variáveis que apresentaram valor de p < 0,20 na análise

bivariada foram incluídas nas análises múltiplas que se seguiram. Primeiro as

variáveis do grupo 1 foram ajustadas entre si. Dentre elas, as que obtiveram valor de

p ≤ 0,05 foram retidas para serem utilizadas no modelo intermediário subsequente.

Em seguida, as variáveis do grupo 2 foram ajustadas entre si e pelas variáveis do

grupo 1 que haviam sido retidas. Da mesma forma foi feito com os demais grupos de

variáveis. Por último, foi construído um modelo final único, somente com os fatores

retidos nos modelos intermediários.

RESULTADOS

Do total de participantes (139) que responderam à entrevista, 1,4%

(2) não realizaram os exames bucais. Considerando-se a amostra global, 76,2% dos

entrevistados declararam necessitar de tratamento odontológico. Na estratificação

por grupos etários, estas porcentagens foram de 85,5%, 84,5% e 38,5%,

respectivamente, para os grupos de adolescentes, adultos e idosos.

Entre as variáveis do grupo 1, foram encontrados 39,6% de

adolescentes, 41,7% de adultos e 18,7% de idosos. Predominaram o gênero

feminino (59,7% de todos os indivíduos); os que se declararam brancos (56,1%); e

residentes na zona rural do município (84,9%). No grupo 2, verificou-se que 65,5%

das famílias viviam com renda de até R$ 240,00; 87,8% não possuíam automóvel; e

75,4% utilizavam serviço odontológico público.

Quanto às variáveis do grupo 3, 43,9% apresentaram baixa

escolaridade; 73,4% relataram não ter recebido informações sobre como evitar

problemas bucais; 90,6% já haviam visitado o dentista; somente 32,4% haviam

38

utilizado serviços odontológicos há menos de um ano; e os motivos mais citados

para a última consulta foram realização de tratamento/procedimentos curativos

(85,7%). A autopercepção da saúde bucal e autopercepção da aparência de dentes

e gengivas foram consideradas regular/ruim/péssima por 52,5% e 53,2% das

pessoas, respectivamente. Já a autopercepção da mastigação e a autopercepção da

fala foram consideradas ótima/boa por 64% e 74,8% dos entrevistados,

respectivamente. Aproximadamente ¼ da população estudada (24,5%) afirmaram ter

sentido dor nos dentes e/ou gengivas nos seis meses anteriores ao inquérito; e

82,7% disseram que a saúde bucal não tinha influência sobre os relacionamentos

sociais.

No grupo 4, observou-se que o valor do índice CPO-D situou-se

entre 27 e 32 em 30,7% dos examinados. Os dados revelaram ainda que 21,2%

eram edentados; 31,4% usavam prótese, independente do tipo, em pelo menos uma

arcada; 74,1% dos não edêntulos necessitavam de tratamento restaurador por cárie

em pelo menos um dente; e 59,9% necessitavam de prótese, independente do tipo,

em pelo menos uma arcada.

A tabela 1 mostra os resultados da análise bivariada com razões de

prevalências brutas. Segundo esta análise, foram estatisticamente associadas à

maior autopercepção da necessidade de tratamento odontológico, as variáveis renda

familiar até R$ 100,00 e a autopercepção da saúde bucal como

regular/ruim/péssima. Já as variáveis grupo etário de 65 a 74 anos; escolaridade ≤ 4

anos; falta de acesso a informações sobre como evitar problemas bucais; uso dos

serviços odontológicos há mais de um ano; última consulta por motivo curativo;

índice CPO-D entre 27 e 32; presença de edentulismo; e uso de prótese, foram

estatisticamente associadas à menor autopercepção da necessidade de tratamento

odontológico.

Tabela 1 – Análise bivariada dos fatores associados à autopercepção da necessidade de tratamento odontológico entre a população adolescente, adulta e idosa de Limoeiro do Norte – CE, segundo variáveis demográficas, de disponibilidade de recursos, de predisposição e de condições de saúde bucal.

Considera que necessita de tratamento Variáveis

SIM

n %

RP IC 95% Valor de p

Demográficas (Grupo 1)

39

Grupo etário 15 a 19 anos 47 44,3 1,00 35 a 44 anos 49 46,2 0,98 0,84-1,15 0,885 65 a 74 anos 10 9,4 0,45 0,27-0,74 0,002

Gênero Masculino 45 42,5 1,00 Feminino 61 57,5 0,91 0,76-1,09 0,339

Grupo étnico Branco 59 55,7 1,00 Não branco 47 44,3 1,01 0,84-1,22 0,846

Localização da residência Rural 88 83,0 1,00 Urbana 18 17,0 0,87 0,71-1,06 0,181

Disponibilidade de recursos (Grupo 2) Renda familiar

241,00 ou mais 31 29,2 1,00 101,00 a 240,00 39 36,8 1,23 0,95-1,58 0,105 0,00 a 100,00 36 34,0 1,32 1,04-1,69 0,023

Posse de automóvel Possui 11 10,4 1,00 Não possui 95 89,6 1,20 0,83-1,73 0,318

Tipo de serviço odontológico utilizado Privado 20 20,6 1,00 Público 77 79,4 1,25 0,95-1,66 0,108

Predisposição (Grupo 3) Escolaridade

≥ 9 36 34,0 1,00 5 a 8 32 30,2 0,84 0,71-1,00 0,054 ≤ 4 38 35,8 0,65 0,53-0,81 < 0,001

Acesso a informações sobre como evitar problemas bucais

Recebeu informações 35 33,0 1,00 Não recebeu informações 71 67,0 0,73 0,63-0,85 < 0,001

Ida ao dentista alguma vez na vida Sim 99 93,4 1,00 Não 7 6,6 0,68 0,41-1,14 0,148

Uso de serviços odontológicos Usou há menos de 1 ano 39 36,8 1,00 Usou há mais de 1 ano 67 63,2 0,82 0,69-0,98 0,026

Motivo da consulta Rotina/preventivo 18 18,6 1,00 Tratamento/curativo 79 81,4 0,73 0,65-0,82 < 0,001

Autopercepção da saúde bucal Ótima/boa 44 41,5 1,00 Regular/ruim/péssima 62 58,5 1,27 1,04-1,55 0,015

Autopercepção da aparência de dentes e gengivas

Ótima/boa 46 43,4 1,00 Regular/ruim/péssima 60 56,6 1,14 0,94-1,38 0,163

Autopercepção da mastigação Ótima/boa 69 65,1 1,00 Regular/ruim/péssima 37 34,9 0,95 0,78-1,16 0,646

Autopercepção da fala Ótima/boa 81 76,4 1,00 Regular/ruim/péssima 25 23,6 0,91 0,72-1,15 0,467

Autopercepção da influência da saúde bucal no relacionamento com outros

Não afeta relacionamento 86 81,1 1,00 Afeta relacionamento 20 18,9 1,11 0,90-1,37 0,308

Relato de dor nos dentes/gengivas nos

40

últimos 6 meses Não 78 73,6 1,00 Sim 28 26,4 1,10 0,91-1,34 0,293

Condições de saúde bucal (Grupo 4) Índice CPO-D

0 a 9 40 38,5 1,00 10 a 26 43 41,3 1,09 0,94-1,28 0,234 27 a 32 21 20,2 0,60 0,43-0,83 0,002

Edentulismo Dentado 94 90,4 1,00 Edentado 10 9,6 0,39 0,23-0,65 < 0,001

Uso de prótese independente do tipo Não usa 77 74,0 1,00 Usa em pelo menos 1 arcada 27 26,0 0,76 0,59-0,98 0,036

Necessidade de tratamento restaurador por cárie*

Não necessita 23 24,5 1,00 Necessita em pelo menos 1 dente 71 75,5 1,08 0,89-1,30 0,424

Necessidade de prótese independente do tipo

Não necessita 38 36,5 1,00 Necessita em pelo menos 1 arcada 66 63,5 1,16 0,94-1,43 0,147

*excluindo edêntulos

Na análise multivariada, utilizou-se a regressão de Poisson, com as

razões de prevalências ajustadas (Tabela 2). Os modelos intermediários foram

suprimidos devido à sua extensão. Nenhuma variável do grupo de disponibilidade de

recursos ficou retida no modelo final único. A autopercepção da saúde bucal como

regular/ruim/péssima permaneceu estatisticamente associada à maior

autopercepção da necessidade de tratamento odontológico (RP=1,27; IC 95%: 1,06-

1,34). A necessidade de tratamento odontológico autopercebida mostrou-se menor,

ao fim desta análise, entre os indivíduos do grupo etário de 65 a 74 anos (RP=0,45;

IC 95%: 0,27-0,75), entre aqueles que não haviam recebido informações sobre como

evitar problemas bucais (RP=0,80; IC 95%: 0,67-0,96), e entre os edentados

(RP=0,53; IC 95%: 0,29-0,98).

Tabela 2 – Análise multivariada dos fatores associados à autopercepção da necessidade de tratamento odontológico entre a população adolescente, adulta e idosa de Limoeiro do Norte – CE.

Variáveis

RP ajustada IC 95% Valor de p

Demográficas (Grupo 1) Grupo etário

15 a 19 anos 1,00 35 a 44 anos 0,99 (0,81-1,20) 0,923 65 a 74 anos 0,45 (0,27-0,75) 0,002

Predisposição (Grupo 3)

41

Acesso a informações sobre como evitar problemas bucais

Recebeu informações 1,00 Não recebeu informações 0,80 (0,67-0,96) 0,016

Autopercepção da saúde bucal Ótima/boa 1,00 Regular/ruim/péssima 1,27 (1,06-1,34) 0,010

Condições de saúde bucal (Grupo 4) Edentulismo

Dentado 1,00 Edentado 0,53 (0,29-0,98) 0,044

DISCUSSÃO

Os levantamentos epidemiológicos SB Brasil 2003 e SB Brasil 2010

abordaram questões sobre autopercepção da saúde bucal, incluindo a

autopercepção da necessidade de tratamento odontológico (BRASIL, 2004, 2011).

Poucos são os trabalhos propostos por gestores de municípios brasileiros de

pequeno porte, que tenham analisado a necessidade de tratamento odontológico

autopercebida da população. No presente estudo, segundo modelo proposto por

Gift, Atchison e Drury (1998) e modificado por Martins, Barreto e Pordeus (2008),

foram identificados os fatores demográficos, de disponibilidade de recursos, de

predisposição e de condição bucal, associados à autopercepção da necessidade de

tratamento de uma amostra composta por adolescentes, adultos e idosos de

Limoeiro do Norte, município do interior nordestino.

No município, foram verificadas altas porcentagens de adolescentes

(85,5%) e adultos (84,5%) que autoreferiram necessitar de tratamento odontológico.

Estas foram superiores às reportadas no SB Brasil 2010 (BRASIL, 2011) para o país

como um todo (65,1% e 75,2%, respectivamente) e para a região nordeste (72,6% e

79,0%, respectivamente). Esses números refletem as precárias condições de saúde

bucal observadas na população de Limoeiro do Norte e vão de encontro às

informações reveladas pelo SB Brasil 2003 (BRASIL, 2004) e pelo SB Brasil 2010

(BRASIL, 2011) de que condições de saúde bucal mais desfavoráveis são

registradas nos municípios com populações menores. Por outro lado, a baixa

percentagem de idosos que percebiam necessitar de tratamento (38,5%) foi inferior,

ainda, aos valores encontrados para o Brasil (46,6%) e para o nordeste (49,4%)

(BRASIL, 2011).

Vale destacar que entre os fatores demográficos analisados, apenas

42

o grupo etário associou-se à variável dependente, tendo permanecido até o modelo

final. A menor percepção da necessidade de tratamento no grupo dos idosos (65 a

74 anos) pode estar relacionada a uma certa acomodação por parte dos mesmos

com as condições precárias da dentição ou mesmo com o edentulismo, e à falsa

idéia de que perder os dentes é um processo natural que faz parte de outro, que é

envelhecer (MARTINS; BARRETO; PORDEUS, 2009). Além do mais, há que se

considerar a influência do modelo assistencial brasileiro, centrado em práticas

curativas, mutiladoras e excludentes em relação a adultos e idosos (MOREIRA et al.,

2005).

Quanto às variáveis de disponibilidade de recursos, na presente

investigação, a menor renda familiar apareceu como um fator associado à maior

autopercepção da necessidade de tratamento na análise bivariada, porém não se

manteve na análise multivariada. Condições socioeconômicas podem ter influência

no uso dos serviços odontológicos, e no acesso a estes serviços e a informações

preventivas para promoção de comportamentos e atitudes favoráveis (PATTUSSI et

al., 2010). As condições adversas deste grupo populacional podem ter contribuído

para a falta de acesso e para a instalação de condições clínicas precárias, que

posteriormente, se traduziram em maior percepção da necessidade de tratamento.

No grupo de variáveis de predisposição, também foram encontradas

algumas associações com a autopercepção da necessidade de tratamento

odontológico na análise bivariada que não se mantiveram na multivariada. A menor

necessidade subjetiva foi reportada por indivíduos de menor escolaridade, que

afirmaram nunca ter ido ao dentista e, entre aqueles, que procuraram o dentista por

razões curativas. Na literatura foram encontrados resultados controversos de

estudos relacionando a autopercepção da necessidade de tratamento e o uso de

serviço odontológico: Chisick, Poindexter e York (1997), observaram maior

autopercepção entre indivíduos que usaram os serviços de odontologia; por outro

lado, Atchison e Dubin (2003), observaram maior autopercepção entre aqueles que

não usaram estes serviços. Martins, Barreto e Pordeus (2008), também encontraram

associação entre uso de serviços e motivo da visita apenas na análise bivariada,

porém, diferente do que foi observado neste estudo, naquele, as mesmas variáveis

se associaram à maior autopercepção da necessidade de tratamento.

Duas variáveis de predisposição mantiveram associações

significativas na análise multivariada até o modelo final. A primeira foi o acesso a

43

informações sobre como evitar problemas bucais. A percepção da necessidade de

tratamento foi menor entre aqueles que não receberam estas informações. Isso

aponta para a grande importância da educação em saúde na formação do conceito

individual de necessidade de tratamento odontológico e pode explicar a variabilidade

dos resultados nos diferentes levantamentos, mesmo para condições objetivas

semelhantes de saúde bucal. O mesmo resultado foi encontrado em estudo prévio

(MARTINS; BARRETO; PORDEUS, 2008). Para Gift, Atchison e Drury (1998) a

autopercepção é, hipoteticamente, determinada pelas orientações recebidas nos

serviços de saúde. Esta hipótese ainda carece de mais estudos, pois até agora as

pesquisas que tratam deste tipo de associação são bastante escassas.

A segunda variável de predisposição que apresentou associação

significativa com a autopercepção da necessidade de tratamento, na análise

multivariada, foi a autopercepção da condição de saúde bucal. A necessidade

subjetiva foi maior entre aqueles que declararam ter uma condição de saúde bucal

regular/ruim/péssima. Resultados semelhantes foram obtidos em trabalhos nacionais

(MARTINS; BARRETO; PORDEUS, 2008; MOREIRA; NICO; SOUSA, 2009) e

internacionais (EKANAYAKE; PERERA, 2005; GIFT; ATCHISON; DRURY, 1998;

HEFT et al., 2003). Não foram encontradas associações significativas com a

autopercepção da aparência de dentes e gengivas, e da mastigação; nem com o

relato de dor nos dentes ou gengivas nos meses anteriores ao inquérito. Esta

ausência de associação se opõe a resultados de publicações anteriores

(EKANAYAKE; PERERA, 2005; HEFT et al., 2003; MOREIRA; NICO; SOUSA,

2009).

Analisando-se as variáveis de condições de saúde bucal, na amostra

estudada, a necessidade de tratamento restaurador e de prótese não se associou à

necessidade de tratamento autopercebida, por outro lado, a presença de

edentulismo associou-se à menor autopercepção desta necessidade. A discrepância

entre as necessidades subjetivas de tratamento e as necessidades normativas

encontradas nos exames bucais foi evidenciada em outros estudos (GILBERT;

BRANCH; LONGMATE, 1993; GILBERT et al., 1994; MARTINS; BARRETO;

PORDEUS, 2008). Foram expressas também nos resultados do SB Brasil 2010 que

mostraram que: no grupo etário de 15 a 19 anos, somente 23,9% estavam livres de

cárie; no grupo etário de 35 a 44 anos, o CPO-D foi de 16,75 (com 7,4 para o

componente perdido), somente 0,9% estava livre de cárie, e apenas 31,2% não

44

necessitavam de prótese; no grupo etário de 65 a 74 anos, encontrou-se um CPO-D

de 27,5 (com 25,2 para o valor do componente perdido), somente 0,2% estava livre

de cárie, e apenas 7,3% não necessitavam de prótese. Contrastando com estes

dados, a necessidade autopercebida foi reportada por 65,1% dos adolescentes e

46,6% dos idosos (BRASIL, 2011).

Apesar do tamanho da amostra ter sido consideravelmente reduzido,

a robustez da regressão de Poisson no modelo estatístico hierárquico mostrou

resultados consistentes e semelhantes àqueles encontrados na literatura. Faz-se

importante lembrar o caráter transversal deste estudo, que como tal, traz limitações

próprias deste tipo de investigação. Sugere-se que outros levantamentos, seguidos

de análise de dados cuidadosa, sejam feitos com a intenção de estabelecer uma

perspectiva longitudinal.

CONCLUSÃO

Os resultados obtidos apontam para a importância da condição de

saúde bucal autopercebida e do acesso a informações sobre prevenção de

problemas bucais para a formação do conceito individual de necessidade de

tratamento odontológico. Mostram ainda a necessidade de uma atenção maior aos

idosos, tendo em vista que esse grupo etário, juntamente aos edêntulos (em sua

maioria idosos), apresentou um quadro de baixa autopercepção da necessidade de

tratamento, o que pode levar, entre outras coisas, a uma menor procura por serviços

odontológicos. Este trabalho poderá fornecer aos gestores de saúde, principalmente

aos de municípios de pequeno porte, fundamentação científica consistente para

desenvolver projetos de educação e intervenção em saúde bucal que levem em

consideração os critérios subjetivos aqui estudados.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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46

MARTINS, A. M. E. B. L.; BARRETO, S. M.; PORDEUS, I. A. Fatores relacionados à autopercepção da necessidade de tratamento odontológico entre idosos. Rev. Saúde Públ., São Paulo, v. 42, n.3, p. 487-496, jun. 2008. MARTINS, A. M. E. B. L.; BARRETO, S. M.; PORDEUS, I. A. Auto-avaliação de saúde bucal em idosos: análise com base em modelo multidimensional. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n.2, p.421-435, fev. 2009. MOREIRA, R. S. et al. A saúde bucal do idoso brasileiro: revisão sistemática sobre o quadro epidemiológico e acesso aos serviços de saúde bucal. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 6, p. 1665-1675, nov./dez. 2005. MOREIRA, R. S.; NICO, L. S.; SOUSA, M. L. R. Fatores associados à necessidade subjetiva de tratamento odontológico em idosos brasileiros. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 25, n. 12, p. 2661-2671, dez. 2009. PATTUSSI, M. P. et al. Self-rated oral health and associated factors in Brazilian elders. Community Dent. Oral Epidemiol., Copenhagen, v. 38, n. 4, p. 348–359, Aug. 2010. SILVA, D. D.; SOUSA, M. L. R.; WADA, R. S. Autopercepção e condições de saúde bucal em uma população de idosos. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 21, n. 4, p. 1251-1259, jul./ago. 2005. SILVA, N. N. Amostragem probabilística. São Paulo: EDUSP, 1998. WEYANT, R. J. et al. Factors associated with parents’ and adolescents’ perceptions of oral health and need for dental treatment. Community Dent. Oral Epidemiol., Copenhagen, v. 35, n. 5, p. 321–330, Oct. 2007. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Oral health surveys: basic methods. 4. ed. Geneva: WHO, 1997.

47

3.2 ARTIGO 2

RELAÇÃO ENTRE CÁRIE DENTÁRIA, EDENTULISMO E AUTOPERCEPÇÃO DE

SAÚDE BUCAL EM ADOLESCENTES, ADULTOS E IDOSOS DE LIMOEIRO DO

NORTE, CEARÁ, BRASIL.

RESUMO O objetivo deste estudo foi descrever a experiência e severidade da cárie dentária, a prevalência de edentulismo e a autopercepção da saúde bucal na população adolescente, adulta e idosa de um município de pequeno porte da região nordeste do Brasil. Adicionalmente, investigou-se a relação entre a autopercepção da saúde bucal e o índice CPO-D em adolescentes; o componente “C” do CPO-D em adultos; e o edentulismo em adultos e idosos. Compuseram a amostra 139 indivíduos, entre adolescentes (55), adultos (58) e idosos (26). As informações analisadas foram coletadas através de exames bucais e da aplicação de um questionário que abordava, entre outros aspectos, a autopercepção da saúde bucal. A metodologia utilizada para coleta dos dados atendeu às recomendações do Manual de Instruções para Levantamento Epidemiológico Básico em Saúde Bucal da OMS. Na análise dos dados, foram utilizados os testes de Kruskal Wallis, Mann Whitney e Exato de Fischer, com um nível de significância fixado em 5%. O índice CPO-D foi de 6,57 (DP 4,17) entre os adolescentes, 22,76 (DP 7,63) entre os adultos e 30,96 (DP 2,82) entre os idosos. Os resultados encontrados para a autopercepção da aparência de dentes e gengivas, da mastigação e da fala, apresentaram associações estatisticamente significativas com os grupos etários em estudo. Foram observadas, ainda associações significativas de diversas variáveis de autopercepção da saúde bucal, com o CPO-D dos adolescentes; com o componente “C” do CPO-D dos adultos; e com edentulismo em adultos e idosos. Ficou evidenciada a discrepância entre a autopercepção da saúde bucal e as condições clínicas encontradas, principalmente no grupo dos idosos. Os resultados encontrados sugerem a necessidade do estabelecimento de políticas locais de saúde bucal voltadas para a promoção da saúde, focadas na prevenção da cárie dentária e do edentulismo. Palavras – chave: Cárie dentária, perda de dente, autopercepção, adolescente, adulto, idoso.

48

RELATIONSHIP BETWEEN DENTAL CARIES, EDENTULISM AND SELF-

PERCEPTION OF ORAL HEALTH IN ADOLESCENTS, ADULTS AND ELDERLY OF

LIMOEIRO DO NORTE, CEARÁ, BRAZIL.

ABSTRACT The objective of this study was to describe the experience and severity of dental caries, the prevalence of edentulism and the self-perception of oral health in adolescents, adults and elderly residents of a small city in the interior of northeastern Brazil. Additionally, the relationship between self-perceived oral health and the DMFT index in adolescents, the component "C" of the DMFT in adults, and edentulism in adults and elderly were investigated. The sample comprised 139 individuals, among adolescents (55), adults (58) and elderly (26). The information analyzed was collected through oral examinations and the application of a questionnaire that addressed, among other things, self-perceived oral health. The methodology used for data collection met the recommendations of the Instruction Manual for Basic Epidemiological Survey of Oral Health of the WHO. For data analysis, the Kruskal Wallis, Mann Whitney and Fisher's exact tests were used, with a significance level set at 5%. The DMFT index was 6.57 (SD 4.17) among adolescents, 22.76 (SD 7.63) for adults and 30.96 (SD 2.82) among the elderly. The results for self-perceived appearance of teeth and gums, chewing and speech, had statistically significant associations with the age groups studied. Other significant associations of different variables of self-perceived oral health with the DMFT of adolescents, with the component "C" of the DMFT of adults, and with tooth loss in adults and elderly, were observed. The discrepancy between self-perceived oral health and clinical conditions, especially in the elderly group, was evidenced. The results suggest the need for the establishment of local health policies aimed at promoting oral health, focused on preventing dental caries and tooth loss. Keywords: dental caries, tooth loss, self-perception, adolescent, adult, elderly.

49

INTRODUÇÃO

Levantamentos epidemiológicos são necessários tanto para o

conhecimento da prevalência das doenças, como para estimar as necessidades de

tratamento. A partir dos dados coletados pode-se planejar, executar e avaliar ações

de intervenção, controlar a eficácia geral dos serviços, além de permitir

comparações em diferentes períodos de tempo e áreas geográficas (PINTO, 1996).

No Brasil o primeiro levantamento de saúde bucal de base nacional foi realizado

somente em 1986, pelo Ministério da Saúde (RONCALLI, 2006).

Infelizmente, grande parte dos levantamentos epidemiológicos

baseia-se exclusivamente em medidas clínicas obtidas através de índices, e levando

em conta apenas o ponto de vista do examinador. Para um correto diagnóstico das

condições de saúde bucal de uma população faz-se necessário compreender

também as medidas subjetivas relacionadas com o processo saúde-doença. Um

aspecto importante entre as medidas subjetivas, é o da autopercepção, onde o

próprio indivíduo tem consolidadas, informações construídas a partir de experiências

individuais relacionadas à saúde geral e bucal. No Brasil, os municípios e seus

serviços de atenção/assistência à saúde bucal carecem de estudos que forneçam

dados consistentes para subsidiar o planejamento e o desenvolvimento de suas

ações, principalmente dados sobre as condições bucais autopercebidas.

Segundo o Ministério da Saúde, a maioria dos estudos que avaliam

mudanças no estado de saúde bucal de indivíduos e populações tem sido baseada

em indicadores clínicos da doença, existindo poucas avaliações sobre saúde e bem-

estar a partir da percepção do indivíduo (BRASIL, 2004).

Entre as informações coletadas em 2002/2003 sobre as condições

de saúde bucal da população (BRASIL, 2004), incluiu-se pela primeira vez questões

sobre autopercepção nos grupos etários de 15 a 19, 35 a 44 e 65 a 74 anos de

idade. Os resultados apontaram que em média, 44,7% dos jovens, 59,2% dos

adultos e 43,6% dos idosos do país, julgavam insatisfatória a própria saúde bucal.

Ao mesmo tempo 39,6%, 56,6% e 45,6% de jovens, adultos e idosos,

respectivamente, não estavam satisfeitos com a aparência de seus dentes e

gengivas.

Para a compreensão da auto-avaliação da saúde bucal devem ser

levados em consideração fatores sociais, clínicos e subjetivos (PATTUSSI et al.,

50

2010). É muito freqüente a presença de discrepâncias entre as condições bucais

encontradas nos exames epidemiológicos e a autopercepção relatada pelo

examinado quando da entrevista ou questionário. Martins, Barreto e Pordeus (2009)

desenvolveram um trabalho sobre a auto-avaliação da condição de saúde bucal dos

idosos brasileiros, e observaram que apesar das precárias condições bucais, a

maioria fez uma auto-avaliação positiva da sua saúde bucal.

Bandéca et al. (2011) relataram situação semelhante em um

trabalho com adultos onde, apesar dos exames clínicos terem revelado uma alta

experiência de cárie (CPO-D = 18,9), a condição de saúde bucal foi considerada

normal por 42% dos entrevistados, mostrando que os indicadores clínicos tinham

pouca influência na autopercepção.

O objetivo deste estudo foi avaliar a experiência e severidade da

cárie dentária, a autopercepção da saúde bucal, e o edentulismo na população

adolescente, adulta e idosa do município de Limoeiro do Norte, Ceará.

MATERIAIS E MÉTODOS

Trata-se de um estudo transversal que teve como referência

geográfica o município de Limoeiro do Norte, situado no estado do Ceará, Brasil,

cuja população estimada, por ocasião da pesquisa, era de 54.582 habitantes (IBGE,

2005), inseridos nos distintos estratos sociais e sem acesso à fluoretação da água

de abastecimento público.

Foi utilizada a base de dados do levantamento epidemiológico sobre

as condições de saúde bucal da população de Limoeiro do Norte, CE, promovido

pela Secretaria Estadual de Saúde do Ceará, em parceria com a Secretaria

Municipal de Saúde. Este utilizou a mesma metodologia do levantamento

epidemiológico Condições de Saúde Bucal da População Brasileira 2002-2003 - SB

Brasil 2003 (BRASIL, 2004), que por sua vez atendeu às recomendações do Manual

de Instruções para Levantamentos Epidemiológicos Básicos em Saúde Bucal da

OMS (WHO, 1997). Preliminarmente, obteve-se a autorização para utilização dos

dados, junto à secretaria de saúde de Limoeiro do Norte e a aprovação do projeto de

pesquisa pelo Comitê Permanente de Ética em Pesquisa da Universidade Norte do

Paraná – UNOPAR (Pt/0268/2010).

A amostra do referido inquérito foi constituída por 139 indivíduos

51

pertencentes aos grupos etários de 15 a 19 anos (n=55), 35 a 44 anos (n=58) e 65 a

74 anos (n=26), e foi representativa para o porte do município, de acordo com a

metodologia utilizada (SILVA, 1998). Os exames dos participantes foram realizados

sob iluminação natural, nos respectivos domicílios, por cirurgiões-dentistas locais.

Houve uma calibração prévia, utilizando-se a concordância kappa, sendo 97,5% o

mínimo aceitável intra-examinador, e 90%, interexaminador. Todos os examinados

ou seus responsáveis legais assinaram termo de consentimento livre e esclarecido.

Além da ficha de exame utilizada para coletar os dados durante os

exames bucais, foi aplicada uma entrevista para se obter informações sobre a

caracterização socioeconômica; acesso a serviços odontológicos e autopercepção

da saúde bucal de cada indivíduo dos grupos etários mencionados.

Os dados secundários para análise foram obtidos por meio do

programa Visual Fox Pro versão 5.0, convertidos para o programa Excel e

posteriormente exportados para o programa estatístico Statistical Package for Social

Science – SPSS, versão 15.0, com o qual os dados foram analisados.

Os dados coletados foram divididos em dois grupos: o de variáveis

que descreveram as condições clínicas e o de variáveis que mostraram a

autopercepção da saúde bucal. No primeiro grupo de variáveis, estiveram o índice

CPO-D e seus componentes, em especial o componente “C” do CPO-D; e o

edentulismo. Para os adolescentes, foi usada como variável clínica, o CPO-D. Para

os adultos, utilizou-se o componente “C” do CPO-D e o edentulismo. Já para os

idosos, a variável foi apenas o de edentulismo. No segundo grupo de variáveis,

estiveram aquelas relacionadas à autopercepção da saúde bucal (variáveis

subjetivas). Foram elas: autopercepção da saúde bucal, da aparência dos dentes e

gengivas, da mastigação, da fala; influência da saúde bucal nos relacionamentos

sociais e relato de dor nos dentes ou gengivas nos 6 meses anteriores ao inquérito.

Ao ser perguntado sobre estas condições de autopercepção, o entrevistado poderia

responder entre ótima, boa, regular, ruim ou péssima. Neste trabalho as respostas

foram agrupadas em autopercepção positiva (ótima, boa) ou negativa (regular, ruim,

péssima).

Inicialmente foi feita a descrição das variáveis e sua distribuição

dentro de cada grupo etário. A seguir, cada variável foi analisada dentro do

respectivo grupo etário, quanto à sua associação com os fatores de autopercepção

da saúde bucal. Os testes de Kruskal Wallis, Mann Whitney e Exato de Fischer

52

foram utilizados para verificar associações entre as variáveis, com um nível de

significância fixado em 5%.

RESULTADOS

Participaram desta pesquisa, 139 pessoas. Todas responderam ao

instrumento utilizado para a aplicação da entrevista. O total de exames realizados foi

de 137, pois 2 pessoas encontravam-se, no banco de dados, assinaladas com o

código 9 (exame não realizado por outras razões).

A tabela 1 apresenta a distribuição do índice CPO-D e seus

componentes entre os adolescentes, adultos e idosos. O CPO-D encontrado foi de

6,57 (DP 4,17) entre os adolescentes, 22,76 (DP 7,63) entre os adultos e 30,96 (DP

2,82) entre os idosos. O componente cariado predominou entre os adolescentes

(3,52) (DP 3,55). Já entre os adultos e idosos, o maior responsável pelo CPO-D foi o

componente perdido, que atingiu 18,43 (DP 9,70) e 29,88 (DP 4,83),

respectivamente. O número de dentes permanentes hígidos foi de 22,72 (DP 3,99)

entre os adolescentes, 9,14 (DP 7,42) entre os adultos e 1,04 (DP 2,82) entre os

idosos. Foram encontrados em média 27,89 (DP 1,93) dentes permanentes

presentes na boca do grupo etário de 15 a 19 anos, 13,47 (DP 9,54) no grupo de 35

a 44 anos, e 2,12 (DP 4,83) no grupo de 65 a 74 anos.

Tabela 1 – Índice CPO-D e seus componentes, dentes presentes e dentes hígidos, em adolescentes, adultos e idosos de Limoeiro do Norte – CE.

Grupo etário 15 a 19 anos 35 a 44 anos 65 a 74 anos Variável

Média (DP) Média (DP) Média (DP) Dentes permanentes cariados (C) 3,52 (3,55) 2,88 (4,99) 1,08 (2,43)

Dentes permanentes perdidos por cárie (P) 1,41 (2,05) 18,43 (9,70) 29,88 (4,83)

Dentes permanentes obturados/restaurados (O) 1,65 (2,13) 1,45 (3,10) 0,00 (0,00)

Índice CPO-D calculado 6,57 (4,17) 22,76 (7,63) 30,96 (2,82)

Dentes permanentes hígidos 22,72 (3,99) 9,14 (7,42) 1,04 (2,82)

Dentes permanentes presentes na boca 27,89 (1,93) 13,47 (9,54) 2,12 (4,83)

Destacam-se na tabela 2, alguns dados que tiveram associações

significativas, como o predomínio da autopercepção negativa da aparência de

dentes e gengivas entre 69,0% dos adultos (p=0,007); e o aumento do percentual de

53

autoavaliações negativas da mastigação (p<0,001) e da fala (p=0,001),

concomitantemente ao aumento da idade. Embora apenas de forma descritiva,

outros dados revelaram ainda que a grande maioria de pessoas dos três grupos

etários disseram que a saúde bucal não afetava os relacionamentos sociais. A maior

parte dos entrevistados também informou não ter sentido dor nos dentes ou

gengivas nos 6 meses que antecederam o levantamento epidemiológico, com o

predomínio da autopercepção da saúde bucal negativa entre adolescentes e adultos

(50,9% e 58,6%, respectivamente), e positiva entre os idosos (57,7%).

Tabela 2 – Variáveis relacionadas à autopercepção da saúde bucal em adolescentes, adultos e idosos de Limoeiro do Norte – CE, segundo grupo etário.

Grupo etário 15 a 19 anos 35 a 44 anos 65 a 74 anos Variável Parâmetros

n % n % n % Valor de p

Positiva 27 49,1 24 41,4 15 57,7 Autopercepção da saúde bucal Negativa 28 50,9 34 58,6 11 42,3

0,369

Positiva 32 58,2 18 31,0 15 57,7 Autopercepção da aparência de dentes

e gengivas Negativa 23 41,8 40 69,0 11 42,3 0,007

Positiva 48 87,3 31 53,4 10 38,5 Autopercepção da mastigação Negativa 7 12,7 27 46,6 16 61,5

<0,001

Positiva 49 89,1 42 72,4 13 50,0 Autopercepção da fala Negativa 6 10,9 16 27,6 13 50,0

0,001

Não afeta 50 90,9 44 75,9 21 80,8 Autopercepção sobre a saúde bucal afetar

o relacionamento com outros Afeta 5 9,1 14 24,1 5 19,2

0,104

Não 37 67,3 45 77,6 23 88,5 Relato de dor nos dentes ou gengivas nos últimos 6 meses Sim 18 32,7 13 22,4 3 11,5

0,106

Positiva (ótima/boa); Negativa (regular/ruim/péssima) Teste Kruskal Wallis p<0,05

Foi encontrada associação estatisticamente significativa entre o

relato de dor nos dentes ou gengivas, e o índice CPO-D em adolescentes (p=0,028).

Indivíduos que disseram não ter sentido dor nos dentes ou gengivas nos 6 meses

anteriores ao levantamento, apresentaram CPO-D mais baixo (CPO-D 5,94 - DP

4,49) que os que disseram ter sentido dor (CPO-D 7,83 - DP 3,18) apresentaram

CPO-D mais alto. Outros dados podem ser vistos de forma descritiva. A maioria dos

adolescentes classificou como positiva a autopercepção da mastigação e da fala, e

54

respondeu que a saúde bucal não afetava seus relacionamentos (tabela 3).

Tabela 3 – Associações entre o índice CPO-D médio e a autopercepção da saúde bucal em adolescentes de Limoeiro do Norte – CE.

CPO-D Variável Parâmetros n % Média (DP) Valor de p

Positiva 26 48,1 5,50 (3,28) Autopercepção da saúde bucal

Negativa 28 51,9 7,57 (4,69) 0,112

Positiva 31 57,4 7,39 (4,38) Autopercepção da aparência de dentes e gengivas Negativa 23 42,6 5,48 (3,67)

0,068

Positiva 47 87,0 6,77 (4,26) Autopercepção da mastigação

Negativa 7 13,0 5,29 (3,45) 0,448

Positiva 48 88,9 6,58 (3,62) Autopercepção da fala

Negativa 6 11,1 6,50 (7,81) 0,249

Não afeta 49 90,7 6,61 (4,31) Autopercepção sobre a saúde bucal afetar o relacionamento com

outros Afeta 5 9,3 6,20 (2,68) 0,954

Não 36 66,5 5,94 (4,49) Relato de dor nos dentes ou gengivas nos últimos 6 meses Sim 18 33,5 7,83 (3,18)

0,028

Positiva (ótima/boa); Negativa (regular/ruim/péssima) Teste de Mann Whitney p<0,05

Observando-se a tabela 4, é possível perceber que a contribuição do

componente “C” para o CPO-D daqueles que avaliaram negativamente a

autopercepção da saúde bucal (p=0,007), da aparência de dentes e gengivas

(p=0,003), e da fala (p=0,046), foi bem maior do que a daqueles que avaliaram as

mesmas variáveis de forma positiva. Vê-se também que, autoperceber que a saúde

bucal afetava os relacionamentos, esteve associado a um percentual do

componente “C” maior do que aquele dos que disseram que a saúde bucal não

afetava os relacionamentos (p=0,008).

Tabela 4 – Associações entre o valor médio do componente “C” e a autopercepção da saúde bucal em adultos de Limoeiro do Norte – CE.

C Variável Parâmetros n % Média (DP) Valor de p

Positiva 24 41,4 1,29 (1,82) Autopercepção da saúde bucal

Negativa 34 58,6 4,00 (6,13) 0,007

55

Positiva 18 31,0 1,00 (1,71) Autopercepção da aparência de dentes e gengivas Negativa 40 69,0 3,73 (5,72)

0,003

Positiva 31 53,4 2,29 (2,55) Autopercepção da mastigação

Negativa 27 46,6 3,56 (6,80) 0,873

Positiva 42 72,4 1,71 (1,78) Autopercepção da fala

Negativa 16 27,6 5,94 (8,50) 0,046

Não afeta 44 75,9 1,81 (2,24) Autopercepção sobre a saúde bucal afetar o relacionamento com

outros Afeta 14 24,1 6,21 (8,42) 0,008

Não 45 77,6 2,58 (4,15) Relato de dor nos dentes ou gengivas nos últimos 6 meses Sim 13 22,4 3,92 (5,18)

0,227

Positiva (ótima/boa); Negativa (regular/ruim/péssima) Teste de Mann Whitney p<0,05

A tabela 5 mostra as associações entre a autopercepção da saúde

bucal e a presença de edentulismo no grupo formado por adultos e idosos juntos,

pois foi nesses dois grupos que se concentrou o problema da ausência de dentes. A

maior parte dos dentados autopercebeu a saúde bucal como negativa, enquanto a

maior parte dos edentados teve uma autopercepção positiva (p=0,038). O mesmo

ocorreu para a percepção pessoal da aparência dos dentes e gengivas (p=0,002).

Tanto dentados (70,4%), como edentados (89,7%) julgaram que a saúde bucal não

afetava o relacionamento com outras pessoas (p=0,048). Da mesma forma,

dentados (72,2%) e edentados (96,6%) disseram não ter sentido dor nos dentes ou

gengivas nos 6 meses que antecederam o levantamento epidemiológico (p=0,008).

Tabela 5 – Associações entre o edentulismo e a autopercepção da saúde bucal em adultos e idosos de Limoeiro do Norte – CE.

Dentados Edentados Variável Parâmetros n % n % Valor de p

Positiva 20 37,0 18 62,1 Autopercepção da saúde bucal

Negativa 34 63,0 11 37,9 0,038

Positiva 14 25,9 18 62,1 Autopercepção da aparência de dentes e gengivas Negativa 40 74,1 11 37,9

0,002

Positiva 24 44,4 16 55,2 Autopercepção da mastigação

Negativa 30 55,6 13 44,8 0,368

Autopercepção da fala Positiva 37 68,5 17 58,6 0,470

56

Negativa 17 31,5 12 41,4

Não afeta 38 70,4 26 89,7 Autopercepção sobre a saúde bucal afetar o relacionamento com

outros Afeta 16 29,6 3 10,3 0,048

Não 39 72,2 28 96,6 Relato de dor nos dentes ou gengivas nos últimos 6 meses Sim 15 27,8 1 3,4

0,008

Positiva (ótima/boa); Negativa (regular/ruim/péssima) Teste exato de Fisher p<0,05

DISCUSSÃO

Inicialmente, em uma análise do índice CPO-D e da autopercepção

da saúde bucal por grupo etário, faz-se importante situar alguns resultados desta

pesquisa no panorama encontrado nos dois últimos levantamentos nacionais de

saúde bucal.

Considerando o CPO-D e seus componentes, os resultados

encontrados na população estudada foram piores que a média nacional descrita pela

Pesquisa Nacional de Saúde Bucal 2010, o SB Brasil 2010. No levantamento

nacional, os valores do CPO-D para os grupos em questão foram: 15 a 19 anos,

4,25; 35 a 44 anos, 16,75 e 65 a 74 anos, 27,53. (BRASIL, 2011). Além disso, a

análise dos componentes que integram o CPO-D reforça a idéia de que a situação

no município de Limoeiro do Norte exige ações imediatas. Enquanto o componente

“C” dos adolescentes e adultos no SB Brasil 2010 foi de 1,52 para ambos, neste

estudo os valores foram de 3,52 e 2,88, respectivamente, com o agravante de que

entre os adultos foi encontrado um grande número de dentes perdidos (componente

“P” = 18,43, mais que o dobro dos 7,48 do SB Brasil 2010). Entre os idosos, a

análise dos componentes também se mostrou pior que a nacional. O componente

“P” foi de 29,88 (contra 25,29 em média para o país). Esses números corroboram

com conclusões dos dois últimos levantamentos epidemiológicos nacionais, que

relataram condições mais desfavoráveis em municípios com populações menores

(BRASIL, 2004, 2011).

Com relação à autopercepção, os resultados encontrados foram

semelhantes aos do SB Brasil 2003, onde 39,6%, 56,6% e 45,6% de adolescentes,

adultos e idosos, respectivamente, não estavam satisfeitos com a aparência de seus

dentes e gengivas. Na mesma ordem, 22,8%, 43,8% e 47,8% avaliaram

negativamente a mastigação; e 13,61%, 28,36 e 34,99% o fizeram para a fala

57

(BRASIL, 2004). Os resultados também foram semelhantes aos do SB Brasil 2010,

onde 20,7% e 6,2% dos adolescentes, 33,5% e 14,5% dos adultos, e 31,9% e 16,8%

dos idosos, relataram dificuldades para comer e falar, respectivamente (BRASIL,

2011). Especificamente no grupo de idosos, os dados de Limoeiro do Norte,

mostraram percentuais ainda maiores que os do SB Brasil 2010.

Na análise do grupo etário de 15 a 19 anos, 33,5% relataram dor nos

dentes ou gengivas nos 6 meses anteriores ao inquérito, percentual semelhante aos

35,6% encontrados por Borges et al. (2008). Ambos os trabalhos agruparam suas

respostas apenas em sim e não, quanto a ter sentido dor. Já Bastos et al. (2009)

quantificaram a dor, e observaram que entre 14 e 18% dos adolescentes brasileiros

de todas as regiões relataram ter tido pelo menos um episódio de dor moderada a

grave nos dentes ou gengivas também nos 6 meses que antecederam a entrevista.

O CPO-D médio apresentado na tabela 3 permite perceber que os adolescentes que

disseram não ter sentido dor, apresentaram menor experiência de cárie, da mesma

forma descrita por Gibilini et al. (2010). É possível que este fato esteja relacionado a

um maior acesso a informações sobre prevenção, o que levaria a melhores

condições de saúde bucal, e, em consequência, ao não surgimento de dor. Gift,

Atchison e Drury (1998) concluíram que a autopercepção é, teoricamente,

determinada pelas orientações recebidas nos serviços de saúde.

Alguns percentuais foram semelhantes aos encontrados na

literatura, porém para os mesmos, não houve associações significativas. Tais

associações poderiam ter ocorrido se o tamanho da amostra tivesse sido maior.

Pattussi et al. (2007) apresentaram percentual similar ao deste trabalho, para a auto-

avaliação negativa da aparência da boca (42,1%). Também em consonância com

este trabalho, 47,7% dos adolescentes brasileiros em 2003 tiveram uma

autopercepção negativa da saúde bucal (BRASIL, 2004); e em 2010, 45% deste

grupo etário estava satisfeito com relação aos seus dentes e boca (BRASIL, 2011).

Dentro do CPO-D encontrado para os adultos (22,76), a análise do

componente “C” torna-se importante para quantificar a presença de doença não

tratada. A média deste componente (2,88) pode, separadamente, chamar pouca

atenção diante de um CPO-D tão elevado. Porém se for vista em conjunto com o

componente “P” (18,43), é possível concluir que a doença cárie está em franca

progressão, levando rapidamente a uma diminuição do número de dentes cariados,

não por tratamento realizado, mas através do aumento do número de dentes

58

perdidos, contribuindo para um outro problema bucal, também abordado neste

trabalho: o edentulismo.

A mesma análise equivocada poderia ser feita com os dados do

grupo de 35 a 44 anos do SB Brasil 2010, onde o componente “C” foi de 1,52 diante

de um CPO-D de 16,75 (BRASIL, 2011). Entretanto o componente “P” perfez uma

média de 7,48 refletindo o mesmo raciocínio já desenvolvido.

Mesmo com um CPO-D tão alto, 41,4% dos adultos examinados

neste estudo autoperceberam a saúde bucal como positiva (ótima/boa). Situação

idêntica foi relatada por Bandéca et al. (2011), que descreveram em adultos da zona

urbana de uma cidade do sul do Brasil, um CPO-D de 18,9 e mesmo assim, 42%

dos adultos disseram considerar a própria saúde bucal como normal. Pattussi et al.

(2010) chegaram à conclusão de que para a compreensão da auto-avaliação da

saúde bucal devem ser levados em consideração fatores sociais, clínicos e

subjetivos.

Adultos com autopercepção negativa da saúde bucal, da aparência

de dentes e gengivas, e da fala apresentaram maior média do componente “C”,

mostrando que tal percepção realmente guarda relação estatisticamente significativa

com o número de dentes cariados. Também apresentaram uma média maior de

dentes cariados (quase 3,5 vezes maior que os demais), aqueles adultos que

relataram que a saúde bucal afetava os relacionamentos sociais.

Ao unir as amostras de adultos e idosos para o estudo das relações

entre autopercepção da saúde bucal e edentulismo, passou-se a trabalhar com os

dois grupos onde o edentulismo esteve presente, já que entre os adolescentes não

houve edêntulos.

Os resultados mostraram-se, a princípio, intrigantes. Entre os que

relataram autopercepção negativa da saúde bucal e da aparência de dentes e

gengivas, a maioria foi de dentados. Já entre os que relataram tais percepções como

positivas, a maioria foi de edentados. Esta elevada avaliação positiva por parte dos

edentados também foi encontrada nos estudos de Silva, Sousa e Wada (2005),

Matos e Lima-Costa (2006), Martins, Barreto e Pordeus (2009) e Gibilini et al. (2010).

Talvez este fato possa ser explicado pela má condição dos dentes remanescentes

nos dentados, e pela idéia equivocada que os edentados possam ter, de que a

perda dos dentes é um processo natural e inerente ao envelhecimento, não

significando uma situação negativa de saúde bucal.

59

Um percentual muito alto, tanto de dentados quanto de edentados,

informou não perceber seus relacionamentos sociais afetados pela saúde bucal. Da

mesma forma, para a variável que tratava do relato de dor nos dentes ou gengivas,

tanto dentados quanto edentados responderam, em sua grande maioria, não ter

sentido dor nos 6 meses que antecederam o levantamento. O que seria um dado

totalmente positivo, deve ser avaliado de forma mais cuidadosa, e dúvidas podem

ser levantadas. Numa análise um pouco mais cuidadosa, os 72,2% de dentados e os

96,6% de edentados que não relataram dor, podem não tê-lo feito, não pela ótima

condição de saúde bucal que apresentavam, mas pelo grande número de dentes

perdidos. Esta análise se justificaria com base no componente perdido do CPO-D de

ambos os grupos etários, 18,43 para os adultos e 29,88 para os idosos.

CONCLUSÃO

A partir dos resultados obtidos neste trabalho, pode-se concluir que

há uma grande necessidade de desenvolvimento de programas de educação em

saúde, e também de melhorias na rede de atenção/assitência odontológica. Essas

ações poderiam reduzir a incidência de cárie nas gerações futuras, aumentar o

percentual do componente restaurado naquelas pessoas com lesões de cárie já

instaladas, diminuindo o componente cariado do CPO-D e, diminuindo também, por

consequência, o componente perdido. Tais programas poderiam ainda ser de

grande importância para que a população viesse a ter uma percepção da saúde

bucal mais próxima da que realmente está presente, contribuindo para a

manutenção da mesma, e favorecendo a busca por serviços odontológicos de uma

forma mais racional e menos mutiladora.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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60

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61

WORLD HEALTH ORGANIZATION. Oral health surveys: basic methods. 4. ed. Geneva: WHO, 1997.

62

4 CONCLUSÕES

Os resultados obtidos apontam para a importância da condição de

saúde bucal autopercebida e do acesso a informações sobre prevenção de

problemas bucais, para a formação do conceito individual de necessidade de

tratamento odontológico. Mostram ainda a necessidade de uma atenção maior aos

idosos, tendo em vista que esse grupo etário, juntamente aos edêntulos (em sua

maioria idosos), apresentou um quadro de baixa autopercepção da necessidade de

tratamento, o que pode levar, entre outras coisas, a uma menor procura por serviços

de odontologia, e à conseqüente manutenção das péssimas condições normativas

de saúde bucal encontradas com freqüência neste grupo. Este trabalho poderá

fornecer aos gestores de saúde, principalmente aos de municípios de pequeno e

médio porte, fundamentação científica consistente para desenvolver projetos de

educação e intervenção em saúde bucal que levem em consideração não somente

os critérios normativos, mas também os critérios subjetivos aqui estudados. Faz-se

importante lembrar que este foi um estudo transversal, e como tal, apresenta

limitações próprias deste tipo de investigação. Por isso, sugere-se que outros

levantamentos, seguidos de análise de dados cuidadosa, sejam feitos com a

intenção de estabelecer uma perspectiva longitudinal, o que certamente ajudará a

esclarecer dúvidas que ainda possam persistir.

63

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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69

APÊNDICE

70

APÊNDICE A - Códigos e respectivas condições bucais

Códigos e condições bucais registradas durante o exame - cárie dentária

CÓDIGO

DENTES DECÍDUOS

DENTES PERMANENTES

CONDIÇÃO REGISTRADA

A 0 Hígido

B 1 Cariado

C 2 Restaurado, mas com cárie

D 3 Restaurado e sem cárie

E 4 Perdido devido à cárie

F 5 Perdido por outras razões

G 6 Apresenta selante

H 7 Apoio de ponte ou coroa

K 8 Não erupcionado

T T Trauma (fratura)

L 9 Dente excluído

Códigos e condições bucais registradas durante o exame - necessidades de

tratamento por cárie

CÓDIGO NECESSIDADE DE TRATAMENTO

0 Nenhum

1 Restauração de 1 superfície

2 Restauração de 2 ou mais superfícies

3 Coroa por qualquer razão

4 Faceta estética

5 Tratamento pulpar + restauração

6 Extração

7 Remineralização de mancha branca

8 Selante

9 Sem informação

71

Códigos e condições bucais registradas durante o exame - uso de prótese

CÓDIGO CONDIÇÃO REGISTRADA

0 Não usa prótese dentária 1 Usa uma ponte fixa 2 Usa mais do que uma ponte fixa 3 Usa prótese parcial removível

4 Usa uma ou mais pontes fixas e uma ou mais próteses parciais removíveis

5 Usa prótese dentária total 9 Sem informação

Códigos e condições bucais registradas durante o exame - necessidade de prótese

CÓDIGO CONDIÇÃO REGISTRADA

0 Não necessita de prótese dentária

1 Necessita uma prótese, fixa ou removível, para substituição de um elemento

2 Necessita uma prótese, fixa ou removível, para substituição de mais de um elemento

3 Necessita uma combinação de próteses, fixas e/ou removíveis, para substituição de um e/ou mais de um elemento

4 Necessita prótese dentária total 9 Sem informação

72

ANEXOS

73

ANEXO A – Autorização da Secretaria de Saúde de Limoeiro do Norte para utilização dos dados coletados

74

ANEXO B - Parecer do Comitê Permanente de Ética em Pesquisa da UNOPAR

75

ANEXO C - Modelo para autorização do examinado ou responsável

76

ANEXO D - Modelo para autorização da direção das escolas sorteadas

77

ANEXO E - Ficha de exame bucal e formulário de avaliação sócioeconômica, acesso e autopercepção

EXAMINADORESCOLASETOR CENSITÁRIO

MUNICÍPIO FLÚORESTADO ANOS FLUORETAÇÃO

QUADRA / VILA LOC. GEOG.

INFORMAÇÕES GERAIS

Idade em anos

Sexo Realização do Exame

Grupo Étnico

Idade em meses(somente para bebês)N0 Identificação

CÁRIE DENTÁRIA E NECESSIDADE DE TRATAMENTO

Coroa

Raiz

Trat.

Coroa

Raiz

Trat.

18 17 16 15 14 13 12 11 282726252423222155 54 53 52 51 6564636261

48 47 46 45 44 43 42 41 383736353433323185 84 83 82 81 7574737271

Todos os grupos etários. Condição de Raiz, somente de 35 a 44 e 65 a 74 anos

ANORMALIDADES DENTOFACIAIS

DENTIÇÃO

ESPAÇO

Apinhamento na região de incisivos

Espaçamento na região de incisivos

Diastema emmilímetros

Desalinhamento maxilar anterior

em mm

Desalinhamento mandibular

anterior em mmOCLUSÃO

Overjet maxilar anterior em mm

Overjet mandibular anterior em mm

Mordida aberta vertical anterior em mm

Relação molar ântero-posterior

MÁ-OCLUSÃO(5 anos)

DAI (12 e 15-19 anos)

Número de I,C, e PM perdidos

AG(5 anos) CPI

17/16 11 26/27

47/46 31 36/37

12 anos 15-19 anos

35-44 anos 65-74 anos

PIP

17/16 11 26/27

47/46 31 36/37

35-44 anos 65-74 anos

Todos os grupos etários

ALTERAÇÕES TECIDO MOLEDOENÇA PERIODONTAL

FLUOROSE DENTÁRIA12 anos e 15-19 anos

USO DE PRÓTESE

NECESSIDADE DE PRÓTESESup Inf

EDENTULISMO

Sup Inf

15-19, 35-44 e 65-74 anos

ORIG./DUP.

EXAMINADORESCOLASETOR CENSITÁRIO

MUNICÍPIO FLÚORESTADO ANOS FLUORETAÇÃO

QUADRA / VILA LOC. GEOG. EXAMINADORESCOLASETOR CENSITÁRIO

MUNICÍPIOMUNICÍPIO FLÚORFLÚORESTADOESTADO ANOS FLUORETAÇÃOANOS FLUORETAÇÃO

QUADRA / VILA LOC. GEOG.

INFORMAÇÕES GERAIS

Idade em anos

Sexo Realização do Exame

Grupo Étnico

Idade em meses(somente para bebês)N0 Identificação

INFORMAÇÕES GERAIS

Idade em anos Idade em anos

SexoSexo Realização do Exame

Realização do Exame

Grupo ÉtnicoGrupo Étnico

Idade em meses(somente para bebês)

Idade em meses(somente para bebês)N0 IdentificaçãoN0 Identificação

CÁRIE DENTÁRIA E NECESSIDADE DE TRATAMENTO

Coroa

Raiz

Trat.

Coroa

Raiz

Trat.

18 17 16 15 14 13 12 11 282726252423222155 54 53 52 51 6564636261

48 47 46 45 44 43 42 41 383736353433323185 84 83 82 81 7574737271

Todos os grupos etários. Condição de Raiz, somente de 35 a 44 e 65 a 74 anos

CÁRIE DENTÁRIA E NECESSIDADE DE TRATAMENTO

Coroa

Raiz

Trat.

Coroa

Raiz

Trat.

18 17 16 15 14 13 12 11 282726252423222118 17 16 15 14 13 12 11 282726252423222155 54 53 52 51 656463626155 54 53 52 51 6564636261

48 47 46 45 44 43 42 41 383736353433323148 47 46 45 44 43 42 41 383736353433323185 84 83 82 81 757473727185 84 83 82 81 7574737271

Todos os grupos etários. Condição de Raiz, somente de 35 a 44 e 65 a 74 anos

ANORMALIDADES DENTOFACIAIS

DENTIÇÃO

ESPAÇO

Apinhamento na região de incisivos

Espaçamento na região de incisivos

Diastema emmilímetros

Desalinhamento maxilar anterior

em mm

Desalinhamento mandibular

anterior em mmOCLUSÃO

Overjet maxilar anterior em mmOverjet maxilar anterior em mm

Overjet mandibular anterior em mm

Overjet mandibular anterior em mm

Mordida aberta vertical anterior em mm

Mordida aberta vertical anterior em mm

Relação molar ântero-posteriorRelação molar

ântero-posterior

MÁ-OCLUSÃO(5 anos)

MÁ-OCLUSÃO(5 anos)

DAI (12 e 15-19 anos)

Número de I,C, e PM perdidos

AG(5 anos) CPI

17/16 11 26/27

47/46 31 36/37

12 anos 15-19 anos

35-44 anos 65-74 anos

CPI

17/16 11 26/27

47/46 31 36/37

17/16 11 26/27

47/46 31 36/37

12 anos 15-19 anos

35-44 anos 65-74 anos

PIP

17/16 11 26/27

47/46 31 36/37

35-44 anos 65-74 anos

PIP

17/16 11 26/27

47/46 31 36/37

17/16 11 26/27

47/46 31 36/37

35-44 anos 65-74 anos

Todos os grupos etários

ALTERAÇÕES TECIDO MOLEDOENÇA PERIODONTAL

FLUOROSE DENTÁRIA12 anos e 15-19 anos

USO DE PRÓTESE

NECESSIDADE DE PRÓTESESup InfSup Inf

EDENTULISMO

Sup InfSup Inf

15-19, 35-44 e 65-74 anos

ORIG./DUP.ORIG./DUP.ORIG./DUP.

78

Formulário de avaliação sócioeconômica, acesso e autopercepção em saúde bucal

CARACTERIZAÇÃO SÓCIOECONÔMICA

Número de pessoas Escolaridade (anos de estudo) Estudante

Tipo de Escola Moradia Número de cômodos da casa

Renda Familiar (em reais) Renda Pessoal (em reais) Posse de automóvel

0 - Não é estudante1 - Pública2 - Privada3 - Outros

1 - Própria2 - Própria em aquisição3 - Alugada4 - Cedida5 - Outros

0 - Sim1 - Não

0 - Não possui1 - Possui um automóvel2 - Possui dois ou mais automóveis

ACESSO A SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS

1 2 3

4

7

5

8

6

9

Já foi ao dentista alguma vez na vida?0 - Sim1 - Não

10Há quanto tempo?0 - Nunca foi ao dentista1 - Menos de 1 ano2 - De 1 a 2 anos3 - 3 ou mais anos

11

Por quê?0 - Nunca foi ao dentista 1 - Consulta de rotina/reparos/manutenção2 - Dor3 - Sangramento gengival4 - Cavidades nos dentes5 - Feridas, caroços ou manchas na boca6 - Outros

13

Como avalia o atendimento?0 - Nunca foi ao dentista 1 - Péssimo2 - Ruim3 - Regular4 - Bom5 - Ótimo

14

AUTOPERCEPÇÃO EM SAÚDE BUCAL

Como classificaria sua saúde bucal?170 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

O quanto de dor seus dentes e gengivas causaram nos últimos 6 meses?

22

0 - Nenhuma Dor1 - Pouca Dor2 - Média Dor3 - Muita Dor

Recebeu informações sobre como evitar problemas bucais?15

0 - Sim1 - Não

Considera que necessita de tratamento atualmente?

16

0 - Sim1 - Não

Como classificaria a aparência de seus dentes e gengivas?

18

0 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

De que forma a sua saúde bucal afeta o seu relacionamento com outras pessoas?

21

0 - Não sabe / Não informou1 - Não afeta2 - Afeta pouco3 - Afeta mais ou menos4 - Afeta muito

Como classificaria sua mastigação?190 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

Como classificaria a sua fala devido aos seus dentes e gengivas?

20

0 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

Onde?0 - Nunca foi ao dentista 1 - Serviço Público2 - Serviço Privado Liberal3 - Serviço Privado (planos e convênios)4 - Serviço filantrópico5 - Outros

12

Formulário de avaliação sócioeconômica, acesso e autopercepção em saúde bucal

CARACTERIZAÇÃO SÓCIOECONÔMICA

Número de pessoas Escolaridade (anos de estudo) Estudante

Tipo de Escola Moradia Número de cômodos da casa

Renda Familiar (em reais) Renda Pessoal (em reais) Posse de automóvel

0 - Não é estudante1 - Pública2 - Privada3 - Outros

1 - Própria2 - Própria em aquisição3 - Alugada4 - Cedida5 - Outros

0 - Sim1 - Não

0 - Não possui1 - Possui um automóvel2 - Possui dois ou mais automóveis

ACESSO A SERVIÇOS ODONTOLÓGICOS

1 2 3

4

7

5

8

6

9

Já foi ao dentista alguma vez na vida?0 - Sim1 - Não

10 Já foi ao dentista alguma vez na vida?0 - Sim1 - Não

10Há quanto tempo?0 - Nunca foi ao dentista1 - Menos de 1 ano2 - De 1 a 2 anos3 - 3 ou mais anos

11 Há quanto tempo?0 - Nunca foi ao dentista1 - Menos de 1 ano2 - De 1 a 2 anos3 - 3 ou mais anos

11

Por quê?0 - Nunca foi ao dentista 1 - Consulta de rotina/reparos/manutenção2 - Dor3 - Sangramento gengival4 - Cavidades nos dentes5 - Feridas, caroços ou manchas na boca6 - Outros

13 Por quê?0 - Nunca foi ao dentista 1 - Consulta de rotina/reparos/manutenção2 - Dor3 - Sangramento gengival4 - Cavidades nos dentes5 - Feridas, caroços ou manchas na boca6 - Outros

13

Como avalia o atendimento?0 - Nunca foi ao dentista 1 - Péssimo2 - Ruim3 - Regular4 - Bom5 - Ótimo

14 Como avalia o atendimento?0 - Nunca foi ao dentista 1 - Péssimo2 - Ruim3 - Regular4 - Bom5 - Ótimo

14

AUTOPERCEPÇÃO EM SAÚDE BUCAL

Como classificaria sua saúde bucal?170 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

Como classificaria sua saúde bucal?170 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

O quanto de dor seus dentes e gengivas causaram nos últimos 6 meses?

22

0 - Nenhuma Dor1 - Pouca Dor2 - Média Dor3 - Muita Dor

O quanto de dor seus dentes e gengivas causaram nos últimos 6 meses?

22

0 - Nenhuma Dor1 - Pouca Dor2 - Média Dor3 - Muita Dor

Recebeu informações sobre como evitar problemas bucais?15

0 - Sim1 - Não

Recebeu informações sobre como evitar problemas bucais?15

0 - Sim1 - Não

Considera que necessita de tratamento atualmente?

16

0 - Sim1 - Não

Considera que necessita de tratamento atualmente?

16

0 - Sim1 - Não

Como classificaria a aparência de seus dentes e gengivas?

18

0 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

Como classificaria a aparência de seus dentes e gengivas?

18

0 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

De que forma a sua saúde bucal afeta o seu relacionamento com outras pessoas?

21

0 - Não sabe / Não informou1 - Não afeta2 - Afeta pouco3 - Afeta mais ou menos4 - Afeta muito

De que forma a sua saúde bucal afeta o seu relacionamento com outras pessoas?

21

0 - Não sabe / Não informou1 - Não afeta2 - Afeta pouco3 - Afeta mais ou menos4 - Afeta muito

Como classificaria sua mastigação?190 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

Como classificaria sua mastigação?190 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

Como classificaria a sua fala devido aos seus dentes e gengivas?

20

0 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

Como classificaria a sua fala devido aos seus dentes e gengivas?

20

0 - Não sabe / Não informou1 - Péssima2 - Ruim3 - Regular4 - Boa5 - Ótima

Onde?0 - Nunca foi ao dentista 1 - Serviço Público2 - Serviço Privado Liberal3 - Serviço Privado (planos e convênios)4 - Serviço filantrópico5 - Outros

12 Onde?0 - Nunca foi ao dentista 1 - Serviço Público2 - Serviço Privado Liberal3 - Serviço Privado (planos e convênios)4 - Serviço filantrópico5 - Outros

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