estudo marcos nt

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Estudo Introdutório no Evangelho de Marcos  Autoria O Eva nge lho 1  de Marcos é um livro anônimo. 2  Em lugar algum do livro encontramos referência ao nome do seu autor. Co nt ud o, po demos ch egar a al gu mas conclusões através de evidências eternas e internas acerca de sua autoria. 1. Evidência Externa  ! evidência eterna é a"uela "ue n#o se encontra no corpo do teto original. !nalisemos se é poss$vel encontrar a partir de testemunhos e ternos, indica es de sua autoria. &ara is so o'servaremos primeiro a ocorrência e uso do t$tulo do livro, e em seguida o testemunho dos &ais da (gre)a. 1.1. O título do livro *a"uele per$odo da hist+ria literria crist# n#o era costume entre os escritores pôr o seu nome como t$tulo do livro - . !dolf &ohl comenta "ue uma referência autoral como t$tulo soava t#o 1  Estarei usando o termo “Evangelho” [com letra maiúscula] para indicar o livro, e “evangelho” [letra minúscula] para indicar a mensagem, com exceção de citações que u!am " regra# $  %# &resham 'achen, THE NEW TESTAMENT An Introduction to its Literature and History  (Edin)urgh, *he +anner o *ruth, 1-., p# 1/ 0  ide2 o Aparato Crítico do  3estle45land Novum Test amentum Graece (6tuttgart, 7eutsche +i)elgesellschat, $8 a Ed, 1/-. p# // in9 Inscriptio,  podemos encontrar algu ns dos manuscritos e c:dices posteri ores a este per;odo em que ocorrem os t;tulos# 1

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7/25/2019 Estudo Marcos NT

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Estudo Introdutório no Evangelho de Marcos

 Autoria

O Evangelho1  de Marcos é um livro anônimo.2  Em lugar

algum do livro encontramos referência ao nome do seu autor.

Contudo, podemos chegar a algumas conclusões através deevidências eternas e internas acerca de sua autoria.

1. Evidência Externa

 ! evidência eterna é a"uela "ue n#o se encontra no corpo

do teto original. !nalisemos se é poss$vel encontrar a partir de

testemunhos eternos, indica%ões de sua autoria. &ara isso

o'servaremos primeiro a ocorrência e uso do t$tulo do livro, e em

seguida o testemunho dos &ais da (gre)a.

1.1. O título do livro

*a"uele per$odo da hist+ria literria crist# n#o era costume

entre os escritores pôr o seu nome como t$tulo do livro-. !dolf 

&ohl comenta "ue uma referência autoral como t$tulo soava t#o

1 Estarei usando o termo “Evangelho” [com letra maiúscula] para indicar o livro, e “evangelho” [letra minúscula] para

indicar a mensagem, com exceção de citações que u!am " regra#$ %# &resham 'achen, THE NEW TESTAMENT An Introduction to its Literature and History (Edin)urgh, *he +anner o *ruth, 1-., p# 1/0 ide2 o Aparato Crítico do  3estle45land Novum Testamentum Graece (6tuttgart, 7eutsche +i)elgesellschat, $8a

Ed, 1/-. p# // in9 Inscriptio, podemos encontrar alguns dos manuscritos e c:dices posteriores a este per;odo em que

ocorrem os t;tulos#

1

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estranha na"uela época como ho)e em dia/.0  Era mais comum

haver uma indica%#o do autor no ca'e%alho do livro, ou no seu

desfecho.

 !inda podemos armar "ue o autor deste Evangelho n#o

colocou seu nome em sua o'ra, por"ue ele era 'em conhecido

pelos seus leitores. 3e levarmos em conta a tradi%#o da (gre)a,

ent#o, o Evangelho de Marcos foi um livro encomendado/, logo,

n#o haveria a necessidade de autograf4lo. E mesmo "ue n#o

fosse um livro encomendado, a hip+tese de "ue o autor era

conhecido dos seus leitores n#o pode ser descartada como uma

op%#o vlida.

3omente os Evangelhos ap+crifos possu$am a prae de

colocar nome de personagens famosos como t$tulo em seus livros.

 !ssim, por eemplo, o Evangelho de &edro/, do século ((,

identica4se ao di5er6 Eu, porém, 3im#o &edro.../.7 Os escritores

dos Evangelhos canônicos n#o tinham necessidade de estamparos pr+prios nomes em seus livros, pois, eles "ueriam destacar o

seu conte8do, e tinham consciência de "ue o real autor destes

livros era em sentido espec$co, o 3enhor 9:' 26-; 1 &e 1612<.

O t$tulo tem como prop+sito apresentar o conte8do, e n#o o

autor 9Mc 161<. E mesmo "ue o t$tulo fosse usado para apresentar

o autor, seria desnecessrio, no caso deste Evangelho, pois, o seuautor era conhecido por seus leitores.

< 5dol =ohl, O Evane!"o de Marcos# Coment$rio Esperan%a (>uriti)a, Ed# Evang# Esperança, 1/. p# 1-?5s ep;stolas do ap:stolo =aulo, por exemplo, geralmente tra@em nas primeiras linhas a sua apresentação, indicando oseu remetente, e logo em seguida, os seus destinatArios# =ara maior elucidação so)re caracter;sticas acerca da

correspondBncia, e estilo literArio de cartas no per;odo apost:lico, vide#2 Cilliam +arclaD,  &omanos# Comentario a! 

 Nuevo Testamento (*errassa, Ed# >FE, 1?., pp# 1141<8 5dol =ohl, O Evane!"o de Marcos, p# 1-

$

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Em'ora o t$tulo grego "ue acompanha o livro n#o este)a

originalmente no teto grego, ele se encontra em todas as listas

canônicas, e nas c+pias de manuscritos antigos. =uanto a

identica%#o do livro "ue era feita entre os copistas da época,

 !dolf &ohl esclarece "ue

esta informa%#o era ada com um 'ilhete na haste de madeira do

rolo, o "ue era prtico para "uem procurava determinado rolo em

uma caia de madeira ou 'arro. Mais tarde, "uando a >$'lia passou

a ser transmitida em forma de c+dice, este t$tulo curto tam'ém

pôde ser colocado na margem superior de cada folha, para facilitar

a procura de passagens.? 

&or isso, podemos encontrar no Códice do Vaticano 9>< e no

Códice Sinaítico  9)<, am'os datados no século (@, possuindo um

t$tulo mais curto 3egundo Marcos/. Contudo, nas pginas de

capa das c+pias, os t$tulos costumavam ser ampliados, resultando

Evangelho 3egundo Marcos/.

&odemos concluir "ue, estes t$tulos em'ora n#o perten%am a

forma original do Evangelho, foram acrescentados por causa do

cuidado de copistas crist#os num per$odo posterior. Aodavia, a sua

autoria ) era um assunto pac$co entre os crist#os num per$odo

'em anterior. B poss$vel vericar "ue esse assunto era algo

pac$co na (gre)a Crist# em seus primeiros séculos analisandoalgumas arma%ões dos &ais da (gre)a.

- 5dol =ohl, p# 1-

0

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1.2. Os Pais da Igreja

 ! autoria de Marcos é sustentada pelos &ais da (gre)a a

partir do in$cio do século ((. ma importante constata%#o pode

ser feita na :ist+ria EclesisticaD escrita em -2, por Eusé'io de

Cesaréia 927F4--<, onde ele cita &pias de :ierpolis 9?F410F

d.C.< "ue escreveu uma o'ra intitulada Eposi%#o das &alavras

do 3enhor/, essa o'ra perdeu4se, mas foram preservados alguns

fragmentos por Eusé'io em sua :ist+ria Eclesistica. Eusé'io de

Cesaréia arma "ue

&or outro lado, cremos necessrio acrescentar, ao "ue ) dissemos

so're &pias, a tradi%#o "ue epõe a respeito de Marcos, "ue

escreveu o Evangelho, di5endo assim6 O pres'$tero di5ia tam'ém o

seguinte6 Marcos, "ue foi o intérprete de &edro, escreveu elmente,

em'ora desordenadamente, tudo o "ue recordava so're as palavras

e as a%ões do 3enhor. Ge fato, ele n#o tinha ouvido o 3enhor, nem o

havia seguido. Mais tarde, como ) disse, ele seguiu a &edro, "ue

lhe dava instru%ões conforme as necessidades, mas n#o como "uemcompõe um relato ordenado das senten%as do 3enhor. !ssim,

Marcos em nada errou, escrevendo algumas da"uelas coisas da

forma como as recordava. Com efeito, sua preocupa%#o era uma s+6

n#o omitir nada do "ue tinha ouvido, nem falsicar nada do "ue

transmitia./ Esse é o relato de &pias a respeito de Marcos.1F 

3e considerarmos &pias como uma testemunha digna deconan%a, ent#o podemos armar "ue a identica%#o de Marcos

como autor do Evangelho remonta H primeira gera%#o de

crist#os.11 / Este livro serA doravante citado com a a)reviatura de GE, como onte de reerBncia# 7#5# >arson H 7#%# 'oo H # 'orris, Introdu%'o ao Novo Testamento (6ão =aulo, Ed# ida 3ova, 1-. p# 1I$1I =Apias in9 =atr;stica J (adres Apost)!icos (6ão =aulo, Ed# =aulus, 1?. vol# 1, p# 00111 7#5# >arson H 7#%# 'oo H # 'orris, Introdu%'o ao Novo Testamento, p# 1I0

<

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(rineu de Ii#o conrmando esta autoria declara "ue "uando

&edro e &aulo evangeli5avam em Joma e a$ fundavam a (gre)a.

Gepois da morte deles, tam'ém Marcos, o disc$pulo e intérprete

de &edro, nos transmitiu por escrito o "ue &edro anunciava./12

*outro lugar de sua o'ra, este autor continua indicando a autoria

do Evangelho da seguinte forma6 por isso, Marcos, companheiro

e intérprete de &edro, inicia assim a reda%#o do Evangelho/.1-

Aertuliano 91-4217 d.C.< em seu tratado Contra Márcion

(@., fala "ue o Evangelho "ue Marcos pu'licou pode armar4se

ser de &edro de "uem Marcos foi intérprete/.10 

Clemente de !leandria em sua o'ra intitulada Hypotyposeis

9cerca de 1F42FF d.C.< coloca o assunto da seguinte maneira

uma ve5 "ue &edro pregou a palavra pu'licamente em Joma e

anunciado o evangelho pelo Esp$rito, aos presentes, "ue eram

muitos; estes suplicaram a Marcos, "ue durante muito tempo o

havia seguido e recordava o "ue 9&edro< havia ensinado, para "ue

registrasse suas palavras. Marcos fe5 o "ue lhe foi pedido, e

comunicou o evangelho a"ueles "ue lhe haviam solicitado. =uando

&edro o sou'e, n#o o impediu ativamente este empenho, nem o

incentivou.1

Or$genes "ue viveu cerca de 21F42F d.C., tam'ém é citado

por Eusé'io 9:E, @(, iv.7,?<, como segueem segundo lugar, o KEvangelhoL segundo Marcos, "uem o escreveu

de acordo com as instru%ões de &edro, e tam'ém a "uem &edro em

sua ep$stola geral lhe reconhece como a seu lho, di5endo a"uela

1$ Frineu de ião, =atr;stica9 ivro FFF, 1#1# (6ão =aulo, Ed# =aulus, 1?. p# $<8 10 Frineu de ião, ivro FFF, 1I#8, p# $-81< &uilhermo GendriKsen, E! Evane!io Se*n San Marcos (&rand Lapids, 6>, 1/-. p# 11? Everett M# Garrison, Introducci)n a! Nuevo Testamento (&rand Lapids, 6>, 1/I. pp# 1-8

?

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"ue est na >a'ilônia, tam'ém eleita, envia4lhes sauda%ões, e

tam'ém Marcos, meu lho/91&e 61-<.17

 !lguns estudiosos re)eitam estes testemunhos por consider4

los procedentes de fonte secundria. erner N. Pmmel, por

eemplo, arma "ue

com efeito, &apias é a 8nica testemunha independente, pois os

demais relatos a respeito de Marcos, como as QMem+rias de

&edroR9Sust.,  Dial., 1F7,-< e das circunstTncias "ue teriam levado

Marcos a escrever a prega%#o de &edro, dependem todos de &pias,

n#o tendo pois o menor valor como testemunha independente.1? 

Pmmel para refor%ar o seu argumento chega a ponto de

armar "ue &pias inventou o relacionamento entre Marcos e o

ap+stolo &edro, para defender a origem do evangelho.1D Contudo,

podemos o')etar esta tese de Pmmel, pois n#o parece "ue

&pias este)a defendendo a autoria de Marcos, ou o seurelacionamento com &edro, mas apenas a do evangelho em face

da acusa%#o de "ue lhe faltava QordemR/.1

Iogo, a tese de Pmmel n#o possui fundamenta%#o. ! 

preocupa%#o central de &pias era de defender o conte8do, a

autoria atri'u$da a Marcos é somente uma inferência "ue ele fa5,

pois o "ue estava sendo armado por &pias parece ser o fato de

18 &uilhermo GendriKsen, E! Evane!io Se*n San Marcos, p# 11- Cerner &# NOmmel, Introdu%'o ao Novo Testamento (6ão =aulo, Ed# =aulus, $a# ed#, 1/$. p# 110# =ara uma listamais ampla de estudiosos que se posicionam contra a autoria de 'arcos, vide2 5dol =ohl, Evangelho de 'arcos, p#

1#1/ Cerner &# NOmmel, Introdu%'o ao Novo Testamento, p# 111#1 7#5# >arson H 7#%# 'oo H # 'orris, Introdu%'o ao Novo Testamento, pp# 1I041I<#

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"ue Marcos teria anotado tudo com eatid#o, "ue nada havia sido

omitido, mas "ue lhe faltava certa ordem.2F

=uanto H cona'ilidade do valor hist+rico de &pias,

podemos concluir positivamente. Os &ais da (gre)a cometeram

muitos erros, e entre eles eistem discordTncias acerca de vrios

temas da fé crist#. Contudo, devemos agir com so'riedade, e n#o

negar a importTncia hist+rica do testemunho "ue os &ais da (gre)a

nos oferecem. &recisamos avaliar as suas arma%ões e coloc4las

ao crivo das Escrituras caso forem doutrinrias. ! "uest#o

discutida a"ui n#o é doutrinria, e sim o valor histórico  do

testemunho destes homens, e em especial de &pias. !nalisemos

ent#o com senso cr$tico o valor hist+rico, a partir de "uatro

considera%ões "ue pesam a favor da cona'ilidade da declara%#o

feita por &pias.

&rimeiro, devemos considerar a idade antiga do testemunho.

&pias nasceu pr+imo ao ano ?F d.C., isso "uer di5er "ue por volta do ano 1FF d.C., Marcos ) era considerado como seu autor,

uns -F anos depois de escrever. !dolf &ohl sugere "ue uma lenda

n#o poderia surgir em t#o pouco tempo. O surgimento de um livro

como este no seio da igre)a era um acontecimento vivo, mal

passada metade da vida de uma pessoa./21

 ! segunda considera%#o "ue precisamos analisar se refere Hausência do t$tulo. ! tendência de atri'uir evangelhos, ensinos,

ditos, etc., aos ap+stolos é comprovada nos séculos (( e (((. B de

se "uestionar, por "ue alguém aparentemente inepressivo no

$I  5 palavra grega P[geralmente tradu@ida por “ordem”] pode signiicar “provavelmente que lhe altava uma

organi@ação ret:rico4art;stica#” Lo)ert &uelich, Word +i!ica! Commentary - Mar.  (7allas, Cord +ooKs =u)lisher,

1/. vol# 0< a, p# xxvii#$1 5dol =ohl, Evane!"o de Marcos, p# $I#

-

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seio da (gre)a Crist# n#o colocou o t$tulo do seu livro como

Evangelho de &edro/U &odemos responder esta pergunta da

seguinte forma6 simplesmente por"ue a sua autoria ) era um

assunto de comum acordo, e atri'ui4lo a um outro autor seria uma

inverdade.

ma terceira considera%#o se refere ao prop+sito da

indica%#o autoral feita por &pias. &pias declara claramente "ue

Marcos foi o autor do Evangelho. Ele n#o estava preocupado em

defender a autoria, e sim o conte8do do Evangelho. B in"uietante

pensar "ue para autenticar este Evangelho n#o seria um

argumento superior armar "ue o pr+prio ap+stolo &edro era o

escritor do Evangelho, em ve5 de MarcosU &ohl eplica "ue

parece "ue os fatos hist+ricos se impuseram aos dese)os e

tendências. &or isso a consciência hist+rica n#o se livra t#o

facilmente da o'serva%#o de &pias./22

ma 8ltima considera%#o é a respeito da uniformidade detestemunhos. Mesmo "ue &pias fosse o 8nico "ue tivesse

armado "ue Marcos é o autor deste Evangelho, ter$amos ainda a

favor desta tese o fato de "ue nenhuma vo5 dissidente durante o

per$odo da &atr$stica se levantou, para apontar outro autor.2-

Ent#o, isso é surpreendente, pois a tendência na igre)a primitiva

era associar ap+stolos H reda%#o dos livros do *ovoAestamento./20 

$$ 5dol =ohl, p# 1#$0 Lo)ert 5# &uelich constata que %oão >ris:stomo numa de suas homilias ( Matt"aeum Homi!ae 1#0. airma que o

Evangelho de 'arcos Q composto no Egito, mas não nega que tenha sido 'arcos o seu autor, vide2, Word +i!ica! 

Commentary - Mar. , p# xxx#$< 7#5# >arson H 7#%# 'oo H # 'orris, Introdu%'o ao Novo Testamento, p# 1I<

/

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:endriVsen de forma muito didtica organi5a seu argumento

a partir dos pontos geogrcos, demonstrando como a tradi%#o

armou a uma s+ vo5 a autoria do segundo Evangelho como

pertencendo a Marcos. Ele coloca assim

a evidência se estende através de vrios séculos, desde Eusé'io até

&pias. @em de todas as regiões. Ga Wsia, Wfrica e Europa; ou se)a,

desde o leste 9&pias de :ierpolis, Eusé'io de Cesaréia<; do sul

9Clemente de !leandria, Aertuliano de Crtago<; e do oeste

9Sustino, o Mrtir e o autor do Xragmento de Muratori de Joma<. Ys

 ve5es, h duas regiões representadas por uma s+ testemunha6 o

leste e oeste 9(rineu da Wsia Menor, Joma e Ii#o<; o sul e o leste

9Or$genes de !leandria e Cesaréia<. Ortodoo e heterodoo, tetos

gregos antigos e versões remotas acrescentam seu peso a mesma

conclus#o.2

 !dolf &ohl resume 'em ao armar "ue este é o cerne da

tradi%#o6 sem "uestionamento de amigos e inimigos caram pelos

séculos estes três fatos6 a autoria de So#o Marcos, sua liga%#o

com &edro e a liga%#o do Evangelho com Joma./27 

2. Evidência Interna

&or evidência interna s#o a"uelas evidências "ue podem ser

encontradas dentro do pr+prio livro, e "ue indicam a sua autoria.

Esta classe de evidência eige "ue voltemos nossos olhos para o

teto, so'retudo, ao teto grego. &recisamos ler e reler o livro

 vrias ve5es, e ainda se poss$vel compar4lo com os outros

$? &uilhermo GendriKsen, E! Evane!io Se*n San Marcos, p# $1$8 5dol =ohl, O Evane!"o de Marcos, p# 1

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evangelhos.2? 3omente a partir da$ poderemos chegar a algumas

conclusões, analisando a possi'ilidade do autor ter deiado

ind$cios de si mesmo impressos no teto.

B fato "ue o livro n#o tra5 consigo um t$tulo original

indicando a sua autoria, nem ao menos h uma men%#o o')etiva

do autor dentro do Evangelho. Contudo, podemos nos perguntar,

se o autor n#o deiou impresso no teto o "ue poder$amos

identicar como sendo as suas impressões digitais/U

O autor deste Evangelho, de fato deiou suas marca pessoal,

demonstrando "ue ele possu$a um estilo literrio pr+prio. Este

estilo pessoal, n#o é contrrio H doutrina da inspira%#o orgTnica4

 ver'al, mas é uma epress#o dela; pois, como 'em disse 3tott se

referindo a inspira%#o dos escritores do *A, o Esp$rito 3anto

primeiro preparou, e em seguida usou sua individualidade de

forma%#o, eperiência, temperamento e personalidade, a m de

transmitir por meio de cada um alguma verdade distintiva eapropriada/.2D  &ara "ue o assunto possua uma estrutura mais

clara estarei epondo as caracter$sticas desse estilo literrio.

2.1. Características de inguage!

Este Evangelho é o "ue possu$ mais epressões aramaicas.

Em'ora se)a um Evangelho aos gentios/, conforme veremos not+pico so're destinatrio/, esta o'ra se caracteri5a pelo uso de

 vrias epressões aramaicas, e algumas delas s+ ocorrem neste

livro. Marcos foi disc$pulo de &edro 91 &e 61-<, certamente "ue

$- Nurt 5land, Synopsis /uattuor Evane!iorum (6tuttgart, 7eutsche +i)elgesellschat, 1<a#ed# rev#, 1?.# Este livro

Q de grande utilidade para esse tipo de pesquisa#$/ %ohn L#C# 6tott, Homens com uma Mensaem (>ampinas, Ed# >ristã Rnida, 18. p# -#

1I

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&edro falava aramaico, e algumas dessas epressões s#o

demasiadamente pr+prias em seu uso, para "ue Marcos as

 )ulgasse tradu5$veis, ou adaptveis H nomenclatura helênica

da"uela época, como por eemplo !'iatar/ 926-7<, (duméia/

9-6D<, >oanerges/ 9-61?<, Aalit cumi/ 9601<, Cor'an/ 9?611<,

siro4fen$cia/ 9?627<, Efat/ 9?6-0<, Galmanuta/ 9D61F<,

>artimeu/ e Aimeu/ 91F607<, !''/ 9106-7<.2 

Este Evangelho é rico em latinismos. Esta evidência conrma

e em muito a tradi%#o de "ue Marcos escreveu seu Evangelho em

Joma, e para os crist#os romanos. Encontramos um n8mero

epressivo de latinismos, palavras como centurio 916-<,

"uadrans 912602<, Zagellare 9161<, speculator 9762?<, census

912610<, setarius 9?60<, praetorium 9161<, legion 96<.

Este Evangelho é conhecido por possuir um grego torto/. O

estudioso do *A Gr. Jo'ertson identica o grego de Marcos como

sendo um modo mui distintivo do vernculo oiné, como torto/9monophthalmon, 62?<, como seria de se esperar tanto em &edro

como em Marcos/.-F (sto signica "ue em'ora o autor escrevesse

em grego, ele pensava como um )udeu. !dolf &ohl arma "ue ele

deve ter sido um grego4palestino6 falava e escrevia em grego, mas

tinha suas ra$5es na &alestina e no idioma aramaico./-1  (sso

eplica o motivo do seu grego ser menos ela'orado, com aconstru%#o de ora%ões simples.-2  Mas a sua simplicidade

$ 5#*# Lo)ertson, Im$e!es 0era!es en e! Nuevo Testamento - Mateo y Marcos (*errassa, Ed# >FE, 1//. vol 1, p#$8I0I 5#*# Lo)ertson, pp# $8I01 5dol =ohl, Evane!"o de Marcos, p# $$0$ 7onald &utrhie, Ne1 Testament Introduction (7oSners &rove, Fnter4ersatD =ress, 0a# ed#, 1-I. p# /I

11

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lingP$stica n#o deve levar o intérprete a dedu5ir simplicidade nos

padrões de pensamentos/.--

 !lém destas caracter$sticas na linguagem do Evangelho de

Marcos soma4se o conhecimento de nomes aramaicos, latinos e

gregos de personagens secundrios, "ue somente s#o citados por

ele, por eemplo6 Ievi e !lfeu 92610<, >oanerges 9-61?<, Sairo

9622<, >atimeu 91F607<, 3im#o 9106-<, 3alomé 9160F; 1761<,

 !leandre e Jufo 91621<.-0 (sto demonstra um conhecimento mais

do "ue particular dos acontecimentos, demonstra tam'ém um

conhecimento dos personagens "ue participaram dos fatos.

Essas impressões digitais/ constadas, ainda n#o nos

revelam o seu autor, pelo menos n#o de forma o')etiva e direta.

Mas essas caracter$sticas indicam "ue o autor era alguém "ue

possu$a uma ecelente no%#o dos acontecimentos por ele narrado,

e "ue em muitos casos ele era de fato, uma testemunha ocular. ! 

sua capacidade de resumo, e ri"ue5a em detalhes, e ainda aunidade temtica do livro, 'em como o seu estilo redacional

demonstram "ue ele sa'ia o "ue "ueria escrever.

2.2. Possíveis indica"#es do autor 

Esse su't$tulo epressa melhor o assunto "ue ser eposto

a"ui, pois os tetos "ue ser#o analisados nesta se%#o n#oprovam/ denitivamente o assunto so're a autoria, mas s#o

contri'ui%ões importantes "ue lan%am lu5 so're a "uest#o.

&odemos encontrar a narrativa de três passagens contendo

detalhes "ue pertencem ao acervo espec$co do Evangelho de00 7eSeD '# 'ulholland, Marcos - Introdu%'o e Coment$rio (6ão =aulo, Ed# ida 3ova, 1. p# $I0< 5dol =ohl, Evane!"o de Marcos, p# $1

1$

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Marcos. !lguns dos estudiosos têm encontrado nestas passagens

evidências como se o autor sem "uerer se identicar de forma

o')etiva dissesse6 olha esse a"ui sou eu/[

 ! primeira passagem é 1F61?, "ue relata so're um homem

correu em sua dire%#o/ e, Sesus olhou para ele e o amou/ 9Mc

10621  *@(<. *#o temos a"ui o nome deste homem "ue vai ao

encontro de Sesus, mas a forma como Sesus o olhou com

carinho/; nem Mateus 916174-F<, nem Iucas 91D61D4-F<, mas

somente Marcos poderia sa'er o modo deste olhar.

Em 1061-417 encontramos a descri%#o de um homem

carregando um pote de gua vir ao encontro de vocês/ 9*@(<.

 !parentemente este homem sa'ia de tudo, pois ele ) esperava

pelos dois disc$pulos, e sem perguntas os condu5 pelo caminho e

os leva até uma determinada casa. *ovamente, Marcos usa o

recurso de apresentar um personagem sem identic4lo, apenas

indica "ue morava em Serusalém, mas "ue certamente era umoutro disc$pulo, pois Sesus sa'ia de sua disponi'ilidade para

preparar a 8ltima ceia. &odemos dedu5ir "ue este poderia ser

Marcos, pois a casa de sua m#e, algum tempo depois do

&entecostes viria a se tornar um ponto de referência para os

crist#os em Serusalém 9!t 12612<, e "ue lugar poderia ser mais

sugestivo, sen#o a casa onde ocorreu a 8ltima ceiaU ! narrativa de um )ovem/ "ue foge desnudo 9Mc 106142<.

Este epis+dio em si é desprovido de relevTncia, a n#o ser "ue

fosse importante para o autor do Evangelho. O autor nos fornece

a"ui alguns detalhes signicantes, 3tott comenta "ue o )ovem

"ue seguiu Sesus era claramente rico, por"ue usava um len%ol Qde

10

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linhoR6 geralmente, tais pe%as eram de algod#o. O terror do )ovem

é real%ado tanto por fugir desnudo como por sua disposi%#o de

desfa5er4se de uma vestimenta t#o valiosa./-

2.$. O autor 

 !té a"ui temos considerado, pelas evidências, "ue o autor do

segundo Evangelho era denominado como Marcos. Os estudiosos

o identicam com So#o Marcos de Serusalém, por ser o 8nico

Marcos/ "ue os escritores do *A mencionam.

Iucas e &aulo em seus escritos nos fornecem algumas

informa%ões acerca de So#o Marcos. *a residência de sua m#e,

"ue se chamava Maria, se reuniam os crist#os da igre)a de

 Serusalém 9!t 12612<. Ele era primo de >arna'é 9Cl 061F<.

&articipou da primeira viagem missionria com &aulo e >arna'é,

contudo n#o foi 'em sucedido, e regressou para Serusalém 9!t

1-61-<, por motivos "ue desconhecemos 9!t 126-; 1-6<; &aulopor causa dessa desistência, n#o "uis lev4lo na viagem seguinte,

>arna'é n#o concordando, rompeu com &aulo, e continuaram os

seus esfor%os missionrios separados um do outro 9!t 16-?401<.

Contudo, posteriormente &aulo menciona Marcos como seu

cola'orador 9Xm 20; Cl 061F< e como lhe sendo 8til para o

ministério 92 Am 0611<.-7

 &odemos concluir historicamente "ue, ap+s a morte de

&aulo, Marcos passou a tra'alhar com &edro.-?  =uanto ao seu

relacionamento com o ap+stolo, além das informa%ões "ue

0? %ohn L#C# 6tott, Homens com uma Mensaem, p# 1-08 &erhard GTrster, Introdu%'o e Síntese do Novo Testamento (>uriti)a, Ed# Evang# Esperança, 18. p# $#0- %# &reshan 'achen, THE NEW TESTAMENT An Introduction to its Literature and History , pp# $II4$I1

1<

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rece'emos por parte dos &ais da (gre)a, s+ possu$mos uma

referência do pr+prio ap+stolo ao mencion4lo carinhosamente

como Marcos, meu lho/ 91 &e 61-, *@(<. Era comum entre os

 )udeus, especicamente entre os ra'inos chamar os seus

disc$pulos de lhos, como tam'ém os disc$pulos se dirigirem aos

seus mestres, como pai/.-D

Este Evangelho possui similaridades com os sermões de

&edro. !inda analisando o estilo literrio, podemos o'servar "ue o

Evangelho de Marcos segue os eventos hist+ricos so're a vida de

 Sesus "ue aparecem nos sermões de &edro em !tos -61-410 e

1F6-?402/.-  Como ) o'servamos, o nome de Marcos est

intimamente ligado ao de &edro, logo, n#o nos surpreende "ue

am'os tenham discursos similares.

 !lém das similaridades com os sermões de &edro, possu$mos

outras evidências de uma poss$vel inZuência do ap+stolo. C.E.

Nraham 3\ift coloca o assunto assimo evangelho come%a com a chamada de &edro, sem referência

alguma H natividade de Cristo. O evangelho focali5a o ministério na

Naliléia, e mais especialmente nos arredores de Cafarnaum, cidade

de &edro. 9...< 3#o omitidas alguns pormenores "ue destacam a

pessoa de &edro, em a narrativa da conss#o de &edro, em Cesaréia

de Xilipe, e do seu andar so're o mar. 3#o relatadas

minunciosamente as suas derrotas, como a nega%#o do mestre.0F

0/ U# Goius, in# 2icion$rio Internaciona! de Teo!oia do Novo Testamento  (6ão =aulo, Ed# ida 3ova, 1/., vol#FFF, p# 0/?#0 7#5#>arson H 7#%#'oo H #'orris, Introdu%'o ao Novo Testamento, p# 1$1#<I >#E# &raham 6Sit, O Evane!"o Seundo S3 Marcos in# U 3ovo >omentArio da +;)lia (6ão =aulo, Ed# ida 3ova,

1/0., vol# FF, pp# /?4/8#

1?

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Em resumo, podemos di5er "ue Geus so'eranamente

preparou a"uele "ue haveria de escrever o Evangelho. !ugustus

*icodemus sugere Marcos certamente conheceu a Sesus em

 Serusalém, andou com os principais l$deres apost+licos, e deles

ouviu muitas outras coisas/.01

Conte%do do Evangelho

Este livro n#o é uma 'iograa. Marcos tencionou apresentar

a vida do mestre de forma 'em resumida, enfati5ando a sua

mensagem. *#o pode ser considerada uma 'iograa no sentido

moderno da palavra. Iarr] . :urtado declara "ue a motiva%#o

forte conducente H reda%#o dos evangelhos n#o partiu de

interesses 'iogrcos, pelo menos como os entendemos ho)e, mas

nasceu do dese)o de incrementar a fé em Sesus, e a ela dar

forma/.02 

 @e)amos algumas ra5ões por"ue esse Evangelho n#o pode

ser considerado uma 'iograa. O Evangelho de Marcos n#o fa5

uma descri%#o f$sica de Cristo. *#o é fornecido nenhum detalhe a

respeito da altura, peso, cor, enm, nenhuma caracter$stica f$sica

de Cristo foi comentada.

O segundo Evangelho n#o contém a narrativa do nascimentoe infTncia de Sesus. *#o encontramos neste Evangelho como

 vemos em Mateus e Iucas a genealogia, a narrativa do

nascimento, nem mesmo algumas pinceladas da infTncia do

<1  5ugustus 3# opes,  Aposti!a de Introdu%'o ao Evane!"o de Marcos (5postila ornecida no 6eminArio

=res)iteriano %'> J 1o# 6emestreV18. p# 0<$ arrD C# Gurtado, Novo Coment$rio +í!ico Contempor4neo - Marcos (6ão =aulo, Ed# ida, 1?. p# 1<

18

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3enhor. &odemos o'servar "ue a come%ar pelo t$tulo h uma

ênfase na mensagem do 3enhor, sem necessariamente anular o

seu apregoador.0- 

Mesmo a narrativa "ue encontramos do ministério de Cristo

n#o é eaustiva. O autor nos fornece o in$cio ministerial de Cristo

di5endo "ue ele percorreu toda a Naliléia, pregando nas

sinagogas/ 9Mc 1621; 16-, *@(<. *este dado ) possu$mos um

salto hist+rico enorme, pois o narrador omite todos os detalhes e

se"Pências de sua mensagem como tam'ém, desta tra)et+ria de

Cristo em seu ministério inicial. &ohl corretamente di5 "ue

é evidente "ue Marcos n#o tinha a inten%#o de dar o mesmo peso

aos diversos aspectos da vida de Sesus. 3eu interesse primordial era

sua morte, por"ue ali cou demonstrado denitivamente ^ sem

contesta%#o por toda a eternidade ^ "uem é Sesus e como é Geus.00

 Sesus iniciou o seu ministério na regi#o da Naliléia. 3a'emos

"ue a regi#o da Naliléia a'rangia uma vasta por%#o de terra, com

muitas cidades e vilas. Xlvio Sosefo arma "ue n#o somente h

uma grande "uantidade de aldeias e vilas, mas tam'ém um

grande n8mero de cidades 9n#o menos "ue 20F<, t#o populosas

"ue a menor delas tem mais de "uin5e mil ha'itantes/.0 Contudo,

acerca deste n8mero populacional t#o volumoso !lfred Edersheim

arma "ue naturalmente deve ser um grande eagero, pois

haveria de eistir na"uele pa$s uma popula%#o duas ve5es mais

<0  5#+# +ruce, T"e Synoptic Gospe!s  in9 *he ExpositorWs &reeK *estament (&rand Lapids, Cm# +# Eerdmans=u)lishing >ompanD, 181. vol# 1, p# $-<< 5dol =ohl, Evane!"o de Marcos, p# 0<<? MlAvio %oseo, Guerra do 5udeus contra os romanos in9 Gist:ria dos Ge)reus (Lio de %aneiro, >=57, 1$., livro

FFF, cap# <, p# ?/-

1-

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densa "ue os mais densos distritos da (nglaterra, ou >élgica./07

 !pesar do eagero de Sosefo, podemos crer "ue de fato a regi#o

da Naliléia era populosa. !penas nesta arma%#o t#o resumida de

todo o ministério de Sesus na Naliléia, podemos concluir "ue o

Evangelho de Marcos n#o é uma narrativa eaustiva.

Geiou4se claro o "ue o Evangelho n#o contém, mas o "ue de

fato ele contémU (sto ser eposto de forma mais detalhada no

t+pico so're o prop+sito, estrutura e ênfases teol+gicas do teto,

podemos ainda levantar outras caracter$sticas do conte8do a"ui.

Características da &arrativa

Este Evangelho é conhecido por dar proeminência ao

evangelho. Giferentemente dos outros Evangelhos, este enfati5a

mais a mensagem do "ue o seu mensageiro, e isso pode ser

averiguado a come%ar pelo seu t$tulo 9161<. :arrison coloca "ue

esta mensagem divina é digna do sacrif$cio da pr+pria vida por

parte do disc$pulo 9D6-; 1F62<. Geve ser proclamada a todas as

na%ões 91-61F; 106<. Marcos é totalmente Ver]gmtico em sua

ênfase./0?

Este Evangelho é conhecido como o Evangelho da !%#o/. O

Evangelho de Marcos é marcado pela descri%#o de um ministério

ativo, reali5ado por Cristo. *#o encontramos o 3enhor emnenhum lugar deste Evangelho descansando. ! maior parte dos

sermões de Sesus s#o omitidos, dando maior ênfase nas

ininterruptas atividades do 3enhor. :endriVsen o'serva "ue

<8 5lred Edersheim, 6sos y Costumres de !os 5udios en !os Tiempos de Cristo  (*errassa, Ed# >FE, 1I. p# ?8#

 3otemos que Edersheim e@ essa airmação em 1/-8#<- Everett M# Garrison, Introducci)n a! Nuevo Testamento, p# 1/1

1/

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cada um dos primeiros on5e cap$tulos de Marcos contém o relato

de pelo menos um milagre 9162142D, 24-1, -24-0, -, 0F40; 2614

11; -6147; 06-401; 6142F, 2140-; 76-F400, 042, -47; ?6204-F,

-14-?; D6141F, 22427; 61042; 1F60742; e 11612410, 2F421</.0D

Este Evangelho possui uma caracter$stica marcante por sua

'revidade. O'servemos "ue apesar de sua 'revidade, ele contém

certos detalhes "ue s#o omitidos pelos outros evangelistas, como

por eemplo, 260; 06-?4-D; 76-; ?6--; D62-42; 1060, e ainda

contém uma par'ola "ue n#o se encontra em nenhum outro

lugar 9062742<.0 E tam'ém encontramos em Marcos a narrativa

de dois milagres "ue somente s#o mencionados a"ui 9?6-14-? e

D622427<.F

B um Evangelho rico em detalhes. Ge fato, ele é mais 'reve e

sucinto "ue os outros Evangelhos, contudo, ele n#o se torna

supercial por sua 'revidade. Marcos nos fornece em seu relato

n#o somente a ocorrência em si, mas tam'ém transmiteminuciosidade em sua narrativa. @e)amos alguns eemplos. *o

deserto, ele arma "ue Sesus estava entre as feras/ 9161-<. *a

prega%#o de So#o >atista, ele o'serva a ordem creiam nas 'oas

novas/ 9161<. !o curar a sogra de &edro, Sesus n#o somente a

tocou, mas tam'ém a tomou pela m#o/ 916-1<. =uanto a alguns

h'itos do 3enhor ele relata "ue, de madrugada, "uando aindaestava escuro, Sesus levantou4se, saiu de casa e foi para um lugar

deserto, e ali orava/ 916-, *@(<. Estes s#o alguns dos detalhes

"ue s#o relatados no primeiro cap$tulo, contudo, é poss$vel

</ &uilhermo GendriKsen, E! Evane!io Se*n San Marcos, p3 7897:< &uilhermo GendriKsen, p# $-?I F)dem, p# $/

1

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encontrar maiores detalhes nos cap$tulos seguintes "ue s#o

peculiares em Marcos, e "ue n#o encontramos nos demais

Evangelhos.1 

Este Evangelho é conhecido por sua sinceridade. Marcos é

etremamente franco em sua narrativa, ele n#o hesita em

mencionar a falta de entendimento dos disc$pulos 9061-; 762;

D61?,21; 61F,-2<, "ue a pr+pria fam$lia de Sesus o considerava

como tendo enlou"uecido 9-621<, ele ainda di5 "ue Sesus n#o

podia reali5ar milagres em *a5aré por causa da incredulidade do

povo 97647<. Marcos é igualmente sincero em sua descri%#o das

rea%ões humanas de Sesus. !s emo%ões como compai#o, ira, dor,

severidade, triste5a, afeto e amor s#o todos atri'u$dos a ele/.2

Este Evangelho é conhecido como o Evangelho aos

gentios/. &erce'e4se uma ausência de tra%os )udeu4crist#o "ue é

t#o comum no Evangelho de Mateus. *a hist+ria da mulher siro4

fen$cia, o Evangelho de Marcos n#o apresenta como em Mateus, Sesus respondendo6 eu n#o fui enviado sen#o Hs ovelhas perdidas

da casa de (srael/ 9Mt 1620, !JC<. E Sesus em seu serm#o

escatol+gico em Mc 1-, fa5 a seguinte o'serva%#o no verso 1F, é

necessrio "ue antes o evangelho se)a pregado a todas as

na%ões/.- 

?1 =ara uma anAlise mais detalhada do assunto, indico GendriKsen, em seu comentArio de 'arcos, pp# $40$?$ 7onald &uthrie, Ne1 Testament Introduction, pp# ??#?0 7onald &uthrie, pp# ?<3

$I

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Pro'ósito

=uanto ao prop+sito este n#o aparece t#o claro no

Evangelho, e os estudiosos n#o s#o unTnimes "uanto a ele. ! seguir temos algumas sugestões de prop+sito "ue podem ser

assumidas.

1. Pro'ósito A'olog(tico

Marcos escreveu para uma comunidade crist# de maioria

gent$lica, e talve5 tenha sido o seu prop+sito demonstrar por"ue

 Sesus foi re)eitado pelo povo )udeu. Ent#o, podemos entender

'aseados nesta posi%#o, por"ue o evangelho apresenta duas

caracter$sticas mui distintas, tanto a popularidade, como a

oposi%#o a Cristo. !.>. >ruce o'serva "ue esse paradoo pode ser

encontrado a partir dos dois primeiros cap$tulos, e se estendem

praticamente até o m do Evangelho.0 

(sto tem levado autores como Jo'ert :. Nundr] a defender

"ue o Evangelho de Marcos é uma apologia da cru5 de Cristo,

escrito com ns evangel$sticos para pessoas "ue tinham receio de

crer na vergonha da cru5, num mundo onde a fra"ue5a era

despre5ada, e o poder estimado.

 !inda, este Evangelho teria um prop+sito apologético para

91< mostrar por"ue Sesus como o Messias, era inocente diante dasacusa%ões dos )udeus, e "ue o seu sofrimento era parte do

prop+sito de Geus; 92< para epor por "ue Sesus, n#o declarou

?< 5#+# +ruce, T"e Synoptics Gospe!s, p# $/?? Lo)ert G# &undrD, Mar. 9 A commentary on His Apo!oy ;or t"e Cross (&rand Lapids, Cm# +# Eerdmans, 1$.

 pp# 1I$$41I$8

$1

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pu'licamente ser ele o Messias; 9-< para apresentar as o'ras de

 Sesus como triunfantes so're as for%as demon$acas.7

2. Pro'ósito Pastoral

3e a data%#o mais aceita estiver correta este Evangelho foi

escrito entre 747? d.C., durante a persegui%#o de *ero. O

grande incêndio de Joma em 70 d.C., possivelmente provocado

pelo pr+prio imperador *ero, mas "ue fora atri'u$do aos crist#os.

&or este motivo os crist#os estavam sendo perseguidos, e muitos

estavam sendo martiri5ados. Marcos ent#o, teria escrito para

fortalecer estes crist#os "ue se encontravam a'atidos e confusos

com o sofrimento, morte e persegui%ões.

$. Pro'ósito )outrin*rio

Esta posi%#o sugere "ue o prop+sito deste Evangelho seria

preparar material para o discipulado. ! pr+pria tradi%#o indicaeste prop+sito conforme ) foi citado Clemente de !leandria em

sua o'ra Hypotyposeis.

O ensino dos ap+stolos transmitidos oralmente precisava ser

registrado, e comunicado aos novos disc$pulos, para "ue a

mensagem do evangelho n#o se desvirtuasse, e assim fosse

mantido elmente o ensino de Cristo. Conforme 'em arma &ohl"ue

uma igre)a "ue negligencia a recorda%#o do Sesus terreno, em

'reve tam'ém n#o ter mais o Cristo verdadeiro de ho)e, "ue é o

mesmo ontem e para sempre. m esp$rito "ue n#o recorda o Cristo

de ontem n#o é um Esp$rito 3anto. Aam'ém nisto reside o

?8 7onald &uthrie, Ne1 Testament Introduction, p# ?

$$

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 verdadeiro impulso para a transmiss#o da tradi%#o de Sesus entre

os primeiros crist#os, e para sua conserva%#o denitiva e "udrupla

no *ovo Aestamento.?

+. Esclarecer o segredo Messi,nico

ma posi%#o "ue tornou4se comum entre os estudiosos de

Marcos, é o conceito do segredo MessiTnico/.D  3egundo esta

posi%#o Marcos em seu Evangelho desenvolve gradativamente a

eposi%#o do conceito de Messias. O mistério da pessoa de Sesus

"ue ) deiava todos curiosos 91622,2?; -621,22,-F; 0601; 762,10s;D611<. Os demônios o reconhecem, mas rece'em a ordem de

guardar silêncio 9162,-0; -612; 674D<. Milagres poderosos

deiam transparecer "uem ele é, mas os presentes rece'em a

ordem de guardar silêncio 91600; 60-; ?6-7; D627<. Muitos dos

atos do 3enhor os pr+prios disc$pulos n#o entendiam 9762;

D61?s<. Mas depois gradativamente Cristo aceita ser reconhecido

como 3enhor, Geus e redentor, primeiro, pelos disc$pulos 9D62;

6?<, depois pelos peregrinos 91F60?40<, na entrada triunfal

911641F<, diante do 3inédrio 910671s<, de &ilatos 9162<, e

nalmente, perante todo o povo de (srael 916,12,27,-2,-<.

 !lguns têm sugerido "ue é por causa deste segredo

intencional do pr+prio 3enhor, "ue a sua messianidade n#o foi

desco'erta no in$cio de seu ministério, e "ue somente foi eposta

a'ertamente ap+s a sua morte e ressurrei%#o.

?- 5dol =ohl, Coment$rio de Marcos, p# 00?/ =ara uma exposição mais detalhada do assunto, vide2 5dol =ohl,  pp# 0040<

$0

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-. Pro'ósito Evangelístico

3egundo essa sugest#o Marcos teria escrito este livro com o

prop+sito evangel$stico. (sto eplicaria por"ue o livro n#o é uma

'iograa, pois ele escreve para pessoas "ue conheciam os fatos

'sicos so're o ministério de Sesus.

 ! ênfase de todo o livro recai so're a 8ltima semana de

Cristo. Marcos apresenta o sofrimento, a vergonha da cru5, e sua

morte; e da perspectiva da gl+ria de Cristo, seu poder e sua

 vit+ria nal. &odemos supor "ue Marcos escreveu seu Evangelho

para ser usado na tarefa missionria da (gre)a, para prover

material para os evangelistas e missionrios da (gre)a de Joma./

Esta posi%#o casaria muito 'em com a caracter$stica literria

do livro. Merril C. Aenne] coloca "ue as suas descri%ões 'reves,

as suas frases agudas, as suas aplica%ões diretas da verdade, s#o

eatamente a"uilo "ue um pregador da rua usaria ao pregar

Cristo a uma multid#o prom$scua./7F

&odemos concluir "ue Marcos escreveu este Evangelho com

um prop+sito evangel$stico, em'ora isso n#o eclua

necessariamente os outros prop+sitos como sendo secundrios.

Estrutura do ivro !ntes de es'o%ar a estrutura do Evangelho de Marcos

devemos perguntar "ual foi o critério "ue ele utili5ou para

compor a estrutura do seu Evangelho. =uanto a forma como o

? 5ugustus 3# opes, Aposti!a de Introdu%'o ao Evane!"o de Marcos, p# <8I 'errill ># *enneD, O Novo Testamento Sua Oriem e An$!ise (6ão =aulo, Ed# ida 3ova, 1?. p# 1-?

$<

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assunto se encontra distri'u$do no Evangelho de Marcos os

estudiosos tem sugerido as seguintes classica%ões.

1. Eso"o Cronológico

3egundo esta proposta de estrutura do teto, Marcos teria

arran)ado seu material seguindo a ordem dos eventos hist+ricos

como de fato eles ocorreram.

2. Eso"o /o'ológico

Marcos teria arrumado o seu material de acordo com os

lugares "ue Sesus visitou, come%ando pela Naliléia e terminando

em Serusalém sem necessariamente seguir a se"Pência hist+rica

dos acontecimentos.

$. Eso"o /ó'ico

Esta proposta sugere "ue Marcos teria organi5ado seumaterial por assuntos, dentro de um es"uema cronol+gico mais

amplo. ! sua estrutura seguiria temas comuns.

+. Eso"o Cristológico

Esta divis#o pressupõe "ue o livro se propõe a revelar o

segredo MessiTnico/. !proveitando a se"Pência geogrca oucronol+gica, o autor teria desvendado este segredo

gradativamente, segundo se encontra na disposi%#o de assuntos

"ue ele esta'eleceu.

$?

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*enhuma destas op%ões s#o totalmente satisfat+rias para

responder so're a cronologia da vida de Sesus levantadas pela

harmonia dos Evangelhos. O Gr. *icodemus sugere "ue

Marcos retrata elmente a se"Pência hist+rica dos eventos, "uando

assim ele o indica 91610; 1621; 162; 62, etc.<, e "ue um arran)o

t+pico ou topol+gico n#o signica necessariamente "ue ele editou e

modicou os fatos, ou as palavras de Sesus.71

 A Estrutura

 ! divis#o a'aio n#o segue rigidamente nenhum dos es'o%os"ue foram apresentados acima, e sim uma s$ntese deles.

(. O in$cio do ministério de Sesus 916141-<

 !. 3eu precursor, 1614D

>. 3eu >atismo, 16411

C. 3ua tenta%#o, 161241-

((. O ministério de Sesus na Naliléia 916104762< !. O ministério inicial na Naliléia, 16104-612

>. O ministério posterior na Naliléia, -6174762

(((. O ministério em outras localidades 976-F46-2<

 !. *as praias orientais do Mar da Naliléia, 76-F42

>. *as praias ocidentais do Mar da Naliléia, 76-4?62-

C. *a Xen$cia, ?6204-F

G. Em Gecpolis, ?6-14D61F

E. *as regiões de Cesaréia de Xelipe, D61146-2

(@. O Ministério Xinal na Naliléia 96--4F<

 @. O Ministério na Sudéia e &eréia 9cap. 1F<

 !. Ensino so're o div+rcio, 1F61412

>. Ensino so're as crian%as, 1F61-417

81 5ugustus 3# opes, Aposti!a de Introdu%'o ao Evane!"o de Marcos, p# /

$8

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C. O )ovem rico, 1F61?4-1

G. Sesus predi5 sua morte, 1F6-24-0

E. O pedido dos dois irm#os, 1F6-40

X. ! cura do cego >artimeu, 1F60742 @(. O ministério em Serusalém 9caps. 1141-<

 !. ! entrada triunfal, 1161411

>. ! purica%#o do Aemplo, 1161241

C. Controvérsias nais com l$deres )udaicos 1162F412600

G. O serm#o escatol+gico no Monte da Oliveiras, cap. 1-

 @((. ! &ai#o de Sesus 9caps. 1041<

 !. Sesus é ungido, 1061411>. ! 8ltima Ceia, 1061242

C. Sesus predi5 a nega%#o de &edro, 106274-1

G. Sesus no Netsêmani, 106-2402

E. ! pris#o, )ulgamento, e a morte de Sesus, 1060-4160?

 @(((. ! Jessurrei%#o de Sesus 9cap. 17<

ocal da Escrita

 ! tradi%#o da (gre)a antiga "uanto a autoria e aos

destinatrios aponta inconteste para Joma. 3omente uma vo5

tardia e isolada propõe "ue Marcos escreveu o seu Evangelho em

 !leandria, no Egito.72

1. A Co!unidade 0udaica e! o!a

 ! dispers#o dos )udeus foi um acontecimento de grande

importTncia para a prepara%#o da vinda de Cristo, e para o

progresso da (gre)a Crist#. =uando ocorreu o &entecostes os8$ %oão >ris:stomo em sua  Matt"aeum Homi!ae 1#0 a@ esta airmação# ide2, Lo)ert 5# &uelich, Word +i!ica! 

Commentary - Mar., p# xxx#

$-

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 )udeus ) se encontravam espalhados por todo o império romano

9!t 26411<.

 ! informa%#o mais antiga so're a comunidade )udaica na

capital romana remonta ao ano 1- a.C.. Calcula4se "ue o n8mero

de )udeus no in$cio do século ( aproimava4se de 0F.FFF. !lguns

anos mais tarde a capital romana chegou a ter mais )udeus do "ue

na cidade de Serusalém. Muitos foram para l como escravos de

guerra; outros foram por motivos religiosos, ou se)a, para

alcan%ar novos prosélitos 9Mt 2-61<, mas muitos poderiam ter

ido por causa do comércio.7-

Com a conan%a de César con"uistada por :erodes, o

Nrande, a inZuência )udaica cresceu no império romano. Gisto

resultou alguns privilégios ad"uiridos pelos )udeus como a livre

guarda do s'ado, eram isentos do servi%o militar como

legionrios romanos, e desfrutavam de li'erdade religiosa em

suas reuniões sem a presen%a de soldados romanos, "ue eramgentios.

Com isso o movimento crescente do cristianismo tendo

nascido em 'er%o )udeu, tam'ém desfrutou destes 'enef$cios, pois

para os de fora eles n#o passavam de uma fac%#o )udaica em

crescimento.

2. A Igreja e! o!a

&rovavelmente a (gre)a de Joma come%ou com romanos, ou

 )udeus residentes na capital romana "ue se converteram no dia

80 5dol =ohl, Evane!"o de Marcos, p# $/

$/

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do &entecostes. Em !tos h uma referência aos visitantes vindos

de Joma/ 9!t 261F<.

 !dolf &ohl aponta seis caracter$sticas da (gre)a Crist# em

Joma nos dias de Marcos. &rimeiro, ela era uma das mais antigas

e rica em tradi%ões dentro do império romano. Acito conrma o

grande n8mero de crist#os na capital império. Os crist#os tinham

na capital de Joma ad"uirido uma posi%#o de preeminência entre

as demais igre)as do império. *a ep$stola aos romanos vemos

&aulo num 'om relacionamento com ela 9Jm 16D; 17617<. ! 

maioria da igre)a ali era gent$lica. Em Joma vivia uma

comunidade crist# cheia de mrtires. Com o desaparecimento dos

primeiros l$deres da"uela comunidade, surgiu Marcos para

intervir e garantir H igre)a a tradi%#o de Sesus.70

8< 5dol =ohl, p# $

$

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)estinat*rios

O Evangelho de Marcos foi escrito para a (gre)a de Joma.

:urtado trata o assunto com certa supercialidadechegando a concluir sem maiores averigua%ões "ue a 8nica

conclus#o positiva "ue podemos tirar é "ue Marcos escreveu

para crist#os gentios moradores fora da &alestina./7

Contudo, discordo dele pois o livro apresenta algumas

evidências "ue nos levam a pensar "ue Marcos escreveu seu

Evangelho para os crist#os "ue moravam em Joma.

Em primeiro lugar, devemos o'servar "ue os crist#os

romanos como destinatrios s#o indicados pela mais primitiva

tradi%#o da (gre)a.

3egundo, Marcos eplica costumes e tradu5 palavras

 )udaicas, o "ue seria totalmente desnecessrio para uma

audiência )udaica.

*#o podemos ignorar os latinismos. Contra esta evidência

poderia ser argumentado "ue, pelo fato de Marcos viver num

mundo dominado politicamente e culturalmente por Joma, esta

inZuência dos latinismos seria algo muito comum. Mas devemos

perguntar por"ue estes latinismos n#o s#o t#o comuns/ nos

outros evangelhosU &ohl falando da inZuência do idioma latino

coloca "ue é claro "ue latinismos n#o precisam estar apontandopara a (tlia, mas s#o poss$veis em todo lugar aonde os romanos

chegaram. 3+ "ue no evangelho de Marcos eles s#o

especialmente numerosos e de tra%os caracter$sticos/.77

8? arrD C# Gurtado, Novo Coment$rio +í!ico Contempor4neo - Marcos, p# 18

88 5dol =ohl, Evane!"o de Marcos, p# $1

0I

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Eiste uma poss$vel referência a um mem'ro da (gre)a de

Joma. 3im#o Cireneu, é apresentado como pai de !leandre e

Jufo 9Mc 1621<, e Jufo morava em Joma na época "ue &aulo

escreveu aos romanos 9Jm 1761-<, ou se)a ?47F d.C., poucos

anos antes de Marcos escrever 9cerca de 747? d.C.<. =uando

Marcos escreve o seu Evangelho, escreve pressupondo "ue os

seus leitores conhecessem !leandre e Jufo.

)ata da Escrita

O Evangelho segundo Marcos foi escrito em 747? d.C..

 !lgumas ra5ões pelas "uais essa data é prefer$vel.

&rimeiro, esta data é prefer$vel, pois, Marcos possivelmente

escreveu ap+s a morte de &edro, "ue ocorreu entre 7047 d.C.,

durante a persegui%#o de *ero. B o "ue armam o pr+logo

 !ntimarcionita 91DF d.C< e (rineu 9 Adv. Haer. -61.2<.7? 

3egundo, o Evangelho de Marcos foi provavelmente o

primeiro Evangelho a ser escrito, e talve5 usado por Mateus e

Iucas, o "ue torna uma data ap+s ?F d.C. muito improvvel.7D

 ! destrui%#o de Serusalém ocorreu em ?F d.C., e n#o

encontramos neste Evangelho nenhuma men%#o do cumprimento

do serm#o escatol+gico de Sesus, e da sua referência so're afutura ang8stia "ue viria so're Serusalém.7

8- 7#5# >arson H 7#%# 'oo H # 'orris, Introdu%'o ao Novo Testamento, p# -$8/ Everett M# Garrison, Introducci)n a! Nuevo Testamento, p# 1/I8 GenrD ># *hiessen, Introduction to t"e Ne1 Testament , p# 1<?

01

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n3ases /eológicas

 ! Cristologia de Marcos é admirvel, ele possu$a um

entendimento surpreendente acerca de "uem Sesus era, fa5endoo'serva%ões, narrando detalhes, atos e rea%ões do 3enhor em

momentos espec$cos de seu ministério.

Marcos apresenta Sesus como sendo verdadeiro homem. *a

Cristologia de Marcos Sesus é perfeitamente humano. Ele

precisava orar 916-; 76-1<, comer 92617<, 'e'er 916-7<, sentia

fome 911612<, tocava nas pessoas 91601<, e era tocado por elas

96?<, ele se entristecia 9-6<, e se indignava 91F610<, sentia sono

por causa do cansa%o e era despertado ap+s momentos de

cansa%o 906-D4-<. En"uanto homem o seu conhecimento é

limitado 91-6-2<, de modo "ue se volta para ver "uem lhe tocou

96-F<, possu$ corpo humano 9160-<, um esp$rito humano 926D<, e

inclusive poderia morrer 916-?<.?F 

Marcos apresenta Sesus como sendo verdadeiramente Geus.

*a Cristologia de Marcos n#o h nega%#o da sua divindade. Ele

descreve Sesus como tendo dom$nio so'erano so're o reino da

enfermidade 9160F40; D622427; 1F607,2;<, dos demônios 916-24

-0<, e da morte 9621420,-40-<, so're os elementos da nature5a

906-401; 760D; 1161-410,2F<; predi5 o futuro 9D6-1; 6,21; 1F6-24

-0; 1061?421<, conhece o cora%#o das pessoas 926D; 1261<, vencendo a morte 91767<.?1  Ge acordo com Marcos as duas

nature5as de Cristo, divino e humano, se encontram em perfeita

harmonia na pessoa de Sesus. E isto pode ser perce'ido nas

seguintes passagens 906-D4-; 76-0,0140-; D6141F; 106-2401<.-I &uilhermo GendriKsen, E! Evane!io Se*n San Marcos,  pp# $?4$8-1 &uilhermo GendriKsen, p# $8

0$

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Marcos apresenta Sesus como o Xilho de Geus. Esse t$tulo é

usado para descrever a sua messianidade. Marcos inicia seu

Evangelho identicando So#o >atista como o cumprimento da

profecia de Ml -61 e (s 0F6-, como a"uele "ue viria e prepararia o

caminho para o Messias/. ! vo5 "ue surge do céu di5endo Au és

o meu Xilho amado; em ti me agrado/ 91611 *@(<. Sesus é a"uele a

"uem os an)os servem 9161-<. O seu sangue é oferecido em favor

de muitos 91F60, cf. 10620<. Ele 'ati5a com Esp$rito 3anto 916D<,

nomeia os seus pr+prios em'aiadores 9-61-41<, tem autoridade

para mandar "ue os homens lhe sigam e o rece'am 9D6-0; 6-?<;

na transgura%#o manifesta parcialmente a gl+ria futura 9611<; e

declara "ue vir outra ve5 na gl+ria de seu &ai 9D6-D<, nas nuvens

com grande poder e gl+ria, "uando enviar seus an)os para

recolher seus eleitos 91-62742?<.?2  &recisamente foi condenado

por ter conrmado a sua divina lia%#o 91067147-<.

Marcos apresenta Sesus como o Jedentor. Sesus numa desuas declara%ões arma "ue ele veio para dar a sua vida em

resgate por muitos/91F60<. Marcos descreve um Cristo "ue

haveria de sofrer, e dedica uma grande por%#o de sua narrativa

para epor a &ai#o de Cristo, mais do "ue os outros

Evangelhos.?-

Jev. E\erton >. AoVashiVitoVashiVi_ronnet.com.'r &astor da (gre)a &res'iteriana de Cere)eiras ^ JO

-$ F)dem, p# $8-0 7onald &uthrie, Ne1 Testament Introduction, p# ?-

00

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&rof. de Aeologia 3istemtica do 3A>C ^ Etens#o Si4&aran

e3erência 4iliogr*5ca

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2. G.!. Carson ` G.S. Moo ` I. Morris,  "ntrod#!$o ao %ovo&estamento 93#o &aulo, Ed. @ida *ova, 1?<.

-. *estle4!land, %ov#m &estament#m 'raece 93tuttgart,Geutsche >i'elgesellschaft, 27a Ed, 1D?<.

0. illiam >arcla], (omanos Comentario al %#evo &estamento 

9Aerrassa, Ed. CI(E, 1<.

. &pias in6  )adres Apostólicos  93#o &aulo, Ed. &aulus, 1<,&atr$stica vol. 1.

7. (rineu de Ii#o, Contra as Heresias 93#o &aulo, Ed. &aulus,1<, &atr$stica vol 0.

?. Nuilhermo :endriVsen, El Evangelio Seg*n San Marcos 9Nrand

Japids, 3IC, 1D?<.

D. Everett X. :arrison, "ntrod#cción al %#evo &estamento 9NrandJapids, 3IC, 1DF<.

. erner N. Pmmel, "ntrod#!$o ao %ovo &estamento 93#o &aulo,Ed. &aulus, 2a. ed., 1D2<.

0<

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1F. Jo'ert. Nuelich, +ord ,i-lical Commentery Mar/ 9Gallas,ord >ooVs &u'lisher, 1D< vol. -0!.

11. urt !land, Synopsis 0#att#or Evangelior#m 93tuttgart,Geutsche >i'elgesellschaft, 10a.ed. rev., 1<.

12. Sohn J.. 3tott, Homens com #ma Mensagem 9Campinas, Ed.Crist# nida, 17<.

1-. !.A. Jo'ertson, "mágeles Ver-ales en el %#evo &estamento  Mateo y Marcos 9Aerrassa, Ed. CI(E, 1DD< vol 1.

10. Gonald Nutrhie, %e1 &estament "ntrod#ction 9Go\ners Nrove,

(nter4@ersat] &ress, -a. ed., 1?F<.

1. Ge\e] M. Mulholland, Marcos "ntrod#!$o e Comentário 93#o &aulo, Ed. @ida *ova, 1<.

17. Nerhard :rster, "ntrod#!$o e Síntese do %ovo &estamento9Curiti'a, Ed. Evang. Esperan%a, 17<.

1?. Colin >ro\n, ed., Dicionário "nternacional de &eologia do

 %ovo &estamento 93#o &aulo, Ed. @ida *ova, 1D<, vol. (((.1D. O *ovo Comentrio da >$'lia 93#o &aulo, Ed. @ida *ova,1D-<, vol. ((.

1. !ugustus *. Iopes, Apostila de "ntrod#!$o ao Evangelho de Marcos 9!postila n#o pu'licada fornecida no 3eminrio&res'iteriano SMC ^ 1o. 3emestreb17<.

2F. Iarr] . :urtado,  %ovo Comentário ,í-lico Contempor2neo

 Marcos 93#o &aulo, Ed. @ida, 1<.

21. !.>. >ruce, &he Synoptic 'ospels in6 Ahe EpositorRs NreeVAestament 9Nrand Japids, m. >. Eerdmans &u'lishingCompan], 171<.

22. Xlvio Sosefo, '#erra do 3#de#s Contra os (omanos  in6:ist+ria dos :e'reus 9Jio de Saneiro, C&!G, 12<.

0?

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2-. !lfred Edersheim, 4sos y Cost#m-res de los 3#dios en los&iempos de Cristo 9Aerrassa, Ed. CI(E, 1F<.

20. Jo'ert :. Nundr], Mar/ 5 A Commentary on His Apology 6orthe Cross 9Nrand Japids, m. >. Eerdmans, 12<.

2. Merrill C. Aenne], O %ovo &estamento S#a Origem e Análise 93#o &aulo, Ed. @ida *ova, 1<.

27. Ahiessen, :.C., "ntrod#ction to the %e1 &estament 9NrandJapids, m. >. Eerdmans &u'lishing Co., 100<.

2?. S. Nresham Machen, &HE %E+ &ES&AME%& An "ntrod#ctionto its 7iterat#re and History  9Edin'urgh, Ahe >anner of Aruth,1?<.

08