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AURORA ano II número 2 - JUNHO DE 2008 ISSN: 1982-8004 www.marilia.unesp.br/aurora O ARQUÉTIPO DO ETAPISMO E A REVOLUÇÃO BRASILEIRA FÁBIO GARCIA BORGES * CLAUDINEI CÁSSIO DE REZENDE ** Resumo: A teoria pecebista da revolução em etapas, sincronizada pelo Komintern (que propugnava que a revolução “nos países com baixo desenvolvimento”, deveria ocorrer através de uma completude do capitalismo nacional por meio de uma revolução burguesa como conditio sine qua non para a revolução socialista), guiou o movimento comunista brasileiro dos anos 1920 à aniquilação da esquerda pela ditadura militar nos anos 1960. Os comunistas brasileiros se limitavam em identificar o agente a cumprir a tarefa histórica da primeira etapa da revolução. Por esse motivo, todas as tentativas de uma revolução burguesa no Brasil foram derrotadas, pois não se percebia o caráter bonapartista da burguesia nacional, tampouco a entificação do capital brasileiro pela via colonial, isto é, a ausência de processo revolucionário na transformação social, que acarreta na subordinação eterna do Brasil à corrente imperialista. Superando a debilidade pecebista, José Chasin demonstrou que na via colonial, o agente da transformação só poderia ser os trabalhadores. Nesse processo de dupla transição, premidos por carências básicas e organizados em torno de um programa que atinja e transforme as raízes geradoras do embrião atrófico do capital brasileiro, os trabalhadores ao mesmo tempo em que re-arranjam o desenvolvimento nacional centrado no progresso social ainda sob o modo de produção capitalista, acumula forças objetivas e subjetivas para a superação deste. Palavras-chave: etapismo, Komintern, José Chasin, PCB. A NECESSIDADE DE UMA TEORIA DA TRANSIÇÃO PARA A SUPERAÇÃO DO STALINISMO “Mas a exigência do nosso tempo é que o socialismo se liberte das cadeias dos métodos stalinianos.” G. Lukács, Carta sobre o stalinismo. Somente hoje, no post-festum, na lúgubre depleção do movimento comunista podemos ter a real dimensão da herança metodológica do stalinismo, que se abateu sobre o movimento comunista internacional. Acerca disso é indispensável impor a advertência: ao utilizarmos o conceito “stalinismo” não se trata de imputarmos uma categoria e encaixá- la em dada realidade, mas, pelo contrário, entender através da análise imanente o fenômeno que extrapola a própria figura pessoal de Stalin. De nenhuma boa fé é lícito julgar que atribuímos a Stalin e ao stalinismo do Komintern a responsabilidade total do fracasso do movimento comunista internacional. Do mesmo modo, fazer a crítica ao stalinismo não significa, como pensam alguns, uma perda de prestígio para o marxismo, mas diametralmente ao contrário, uma vez que Stalin é a adulteração soturna do legado ontológico marxiano. Para caracterizar o conceito “stalinismo”, nos debruçamos sobre Lukács (1977), que faz a 26

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  • AURORA ano II nmero 2 - JUNHO DE 2008 ISSN: 1982-8004 www.marilia.unesp.br/aurora

    O ARQUTIPO DO ETAPISMO E A REVOLUO BRASILEIRA

    FBIO GARCIA BORGES* CLAUDINEI CSSIO DE REZENDE**

    Resumo: A teoria pecebista da revoluo em etapas, sincronizada pelo Komintern (que propugnava que a revoluo nos pases com baixo desenvolvimento, deveria ocorrer atravs de uma completude do capitalismo nacional por meio de uma revoluo burguesa como conditio sine qua non para a revoluo socialista), guiou o movimento comunista brasileiro dos anos 1920 aniquilao da esquerda pela ditadura militar nos anos 1960. Os comunistas brasileiros se limitavam em identificar o agente a cumprir a tarefa histrica da primeira etapa da revoluo. Por esse motivo, todas as tentativas de uma revoluo burguesa no Brasil foram derrotadas, pois no se percebia o carter bonapartista da burguesia nacional, tampouco a entificao do capital brasileiro pela via colonial, isto , a ausncia de processo revolucionrio na transformao social, que acarreta na subordinao eterna do Brasil corrente imperialista. Superando a debilidade pecebista, Jos Chasin demonstrou que na via colonial, o agente da transformao s poderia ser os trabalhadores. Nesse processo de dupla transio, premidos por carncias bsicas e organizados em torno de um programa que atinja e transforme as razes geradoras do embrio atrfico do capital brasileiro, os trabalhadores ao mesmo tempo em que re-arranjam o desenvolvimento nacional centrado no progresso social ainda sob o modo de produo capitalista, acumula foras objetivas e subjetivas para a superao deste.Palavras-chave: etapismo, Komintern, Jos Chasin, PCB.

    A NECESSIDADE DE UMA TEORIA DA TRANSIO PARA A SUPERAO DO STALINISMO

    Mas a exigncia do nosso tempo que o socialismo se liberte das cadeias dos mtodos stalinianos. G. Lukcs, Carta sobre o stalinismo.

    Somente hoje, no post-festum, na lgubre depleo do movimento comunista podemos ter a real dimenso da herana metodolgica do stalinismo, que se abateu sobre o movimento comunista internacional. Acerca disso indispensvel impor a advertncia: ao utilizarmos o conceito stalinismo no se trata de imputarmos uma categoria e encaix-

    la em dada realidade, mas, pelo contrrio, entender atravs da anlise imanente o fenmeno que extrapola a prpria figura pessoal de Stalin. De nenhuma boa f lcito julgar que atribumos a Stalin e ao stalinismo do Komintern a responsabilidade total do fracasso do movimento comunista internacional. Do mesmo modo, fazer a crtica ao stalinismo no significa, como pensam alguns, uma perda de prestgio para o marxismo, mas diametralmente ao contrrio, uma vez que Stalin a adulterao soturna do legado ontolgico marxiano. Para caracterizar o conceito stalinismo, nos debruamos sobre Lukcs (1977), que faz a

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    crtica implacvel tendo como eixo central o problema do mtodo de Stalin e das dimenses que o stalinismo tomou no desenvolvimento do Estado sovitico. Escreve,

    Comeo por uma questo de mtodo, aparentemente muito abstrata: a tendncia staliniana sempre a de abolir, quanto possvel, todas as mediaes, a de instituir uma conexo imediata entre os fatos mais crus e as posies tericas mais gerais. Precisamente aqui aparece claramente o contraste entre Lnin e Stlin. (LUKCS, 1977, p. 6)

    Lukcs lembra a categoria de recuo, que era to sabiamente utilizada por Lenin, mas que por Stalin se esvai, achando um modo de dar justificativas s suas aes, apresentado-as como conseqncia direta e necessria da doutrina que por ele foi chamada de marxista-leninista. Para conseguir esse feito, Stalin suprimiu todas as mediaes e estabeleceu uma ligao imediata entre teoria e prtica. Muitas vezes adulterou escritos de Lenin para conseguir adaptar sua prtica teoria leninista, pois realizava generalizaes citatolgicas. Vale lembrar, verbi gratia, seu debate com Trotsky sobre a questo chinesa. Enquanto Trotsky defendia a tese de que,

    /.../ j que na China predominavam relaes asiticas tpicas de produo, estudadas teoricamente por Marx, uma revoluo democrtico-burguesa (correspondente passagem do feudalismo ao capitalismo na Europa) era suprflua, devendo adotar-se o programa imediato de uma revoluo proletria. Stlin compreendeu bem a falsidade e periculosidade poltica desta posio. Mas, em lugar de refut-la com uma anlise concreta da situao chinesa contempornea e dos objetivos tticos pela mesma exigidos, deduziu sic et simpliciter a partir dos princpios gerais da cincia a estrutura das relaes asiticas de produo e estabeleceu a existncia de um feudalismo chins e asitico em geral. Em seguida, toda a orientalstica na Unio Sovitica foi chamada a situar uma formao inexistente (o feudalismo asitico) na base de suas pesquisas. (LUKCS, 1977, p. 7)

    exatamente sobre esse aspecto metodolgico que se assentou a verdade stalinista da histria. Nenhuma cincia socialista1 escapara ilesa dessa reduo metodolgica. sobre esse eixo que caminhou, de maneira infiel e ulterior ao 1 Tampouco as cincias naturais. Podemos citar o emblemtico caso do lyssenkismo. Trofim Denissovitch Lyssenko (1898-1976), apoiado por Stalin, contrariando toda a cincia gentica das plantas de sua poca, criou um mtodo de desenvolvimento agrrio que trouxe um nus enorme economia sovitica. Atrasou tambm o desenvolvimento da biologia na URSS, onde os propagadores da gentica ocidental foram presos e executados como traidores do povo sovitico, nos expurgos de 1937-1938.

    pensamento marxiano, o Komintern stalinizado com a teoria etapista, que guiou ora direta, ora indiretamente, a chamada revoluo mundial e influenciou o rumo da esquerda brasileira por quase meio sculo, propugnando um universo arquetpico da realidade.

    No obstante, a necessidade de uma teoria da transio apareceu com urgncia como fruto da revoluo de outubro e, conseqentemente, mesclou-se com as determinaes especficas e os interesses da sociedade sovitica. O prprio debate sobre o socialismo em um s pas fora perplexo pelo fato de que propugnava que um pas devastado, subdesenvolvido e em situao de isolamento daria, per si, o grande salto frente por toda a humanidade. Isso se agrava agudamente com a vitria do stalinismo no movimento comunista mundial, quando o caminho sovitico para o socialismo veio a ser proclamado como modelo compulsrio para toda transformao socialista possvel e adotado pelo Komintern.

    Nem a chamada desestalinizao promovida por Khruschev consegue dar conta da problemtica sobretudo, porque tratou de reafirmar o mrito staliniano nos expurgos de seus oponentes, tratando apenas de rever os problemas morais, enquanto a urgncia apontava para meio sculo de marxismo quimrico. Mszros corrobora:

    A urgente necessidade de tal teoria apareceu na agenda histrica com a Revoluo de outubro, mas se afirmou numa forma parcial inevitvel. Assim teve de ser, primeiramente por causa do peso dos constrangimentos e contradies locais, sob os quais a revoluo teve de ser empreendida como uma holding operation (Lnin) para que pudesse sobreviver. Mas, alm disso, a parcialidade em questo foi conseqncia das determinaes histricas essencialmente defensivas a que as foras combatentes socialistas do perodo estavam sujeitas, na sua confrontao desigual com o capital. Estas ltimas representaram um submergente condicionante negativo, que Stalin, apologeticamente, transformou em virtude e modelo, frustrando e paralisando, assim, at mesmo a limitada dinmica potencial do movimento socialista internacional, por dcadas. (MSZROS, 1988, p. 121).

    Arqutipos muito mais prximos ao

    pensamento weberiano do que ao pensamento marxiano que tomaram dimenses singulares na idia da revoluo mundial e que balizou tambm o pensamento social brasileiro. Embora com at certa

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    autonomia, a formulao pecebista de maior difuso acerca da revoluo no Brasil caminhou sincronicamente com as teses do VI Congresso do Komintern, de 1928, e sua reafirmao em 1929. Tal formulao pelo Komintern estabelecia uma revoluo por etapas, classificando os pases por seu desenvolvimento histrico, agrupando-os em blocos, a saber, pases de alto desenvolvimento, mdio desenvolvimento e pases coloniais e semicoloniais. De acordo com tais teses, nesse terceiro bloco a luta deveria concentrar foras contra o feudalismo instalado nesses pases, e pelo desenvolvimento agrrio antiimperialista, noutras palavras, a luta circundava a independncia nacional. Quando, portanto, no Brasil em 1929 o PCB, umbrcola da Internacional, adere s teses2, j havia a tentativa de alianas dos comunistas com os setores democrticos e progressistas de uma burguesia nacional. De sorte que os comunistas brasileiros de maneira geral acreditavam que a burguesia brasileira possua um projeto nacional.

    Nos cinqenta anos iniciais do PCB, e aqui no se exclui nenhuma das suas dissidncias oriundas da fratura da esquerda durante a ditadura, a weltanschauung hegemnica fora pela realizao da quimrica revoluo democrtica nacional, que pudesse comungar um estatuto de cidadania, um desenvolvimento das foras produtivas do capital, e erigir um Estado nacional democrtico, como pressuposto da revoluo socialista. Como nos demonstra Del Roio,

    O tema da democracia, nesse quadro, nunca esteve desvinculado dos fundamentos econmico-sociais. Mas desde que para os comunistas no pairava dvida de que a revoluo em questo era de natureza social burguesa, a democracia no poderia se efetivar dissociada do eixo da difuso do industrialismo no seio das relaes sociais da produo. Da mesma maneira, a democracia no poderia se efetivar no pas sem uma soluo que indicasse a superao do poder agrrio oligrquico e do monoplio da propriedade da terra. A questo, j sinalizada, era de quais as foras sociais capazes de realizar tal movimento scio-histrico. (DEL ROIO, 2003, p. 293)

    2 O primeiro esforo sinttico de teorizao da revoluo brasileira foi

    um texto preparado por Octvio Brando (ZAINDAN, 1985) para uma reunio da direo do PCB em outubro de 1927 e que foi publicado com alteraes no n6 da revista Autocrtica com o ttulo: O proletariado perante a revoluo democrtico-pequeno-burguesa. Nesse sentido, est evidente a confuso do carter burgus da revoluo com o seu agente. Sobre uma primeira apario de um feudalismo no Brasil, temos Capistrano de Abreu em seu ensaio Captulos de histria colonial de 1907, onde realava elementos feudais na organizao das capitanias hereditrias.

    E de fato encontramos na anlise de Lenin (1986) sobre a Rssia de 1905 um embasamento que demonstra claramente que uma revoluo socialista sucumbiria se no se assentasse antes em uma base material claramente burguesa, na medida em que a sociedade burguesa traz consigo avanos necessrios para o desenvolvimento das foras do trabalho.

    Os neo-iskristas interpretam de modo radicalmente errado o sentido e a significao da categoria revoluo burguesa. Nos seus raciocnios transparece constantemente a idia de que a revoluo burguesa uma revoluo que s pode dar aquilo que beneficia a burguesia. E, contudo, no h nada mais de errado nessa idia. A revoluo burguesa uma revoluo que no ultrapassa o quadro do regime econmico-social burgus, isto , capitalista. A revoluo burguesa exprime as necessidades do desenvolvimento do capitalismo, no s no destruindo as suas bases, mas, pelo contrrio, alargando-as e aprofundando-as. Esta revoluo exprime, portanto, no apenas os interesses da classe operria, mas tambm os de toda a burguesia. Uma vez que a dominao da burguesia sobre a classe operria inevitvel sob o capitalismo, pode-se dizer com todo o direito que a revoluo burguesa exprime os interesses no tanto do proletariado como da burguesia. Mas completamente absurda a idia de que a revoluo burguesa no exprime em nenhuma medida os interesses do proletariado. (LENIN, 1986, p. 405-6)

    Segundo Lenin, para a burguesia russa era mais vantajoso que as transformaes num sentido democrtico e burgus ocorressem mais lentamente, mais gradualmente, pelas vias de reformas e no de revoluo, mantendo conciliaes numa modernizao reacionria. Para o proletariado era mais vantajoso que esse avano acontecesse por meio de uma revoluo burguesa. Desse pensamento se consagra a tese do Komintern, exterior ao pensamento de Lenin, de que inexoravelmente em todos os pases atrasados a revoluo burguesa deveria se concretizar plenamente antes de uma possvel revoluo socialista.

    No fugindo disso, mas ainda sem a interferncia do Komintern3, a teorizao do

    3 As interferncias mais incisivas do Komintern no PCB ocorrem aps a realizao do III Congresso do PCB, quando o segundo perodo de bolchevizao foi colocado em prtica pelo PC russo e o stalinismo se expandiu a todas as organizaes vinculadas diretamente ao Komintern. Sua poltica intervencionista dissolve o primeiro perodo do PCB sob o signo de perigos de direita, culminando no afastamento dos lderes do PCB, Astrojildo Pereira e Octvio Brando. Isso viria a ser chamado de proletarizao do partido. O Komintern indica Jos Villar, substituindo Heitor Ferreira Lima na secretaria geral do PCB, isto ,

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    protomarxista Octvio Brando (1985) sobre a revoluo brasileira fazia um desenho estratgico de ao do operariado para a revoluo burguesa em face da crise da Repblica dos oligarcas. Sua teoria, no fugindo do carter etapista, ainda conseguia verificar a possibilidade de uma aliana com os trabalhadores rurais e a burguesia para a revoluo democrtica, que no fim, seria guiada pelo proletariado. Percebendo no Estado agrrio o maior entrave para o desenvolvimento econmico do capital, Brando propugna uma frente-nica anti-Partido Republicano contra os grandes proprietrios rurais feudais e imperialistas, com um alcance amplo, contra todas as fraes da grande burguesia: comercial, industrial, burocrtica. O seu Agrarismo e Industrialismo fora a tentativa de articulao do Bloco Operrio logo transformado em Bloco Operrio e Campons com o tenentismo.

    A tentativa de Brando tratou de incorporar os movimentos burgueses e pequeno-burgueses de carter nacionalista ao bloco operrio, que, em 1927 se transformara em Bloco Operrio e Campons.

    Depois de fracassada a tentativa de aproximaes nos anos 1929-30 entre Luis Carlos Prestes e o PCB, o encontro definitivo ocorre por conta da Aliana Nacional Libertadora. Em 1935, por ocasio do VII Congresso do Komintern, a ttica geral do movimento comunista internacional era de alianas com a burguesia progressista e nacional. Isso, aliado derrota da Insurreio de 35, gerou a guinada direita do PCB, culminando posteriormente na reconstruo do partido em trs frentes, sendo um deles de oposio a Prestes.

    O discurso da ALN em 1935 era da luta contra o fascismo no Brasil claramente influenciado pela estadia de Prestes na URSS e do avano do fascismo sob a Itlia e a Alemanha. Essa teoria fora reafirmada na Conferncia da Mantiqueira, em 1943, sintetizada por Prestes quando assume de vez o secretariado geral do PCB acerca do carter da Segunda Guerra Mundial, de que era a guerra de todos os povos pelo

    desmantelando seu ncleo antigo. Toda a teorizao original da revoluo burguesa, vista como democrtico-pequeno-burguesa por Octvio Brando, foi descartado sumariamente por conta da chamada bukharinizao do movimento comunista internacional, sendo, cronologicamente, o VI Congresso do Komintern, o III Congresso do PCB, a I Conferncia dos Partidos Comunistas Latino-americanos, e mais tarde a influncia de Jules Humbert-Droz no Bloco Operrio Campons. A figura de Luis Carlos Prestes fora importante no perodo stalinista do PCB. Cf. Del Roio (1990).

    esmagamento do fascismo, sob o exemplo extraordinrio da Unio Sovitica, dirigida por Stalin! (apud SEGATTO, 1989, p. 55). No imediato ps-guerra o programa do PCB era colocado por Luis Carlos Prestes como uma realizao progressiva e pacfica, dentro da ordem e da lei (apud SEGATTO, 1989, p. 61) a fim da disputa legal das eleies. nesse perodo que o PCB edifica sua linha poltica mais duradoura, que deixava de lado a ttica de classe contra classe e adotava a linha do VII Congresso do Komintern, a poltica das frentes populares, apontando para unidades polticas de associao entre os setores progressistas da burguesia nacional, para a construo da primeira etapa da revoluo.

    Com o advento da Guerra Fria, se modificam os rumos da poltica brasileira e o PCB cai mais uma vez na ilegalidade. Fazendo autocrtica de sua guinada direita, o PCB em 1950 lana seu Manifesto de Agosto, apontando o governo brasileiro como de traio nacional. Em 1952, com a Resoluo Sindical, o PCB desfruta de grande prestgio e introduz aspectos importantes na orientao sindical, levando um amplo trabalho de massas que se esgotaria somente com a renncia de Jango.

    Para Mazzeo (1999) at o Manifesto de Agosto de 1950 o PCB ainda no tinha conseguido teorizar alm do esquema de construo etapista precedendo a revoluo proletria. Na Declarao de Maro de 1958, o ncleo dirigente do PCB estava ainda com a dbil teoria da existncia de relaes feudais e semifeudais no campo. O calcanhar de Aquiles da Declarao foi ratificar a revoluo por etapas e seu carter-nacional libertador, contando com uma aliana com a burguesia progressista, que romperia por si s com o imperialismo e com os restos feudais.

    Mesmo com a dissoluo do Komintern na Segunda Guerra Mundial e do Kominform em 1956, a gravitao dos partidos comunistas do mundo todo ainda era em torno do PCUS. No entanto, doravante, deixava de ser intermediada por um rgo internacional, sendo diretamente ligada ao Partido. Conforme acusa Mazzeo,

    Podemos perceber ento que a tentativa de atualizao do instrumental terico utilizado pelo partido no permitiu a ruptura com sua raiz dogmtica e de aplicao mecnica das velhas concepes forjadas pela IC. Ao contrrio, reafirmava-a em seu ncleo terico mais negativo o

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    etapismo e a viso arquetpica da realidade nacional. /.../ A Declarao de Maro ser a expresso de um exaurido instrumental terico, adequado a um grupo dirigente tardio, que materializava em sua concepo poltica a via stalinista de socialismo. (MAZZEO, 1999, p. 87)

    A CRTICA CAIOPRADIANA E A REVOLUO EM ETAPAS NOS ANOS 1960

    O desenvolvimento dessa teoria que se segue nos anos 1950 sofrera um grande golpe quando aparece o questionamento de Caio Prado Jnior em 1960, por ocasio do V Congresso do PCB. Caio Prado Jnior j reconhecia que a idia de que a evoluo histrica da humanidade se realiza atravs de etapas invariveis e predeterminadas era inteiramente estranha a Marx e Engels. Marx nunca estendera a interpretao do que ocorria na Europa, a germinao das formas capitalistas de produo no seio da economia feudal, para as demais partes do mundo. Tampouco criou um determinismo em que h estgios invariveis de desenvolvimento a serem atingidos e ultrapassados a dar finalmente num socialismo, como numa fatalidade histrica. Caio Prado Jnior j criticava a poltica do PCB e sua subordinao poltica internacional:

    Coisa bem diferente, logo se v, partir como se fez no caso da interpretao da evoluo brasileira, da presuno, admitida a priori, de que os fatos histricos ocorridos na Europa constituam um modelo universal que necessariamente haveria de se reproduzir em quaisquer outros lugares e, portanto, no Brasil tambm. (PRADO JR., 2004, p. 33)

    Continua ainda que, Nada h portanto to estranho ao marxismo e dele afastado como pretender dispor a evoluo histrica das sociedades em geral dentro de uma sucesso predeterminada de sistemas econmicos, sociais e polticos que se encontrariam em todos os povos e que eles necessariamente atravessam. E isso que fizeram e ainda fazem certos pseudomarxistas, sem ao menos se darem conta disso, quando prefixam para todo e qualquer pas uma etapa feudal, que existiu na Europa precedendo o capitalismo, e de que esse capitalismo resultou ou a que sucedeu. (PRADO JR., 2004, p. 35)

    Quando a obra de Caio Prado (2004), A Revoluo Brasileira, foi apresentada como

    programa ao VI Congresso do PCB, o movimento comunista nacional amargava a derrota de 1964, e o movimento comunista internacional passava por uma reconfigurao de seu padro analtico, desde 1956, oriunda da desestalinizao iniciada no XX Congresso do PCUS, por Khrushchev, trs anos depois da morte de Stalin. Desestalinizao, importante lembrar, que somente continuou a poltica stalinista sem a figura de Stalin, apontando que os expurgos dos anos 1930 foram crimes contra o partido e que o maior problema residira ento em um culto personalidade.

    Apesar do contexto nacional e internacional, Caio Prado Jnior continuou na marginalidade em detrimento da teoria consagrada de Nelson Werneck Sodr, que casara sempre com o PCB. Para Prado Jr. (2004) a teoria consagrada da revoluo brasileira fora arquitetada conjuntamente com um bloco de pases com caractersticas distintas, e que, logo no encontrando no Brasil caractersticas capitalistas desenvolvidas, se presumiu que estivssemos no esquema geral da transio, tpica da Europa, do feudalismo para o capitalismo. Da parte-se a teoria etapista de que h uma maneira nica e universal de combate ao imperialismo, isto , de extirpar os resqucios feudais do campo brasileiro, que seria do mesmo modo, ipsis litteris, que na sia. Acusa que

    No estabelecimento das bases em que se assentaria a teoria da revoluo brasileira, partiram seus primeiros autores, /.../ no da anlise das condies econmicas, sociais e polticas vigentes no pas /.../ mas da considerao de um esquema terico abstrato, admitido a priori e sem indagao prvia alguma, acerca da aplicabilidade desse esquema realidade brasileira. Segundo esse esquema, a humanidade em geral e cada pas em particular /.../ haveria necessariamente que passar atravs de estados ou estgios sucessivos de que as etapas a considerar, e anteriores ao socialismo, seriam o feudalismo e o capitalismo. Noutras palavras, a evoluo histrica se realizaria invariavelmente atravs daquelas etapas, at dar afinal no socialismo. (PRADO JR., 2004, p. 32)

    De acordo com Caio Prado, o Brasil fora particularmente prejudicado no Bureau do SSA-IC, com sede em Montevidu, pois se preocupavam demasiadamente no momento com a condio argentina, e mais tarde com a condio hispnica-americana. Para Caio Prado, nada se sabia sobre o Brasil, e isso inclui a afirmao de que no documento de 1933, Por um viraje decisivo en el trabajo campesino, o Brasil exportava borracha como um dos

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    principais elementos de sua produo (o que era inverdade) e nada fora citado sobre o cacau, primum da exportao brasileira na poca. Jules Humbert-Droz4, embora tentasse particularizar o Brasil nesse esquema, corroborando com Caio Prado Jr. sob o vis capitalista brasileiro, era impotente. No material preparatrio, nas teses e no informe de Humbert-Droz no VI Congresso do Komintern, no existem referncias s formas feudais de produo na Amrica Latina, mas sim de semicolnia e de produo colonial-capitalista. A formulao feudal-medieval vai aparecer pela primeira vez no Programa do Komintern, absorvida na I Conferncia dos Partidos Comunistas Latino-americanos, realizado em 1929, quando, efetivamente sero elaborados elementos gerais de uma teoria de revoluo na Amrica Latina, por conta do sucesso da insurreio mexicana e da revoluo chinesa derivando da, tambm, a idia de uma via chinesa latino-americana.

    Caio Prado (2004) analisou o desenvolvimento econmico do feudalismo particular que levava Lenin (1986) a escrever sobre a necessidade da revoluo democrtica, no encontrando sequer um paralelo com o caso brasileiro, isso porque, dizia, no Brasil faltou a base em que se assenta o sistema agrrio feudal, ou seja, uma economia camponesa com explorao parcelria da terra ocupada e trabalhada por camponeses. No Brasil a questo da terra passa a ter uma singularidade. Segundo Caio Prado, a natureza histrica da propriedade rural brasileira absolutamente diferente, ocorrendo explorao comercial em larga escala. Ademais, todo trabalhador do campo no Brasil conhecia de alguma forma, quando se ps fim ao trabalho negro forado, o assalariamento. E mesmo que se s vezes o pagamento fosse hbrido entre salrio e valor in

    4 Jules Humbert-Droz, suo, foi responsvel pelos partidos latinos no Komintern, e foi dirigente do Secretariado Sul-Americano da Internacional Comunista SSA-IC. Vinculado politicamente a Bukharin, seu relatrio como contribuio preparatria para o VI Congresso do Komintern continha importantes esforos analticos que procuravam ressaltar aspectos particulares da realidade latino-americana. Caracterizou os pases da Amrica Latina como semicoloniais, percebendo o carter dependente das suas burguesias nacionais em relao ao imperialismo. Em suas teses est ausente o caractere feudal na colnia e em seu lugar temos a caracterizao de semicolnia e de regime colonial capitalista. Cf. Relatrio de Humbert-Droz ao VI Congresso Mundial da IC, in G. Perillo. LAmerica Latina al VI Congreso del IC, Movimento Operaio Socialista, Rivista Trimestale di Storia e Bibliografia, n 2-3, 1970. Havia, portanto, um secretariado disposto ao Brasil para o programa sovitico da revoluo mundial. Cf. Pinheiro (1991) e tambm Mazzeo (2003).

    natura no se tratava de um campons propriamente, mas de um trabalhador subordinado ao proprietrio numa venda direta da fora de trabalho, frmula capitalista. O escravo e seu sucessor assalariado no lutam como o campons pela livre utilizao da terra. O prprio desenvolvimento das foras produtivas da condio indgena pr-colombiana no Brasil era distinto da condio mexicana, por exemplo. Enquanto o campons se achava associado terra, o assalariado se liga diretamente ao empregador na frmula marxiana da mais-valia.

    No momento em que a obra caiopradeana inspira o rompimento de vrios comunistas por conta do arremate aflitivo do chofre de 1964, levando-os luta armada, Carlos Marighella cria a Ao Libertadora Nacional. Na verdade, vendo a posio pacfica do PCB e somando o sucesso da revoluo cubana, Marighella viaja a Cuba em 1967 para participar da Organizao Latino Americana de Solidariedade, na verdade, um evento que pretendia ampliar a revoluo cubana para a Amrica Latina. Por conta da ocasio, Carlos Marighella no questionava as velhas teses do PCB quanto ao carter da revoluo, mas questionava os agentes dessa revoluo. Para Marighella os partidos polticos j no cumpriam mais esses papis revolucionrios, especialmente na intensificao da ditadura no Brasil aps o Ato Institucional n 5, em 1968. Continuava prevendo a revoluo brasileira por etapas: a primeira como revoluo de libertao nacional burguesa, e a segunda de natureza socialista, num momento em que j se encontrava eliminada a presena do imperialismo na economia. A diferena consistia, portanto, na direo dessa revoluo, isto , na vanguarda. Marighella (1979) comeou a acreditar que a falha no caminho da revoluo burguesa era a crena de que a burguesia tomaria para si a sua tarefa histrica. Mas no fugiu de arqutipos.

    Conforme aponta Ridenti (2003) o projeto de Marighella para a Ao Libertadora Nacional congregava o maior nmero possvel de foras sociais a fim de promover a libertao nacional sob o impulso da guerrilha. A luta armada que se iniciava na cidade e num momento posterior chegava ao campo, cumpriria a tarefa histrica que a burguesia no realizara, ou seja, a etapa democrtica da revoluo.

    Para Caio Prado, (2004) quase toda a esquerda atuante naquele perodo interpretaram o

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    inicio dos 1960 como de ascenso e avano revolucionrio, e que de fato nada mais serviu seno para preparar o golpe de 1964. Os comunistas no reagiram violentamente em 1964 quando Luis Carlos Prestes declarou que o golpe seria vencido pela Greve Geral comandada pela CGT, e especialmente pela iniciativa favorvel de Mauro Borges nas suas vsperas5. Marighella, ipso facto, apresenta um informe no jornal pecebista Voz Operria, contrariando as teses do VI Congresso do PCB, em 1966, que propunha um embate ditadura por meios pacficos atravs de alianas com a burguesia nacional. Informe que teve aceitao por 33 dos 37 delegados presentes na Conferncia Estadual dos Comunistas de So Paulo. Mas o rompimento oficial de Carlos Marighella com o PCB ocorre na Organizao Latino-Americana de Solidariedade, em 1967, em Cuba. Influenciado pelo sucesso da revoluo cubana, pelas teses do foco guerrilheiro6, Carlos Marighella e Joaquim Cmara Ferreira criam em 1968 o Agrupamento Comunista que viria a ser, meses mais tarde, a Ao Libertadora Nacional7.

    No relativo atraso da revoluo burguesa no Brasil, Marighella no considerou dois aspectos importantes. O primeiro, o movimento de massas. Marighella dizia que a propaganda armada no significava que o esforo da Ao Libertadora Nacional era para ganhar o apoio das massas, mas que /.../ bastava ganhar o apoio de uma parte da populao (1974, p. 98). Para ele, seriam necessrios vrios grupos armados para que ocorresse a revoluo que derrubasse a ditadura,

    5 Mas Mauro Borges no reagiu ao golpe de abril, como se pensava. O Coronel Mauro Borges fra o nico governador (GO) a acompanhar Brizola na oposio aberta aos militares que tentaram impedir a posse de Joo Goulart na presidncia da repblica aps a renncia de Jnio Quadros em 1961. Na poca, Mauro Borges no apenas mobilizou a Polcia Militar como chegou a abrir o voluntariado civil para a resistncia armada ao golpe comandado pelos ministros marechal Odylio Denys, Ministro da Guerra, brigadeiro-do-ar Gabriel Grum Moss, da Aeronutica, e vice-almirante Silvio Heck da Marinha. 6 A teoria do foco guerrilheiro ou foquismo pode ser encontrada na proposta de Guevara e desenvolvida no livro Revoluo na Revoluo de Regis Debray (1967). A teoria do foco consistia em trs momentos especficos: a instalao do grupo guerrilheiro, a fase do desenvolvimento da guerrilha e, finalmente, a tomada do poder. Teoria que obteve grande difuso quando do sucesso da revoluo cubana. 7 Outros grupos guerrilheiros mais esquerda propunham tticas de ao claramente inspirada na linha classe contra classe, rejeitando a possibilidade de uma aliana entre setores da pequena-burguesia, como fazia a ALN. No entanto, mantinham a necessidade de um movimento nacional-libertador, mantendo o esquema arquetpico do Komintern. Debatemos apenas a ALN nesse artigo, pois significa a maior expresso da luta armada de esquerda no Brasil nos anos 1960.

    dita autoritria e fascista8, admitindo-se um partido de massas como vanguarda num segundo momento, como ocorre na revoluo cubana. O segundo, que Marighella buscou completar o incompletvel embrio do capital no Brasil por meio de uma revoluo como o nome da organizao j diz de libertao nacional como fase imprescindvel de uma revoluo socialista. Ao fazer isso, Marighella no buscou reconhecer a particularidade histrica do capitalismo no Brasil, por sua imanncia, trazendo de modo mecanicista a teoria que Prado Jr. denominou consagrada, ou seja, do caractere feudal no campo brasileiro e da revoluo em etapas.

    Para Caio Prado Jnior, o ncleo basilar da poltica marxista no Brasil deveria se centrar no proletariado, e no se subordinar burguesia nacional, sendo que esse proletariado, na medida em que avanasse em sua organizao, construiria alianas, inclusive com setores da burguesia que, por um motivo ou outro, momentaneamente, estivessem em divergncias com o imperialismo, j que a burguesia brasileira no apresenta em sua essencialidade um carter nacional.

    Caio Prado Jnior evidencia explicitamente que o carter capitalista da colonizao desde sua origem se insere no amplo processo que ir desaguar no imperialismo, anlise que de per se demarca ontologicamente a noo de processualidade gentica do capital em seu momento de afirmao, como aponta Marx no livro 3 do capital, a partir do sculo XVI. Mazzeo coloca nos seguintes termos:

    Dimensionando a particularidade histrica brasileira, Prado Jr. demonstra que a raiz colonial do Brasil e sua no-superao determina uma insero subordinada no conjunto do sistema mundial do capitalismo, onde a no realizao de um processo modernizador a partir de uma ruptura revolucionria

    8 O carter da ditadura militar no Brasil era bonapartista, conforme aponta Antonio Rago Filho (2001), pois trata de romper o processo democrtico que estava em marcha. Segundo Rago, a rigor, se trata de uma autocracia burguesa. Os conceitos autoritrio e fascista so mais alguns que, como revoluo, caram em vulgarizaes. Assim como o conceito de totalitarismo desenvolvido por Hannah Arendt no explica um fenmeno por sua imanncia, mas reflete uma concepo de mundo pela negao de um estado liberal, visto como paradigma de pice do desenvolvimento humano-genrico. O conceito de fascismo, de igual modo, tambm reflete uma inexistncia de uma anlise. O Estado brasileiro no gerou, em espcie alguma, um fascismo nem no ps 1964 nem com o integralismo na medida em que sua forma de objetivao do capital no acarretava tal possibilidade, tpica dos pases europeus que seguiram o caminho prussiano, e que fazem do fascismo uma medida extrema do capitalismo para integrarem-se, mesmo que debilmente, ao elo imperialista.

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    com a estrutura colonial, em moldes burgueses /.../ lana o Brasil tardiamente no processo de industrializao e, conseqentemente, no redimensionamento da economia mundial a partir da segunda metade do sculo XIX. (MAZZEO, 2004, p. 163-4)

    Desse modo, Caio Prado Jnior define o Brasil como uma forma capitalista no-clssica, j que a forma transitria da economia mercantil para o processo de industrializao, ou melhor, da subsuno formal subsuno real do trabalho ao capital, acontece sem a ecloso de uma ruptura revolucionria com sua morfognese colonial, demonstrando um elemento colonial-escravista do capitalismo brasileiro.

    Portanto no se trata, como quer Del Roio (2000), de entender Caio Prado Jnior como um liberal-democrata keynesiano quando este no v a possibilidade de uma revoluo socialista face o desmantelamento da esquerda proveniente do golpe de 1964. Quando Del Roio diz que Caio Prado Jnior v o Brasil desde as origens [como] uma grande empresa capitalista inserida no mercado mundial, e que logo, no h qualquer sentido em se falar de revoluo burguesa (DEL ROIO, 2000: 101) desconsidera a anlise de Prado Jnior da anatomia colonial-capitalista como a modernizao conciliadora e no revolucionria da subsuno formal do trabalho ao capital se metamorfoseando em subsuno real. E isso no significa dizer que a existncia de um capital mercantil (da anatomia colonial da acumulao originria) seja a forma acabada do capitalismo, a sua forma de existncia que dispensaria uma revoluo burguesa ou outra sada modernizadora. Caso essa afirmativa fosse verdadeira, seria impossvel explicar a revoluo industrial inglesa como uma revoluo burguesa clssica.

    JOS CHASIN E A VIA COLONIAL DE ENTIFICAO DO CAPITAL

    Intelectual invulgar, Jos Chasin demonstra

    preocupao com o conceito de revoluo passiva e de via prussiana para o Brasil; esta preocupao traduz-se na busca de entender a particularidade histrica do processo de industrializao brasileiro, inteleco que, apesar de representar um avano sem precedentes na historiografia da esquerda

    brasileira, poderia correr o risco de se cair novamente em um modelo arquetpico da anlise da particularidade histrica brasileira.

    Como parte de seu esforo analtico de apreender a realidade brasileira, Chasin (2000) recusa todo e qualquer arqutipo que a explique posio que segue o esforo analtico de Caio Prado Jnior. Tal recusa alcana, inclusive, os modelos impostos pelo Komintern e mais tarde, com a dissoluo deste, pelo Kominform. Podemos perceber isto no fato de Chasin tendo Lukcs como mediador tomar as proposies marxianas e lenineanas no como verdades absolutas e atemporais, mas sim como exemplos de esforo e autnticos procedimentos de rigor analtico do processo de extrair do prprio objeto caracteres essenciais que permitam entend-lo no caso de Marx, eminentemente, o capital e a construo do devir do homem. Portanto, Chasin se apia na recuperao de um estatuto ontolgico do pensamento marxiano. Assim,

    O esforo de encetar a anlise ontolgica da realidade brasileira implicou a crtica e superao das abordagens que tomam o carter universal do modo de produo capitalista e os traos singulares de cada formao social como categorias exteriores uma outra, de sorte que o primeiro se reduz a um conjunto de atributos e leis genricas que, em seu isolamento, se enrijecem e autonomizam, adquirindo as feies de modelo, enquanto os segundos, tambm graas ao isolamento, reduzem-se a dados imediatos, cujo efetivo significado resta inalcanvel. A inteleco adequada da realidade exige a dissoluo desses cogulos enrijecidos pela mediao de suas formas especficas de existncia: a particularidade, ou realando a dimenso ontolgica, verificao de que h modos e estgios de ser, no ser e no ir sendo capitalismo, que no desmentem a universalidade de sua anatomia, mas que a realizam atravs de objetivaes especficas9. (COTRIM, 2000, p. III)

    Diante desse quadro, percebemos que a anlise chasiniana da objetivao do capitalismo industrial brasileiro se revela distante da anlise enrijecida e (muitas vezes) importada que a esquerda brasileira possui, visto que esta se desobriga da tarefa de estudar o tecido societrio sobre o qual se desdobra o campo econmico-poltico brasileiro, uma vez que este determinante de como se objetiva nosso capitalismo industrial. A postura desta esquerda, que vai do antigo PCB at a nova esquerda surgida no princpio da distenso da ditadura e j despossuda de qualquer pretenso de

    9 Apud Chasin (2000).

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    revoluo , revela-se em nada semelhante com a de Marx, Engels e, posteriormente, Lenin, de entender atravs de abstraes razoveis a via de entificao do capitalismo na Alemanha denominada pelo ltimo de via prussiana. Assim, de maneira congruente, Chasin qualifica nestes dois excertos a via prussiana e credita, no primeiro, a observao dela j nos escritos de Marx:

    Via prussiana, ou caminho prussiano para o capitalismo, como a denominou Lenin, aponta para um processo particular de constituio do modo de produo capitalista. No dizer de Carlos Nelson Coutinho, trata-se de um itinerrio para o progresso social sempre no quadro de uma conciliao com o atraso: Ao invs das velhas foras e relaes sociais serem extirpadas atravs de amplos movimentos populares de massa, como caracterstico da via francesa ou da via russa, a alterao social se faz mediante conciliaes entre o novo e o velho, ou seja, tendo-se em conta o plano imediatamente poltico, mediante um reformismo pelo alto que exclui inteiramente a participao popular.10 Se a denominao devida a Lenin, a observao da particularidade do atraso alemo, sabe-se, algo bem mais antigo. As menes que fizemos da Crtica do Programa de Gotha (1875) a contm, e basta lembrar da Introduo Crtica da Filosofia do Direito de Hegel (1843) para constatar a antigidade e a permanncia da postura. (CHASIN, 2000, p. 39) Sinteticamente, a via prussiana do desenvolvimento capitalista aponta para uma modalidade particular desse processo, que se pe de forma retardada e retardatria, tendo por eixo a conciliao entre o novo emergente e o modo de existncia social em fase de perecimento. Inexistindo, portanto, a ruptura superadora que de forma difundida abrange, interessa e modifica todas as demais categorias sociais subalternas. Implica um desenvolvimento mais lento das foras produtivas, expressamente tolhe e refreia a industrializao, que s paulatinamente vai extraindo do seio da conciliao as condies de sua existncia e progresso. Nesta transformao pelo alto o universo poltico e social contrasta com os casos clssicos, negando-se de igual modo ao progresso, gestando, assim, formas hbridas de dominao, onde se renem os pecados de todas as formas de estado. (CHASIN, 2000, p. 42)

    Em vista disso, se o conceito de via prussiana consegue adequadamente divisar a objetivao do capitalismo industrial nos pases que sofreram um passado feudal, que atravessaram por um processo de industrializao tardio, que no romperam com a classe em decadncia e muito menos se apoiaram no proletariado para tal sucesso; o mesmo conceito no consegue, entretanto, dar

    10 As aspas nesse trecho referem-se citao que Chasin faz de COUTINHO, Carlos Nelson. Realismo e Anti-realismo na Literatura Brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1974. p. 23.

    respostas satisfatrias para o caso dos pases com passado colonial e marcados por um forte lao de dependncia em sua histria.

    Para o autor a comparao do caso alemo com o brasileiro valida por diversos fatores; dos quais podemos destacar o fato dos dois pases serem marcados fortemente pela presena da grande propriedade rural; a modernizao que se d por um reformismo, realizado atravs da aliana da burguesia com a antiga classe dominante, em que se faz ausente a ruptura com a velha estrutura e a participao da classe trabalhadora no processo. Ao caso brasileiro, Chasin cunha a categoria de via colonial. A diferena primordial entre a via prussiana e a via colonial reside no fato de que no caso alemo a industrializao tardia, ocasiona uma gama de problemas de ordem democrtica e a excluso das massas de direitos democrticos, mas apesar disto consegue estabelecer um capitalismo autnomo, alcanando na aurora do sculo XX o mesmo estgio das naes que passaram pela via clssica (Inglaterra e Frana) e lutando com elas de igual para igual pela re-diviso do mercado mundial. Ao passo que no caso brasileiro a industrializao hiper-tardia, impede a instalao de uma democracia liberal dentro dos limites do capitalismo e, semelhantemente ao caso alemo, exclui as massas de direitos democrticos. A misria brasileira , desta sorte, mais perversa que a alem, pois a burguesia brasileira, caudatria e subordinada ao capital externo, desde o incio da via colonial, que coincidentemente se inicia na mesma poca que a Alemanha e Itlia completam sua industrializao, at a sua completude com a inflexo da mundializao do capital no incio dos anos noventa do sculo passado, no procurou estabelecer um desenvolvimento autnomo, que objetivasse o ingresso do pas no panteo dos pases centrais e, tampouco, buscou cortar seus laos de dependncia. Em resumo,

    A industrializao subordinada ao capital externo, capitaneada pela produo de bens de consumo durveis, conciliada com a estrutura agrria herdada da colnia e assentada na superexplorao do trabalho, portanto na excluso econmica dos trabalhadores, a marca da estreiteza econmica da burguesia brasileira, determinante de sua estreiteza poltica: incapaz de dominar sob forma efetivamente democrtica porque impossibilitada de lutar ou sequer perspectivar sua autonomia econmica, e, assim, de se pr frente de um projeto de cunho nacional, apto a incluir, embora nos limites do capitalismo, as classes a ela subordinadas , a burguesia brasileira s pode exercer seu poder

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    poltico sob forma autocrtica. (COTRIM, 2000, p. VI-VII)

    Quando fica descortinado que um dos complexos categricos da via colonial que se objetiva o capitalismo brasileiro a ausncia de processos revolucionrios para a entificao do que Marx denominou capitalismo verdadeiro, a burguesia se vincula entre o acabamento da transio autocracia, indicando que, nesses seus passos finais, a burguesia brasileira abandona definitivamente qualquer inteno de autonomia que pudesse ter alimentado antes, assumindo plenamente sua condio subordinada. Assim, a revoluo burguesa como resultado da aliana entre a burguesia progressista brasileira e os trabalhadores, era to quimrica quanto a prpria burguesia engendrar uma veleidade de revoluo democrtica matizada pela vertente pecebista.

    Chasin define a misria brasileira quando diz que ela

    /.../ a determinao particularizadora, para o mbito do capital e do capitalismo de extrao colonial, da frmula marxiana de misria alem. Compreende processo e resultantes da objetivao do capital industrial e do verdadeiro capitalismo, marcados pelo acentuado atraso histrico de seu arranque e idntico retardo estrutural, cuja progresso est conciliada a vetores sociais de carter inferior e subsuno ao capital hegemnico mundial. Alude, portanto, sinteticamente, ao conjunto de mazelas tpicas de uma entificao social capitalista, de extrao colonial, que no contempornea de seu tempo. (CHASIN, 2000, p. 160)

    A anlise chasiniana desponta como a continuidade da crtica caiopradeana, ou melhor dizendo: o desenvolvimento da crtica ao modelo imposto pelo Komintern e o esforo para entender a objetivao do capitalismo industrial brasileiro, s alcana a maturidade na pena de Jos Chasin, no porque faltava a Caio Prado Junior a clareza para apreender a essncia do objeto, mas porque, de fato, o processo da via colonial entificao do capitalismo industrial brasileiro no tinha chegado a seu termo. Logo, reflexo que s pde ser totalmente concretizada quando o objeto se forma completamente, neste caso, a industrializao brasileira ter se efetivada. Chasin (1998), portanto, desvenda, por meio de seu esforo analtico assentado no retorno obra marxiana, e na rejeio de todo e qualquer completar ou refundir da mesma o cho societrio que distingue a objetivao do capitalismo industrial brasileiro de outras frmulas a via clssica ou a via prussiana.

    Torna manifesta a averso da burguesia a qualquer processo revolucionrio que a coloque como centro dos rumos do pas e a recusa da esquerda em desvendar o tecido societrio sobre o qual a realidade brasileira est composta, que a impossibilita de qualquer ao e programa adequados. A anlise de Chasin no se encerra na constatao das dificuldades da esquerda e da burguesia nacional em assumir o papel que lhes seria natural, ele prope uma sada possvel, cobrando a ultrapassagem desses limites pelo desenvolvimento de uma praxis que ferisse a ditadura bonapartista em suas bases estruturais. Para tanto, necessitava opor-lhes um programa econmico alternativo e baseado na realidade brasileira, interpretando a condio de cada momento, a ponto de desmontar a lgica do desenvolvimento nacional contraposto ao progresso social, de maneira que reestruturasse o conjunto da vida nacional a partir da perspectiva do trabalho.

    Os pontos centrais de um programa dessa natureza, capaz de aglutinar e cativar para a luta poltica as massas trabalhadoras, so indicados, negativamente, por aqueles suportes da organizao produtiva vigente que deveriam ser desmontados, por serem a base da excluso social, e positivamente pelas carncias mais prementes da classe operria: ampliao da produo de bens de consumo populares, investimento estatal e privado nacional da indstria de base, reforma agrria que combinasse a tradicional distribuio de pequenas glebas para os casos em que a produo assim o permitisse com a criao de grandes empresas pblicas (no necessariamente estatais) exemplares pela produtividade e pela relao salarial, e redefinio das relaes com o capital externo (o que, frise-se, no implicava qualquer isolacionismo). (COTRIM, 2000, p. XIV)

    Ultrapassando qualquer nuana dos diversos projetos pecebistas at ento, para Chasin, os sujeitos histricos de uma transformao dessa natureza s poderiam ser os trabalhadores, que arrastariam consigo amplas parcelas da classe mdia (que sempre tendeu a descer s fileiras do operariado) e inclusive setores da pequena e mdia burguesia.

    Esse caminho exigiria e possibilitaria a derrota do mando autocrtico em todas as suas formas, ditatorial ou institucionalizada. Simultaneamente, por reordenar o conjunto das relaes sociais sob a perspectiva do trabalho, abriria caminho para a superao do capital. este processo que Chasin denominou de "dupla transio": a classe trabalhadora, premida por carncias bsicas que podem ser resumidas pelo imperativo de resgatar da fome organizada em torno de um programa que

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    atinja e transforme as razes geradoras desta, ao mesmo tempo em que rearranja o desenvolvimento nacional e o centra no progresso social, ainda sob o modo de produo capitalista, acumula foras, objetivas e subjetivas, para a superao deste ltimo. (COTRIM, 2000, p. XIV)

    Com tal proposio, Chasin supera a inexatido de se entender a objetivao do capital em sua forma plena no Brasil por meio de uma revoluo passiva ou pela via prussiana (eximindo-se de uma processualstica histrica) onde se propunha completar o capitalismo pela via da revoluo democrtica, seja com o intento da busca pelo capitalismo nacional autnomo ou pelo aperfeioamento da poltica.

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    * Bacharel e Licenciado em Cincias Sociais e Especialista em Histria. ** Bacharel e Licenciado em Cincias Sociais, Licenciado em Histria, Especialista em Histria e Mestrando em Cincias Sociais pela Unesp. Bolsista Fapesp.

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    O ARQUTIPO DO ETAPISMOE A REVOLUO BRASILEIRAFBIO GARCIA BORGES*CLAUDINEI CSSIO DE REZENDE**

    A NECESSIDADE DE UMA TEORIA DA TRANSIO PARA A SUPERAO DOJOS CHASIN E A VIA COLONIAL DE ENTIFICAO DO CAPITAL