estudo sobre redução da maioridade penal

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3 Vanderly Rudge Gnoato [email protected] 1 INTRODUO. Primeiramente devemos nos lembrar, antes de discutir e ou debater sobre os temas, para que serve, o direito, em especial o direito penal, sobre isto escreve o Professor Esdras Dantas de Souza A finalidade do Direito Penal a proteo dos bens mais importantes e necessrios para a prpria sobrevivncia da sociedade, ou, nas precisas palavras de Luiz Regis Prado, "o pensamento jurdico moderno reconhece que o escopo imediato e primordial do Direito Penal radica na proteo de bens jurdicos - essenciais ao indivduo e comunidade". Nilo Batista tambm aduz que "a misso do direito penal a proteo de bens jurdicos, atravs da cominao, aplicao e execuo de pena". A pena, portanto, simplesmente o instrumento de coero de que se vale o Direito Penal para a proteo dos bens, valores e interesses mais significativos da sociedade. Com o Direito Penal objetivase tutelar os bens que, por serem extremamente valiosos, no do ponto de vista econmico, mas sim poltico, no podem ser suficientemente protegidos pelos demais ramos do Direito. Sem, necessariamente, aprofundar-se poderamos conceituar o Direito Penal como ramo do direito pblico que trata do estudo das normas que ligam o crime a pena, disciplinando as relaes jurdicas da resultantes. Poderamos defini-lo tambm como o conjunto de leis que pretende tutelar bens jurdicos, cuja violao denomina-se crime e importa uma coero jurdica particularmente grave, cuja imposio prope-se a evitar que o autor cometa novas violaes. Tendo como funo a Segurana jurdica - conjunto de condies externas que criam o sentimento de certeza acerca da disponibilidade de tudo o que se necessita para realizar a coexistncia, seus aspectos Objetivo: existncia e eficcia de regras e organismos de proteo aos direitos do cidado, e subjetivo: sentimento pessoal de proteo, sendo a infrao penal, ou crime: a mais sria violao da segurana jurdica, fundamentada na necessidade de proteo de bens jurdicos evitando a infrao penal, o Direito Penal um sistema descontnuo de ilicitudes, o contedo do Direito Penal enumera os crime, estabelece as penas, analisa o delinqente e as situaes da decorrentes. A fonte que produz o direito e o Estado a fonte material.

4 A lei a nica fonte formal imediata do direito penal, pois no h crime e nem pena sem previa cominao legal. H tambm, as fontes mediatas que so a) Costumes: regra de conduta de prtica geral, constante e uniforme. b) Eqidade: que a correspondncia jurdica e tica perfeita da norma as circunstncias do caso concreto a que aplicada. c) Princpios Gerais do Direito: So eles a legalidade, a moralidade, a isonomia, etc. d) Analogia: No pode ser aplicada para prejudicar, s em benefcio do acusado (in bonam partem). Ainda temos a doutrina, a jurisprudncia e os tratados e convenes, que muito interessam e ajudam na interpretao e aplicao do direito. Algumas doutrinas se apresentam tentando explicar a finalidade da pena e do direito penal so elas: - teoria absoluta: pune-se porque pecou (punitiva), - teoria utilitria ou relativa: pune-se para que no peque (educativa), - teoria mista: pune-se porque pecou e para que no peque (punitiva / educativa), devolvendo sociedade a segurana jurdica, reafirmando o prestgio da ordem violada (credibilidade do ordenamento jurdico), atravs de uma ao socializadora sobre o delinqente. Desta forma a formao social, ou como preconizava Rousseau a Teoria do Contrato Social, os indivduos abrem mo da algumas prerrogativas dando-as ao Estado para que este tenha o poder de exercer a subsuno da lei, mantendo, com mo firme forte, a paz social, podemos assim teorizar que o Direito Penal sendo o mais grave de todos os direitos vem no sentido de garantir a paz entre os indivduos e quando o Estado falha nesta sua funo temos que os indivduos se sentem uns livres para poderem operar livremente suas arbitrariedades, outros na obrigao de se protegerem daqueles, deste forma temos a receita certa para o caos social, como ensinava Karl Marx, nos ensinamentos da revoluo, produz-se o caos social para criar uma revolta na sociedade, desta premissa se obtm que funo primordial do Estado, at para sua prpria sobrevivncia, garantir a paz social com a aplicao da norma ao fato e sua subsuno. Devido ao grande debate existente em nossa sociedade procurando encontrar uma soluo, que contemporize entre os problemas enfrentados, de um lado uma legislao impar e de grande importncia e reconhecimento mundial, ECA (Estatuto da Criana e Adolescente), que veio para regulamentar a forma de como a nossa sociedade deve se comportar diante das nossas criana e adolescentes, procurar meios e maneiras de dar-lhes uma vida digna com respeito as suas necessidades bsicas, e com o advento do direito a proteo integral visando uma maior proteo

5 que atenda a todos os quesitos da formao destas crianas e adolescentes acabou por introduzir a inimputabilidade de menores de 18 anos para os chamados atos infracionais, para os maiores fato tpico antijurdico. Com o crescente nmero de menores infratores e com a grande divulgao em massa destes dados em especial para crimes hediondos cometidos por menores tais como assassinatos, estrupos, formao de quadrilha, assaltos, trfico de drogas, etc., a indignao popular vem insuflando e aclamando por modificao na legislao, visando uma punio que sirva de exemplo para outros. O debate entre os contrrios, da reduo da maioridade penal, e os favorveis tem sido acalorado e com acusaes dos dois lados, porm o que notrio, e de certa forma incontestvel, a existncia de alarmantes ndices de violncia que tem, e deve, de ser combatida de forma rpida para que no haja uma deteriorao do tecido social, estancando, desta forma, a contaminao da sociedade em geral, pois a violncia depois de instalada e generalizada ela cria sua prpria dinmica, a reao deve-se ater ao objetivo de restabelecer os valores, e o equilbrio social

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2 DA LEGISLAO O Estatuto da Criana e do Adolescente foi introduzido no Brasil em 13/07/1990 atravs da Lei 8.069, inspirada pela resoluo 1.386 de 20/11/1959 da ONU - Declarao de Direitos da Criana, e regulamentando o artigo 227 da Constituio Federal do Brasil que preconiza no seu caput dever da famlia, da sociedade e do Estado assegurar criana e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito a vida, sade, alimentao, educao, ao lazer, profissionalizao, cultura, dignidade, ao respeito, liberdade e convivncia familiar e comunitria, alm de coloc-los a salvo de toda forma de negligncia, discriminao, explorao, violncia, crueldade e opresso, esta nova norma introduz mudanas significativas em relao legislao anterior chamada Cdigo dos Menores, Lei 6.697 de 10.10.79, somente atravs do ECA que as crianas passaram a ser consideradas cidados, com direitos e garantias fundamentais, desafiando o Estado a implementar polticas pblicas especialmente dirigidas a este segmento. neste sentido que a Constituio Federal de 1988, pela primeira vez na histria brasileira, aborda a questo da criana como prioridade absoluta, e a sua proteo dever da famlia, da sociedade e do Estado.1 O direitos de todas as crianas e adolescentes devem ser universalmente reconhecidos. So direitos especiais e especficos, pela condio de pessoas em desenvolvimento. Assim, as leis internas e o direito de cada sistema nacional devem garantir a satisfao de todas as necessidades das pessoas de at 18 anos, no incluindo apenas o aspecto penal do ato praticado pela ou contra a criana, mas o seu direito vida, sade, educao, convivncia, lazer, profissionalizao, liberdade e outros.2

A inspirao para a produo do ECA, dentre os demais anseios sociais, foi sem dvida a Conveno Internacional dos Direitos da Criana, adotada pela Resoluo n. L. 44 (XLIV) da Assemblia Geral das Naes Unidas, em 20 de novembro de 1989 e ratificada pelo Brasil em 20 de setembro e 1990, que delimitou princpios gerais pelos quais as crianas e adolescentes devam ser assegurados pelos Estados preconizando no seu Art. 37 o seguintes.1

Cury, Munir. Estatuto da Criana e do Adolescente Comentado. Comentrios jurdicos e sociais. 6 Ed. Pg. 15- Ed. Malheiros Editores; 2 Coelho, Joo Gilberto Lucas. Criana e Adolescente: a Conveno da ONU e a Constituio Brasileira. UNICEF. Pg.3.

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Os Estados-partes asseguraro que: Nenhuma criana seja submetida a tortura nem a outros tratamentos ou penas cruis, desumanos ou degradantes. No ser imposta a pena de morte, nem a priso perptua, sem possibilidade de livramento, por delitos cometidos por menores de dezoito anos de idade. Nenhuma criana seja privada de sua liberdade de forma ilegal ou arbitrria. A deteno, a recluso ou a priso de uma criana, ser efetuada em conformidade com a lei e apenas como ltimo recurso, e durante o mais breve perodo de tempo que for apropriado. Toda criana privada da liberdade seja tratada com humildade e o respeito que merece a dignidade inerente pessoa humana, e levando-se em considerao as necessidades de uma pessoa de sua idade. Em especial, toda criana privada de sua liberdade ficar separada de adultos, a no ser que tal fato seja considerado contrrio aos melhores interesses da criana, e ter direito a manter contato com sua famlia por meio de correspondncia ou de visitas, salvo em circunstncias excepcionais. Toda criana privada sua liberdade tenha direito a rpido acesso a assistncia jurdica e a qualquer outra assistncia adequada, bem como direito a impugnar a legalidade da privao de sua liberdade perante um tribunal ou outra autoridade competente, independente e imparcial e a uma rpida deciso a respeito de tal ao.3

Partindo da premissa de que as crianas e adolescentes devem ser preservados e cuidados pela sociedade em geral, o legislador adotou o enfoque proteo integral, caracterizando a primeira com at doze anos incompletos e o segundo de doze at dezoito anos incompletos, determinando que ambas devam usufruir de todos os direitos fundamentais inerentes pessoa humana.A proteo integral tem como fundamento a concepo de que crianas e adolescentes so sujeitos de direitos, frente famlia, sociedade e ao Estado. Rompe com a idia de que sejam simples objetos de interveno no mundo adulto, colocando-os como titulares de direitos comuns a toda e qualquer pessoa, bem como de direitos especiais decorrentes da condio peculiar de pessoas em processo de desenvolvimento.4

Levado pela boa inteno e pelo clamor da ONU instituiu-se, na legislao duas caractersticas bem determinadas, a de que devemos proteger nossas crianas dando-lhes proteo, educao, alimentao, sade, lazer, dignidade, respeito, etc.; o que bom, louvvel e incontroverso, mas introduziu, com relao aos menores infratores, uma sensao de impunidade, o que a cada dia fica mais caracterizado pelos acontecimentos de menores infratores estarem agindo, cada vez com mais violncia, impunes e protegidos pela lei, como exemplo o caso de um menor que3

Conveno Internacional dos Direitos da Criana. Adotada pela Resoluo n. L. 44 (XLIV) da Assemblia Geral das Naes Unidas, em 20 de novembro de 1989 4 Cury, Garrido & Marura. Estatuto da Criana e do Adolescente Anotado. 3 Ed. pg. 21 Ed. Revista dos Tribunais.

8 cometer um assassinato ou dez assassinatos seguido de outros crimes brbaros tais como estrupo, mutilao, etc., sua pena ao ato infracional, que o que a legislao preconiza, no mximo 3 (trs) anos, a pergunta que fica qual ser o freio pelo qual o menor teria como sentimento para abdicar destes atos se a sano sempre a mesma.

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3 DOS CONTRRIOS A REDUO DA MAIORIDADE PENAL Os contrrios a reduo da maioridade penal alegam que no h possibilidade de alterar o Art. 228 da Constituio Federal que diz So penalmente inimputveis os menores de dezoito anos, sujeitos s normas da legislao especial., dizendo tratar-se de clusula ptrea, nos termos do Art. 60, 4, inciso IV, No ser objeto de deliberao a proposta de emenda tendente a abolir:, os direitos e garantias individuais., porm o ttulo II que trata dos Direitos e Garantias Fundamentais, e o artigo 228 encontra-se inserido no ttulo VIII Da Ordem Social, o que tem gerado muito debate sobre se ou no clusula ptrea, estas somente podero ser alterada por uma nova Assemblia Constituinte e no por Emenda Constitucional. Alegam tambm que os menores de dezoito anos, adolescentes, no tm o desenvolvimento necessrio capaz de compreender a exatido e natureza de sua conduta, e o legislador visa proteg-lo dele mesmo, sendo como o incapaz de entender a gravidade do ato infracional que sua conduta ir causar. comum perodos de serenidade suceder-se a outros de extrema fragilidade emocional com demonstrao freqente de instabilidade [...] Sentem-se imortais, fortes, capazes de tudo [...] As emoes so contraditrias. Deprimem-se com facilidade, passando de um estado meditativo e infeliz para outro pleno de euforia [...] 5

Os agravantes sociais, tambm so lembrados, tais como desigualdade de poder aquisitivo, desestruturao familiar, influncias negativas advindas de ambientes nos quais se encontram inseridas, falta de fornecimento adequado de educao, alimentao, sade, crimes patrimoniais, praticados por estes, so nada menos do que necessrios para a sobrevivncia, na viso dos contrrios a reduo da idade penal, estes menores so vtimas do sistema que reside na prpria formao do Estado Brasileiro, burgus, com suas bases capitalistas, racistas e preconceituosas, as condies sociais dos jovens da classe baixa esto se deteriorando cada vez mais e seus atos delinqentes se tornam necessrios para uma sobrevida.

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Zagury, Tnia. Educar Sem Culpa. 6 Ed. pg. 82. Record. 1995.

10 Com o xodo rural, devido mecanizao acelerada dos meios de produo, provocam um inchao nas cidades, e estas, por sua vez, incapazes de suportar esta demanda no oferecem em nvel e nem em quantidade suficiente vagas nas escolas, gerando uma mo-de-obra desqualificada, e com a rpida transformao da industrializao, com a utilizao cada vez maior de equipamentos sofisticados, requerem gente capaz de entender e operar estes equipamentos, e a busca, que estes imigrantes fazem, de melhores condies de vida acaba se transformando em uma grande armadilha da qual so incapazes de sair por si prprias. Em vista disto, pais desempregados ou subempregados, e a falta de um servio social justo e igualitrio, deixam crianas e adolescentes fora dos colgios, o que sobra pra eles a rua, e esta exposio ao perigo leva a conduo de pequenos delitos, que, a medida do tempo, se transforma em delitos mais graves, e o passo seguinte seria o uso de entorpecentes, utilizados, sob este ponto de vista, como um subterfgio para escapar das mazelas sociais as quais so submetidas, assim este egosmo social causa uma desorganizao nas relaes pessoais e de classes, o rico domina o pobre, onde o opressor, em geral, so os detentores do poder e os demais so suas vtimas, assim nada mais justo do que proteg-las delas mesmas. Estes menores, abandonados pelo Estado e a Sociedade, agora soltos na rua, avistam ainda mais desigualdade e na busca de se ajustar cometem cada vez mais crimes, o que os marginaliza ainda mais afastando-os cada vez mais do convvio normal com a sociedade, excludos juntam-se e deste relacionamento, desta partilha de sofrimentos, misria, sonhos, formam o chamados grupos ou bandos de menores infratores. Ademais lembram, eles, nosso sistema prisional est falido, somente um amontoado de massa humana sem futuro e gerador de mais insegurana, seu objetivo de ressocializar est a muito superado, abandonados pelo Estado estes presdios so produtores de mo-de-obra especializada para o crime, em vez de reabilitar o detento o aperfeioa ao crime, em vez de produzir pessoas boas produz ainda mais dio a classe mais favorecida. O investimento bilionrio, que se faz necessrio, para recuperao dos presdios existentes e os novos que urge construir

11 se fossem investidos na educao e todos os demais itens alencados no ECA diminuiriam e muito as necessidade destas obras. Desta forma os contrrios, suportados por estes argumentos, consideram a imputabilidade de menores de dezoito uma forma falaciosa e equivocada na tentativa de diminuir o aumento da criminalidade. Que o homem na luta pelo poder utiliza-se de uma frmula egosta e desumana criando uma guerra pela manuteno deste poder gerando ainda mais desigualdade social, o que tornaria uma luta de classes, e esta excluso social seria, em primeira instncia, a responsvel pela marginalizao, em especial dos jovens, pois estes no estariam integrados ao sistema produtivo e nem amparados pelo Estado Social, assim sendo a marginalidade seria um problema histrico com profunda razes na desigualdade social, e somente pela incluso social, destes desassistidos, que haveria de fato uma diminuio do nvel de criminalidade existente em nosso pas. Por outro lado, argumentam que falaciosa a argumentao de que o menor infrator no punido demonstrando que pelo Art. 103 da Lei 8.069/90 (ECA) que diz Considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contraveno penal., desta forma a lei muda apenas a nomenclatura de conduta tipificada antijurdica para ato infracional, este punido de acordo com Art 112 do ECA, em especial para o inciso VI que prev a pena restritiva de liberdade, com internao do menor infrator, equivalente, sob o ponto de vista destes, a priso dos maiores infratores. Ademais o carter repressivo, que culturalmente na nossa mentalidade, o Direito Penal traz como finalidade o carter intimidativo, que funciona como um freio inibir para que no se cometa e conduta tipificada, o carter recuperativo, no qual tem por fundamento a recuperao do infrator, e por fim o carter reparatrio, que visa como objetivo um castigo ao infrator para espiar os erros cometidos, nenhum destes atingido pelo nosso atual sistema prisional, segundo os contrrios, o que resolveria esta situao seria uma melhor distribuio de renda, uma assistncia para que estas famlias tenham no mnimo uma condio digna de criar e educar seus filhos.

12 4 DOS FAVORVEIS A REDUO DA MAIORIDADE PENAL J os favorveis a reduo da maioridade penal rebatem estas afirmaes com alegaes de que no so contra a Lei 8.069/70 (ECA), so amplamente favorveis aos seus artigos que visa a proteo e amparo integral das crianas e adolescentes, a discusso resulta apenas na conduo dada aos menores infratores e esta anlise j h muito se faz mister, visto o crescente aumento da violncia perpetrada por jovens, h casos at de crianas, descabidos e desproporcionais as argumentaes dos contrrios, apenas ilustrando um caso hipottico, o que levaria um infrator a brecar seu mpeto diante de uma pessoa do sexo feminino, j tendo ele a estrupado, se matar a vtima para silenci-la resultar, se apanhado, na mesma pena se deix-la viver, este argumento refora a tese de que um crime menor ser seguido de um maior sempre no intuito de encobrir e ou eliminar testemunhas j que o castigo, se apanhado, ser o mesmo.Aos 17 anos, F.P. acusado de j ter matado quinze pessoas. Sua especialidade so os seqestros relmpagos. Tambm muito competente para armar quadrilhas. Apelidado de "Bator", em razo da compleio fsica atarracada, esse rapaz acabou transformando-se, na semana passada, na presa mais cobiada da polcia de So Paulo. Alm dos assassinatos e dos seqestros, ele ainda assalta e rouba. Preso em meados de novembro e recolhido Fundao Estadual para o Bem-Estar do Menor, a Febem, Bator foi resgatado por cmplices quando era levado da unidade de Franco da Rocha, na regio metropolitana, para depor no Frum, no centro da capital, na segunda-feira 4. Apesar de seu currculo de crimes graves, viajava com outros trs adolescentes numa Kombi, sem escolta armada. Os dois monitores que o acompanhavam no portavam nem coletes prova de balas nem armas, j que a legislao no permite o uso a quem cuida de menores. ... Do esconderijo em que se meteu, Bator j informou seus planos a um advogado amigo. "Ele disse que far de tudo para no ser mais detido at completar 21 anos", contou o advogado Ariel Castro Alves, que tenta convenc-lo a se entregar. Essa a idade mgica em que o passado criminal de um jovem internado em unidades correcionais simplesmente apagado dos registros pblicos. Bator ser ento um homem livre, sem dvidas com a sociedade. o que prev o Estatuto da Criana e do Adolescente, pelo qual menores no praticam crimes, e sim atos infracionais. Da mesma forma que anseia pelo ltimo dos cerca de 1.400 dias que o separam da impunidade total, Bator est decidido a no passar mais um nico segundo atrs das grades de uma instituio correcional.6

A alegao de que as crianas e adolescentes no possuem discernimento suficientes para entenderem a gravidade de seus atos j no comporta mais, visto6

Carelli, Gabriela e Sabia, Juliana. Um Garoto com Licena para Matar. Veja On-line, Ed. 1679, 13 de dezembro 2000. Seco Geral Polcia. Disponvel http://veja.abril.com.br/131200/p_180.html. Acessado em 25 set. 2008;

13 que sociedade, no s a nossa, mas de todo nosso planeta, tem passado por profundas transformaes e em uma velocidade surpreendente, o acesso as informaes, a divulgao em canais de televiso, rdios, jornais, revistas, internet, escolas, todos em algum tempo tem recebido informes e orientaes, a maturidade das crianas e adolescentes no poderia mais ser alegada para no puni-las diante de um fato tpico antijurdico, para reforar estas alegaes, a cobrana maior se d ao fato de casos graves de atentados contra a vida estarem ocorrendo, cada vez em maior quantidade, e em sntese sob este aspecto que se est levantando a discusso da reduo da maioridade penal. Alegar que, principalmente, jovens no possuem discernimento suficiente para entender a gravidade de seus atos seria uma falcia um engodo utilizados por aqueles que diante de argumentaes reais apelam para discusses tericas psicolgicas, aonde, no se quer chegar a lugar nenhum, deixando a coisa como est, mas a realidade aponta para o total discernimento de um jovem diante da possibilidade de cometer um crime se este ato ilegal, ou no, basta dar a um jovem uma arma e mandar matar algum, por certo ele saber que este ato ilegal, socialmente reprovado, e mais, condenado pela nossa lei, dizer que um jovem no sabe que est cometendo um ato grave, ou mesmo um roubo menor, ele no tem juzo da reprovao social, seria pura e simples falta de argumentao.Tendo o agente cincia de sua impunidade, est dando justo motivo imperiosa mudana na idade limite da imputabilidade penal, que deve efetivamente comear aos dezesseis anos, inclusive, devido precocidade da conscincia delitual resultante dos acelerados processos de comunicao que caracterizam nosso tempo.7

A resistncia, em alguns meios, a reduo da maioridade penal pode at ser politicamente correta e romntica, mas est na contramo do que vem ocorrendo em muitos pases que consideram o nvel de amadurecimento dos jovens entre 16 a 18 anos, e a violncia com que costumam agir. Pases como Espanha, Blgica, Argentina e Israel a maioridade penal inicia-se aos 16 anos, outros como Egito, Honduras, Paraguai, ndia, Sria, Lbano, Guatemala, considera-se aos 15 anos, j na Alemanha e Haiti inicia-se aos 14, na Inglaterra e Estados Unidos no existe

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Reale, Miguel. Nova Fase do Direito Moderno. Ed. Saraiva. 1990. Pg. 161.

14 idade mnina para imputabilidade penal, leva-se em considerao a conscincia que o infrator tem da gravidade do ato cometido. Por certo que a legislao j, de certa forma, admite a conscincia dos jovens dando a eles a liberdade de votar em todos os pleitos, se tem conscincia cvica no poderiam alegar imaturidade diante das agresses cometida para com a sociedade, at j se levantou a hiptese, como alias j existe nos Estados Unidos, e utilizandose exatamente deste argumento da maturidade cvica, para tentarem, diga-se sem sucesso, conseguir a carteira de motorista. O mundo tecnolgico em que vivemos, citam os favorveis, levaram os jovens ao acesso a informaes e contedos dos mais diversos e muitas vezes estes que orientam seus pais na conduo por este mundo novo. A outra argumentao da desigualdade social tambm rebatida com a alegao de que a imensa maioria das pessoas de baixa renda honesta e criam seus filhos orientando-os sob a viso da tica, do respeito pela coisa alheia, do respeito para com o prximo e pela vida, e a incluso social vem sofrendo mudanas favorveis cada vez maior, a de incluso de criana e adolescentes na escola, a incluso digital, aumento da renda per catipa.etc.A presena na escola era maior no grupo de 7 a 14 anos de idade, 97,6%, 0,3 ponto percentual acima do registrado em 2005. Nas regies Sudeste, Sul e Centro-Oeste, mais de 98% das pessoas de 7 a 14 anos de idade estavam na escola. Nas regies Norte e Nordeste, os percentuais foram de 96% e 96,9% respectivamente. Em Santa Catarina, o percentual de pessoas de 7 a 14 anos de idade na escola quase chegava totalidade (99%). Por outro lado, as menores taxas para esse grupo etrio estavam no Acre (94%) e em Alagoas (95,9%). O rendimento mdio mensal dos domiclios com rendimento passou de R$ 1.494, em 2004, para R$ 1.568, em 2005, e R$ 1.687 em 2006, apresentando ganhos reais de 5,0%, em 2005, e de 7,6% em 2006. Os maiores crescimentos do rendimento domiciliar foram observados no Nordeste (11,7%) e no Norte (8,8%). No Sul e Sudeste, o rendimento mdio dos domiclios cresceu 7%, enquanto o menor crescimento foi registrado no Centro-Oeste (6%). O crescimento no Nordeste resultou em pequena reduo das diferenas entre essa regio e o Sudeste. O rendimento domiciliar mdio do Nordeste representava, em 2005, 52,8% do rendimento do Sudeste, passando, em 2006, para 57,8%. Apesar disso, o valor real mdio do rendimento domiciliar do Nordeste (R$ 1.089) continuava sendo o menor, enquanto no Sudeste (R$ 1.885) era o maior. No pas, a metade inferior da distribuio (os

15menores rendimentos) respondia, em 2004, por apenas 15,9% do total de rendimentos; em 2005, por 16,1%; e em 2006, por 16,4%.8

A criao da prpria legislao de proteo integral da criana e do adolescente refora o esforo que a sociedade tem realizado na inteno de erradicar a falta de vagas nas escolas, atendimento a sade, a proteo, com a criao, praticamente em todos os municpios, do Conselho Tutelar refora que a sociedade no tem ficado imvel, tem agido, junto com as mais variadas instituies, e tem obtido vistosos resultados, qualquer infrao ao cdigo dever ser imediatamente comunicado a autoridade para providncias imediatas, a comparao de como eram tratadas antes e depois do advento da Lei 8.069/70 so gritantes e no podem ser negados. A defesa de que o sistema prisional est falido e em nada adianta trancafiar mais um que no vai obter resultado, tambm seria totalmente descabida, isto ento valeria para todas as fachas etrias, pois se no obtm resultado com um, no pode com outro, e o instituto da privao de liberdade tem em primeiro lugar o objetivo de ressocializao, somente depois que de fazer com que o infrator espie seus pecados, por esta lgica ningum deveria ser preso, em que pese deficincia do sistema a luta no estaria de bandeira trocada, em vez de melhorar o sistema lutase para que ele deixe de existir, largando a sociedade ao bel prazer da delinqncia, de certa forma a defesa desta tese beiraria a apologia ao crime. O Direito no fechado em si mesmo, seu objetivo refletir o pensamento da sociedade diante da reprovao de atos no aceitos socialmente, o conjunto de leis e normas que disciplinam a sociedade deve estar, atravs de seus legisladores, atentas e vigilantes as transformaes necessrias, acompanhando a evoluo da sociedade, seus comportamentos e costumes, tais como a necessidade de normas que disciplinem o uso da internet, o uso de clulas troncos, embries, aborto, etc. todos frutos da evoluo dos tempos.

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Comunicao Social. Pnad 2006: trabalhadores que ganham menos recuperam o rendimento que tinham h dez anos . Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE),Pnad 2006, 14 de Set 2007. sponvel http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_impressao.php? id_noticia=977. Acessado em 23 set. 2008.

16 Por fim e para demonstrar a periculosidade que os jovens podem representar s realizar uma busca em jornais e revistas para ter uma exata noo do modo como agem impunemente estes menores protegidos pela legislao.Na semana passada, a polcia prendeu uma quadrilha que praticava seqestros relmpagos em bairros de classe mdia alta de So Paulo. Um dado chamou a ateno das autoridades: dos nove integrantes detidos, quatro eram menores de idade. Entre eles, uma menina de apenas 13 anos. A participao dos menores no era apenas decorativa, mas fundamental na organizao do grupo. Aproveitando-se da aparente ingenuidade infantil, os garotos abordavam veculos em sinais de trnsito.9

Estes menores, por estarem impunes pela nossa legislao, esto ficando cada vez mais perigosos e organizados at quando se ter conivncia com esta situao, o aparelho do Estado de Direito existe justamente para conter estes mpetos, mas quando este se junta aquele ento ser um defenda-se quem puder.No me venha dizer que um garoto de 16 anos no sabe o que matar", disse Fraga. O deputado afirmou que, segundo estatsticas oficiais, a reincidncia de menores infratores de cerca de 72% no Brasil.10

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Veja on-line. Bandidos Mirins. Geral Crime. Ed. 1662, 16 de Agosto de 2000. Disponvel http://veja.abril.com.br/160800/p_062.html. Acessado em 25 set. 2008;10

Reportagem - Fbia Belm e Beto Rosemberg. Agncia Cmara. Governo Envia ao Congresso Lei para Garantir o ECA. Ed. Ana Felcia. 7 de maio 2004. Disponvel http://www.camara.gov.br/internet/agencia/imprimir.asp?pk=49820. Acessado em 25. sete.2008.

17 5 CONCLUSO fato notrio e inegvel, at pelos contrrios a reduo da maioridade penal, de que houve um aumento mais do que sensvel, poderia se dizer at vertiginoso, de crimes cometidos por menores infratores, outro fato importante o da reincidncia de menores que cumpriram internao, que uma medida privativa de liberdade, que tambm um agravante de sua periculosidade, um menor que ainda no havia passado pela internao no tinha sido exposto a outros menores com os mais diversos tipos de crimes cometidos, e o ambiente no qual so internados conhecido de todos pela notria presso cotidiana que todos ali passam. Em um trabalho publicado pelo cientista poltico James Q. Wilson e o psiclogo criminologista George Kelling em 1982 realizaram um estudo que estabelece uma relao de causalidade entre desordem e criminalidade, a teoria da janela quebrada, bem simples, os autores usaram imagem de uma janela quebrada para explicar como a desordem e a criminalidade aumenta na localidade. Supunham que uma janela de um estabelecimento qualquer estivesse quebrada e ningum providenciasse seu conserto, logo passaria a impresso de que naquele local no havia autoridade ou responsvel pela conservao, ento logo outras pessoas passariam pelo local e vendo a janela quebrada comeariam a atirar pedras nas outras janelas, e isto indicaria o declnio daquele local. Por conseqncia passaria a ser freqentado por desocupados e criminosos de pequenos delitos que passariam a reinar naquele local, os vizinhos e outros moradores dos arredores comeariam e ter problemas com aquele local e muitos mudariam dali deixando o bairro desvalorizado, j que estavam fugindo de l, os preos cairiam deixando o bairro a merc dos desordeiros, pois as pessoas de bem j estariam longe dali, e as pequenas desordem levam as grandes desordem. Este conceito encaixa muito bem com relao sensao de impunidade, que impera na sociedade, devido aos crimes cometidos por menores infratores, um exemplo emblemtico o caso que ficou conhecido nacionalmente pela brutalidade dos atos, e de forma gratuita deixando as vtimas sem defesa, o caso dos adolescentes Felipe Caff de 19 anos e Liana Friedenbach, de 16 anos, eles

18 inventaram uma histria para seus pais, mas na verdade foram acampar escondidos em Embu-Guau, este pequeno deslize custou-lhes a vida, um crime brbaro e revoltante pela forma, eles foram seqestrados e assassinados, Felipe Caff foi executado com um tiro na nuca, Liana Friedenbach foi estuprada reiteradas vezes de forma violenta, depois assassinada a facadas, Paulo Csar da Silva Marques, o Pernambuco, foi condenado a 110 anos e 18 dias de priso por crime triplamente qualificado contra Liane, e duplamente qualificado contra Felipe, alm de trs estupros, duas participaes em estupro, seqestro e crcere privado, outros trs j haviam sido condenados, Antonio Caetano da Silva, o Tonho, foi condenado a 124 anos de priso, Agnaldo Pires, o Velho, condenado a 47 anos de priso, Antonio Matias, o Nojento, foi condenado a seis anos de priso, por auxilio na fuga e estava de posse da espingarda que matou Felipe Caff. Este caso emblemtico por que havia a participao de uma quinta pessoa era R.A.A.C, o Champinha, por ser menor, na poca tinha 16 anos de idade, nunca sentou no banco de ru para julgamento, pela lei ele tinha que cumprir apenas trs anos, que o tempo mximo, de medida scio-educativa, ocorre que o Champinha no era mero coadjuvante e sim ator principal, no dia 01 de novembro de 2003 Champinha e Pernambuco abordaram o casal de jovens, levados a um local prximo Liane chegou a dizer que a famlia possua dinheiro e era melhor pedir resgate, ento Champinha teve a idia de matar Felipe o que ocorreu s no dia seguinte, no mesmo dia do seqestro Liane j foi violentada o qu aconteceu reiterada vezes at a madrugada do dia 05 quando Champinha a levou at um matagal e l tentou degol-la e desferiu ainda vrias facadas no trax e nas costas de Liane. Casos como este tem ocorrido pelo Brasil todo, veja o caso do menino Joo Hlio que foi arrastado por vrios quilmetros, o que leva a sociedade a ter esta sensao de impunidade, justificativas, tais como, desigualdade social no podem ser aceitas, fala-se que a maioria absoluta dos brasileiros de pobres e com certeza no so bandidos, outras como a sistema prisional est falido no suporta o debate, ento a luta pela causa errada, o que deveria se buscar uma forma de melhorar o sistema e no o contrrio deixar assassinos soltos ameaando a sociedade, quando o Estado que quem tem o direito e dever de agir no traz para os ofendidos, principalmente as ofensas contra a vida, aquela sensao de justia

19 ento o Estado coloca em risco a prpria sociedade pois liberta nela a sede de vingana, como disse Sneca A vingana atinge dois objetivos: ou traz consolo a quem sofreu a injria, ou lhe traz segurana para o futuro.

20 6 NO REDUO DA IDADE PENAL JOO BATISTA COSTA SARAIVA Destaco trechos da publicao e logo comento sobre eles. Pg 51 O tema da reduo da idade penal se faz recorrente e costuma ser invocado, por alguns, poucos, bem intencionados e por muitos defensores do Direito Penal Mximo, como uma ferramenta capaz de enfrentar a delinqncia juvenil. As pesquisas de opinio pblica seriam favorveis, segundo destaca com fervor parcela no desprezvel da mdia. Comento Com a devida vnia o Magistrado Joo Batista Costa Saraiva logo na sua largada mostra qual a sua disposio de defender a sua tese, desqualificar quem for contra, seno vejamos quando ele fala alguns poucos seriam bem poucos os intencionados, pelo seu desprezo aos contrrios a sua tese, haja visto que o contrrio de bem intencionado mal intencionado logo quem for contra sua tese um mal intencionado, tentando garantir na largada adeso compulsiva para no ser um mal intencionado, ademais quando a opinio pblica, no que toda opinio pblica deva ser ouvida ao p da letra, demonstra insatisfao sobre determinado tema necessrio uma resposta do Estado, pois ele o detentor das garantias do cidado de bem, e ainda mais uma vez ele tenta desqualificar a imprensa, que ele chama de mdia, o que demonstra seu lado comunista, note que ele insere um seriam, futuro do pretrito, colocando dvida quanto as pesquisas de opinio e duvidando da idonidade da imprensa. Pg 53 Assim como a mulher do sculo XXI, liberta desde o Estatuto da Mulher Casada, uma jovem aos cinqenta, sexualmente ativa e profissionalmente em emergncia, conveno-me que nesse sculo se ver que a adolescncia, hoje finda legalmente aos dezoito, se estender aos trinta. Em um sociedade sem empregos e oportunidades, no resta outra alternativa para a maioria dos jovens do que se protegerem no manto da adolescncia para no serem pichados de adultos desempregados e inteis. So estes que andam de skate pelas avenidas, parecendo 14, aos 24... Comento Pelo visto o ilustre magistrado no s contra a reduo como tambm quer estend-la at aos trinta anos de idade, o fato de ter aumentado a expectativa de vida dos brasileiros no significa que eles esto demorando mais para entender as coisas, aprender a convivncia social, alis, ao contrrio hoje em

21 dia a educao inicia-se cada vez mais cedo, o volume de informaes que estes jovens tem acesso e tudo o mais significa que cada dia eles esto se preparando cada vez mais cedo e aprendendo a regras da convivncia pacfica da sociedade a qual fazem parte. Pg 56 Essa associao entre voto e rebaixamento da idade penal se assemelha aquela entre os que desejam a carteira de motorista aos dezesseis anos, para dar o carro aos filhos da burguesia e a cadeia para o filho dos pobres. Sim, porque so os pobres que formam a massa carcerria e disso h estatstica. Comento Aqui o magistrado deixa claro de que lado est, pouco importa a sociedade o que importa a luta de classes que ele denomina burguesia aquela classe horrvel e desprezvel que s quer prender pobres e dar mais regalias aos seus filhos. Pg 59 Diante da delinqncia juvenil, seja nos antigos Cdigos da Doutrina da Situao Irregular, seja nas modernas legislaes, no se encontrou outra alternativa que referir condutas tipificadas na lei penal. A resposta, tenha o nome que tiver, seja medida protetiva, scio-educativa, corresponder sempre a responsabilizao pelo ato delituoso. Tais medidas, por serem restritivas de direitos, inclusive da liberdade, conseqncia da responsabilizao, tero sempre inescondvel carter penal. Essa caracterstica (penal especial) indesmentvel... Pg 61 A crise no sistema de atendimento a adolescentes infratores privados de liberdade no Brasil s no maior que a crise dos sistema penitencirio, para onde se pretende transferir jovens infratores de menos de dezoito anos. Essa crise, do sistema dos adolescentes, se agudiza quando os arautos do catastrofismo, sob argumentos os mais variados, at mesmo de defesa dos direitos humanos, deixam de demonstrar uma srie de experincias notveis que se desenvolvem nesta rea no Pas, passando uma falsa idia de inviabilidade do sistema, que tem, quer se goste, que no se goste, um efetivo perfil prisional em certo aspecto, pois inegvel que do ponto de vista objetivo, a privao de liberdade do internamento faz-se to ou mais aflitivo; em face ao usurio a que se destina, que a pena de priso do sistema penal adulto. Comento Este argumento antigo e velho, de que o sistema no presta e no funciona, que ao invs de recuperar o infratores ensinam a se tornarem profissionais mais perigosos, ora se o sistema no funciona a luta deve ser para que

22 se crie as condies necessrias ao bom funcionamento do sistema para que ele atinja os objetivos almejados, usar este argumento para no punir os infratores da lei seria o mesmo que abolir a lei, pois lei que no empregada no lei e sim enganador da sociedade, se todos os de bem, que so a infinita maioria da populao, cumprem ento aplica-se a quem no cumprir. Pg 64 Imersa em uma crise moral e tica de dimenses ciclpicas, aterrorizada pela violncia que a assombra, o risco da radicalidade ronda a sociedade brasileira. sabido que uma sociedade que somente reconhece direitos, acaba por produzir a anarquia. Outra, que com apenas deveres, faz-se tirania. Em um contexto assim, onde a segurana, enquanto direito fundamental, se v ameaada, a democracia se v acuada. Democracia que se constri sobre os pilares equilibrados dos direitos e dos deveres. Comento Aqui o magistrado reconhece a necessidade de que existam direitos e deveres, e ainda que existe realmente um violncia tal que ele denomina insana, de tal sorte que para existirem estes direitos e deveres a sociedade tem que sobreviver a tal da violncia, em certos casos a lei como se encontra, o Estado como aplicador desta lei fraco e leniente acaba por a sociedade em pnico onde nasce os arautos da radicalidade, ento se as leis fossem cumpridas rigorosamente quem sabe estes arautos no mudariam de idia, mas da voltamos ao estgio inicial, no se pune devidamente cria-se este sistema de violncia sistmica.

23 BIBLIOGRFIA

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24 Reportagem - Fbia Belm e Beto Rosemberg. Agncia Cmara. Governo Envia ao Congresso Lei para Garantir o ECA. Ed. Ana Felcia. 7 de maio 2004. Disponvel http://www.camara.gov.br/internet/agencia/imprimir.asp?pk=49820. Acessado em 25. sete.2008. Veja on-line. Bandidos Mirins. Geral Crime. Ed. 1662, 16 de Agosto de 2000. Disponvel http://veja.abril.com.br/160800/p_062.html. Acessado em 25 set. 2008. Zagury, Tnia. Educar Sem Culpa. 6 Ed. pg. 82. Record. 1995.