dossie jader barbalho

12
BELÉM DOMINGO 22 DE MAIO DE 2011 OLIBERAL Inquérito 1332 Crime contra a administração pública, peculato Inquérito 1830 Crime contra o sistema financeiro nacional, obten- ção de financiamento mediante fraude Inquérito 2051 Crime contra a administração pública, desvio de verbas e organização criminosa Inquérito 2052 Crime contra a administração pública, peculato Ação Penal 339 Crime contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas Ação Penal 374 Crime contra a administração pública, desvio de verbas, organização criminosa, lavagem de dinheiro JADER BARBALHO Ações no STF FOTO: CRISTINO MARTINS/ ARTE: AIRTON NASCIMENTO FONTE: STF ASBODASDAIMPUNIDADE “E stou pronto para explicar o meu relatório aos par- lamentares. Se me dei- xarem falar, não restará mais dúvidas. Os beneficiários das aplicações do Banpará são Ja- der Barbalho, seus familiares e empresas de sua proprieda- de”, afirmou o auditor fiscal do Banco Central, Abrahão Patruni Júnior, autor do rela- tório sobre o desvio de R$ 10 milhões, em valores atuais, ocorrido no Banco do Estado do Pará (Banpará) quando Jader era governador, entre 1983 e 1986. Após receber inclusive ameaças de morte, Abrahão Patruni decidiu falar sobre o O deputado federal Jader Barbalho não tem curriculum vitae, tem prontuário, e feito por sua própria polícia. E nes- se prontuário a polícia do Pa- rá acompanha a evolução do patrimônio do senador Jader Barbalho a partir de sua posse no governo do Estado, em 15 de março de 1983. Mal tinha se instalado no governo comprou a Rádio Clu- be do Pará pelo valor estimado em um milhão de cruzeiros, ficando o restante a ser quita- do através de compensação fi- nanceira vinda da Superinten- dência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Em 11 de novembro de 1983 - oito meses depois da posse - Jader adquiriu a fazenda Rio Branco Ltda, pagando 10 mi- lhões de cruzeiros e assumin- do um débito da ordem de 200 milhões correspondentes a obrigações trabalhistas e finan- ciamentos contraídos junto aos bancos do Brasil, da Amazônia, Econômico e Bradesco. Foi nessa época, segundo o prontuário da Polícia do Pará, que Jader Barbalho se asso- ciou às bancas de Jogo do Bi- cho Estrela do Norte e BM, que passaram a injetar 20 milhões de cruzeiros mensalmente na Faz 25 anos que Jader Barbalho, então governador do Pará, tirou o equivalente a R$ 10 milhões, em valores atuais, do dinheiro do Estado e depositou na sua conta e de seus familiares no Banco Itaú. Começava aí um rosário de falcatruas, até hoje impunes. escândalo do Banpará, que investigou como funcioná- rio do quadro de carreira do Banco Central do Brasil. Ele reafirmou que o relatório de número 9200047419 é uma bomba contra o Jader Barba- lho (PMDB-PA). ‘’Basta ler’’, disse. Segundo Patruni, entre os anos de 1984 e 1987 o então governador Jader Barbalho montou uma operação enge- nhosa que desviou dinheiro do Banpará para uma conta no banco Itaú, agência Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Uma parte desse montante voltava para os cofres do Es- tado e outra era retirada em cheques ao portador. A parte retirada correspondia exata- mente à correção pelas per- das inflacionárias, num tem- po em que a inflação variava entre 30 e 40% ao mês. RASTREAMENTO Ao rastrear o caminho des- ses cheques, Abrahão Patruni concluiu que o desvio chegou a R$ 1 milhão e há fortes indí- cios do envolvimento de Jader Barbalho. Registrou tudo isso no relatório 9200047391, de 209 páginas, que foi divulga- do na imprensa em 1996. Na época, Jader queria pressionar o governo com a CPI dos Bancos. Houve, en- tão, uma orientação no BC para que Patruni terminas- se rapidamente o relatório. A intenção era ameaçar Ja- der e fazê-lo desistir da CPI dos Bancos. E funcionou. A investigação, no entanto, prosseguiu. Patruni foi per- correndo todo o caminho dos cheques e descobriu que o montante do desvio era dez vezes maior, R$ 10 milhões, e que o dinheiro ia para con- tas de empresas de Jader, de seus empregados, do pai do senador, o falecido Laércio Barbalho, e de Elcione Barba- lho, ex-mulher de Jader e ho- je deputada federal do Pará pelo PMDB. E o patrimônio dispara... WANDERLEY LIMA - FOLHA POPULAR Enfim: Jader algemado desembarca em Palmas, depois de sair de Belém, após ser preso pela Polícia Federal ‘’Basta ler’’, disse auditor fiscal do BC sobre o relatório do desvio milionário modernização do jornal Diário do Pará, do próprio Jader Bar- balho. Em primeiro de dezembro de 1983 - ainda no primeiro ano de seu governo - Jader adquiriu do empresário Lopo Álvares de Castro, por 80 mi- lhões de cruzeiros, o prédio de dois andares localizado na rua Gaspar Viana, 773 a 785, com área construída de 2.084,84 metros quadrados, onde instalou o jornal Diário do Pará. Os primeiros meses do primeiro governo de Jader Barbalho, em 1983, são mais do que suficientes para de- monstrar seu incrível talento de fazer negócios milionários apenas com seu salário de governador, que não chegava a 800 mil cruzeiros, à época. (R.B.) Em Belém, Jader foi preso no dia 16 de fevereiro de 2002. O processo parou aí. NELDSON NEVES / O LIBERAL O dia em que Jader foi preso Jader Barbalho foi preso na manhã de 16 de fevereiro de 2002 em Belém pela Polícia Federal. No dia anterior, a Justiça Federal de Tocantins havia expedido um mandado de prisão provisória de um grupo de pessoas envolvidas no escândalo da Sudam. RONALDO BRASILIENSE

Upload: junior-pasta

Post on 12-Aug-2015

446 views

Category:

Documents


11 download

TRANSCRIPT

Page 1: DOSSIE JADER BARBALHO

Belém domingo 22 De maio De 2011

o liberal

Inquérito 1332Crime contra a administração pública, peculato

Inquérito 1830Crime contra o sistema financeiro nacional, obten-ção de financiamento mediante fraude

Inquérito 2051Crime contra a administração pública, desvio de verbas e organização criminosa

Inquérito 2052Crime contra a administração pública, peculato

Ação Penal 339Crime contra o sistema financeiro nacional, evasão de divisas

Ação Penal 374Crime contra a administração pública, desvio de verbas, organização criminosa, lavagem de dinheiro

Jader BarBalhoAções no STF

fot

o: c

rist

ino

ma

rtin

s/ a

rte:

air

to

n n

asc

imen

to

fonte: stf

AS BODAS DA IMPUNIDADE

“Estou pronto para explicar o meu relatório aos par-lamentares. Se me dei-

xarem falar, não restará mais dúvidas. Os beneficiários das aplicações do Banpará são Ja-der Barbalho, seus familiares e empresas de sua proprieda-de”, afirmou o auditor fiscal do Banco Central, Abrahão Patruni Júnior, autor do rela-tório sobre o desvio de R$ 10 milhões, em valores atuais, ocorrido no Banco do Estado do Pará (Banpará) quando Jader era governador, entre 1983 e 1986.

Após receber inclusive ameaças de morte, Abrahão Patruni decidiu falar sobre o

O deputado federal Jader Barbalho não tem curriculum vitae, tem prontuário, e feito por sua própria polícia. E nes-se prontuário a polícia do Pa-rá acompanha a evolução do patrimônio do senador Jader Barbalho a partir de sua posse no governo do Estado, em 15 de março de 1983.

Mal tinha se instalado no governo comprou a Rádio Clu-be do Pará pelo valor estimado em um milhão de cruzeiros, ficando o restante a ser quita-do através de compensação fi-nanceira vinda da Superinten-dência do Desenvolvimento da Amazônia (Sudam).

Em 11 de novembro de 1983 - oito meses depois da posse - Jader adquiriu a fazenda Rio Branco Ltda, pagando 10 mi-lhões de cruzeiros e assumin-do um débito da ordem de 200 milhões correspondentes a obrigações trabalhistas e finan-ciamentos contraídos junto aos bancos do Brasil, da Amazônia, Econômico e Bradesco.

Foi nessa época, segundo o prontuário da Polícia do Pará, que Jader Barbalho se asso-ciou às bancas de Jogo do Bi-cho Estrela do Norte e BM, que passaram a injetar 20 milhões de cruzeiros mensalmente na

Faz 25 anos que Jader Barbalho, então governador do Pará, tirou o equivalente a R$ 10 milhões, em valores atuais, do dinheiro do Estado e depositou na sua conta e de seus familiares no Banco Itaú. Começava aí um rosário de falcatruas, até hoje impunes.

escândalo do Banpará, que investigou como funcioná-rio do quadro de carreira do Banco Central do Brasil. Ele reafirmou que o relatório de número 9200047419 é uma bomba contra o Jader Barba-lho (PMDB-PA). ‘’Basta ler’’, disse. Segundo Patruni, entre os anos de 1984 e 1987 o então governador Jader Barbalho montou uma operação enge-nhosa que desviou dinheiro do Banpará para uma conta no banco Itaú, agência Jardim Botânico, no Rio de Janeiro. Uma parte desse montante voltava para os cofres do Es-tado e outra era retirada em cheques ao portador. A parte retirada correspondia exata-mente à correção pelas per-das inflacionárias, num tem-

po em que a inflação variava entre 30 e 40% ao mês.

RASTREAMENTO

Ao rastrear o caminho des-ses cheques, Abrahão Patruni concluiu que o desvio chegou a R$ 1 milhão e há fortes indí-cios do envolvimento de Jader Barbalho. Registrou tudo isso no relatório 9200047391, de 209 páginas, que foi divulga-do na imprensa em 1996.

Na época, Jader queria pressionar o governo com a CPI dos Bancos. Houve, en-tão, uma orientação no BC para que Patruni terminas-se rapidamente o relatório. A intenção era ameaçar Ja-der e fazê-lo desistir da CPI dos Bancos. E funcionou.

A investigação, no entanto, prosseguiu. Patruni foi per-correndo todo o caminho dos cheques e descobriu que o montante do desvio era dez vezes maior, R$ 10 milhões, e que o dinheiro ia para con-tas de empresas de Jader, de seus empregados, do pai do senador, o falecido Laércio Barbalho, e de Elcione Barba-lho, ex-mulher de Jader e ho-je deputada federal do Pará pelo PMDB.

E o patrimônio dispara...

wa

nd

erle

y li

ma

- fo

lha

po

pula

r

Enfim: Jader algemado desembarca em Palmas, depois de sair de Belém, após ser preso pela Polícia Federal

‘’Basta ler’’, disse auditor fiscal do BC sobre o relatório do desvio milionário

modernização do jornal Diário do Pará, do próprio Jader Bar-balho.

Em primeiro de dezembro de 1983 - ainda no primeiro ano de seu governo - Jader adquiriu do empresário Lopo Álvares de Castro, por 80 mi-

lhões de cruzeiros, o prédio de dois andares localizado na rua Gaspar Viana, 773 a 785, com área construída de 2.084,84 metros quadrados, onde instalou o jornal Diário do Pará. Os primeiros meses do primeiro governo de Jader

Barbalho, em 1983, são mais do que suficientes para de-monstrar seu incrível talento de fazer negócios milionários apenas com seu salário de governador, que não chegava a 800 mil cruzeiros, à época. (R.B.)

Em Belém, Jader foi preso no dia 16 de fevereiro de 2002. O processo parou aí.

nel

dso

n n

eves

/ o

lib

era

l

O dia em que Jader foi preso

Jader Barbalho foi preso na manhã de 16 de fevereiro de 2002 em Belém pela Polícia Federal. No dia anterior, a Justiça Federal de Tocantins havia expedido um mandado de prisão provisória de um grupo de pessoas envolvidas no escândalo da Sudam.

ronaldo brasiliense

Page 2: DOSSIE JADER BARBALHO

O LIBERAL BELÉM, DOMINGO, 22 DE MAIO DE 201114 ATUALIDADES

Sem mandato, Jader conheceu a cadeia

O ex-senador Jader Barbalho teve os bens declarados indisponíveis pela Justiça

do Estado do Tocantins em processo a que responde por desvio de dinheiro da Supe-rintendência de Desenvolvi-mento da Amazônia (Sudam), junto com outro membro da família, seu primo - José Priante, que também é réu na ação. Jader foi preso na manhã do dia 2 de fevereiro de 2002, em Belém, às 9h30, pela Polícia Federal, a mando da Justiça do Tocantins, que havia expedido um mandado de prisão provi-sória contra ele e um grupo de pessoas acusadas de desvio de dinheiro. O ex-senador foi le-vado algemado, às 11h30, para a Superintendência da Polícia Federal do Tocantins. Aquela foi a segunda vez que a Justi-ça havia decretado a prisão de envolvidos em desvio de re-cursos públicos da Sudam. A primeira foi em abril de 2001, quando foi decretada a prisão de 27 pessoas, entre funcioná-rios da Sudam e contadores de empresas que participavam das fraudes. Todos, no entan-to, acabaram soltos.

A prisão de Jader foi facilita-da pelo fato de ele ter renuncia-do ao mandato de senador no início de outubro de 2001, após um embate com o falecido e to-do-poderoso senador Antônio Carlos Magalhães, ocasião em que as investigações se intensi-ficaram contra ele sobre o caso Sudam. Sem mandato, ele não desfrutava de foro privilegiado e, por isso, foi mais fácil levá-lo para a cadeia. Do contrário, ele não poderia ser preso por deci-

JUSTIÇA, ENFIMPrisão provisória do ex-senador resultou de investigações sobredesvios na Sudam

Esquema contavaaté com lobistase cobradores depropina, sob abatuta de Jader

são de um juiz de primeira ins-tância. Seria necessária autori-zação do Senado e ele ainda só poderia ser processado pelo Su-premo Tribunal Federal (STF), a mais alta corte de Justiça do País. Na época, a Comissão de Investigação do Conselho de Ética do Senado já havia com-provado a sua participação no desvio de dinheiro do Banco do Estado do Pará (Banpará) quan-do foi governador do Estado, na década de 80.

O esquema milionário de desvio da Sudam, comandado pelos Barbalhos, foi fisgado pelo Ministério Público e pe-la Polícia Federal. O delegado Helbio Afonso Dias Leite, res-

ponsável pelo inquérito, pediu na época ao Supremo a quebra dos sigilos bancários de Jáder, do primo e então deputado federal José Priante, e ain-da da mulher do ex-senador Márcia Centeno e do irmão de Jáder, Leonel Barbalho. A PF teve acesso a uma farta do-cumentação que comprova a participação dos Barbalho na farra com dinheiro público da Sudam, corroborada pela quebra de sigilo telefônico dos envolvidos, provas com base nas quais o Ministério Públi-co pediu à Justiça Federal do Tocantins o envio ao Supre-mo de parte do inquérito que incrimina Jader e Priante. Al-

gumas dessas provas, colhi-das ao longo da investigação, “apontam para a existência de fortes indícios da participação na trama delituosa de fraudes cometidas pelo senador Jader Barbalho e o deputado federal José Priante”, justifica o pro-curador da República Mário Lúcio de Avelar.

No relatório enviado ao Su-premo, o delegado da Polícia Federal aponta os contadores Geraldo Pinto e Maria Auxi-liadora Barra Martins como peças-chave no esquema de Jáder e Priante na Sudam. A dupla ficou ainda mais com-prometida com a apreensão de documentos no escritório

da contadora e do ex-superin-tendente da Sudam Arthur Tourinho, apadrinhado políti-co de Jáder. Veja o que diz um dos bilhetes apreendidos na casa da contadora: “P/Priante: fazer declaração de que não conheço, não usei seu nome, não tenho ligação”. Já na casa de Tourinho, a PF encontrou dois memorandos internos, um destinado a Sen. J.B. e ou-tro para J.B., com informações sobre a tramitação de 26 proje-tos na Sudam.

Os próprios empresários que participavam das fraudes denunciaram a participação da dupla de parlamentares no esquema, conforme publicado

Documentário sobre desvios de verba de Jader recebe prêmio cinematográficoOs crimes - a maioria de-

les impunes - cometidos por Jader Barbalho chamaram a atenção do mundo. Um do-cumentário produzido em 2007 pelo cineasta americano Jason Kohn mostra um Brasil completamente devastado pe-lo “tiroteio” moral a que o líder do PMDB no Pará cometeu con-tra seu próprio povo. “Manda Bala” mostra ao mundo que o Brasil é um dos países mais violentos e corruptos do mun-do. O filme ganhou o prêmio do júri de melhor documentá-rio no Festival de Cinema Sun-dance, em Utah, nos Estados Unidos.

Exibindo a fazenda de rãs que Jader usava para roubar milhões de dólares, o docu-mentário compara o “ficha suja” a um milionário que investe uma pequena fortu-na para blindar seus carros e a um cirurgião plástico que reconstrói as orelhas de vítimas de sequestro muti-ladas.

De acordo com o jornal americano Los Angeles Times, o documentário Manda Bala foca em “como os ricos ficam mais ricos e os pobres tentam se safar fazendo sequestros e outros crimes”. O filme rendeu o prêmio de melhor fotografia para a cineasta paranaense Heloísa Passos e chegou a ser exibido na mostra de cinema DC Filmfest, realizada em Wa-shington.

Para estabelecer supos-tas ligações entre corrupção e o submundo do crime no Brasil, Kohn se valeu de uma gama bem diversificada de personagens e de imagens fortes, que mostram o fun-cionamento do criadouro de rãs de Jader, como forma de ocultar um desvio milionário de verbas.

Em entrevista à BBC, de Londres, o jovem diretor disse que tudo o que Jader fez é vio-lência. “O filme não é de forma alguma jornalístico. O escân-dalo de corrupção que o filme mostra foi levantado há anos pela imprensa brasileira. E ele

José Priante, primo de Jader Barbalho, aparece como réu no processo que apura fraudes na Sudam

na imprensa, na época. Segun-do eles, Maria Auxiliadora e Geraldo Pinto cobravam 10% sobre os projetos fraudados aprovados na Sudam. Na outra ponta, Jader Barbalho ficava com 9% dos 10% da propina.

CABEÇAS

Abaixo do senador, fun-cionavam como cabeças do esquema Leonel Barbalho, ir-mão de Jader e lobista de pro-jetos constituídos em nome de “laranjas” e o deputado José Priante, segundo a imprensa, “acusado também de chanta-gear empresários e forçá-los a fazer contribuições eleitorais”. Reportagem publicada em re-vista de circulação nacional, na época, dá conta de que o empresário Aloísio Pollmeier, da JCA Agroindustrial, revela em depoimento à Polícia Fede-ral “que deu um cheque de R$ 400 mil para pagamento de comissão a José Priante e não deixa dúvida sobre o poder de Jáder. Aloísio contou aos fede-rais que, numa reunião no Pa-lace Hotel, em Altamira, teve uma discussão com Irlendes Carmos Venzeler Rodrigues, o Alemão, assessor de Priante. Alemão exigiu que ele honras-se o cheque da propina pago a Priante. ‘Isso não é papel que se faça’, censurou Alemão, lembrando que a comissão, a ser dividida entre Priante e Jáder serviria para o deputado pagar uma dívida com o sena-dor. “Jader não perdoa”, adver-tiu Alemão, segundo o depoi-mento de Aloísio Pollmeier”.

CRI

STIN

O M

ART

IN

Parte 1 - http://www.youtube.com/watch?v=BarLeEUBeK4Parte 2 - http://www.youtube.com/watch?v=CXiG3lXVz4oParte 3 - http://www.youtube.com/watch?v=-p8dWWbeIDIParte 4 - http://www.youtube.com/watch?v=Zdn9eOfM8QIParte 5 - http://www.youtube.com/watch?v=4J2Q8wKvp9gParte 6 - http://www.youtube.com/watch?v=93f7Ej4enW4Parte 7 - http://www.youtube.com/watch?v=GOPmKK3LsJYParte 8 - http://www.youtube.com/watch?v=4f-lQEHLwm4Parte 9 - http://www.youtube.com/watch?v=sd6Rh4PQVeY

ASSISTA AO ‘MANDA BALA’ NO YOUTUBE

visa mostrar que seja no Brasil ou em outra parte do mundo; roubar milhões de pessoas que não têm nada é um ato de uma violência extraordinária.”

Entre as pessoas entrevista-das pela equipe de Jason Ko-hn, formada por brasileiros, está Diniz, criador de rãs que

realmente gosta da profissão. Sua esposa lhe mandou es-colher entre ela e as rãs e ele optou pelas rãs. Suas fazendas para criação eram usadas por Jader para lavar dinheiro ile-galmente.

O delegado da Polícia Fede-ral Hélio Dias Leite também

é personagem do documen-tário. Ele dá detalhes de sua investigação sobre a lavagem de dinheiro na criação de rãs, corrupção, e como coletou as evidências contra o Barbalho-Mor, que aparece nas grava-ções com tremenda cara-de-pau, concedendo uma entre-

vista à equipe de Kohn.Nas imagens da entrevis-

ta, gravada na sala do filho de Jader, Jader Barbalho Filho, no prédio da TV RBA, na ave-nida Almirante Barroso, em Belém, o retrato da mentira. Ou, no mínimo, o “ficha-suja” achou que ninguém veria o

filme. Ao ser perguntado so-bre o ranário, as denúncias de corrupção e outros crimes en-volvendo dinheiro público, Ja-der deu um show de cinismo: “precisaria de mais tempo pa-ra falar sobre isso, mas isso...isso não” e repentinamente termina a entrevista.

Jader e Hélio Gueiros, ex-aliado, que depois virou inimigo e depois de novo aliado

Jader Barbalho ao lado de Hélio Gueiros e correligionários do PMDB durante evento

Legenda do filme ressalta que Jader se elegeu para todos os cargos, exceto de presidente

Jason Kohn, autor do filme premiado sobre corrupção

DIV

ULG

ÃO

DIV

ULG

ÃO

Page 3: DOSSIE JADER BARBALHO

O LIBERAL ATUALIDADES 15BELÉM, DOMINGO, 22 DE MAIO DE 2011

NEM FAMÍLIARES E AMIGOS FICARAM “LIVRES”Fazer trapalhadas sozinho não foi suficiente para Jader Barbalho. Ele envolveu em suas armações ex e atuais mulheres, primos, cunhados e amigos. O objetivo era e continua sendo

um só: ludibriar o Sistema Financeiro, enriquecer às custas do povo e ficar cada vez mais poderoso. A seguir, parte da lista de pessoas envolvidas nas tramoias do peemedebista.

Assalto ao cofre da Sudam continua impune

“Jader Fontenelle Barbalho, líder da organização cri-minosa, estabeleceu um

sistema de controle da direção da Sudam com a finalidade de deixar fluir os recursos do Finam para seus comparsas de forma fraudulenta, depois tornar estes recursos ‘limpos’, dando-lhes circulação econô-mica regular meramente apa-rente e inexistente, consoante demonstrado nos provas ane-xadas, as quais algumas re-feridas exemplificativamente no corpo desta denúncia, isto com o objetivo de beneficiar a si e a terceiros. Para tanto, se valeu da sua condição de ho-mem público ocupante de di-versos cargos importantes na República.”

Esse é o texto, ipisis litteris, da denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal, as-sinada pelos procuradores da República Mario Lucio Avelar, Pedro Taques e Ubiratan Ca-zzeta, que resultou no pedido de prisão preventiva de Jader Barbalho e mais nove pesso-as envolvidas no esquema de corrupção que surrupiou mais de R$ 130 milhões dos cofres da Sudam. Na denúncia, os procuradores deixam claro o envolvimento de Jader Barba-lho com o propinoduto de cor-rupção que levou o presidente Fernando Henrique Cardoso a extinguir a Sudam.

Para o Ministério Público, não resta dúvida de que Jader Barbalho teve “participação e envolvimento direto e indi-reto com a consecução e exe-cução dos empreendimentos Propamar da Amazônia S/A e Propanorte Agro-industrial e Empreendimentos da Ama-zônia S/A, e vinculação com os projetos de seus aliados políti-cos Agropecuária Vitória Régia S/A, Agropecuária Pedra Roxa S/A, Agro-industrial Bela Vista S/A, Ecopalma Agroindústria Palmiteira S/A, Agropecuária Pingüim S/A, Sabisa Santarém Biscoitos e Massas S/A, Agro-pecuária Rio Novo de Altami-ra S/A, Centeno & Moreira S/A, Agroindústria Guará S/A, Fru-pasa Indústria de Fruticultura S/A, Diana Agro-industrial S/A, Frango Modelo S/A, Agro-pecuária Beira da Mata S/A, Indústria de Café Ouro Preto S/A, Agropecuária WR S/A, Se-lo Verde da Amazônia S/A”.

“Do apurado exsurge que dos 151 (cento e cinqüenta e

FRAUDESDenúncia feita pelo Ministério Público compara ações de Jader a de grupo criminoso

Superintendência foi extinta por conta da marca nociva deixada por Barbalho

um) projetos financiados pela Sudam no período compreen-dido entre os anos de 1998 a 1999, na referida região geo-gráfica, com dispêndio (libe-rado e não aprovado) de R$ 547.393.877,00 (quinhentos e quarenta e sete milhões tre-zentos e noventa e três mil oitocentos e setenta e sete reais), 20 (vinte) destes pro-jetos pertencem diretamen-te à organização criminosa e são mero simulacro para amealhar recursos públicos mediante fraude, consumin-do R$ 132.035.598,00 (cento e trinta e dois milhões trinta e cinco mil quinhentos e noven-ta e oito reais), atualizados.

Isto é, aproximadamente 25% do total dos recursos líquidos aportados para a região foram gastos em menos de 15% dos Projetos em curso na região geográfica referida”, denun-ciam os procuradores.

Para os procuradores da República que investigaram a roubalheira na Sudam, uma fraude de tal magnitude só pode ser perpetrada, como foi, mediante “a montagem de organização criminosa com ramificações políticas e alta-mente profissionais.”

Foi com base na denún-cia do Ministério Público que o juiz federal do Tocantins decretou a prisão preventiva

de Jader Barbalho. “É melhor prevenir que chegar à situação hoje vivida no País vizinho da Argentina, onde a sociedade perdeu a paciência com a tole-rância das instituições com a corrupção naquele País”, dis-se o juiz em sua sentença. “A magnitude da lesão, a posição política dos requeridos, alia-das à quantidade de crimes perpetrados, no período de associação criminosa, o nú-mero de pessoas envolvidas,o menosprezo do conceito de honestidade na Sudam, ao ponto de não ser aprovado um projeto sequer sem o paga-mento de propina (conforme depoimentos testemunhais),

são mais do que suficientes para afetar a ordem pública, de forma a caracterizar a ne-cessidade de prisão preventiva dos requeridos”, justificou o juiz Rocha Santos.

O juiz lembra que a asso-ciação criminosa dos acusa-dos, conforme os indícios, “foi tão eficaz a ponto de levar à extinção da autarquia federal Sudam, tamanho o descrédi-to que se instalou na referida instituição pública, sendo que, tais circunstâncias não se po-de negar, afetaram a credibili-dade das instituições públicas brasileiras, de forma, repito, a exigir o acautelamento provi-sório dos requeridos.”

HEN

RIQ

UE

FELÍ

CIO

- O

LIB

ERA

L

E acrescenta: “A posição econômica e política dos re-queridos, principalmente no Estado do Pará, onde Jader Barbalho sempre teve domí-nio político, tem imposto às testemunhas o receio de cola-borar com a Justiça, delatando os fatos supostamente deliti-vos, conforme depoimento de Carlos Antônio Domingos de Oliveira, o qual assevera que “se sente ameaçado e não tem coragem para revelar possí-veis nome de pessoas impor-tantes envolvidas no esquema de corrupção da Sudam e por essa razão requer seja incluí-do no Programa de Proteção às Testemunhas, sendo essa concretizada, compromete-se a revelar nomes e valores pa-gos de propina.”

Em sua sentença, o juiz Al-derico Rocha Santos destaca: “Constata-se que as provas até então colhidas constituem-se em indícios razoáveis de que os requeridos, no período de 1996 a 2000, associaram-se, de for-ma permanente e estável, com o intuito de praticarem vários crimes, entre os quais os de fal-sificação de documentos, uso de documentos falsos, desvio de recursos públicos, lavagem de dinheiro, dando-lhe a aparência de origem lícita, aplicação de re-cursos em finalidades diversas da prevista nos projetos. Verifi-ca-se que o desvio de recursos públicos pelos requeridos foi da ordem de R$ 132.035.598,00 (cento e trinta e dois milhões, trinta e cinco mil, quinhentos e noventa e oito reais).

E prossegue: “O requerido Jáder Fontenelle Barbalho há muito anos vem ocupando cargos de destaque na Repú-blica Brasileira. Não obstante a credibilidade que lhe foi de-positada pela sociedade brasi-leira, existem indícios de que o mesmo sempre esteve envolvi-dos em desvio de recursos pú-blicos, conforme amplamente divulgado, por exemplo, “caso Banpará”, desapropriação de terras inexistentes, quando Ministro da Reforma Agrá-ria, participação em venda de TDAs fraudulentas, etc. O seu envolvimento com fraudes e desvio de recursos públicos levou à instauração de proce-dimento ético-disciplinar pe-rante o Senado, implicando na renúncia do cargo de Senador pelo mesmo, para evitar uma

1- Márcia Cristina Zahluth Centeno - ex-mulher

Presidente da empresa Centeno & Moreira, cujo ranário, instalado nos arre-dores de Belém, foi investi-gado sob suspeita de des-viar 9,6 milhões de reais da Sudam. Também foi sócia, entre 1996 e 1998, de José Osmar Borges, um dos mais notórios fraudadores da Sudam

2- José Osmar Borges

Foi sócio de Márcia entre 1996 e 1998 na Agropecuária Campo Maior. Encerrada a sociedade, as terras da agro-pecuária foram incorporadas à área da fazenda Rio Branco, que pertence a Jader. É acu-sado de desviar, por meio de suas seis empresas em Mato Grosso, mais de 100 milhões de reais da Sudam. Já esteve preso pela Polícia Federal

3 - José Priante

Primo de Jader, é deputado fede-ral. Nas escutas telefônicas feitas pela Polícia Federal, fica claro que mantinha negócios escusos com um dos fraudadores da Sudam, Geraldo Pinto da Silva, dono de um escritório ligado às fraudes.

4- Laércio Barbalho

O pai de Jader (já falecido) também fez parte da lista dos que receberam di-nheiro desviado do Banpará por ele, na época em que era governador do Pará.

5- José Artur Guedes Tourinho

Amigo de Jader desde a ado-lescência, foi indicado pelo senador para ser o superinten-dente da Sudam, cargo que ocupou de 1996 a 1999. Era o chefe da autarquia na época em que se descobriram os desvios da Centeno & Moreira – e não tomou nenhuma pro-vidência. Perdeu o cargo na Sudam quando foi revelado que José Osmar Borges, o ex-sócio de Jader, fizera depó-sitos em sua conta bancária.

Seus bens estão bloqueados por ordem da Justiça.

6- Camilo Afonso Centeno

Foi um dos sócios de José Osmar Borges, um dos maio-res fraudadores da Sudam. Hoje, é diretor da emissora de TV de Jader

Maurício Vasconcelos

Foi superintendente da Sudam por indicação de Jader Barba-lho. Ficou no cargo menos de um ano, assumindo, em segui-da, também por sugestão de Jader, a secretaria executiva do Ministério da Integração Nacio-nal. Foi afastado sob suspeitas de envolvimento em corrupção.

7-Elcione Barbalho

Recebeu, em sua conta bancária, depósitos feitos por Jader, seu então marido, de dinheiro desviado do Banpará. Sua carreira política está ligada à visibilidade conseguida pelo ex-marido. Exerceu vários mandatos e ocupou diversos cagos públicos.

Antônio César Pinho Brasil

Processado por irregularida-des na desapropriação de uma fazenda no Pará, na épo-ca em que era assessor do en-tão ministro Jader Barbalho, foi condenado a cinco anos e quatro meses de prisão.

1 2

3

4

5

6

7

Ranário criado por Jader com recursos da Sudam está abandonado, no bairro do Tapanã

Page 4: DOSSIE JADER BARBALHO

O LIBERAL BELÉM, DOMINGO, 22 DE MAIO DE 201116 ATUALIDADES

Fortuna de Jader avaliada em R$ 30 milhões

Há poucos casos na história do Brasil de políticos que enriqueceram na vida pú-

blica como o do ex-governa-dor, ex-senador e ex-deputa-do paraense Jader Fontenelle Barbalho. Depois de atuar na política estudantil, Jader elegeu-se vereador por Belém após o golpe militar de 1964. De lá para cá, em 48 anos, exercendo única e exclusiva-mente cargos públicos, Jader construiu uma fortuna, ava-liada pela revista Veja em R$ 30 milhões.

Nela estão incluídos man-sões, casas, apartamentos, emissoras de rádio e televi-são, um jornal _ o Diário do Pará, mais de 8.500 cabeças de gado (segundo a declara-ção de bens e rendimentos de Jader apresentada em 1994 ao Tribunal Regional Eleito-ral), além, é claro, de várias fazendas de gado, capitane-adas pela Agropecuária Rio Branco, uma espécie de “hol-ding” dos empreendimentos do ex-senador.

Além de vereador na capi-tal, Jader Barbalho elegeu-se sucessivamente deputado estadual, deputado federal, governador do Estado (1983 a 1987), foi indicado minis-tro da Reforma Agrária (1987-1988) e ministro da Previdên-cia Social (1988-1989) pelo ex-presidente José Sarney. Depois, elegeu-se novamente governador do Pará (1990-1994) e senador da República (1994-2001).

No Senado foi obrigado a renunciar ao mandato pa-ra não ser cassado por cor-

DINHEIRO NA MÃOPatrimônio doex-deputado evoluiu60.000% até 1995, quando se separou

Fazenda RioBranco, avaliadaem R$ 6 milhões,é a joia rara dacoroa de Jader

rupção e, por consequência, perder seus direitos polí-ticos por dez anos. Nesses anos todos - Jader, formado em Direito, nunca exerceu a advocacia. Mas, em contra-partida, mostrou muita ha-bilidade para enriquecer no poder.

Em 1974, Jader tinha um patrimônio modestíssimo.De uma casinha modesta no conjunto Bela Vista, quando ainda era casado com a hoje deputada federal Elcione Za-luth Barbalho, Jader evolui para apartamento de cober-tura na travessa 9 de Janeiro em prédio próximo ao Museu Paraense Emilio Goeldi. Já di-vorciado de Elcione e casado com Márcia Zaluth Centeno,

A desapropriação da fazen-da Paraíso, que nunca existiu, no sudeste do Pará, por Jader Barbalho, então ministro da Reforma Agrária, no governo Sarney, representou uma das maiores fraudes da história da reforma agrária. Foram emitidos 55.221 títulos da dí-vida agrária (TDA’s) para pagar a operação ilegal. Na sentença condenatória, o juiz-substitu-to Eduardo Morais da Rocha, da 12ª Vara da Justiça Federal do Distrito Federal, diz que a negociata atingiria hoje “mi-lhões de reais”. No processo,

ainda em tramitação, a Justiça já condenou, por desvio de di-nheiro público, o ex-deputado federal Antonio César Pinho Brasil a cinco anos e quatro meses de prisão.

Antonio Brasil aparece em praticamente todas as ações judiciais movidas para apurar fraudes na desapropriação de terras para fins de reforma agrária no período em que Jader Barbalho esteve à frente do Mirad, entre 1987 e 1989. Além de Antonio Brasil, foram condenados dois funcionários do Instituto Nacional de Colo-

nização e Reforma Agrária (Incra) – Raimundo Hugo de Oliveira Picanço e Luiz Fernan-do da Silva Muinhos – e um su-posto fazendeiro, Vicente de Paula Pedrosa da Silva, todos envolvidos na desapropriação fraudulenta da fazenda “Pa-raíso”, no município de Viseu, sudeste do Pará.

A propriedade desapropria-da, na realidade, nunca existiu. Tratava-se de uma fazenda “fantasma”. Isso não impediu que o imóvel, de supostos 58 mil hectares, fosse desapro-priado em 1988, para fins de

reforma agrária, em decreto assinado pelo então ministro da Reforma Agrária, Jader Bar-balho, no governo José Sarney. À época, Antônio Brasil era se-cretário-geral do Mirad.

O supostoo proprietário da fazenda “Paraíso”, Vicente de Paula Pedrosa da Silva, recebeu 55.221 Títulos da Divida Agrá-ria (TDA) pela fazenda inexis-tente. “Como o nome diz, a fa-zenda Paraíso está no céu” - O curioso é que em 1987, um ano antes da desapropriação frau-dulenta, o Incra enviou a Viseu uma agrônoma para vistoriar

as terras a serem desapropria-das. Surpresa: após percorrer centenas de quilômetros de es-tradas vicinais, não localizou a tal fazenda “Paraíso”.

O fazendeiro Nelson An-tunes Borges, latifundiário na região de Viseu, consultado pela funcionaria do Incra so-bre a localização da fazenda, respondeu: “Como o nome diz, a fazenda Paraíso está no céu.” Em seu relatório de vis-toria enviado à presidência do Incra, a agrônoma é contun-dente: aponta que na área de Viseu onde estaria a fazenda

“Paraíso” existem “várias fa-zendas de grande extensão, tendo também superposição de títulos expedidos pelo go-verno do Estado.”

Apesar do relatório, o então ministro Jader Barbalho assi-nou o ato de ofício, o decreto de desapropriação da fazenda Paraíso, no dia 23 de maio de 1988. Por alguma razão desco-nhecida, o Ministério Público não incluiu o atual presidente do Senado na lista de réus.

O caso até hoje continua impune e Jader, rico, livre e solto.

sua sobrinha, Jader comprou casa na praia do Combuco, em Fortaleza, no Ceará, e até renunciar ao mandato morava na mansão que per-tenceu ao ex-banqueiro José Eduardo Andrade Vieira, em Brasília.

ENRIQUECIMENTO

Até 1995, ano em que se separou da primeira mulher, Elcione, e dividiu os bens com elas e os dois filhos, o patrimônio do ex-senador cresceu nada menos que

60.000%. Entre 1974 e 1982, Jader exerceu dois manda-tos na Câmara dos Deputa-dos. Em valores atualizados, ganhava R$ 8.600 por mês. Nesse período, porém, seu patrimônio cresceu a um rit-mo de 17 mil reais por mês,

Imóveis adquiridos com dinheiro não explicado não foram declarados à ReceitaJader Barbalho deixou de

declarar ao Tribunal Regio-nal Eleitoral (TRE) do Pará du-as propriedades adquiridas em 1988 e 1989. A primeira delas foi comprada pelo pró-prio Jader em agosto de 1988. Pertencia a Aderval Reuter Mota, que, quatro dias depois, recebeu depósito com cheque administrativo do Banco do Estado do Pará (Banpará), no valor de Cz$ 17 milhões. Do-cumentos obtidos pela Polícia Federal reforçam a suspeita de que, além de não ter decla-rado todos os seus bens, Jader poderia ter usado recursos desviados do Banpará para pagar pela propriedade.

“Já havia a desconfiança da PF de que os benefícios que su-postamente tenham sido au-feridos pelo ex-senador Jader foram usados indiretamente na compra de propriedades”, afirmou na época o então cor-regedor-geral do Senado, se-nador Romeu Tuma (PFL-SP), já falecido. Ele informou que também requisitará aos cartó-rios do Pará todas as certidões de bens adquiridos por Jader no período em que foi gover-nador e ministro da Reforma Agrária e da Previdência So-cial, nos anos 80.

Nas declarações de renda

que entregou ao TRE em 1994, quando disputou o Senado, e em 1998, na eleição ao go-verno do Estado, quando foi derrotado por Almir Gabriel, Jader omitiu a compra de du-as fazendas. Em 1994, incluiu entre seus imóveis rurais as Fazendas Poliana, Modelo e Chão Preto, todas em São Do-mingos do Capim.

DIFERENÇAS

Quatro anos mais tarde, Jader repetiu a declaração, ex-cluindo a Poliana e incluindo a Fazenda Cinderela, em Pa-ragominas. Ele informou que a Cinderela foi comprada em 1996 por R$ 500 mil, a Mode-lo foi adquirida em 1989, por R$ 333,2 mil, e o Retiro Chão Preto, em 1992, por R$ 11,9 mil. Mas certidão fornecida pelo Cartório de Registro de Imóveis de Guamá (PA), em 24 de julho de 2001, mostra que ele comprou mais duas áreas de terra. A primeira, em 26 de agosto de 1988 - um mês após deixar o Ministério da Refor-ma Agrária - localizava-se em São Domingos do Capim. A outra, em 5 de abril de 1989, fica na BR-010 e hoje é conhe-cida como Fazenda Chão de Estrelas.

Jader comandou desapropriação fraudulenta de fazenda e continua rico e solto

Bens e imóveis adquiridos por JaderBarbalho ao longo da suacarreira política

o que corresponde ao dobro do seu salário. Entre 1982 e 1990, Jader foi governador do Pará e ministro da Reforma Agrária e da Previdência So-cial. Ganhava, nessa época, em valores atualizados, R$ 8.100 por mês. Mas sua for-tuna no mesmo período su-plantou R$ 170 mil mensais _ dez vezes mais do que nos oito anos anteriores.

Finalmente, entre 1991 e 1995, como governador do Pará, pela segunda vez, Ja-der ganhava mensalmente, em valores atuais, R$ 8.600, mas seu patrimônio dispara-va, no mesmo período, num ritmo de R$ 412 mil mensais – o equivalente a 48 vezes o salário que recebia.

A principal fazenda de Ja-der Barbalho, a Rio Branco, é a maior joia da coroa de seu patrimônio. Segundo a revis-ta Veja, a Rio Branco foi de-clarada ao Imposto de Renda como se valesse R$ 400 mil, mas seu valor real giraria em torno de R$ 6 milhões. A des-crição de Veja sobre a fazenda Rio Branco: “É um show: tem 6.000 hectares, uma casa de três andares, 1.400 metros quadrados, com nove suítes, três quadras de esporte e pista de pouso para jatinho.” Jader costuma visitar a fazenda Rio Branco a bordo de um de seus dois aviões. Além de um King Air, o ex-senador tem um Ba-ron, monomotor que utiliza em viagens curtas.

Como se vê, o Jader Barba-lho é um excelente poupador do dinheiro alheio.

A Polícia Federal está in-vestigou a ligação do vende-dor da propriedade, Aderval Reuter Mota, com os desvios do Banpará e com o patrimô-nio de Jader. Mota foi bene-ficiado com Cz$ 17 milhões (cerca de R$ 210,8 mil), no dia 31 de agosto de 1988, em cheque administrativo do banco estadual, conforme foi registrado pelo Banco Cen-tral num documento com o

número 1.665/6. Naquele mesmo dia, houve também um resgate feito pelo jornal do ex-senador Jader, o Diário do Pará.

Aderbal Mota também é citado como beneficiário do Banpará na nota técnica da 5.ª Câmara de Defesa do Pa-trimônio Público da Procu-radoria-Geral da República. Ele é mencionado entre os “beneficiários de aplicações

financeiras”, sem especifi-car se era resgate parcial ou total. Jader afirmou na épo-ca que não existia nenhuma irregularidade em suas de-clarações. Explicou que, se as propriedades não estavam na lista do TRE como bens em nome de pessoa física, estão em outras declarações, co-mo pessoa jurídica. “Não há nenhum de meus bens sem declaração”, garantiu.

IRMÃOS

O ex-senador Jader Barba-lho também usou dinheiro do Banpará para comprar um imóvel em Belém de um de seus irmãos, Joércio Fon-tenelle Barbalho. A transação está registrada no 2º Cartório de Registro de Imóveis da ca-pital. Deu-se no dia 1º de ou-tubro de 87 por Cz$ 300 mil, segundo registro oficial. A Folha de S.Paulo tem cópia do documento. Ao final do mês, a transação foi concretizada pelo dobro desse valor. Em 30 de outubro de 87, Joércio recebeu dois cheques admi-nistrativos do Itaú, de Cz$ 300 mil cada um.

Segundo informações da 5ª Câmara do Ministério Pú-blico Federal, Joércio recebeu R$ 119 mil em resgates do Banpará. Só no dia 30 de ou-tubro daquele ano, recebeu R$ 37 mil, em valores atuali-zados. O imóvel comprado do irmão não está na declaração de bens de Jader porque foi vendido no ano seguinte, em 13 de junho de 88. O compra-dor foi a empresa A. M. Fidal-go Materiais de Construção, que pagou pelo imóvel Cz$ 10 milhões, ou R$ 195 mil atualizados.

WA

ND

ERLE

Y LI

MA

- FO

LHA

PO

PULA

R

WA

ND

ERLE

Y LI

MA

- FO

LHA

PO

PULA

R

Romeu Tuma (in memoriam) requisitou aos cartórios as certidões de bens de Jader

Page 5: DOSSIE JADER BARBALHO

O LIBERAL ATUALIDADES 17BELÉM, DOMINGO, 22 DE MAIO DE 2011

O ex-deputado Jader Bar-balho (PMDB-PA) nem chegou a completar seu mandato co-mo senador, mas conseguiu uma aposentadoria gorda de R$ 19.240 pela passagem na Casa entre 1995 e 2001. Ato da diretoria-geral Nº 3326/2011 publicado no dia 28 de feverei-ro de 2010 , no boletim admi-nistrativo, indicou que desde 1º de fevereiro Jader é o mais novo aposentado do Senado. O peemedebista conquistou benefício no valor de 72% do subsídio total de R$ 26.723 após pedido de averbação do tempo de contribuição “com respectivo recolhimento das contribuições própria e patro-nal ao Plano de Seguridade So-cial dos Congressistas (PSSC).”

De 2003 a 2010, o paraense alegou que passou 2.791 dias trabalhando como deputado federal. Em 2001, Jader renun-ciou ao mandato de senador após ser acusado de mentir à Casa sobre o suposto envol-vimento dele em desvios de verbas do Banco do Estado do Pará (Banpará) e impedir

a tramitação de um requeri-mento solicitan- do o envio de relatórios ela- borados pelo Banco Central sobre o assunto. Na época, o Conselho de Ética já havia dado parecer favo-rável à abertura do processo contra o então presidente do Senado por quebra de decoro parlamentar.

Os quase três mil dias de trabalho alegados pelo ex-de-putado, foram marcados pela ausência. Nos dois mandatos na Câmara, Jader figurou no topo das listas de mais faltosos das sessões da Casa. No fim do ano passado, a dois meses de conclusão do seu mandato, o peemedebista renunciou no-vamente e deixou o cargo.

Apesar de as regras para aposentadorias nas Casas serem similares, o plano de saúde do Senado é considera-do mais generoso e concede, inclusive, cota de R$ 32 mil anuais para ex-senadores re-ceberem a título de ressarci-mento por consultas médicas realizadas em instituições não credenciadas.

Barbalho, o mais ‘gazeteiro’ na Câmara

Com 45 ausências não ex-plicadas, o ex-deputado federal Jader Barbalho

(PMDB-PA) liderou o ranking dos parlamentares com mais faltas não justificadas entre todos os 513 deputados do País. Na legislatura passada, Jader faltou a 216 sessões de votação, dos 422 dias com sessões reservadas a votações no plenário, ocorridas entre fevereiro de 2007 e dezembro de 2010. Com esse número, o peemedebista que renunciou ao mandato após ser barrado pela Lei da Ficha Limpa - e que ainda não tem cargo público a partir deste ano - mais faltou do que esteve presente da le-gislatura que se encerrou. O percentual de ausência chega a 61,4%. Os dados fazem parte de levantamento do Congres-so em Foco com base em infor-mações oficiais da Câmara.

No número total de faltas (216), o peemedebista ficou com a segunda colocação. Per-deu o título negativo para Nice Lobão (DEM-MA), mas quando são verificadas as ausências sem qualquer tipo de justifi-cativa, o ex-deputado assume a ponta: não explicou porque deixou de comparecer a 45 sessões. Em segundo lugar nesse quesito aparece Ciro Gomes (PSB-CE), com 41 faltas não justificadas. Além de ser um deputado sem presença, Jader foi também flagrado como um deputado sem tra-balho. De acordo com o levan-tamento do site, o ex-deputado ostenta outro título negativo: “O de parlamentar que não compareceu a nenhuma reu-nião de trabalho de comissão na atual legislatura”. Segundo definição da própria Câmara dos Deputados, é nas comis-

‘INVISÍVEL’Ex-deputado teve 45 ausências não explicadas e liderou ranking de todo o País

Jader faltou a 216 sessões antes de dar adeus ao posto na capital federal

sões onde o trabalho parla-mentar de fato acontece.

“As Comissões são ór-gãos técnicos com a finali-dade de discutir e votar as propostas de leis que são apresentadas à Câmara. As Comissões se mani-festam emitindo opinião técnica sobre o assunto, por meio de pareceres, antes de o assunto ser levado ao ple-nário; com re-lação a outras proposições elas decidem, aprovando-as ou rejeitando-as, sem a neces-sidade de passa-rem pelo Plenário da Casa. Na ação fiscalizadora, as comissões atuam como mecanismos de controle dos progra-mas e projetos executa-dos ou em execução, a cargo do Poder Execu-tivo”. Durante todo seu man-dato, segundo o Congresso em Fo-co, o peemedebis-ta não compareceu a nenhuma das 20 comissões existen-tes na Câmara.

Sem presença, sem trabalho e sem projeto. O levanta-mento do site compro-va outro fato negativo: Jader, em quatro anos de mandato co-mo deputado federa l , não apresentou nenhum pro-jeto de lei ou proposta de emenda cons-titucional. O peemedebista

renunciou ao man-dato em novembro

de 2010, em protesto por ter sua candidatura bar-rada pela Justiça Eleitoral, com base na Lei da Ficha Limpa.

Jader Barbalho integra um grupo com uma marca pouco lisonjeira. São os dez parlamentares que acumula-ram maior número de faltas

ACM lançou livro sobre a trajetória de corrupção de Jader ao longo da vida políticaA vida regada de escândalos

envolvendo desvio de recursos público, da qual Jader Barbalho foi o protagonista, rendeu até livro. E daqueles que o título vai direto ao ponto: “Jader Barba-lho - o Brasil não merece”, as-sinado pelo ex-senador baiano Antônio Carlos Magalhães, fa-lecido em 2007. “São incontáveis casos de irregularidades come-tidas durante as gestões de Jader Barbalho no Ministério da Previ-dência, no Ministério da Reforma Agrária, no Governo do Estado do Pará e na administração de ór-gãos estaduais e federais como o DNER e a Sudam, cujos dirigentes

são ligados ao grupo político ou “empresarial” de Jader. Em vá-rios casos, o senador surge como a autoridade máxima, que assina ou delega a terceiros a responsa-bilidade por autorizar atos lesivos à administração. Em outros, são pessoas sabidamente ligadas ao esquema liderado por Jader, que aparecem diretamente ou através de “laranjas”, escreveu ACM.

Em seu livro, Antônio Car-los Magalhães fala sobre: A crônica rica de um ex-menino pobre; Uma casa e uma cascata de hipotecas; Desmandos, atos de improbidade e violência, fraudes enriquecimento ilícito

- Denúncias de irregularidades que nunca são respondidas; Jader no Governo do Pará; Os cheques do Banco do Estado do Pará que foram parar na con-ta-corrente do governador; O Banco do Estado do Pará, o Ins-tituto Tecnológico de Brasília, cheques e desvio de dinheiro; O caso de superfaturamento em obra de Penitenciária no Pará; Jader se beneficia do Pro-bor; Garimpo Castelo dos So-nhos, uma história de violência e desapropriação irregular de terras; O esquema de corrup-ção na Secretaria de Transpor-tes - um depoimento gravado;

O pagamento indevido de in-denização por desapropriação conhecido como “Caso Aurá”; Jader no Ministério da Previ-dência; A venda de imóvel com valor depreciado à Encol que fi-cou conhecido como “Caso En-col”; As irregularidades para li-beração de recursos para cons-trução de hospital em Osasco; Obras contratadas e superfa-turadas; Decisões do Ministro Jader lesivas ao Erário; Jader no Ministério da Reforma Agrária; A desapropriação irregular de terras que ficou nacionalmente conhecida como “ Polígono dos Castanhais”; A desapropriação

irregular de terras conhecida como “Caso da Fazenda Pa-raíso”; A emissão irregular de Títulos da Dívida Agrária; Jader na Sudam; Um histórico de indicações políticas; Como funciona o esquema; O traba-lho do Ministério da Fazenda; O trabalho do Ministério Público; O que a Imprensa diz do Caso Sudam; e Jader no DNER; Num dos trechos, diz ACM:

“A história do cidadão Ja-der Barbalho tem sido fonte de interesse jornalístico. Não pelas razões que Jader preferiria. Não se trata de realizações que, face os diversos cargos públicos que

ocupou, deveriam ser muitas. E não são. A muitos causa estra-nheza e perplexidade, de fato, a incrível fortuna que Jader Barbalho amealhou desde que ingressou na vida pública, onde tratou, predominantemente, de sua vida privada. Verdadeira a versão corrente no Pará de que Jader jamais teve uma Carteira Profissional assinada. A verda-de é que Jader jamais exerceu atividade que se pudesse clas-sificar de geradora de riqueza pessoal. Foi vereador, deputado estadual, deputado federal, go-vernador, ministro (duas vezes) e senador”.

Apesar de renunciar ao cargo de deputado, Jader goza de aposentadoria milionária

na Câmara durante toda a le-gislatura. Na média, eles não estavam presentes em quase metade dos 422 dias com ses-sões reservadas a votações no plenário ocorridas entre feve-reiro de 2007 e dezembro de 2010. Três deles mais faltaram do que registraram presença - caso inclusive do peemedebis-ta, cujo percentual de ausência chega a 61,4%.

A lista dos deputados que menos compareceram ao ple-nário na atual legislatura é composta por representantes de nove Estados e oito parti-dos políticos. Encabeçam a relação os deputados Nice Lo-bão (DEM-MA), Jader Barbalho (PMDB-PA), que renunciou ao mandato em novembro, Va-dão Gomes (PP-SP), Ciro Go-mes (PSB-CE) e Marina Magessi (PPS-RJ). Marcos Antonio (PRB-PE), Miguel Martini (PHS-MG), Fernando de Fabinho (DEM-BA), Silas Câmara (PSC-AM) e Alexandre Silveira (PPS-MG) completam o ranking dos dez parlamentares que somaram mais ausências nos últimos quatro anos. De todos, apenas três foram reeleitos: Nice Lo-bão, Silas Câmara e Alexandre Silveira.

Em tese, faltar a uma sessão deliberativa implica em corte no salário. Mas, na prática, os parlamentares pouco sentem o peso de su-as ausências no bolso. Das 1.862 faltas acumuladas por esses dez deputados, 1.713 (92%) foram abonadas pela Câmara, com a apresenta-ção de justificativas, como problemas de saúde e com-promissos políticos. Só 149 das ausências ficaram sem explicações, ou seja, sujeitas a desconto.

Aposentadoria como essa concedida ao ex-deputado Ja-der Barbalho assombram as discussões do governo federal que, neste momento, estuda mudar as regras de aposen-tadoria dos trabalhadores da

iniciativa privada. O governo quer estabelecer idade míni-ma de 65 anos para homens e 60 anos para mulheres pa-ra fins de aposentadoria pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Isso depois de

30 anos (mulheres) e 35 anos (homens) de contribuição.

O valor máximo do benefí-cio do INSS é de R$ 3,6 mil. Já o sistema dos parlamentares deve permanecer inalterado. Se estivessem vinculados a

um plano de previdência pri-vada comum, os ex-senadores, como Jader Barbalho, precisa-riam contribuir 30 anos com cerca de R$ 5 mil mensais para alcançarem benefício similar.

O Plano de Seguridade So-cial dos Congressistas exige que o parlamentar contribua por 35 anos para alcançar o valor integral do benefício, equivalente ao subsídio pago aos deputados e senadores em atividade. Só que, para inteirar os 35 anos, outras contribui-ções recolhidas pelos parla-mentares (de qualquer valor) em outros empregos podem ser adicionadas à contagem.

Na ativa, os parlamenta-res que aderem ao plano têm descontados 11% do subsídio que recebem. Apesar de terem contribuído com menos de R$ 2 mil, pelo valor calculado na última legislatura (de R$ 16 mil), os ex-parlamentares que se aposentam agora receberão mais de R$ 26 mil mensais (valor definido pelo recente reajuste).

JOSÉ

CRU

Z -

ABR

Câmara dos Deputados em dia vazio em Brasília. Jader Barbalho contribuiu.

J.BO

SCO

Page 6: DOSSIE JADER BARBALHO

O LIBERAL BELÉM, DOMINGO, 22 DE MAIO DE 201118 ATUALIDADES

ROBERTO POMPEU DE TOLEDO*

E no final, para não fugir da vulgaridade, uma palavra so-bre um pesadelo de nome.

Jader Barbalho Carlos Swann jamais esqueceria a pri-meira vez que ouviu a pequena frase da sonata de Vinteuil. Ela lhe abriu a alma “como certos odores de rosa, circulando no ar úmido da tarde, têm a propriedade de dilatar-nos a narina”. Quem leu Proust sabe do que se está falando – da Sonata para Piano e Vio-lino, do compositor Vinteuil, executada insistentemente ao longo dos sete volumes de Em Busca do Tempo Perdido. Em especial, Carlos Swann, um dos principais personagens do livro, amava a pequena frase que, começando nos trêmulos do violino, depois se afastava e, “como numa dessas telas de Pieter de Hooch, cuja pers-pectiva é aprofundada pelo quadro estreito de uma porta

A música que vem dos livros OPINIÃO

entreaberta ao longe”, aparecia “dançante, pastoral, intercala-da, episódica, pertencente a um outro mundo”. O leitor já ouviu música igual? Não surpreende que Swann sentisse, ao ouvi-la, “peculiares volúpias” e fosse conduzido a uma “felicidade nobre, ininteligível e precisa”. Não surpreende que elegesse a “pequena frase” da sonata o “hino nacional” de seu namoro com Odette de Crécy.

Agora, com perdão pelo salto brusco, dos finos salões parisienses para o rude sertão, da harmoniosa e culta França para o tosco e mal-ajambra-do Brasil, adentremos outro livro sagrado, Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Aproximemos o ouvido de suas páginas. Lá também soa uma música. Urubu é vila alta/ mais idosa do sertão, começa a letra. E termina: quando vou p’ra dar batalha/ convido meu coração. É a toada de Siruiz, que Riobaldo, o narrador do livro, ouviu apenas uma vez

e nunca esqueceu. Siruiz era um jagunço que, nas andanças pelo mato, entre um combate e outro, para distrair os companheiros e a si mesmo, ia entoando canções. Ele “cantava coisas”, diz Riobaldo, “que a sombra delas em meu co-ração decerto já estava”.

O que há em comum entre a sonata de Vinteuil e a toada de Siruiz já se percebeu: são ambas músicas de ficção. Esse Vinteuil, tal qual é descrito em Em Busca do Tempo Perdido, era um mo-desto professor de piano de pro-víncia, de vida pacata e anônima, que no entanto, numa obra divul-gada sobretudo após sua morte, se revela compositor de gênio. Em quem se teria inspirado Proust? As apostas são múltiplas: César Franck, Gabriel Fauré, Saint-Saëns. De modo semelhante, a sonata, tal qual é descrita nos livros, teria base nas sensações de Proust ao ouvir uma peça de algum desses compositores, ou talvez de Wag-ner, ou de Schubert. Mas para que tanta especulação? Vinteuil é Vinteuil, personagem de ficção,

rigidamente ancorado em sua irrealidade. Igualmen-te, a sonata é fictícia, e por isso tão bela. Jamais uma música foi descrita de for-ma tão sublime. Por isso, é sublime.

Só a canção de Siruiz, para fazer-lhe face. Esse Siruiz morreu logo, em combate. Por isso Riobaldo não voltou a encontrá-lo. Ficou-lhe a canção. A letra ele decorou. Já a melodia, Riobaldo, que “entoa mal”, pobremente a conservou. Mas o que queremos? Ficou o melhor, a sensação, des-crita por Riobaldo, de que a música de Siruiz, ou pelo menos sua sombra, já lhe habitava o coração. Eis, ex-plicado exemplarmente, o momento, entre todos má-gico, que é aquele em que a música perpassa o ouvi-do e se acomoda na alma como se dela fizesse parte. Ou melhor: como se dela já estivesse fazendo parte há

muito tempo. É como um reen-contro. Aquela música já esta-va lá, tem-se certeza. De súbito, ao estímulo externo, ela sai do sono em que dormitava. É co-mo uma revelação. Um transe místico. A música, aquela mú-sica, pela qual esperávamos há tanto tempo, nos sacode e nos devolve a nós mesmos.

Nada como a sonata de Vin-teuil, ou a canção de Siruiz. Nun-ca se ouviu nada igual, nem em Mozart, nem em Beethoven, nem em Pixinguinha. E nunca se ou-viu nada igual porque nunca, na verdade, se ouviu nenhuma das duas. Não existem. O crítico lite-rário americano Harold Bloom, na entrevista das páginas ama-relas da edição passada desta revista, apontou a razão a seu ver mais forte pela qual ainda se deve ler a grande literatura, num mundo dominado pela abundância da informação. “A informação está cada vez mais ao nosso alcance”, disse. “Mas a sabedoria, que é o tipo mais precioso de conhecimento, es-

sa só pode ser encontrada nos grandes autores da literatura.” Modestamente, aqui se aponta outra vantagem da literatura. Mestres como Proust ou Guima-rães Rosa são capazes de produ-zir obras-primas da música que nem precisam ser ouvidas. Elas se bastam no silêncio.

Por que mesmo se está di-zendo essas coisas? Por muitas razões, mas talvez a principal seja a tentativa de distrair de Jader Barbalho. Stephen Deda-lus, o herói do Ulisses,de James Joyce, disse (com o perdão do leitor pelo excesso de citações literárias) que a história é um pesadelo do qual estava tentan-do despertar. Jader Barbalho é um pesadelo do qual talvez não consigamos despertar. Ou, pelo menos, do qual não consegui-remos despertar tão cedo. Me-lhor é mudar de assunto. Falar de qualquer outra coisa.

Artigo originalmente publicado na revista Veja

Como Jader conseguiu comprar a TV RBA?

Como é possível alguém, da noite para o dia, comprar uma emissora de televi-

são? Foi exatamente o que fez Jader Barbalho, que, se tivesse somado em cifras tudo o que ganhou com os subsídios de vereador, deputado estadual, federal, governador e minis-tro, entre 1966 e 1990, com-praria, no máximo, metade do terreno onde funciona a TV RBA - só a metade, já que o terreno inteiro, de apro-ximadamente 4 mil metros quadrados, está avaliado, por especialistas consultados por O LIBERAL, em aproximada-mente 5,2 milhões.

Jader comprou a TV RBA em 1990 - ano em que foi elei-to governador pela segunda vez - da família do empresário Jair Bernardino, que morreu em 1989, num acidente aéreo. O valor pago pelo negócio foi de 13 milhões de dólares, o equivalente a 20 milhões de reais em valores já converti-dos para os de hoje, já que em 1990 a moeda brasileira era o cruzeiro.

Levantamento feito pela reportagem mostra que entre 1966 e 1970, quando Jader te-ve seu primeiro mandato de vereador de Belém, ele acu-mulou, em ganhos, cerca de R$ 432 mil; de 1970 a 1974, como deputado estadual, fa-turou R$ 456 mil; entre 1975 e 1982, já deputado federal, recebeu aproximadamente 1,5 milhão, referente a dois mandatos; e, por fim, R$ 552 mil, como governador do Pa-rá, em 1982, ano em que foi eleito.

Somados, os valores re-cebidos - com base na média salarial de políticos no Brasil - por Jader até o ano em que comprou a TV RBA da família de Jair Bernardino chegam a

FORTUNADinheiro ganho como parlamentar não daria para adquirir uma TV de US$ 13 milhões

Veja os ganhos médios e os valores acumulados por Jader Barbalho entre 1966 e 1990, ano em que ele comprou a TV RBA

UMA CONTA QUE NÃO FECHA

1966/1970

Como vereador

R$ 9 mil

Salário médio mensal

R$ 432 mil

Total acumulado no mandato de 4 anos

1970/1974

Como deputado estadual

R$ 9,5 mil

Salário médio mensal

R$ 456 mil

Total acumulado no mandato de 4 anos

1974/1982

deputado federal

R$ 16 mil

Salário médio mensal

R$ 1,5 milhão

Total acumulado no mandato de 4 anos

1982/1986

Como governador do Pará

R$ 11,5 mil

Salário médio mensal

R$ 552 mil

Total acumulado no mandato de 4 anos

1986/1988

Como ministro da Reforma Agrária no governo José Sarney

R$ 26 mil

Salário médio mensal

R$ 624 mil

Total acumulado no mandato de 2 anos

1988/1990

Como ministro da Previdência Social

R$ 26 mil

Salário médio mensal

R$ 624 mil

Total acumulado no mandato de 2 anos

Total acumulado por Jader até o ano

da compra da TV RBA

R$ 4,188 milhões*

Valor pago pelo negócio

R$ 20 milhões*

* Valores e moedas da época já convertidos para os de hoje

AIR

TO

N N

ASC

IMEN

TO

cerca de 4,188 milhões de re-ais, ou aproximadamente 2 milhões de dólares. Ou seja, um valor muito distantedos 13 milhões de dólares, ou cerca de 20 milhões de reais cobrados pela família do an-tigo dono da emissora, o que demonstra que Jader precisou desembolsar dinheiro extra, não se sabe de onde, para efe-tuar a transação.

Mas, a cada ano, a cada mandato, o patrimônio de Jader Barbalho foi crescen-do. Aparentemente humilde, Jader foi aos poucos enrique-cendo e construindo, às cla-ras, um patrimônio escuso, como mostrou a revista Veja em incontáveis reportagens publicadas entre 2000 e 2010, com base em provas estar-recedoras, sentenças e teste-munhas-chave citadas nas dezenas de processos contra Barbalho.

Em uma de suas edições, a Veja mostra que Jader deu fim a uma infinidade de do-cumentos que provam seus crimes de roubo de dinheiro público, como o desapare-cimento do processo que o acusa de desviar 10 milhões de reais do Banpará, em 1984, para a conta de fami-liares. “Enviado ao Ministério Público do Pará em 1992, o processo desapareceu. Ago-ra, soube-se que uma ação popular, que trata do mesmo desfalque, também sumiu. Ninguém viu, ninguém sabe onde está”, disse a reporta-gem da revista

A dúvida, realmente, é co-mo o menino que viveu uma infância humilde em uma ca-sa simples, jutamente com oi-to irmãos, que chegou a rece-ber ajuda de colegas de escola para pagar despesas como a passagem do ônibus, poderia ter acumulado um patrimô-nio milionário somente com os subsídios de parlamentar, muito embora sendo advoga-do que nunca exerceu a pro-fissão e nem sequer, até hoje, teve a carteira de trabalho assinada.

Dinheiro caiu do céu?: Prédio da TV RBA, na avenida Almirante Barroso, comprado por Jader Barbalho

ARY

SOU

ZA

- O L

IBER

AL

Page 7: DOSSIE JADER BARBALHO

O LIBERAL ATUALIDADES 19BELÉM, DOMINGO, 22 DE MAIO DE 2011

Renovação sósai se a empresaestiver em dia com o Fisco, o que não é o caso da RBA

Claro que Jader não

conseguiria ficar rico só com o salário de político. Ninguém consegue ter tanto dinheiro só com a política”

Nágia Maria Ferreiradona-de-casa

Para mim isso é fraude,

roubo. O Jader meteu a mão na gente...”

Marlucy Montão, cozinheira

É muito difícil enriquecer

assim. Pelas coisas que ele têm, é claro que roubou. Jader só se tornou político para ter acesso ao dinheiro público”

Carlos Marvão, balconista

Pelo patrimônio que ele tem,

não é possível ter tudo só com salário de político. Ele não é digno de ocupar nenhum cargo político”

Jones Lima Cunha, autônomo

Com certeza conseguiu tudo

o que tem de outra maneira. Tem alguma coisa a mais que nunca ninguém conseguiu explicar. Ele roubou muita gente...”

Sérgio Moraes, músico

Acho que não dá para ficar rico

com salário de deputado, vereador... Ele cometeu muitas falcatruas. Só com o salário de parlamentar não dava para ele ter chegando onde chegou”

Daniel Almeida, cobrador

O LIBERAL foi às ruas para ou-vir a população. Perguntamos

se seria possível Jader Barba-lho acumular um patrimônio

tão robusto e adquirir, inclusi-ve, uma emissora de televisão.

Veja o que os entrevistados disseram.

FOTO

S DE

PAU

LA S

AM

PAIO

/ ART

E: A

IRTO

N N

ASC

IMEN

TO

ENQUETE

Jader está ameaçado de perder concessões

Em ato inédito, o ex-presi-dente Luiz Inácio Lula da Silva pediu ao Congresso

a devolução de 225 processos de renovação de concessões de rádio e televisão, ameaça-dos de rejeição pela Comis-são de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados. A medida impediu o fechamen-to de emissoras de políticos que estavam com concessões vencidas, algumas há mais de 15 anos, e que continuam funcionando.

O governo agiu a pedido do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), que tinha duas rádios e uma TV nesta situa-ção, e que se viu ameaçado de

DOCUMENTOSEx-presidente Lulaainda deu uma forçapara que Jader pudesseregularizar emissora

perder as emissoras. Ele pro-curou o ministro das Comu-nicações, Hélio Costa, tam-bém do PMDB, que mandou um ofício à Câmara pedindo os processos de volta. O ofício de Costa foi ignorado porque só o presidente da República tem competência legal para requisitar a devolução dos processos enviados ao Legis-lativo. Então, o ministro acio-nou o presidente Lula.

O “Diário Oficial” da União publicou as mensagens do presidente e a relação dos 225 processos que o Executi-vo queria de volta. Na prática, Lula deu uma segunda chan-ce às empresas da lista, que corriam o risco de perder su-as concessões.

A argumentação do Mi-nistério das Comunicações para requisitar os processos é que seria tarefa dele, e não do Congresso, cobrar a do-cumentação das empresas.

O curioso é que o Executivo nunca havia demonstrado tal preocupação antes disso.

Em 2002, existiam cerca de 700 processos de radiodi-fusoras parados na Câmara, com documentação incom-pleta. Cobradas pela Comis-são de Ciência e Tecnologia, cerca de 500 se ajustaram. As que não se enquadraram, com poucas exceções, são as que foram requisitadas pelo ex-presidente Lula, aliado po-lítico de Jader.

A pilha de processos parados é uma síntese dos problemas da radiodifusão no País. Há na lista empre-sas que foram vendidas há vários anos e cuja documen-tação continua nos nomes dos antigos donos, embora a lei exija que a mudança societária seja previamente aprovada pelo governo. Há emissoras que foram desa-tivadas, mas sobrevivem na

documentação oficial.Além de Jader Barbalho,

outros importantes políticos figuram nos processos, como o senador Edison Lobão (PFL-MA), os ex-senadores Hugo Napoleão (PFL-PI) e Freitas Ne-to (PSDB-PI) e o ex-presidente Fernando Collor. A concessão da Rádio Mirante, de Impe-ratriz (MA), pertencente a Fernando Sarney, filho do ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP), venceu em 1996. As da família de Edison Lobão venceram em 93.

O ex-senador Odacir Soa-res, de Rondônia, tem duas rádios na lista requisitada por Lula. O ex-senador Sérgio Machado (PMDB-CE), presi-dente da Transpetro, subsi-diária da Petrobras, é sócio de outra. Há pelo menos dois políticos paulistas: o ex-depu-tado federal José Abreu (PTN) e o deputado estadual Edmir Chedid (PFL).

RELATORIA

O problema veio à tona porque o presidente à epoca da Comissão de Ciência, Tec-nologia, Informática e Comu-nicação da Câmara, Vic Pires Franco (PFL-PA), chamou pa-ra si a relatoria dos 225 pro-cessos, e deu um mês para as empresas apresentarem a documentação. A ameaça provocou uma corrida nas empresas para acertarem a situação.

DÍVIDAS

A renovação de concessão só pode ser autorizada se a empresa estiver em dia com o INSS, com o FGTS e com o fisco municipal, estadual e federal. Pelo menos quatro emissoras de TV com proces-sos parados estão inscritas na dívida ativa da Previdên-cia Social: Rede Brasil Ama-

zônia (de Jader Barbalho), Sampaio Radio e Televisão (do ex-vice-governador ala-goano Geraldo Sampaio) e as TVs Cabo Branco e Paraíba, do ex-senador José Carlos da Silva Jr.

Além de políticos, a lista inclui lideranças empresa-riais da radiodifusão, como o vice-presidente da Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e de Televisão), Orlando Zovico, e o presidente da Aesp (As-sociação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo), Edilberto Pau-la Ribeiro.

Processo contra a televisão da família Barbalho já está no Tribunal FederalChegou no último dia 10

de maio ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) a ação civil pública, em fase de recurso, do Ministério Públi-co Federal no Distrito Federal (MPF/DF) para modificar a sen-tença da 1ª Vara Federal que julgou, no primeiro semestre do ano passado, improceden-te a anulação da transferência de concessão de outorga en-tre as emissoras de TV Rede Brasil Amazônia de Televisão (RBA) e Sistema Clube do Pa-rá de Comunicação, ambas do ex-deputado federal Jader Barbalho (PMDB-PA). Agora o processo será distribuído para um dos desembargadores do TRF-1 que assumirá a relatoria do caso. Segundo previsão da assessoria de comunicação, a distribuição deverá ocorrer nos próximos dias.

No recurso de apelação interposto, a procuradora da República Ana Carolina Alves Araújo Roman alega que está comprovado que a RBA não tinha idoneidade financeira e moral para a renovação da outorga. Portanto, pede “à anulação de transferência de concessão de canal de televi-são, outorgada à RBA, e depois transferida ao Sistema Clube do Pará de Comunicação Ltda., face ao cometimento de ilega-lidades e a conduta omissiva da União Federal com relação a tais irregularidades.”

De acordo com o recurso, a decisão da 1ª Vara não sus-tentou que há indícios claros de favorecimento político para que a emissora de Jader Barba-lho continuasse operando sem ter que pagar as suas dívidas. A procuradora ressalta que houve manobra política para a transferência de concessão entre as duas TVs.

Pela Constituição os atos de concessão e renovação de

outorga para exploração de serviços de radiodifusão de-vem ser aprovados pelo Exe-cutivo e pelo Congresso Na-cional. Mas a outorga da RBA e a conseqüente transferência para o Sistema Clube do Pará estavam sob análise da Comis-são de Ciência e Tecnologia da Câmara dos Deputados em 2006. Essa Comissão, que foi presidida pelo próprio Jader Barbalho no ano anterior, ti-nha como presidente, no mo-mento da análise do caso RBA, o ex-deputado federal Vic Pires Franco (DEM-PA).

Prevendo a rejeição pela comissão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve uma atitude inédita, motivada por solicitação do então aliado pa-

raense, que se viu ameaçado de perder a emissora: requisi-tou ao Congresso a devolução ao Ministério das Comunica-ções de 225 processos de reno-vação de concessões de rádio e televisão, entre eles o da RBA de Jader.

Segundo a ação, de outra maneira a concessão da TV não seria transferida à nova empresa, uma vez que pe-los critérios de concessão do Legislativo, ela só pode ser autorizada se a empresa esti-ver em dia com o INSS, com o FGTS e com o fisco municipal, estadual e federal. Cenário bem distinto da emissora de Jader Barbalho, que naquela época já possuía débitos exor-bitantes.

Só ao Fisco as dívidas da RBA ultrapassavam a casa dos R$ 82 milhões. Na Receita Federal, o débito daquele mo-mento chegava a R$ 59,5 mi-lhões relativos a Imposto de Renda, PIS, FGTS, Cofins, IPI e taxas de importação. Pela manobra política, o peemede-bista só teve o trabalho de pa-gar algumas dívidas da RBA e aderir a um parcelamento especial junto à Receita Fede-ral para garantir o atestado de bom comportamento necessá-rio para que a transferência da TV para a recém-criada e saneada empresa Sistema Clube do Pará.

A previsão é de que as atu-ais dívidas da empresa sejam bem mais exageradas e quase

incalculáveis. A ação indica que nem mesmo esses parce-lamentos negociados para a transferência foram pagos.

“A transferência é flagrante e tosca burla a legislação, cujo êxito decorreu de conduta omissiva da União. Não há co-mo considerar idônea, do pon-to de vista financeiro e moral, uma empresa contumaz sone-gadora de tributos federais e contribuições previdenciárias. Sua falta de idoneidade, inclu-sive, pode ser medida pela cir-cunstância de ter ingressado, em relação a parte dos débitos, em generosos parcelamentos fiscais justamente no período do pleito de transferência, ob-tendo certidão de regularida-de fiscal, para logo em seguida

deixar de pagar. Conduta do-losa, portanto,incontroversa”, diz o recurso, completando que a manutenção da outorga só beneficia a família dos Bar-balhos.

“Note-se, inclusive, que as duas redes de comunicação têm os mesmos sócios, a sa-ber: Jader Fontenelle Barbalho Filho, Jader Fontenelle Barba-lho, Elcione Therezinha Zahlu-th Barbalho e Helder Zahluth Barbalho. Ao realizar a ilegal transferência da concessão, essas pessoas físicas continu-aram se beneficiar dos efeitos da outorga, ainda que por in-termédio de pessoas jurídicas distintas, pela razão de que a RBA possuía uma série de pendências frente ao Fisco Fe-deral, incluindo Receita Fede-ral, Procuradoria da Fazenda Nacional e Instituto Nacional do Seguro Social.”

O processo que chegou na última semana na segunda instância pleiteia a anulação de ato jurídico, nulidade do ato de concessão, perda defi-nitiva da outorga em benefício da RBA, além da realização de um novo processo licitatório para a concessão do direito. “O Ministério Público Federal pe-lo conhecimento e provimento do presente recurso e que seja reformada a sentença que jul-gou improcedente a presente ação, colhendo-se a pretensão formulada na inicial, a fim de que seja declarada a nulidade do ato que resultou na trans-ferência da concessão da Rede Brasil Amazônia de Televisão Ltda. em benefício do Sistema Clube do Pará de Comunicação Ltda., bem como não seja reno-vada a outorga em benefício da Rede Brasil Amazônia de Tele-visão Ltda., realizando-se um novo processo licitatório para a referida concessão”, enfatiza a procuradora.

FERN

AND

O A

RAU

JO

Elcione e Helder Barbalho, ex-mulher e filho de Jader figuram como sócios da rede de comunicação ameaçada

CRI

STIN

O M

ARTI

NS

Page 8: DOSSIE JADER BARBALHO

O LIBERAL BELÉM, DOMINGO, 22 DE MAIO DE 201120 ATUALIDADES

Desvio de dinheiro público ganha manchetes nacionaisREPERCUSSÃOA péssima fama de Jader Barbalho rendeu capas de jornais e revistas em todo o País

CRI

STIN

O M

ARTI

NS /

O L

IBER

AL

A trajetória do paraense que conseguiu envergonhar o Estado ao ganhar destaque nos principais veículos de comunicação do país.

26 de março de 1998O Globo“PMDB desafia FH: quer Jader na Justiça”Matéria diz que a cúpula pee-medebista tenta nomear para o Ministério da Justiça do líder do partido, o então senador Jader Barbalho.

16 de outubro de 2000 Época“Senadores em Guerra”Matéria destaca a disputa dos três maiores caciques do Con-gresso Nacional pela presidên-cia do Senado e revela as irregu-laridades ocorridas no Banpará quando Jader Barbalho, era governador do Estado. Foi feito um resumo sobre a história de vida do peemedebista, com infográfico sobre sua evolução patrimonial. Além dos desvios no Banpará, dizia a reportagem, pelo menos mais quatro acusa-ções de enriquecimento ilícito.

25 de outubro de 2000Veja“O senador de 30 mi-

lhões de reais”

Matéria mostra que o então pre-sidente nacional do PMDB nun-ca se afastou da política. Mas, mesmo assim, fez uma fortuna surpreendente, aumentando seu patrimônio de R$ 61.200 para R$ 29,7 milhões de 1974 a 2000.

11 de abril de 2001VejaOs aliados de Jader Barbalho usaram o dinheiro desviado da Sudam na campanha eleitoral de seus candidatos, diz a maté-ria da revista.

18 de abril de 2001Veja“Apareceu a prova que faltava”Matéria mostra que documentos comprovam que Jader Barbalho era sócio de um fraudador da Sudam acusado de desviar R$ 133 milhões.

25 de abril de 2001Veja“Jader cai no caldeirão da Sudam”Matéria revela que a mulher do peemedebista, Márcia Cristina Zaluth Centeno, é dona de uma empresa suspeita de desviar R$ 9 milhões. Sua contadora frau-dou a Sudam.

2 de maio de 2001Veja“O sistema planetário de Jader” Matéria destaca pessoas pró-

ximas a Jader Barbalho envolvidas em denúncias de fraude, entre elas Márcia Cristina (esposa), José Priante (primo), Laércio Barbalho (pai), Camilo Afonso Centeno (cunhado), Elcione Barbalho (ex-es-posa) e José Artur Tourinho (amigo), todos mostrados através de um info-gráfico que repre-senta uma “sistema

solar”, onde Jader é o astro-rei da corrupção.

9 de maio de 2001Veja“Desfalque dos 10 milhões volta à cena” Matéria destaca o escândalos envolvendo o desvio de dinheiro do Banpará por Jader Barbalho quando ele era governador do Estado e afirma que, após 17 anos, o caso seria apurado pela primeira vez.

13 de junho de 2001Veja“Mais fraco do que nunca”Reportagem diz que, além das riquezas inexplicadas e conexões com fraudadores da Sudam, Jader tem também que explicar negócios envolvendo fraude na distribuição de títulos da dívida agrária (TDAs).

18 de junho de 2001Época“Jader sobe ao cadafalso”Oposição pede CPI para apurar denúncias contra o presidente do Congresso, cada vez mais isolado pelo PMDB e pelo go-verno FHC. A matéria aproveita para mostrar, mais uma vez, a evolução patrimonial do então senador.

20 de junho de 2001Veja“Entre ligações e títulos”Um resumo sobre a situação complicada em que se encon-trava o senador Jader Barbalho, às vésperas da eleição para a presidência do Senado. Foi destacado, principalmente, a relação de Jader com Osmar Borges, principal fraudador da Sudam.

20 de junho de 2001Istoé“Lenha da fogueira”Matéria diz que apareceram as primeiras provas da me-ganegociação com 55,2 mil títulos da dívida agrária (TDAs) emitidos de forma fraudulenta,

o que complica a situação de Jader Barbalho.

27 de junho de 2001Veja“O quartel-general”Segundo a reportagem, o maior fraudador da Sudam alugou uma mansão em Brasília onde se reuniu com o senador Jader Barbalho. Matéria inicia desta-cando todos os principais es-cândalos envolvendo a vida pú-blica de Jader. Diz ainda que ele se tornou um constrangimento para o PMDB.

11 de julho de 2001Folha Online“Depoimentos compli-cam situação de Jader no caso de Títulos de Dívida Agrária”Mostra que dois depoimentos prestados à Polícia Federal em Belém revelam a venda ilegal dos títulos.

14 de julho de 2001Folha Online“Relatório do BC acusa Jader de lesar Banpa-rá”Diz a matéria que o relatório de fiscalização do Banco Central revela que Jader lesou os cofres do Banpará quando ele foi go-vernador do Estado pela primei-ra vez, entre 1983 e 1986.

18 de julho de 2001Folha Online“Veja quais são as prin-cipais acusações con-tra Jader”Matéria destaca o envolvimento

do peemedebista em fraudes no Banpará, títulos de dívida agrária e Sudam e ainda cita o patrimô-nio suspeito de Jader.

18 de julho de 2001Veja“As provas do crime do Banpará”Segundo a matéria, documen-tos provam que Jader desviou dinheiro público e dividiu com pai, irmãos e amigos.

18 de julho de 2001Veja“Mancha de Batom. Promotores mostram que empresas deposi-tavam na conta pessoal de Jader Barbalho e seus parentes”A matéria continua repercutindo sobre o desvio de dinheiro do Banpará.

25 de julho de 2001Veja“Jader cai, mas a mentira fica”Matéria diz que o peemede-bista, apesar de deixar a pre-sidência do Senado, deixou para trás papéis que provam que ele faltou com a verdade e abrem caminho para a cas-sação.

1 de agosto de 2001Veja“O último a chegar”Reportagem dizia que en-quanto o Supremo Tribunal Federal analisava o pedido de quebra de sigilo bancários de Jader Barbalho, os mem-bros do Conselho de Ética do Senado receberam denúncia que pode resultar na abertu-ra de processo por quebra de decoro parlamentar e os maiores partidos da Casa já articulavam abertamente um nome para assumir a presi-dência do Senado, na certeza de que Jader Babalho, licen-ciado, não voltaria a assumir o posto.

6 de agosto de 2001Época“Vôo para Altamira”

Agricultor revela como Jader Barbalho e o primo, José Priante, cobravam propina pa-ra liberar verba da Sudam.

5 de setembro de 2001Veja“E Jader disse não, não e não”Matéria afirma que o pee-medebista mentiu sobre o seu envolvimento com o desvio de recursos no Banpará e deu, inclusive, provas para a cassação. A reportagem mostra tam-bém uma pesquisa em que 86,3% das pessoas envol-vidas afirmaram acreditar que Jader é culpado.

3 de outubro de 2001Veja“Agora só resta renunciar”Matéria diz que, depois das fraudes no Banpará, Jader pretende renunciar (o que acabou aconte-cendo) ao mandato para, assim, fugir da cassação e permenecer com os direi-tos políticos até 2011.

28 de novembro de 2001Istoé“Mais uma do Barbalho”Documentação apresenta-da por Jader para justificar a posse da Fazenda Chão Preto refere-se a área já de-sapropriada.

17 de fevereiro de 2002Veja“Tribunal revoga a prisão de Jader”O peemedebista acusado de fraude na Sudam, consegue hábeas-corpus.

10 de abril de 2002Folha Online“Depoimento de irmão de Jader compromete ex-senador no caso Sudam.

“Nunca se investigou tanto a roubalheira”, dizia a revista Veja sobre Jader, em 2004

NA CALÇADA DA LAMA

J ader Barbalho é, sem dú-vida, um dos paraenses mais conhecidos fora do

Estado. Afinal, sua história de amor pelo dinheiro pú-blico ganhou notoriedade quando ele ainda engatinha-va na política. O “corrupto”, como foi apontado - e con-tinua sendo - pelos maiores veículos de comunicação do país, foi com tanta sede ao pote que conquistou a fama rapidamente e para nunca mais perdê-la.

Em 1988, por exemplo, quando exercia a função de ministro da Previdência Social, virou manchete e ganhou surpreendentes 13 páginas na revista de maior circulação do Brasil, a Veja, com uma matéria que enver-gonhou os paraenses. Nela, a reportagem revelava que o cidadão que saiu de Belém já contava com 39 acusa-ções nas costas, descober-tas pelo Serviço Nacional de Informações (SNI). O órgão denunciava, entre outras falcatruas, enriquecimento ilícito, irregularidades du-rante o primeiro governo de Jader e que o dinheiro do

jogo do bicho seria aplicado no jornal Diário do Pará.

Desde então, não houve mais quem parasse o Bar-balho. Sua fama de corrupto cresceu tanto que ele virou o campeão de manchetes. Era o nome do Pará sendo leva-do de forma negativa para o resto do Brasil. Quando o assunto era desvio de di-nheiro público, ele aparecia como protagonista. Tanto é que ganhou destaque em várias reportagens que vi-veraram manchete da Veja, com os títulos: “Por que eles não ficam presos: Nunca se investigou tanto a rouba-lheira, mas condenar cor-ruptos ainda é coisa rara” (7 de julho de 2004); “A pra-ga da impunidade: Por que eles não ficam presos” (15 de agosto de 2007); e “Um caso de amor com o nosso dinheiro. Como os corrup-tos ficam milionários da política” (25 de fevereiro de 2009).

Na Istoé não foi diferente. Quando o assunto foi “Os fi-chas-sujas do congresso” (25 de fevereiro de 2009) lá estava a foto de Jader na ca-pa. Antes, em 21 de feverei-ro de 2007, a Época já havia estampado a foto do Barba-lho em sua capa, ao lado de outros notórios corruptos, e questionada “Que congres-so é esse?”.

Caso Banpará, caso Su-dam, irregularidades en-

quanto esteve no governo, na Câmara, Senado ou Mi-nistério. Por onde passou o peemedebista deixou seu rastro. Nada passou des-percebido pela imprensa brasileira - com exceção do veículo de comunicação de propriedade da família dele, claro, que parecia viver em outro mundo quando não publicava as denúncias di-vulgadas por toda a mídia.

Com inteligência, bom humor e senso de indigna-ção ao tomar as dores dos paraenses, colunistas reno-mados também registraram essa história de corrupção protagonizada por Jarder Barbalho. Recentemente, Ancelmo Góis, por exem-plo, mostrou o quanto seria prejudicial a existência de outros políticos com a índo-le do peemedebista. “Sobre a ideia de dividir o Pará em três, um maldoso argumen-tou: ‘Se um Estado só pro-duz um Jader Barbalho, o que produzirão três?’ Mas a terra do pato no tucupi e de Carajás tem gente boa como Fafá de Belém”, escreveu An-celmo.

Jornalistas usam a inteligência e o senso de indignação ao falar de Jader

Matéria destaca pessoas pró-ximas a Jader Barbalho envolvidas em denúncias de fraude, entre elas Márcia Cristina (esposa), José Priante (primo), Laércio Barbalho (pai), Camilo Afonso Centeno (cunhado), Elcione Barbalho (ex-es-posa) e José Artur Tourinho (amigo), todos mostrados através de um info-gráfico que repre-senta uma “sistema

Page 9: DOSSIE JADER BARBALHO

O LIBERAL ATUALIDADES 21BELÉM, DOMINGO, 22 DE MAIO DE 2011

27 de abril de 2002Gazeta do PovoMatéria mostra que um esque-ma na Sudam foi utilizado pela Usimar para enviar verbas ao exterior. Jader Barbalho apa-rece denunciado por forma-ção de quadrilha, estelionato, peculato e lavagem de dinhei-ro. Ele recebia comissão de 20% para liberar os recursos da Sudam.

2 de outubro de 2002Veja“Por que todos men-tem? A rotina humana das pequenas mentiras diárias e das grandes fraudes que iludem as multidões”Matéria traz uma ilustração com a imagem de Jader Barbalho e diz que o peeme-debista, como presidente do Senado, mentiu aos seus colegas senadores sobre seu envolvimento em desfalques no Banpará, o que lhe custou o mandato.

24 de novembro de 2003Portal Terra“Procurador geral de-nuncia Jader Barbalho”O procurador-geral da Repú-blica, Cláudio Fonteles, ofere-ceu denúncias contra Jader por crime de peculado, quan-do era ministro do Desenvolvi-mento Agrário, em 1988.

2 de junho de 2004“Nova ação contra Ja-der”Desta vez o deputado federal do PMDB é acusado de asso-ciar-se a outras pessoas para o extravio ilegal de mogno da área dos índios caiapós, no sul do Pará.

3 de junho de 2004Correio BrazilienseMatéria diz que Jader será julgado pelo Supremo Tribunal Federal, que recebeu proces-so contra o peemedebista envolvido na participação em extração ilegal de mogno da reserva indígena Caiapó.

4 de junho de 2004Portal da Central Úni-ca dos Trabalhadores (CUT)“Jader Barbalho é acusado de explorar mogno de reserva indí-gena”.Site da CUT divulga processo

que retrata da suposta parti-cipação de Jáder na extração ilegal de mogno.

5 de julho de 2004Época“O Baile da Impunida-de”Matéria diz que leis em gesta-ção e ações no Supremo Tri-bunal Federal podem dificultar apuração de escândalos, como os que envolvem Jader Barbalho.

7 de julho de 2004Veja“Por que eles não ficam presos?”A matéria destaca Jader Bar-balho como um dos políticos corruptos fora da prisão.

2 de maio de 2005Site da Câmara dos De-putadosPronunciamento de Aluizio Mercadante. Afirma que as provas contra Jader envolven-do o desvio de recursos da Sudam são “concretas, docu-mentadas e fartas”.

1 de junho de 2005“É a cara do Brasil” Co-luna André PetryMostra que Jader, após se acusado de chefia a máfia da Sudam, patrocinar rouba-lheiras de R$ 1,7 bilhão e ser preso, virou deputado federal e está muito rico.

11 de outubro de 2006Veja“A turma do mal”Matéria faz uma critíca ao sis-tema político do país, que per-mite que figuras folclóricas, como Clodovil, e mensaleiros, sanguessugas e outros envol-vidos em escândalo assegu-rem o seu lugar no Congresso. No box, mais uma vez Jader Barbalho ganha destaque. Ele

é citado por desviar dinheiro do Banpará, da Sudam e da Reforma Agrária.

15 de agosto de 2007Veja

“A praga da impunida-de. Por que eles não ficam presos?”Matéria classifica a Justiça Brasileira como incapaz de manter presos assassinos confessos e corruptos pegos em flagrantes e mostra que Jader, por exemplo, proces-sado por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, crime con-tra a administração pública e desvio de recursos da Sudam e do Banco do Estado do Pará (Banpará), foi campeão de vo-tos nas eleições em 2006.

21 de fevereiro de 2007Istoé“Que congresso é es-se?”Mostra que o parlamento, na ocasião, tem 74 envolvidos na Justiça - entre eles Jader Barbalho - 12 ex-mensaleiros e sanguessugas anistiados e uma numerosa bancada de novatos folclóricos. A reporta-gem diz ainda que Jader, além de não ter nenhum projeto de Lei, tentava emplacar um sobrinho como presidente da Eletrobrás e um amigo na Eletronorte.

18 de abril de 2007Veja“A volta do incorrigível”Reportagem mostrava que a RBA devia R$ 80 milhões aos cofres da União, 59,5 mi-lhões à Receita Federal, 15,7 milhões ao INSS e 7,2 milhões de FGTS. Porém, no dia 21 de dezembro do ano anterior, o presidente Lula assinou um decreto autorizando que Jader transferisse a concessão da RBA, que estava atolada em

dívidas, para uma empresa de-vidamente sanada, a Sistema Clube do Pará.

14 de maio de 2008Portal G1“Justiça Federal deter-mina bloqueio de bens de Jader Barbalho”A desembargadora federal Selene Maria de Almeira, do Tribunal Regional Federal, blo-queou os bens de Jader Bar-balho e outros dez réus que respondiam a ações criminais por envolvimento em desvio de recursos da Sudam.

9 de outubro de 2008VejaCarta ao leitor: Olhos e ouvidos do BrasilResposta da Veja às declara-ções de Jader Barbalho, que se disse vítima da “má impren-sa”, quando se solidificaram as suspeitas contra ele en-volvendo enriquecimento na carreira política à sociedade com fraudadores do dinheiro público. Ao tentar se explicar sobre seu envolvimento com fraudadores da Sudam, Jader acusou a Veja de mover-lhe uma campanha e citou o juris-ta baiano Rui Barbosa, falando das incompreensões que cos-tumam ser vítimas os homens públicos. Em resposta, a re-vista semanal destacou outra citaçao de Rui “que cairia bem a Jader”. “De tanto ver triunfar nulidades/ De tanto ver pros-perar desonra/ De tanto ver crescer a injustiça/ De tanto ver agigantarem-se os pode-res nas mãos dos maus/ O ho-mem chega a desanimar-se da virtude/ A rir-se da honra/ a ter vergonha de ser honesto”.

15 de outubro de 2008Veja“De volta para o futuro”Reportagem mostra que alguns políticos, mesmo tendo a vida marcada por corrupção, continuam se destacando nas urnas. Entre eles, José Priante, que naquele ano chegou ao segundo turno nas eleições para prefeito de Belém. A matéria obser-va que, ao lado do primo, Jader Barbalho, Priante foi um dos protagonis-tas do escândalo da Sudam.

27 de novem-bro de 2008Folha de

S.PauloA coluna Painel destaca que Jader Barbalho tenta, há seis meses, obter visto de entrada nos Estados Unidos. Porém, o pedido vem sendo rejeitado pela embaixada em Brasília. A razão seria uma investigação do FBI e da Cia sobre ativida-des do deputado.

13 de maio de 2009Veja“Verdades que envergo-nham”Na matéria a Veja mostra que autoridades, deputados e senadores envolvidos em grandes escândalos foram absolvidos pelos eleitores. En-tre eles, Jader Barbalho, que renunciou à presidência do Congresso após denúncias de enriquecimento ilícito e um ano depois foi eleito deputado federal.

25 de fevereiro de 2009Istoé“Os fichas-sujas do Congresso. A lista com-pleta dos parlamen-tares que respondem por crimes na suprema corte”Jáder tem suas fotos publica-das na capa ao lado de outros políticos suspeitos de corrup-ção. A matéria diz que pesam contra Jader quatro ações, en-tre elas estelionato, formação de quadrilha e fraudes.

25 de fevereiro de 2009Veja“Um caso de amor com o nosso dinheiro. Como corruptos ficam milionários na política”. Matéria mais uma vez destaca a riqueza repentina de Jader Barbalho, que em três déca-das na política acumulou R$ 30 milhões.

29 de setembro de 2010Blog do NoblatTSE confirma que Jader Bar-balho é ficha suja.

1 de setembro de 2010Portal UolDepois de Roriz, TSE conside-ra Jader Barbalho “ficha suja”

28 de outubro de 2010Portal G1STF confirma que Lei da Ficha Limpa vale para eleições

2010. “Jader Barbalho é ficha suja”, diz a

matéria.

A CALÇADA DA LAMA

Page 10: DOSSIE JADER BARBALHO

O LIBERAL BELÉM, DOMINGO, 22 DE MAIO DE 201122 ATUALIDADES

Na última sexta-feira, 20, O LIBERAL exibiu na capa um editorial assinado pelo presidente das Organizações Romulo Maiorana (ORM), Romulo Maiorana Júnior, que fala, de modo simples e transparente, de sua opinião pessoal sobre a im-punidade de Jader Barbalho é envolvido. O texto também foi

publicado no Portal ORM e recebeu, em poucas horas, cen-tenas de acessos. Até o sábado, mais de 80 mensagens de congratulações e apoio a Romulo Maiorana foram enviadas. Os leitores consideraram importante a coragem do presidente das ORM, que citou o peemedebista como o pior político que

o Pará já teve. Os desabafos mostram o alto grau de insatis-fação da população com políticos “ficha suja” que ainda ten-tam sobreviver. Abaixo, confira alguns dos comentários dos internautas de vários municípios do Pará e de outros Estados, postados no Portal ORM (www.orm.com.br):

Jader Barbalho, um no-me que os paraenses têm vergonha de pronunciar.’Enviado por Alberto Silva

O povo de Maracanã lhe agradece pela coragem!! Vamos acabar com esse ladrão de colarinho bran-co, a anhanga do PMDB tem que ir é pro xadrez, junto com nosso prefeito papudinho!’Enviado por “Filhos de Maracanã”

Sou paraense residente em Boa Vista (RR). Amo o Pará, apesar do pessoal da ALQAEDA (HELDER, JADER...). Depois dessa atitude, Romulo, te candi-data. Eu e outros paraen-ses votaremos.’ Enviado por Raimundo Alves de Souza

Valeu Romulo Maiorana. O povo tem que deixar de ser burro e não votar nes-se vagabundo nem para síndico de prédio. Meus Parabéns!!!!!!!!’Enviado por Paulo Silva

É lamentável que no Pa-rá ainda tenham idiotas que votam nesse safado a cada eleição!!! É mais do que provado o enri-quecimento ilícito desse ficha-suja! Isso não pode mais acontecer em nosso estado!!! FORA COR-RUPTOS! PARABÉNS RM!’Enviado por Alex

Parabéns ao sr. Romulo Maiorana Jr. pela cora-gem. Estou de alma lava-da. Nós não merecemos um crápula como esse.’Enviado por Nazaré Barroso

Artigo de Romulo Maiorana gera repercussão

Irmãozinho..... Foi Show... Não citou o nome do cana-lha, mas nem precisa saber muito... Derrube o cara com tuas palavras... Vocês dois são gente grande e gente grande pega gente grande.... e nós que somos pequenos vibraremso com tua vitória ....Enviado por Rafael

Romulo Maiorana jr para Governador....Enviado por Kizy

Finalmente alguem da imprensa teve a coragem de dizer umas verdades a respeito desse cidadão. Parabens Romulo, você acaba de conseguir mais um fã. Parabéns pela sua coragem e dignidade. Temos que acabar com essa corja de safados em nosso Estado.Enviado por Odair

Mas como a RCA foi comprada por 13 mil-lhões se eles viviam na maior pindaíba. Nem ca-sa tinham! É uma coisa que o povo do Pará gos-taria de saber, como foi que JB enriqueceu tão rapidamente. Será que ele vai matar a curiosi-dade do povo? POBRE POVO!Enviado por Carlos

Simplesmente porreta o comentário de Romulo

Maiorana Jr. Esse é o cara. Nota 10. RCA, essa foi ge-nial. Rede de Corrupção da Amazônia.Enviado por Jorge Mesquita

Parabéns, precisavamos realmente de alguem de

peso que se pronunciasse perante essa situação ver-gonhosa em que o Pará es-tá vivendo. O povo também tem que parar de eleger ladrões, que têm como ob-jetivo vender o Estado e não defênde-lo. PARABÉNS. Enviado por Rosy

Alô população de Ana-nindeua.... Atenção para

o bandido jr. que vocês reelegeram. Romulo e Ronaldo, o Pará está com vocês.Enviado por Gláucia

Gostei. Li no domingo a denúncia. Independente-

mente do teor, sempre que leio algo no DP denuncian-do corrupção, me sinto o idiota dos idiotas. Jader foi, é e será o maior corrupto do Pará. Bilionário, continua saqueando os cofres públi-cos vorazmente.Enviado por Ferreira

Pelo amor de Deus, paraenses, sabotem

a família Barbalho nas próximas eleições. O Pará precisa sair do lixo político em que se encontra. Salve Romulo Maiorana Jr.Enviado por Gláucia Freitas

Dr. Romulo, o senhor tem toda razão, mais o grande culpado disso é a população, que ainda elege um político desse porte.Enviado por Mauro

Na qualidade de presiden-te regional do PT do B do Estado do Pará, quero dar meu testemunho e elogiar o brilhante, excelente, pri-moroso, nota dez e outros tantos adjetivos que podem ser utilizados com referên-cia ao artigo de Romulo Maiorana Jr. publicado na edição do jornal O LIBERAL do dia 20/05/2011. Meu pai, dr. José Maria de Lima, ad-ministrador, cientista políti-co e jornalista, foi superin-tendente de administração da Sudam de 2004 a 2007, durante a gestão do dr. Fre-derico Alberto de Andrade, e saiu por não concordar com os rumos que o novo superintendente Artur Tou-rinho, outro ladrão, estava dando para a autarquia - que terminou sendo extinta por corrupção. Meu pai, dr. José Maria de Lima, hoje aposentado do Ministério de Integração, após 35 anos de serviço público federal, exercendo

os mais altos cargos nas diversas esferas da admi-nistração federal, estadual e municipal (secretário de administração da Prefeitura de Macapá e vice-prefeito da cidade de Macapá), sem nunca ter respondido a nenhum processo durante toda a sua vida pública e tendo concluido o curso do mais alto nível do País - Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia da Escola Superior de Guerra do Brasil -, é sabedor que a empresa de refrigerantes Fly é geradora de emprego em nosso Estado e foi um dos projetos da Sudam que não deram prejuizo à nação brasileira. Ao fazer este esclarecimento, nosso par-tido se coloca à disposição desse importante orgão de comunicação de nosso Estado do pará.

Zezinho LimaPresidente regional do PTdoB-PA

Quem não tem in-tegridade, tenta

denegrir quem tem. Esse senhor “ficha Su-ja” tenta passar uma imagem de que é o defenssor do Estado. Esta é enganando o povo paraense e com aquele sorriso de de-boche e fica agraden-cendo pelos votos que ganhou.Enviada por Jorge Sou-za

Meus parabens ao sr. Maiorana Jr. pela cora-gem de falar tudo desse grupo RCA, que realmen-te não passa de organi-zação criminosa. Só não quero acreditar que os juízes do nosso Pais não tenham rabo preso, pois querem colocar o esse ladrão no poder (ficha limpa).Enviado por Júnior

Parabéns Romulo Maiorana! Esse câncer

tem que sumir de nossas vidas. Ele acabou com o governo da Ana Júlia e vai destroçar em 6 meses o governo do Jatene. Fora, ladrão!Enviado por Márcio No-gueira Rodrigues

É isso aí!!!Fora “ficha-suja”!!! Chega de dene-grir a imagem do Pará,

chega de associar o nosso Estado a um” ficha-suja”, termo que cabe muito bem a esse cidadão, será que o que ele retirou do povo do Pará ainda não foi o suficiente?! Enviado por Debora

Jader Barbalho, sem dúvida, é a principal razão da miséria do

nosso Estado. Precisa-mos fazer uma campanha efetiva para que esse in-dividuo seja defenestrado da política do nosso Es-tado. Bandido! Corrupto! Ladrão! Enviado por Thiago Rodri-gues

Leitores, espectadores e internautas que acessam os meios de comunicação das ORM endossaram apoio ao editorial que mostra a face nociva de Jader Barbalho ao Pará

Não sei como ainda tem gente que se arvora a defender JB. Ele é inde-fensável pelos inúmeros processos que carrega por desvio de dinheiro público, e isto é público e nótório, é conhecedíssi-mo por essas práticas. Enviado por Diana

Eu participei da coleta de assinaturas para

a aprovação da lei da Ficha Limpa e estou com esse pilantra entalado até agora. Eu queria ter oportunidade de dizer esses desaforos todos na cara desse bandido, que, infelizmente, vai ser senador.Enviado por Nazareno

Cuidado governador! Nós ainda o temos como

umas das reservas morais e confiável de nosso Estado e até agora não compreen-demos como V.Exa. pôde se aliar a um ficha suja de 1ª grandeza. Com quem ele se alia, ele trai, veja ana e ala-cid. acabou com eles.Enviado por Regina

Tenho parentes fora do Estado e eles fazem

piadas com os paraenses por elegerem esse bandido de marca maior, pois não entendem como Jader é tão querido se nunca fez nada pelo nosso povo.Enviado por Marvin

Como cidadã bra-sileira e moradora

desta cidade, faço com respeito e admiração de suas palavras, as minhas. A corrupçao não pode mais fazer parte de nossa sociedade. Que venhamos aprender a escolher com dignidade os nossos políticos.Enviada por Luana Garcia

A assessoria jurídica do ladr... ops! Jader

deve estar de orelha quente a esta hora. Se-nadorzinho de merda esse Jader...Enviado por Netto

Estou orgulhoso de ser paraense e ter uma

pessoa com coragem pra desafiar esse pilantra do Jader Roubalho. Parabéns Romulo Maiorana, você está 100% corretíssimo sobre o que fala desse ci-dadão. Ronaldo Porto é o maior puxa saco de Jader Barbalho.Enviada por Sérgio Quei-roz

Tradicionalmente, o Pará so perde para o

Maranhão em termos de políticos corruptos. Essa tradição, claro, começou com o Jader. Fora Jader (“ficha suja”), Marinor (le-sa) e Paulo Rocha (men-saleiro).Enviada por Luiz Costa

Falou e disse !!! Para-béns !!!

Enviado por Afonso Fernan-des

Nossa, passei a ser fã do Romulo Maiorana Jr.

agora mesmo. Ele falou o que estava engasgado na garganta de todos os paraenses que têm digni-dade. Esse senadorzinho é mesmo um lixo,escória. Ele é a própria fossa. Ro-mulo disse bem ,ele é um câncer. Enviado por Elda Liane Silva de Freitas

Caro Romulo Junior, parabéns pelo desa-

bafo, você não teve me-do, mas sim coragem. É preciso mesmo levantar esse estandarte, o Pará não aguenta mais, e ele ainda quer a criação de Carajás e Tapajós pra es-tender os tentáculos da RCA. Deus te ilumine.Enviada por Edilson Ho-landa

O que você fez Romulo, nada mais nada menos,

é a vontade de cada um Paraense... Parabenizo a sua atitude, e se você me permitir, faça das sua palavras as minhas, a este crapula, ladrão e corrupto.Enviada por Osvaldo Neto

Basta observar a conduta do pai que leva o filho ao trabalho desde novo (Romulo Maiorana), que esta sendo seguido

pelo neto; ao pai que se junta à sobrinha da esposa, põe seu filho no seu mesmo desvio de conduta (roubo) para enten-dermos. Parabéns.Enviada por Antônio Carlos

Vocês da Região Metro-politana estão sentindo na pela a falta de Justiça para com esses corruptos. Isso é uma vergonha para o Pará. Por isso, queremos a divi-são do Estado, queremos fazer nossa própria história e não depender mais de po-liticos corruptos.Enviado por Emerson de Oliveira

Você não é deputado, você é moleque: Capitão Nascimento sobre Jader. Jader, o Senhor é um fanfarrão; Capitão Nasci-mento sobre Jader: Pede pra sair, deixa o homem trabalhar! Lula conversan-do com a polícia federal sobre Jader. Enviado por Paraense

Jader Barbalho é nada mais que a personificação da corrupção mais suja que há dentro da política brasi-leira. Quando parlamentar, foi o que menos trabalhou. Fato. Por que isso não acaba? Interesses pesso-ais. Uma corja cerca essa pessoa.Enviado por Hugo Macedo

Parabéns sr. Romulo Jr! Precisamos muito de pessoas como você para amenizar esta corrupção que atrasa nosso estado há décadas. Que Deus te abençoe!Enviado por Murilo Antonio V. Correa

Gostei Romulo você é um cara de coragem, pois este cêncer tem que ser curado deste Estado. Ficha suja tem que ir para a cadeia.Enviado por Sérgio Costa

Parabéns Romulo, você se tornou o porta voz da grande maioria do povo paraense. Precisamos aniquilar esses vagabun-dos corruptos das nossas vidas, só assim o Pará crescerá, um dia conse-guiremos.Enviado por Sérgio

Se já não bastasse, ainda temos que ouvir a Rádio Clube e a RBA idolatrar o prefeito de Ananindeua como se a cidade fosse uma verda-deira maravilha na terra. Durma-se com esse ba-rulho!Enviado por Fábio

Sempre amei o Pará, mais certas vezes tenho

vergonha deste maravi-lhoso Estado por conta destes politicos que temos. Deus é grande, e um dia estaremos livres destas pestes que estão acabando com o estado e enchendo os bolsos. Ananindeua esta um caos.Enviado por Caudio An-drade

Parabéns por tentar dizer em poucas

linhas que é esse cor-rupto chamado Jader Barbalho.Enviado por Romildo

O paraense não está acostumado com ver-

dadeira política pública e se vende a falsas oportu-nidades!Enviado por Luana Para-nhos

O Pará e sobretudo o parense não merecem tanto a divisão do Esta-

do é fruto desse canalha.Enviado por Gabriel Felício Marques

Parabéns. Concordo plenamente! Quem nun-

ca ouviu o famoso ditado paraense: “Ele rouba, mas faz!”. Isso não existe, ape-nas os fracos e medíocres pensam dessa forma. Em nossas vidas, o que irá ficar será apenas a lembrança de nosso caráter!Enviado por Diego Castro

Page 11: DOSSIE JADER BARBALHO

o liberalBelém, domingo, 22 de maio de 2011 aTUalidadeS n23

SÁBADO, 28 DE MAIO DE 2011 HORAS:10h CONCENTRAÇÃO: PRAÇA DA TRINDADE

Apoio:

Page 12: DOSSIE JADER BARBALHO

O LIBERAL BELÉM, DOMINGO, 22 DE MAIO DE 201124 ATUALIDADES

DENÚNCIAS CONTRA JADER

administrativos emitidos pelo Banpará em 1984 e 1985. O desvio de R$ 5,5 milhões ocorreu quando Jader era governador do Estado.

Ranário A Polícia Federal inves-tigou irregularidades no ranário pertencente à mulher de Jader, Márcia Centeno. O projeto rece-beu incentivos da Sudam. Empresários disseram ter depositado cheques na conta bancária do ranário. Em troca, receberam notas fiscais de compra de rãs.

INSS A Câmara dos Depu-

tados aprovou a criação de CPI para investigar a gestão de Jader no Ministério da Previdência (1988-90). Ele é acusado de superfaturamento na compra de equipamentos e na venda de imóveis da Previdência. A venda de um casarão à falida cons-trutora Encol foi anulada pela Justiça Federal.

Castanhais O Incra investiga fraude atribuída a Jader na compra de 60 áreas de castanhais no sudeste do Pará. Relatório do Tribu-nal de Contas da União constatou superavaliação dos imóveis quando o senador era ministro da Reforma Agrária.

Seringal O Ministério Público Fe-deral pediu perícia judicial para avaliar se Jader desviou o financiamento público R$ 1,3 milhão que recebeu para plantio de seringueiras no Pará.

Grilagem A CPI da Grilagem apu-

rou indícios de fraudes atribuídas ao senador na compra das fazendas Rio Bonito e Buriti, no Maranhão, e da gleba Vila Amazônia, em Parintins, no Amazonas.

‘Ficha suja’ ganha tempo com Justiça lenta

Adecisão de não validar a Lei da Ficha Limpa para as eleições de 2010 abriu um

vai-e-vem de processos entre o Supremo Tribunal Federal (STF) e os tribunais estaduais. Devido a prerrogativa de foro privilegiado concedida aos deputados e senadores, ações contra parlamentares que conseguiram o aval da Justiça para assumir mandatos ele-tivos vão voltar a tramitar na Suprema Corte. O expediente é uma garantia de protelar ainda mais o desfecho desses processos. Exatos 69 ações deixaram os gabinetes dos mi-nistros este ano com destino a instâncias inferiores, porque os políticos não foram eleitos para cargos no Congresso. No entanto, com o voto do minis-tro Luiz Fux, no dia 23 de mar-ço, uma grande parcela deles está retornando.

O campeão de provocar idas e vindas das ações que tramitam contra ele é Jader Barbalho (PMDB-PA). Depois

de renunciar ao mandato de deputado federal em 30 de no-vembro do ano passado - dois meses antes do término da legislatura -, o peemedebista levou os processos nos quais é réu para a Justiça Federal dos Estados do Mato Grosso e Tocantins e para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília.

Nem bem caminharam na instância inferior e Barbalho agora força a subida - mais uma vez - das ações para o STF, já que, se tomar posse no Senado, volta a ter foro privi-legiado. Como na Suprema Corte os processos demoram mais para serem decididos do que nas Justiças estaduais, as ações que acusam o parlamen-tar de falsidade ideológica, formação de quadrilha, este-lionato, lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos, entre outros, tem mais chan-ces de prescrever.

Para o ex-presidente da Or-dem dos Advogados do Brasil (OAB) e membro do Movimento de Combate à Corrupção Elei-toral (MCCE) e da Comissão de Justiça e Paz da CNBB, Marcello Lavenère Machado, o recurso utilizado por Jader Barbalho levanta uma discussão sobre a continuidade dessa prerrogati-va aos parlamentares.

“O foro privilegiado foi cria-do para dar uma certa prote-ção a esses representantes do povo, para que eles fossem menos vulneráveis, não es-tando sujeitos, por exemplo, a condenação de um juiz de me-nor qualificação, que a gente chama de monocrático. Só que o foro especial hoje não é visto como uma forma de melhorar a democracia, mas sim de aju-dar a esse tipo de parlamentar a fugir da responsabilidade dos seus atos”, afirma o advo-gado, completando que o “foro privilegiado se transformou em garantia de impunidade”.

“Eu como membro do Mo-vimento de Combate a Cor-rupção Eleitoral só tenho a lamentar a atitude de políti-cos, como esse (Jader Barba-lho), que renunciam para que o processo saia do Supremo Tribunal Federal e vá para a primeira instância e, agora, com a possibilidade de ter sido eleito para o Senado Federal, volta as ações para o Supremo. Esse vaivém dos processos só visa atrasar o julgamento. Nós não aceitamos a demora no julgamento dessas responsa-bilidades desses políticos que são fichas-sujas. Lamentamos

que esse expediente, em al-gum momento, surta efeito. Temos que permanecer vigi-lantes, melhorar outras leis do tipo da ficha limpa, elaborar outras leis nesse mote, e apli-cá-las para não permitir situa-ções como essas.”

Somente o Congresso po-deria mudar a situação atual, entretanto, os parlamentares não parecem nada dispostos a modificar regras que conce-dem regalias a eles próprios. Tanto que uma proposta de emenda à Constituição (PEC) apresentada em 2007 pelo ex-deputado Marcelo Itagiba es-

Senador baiano “peitou” Barbalho com CPI

Paraíso fiscal O Ministério Público Fede-ral descobriu uma conta bancária do senador Jader Barbalho em Liechtenstein, paraíso fiscal entre a Suíça e Áustria. De acordo com reportagem do Jornal do Brasil, procuradores locali-zaram na conta o depósito de um cheque de US$ 120 mil feito por José Osmar Borges, ex-sócio de Jader, acusado de ser um dos maiores fraudadores da Sudam.

Paraíso 2Gravação telefônica acusa Jader de ter recebido um cheque no valor de US$ 4 milhões do empresário Vi-cente Pedrosa, no saguão de um hotel em São Paulo, pela compra de 55.221 TDAs (Títulos da Dívida Agrária) pela desapropria-ção de uma fazenda inexis-tente, em maio de 1988. Na época, Jader era ministro da Reforma Agrária.

Ligação com fraudador A quebra do sigilo bancário de empresários suspeitos de fraudes na Sudam com-plicou a vida de Jader. O Ministério Público Federal detectou a remessa de um cheque de R$ 400 mil da conta de José Osmar Bor-ges, para a do senador.

Sudam José Osmar Borges,

acusado de desviar R$ 133 milhões da Sudam, foi sócio de Jader, de 1996 a 1998, em uma fazenda no nordeste do Pará. Jader, que tinha grande influência na Sudam, indicou dois ex-superintendentes envol-vidos nas fraudes.

Banpará O Supremo Tribunal

Federal abriu inquérito cri-minal para apurar a partici-pação de Jader no desvio de dinheiro do Banpará. O procurador-geral da Re-pública, Geraldo Brindeiro, apontou indícios do crime de peculato. O Conse-lho de Ética do Senado concluiu que Jader foi beneficiário de 11 cheques

FONTE: ONG Amigos da Terra

tá pronta para ser votada em plenário há quase dois anos. Aprovada pelas comissões, ela adormece na fila do plenário à espera da boa vontade dos lí-deres partidários.

AÇÕES

De acordo com o acompa-nhamento processual, da pá-gina do STF na internet, pelo menos três ações penais em que o ex-deputado Jader Bar-balho é réu deverão retornar a Suprema Corte. Todos eles, foram encaminhados, no iní-cio do mês de fevereiro, pelo o ministro Ricardo Lewan-dowski. Os destinos foram as Justiças Federais de Mato Grosso e Tocantins e para o Tribunal Regional Federal da 1ª Região, com sede em Brasília.

“Falsidade ideológica, for-mação de quadrilha ou ban-do, estelionato, lavagem ou ocultação de bens, direitos ou valores” são apenas algu-mas das acusações formali-zadas contra Jader na Ação Penal nº 397, ajuizada pelo Ministério Público Federal no ano de 2005. Essa ação foi remetida à 2ª Vara Federal da Seção Judiciária do Mato Grosso. Já na Ação Penal nº 374, também interposta pelo MPF em 2004, Jader respon-de por crime contra a admi-nistração pública. Os autos foram remetidos à Justiça Federal do Tocantins. E na Ação Penal nº 549, de autoria do MPF, as acusações são de crime praticado por funcio-nário público contra a admi-nistração em geral e emprego irregular de verbas públicas. Esse processo foi enviado ao TRF da 1ª Região, sendo que os crimes tiveram procedên-cia no Tocantins.

Foi no Senado Federal que Jader Barbalho viveu alguns dos momentos mais im-pactantes de sua trajetória. Antes de sair do congresso pela “porta dos fundos”, ao ter que renunciar para não ser cassado por desvio de di-nheiro público do Banpará, o peemedebista protagonizou momentos de guerra com o seu maior adversário político: o baiano Antônio Carlos Ma-galhães, já falecido. Eles troca-vam acusações em plenário e montaram dossiês um sobre o outro. ACM chamava Jader de corrupto. A briga entre os dois começou ainda no pri-meiro mandato do presidente Fernando Henrique Cardos e teve início uma disputa pesa-da pela sucessão no Senado. Mas foi no segundo mandato de FHC que o conflito ficou aquecido.

Antônio Carlos Magalhães, ao que tudo indica, não tinha nem um pouco de dificulda-de em encontrar munição pa-ra disparar contra o inimigo declarado. Nessa época, já jorravam denúncias relacio-nando Jader Barbalho em casos de corrupção (envol-vendo, entre outros órgãos, o Banpará e a Sudam) e enri-quecimento ilícito.

O senador baiano foi au-tor da CPI do Judiciário, que acabou sendo um tremendo sucesso de público e crítica. Ela rendeu a cassação do pri-meiro senador – Luiz Estevão, do PMDB, e amigo de Jader Barbalho – e a revelação do esquema de desvios de ver-ba do TRT de São Paulo. Na época, Jader revidou com a criação da CPI dos Bancos. A investigação não fez o mesmo barulho.

Nunca ficou tão claro o uso político das comissões

de inquérito do Congresso. As CPIs costumam nascer de algo concreto e não de sim-ples rixa. Mas para Jader isso não fazia a menor diferença e ele foi capaz de travar com seu rival um duelo de CPIs, gastando dinheiro público mais preocupado em vencer a guerra política do que trazer à tona e punir responsáveis por supostas irregularidades.

Nessa guerra nenhum dos dois venceu. Jader Barbalho, mais desmoralizado do que nunca, renunciou ao manda-to de senador em 2001 para escapar de possível cassação por quebra de decoro parla-mentar. Na ocasião, ele estava afogado em um rio de denún-cias de desvio de dinheiro

público. Foi justamente por essa renúncia que, eleito, ele é considerado inelegível pela Justiça.

Antônio Carlos Magalhães, por sua vez, foi acusado de ter acesso a uma lista de votação onde constava o voto de cada um dos senadores que partici-param da sessão que cassou o mandato do senador Luiz Es-tevão (PMDB-DF), acusado de envolvimento na obra super-faturada da sede do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo. A referida lista, segun-do a denúncia, teria sido apre-sentada a ACM pelo senador José Roberto Arruda (PSDB-DF), então líder do governo. Os dois parlamentares foram alvos de um pedido de quebra

ACM: “O ladrão ofende o próximo nos bens da fortuna”

RO

OSE

WEL

T PI

NH

EIRO

- AG

ÊNC

IA S

ENAD

O

Voto do ministro Luiz Fux determinou o retorno de vários processos ao Supremo

BUROCRACIAJader é beneficiado por vai-e-vem de processos entre o STF e vários tribunais estaduais

Peemedebista levou ações que tramitam contra ele para MT , TO e Distrito Federal

de decoro parlamentar após uma investigação conduzi-da pelo Conselho de Ética do Senado e negaram envolvi-mento no caso. No entanto, a confissão de Regina Borges, então diretora da Empresa de Processamento de Dados do Senado, de que a lista foi entregue por ela a Arruda a pedido do próprio senador e depois mostrada por este úl-timo a ACM tornou insusten-tável a posição dos dois que, sem saída, apresentaram seus pedidos de renúncia para evi-tar a cassação de seus man-datos e a consequente perda dos direitos políticos. Arruda renunciou em 24 de maio de 2001 e Antônio Carlos Maga-lhães seis dias depois.

Mas ACM não saiu do se-nado sem deixar registros preciosos sobre o verdadeiro Jader. Não aquele que sai es-tampado nas páginas do jor-nal da família Barbalho. “A flagrante incompatibilidade entre os sinais exteriores de riqueza que ostenta o sena-dor Jader e suas declarações de renda tem sido também motivo de perplexidade por qualquer pessoa sensata e honesta e objeto de extensas matérias de Imprensa”, disse o baiano em seu livro, “Jader Barbalho, o Brasil não mere-ce”. “O Senado não poderá ser o palco para a vitória de qualquer corrupto. Conside-ro este livro uma demonstra-ção de amor à Instituição e ao Brasil. ‘O ladrão prostitui, com o roubo, as suas mãos. O mentiroso, com a mentira, a própria boca, a palavra, a consciência. O ladrão ofende o próximo nos bens da for-tuna. O mentiroso, não é no patrimônio, é na honra, na liberdade, na própria vida’”, concluiu ACM, em sua obra.

NEL

SON

JÚN

IOR

- STF