maioridade penal - o absurdo da redução

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MAIORIDADE PENAL

Reduzir é a solução?

Dra. Stephany Mencato

Advogada, Pós-graduanda em Processo Civil, colunista do blog CBN-Foz, integrante do grupo Ciranda Feminista, ONG LYGA, trabalha com grupos do 3° setor, direitos humanos e direito homoafetivo.

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90,4% dos entrevistados são favoráveis à responsabilização criminal de adolescentes, apenas 8,3% declararam ser contra, (Nove em cada 10 brasileiros)15/07/2013 Gazeta do Povo. Deputado Federal paranaense Fernando Francischini articula a criação de uma frente parlamentar para pressionar pela redução da maioridade penal. Mais de 180 deputados já aderiram à iniciativa.

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“Sou favorável que a redução seja para 12 anos, porque os adolescentes de 12 anos de hoje não são como os de 1940, época do Código Penal brasileiro, e nem como os de 1988, data da promulgação da vigente Constituição” presidente do PRB e especialista em processo penal, Marcos Pereira

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“Quem tem 14 anos e comete um crime bárbaro deve pagar por ele como qualquer outra pessoa, o Estado deve agir no sentido de proteger ambos os lados (vítima e réu), mas percebo que a lei só tem sido aplicada para garantir direitos humanos aos agentes de crimes. Ora, o Estado deve agir pensando no cidadão, na potencial vítima! A diretriz de suas ações deve ser o pensamento de impedir, de todas as formas, que qualquer indivíduo volte a cometer crimes contra a sociedade. É fato que, hoje, toda quadrilha tem um menor para cometer os crimes bárbaros. ..

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os presos deveriam ter seu tempo o mais ocupado possível. Deveriam trabalhar na construção de pontes, escolas e hospitais, recuperação de rodovias, etc. O pagamento pelos serviços prestados seria utilizado para custeá-los na prisão, dar assistência a suas famílias e indenizar as famílias de suas vítimas." sociólogo da Universidade de Brasília, Antonio Flávio Testa, que estuda a violência entre jovens desde a década de 70.

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“não haverá separação para adolescentes por tipo de crime. Eles serão tratados da mesma maneira que uma pessoa de 23 ou 30 anos. Você só respeita aquilo que você teme, se acreditar que com 17 anos não vai acontecer nada com você, vai praticar o crime“deputado federal reeleito, Jair Bolsonaro, do PBB/RJ que defende: “outras soluções para o problema seriam a pena de morte e o controle de natalidade. Como é muito caro reeducar esse povo todo, espero um dia também aprovar a pena de morte. O E.C.A só serve para engordar a arrecadação de entidades e associações que cuidam das crianças e adolescentes, uma vez que elas dependem da quantidade de internos para manter suas altas receitas é por isso que eles brigam contra a PEC"

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Sexismo: conjunto de ações e ideias que privilegiam um gênero ou orientação sexual em detrimento de outro. existem milhões

de adolescente cometendo delitos pelas ruas de maneira ousada;o problema da violência tem a ver com o problema da adolescência, combatendo o adolescente, a sociedade será menos violenta.

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Os jovens da atualidade são muito bem informados e que qualquer pessoa tem entendimento quanto ao que é certo e o que é errado.o jovem de 16 anos já pode votar, portanto também já pode responder criminalmente por seus atos.

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RESUMO:

Agravar as penas diminui os delitos;Reduz a alta periculosidade do adolescente;a lei é muito leve e por isso não funciona;A Proposta de Emenda Constitucional quer

alterar os artigos 129 e 228 da Constituição Federal, acrescentando um parágrafo prevê a possibilidade de desconsiderar a inimputabilidade penal de maiores de 16 anos e menores de 18 anos (nos casos em que o juiz delibarar)

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Maioridade e Responsabilidade penal/criminal

Constituição Federal Brasileira e Estatuto da Criança e do Adolescentes

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RESPONSABILIDADE CRIMINAL indica quando se considera que uma criança compreende plenamente o que está fazendo e então seus atos podem ser enquadrados judicialmente diferenciando a inimputabilidade (período que vai do nascimento até sua idade mínima) e da faixa etária na qual a criança ou adolescente pode ser acusado, processado e punido em regime jurídico diferenciado do adulto

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A responsabilidade penal no Brasil ocorre aos 12 anos e a maioridade penal aos 18 anos, segundo o artigo 228 da Constituição Federal de 1988 reforçado pelo artigo 27 do Código Penal e pelos artigos 102 e 104 do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA (Lei nº 8.069/90)

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Os crimes praticados por menores de 18 anos são legalmente chamados de “atos infracionais” e seus praticantes de “adolescentes em conflito com a lei” ou de "menores infratores". As penalidades previstas são chamadas de “medidas socioeducativas” e se restringem apenas a adolescentes

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Quando se estuda estatisticamente o fenômeno, observa-se que o número de delitos cometidos por adolescentes é menor do que 10% do total de delitos cometidos em todo o país;

Agosto/97: 7,12% são analfabetos e 71,01% não concluíram o ensino fundamental, dos quais 45,97% estão cursando o 1º grau menor e 25,04% estão cursando o 1º grau maior. Cumpre destacar, também, que, em todo país, apenas 3,96% dos adolescentes sob medida sócio educativa concluíram o ensino fundamental.

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A ideia de que um criminoso consulta o Código Penal antes de cometer um delito e pensa 'Opa! Esse delito é grave, não vou cometê-lo' cai por terra quando se analisa a sociedade americana, por exemplo, em que há pena de morte na maioria dos estados, e mesmo assim, nos últimos cinco anos, houve um aumento de sete vezes nos delitos graves

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Segundo a Agência de Notícias dos Direitos da Infância - ANDI -, em 55% dos países, a maioridade é aos 18 anos. Apenas em 19%, é aos 17 anos, e em 13%, aos 16 anos. Em 4%, é aos 21 anos.

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Violência EstatalO Estado e a sociedade têm a obrigação de propiciar à criança e ao adolescente um crescimento digno. Valendo-se ressaltar que a falta de vontade política dos governantes na implementação de políticas básicas é um dos principais fatores responsáveis pelo aumento nos índices de criminalidade no Brasil.

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Quase 80% dos delitos cometidos por menores são contra o patrimônio, e não contra a vida, a mídia sensacionalista é quem acaba transmitindo a ideia de que combatendo o adolescente, a sociedade será menos violenta.

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O oficial de comunicação e projetos na área de adolescência e privação de liberdade do Fundo das Nações Unidas para a Infância e Adolescência — Unicef —, Mário Volpi:

“se um adulto comete um crime, vai parar nas páginas policias. Já no caso de um adolescente que comete um crime, principalmente com morte, isso gera uma manchete, já que não é comum um adolescente sair matando”.

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Compreender o que é certo e o que é errado é totalmente diferente de ter entendimento quanto às relações sociais. uma criança de 8, 10, 12 anos, que já compreende o que é “do bem” ou o que é “do mal”, teria capacidade de responder por seus atos sem nem mesmo ter entendimento quanto ao que significa responsabilidade, o que significa uma sanção penal.

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o voto aos 16 anos é um direito. Já a capacidade de ser punido criminalmente é uma obrigação que se dá simplesmente por disposição legislativa, é compulsória, não podendo optar por fazê-lo ou não. A possibilidade de votar faz parte do período de formação da pessoa, ressaltando-se, ainda, que grande parte dos jovens infratores é proveniente de classes menos favorecidas e, quase sempre, nem mesmo se importam em votar ou não.

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RESUMINDO:já responsabilizamos adolescentes em ato

infracional;a lei já existe. Resta ser cumprida!Não adianta só endurecer as leis se o próprio

Estado não as cumpre!o índice de reincidência nas prisões é de 70%O Brasil tem a 4° maior população carcerária do

mundo e um sistema prisional superlotado com 500 mil presos. Só fica atrás em número de presos para os Estados Unidos (2,2 milhões), China (1,6 milhões) e Rússia (740 mil).

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reduzir a maioridade penal não reduz a violência

a fase de transição justifica o tratamento diferenciado

as leis não podem se pautar na exceção: 0,5% da população jovem do Brasil, que conta com 21 milhões de meninos e meninas entre 12 e 18 anos, responde por atos de infração;

reduzir a maioridade penal é tratar o efeito,  não a causa

educar é melhor e mais eficiente do que punirreduzir a maioridade penal isenta o estado do

compromisso com a juventude

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adolescentes são as maiores vitimas, e não os principais autores da violência

na prática, a PEC 33/2012 é inviável: continuarão sendo julgados nas varas Especializadas Criminais da Infância e Juventude, mas se o Ministério Publico quiser poderá pedir para ‘desconsiderar inimputabilidade’, o juiz decidirá se o adolescente tem capacidade para responder por seus delitos. Seriam necessários laudos psicológicos e perícia psiquiátrica diante das infrações: crimes hediondos, tráfico de drogas, tortura e terrorismo ou reincidência na pratica de lesão corporal grave e roubo qualificado. Os laudos atrasariam os processos e congestionariam a rede pública de saúde.

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o gargalo da impunidade está na ineficiência da polícia investigativa e na lentidão dos julgamentos. Ao contrário do senso comum, muito divulgado pela mídia, aumentar as penas e para um número cada vez mais abrangente de pessoas não ajuda em nada a diminuir a criminalidade, pois, muitas vezes, elas não chegam a ser aplicadas.

Se reduzida a idade penal, estes serão recrutados cada vez mais cedo:

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"Se for através do efeito demonstrativo, os adultos também não cometeriam delitos, já que prendemos pessoas há séculos e ninguém tem medo de ir parar na prisão".

"Esses (políticos) oferecem uma resposta fácil e usam esse tema como bandeira para gerar uma ideia de solução para o problema da violência e ganhar votos“

"Em todo lugar, só se quer construir prisões e ninguém quer pensar na responsabilidade de reeducar os jovens" Jussara Goiás

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“Traçando-se uma analogia, pode-se comparar, mutatis mutandis, que há uma doença (criminalidade) com suas causas correlatas (fome, miséria, discriminação, falta de estrutura familiar etc.). No Brasil, não se enfrentam as causas da doença. Combatem-se apenas os efeitos. Não se investe no social, na escola, na saúde, na moradia, em suam: na melhoria de vida da população. Pelo contrário, o que se vê é um Estado algoz de seus súditos, com voracidade fiscal inigualável, sem qualquer reciprocidade. Um Estado omisso nas questões sociais, que se aproveita da boa-fé do povo para manipular opiniões e fazer acreditar que a melhor solução para os problemas é sempre a que ele (Estado) profetiza ser. O que dizer de um Estado que prefere construir prisões a construir escolas?”

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Dra. Stephany MencatoE-mail: [email protected]: (45) 9977 2385Facebook: Stephany Mencato