estado, industrializaÇÃo e os espaÇos de

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GEOGRAFIA GAsPERR GRUPO DE PESQUISA PRODUÇÃO DO ESPAÇO E REDEFINIÇÕES REGIONAIS LEANDRO BRUNO SANTOS ESTADO, INDUSTRIALIZAÇÃO E OS ESPAÇOS DE ACUMULAÇÃO DAS MULTILATINAS Presidente Prudente 2012

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  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE

    FACULDADE DE CINCIAS E TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA

    GAsPERR GRUPO DE PESQUISA PRODUO DO ESPAO

    E REDEFINIES REGIONAIS

    LEANDRO BRUNO SANTOS

    ESTADO, INDUSTRIALIZAO E OS ESPAOS DE

    ACUMULAO DAS MULTILATINAS

    Presidente Prudente

    2012

  • UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA CAMPUS DE PRESIDENTE PRUDENTE

    FACULDADE DE CINCIAS E TECNOLOGIA

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM GEOGRAFIA

    GAsPERR GRUPO DE PESQUISA PRODUO DO ESPAO

    E REDEFINIES REGIONAIS

    LEANDRO BRUNO SANTOS

    ESTADO, INDUSTRIALIZAO E OS ESPAOS DE

    ACUMULAO DAS MULTILATINAS

    Tese de doutorado submetida banca

    examinadora para obteno do ttulo de Doutor

    em Geografia na rea de Concentrao:

    Produo do Espao Geogrfico. Orientador:

    Prof. Dr. Eliseu Savrio Sposito

    Presidente Prudente

    2012

  • FICHA CATALOGRFICA

    Santos, Leandro Bruno.

    S236e Estado, industrializao e os espaos de acumulao das Multilatinas /

    Leandro Bruno Santos. - Presidente Prudente: [s.n], 2012.

    541 f.

    Orientador: Eliseu Savrio Sposito

    Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de

    Cincias e Tecnologia

    Inclui bibliografia

    1. Mundializao. 2. Estado. 3. Produo do espao. 4. Dinmica

    territorial. 5. Amrica Latina. 6. Multilatinas. I. Sposito, Eliseu Savrio. II.

    Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Cincias e Tecnologia. III.

    Ttulo.

    Ficha catalogrfica elaborada pela Seo Tcnica de Aquisio e Tratamento da

    Informao Servio Tcnico de Biblioteca e Documentao - UNESP, Campus de

    Presidente Prudente.

  • minha amada me, por me apoiar incondicionalmente, apesar da minha

    ausncia,

    Erika, com a craseado para indicar a cumplicidade, o companheirismo e o carinho

    por sete anos,

    Aos meus dois irmos (Felipe e Andr), pelas dores de cabea e tambm pelas emoes.

  • AGRADECIMENTOS

    Todo trabalho cientfico, nos seus diferentes nveis, realiza-se por meio da

    colaborao de muitas pessoas e instituies. Esta tese no foge a essa regra, mas seria muito

    difcil agradecer, detalhadamente, a todos (as) que tornaram possvel a concretizao deste

    trabalho. Por isso, julgo necessrio mencionar somente aquelas pessoas que acompanharam

    diretamente os diversos momentos que envolveram a rdua tarefa de produzir o trabalho que

    agora submeto ao escrutnio.

    minha querida me, Carolina Maria dos Santos, que, com nfimos

    recursos, apoiou-me incondicionalmente nas minhas escolhas. Sem o seu apoio, sem o seu

    amor, no poderia dedicar-me nos estudos, tampouco seguir a carreira acadmica.

    Erika, que me acompanhou nos momentos fceis e difceis da elaborao

    da tese. Obrigado pela fora e companheirismo, por me proporcionar os momentos mais

    felizes da minha vida.

    Aos meus irmos Felipe Sander e Andr Diogo, por entenderem a minha

    ausncia por mais de 10 anos. Quis o destino que fosse eu a, desde cedo, bater as asas e

    procurar outros cantos, o que os levou a assumir papis que outrora realizava. Sou

    profundamente grato por tudo. Ao Felipe, por cuidar de nossa me nos ltimos anos. Ao

    Andr, por me proporcionar a felicidade nica de ganhar uma sobrinha, a linda Rebeca.

    Aos amigos Nelson Felipe, Rodrigo Girardi, Cleverson Reolon, Rafael

    Cato e Osias da Silva, principalmente, por me oferecerem as suas casas e toda a

    hospitalidade quando regressei a Presidente Prudente.

    Aos amigos Cassio, Jovenildo, Caio, Vitor, Leda, Clayton Dal Pozzo, pela

    amizade verdadeira, num ambiente em que impera, como em qualquer outro, a inveja, a

    competio, a desfaatez e as amizades por convenincia.

    Aos professores Antonio Nivaldo Hespanhol, Manoel Carlos Toledo Franco

    de Godoy, Margarete Amorim, Miguel, Arthur, Joo Osvaldo, entre outros, pelo aporte de

    conhecimento e pelo apoio.

    Ao amigo Francisco (chiquinho), que me ajudou a encontrar um

    apartamento e cuidou de meu cantinho quando tive que realizar as vrias viagens. Ao

    trmino desta tese, creio que voc poder dormir mais tranquilo, porque no haver um

  • vizinho do andar de cima fazendo barulho com o movimento de objetos, os rudos da

    impressora etc.

    A todos os servidores do programa de ps-graduao, que me apoiaram e

    relevaram os meus equvocos. Estendo, ainda, os meus agradecimentos a Lucia e ao amigo

    Tonho.

    Aos professores da Pontifcia Universidade Catlica de Chile (PUC),

    Cristian Gonzalo Henriquez Ruiz e Frederico Arenas Vasquez, que me ofereceram todo o

    suporte para a realizao do trabalho de campo no Chile. Igualmente, estendo os meus

    agradecimentos aos professores chilenos Johannes Rehner, Patricio del Sol e Carlos A. de

    Mattos, pelas entrevistas e apoio com material bibliogrfico.

    Ao professor da Universidad Nacional de Quilmes e diretor da unidade da

    Cepal na Argentina, Bernardo Kosacoff, por apoiar-me durante a minha estadia em seu pas e

    pelas referncias bibliogrficas.

    Aos professores do Centro de Estudos do Desenvolvimento Econmico e

    Social (CEDES) Benemrita Universidad de Puebla (BUAP), sobretudo Mara Isabel

    Angoa, Isaias Aguilar Huerta, Pedro Garca e Jos de Jess Rivera de Rosa, por me receberem

    no Mxico e por no medirem os esforos para que eu pudesse desenvolver a tese.

    Agradeo, ainda, a Alejandro, pela oferta de sua casa quando de minhas

    viagens Cidade do Mxico. Na BUAP, pude desfrutar do apoio e da amizade verdadeira de

    Ren Lon, Victoria Banafsheh, Abraham Bello Cortez, Julieta Torres e L Pix (Lupita).

    Aos professores Celso Garrido - Universidad Autnoma de Mxico (UAM),

    Campus de Azcapotzalco - e Jorge Basave Kunhradt - Instituto de Investigaciones

    Econmicas de la Universidad Nacional Autnoma de Mxico (UNAM), pelas valiosas

    entrevistas, bate-papos e apoio com textos de referncia.

    minha segunda famlia, formada por Oscar, Lucy, Javier e Ernezto,

    agradeo-lhes por me receberem com toda a hospitalidade. Foram os quatro meses mais

    intensos da minha, a comear pelo cdigo 6 Bras (por me transaren la billetera y a la Oscar,

    por supuesto), pela viagem a Oaxaca e s pirmides, entre outras localidades desse

    maravilhoso pas.

    Maria encarnao Beltro Sposito, por diversos motivos. Em primeiro

    lugar, e mais importante, pela conversa que tivemos h seis anos, por meio da qual me

    convenceu a permanecer em Presidente Prudente e a tentar o ingresso na ps-graduao. Em

    segundo lugar, quero registrar a sua importncia na minha formao, das aulas na graduao

    ps-graduao.

  • Ao professor Everaldo Santos Melazzo, por quem cultivo, desde os tempos

    de graduao, uma admirao sem tamanho. No poderia deixar de registrar, neste momento,

    a sua importncia no meu ingresso na Geografia Econmica, pelas aulas de introduo

    economia e pela indicao do professor Eliseu Savrio Sposito. Mas a minha gratido no se

    resume apenas a isso, porque sem o seu apoio nos exames de qualificao (da dissertao e

    tese), sem as reunies a mim concedidas, sem os seus insights e sugestes de

    encaminhamento, entre outros, no poderia ter superado algumas falhas decorrentes de meu

    dilogo com a Economia. Ao longo da tese, podero ser encontrados inmeros equvocos, no

    por falta de seus conselhos, mas por meus devaneios.

    professora Lisandra Pereira Lamoso, pela leitura cuidadosa de todos os

    meus manuscritos, da dissertao tese, e pelo apoio incondicional com comentrios

    construtivos, envio de material e sugestes bibliogrficas. Desde j comento que as falhas que

    ainda permanecem so todas minhas. Por ltimo, mas no menos importante, quero expressar-

    lhe que sou profundamente grato pela leitura e aprovao do anteprojeto que submeti ao

    programa de ps-graduao, sem o qual dificilmente teria logrado realizar o estgio de

    sanduiche no tempo previsto.

    Aos professores Carlos Antnio Brando, Carlos Jos Espndola e Renata

    Adriana Verdi, pela leitura cuidadosa da tese e pelas vrias sugestes, muitas delas, inclusive,

    iro acompanhar-me por vrios anos de minha trajetria acadmica. Oxal tudo conspire para

    que eu possa seguir os seus conselhos, especialmente o de continuar o dilogo com a

    economia industrial e permanecer firme dentro da Geografia Econmica.

    Ao orientador Eliseu Savrio Sposito, pelos dez anos de orientao, que

    abrangeram a graduao e a ps-graduao. Sou profundamente grato pela sua pacincia e por

    me conduzir por caminhos que, sozinho, jamais poderia ter trilhado.

    Por ltimo, em especial, sou grato pelo apoio financeiro oferecido pela

    Fundao de Amparo Pesquisa de So Paulo (FAPESP) e pela Coordenao de

    Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES), respectivamente, ao

    desenvolvimento da pesquisa de doutorado e realizao do estgio sanduiche. Sem o suporte

    dessas instituies, indubitavelmente, o trabalho que ora se apresenta teria outros contornos.

  • [...] o singular e o geral no existem de maneira independente, mas somente por meio de formaes materiais particulares [...] o singular e o geral esto organicamente ligados um ao outro, interpenetrando-se e s podem ser separados no estado puro por abstrao. A correlao do singular e do geral no particular (formao material, coisa, processo) manifesta-se como correlao de aspectos nicos em seu gnero, que so prprios apenas a uma formao material dada, e a aspectos que se repetem nesse ou naquele grupo de outras formaes materiais (CHEPTULIN, 1982, p. 194-195).

  • RESUMO

    A partir de meados dos anos 1990, instituies internacionais, imprensa especializada em

    assuntos econmicos e trabalhos acadmicos trataram de enfatizar o aumento considervel

    dos fluxos de Investimentos Diretos Estrangeiros (IDE) oriundos de pases subdesenvolvidos.

    Este fenmeno apresenta, historicamente, diferentes ciclos e alteraes de importncia entre

    as regies e os pases. Com o seu aprofundamento, porm, as assimetrias espaciais centro e

    periferia so redefinidas e so produzidas novas espacialidades, particularmente a

    relativizao das relaes Norte-Sul e o fortalecimento das relaes materiais Sul-Sul. O

    principal objetivo que norteia esta tese a compreenso do papel desempenhado pelos

    principais grupos multinacionais latino-americanos, Multilatinas, originrios de quatro pases

    (Argentina, Brasil, Chile e Mxico), no processo de concentrao e centralizao em escala

    mundial, com o destaque, principalmente, atuao do Estado, aos ramos econmicos, s

    formas de insero internacional, s escalas espaciais de acumulao e s diferentes fraes

    de capitais. Na histrica relao dialtica entre os impulsos externos e as condies histricas

    e geogrficas de cada formao socioespacial latino-americana, sob a intermediao dos

    Estados, foram internalizados os processos de produo e circulao do capital e engendrados

    diferentes capitalismos. A nossa tese que a emergncia das Multilatinas est relacionada, de

    um lado, ao acirramento da concorrncia oligoplica mundial agudizada pelas polticas de

    abertura - em indstrias intensivas em capital e, de outro lado, s capacidades distintivas

    construdas atuao diversificada, operao em espaos desiguais, crises e estrangulamentos

    externos etc. - em cada um dos capitalismos latino-americanos. Essas fraes de capitais,

    enquanto particularidade do movimento geral do capital, respondem ao acirramento da

    concorrncia e coao pela acumulao progressiva alargando seus contextos espaciais de

    acumulao, mas so as suas condutas e estratgias, baseadas em vantagens competitivas

    construdas em ambientes singulares, que lhes permitem alterar os padres de concorrncia

    em suas indstrias e assumir a condio de importantes players mundiais.

    Palavras-chave: Mundializao, Estado, produo do espao, dinmica territorial, Amrica

    Latina, Multilatinas.

  • ABSTRACT

    From de mid of 1990, international institutions, specialized press in economic affairs and

    academic works tried to emphasize the considerable increase of Foreign Direct Investment

    Flows (FDI) from underdeveloped countries. This phenomenon shows, historically, different

    cycles and changes of importance between regions and countries. With its deepening,

    however, spatial asymmetries Center and Periphery- are reset and produced new spatialities,

    particularly the relativization of North-South relations and the strengthening of South-South

    material relations. The main purpose that guides this thesis is the understanding of the role

    played by the major multinational business groups in Latin America, Multilatinas originating

    in four countries (Argentina, Brazil, Chile and Mexico), in the process of concentration and

    centralization on a worldwide scale, with the highlight, mainly, to the role of the State, to the

    economic branches, to the forms of international insertion, to the spatial accumulation scales,

    and to the different fractions of capitals. In the historical dialectic relationship between the

    external impulses and the geographical and historical condition of each Latin American socio

    spatial formation, under the mediation of the states, were internalized the processes of

    production and circulation of capital and engendered different Capitalism. Our thesis is that

    the emergence of Multilatinas is related, on the one hand, with the reinforcement worldwide

    oligopolistic competition - intensified by policies of opening in capital intensive

    industries and, on the other hand, with the distinctive capabilities built diversified

    procedure, operation in distinct spaces, crises and external bottlenecks, etc, -in each of the

    Latin American Capitalism. These fractions of capitals, while the particularity of general

    capital, respond to competition intensity and coercion by progressive accumulation,

    expanding its spatial accumulation contexts, but their proceeding and strategies based on

    competitive advantages built in singular spaces, that allow them to change the patterns of

    competition in their industries and assume the condition of important worldwide players.

    Keywords: Globalization, State, production of space, territorial dynamics, Latin American,

    Multilatinas.

  • RESUMEN

    Desde mediados de los aos noventa, instituciones internacionales, prensa especializada

    en asuntos econmicos y trabajos acadmicos trataron de enfatizar el aumento

    considerable de los flujos de Inversiones Extranjeras Directas (IDE), oriundas de pases

    subdesarrollados. Este fenmeno presenta, histricamente, diferentes ciclos y

    alteraciones de importancia entre regiones y pases. Con su profundizacin, sin

    embargo, las asimetras espaciales -centro y periferia- son redefinidas y son producidas

    nuevas espacialidades, particularmente la relativizacin de las relaciones Norte-Sur y el

    fortalecimiento de las relaciones materiales Sur-Sur. El principal objetivo que orienta a

    esta tesis es la comprensin del papel desempeado por los principales grupos

    multinacionales latinoamericanos, multilatinas, originarios de cuatro pases (Argentina,

    Brasil, Chile y Mxico), en el proceso de concentracin y centralizacin a escala

    mundial destacando, principalmente, a la actuacin del Estado, a las ramas econmicas,

    a las formas de insercin internacional, a las escalas espaciales de acumulacin y a las

    diferentes fracciones de los capitales. En la histrica relacin dialctica entre los

    impulsos externos y las condiciones histricas y geogrficas de cada formacin socio-

    espacial latinoamericana, bajo la intermediacin de los Estados, fueron internalizados

    los procesos de produccin y circulacin del capital y engendrados diferentes

    capitalismos. Nuestra tesis es que la emergencia de las multilatinas est relacionada, de

    un lado, con el reforzamiento de la competencia oligoplica mundial agudizada por las

    polticas de apertura- en industrias intensivas en capital y, por otro lado, con las

    capacidades distintivas construidas actuacin diversificada, operacin en espacios

    desiguales, crisis y estrangulamientos externos, etc.- en cada uno de los capitalismos

    latinoamericanos. Estas fracciones de capitales, en cuanto particularidad del

    movimiento general del capital, responden a la intensificacin de la competencia y a la

    coaccin por la acumulacin progresiva, ampliando sus contextos espaciales de

    acumulacin, aunque son sus conductas y estrategias, basadas en ventaja competitivas

    construidas en ambientes singulares las que les permiten alterar los patrones de

    competencia en sus industrias y asumir la condicin de importantes players mundiales.

    Palabras clave: Mundializacin, Estado, produccin del espacio, dinmica territorial,

    Amrica Latina, Multilatinas.

  • SUMRIO

    INTRODUO........................................................................................ 28

    1 POR QUE SE MULTINACIONALIZAR? EXPLICANDO AS

    EMPRESAS MULTILATINAS..............................................................

    38

    1.1 Explicaes de nvel macro........................................................................ 38

    1.1.1 Perspectiva neoclssica............................................................................... 39

    1.1.2 Perspectivas marxistas: Ciclos do capital, concentrao e centralizao

    de capital.....................................................................................................

    41

    1.1.3 A nova diviso internacional do trabalho................................................... 43

    1.2 Explicaes a partir de uma perspectiva micro.......................................... 46

    1.2.1 Abordagem comportamental...................................................................... 46

    1.2.2 Abordagem dos custos de transao e da internalizao............................ 50

    1.3 Explicaes meso: das propostas de mediao e articulao s

    perspectivas eclticas..................................................................................

    58

    1.3.1 Abordagem empresarial.............................................................................. 58

    1.3.2 Teoria do ciclo de vida do produto............................................................. 60

    1.3.3 Oligoplio................................................................................................... 64

    1.3.4 Estratgia competitiva................................................................................ 66

    1.3.5 Modelos de entrada ou prisma da internacionalizao............................... 69

    1.3.6 Uma viso abrangente sobre a internacionalizao e multinacionalizao 71

    1.4 Por que as empresas Multilatinas se internacionalizam?............................ 74

    1.4.1 Empresas multinacionais perifricas.......................................................... 74

    1.4.2 Empresas multinacionais latino-americanas............................................... 84

    1.4.3 Estudos de caso de pases e empresas latino-americanos........................... 90

    1.5 A construo de um encaminhamento terico............................................ 95

    1.6 Resumo do captulo.................................................................................... 112

    2 ESTADO E POLTICA ECONMICA NA AMRICA LATINA..... 114

    2.1 Expanso e organizao do aparato do Estado na segunda metade do

    sculo XIX..................................................................................................

    114

    2.2 Poltica econmica nas trs primeiras dcadas do sculo XX.................... 124

    2.3 Poltica econmica entre 1930 e finais da II Guerra Mundial.................... 133

    2.4 Poltica econmica entre o ps-guerra e finais de 1960............................. 150

    2.5 Poltica econmica entre 1970 e 1990: O desmantelamento do Estado

    empresrio..................................................................................................

    173

    2.6 Resumo do captulo.................................................................................... 193

    3 O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAO NA AMRICA

    LATINA: DOS SURTOS INDUSTRIAIS S POLTICAS DE

    ABERTURA E PRIVATIZAO..........................................................

    195

    3.1 Os primeiros surtos de industrializao...................................................... 195

    3.2 Estrangulamento do setor externo e substituio de importaes............. 207

    3.3 Ps Segunda Guerra Mundial: Estados, multinacionais e capitais

    locais...........................................................................................................

    216

    3.4 Crise do modelo substitutivo, endividamento externo e liberalizao

    econmica e financeira...............................................................................

    226

    3.5 A crise dos anos 1980................................................................................. 236

    3.6 Anos 1990 e a vulnerabilidade externa....................................................... 246

    3.7 Resumo do captulo.................................................................................... 258

  • 4 AMRICA LATINA E OS FLUXOS DE INVESTIMENTOS

    DIRETOS..................................................................................................

    260

    4.1 As Multilatinas em perspectiva histrica: Dos fluxos espordicos de IDE

    aos ciclos de investimentos nos anos 1970 e 1980.....................................

    260

    4.2 Fluxos mundiais de IDE nos anos 1990: Um novo ciclo de IDE latino-

    americano?..................................................................................................

    284

    4.3 Fluxos de investimentos entre finais do sculo XX e os primeiros anos

    do sculo XXI.............................................................................................

    299

    4.4 Empresas Multilatinas no sculo XXI: Caracterizao dos setores,

    formas de insero e espaos de atuao....................................................

    311

    4.5 Resumo do captulo.................................................................................... 333

    5 AS AES TERRITORIAIS DOS GRUPOS ECONMICOS

    LATINO-AMERICANOS.......................................................................

    335

    5.1 Antecedentes histricos dos grupos econmicos........................................ 335

    5.2 Grupos econmicos: Contrapondo definies............................................ 343

    5.3 Por que as firmas se organizam sob a forma de grupos?............................ 349

    5.4 Estratgias corporativas e estruturas organizacionais................................. 356

    5.5 Controle do capital, desempenho e futuro dos grupos............................ 360

    5.6 Os grupos econmicos latino-americanos: Origens e estratgias

    corporativas................................................................................................

    366

    5.6.1 Perodo de finais do sculo XIX at os anos 1920: As origens dos

    primeiros grupos.........................................................................................

    367

    5.6.2 Perodo de 1930 e finais dos anos 1970: Consolidao e diversificao. 370

    5.6.2.1 Perodo de 1930 a 1945...................................................................... 370

    5.6.2.2 Perodo do ps II Guerra Mundial at os anos 1970.......................... 374

    5.6.3 O perodo de 1980 e 1990: Reestruturao, consolidao nacional e

    internacionalizao.....................................................................................

    383

    5.6.3.1 Os difceis anos 1980: Reestruturao e seleo do(s) core business 383

    5.6.3.2 Anos 1990: Reestruturao, consolidao setorial e

    internacionalizao produtiva............................................................

    390

    5.6.4 Anos 2000: O que apontam as estratgias corporativas? ........................... 397

    5.7 Controle do capital e estrutura dos negcios.............................................. 405

    5.8 Resumo do captulo.................................................................................... 410

    6 OS ESPAOS DE ACUMULAO DOS GRUPOS

    ECONMICOS LATINO-AMERICANOS..........................................

    413

    6.1 Minerao e refino...................................................................................... 413

    6.2 Siderurgia: Ao, laminados e tubos sem costura........................................ 418

    6.3 Metalurgia: Cimento e vidro....................................................................... 433

    6.4 Indstria petroqumica: Dos produtos bsicos produo de plsticos

    flexveis......................................................................................................

    445

    6.4.1 Tubos e conexes de PVC ......................................................................... 455

    6.5 Bens de consumo durveis, autopeas e bens de capital............................ 461

    6.6 Produtos florestais...................................................................................... 478

    6.7 Alimentos e bebidas.................................................................................... 486

    6.8 Txteis e calados....................................................................................... 501

    6.9 Resumo do captulo.................................................................................... 508

    CONCLUSO........................................................................................... 510

    BIBLIOGRAFIA CITADA..................................................................... 515

  • LISTA DE GRFICOS

    1 Comparao dos fluxos mundiais de IDE e aquisies e fuses, nos anos

    1990, em US$ bilhes........................................................................................

    284

    2 Comparao das fuses e aquisies dos pases desenvolvidos e

    subdesenvolvidos, nos anos 1990, em US$ bilhes...........................................

    286

    3 Comparao das fuses e aquisies por regies subdesenvolvidas, nos anos

    1990, em US$ bilhes........................................................................................

    287

    4 Estoques de IDE nos anos 1990, por regies subdesenvolvidas, em US$

    bilhes................................................................................................................

    289

    5 Principais pases investidores da Amrica Latina nos anos 1990, em US$

    bilhes................................................................................................................

    290

    6 Pases latino-americanos com os maiores estoques de IDE nos anos 1990, em

    US$ bilhes........................................................................................................

    291

    7 Fluxos de IDE realizados pelos principais pases latino-americanos, entre

    2000 e 2011, em US$ bilhes............................................................................

    303

    8 Fluxos de investimentos recebidos por pases, entre 2000 e 2011, em US$

    bilhes................................................................................................................

    306

    9 Fluxos de investimentos recebidos por regies subdesenvolvidas, entre 2000

    e 2011, em US$ bilhes.....................................................................................

    307

    10 Fluxos de investimentos recebidos pelos principais pases latino-americanos,

    entre 2000 e 2011, em US$ bilhes...................................................................

    308

    11 Evoluo dos estoques de IDE recebidos dos principais pases latino-

    americanos entre 2000 e 2011, em US$ bilhes................................................

    309

    12 Percentagem estimada do total de receitas, em 2007, por tipos de

    companhias.........................................................................................................

    315

    13 Receita por ramos econmicos na Amrica Latina, no ano de 2007, em US$

    bilhes................................................................................................................

    316

  • LISTA DE FIGURAS

    1 Diviso internacional do trabalho da multinacionalizao................................ 45

    2 Trajetrias de desenvolvimento na evoluo de uma empresa

    transnacional...................................................................................................

    47

    3 Estgios de desenvolvimento do produto.......................................................... 62

    4 Classificao de Porter das estratgicas competitivas genricas................... 67

    5 Um modelo de entrada no mercado internacional............................................. 69

    6 O prisma da internacionalizao........................................................................ 70

    7 Determinantes do processo de internacionalizao da produo: Uma viso

    abrangente..........................................................................................................

    71

    8 Estratgia multidomstica das Multilatinas....................................................... 331

    9 As estratgias espaciais de entrada nos mercados externos.............................. 332

    10 Diferentes formas de organizao dos grupos latino-americanos..................... 408

    11 Estrutura reticular da produo e do conhecimento da Tenaris......................... 430

    12 Cadeia de suprimentos da petroqumica............................................................ 446

    13 Estrutura em rede do grupo Mexichem.............................................................. 450

    14 A cadeia produtiva do PVC............................................................................... 455

    15 Cadeia produtiva do setor de produtos florestais............................................... 479

  • LISTA DE CAIXAS DE TEXTO

    1 O primeiro banco de desenvolvimento da Amrica Latina: Banco de Avo.. 116

    2 Principais empresas criadas no primeiro governo Vargas (1930-1945)......... 140

    3 A fundao das empresas ENDESA e CAP................................................... 144

    4 A fundao da siderrgica Altos Hornos de Mxico (AHMSA).................... 149

    5 Detalhes da constituio da SOMISA e da DINIE......................................... 152

    6 O contexto de criao da Petrobrs................................................................. 158

    7 Investimentos do BNDE em siderurgia.......................................................... 161

    8 O contexto histrico de fundao da EMBRAER.......................................... 165

    9 A constituio da ENAP................................................................................. 165

    10 Fundao do Plo Petroqumico de Baha Blanca.......................................... 175

    11 Origens de um dos principais grupos do agronegcio: Bunge y Born........... 197

    12 A constituio do grupo argentino IMPSA..................................................... 197

    13 A formao do imprio Matarazzo................................................................. 200

    14 Origens de um dos principais grupos chilenos: COPEC................................ 215

    15 Origens e expanso do principal grupo chileno: Luksic................................. 225

  • LISTA DE MAPAS

    1 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais e comerciais da

    Molymet......................................................................................................

    416

    2 Localizao espacial do ativos (jazidas e estabelecimentos industriais e

    comerciais) de zinco da Votorantim Metais...............................................

    417

    3 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais do Grupo Gerdau.. 423

    4 Localizao espacial dos ativos (jazidas minerais, siderrgicas e centros

    de distribuio) da Ternium........................................................................

    424

    5 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais da Votorantim

    Siderurgia Grupo Votorantim..................................................................

    425

    6 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais, por tipo de

    produtos, do Grupo Industrias CH..............................................................

    426

    7 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais (ao e

    subprodutos) do Grupo CSN......................................................................

    427

    8 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais e comerciais da

    Tenaris Grupo Techint.............................................................................

    431

    9 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais e comerciais da

    Votorantim Cimentos..................................................................................

    438

    10 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais da Intercement

    Grupo Camargo Corra...............................................................................

    439

    11 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais do Grupo Vitro..... 444

    12 Localizao espacial dos complexos qumico e petroqumicos da

    Braskem......................................................................................................

    450

    13 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais qumicos e

    petroqumicos do Grupo Mexichem...........................................................

    451

    14 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais das subsidirias

    petroqumicas do Grupo Desc.....................................................................

    452

    15 Localizao dos estabelecimentos industriais em qumica e petroqumica

    da Alpek Grupo Alfa................................................................................

    453

    16 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais do Grupo Tigre..... 458

    17 Espaos de atuao do Grupo Mexichem, em tubos e conexes................ 459

    18 Estabelecimentos industriais de geotxtil do Grupo Mexichem................. 460

    19 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais da Nemak

    Grupo Alfa..................................................................................................

    464

    20 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais e comerciais em

    autopeas do Grupo Xignux.......................................................................

    465

    21 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais e comerciais da

    Imbera Grupo Femsa...............................................................................

    469

    22 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais da Mabe................ 470

    23 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais do Grupo Weg...... 474

    24 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais e comerciais da

    Tenova Grupo Techint.............................................................................

    475

    25 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais e comerciais em

    bens de capital do Grupo Xignux...............................................................

    476

    26 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais de papel tissue e

    embalagens do Grupo CMPC.....................................................................

    483

    27 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais de celulose, papel,

    madeira e subprodutos Grupo CMPC......................................................

    484

    28 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais (por atividades) e

  • comerciais da Arauco Grupo Angelini.................................................... 485

    29 Territrios de atuao da Coca-Cola Femsa na Amrica Latina................ 491

    30 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais, por atividades, do

    Grupo Arcor................................................................................................

    495

    31 Distribuio espacial dos estabelecimentos industriais, por produto, do

    Grupo Gruma..............................................................................................

    500

    32 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais e comerciais da

    Vicunha Txtil............................................................................................

    504

    33 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais da Tavex Grupo

    Camargo Corra..........................................................................................

    505

    34 Localizao espacial dos estabelecimentos industriais da Alpargatas -

    Grupo Camargo Corra...............................................................................

    507

  • LISTA DE QUADROS

    1 Grupos econmicos selecionados na tese, segundo origem e ramos de

    atuao.......................................................................................................

    33

    2 Maneiras alternativas de suprir o mercado................................................ 53

    3 Investimentos diretos realizados e recebidos e estgio de

    desenvolvimento econmico.....................................................................

    56

    4 Caractersticas dos investimentos diretos estrangeiros externos nos

    diferentes estgios do caminho de desenvolvimento do investimento....

    77

    5 Reformas promovidas durante os anos 1960, sob o regime militar.......... 163

    6 Fatores que impelem e atraem os IDE das empresas na Amrica Latina

    e sia.........................................................................................................

    328

    7 Fatores que impelem e atraem os investimentos das empresas nos

    principais pases latino-americanos com IDE no exterior.........................

    329

  • LISTA DE TABELAS

    1 Ilustrao do uso das falhas de mercado e das dotaes de fatores para

    explicar as trs principais formas de produo internacional...........................

    54

    2 Capacidades estratgicas chaves: Companhias multinacionais, globais e

    internacionais....................................................................................................

    68

    3 Detalhamento dos investimentos da CORFO at 1945..................................... 143

    4 Alguns dados sobre a atuao da NAFINSA, entre 1940 e 1945..................... 149

    5 Empresas estatais criadas ou nacionalizadas durante o primeiro governo

    peronista............................................................................................................

    152

    6 Empresas liquidadas, nacionalizadas e criadas durante a revoluo

    libertadora.........................................................................................................

    155

    7 Empresas sob controle da CORFO em setembro de 1973................................ 182

    8 Pas de destino, motivao, vantagens e padres dos primeiros casos de

    internacionalizao............................................................................................

    261

    9 Investimentos diretos estrangeiros por regies e principais pases

    investidores, anos 1970, em milhes US$........................................................

    264

    10 Lista parcial das principais multinacionais do Terceiro Mundo nos anos

    1970...................................................................................................................

    266

    11 IDE brasileiro por setor de atividade (US$ milhes), 1977-1982..................... 268

    12 IDE brasileiro por regies de destino (em %), 1965-1982............................... 269

    13 Investimentos estrangeiros argentinos aprovados pelo governo, classificados

    por setores recipientes, entre 1965 e junho de 1981.........................................

    270

    14

    Investimentos estrangeiros argentinos aprovados pelo governo, classificados

    por regio e posicionados de acordo com o tamanho, entre 1965 e junho de

    1981...................................................................................................................

    271

    15 Caractersticas comparadas das empresas multinacionais................................ 273

    16 Taxa de crescimento do PIB nos pases asiticos e latino-americanos (%

    anual).................................................................................................................

    275

    17 Investimentos diretos estrangeiros e estoques de investimentos por regies e

    principais pases investidores, anos 1980, em milhes US$.............................

    276

    18 Cronologia dos investimentos de empresas brasileiras nos anos 1980............. 279

    19 Principais firmas industriais argentinas com IDE nos anos 1980..................... 280

    20

    Investimentos externos recebidos e realizados, nas dcadas de 1970 e 1980,

    entre as economias desenvolvidas e subdesenvolvidas em US$

    milhes..............................................................................................................

    282

    21 Fluxos e estoques de IDE recebidos pelos pases e regies, nos anos 1990,

    em US$ milhes e percentagem........................................................................

    285

    22 Fluxos de investimentos realizados por pases e regies, nos anos 1990, em

    US$ milhes......................................................................................................

    288

    23 Algumas aquisies realizadas por empresas multilatinas no exterior nos

    anos 1990, em US$ milhes..............................................................................

    293

    24 Principais empresas latino-americanas com operaes de IDE (US$ milhes

    e percentagem), nos anos 1990.........................................................................

    295

    25 Principais caractersticas dos IDE oriundos dos pases latino-americanos nos

    anos 1990..........................................................................................................

    298

    26 Fluxos de investimentos diretos externos nos primeiros anos do sculo XXI,

    em US$ milhes, por pases e regies...............................................................

    301

    27 Fuses e aquisies promovidas por empresas de pases latino-americanos

    entre 2007 e 2011, segundo o destino e os setores econmicos, em US$

  • milhes.............................................................................................................. 304

    28 Investimentos novos das Multilatinas por regies e pases de destino, em

    milhes US$, entre 2010-2011..........................................................................

    305

    29 Estoques de IDE em 2011, por pases e regies, em US$ milhes e

    percentagem......................................................................................................

    309

    30 Empresas latino-americanas entre as 500 maiores corporaes do mundo em

    2011...................................................................................................................

    311

    31 Maiores empresas e grupos latino-americanos com investimentos e

    empregos no exterior, segundo vendas, em 2012.............................................

    312

    32 Aquisies externas realizadas pelas Multilatinas nos anos 2000, em US$

    milhes..............................................................................................................

    317

    33 Investimentos anunciados pelas Multilatinas entre 2008-2010, a partir de

    US$ 100 milhes...............................................................................................

    320

    34 Localizao das sucursais das empresas Multilatinas por regies.................... 321

    35 Fluxos e estoques de IDE direcionados Argentina, em US$ milhes, 2005-

    2010...................................................................................................................

    322

    36 Investimentos diretos destinados ao Uruguai por pas, em US$ milhes,

    entre 2001-2010................................................................................................

    323

    37 As Multilatinas entre as principais empresas de pases individuais.................. 324

    38 Investimentos diretos no exterior em minerao e refino, US$ milhes.......... 414

    39 Investimentos diretos no exterior em ao e laminados, US$ milhes.............. 420

    40 Principais produtores de ao, em milhes de toneladas, em 2011.................... 428

    41 Investimentos diretos no exterior em tubos sem costura, US$ milhes............ 429

    42 Investimentos diretos no exterior em cimento, concreto e agregados, US$

    milhes..............................................................................................................

    434

    43 Os espaos de atuao do grupo Cemex........................................................... 440

    44 Maiores produtores mundiais de cimento......................................................... 441

    45 Investimentos diretos no exterior na produo de vidro e derivados, US$

    milhes..............................................................................................................

    442

    46 Investimentos diretos realizados nas indstrias petroqumica e qumica......... 447

    47 Investimentos diretos no exterior em plsticos de PVC e geotxtil, US$

    milhes..............................................................................................................

    456

    48 Investimentos diretos no exterior em autopeas, US$ milhes........................ 462

    49 Investimentos no exterior em linha branca, US$ milhes................................ 467

    50 Investimentos diretos no exterior em bens de capital, US$ milhes................ 472

    51 Investimentos diretos no exterior em produtos florestais, US$ milhes........... 481

    52 Investimentos diretos no exterior em alimentos e bebidas, US$ milhes......... 487

    53 Distribuio dos ativos do grupo JBS, por regies e atividades....................... 498

    54 Distribuio dos ativos do grupo Marfrig, por regies e atividades................. 499

    55 Investimentos diretos no exterior em txteis e calados, US$ milhes............ 502

  • LISTA DE SIGLAS E ABREVIAES

    ACESITA Aos Especiais Itabira

    ADRS American Depositary Receipts

    AHMSA Altos Hornos de Mxico

    ALADI Associao Latinoamericana de Integrao

    ALPAT lcalis de la Patagonia S.A.

    ANDSA Almacenes Nacionales de Depsito

    APEC Cooperao Econmica do Pacfico Asitico

    BACEN Banco Central

    BCRA Banco Central de la Repblica Argentina

    BEXIEX Comisso para Concesso de Benefcios Fiscais e Programas Especiais

    de Exportao

    BHC Banco Hipotecario de Chile

    BIB Banco de Investimento do Brasil

    BID Banco Interamericano de Desenvolvimento

    BNB Banco do Nordeste do Brasil

    BND Banco Nacional de Desarrollo

    BNDE Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico

    BNH Banco Nacional de Habitao

    BV Banco Votorantim

    CACEX Carteira de Comrcio Exterior

    CADE Conselho Administrativo de Defesa Econmica

    CAP Compaa de Acero del Pacfico S.A

    CBA Companhia Brasileira de Alumnio

    CBPO Companhia Brasileira de Projetos e Obras

    CCU Compaa Cerveceras Unidas

    CDI Comisso de Desenvolvimento Industrial

    CEDIS Certificados de Devolucin de Impuestos

    CEIMSA Compaa Nacional Exportadora e Importadora Mexicana

    CENAL Comisso Executiva Nacional do lcool

    CEPAL Comisso Econmica para a Amrica Latina e Caribe

    CEXIM Carteira de Exportao e Importao

    CFE Comisin Federal de Electricidad

    CGEI Compaa General de Electricidad

    CHESF Companhia Hidroeltrica do So Francisco

    CIFEN Comercial, Inmobiliaria y Financiera Empresa Nacional

    CIGA Banco Unido de Fomento e Financiera

    CMBEU Comisso Mista Brasil Estados Unidos

    CMPC Compaa Manufacturera de Papeles y Cartones

    CNAL Conselho Nacional do lcool

    CNAP Caja Nacional de Ahorro Postal

    CNAS Caja Nacional de Ahorro y Seguro

    CNE Conselho Nacional de Economia

    CODELCO Corporacin del Cobre

    COFAP Comisso Federal de Abastecimento e Preos

    CONASUPO Compaa Nacional de Subsistencias Populares

    COPEC Compaa de Petrleos de Chile

    COPENE Companhia Petroqumica do Nordeste S.A

    CORFO Corporacin de Fomento de la Produccin

  • COSIPA Companhia Siderrgica Paulista

    CPA Conselho de Poltica Aduaneira

    CPC Cmara para a Produo e Comrcio

    CPFL Companhia Paulista de Fora e Luz

    CREAI Carteira de Crdito Agrcola e Industrial

    CRPM Companhia de Recursos e Pesquisas Minerais

    CSN Companhia Siderrgica Nacional

    CTA Centro Tecnolgico Aeroespacial

    CVRD Companhia Vale do Rio Doce

    CVSF Comisso do Vale do So Francisco

    CYDSA Celulosa y Derivados S.A

    DASP Departamento Administrativo do Servio Pblico

    DEBA Direccin de Energa de la Provincia de Buenos Aires

    DESC Desarrollo Econmico SC

    DFA Distribuidora de Frutas Argentinas

    DGFM Direccin General de Fabricaciones Militares

    DINA Diesel Nacional

    DINIE Direccin Nacional de Industrias del Estado

    DST Dalmine-Siderca-Tamsa

    ECOM Empresa de Servicio de Computacin

    EDELMAG Empresa Electrica de Magallanes

    EFA Empresas Ferrocarriles Argentinos

    EGP Edge Glued Panel

    ELETROBRAS Centrais Eltricas Brasileiras S.A.

    EMBRAER Empresa Brasileira de Aeronutica

    EMBRAMEC Empresa Mecnica Brasileira SA

    EMBRATEL Empresa Brasileira de Telecomunicaes

    EMNTM Empresa multinacional do terceiro mundo

    EMTA Empresa Mixta Telefnica Argentina

    ENAP Empresa Nacional de Petrleo

    ENDESA Empresa Nacional de Electricidad S. A

    ENTEL Empresa Nacional de Telecomunicaciones S.A.

    EPC Engineering, Procurement and Construction

    EPEC Empresa Provincial de Energa de Crdoba

    EXIM-BANK Export-Import Bank

    FAMA Flota Area Mercante Argentina

    FANF Flota Argentina de Navegacin Fluvial

    FANU Flota Argentina de Navegacin de Ultramar

    FASSA Acido Sulfrico S.A

    FAT Fundo de Amparo ao Trabalhador

    FDI Fondo de Desarrollo e Innovacin

    FEMSA Fomento Econmico Mexicano

    FGTS Fundo de Garantia por Tempo de Servio

    FGV Fundao Getlio Vargas

    FHC Fernando Henrique Cardoso

    FIBASE Financiamentos de Insumos Bsicos S.A

    FICSA Fomento de Industria y Comercio S.A

    FINAME Financiamento para Aquisio de Mquinas e Equipamentos Industriais

    FINEP Fundo de Financiamento de Estudos de Projetos e Programas

    FINEX Fundo de Financiamento da Exportao

  • FINOR Fundo de Investimentos do Nordeste

    FINSOCIAL Fundo de Investimento Social

    FIPEME Programa de Financiamento Pequena e Mdia Empresas

    FMI Fundo Monetrio Internacional

    FMRI Fundo de Modernizao e Reorganizao das Indstrias

    FNM Fbrica Nacional de Motores

    FOGAIN Fondo de Garanta y Fomento a la Industria Mediana y Pequea

    FOMEX Fondo para el Fomento de Exportaciones de Productos Manufacturados

    FONACOT Fondo Nacional de Fomento y Garanta al Consumo de los

    Trabajadores

    FONTEC Fondo de Desarrollo Tecnolgico

    FOVI Fondo de Operacin y Descuento Bancario a la Vivienda

    FUNDECE Fundo de Democratizao do Capital das Empresas

    FUNGIRO Fundo Especial para o Financiamento do Capital de Giro

    FUNTEC Fundo de Desenvolvimento Tcnico e Cientfico

    GATT Acordo Geral sobre Tarifas e Comrcio

    GE General Electric

    GEIQUIM Grupo Executivo da Indstria Petroqumica

    GSI Gerdau Servios de Informtica

    HIPASA Hierro Patagnico de Sierra Grande S.A

    HYLSA Siderrgica Hojala y Lmina S.A

    IANSA Industria Azucarera Nacional S.A

    IAPI Instituto Argentino de Promocin al Intercambio

    IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IBRASA Investimentos Brasileiros S.A

    ICM Imposto Sobre Circulao de Mercadorias

    IDE Investimento Direto Estrangeiro

    IMAR Instituto Mixto Argentino de Reaseguros

    IMIM Instituto Mixto de Inversiones Mobiliarias

    IMMAR Industrias Metalrgicas Mecnicas Reunidas S.A.

    INACAP Instituto Nacional de Capacitacin Profesional

    INDER Instituto Nacional de Reaseguros

    INFORSA Industrias Forestales S.A.

    INPE Instituto de Pesquisas Espaciais

    IOF Imposto sobre Operaes Financeiras

    IPI Imposto sobre Produtos Industrializados

    ITA Instituto Tecnolgico de Aeronutica

    ITT Unin Telefnica

    JK Juscelino Kubitschek

    LAA Ligao, Alavancagem e Aprendizado

    LADE Lneas Areas del Estado

    LG Lucky Goldstar

    LLL Linkage, leverage e learning

    MADECO Manufaturas de Cobre S.A

    MDF Medium density fiberboard

    MERCOSUL Mercado Comum do Cone Sul

    MN Multinacionais

    NAFINSA Nacional Financiera

    NAFTA Tratado de Livre Comrcio da Amrica do Norte

    NIP Novos Pases Industrializados

  • NPI Nova Poltica Industrial

    OCDE Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    ODEPLAN Oficina de Planificacin Nacional

    OMC Organizao Mundial do Comrcio

    OSB Oriented strand board

    PA Permuta de ativos

    PAC Programa de Aliento y Crecimiento

    PAEG Plano de Ao Econmica do Governo

    PBB Petroqumica Baha Blanca

    PBDCT Plano Bsico de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    P&D Pesquisa e Desenvolvimento

    PDVSA Petrleos de Venezuela

    PE Polietileno

    PEMEX Petrleos Mexicanos

    PET Poli (Etileno Tereftalato)

    PETROBRAS Petrleo Brasileiro S.A.

    PGM Petroqumica General Mosconi

    PIB Produto Interno Bruto

    PIN Plano de Integrao Nacional

    PIPSA Productora e Importadora de Papel

    PIRE Programa Inmediato de Reordenacin Econmica

    PIS Programa de Integrao Social

    PME Pequenas e mdia empresas

    PNB Produto Nacional Bruto

    PND Plano Nacional de Desenvolvimento

    PNEMEM Programa Nacional de Exportao de Material de Emprego

    PQU Petroqumica Unio

    PRM Partido de la Revolucin Mexicana

    PROCAMPO Programa de Apoyos Directos al Campo

    PROCAP Programa de Apoio ao Mercado de Capital

    PROEX Programa de Apoio ao Incremento das Exportaes

    PROFOS Proyectos de Fomento

    PTA cido tereftlico purificado

    PVC Policloreto de vinila

    SADC Comunidade para o Desenvolvimento da frica Austral

    SAG Servicio Agrcola y Ganadero

    SALTE Sade, Alimentao, Transporte e Energia

    SAME Sociedad Mixta de Aceros Especiales

    SEAM Servicio de Equipos Agrcolas Mecanizados

    SENAI Servio Nacional de Aprendizagem Industrial

    SERCOTECT Servicio de Cooperacin Tcnica

    SESI Servio Social da Indstria

    SFH Sistema Financeiro da Habitao

    SICARTSA Siderurgica Lzaro Crdenaa-Las Truchas

    SIDENA Siderrgica Nacional

    SNAAPP Servio de Navegao da Amaznia e Administrao do Porto do Par

    SOFOFA Sociedad de Fomento Fabril

    SOMEX Sociedad Mexicana de Crdito Industrial

    SOMISA Sociedad Mixta Siderrgica Argentina

    SPVEA Superintendncia do Plano de Valorizao Econmica da Amaznia

  • SUDAM Superintendncia de Desenvolvimento da Amaznia

    SUDECO Superintendncia de Desenvolvimento do Centro-Oeste

    SUDENE Superintendncia do Desenvolvimento do Nordeste

    SUFRAMA Superintendncia da Zona Franca de Manaus

    SUMOC Superintendncia da Moeda e Crdito

    SUNAB Superintendncia Nacional do Abastecimento

    TAMSA Tubos de Acero de Mxico S.A.

    UAM Universidade Autnoma de Mxico

    UIA Unin Industrial Argentina

    UNCTAD Conferncia das Naes Unidas para o Comrcio e Desenvolvimento

    URV Unidade de Valor Real

    USIMINAS Usinas Siderrgicas de Minas Gerais S.A

    UTADI Unidade Tcnica de Assesora Industrial

    VBC Votorantim, Bradesco e Camargo Corra

    VCP Votorantim Celulose e Papel

    VINEX Vinos de Chile SA

    VISA Valores industriais S.A

    VPD Vantagens de propriedade domsticas

    YPF Yacimientos Petrolferos Fiscales

    YPPF Yacimientos Carbonferos Fiscales

    ZPE Zonas de Processamento de Exportaes

  • INTRODUO

    Aps o trmino da dissertao de mestrado intitulada Reestruturao,

    internacionalizao e novos territrios de acumulao do grupo Votorantim, defendida em

    finais de 2008, havamos compilado uma quantidade significativa de trabalhos acadmicos,

    dados e informaes de instituies nacionais e internacionais. As estratgias e prticas

    espaciais de acumulao de um nico grupo econmico abriram-nos um horizonte no qual foi

    possvel visualizar um movimento, de um pouco mais de cem anos, com vrios pontos de

    inflexo, mas que sinaliza uma tendncia de ampliao das escalas espaciais de acumulao

    de grupos econmicos situados em alguns pases subdesenvolvidos.

    A fim de compreender esta tendncia, propusemos a realizao desta

    pesquisa de doutorado, que versa sobre a expanso territorial dos principais grupos latino-

    americanos, Multilatinas, que atuam na produo industrial nas distintas escalas espaciais. O

    nosso principal objetivo compreender qual o papel desempenhado pelas Multilatinas no

    processo de acumulao, concentrao e centralizao de capital em escala mundial. Para

    tanto, demostramos a importncia do Estado na construo de um espao nacional de

    valorizao do capital e na consolidao dos capitais particulares, as formas de insero

    internacional dos grupos, os espaos e ramos por eles selecionados etc.

    Os diversos trabalhos produzidos nas ltimas quatro dcadas a respeito das

    multinacionais provenientes dos pases subdesenvolvidos, sobretudo da sia e da Amrica

    Latina, mas com incremento recente de publicaes sobre o Leste Europeu, no s

    aprofundaram a complexidade do fenmeno da internacionalizao da produo como ainda

    trouxeram luz as limitaes dos enfoques particulares das mainstream theories. A escolha

    dos principais pases da Amrica Latina (e dos grupos com maiores investimentos)

    corresponde, portanto, a uma preocupao por compreender as particularidades a existentes e

    as possibilidades de interpretao sob outro prisma terico.

    Evidentemente, proceder a uma anlise to somente dos grupos os tornariam

    um fenmeno muito restrito (algo bastante comum nas business schools), sem nenhuma

    vinculao com o modo capitalista de produo. Por isso, decidimos abordar as diferentes

    trajetrias dos capitais particulares, no tempo e no espao, como o resultado das leis

    coercitivas da concorrncia que, como natureza interna do capital, os impele busca por

    maiores taxas de lucro expanso progressiva da acumulao de capital e por novos

    espaos de valorizao.

  • 29

    As estratgias corporativas de multiterritorializao dos grupos latino-

    americanos refletem o modo particular de desenvolvimento das foras produtivas nos

    principais pases da regio, com a acomodao das fraes de capitais locais em ramos

    intensivos em capital e recursos naturais, nos quais tm ocorrido, nos ltimos decnios, um

    movimento intenso de acirramento da concorrncia oligoplica e de centralizao de capital.

    Esses agentes econmicos, embora apresentem uma origem mercantil e destacada importncia

    imigrante, medida que fazem uso da liquidez mundial de capitais (bnus, abertura de capital

    etc.) para promover a concentrao e a centralizao, formam uma amlgama de capitais nas

    suas diferentes formas (mercantil, manufatureira e financeira).

    Enquanto particularidade do movimento do capital, as Multilatinas so

    impelidas a acumularem mais-valia em escala crescente sob a pena de perecerem se no o

    fizerem, ou seja, atuam como agentes da internacionalizao das relaes de produo

    capitalistas. Contudo, ao cumprirem com os reclamos do capital, esses capitais particulares,

    com suas diversas estratgias locacionais de integrao da produo, da circulao e do

    consumo nas vrias escalas, redefinem as assimetrias espaciais centro e periferia

    construdas ao longo dos sculos e tornam mais complexa a diviso internacional e territorial

    do trabalho1.

    Por fim, cabe apresentarmos uma definio do que, nesta tese,

    taquigrafamos como Multilatinas. Entendemos por Multilatinas, stricto senso, um conjunto de

    grupos econmicos latino-americanos, constitudos e controlados por famlias ou instituies

    locais, que levam a cabo a produo (via explorao do trabalho) e a realizao da mais-

    valia social em dois ou mais mercados. Lato senso, elas foram capazes de, no processo

    contraditrio de internalizao dos processos de produo e circulao do capital nas

    formaes socioespaciais latino-americanas, cumprir as leis gerais da concorrncia (sob o

    amparo do Estado) e de garantir-lhes espaos privilegiados de acumulao as escalas

    nacional e regional, que as caracteriza na pugna pela concentrao e centralizao de

    capital em escala mundial.

    Objetivos

    Esta tese tem como objetivo norteador a compreenso do papel

    desempenhado pelos principais grupos multinacionais latino-americanos, denominados

    1 Sandra Lencioni, em banca de defesa de tese de Denise Bomtempo, no dia 10 de junho, aventou que a prpria

    ideia de diviso internacional do trabalho, pelo menos da maneira como foi desenvolvida, pode ser questionada

    medida que ganha fora o processo de transnacionalizao das empresas em escala mundial.

  • 30

    Multilatinas, com forte atuao na atividade industrial e originrios de quatro pases

    (Argentina, Brasil, Chile e Mxico) no processo de acumulao, concentrao e centralizao

    de capital em escala mundial, com o destaque, principalmente, atuao do Estado, aos ramos

    econmicos, s formas de insero internacional, s escalas espaciais de acumulao e s

    diferentes fraes de capitais.

    O objetivo principal apresentado desdobra-se em outros, de carter

    especfico:

    1. Compreender o papel desempenhado pelo Estado (subsdios diretos e indiretos,

    proteo, entre outros) na industrializao e na consolidao dos principais grupos

    econmicos;

    2. Contextualizar a evoluo dos fluxos de investimentos oriundos dos pases latino-

    americanos, a fim de compreender as continuidades e descontinuidades no tempo, as

    formas de insero e os espaos selecionados;

    3. Caracterizar, historicamente, as aes territoriais dos grupos econmicos latino-

    americanos, com o destaque s origens dos capitais e s estratgias corporativas;

    4. Demonstrar as diversas escalas de acumulao dos grupos econmicos latino-

    americanos e suas estratgias de integrao.

    Hipteses

    A nossa principal hiptese que, na histrica relao dialtica entre os

    impulsos externos e as condies histricas e geogrficas de cada formao socioespacial

    latino-americana, foram internalizados os diferentes processos de produo e circulao do

    capital e constitudos grandes grupos nacionais altamente concentrados em circuitos de ramos

    caracterizados pela tecnologia madura e pelos vnculos com os recursos naturais que, quando

    colocados face concorrncia oligoplica (com a abertura e a desregulao econmicas),

    reestruturam-se e lanam-se luta pela concentrao e centralizao de capital em escala

    mundial.

    Outra hiptese que as Multilatinas s se tornaram multinacionais porque

    lograram superar as contradies subjacentes ao desenvolvimento desigual dos

    capitalismos na Amrica Latina, entre elas o fraco desenvolvimento de instituies

    financeiras intermedirias de apoio ao investimento industrial, os constantes fluxos e refluxos

    da dinmica econmica (crises externas e internas), a enorme desigualdade regional etc. As

    empresas conseguiram ganhar musculatura, estendendo seus tentculos para todo o territrio

  • 31

    nacional alargamento dos circuitos espaciais de produo e cooperao, ao mesmo tempo

    em que desenvolveram capacidades de atuao multiterritorial (organizacional e gerencial) e

    multisetorial e de reproduo em ambientes adversos.

    A hiptese anterior s pode ser lanada se aceitarmos a ideia que ocorreu a

    conformao de uma variedade de capitalismos na Amrica Latina, porque as formaes

    socioespaciais apresentaram arranjos institucionais, formas de explorao e controle dos

    recursos, arranjos de classes e fraes de classes, insero externa, entre outras, bastante

    distintos. Isso quer dizer que, na interao entre vetores externos (impulsos do modo

    capitalista de produo) e vetores internos, ocorreu o desenvolvimento de capitalismos.

    Logicamente, alguns elementos tiveram lugar comum em cada uma das formaes

    socioespaciais, sobretudo os recorrentes desequilbrios externos, a transferncia de renda

    (inflao e poupana forada) entre classes sociais e setores econmicos, a enorme

    desigualdade social e espacial, inter alia.

    Por ltimo, o relativo sucesso e a permanncia das Multilatinas como

    agente econmico relevante nas vrias escalas espaciais esto relacionados capacidade de

    responder s leis gerais do capital (acumulao em escala ampliada), de um lado, e ao uso de

    capacidades distintivas construdas em seus espaos de origem, que so usadas como

    change-forces das estruturas e dos padres de concorrncia em suas respectivas indstrias de

    atuao. Portanto, pelo conjunto de hipteses apresentadas, entendemos que as Multilatinas

    no so fraes de capitais dissociadas de seus espaos de origem.

    Recorte espacial e analtico

    Atualmente, um conjunto de pases latino-americanos tem apresentado a

    realizao por suas empresas e grupos - de IDE no exterior. Por isso, o nosso primeiro passo

    foi a escolha de uma varivel que permitisse estabelecer um recorte espacial de anlise.

    Apesar do aumento dos fluxos provenientes de pases como Colmbia e Peru, decidimos

    utilizar os estoques de IDE como um critrio de escolha, porque eles permitem compreender

    quais so, historicamente, os maiores investidores e as continuidades descontinuidades por

    eles apresentadas.

    Aps obteno e sistematizao dos dados disponibilizados pela UNCTAD

    (Conferncia das Naes Unidas para o Comrcio e Desenvolvimento), identificamos que

    Brasil, Mxico, Chile e Argentina respondiam pela maior parte dos estoques de IDE latino-

    americanos. Foi possvel notar, ainda, que Argentina e Brasil alternaram-se na liderana dos

  • 32

    estoques e fluxos de capitais produtivos realizados at os anos 1980. Desde ento, Mxico e

    Chile incrementaram sua relevncia regional, ao passo que a Argentina apresentou uma

    significativa reduo. Ou seja, com nosso recorte espacial de quatro pases, logramos estocar

    elementos que permitem entender os diferentes ciclos de investimentos.

    Outro ponto importante por ns considerado est vinculado s condies

    polticas e econmicas. Os quatro pases selecionados, uns mais, outros menos, levaram a

    cabo polticas de substituio das importaes com distintas intensidades - e promoveram,

    em diferentes momentos, as polticas neoliberais de abertura econmica desenfreada, de

    desregulamentao financeira, de privatizao e concesso de empresas pblicas, entre outras,

    que impactaram diretamente nas estratgias corporativas dos grupos econmicos locais e na

    estrutura industrial.

    Nos quatro pases, h um razovel nmero de empresas, de mdias a

    grandes, que tem realizado investimentos produtivos em outros pases. O recorte analtico

    adotado nesta tese dos grandes grupos industriais, originrios, na sua maior parte, poca

    das polticas de substituio de importaes e os principais responsveis pela concentrao e

    centralizao de capital e pela destruio criativa. A metodologia adotada para a escolha dos

    grupos destes quatro pases foi a seguinte:

    1. Consulta lista das 500 maiores empresas e grupos da Revista Amrica Economa,

    elaborada por ranking de vendas. Nesta primeira etapa, consideramos apenas empresas

    e grupos com atuao na indstria;

    2. Excluso das empresas industriais subsidirias de multinacionais estrangeiras. Foram

    consideradas empresas latino-americanas apenas aquelas cujo controle exercido por

    residentes (famlias) ou instituies (bancos, fundos de penso etc.) locais;

    3. Excluso de empresas controladas pelo Estado (principalmente as petrolferas) por no

    seguirem, rigidamente, o comportamento das demais empresas;

    4. Por meio de dados fornecidos nos relatrios anuais da Cepal (La inversin Directa

    Extranjera) e home-pages das companhias, exclumos as empresas e grupos industriais

    que no apresentavam investimentos produtivos no exterior;

    5. Excluso de empresas e grupos industriais cujas receitas fossem inferiores a US$ 1

    bilho. Abaixo deste teto inserimos apenas empresas cujas receitas fossem crescentes

    (prximas do estipulado) e que permitissem uma anlise comparativa.

    Com esses procedimentos de triagem, chegou-se seleo de 26 grupos

    (quadro 1).

  • 33

    Quadro 1: Grupos econmicos selecionados na tese, segundo origem e ramos de atuao Empresa ou grupo Pas Principais ramos de atuao

    Cemex Mxico Cimento

    Techint Argentina Siderurgia, construo, bens de capital, explorao de petrleo

    Votorantim Brasil Cimento, finanas, celulose, suco de laranja

    Gerdau Brasil Siderurgia

    Odebrecht Brasil Construo, petroqumica, acar e lcool

    Coca-Cola Femsa Mxico Bebidas e comrcio varejista

    Angelini Chile Distribuio de derivados de petrleo, papel e celulose e pesca

    Alfa Mxico Petroqumica, autopeas, alimentos

    JBS Brasil Alimentos

    Bimbo Mxico Alimentos

    CSN Brasil Siderurgia, minerao, txteis, cimento

    Camargo Corra Brasil Construo, cimento, txtil e calado, imobilirio

    Mabe Mxico Eletrodomsticos

    Xignux Mxico Bens de capital, alimentos

    Gruma Mxico Alimentos

    CMPC Chile Celulose e papel

    Molymet Chile Refino e metalurgia

    Vitro Mxico Vidro

    Industrias CH Mxico Siderurgia

    Weg Brasil Bens de capital

    Desc Mxico Petroqumica, autopeas

    Brasil Foods Brasil Alimentos

    Marfrig Brasil Alimentos

    Arcor Argentina Alimentos

    Mexichem Mxico Petroqumica, produtos plsticos

    Tigre Brasil Produtos plsticos

    Os grupos mexicanos e brasileiros dominam a lista dos principais

    investidores no exterior, seguidos pelos chilenos e argentinos. O Chile conta com um nmero

    maior de empresas em servios (distribuio de energia e comrcio varejista). Esses grupos

    atuam por meio de vrios braos (empresas subsidirias) em outros territrios e operam em

    diferentes ramos, sejam eles relacionados ou no relacionados. Desnecessrio dizer que eles

    so os campees na concentrao e centralizao de capital em seus pases de origem, de

    modo que dominam vrias atividades econmicas. Ao mesmo tempo, a maior parte de

    origem familiar, que desempenha um papel relevante sobre as decises de investimentos e as

    estratgias de crescimento.

    Esta pesquisa, portanto, tem como recorte espacial os pases com os maiores

    estoques de IDE e os grupos a situados com expressiva insero produtiva internacional. Isso

    no significa a inexistncia da participao de outros pases e empresas que, inclusive, so

    salientados ao longo da tese. O recorte espacial e analtico adotado permite-nos considerar os

    espaos onde historicamente, no embate de vetores externos e internos, logrou-se aprofundar

    o desenvolvimento das foras produtivas e consolidar fraes de capitais capazes de

    responder pugna pela reproduo ampliada nas vrias escalas espaciais.

  • 34

    Procedimentos metodolgicos

    A fim de cumprir os objetivos propostos nesta tese, procedemos a um

    conjunto de procedimentos metodolgicos. O primeiro passo envolveu a pesquisa e

    levantamento bibliogrficos sobre temas atinentes pesquisa proposta, entre os quais polticas

    econmicas na Amrica Latina, industrializao, fluxos mundiais de IDE, empresas e grupos

    econmicos latino-americanos, bancos de desenvolvimento, entre outros. Desnecessrio dizer

    que as leituras e as reflexes realizadas foram fundamentais para o embasamento das

    discusses tericas e conhecimento histrico do nosso recorte espacial.

    Em seguida, realizamos uma pesquisa e levantamento de dados e

    informaes sobre as Multilatinas selecionadas, visando compreender suas origens, suas

    estratgias corporativas pelo territrio, seus ramos de atuao, o controle dos capitais, inter

    alia. Para tanto, recorremos bibliografia especializada artigos, teses, captulos de livros,

    livros etc. produzida sobre algumas empresas e grupos, inicialmente, e consultamos as

    informaes disponibilizadas em relatrios anuais nas home-pages das empresas e as revistas

    especializadas (Amrica Economa e Exame), posteriormente.

    O levantamento e a seleo bibliogrficos apresentados s foi possvel

    graas compilao realizada em vrios pases e instituies (bancos centrais, rgos

    representativos dos empresrios, bibliotecas de universidades pblicas e privadas), aquisio

    de publicaes nacionais e estrangeiras, ao envio de material por pesquisadores e contatos

    estabelecidos no exterior, inter alia. Alm disso, os portais gratuitos (redalyc e Scielo) e

    pagos (EBSCO) permitiram acessar uma quantidade significativa de artigos acadmicos.

    Houve, ainda, o levantamento de dados e informaes sobre as aquisies,

    as fuses, os greenfield projects (investimentos novos) das Multilatinas em revistas

    especializadas (Amrica Economa, Revista Exame etc.), nos relatrios anuais de instituies

    como UNCTAD (World Investment Report) e CEPAL (Inversiones Extranjeras Directas) e

    nos balanos (trimestrais, semestrais e anuais) divulgados nas home-pages dos grupos

    selecionados. Este procedimento demonstrou-se muito difcil, sobretudo no que se refere

    periodizao dos investimentos e nos valores envolvidos.

    Essas dificuldades ocorreram porque os memorandos envolvendo as

    corporaes apresentaram uma variao na sua efetivao e muitas aquisies foram, de fato,

    concretizadas em outros momentos. Inclusive, vrios foram os casos de aquisies acionrias

    em vrias etapas, at que ocorresse o controle integral. A mesma dificuldade deu-se na

  • 35

    divulgao dos investimentos novos e na operao propriamente dita dos estabelecimentos

    produtivos.

    Outro procedimento baseou-se no trabalho de campo nos pases com a

    finalidade de coletar informaes juntos s Multilatinas, entidades representativas dos

    empresrios, institutos de pesquisa, pesquisadores sobre o tema etc. No Brasil, logramos o

    preenchimento de questionrio pelos representantes de informao corporativa de alguns

    grupos (Weg, Marfrig, JBS), mas foi no Chile onde obtivemos maior xito, por conta das

    entrevistas nos grupos Molymet e Antarchile e do questionrio preenchido por representantes

    do grupo CMPC. Na Argentina e no Mxico, apesar das diversas tentativas, quer de

    entrevistas quer de questionrios estruturados enviados por e-mail, no logramos sucesso. Em

    funo da variedade de estratgias adotadas para obter as informaes corporativas,

    decidimos por no utilizar a transcrio de entrevistas ipsis litteris.

    Apesar das dificuldades encontradas, os trabalhos de campo foram

    importantes porque permitiram a anlise do comportamento empresarial, das mudanas

    econmicas e polticas, do papel das instituies representativas dos empresrios e daquelas

    que tm a funo de apoiar o investimento no e do pas (Prosperar, BNDES, Corfo, Nafinsa

    etc.). Alm disso, a partir do contato com vrias instituies de ensino e pesquisadores

    (Bernardo Kosacoff, da Argentina, Patricio del Sol e Carlos A. de Mattos, do Chile, e Jorge

    Basave Kunhardt e Celso Garrido, do Mxico), reunimos um volume considervel de

    trabalhos, de dados e informaes relevantes para o desenvolvimento da pesquisa.

    Os dados e informaes obtidos juntos aos grupos econmicos (direta e

    indiretamente), s instituies internacionais e locais e aos meios de comunicao

    especializados em economia foram sistematizados em tabelas, grficos, caixas de texto,

    quadros e mapas, e analisados, ao longo da tese, luz das reflexes estabelecidas sobre o

    processo de industrializao na Amrica Latina, o papel desempenhado pelo Estado (por meio

    das polticas econmicas) e as teorias sobre a internacionalizao e multinacionalizao.

    Apesar dos esforos na sistematizao dos dados disponibilizados pelas

    instituies internacionais, podemos afirmar que, por conta da existncia incipiente de rgos

    pblicos na coleta e divulgao em vrios pases, a importncia dos fluxos bem maior que a

    demonstrada nesta tese2. No caso particular dos grupos econmicos, procuramos oferecer uma

    2 A UNCTAD sistematiza os seus relatrios a partir dos dados enviados por Bancos Centrais dos diversos pases.

    Porm, em muitos pases subdesenvolvidos, incipiente ou sequer h a preocupao quanto sistematizao dos

    dados e informaes sobre os fluxos de IDE que so realizados por residentes locais, tendo em vista que foram e

    tm sido tradicionais receptores de capitais.

  • 36

    completa sistematizao de seus mercados de atuao e de suas formas de atuao, com

    problemas, porm, na obteno dos valores envolvidos.

    Estrutura da tese

    Alm desta introduo, da concluso e das referncias, a tese est

    organizada em seis captulos que tratam, separadamente, agentes (Estado e grupos

    econmicos) e processos (industrializao e fluxos de investimentos), mas no podem ser

    entendidos de maneira isolada. Essa organizao das ideias foi intencional porque, a partir

    dela, buscamos atingir os objetivos que foram propostos e construir um corpo de sustentao

    s hipteses aventadas.

    No primeiro captulo, estabelecemos um dilogo crtico com as diversas

    perspectivas tericas sobre a internacionalizao de empresas, de um lado, e organizamos as

    ideias conforme os seus diferentes nveis de abstrao, de outro lado. Com isso, estocamos

    elementos para construir uma proposta de encaminhamento terico que articula as abordagens

    macro e micro por meio da dinmica coercitiva da concorrncia, a qual, a nosso ver, permite

    estabelecer os vnculos entre a pluralidade de capitais em seus movimentos de valorizao e

    expanso e as leis imanentes ao modo capitalista de produo.

    O segundo captulo demonstra, historicamente, a importncia do Estado na

    reproduo das relaes capitalistas de produo, quer dizer, na criao/construo de

    condies o estabelecimento de uma racionalidade econmica do capital. Ao longo do

    captulo, abordamos o Estado sob duas perspectivas. Por um lado, como uma autoridade

    social submetida ao controle de classes e fraes de classes e, por outro lado, enquanto

    aparato institucional que compreende o setor pblico. O nosso recorte analtico compreendeu

    as polticas econmicas voltadas industrializao nos quatro pases selecionados, com o

    enfoque, sobretudo, no papel desempenhado pelos bancos de desenvolvimento.

    No terceiro captulo, abordamos o processo de conformao de um

    capitalismo industrial na Amrica Latina, particularmente na Argentina, Brasil, Chile e

    Mxico. Este captulo permite compreender as origens da atividade industrial e as diversas

    fases do processo de industrializao luz dos pressupostos ideolgicos presentes em cada

    momento, das polticas econmicas e da dialtica interao entre vetores internos (recursos

    naturais, desenvolvimento das foras produtivas, crises internas etc.) e externos (crises

    econmicas, endividamento e estrangulamento externos etc.). Com isso, demonstramos, por

    um lado, o movimento de universalizao do capital sobre os vrios espaos e, por outro lado,

  • 37

    a constituio de diferentes capitalismos, por conta das peculiaridades que abrangem o

    tamanho e a integrao do mercado interno, o controle do capital de alguns circuitos de

    ramos, as especificidades da diviso social do trabalho etc.

    Em seguida, no quarto captulo, destacamos a insero da Amrica Latina

    nos fluxos mundiais de IDE, com o intuito de avaliar os diferentes ciclos, as continuidades e

    descontinuidades existentes (dos pases s empresas e grupos econmicos), as diferentes

    formas de insero internacional, os espaos selecionados, as motivaes, inter alia. Esse

    captulo permite relacionar as trajetrias histricas e geogrficas dos grupos econmicos

    forma muito peculiar de desenvolvimento do capitalismo na Amrica Latina. Ou seja, as

    diferentes experincias histricas existentes na Amrica Latina so um caminho possvel de

    compreenso das singularidades apresentadas pelas Multilatinas.

    No quinto captulo, estabelecemos um dilogo com diferentes perspectivas

    tericas sobre grupos econmicos com a finalidade de propor uma interpretao de sua raison

    dtre que ampare a nossa anlise das aes territoriais dos grupos latino-americanos

    selecionados. O nosso recorte analtico abrangeu as estratgias de concorrncia e/ou

    corporativas polticas de expanso econmica e territorial - adotadas em cada momento

    histrico, por meio das quais os grupos alargaram os seus circuitos espaciais de atuao e

    fizeram uso das diferentes virtualidades do territrio e das normatizaes. um captulo que

    permite compreender a importncia da escala nacional como suporte de acumulao e a

    construo de diferentes vantagens corporativas atuao multiterritorial, desigualdades

    sociais e espaciais, organizao interna, atuao diversificada etc. - relacionadas s

    peculiaridades e/ou cores assumidas pelos capitalismos na Amrica Latina.

    O sexto e ltimo captulo trata, basicamente, dos novos espaos de

    acumulao das Multilatinas selecionadas. Neste captulo, delineamos a nossa argumentao

    com base nos diferentes ramos econmicos, visando compreender a estruturao das cadeias

    produtivas - forma especfica de organizao das atividades econmicas, em diferentes etapas

    interligadas e relativamente interdependentes e os padres de concorrncia existentes em

    cada uma delas - insero na estrutura produtiva e estratgias corporativas adotadas pelos

    capitais particulares. As Multilatinas tm respondido pugna pela acumulao progressiva em

    seus mercados por meio da construo e reconstruo permanente de territrios particulares

    de acumulao. Nesse movimento, elas no s respondem aos reclamos mais gerais do

    capital, como tambm alteram as estruturas da indstria e os padres de concorrncia.

  • 1. POR QUE SE MULTINACIONALIZAR? EXPLICANDO AS

    EMPRESAS MULTILATINAS3

    Neste captulo, contrapomos as diversas teorias e explicaes a respeito do

    avano de empresas no exterior. Diversos autores, com diferentes matizes, quando analisaram

    o processo de multinacionalizao das firmas, propuseram alguns caminhos tericos que,

    depois de aplicados a diversas situaes, se consolidaram como paradigmas para compreenso

    das empresas multinacionais (EM). Apesar da contribuio de cada uma das abordagens,

    nenhuma delas oferece uma resposta analtica unificada e coerente para aonde vo os IDE e as

    atividades das EM, por que as empresas se tornam multinacionais e quais os seus impactos

    nas diferentes escalas geogrficas.

    Os inmeros arcabouos tericos elaborados sobre a expanso internacional

    das EM so analisados segundo suas escalas de explicao e/ou seus nveis de abstrao. As

    principais estruturas paradigmticas ora partem das leis universais do processo, cujo pano de

    fundo o sistema capitalista, ora das decises de indivduos ou grupo de indivduos frente

    das grandes empresas. Uma terceira escala de anlise abrange propostas de mediao (teoria

    da dinmica capitalista e proposta integradora), que buscam a articulao das leis gerais do

    processo com as decises individuais, e propostas de integrao de modelos e teorias.

    Aps a anlise dos vrios nveis de abstrao sobre a internacionalizao,

    estabelecemos um dilogo com as diferentes interpretaes das Multilatinas e multinacionais

    de pases subdesenvolvidos, visando demonstrar as interseces e rupturas entre as

    abordagens, e as especificidades das companhias latino-americanas. Ao final do captulo,

    depois de estocar alguns elementos, apresentamos o encaminhamento terico da tese.

    1.1 Explicaes de nvel macro

    Dentro do que denominamos explicaes macro esto as proposies

    Neoclssica de imobilidades dos fatores de produo e de equilbrio; a marxiana de ciclos do

    capital, concentrao e centralizao, em que a tendncia internacionalizao inerente

    expanso do modo capitalista de produo; a Nova Diviso Internacional do Trabalho que,

    3 As reflexes neste captulo se constituem numa atualizao e readaptao de ideias apresentadas em outro

    trabalho: Sposito; Santos (2011).

  • 39

    apesar da nfase na reestruturao da economia mundial e das relaes centro-periferia, deriva

    dos pressupostos marxistas.

    O que caracteriza essas abordagens a explicao dos IDE promovidos

    pelas corporaes multinacionais a partir de leis universais de processo, de modo que as

    explicaes so bastante generalizadas. Quando o recorte analtico recai sobre empresas,

    setores, pases etc. especficos, os pressupostos tericos so fragilizados ( caso, por exemplo,

    da escola neoclssica) e corre-se o risco de abordar as aes das empresas (e dos indivduos

    tomadores de decises) como to somente reflexos do sistema econmico mais amplo.

    1.1.1 Perspectiva neoclssica

    At meados dos anos 1960, a escola neoclssica ostentou a condio de

    mainstream theory na cincia econmica, ocupando-se da anl