família de agricultores têm esperança renovada com plantio agroecológico

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Família de agricultores têm a esperança renovada com plantio agroecológico Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8 • nº1884 Julho/2014 Porteirinha Delvirges Maria de Jesus de 77 anos, conhecida por dona Vivi, moradora da comunidade do Riachão no município de Porteirinha – MG tem 10 filhos, todos casados, dois deles moram muito próximos a ela, sendo eles, Egídio José Costa de 50 anos e Adinei José Costa de 33 anos, e são exemplos de agricultores que produzem alimentos agroecológicos em sua região. Tanto dona Vivi quanto seus filhos sempre trabalharam na roça, mas tinham muitas dificuldades em produzir alimentos, já que os poucos períodos de chuva não permitiam uma produção contínua. Por isso Egídio e Adinei em algumas épocas do ano se retiravam para trabalhar em monoculturas café em outros estados. Porém, a partir de 2009 dona Vivi e seus dois filhos foram contemplados com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). O objetivo do programa é que através da construção de processos participativos de desenvolvimento rural promovam soberania e segurança alimentar/nutricional, além da geração de emprego e renda para as famílias que de forma sustentável tenham acesso a terra e a água para produzir alimentos. Dona Vivi que tem uma cisterna-calçadão, conta que usava água da cacimba e da pipa (nem sempre apropriadas) e da cisterna do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) para o consumo, mas não tinham água para produzir alimentos, “depois da chegada dessas tecnologias e com o uso consciente desse recurso tão importante, nunca mais sofremos por falta de água”. Em seu quintal dona Vivi tem várias plantas frutíferas, horta e ainda cria galinhas para seu consumo. Na propriedade de Egídio que também tem uma cisterna-calçadão, ele e sua esposa Armênsia dos Anjos de Lima Costa, 43 anos têm um lindo quintal produtivo com diversas variedades de frutas como, laranja, manga, goiaba, limão, tangerina, etc. Além disso, produzem hortaliças e legumes como abóbora, cebolinha, coentro, alface, maxixe, e ainda cereais como milho, feijão, urucum, e também tem uma pequena criação de peixes, que Horta na propriedade de Egídio Adinei, Egídio e Armênsia ao lado da plantação de capim Quintal de Adinei e Maricélia

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A história de dona Delvirges e seus dois filhos Egídio e Adinei , é uma história de trabalho, força e superação, pois, apesar das dificuldades com acesso a água, a família sempre lutou em busca de dias melhores e quando as famílias tiveram acesso a água, começaram de forma agroecológica produzir alimentos e desta melhorarem a qualidade de vida.

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Page 1: Família de Agricultores têm Esperança Renovada com Plantio Agroecológico

Família de agricultores têm a esperança renovada com plantio agroecológico

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8 • nº1884

Julho/2014

Porteirinha

Delvirges Maria de Jesus de 77 anos, conhecida por dona Vivi, moradora da comunidade do

Riachão no município de Porteirinha – MG tem 10 filhos, todos casados, dois deles moram muito próximos

a ela, sendo eles, Egídio José Costa de 50 anos e Adinei José Costa de 33 anos, e são exemplos de

agricultores que produzem alimentos agroecológicos em sua região. Tanto dona Vivi quanto seus filhos

sempre trabalharam na roça, mas tinham muitas dificuldades em produzir alimentos, já que os poucos

períodos de chuva não permitiam uma produção contínua. Por isso Egídio e Adinei em algumas épocas do

ano se retiravam para trabalhar em monoculturas café em outros estados.

Porém, a partir de 2009 dona Vivi e seus dois filhos foram

contemplados com o Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) da

Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). O objetivo do programa é que

através da construção de processos participativos de desenvolvimento

rural promovam soberania e segurança alimentar/nutricional, além da

geração de emprego e renda para as famílias que de forma sustentável

tenham acesso a terra e a água para produzir alimentos. Dona Vivi que tem

uma cisterna-calçadão, conta que usava água da cacimba e da pipa (nem

sempre apropriadas) e da cisterna do Programa Um Milhão de Cisternas

(P1MC) para o consumo, mas não tinham água para produzir alimentos,

“depois da chegada dessas tecnologias e com o uso consciente desse

recurso tão importante, nunca mais sofremos por falta de água”. Em seu

quintal dona Vivi tem várias plantas frutíferas, horta e ainda cria galinhas

para seu consumo.

Na propriedade de Egídio que também tem uma cisterna-calçadão,

ele e sua esposa Armênsia dos Anjos de Lima Costa, 43 anos têm um lindo

quintal produtivo com diversas variedades de frutas como, laranja, manga,

goiaba, limão, tangerina, etc. Além disso, produzem hortaliças e legumes

como abóbora, cebolinha, coentro, alface, maxixe, e ainda cereais como

milho, feijão, urucum, e também tem uma pequena criação de peixes, que

Horta na propriedade de Egídio

Adinei, Egídio e Armênsia ao

lado da plantação de capim

Quintal de Adinei e Maricélia

Page 2: Família de Agricultores têm Esperança Renovada com Plantio Agroecológico

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Minas Gerais

garante o consumo da família, e ainda vendem para O PNAE

(programa Nacional de Alimentação Escolar), para os vizinhos e

amigos. Egídio diz: “antes da chegada desses projetos não tínhamos

as plantas que temos hoje, e o mais importante em produzir os

próprios alimentos, é que sabemos o que estamos comendo, eu sei

que os alimentos que saem do meu quintal não têm veneno e não são

prejudiciais a saúde.”E ele completa: “Antes nós dependíamos da

boa vontade dos prefeitos municipais para ter acesso a água da pipa,

muitas vezes de má qualidade, mas hoje não dependemos mais da

prefeitura, só precisamos do nosso esforço e trabalho em preservar a

tecnologia e usar de forma adequada os nossos recursos”. Diz ele.

Armênsia está muito feliz com os resultados obtidos em seu

quintal agroecológico, e essa alegria se concretizou quando ela pôs

em prática o que aprendeu nos intercâmbios que o programa

ofereceu as famílias beneficiadas, e num curso de Homeopatia

através do Centro de Agricultura Alternativa (CAA). “Hoje não

usamos nenhum tipo de agrotóxico, o que produzimos aqui é

agroecológico, mas nem sempre foi assim, temos a oportunidade de

mudar essa realidade agora, e todos os tratamentos de doenças e

pragas aqui na propriedade são feitos através de homeopatia ou

caldas alternativas agroecológicas”. Comenta Armênsia. “Então o

programa não só nos deu uma tecnologia, mas nos deu

conhecimento, aprendizado e ânimo para produzirmos e cuidarmos

da nossa terra”. Finaliza ela.

Adinei junto com sua esposa Maricélia Nunes Fonseca de 22 anos também produzem em seu

quintal, eles tem uma barragem subterrânea. Cultivam várias plantas frutíferas, e cuidam de suas galinhas

com muita dedicação, além disso, consorciam uma plantação de capim cameron que alimenta o gado do

qual tira o sustento da família a partir da venda do leite.Tem ainda uma pequena criação de abelhas e por isso

fazem parte da Associação dos Apicultores de Porteirinha. Adinei se sente animado ao ver sua plantação de

capim verde e bonita até mesmo no período da seca: “Antes eu tinha o capim, mas não ficavam verdes

durante a seca, e hoje mesmo depois de tanto tempo sem chover as plantas continuam verdes porque o solo

está molhado”.

Aproveitando a terra fértil e a água que cai da chuva foi possível produzir alimentos saudáveis,

aumentar a renda, melhorar a saúde; uma nova história passou a ser contada sobre a vida da família de dona

Vivi e seus filhos, uma história de superação, esperança e qualidade de vida.

Realização Apoio

Plantação de Milho no quintal de

Egídio e Armêsnia

Adinei e seu filho Samuel

Egídio e Armênsia em seu quintal

garante o consumo da família, e ainda vendem para O PNAE

(programa Nacional de Alimentação Escolar), para os vizinhos e

amigos. Egídio diz: “antes da chegada desses projetos não tínhamos

as plantas que temos hoje, e o mais importante em produzir os

próprios alimentos, é que sabemos o que estamos comendo, eu sei

que os alimentos que saem do meu quintal não têm veneno e não são

prejudiciais a saúde.”E ele completa: “Antes nós dependíamos da

boa vontade dos prefeitos municipais para ter acesso a água da pipa,

muitas vezes de má qualidade, mas hoje não dependemos mais da

prefeitura, só precisamos do nosso esforço e trabalho em preservar a

tecnologia e usar de forma adequada os nossos recursos”. Diz ele.

Armênsia está muito feliz com os resultados obtidos em seu

quintal agroecológico, e essa alegria se concretizou quando ela pôs

em prática o que aprendeu nos intercâmbios que o programa

ofereceu as famílias beneficiadas, e num curso de Homeopatia

através do Centro de Agricultura Alternativa (CAA). “Hoje não

usamos nenhum tipo de agrotóxico, o que produzimos aqui é

agroecológico, mas nem sempre foi assim, temos a oportunidade de

mudar essa realidade agora, e todos os tratamentos de doenças e

pragas aqui na propriedade são feitos através de homeopatia ou

caldas alternativas agroecológicas”. Comenta Armênsia. “Então o

programa não só nos deu uma tecnologia, mas nos deu

conhecimento, aprendizado e ânimo para produzirmos e cuidarmos

da nossa terra”. Finaliza ela.

Adinei junto com sua esposa Maricélia Nunes Fonseca de 22 anos também produzem em seu

quintal, eles tem uma barragem subterrânea. Cultivam várias plantas frutíferas, e cuidam de suas galinhas

com muita dedicação, além disso, consorciam uma plantação de capim cameron que alimenta o gado do

qual tira o sustento da família a partir da venda do leite.Tem ainda uma pequena criação de abelhas e por isso

fazem parte da Associação dos Apicultores de Porteirinha. Adinei se sente animado ao ver sua plantação de

capim verde e bonita até mesmo no período da seca: “Antes eu tinha o capim, mas não ficavam verdes

durante a seca, e hoje mesmo depois de tanto tempo sem chover as plantas continuam verdes porque o solo

está molhado”.

Aproveitando a terra fértil e a água que cai da chuva foi possível produzir alimentos saudáveis,

aumentar a renda, melhorar a saúde; uma nova história passou a ser contada sobre a vida da família de dona

Vivi e seus filhos, uma história de superação, esperança e qualidade de vida.

Ministério do Desenvolvimento Social

e Combate à Fome