fabiano de cristo - espiritismoeluz.org.br · sabemos que naquela região do oriente médio esses...

20
PROIBIDA A VENDA Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 10 - nº 96 - Outubro/2009 Distribuição Gratuita Destaques desta edição: As Relações no Além-Túmulo O Que É Ser Feliz? Equívoco no Casamento Kardec – Missionário de Jesus CET – Caridade e Trânsito Livros: Levantar e Seguir; A Pedra Azul Primeira parte Fabiano de Cristo

Upload: dangkhanh

Post on 26-Nov-2018

219 views

Category:

Documents


1 download

TRANSCRIPT

Page 1: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

PROIBIDA A VENDA

Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 10 - nº 96 - Outubro/2009Distribuição Gratuita

Destaques desta edição:As Relações no Além-TúmuloO Que É Ser Feliz?Equívoco no Casamento

Kardec – Missionário de JesusCET – Caridade e Trânsito

Livros: Levantar e Seguir; A Pedra Azul

Primeira parteFabiano de Cristo

Page 2: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

2

Estamos vivendo dias complicados. Notícias de fora do país já não nos surpreendem mais, quando homens-bomba se matam e acabam com a vida de várias pessoas! Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são milenares, a intolerância racial é justamente para se conquistar riqueza e poder. Tudo isso indo contra as leis de Deus. Para muitos, são pessoas ignorantes e, pelo dinheiro e poder, acham que tudo podem fazer.

Quando essas mesmas notícias chegam de um país desenvolvido, como os EUA, também não nos surpreendemos mais. Casos de alunos que saem atirando nas escolas e agora, mais recentemente, de um militar atirando em seus pares.

E o que dizer, então, do nosso Brasil? Infelizmente, não nos chegam todas as notícias; no caso do Rio de Janeiro, sabemos que muito foi omitido porque tentam preservar a cidade, para os eventos mais cobiçados da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Não é omitindo fatos que iremos contribuir para a melhora efetiva de uma situação, difícil para o povo sofrido, que demora há décadas para se tomarem as providências necessárias.

O nosso planeta Terra está na categoria de provas e expiações mas, como estamos atrasados em matéria de evolução, temos ainda muitas dificuldades a serem superadas, primeiro com nosso próprio egoísmo, que nos leva a pensar somente em nossa família e em alguns amigos. Por isso não ficamos mais surpresos. E também pela própria banalização da notícia. Ficamos acomodados porque não acreditamos realmente que a verdadeira vida é a vida do espírito e que, em uma outra reencarnação, poderemos nos reencontrar com alguém que sofreu muito nessas tragédias que acontecem todos os dias.

Nossa visão espiritual é muito limitada porque ainda não aprendemos a nos colocar na posição do outro que está sofrendo. A partir do momento em que tentarmos inverter esta situação, olharemos com mais piedade para o nosso próximo. E a piedade bem sentida é o Amor, como está em O Evangelho segundo o Espiritismo.

Nada de fazermos julgamentos precipitados. Vamos aprender também (ou, pelo menos, tentar) a olhar com mais compreensão para esses fatos que nos chegam todos os dias e, principalmente, elevarmos nossos pensamentos em oração, pedindo a misericórdia do Pai Celestial para essas pessoas que, certamente, estão equivocadas e precisam de orientação e Amor.

Equipe Seareiro

EditorialÍndic

e

Publicação MensalDoutrinária-espírita

Ano 10 - nº 96 - Outubro/2009Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737Seareiro é uma publicação mensal, destinada a expandir a divulgação da Doutrina Espírita e manter o intercâmbio entre os interessados em âmbito mundial. Ninguém está autorizado a arrecadar materiais em nosso nome, a qualquer título. Conceitos emitidos nos artigos assinados refletem a opinião de seu respectivo autor. Todas as matérias podem ser reproduzidas, desde que citada a fonte.

Direção e RedaçãoRua das Turmalinas, 56 / 58

Jardim DoniniDiadema - SP - Brasil

CEP: 09920-500Tel: (11) 2758-6345

Endereço para correspondênciaCaixa Postal 42Diadema - SP

CEP: 09910-970Tel: (11) 4044-5889 com Eloisa

E-mail: [email protected] Editorial

Cladi de Oliveira SilvaEduardo Pereira

Fátima Maria GambaroniGeni Maria da SilvaIago Santos Muraro

Marcelo Russo LouresReinaldo Gimenez

Roberto de Menezes PatrícioRosangela Neves de AraújoRuth Correia Souza Soares

Silvana S.F.X. GimenezVanda NovickasWilson Adolpho

Revisão gramaticalA. M. G.

Jornalista ResponsávelEliana Baptista do Norte

Mtb 27.433Diagramação e Arte

Reinaldo GimenezSilvana S.F.X. Gimenez

Imagem da CapaLivro “Fabiano de Cristo,

O Peregrino da Caridade” - Roque Jacintho - Editora Luz no Lar

ImpressãoVan Moorsel, Andrade & Cia Ltda

Rua Souza Caldas, 343 - BrásSão Paulo - SP

CNPJ: 61.089.868/0001-02Tel.: (11) 2764-5700

Tiragem12.000 exemplaresDistribuição Gratuita

editorial

Grandes Pioneiros: Fabiano de Cristo - Primeira Parte - Pág. 3Canal Aberto: Kardec – Missionário de Jesus - Pág. 8Livro em Foco: Levantar e Seguir - Pág. 8Pegadas de Chico Xavier: Mensagem de Isabel de Aragão - Pág. 9Kardec em Estudo: As Relações no Além-Túmulo - Pág. 10Atualidade: CET – Caridade e Trânsito - Pág. 11Nossa Homenagem: Fabiano de Cristo, O Peregrino da Caridade - Pág. 12Clube do Livro: A Pedra Azul - Pág. 13Tema Livre: O Que É Ser Feliz? - Pág. 14Família: Equívoco no Casamento - Pág. 15Mensagem: Sem Palavras - Pág. 16Contos: Amparo Espiritual - Pág. 17Calendário: Outubro - Pág. 19

Page 3: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

3Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

Grandes Pioneiros

No ano de 1500, os portugueses desvendavam para o mundo novas terras.

Através de naus conduzidas pelas vistas abençoadas pelo Alto, Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil que teria a incumbência de, no futuro, se tornar a “Pátria do Evangelho”. Para isso Jesus reuniu a reencarnação de espíritos, preparados, em várias áreas do plano físico, onde o progresso pudesse mostrar ao povo novos horizontes.

A alegria entre os portugueses, ao tomarem conhecimento das novas terras, foi a de buscarem as riquezas que eles souberam ali existir.

Muitos se aventuraram em busca do ouro quando, no século XVII, em Minas Gerais, explodiu a correria para tirar dos rios brasileiros as pedras preciosas que, nesse pedaço de chão do Brasil Colônia, diziam haver em profusão.

Essas notícias de que todos os que seguissem para o Brasil pudessem se enrique-cer com as pepitas de ouro, que também diziam estar en-tre as matas montanhosas de Minas Gerais, geraram uma emigração das famílias de Portugal.

No norte de Portugal, às margens do rio Minho, uma pequena aldeia de nome So-engas também foi tomada por esse entusiasmo de riqueza fácil. As famílias que ali ha-bitavam eram muito pobres, viviam do cultivo da uva. Dentre os chefes de famí-lias, como eram designados os responsáveis pela casa, nessa época, vivia a família do senhor Gervásio Barbosa. Era ele casado com a filha do senhor Gonçalves, também cultivador de uvas.

A família do senhor Gervásio Barbosa era composta por seis filhos, sendo cinco meninas e um único menino. Para ele, tudo poderia ficar mais tranquilo se a renda familiar aumentasse.

Portanto, se ele pudesse, iria também se aventurar em busca do ouro brasileiro. Mas os filhos eram pequenos e sua esposa não aguentaria trabalhar sozinha, sem que lhe fosse possível saber quando seria seu retorno. E, mais, sabia que muitos chefes de família haviam partido e não voltaram, pois ninguém trazia notícias dessa que consideravam uma viagem difícil e perigosa.

O senhor Gervásio costumava, às tardes, sentar-se em frente da plantação de uvas e ver seus filhos brincarem. Tinha profundo respeito a Deus e lhe agradecia por vê-los com saúde e a satisfação por ter o menino João. Esse havia nascido no dia 8 de fevereiro de 1676, dia em que a Igreja celebrava com festa no pequeno lugarejo, o dia de São João da Mata. Por esse motivo, o menino recebera o nome de João Barbosa.

Gervásio Barbosa orgulhava-se de seu pequeno João. Havia algo nessa criança que cativava a todos os que dele se aproximavam. Os poucos vizinhos da família diziam aos pais de João:

— Esse menino é diferente das outras crianças. Ele possui um olhar que penetra em nossa mente e a sua presença pacifica nossos temores, quando o clima não favorece o cultivo das uvas. Dá-nos esperanças!

Quem poderia supor nessa ocasião que João Barbosa viera continuar sua obra de amparo, esclarecimentos e de consolação com o Evangelho de Jesus. Continuaria a catequizar a quem dele se aproximasse, como fizera em épocas passadas como José de Anchieta. Reencarnado naquele período, tornou-se um jesuíta e, junto com Manoel da Nóbrega (Emmanuel), percorreu a Terra de Santa Cruz, ensinando aos selvagens o verdadeiro legado do Evangelho.

O pequeno João procura-va ajudar o pai a tomar conta das poucas ovelhas que a família possuía. As irmãs o acompanhavam. Seu Ger-vásio não queria colocá-los a cuidar do cultivo das uvas, por serem muito crianças.

João Barbosa retornan-do da Espiritualidade, reen-carnando em terras portu-guesas, por muitas vezes, quando escutava os vizinhos contarem a seu pai as notí-cias vindas do Brasil, ficava imaginando que um dia ele “voltaria a rever essas ter-

ras”. Por quê? Indagava-se. Como rever o que não conhe-cia? Mas algo no Brasil fazia brilhar em seu cérebro como lembranças.

O tempo foi passando, a vida simples e muito sofrida foi deixando suas marcas. Jamais lhe foi facilitada a vontade imensa de estudar, de ter um livro em suas mãos. Sua constante amizade era a das ovelhas que pareciam entender seu meigo coração. João não poderia imaginar que ele continuaria a ser o pastor escolhido por Jesus para apascentar as ovelhas desgarradas de seu rebanho.

A influência do catolicismo, como religião principal entre o povo, levava-os a frequentar todos os ofícios preditos pela Igreja. Com isso, as meninas em quase todas as famílias acabavam por serem levadas aos conventos, para se tornarem freiras ou madres. E isso acabou acontecendo com as irmãs de João e o que acabaria acontecendo com ele, também, que se tornaria frei.

João ouvia sempre, de seu pai Gervásio, que a família já havia sido rica e ele possuidor de propriedades e bem sucedido vinhateiro. Mas, por muitos revezes e maus negócios, acabara por tudo perder, ficando apenas com a pequena propriedade e as poucas ovelhas.

grandes pioneiros

Fabiano de CristoPrimeira Parte

Manoel da Nóbrega, José de Anchieta (de joelhos) e a pacificação dos índios tamoios. Tela de Benedito Calixto.

Page 4: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

4 Vista atual da cidade de Parati, Rio de Janeiro.

Continuava a se desculpar perante João, que gostaria de fazê-lo estudar, pois sabia o quanto o, agora jovem, filho queria se tornar um homem conhecedor de várias culturas. O rapaz ouvia com respeito a história de seu passado, principalmente quando o senhor Gervásio lembrava sua juventude de família nobre e abastada e vendo-se nesse presente de pobreza, sem poder dar aos filhos a vida que tivera e que não soubera administrar.

João consolava o pai, dizendo que Deus ofertara a eles a oportunidade de estarem juntos numa família pobre, mas feliz. E abraçava o velho Gervásio, beijando suas faces.

Sentindo-se mais amadurecido, João pensava seriamen-te em lutar pelos seus ideais. Era inteligente e percebia que aquele lugarejo não iria contribuir para a sua vontade de progredir e ajudar a família a reerguer-se, numa vida me-lhor.

Lançando seu olhar para o futuro, ele resolveu que seu novo horizonte poderia estar ao sul do país. Sua possibilidade seria o comércio, que era comum naquela época. Para isso, ele deveria ir para a cidade do Porto, onde as oportunidades eram mais abundantes, por ser uma cidade marítima.

Aportavam nesta cidade navios de todas as colônias portuguesas e de outras partes do mundo, com as quais Portugal mantinha relações comerciais. Com isso, pessoas de todos os tipos e raças traziam diferentes moedas usadas em seus locais de origens. E muitas histórias ouviam-se também, induzindo principalmente os jovens a se tornarem ricos do dia para a noite. E, com isso, as falações em torno das riquezas do Brasil cresciam prodigamente.

João consultou os familiares, colocando-os cientes de seus desejos de prosperar na vida.

O senhor Gervásio, após escutá-lo, ponderou que o melhor seria partir direto para o Brasil. Com isso, ganharia tempo, pois a viagem marítima era longa e penosa. Com as bênçãos dos pais, João despediu-se também das irmãs. Ganhou os parcos recursos que seu pai havia guardado e partiu para as terras brasileiras, com grandes esperanças no seu coração.

Meses após, dentro de um navio sem conforto algum, pela precariedade da época, chega a embarcação ao Rio de Janeiro.

João admira-se pela beleza natural daquelas terras. Mas nem toda a agitação vibrante do povo aglomerado no comércio realizado no porto e das grandes vendas feitas pelos pescadores, que ali faziam seus negócios, o fez desistir de continuar a viagem a Minas Gerais.

João descansou alguns dias, dormindo pelos cantos do porto, como faziam os aventureiros que seguiam em caravanas para as minas. Procurou interar-se como poderia se juntar aos caravaneiros e, entusiasmado com o que deles ouvira, encheu-se de coragem e seguiu-os, embriagado pelos pensamentos de obter muito ouro para ajudar a família a ter de retorno a riqueza perdida.

A viagem teve como ponto de partida o Rio de Janeiro, seguindo pelo mar, por frágeis barcos, passando pela enseada de Angra dos Reis até Parati. Continuava pela serra de Taubaté, às margens do rio Paraíba. Nesse ponto, a viagem seria por terra, por estradinhas juntando-se com os que vinham de São Paulo cruzando caminhos para Minas Gerais. Passavam por Pindamonhangaba e Guaratinguetá e, daí, pela serra da Mantiqueira, pela mata adentro. Aqueles que, pelo meio do caminho, vinham a cavalo eram obrigados a descarregar os arreios e levá-las nos ombros, porque precisavam abrir caminho com facões. Subiam montes e cortavam vales até chegarem ao tão almejado destino: o ribeirão de Nossa Senhora do Carmo, hoje as cidades de Mariana e Ouro Preto.

João Barbosa ali estava radiante. Graças à sua juventude e coragem, vencera essa difícil caminhada. Agora, era o árduo trabalho de explorar as minas.

Estudando a região, João encontrou uma mistura de pessoas de várias raças, vindas de todas as partes, porque eram muitas as línguas diferentes que conseguiam se entender pelo mesmo objetivo, o ouro. Eram escravos da África, índios, senhores de engenhos, operários, enfim tornavam-se todos iguais. Os mais “espertos” faziam dos escravos e índios seus empregados; muitos João viu morrer à míngua, pela ganância de outros que chegavam a roubar tudo, até suas vidas, pelo ouro obtido, após insana luta para adquiri-lo.

Longa foi a vida sacrificada de João, na exploração das minas. Cuidadoso, tomando sentido de como se relacionar com o povo que ali estava, ele conseguiu tornar-se um sério comerciante das minas. Com sua inteligência e bondade, prosperou rapidamente e conseguiu respeitável fortuna.

Em 1704, João Barbosa com a vida mais estável fixou-se em Parati, uma vila que estava com ares de cidade, repletava-se de bons negócios, pelos comerciantes que se interessavam a buscar ouro e pedras preciosas vindas das minas, para serem buriladas. Com preços excelentes, João se tornou o mais conhecido nesse comércio ambulante, que lhe rendia bons lucros.

Parati estava geograficamente bem posicionada. Como cidade portuária, era fácil para João receber bons produtos

Page 5: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

5Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

de Portugal e remetê-los para Minas Gerais e vice-versa, como também enviar mercadorias para o Rio de Janeiro.

As obrigações de João como católico não o fizeram se esquecer de Deus. Sabia de seus deveres. Durante todo esse tempo em busca da fortuna, embora longe da Igreja, fazia suas orações. Quando rezava, isolava-se de tudo e agradecia ao Senhor, por ter vencido todos os perigos pelos quais passava e conseguir chegar ao seu objetivo. Agora, refletia, era o momento de dedicar-se a Deus. Assim, buscou o pároco da cidadezinha de Parati para auxiliá-lo no que lhe fosse possível fazer. Queria servir a Jesus.

Em pouco tempo, ficou conhecido na comunidade católica e aceito com carinho pelas atenções que prestava aos necessitados de todas as formas. Visitava os doentes, levava-lhes remédios, roupas e mantimentos para vencerem a fome que era muito penosa, causada pela falta de empregos e pela existência de doenças tropicais, comuns devido aos vários insetos ali existentes.

Tornou-se irmão da “Irmandade do Santíssimo Sacramento”. A Irmandade fazia suas devoções para as almas de parentes que vinham pedir para que pudessem libertá-las do “Purgatório”. Querendo oferecer mais condições para os fiéis, João pediu licença ao pároco para erguer no local a Irmandade da Boa Morte. Sendo aceita, criou-se mais um posto de atendimento aos que o procuravam, em desespero, por ver partir um ente querido do seio familiar. João cuidava de tudo, desde o reequilíbrio familiar, como as despesas do enterro.

João Barbosa começou a ser chamado por todo o povo como o “Irmão da Caridade”. Mas ele ainda não havia resolvido integrar-se na vida religiosa. Era um homem comum e muito rico. Era constantemente assediado pelas jovens do local. Afinal, tinha uma boa aparência, sem falar na sua eterna bondade e simpatia.

Chegava João próximo aos 30 anos. Com essa idade e bem posto na vida, ele pensou em voltar a Portugal. Sempre enviava à família recursos que a tornaram bem instalada e dando tranquilida-de aos pais já idosos. Ajudou no aumento da mão-de-obra para o cultivo da uva, deixando Seu Gervásio, seu pai, apenas na supervisão dos negócios. Portanto, era ele que precisava tomar séria decisão, porque a vida religiosa o atraía cada vez mais.

O pároco da Irmandade do Santíssimo Sacramento o incentivava para entrar na vida religiosa, pois dizia ele já pertencer à Igreja, pelo bem que fazia. Se fosse aceito como tal, seria realmente o “Ministro de Deus”, concluiu o sacerdote.

O tempo passava e a indecisão permanecia em sua mente. João gostava de, todas as tardes, caminhar à beira do mar.

Aproveitava a bela paisagem que se descortinava à sua frente e orava. Agradecia a Deus por tudo o que recebera e o amparo nos perigos, sempre eminentes, pelos quais passava, em meio a assaltos e crimes pela posse do ouro armazenado.

Em uma dessa tardes, entre o rumor das ondas do mar, João ouvia claramente uma voz, que lhe dizia:

— João, essa natureza não lhe traz a lembrança de Deus? Pensa, filho, o quanto haverá de belo em seu interior, se sua riqueza

moral pudesse converter os transviados da matéria a se salvarem pelo ideal cristão, que você tão bem carrega em sua alma?

De imediato ele falou em tom grave:— Quem me fala? Será Jesus que está me pondo à

prova?— Para segui-lo, Senhor, terei que saber como repartir os

bens materiais que juntei. Mostre-me Senhor, como farei...Naquela noite, João teve sonhos agitados. Via muitos

rostos em prantos, ouvia crianças que diziam ter fome e mulheres desesperadas, mostrando os seios ressecados, sem leite, para os recém-natos.

Em prantos, João pedia amparo a Jesus, repentinamente, ele viu que o silencio tomara conta do ambiente. Uma luz radiante ofuscou seus olhos. Colocando as mãos para poder enxergar, divisou a figura de Francisco de Assis, a quem tanto admirava. João caiu de joelhos frente ao apóstolo do Cristo... e dele ouviu:

— João, Deus o enviou a Terra para continuar a obra começada por você. Você conseguiu entre muitas lutas apaziguar tribos de selvagens, que aprenderam a se respeitar e a crer no Ser Superior. Agora, será a hora de seu testemunho a Jesus, despedir-se dos bens materiais, doando-os aos necessitados de toda sorte, ou deixar-se conduzir pelos bens e paixões terrenas. Temos fé que seu bondoso coração já tem seu roteiro traçado, basta praticá-lo. Convido-o a fazer parte de nossas tarefas entre os franciscanos. E a figura imortal de Francisco de Assis desaparece e João volta à realidade, acordando, mas ouvindo ainda as palavras do Apóstolo.

João apressa-se em levantar, quando fortes batidas se fazem ouvir à porta de seu quarto. Rápido ao abri-la, dois de seus negociantes traziam a triste notícia do assassinato de um de seus sócios, que vinha de regresso da aldeia da Aparição, próxima de Parati, trazendo ouro para os negociantes do porto, quando

foi assaltado e morto pelos ladrões que o deixaram sobre a relva fria.

João impressionou-se com o fato e correu ao local onde estava o corpo do rapaz. Ele não era para João apenas um sócio de caráter firme e de bons sentimentos. João o tinha como um irmão. E pensou, acariciando o rosto do morto: “Será este o sentido real da vida? A riqueza se tornando um fardo tão pesado e a vida material tão efêmera, diante do qual os homens nada levam, a não ser a alma vazia das moedas, sem valor algum para o poder infinito de Deus!”

Lembrando-se de seu sonho com Francisco de Assis, tomou certa a sua decisão. Faria o

mesmo que o franciscano fizera, voltaria a ser pobre. Dividiria seus bens em três partes. Uma parte iria para Portugal, distribuída aos familiares e amigos, a

segunda parte para obras de caridade e seu compromisso para com a Irmandade do Santíssimo Sacramento e a última parte seria distribuída aos pobres. Contente consigo pela decisão tomada, lembrou-se mais uma vez de Francisco de Assis, que lhe proporcionara a oportunidade de ter como bem maior de sua vida dali pela frente: “a Caridade”.

Diante dos problemas, a serem resolvidos com as últimas negociações de Parati para o porto do Rio de Janeiro, tomou a resolução de ir ao Rio e, Francisco de Assis

Page 6: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

Convento de São Bernardino de Sena, Angra dos Reis, Rio de Janeiro. 6

com isso, procurar o padre Provincial, no convento de Santo Antonio.

A pequena embarcação, que levava alguns pescadores e João entre eles, atracou com facilidade após uma serena viagem.

João precisava de alguns dias para deixar seus negócios junto aos sócios e com todas as pretensões para com a divisão de seus bens, a fim de que não surgissem dúvidas. Isso daria tempo para que ele pudesse conhecer as belas paisagens da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Seguiu pelos locais da atual Praça XV, entrou na rua da Misericórdia, toda tortuosa, passou em frente à Santa Casa, divisou um pequeno cemitério, o hospital onde findava a rua em frente a um enorme morro. João parou para poder se localizar e apreciar a Natureza.

No alto do morro, projetava-se uma construção simples que se destacara entre o verde da mata, por estar caiada de branco.

João tomou fôlego e subiu o morro entre charcos, contornando uma lagoa rasa. Ao chegar ao cume, espantou-se com o lugar. O sol ardente reproduzia reflexos na mata e ele pode sentir a presença de Deus, no gorjear dos pássaros. Mais uma vez, lembrou-se de Francisco de Assis. E, alegre consigo mesmo, confirmou:

— Sei que tomei o melhor caminho para a minha vida.Tomando um estreito atalho sobre a lagoa, encontrou-se

com dois religiosos que levavam cestos com mantimentos. Mostravam cansaço. João, cumprimentando-os, ofereceu-se para ajudá-los, o que foi aceito de bom grado pelos religiosos. Seguiam subindo até a construção, que João

ficou sabendo, pelos religiosos, que era o antigo convento de São Bernardino de Sena, pertencente às terras de Angra dos Reis. A antiga construção era quase centenária. Teria começado a ser construída por volta de 1608. Essas terras foram doadas pelo então governador, Gonçalo Correia. E por volta de 1615, os primeiros freis ali chegaram, dando oportunidade para os noviços que, depois, foram chamados de irmãos religiosos, a trabalharem no convento, para o serviço geral e a continuidade dos estudos até se tornarem freis da Ordem Franciscana.

Ao adentrarem no convento, João foi levado até a presença do guardião que representava ali a autoridade suprema. João, ainda ofegante pelo esforço da caminhada, soube ser este local chamado de “Morro do Carmo”, recebeu um forte e generoso abraço do frei Rogério. Após as apresentações, João confiou ao frei Rogério e ao frei Amadeu, ali presente também, o seu desejo de se integrar à vida monástica. Mas os freis o informaram que só o frei Provincial é que poderia aceitar novos religiosos na Ordem Franciscana. E este fora fazer uma inspeção ao convento da matriz de São Bernardino de Sena em Angra dos Reis. João espantou-se: — Mas fui informado ser aqui esse convento... e, antes de prosseguir, frei Amadeu antecedeu-se:

— Isso foi no passado, quando as divisões de terras eram confusas. Com o passar do tempo e as demarcações geográficas foram-se formando, esse convento ficou em terras de São Sebastião do Rio de Janeiro, com o nome atual da época de 1675, de Imaculada Conceição, no morro do Carmo.

Desfeita a troca dos erros geográficos, João ficou satis-feito porque ficara sabendo que, em seu retorno, ele poderia en-contrar-se com o frei Provincial em Angra dos Reis, aí, sim, no convento de São Bernardino de Sena. Sem que João programas-se, conheceria outro convento.

Admirou-se pelas paredes largas, com janelas altíssimas, portas grandes, rústicas, sem ferrolhos, apenas com simples tramelas. Havia um salão e al-gumas salas que eram usadas como escritórios. A cozinha am-pla junto ao refeitório e corredo-res que levavam a uma sala com-prida, que era a enfermaria, com muitas camas adaptadas pela largura do espaço. Ao fundo, pe-quena sala que abrigava prate-leiras com medicações, uma far-mácia improvisada. Em todas as salas, havia um canto reservado a um pequeno oratório dedicado a Nossa Senhora da Imaculada Conceição, onde os freis pudes-sem fazer seus ofertórios de pre-ces a ela.

João sentia-se em paz e per-cebia que os religiosos trabalha-vam e muito. Mesmo os freis não eram anacoretas (religiosos, que vivem isolados). Faziam suas preces mas ele vira as “salas-es-critórios”, com freis trabalhando

Page 7: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

7Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

em oferecer recursos e atendimentos de toda ordem, be-neficiando e levando auxilio aos que ali não podiam chegar pela dificuldade do caminho. Era essa a sensação de bem-estar que João sentia. Havia vida e contentamento dentro do convento. Mas ele precisava voltar.

Despediu-se dos freis e, voltando ao Rio de Janeiro, conseguiu finalizar seus negócios. Dali mesmo, no porto, retornou com a pequena embarcação que, antes de Parati, ancorou em Angra dos Reis. Estava feliz, iria conhecer o Provincial para mudar sua vida.

À porta do convento, agora realmente de São Bernardino de Sena, foi recebido pelo porteiro e levado à presença do Provincial. Esse era um homem de meia idade, com ares bondosos e demonstrando saber resolver as questões que lhe chegassem, pela vasta experiência obtidas por anos nesse campo religioso; sabia encaminhar os jovens que queriam se tornar freis.

João estava emocionado, mas o frei Provincial, com calma, começa a entrevistá-lo. Sentiu a humildade pelos gestos simples de João:

— Meu filho, o que posso fazer por você? Qual é a sua intenção ao procurar o convento... que poderá representar ele para a sua vida? Eu o vejo simples, mas suas características são de uma pessoa de posses... e antes que o frei continuasse João falou:

— Perdoe-me o arrojo de há pouco, mas é que o senhor poderá ajudar-me e muito. Quero viver no convento como me for designado. Fui muito rico, mas hoje nada possuo. Todos os meus bens foram doados, reservei algo para o meu dote na vida monástica. E João colocou o frei a par de toda a sua vida, desde sua infância em Soengas, junto aos familiares.

Terminada toda a conversação em torno do “porque” João queria se entregar à vida monástica, o frei Provincial, cujo verdadeiro nome apresentou, no final da entrevista, como frei Boaventura de Jesus, disse-lhe comovido:

— Filho, quando você me contou o seu sonho com Francisco de Assis, pareceu-me vê-lo junto a nós. Senti o quanto você é sincero e mais admirou-me profundamente o seu desprendimento da fortuna, após ter trabalhado tanto para consegui-la. Para entrar na Ordem Franciscana, seus objetivos já estão alcançados: os votos de pobreza, de castidade, de obediência a Deus, o amor pelos familiares. Sua religião e dedicação como servo de Jesus e sua ligação com a Igreja estão fidelíssimas. Posso garantir aguardar com confiança a sua entrada na Ordem Franciscana. Irei me comunicar com os superiores da Ordem e logo obterá a tão esperada resposta.

Com ansiedade, João aguardou a carta que o frei Boaventura lhe mandaria. E, uma certa tarde, a esperada missiva, lacrada pelo superior da Ordem, chegou. João tremia ao abri-la. E lá estava: — Aceito. Deveria apresentar-se no convento de São Bernardino de Sena, em Angra dos Reis, de imediato.

No dia seguinte, João tomava a pequena embarcação só com a roupa do corpo e algumas moedas para pagar o barqueiro. Os pescadores não se conformavam. Alguns diziam ter ele enlouquecido e outros diziam ter ele visto

Jesus, por isso tornou-se santo. João estava feliz, ia sim ao encontro de Jesus, através de seu apóstolo, Francisco de Assis.

Ao chegar ao convento, ouviu o cântico dos freis em louvor ao Senhor. Esperou para bater à porta e fechou os olhos para orar em agradecimento, quando divisou a figura de Francisco de Assis. Este, pousando as mãos em sua cabeça, dizia-lhe:

— João, o Reino dos Céus está em seu coração. Esse tesouro ninguém irá roubá-lo e nem a traça roê-lo, menos ainda a ferrugem atacá-lo, pois você poderá engrandecê-lo ainda mais e jamais será perdido. Reparta-o com aqueles que nada têm e Deus o compensará.

O cântico havia cessado. João abre os olhos, ainda envolvido pelas palavras de Francisco, batendo à porta; vem o porteiro convidá-lo para exercer o caminho do amor e da caridade.

Era o dia 8 de Novembro de 1704.Todos os religiosos do convento já sabiam da vinda de

João para fazer parte da Ordem. Frei Boaventura o recebeu e o colocou diante das regras a serem obedecidas. Ele sabia que não poderia se tornar um sacerdote, pois não tinha os estudos superiores indispensáveis, e nem era o seu desejo. Portanto, quando o guardião falou de seus afazeres, João alegrou-se. Seria um serviçal, um irmão leigo. Iria lavar o chão, ajudar na cozinha, limpar as celas, trocar águas servidas nos potes, enfim tudo o que fosse preciso para manter a higiene e o bom andamento dos lugares de oração. João agradeceu e dizia que seu coração ditava as palavras para que ele se tornasse humilde para Cristo.

O respeito na Ordem era entre todos. João não via diferenças de postos entre os religiosos, os sacerdotes e o guardião, assim chamado o Provincial. No caso, o frei Boaventura, não se tornava autoritário, pelo contrário, ele queria a igualdade entre todos. Na mesa, a refeição era distribuída igual, servida de pão, leite, e de verduras e legumes plantadas nas hortas pelos próprios frades.

Havia também as horas de orações e cantos gregorianos. Antes das tarefas, cada um em suas celas, fazia penitências orientado pelo frei Boaventura. Este sempre recomendava que a Boa Nova de Jesus era o lema da Ordem Franciscana e ter em mãos as tarefas organizadas pelas palavras: fé, esperança e caridade.

João estava cada vez mais integrado na Ordem. Aprendeu a ler e, a usar o Evangelho. Para ele, o momento mais emocionante eram as pregações que frei Boaventura fazia, todas as tardes, na capela do convento, ensinando aos irmãos leigos como ele a entender e praticar o Evangelho de Jesus. E quando as lições falavam das “bem-aventuranças”, a alma de João se aprofundava. Ele tinha a impressão de que seu corpo se desprendia e ouvia, não a voz do frei, mas a voz de Jesus. Sua relação com o Cristo era de intimidade, para que fosse realizado um trabalho de integração com as criaturas humanas, doentes e acidentadas da alma.

Final da primeira parte.Eloísa

• Fabiano de Cristo, O Peregrino da Caridade - Roque Jacintho, Editora Luz no Lar, 1ª ed., 1986.

• Mergulhando no Mar de Amor - César Soares dos Reis, Editora F. V. Lorenz, 3ª ed., 2003.

• Imagens:

• http://www.novomilenio.inf.br/santos/calixto/calixt38a.jpg• capa do livro “Castro Alves” – Alberto da Costa e Silva, Editora Companhia

das Letras, 1ª ed., 2006. • http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7a/Paraty_09_2007_59.

JPGBiblio

grafia

Page 8: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

8

Este precioso livro tem como texto de abertura a mensa-gem de Emmanuel, autor espiritual, também com o título: “Levantar e Seguir”.

Desta lição, como de todo o livro, retiramos recomenda-ções preciosas para a nossa vida diária.

Primeiramente, Emmanuel nos esclarece que, quando Jesus atendeu ao paralítico disse-lhe claramente:

— “Levanta-te e segue.”Todos nós, que lemos várias das passagens evangélicas

como a citada, nunca nos perguntamos: Seguir para onde e como?

Jesus indicava que devia seguir adiante, renovado, auxi-liando aos outros, tal qual estava sendo auxiliado.

São recomendações des-te tipo que iremos encontrar neste livro. Pequenas lições com um grande conteúdo.

Através do estudo e re-flexões sobre o que lemos no livro “Levantar e Seguir”, iremos aprendendo que, ao tomarmos contato com os ensinamentos de Jesus, nos modificamos e, espiritual-mente, nos levantamos para a fé que não possuíamos,

com mais confiança em Deus. Mas, na maioria das vezes, levantamo-nos e não seguimos adiante, nos acomodando na rotina habi-tual.

Esquecemos a ação que complementa-ria a nossa libertação dos males ou imper-feições que carregamos.

É necessário nos movimentar para o trabalho do bem ao próximo.

Transcrevemos um trecho do livro para a reflexão do leitor:

“Levantar e seguir, na lição do Senhor, significa movimentar-se buscando o ca-minho que Ele mesmo trilhou, trabalhan-do quanto seja possível a benefício dos nossos irmãos, sejam quem sejam, es-quecendo-lhes as deficiências e erros, en-corajando-lhes a renovação para o bem, olvidando-lhes quaisquer ofensas, igno-rando-lhes, voluntariamente as fraque-zas e amparando-lhes as necessidades,

Livro em Focolivro em foco

Levantar e Seguir Francisco Cândido XavierEspírito Emmanuel

Editora GEEM - 96 páginas1ª edição, 1992

Venha participar de nosso delicioso

Chá Bene cente

Dia 06/03/2010 às 16 horas

Saboreie os nossos quitutes!

Teremos bolos, tortas, doces, vários tipos de chás quentes e frios

e refrigerante.

Convite R$ 10,00

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”

Rua das Turmalinas 56/58 - Jardim Donini Diadema - SP - (11) 4044-5889

V

As luzes da verdadeAcenderam-se, lá na França,Numa época em que a humanidadeVivia em plena ignorância.

Um homem de ciência, De coragem e determinação,Educador por excelênciaFez cumprir sua missão.

Organizou os ensinamentosDos Espíritos Superiores.Deu inicio a um novo tempo,Pôs fim a muitas dores.

Criou uma nova Doutrina De esclarecimento e consolação,Caridade é o que nos ensina,Fora dela não há salvação!

Graças ao labor desse homem,Hoje gozamos de muita luz;Allan Kardec era o seu codinome,Grande missionário de Jesus!Carlo A. Sobrinho - Rio de Janeiro - RJImagem:http://www.irmascheilla.com.br/imagensdiversas/kardec_01.bmp

Kardec – Missionário de Jesus

Canal Abertocanal aberto

Este espaço é reservado para respondermos às dúvidas que nos são enviadas e para publicações dos leitores. Agradecemos por todas as correspondências e e-mails recebidos. Reservamo-nos o direito de fazer modificações nos textos a serem publicados.

Page 9: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

9Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

perdoando e amando, instruindo, sobretudo com os próprios exem-plos, e doando-lhes o conheci-mento da vida, soerguendo-lhe as forças quando as provações ou problemas lhes marquem os dias, sem operar compensação de qualquer natureza.”

Ultimamente vemos inúmeros lançamentos de livros novos, com conceitos muitas vezes estranhos, frente aos ensinamentos de Jesus e os codifica-dos por Allan Kardec.

Esta obra, vem somente enriquecer e fortalecer a nossa fé, em harmonia com os conceitos espíritas, podendo, por-tanto, ser adotada como fonte de estudo individual ou para discussão nas reuniões dos agrupamentos espíritas.

Vitório

Dois dias depois de haver psicografado a primeira mensagem mediúnica, Chico, que contava com dezessete anos, fazia as suas orações da noite, quando o seu quarto se iluminou de uma luz prateado-lilás. Ele estava de joelhos, quando viu, perto dele, uma senhora de admirável presença.

Falou a ele em castelhano; muito embora ele ignorasse este idioma, compreendeu tudo:

— “Francisco, em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, venho solicitar o seu auxílio em favor dos pobres, nossos irmãos.”

Com lágrimas cobrindo o rosto, Chico perguntou-lhe:— Senhora, quem sois vós?— “Você não se lembra agora de mim, no entanto eu sou Isabel, Isabel

de Aragão.”Ele não conhecia ninguém com aquele nome, mas conteve o comentário

e indagou:— Senhora, sou pobre e nada tenho para dar. Que auxílio poderei prestar

aos mais pobres do que eu mesmo?— “Você nos auxiliará a repartir pães com os necessitados. Chegará

o tempo em que você disporá de recursos. Você vai escrever para as nossas gentes peninsulares e, trabalhando por Jesus, não poderá receber vantagem material alguma pelas páginas que você produzir, mas vamos providenciar para que os Mensageiros do Bem lhe tragam recursos para iniciar a tarefa. Confiemos na Bondade do Senhor.”

Após esta visão, Chico ficou sem entender o significado daquelas palavras e passou a orar para Nossa Senhora, pedindo que alguém o socorresse com as informações precisas.

Duas semanas após, estando ele nas preces da noite, apareceu-lhe um sacerdote, explicando que D. Isabel de Aragão, conhecida como Rainha Santa, fora esposa do Rei de Portugal, D. Dinis, desencarnada em 4 de julho de 1336 e que, desde o desencarne, tornou-se protetora de todas as obras de caridade e educação na Espanha e Portugal. Completa, o sacerdote, que fora confessor da rainha em 1336:

— Ela me recomenda dizer-lhe que não lhe faltarão recursos para a distribuição de pães aos necessitados. Confiemos em Jesus e trabalhemos na sementeira do bem.”

No primeiro sábado, após a ocorrência descrita, Chico, junto com sua irmã Luíza, foi a uma ponte muito pobre, na cidade de Pedro Leopoldo, Minas Gerais, conduzindo um pequeno cesto com oito pães, distribuindo-os aos indigentes que ali se refugiavam.

Assim foi iniciado o serviço de assistência, que continuou com a mudança de Chico, em 1959, para a cidade de Uberaba, pois ele morava próximo a três núcleos de favelados.

WilsonBibliografia: Texto adaptado do livro “O Evangelho de Chico Xavier” - Carlos A. Bacelli, Editora Didier, 6ª ed., 2003.

Pegadas de Chico Xavierpegadas de chico xavier

Mensagem de Isabel de Aragão

Receba mensalmente obras selecionadas de conformidade com os ensinamentos espíritas.

Informe-se através: E-mail: [email protected] www.espiritismoeluz.org.br (11) 2758-6345 (com Cristiane) Caixa Postal 42 - CEP 09910-970 - Diadema - SP

Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”CHICO

Page 10: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

10

A Terra é um mundo de provas e expiações. É aqui nesta abençoada escola que temos a oportunidade de aprender e de exercitarmos a humildade.

“O orgulho é o terrível adversário da humildade”, como diz Lacordaire em “O Evangelho segundo o Espiritismo”: “É a humildade que nos faz ver como iguais, todos como irmãos, que devemos nos ajudar mutuamente e juntos encaminhar-nos para o Bem”. Foi nosso Mestre Jesus que nos deu o maior exemplo de humildade vivido sobre a Terra.

Quando pensamos no orgulho, ficamos muito tristes porque sabemos que ele é ainda o grande vilão no retardamento de nossa evolução, mas temos que continuar a nos esforçar porque são tantas lições, inclusive no próprio Evangelho. Há a mensagem de uma rainha da França, intitulada “Uma Realeza Terrestre”, que diz: “O orgulho me perdeu na Terra. Quem compreenderia o nenhum valor dos reinados terrenos, se eu própria não o compreendia? Que trouxe eu, para este mundo, de minha realeza terrestre? Rainha entre os homens, julguei que rainha seria, ao entrar no reino dos céus! Que desilusão! Que humilhação! Quando, ao contrário de aqui ser recebida qual soberana, eu vi, acima de mim, num plano muito mais alto, os homens que eu julgava serem insignificantes e que eu houvera desprezado, por não terem linhagem nobre”!

Esta mensagem é muito significa-tiva porque esta rainha descreve os sofrimentos que encontrou na Espi-ritualidade, quando viu que apenas a li-nhagem nobre não lhe abriria as portas do céu. Ela diz que, quando desencar-namos não nos é perguntado o que fomos, nem qual posição ocupáva-mos, mas somente o bem que fizemos. Esfalfávamo-nos para adquirir bens terrenos, quais se pudéssemos guar-dá-los para sempre, que muitas vezes esta luta insana nos faz perder a reencarnação e, quando nos deparamos com a verdade, todas as ilusões se desfa-zem.

Muitas pessoas lutam incessantemente para adquirir tão-somente bens materiais; se não nasceram em berço de ouro, querem a todo custo ficar ricas, porque acham que aí serão

felizes. Quando conseguem seus objetivos, através do suor de seu rosto, na maioria das vezes, esquecem suas origens, muitas se tornam avarentas e, quando não, até pensam em ajudar o próximo, daquele jeito: dando do que lhes sobra. E quantas não ajudam os seus próprios familiares, esquecendo que a caridade começa em casa. Vale lembrar que, segundo Jesus, a felicidade não é deste mundo, como ilustra bem “O Evangelho segundo o Espiritismo”: “Nem a riqueza, nem o poder, nem mesmo os primeiros anos da juventude são condições essenciais da felicidade”.

“Viemos para a Doutrina Espírita de um mundo conturbado pelo orgulho e toda a aridez da existência e do relacionamento de criaturas e povos se origina tão-só e unicamente desse câncer social”. É assim que Roque Jacintho no livro “A Videira e os Ramos” define esta chaga da humanidade que devemos, a todo o momento, nos exercitar em combatê-lo.

Lacordaire também nos lembra que a humildade é uma virtude bem esquecida entre nós e que os grandes exemplos são bem poucos seguidos. Mas como poderemos ser caridosos, sem humildade? Jesus disse: aquele que se humilhar será exaltado e aquele que se exaltar será humilhado. Somente o exercício constante na prática do bem é que nos tornará humildes.

“Fora da caridade não há salvação” e na esplêndida explicação de Paulo de Tarso, contida no Evangelho de Allan Kardec, ele nos esclarece: “E a caridade não somente evitará que façamos o mal, mas também nos levará a fazer o bem. Não basta uma virtude negativa, fruto de não fazer o mal. É necessário uma virtude ativa, que nasce de fazer o bem. Para fazer o bem é sempre indispensável a ação da vontade; para não fazer o mal

bastam a inércia e a omissão”.Como vemos, estamos muito atrasados nesta matéria.

Sabemos que aprendemos por repetição; então vamos es-tudar bastante, refletir todas as noites, antes de dormir, so-bre o que estamos fazendo para diminuir nosso orgulho e se estamos praticando o todo bem necessário, para não per-dermos mais tempo. Vamos encarar os nossos problemas

Kardec em Estudokardec em estudo

As Relações no Além-Túmulo— Aquele que foi grande na Terra e que, como Espírito, vem a achar-se entre os de ordem inferior, experimenta com isso alguma humilhação?“Às vezes, bem grande, mormente se era orgulhoso e invejoso”.

O Livro dos Espíritos – 2ª parte – Capítulo VI – Questão 276

Page 11: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

11Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

sempre de frente, receber as humilhações sem queixas, nos fortalecer diante das injúrias e calúnias, ser corajosos ante as provações, porque nosso Pai Celestial sabe exatamente do que precisamos para continuar nossa caminhada.

A receita da evolução é muito simples: basta nos inserirmos na Lei do Amor para que, quando voltarmos à vida espiritual, saibamos exatamente onde será nosso lugar.

Deus em Sua Infinita Misericórdia está nos esperando para trilharmos a Seara do Cristo, mas perguntamos: e nós quando acordaremos para os chamados Dele?

Eliana Baptista do Norte

Atualidadeatualidade

CET – Caridade e TrânsitoFrequentemente nos esque-

cemos de que o trânsito traz uma excelente oportunidade para exercermos certas virtudes como a caridade, a humildade e a paciência. Acredito que nós, motoristas, concebamos o trân-sito como um universo paralelo, em que nos é permitido exprimir nossa falta de educação e de cordialidade, com a desculpa de estarmos mergulhados em um caótico tráfego de veículos, que consome o nosso tempo mais do que qualquer outra coisa e que,

consequentemente, diminui nossa qualidade de vida.Dentro do carro, perdemos a nossa identidade, sentimo-

nos seres anônimos que, escondidos por trás dos volantes, sentem-se à vontade para estravazar os instintos.

Há algum tempo, venho refletindo sobre a nossa conduta no trânsito: entre nós, espíritas, com certeza, ela deixa muito a desejar, considerando o número de vezes que já lemos o Evangelho. Já era tempo de termos aprendido alguma coisa!

Pela manhã, estamos todos mais pacientes, afinal, o dia acabou de começar. Para aqueles que acordam de bom humor, os primeiros dez minutos do trânsito da manhã são tranquilos, até descobrirem que, nesses dez minutos, avançaram cem metros e estão a apenas algumas quadras da suas casas.

Instantaneamente, a dose de paciência matinal é consumida e, como um imã, o carro gruda na traseira do carro da frente, impedindo que qualquer um entre na faixa e lhes deixe uma posição para trás. Mas inevitávelmente é uma luta perdida; em algum momento serão obrigados a dar passagem para outro veículo e para aliviar a raiva – sim, a raiva matinal - procuram qualquer característica da pessoa para ofendê-la mentalmente: se é mulher, é porque é mulher; se é idoso, é porque é velho; se é jovem, é porque é moleque.

E, como todos sabemos, o objetivo é não ficarmos presos no farol: se o carro que entrou na sua frente consegue passar e você não, prefiro não comentar o que pensamos, mas se conseguimos ultrapassá-lo e passar no semáforo, e ele não, o gostinho de vingança nos invade.

Nessa análise de comportamento, estou impressionado como, diariamente, jogamos fora os ensinamentos do

Evangelho. Afinal, só é bom praticá-los quando não estamos com pressa, não é mesmo?

Depois das desaventuras da manhã, chega o temido momento de voltar para casa, todos com um mesmo objetivo: “— quem chegar, por último, em casa é mulher do padre”, como se o trânsito fosse uma competição de velocidade, tempo e egos. E se, pela manhã, a paciência já não estava interiorizada, na volta para casa ela é completamente esquecida.

Todavia, quando, sem querer, olhamos para o lado, cruzamos com o olhar de um motorista que faz uma verdadeira acrobacia (uma mão no volante, a outra para fora da janela direita, um pé no acelerador e o outro na embreagem, um olho no carro da frente e o outro tentando contato conosco) para pedir licença e conseguir trocar de faixa. Se o nosso olhar, por sorte, cruzar com o dele, não conseguimos seguir na nossa postura fria e egoísta: lembramo-nos de que, ao nosso lado, existe uma pessoa e damos passagem.

Eu fui um exemplo dessa situação: semana passada, uma senhora, com duas crianças gritando no banco de trás, colocou a mão para fora da janela e, com um sorriso no rosto, pedia licença para entrar na minha faixa – coisas que só uma mãe consegue: sorriso no rosto, em uma sexta-feira à noite, enfrentando o trânsito de São Paulo. Obviamente dei uma buzinadinha fazendo sinal para que avançasse. Ela agradeceu com outra buzinada e eu, imediatamente, pensei: por que fui olhar para o lado?!

No dia-a-dia, temos desculpa para sempre escaparmos da conduta cristã e o trânsito é mais uma delas. Com efeito, nosso André Luiz salienta no livro “Sinal Verde” que a conduta cristã é construída exatamente onde mais nos permitimos ser indiferentes: no cotidiano. Nesse mesmo livro, no capítulo intitulado “Via Pública”, ele nos diz: “Se você está de carro, por mais inquietação ou mais pressa, atenda às leis do trânsito e aos princípios do respeito ao próximo, imunizando-se contra males suscetíveis de lhe amargurarem por longo tempo.”

Olha, se não fosse essa nossa falta de caridade cotidiana, quem sabe a Terra já estaria nos momentos finais do Período de Regeneração?

MuraroBibliografia: O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec, Tradução de Roque Jacintho, Editora Luz no Lar, 4ª. ed., 2002.Sinal Verde – Francisco Cândido Xavier, pelo espírito André Luiz, Editora CEC, 21ª ed., 1987.

Bibliografia: A Videira e os Ramos – Roque Jacintho, Editora Luz no Lar, 1ª ed., 1991.O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec, Tradução Roque Jacintho, Editora Luz no Lar, 3ª ed., 1991.O Livro dos Espíritos - Allan Kardec, Editora FEB, 68ª ed., 1987.Imagem: fonte desconhecida

ACEITAMOS SUA COLABORAÇÃOSua doação é importante para o custeio da postagem do Seareiro

e pode ser feita em nome doNúcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança - CNPJ: 03.880.975/0001-40

Banco Itaú S.A. - Agência 0257 - C/C 46.852-0

Page 12: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

12

Caridade! Eis o seu lema e a sua bandeira!Não há coração sofrido que tenha cruzado pelo seu

caminho que não tenha recebido o Amor e o Amparo.Como Anchieta, levou a palavra de Jesus para os

selvagens, que se renderam ao seu carinho.Ouviram, em tupi-guarani e outras línguas nativas, as

virtudes vividas por Jesus.Este Apóstolo do Senhor trouxe para a terra do Cruzeiro

a mensagem de amor.Fundou a cidade de São Paulo, com a intenção de que

no cerne, no núcleo desta bendita cidade, estivesse o sentimento de caridade que socorre a todos. E foi assim.

Após retornar à Pátria Espiritual, reencarna como um pobre português que vem para o Brasil em busca da Terra da Promissão.

Faz fortuna, mas, ao chamado de Jesus, ouvido da boca de uma pessoa caída na rua, socorrida por ele, desvincula-se de todos os bens materiais e se vincula ao Convento de Santo Antonio, no Rio de Janeiro, sendo recebido como irmão leigo, devido a sua pouca cultura, aceitando as funções humílimas de porteiro do convento.

Passava, a partir daquele momento, a vivenciar todo o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo e a Ele confiar toda a sua vida.

Como porteiro, aprenderia a doar-se integralmente aos que sofrem, buscando em cada um deles uma parcela do Senhor, que já lhe falara pela voz daquele que socorrera.

Na condição de porteiro, todos os que procuravam ajuda, material ou espiritual, eram atendidos, primeiramente por Fabiano de Cristo que, com o coração, acolhia- os consolando e amparando.

E assim, passando o tempo, aquele coração amoroso torna-se amigo dos sofredores, sempre atendendo a todos, com muito amor, relembrando para cada caso um ensinamento de Jesus.

Consola escravos foragidos, fa-zendo-lhes ver que deviam confiar no Senhor e não fugir dos encargos porque Ele também tinha-se fei-to escravo dos homens cruéis e escolhera a Cruz do sofrimento, para libertar-nos de nossos pecados.

Atende os casais em de-sentendimento, aconselhan-do que o entendimento mútuo deve ser fruto do amor, de um para com o outro.

Livra possessos, relem-brando Jesus à margem do lago de Genesaré, a dialogar com uma legião de Espíritos dementados pelo mal.

Desencoraja aqueles que querem cometer suicídio, mostrando que existe uma multidão de sofredores aguardando pela nossa atenção, para poder renascer a esperança pela vida.

Convence escravos a socorrerem os seus feitores, ensinando que devemos mostrar a Deus que perdoamos os que nos perseguem e nos fazem sofrer.

Ouve relatos de crimes, deixando aquele que desabafa falar tudo o que vai em seu coração, orando, pedindo a Deus que ilumine aquele companheiro, ensinando que devemos mais ouvir do que falar.

Acolhe, na enfermaria do convento, mulheres de má vida, mesmo a contragosto dos seus superiores, relembrando Jesus e Maria Madalena. Orienta-as para a nova vida que devem enfrentar, reerguendo-as pelo amor.

Cura de enfermidades físicas a ricos e pobres, sem distinção, deixando sempre a mensagem de que devemos nos curar das enfermidades espirituais.

Passados alguns anos, Fabiano de Cristo estava com erisipela nas duas pernas. Andava com dificuldade, mas, mesmo assim, saía pelas ruas da cidade, pedindo donativos para repassá-los para os que ele chamava de pobres de Jesus.

Aonde sabia que havia alguém precisando de auxílio, lá ia ele, arrastando as pernas, amparado por um bordão, para socorrê-lo.

Na enfermaria, orava e pedia para que Deus depositasse na água a ser distribuída aos enfermos, o remédio que ele, Fabiano de Cristo, na sua falta de conhecimento, não saberia ministrar. Muitos enfermos incuráveis se curavam e passavam a ajudá-lo, demonstrando que a fé, aliada ao sentimento de amor, remove grandes obstáculos.

Nos últimos dias antes de seu desencarne, sem sair da sua humilde cela no Convento de Santo Antonio, muitos relataram que foram socorridos por ele, em desdobramento espiritual.

Em 15 de outubro de 1747, prevê que irá desencarnar. Mesmo com dificuldade, vai visitar e se despedir de todos os que ele conhecia, ricos e pobres.

Era 17 de outubro de 1747.O pai dos pobres despedia-se.

Fabiano de Cristo retorna para a Pátria Es-piritual, onde é recebido por uma multidão de almas que foram por ele amparadas.

Dentre elas, Francisco de Assis o recebe e o leva

ao encontro do Senhor.Uma fulgurante Cruz

se aproxima e transfi-gura-se no próprio Mes-tre.

Fabiano de Cristo, agora livre do bordão em

Fabiano de Cristo,O Peregrino da Caridade

nossa homenagemNossa Homenagem

Page 13: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

13Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

que se apoiava, não resiste de emoção e cai de joelhos.

Por ter vivido a perseverança no Bem até o fim, Jesus diz-lhe:

— Podes, agora, escolher o mundo feliz a que tens direito de ingresso.

Relembrando os dementados, suas angústias e revoltas, que se rendiam ante os anúncios das esperanças da Caridade vivida, pergunta-se:

— Quantos deles existiriam ainda?Ajoelhando diante do Senhor, entre lágrimas e

humilde, diz:— Senhor, se me é dado escolher entre um

mundo feliz e este doloroso vale de lágrimas, permiti-me, Senhor, ficar próximo daqueles que ainda não conhecem as bênçãos das lágrimas e do arrependimento. São esses os que sofrem, sem o saber e, por isso, concedei-me ajudá-los, para que eles também possam soerguer-se e se confiarem à tua divina diretriz.

“Deixai-me, Senhor, como um porteiro de tua Mansão!”

Desde então, Fabiano de Cristo ergue, sob o amparo misericordioso de Jesus, na Espirituali-dade, as casas transitórias que acolhem aqueles que já querem passar das sombras do passado para as luzes eternas do porvir.

Ensinou a nós, espíritos endividados, que so-mente através da Caridade vivida, poderemos refazer o nosso passado e seguir adiante, para um futuro em busca de paz espiritual e felicidade verdadeira.

Deus abençoe este coração amoroso.Deus abençoe Fabiano de Cristo.

Equipe Seareiro Imagem: livro “Fabiano de Cristo, O Peregrino da Caridade” - Roque Jacintho, Editora Luz no Lar, 1ª ed., 1986.

Clube do Livroclube do livro

O livro enfocado, “A PEDRA AZUL”, é um romance mediúnico e foi enviado pelo Clube do Livro Espírita, “Joaquim Alves (Jô)”, no mês de julho/09.

Alfredo Pardini, pelo Espírito Marco, narra a trajetória dos três perso-nagens principais que, em decorrência dos débitos contraídos em vida ante-rior, se reencontram para os resgates necessários.

Na capa da obra destacam-se a cidade de Verona, na Itália, século XVIII e a Fazenda Pedra Azul, no Brasil do século XIX, cenários da trama narrada.

Vidal Garcia, um dos protagonistas, espírito endurecido pelo ressentimento, ao invés de aproveitar a oportunidade da reencarnação para a prática do perdão e,assim, romper com as algemas do passado, acaba se comprometendo mais.

As correntes de dor e sofrimento se intensificam. Mas, como o amparo do Mais Alto está sempre presente, novas oportunidades surgem para Verônica, Eduardo e Vidal. E eles, por onde decidirão seguir: entre o caminho do orgulho ou da humildade? Do perdão ou da vingança...?

Que nós tenhamos ouvidos de ouvir e olhos de ver, mas não aquilo que queremos, nem no sentido material. Não esperemos que alguém venha do Além para nos acordar aos compromissos assumidos no pretérito.

Lembremos: Deus nos intui a todo instante.Boa leitura!

Rosangela

A Pedra AzulAlfredo Pardini,

pelo espírito MarcoEditora O Clarim - 176 páginas

1ª edição - 2008

Page 14: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

14

Não somos criaturas que estejam em melhores condições morais ou que tenham mais conhecimentos que nossos companheiros; apenas procuramos comentar o que estamos aprendendo e, em nossa caminhada de estudo e aprendizagem, notamos o comentário seguinte: “mas o Espiritismo fala muito de sofrimento, os livros de André Luiz ilustram muitas regiões de sombras, dramas de dor, umbral; é muito negativismo, eu não concordo, a vida tem que ter também alegria“.

Este é um assunto interessante e bastante amplo e, para compreendê-lo em sua total abrangência, faz-se necessário conhecer o Evangelho na sua plenitude, o que nós ainda não conhecemos. Entretanto alguns pontos podemos salientar e fazer um julgamento do certo e do errado.

Fomos criados simples e ignorantes. Ao longo do tempo, com as revoluções climáticas e naturais, ocorridas em nosso planeta, criaram-se as condições necessárias para que aqui fôssemos situados e, assim, tanto nós estamos evoluindo intelectual e moralmente como também promovendo transformações materiais no planeta, abrigando um número cada vez maior de reencarnantes.

Nesta nossa caminhada evolutiva, por uma consequên-cia natural, era necessário cuidarmos primeiramente de nossa sobrevivência, ou seja, do instinto de preservação da espécie, em que nos preocupamos com nossa alimentação, posteriormente a moradia e, por decorrência, as necessidades da vestimenta. Atendidas as necessidades do corpo, surgem as necessidades intelectuais e morais que são as do espírito. Entretanto, este processo entre um período e outro é milenar e nos demoramos em muitos milênios, por nosso comodismo, em determinadas situações, como acontece hoje.

Nosso planeta e as condições materiais que nos são ofe-recidas nos permitem um bem-estar a que nos acomoda-mos e entendemos que a alegria ou a felicidade re-sidem na única e exclusiva satisfação que as coisas materiais nos oferecem. Entretanto não observa-mos que vivemos num paradoxo e não sabemos por quanto tempo assim permaneceremos – só sa-bemos que é um período de transição, como todos os outros pelos quais já passamos.

A alegria ou a felicidade a que muitas vezes nos referimos resumem-se: na conquista de dinheiro, de preferência de maneira “fácil”; na ociosidade; nos excessos da alimentação e vestuário; na exploração do corpo físico; num

casamento arranjado; em acordos corruptos dentro e fora da lei humana, pois nem tudo que é do direito humano é moral; na sorte nos jogos e em tantas “profissões” que não passam de disfarces do menor esforço quanto ao verdadeiro significado do trabalho. Com estas conquistas chamadas “fáceis”, nos alegramos também com a satisfação nos prazeres sexuais, resultados de deformação moral. Alguns buscam a alegria também nas viagens de entretenimento, passeios, férias ou nas baladas que são promovidas com o intuito de estimular o uso de drogas.

Desejamos cada vez mais, e com volúpia, as coisas matérias que nunca chegam a atender aos nossos caprichos, pois somos insaciáveis neste aspecto. Por comodismo, de nossa parte, em não querermos compreender os verdadeiros valores da vida, falamos que vivemos num paradoxo porque não prestamos atenção ao que fazemos. Ao invés de alegria, estamos semeando dor e sofrimento.

Quando falamos em dificuldades, obstáculos, dores, sofrimentos, estamos falando de nossa recuperação porque isso tudo é fruto de nossa irresponsabilidade na procura dessa falsa alegria.

Quantas enfermidades são sexualmente transmitidas! Temos ideia? Quantos casos de homicídios são cometidos, iniciando-se num relacionamento de simples satisfação sexual? Quantos casos de aborto criminoso ocorrem pelo mesmo motivo? Quantos casos de obsessão e vampiris-mo se dão, também, por isso? Quantas reencarnações são atravessadas numa inversão sexual, por abusarmos dessa energia genésica que é divina? Quantos distúrbios mentais decorrentes dessa transgressão do sexo podemos imagi-nar? Quantos dramas familiares existentes por estes mes-mos motivos?

Então, perguntamos: quando será que nos sentiremos alegres ou felizes por buscarmos o conhecimento intelectual

e moral; em superar as dificuldades, conquistando um trabalho honesto e digno; em sabermos que somos úteis na sociedade em que vivemos; em reconhecer que o próximo é mais capacitado do que nós e procurarmos crescer ombreando-nos a ele, com espírito de fraternidade e não de inveja; em formar uma família, onde o respeito entre os componentes seja uma prática natural? Quando será que sentiremos alegria em visitarmos um doente, um asilo ou um orfanato; em auxiliar um parente em dificuldades; em perdoar uma ofensa? Esta alegria não a conhecemos porque o orgulho e o egoísmo ainda são vivazes dentro de nós.

Tema Livretema livre

O Que É Ser Feliz?

Page 15: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

15Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

Essa alegria a que, comumente, nos referimos, muitas vezes, é egoísta, pois na verdade estamos pensando em satisfazer apenas os nossos desejos, os quais são, na maioria, de tendências inferiores e se os comentários sobre os problemas, dores ou dificuldades nos incomodam, esse incomodo é em decorrência da nossa consciência de culpa, por estarmos em falta com os próprios deveres.

Podemos interpretar, aqui, também o ensinamento do Cristo quando Ele nos diz que a felicidade não é deste mundo,

ou seja, deste mundo em que nos mantemos no atraso moral e, dentro deste ponto de vista, a felicidade residirá em nós quando vivenciarmos a Lei do Amor, segundo os ensinamentos de nosso Mestre Jesus e estaremos em paz com a nossa consciência, mesmo estando neste planeta. É a satisfação do dever cumprido.

Roberto CunhaBibliografia: O Evangelho segundo o Espiritismo – Tradução Roque Jacintho – Editora Luz no Lar, 3ª ed., 1991.Imagem: http://www.habbid.com.br/uploads/doutores-da-alegria02.jpg

familia

O alto índice de separação de casais e, mesmo, os intensos conflitos de relacionamento entre homens e mulheres no casamento, quando não ocorrem separações, indicam a existência de um equívoco fundamental nem sempre percebido.

É que, quando se casa pensando que o outro vai trazer a felicidade, os papéis estão invertidos. Na verdade, o segredo do casamento está nos esforços para fazer o outro feliz!

Percebamos bem a diferença. Esperar ou criar expectativas de que o cônjuge promova a felicidade é um equívoco de grandes propor-ções! Ter a iniciativa e esforçar-se continuamente para promover a felicidade do cônjuge: eis o segre-do da felicidade e da harmonia no casamento. E, claro, é iniciativa de ambos.

Basta pensar nas imposições comuns de um cônjuge para outro, no desrespeito à vontade do outro, na indiferença à personalidade do cônjuge ou, mesmo, em exigências egoísticas e, muitas vezes, cruéis. Isto tudo gera conflito, sofrimento, aflição.

O esforço contínuo e atento em promover a felicidade do outro, to-davia, deixa de lado a crueldade do egoísmo, as exigências tolas da vai-dade e, mesmo, os danosos resulta-dos do orgulho. Com essa iniciativa carinhosa para que o cônjuge este-ja bem, sinta-se protegido e amado – e isso há que ser recíproco – o ambiente do casamento altera-se por si mesmo, trazendo harmonia para a família e segurança nos relacionamentos.

Se você vive conflitos no casamento, experimente surpreender seu companheiro, ou sua companheira de jornada, com gestos de bondade e gentileza, de auxílio nas

tarefas do lar, de companheirismo nos desafios comuns e, principalmente, para buscar construir um relacionamento de carinho e atenção.

Preste atenção nas brigas e discussões já havidas. Foram frutos do egoísmo de um ou de outro, foram resultados de orgulho e vaidade, originaram-se de posturas inflexíveis e indiferentes às carências de um ou de outro.

Observe casais em disputa, não a judicial, mas a disputa interna mesmo, em comparações, concorrências entre si,

dentro do próprio ambiente do lar, e, muitas vezes, na frente dos fi-lhos...

Por que jovens casais apaixo-nados rapidamente se tornam ini-migos, após períodos curtos de vida conjugal?

Pois tudo isso e outras situa-ções, bem próprias dos conflitos conjugais, estão nesse equívoco: achar que o cônjuge é que tem de promover a nossa felicidade. Isso está invertido! Colocar as expec-tativas no outro é inverter papéis. A expectativa há que estar em nós para levar a segurança, o bem-estar, a tranquilidade, o carinho, a gentileza, a bondade para o côn-juge...

Exigir de nós, não do cônjuge. Eis o segredo!

Experimente. Sua vida conjugal será muito mais feliz! Não estamos no casamento para concorrer entre nós. Estamos no casamento para crescer juntos e oferecer estrutura

segura aos filhos que Deus nos envia. Eis uma experiência linda de aprendizados comuns.

Orson Peter CarraraImagem:http://1.bp.blogspot.com/__1-XiQxdmuY/SsAQ4VZJjCI/AAAAAAAAAII/gWDMV4iJlf8/s320/Carinhos-Segredo_de_um_Casamento_Feliz.jpg

Equívoco no CasamentoFamília

Livros básicos da Doutrina Espírita. Temos os 419 livros psicografados por Chico Xavier, romances de diversos autores, revistas, jornais e DVDs espíritas. Distribuição permanente de edificantes mensagens.

Praça Presidente Castelo BrancoCentro - Diadema - SPTelefone (11) 4055-2955Horário de funcionamento: 8 às 19 horasSegunda-feira a Sábado

Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)”

Page 16: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

16

Primeiras horas da manhã, no Rio de Janeiro.Saindo do pátio do Convento de Santo Antonio, Fabiano

de Cristo seguiria em tarefa fraternal ao povoado de Parati.Um amigo de apostolado traz-lhe uma rala manta.— Coloca sobre tuas costas!Fabiano sorri.— Por certo, adverte o amigo, com a tosse que estás, se

não te abrigares, ficarás doente do peito!Fabiano agradece, em doce olhar, o cuidado fraternal.E sai, na direção de seu destino.Já palmilhara tortuosas veredas e subira íngremes

montes, quando a noite o surpreendeu em quase mata virgem.

O frio se acentuara!Gotas de orvalho banhavam galhos e folhas.Fabiano tosse e sua.Súbito, antes que pudesse abrigar-se, Fabiano ouve

alguém chamá-lo.— Ajuda-me viandante! — suplica-lhe um homem, caído

à beira do caminho.Fabiano, sem hesitar, aproxima-se e vê-lhe o doloroso

estado.Esfarrapado, desnudo, tiritava em febre dentro de noite

fria.Relembrando, ali, o que ouvira no pátio do convento,

na despedida. Retira a manta rala que o aquecia e, quase desnudando, recobre a sofrida criatura com o calor da manta e o calor de seu próprio coração.

No dia seguinte, reiniciando a sua áspera e solitária marcha, sente-se em paz dentro de si e se surpreende pela disposição que experimentava.

Dera a sua manta ao pobre e Jesus lhe dera o Seu manto, a quem vivenciava o amparo fraternal.

(Mensagem psicografada em 10/6/1988, por Roque Jacintho, por ocasião do Festival de Inverno na distribuição de cobertores no Grupo Espírita Fabiano de Cristo, no bairro de Americanópolis, cidade de São Paulo, SP)

Sem PalavrasMensagem

mensagem

VISITE NOSSO SITE www.espiritismoeluz.org.brVocê poderá obter

informações sobre o Espiritismo, encontrar

matérias sobre a Doutrina e tirar dúvidas

sobre o Espiritismo por e-mail. Poderá

também comprar livros espíritas e ler o Seareiro

eletrônico.

Page 17: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

17Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

O dia amanhecera de sol quente. Lucas revirou na cama, acordando com o chamado de sua mãe:

— Filho querido, acorde! A mamãe e o papai precisam ir trabalhar. Venha tomar logo o seu café da manhã!

Lucas espreguiça que espreguiça, levantou e correu até a cozinha para comer a humilde refeição que a mãe preparara: um pão com manteiga, já um pouco endurecido, e um pequeno copo de café.

Como de costume, seus pais saíram para trabalhar no canavial e ele ficara em casa para cuidar do irmãozinho mais novo, que ainda não sabia andar.

Lucas queria muito estudar, mas a escola era longe demais e seus pais não tinham como levá-lo. Além de tudo, ele precisava cuidar do irmão. Muito esforçado, aprendia a ler com os jornais velhos que o pai trazia para casa, pois sabia o valor do conhecimento.

Depois de alimentar o irmão com mingau de fubá, percebera que o tempo estava se fechando: o céu estava escurecendo e certamente iria cair uma tromba d’água. Lucas teve apenas tempo de fechar as janelas e logo a chuva torrencial começou a cair.

A chuva era intensa, os relâmpagos iluminavam o céu e os trovões assustavam o irmãozinho, que chorava no colo de Lucas, com medo.

Da janela da casa, Lucas via que o riacho que passava em frente à casa estava enchendo rapidamente. As águas do rio já arrastavam troncos de árvores e muito entulho.

— Uma enchente! — resmungou o garoto, já com algum medo.

Os dois irmãos subiram na pequenina e frágil mesa da cozinha, enquanto a água ia entrando com violência dentro do casebre.

Quanto mais a água subia, mais a mesinha tremia pela correnteza que se formou.

A correnteza ficou cada vez mais forte e Lucas colocou o irmão num cesto e foi a conta para ambos serem arrastados pela correnteza que derrubou o casebre.

E lá se foram os dois, redemoinhando nas ondas fortes. Lucas, em meio à correnteza, conseguiu agarrar-se com uma mão a um tronco de árvore que havia sido arrancado pela chuva e com a outra segurava o cesto, até que uma forte onda jogou os dois numa pequena ilha de lama, formada no meio da correnteza.

O nenê chorava muito, aterrorizado! — Fique quieto! — ordenava Lucas.Lá, os dois irmãos ficaram por muito tempo. Não

sabendo, ao certo, como sair daquela ilha, Lucas choramingava sem saber o que fazer. Em pensamento ele perguntou a sua mãe:

— O que faço, minha mãe?E a mãe, naquela hora, parecia responder:— Se você nada puder fazer, peça ajuda a Jesus.Lucas caiu de joelhos na lama e rogou o amparo de

Jesus. Ao abrir os olhos, começou a perceber que um Espírito aproximava-se dele.

— Acalme-se meu filho, não se preocupe, pois seus pais acharão vocês dois, logo que as águas abaixarem...

— Mas quem é a senhora? — perguntou Lucas.— Sou Anália Franco, e vim em nome de Jesus, que ouviu

suas preces e permitiu que eu me aproximasse e chegasse até aqui para acalmá-los. Confie em Jesus e não tenha medo. Seus pais irão chegar aqui para salvar vocês dois!

— Mas como eles saberão que estamos aqui?— Outros espíritos irão transmitir inspiração a seus pais e

eles irão descobrir essa ilha.— Assim... sim! Estou com sono Dona Anália e muito

cansado. Queria estar com minha mãe!Anália sorriu e abençoou os dois garotos que, agora,

dormiam mais tranquilos, sob a sua proteção.***

No outro dia, o Sol voltara a iluminar. Lucas acordou com os raios de luz a lhe aquecerem a pele, salpicada de lama. Após olhar o cesto rapidamente, procurou por Anália:

— Onde está você, Anália? De repente, ele ouve um chamado forte: — Lucas, estamos indo... Eram seus pais que, dentro de um barquinho, remavam

para chegar até a pequena ilha de lama.— Graças a Deus, vocês estão bem! — dizia a mãe de

Lucas.— E como vocês vieram até aqui? — perguntou o pai.Lucas explicou que uma onda os jogou naquela ilha e que

o espírito de Anália Franco os socorrera. A mãe, a essa altura, esclareceu: — Anália Franco! Aquela bendita senhora espírita que

amparava as crianças! Graças a Deus, os bons Espíritos olham por nós!

Anália Franco, da Espiritualidade, abençoava aquela pobre e sofrida família, envolvendo todos

eles em luz. Juca, de repente, sentiu de novo a mão amiga de Anália a acariciar-lhe os cabelos.

Voltavam todos para reconstruir a casinha arruinada pela enchente.

IagoBibliografia: Adaptação do livro infantil Amparo Espiritual - Roque Jacintho, Editora Luz no Lar,

3ª ed.,1996.

contos

Amparo EspiritualContos

Page 18: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

18

JESUS E KARDECEm Jesus e Kardec percebemos a perfeita identidade entre os ensinamentos do Mestre e do Codificador. Neste trabalho, Roque Jacintho nos convida à prática da nossa reforma íntima e à reflexão sobre nossa conduta moral.

Preço: R$ 16,00 Série Doutrinária - 127 páginas

DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICODesde o Egito Antigo se observa o fenômeno mediúnico. O Espiritismo torna rediviva a mediunidade cristã. Nesta obra, Roque Jacintho vai, à luz da doutrina espírita acompanhar, o leitor nesta caminhada relativa à mediunidade e seu desenvolvimento.

Preço: R$ 20,00Série Doutrinária - 150 páginas

DAS LEIS MORAISEsta é uma obra recolhida de O Livro dos Espíritos, diretamente do original francês. Em uma aborda-gem ainda mais atualizada e com-patível com nossas necessidades e expectativas, Roque Jacintho repete a mesma sequência adotada por Kardec para falar sobre as leis morais.

Preço: R$ 18,00 Série Básica Doutrinária 172 páginas

Caixa Postal, 42 Diadema - SP - CEP 09910-970 www.luznolar.com.br (11) 2758-6345 [email protected]

Editora Luz no LarLivros sob medida para você.

Preços especiais

para distribuidoras

e livrarias!

O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMOTradução, de Roque Jacintho, do original francês

Uma das cinco obras básicas da doutrina espírita.Nova edição revisada, em versão de fácil leitura e entendimento, de acordo com os originais do tradutor. Traz a explicação das máximas morais do Cristo, sua concordância com o Espiritismo e sua aplicação às diversas situações da vida.

Para comprar o seu livro, entre em contato!

PRÉ-RELANÇAMENTO

Preços válidos até o final do ano de 2010 e até durarem os estoques.

Page 19: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

19Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

DIA 011995 - Realizado em Brasília (DF), o 1º Congresso Espírita Mundial,

com a participação de 34 países: África do Sul, Angola, Argentina, Bélgica, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Espanha, EUA, França, Guatemala, Holanda, Honduras, Inglaterra, Itália, Japão, México, Nicarágua, Noruega, Panamá, Paraguai, Peru, Porto Rico, Portugal, República Dominicana, Suécia, Suíça, Trinidade e Tobago, Uruguai e Venezuela.

DIA 031804 - Nasce em Lyon, França, o professor Denizard Hippolyte Léon

Rivail, codificador da Doutrina Espírita. Autor de inúmeros livros de cultura, tradutor em várias línguas, membro de diversas academias e sociedades culturais; mais tarde, adotou o pseudônimo de Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo.

DIA 091861 - Realizado um auto-de-fé, em Barcelona, Espanha. Ato

inquisitorial da Igreja que queimou, em praça pública, cerca de 300 volumes de obras espíritas, enviadas por Allan Kardec ao seu amigo, Maurice Lachâtre, livreiro. Este episódio ficou conhecido como o Auto-de-Fé de Barcelona.

DIA 111966 - Desencarna Pedro de Camargo, mais conhecido como

Vinícius. Como escritor voltou-se, de forma especial, para a tarefa de evangelização.

DIA 15Dia do Professor.

DIA 171747 - Desencarna Fabiano de Cristo (João Barbosa).1849 - Desencarna Frédéric Chopin. Além de músico, possuía

também dotes medianímicos; via Espíritos; ouvia magnificentes harmonias siderais e cânticos extasiantes entoados pelas almas resplendentes de luz.

DIA 181921 - Nasce em Congonhas do Campo, MG, José Pedro de Freitas,

apelidado de Zé Arigó. Tornou-se conhecido internacionalmente, através de seus recursos mediúnicos, servindo de instrumento ao Espírito Dr. Albert Fritz, a partir da segunda metade da década de 50.

DIA 191909 - Desencarna, na Itália, César Lombroso, criminalista e

observador espírita.

DIA 221908 - Desencarna Artur Nabantino Gonçalves de Azevedo, conhecido

por Artur Azevedo. Foi Diretor Geral de Contabilidade do Ministério da Viação, poeta, comediógrafo, jornalista e crítico. Membro e fundador da Academia Brasileira de Letras, onde ocupou a cadeira de Martins Pena. Após o seu desencarne, através do médium Francisco Cândido Xavier, sua obra poética continuou.

1922 - Nasce Meimei. Nas palavras do Espírito Emmanuel, Meimei “não é somente valorosa missionária do bem e da luz, em nosso círculo de ação, mas também devotada orientadora de crianças e que se desvela, no mundo espiritual, pela formação da mente infantil à claridade do Evangelho Redentor”. No dia 1/10/1946, Meimei retorna a Pátria Espiritual.

DIA 241944 - Desencarna Adelaide Augusta Câmara, conhecida pelo

pseudônimo de Aura Celeste, médium de largos recursos e personagem de destaque no espiritismo nacional. Dedicou-se às crianças órfãs e aos idosos.

DIA 251886 - Nasce em Miritiba, MA, Humberto de Campos, escritor,

deputado estadual, membro da Academia Brasileira de Letras (1920). Ditou diversas obras espíritas através do médium Chico Xavier, algumas com pseudônimo “Irmão X”.

DIA 261943 - Desencarna Luiz Olímpio Guillon Ribeiro, tradutor das obras de

Kardec e de Roustaing. Foi presidente da FEB.

DIA 29Dia Nacional do Livro.

Calendáriocalendario

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”DIA2ª

Domingo

LIVROS ESTUDADOSO Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; A Gênese – Allan Kardec; Os Mensageiros – André Luiz*O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; O Livro dos Espíritos – Allan KardecSabedoria de Paulo de Tarso – Roque Jacintho & J.Manahen; Cartas e Crônicas – Irmão X*; Das Leis Morais – Roque JacinthoTerapia Espiritual; Emmanuel – Emmanuel*; Seara dos Médiuns – Emmanuel*; O Livro dos Médiuns – Allan KardecO Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; Os Mensageiros – André Luiz*; Vida Futura – Roque JacinthoO Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro de mensagens de Emmanuel*

*Livro psicografado por Francisco Cândido Xavier

Reuniões: 2ª, 4ª e 5ª, às 20 horas3ª e 6ª, às 15 horas

Domingo, às 10 horasEvangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniões

Atendimento às Gestantes: 2ª, às 15 horas

Artesanato: Sábado, das 10 às 17 horas

Tratamento Espiritual: 2ª e 4ª, às 19h453ª e 6ª, às 14h45

Rua das Turmalinas, 56 / 58Jardim Donini - Diadema - SP - Tel.: (11) 2758-6345

Outubro

Imagem: http://pages.framingham.k12.ma.us/summerscene/images/line_of_children.jpg

Page 20: Fabiano de Cristo - espiritismoeluz.org.br · Sabemos que naquela região do Oriente Médio esses conflitos são ... como está em O Evangelho segundo o Espiritismo. ... João consultou

Órg

ão d

ivul

gado

r do

Núc

leo

de E

stud

os E

spíri

tas

“Am

or e

Esp

eran

ça”

Cai

xa P

osta

l 42

Dia

dem

a - S

P09

910-

970

Des

tinat

ário

FEC

HA

MEN

TO A

UTO

RIZ

AD

O -

Pod

e se

r abe

rto p

ela

EC

T