erro humano/tecnologia
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8/17/2019 Erro Humano/Tecnologia
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E R G O N O M I
Insensatez e
acidentes
uso smutân ode novas tecnologias pode tirar o oco dos trabalhadores
•
Hudson
d e r a ú j o outo
A prevenção de ac identes vem so
frendo uma derrota nos
últimos
t em
pos que parece ser irreversível: o uso
insensa to dos equipamentos de co
m un i c a ç ã o . N ã o s e pode a f i r m a r
quando a insensa tez começoumas
provavelmente foi a part i r da dispo
nibilização de três tecnologias que a-
p a r e c e r a m s i m u l t a n e a m e n t e n o
mu ndo : o t e l e fone ce lu la r , o mp 3
player e os minicomputadores nos
panésde veículos sem falar nos
smar tphones . Você pode não t e r s e
dado conta, mas esses aparelhos po
dem a um enta r o ri s co de ac identes ,
t i rar o foco do t rabalhador, aémde
exigir que ele lide com a simultanei
dade .
Estar focado é um dos princípios
mais impor tantes na prevenção de
acidentes do t rabalho, especialmen
te em tarefas críticas como a opera
ção de equipam entos
móveis
por e-
xemplo. Com o mp3 player, o t raba
lhador pode perder a a t enção. Sua
audição , s ent ido fundamenta l pa ra
mantê-lo em es tado de alerta e evi
tar perigos , é prejudicada pelo uso
dos fones de ouvido. usuárioouve
múscaem vez de pres ta r a tençã o ao
meio que o cerca e à a t ividade execu
tada. Passa a ser vítima
fácil
de a t rop e
lamentos e ladrões de cartei ra na rua e ,
no t rabalho, perde a capacidade de per
ceber s i tuações perigosas .
O telefone celular possibilita o conta-
to entre o ges tor e seus subordinados ,
onde quer que es tejam, mas muitos pas
saram a fazer chamadas
teefóncas
de
qualquer lugar, sem considerar os peri
gos . Falar do r isco de se atender ao ce
lu la r durante a conduçã o de um
veículo
é desnecessáriomas a contradição está
no fato de que muitas empresas exigem
o uso de celular para dar orien-
^̂ k̂ tacões aos mes mo s t rabalha-
\
dores a quem dizem que é
Hudson d e r a ú j o outo - Médico
do
Trabalho doutor
em administra
ção
coordenador
d o
curso
de pós-
graduação em Medicina do
Trabalho e consultor d e empresas.
Parte I
proibid o utilizar. Nas rua s, a pes soa falan
do ao celular tambémperde o foco: olha
pa r a o chão para discar o númerodeseja
do e tropeça coloca o celular preso ao
pescoçopodendo causar um desvio pos
tural .
Mas não foram o celular e o mp3 player
que introduziram essa ma rcha da insensa
tez. Antes disso, caminhões de minerado-
ras já vinham eq uipados com c om putad o
res de bordo que t i ram a atençã o do moto
rista para o principal: a estrada e o cont ro
le do veículo. Quantas e quantas vezes
presenc iamos , nas mineradoras , "quase -
acidentes" e acidentes de fato em que o
motor i s t a é chamado pe lo rádio com a
expec ta t iva de respos ta rápida alémde
te r que ent ra r com uma sériede dados
no computador de bordo, enquanto con
duz o veícuo?Nos auomóveso diferen
cial deixou de ser a qualidade do
banco, a mac iez da suspensão , o
enga te prec i so de marchas , o de
sempenho ou a economia de com
bustível.
Agora é o mini televisor
que vem bem n o meio do painel qu e
provoca desvios de atenção e per
da de foco. Como se não bas tasse,
depoi s v ie ram os smar tphones e
passam os a ver motoris tas dir igindo
ao mesmo tempo em que enviam e
lêem men sagen s . A per da de foco
chegou ao seu ponto máxmo
Em minha atividade profissional,
com f requênc ia sou t ranspo r tado
por motoris tas "profiss ionais" que
me buscam no ae ropor to e me l e
vam até a em pre sa, a cen ten as de
quilómetros. Antigamente, eu not i
ficava à
área
de t ranspor te da em
presa cont ra tante que o motor i s t a
não dev eria usar o te lefone celular
enquanto dir igia . Eu era "o chato" .
Atualmente, não sei mais o que fa
zer , pois passou a ser natural que
motoris tas profiss ionais e taxis tas
a t e nda m
o
celular dirigindo, nem se
dando ao t rabalho de parar o veí-
culo pa ra responder à chamada .
Qual é o nosso pape l como pre -
vencionistas? Definir limites e co
b r a r o seu cumpr imento . Fund amen ta l
mente, não é porque uma tecnologia é
possíveque ela deva ser adotada. So
mos um povo t radic iona lmente pe rm is
s ivo e pagamos um preçoalto por isso.
O profissional do SESMT tem agora m n
gran de desafio: o de reforçaràs pessoas
a necess idade de focar no que es tão fa
zendo e de "criar caso" contra as novi
d a d e s
tecnoógcas
di sponib i l i zadas ,
mu itas vezes já incorp oradas à rot ina de
trabalho. Tenho dúvdasde que i remos
nos sair bem nessa emprei tada, mas é
preciso insistir. Caso contrário t e remos
que dizer, frustrados, abatidos e resig
nados: OK insensatez, você venceu
B
próxmo
úmro
A necessidade de lidar com simul-
taneidade
9 2 REVSTA PROTEÇÃO
JULHO 2012