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PROIBIDA A VENDA Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 10 - nº 94 - Agosto/2009 Distribuição Gratuita Veja também: Segunda parte O Cárcere Mamertino Momento Atribulativo Será que Realmente Somos Cristãos? Juventude Liberdade Natural Simpatia e Bondade

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PROIBIDA A VENDA

Órgão divulgador do Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança” - Ano 10 - nº 94 - Agosto/2009Distribuição Gratuita

Veja também:

Segunda parte

Antônio Fredericode Castro Alves

O Cárcere MamertinoMomento AtribulativoSerá que Realmente Somos Cristãos?

JuventudeLiberdade Natural

Simpatia e Bondade

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Cristo é o nosso Mestre e Senhor. Por isso, tudo o que fazemos em nossas vidas deveríamos passar pelo crivo do Cristo.

Será que buscamos esta aprovação em nosso dia-a-dia?Caberia a nós, que nos consideramos espíritas-cristãos, alcançar um entendimento

maior do que realmente devemos buscar na Doutrina Espírita.Muito se fala que Kardec afirmou que “não estava sendo passado todo o conhecimento

para a Terra, naquele momento da Codificação”. Chico Xavier vem e complementa, de forma extraordinária, todo o conhecimento anteriormente trazido e codificado pelas Obras Básicas (o Pentateuco Kardequiano).

Com o passar dos anos, e, mais claramente, após o retorno do nosso Chico à Espiritualidade, vemos um meio espírita mais arrojado em querer trazer conceitos pernósticos e perniciosos, como se fossem acréscimos de informação vindos do Mais Alto.

Será que algum encarnado, na atualidade, iria trazer qualquer informação que acrescentasse o que Kardec e, depois, a psicografia de Chico Xavier, já trouxeram? Será que algum médium poderia se posicionar como verdadeiro emissário do Cristo, para ser um “missionário” que traria, pela sua mediunidade, novas informações para a eternidade?

Com certeza que não haveria, agora, ninguém encarnado que tivesse esta missão do Cristo. Ainda mais neste momento da humanidade, quando nós, espíritas, nem buscamos estudar (Ler não é estudar.) as obras de Kardec, e, muito menos, as mais de 400 obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, este, sim, um verdadeiro missionário do Cristo.

Parece que preferimos ler livros que plagiam as obras de Chico Xavier, do que as buscarmos no original. Talvez porque as plagiadas aliviam a nossa consciência, com conceitos totalmente deturpados do que é a vida eterna, e as nossas reais responsabilidades perante o nosso próximo, colocando-nos em posições de “anjos” não compreendidos.

Todos os nossos compromissos de desamor do passado, onde deveria haver uma ação firme nossa, no propósito de nos corrigirmos, ao estudarmos e aceitarmos as orientações das obras sérias, viram uma interpretação de que não devemos nos violentar em nossa consciência e, ainda mais: que devemos aprender a nos amar primeiro, para aí amar o semelhante.

Se o Cristo nos diz que devemos amar o nosso semelhante, qualquer ideia de que devemos nos amar primeiro provém destes desvios vindos de “espíritas” que não estudam, mas que querem trazer conceitos que confundem, aproveitando-se das mazelas morais das criaturas, que irão embarcar nessas ideias anticristãs, que servem apenas para retardar a evolução delas.

Ou será que vemos Cristo defender o “amar a si mesmo”, antes de amar o nosso semelhante? O amar a si mesmo provém do egoísmo e do orgulho, grandes chagas da humanidade, de acordo com Emmanuel, que preferimos cultivar em nós mesmos, pela falta do estudo sério que nos esclareça o quanto precisamos trabalhar pela nossa melhoria espiritual, atendendo ao semelhante sempre.

Questionemos tudo o que ouvirmos, lermos e, mesmo, vermos no meio espírita. Mas para fazermos isso, temos que estudar, e muito. Comecemos pelas obras básicas e pelas psicografadas por Chico Xavier.

O espírita, principalmente aquele que está adentrando na doutrina agora, está lendo muito pouco e acreditando demais no que passam para ele. É bom lembrar: todos os que estão nos agrupamentos espíritas são grandes devedores do passado, do presidente da instituição àquele que acaba de chegar; por isso não há mestres, somente aprendizes, ou seja, somos todos iguais. E os médiuns são os mais compromissados do passado, tanto que a mediunidade vem como ferramenta de uma maior possibilidade de doação em favor do próximo, diante dos muitos erros do passado. Ser médium nunca foi privilégio para ninguém.

Graças a Deus, no Espiritismo não há líderes, nem mestres e nem chefes.Há um só mestre: Jesus Cristo!

Equipe Seareiro

EditorialPublicação MensalDoutrinária-espírita

Ano 10 - nº 94 - Agosto/2009Órgão divulgador do Núcleo de

Estudos Espíritas Amor e EsperançaCNPJ: 03.880.975/0001-40

CCM: 39.737Seareiro é uma publicação mensal, destinada a expandir a divulgação da Doutrina Espírita e manter o intercâmbio entre os interessados em âmbito mundial. Ninguém está autorizado a arrecadar materiais em nosso nome, a qualquer título. Conceitos emitidos nos artigos assinados refletem a opinião de seu respectivo autor. Todas as matérias podem ser reproduzidas, desde que citada a fonte.

Direção e RedaçãoRua das Turmalinas, 56 / 58

Jardim DoniniDiadema - SP - Brasil

CEP: 09920-500Tel: (11) 2758-6345

Endereço para correspondênciaCaixa Postal 42Diadema - SP

CEP: 09910-970Tel: (11) 4044-5889 com Eloisa

E-mail: [email protected] Editorial

Cladi de Oliveira SilvaEduardo Pereira

Fátima Maria GambaroniGeni Maria da SilvaIago Santos Muraro

Marcelo Russo LouresReinaldo Gimenez

Roberto de Menezes PatrícioRosangela Neves de AraújoRuth Correia Souza Soares

Silvana S.F.X. GimenezVanda NovickasWilson Adolpho

Revisão gramaticalA. M. G.

Jornalista ResponsávelEliana Baptista do Norte

Mtb 27.433Diagramação e Arte

Reinaldo GimenezSilvana S.F.X. Gimenez

Imagem da CapaLivro “Castro Alves” – Alberto da Costa e Silva, Editora Companhia das Letras

ImpressãoVan Moorsel, Andrade & Cia Ltda

Rua Souza Caldas, 343 - BrásSão Paulo - SP

CNPJ: 61.089.868/0001-02Tel.: (11) 2764-5700

Tiragem12.000 exemplaresDistribuição Gratuita

editorial

Grandes Pioneiros: Antônio Frederico de Castro Alves - Segunda Parte - Pág. 3

Pegadas de Chico Xavier: O Cárcere Mamertino - Pág. 10

Canal Aberto: Será que Realmente Somos Cristãos? - Pág. 11; O Excesso e Você - Pág. 12

Mensagem: Prece do Limiar - Pág. 12 Kardec em Estudo: Liberdade Natural -

Pág. 13

Tema Livre: Eia, agora - Pág. 14; Momento Atribulativo - Pág. 15

Família: Juventude - Pág. 16 Cantinho do Verso e Prosa: Oração no

Tempo - Pág. 17 Livro em Foco: Crianças no Além - Pág. 17Contos: A Pregação Fundamental - Pág. 18Clube do Livro: Sob o Olhar do Tâmisa -

Pág. 19Calendário: Agosto - Pág. 19

Índic

e

3Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

Grandes Pioneiros

Em agosto de 1865, Castro Alves, levado pelo entusiasmo dos colegas, alistou-se no Batalhão Acadêmico de Voluntários para a Guerra do Paraguai. Porém sua saúde mostrava-se abalada; portanto ele não chegou a participar desse conflito, reduzindo-se a discursar, quando viu a passagem do Batalhão de Voluntários à sua frente. Depois, em homenagem a um amigo, Maciel Pinheiro, que partira para a guerra, ele declamou no Teatro Santa Izabel o poema: “Aos Estudantes Voluntários”, de sua autoria. No final, o público o aplaudiu entusiasticamente.

Nesse teatro realizavam-se todos os importantes fatos sociais do Recife. As famílias mais conceituadas do local ali vinham se exibir, em seus trajes, com as senhoras ostentando os penteados da época.

Castro Alves deixava o tempo passar, sem dar atenção aos estudos. Seus ideais realmente eram de permanecer atento aos protestos políticos, em torno da liberdade e dos direitos do ser humano de viver em paz. Suas notas na Faculdade eram péssimas. No final do ano, teve a nota suficiente para passar para o ano seguinte. Disseram a ele que um dos professores, revoltado com seu poema “O Século”, desejou puni-lo e teria feito comentários aos outros lentes1, de que Castro Alves era péssimo aluno e de influências maléficas sobre os demais alunos. Mas ele sabia que sua contribuição para os estudos era fraca, portanto pouca importância deu ao fato.

Com a chegada das férias, Castro Alves, em companhia de seu amigo Fagundes Varela, seguiu para a Bahia, a fim de rever seu pai e família.

Imprudente, por muitas vezes, no desempenho de seus deveres como pessoa digna, deixou de pagar os aluguéis atrasados da casa onde vivia. Nessa época, já morava 1 Lente: Professor ou professora de escola superior ou de escola secundária; catedrático, que é dono da cadeira que rege.

sozinho. O dono do imóvel, ao saber que ele partira, publica nos jornais locais “que o grande poeta Castro Alves, era também um grande caloteiro, pois deixara de saldar uma dívida para com ele, de razoável importância”.

Sua chegada ao lar paterno não foi de alegria, como esperava o poeta. O doutor Alves, seu pai, estava passando muito mal e veio a desencarnar, alguns dias após a chegada do filho. Contaram os irmãos que o pai havia-se endividado muito, com a ampliação do hospital na Quinta da Boa Vista. Todos sabiam do desejo dele, falava a viúva dona Maria, em transformar o hospital numa grande clínica, que pudesse abranger os enfermos com qualquer doença grave.

Mas o acúmulo dos empréstimos superou as expectativas do médico que, não podendo cumprir com os pagamentos e vendo-os em atraso, o seu coração já abalado não suportou as aflições passadas e sucumbiu ao infarto fulminante. Castro Alves ficara arrasado. A morte de seu pai trouxera-lhe à mente os dias felizes, em companhia de toda a família, quando o doutor Alves e sua mãezinha reuniam os filhos para a oração matinal. Lembrava-se o poeta o quanto o pai o incentivava à boa leitura, para os saraus onde compareciam, ouvindo clássicos, todos ao piano, pelos virtuoses e cantores líricos da época. Por vezes, embora ainda no período infantil, Castro Alves pôde declamar nesses locais literários, mostrando as poesias nascidas de seu jovem coração, mas sempre com coerência em suas trovas.

Passados esses terríveis dias para a família, o poeta e seu amigo Fagundes Varela tudo fizeram para amenizar a dor da separação do ente querido. Agora, seria necessário encarar a realidade e sanar as dívidas deixadas pelo pai. Castro Alves sabia que a situação era difícil e procurou, ao lado de dona Maria, sua madrasta, a recomposição dos débitos junto aos credores.

Os recursos ficaram diminuídos porque deixaram de entrar os proventos do doutor Alves, como o de professor e de médico-cirurgião. Tudo tinha que ser bem pensado, dizia a madrasta para o enteado, para que os irmãos pudessem continuar nos estudos. Havia o pequeno Cassiano que completara um ano de idade, portanto muito dependente em sua educação. Os outros irmãos caminhavam para a adolescência e na continuidade da instrução estudantil. Ouvindo a posição em que se encontravam os negócios, Castro Alves, junto com dona Maria, resolveu pela venda da Quinta da Boa Vista.

Sentiu, de imediato, que sua madrasta era uma mulher forte e decidida. Ela pediu a presença dos credores e lhes falou dos planos de venda do imóvel. E assim foi feito, embora a tristeza estampada no semblante dos irmãos de Castro Alves e dele próprio. Sabiam o quanto a Quinta da Boa Vista representava para o pai, não por apego, mas pelo ideal em dar aos mais carentes o melhor para o tratamento das variadas formas de enfermidades.

As transações e acertos levaram algum tempo para serem oficializadas, e a conclusão das dívidas, a serem pagas, também.

grandes pioneiros

Antônio Frederico de Castro Alves Segunda Parte

Teatro Santa Isabel - Um dos 14 teatros-monumentos do país, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional em 1949. Representa o primeiro e mais expressivo exemplar da arquitetura neoclássica em Pernambuco e foi durante muito tempo o palco do

Recife, em todos os aspectos: políticos, sociais e culturais.

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Quinta da Boa Vista Solar do Sodré

Mas, durante esse acerto, conseguiu dona Maria manter o mesmo padrão de vida e também os estudos dos enteados. O filho Cassiano, que contava apenas um ano de vida, continuou merecendo o carinho maternal, sem precisar sofrer a ausência de dona Maria, que pensava procurar um trabalho para o sustento da casa.

Dona Maria conseguira, através do governo da província, vender a Quinta da Boa Vista, que foi transformada num hospital militar. Mais tarde, esse local passou a abrigar doentes mentais. E a madrasta de Castro Alves ficou, com a família, no palacete Sodré. O poeta, um tanto abalado pelos acontecimentos, conversava com o amigo, Fagundes Varela, e contava a ele que havia deixado pelo início um livro a que dera nome de “Os Escravos”. Dizia que começara a escrevê-lo inspirado na vontade imensa de ver os escravos livres do cativeiro. Fagundes ouviu-o com atenção e perguntou-lhe se tinha a intenção de publicá-lo.

— Sim — respondeu-lhe Castro Alves e acrescentou — mas só após a recuperação desse golpe, pela partida de meu pai. Tinha a intenção de trocar ideias com ele, sobre o assunto. Papai sempre me incentivou a publicação dos meus poemas. Ele era meu arrimo e, desde a infância, falava-me dessa nódoa que manchava, e muito, a honra de nosso país.

Fagundes concordava e também achava terrível a humilhação dos negros africanos, ao chegarem ao Brasil, acolhidos como irracionais indefesos. E prosseguia o poeta:

— Por vezes, sinto que algo sobrenatural me impele a determinados assuntos, para despertar o patriotismo do povo brasileiro que, por vezes, se omite em defender os seus próprios anseios. Veja, meu amigo, o apoio que tivemos com a fundação da Sociedade Abolicionista!

Ao que Fagundes completa:— É verdade, os estudantes estão entusiasmados,

embora saibamos que pouco nos parece abalar o povo, com políticos da Corte que não se interessam pela liberdade dos escravos.

A conversa seguia entre os dois, quando Fagundes lembrou-se do episódio que deixara Castro Alves famoso, por ocasião de sua presença no Teatro Santa Isabel, em Recife, convidado que fora pelos diretores da Faculdade de Direito para declamar seu poema “Pedro Ivo”. Nesses versos, o personagem Pedro Ivo era exaltado pelo heroísmo de seu ideal republicano e em liderar sua revolta denominada “Praieira”. Castro Alves revê, por alguns instantes, esses versos e, citando um trecho, deixa Fagundes emocionado, ao ouvir:

Cabelos esparsos ao sopro dos ventos,Olhar desvairado, sinistro, fatal,Diríeis estátua roçando nas nuvens,Pra qual a montanha se fez pedestal....República! Voo ousadoDo homem feito condor!...

Fagundes Varela ainda relembra:— Você foi aplaudidíssimo e a famosa atriz, Eugênia

Câmara, estava presente e quando você ainda agradecia os aplausos, ela se levantou e, indo ao seu encontro no palco, abraçou-o publicamente, dizendo à plateia :

“Pela primeira vez, emocionei-me com a obra desse poeta.” O público delirava. Lembra-se disso?

Castro Alves, olhando para o amigo, confessou-lhe:— Jamais esquecerei esse momento porque, desde

então, tornei-me um apaixonado pela “Dama Negra”, como a chamam seus inúmeros admiradores. Ela não sai dos meus pensamentos. Você sabe por quantas vezes já me disse apaixonado. Mas, por Eugênia, a sensação é diferente. Talvez por sua maturidade, por seu semblante, por sua conduta na interpretação das peças teatrais. Ela é um misto de mulher comum com uma mulher da aristocracia, de um intelectual invejável.

O amigo Fagundes estava admirado:— Francamente, nunca o vi tão apaixonado... E ela sabe

desse tão profundo sentimento?— Após esse memorável encontro, ela me deu alguma

atenção. Mas disse me achar muito jovem para mantermos um idílio mais sério, porém não desistirei tão fácil — afirmava o poeta.

As férias chegavam ao final. Era preciso retornar aos estudos. Castro Alves não parecia bem de saúde. Dona Maria pedira ao amigo Fagundes que não deixasse o enteado ficar rondando os bares noturnos, pois ela havia notado que os acessos de tosse estavam muito frequentes. Fagundes e Castro Alves despediram-se de todos e saíram, rindo das recomendações da madrasta. As irmãs, Elisa, Adelaide e Amélia, ficaram chorando.

De retorno a Recife, o poeta pouco se interessou pela Faculdade. Chegara cheio de saudades da atriz Eugênia Câmara.

Cheio de paixão, não perdia as representações teatrais em que ela trabalhava. No camarote, assistindo-a, em cada

intervalo ele, com a voz forte e seu porte de poeta, exaltava seus poemas dedicados à “Dama Negra”. Diante dessa adoração, Eugênia procurava evitá-lo, por achar que era apenas ilusão daquele considerado uma criança aos seus olhos de mulher e mãe de uma menina. Porém, chamava-lhe a atenção a beleza do poeta. Trajava-se quase sempre de preto, o que ressaltava seus olhos vivos, cabelos meio ondulados e vastos, tez pálida. Talvez, pensava Eugênia, a beleza maior viesse de seu espírito, convicto e sincero.

Com o passar do tempo e a persistência do poeta, Eugênia acabou cedendo aos impulsos da

5Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

O Teatro São João por mais de cem anos foi o principal teatro da cidade de Salvador, BA. Em 1913,

um incêndio o destruiu. Situava-se no exato local onde hoje fica a Praça Castro Alves.

paixão e abandona seu amante português, um rico comerciante

de nome Verissimo Chaves, pelo jovem de dezenove anos e que ainda era mantido pela madrasta, recebendo mesada para pagar seus estudos. Estoura o escândalo na Corte! Os boatos se espalhavam e o

que mais se ouvia era que “uma senhora de trinta e tantos

anos unia-se a um rapazote que parecia mais seu filho!” Ambos

não deram ouvidos aos mexericos e Castro Alves, junto à sua amada, muda-

se para uma pequena casa no Barro, um lugarejo situado entre os caminhos de Tigipió e Jaboatão, próximo a um engenho de açúcar.

O poeta vibrava de contentamento, indo e vindo por todos os lugares, de braços com sua amada. O que era curioso (como o estilo da época, as senhoras sendo chamadas pelos maridos de “dona”), esse era o trato que Castro Alves dava a dona Eugênia, ao chamá-la em qualquer ocasião.

Castro Alves estava muito feliz, vivendo, em sua juventude, os belos momentos com Eugênia Câmara. Concluía, por essa época, o drama “Gonzaga”, que escrevera em prosa, entregando o papel principal para interpretação da sua amada Eugênia.

Essa peça teatral realizou-se no “Teatro São João”, como leitura, para obter a aprovação do Conservatório Dramático de Pernambuco, por uma junta de professores de arte dramática a ser censurada, pelo tema desenvolvido. Fora aprovada com entusiasmo. O teor do drama era político e combatia a escravidão que, segundo o autor, “deformava as criaturas e as humilhava como seres humanos.” E a certa altura da peça, Castro Alves inseriu a pergunta: “Afinal, não somos todos filhos de Deus, criados para sermos iguais, a caminho da perfeição?”

A peça tinha todos os ingredientes para agradar o público.Apesar de ter a liberdade de montar a peça e apresentá-

la ao público, o poeta resolveu estreá-la na Bahia e não em Pernambuco e, com isso, também não se matriculou no terceiro ano da faculdade. Seguiu para Salvador, levando em sua companhia dona Eugênia e sua filha Emília Augusta.

Esperados pelos familiares, desembarcam em Salvador. A maledicência, porém, corria à solta. As más línguas torciam o nariz à passagem do casal que, diziam, sendo ele de família tão importante na Bahia vivia, em pecado, com uma mulher adúltera, atriz e, ainda, com uma filha de outro amante. E benziam-se, como se fossem almas santificadas.

Dona Maria e os irmãos de Castro Alves levaram o casal para a chácara de Brotas, onde o poeta poderia viver tranquilo e em contato com a natureza, como ele sempre gostou, para continuar inspirado em suas poesias. Sem maiores despesas porque, se fossem pagar hospedagem, ele e Eugênia teriam que trabalhar muito e os ensaios para a estreia da peça “Gonzaga” deveriam esperar para a sua montagem e escolha do elenco.

Todas as manhãs, Castro Alves levantava-se logo cedo, para respirar o ar puro e o aroma da relva. E mais um poema surgia, em louvor à natureza:

...O campo é o ninho do poeta...Deus fala, quando a turba está quieta,Às campinas em flor......Meu Deus! Quanta beleza nessas trilhas...Que perfume nas doces maravilhas,Onde o vento gemeu!...Que flores d´ouro pelas veigas belas!... foi um anjo co’ a mão cheia de estrelas Que na terra as perdeu....

E na velha chácara, como outrora faziam seus pais, Castro Alves e Eugênia passaram a promover reuniões entre familiares e amigos, para saraus, cantos e poesias, e até trechos de peças em que Eugênia relembrava sua atuação. Esses encontros facilitaram a organizar um grupo teatral do qual, sendo amadores, conseguiram os atores, com a direção de Eugênia, levar ao palco a peça “O Gaiato de Lisboa”. Com essas experiências, passaram a ensaiar o

drama “Gonzaga”, que também teve que receber o aval do Conservatório Dramático da Bahia. Passando pela censura, “Gonzaga” teve só um voto desfavorável, o que deixou Castro Alves muito irritado. Ele não admitia derrotas e, muito menos, ser criticado em suas poesias, as quais tinha ele a certeza de serem da melhor qualidade poética. Por essa sua sensibilidade, qualquer crítica o machucava tremendamente e respondia:

— Se não gostam do que escrevo é porque têm, esses, patas e grandes orelhas.

Tanto ele, como Eugênia, gostavam dos aplausos. Ela foi ovacionada quando se apresentou ao público, num festival em benefício da biblioteca do Grêmio Literário da Bahia, recitando o poema “ O Livro e a América”, de Castro Alves:

...Cansado doutros esboçosDisse um dia Jeová:“Vai, Colombo, abre a cortinaDa minha eterna oficina...Tira a América de lá”.

E outro:...Oh! Bendito o que semeiaLivros... livros à mão-cheia...E manda o povo pensar!O livro caindo n´almaÉ germe — que faz a palma,É chuva — que faz o mar.

Castro Alves também foi chamado ao palco, para receber a glória de sua inspiração divina, a conclamar o povo à

Eugênia Câmara

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José de Alencar

Fagundes Varela

Machado de Assis

beleza da arte, através dos versos.

Finalmente em 7 de setembro de 1867, dá-se a estreia de “Gonzaga”.

A cada final dos atos encenados, o povo aplaudia, e Castro Alves era aclamado como “gênio”. E dessa forma, foi ele conduzido nos ombros, pela juventude, até o Hotel Figueiredo, onde foi oferecido um banquete a ele e à gloriosa intérprete feminina, Eugênia, pelo sucesso que a peça alcançava perante o público baiano.

Os dramas patrióticos eram as peças prediletas da Bahia. O povo aplaudiu as peças históricas como as dos escritores Agrário de Menezes, Rodrigues da Costa, Amaral Tavares e outros. Portanto, com o sucesso da peça “Gonzaga”, os cidadãos baianos tiveram que enaltecer Castro Alves e aceitar Eugênia como sua mulher. Joaquim Manuel Macedo, José de Alencar, Casimiro de Abreu e Álvares de Azevedo também eram deputados os melhores escritores românticos da época e considerados pelo povo baiano, mas Castro Alves, diziam alguns, ultrapassara a preferência, chegando a arrebatar todas

as classes sociais.No ano seguinte, de 1868, Castro Alves e Eugênia

resolveram mudar-se para o Rio de Janeiro, porque a peça “Gonzaga” já não atraía mais o grande público; era necessário seguir em frente. Embarcaram no navio francês Picardie.

Após a chegada ao Rio de Janeiro, Castro Alves vai à procura do famoso literato do romantismo no Brasil, José de Alencar.

Recebido festivamente pelo escritor, o poeta apresentou-lhe os manuscritos da peça “Gonzaga” e algumas poesias. Castro Alves queria a opinião de José de Alencar. O escritor parabenizou Castro Alves e escreveu uma carta a Machado de Assis e outra para o jornal Correio Mercantil, com a finalidade de apresentar a peça ao povo carioca.

E as portas do mundo literário se abriram para Castro Alves. Todos os críticos, os mais exigentes, estavam concentrados no Rio de Janeiro. Foi ele recebido num banquete oferecido por eles, onde conheceu o escritor luso-brasileiro Emílio Zaluar, o jornalista Quintino Bocaiúva, o poeta e jornalista Joaquim Serra e muitos outros. Para retribuir a todas as atenções e favorecimentos prestados pela classe literária, e por críticos e políticos, aproveitando as manifestações do povo em comemorar a queda de Humaitá, após um jantar que ele ofereceu, foi à sacada do Diário do Rio de Janeiro e,

perante o grande público, recitou, de sua autoria, o poema “Pesadelo de Humaitá”.

O público delirou, ao ouvir aquela voz forte, atuante, a dizer os versos patrióticos com tanta eloquência. Rui Barbosa ali estava emocionado, e abraçando o amigo perante todos, dizia também em alta voz:

— Admiro sua semelhança com os grandes profetas do passado.

E no cenário da rua do Ouvidor, ponto central do Rio de Janeiro, com grande aglomeração, ouvia-se a voz do povo a recitar as últimos estrofes, junto com o poeta:

Fere estes ares, estandarte invicto!Povo, abre o peito para nova vida!Talvez agora o pavilhão da pátriaAçoite altivo Humaitá rendida.Sim! pela campa dos soldados mortos,Sim! pelo trono dos heróis, dos reis;Sim! pelo berço dos futuros bravos,O vil tirano há de beijar-lhe os pés.

Fora essa a homenagem, saída ardentemente do coração do poeta, pela celebração da vitória da esquadra brasileira na Guerra do Paraguai.

Embora todas essas conquistas perante a Corte carioca, a peça “Gonzaga” não foi levada ao público, porque Furtado Coelho não quis apresentá-la. Ele era o pai da filha de Eugênia, portanto seu ex-companheiro. Para Furtado aquele seria o exato momento de se vingar de Castro Alves. Juntou-se a outros fracassados elementos poéticos que fizeram campanhas contra a encenação da peça “Gonzaga”. Não adiantaram os protestos de José de Alencar, Machado de Assis porque os pretensiosos atores, junto a Furtado Coelho, tinham o apadrinhamento de vários políticos.

Algum tempo depois dessas controvérsias, Castro Alves e Eugênia embarcam para São Paulo. O clima entre o casal deixara de ser harmonioso, mas esse processo já acontecia mesmo antes de chegarem ao Rio. Eugênia, por várias vezes, discutira com o poeta por ciúmes. A fama de Castro Alves era o de ser muito amado pelas mulheres e em se orgulhar de aceitar os assédios, os quais Eugênia não admitia, sentindo-se renegada.

O desembarque em São Paulo causou grande surpresa ao casal. Muitas pessoas ali se encontravam para conhecê-los, levadas pela curiosidade, nascida pelas matérias enviadas aos jornais por José de Alencar e Machado de Assis, que exaltavam as poesias de Castro Alves.

São Paulo nessa época não passava de uma província. As lavouras do maior produto que, nesse início de século, deveriam render boa situação econômica para São Paulo, estavam concentradas no Vale do Paraíba. Era, portanto, o Rio de Janeiro que oferecia uma paisagem deslumbrante a quem ali chegasse, não só a beleza das construções, como as da própria Natureza.

Era a Corte carioca que evidenciava os cafeicultores rurais e de invejável posição econômica. Castro Alves e Eugênia haviam se decepcionado com São Paulo; ao invés de uma bela cidade, apresentava-se um local feio, ruas desertas, casas trancadas. Para o casal, a vida paulistana lhes parecia tediosa.

Após alguns dias, o poeta procurou a Faculdade de Direito que ficara conhecendo, levado pelo amigo Fagundes Varela. Aos seus olhos, vislumbrou-se pelas arcadas de um antigo convento de São Francisco. Para seu coração de poeta, aquela vista deixava-o inspirado. Olhando o Largo de

7Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

São Francisco e tendo em seu peito o enorme desejo de ver o país livre e a abolição dos escravos se tornar realidade, começa a compor a primeira estrofe de seu famoso poema “Navio Negreiro”:

Era um sonho dantesco... O tombadilhoQue das luzernas avermelha o brilho,Em sangue a se banhar,Tinir de ferros... estalar de açoite...Legiões de homens, negros como a noite,Horrendos, a dançar...

Castro Alves interrompe sua poesia com a chegada barulhenta dos estudantes, que eram conhecidos pelas confusões que aprontavam pelas ruas da cidade.

Castro Alves, após ter-se matriculado no terceiro ano, dando continuidade ao curso de Direito, agradou aos professores e alunos pelo seu desejo de lutar pela “libertação dos escravos”. Soube que muitos protestos feitos pelos estudantes eram liderados por seu grande amigo Rui Barbosa, que tivera a alegria de reencontrá-lo.

Nesse intercâmbio entre professores e alunos, Castro Alves ficou sabendo dos acontecimentos políticos locais. E, pelas conversações de que participava, soube que São Paulo se mantinha contrário à ideia da abolição.

A expansão cafeeira dependia dos escravos para as plantações, que estavam se estendendo a oeste do estado. Esse interesse, entre os cafeicultores, era de extrema importância para fazer de São Paulo o maior produtor de café e não mais o Rio de Janeiro. O ouro estaria de posse dos fazendeiros paulistanos e os tornaria os mais ricos da Corte e da nobreza.

Mediante esse fato, a reitoria da Faculdade do Largo de São Francisco resolveu, junto com o corpo docente, realizar uma festa no salão Concórdia pelo Arquivo Jurídico e Literário, em defesa da ideia abolicionista. Castro Alves, convidado de honra, declamou a poesia de sua autoria: O Livro e a América. Muito aplaudido pelos convidados, voltou ao palco e, entusiasmado, recitou “As duas Ilhas” e, logo em seguida, “A visão dos Mortos”. Eugênia mostrava-se enciumada ao ver as senhoritas se atropelarem para merecer um aperto de mão do poeta.

No dia seguinte, a imprensa tece louvores à grande noite e o destaque da presença do jovem e belo poeta, que defendeu com honras a visão de uma república, onde todos os brasileiros fossem livres, sem preconceitos, aliviando a dor do cativeiro imposto aos escravos. E publicaram a primeira e última estrofes:

Aonde a terra que talhamos livre,Aonde o povo que fizemos forte?Nossas mortalhas o presente inundaNo sangue escravo, que nodoa o chão.

E a última estrofe que causou aplausos, antes de seu final:

Oh! É preciso inda esperar cem anos...Cem anos ... brada a legião da morte.E longe, aos ecos nas quebradas trêmulas,Sacode o grito, soluçando, o Norte.Sobre os corcéis dos nevoeiros brancosPelo infinito a galopar lá vão...Erguem-se as névoas como pó do espaçoDa lua pálida ao fatal clarão.

Todos estavam entusiasmados com a coragem do jovem poeta, em defender com tanta ênfase a causa política do

país, com relação a assuntos tão graves discutidos por nomes de peso na Corte.

Esse fato em certa época, depois de muitos anos passados, levou Rui Barbosa

a lembrá-lo quando, homem inteligente e já famoso como “Águia de Haia”, falou em público sobre os heróis do passado, mas ainda mencionados, como Antonio Castro Alves. Assim o definiu perante os senhores representantes do país: “lembro-me dos protestos feitos por petulantes estudantes da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, quando a ideia de abolição era uma blasfêmia. Surge então um jovem

poeta, que abalou a corte paulistana com sua poesia repleta de grandes verdades.

Daquele momento em diante, ele se tornou figura obrigatória nos anais da História do

Brasil”.Embora todos os atritos com Eugênia, Castro

Alves passou a produzir mais poesias, como “O Vidente”, “Vozes d’África” e “O Navio Negreiro”, sempre polêmicos. Havia também seus poemas líricos: “O Laço de Fita”, “O Adeus de Teresa” e “Boa Noite”.

Nessa fase, Castro Alves pouco aparecia na Faculdade, e, quando aparecia, era para conversar sobre os assuntos políticos com Rui Barbosa, Salvador de Mendonça e Rodrigues Alves.

De preferência, a reunião entre eles era para acertos de protestos com estudantes e, até, professores. Nesse tempo começara uma crise entre a Monarquia e a ideia de uma república livre.

Firmaram, então, Castro Alves, Joaquim Nabuco e Rui Barbosa um comício para que a ideia republicana tomasse vulto entre os brasileiros. Como sempre, em seu louvado entusiasmo, Castro Alves declama uma estrofe à Republica:

República!... Voo ousadoDo homem feito condor!Raio de aurora inda oculta,Que beija a fronte ao Tabor.

As irmãs do poeta procuravam estar a par dos acontecimentos com relação ao irmão, a quem tanto amavam. Adelaide contava-lhe, em carta, o seu próximo casamento

Livros básicos da Doutrina Espírita. Temos os 419 livros psicografados por Chico Xavier, romances de diversos autories, revistas, jornais e DVDs espíritas. Distribuição permanente de edificantes mensagens.

Praça Presidente Castelo BrancoCentro - Diadema - SPTelefone (11) 4055-2955Horário de funcionamento: 8 às 19 horasSegunda-feira a Sábado

Banca de Livros Espíritas “Joaquim Alves (Jô)”

Rui Barbosa (segundo da esquerda para direita),

junto com outros bacharéis de Direito

8

com Augusto Alves Guimarães, seu leal companheiro de infância. Contavam nessa correspondência a preocupação de todos, principalmente da madrasta dona Maria, com relação à saúde precária do irmão. Ele respondia, relatando as novidades e também suas desditas com Eugênia. Mas escondia seu estado físico, suas tosses gravíssimas, demonstrando a enfermidade que caminhava lentamente. E, para alegrá-las, narrava o sucesso obtido com sua recitativa do poema “Tragédia no Mar”, que depois levaria o nome de “O Navio Negreiro”. Continuava ele tecendo comentários da emoção que lhe tomou o ser, enquanto declamava. Via nos rostos que o acompanhavam, durante a declamação, as lágrimas que ele não saberia definir, se de remorso pelos que apoiavam a escravidão ou a indignação dos que eram contrários a ela, pelos sofrimentos que causavam aos escravos. A verdade, comentava o poeta, é que seu poema mostrava os horrores que aconteciam nessa pátria amada, Brasil!

O “Navio Negreiro”, fora dito pelos críticos mais exigentes, era o mais perfeito trabalho poético do grande Castro Alves. Eis algumas estrofes, que foram mencionadas pelo poeta:

...Stamos em pleno mar... Dois infinitosAli se estreitam num abraço insanoAzuis, dourados, plácidos, sublimes...Qual dos dois é o céu? Qual o oceano?...

Nessa outra estrofe, Castro Alves descreve a ocupação de uma parte do navio, amontoados os escravos:

Desce do espaço imenso, ó águia do oceano!Desce mais, inda mais... não pode o olhar humanoComo o teu mergulhar no brigue voador.Mas que vejo eu ali... que quadro de amarguras!É canto funeral!... Que tétricas figuras!...Que cena infame e vil!... Meu Deus! Meu Deus! Que

horror!

Era um sonho dantesco... O tombadilhoQue das luzernas avermelha o brilho,Em sangue a se banhar.Tinir de ferros... estalar do açoite...Legiões de homens negros como a noite,...Horrendos a dançar...

E como numa súplica, no quinto movimento do poema, Castro Alves desabafa:

Senhor Deus dos desgraçados!Dizei-me vós, Senhor Deus!Se é loucura... se é verdade

Tanto horror perante os céus...Ó mar! por que não apagas Co’a esponja de tuas vagas De teu manto este borrão?...Astros! noite! tempestades!Rolai das imensidades!Varrei os mares, tufão!...

E antes de encerrar, ele faz uma exaltação à bandeira brasileira. Preferimos deixar as últimas estrofes, que Castro Alves encerra essa obra-prima como um grande patriota, aclamando para o despertar do povo brasileiro:

Fatalidade atroz que a mente esmaga!Extingue nesta hora o brigue imundoO trilho que Colombo abriu na vaga,Como um íris no pélago profundo!......Mas é infâmia demais... Da etérea plagaLevantai-vos, heróis do Novo Mundo...Andrada! Arranca este pendão dos ares!Colombo! Fecha a porta dos teus mares!

Dona Maria, a madrasta do poeta, leu esse poema, numa das salas de sua residência no solar Sodré, naturalmente vários meses após tê-lo Castro Alves declamado e sido ovacionado pelo público.

É que ele sabia, tanto quanto Dona Maria, que a Bahia mantinha o tráfico de escravos e esse era o ramo dos negócios de seu primeiro marido.

Ele também ficara sabendo o porquê sua madrasta mantivera o mesmo padrão de vida com tantas dívidas a serem pagas. Quando vivo, seu pai, o doutor Antonio José, jamais imaginara esse fato quando se casou com ela. Mesmo Castro Alves, só veio a conhecer esse acontecimento que ele considerava como uma nódoa na vida de dona Maria, quando passou a se envolver no projeto da abolição de escravos. Mas esse envolvimento de dona Maria, com o tráfico de escravos, estava há muito acabado. Ela estava limpa nesse processo, com a ajuda do cunhado Augusto Alves Guimarães, que havia-se casado com sua irmã Adelaide. Castro Alves nunca declamou “O Navio Negreiro” em Salvador, para não magoar seus conterrâneos. E dona Maria fazia questão de ser conhecida como a viúva do grande médico, doutor Antonio José Alves. E se mencionado seu primeiro esposo, ela o tinha como um comerciante sério em seus negócios, o senhor Francisco Lopes Guimarães, honesto em suas atitudes, jamais uma pessoa indigna.

Castro Alves continuava produzindo suas poesias, principalmente as que falavam sobre a escravidão. Para compor os poemas do “Bandido Negro”, ele foi sentir de perto a vida dos escravos, nas fazendas.

Valorizou cada verso pelas histórias que ouviu, nas cozinhas e nas senzalas. Sentiu lágrimas a correr de seus olhos, quando as mães escravas tinham seus filhinhos arrancados de seus seios, para que amamentassem os filhos dos “senhorzinhos”. O ódio dos homens negros que, sem poder lutar pela família, se suicidavam, outros assassinavam, quando podiam, os feitores, e, até mesmo, os senhores, seus donos. Procurou lembrar seu tempo de infância, diante das histórias que as escravas Leopoldina e Janinha lhe contavam sobre os quilombos, locais onde os negros, que conseguiam fugir, buscavam proteção e moradia.

Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, atualmente Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo. Criada

em 1827 e incorporada em 1934 à Universidade de São Paulo.

9Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

• Castro Alves – Alberto da Costa e Silva, Editora Companhia das Letras, 1ª ed., 2006.

• Castro Alves em São Paulo e em sua Faculdade de Direito – R. Limongi França, Editora Oliveira Mendes, 1ª ed. 1997.

• O Consolador – Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel, Editora FEB, 1ª ed., 1976.

• Parnaso de Além-Túmulo – Francisco Cândido Xavier / Espíritos diversos, Editora FEB, 8ª ed., 1967.

• http://www.recife.pe.gov.br/pr/seccultura/santaisabel.php• http://pt.wikipedia.org/wiki/Teatro_S%C3%A3o_Jo%C3%A3o_(Salvador)• http://pt.wikipedia.org/wiki/Faculdade_de_Direito_da_Universidade_

de_S%C3%A3o_Paulo• Imagens:

• http://www.casadacultura.org/br/pe/recife/Recife_predios_construcoes/Vista_Principal_Teatro_Santa_Isabel_grd.jpg

• Livro “Castro Alves” – Alberto da Costa e Silva, Editora Companhia das Letras, 1ª ed., 2006.

• http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/0/0b/Benkos_Bioho.jpg

Biblio

graf

iaOs versos de “Bandido Negro” foram considerados, pelos

escravocratas, um incentivo aos grupos de escravos, que se armavam para atacar as fazendas. Eis duas estrofes, as primeiras:

Trema a terra de susto aterrada...Minha égua veloz, desgrenhada,Negra, escura nas lapas voouTrema o céu... ó ruína! ó desgraça!Porque o negro bandido é quem passa,Porque o negro bandido bradou:

Cai, orvalho de sangue escravo,Cai, orvalho, na face do algoz.Cresce, cresce, seara vermelha,Cresce, cresce, vingança feroz....

Apesar da revolta dos senhores de escravos ser intensa e tudo organizarem para impedir a revolução escravocrata, jamais foi Castro Alves ameaçado física ou verbalmente de agressões. Quando o encontro entre ele e os adversários se realizava, o respeito era mútuo. Parecia que os chamados “coronéis de engenho” sentiam certo remorso, ao vê-lo tão honesto em seus ideais de liberdade. As propagandas, durante o reinado de Dom Pedro II, eram abertas no

sentido de expressões verbais para com os movimentos abolicionistas; a polícia somente intervinha se houvesse agitações nas ruas.

As brigas entre Castro Alves e Eugênia puseram um ponto final na relação. A separação entre ambos deixou o poeta em profundo desânimo. Embora o trabalho que estava desenvolvendo para ver a peça “Gonzaga” publicada em livro e levada ao palco, no teatro paulista, nada disso levantava seu habitual entusiasmo.

Eugênia formou, em São Paulo, uma companhia teatral. O Teatro São José ficara ao seu dispor para encenar “Gonzaga”. Ela havia conseguido o apoio financeiro do Barão de Iguape, o senhor Antonio da Silva Prado. Os mexericos na Corte ferviam. Diziam que Eugênia, há muito, traía o poeta e vice-versa, mas a verdade, diziam os amigos, talvez a culpa fosse de ambos que, levados pela vaidade, não se sentiam bem quando um fazia mais sucesso que o outro. Com a separação, Castro Alves foi morar com Rui Barbosa, numa república, na ladeira Conceição, em São Paulo.

Final da segunda parte.Eloisa

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No livro “Inesquecível Chico”, dos autores Romeu Grisi e Gerson Sestini, trabalhadores e divulgadores da Doutrina Espírita, encontramos um esclarecimento feito por Chico a esses companheiros, com respeito ao citado Cárcere Mamertino, em Roma.

Contam os autores que, numa das ocasiões em visita ao médium Chico Xavier, no Grupo Espírita da Prece em Uberaba, após a reunião noturna, o famoso cafezinho tão esperado era o início dos abraços e conversações com o médium, que se estendiam até a madrugada. Porém, Chico, vendo o aglomerado de pessoas naquela noite, vindas em muitas caravanas de diversos locais, pediu-nos acompanhá-lo ao Hotel Zote, que se situava próximo ao Grupo da Prece, diante da rodovia

BR-50. Ali, dizia-nos Chico, ficaríamos mais à vontade para o nosso cafezinho.

Esse local servia de parada de ônibus para Brasília e outras cidades do Brasil Central. O extenso salão era movimentado pelos passageiros que aguardavam seus respectivos ônibus, mas a chegada de Chico, com todas as pessoas, chamou a atenção e um grande aglomerado formou-se ao seu redor. Com isso, o guarda Xexéu foi despertado para que se mantivesse a ordem pública. Ele era muito conhecido e Chico sempre o estimulava para exercer, com paciência, a sua sagrada profissão de saber lidar com o povo. E Xexéu tinha profundo respeito para com o médium.

Diante da preocupação em manter a ordem, pelo guarda Xexéu, Romeu lembrou-se do cartão postal que ele e Gerson mandaram ao Chico, quando estiveram em Roma. E ambos, dirigindo-se ao médium, indagaram:

— Chico, você está se lembrando do cartão postal, com vista do “Cárcere Mamertino”, em Roma, que enviamos a você?

Chico, muito atento e brincalhão, disse aos amigos:— Vocês querem testar minha memória? Claro que lembro e

tão bem quanto ao ano de 1951 e que, na época, eu residia em Pedro Leopoldo. Mas por que vocês se lembraram desse fato?

Romeu, meio constrangido pela resposta de Chico, falou:— Não, Chico, de modo nenhum queremos testá-lo, pois

sabemos que estaremos em pior condição mental. O fato nos ocorreu, agora, porque gostaríamos de ouvi-lo e nos elucidar sobre o citado local, que é o mencionado nos livros, “Há Dois Mil Anos” e “Paulo e Estevão”, romances de Emmanuel.

Chico, demonstrando satisfação em falar sobre o assunto, relatou:

— Foi com muita alegria que recebi o cartão postal com a vista do “Cárcere de Mamertino”, pois era a confirmação de sua existência, descrita nos livros “Há Dois Mil Anos” e

Pegadas de Chico Xavierpegadas de chico xavier

O Cárcere Mamertino

11Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

“Paulo e Estevão”, romances recebidos por nós, de seu ilustre autor, o senhor Emmanuel. Podemos dizer que éramos iniciantes na mediunidade psicográfica e, quando vimos que esse local existia e não era fruto de nossa imaginação, foi-nos muito agradável.

Demonstrando ainda alegria pela recordação do cartão, ele prosseguiu na descrição do local:

— O Cárcere Mamertino possui dois pavimentos ligados por uma escada. Consta na tradição cristã que, quando Pedro, o Apóstolo, foi preso, os guardas o atiraram violentamente pela escada abaixo. O rosto do Apóstolo bateu na parede rochosa e nela deixou um sinal, que permanece até hoje. E quando Deus nos permitiu que viajássemos para a Europa, passamos por Roma, pois nosso desejo era o de visitarmos o local do Cárcere Mamertino, vimos que lá está o sinal deixado por Pedro, o Apóstolo, na rocha, protegido por um vidro, para que não haja dúvidas sobre o acontecimento da prisão de Pedro.

ÉrikaBibliografia: Adaptação do livro “Inesquecível Chico” - Romeu Grisi e Gerson Sestini, Editora GEEM, 1ª ed., 2008.Imagem: http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Mamertine_Prison.jpg http://commons.wikimedia.org/wiki/Category:Mamertinumhttp://commons.wikimedia.org/wiki/File:Campitelli_-_Mamertinum_la_craniata_di_Pietro_1040077.JPG

O Espiritismo, assim como o Evangelho de Jesus, nos propõe a reformulação dos valores morais, a fim de que possamos ter credenciais para nos identificarmos como verdadeiros cristãos, os seguidores do Cristo de Deus. E diante desta proposta, será que realmente somos cristãos? Porque não nos basta dizermos que somos do Cristo sem termos em nós a Sua essência, porquanto podemos nos esconder atrás de máscaras, enganando os nossos companheiros encarnados, mas os desencarnados, a esses, não podemos enganar jamais, pois eles nos vêem como verdadeiramente somos, sabem o que nós estamos pensando.

Jesus caminhou por toda a região da Palestina, a ensinar a Boa Nova. Falou do Reino de Deus, da imortalidade da alma, da importância de nos amarmos uns aos outros, entre outras verdades... Propôs-nos a necessidade de voltarmos à fase de pureza, de humildade, quando disse: “Se não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus” (Mateus: 18: 3 e 4). Os homens da época não O entenderam e O crucificaram... Mesmo assim, as suas palavras não se perderam no vento; ao contrário, se fortaleceram nas atitudes dos mártires e dos apóstolos que edificaram na rocha os Seus ensinamentos.

E o que é sermos tais como crianças? É termos a brandura e a doçura como diretriz, a simplicidade de coração, não guardarmos ódio nem rancores... Para hastearmos a

bandeira de cristãos, é indispensável estarmos munidos de muito Amor e o Mestre Rabi da Galileia nos deu o exemplo vivo de como vencermos o mundo e a nós mesmos, proporcionando-nos recursos para o nosso autoconhecimento. Jesus é o caminho seguro para a nossa felicidade... É a verdade que ecoa dentro de cada um de nós... É a vida, uma vez que quem a Ele recorre recebe energias renovadoras, forças para continuar...

O estudo da Doutrina Espírita nos ensina que somos Espíritos imortais, criados por Deus e destinados à perfeição.

Como Espíritos que somos, temos o nosso compromisso perante o Pai Criador e toda a Sua obra. É imperioso usarmos da inteligência, atributo que nos difere dos outros animais.

Somos a cada dia cercados por situações de testes, criados por nossos companheiros que ignoram as leis divinas e também por nós mesmos e é aí, nesse embate, que provaremos quem somos. Na construção de um mundo melhor, façamos a nossa parte, mudando a nossa atitude e irradiando amor. Já sabemos que somos filhos de Deus e, por isso, há em nós um poder, uma força superior que nos arrasta para o bem.

A vida é o nosso maior patrimônio. Que possamos refletir no seu significado. Avaliemos o nosso pensamento, pois que somos o que pensamos. Procuremos, através do trabalho no bem, enriquecer-nos de Amor e pacificar o coração nas vibrações salutares do Cristo. Busquemos, a todo instante, o nosso amigo Jesus, que é a Fonte Viva que sacia a nossa sede e refresca a nossa consciência.

Carlo Augusto Sobrinho

Será que Realmente Somos Cristãos?

ACEITAMOS SUA COLABORAÇÃOSua doação é importante para o custeio da postagem do Seareiro

e pode ser feita em nome doNúcleo de Estudos Espíritas Amor e Esperança - CNPJ: 03.880.975/0001-40

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Canal Abertocanal aberto

Este espaço é reservado para respondermos às dúvidas que nos são enviadas e para publicações dos leitores. Agradecemos por todas as correspondências e e-mails recebidos. Reservamo-nos o direito de fazer modificações nos textos a serem publicados.

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“O excesso de nossa vida cria a necessidade do semelhante.”“Quando buscamos a intimidade do Senhor, os valores mumificados em nossas mãos ressurgem nas

mãos dos outros, em exaltação de amor e luz para todas as criaturas de Deus.”

A humanidade tem horror à morte.Morte é estagnação,

Ausência de movimento, utilidade, vida.Mas o que fazer para evitar a morte?

Temos algo conosco parado, inútil, morto?Roupas, terras, dinheiro, alimentos, talentos,

afetos?Pesquise o inutilizado, o parado,

Procure onde seria útil, dê-lhe dinâmica,Combata a estagnação.

Como Jesus, estamos cercados de morte,Como ele, podemos distribuir vida,

Imponha suas mãos!

Texto enviado por e-mail pelo Sr. Maurício Zomignani

Este texto foi elaborado a partir da mensagem “O Excesso e Você” de Emmanuel, do livro “Espírito da Verdade”, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, editora FEB.Imagem: http://faroldeluz.files.wordpress.com/2008/10/pao.gif

O Excesso e Você

Mensagemmensagem

Senhor Jesus, Mestre incomparável, aqui estamos diante de mais uma oportunidade de aprender a amar, no início de novo ano de atividades.

Quase 20 séculos são passados sobre os inesquecíveis momentos em que estiveste conosco na face da Terra. Tua excelsa mensagem de renovação e progresso nos descerrou para sempre a era do espírito.

Foste cruelmente perseguido e condenado à morte na cruz ignominiosa. Contudo, onde estão aqueles que te perseguiram e condenaram? O círculo de teus dedicados seguidores da primeira hora também foi vilipendiado, em criminosa sanha, por sustentarem a fidelidade suprema à tua mensagem de amor. Tua mensagem venceu os séculos e está conosco. No entanto, onde se encontram os criminosos e insanos antagonistas do teu Evangelho?

Impérios resplandecentes de ouro reinaram no pretenso absolutismo de suas glórias vãs, construídas sobre o sangue dos vencidos e o suor dos escravos. Entretanto, enquanto a tua Boa Nova de luz cruzou os tempos para continuar amparando as nossas almas, as civilizações orgulhosas de vaidade e violência passaram na Terra com apenas a lembrança de seus escombros poeirentos e vazios.

Sistemas filosóficos pomposos foram materializados, no decorrer dos séculos, em intermináveis conjecturas

vazias de amor e, até hoje, não se soube que houvessem consolado uma alma sequer no momento de provação, com seus sistemas de negação e dúvida. Ao contrário, Senhor adorado, teu Evangelho permanece aliviando a dor de bilhões de almas em bem-aventurada aflição até os dias de hoje.

Pretensiosas escolas científicas, ao longo do tempo, assumiram status de verdades absolutas para tão-somente assistir, no século seguinte às suas vaidosas conquistas, a sua substituição inexorável pelos novos conhecimentos. Mas o cerne de teus luminosos ensinamentos, divino Amigo, permanece invariável e firme como a rocha fundamental de todos os tempos. É por isto, compassivo Mestre, que nos lembramos, uma vez mais, que teu coração magnânimo prometeu estar conosco até a consumação dos séculos. E, por esta razão, estamos elevando a Deus, nosso Pai celestial, hosanas de reconhecimento imorredouro por efetivamente sabermos, Jesus, que continuas conosco, esclarecendo-nos e consolando-nos.

Por tudo que nos dás, amado Jesus, e pelas bênçãos de teu amor celeste, nós respeitosamente te rendemos graças, dizendo, do fundo de nossas almas: “Obrigado, Senhor!”

Zeca Machado(Prece psicografada por Geraldo Lemos Neto, em reunião pública no Centro Espírita Luz, Amor e Caridade em Belo Horizonte, MG, na noite de 6 de fevereiro de 2009)

Prece do Limiar

13Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

A liberdade é uma lei natural, uma lei divina.Da mesma forma que as leis físicas regulam a

matéria, as leis naturais indicam ao homem o que deve ou não fazer.

Partindo do princípio de liberdade, podemos, ainda, acreditar que a possuímos em sua plenitude, ou seja, podemos realizar totalmente o que desejamos?

Não! Sabemos que não é exatamente desta maneira. A única liberdade que possuímos ilimitadamente é a do pensamento, que também nos foi concedida por Deus. Somos responsáveis pelo que pensamos e como pensamos, o que causará boas ou más consequências de imediato ou no futuro. Lembrando que pensamento = criação.

Podemos então concluir que a liberdade absoluta não existe. Assim, a liberdade é relativa e regula até que ponto o homem pode exercê-la. Mesmo aquele que ocupa um cargo do mais alto nível hierárquico – seja o presidente de um país ou de uma empresa – não possui nem liberdade e nem a verdade absolutas.

A segunda pergunta que pode nos vir à cabeça é: “Mas por que não temos a liberdade absoluta?”.

Pelo fato de vivermos em sociedade, isto significa a dependência uns dos outros, bem como: a minha liberdade vai até o ponto que não invada os direitos de meus semelhantes.

Mesmo o eremita não pode dizer que possui total independência e liberdade, visto que, para sobreviver, dependerá da chuva, dos rios, dos mares, entre outras fontes que Deus fornece para saciar suas necessidades vitais.

Será que já paramos para pensar o quanto somos dependentes do Pai Celestial, de nossos semelhantes e de tudo o que há na Natureza?

Não conseguimos sequer nos alimentar sem dependermos de um conjunto de pessoas! E é essa dependência que nos mostra o quanto somos irmãos universais e que devemos nos respeitar infinitamente.

Como já foi dito, a Lei de Liberdade regula e indica ao homem o que deve fazer ou deixar de fazer, levando-o à verdadeira felicidade, com a consciência tranquila e a fé no futuro.

Seguindo essa linha de raciocínio, vamos pensar um pouco sobre o livre-arbítrio. Será que o utilizamos para abrandar o sofrimento de alguém? Não seria este a plena execução da Lei de Liberdade? Alias, qual maior exemplo podemos utilizar sobre a liberdade do que o exercício do livre-arbítrio para o bem do próximo?

O Mestre Jesus nos deixou, há mais de dois mil anos, grandes exemplos sobre esse exercício e, de acordo com Seu Evangelho, seus preceitos são a caridade, a fraternidade e o amor.

Aquele, portanto, que imagina poder viver com total liberdade, somente tem em seu coração o egoísmo e o orgulho.

O remédio?“Fora da caridade não há salvação”.

ReinaldoBibliografia: O Livro dos Espíritos – Allan Kardec, Editora FEB, 91ª ed., 2008.O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec, Editora Luz no Lar, 2004.Imagem: http://www.teclasap.com.br/blog/wp-content/uploads/2007/12/two_birds.jpg

Liberdade NaturalKardec em Estudo

kardec em estudo

Questão 825: — Haverá no mundo posições em que o homem possa jactar-se* de gozar de absoluta liberdade?“Não, porque todos precisais uns dos outros, assim os pequenos como os grandes.”

_________________________________* Jactar: (lat jactare) vpr 1 Gloriar-se, ufanar-se, vangloriar-se: A verdadeira sabedoria não se jacta. 2 Bazofiar, ter jactância. Var: jatar. Sin: jactanciar. (Michaelis Moderno Dicionário da Língua Portuguesa)

O Livro dos Espíritos – 3ª parte - Capítulo X “Da Lei de Liberdade”

Núcleo de Estudos Espíritas “Amor e Esperança”DIA2ª

Domingo

LIVROS ESTUDADOSO Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; A Gênese – Allan Kardec; Os Mensageiros – André Luiz*O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; O Livro dos Espíritos – Allan KardecSabedoria de Paulo de Tarso – Roque Jacintho & J.Manahen; Cartas e Crônicas – Irmão X*; Das Leis Morais – Roque JacinthoTerapia Espiritual; Emmanuel – Emmanuel*; Seara dos Médiuns – Emmanuel*; O Livro dos Médiuns – Allan KardecO Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro da Esperança – Emmanuel*; Os Mensageiros – André Luiz*; Vida Futura – Roque JacinthoO Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec; Livro de mensagens de Emmanuel*

*Livro psicografado por Francisco Cândido Xavier

Reuniões: 2ª, 4ª e 5ª, às 20 horas3ª e 6ª, às 15 horas

Domingo, às 10 horas

Evangelização Infantil: ocorre em conjunto às reuniões

Atendimento às Gestantes: 2ª, às 15 horas

Artesanato: Sábado, das 10 às 17 horas

Tratamento Espiritual: 2ª e 4ª, às 19h453ª e 6ª, às 14h45

Rua das Turmalinas, 56 / 58Jardim Donini - Diadema - SP - Tel.: (11) 2758-6345

14

“Eia, agora, vós que dizeis... amanhã...” - TIAGO, 4:13Agora é o momento decisivo para fazer o bem.Amanhã, provavelmente...O amigo terá desaparecido.A dificuldade estará maior.A moléstia terá ficado mais grave.A ferida, possivelmente, mostrar-se-á mais crescida de extensão.O problema talvez surja mais complicado.A oportunidade de ajudar não se fará repetida.A boa semente plantada agora é uma garantia da produção valiosa no porvir.A palavra útil pronunciada sem detença será sempre uma luz no quadro em que vives.Se, desejas ser desculpado de alguma falta, aproxima-te agora daqueles a quem feriste e revela o teu propósito de reajustamento.Se te propões a auxiliar o companheiro, ajuda-o sem demora para que a bênção de teu concurso fraterno responda às necessidades de teu irmão, com a desejável eficiência.Não durmas sobre a possibilidade de fazer o melhor.Não te mantenhas na expectativa inoperante, quando podes contribuir em favor da alegria e da paz.A dádiva tardia tem gosto de fel.“Eia, agora” - diz-nos o Evangelho, na palavra apostólica.Adiar o bem que podemos realizar é desaproveitar o tempo e furtar do Senhor.

Emmanuel

Tema Livretema livre

Quantos momentos deixamos de aproveitar para fazer o bem? Ou, melhor, quantas oportunidades perdemos para “quitar” parte de nossas dívidas, contraídas nessa e em outras reencarnações?

Como nos fala Emmanuel, na mensagem acima: “Agora é o momento decisivo para fazer o bem”.A partir do momento em que sabemos distinguir à luz do Evangelho o certo do errado, o bem do mal, qualquer momento

desprezado é a oportunidade que se perde por tempo indeterminado.Sim, tempo indeterminado! Não sabemos quando aquela oportunidade, por exemplo, de se reconciliar com nossos

desafetos surgirá novamente. Lembremos que os desafetos de hoje são os mesmos do passado e, seguindo essa linha de raciocínio, por mais quantas encarnações continuaremos a persistir em não nos reconciliarmos? O momento é decisivo!

“Se, desejas ser desculpado de alguma falta, aproxima-te, agora, daqueles a quem feriste e revela o teu propósito de reajustamento.”

Quase sempre nos colocamos como vítimas das situações e das pessoas.Supondo sermos as vítimas, pergunto por que Jesus, em sua vinda há mais de dois mil anos, rogou ao Pai Celeste,

quando pregado na cruz: “Pai, perdoa-os, porque não sabem o que fazem.”?Se sabemos que o Mestre nada nos deve, como, então, ainda pedir perdão por nós?O exemplo de Jesus é claro. Diante do próximo, qualquer que seja a sua condição, o perdão deve ser uma meta em

nossas vidas, pois é a única forma de reajustamento e progressão espiritual que tanto desejamos, mas que pouco fazemos para alcançar.

O que adianta suplicar perdão e não perdoar; falar sobre o perdão, sobre o bem e não oferecê-los?Sigamos adiante, perdoando e trabalhando para que o Bem se instale em nossa querida Terra, mesmo nos momentos

mais difíceis.Contribuamos “em favor da alegria

e da paz”, pois não somos vítimas de nada e nem de ninguém.

Entretanto, não sejamos vítimas de nós mesmos, por causa de nosso livre-arbítrio, usado, muitas vezes, sem responsabilidade.

GimenezBibliografia: Fonte Viva – Francisco Cândido Xavier pelo espírito Emmanuel, Editora FEB, 32ª ed., 2005.Imagem:http://openphoto.net/ic/somewhereelse/_7746_500x666__opl_CIMG7551.JPG

Eia, agora

15Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

Momento Atribulativo

“O progresso é uma das leis da natureza (...)A Terra, segundo a Lei do Progresso, já esteve em um estágio material e moral inferior ao em que hoje se acha. Atingirá, igualmente, tanto no aspecto material quanto moral, um grau mais avançado.A Terra chegou a um desses períodos de transformação.De mundo de expiação, ela passará a um mundo de regeneração, onde os homens serão mais felizes, porque a lei de Deus nela imperará soberanamente.” (Agostinho, Paris, 1862) - O Evangelho segundo o Espiritismo, capítulo III, item 19.

Subsidiando o progresso, uma outra lei opera: é a Lei de Ação e Reação, cujo processo se efetua também através das reencarnações.

De acordo com estes princípios, entendemos que assim vamos nos depurando, ao longo do tempo.

Como temos uma visão ainda muito restrita quanto à matéria, nossa fé é vacilante, ou seja, não é verdadeira e, diante dos quadros regenerativos nos quais falhamos, ficamos perplexos com os acontecimentos e, ao invés de elevarmos nossos pensamentos com vistas ao bem geral, adentramos numa faixa de comentários e pensamentos mórbidos, alimentando assim o nosso desequilíbrio e também contribuindo para a expansão das influências de ordem inferior. (Nesse momento somos médiuns servindo às sombras).

Fazemos estes comentários com a finalidade de entendermos o nosso atual momento e tomarmos o cuidado de nos vigiarmos, diante dos problemas que se manifestam em nosso dia-a-dia.

Recebemos notícias, rotineiramente, através dos vários meios de comunicação – que, por sinal, exploram de maneira sórdida os fatos – de acontecimentos atrozes como, por exemplo, casos de pedofilia, inclusive com recém-natos; pais que aprisionam filhas e delas abusam sexualmente e que geram novos seres; pais que cometem homicídios de filhos e vice-versa, assim como ocorre o mesmo entre cônjuges e temos, aliadas a esses problemas, as guerras

que já deveríamos evitar, o tráfico de drogas que gera também, em si, uma guerra, além dos malefícios da saúde e os morais; o trafico de seres humanos para prostituição e trabalho escravo etc.; no campo financeiro, as crises econômicas que produzimos pelo nosso egoísmo. Tudo isso nos deixa muitas vezes descrentes, como já dissemos, por acharmos que as coisas não têm solução: se tudo isso ocorre nos dias de hoje, que progresso é este? O que está acontecendo conosco, afinal?

Não podemos e nem temos condição de dar respostas individuais a cada caso, pois, em cada acontecimento, os indivíduos respondem entre si pelo que fizeram, uns aos outros, e o conhecimento de tais problemas está sob a égide de Deus, de quem nós duvidamos, esquecendo-nos assim da Lei de Ação e Reação e das oportunidades que o Pai nos concede, para o nosso resgate de dividas do passado, e nas quais estamos errando novamente.

O que aconteceu, e que permanece acontecendo para que falhemos tanto, é a falta de religião no mundo, religião esta que, desde a passagem do Cristo encarnado na Terra, dando-nos exemplos com a sua própria vida, até agora persistimos em ignorar.

O Cristo, que permanece junto a nós em Amor e nem vai se distanciar, enviou o Consolador prometido, que é o Espiritismo, para nos esclarecer o que não tínhamos condição de entender no passado. Entretanto, como outrora, estamos nos dispersando, permitindo a interferência de nossa personalidade nos ensinamentos morais do Cristo. No momento em que tivermos vontade e coragem de lutar contra as nossas tendências egoístas, orgulhosas e inferiores, estaremos principiando a nossa recuperação.

O que observamos é o descaso para com a religião (inclusive, muitas vezes, de nossa parte) que afirmamos praticar, dizendo que a mesma é para pessoas fracas que não conseguiram conquistas materiais e que precisam se apegar a alguma coisa para justificar sua falta de capacidade. Outros apregoam que, para conquistar coisas materiais, é necessário doarmos o máximo de bens materiais a Deus para obtermos recompensa; outros cobram pelo “suposto

Liberdade Natural

16

“Ninguém despreze a tua mocidade, mas sê o exemplo dos fiéis na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé e na pureza.” Paulo (I Timóteo, 4:12)

Os pais reclamam que os adolescentes são rebeldes ou não têm responsabilidade nem compromisso sério com nada.

Esta é uma realidade em que vive a esmagadora maioria dos pais de hoje. Não podemos negar.

Entretanto, também a maioria dos pais não presta atenção na ociosidade em que vivem os seus filhos.

Tendo isto em vista, o apóstolo Paulo já deixou o alerta para que aproveitemos o potencial da juventude.

O jovem tem energia, tem ideias e, quando motivado, participa de uma forma alegre nas atividades que lhe são oferecidas.

Por isso, devemos levá-lo aos trabalhos de assistência social que os núcleos espíritas promovem.

Participando de atividades de auxílio ao próximo, o jovem vai desenvolvendo, em primeiro lugar, a responsabilidade, pois será considerado membro de uma equipe.

É claro que, muito embora o potencial do jovem seja imenso, ele precisa de orientação. Neste ponto, os dirigentes espíritas, com receio de erros ou de ter que despender muito esforço, preferem não utilizar a “mão-de-obra” jovem.

Agindo assim, negamos a um irmão e companheiro de jornada a oportunidade de ir exercitando o que os estudos espíritas recomendam: o respeito ao próximo.

Um jovem que auxilia aqueles que sofrem estará aprendendo a respeitar o próximo, e essa lição ele levará

pela vida toda, inclusive tornando-se um adulto que exercerá este respeito, quando atuar nos diversos setores da sociedade.

Pais, não subestimem a juventude!

Filhos, não esqueçam que o direito, sem o dever, é nada!

Juntos, pais e filhos, devem participar do atendimento à caridade que pede estímulo e paz, harmonia e auxílio para todos.

Dessa forma, pais e filhos poderão estabelecer um aprendizado conjunto de amor e respeito.

Jovem, “santifica a fé viva, confiando no Senhor e em ti mesmo, na lavoura do bem, que deve ser cultivada todos os dias.”

WilsonBibliografia: Segue-me - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Emmanuel, Editora O Clarim, 7ª ed., 1992.Imagem: http://1.bp.blogspot.com/_VPl6VaRYEE8/SKOZ7lxR6-I/AAAAAAAABHI/HWWd6gFQRJE/s1600-h/ajudando%20o%20pobre.jpg

bem” que realizam; aqueles que seguem apenas os rituais dogmáticos como se religião significasse frequentar algum templo de pedra. Existem ainda outros variados cultos exteriores que demandariam tempo em descrevê-los e não vemos necessidade para tanto, pois o que precisamos atentar é para o esclarecimento do Cristo que nos pede simplesmente: “Amai-vos uns aos outros assim como Eu vos amo”. No entanto criamos mil adereços em torno de Seu ensinamento, desvirtuando o que é puro e simples. Aí, então, perguntamos: será que se praticássemos este ensinamento em sua mais pura essência, estaríamos passando por tantas atribulações, como agora?

Procuremos basear nosso procedimento nas obras de Allan Kardec, pois ele foi o codificador do Espiritismo e não o autor de todo o conteúdo delas. Este conteúdo são informações recebidas da mais sublime Espiritualidade para que possamos atingir o verdadeiro objetivo da vida que é

praticar a Lei do Amor quando nos diz o Evangelho que: fora da caridade não há salvação e, não fora da Igreja, fora da verdade ou fora do Espiritismo. Uma das formas de praticá-la é: diante dos desastres mencionados anteriormente, orar em favor daqueles que erraram, pois estamos sujeitos aos mesmos erros; basta sermos colocados à prova e, como o Cristo também nos ensinou: “atire a primeira pedra aquele que estiver sem pecado”.

Roberto CunhaBibliografia: O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec – Tradução de Roque Jacintho. Editora Luz no Lar, 3ª ed., 1991. Imagem: http://momentosydocumentos.files.wordpress.com/2008/07/tristeza.jpg

Receba mensalmente obras selecionadas de conformidade com os ensinamentos espíritas.

Informe-se através: E-mail: [email protected] www.espiritismoeluz.org.br (11) 2758-6345 (com Cristiane) Caixa Postal 42 - CEP 09910-970 - Diadema - SP

Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)”CHICO

familia

JuventudeFamília

17Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

Agradecemos, Jesus,Ao teu amor infinito,Esse recanto bendito,Que nos ergueste por lar,O pão que nos dás à mesa,A confiança, a harmonia,O entendimento, a alegriaE a bênção de trabalhar.

Agradecemos o apoioDe tua força divina,Que nos ampara e nos ilumina,Desde a Terra ao Mais Além;Os aguilhões do caminhoE o duro rigor da prova,Que nos eleva e renovaPara a conquista do Bem.

Agradecemos, ainda,O culto vivo da preceQue em tudo nos enriqueceDe paz, união e luz!...Permite que te roguemos:Nunca nos deixes a sós...Seja onde for, vem a nós,Fica conosco, Jesus!...

Maria Dolores

Oração no TempoQuanto temos a agradecer a Jesus, o Divino Amigo, que

não cansa de derramar sobre nós as bênçãos de amor que partem de seu coração generoso!

Maria Dolores nos lembra da bênção do lar, do pão à mesa, do trabalho e de tantas coisas que, aos olhos mais desavisados, seriam coisas normais da vida, mas quantos não imploram para tê-las?

Acima de tudo o que Jesus nos proporciona para mantermos a nossa vida material, está um bem muito precioso: a possibilidade da prece.

Quando oramos, entramos em ligação com o Mestre Amigo e não sentimos mais solidão ou abandono, pois ele estará presente, ao nosso lado. Sentimos, então, muita paz e felicidade espiritual, mesmo nos momentos mais difíceis.

Por isso, não cansamos de falar:— Obrigado, Jesus!

AdolphoBibliografia: Alma e Vida - Francisco Cândido Xavier / Maria Dolores, Editora CEU, 1ª ed., 1984.

Imagem: http://www.rolministries.net/_003_praying_hands.jpg

“Por que a desencarnação de crianças, vidas taladas em flor?”Com esta pergunta, Emmanuel inicia este livro que é o teor de uma carta de quase oitenta

laudas psicografadas pelo Espírito de uma criança (Marcos), desencarnado com 12 anos de idade em um acidente de carro; carta esta dirigida aos pais que se encontravam em desespero.

Se formos analisar o desencarne de uma criança somente com os olhos da vida atual, poderíamos pensar que Deus é injusto, tirando a vida de quem apenas começou a viver. Mas, lembra-nos Emmanuel, no prefácio, que devemos ter uma visão mais ampla, considerando as vidas passadas, a vida presente e a vida futura.

Diante disso, Marcos, a criança desencarnada, escreve aos pais, demonstrando que, além da morte do corpo, o Espírito prossegue evoluindo.

“O que vale neste livro é o consolo iluminado de esperança que ressuma destas páginas, não somente para os genitores do comunicante, mas também para aqueles outros pais e mães do mundo que perderam filhos amados no alvorecer da existência.”

Após a leitura deste livro, concluiremos que a luz perene do Amor nos faz receber a Bênção da união eterna.

Vitório

Livro em Focolivro em foco

Crianças no Além

Cantinho do Verso em Prosacantinho do verso em prosa

Francisco Cândido XavierMensagens organizadas por

Caio RamacciottiEditora GEEM - 78 páginas

11ª edição, 1995

18

Um aprendiz de Jesus ficou entusiasmado com os ensinamentos do Evangelho e decidiu propagá-los, enquanto vivesse. Atencioso, leu as lições do Mestre e começou a comentá-las por toda parte, levando dias e noites nessa atividade.

Num determinado momento, precisou trabalhar para pagar suas próprias despesas.

Encontrou emprego em um estabelecimento; contudo as ordens do chefe não o agradavam. Este se achava muito distante da fé e, por isto, contrariava as tendências religiosas do aprendiz do Evangelho. Controlava rigorosamente suas horas e vigiava-o com observações amargas e ásperas.

O aprendiz não tinha mais a liberdade de outros tempos. Era forçado a dias de trabalhos difíceis que lhe consumiam todas as energias. Prosseguia, ensinando a boa doutrina, quanto lhe era possível, porém, não mais podia agir e falar, como queria ou quando pretendia. Tinha os minutos do dia contados, as oportunidades divididas e, julgando-se vítima, procurou o diretor do serviço e pediu demissão.

O chefe que o empregara perguntou o motivo que o levava a tal decisão.

Um tanto irônico, o rapaz explicou-se:

— Quero ser livre para melhor servir a Jesus. Por isso, não posso aceitar este emprego, que mais me parece uma prisão!

Nesse dia de folga, sentiu-se tão independente e tão satisfeito que comentou, todo animado, sobre a doutrina cristã. Fez suas pregações até altas horas da noite, em várias casas religiosas.

De madrugada, já em casa, descansando, feliz, sonhou que o Mestre vinha encontrá-lo. Reparou Sua beleza celeste e ajoelhou-se para beijar a Sua túnica resplandecente.

Jesus, porém, estampava em Sua fisionomia uma indisfarçável tristeza.

Estranhando, o discípulo perguntou:

— Senhor, por que esta tristeza?

Jesus, respondeu:— Meu filho, por que

desprezou a pregação que te confiei?— Como assim, Senhor? Ainda hoje abandonei um homem

autoritário, para me dedicar a ensinar melhor a Sua palavra. Tenho discursado em várias casas religiosas e comentado a Boa-Nova por onde passo.

— Sim! — exclamou o Mestre — Esta pregação que me oferece desejo que continue fervorosamente; contudo, você

não executou a pregação fundamental da Verdade a um homem que administra os meus interesses na Terra. Julgou este homem como um ignorante e cruel. Você esqueceu que ele ignora o que você sabe.

Executar o seu serviço com humildade, modificaria o coração deste homem. Se exemplificasse por cinco anos consecutivos as demonstrações evangélicas, ele estaria preparado a caminhar, por si mesmo, na direção do Reino Divino. E, diante de outros companheiros, far-se-ia mais humano e mais nobre, sem prejuízo da energia e da eficiência.

Você poderá ensinar o caminho celestial a cem mil ouvidos, mas a pregação através do exemplo, que converta um só coração ao Infinito Bem, estabelece com mais agilidade a redenção do mundo!

O aprendiz desejou perguntar alguma coisa; entretanto, Jesus afastou-se, num turbilhão de luminosa neblina.

Levantou, sobressaltado e não dormiu mais naquela noite.De manhã, foi até o estabelecimento em que trabalhara,

procurou o diretor e pediu, humildemente:— Senhor, por favor,

desculpe-me o gesto impensado e, se for possível, gostaria de ter meu emprego de volta! Aceitarei qualquer tarefa.

O chefe, admirado, indagou:

— O que te levou a esta modificação?

— Foi Jesus! — disse o rapaz — Não podemos servi-lo com orgulho pessoal e indisciplina.

O diretor concordou, sem vacilar:

— Entre! Estamos ao seu dispor.

O diretor constatou a boa vontade e o sincero dese-jo de servir que, agora, o empregado demonstrava e passou a refletir na grande-za da doutrina que orientava os passos de um homem ao caminho do aperfeiçoa-mento moral. E o aprendiz do Evangelho, que retomou o trabalho comum, intensa-mente feliz, compreendeu, afinal, que poderia prosse-guir na pregação verbal que

desejava e na pregação fundamental do exemplo que Jesus esperava dele.

Texto adaptado por Silvana e ReinaldoBibliografia: Alvorada Cristã - Francisco Cândido Xavier, pelo espírito Neio Lúcio, Editora FEB, 8ª ed., 1986.Imagem: http://i727.photobucket.com/albums/ww278/palomasilveira/IMAGENSBIBLICAS02/1314.jpg

contos

A Pregação FundamentalContos

19Órgão divulgador do Núcleo de EstudosEspíritas Amor e Esperança

DIA 011865 - Lançada em Paris, França, a 1ª edição do livro “O Céu e o

Inferno”, de Allan Kardec.DIA 03

1895 - Dr. Bezerra de Menezes assume a presidência da Federação Espírita Brasileira.

DIA 041859 - Desencarna em Ars-sur-Formans, França, João Maria Vianney,

um dos expoentes que colaboraram na codificação do Espiritismo.1969 - Desencarna em Niterói, RJ, Carlos Imbassahy. Advogado,

conferencista, escritor e doutrinador espírita, teve sua vida contada também no livro “Memórias Pitorescas do Meu Pai”, publicado pelo seu filho, Carlos de Brito Imbassahy.

DIA 061651 - Nasce François de Salignac de la Mothe, Fénelon, um dos

expoentes que colaboraram na codificação do Espiritismo.DIA 07

1941 - Desencarna em Baldur, Bengala, Índia, Rabindranath Tagore, filósofo espiritualista e poeta, Prêmio Nobel de Literatura em 1913.

DIA 121912 - Nasce em Delfinópolis, MG, Corina Novelino. Escritora, espírito

caritativo, infatigável, sempre disposta a cooperar; tornou-se parte saliente na vida sócio-econômica, religiosa e cultural da cidade de Sacramento, MG.

DIA 141990 - Desencarna em São Paulo, Valentim Lorenzetti, escritor,

jornalista e conferencista, um dos fundadores do ”Centro de Valorização da Vida”.

DIA 151905 - Fundada em Matão, SP, por Caírbar Schutel, a Editora “O

Clarim” e, no mesmo dia, começa a circular o jornal “O Clarim”.DIA 16

1886 - Dr. Bezerra de Menezes declara a sua fé espírita e filia-se à FEB - Federação Espírita Brasileira.

DIA 181863 - Lançada uma ordenação pelo Clero, interditando toda e

qualquer prática espírita na diocese de Argel, então colônia da França.

DIA 191662 - Desencarna Blaise Pascal, um dos expoentes que colaboraram

na codificação do Espiritismo.1936 - Na Rádio Cultura de Araraquara, SP, Caírbar Schutel inicia o 1°

Programa Radiofônico Espírita do Brasil.DIA 22

1940 - Desencarna em Wiltshire, Inglaterra, Joseph Oliver Lodge, físico, cientista e pesquisador de fenômenos mediúnicos.

1957 - Desencarna em Nova Iguaçu, RJ, Leopoldo Machado Barbosa, jornalista, professor, escritor e compositor. Difundiu a Doutrina Espírita por todos os meios e formas, merecendo o respeito e admiração, inclusive dos adversários da Doutrina.

DIA 241871 - Assinado o célebre memorial, por Luís Olímpio Telles de

Menezes, juntamente com mais 30 pessoas, pedindo o registro da “Sociedade Espírita Brasileira”.

DIA 251850 - Nasce em Paris, França, Charles Richet. Fundador da

Metapsíquica, desempenhou papel fundamental no processo de desvendar o desconhecido mundo dos fenômenos anímicos.

DIA 271959 - Desencarna em Salvador, BA, Maria Dolores. Dedicou-se à

poesia e ao jornalismo. No ano de 1971, através do médium Francisco Cândido Xavier, sua obra poética continuou, presenteando-nos com a ternura dos seus ensinamentos transbordantes de amor e fé.

DIA 281881 - Oficializada, no Brasil, a perseguição ao Espiritismo, com a

publicação, através da Imprensa, de ordem policial proibindo o funcionamento das sociedades espíritas.

1882 - Realizada a 1ª Exposição Espírita do Brasil com mostra de vários trabalhos mediúnicos e material doutrinário em geral.

DIA 291831 - Nasce na Freguesia do Riacho do Sangue, hoje Jaguaretama,

CE, Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, médico, deputado, presidente da FEB e considerado “O Apóstolo da Caridade”.

AgostoCalendário

calendario

Clube do Livroclube do livro

No mês de março de 2009, foi enviada aos associados do Clube do Livro Espírita “Joaquim Alves (Jô)” a obra intitulada “Sob o olhar do Tâmisa”, escrita por Milton Felipeli, inspirado por Wallace Leal.

O título se deve à localização da história que se passa às margens do Tâmisa, principal rio da Grã-Bretanha, situado geograficamente na Inglaterra. A capa ilustra o cenário.

Além da indiferença que já sentia pelo irmão, desde a infância, outros interesses estimulam Robert Blake a planejar a morte de William Blake, executando-a com todas as cautelas para que não restassem vestígios.

Após, já consumado o seu intento, o inesperado ocorreu. Robert passou a receber, de forma indireta, mensagens do irmão, vindas de espíritos já desencarnados que haviam sido vítimas dele, Robert.

Ante a estreita relação com os desencarnados e sem entender o que se passa, cada vez mais a verdade tende a revelar-se e Robert vai tentando se desviar de suas consequências.

A polícia entra em ação e, diante dos fatos relatados por Robert, os policiais passam a investigar os acontecimentos e são levados a novas descobertas.

Como poderia o irmão Willian, estando morto, dar sinais de sua existência? Era uma incógnita para ele.

Ao final da história, o autor da obra faz agradecimento em nota, a Wallace Leal, contando como se conheceram e apresentando uma pequena biografia de seu amigo.

Vale a pena a leitura desta obra!Marcelo e Rosangela

Milton FelipeliEditora Solidum

272 páginas1ª edição – 2008

Sob o Olhar do Tâmisa

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