estereoquimica de compostos orgânicos

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8. Estereoquímica Leitura Recomendada: 1) Organic Chemistry – Structure and Function, K. P. C. Vollhardt e N. E. Schore, 3a ed., Freeman, New York, 2000, cap. 5. 2) Organic Chemistry, J. Clayden, N. Greeves, S. Warren, P. Wothers, Oxford, Oxford, 2001, cap. 16. 8.1. Estereoisômeros e Moléculas Quirais 8.2. Atividade Óptica 8.3. Configuração Absoluta 8.4. Compostos Meso 8.5. Obtenção de Moléculas Enantiomericamente Puras 8.6. Quiralidade no Mundo Biológico

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Uma breve abordagem sobre a teoria e as propriedades do conjunto de moléculas orgânicas que contém isomeria espacial (estereoisomeria).

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  • 8. Estereoqumica

    Leitura Recomendada:

    1) Organic Chemistry Structure and Function, K. P. C. Vollhardt e N. E.

    Schore, 3a ed., Freeman, New York, 2000, cap. 5.

    2) Organic Chemistry, J. Clayden, N. Greeves, S. Warren, P. Wothers,

    Oxford, Oxford, 2001, cap. 16.

    8.1. Estereoismeros e Molculas Quirais

    8.2. Atividade ptica

    8.3. Configurao Absoluta

    8.4. Compostos Meso

    8.5. Obteno de Molculas Enantiomericamente Puras

    8.6. Quiralidade no Mundo Biolgico

  • Estereoismeros so ismeros que possuem a mesma

    conectividade, mas diferem um do outro na disposio dos tomos no

    espao. Estereoismeros podem ser enantimeros ou diastereoismeros.

    Enantimeros: Imagens especulares no so sobreponveis.

    Um par de imagens

    especulares no idnticas

    chamada de um par de

    enantimeros.

    8.1. Estereoismeros e Molculas Quirais

  • Molculas Quirais

    Uma molcula que no

    sobreponvel a sua imagem no

    espelho chamada de quiral. Uma

    molcula que sobreponvel

    chamada de aquiral.

    Um tomo ligado a quatro

    grupos diferentes chamado de

    centro estereognico. Molculas

    contendo um n i co centro

    estereognico so sempre

    quirais.

    Quiral:

    Aquiral:

  • Como determinar se uma molcula quiral ou no?

    i) construindo modelos moleculares.

    ii) verificando a presena de planos de simetria na molcula: molculas

    quirais no tem um plano de simetria. Exemplos:

    Plano de simetria um plano imaginrio que corta uma molcula

    de maneira que as duas metades da molcula sejam uma imagem

    especular da outra.

    Metano Clorometano Diclorometano Bromo clorometano

    Bromoclorofluormetano

  • Lembrar sempre:

    i) o nico critrio para quiralidade que a molcula e sua imagem

    especular no so sobreponveis.

    ii) Para transformar um enantimero em outro seria preciso a quebra de

    ligaes.

  • A cadeia principal da molcula desenhada pelo zig-zag

    tradicional. Se os dois substituintes estiverem do mesmo lado do plano

    definido pela cadeia principal, a designao sin. Se estiverem em lados

    opostos ser anti.

    Sin e Anti

  • Qual a relao estereoqumica entre as estruturas abaixo? Seria

    possvel isolar os dois composto acima?

    O composto abaixo foi resolvido.

  • Metilamina

    Para a amnia ocorrem 2.1011 inverses por segundo!

  • 8.2. Atividade ptica

    Enantimeros possuem propriedades fsicas idnticas, exceto sua

    interao com a luz polarizada (atividade ptica). Atividade ptica foi

    descoberta em 1815, tendo sido um aspecto importante na proposta do

    modelo tetradrico para o carbono, divulgado no final do sculo XIX.

    O aparelho utilizado para medir a atividade ptica o polarmetro:

  • Um composto aquiral no roda o plano de polarizao.

    opticamente inativo:

    Um composto quiral pode rodar o plano de polarizao, sendo

    opticamente ativo:

  • i) Em um par de enantimeros:

    Sentido horrio: dextrorrotatria; (+)-enantimero.

    Sentido anti-horrio: levorrotatria; (-)-enantimero.

    Mais alguns aspectos da atividade ptica:

  • Mais alguns aspectos da atividade ptica:

    ii) Devido ao seu efeito sobre a luz plano-polarizada, enantimeros

    separados so ditos compostos opticamente ativos.

  • Rotao Especfica

    Rotao especfica uma constante fsica caracterstica de uma molcula.

    25: temperatura em graus Celsius.

    D: comprimento de onda de 589 nm. A linha D de

    uma lmpada de sdio.

  • Fatores que afetam a rotao ptica observada:

    a) concentrao

    b) estrutura da molcula

    c) comprimento da cela

    d) comprimento de onda da luz

    e) solvente

    f) temperatura

    Rotao especfica uma constante fsica possvel somente

    para molculas quirais.

    Rotao Especfica

  • A pureza ptica de um enantimero pode ser determinada atravs da

    medida do , segundo a frmula mostrada a seguir. Contudo, neste caso deve-se

    conhecer o de um dos enantimeros na forma pura. Uma limitao do mtodo

    o fato de que o valor de sensvel a uma srie de parmetros, o que pode

    tornar o erro bastante grande. Deste modo, mtodos analticos mais confiveis,

    como CLAE e CG utilizando colunas quirais, tm sido mais utilizados.

  • Excesso Enantiomrico

    Uma proporo de 98:2 significa um excesso enantiomrico (ee)

    de 96%.

    Exemplo:

  • Uma mistura 1:1 dos enantimeros chamada de mistura racmica.

    Esta mistura opticamente inativa e muitas vezes designada como

    ().

    Uma mistura racmica tem (quase sempre) propriedades fsicas

    diferentes dos correspondentes enantimeros puros.

    Se um enantimero equilibra com a sua imagem especular, dizemos

    que ocorreu uma racemizao.

    Mistura Racmica

  • As propriedades no estado lquido ou gasoso ou em soluo so

    normalmente as mesmas, mas aquelas envolvendo estado slido, como

    ponto de fuso e solubilidade so geralmente diferentes, como no clssico

    exemplo do cido tartrico.

    Mistura Racmica

    ()-cido tartrico: pf = 204-206 oC

    solubilidade: 206 g/L

    (+)- ou (-)-cido tartrico: pf = 170 oC

    solubilidade: 1390 g/L

  • Fatos Importantes:

    i) No existe correlao entre o sinal da rotao

    ptica e o arranjo espacial dos grupos

    substituintes.

    ii) No possvel determinar a estrutura de um

    enantimero medindo o valor de [].

    iii) No existe correlao necessria entre a

    designao (R) e (S) e a direo da rotao da

    luz plano-polarizada.

    8.3. Configurao Absoluta

    Determinao da configurao absoluta:

    i) Mtodo direto: anlise de raio-X. ii) Mtodo indireto: correlao com um composto cuja configurao absoluta j

    foi determinada.

    Exemplo:

  • Nomenclatura R e S (Nomenclatura Cahn-Ingold-Prelog)

    Como designar a nomenclatura R e S:

    i) Ordenar os substituintes segundo uma ordem de prioridade.

    ii) Posicionar a molcula de modo que o substituinte com a menor prioridade seja

    colocado o mais distante do observador.

    iii) Ler os grupos em ordem decrescente de prioridade:

    Anti-horrio: S

    Horrio: R

    Ordem de Prioridade:

    a>b>c>d

  • i) Verificar o nmero atmico de cada tomo ligado ao centro

    estereognico: quanto maior o nmero atmico, maior a prioridade;

    ii) Se dois (ou mais) substituintes ligados diretamente ao centro

    estereognico tm o mesmo nmero atmico, percorremos as cadeias

    at encontrar o primeiro ponto de diferena;

    iii) Ligaes duplas (e triplas) so tratadas como se fossem simples e os

    tomos so duplicados (ou triplicados).

    Como determinar a ordem de prioridade?

  • Como determinar a ordem de

    prioridade:

    i) Verificar o nmero atmico de cada tomo ligado ao estereocentro: quanto

    maior o nmero atmico, maior a

    prioridade.

    ii) Se dois (ou mais) substituintes ligados diretamente ao estereocentro tm o

    mesmo nmero atmico, percorremos

    as cadeias at encontrar o primeiro

    ponto de diferena.

    iii) Ligaes duplas (e triplas) so tratadas como se fossem simples e os tomos

    so duplicados (ou triplicados).

  • Os dois grupos de cada carbono so classificados de acordo com

    as regras de prioridade. Quando os dois grupos de maior prioridade

    estiverem do mesmo lado, a ligao dupla chamada de Z. E quando os

    grupos estiverem em lados opostos de E.

    As duplas a seguir so Z ou E?

    Regras de Cahn-Ingold-Prelog em Alquenos

  • Projeo de Fischer

    Projeo de Fischer um modo simplificado de representar um tomo de

    carbono tetradrico e seus substituintes.

    Linha horizontal significa ligaes direcionadas para fora do plano do papel.

    Linha vertical significa ligaes direcionadas para trs do plano do papel.

    Exemplo:

  • Rotao de Projees de Fischer

    Rotao de 90: muda a configurao do centro estereognico.

    Rotao de 180 (no plano do papel): no muda a configurao do

    centro estereognico.

    Exemplos:

  • Alterando os Grupos Substituintes de uma Projeo de Fischer

    Nmero Par de Mudanas: Estruturas Idnticas

    Nmero mpar de Mudanas: Enantimeros

    Exemplo:

  • Exemplo:

    Br

    CH3H D

    H

    CH3Br D

    H

    CH3D Br

    R

    Determinao da Configurao Absoluta utilizando

    Projees de Fischer

    Procedimento:

    i) Desenhar a projeo de Fischer da molcula.

    ii) Aplicar as regras de prioridade para ordenar os substituintes.

    iii) Troque dois grupos de modo que o de menor prioridade fique acima.

  • Molculas com mais de um Centro Estereognico

    Uma molcula com n centros estereognicos pode ter at 2n

    estereoismeros. Determinao da configurao absoluta de molculas com dois

    centros estereognicos:

    i) Tratar cada centro estereognico separadamente.

    ii) O grupo contendo o outro centro estereognico considerado como um

    substituinte.

    Exemplo:

  • CC

    H OH

    CHO

    OH

    CH2OH

    H

    C

    C

    HHO

    CHO

    HO

    CH2OH

    H

    C

    C

    H OH

    CHO

    H

    CH2OH

    HO

    C

    C

    HHO

    CHO

    HO

    CH2OH

    H

    A pair of enantiomers (Erythreose)

    A pair of enantiomers (Threose)

    2,3,4-Triidroxibutanal; 2 estereocentros; existem 22 = 4 estereoismeros

  • Diastereoismeros

    Relaes entre ismeros

    Ismeros

    Estereoismeros Ismeros Constitucionais

    Enantimeros (imagens especulares)

    Diastereoismeros (no so imagens! especulares)

  • C

    C

    H OH

    CO 2 H

    H

    CO 2 H

    HO

    C

    C

    H HO

    CO 2 H

    H

    CO 2 H

    OH

    C

    C

    H OH

    CO 2 H

    OH

    CO 2 H

    H

    C

    C

    H HO

    CO 2 H

    HO

    CO 2 H

    H

    A pair of enantiomers A meso compound (plane of symmetry)

    Par de enantimeros Composto Meso (plano de simetria)

    cido 2,3-diidroxibutanodiico (cido tartrico) dois estereocentros; 2n = 4, mas esta molcula s tem trs estereoismeros

  • Um composto que contm mais de um centro estereognico, mas sobreponvel sua imagem especular chamado de composto meso.

    Um composto meso possui propriedades fsicas diferentes dos enantimeros, bem como da mistura racmica

    O cido meso-tartrico, por exemplo, tem propriedades fsicas e qumicas diferentes de seus enantimeros

    Enantimeros tm propriedades fsicas e qumicas idnticas em ambientes aquirais

    Diastereoismeros so compostos diferentes e, portanto, tm

    propriedades fsicas e qumicas diferentes

  • Qual a relao isomrica entre os cidos tartricos?

  • Compostos meso podem ocorrer em molculas com mais de dois centros

    estereognicos. Exemplo:

  • 1) Resoluo

    i) O processo de separao dos enantimeros de um racemato

    chamado de resoluo;

    ii) Estratgia: diferena de propriedades fsicas entre

    diastereoismeros;

    iii) Primeira resoluo: Pasteur, cido tartrico, 1848.

    8.5. Obteno de Molculas Enantiomericamente Puras

  • Exemplo de Resoluo de um cido Carboxlico

  • Separao de Enantimeros utilizando Cromatografia:

  • 2) Sntese Seletiva

    Prmio Nobel de 2001:

    William S. Knowles, Ryoji Noyori e K. Barry Sharpless

    Desenvolvimento de catalisadores quirais que permitiram a sntese de

    molculas oticamente ativas.

    Knowles (Monsanto): produo de L-DOPA via hidrogenao:

    http://nobelprize.org/

  • 3) Diretamente da Natureza

    R hortel S cuminho