redução da maioridade penal - ano de 2015.pdf

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1 Documento 1/143 011.1.55.O Sessão Não Deliberativa de Debates - CD 11/02/2015-16:51 Publ.: DCD - 12/02/2015 - 191 ELIZIANE GAMA-PPS -MA CÂMARA DOS DEPUTADOS COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES COMUNICAÇÃO PARLAMENTAR DISCURSO Sumário Contentamento com a criação de Comissão Externa da Câmara dos Deputados para averiguação das razões da PETROBRAS para a suspensão dos investimentos em construção de duas refinarias nos Estados do Ceará e Maranhão. Importância da realização de debates acerca das medidas de enfrentamento da violência no Brasil. A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco/PPS-MA. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, infelizmente não pude participar do debate que nós tivemos agora há pouco, no Grande Expediente, acerca da situação de violência que vive o Brasil. Eu, como defensora e militante dos direitos humanos no Brasil - não poderia fazer diferente; não vai dar para a gente fazer o debate agora -, deixo aqui uma frase: violência chama violência. Nós precisamos ter a compreensão de que o Estado precisa fazer o aparelhamento do sistema de assistência no Brasil, dando muito mais empoderamento e investimento aos Municípios brasileiros, para que a política de aplicação da medida socioeducativa de fato possa acontecer à altura, o que infelizmente não ocorre no Brasil. Da mesma forma, se analisarmos o sistema prisional, veremos que a proposta de ressocialização não existe, e os investimentos também são muito reduzidos, inferiores; estão longe daquilo que efetivamente deveria acontecer para se promover a paz, que é o anseio de todo cidadão brasileiro. Infelizmente, nós não temos tempo agora neste espaço para fazer esse debate, mas o faremos no momento certo, inclusive contra a redução da maioridade penal. Esse não é o caminho. O caminho é o contrário, é o investimento nessa política, para que nós tenhamos jovens saudáveis, educados e comprometidos com o bem-estar social. Presidente, eu quero trazer o meu contentamento, a minha felicidade com a aprovação que nós tivemos hoje da criação de Comissão Externa desta Casa em que vamos apurar, averiguar as razões que levaram a PETROBRAS a suspender investimentos fundamentais na Região Nordeste brasileira, particularmente no Estado do Maranhão e no Estado do Ceará. Hoje, inclusive, recebemos um pedido da base, de Pernambuco para que também o Estado venha a fazer parte dessa Comissão Externa. O nosso Estado do Maranhão, que tem indicadores sociais gritantes,

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Documento 1/143

011.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 11/02/2015-16:51

Publ.: DCD -

12/02/2015 - 191 ELIZIANE GAMA-PPS -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES

COMUNICAÇÃO PARLAMENTAR

DISCURSO

Sumário

Contentamento com a criação de Comissão Externa da Câmara dos Deputados

para averiguação das razões da PETROBRAS para a suspensão dos

investimentos em construção de duas refinarias nos Estados do Ceará e

Maranhão. Importância da realização de debates acerca das medidas de

enfrentamento da violência no Brasil.

A SRA. ELIZIANE GAMA (Bloco/PPS-MA. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, infelizmente não pude participar do debate que nós tivemos agora há pouco, no Grande Expediente, acerca da situação de violência que vive o Brasil. Eu, como defensora e militante dos direitos humanos no Brasil - não poderia fazer diferente; não vai dar para a gente fazer o debate agora -, deixo aqui uma frase: violência chama violência. Nós precisamos ter a compreensão de que o Estado precisa fazer o aparelhamento do sistema de assistência no Brasil, dando muito mais empoderamento e investimento aos Municípios brasileiros, para que a política de aplicação da medida socioeducativa de fato possa acontecer à altura, o que infelizmente não ocorre no Brasil. Da mesma forma, se analisarmos o sistema prisional, veremos que a proposta de ressocialização não existe, e os investimentos também são muito reduzidos, inferiores; estão longe daquilo que efetivamente deveria acontecer para se promover a paz, que é o anseio de todo cidadão brasileiro. Infelizmente, nós não temos tempo agora neste espaço para fazer esse debate, mas o faremos no momento certo, inclusive contra a redução da maioridade penal. Esse não é o caminho. O caminho é o contrário, é o investimento nessa política, para que nós tenhamos jovens saudáveis, educados e comprometidos com o bem-estar social. Presidente, eu quero trazer o meu contentamento, a minha felicidade com a aprovação que nós tivemos hoje da criação de Comissão Externa desta Casa em que vamos apurar, averiguar as razões que levaram a PETROBRAS a suspender investimentos fundamentais na Região Nordeste brasileira, particularmente no Estado do Maranhão e no Estado do Ceará. Hoje, inclusive, recebemos um pedido da base, de Pernambuco para que também o Estado venha a fazer parte dessa Comissão Externa. O nosso Estado do Maranhão, que tem indicadores sociais gritantes,

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os piores nas áreas de educação, saneamento, infraestrutura, saúde e demais, sonha, desde 2010, quando houve o anúncio, naquele momento, da possível instalação da refinaria. Nós tivemos, em janeiro de 2010, a chegada ao Estado da representação da PETROBRAS, com o então Presidente Lula. Ao longo de todo o ano, houve uma expectativa grandiosa, porque a esperança era que o perfil econômico do Estado mudaria. Inclusive, com essa expectativa, nós tivemos quase 80% dos votos de nosso Estado concedidos à candidata à Presidência da República, na época, Dilma Rousseff. Nós tivemos, no início de 2014, em mais um ano eleitoral, o anúncio do Plano de Negócios e Gestão da PETROBRAS, reafirmando a implantação da refinaria, inclusive anunciando licitação para todo o ano de 2014. Tivemos um investimento de 2 bilhões e 100 milhões de reais, incialmente, apenas na terraplenagem no Estado do Maranhão, mais precisamente no Município de Bacabeira. Também, no ano de 2014, nós tivemos mais de 70% de votos para a Presidente Dilma. E o retorno que tivemos este ano foi a suspensão dessa refinaria, depois de anunciada sua licitação e inclusive aprovada pelo Conselho da PETROBRAS. Um investimento dessa magnitude, que geraria 25 mil empregos, um investimento que seria de 40 bilhões de reais, jamais seria executado se incialmente não tivessem feito um estudo de impacto, de viabilidade, o que agora é a argumentação quando se afirma a suspensão do investimento. Essa Comissão Externa desta Casa, no meu entendimento, dará uma resposta a essas indagações, porque tudo o que está sendo justificado, a exemplo da não viabilidade da malha viária, já estava previsto quando do anúncio por parte do Conselho. Portanto, Presidente, eu estou ansiosa de que o resultado do acompanhamento e da apuração responda à indagação dos maranhenses e também dos cidadãos do Estado do Ceará.

Documento 2/143

014.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 25/02/2015-14:24

Publ.: DCD - 26/02/2015 -

27 VINICIUS CARVALHO-PRB -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Participação do orador na inauguração da Frente Parlamentar da Segurança

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Pública. Empenho do Parlamentar pela redução da maioridade penal no País.

O SR. VINICIUS CARVALHO (Bloco/PRB-SP. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente. É um prazer estarmos novamente nesta Casa. Hoje eu participei da inauguração da Frente Parlamentar da Segurança Pública. Quero deixar registrado que nós carregaremos a bandeira da redução da maioridade penal neste Parlamento. Defendo explicitamente que se acabe de vez com a inimputabilidade penal. Então, nós vamos trabalhar nessa Comissão e trazer o tema a este Plenário, para ver quais Deputados trabalharão conosco. Precisamos corresponder aos anseios da população, que não aguenta mais essa situação que está vivendo! O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado. Nós divulgaremos o pronunciamento de V.Exa. no programa A Voz do Brasil e pelos meios de comunicação desta Casa.

Documento 3/143

045.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 24/03/2015-17:00

Publ.: DCD - 25/03/2015 - 80 MAJOR OLIMPIO-PDT -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Esclarecimentos sobre tumulto ocorrido na Comissão de Constituição e Justiça

e de Cidadania durante debate sobre a proposta de emenda à Constituição

relativa à redução da maioridade penal.

O SR. MAJOR OLIMPIO (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Eu gostaria, Sr. Presidente, de deixar claro para este Plenário o que se passou agora na Comissão de Constituição e Justiça. Numa audiência mais que pública e democrática, dois doutores constitucionalistas tentavam mostrar os prós e os contras do projeto de redução da maioridade penal. Estavam sendo discutidas a admissibilidade e a constitucionalidade do projeto. Ocorreu que claques de algumas senhoras e jovens começaram, de toda forma, a pressionar as pessoas e tentar intimidar Parlamentares, chegando ao ponto de Deputados, como o Deputado Delegado Éder Mauro e o Deputado Pastor Eurico, serem agredidos física e moralmente, e quem mais estava na Comissão foi xingado. Eu gostaria que este Plenário, esta Casa deliberasse sobre o respeito à democracia.

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Nunca me intimidei com bandido armado, muito menos com claque comprada, mas houve Deputados que ficaram constrangidos, convidados que ficaram intimidados ao manifestar o seu posicionamento. A Casa da democracia tem que ser uma Casa aberta! Eu dizia, Deputado Éder Mauro, que entrou no plenário agora, que V.Exa. foi até agredido na saída do plenário. Não pode um Deputado, representante da população, ser intimidado dentro desta Casa por claque paga e em relação a uma questão que a sociedade quer, espera e merece: a redução da maioridade penal.

Documento 4/143

045.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 24/03/2015-17:02

Publ.: DCD - 25/03/2015 - 80 PADRE JOÃO-PT -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Agressão de Deputados a visitantes presentes a audiência pública realizada

pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania destinada ao debate da

Proposta de Emenda à Constituição nº 171, de 1993, que altera a redação do

art. 228 da Constituição Federal (imputabilidade penal do maior de dezesseis

anos). Protesto contra restrições ao acesso de visitantes à Casa. Expectativa de

investigação pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, de denúncia

de participação do Senador Aécio Neves no desvio de recursos da empresa

ELETROBRAS Furnas.

O SR. PADRE JOÃO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu queria primeiro destacar, uma vez que houve várias falas de colegas, que eu também estava presente à audiência pública em que se discutia a Proposta de Emenda à Constituição nº 171, de 1993. Na verdade, havia também Deputados agredindo os convidados, dizendo que eles faziam a defesa de vagabundo... Ouvi até Deputado dizer que ali havia uma claque paga. Isso é uma agressão! Nós temos que saber respeitar. Esta aqui é a Casa do Povo. Temos que saber respeitar e acolher bem os cidadãos que vêm aqui. Eles não são pagos. Pagos são os Deputados, e recebemos bem - alguns não se contentam com o salário e ainda têm que ganhar dinheiro de empresas. Este é o grande problema. Nós somos bem remunerados. Nós temos que trabalhar. Nós temos o dever de trabalhar. O cidadão vem para aqui contribuir para a democracia. Ele vem com o intuito de contribuir, de colaborar. Nós temos que respeitá-los. É lamentável que haja tanta dificuldade de acesso do cidadão a esta

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Casa. Quantos estão do lado de fora, proibidos de entrar nesta Casa?! É lamentável esta situação, Sr. Presidente. Para finalizar, Sr. Presidente, eu queria dizer da minha grande expectativa e da minha grande esperança de que o Procurador-Geral da República dê continuidade ao processo de abrir novos inquéritos. Ao se investigar, não se condena ninguém a priori. Ao contrário, investigar é até melhor para o próprio Deputado ou Senador que está sendo investigado, para que se deixe tudo às claras e assim o nome dos inocentes fique resguardado. Foi com essa intenção, e com todo o respeito e confiança no Dr. Rodrigo Janot, que nós entregamos a ele documentações complementares à fala do Youssef, que cita o Senador Aécio como um dos que receberam dinheiro da lista de Furnas e cita também o trabalho exemplar da Procuradora Andrea Bayão no Rio de Janeiro. Nós queremos que o processo do Rio de Janeiro venha para a Procuradoria-Geral da República e que o processo que está em Belo Horizonte também venha para cá. Abriram o inquérito! Investigar não é vergonha; vergonhoso é deixar de investigar situações delicadas como essas. É preciso investigar, para moralizar a política neste País e levar o nosso povo brasileiro a um encantamento pela política, não a uma vergonha. Muito obrigado.

Documento 5/143

045.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 24/03/2015-17:14

Publ.: DCD - 25/03/2015 - 82 JOÃO RODRIGUES-PSD -SC

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Alto índice de aprovação pela sociedade brasileira da redução da maioridade

penal. Repúdio à inimputabilidade de criminosos de menor idade.

O SR. JOÃO RODRIGUES (PSD-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu me inscrevi para abordar outro assunto, mas tenho que comentar o debate que ouvi de colegas sobre a reunião de hoje da Comissão de Constituição e Justiça, onde se discutiu a redução da maioridade penal. Ao que me parece, um grupo convidado a participar da reunião, pessoas de fora da Casa, acabou, de certa forma, intimidando e até mesmo agredindo Parlamentares. É importante que aqueles que são contrários ao tema avaliem as suas posições, até porque, segundo consta, todos os institutos de pesquisas apontam que 80% da população brasileira é a favor da redução da

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maioridade penal. Então, os Parlamentares da Comissão que defendem esta tese eu quero cumprimentar e saudar. Isso significa respeito à maioria da população brasileira. Por que o povo está pedindo a redução da maioridade penal? Porque ninguém suporta mais esta violência desenfreada, porque nós temos verdadeiros homens de 16 e 17 anos matando indiscriminadamente e não pagando pelo crime que cometem. Famílias inteiras se tornam reféns, presas dentro de casa, intimidadas por esses meliantes que, com uma arma na mão, seja arma de fogo, seja arma branca, cometem os mais diversos crimes. Muitos delegados de polícia que temos aqui na Casa são testemunhas disso. Policiais testemunham que, na hora de abordar um elemento de 17 anos, mesmo que o elemento seja violento, se porventura o policial tiver que agir com determinado rigor, com certeza vai responder depois por ter defendido os interesses de pessoas de bem. Mesmo não fazendo parte da categoria dos policiais, como brasileiro e Deputado Federal eu concordo plenamente que esta Casa tem que ter a coragem de defender os interesses da maioria da população brasileira. Aqui não há lugar para covarde! Aqui só há lugar para quem tem coragem e vergonha na cara! Respeitem a vontade da maioria dos brasileiros, que há muito tempo reivindicam a redução da maioridade penal. Eu respeito a posição dos que pensam diferente, mas não tentem fazer prevalecer a sua vontade individual, deixem que os Parlamentares venham ao plenário, para que possamos travar aqui o bom debate. Se houver dúvidas, deixem a população brasileira opinar. Nós teremos, com certeza, 80% dos brasileiros favoráveis à redução da maioridade penal. Finalizo reafirmando essa posição, que não é um desejo meu, é o sentimento da opinião pública. Parece que alguns Parlamentares não querem que o debate se oriente pelo interesse da maioria dos brasileiros. Esse assunto ficou esquecido por muitos e muitos anos, a matéria não andou. Cada um tem uma tese, mas o que deve prevalecer é o sentimento do povo, que não suporta mais a impunidade. Não tenho convicção de que a redução da maioridade penal resolva isso, mas ao menos ameniza a sensação de impunidade. Quem aqui faz aqui tem que pagar! Se aos 16 anos o jovem já tem direito ao voto, que ele também assuma suas obrigações. Este é um País de direitos e deveres. O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Conclua, Deputado. O SR. JOÃO RODRIGUES - Pelo que me parece, somos um país só de direitos até o presente momento. Obrigado, Presidente.

Documento 6/143

045.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 24/03/2015-17:18

Publ.: DCD - 25/03/2015 - 94 PASTOR EURICO-PSB -PE

CÂMARA DOS DEPUTADOS ORDEM DO DIA PELA ORDEM

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DISCURSO

Sumário

Indignação com os episódios de agressão a Parlamentares ocorridos durante

reunião da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania para debate

sobre a redução da maioridade penal.

O SR. PASTOR EURICO (PSB-PE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu gostaria neste momento de registrar que há poucos minutos estivemos na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, em uma audiência pública importante, com a presença de juristas constitucionalistas, discutindo a redução da maioridade penal. Lamentavelmente, parece que algumas pessoas que foram levadas para lá, convidadas, não foram participar de forma solidária, e sim foram tumultuar a reunião. Nós, como Deputados, nos sentimos agredidos ali até no momento em que foi encerrada a reunião por falta de condições de continuidade. Nós gostaríamos então de pedir a V.Exa. que, se possível, reduza um pouco essa quantidade excessiva de pessoas na Comissão. Não é que queiramos tirar das pessoas o direito de participar, mas com aquela quantidade excessiva fica até difícil a Segurança controlar as pessoas. Lamentavelmente, estava hiperlotado o plenário da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. Todos os que estavam ali presentes viram a dificuldade que teve o Presidente para administrar a situação.

Documento 7/143

045.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 24/03/2015-17:18

Publ.: DCD - 25/03/2015 - 94 VITOR VALIM-PMDB -CE

CÂMARA DOS DEPUTADOS ORDEM DO DIA PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Inconformismo com o episódio de agressão sofrido pelo orador em reunião da

Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania sobre a redução da

maioridade penal.

O SR. VITOR VALIM (Bloco/PMDB-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu só quero lamentar a forma como nós Deputados que somos a favor da redução da maioridade penal fomos hostilizados hoje na Comissão de Constituição e Justiça. Ao sair do plenário, eu fui agredido física e verbalmente por quem era contra a

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redução. Alguma coisa precisa ser feita, porque não só nós, Parlamentares, mas também os nossos convidados ficamos prejudicados. Era este o registro.

Documento 8/143

045.1.55.O Sessão Deliberativa

Ordinária - CD 24/03/2015-17:18

Publ.: DCD -

25/03/2015 - 94 EDUARDO CUNHA (PRESIDENTE)-PMDB -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA FALA DO PRESIDENTE OU NO EXERCÍCIO DA PRESIDÊNCIA

FALA DO PRESIDENTE

Sumário

Manifestação de concordância com a posição do Deputado. Orientação ao

Presidente da Comissão sobre a adoção de procedimentos em casos

semelhantes.

O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Assiste razão a V.Exa. Faltou uma comunicação à Segurança da Casa, porque o Parlamentar tem que ter o direito de exercer a sua prerrogativa de debater e tem que ter o direito de ir e vir dentro desta Casa. Não podemos permitir que grupos que vêm se manifestar contra ou a favor de qualquer proposta impeçam o trabalho pela balbúrdia. Bastava que o Presidente da Comissão solicitasse segurança, e a providência seria imediata. Que da próxima vez aconteça dessa forma.

Documento 9/143

050.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 26/03/2015-

10:58

Publ.: DCD - 27/03/2015 -

95 CHICO ALENCAR-PSOL -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS ORDEM DO DIA COMO LÍDER

DISCURSO

Sumário

O SR. CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, servidores...

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Peço um pouquinho mais de som à Mesa, por favor, para eu não ter que falar gritando, afinal não tenho a tonitruância do Deputado Silvio Costa, nem a invejo, embora sua inteligência e capacidade de provocação, sim. O Deputado Deley, que ouviu tanto os gritos dos técnicos do Fluminense lá no gramado - é difícil escutar às vezes, e às vezes é bom não escutar, porque eles xingam muito seus próprios jogadores -, não está ouvindo. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, o senso comum, que às vezes se manifesta como opinião pública em pesquisas, é um elemento a se considerar, mas não é o melhor conselheiro para o trabalho legislativo. Eu tenho ouvido constantemente aqui, sobre essas matérias relativas à segurança pública, que a população clama por mais cadeia, clama pelo fim da bandidagem - é óbvio que ninguém a aplaude, a não ser as próprias corporações do banditismo, que existem, aliás, no meio político também -, e isso nos leva a querer simplesmente entrar na linha do penalismo. Nós do PSOL fazemos uma reflexão serena para dizer que esse caminho pode ser muito enganoso. Defende-se que haja mais e mais cadeias; que se vá para cadeia a partir de 15, 16 ou 12 anos; que não haja mais diferença entre o ato infracional e o ato criminal; que tudo seja considerado como crime hediondo. Vamos com calma. O policial é sempre o ungido que nunca erra, como se nós, por exemplo, autoridades públicas, nunca errássemos e não cometêssemos crimes, em especial contra o Erário. Esse espírito de casta e essa sede de vingança são más conselheiras para o que estamos fazendo aqui. Nós temos que examinar cada matéria. Aqui, no próprio projeto em tela, há ainda elementos importantes também. Os autos de resistência, que, sabemos, tantas vezes são forjados para justificar uma violência policial inaceitável, não caminham aqui com a celeridade desses outros projetos. Então, nós pedimos sensatez a esta Casa. Com sede de vingança, muitas vezes o povo, na emoção, quer fazer justiçamento, mas nós temos o dever do equilíbrio, da racionalidade, de entender o conjunto do sistema penitenciário brasileiro, que hoje é uma escola superior de criminalidade; da fruição da justiça, e não simplesmente modificar o Código Penal no quesito de penas, estabelecendo mais e mais penas, como se isso fosse resolver. A experiência real da vida mostra que essa não é a solução última de todas as nossas questões. Vamos examinar cada projeto em seus detalhes, em suas minúcias, para não cometermos desatinos e, pensando que estamos enfrentando o problema da falta de segurança da população, agravá-lo mais ainda. Por fim, Sr. Presidente, Dom Leonardo, Secretário-Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, comunicou que ontem a coalizão da reforma política esteve com o Ministro Lewandowski, clamando ao Ministro Gilmar Mendes que devolva os autos do processo de inconstitucionalidade do financiamento empresarial da campanha. Ele nos pediu também muito carinho e atenção para com as nossas crianças, para que não as tornemos prisioneiras sem mais, como se

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está querendo. Obrigado.

Documento 10/143

052.1.55.O Sessão Não Deliberativa de Debates -

CD 27/03/2015-

10:24

Publ.: DCD - 28/03/2015 -

15 MARCOS ROGÉRIO-PDT -RO

CÂMARA DOS DEPUTADOS PEQUENO EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Solicitação à Secretaria Nacional de Defesa Civil, do Ministério da Integração

Nacional, de liberação de recursos para o atendimento da população desalojada

e desabrigada pelas enchentes no Município de Buritis, Estado de Rondônia.

Regozijo com a indicação do orador para a Presidência da Comissão Especial

destinada ao oferecimento de parecer à Proposta de Emenda à Constituição nº

70, de 2011, que altera o procedimento de apreciação das medidas provisórias

pelo Congresso Nacional. Defesa de realização da reforma do Código Penal de

acordo com os anseios da sociedade em relação ao tema da segurança.

Aprovação pela Casa de proposição relativa à ampliação das penas de crimes

cometidos contra policiais. Apoio à redução da maioridade penal para crimes

hediondos.

O SR. MARCOS ROGÉRIO (PDT-RO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nobre Deputado Izalci, Sras. e Srs. Parlamentares, aqueles que nos acompanham pelo sistema de comunicação da Câmara dos Deputados, é uma satisfação voltar a esta tribuna para abordar temas que são importantes para o País. Inicio, Sr. Presidente, essa minha fala com o registro de uma situação lamentável que está ocorrendo no Estado de Rondônia. Na cidade de Buritis, no interior do nosso Estado, houve uma enchente histórica no último final de semana e muitas famílias ficaram desabrigadas, estão desalojadas até este momento, precisando de apoio. Muitas perderam mobílias, estão em abrigos, contando com o apoio de populares da cidade, com o apoio do poder público, mas os prejuízos são grandes para a cidade de Buritis. Eu conversei esta semana com a Secretária de Assistência Social de Buritis, Neuzelice, que me informou que o Município está em situação de emergência, carecendo de apoio, carecendo de recursos também da Secretaria Nacional de Defesa Civil, para a qual já apelamos, a fim de que, uma vez reconhecida essa situação de emergência, faça a intervenção no sentido de ajudar, de dar o apoio necessário para a

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mais breve recuperação daquela cidade e de um ambiente saudável para as famílias também daquele Município. Portanto, faço este registro em nome da população do Município de Buritis. Eu tenho um carinho especial por aquela população, que esta passando por este momento difícil. No ano passado, nós tivemos uma enchente histórica no Estado de Rondônia, no Rio Madeira, atingindo as cidades de Porto Velho, Guajará-Mirim, deixando isolado o Estado do Acre. Este ano, o Município de Buritis sofreu com essa enchente. Porto Velho não está com a mesma situação do ano passado. Graças a Deus, este ano está mais tranquilo, este ano o Acre está sofrendo também com enchentes. Enfim, o inverno amazônico é sempre muito surpreendente, e as cidades acabam sofrendo muito, especialmente as pessoas mais humildes. Mas, Sr. Presidente, eu queria também fazer um registro aqui com relação aos trabalhos que esta Casa vem realizando ao longo dos últimos dias, um esforço muito grande para criar uma agenda produtiva neste Parlamento, a partir deste Plenário, a partir das Comissões desta Casa. Eu tive a satisfação de ser convidado pelo Presidente da Casa para assumir a Presidência da Comissão Especial que trata da PEC 70, que vai discutir critérios, procedimentos, andamento das medidas provisórias neste País. É uma Comissão muito importante, onde nós estamos à frente desses trabalhos com o conjunto de Deputados preocupados em dar ao País uma proposta de emenda constitucional, uma emenda constitucional que delimite a sistemática das medidas provisórias. Nós temos, hoje, um volume grande de medidas provisórias tramitando no Brasil, e é preciso regulamentar o que pode ser objeto de medida provisória - isso já está definido, mas precisa ser aclarado - e como devem tramitar na Casa essas propostas. Nós estamos trabalhando a partir desta Comissão Especial. Além disso, Sr. Presidente, também aprovamos, ao longo desta semana, um conjunto de propostas voltadas para a segurança pública. A segurança pública é um dos temas mais apontados pela sociedade brasileira como necessários de enfrentamento pela autoridade pública. A segurança pública, na verdade, não é só aprovarmos aqui um conjunto de leis de endurecimento das penas. Isso é fato. Mas isso é parte da segurança pública. Apenas dizer "Olha, não vamos aprovar o endurecimento das penas" e discursar dizendo que o Governo tem que adotar medidas de mais educação, de mais saúde, de mais emprego, isso é verdade também. E é papel do Governo. É papel dos governos fazerem isso. É papel do Parlamento criar um ambiente favorável para que isso tudo aconteça na prática. Agora, nós não podemos continuar vendo no Brasil milhares e milhares de famílias sendo vitimadas, muitas vezes com o crime capital, com a morte, especialmente de policiais, como tem ocorrido em São Paulo, no Rio de Janeiro e no meu Estado também. Recentemente, na minha cidade, um sargento da Polícia Militar foi executado na frente da sua casa, em razão do ofício de ser policial militar!

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Então, nós não podemos ficar aqui com o discurso: "Olha, o Estado não cumpre o seu papel. Então, nós não podemos avançar no endurecimento das penas". Isso é falácia! Os brasileiros estão exigindo mais. Nós estamos fazendo a discussão do novo Código Penal. Antes das campanhas, Sr. Presidente, eu fui para as faculdades e, durante as campanhas, eu fui para as reuniões, e as pessoas me diziam assim: "Olha, ninguém quer ouvir falar desse negócio de lei, não. Ninguém quer ouvir falar desse negócio de processo legislativo, não. Esse é um tema chato. Se você falar isso na campanha, você vai ser surpreendido, porque o povo não quer ouvir isso". E eu falei disso em todas as reuniões que fiz de um canto a outro do meu Estado. Eu falava sobre a reforma penal. O que nós estamos propondo? Nós estamos propondo aqui, na reforma penal - o que é lamentável, e nós vamos mudar isso, se Deus quiser -, uma pena mais grave para quem destrói o ninho de um passarinho do que para aquele que comete o crime de assédio sexual. Vejam: não é o que nós vamos fazer, porque nós vamos mudar - repito aqui -, nós vamos mudar isso. A proposta do Código Penal que tramita nesta Casa estabelece uma pena de 4 anos para quem comete o crime de maus-tratos aos animais, e essa mesma proposta prevê uma pena de 1 ano, no máximo, para o crime de lesão corporal. Será que vale mais um cachorro do que um ser humano? Isto aqui não é questão de "Ah, é endurecimento de pena". Isso é falácia! A sociedade não valoriza mais um animal do que um ser humano. Os dois são importantes. Cuidar dos animais é dever da sociedade, é dever do Estado; mas cuidar das pessoas, cuidar do ser humano é e deve ser sempre a nossa primeira obrigação. Então, o novo Código Penal em discussão nesta Casa tem que vir numa linha de sintonia com a sociedade. Ele deve vir numa linha de adequação com aquilo que as pessoas estão esperando. Senão, este Parlamento perde a legitimidade. Se o Parlamento legisla de costas para a sociedade, ele não serve para representar a sociedade. A Constituição Federal diz que a democracia, que o poder emana do povo, que o exerce por meio de seus representantes ou na forma direta. Sr. Presidente, no dia em que este Parlamento não puder ouvir as vozes das ruas, este Parlamento não serve para ficar de portas abertas. Eu respeito as divergências, eu respeito as opiniões contrárias, mas eu acho que a multidão das vozes deste Parlamento é que o faz ser a representação popular. Caso contrário, nós estaremos legislando contra a sociedade. Nós fizemos um endurecimento das penas para os crimes cometidos contra policiais. O policial está nas ruas para proteger a sociedade. Está em nome do Estado, é um braço do Estado na defesa da sociedade! É um braço do Estado na defesa da sociedade! Agora, esse policial é executado nas ruas em serviço - ou fora de serviço, mas em razão do seu trabalho -, e aí a legislação penal vai dizer o seguinte: "Não, olha, a mesma pena que vale para ele vale para qualquer outro cidadão". Não, senhor! Esse profissional, esse servidor público está lá em nome do Estado para defender a sociedade. Então, é justo que, quando afrontado, quando for vítima de um crime, tenham uma pena

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maior aqueles que cometem tal crime. Foi isso que esta Casa aprovou. A questão da maioridade penal é outro tema que esta Casa reluta em discutir, apesar do apelo da maioria dos Parlamentares. Sr. Presidente, quem tem medo da redução da maioridade penal são os criminosos. O adolescente, o jovem que não comete crime não tem medo da maioridade penal. Eu falo isso nas escolas de ensino médio do meu Estado, Sr. Presidente, com adolescentes, com jovens. Quem não vive do crime e quem não está na vida para o crime não deve temer a redução da maioridade penal. Eu não sou daqueles que defendem a redução da maioridade penal para todos os casos. Eu tenho uma posição de mediação. Isso não é cláusula pétrea. O Supremo já desmistificou, já afastou essa tese quando alterou o art. 226 da Constituição, que está no mesmo capítulo. Então não se trata de cláusula pétrea, embora esteja no núcleo duro da Constituição Federal. Você não pode tirar da Constituição - é o meu entendimento - a figura da imputabilidade penal, mas determinar se ela é aos 18, aos 16 ou aos 14, isso é da natureza do Parlamento, é da sua função. O art. 60 da Constituição Federal diz que não se pode fazer emendas à Constituição tendentes a abolir. Agora, há muita gente que fugiu da escola e vai à Comissão dizer: "Não, não. Nisso aqui não se pode mexer." Abolir é diferente de modificar. Abolir é diferente de modificar, e não se está abolindo a maioridade penal da Constituição Federal. O que se pretende é modificar para adequar a Constituição Federal e a lei penal do Brasil para que elas estejam de acordo com os novos tempos. O jovem de 1940, Sr. Presidente, não é o mesmo jovem de 2015, até porque essa questão da imputabilidade penal foi recepcionada pela Constituição de 1988. A maioridade penal aos 18 anos foi estabelecida no Código Penal de 1940. Antes do Código Penal de 1940, no Código do Império e depois em pelo menos dois, nós tivemos idade penal de 9 anos, nós tivemos idade penal de 13 anos, depois de 16 e de 18 anos. Hoje é uma nova realidade. Então, eu não sou a favor de fazer a redução em todos os casos, mas de reduzir para os 16 anos no caso dos crimes hediondos, dos crimes hediondos. Para aqueles crimes de menor potencial ofensivo, a gente faz uma modificação na lei especial, no ECA, para que a legislação especial tenha medidas socioeducativas mais adequadas ao momento que a sociedade vive. Concluo dizendo que esse tema não pode ser um tema proibido no Parlamento. Eu homenageio aqueles que pensam em contrário, e esta Casa é uma Casa plural. A diversidade de ideias e de opiniões todos devem expressar aqui, mas nós não podemos impedir o debate, o enfrentamento desse tema, porque a sociedade está discutindo isso em todos os cantos. Sr. Presidente, muito obrigado pela oportunidade de falar nesta sessão. Parece-me que a sessão em São Paulo, enfim, começou a fluir sem que a intolerância prevaleça naquele lugar. Muito obrigado.

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Documento 11/143

054.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 30/03/2015-14:06

Publ.: DCD - 31/03/2015

- 15 LINCOLN PORTELA-PR -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Apoio à redução da maioridade penal.

O SR. LINCOLN PORTELA (PR-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Carlos Manato, anteontem um coitadinho de 15 anos de idade pegou um revólver calibre 38 e deu um tirinho na cabeça de um disciplinário do seu colégio, assassinando-o. Coitadinho desse menino de 15 anos que assassinou brutalmente o disciplinário do colégio! Que dó! Nós temos que pegar esse menino, colocá-lo no colo, tratá-lo, dar mamadeira, dar Leite Ninho, dar leite em pó. Ele tem tudo isso em casa, é de classe média! Ele deu três tiros na cabeça do disciplinário. Com um tiro direto, assassinou o disciplinário. Hoje na CCJC aprovamos punir esses facínoras que o Brasil tem, aprendizes daqueles que estão no Estado Islâmico. Pela maioridade penal aos 16 anos! O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Obrigado, nobre Deputado.

Documento 12/143

056.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

31/03/2015-09:30

Publ.: DCD -

01/04/2015 - 24 DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Expectativa de aprovação da admissibilidade da proposta de emenda à

Constituição sobre a redução da maioridade penal.

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O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Sem revisão do orador.) - Sra. Presidente, Srs. Deputados, é com imenso prazer que venho a esta tribuna para, mais uma vez, lutar contra a violência e denunciar a violência. Espero que hoje, Deputado Jair Bolsonaro, seja aprovada a admissibilidade da proposta de emenda à Constituição que reduz a maioridade penal, para que seja dado o primeiro passo rumo à diminuição da violência neste País. Combatendo o bom combate na segurança pública, combatendo a criminalidade, por 35 anos, confrontei-me várias vezes com criminosos menores de 18 anos de idade que não titubeavam, não piscavam os olhos para atirar em nós, sem medir as consequências. Eles se acham acima de tudo. Por isso, hoje é um dia importante.

Documento 13/143

056.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

31/03/2015-09:46

Publ.: DCD -

01/04/2015 - 29 VITOR VALIM-PMDB -CE

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Relato de agressões contra o orador durante reunião da Comissão de

Constituição e Justiça e de Cidadania destinada ao debate da redução da

maioridade penal. Expectativa de aprovação da proposta relativa ao tema.

O SR. VITOR VALIM (Bloco/PMDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, será bem breve minha comunicação. Como V.Exa., Sr. Presidente, também falou sobre redução da maioridade penal, tenho a honra de dizer que hoje votarei, na Comissão de Constituição e Justiça, um pleito da sociedade brasileira que há mais de 20 anos, Deputado Jair Bolsonaro, vem se arrastando na Câmara Federal. Na semana passada, infelizmente, foram protagonizados, na Comissão de Constituição e Justiça, cenas lamentáveis. Eu, como Deputado, fui agredido por manifestantes que querem a democracia, mas querem fazer valer a sua vontade na força bruta. Então, espero que hoje mais Parlamentares a favor da redução da maioridade penal, que estão, sim, em consonância com a sociedade, possam comparecer à Comissão de Constituição e Justiça e que esta

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claque paga possa respeitar a maioria e não queira fazer valer da minoria maioria neste Plenário e na Comissão de Constituição e Justiça. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 14/143

056.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

31/03/2015-09:50

Publ.: DCD -

01/04/2015 - 30 JAIR BOLSONARO-PP -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Rememoração do episódio do crime cometido pelo menor Roberto Aparecido

Alves Cardoso, o Champinha, no Município de Embu-Guaçu, Estado de São

Paulo. Sugestão de denominação da norma sobre redução da maioridade penal

de Liana Friedenbach, em homenagem à vítima do caso.

O SR. JAIR BOLSONARO (Bloco/PP-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, queria falar 3 minutos, mas serei bastante breve. Quero me referir ao Deputado Vitor Valim, do PMDB do Ceará. No dia 1º de novembro de 2003, houve um dos crimes mais bárbaros cometidos em nosso País: uma menina de 16 anos de idade e o namorado dela, de 19 anos de idade, foram surpreendidos por cinco marginais, entre eles um menor chamado Champinha, na época com 17 anos de idade. No dia seguinte, um desses marginais executou com um tiro na nuca o garoto Felipe Caffé e, por 5 dias seguidos, a menina, Liana, foi estuprada em rodizio e, no último dia, foi executada com golpe de faca, tendo sido praticamente degolada. Esse crime foi consumado no dia 5. Logo depois, no dia 11, fui convidado pela Rede TV para dar uma entrevista, no Salão Verde, favoravelmente à redução da maioridade penal, e não sabia que, ao meu lado, estava a digníssima Deputada Maria do Rosário, que iria falar exatamente o contrário. Depois, obviamente, ela perdeu a linha, falou um montão de asneiras, eu dei um troco e agora estou sendo processado por apologia ao estupro.

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A sugestão, Deputado Vitor Valim, que quero fazer a esta Casa é a seguinte: essa emenda vai se transformar em realidade, vai ser uma emenda à Constituição, se Deus quiser! E eu gostaria de sugerir que ela recebesse o nome de Liana Friedenbach, como uma homenagem póstuma a essa menina que sofreu barbaridades nas mãos de um marginal, defendido depois pela Deputada Maria do Rosário não só na tribuna desta Casa, mas também ali fora, no Salão Verde. Queremos mostrar que nós realmente pensamos em direitos humanos, e não essa esquerda que está aí, que tanto lutou para impor uma ditadura em nosso País, e não conseguiu. É uma homenagem à Liana Friedenbach, essa jovem de 16 anos de idade que sofreu barbaridades nas mãos de um menor de 17 anos, conhecido como Champinha. Se Deus quiser, essa emenda à Constituição vai se chamar Emenda Liana Friedenbach. Parabéns, Deputado Valim, pela sua defesa aqui! O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

Documento 15/143

056.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

31/03/2015-09:56

Publ.: DCD -

01/04/2015 - 31 VINICIUS CARVALHO-PRB -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Registro no site do orador de manifestação da população brasileira em apoio à

punição de autores de crimes independentemente da idade. Defesa da redução

da maioridade penal.

O SR. VINICIUS CARVALHO (Bloco/PRB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sobre a redução da maioridade penal, em nosso site viniciuscarvalho.com.br, temos a seguinte enquete: "Você é a favor da maioridade penal a partir de quantos anos?" São quatro opções. A primeira delas: "Independentemente da idade, quem comete crime deve responder por seus atos perante a justiça?" E as outras opções: 14 anos, 16 anos e 18 anos. Sr. Presidente, 99% das pessoas que participaram dessa enquete em meu site optaram pela redução da maioridade penal. Dessas 99%,

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Sras. e Srs. Deputados, 65% responderam que, independentemente da idade, quem cometer crime deve responder por seus atos perante a Justiça. Esse é o anseio da população, Sr. Presidente! Deixamos registrada na nossa fala a necessidade de haver essa consciência sobre a redução da maioridade penal.

Documento 16/143

058.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 31/03/2015-14:12

Publ.: DCD - 01/04/2015 -

67 DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Elogio ao Presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania,

Deputado Arthur Lira, pela condução dos debates sobre a redução da

maioridade penal no órgão. Apoio à redução da maioridade penal.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu vou elogiar aqui o Presidente da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, Deputado Arthur Lira, que está conduzindo muito bem os trabalhos da PEC sobre a redução da maioridade penal. Se 85%, 90% da população brasileira querem a redução da maioridade penal, não entendo por que há gente trabalhando contra. Não sei por quê! Há muitos anos que esse tema vem sendo debatido e há mais de 20 anos que se vem trabalhando contra. A violência está massacrando o povo brasileiro. Quem anda nas ruas sabe disso, sobretudo os pobres, os jovens, as mulheres e os negros. São 50 mil homicídios por ano, mais de 1.500 roubos por dia. É urgente e necessário porque, a partir do momento em que se responsabilizar o criminoso, com certeza, a tendência será de redução da criminalidade, porque a responsabilidade vai inserir ainda mais esses menores na sociedade. Então, é urgente e é necessária a redução da maioridade penal, Sr. Presidente. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

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Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, nos últimos dias, o Congresso Nacional tem discutido e votado projetos de extrema importância no campo da segurança pública. Hoje eu clamo por que seja aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça a Proposta de Emenda à Constituição que reduz a maioridade penal no Brasil. A Frente Parlamentar da Segurança Pública, também conhecida como Bancada da Bala, da qual sou integrante, tem pressionado pela discussão, buscado o entendimento entre os Líderes partidários e pedido a colaboração dos Deputados para que os projetos da área de segurança sejam votados, uma vez que precisamos de mudanças não só no discurso, mas também na prática. O que de fato eu defendo é o fim da maioridade penal, com a aplicação da pena de acordo com a consciência do crime cometido, independentemente da idade do infrator. Se o menor cometer um delito, será avaliado por uma banca de especialistas e julgado. A princípio, a redução da maioridade penal já seria uma grande vitória. A violência está massacrando o povo trabalhador, sobretudo os pobres, jovens, mulheres e negros. São 50 mil homicídios por ano, mais de 1.500 roubos por dia. É aí que está a urgência: as nossas leis precisam mudar para assegurar o direito das pessoas de viver em paz e em segurança. Precisamos de ações preventivas, mas medidas de repressão à violência, com a modernização da legislação penal, já deveriam ter sido tomadas antes de chegarmos ao ponto de se instalar a cultura do medo em nossa sociedade. As pessoas estão trancadas em suas próprias casas, enquanto a bandidagem se aproveita livremente de leis inconsistentes, que não condizem com o momento atual. É preciso que as leis evoluam para acompanhar as necessidades contemporâneas e para que tenhamos, um dia, a sonhada paz.

Documento 17/143

058.1.55.O Sessão Deliberativa

Ordinária - CD 31/03/2015-16:18

Publ.: DCD - 01/04/2015 -

230 SANDES JÚNIOR-PP -GO

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA DISCURSO

ENCAMINHADO DISCURSO

Sumário

Reflexões sobre dados publicados pelo jornal O Estado de S.Paulo da

Fundação CASA sobre menores infratores na cidade de São Paulo. Nota

contrária à redução da maioridade penal no País emitida pelo Fundo das

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Nações Unidas para a Infância - UNICEF.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO À MESA PARA PUBLICAÇÃO

O SR. SANDES JÚNIOR (Bloco/PP-GO. Pronunciamento encaminhado pelo orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, num momento em que esta Casa discute a redução da maioridade penal, com PEC versando sobre o assunto já praticamente na Ordem do Dia, é interessante nos atentarmos para dados recentes da sucessora da FEBEM em São Paulo, a Fundação CASA, dados divulgados pelo jornal O Estado de S.Paulo e que nos ajudam a refletir sobre este tema tão importante. Ocorre que o homicídio corresponde a apenas 1,61% das ocorrências que levam menores de 18 anos de idade a serem detidos no Estado de São Paulo. Segundo levantamento da Fundação CASA, fechado neste mês de março, 161 dos 9.951 jovens atendidos pela instituição cometeram este tipo de crime. Em primeiro lugar, está o roubo qualificado, com 4.377 casos (43,98%), seguido pelo tráfico, com 3.806 ocorrências (38,24%). Considerando ainda roubo simples (3,78%), essas motivações respondem por 86% das detenções. Por estes dados podemos afirmar que o tráfico deixou de ser a principal causa de internações, posição que foi assumida pelo roubo qualificado. Em 2012, 43% dos internos tinham cometido esse crime. Em 2006, o porcentual era de 21%. Para especialistas, a queda pode ter relação com um rigor maior no cumprimento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Segundo a legislação, em casos de envolvimento com o tráfico o jovem só pode ser internado se for reincidente, se descumprir medidas socioeducativas ou se agir com emprego de violência. Atualmente, adolescentes com mais de 16 anos e menos de 18 anos que se envolvem nessas ocorrências são encaminhados para a Fundação CASA e para outras instituições espalhadas pelo Brasil, onde cumprem pena por até 3 anos. A situação desses jovens voltará a ser debatida a partir desta semana, quando a Câmara deverá criar uma Comissão Especial para analisar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 171, de 1993, que determina a redução da maioridade penal para 16 anos. A possibilidade de aprovação da PEC vem mobilizando entidades ligadas à defesa da criança e do adolescente e até a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, que tem se manifestado de forma contrária em redes sociais. No último dia 18 de março, o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância) se adiantou e emitiu nota contrária. Para a representação do UNICEF, "É perturbador que um país como o Brasil esteja tão preocupado em priorizar a discussão sobre punição de adolescentes que praticam atos infracionais registrados ocasionalmente, quando se torna tão urgente impedir assassinatos brutais de jovens cometidos todos os dias".

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No estudo por faixa etária feito pela Fundação CASA, os jovens são separados por grupos de 12 a 14 anos, 15 a 17 anos e 18 anos ou mais. No primeiro, há 691, e no último, 1.959. A maior fatia de jovens infratores está na faixa dos 15 aos 17 anos: 7.298 adolescentes. Eles integram o grupo que será mais atingido pela redução da maioridade penal. No que diz respeito ao sexo, os meninos dominam as instalações dos 151 centros socioeducativos espalhados pelo Estado. São 9.516 adolescentes do sexo masculino. As jovens correspondem só a 4,4% dos infratores - há 435 garotas internadas. Precisamos debater o tema, mas precisamos nos ater a dados concretos, a números oficiais que nos são apresentados por todo o País, como o fez o jornal a partir de estudo interno da Fundação CASA. Não podemos deixar o emocional tomar cota e contaminar a discussão e a votação. São vidas. É o futuro desses jovens e de outros que vai estar em jogo. Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Documento 18/143

064.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 08/04/2015-14:04

Publ.: DCD - 09/04/2015 -

145 MISAEL VARELLA-DEM -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Congratulações à Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania pela

aprovação da admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição nº 171, de

1993, sobre a imputabilidade penal do maior de 16 anos. Crítica aos

movimentos contrários à proposta. Leitura de artigo de Percival Puggina sobre

as consequências do estabelecimento de cláusulas pétreas na Constituição

Federal.

O SR. MISAEL VARELLA (DEM-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados está de parabéns por ter aprovado a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição nº 171, de 1993, que trata da redução da maioridade penal. Sr. Presidente, peço que meu discurso seja dado como lido e publicado no programa A Voz do Brasil e nos meios de comunicação desta Casa. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Agradeço, nobre Deputado.

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PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados está de parabéns por ter aprovado a admissibilidade da Proposta de Emenda à Constituição nº 171, de 1993, que trata da redução da maioridade penal. Foi uma atitude de coragem vencer esse dinossauro da inimputabilidade dos menores de 18 anos. Cada vez mais, a criminalidade praticada por menores assombra a segurança pública, com os "de menor" transformados em linha de frente do crime organizado. É urgente coibir isso. Sempre que se fala em combater a criminalidade com medidas repressivas aparecem os protetores dos bandidos. São os mesmos - exatamente os mesmos - que relegam as vítimas ao mais negligente abandono. Seu argumento é tão surrado quanto paralisante: "Só isso não resolve!", proclamam. É óbvio que só isso não resolve, mas, se nada é feito, tudo a cada dia que passa fica pior, como a experiência e as estatísticas vêm demonstrando com clareza. Conforme artigo de Percival Puggina, "todas as tentativas de reduzir a maioridade penal, mesmo que para o patamar mínimo de 16 anos, esbarram no fato de que a Constituição Federal declara, no § 4º do art. 60, que os direitos e garantias individuais nela estabelecidos constituem "cláusulas pétreas". Ou seja, não podem ser objeto de emenda tendente a aboli-los. E, nessa lista, entre quase seis dezenas de garantias, vai, como peixe em cambulhão, a inimputabilidade dos menores de 18 anos". Puggina continua: "Foi muito presunçosa a atitude dos constituintes de 1988 quando decidiram listar os dispositivos constitucionais que não poderiam ser objeto de modificação. Ao fazê-lo, pretenderam cristalizar a Sociedade, a Política e a Justiça como se fotografassem um instantâneo das aspirações nacionais e decidissem torná-las imutáveis através dos séculos. Quase nada pode ser assim e a CF de 1988 foi excessiva em fazê-lo". Sr. Presidente, Puggina termina com um raciocínio absolutamente lógico; de tão lógico acaba sendo absolutamente não ideológico: quanto maior o número de bandidos presos, menor o de bandidos soltos e menor a insegurança na sociedade. E vice-versa. Tenho dito.

Documento 19/143

067.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - 09/04/2015-14:04

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CD

Publ.: DCD - 10/04/2015 -

56 DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Contestação ao artigo do jornalista Vladmir Safatle sobre o projeto de lei

acerca da redução da maioridade penal.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente. Primeiro, gostaria que o meu pronunciamento fosse publicado nos Anais desta Casa. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Vladimir Safatle, professor de Filosofia da USP, publica uma matéria na Folha on-line intitulada A bancada do medo. Ele diz que nós aqui do Congresso Nacional, para aparecer, estamos encaminhando matéria sobre a redução da maioridade penal. "O Congresso Nacional conseguiu chegar ao seu ponto mais baixo nos últimos dias com o envio da proposta de redução da maioridade penal (...)" Nós não chegamos a esse ponto, não. Não chegamos! Nós estamos querendo responsabilizar o criminoso e poupar vidas humanas, pessoas de bem, que realmente pagam os seus impostos, que fazem este País crescer. Queremos responsabilizar menores que ficam matando, roubando, estuprando, etc. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

Documento 20/143

067.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 09/04/2015-14:06

Publ.: DCD - 10/04/2015 -

56 LUIZ COUTO-PT -PB

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Reflexões acerca dos desdobramentos sociais da aprovação da lei sobre

redução da maioridade penal.

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O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu gostaria que fosse feita a publicação, na íntegra, deste pronunciamento e que o mesmo fosse divulgado pelos meios de comunicação desta Casa, inclusive, no programa A Voz do Brasil. Este é um texto que eu faço a partir da teoria das trocas simbólicas de Pierre Bourdieu, falando da redução da maioridade penal. Reduzir a maioridade penal tendo como foco reduzir a marginalidade, com a violência no Brasil, é uma falácia. Menos de 1% dos crimes cometidos no Brasil envolvem adolescentes. Ou seja, na teoria das trocas simbólicas, isso significa esconder o verdadeiro problema dentro das trocas da verdadeira violência ocorrida, hoje, neste mundo consumista e insensato. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, quero fazer menção, neste pronunciamento, ao ocorrido na última sessão da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, onde a maioria rejeitou meu parecer contrário a redução da maioridade penal e aprovou um voto em separado para que esta redução seja contemplada e supostamente diminuída num todo "a criminalidade no Brasil" - à espera de um milagre: essa é a expressão mais próxima que defino. Para reduzir os índices de criminalidade, alguns Deputados daquela Comissão caminham para o retrocesso ao reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos de idade. Em tempos em que a tendência global é a contrária, o País dá espaço para uma proposta de emenda constitucional que quer mudar uma legislação tida como uma das mais avançadas no mundo, resgatando ideias que vigoravam por aqui no século XIX. Esse projeto, se contemplado, poderá se chamar, a meu ver, como uma teoria das trocas simbólicas: o que quer dizer a troca do sentido da ação. Pierre Bourdieu definiu a teoria das trocas simbólicas como a economia dos bens simbólicos, ou seja, a economia das coisas sem preço. Na contraposição desta teoria afirmo que o conceito da teoria da violência simbólica seria dizer a forma de dominação mediante impregnação inconsciente de hábitos, símbolos e valores que, ao mesmo tempo, impõe essa dominação e a encobrem aos olhos dos dominados de forma que essa violência é tanto mais efetiva quanto menos reconhecida. Já a Prof.ª Maria Elci S. Barbosa, em um artigo publicado acerca da marginalidade e a sombra social, abordou os valores impostos pela sociedade, que consistem numa guerra individualista, sem nenhuma proposta de bem comum. Como consequência, tem-se o incremento das necessidades de consumo do ter e do poder. Matthew Fox, teólogo, filósofo americano e sacerdote, em 1940, disse

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que o consumo alimenta nossos apetites insatisfeitos, nutre o fato de que não fomos alimentados espiritualmente e que há um vazio em nós que não pode ser preenchido por mais que busquemos as compras ou possamos adquirir muitos bens. A vida é, em grande parte, uma jornada moral e espiritual. Dentro dos valores humanos e espirituais, diversas culturas falam desses valores como sendo virtudes, em especial no escopo das religiões. Trazendo para a sociedade atual, esses valores ou virtudes, que deveriam reger a vida humana, passaram a ser substituídos pelos vícios, vaidade e visão de poder (completamente distorcida). Tal ideia justifica a teoria de Pierre Bourdieu no que diz respeito a trocas simbólicas, na busca pelo capital simbólico-estético-material. A sociedade capitalista gera o capitalismo, e a marginalidade é intrínseca ao sistema capitalista como uma sombra social, traduzindo um arquétipo do mal. Ao analisarmos a sombra, temos a sombra individual relacionada à personalidade, sendo uma projeção de "como somos". A sombra coletiva é a chamada sombra social. A sombra começa no individuo sendo um aspecto de sua personalidade e, em certo ponto, alcança o nível coletivo, dando origem ao arquétipo do mal. Quando a sociedade se depara com o lado desumano tem como reação, partindo do âmbito pessoal para enxergar o outro, e uma das coisas mais difíceis para o ser humano é amar o próximo como a si mesmo. Como exemplo, podemos afirmar que, ao imaginar um individuo matando alguém, sempre é difícil se colocar no lugar do assassino ou marginal, tendo em vista que o homem sempre foi hostil ao próprio homem. A título de reflexão sobre o que fazer para controlar a marginalidade ou resolvê-la como governante, é necessário entender as necessidades da satisfação humana - o que nós poderíamos chamar, na verdade, de teoria da insatisfação humana. Levando-se em conta o nosso mundo consumista, ficaria difícil controlar as vontades do individuo pela busca do poder. Pois, antes de tratar a marginalidade como uma questão social e política, deveríamos atentar para o próprio comportamento humano, já que o mal e o bem estão dentro do próprio individuo. A busca incessante pela insatisfação humana (poderio) leva o ser humano ao auto-aniquilamento. Fatores que convergem para marginalidade, além do mundo capitalista, consideram a questão do próprio comportamento humano em deixar prevalecer o lado mal e a negação dos valores pessoais e coletivos. Portanto, reduzir a maioridade penal tendo como foco reduzir a marginalidade ou a violência no Brasil é uma falácia, sendo que menos de 1% dos crimes cometidos no Brasil envolvem adolescentes. Ou seja, na teoria das trocas simbólicas, é esconder o verdadeiro problema dentro das trocas da verdadeira violência ocorrida hoje, nesse mundo consumista e insensato. Era o que tinha a dizer.

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Documento 21/143

067.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 09/04/2015-14:10

Publ.: DCD - 10/04/2015 -

58 MORONI TORGAN-DEM -CE

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Agradecimento aos Parlamentares pelo apoio recebido para a criação da

Subcomissão de Combate ao Crime Organizado.

O SR. MORONI TORGAN (DEM-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, primeiro quero agradecer aqui o apoio que recebi na instalação da Subcomissão de Combate ao Crime Organizado, da qual fui eleito, unanimemente, como Presidente. Foi indicado o Deputado João Campos para Relator-Geral, e vários outros Deputados colaborarão com esse trabalho como Sub-Relatores. O crime organizado vai começar a ser enfrentado pela Câmara dos Deputados. Quero também dizer algo sobre a questão da maioridade penal. Muitas vezes não nos expressamos da maneira como deveríamos nos expressar. O que há é uma incoerência legal. Se o jovem com 16 anos tem responsabilidade suficiente para eleger Governador, Presidente, Deputados, Vereadores, Senadores, a coisa mais sagrada da democracia, que é exercer seu direito ao voto, então... (O microfone é desligado.) O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

Documento 22/143

067.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 09/04/2015-15:16

Publ.: DCD - 10/04/2015 -

90 ADELMO CARNEIRO LEÃO-PT -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

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Sumário

Discordância do argumento usado pelo Deputado Moroni Torgan para

alteração da maioridade penal no País. Expectativa de apuração pela Casa de

episódio ocorrido na sala de reuniões da CPI da PETROBRAS.

O SR. ADELMO CARNEIRO LEÃO (PT-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, com todo o respeito que eu tenho pelo Deputado Moroni Torgan, quero dizer que nós teremos tempo para debater e nos debruçar sobre essa questão da maioridade penal, a fim de encontrarmos as melhores soluções em relação à realidade que está aí posta. Mas, em princípio, não vejo nenhuma evolução, nenhum ganho, em nós reduzirmos hoje, no Brasil, com a estrutura penitenciária existente, a idade penal para efeito de punição. Além disso, quero tratar aqui, Sr. Presidente, de algo que considero grave. Refiro-me ao que aconteceu hoje no plenário da CPI da PETROBRAS. Já foi citada aqui pelo Deputado Paulão a situação que aconteceu. A demissão intempestiva e imediata de quem lá praticou aquele ato é algo importante. Mas isso não basta. Sem uma apuração devida, seria a mesma situação de o mais forte, após ter fornecido a arma ao mais fraco para o cometimento de um crime, ficasse escondido, ficasse por trás. É preciso que esta Casa apure devidamente as responsabilidades, para que, aí sim, a punição recaia com a mão forte sobre aquele que teve uma prática que desqualifica o Congresso Nacional perante a sociedade brasileira e perante nós mesmos.

Documento 23/143

071.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 15/04/2015-15:18

Publ.: DCD - 16/04/2015 -

55 VINICIUS CARVALHO-PRB -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Equívocos de posicionamento do Ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo,

contrário à redução da maioridade penal.

O SR. VINICIUS CARVALHO (Bloco/PRB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, segundo o Ministro José Eduardo Cardozo, a redução da maioridade penal agrava o problema da criminalidade do Brasil. E

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tem mais, ele diz que: "em vez de buscar alternativa de reinserção social, jogaremos os jovens nos braços do crime organizado." Isso é uma falácia, isso demonstra claramente a incompetência deste Governo e deste Ministério da Justiça no que diz respeito à criminalidade. O que faz com que a criminalidade continue é a ineficácia no cumprimento da legislação e a permissividade, Sr. Presidente - a permissividade, Sr. Presidente -, de ter não crianças, mas criminosos, não importa a idade, com o manto, com a égide da proteção, podendo matar, podendo assaltar e não ter o cumprimento da pena, seguindo propriamente dito o que diz a legislação no cumprimento do devido processo legal. Então, esse Ministro da Justiça está completamente equivocado. O crime não é organizado! Quem tinha que ser organizado seria o Estado Democrático de Direito! O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

Documento 24/143

076.1.55.O Sessão Comissão Geral 22/04/2015-10:33

Publ.: DCD - 23/04/2015 - 18 RUBENS BUENO-PPS -PR

CÂMARA DOS DEPUTADOS COMISSÃO GERAL COMISSÃO GERAL

DISCURSO

Sumário

Debate do Projeto de Lei nº 7.197, de 2002, sobre acréscimo de parágrafos aos

artigos 104 e 105 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o

Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências, para a aplicação

de medidas socioeducativas aos infratores que atingirem a maioridade penal.

O SR. DEPUTADO RUBENS BUENO - Sr. Presidente, Deputado Mendonça Filho; convidados Ministro do Superior Tribunal de Justiça, Sérgio Luiz Kukina e Desembargador do Tribunal de Justiça de Roraima e ex-Presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros, Mauro Campello; Sr. Ministro Pepe Vargas; Sras. e Srs. Deputados; senhoras e senhores, solicitamos a transformação desta sessão ordinária em Comissão Geral para discutir o Projeto de Lei n° 7.197, de 2002, que propõe alterar o Estatuto da Criança e do Adolescente, para permitir a aplicação de medidas socioeducativas aos infratores que atingirem a maioridade penal, dentre outras providências. Embora tenha sido criada Comissão Especial para discutir com maior profundidade o tema, havemos de ressaltar que o parecer ainda não foi apreciado por aquele colegiado. Em 20 de maio do ano passado, o

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Relator da Comissão Especial, Deputado Carlos Sampaio, apresentou seu parecer pela aprovação, com Substitutivo, que, porém, até então não foi aprovado pela Comissão. Durante esse período vários outros projetos foram apensados, até que, no mês passado, o atual Presidente da Câmara indagou dos Srs. Líderes se poderia constar da pauta o requerimento de urgência para esta matéria. Por se tratar de tema de alta relevância, optamos por aprofundar a discussão deste amplo debate, antes de aprovar a matéria de maneira célere e, quiçá, descuidada. Tendo em vista que, por ocasião do início da Legislatura, ocorreu a renovação de aproximadamente 46% dos Parlamentares, consideramos esta Comissão Geral de extrema importância para que a matéria possa ser retomada e rediscutida e para que esse contingente possa tomar conhecimento de forma mais aprofundada dos seus objetivos principais e também dos seus aspectos polêmicos, ajudando-nos a construir um texto justo, sensato, e, sobretudo, eficiente. Preliminarmente, cumpre destacar que somos contrários à redução da maioridade penal. É certo que a violência assusta a todos os brasileiros, independentemente de condição social, econômica ou faixa etária. No entanto, encarcerar o menor no sistema prisional brasileiro seria apenas mascarar e, provavelmente, até agravar a já precária situação da segurança pública em nosso País. Como principais motivos para não reduzir a idade penal, destacamos: - A lei especifica para o menor infrator já existe e prevê medidas socioeducativas - resta ser cumprida. O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê seis medidas educativas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade e internação. Recomenda que a medida seja aplicada de acordo com a capacidade de cumpri-la, as circunstâncias do fato e a gravidade da infração. Portanto, não adianta só endurecer as leis se o próprio Estado não cumpre as que já existem; - Não há nenhuma comprovação de que a redução da maioridade penal reduza também os índices de criminalidade infantil. Ao contrário, o ingresso antecipado no sistema penal brasileiro expõe os adolescentes a mecanismos de comportamento reprodutores da violência, com aumento das chances de reincidência e de ligação com o crime organizado, que já se impõe dentro dos presídios; - Cerca de 70% dos países têm a idade dos 18 anos como idade penal mínima. Países como Espanha e Alemanha, que reduziram a maioridade penal diante da não diminuição da violência, recuaram em suas decisões; - A maturação cerebral não se completa até perto dos vinte anos. Os avanços da neuroimagem comprovaram que o amadurecimento do cérebro segue uma ordem em que uma das últimas regiões a ficar "pronta" é justamente o córtex pré-frontal, a área responsável pelo autocontrole refinado. Não é por acaso que os adolescentes são impulsivos e imediatistas; - O sistema penitenciário brasileiro não tem cumprido sua função social de controle, reinserção e reeducação dos agentes da violência. Ao contrário, tem demonstrado ser uma "escola do crime". Portanto,

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nenhum tipo de experiência na cadeia pode contribuir com o processo de reeducação e reintegração dos jovens na sociedade; - Por fim, a discussão acerca da diminuição da idade para a imputabilidade penal desvia o foco das verdadeiras causas do problema. Segundo pesquisas realizadas pela Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, a violência no Brasil está profundamente ligada à desigualdade social, à exclusão social, à impunidade, a falhas na educação familiar e/ou escolar, principalmente no que diz respeito à chamada "educação em valores ou comportamento ético", e, finalmente, a certos processos culturais exacerbados em nossa sociedade, como o individualismo, o consumismo e a cultura do prazer. De acordo com pesquisa realizada pela Fundação Casa em São Paulo (ela é de 2006, mas os dados valem a pena checar) são as seguintes as condições dos internos, em linhas gerais: - O perfil do adolescente infrator é de baixa renda; ele tem muitos irmãos e os pais dificilmente conseguem sustentar e dar a educação ideal; - Acontece também de o jovem ser abandonado pelos pais, quando um deles ou ambos já faleceram, ou quando a criança nem chega a conhecer o pai, entre outras complicações familiares. Dessa forma, temos que a única saída possível para a redução das infrações juvenis seria a atuação eficaz em várias frentes, dentre elas a educacional, econômica e também a de reinserção social, nos termos do Estatuto da Criança e do Adolescente. Considerando, portanto, a legislação especial para os menores infratores, é que devemos nos debruçar sobre a mesma, para promover alterações que possam promover, de forma mais eficaz, a retirada desses menores do mundo do crime. Destacamos aqui os principais pontos do PL 7.197, de 2002. Ações Destinadas a Apoiar a Ressocialização: Remição do Tempo de Internação pelo Estudo Técnico: - Uma inovação do Substitutivo seria incentivar as ações de ressocialização, tornando possível a remissão do tempo de internação pelo estudo ou pela participação nas atividades de formação técnico-profissional. Com essa alteração, motivar-se-ia o interno a participar das atividades de estudo ou das atividades de formação técnico-profissional durante a semana; - Ampliação do tempo e dos critérios para a aplicação da medida socioeducativa de internação. Aumento do período máximo de internação para cumprimento de medidas sócioeducativas: para até os 26 anos de idade, em estabelecimento diferenciado, nomeado centro de internação; - O período máximo de internação não excederá a 3 anos, exceto no caso de prática de ato infracional que a lei penal comum classifique como crime hediondo, quando poderá ser de até 8 anos; - Prevê a aplicação da medida de internação quando se tratar de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência à pessoa, definido como crime hediondo, nos termos dos incisos I a VI do art. 1°

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da Lei n° 8.072, de 25 de julho de 1990, ou praticado em ações de quadrilha, bando ou do crime organizado. Nesses dois últimos casos, a aplicação da medida de internação será obrigatória; - Completando 18 anos, o jovem será internado em estabelecimento educacional com maior contenção, em regime especial de atendimento, nos chamados centros de internação; - Estabelece que a política de atendimento ao adolescente infrator, privado de liberdade, far-se-á por meio de um conjunto articulado de ações governamentais, cabendo à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios zelar pela integridade física e mental dos internos e adotar as medidas adequadas de contenção e segurança. Possibilidade de internação preventiva em caso de periculosidade maior do infrator: - Antes da sentença, poderá ser determinada a internação preventiva, pelo prazo máximo de 45 dias, a critério de autoridade judiciária, levando-se em conta a periculosidade do adolescente infrator; - Para a manutenção da internação preventiva deverá ser demonstrada a necessidade de a medida ser fundamentada em laudo psiquiátrico a ser emitido no prazo de 15 dias, baseando-se em indícios suficientes de autoria e materialidade; - Será permitida a realização de atividades externas, a critério da equipe técnica da entidade, salvo expressa determinação judicial em contrário, sendo que essa determinação judicial mencionada poderá ser revista a qualquer tempo pela autoridade judiciária; - Criação da medida de segurança como medida socioeducativa, com possibilidade de internação em estabelecimento psiquiátrico (medida de segurança para menores infratores); - Prevê também o tratamento psiquiátrico ao adolescente que, ao cometer ato infracional, demonstre, mediante perícia psiquiátrica realizada por junta médica especificamente designada para esse fim, ser portador de doença mental grave, o qual poderá ser submetido às medidas de segurança de internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado com sujeição a tratamento ambulatorial; - A desinternação será sempre condicional, devendo ser restabelecida a situação anterior se, mediante perícia médica, for constatado o retorno de transtorno mental grave e perigoso. Medidas para os Estados que não construírem os centros de internação: - Os Estados obrigatoriamente deverão, no prazo de até 4 anos, contados da primeira posse do Chefe do Executivo estadual, ocorrida após a publicação desta lei, adequar os centros de internação às diretrizes e normas do Estatuto da Criança e do Adolescente. Não atendidas as determinações acima descritas, ficará caracterizada improbidade administrativa por parte do responsável pelo ato omissivo, cujos fatos serão apurados nos moldes previstos na Lei n° 8.429, de 2 de junho de 1992. Essas são, basicamente, as principais alterações. Como muitas são controversas, é importantíssimo que façamos a discussão adequada de um tema tão importante.

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Apesar de não estarmos tratando especificamente de proposta de emenda à Constituição para reduzir a maioridade penal, o substitutivo apresentado pelo Deputado Carlos Sampaio acabará por aplicar o Estatuto da Criança e do Adolescente, nos casos expressos em lei, às pessoas entre 18 e 26 anos de idade. Hoje as medidas só são cabíveis até os 21 anos. Haverá, dessa forma, uma extensão do prazo de aplicação das medidas nos casos considerados mais graves. Estes, sim, devem ser debatidos exaustivamente, pois devemos refletir se estamos criando uma medida mais duradoura para jovens que matam e estupram, da mesma forma que a aplicaremos a jovens que transportam drogas e que são francamente utilizados pelo tráfico organizado. As entidades da psicologia, assim como as entidades de defesa dos direitos humanos também estão em campanha contra a redução da maioridade penal e também contra o aumento do tempo de cumprimento da medida socioeducativa. Para tanto, elencaram algumas razões para que não se proceda com a redução: - A adolescência é uma das fases do desenvolvimento dos indivíduos e, por ser um período de grandes transformações, deve ser pensada pela perspectiva educativa. O desafio da sociedade é educar seus jovens, permitindo um desenvolvimento adequado tanto do ponto de vista emocional e social quanto físico; - É urgente garantir o tempo social de infância e juventude, com escola de qualidade, visando condições aos jovens para o exercício e vivência de cidadania, que permitirão a construção dos papéis sociais para a constituição da própria sociedade; - A adolescência é momento de passagem da infância para a vida adulta. A inserção do jovem no mundo adulto prevê, em nossa sociedade, ações que assegurem esse ingresso, de modo a oferecer-lhe as condições sociais e legais, bem como as capacidades educacionais e emocionais necessárias. É preciso garantir essas condições para todos os adolescentes. - O critério de fixação da maioridade penal é social, cultural e político, sendo expressão da forma como uma sociedade lida com os conflitos e questões que caracterizam a juventude; implica a eleição de uma lógica que pode ser repressiva ou educativa. Os psicólogos sabem que a repressão não é uma forma adequada de conduta para a constituição de sujeitos sadios. Reduzir a idade penal reduz a igualdade social e não a violência - ameaça não previne, e punição não corrige; - Reduzir a maioridade penal é tratar o efeito, não a causa; é encarcerar mais cedo a população pobre jovem, apostando que ela não tem outro destino ou possibilidade; - Reduzir a maioridade penal isenta o Estado do compromisso com a construção de políticas educativas e de atenção para com a juventude. Nossa posição é de reforço a políticas públicas que tenham uma adolescência sadia como meta. Para finalizar, Sr. Presidente, apenas para registro, não existe país no mundo que tenha dado certo sem educação de qualidade e ensino em tempo integral. Em todos os países do mundo que não buscaram,

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como sociedade, um pacto nacional para dar educação de qualidade e, ao lado disso, ensino em tempo integral, evidentemente as diferenças se tornaram muito grandes. Os dados estão aí. Não é possível que nós, neste momento, deixemos de discutir temas da maior importância, do ponto de vista técnico e profissional voltado para o jovem, para que o futuro seja efetivamente mais promissor para todos aqueles que esperam do Estado e do Governo educação de qualidade e ensino em tempo integral. Somos pela educação, e não pela prisão! (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Mendonça Filho) - Agradecemos a participação do Deputado Rubens Bueno, autor do requerimento para a realização desta Comissão Geral.

Documento 25/143

076.1.55.O Sessão Comissão Geral 22/04/2015-11:09

Publ.: DCD -

23/04/2015 - 24

SÉRGIO LUIZ KUKINA (MINISTRO DO SUPERIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA)--

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMISSÃO GERAL COMISSÃO GERAL

DISCURSO

Sumário

Debate do Projeto de Lei nº 7.197, de 2002, sobre acréscimo de parágrafos aos

artigos 104 e 105 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o

Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências, para a aplicação

de medidas socioeducativas aos infratores que atingirem a maioridade penal.

O SR. MINISTRO SÉRGIO LUIZ KUKINA - Obrigado. Deputado Mendonça Filho, que preside esta sessão; Ministro da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Pepe Vargas; Desembargador Mauro Campello, do Tribunal de Justiça de Roraima, ex-Presidente da Associação de Magistrados Brasileiros, cumprimento a todos. Cumprimento, ainda, de forma especial, o Deputado Rubens Bueno, do Estado do Paraná, de quem partiu o convite para que estivéssemos hoje partilhando desses trabalhos, os amigos todos da assistência e os Parlamentares. Na qualidade de Ministro do Superior Tribunal de Justiça, mas com a experiência de quem vivenciou o ofício de promotor público por quase 30 anos no Estado do Paraná e teve algum contato, portanto, com a questão da infância e da juventude, notadamente a partir da aprovação do Estatuto da Criança e do Adolescente, em 13 de julho de 1990, gostaria de trazer hoje um olhar pessoal, é verdade, acerca de alguns aspectos. De início, talvez seja eu um dos maiores defensores de que o adolescente autor de infração penal, aquele, portanto, que tenha idade entre 12 e 17 anos, seja, sim, responsabilizado pelos atos infracionais

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que pratica. Todavia, que o seja à luz do Estatuto da Criança e do Adolescente. O ECA traz um repertório de medidas chamadas socioeducativas, um repertório variado cujo espectro, de acordo com a gravidade da infração, atende à finalidade pedagógica que se busca alcançar com a imposição das medidas. Tenho para mim que atualmente não há a menor necessidade de se alterar o modelo previsto no âmbito das respostas contidas no art. 112 do Estatuto, onde se lê o rol das medidas, que vão desde a simples advertência até a mais severa delas, que é a internação. O que houve no Brasil foi, por assim dizer, a aprovação tardia da dita Lei do SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, que equivale à Lei de Execução Penal dos adultos. A Lei do SINASE foi aprovada em janeiro de 2012, ou seja, depois de mais de 10 anos. Por essa lei passou-se a prever um mínimo de organicidade no âmbito do cumprimento das medidas, de forma que se possa efetivamente aguardar que, do cumprimento dessas medidas, o adolescente saia do sistema não pior do que entrou, mas, sim, melhor do que quando lá entrou. Esse é compromisso assumido. Então, é preciso, por ora, assim se vislumbra, que se dê um tempo para a verificação dos bons resultados que o modelo do SINASE haverá de trazer. E esses bons resultados, aqui já disse o Ministro Pepe Vargas, começam a aparecer, sobretudo no que diz respeito ao fator educação. Não se imagina cumprimento de medida socioeducativa sem a simultânea educação, sem o trabalho de educação do jovem que esteja a cumprir a medida, seja medida no meio fechado, seja medida no meio aberto. Quando se fala de redução da maioridade penal, também me parece que se cuida de um tema que tem sido objeto de pouca reflexão, possivelmente também fruto de veiculação midiática de aspectos que nem sempre são os mais adequados a se considerar, quando se cuida desse assunto tão sensível. É muito fácil dizer de longe: "Puxa, 3 anos é um tempo muito reduzido para quem pratica uma infração grave". Evidentemente eu posso assim admitir 3 anos, considerado no seu grau absoluto, um tempo exíguo, mas não é quando se trata de um tempo a ser considerado em relação ao adolescente. Eu digo que, quando trabalhei como promotor público, fiz mais de uma centena de julgamentos no Tribunal do Júri. Em muitos deles trabalhava com afinco, na certeza de que havia provas para a condenação, em casos de homicídios qualificados. E, havida a condenação, por se tratar de réu primário e com bons antecedentes, o juiz raramente se distanciava da aplicação da pena mínima para o qualificado. O Código Penal prevê, art. 121, por homicídio qualificado, de 12 a 30 anos. Impunha-se 12 anos para o autor de um homicídio grave, tanto que qualificado. Todavia, em vista do regime de progressão penal, contemplado na nossa Lei de Execução Penal, cumprida a sexta parte em regime fechado, vale dizer 2 anos, este condenado, este sentenciado faz jus à progressão para o semiaberto, quando ele passa

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a ter a possibilidade de saídas para o meio externo. Não raro, eu recebia parentes das vítimas no gabinete da promotoria: "Doutor, o que o fulano está fazendo na rodoviária da comarca, tomando lá a sua cervejinha, em paz? Que brincadeira é essa que vocês fizeram no fórum, dizendo que ele estava condenado há 12 anos, e hoje ele está aqui andando livremente pela cidade?". Eu tinha que explicar que o modelo penal brasileiro assim dispunha, assim possibilitava a esse autor de homicídio. Um jovem, no entanto, a depender de seu comportamento na unidade de internação, pode ter de permanecer em regime fechado por até 3 anos. "Três anos é pouco." Alto lá! Imaginemos que um adolescente, aos 12 anos, pode, sim, ser submetido à medida de internação. E aos 12 anos, supondo que seu comportamento não o recomende, ele ficará no modelo de internamento até os 15, por 3 anos, e, a partir dos 15, o juiz poderá determinar que ele cumpra outros 3 anos em regime de semiliberdade. São 6 anos no modelo fechado. Então, vejam: 3 anos corresponde à quarta parte da vida de um garoto que tem 12. Eu, que estou por completar 56 anos, haveria de amargar hoje em regime fechado, guardada a proporcionalidade, 14 anos. Eu não acho que 14 anos em regime fechado seja pouco, mas para o garoto, filho do carrinheiro, o garoto da favela... Até porque nós não conhecemos, em regra, ninguém, nenhum menino que esteja no regime fechado, porque quem está lá não tem ligações conosco, é a classe mais penalizada do País, os materialmente fragilizados. É com muita tristeza, como juiz, hoje, que eu verifico a existência de decisões em vários tribunais que, ao aplicarem a medida de internação, usam como fundamento o seguinte argumento: "Olhe, garoto, eu vou te aplicar a internação em regime fechado, porque você provém de uma família desestruturada, porque você está fora da escola". Meu Deus do céu! Ele está sendo duplamente penalizado, porque não se observou o atendimento de seu direito elementar, fundamental, indicado no art. 227. E nós temos compromisso com a comunidade internacional. Este Congresso Nacional aprovou, em 1990, a Convenção Internacional dos Direitos da Criança. Isso implica que o Brasil tem de observar aquele rol de direitos elementares mínimos, esse rol que já constou, inclusive com antecedência, em nossa Carta de 1988. Então, hoje, porque o garoto provém de uma família desestruturada, ou porque não vai à escola, isso é visto como mais uma razão para sancioná-lo de forma tão grave. Olhemos para as nossas crianças em nossas casas, nossos filhos, nossos sobrinhos, nossos netos. Olhem nos olhos dos seus netos de 12 anos, de 13 anos de idade. Vocês conseguem vê-los fechados em uma unidade de internação? Muitos falam que a unidade de internação corresponderia a uma colônia de férias. Dizem isso porque nunca lá estiveram. Vão à noite a uma delegacia de adolescente infrator! Vão verificar a quantidade de adolescentes que para lá são levados! Eu não sei disso porque os meus não vão, graças a Deus! E eu quero que os filhos dos pobres também não cheguem a ser encaminhados para lá. Mas para isso é preciso que antes nós cumpramos as promessas constitucionais de

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assegurar a esses filhos esses direitos elementares que vão desde o nascimento digno, desde alimentação, desde a instrução, desde a convivência familiar, propiciando que esse jovem possa ingressar na fase adulta ciente e consciente de que teve seus direitos respeitados. E aí, sim, tendo-se dado a ele oportunidades mínimas, poderemos cobrar desse cidadão um comportamento adequado com o nosso quadro normativo constitucional. Hoje eles não recebem o mínimo que se lhes é prometido, no entanto, nós exigimos dele um comportamento adequado com os nossos padrões. Então, por isso, parece-me absolutamente inoportuna a discussão em torno da redução da maioridade penal ou de se pretender a extensão de qualquer medida prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente. Finalizo, Sr. Presidente, agradecendo a todos quantos aqui tiveram a paciência de me ouvir e sintetizo minha mensagem no sentido de que, realmente, a se agravar a penalização, o sancionamento de menores de 18 anos no contexto atual brasileiro, se estará patrocinando verdadeira configuração, caracterização de um crime de lesa-pátria. Muito obrigado. (Palmas.) O SR. PRESIDENTE (Deputado Mendonça Filho) - Agradeço a participação ao Ministro Sérgio Kukina, do STJ. Vamos dar sequência à sessão.

Documento 26/143

076.1.55.O Sessão Comissão Geral 22/04/2015-12:36

Publ.: DCD - 23/04/2015 - 36 ONYX LORENZONI-DEM -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS COMISSÃO GERAL COMISSÃO GERAL

DISCURSO

Sumário

Debate do Projeto de Lei nº 7.197, de 2002, sobre acréscimo de parágrafos aos

artigos 104 e 105 da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o

Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências, para a aplicação

de medidas socioeducativas aos infratores que atingirem a maioridade penal.

O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Quero cumprimentar a Sra. Deputada Maria do Rosário, que preside esta sessão, o Dr. Mauro Campello, o Ministro Pepe Vargas. Eu venho aqui para falar em nome das vítimas, por uma razão objetiva e clara. A maioridade penal no Brasil, por conta do Código Penal de 1940, é de 18 anos. Por 3 séculos foi de 14 anos. D. Pedro II foi emancipado para assumir o Trono brasileiro. Isso é fato. É bom lembrar que bandido escolhe ser bandido. Há um discurso

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equivocado que diz que o meio faz o bandido. Não! O bandido escolhe ser bandido, porque todos que estão aqui conhecem comunidades carentes e sabem que em todas elas 98% das pessoas são corretas, honestas, seguem a lei. Então não me venham com a conversa de que o problema é o meio social. É mentira! Dizer que o meio social condiciona à criminalidade é dar uma bofetada em 98% das mulheres e homens brasileiros que são honestos e criam filhos honestamente. Mas eu quero fazer uma reflexão: é correto um jovem que estupra a filha de alguém ter medidas socioeducativas de 6, 7 meses, 1 ano, e depois, quando fizer 18 anos, ser liberado e na sua ficha não constar esse estupro? Vai falar para a filha de alguém que a lei está protegendo o menor? Que menor? A vítima estuprada ou o estuprador? De quem nós estamos falando? Por outro lado, vamos ver a esposa da vítima de um homicídio cometido por um jovem de 16 a 17 anos. São tomadas medidas socioeducativas de 1 ano, quando muito de 3 anos, e ele sai com a ficha limpa, e tirou a vida do marido dessa mulher e do pai de seus filhos. Vamos à outra situação, para melhorar, alguma coisa relacionada ao tráfico: o traficante dá a ordem e menores sequestram a mulher, a filha ou o filho de um capitão da PM, de um delegado de polícia. Daí em diante pode se imaginar o que quiser. Existem no arcabouço penal brasileiro os crimes hediondos, os crimes contra a vida, que são graves, independentemente da idade. Tirar a vida, estuprar ou sequestrar alguém é violência inominável. Eu estou aqui para falar em nome das vítimas. A família que passa por uma tragédia desta carrega para a vida inteira a condenação de um de seus membros ter sido morto, estuprado ou sequestrado. E quem pratica o crime? Por que nós temos arcabouço legal no Brasil? Para desestimular a prática criminosa, para dissuadir a prática criminosa. Ou alguém aqui já esqueceu que hoje há um mercado para menores tirarem o crime de adultos? Se o crime é grave, o adulto paga para que o menor se apresente como autor daquele crime. Aí o menor cumpre medidas socioeducativas, a família é condenada ad aeternum ao sofrimento e o maior de idade, o chefe da quadrilha, o quadrilheiro, fica livre, leve e solto. Este é um tema polêmico, difícil, que não dá para ser trabalhado com a simplificação de pobrezinho para cá, pobrezinho para lá. Eu tenho um conceito: crime grave, punição severa. Esse é o único jeito. Todos aqui estudam a questão do menor e da criminalidade. Que país conseguiu enfrentar e vencer os níveis de violência e criminalidade, e não colocou pessoas nas cadeias e lá as deixou? Qual? Que país não faz segregação, e tem sucesso na sua política de segurança? Dê-me um exemplo no planeta Terra. Fora do planeta Terra, Deputado Arnaldo Faria de Sá, pode ser que exista. Aqui não. Então, a pergunta que faço é a seguinte: por que não trabalhar com o conceito da emancipação para fins penais? Nós não mexeríamos na idade penal. O argumento aqui trazido de que o Estado brasileiro tem cadeias medievais é verdadeiro. Eu também não concordo que se

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reduza a idade penal para pequenos delitos ou delitos sem potencial ofensivo, porém para o caso de quem mata, estupra ou sequestra. Nós não estamos falando de pequenos delitos, nós não estamos falando de recuperação. Nós estamos falando de banditismo! Banditismo! Quem tem capacidade de empunhar uma pistola e atirar na cabeça de uma mãe de família é bandido, não é menor de idade. Sra. Presidente, conceda-me 1 minuto para concluir. A SRA. PRESIDENTA (Deputada Maria do Rosário) - É claro que vou lhe conceder, Deputado, mas peço generosidade para com os colegas. O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Eu concluirei se V.Exa. me der mais 1 minuto. A SRA. PRESIDENTA (Deputada Maria do Rosário) - Claro, com toda a certeza, Deputado. O SR. DEPUTADO ONYX LORENZONI - Eu só quero trazer essa reflexão porque é o outro lado desta discussão. Este é um País onde, por incompetência do atual Governo, 300 mil condenados em última instância estão fora das cadeias porque não existem cadeias. E é essa a razão para um pai ou uma mãe conviver o resto da vida com a morte, o estupro ou o sequestro de seu filho? Não, não é justo. Não é correto. Por isso nós apresentamos a PEC nº 273, de 2013, que trata da emancipação para fins penais. Da mesma forma que se emancipa um jovem de 16 anos, iria se emancipar um criminoso de 16 anos: ele seria julgado como adulto, ficaria nos estabelecimentos para menores até completar 18 anos e depois não sairia livre e com a ficha limpa, cumpriria mais 20 anos de cadeia. Pode ter certeza de que isso auxiliaria na reparação da dor das vítimas e de que seria bom para a sociedade. A SRA. PRESIDENTA (Deputada Maria do Rosário) - Obrigada, Deputado Onyx Lorenzoni.

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077.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 22/04/2015-16:28

Publ.: DCD - 23/04/2015 - 99 LAUDIVIO CARVALHO-PMDB -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Repúdio a matérias jornalísticas acerca da defesa do Parlamentar de roedor

solto na CPI da PETROBRAS. Apoio à redução da maioridade penal.

O SR. LAUDIVIO CARVALHO (Bloco/PMDB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Boa tarde, Sr. Presidente, nobres colegas Deputados e Deputadas que se encontram nesta Casa.

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Eu fui eleito pelo povo de Minas Gerais para defender aqueles cidadãos e combater o crime, e assim estou fazendo nesta Casa, mas quero explicar ao povo do meu Estado um fato ocorrido aqui recentemente. Na CPI da PETROBRAS, um ex-funcionário da Casa soltou alguns roedores. O Deputado Ricardo Izar, que é Presidente da Frente Parlamentar Mista em Defesa dos Direitos Animais, da qual eu faço parte, me chamou e fomos até a Polícia Legislativa para saber do estado daqueles pequenos roedores. Dali, nós saímos com a incumbência de cuidar dos cinco. Minha Secretária recebeu um daqueles pequenos roedores, aquele que ficou sob a minha responsabilidade. Eu fui, Sr. Presidente, criticado por colegas meus jornalistas do Estado de Minas Gerais. Alguns deles disseram que eu fiz uma estreia apoteótica nesta Casa recebendo a guarda de um rato. Na verdade, não é um rato; é um roedor. Eu gostaria de dizer a alguns jornalistas de Minas Gerais que criticaram a nossa atuação nesta Casa que passei muitos anos da minha vida defendendo jornalistas como eles, e não seria um rato que eu iria abandonar. Mas, Sr. Presidente, quero dizer que estávamos ainda há pouco na Comissão Especial que discute a questão da maioridade penal. A discussão continua ali. Eu já fiz este pronunciamento outras vezes nesta Casa, e quero dizer que sou favorável à redução da maioridade penal. Não se explica a uma mãe que teve um filho assassinado por um adolescente que aquele infrator entrará no sistema e pouco tempo depois estará fora, estará nas ruas. Eu venho aqui para dizer, para reafirmar, com todas as letras: eu sou favorável à redução da maioridade penal neste País. É preciso dar uma resposta à sociedade. Continuar da maneira que está é que nós não podemos. Não podemos permanecer de forma pacífica e de cabeça baixa, deixando que o crime aconteça em nosso País de forma livre. Isso vale para os menores de idade e vale para os maiores também. Eu tenho até proposto, Sr. Presidente, que o maior de idade que for encontrado no cometimento do crime ou na cena do crime, desde que comprovada a sua participação, que ele responda pela totalidade do crime, juntamente com aquele menor que assim o cometeu. Muito obrigado, Sr. Presidente. Muito obrigado, Srs. e Sras. Parlamentares.

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077.1.55.O Sessão Deliberativa

Ordinária - CD 22/04/2015-17:46

Publ.: DCD - 23/04/2015 -

191 STEFANO AGUIAR-PSB -MG

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA DISCURSO

ENCAMINHADO DISCURSO

Sumário

Defesa da redução da maioridade penal. Responsabilização do Estado pela

criminalidade infantojuvenil.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO À MESA PARA

PUBLICAÇÃO

O SR. STEFANO AGUIAR (PSB-MG. Pronunciamento encaminhado pelo

orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero aproveitar esta

oportunidade para deixar registrada minha posição em relação à redução da

maioridade penal.

Levantamento feito pela Agência Câmara mostra que 77,8% dos Deputados da

Comissão Especial encarregada de analisar a redução da maioridade penal são

favoráveis à proposta. O argumento é de que o jovem deve ser

responsabilizado penalmente como um adulto. Entre os que concordam com a

proposta, 51,8% defendem que a redução seja aplicada apenas em casos de

crimes hediondos.

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, sou favorável à redução da maioridade

penal, concordo que devemos responsabilizar os menores, mas também

entendo que existe falha por parte do Estado.

Estudos mostram claramente que a marginalidade infanto-juvenil é

consequência direta da má qualidade do sistema educacional público no País e

da desestruturação familiar.

As crianças abandonadas, dentro e fora dos lares, são os criminosos de amanhã.

O ciclo de exclusão e marginalização começa nos primeiros anos de vida. Para

promover a inclusão social e econômica da criança e do adolescente, o Estado,

a família e a sociedade têm o dever de lhes assegurar atendimento integral, da

educação infantil até o primeiro emprego.

É verdade que a oferta de vagas nos ensinos fundamental e médio cresceu

muito nos últimos anos. Mas é igualmente certo que a qualidade da educação

pública ainda deixa muito a desejar.

Segundo o IBGE, 81% dos adolescentes com idade entre 15 e 17 anos

frequentam a escola. No entanto, a péssima qualidade de ensino e a grave

situação social de enorme contingente de alunos geram sérias dificuldades de

aprendizado, defasagem e evasão escolar.

Do outro lado do colapso educacional no País estão as unidades de internação

de adolescentes infratores, verdadeiras escolas do crime.

Manter um jovem internado numa dessas unidades é a maneira mais cara de

torná-lo pior. O custo mensal aos cofres públicos de cada adolescente que

cumpre pena de privação de liberdade é de R$ 2.300 mensais, enquanto manter

um jovem na escola pública custa, em média, R$ 700 ao Estado.

A questão, portanto, é de natureza política e consiste em saber se a prioridade é

reprimir e castigar, ou, ao contrário, educar e proteger nossas crianças e

adolescentes, que vivem numa sociedade tão desigual e, por isso mesmo, tão

opressiva e violenta.

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É dever do Estado saber punir na hora certa, como também evitar que nossas

crianças se tornem criminosas.

Era o que tinha a dizer.

Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que meu pronunciamento seja divulgado pelos

órgãos de comunicação desta Casa Legislativa e no programa A Voz do Brasil. Muito obrigado.

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079.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

23/04/2015-11:28

Publ.: DCD -

24/04/2015 - 50 SANDES JÚNIOR-PP -GO

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Apoio à redução da maioridade penal. Avanços do projeto sobre a terceirização

do trabalho. Elogios ao Presidente Eduardo Cunha pela condução dos trabalhos

da Casa.

O SR. SANDES JÚNIOR (Bloco/PP-GO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero fazer um rápido comentário a respeito da redução da maioridade penal para 16 anos. Pesquisa respeitada da Datafolha demonstra que quase 90% da população brasileira é favorável à redução da maioridade penal. Eu queria deixar bem claro aos colegas e aos telespectadores da TV Câmara - eu tenho conversado muito, muito, muito mesmo, com todos os Deputados que estão fazendo parte da Comissão Especial para o relatório final desse projeto, já que é uma Comissão de Mérito - que ninguém vai colocar na cadeia garotos que roubaram celular, que bateram uma carteira, junto com bandidões de alta periculosidade. Serão levados para a cadeia, a fim de cumprir pena para aqueles que praticam crime de tortura, tráfico de drogas, terrorismo e crimes hediondos. Então, isso tem que ficar bem claro para todos os colegas Parlamentares que não fazem parte da Comissão, como também para todos que estão nos assistindo através da TV Câmara: ninguém vai pegar um menino batedor de carteira, ladrão de celular, e colocar junto com os outros bandidões. Nós tivemos um exemplo ano passado, lá no Maranhão, em que tocaram fogo num ônibus, e um garoto de 17 anos, quase completando 18 anos, matou uma criança - que foi queimada viva. Quer dizer, ele

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tocou fogo na criança. Então, são bandidos dessa espécie os atingidos pela redução da maioridade penal para 16 anos. Para concluir, Sr. Presidente, ontem votamos a Lei da Terceirização, que vai para o Senado - e o Senado deve modificar alguma coisa - e voltará para a Câmara, para ter o seu desfecho final. Eu estava conversando com um servidor de café agora na Comissão. Ele me disse: "Sandes, eu sou a favor da terceirização." E vejam como ele entendeu, como ele compreendeu: "Eu estou aqui na Câmara há 26 anos. Há uma empresa para qual eu trabalhei aqui que, durante 6 anos, não pagou o meu INSS; agora, estou sabendo que a Câmara vai ser devedora solidária, por isso que eu ainda não me aposentei." Então, todos os terceirizados terão direito a vale-alimentação, a vale-transporte, porque há empresas que fornecem, outras não. Todas as empresas que contratarem uma terceirizada e que não pagarem os impostos federais, como o INSS, serão devedoras solidárias. Então, no caso do nosso colega trabalhador, ele não será, de forma alguma, prejudicado na sua aposentadoria. Itália, Alemanha, França e outros países de Primeiro Mundo, todos usam a terceirização. O que nós temos que garantir, e já estão sendo garantidos aqui, pois o projeto ainda irá ao Senado e depois votará à Câmara, são todos os direitos trabalhistas. Poderão dizer: "Mas o banco vai dispensar." Eu aposto com qualquer um que banco não vai terceirizar gerente, que banco não vai terceirizar caixa, que banco não vai terceirizar quem trabalha na compensação de cheques. Então, nós temos que falar a verdade para a população: o terceirizado está tendo garantias nessa nova lei, e ele não está sendo prejudicado. E, para finalizar, Sr. Presidente, quero cumprimentar o Deputado Eduardo Cunha, que é o nosso Presidente, pela coragem de tirar da gaveta projetos polêmicos que estão sendo discutidos aqui, como o da terceirização e também o da redução da maioridade penal. Esse último estava engavetado desde 1992, quando foi apresentado, e eu também sou um dos autores da PEC. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 30/143

080.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 23/04/2015-15:39

Publ.: DCD - 24/04/2015

- 164 ALBERTO FRAGA-DEM -DF

CÂMARA DOS DEPUTADOS

GRANDE EXPEDIENTE GRANDE

EXPEDIENTE DISCURSO

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Sumário

Defesa da redução da maioridade penal.

O SR. ALBERTO FRAGA (DEM-DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu queria dedicar este meu tempo a falar sobre a questão da maioridade penal. Todos nós sabemos que o tema é polêmico, que a população brasileira deseja que esse tema seja discutido, e esta Casa, acredito, logo após a Comissão Especial emitir o seu parecer, também estará pronta para votar. Mas eu queria inicialmente ler algumas ocorrências policiais envolvendo menores, adolescentes, ou - como alguns gostam de chamar - crianças do nosso País: "Adolescente é detido suspeito de matar homem após briga de trânsito" - esse adolescente tinha 15 anos; "Adolescente mata jovem de 23 anos com 21 tiros, por ter apanhado dele quando era criança" - esse adolescente tem 17 anos; "Ao cobrar dívida de droga, adolescente mata homens com 12 tiros pelas costas" - esse adolescente tinha 15 anos de idade; "Polícia Civil apreende adolescente que degolou mulher no Xaxim", lá em Curitiba - esse adolescente tinha 16 anos de idade; "Adolescente mata outro com facada durante jogo de videogame" - 16 anos era a idade do adolescente; "Adolescente que matou quatro pessoas - quatro! - diz que pena para menor é muito branda" - esse adolescente tem 17 anos; "Adolescente mata colega a facadas em São João del Rei" - esse adolescente tinha 14 anos; "Adolescente mata outro por causa de uma pipa, no interior da Bahia" - esse adolescente tem 15 anos de idade; "Jovem de 14 anos mata adolescente de 17 por uma dívida de 30 reais" - esse adolescente tem 14 anos de idade; "Adolescente mata inspetor de escola em Belém" - esse adolescente tem 15 anos de idade; "Adolescente mata servidor público homossexual, em São João do Caru, com 25 facadas" - esse adolescente tem 16 anos de idade; "Adolescente mata a golpes de foice o avô, a mãe e a irmã" - esse adolescente tinha 17 anos de idade; "Adolescente mata a mãe a golpes de tesoura e joga corpo numa fossa" - esse adolescente tem 16 anos de idade; "Adolescente mata a mãe com um tiro na cabeça" - essa criança tem 14 anos de idade; "Adolescente mata ex um dia antes de completar 18 anos" - é aquele caso que botou nas redes sociais, etc.: 17 anos, 11 meses e 29 dias. Ele está solto. Em Tocantins, na terra do meu querido Deputado Carlos Henrique Gaguim, "Menor de 16 anos decepa cabeça de bebê, estupra a mãe e esfaqueia outra criança". Essa criança tinha 16 anos de idade. Eu li algumas ocorrências, as mais variadas possíveis, primeiro para desmistificar algumas questões. Nessa discussão da maioridade penal, existem alguns mitos ditos por aqueles que defendem os menores bandidos. O meu discurso aqui não tem nada a ver com adolescente carente, com adolescente escravizado, com adolescente prostituído, não! O meu discurso é para menor bandido, menor infrator que usa

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uma arma para tirar a vida do trabalhador. E o mito que a imprensa, seguindo o caminho do PT, do PSOL, daqueles que hoje defendem o status quo da situação dos menores, divulga é que os menores infratores não chegam a 1% nos crimes de homicídio. Eu poderia até acreditar nessa conversa fiada, nessa falácia, mas eles se esquecem de dar continuidade ao debate. E os crimes de latrocínio, que é matar para roubar? E os crimes de estupro? E os crimes de roubo? E assalto à mão armada, furto a residência que têm participação de menores? Ah, esses ficam de fora, porque sabem que hoje qualquer pesquisa aponta mais de 20% na participação dos menores nos crimes de segurança pública! São dados previamente elaborados, previamente construídos para desmoralizar, ou até mesmo abalar, a bandeira daqueles que defendem o fim da maioridade penal. Eu quero dizer que eu, pelo menos, já estou habituado com esse tipo de artimanha. Foi assim na questão do desarmamento. Diziam que crianças morriam com o manuseio de arma de fogo e que esse dado chegava a 15%, uma coisa alarmante, impactante. E eu fui pesquisar: não chegava a 0,2% o percentual de crianças que ao manusearem uma arma ou ao mexerem em uma arma mal colocada, mal escondida pelo dono, pelo proprietário, vieram a praticar, vamos dizer assim, um incidente fatal. Morriam muito mais crianças queimadas; morriam muito mais crianças afogadas; morriam muito mais crianças em acidente doméstico, quando uma criança correndo dentro de casa esbarrava no fogão, numa caçarola, numa panela cozinhando arroz. Esses dados são muito menores do que aqueles sobre crianças que morreram por causa de acidente com arma de fogo. Mas a "bancada do bem", como eles se intitulam, mentia para o povo brasileiro dizendo o contrário. Graças a Deus, nós tivemos, depois de certo período, o mesmo tempo de televisão. Observem que hoje a Rede Globo de Televisão está indo pelo mesmo caminho - pelo mesmo caminho -, quando vai falar na maioridade penal. Eu acho que muita gente aqui foi entrevistada pelo repórter Caco Barcellos. Eu sabia que ele iria mudar toda a história, ele iria mudar todo o foco, ele jamais colocaria os dados verdadeiros em seu programa, porque ele sabe muito bem o que isso representa para a TV Globo. E ainda entra o UNICEF, entra a UNESCO, entra o Criança Esperança, que arrecada milhões e milhões, e a gente não sabe para onde vai esse dinheiro. Todos eles estão incomodados com essa questão da redução da maioridade penal. Eu me recordo, Deputado Julio Lopes, de que, lá no seu Estado, foi feita uma pesquisa sobre quantas ONGs que cuidavam do menor abandonado, do menor carente existiam. Parece-me que existiam mais de 10 mil ONGs que cuidavam de menores carentes, de acordo com a pesquisa. Se cada ONG adotasse uma criança de rua, não haveria problema no Rio de Janeiro. Então, existe alguma coisa de muito podre por trás disso tudo, porque não é possível alguém defender essa questão do menor infrator com opiniões levadas a ferro e a fogo, como se a nossa não valesse nada. Estudantes foram retirados da sala de aula para vaiar os Deputados,

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para intimidar os Parlamentares, quando dessa votação na CCJC. Graças a Deus os Deputados não se deixaram incomodar! Acho que as pessoas ainda não perceberam que o mais bobo aqui é Deputado Federal. Será que nós vamos nos incomodar com alguém gritando ou com essa idiotice de botarem os nossos nomes em cartazes, dizendo que nós somos ladrões de direito, do dinheiro público, do dinheiro do povo? Isso não vai mais intimidar os nossos Parlamentares. Então, alguns agem dessa forma. Outro mito que está sendo construído, o mais idiota de todos, é que nós queremos pegar os menores infratores e colocá-los no meio das penitenciarias construídas para adultos. São 26 emendas constitucionais. Quero que alguém me mostre uma linha que traga essa pretensão ou essa intenção. Estão construindo esse mito, porque não possuem argumentos. Apegaram-se à questão da admissibilidade, da constitucionalidade, e isso foi por terra. Agora, esse assunto vai ter que ser votado, e aí eu quero ver. Outros argumentos terão que surgir, porque eu tenho certeza de que esses que existem hoje serão derrotados. Mas serão derrotados, do nosso lado, com argumentos consistentes, e não através de mentiras, como o pessoal gosta de fazer. Essa falácia de que não existe lugar para botar os presos - se não há lugar para o adulto, onde vão ficar os nossos menores infratores? - é conversa para boi dormir. Construam, então, novos presídios! É claro que, em momento algum, nós quisemos que os adolescentes infratores ficassem com os adultos, ninguém nunca falou nisso. A "turma do contra", a "turma do bem" - como eles se intitulam - fica inventando essas conversas fiadas. Quero aqui dizer que a estratégia da mídia, da imprensa, a estratégia do PT e do PSOL não vai funcionar. Busquem novos argumentos, porque esses argumentos fraudulentos, mentirosos, levados à população, serão derrotados e desmoralizados, um por um, desta tribuna. Dizem que quem está a favor da redução da idade penal é da "bancada da bala". Eu reajo dizendo o seguinte: prefiro ser da "bancada da bala" a ser da "bancada da mala". A esta, com certeza, eu não vou pertencer. Dizem, agora, que quem está mandando no Congresso é a "bancada BBB": a "bancada da Bíblia", que é a bancada evangélica; a "bancada do boi", que é a bancada ruralista; e a "bancada da bala", que é a Frente Parlamentar da Segurança Pública. Isso é falta de argumento. Isso é falta de ter o que fazer. Isso é falta de consistência, nas colocações, para discutir o assunto, olhando no olho, e ver o que é bom para o nosso País. Eu trago dados, porque o Governo não acredita, do Departamento Penitenciário Nacional - DEPEN, para que os senhores possam fazer uma reflexão. Em 2001, 2002, a população carcerária do Brasil era em torno de 230 mil presos. O PT assumiu o Governo, e a população carcerária do Brasil saltou de 230 mil presos para 308 mil presos. E ela vem subindo não gradativamente, mas de forma muito acentuada. Hoje, aos 12 anos de Governo do PT, a população carcerária está em

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torno de 700 mil presos, com reincidência de 74%. Nós estamos enxugando gelo. Não existe bandido novo na praça, não. De cada dez bandidos que estão sendo presos nas ruas, sete deveriam estar na cadeia, e estão soltos. Entre eles, estão os menores, os menores que, a cada dia que passa, matam com muito mais crueldade, porque todos eles já têm a certeza da impunidade. Sabem de cor e salteado os dispositivos do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA. Quero aqui reafirmar que eu não sou contra o ECA. O Estatuo foi feito para proteger o menor carente, o menor abandonado, o menor prostituído, não para proteger o menor bandido. Mas hoje o Governo não faz o seu dever de casa, não coloca em vigor ou não adota as medidas previstas no nosso Estatuto da Criança e do Adolescente. Portanto, ele só presta, hoje, para proteger "essas crianças". Como diz o povo que defende o menor bandido: "Essas crianças não podem ser colocadas nos presídios". Eu fico observando algumas incoerências gritantes desses defensores dos direitos humanos e das minorias. Há um Parlamentar que é muito aguerrido na sua defesa do homossexual, do movimento LGBT e por aí vai. Ele diz que uma criança de 5 anos de idade tem o direito de escolher o sexo que quer ter. O mais impressionante é que ele diz que o menor de 18 anos não tem consciência do crime que cometeu. Eu gostaria que isso realmente fosse mais bem discutido com a sociedade brasileira, porque é de uma incoerência enorme! Quer dizer, com 5 anos, a criança escolhe se quer ser homem ou mulher. Isso ele apoia, isso ele aprova. Mas um homem de 17 anos que degola a mãe, estupra a filha, como eu acabei de ler, esse não sabe o que está fazendo. Isso é uma coisa tão estúpida - não há outra palavra, me desculpem - é uma coisa tão idiota, que o povo brasileiro, cansado de ouvir essas bobagens, generaliza, ao dizer que os Parlamentares não têm nada para fazer e ficam inventando coisas sem importância. Sr. Presidente, eu trouxe os dados de várias situações que acontecem no País - fiz questão de pesquisar em vários Estados brasileiros - li, de forma muito detalhada, ocorrência por ocorrência, notícia por notícia, para que as pessoas entendam a gravidade da coisa. Quando eu leio que um adolescente matou a golpes de foice a sua avó, matou a golpes de foice a sua mãe e a sua irmã, e quando eu digo que esta criança tinha 17 anos de idade e vai ficar impune, a sociedade brasileira não suporta mais. Preocupou-me bastante, quando a Presidente da República, numa entrevista - eu acho que ultimamente ela não tem do que falar e resolveu abordar a questão do menor -, disse que era contra. Coincidência ou não, 2 dias depois que a Presidente Dilma disse que era contra a redução da maioridade penal, sai uma pesquisa do Datafolha dizendo que 87% da população brasileira são favoráveis à diminuição da maioridade penal - ou mais! E aí dizem que é só a elite branca! Não, não! Todas as escolaridades estavam lá: pessoas de nível superior, de nível médio, de ensino fundamental, ou seja, o pobre, o rico, o preto, o branco, todo mundo diz que hoje o País não pode ficar

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do jeito que está! O Sr. Átila Lins - V.Exa. me permite um aparte? O SR. ALBERTO FRAGA - Com muito prazer, Deputado. O Sr. Átila Lins - Deputado Alberto Fraga, cumprimento V.Exa. pela abordagem que faz nesta tarde a respeito de tema extremamente polêmico, mas, ao mesmo tempo, extremamente importante para o nosso País. Quero manifestar o meu apoio ao posicionamento de V.Exa. Em várias oportunidades, eu me referi a esta PEC dizendo que, da mesma forma que o jovem de 16 anos pode escolher o Presidente da República, o Governador de seu Estado, o Prefeito da sua cidade, se pode ser um eleitor e escolher seus dirigentes, também pode assumir responsabilidades e ser punido por eventuais delitos e crimes que venha a praticar. Eu acho que V.Exa. aborda um tema importante. Eu também quero me referir à pesquisa: 87% do povo brasileiro são favoráveis a esta PEC. Estamos, portanto, caminhando no rumo certo, Deputado Alberto Fraga. Parabéns pelo pronunciamento de V.Exa.! O SR. ALBERTO FRAGA - Incorporo o depoimento de V.Exa. ao meu discurso. O Sr. Julio Lopes - Deputado Alberto Fraga, naquela hora V.Exa. me perguntou se eu queria aparteá-lo. Como professor e educador, subscrevo o que V.Exa. diz, em relação ao entendimento de um jovem de 17 anos, sobre a gravidade dessas questões. Como V.Exa., entendo que é necessário rever essa questão da maioridade penal. O SR. ALBERTO FRAGA - Muito obrigado, Deputado. Também incorporo o aparte de V.Exa. ao meu pronunciamento. Para concluir, eu quero aqui parabenizar a coragem e a determinação do nosso Presidente Eduardo Cunha. Eu não tenho dúvida de que, se não fosse uma pessoa destemida, que não tem medo, que não se assombra com pouca coisa, não colocaria para votar. Ele desengavetou projetos de 23 anos. Eu ouvi, na Comissão de Constituição e Justiça, o PT dizer que queria discutir aquela matéria. São 23 anos! Disseram: "Não, precisamos discutir o assunto." Também parabenizo a postura do Deputado Arthur Lira, que foi fantástico na condução dos trabalhos. Agora, esses assuntos precisam ser enfrentados, discutidos. Se há votos, derrotem a gente, mas não usem de artimanhas, não usem de subterfúgios, não usem de rótulos para atacar aqueles que são contra ou a favor, porque isso não leva a nada. E, primeiro, não vai calar aqueles que estão dispostos. Eu defendo isso, defendo essa bandeira desde que cheguei a esta Casa. A minha proposta de emenda à Constituição é a segunda ou a terceira nesta Casa. E vou além. Acho temerário reduzir a maioridade penal para 16 anos, porque os jovens de 14 anos e de 15 anos vão matar com a mesma crueldade. Esta Casa precisa avançar e buscar a modernidade da coisa. Inclusive está entrando no plenário o Presidente da Comissão Especial, nosso Deputado André Moura. Quando se tem dados cronológicos é preocupante, porque os jovens de 14 anos e de 15 anos vão ser adotados e vão ser cooptados da mesma forma que os de 16 anos e os de 17 anos hoje. Por isso eu defendo o ponto de vista da minha proposta de emenda à

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Constituição. Não tem idade para se cometer um crime. Se o jovem cometeu um crime, é preciso colocar uma junta de especialistas para decidir. Se o jovem tem discernimento, se tem consciência de que estava cometendo um crime, e cometeu o crime, tem que ser apenado. E aí a gente faz tranquilamente a divisão. Eu não acredito que o Estado ou essa junta de especialistas vá colocar na cadeia um garoto de 10 anos ou de 11 anos. Agora, um de 16 anos ou um de 14 anos que saiba muito bem o que está fazendo vai ter que ser colocado, sim, porque o povo não aguenta mais! Sr. Presidente, peço a V.Exa. que autorize a transcrição de meu pronunciamento nos Anais da Casa e que ele seja divulgado no programa A Voz do Brasil. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Mauro Pereira) - Muito obrigado, Deputado Alberto Fraga.

Documento 31/143

084.1.55.O Sessão Não Deliberativa de Debates -

CD 27/04/2015-

16:50

Publ.: DCD - 28/04/2015

- BENEDITA DA SILVA-PT -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

GRANDE EXPEDIENTE COMO LÍDER

DISCURSO

Sumário

Transcurso do Dia do Trabalhador Doméstico. Luta do PT em prol da garantia

de direitos à categoria. Solicitação ao Senado Federal de votação de proposição

relativa à regulamentação de direitos aos trabalhadores domésticos.

Contrariedade a proposta de redução da maioridade penal.

A SRA. BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, hoje é o Dia da Trabalhadora Doméstica e estou aqui, em nome do Partido dos Trabalhadores, para dizer que o trabalho doméstico é uma tradição secular na cultura brasileira e na cultura dos povos. E nós sabemos que, em razão dessa cultura, não se reconheceu a tempo o direito desses trabalhadores e dessas trabalhadoras. Pois hoje também, representando o Partido dos Trabalhadores, em iniciativa do Deputado Arnaldo Jordy, em sessão solene realizada pela manhã, tive a oportunidade de dizer que esta luta no Brasil começa com Laudelina de Campos Melo, exatamente quando ela pediu a Getúlio Vargas, no momento que ele estava tratando dos direitos dos trabalhadores, que pudesse também incorporar os direitos das

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trabalhadoras domésticas - o que não foi possível naquela época. Mas, nesta Casa, o Partido dos Trabalhadores e os demais partidos não mediram esforços para que a Constituição de 1988 pudesse dar início a um novo ciclo de direitos das trabalhadoras e dos trabalhadores domésticos. Há pouco tempo votamos aqui a chamada PEC das Domésticas, que foi acompanhada pelo Senado, onde está tramitando o projeto que regulamenta os direitos das trabalhadoras domésticas. Ao voltar a esta Casa, apresentaremos emendas que, na verdade, não só garantem aos domésticos esses direitos, mas os equipara aos demais trabalhadores. São aqueles direitos que foram garantidos aos outros trabalhadores desde 1930 que estão sendo pedidos pelas trabalhadoras domésticas. Sr. Presidente, estamos aguardando. Em nome do meu Partido, do Partido dos Trabalhadores, gostaria não só de parabenizar essas trabalhadoras e esses trabalhadores, mas também de afirmar que a nossa bancada continua firme nesta Casa para fazer valer esses direitos. Portanto, pedimos ao Senado Federal que vote logo o referido projeto de regulamentação e que olhe para esse processo. Essa trajetória histórica será também incluída na CLT. Neste momento pedimos que apressem essa votação e que não alterem o texto para que a PEC logo, logo seja sancionada a fim de que possamos, definitivamente, dar a esses trabalhadores o direito que eles reivindicam desde 1930. Sr. Presidente, nesta tarde quero ainda falar a respeito de uma pesquisa divulgada hoje pelo jornal O Dia, que mostra que 88% da população da cidade do Rio de Janeiro defende a redução da maioridade penal de 18 anos para 16 anos. O frontal desrespeito às medidas socioeducativas do Estatuto da Criança e do Adolescente pelos governos estaduais, aliado ao medo e à impotência da população diante do quadro de violência, é um prato cheio para os setores reacionários que ainda, através dos meios de comunicação, tentam convencer a maioria da sociedade de que a redução da maioridade penal e o aumento da punição são a solução para os jovens infratores. Sr. Presidente, a reincidência no sistema penitenciário é de 70%, enquanto no sistema socioeducativo ela está abaixo de 20%. Com um sistema penitenciário superlotado e falido, o ingresso antecipado do adolescente apenas vai piorar a violência. Ele voltará para a sociedade não apenas mais violento, como também mais articulado com o crime organizado. É o que já acontece nos Estados Unidos onde, segundo a UNICEF, os adolescentes que cumprem pena em penitenciárias voltam a delinquir, e de forma ainda mais violenta. Caso passe - o que eu considero uma aberração - a redução da maioridade penal, os adolescentes serão recrutados para o crime cada vez mais cedo e, daqui a pouco, estaremos discutindo a redução para 12 anos. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, conheço a vida de um adolescente pobre; conheço a vida de um adolescente na favela. Eu já

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disse muitas vezes desta tribuna - e repito - que eu conheço a fábrica de fazer marginais. E, conhecendo essa fábrica de fazer marginais, decidi lutar pelo direito da criança à educação, à saúde, ao lazer, à cultura e ao trabalho com decência, para dar oportunidade àqueles que não a têm. Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados, está nesta Casa, em nossas mãos, a decisão sobre a vida de centenas de milhares de brasileiros e de brasileiras que hoje podem estar morrendo neste momento. Nós não podemos de forma nenhuma achar que a única solução que nós podemos dar aos Poderes competentes - e não só para a execução da lei, mas para a execução de projetos, de programas e de políticas públicas que possam incluir esses jovens e tirá-los da marginalidade - é a redução da maioridade penal. Sr. Presidente, isso me assusta consideravelmente. Eu não quero estar nesta Casa quando nós tivermos que levar para a prisão, ou melhor, levar para o necrotério, levar para o cemitério, meninos de 11 anos ou 12 anos, que estarão sendo recrutados porque nós deixamos verdadeiramente de combater o crime organizado, de combater em nossas fronteiras as toneladas e toneladas de tóxicos que entram neste País. Nós precisamos fazer isso em nome dessas crianças, em nome desses jovens que, na sua maioria, são jovens negros. Eu não quero que morram jovens, nem negros, nem brancos. É em nome dessa minha história - e ontem completei 73 anos de idade - que quero ver a juventude brasileira completar mais de que 73 anos de idade e não morrer, como eles estão morrendo, com 12 anos, 13 anos, 15 anos. Se eu pudesse dar a V.Exa. um aparte, Deputado, eu o daria com muito gosto, porque tenho certeza de que V.Exa., no mínimo, está concordando que nós podemos fazer muito mais do que diminuir a idade penal para esses meninos e essas meninas, porque é o nosso dever. O povo precisa e espera muito mais de nós do que apenas entregarmos esses jovens ao sistema penitenciário, porque estaríamos como Pilatos, lavando as nossas mãos diante de uma situação dessa natureza. Muito obrigada, Sr. Presidente; muito obrigada ao Partido dos Trabalhadores, que me deixou, na condição de Vice-Líder, ocupar este espaço da Liderança do Partido dos Trabalhadores. O SR. PRESIDENTE (Mauro Pereira) - Muito obrigado, Deputada Benedita da Silva.

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084.1.55.O Sessão Não Deliberativa de Debates -

CD 27/04/2015-

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Publ.: DCD - 28/04/2015

- MAJOR OLIMPIO-PDT -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES COMO LÍDER

DISCURSO

Sumário

Contrariedade ao uso do termo Bancada da Bala para realização de referências

ao orador e a outros Deputados oriundos de instituições policiais. Apresentação

de requerimento de informações ao Ministério da Justiça sobre a campanha Da

Proibição Nasce o Tráfico, elaborada pelo Centro de Estudos de Segurança e

Cidadania, da Universidade Cândido Mendes. Pedido aos Parlamentares de

apoio para não convocação de policiais do Estado de São Paulo para

depoimento na CPI do Sistema Prisional. Defesa da redução da maioridade

penal.

O SR. MAJOR OLIMPIO (PDT-SP e como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, retorno a esta tribuna exatamente porque tenho muitas interrogações. A quem interessa desmoralizar a Polícia brasileira? A quem interessa desmoralizar e achincalhar as Forças Armadas? A quem interessa estabelecer um controle absoluto e uma censura à mídia? A quem interessa favorecer explicitamente criminosos maiores e criminosos menores? Eu fico me perguntando isso quando se atribui a mim, ao Deputado Rocha, ao Delegado Éder, que estão aqui presentes, ao Deputado Fraga, ao Deputado Augusto e tantos outros, alcunhas pejorativas de "bancada da bala" e de reacionários. Eu vejo na história de vida de cada um desses representantes de policiais, das Forças Armadas, tantas marcas da luta, marcas físicas e marcas morais, em defesa do cidadão. Lá no Acre, Deputado Rocha, nós nunca tínhamos conversado até que nos encontramos aqui como Deputados. E as histórias de vida se confundem nas ações, não com arroubos de valentia, nada disso, mas de compromisso com a sociedade. Desde que aqui cheguei, nós temos feito um esforço hercúleo para dizer que estamos na defesa daqueles que estão defendendo a sociedade. E o tempo todo eu vejo, de forma premeditada, organizada, ataques às instituições policiais. Eu vejo partidos políticos colocarem como meta a desmilitarização das polícias militares: "Olha, mas que conquista para o povo brasileiro se nós tirarmos esses 700 mil selvagens que usam botas, que usam fardas, da segurança pública!" Vejo tentar se discutir: "Precisamos mudar!" ou "Precisamos extinguir o auto de resistência seguido de morte, coisa da ditadura!" E falta até um pouco de conhecimento. O Código de Processo Penal é de 1941. Naquele momento, exatamente já se estabeleceu, Delegado Éder - um delegado reconhecido no seu Estado pela sua luta, e que aqui é tido como "mais um selvagem da bancada da bala"; "Cuidado com esses homens!, Mas 270 mil pessoas no seu Estado aqui lhe enviaram; V.Exa. foi o mais

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votado do seu Estado exatamente por causa do compromisso. E me parece que não são equívocos, é coisa premeditada. Eu apresentei, Deputado Rocha, Deputado Éder, um requerimento de informações ao Ministério da Justiça para que nos esclareça. Começou no dia 22 no Rio a campanha - em tese, da Universidade Cândido Mendes, mas está em todos os ônibus e, ao que me parece, com recursos do Ministério da Justiça -: "A guerra contra as drogas não funciona." Está escrito em outdoors, ao que me consta pago com dinheiro público. Outro outdoor no ônibus diz: "A guerra mata mais que a droga"; "reprimir mata mais que usar". Isso, numa simples interpretação do Código Penal, é apologia ao crime e ao criminoso. Esse é o momento que nós estamos vivendo. Eu vejo o Presidente da Casa falar e fazer pautas. Vamos ter a Semana da Segurança Pública e votar projetos para alterar, sim, a legislação, porque o cidadão está morrendo na mão do vagabundo. Eu vejo, depois, por discussões político-partidárias, o Senado Federal dizendo: "Então, nós vamos barrar porque é da administração do Cunha" e deixam as pessoas morrerem. Vejo isso de forma muito pequena. Vejo, com muita tristeza, o cenário aqui e, graças a Deus, com uma esperança, porque nós vamos reagir, sim; nós vamos trazer e nós vamos debater a verdade. Na minha concepção, é defesa exacerbada do crime e do criminoso atacar as instituições policiais, quase que se comemorar a morte de policial. Eu vi, na última semana, já na CPI do Sistema Prisional, se tentar a convocação de policiais de São Paulo, do 2º Distrito, porque a travesti Verônica, que tem até site nacional agora: "Somos todas Verônica"... Eu não sou Verônica, não! Eu até trouxe os autos do inquérito. Quiseram fazer um achincalhamento: trazer o delegado-geral; trazer o titular do distrito; trazer os policiais que estavam no plantão. Isso para mim é para achincalhar! Eu simplesmente fui pedir, Delegado Éder, e a Polícia Civil de São Paulo mandou. Estão todos os autos aqui do inquérito. É bom que se esclareça à opinião pública que tido como coitadinho, vítima dos algozes policiais, Verônica tentou matar - e ela confessa - uma senhora de 73 anos! Ela disse aqui no inquérito: "Eu estava possuída pelo demônio. E o demônio me falou: 'acaba com essa velha'". Ela invadiu a casa de uma senhora e a atacou a pancadas; tomou a bengala da senhora e a agrediu. A senhora teve fraturas na cabeça, no rosto, os braços quebrados. Aqui, não dá para ver, muito embora coloridas, as fotos da senhora de 73 anos. (Mostra fotografia.) Dois travestis, que moram no mesmo andar, ao tentar intervir foram atacados por Verônica e entraram em luta corporal para impedir que Verônica matasse uma senhora de 73 anos. Chegaram os policiais militares e ela disse: "Eu estou tomada pelo demônio". Conduzida ao distrito policial, foi colocada em uma cela. No momento em que os presos da cela tentaram dizer das regras de convivência - ela declara, aqui -, ela ficou nua e começou a se masturbar, momento em que

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houve a indignação dos presos na carceragem, e passaram a agredi-la também. O carcereiro Valternei Miranda Santos, na boa-fé e no seu compromisso profissional, foi tirar a Verônica da cela, para isolá-la, em outra cela, e foi atacado, segundo as próprias informações de Verônica: "E ainda o diabo dizia: acaba com ele". E ela, fisicamente muito maior do que o Valternei, o atacou, Deputado Delegado Edson Moreira - como o senhor teve lá muitos policiais operacionais, durante muitos anos. O Valternei foi atacado e foi arrancada a sua orelha. Está aqui a foto do Valternei, sem a orelha. (Mostra fotografia.) É bom que o Brasil veja. E as declarações, dão algum exemplo: "Eu estava tomada pelo capeta". E ela ainda diz, por mais de 45 minutos: "Eu fiquei mastigando a orelha". Os outros policiais a contiveram, a levaram porque a luta corporal que ela já tinha tido com os travestis, com os presos na cela, com o próprio Valternei, no desespero, porque a sua orelha foi arrancada; e na sua condução, e dentro do próprio pronto socorro, enquanto era medicada, tentava agredir os policiais, médicos e enfermeiros dentro do pronto-socorro, porque ela declarava: "Eu estava possuída pelo demônio!" Aí nós vamos tentar trazer isso a uma Comissão, a uma CPI, para escrachar a Polícia de São Paulo? Por isso, eu peço o apoio dos pares, os que estiverem nas Comissões ou não estiverem: não vamos permitir escracho, não. O Valternei tinha que receber uma medalha. Os outros policiais só a contiveram. Se houvesse o ânimo de sair da lei, tinham linchado alguém que estava possuído pelo demônio. Eu faço questão, sim, de vir a esta tribuna e dizer que, enquanto eu estiver como Parlamentar nesta Casa, vamos nos mobilizar, e não é por causa da "bancada da bala", não, Deputada. Nós vamos, sim! E nós vamos fazer esse enfrentamento na democracia e no voto. Cheguei aqui a esta Casa - V.Exa. me olha com ar de indignação - pelo mesmo caminho de V.Exa.: pela democracia, pelo voto. Aliás, tive 180 mil votos e vou honrar esses votos. E não foram votos só dos policiais, não; foram dos cidadãos que estão indignados; foram dos cidadãos que estão cobrando - 86% da população. E nós vamos reduzir, sim, a maioridade penal. Na minha visão e no meu projeto, era para ser em 12 anos mesmo. Hoje há notícia em jornal de que um menor de 13 anos de idade, na Inglaterra, foi condenado à prisão perpétua por lesões e roubo a uma menina menor. Vejam se na Inglaterra vão querer praticar esse tipo de barbaridade; vejam se na Inglaterra estão matando 52 policiais, como já foram mortos até a meia noite de hoje, só no Estado de São Paulo e no Rio de Janeiro. Então é isso que nós precisamos deixar muito bem claro. Isso é inversão de valores. Um cantor decadente de nome Mano Brown, em São Paulo, sem habilitação, foi abordado pela polícia: "Não pode abordar. É o Mano Brown!" Foi o Suplicy para lá, foi um monte de gente: "Pelo amor de Deus! É o Mano Brown!" "Só porque ele estava sem habilitação." "Só porque ele cometeu crimes de desacato aos policiais."

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Aliás, já que o Mano Brown xinga e desacata policiais, vamos votar logo. Já veio gente para a tribuna dizer: "Pelo amor de Deus, acabem com o crime de desacato, senão o Mano Brown não pode mais xingar a polícia". É isso que nós temos. É isso que a sociedade não aceita mais, essa conversa mole: "Ai, coitadinho". Já disse em várias Comissões e vou dizer aqui: o indivíduo é bandido por opção. E há muitos, inúmeros, milhares, milhões de cidadãos hoje, de coitados, nas favelas, etc. A maioria dos membros das famílias vai ser gente de bem, vai trabalhar, vai produzir, vai crescer, vai buscar o seu espaço, apesar de o Governo corrupto tirar o que é do povo. Mas vai ter aquele que vai querer enveredar para o mal. Vai ter aquele que é bandido, sim, por opção. Nós temos que parar com o "coitadismo". Dizem agora que a Casa está pautada, Deputado Aguiar; que quem manda na Casa é o BBB - não é o Big Brother Brasil, não: a bancada da bala, do boi e da Bíblia, como se ser religioso fosse uma tremenda de uma doença. O Estado é laico, sim, mas não é ateu! Respeito! Nós vamos fazer esse debate, sim. Em relação à segurança pública, não vamos escrachar os valterneis nem a Polícia Civil de São Paulo, nem de nenhum Estado, não. Não vamos execrar aqueles que estão defendendo a sociedade, porque na democracia vai ser assim. No voto, nós vamos reduzir a maioridade, nós vamos encarcerar bandidos, sim, nós vamos aumentar as penas, sim; é o que o País quer, espera e merece.

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084.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 27/04/2015-18:02

Publ.: DCD -

28/04/2015 - ERIKA KOKAY-PT -DF

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES

COMUNICAÇÃO PARLAMENTAR

DISCURSO

Sumário

Repúdio à apologia da tortura policial em pronunciamentos de Deputados.

Acerto de posicionamento da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil -

CNBB contrário à redução da maioridade penal. Necessidade de valorização

dos direitos humanos pela Casa.

A SRA. ERIKA KOKAY (PT-DF. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a sessão de hoje me lembra de certa forma de um termo, um neologismo de Camus que diz que se via

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mergulhado numa verdadeira absurdidade. Mas me lembra também de Nelson Rodrigues: "O absurdo está perdendo a modéstia". Quando vejo aqui que o processo de investigação de tortura, que é crime hediondo em nosso País... A tortura é crime hediondo, a tortura não é permitida nem na guerra - nem na guerra! Portanto, os direitos da pessoa humana, mesmo em períodos de guerra, são preservados. E eu vejo aqui que solicitar uma investigação acerca de uma tortura - porque não há nenhuma dúvida de que Verônica foi torturada quando estava sob a custódia da Polícia ou da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo -, buscar uma investigação é um escracho. É um escracho! Ou seja, aqui se diz que a ditadura foi fundamental para pôr ordem ao País. Que ordem é essa que é a ordem dos cemitérios? Que desrespeito é esse com centenas de desaparecidos que este País carrega? Que apologia que se vê neste plenário, onde todos os Parlamentares disseram que iriam honrar a Constituição, que fala em dignidade humana? Que apologia das salas escuras de tortura se pode fazer aqui, na Casa da democracia, na Casa do Povo? Portanto, eu diria que nos cabe neste momento atentar para o que está em risco neste País. Tem razão a CNBB quando diz que a democracia está em risco. A democracia está em risco porque, quando nesta Casa se estruturam instrumentos de desumanização simbólica e literal, estamos vivenciando prenúncios de lógica fascista. Penso que se não tivesse havido a desumanização dos judeus, dos comunistas, dos homossexuais na Alemanha nazista as câmaras de gás não tinham se consolidado. Há um processo de desumanização que é apregoado; há uma lógica fundamentalista que vai do fundamentalismo religioso, perpassa o fundamentalismo patrimonialista e se casa com o fundamentalismo repressor, no qual se afirma que é o cárcere que resolve os problemas da segurança neste País. E eu diria que, se assim fosse, nós seríamos um dos mais seguros países de todo o mundo, porque o Brasil tem a terceira maior população carcerária do mundo - do mundo! Quanto às prisões, qualquer um de nós sabe que prisão não reintegra harmoniosamente a sociedade. Aqui foi dito pela Deputada Benedita da Silva que há mais de 70% de reincidência nas prisões brasileiras. Como é que alguém pode vir aqui dizer em alto e bom som que reduzir a maioridade penal - que significa colocar adolescentes de 16 anos nas prisões brasileiras - vai resolver o problema da violência no Brasil? O problema da violência no Brasil se resolve com o inverso, com centralidade, luta e agenda em defesa dos direitos da pessoa humana para romper essa desumanização, para romper os 50 mil homicídios que atingem jovens - e jovens negros - neste País. É preciso romper a desumanização que foi estabelecida a cada um deles! Por isso, estamos aqui para dizer: tem sim razão a CNBB quando se posiciona contra a redução da maioridade penal. Nós estamos falando de 0,013% dos adolescentes neste País em cumprimento de medida de internação ou de restrição de liberdade. Nós estamos falando de 0,013% dos adolescentes deste País! E aqui se diz que encarcerá-los,

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colocá-los no sistema prisional - que todos sabemos que não recupera - vai resolver os problemas da violência neste Brasil. E os gestores se acomodam, se escondem nestes biombos construídos nestas tribunas, ou nesta tribuna, que tentam encarcerar - encarcerar! - e criar uma discussão falsa. Nós não somos contra, e ninguém nesta Casa é contra os profissionais de segurança, apenas estamos dizendo que a farda tem que servir para proteger a sociedade. A farda não é maior do que a Constituição, a farda não é maior do que a democracia, a farda não é salvaguarda para que se possa entrar em conflito com a lei. Os bons policiais sabem disso. Os bons policiais sabem e não temem qualquer processo de investigação, que é o que quer o fim dos autos de resistência. Nós apenas queremos investigar. Nós apenas queremos investigar as mortes produzidas por policiais, para que ali o bom policial tenha resguardo e para que se possam punir aqueles que se utilizam da farda para desonrá-la. Por isso, digo que nós estamos vivendo tempos sombrios nesta Casa. São tempos sombrios nesta Casa! Nós não estamos falando apenas da redução da maioridade penal, nós estamos falando do Estatuto do Desarmamento, com o qual querem acabar. Querem inclusive acabar com as Polícias, que hoje têm o monopólio das armas, e dizer que já não servem para nada, porque cada um tem que se armar e fazer sua própria defesa. Eu me assustei, Deputado Luiz Couto, ao ver, num site de um Deputado, uma Bíblia e, em cima dela, uma arma, com uma citação bíblica que justificava o "bandido bom é bandido morto". Em nome da Bíblia! Em nome da Bíblia se estava pregando a morte! Por isso nós precisamos cria aqui urgentemente uma frente em defesa da democracia e da vida, porque não é só o Estatuto do Desarmamento, não é só a redução da maioridade penal. Nós estamos vivenciando a PEC nº 215, de 2000, que arranca o direito da população indígena de ser indígena, que consolida, que constitucionaliza o etnocídio que este Brasil vivencia todos os dias. É preciso reagir a esses tempos. Aprovaram na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural a flexibilização do conceito de trabalho escravo. Tirou-se o trabalho degradante como análogo ao escravo, tirou-se a jornada exaustiva, a jornada que consome a força, que leva à morte, o trabalho degradante. Relatos apontam que mais de 50 mil pessoas foram resgatadas do trabalho análogo ao escravo desde 1995. Eram pessoas que se alimentavam nos cochos, que bebiam a mesma água do gado. E se prospera esta concepção que foi aprovada na Comissão de Agricultura de que isso não será mais trabalho análogo ao escravo. O trabalho escravo vai ser o do pelourinho literalmente, vai ser o do chicote literalmente, e não o trabalho análogo ao escravo, que consome a vida, a saúde, que consome a humanidade de tantos trabalhadores neste País. São tempos sombrios. São tempos sombrios em que há o baile do fundamentalismo pisoteando a Constituição brasileira, em que se quer

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hierarquizar os seres humanos e dizer que há seres humanos que podem amar e outros não. Ser humano sem poder expressar seu amor é ser humano que não pode viver sua humanidade. E dizer que há seres humanos que podem ser torturados - que podem ser torturados! O que vimos aqui no dia de hoje foi apologia à tortura. Apologia à tortura! Dizem que alguns podem ser torturados e outros podem ser isentos da tortura e protegidos pela Constituição. Ora, a nossa condição humana por si só nos assegura direitos. A nossa condição humana por si só nos assegura o direito de vivermos esta humanidade, que só se concretiza na condição de sermos sujeitos das nossas próprias vidas, humanidade negada às mulheres, à comunidade LGBT, aos trabalhadores! Humanidade negada a todos que tiveram a coragem de defendê-la e de universalizá-la. Por isso, Sr. Presidente, termino minha fala dizendo: há tanta histeria e há tantos ovos de serpente sendo construídos, ovos de serpente com a lógica fascista de constitucionalizar, de institucionalizar a desumanização de parte da nossa própria humanidade; há tanto desespero naqueles que acham que é o grito, naqueles que acham que é a arma, naqueles que acham que é pisotear o outro, negar direitos que têm que ser construído. Esta tribuna exige respeito: respeito à vida, respeito à democracia e respeito a nossa Constituição, que dissemos que iríamos honrar e que tem sido desonrada todas as vezes em que aqui se faz apologia ao fascismo, apologia à tortura ou apologia à desumanização que atinge tantas pessoas no nosso País. Muito obrigada, Sr. Presidente. (Palmas.)

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085.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

27/04/2015-19:06

Publ.: DCD -

28/04/2015 - PAULO MALUF-PP -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Posicionamento favorável à proposta de redução da maioridade penal.

O SR. PAULO MALUF (Bloco/PP-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Gilberto Nascimento, Sras. e Srs. Deputados, muito se tem falado sobre a diminuição ou não da maioridade penal. Algumas pessoas inclusive têm invocado que é uma cláusula pétrea da

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Constituição. Meus amigos, nada é pétreo, quando se tira, sem justificativa, a vida de alguém. Tem-se invocado também a Constituição de outros países. Eu quero, quem sabe como o mais antigo desta Casa, com 48 anos de política, como o mais velho, com 83 anos de idade, dar aos senhores um fato que ficou na minha memória. Há cerca de 20 anos, na Inglaterra, cuja Constituição de Cromwell é de 1650, três menores de 13, 14 e 15 anos foram condenados a 20 anos de prisão. E por que três menores de 13, 14, 15 anos foram condenados a 20 anos de prisão? Porque, meus amigos, foi descoberto o cadáver de uma menina de 12 anos, nos trilhos de trem. Aqui no Brasil, quem sabe, iriam dar como um eventual atropelamento pela locomotiva. Mas a Scotland Yard fez a autópsia do cadáver da menina de 12 anos e descobriu que ela tinha sido desvirginada, tinha perdido a virgindade. Pegou-se então o DNA do esperma que estava na menina, foi-se ao DNA de todos os seus colegas na escola e descobriu-se, cientificamente, que ela tinha perdido a virgindade e foi assassinada pelos três menores. Eles foram julgados como maiores e condenados a 20 e 25 anos de prisão. Isso aconteceu na Inglaterra, que tem uma Constituição de quase 400 anos. Na Inglaterra, nos Estados Unidos, na França, na Alemanha, no Japão o assassino de 18 anos é tão assassino quanto um assassino de 17 anos. Não é por ter 17 anos e 363 dias, que aquele assassino do garoto foi para a FEBEM, para a Fundação CASA, ao invés de ir para a cadeia. Portanto, eu quero deixar claro, como ex-Governador, que governou, sim, o Estado de São Paulo, quando as pessoas podiam sair nas ruas, e como ex-Prefeito, que eu voto favoravelmente à diminuição da maioridade penal.

Documento 35/143

085.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

27/04/2015-19:16

Publ.: DCD -

28/04/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Associação do orador ao apoio majoritário da população brasileira à redução da

maioridade penal.

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O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, não vim aqui fazer a minha vontade, não vim aqui brigar por ideologia. Vim aqui fazer a vontade do povo. E o que o povo quer? Oitenta e sete por cento querem a redução da maioridade penal. O povo quer ter o direito de escolher se quer ter uma arma ou não. Ninguém quer armar ninguém aqui, não. O pessoal quer o seguinte: ter o direito de escolher. É isso. Então, não vim aqui brigar ideologicamente, não vim falar de coisas passadas. Eu tenho que olhar para o presente com a visão no futuro. E a maioria da população clama por segurança. Eu não vim aqui roubar ninguém, enganar o povo. Tem gente que fala que vai fazer isso, mas faz coisas completamente contrárias, rouba o povo. Eu vim aqui fazer a vontade popular e vou brigar até o fim do meu mandato por isto: fazer a vontade dos eleitores e do povo.

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085.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

27/04/2015-19:18

Publ.: DCD -

28/04/2015 - MAJOR OLIMPIO-PDT -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Ampliação do número de Deputados defensores da redução da maioridade

penal.

O SR. MAJOR OLIMPIO (PDT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, fiz um juramento, no dia em que assumi este mandato, à Constituição e o cumpro mais ou igual a todos os Parlamentares que têm compromisso com a população e com o cidadão de bem. Agora, não gosto de bandido, não compactuo com bandido, não defendo bandido, não sou de bancada de bandido, sou da Frente Parlamentar da Segurança Pública, Deputado Fraga. E se nós tínhamos 295 Parlamentares, podem ampliar a coleta de assinaturas, porque nós já temos mais de 400! Há mais de 400 Deputados, sim, que honram o juramento que fazem com a Constituição, mas não defendem bandido. S.Exas. vão votar a redução da maioridade, vão votar a majoração de pena, não estão compactuando com o crime, são brasileiros de verdade! Não venham com conversa mole aqui, não, dizendo que defendem os

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coitadinhos, os humilhados, as minorias, defensores de bandidos!

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085.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

27/04/2015-19:26

Publ.: DCD -

28/04/2015 - RUBENS PEREIRA JÚNIOR-PCDOB -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA DISCURSO

ENCAMINHADO DISCURSO

Sumário

Artigo de autoria do orador publicado no Jornal Pequeno sobre impetração de

mandado de segurança no Supremo Tribunal Federal contra a Proposta de

Emenda à Constituição nº 171, de 1993, que trata da redução da maioridade

penal.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO À MESA PARA

PUBLICAÇÃO

O SR. RUBENS PEREIRA JÚNIOR (PCdoB-MA. Pronunciamento

encaminhado pelo orador.) - Sr. Presidente, nos termos do Regimento Interno e

dada a impossibilidade da leitura em plenário, solicito a V.Exa. seja dado como

lido, para efeito de registro nos Anais desta Casa, o artigo feito por mim e

publicado na edição do dia 25 de abril de 2015 do Jornal Pequeno, em que

externo os motivos que me levaram a impetrar mandado de segurança no

Supremo Tribunal Federal contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC)

nº 171.

Era só, Sr. Presidente.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

Por que entrei com ação no Supremo. Há pouco mais de uma semana, impetrei um mandado de segurança no

Supremo Tribunal Federal (STF) contra a Proposta de Emenda Constitucional

(PEC) 171. A proposta visa reduzir a maioridade penal no Brasil. Ao final do

artigo, vou comentar minha opinião pessoal sobre o tema. De qualquer forma, a

ação questiona a constitucionalidade da PEC, tema que tratarei primeiro.

Sou membro-titular da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara,

tendo a função de analisar a admissibilidade de projetos no Congresso,

avaliando se eles respeitam ou não a Constituição Federal - ou seja, se são

constitucionais. No caso da proposta em questão, ela é de uma

inconstitucionalidade gritante. Por isso, recorri ao Supremo, pois fui ferido no

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direito, como parlamentar, de apenas debater temas constitucionais.

A PEC em questão fere cláusula pétrea da Constituição, expressa no artigo

228, que trata dos direitos fundamentais do brasileiro. Mas para além do debate

constitucional, que é o que faço no mandado de segurança, eu questiono o

projeto em seu mérito.

Para começar, sou contra o recorte etário. Quer dizer que uma pessoa com 17

anos e 6 meses de idade não tem discernimento para saber diferenciar o certo

do errado e 6 meses depois terá? Se reduzirmos a maioridade penal, o dilema

seguirá. Então com 15 anos e 8 meses o adolescente não tem discernimento,

mas 4 meses depois terá? Por isso, defendo que na adolescência o juiz possa

definir a pena, juntamente com um conjunto de psicólogos.

Além disso, é preciso cumprir o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente).

Na maior parte dos Estados, ele não é cumprido, já que, em vez de medidas

socioeducativas, os adolescentes são confinados em péssimas condições, muito

similares ou até piores que os presídios para adultos.

Sou favorável ao aumento do período de medidas socioeducativas para crimes

mais graves. Ou seja, se um adolescente de 17 anos cometer um assassinato,

ele poderia ficar internado por mais tempo, e não só pelo período até completar

18 anos.

De qualquer forma, a questão da segurança pública é um tema complexo, que

exige o esforço conjunto de todas as forças políticas do país, tanto no debate

sobre alternativas, quanto na repressão aos crimes. Mas não creio que se deva

passar a prender um adolescente junto com adultos nos presídios do país, que

são verdadeiras universidades.

Documento 38/143

087.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 28/04/2015-14:02

Publ.: DCD - 29/04/2015 -

26 ALICE PORTUGAL-PCDOB -BA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Conclamação dos jovens brasileiros para manifestação contra a redução da

maioridade penal. Importância de cumprimento do Estatuto da Criança e do

Adolescente - ECA como forma de promoção da justiça social com educação.

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB-BA. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, vivemos no Brasil de fato momentos difíceis do ponto de vista econômico que se busca resolver, mas vivemos também uma pauta regressiva nesta Câmara dos Deputados

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em relação aos costumes. Essa discussão da redução da maioridade penal precisa ser tratada cientificamente e de frente, senão não resolve. Quero neste minuto conclamar os jovens brasileiros a entrarem no amanhecer contra a redução da maioridade penal. Hoje, em 23 Estados, já temos mais de 70 cidades inscritas. Praças serão enfeitadas com pipas, cartazes, estênceis para mostrar os argumentos de que precisamos de mais escolas, de educação integral. Precisamos cumprir o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente -, garantir que a ressocialização seja, de fato, realizada, através dos preceitos do ECA, e fazermos, de fato, justiça com educação. Amanhecer nas cidades! O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputada.

Documento 39/143

087.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 28/04/2015-14:04

Publ.: DCD - 29/04/2015 -

26 HEITOR SCHUCH-PSB -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Presença do orador no evento de abertura do 3º Festival da Juventude Rural da

Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura - CONTAG, em

Brasília, Distrito Federal. Participação de jovens gaúchos, organizados pela

Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul - FETAG e

Sindicatos de Trabalhadores Rurais.

O SR. HEITOR SCHUCH (PSB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Manato, quero registrar que participei da abertura do 3º Festival da Juventude Rural da CONTAG, que reúne, em Brasília, 6 mil jovens de todos os recantos deste País. Houve também grande participação da juventude do Rio Grande do Sul, organizada pela FETAG/RS e pelos Sindicatos de Trabalhadores Rurais. Essa juventude vem para o debate de temas importantes da vida nacional. "Juventude na luta por terra, políticas públicas e sucessão rural na América Latina". Vem propor políticas para o fortalecimento da agricultura familiar; contra a terceirização indiscriminada; contra a redução da maioridade penal; o fim do

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extermínio de negros; o fim do trabalho escravo no campo; acabar com a corrupção, os corruptos e os corruptores. O desenvolvimento rural pressupõe gente no campo, a sucessão rural na perspectiva de renovar a esperança de continuar produzindo o pão nosso de cada dia, gerando emprego, renda e alimento para o povo brasileiro. Como disse o Presidente da CONTAG, "a juventude é o fermento do sindicalismo rural brasileiro". Muito obrigado, Presidente Manato. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Eu que agradeço, nobre Deputado. PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados (as), participei da abertura do 3º Festival da Juventude Rural da CONTAG, que reúne 6.000 jovens de todos os recantos deste País. Registro com satisfação também grande participação dos jovens do Rio Grande do Sul organizados pela FETAG/RS e STRs. A juventude vem para o debate de temas importantes para a vida nacional. "Juventude na luta por terra, políticas públicas e sucessão rural na America Latina". Participam de painéis temáticos: Juventude Rural, terra, agroecologia e organização da produção; Juventude Rural, educação do campo e saúde; Juventude Rural, participação social e organização sindical; Trabalho decente para a juventude assalariada rural; Juventude e sucessão rural na perspectiva de gênero e geração; Juventude Rural e sustentabilidade político-financeira do MSTTR. A juventude vem propor políticas públicas: nova ruralania; fortalecimento da agricultura familiar; contra a terceirização indiscriminada; contra a redução da maioridade penal; o fim do extermínio de negros; o fim do trabalho escravo no campo; acabar com a corrupção, os corruptos e os corruptores; o desenvolvimento rural com gente no campo; a sucessão rural para garantir a continuidade das propriedades. No aspecto sindical a juventude rural renova a esperança de continuação da luta por uma categoria que produz o pão nosso de cada dia, sacia a fome do povo brasileiro e alimenta o Brasil gerando empregos, renda e tributos para os cofres públicos. A juventude fortalece o sindicalismo com sangue novo, braço forte e a defesa intransigente dos direitos conquistados durante meio século de lutas. Alberto Broch, Presidente da CONTAG declara que "a juventude é o fermento do sindicalismo rural brasileiro".

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087.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 28/04/2015-15:22

Publ.: DCD - 29/04/2015 -

55 CHICO LOPES-PCDOB -CE

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Nota da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, produzida em

reunião realizada no Município de Aparecida, Estado de São Paulo sobre a

realidade brasileira.

O SR. CHICO LOPES (PCdoB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, gostaria que constasse nos Anais desta Casa a Nota da CNBB produzida entre os dias 15 e 24 de abril de 2015, em Assembleia Geral, que levantou três problemas que nós estamos discutindo. Primeiro, a não redução da maioridade penal para 16 anos; segundo, a lei da terceirização; e terceiro, a reforma política. Nesse sentido, Sr. Presidente, gostaria que V.Exa. autorizasse a publicação da Nota da CNBB, produzida entre os dias 15 a 24 de abril, que trata de assuntos importantes, da democratização e da liberdade do povo. Muito obrigado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, registro com muita satisfação a reunião da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, em Aparecida, São Paulo, no período de 15 a 24 de abril de 2015, onde avaliou, com apreensão, a realidade brasileira, marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça as conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem democrática do País. Segundo o documento aprovado na Assembleia Geral da CNBB: "O momento não é de acirrar ânimos, nem de assumir posições revanchistas ou de ódio que desconsiderem a política como defesa e promoção do bem comum". "A retomada de crescimento do País, uma das condições para vencer a crise, precisa ser feita sem trazer prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres". "A lei que permite a terceirização do trabalho, em tramitação no Congresso Nacional, não pode, em hipótese alguma, restringir os direitos dos trabalhadores. É inadmissível que a preservação dos direitos sociais venha a ser sacrificada para justificar a superação da crise". "A credibilidade política, perdida por causa da corrupção e da prática interesseira com que grande parte dos políticos exerce seu mandato,

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não pode ser recuperada ao preço da aprovação de leis que retiram direitos dos mais vulneráveis. Lamentamos que no Congresso se formem bancadas que reforcem o corporativismo para defender interesses de segmentos que se opõem aos direitos e às conquistas sociais já adquiridos pelos mais pobres". "A PEC 171/1993, que propõe a redução da maioridade penal para 16 anos, já aprovada pela Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça da Câmara, também é um equívoco que precisa ser desfeito. A redução da maioridade penal não é solução para a violência que grassa no Brasil e reforça a política de encarceramento num País que já tem a quarta população carcerária do mundo. Investir em educação de qualidade e em políticas públicas para a juventude e para a família é meio eficaz para preservar os adolescentes da delinquência e da violência". "Muitas destas e de outras matérias, que incidem diretamente na vida do povo, têm, entre seus caminhos de solução, uma Reforma Política que atinja as entranhas do sistema político brasileiro. Apartidária, a proposta da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a CNBB é signatária, se coloca nessa direção". Muito obrigado.

NOTA A QUE SE REFERE O ORADOR

Nota da CNBB sobre o momento nacional "Entre vós não deve ser assim" (Mc 10,43). A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, reunida em sua 53ª Assembleia Geral, em Aparecida-SP, no período de 15 a 24 de abril de 2015, avaliou, com apreensão, a realidade brasileira, marcada pela profunda e prolongada crise que ameaça as conquistas, a partir da Constituição Cidadã de 1988, e coloca em risco a ordem democrática do País. Desta avaliação nasce nossa palavra de pastores convictos de que "ninguém pode exigir de nós que releguemos a religião para a intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e nacional, sem nos preocupar com a saúde das instituições da sociedade civil, sem nos pronunciar sobre os acontecimentos que interessam aos cidadãos" (EG, 183). O momento não é de acirrar ânimos, nem de assumir posições revanchistas ou de ódio que desconsiderem a política como defesa e promoção do bem comum. Os três poderes da República, com a autonomia que lhes é própria, têm o dever irrenunciável do diálogo aberto, franco, verdadeiro, na busca de uma solução que devolva aos brasileiros a certeza de superação da crise. A retomada de crescimento do País, uma das condições para vencer a crise, precisa ser feita sem trazer prejuízo à população, aos trabalhadores e, principalmente, aos mais pobres. Projetos, como os que são implantados na Amazônia, afrontam sua população, por não ouvi-la e por favorecer o desmatamento e a degradação do meio ambiente.

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A lei que permite a terceirização do trabalho, em tramitação no Congresso Nacional, não pode, em hipótese alguma, restringir os direitos dos trabalhadores. É inadmissível que a preservação dos direitos sociais venha a ser sacrificada para justificar a superação da crise. A corrupção, praga da sociedade e pecado grave que brada aos céus (cf. Papa Francisco - O Rosto da Misericórdia, n. 19), está presente tanto em órgãos públicos quanto em instituições da sociedade. Combatê-la, de modo eficaz, com a consequente punição de corrompidos e corruptores, é dever do Estado. É imperativo recuperar uma cultura que prima pelos valores da honestidade e da retidão. Só assim se restaurará a justiça e se plantará, novamente, no coração do povo, a esperança de novos tempos, calcados na ética. A credibilidade política, perdida por causa da corrupção e da prática interesseira com que grande parte dos políticos exerce seu mandato, não pode ser recuperada ao preço da aprovação de leis que retiram direitos dos mais vulneráveis. Lamentamos que no Congresso se formem bancadas que reforcem o corporativismo para defender interesses de segmentos que se opõem aos direitos e conquistas sociais já adquiridos pelos mais pobres. A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215/2000, por exemplo, é uma afronta à luta histórica dos povos indígenas que até hoje não receberam reparação das injustiças que sofreram desde a colonização do Brasil. Se o prazo estabelecido pela Constituição de 1988 tivesse sido cumprido pelo Governo Federal, todas as terras indígenas já teriam sido reconhecidas, demarcadas e homologadas. E, assim, não estaríamos assistindo aos constantes conflitos e mortes de indígenas. A PEC 171/1993, que propõe a redução da maioridade penal para 16 anos, já aprovada pela Comissão de Constituição, Cidadania e Justiça da Câmara, também é um equívoco que precisa ser desfeito. A redução da maioridade penal não é solução para a violência que grassa no Brasil e reforça a política de encarceramento num país que já tem a quarta população carcerária do mundo. Investir em educação de qualidade e em políticas públicas para a juventude e para a família é meio eficaz para preservar os adolescentes da delinquência e da violência. O Estatuto da Criança e do Adolescente, em vigor há 25 anos, responsabiliza o adolescente, a partir dos 12 anos, por qualquer ato contra a lei, aplicando-lhe as medidas socioeducativas. Não procede, portanto, a alegada impunidade para adolescentes infratores. Onde essas medidas são corretamente aplicadas, o índice de reincidência do adolescente infrator é muito baixo. Ao invés de aprovarem a redução da maioridade penal, os parlamentares deveriam criar mecanismos que responsabilizem os gestores por não aparelharem seu governo para a correta aplicação das medidas socioeducativas. O Projeto de Lei 3.722/2012, que altera o Estatuto do Desarmamento, é outra matéria que vai na contramão da segurança e do combate à violência. A arma dá a falsa sensação de segurança e de proteção. Não podemos cair na ilusão de que, facilitando o acesso da população à posse de armas, combateremos a violência. A indústria das armas

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está a serviço de um vigoroso poder econômico que não pode ser alimentado à custa da vida das pessoas. Dizer não a esse poder econômico é dever ético dos responsáveis pela preservação do Estatuto do Desarmamento. Muitas destas e de outras matérias que incidem diretamente na vida do povo têm, entre seus caminhos de solução, uma Reforma Política que atinja as entranhas do sistema político brasileiro. Apartidária, a proposta da Coalizão pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, da qual a CNBB é signatária, se coloca nessa direção. Urge, além disso, resgatar a ética pública que diz respeito "à responsabilização do cidadão, dos grupos ou instituições da sociedade pelo bem comum" (CNBB - Doc. 50, n. 129). Para tanto, "como pastores, reafirmamos 'Cristo, medida de nossa conduta moral' e sentido pleno de nossa vida" (Doc. 50 da CNBB, Anexo - p. 30). Que o povo brasileiro, neste Ano da Paz e sob a proteção de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, supere esse momento difícil e persevere no caminho da justiça e da paz. Aparecida, 21 de abril de 2015. Cardeal Raymundo Damasceno Assis Arcebispo de Aparecida Presidente da CNBB; Dom José Belisário da Silva, OFM Arcebispo de São Luís do Maranhão Vice-Presidente da CNBB; Dom Leonardo Ulrich Steiner Bispo Auxiliar de Brasília Secretário-Geral da CNBB.

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087.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 28/04/2015-16:24

Publ.: DCD - 29/04/2015 - 69 WADSON RIBEIRO-PCDOB -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Contrariedade à proposta de redução da maioridade penal.

O SR. WADSON RIBEIRO (PCdoB-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu venho à tribuna para falar de um tema que, há alguns dias, tem tomado grande tempo de debate nesta Casa. Venho aqui expressar minha preocupação e confirmar minha posição em relação ao debate feito nesta Casa sobre

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a redução da maioridade penal. É claro que o Brasil assiste, especialmente nos grandes centros, a um processo desenfreado da violência; uma violência que por vezes faz com que jovens abaixo dos 18 anos cometam crimes: crimes bárbaros e até mesmo crimes hediondos. Sr. Presidente, eu venho aqui para dizer que também respeito aqueles que aqui são Deputados e têm a sua origem na segurança, e que têm um belíssimo trabalho prestado à sociedade brasileira. Mas venho aqui com a mais firme convicção de que não é a redução da maioridade penal a resolução para os problemas que acometem a juventude brasileira. As cadeias do Brasil já estão superlotadas e, na sua maioria, lotadas por negros jovens, jovens que não tiveram acesso à educação, à cultura e ao lazer. Acho que, de forma pejorativa, alguns nesta Casa falam em "bancada da bala". Eu acho que isso é uma colocação pejorativa e depõe contra esta Casa, porque eu muito respeito aqui os Deputados que têm origem nessa militância da segurança pública. Nós não podemos banalizar esse debate. Mas queria, de forma muito convicta, dizer que nós não podemos, no momento em que o Brasil ampliou a oportunidade para os jovens ingressarem nas universidades, no momento em que o Brasil procurou estabelecer mais políticas públicas para a juventude, no momento em que o Brasil tirou mais de 20 milhões de pessoas da linha da miséria, votar uma medida que coloque a juventude na cadeia. A juventude brasileira não precisa de cadeia, porque por muitas vezes a cadeia acaba se tornando uma escola do crime e não recuperando essa juventude. Do que a juventude precisa, Sr. Presidente, é que seja dada a ela a oportunidade de estudo, a oportunidade de lazer, a oportunidade de ter acesso à cultura. O que nós precisamos é fazer com que a nossa juventude tenha acesso e possa se alistar às Forças Armadas para defender a nossa Pátria. Concluindo, Sr. Presidente, que a nossa juventude possa ter acesso a escola de qualidade, e nós não podemos encarcerar toda uma geração de jovens brasileiros a pretexto desse encarceramento ser a saída para os males da violência brasileira. De modo, Sr. Presidente, que eu respeito muito esse debate feito na Casa, mas trago aqui a minha opinião, a minha posição e também a posição do meu partido de que nós somos contra essa medida que tramita, e vamos lutar até o fim para que ela não seja aprovada essa medida que vai colocar milhões de jovens abaixo de 18 anos nas cadeias do Brasil. O remédio para essa juventude é o contrário disso: é mais escola, mais emprego, mais acesso ao lazer e mais educação. Muito obrigado, Sr. Presidente.

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087.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 28/04/2015-16:28

Publ.: DCD - 29/04/2015 - 69 MISSIONÁRIO JOSÉ OLIMPIO-PP -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Importância da aprovação pela Casa de proposição sobre a regulamentação do

contrato de trabalho terceirizado. Defesa da votação de proposição relativa à

redução da maioridade penal. Empenho do orador na construção de posto de

saúde no Parque Industrial do Município de Itu, Estado de São Paulo.

Precariedade dos serviços da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos.

O SR. MISSIONÁRIO JOSÉ OLIMPIO (Bloco/PP-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todo o público que nos ouve, o que nos traz a esta tribuna nesta tarde é a votação que nós fizemos aqui sobre a terceirização. Votamos a favor da matéria desde o primeiro momento. O projeto teve dificuldades, mas ao final foi aprovado. Nós estamos hoje concluindo a discussão das emendas aglutinativas que foram aprovadas. Muitos dos que conduzem as empresas terceirizadas têm prestado um grande trabalho ao País, como nós temos acompanhado, principalmente no nosso Estado, São Paulo, Deputado Silas Câmara - e sei do seu trabalho no Amazonas. Nobres Deputados, temos discutido projetos importantes nesta Casa, como o que trata do combate à violência. Nós temos que votar, sim, a redução da maioridade penal. Se o jovem de 16 anos pode votar, por que ele não pode responder pelas suas ações penais? Chegou o momento do embate. Nós vamos votar. Este Deputado é favorável, sim, à redução da maioridade penal, até para que possamos mostrar que realmente temos que fazer diferença no nosso País. Eu queria deixar este registro, Sr. Presidente, Sras. Deputadas e Srs. Deputados. E também queria falar um pouco da saúde. A saúde tem sido um peso para os nossos Municípios e Estados. Eu sou da região de Sorocaba e Itu e acompanhava nesta semana, Deputado Francisco Floriano, a visita da televisão Bandeirantes a alguns pontos de atendimento, a alguns postos de saúde, que estão um caos. Quero dizer mais uma vez ao Sr. Prefeito da cidade de Itu que, como Deputado, estou pronto para ajudar no que eu puder, aqui em Brasília, para que seja inaugurado o mais breve possível aquele posto de saúde que está sendo construído no Parque Industrial, um ponto de grande atendimento na cidade. Nós estamos prontos para ajudar, basta que o Prefeito nos procure e abra as portas para, juntos, independentemente de posição política, trabalharmos em benefício daqueles que nos elegeram. Esta é a nossa colocação, esse é o nosso trabalho, Sr. Presidente. E eu deixei para o final o registro, que nós já fizemos aqui hoje, sobre os Correios, sobre o mau atendimento, sobre o precário atendimento prestado à população. Temos recebido muitas reclamações de

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pessoas que não têm conseguido pagar seus impostos, suas duplicatas, porque as contas chegam sempre atrasadas. É lamentável o que está acontecendo nos Correios. Precisamos de providências urgentes. Deixo mais este registro. Era o que eu tinha a dizer, Sr. Presidente. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Gilberto Nascimento) - Falou o Deputado Missionário José Olimpio, representante da Igreja Mundial do Poder de Deus de São Paulo.

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087.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 28/04/2015-

16:56

Publ.: DCD - 29/04/2015 -

131 JANDIRA FEGHALI-PCDOB -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS ORDEM DO DIA COMO LÍDER

DISCURSO

Sumário

Realização por jovens do projeto Amanhecer da campanha nacional Redução

Não é Solução, pela rejeição da proposta de emenda à Constituição relativa à

redução da maioridade penal.

A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB-RJ. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu hoje não vou dar ao Deputado Mendonça Filho o prazer de me ouvir responder a sua intervenção, porque eu hoje me preocupei em registrar aqui um acontecimento, um tema que, na minha opinião, vai tomar muito tempo do Parlamento brasileiro. Vai se expressar nesta quarta-feira, em centenas de praças dessa cidade, um movimento da juventude brasileira, de vários níveis de escolaridade, de forma espontânea, independente de partidos e de entidades. Refiro-me ao movimento chamado Amanhecer, que vai expressar nas praças públicas deste País, com cartazes, faixas, pipas e toda a criatividade que eles têm, uma luta contra a redução da maioridade penal. O movimento será realizado nesta quarta-feira. Os jovens virarão a madrugada enfeitando as praças com a sua criatividade, com a sua alegria, com o oxigênio de quem pensa o futuro, numa luta contra a redução da maioridade penal. Alerto que este Parlamento terá uma grande responsabilidade. Nós temos votado aqui uma pauta da área de segurança pública sem a preocupação precípua de não fragmentar o Código Penal. A cada momento chega aqui um projeto de urgência decidindo o Código Penal brasileiro segundo a emergência de parte deste Congresso. Nós precisamos entender que o Brasil tem hoje quase meio milhão de

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crianças vítimas de trabalho infantil. Hoje, 73% da população carcerária são da raça negra. Nós temos ainda, Sr. Presidente, colegas Deputados, uma superpopulação carcerária que já chega a 700 mil detentos, dos quais mais de 200 mil sequer tiveram julgamento que os condenasse a estar na cadeia. Frei Betto tem dito que as delegacias são o ensino fundamental do crime, os cadeiões são o ensino médio do crime e as penitenciárias são o ensino superior do crime. Nós precisamos olhar para a Constituição brasileira, que, em seu art. 5º, diz claramente que não podemos aplicar penas iguais para pessoas de idades diferentes e que nós não podemos adotar penas cruéis no Brasil. E o art. 5º cláusula pétrea da Constituição. Precisamos entender a realidade internacional. Hoje, Estados conservadores dos Estados Unidos estão buscando reverter a redução da maioridade, para aumentar a idade penal para mais de 18. Em 70% dos países do mundo, a maioridade é acima de 18. E 54 países do mundo, até mesmo da Europa, que reduziram a maioridade não tiveram redução da violência. Alemanha e Espanha já reverteram a redução da maioridade. Ora, nós precisamos tratar a causa, e não os efeitos. Somos solidários a todas as famílias que tiveram entes queridos vítimas de crime de menor. E também somos solidários às vítimas de outros crimes que não perderam a vida. Mas esses crimes não atingem 1% do total dos crimes cometidos no País, e, no caso de homicídio, nem 0,5% cometido por jovens. Este Congresso não pode legislar para a exceção. Nós queremos garantir que legislaremos para a maioria, com regras gerais. Há punição, sim, para menor de 18 anos, é um erro dizer que não há. A taxa de reincidência de quem passa por medida socioeducativa, por exemplo, é de apenas 20%, contra os 70% de reincidência registrados no sistema carcerário. O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Conclua, Deputada, pois tenho que encerrar a sessão. A SRA. JANDIRA FEGHALI - Vou concluir, Presidente. Portanto, precisamos entender neste processo que a redução da maioridade penal não terá nenhum efeito sobre a criminalidade, mas nós daremos aos jovens uma carceragem que será o mesmo que escolas de crimes do Brasil. Repito, a punição existe. Se precisamos ajustar algo, ajustemos o Estatuto da Criança e do Adolescente com medidas socioeducativas. Nós dissemos aqui claramente: mais pipas e menos trabalho infantil; mais escolas e menos cadeia para os jovens. Viva o amanhecer, Presidente!

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089.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

29/04/2015-13:00

Publ.: DCD - MISAEL VARELLA-DEM -MG

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30/04/2015 - 23

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Apoio à redução da maioridade penal no Brasil.

O SR. MISAEL VARELLA (DEM-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, prisão não é escola para reeducação, e sim punição para quem cometeu crimes e um instrumento para afastar esses criminosos do convívio social. Pode parecer inusitado, mas qual é a idade do criminoso? Nova pesquisa do instituto Datafolha, divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, apontou que 87% dos brasileiros são a favor da redução da maioridade penal de 18 anos para 16 anos. Sr. Presidente, peço a V.Exa. que considere lido meu discurso e autorize sua divulgação no programa A Voz do Brasil e nos meios de comunicação desta Casa. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - V.Exa. será atendido.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pode parecer inusitado, mas qual é a idade do criminoso? Nova pesquisa do instituto Datafolha, divulgada pelo jornal Folha de S.Paulo, apontou que 87% dos brasileiros são a favor da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. O número é um pouco maior do que o registrado no último levantamento do instituto sobre o tema, realizado há quase 9 anos. Em agosto de 2006, 84% dos entrevistados eram favoráveis à redução. Nas duas pesquisas, o índice dos brasileiros contrários à mudança se manteve o mesmo, 11%. O Datafolha apontou ainda que, entre os favoráveis à alteração, 74% defendem que a redução da maioridade tenha efeito para todos os tipos de crime. Outros 26% preferem que a medida seja válida apenas para determinados delitos. O povo sente na pele a criminalidade e pede mudanças a esta Casa. O escritor Denis Rosenfield, em sua coluna em O Globo, derruba a falta de argumentos dos utópicos e mostra as suas contradições: "O discurso dos 'progressistas' não deixa de ser hilário, como se um menor aos 16 anos não fosse capaz de discernir os seus atos. Se tem o direito de votar para presidente da República, ato supremo de escolha de quem vai representar a 'polis', se é capaz de discernir, entre as várias propostas e candidatos, aquela ou aquele que vai melhor lhe representar, como não seria capaz de discernir um ato moral e legal de

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um ato imoral e criminoso? Um exemplo. A dois dias de completar 18 anos, um menor matou a ex-namorada, de 14 anos, gravou o crime com seu celular e enviou as imagens para os amigos, de acordo com os policiais militares que investigam o crime (ocorrido em 2014). O menor já tinha passagens pela polícia por roubo, ameaça, lesão corporal e porte de arma. O rapaz, que não pode ter seu nome revelado, por estar protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), gravou a 'infração' que cometeu e enviou o vídeo para amigos e desafetos. Queria impressionar os primeiros; advertir e amedrontar os segundos. Aos policiais e membros do Ministério Público que tomaram o seu depoimento, o jovem confessou ter antecipado o crime para não ser punido como maior de idade, isto é, de acordo com o Código Penal, poderia pegar de 12 a 30 anos de prisão. A impunidade é flagrante." Sr. Presidente, prisão não é escola para reeducação, e sim punição para quem cometeu crimes e um instrumento para afastar esses criminosos do convívio social. Eles representam a parte gangrenada do corpo e, se não for retirada, matará o corpo. A maioria dos brasileiros, portanto aqueles que nos elegeram, entende isso e clama por medidas nossas. Não temos o direito de não os vir ou ouvir. Pior cego ou surdo é aquele que não quer ver nem ouvir. Portanto, mais punição e menos impunidade. Tenho dito.

Documento 45/143

089.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

29/04/2015-13:26

Publ.: DCD -

30/04/2015 - 36 RONALDO BENEDET-PMDB -SC

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Comunicado do falecimento da médica Mirella Maccarini Peruchi, no

Município de Criciúma, Estado de Santa Catarina. Defesa da redução da

maioridade penal. Defesa de apreciação pela Casa do Projeto de Lei nº 3.722,

de 2012, que disciplina as normas sobre aquisição, posse, porte e circulação de

armas de fogo e munições, cominando penalidades e dando providências

correlatas, e da Proposta de Emenda à Constituição nº 223, de 2012, que dispõe

sobre a redução da maioridade penal.

O SR. RONALDO BENEDET (Bloco/PMDB-SC. Sem revisão do

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orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna desta Casa, mais uma vez, para falar sobre um fato triste que aconteceu em minha cidade. Eu me refiro à morte da médica Mirella Maccarini Peruchi. É uma perda social para a cidade de Criciúma, mas espero que essa morte faça surgir uma ação da nossa cidade, do nosso Estado e do Brasil. É preciso tomar providências no sentido de que o cidadão honesto tenha direito, porque só o bandido tem direito à arma. Os adolescentes e menores podem praticar o que bem entendem, que não há punição. Infelizmente, mudei a minha opinião. Eu era contra a redução da maioridade penal, mas hoje sou a favor, inclusive anuncio um projeto de minha autoria, que diz que quem praticar crime com 12, 13 ou 14 anos também poderá ser punido com restrição de liberdade até a pena do crime correspondente, obviamente violento... (O microfone é desligado.)

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, subo à tribuna desta Casa hoje estarrecido com a morte de uma criciumense, ontem, que de forma prematura teve sua vida ceifada e deixou, com certeza, um vazio enorme na sua família. Relatar-vos-ei a notícia retirada do portal Engeplus, um jornal eletrônico da minha cidade, Criciúma. "MirelIa Maccarini Perucchi, de 35 anos, foi baleada por volta das 21 horas desta segunda-feira, dia 27, após uma tentativa de assalto na rua Senador Paulo Sarasate, no bairro Michel, em Criciúma. A vítima chegou a ser socorrida pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), levada ao Hospital São José, submetida a cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos. O óbito foi por morte encefálica e foi confirmado por volta das 23h30min, sendo que o nível de estado de coma que varia de 3 (morte cerebral) a 15 (estado normal) esteve a todo momento no nível 3. Mirella era médica e atuava no Hospital São João Batista. Segundo informações repassadas pela Polícia Militar (PM), a vítima estava em um veículo Pajero TR4 acompanhada de seu marido, quando foi abordada por um adolescente. Mirella não teria obedecido a ordem de parada e o jovem acabou atirando. O projétil atingiu a cabeça da vítima. Outro disparo atingiu a região do tórax." Daí a minha perplexidade: onde vamos parar? Como é que nós, representantes do povo, podemos deixar a situação chegar a esse ponto? Tantos outros crimes estão acontecendo agora, neste momento em que eu faço uso da tribuna, e nós não podemos achar que está tudo bem, por que não está! Precisamos votar projetos de lei que realmente mudem essa realidade, mesmo que seja a longo prazo, porque tudo que é bom precisa de tempo para se consolidar. Dou relevância aqui à discussão de dois projetos de lei - o primeiro, o Projeto de Lei nº 3.722, de 2012, de autoria do meu amigo e companheiro de bancada Rogério Peninha

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Mendonça, do PMDB de Santa Catarina, cuja ementa disciplina as normas sobre aquisição, posse, porte e circulação de armas de fogo e munições, cominando penalidades e dando providências correlatas, ou seja, altera o Decreto-lei nº 2.848, de 1940, e revoga a Lei nº 10.826, de 2003. Mirella, saliento, foi retirada de forma prematura de sua família. Será que se seu marido tivesse ali uma arma de fogo não teria evitado essa tragédia? Já nos disse Chico Xavier: "Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim". Sras. e Srs. Deputados, vamos escrever um novo final para os nossos cidadãos de bem, vamos dar a chance de o trabalhador, o pai de família poder se defender. O Estado está ausente, e nós não podemos negar. Eu fui Secretário de Segurança Pública no meu Estado, minha querida Santa Catarina, por 6 anos, como já disse inúmeras vezes aqui, e tenho conhecimento do que estou falando, pois botei meu Estado nos melhores índices de segurança pública do Brasil. Antes de ser Deputado, sou advogado criminalista e sei o que se passa na cabeça de um bandido, sem falsa modéstia, e acredito que uma arma na mão do marido de Mirella mudaria aquela situação. O segundo projeto, polêmico, mas que precisa ser discutido, é a Proposta de Emenda à Constituição nº 223, de 2012, de autoria do Deputado que também é de Santa Catarina Onofre Santo Agostini, do PSD, que dispõe sobre alteração do art. 228 da Constituição Federal, propondo a redução da maioridade penal. Só para constar, o autor do disparo que matou Mirella tem apenas 17 anos e tem 11 passagens pela polícia. Isso mesmo, senhores: 17 anos e 11 passagens, 11! Temos que rever nossos conceitos. O sistema não está funcionando, e temos que admitir isso. Políticas públicas que exterminam o problema na sua raiz devem começar ser pensadas. Defendo a educação integral e políticas de integração social nas áreas de risco, onde está o foco do problema. Devemos ocupar a cabeça dos nossos jovens e não deixar que estes fiquem com a mente livre para o crime e a marginalização. Há um velho e sábio ditado que diz "cabeça vazia, oficina do diabo". A educação liberta, e temos que libertar nossos jovens desse abismo. No dia 14 de outubro do ano passado, quando proferi um discurso de agradecimento pelos 105 mil 303 votos que recebi dos catarinenses, reelegendo-me para esta Legislatura, eu me comprometi com seis pontos cruciais para o desenvolvimento e, de acordo com a situação, ressalto dois para que os Srs. Deputados reflitam. Primeiro, que a nossa a educação precisa ser de excelência e qualidade, para melhorar a nossa competitividade em âmbito nacional e internacional e garantir o futuro de grandes homens e grandes mulheres ao nosso povo jovem; e o segundo, compromisso com a segurança pública, por cuja falta este País tanto sofre. Eu quero propiciar aos brasileiros o sentimento, a sensação de segurança, de viver em um País seguro. Deixo aqui registrada nos Anais desta Casa minha solidariedade à família de Mirella e essa reflexão aos meus pares. Muito obrigado.

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Documento 46/143

090.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 30/04/2015-14:18

Publ.: DCD - 01/05/2015

- 13 ELIZIANE GAMA-PPS -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Presença da oradora em reunião com ex-Presidentes do Conselho Nacional de

Política Criminal e Penitenciária. Consenso quanto ao posicionamento

contrário à redução da maioridade penal, à instituição da pena de morte e ao

acirramento e rigor das penalidades.

A SRA. ELIZIANE GAMA (PPS-MA. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, eu queria fazer o registro de que nós recebemos aqui na Câmara dos Deputados, na CPI, os ex-Presidentes de Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, com quem tivemos um debate muito importante. Um fato interessante é que todos eles, fazendo um debate da situação da segurança pública no Brasil, manifestaram-se, de forma clara e veemente, contra a redução da maioridade penal, assim também como se manifestaram contra a pena de morte e contra o acirramento e o rigor das penas. Ao mesmo tempo, trouxeram uma crítica que é extremamente fundamental: a quantidade e o alargamento do crime hediondo que tem sido feito de forma reiterada por esta Casa. Portanto, Sr. Presidente, este é o nosso registro.

Documento 47/143

090.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 30/04/2015-15:48

Publ.: DCD -

01/05/2015 - 33 LEO DE BRITO-PT -AC

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES

COMUNICAÇÃO PARLAMENTAR

DISCURSO

77

Sumário

Repúdio à ação policial comandada pelo Governador do Estado do Paraná,

Beto Richa, contra os professores paranaenses em manifestação. Reflexões a

respeito do elevado número de assassinatos de jovens negros no Brasil. Apoio

à aprovação do Projeto de Lei nº 4.471, de 2012, sobre a extinção dos autos de

resistência. Expectativa com as políticas públicas anunciadas pelo Poder

Executivo para a área de educação.

O SR. LEO DE BRITO (PT-AC. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente. Gostaria de saudar as Sras. e os Srs. Deputados, as pessoas que nos acompanham pela TV Câmara, pela Rádio Câmara e também aqueles que estão aqui nas galerias. Quero iniciar este discurso repudiando veementemente a ação desastrosa comandada pelo Governador Beto Richa, do PSDB do Paraná, contra trabalhadores que, como eu, que sou trabalhador da educação, foram duramente reprimidos nas manifestações que faziam por seus direitos, ontem, na frente da Assembleia Legislativa do Estado do Paraná. Quero ser solidário com alguns policiais que foram cumprir ordens - alguns, inclusive, não cumpriram tais ordens, porque sabiam que estavam ali atingindo os seus, trabalhadores como eles. Infelizmente, o presente que foi dado aos trabalhadores, pelo Dia do Trabalho, pelo PSDB do Paraná, foi a truculência, que deve ser repudiada neste momento. Gostaria - e saudando a todos - de repercutir nesta Casa as informações do noticiário internacional da última semana que dão conta dos protestos realizados pela população de Baltimore, cidade americana localizada no Estado de Maryland, após a morte do jovem negro Freddie Gray, de 25 anos, durante uma ação policial realizada no último dia 19 deste mês. A situação já está mais ou menos se normalizando, mas o referido fato vem exatamente ao encontro da discussão travada hoje em nosso País quanto ao extermínio de jovens negros em um contexto de violência social fortemente marcado entre as classes sociais mais pobres. No âmbito desta Casa, foi criada Comissão Parlamentar de Inquérito destinada a apurar as causas, razões e consequências da violência, morte e desaparecimento de jovens negros e pobres no Brasil, o que já apresenta um grande passo para que sejam adotadas as providências necessárias no combate a essa triste realidade. Para se ter uma ideia, Sr. Presidente, segundo os dados do Mapa da Violência 2014, das 56.337 pessoas vítimas de homicídio em nosso País em 2012, 30.072 eram jovens de 15 a 29 anos. Desse total, 77% eram negros. Por outro lado, o estudo mostra que, entre 2002 a 2012, o número total de homicídios de jovens brancos caiu 32,3%, enquanto o de jovens negros aumentou em 32,4%. Grande parte dessas mortes é praticada por agentes do Estado. Nos Estados Unidos, a morte de um único jovem causou grande comoção e uma onda de violência. Fico imaginando, Sr. Presidente, se cada morte de jovens negros por ação ilegal de agentes do Estado

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aqui no Brasil causasse o mesmo efeito, o caos em que não estaria o nosso País! Chamo a atenção, portanto, quanto ao contrassenso de nossa atual agenda legislativa, que discute proposta de emenda à Constituição com vistas a reduzir a maioridade penal como se fosse a redenção da violência no Brasil, visando criminalizar os adolescentes, que já são punidos com medidas socioeducativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente, quando, na verdade, o real debate deveria girar em torno da proteção destinada às nossas crianças, adolescentes e jovens sujeitos ao contexto de violência social no qual foram inseridos. Como bem demonstrado pelos fortes protestos sociais ocorridos nas últimas semanas nos Estados Unidos, os jovens são, na grande maioria das situações, mais vítimas do contexto de violência que os cercam do que propriamente agentes responsáveis pelo fenômeno da criminalidade. Dessa forma, urge a necessidade de se criar mecanismos que visem a reduzir os índices de homicídios contra os jovens no Brasil, bem como facilitar a elucidação dos crimes. Daí a importância da aprovação do PL 4.471/12, que extingue a utilização do auto de resistência, o qual tem servido como justificativa para ações policiais que resultam em lesões e mortes contra os jovens, além, obviamente, de uma agenda de políticas públicas muito fortes voltadas para as crianças, os adolescentes e a juventude. Eu estou do lado da juventude, e finalizo exatamente nesse sentido. Um dos oradores que me antecedeu falou da proposta Pátria Educadora. Eu quero dizer, Sr. Presidente, que, assim como a Presidenta Dilma, que fez essa proposta que foi apresentada pelo Sr. Mangabeira Unger, Ministro-Chefe da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, confio muito na educação. Como profissional da educação, como alguém que tem militância na educação, fiquei muito feliz, como membro da Comissão de Educação desta Casa, por ter sido indicado para presidir a Subcomissão que vai avaliar e acompanhar o Plano Nacional de Educação, a Lei nº 13.005, que foi aprovada aqui nesta Casa. Quero dizer da minha felicidade de que esse seja o lema do Governo. O Ministro, na audiência que foi realizada ontem na Comissão de Educação, expôs claramente a importância da cooperação institucional; a importância da cooperação como um paradigma educacional e não como uma competição. S.Exa. também disse, de maneira muito evidente, que essa ação Pátria Educadora precisa estar intimamente casada com o Plano Nacional de Educação, com as 20 metas e com as estratégias do PNE. Agora, é fundamental ressaltar que aquilo que está previsto no Plano Nacional de Educação em termos de melhoria da qualidade, de universalização; de ampliação da educação integral, da educação técnica e da educação superior; da melhoria da formação dos nossos profissionais, para além de indicadores, para além de metas frias, há necessidade de que esse plano tenha uma alma e que seja feito a partir da força de um movimento de todos, de um grande movimento da sociedade, envolvendo não só gestores, mas educadores e representantes do Fórum Nacional de Educação e do Conselho

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Nacional de Educação. Nesse sentido, Sr. Presidente, eu vejo com muito entusiasmo que todos os partidos, todos os Parlamentares e a sociedade civil estejam firmes nesse propósito para que possamos fazer do nosso País, juntamente com a Presidenta Dilma, que lançou essa proposta, a mensagem governamental e o lema Pátria Educadora, uma verdadeira pátria educadora, com oportunidades para crianças, jovens e adolescentes, para todas as pessoas que queiram ter uma educação de qualidade dentro de um contexto de desenvolvimento sustentável, com crescimento econômico e inclusão social, respeito ao meio ambiente e à diversidade que tem o nosso País. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Evair de Melo) - Obrigado, nobre Deputado Leo de Brito.

Documento 48/143

093.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 05/05/2015-14:50

Publ.: DCD - 06/05/2015

- LAUDIVIO CARVALHO-PMDB -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Inexistência de recursos do Ministério da Educação para a reabertura, por

decisão judicial, de prazo para inscrições no Fundo de Financiamento

Estudantil - FIES. Defesa da redução da maioridade penal.

O SR. LAUDIVIO CARVALHO (Bloco/PMDB-MG. Sem revisão do orador.) - Boa tarde, Sr. Presidente, Delegado Edson Moreira. Boa tarde, Srs. Deputados e Sras. Deputadas. Boa tarde, senhores e senhoras que estão nos acompanhando pela TV Câmara ao vivo. Foi noticiado nos meios de comunicação, na semana que passou, gerando polêmica, que o Ministério da Educação não tem dinheiro para firmar novos contratos do FIES. Simplesmente o dinheiro acabou e, por isso, o MEC não vai reabrir as inscrições. A explicação dada pelo órgão oficial é de que não adianta reabrir as inscrições porque não há mais recursos. A Justiça Federal de Mato Grosso determinou que as inscrições fossem reabertas a partir de reclamações de estudantes de lá e de todo o País que sofreram com os "problemas do sistema" e não conseguiram se inscrever para o financiamento estudantil.

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A Justiça Federal de Mato Grosso estipulou multa de 20 mil reais por cada dia caso o sistema não seja reaberto - a multa só será cobrada se o Governo perder a ação. Ora, se o Estado não pode manter seus alunos nas escolas, não pode dar essa oportunidade a quem não consegue pagar integralmente seus estudos, o número de pessoas que não acreditam em um país melhor, em uma pátria educadora vai sempre aumentar, e aumentarão também as chances de jovens desempregados e sem estudos entrarem para o mundo do crime, o que, na realidade atual do País, é fácil. Outro assunto tão polêmico e importante quanto este é o da maioridade penal. Atualmente, maioridade penal é um tema que congrega múltiplos olhares. Nos dias atuais, é notório o clamor social pela redução da maioridade penal, uma vez que a sensação de impunidade cresce, seja pelo não cumprimento das medidas socioeducativas, seja pela não submissão do adolescente infrator ao crivo do Código Penal Brasileiro. É importante salientar que a opinião da sociedade é quase unânime, mais de 80% são favoráveis à redução da maioridade penal. Na opinião de vários juristas, a medida redutora deve ser implementada por proposta de emenda à Constituição, sem alterar o ECA, seguindo o exemplo da legislação de outros países que submetem o adolescente de 16 anos e até de 14 anos às sanções do Código Penal. O Brasil é um dos poucos países que mantêm em 18 anos a idade para que haja a responsabilização penal. O índice de reincidência de menores infratores no Brasil é assustador e cresce consideravelmente o número de infrações consideradas graves cometidas por adolescentes com mais de 14 anos e, em vários casos, em idade bem inferior. Portanto, é incontestável a necessidade de uma atitude decisiva para dar resposta à sociedade. Sr. Presidente, Deputado Delegado Edson Moreira, Sras. e Srs. Deputados, já passou da hora de o Brasil endurecer suas leis contra quem comete crime, seja adulto ou menor infrator. Não adianta nada, no caso de um homicídio qualificado, a pena ser de 12 a 30 anos de reclusão, porque quem tira a vida de um pai de família é condenado a 20 anos e poucos meses depois está de volta às ruas, no máximo fica 4 anos recolhido. No caso do menor infrator não é diferente, ele fica no máximo 3 anos sob a custódia do Estado, não importando a gravidade do crime cometido. Isso é muito grave! Isso é gravíssimo! Passou da hora de o Brasil discutir abertamente a redução da maioridade penal! Por que um jovem de 16 anos pode escolher o Presidente da República, pode registrar um filho no cartório mais próximo, mas não pode responder por crime que venha a cometer? Por que ele tem o discernimento de, quando a polícia chega, dizer que é o responsável pelo crime, livrando a cara do maior de idade, mas não pode responder por esse crime? Temos que endurecer, sim, Sr. Presidente, as leis deste País para os adultos que agridem a sociedade e para os menores que resolvem trilhar o caminho do crime.

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Muito obrigado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, foi noticiado nos meios de comunicação, na semana passada - gerando polêmica -, que o Ministério da Educação não tem dinheiro para firmar novos contrato do FIES! O dinheiro simplesmente acabou e por isso o MEC não vai reabrir as inscrições. A explicação? Não adianta reabrir porque não há mais recursos. A determinação de que as inscrições fossem reabertas foi da Justiça Federal de Mato Grosso, a partir de reclamações de estudantes de lá que, assim como estudantes de todo o País, sofreram com os "problemas do sistema" e não conseguiram se inscrever no Fundo de Finaciamento Estudantil. A Justiça Federal de Mato Grosso estipulou multa de R$20 mil por dia se o sistema não for reaberto - a multa só será cobrada se o Governo perder a ação. Ora, senhores, se o Estado não pode manter seus alunos nas escolas, se não pode dar essa oportunidade a quem não pode pagar integralmente por seus estudos, o número de pessoas que não acreditam em um país melhor, em uma pátria educadora vai sempre aumentar; aumentarão também as chances de jovens desempregados e sem estudos entrarem para o mundo do crime, o que, na realidade atual do País, é fácil. Outro assunto tão polêmico e importante quanto esse é o da maioridade penal. Atualmente, maioridade penal é um tema que congrega múltiplos olhares. Nos dias atuais, é notório o clamor social pela redução da maioridade penal, uma vez que a sensação de impunidade cresce, seja pelo não cumprimento das medidas sócioeducativas, seja pela não submissão do adolescente infrator ao crivo do Código Penal Brasileiro. É importante salientar que a opinião da sociedade é quase unânime, mais de 80% das pessoas são favoráveis à redução da maioridade penal. Na opinião do jurista Marcos Pereira, especialista em Direito Penal e Processual Penal pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, professor universitário de Direito, advogado no Brasil e em Portugal, considerado grande estudioso do Direito Penal, a medida redutora deve ser implementada por meio de proposta de emenda à Constituição, sem alterar o ECA, seguindo o exemplo da legislação de países que submetem o adolescente de 16 e até de 14 anos às sanções do Código Penal. Ele ressalta ainda que o Brasil é um dos poucos países que mantêm em 18 anos a idade para que haja a responsabilização penal. O índice de reincidência dos menores infratores é assustador e as infrações consideradas graves cometidas por adolescentes com mais de 14 anos cresce consideravelmente e, em diversos casos, em idade bem inferior. Portanto, é notória a necessidade de uma atitude decisiva

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para dar resposta à sociedade. Quero deixar bem claro, Sras. e Srs. Deputados, que por diversas vezes fiz comentários sobre a redução da maioridade penal, e me declarei favorável à redução para 16 anos, se for o caso, pois entendo que a permissão para o voto a partir dessa idade pressupõe que o jovem possui maturidade suficiente para escolher os representantes do País e, portanto, pode responder pelos próprios atos. Outros fatores são os valores e os avanços no comportamento dos jovens que com menos de 18 anos já constituem tamília, buscam emancipação e querem toda a liberdade. O jovem de hoje não pode ser comparado ao jovem da década de 1960, 1970 e 1980, porque tudo mudou, menos o direito de punir jovens que cometem crimes brutais. O menor infrator não tem discernimento, pelas leis atuais, para responder pelos seus atos, porém tem discernimento para assumir autoria de crimes praticados em conjunto com maiores, para liderar quadrilhas, planejar assaltos e, na hora da abordagem, lembrar-se perfeitamente de informar à autoridade policial que é menor de idade, ficando, dessa forma, impune, independentemente do delito cometido. Alguns dos crimes cometidos por esses adolescentes ganham destaque nos meios de comunicação em massa. É o caso, por exemplo, do menino João Hélio, de 6 anos, que durante um assalto foi arrastado brutalmente em sua cadeirinha por mais de 7 quilômetros na Rua Oswaldo Cruz, Zona Norte do Rio de Janeiro, em 2007. O caso ganhou repercussão nacional e os acusados, encontrados. Porém, Ezequiel Toledo de Lima, acusado, na época era menor de idade e logo foi posto em liberdade. Outro exemplo é o caso de Eliza Samudio, julgado pelo Tribunal do Júri de Minas Gerais. Jorge Luiz Rosa, primo do goleiro Bruno, foi liberado da medida socioeducativa que cumpria por participar de atos infracionais análogos a homicídio triplamente qualificado e sequestro em cárcere privado. Ele foi posto em liberdade em setembro de 2012, pois em agosto de 2010 completou 17 anos de idade. Segundo o jornal O Globo, aqui na Capital Federal é cada vez maior o número de menores envolvidos na prática de crimes. O que preocupa os especialistas em segurança é que, em Brasília, de cada dez crimes três têm a participação de menores. E eles estão entrando na marginalidade cada vez mais cedo. O ladrão que entra correndo tem corpo franzino, estatura baixa e apenas 11 anos de idade. A criança assalta três funcionários e sai correndo. O comparsa é outro menor, que chega em seguida de bicicleta e é pego pelo gerente. Foi o terceiro assalto da dupla ao mesmo posto. O crime foi em Santa Maria, Distrito Federal, onde de cada dez crimes três são cometidos por menores de 18 anos. E eles vêm agindo País afora. Em Belo Horizonte, outro flagrante: seis adolescentes param na frente de uma loja de eletrônicos à 1h30min. Eles escondem o rosto. Com uma barra de ferro um deles quebra a porta. Todos pegam produtos e saem correndo. Um ainda volta e pega mais alguma coisa. Tudo em 23 segundos. Quatro dos seis menores foram apreendidos pela polícia. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, a maioria dos

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adolescentes, 47,5%, comete o primeiro crime entre 15 e 17 anos. E 9% começam ainda na infância, entre 7 e 11 anos de idade. Em Teresina, por exemplo, de cada dez assassinatos cinco têm a participação de menores. Em todo o Brasil, em média, 54% dos menores infratores que cometem crimes e são internados voltam a cometer crimes depois de liberados. Está mais do que comprovado que entre os motivos estão a sensação de impunidade e a ineficácia das medidas sócioeducativas cumpridas em casas de internação. Obrigado.

Documento 49/143

093.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 05/05/2015-14:56

Publ.: DCD - 06/05/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS PEQUENO EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Defesa de revisão do Estatuto do Desarmamento e da redução da maioridade

penal. Necessidade de aumento do efetivo, de qualificação e melhor

remuneração das forças policiais do País. Apresentação de projeto de lei

relativo à extinção de benefícios destinados aos presos temporários em razão

de fuga, cometimento de crimes ou realização de rebeliões dentro das unidades

prisionais.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, seguindo a toada de V.Exa., registro que realmente a segurança pública é de suma importância. É importante não só a redução da maioridade penal, mas principalmente a revisão do Estatuto do Desarmamento. V.Exa. é o Relator da Comissão Especial do Desarmamento e tem a grande responsabilidade de devolver ao cidadão brasileiro o direito de escolher. Sr. Presidente, nós não queremos armar ninguém. Queremos que o brasileiro tenha o direito de escolha. Se ele quiser adquirir uma arma, que vá lá e a adquira; se não quiser, que a deixe lá. O seu direito não pode ser totalmente abolido. Também queremos que o menor seja responsabilizado pelos seus atos, tendo em vista o seu entendimento psicológico na hora do cometimento do crime. Com certeza, se ele tem o entendimento psicológico daquele ato que está cometendo, tem que responder pelo seu ato. Por quê? Porque se ele já pode escolher V.Exa. para Deputado Federal, pode escolher o Vereador, o Prefeito, o Governador,

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o Presidente da República, ele sabe o que está fazendo. Ele pode procriar, pode ser pai, pode trabalhar, pode assumir uma família, se for arrimo, e por aí vai. Por que não pode responder civil e criminalmente pelos seus atos, se resolver participar do crime? A que assistimos semana passada, no ponto de ônibus? Um senhor esperava o ônibus, e gratuitamente três menores passaram a esfaqueá-lo e a agredi-lo. Troca de tiros? Não. Eles assassinam as pessoas só para ver o tombo; atiram nas pessoas só para ver o tombo, como aconteceu em São Paulo, na semana passada. E em todos os assaltos há menor no meio. Então, Sr. Presidente, nós temos que repensar isso, como temos que repensar também a qualificação e a remuneração das forças policiais. É preciso melhorar o preparo das forças policiais, bem como aumentá-las. Para V.Exa. ter uma ideia, o atual efetivo da Polícia Federal é o mesmo de 1973, mais de 30 anos atrás. Então, o que acontece? A Polícia Federal seleciona aquilo com que vai trabalhar, porque não dá conta de trabalhar no estrangeiro e também na extensão territorial do nosso País. Precisamos rever tudo isso e combater o tráfico e o uso de drogas, que estão corroendo os nossos jovens e a nossa sociedade; combater a corrupção, tanto passiva como ativa, que está fazendo toda a sociedade apodrecer; combater a extorsão mediante sequestro e outros crimes mais, Sr. Presidente. A segurança pública neste País pede socorro. Hoje, apresentei projeto de lei que acrescenta parágrafo único ao art. 42 da Lei nº 7.209, de 1984, que fala da detração penal. Há preso que está cumprindo pena e empreende fuga, promove rebeliões ou comete crimes dentro da cadeia. Se a pena é para reeducá-lo, ele não está sendo reeducado; então, volta ao status quo inicial do cumprimento da pena, desde o seu início. Apresentei hoje esse projeto, que acrescenta parágrafo único ao art. 42 da Lei nº 7.209, de 1984, que trata da detração penal. Acrescentaremos à matéria outros dispositivos, com certeza, com a aquiescência de todos os Deputados e Senadores. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 50/143

093.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 05/05/2015-15:16

Publ.: DCD - 06/05/2015

- ALESSANDRO MOLON-PT -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

GRANDE EXPEDIENTE GRANDE

EXPEDIENTE DISCURSO

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Sumário

Apoio à proposta de reforma política apresentada por entidades da sociedade

civil organizada, entre elas a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil -

CNBB. Contrariedade à proposta de implantação do sistema eleitoral

conhecido como distritão. Inconstitucionalidade de proposta de emenda à

Constituição relativa à redução da maioridade penal. Ineficácia da medida para

a redução da criminalidade no País. Empenho do orador na rejeição do Projeto

de Lei nº 3.722, de 2012, que disciplina as normas sobre aquisição, posse,

porte e circulação de armas de fogo e munições, cominando penalidades e

dando providências correlatas. Inconstitucionalidade da Proposta de Emenda à

Constituição nº 215, de 2000, que inclui entre as competências exclusivas do

Congresso Nacional a aprovação de demarcação das terras tradicionalmente

ocupadas pelos índios e a ratificação das demarcações já homologadas;

estabelecendo que os critérios e procedimentos de demarcação serão

regulamentados por lei. Retrocesso no direito do consumidor com a aprovação

pela Casa de proposição relativa à flexibilização da obrigatoriedade de

informação em rótulos de produtos alimentícios da presença de produtos

transgênicos. Solicitação à Presidência de cumprimento de acordo para votação

do Projeto de Lei nº 4.471, de 2012, que acaba com o termo "auto de

resistência".

O SR. ALESSANDRO MOLON (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente Deputado Augusto Coutinho, demais Parlamentares presentes, senhoras e senhores, sorteado para falar no Grande Expediente, vou fazer nesta tribuna um balanço do momento que vivemos no nosso País, em particular no Congresso Nacional e na Câmara dos Deputados. A meu ver, Sr. Presidente, é muito claro que o Brasil vive uma consolidação da sua democracia, consolidação esta construída com muito esforço dos brasileiros e das brasileiras, com dedicação, com determinação, mas num processo ainda difícil de superação das marcas de um País muito desigual, muito excludente, mas que pouco a pouco, passo a passo, vai se tornando um País mais inclusivo, mais igual, mais equilibrado, saindo, algumas décadas atrás, de um regime civil e militar ditatorial para uma democracia constitucional que garante cada vez mais a participação dos cidadãos na decisão dos rumos que estamos tomando. Neste momento de consolidação da democracia, de transição daquele País para o novo País que querermos construir, para o novo Brasil com que todos nós sonhamos, determinados temas são decisivos. É preciso avançar na direção dessa Nação mais generosa, igualitária, fraterna, sem permitir que nesse processo de transformação se percam conquistas históricas dos brasileiros. Eu elenco aqui alguns pontos que constam também de uma nota emitida recentemente pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, no dia 21 de abril, e que enumera temas importantes a serem enfrentados pelo nosso País. Refiro-me à reforma política, à redução da maioridade penal, à Proposta de Emenda à Constituição nº 215, de

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2012, e à revogação do Estatuto do Desarmamento. Quanto à reforma política, matéria que uma Comissão Especial da Casa vem discutindo, é evidente, Sr. Presidente, que ainda não há acúmulo suficiente para que ela se produza, para que se produzida um acordo capaz de representar a visão dos mais diversos partidos e das mais diversas posições ideológicas. Então, antes de mais nada, Sr. Presidente, eu quero deixar claro que é fundamental termos paciência para chegar a uma construção que represente o que o povo brasileiro e o que os Parlamentares da Casa pensam. É fundamental termos paciência para construir esse acordo. Não acredito que nesse tipo de matéria se deva manter o método que vem sendo adotando aqui, que é o de, antes de se estabelecer uma data para a votação de determinada matéria, obrigar a Casa a votá-la, ainda que ela não tenha uma posição bem amadurecida sobre o tema. O tempo é um importante ingrediente do processo legislativo, pois ele permite que as pessoas conversem, que as Lideranças se sentem e reflitam juntas, ponderem e construam acordos. Falo a partir da minha experiência como Relator do Marco Civil da Internet, cujo projeto de lei foi votado nesta Casa e aprovado pela quase unanimidade dos seus membros - salvo engano, quatro ou cinco Deputados votaram contra -, matéria que no Senado foi aprovada por unanimidade. Esse feito só foi possível porque a sociedade participou, foi ouvida, e porque nós tivemos tempo para construir acordos aqui na Casa. Eu defendo o mesmo método, a mesma prática para a discussão da reforma política: paciência para construir consensos que sinalizem para a sociedade que as mais diversas foças políticas têm condições de avançar nessa direção. Nesse sentido, eu quero apoiar uma proposta de reforma política que não é a proposta de reforma política do meu partido, o Partido dos Trabalhadores, mas é uma proposta de reforma política que vem da sociedade, que vem de fora para dentro do Parlamento: a proposta da CNBB, da OAB e de 104 entidades da sociedade civil, entre órgãos de representação de estudantes, movimentos sociais, sindicatos, centrais sociais. Trata-se de uma ampla coalizão, de uma coalizão democrática pela reforma política e por eleições limpas e que defende como ponto primeiro a proibição da doação de empresas a campanhas políticas. Veja, Sr. Presidente, que essa proposta não impõe o financiamento público exclusivo; ela continua permitindo doações privadas, mas doações de pessoas físicas, e limitadas a um salário mínimo. Com isso, o que é que se quer? Reduzir o peso do poder econômico nas eleições. Não pode ser bom, Sr. Presidente, não pode dar bom resultado para o Brasil que a cada 4 anos todos os candidatos aos cargos que determinarão o futuro do País nos 4 anos seguintes tenham que bater às portas dos empresários, pedindo-lhes doações. Isso não tem como terminar bem, isso não pode funcionar bem numa democracia como a nossa, que se quer aprofundar. Por isso a Coalizão Democrática defende a proibição da doação de empresas e limita a doação de pessoas físicas a, por exemplo, um salário mínimo, ou 700 reais,

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considerado o valor antigo. Que seja um salário mínimo, que sejam dois salários mínimos, mas que haja um limite nominal igual para todos os brasileiros e as brasileiras, para cercear a influência econômica dos doadores nas campanhas. Se avançarmos nessa direção, teremos cada vez mais representantes de divisões sociais de pessoas e cada vez menos representantes de interesses de grupos econômicos. Isso precisa ser modificado, para o bem do Parlamento como um todo, Sr. Presidente. Algumas propostas veiculadas na Comissão da Reforma Política são extremamente preocupantes. Uma delas é a que propõe mudança do sistema eleitoral para o chamado distritão, que considera um Estado, uma Unidade da Federação, como um único distrito, no qual seriam eleitos os mais votados daquele Estado. Sr. Presidente, se isso fosse feito no meu Estado do Rio de Janeiro, minha eleição não correria risco. Eu teria sido eleito no sistema em que fui e teria sido eleito nesse outro sistema também. Os problemas desse sistema são basicamente dois. Primeiro, ele vai jogar no lixo o voto de grande parte dos eleitores, daqueles cujos candidatos não alcançaram os primeiros lugares. Os votos que os eleitores deram a esses candidatos não servirão para eleger ninguém, coisa que o nosso atual sistema, o proporcional, com todos os problemas que tem, consegue aproveitar para eleger candidatos do mesmo partido. É verdade que temos distorções. É verdade que às vezes isso não funciona. É verdade que a coligação nas eleições proporcionais coloca um desafio para essa questão, porque pode distorcer a representação dos votos dados a um partido com a eleição de candidatos de outros. Mas tudo isso tem solução dentro deste sistema, ao passo que, se simplesmente implantarmos o distritão, 40%, 50%, 60% dos votos dos eleitores de um Estado serão jogados no lixo. Recentemente, um articulista do jornal Folha de S.Paulo disse num belo artigo que o distritão inventa um tipo de voto diferente: o voto inútil. Há o voto útil, e o eleitor já sabe usar o voto útil. O voto inútil seria assim: o eleitor daria seu voto a um candidato, e esse voto não seria aproveitado de forma alguma. Por isso a OAB, a CNBB e todas essas entidades propõem um sistema de votação em dois turnos. No primeiro turno, o eleitor votaria num partido de sua preferência, procurando fortalecer a representação dos partidos. Porque não se faz democracia sem partido, Sra. Presidente, os partidos são necessários à democracia. Todos eles têm problemas, todos eles enfrentam impasses, mas eles podem e devem ser aperfeiçoados, Deputada Luciana Santos, que preside a nossa sessão, com medidas que não devem passar pelo seu enfraquecimento ou pela sua extinção. Portanto, no primeiro turno o eleitor votaria no partido de sua preferência. E no segundo turno ele votaria no candidato de sua preferência, evitando que fosse o partido e não o eleitor a escolher quem ocuparia as vagas do partido. Essa proposta é bastante razoável. Não é a proposta do meu partido, mas é uma proposta que, no meu entendimento, avança na direção do aprofundamento, da melhora, do aperfeiçoamento da democracia brasileira. Outra medida necessária, Deputada Luciana Santos, faz uma

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homenagem a V.Exa. e às mulheres, que há pouco fizeram uma manifestação no Hall da Taquigrafia. Ela trata da presença de mulheres na Câmara e no Senado. Porque não é razoável que mais da metade da população brasileira tenha apenas 9% ou 10% de representantes no Senado e na Câmara. É evidente que esse é um problema do nosso sistema que precisa ser corrigido. E isso pode ser corrigido. Mas o distritão não corrige esse problema. O distritão não nos faz avançar na direção de uma solução. É possível até que, com o distritão, a representação de mulheres diminua. É preciso calcular isso. Eu propus ontem a alguns Parlamentares que fizéssemos essa avaliação. É possível que o distritão diminua ainda mais a já pequena - não em qualidade, mas em quantidade - representação das mulheres no Parlamento federal, tanto na Câmara quanto no Senado. Estas são algumas das medidas que devem merecer a nossa atenção na reforma política: proibir a doação de empresas; garantir o financiamento democrático das eleições, com doações, no máximo, de pessoas físicas, até determinado limite; aperfeiçoar o sistema de votação, quem sabe adotando esse modelo de votação em dois turnos, ou corrigir eventuais distorções ou erros do sistema proporcional; e aperfeiçoar a representação das mulheres, criar algum mecanismo que garanta uma presença maior de mulheres no Parlamento. Essas são medidas que a meu ver contribuiriam para aperfeiçoar a democracia. O que se quer fazer, pelo que se anuncia na Comissão da Reforma Política, coloca em risco maior a nossa democracia. A constitucionalização da doação de empresas matará a ação direta de inconstitucionalidade que caminha para aprovação no Supremo, com seis votos já favoráveis e apenas um contrário. O Parlamento vai frustrar um desejo majoritário da população brasileira, que em pesquisas de opinião já se declarou francamente favorável à proibição da doação de empresas. A Câmara parece caminhar na direção contrária, um grave erro. E, adotado o distritão, com o desperdício, com a desconsideração dos votos dados aos candidatos não eleitos, vai ser aprofundada a crise de representação, porque menos gente se reconhecerá representada no Parlamento. Essas são medidas que devem merecer a nossa maior preocupação e o nosso combate democrático, para evitar que a democracia brasileira caminhe para trás. Como eu dizia no começo do meu pronunciamento, saímos de um regime civil e militar ditatorial e caminhamos para a consolidação da nossa democracia, portanto, discutir as regras do jogo é fundamental para que essa democracia de fato se consolide, se afirme, se aperfeiçoe, e não caminhe para trás. Mas não há apenas essas medidas, há outras também. A CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil foi clara ao se contrapor à redução da maioridade penal. Sra. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta é outra grave ameaça que pesa sobre a Constituição e sobre os direitos humanos no nosso País: tenta-se alterar cláusula pétrea. Não foi por acaso que o Constituinte brasileiro colocou a idade mínima penal de 18 anos no texto constitucional. Em outros países, essa idade não consta da Constituição, consta apenas da lei penal. Aqui, o Constituinte quis garantir que a idade penal estivesse na

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Constituição Federal. Alterá-la significa afrontar cláusula pétrea, desconhecer que se trata da garantia de um direito fundamental. Mas, ainda que fosse constitucional a redução da maioridade penal, com absoluta certeza ela não resolveria nosso problema. Ao contrário do que muitos pensam, os crimes cometidos com a participação de menores de 18 anos não são tantos, são menos de 1% do total. Portanto, a redução da maioridade penal é inconstitucional e não resolve nosso problema. Pior ainda, Sra. Presidente, reduzir a maioridade penal significa colocar esses menores na cadeia, e nós sabemos o que são as cadeias brasileiras: lamentavelmente, são escolas de pós-graduação do crime. Ao colocar ali menores de 18 anos, que sairão certamente piores do que entraram, gastaremos mais dinheiro público para piorar mais rapidamente os nossos adolescentes e jovens. Temos que enfrentar esse problema da maneira adequada, investindo preventivamente, garantindo educação, garantindo direitos e evitando que os nossos jovens e adolescentes se percam em caminhos muitas vezes sem volta. Portanto, reduzir a maioridade penal não resolve, nem de longe, nosso problema. E não é aí que para a CNBB. Ela fala também do risco de revogação do Estatuto do Desarmamento, Sra. Presidente, uma lei que, pela primeira vez na história do País, garantiu a redução no número de homicídios. No ano de 2004, nós tivemos uma queda significativa no número de homicídios, depois de décadas de aumento. É evidente que o Estatuto do Desarmamento não tem por si só o condão, a capacidade de resolver por inteiro o problema da segurança pública. Mas nós sabemos, por estudos científicos como, por exemplo, o do IPEA - Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, que, quanto mais armas em circulação, menos segurança, e quanto mais armas em circulação, mais homicídios. A briga de bar e a briga de trânsito acabam se transformando numa tragédia. Aquela briga por motivo fútil que se poderia resolver, se não houvesse por perto uma arma, talvez com uma troca de tapas ou socos - o que, por si só, já é indesejável -, com a presença da arma acaba terminando numa tragédia, num homicídio, ou em alguns homicídios. Nós queremos impedir que isso aconteça no Brasil. Sra. Presidente, como membro da Comissão que trata do Projeto de Lei nº 3.722, de 2012, estou lutando para evitar a revogação do Estatuto do Desarmamento. A falsa ilusão que quem porta uma arma tem de que o fato de estar armado lhe garante maior segurança é muitas vezes a responsável pela morte daquele que porta a arma. A pessoa que está com uma arma para fins defensivos normalmente é surpreendida quando atacada por um criminoso, e, se tenta reagir, tem aumentada a probabilidade de sua morte. É claro que há casos excepcionais. Sempre surge no debate o caso de alguém que mora em lugar ermo, isolado. Mas essas são situações específicas, excepcionais. Nós estamos falando em revogar o Estatuto do Desarmamento e colocar em risco as populações das nossas cidades, o povo das nossas cidades, que serão vítimas da revogação dessa lei se esse absurdo acontecer. Por isso nós estamos lutando na

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Comissão do Desarmamento, da qual sou membro, para evitar esse erro, mais esse retrocesso. Veja, Sra. Presidente, que em vez de avançarmos em direção da consolidação da nossa democracia, neste Parlamento estamos correndo o risco de retroceder se forem aprovadas propostas como a que pretende a redução da maioridade penal, a que quer a revogação do Estatuto do Desarmamento e a PEC 215, que a meu ver é uma das maiores ameaças à preservação ambiental e à sobrevivência dos povos indígenas. A PEC 215 é evidentemente inconstitucional, por uma razão simples: porque transfere do Poder Executivo para o Poder Legislativo uma atividade que é administrativa. A demarcação de terras não é uma decisão política, é uma mera declaração. Essa demarcação de terras significa o Estado brasileiro reconhecer que aquela terra já pertence ao povo indígena. A decisão política foi tomada pelo Constituinte. Em 1988, quando o Constituinte disse que são reconhecidos aos indígenas os direitos originários sobre suas terras, o Estado brasileiro tomou a decisão de reconhecer - não de dar, mas de reconhecer - que essas terras são dos indígenas. Portanto, a demarcação de terras significa tão somente a declaração de quais terras são essas. Se há impropriedades, se há imperfeições no processo feito pela FUNAI para que essa demarcação aconteça, vamos debater esse processo, mas jamais transferir a decisão do Executivo para o Legislativo, porque isso significa violar a separação de Poderes, significa retirar uma atividade que é por excelência administrativa, meramente declaratória, e que está sob a responsabilidade do Executivo e ali deve permanecer, e passá-la para o Legislativo, como se houvesse decisão política a ser tomada. Neste caso, não há. A decisão política já foi tomada, no ano de 1988, pelo Constituinte brasileiro. Portanto, com essas questões todas, nós vemos que a nossa democracia pode avançar ou recuar, dar passos à frente ou atrás. Na semana passada demos um grave passo atrás no que diz respeito a direitos de outro grupo, o grupo dos consumidores. Até pouco tempo atrás, uma lei obrigava que constasse no rótulo de produtos alimentícios o símbolo de um "T" quando houvesse produto transgênico ali, no produto oferecido no mercado. Ora, se aprovamos uma lei que acaba com essa obrigação e permite que se coloque em letras miúdas no rótulo "há produto transgênico", no fundo estamos impedindo que o consumidor saiba o que ele está comprando. Não é razoável, Sra. Presidente, retirar esse direito do consumidor. Eu ouvi aqui, na semana passada, muitos Parlamentares defenderem os produtos transgênicos, dizerem que eles não oferecem risco algum à saúde humana. Esses mesmos Parlamentares votaram pela retirada do símbolo "T" do rótulo de produtos que contêm qualquer substância transgênica. Ora, essa é uma contradição evidente. Se eles acreditam que os transgênicos não causam nenhum risco à saúde humana, por que esconder a informação do consumidor? Por que não alardeá-la? Por que não determinar a ampliação desse símbolo, para que todos saibam que ali há algo extremamente positivo para a saúde humana, segundo o entendimento destes, do que eu discordo frontalmente? Ao

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contrário, caminharam na direção inversa ao retirar o símbolo e colocar em letras miúdas, no rótulo, "há produto transgênico". Sra. Presidente, esse é mais um retrocesso que a nossa Casa aprovou na semana passada. Portanto, nós estamos diante de decisões que podem fazer a nossa democracia avançar, consolidar-se, fortalecer-se, ou então retroceder, decisões sobre a redução da maioridade penal, a revogação do Estatuto do Desarmamento e a retirada do símbolo de transgênicos do rótulo de produtos oferecidos em supermercados. Eu lembro outra derrota que as nossas causas tiveram aqui na semana passada: a derrota no projeto de lei da biodiversidade, que V.Exa. tão bem conhece e pelo qual tanto lutou, para evitar o resultado final que, infelizmente, tivemos. Aprovamos um projeto com graves retrocessos. O projeto foi aperfeiçoado no Senado Federal, e, quando voltou para a Câmara, foi piorado - ele foi piorado aqui na Câmara! -, pois recusamos os avanços garantidos no Senado Federal. Veja, Sra. Presidente, que nós não estamos vivendo dias fáceis. Estes dias são difíceis, são desafiadores para a causa dos movimentos sociais, dos ambientalistas, dos que defendem os povos indígenas, primeiros habitantes da nossa terra, dos que defendem os consumidores, dos que defendem crianças e adolescentes, dos que defendem direitos humanos. Eu quero lembrar que temos alguns passos a dar. Entre eles, vou destacar um, singelo, mas que pode ser bastante simbólico. Precisamos cumprir o acordo firmado aqui na Casa quando da votação de um projeto de lei que tratava de mortes, de assassinatos relacionados a policiais militares e policiais civis. Foi feito aqui o compromisso de se votar o Projeto de Lei nº 4.471, de 2012, que regulamenta autos de resistência, do qual são autores, entre outros, os Deputados Paulo Teixeira e Miro Teixeira, que vejo aqui no plenário. Deputado Miro Teixeira, é de extrema importância o projeto, de sua lavra e da lavra de outros Deputados combativos. Precisamos votá-lo, para evitar que, sob o manto dos autos de resistência, continuem acontecendo execuções e extermínios disfarçados de confrontos de criminosos com a polícia. Por essa razão, eu quero deixar o meu apelo, Sra. Presidente, através da sua pessoa, ao Presidente da Casa, para que se cumpra o acordo feito conosco de a Casa votar, em até 60 dias daquela ocasião, o Projeto de Lei nº 4.471, de 2012, que aprovaremos para garantir o avanço dos direitos humanos e da segurança pública. Neste minuto que me resta, com muito prazer concedo um aparte ao Deputado Miro Teixeira. O Sr. Miro Teixeira - Eu lhe agradeço muito, Deputado Alessandro Molon, ao tempo em que o cumprimento pelo discurso. Nós vivemos momentos no Brasil que nos remetem a grandes reflexões. Por um lado, existe este padrão de violência que vai nos levando a utilizar até algumas expressões absurdas, tipo "bala perdida". A bala "perdida" não é perdida, ela é achada no corpo de alguém. Perdida coisa alguma! Vá perguntar à família do morto se ela considera aquilo uma bala perdida. Aquilo é uma bala que atingiu um cidadão. E nós temos

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um número de policiais feridos ou mortos em combate ao crime que é assustador se comparado às estatísticas de outros países. A minha impressão é de que o Parlamento tem apresentado como resposta o agravamento de penas, quando a pena é um dos últimos fatores aplicáveis ao conjunto da prática do crime. Primeiro, o Estado tem que impedir a prática do crime, tem que adotar políticas de prevenção. Nos Estados Unidos está demonstrado, em diversos Estados, que, para cada dólar investido em prevenção e assistência familiar, 7 dólares são economizados em repressão. Esse dado está à disposição de todos no site do Ministério da Justiça. Basta consultá-lo. É preciso que o Estado, sim, opere com a sua força para impedir a prática do crime. Permita-me V.Exa. eu me alongar um pouco. Veja o que ocorre. Alguém pensou - ou não pensou, agiu de improviso - na prática de um crime. Foi identificado, preso, processado, condenado. Depois lhe foi aplicada a pena. Como é que nós podemos imaginar que vamos resolver a questão da violência abordando a pena? E é o que temos votado aqui! Há outro conceito: o de crime hediondo. Todo crime é hediondo para quem o sofre! Se alguém tem o braço quebrado e três costelas quebradas num empurrão dado por um assaltante, considera isso crime hediondo, é claro! Mas talvez, em vez de ficar ampliando o elenco de crimes hediondos, nós tenhamos que estudar essa flacidez da progressão da pena. Talvez a progressão da pena esteja errada. Temos que considerar todo crime contra as pessoas, de um modo geral, crime hediondo. Ponto. Mas de que maneira? A progressão da pena é mais difícil. Cumprimento V.Exa. Acho que essa preocupação que nós tivemos com os autos de resistência também protege os bons policiais, sim. Porque existem aqueles que atiram primeiro e perguntam depois, aqueles que as próprias administrações policiais expulsam da corporação. Agora, a grande maioria dos policiais hoje é vítima. E isso não pode ser confundido com a idade. Há um trabalho acadêmico recente - pretendo trazê-lo aqui em breve - que demonstra que não há diferença numérica entre crimes praticados por menores de 18 anos e maiores de 17 anos e os praticados por maiores de 18 anos e menores de 19 anos. Há uma faixa problemática que pratica crimes. A UNESCO já demonstrou que 0,5% dos homicídios é cometido por menores de 18 anos. Como é que se pode achar que a mudança na linha de corte vai resolver alguma coisa? Não vai resolver nada! Vão passar a ser utilizados os menores de 16 anos. É tudo, de certa maneira, simples, se houver a disposição de estudar e deliberar com calma, com paciência. Nós estamos lidando com uma realidade muito bruta, e não se dá a solução nem para as famílias que estão intimidadas nem para as famílias dos policias que saem de casa e não sabem se vão voltar. Eu agradeço muito a V.Exa. o aparte e peço desculpas por ter me alongado, mas o tema realmente é precioso para a vida nacional. Parabéns! O SR. ALESSANDRO MOLON - Prometo concluir, Sra. Presidente, porque sei que já passamos do tempo. Apenas quero agradecer e cumprimentar mais uma vez o Deputado Miro Teixeira. Deputado Miro Teixeira, cada segundo que V.Exa. falou aqui foi precioso e bem utilizado. V.Exa. não se alongou de forma alguma.

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V.Exa. tem inteira razão nas ponderações que fez, com a experiência que tem de vários mandatos a serviço do Brasil, em especial ao perceber que, neste ritmo em que estamos votando leis penais, acabaremos cometendo graves injustiças, e não é isso o que o Congresso Nacional deve fazer. Parabéns! Muito obrigado. Sra. Presidente, muito obrigado pelo tempo que me foi concedido a mais. Encerro aqui o meu pronunciamento. A SRA. PRESIDENTA (Luciana Santos) - Deputado Alessandro Molon, eu é que parabenizo V.Exa. por esse pronunciamento que trata dos temas mais candentes nesta Casa. V.Exa., como sempre, apresenta posições muito ajustadas na direção de defender um Brasil mais inclusivo e mais justo. Tenha de mim toda a concordância com o conteúdo das suas posições e das suas ideias. Conte conosco! Estamos juntos nessa luta!

Documento 51/143

093.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária

- CD 05/05/2015-17:10

Publ.: DCD -

06/05/2015 - ANTONIO BULHÕES-PRB -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA DISCURSO

ENCAMINHADO DISCURSO

Sumário

Razões do posicionamento favorável do orador à redução da maioridade penal.

Sugestão de medidas para a diminuição da violência.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO À MESA PARA

PUBLICAÇÃO

ANTONIO BULHÕES (Bloco/PRB-SP. Pronunciamento encaminhado pelo

orador) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a atual conjuntura brasileira

impõe que aprovemos a redução da maioridade penal. No entanto, não

podemos nos iludir, acreditando que isso vai solucionar nosso problema de

criminalidade. Embora seja medida necessária, deve ser acompanhada de

muitas outras, até porque o problema do sistema penal brasileiro não é tanto a

imputabilidade quanto a impunidade.

A participação de adolescentes na criminalidade vem aumentando

drasticamente. Em apenas 1 ano, de 2011 para 2012, houve aumento de 14,3%

no número de apreensões de crianças e adolescentes, segundo pesquisa

abrangendo sete dos dez Estados mais populosos do País. Os jovens são muito

mais audaciosos do que os adultos não apenas por causa da idade, mas também

pela certeza de que não vão sofrer resposta criminal adequada ao ilícito

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cometido.

O Estatuto da Criança e do Adolescente estabelece a aplicação de medidas

socioeducativas como correlato da pena quando o crime é praticado por

adolescente. A privação de liberdade é denominada liberdade assistida e sofre

avaliações periódicas semestrais, que resultam no tempo médio de internação

de apenas 1 ano e meio. Essa brevidade não caracteriza desestímulo suficiente

ao ilícito e não resguarda a sociedade do delinquente, ignorando importante

função da pena.

Soma-se a isso o fato de que a maturidade tem sido alcançada cada vez mais

cedo, por força da amplitude do acesso à informação, própria do mundo

contemporâneo. Com isso, manter resposta severa ao crime apenas a partir dos

18 anos é ser leniente com sua prática. O jovem agente quase sempre tem

completa consciência da ilicitude da própria conduta, apenas não teme a

resposta estatal a ela. O mesmo discernimento maduro deve servir para que

compreenda a dureza com que será tratado caso pratique crimes, evitando a

reincidência, ou até a primeira vez.

No entanto, embora tornar o adolescente imputável deva diminuir um pouco a

delinquência juvenil, não vai ocasionar desestímulo à criminalidade na medida

necessária. Somos um País marcado pela impunidade. Apenas 8% dos

homicídios brasileiros são solucionados, e mais de 70% dos mandados de

prisão emitidos entre junho de 2011 e janeiro de 2013 não foram cumpridos.

Ora, isso indica que o sistema penal brasileiro não é apto a levar nem mesmo

os adultos a responder por seus crimes. Assim, adotar a mesma sistemática

para os adolescentes não encoraja a crer que a mera redução da maioridade

penal vai resultar em medida suficiente para combater a criminalidade juvenil.

Soma-se a isso o fato de que o Brasil apresenta sério problema carcerário.

Nosso sistema prisional já não comporta mais presos. Mesmo executando bem

menos da metade dos mandados de prisão, possuímos a quarta maior

população carcerária do mundo, estando atrás apenas dos Estados Unidos,

China e Rússia.

Existem 500 mil presos no Brasil, formando superpopulação que não raro

resulta na submissão do detento a condições desumanas, como se vê facilmente

pela visita de praticamente todos os nossos grandes presídios. Isso caracteriza

ofensa a cláusula pétrea do nosso ordenamento jurídico, e a redução da

maioridade penal tem forte potencial para agravar esse problema.

A sistemática do Estatuto da Criança e do Adolescente mostra-se incapaz de

coibir a prática de crimes por esse grupo da população. A rápida escalada de

violência juvenil demanda de nós uma resposta igualmente rápida para contê-

la, e a redução da maioridade penal é medida com essa aptidão. No entanto,

isoladamente não resolve o problema, devendo ser acompanhada por muitas

outras, que combatam diretamente a impunidade.

Muito obrigado.

Documento 52/143

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103.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 12/05/2015-15:42

Publ.: DCD - 13/05/2015 -

65 ARNALDO JORDY-PPS -PA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Congratulações à Organização das Nações Unidas - ONU por manifestação

contra a redução da maioridade penal no Brasil. Necessidade de

aprofundamento do tema na Casa. Apelo ao Ministro da Educação de garantia

do acesso de estudantes ao Fundo de Financiamento Estudantil - FIES.

O SR. ARNALDO JORDY (PPS-PA. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Sras. e Srs. Deputados, eu queria, inicialmente, fazer um registro. Ontem, segunda-feira, a Organização das Nações Unidas - ONU publicou uma nota oficial em que se posicionou contrária à tramitação do projeto que prevê a redução da maioridade penal, simplesmente, no Brasil. Os dados que a ONU nos traz, através do UNICEF, apontam que, dos 22 milhões de adolescentes e jovens no Brasil, apenas 23 estão cumprindo penas de medidas socioeducativas e 2.730 adotaram práticas que atentaram contra a vida, o que representa 0,013% desses 22 milhões. Se 0,013% desses crimes atentam contra o bem jurídico maior, que é a vida humana, a ampla maioria desses jovens não pratica crimes contra a vida e sim crimes patrimoniais, tendo como pagar a pena, a correção, sem, necessariamente, frequentar esse sistema carcerário brasileiro, que tem 530 mil presos para 238 mil vagas. Lembro que essa situação gerou depoimentos como o do Ministro da Justiça, que disse preferir a morte a frequentar esse sistema carcerário. É claro que nós precisamos dar um tratamento diferenciado a esses jovens que cometem crimes tidos como hediondos. Isso tudo é possível, mas a simplificação apenas da redução da maioridade penal, achando que com isso nós vamos resolver alguns desses problemas, pelos dados da ONU, é absolutamente infértil. Segundo ponto: a reincidência dos que cumprem medida socioeducativa é de 38%, contra 70% daqueles que estão no sistema carcerário adulto. Outro dado que nos trazem a ONU e o UNICEF: 54 países já experimentaram essa redução simplificada da maioridade; 38 já retrocederam, inclusive Alemanha e Espanha, nos anos de 2013 e 2014. Eu faço este registro, Sr. Presidente, apenas para alertar que esse debate está em ebulição aqui na Casa. Precisamos aprofundá-lo, para reconhecer essas informações que nos estão sendo dadas por órgãos absolutamente críveis, como é o caso da Organização das Nações

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Unidas. Devemos tentar encontrar uma saída que não seja um retrocesso diante da dívida que o Estado tem com boa parte dos jovens brasileiros e que não seja apenas uma simplificação. Eu queria também aproveitar este tempo que me resta para fazer um apelo, Deputado Alex, ao Ministério da Educação, especificamente ao FNDE, que gerencia o FIES. O FIES, que já representou a esperança de inclusão pelo caminho do conhecimento, do saber, da educação, da ciência, para que isso represente a libertação de muitos jovens deste País, principalmente da minha região, do meu Estado do Pará, na Amazônia, hoje passou a ser um pesadelo. O aumento autorizado de 6,41% não está sendo observado pelas instituições de ensino superior privado. Isso está gerando um impasse. Seria importante que se pudesse resolver isso. Gostaria que a Defensoria Pública da União entrasse com uma ação no sentido de garantir a todos aqueles jovens estudantes do curso superior das escolas particulares no Brasil o seu contrato de financiamento do FIES, para que seja pago depois da conclusão do curso. Existem também aqueles que fizeram o chamado pré-contrato, termo que formaliza a expectativa de direito para milhares de jovens neste País, que estão depositando as suas esperanças na possiblidade de ser equacionado esse problema do FIES. Lamentavelmente, como eu disse, de um programa que era um sonho para muitas famílias e muitos jovens no Brasil, o FIES se transformou em um verdadeiro pesadelo. Sr. Presidente, esse é o apelo que eu faço ao Ministério da Educação, ao FNDE, que é a instituição que, pelo MEC, coordena o programa, no sentido de vermos, pelo menos, a esperança recuperada para milhares de famílias e jovens brasileiros. Eu queria pedir a V.Exa. que este meu pronunciamento sobre esses dois assuntos - a manifestação da ONU, instituição com a qual me congratulo, sobre a maioridade penal e o problema no FIES - sejam registrados nos veículos de comunicação da Casa, Sr. Presidente. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Giacobo) - V.Exa. será atendido, nobre Deputado.

Documento 53/143

103.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária - CD 12/05/2015-17:12

Publ.: DCD - 13/05/2015 - 83 DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

97

Clamor da população brasileira pela revisão do Código Penal e da Lei de

Execução Penal, diante da escalada da criminalidade no País. Defesa de

redução da maioridade penal. Considerações críticas à lei do desarmamento.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho aqui, mais uma vez, falar sobre segurança pública, sobre o clamor da população brasileira, deste povo brasileiro sofrido, roubado diariamente e que tem seus filhos assassinados barbaramente. Sr. Presidente, temos que lutar contra o crime organizado, como V.Exa. sempre combateu, com afinco; inclusive, já existe a subcomissão. Temos que lutar para mudar essas leis arcaicas do nosso País. O nosso Código Penal é de 1940, alterado pela Lei nº 7.209, de 1984, que deu uma abertura muito grande e começou a passar a mão na cabeça dos criminosos. Essa parte geral do Código Penal (Lei nº 7.209, de 1984) tem que ser mudada. A Lei nº 7.210, de 1984, que é a Lei de Execução Penal, também. Essa lei é uma verdadeira mãe para os criminosos, que se vangloriam, deleitam-se. Aliás, precisamos reduzir a maioridade penal. Vamos estabelecer responsabilidades neste País. Ninguém quer prender menor, não. Ninguém quer prender ninguém. Nós temos é que estabelecer responsabilidades, porque a base de uma sociedade justa, forte e digna é a responsabilidade. A educação prepara para o futuro deste País. Nós não podemos deixar a coisa solta do jeito que está, Sr. Presidente! Precisamos também parar de querer que uma minoria coloque na cabeça do outro o que ele tem que fazer, como ele tem que criar seus filhos. Não é assim que se faz, Sr. Presidente. Temos que dar liberdade e a boa criação, como nós fomos criados - graças a Deus! - e não interferir. O Estado está interferindo muito na vida da população, impingindo-lhe coisas que eles acham que é o certo, mas que, na realidade, não são. A grande maioria do povo brasileiro está pedindo mudanças, responsabilidade. Inclusive, Sr. Presidente, é preciso devolver os direitos ao povo brasileiro, porque, de uns tempos para cá, eles acham que o povo não pode escolher nada. Eles falam, por exemplo, que você não vai ter mais arma, porque é crime. Uma munição, Sr. Presidente, em casa, até para servir de chaveiro, criminaliza a pessoa. Eu soube de um professor que se suicidou porque tinha um monte de munição para dar aulas, e um cara foi lá e o prendeu. Por quê? Interpretação da lei, uma lei dura, mas que não resolve nada. Direitos para a população! É isso o que nós queremos. O SR. PRESIDENTE (Moroni Torgan) - Obrigado, Deputado Delegado Edson Moreira.

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Documento 54/143

106.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

13/05/2015-13:28

Publ.: DCD -

14/05/2015 - 40 IVAN VALENTE-PSOL -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Transcurso do 13 de Maio - Abolição da Escravatura. Reflexões sobre a

persistência do preconceito racial e o aumento da violência praticada contra

jovens negros no País. Expectativa de votação e aprovação pela Casa do

Projeto de Lei nº 4.471, de 2012, que estabelece o fim dos autos de resistência.

Cumprimentos aos ativistas sociais organizadores do Ato 13 de Maio, em

defesa das cotas raciais nas universidades e em repúdio à violência praticada

contra a juventude negra e às propostas de redução da maioridade penal e de

terceirização do contrato de trabalho no serviço público.

O SR. IVAN VALENTE (PSOL-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, queria fazer um registro sobre a comemoração do 13 de Maio e dizer que o que existiu no Brasil foi a não abolição, pois este País foi o último do mundo a abolir a escravatura. Isso traz sequelas enormes para o País até hoje, ou seja, a perseguição, o rebaixamento, a falta de acesso da população negra; e o preconceito e a discriminação estão no dia a dia da população brasileira. Por isso, no dia 13 de maio nós temos de mostrar que o racismo precisa ser combatido, na raiz, neste País. O racismo não pode continuar em todas as áreas ocupadas pela população negra: no emprego, na escola, no dia a dia, nas relações e, particularmente, nas violações da polícia e na faxina étnica praticada de várias formas. PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, há 127 anos era assinada a Lei Áurea, colocando o Brasil como o último país independente do continente americano a abolir completamente a escravatura. Porém, muito longe de ser uma benevolência do Império Brasileiro, ela foi conquistada com luta e suor do povo negro que habita esta terra. Também é importante destacar que o Estado brasileiro tem uma dívida histórica com esse povo que foi jogado à própria sorte em nosso País, produzindo-se um abismo econômico, social e cultural que marca a trajetória do nosso Brasil até os dias atuais. O racismo institucional é uma dessas marcas que perpassa desde o

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mal atendimento às mulheres negras grávidas no pré-natal, e que no momento do parto recebem menos anestesia por serem consideradas mais fortes, e que, portanto, aguentam mais a dor; passa pelo sucateamento das escolas públicas em bairros pobres e de maioria negra, até as dificuldades estabelecidas para que essa população acesse os bancos universitários públicos. Uma das facetas desse racismo institucionalizado é o aumento da violência praticada contra a juventude negra. Só em 2012 foram assassinadas 56 mil pessoas, sendo 30 mil jovens, e destes 77% jovens negros. Esses números colocam o Brasil como o país que mais mata no mundo em números absolutos! Quando não é o próprio braço armado do Estado que executa esses jovens, é justamente a ausência deste Estado com políticas de bem-estar social que produz essa violência. Essa realidade reforça os argumentos que neste País os nossos jovens, particularmente a juventude negra e pobre, são muito mais vítimas do que provocadores da violência. Conquistas sociais, como a criação do Estatuto da Criança e do Adolescente que estabelece que todas as crianças e adolescentes deste País são sujeitos detentores de direitos, ainda precisam se tornar realidade para uma ampla parcela da população negra e pobre. Neste sentido, propostas como a PEC 171, que propõe a redução da maioridade penal são completamente descabidas e insustentáveis do ponto de vista constitucional, estatístico e, sobretudo, social. Também é importante destacar que está acontecendo nesta Casa a CPI da Violência Contra Jovens Negros e Pobres, que tem o desafio de produzir um diagnóstico e, acima de tudo, construir propostas concretas que enfrentem a violência produzida pelo Estado brasileiro. Precisamos avançar no debate da desmilitarização da polícia, para tanto aprovando o PL 4471/12, que estabelece o fim dos autos de resistência, garantir indenizações e programas de proteção e acompanhamento psicossocial dos familiares de vítimas da violência, além do aprimoramento dos dados estatísticos e programas de metas de redução da letalidade em nosso País, a par de uma política de desenvolvimento que de fato enfrente os grandes interesses e garanta maior distribuição de riqueza e de oportunidades em nosso País. Neste sentido, o 13 de Maio é um dia de denúncia, de reflexão e de luta. Quero cumprimentar os ativistas e entidades do movimento social negro de todo País que hoje estão nas ruas fazendo esse diálogo com o conjunto da população, em especial os lutadores do meu Estado, que hoje estão organizando o Ato 13 de Maio que traz como pauta a instituição de cotas na Universidade de São Paulo, não ao genocídio da juventude negra, não à redução da maioridade penal e não às terceirizações. O nosso mandato soma-se a essa luta. Muito obrigado.

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Documento 55/143

113.1.55.O Sessão Deliberativa Ordinária -

CD 19/05/2015-15:44

Publ.: DCD - 20/05/2015

- JHC-SD -AL

CÂMARA DOS DEPUTADOS

GRANDE EXPEDIENTE GRANDE

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Agradecimentos ao povo paraibano pela eleição do orador. Trajetória política

do Parlamentar e atuação como Deputado Estadual de Alagoas. Crítica à ação

judicial de Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado de Alagoas para

prorrogação da permanência no cargo com base na emenda constitucional

federal relativa à ampliação do limite de idade para a aposentadoria

compulsória no serviço público. Contrariedade a proposta de redução da

maioridade penal. Apresentação de projetos de resolução relativos à instituição

de critério de distribuição eletrônica de relatorias de proposições em análise

por Comissões e à criação da Secretaria da Juventude pela Casa. Atuação do

orador na CPI da PETROBRAS e na Comissão de Constituição e Justiça e de

Cidadania no combate à corrupção. Descaso do Governo Federal com

estudantes beneficiários do Fundo de Financiamento Estudantil - FIES.

Inconformismo com o índice de analfabetismo em Alagoas.

O SR. JHC (SD-AL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, é com imenso senso de responsabilidade que eu ocupo, pela primeira vez, o tempo do Grande Expediente. Nesta manifestação inaugural, gostaria de me dirigir especialmente à população alagoana, que me concedeu a honra e o privilégio de estar aqui nesta Casa de Leis, pois foi a vontade soberana das urnas que me proporcionou, nas últimas eleições, sagrar-me o Deputado mais votado de Alagoas, vindo a ser também o mais jovem. É para mim um desafio, encoberto por um manto de responsabilidade singular, ter tido a votação histórica de 10% dos eleitores do meu Estado, votos em todos os 102 Municípios, traduzindo-se em 136 mil votos - aproximadamente 70 mil votos só na nossa belíssima capital alagoana, Maceió. Minha carreira política começou aos 22 anos, quando decidi seguir a carreira e o caminho político. Evidentemente, essa decisão foi questionada por pessoas próximas, que me perguntavam como, ainda naquela idade, eu poderia me engajar em uma atividade que ainda hoje, especialmente em Alagoas, é uma atividade de risco, e sofre aversão de parcela significativa da população brasileira, especialmente no meu Estado. Era necessário, porém, romper alguns conceitos viciados, trazer a geração Y para o debate, violar os grilhões que, já há algum tempo,

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aprisionavam o exercício da política em Alagoas. Decidi, portanto, seguir exemplo de outros alagoanos - Graciliano Ramos, Zumbi dos Palmares, Aurélio Buarque, Pontes de Miranda, o Menestrel das Alagoas e tantos outros -, sem a pretensão de querer me igualar a essas e outras tantas figuras ímpares do meu honroso Estado. Eu imaginava que poderia dar a minha parcela de contribuição à história alagoana tendo sempre esses nomes como fonte de inspiração. Eu tinha a vontade de exercer a política e foi-me concedida pela população do meu Estado a honra de exercer, por 4 anos, o mandato de Deputado Estadual. Aquele desafio, no entanto, mostrou-me ainda ser necessário assumir um mandato diante de um Parlamento anacrônico em sua estrutura e forma de atuar, onde havia desde o uso de máquinas de datilografar até a ausência de material de escritório. Foi-me imperioso reagir à cultura da informalidade que pairava sobre aquela instituição. Desde o primeiro momento como representante do povo alagoano na Assembleia Legislativa, instituição tão importante para o Estado, tentaram me envolver em um esquema engendrado pelos Parlamentares que compunham a Mesa Diretora. Os servidores lotados em meu gabinete recebiam seus vencimentos em dobro, sem que tivesse havido qualquer solicitação ou orientação da minha parte. Após a devolução dos valores ilegalmente repassados, os quais, em uma projeção, remontavam a 3 milhões e 500 mil reais, descobri que o pagamento em dobro dos vencimentos decorria de uma gratificação imoral e ilegal concedida ao talante da Mesa Diretora para quem bem entendesse. Diante desse cenário, manejei uma ação judicial para ter acesso à movimentação financeira da Assembleia Legislativa de Alagoas. Daquele processo, extraio frase significativa encravada à sentença que a mim foi favorável, lavrada pelo eminente Juiz Federal Dr. Marcelo Barbi: "À causa republicana interessa que todos venham em seu socorro." Com informações colhidas naquele processo, dirigi-me rigorosamente a todos os órgãos que poderiam me auxiliar, inclusive à Procuradoria-Geral da República, haja vista que os documentos noticiavam que servidores lotados em cargos de serviços gerais percebiam salários bilionários, com diversos depósitos a um mesmo servidor em um único mês. Eram valores bilionários, disponibilizados a esmo, sempre tendo como favorecidos servidores lotados, principalmente, nos gabinetes de Deputados que compunham a Mesa Diretora. Enquanto isso, a Casa Legislativa padecia de uma ausência total de estrutura. A biblioteca e a Escola Legislativa, setores para os quais se destinavam milhares de reais, estavam completamente sucateadas, sem um livro sequer. Representei aos órgãos de controle, e foi possível estancar essa sangria de dinheiro público, inclusive com o afastamento da Mesa Diretora, repercutida em toda a mídia nacional. Representei aos órgãos de controle e foi possível, também - ainda no Parlamento alagoano, além de fazer um trabalho de fiscalização rigoroso, cumprindo, assim, com o meu mister, com o papel precípuo de cada Parlamentar, que é o

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de fiscalizar - exercer o papel legiferante, de propor leis. Foi assim que, ainda em 2010, apresentei um requerimento para tratar da tragédia que deixou milhares de pessoas desnorteadas, com o olhar perdido, sem ter para onde ir: a grande tragédia da enchente de 2010, que afetou 19 Municípios. Depois veio o programa da reconstrução, que se encontrava parado. Naquele momento, chamei a atenção do Governo do Estado: mais de 1 bilhão de reais estava disponível para que o Governo do Estado materializasse aquelas obras tão importantes, Sr. Presidente Gilberto Nascimento. Foi necessário que nós chamássemos a atenção, fizéssemos uma mobilização. Naqueles verdadeiros campos de concentração, nós reunimos todas as informações para mostrar à imprensa e à mídia nacional as condições miseráveis em que aquelas pessoas estavam vivendo, dentro de barracas. Foi a partir daí, sob a minha presidência nessa Comissão, que nós conseguimos dar os primeiros passos, na Comissão das Enchentes, que avaliou também as regiões do Vale do Paraíba e do Vale do Mundaú, no meu Estado. Aqui, especialmente quando eu falo no Vale do Mundaú, mando um abraço especial à minha querida cidade de União dos Palmares, onde estão todos nos assistindo, à minha cidade de Ibateguara, à minha querida Canastra, enfim, a todos que nos assistem em Alagoas, nas cidades da Zona da Mata, como Colônia Leopoldina e São José da Laje, Murici, Branquinha, Santana do Mundaú. A todos envio o meu muito obrigado. Se hoje estou aqui foi porque vocês me concederam essa oportunidade. Se elevei o tom das críticas no exercício do mandato de Parlamentar estadual foi porque, como disse o meu conterrâneo Graciliano Ramos, em Memórias do Cárcere, "comovo-me em excesso, por natureza e por ofício. Acho medonho alguém viver sem paixões". Minha atuação na Assembleia alagoana, obviamente, não iria passar despercebida pela cultura do coronelismo, que infelizmente está arraigada nas entranhas do Legislativo local, dando a falsa impressão de que lá está para ficar. Os maus políticos têm o costume de se imaginar intocáveis, acima da lei. Porém, isso se mostrou uma falácia, e paradigmas locais foram quebrados. Concluí que algumas instituições alagoanas se encontram corroídas pela cultura da manutenção do poder pelo poder e vi que a mudança deveria ser provocada por fatores externos. Desde o início deste mandato, aliando-me com o que acredito - possuo absoluta aversão ao fisiologismo, à troca de consciência política por favores e cargos -, busquei, e buscarei sempre, até o limite e além, exercer a política com altivez, calcando minha atuação naquilo em que acredito ser o melhor para o Brasil e o melhor para a minha Alagoas. Gosto de pensar que a minha predileção pelos valores republicanos e democráticos decorre do meu nascimento, ocorrido quando se discutia a nossa Carta Magna, por meio da Constituinte inaugurada em 1987. Nossa Constituição Cidadã, como foi batizada pelo imortal Ulysses Guimarães, a quem presto minhas homenagens, é sinônimo do que há de mais moderno e humano no Direito. E os Constituintes foram especialmente felizes ao alimentar o caráter pluralista do nosso povo.

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Somos uma população heterogênea, constituída de brancos, índios, negros e pardos, porém sob o manto da nossa Constituição é que reforçamos a nossa unidade enquanto Federação. Como Hannah Arendt ensinou, a pluralidade é a condição da ação humana pelo fato de sermos todos os mesmos, isto é, humanos, sem que ninguém seja exatamente igual a qualquer pessoa que tenha existido, que exista ou que venha a existir. Preocupo-me também, no que tange ao meu Estado, com alguns temas que estão sendo discutidos ou que foram aprovados por esta Casa, como, por exemplo, a PEC da Bengala, que já vem sendo utilizada nos Estados para evitar a oxigenação de órgãos colegiados. Em Alagoas, por exemplo, o cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas tem sido utilizado como prêmio a notórios corruptos ligados à Assembleia Legislativa, e muitos desses Conselheiros se utilizam do cargo para achacar Prefeitos e Vereadores em período eleitoral, para elegerem seus apadrinhados políticos e também seus familiares. E hoje já ingressam na Justiça querendo o direito de ali ficar mais tempo, o que impede a oxigenação, impede que a nova geração chegue também ao poder colegiado, como o Tribunal de Contas, entre outros. Venho destacar também a redução da maioridade penal. Os que advogam em sua defesa - e como jovem não poderia deixar de tocar nesse assunto - fazem-no com a utilização do chamado cherry picking, ou seja, a citação de casos individuais, porém sem aquilo que Milton Friedman chamava de "senso de proporção", sem a necessária contextualização. Novamente, remeto-me à triste realidade da minha querida Alagoas. A PNAD, do IBGE, demonstra que o Estado possui o maior índice de analfabetismo do País. Eu gostaria de conceder um aparte à jovem e brilhante Deputada Mariana Carvalho. A Sra. Mariana Carvalho - Obrigada, Deputado JHC. Gostaria de parabenizá-lo pelo seu brilhante trabalho na Assembleia Legislativa de Alagoas, um trabalho combativo. Como reflexo disso, hoje V.Exa. está aqui representando esse Estado, com firmeza, com ética, com coerência, fazendo principalmente essa renovação na política, atraindo cada vez mais novos jovens para esta Casa, para representarem o nosso povo. Fico muito feliz em poder estar aqui ao seu lado trabalhando. Especialmente nestes primeiros meses de trabalho nesta Casa, V.Exa. já mostrou a sua luta, sobretudo seu amor pelo seu Estado. Desejo-lhe sucesso e tenho certeza de que dará muito orgulho, cada vez mais, ao seu Estado, às pessoas que acreditam em V.Exa., principalmente aos jovens do nosso País. Parabéns! O SR. JHC - Eu é que agradeço, Deputada Mariana Carvalho, pelas palavras. Fico feliz em encontrar aqui Deputados que falem a mesma língua da juventude, que tenham um alinhamento ideológico similar. Creio eu que o Brasil como um todo passa por um momento de transformações, e essas transformações passam necessariamente pela juventude. Essa é a minha preocupação. Por isso fico feliz quando encontro aqui Deputados que possam compartilhar das mesmas ideias que eu. Que Deus a abençoe também neste mandato, e muito obrigado

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pelas palavras singelas, verdadeiras, que fazem com que nós continuemos nessa batalha. Concedo um aparte ao nobre Deputado Uldurico Junior. Por falar em juventude, o Deputado Uldurico é o mais jovem do nosso Parlamento. S.Exa. vai nos dar essa honra; escuto com muita atenção seu aparte. Em seguida, concederei um aparte ao nobre Deputado Augusto Coutinho, nordestino, pernambucano, do meu partido. O Sr. Uldurico Junior - Nobre Deputado JHC, eu não poderia deixar de vir aqui apartear V.Exa., que é um espelho para todos nós, Deputados jovens desta Casa. V.Exa., um Deputado combativo, vem mostrando, em tão pouco tempo nesta Casa muito trabalho em defesa do povo de Alagoas, em defesa do povo brasileiro. Eu muito me orgulho de ser seu amigo pessoal porque sei do seu compromisso com o seu Estado, com as pessoas que mais precisam neste País. Parabéns pelo seu trabalho! Que Deus o continue abençoando e que V.Exa. tenha, durante o seu mandato, a oportunidade de fazer cada vez mais pelo povo de Alagoas, pelo povo brasileiro. Parabéns! O SR. JHC - Muito obrigado, Deputado Uldurico. Com certeza, a Bahia se orgulha muito de ter V.Exa. como o Parlamentar mais jovem, e V.Exa. está fazendo jus a isso com uma atuação profícua também na Comissão Especial que debate a reforma política. Todo mundo já vê o seu trabalho, chama atenção o seu trabalho de se debruçar sobre essas matérias tão importantes e que dizem respeito a todo o sistema eleitoral e político brasileiro. Concedo um aparte ao Deputado Augusto Coutinho. Logo em seguida concederei um aparte ao Deputado Luis Tibé e ao meu amigo de Rondônia Deputado Expedito Netto, que está aqui para nos apartear. Muito obrigado. O Sr. Augusto Coutinho - Prezado Deputado JHC, é um prazer muito grande aparteá-lo - eu quero parabenizar V.Exa. pelo pronunciamento - e tê-lo aqui nesta Casa como representante do nosso vizinho e querido Estado de Alagoas. V.Exa., apesar de jovem, tem uma vida pública muito representativa e teve um reconhecimento muito grande no seu Estado pelo seu trabalho, pelo que construiu. Eu não tenho dúvida de que V.Exa. aqui vai ter uma carreira e um desempenho tão brilhante quanto o que teve na Assembleia Legislativa de Alagoas. Então, eu quero parabenizar V.Exa. pelo seu pronunciamento e pela sua representatividade aqui, por sua combatividade, por sua juventude, o que é muito importante, não tenho dúvida, para o Brasil, para Alagoas e para o nosso partido, o Solidariedade. Parabéns, Deputado! O SR. JHC - Eu quero agradecer as palavras do atuante Deputado Augusto Coutinho. Ouço, com muita atenção, o Deputado Luis Tibé. O Sr. Luis Tibé - Nobre colega Deputado JHC, queria saudá-lo pelas belas palavras e cumprimentá-lo por este mandato com que certamente vai orgulhar muito o seu Estado, dignificá-lo; e cumprimentá-lo pelo belo trabalho que fez na Assembleia Legislativa. É uma alegria muito grande estar aqui junto com V.Exa. neste mandato. Sou amigo de longa data do seu pai e agora estou tendo a grata oportunidade desse convívio muito prazeroso. Belas palavras e, com certeza, um mandato de muito sucesso. Parabéns!

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O SR. JHC - Muito obrigado. Concedo o aparte a esse jovem, corajoso e bravo Deputado Expedito Netto, a quem ouço com muita honra e atenção. O Sr. Expedito Netto - Eu gostaria de cumprimentar o Deputado, amigo e companheiro JHC e parabenizá-lo. Hoje a nossa Casa, o nosso País passa por um momento de guerra, em que nós temos vários lados, vários partidos defendendo seus interesses, defendendo o povo brasileiro. Mas eu tenho certeza de que, assim como fez em Alagoas, quando o povo alagoano pôde contar com V.Exa., eu tenho certeza de que esta Casa de Leis pode contar com V.Exa., não só como Deputado, não só como jovem, não só como alguém predestinado a alterar o futuro do nosso País, mas como o guerreiro que V.Exa. é. Eu tenho certeza de que, dos lados que nós temos nesta Casa, o lado que conta com V.Exa., o lado em que V.Exa está é o que será vitorioso, porque é o lado dos justos, dos guerreiros que brigam por um futuro melhor para o País. Esse é o seu sonho. Essa é a sua luta. Eu conto com V.Exa. E conte com este seu amigo. Muito obrigado por fazer parte desta Casa e por ser meu companheiro. O SR. JHC - Agradeço ao Deputado Expedito as emocionantes e firmes palavras. Concedo um aparte também ao experiente Deputado Moroni Torgan, do nosso querido Nordeste também, do Ceará. Muito obrigado, Deputado. O Sr. Moroni Torgan - Deputado João Henrique Caldas, em primeiro lugar, quero dizer que fui companheiro de seu pai, que me foi um bom companheiro. V.Exa. agora vem continuar esse trabalho. As credenciais de V.Exa. qualificam-no a moralizar este País, tarefa que nós devemos realizar de modo muito firme, porque sempre, quando não há moralização e quando há corrupção, quando há desmandos, quando há desvios, quem paga é o mais fraco. E é o mais fraco que precisa de nós. O mais forte não precisa quase de nós. O mais forte já sabe como sobreviver em qualquer tipo de situação, de cenário ou de governo. O mais fraco é que precisa de nós. E eu sinto em V.Exa. o desejo de defender e proteger os mais fracos, as famílias que querem ter o direito de criar seus filhos, que querem ter o mínimo necessário para uma vida decente. Que eu possa estar junto nessa luta a favor dos mais fracos. Parabéns pelo seu discurso! O SR. JHC - Muito Obrigado, Deputado. Inclusive, sinto-me abraçado e também protegido quando encontro aqui Parlamentares experientes, Parlamentares que estão aqui para dar à nova geração que chega a esta Casa toda a cobertura possível, para manter, com independência, o seu discurso, o seu mandato. Isso é muito importante. Esta Casa de Leis tem essa pluralidade, como eu já disse no meu discurso, que é típica do povo brasileiro. Independentemente da região, da faixa etária, do número de mandatos, acredito que nós todos estamos aqui lutando por um País mais justo. Nessa mesma linha de nós podermos trazer à Casa mais eficiência, eu propus, em projeto de resolução, um modelo diferente para a distribuição das relatorias. Há mais de 5 mil proposições só na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania. E essas relatorias

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são distribuídas de forma discricionária, ou seja, ao talante do Presidente da Comissão. Em outros órgãos já se tem a distribuição eletrônica. Dessa forma, visando privilegiar outros princípios, como o da isonomia, o da eficiência e o da impessoalidade, nós propusemos a esta Casa que as Comissões distribuam eletronicamente as relatorias, para dar celeridade aos projetos. Dessa forma conseguiríamos dar uma grande contribuição ao povo brasileiro. Quando eu falava aqui da minha preocupação com a juventude, é que, salvo engano, são 30 Deputados com menos de 30 anos. E, depois das manifestações, nós pudemos perceber que esse exército digital é composto, na sua grande maioria, por jovens, e esses jovens têm de ter voz nesta Casa Legislativa. Como é que nós vamos discutir o futuro sem pedir, ou sem ter, a opinião dos jovens? Por isso apresentei o projeto para criarmos a Secretaria da Juventude e, a partir daí, dialogarmos diretamente com os jovens do nosso País. Trago também aqui outras questões importantes. E os 25 minutos do Grande Expediente, neste momento, tornaram-se insuficientes para tocar em todos os assuntos importantes a discutir. Mas acredito que, diante de um Brasil que nós esperamos, devemos continuar firmes, vigilantes no combate à corrupção e, nessa vigilância cívica, provocar todos os dias esse exército digital, conforme falei, os jovens do nosso País, para que incansavelmente nós estejamos lá fiscalizando o poder público da melhor forma possível. Eu acredito que esses jovens que foram tão provocados durante o período eleitoral no PRONATEC - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego, no Ciência Sem Fronteiras, no FIES e em outros programas, agora se veem praticamente abandonados, num ato de covardia do Governo Federal para com esses jovens. Então, nós não temos emprego e não temos educação. Os dados do PISA - Programa Internacional de Avaliação de Estudantes são alarmantes! De todos os dados que nós pegamos sobre educação, especialmente no meu triste Estado de Alagoas, observamos que temos o maior número de analfabetos - 25% -, o mesmo número de quando nós discutimos a Constituinte. Então, Sr. Presidente, faz-se urgente nós lutarmos por essa nova geração de brasileiros. Nós temos que continuar fortemente no combate à corrupção. Estamos na CPI da PETROBRAS e na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, e vamos continuar, de forma contundente e implacável, contra os malfeitos. E, depois dessa Operação Lava-Jato, dado o direito à ampla defesa e ao contraditório, destacados ali aqueles agentes públicos que malversaram o dinheiro público, que perderam a confiança deste País, que eles sejam banidos da vida pública. Nós temos, sim, elementos e procedimentos dentro desta Casa para isso. E, se for necessário, nós os criaremos. O que nós não podemos é ver esses cidadãos aqui. Quero agradecer eternamente ao meu povo de Alagoas, que me permitiu, com seus votos, estar aqui representando, do alto desta ribalta, o sentimento de um povo que há muito tempo foi acuado como presa fácil e frágil pela cultura do coronelismo e da chibata. Chega! Esse tempo acabou! Conte comigo, povo guerreiro da minha querida

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Alagoas! Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Gilberto Nascimento) - Muito bem.

Documento 56/143

116.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

20/05/2015-13:48

Publ.: DCD -

21/05/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Repercussão do latrocínio cometido por adolescentes infratores contra ciclista

na orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, na cidade do Rio de Janeiro. Defesa de

redução da maioridade penal. Apresentação pelo orador de propostas que

alteram dispositivos da Lei nº 11.343, de 2006, que institui o Sistema Nacional

de Políticas Públicas sobre Drogas - SISNAD, e da Lei nº 7.210, de 1984 (Lei

de Execução Penal). Inclusão das carreiras jurídicas omitidas pela PEC 443/14.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em plena orla da Lagoa Rodrigo de Freitas, na cidade do Rio de Janeiro, um médico foi assassinado por dois adolescentes que queriam lhe roubar a bicicleta. Os defensores da não redução da maioridade penal dizem que esse pessoal não sabe o que está fazendo... Aqui mesmo no Distrito Federal o tráfico de drogas está campeando solto nas escolas. Sr. Presidente, venho aqui, mais uma vez, suplicar aos Deputados e Senadores: vamos reduzir a maioridade penal, para responsabilizar esses assassinos juvenis, esses adolescentes criminosos, para que sejam punidos, como também os traficantes de drogas! Também precisamos mudar o art. 28 da Lei nº 11.343, de 2006, que descriminalizou o uso e o porte de entorpecentes. Na realidade, isso é uma vergonha! Quem foi beneficiado por essa lei? Pelo menos deveria ter sido colocado nessa lei que, se pego em flagrante, o sujeito poderia, em recebendo uma pena superior, ser encaminhado compulsoriamente pelo Poder Judiciário a um estabelecimento para tratamento. Portanto, Sr. Presidente, nós precisamos fazer algumas modificações na lei, como também não podemos nos esquecer de que as demais carreiras jurídicas aqui, tanto da União como dos Estados, não foram contempladas em seus subsídios - e eles trabalham arduamente. Temos que lutar, sim, pela PEC 443, para contemplar as demais carreiras jurídicas. Pegaram as carreiras dos Ministros dos Tribunais

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Superiores, dos juízes, dos promotores, dos defensores públicos, e se esqueceram dos delegados, da Advocacia Pública Federal e de outras carreiras jurídicas que defendem arduamente o País, o Estado e a sociedade como um todo. Sr. Presidente, nós precisamos, sim, mudar a lei, e estamos lutando por isso. Vários projetos de lei já foram encaminhados por mim, e outros mais o serão, inclusive esse, para mudarmos o art. 28 da Lei nº 11.343, de 2006, agravando ainda mais essas penas, como também a Lei nº 7.210, de 1984. Porque isso é um descalabro, é uma vergonha para nós! Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

Documento 57/143

116.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

20/05/2015-14:52

Publ.: DCD -

21/05/2015 - KEIKO OTA-PSB -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Defesa da redução da maioridade penal. Importância de medidas preventivas

para o combate à violência no País.

A SRA. KEIKO OTA (PSB-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, estamos diante de novos fatos que reforçam ainda mais a minha posição a favor da redução da maioridade penal em nosso País já. Somente na última semana, a imprensa noticiou mais um caso chocante de crime envolvendo menores de idade, em plena capital do País: um casal de jovens foi abordado, na última quinta-feira, por três menores de idade, os quais esfaquearam o rapaz, que agora está entre a vida e a morte. Para sobreviver, a jovem se fingiu de morta para escapar da fúria dos criminosos e socorrer o namorado. Senhoras e senhores, quantas vidas mais precisam ser condenadas para que tomemos uma providência em relação a esses criminosos em potencial? Sei que somente a redução da maioridade penal não resolve essa situação e que precisamos tomar também medidas preventivas, como mais educação e oportunidades de emprego em nosso País, estimulando uma cultura de paz em nossa sociedade. Contudo, temos também que dar uma resposta para 87% da população brasileira, que declaradamente apoia a redução da maioridade penal. É para assassinos em potencial que se aplica a redução da maioridade

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penal de 18 para 16 anos. Para os demais casos, deixo bem claro que devemos dar o devido suporte para que eles também não venham a se tornar futuros assassinos. Muito obrigada. A SRA. PRESIDENTA (Raquel Muniz) - Obrigada, nobre Deputada.

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118.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

21/05/2015-12:20

Publ.: DCD -

22/05/2015 - DARCÍSIO PERONDI-PMDB -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Reflexões sobre os efeitos negativos decorrentes da pretendida redução da

maioridade penal para 16 anos. Conveniência de mais políticas e recursos para

melhor atendimento aos jovens infratores. Natureza irrisória dos recursos

orçamentários destinados ao Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo

- SINASE.

O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, faço parte da Comissão Especial da redução da maioridade mínima penal, muito bem presidida pelo Deputado André Moura, ao lado do Relator, Delegado Bessa, muito sereno. Estamos produzindo, ouvindo muito. A minha posição - eu que já a tinha há 15 anos, e agora quando estou estudando a estou fortalecendo ainda mais - é contra a redução penal. No mundo inteiro, na maioria dos países, a maioridade é de 18 anos ou mais. Alguns países que a reduziram para 16 anos, como Espanha, Alemanha e Portugal, voltaram atrás. Estou estudando e me convencendo ainda mais de que não cabe reduzir a maioridade em 2 anos. Eu me identifico completamente com todos os familiares que perderam seus filhos em uma situação dessas, assim como me identifico também com todos os policiais que lutam lá na ponta. Sou solidário a todos eles. Mas vejo a redução como um antitérmico para uma criança ou um adulto que está em uma UTI com uma grave infecção e que precisa de todo tipo de antibiótico, da quinta à sexta geração, para sair da infecção. Nós precisamos ter mais recursos, mais política. O orçamento do SINASE - Sistema Nacional de Atendimento

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Socioeducativo é miserável. Nem vou dizer quanto é, porque vocês não vão acreditar de tão miserável que ele é! Ouvindo os consultores da Câmara, os juristas que estão vindo à Comissão e os Deputados que são contra, que também estão lendo sobre o assunto, surgiu outro item: os efeitos reflexos da possível redução penal de 18 para 16 anos. Quero ver um Deputado resistir a um filho que vai querer a chave do carro para dirigir com quinze anos e meio de idade. Ele vai ter que dar a chave, porque, reduzindo-se para 16 anos a maioridade, a carteira de habilitação também vai ser dada aos 16 anos. Imaginem os senhores: dar carteira de motorista para os nossos filhos de 16 anos! Outro reflexo seria sobre a exploração sexual. É crime abusar sexualmente de jovens menores de 18 anos. Há a vulnerabilidade abaixo dos 18 anos. Mas, se se baixa a maioridade para 16 anos, aí os traficantes jovens vão fazer festa com jovens entre 16 e 18 anos! Trabalho escravo, também. Há profissões perigosas em que jovens de 16 a 18 anos incompletos não podem trabalhar. Com a mudança, eles passariam a trabalhar. Isso são reflexos paralelos danosos decorrentes da redução da maioridade. A Comissão está estudando os casos, vai trazer um bom material, mas estou adiantando e trazendo isso para fazermos uma reflexão. Os crimes no Brasil cometidos por jovens abaixo de 18 anos representam 0,009%. A reincidência, nos adultos, é de 75%; nos jovens, é de menos de 30%. Que tudo isso sirva de reflexão para nós começarmos a pensar mais sobre o assunto e não cometermos os mesmos erros de outros países. Um abraço, e muito obrigado!

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118.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 21/05/2015-

12:36

Publ.: DCD - 22/05/2015 - WEVERTON ROCHA-PDT -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES COMO LÍDER

DISCURSO

Sumário

Lançamento da Frente Parlamentar em Defesa do Programa Antártico

Brasileiro. Necessidade de aprofundamento do debate sobre as consequências

de eventual redução da maioridade penal no País. Expectativa de apreciação

pela Casa de tópicos da reforma política.

O SR. WEVERTON ROCHA (PDT-MA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, colegas Deputados, telespectadores da TV Câmara e ouvintes da Rádio Câmara, nós tivemos hoje o lançamento da Frente Parlamentar do PROANTAR - Frente Parlamentar em Defesa

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do Programa Antártico Brasileiro. Vários Parlamentares desta Casa estiveram presentes no Salão Negro desta Casa, na solenidade. E informo que temos a grata satisfação de ver como presidente dessa Frente o nosso Senador Cristovam Buarque, do PDT. A Frente vem dar o apoio necessário à Marinha do Brasil, à Força Aérea Brasileira e a todas as Forças que estão empregadas no programa. Pelo Tratado de Madri, o objetivo é levar a nossa representação brasileira ao continente antártico, um dos continentes mais superlativos do mundo. A Antártida nos orgulha! E esse nosso espaço, que eu digo que é como uma embaixada, a Estação Comandante Ferraz, é dirigido por um maranhense de São Luís. Lá estão brasileiros e brasileiras que representam tão bem o nosso País naquela árdua missão de ficar 12 meses ao ano, durante todo o tempo representando o nosso País e dando a assistência e o suporte necessários aos nossos cientistas e a toda a comunidade que precisa pesquisar e explorar aquele continente. Outro assunto, Sr. Presidente. O Deputado Perondi trouxe agora há pouco para o Plenário um levantamento que poucos fizeram até este momento. O Brasil sabe que, a qualquer momento, vai vir para o plenário da Câmara dos Deputados a discussão da redução da maioridade penal. Muitos são a favor da redução; outros são contra. Os que são contra têm colocado de forma clara que entendemos que precisamos melhorar a atual legislação, o ECA. Já existe uma comissão instalada nesta Casa para discutir o ECA, em especial quanto à questão das punições e com relação a artigos que podem ser melhorados. Nós estamos sempre trazendo para dentro desta Casa a discussão e o levantamento de que a redução por si só não resolve o problema. S.Exa. o Deputado Perondi levantou um dos pontos que a gente, como eu falei, não estava aqui discutindo. Na hora em que você reduz a maioridade penal, você, além de estar aumentando a pena para o adolescente, está reduzindo-a para o pedófilo, por exemplo. Imaginem uma adolescente de 16 anos perambulando nas estradas brasileiras! A gente estará legalizando a prostituição no Brasil para adolescentes de 16 e 17 anos, porque, na hora em que você reduz a maioridade penal, subentende-se que elas já estarão sabendo o que estão fazendo. Como a partir dos 18 anos isso é permitido, então, para a jovem de 16 ou 17 anos também será. Essa é uma questão que tem que ser levantada. Nós estamos falando de legalizar o ato de dirigir para o adolescente, dizer que ele é, sim, capaz, que vai poder dirigir tranquilo aos 16 anos. Então, ele também vai poder ter todos os direitos e deveres que tem uma pessoa maior de 18 anos. É importante trazer para cá essas discussões, a fim de que não tomemos nenhuma decisão açodada e, de uma hora para outra, pensemos que estaremos resolvendo o problema da violência no Brasil, enquanto simplesmente estamos criamos outros. E a prova disso é de que todos os países seguros do mundo que reduziram a maioridade penal voltaram atrás. Ano passado, no mês de julho, a Noruega também voltou atrás, e passou a exigir a idade normal: 18 anos.

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Então, é importante lembrar que os 10 países mais violentos do mundo são também os que exigem 18 anos para frente. Essa sensação de intolerância que muitos querem colocar nesta pauta, ao dizer que se tem que colocar todo mundo na cadeia, nós somos contra. Nós não somos a favor da impunidade. Pelo contrário. Todos os que cometem crime têm que ser punidos. Quanto ao menor de idade infrator, o problema não está nessa ou naquela punição, mas, sim, no efetivo cumprimento da legislação existente no nosso País. Sr. Presidente, encerrando, quero dizer que na semana que vem todos possamos conduzir da melhor forma possível a reforma política, para que se façam as grandes mudanças que o Brasil está aguardando.

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118.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 21/05/2015-

12:42

Publ.: DCD - 22/05/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Clamor popular pela redução da maioridade penal e pela revisão do Estatuto do

Desarmamento.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu fico observando os depoimentos que são dados aqui, que mostram total desconhecimento da realidade não só brasileira, como mundial. Quando a Noruega reviu a redução da maioridade penal? Eu não vi isso. E eu ando, Sr. Presidente, é na rua, com o povo. O povo está querendo, o povo está precisando, o povo está suplicando. E nós temos que ser sensíveis à voz do povo, e não insensíveis, fazer as coisas da nossa cabeça. Um estudo científico já comprovou isso aí. Ontem mesmo, um médico foi enterrado aqui, às 10 horas da manhã, e menores atacaram novamente uma mulher, ontem. Quer dizer, os crimes se multiplicam, e ficamos insensíveis aos acontecimentos, a essa violência toda. E mais, Sr. Presidente: em relação ao Estatuto do Desarmamento, ninguém quer armar ninguém. Nós queremos dar ao povo o que eles estão pedindo: o direito de escolher se querem ou não, e não chegar simplesmente às escuras ao final da sessão do Congresso e aprovar um Estatuto que até hoje é rechaçado pela população. Muito obrigado, Sr. Presidente.

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Documento 61/143

118.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 21/05/2015-

12:46

Publ.: DCD - 22/05/2015 - VALMIR ASSUNÇÃO-PT -BA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Contrariedade à proposta de redução da maioridade penal. Cumprimento de

medidas socioeducativas pelo adolescente infrator. Necessidade de ampliação

de políticas sociais de apoio à juventude.

O SR. VALMIR ASSUNÇÃO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esse tema da redução da maioridade penal é importante e acredito que, de fato, temos que debater, porque alguns dizem que de 70% a 80% da população brasileira querem reduzir a maioridade penal, outros dizem que tem que reduzir a maioridade penal porque o adolescente sabe o que está fazendo. Então, uma série de teses são colocadas. Do meu ponto de vista, se esta Casa reduzir a maioridade penal, será a maior violência que vai cometer contra o adolescente deste País, o adolescente a quem muitas vezes o Estado brasileiro não deu oportunidade, o adolescente que muitas vezes a sociedade brasileira deixou à margem, o adolescente a quem muitas vezes a sociedade brasileira não deu a estrutura necessária, nem à sua família. Então, meus caros colegas, não vamos debater aqui a redução da maioridade penal dizendo que os responsáveis pela violência neste Brasil são os adolescentes. Os adolescentes são vítimas. É só pegarmos os índices da quantidade de jovens assassinados nas periferias das cidades deste País. É só pegarmos os índices. Qual a porcentagem de violência cometida pelos adolescentes? É 1%. Então, ao transferir a culpa para a juventude ou para os adolescentes, dizendo que eles são os responsáveis pela violência, nós estamos enganando a sociedade brasileira. Por isso, não podemos reduzir a maioridade penal. Eu fui Secretário de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza, no primeiro Governo Wagner. Fui responsável por essa política. Pois bem, Sr. Presidente, todo adolescente que comete um ato infracional cumpre medida socioeducativa em torno de 3 anos. Um adulto que comete um crime se apresenta à Justiça e responde em liberdade. Hoje em dia, o adolescente que comete um ato infracional é punido com mais rigor do que um adulto. Todos nós temos de ter essa compreensão. Não podemos, de forma nenhuma, nesse debate da redução da maioridade penal, primeiro, aprovar uma medida como essa, que acho que é uma violência contra o adolescente, nem, por outro lado, fazer a discussão aqui, dizendo

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que a causa da violência são os adolescentes. Eles são vítimas. Temos de trabalhar é com muita política social, a fim de fortalecer a nossa juventude, com educação em tempo integral. É isso o que temos de fazer em nosso País. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 62/143

118.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 21/05/2015-

12:56

Publ.: DCD - 22/05/2015 - CAETANO-PT -BA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Defesa do aprofundamento do debate na Casa sobre a redução da maioridade

penal. Indagação à Presidência sobre o atendimento de reivindicação de

entidades da sociedade civil para inclusão de proposta de iniciativa popular na

análise da reforma politica. PRESIDENTE (Gilberto Nascimento) - Resposta

ao Deputado Caetano.

O SR. CAETANO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu gostaria de dizer que o Deputado Edson Moreira traz uma nova contribuição para esse debate da maioridade penal nesta Casa e que concordo plenamente com o que o Deputado Valmir Assunção colocou aqui, para que a gente possa aprofundar esse debate aqui na Casa com a sociedade brasileira. Mas, Sr. Presidente, eu gostaria de um esclarecimento. Ontem foi entregue aqui na Casa um abaixo-assinado, com mais de 600 mil assinaturas, da Ordem dos Advogados do Brasil - OAB e da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB sobre a reforma política. São duas grandes entidades, de importância fundamental para a vida política nacional. Foi construída também com outras entidades sociais uma proposta de reforma política para esta Casa. Eu gostaria que a Mesa esclarecesse se realmente vai ser atendida essa reivindicação da OAB, da CNBB e de outras entidades sociais, para que possa isso ser colocado dentro do processo da reforma política, cujo debate vai começar aqui na semana que vem, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Gilberto Nascimento) - Nobre Deputado Caetano, nós vamos informar a Presidência efetiva da Casa, para que logo depois a gente tenha uma resposta para V.Exa.

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Documento 63/143

120.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 21/05/2015-17:24

Publ.: DCD -

22/05/2015 - WEVERTON ROCHA-PDT -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES

COMUNICAÇÃO PARLAMENTAR

DISCURSO

Sumário

Dados do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial

de 2014. Utilização do indicador com vistas à definição de políticas públicas

para redução da violência contra jovens no País. Elogios à gestão do

Governador do Estado do Maranhão, Flávio Dino, nas áreas de educação e

segurança voltadas aos jovens. Importância do debate sobre as causas da

violência, por ocasião das discussões sobre redução da maioridade penal.

Necessidade de revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente em relação à

aplicação de punições a menores infratores.

O SR. WEVERTON ROCHA (PDT-MA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, telespectadores da TV Câmara, ouvintes da Rádio Câmara, galerias, venho a esta tribuna falar sobre os dados divulgados na semana passada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, pelo Ministério da Justiça e pelo escritório da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura - UNESCO, no Brasil, que tratam do lançamento nacional do Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade Racial 2014, um indicador sintético que agrega dados relativos às dimensões consideradas chave na determinação da vulnerabilidade dos jovens à violência, tais como: taxa de frequência à escola, escolaridade, inserção no mercado de trabalho, taxa de mortalidade por causas internas, taxa de mortalidade por causas violentas, valor do rendimento familiar médio mensal, entre outros. O levantamento mostra que os negros, categoria que inclui pretos e pardos, com idade entre 12 e 29 anos correm mais risco de exposição à violência, ou seja, estão mais vulneráveis à violência que os brancos na mesma faixa etária, dados esses já comprovados pelo Conselho Nacional de Juventude, em 2015. Em relação ao Maranhão, o fator situação de pobreza é o que mais contribuiu para o elevado índice de risco de homicídio entre a juventude negra do Estado. De acordo com os dados do levantamento, o indicador de pobreza no Maranhão chega a índices baixíssimos (0,862), colocando o Estado na segunda pior posição em relação a esse fator, ficando à frente apenas do Estado de Alagoas, também no

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Nordeste, onde o indicador chega a 0,872. Com relação à vulnerabilidade, o Maranhão apresenta o 13º maior índice (0,451). O maior índice é o do Estado de Alagoas (0,608), seguido por Paraíba (0,517), Pernambuco (0,506) e Ceará (0,502). São Paulo tem o menor (0,200), junto de Rio Grande do Sul (0,230), Santa Catarina (0,252), Minas Gerais (0,280) e Distrito Federal (0,294). Quando se leva em conta apenas o critério de homicídios, o Maranhão tem o 13º maior risco relativo aos jovens negros. No Estado, um jovem negro tem quase 3 vezes mais chance de ser assassinado do que um jovem branco. No Estado da Paraíba, há o maior risco. Em 2007, foram assassinados 33,2 negros para cada grupo de 100 mil jovens no Maranhão, contra uma média de 15,2 jovens brancos para cada 100 mil, que é a média nacional. Já em 2012, foram mortos 50,2 negros para cada grupo de 100 mil jovens no Estado, contra a média de 17,9 jovens brancos para cada 100 mil. Dados divulgados pela Secretaria Nacional de Juventude apresentam ainda o ranking dos Municípios com mais de 100 mil habitantes em relação ao índice de vulnerabilidade juvenil. Das 288 cidades com essa quantidade de habitantes incluídas nos dados do índice, 9 estão no Maranhão. São José de Ribamar aparece na 15ª posição do ranking, com vulnerabilidade muito alta, de 0,541. Além da cidade e da Região Metropolitana de São Luís, aparecem também com alto índice no ranking de cidades em situação de vulnerabilidade à violência os Municípios de Caxias (19ª), Imperatriz (45ª), Timon (50ª), Açailândia (86ª), Bacabal (104ª), Paço do Lumiar (123ª), Codó (124ª) e outras. Segundo o Governador Flávio Dino, eleito para este mandato que se iniciou em 1º de janeiro, o novo indicador será utilizado para orientar políticas públicas de redução da violência contra jovens no País. Vale ressaltar que o Governador Flávio Dino anunciou, durante o Fórum Estadual de Aprendizagem Profissional e Inclusão de Adolescentes e Jovens no Mercado de Trabalho do Estado do Maranhão, a abertura de mil vagas para jovens aprendizes nas empresas e demais autarquias do Governo do Estado. Essas são algumas das ações que o Governo está desenvolvendo e que, certamente, contribuirão diretamente para a melhoria desse quadro de vulnerabilidade dos nossos jovens à violência no País. Sr. Presidente, colegas Deputados, quero aqui não só louvar a iniciativa do Governador Flávio Dino, mas também lembrar que já tive a oportunidade de, aqui, nesta tribuna, divulgar para o Brasil o importante Programa Escola Digna, que visa acabar com todas as escolas de taipa e de barro lá do Estado do Maranhão. Ele está fazendo esse programa em convênio, em parceria direta com os Municípios maranhenses, independentemente da questão política. Tal programa será realizado em todos os Municípios, e os 30 primeiros têm o menor IDH do Estado. Mas a meta dele é acabar com a escola de taipas. Serão mil escolas construídas no seu Governo. Serão escolas de alvenaria, escolas dignas, que darão condições para essas crianças pobres terem acesso à educação e terem oportunidade. E é disso, de verdade, que a nossa juventude precisa.

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Além do Programa Escola Digna, no Fórum de Aprendizagem, ele abriu o Programa Jovem Aprendiz, também para dar oportunidade aos jovens estudantes de escolas públicas e aos menores de terem o seu primeiro emprego. Estou falando tudo isso porque, daqui até agosto, teremos no plenário a discussão da redução da maioridade penal. E temos dito que o grande problema hoje é que estamos discutindo apenas a consequência do problema, e não a causa dele. E a causa dele é não colocarmos as crianças na escola, é não darmos ao jovem acesso a políticas de esporte e cultura, é deixarmos o jovem se sentir excluído da sociedade. Não podemos misturar. Há um grande erro. Percebo isso, inclusive, aqui, entre os colegas Deputados. E não é erro por maldade. Às vezes, é até por força do sentimento, porque ele acha que a rua diz que temos que diminuir a bandidagem e colocar todo o mundo dentro da cadeia. E não é isso que a sociedade está dizendo. O que a sociedade não quer é impunidade. O que a sociedade não quer é ver alguém que cometeu um crime fora da sua punição. Agora, senhores telespectadores e ouvintes da TV Câmara e da Rádio Câmara, o Brasil é um dos países que tem o menor critério de punição do mundo. Como começar a punir com 12 anos de idade? O Estatuto da Criança e do Adolescente precisa ser melhorado - e é bem verdade que aqui ninguém nega isso; eu estou convicto disso -, principalmente o artigo que trata de punições. Não dá para pensar que um jovem, um adolescente de 13, 14, 15 anos, que comete um crime hediondo, um crime grave contra a vida, fique lá no máximo 3 anos, em processo de ressocialização. Ele tem que pagar, sim, de forma mais dura, até para servir de exemplo para os outros jovens. Mas que isso seja feito num sistema de ressocialização preparado para ele, não nas prisões comuns, porque sabemos que dessa forma não haverá ressocialização nenhuma. Um grande erro que se comete é dizer que no Brasil só se pune a partir dos 18 anos. É mentira! No Brasil, senhoras e senhores que estão nos acompanhando, 18 anos é a idade mínima para a imputabilidade penal pelo crime, para alguém ser julgado como adulto. Nos países mais seguros de todo o mundo, a idade para imputabilidade penal é de 18 anos - em todos! Repito: responsabilidade juvenil não é a mesma coisa de imputabilidade penal. No Brasil, a responsabilidade juvenil é a partir dos 12 anos, e a imputabilidade penal é a partir dos 18 anos. Então, nós precisamos deixar isso claro. No mundo todo, há vários casos - e eu trouxe uma relação aqui com Alemanha, Argentina, Argélia - a responsabilidade juvenil é aos 14 anos, 13 anos, 16 anos, mas em todos a maioridade penal é aos 18 anos. Nós pedimos para a nossa assessoria levantar informações junto às Embaixadas e recebemos as respostas nesta semana. Hoje mesmo, eu fui questionado aqui por quem dizia que não existia essa legislação lá na Noruega. Mas foi a própria Embaixada da Noruega que nos disse. A maioridade penal deles era aos 15 anos, mas, no dia 1º de julho de

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2014, a punição passou a ser diferente para adolescentes de 15 a 18 anos. Lá, na Noruega, eles têm uma lógica de não haver nenhuma pessoa menor presa. Lá eles são rigorosos no serviço comunitário, que é o serviço de ressocialização. E, Sr. Presidente, temos essa situação não só na Noruega. A Embaixada do Japão também nos respondeu, dizendo que lá eles têm uma legislação própria e baixaram a maioridade penal, só que voltaram atrás, e não voltaram para 18 anos, o Japão voltou para 21 anos. Até os 21 anos, eles têm critérios para 16 e 17 anos, critérios para 18 e 19 anos, e critérios para a partir de 20 anos. Então, daqui até agosto, nós vamos ter bastante tempo para colocar as nossas ideias, dizendo a todos os Deputados que a grande solução é abrir escolas, é dar oportunidade para a nossa juventude estudar e se capacitar profissionalmente para a sua primeira oportunidade no mundo do trabalho. Vamos enfrentar esse debate com muita maturidade e serenidade, para não cometermos o grande erro de diminuir a maioridade penal no nosso País. Obrigado.

Documento 64/143

127.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

27/05/2015-12:12

Publ.: DCD -

28/05/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Apoio à revogação do Estatuto do Desarmamento. Defesa da concessão de

porte de arma ao cidadão e da redução da maioridade penal no País.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, sabemos que a violência e que o crime que campeia neste País se devem não às armas legalizadas, e, sim, aos criminosos. Nas mãos de quem estão essas armas? Por isso, Sr. Presidente, brigamos pela modificação do Estatuto do Desarmamento, muito bem relatado, anteriormente, pelo Deputado Cajado - estamos revendo agora o relatório -, e, principalmente, pela modificação das leis penais e processuais penais, reduzindo-se a maioridade penal, o que é de suma importância, bem como a Lei nº 7.210.

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Sr. Presidente, peço que o meu pronunciamento seja divulgado por todos os meios de comunicação da Casa. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, ouvintes da TV Câmara, Rádio Câmara e Voz do Brasil, venho à tribuna desta Casa para falar sobre o uso de armas brancas e de fogo por criminosos. A mente desses indivíduos não para de funcionar para a prática do mal. Peço, Sr. Presidente, que o texto abaixo, em que faço uma exposição breve do que tem acontecido em nossos Estados, seja divulgado por todos os canais de comunicação desta Casa e também no programa A Voz do Brasil. Uso de armas brancas e de fogo por criminosos. Alguns Deputados e entidades defensores do Estatuto do Desarmamento afirmam que o uso de arma promove o recrudescimento da violência. Na verdade, o que aumenta a violência são as mãos em estão estas armas - elas estão exclusivamente nas mãos de bandidos! O cidadão de bem, trabalhador, não tem o direito de escolher como se defender, mas os criminosos atacam a população com armas de fogo e com armas brancas, sem dó nem piedade! Vejam bem, em uma semana, só na cidade do Rio de Janeiro, como em tantas outras do Estado de Minas Gerais, onde a violência também vem campeando, foram registrados sete casos de ataques com faca. Sete casos foram registrados, mas tenho absoluta convicção de que foram tantos outros, porque muitas vítimas, descrentes das leis do País, nem chegam a registrar ocorrências: imaginam que "será uma perda de tempo", que nossas leis não funcionam, que temos uma legislação branda demais. Quanto à nossa legislação, preciso concordar com elas. Nosso País se tornou um verdadeiro caos no âmbito da segurança. As pessoas têm medo de sair à noite. Quem tem condições financeiras, se previne como pode com cercas elétricas, segurança particular, carros blindados, casas que mais parecem presídios... Mas e o trabalhador comum, a grande massa, a maioria da população? Esta, que precisa contar com a segurança pública, está à mercê de leis que precisam ser endurecidas. É por isso que um dos meus clamores nesta Casa é a redução da maioridade penal, e o faço em nome de mais de 90% da população brasileira, que já se mostrou favorável ao projeto, assim como também defendo a revogação do Estatuto do Desarmamento, pelo direito do povo de escolher como se defender. Era o que tinha a dizer.

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Documento 65/143

127.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 27/05/2015-

14:02

Publ.: DCD - 28/05/2015 - BENEDITA DA SILVA-PT -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Crítica à utilização por Deputados de vocabulário desrespeitoso durante o

debate sobre a proposta de reforma política. Regozijo com a atuação da

bancada petista de acordo com o decoro parlamentar. Participação da oradora

no painel intitulado Democracia Interna dos Partidos e Igualdade da Mulher,

em ciclo de debates sobre a reforma política organizado pela Escola Superior

de Direito Eleitoral e pela Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político -

ABRADEP no Rio de Janeiro, Estado do Rio de Janeiro. Defesa da reserva de

30% das cadeiras do Parlamento às mulheres. Anúncio da presença em evento

contrário à redução da maioridade penal.

A SRA. BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, antes de mais nada, eu já vou pedir para divulgar nos meios de comunicação da Casa e no programa A Voz do Brasil a íntegra do meu pronunciamento. Sr. Presidente, o que aconteceu ontem à noite e na madrugada de hoje foi muito importante para esta Casa, em que pese o exagero na divergência. Esta Casa deu uma demonstração de que ninguém aqui poderá avançar absolutamente em nada se não houver o debate, se as propostas não forem colocadas na mansidão e na articulação política, que é o papel que nós temos para fazer os entendimentos acerca dessas divergências de ideias em relação à reforma política. O meu partido, o Partido dos Trabalhadores, portou-se com dignidade nesta Casa - ultimamente, nós temos assistido aqui, com professoras e professores que são da nossa da bancada do Partido dos Trabalhadores, a uma antieducação. Eu fico imaginando se, nas madrugadas, quando nossos filhos - netos, no meu caso, e bisnetos - assistem à televisão, eles ouvem os representantes do povo usarem em seus argumentos contrários palavras que, se eles a utilizarem, nós os repreendemos ao educá-los em casa. Além dessas palavras ofenderem as autoridades, obriga-se que o País inteiro se curve e ouça as impropriedades colocadas, com palavras até de baixo calão. Não é possível, Sr. Presidente, nós darmos uma demonstração de qualidade de debate, se aqui não enriquecermos também o nosso vocabulário. Dito isso, passo a outro tema. Eu quero registrar o meu agradecimento à Escola Superior de Direito Eleitoral, na pessoa da Presidenta Vânia Aieta, e também à Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político - ABRADEP pela importante

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iniciativa no Estado do Rio de Janeiro, onde tive a oportunidade de participar de um ciclo de debates em que tratamos das questões da reforma política. Esses movimentos por uma reforma política contam com a OAB, com a CNBB, com outros movimentos sociais, bem como com outros partidos políticos. Estamos nos esforçando para fazer uma reforma política que aumente a dimensão do papel da mulher, garantindo a proposta de cota de 30% para as mulheres, a fim de que possamos aumentar a nossa representação nesta Casa, independentemente de partidos políticos, de coloração partidária, da etnia ou religiosidade. Esta Casa deve representar a população brasileira, e, nesse sentido, é importante que tenhamos, sim, a maioria da população brasileira, nós, mulheres, representada nesta Casa. Dito isso, Sr. Presidente, quero informar que daqui a pouco estarei nessa marcha, que todos nós sabemos ser importante, sobre a maioridade penal. A nossa juventude está morrendo. Ela precisa ser incluída. E não podemos apresentar a ela este único instrumento, que é a maioridade penal reduzida, porque isso fará com que ela se amontoe nos presídios. Além do mais, não daremos a ela a oportunidade de que todo e qualquer cidadão, e não só a juventude, precisa: cidadania, inclusão, integração e direito político. Obrigada, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELA ORADORA

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de registrar o meu agradecimento à Escola Superior de Direito Eleitoral, na pessoa da Presidenta Vânia Aieta, e também à Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político - ABRADEP pela importante iniciativa de realizar o ciclo de palestras no Estado do Rio de Janeiro, oportunidade em que foram discutidos relevantes temas atuais - especialmente no meu painel, discutimos sobre o tema Democracia Interna dos Partidos e Igualdade da Mulher. Sr. Presidente, historicamente as mulheres, depois de muita luta, conquistaram o direito de votar, mas não o de participar da política. Somos mais da metade da população, e, sem a igualdade da mulher em todos os setores, inclusive nos espaços de poder, a democracia não estará completa. A ideologia machista sempre vê a mulher apenas como mãe e dona de casa, e nunca como cidadã. Mesmo atualmente, quando a mulher estuda, trabalha e muitas são chefes de família, o machismo ainda continua muito forte. Exercer o direito de voto em cada eleição é suficiente apenas para manter a democracia viva, mas não para torná-la participativa. E participação consciente, que combine a democracia representativa com as diferentes formas de democracia direta, e sobretudo que proporcione a crescente representação política das mulheres, é

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precisamente o que defendem os setores democráticos da sociedade. Ao falarmos de participação, estamos falando principalmente de movimentos sociais, manifestações populares e partidos políticos fortes e programáticos. Estamos também nos referindo à atuação de conselhos e fóruns de participação e controle social. Todas essas múltiplas formas de participação, que expressam interesses de grupos sociais, fazem pulsar a verdadeira democracia. E as mulheres vêm tendo uma significa participação tanto nos movimentos quanto nos conselhos sociais. Contudo, no conjunto da sociedade, a grande maioria das mulheres participa muito pouco da vida política e partidária. É claro que grande parte das mulheres, assim como dos homens, é também induzida pelos meios de comunicação a rejeitar a política, a ver todo político como corrupto. Para os interesses das forças conservadoras, que detêm o poder econômico, isso é bom, porque leva à despolitização do eleitor e ajuda a enganá-lo mais facilmente, de modo que eleja seus próprios representantes entre esse grupo. Como sabemos, reside na participação consciente - seja lutando por direitos, seja votando, seja, principalmente, cobrando do político que elegeu - a chave-mestra do avanço progressista da sociedade, de suas leis e das instituições da República. A mulher, que já sofre com a dupla jornada, no trabalho e em casa, ainda enfrenta dois grandes obstáculos para poder participar da política: o machismo e a despolitização da sociedade. A ideologia do machismo vê a mulher como um ser inferior, incapaz de ter opinião própria e, principalmente, de exercer um mandato político. A despolitização, que atinge os dois gêneros, é a arma do poder conservador para impedir ou dificultar o trabalho que todas nós fazemos para despertar a consciência política da maioria das mulheres. Desse modo, a conquista de nossa maior participação política não é uma luta isolada. Em grande medida, depende do avanço da luta mais geral pela igualdade da mulher na sociedade. O expressivo avanço das mulheres no mercado de trabalho e na educação técnica e universitária, posições que garantem a sua independência econômica e visão crítica, reforçou bastante os movimentos de gênero contra a violência machista e pelos direitos da mulher. A Lei Maria da Penha, mesmo com todas suas deficiências de estrutura, é um grande exemplo. Esta situação em que estamos, mais conscientes de nossos direitos, cuja consequência mais evidente é o aumento dos ataques machistas à mulher nas redes sociais e até mesmo na Câmara dos Deputados, coloca em pauta a a participação da mulher na política e nos partidos. É aqui onde a resistência machista é maior, pois representa a última trincheira do poder político predominantemente masculino - em todos os Poderes Legislativos a participação da mulher não atinge 10%. Na Câmara dos Deputados, as Parlamentares organizaram um bloco suprapartidário para apresentar ao Relator da Reforma Política a proposta de cota de 30% de mulheres na representação parlamentar, independentemente do sistema político a ser adotado. A cada próxima legislatura, haveria um aumento de 5% nessa representação, até que se atingisse a paridade. O Relator não acolheu essa proposta e

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manteve o caráter conservador e machista de seu projeto de reforma política. No interior dos partidos a participação das mulheres é ainda mais reduzida. A grande maioria dos partidos funciona como uma espécie de clube exclusivamente masculino, onde mulher não pode entrar. Mesmo em partidos como o Partido dos Trabalhadores, que nasceu proclamando a participação da mulher, essa batalha foi difícil. Somente em 1991 é que conquistamos a cota de 30% nas direções e, 20 anos depois, no 4° Congresso do partido, em 2011, aprovamos finalmente a paridade de gênero para todas as instâncias partidárias. Mas isso só foi possível porque, desde a sua fundação, o PT funciona com democracia interna. Temos líderes, mas não chefes. A intensa disputa interna entre várias teses programáticas é o que faz parecer que estamos sempre "brigando". Acredito que sem um mínimo de democracia interna nos partidos será impossível às mulheres romperem o bloqueio do poder masculino encastelado em suas direções. Com a composição majoritariamente conservadora eleita no últio pleito será muito difícil, senão impossível, qualquer conquista progressista. A responsabilidade maior para se deter o avanço do retrocesso político passa a ser da sociedade, de sua parte democrática. Sem a mobilização da sociedade, dos movimentos sociais e das entidades progressistas da sociedade civil, não conseguiremos resistir ao rolo compressor do retrocesso político que querem nos impor. Os movimentos por uma reforma política progressista, que contam com o protagonismo de importantes entidades como OAB, CNBB, CUT, entre outras, são de suma importância para o futuro da democracia. Valorizo bastante iniciativas como esta, da ABRADEP, que debate as questões de fundo da democracia, como a reforma política e o fortalecimento dos partidos. O Brasil avançou muito na área social, mas ficou estagnado na área da representação política. E agora corre sério risco de sofrer profundo retrocesso, caso seja aprovada a proposta conservadora de reforma política. Anos de grandes desafios e muitas lutas nos esperam pela frente!

Documento 66/143

131.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

28/05/2015-14:18

Publ.: DCD -

29/05/2015 - CABO SABINO-PR -CE

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

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Reflexões acerca da redução da maioridade penal e da contribuição do Estado e

da família no controle da violência no País.

O SR. CABO SABINO (PR-CE. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, telespectadores da TV Câmara que nos assistem, nos últimos dias, nós temos discutido muito sobre a redução da maioridade penal em nosso País. É claro que existem os dois lados: os que defendem e os que não defendem a redução. Quero dizer nesta tarde que não adianta reduzir a maioridade penal para solucionar a questão do alto índice de crimes em nosso País. Esse discurso está falido. Mas também dizer que não podemos reduzir a maioridade penal porque o nosso sistema carcerário está falido é estar na contramão da solução do problema, daquilo que nós precisamos fazer para conter a violência. Esse debate não é de agora, senhoras e senhores. Há mais de 20 anos - para ser mais preciso, há 22 anos - debate-se a redução ou não da maioridade penal. Exatamente há 16 anos, nesta Casa, um representante do Ministério da Justiça, em uma audiência pública, já levantou essa tese, dizendo que não se poderia reduzir a maioridade penal porque o sistema penitenciário do País estava falido. Há 16 anos, repito. Nós perguntamos: e nesses 16 anos mais ninguém foi colocado na penitenciária? Então, alguém de 18 anos, de 20 anos comete um crime e não pode ser punido, não pode ser colocado na cadeia, porque o sistema penitenciário está falido? A redução da maioridade penal é uma necessidade para se conter tanto a impunidade quanto a onda de violência, mas precisamos ter também medidas coadjuvantes, porque, em relação à segurança pública, praticar somente um ato é apenas um paliativo. Nós temos que tratar da segurança pública com a verdade. Eu concordo em número, gênero e grau com o que disse o meu antecessor, que teve 1 minuto antes de mim, Deputado Moroni Torgan: talvez as famílias sejam as maiores responsáveis pela mudança real do comportamento dos menores neste País. Há 20 anos, 30 anos, era comum ouvir esta frase: "Diga-me com quem tu andas que eu te digo quem tu és". Há quanto tempo nós não ouvíamos essa frase? Hoje os menores, os adolescentes estão nas ruas a qualquer hora, em qualquer dia, em qualquer lugar e com qualquer pessoa. Os pais perderam o controle da situação. Na realidade, a família está em degradação, porque os nossos jovens e crianças não são mais educados por suas mães, mas por uma babá eletrônica chamada televisão. Com isso, os nossos menores, as nossas crianças não têm mais limites, não sabem mais o que é certo e o que é errado. Nós também precisamos acabar com a hipocrisia de dizer que tudo é culpa do Estado, que só com mais educação, emprego e ações sociais será resolvido o problema da insegurança neste País. Nós precisamos olhar para os nossos lares, para as nossas casas, para as nossas famílias, para a nossa maneira de agir e de ser, para começarmos a

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mudar o que está errado lá na rua, porque fazemos parte da sociedade e somos responsáveis pelos nossos atos, mas somos muito mais responsáveis ainda pelos atos dos nossos familiares, dos nossos menores. Por isso, nesta tarde, faço esta reflexão para todos os pais de família. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

Documento 67/143

134.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

01/06/2015-13:20

Publ.: DCD -

02/06/2015 - DARCÍSIO PERONDI-PMDB -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Preocupação com o possível aumento da violência no trânsito em caso de

aprovação da proposta de redução da maioridade penal no País.

O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Violência, violência e violência! Fúria ao volante! Hoje, essa é a matéria do Correio Braziliense e ontem também o foi. "Estamos vivendo em um trânsito maluco em que o indivíduo está constantemente tenso e estressado" - disse o Diretor de Medicina de Tráfego do Distrito Federal, Dirceu Rodrigues. Na edição de ontem, o Correio Braziliense mostrou que adolescentes e jovens têm proporcionado verdadeiros shows de horrores em brigas, muitas vezes por motivos fúteis, que acabam em morte. A exemplo desse tipo de massacre, a fúria atrás do volante também tem deixado famílias inconsoláveis por perda de entes queridos de forma brutal e incompreensível à luz da razão. Como mudar isso? Temos que selecionar melhor os condutores e combater esse tipo de conduta. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, este será um reflexo direto se esta Casa reduzir a maioridade penal de 18 para 16 anos; são os efeitos reflexos. Hoje, para o jovem tirar a carteira, exige-se ter acima de 18 anos. Reduzindo-se a maioridade penal, de acordo com art. 140 do Código Brasileiro de Trânsito, ele passa a ser imputável. Então poderá tirar a carteira aos 16 anos. Mas nós sabemos o quanto é difícil controlar a bebida! Nossos filhos começam a sair de casa com 14, 15,

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16 anos. Esse é um reflexo perigoso: vai aumentar o número de mortes no trânsito nas nossas ruas e nas nossas cidades; os nossos filhos vão morrer, os nossos amigos vão morrer, os nossos jovens vão morrer se baixar a idade para se tirar a carteira de motorista de 18 para 16 anos. Então vamos refletir! Esse é um dos reflexos nocivos com a redução da idade penal. Obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Eu é que agradeço, nobre Deputado.

Documento 68/143

134.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 01/06/2015-

13:58

Publ.: DCD - 02/06/2015 - DARCÍSIO PERONDI-PMDB -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Consequências negativas de eventual redução da maioridade penal no País.

Necessidade de aprofundamento do debate sobre o tema pela Casa.

O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu já falei nas Breves Comunicações sobre a fúria ao volante que aumenta seriamente os casos de morte de pessoas em acidentes de trânsito. Envolve-se aí droga, álcool, loucos, psicopatas e também jovens. Hoje, o jovem tira carteira aos 18 anos. Se houver redução da maioridade penal para 16 anos, o Código de Trânsito vai ser reformado e permitir que o jovem de 16 anos tire carteira de motorista. Isso diminui a inimputabilidade do jovem de 18 anos para 16 anos. Imaginem os nossos filhos, imaginem os nossos netos, receberem carteira de motorista aos 16 anos! Não é porque é de graça, não é porque é bonito que a permissão para dirigir só é concedida aos 18 anos de idade. Aos 18 anos, o jovem tem mais responsabilidade, está mais maduro. Por isso, tira a carteira aos 18 anos. Esse é um dos reflexos sérios, negativos e deletérios da redução da maioridade penal. Há mais reflexos. Reduzir a maioridade penal de 18 anos para 16 anos, minhas queridas Deputadas mães, meus queridos Deputados pais, vai ser a festa dos cafetões e dos rufiões, porque hoje crime sexual é até os 18 anos. Repito: 18 anos. Imaginem se baixar para 16 anos a maioridade penal! Que festa dos cafetões! Que festa dos rufiões! Que festa dos prostíbulos com essa meninada e essa moçada que vai ser cooptada! Não estou falando do tráfico. Estou falando do negócio sexo, do negócio prostituição com as meninas e os meninos. Este é o

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segundo ponto danoso. Eu não quero isso! Eu não quero! O terceiro é a escravidão do trabalho. O jovem pode ser aprendiz com 14 anos, Deputado Glauber. Com 16 anos, pode assinar carteira. Mas se reduzir de 18 anos para 16 anos, aí, sim, vai haver jovem dirigindo ônibus, vai haver jovem dirigindo caminhão. E há a imaturidade, a droga, o álcool. Com certeza, haverá mais exploração da mão de obra juvenil e infantil, muito mais, muito mais! Não estou falando daquela situação em que a criança ou o jovem ajuda o pai na lavoura, ajuda o pai um pouco na loja. Não! Não! Falo do trabalho perigoso! Este é o terceiro reflexo da redução da maioridade penal. Há outro ponto. Hoje o Presidente falou que esta matéria vai ser votada este mês. Eu não sei se vai ser, porque há muitas audiências ainda, nós não estamos nem na metade. De forma nenhuma essa questão da diminuição da maioridade penal será um Fla-Flu nesta Casa. Eu respeito quem tem posição contrária, mas essa luta está acima de partidos. Contra a redução da maioridade penal há Deputados do PT, do PMDB, do PPS, do PP, do PSDB, enfim, de todos os partidos, como há do outro lado. Esta não é uma luta de partidos com partidos, não é uma luta do Governo, porque a proposta nem é do Governo. A Secretaria de Direitos Humanos, com a sua alta qualificação técnica, é sim contra redução e dá elementos, muitos elementos. Ela tem estudos altamente gabaritados. De forma nenhuma esta é uma luta de Flamengo e Fluminense, de Grêmio e Inter, ou de partido do Governo contra a Casa, ou da Casa contra o Governo. Esta é uma luta plural, é uma luta da humanidade, é uma luta de dignidade! Vamos tentar nos entender, para não acontecer essa tragédia humana. Vamos passar informações, e os Deputados já as estão passando. Vamos conversar, vamos debater e não vamos permitir essa tragédia. Esta Casa tem o compromisso de aumentar os recursos no Orçamento de 2016 para o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo, porque sobre o dinheiro que tínhamos no passado, 150 milhões, não dá nem para comentar. Este é o compromisso que a Casa precisa ter. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Mauro Pereira) - Muito obrigado, Deputado Darcísio Perondi, do PMDB do Rio Grande do Sul.

Documento 69/143

134.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

01/06/2015-14:12

Publ.: DCD -

02/06/2015 - WADIH DAMOUS-PT -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES

128

DISCURSO

Sumário

Equívoco do aumento das penas para redução da violência. Precariedade do

sistema carcerário brasileiro. Natureza oportunista da proposta de

criminalização do uso de facas. Defesa de elevação dos investimentos em

educação para combate à criminalidade.

O SR. WADIH DAMOUS (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, alguns dos oradores que me antecederam, direta ou indiretamente, resvalaram ou tocaram em algumas das questões que eu rapidamente abordarei neste momento. Sr. Presidente, todos nós que moramos nas cidades brasileiras sabemos que a segurança pública é um problema dramático, é um problema da nossa sociedade, que precisa ser resolvido. Mas entendo que, ao longo de gerações, ao longo de anos, a tentativa de resolução desses problemas, do meu ponto de vista - não só do meu ponto de vista, mas do de muitos estudiosos, de muitos cidadãos, de muitas gerações -, vai por um caminho equivocado. Vai pelo caminho, Srs. Deputados, simplesmente do aumento da pena, do encarceramento, do punitivismo, chegando a um fenômeno que nós chamamos, Sr. Presidente, de populismo penal. Ou seja, o clamor social que se produz quando acontecem crimes de ressonância resvala sempre para o aumento da pena, para o punitivismo, para o encarceramento, e isso movido pelos mais diversos interesses, inclusive interesses eleitoreiros. Ultimamente, no Rio de Janeiro, vivenciamos uma tragédia. Um médico, um excelente médico, um médico preocupado com as questões sociais foi barbaramente assassinado na Lagoa Rodrigo de Freitas, e parece que o crime foi cometido por um adolescente. Logo vieram as vozes de sempre clamando por aumento de pena, por redução da maioridade penal e, agora, querem criminalizar o uso da arma branca, da faca, exigindo-se o porte de arma. Sr. Presidente, nós vivemos num país continental. O Brasil é um país cheio de contrastes, e nós sabemos que a faca, muitas vezes, é instrumento de trabalho. Nas áreas rurais, os trabalhadores usam o facão. Nas áreas urbanas, os trabalhadores, que vão com marmita para o trabalho, vão com garfo e faca. Como exigir porte de arma dessas pessoas, desses trabalhadores, que usam a faca ou o facão não como arma, mas como instrumento de trabalho? Se não tiverem porte de arma, estarão automaticamente criminalizados? Sr. Presidente, eu estou usando esse exemplo para mostrar que o problema é mais complexo do que o populismo penal quer nos fazer crer. Nós temos, hoje, a terceira maior população carcerária, Deputado Glauber, no mundo! Temos quase 600 mil pessoas encarceradas. A grande maioria são jovens, negros, favelados, que não têm oportunidade na vida, não têm oportunidade de educação e não têm os direitos básicos de cidadania. São quase 600 mil pessoas para 300 e

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poucas mil vagas, ou seja, o número de encarcerados é quase duas vezes maior do que o número de vagas que as nossas penitenciárias oferecem. Então, nós temos que abordar esses assuntos com a complexidade que eles merecem, do ponto de vista da cidadania e do humanismo, e não do ponto de vista do "puritivismo". Sr. Presidente, sei que este não é o espaço adequado, mas peço que seja dado como lido este discurso para posterior divulgação no programa A Voz do Brasil. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Mauro Pereira) - Muito obrigado, Deputado Wadih Damous, do PT do Rio de Janeiro. Sua solicitação será encaminhada.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a lamentável e trágica morte do médico Jaime Gold trouxe a relevo o sentimento humano da comoção e do inconformismo causado pela perda. Por evidente, a morte de ente querido nos causa dor profunda e até mesmo raiva, quando resultado de ação violenta. No entanto, existe uma indústria que se nutre das tragédias humanas para aumentar a audiência e a venda de jornais e revistas. Esses interesses, como se numa linha de produção estivessem, são captados de maneira vil por políticos que se aproveitam do estado de comoção causado pela massiva reprodução midiática para se apresentar ao eleitorado como verdugos legislativos. É aí que nasce o populismo penal. É bom que se diga que essa tem sido a tônica da ação legislativa nos últimos anos e que tal projeto falhou em absoluto. Desde a criação da Lei dos Crimes Hediondos, o que se vê é uma forma de tratar a segurança pública pelo viés da pena, na vã esperança de que seja a solução para os graves problemas que as sociedades complexas suscitam. Somos o terceiro País que mais encarcera e implementamos à risca o populismo penal. No entanto, a ocorrência de crimes e a violência não cessaram. Os dados do Departamento Penitenciário Nacional mostram que atualmente há 574.027 presos distribuídos em 317.733 vagas - quase duas vezes acima de sua capacidade. A maioria é negra ou parda, 61,68%, é analfabeta ou concluiu no máximo o primeiro grau, 68%, e cometeu crimes não violentos, como furto, tráfico de drogas e estelionato, entre outros, 51%. Um dos motivos para o gradual crescimento da população carcerária é o aumento dos presos provisórios, aqueles sem julgamento definitivo. Com relação aos presos provisórios, os dados do DEPEN apontam que 44% dos detentos estão nesta situação. O pior cenário está no Amazonas, Estado em que 71% dos presos provisórios aguardam pelo julgamento. Pesquisa feita pela Pastoral Carcerária e pelo Instituto Terra, Trabalho

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e Cidadania nos processos judiciais de pessoas presas na cidade de São Paulo concluiu que a primeira audiência entre o acusado e o juiz leva 109 dias, no caso de homens, e de 135, no de mulheres. Ou seja, durante quase 4 meses o acusado permanece preso sem sequer ser ouvido por um juiz, dependendo quase que exclusivamente da versão da polícia que o prendeu. Infelizmente é esse o quadro atual do sistema carcerário brasileiro. Após o trágico acontecimento da Lagoa veio à tona proposta para criminalizar o uso de facas. Mero oportunismo legislativo, pois o crime de roubo já prevê 20 anos de prisão para quem o comete com arma branca. A Lei das Contravenções Penais também pune a conduta. Ademais, temos um país com dimensões continentais, e muitos trabalhadores usam facas, facões e afins como instrumento de trabalho, o que traria problemas na aplicabilidade da lei. É preciso, portanto, superar o populismo penal e enfrentar a questão da violência com respostas políticas mais amplas e efetivas. Quando o Governador Leonel Brizola encampou a proposta de Darcy Ribeiro e Oscar Niemeyer e construiu os Centros Integrados de Educação Pública - CIEPs, revolucionando a educação no Brasil, foi duramente criticado pelos mesmos que agora se arvoram no viés punitivo. Essas crianças que hoje são levadas à prática de atos infracionais, porque carregam a desesperança de uma vida indigna de ser vivida, poderiam, em vez de prisão, ter aulas em período integral num CIEP, não fosse a falta de compromisso das elites com o seu povo. Entre a educação e a cadeia, está na hora de investirmos na primeira.

Documento 70/143

134.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

01/06/2015-14:20

Publ.: DCD -

02/06/2015 - ALAN RICK-PRB -AC

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Importância do debate pela Casa da proposta de redução da maioridade penal.

Defesa da rejeição do veto presidencial ao art. 9º do Projeto de Lei de

Conversão nº 1 à Medida Provisória nº 660, de 2014, sobre reajuste salarial dos

servidores da Superintendência da Zona Franca de Manaus - SUFRAMA.

O SR. ALAN RICK (Bloco/PRB-AC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no último dia 28 de maio, foi

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realizada audiência pública na Comissão Especial que trata do Estatuto da Família sobre a redução da maioridade penal, um dos temas mais importantes no debate político desta Casa e no debate com a sociedade brasileira. Sr. Presidente, ficou muito claro que há um anseio da sociedade brasileira, em que 87% do povo brasileiro clama pelo fim da impunidade em nosso País no que se refere à maioridade penal. Nós defendemos a tese, que também é defendida pelo Senador Aloysio Nunes, de que crimes graves têm que ter penas graves, penas duras, nem que para isso menores de 18 anos tenham que ser inseridos em instituições especiais para que possam pagar pelos seus crimes, pelos seus delitos. Então, nós entendemos que é importantíssimo esta Casa debater esse tema e levar à sociedade a resposta de que ela precisa. Outro assunto, Sr. Presidente. Estive no meu Estado este fim de semana, quando pude conversar com lideranças da SUFRAMA - Superintendência da Zona Franca de Manaus em greve. É de conhecimento de todos que a Medida Provisória nº 660, em seu art. 9º, no projeto de lei de conversão, trata do reajuste salarial da carreira dos servidores da SUFRAMA. Esse órgão tem sido alijado de todos os programas de recuperação de carreiras, em âmbito federal. A SUFRAMA é órgão importantíssimo para o desenvolvimento da Amazônia. Ela trabalha em três eixos: no industrial, no comercial e no do agronegócio, da agricultura. Nós precisamos valorizar os servidores da SUFRAMA. Eu clamo aos Deputados de todos os partidos para que derrubemos o veto da Presidência da República ao art. 9º da Medida Provisória nº 660, que versa sobre a reformulação da carreira dos servidores da SUFRAMA. Sr. Presidente, eu gostaria muito que esta Casa tivesse mais respeito com esses servidores. É bom que se diga, comecemos pela progressão funcional: para que um funcionário dos quadros da SUFRAMA possa alcançar o topo da carreira, deve passar por 20 padrões, o que pode levar 30 anos, segundo as normas atuais de progressão e promoção. O comum em todas as carreiras do serviço público é a existência de 10 a 12 padrões. O art. 9º do projeto de lei de conversão tentava corrigir essa distorção, muito nociva e desestimulante aos servidores daquela autarquia. No tocante à remuneração, Sr. Presidente, um ocupante de cargo de nível superior recebe, em final de carreira, 9.455 reais; um ocupante de cargo de nível médio recebe apenas 4.846 reais. Comparemos com as outras autarquias federais, Sr. Presidente, compulsando as remunerações dos servidores do Banco Central, da SUSEPE, PREVIC, ANAC, ANEEL, ANS, ANATEL, entre outras. Verificamos que há uma diferença que vai de 49% a 126% para os cargos de nível superior, e de 66% a 102% para os cargos de nível médio. Eu pergunto, então, se V.Exas. consideram justo profissionais que desempenham zelosamente suas atividades de grande valor e alto grau de complexidade perceberem remuneração tão inferior a seus colegas de outras autarquias. Não é justo, não é correto, não é direito, Sr. Presidente! Desse modo, não é à toa que tem havido enorme evasão de servidores

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da SUFRAMA para outros órgãos. A autarquia tem perdido seus melhores quadros, Sr. Presidente. No concurso de 2008, 40% dos candidatos classificados ou não aceitaram tomar posse, ou pediram exoneração. No último certame, realizado em 2014, esse índice foi de 20%, senhoras e senhores, com grande chance de elevar-se com o passar do tempo. Diante dessas considerações, creio que é nosso dever como Parlamentares, como representantes do povo, corrigir essa distorção, essa injustiça. Nós temos que pedir ao Poder Executivo, que não consegue manter sob controle a inflação, que volta a amedrontar e, enfim, extorquir o salário dos trabalhadores brasileiros, que não prejudique esses funcionários, e nós Deputados possamos vetar o dispositivo que viria a pôr fim nesse descompasso nos vencimentos da SUFRAMA. Vetemos esse dispositivo, lutemos pela SUFRAMA, lutemos pela Amazônia, pelo desenvolvimento regional e pelo desenvolvimento dos povos da Amazônia! Gostaria que este discurso fosse devidamente incluído nos Anais desta Casa, divulgado no programa A Voz do Brasil e fosse dado como lido. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Mauro Pereira) - Muito obrigado, Deputado Alan Rick. Eu quero comunicar que estamos recebendo, com muita honra, o Bispo D. José Moreira, da cidade de Januária, em Minas Gerais, acompanhado da nossa colega Deputada Raquel Muniz, do PSC de Minas Gerais. Seja bem-vindo, D. José Moreira! É um privilégio contar com sua presença nesta Casa.

PRONUNCIAMENTOS ENCAMINHADOS PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, no dia 28 do mês passado, foi realizada audiência pública com a finalidade de debater a PEC 171, de 1993, que reduz a chamada "maioridade penal", além de avaliar suas consequências para quem vier a ser atingido por essa alteração, bem como para as suas famílias, caso a proposta seja aprovada. Acredito ser esse um tema da maior importância, por suas implicações em uma questão muito grave, à qual tenho dedicado especial cuidado, na função de coordenador da Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família: o das ameaças sofridas atualmente por essa instituição, que constitui a base do tecido social. O mundo contemporâneo impõe uma série de desafios ao núcleo familiar tradicional, confrontando-o diariamente com mazelas como o abandono dos valores éticos, a violência generalizada, o consumo desenfreado de álcool e drogas, a desestruturação dos casais, o aumento dos casos de gravidez na adolescência. Permanentemente sob ataque, e cada vez mais fragilizada, a família encontra dificuldade para oferecer ambiente adequado ao desenvolvimento das crianças e

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contribuir na formação dos cidadãos. Quase já não consegue desempenhar os papéis que sempre lhe couberam, desde o início da civilização, de oferecer abrigo seguro e acolhedor a seus membros, de ensinar-lhes o respeito ao próximo e o comportamento adequado na sociedade, enfim, de prepará-los para a vida. Se não quisermos pôr em risco nosso futuro como nação, é urgente recuperar esse caráter original da entidade familiar, aliás, reconhecido pela própria Constituição Federal, que, em seu art. 226, declara: "A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado". Nesse sentido, a Frente Parlamentar em Defesa da Vida e da Família e eu, no exercício de meu mandato, continuaremos envidando esforços para garantir a efetividade da norma constitucional. Aproveito a oportunidade deste Pequeno Expediente para reafirmar nosso compromisso com a salvaguarda da família em sentido amplo, com a luta em prol de uma vida digna para todos os seus membros - crianças, adolescentes, homens, mulheres, idosos -, e com o estímulo a programas governamentais que lhes assegurem saúde, alimentação, moradia, educação, lazer, profissionalização, cultura. Com essa preocupação, subscrevi o requerimento para realização da audiência pública do dia 28 passado, que ensejou discussão muito proveitosa acerca da pertinência legal da redução da chamada "maioridade penal" para 16 anos. Na ocasião, várias dúvidas puderam ser esclarecidas, de modo a avançarmos no processo de formação de nosso juízo a respeito de tema tão polêmico. De um lado, por exemplo, a prática de atos infracionais por menores de idade tem colocado em cheque as diretrizes da doutrina de proteção integral à criança e ao adolescente, adotada pelo Estado brasileiro. De outro, todavia, muita incerteza ainda se manifesta quando tentamos antever as consequências da imputabilidade penal do maior de 16 anos para si próprio e para sua família. Será que as famílias atingidas por essa alteração do texto constitucional suportarão ver seus filhos menores misturados a criminosos mais experientes? Será que nossos presídios terão condições de ressocializar levas e levas de reclusos cada vez mais jovens? Para encontrarmos respostas a essas e outras relevantes perguntas, antes de votarmos a matéria, é indispensável continuar ouvindo especialistas, juristas, representantes de entidades envolvidas com o tema e todos aqueles verdadeiramente interessados em assegurar a defesa da família brasileira e de seus integrantes. Muito obrigado. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, retorno a esta tribuna para pedir o apoio dos colegas Parlamentares à derrubada do veto presidencial aposto ao art. 9º do projeto de lei de conversão da Medida Provisória nº 660, de 2014. O referido artigo é aquele que reajusta a remuneração dos servidores da Superintendência da Zona Franca de Manaus, a SUFRAMA, órgão essencial para o desenvolvimento da Região Norte do País, que desempenha suas funções com responsabilidade e competência.

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Com efeito, a ação da SUFRAMA compreende três eixos: comercial, industrial e agropecuário. O eixo industrial tem o seu centro em Manaus e é responsável pela atração de indústrias de alta tecnologia ao País, contando hoje com aproximadamente 600 indústrias, que geram meio milhão de empregos diretos e indiretos. O eixo comercial corresponde às áreas de livre comércio de Boa Vista e Bonfim, em Rondônia, de Tabatinga, no Amazonas, de Macapá e Santana, no Amapá, e de Guajará-Mirim, em Rondônia. Ao eixo agropecuário cabe a administração de diversos projetos agrícolas na região amazônica. Malgrado a sua importância, a SUFRAMA, que é autarquia vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, não é respeitada pelo Governo Federal. Parece-me, na realidade, que o Executivo nutre um sentimento de desprezo pela entidade e seus funcionários. Sim, porque ao cotejarmos a remuneração dos servidores da SUFRAMA com a dos servidores das demais autarquias federais, constatamos uma extraordinária diferença de valores. Comecemos pela progressão funcional. Para que um funcionário dos quadros da SUFRAMA possa alcançar o topo da carreira, deve passar por 20 padrões, o que pode levar 30 anos, segundo as normas atuais de progressão e promoção. O comum em todas as carreiras do serviço público é a existência de 10 a 12 padrões. O art. 9º do projeto de lei de conversão tentava corrigir essa distorção, que é muito nociva e desestimulante para os servidores daquela autarquia. No tocante à remuneração, um ocupante de cargo de nível superior recebe, em final de carreira, R$ 9.455,34. Um ocupante de cargo de nível médio recebe R$ 4.846,93. Comparemos então com outras autarquias federais. Compulsando as remunerações dos servidores do Banco Central, da CVM, SUSEP, PREVIC, ANA, ANAC, ANEEL, ANS, ANATEL, ANTAQ, ANTT, ANVISA, ANCINE, ANP, de acordo com os dados fornecidos pelo Ministério do Planejamento, verificamos que há uma diferença que vai de 49% a 126%, para os cargos de nível superior, e de 66% a 102% para cargos de nível médio. Eu pergunto, então, se V.Exas. consideram justo profissionais que desempenham zelosamente suas atividades, de grande valor e alto grau de complexidade, perceberem remuneração tão inferior a seus colegas de outras autarquias. Não é justo, não é correto, não é direito. Desse modo, não é à toa que tem havido enorme evasão dos servidores da SUFRAMA para outros órgãos e para a iniciativa privada. No concurso de 2008, 40% dos candidatos classificados ou não aceitaram tomar posse, ou pediram exoneração. No último certame, realizado em 2014, esse índice foi de 20%, com grande chance de elevar-se com o passar do tempo. Diante dessas considerações, creio que é nosso dever, como Parlamentares, como representantes do povo, corrigir essa distorção, essa injustiça. O Poder Executivo, que não consegue manter sob controle a inflação, que volta a amedrontar e extorquir o salário dos trabalhadores brasileiros, ainda trata de prejudicar os seus próprios funcionários ao vetar o dispositivo que viria a pôr fim a esse descompasso nos vencimentos dos servidores da SUFRAMA, que é incompatível com suas responsabilidades e com o produto de seu

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trabalho. Conto com V.Exas. para retirarmos o veto da Presidência da República.

Documento 71/143

134.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

01/06/2015-14:36

Publ.: DCD -

02/06/2015 - LEO DE BRITO-PT -AC

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Participação do orador no ato de entrega, pelo Governador do Estado do Acre,

Tião Viana, de títulos definitivos de propriedade a comunidades rurais no

Município de Tarauacá, Acre. Apresentação ao orador, pela cúpula da

Secretaria de Segurança Pública do Governo do Estado do Acre, de estudo

comparativo que relaciona a redução do número de homicídios com a vigência

do Estatuto do Desarmamento. Contrariedade à pretendida redução da

maioridade penal.

O SR. LEO DE BRITO (PT-AC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, cidadãos que nos ouvem pela Rádio Câmara e nos assistem pela TV Câmara, neste momento eu queria fazer o registro da última visita que fiz ao meu Estado, o Acre. Estive lá, no último sábado, acompanhando o Governador Tião Viana para a entrega de 350 títulos definitivos a comunidades rurais do Município de Tarauacá. Quero destacar esse trabalho que vem sendo feito pelo Governo do Acre na regularização urbana. Nos últimos 4 anos, tivemos 30 mil lotes urbanos regularizados e 3 mil lotes rurais que também foram regularizados. Todo mundo sabe da importância do acesso à propriedade, principalmente para as pessoas que mais necessitam. Quero destacar, Sr. Presidente, as reuniões importantes que tive com a cúpula da segurança do Estado do Acre e também com o movimento comunitário a respeito da segurança pública e da redução da maioridade penal, questões que estão sendo debatidas na Comissão Especial que trata da PEC nº 171, de 1993, da qual faço parte. Uma coisa me traz convencimento. Em primeiro lugar, nessa conversa com a cúpula da segurança, me foi passada a estatística de que, nesses primeiros 3 meses, o Estado do Acre, ao contrário dos outros 25 Estados e do Distrito Federal, está reduzindo o número de

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homicídios. O Secretário de Segurança, Dr. Emylson Farias, foi enfático ao dizer que isso se deve a um trabalho forte de inteligência e de combate às armas, um trabalho ostensivo relacionado às armas, ao contrário do que está acontecendo nos debates nesta Casa, eis que querem afrouxar, querem literalmente sepultar o Estatuto do Desarmamento. Em relação ao debate da maioridade penal, Sr. Presidente, eu tive a oportunidade de conversar, em outros momentos, com segmentos da juventude, e, agora, tive a oportunidade de conversar com o movimento comunitário e a cúpula da segurança pública. Eles estão convencidos, a partir de um debate que é feito com base em estatísticas e sem emoções, de que a redução da maioridade penal, na verdade, não vai reduzir a violência. Ela vai aumentar a violência, porque nós vamos entregar jovens que podem ser ressocializados ao crime que está nas penitenciárias. Nós sabemos que as penitenciárias ressocializam só em torno de 30%, enquanto o sistema socioeducativo, mesmo com os seus defeitos, mesmo com o SINASE - Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo não sendo implementado como deveria, mesmo com o próprio Estatuto da Criança e do Adolescente não sendo implementado como deveria, tem ressocializado em torno de 70% dos adolescentes. O Movimento Comunitário do Acre e a Cúpula da Segurança Pública do Acre têm convencimento de que a posição da ONU, expressada no dia 11 de maio, é a mais correta. O Movimento Comunitário do Acre e a Cúpula da Segurança Pública do Estado têm pleno convencimento de que nós precisamos fortalecer, sim, as políticas de segurança pública, as políticas públicas de oportunidades para a juventude; mas precisamos, fundamentalmente, garantir os princípios basilares da nossa Constituição - o princípio da prioridade absoluta à criança e ao adolescente e a proteção integral à criança e ao adolescente. E, nesse sentido, eu conclamo todos os partidos, corroborando com o que disse aqui o nosso ilustre colega, Deputado Darcísio Perondi: essa não é uma questão de partidos; é uma questão da sociedade. E não é porque a sociedade está clamando - porque está desinformada neste momento pelo sensacionalismo daqueles que ganham dinheiro à custa disso - que devemos tomar uma medida sem fazer uma reflexão aprofundada. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 72/143

135.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

01/06/2015-17:20

Publ.: DCD -

02/06/2015 - ORLANDO SILVA-PCDOB -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

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Sumário

Contrariedade à proposta de redução da maioridade penal.

O SR. ORLANDO SILVA (PCdoB-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, colegas Deputados, colegas Deputadas, eu venho a esta tribuna manifestar minha posição acerca de uma palavra que foi dita pelo Presidente Eduardo Cunha nas redes sociais no final de semana e reiterada hoje no Colégio de Líderes. Ele indica que, no próximo dia 25 de junho, trará ao plenário desta Casa a posição da Comissão Especial sobre a redução da maioridade penal. Colegas, considero que o Congresso Nacional tomará uma atitude muito grave se insistir nessa tese de reduzir a maioridade penal no Brasil. Primeiro, porque eu sustento a inconstitucionalidade dessa posição. Proponho aos colegas que voltem à Carta Magna e façam uma leitura combinada das garantias fundamentais, entre as quais os direitos individuais estão inscritos, com o art. 228, que fixa a maioridade penal aos 18 anos. Aliás, a maioridade penal é a única fixada no texto da Constituição, e, combinada com a garantia individual, é cláusula pétrea, que merece ser respeitada. Segundo, porque a redução da maioridade penal vai colocar o Brasil na contramão dos demais países, 70% dos quais têm a maioridade penal aos 18 anos. Terceiro, porque ela vai fazer com que o Brasil viole acordos e convenções internacionais de defesa dos direitos das crianças e da juventude. Quarto, porque vai colocar a nossa juventude nas verdadeiras masmorras que são as cadeias brasileiras e vai deixar um contingente maior de jovens à disposição do crime organizado no Brasil. Quinto, porque vai limitar o horizonte de parte importante da nossa juventude. Cerca de 1% dos jovens comete infrações que são crimes contra a vida, crimes hediondos. Mas os outros 99% dos jovens infratores em conflito com a lei serão submetidos às mesmas condições dos presos no sistema prisional que nós temos hoje. Portanto, pelo caráter inconstitucional e também pelo mérito da matéria, que viola a perspectiva de futuro de uma parcela enorme da juventude brasileira, sobretudo da mais pobre, aí incluída a negra, a redução da maioridade penal é uma violação a direito fundamental da nossa juventude. Esta Casa não pode cometer o erro de aprovar essa medida. Espero que o nosso Presidente reflita sobre a sua posição, reavalie a matéria e nem sequer a traga para o plenário. Nossa juventude precisa de alternativas saudáveis de ocupação do tempo livre - esporte, cultura -, precisa de educação digna, de qualidade, precisa de formação para o trabalho. O Brasil precisa dialogar com as famílias, estimular a formação de valores, a solidariedade, a fim de dar perspectivas para a nossa juventude, de oferecer-lhe alternativas e não cadeia.

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Sr. Presidente, eu pessoalmente vou começar a reforçar a campanha contra a redução da maioridade penal. Espero contar com o apoio dos colegas quando da votação da matéria, se ela acontecer, para que possamos derrotar mais essa violação aos direitos da juventude. Muito obrigado. O SR. PRESIDENTE (Moroni Torgan) - Obrigado, Deputado.

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135.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

01/06/2015-17:30

Publ.: DCD -

02/06/2015 - ALBERTO FRAGA-DEM -DF

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Defesa da redução da maioridade penal.

O SR. ALBERTO FRAGA (DEM-DF. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu queria parabenizar o Presidente Eduardo Cunha pela coragem, pelo desprendimento em colocar em plenário a votação da menoridade penal. Esta Casa não pode mais se acovardar e tampouco se omitir em um assunto tão sério, porque a população brasileira não suporta mais. Aliás, a quem defende essas "crianças", eu faço aqui um apelo no sentido de que adote algumas e as leve para casa. Eu quero citar aqui o caso do Piauí, onde quatro "crianças" estupraram e, como se não bastasse o estupro, arrancaram os bicos dos seios das meninas e, depois, as jogaram no precipício. Vejam o grau de crueldade dessas "crianças" defendidas por esse pessoal que não quer votar a questão da menoridade! Concluo dizendo que só não concordo com o Presidente Eduardo Cunha com relação à questão do referendo. Foi feito um referendo para que a população se manifestasse sobre a questão das armas: foram gastos 650 milhões, e isso não resolveu absolutamente nada. Sr. Presidente, se querem fazer um referendo para a questão da menoridade penal, vamos aproveitar para incluir outras causas, como, por exemplo, a questão da legalização da maconha e a questão do casamento gay. Vamos consultar a população, mas fazendo algo mais amplo e não um referendo para o qual nós já sabemos qual será a resposta: a sociedade quer o fim da impunidade vergonhosa do menor no nosso País.

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Obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Moroni Torgan) - Obrigado.

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135.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

01/06/2015-17:34

Publ.: DCD -

02/06/2015 - DELEGADO WALDIR-PSDB -GO

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Crítica aos defensores do Estatuto da Criança e do Adolescente contrários à

redução da maioridade penal no Brasil.

O SR. DELEGADO WALDIR (PSDB-GO. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o Presidente Eduardo Cunha disse que, nas próximas semanas, colocará em votação a redução da maioridade penal. Quero lembrar S.Exa. de que aqueles que são contrários à redução da maioridade penal dizem que o Estatuto da Criança e do Adolescente é fantástico. Eu acho estranho que, depois de 25 anos do ECA, até hoje ninguém tenha feito nada para implantá-lo. No entanto, agora, que nós vamos votar nesta Casa uma reivindicação de quase 90% da sociedade, algumas vozes se levantam. Sr. Presidente, eu quero saber onde estavam essas vozes, nos últimos 25 anos, que não fizeram o Estatuto funcionar. Nesta semana, eu me surpreendi com a Presidência da República, que disse ser contrária à redução da maioridade penal, porque nossos presídios estão lotados. Ora, se nós temos 2 bilhões no Fundo Penitenciário, por que não se constroem presídios? Nós não queremos colocar adolescentes misturados com adultos, não. Eles serão separados por idade e natureza do crime cometido, bem como colocados em locais especiais. Essa é a nossa pretensão. Temos que dar, Sr. Presidente, trabalho para quem quer trabalhar, estudo para quem quer estudar e cadeia para quem cometer crimes. Muito obrigado.

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135.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

01/06/2015-17:50

Publ.: DCD -

02/06/2015 - MAJOR OLIMPIO-PDT -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Repúdio ao homicídio de cidadãs paulistanas por menor de idade. Defesa da

redução da maioridade penal. Apoio à realização de referendo popular para

definição do limite de idade para imputação de menores.

O SR. MAJOR OLIMPIO (PDT-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero lembrar aos nossos colegas que, na última quinta-feira à noite, em São Paulo, tiraram do automóvel uma menina de 21 anos, Natália, e sua avó de 74 anos de idade e mandaram que ela e a avó se deitassem na rua, e um menininho de 16 anos de idade resolveu passar com o carro em cima da Natália e matá-la. Tenho ouvido aqui algumas barbaridades. Defensores de bandidos e de criminosos juvenis vêm dizer que nós queremos encarcerar coitadinhos. São bandidos! São criminosos! E quem faz a defesa de bandido boa coisa não é. Esta Casa vai votar a redução da maioridade penal, sim. O Presidente da Casa disse que vai colocar a matéria em votação. Vai ser votada, sim. E vamos fazer, no ano que vem, um referendo sobre se vai diminuir para 16 anos ou para 12 anos. O que não pode é a sociedade ficar com esse "coitadinho". Para alguns, é bom negócio ser defensor de coitadinho. (Desligamento automático do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Moroni Torgan) - Peço que encerre, Deputado. O SR. MAJOR OLIMPIO - Vejam, Sras. e Srs. Deputados, o que disse o maldito quando foi preso. Disseram-lhe: "Mas você passou com o carro em cima da moça!" E ele respondeu: "Agora já foi. Dane-se!" É o que eles querem para o povo brasileiro: dane-se. O SR. PRESIDENTE (Moroni Torgan) - Obrigado, Deputado.

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CD 01/06/2015-

18:00

Publ.: DCD - 02/06/2015 - ALBERTO FRAGA-DEM -DF

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

141

Sumário

Repúdio às críticas dos defensores da manutenção da maioridade penal contra

os Parlamentares apoiadores da redução do limite mínimo de idade para

imputação de criminosos.

O SR. ALBERTO FRAGA (DEM-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, esta é a grande questão: os nossos adversários no tema da idade penal fazem questão de distorcer o entendimento de todos nós. Eu acho que nenhum Parlamentar aqui quer colocar crianças na cadeia. Nós estamos falando aqui de bandidos que, por um acaso, tenham idade inferior a 18 anos. Nós estamos tratando, portanto, de bandidos. Ninguém quer botar crianças ou menores na cadeia, como acabou de dizer a Deputada que me antecedeu. Esta é a forma que eles encontram de desqualificar o debate: rotulando aqueles que pensam o contrário. E é por isso, Srs. Deputados, que o número de presos no País aumentou de 220 mil em 2003, no Governo Lula, para 320 mil. Por que ocorreu isso? Porque faltaram políticas públicas do Governo do PT. Vejam que a curva é muito cara! A população carcerária deveria crescer de forma lenta, vamos dizer assim, mas, no Governo do PT, por ano, de 30 mil a 40 mil presos aumentam a população carcerária. Por que isso? Por causa da certeza da impunidade. A polícia está prendendo, mas muita gente tem pena dos bandidos e os defende. Com isso, eu não quero desqualificar ninguém, ao contrário do que eles fazem, rotulando os que são a favor da redução da idade penal de bancada da bala. Àqueles que defendem o fim dessa excrescência no nosso ordenamento jurídico eles chamam de conservadores, de fascistas. É esse o debate que eles querem fazer? Nós não vamos nos acovardar, nós não vamos ficar calados. Essas pessoas defendem o status quo, mas, na hora do crime, na hora em que estão em perigo, correm e mudam de opinião. E nós vamos continuar com a nossa coerência. Repito, Sr. Presidente: o que nós queremos é colocar na cadeia um moleque, um vagabundo que corta a cabeça da mãe, que estupra a irmã e, depois, quando a polícia o prende, diz: "Fiz, está feito, e eu sei que não vai dar em nada para mim". É isto que a população brasileira não aceita mais: a convivência com essa passividade. A cada dia é um crime bárbaro. Agora, no Piauí, estupraram quatro meninas, arrancaram de uma delas os bicos dos seios, e depois as jogaram num precipício. Os santinhos tinham 16 anos de idade e várias passagens pela polícia. Portanto, Sr. Presidente, eu prefiro continuar com o meu discurso de coerência, e não de hipocrisia, como muitos fazem aqui. (Palmas.)

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135.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

01/06/2015-18:04

Publ.: DCD -

02/06/2015 - WADIH DAMOUS-PT -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Manifestação contrária à redução da maioridade penal no País.

O SR. WADIH DAMOUS (PT-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu sou advogado e, como advogado, defendo a ordem jurídica do Estado Democrático de Direito. Eu não defendo bandidos, não separo o mundo entre bandidos e homens de bem. O que se está defendendo nesta Casa é um retrocesso absoluto em relação ao processo civilizatório, caso a emenda que reduz a maioridade penal seja aprovada. Isso é um absurdo. Usam-se argumentos falaciosos, como o argumento da vingança e o argumento do ressentimento. Nós somos legisladores, não somos vingadores. Ninguém aqui passa a mão na cabeça de malfeitores. Todo mundo aqui se condói... (Desligamento automático do microfone.) O SR. WADIH DAMOUS - Mas nós não podemos aceitar retrocesso no processo civilizatório. Já que o Presidente da Casa anunciou que quer que se faça um referendo sobre a redução da maioridade penal, que se faça também um referendo sobre o financiamento empresarial das campanhas. (Palmas.)

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135.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

01/06/2015-18:06

Publ.: DCD -

02/06/2015 - KEIKO OTA-PSB -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

143

Sumário

Apoio à discussão sobre necessidade de aprimoramento da educação para

jovens no Brasil em paralelo ao debate sobre a redução da maioridade penal.

Defesa de aplicação e distribuição de maior volume de recursos públicos na

área de educação no País.

A SRA. KEIKO OTA (PSB-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, se estamos hoje discutindo a redução da maioridade penal, temos que contrabalancear essa possibilidade de redução com mais educação para os jovens do nosso País. Essas duas medidas devem caminhar juntas. A importância da educação no desenvolvimento de um país é inquestionável, e um dos aspectos fundamentais de um sistema de educação é exatamente a sua estrutura de financiamento. Penso que maior volume de recursos garante maior qualidade do ensino e atende a dois objetivos centrais: garantir um nível satisfatório de recursos por aluno, anualmente, para cada etapa de ensino; assegurar a igualdade de oportunidades a todos os alunos por meio de uma distribuição justa dos recursos. Devemos determinar as principais características e limitações do atual sistema e analisar onde ele é bem-sucedido em atender a essas metas. Com base nisso, vamos analisar com seriedade quais seriam os impactos da criação de um sistema de financiamento à educação básica completamente centralizado, incluindo os possíveis impactos da redistribuição dos recursos entre Governo Estadual, Capital e demais Municípios. Vamos avançar nesta discussão, pois nossos alunos precisam ser igualmente beneficiados por esses recursos! Muito obrigada.

Documento 79/143

135.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 01/06/2015-

18:08

Publ.: DCD - 02/06/2015 - DELEGADO WALDIR-PSDB -GO

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Congratulações à Presidência pela inclusão na pauta de proposição relativa à

redução da maioridade penal.

144

O SR. DELEGADO WALDIR (PSDB-GO. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero apenas parabenizá-lo por colocar em votação o projeto da redução da maioridade penal que está há mais de 23 anos paralisado nesta Casa. O pessoal está sentado em cima. Parabéns! V.Exa. é diferenciado! Por isso está sentado aí nessa cadeira! Parabéns, Sr. Presidente! O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Obrigado, Deputado.

Documento 80/143

136.1.55.O_3 Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

02/06/2015-09:12

Publ.: DCD -

03/06/2015 - ALIEL MACHADO-PCDOB -PR

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Necessidade de aprofundamento do debate sobre a redução da maioridade

penal.

O SR. ALIEL MACHADO (PCdoB-PR. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, subo a esta tribuna com a preocupação mais uma vez de ser colocado de supetão para a sociedade que nós vamos discutir a redução da maioridade penal. Acho de extrema importância o assunto, a sociedade espera uma resposta, nós temos grandes índices de violência no País, mas quem de fato tem responsabilidade, quem realmente está preocupado com a segurança brasileira sabe que esse não é um tema fácil de ser debatido e que fazer o discurso fácil não vai resolver o problema. Por isso, eu acho de extrema importância nós nos aprofundarmos, trazermos os dados verdadeiros e termos responsabilidade neste nosso voto, que não pode ser baseado no conservadorismo, tem que haver responsabilidade, repito, não só com esse grupo de jovens, mas com a Nação. Eu trarei em outra oportunidade mais dados para debater com afinco esse assunto importante para o País. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

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Documento 81/143

136.1.55.O_3 Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

02/06/2015-09:14

Publ.: DCD -

03/06/2015 - ELIZIANE GAMA-PPS -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Importância de oitiva com setores da sociedade especializados no tema da

redução da maioridade penal, para a votação consciente da matéria.

A SRA. ELIZIANE GAMA (PPS-MA. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, daqui a pouco esta Casa realizará audiência pública para discutir a temática da maioridade penal. Uma das participações será do UNICEF. Louvo a iniciativa de ouvi-lo. É necessário, no meu entendimento, neste momento de debate sobre a redução de maioridade penal, não fazer referendo, porque os dados apontam que mais de 90% da população brasileira quer a redução da maioridade penal. Então, isso já está claro. Nós precisamos ouvir as representações que têm conhecimento mais aprofundado para nos dar elementos e dados estatísticos que nos levem a uma avaliação concreta e real do que vai significar a redução da maioridade penal no Brasil. Portanto, eu queria trazer meus cumprimentos e dizer que nós precisamos fazer novas audiências nesse sentido antes de, de fato, colocarmos em votação essa proposta. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputada.

Documento 82/143

136.1.55.O_3 Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 02/06/2015-

09:34

Publ.: DCD - 03/06/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

146

Audiência da CPI Violência contra Jovens Negros e Pobres em Belo

Horizonte, Estado de Minas Gerais. Posicionamento favorável à redução da

maioridade penal.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero dizer, antes de iniciar meu pronunciamento, que na segunda-feira, dia 8, nós estaremos em Belo Horizonte com a CPI que apura a morte de jovens negros e pobres no Brasil. Sr. Presidente, estamos dando rumo à redução da maioridade penal, medida premente por que clamam a população brasileira, o Movimento Mães do Brasil, o Movimento dos Filhos Assassinados de São Paulo, do Rio de Janeiro e de outros Estados onde os menores estão campeando como verdadeiros infratores impunes ao assaltar, matar, estuprar e cortar cabeças. Aqui em Goiás, há pouco tempo, um menor com 17 anos, 364 dias e algumas horas, matou a namorada, filmou e colocou as imagens do crime nas redes sociais. Um crime dantesco, uma malvadeza. E ele, no vídeo, disse assim: "Eu não vou ser punido porque eu sou 'de menor'". Ia completar 18 anos dali a algumas horas. Houve também o caso de um menor que, aproveitando-se das brechas, dos buracos - aquilo era um buraco feito com retroescavadeira, mais do que um poço -, foi lá, matou e roubou. E há o caso daquele menor que matou um estudante em São Paulo. Ele ia completar 18 anos no dia seguinte e foi assaltar - foi latrocínio - o estudante, que passou o telefone celular para ele, mas mesmo assim ele engatilhou a arma e deu um tiro no rosto do estudante, que estava chegando a sua casa naquela hora. E há ainda o caso daquele outro que foi assaltado pelo menor e levou várias coronhadas na cabeça. O menor "limpou" o cidadão e, quando estava indo embora, ele fechou o portão na cara dele. Ele voltou e, porque o portão foi fechado na sua cara, deu-lhe um tiro na cabeça. E os pais assistiram a tudo pelo circuito interno. Eu gostaria que esse pessoal que é contra a redução da maioridade penal fosse lá conversar com esses pais, com uma mãe do Movimento Mães do Brasil, que teve o seu filho assassinado com 20 anos de idade, um estudante de Engenharia que estava se formando. Eu quero que esse pessoal converse com essa gente e não venha aqui contar lorota todos os dias, como tem feito, Sr. Presidente.

Documento 83/143

136.1.55.O_3 Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 02/06/2015-

10:02

Publ.: DCD - 03/06/2015 - JAIR BOLSONARO-PP -RJ

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Declarações de Carlos Eugênio Paz em entrevista à revista Veja sobre sua

atuação como integrante da Aliança Libertadora Nacional - ALN. Crítica a

opositores da proposta de redução da maioridade penal.

O SR. JAIR BOLSONARO (Bloco/PP-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, é a primeira vez que ocupo a tribuna tendo V.Exa. na condução dos trabalhos. É uma honra redobrada! No momento em que a Sra. Presidente da República, Dilma Rousseff, entra em campo com argumentos, com Ministros, com meios, para lutar contra a redução da maioridade penal, eu quero aqui dar um humilde depoimento, fazendo uma pequena leitura sobre o porquê de ela ser contra a redução da maioridade penal. Em entrevista à revista Veja, tendo em vista um livro que ele escreveu, vejam o que diz o Sr. Carlos Eugênio da Paz, grande amigo da Sra. Dilma Rousseff. Isso aqui não é matéria, é entrevista à revista Veja, em 31 de julho de 1996. Diz ele: "Marighella era um personagem fascinante. Argumentava, explicava e convencia. Foi o dirigente, mas não foi ele quem fez a luta armada. Fomos nós, garotos, gente com 18 anos ou menos. Na minha escola, recrutei um menino de apenas 14 anos. Nós queríamos agir, assaltar, dar tiro, fazer guerrilha". Em outro momento da entrevista do Sr. Carlos Eugênio da Paz, que é vivo e autor do livro cujo título é Memória do Terror, diz assim: "Eu tinha 17 anos quando participei da primeira ação. Assaltamos um cinema no Rio de Janeiro. Demos treze tiros no guarda que tomava conta da bilheteria". Vejam só que coincidência: 13 tiros! É o número do PT. Ou seja, se um menor de 14, 15, 16, 17 anos pegar em armas, assaltar, roubar, assassinar, justiçar, para o PT isso é bacana, isso é válido, mas quando um outro menor qualquer estupra, sequestra e mata nos dias de hoje, ele não sabe o que está fazendo. É a política do PT: pela causa tudo é válido, pode-se matar, sequestrar. Está aqui a nobre Deputada Benedita da Silva, que, pelo que sei, é contra a redução da maioridade penal também. Ela inclusive se comoveu outro dia, porque um menorzinho foi amarrado com uma tranca de motocicleta num poste, lá na Avenida Rui Barbosa, no Bairro do Flamengo. Ou seja, na rua dela, se houvesse isso, ela estaria dando pulos aqui, com toda a certeza. Mas é um direito da Deputada Benedita da Silva defender esses menores, afinal de contas, ela foi Governadora. No tempo dela, também existia crime de menores, mas nenhuma medida foi tomada. Sr. Presidente, lugar de menor vagabundo ou maior vagabundo é na cadeia. E para quem acha que não deve ser assim, basta esperar sair um desses marginais de uma FEBEM ou de uma Fundação Casa da

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vida - um estuprador, um homicida, etc. - e botar para trabalhar no seu gabinete, em cargo comissionado; não é preciso fazer concurso público, é só botar para trabalhar e estará dando o exemplo de que realmente a pessoa acredita na recuperação de menores.

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136.1.55.O_3 Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

02/06/2015-10:06

Publ.: DCD -

03/06/2015 - WASHINGTON REIS-PMDB -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Repúdio a declarações do Prefeito do Município de Duque de Caxias, Estado

do Rio de Janeiro, sobre existência de trabalho escravo mantido pelo tráfico de

drogas em área de disposição final de resíduos sólidos. Posicionamento do

orador contrário à aprovação da proposta de redução da maioridade penal.

O SR. WASHINGTON REIS (Bloco/PMDB-RJ. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, ontem, um telejornal do Rio de Janeiro, o RJTV, transmitido pela Rede Globo, veiculou uma reportagem do repórter André Trigueiro, na cidade de Duque de Caxias, em que ele mostrava os lixões clandestinos ali. E o Prefeito da cidade foi para a televisão pedir desculpas à população, porque aqueles lixões são comandados pelo tráfico, porque falta segurança pública, e disse que há 2 mil pessoas escravizadas pelo tráfico, fazendo ali aquela reciclagem. Mentira, Sr. Presidente! Vergonha, Sr. Presidente! Falta de capacidade e de respeito com o ser humano! Ali, há trabalhadores honrados, e nenhum deles é escravo do tráfico, muito menos está ali induzido. Estão ali em busca do seu sustento, em razão da omissão da Prefeitura de Duque de Caxias e do seu Prefeito. Quando fui Prefeito daquela cidade, Sr. Presidente, nós acabamos com o maior lixão do Brasil e um dos maiores do mundo, dando um tratamento ambiental correto para o lixo, criando o pedágio ambiental, retirando o gás e fornecendo para a planta da Refinaria Duque de Caxias, a REDUC, aproveitando aquele gás que era jogado na atmosfera, o metano, o CO2, com um tratamento pioneiro na questão ambiental. Então, Sr. Presidente, deixo aqui o meu repúdio. Lamento muito a atitude do Prefeito, pela infelicidade dele, pela mentira e pela incompetência. Ele não tem que pedir desculpas à população. Ele tem

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que fazer valer ali a administração pública, fiscalizando e não permitindo a degradação do meio ambiente. Para encerrar, Sr. Presidente, quero concordar com a nobre Deputada Benedita da Silva. Se o Governo não gasta 300 reais com a criança na creche, se o Governo não gasta 300 reais com a criança em projeto social, o Governo jamais gastará 2 mil reais com um garoto preso num presídio, ali vivendo, infelizmente, uma vida totalmente dominada pela criminalidade. Então, o Estado é falho, o Estado é omisso. Nós não temos que diminuir a maioridade penal, não. O Governo tem que fazer o seu dever de casa, os Governos em si, nos Municípios, nos Estados e na União. O Estado é falho, e nós temos que cuidar das nossas crianças. O maior exemplo é o Tigres do Brasil. Temos 800 crianças lá, indo todo dia para a escola de futebol. Ali ninguém é cooptado pelo tráfico, porque a presença social está ali, Sr. Presidente. Então, temos que acabar com essa demagogia e com essa hipocrisia de achar que criança tem que ficar entulhada em presídios.

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138.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 02/06/2015-15:30

Publ.: DCD -

03/06/2015 - JORGE SOLLA-PT -BA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Contrariedade à redução da maioridade penal. Necessidade de adoção de

políticas públicas destinadas ao afastamento de jovens da criminalidade.

Repúdio à tramitação célere de proposições de natureza conservadora,

discriminatória e limitadoras de direitos sociais e trabalhistas.

O SR. JORGE SOLLA (PT-BA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, povo brasileiro, nos últimos dias, Deputados têm vindo a esta tribuna para defender a redução da maioridade usando sempre da raiva, querendo que o Estado brasileiro transforme seu sistema penal em um mecanismo de vingança pura e simples. Não podemos, em pleno século XXI, na elaboração de normas, de leis, retornar ao período da lei de talião; do olho por olho, dente por dente, presente no Código de Hamurabi de 1780 antes de Cristo. Srs. Deputados, o Iluminismo e a Revolução Francesa, e isso há mais

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de 2 séculos, influenciaram a nossa Constituição, o nosso corpo jurídico e todo o Ocidente. Recomendo que voltem a ler Montesquieu, Rousseau, se leram, e os teóricos do Iluminismo para entender que, ao criar leis, temos a obrigação de ser racionais; de domar, nas leis, o sentimento de vingança. Hoje, aqui, para dialogar contra esses argumentos do ódio e da vingança, não vou nem evocar os direitos humanos ou o Estatuto da Criança e do Adolescente. Devemos cumprir nosso papel parlamentar de legislar com racionalidade. Temos hoje uma grande epidemia de violência em todo o País, não resta dúvida. Os crimes praticados por maiores e menores assustam pela violência e pela frequência com que ocorrem. Nessa situação nós temos o dever de pensar em medidas para reduzir a violência e preservar vidas. Está na pauta desta Câmara a redução da maioridade penal. É eficiente? Claro que não. A experiência mundo afora tem mostrado que não. Nos 54 países que reduziram a maioridade penal, não se registrou uma redução da violência. Colocaram adolescentes infratores na cadeia, mas essa punição não inibiu que outros adolescentes cometessem crimes. O fracasso dessa política levou países como a Alemanha e a Espanha a voltarem atrás e elevarem a maioridade. Nos Estados Unidos, apenas 9 dos 50 Estados têm maioridade inferior a 18 anos, e quem optou por reduzir já percebeu que não deu certo. Os dados de nosso País também apontam que essa política pode ser um grande tiro no pé. É verdade que, infelizmente, temos hoje milhares de adolescentes no crime. É obrigação do Estado puni-los e, principalmente, evitar que eles voltem a cometer crimes. A punição, senhores, arrefece a violência; arrefece, na família das vítimas, o sentimento de vingança, mas é a recuperação desses indivíduos que vai garantir que outras famílias não chorem. Se desistirmos desses jovens, não tenho dúvida de que, aqui no Brasil, os índices de violência vão crescer ainda mais. Estamos falando em entregar de bandeja nas mãos dos grandes traficantes de drogas, que comandam os presídios e a violência, 32 mil adolescentes por ano. Alguém aqui pode dizer que esses adolescentes não são inocentes, que já estão no meio do crime matando e roubando. Menos de 3% dos internados nas fundações de recuperação de menores cometeram crimes hediondos, incluindo homicídios, latrocínios, estupros, extorsão, sequestro. Senhores, 97% são trombadinhas, literalmente, que em geral não conseguem se reinserir na sociedade e deixar de delinquir, mas que, se forem jogados num presídio, não terão a menor chance. Enquanto no sistema de internamento de adolescentes a reincidência em crimes caiu de 29% para 15% nos últimos 10 anos, no sistema prisional a reincidência - pasmem! - é de 80%. A redução da maioridade não irá reduzir a violência e pode vir a aumentá-la. Srs. Deputados, rejeitar a redução da maioridade penal não quer dizer que não devemos discutir esses problemas, mas devemos pensar em alternativas. Nosso sistema de internação de adolescentes hoje já possibilita uma reinserção social grande, mas pode e deve melhorar muito. Temos que pensar políticas para retirar os

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jovens do ambiente de violência. No nosso Brasil de hoje, 0,5% dos crimes hediondos são cometidos por menores, mas são os jovens as principais vítimas da violência: 82 jovens morrem por dia no Brasil, um verdadeiro extermínio! A taxa de homicídios de adolescentes de 17 anos é de 55,6 mortes a cada 100 mil habitantes. A chance de um adolescente morrer é duas vezes e meia maior do que a chance média da população brasileira. Quem mais morre vítima da violência no Brasil são os jovens pretos pobres do sexo masculino. Este grupo não pode ser coletivamente visto como algoz, na medida em que é a principal vítima. Quero aqui também repudiar a estratégia deste Parlamento de dar celeridade à tramitação de várias matérias que implicam perda de direitos. É uma verdadeira "pauta bomba", que retira direitos dos trabalhadores, dos cidadãos brasileiros. O que temos ouvido aqui nesta Casa é o interesse de votar vários projetos prejudiciais o quanto antes. Devemos ficar atentos e não permitir que essa pauta de retrocesso continue ameaçando o nosso País. Já foi aprovado o Projeto de Lei nº 4.330, de 2004, o da terceirização ampla, geral e irrestrita. Querem acabar com o programa Mais Médicos por meio de um projeto da Liderança do PSDB, que não se cansa de atacar essa grande conquista para a saúde em nosso País. Há, nesta Casa, tentativas de se acabar com o Estatuto do Desarmamento. A Proposta de Emenda à Constituição nº 451, de 2014, de autoria do Presidente Eduardo Cunha, praticamente acaba com o SUS que conhecemos hoje se vier a ser aprovada. O SR. PRESIDENTE (Vitor Valim) - Deputado, V.Exa. já teve o seu tempo prorrogado em 1 minuto. Eu vou prorrogar o seu prazo por mais 30 segundos. Os outros Deputados estão me cobrando que eu cumpra rigorosamente o Regimento. V.Exa. tem 30 segundos para terminar o seu pronunciamento. O SR. JORGE SOLLA - Vou concluir. Como dizia, a PEC 451, de autoria do Presidente Eduardo Cunha, praticamente acaba com o SUS que conhecemos hoje. Ela muda a Constituição, transferindo, quase completamente, do Estado para o empregador o dever de garantir o acesso à saúde. Será o paraíso dos planos de saúde, e o resultado na saúde pública será devastador. Só aqueles que são a favor do financiamento das campanhas eleitorais com recursos privados, inclusive com recursos dos planos de saúde, podem defender uma emenda à Constituição como a PEC 451.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, povo brasileiro, nos últimos dias, colegas Deputados vieram a esta tribuna para defender a redução da maioridade usando sempre da raiva, querendo que o Estado brasileiro transforme seu sistema penal num mecanismo de vingança pura e simples. O que me surpreende é que muitos destes Deputados são delegados, militares de alta patente, gente que estudou Direito,

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estudou História e deveria ter noção dos princípios que regem a nossa Constituição e nossa República. Não cabe a nós o papel de vingadores da população, sob pena de incorrermos, em pleno século XXI, na elaboração de normas que nos levam ao período da lei de talião (olho por olho, dente por dente), presente no Código de Hamurabi de 1780 antes de Cristo. Srs. Deputados, o Iluminismo e a Revolução Francesa, e isso já tem mais de 2 séculos, influenciaram a nossa Constituição, nosso corpo jurídico e o de todo o Ocidente. Recomendo que voltem a ler Montesquieu, Rousseau e os teóricos do iluminismo para entender que, ao criar leis, temos a obrigação de sermos racionais, de domar nas leis os sentimentos da população. Hoje, aqui, para dialogar contra estes argumentos do ódio e da vingança, eu não vou evocar os diretos humanos nem o Estatuto da Criança e do Adolescente. Não estou aqui para defender ou ter pena de nenhum jovem que cometeu crimes, mas para alertar que devemos cumprir nosso papel parlamentar de legislar com racionalidade. Temos hoje o grande problema da epidemia da violência em todo o País. Os crimes praticados por maiores e menores assustam pela violência e pela frequência com que ocorrem. Nessa situação, nós temos o dever de pensar medidas para reduzir a violência, preservar vidas. Está na pauta da Câmara a redução da maioridade penal. É eficiente? A experiência mundo afora diz que não. Nos 54 países que reduziram a maioridade penal, não se registrou redução da violência. Os adolescentes infratores foram postos na cadeia, mas essa punição não inibiu que outros adolescentes continuassem a cometer crimes na mesma intensidade de antes. O fracasso dessa política levou países como Alemanha e Espanha a voltarem atrás e elevarem a maioridade para 18 anos. Nos Estados Unidos, somente 9 dos 50 estados tem maioridade inferior a 18 anos, e quem optou por reduzir já percebeu que não deu certo. No Texas - um dos estados mais conservadores do país - querem elevar de 17 para 18 anos; Nova Iorque e Carolina do Norte também seguem este caminho. Os dados de nosso País também apontam que esta política pode ser um grande tiro no pé. É verdade que, infelizmente, temos hoje milhares de adolescentes no crime, e é obrigação do Estado puni-los e, principalmente, evitar que eles voltem a tirar a vida de nossa população. A punição arrefece na família das vítimas o sentimento de vingança, mas é a recuperação desses indivíduos que vai garantir que outras famílias não chorem. Se ampliarmos a punição apenas para saciar o sentimento maior de vingança e desistirmos desses jovens, não tenham dúvidas de que aqui no Brasil os índices de violência vão crescer ainda mais. Estamos falando em entregar de bandeja, nas mãos dos grandes traficantes que comandam os presídios, 32 mil adolescentes por ano. Alguém aqui pode dizer que esses adolescentes não são inocentes, que já estão no meio do crime, matando e roubando a vontade. Não é

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verdade. Apenas 3% dos internados nas fundações de recuperação de menores cometeram crimes hediondos (homicídio, latrocínio, estupro e extorsão mediante sequestro). Os outros 97% são trombadinhas, que em geral conseguem se reinserir na sociedade e deixar de delinquir, mas que se forem largados num presídio não terão essa chance. No sistema de internamento de adolescentes a reincidência em crimes caiu de 29% para 15% em 10 anos. No sistema prisional, a reincidência é de 80%. Com estes dados fica claro que a redução da maioridade é um remédio errado que vai matar o paciente. Em vez de reduzir a violência, vamos aumentar. E tudo isso só para satisfazer o sentimento de vingança. No fim, quem sofre não são só os adolescentes, que perdem a oportunidade de se reinserir na sociedade, mas todos nós, que teremos estes adolescentes de volta à ruas muito mais violentos. Serão filhos deste sentimento de vingança. Srs. Deputados, rejeitar a redução da maioridade penal não quer dizer que não devamos discutir este problema, mas devemos pensar em alternativas. Nosso sistema de internação de adolescentes hoje já possibilita uma reinserção social grande, mas pode melhorar muito. Temos que pensar políticas para retirar os jovens do ambiente da violência. No nosso Brasil de hoje, apenas 0,5% dos crimes hediondos foram cometidos por menores, mas são os jovens as principais vítimas da violência. São 82 jovens que morrem por dia no país. No Brasil, a taxa de homicídio por 100 mil habitantes para adolescentes de 17 anos é de 55,6. A chance de um adolescente morrer é duas vezes e meia maior que a chance da média da população brasileira. Nossa juventude precisa ser cuidada para evitar que tenhamos que puni-la. Quero aqui também repudiar a estratégia deste Parlamento de dar celeridade a tramitação de matérias de perda de direitos. Há uma verdadeira "pauta bomba", que retira direito dos trabalhadores e dos cidadãos brasileiros, como o Projeto de Decreto Legislativo nº 1.408, de 2013, que foi aprovada ontem na Comissão de Desenvolvimento Econômico. A matéria suspende a NR-12, a norma de segurança e saúde do trabalho com máquinas e equipamentos, que prevê regras de segurança que devem ser seguidas por todas as indústrias. A quem interessa retirar essas normas? Tem também o projeto da bancada da bala, que quer acabar com o Estatuto do Desarmamento; tem o do PSDB, que quer acabar com o Mais Médicos, programa que chega a 63 milhões de brasileiros; já aprovaram o Projeto de Lei nº 4330, de 2004; retiraram a obrigatoriedade do rótulo dos transgênicos. Outro projeto, a Proposta de Emenda à Constituição nº 451, de 2014, do Deputado Eduardo Cunha, praticamente acaba com o SUS que conhecemos hoje. Ele muda a Constituição transferindo quase que completamente do Estado para o empregador o dever de garantir o acesso à saúde. É o paraíso dos planos de saúde e o resultado para a saúde pública é devastador. Se essa PEC for aprovada, teremos um SUS cambaleante, sem recursos financeiros, de baixa qualidade para os que não podem pagar pela saúde - os pobres, desempregados, aposentados, viúvas, órfãos. O resto da população empregada terá acesso a planos privados, mas

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de categorias diferenciadas conforme for o salário. Não acreditem que o plano de saúde de um diretor de empresa será o mesmo da faxineira. Esta proposta fere o princípio da isonomia e o da igualdade no acesso à saúde resguardado na Constituição. Já o Projeto de Lei nº 4.973, de 2013, do Deputado Jutahy Junior, quer acabar com o regime de partilha da exploração do pré-sal, entregando a maior parte de nossas riquezas para companhias estrangeiras. Se for aprovado, esqueçam aquele debate que foi feito aqui sobre dinheiro do pré-sal para educação e saúde. Fora esses projetos ainda há os de cunho religioso, que esquecem que este Estado é laico. Há Comissão Especial, por exemplo, para acelerar o Projeto de Lei nº 6.583, de 2013, conhecido como Estatuto da Família, que define família como um "núcleo social formado a partir da união entre um homem e uma mulher" e pode acabar com o casamento gay, uma conquista que temos hoje em nosso País pela interpretação do Supremo de nossa Constituição. Há projeto também que transforma o aborto em crime hediondo, com prisão para a mulher e para o médico por até 20 anos; há o que impede que a mulher estuprada interrompa a gravidez nos primeiros dias; há até o Dia do Orgulho Heterossexual. O que ouvimos aqui na Câmara é o interesse de colocar para votar todos eles de uma vez só, o quanto antes. Devemos ficar atentos para esta pauta de retrocessos que ameaça o nosso País!

Documento 86/143

138.1.55.O Sessão Não Deliberativa de Debates -

CD 02/06/2015-

16:09

Publ.: DCD - 03/06/2015

- JAIR BOLSONARO-PP -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

GRANDE EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Relação entre a participação da Presidenta Dilma Rousseff no aliciamento de

menores para a luta armada contra os governos militares e o seu

posicionamento atual contra a redução da maioridade penal. Defesa de

aprovação de proposta de emenda à Constituição relativa à redução da

maioridade penal.

O SR. JAIR BOLSONARO (Bloco/PP-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, a imprensa tem noticiado que a Sra. Dilma Rousseff, Presidente da República, entra em campo contra a redução da maioridade penal. Eu quero fazer um paralelo entre o fato de ela

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estar ao lado de menores bandidos hoje e a atividade de uma de suas organizações criminosas no tocante ao aliciamento de jovens em escolas nos anos 60 e 70. Há um livro cujo título é Viagem à Luta Armada, escrito pelo Sr. Carlos Eugênio Coelho da Paz, que deu uma entrevista à revista Veja, na seção Páginas Amarelas, intitulada Memória do terror. Quando a Veja quer ajudar, assim mesmo atrapalha o PT. Segundo a revista, ele é o único comandante vivo da Aliança de Libertação Nacional - ALN, e lançou livro em que conta como assaltava bancos, roubava carros e matava durante a luta armada. Bem, assaltar bancos está no currículo de Dilma Rousseff, mas vamos fazer o paralelo com o fato de ela ser contra a redução da maioridade penal. Durante a entrevista - inclusive, isso consta do livro dele -, diz o Sr. Carlos Eugênio: "Eu tinha 17 anos quando participei de minha primeira ação. Assaltamos um cinema no Rio de Janeiro. Demos treze tiros no guarda que tomava conta da bilheteria." Treze é um número fatídico: o número do PT. Mais adiante, ele diz: "Era um grupo de garotos do Colégio Pedro II, no Rio de Janeiro, estabelecimento que, na época, era modelo da educação pública do país, onde estudavam jovens da elite mais tradicional." Ele reconhece que a educação pública no regime militar era de excelente qualidade; não era esse lixo, essa porcaria que o PT hoje dá à população brasileira. Continua ele: "Ali o Partido Comunista tinha sua célula, e nós formamos um grupo de fogo com garotos. Recrutei um menino, que, na época, tinha só 14 anos. Imagine: 14 anos e falando em guerrilha. O Marighella costumava dizer que nós éramos seus meninos". Hoje, os meninos da Dilma, por analogia, são esses bandidos, menores, com 16, 17 anos, que estão aterrorizando o cidadão de bem aqui no País. "Num dos mais conhecidos colégios particulares do Rio, o Andrews, você tinha tanto filho de milionário como gente que acabou indo para o lado do Carlos Lamarca, da VPR." Concluindo, Sr. Presidente, no passado, havia em nosso País a VPR - Vanguarda Popular Revolucionária, a VAR-Palmares - Vanguarda Armada Revolucionária-Palmares, o COLINA - Comando de Libertação Nacional, etc. No presente, temos o PCC - Primeiro Comando da Capital, o ADA - Amigos dos Amigos, o CV - Comando Vermelho e o PCP - Primeiro Comando do Paraná, todo mundo amigo do PT! Esse cidadão aqui que escreveu o livro, o Carlos Eugênio da Paz, para que não haja dúvida, pelos seus atos com 10 anos de idade - por ter dado 13 tiros num pobre cobrador de ingressos de cinema e por ter arrebanhado crianças de 14 anos de idade para a luta armada, crianças decentes -, foi indenizado, em 2010, com 577 mil reais, e ganha, desde aquela época, por mês, sem Imposto de Renda, 4.037 reais. Ou seja, onde tem bandido - não interessa se é menor ou maior

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de idade - o PT está lá. O PT está lá! O PT é expert nesse assunto. Eu peço aos colegas aqui da Casa que, por ocasião da votação da PEC sobre a redução da maioridade penal, votem favoravelmente à redução. Vamos mostrar para o PT que bandido, maior ou menor, é bandido, e lugar de bandido é na cadeia, como já há alguns petistas na Papuda. Assim sendo, obrigado pela oportunidade, Sr. Presidente. E vamos à redução da maioridade penal! O SR. PRESIDENTE (Vitor Valim) - Deputado Jair Bolsonaro, na Presidência, eu tenho que me tornar o mais isento possível, mas estou-me acostando ao pronunciamento de V.Exa., e estamos juntos na Comissão que trata sobre a redução da maioridade penal, que é uma questão de justiça para com a sociedade brasileira. Então, quero parabenizar seu pronunciamento esperando que assim possa fazer esta Casa.

Documento 87/143

139.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 03/06/2015-14:18

Publ.: DCD -

04/06/2015 - EDINHO BEZ-PMDB -SC

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Apoio à redução da maioridade penal.

O SR. EDINHO BEZ (Bloco/PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, meus colegas Parlamentares, uso a tribuna nesta oportunidade para falar sobre a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Nós não podemos aceitar que a situação continue como está. O nosso Código Penal é de 1940; está arcaico, atrasado, e os jovens daquela época eram diferentes dos jovens de hoje. Nós entendemos que precisamos reduzir a maioridade penal e recuperar o menor num presídio específico. Pergunto: por que o louco não anda nas ruas? Porque ele ameaça a segurança das pessoas. Então, independentemente de idade, todo cidadão que ameaça a segurança de alguém que está caminhando na rua, que está trabalhando em uma loja, não pode andar na rua; tem que ser tirado do convívio da sociedade. Com o louco é assim: ele é preso. Qual o nome do presídio do louco? Hospício.

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Nós temos que criar também um presídio específico para os menores, para recuperar o menor lá na prisão com, por exemplo, aula pela manhã; à tarde, se ele tiver talento para futebol, entrará numa escolinha de futebol, se ele tiver talento para música, estará estudando música; e assim sucessivamente. É a maneira que nós temos de recuperar o menor, e não como está. Eu escuto essa história de políticas públicas há 12, 20 anos aqui! Não existe! Há um provérbio chinês que diz: "Para caminharmos mil passos, temos que dar o primeiro". A redução da maioridade de 18 para 16 anos é o primeiro passo para recuperar a segurança nas ruas. Eles são poucos; não são muitos, não. Por isso, nós precisamos retirar esses menores dessa vida de infrator, recuperá-los, dar-lhes a educação devida e, no dia em que estiverem recuperados, retorná-los ao convívio da sociedade. Era o que tinha a dizer, Sr. Presidente.

Documento 88/143

139.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 03/06/2015-16:27

Publ.: DCD -

04/06/2015 - LUIZ COUTO-PT -PB

CÂMARA DOS DEPUTADOS

COMUNICAÇÕES PARLAMENTARES

COMUNICAÇÃO PARLAMENTAR

DISCURSO

Sumário

Manifestações de juristas contra a proposta de emenda à Constituição relativa à

redução da maioridade penal. Texto do policial militar paraibano e ativista

político Astronadc Pereira de Moraes em repúdio à tentativa de

desestabilização do Governo Dilma Rousseff por setores oposicionistas.

O SR. LUIZ COUTO (PT-PB. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, farei um breve relato da posição de alguns juristas quanto à redução da maioridade penal. Para eles, a redução da maioridade penal, aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania e agora na Comissão Especial para analise do mérito, é um debate que se encontra fora de foco. Essa medida é a expressão de um "populismo penal" e, com certeza, não reduzirá a criminalidade. Muitos advogados - mesmo os que consideram a proposta constitucional - consideram que o debate jurídico sobre a redução da maioridade penal no Brasil é classificado como fora de perspectiva, consideram que não existe relação entre a redução da maioridade penal e a queda da criminalidade. Muitos consideram a medida inconstitucional. O mais importante é que, enquanto não houver educação, saúde e emprego suficientes, não se pode avaliar se a

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maioridade penal será de 18 ou 16 anos. Para o ex-Ministro do Tribunal Superior Eleitoral Torquato Jardim, a redução da maioridade penal é a ponta menos relevante da criminalidade no Brasil. O ex-Presidente do Supremo Tribunal Federal Sepúlveda Pertence considera inconstitucional essa redução. Sua tendência é concluir que a medida fere cláusula pétrea e, assim, é insuscetível de emenda constitucional. Afirma que, se for aprovada, com certeza a discussão chegará ao Supremo. Para o Constitucionalista André Mendes, professor da Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas, não há duvida de que uma mudança na legislação vigente não reduzirá a criminalidade, e acrescenta: "É humano que as pessoas fiquem indignadas por crimes cometidos por menores, mais isso não é regra. Essa medida é populismo penal em que o legislador aposta numa saída simbólica que pode não resolver o problema concreto". Já o jurista Claudio Pereira de Sousa Neto, Secretário-Geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, tem uma posição clara sobre a medida da redução: ele a considera inconstitucional. Para ele, a sociedade não está realizando suas tarefas, é negligente com sua educação e quer resolver os problemas sociais com punição. Já o jurista Claudio Pereira de Souza Neto, Secretário-Geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, tem uma posição clara sobre a medida da redução: ele a considera inconstitucional. Para ele, a sociedade não está realizando suas tarefas, é negligente com a educação e quer resolver os problemas sociais com punição. Sr. Presidente, é importante realizar um debate mais profundo sobre a redução da maioridade penal, pois ele pode retirar a máscara dos que são a favor da redução da maioridade penal e revelar a hipocrisia dos que apostam na cultura da morte, da violência e do poder das armas. Tenho certeza de que, com esse debate, podemos convencer muitos da parcela da sociedade brasileira que ainda teima em querer resolver a problemática da violência reduzindo a maioridade penal. Nesta Casa existe uma bancada que acha que se tem mesmo que acabar com aqueles cometem infrações. Essa é a cultura da morte, da vingança. Acham que são esses adolescentes, crianças e jovens os responsáveis, mas eles são as maiores vítimas, e já conseguimos provar isso aqui. Quando um policial mata outros, eles reagem dizendo que isso não é verdade. Mas os fatos estão aí. Sr. Presidente, quero aproveitar para registrar um texto produzido pelo Policial Militar Astronadc Pereira de Moraes, da Paraíba, formado em psicologia e também ativista político. Ele inicia seu texto com a seguinte pergunta: "Quem gostaria de voltar ao passado e viver no Brasil de 12 anos atrás?" Pereira relata que: "O País da concentração de renda, da total exclusão social e da instabilidade é um país que também necessita relembrar como estavam as estruturas do Estado nas décadas anteriores e como viviam os brasileiros". Assim, ele escreve: "Em toda a sua preponderância, a Oposição tenta desqualificar o Governo petista e promete 'sangrar o Governo até o Brasil tornar-se

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ingovernável'. Tal fato demonstra bem que o palanque eleitoral da Oposição não foi desfeito, e o resultado das eleições provocou feridas narcísicas na Oposição política. Oposição esta incapaz de sensibilizar-se com os interesses sociais dos brasileiros". Ele ainda comenta que: "Após a derrota do PSDB, nas últimas eleições para Presidente, a Oposição ensaiou um golpe, mas sua - inválida - tentativa era um suicídio político. Afinal, se o impeachment valesse hoje para Dilma, valeria amanhã para qualquer um da Oposição. Propagaram um impeachment à Presidente, mas, por não ter consistência jurídica e política, desistiram. O que a Oposição, agarrada na sua mais 'baixa insanidade', irá tentar novamente?". Para Pereira: "A Oposição incentiva setores reacionários a pedir o impeachment da Presidenta sem mesmo ela ter sido acusada formalmente, nem tampouco ter sido processada e condenada. A Oposição tenta a todo custo inviabilizar os trabalhos do Congresso Nacional numa jornada contra o Governo da Presidenta Dilma, contra o Partido dos Trabalhadores e contra a democracia". Ele ainda afirma que: "A Oposição costuma usar a seguinte expressão: 'Vamos sangrar o Governo até as eleições de 2018.' A partir dessa sangria, a Oposição deseja tornar o Brasil ingovernável e promover o desmantelamento do projeto popular democrático em construção no País, projeto este conduzido pela Presidenta Dilma e idealizado pelo Partido dos Trabalhadores e pela Esquerda". Por fim, conclui: "Sangrar o Governo é sangrar o Brasil. Os brasileiros não podem ficar parados frente a essa Oposição irresponsável e sem projeto para o País. A Paraíba, o Nordeste e o Brasil não aceitarão a tentativa da Oposição de sangrar o Brasil, nem tampouco um golpe contra o Estado Democrático de Direito. Querem matar os brasileiros por inanição política? Querem sangrar o Brasil apenas para que a Oposição se vingue da derrota nas últimas eleições?". Sr. Presidente, quero parabenizar o Policial Militar Astronadc Pereira de Moraes, da Paraíba, uma pessoa que tem a consciência de que o Brasil precisa avançar e de que não podemos ficar agora intentando golpes. A luta por direitos é uma luta que o Brasil precisa encarar. O PT vem fazendo sua parte contra as víboras do suposto golpe de Estado. Sr. Presidente, peço que a meus pronunciamentos seja dada publicidade pelos meios de comunicação da Casa, bem como pelo programa A Voz do Brasil. O SR. PRESIDENTE (JHC) - Agradeço ao Deputado Luiz Couto.

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143.1.55.O Sessão Não Deliberativa de Debates -

CD 09/06/2015-

14:38

Publ.: DCD - 10/06/2015

- ALBERTO FRAGA-DEM -DF

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Artigo Maioridade penal - As esquerdas odeiam os números e a lógica. Ou:

Agora ninguém quer ser o pai dos números falsos de Dilma, de autoria de

Reinaldo Azevedo, disponibilizado pelo sítio eletrônico da revista Veja.

O SR. ALBERTO FRAGA (DEM-DF. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu queria dar como lido um artigo do Reinaldo Azevedo que trata da maioridade penal e cujo título é: Maioridade penal - As esquerdas odeiam os números e a lógica. Ou: Agora ninguém quer ser o pai dos números falsos de Dilma. No artigo, ele comenta que o Governo alega que menos de 1% dos crimes é cometido por adolescentes, mas o jornal Folha de S.Paulo, num artigo muito bem fundamentado, desmente toda essa falácia que o Governo, sem argumentos, sem fatos consistentes, joga na mídia para confundir a ideia do povo brasileiro. Graças a Deus, o artigo vem em bom momento. Eu faço questão de que ele conste dos Anais desta Casa e seja divulgado no programa A Voz do Brasil. O SR. PRESIDENTE (Delegado Edson Moreira) - Seu pedido será atendido, nobre coronel.

ARTIGO A QUE SE REFERE O ORADOR

Maioridade penal - As esquerdas odeiam os números e a lógica. Ou: Agora ninguém quer ser o pai dos números falsos de Dilma A Folha deste domingo trouxe uma evidência sobre a qual já escrevi muitas vezes. O Brasil não sabe quantos homicídios - ou crimes hediondos, mais amplamente - são cometidos por menores. O governo se opõe à redução da maioridade penal de 18 para 16 anos alegando que menos de 1% dos assassinatos é cometido por pessoas abaixo de 18. É chute e mentira. Como a polícia identifica menos de 10% das autorias - apenas 8% -, de onde saiu aquele dado? A própria presidente Dilma o citou e atribuiu a conta ao Ministério da Justiça. Este diz que é do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, que, por sua vez, nega que o tenha produzido. Pronto! Está desmoralizada mais uma daquelas verdades incontestáveis das esquerdas, fundadas sobre o nada!!! Lembram-se do tempo em que se sustentava que morriam 200 mil mulheres por ano no Brasil em decorrência do aborto? Esses dados falsos chegaram a ser levados para a ONU pela ministra das Mulheres,

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Eleonora Menicucci. Informação: as mortes são pouco superiores a mil. Não quer dizer que sejam irrelevantes. Quer dizer que não são 200 mil. No livro "O Retrato", editado pela primeira vez em 1962 e reeditado recentemente pela editora Três Estrelas, o jornalista Osvaldo Peralva (1918-1992) narra o ódio que a velha-guarda stalinista do PCB tinha aos números - geralmente, estes negavam suas teses. Se Luiz Carlos Prestes escrevia, sob as ordens de Moscou, que o Brasil estava regredindo à condição de colônia, pouco importava que os dados demonstrassem o contrário. Tratava-se, na cabeça dos dinossauros, apenas de um desvio burguês. Aliás, recomendo vivamente o livro. A esquerda continua odiando os números e os dados. E defende seus preconceitos como se fossem sabedoria universal. A própria reportagem da Folha faz um trajeto curioso. Informa, sim, como se vê, que o governo chuta um número inexistente, mas resta evidente o viés crítico àqueles que propõem a redução da maioridade penal, já que estariam a defender uma tese no escuro. Será? Ora, para que se chegasse a uma estatística confiável, convenham, seria necessário que a eficiência da polícia aumentasse brutalmente na apuração das autorias. Como isso pode levar décadas, tudo ficaria como está. Mas esperem: o jornal traz informações preciosas, e todos os números a seguir se referem a assassinatos com autoria conhecida: nos Estados Unidos, menores respondem por 7% das ocorrências. Na Inglaterra e País de Gales, por 18%; no Uruguai, por 17%. Pergunta óbvia: por que, no Brasil, as autorias nessa faixa etária estariam em menos de 1%? De resto, essa estatística, que agora ficou sem pai nem mãe, nega a realidade mais evidente. Segundo dados do Distrito Federal, menores de 18 anos respondem por 30% dos homicídios com autoria conhecida; no Ceará, por 30,9%; no Maranhão, por 15,2%. Faltam dados, mas Sim, faltam dados no país para que tenhamos um retrato fiel do que está em curso. Falta uma polícia mais eficiente na investigação que possa produzi-los. Mas nada disso é motivo para que não se reduza a maioridade penal e não se aumente o tempo de internação dos menores de 16 que praticarem crimes hediondos. A experiência internacional, mesmo em países com um número muito menor de ocorrências, indica a alta frequência de assassinos juvenis. No Brasil, por fatores vários, as porcentagens devem ser maiores do que nos países citados. Não! Essa medida, por si, não "resolve" o problema da violência. Aliás, lançar tal questão é de uma desonestidade intelectual escandalosa. Não há "uma medida" para pôr fim ao problema; nem duas nem três. Nem dez. Trata-se apenas de não deixar na rua, impune, um assassino, depois dos quase nunca cumpridos meros três anos de internação. A vida humana tem de valer um pouco mais do que isso. O pacote O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB-SP), patrocinou em 2013 um projeto que ampliava o tempo de internação, de três para oito anos, do menor que pratica crime hediondo. Foi bombardeado pelo

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PT. Agora, os companheiros parecem buscar se ancorar em Alckmin para que essa proposta tome o lugar da redução da maioridade penal. Tomara que o tucano não caia no truque. Já escrevi aqui e reitero que as duas medidas - ou mais - são necessárias: redução da maioridade de 18 para 16 e ampliação do tempo de internação para os menores de 16 que cometerem homicídios e outros crimes hediondos. Também se pode agravar a pena de quem aliciar adolescentes para o crime. Essas medidas compõem um pacote contra a impunidade e em favor da segurança. "Ah, mas vai resolver?" Resolver o quê, cara-pálida? A violência não tem uma solução. Ela pede combate. Se combatida com eficiência, diminui. E sempre será eficiente manter um assassino trancafiado. Por Reinaldo Azevedo

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144.1.55.O Sessão Extraordinária - CD 09/06/2015-17:34

Publ.: DCD - 10/06/2015 - VITOR VALIM-PMDB -CE

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES

BREVES COMUNICAÇÕES

DISCURSO

Sumário

Incoerência do discurso proferido por Deputado do PT sobre Cuba. Registro da

maioridade penal vigente no país vizinho, aos 16 anos.

O SR. VITOR VALIM (Bloco/PMDB-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, vou tentar ser breve. Um Deputado petista que me antecedeu na tribuna da Câmara dos Deputados elogiou o modelo cubano. Disse que lá tudo funciona, que tudo é maravilhoso na saúde e na educação e que lá não existe o debate sobre a redução da maioridade penal. Ora, Sr. Presidente, os petistas são a favor da democracia, mas eu acho que só da democracia de Cuba, porque, quando contrariam seus interesses, eles não querem debate nem discussão. Voltando a Cuba, o petista estava aqui se vangloriando dos investimentos bilionários naquele país, esquecendo-se do nosso País. Ele dizia que lá se investe em educação para não se falar em redução. Mas é bom que se diga a esse Deputado que ocupou a tribuna que lá a maioridade penal é aos 16 anos. Sr. Presidente, não existe bem maior do que a democracia e a liberdade, coisas que não há naquele país tão defendido pelo petista. Muito obrigado.

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144.1.55.O Sessão Extraordinária - CD 09/06/2015-17:42

Publ.: DCD - 10/06/2015 - WEVERTON ROCHA-PDT -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS ORDEM DO DIA COMO LÍDER

DISCURSO

Sumário

Sugestão à Presidência de encerramento da sessão e adiamento do debate sobre

votação de recursos constantes da pauta. Preocupação com a possível inclusão

na pauta da Casa da Proposta de Emenda à Constituição nº 171, de 1993, que

trata da imputabilidade penal do maior de 16 anos. Importância da

continuidade dos trabalhos da Comissão Especial da Redução da Maioridade

Penal, antes da apreciação da matéria pelo Plenário.

O SR. WEVERTON ROCHA (PDT-MA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, quero cumprimentar todos os colegas Deputados e V.Exa., que está aqui, brilhantemente, exercendo a sua função de Presidente em exercício. Eu quero lhe fazer um pedido e trazer um apelo não só do PDT, mas, tenho certeza, de vários partidos, porque nós estamos caminhando para o mesmo resultado de terça e de quarta-feira passadas. Claro que eu não poderia fazer uma acusação leviana, mas está na cara que o Presidente Eduardo Cunha deixou esta confusão para V.Exa. a fim de que nós não votássemos nada enquanto ele não voltasse. Esta é a verdade! Então, como o Presidente deixou esta confusão aqui, nós temos dois caminhos: o primeiro é V.Exa. encerrar a sessão e esperar o Presidente voltar, à noite ou amanhã de manhã, e, então, nós começarmos os trabalhos. Isso economizaria tempo, e nós poderíamos cuidar das Comissões e das nossas atividades Parlamentares. O segundo é V.Exa. abrir o painel, e nós já sabemos aonde vai dar - não é preciso saber o resultado, na hora em que o DEM e o PT concordam com a mesma matéria. Ou seja, não vai a lugar algum, e nós também não vamos votar, e vai ser tudo obstruído. Então, eu gostaria de fazer este apelo a V.Exa., para que nós pudéssemos encerrar esta sessão e esperar o Presidente retornar, à noite, para que pudéssemos, amanhã, na reunião de Líderes, organizar a pauta da quarta e da quinta-feira, para podermos produzir. Repito: o Presidente deixou esta casca de banana para V.Exa. para que nós não avançássemos. E, por falar em casca de banana, quero alertar o Plenário para que não se repita o que aconteceu com a reforma política - eu estou falando sobre o tema da redução da maioridade penal. Fomos surpreendidos, no final de semana retrasado, quando, pelo Twitter, o Presidente

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anunciou que iria trazer para votação do Plenário a PEC 171. Sr. Presidente, faço um apelo para que S.Exa. respeite os trabalhos da Comissão Especial da Redução da Maioridade Penal. Agora que foram realizadas 12 audiências públicas, das quase 65 aprovadas que nós temos que realizar. Pouco mais de 20 sessões foram realizadas. Podemos realizar até 40 sessões. Não estamos aqui discutindo o mérito da PEC agora. Ela tem um mérito sério, trata de uma assunto importante, que vai mexer, sim, com a vida da família brasileira. Senão, vejamos: dentro da Comissão, precisamos avançar para saber em que vai impactar diretamente a redução da maioridade penal, Deputado Orlando, no que se refere às bebidas alcoólicas. Nós precisamos saber do impacto em relação às leis de trânsito. Nós precisamos saber desse impacto nas leis trabalhistas. Nós precisamos discutir o impacto no crime de exploração sexual, por exemplo. Não se trata apenas de discutir a redução da maioridade penal para jovens infratores. Nós estamos falando de diversos impactos, do efeito dominó que virá a acontecer, caso essa lei seja aprovada. Então, não dá para o Presidente trazer o tema de forma açodada para este Plenário, assim como foi feito com a reforma política. Ele sabe que muita coisa não aconteceu aqui porque os Deputados se sentiram atropelados, os Deputados se sentiram desrespeitados, a partir do momento em que ele encerrou uma Comissão e trouxe a matéria para cá, nomeou um Relator ad hoc e fez do jeito que quis. Não deixe, Sr. Presidente, o Presidente Eduardo Cunha fazer isso, porque, se fizer, ele não só vai estar atropelando este Plenário, como, mais uma vez, vai estar afirmando para nós que quer mudar o nome desta Casa de "Câmara dos Deputados" para "Câmara do Presidente", e isso eu não vou permitir, nem os demais Deputados, porque ele chegou aqui graças ao voto, e nós também. Todos nós fomos eleitos Deputados Federais, tivemos a outorga do povo brasileiro para discutir aqui as matérias de forma democrática. Portanto, eu encerro a minha fala fazendo um apelo a V.Exa. Ulysses Guimarães já dizia que esta Casa é a Casa do entendimento, do acordo. Encerre esta sessão; chame os Líderes para a sua sala; vamos conversar e tentar buscar um entendimento para que possamos produzir, e não fingir que vamos trabalhar, porque está na cara que não vai dar em nada esta sessão!

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146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

10/06/2015-14:08

Publ.: DCD -

11/06/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES

165

DISCURSO

Sumário

Expectativa de votação da proposta de emenda à Constituição sobre redução da

maioridade penal no Brasil.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, estamos num ano de mudanças. Assim como foram mudadas a Câmara e parte do Senado, vamos mudar também as leis, principalmente a relativa à redução da maioridade penal. O Relator vai apresentar o relatório na Comissão Especial nesta semana, e, até o dia 25, segundo promessa do Presidente, a votação da proposta, que é muito importante, será colocada em pauta. Com a redução da maioridade penal, principalmente para os crimes hediondos, espero que acabem o ateamento de fogo em dentistas, os assassinatos, os roubos, os latrocínios, os sequestros e a cooptação de menores infratores pelo crime organizado. Muito obrigado, Sr. Presidente.

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146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

10/06/2015-14:20

Publ.: DCD -

11/06/2015 - MISAEL VARELLA-DEM -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Apoio à proposta de redução da maioridade penal no Brasil como meio de

salvaguarda da família, célula básica da sociedade.

O SR. MISAEL VARELLA (DEM-MG. Pronuncia o seguinte discurso.) - Boa tarde, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados. Sabemos que a juventude de hoje será o amanhã do Brasil e do mundo. A redução da maioridade penal, ora em pauta, representa apenas o primeiro passo para salvarmos toda uma geração da criminalidade. Com efeito, o Estatuto da Criança e do Adolescente

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acabou por transformar parte significativa de nossa juventude em bucha de canhão de bandos criminosos. A meu ver, o mais importante nessa matéria são ações preventivas, como o fortalecimento da família, pois a educação vem do berço. Nesse sentido, uma súplica de fieis católicos do mundo inteiro - materializada num abaixo-assinado a ser dirigido ao Papa Francisco - vem repercutindo na imprensa nacional e internacional. Recente despacho da France-Press noticia que mais de 225 mil pessoas, incluindo 4 cardeais e 22 bispos, já assinaram essa petição em defesa da família. O abaixo-assinado, em forma de petição, que vem sendo estimulado pelo Cardeal americano Raymond Leo Burke, foi idealizado em janeiro de 2015, tendo em vista o sínodo - reunião de bispos - sobre a família, a se realizar, no Vaticano, no próximo mês de outubro. Aqui no Brasil, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira tem colaborado para o bom êxito dessa filial súplica. Pelo texto do documento, pode-se notar a preocupação manifesta de seus signatários: "Tendo em vista o Sínodo sobre a Família de outubro de 2015, dirigimo-nos filialmente a Vossa Santidade, para Lhe manifestar as nossas apreensões e esperanças sobre o futuro da família. Nossas apreensões se devem ao fato de virmos assistindo há décadas a uma revolução sexual promovida por uma aliança de poderosas organizações, forças políticas e meios de comunicação, a qual atenta passo a passo contra a própria existência da família como célula básica da sociedade. Desde a chamada Revolução de 68, sofremos uma imposição gradual e sistemática de costumes morais contrários à Lei natural e divina, tão implacável que torna hoje possível, por exemplo, ensinar em muitos lugares a aberrante 'teoria do gênero', a partir da mais tenra infância". Sr. Presidente, o nosso empenho em aprovarmos a PEC da redução da maioridade penal visa não apenas a redução da criminalidade entre nós, mas sobretudo salvaguardar a instituição da família, fundamento da sociedade de hoje e de amanhã. Solicito a V.Exa., Sr. Presidente, autorize a divulgação do meu pronunciamento no programa A Voz do Brasil e nos meios de comunicação desta Casa. O SR. PRESIDENTE (Deputado Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado. V.Exa. será atendido.

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146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 10/06/2015-

14:32

Publ.: DCD - 11/06/2015 - VALMIR ASSUNÇÃO-PT -BA

CÂMARA DOS BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

167

DEPUTADOS DISCURSO

Sumário

Solicitação por juristas brasileiros do arquivamento de proposta de emenda à

Constituição relativa ao financiamento empresarial de campanhas eleitorais.

Repúdio a manobras para imediata inclusão na pauta da Proposta de Emenda à

Constituição nº 171, de 1993, que altera a redação do art. 228 da Constituição

Federal sobre a imputabilidade penal do maior de 16 anos.

O SR. VALMIR ASSUNÇÃO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho aqui falar da redução da maioridade penal. E trato desse assunto porque o Presidente desta Casa disse que vai colocá-lo em votação. A sociedade organizada deste País espera que essa PEC seja arquivada. Todos os argumentos que se utilizam aqui nesta Casa são no sentido de que os adolescentes são os responsáveis pelos crimes, pela violência no Brasil. Isso não é verdade. Não é verdade. Os dados têm mostrado que menos de 1% da violência ou dos crimes que ocorrem em todo o País são cometidos por adolescentes. Podemos até debater esse assunto aqui, sem dúvida nenhuma, mas não utilizando o argumento de que os adolescentes são responsáveis pelos assassinatos, ou pelo crime, ou pela violência no nosso País. Na verdade, os jovens deste País são vítimas. A maioria dos jovens, sobretudo os negros, das periferias das cidades grandes, é assassinada. Essa é a grande verdade. Sr. Presidente, dados comprovam que temos a terceira maior população carcerária do mundo - e tínhamos a quarta. Diante do que estamos vendo, a tendência é, cada vez mais, aumentar a população carcerária. Setenta por cento daqueles que vão para presídios reincidem no crime. Vinte por cento dos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas voltam a cometer crimes. Ou seja, está comprovado que temos, cada vez mais, de aperfeiçoar instrumentos que permitam dar oportunidade aos nossos jovens e não tirá-los das medidas socioeducativas e jogá-los nos presídios. Se nós fizermos isso, estaremos cometendo um grande erro com os nossos adolescentes. No Brasil, a partir dos 12 anos de idade, de certa maneira, uma criança já é penalizada por atos que vier a praticar. Há seis medidas educativas que se aplicam aos adolescentes de 12 aos 21 anos. Portanto, são 9 anos que uma criança ou um adolescente pode cumprir de medidas educativas. Sr. Presidente, nós precisamos fazer esse debate de forma séria. Não podemos transferir para os adolescentes a responsabilidade pelos crimes - não podemos. Devemos lembrar que este País tem uma dívida muito grande para com os nossos adolescentes. Precisamos ter escola de tempo integral neste País. É isso o que temos de votar, é isso que temos de fazer. Precisamos, cada vez mais, criar oportunidades para os nossos jovens e não colocá-los na cadeia, Sr. Presidente.

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O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, parece que esta Casa está virando especialista em manobras. E justamente para abafar as movimentações acerca do financiamento privado para partidos políticos, do golpe aqui proferido, querem colocar em pauta a discussão sobre a redução da maioridade penal. Alguns Parlamentares até sugeriram um consulta à população, um plebiscito sobre isso. Seria ótimo, inclusive, um plebiscito também para tratarmos da reforma política e assim perguntarmos à população se ela quer que empresas, que não possuem nenhum direito cidadão, comprem as eleições no Brasil de forma institucionalizada. Essa semana, centenas de juristas, entre eles Cezar Britto, Fábio Konder Comparato, Celso Antonio Bandeira de Mello e Dalmo de Abreu Dallari, assinaram um manifesto pedindo o imediato arquivamento da PEC do financiamento empresarial das campanhas eleitorais. O manifesto ressalta: "A influência do poder econômico sobre a política é absolutamente incompatível com a Constituição Federal, em cujo cerne residem princípios como a república, a democracia e a igualdade. Se a PEC vier a ser aprovada, a desigualdade e a corrupção invadirão a esfera constitucional, e o preceito vigorará como um corpo estranho na Constituição Republicana e Democrática do Brasil". Acrescentam os juristas: "A defesa da institucionalidade democrática demanda o pleno respeito ao ordenamento jurídico, ganhando relevo a observância do 'devido processo legislativo' fixado no próprio texto constitucional. A votação ocorrida no dia 27 violou as regras instituídas no inciso I e no § 5º do artigo 60 da Constituição Federal, que norteiam o processamento das Propostas de Emenda Constitucional. A Carta da República não autoriza que a matéria seja rediscutida senão no ano seguinte, e uma nova PEC, tanto quanto a anterior, deveria ser assinada por, no mínimo, 1/3 dos Deputados. São normas que impedem que a alteração do texto constitucional se converta em uma trivialidade cotidiana da vida parlamentar. Se a Constituição é norma superior, sua alteração deve ocorrer apenas por meio de um procedimento responsável e democrático." Mas vamos debater a redução. Quero aqui repudiar essa tentativa de alguns Parlamentares de impulsionar projetos, como a PEC 171/93. Argumentos, todos falaciosos, precisam ser desconstruídos. O que querem aqui é criminalizar a juventude brasileira, principalmente a juventude negra, e isso é um atentado não só aos direitos da criança e do adolescente, mas também ao conjunto dos direitos humanos. É uma grande mentira que não existe lei punitiva para crianças e

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adolescentes em conflito com a lei. Não só existe como é tratado de forma especial diante do caráter em formação das crianças e adolescentes. O Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA prevê 6 tipos de medidas educativas: advertência, obrigação de reparar o dano, prestação de serviços à comunidade, liberdade assistida, semiliberdade, podendo ficar até 9 anos sob essas medidas e até mesmo interno durante 3 anos. Mas a lei precisa ser cumprida, e isso significa o investimento em espaços socioeducativos, não o aumento da população carcerária do Brasil, que está à beira de um colapso, sendo a terceira maior do mundo. O ingresso antecipado nos atuais espaços prisionais, ao contrário, aumentará os mecanismos de reprodução da violência. Segundo dados, as taxas de reincidência nas penitenciárias são de 70%, enquanto no sistema socioeducativo estão abaixo de 20%. Estamos falando de crianças e adolescentes, seres humanos em processo de transição para a vida adulta. Nesse momento são firmados caráter e consolidada a personalidade. Segundo a nossa Constituição, é responsabilidade do Estado garantir a proteção, a educação desta parte da população. Os casos de infração que envolvem crianças e adolescentes são minoritários em relação ao conjunto da população jovem. Até junho de 2011, o Cadastro Nacional de Adolescentes em Conflito com a Lei, do Conselho Nacional de Justiça, registrou ocorrências de mais de 90 mil adolescentes. Desses, cerca de 30 mil cumprem medidas socioeducativas. O número corresponde a, apenas, 0,5% da população jovem do Brasil. Querem transformar a exceção em lei geral, e isso é o mesmo que lavar as mãos com relação às nossas crianças e adolescentes. Está mais que provado em diversos estudos que reduzir a maioridade penal não reduz a violência. De acordo com o UNICEF, a experiência de redução da maioridade penal nos Estados Unidos é mal sucedida. Os jovens que cumpriram pena nas penitenciárias retornaram mais violentos para a sociedade, não culpabilizados de forma a não reincidir em crimes. Se o objetivo é educar para não mais cometer crimes, qualquer proposta de redução da maioridade penal se torna anacrônica. A maioria dos países do mundo adota a mesma idade de responsabilidade penal que o Brasil, até mesmo por que essa é uma recomendação de organismos internacionais que tratam do tema. Enquanto colocam esta pauta como um anseio social, as crianças e adolescentes estão morrendo no Brasil. Só em 2010, foram 8.686 crianças e adolescentes assassinadas, uma média de 24 por dia. Dados da Organização Mundial de Saúdo ainda dizem que, no Brasil, acontecem 13 homicídios para cada 100 mil crianças e adolescentes, número até 150 vezes maior que em muitos países como Espanha, Inglaterra e Portugal. Devemos atingir a causa da violência que envolve crianças e adolescentes, e não há outra saída senão o investimento pesado em educação e a garantia dos direitos básicos, como alimentação, moradia e saúde. Devemos ter coragem de enfrentar esse problema histórico,

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não jogá-lo para debaixo do tapete. Sr. Presidente, solicito a V.Exa. que autorize a divulgação deste pronunciamento no programa A Voz do Brasil e nos demais meios de comunicação da Casa. Muito obrigado.

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146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

10/06/2015-14:42

Publ.: DCD -

11/06/2015 - BOHN GASS-PT -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Contrariedade a proposta de emenda à Constituição relativa à redução da

maioridade penal.

O SR. BOHN GASS (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente Claudio Cajado. Desenvolvo em meu pronunciamento tema referente à redução da maioridade penal. As pessoas que são a favor da redução da maioridade penal dizem o seguinte: "É preciso colocar o jovem infrator na cadeia; esta é a solução". O problema é que esse argumento está furado. Por que está furado? Porque 70% das pessoas que saem da cadeia voltam ao crime e viram criminosos profissionais. Então, isso não é a solução. Outras pessoas dizem que quem defende a manutenção sem a redução está defendendo bandido. Também não é verdade, porque ao colocar um adolescente na cadeia e torná-lo mais criminoso, está-se fazendo exatamente a função de melhorar a bandidagem. Então, precisamos de outras medidas. Devemos debater com seriedade o assunto sem ilusões.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, a redução da maioridade penal até pode parecer uma boa medida para reduzir a violência, mas não é. Não vou falar de números, porque, como dizia o ex-Deputado Roberto Campos, economista ortodoxo que muitos aqui seguiram, "não se pode

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confundir o farfalhar da espuma com a energia da onda". É isso: o que move esse projeto é a embalagem, não o conteúdo. E quando digo que parece solução é porque o raciocínio dos que defendem essa proposta é superficial demais: cometeu crime, vai para a cadeia. E fim! Ora, se o índice de reincidência nas cadeias é de 70%, cadeia não é fim, senhoras e senhores, cadeia é recomeço, e recomeço de criminalidade. Então, sabendo disso, não podemos, em sã consciência, dizer ao povo que botar na cadeia resolve alguma coisa. Infelizmente, hoje é o contrário: quanto mais gente na cadeia, mais crime! Meu apelo, então, é para que façamos uma reflexão interna que seja responsável, consequente, profunda, verdadeira. Chega a ser curioso: quem toma uma posição como a minha, contra a redução da maioridade penal, geralmente é acusado de ser defensor de bandido. Pois eu digo: defensor de bandido é quem mente para os brasileiros e as brasileiras votando a favor de uma medida que vai lhes dar a ilusão de que a bandidagem vai diminuir, quando, na verdade, vai aumentar. Reduzir a maioridade penal não significa respeitar a dor das vítimas e de seus familiares, mas, sim, mentir para essas vítimas e para seus familiares, dizendo-lhes que todos irão para a cadeia. Só que não se diz tudo: que esse que hoje vai para a cadeia, amanhã voltará para a rua pior, cometendo crimes ainda mais violentos e aumentando muito mais a dor de vítimas e de familiares. Votar "sim" a este projeto é vender uma ilusão ao povo. E o futuro, senhoras e senhores, não se constrói com ilusões.

Documento 96/143

146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

10/06/2015-15:06

Publ.: DCD -

11/06/2015 - KEIKO OTA-PSB -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Apoio à redução da maioridade penal no Brasil em conjunto com projetos de

promoção da educação.

A SRA. KEIKO OTA (PSB-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, a aprovação da Proposta de

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Emenda à Constituição nº 171, da redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, vai gerar um grande impacto positivo na sociedade, vai combater a sensação de medo e pavor que está instalada na sociedade, reflexo dos crimes cometidos por esses jovens criminosos. Essa medida é também uma forma de as pessoas buscarem justiça, pois tira essa sensação de impunidade que impera no nosso País. Mas tenho a consciência de que somente a aprovação deste projeto não nos traz solução. É preciso mais escolas, educação e uma cultura de paz, que deve ser instalada nesta sociedade. Não se trata de uma vida ou muitas vidas, a questão é que todas as vidas merecem ser vividas, e ninguém tem o direito de acabar com a vida de ninguém. Esse assunto é consenso na maioria da sociedade e ele está esgotado, ponto final. Agora, mais do que nunca, precisamos discutir e votar este tema e, além disso, votar projetos que promovam mais educação, cultura de paz e mais qualidade de vida, para o futuro de todas as nossas crianças. Muito obrigada.

Documento 97/143

146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

10/06/2015-15:50

Publ.: DCD -

11/06/2015 - MIGUEL LOMBARDI-PR -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Boas-vindas a estudantes presentes nas galerias do plenário. Relato sobre

audiência pública realizada pela Comissão de Seguridade Social e Família

destinada ao debate sobre a epidemia de dengue no País e o desenvolvimento

de vacina contra a doença. Necessidade de aprofundamento do debate sobre a

Proposta de Emenda à Constituição relativa à redução da maioridade penal.

O SR. MIGUEL LOMBARDI (PR-SP. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhores que nos acompanham pela TV Câmara, internautas, estudantes presentes às galerias - é um prazer recebê-los -, ocupo esta tribuna porque, no último dia 28, realizamos uma audiência pública na Comissão de Seguridade Social e Família para debater a questão da dengue. E parabenizo o Deputado Mandetta, que foi o mentor dessa audiência. Infelizmente, a questão da dengue no Brasil foi aterrorizante este ano. Ocorreram 290 mortes, sendo 207 no Estado de São Paulo. O Brasil e, especialmente, o Estado de São Paulo sofreram e ainda estão

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sofrendo com a questão da dengue. Dos 850 mil casos no País, mais de 400 mil foram no Estado de São Paulo. O Governo Federal só disponibilizou 150 milhões de reais para o País todo, sendo 28% para os Municípios e o restante para os Estados, o que não corresponde a mais do que 4 milhões por Estado. O Estado de São Paulo destinou 10 milhões de reais em recursos e destacou 550 agentes para combater a dengue. Limeira, a minha cidade de origem, teve um gasto de 4 milhões e 18 mortes. Na audiência pública, também debatemos sobre a vacinação e como está o andamento da pesquisa da vacina contra a dengue. Estivemos com representantes do Instituto Butantan e do Instituto Pasteur para discutir esse problema. Graças a Deus, as pesquisas estão avançadas. O Instituto Butantan está terminando a terceira etapa, e o Pasteur aguarda o registro da terceira etapa. Pode ser que, até o final do ano que vem, tenhamos essa vacina. Embora ela não possa proporcionar uma imunidade completa, vai dar pelo menos 65% de imunização. Esse já é um grande avanço. O mundo sofre, vários países sofrem com essa doença. Discutimos também hoje na Comissão a diminuição da maioridade penal. Não podemos votar essa matéria de afogadilho. Não podemos votar essa matéria a toque de caixa, porque ela é muito complexa. As pessoas pensam que a diminuição da idade fará apenas com que os menores paguem por seus atos, mas há outras questões: a carteira de habilitação, as drogas, o álcool, a exploração sexual. Então, são matérias difíceis. Os Senadores Aloysio Nunes Ferreira e Aécio Neves apresentaram uma proposta em que defendem a redução da maioridade apenas para os crimes hediondos. Nesses casos, sim, os jovens de 16 a 18 anos responderão criminalmente. Então, nós temos que discutir a matéria, para votarmos com consciência, com tranquilidade. Tenho certeza de que a Câmara dos Deputados fará esse debate à altura que ele merece. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Obrigado, Deputado Miguel Lombardi.

Documento 98/143

146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

10/06/2015-16:00

Publ.: DCD -

11/06/2015 - AFONSO MOTTA-PDT -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

174

Sumário

Expectativa de aprofundamento pelo Plenário do debate sobre Proposta de

Emenda à Constituição relativa à redução da maioridade penal.

O SR. AFONSO MOTTA (PDT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Afonso Hamm, primeiro quero manifestar a nossa satisfação de termos, mais uma vez, um Deputado gaúcho presidindo esta sessão. Quero agradecer a oportunidade de usar a palavra para, em primeiro lugar, dizer que recebemos a manifestação do Presidente Eduardo Cunha de que colocaria em votação - traria para o Plenário - a questão da redução da maioridade penal como uma provocação, uma boa provocação. Tanto é assim que vários membros da Comissão Especial que está tratando do assunto têm se manifestado, várias posições do debate têm sido exteriorizadas no plenário, o que garante, em um tema de tanta relevância, um bom debate. Quero manifestar o meu posicionamento, o posicionamento do nosso partido, no sentido de ser contra a redução da maioridade penal. Esse bom debate vai nos impor, em primeiro lugar, discutir a questão da violência, suas causas e consequências, que estão na sociedade, que estão no dia a dia de todos nós, afligindo as nossas famílias e afligindo a sociedade. Vai ser um momento importante para discutirmos e debatermos o sistema prisional brasileiro, um sistema fragilizado, um sistema esgotado. E vai ser um bom momento - e talvez o maior desafio de todos - para encontrarmos aqui, na sabedoria do Plenário, as soluções e os melhores encaminhamentos para a questão da violência, no caso a violência envolvendo jovens. Desejam que esses jovens, a partir dos 16 anos, sofram a imputabilidade. Nesse caso, é claro, nós somos ativistas e defendemos a escola de qualidade. Achamos que a solução passa essencialmente pela formação dos jovens, pela inclusão dos jovens a partir da educação. Mas é claro que todos nós também devemos trabalhar nas medidas socioeducativas. Elas são fundamentais. Nós temos um estatuto reconhecido internacionalmente, que abriga um princípio e, inclusive, um mandamento maior da nossa Constituição, que é o que dá prioridade ao trato das crianças e dos adolescentes. Portanto, eu acho que esta Casa tem sua responsabilidade, e todos nós temos que promover, antes de qualquer coisa, um debate qualificado, um debate profundo sobre todos esses temas, para encontrarmos aquilo que nós acreditamos ser fundamental para a vida nacional. Devemos chegar a uma solução digna de um povo que valoriza a sua gente, que valoriza as suas crianças, que valoriza os seus adolescentes. Muito obrigado, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Agradecemos ao Deputado Afonso Motta, do PDT do Rio Grande do Sul, sua abordagem sobre a

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questão da maioridade penal dos nossos jovens.

Documento 99/143

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CD 10/06/2015-

16:26

Publ.: DCD - 11/06/2015 - REGINALDO LOPES-PT -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Críticas à postura da Casa nos debates acerca da redução da maioridade penal.

Aprovação, pelo Conselho Nacional de Justiça, da instituição de cotas para

negros no Poder Judiciário. Tramitação na Casa do Projeto de Lei nº 1.714, de

2015, de autoria do orador, que dispõe sobre a reserva de vagas oferecidas em

concurso público. Contrariedade à redução da maioridade penal.

O SR. REGINALDO LOPES (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Esta Casa, na verdade, esta Legislatura, está tendo uma postura, em minha opinião, revanchista aos direitos conquistados na Constituição de 1988. São temas contrários à maioria do povo brasileiro. Esta questão da redução da maioridade penal é uma demonstração evidente. E olha que, quando o Estado começa a garantir direitos, parte quer um rompimento desses direitos. Mas o que aconteceu agora no Plenário 1 é mais do que uma revanche aos direitos da Constituição de 88, é um revanchismo ao processo democrático. É por isso que nós temos que também tomar as devidas providências. Eu acho que a Polícia Federal tem que investigar. Segundo, eu ia falar, na verdade, que ontem o CNJ - Conselho Nacional de Justiça fez uma reparação de danos extraordinária, atrasada, depois de 127 anos, mas aprovou as cotas dos negros no Poder Judiciário. E esta Casa, que aprovou as cotas no Poder Executivo, não teve coragem de aprovar também as cotas no Poder Legislativo. Eu, inclusive, sou autor de um projeto, o de nº 1.714, de 2015, que propõe também as cotas no Poder Legislativo. O Presidente poderia tomar essa decisão, porque nós vamos reparar danos, e não tentar penalizar, mais uma vez, parte da nossa população, como o Estado tem feito. A maioria em prisão provisória é de negros - mais de 70% da população carcerária é jovem negra -, e a ampla maioria dos que são assassinadas por homicídio, 80%, são jovens, negros e pobres. Portanto, defender a redução da maioridade penal é para quem não conhece a história do Brasil.

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Documento 100/143

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CD 10/06/2015-

16:34

Publ.: DCD - 11/06/2015 - MISSIONÁRIO JOSÉ OLIMPIO-PP -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Solidariedade aos cristãos brasileiros pelos ataques a símbolos religiosos por

manifestantes do movimento LGBT em São Paulo, Estado de São Paulo.

Críticas ao patrocínio da manifestação com recursos públicos. Apoio à redução

da maioridade penal.

O SR. MISSIONÁRIO JOSÉ OLIMPIO (Bloco/PP-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Muito obrigado, Sr. Presidente. Eu também venho, nesta tarde, a esta tribuna dar continuidade ao que o orador que me antecedeu disse. Eu me refiro ao que aconteceu no domingo próximo passado, em São Paulo, na Parada Gay. Nós vemos que o Governo tenta votar matérias da reforma e recursos dos Governos Federal, Estadual e Municipal estão sendo gastos, quando falta dinheiro para a saúde, para a educação, para a construção de creches. E lá houve atos, Deputado, que ofenderam a família, foram contra a família cristã. Eu, como cristão, sou solidário a todos os cristãos. Não podemos aceitar esses atos de pessoas que defendem a si próprias e atacam a maioria dos cristãos. Eu venho aqui também mostrar a minha indignação e ser solidário a todos que foram ofendidos. Eu queria que o meu pronunciamento ficasse registrado nesta Casa e fosse divulgado no programa A Voz do Brasil, Sr. Presidente. Muito obrigado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho no dia de hoje me colocar como solidário a todos os cristãos do nosso País, a todos aqueles que tiveram sua fé atacada por atos de violência, na Parada Gay de São Paulo, que em nada defendem direitos de minorias, mas sim mostra o desejo de destruir todo e qualquer principio que não seja do agrado dessa minoria que, de maneira vergonhosa, faz questão de ofender e desfazer dos cristãos. Não quero aqui discriminar ninguém, mas não posso me calar diante

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de tamanha desordem feita por aqueles que participaram e apoiaram esse evento, inclusive com dinheiro público, pois estão bem estampados os patrocinadores. É muito triste saber que, enquanto falta dinheiro para saúde, educação, infraestrutura e demais necessidades da população, sobra dinheiro para patrocinar a difamação da fé, dos princípios, da boa conduta e da ordem. Quero também aqui declarar que sou, sim, a favor da redução da maioridade penal. Não estou aqui para roubar o direito à infância, ou tirar dos jovens o direito ao emprego, como muitos têm gritado por aí. Sou, sim, a favor da criança ser tratada como criança e ter o direito a uma infância digna, do jovem ter o seu primeiro emprego, ser acolhido e protegido, mas não posso ser conivente com estupros, furtos, roubos, assassinatos e outros crimes bárbaros, cometidos conscientemente por pessoas de má índole que se escondem atrás de direitos que foram criados para proteger e não motivar o crime. Peço, Sr. Presidente, que seja divulgado este pronunciamento no programa A Voz do Brasil e nos demais órgãos de comunicação da Casa. Obrigado.

Documento 101/143

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CD 10/06/2015-

16:38

Publ.: DCD - 11/06/2015 - MOEMA GRAMACHO-PT -BA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Repúdio a ações violentas contra jovens em manifestação na Casa contrários à

redução da maioridade penal. Solidariedade a Parlamentares vítimas de ofensas

e agressões. Críticas à Presidência pelo tratamento diferenciado a

manifestantes na Casa.

A SRA. MOEMA GRAMACHO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Primeiro, Presidente, democracia é algo que está passando muito longe desta Casa nestes últimos tempos. Eu queria dizer que eu estava no Plenário 1. Estou vindo agora do Serviço Médico. Fui levar dezenas de jovens que passaram mal por causa do gás de pimenta que foi usado contra os manifestantes. O SR. VITOR VALIM - Essas dezenas de jovens agrediram os Deputados. A SRA. MOEMA GRAMACHO - Eu queria que V.Exa. garantisse a minha fala, Presidente. Eu queria que V.Exa. garantisse a minha fala.

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O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - A palavra está com a Deputada Moema. A SRA. MOEMA GRAMACHO - Gostaria que V.Exa. garantisse a minha fala. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Sim. Só 1 minuto. Vamos ouvir a Deputada Moema, Deputado Valim. O SR. ZÉ GERALDO - Sr. Presidente, V.Exa. tem que seguir o Regimento. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Vamos garantir a palavra... (Intervenções fora do microfone. Ininteligíveis.) A SRA. MOEMA GRAMACHO - Quem pediu democracia devia aprender a ouvir. (Intervenções fora do microfone. Ininteligíveis.) A SRA. MOEMA GRAMACHO - Quem pede democracia tem que começar a aprender a ouvir. (Intervenções fora do microfone. Ininteligíveis.) O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Deputada Moema, V.Exa. pode falar. A SRA. MOEMA GRAMACHO - Eu só vou falar quando fizerem silêncio. (O Sr. Presidente faz soarem as campainhas.) O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Pode falar, Deputada. Vamos garantir-lhe a palavra. Eu quero garantir a palavra a V.Exa. A SRA. MOEMA GRAMACHO - Os Deputados... O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Só 1 minuto. Eu gostaria de um comportamento na dimensão do que requer a democracia e de respeito aqui nesta Casa. Eu acho que não é com atitudes de gritos aqui que nós vamos... O SR. ZÉ GERALDO - Então, não vamos tratar desse tema aqui. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Há uma Deputada ao microfone. Em seguida, falarão mais dois inscritos. Vou garantir a palavra à Deputada Moema, por 30 segundos. A SRA. MOEMA GRAMACHO - Eu gostaria que fosse respeitada a minha fala. Eu quero justamente dizer que esta Casa tem que ter comportamentos iguais para todas as questões. O gás de pimenta, que foi jogado contra os jovens, já dá uma demonstração do que esta Casa, com a participação de alguns Deputados, quer fazer com a juventude brasileira, além da redução da maioridade penal. O mesmo que fizeram com os jovens, que estão agora no Serviço Médico, pois estão passando mal, deviam ter feito - comportamento idêntico - com aquelas pessoas que, das galerias, jogaram objetos contra os próprios Deputados, aqui neste plenário. Não se pode ter comportamentos diferenciados. Eu não estou aqui contra os Deputados. Quero me solidarizar se algum Deputado foi agredido ou se foi ofendido. (Tumulto no plenário.) A SRA. MOEMA GRAMACHO - Eu gostaria que me respeitassem. Gostaria que respeitassem a minha fala! Gostaria que respeitassem a minha fala! O SR. ZÉ GERALDO - Vocês são muito sensíveis. Vocês são

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sensíveis demais. A SRA. MOEMA GRAMACHO - Presidente, eu quero que eles garantam... (Desligamento automático do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Bom, já a ouvimos, Deputada. Quero pedir tranquilidade no plenário. O SR. CAPITÃO AUGUSTO - Pela ordem, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Nós já vamos ouvi-lo. Só vou garantir mais... O SR. ZÉ GERALDO - Vocês são um bando de pit bull. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Permitam-me... O SR. CAPITÃO AUGUSTO - Presidente, pela ordem. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Eu gostaria de estabelecer a ordem aqui no plenário. Deputada Moema, V.Exa. pode concluir por 10 segundos. Depois... Se não, vou ter que suspender a sessão. O SR. CAPITÃO AUGUSTO - Presidente, é importante. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Vou garantir a palavra a V.Exa. por 10 segundos. (Tumulto no plenário.) O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Por favor, Parlamentares! Por favor! (O Sr. Presidente faz soarem as campainhas.) O SR. CAPITÃO AUGUSTO - Presidente, pela ordem. O SR. ZÉ GERALDO - Bando de pit bull. Só tem pit bull nesta Casa. O SR. CAPITÃO AUGUSTO - Sr. Presidente, ela já terminou, já concluiu. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Se não for restabelecida a ordem aqui, eu vou ter que suspender a sessão. Eu gostaria da compreensão. Sei que os ânimos estão acirrados, mas gostaria da compreensão dos Parlamentares. O SR. CAPITÃO AUGUSTO - Presidente, mas permita esclarecer o que houve no Plenário 1, por gentileza. O SR. JEFFERSON CAMPOS - Suspende a sessão, Presidente, por 5 minutos. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Deputada Moema, V.Exa. pode concluir. V.Exa. tem 10 segundos, mesmo com a... A SRA. MOEMA GRAMACHO - Eu só posso concluir se tiver quem ouça, Presidente. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Pode falar. O SR. ZÉ GERALDO - É a polícia pit bull. O SR. CAPITÃO AUGUSTO - Presidente, ela não quer falar. Deixe que eu falo assim mesmo. Permita que eu fale assim mesmo. A SRA. MOEMA GRAMACHO - Eu quero falar, Presidente, mas eu preciso ser ouvida. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - V.Exa. aguarda, então. A SRA. MOEMA GRAMACHO - Aguardo que eles concluam. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Só 1 minuto. O SR. CAPITÃO AUGUSTO - Sr. Presidente, pela ordem, então.

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Documento 102/143

146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 10/06/2015-

16:42

Publ.: DCD - 11/06/2015 - CAPITÃO AUGUSTO-PR -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Repúdio à ação violenta de jovens manifestantes contra Parlamentares na

Comissão da maioridade penal. Cumprimentos à Polícia Legislativa pela ação

interventiva.

O SR. CAPITÃO AUGUSTO (PR-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Quero justamente deixar registrada uma reclamação sobre o que houve na Comissão que trata da redução da maioridade penal. A SRA. MOEMA GRAMACHO - Eu estava, inclusive, me solidarizando com ele. O SR. CAPITÃO AUGUSTO - Agora há pouco, nós, Deputados favoráveis à redução da maioridade penal, fomos agredidos por um bando de marginais que lá estavam presentes e que não estavam se manifestando, mas agredindo, tanto verbal quanto fisicamente. Arrancaram os brevês que eu tinha na farda e levaram embora. Isso é roubo até! Podem até verificar nas filmagens. A Deputada que acabou de falar não estava presente lá no fundo. Houve, realmente, agressão e empurra-empurra. A SRA. MOEMA GRAMACHO - Como eu não estava presente? Agora o senhor vai dizer onde é que eu estava? Eu estava presente, sim! O SR. CAPITÃO AUGUSTO - Quero enaltecer aqui o trabalho da Polícia Legislativa. Se não fosse a Polícia Legislativa, teria acontecido algo muito pior. Era uma cambada de baderneiros. Fez bem o Presidente da Comissão que trata da redução da maioridade penal ao proibir terminantemente, até o término da leitura do relatório, a presença desses baderneiros lá. Então, deixo aqui registrada a minha reclamação, o repúdio a essa cambada de marginais que veio hoje aqui se manifestar. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Muito bem.

Documento 103/143

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146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 10/06/2015-

16:42

Publ.: DCD - 11/06/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Indignação do orador com manifestações violentas contra Parlamentares e

contra a estrutura do Plenário 3, durante reunião de Comissão da Casa.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, foi uma falta de respeito orquestrada por alguns Deputados, infelizmente. Os baderneiros subiram às cadeiras, puseram o dedo na cara dos Deputados, subiram às mesas, invadiram os corredores, queriam impedir os Deputados de trabalhar porque têm uma posição e não respeitaram a posição dos Deputados contra ou a favor da redução. E mais: queriam impedir a leitura do relatório. Vou elogiar aqui o Presidente da Comissão, que levou para o Plenário 3 a reunião. O relatório foi lido e está com vista agora. Parabéns ao Presidente da Comissão! Infelizmente, o Capitão, o Major e outros Deputados foram agredidos verbal e fisicamente; depredaram também as instalações da Comissão. A Polícia Legislativa foi impedida de trabalhar por alguns Deputados. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 104/143

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CD 10/06/2015-

16:46

Publ.: DCD - 11/06/2015 - MAJOR OLIMPIO-PDT -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Congratulações à Polícia Legislativa pela proteção aos Deputados e ao

patrimônio da Casa na retirada de manifestantes da Comissão de Constituição e

Justiça e de Cidadania durante o debate sobre proposta de emenda à

Constituição relativa à redução da maioridade penal.

O SR. MAJOR OLIMPIO (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Parlamentares, eu quero cumprimentar a Polícia Legislativa da Casa, cumprimentar o Presidente, o Relator e os

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Deputados que estavam na Comissão que está analisando a redução da maioridade penal e lamentar a infiltração de bandidos, vândalos travestidos de jovens, pagos para estarem aqui para agredir verbal e fisicamente Parlamentares. As imagens mostram por si sós! Então, o que eu quero encarecer para as próximas votações lá é que... Inclusive, nós estamos mandando as imagens para a Polícia Legislativa, porque nós temos a informação de que havia filha de Parlamentar lá nos agredindo. Isso é lamentável! Isso não é democracia! Não se pode dizer que havia jovem coitadinho, não. Eles estavam ali, lamentavelmente... (Desligamento automático do microfone.) O SR. MARCON - Está bom! Está bom! Chega! O SR. MAJOR OLIMPIO - Então, que fique muito bem claro para esta Casa: nós defendemos o que é justo e legítimo, e o voto vai mostrar! O SR. MARCON - O tempo é de 1 minuto para cada um! O SR. MAJOR OLIMPIO - E quero dizer: parabéns à Polícia Legislativa! Se ela usou gás, foi exatamente para reprimir injusta agressão ao patrimônio da Casa, aos Parlamentares e aos funcionários, aos assessores que estavam lá trabalhando.

Documento 105/143

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CD 10/06/2015-

16:52

Publ.: DCD - 11/06/2015 - ERIKA KOKAY-PT -DF

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Caráter truculento da determinação pelo encerramento dos trabalhos da

Comissão Especial destinada ao proferimento de parecer a proposta de emenda

à Constituição relativa à redução da maioridade penal. Contestação a

pronunciamentos em defesa da ação repressiva da Polícia Legislativa.

A SRA. ERIKA KOKAY (PT-DF. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, hoje foi um festival de truculência. Primeiro, nós, que somos contra a redução da maioridade penal, porque temos a convicção de que ela aumentará a violência neste País, fomos impedidos de expressar as nossas opiniões de forma livre. Para além disso, Sr. Presidente, a própria interrupção dos trabalhos da Comissão, sem que tivéssemos feito nenhuma diligência, sem que tivéssemos recolhido as informações solicitadas, foi também uma truculência. Mas truculência maior é jogar bomba de gás de pimenta em uma sala

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fechada; truculência maior ainda é impedir que a discussão flua, porque isso faz parte da democracia! Eu queria dizer aos Deputados que aqui disseram que a Polícia Legislativa protegia os Parlamentares: eu não me sinto protegida tendo que aspirar gás de pimenta! Eu não me sinto protegida sendo empurrada! Eu não me sinto protegida desta forma! O que cabe a esta Casa é assegurar a serenidade daqueles que hoje mostraram que têm muitas saudades de um período que nós não queremos que retorne a este País, das salas escuras e da truculência, da mancha na pele e na alma deste País e dos que querem defender a democracia!

Documento 106/143

146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 10/06/2015-

16:54

Publ.: DCD - 11/06/2015 - MARCON-PT -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Uso exorbitante da força pela Polícia Legislativa contra estudantes presentes

em reunião da Comissão Especial destinada ao proferimento de parecer a

proposta de emenda à Constituição relativa à redução da maioridade penal.

Legitimidade de marcha do movimento LGBT realizada em São Paulo, Estado

de São Paulo.

O SR. MARCON (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, quero dizer que tinha vários assuntos para falar aqui da tribuna mas, em primeiro lugar, gostaria de abordar o tema que estava lá na Comissão Especial da Maioridade Penal. Aqui, quando foi votado o PL nº 4.330, sobre a terceirização, os trabalhadores da CUT, da CTB não conseguiram entrar nas galerias desta Casa. Quando da votação do ajuste fiscal do Governo Federal, esta Casa estava cheia, mas não vi ninguém aqui falar sobre os absurdos que foram feitos aqui, agredindo-se a honra de Deputados - eu, como ser humano, acho que é isso, porque vi até mesmo pessoas tirando a roupa nas galerias desta Casa. Outra questão: estudante não é marginal. Temos que nos sentir orgulhosos, porque os estudantes estão nas ruas protestando contra o que não concordam. Outra questão: gás de pimenta não se usa em lugar fechado. Aqui, nesta Casa, como ser humano, entendo que nem Deputado, nem visitante é bandido para ter que se usar essas armas. Isso é uma falha

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de segurança. A segurança pública tem que dar guarida aos Deputados, aos visitantes, e tratar de todos igualmente. Uma categoria entra na Câmara dos Deputados e a outra não pode entrar? Outro assunto: como a imprensa internacional divulgou, não é meia dúzia em meio a 1 milhão de pessoas que fez a Marcha LGBT, o segundo maior movimento em São Paulo. Agora, querem colocar todos num saco e dizer que ninguém presta, mas nós temos que respeitar os diferentes. Temos que respeitar as pessoas por aquilo que elas são. Nunca revidei quando alguém atacou a minha religião, que é a católica. Respeito a minha assim como respeito as outras religiões, e quero que respeitem todos aqueles que pertencem ao grupo LGBT. São seres humanos, que têm sangue, têm mente, têm ideias iguais a qualquer um. Vamos parar com essa baixaria que eu estou vendo aqui da tribuna desta Câmara dos Deputados. Aqueles que fizeram isso, usando uma imagem, não são os milhares e milhares de pessoas que estavam na rua. É um movimento legítimo, é um movimento de liberdade, é um movimento de reconhecimento! Eu peço aqui respeito a essas pessoas que são seres humanos. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Obrigado, Deputado Marcon.

Documento 107/143

146.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 10/06/2015-

16:58

Publ.: DCD - 11/06/2015 - WEVERTON ROCHA-PDT -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES COMO LÍDER

DISCURSO

Sumário

Necessidade de apuração sobre tumulto ocorrido em reunião da Comissão

Especial destinada ao proferimento de parecer a proposta de emenda à

Constituição relativa à redução da maioridade penal. Repúdio à determinação

pela Presidência da Casa de encerramento dos trabalhos do colegiado.

O SR. WEVERTON ROCHA (PDT-MA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu estava na reunião do Colégio de Líderes e uma assessora da Liderança me mandou um vídeo e mensagens, pois estava muito apreensiva, sobre aquele clima de confusão na Comissão Especial da Maioridade Penal. Quero aqui dizer que nós vamos avaliar os excessos, vamos pedir para a Casa também avaliar e, com certeza, pedir as providências caso isso realmente tenha acontecido. Realmente, nós vamos observar lá.

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Mas o que eu queria abordar, primeiro, é que todos sabem que a Comissão que está discutindo a redução da maioridade penal é desproporcional; que ali os Deputados que são a favor da redução são a maioria. Mesmo assim, registre-se, até a semana passada, havia ali um clima de cordialidade, um clima de respeito, um clima de convivência democrática, como deve ser em um Parlamento. Aqui são as mentes, aqui são as opiniões, aqui são os pontos de vista de cada um que são colocados e, ao mesmo tempo, respeitados - nós temos aquela velha frase: posso até não concordar com o que pensas; mas morrerei, se preciso for, para que tenhas o direito de expressar a tua opinião. Agora, a maior violência que esta Casa e a Comissão que discute a maioridade penal sofreram não foi a agressão física de hoje. A maior violência ocorre com a decisão política do comando da Casa de encerrar os trabalhos da Comissão que discute a redução da maioridade penal pela metade. Senhores, mais de 60 requerimentos foram aprovados, muitas audiências ainda estavam por acontecer, muitas opiniões ainda para formular; e aí, de uma hora para outra, numa manhã de domingo, através de mensagem no Twitter, mandam dizer para o Brasil: que, ainda este mês, iremos votar a redução da maioridade penal. Isto, sim, é violência! Nós estávamos trabalhando na Comissão. Se fosse para passar um rolo compressor e vir um relatório pronto e passado, da maneira como estão tentando fazer, não precisava da Comissão. O caminho que esta Comissão está seguindo é o mesmo da Comissão da Reforma Política: ela vai ser atropelada. De forma desrespeitosa, ela está sendo atropelada, Sr. Presidente, e isso nós não podemos admitir. Foi pedido vista desse voto. Daqui a duas sessões, ele vai voltar à Mesa. E aí, o que vão fazer? De novo, vão fechar a Comissão, aprovar do jeito que está lá e vir para cá de supetão? Nós não podemos deixar que uma matéria tão importante como essa, que define e decide o futuro da juventude brasileira, seja votada de forma açodada aqui neste plenário. Por que e a quem interessa não ouvir os impactos da redução da maioridade penal? Aqui, a maioria das pessoas com quem nós conversamos já percebeu que, se nós discutirmos o ECA e formos mais duros com relação a ele, conseguiremos resolver o problema. Mas, não; o discurso fácil das ruas é o melhor. Se dizem que de 80% a 90% querem, então vamos diminuir a maioridade penal, liberar a prostituição aos 16 anos, a bebida alcoólica, a direção, mudar as leis trabalhistas, enfim, abrir a porteira do inferno, porque é isso que muitos conservadores querem. Muito obrigado, Sr. Presidente.

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147.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

10/06/2015-17:14

Publ.: DCD -

11/06/2015 - EDINHO BEZ-PMDB -SC

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Existência de manobra protelatória no Congresso Nacional relativamente à

discussão e votação de projeto de lei que trata da redução da maioridade penal.

Pedido ao Presidente Eduardo Cunha de cumprimento do acordo firmado pela

urgente votação da matéria.

O SR. EDINHO BEZ (Bloco/PMDB-SC. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Deputado Afonso Hamm, uso a tribuna nesta oportunidade para dizer que tenho acompanhado inúmeras reuniões nesta Casa, e que estou no sexto mandato consecutivo. Em relação à redução da maioridade penal, estão querendo "barrigar". Estão trabalhando, e se passou agora para o dia 30 de junho. Eu temo isto, do dia 30 passar para o dia 15 de julho, porque não se tem coragem. A maioria é covarde aqui nesta Casa em não assumir os anseios da população brasileira! A população brasileira quer que se vote esse projeto. Por que não vamos votar? O meu pedido é de que o Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, cumpra a promessa de votarmos aqui também a redução da maioridade penal, que há 20 anos está sendo engavetada nesta Casa. O SR. PRESIDENTE (Afonso Hamm) - Nós agradecemos ao Deputado Edinho Bez.

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147.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 10/06/2015-

18:10

Publ.: DCD - 11/06/2015 - JANDIRA FEGHALI-PCDOB -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Elogio à Presidência pela determinação de abertura de inquérito sobre tumulto

ocorrido em reunião da Comissão Especial destinada ao oferecimento de

parecer a proposta de emenda à Constituição relativa à redução da maioridade

penal.

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A SRA. JANDIRA FEGHALI (PCdoB-RJ. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, apenas um pedido pela ordem para um registro público que eu quero fazer. Primeiro, quero registrar a correção de V.Exa. em abrir o inquérito sobre o que ocorreu hoje na Comissão, que discutia a redução da maioridade penal. Considero que nós não podemos conduzir a relação do Congresso com a sociedade apurando uma única versão. Nós precisamos ouvir todos os lados, porque, da mesma forma como nós não aceitamos agressão aos Deputados e ao Parlamento, também não são aceitável agressões verbais de baixo calão dos Parlamentares às representações estudantis, principalmente às mulheres que aqui estavam, e agressões físicas, como as que foram feitas contra as estudantes, inclusive com spray de pimenta em espaço fechado, o que agrediu inclusive os próprios Parlamentares. Inclusive, tem que se saber quem tinha spray de pimenta na mão, porque nós vimos fotos de pessoas à paisana com spray de pimenta, o que significa que houve uma grave ilegalidade. O SR. JAIR BOLSONARO - Sr. Presidente, estudante a essa hora está estudando, e não recebendo dinheiro para vir fazer manifestação e quebra-quebra no Congresso. A SRA. JANDIRA FEGHALI - A palavra está comigo, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Por favor, Deputado, a palavra está com a Deputada Jandira Feghali. A SRA. JANDIRA FEGHALI - Eu estou apenas fazendo um registro, com o direito que tenho de fazê-lo. Eu acho importante o inquérito. Que todas as imagens sejam apuradas daqui de dentro, da própria imprensa. Que todos sejam ouvidos, para que a gente não nuble a relação democrática desta Casa com os movimentos sociais, não tire conclusões precipitadas e impeça os movimentos sociais de participarem das votações do processo democrático. Obrigada, Sr. Presidente. O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Já assumi o compromisso de fazer a verificação correta daquilo que ocorreu, e tudo o que foi, efetivamente, será mostrado. Já realcei que as imagens que vi até agora foram de agressões a Parlamentares. Então, nós vamos fazer a averiguação correta, da forma correta, com o instrumento correto. É o que eu vou determinar à Polícia Legislativa.

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148.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 10/06/2015-

22:08

Publ.: DCD - 11/06/2015 - CARMEN ZANOTTO-PPS -SC

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Anúncio de realização de reunião da bancada catarinense com a rede hospitalar

filantrópica para debate do financiamento da saúde pública e da revisão da

tabela do Sistema Único de Saúde - SUS. Dificuldades de permanência do

atendimento do SUS na rede hospitalar filantrópica em decorrência do

panorama econômico desfavorável. Defesa da atualização da tabela do SUS e

da continuidade do atendimento hospitalar pela rede filantrópica. Preocupação

da oradora com as reações e manifestações acerca de temas polêmicos em

debate na Casa.

A SRA. CARMEN ZANOTTO (PPS-SC. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente. Eu quero registrar que amanhã de manhã nós vamos ter mais uma reunião da bancada de Santa Catarina com a rede hospitalar filantrópica. Eles têm nos avisado, com muita frequência, da grave situação que a rede hospitalar filantrópica prestadora de serviço no País está enfrentando. Não é diferente no meu Estado. Nós precisamos urgentemente conseguir discutir a questão do financiamento da saúde e a questão da revisão da tabela do Sistema Único de Saúde. Peço que seja dado como lido e divulgado meu pronunciamento. Outro assunto, Sr. Presidente, só para encerrar e não abusando, é com relação aos momentos que nós estamos vivendo aqui na Casa. Eu não posso ir para casa e descansar, hoje à noite, sem manifestar a minha preocupação com relação ao que aconteceu durante a votação do processo na Comissão que está discutindo a redução da maioridade penal, assim como de algumas pessoas que usaram os símbolos da nossa igreja de uma forma indevida. Eu acho que nós precisamos efetivamente buscar ser mais tolerantes e compreensivos perante os conflitos que nós estamos vivendo. As matérias são polêmicas. O contraditório deve prevalecer na nossa Casa, mas eu acho que um erro não se corrige com outro erro. Então, acho que precisamos, sim, ser um pouco mais tolerantes, tanto aqui no Plenário quanto nas nossas Comissões. Faço um apelo a V.Exa. para que consigamos buscar um caminho, para que não tenhamos mais violência dentro da nossa Casa. A qualquer ato de violência que se pratique aqui dentro, com certeza estaremos mostrando lá para fora que a violência é possível de existir e que precisamos conviver com ela, mas deve ser exatamente o contrário. O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Obrigado, Deputada Carmen. Quanto a este assunto, nós vamos ser bastante rigorosos. As próximas sessões da Comissão da Maioridade não terão plateia. Vamos fazer uma averiguação sobre aquilo que ocorreu hoje, para verificar o real acontecido e tomar as medidas cabíveis.

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A SRA. CARMEN ZANOTTO - Obrigada, Sr. Presidente.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELA ORADORA

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho à tribuna para falar sobre a grave crise que vem dificultando a permanência do atendimento do Sistema Único de Saúde - SUS na rede filantrópica. Esta denúncia foi feita através do apelo dramático das federações e associações do setor, que, em reunião do Fórum Parlamentar Catarinense, realizado no dia 25 de maio do corrente, apresentaram análises preocupantes dos números existentes. Na última década, com a persistência do subfinanciamento das ações e serviços de saúde pelo Governo Federal, o segmento filantrópico - maior prestador de serviços ao SUS - sofreu diretamente o impacto desse subfinanciamento, agravado pela grande quantidade de serviços produzidos para a saúde pública, não conseguindo a sustentabilidade financeira necessária. Acumulou no período dividas próximas à casa dos R$17 bilhões, e os dois programas que se apresentavam como uma tábua de salvação acabaram frustrando aqueles que depositaram suas fichas neles: a linha de crédito do BNDES e o PROSUS. Os dirigentes das Santas Casas e hospitais sem fins lucrativos não desejam se tornar inadimplentes; eles se vêm nessa situação por contingências impostas pela equivocada remuneração praticada para os serviços que lhe são prestados. Na maioria das vezes, têm de escolher entre honrar a folha de pagamentos e/ou pagar um fornecedor e continuar recebendo os insumos necessários (medicamentos e materiais hospitalares) à manutenção da vida e segurança do paciente, ou recolher os tributos. As entidades da rede filantrópica de Santa Catarina também expressaram imensa preocupação com os cortes do orçamento da saúde; portanto, somente após isto é que se poderá fazer uma avaliação correta das disponibilidades que o Ministério terá para enfrentar as demandas da área, inclusive para atender às do segmento sem fins lucrativos. Em março, o Congresso Nacional aprovou em segundo turno a Proposta de Emenda à Constituição nº 358, de 2013 - Orçamento impositivo, estabelecendo novo critério para o financiamento federal do Sistema Único de Saúde. A base passam a ser as Receitas Correntes Líquidas da União (RCL), começando com o percentual de 13,2%, até chegar, em 2018, a 15% delas. Para inúmeros especialistas em financiamento da saúde pública, entre eles o Senador José Serra e o Prof. Sérgio Piola, a saúde sofre um grande retrocesso, podendo perder, no primeiro ano de aplicação desse novo critério, até R$10 bilhões. Diante desse cenário, gestores estaduais e municipais do SUS já manifestaram publicamente a intenção de reduzir de forma significativa - fala-se em até 30% - a contratação de serviços dos prestadores privados, com e sem fins lucrativos, pois não estariam mais suportando

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os aportes de recursos próprios para o financiamento do SUS. Se essa postura se consolidar, a já agravada situação financeira das Santas Casas e dos hospitais sem fins lucrativos que atuam fortemente na saúde pública poderá se tornar insustentável, sem falarmos na possibilidade de virem a perder o Certificado de Entidades Beneficentes de Assistência Social (CEBAS), visto que dificilmente conseguirão cumprir o mínimo exigido de 60% de seus serviços ao SUS. Alie-se a isto tudo o fato de o Boletim Focus do Banco Central, divulgado em março, mostrar que, na média, a expectativa no mercado é de que a inflação deste ano chegue a 8%, acima do teto da meta, que é de 6,5%. Nesse mesmo documento, a previsão de crescimento do PIB é de 0,1% em 2015. Muitos especialistas apontam que o risco de o País entrar em recessão é muito grande. A SELIC deverá terminar o ano acima de 12,5%. O grande temor é com 2016. Governo e empresários temem que este também seja um ano perdido. Esse quadro assustador está tão presente no Governo e no mercado, que ninguém descarta a possibilidade de o Banco Central se antecipar e voltar a cortar a taxa básica de juros (SELIC) antes do fim deste ano. E esta preocupação dos hospitais filantrópicos reforça as minhas palavras do dia 29 de abril, na audiência pública realizada pela Comissão de Seguridade Social e Família, para debater assuntos pertinentes à Pasta do Ministério da Saúde, com a presença do Ministério da Saúde, Arthur Chioro. Disse-lhe que nós que passamos pela gestão municipal, pela gestão estadual do Sistema Único de Saúde, quando ouvi a sua fala e a dos apaixonados do SUS e dos defensores. Mas esta Casa caminha nas ruas e nos permite olhar o SUS do outro lado do balcão, que não é o SUS só nosso, dos gestores, que não é o SUS dos grandes defensores, porque eu sempre serei defensora do sistema público implantado no País. Mas a realidade que nós ouvimos e percebemos, apesar de todos os avanços destes nossos 27 anos, é a de que ainda somos a principal demanda da população brasileira e a maior reclamação. Eu disse ao Ministro que me preocupa muito nós termos essa dificuldade de avançar em algumas questões. Comentei que a Comissão de Seguridade discutia sobre as terapias renais substitutivas para os pacientes renais crônicos, pois a Comissão de Seguridade tem uma pauta permanente de saúde, levando algumas preocupações ao Ministro. Iniciei falando da rede hospitalar filantrópica deixando de prestar procedimentos de média e alta complexidade, procedimentos fundamentais porque o teto financeiro está estourado - eles já cumpriram com o que está contratualizado. O conjunto de Municípios não consegue complementar o recurso porque já estão muito acima dos seus 15%, estão colocando 21% em média. Os Estados na sua grande maioria já passaram dos seus 12%, com raras exceções, e a média é em torno de 14%. E quem sofre com isso é o paciente que está esperando para realizar os procedimentos. Confesso aqui, como enfermeira, como ex-secretária municipal, ex-

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secretária estadual, que quero ser convencida, preciso ser convencida de que não precisamos rever a tabela do Sistema Único de Saúde, e que este meu discurso, esta minha fala está equivocada. Eu me dispus a fazer uma imersão no Sistema Único de Saúde, uma revisão de tudo que eu vivi na vida, mas não me conformo em continuar ouvindo que este prestador não está mais fazendo o serviço porque os valores que ele recebe não permitem o procedimento. Entendo que um conjunto de procedimentos pode ser, no financiamento global, mas há procedimentos, como cirurgias eletivas, exames, em que é a tabela sim, que vai fazer, na minha opinião, por isso disse que preciso ser convencida. Nós precisamos garantir o acesso, e garantir o acesso é ter os profissionais que façam o procedimento. Hoje, a cada dia, é um médico que diz "eu não faço mais este procedimento pelo Sistema Único de Saúde". Então eu preciso ser convencida para poder inclusive mudar o discurso. Reforcei a preocupação do financiamento, de que nós só vamos ter prestadores de serviço, profissionais e mais médicos atuando, dentro das especialidades inclusive, se nós conseguirmos ampliar os recursos financeiros e não ter os tetos estourados. O contingenciamento na saúde alcançou mais de 11 bilhões de reais. O Governo Federal não pode jogar a responsabilidade do financiamento do SUS (Sistema Único de Saúde) nas costas dos Estados e Municípios. Não estamos pedindo mais recursos para construir uma estrada, um prédio. Como Relatora da Subcomissão da Saúde da CSSF, lutarei para que haja efetivamente a atualização da tabela do SUS e que possamos encontrar um meio para que a rede filantrópica continue realizando este imprescindível trabalho na saúde. Peço que o presente pronunciamento seja registrado nos Anais desta Casa e divulgado no programa A Voz do Brasil.

Documento 111/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 11/06/2015-

10:06

Publ.: DCD - 12/06/2015 - MAJOR OLIMPIO-PDT -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Repúdio aos atos de violência e vandalismo perpetrados por manifestantes e

Parlamentares presentes em reunião da Comissão Especial da Maioridade

Penal e contrários à proposta de redução da maioridade. Elogios à atuação da

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Polícia Legislativa da Casa na contenção ao tumulto. Imperiosidade de redução

da maioridade penal no País.

O SR. MAJOR OLIMPIO (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, assessores desta Casa, população que nos acompanha, ontem, quando íamos votar o necessário relatório que reduz a maioridade penal no nosso País, nós tivemos, lamentavelmente, a manifestação de bandidos apoiados por Deputados. E estou dizendo bandidos porque iPad e celular foram roubados. Até uma medalha do Deputado Capitão Augusto, que foi agredido, lhe foi arrancada. Um equipamento da Rede Bandeirantes sumiu. E, depois, na Polícia Legislativa, com duas ligações entre os vagabundos, que foram patrocinados por partidos e por Deputados, começaram a aparecer as coisas. Não estou aqui para me medir fisicamente com homem algum, mas eu vi, lamentavelmente, como aconteceu com alguns, moças e rapazes, bandidos, que cuspiram nos Parlamentares. E fomos empurrados por Deputados! Se quiserem se medir fisicamente comigo, eu estou disposto a isso num ringue de boxe, mas não aqui, porque não vim a esta Casa para isso. E fui treinado para lidar com bandido. Por isso, tenho paciência para lidar com bandido. Agora, o que eu vi lá, Deputado Moreira, "Moreirão", foi um Deputado a empurrá-lo. V.Exa. teve uma paciência muito grande, como bom policial que é. Se V.Exa. agisse como qualquer cidadão comum, teria enfiado a mão na cara daquele Deputado que se portou como um moleque. E outros Deputados também se portaram como moleques, defensores de bandidos! Quem for defender seus bandidos que os defenda, mas tenha comportamento! É exatamente isto: é no voto que nós vamos fazer o que a população quer. Não adiantam 50 reais e o lanche, não. Se eles fossem estudantes, estariam na escola. Se fossem trabalhadores, estariam no emprego. Trata-se de agitadores, de profissionais contratados para agredir os Deputados, para arrebentar o patrimônio. E alguns Deputados e Deputadas ainda disseram: "Coitadinhos!" Parabéns à Polícia Legislativa! Usou o gás, porque esse era o meio que ela tinha para evitar um confronto maior e um maior número de feridos. Bandidos dissimulados foram até estimulados por uma Deputada: "Desmaie aí no chão que a imagem fica boa". Estão achando que o mundo é cheio de idiotas. Nós vamos reduzir a maioridade mesmo! E não é só para crime hediondo, não. Se o indivíduo der um tiro em um cidadão, se ele matar, isso é crime hediondo. Se ele lhe botar numa cadeira de rodas, isso é lesão corporal grave, não é crime hediondo. E, se ele explodir um caixa eletrônico, isso é furto qualificado, não é crime hediondo. Então, nós temos que reduzir a maioridade, sim. Imputabilidade é a capacidade de entendimento e discernimento. Sabe que é crime?

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Então tem que pagar por ele. E não vai dar para ficar fazendo esse discursinho: "Os menininhos, coitadinhos!" Nós vamos ter mais de 350 votos e vamos botar os bandidos na cadeia! Aprendi, na minha terra: "Boi preto lambe boi preto". Quem está sempre defendendo bandido aqui, defende-o em todas as circunstâncias. O boi preto sempre está lambendo o boi preto. (Palmas.)

Documento 112/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 11/06/2015-

10:16

Publ.: DCD - 12/06/2015 - CAPITÃO AUGUSTO-PR -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Repúdio ao comportamento de manifestantes na Comissão Especial da

Redução da Maioridade Penal. Posicionamento favorável à redução da

maioridade penal.

O SR. CAPITÃO AUGUSTO (PR-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, senhoras e senhores que nos assistem pela TV Câmara, dando continuidade à discussão da questão da maioridade penal, já foi dita e publicada a vergonha que se deu ontem nesta Casa ao se permitir que baderneiros, bandidos travestidos de manifestantes e estudantes entrassem na Comissão Especial e atrapalhassem todo o trabalho. Venho aqui falar da redução da maioridade penal. Tenho convicção de que a matéria será aprovada nesta Casa, mesmo porque acredito muito na democracia - a democracia é a vontade da maioria. Mais de 90% dos brasileiros anseiam pela redução da redução da maioridade penal. E esta Casa deve corresponder aos anseios da população. Por mais que esperneie a Oposição por não querer a redução, não tenho dúvida de que haverá a redução da maioridade penal, porque não é admissível permitir que marginais continuarem matando, estuprando, sequestrando, cometendo crimes bárbaros e ficarem impunes, sem qualquer tipo de punição. Indo mais além, Sr. Presidente, esse é o primeiro passo para que esta Casa aprove projetos ligados diretamente à causa da criminalidade e não aos efeitos da criminalidade. Os projetos aprovados aqui, até então, basicamente se referem aos efeitos da criminalidade, não estamos colocando o dedo na ferida. Hoje colocar o dedo na ferida - nós temos que ter coragem de assumir - é reconhecer que muitas pessoas não têm recuperação. Muito se fala

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aqui em tentar recuperar o marginal, mas tem marginal que não quer ser recuperado, é um criminoso contumaz, que vai continuar a cometer homicídios, estupros, roubos, sequestros. Essa pessoa só tem uma solução: ser segregada, porque não tem condições de viver em sociedade. A nossa Lei de Execução Penal tem que ser jogada no lixo. Ela tem que ser totalmente alterada. Alexandre Garcia, no jornal da manhã, disse: "Esperamos que esta Casa dê a mesma atenção à área de segurança que está dando à reforma política e a outros projetos." Precisamos aprovar projetos que ajudem a reduzir os 56 mil homicídios do ano passado. Precisamos endurecer a legislação penal. Precisamos retirar essas pessoas do convívio com o cidadão de bem. Não podemos mais tolerar que o cidadão de bem fique atrás das grades, preso em sua casa, enquanto os marginais, os bandidos tomam conta da situação. Após a redução da maioridade penal, esperamos conseguir aprovar nesta Casa mais projetos que endureçam a legislação penal. Assim talvez tenhamos um país mais seguro e mais digno para nós, para nossos filhos, para nossa sociedade. Muito obrigado.

Documento 113/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 11/06/2015-

10:26

Publ.: DCD - 12/06/2015 - DARCÍSIO PERONDI-PMDB -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Desdobramentos da redução da maioridade penal. Posicionamento favorável ao

endurecimento das penas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente -

ECA.

O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu louvo o trabalho do Deputado Jutahy Junior, mas discordo do que ele diz sobre o tudo ou nada. Esta Casa está vendo a cada dia que a redução pura e simples da idade penal de 18 para 16 anos afeta todos os marcos legais da idade. Os crimes sexuais, por exemplo, configurados hoje quando a vítima é menor de 18 anos, passariam a considerar a idade de 16 anos. Isso vai ser a festa dos donos de prostíbulos! Meninas de 16 anos serão cooptadas. Isso é crime sexual. E há também outros crimes para os quais nós aumentamos a pena no ano passado. Vai

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haver, portanto, um abalo na família, insegurança dos pais, dos tios, das nossas filhas e dos nossos sobrinhos. Nisso ninguém fala. Falam com o revólver na boca. Fúria no trânsito! O jovem não ganha a carteira, minhas queridas Deputadas e Deputados, porque ele é inimputável até os 18 anos. Se aos 16 anos ele passa a ser imputável, vai automaticamente poder tirar a carteira! E aí, com 16 anos, vai dirigir carro, vai se acidentar, vai morrer e vai matar! Podem ser nossos filhos! E mais, com 17 anos, poderá o jovem dirigir um ônibus ou um caminhão. E tem mais. Hoje, o consumo e a venda de bebida alcoólica para quem tem 18 anos são proibidos. Se baixarmos a idade penal para 16 anos, o jovem poderá beber, poderá comprar a bebida e poderá vendê-la! Eu falei no começo do meu pronunciamento sobre os crimes sexuais e estou falando agora da fúria do trânsito e da liberdade das droga. As penas todas, meu caro Presidente, irão diminuir ou ser abrandadas. Reflitam sobre isso. O caminho é não reduzir a maioridade e sim endurecer as penas sobremaneira. Projeto do Governador Alckmin que engrossa as penas do ECA tem o apoio de todos os juristas: as penas passam de 3 anos para 6 ou 9 anos, endurecem o ECA. O Presidente Eduardo Cunha já disse que põe em votação no mês seguinte o endurecimento do ECA. Mesmo a proposta do Deputado Aloysio Nunes Ferreira vai provocar um descalabro - um descalabro! - na formação dos nossos jovens, do futuro do Brasil. Então, reflitam, pensem, conversem. E, policiais, deixem o revólver em casa e vamos conversar. Um abraço. Obrigado. (Palmas. Muito bem!)

Documento 114/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

11/06/2015-10:28

Publ.: DCD -

12/06/2015 - CABO SABINO-PR -CE

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Inconsistência do atual modelo de medidas punitivas previstas para menores

infratores, especialmente no caso de crimes hediondos. Anúncio de

apresentação do Projeto de Lei nº 1.570, de 2015, que altera períodos de

internação e prevê a aplicação de medidas socioeducativas para menores

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infratores.

O SR. CABO SABINO (PR-CE. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, esta Casa tem a cada dia esquentado o tema da redução da maioridade penal. Isso é importante, e a sociedade cobra deste Parlamento medidas que possam acabar ou, pelo menos, reduzir, em muito, a sensação de impunidade que permeia as ruas no nosso País. E essa impunidade tem sido associada aos atos delituosos de menores infratores. É necessário que se diga e que se deixe claro para a sociedade que nós não estamos querendo colocar todo jovem na cadeia, que não há uma briga entre os de maior idade e os de menor idade. O que se quer é que aqueles menores que são infratores paguem pelos seus crimes. Infelizmente, o ECA, da maneira que está hoje, foge à realidade dos atos delituosos cometidos por menores. Hoje, caso um menor cometa um crime, um homicídio, e seja levado à delegacia, se em 5 dias não tiver vaga em unidade prisional, ele tem que ser liberado - mesmo em caso de homicídio! Seja qual for o crime que ele cometa, por mais árduo e brutal que seja, em 45 dias, se não for apenado, ele tem que ser liberado da unidade prisional. Imaginem o seguinte: um adolescente de 17 anos e 10 meses que cometa um homicídio bárbaro. Se ele pegar uma pena de 3 anos de reclusão - que nunca passa de 3 anos de internato -, quando sair, sairá réu primário. Fala-se muito da mortalidade de jovens. É fato: os nossos jovens realmente estão morrendo. Mas estão morrendo porque estão cada dia mais ligados ao crime; estão morrendo porque são agenciados por maiores que cometem os delitos, e, depois, para queima de arquivo, matam o menor. Quando mudarmos a lei, nós também vamos proteger mais. Eu não sou ex-governador de São Paulo nem ex-governador de Estado nenhum, mas apresentei um projeto, o PL nº 1.570 - e o número não fui eu quem dei; foi esta Casa -, em que eu digo o que é exatamente proteger quem tem 15 para que chegue aos 70. E, aí, eu trago o aumento da internação desde os 12 anos. Mas, como? Fazendo com que aquele menor... Quanto menor a idade, subentende-se que menor é o seu senso crítico de entender as práticas delituosas que vai cometer ou que comete. E, aí, o período de internação seria maior. Assim como alguém de 17 anos poderia ficar até 20 anos. E trago como degradação de pena para os de 12 a 14 anos o estudo, como primeiro ponto, e, depois, o esporte e o lazer. Ainda que pegasse 5 anos de internação, o menor poderia cumprir somente 1 ano, se ele estudar, se ele praticar esporte e se ele for trabalhar com cultura. E, a partir dos 14 anos, tem-se como objetivo fundamental o trabalho, que é o que vai dignificar a pessoa. Agora, esta Casa tem feito a sua parte, tem debatido e tem apresentado os projetos, mas temos que tratar a coisa com maturidade, e não aqui, simplesmente, com o lado partidário. Nós

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temos que ouvir a sociedade. Eu espero que o Relator seja sensível ao apresentar sua peça. Seja o que for que nós aprovarmos aqui, que vá a um referendo popular. A população precisa ser ouvida diretamente e aqui também apresentar a sua sugestão sobre este tema. Quinhentos e treze não podem se achar soberanos diante de 200 milhões de brasileiros. Obrigado.

Documento 115/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 11/06/2015-

10:34

Publ.: DCD - 12/06/2015 - PADRE JOÃO-PT -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Contrariedade do orador à proposta de redução da maioridade penal no País.

Necessidade de apoio de Governadores e Prefeitos a programa do Governo

Federal de assistência ao menor infrator. Críticas ao discurso contraditório de

Parlamentares em defesa da família e da redução da maioridade penal.

O SR. PADRE JOÃO (PT-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador) - Sr. Presidente, venho a esta tribuna manifestar a minha opinião ou a minha convicção em relação à redução da maioridade penal. É lamentável como a grande mídia e até alguns Parlamentares tentam passar para a sociedade que há uma total impunidade em relação a infrações do menor adolescente. O Estatuto da Criança e do Adolescente já prevê a reclusão de até 3 anos para o menor. Na verdade, é preciso maior compromisso dos Prefeitos, dos Governadores, com o apoio de um programa do Governo Federal, para dar condições às casas que recolhem esses menores de oferecerem assistência psicológica e, às vezes, até mesmo assistência psiquiátrica, profissionalização e a garantir de educação. Então, o que nós precisamos é de mais educação. É até contraditório alguns Deputados que vêm a esta tribuna fazer manifestação em defesa da família quererem que o menor seja colocado na escola do crime. Colocar um menor na cadeia é colocar o mesmo que colocar o menor na escola do crime, e isso é a destruição da família. Então, há incoerência por parte de alguns colegas Parlamentares, como já foi destacado pelo Deputado Perondi, em relação a outros pontos que têm de ser levados em consideração, sim.

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Querem a destruição da família! Mesmo quando tentam desqualificar a postura do jovem ou do cidadão porque é gay, estão querendo jogar o pai contra o filho - pai contra filho! Isso é destruir a família. Acham que ser gay trata-se simplesmente de uma opção; que a pessoa, da noite para o dia, quer dizer que agora passou a ser gay. Criminalizam o ser humano! Isso é desrespeitoso, destrói a família, joga pai contra filho. Eu, como padre e pároco, já me deparei com situação assim, de mãe em conflito com o filho por questão religiosa, levando-o até ao suicídio, tamanha a violência! Foram pais contra filho motivados por uma questão religiosa. É essa a nossa manifestação.

Documento 116/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

11/06/2015-10:40

Publ.: DCD -

12/06/2015 - VITOR VALIM-PMDB -CE

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Repúdio a manifestações de violência física e verbal contra Parlamentares

durante reunião da Comissão Especial da Maioridade Penal.

O SR. VITOR VALIM (Bloco/PMDB-CE. Sem revisão do orador.) - Apesar do protesto de alguns que estavam sentados aqui atrás, Sr. Presidente, sou companheiro de partido de V.Exa. e voto com coerência, visando ao que é bom para o País e não por subserviência a Governo nenhum. Eu voto a favor do povo que me colocou aqui. E justamente com esse povo, Sr. Presidente, eu quero lamentar toda esta violência. Quero dizer, sobre o que vi ontem na Comissão Especial da Maioridade Penal, que respeito qualquer opinião contrária à minha - sou a favor da redução. Que militantes sejam bem recebidos aqui, sim, mas não posso aceitar que eles se valham de força física para intimidar. Hoje é o Parlamentar que está a favor da redução da maioridade penal quem é intimidado, amanhã pode ser o que é contra. Temos que repudiar todo tipo de violência. Manifestantes são bem-vindos, mas não os manifestantes que, ligados a Deputados, vêm para

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cá intimidar outros Parlamentares com força física, com gritos e palavras de baixo calão. Era este o registro que eu queria fazer. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 117/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

11/06/2015-10:44

Publ.: DCD -

12/06/2015 - ALICE PORTUGAL-PCDOB -BA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Agradecimentos à Marinha do Brasil pela medalha Ordem do Mérito Naval,

concedida à oradora em decorrência de ações de valorização dos museus da

Marinha. Críticas à Presidência da Casa pela diferença de tratamento a

manifestantes na Casa. Manifestação de opinião contrária à redução da

maioridade penal no País.

A SRA. ALICE PORTUGAL (PCdoB-BA. Sem revisão da oradora.) - Obrigada, Sr. Presidente. Eu tenho acompanhado essa sua postura. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero inicialmente agradecer à Marinha do Brasil a honraria que recebi esta manhã: a medalha Ordem do Mérito Naval. Essa medalha nos honra muito, porque a concessão partiu da iniciativa, na Comissão de Cultura, de valorizarmos os museus da Marinha, isto é, de valorizarmos memória, história e, sem dúvida, cultura. E quero também, Sr. Presidente, dizer que nesta Casa todas as manifestações devem ser bem-vindas - percebo que os ânimos ainda se exaltam no dia de hoje. O que não podemos é tratar cada manifestação de uma maneira. Há pouco tempo, vimos ficar desnudo aqui um cidadão membro de uma central sindical que foi acolhida por uma posição que tinha o beneplácito de parte da estrutura de poder desta Casa; e ontem a juventude foi recebida com gás de pimenta. É evidente que temos que contestar atos de violência de qualquer parte, mas temos que receber igualmente bem a sociedade, independentemente de posição política. Deixo registrado o meu protesto contra a circunstância de ontem e consigno a minha opinião contra a redução da maioridade penal, Sr. Presidente.

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Documento 118/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

11/06/2015-10:48

Publ.: DCD -

12/06/2015 - PAULÃO-PT -AL

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Necessidade de realização de debate qualificado e aprofundado pela Casa, com

a participação da sociedade, sobre a proposta de emenda à Constituição relativa

à redução da maioridade penal para 16 anos de idade. Posicionamento do

orador contrário à redução.

O SR. PAULÃO (PT-AL. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, em primeiro lugar, quero fazer uma reflexão sobre a fala de um Deputado do PMDB do Rio Grande do Sul, o Deputado Darcísio Perondi, a respeito da redução da maioridade penal. Destaco esse exemplo porque neste debate há um processo de dicotomia e é como se um único partido ou poucos partidos fossem contrários ao tema. Foi importante alguém do peso do Deputado Darcísio Perondi explicar de forma didática a necessidade da não redução da maioridade penal. Vou trabalhar com dados. O Ministério da Justiça, em 2011, fez um levantamento que apontou que só 1% dos crimes no Brasil são praticados por jovens e que, em se tratando de homicídios, esse percentual cai para 0,5%. É importante que esta Casa faça um elo com a sociedade civil e verifique que entidades de peso são contra a redução da maioridade penal, a exemplo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF). Sr. Presidente, a redução da maioridade penal se choca com a Convenção sobre os Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas (ONU), com a Constituição Federal e com o Estatuto da Criança e do Adolescente. É importante fazer uma reflexão qualificada. Esta Casa, logicamente, abriga opiniões diversas. É preciso ouvir a sociedade, ouvir todos os seus atores, e também entender que o processo legislativo não será a panaceia para todo este estado de violência. Tomo como paradigma principal os Estados Unidos, onde o processo federativo é diferente do nosso e o Direito Penal é um em cada Estado, diferentemente do

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sistema brasileiro, onde o Direito Penal pertence ao Congresso Nacional. Lá, vários Estados em que houve redução da maioridade até os 10 anos de idade já pensam em modificar a legislação. Sr. Presidente, este debate tem que ser qualificado e tem que ser feito com muita calma, ouvindo-se a sociedade civil, pois um açodamento, uma pauta só de segurança, uma pauta que considere só os efeitos, sem discutir as causas, em vez de resolver o problema pode criar um racha e trincar o Estado Democrático de Direito. Muito obrigado.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, gostaria de expressar meu posicionamento contrário à proposta de redução da maioridade penal, em debate nesta Casa. A violência é uma questão muito grave em nosso País e deve ser combatida com rigor. No entanto, reduzir a maioridade de 18 para 16 anos em nada vai resolver esse problema. O assunto é preocupante. Diversas entidades nacionais e internacionais vêm alertando sobre o risco de retrocesso caso o Brasil adote a nova idade penal. Acredito que a legislação não pode se pautar na exceção, e somente 1% dos crimes é cometido por menores, segundo dados do Ministério da Justiça, de 2011. E, de acordo com o levantamento do Ministério, se considerarmos apenas homicídios e tentativas de homicídio, esse índice ainda cai para 0,5%. Instituições como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) são contra a Proposta de Emenda à Constituição nº 171, de 1993. A redução da maioridade penal se choca com a Convenção sobre os Direitos da Criança, da Organização das Nações Unidas (ONU); com a Constituição Federal do Brasil e com o Estatuto da Criança e do Adolescente. A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) também divulgou sua posição contrária a essa proposta, por entender que o Estatuto da Criança e do Adolescente já prevê mecanismos de ressocialização de jovens infratores, sendo necessário aperfeiçoar a sua aplicação. A UNESCO lembra que o Brasil é signatário da Convenção sobre os Direitos da Criança, ratificada pelo Estado Brasileiro em 1990, a qual estabelece que criança é todo ser humano com menos de 18 anos de idade. Como vimos, a redução vai contra a doutrina da proteção integral do Direito Brasileiro, que exige que os direitos humanos de crianças e adolescentes sejam respeitados e garantidos de forma integral e integrada às políticas de natureza universal, protetiva e socioeducativa. Há um movimento de entidades sociais contra a PEC no Brasil e no exterior. A Human Rights Watch, organização não governamental de proteção dos direitos humanos, enviou carta ao Congresso Nacional

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condenando a redução da maioridade penal. O documento contém estudos feitos nos Estados Unidos que mostram que a diminuição da idade penal não contribuiu para reduzir a criminalidade naquele país, que aplicou em seus adolescentes penas previstas para adultos. Os jovens que cumpriram pena em penitenciárias voltaram a delinquir, e de forma mais violenta. Diversos movimentos da sociedade brasileira se manifestaram contra a redução da maioridade penal no País. Um desses movimentos é o 18 Razões contra a Redução da Maioridade Penal, composto de mais de 50 entidades brasileiras que lutam pela manutenção dos 18 anos de idade como parâmetro para a responsabilidade penal. As entidades sustentam que o índice de reincidência nas prisões é de 70% e que não há dados que comprovem que o rebaixamento da idade penal reduz os índices de criminalidade juvenil. Ao contrário, o ingresso antecipado no sistema penal expõe os adolescentes a mecanismos reprodutores da violência, como o aumento das chances de reincidência, uma vez que as taxas nas penitenciárias são de 70%, enquanto as do sistema socioeducativo estão abaixo de 20%. Estudos têm demonstrado que não há relação direta de causalidade entre a adoção de soluções punitivas e repressivas e a diminuição dos índices de violência. Além disso, fixar a maioridade penal em 18 anos é uma tendência mundial, pois reduzir a maioridade penal é tratar o efeito e não a causa. O que o Brasil necessita é de mais investimentos em educação, cultura e esporte, para afastar nossa juventude da criminalidade. Precisamos de um esforço conjunto para mudar esta realidade para melhor, atacando o mal pela raiz. Muito obrigado.

Documento 119/143

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CD 11/06/2015-

11:06

Publ.: DCD - 12/06/2015 - JOÃO RODRIGUES-PSD -SC

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Repúdio à provocação de tumulto para a não votação do parecer favorável à

proposta de emenda à Constituição relativa à redução da maioridade penal pela

Comissão Especial destinada à análise da matéria.

O SR. JOÃO RODRIGUES (PSD-SC. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, eu quero cumprimentar todas as Sras. e Srs.

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Deputados. Eu acredito que o assunto de ontem e de hoje não deixa de ser o grande debate que tivemos na Comissão Especial que trata da redução da maioridade penal. É evidente que todos nós Parlamentares, que aqui chegamos pelo voto popular - ninguém caiu de paraquedas -, temos nosso serviço prestado em cada região do Estado, em cada região do País. Mas o que assistimos ontem foi a um desrespeito com a Casa e o País. Deputados, eleitos com seus votos, estavam discutindo uma proposta importante, por que o País aguarda há mais de 20 anos. Eu particularmente respeito quem pensa diferente, mas não tentem me empurrar goela abaixo o pensamento de um, de dois ou de uma minoria. Cada um expõe seu sentimento e vai para o voto. O voto é que decide! Eu percebo que ao longo da história, com a concordância de alguns Parlamentares que agem equivocadamente, nós temos permitido agressões ao Congresso Nacional. Há pouco tempo, indígenas invadiram este plenário e colocaram para correr Deputados que estavam discutindo projetos importantes para o bem do País; em outro momento o MST também promoveu atos, ameaçando Parlamentares que pensam de forma divergente. E na Comissão, quando íamos aprovar o parecer muito bem elaborado pelo Relator, a reunião foi interrompida e invadida inesperadamente por aproximadamente 150 elementos conduzidos propositadamente para provocar tumulto. Mas o pior disso tudo é que Parlamentares desta Casa, em vez de evitar tumulto e contribuir para que tivéssemos o direito de prosseguir a reunião, contribuíram sim para o desmantelo, a desordem, e nós tivemos de suspender, interromper a votação. Nós vamos continuar a reunião na próxima quarta-feira e votar o parecer. Respeito quem pensa diferente, mas a população brasileira não suporta mais a impunidade. É bem verdade que reduzir a maioridade penal por reduzir não resolve o problema, mas acaba com a impunidade. Bandidos de alta periculosidade, com 16 e 17 anos, não têm o direito de matar, tirar a vida de trabalhadores, estuprar crianças, ameaçar policiais, ameaçar famílias, e não serem punidos. Este debate do ECA é oportuno e importante, mas até aqui não deu resultado algum. Já experimentamos e vamos experimentar de novo, principalmente para crimes hediondos. Para recolher os novos detentos, delinquentes que por aí andam cometendo crimes hediondos, que o Governo crie estruturas. Não tinha dinheiro para a Copa do Mundo, mas foram investidos bilhões. Será que não tem dinheiro para construir um sistema prisional diferenciado para recuperar aqueles que têm recuperação? Aqueles que não têm que apodreçam na cadeia! É melhor um delinquente, bandido preso do que um pai de família no cemitério. Esse não é apenas o meu sentimento, é o sentimento de praticamente 90% da população brasileira. Sr. Parlamentares, que nós possamos nos respeitar mutuamente e respeitar acima de tudo esta Casa, que é do povo brasileiro, não apenas de alguns baderneiros que se propõem a vir tumultuar o bom andamento dos trabalhos.

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Obrigado, Sr. Presidente.

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CD 11/06/2015-

11:16

Publ.: DCD - 12/06/2015 - GLAUBER BRAGA-PSB -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Inexistência de relação entre idade mínima para candidatos a Deputado Federal

e redução da maioridade penal.

O SR. GLAUBER BRAGA (PSB-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Obrigado, Sr. Presidente. Eu queria dialogar aqui com o Deputado Caio Narcio e com o Deputado André Moura, respeitosamente. Não compreendi muito bem a interação da votação de hoje, para garantir o direito de elegibilidade aos 18 anos de idade, com a diminuição da maioridade penal para 16 anos, até porque a gente não está diminuindo aqui para 16 anos o direito de ser votado. É importante dizer que o direito hoje, do ponto de vista político, de um jovem não é pleno. Ele pode votar, mas não pode ser votado aos 16 anos de idade. Da forma como a fala se articula, dá-se uma demonstração de que esse mesmo jovem vai poder dirigir aos 16 anos; da forma como a fala se articula, dá-se uma impressão de que esse mesmo jovem vai ter a possibilidade de ingerir bebidas alcoólicas a partir dos 16 anos; da forma coma a fala se articula, dá-se a impressão e gera-se a expectativa de que aqueles casos relacionados à corrupção de menores, quando houver cometimento de crimes por quem tem mais de 18 anos, mas cometidos contra jovens de 16 a 18 anos, crimes não mais serão. Ou seja, discutir a redução da maioridade penal tem repercussão sobre todos os outros atos da vida civil, e não só mais da vida criminal. Imaginemos: o advogado de defesa de alguém condenado por corrupção de menores, menor que tenha realizado ato contra alguém de 16 a 18 anos, necessariamente vai utilizar como tese de defesa no tribunal que aquele jovem não mais pode ser considerado menor e que, por esse motivo, o agente do Estado não deve e não pode responsabilizar quem teoricamente teria cometido corrupção de menores. É importante fazer essa leitura. Por quê? Porque, com a idade penal, que é aquela de natureza mais grave, que incide diretamente sobre a vida do ser humano, é claro, tem-se a expectativa

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de se fazer a alteração nas outras áreas do Direito, tanto do ponto de vista civil quanto de todas as outras áreas. Quando votamos qualquer matéria, essa percepção tem que estar inserida nas repercussões posteriores não só do ponto de vista do Legislativo, mas, mais do que isso, do ponto de vista do Judiciário. É preciso considerar como o Judiciário passará a avaliar as demandas que a partir deste momento serão apresentadas a ele. Obrigado.

Documento 121/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

11/06/2015-11:16

Publ.: DCD -

12/06/2015 - CHICO ALENCAR-PSOL -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA ORIENTAÇÃO DE

BANCADA DISCURSO

Sumário

O SR. CHICO ALENCAR (PSOL-RJ. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, o princípio correto de que o cargo executivo - por ser inclusive muito vertical e pessoal na sua constituição, eleição majoritária - demanda uma faixa etária um pouco maior está sendo mantido. Pelo que entendo aqui dessas nossas propostas de modificação à Constituição, o Prefeito está mantido como apto a ser candidato a partir dos 21 anos, o Governador, caso essa proposta passe, aos 29 anos, e Presidente da República, aos 35 anos, salvo engano da minha parte. Já Vereadores, cargos legislativos, Deputados Federais, Estaduais e Distritais, a partir dos 18 anos, que é a maioridade civil parcial. Não tem nada a ver entrar com essa conversa: "Por isso, vamos reduzir a maioridade criminal para 16 anos." Encontrem outros argumentos. Não por aí, porque nós estamos afirmando os 18 anos. Aliás, se quiserem, vamos usar isso para a manutenção da idade criminal em 18 anos, como defendemos. Por fim, o argumento que o Deputado Glauber Braga trouxe tem a ver. É claro que ninguém está adaptando a Constituição a uma lei menor, mas, levando em consideração um diploma legal. Nós consideramos, ao votar o Estatuto da Juventude - há unanimidade nesse aspecto -, que 29 anos é a idade em que as pessoas no Brasil deixam a chamada juventude. E é sempre uma escolha meio arbitrária essa das faixas etárias, mas há coerência na proposta dos 29 anos. Espero que não seja um casuísmo de alguém pensando que vai completar 29 anos até 2000 e não sei quando, ocasião em que vai

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poder ser candidato ao Senado. Seria uma atitude baixa e menor. Apostando nisso, o PSOL vota "sim".

Documento 122/143

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CD 11/06/2015-

11:16

Publ.: DCD - 12/06/2015 - WEVERTON ROCHA-PDT -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA COMO LÍDER

DISCURSO

Sumário

Importância da participação da juventude brasileira na política. Defesa de

alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA e de rejeição da

Proposta de Emenda à Constituição nº 171, de 1993, que altera a redação do

art. 228 da Constituição Federal (imputabilidade penal do maior de 16 anos).

O SR. WEVERTON ROCHA (PDT-MA. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, colegas Deputados, quero cumprimentar todo o nosso Parlamento, a juventude brasileira, os jovens que estão aqui em torno da nossa Mesa. Quero dizer que, neste momento, muita coisa passou pela minha cabeça. Primeiro, porque eu tive a oportunidade de me tornar Secretário de Estado com 27 anos de idade. Agora que completei os meus 35 anos - apesar de muitos estarem brincando dizendo que eu tenho mais -, eu quero dizer que, por esta Casa aqui, já passaram vários e vários brasileiros que apoiaram muito essa juventude. Graças à mente deles, hoje nós temos essa oportunidade de dialogar, oportunidade de divergir. Eles ajudaram a construir a democracia em nosso País. Aqui quero saudar todos os mais experientes - viu, Presidente? -, os mais experientes, em nome do nosso saudoso Neiva Moreira, que foi Deputado Federal desta Casa por vários mandatos e dizia: "É mais fácil tratar com um jovem de 60 do que com um velho de 20". Ele brincava dizendo isso, porque, às vezes, um jovem de 60, 70 anos de idade ainda está cheio de vigor para tentar mudar o Brasil, cheio de vigor para tentar todo dia construir um novo País, e, muitas das vezes, um de 20 anos, ele chamava de velho, porque já queria desistir de tudo, já não queria mais participar, não queria ir atrás dos seus sonhos. Mas isso aqui é uma alusão, claro! Nós sabemos que, independente de idade, o espírito é o mais importante, o espírito de dar certo, de lutar e de vencer. Eu não poderia deixar de aproveitar esta oportunidade para dizer à nossa juventude que está aqui, ao povo brasileiro, que o momento é oportuno, quando se discute não só a reforma política, mas a pauta que trata da maioridade penal no Congresso Nacional. Senhores, não vamos misturar alhos com bugalhos. Não dá para

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discutir aqui o exercício da cidadania, o ingresso da juventude na política brasileira com a imputabilidade penal, como está sendo colocado aqui no debate. Não dá para misturar. É preciso discutir de forma mais profunda. E ainda quero dizer mais: o PDT tem acompanhado com responsabilidade esse tema junto com vários partidos desta Casa. Estamos vendo que já há um debate interno, por exemplo, no PSDB, com uma ala ligada ao Senador Aécio Neves defendendo uma tese, e outra ala, a do Governador Geraldo Alckmin, defendendo outra. Mas aqui, senhores, não é ala para derrotar projeto que o PT ou qualquer outro partido defenda. A tese da maioridade penal não é do Partido dos Trabalhadores; ela é uma tese do Congresso e da sociedade brasileira. É um erro querer fazer esse embate dizendo que é contra Governo. Mentira! Isso não existe. Não podemos partir para esse debate raso. Assim, não vamos conseguir levar de verdade a solução para o povo brasileiro, qual seja diminuir os índices de violência e acabar com a impunidade no País. Por isso, o PDT acredita que, modificando o Estatuto da Criança e do Adolescente, o art. 121, e sendo duro com todos os menores infratores que atentarem contra a vida, aí, sim, teremos o remédio para enfrentar o problema. Não basta dizer que vamos diminuir a imputabilidade; diminuir a imputabilidade agora é aceitar a entrada direta de vários efeitos colaterais. Senão, vejamos: mudanças diretas nas leis trabalhistas; liberação direta da prostituição do adolescente de 16 e 17 anos - vai estar liberada a prostituição. Eu sou lá do norte do Nordeste, do Maranhão. Eu sei o que é, e vocês aqui da bancada do Nordeste também sabem, uma jovem, na beira da estrada, vulnerável, que, às vezes, vende seu corpo por 10 reais para levar comida para dentro de casa. Nós vamos oficializar a pedofilia no Brasil, além da liberação do álcool, da direção do veículo e de vários outras ações que teremos diretamente com a aprovação dessa PEC. Portanto, vamos lutar para aprovar e mudar o ECA, não a PEC 171. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 123/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 11/06/2015-

11:16

Publ.: DCD - 12/06/2015 - MAJOR OLIMPIO-PDT -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Apoio á redução da idade mínima para candidatura a cargos eletivos e à

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redução da maioridade penal.

O SR. MAJOR OLIMPIO (PDT-SP. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Supremo já pacificou que a data da idade que vale é a data da posse. Logo, como nós estamos evoluindo, valorizando os bons jovens brasileiros para irem às urnas e serem representantes, quer no Legislativo, quer no Executivo, indiretamente, o PSOL e o PT acabam de me dizer que vão votar conosco a redução da maioridade. E não dá para dizer que é só para os crimes hediondos, senão, nós abriríamos uma lacuna. Então, eu quero dizer que, valorizando os bons, nós estamos com um indicativo, sim, de que vamos reduzir a maioridade penal para os 16 anos, não só para os crimes hediondos, porque quem deixa uma pessoa aleijada com tiro, a lesão corporal grave, não é crime hediondo, e o crime eleitoral para o menor de 18 que vai às urnas não será hediondo. E nós vamos votar "sim", grande indicativo. Parabéns aos jovens! Maior pena para o criminoso maior de 16 e menor de 18!

Documento 124/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 11/06/2015-

11:16

Publ.: DCD - 12/06/2015 - BOHN GASS-PT -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Inexistência de vínculo entre a idade mínima para o exercício do voto e a

redução da maioridade penal.

O SR. BOHN GASS (PT-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, só quero registrar que o limite de idade para que o jovem possa votar não tem absolutamente nada a ver com a redução da maioridade penal. Essa é uma confusão inaceitável.

Documento 125/143

149.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 11/06/2015-

11:16

Publ.: DCD - 12/06/2015 - BENEDITA DA SILVA-PT -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA COMO LÍDER

DISCURSO

209

Sumário

Agradecimentos à Casa por manifestações de condolências à oradora em face

do falecimento de seu genitor, João Modesto Elias. Caráter polêmico da

proposta de redução da maioridade penal. Concordância com alterações de

ordem legal para o efetivo cumprimento do Estatuto da Criança e do

Adolescente - ECA. Defesa de debate isento de paixões sobre o problema.

A SRA. BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Como Líder. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu também quero agradecer a esta Casa, às Deputadas e aos Deputados que me mandaram abraços de carinho pelo falecimento do meu pai, nessa terça-feira passada. Quero agradecer a Deus porque foram 107 anos e 8 meses de convivência, e quis Deus recolhê-lo de uma forma muito especial, sem que ele tivesse que ficar doente na cama, dando trabalho ou sofrendo. Graças a Deus, isso, para mim, foi realmente uma grande vitória! Um grande homem, João Modesto Elias, o popular Dadá, deixa um grande legado - tenho certeza - de um homem simples, trabalhador, de um mineiro consequente, que pôde honrar o nome de sua família. Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, aproveito este tempo de Liderança do Partido dos Trabalhadores para fazer aqui uma leitura que considero importante para este momento: "Com o aumento crescente da violência, ganha força a ideia de se reduzir a imputabilidade penal aos menores de 18 anos, como hoje determinam a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente. A participação de menores de idade em crimes gera o errôneo pensamento de que é preciso responsabilizá-los de forma mais drástica, de que é preciso reduzir, o quanto antes, a idade penal, aplicando punições mais severas do que as previstas no Estatuto, jogando-os, por exemplo, em penitenciárias para que sejam, enfim, ressocializados. Ao depararmos, em nosso cotidiano, com os meninos armados de faca e metralhadoras a nos tirar a tão sonhada tranquilidade, pensamos que o melhor seria mesmo encarcerá-los e chegamos a questionar quem, em sã consciência brasileira, elaborou uma lei tão permissiva. Se nos guiarmos por esses pensamentos tortos, deixaremos de perceber que o Estatuto da Criança e do Adolescente traz avanços inquestionáveis, ao propor medidas para coibir infrações. São elas: a advertência; a obrigação de reparar o dano; a prestação de serviço à comunidade; a liberdade assistida; e a internação em estabelecimento educacional. Guiados por nossa perplexidade, diante dos fatos que julgamos ser sempre em maiores proporções do que realmente são, pois menos de 8% dos crimes são cometidos por adolescentes, esquecemos que o simples apoio à família seria capaz de minimizar os problemas em índices consideráveis, esquecemos que a falta de políticas públicas gera o desemprego, a violência, a prostituição, esquecemos que o

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meio social e os consequentes valores impostos às crianças influenciarão o seu comportamento. Uma vez elaborada a lei, julgamos que a solução esteja dada e nos acomodamos no nosso nada a fazer. Parafraseando o poeta, diríamos que, se na primeira noite atiraram uma pedra, mataram o nosso cão e nada fizemos, na terceira noite, quando matarem os nossos familiares e destruírem a nossa casa, nada poderemos fazer, porque nada fizemos até agora. Antes, portanto, de se pedir pura e simplesmente a redução da idade penal, é preciso avaliar as consequências, é preciso analisar que direitos e garantias têm sido oferecidos às nossas crianças e adolescentes." Sr. Presidente, a leitura que acabei de fazer está no prefácio de uma publicação em 1997, ao tempo em que eu era Senadora da República. Fiz questão de fazer essa leitura para lembrar que esta Casa já viveu essa situação. Já vivemos, enquanto Parlamentares, este momento de conflitos em nossa sociedade. Quero crer eu, mulher, mãe, avó, bisavó, que esta não será a solução. Não foi naquela época e não será agora esta a única solução. Estaremos empurrando esses meninos e meninas para a desesperança, porque sabemos muito bem que eles, pelo fato de estarem em unidades fechadas, já são punidos. Elas não passam de pequenos cárceres, desprovidas de uma proteção que institucionalmente é dada aos adultos. Eu digo isso com propriedade, não só porque sou assistente social, mas porque, como Governadora de Estado, pude visitar cada complexo desses. Não fiquei encastelada em meu gabinete. Fui ver as ações que faltavam nas políticas públicas para a proteção e a segurança da população do meu Estado, a segurança dos policiais do meu Estado, a segurança das famílias do meu Estado e a segurança também das famílias das comunidades e dos seus filhos, que nasceram numa outra condição de classe social. É por isso que eu venho a esta tribuna, na condição de uma colaboradora, para fazer um debate tranquilo e sereno. Reduzindo essa maioridade penal, não iremos, certamente, resolver essa situação, mas é fato que precisaremos fazer modificações no Estatuto da Criança e do Adolescente. Mas, se fizermos modificações e não aplicarmos o Estatuto da Criança e do Adolescente, eu tenho certeza de que essa juventude que hoje vimos aqui, que chegou a esta Casa, daqui a alguns anos estará nesta tribuna fazendo o discurso que faço hoje, fazendo uma leitura de que as coisas continuam as mesmas. E teremos que reduzir a maioridade penal porque não fomos capazes de aplicar o Estatuto hoje renovado por nós para que se aplique mais punição a essas crianças e adolescentes. Eu penso que a miséria já os leva a uma grande punição. Eu penso que a punição de ter que enfrentar criminosos que colocam metralhadoras em suas mãos já é uma punição. Mas nós precisamos dar uma satisfação à sociedade; precisamos, sobretudo, dar uma satisfação a essas mães de família que não criaram e não pariram monstros. Elas pariram crianças, e crianças com futuro, com a vontade de que viessem um dia a ocupar esta tribuna,

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como eu estou ocupando, apesar de ter sido uma menina de rua, apesar de ter sido criada numa favela, apesar de ter conhecido a fábrica de fazer marginais, de conhecer a criminalidade de perto, de saber da falta de opções para fazer uma escolha digna, sem que a gente venda o corpo e seja prostituída. Eu conheço tudo isso. Sr. Presidente, para concluir, eu quero dizer a esta Casa que relaxe: vamos fazer uma discussão fora dessas emoções e comoções que ora se apresentam na sociedade. Se assusta esta Casa, assusta-me também, incomoda-me também ver uma criança, ver uma menina ou um menino, um adolescente com arma na mão. Isso incomoda-me, sim. Eu quero mudar essa história. Quero mudar, mas não quero mudar apenas criando mais cadeias, criando mais punição. Eu quero aplicar o Estatuto da Criança e do Adolescente; eu quero, sim, dar chance, esperança e oportunidade, para que não tenhamos medo uns dos outros. Muito obrigada, Sr. Presidente. (Palmas.)

Documento 126/143

150.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 11/06/2015-14:06

Publ.: DCD -

12/06/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Urgente necessidade de revisão da maioridade penal.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, eu até ficaria emocionado com o discurso da Deputada Benedita da Silva, se não tivesse conhecimento de que um menor arrastou barbaramente o menino João Hélio, no Rio de Janeiro, assim como de que outros menores mataram impiedosamente crianças. Eu também ficaria sensibilizado, se não soubesse que um menor no Maranhão entrou num ônibus cheio, onde estavam uma mãe e uma criança de 5 anos, e o incendiou. Eu ficaria sensibilizado, se não soubesse que um menor, por causa de um celular, matou outro jovem em São Paulo. E há diversos outros casos de crueldade e barbaridade. Portanto, já passou da hora de analisarmos a redução da maioridade penal.

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Documento 127/143

150.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 11/06/2015-14:09

Publ.: DCD -

12/06/2015 - MARCON-PT -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Contestação de argumentos favoráveis à redução da maioridade penal. Defesa

de aumento dos investimentos em educação, para diminuição da violência.

O SR. MARCON (PT-RS. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, solicito que seja dado como lido discurso em que apresento minha posição sobre a redução da maioridade penal. Eu vejo que parte da Câmara Federal faz um discurso para fora, e a sociedade, por causa da insegurança dos dias de hoje, aplaude qualquer coisa que se diga para impedir a violência. Mas nós temos que ter responsabilidade e compromisso. Temos que ter compromisso para que a criança possa frequentar escola e oficina, a fim de se qualificar e, no futuro, trabalhar. Nós precisamos de escola, de áreas de lazer, de moradia, de casa, e não de presídio para os menores, porque os que vão para os presídios voltam pior do que quando entraram.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, os jovens brasileiros estão sofrendo mais um duro ataque: a Câmara dos Deputados está tentando reduzir a idade com a qual uma pessoa pode ser presa, como se adulto fosse. Hoje essa idade é 18 anos, mas alguns Deputados querem que ela passe para 16 anos. Os Deputados que defendem a redução da maioridade penal dizem que estão atendendo a população, que reclama do avanço do crime e acredita que o problema da violência no Brasil é decorrente do fato de jovens com menos de 18 anos não serem presos como os adultos. E a grande mídia é responsável por fazer boa parte dos brasileiros pensarem dessa forma. Mas será que é isso mesmo? Do total de jovens brasileiros entre 12 e 18 anos, apenas 0,5% já recebeu alguma medida socioeducativa, uma parcela muito pequena. Com relação aos crimes cometidos contra a pessoa - homicídio, estupro, latrocínio, lesão corporal -, esse número cai para 0,1% dos

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jovens brasileiros nessa faixa etária. As principais infrações cometidas por esses jovens são roubo e tráfico (mais de 65%). No ano de 2012, 11 mil jovens, entre 12 e 18 anos, foram assassinados no Brasil, menos de 3 mil eram responsáveis por algum crime cometido contra pessoa. Isso demonstra que esses jovens são mais vítimas do que causadores de violência. O Estatuto da Criança e do Adolescente determina que medidas socioeducativas sejam aplicáveis aos jovens infratores. Somado a isso, o Brasil tem a quarta maior população carcerária do mundo e um sistema prisional superlotado, com 500 mil presos. O Brasil só fica atrás, em número de presos, dos Estados Unidos, que têm 2,2 milhões de presos, da China, que tem 1,6 milhão de presos, e da Rússia, que tem 740 mil presos. Por fim, sabemos que o sistema penitenciário brasileiro não tem cumprido sua função social de controle, reinserção e reeducação dos agentes de violência. Colocar mais jovens nos presídios só vai contribuir para aumentar a violência, já que os índices de ressocialização no País são ínfimos.

Documento 128/143

153.1.55.O Sessão Não Deliberativa de

Debates - CD 15/06/2015-14:18

Publ.: DCD -

16/06/2015 - MAURO PEREIRA-PMDB -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

PEQUENO EXPEDIENTE PEQUENO

EXPEDIENTE DISCURSO

Sumário

Manifestação de opinião favorável à redução da maioridade penal no Brasil.

O SR. MAURO PEREIRA (Bloco/PMDB-RS. Sem revisão do orador.) - Deputado Gonzaga Patriota, eu gostaria de comentar sobre esse final de semana, no sábado. Iniciou-se no Município de Caxias do Sul um comitê contra a redução da maioridade penal. Esse comitê é composto por diversas entidades, inclusive estava presente no sábado, durante toda a tarde, o Ministro Pepe Vargas, o nosso Dr. Leoberto Brancher, que é o juiz que está instaurando a justiça restaurativa no País. É importante o debate, mas eu gostaria de dizer, deixar bem claro - e eu já deixei bem claro - que eu sou a favor da redução da maioridade penal. Quem leu a revista Veja deste final de semana viu o retrato do que significa hoje os jovens que não foram bem educados e o que está acontecendo com a bandidagem.

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Então, eu sou a favor da redução da maioridade penal, o povo clama por leis, precisa ter leis mais severas para que, desde crianças, os pais e as mães, os tios, os primos, os parentes procurem educar melhor os jovens, porque eles vão ficar sabendo que, caso eles aprontem depois dos 16 anos, poderão ser presos. É isso o que precisa. O Brasil precisa ser um País que tenha leis rígidas, leis que possam ser cumpridas, porque o que não pode é o que está acontecendo no dia de hoje: as pessoas de bem, as pessoas que trabalham, as pessoas que lutam no seu dia a dia não têm mais sossego, não têm mais paz. Nós políticos, Deputados Federais e Estaduais e Senadores temos obrigação de dar uma resposta à nossa sociedade. Essa resposta é a existência de leis mais severas e que realmente incriminem aqueles que são bandidos. É por isso que votarei a favor da redução da maioridade penal. Sou a favor da redução da maioridade penal porque lugar de bandido é na cadeia. Não importa a idade da pessoa, se ela agiu errado, cometeu um crime, tem de pagar por ele. Não tenho dúvida nenhuma de que esta Casa vai atender ao clamor da população brasileira, que pede e que clama por justiça, fazendo com que as pessoas de bem vivam em paz e que as pessoas que praticam o mal e crimes sejam responsabilizadas. Muito obrigado.

Documento 129/143

157.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

16/06/2015-17:14

Publ.: DCD -

17/06/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Elogio ao Presidente Eduardo Cunha pela inclusão na pauta de proposições

relativas á segurança pública.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. e Sras. Deputadas, inicialmente, quero fazer um prólogo para elogiar o nosso Presidente Eduardo Cunha, que, com perspicácia, com tirocínio político, está colocando projetos importantes para serem votados nesta Casa. No próximo dia 30, será votada a redução da maioridade penal.

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Comissões Especiais estão sendo instaladas para debater temas que a sociedade clama, principalmente na área de segurança, um deles o estudo do Estatuto do Desarmamento, um projeto muito bem elaborado pelo nosso Deputado Peninha, de Santa Catarina. Sr. Presidente, a Casa necessita andar, e a população vê a Câmara dos Deputados e o Congresso Nacional já com outros olhos - já com outros olhos! O percentual de aprovação da nossa Casa subiu para mais de 50%, mostrando que nós estamos realmente no caminho certo: no caminho do trabalho, da discussão dos grandes temas políticos brasileiros. Eu não podia deixar de fazer este prólogo e já entrar na minha defesa da sociedade, de 90% dos brasileiros que querem a redução da maioridade penal, que é de suma importância. Não queremos encarcerar ninguém. Queremos, sim, que pessoas honestas, pagadoras de impostos, produtoras realmente, que propulsionam, aceleram o progresso do País sejam protegidas pela legislação brasileira. Queremos, Sr. Presidente, que a educação realmente tenha um investimento farto, para recuperar os nossos jovens, mas não podemos deixar de poupar vidas humanas. Então, nós defendemos com veemência a redução da maioridade penal, a modificação do Estatuto do Desarmamento, a modificação de leis, como foi feito com a Lei dos Crimes Hediondos, em relação aos policiais que tombam diariamente - e esperamos que a sanção venha em breve - porque é um pedido da sociedade brasileira. A sociedade clama diariamente porque não quer ver pessoas tombando nas ruas, nem o sangue escorrendo pelas vias do nosso País. Portanto, Sr. Presidente, são importantes essas modificações legislativas. Sr. Presidente, estamos no caminho certo e vamos fazer valer, realmente, o trabalho de proteção da população brasileira, principalmente a população ordeira, que traz divisas para o nosso País e paga os seus impostos em dia. Muito obrigado, Sr. Presidente.

Documento 130/143

159.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

17/06/2015-12:10

Publ.: DCD -

18/06/2015 - ELIZIANE GAMA-PPS -MA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Contrariedade à proposição sobre a redução da maioridade penal.

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A SRA. ELIZIANE GAMA (PPS-MA. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, nós teremos hoje mais uma etapa importante do debate acerca da redução da maioridade penal no Brasil. Na verdade, os debates que nós acompanhamos até o presente momento foram acalorados. Em alguns deles, no nosso entendimento, houve a utilização de alguns instrumentos não necessários - de forma coercitiva, impediram a manifestação de estudantes que vieram até esta Casa manifestar a sua contrariedade com a redução da maioridade penal. No nosso entendimento, até o presente momento, os debates feitos foram ainda muito poucos, diante da necessidade da temática. Nós teremos daqui a pouquinho a votação do mérito, na Comissão Especial que trata da redução da maioridade penal. Os debates feitos até o presente momento com representações que trabalham essa temática, como o Fundo das Nações Unidas para a Infância - UNICEF, por exemplo, mostram, a cada dia, o erro que este Parlamento poderá cometer ao aprovar a redução, já que apenas 1% ou menos dos homicídios que acontecem no Brasil são de autoria de jovens nessa faixa etária, com menos de 18 anos de idade. O entendimento de que o jovem não tem, na verdade, uma punição não é real. As organizações e as estruturas para a aplicação das medidas de ressocialização, no Brasil, hoje, infelizmente não existem, são sucateadas. Não trabalham a ressocialização; na verdade, ela não acontece. O que nós poderemos acompanhar daqui a pouco é o direcionamento desses jovens para o sistema prisional, que é falido. Seria preciso pelo menos 300 mil vagas para podermos dar o atendimento necessário no sistema prisional. Na semana que vem, Sr. Presidente, nós iremos, com a CPI, visitar o Estado do Maranhão, que tem sido, de uma forma emblemática, considerado um dos Estados com maior vulnerabilidade desse sistema, pela não ressocialização e pela falta de estrutura. Sr. Presidente, daqui a pouquinho, se a redução da maioridade for aprovada na Comissão Especial, poderemos cometer um erro grave, cujos resultados serão muito piores e catastróficos para a juventude brasileira. A juventude brasileira precisa de educação. A juventude brasileira precisa ter, por exemplo, um trabalho muito mais arrojado de combate às drogas, que, aliás, tem sido um dos principais elementos causadores da morte de jovens, especialmente de jovens negros, no Brasil. Precisamos estar atentos a isso e evitar a redução da maioridade penal.

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Documento 131/143

159.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

17/06/2015-13:24

Publ.: DCD -

18/06/2015 - DELEGADO EDSON MOREIRA-PTN -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Defesa da redução da maioridade penal no Brasil e de revisão da Lei de

Execução Penal.

O SR. DELEGADO EDSON MOREIRA (Bloco/PTN-MG. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, enquanto eu fiz um intervalo para dar uma respirada, vieram aqui e falaram da redução da maioridade penal. Mas, entre tantos assassinatos, eles se esqueceram de falar que 10% dos homicídios e 20% dos latrocínios são cometidos por menores. Isso eles não falam! Ficam escondendo essas coisas. Falam do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada - IPEA, da CPI dos negros... Eu também sou integrante da CPI que trata da violência contra jovens negros e pobres. Os menores estão fazendo o que querem. Eles estão subjugando os cidadãos. Abordam-nos e falam: "Passa o celular para mim. Não tem, não? Tem dinheiro aí?" "Não, só tenho 2 reais no bolso." Então, lá vai o tiro, porque só tem 2 reais no bolso! Saiu uma reportagem na revista Veja, esta semana, sobre as falácias que estão propagando. Agora, Sr. Presidente, deram para agilizar uma correria para a revisão do Estatuto da Criança e do Adolescente. Está lá. O PT está tão desesperado, porque isso tomou uma proporção tamanha depois que o Presidente Eduardo Cunha anunciou que até o dia 30 colocaria em votação a redução da maioridade penal, que o pessoal agora resolveu rever o ECA. O pessoal está falando que visitou cadeias, reformatórios e que viu crianças lá. Mas se esqueceu de visitar os cemitérios, onde estão enterradas as vítimas desses menores, que não são poucas. E cadê a punição deles? Onde está a punição deles? Temos que reduzir a maioridade penal. Temos que rever a Lei de Execução Penal. Temos que fazer uma reforma para colocar criminosos na cadeia, sejam eles infantis, sejam eles juvenis, sejam eles varonis. Lugar de criminoso é na cadeia, para ser reeducado. Criminoso não pode ficar solto, matando gente, deixando a nossa população estressada com tanta violência. V.Exa., que é médico, sabe que o estresse baixa as defesas do organismo, deixando o corpo

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humano vulnerável a doenças. Portanto, Sr. Presidente, redução da maioridade penal já!

Documento 132/143

159.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

17/06/2015-14:12

Publ.: DCD -

18/06/2015 - KEIKO OTA-PSB -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Indignação da população brasileira com a impunidade de criminosos

considerados menores de idade. Manchete de capa da revista Veja sobre o

assunto. Apoio à proposta de redução da maioridade penal, de 18 para 16 anos,

a ser aplicada nos casos de crime hediondo.

A SRA. KEIKO OTA (PSB-SP. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, venho a esta tribuna hoje para externar a minha indignação com mais uma notícia sobre crimes cometidos por menores. A capa da revista Veja, edição do dia 17 de junho, traz o tema: "Eles estupraram, torturaram, desfiguraram e mataram. Vão ficar impunes?" Venho a público dizer a todo o País que venho pedindo aos Deputados que avaliem, com muita seriedade, a possibilidade de aprovarmos a Proposta de Emenda à Constituição nº 171, que reduz a maioridade penal de 18 anos para 16 anos de idade. Nada é por acaso. Esses crimes hediondos vieram para reforçar ainda mais a necessidade de aprovarmos essa lei. Se não aprovarmos essa lei, agora que tem o apoio de 87% da sociedade que, declaradamente, se coloca a favor da redução da maioridade, quando será que a aprovaremos? Com essa lei iremos dar uma resposta às mães vitimas de violência em todo o País, que sofrem com o medo, com o pavor que têm desses delinquentes. Ressalto que apoio a redução da maioridade penal para crimes hediondos. Para os demais casos, defendo a aplicação das medidas socioeducativas, pois acredito na recuperação dos jovens do nosso País. Defendo ainda uma punição mais dura para os adultos que aliciam esses menores a cometerem seus crimes. Não vamos permitir que notícias como esta voltem a estampar a capa

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das revistas e jornais do nosso País! Muito obrigada.

Documento 133/143

159.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

17/06/2015-14:32

Publ.: DCD -

18/06/2015 - MARCUS PESTANA-PSDB -MG

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Apresentação de proposições pelo PSDB sobre a redução da maioridade penal

para crimes hediondos e sobre a ampliação da pena apara adultos aliciadores de

menores para a prática de crimes.

O SR. MARCUS PESTANA (PSDB-MG. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sras. Deputadas, 2015 amanheceu com um fato político novo, em razão da crise econômica profunda; da Operação Lava-Jato e do desgaste da imagem da Presidente Dilma e do seu isolamento, diante da percepção de um verdadeiro estelionato eleitoral e diante do reposicionamento do PMDB: o Congresso, que funcionava como puxadinho, como um anexo do Palácio do Planalto, reafirmou sua autonomia e desencadeou uma agenda própria. Isto é positivo: o Congresso exercendo suas prerrogativas. Foi assim que emergiu a discussão da reforma política, do pacto federativo, do Estatuto do Desarmamento e da maioridade penal. É positivo que o Congresso tenha uma agenda própria, mas é preciso aprender, e aprender com a nossa própria dinâmica. Nós estamos caminhando para um ambiente cultural e político marcado pelo sectarismo, pelo maniqueísmo e por raciocínios binários. A Casa aqui é a casa do diálogo democrático, da construção de consensos a partir do dissenso. O fracasso da reforma política, Deputado Afonso Motta, um lutador por uma verdadeira reforma política e que me antecedeu aqui e abordou muito bem a questão, deve-se a esse ambiente de falta de diálogo e de melhor preparação. Ontem nós derrotamos uma causa nobre, da política afirmativa relativa à mulher, porque o texto estava eivado de inconstitucionalidade e ilegalidade, muito mal preparado. Com a redução da maioridade penal, corremos o mesmo risco. Nós temos uma demanda social, que é punir menores que cometem crimes

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hediondos com requintes de crueldade. Mas é preciso levar em conta o passivo social com a juventude e com a infância, é preciso levar em conta a calamidade que é o nosso sistema penitenciário. Devemos atender, sim, ao reclame da sociedade, punindo rigorosamente menores que têm comportamento antissocial e cometem crimes hediondos, mas sem misturar alhos com bugalhos. É preciso fazer mediações. Nós temos três posições: a do PT, de um imobilismo absoluto, refratário a qualquer mudança; a daqueles que querem uma redução linear da maioridade penal, e a do PSDB, que propõe a redução da maioridade exclusivamente para crimes graves e hediondos, a mudança do Estatuto da Criança e do Adolescente, com o enrijecimento das penalizações e o agravamento da pena de adultos que utilizam crianças e jovens para o crime. Este é o caminho da negociação, do diálogo: nem o do imobilismo do PT nem o daqueles que querem criminalizar jovens a quem nós negamos educação e assistência social e que cometem pequenos delitos. Não podemos inscrevê-los na universidade do crime, que é o sistema penitenciário brasileiro.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELO ORADOR

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em 2015, iniciamos o ano com um fato político novo. Em função da rápida deterioração do apoio à Dilma, fruto da crise econômica, das investigações da Lava-Jato, da sensação de um verdadeiro estelionato eleitoral e do reposicionamento do PMDB, a Câmara dos Deputados assumiu um protagonismo inédito e desencadeou discussões de uma agenda própria de interesse da sociedade. Emergiram discussões sobre a regulamentação do trabalho terceirizado, a reforma política, o Pacto Federativo, a chamada PEC da bengala, a revisão do Estatuto do Desarmamento, a lei de responsabilidade das estatais e a redução da maioridade penal. Em relação à maioridade penal, havia um enorme expectativa social em torno de respostas novas e firmes a crimes violentos, alguns com requintes de crueldade, cometidos por menores de 18 anos, com grande repercussão na mídia e na opinião pública. De pronto é preciso esclarecer que, embora as estatísticas sejam precárias, as evidências apontam que o número de crimes cometidos por adolescentes são um percentual muito pequeno do total. E que os crimes hediondos cometidos por eles, que revoltam a todos nós, são a extrema exceção. Não podemos ainda esquecer as determinantes sociais da criminalidade e a trágica situação de nosso sistema penitenciário. Não podemos misturar jovens que furtam um celular ou são reféns do tráfico de drogas, e que podem ser recuperados, com jovens extremamente violentos e com graves deformações comportamentais que praticam assassinatos revoltantes. Levar indiscriminadamente adolescentes

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para o enquadramento no Código Penal e matriculá-los nas "universidades do crime" do sistema prisional será grave equívoco. Hoje os adolescentes que cometem crimes são punidos pelas regras previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que foi um avanço. O problema é que sua implementação encontrou graves limitações gerenciais e financeiras e não deu conta de punir adequadamente os jovens que cometeram crimes graves e violentos. Diante da cobrança da sociedade, a discussão se instalou. Três campos se delinearam. O PMDB e muitos representantes parlamentares ligados às forças policiais defendem a redução linear da maioridade penal para todos os jovens infratores maiores de 16 anos, enquanto o PT e várias entidades são refratárias a qualquer mudança substantiva. Diante da ameaça de configuração de um ambiente maniqueísta, tipo "Atlético x Cruzeiro", e considerando como muitos já disseram que na maioria das vezes a virtude está no meio, o PSDB apresentou a proposta de redução da maioridade apenas para crimes hediondos e graves, nos termos da PEC do Senador Aloysio Ferreira Nunes, somada à mudança do ECA, tornando suas regras mais rígidas, dentro da configuração proposta pelo Governador Geraldo Alckmin, conjugadas com o projeto do Senador Aécio Neves que triplica a pena para adultos que usarem menores para a prática de crimes. Essa será a discussão nas próximas semanas.

Documento 134/143

159.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

17/06/2015-14:40

Publ.: DCD -

18/06/2015 - ORLANDO SILVA-PCDOB -SP

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Publicação, pela Secretaria Nacional de Juventude, da Secretaria-Geral da

Presidência da República, do Mapa do Encarceramento: os jovens do Brasil.

Preocupação do orador com o aumento da presença de jovens negros entre 18 e

24 anos na população carcerária. Posicionamento contrário à redução da

maioridade penal. Abertura de mais oportunidades para o jovem brasileiro.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO À MESA PARA PUBLICAÇÃO

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O SR. ORLANDO SILVA (PCdoB-SP. Pronunciamento encaminhado pelo orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, quero registrar a imensa preocupação com os rumos do nosso País e da nossa juventude e a responsabilidade que temos diante da análise realizada na recentente publicação da Secretaria Nacional de Juventude da Secretaria-Geral da Presidência da República: Mapa do Encarceramento: os jovens do Brasil. Na pesquisa, de acordo com a autora, Jacqueline Sinhoretto, a superpopulação carcerária é uma realidade em todo o País. "Todos Estados brasileiros já estão com superpopulação carcerária. A média do Brasil é de 1,7 preso para cada vaga, a um custo variando entre R$2 mil e R$3 mil por preso", asseverou. Os dados do Mapa do Encarceramento mostram que, ao longo do período de análise, o número absoluto de presos saltou de 296.919 para 515.482. A maior parte dessas prisões (70%) foi motivada por crimes patrimoniais ou envolvendo drogas, enquanto crimes contra a vida motivaram apenas 12% das prisões. Ao analisar o perfil dos presos, a pesquisa deixa evidente a existência de uma "seletividade penal" sobre um segmento específico: o jovem negro, com idade entre 18 e 24 anos. Em 2012, negros foram presos uma vez e meia a mais do que brancos. O Estado de São Paulo, o qual represento, é o que possui a maior taxa de encarceramento de negros no País. O Estado tem 595 presos negros a cada grupo de 100 mil habitantes negros, enquanto que a taxa média do País é de 292 a cada 100 mil habitantes negros, o que faz o índice de negros presos ser uma vez e meia o de brancos (191 a cada 100 mil); ou seja em todo camburão ou presídio ainda existe a presença do "navio negreiro". Esse estudo remete a mais um instrumento que reforça dois importantes debates que esta Casa vem travando nos últimos messes: a CPI da violência contra jovens, negros e pobres, a qual buscará investigar, apurar e legislar, a partir da análise dos índices de violência, as condições de vulnerabilidade da população negra e a polêmica proposta de redução da maioridade penal. Sobre este último tema, assim como demonstra o relatório sobre a superlotação, sabemos que o Brasil não ressocializa a população carcerária e faz uso abusivo de prisão temporária. Esse debate tem então uma dimensão ética. É preciso alertar o povo brasileiro de que estamos indo na contramão do mundo. A maioria dos países fracassaram ao priorizar políticas punitivas e perceberam tardiamente que as causas dos crimes não foram reduzidas. Não é solução colocar mais gente na cadeia. Precisamos enfrentar, sim, esse tema da vulnerabilidade da população jovem no Brasil. Precisamos nos debruçar sobre medidas de prevenção. Não podemos cair no discurso raso e cedermos ao senso comum, alimentados por uma cultura de ódio. O jovem precisa de oportunidades, o jovem precisa de direitos, o jovem precisa do Brasil. E o Brasil precisa de sua juventude. Era o que tinha a dizer.

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Documento 135/143

161.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

17/06/2015-16:24

Publ.: DCD -

18/06/2015 - CARLOS MANATO-SD -ES

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Redução da maioridade penal. Posicionamento favorável à emancipação do

menor de idade envolvido em crime hediondo.

O SR. CARLOS MANATO (SD-ES. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, nós estamos discutindo nesta Casa a maioridade penal, e temos que respeitar a posição de todos. Parlamentares, sociedade civil organizada, população, todo o mundo tem a sua opinião, e nós temos que respeitá-las. Faz parte da democracia respeitar a posição das outras pessoas. Eu acredito, Sr. Presidente, que para aquela pessoa que comete furtos, crimes pequenos - o ladrão de galinha, o que roubou para comer, o que roubou um toca-fitas, o ECA já funciona bem. Existem lugares para a ressocialização dessa pessoa. Eu acho que isso está bem encaminhado. A minha preocupação, Sr. Presidente, é com crime hediondo. Eu não posso comparar quando eu tinha 16 anos, há 41 anos, com um jovem de 16 anos hoje. Nós estamos 4 décadas depois. Hoje nós temos um mundo globalizado, temos a Internet, o Facebook, o WhatsApp, o Instagram, o Twitter; as pessoas têm mais informações. Hoje, com 16 anos, é possível votar para Presidente da República! O que eu questiono é que não é preciso diminuir a maioridade penal, não! Eu sou favorável a que, não importa a idade - se 10, 11, 12, 16, 17 anos -, aquele que comete um crime hediondo com menos de 18 anos seja emancipado imediatamente e vá cumprir pena como um adulto normal. É isto o que eu defendo: não importa a idade. Em alguns países é assim. Cometeu crime hediondo? Cometeu. Emancipe a pessoa, e ela cumprirá a pena como se fosse um adulto, porque nós não podemos comparar furtos pequenos com prática de crime hediondo. É isso o que estamos defendendo. Eu estou percebendo, nesta Casa, um sentimento muito grande de baixar para 16 anos a idade penal para crimes hediondos. Sou mais radical: eu não limitaria a idade. Se cometeu crime hediondo, a pessoa seria emancipada e cumpriria a pena, a qual também seria mais

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rigorosa. Essa é uma posição muito particular minha, e estamos abertos para discutir, dialogar e levar isso a voto, e, em votação, Sr. Presidente, a maioria vence. Nesses dias, nós tivemos votação em que não atingiu a maioria. Tem que se respeitar o voto da maioria. Muito obrigado.

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161.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 17/06/2015-

17:06

Publ.: DCD - 18/06/2015 - MOEMA GRAMACHO-PT -BA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES PELA ORDEM

DISCURSO

Sumário

Manifestação de opinião contrária à redução da maioridade penal no Brasil.

Necessidade de combate ao tráfico de drogas com vistas à redução da violência

no País. Importância da educação e do resgate de valores e da família na

formação do cidadão.

A SRA. MOEMA GRAMACHO (PT-BA. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Muito obrigada pela forma democrática com que V.Exa. conduz os trabalhos. Sr. Presidente, o que está acontecendo agora na Comissão Especial da Maioridade Penal remete a uma reflexão deste coletivo aqui. É claro que eu sei que uma grande parcela da sociedade quer ver aprovada a redução da maioridade penal, mas é óbvio que a grande mídia trabalha o tempo inteiro em cima de um crime, quando é cometido por adolescentes. E, é claro, qualquer que seja a vítima - uma que seja - de um adolescente, nós não podemos concordar com isso e temos que repudiar essa atitude por quem quer que seja cometida, adulto ou adolescente. Entretanto, não podemos tratar dessa questão achando que reduzir a maioridade penal vai diminuir a violência. Em nenhum país do mundo, Deputado Daniel, em que se reduziu a maioridade penal, diminuiu a violência. Eles tiveram que voltar a maioridade para 18 anos. E mais: pesquisa do IPEA aponta que menos de 10% dos adolescentes que estão privados de liberdade nas unidades de ressocialização cometeram crimes de homicídio. Desses, 66% vêm de famílias extremamente pobres; 60% são negros; 62% estão lá porque praticaram tráfico de drogas. Isso mostra que aquilo que precisa ser atacado é o combate às drogas.

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É preciso construir mais escolas de tempo integral. É preciso dar mais oportunidades para a qualificação profissional. A mídia, em sua grande maioria, deseduca, quando devia ajudar na educação dos jovens. O exemplo são os Big Brothers da vida e os filmes que propagam mais violência. Devemos fazer um resgate de valores e da família. O Estado deve cumprir o seu papel, como também a família. É preciso entender que vivemos em um país com 500 anos de desigualdades. Há menos de 12 anos, 36 milhões de pessoas viviam na extrema pobreza. Agora, o povo está começando a sair da pobreza, a se alimentar. Trinta e seis milhões de pessoas saíram da pobreza extrema, mas nós sabemos que ainda temos pessoas que enfrentam muitas dificuldades. Nós precisamos entender que este País só agora está cuidando do social, que foi relegado há 500 anos. Há muitas outras propostas a serem feitas, antes de se reduzir a maioridade penal. Irão entregar ao traficante não mais o adolescente de 16 anos, de 17 anos; vão entregar ao traficante o adolescente de 13 anos, de 14 anos. Ou os senhores querem reduzir para menos de 16 anos? Aí vão pegar também os de 10 anos para colocam no tráfico. Muito obrigada.

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CD 17/06/2015-

19:18

Publ.: DCD - 18/06/2015 - ANDRÉ MOURA-PSC -SE

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA COMO LÍDER

DISCURSO

Sumário

O SR. ANDRÉ MOURA (Bloco/PSC-SE. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ocupo a tribuna para parabenizar e ressaltar aqui que foram concluídos os trabalhos na Comissão Especial que analisa a proposta que reduz a maioridade penal. Eu quero, primeiramente, agradecer o apoio que nós tivemos durante todo o trabalho, desde o primeiro dia de sessão da Comissão Especial da Maioridade Penal até hoje. Há poucos instantes, concluímos os nossos trabalhos. Eu tenho certeza de que, para que nós possamos fazer justiça e dar limites a esses que, de forma cruel, bárbara, matam, estupram, roubam, cometem crimes contra a vida, crimes hediondos, nós

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aprovamos, Deputado Danilo Forte, a redução da maioridade penal para 16 anos na Comissão Especial. Quero aqui agradecer a todos os Deputados que compõem a Comissão e parabenizá-los, independentemente daqueles 21 que votaram a favor ou dos 6 que votaram contra. Eu entendo que o resultado da Comissão reflete a vontade do povo brasileiro, que, na sua maioria, de forma esmagadora - mais de 87%, quase 90%, Deputado Guilherme Mussi -, vota e quer a redução da maioridade penal. Eu sei que nós cumprimos com o nosso dever, nós cumprimos com a nossa obrigação e mostramos que estamos em sintonia com o que deseja o povo brasileiro, que não aguenta mais tanta violência e tanto crime produzidos por esses menores de 16 anos, volto a repetir, que matam, que estupram, que roubam e ficam impunes, por conta de uma legislação que hoje vigora em nosso País e que é injusta e perversa. Quero aqui parabenizar o Deputado Laerte Bessa, Relator da Comissão Especial, pelo brilhante relatório apresentado. Tenha a certeza de que V.Exa. honrou a vontade do povo brasileiro, Deputado. V.Exa. teve a humildade, inclusive, de hoje mudar o relatório para adequá-lo à vontade deste Parlamento, para que nós possamos votá-lo e aprová-lo aqui. Quero também parabenizar o Presidente da Casa, o Deputado Eduardo Cunha, que teve a coragem de pautar e trazer ao Parlamento brasileiro, à Câmara dos Deputados, uma discussão que o povo brasileiro aguarda há 22 anos, desde quando foi protocolada a primeira PEC sobre a matéria. V.Exa., Sr. Presidente Eduardo Cunha, teve a coragem de instalar a Comissão Especial, pautar a proposta e coloca-la em discussão. Eu não tenho dúvida de que, no dia 30 de junho, este Parlamento que aqui está, as Sras. e os Srs. Deputados, com a responsabilidade que têm com o Brasil, vai votar e aprovar a redução da maioridade penal. Portanto, Sr. Presidente, quero aqui agradecer, primeiro, a confiança em mim depositada para presidir essa Comissão tão importante que buscou atender à vontade do povo brasileiro. Tenho certeza, volto a repetir, de que cumprimos com o nosso papel, mostrando que este Parlamento, mais do que nunca, sob a condução de V.Exa., está em perfeita sintonia com o que quer a sociedade, com o que quer o povo brasileiro. E ainda tenho certeza de que nós vamos aprovar aqui a redução da maioridade penal, que é um clamor de toda a Nação. Quero enaltecer mais uma vez o trabalho que tivemos em todo esse tempo. E àqueles que não se somaram conosco, que não tiveram a mesma preocupação que nós temos com o que quer o povo brasileiro, quero dizer que não adianta reclamar, não adianta dizer que hoje a Ordem do Dia não começou, pois a decisão de V.Exa., Sr. Presidente, foi a de não iniciá-la até se encerrarem os trabalhos na Comissão Especial, e isso se deu porque V.Exa. está sintonizado em atender ao desejo do povo brasileiro. Então, nós temos que parabenizar a atitude de V.Exa., temos que parabenizar o espírito de homem público de V.Exa. E tenho certeza de que vamos aprovar, sim, a redução da maioridade penal.

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Vamos fazer justiça! Sabemos que, com a redução da maioridade penal, que nós - se Deus quiser - vamos aprovar, nós não vamos resolver o problema da violência no Brasil, mas nós vamos fazer justiça com milhares de famílias deste País que foram vítimas de menores de 16 e 17 anos, que não podem continuar cometendo crimes hediondos, estuprando, fazendo tráfico de drogas, roubando, matando, de forma bárbara, violenta e cruel, e permanecendo impunes. Então, um viva aos Parlamentares que votaram e aprovaram a redução da maioridade penal! Quero aqui enaltecer mais uma vez o trabalho de todos. Quero cumprimentar todos. Eu tenho certeza, Deputado Guilherme Mussi, de que nós estamos atendendo ao que quer o povo brasileiro. E agora cabe a este Parlamento votar. Este Parlamento não pode não aprovar a redução da maioridade penal, porque senão nós vamos estar dando sinal verde a esses que cometem crimes e que vão dizer: "Olhe, a Câmara Federal nos apoia, quer que a gente continue cometendo crimes". E nós não podemos permitir isso. Parabéns a todas as Sras. Deputadas e todos os Srs. Deputados que compõem a Comissão Especial, que fizeram parte da Comissão Especial, ao Relator, o Deputado Laerte Bessa, e a V.Exa., Sr. Presidente, pelo espírito de homem público e por pautar e trazer à discussão uma matéria tão importante!

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161.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária -

CD 17/06/2015-

19:18

Publ.: DCD - 18/06/2015 - LAERTE BESSA-PR -DF

CÂMARA DOS DEPUTADOS

ORDEM DO DIA COMO LÍDER

DISCURSO

Sumário

O SR. LAERTE BESSA (PR-DF. Como Líder. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Parlamentares, depois de 3 meses, nós conseguimos, na Comissão, num trabalho árduo, aprovar a proposta de redução da maioridade penal, graças a um grande trabalho do nosso Presidente, que acabou de se pronunciar. Presidente André Moura, parabéns pelo seu trabalho, pela sua garra e pela sua postura na condução dos trabalhos de mais de 5 horas, hoje, na Comissão! Eu quero parabenizar todos por essa aprovação, que, graças a Deus, graças ao povo brasileiro e graças aos demais Parlamentares da

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Comissão, vem a ser o reconhecimento desta Casa para com o povo brasileiro. Presidente Eduardo Cunha, parabéns pela nossa independência! Hoje eu sou um Deputado feliz, porque eu tenho independência aqui na Casa para votar os projetos importantes para o País. Eu sei que nós tivemos que trabalhar muito para alcançar uma proposta correta. Pessoalmente, eu sou a favor da redução da idade de imputabilidade penal de 18 para 16 anos de forma linear. Por mim, nós não poderíamos dar chance ao menor de 16 anos, porque o menor de 16 anos, no mundo de hoje, não é mais inimputável. Nós não podemos dizer que o menor de 16 anos hoje não tem clareza, não tem sabedoria, não tem consciência sobre se um ato é ilícito ou lícito. Mas hoje nós provamos para a comunidade brasileira que esta Casa tem o poder de fazer justiça. Sr. Presidente, queria adiantar que os encardidos de oposição à proposta, os encardidos da Esquerda, os famosos progressistas, ou como diz o jornalista Reinaldo Azevedo, da revista Veja, que assim chama esses esquerdistas: os cubanófilos, hoje estiveram presentes à Comissão, tentando, de todas as formas, inviabilizar um projeto que é o reconhecimento desta Casa para com o povo brasileiro. Quero dizer a V.Exas. que foram criados vários obstáculos. Inventaram na Casa a credibilidade nas pesquisas, com pesquisas simuladas, pesquisas inventadas, pesquisas mentirosas. Chegaram a inventar pesquisa com 0,01% de crimes contra a vida, os homicídios, praticados por menores. Nós conseguimos provar que aqui no Distrito Federal, dos 355 homicídios que aconteceram do dia 1º de janeiro ao dia 15 de maio, 139 foram praticados por menores infratores. Isso representa 39% de delinquência juvenil. E os encardidos do PT, os encardidos de oposição à proposta, os famosos progressistas, vieram com a história de 0,01%. Esse foi o maior absurdo que eu já vi dentro de uma Comissão! Quero dizer a V.Exas. que nós não vamos acabar com a criminalidade no nosso País. A redução da maioridade penal não é para acabar com a criminalidade. O que acaba com ela são os projetos sociais, são os investimento na educação, na cultura. Deve-se combater o narcotráfico, porque hoje os menores estão praticando crimes fruto do envolvimento com as drogas. E o Governo Federal, em vez de trabalhar com a criminalidade, dando assistência a essa juventude, simplesmente vem interferir aqui no trabalho dos nossos Parlamentares. Aqui a competência é nossa. Aqui não é competência do Executivo não, Sra. Dilma! A senhora procure trabalhar pelo País, para tentar minimizar a corrupção que está enraizada na nossa sociedade e deixe que nós, Parlamentares, cuidemos dos projetos que aqui são circunstanciados por nós e que analisamos com plena competência. Então, volto a dizer: nós tomamos essa decisão. E é bom salientar, Sr. Presidente: nós não vamos colocar os coitadinhos lá no presídio, não. (Desligamento automático do microfone.) O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Para falar como Líder, o Deputado...

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O SR. LAERTE BESSA - Sr. Presidente, parei para tomar água. Sr. Presidente, eu estou discursando ainda. O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Então, conclua, Deputado. Desculpe-me. O SR. LAERTE BESSA - Sr. Presidente, nós não queremos botar os menores, esses coitadinhos, no presídio, não. Nós estamos optando por uma área diferenciada do sistema penitenciário de hoje. E vou dizer para V.Exas.: os menorzinhos, hoje, de 16 anos, são bem admitidos dentro do nosso sistema. Se hoje o Estatuto da Criança e do Adolescente não resolve o problema de ressocialização desses menores, não vai ser o povo brasileiro que terá que pagar por isso. Não só sou a favor da redução da maioridade penal para 16 anos, mas também sou a favor de que eles paguem pelos crimes hediondos. O SR. PRESIDENTE (Eduardo Cunha) - Conclua, Deputado. O SR. LAERTE BESSA - Aqueles que atingirem a adolescência, a partir de 12 anos, também têm que ser punidos. Se não o forem pelo ECA, nós temos que achar uma solução para que não aconteça mais o que está acontecendo no País, como ocorreu nesse caso do Piauí, na cidade de Castelo, uma das maiores atrocidades do nosso País. Muito obrigado, Presidente.

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163.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

18/06/2015-14:56

Publ.: DCD -

19/06/2015 - BENEDITA DA SILVA-PT -RJ

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Posição contrária à redução da maioridade penal. Esclarecimentos sobre a

existência de dispositivos no Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA para

punição do menor infrator. Maior eficácia na aplicação do Estatuto.

A SRA. BENEDITA DA SILVA (PT-RJ. Pela ordem. Sem revisão da oradora.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, ontem a Comissão Especial votou a redução da maioridade penal. Eu tenho me colocado contrária a essa redução da maioridade penal, porque isso não irá resolver o problema da violência no País. Além disso, nós estaremos penalizando toda uma juventude sem perspectiva de vida.

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Acabei de ter conhecimento de dados que confirmam que nós estamos tirando o futuro deste País quando dizemos que a redução da maioridade penal vai fazer com que grande parte da nossa juventude vá para a cadeia, como se do Estatuto da Criança e do Adolescente não constasse nenhum tipo de penalidade. Sr. Presidente, não é verdade! O Estatuto da Criança e do Adolescente prevê seis tipos de medidas socioeducativas para os adolescentes em conflito com a lei. Na verdade, nós estamos assistindo a uma grande confusão, a um grande equívoco. Os homicídios contra a vida praticados por jovens representam 0,01%. Hoje, estivemos com o Ministro Pepe Vargas na Comissão discutindo essa questão relacionada ao número de jovens que cometem delitos. Nós sabemos que, se continuarmos dessa forma, o número de jovens que vão morrer será de 42 mil, de 2013 a 2019, antes de completarem 19 anos. Portanto, não é possível concordamos com a redução da maioridade penal, não é possível, na medida em que não nos debruçamos no Estatuto da Criança e do Adolescente! O ECA não é reconhecido, não é lido pela maioria de nós Parlamentares. Se fosse, nós não estaríamos fazendo aqui esta proposta. Sr. Presidente, peço a V.Exa. que aceite o meu pronunciamento na íntegra e autorize a sua divulgação no programa A Voz do Brasil, porque estarei, desta tribuna, lutando incansavelmente contra a redução da maioridade penal. Obrigada. O SR. PRESIDENTE (Carlos Manato) - Muito obrigado, nobre Deputada. V.Exa. será atendida.

PRONUNCIAMENTO ENCAMINHADO PELA ORADORA

Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, o Parlamento brasileiro está diante de um tema extremamente complexo, e que é debatido em uma conjuntura em que fervilham interesses antagônicos. Falo da redução da maioridade penal para 16 anos. Essa discussão é potencializada pelo forte cunho emocional das notícias veiculadas pela mídia, que sempre apresenta casos pontuais de adolescentes em conflito com a lei, o que incrementa ainda mais a mobilização da opinião pública a favor da redução da maioridade penal, que passaria dos atuais 18 anos para 16 anos. Se esse clima, que às vezes beira a histeria, já não fosse suficiente, não poderíamos deixar de lado a carga ideológica que vem revestida de "achismos", pois existem levantamentos estatísticos aprofundados sobre o tema, e a definição da idade penal é, de certa forma, inconstitucional. O tema precisa ser discutido amplamente por toda a sociedade para que a construção de consensos seja balizada pela lógica dos argumentos e não pela mera emocionalidade infundada. Nesse contexto, o de sempre buscar a coerência e explanar de forma reflexiva os argumentos, é que o presente documento vem pautar esta temática.

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O desfazimento de posicionamentos moldados de forma midiática faz-se necessário para que, despojados de qualquer ranço, não venhamos a contaminar uma sóbria análise do assunto. A primeira análise a ser feita se dá pela constitucionalidade, pois o intento da redução da maioridade penal contraria o art. 228 da Constituição Federal, e seu art. 60, § 4º, também não admite que o tema seja objeto de deliberação de emenda à Constituição. De fato, a maioridade penal está assegurada na Carta Magna aos 18 anos. Esse entendimento também já é matéria superada pela CCJC (Comissão de Constituição e Justiça e Cidadania) da Câmara dos Deputados. Na Constituição, mesmo não estando a maioridade penal prevista no art. 5º da CF, que trata de direitos e garantias individuais, há precedentes do Supremo Tribunal Federal indicando cláusulas pétreas fora deste artigo. A segunda análise se dá pela arbitrariedade de impormos uma idade. Ora, é extremamente complicado estabelecer uma idade cronológica que se coadune exatamente com a maturação psicológica de cada individuo e que, a partir daí, seria como um divisor de águas, um ponto de corte que seccionaria o mundo psicológico imaturo do mundo psicológico maduro, podendo-se aplicar, após essa separação, a responsabilidade penal ao pretenso infrator. Essa arbitrariedade tem que ser ponderada, e não deve ser imposta para a sociedade por simples argumentação jurídica. São indivíduos que estão sendo tratados como uma equação matemática, buscando equalizar a todos num número único, o que, na verdade, não é a real solução do problema. A problemática é individual, no âmbito da maturação psicológica, e não numa decisão maniqueísta, binária e arbitrária, que traz tudo para um valor numérico. Conforme estudo apresentado pela Consultoria Legislativa em reunião da Comissão de Seguridade Social e Família, há um entendimento de que a imputabilidade penal começa aos 18 anos na maioria dos países estudados. Isso nos dá um razoável parâmetro para o marco divisório da idade penal, porém não é um critério sólido que nos habilite a uma decisão madura, pois há que se respeitar a especificidade jurídica e social de cada nação e a comunidade que estamos analisando. Nesta tônica de punir ou não punir é que é importante mencionar o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, e esta se torna a terceira análise deste documento. Há um sentimento por parte da sociedade de que o adolescente não é punido. Porém, ele é realmente punido, pois são aplicadas medidas socioeducativas, ou seja, o adolescente em conflito com a lei é internado, ficando restringida sua liberdade. É uma grande falácia dizermos que o adolescente em conflito com a lei não é punido. Ele é punido, mas em uma unidade que o recupere de fato. Estando o adolescente em conflito com a lei em uma unidade de internação comum, ele estará na verdade sendo mandado para uma universidade do crime, não passando pelo processo de ressocialização. E nestas unidades de internação se perde a autoestima e a dignidade (basta ver os crimes sexuais cometidos). Para sobreviver em uma unidade, é necessário entrar para uma facção

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criminosa. A crítica é que o ECA não pune, mas ele pune sim. Ele foi aplicado. O que é necessário é um aperfeiçoamento do Estatuto. Ora, a sociedade tem uma dinâmica social a ser avaliada, e para este devido acompanhamento nada mais correto que evoluirmos nas análises acerca dos fatos sociais. No caso da temática aqui examinada, devemos respeitar suas nuances e avançarmos para que o ECA seja aplicado com coerência, com eficácia, e não fazer uma crítica reducionista e simplista de que ele não presta. Em vez de alterar a idade penal, deveríamos pensar em aplicar o ECA com maior inteligência, com uma evolução que venha ao encontro da nossa realidade social tão discrepante. Em pontos que tensionam mais, como crimes hediondos, poderíamos tratar com uma alternativa mais sensata para o caso concreto. Quando uma sociedade se organiza e manifesta um sentimento de necessidade de proteção e, através disso, é gerado um documento que cria a proteção aos seus adolescentes e crianças, este estatuto deve ser visto como uma ferramenta garantidora de proteção desses indivíduos e não como um mero documento que não trouxe avanços. O norte a ser adotado é avançar com as políticas de implementação do ECA e atualizar esse estatuto, moldando-o às realidades atuais da sociedade. Ora, estamos tratando de adolescentes e crianças, indivíduos esses que copiam padrões de conduta e espelham seus padrões de comportamento na sociedade pelo que vivenciam e observam. Por estarmos num mundo de interatividades múltiplas e de conectividade mundial, ter uma abordagem de avanço para o estatuto é um caminho sábio, uma postura que a sociedade quer dos Parlamentares. Se existem infratores, sejam de qualquer idade, é por que existem falhas na atuação do Estado, e a visão a ser trabalhada é corrigir os erros, como a falta de investimentos em educação, o que faz com que ainda tenhamos uma massa de analfabetos de em torno de 13 milhões de indivíduos de 15 anos de idade ou mais. Além disso, precisamos investir em um projeto pedagógico que impacte o seio familiar, pois ali é que são passados os valores morais e princípios que sedimentam um caráter bem formado. Indicar uma temática como a redução da maioridade nos desvia do real caminho a perseguir, desnorteia a jornada que deveria ser a consolidação de um projeto já iniciado que é o ECA. Diante do exposto e de outras tantas informações que poderíamos debater e incrementar, faz-se necessário um questionamento mais profundo, e passo agora à quarta e ultima análise que finaliza este documento. Adianto que a atuação parlamentar sobre temas que batem à porta do Parlamento não se dá somente no âmbito filosófico e ideológico, mas sim na vida prática, no sentimento real e verdadeiro que cada indivíduo tem em seu cotidiano. Nessa linha, é preciso que nós, Deputados, possamos dar uma resposta para a sociedade em consonância com a realidade. Podemos afirmar que a sociedade não quer somente um projeto de redução de maioridade penal. Ela quer, exige mesmo, a construção de

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um projeto político que não busque, através de subterfúgios, a "poção mágica libertadora dos problemas". O que se quer é que se contemplem as várias facetas que moldam esta realidade social: a vida familiar, com mais acompanhamento dos pais e o desenvolvimento de princípios que visem sedimentar o caráter dos filhos; um sistema educacional com uma proposta pedagógica que contemple a formação integral do ser humano; um Estado mais presente na vida do cidadão, oferecendo políticas públicas que atendam às necessidades fundamentais dos cidadãos. Nesse sentido, a redução da maioridade penal não é a solução para a violência no País. Ela apenas reforça a política de encarceramento, que transforma o Brasil no país com a quarta maior população carcerária do mundo. Não a redução da maioridade penal! Era o que tinha a dizer.

Documento 140/143

163.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

18/06/2015-15:04

Publ.: DCD -

19/06/2015 - DARCÍSIO PERONDI-PMDB -RS

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Natureza inconstitucional da proposta de redução da maioridade penal a ser

votada em breve pela Casa.

O SR. DARCÍSIO PERONDI (Bloco/PMDB-RS. Pela ordem. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, com muita sinceridade e com tranquilidade - esta Casa me conhece há 20 anos -, digo que eu não entendi o casamento, ontem, do PSDB da Câmara com a bancada da bala. Quatro Ministros do Supremo disseram hoje que a proposta aprovada ontem é absolutamente inconstitucional. "Ah! é porque não alcança 40; não é cláusula pétrea." Não, não é essa! (Tumulto no plenário.) Sr. Presidente, eu quero que V.Exa. desconte esse tempo, porque eu estou parando de me pronunciar para deixar o Deputado falar. Eu cedo o tempo, se S.Exa. quiser. Desconte o tempo, por favor! (O Sr. Presidente faz soarem as campainhas.) O SR. DARCÍSIO PERONDI - Fere o princípio da igualdade o que foi aprovado ontem, que vai complicar o Código Penal, o Código Civil e o sistema juvenil. É uma aprovação esquizofrênica, meus queridos

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Deputados! Dependendo da conduta, um adolescente de 16 anos pode ser processado e julgado ou como adulto ou como adolescente. É um comportamento jurídico duplo por uma conduta do mesmo cidadão. Vou dar um exemplo. Há dois adolescentes de 16 anos. O primeiro vende maconha em uma boca de fumo; o segundo compra maconha na boca de fumo. O primeiro, com 16 anos - porque agora tráfico de drogas é crime hediondo, por aquilo aprovado ontem -, é preso em flagrante e será processado como adulto, podendo pegar de 5 a 15 anos. Processado como adulto, tendo 16 anos, pegará de 5 a 15 anos. Mas o que comprou maconha, que geralmente é um rico, foi de carro comprar maconha, bebeu, bateu, matou uma mulher grávida - uso o exemplo da bancada da bala. É crime culposo. Ele vai ser processado por crime culposo, podendo pegar de 1 a 3 anos. Eu acho que a bancada da bala quer que os nossos filhos, os nossos sobrinhos, os amigos dos nossos filhos e dos nossos sobrinhos que eventualmente estejam puxando fumo - e isso pode acontecer na nossa casa - que somente eles sejam presos. Parece que a bancada da bala já só quer pegar os jovens pobres. Caros Deputados, especialmente os do PSDB, reflitam, estudem, conversem com os juristas, conversem com os advogados. Esta Casa, eu tenho certeza, vai fazer o divórcio entre a bancada da bala e o PSDB. Eu quero votar a modificação do Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA imediatamente após a PEC - imediatamente! E pode ser a proposta do Alckmin ou do Serra. A mudança imediata do ECA, de 3 anos para 9 anos ou 10 anos, é simples, descomplica e vai atender ao que nós queremos. A outra, não. Foi insucesso em todo o mundo! E não podem pegar os nossos filhos! Muito obrigado.

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163.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

18/06/2015-15:10

Publ.: DCD -

19/06/2015 - ARNALDO JORDY-PPS -PA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Inconstitucionalidade da proposta de redução da maioridade penal segundo

Ministros do Supremo Tribunal Federal.

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O SR. ARNALDO JORDY (PPS-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, pessoas que nos assistem pelos veículos de comunicação, a Comissão Especial que trata da maioridade penal, ontem, decidiu por um texto que, lamentavelmente, me parece que está condenado ao insucesso pela inconstitucionalidade. Hoje, alguns Ministros do Supremo Tribunal Federal anunciaram a sua primeira impressão de inconstitucionalidade no texto ontem aprovado. O texto, na verdade, foi fruto de um debate ainda mal resolvido, porque o Relator, Deputado Laerte, acabou abdicando da sua proposta original, que era a simplificação da redução para todo o tipo de delito, e adotou os crimes hediondos e mais alguns outros, criando uma situação assimétrica para um mesmo ente jurídico, que pode responder ora por crimes de adulto, ora por crimes de adolescente. Isso virou uma esquizofrenia no conceito jurídico, que levou esses Ministros a observarem a questão. Eu queria aqui desde já fazer um apelo a esta Casa. É evidente, está-se evoluindo com o debate, haja vista a mudança de postura do Relator, que acabou se convencendo de alguns argumentos por nós apresentados de que a simplificação nesse tratamento jurídico para o menor não vai resolver coisa alguma. Eu apelo para que a gente possa amplificar esse debate, para que a gente possa evidentemente chegar à conclusão, com a qual todos concordamos, de que alguma coisa há de ser feita. Ninguém pode assistir a esse grau de violência, de delinquência, de criminalidade, que está abatendo pessoas inocentes no País. Mas qual é o caminho para fazer isso? Nós achamos que o caminho é o tratamento infraconstitucional, é agravar o Estatuto da Criança e do Adolescente para ampliar o tempo de internação desses jovens de 3 anos até 8 anos, a exemplo do que propõe o Senador José Serra, por exemplo, no seu projeto que tramita no Senado e que me parece que também envereda nesta mesma trajetória: agravar o ECA, punir com mais eficiência, com mais gravidade os adultos que utilizam jovens como portadores de sua prática delinquente, como também não zerar a punibilidade penal daqueles menores que alcançam 18 anos. Eu acho que são medidas que respondem a essa insatisfação, a esse clamor popular contra a violência, a delinquência e a criminalidade, mas que não frustram a opinião pública, porque, se essa proposta continuar a ser tratada nesta Casa, merecerá a apreciação no Supremo provavelmente. Eu queria que fosse autorizado o registro do meu pronunciamento nos órgãos de comunicação da Casa. Agradeço a V.Exa., Sr. Presidente.

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163.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

18/06/2015-15:26

Publ.: DCD -

19/06/2015 - ZÉ GERALDO-PT -PA

CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Caráter ocioso e infrutífero das proposições sobre reforma política e redução da

maioridade penal em tramitação na Casa. Imperiosidade de aprofundamento do

debate sobre a reformulação do sistema penal/prisional brasileiro.

O SR. ZÉ GERALDO (PT-PA. Sem revisão do orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, todos aqueles que me ouvem neste momento, infelizmente, nós estamos, neste período, fazendo dois grandes debates, discutindo duas grandes matérias: a reforma política e a diminuição da maioridade penal. Estamos gastando muita energia, muito tempo, e, nos dois debates, nos dois temas, o povo brasileiro, a sociedade brasileira, o Brasil vai ter muito pouco resultado. Que reforma política nós vamos produzir aqui? Qual será o resultado final? Uma reforma que não reforma praticamente nada. Para discutir a diminuição da maioridade penal, nós deveríamos estar fazendo um grande debate sobre mudanças no modelo de acolhimento dos presos deste País: de menores de 18 e de maiores de 18. Quantas pessoas diariamente são presas, neste País, com mais de 18 anos, e que, após 1 semana, 1 mês, 6 meses, 1 ano, estão soltas? Como é que estão os presídios neste País? Qual é a formulação que nós estamos debatendo, para podermos ter realmente uma prisão segura e eficiente para aqueles que cometem grandes crimes? Como é que nós vamos economizar dinheiro público com as prisões neste País, sendo que a União gasta diariamente, mensalmente, anualmente, milhões de reais para manter milhões de presos, enquanto esses presos poderiam estar produzindo, poderiam estar trabalhando? Os presos deste País saem da cadeia piores do que entraram, em todos os sentidos. Saem mais violentos e mais doentes, e vão dar mais gastos, porque, depois, quem tem que cuidar deles é o SUS. Eles não pagam planos privados, nem têm renda para isso. Então são dois debates infrutíferos, de pouco resultado para o Brasil: o da reforma política e o da lei de redução da maioridade penal.

Documento 143/143

163.1.55.O Sessão Deliberativa Extraordinária - CD

18/06/2015-15:42

Publ.: DCD -

19/06/2015 - MAJOR OLIMPIO-PDT -SP

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CÂMARA DOS DEPUTADOS

BREVES COMUNICAÇÕES BREVES

COMUNICAÇÕES DISCURSO

Sumário

Regozijo com aprovação da proposta sobre a redução da maioridade penal.

O SR. MAJOR OLIMPIO (PDT-SP. Sem revisão do orador.) - "Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor!" Sr. Presidente, ontem deixamos a Comissão que aprovou a redução da maioridade penal cantando com o coração: "Eu sou brasileiro". Derrotamos defensores de bandidos por 21 a 6, e no dia 30 vamos ter mais de 350 votos aqui. Eu sou brasileiro! Chegou a vez da família! Chegou a vez do cidadão de bem! Não dá mais para compactuar com vagabundo! O vagabundo de 16 anos que mata e que estupra vai encontrar guarida na masmorra, na prisão. A prisão não é adequada? No mundo com os cidadãos é que não é adequado ele matar, estuprar. Acabou a hipocrisia! E não venham com a conversa do "Olha, vamos tentar mediar." Deveríamos, sim, manter o projeto original: se tem 16 anos, é crime! Crime, sim. Temos que aperfeiçoar o projeto, porque ainda ficaram de fora alguns tipos penais. Temos que trabalhar aqui no dia 30 para que sejam inclusos o porte ilegal de arma, a formação de quadrilha, o crime de milícia. Há muito moleque com 17 anos no Rio de Janeiro que é chefe de milícia, assim como em Belém do Pará. Agora não há o que pague ver a carinha sofrida de algumas Deputadas dizendo: "Ai, os meus anjinhos vão ser encarcerados!" ou "Ai, a bancada da bala chegou à Câmara!""Ai, meu Deus do céu!" Leve para casa! Pegue estuprador de 16 anos e leve para sua casa! Pegue esses assassinos e ponha na sua casa, com a sua família! Agora, no nosso País, graças a Deus o povo brasileiro está acordando. Nós temos hoje um Congresso que vai ouvir a população brasileira, sim. Não há pressão, não há emendinha, não há carguinho de Governo que vá mudar as convicções dos Parlamentares aqui, não. Vão ser mais de 350 votos. "Mas, aí, nós vamos judicializar", como disse o Ministro da Justiça numa audiência. Procure onde for! Não vai haver cenário onde o povo brasileiro não vai dizer: "Tem que mudar, sim. Bandido não pode ter guarida, seja com 16 anos, seja com 20 anos, seja com 80 anos." Assassino? Cadeia! Estuprador? Cadeia para ele! E isso vai acontecer no dia 30.

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