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Ex Vi Legis ∙ www.exvilegis.wordpress.com Direito Empresarial NOME EMPRESARIAL O nome empresarial é o instituto jurídico que se propõe a identificar e individualizar o sujeito, que no papel de comerciante, exerce atividade empresarial. Distingue-se, portanto, do nome civil, que serve para atribuir direito personalíssimo à pessoa física. Para entender o significado do nome empresarial, primeiro há que se fazer uma distinção geral do nome em relação aos outros instrumentos de identificação, para que não se confundam, e que serão aprofundados mais à frente. Cabe agora, fazer uma breve menção, para que o entendimento da parte inicial seja o mais proveitoso possível. São esses elementos de identificação o domínio, o título de estabelecimento e a marca. Não raro, há coincidência nos instrumentos de identificação, sobretudo entre o título de estabelecimento e a marca, seja pelas vantagens de mercado ou pela praticidade. O domínio está ligado ao que está posto na internet por determinada empresa, que faz uso deste instrumento para disponibilizar aos interessados informações sobre a mesma ou até mesmo realizar negócios on-line. Se refere a chave virtual utilizada para acessar a página dessa empresa. O título de estabelecimento se relaciona a denominação do estabelecimento em que é exercida a atividade empresária, isto é, ao local onde costumeiramente o público reconhece tal atividade. É o nome utilizado corriqueiramente, como por exemplo, Lojas Americanas, Casas Bahia, Casa do Pão de Queijo, entre outros. A marca é o meio através do qual se designa determinado produto ou serviço, dotado de certo padrão na sua produção e serve para que o consumidor faça a distinção desses em relação aos demais. É o caso, por exemplo, da marca Nike. Em suma, o domínio se refere a um site na internet, o título do estabelecimento ao local em que se exerce a atividade e a marca , ao produto ou serviço. Diferentemente desses casos, o nome empresarial serve para designar que determinado sujeito exerce atividade comercial. E como não poderia ser diferente, o nome empresarial é necessário para a distinção do sujeito em suas atividades civis das atividades comerciais. COELHO define que a função do nome é a de mostrar que um sujeito de direito está fornecendo serviços ou produtos no mercado. O nome empresarial é um “bem” de natureza intelectual - não integra o complexo de bens corpóreos e incorpóreos, denominado "estabelecimento" porque não

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NOME EMPRESARIAL

O nome empresarial é o instituto jurídico que se propõe a identificar e individualizar

o sujeito, que no papel de comerciante, exerce atividade empresarial. Distingue-se, portanto,

do nome civil, que serve para atribuir direito personalíssimo à pessoa física. Para entender o

significado do nome empresarial, primeiro há que se fazer uma distinção geral do nome em

relação aos outros instrumentos de identificação, para que não se confundam, e que serão

aprofundados mais à frente. Cabe agora, fazer uma breve menção, para que o entendimento

da parte inicial seja o mais proveitoso possível.

São esses elementos de identificação o domínio, o título de estabelecimento e a

marca. Não raro, há coincidência nos instrumentos de identificação, sobretudo entre o título

de estabelecimento e a marca, seja pelas vantagens de mercado ou pela praticidade.

O domínio está ligado ao que está posto na internet por determinada empresa,

que faz uso deste instrumento para disponibilizar aos interessados informações sobre a

mesma ou até mesmo realizar negócios on-line. Se refere a chave virtual utilizada para

acessar a página dessa empresa. O título de estabelecimento se relaciona a denominação do

estabelecimento em que é exercida a atividade empresária, isto é, ao local onde

costumeiramente o público reconhece tal atividade. É o nome utilizado corriqueiramente,

como por exemplo, Lojas Americanas, Casas Bahia, Casa do Pão de Queijo, entre outros. A

marca é o meio através do qual se designa determinado produto ou serviço, dotado de certo

padrão na sua produção e serve para que o consumidor faça a distinção desses em relação

aos demais. É o caso, por exemplo, da marca Nike. Em suma, o domínio se refere a um site

na internet, o título do estabelecimento ao local em que se exerce a atividade e a marca, ao

produto ou serviço.

Diferentemente desses casos, o nome empresarial serve para designar que

determinado sujeito exerce atividade comercial. E como não poderia ser diferente, o nome

empresarial é necessário para a distinção do sujeito em suas atividades civis das atividades

comerciais. COELHO define que a função do nome é a de mostrar que um sujeito de direito

está fornecendo serviços ou produtos no mercado.

O nome empresarial é um “bem” de natureza intelectual - não integra o

complexo de bens corpóreos e incorpóreos, denominado "estabelecimento" porque não

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possui as características próprias das coisas - (Propriedade Industrial) e decorre da idéia de

que as pessoas jurídicas também são sujeitos do direito-dever à identidade. E como tal, para

distinguir o empresário ou a sociedade empresária perante a sociedade e também ao poder

público, de forma a responsabilizar os atos praticados e as obrigações adquiridas no

exercício de suas atividades, a exemplo das relações de consumo e de crédito.

Ricardo Negrão explica que, o nome não pode ser considerado direito de

propriedade industrial, porque este se entende propriedade imaterial e se constitui coisa

incorpórea, como ocorre com as marcas, patentes e desenhos industriais, que após sua

criação intelectual, ganham força de direito autônomo ao da personalidade de seu criador. O

nome não dispõe dessa autonomia em razão de sua indissociabilidade da figura humana que

o detém (art. 1.164 do Código Civil).

São três os princípios que regem o instituto do nome empresarial:

Princípio da veracidade: segundo o qual é obrigatório a firma ser constituída com

os nomes civis dos sócios;

Princípio da novidade: fazendo-se necessário que o nome seja distinto de todos

que existam nas juntas comerciais; e

Princípio da exclusividade: que garante ao primeiro a registrar o nome o direito

de utilizá-lo, podendo impedir que terceiros o usem.

É, pois, através do nome empresarial que a empresa se faz reconhecer no meio em

que é atuante, sendo ele o principal elemento de identificação direta da empresa. Vale

ressaltar, que a função do nome empresarial não se exaure na sua identificação, mas

também no objeto ou tipo de atividade exercida.

O nome empresarial pode ser de duas espécies: a firma e a denominação social,

objetos do item a seguir.

FIRMA

A firma é a “assinatura” da empresa e não a empresa em si. É a firma que

representa a empresa no sentido de que é o nome através do qual a empresa assina seus

documentos e exerce suas atividades.

A firma pode ser utilizada no caso de firma individual/razão individual, quando se

tratar de empresário individual, e firma social/razão social se sociedades simples ou

empresárias.

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A firma individual é adotada pelo empresário individual que registra sua “firma”

na Junta Comercial, e deve ser esta o seu nome próprio completo por extenso ou abreviado

(ex.: Fábio Pinto da Silva ou F. P. da Silva). Por se tratar do próprio nome, no caso de nome

comum, pode-se adicionar o ramo da atividade exercida pelo empresário (F. P. da Silva -

tintas). (art. 1156 CC).

Já a firma social, é adotada não por um empresário individual, mas no caso de ser

sociedade empresária. A firma pode ser composta pelo nome de todos os sócios, de alguns

deles ou de apenas um. Caso não conste o nome de todos os sócios é necessário o uso do

termo "e companhia" (ou & Cia).

A existência do nome do sócio na firma indica que a responsabilidade do

empresário ou dos sócios é ilimitada, ou seja, que o patrimônio do particular responde pelas

obrigações contraídas perante terceiros, caso insuficiente o patrimônio da empresa ou

sociedade em si. Por esta razão, a firma se faz obrigatória para o empresário individual, para

a sociedade em comandita simples e para a sociedade em nome coletivo.

DENOMINAÇÃO

A denominação não é uma assinatura como a firma, mas um nome, ou expressão

adotado para a empresa coletiva com o intuito de designar o tipo de atividade realizada. A

denominação, ao contrário da firma, demonstra que a responsabilidade dos sócios é limitada.

São nomes inventados ou relacionados com seu objeto social, como por exemplo: Cia.

Metalúrgica do Brasil; Enlatados Guerra S/A; Trovão Geradores LTDA; Cooperativa de Polpa

de Frutas; Castro & Alves & Cia Ltda, que a doutrina caracteriza como elemento fantasia.

Sociedades Limitadas podem escolher se usam firma ou denominação, enquanto que as

sociedades anônimas só podem usar denominação. Isso porque não há o que se falar em

firma social se são anônimas, tendo em vista a limitação da responsabilidade dos sócios das

S/A.

Nota-se que é difícil a diferenciação de denominação e a firma, pois ambos têm a

possibilidade de se basear em nomes civis, porém basta uma observação, entretanto, a

sociedade limitada e a comandita por ações podem optar entre denominação e firma.

No passado, o representante da sociedade limitada deveria usar a sua própria

assinatura, porém a fazia de outro modo, correspondendo a razão social. Atualmente, a

distinção entre firma e denominação é apenas uma questão formal, na qual, se na útilma

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página do contrato social há "firmas por quem de direito" com a assinatura dos gerentes o

nome empresarial é firma, enquanto caso não haja nada neste espaço, o nome empresarial

será do tipo denominação.

Em relação ao sistema da veracidade adotado no Brasil, o comerciante individual

não pode adotar pseudônimo ou denominação. Tanto o pseudônimo quanto o hipocorístico

(Chico por Francisco, Tonico por Antonio, Zé por José, Tião por Sebastião etc.) ocultam o

nome, o que não deve ocorrer neste tipo de firma, visto que o objetivo é fazer coincidir o

nome civil e o nome empresarial a ser estabelecido.

COMENTÁRIOS AOS ARTIGOS REFERENTES AO NOME EMPRESARIAL DO CÓDIGO CIVIL

O Código Civil de 2002 regula o nome empresarial no capítulo II, Título IV do Livro

II (CC arts 1.155 a 1.168). O artigo 1.155 especifica o que é o nome empresarial, que é a

denominação, ou firma, utilizada para o exercício da empresa. As sociedades simples,

associações e fundações, para os efeitos da lei, também são considerados empresas, de

acordo com o parágrafo único deste artigo.

O nome empresarial não pode ser objeto de alienação. Caso o estabelecimento

venha a ser vendido, o adquirente pode utilizar o nome do alienante, observadas as três

regras constantes no artigo 1.164:

1. O contrato deve permitir a utilização do nome do alienante;

2. O nome do alienante deve ser precedido do nome do adquirente;

3. Deve constar a qualificação de sucessor.

Na sociedade, aqueles sócios cujos nomes figuram na firma da sociedade, são

solidários e possuem responsabilidades ilimitadas quanto às obrigações contraídas sob a

firma (Artigo 1.157, § único). O empresário, de acordo com o artigo 1.156, pode utilizar seu

nome para operar como firma, e querendo, pode acrescentar a designação da pessoa ou

gênero de atividade. Ainda, de acordo com o artigo 1.157 apenas os sócios que possuem

responsabilidade ilimitada podem ter seus nomes compondo a firma, sendo que para formar

esta firma, podem-se acrescentar expressões como “& companhia”, "& Cia." ou abreviar os

nomes (Ex: “Garibaldi, Antonieta & Companhia”). Quando o sócio, cujo nome figura na firma

social da empresa, vem a falecer, seu nome não mais poderá fazer parte desta. O mesmo

ocorre com os sócios que não integram mais a sociedade, seja porque foram excluídos ou

quiseram se retirar. Esta regra é uma inovação trazida pelo novo Código Civil, expressa no

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artigo 1.165. Caso a marca de uma empresa, por exemplo, esteja registrada no nome do

sócio que irá sair da sociedade, este tem a faculdade de levá-lo consigo ou abandoná-lo.

De acordo com o artigo 1.163, o nome do empresário deve se distinguir de

qualquer outro nome inscrito no mesmo registro. Caso este nome seja igual a outro, deve

ser acrescentada uma designação para diferenciação, sendo, portanto, um artigo que reflete

o princípio da novidade. Cabe salientar que são insuscetíveis de apropriação os nome

pertencentes ao domínio público.

O uso do nome empresarial é exclusivo dentro dos limites do respectivo Estado. Ou

seja, o nome do empresário ou da pessoa jurídica não pode ser utilizado por outros dentro

do estado. Essa regra vale também no âmbito nacional se o nome for registrado na forma da

lei especial (Lei 8.934/94, do Registro Público de Empresas Mercantis), como regula o artigo

1.166, parágrafo único. A Constituição Federal de 1988 garante no inciso XXIX do artigo 5º a

proteção à propriedade das marcas e aos nomes empresariais, tendo em vista o

desenvolvimento social, tecnológico e econômico do país. Esta proibição de se ter mais de

uma empresa com o mesmo nome é também uma forma de proteger os consumidores dos

abusos praticados no mercado de consumo (artigo 4º, VI – CDC). As marcas são ainda

reguladas e protegidas pela Lei 9.279/96 – Lei que regula direitos e obrigações relativos à

propriedade industrial-, sendo considerado crime de concorrência desleal o uso indevido do

nome empresarial, conforme expresso no art. 195, V da Lei 9.279/96.

A inscrição do nome empresarial no Registro de Empresas pode ser cancelada

quando acabar a empresa, cessar o exercício da atividade para a qual ela foi criada, ou

quando a sociedade que inscreveu o nome for liquidada. Este cancelamento pode ser feito

por qualquer pessoa interessada, que deve fazer um requerimento.

Como disposto no artigo 1.167, caso uma empresa venha a ser prejudicada, pois

uma outra empresa se utilizou do mesmo nome, esta empresa que foi prejudicada tem o

dever de impetrar uma ação contra a outra para anular a inscrição do nome empresarial

feito de forma a violar a lei e pleitear perdas e danos. Esta ação pode ser impetrada a

qualquer tempo. Ou seja, não há prazo fixo para a empresa prejudicada reclamar. Não há

prescrição neste caso.

Da Sociedade Limitada e Cooperativa:

O nome da pessoa física pode também figurar no nome, na firma de uma

sociedade limitada, devendo constar nesta, a expressão “limitada”. Entretanto, a

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denominação deve designar o objeto da sociedade. Sem a expressão “limitada”, os sócios e

administradores cujo nome figuram na firma, passam a ter responsabilidade ilimitada e

solidária (Artigo 1.158, §§ 1º, 2º e 3º). Assim como na sociedade limitada esta expressão

deve constar no nome, na sociedade cooperativa, esta expressão deve constar na firma,

como explicita o artigo 1.159.

Da Sociedade Anônima:

A sociedade anônima é a sociedade em que o capital se divide por ações. Ela é

regida por legislação especial que é a Lei das Sociedades por Ação (Lei 6.404/76). Entretanto

o Código Civil explicita no artigo 1.160 que esta deve ter em seu nome a expressão

“sociedade anônima” ou “companhia” e que seu nome designa o objeto social da empresa.

Pode também constar na denominação o nome do fundador, de um acionista ou qualquer

outra pessoa que tenha trabalhado para o bom resultado na criação da empresa.

Da Sociedade em Comandita por Ações e em Conta de Participação:

A sociedade em comandita pode ter um nome em que fica expresso apenas o

objeto social dela junto com a expressão “comandita por ações”, como expressa o artigo

1.161 do Código Civil. Este objeto social fica no lugar da firma da empresa. Já a sociedade em

conta de participação não pode ter denominação ou firma (artigo 1.162). Na sociedade em

conta de participação a atividade que constitui o objeto social é exercida exclusivamente

pelo sócio ostensivo, em seu nome individual e sob sua própria e exclusiva responsabilidade,

como expõe o artigo 991.

Assim, abaixo será apresentada a análise de cada hipótese:

O empresário individual só poderá adotar firma de acordo com seu nome civil,

podendo abreviá-lo, além da possibilidade de agregar o ramo da atividade na qual se dedica.

Ex.: Fernanda Goes Rexona; F. G. Rexona; Fernanda Rexona; Fernanda Rexona

Livros, etc.

A sociedade em nome coletivo deverá adotar firma (razão social), composta

pelo nome de um, algum ou todos os sócios, no todo ou em parte. Quando os nomes de

todos os sócios não estejam presentes, emprega-se a expressão “e companhia” ou sua

abreviação (e Cia. ou & Cia.) ao final do nome da sociedade.

Ex.: João da Silva & Cia.; João, Marcelo & Cia.

A sociedade em comandita simples usará firma (razão social), nos mesmos

moldes da sociedade em nome coletivo, embora composta apenas pelo nome daquele ou

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daqueles que respondem pessoal e ilimitadamente pelas obrigações sociais, ou seja, sócio

ou sócios comanditados. O uso do nome de sócio comanditário implica a sua

responsabilização pessoal e ilimitada pelas obrigações sociais, mesmo diante de previsão

contrária no ato constitutivo.

Ex.: Fernanda R. & Cia, Livros; Thiago Neves e companhia.

De acordo com Art. 1.162, a sociedade em conta de participação não pode ter

firma ou denominação de acordo com sua natureza secreta.

Já a sociedade limitada usará firma ou denominação, com acréscimo obrigatório

da palavra limitada, por extenso ou abreviada (ltda.). Optando pelo uso da firma, deverá

atender ao princípio da veracidade, refletindo a razão social. Optando os sócios pela

utilização de denominação, para além da informação de se tratar de empresa submetida ao

regime de responsabilidade dos sócios (limitada ou ltda.), deverá trazer o objeto social

Ex.: Indústria e Comércio de Alimentos Rey Ltda.; Equipamentos Industriais Borbon

Ltda.

A sociedade cooperativa usará a denominação, com acréscimo obrigatório da

palavra cooperativa, além da descrição de seu objeto social. Não se admite denominação

que se assemelhe à razão social, nem o uso da palavra banco nas cooperativas de crédito.

Ex.: Colulati - Cooperativa Sul-riograndense de Laticínios Ltda.

A sociedade anônima deve adotar denominação, além da designação do tipo

societário, por meio da expressão sociedade anônima (ainda que abreviada: S.A ou S/A),

colocada em qualquer posição (no início, no meio ou no fim do nome), ou da palavra

companhia (pode ser abreviada: Cia.), desde que no princípio ou no meio do nome

empresarial. Da denominação pode constar o nome civil do fundador, de um acionista ou

mesmo de pessoa que haja concorrido para o bom êxito da formação da empresa, desde

que ela - ou, na sua ausência, seus familiares, concordem com isso. Por fim, é indispensável

a designação do objeto social.

Ex.: Companhia Siderúrgica Nacional; Acesita - Companhia de Ações Especiais

Itabira; Cerâmicas Nacionais Reunidas S.A.; Editora Atlas S.A.

E por fim, a sociedade em comandita por ações pode adotar firma ou

denominação. Se utilizar firma, será usado apenas o nome daquele ou daqueles acionistas

que têm responsabilidade pessoal e ilimitada pelas obrigações sociais, ou seja, diretores ou

gerentes; a presença do nome de quem não esteja em tal situação implica responsabilidade

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pessoal e ilimitada pelas obrigações sociais. Do nome empresarial, ademais, deverá constar a

expressão comandita por ações. Optando-se por denominação, para além da expressão

comandita por ações, faz-se necessário designar o objeto da sociedade.

EX: Fernanda Barbosa & Cia. Comandita por Ações; Renascer Livros Comandita por

Ações; Fernanda Barbosa, Thiago Neves & Cia. Comandita por Ações.

PROTEÇÃO DO NOME EMPRESARIAL

O art. 5°, inciso XXIX da Constituição Federal dispõe que “a lei assegurará aos

autores de inventos industriais privilégio temporário para sua utilização bem como proteção

às criações industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a outros signos

distintivos, tendo em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológico e econômico do

país”.

A proteção do nome empresarial, conforme disposto acima pela Constituição Federal, veio a

ser melhor esclarecido com o decreto n° 1.800/96, regulamentador da Lei n° 8.934/94

(Registro Público de Empresas Mercantis e Atividades Afins). Dentre outros pontos

esclarecidos pelo decreto, estão:

a proteção decorre, automaticamente, do arquivamento, nas Juntas Comerciais,

da declaração de firma mercantil individual, do ato constitutivo da sociedade mercantil ou

de alterações desses atos que impliquem mudança de nome;

a proteção circunscreve-se à unidade federativa de jurisdição na Junta Comercial

que procedeu ao arquivamento;

a proteção deverá ser estendida a outras unidades da federação, a requerimento

da empresa interessada, observada instrução normativa do Departamento Nacional de

Registro do Comércio (DNRC);

expirado o prazo da sociedade celebrada por tempo determinado, esta perderá a

proteção de seu nome empresarial;

o nome empresarial atenderá aos princípios da veracidade e da novidade e

identificará, quando assim o exigir a lei, o tipo jurídico da sociedade;

não poderá haver colidência por identidade ou semelhança do nome empresarial

com outro já protegido;

havendo indicação de atividades econômicas no nome empresarial, essas deverão

estar contidas no objeto da firma mercantil individual ou sociedade mercantil;

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ao DNRC, por meio de instruções normativas, compete estabelecer critérios para

verificação da existência de identidade ou semelhança entre nomes empresariais.

EXCLUSIVIDADE DO NOME

O nome comercial possui o direito à exclusividade, sendo impossível a existência de

nomes homônimo ou homófono, de acordo com o art. 35, inciso V da lei 8.934 de 1994. A

proteção ao nome empresarial decorre automaticamente do arquivamento dos atos

constitutivos de firma individual e de sociedades, ou de suas alterações

Caso haja semelhança entre nomes empresariais, é vedado o arquivamento. Em

relação a empresas com filiais, deverá, mesmo assim, haver uma modificação no nome

empresarial, tendo que introduzir algum elemento diferenciador, previsto no art. 1.163 do

C.C.

De acordo com o art.13 § 1º, "a proteção ao nome empresarial na jurisdição de

outra Junta Comercial decorre, automaticamente, da abertura de filial nela registrada ou do

arquivamento de pedido específico, instruído com certidão da Junta Comercial da unidade

federativa onde se localiza a sede da empresa mercantil interessada". Assim, uma grande

empresa com diversas filiais deve não só se registrar na junta comercial de sua sede, mas na

forma da lei especial em todas as Juntas Comerciais, a fim de garantir o monopólio do nome.

Esta certidão deverá conter: Nome empresarial; Endereço da sede; atividade

econômica da empresa, além da data de sua constituição; Número de identificação de

registro de empresa, o NIRE; número de cadastro do CNPJ; Nomes dos representantes legais

da empresa.

O nome empresarial não tem prazo, como ocorre com as marcas, existindo

enquanto houver a pessoa jurídica. De acordo com o C.C, a inscrição do nome empresarial

será cancelada, a requerimento de qualquer interessado, quando cessar o exercício da

atividade para que foi adotado, ou quando ultimar-se a liquidação da sociedade que o

inscreveu

Assim, o Código Civil garante ao empresário a exclusividade do nome empresarial,

a fim de facilitar uma identificação de seu produto, dando a ele o monopólio do nome, por

meio de registro na Junta de Comércio. Facilita não só administrativamente, mas também

para o consumidor, que pode ter uma melhor certeza quanto ao produto que está utilizando.

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ALIENABILIDADE DO NOME EMPRESARIAL

Apesar do nome empresarial possuir direitos relativos a personalidade, ele pode ser

alienado como um bem imaterial. Aqui, é preciso fazer o uso diferenciado de firmas

empresárias e sociais e denominação.

A denominação é apenas um nome comercial, com isto pode ser alienável, ao

contrario das demais, pois não tem a ver com o direito da personalidade, que é

intransmissível. Devido a isto, apenas a denominação pode ser alienável, enquanto a firma,

para ser, deve haver a compra do estabelecimento.

Isto porque, a firma, seja social ou empresária, se identifica de acordo com o nome

do empresário, com isto, o nome comercial é um atributo da personalidade, não podendo

assim, ser alienável. De acordo com o decreto nº 916, de 24 de outubro de 1980, "É proibida

a aquisição de firmas sem a do estabelecimento a que estiver ligada". Vale ressaltar que

estabelecimento neste caso representa o conceito de empresa, ou seja, apenas a firma não é

alienável nesta situação, sendo necessária a venda de todo o estabelecimento, ou parte dele.

TÍTULO DE ESTABELECIMENTO x NOME EMPRESARIAL

Nome empresarial se difere de nome fantasia na medida em que ao primeiro

cabe identificar o empresário que exerce a atividade empresarial e o segundo se refere

apenas ao local onde é executada a atividade empresarial. Deste modo, um mesmo

empresário pode desempenhar sua atividade em diversos locais se mantendo assim um

único nome empresarial, mas vários nomes fantasias referentes aos diferentes locais.

“O nome de fantasia pode ser nominativo (expressões linguísticas), figurativo

(representações gráficas – também chamado insígnia) e misto (expressões linguísticas

grafadas de modo peculiar)”. Ele tem a função de diferenciar o empresário da concorrência

(desta forma, não bastam apenas “expressões genéricas’’ como “café, restaurante, hotel”) e

fazer publicidade de forma a atrair a clientela, além de ser importante para o próprio

consumidor ter a oportunidade de optar qual o local prefere para que suas atividades sejam

realizadas, decidindo de acordo com o nome fantasia onde se efetuarão suas compras.

Exemplos: a GLOBEX UTILIDADES PARA O LAR S/A tem como nome de fantasia PONTO FRIO,

a COMPANHIA BRASILEIRA DE DISTRIBUIÇÃO tem como título de estabelecimento EXTRA, a

CASA ANGLO BRASILEIRA S/A tinha o título MAPPIN.

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No Brasil, apesar de não se exigir o registro de nome de fantasia, nem na Lei

9.279/96 (INPI), nem nas Juntas Comerciais, nem no Registro Civil de Pessoas Jurídicas,

permanecendo a proteção na esfera da concorrência desleal, ele deve possuir “condição de

coisa integrante do estabelecimento”, além de uma proteção indireta (não específica) de

forma a reprimir a concorrência desleal, o que influi diretamente na busca por clientela.

O artigo 191 (Lei 9.279/96) considera crime a aplicação em título de

estabelecimento, podendo induzir a erro ou confusão ou utilizar com fins econômicos a

“reprodução e imitação de armas, brasões, ou distintivos nacionais, estrangeiros ou

internacionais, sem a necessária autorização’’.

O artigo 194 (Lei 9.279/96) declara como ato criminoso a utilização de título de

estabelecimento, insígnia ou “qualquer outra forma que indique procedência não verdadeira,

ou vender ou expor à venda produto com esses sinais”.

O empresário tem o poder de barrar a concorrência desleal de acordo com artigo

195, V da Lei 9.279/96 (que regula direitos e obrigações referentes à propriedade industrial)

a configurando como crime, impedindo a imitação ou reprodução de nome de fantasia ou

insígnia “além de venda, exposição à venda ou estoque de produto com essas referências”. O

praticante desse ato ilícito responde por perdas e danos de acordo com o expresso nos

artigos 208 e 209 da mesma lei, civilmente e criminalmente pelo artigo 195. A lei também

impede o registro como marca de “reprodução ou imitação do elemento característico

diferenciador de título de estabelecimento ou nome de empresa de terceiros, suscetível de

causar confusão ou associação com estes sinais distintivos” pelo artigo 124, V da Lei

9.279/96, transparecendo um regime específico para as insígnias e títulos de

estabelecimento, não exclusivos, mas com sujeição ao princípio da concorrência desleal.

NOME EMPRESARIAL x MARCA

Marca e nome empresarial não se confundem. Este último, de acordo com Nery

Júnior (2007, p.806), constitui-se “como sinal distintivo do empresário ou da sociedade

empresária, como atributo de sua personalidade jurídica, como sujeito de direitos e

obrigações.” Esse é o posicionamento adotado pelo Código Civil quanto à natureza jurídica

do nome empresarial. Já a marca, caracteriza-se por ser um sinal que identifica e distingue,

direta ou indiretamente, o produto ou o serviço prestado pela empresa.

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De acordo com o Artigo 11, § 1º, IN nº. 104/07, do DNRC “O nome empresarial

constitui-se em elemento essencial no ato constitutivo do empresário, de direito de

proteção exclusiva quanto à utilização daquele.” Essa proteção limita-se à circunscrição da

Unidade Federativa onde se efetivou o registro, podendo ser estendida a quaisquer Estados,

mediante arquivamento de pedido de proteção ao nome empresarial nas suas respectivas

Juntas Comerciais.

Quanto à marca, efetuado o seu depósito, usufruirá de proteção em todo o

território nacional, não importando o local em que tem a sede. O Instituto Nacional da

Propriedade Industrial - INPI é o órgão responsável por se fazer cumprir o disposto na Lei nº.

9.279/96, que dispõe sobre os direitos e obrigações relativas à propriedade industrial.

Segundo os Artigos 123 e 155 do Código Civil, o nome empresarial pode ser

constituído sob as espécies de firma individual, firma social e denominação. Relativo à marca

são três suas espécies identificadoras: de Produto ou Serviços, de Certificação e Coletiva.

Podendo se apresentar ainda nas formas: normativa, figurativa, mista ou tridimensional.

Ao contrário da marca, que possui prazo de vigência de 10 (dez) anos, prorrogável

por sucessivos períodos iguais em caso de requisição dos interessados, o nome empresarial

independe de prazo de existência, ficando condicionado à perda da sua proteção ao disposto

no artigo 1.168 do Código Civil.

Os empresários utilizam-se da marca para atrair clientela e do nome para

identificar-se. O consumidor também se faz valer da marca para resguardar seus interesses

quanto à qualidade e procedência de determinado produto ou serviço. Ou seja, aos olhos do

consumidor, o nome empresarial e a marca têm a mesma função. A confusão entre a marca

e o nome empresarial, quando utilizados por empresas diferentes, criam enormes prejuízos,

que, a vista do consumidor, esses institutos podem se confundir, ocasionando desvio de

clientela e concorrência desleal.

Pelo princípio da novidade, o nome empresarial aposto no contrato deverá ser

diferente de todos aqueles já registrados na Junta Comercial do respectivo Estado. Já pelo

princípio da especificidade, o direito de exclusividade ao uso da marca é limitado à classe

para a qual foi deferido, não abrangendo outras classes, excetuadas as hipóteses de marcas

notórias.

Por serem reguladas por legislações e órgãos distintos, as decisões relacionadas aos

conflitos entre nome empresarial e marca sempre ocasionarão certa insegurança jurídica,

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pois se aplicam duas decisões distintas para uma mesma situação jurídica. À sociedade

empresarial, para evitar um futuro litígio judicial acerca da confusão entre seu nome

empresarial e a marca de um terceiro, deverá proceder ao registro da sua denominação na

Junta Comercial da sua sede e no órgão executivo subordinado ao INPI.

PERDA DO NOME EMPRESARIAL

Em relação à perda do nome empresarial, verifica-se que esta pode ocorrer

mediante a cessação do comércio, liquidação (no caso de sociedade empresária) ou

mediante a transformação societária.