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Ensino de Filosofia, Escola, Infâncias

Copyright © 2018, Jair Miranda de Paiva (Org.).Copyright © 2018, Editora Milfontes.Rua Santa Catarina, 282, Serra - ES, 29160-104.https://[email protected]

Editor Chefe: Bruno César Nascimento

Conselho EditorialProf. Dr. Arnaldo Pinto Júnior (UNICAMP)

Prof. Dr. Edson Maciel Junior (UFES)Prof. Dr. Ueber José de Oliveira (UFES)

Profª. Drª. Záira Bomfante dos Santos (CEUNES - UFES)

Jair Miranda de Paiva(Organizador)

Ensino de Filosofia, Escola, Infâncias: Ensaios e Encontros

Editora MilfontEs

Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra poderá ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação digital) sem a

permissão prévia da editora.

Revisão

Sob a responsabilidade exclusiva dos organizadores

Coordenação Técnica

Bruno César Nascimento

Imagem da Capa

Berçário e Jardim de infância Hanazono - ArchDaily

Bruno César Nascimento - aspectos

Projeto Gráfico e Editoração

Cristhian Fontana Mattiuzzi

Impressão e Acabamento

GM Gráfica e Editora

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

E59 Ensino de Filosofia, escola, infâncias: ensaios e encontros / Jair Miranda de Paiva (organizador). Serra: Editora Milfontes, 2018.156 p.: il.: 20 cm

Inclui BibliografiaISBN: 978-85-94353-14-6

1. Educação 2. Ensino 3. Filosofia I. Paiva, Jair Miranda deII. Título

CDU: 37.02

Sumário

Prefácio ...........................................................................................7

Apresentação .................................................................................9

Esboço para uma ontologia da educação como ontologia do presente ..........................................................................................13

Jair Miranda de Paiva

Para uma cartografia do programa escola sem partido .....45Jair Miranda de Paiva

O ensino de filosofia na educação básica brasileira: das origens históricas à experiência de pensamento .......................................... 65

Jair Miranda de Paiva, Andréa Scopel Piol

A invenção de um ensino de filosofia: experiências de pensamento no ensino médio .....................................................99

Andréa Scopel Piol

O sabor das infâncias: experiências filosóficas com crianças numa escola pública municipal de São Mateus, ES .............133

Mauro Britto Cunha

Os Autores .....................................................................................155

Jair Miranda de Paiva (org.)

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Prefácio

Orientações infantis sobre como o pensamento vem

O livro Ensino de filosofia, escola, infâncias: ensaios e encontros, organizado por Jair Miranda de Paiva, Andréa Scopel Piol e Mauro Britto Cunha, é uma amostra da produtividade do grupo de pesquisa que vem trabalhando com muita força e compromisso, coordenado pelo professor Jair Paiva, dentro do campo do ensino de filosofia, no âmbito do Mestrado em Ensino na Educação Básica do Ceunes (Centro Universitário do Norte do Espírito Santo), campus interiorizado da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), localizado em São Mateus, ES.

Um dos aspectos mais interessantes do livro – e, de um modo mais geral, do trabalho do grupo – é a forma em que tenta reunir uma prática concreta e experiencial em escolas a uma reflexão teórica sobre essa prática, a partir do acompanhamento das experiências filosóficas ensaiadas em escolas municipais de São Mateus, ES.

Nesse sentido, o livro apresenta cinco textos, os três primeiros mais teóricos e os dois últimos mais práticos. Os textos mais teóricos abrangem desde uma ontologia da educação até uma breve arqueologia do ensino de filosofia no Brasil, passando por uma cartografia do conservador “Escola sem Partido”. Os textos mais práticos estão concentrados, um, no ensino de filosofia em nível médio e o outro está mais concentrado na educação infantil, incluindo também uma passagem pela história das práticas filosóficas com crianças no Brasil e, mais especificamente, em São Mateus, ES.

É um livro ousado, corajoso, e que dá conta de um percurso a ser apreciado e acompanhado. Ele mostra o compromisso dos membros do projeto com a escola e a filosofia e, de modo mais amplo, com

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uma escola filosófica, a qualquer idade. É também uma homenagem à infância, um livro infantil, no melhor sentido da palavra: uma experiência de criação e novidade. Se algum leitor tiver alguma dúvida a respeito, o convido a colocar atenção, em particular, na última parte do último texto, onde crianças bem pequenas nos dão uma orientação sobre como entra em nós o pensamento. Essas crianças mostram, mais uma vez, que, para que o pensamento venha, é só questão de dar um pouco de atenção à infância.

Os leitores interessados no pensamento e na infância poderão tirar muito proveito desse exercício de pensamento infantil que é Ensino de filosofia, escola, infâncias: ensaios e encontros.

Walter Omar Kohan1

Vancouver (Canadá), julho de 2018

1 Doutor em Filosofia (Universidad Iberoamericana, México), Prof. Titular de Filosofia da Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Jair Miranda de Paiva (org.)

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Apresentação

Este livro reúne alguns escritos relativos a pesquisas e estudos realizados no âmbito do Mestrado em Ensino na Educação Básica do Ceunes (Centro Universitário do Norte do Espírito Santo), campus interiorizado da UFES (Universidade Federal do Espírito Santo), localizado em São Mateus, ES, entre 2014 e 2017. Procura estabelecer diálogo entre universidade e escola básica públicas, articulando pesquisas sobre ensino de filosofia na educação básica, tangenciando ensino médio, educação infantil e ensino fundamental.

Em que pese a modéstia dessa coletânea, sentimo-nos gratos à universidade brasileira que, mesmo em contexto adverso, possibilita o acesso a estudos de pós-graduação a docentes do interior. Por isso, compartilhamos a alegria de sua realização numa dupla acepção. Em primeiro lugar, porque representa um gesto afirmativo por parte de docentes da educação básica, que se dispuseram a aprofundar seus estudos, mediante leituras e pesquisas no mestrado, em prol de uma docência mais qualificada e significativa. Em segundo, porque mostra que a Universidade, no seu triplo papel de ensino, pesquisa, extensão, pode contribuir com a escola em todos os seus níveis e modalidades, articulando-se em grupos de pesquisa, em cursos de pós-graduação, seminários e publicações, potencializando a escrita por parte dos professores, abrindo horizontes para que o cotidiano escolar se veja como de fato é, ainda que por vezes invisível: lugar de criação e resistência no ofício de ensinar e educar crianças, jovens e adultos.

Queremos também situar esse livro no contexto do presente de nosso país, em que sua publicação se reveste, a nosso ver, de fundamental importância política, ética e epistemológica, pois a escola pública ainda se vê às voltas com o histórico descaso por parte da sociedade brasileira, o que a confina a um lugar de pouco prestígio e

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alardeada incompetência, agravado pelas avaliações em larga escala, que mais estigmatizam do que transformam, reafirmando lugares de exclusão já definidos pelo abandono.

Sabemos que não há projeto de país que não passe pela escola. Ouvimos isso há tempos. E sabemos que nossa elite e nossa sociedade ainda não construíram essa escola que queremos para todos e não só para uma parte dela. Escola como lugar do que Masschelein e Simons, recuperando sua proveniência grega, chamam Skholé, tempo livre, tempo de abrir o mundo diante de nossos alunos e alunas, mais do que de preparação para o trabalho, cidadania ou moralização.

Dessa forma, gostaríamos que este livro representasse, mesmo com suas debilidades, o convite para que possamos, juntos, dizer sim à vida escolar com mais sentido, com mais potencialização mediante estudos, escrita, encontros que produzam afetos positivos ou, como nos diz Espinosa, filósofo holandês do séc. XVII, a alegria resultante da ampliação do conhecimento do mundo e de si, constituindo coletivos afirmativos.

Seguindo Foucault, que inspira o primeiro e segundo capítulos deste livro, é preciso problematizar o presente, sobretudo no contexto em que a escola (pública e privada) se torna alvo de um dos mais insidiosos ataques de obscurantismo político-ideológico de que se tem notícia em nosso país, com incentivo a que estudantes delatem professores por seu ensino, sua fala... Referimo-nos, infelizmente, a um movimento que, em nome de uma enviesada proposta de neutralidade da escola, de uma suposta proteção de crianças e jovens, na verdade pretende doutriná-los mediante a identificação com ‘partidos’ fundamentalistas religiosos e armamentistas, defensores de pautas conservadoras no campo moral, privatizantes no campo econômico e fascistas no campo político.

Queremos nos juntar a tantos docentes, pesquisadores (as) que acreditam no potencial de transformação das vidas de discentes, professores e gestores através da escola. E, sobretudo, cremos que nós, professores, temos um papel a cumprir em seus corredores e salas de aula, sendo o ensino a principal delas, e a pesquisa seu complemento

Jair Miranda de Paiva (org.)

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indispensável, para que não se imobilize a inquietude que nos move à educação, à docência, à escola, à vida, afinal. Pois entendemos que docentes, independentes de seu lugar na estrutura hierárquica da educação (básica, superior) podem e devem envolver-se em projetos comuns e empreendimentos que visem à melhoria da escola em nosso país. Esperamos que os três capítulos finais demonstrem essa possibilidade do que buscamos fazer no Ceunes, em São Mateus. Afirmamos, assim, uma outra maneira de habitar o território escola-universidade: igualitário, amoroso, ético, fascinados pela docência em seus desafios e descobertas.

Chamamos, sim, a um gesto de resistência. Na melhor tradição que conhecemos (de Gandhi, Mandela, Freire e tantos outros que resistem anonimamente): pacífica, amorosa, coletiva, igualitária, ética... Desejamos, somando aos infinitos gestos cotidianos de ensinar, aprender e conviver na escola, oferecer essa modesta coletânea (ou miscelânea) de escritos às vozes que buscam firmar um gesto de amor à educação, aos (às) estudantes e aos (às) profissionais que fazem todos os dias da escola um lugar alegre, colorido, cheio de vida, movimento, amizade e convivência.

Este livro não existiria, ainda, sem a inspiração, a generosidade e a hospitalidade manifestadas nos escritos e na vida do Prof. Walter Kohan que, mediante seus livros, artigos e, mais recentemente, seus seminários na UERJ e experiências de formação, sobretudo aquela de Ilha Grande, Rio, em julho de 2017, possibilita a tantos e tantas docentes reencontrar-se com sua infância filosófica intensa e marcante.

Que ousemos viver infâncias como nos convida Kohan em suas obras: como símbolo da renovação, do pensar diferente sempre de novo, como espaço de liberdade e criação do pensamento e da vida, imagem de ruptura, de descontinuidade, de quebra do estabelecido. Que inventemos infâncias! Que criemos espaços para a experiência no interior de nossas instituições, como tem nos sugerido o filósofo da educação de origem argentina.

E, acima de tudo, convidamos a outros que criem infâncias conosco. Somos muitos. Estamos no país inteiro, no mundo, ao lado.

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Na sala de aula. Nos corredores e na sala de professores. Basta que nos encontremos. Pelas redes. De ônibus. Avião. De barco. Em chão de terra batida. Aqui e ali. Lá e acolá.

São Mateus, ES, agosto de 2018

Jair Miranda de Paiva

Seminário Internacional Educação Filosofias Infâncias

“Filosofar com infâncias: resistir na escola”