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ACTUAL Comércio Novos espaços para todo o país >> P. 03 ENTREVISTA Restauração Luanda tem tudo para ser mais saborosa >> P. 06 FECHO Continente Capital recebe quatro lojas em 2015 >> P. 12 FÁBRICA COMPAL O grupo português Sumol+Compal assinou quinta-feira, 12, em Luan- da, o contrato de inves- timento com a Agência Nacional de Investimen- to Privado (ANIP) para a construção de uma fábrica de enchimento de sumos, néctares e refrigerantes, informou o grupo em co- municado. O investimento previsto no contrato assi- nado com a ANIP ascende a 45 milhões de dólares, a serem aplicados na cons- trução e exploração de uma fábrica de enchimento de sumos, néctares e refrige- rantes em TetraPak e latas. QUARTO CARREGAMENTO Angola está a preparar o quarto carregamento de Gás Natural Liquefei- to (LNG) para o início da próxima semana, antes da fábrica do Soyo paralisar a sua actividade para tare- fas de manutenção que vão durar 53 dias, divulgou a agência Reuters durante o dia de ontem, quinta-feira. A manutenção está marca- da para começar a 29 de Se- tembro, segundo uma fon- te citada pela agência. “O próximo embarque deverá ocorrer no início da próxi- ma semana, segunda-feira ou terça-feira “, disse. O nível de produção previsto para o Soyo pode não se materializar antes que a estrutura feche para testes de diagnóstico. LIFEBUOY EM PROMOÇÃO A Unilever, representante mundial da marca Lifebuoy, apresentou-se quarta-fei- ra, em Luanda, para lançar no próximo dia 15 de Outu- bro uma campanha de saú- de escolar que visa reduzir a mortalidade infantil. O projecto está avaliado em 100 mil dólares, e vai de- correr até ao final do ano. Segundo Gerrie Kapfidze, um dos responsáveis da Lifebuoy, é a primeira vez que a marca vai trabalhar em parceria com a direcção provincial da Saúde e da Educação. NÚMERO DA SEMANA 4 MIL QUILÓMETROS DE ESTRADA Objectivo de construção para a província do Kuando Kubango no período 2013-2017 Este suplemento faz parte integrante do semanário Novo Jornal e não pode ser vendido separadamente KILAMBA Clientes ameaçam processar Sonangol >> P. 05

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actualcomércioNovos espaçospara todo o país >> P. 03

EntrEvistarestauraçãoLuanda tem tudopara ser mais saborosa>> P. 06

fEchocontinenteCapital recebequatro lojas em 2015>> P. 12

fábrica comPalO grupo português Sumol+Compal assinou quinta-feira, 12, em Luan-da, o contrato de inves-timento com a Agência Nacional de Investimen-to Privado (ANIP) para a construção de uma fábrica de enchimento de sumos, néctares e refrigerantes, informou o grupo em co-municado. O investimento previsto no contrato assi-nado com a ANIP ascende a 45 milhões de dólares, a serem aplicados na cons-trução e exploração de uma fábrica de enchimento de sumos, néctares e refrige-rantes em TetraPak e latas.

Quarto carregamentoAngola está a preparar o quarto carregamento de Gás Natural Liquefei-to (LNG) para o início da próxima semana, antes da fábrica do Soyo paralisar a sua actividade para tare-fas de manutenção que vão durar 53 dias, divulgou a agência Reuters durante o dia de ontem, quinta-feira. A manutenção está marca-da para começar a 29 de Se-tembro, segundo uma fon-te citada pela agência. “O próximo embarque deverá ocorrer no início da próxi-ma semana, segunda-feira ou terça-feira “, disse. O nível de produção previsto para o Soyo pode não se materializar antes que a estrutura feche para testes de diagnóstico.

lifebuoy em PromoçãoA Unilever, representante mundial da marca Lifebuoy, apresentou-se quarta-fei-ra, em Luanda, para lançar no próximo dia 15 de Outu-bro uma campanha de saú-de escolar que visa reduzir a mortalidade infantil. O projecto está avaliado em 100 mil dólares, e vai de-correr até ao final do ano. Segundo Gerrie Kapfidze, um dos responsáveis da Lifebuoy, é a primeira vez que a marca vai trabalhar em parceria com a direcção provincial da Saúde e da Educação.

nÚmero Da Semana

4mil QuilómetroS De eStraDa

objectivo de construção para a província do Kuando Kubango no período 2013-2017

este suplemento faz parte integrante do semanário novo Jornal e não pode ser vendido separadamente

Kilamba

clientes ameaçam processar sonangol

>> P. 05

O COmité de POlítiCa Monetá-ria manteve a taxa de juro básica nos 10% desde Janeiro, tendo, no entanto, sido alterada a taxa utilizada nas operações de absor-ção de liquidez do banco central, aplicando-se agora uma remune-ração de 1% (menos 0.25% do que anteriormente) sobre os depósitos efectuados junto do BNA no pra-zo overnight. A taxa da facilidade permanente de cedência de liqui-dez foi mantida nos 11.25%.

Segundo o último relatório sobre Angola feito pelo Banco Português de Investimentos (BPI), que em Angola controla o Banco Fomento Angola (BFA), no final de Junho, o Comité de Política Monetária de-cidiu também alterar o coeficiente de reservas obrigatórias sobre os depósitos dos bancos comerciais em moeda nacional.

O coeficiente aplicado era de 20%, tendo sido reduzido em 5%, para 15%. Este passa a ser idêntico ao coeficiente aplicável nos depó-sitos em moeda estrangeira, tradu-zindo o objectivo das autoridades em reduzir custos de financiamen-to dos agentes económicos que re-correm a crédito bancário.

No entanto, estes custos de fi-nanciamento apresentam uma tendência mista. As taxas pratica-

02 20 Setembro 2013

Análise

impacto da lei Cambialainda incerto

das no crédito até 6 meses subiram desde o final de 2012, tendo atin-gido os 18% em Abril, enquanto que no crédito até um ano, as ta-xas de juro praticadas mantiveram uma tendência descendente desde Julho de 2012. Esta evolução nas taxas de juro activas contrasta com uma relativa estabilidade das taxas de juro praticadas no merca-do interbancário. No prazo de seis meses e um ano, as taxas LUIBOR variam actualmente em torno dos 9% e 11%, respectivamente. Cons-trangimentos estruturais (fraca execução de contratos e falta de instrumentos de monitorização do risco de crédito) continuam a difi-cultar a expansão do crédito, es-pecialmente a pequenas e médias empresas e ao sector informal, que se estima que represente cerca de 40% do PIB não-petrolífero.

Em Angola, teve início, no dia um de Julho, a obrigatoriedade das so-ciedades operadoras do sector petrolífero, nacionais e es-trangeiras, de efectua-rem pagamentos de fornecimentos de bens e serviços a residentes cambiais ex-

clusivamente em moeda nacional. Esta obrigatoriedade é a penúltima etapa da Nova Lei Cambial Aplicá-vel ao Sector Petrolífero, criada em 2012 com o objectivo de reduzir o nível de dolarização da economia angolana e aumentar a eficácia da política monetária, melhorando o controlo da inflação. A concreti-zação da última etapa do processo está prevista para Outubro de 2013, altura em que as entidades do sector petrolífero serão obrigadas a efec-

Depois de atingir um mínimo histórico de 8.9% em Janeiro, a inflação em Angola acelerou ligei-ramente a partir de então, estando a variar em torno dos 9%. Em Ju-nho, a inflação homóloga atingiu os 9.19%, retomando a tendência descendente iniciada em Novem-bro de 2010. A classe “ Alimenta-ção e Bebidas não Alcóolicas” é a que mais influencia a variação do índice geral, tendo contribuído em mais de metade para a subida mensal da inflação nos últimos três meses. O comportamento des-ta variável no primeiro semestre de 2013 torna plausível o cenário do FMI para a inflação este ano. Angola poderá alcançar uma in-flação média anual de 9.4% (in-flação homóloga de 9.2%) no final de 2013, face a uma taxa média de 10.3% em 2012. Nos próximos anos, o FMI, no seu último World Economic Outlook projecta uma descida moderada dos preços, até se fixarem numa variação de 7% em 2016. Esta previsão dependerá da velocidade de implementação do plano de investimentos públi-cos em infra-estruturas, que aju-dará a resolver problemas de logís-tica e de distribuição de bens de consumo em território nacional.

tuar pagamentos de bens e serviços ao exterior a partir de contas junto de entidades financeiras locais.

O impacto da Nova Lei Cambial ain-da é incerto, havendo estudos que indicam que a obrigatoriedade de pagamentos a fornecedores através de instituições locais pode gerar uma liquidez adicional de 10 mil milhões de dólares ao ano (para compreender a sua dimensão, este valor represen-ta cerca de 40% dos depósitos totais em instituições financeiras).

No entanto, apenas uma peque-na parte ficará na economia local, prevendo-se que a maior parte des-te volume seja utilizada para paga-mentos a fornecedores estrangei-ros. A política monetária seguirá atentamente a evolução da liqui-dez no sistema, sinalizando even-tualmente um ciclo de aperto caso a evolução de indicadores de infla-

ção e financeiros (forte aumento da inflação; acumulação de

desequilíbrios entre ac-tivos e passivos dos

bancos) assim ojustifique.

inflaçãOestabili-za

Actual20 Setembro 2013 03

Uma agência do Banco de Poupança e Crédito (BPC) será aberta em 2014, no município do Curoca, província do Cunene

as diferentes Cadeias de super-mercados e grandes distribuidores de alimentos são favoráveis ao alar-gamento da rede comercial em todo o território nacional, mas solicitam maior apoio institucional, especial-mente do Governo e da banca, para a implementação dessa tarefa.

O ponto de vista foi defendido de forma unânime pelos responsá-veis dos distintos supermercados de Luanda, durante um encontro realizado nesta quarta-feira, 18, e orientado pela ministra do Comér-cio, Rosa Pacavira. A par disso os participantes reflectiram sobre a necessidade dos grupos comerciais grossistas criarem lojas de retalho para impedir o fomento do comér-cio informal, através da venda de elevadas quantidades de mercado-rias a pessoas singulares.

No final da reunião, o patrão da Pomobel, Raúl Mateus, consi-derou que apesar de existir maior sensibilidade da parte do minis-tério de tutela subsistem muitas preocupações, sobretudo na ven-da de produtos perecíveis.

“Há ainda produtos frescos a serem vendidos nas ruas sem o mínimo de higiene. Existem muitas preocupa-ções. É preciso aperfeiçoar o aten-dimento e as condições em que po-demos vender os bens alimentares à população”, sublinhou Raúl Mateus.

Nesse sentido, o empresário pactua com a posição do Executivo ao pretender reorganizar o sector comercial, sendo por isso favorá-vel a um plano director de desen-volvimento do sector do Comércio, que prevê a criação de lojas das

diferentes redes em todo o país. “Há um défice muito grande a

nível do país de superfícies comer-ciais. Assim estamos a criar condi-ções para o surgimento do mercado ambulante, que não oferece con-dições para melhor servir a popu-lação, o que provoca um grande constrangimento na saúde públi-ca”, disse Raúl Mateus.

Por seu lado, Farid Rehmani, do grupo Alimenta Angola, questionou as relativas dificuldades no acesso ao direito de superfície para erguer lojas e solicitou apoio do Governo para viabilizar este tipo de processos.

“Temos vários espaços e já temos pago o direito de superfície que ainda não possuímos, sendo isso a garantia para aceder à licença de construção. Queremos esse apoio para ajudar na expansão com uma melhor rede de supermercados, cujo propósito é atingir um merca-do mais formal”, afirmou Rehmani.

“Temos um plano de expansão da nossa rede de lojas que já foi apre-sentado ao Ministério do Comércio. Estamos a trabalhar . Temos prevista a abertura de vários supermercados nos próximos cinco anos, em Luan-da, e noutras províncias”, anunciou.

Relativamente aos armazéns de Viana, que ficaram destruídos na sequência de um incêndio, Reh-mani anunciou a sua reabilitação já concluída e a re-inauguração pre-vista para Novembro.

Já o director de logística da rede Nosso Super, Gilberto Magalhães, o grupo com maior número de lo-jas no país, disse apenas que pro-mete tudo fazer para que os pro-jectos sejam efectivados.

“Achei bem claras e objectivas as propostas do Ministério do Comér-cio e podem realmente combater o comércio informal. É isso que pre-tendemos”, sustentou Magalhães.

HORTÊNCIO SEBASTIÃO

a exPOrtaçãO de petróleo vai au-mentar para 1,74 milhões de barris por dia em Novembro, de acordo com a lista de embarques para esse mês divulgada por compradores em Londres e em Genebra.

Com aquele valor, Angola aproxi-ma-se rapidamente da exportação da Nigéria, o principal exportador do

continente, mas que tem sido afec-tado por uma série de problemas re-lacionados com o roubo de petróleo.

De acordo com dados obtidos pela agência financeira Reuters, a Ni-géria deverá exportar em Outubro 1,79 milhões de barris por dia, em quebra relativamente aos mais de 2 milhões de barris por dia exporta-

dos no ano passado, o que represen-ta uma perda de receita mensal es-timada em 700 milhões de dólares.

Em contraste, os embarques an-golanos de petróleo previstos para Outubro aumentaram relativamen-te a Setembro, mês em que os em-barques atingiram 1,70 milhões de barris por dia na sequência de re-

parações efectuadas na plataforma Saturno operada pela BP.

A exportação angolana de petró-leo continua mesmo assim abaixo da meta de 2 milhões de barris por dia prevista para este ano, com o ministro dos Petróleos, Botelho de Vasconcelos, a ter de adiar o alcance dessa produção para 2014 ou 2015.

supermercados reclamam apoiodo Governo

Angola aproxima-se da NigériaPETRólEO

Tom Carlos

A mINISTRA dO COméRCIO, Rosa Pacavira, pediu celeridade na apresentação de propostas por parte dos empresários com vista a materializar o plano de expansão de lojas e exigindo a desburocratização do processo. A governante avançou que as empresas têm um prazo de 15

dias para remeter ao órgão de tutela as propostas, contendo o volume de investimentos ne-cessário para cada empreitada, garantindo haver fundos do Es-tado para o efeito. O programa deverá ser implementado num período de 24 meses.

H. S.

Novas lojas até 2015

Gilberto magalhães da rede Nosso Super e Raúl mateus da Pomobel

ministra do Comércio, Rosa Pacavira, quando se dirigia aos comerciantes

Tom Carlos

O nOvO presidente da Transpor-tadora Aérea Angolana (TAAG), Joaquim Cunha, prometeu dar continuidade ao processo de refun-dação da companhia de bandeira de forma a manter “a garantia da segurança operacional”.

O gestor falava ao Novo Jornal na sexta-feira, 13, no final da ce-rimónia de tomada de posse das direcções das empresas ligadas ao Ministério dos Transportes.

“Vamos continuar o trabalho de refundação da TAAG, de forma a manter a garantia da seguran-ça operacional e para melhorar o serviço ao cliente, em suma, para melhorar a prestação de serviços”, salientou Joaquim Cunha.

Questionado sobre os avanços obtidos pela transportadora nos últimos tempos, nomeadamente a autorização de sobrevoo do espaço aéreo europeu com as aeronaves de última geração, referiu ter sido o resultado do esforço iniciado com o lançamento do processo de re-fundação.

Em relação ao recente movimen-to reivindicativo que desembocou numa greve envolvendo os pilotos, Joaquim da Cunha considerou a situação como normal, sublinhan-do que o processo de negociação

Ao todo forAm 81 entidades que tomaram posse nas empre-sas sob tutela do Ministério dos Transportes. Destes sobressaem os antigos governadores provin-ciais do Zaire, Zeferino Juliana, do Namibe, Joaquim Matias e do Bié, Luís Paulino dos Santos, que foram empossados nos cargos de administradores não-executivos do Porto de Cabinda, Caminho-de-

-Ferro de Moçâmedes e do Porto de Amboim, respectivamente.

Desponta ainda o antigo presi-dente da Federação Angolana de Futebol, Justino Fernandes, que tomou posse como administrador não-executivo do Porto de Luanda e Diogo de Jesus, ex-secretário--geral da Assembleia Nacional, com a mesma função no Caminho--de-Ferro de Luanda. H. S.

Velhas caras novas

04 20 Setembro 2013

Empresas

Novo PCA da TAAG continua refundação

Quintiliano dos Santos

“É um processo que não está encerrado”, acrescentou Joaquim Cunha sobre as negociações com os pilotos

continuará até serem esbatidas as questões que actualmente são colocadas ao nível desta classe de profissionais. “É um processo que não está encerrado”, acrescentou.

Sobre a futura ocupação do seu antecessor, Pimentel Araújo, o novo PCA da TAAG disse não ser uma questão que lhe compete de-finir, mas à direcção do Ministério de tutela.

Enquanto isso, Rui Carreira, ex--membro do Conselho de Adminis-tração da TAAG, foi empossado pelo ministro dos Transportes, Augusto

da Silva Tomás, no cargo de direc-tor geral-adjunto do Instituto Na-cional da Aviação Civil (INAVIC).

Por seu lado, o presidente do Porto de Amboim, na província do Kwanza-Sul, Abel Cosme, revelou os desafios que o esperam no sen-tido de reorganizar aquela empresa portuária.

“São novos desafios e novos pro-jectos. Vamos trabalhar, há boas perspectivas para aquela área, es-perámos para ver, pois estamos dis-postos a trabalhar e a dar o nosso máximo para ajudar a reorganizar a

estrutura”, frisou. Como primeiro passo, o antigo

PCA da UNICARGAS afirmou que passa pelo conhecimento do local, os projectos e depois criar uma es-tratégia de desenvolvimento e de acompanhamento.

Já Daniel Kipaxe, que foi recon-duzido no cargo de presidente do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (CFM), para além de dar prossegui-mento às tarefas em curso pretende introduzir melhorias na qualidade dos serviços prestados.

“Dentro da perspectiva e dos tra-

balhos que nos estão consignados vamos dar prosseguimento ao que já vínhamos fazendo, melhorar o que temos de melhorar, para que as performances sejam atingidas e possamos prestar um serviço con-digno, com qualidade e comodida-de que se deseja tanto na transpor-tação de pessoas, como de bens”, declarou Kipaxi.

O CFM já apita no Menongue, ca-pital provincial do Kuando-Kuban-go e a novadministração pretende aumentar as frequências na região. HortÊNCIo SEBAStIÃo

Quintiliano dos Santos

Luís Paulino dos Santos, ex-governador do Bié

SEguNdo A dIrECtorA comercial da SONIP quase sete mil cidadãos continuam à espera de casa no Ki-lamba já depois de terem pago a primeira prestação. Deolinda Sena explicou que, das 20.002 habita-ções recebidas, até sexta-feira, 13 de Junho, tinham sido vendidas 12.425 e entregues 11.516.

Ainda assim faltam entregar qua-se sete mil apartamentos a clien-tes, na sua maioria candidatos à tipologia T3, que já pagaram a pri-meira prestação. Os referidos apar-tamentos já estão todos ocupados.

“Temos o registo de 6.690 clientes que ainda não receberam habitações na centralidade do Ki-lamba”, disse Deolinda Sena. No entanto, a directora comercial da SONIP não explicou a “magia” des-tes números.

Se a SONIP recebeu 20.002 apartamentos e vendeu 12.425 restam 7.577 apartamentos. Se subtrairmos os 6.690 cidadãos que terão pago e ainda não rece-beram, restam 887 apartamentos, que Deolinda Sena não explicou onde estão. Até porque a primeira fase de vendas está encerrada.

KILAmBA rEforçAdoPara tranquilizar os cidadãos,

coube ao vogal da SONIP, Osvaldo Veloso, apresentar o plano de cons-trução em curso para atender as ne-cessidades de quem se candidatou e de futuros candidatos.

Segundo Veloso, a Leste da cida-de do Kilamba está a ser desenvol-vido um programa de construção de cinco mil fogos da tipologia T3 com uma área de 100 metros quadrados

por apartamento. Este programa foi lançado em Março de 2012 e tem previsão de entrega por parte do empreiteiro em Abril de 2014. são 2.190 unidades e as restantes 2.810 serão entregues em Junho de 2015.

O crescimento do Kilamba não fica por aqui. A Oeste serão edifi-

cadas mais cinco mil casas do tipo T3. A primeira fase será concluída em Junho do próximo ano quando serão entregues as primeiras 2.500 habitações. A outra metade fica para Dezembro de 2014.

A Sul do Kilamba a SONIP es-pera lançar ainda este mês mais

5.008 unidades, sendo 2.368 unidades do tipo T3, 2.640 do tipo T3+1. Todas serão concluídas em Novembro de 2015.

O reforço estende-se também a outras centralidades, com Cacua-co a receber mais 300 unidades do tipo T3. Com previsão de con-clusão para Outubro de 2014. No Zango 5 estão a ser construídas 8.000 unidades do tipo T3 a se-rem entregues em Março de 2014, 1.297 unidades, em Junho, 1.989 unidades, em Setembro 2.087 e em Dezembro de 2014 estarão concluídas as últimas 2.627 casas.

Já no Zango 1 estão em constru-ção mais 1.456 unidades do tipo T3 e 1.008 unidades do tipo T4, com entrega prevista para Dezembro do próximo ano. Na localidade de Kapari, a SONIP espera concluir a construção de 3.504 até Dezem-bro de 2014. No mesmo período, a imobiliária da Sonangol espera concluir a construção de 1.984 uni-dades no Km-44. f. d.

Sete mil pendurados

A mAkA dAs cAsAs das novas cen-tralidades continua na ordem do dia. Depois dos clientes manifestarem-se à porta da Sonangol, esta decidiu chamar a imprensa para dar a sua ver-são, numa conferência de imprensa que ficou marcada pela propaganda da construção das novas centralida-des. Pelo meio, ficou a garantia que os clientes defraudados terão os seus direitos garantidos.

“Todos os candidatos podem, a qualquer momento, receber a de-volução dos valores pagos. A SONIP está disponível a devolver estes va-lores, acrescidos da taxa de juro le-gal praticada no mercado”, explicou Paulo Cascão, administrador da Del-ta Imobiliária, parceira da Sonangol Imobiliário e Propriedade (SONIP).

Malambas à parte, a verdade é que os apartamentos do tipo T3 es-tão esgotados no Kilamba. Também é verdade que a Sonangol, através do seu braço imobiliário, a SONIP, colocou à disposição dos clientes algumas alternativas.

“Recebemos uma instrução da SONIP para que todos os clientes que eventualmente se tenham can-didatado para tipologias T3 ou T3+1 poderem se beneficiar dos aparta-mentos T5. Esses mesmos candida-tos poderão ter a possibilidade de pagar o diferencial entre a T3 e a T5 (8 mil dólares) no prazo de 12 me-

ses. A outra solução é fazer um con-trato, de imediato, com os clientes em que estarão previstas as condi-ções de acesso para a fase seguinte. Para o candidato que eventualmen-te não teve a possibilidade de rece-ber uma casa nesta primeira fase, vai realizar-se um contrato para a fase seguinte dos vários projectos”, frisou Paulo Cascão.

O que não foi explicado é que a Sonangol, ao não entregar os apar-tamentos T3 aos compradores, não está a cumprir a sua parte do contra-to. E este não cumprimento acarreta eventuais prejuízos para o compra-dor que vê um conjunto de expecta-tivas a não serem realizadas.

Se é verdade que quem preferir pode solicitar o reembolso do valor já pago, também não é menos ver-dade que o direito à indemnização a todos os compradores que já não vão receber os T3 este ano se apli-ca. O pré-acordo entre a SONIP e os compradores previa a entrega des-tes apartamentos ainda este ano. Ao não se concretizar, os compra-dores têm direito a serem ressarci-dos por eventuais danos causados, independentemente de virem a re-ceber os apartamentos no próximo ano ou em 2014.

Sem esquecer que a “devolução dos valores já pagos observando a taxa de juro pratica pelo mercado”

pode dar azo a especulações. Entretanto, Francisco Lemos, PCA

da Sonangol, afirma que as casas de Cacuaco começam a ser entregues na próxima semana. “Entre 23 e 30 de Setembro começaremos a entre-gar as habitações”, disse o patrão da petrolífera angolana.

Durante o encontro com os jor-

nalistas, o novo director de comu-nicação da Sonangol, Mateus Cris-tóvão, fez questão de interrompeu a intervenção do Presidente do Conselho de Administração, Fran-ciso de Lemos, por entender que o gestor não deveria responder às questões colocadas pelo jornalista da Voz da América. Alegadamente

não tinha sido convidado e, se-gundo Mateus Cristóvão, o convite era restrito a órgãos nacionais e credenciados. A atitude não caiu bem entre os meios de comunica-ção social e passou a sensação que a conferência de imprensa era uma reunião de Estado.

fAuStINo dIogo

SONIP devolve dinheiro com juros

Negócios20 Setembro 2013 05

4.225 quilogramas de café mabuba foram colhidos no município de Buco Zau, província de Cabinda, de Maio a Julho deste ano

KILAmBA

Quintiliano dos Santos

Quintiliano dos Santos

Que opinião tem acerca da restau-ração na cidade de Luanda?

Para quem acompanha a realidade desde o fim da guerra, em 2002, vê--se que houve uma mudança muito grande. Antigamente, para sair e ter uma refeição agradável contavam--se os lugares onde era bem servido. Os restantes eram de má qualidade. Nos últimos cinco anos aconteceram ainda mais mudanças. Para melhor. Mas continua a haver uma gran-de debilidade no atendimento. Em muitos locais os “garçons” não sor-riem, são antipáticos e parece que

nos estão a fazer um favor.

Porque isso acontece? Será falta de exeriência, de perfil, de forma-ção? Será falta de motivação?

É falta de formação e falta de ex-periência. Vivi muito tempo nos EUA onde há uma cultura muito grande de gorjeta. Em Luanda, talvez os tra-balhadores sejam mal pagos e desta forma não têm nenhuma vontade de servir bem o cliente. A falta de formação é evidente. Eu já trabalhei num restaurante e parte do meu sa-lário vinha das gorjetas. Isto faz com que os “garçons” tenham outra pers-pectiva. Mas também é verdade que hoje já posso ter uma boa refeição em Luanda, com bom atendimento e sem pagar exorbitâncias.

Um dos problemas da cidade: os preços.

No LNL procurámos sítios não mui-to caros e com uma boa experiência para oferecer aos clientes. Um dos nossos artigos mais famosos é uma lista de lugares onde se pode comer por menos de 2000 kwanzas. Porque a nossa cidade é caríssima. Em Nova Iorque uma refeição fantástica, com tudo incluído, pode custar apenas 1500 kwanzas ou 2000 kwanzas. Aqui é o preço médio de um prato. Fora as bebidas.

Mas quais são as razões para os preços elevados? Falta de água e energia, tentativa de lucrar rapi-damente ou apenas funciona a famosa lei da oferta e da procura?

É uma combinaçaão de todos es-ses factores. Converso com clientes, chef’s, conzinheiros e existe sim uma ânsia por dinheiro rápido. É verdade. Mas outro grande problema é que é

difícil gerir um restaurante. Água e energia são indispensáveis e podem custar um balúrdio. O mesmo se apli-ca à conservação dos ingredientes. O nosso contexto económico e social dita estas regras. Outra coisa que aprendi com os cozinheiros é que há escassez de certos ingredientes no mercado. Hoje o pimento pode estar a X e amanhã custar o dobro. Tem de haver da parte dos proprietários dos restaurantes uma ginástica muito grande para absorver os custos nos preços. Mas é verdade que os preços das refeições são elevados.

E ainda por cima os locais de qua-lidade, preço acessível e comida angolana divulgam pouco o seu trabalho. Concorda?

Se já há pouca divulgação dos lu-gares “oficiais” então dos restantes nem se fala... Isso também decorre da pouca valorização que damos aos pratos nacionais. A verdade é que a maioria da população come nesses quintais e nesses locais informais. Alguns têm qualidade mas são pouco conhecidos. Mere-cem outra atenção e eu acho que vale a pena descobri-los. Faz todo o sentido. É preciso olhar para esta questão com outros olhos. Muitos amigos estrangeiros que vivem ou passam por Luanda perguntam--me: “Mas afinal vocês comem o quê? Que tipo de comida?” Há res-taurantes de todo o tipo mas não há grande oferta de pratos nacionais.

Porque isso acontece? Muitos pro-prietários de restaurantes são estrangeiros e por isso oferecem o que sabem fazer melhor. Os an-golanos têm investido pouco na restauração?

Quem domina a restauração em Luanda são os portugueses. Eles são fortes neste tipo de negócios. Alguns proprietários são brasileiros mas há poucos restaurantes detidos por angolanos. Mas atenção: já há alguns locais, de comida angolana e de chefes angolanos, a fazer co-mida da terra com outro requinte e inovação. A nossa cultura enquanto angolanos também não é muito de restaurante. Todos os fins-de-sema-na temos o nosso funje em casa de

Texto de miguel gomes

Fotos de arquivo

06 20 Setembro 2013

Entrevista

Cláudio Silva é um dos principais dinamizadores do portal Luanda Nightlife (LNL). O LNL é um dos maiores divulgadores, na internet, da restauração de Luanda. Preferiu não mostrar o rosto para que os proprietários dos restaurantes não o reconheçam. A restauração tem um enorme potencial para a geração de novos negócios em todo o país.

“Quem domina a restauração em Luanda são os portugueses”

“Nem todos os restaurantesde qualidade precisam ser de luxo”

Cláudio silva saiu de Angola com cinco anos de idade. Viveu em Washington (EUA), depois de uma pequena temporada em Portugal e outra na Ingla-terra. Fez a universidade em Washington onde es-tudou Gestão de Empresas e Empreendedorismo. Antes de regressar a Luanda trabalhou num banco de investimento na famosa Wall Street, em Nova Iorque. “Para quem gosta de comida está no pa-raíso. É quase uma experiência de vida frequentar os restaurantes daquela cidade”, frisa. Entretan-to bateu a saudade. Decidiu que aquela não era a vida que queria e acredita que há oportunidades fantásticas no país. Adora cozinhar. Tem toda a família em Angola. Voltou definitivamente no princípio de Julho. Durante os anos que esteve fora vinha sempre de férias e sempre manteve um grande contacto com Angola. Considera-se um vi-ciado em internet. Agora está a tempo inteiro com o projecto LNL. Com mais dois sócios. O objectivo é inovar e, no futuro, tornar o LNL um portal de referência para a restauração de todo o país.

Perfil

amigos, de familiares, então quando vamos a um restaurante queremos outro tipo de comida.

Ou seja, muitos angolanos ainda não têm o hábito de fazer refeições fora de casa?

Se houvesse uma demanda muito grande por pratos nacionais de cer-teza que havia muito mais restau-rantes com essa oferta. A cultura de restaurante está a mudar mas, por exemplo, a maioria dos espaços es-tão vazios durante a semana. Já nos fins-de-semana estão todos cheios. É possível que isto esteja relacio-nado com o dia-a-dia da cidade. As pessoas trabalham, saem às 18 horas mas nem todos têm a vontade de sair e de enfrentar os engarrafamentos. Noutros países é normal que, no fi-nal do dia, as pessoas frequentem os bares e restaurantes das cidades para descontrair depois de um dia normal de trabalho.

Qual será o futuro da restauração nacional?

Há o que eu acho e o que eu quero que aconteça. O que eu quero é que tenhamos cada vez mais cozinheiros angolanos a fazerem comida nacio-nal fantástica. Temos uma culinária muito rica e com várias influências (Portugal, Brasil, África). Se o ca-minho for de evolução contínua julgo que os preços vão baixar e que vai começar a haver mais atenção ao serviço e ao cliente. Nesse caso, poderemos ter uma restauração de muita qualidade e diversidade.

Há condições para isso?Temos peixe com fartura. Temos,

no interior do país, gado e ingre-dientes frescos de todos os tipos. Po-demos ter um destino de culinária. Hoje em dia já temos variedade: co-mida italiana, japonesa, mexicana, francesa... Podemos continuar com esta variedade. Faz sentido. O único problema é o preço. E a falta de alter-nativas de qualidade para os pratos nacionais.

No futuro, Luanda pode tornar-se uma referência de culinária e lo-cais a frequentar dentro do conti-nente africano?

Sim. Hoje em dia já oiço isso. So-bretudo quando comparamos com outros países de África. Tenho ami-gos que foram viver no Uganda, no Ghana, e tiveram dificuldades por-que há pouca oferta. Precisamos apenas de vontade de trabalhar, de mudar algumas mentalidades e de não ir sempre à caça do lucro fácil. Nem todos os restaurantes de gran-de qualidade precisam ser de luxo. Hoje já temos muita oferta de res-taurantes de luxo. Talvez esteja na altura de pensar noutros conceitos.

De que tipo?Há espaço para restaurantes

mais rústicos, simples, de comi-da honesta e preços honestos. Os clientes vão aparecer.

20 Setembro 2013 07

“Se houvesse uma demanda muito grande por pratos nacionais de certeza que havia muito mais restaurantes com essa oferta”

“Ninguém nos paga nada”

“Criar uma empresa é caro”

Como começou o lNl?A ideia original era de um grupo

de franceses que vivia em Luanda. Chegaram aqui e não sabiam onde comer, onde sair à noite e onde tomar um copo. Há pouquissi-ma informação na internet sobre Luanda. Eles começaram o projec-to em 2009. Era um projecto ama-dor. Conheci-os em 2010. Achei a ideia fantástica, mandei-lhes um e-mail, disse que ia para Luanda de férias e que seria uma boa ideia nos encontrarmos. Fizemos uma amizade. Quando acabou o contra-to deles o blogue ficou completa-mente parado durante um ano.

de que forma se associou ao pro-jecto?

O convite surgiu já em 2012. A pessoa que dinamizou o LNL foi para a Indonésia e criou uma página com o mesmo conceito. Chegou a ser um dos sites mais vi-sitados daquela região. Ele agora está a viver em Bali, na Indonésia. Quando peguei na ideia quis fazer uma coisa séria.

de blogue no início estamos agora a falar de um conceito mais amplo.

Exactamente. Já não vejo como um blogue. É uma espécie de portal.

e vão apostar apenas nas criticas a restaurantes ou pensam alar-gar o espectro?

A ideia é ser um sítio de crítica relacionada com a restauração. Mas estamos a pensar em novas estraté-gias. Por exemplo, há uma empresa que presta um serviço de entrega de refeições ao domícilio. Eles têm contrato com vários restaurantes de Luanda e levam o pedido à casa. É uma coisa fantástica para Luan-da. Agora somos parceiros, proxi-mamente vamos fazer uma crítica sobre eles e temos o logótipo no nosso portal. Criámos sinergias. No

futuro vamos começar a fazer crí-ticas a hotéis, porque quem vem a Luanda não sabe bem onde ficar. A única coisa que sabe é que vai pagar um balúrdio pela estadia.

as pessoas que vos lêem por vezes questionam se recebem dinheiro e se a critica é mesmo livre. Como preparam as visitas aos restaurantes?

Vamos aos sítos de forma anó-nima e ninguém nos paga nada. Obviamente que vamos chegar a um tempo em que os resturantes podem querer uma critica patro-cinada. Nesse caso, aparecerá no portal a devida referência. Para todos saberem do que se trata. Até agora nunca fomos pagos e poucas pessoas sabem quem somos. E não avisamos quando vamos a um sítio porque queremos ser atendidos como um cliente normal.

mas raramente são taxativos em relação a um serviço de má qua-lidade.

Sim, é uma coisa que temos visto. Nós somos optimistas. Se alguma coisa está mal, como já aconteceu, nós escrevemos o que se passou. Não há problema nenhum. Feliz-mente não tem acontecido muito mas quando temos motivos para

falar mal, nós falamos. Queremos que o portal seja uma voz amiga. Em quem os leitores podem confiar.

Como escolhem os locais a visi-tar?

É completamente aleatório, mas estamos a tentar ser um bocado mais organizados. Temos uma lista de sítios para ir. Agora, qualquer saída ou uma ida a um restauran-te tornou-se motivo de trabalho. Estou sempre atento. Temos uma base de dados muito grande de fo-tografias e muitas criticas já feitas.

e em termos de visitas? quem vos visita mais?

Neste momento, a maioria dos leitores são angolanos. No início era completamente ao contrário. Continuamos a ter textos em in-glês e português mas o nosso fee-dback tem sido mesmo fantástico. Neste preciso momento, 10 de Se-tembro, temos cerca de 10.300 fãs no facebook. Temos cerca de 430 seguidores no instagram e 200 no twitter. No portal, a média de visi-tas ronda as 500 por dia. O nosso dia com mais visitas é à sexta-fei-ra. Temos menos visitas ao domin-go. Isto reflecte os hábitos das pessoas de Luanda. Onde temos mais actividade e mais audiência

é mesmo no facebook. No portal publicamos duas a três matérias por semana mas nas redes sociais estamos activos todos os dias.

a internet pode ter um papel importante na divulgação deste tipo de serviços.

Em Angola há cada vez mais usuários de internet. Quando co-mecei a usar o facebook pratica-mente ninguém tinha perfil nas redes sociais. O sector da restau-ração pode aproveitar. Por exem-plo, se eu sou novo em Luanda e não conheço a cidade como é que vou aos sítios mais agradáveis? Onde posso me informar? Até agora não há guias completos so-bre Luanda. As poucas coisas que existem tendem a focar-se nos mesmos lugares de sempre – a ilha e esses locais mais badalados.

Nota-se que tentam fugir um pouco a essa forma de ver as coisas. É uma tendência que pre-tendem aprofundar?

Tentamos fazer um esforço para fugir dos locais habituais e da zona histórica da cidade. Viana, Bairro Operário, Bairro Popular, Maculus-so já têm sitios que merecem ser divulgados. A nossa ideia também passa por preencher este vazio.

enquanto jovem empreendedor, que opinião tem acerca do guichet Único de empresas (gue) e do fo-mento dos jovens empresários e de novos negócios?

É chato e é caro mas é uma fer-ramenta minimamente rápida para criar uma empresa. Conseguimos tratar de todo o processo em cerca de seis semanas. Sem pressas. Fi-zemos quase tudo sozinhos apenas com a ajuda de um amigo que co-nhece bem estes procedimentos. A experiência foi boa... Mas cara.

isso é um entrave para os jovens.Há muitos entraves para se criar

uma empresa. Não deveria ser ne-cessária toda esta burocracia e preencher todos os documentos que pedem. Mas temos de reconhe-cer que o cenário melhorou. E temos também de perceber que para ser empresário não é preciso ter dinhei-ro. O que é necessário é ter uma boa ideia e a disposição e o tempo para trabalhar no duro. Por outro lado, é uma aberração o imposto industrial incidir sobre 35 por cento dos lucros

das empresas. Noutros países há uma série de incentivos para novos negócios, criação de empresas, mas aqui cada um está por sua conta. Não há ajudas para nada.

recorreu à banca para financiaro seu projecto?

Não. Pedi um empréstimo fami-liar. No mínimo, investimos cerca de dois mil dólares apenas para constituir a empresa. Sem o em-préstimo não ia conseguir. E fize-mos tudo sozinhos.

“Há muitos entraves para se criar uma empresa”

Depois De se reunir com a pre-sidente Dilma Rousseff, no Palácio do Planalto, o presidente mundial da Audi, Rupert Stadler, anunciou investimentos de 225 milhões de dólares, até 2016, para adaptar a fábrica que a empresa tem em parceria com a Volkswagem, para iniciar a produção dos dois novos modelos - A3 Sedan e o Q3, uma es-pécie de SUV. “Apesar do mercado de luxo ser ainda pequeno no Bra-sil, a expectativa é que ele cresça 170 por cento até 2020”, declarou.

A nova fábrica da Audi será em São José dos Pinhais, no estado do Para-ná. O lançamento do A3 Sedan será em 2015 e do Q3 só em 2016. A ideia da Audi é vender, em 2018, 30 mil carros por ano, considerando carros fabricados no Brasil e importados.

O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pi-mentel, que acompanhou a audiên-cia no Planalto, lembrou que esta é a nona fábrica de automóveis que se instalana no Brasil após ter sido criado o regime automotivo especial, o Inovar-Auto. “Isso mostra que o esforço que nós fizemos foi bem su-cedido e as empresas estão, de facto, a vir para o Brasil. As que já estavam aqui, estão a expandir as suas activi-dades”, declarou o ministro.

Pimentel acrescentou ainda que se o Brasil não tivesse criado o regime Inovar-Auto estaria provavelmente, com metade do mercado “ocupado por carros importados, o que não faz nenhum sentido num país que tem indústria automobilística instalada, antiga e sólida, e que tem um merca-do deste tamanho, o quarto mercado do mundo automóvel”. O presidente da Audi também elogiou o Inovar, reconhecendo que é uma “grande alavanca, um grande propulsor, que proporciona uma boa perspectiva de investimento no Brasil”.

Na entrevista, o presidente da Audi disse que vê o Brasil “como um mercado muito promissor” e que espera que a economia “continue a crescer”. “Tenho esperança que vai dar tudo certo”, disse. Segundo Rupert Stadler, “é importante para a Audi voltar ao Brasil” e começar a fazer grandes investimentos depois das apostas na China, na Rússia e na Índia. “Pretendemos aproveitar o grande crescimento do mercado brasileiro”, frisa o gestor alemão.

Ao falar da perspectiva de cresci-mento do mercado de carros de luxo no país, o presidente da Audi res-saltou que “a situação económica estável do Brasil, as perspectivas de crescimento da economia, que ain-

da estão muito boas, mas também as perspectivas do aumento do po-der aquisitivo não somente da clas-se média como da população como um todo, faz acreditar que vai haver mercado para todos”. Os carros a se-rem produzidos no Brasil custarão mais de 45 mil dólares a unidade.

O ministro Fernando Pimentel ex-plicou que “a leitura que a indústria automobilística está a fazer é que o

08 20 Setembro 2013

Internacional

Cabo VerDe é o país africano de língua oficial portuguesa mais com-petitivo, de acordo com a lista elabo-rada pelo Fórum Económico Mundial que é liderada pela Suíça, no geral, e pelas Ilhas Maurícias, em África.

Cabo Verde manteve a posição do ano anterior e ficou classifica-

do em 122º lugar numa lista de 148 países analisados pelo WEF para a elaboração do Índice de Competi-tividade Global (GCI) 2013-2014, que coloca Portugal em 51.º lugar e o Brasil em 56.º.

Entre os três países de língua por-tuguesa africanos avaliados (Angola,

Moçambique e Cabo Verde), o arqui-pélago regista a melhor posição, con-seguindo até o primeiro lugar no que diz respeito ao indicador sobre a in-flação, e estando na primeira metade da tabela em indicadores como o peso dos regulamentos governamentais, a confiança pública nos políticos e a corrupção e subornos.

No que diz respeito a Angola, o relatório sublinha a perda de três posições relativamente ao relatório de 2011-2012, tendo Moçambique subido um lugar, de 138.º para 137.

Fora do continente africano, Ti-mor-Leste perdeu dois lugares face ao relatório anterior, ocupando o 138.º lugar.

Portugal voltou a perder lugares na lista mundial de competitivi-dade de 2013-2014, caindo para o 51.º lugar e numa tendência que se prolonga desde 2005, com excep-ção do ano de 2011.

A Suíça continua a liderar a lista mundial de competitividade, segui-da de Singapura, Finlândia, Alema-nha – que sobe duas posições – e Estados Unidos da América.

o grupo estatal China CNR Corporation Ltd., um dos maio-res fabricantes de comboios do país, vai construir 15 compo-sições ferroviárias para o me-tropolitano do Rio de Janeiro, anunciou o grupo citado pela Rádio Internacional da China.

De acordo com o comunica-do divulgado pela China CNR, a subsidiária Changchun Rai-lway Vehicles Co. Ltd. assinou um contrato com a Metro Rio para o fornecimento de 15 composições com um total de

90 vagões para começarem a ser utilizados nos Jogos Olím-picos de 2016.

As composições circularão na Linha 4 do metropolitano do Rio de Janeiro, projecto que visa li-gar a Barra do Tijuca a Ipanema, passando por vários bairros das zona oeste e sul da cidade.

As novas composições per-mitirão ainda ligar a Vila Olím-pica e o centro de jogos em Co-pacabana, no Rio de Janeiro, a uma velocidade máxima de 100 quilómetros por hora.

audi volta a construir no brasil

Cabo Verde lidera em português

Competitividade

Chineses fornecem metro do Rio

“pretendemos aproveitar o grande crescimento do mercado brasileiro”, diz o responsável da marca alemã

segmento de carros premium vai ter uma curva muito acentuada no Bra-sil, muito mais que a de carros po-pulares, em função da mudança do padrão de renda e do crescimento da classe média”. Na opinião do minis-tro, são bons sinais para a indústria e para a economia brasileira porque “o segmento de carros premium é onde há mais tecnologia incorpo-rada na produção, o que vai atrair

fornecedores de maior capacidade tecnológica e vai exigir trabalhado-res mais qualificados”.

O ministro lembrou que o Brasil nunca teve fábricas do segmento de luxo de automóveis de primeira linha e agora já tem quatro anun-ciadas: a BMW, a Audi e a Mercedes--Benz, além da Land Rover, que está em vias de anunciar um forte investimento naquele país.

Jörg Hofmann é o novo presidente e Ceo da audi Brasil

anteontem, a Reserva Federal norte--americana - equivalente a Banco Central - causou grande surpresa ao decidir-se pela manutenção do programa de aquisi-ção de ativos, na base de 85 mil milhões de dólares por mês, visto esperar-se uma redução do programa no imediato e sua supressão no começo de 2014.

A medida significa vitória dos parti-dários dos estímulos e, portanto, receio de queda nos desempenhos caso esses estímulos diminuam. Em maio ultimo, Ben Bernanke, que dirige a entidade, tinha anunciado aquela duas etapas (redução e posterior supressão) cau-sando grande alvoroço nos mercados. Fundos colocados em economias emer-gentes migraram em alta escala desde então para os Estados Unidos e a cota-ção do dólar subiu, na expectativa de valorização proporcional à sua menor circulação, devido ao encolhimento dos elevados estímulos atuais.

O anuncio de quarta feira acalmou a tendência para alta na taxa de cambio da moeda norte-americana, com o Euro a passar no imediato para 1,35, o Rand a 9,58 e o Real para 2,19.

Para países, como Angola, que têm a grande maioria das suas reservas em dólares US, há uma redução no valor das mesmas mas, em contrapartida, o preço do barril de petróleo voltou a su-bir, com base na percepção de não haver

risco de recuo nas grandes atividades mundiais exigentes em energia.

Para a Reserva Federal, não é pruden-te mexer no montante dos estímulos até que a taxa de desemprego caia para 7% e nem tem intenções de subir a taxa de juros, enquanto esse dado não atinja 6,5% ou a inflação chegue a 2,5%.

O anuncio surgiu pouco mais de 48 horas após o anuncio de desistência da candidatura do ex secretario do Tesouro, Lawrence Summers, a substituto de Ber-nanke e o surgimento de candidaturas mais dispostas ao compromisso. Sum-mers faz parte do grupo favorável a rigor financeiro, ou seja, acha que os estímulos foram longe demais e é tempo de deixar o mercado mais entregue a si próprio.

Tal desistência decorre da rejeição desse posicionamento do ex secretario do Tesouro entre os Democratas, onde a ala esquerda parece ter crescido, a ponto de pesar numa decisão dessa enverga-dura. Aliás, o “New York Times” escre-veu que essa ala estaria cada vez mais “exasperada” com a política económica de Obama.

Na pratica - por motivos distintos - nota-se aproximação de atitude en-tre a esquerda democrata e as grandes empresas listadas nas bolsas, pois estas reagiram imediatamente em alta.

Mas é evidente que se trata de medida provisória, com Bernanke preocupado em não causar uma comoção nos merca-dos no momento em que se prepara o fim do seu mandato. Não só poderia criar dificuldades ao sucessor - ou sucessora - como daria a impressão de mau humor na hora da saída. O FED tem dois meses para avaliar o impacto da sua política de compra de ativos e compará-la com os dados macro económicos e sociais, entre os quais a criação de novos empregos.

A próxima direção, no entanto, não poderá manter este esforço mensal de 85 MM de dólares durante muito tempo, sob risco de transformar a maior econo-mia do mundo em contexto subsidiado. Isto quer dizer que as grandes empre-sas beneficiados com os estímulos vão, sem duvida, sofrer pressões para serem mais decididas nos investimentos e na ampliação do mercado de trabalho.

É interessante constatar como o fa-tor trabalho é considerado nas econo-mias mais avançados como definidor central. Pelo menos para isso, a crise em curso foi util.

Rota meridional

20 Setembro 2013 09

Opinião

Estados Unidos mantêm estímulosà economia

Jonuel Gonçalves

embora não se tenha ainda realizado o censo populacional em Angola sabemos que a popu-lação encontra-se desigualmente distribuída pelo país. Será esta uma tendência que se vai manter nos próximos tempos?

As estatísticas indicam que a tendência de urbanização está a viver uma fase especial de aceleração. A continuar assim, Angola vai a ca-minho de uma taxa de urbanização superior a 80 por cento em quase todas as províncias do país nos próximos 10 anos.

Tudo isto porque a possibilidade de encon-trar trabalho, a facilidade com que circulam in-formações, a probabilidade de acesso a bens e serviços, tornam a vida nas cidades muito mais atractiva em comparação com as zonas rurais.

Logicamente que viver na cidade não são só vantagens. Por exemplo, no caso de quem optar por Luanda, terá de lidar com constran-gimentos que vão desde os custos com a mora-dia, as perdas de tempo devido aos problemas de trânsito, as dificuldades de adaptação e inserção social, os problemas com a criminali-dade e burocracia, entre outros.

Ainda assim, todos estes constrangimentos parecem não ser causa suficiente para inibir a tendência de emigração para as cidades. O que torna as principais ci-dades mais apetecíveis para os jovens que aban-donam as zonas rurais de diversas provincias?

Os economistas certa-mente mencionariam as vantagens competitivas que as cidades enquanto núcleos de desenvolvi-mento apresentam. Ou-tros diriam que há mais possibilidades de acesso a bens, serviços e esti-los de vida que dificilmente se podem encontrar nas zonas rurais.

Já lá vão os tempos em que a acessibilidade de recursos naturais economicamente valiosos, a existência de vastos recursos minerais, poten-cial agrícola, recursos hídricos e terras aráveis, eram suficientes para fixação das pessoas so-bretudo dos jovens numa dada localidade.

Porque razões estão entre as localidades com enorme potencial agrícola, pecuário e mineral, as que observam um maior êxodo da população jo-vem que emigra para as áreas urbanas, em busca de emprego e outras formas de rendimento?

Apesar dos esforços feitos pelo executivo Angolano no âmbito da reconstrução nacional, as oportunidades de acesso às infraestruturas sociais e económicas estão distribuídas de ma-neira assimétrica ao longo de todo país, sendo que uma grande densidade de infraestruturas

de transportes, energia e novas tecnologias de informação e comunicação, estão concentra-das nos centros urbanos.

Um exemplo elucidativo desta realidade é o facto de que Angola possui uma rede extensa de estradas principais feitas em ritmo acelerado, que estão em condições razoáveis, facilitando a circulação de pessoas e bens. Mas entretanto as estradas secundárias e terciárias são em me-nor número e mais degradadas, o que dificulta imenso o exercício de actividades económicas.

Vivemos tempos em que os factores críticos de desenvolvimento mudaram, ou seja, aliados à existência de recursos naturais e boa localiza-ção geográfica, uma economia municipal para ser competitiva necessita: de um bom funcio-namento dos serviços da administração local do estado, um sistema de transportes que facilite a ligação entre a sede municipal, as comunas e aldeias, e entre o município e outros pontos do país, um bom sistema de serviços públicos e de contínuos investimentos do estado.

Hoje falar do desenvolvimento local, implica falar de um conjunto de infraestruturas muito bem desenhadas, de actores económicos capazes de ar-ticular de modo adequado as actividades produtivas, o conhecimento local, e o comércio, sem nos esque-cermos dos requisitos de sustentabilidade ambien-tal e de eficiência energé-tica.

Se a tudo isto tivermos de adicionar factores como a permeabilidade cultural para a introdu-ção de inovações, a livre circulação de ideias e informações, a cultura de participação cívica, e

o compromisso de todos os actores locais po-líticos, privados e sociais, ficamos com uma clara ideia acerca dos desafios económicos, políticos e sociais que cada município de An-gola terá de enfrentar.

A visão romanceada segundo a qual uma lo-calidade desenvolve-se facilmente quando está bem localizada e dispõe de abundantes recursos naturais, ou alberga um grande complexo agro--industrial ou mineiro, parece estar em claro de-clínio.

Lá onde as pessoas têm dificuldades de lidar com a precariedade dos serviços de saúde em contextos onde as doenças humanas e animais chegam a ser a maior ameaça económica para as famílias... Lá onde estão ausentes ou funcionam muito mal os serviços de registo e identificação civil, cartórios notariais, tribunais, instituições bancárias e repartições ficais... Não pode haver desenvolvimento económico local!

as oportunidades de acesso às infraestruturas sociais e económicas estão distribuídas de maneira assimétrica ao longo de todo país

o FeD tem dois meses para avaliar o impacto da sua política de compra de ativos e compará-la com os dados macro económicos e sociais, entre os quais a criação de novos empregos

Desenvolvimento económico local

Jonuel Gonçalves

Rota meridionalsérGio CalundunGo

desenvolvimento e utopia

A Vodafone anunciou na últi-ma segunda-feira (16) a com-pra de 76,48 % das acções da Kabel Deutschland, a maior empresa alemã de telecomu-nicações a cabo, pelo que pa-gou cerca de €7,7 mil milhões, (cerca de $10 mil milhões). Na quinta-feira (12 de Set.) a multinacional britânica, ti-nha já afirmado ter garantido 75% das acções necessárias para a concretização do ne-gócio. A Vodafone, que este mês concordou em vender a sua participação na operadora Americana Verizon Wireless por $130 mil milhões, viu na alemã Kabel Deutschland,

uma maneira não só de expan-dir o seu negócio na Europa como também a possibilida-de de oferecer mais serviços de televisão e de telefone de rede fixa na Alemanha, que é tão somente a maior rede de telefone móvel do mercado europeu. Contudo, o acordo requer ainda a aprovação das autoridades reguladoras da Comissão Europeia, com a realização de uma primeira revisão prevista até 20 de Se-tembro. A Vodafone deu ainda a conhecer aos accionistas da Kabel Deutschland que não venderam as suas acções, que puderão fazê-lo durante as

próximas duas semanas, uma vez que o período de oferta só acaba a 30 de Setembro. Após a conclusão do negócio, a Vo-dafone pretende introduzir o chamado acordo de controlo com Kabel Deutschland, o que permitiria a multinacional britânica determinar a estra-tégia da Kabel Deutschland e não menos importante, ter acesso aos seus fluxos de cai-xa, o que é permitido pela Lei Alemã, quando um comprador detém 75 % da empresa. Pres-supõem-se que provavelmente será usado por alguns fundos hedge ou de cobertura, incluí-do a Elliott Management, Davi-

dson Kempner e o York Capital, que nas últimas semanas com-praram acções da Kabel Deuts-chland, na esperança de que o tribunal vá forçar a Vodafone a oferecer um preço mais eleva-do na próxima fase de compra de acções. A participação da Elliott na Kabel Deutschland permanece acima de 10%. Esta mesma táctica usada por esses fundos, já foi usada pela Elliott Management aquando da aquisição da fabricante de guindastes alemã Demag, pela rival norte-americana Terex há dois anos. No entanto, a deci-são judicial para este caso está ainda pendente.

10 20 Setembro 2013

Mercados

Os legisladores do Banco da Inglaterra votaram por una-nimidade para manter a po-lítica monetária inalterada este mês, devido a melhoria das perspectivas económi-cas, tendo chegado a um acordo de que não seriam necessárias mais medidas de estímulo. Durante o mês de Agosto alguns membros do Comité de Política Monetá-ria viram uma oportunidade

interessante para um abran-damento da política, e a reu-nião de 3-4 de Setembro ser-viu para mostrar que nenhum membro do comité julgou que mais medidas de estímu-lo fossem apropriadas no mo-mento. Na quarta-feira (18 de Set.), foram publicadas actas em que a maioria dos membros votou para manter o programa de compra de títulos, em £375 mil milhões

($598,000 milhões) e taxa de juros inalterada num mínimo recorde de 0,5%. Segundo o Banco da Inglaterra (BOE) ao nível doméstico, houve sinais crescentes de uma recupe-ração económica. De acordo com o relatório do BOE publi-cado em Agosto sobre a infla-ção, dados recentes apresen-taram um risco ascendente para o perfil de crescimento. A economia britânica tem

vindo a dar sinais de fortale-cimento tendo o Banco cen-tral estimado um crescimen-to de 0,7% este trimestre contra os 0,5% registados o mês passado. O bureau po-lítico do governador Mark Carney, deu orientações so-bre as taxas de juros no mês passado, comprometendo-se a mantê-las baixas até que a taxa de desemprego caia para 7%.

Banco da Inglaterra não vê necessIdade para maIs estímulos À medIda em que a economIa se fortalece

actIvIdade económIca

mercados

empresas

A Chanceler Alemã, Angela Merkel referiu às eleições alemãs do dia 22 de Setem-bro como sendo um referen-do sobre a estabilidade do EUR. Durante um discurso perante o seu partido, União Democrata Cristã, Merkel en-quadrou as próximas eleições como uma decisão entre a sua política de resgates aos paí-ses mais frágeis da zona euro, e o que ela ilustrou como pla-nos pela oposição alemã para conjugar as dívidas de todos os países membros da moeda única. O Partido Social De-mocrata, liderado pelo Peer Steinbruek e o Partido Verde, pretendem derrubar Merkel e formar uma nova coliga-ção partidária, bem como defendem a criação de um fundo conjunto de amortiza-ção da dívida e outras opções que “atiram todas as dívidas

numa panela só”, afirmou Merkel, insistindo que “É por isso que as vossas decisões determinarão o percurso fu-turo da Europa”, ao dirigir-se ao eleitorado. Merkel, no po-der desde 2005, tem basea-

do a sua campanha eleitoral na sua gestão económica e a sua insistência para que a assistência financeira aos países da zona euro em crise fosse acompanhada por re-formas. A sua mensagem de boa gestora foi reforçada na terça-feira (17 de Set.), com um aumento na confiança de investidores alemães em Se-tembro, notado pela subida do Índice mensal do Insti-tuto ZEW para 49,6, acima do nível de 45 esperado por economistas entrevistados. Por sua vez, Steinbrueck, Ministro das Finanças du-rante o primeiro manda-to da Chanceler, diz que a imposição de medidas de austeridade por Merkel tem dividido a Europa, enquan-to este na sua campanha dá maior ênfase ao crescimen-to económico. Num discurso

perante o seu partido, Stein-brueck acusou a Chanceler de ter negligenciado a própria economia doméstica, dando “orientações, mas nenhuma direcção”. “O fosso entre os ricos e os pobres está clara-mente a aumentar” afirmou Steinbrueck, defendendo os planos do seu partido para aumentar a taxa mais elevada sobre o rendimento de 42% para 49%, e impor uma taxa sobre o património. Este, exige que os bancos sejam “finalmente” chamados para pagar pela crise que origi-naram, afirmando que o seu partido irá banir “trocas es-peculativas” sobre matérias--primas e produtos alimen-tares. Apesar da Chanceler Alemã ter uma liderança con-siderável sobre Steinbrueck, as últimas sondagens de-monstram resultados pouco

multInacIonal vodafone compra acções da KaBel deutschland

merKel dIz que eleIções alemãs serão decIsIvas para o futuro do eur

Lucro obtido pelo governo dos EUA com o resgate aos bancos do país, na sequência da falência do Lehman Brothers, há cinco anos, no auge da crise financeira.

0,1%10% $28 mil milhões

Aumento do Índice de preços do Consumidor de Julho à Agosto nos EUA, inferior ao aumento de 0,2% em Julho.

Percentagem das receitas anuais dos Bancos Europeus, a ser cobrada aos mesmos como multa, caso falhem na tarefa de combate à manipulação financeira.

taxas de Juro

TBC- 63 diasTBC- 182 diasBT- 182 diasBT- 364 diasEURIBOR 1 M EURIBOR 6 MEURIBOR 12 MLIBOR 1 MLIBOR 6 MLIBOR 12 MLUIBOR 1 MLUIBOR 6 MLUIBOR 12 M

moedaAKZAKZAKZAKZEUREUREURUSDUSDUSDAKZAKZAKZ

16-set-133,625,072,923,56

0,1280,3380,5420,1790,3800,6560,0760,0890,099

var. sm. Bp0,000,000,00

-13,00-0,10-0,40-0,50-0,27-0,75-0,95-0,01-0,03-0,01

var. ac. Bp-347-173-133-199-98

-132-145-11-42-47-9

-12-11

taxas de Juro Banco central

Taxa Básica do BNA: Taxa de Redesconto: Facilidade Permanente de Cedência de Liquidez: Facilidade Permanente de Absorção de Liquidez:

9,75%20,00%11,00%0,75%

taxas de cÂmBIo spot

cotação USD/AKZEUR/AKZZAR/AKZEUR/USDGBP/USDUSD/ZARUSD/BRLUSD/CNY

16-set-1396,748

128,6319,733

1,33381,59089,81212,27626,1203

var. sem.-0,11%0,92%0,89%0,65%1,36%-1,67%-0,03%-0,01%

var. acum.1,29%4,04%

-17,41%2,21%1,88%

22,06%23,89%-2,76%

commodItIes

matérIas prImasBRENTCRUD OIL (ANGOLA)GAS NATURALOURO SPOTPLATINA

16-set-13109,83

110,12

2,33

1.312,98

1.436,00

var. sem.-2,93%-2,05%17,09%-5,33%-3,38%

var.acum.1,38%-1,33%

-10,04%-16,13%3,01%

mercados accIonIstas

índIceDOW JONESNASDAQS & P 500FTSE 100PSI 20Nikkei 225BOVESPA

16-set-1315.494,781.697,603.717,856.622,86

53.821,636.009,54

14.404,67

var.sem.2,87%1,55%0,33%1,61%

-0,79%0,96%1,50%

var.acum.24,38%32,93%40,36%16,19%-8,78%5,41%

70,36%

Portugal

Irlanda

Itália

Grécia

Espanha

Hungria

Bélgica

França

Alemanha

Reino Unido

534,00

138,50

240,00

N.A.

224,00

280,50

56,50

66,00

25,00

33,00

7,08%

398,70%

4,37%

10,16%

4,38%

6,00%

2,73%

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1,96%

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-3,80

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0,50

0,00

0,30

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1,50

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1,18

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0,20%

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1,50%

2,70%

cds 5 anos (Bp)

pIB IIº trim 2013

var. hom.Ipc

mensaldéfice/

pIB 2013dívida/

pIB 2013Yelds

10 anos

monItor da crIse fInanceIra na europa

país

“O fossoentre os ricos e os pobres está claramente a aumentar”

claros para a sua coligação governamental. O resultado mais provável para o dia 22 é

de uma grande coligação dos dois maiores partidos fede-rais – a UDC e o PSD.

FechoUma unidade hoteleira de quatro estrelas foi inaugurada na cidade do Lubango, capital da província da Huíla, pelo ministro da Hotelaria e Turismo, Pedro Mutindi

12 20 Setembro 2013

Lyon é o segundo maior centro de negócios de França e foi para lá que se dirigiram todos os membros da delegação dos governos do Kuando -Kubango, Zaire, Uije e Bengo. No seu primeiro dia, os trabalhos es-tiveram focalizados na questão do turismo e agro-indústria.

Durante um almoço de trabalho com os principais operadores de turismo, em Lyon, os governado-res receberam explicações sobre o

funcionamento do sector, principal destino turístico mundial que rece-be, em média, oitenta milhões de pessoas por ano.

Para o governador Higino Carnei-ro é urgente que os franceses façam mais turismo em Angola. Tendo em vista o fortalecimento das relações entre os dois Estados, principal-mente entre as empresas, falou-se sobre as possibilidades de criação de uma câmara de comércio e indús-

tria. “Aventou-se a possibilidade de, o mais depressa possível, instituir--se a Câmara de Comércio e Indús-tria bilateral”, frisou Carneiro.

Para além do turismo, a delega-ção angolana visitou uma fábrica de camiões da Renault, especiali-zada na produção de motores para camiões, barcos e autocarros, as-sim como percorreram o principal centro de formação profissional para atender às necessidades da indústria naquela região.

A AFPI é um instituto que forma técnicos e engenheiros e é uma escola de referência. Para o em-baixador Miguel da Costa, Angola precisa deste tipo de experiências

governadores destacam oportunidades

Continente terá quatro lojas

EM FRANÇA

As RElAÇõEs bilAtERAis en-tre Angola e França iniciaram--se em Janeiro de 1977, ano em que aquele país europeu reconheceu a independência da então República Popular de Angola, culminando em 26 de Julho de 1982, com a assinatura do Acordo Geral de Cooperação, marcando assim o limiar das re-lações de cooperação bilateral entre ambos os países. Após o referido Acordo Geral, e como consequência das boas re-lações, foram assinados diversos instrumentos jurídicos, alguns já vencidos e outros ainda em vigor.A França, como parceiro tradi-cional, pouco diversificou a sua presença em Angola manten-do o seu principal interesse no domínio petrolífero e serviços inerentes a essa actividade, tor-nando a interacção empresarial

limitada e condicionada a um único sector, o que caracterizou as relações nas décadas de 80, 90 e início do século XXI. Entretanto, com a chegada ao poder de Nicolas Sarkozy, após a sua vitória nas eleições pre-sidenciais em Maio de 2008, surgiu uma nova dinâmica nas relações de cooperação com certos países africanos, entre os quais Angola, marcada pela visita oficial que efectuou, aos 23 de Maio de 2008. A nova conjuntura política, deri-vada das últimas eleições presi-denciais de Maio de 2012 que le-vou o Partido Socialista a estar à frente dos destinos dos franceses, com a eleição do Presidente Fran-çois Hollande e do seu Governo dirigido por Jean-Marc Ayrault, estão, igualmente, a apostar no reforço desta cooperação.

Histórico da cooperação

Para o governador Higino Carneiroé urgenteque os francesesfaçam maisturismoem Angola

para que possamos formar “recur-sos humanos com qualidade para que possam atender às necessida-des da indústria”. “A indústria não se faz apenas com engenheiros”, frisou o diplomata.

Durante os encontros, os go-vernadores provinciais trocaram vários contactos e mostraram-se disponíveis em acolher as empre-sas interessadas em fazer parcerias com os angolanos.

Segundo o governador do Kuan-do Kubango, foram apresentados os nossos programas para que o empresariado lyonês pudesse en-tender “que Angola não está pa-rada”. “O nosso país tem necessi-

dade de investimento estrangeiro e não só, mas de qualquer forma não está aqui de mão estendida. Apresenta realizações. Apresenta projectos e, desta feita, também estamos receptivos para trabalhar em parceria com as diferentes em-presas que se mostrem disponíveis em trabalhar para o nosso país”, destacou Higino Carneiro.

A delegação dos governos pro-vinciais tem ainda previstos outros encontros com os empresários em Paris e visitas a empreendimentos industriais em Lille, numa inicia-tiva da Embaixada de Angola em França e do MEDEF, movimento das empresas francesas.

o ProjeCto luso-angolano de abertura, em Angola, dos hiper-mercados Continente contempla a abertura de quatro lojas e um centro de logística, em Luanda, in-formou o administrador do grupo português Sonae, Luís Reis, citado pela agência financeira Reuters.

Luís Reis adiantou que os em-preendimentos abrem ao público em 2015, depois de estarem solu-cionadas as dificuldades opera-

cionais que causaram o adiamento do projecto detido em 51 por cento pelo grupo angolano Condis, liga-do a Isabel dos Santos, e em 49 por cento pelo grupo Sonae.

À margem de uma conferência so-bre investimento no norte de Portu-gal, o administrador adiantou que os dois parceiros continuam a acreditar “que ainda há oportunidades no mer-cado” angolano e revelou que “o pro-jecto tem a aprovação do governo”,

estando actualmente a ser elaborada a sua “configuração operacional.”

“Caso as lojas a serem abertas se adaptem bem ao mercado e forem bem recebidas pelos consumidores há a intenção de lançar o formato em todo o território angolano”, disse ainda o administrador do grupo Sonae.

O grupo detém 440 estabelecimen-tos do ramo alimentar em Portugal, sendo o maior retalhista do país.