especial logÍstica

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Jornal do empreendedor São Paulo, terça-feira, 17 de setembro de 2013 Especial Logística O gargalo que impede o O custo logístico nacional corresponde a 12% do PIB, enquanto nos Estados Unidos este número é de apenas 8% SXC Marleine Cohen N ada menos que 13% da receita bruta das empre- sas nacionais se destinam a pagar custos logís- ticos. A conta, feita na ponta do lápis pelo Núcleo CCR de In- fraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral, res- ponsável pelo estudo "Custos Logísticos no Brasil", vale para as 126 empresas de diversos setores que foram analisadas no ano passado e, juntas, re- presentam 20% do Produto In- terno Bruto (PIB). O transporte de longa distância, realizado por ferrovia e rodovia, respon- de pela maior parte das despe- sas – cerca de 38% do total. Em seguida, destacam-se os cus- tos de armazenagem (18%), distribuição urbana (16%) e despesas portuárias e aero- portuárias (13%). O levanta- mento também revela que o custo logístico nacional corres- ponde a 12% do PIB; nos Esta- dos Unidos, ele é de 8% do PIB. H is to ri ca me n- te, o pico de in- jeção de recur- sos se deu, no Brasil, na déca- da de 70, quan- do foram aplica- das grandes quantias no se- tor rodoviário. Se a logística brasileira tives- se a mesma performance que a norte- americana, o País economiza- ria R$ 83,2 bilhões ao ano. O setor cuja receita fica mais comprometida com o custo logístico é o de bens de capital (22,69%), seguido de construção (20,88%). O me- nor comprometimento é do setor químico (6,29%). Estradas em má condição (54,5%), burocracia governa- mental (51,2%), restrição de carga e descarga nos grandes centros urbanos (49,6%) e fal- ta de concorrência de modais (48,3%) são, por ordem de grandeza, as principais razões apontadas pelas empresas para o aumento do custo logís- tico no Brasil. Para reduzi-lo, sete de cada dez organizações (70,7%) consultadas apontam como solução uma melhor gestão das rodovias com integração multimodal, e investimentos na malha ferroviária como al- ternativa de transporte mais econômica. Caos logístico As projeções são claras: não poderia haver melhor pers- pectiva para o Brasil nos próxi- mos anos. Consolidando pro- gressivamente sua posição como um dos maiores produ- tores de grãos do mundo, o País ainda patina, todavia, no caos logístico. A safra deste ano deve bater novo recorde e chegar a 184 milhões de toneladas – 11% a mais que a anterior, segundo levantamento da Companhia de Abastecimento (Conab). Mas onde armazenar e como escoar a produção? De acordo com a Conab, a capacidade instalada dos silos e armazéns em todo o territó- rio nacional chega a 148,3 mi- lhões de toneladas de grãos. Segundo indicadores interna- cionais, porém, o Brasil deve- ria ter infraestrutura montada para guardar 220 milhões de toneladas. A mobilidade também deixa a desejar. Lançado pelo gover- no federal em janeiro de 2007, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) já nasceu correndo atrás da capacidade instalada de movimentação de cargas: no Brasil, faltam tri- lhos e faltam portos. Além dis- so, a malha rodoviária precisa ser ampliada e recuperada. De acordo com estudo elabo- rado pelo Ipea (Instituto de Pes- quisa Econômica Aplicada), que deu origem ao livro "In- fraestrutura econômica no Bra- sil: diagnósticos e perspectivas para 2025", lançado em 2010, "atualmente, 61% das cargas transportadas nacionalmente são deslocadas por meio das ro- dovias", sendo que o Brasil pos- sui a terceira malha rodoviária mais extensa do mundo. Toda- via, para a Fundação Dom Ca- bral e o Fórum Econômico Mun- dial, apenas 12% destas vias estavam pavimentadas em 2009. Nos Estados Unidos, a participação das rodovias no transporte de carga é de 26%; na Austrália, de 24%; e na Chi- na, de apenas 8%, de acordo com dados de 2006. Ao todo, são mais de 61 mil quilômetros só em autoestra- das federais pavimentadas no Brasil. Ainda de acordo com o livro, que integra o projeto "Perspectivas do Desenvolvi- mento Brasileiro", desde os anos de 1950, "a matriz de transporte nacional tem se mantido desequilibrada, com larga vantagem para este mo- dal, cujos custos, muitas ve- zes, superam aqueles apre- sentados por outros". Segundo mapeamento das obras rodoviárias do Ipea, o País carece de R$ 183,5 bilhões em investimentos "para sanar os problemas e impulsionar o se- tor rodoviário nacional, am- pliando sua eficiência e seu im- pacto sobre a economia". Só em obras de recuperação, ade- quação e duplicação – quase 80% do total das necessidades –, são R$ 144,18 bilhões. Há ain- da uma demanda de quase R$ 40 bilhões para a construção e pavimentação de novas vias federais ou novos trechos em vias já existentes. Nas cinco re- giões, há que ampliar dez terminais rodoviários e construir no mínimo outros 25, atendendo a um total de 17 uni- dades federativas. Paralelamente a es- ta infraestrutura de âmbito federal, computam-se "a construção de contornos rodo- viários munici- pais, que impli- cam em uma op- ção para o tráfe- go de carga, e demandas por obras em rodo- vias estaduais q u e somam R$ 14,65 bilhões". 83 bilhões de reais seriam economizados se a logística brasileira fosse mais eficiente 54% das empresas culpam as péssimas condições das estradas pelo aumento nos custos 61% das cargas transportadas nacionalmente são deslocadas por meio das rodovias crescimento do País

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O GARGALO QUE IMPEDE O CRESCIMENTO DO PAÍS – O custo logístico nacional corresponde a 12% do PIB, enquanto nos Estados Unidos este número é de apenas 8%.

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Page 1: ESPECIAL LOGÍSTICA

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2013

Especial Logística

O gargaloque impede o

O custo logístico nacional corresponde a 12% do PIB, enquanto nos Estados Unidos este número é de apenas 8%

SXC

Marleine Cohen

Na d a m e n o s q u e1 3 % d a r e c e i t abruta das empre-sas nacionais se

destinam a pagar custos logís-ticos. A conta, feita na pontado lápis pelo Núcleo CCR de In-fraestrutura e Logística daFundação Dom Cabral, res-ponsável pelo estudo "CustosLogísticos no Brasil", vale paraas 126 empresas de diversossetores que foram analisadasno ano passado e, juntas, re-presentam 20% do Produto In-terno Bruto (PIB). O transportede longa distância, realizadopor ferrovia e rodovia, respon-de pela maior parte das despe-sas – cerca de 38% do total. Emseguida, destacam-se os cus-tos de armazenagem (18%),distribuição urbana (16%) edespesas portuárias e aero-portuárias (13%).

O l e v a n t a-mento tambémr e v e l a q u e ocusto logísticonacional corres-ponde a 12% doPIB; nos Esta-dos Unidos, eleé de 8% do PIB.H is to ri ca me n-te, o pico de in-jeção de recur-sos se deu, noBrasil, na déca-da de 70, quan-do foram aplica-d a s g r a n d e squantias no se-tor rodoviário.Se a logíst icabrasileira tives-s e a m e s m aperformance que a norte-americana, o País economiza-

ria R$ 83,2 bilhões ao ano.O setor cuja receita fica

mais comprometida com ocusto logístico é o de bens decapital (22,69%), seguido deconstrução (20,88%). O me-nor comprometimento é dosetor químico (6,29%).

Estradas em má condição(54,5%), burocracia governa-mental (51,2%), restrição decarga e descarga nos grandescentros urbanos (49,6%) e fal-ta de concorrência de modais(48,3%) são, por ordem degrandeza, as principais razõesapontadas pelas empresaspara o aumento do custo logís-tico no Brasil.

Para reduzi-lo, sete de cadadez organizações (70,7%)consultadas apontam comosolução uma melhor gestãodas rodovias com integração

multimodal, e investimentosna malha ferroviária como al-ternativa de transporte maiseconômica.

Caos logístico

As projeções são claras: nãopoderia haver melhor pers-pectiva para o Brasil nos próxi-mos anos. Consolidando pro-gressivamente sua posiçãocomo um dos maiores produ-tores de grãos do mundo, oPaís ainda patina, todavia, nocaos logístico.

A safra deste ano deve baternovo recorde e chegar a 184milhões de toneladas – 11% amais que a anterior, segundolevantamento da Companhiade Abastecimento (Conab).Mas onde armazenar e comoescoar a produção?

De acordo com a Conab, acapacidade instalada dos silose armazéns em todo o territó-rio nacional chega a 148,3 mi-lhões de toneladas de grãos.Segundo indicadores interna-cionais, porém, o Brasil deve-ria ter infraestrutura montadapara guardar 220 milhões detoneladas.

A mobilidade também deixaa desejar. Lançado pelo gover-no federal em janeiro de 2007,o Programa de Aceleração doCrescimento (PAC) já nasceucorrendo atrás da capacidadeinstalada de movimentaçãode cargas: no Brasil, faltam tri-lhos e faltam portos. Além dis-so, a malha rodoviária precisaser ampliada e recuperada.

De acordo com estudo elabo-rado pelo Ipea (Instituto de Pes-quisa Econômica Aplicada),

que deu origem ao livro "In-fraestrutura econômica no Bra-sil: diagnósticos e perspectivaspara 2025", lançado em 2010,"atualmente, 61% das cargastransportadas nacionalmentesão deslocadas por meio das ro-dovias", sendo que o Brasil pos-sui a terceira malha rodoviáriamais extensa do mundo. Toda-via, para a Fundação Dom Ca-bral e o Fórum Econômico Mun-dial, apenas 12% destas viasestavam pavimentadas em2009. Nos Estados Unidos, aparticipação das rodovias notransporte de carga é de 26%;na Austrália, de 24%; e na Chi-na, de apenas 8%, de acordocom dados de 2006.

Ao todo, são mais de 61 milquilômetros só em autoestra-das federais pavimentadas noBrasil. Ainda de acordo com o

livro, que integra o projeto"Perspectivas do Desenvolvi-mento Brasileiro", desde osanos de 1950, "a matriz detransporte nacional tem semantido desequilibrada, comlarga vantagem para este mo-dal, cujos custos, muitas ve-zes, superam aqueles apre-sentados por outros".

Segundo mapeamento dasobras rodoviárias do Ipea, o Paíscarece de R$ 183,5 bilhões eminvestimentos "para sanar osproblemas e impulsionar o se-tor rodoviário nacional, am-pliando sua eficiência e seu im-pacto sobre a economia". Sóem obras de recuperação, ade-quação e duplicação – quase80% do total das necessidades–, são R$ 144,18 bilhões. Há ain-da uma demanda de quaseR$ 40 bilhões para a construçãoe pavimentação de novas viasfederais ou novos trechos emvias já existentes. Nas cinco re-

giões, há que ampliar dezterminais rodoviários e

construir no mínimooutros 25, atendendoa um total de 17 uni-dades federativas.Paralelamente a es-ta infraestrutura deâmbito federa l ,computam-se "aconstrução decontornos rodo-viários munici-pais, que impli-cam em uma op-ção para o tráfe-go de carga, edemandas porobras em rodo-

vias estaduaisq u e s o m a m

R$ 14,65 bilhões".

83bilhões de reais

seriam economizadosse a logística

brasileira fosse maise f i c i e nte

54%das empresas culpam

as péssimascondições dasestradas pelo

aumento nos custos

61%das cargas

transpor tadasnacionalmente são

deslocadas por meiodas rodovias

c re s c i m e n t odo País

Page 2: ESPECIAL LOGÍSTICA

terça-feira, 17 de setembro de 20132 -.ESPECIAL DIÁRIO DO COMÉRCIO

O maior evento nacional delogística e transporte

Começa hoje a Transporte & Logística Brasil, juntamente com a MOVIMAT, VUC Expo e a Conferência Nacional de Logística

São quatroeventossimultâneos,comexpectativa dereceber 25 milvisitantes noExpo CenterNorte. O setorde logísticaestá em francocrescimento noPaís.

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Para fechar bonsnegócios

Não é num dia 6 de ju-nho – data em que secomemora o Dia da Lo-gística, em referência

ao desembarque das tropas alia-das na costa da Normandia, namadrugada de 1944, episódioque ficou conhecido como o "DiaD" na 2ª Guerra Mundial –, mas dehoje até 19 de setembro. Nestaoportunidade, tem lugar pela pri-meira vez no Brasil a Transporte &Logística Brasil, feira de negóciospromovida em Paris, na França,que leva a assinatura da SITL (Se-mana Internacional do Transpor-te e da Logística) e é reconhecidacomo uma das maiores do mundono setor. Durante o evento, 150marcas nacionais e internacio-nais apresentam suas novidadesem serviços de transporte e logís-tica, infraestrutura logística, con-domínios logísticos e sistemas detecnologia de informação.

A primeira edição da Trans-porte & Logística Brasil aconteceparalelamente à VUC Expo - Sa-lão Internacional de Veículos Ur-banos de Carga, primeira feiraexclusiva de VUCs no País, à 28ªMOVIMAT (Feira Internacionalde Intralogística) e à XVII Confe-rência Nacional de Logística, emparceria com a Abralog (Associa-ção Nacional de Logística), queelegeu o tema "Eficiência logísti-ca e excelência na gestão".

Entre os quatro eventos –Transporte & Logística Brasil,Movimat, VUC Expo e Conferên-cia Nacional de Logística – estãosendo esperados cerca de 25 milvisitantes no Expo Center Norte.

Um ano após o lançamento doPrograma de Investimento em Lo-gística (PIL), que prevê investi-mentos de R$ 253 bilhões em 30anos, o setor de transporte e logís-tica no Brasil está bastante aque-cido. "A logística vem crescendono Brasil e, nos dias atuais, é umaferramenta fundamental na es-tratégia das organizações. Comuma logística bem planejada e in-tegrada, as empresas podem setornar mais competitivas, dimi-nuindo prazos e custos e aumen-tando a lucratividade", avaliaFausto Montenegro da Cunha, di-retor comercial da Brasilmaxi Lo-gística, presente no evento.

Montenegro antecipou que a

sua empresa vai apresentar ca-ses de sucesso durante a feira,além de um leque de opções deserviços prestados nos mais di-versos segmentos da logística. "ATransporte & Logística Brasil éuma oportunidade para divulgarsoluções personalizadas, consoli-dar nossa marca no mercado lo-gístico, interagir com os clientesque visitam a feira, abrir novasoportunidades de negócio eacompanhar as tendências e no-vidades do mercado", diz.

Para Luiz Gonzaga de Araújo,diretor comercial da GTP, espe-cializada em soluções de identifi-cação por radiofreqüência, a par-

logística nacional é muito pro-missor. "O Brasil é um país ricoem recursos naturais e de exten-são continental. Possui uma de-mocracia clara, moeda estável eeconomia em crescimento. Es-ses ingredientes são fundamen-tais para o crescimento do setorde transportes e logística", ob-serva. A Braspress, que tambémparticipa da Transporte & Logís-tica Brasil, espera prospectarnovos mercados, clientes e seg-mentações. "Uma feira como es-ta é capaz de concentrar um pú-blico muito grande de variadasatividades, o que nos possibilitademonstrar aos clientes os nos-sos diferenciais e o que estamosaprimorando para melhor aten-dê-los", comenta Helou.

A Rápido 900, que trabalhacom grandes volumes de carga,principalmente nos segmentosde transporte de produtos quími-cos embalados, higiene pessoal,produtos de limpeza, autopeçase alimentícios, também apostana feira para dar ainda mais visi-bilidade à empresa. "É a oportu-nidade de reunir todos os playersdo setor, como transportadores,fornecedores, entidades sindi-cais e os grandes embarcadoresdo País, com um público altamen-te qualificado de profissionais delogística, que são aqueles querealmente tomam decisões nosetor", opina André Ferreira, di-retor da empresa.

Líder em sistemas de gestãointegrada (ERP) no Brasil e naAmérica Latina, a TOTVs tam-bém marca ponto na Transporte& Logística, apostando na cres-cente necessidade das empre-sas do setor em investir em no-vas ferramentas de gestão paragerar aumento da produtividadee automação dos processos,além de maior integração da ca-deia de abastecimento. (M.C.)

ticipação em uma feira como aTransporte & Logística Brasil re-presenta a oportunidade de mos-trar aos clientes que existe umaopção consistente em RFID.

"Durante o evento, apresen-taremos em nosso estande oenorme potencial de nossa ga-ma de produtos. Quem nos visi-tar, terá a oportunidade de sabercomo fazemos para gerar lucro eotimizar o controle de nossosclientes com as soluções queoferecemos", diz Araújo, citan-do, entre outros equipamentos,softwares e serviços, a linha deleitores RFID ativos e passivos,geradores de campo, transpon-ders, etiquetas, rótulos e tagsRFID e serviços de consultoria.

Oportunidades de mercado

Para Tayguara Helou, control-ler da Braspress, empresa espe-cializada no transporte de enco-mendas, o setor de transporte e

Tayguara Helou, da Braspress

Flavio Benatti, daNTC&Logística

Div

ulga

ção

se quem achar que ogoverno pode carregar esteprojeto nas costas sozinho."Entendemos que, se osetor privado não participarativamente nainfraestrutura, o Estado nãoterá a menor condição.Aliás, de acordo com osúltimos estudos do PlanoNacional de Logística daCNT (ConfederaçãoNacional do Transporte), anecessidade deinvestimentos ultrapassaR$ 600 bilhões".

Para ele, "é inimaginávelacreditar que o Estadosozinho possa fazer tudo,sem a iniciativa privada. AEPL é uma empresa que foicriada exatamente comesse objetivo: ser omediador entre o setorpúblico e o setor privadopara viabilizar os grandesprojetos de logística dosquais o País precisa".

Perspec tivas

Segundo Benatti, o custofinal da logística é alto noBrasil, pois "não possuímosoferta adequada deferrovias para darescoamento,principalmente às grandesmassas". Além disso,aponta ele, "a questãohidroviária é quaseinexistente, sem falar naarmazenagem e nalocomoção, quando se tratade estradas".

Mas nem tudo pareceperdido: enquanto osinvestimentos anunciadospelo governo federal porocasião da criação da EPL,em agosto de 2012, nãovêm, o presidente daNTC&Logística vislumbraum horizonte deperspectivas com asucessão de feiras denegócios para o setor. Paraele, o acesso às tecnologiasque proporcionam eventosdirigidos para o segmentode logística só podemsomar pontos, uma vez quemelhoram suaperformance.

É por este motivo que aNTC&Logística estáapoiando os quatroencontros de transporte elogística que se darãosimultaneamente. (M.C.)

Há uma maneira decombater o chamadocusto Brasil, conjunto

de fatores quecomprometem acompetitividade e aeficiência da indústrianacional e, segundopesquisa realizada pelaprimeira vez em 20 anospela Associação Brasileirada Indústria de Máquinas eEquipamentos (Abimaq),encarece em média 36,27%o preço do produto nacionalem relação aos fabricadosna Europa e nos EstadosUnidos: investir eminfraestrutura como umtodo – rodoviária, portuária,hidroviária e ferroviária."Não se terá um paíscompetitivo sem que hajauma oferta de modais, quepromova projetos logísticosque, em última análise,refletirão no custo final doproduto. Bons projetoslogísticos, com certeza,diminuirão o custo final dalogística que hoje no Brasil éextremamente cara",justificou o presidente daNTC&Logística.

Segundo o executivo daentidade, que representa10.500 empresas operandouma frota superior a 1,5milhão de caminhões egerando mais de 1 milhãode postos de trabalho, apedra fundamental damoderna logística brasileirajá foi lançada: "Nós temosmuita confiança de que aEPL (Empresa dePlanejamento e Logística)possa ser o fomentador dossetores público e privado,para que se façam osinvestimentosnecessários". Mas,ressaltou Benatti, engana-

SSSEEERRRVVVIIIÇÇÇOOO

Transporte& Logística Brasil, 28ªMOVIMAT (Feira Internacional de

Intralogística), VUC Expo 2013,XVII Conferência Internacional

de LogísticaDe 17 a 19 de setembro

Expo Center Norte, Rua JoséBernardo Pinto, 333 - São Paulo

Page 3: ESPECIAL LOGÍSTICA

terça-feira, 17 de setembro de 2013 ESPECIAL - 3DIÁRIO DO COMÉRCIO

Cuidados especiaisno transporte

Seja pelo tipo decarga ou pela

extensão do territórionacional, o

transporte requerespecialização

Sonja Helena MadeiraMacedo, gerente daAtiva Logística, uma dasmaiores do setor.

Tecnologia inédita paraempresas de carga

econômica nacional estejamrecuando, prevê ele.

Para imprimir novo ritmo aosetor de logística nacional, opresidente da Confenar apon-tou uma melhor manutençãoda malha rodoviária, em todo oPaís, e um planejamento efi-ciente do tráfego urbano. "In-vestir no fluxo fluvial nos aju-daria a atender melhor a regiãoNorte do Brasil, assim comouma regulação menos intem-pestiva da equação de entregaurbana, com regras e horáriosbem definidos de tráfego nascidades, seria muito útil.

Lidar com o frete de produ-tos farmacêuticos é outra ati-

vidade espinhosa. Isso porqueas características do produto –medicamentos, algodão, cos-méticos, artigos de higiene eoutros – exigem cuidados es-peciais.

"Além de ser minuciosa-mente regulada pela Anvisa(Agência Nacional de Vigilân-cia Sanitária), autarquia queacompanha todos os setoresrelacionados a produtos e ser-viços que possam afetar a saú-de da população brasileira, acarga tem prioridade na entre-ga e requer uma perfeita higie-ne do veículo e uma proteçãosistemática contra as condi-ções ambientais externas",

explica Sonja Helena MadeiraMacedo, gerente Farma daAtiva Logística, um dos maio-res operadores logísticos bra-sileiros nos segmentos de me-dicamentos e cosméticos pa-ra a região Sudeste.

Além disso, o manuseio deuma carga farmacêutica –que, na Ativa representa 35%das 9 mil toneladas de produ-tos transportados mensal-mente – exige a presençaconstante de um farmacêuti-co em cada unidade e a defini-ção de uma logística de segu-rança rigorosa, "uma vez quea carga é muito visada por as-saltantes nas estradas".

O armazenamento é outrodesafio para manter a qualida-de de medicamentos e cosmé-ticos. Para tanto, a Ativa Logís-tica opera em um galpão com3.600 metros quadrados, emItapevi, dotado de salas clima-tizadas, câmaras refrigeradase pé direito de 12 metros.

Com mais de 700 clientes,41% deles do segmento far-macêutico – com destaque pa-ra a Farmoquímica, o labora-tório Herbarium e a InvictusFarmanutrição –, a Ativa Lo-gística atende integralmentetodas as normas e resoluçõesda Anvisa para a armazena-gem e transporte de medica-mentos e investe continua-mente em melhorias dos pro-cessos de segurança e arma-z e n a g e m d o s p r o d u t o stransportados, garante Sonja.A ponto de ter alcançado umíndice de 98% de eficiência emtodas as suas operações epontualidade nas entregas,motivo pelo qual lhe foram ou-torgados vários prêmios, dosquais 3 das 12 categorias doPrêmio Top do Transporte2012, promovido pelas revis-tas Logweb e Frota&Cia. O prê-mio teve como base o resulta-do da Pesquisa Nacional deDesempenho dos Fornecedo-res de Serviços de Transpor-tes, realizada junto aos con-tratantes de frete.

Sonja explica também que aempresa possui modernosequipamentos de gerencia-mento de risco, que garantemo rastreamento de 100% dafrota, e uma equipe de profis-sionais especializados nomercado de produtos farma-cêuticos. Todos os ambientessão monitorados. (M.C.)

Divulgação

Victor Simas, daConfenar, querepresenta asrevendedoras Ambev

1.400 caminhões terceiriza-dos, 2 mil motos, 2.600 utilitá-rios, 2.300 veículos leves e630 empilhadeiras.

Para Victor Simas, presiden-te da Confenar, as grandes di-ficuldades impostas à ativida-de são ditadas pelas mudan-ças climáticas ao longo do per-curso e pelo prazo de validadedos produtos transportados."Luz e temperatura são nos-sos inimigos naturais, já que oproduto pode envelhecer rapi-damente se não tivermos con-trole sobre estas duas variá-veis", explica ele. Outro fatorque causa avaria e está inti-mamente associado à vida útilda carga é o prazo de entrega,agravado, na maioria das ve-zes, pelas longas distâncias,pelas condições das estradas

de rodagem epe la preca-riedade dosterminais in-t e r m od a i s ."Para rever-ter este pro-blema, preci-samos fazerum planeja-mento minu-c i o s o d otransporte.Para isso, ca-

da operação tem uma torre decontrole da performance deentrega", enfatiza Simas.

A armazenagem das bebi-das é, segundo o executivo,outra questão crucial, na me-dida em que a responsabilida-de pela qualidade do produtonão termina com a sua entre-ga. "Não falamos em avarias,pois este indicador é controla-do desde os nossos armazénsaté a chegada da carga nocliente, e as perdas nunca ul-trapassam 1% em toda a ca-deia. O que precisamos é es-tarmos atentos à correta ar-mazenagem da carga no pon-t o d e v e n d a e p o r i s s oprocuramos capacitar nossosparceiros", avalia Simas, lem-brando que o grande desafioconsiste em "manter a quali-dade da produtividade tantoem nível nacional como atra-vés de iniciativas regionais".

Na opinião do executivo, asperspectivas para a ativida-

de são boas a médioprazo, "mas é preciso

que a economia na-cional reaja". Com

c r e s c i m e n t osustentado de

8% a 10% aoano, o se-t o r d e v ef e c h a r

2 0 1 3 c o mcrescimento ze-

ro, ainda que os indica-dores da at iv idade

Armazenar e trans-po r ta r p rodu tossuscetíveis às mu-danças climáticas,

choques, grandes distâncias eprazos de validade exíguos é,dentro do setor de logística, aespecialidade que mais desa-fios impõe. É o caso de cargascomo cerveja e refrigerante,medicamentos e isotônicos,água engarrafada, cosméti-cos e produtos de higiene.

Especializada na distribui-ção de bebidas, a Confenar(Confederação Nacional dasRevendas Ambev e das Empre-sas de Logística da Distribui-ção) representa todas as re-vendedoras de produtos Am-bev (Companhia de Bebidasdas Américas). Empresa de ca-pital aberto produtora de bensde consumo, a AmBev nasceuda fusão entre a Antarctica e aBrahma e constitui, nos dias dehoje, a maior empresa da Amé-rica Latina. Juntas, as 140 re-vendas afiliadas à Confenarsão responsáveis por uma dasmaiores frotas de veículos doBrasil e por uma das mais com-plexas operações de logísticade distribuição do mundo, comfaturamento anual de mais deR$ 12 bilhões.

São 30 mil viagens mensais,só nas operações de entrega –isto é, partindo das revendasem direção aos supermerca-dos, bares, hotéis e restauran-tes, em todo o Brasil –, ou 4,2milhões de quilômetros cober-

Fábio D'Castro/Hype

Divulgação

Div

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Divulgação

OGrupo VIC, empresaespecializada emsoluções inovadoras

para o mercado deimplementos rodoviáriosno Brasil, participa da VUCExpo com um lançamentopara modernizar o sistemade transporte de cargas noBrasil e reduzir ainfraestrutura necessáriado centro de distribuiçãoem até 36%, além dereduzir consideravelmenteo custo da transportadora.

A empresa criou o Stopand Go, um novo conceitologístico, patenteado e semsimilar no mercado demobilidade de cargas, quereduz o tempo de carga,descarga e parada doscaminhões. É umatecnologia que movimentabaús ou contêineres emapenas quatro minutoscom o uso de cilindroshidráulicos acoplados aoimplemento do caminhão esem necessidade de forçahumana.

O produto vem aoencontro das necessidadesde empresas que vêmperdendo faturamento porconta da restrição decirculação de grandesveículos em cidades comoSão Paulo, por exemplo. Aoinvés de vir até a cidadecom uma enorme carreta edistribuir diversas cargasao longo do dia com esteúnico veículo, tendo querespeitar a restrição eperder um ou mais dias porconta disso, é possível usara tecnologia do Stop and Gopara movimentar os baús,colocá-los na carreta, quechega a um centro dedistribuição e os colocacada um em seu caminhãoVUC, que podem circular odia inteiro e distribuíremtoda a cargasimultaneamente,

O produto é flexível e seadapta a qualquer veículorodoviário, podendotrabalhar com cargas deaté 20 toneladas. Todos osmodelos são operados porcontrole remoto e possuemsensor de inclinaçãodigital, garantindo asegurança do operador edas pessoas ao redor. Omotorista do caminhãopode, inclusive, fazer aoperaçãosozinho.

Simulaçõesfeitas com oproduto emparceria coma Genoa(consultoriaem logística,parceira doCIETEC,centro deinovação,empreendedorismoe tecnologiada USP)mostraramque, deacordo comdados de umatransportadorade médioporte, o Stopand Go aumenta aeficiência e produtividadedos caminhões em 23%,reduz a infraestruturanecessária do centro dedistribuição em 36% ediminui a mão de obraoperacional em até 16%.

Para Davi Moreno, sóciodiretor da VIC e idealizadordo produto, é possíveladaptá-lo a diferentesnecessidades."Desenvolvemos umsoftware de simulação queauxilia na estimativa deresultados especificamentede cada cliente. Nossointuito é encontrar soluçõesreais para as dificuldadesdas empresas", explica.

Patenteado, o Stop andGo começou a seridealizado em 2011 a partirde um desafio doMinistério da Educação,que queria um caminhãoque pudesse levar mais deuma unidade móvelalternadamente, sendoque o motorista pudessefazer isso sozinho e demaneira rápida e segura,para obter um bom custo-

Diretor de RedaçãoMoisés Rabinovici

E d i t o r- C h e feJosé Guilherme

Rodrigues Ferreira

EdiçãoCarlos Ossamu

Repor tagemMarleine Cohen

D i ag r a m a ç ã oLino Fernandes

Ar tePaulo Zilberman

Gerente Executivade PublicidadeSonia Oliveira

Telefone: [email protected]

benefício. O produtocomeçou a ser usado emtodos os Estadosbrasileiros para distribuirescolas técnicas móveispelo País e também chegaao mercado para atender ademanda de laboratóriosmóveis, lojas móveis,quiosques, unidadesbásicas de saúde, standsde feiras, entre outros.

O Stop and Go tambémpode atender anecessidade de lojistas queestão enfrentandodificuldades paraestabelecer seu negócioem pontos comerciais bemlocalizados e com preçosde locação acessíveis.

tos, gerando, na totalidade dalogística de transporte, maisde 23 mil empregos diretos e70 mil indiretos para o abaste-cimento de mais de 1 milhãode pontos de venda em todo oterritório nacional.

Em operações simples, commodais únicos, ou em outras,mais complexas, que exigematé mesmo despachar contêi-neres pela rede fluvial para al-cançar pontos remotos na Flo-resta Amazônica ou no extre-mo Norte do País, a Confenarcoloca em movimento 13.430veículos, dos quais 8.200 ca-minhões, 2.500 caminhões depuxada (trans-ferência deprodutos dafábrica paraa revenda),4.300 cami-n h õ e s d ee n t r e g a ,

Page 4: ESPECIAL LOGÍSTICA

terça-feira, 17 de setembro de 20134 -.ESPECIAL DIÁRIO DO COMÉRCIO

Para combater asonegação fiscal, a

Receita Federaltornou o CT-e

obrigatório, emsubstituição à

carta-frete

Com a obrigatoriedade em emitir o Conhecimento deTransporte Eletrônico (CT-e), a Receita evita a sonegação

Marcello Casal Jr./ABr

Um defensor dos caminhoneirosDdesde o mês pas-sado, as empresastranspo rtadorasd e c a r g a e s t ã o

obrigadas a emitir um docu-mento chamado Conheci-mento de Transporte Eletrôni-co (CT-e), a nota fiscal eletrô-nica do frete. A utilização da"moeda paralela" – a chamadacarta-frete – é agora crimeprevisto em lei. O objetivo daReceita Federal é apertar ocerco contra a sonegação dosetor, estimada em R$ 12 bi-lhões por ano, segundo dadosda consultoria Deloitte.

A Receita Federal tornou aCT-e obrigatória em razão dafraca adesão das transporta-doras ao meio de pagamentoeletrônico de frete. Previstoem lei, o pagamento de freteeletrônico substitui a "carta-frete", forma de pagamentoilegal e irregular, mas aindamuito utilizada pelas trans-portadoras para o pagamentodos caminhoneiros.

"Quando o pagamento dofrete é feito por meio de paga-mento eletrônico, através decartão, automaticamente as in-formações sobre o frete – comoo destino, os valores acertadose a natureza da carga que estásendo transportada são comu-nicados ao governo federal, re-duzindo drasticamente, assim,a sonegação e o Caixa 2 das em-presas", justifica o presidenteda Ampef (Associação dosMeios de Pagamento Eletrônicode Frete), Alfredo Peres.

As vantagens

Segundo avaliação da Am-pef, a decisão de exigir a notaeletrônica de frete será acata-da pelas empresas que traba-lham na legalidade. "Todos sebeneficiam com a regulaçãodo setor: as empresas ga-nham agilidade para transpor-tar seu frete, o governo passaa ter mais arrecadação e os ca-minhoneiros recebem seuspagamentos em conta corren-te, sem ter de se submeter aoságios cobrados pelos estabe-lecimentos, tão corriqueiroscom o uso da carta-frete", pon-dera Peres.

A carta-frete foi adotada co-mo forma de pagamento aoscaminhoneiros autônomos ouempregados durante mais de50 anos. Tratava-se de umaespécie de 'vale' entregue aocaminhoneiro para o custeiode gastos, como o abasteci-mento do caminhão e a ali-mentação, trocado em postos

Tr a n s p o r t a d o r a sobrigadas aemitir nota fiscale l e t rô n i c a

China: fim da carta-frete foi uma grande vitória da categoria.

Divulgação

previamente autorizados pe-las transportadoras ou embar-cadoras contratantes do ser-viço de frete, que, por sua vez,cobravam ágio em todas astransações comerciais.

Depois de anos de luta, opresidente Luiz Inácio Lula daS i l va sanc ionou a Le i n º12.249, que altera a Lei nº11.442, disciplinando o trans-porte de cargas no Brasil e ga-rantindo ao caminhoneiro opagamento do frete por meioeletrônico, diretamente emconta bancária.

Fo rm a l i z a ç ã o

Para Peres, o fim da carta-frete é sinônimo de cidadaniae liberdade, porque garantiuao caminhoneiro o direito dese alimentar e abastecer seuveículo onde quiser, sem aobrigação de consumir em es-tabelecimentos previamentedefinidos pelos contratantes epagar ágio sobre os produtosconsumidos.

Ao sair da informalidade, ocaminhoneiro teve tambémde assumir deveres, como opagamento do Imposto deRenda, cuja base de cálculopara a categoria foi igualmen-te reduzida pelo governo.

Atendendo a uma antiga rei-vindicação dos caminhonei-ros, a presidente Dilma Rous-seff sancionou a Lei 12.794que, entre outras medidas,beneficia os profissionais au-tônomos com a redução da ba-se de cálculo do Imposto deRenda, de 40% para 10%. Coma lei, que já está em vigor des-de janeiro deste ano, a ReceitaFederal estima uma renúnciafiscal de R$ 1,21 bilhão em2013 e de R$ 1,34 bilhão nopróximo ano.

Ao atender a reivindicaçãodos caminhoneiros, o governofederal completou o arcabou-ço legal necessário para es-tender a formalidade aostransportadores autônomos,que passam agora a ser con-trolados pelos órgãos de fisca-lização do governo federal, co-mo a ANTT (Agência Nacionalde Transporte Terrestre) e aReceita Federal.

Comprovação de renda

Um dos itens da Lei mais co-memorados é o parágrafo 5ºdo artigo 128, estabelecendoque a movimentação bancá-ria dos caminhoneiros servirácomo comprovação de renda,para cálculo do Imposto de

Renda. A partir de agora, otransportador rodoviário au-tônomo conquista o direito doreconhecimento formal dosseus rendimentos, habilitan-do-se a ter uma comprovaçãode renda e ter acesso aos cré-ditos necessários para a reno-vação de frota ou aquisição de

bens de consumo.De acordo com a Lei, os pa-

gamentos de fretes rodoviá-rios aos transportadores autô-nomos devem ser feitos poruma administradora de meiosde pagamento eletrônico defrete. Esta administradora re-gistra a operação por meio de

um CIOT (Código Identificadorde Operação de Transporte),que contém informações so-bre o contratante, o caminho-neiro, o destino, a origem e ovalor do frete. Esses dados sãorepassados online ao governopara que ele possa exercer afiscalização. (M.C.)

Atual presidente daUNICAM (União Nacionaldos Caminhoneiros),

entidade fundada em 1998 querepresenta 2 milhões detrabalhadores, dos quais 1,2milhão de autônomos e 800 milempregados, o ex-transportadorJosé Araújo da Silva sempredefendeu os direitos dosprofissionais das estradas.Fazendo entrega de gasolina porconta própria durante 13 anos,"China", como é conhecido,rebelou-se diante da durarealidade que enfrentavam osfrotistas assim que começou adirigir o próprio veículo e decidiupartir para a luta.

Seu primeiro alvo foi a carta-frete, 'vale' tradicionalmenteentregue ao caminhoneiro paracusteiar suas despesas durantea viagem, como oabastecimento do caminhão e aalimentação, trocado em postospreviamente autorizados pelastransportadoras contratantes doserviço de frete, que cobramágio em cada transaçãocomercial. A extinção dasistemática e sua substituiçãopelo chamado CT-e(Conhecimento de TransporteEletrônico), representou umagrande vitória para a categoria e,segundo "China", "a cidadania ea liberdade dos profissionais defrete, porque lhes garantiu odireito de se alimentar e deabastecer seu caminhão ondequiserem, sem ter de consumirem estabelecimentospreviamente definidos peloscontratantes".

Reivindic ações

Mas esta não foi a única vitóriado ex-transportador e dostrabalhadores que representa.Entre outras causas defendidaspela UNICAM, China tambémnegociou com a categoria e juntoao governo e ao poder legislativoa regulamentação do setor,garantindo a legalização daprofissão e o fim da

informalidade.Perseguiu a aprovação da Lei

dos Caminhoneiros (Lei nº12.619/12), além do pagamentoeletrônico de fretes, e a reduçãoda base de cálculo do Imposto deRenda para categoria, recém-conquistados, bem como oRegistro Nacional deTransportadores Rodoviários deCargas (RNTRC). A alíquota de IRque passou a incidir para ocaminhoneiro autônomo caiu de40% para 10%, e a suamovimentação bancária agorapode ser apresentada como

conquistas para a categoria,China agora foca medidas quegarantam mais segurança nasestradas, e melhores rodovias:"Há mais de 40 anos que não seconstrói uma estrada no País",argumenta, lembrando que asexistentes "estão longe de serplenamente transitáveis".

Outra bandeira do ex-transportador é acabar com ofato de as contratantes fazeremdo caminhão "um armazém",tamanha a demora decorrenteda falta de terminais de carga edescarga em todo o território

comprovação de renda paraacesso ao crédito.

A idade média da frota decaminhões de carga no Brasil éde 20 anos e sua renovação eraum grande problema para oscaminhoneiros autônomos, quenão tinham como comprovarrenda e, portanto, nãoconseguiam obterfinanciamento para a aquisiçãode um novo veículo. O programa"Pró-caminhoneiro", criado paramodernizar a frota brasileira,permite ao profissionalrodoviário autônomo a comprade caminhões novos e usados,de fabricação nacional. Emboraseja uma linha de créditoespecífica, estima-se que vinhasendo usada em menos de 3%até o momento, em razão dainformalidade dos profissionais.

Sempre disposto a novas

nacional. "Os caminhoneirospassam às vezes semanasenfileirados, à espera de umaautorização para pegar ouentregar a mercadoria", explica.

Por fim, José Araújo "China" daSilva vislumbra poder um dia"fazer as pazes com oagronegócio, que ficou "muitobravo" com a aprovação da Leinº 12619/2012", a chamada Leidos Caminhoneiros, que dádireito ao motorista de desfrutarde nove horas de sono, nomínimo, e outras duas para seulazer.

Esta mesma legislação estáagora em tramitação paraalteração do seu texto: enquantoa proposta original sugere ummáximo de quatro horasininterruptas ao volante, háquem defenda estender o prazopara seis horas seguidas. (M.C.)

Page 5: ESPECIAL LOGÍSTICA

terça-feira, 17 de setembro de 2013 ESPECIAL - 5DIÁRIO DO COMÉRCIO

De empilhadeirasa sistema de gestão

Funcionando como uma grande engrenagem, o setor de logística movimenta vários setores

Cyro Aranha:a Combiliftdesenvolveempilhadeirasque deslocama carga commovimentoslongitudinais,o que permitecarregarmercadoriaslongas emcorredoresapertados.

Divulgação

Flores high tech

Depois de fortes oscilaçõesregistradas em 2011 e2012, por conta da entradadas máquinas chinesas no

mercado nacional – o que forçou osconcorrentes a remanejarem preços eperspectivas – e da crise econômicaque castiga a Europa e os Estados Uni-dos, o Brasil atravessa um período demaior calmaria, a despeito de algumaretração no primeiro semestre.

Bem ou mal, o sentimento predomi-nante é o de que o crescimento do mer-cado de logística vai continuar deman-dando, daqui para frente, um númeromaior de equipamentos, para atenderos preparativos para os Jogos Olímpi-cos e a Copa do Mundo, cujas obras de-vem aquecer a comercialização demáquinas e serviços em todas asáreas, já que o governo está investin-do pesado para cumprir prazos.

Jovens empresas, como a Combilift,que em 15 anos de atividade já produ-ziu 20 mil empilhadeiras multidirecio-nais e as exporta para mais de 70 paí-ses, têm encontrado espaço para cres-cer. Segundo o gerente comercial Cy-ro Aranha, "2013 está sendo um anobom, embora pudesse ter sido me-lhor". Mesmo assim, as previsões sãootimistas: "Vamos bater nosso recor-de de vendas e fazer um exercício me-lhor que no ano passado", explica,lembrando que "o potencial do Brasilpara o tipo de negócio que desenvolvea Combilift é muito grande".

Sem concorrentes no País, segundoAranha, a empresa de origem irlande-sa desenvolve empilhadeiras que des-locam a carga com movimentos longi-tudinais – e não transversais –, o quepermite movimentar mercadorias lon-gas ou não uniformes (triangulares,quadradas etc.) em corredores muitoapertados. Em quatro anos, a Combi-lift já comercializou mais de 120 má-quinas no Brasil e trouxe para a suacarteira de clientes empresas do portede uma Alpargatas e Cia. Bandeiran-tes Armazéns Gerais.

Au to m a ç ã o

Longe de prejudicar a atuação dedeterminados segmentos da econo-mia, as oscilações que se têm verifica-do nos últimos meses podem acabargerando oportunidades de vendas. É oque argumenta Ricardo Gonçalves, di-retor de marketing da NeoGrid, fabri-cantel de softwares para a sincroniza-ção dos processos da cadeia de supri-mentos. "Nossas vendas têm crescidoconstantemente em relação ao exer-cício anterior, mesmo com as oscila-ções cambiais e de cenários econômi-cos. Estes cenários impactam váriasempresas por não conseguirem ofere-cer preços, descontos e condiçõescom os quais os consumidores esta-vam acostumados. Ou, pior, o repassedos custos decorrentes das oscilações

ACooperativa VeilingHolambra, responsávelpor 45% da

comercialização de flores eplantas ornamentais no Brasil,adotou ferramentas deidentificação porradiofrequência (RFID) nasembalagens e nos chamadosativos retornáveis – cestos,suportes de cestos, carrinhos,prateleiras e porta-vasos –usados para realizar a logísticaentre produtores, cooperativas,atacado e varejo. Foramescolhidas soluções deautomação para estabelecercomunicação entre os elos dacadeia de suprimentos.

O projeto se destina acontrolar um volume de ativosretornáveis de 1,1 milhão depeças. "O projeto de adoção detecnologia RFID representauma mudança estratégica emtoda a gestão de materiaiscirculantes que utilizamos emnossas operações", explica ogerente de logística efacilidades da CooperativaVeiling Holambra, Jorge PossatoTeixeira. O projeto contempla ouso de etiquetas inteligentes nopadrão global EPC (CódigoEletrônico de Produto), que

integra o portfólio da GS1 Brasil- Associação Brasileira deAutomação. Trata-se de umnúmero único usado paraidentificar cada ativoretornável.

A partir da adoção da novatecnologia, o controle manualdos ativos será eliminado.Atualmente, o sistema conta

Na sequência, o ativo retornapara a cooperativa, passa porhigienização para serreutilizado. O carrinho éequipado com divisórias, porta-vasos, cestos e suportes paraflores e plantas de corte, deacordo com a necessidadeespecífica de cada variedadede produto.

automática das tags RFIDimplantados nos ativosretornáveis, o que torna aoperação muito mais ágil e decontrole mais rigoroso. Oresultado imediato é adiminuição de erros e de custos.A rastreabilidade dessesequipamentos ao longo dacadeia de abastecimento é

de São Carlos (SP).Segundo o assessor da área

de inovação e aliançasestratégicas da GS1 Brasil,Wilson Cruz, cada R$ 1investido em soluções deidentificação por RFID podesignificar um retorno deR$ 2,17.

O retorno do investimento da

com código de barras somentepara os carrinhos da Veiling,usados para o transporte earmazenamento dos produtos.Esse material sai dacooperativa e é abastecido peloprodutor e volta para a Veilingpara distribuição ao mercado.

Com o EPC/RFID,inicialmente, os portais da áreada cooperativa equipados comas antenas serão posicionadosna área de recepção eexpedição de produtos noarmazém da Veiling. Com isso,os portais farão a leitura

outro benefício a ser alcançado.O projeto começou a ser

discutido em 2011 em parceriacom a GS1 Brasil, que orientoutodo processo de adoção dasolução de RFID. A empresaresponsável pela instalação datecnologia é a Coss Consulting,

Veiling Holambra estáprogramado para um períodode dois anos e meio. Somenteem logística reversa, a reduçãoesperada é de 40% no tempogasto com as operaçõesenvolvendo a devolução domaterial circulante.

leva ao aumento de preços", diz.Para minimizar esta pressão sobre o

consumidor final, a cadeia de supri-mentos tem papel-chave e precisaoperar com maior eficiência. "É justa-mente neste ponto que atuamos, sin-cronizando os processos entre os par-ceiros de negócios, permitindo aosnossos clientes planejar a demanda ea reposição conforme o consumo, evi-tar estoques parados ou a falta de pro-dutos – tudo para reduzir custos na ca-deia de suprimentos e adaptar-se àsoscilações sem impactar o consumi-dor", explica Gonçalves.

Segundo o executivo, as vendas desoluções para gestão da cadeia desuprimentos cresceram 36% no pri-meiro semestre, em comparaçãocom igual período do ano passado, ea NeoGrid firmou mais de 3 mil con-tratos na primeira metade de 2013.Ainda de acordo com Gonçalves, a re-ceita advinda dos canais de venda re-presenta, hoje, 22% das negocia-ções da empresa, um aumento de96% em relação ao mesmo períododo ano anterior. "Somamos nossa ex-pertise em gestão da cadeia de supri-mentos ao trabalho desenvolvido re-gionalmente. Com isso, garantimos oacesso das soluções NeoGrid a cadavez mais parceiros", adianta MoacirCardoso, CEO da companhia.

Para o ano que vem, as perspecti-vas são promissoras. "A NeoGridacompanha as previsões dos analis-tas do mercado de supply chain mun-dial, como o Gartner e a IDC, e investeforte em tecnologia para sincronizara cadeia de suprimentos, seguindoas últimas tendências, como compu-tação em nuvem, mobilidade, big da-ta e social business. Com isso, acredi-tamos que as vendas continuarão emalta, independentemente das oscila-ções econômicas. Contamos tam-bém com o fato de que a eficiência nacadeia é algo que as indústrias, os va-rejos e os outros parceiros de negó-cios sempre buscarão", adianta Gon-çalves. (M.C.)

A VeilingHolambraadotou atecnologiaRFID nasembalagens eativosretornáveis

Divulgação

Page 6: ESPECIAL LOGÍSTICA

terça-feira, 17 de setembro de 20136 -.ESPECIAL DIÁRIO DO COMÉRCIO

Bons ventos parao setor portuário

Este tipo de modal foi responsável pela movimentação de 76,7% do comércio internacional brasileiro

Estudo realizadopelo Ipea mostraa necessidade deinvestir R$ 42,8bilhões neste setor

Div

ulga

ção

Pela modernização deportos e aeroportos

BR Atlântica: pronta para uso

Calcula-se que hajamais de 1 milhão deempresas de

transporte rodoviário noBrasil, responsáveis por 63%da movimentação demercadorias, a um customais alto em comparaçãocom outras modalidades,como a cabotagem, queresponde hoje por menos de10% da matriz de transportenacional, o equivalente a201 milhões de toneladas.

"Precisamos ter custoslogísticos para conseguircompetir com nossosconcorrentes internacionais.É um trabalho conjunto entreempresariado e governo, euma opção para conseguir

reduzir esses custos é usaresse recurso fornecido porDeus: a BR Atlântica", afirmouJoão Arthur Mohr, consultor doConselho de Infraestrutura daFederação das Indústrias doEstado do Paraná (Fiep), naabertura do 1º SeminárioNacional de Cabotagem eIntermodalidade, realizadoem Paranaguá em agosto.

A BR Atlântica a que sereferiu Mohr são os 7.500quilômetros navegáveis da

costa brasileira, umaestrada marítima que já estápronta para o uso, semgastos com construção nemcom desapropriação. "Acabotagem pode ser umaalternativa eficaz enquantoos investimentosdecorrentes do novo marcolegal dos portos não sãoconcluídos", avaliou AdãoProença, assistente deplanejamento da Empresade Planejamento e Logística(EPL), a estatal incumbida deorientar o desenvolvimentoda infraestrutura do País.

Segundo Gustavo Costa,gerente de cabotagem daAliança Navegação eLogística, esse modal

apresenta várias vantagensem relação aos demais,porém é mais demorado.Essa foi a principal razãopara a cabotagempraticamente deixar de serusada no final dos anos 1980até meados da década de1990, quando o Brasil viveuseus piores momentos deinflação e cada dia a maispara entregar umamercadoria acarretavasignificativo prejuízofinanceiro. "Hoje, a situaçãomudou e, segundo o Institutode Logística e Supply Chain(Ilos), para cada contêinertransportado porcabotagem, há potencialpara outros três", disse

Costa. Projeção apresentadano seminário por EdsonDalto, técnico doDepartamento deTransporte e Logística doBanco Nacional deDesenvolvimento Econômico e Social (BNDES), tambémbaseada em estudo do Ilos,mostra estimativa decrescimento de 7,6% ao anopara a cabotagem até 2021.

Descobrindo o Brasil

O novo porta-contêineresque faz parte do programade renovação da frota daAliança Navegação eLogística já está emoperação. Batizado de Pedro

Álvares Cabral, ele é osegundo de uma série dequatro navios idênticos comcapacidade nominal de3.800 TEUs (equivalente aum contêiner de 20 pés) e500 tomadas paracontêineres refrigerados.

Com a chegada do PedroÁlvares Cabral, a Aliança jáconta com 50% dos novosnavios encomendados. Aprevisão é de que todosestejam em operação até ofim do terceiro trimestre. Oprimeiro navio da nova frotada empresa, o SebastiãoCaboto, já está em operaçãoem plena carga desdefevereiro. Foram investidosR$ 450 milhões nos navios.

Banhado pelo oceanoAtlântico desde o CaboOrange até o arroioChuí, ao longo de uma

faixa litorânea de 7.408 quilôme-tros, o Brasil incorpora tradicio-nalmente à sua matriz de trans-portes uma contradição, que sereflete em dados apresentadospela Fundação Dom Cabral e Fó-rum Econômico Mundial: em2009, num ranking de 134 paí-ses, o País ocupava a 123ª posi-ção em qualidade dos portos.

Mais: em 2007, o modal portuá-rio foi responsável pela movimen-tação de 76,7% do comércio inter-nacional brasileiro, somando tran-sações de mercadorias que perfi-zeram cerca de US$ 188 bilhões.Ainda assim, seu potencial aqua-viário é praticamente inexplora-do: são cerca de 40 mil quilôme-tros de rios navegáveis e quase 7mil quilômetros de costas maríti-mas com forte potencial de trans-porte de cargas e passageiros.

O que falta para dar aos portosnacionais um novo impulso?

Por mais que os estudos apon-tem que os custos de transportenos modais ferroviário e aqua-viário são mais acessíveis paragrandes distâncias e maior volu-me de carga, o fato é que o aportede dinheiro para construir, am-pliar, modernizar e recuperaráreas portuárias é gigantesco.

Em mapeamento proposto pe-lo Ipea (Instituto de PesquisaEconômica Aplicada), foi identifi-cada a necessidade de 133 obrasde construção, ampliação e recu-peração de áreas portuárias,num total de R$ 20,46 bilhões; 45

obras de acesso terrestre, aopreço de R$ 17,29 bilhões; 46serviços de dragagem e derroca-mento, num total de R$ 2,78 bi-lhões; e 41 obras de infraestrutu-ra portuária, totalizando R$ 2,34bilhões – isto é, investimentos deR$ 42,88 bilhões.

Entre as construções necessá-rias, dez se referem à implanta-ção de novos portos ou terminaisportuários, perfazendo um total

de quase R$ 4,18 bilhões.Entre estas novas obras, algu-

mas têm vocação para atenderexclusivamente o comércio ex-terior, como é o caso do comple-xo portuário do Mercado Comumdo Sul – a ser construído na Pontado Poço, município de Pontal doParaná –, projetado para operarapenas com contêineres. Outrosse destinam ao escoamento deprodutos ou setores específicos,

como o porto de Espadarte, noPará, voltado para a comerciali-zação da produção regional degrãos, minério de ferro, manga-nês, ferro gusa e cobre.

Capital privado

Se o volume de recursos ne-cessários engessou o setor por-tuário durante décadas, a recen-te regulamentação da Lei dos

Portos, em junho último, prome-te lhe abrir novas perspectivas.Com a entrada em vigor da Lei nº12.815, de 5 de junho de 2013, edemais disposições legais queregulam a exploração de portosorganizados e instalações por-tuárias, a atividade deve ganharum sopro de modernização, gra-ças à licitação de terminais parainvestidores particulares.

Para Roberto Accioly Peotta,diretor da R.Peotta/Progen, em-presa de engenharia consultivamultissetorial, o acanhamentodo modal portuário se devia "à in-certeza na regulamentação dosportos, principalmente no quediz respeito aos terminais de usoprivativo". "Agora, um passo im-portante já foi dado, com a novaLei dos Portos sendo sanciona-da", avaliou Peotta, lembrando,todavia, que, sozinha, a legisla-ção não vai conseguir reverter oquadro, uma vez que diversos in-vestimentos inerentes ao poderpúblico ainda devem ser feitos."Há que se promover melhoriasnos acessos rodoviários, implan-tar um sistema logístico inte-grando portos e ferrovias e apli-car recursos em dragagem",e n u m e r o u o e x e c u t i v o d aR.Peotta/Progen.

Há 26 anos no mercado, a Pro-gen atua em engenharia consulti-va. Com capital 100% nacional efaturamento de R$ 425 milhõesem 2012, a empresa se destacanos segmentos de mineração, si-derurgia, petroquímica, fertilizan-tes, papel e celulose, cimento e in-fraestrutura (portos, ferrovias, ae-roportos e rodovias). (M.C)

OCOMUS - Comitê deUsuários dos Portos eAeroportos do Estado

de São Paulo, órgão de consul-ta da Associação Comercial deSão Paulo (ACSP), completa nopróximo mês 20 anos de atua-ção. A criação do comitê, emoutubro de 1993, surgiu nocontexto das conclusões e re-comendações do seminário"Modernização portuária -perspectivas para o setor pri-vado", promovido pela ACSPem junho do mesmo ano. Des-de a sua criação, o COMUS é co-ordenado pelo economista Jo-sé Cândido Senna.

O comitê tem entre os seusprincipais objetivos a dissemi-nação do conhecimento dequestões relacionadas à efi-ciência dos portos e aeroportoslocalizados no Estado de São

Paulo, no contexto de sistemaslogísticos de exportadores eimportadores.

O grande marco do COMUSnesses 20 anos foi o ProjetoPorto 24 Horas, que saiu dasdiscussões internas e doseventos promovidos pelo co-mitê. "Trata-se de um instru-mento de racionalização paraque se possa, assim que hajapresença de carga, de maneiraininterrupta, receber as decla-rações de importação, de ex-portação, as de trânsito adua-neiro, processá-las de formacontínua 24 horas por dia, setedias por semana, de tal formaque se possa reduzir o tempode permanência de contêine-res nos terminais. Com isso, seaumenta a eficiência logísticade toda região portuária, poisquando se retém cargas, há

uma propensão de se reter veí-culos – para uma mesma quan-tidade de carga a ser movimen-tada, se coloca mais veículosem circulação para fazer omesmo transporte", explicaSenna. Ele observa que hoje,uma carga que chega de navioao Porto de Santos fica mais de16 dias esperando a liberação,enquanto que em outros paí-ses esse tempo é de 3 dias.

Senna conta com orgulhoque, em abril deste ano, a Se-cretaria Especial de Portos(SEP) da Presidência da Repú-blica anunciou apoio ao ProjetoPorto 24 Horas, com vistas a fa-cilitar operações portuáriasininteruptas, 24 horas por dianos sete dias da semana, in-cluindo-se feriados. Na primei-ra etapa, foram contempladosSantos, Rio de Janeiro e Vitória.