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DIREITO EMPRESARIAL III – FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESA- PROF. LACÊ 01.08.2012 FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS Lei 11.101 de 2005 – Trata de falência e recuperação de empresas. Essa lei tem natureza jurídica essencialmente processual, que vai atacar patologias de ordem econômica e financeira. Alguns chamam de processo de falência e recuperação. Lei falimentar nova de 2005 – não extinguir a atividade por nociva, mas otimizar os resultados para que a sociedade empresarial obtenha vantagens. Recuperação de empresa e falência, ambas hipóteses decorrentes de uma situação de dificuldade econômica, uma mais branda, outra mais severa. A mais branda pode ser objeto de uma reestruturação através da recuperação e a mais aguda (nociva) a fim de que se evite o efeito das maçãs podres deve ser usada imediatamente, pois a economia padece do fenômeno cascata negativa (a dificuldade econômica de um projeta ao outro). Quanto mais cedo se detectar a dificuldade e verificar a possibilidade de recuperar a atividade deve ser extirpada do seio da economia. A falência tem consequências jurídicas maiores pela sua complexidade. O objetivo é extinção da atividade econômica para tentar minimizar os prejuízos decorrentes dessa anomalia. A Lei 11101/2005 é voltada exclusivamente para a atividade empresarial. O CC/2002 contemplou essa matéria no Livro II – Teoria da empresa – art. 966 . Empresa – art. 966 trata do empresário e trata da empresa. A empresa será observada na modalidade individual e coletiva – sociedades empresárias – fenômeno jurídico que

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Page 1: Empresarial III[1]

DIREITO EMPRESARIAL III – FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESA- PROF. LACÊ

01.08.2012

FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS

Lei 11.101 de 2005 – Trata de falência e recuperação de empresas. Essa lei tem natureza jurídica essencialmente processual, que vai atacar patologias de ordem econômica e financeira. Alguns chamam de processo de falência e recuperação.

Lei falimentar nova de 2005 – não extinguir a atividade por nociva, mas otimizar os resultados para que a sociedade empresarial obtenha vantagens. Recuperação de empresa e falência, ambas hipóteses decorrentes de uma situação de dificuldade econômica, uma mais branda, outra mais severa. A mais branda pode ser objeto de uma reestruturação através da recuperação e a mais aguda (nociva) a fim de que se evite o efeito das maçãs podres deve ser usada imediatamente, pois a economia padece do fenômeno cascata negativa (a dificuldade econômica de um projeta ao outro). Quanto mais cedo se detectar a dificuldade e verificar a possibilidade de recuperar a atividade deve ser extirpada do seio da economia.

A falência tem consequências jurídicas maiores pela sua complexidade. O objetivo é extinção da atividade econômica para tentar minimizar os prejuízos decorrentes dessa anomalia.

A Lei 11101/2005 é voltada exclusivamente para a atividade empresarial. O CC/2002 contemplou essa matéria no Livro II – Teoria da empresa – art. 966 .

Empresa – art. 966 trata do empresário e trata da empresa. A empresa será observada na modalidade individual e coletiva – sociedades empresárias – fenômeno jurídico que desenvolve a atividade empresaria – é uma atividade econômica abrangida e assistida pelo sistema jurídico.

Fatores:

Histórico - tempoGeográfico – local

Patologia financeira – quando se verifica pelo fluxo de caixa da empresa a dificuldade de honrar compromissos à curto prazo. Uma das soluções seria tomar empréstimo em instituições financeiras, ou também convocar os sócios em assembléia para aumentar o capital social através de subscrição.

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Patologia econômica – É obtida através de uma comparação contábil entre o ativo e passivo da empresa, visando demonstrar se há insolvência. Nesse caso, a empresa deve decretar a falência.

Antigamente fazia o processo de falência sem a lei processual.A lei 11.101 trouxe celeridade e segurança ao processo de falência.

Insolvência – é a incapacidade da empresa de solver seus compromissos tanto a curto quanto a longo prazo. Ter mais obrigações do que direitos.

A atividade empresarial como técnica de atividade econômica necessita ter uma função social que se justifica como atividade humana.

A função social da empresa é mais fácil de todas as funções sociais:1. É a única capaz de gerar impostos que serve para o governo cumprir sua função social2. Sustento para a família3. Empresa produz salários, impostos e fundamentalmente produtos e serviços

Ex: TV em cores – antes para ser comprada precisava vender um pedaço de terra, hoje é com facilidade a compra por ser um produto mais barato.

Ex: Celular – antes financiamento, hoje se consegue com pontos da empresa.

É a conclusão de uma atividade empresarial organizada dos fatores de produção que permite a empresa colocar um produto de serviço menos oneroso para a comunidade.

ATENÇÃO:Só vamos trabalhar com falência e recuperação da empresa, se não for empresa (Sociedade simples, cooperativa) não está contemplada. Colocar antes de perfis objetivo, subjetivo, corporativo, organizacional.

Obs. Não são todas as empresas atingidas pela falência e recuperação

Quem pode falir? Sociedades que se enquadram na lei das falências:Sociedade em Nome Coletivo Sociedade em Comandita Simples Sociedade Limitada Sociedade Anônima Empresário individual

Não podem falir:Sociedade Simples – não pode falir porque não é empresária. Se fosse empresária, não seria simples (lembrar do artigo 966). Porque ela não oferece interesse econômico para que haja lei para preservá-la. Sociedade simples não é empresária, porque se fosse não seria simples

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Crítica a Lei 11101/2005Direito de recuperação de empresa e direito falimentar com o novo perfil

contemporâneo deve ser examinado sob o ponto de vista negocial, isto é, a falência e recuperação devem ser vistas como um negócio e negócio sempre têm um objetivo qual seja o de ter um resultado positivo mais favorável possível. A atividade de falência e recuperação é uma atividade que deve ser analisada sob o ponto de vista negocial. É buscado procedimento na lei para tentar recuperar empresa que realiza atividade econômica e que não está muito bem. Se for possível de ser recuperada, reestruturada e colocada a serviço da sociedade tem procedimentos. A empresa é o centro de bens e serviços e recursos. Preservar toda a empresa que é passível de ser preservada e extinguir toda a empresa que é nociva para a sociedade como um todo – Isto é visto como negócio.

Atividade da lei 11101/2005 tem uma idéia negocial – otimização de recursos econômicos que se não for individual será social – a lei serve para minimizar os prejuízos.

Logo que surgiu a lei, estourou o caso VARIG. A lei acabou contemplando a recuperação – GOL/VARIG

Crítica da Lei 11101/2005 para a microempresaFalência e recuperação devem ser tratadas como um negócio.Falência e recuperação se são um negócio, tem que ser atrativo para

que os agentes econômicos façam esse negócio. Atrativos no sentido de ganhar alguma coisa ou de perder menos.

As pequenas e microempresas serão atrativas em situação de patologia?

O mercado do Zé que está quebrando, será atrativo?

As grandes empresas possuem elementos atrativos, mas as pequenas empresas não nem os empresários individuais – Problema não está na lei, mas no modelo econômico que é desenvolvido.

Negócio é o que se faz para obter um resultado positivo, que não é só para mais, mas também para diminuir o menos.

Na falência quando se fala em otimizar resultados, a empresa tem um acervo patrimonial que se chama perfil objetivo que em situação dinâmica (em funcionamento) tem um valor X, mas em situação desativada tem valor X MENOS...

Ex: Estaleiro Só – falência decretada em 1975. Guindaste – valor de alguns milhares de dólares (desativados enferrujando) – não podia ser alienado pelo decreto-lei 7661, pois não permitia a alienação de ativos. A venda do acerto só depois dos créditos e o patrimônio desapareceu.

Para a aula utilizar:

Lei 11.101/2005Decreto Lei 7661/40Lei complementar 119

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Lei 6024/74Bibliografia:

Comentários a lei de falência – Fabio Ulhoa CoelhoCurso de Direito Comercial Volume III – Marlon TomazettiTeoria Falimentar e regime Recuperatório – Luiz Inácio Vigil Neto

Próxima aula

08/08

Histórico da FalênciaInsolvênciaSujeitos da FalênciaPressupostos gerais da falência

15/08

Aula Magna

22/08

Pressupostos da FalênciaFases falimentares

29/08

Efeitos da Falência

05/09

Efeitos da falência, Devedores, Credores, bens e contratos.

12/09

Arrecadação de bens na falênciaRestituiçãoRevisão

19/09

G1

26/09

Habilitação de créditos e classificação de créditos

03/10

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Congresso do Direito10/10

Realização do Ativo Pagamento dos credores

17/10

Inquérito FalimentarEncerramento e extinção da falência

24/10

Questões Penais falimentares (trabalho em aula)

31/10

Recuperação e concordata

07/11

Tipos de Recuperação

14/07

Liquidação extrajudicialRevisão

21/10

G2

05/12

Substituição

DIA 08/08/12

1º Natureza Jurídica Processo de Falência: Direito mercantil nasce da necessidade de circulação de mercadorias de forma organizada. Direito mercantil, quando nasceu não tinha fonte de regulamentação, o poder era eclesiástico e para estes obter resultado pela venda de bens era pecado. Então precisava de uma organização paraestatal (fora do Estado), que eram as corporações de mercadorias. Dentro das Corporações não se admitia frustração de negócios (comprar e não pagar) então criou-se uma teoria para

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evitar isto, então falência iniciou para punir (ideia matriz), considerar o devedor em dívida, era o empresário indigno e que sofria penas.

O comerciante enquadrado nesta categoria poderia sofrer sanções físicas (como execução Romana). Os credores quebravam as bancas dos comerciantes indignos (homens de má-fé), perdia personalidade civil.

A lei atual tem um capítulo inteiro de Direito Penal.Hoje para concretizar a falência, é preciso um processo de execução,

onde o credor titular de um crédito munido de um título executivo vai a juízo buscar a satisfação no patrimônio do devedor. Na falência, com o processo pode-se atingir todo o patrimônio do devedor para ser compartilhado entre os credores.

Há uma abrangência total (universalidade de bens). Falência é um processo de todos os credores para buscar todo o patrimônio do devedor.

Não ficou afastada a punibilidade na lei atual por questões históricas e hoje é tratada como uma execução coletiva. A Lei 11.101, tem também a perspectiva negocial porque o objetivo é manter a empresa para que esta não vá a falência.

Natureza Jurídica: execução coletiva e preservação da empresa – preservar a atividade econômica.

Falência é um conceito econômico que decorre da insolvência.Processo de falência é para tentar resolver os problemas de uma

empresa que está com dificuldades financeiras. O empresário vai morrer, mas o negócio não. O Direito tem a função social de manter a empresa.

2º Quem pode falir? Quem pode pleitear recuperação de empresa?Em ambos os casos é o empresário, pois é este que atua a empresa.

Empresário cfe. o art. 966 CC é aquele que exerce profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou circulação de bens ou de serviços.

O empresário pode ser: * de forma individual * de forma coletiva, através da Pessoa JurídicaPessoa Jurídica tem que verificar que ASSOCIAÇÕES e FUNDAÇÕES

não entram na categoria de empresa. Sociedade empresária é o empresário de forma coletiva e é esta sociedade que interessa para a lei.

O empresário individual pode ser: * Regular * Irregular

Irregular: é aquele que não está devidamente registrado. Está limitada a falência PASSIVA. Não pode requerer recuperação e nem a falência porque a lei não o protege. Neste caso pode ser feito uma insolvência civil, já que ele não é um empresário regular, cfe. art. 748 CPC.

Regular: pode pedir tanto recuperação ou falência. Ele é o sujeito da recuperação ou da falência. Pode ser tanto sujeito ATIVO como sujeito PASSIVO. A recuperação pode ser judicial ou extrajudicial.

A falência e a recuperação é destinada a empresa, que pode ser: * individual

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* coletivaNo caso de empresa Individual pode ser: * regular – neste caso aplica-se a lei de falência.

* irregular – neste caso aplica-se a insolvência civil.

Hoje existe o Microempreendedor individual, que é uma forma simplificada de regularizar os empresários que estão irregulares. Para aqueles que a Receita Bruta não ultrapassa R$ 36 mil por ano, receberá um tratamento tributário diferenciado.

Existe ainda uma 3ª categoria de empresário, que não se enquadra nem como coletivo e nem como individual : EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA.

A Lei nº 12.441/11 e art. 980-A CC tratam deste tipo empresário. É um empresário individual mas que recebe tratamento especial de uma empresa coletiva, só existe de forma regular. Para tanto precisa ter:

Declaração na Junta Comercial de constituição de empresa individual de responsabilidade limitada;

Afetação do patrimônio; Afetação é separação do patrimônio, separa parte do patrimônio e transfere esta parte para empresa.

Contabilidade organizada.

O empresário individual (art. 966 CC), não tem afetação do patrimônio e, portanto corre o risco de perder todo o patrimônio no caso de uma falência. Tudo que é dele é também da empresa.

Se for individual com responsabilidade limitada, há afetação do patrimônio, existe uma separação patrimonial (o que é da empresa e o que é da pessoa física). Se perder, vai perder o patrimônio da empresa. Neste tipo empresarial, continua empresariando de forma individual mas protegendo o patrimônio particular, portanto tem característica de empresa individual e de empresa coletiva, por isso que se trata de uma 3ª categoria diferenciada.

O empresário de forma coletiva são as sociedades empresárias, que são todas aquelas que têm objeto social particular e que não possuam vedação de lei. Seguros, Plano de saúde não são sociedade empresária porque envolve interesse público. Sociedade mista também não se enquadra como sociedade empresária. Atividade bancária também não, todos estes não estão sujeitos a falência e sim liquidação extrajudicial devido ao interesse público, trata-se de sociedade não empresária. A sociedade simples, também não se enquadra. Para estas sociedades não empresárias não é aplicada a lei de falências.

O art. 1º da Lei 11.101 prevê para quem se aplica a lei de falências : empresário ou sociedade empresária.

O art. 2º da mesma lei, informa para quem não se aplica.

Legitimação: Sociedade em comum: falência ( somente sujeito passivo); Sociedade empresárias: falência e recuperação; Não empresárias – não se aplica

Na Recuperação, as sociedades empresárias e o empresário individual regular, serão sempre sujeito ativo.

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Art. 1º e 2º da Lei 11.101 – Teoria da empresa e sua preservação.

Técnicas para extinguir atividade econômica: Falência; Liquidação extrajudicial Insolvência

Art. 3º a propositura tem que ser na Comarca local do principal estabelecimento do devedor, não significa que a decisão será dada por esta Comarca, pois em caso de Recurso será o Tribunal que irá decidir.

Principal estabelecimento, não tem nada haver com sede . Principal estabelecimento é onde está a grande parte das atividades da empresa, o patrimônio. O art. 1142 CC traz o conceito de estabelecimento.

DIA 15/08/12Não teve aula – Palestra

DIA 22/08/12

Falência e Recuperação, dividem-se em 2 grupos: * Pré falimentar * Falência1º Fase Pré-Falimentar – trata de uma série de coisas como

pressupostos, pedido de falência, contestação do pedido de falência, sentença de falência ( com trânsito em julgado encerra a fase pré falimentar e inaugura a falência). Antes do trânsito em julgado, não há falência. A falência altera a personalidade, extingue a pessoa jurídica. Tudo que ocorre antes do trânsito em julgado trata-se da fase pré-falimentar.

A sentença poderá não ser procedente e, portanto não ocorrerá a falência, prevalecendo todas as circunstâncias inerentes a pessoa jurídica, porque não foi encerrada legalmente ainda a personalidade jurídica.

O empresário nunca fale, quem fale é a sociedade empresária, que perde a personalidade jurídica, e aquela personalidade nunca mais existirá.

Nesta fase pré-falimentar, vamos tratar 1º da empresa que descobriu que não tem mais condições de continuar com seu negócio e nem pleitear recuperação. Não há mais futuro, porque perdeu a vontade de empresariar, porque o negócio está obsoleto, quando não tem mais o que fazer. Neste caso, o empresário pode se valer do dispositivo do art. 105, da lei 11.101/05. Pode ir a juízo e pedir a autofalência.

A autofalência é para quando não há mais salvação da atividade empresária. A vantagem de fazer esta solicitação é interromper os impostos. Porém para solicitar a autofalência, tem que demonstrar a insolvência, a inviabilidade econômica. Tem que abrir os livros, juntar ao processo livros diários, balanços, declarações I.R dos últimos 3 anos. Tem que haver um descompasso entre ativo e passivo. Todas as exigências da autofalência, estão no art. 105 da lei 11.101/05.

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Se não tiver os atos constitutivos, como provar que é empresário ? Ex: sociedade em comum. Significa que interfere no patrimônio pessoal, todos responderão individualmente com o patrimônio de cada sócio.

A necessidade de indicação dos administradores dos últimos 5 anos, decorre da desconsideração da pessoa jurídica. Este que não é empresário (administrador), poderá responder com seu patrimônio próprio pela má administração, se for apurado que ele é o responsável pela má administração da empresa.

OBS: a autofalência também pode ser requerida por: Art. 97, II – cônjuge, herdeiro do devedor, inventariante para a hipótese do típico jurídico de empresa é a do empresário individual, pois só casa pessoa natural. Essa situação prejudica o inventário, pois é antecedente a divisão patrimonial e poderá ser um inventário negativo – requerer a falência antes de fazer o inventário.

Art. 97, III CC – Sociedade empresaria com Conselho Fiscal, não se aplica.

Art. 97, IV – Demais credores – alguns credores também podem requerer a autofalência, desde possuam alguns requisitos.

1º ser credor de um título executivo.

2º este título (crédito) tem que ser no valor mínimo de 40 sal mínimos nacional. Os credores podem se consociar ( agir conjuntamente). Este agir em conjunto pode ser:

Vários títulos Vários credores

3º estes títulos de crédito tem que estar protestados. Não é qualquer protesto ( Protesto Especial).

Protesto Necessário – não pode pedir falência;Protesto Facultativo – não pode pedir falência;Protesto Especial – te que ser este, isto é o que diz a lei, a jurisprudência por um tempo aceitou o protesto necessário.

A solução veio com a Súmula 361 STJ, o protesto para falência tem que ocorrer a intimação da pessoa que tenha poderes na sociedade (aquele que representa). Não pode ser qualquer preposto. A pessoa que detém poderes de representação ( contrato social ou por procuração).

Obs.: Uma das defesas do devedor da falência é alegar que há defeito no protesto

Pressuposto para o protesto para fins especiaisO protesto só vai se concretizar quando a obrigação não foi cumprida

sem relevante razão de direito. Todo o inadimplemento para ensejar execução

Desde que somem os 40 sal. Mínimos.

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tanto a singular como a coletiva tem que ser culposo (afronta, viola o direito positivo), sem relevante razão jurídica há culpa presumida.

Nesse caso o devedor não deve ter pagou ou não pagará por ter razões para isso, mas simplesmente porque não pagou (está inadimplente e cuja prova se dá com a certidão de protesto presume o legislador a insolvência porque deixou o protesto se realizar quando podia ter sustado). A sustação serve nesta hipótese para definir a irregularidade, a ilegalidade do protesto através da relevante razão de direito pela qual o devedor não pagou (Ex: mercadoria não foi remetida, já foi pago, etc.)

Se o inadimplemento é culposo está a permitir a execução tanto coletiva quanto individual. Falência – execução coletiva.

Deve haver um protesto decorrente de inadimplemento sem relevante razão de direito.

Para haver o protesto tem que ter um título executivo, porque é só o título executivo decorrente das cambiais ou documento de dívidas que são passíveis de protesto.

A legislação brasileira se divide em três grandes grupos de pressupostos – Art. 94, I

- Primeiro Grupo de Requisitos: Art. 94, IO pressuposto do portador de título executivo devidamente protestado

para fins falimentares (efeitos especiais) com valor (igual ou superior a 40 salários mínimos) não pago sem relevante razão (jurídica) de direito – inadimplemento culposo. Se tiver um título e enquadrado nestas situações é legitimado ativo para pedir a falência (outros credores).

- Segundo Grupo de Requisitos: - execução frustrada - Art. 94, IINeste caso os requisitos de outros credores são bem mais simples,

sendo bem menos complexo, pois o legislador determinou que quando houver execução frustrada há presunção de insolvência e se há presunção legal de insolvência está o credor da execução frustrada habilitado a ser autor do pedido de falência. Por ter título executivo judicial ou extrajudicial o credor propõe uma execução singular (processo de execução que não seja exitoso, pois não realiza a execução – o processo de execução é diferente da execução). A finalidade do processo de execução é a execução que é a transferência coativa de bens - o patrimônio do devedor para o patrimônio do credor. Se a operação não se concretiza no processo de execução peço ao oficial do Cartório uma certidão narrativa de que existe esse processo e está pendente por falta de patrimônio disponível para ser penhorado. De posse dessa certidão e informações oficiais há legitimação do pedido de falência para o empresário ou sociedade empresária – ação de falência.

- Terceiro Grupo de Requisitos: – grupo legal – Art. 94, III (a – g)São eventos, comportamentos, situações que o legislador definiu como

sujeitas ao pedido de falência. Se o devedor estiver situado em alguma das hipóteses e o credor comprovar pode pedir falência e a falência será decretada. As hipóteses (“a” a “g”) definem os comportamentos que se verificados e o credor tiver como demonstrar que o devedor realizou uma delas permite pedir a

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falência sem precisar ter título executivo protestado, ter os 40 salários mínimos nem sequer a certidão do cartório conforme exige o inciso II do art. 94.

DIA 29/08/12

O processo falimentar deve seguir os requisitos necessários. Este processo tem natureza jurídica de execução coletiva, mas deve obedecer todas as exigências do devido processo legal, devido as consequências danosas ao empresário falido e a aquele que se relaciona com o falido.

O processo falimentar inicia-se com a PETIÇÃO INICIAL , que possui os pressupostos processuais: * objetivos

* subjetivosDentre os Subjetivos examinamos 2 situações:

Quem é juízo competente para avaliar a falência ? Quem pode falir ?

Estes pressupostos devem obedecer os artigos 1º e 2º da Lei 11.101.

Os pressupostos Objetivos, estão previstos no artigo 282 CPC, que tem entre eles:

Causa de pedir; Valor da causa; Pedido de citação.

Todas essas exigências e outras estão no art. 282 CPC, para que obedeça o devido processo legal.

Processo de falência na fase inicial tem que obedecer os pressupostos gerias e específicos (competência e legítima ação).

O processo falimentar tem que eleger as condições da ação (para saber se o processo pode se desenvolver validamente e regular para que atinja seu objetivo).

Condição da ação: * possibilidade jurídica do pedido * interesse de agir * legitimidadeCausa de pedir: fatos e fundamentos com relação ao mérito. Nos

fundamentos tem que comprovar a existência de uma dívida e da insolvência.O processo falimentar, assim como qualquer outro, é orientado pelo

trinômio: *pressupostos * condições * méritoO inadimplemento (falta de cumprimento das obrigações), tem que ser

culposo, se não for, não pode exigir. Se não for culposa, é excludente, não permite que o direito aja. Mas a culpa tem que vir acompanhada de insolvência. O inadimplemento tem que ser culposo.

Culpa – agir em desacordo com o direito.A petição deve ser instruída com os documentos necessários para que

se prove que se trata de caso de falência, como: Comprovação de ser empresário;

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O título ou títulos que ultrapassem o valor de 40 sal. Mínimos. Protesto, etc

Feito isto, é feita a distribuição do pedido de falência, respeitando onde houver as Varas Especializadas – art. 78, da lei 11.101.

OBS: Art. 76, da lei 11.101 : O juízo de recuperação e falência seguem dois princípios: o da

indivisibilidade e o da universalidade. Pelo princípio da indivisibilidade, tem-se que a recuperação, a

falência e todas as ações sobre bens, interesse e negócios do falido serão processados perante um único juízo.

Pelo princípio da universalidade, tem-se que todos os credores do devedor em comum devem concorrer no mesmo juízo.

O juiz da falência é competente para resolver qualquer questão quanto a falência. Porém situações trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas na lei de falência, primeiro devem ter a decisão do juiz competente destas áreas, somente após decisão deste juiz, com a sentença ( que é um título executivo), este documento então é levado ao conhecimento do juiz que está cuidando do processo de falência.

Reclamatória trabalhista, enquanto não tiver o título executivo (sentença) desta causa, não será apreciado pelo juiz da falência. Sem o título executivo não há o que fazer na falência, ou seja, todas as causas trabalhistas, fiscais e as não reguladas pela lei de falência, somente pode ser discutida na falência, após o trânsito em julgado. A sentença que dá o título executivo, documento necessário para ser incluso no processo de falência. O juiz da falência é UNIVERSAL, ou seja, ele é responsável para tratar de tudo da falência, mas para isto ele precisa do título executivo ( da sentença dos outros juízes). Não é o juiz trabalhista que vai determinar a execução de bens para a quitação da dívida, este é o papel do juiz de falência, o juiz trabalhista apenas reconhece o direito.

OBS: Art. 98, da lei 11.101 :

O devedor após a citação, tem prazo de 10 dias para apresentar contestação. Durante este prazo, o devedor pode optar em algumas atitudes:

1º) Elidir a falência – pagar o principal, acrescido de juros, custas, honorários advocatícios, despesas de protestos e demais encargos previstos na petição inicial, ou seja, é pagar tudo.

2º) pode depositar a quantia relativa ao título e contestar. Se verificado que era cabível a falência, libera o depósito ao credor, pois como foi feito o depósito então não se caracteriza a insolvência e portanto extingue o processo de falência. Se ficar comprovado que não era caso de falência, é extinto o processo e o valor depositado é devolvido ao “devedor” – demandado.

3º) o demandado pode contestar no prazo de 10 dias. Fazer isto quando:

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O pedido é infundado; Quando não tem dinheiro para depositar.

4º) No prazo da contestação, o demandado poderá requerer a Recuperação judicial, demonstrando que a sua capacidade econômica não lhe caracteriza insolvência, mas que apenas a capacidade financeira lhe caracteriza inadimplemento. A deficiência não é econômica, isto deve ser demonstrado através dos livros contábeis – art. 95, lei 11.101.- Insolvência financeira: é a falta de capacidade de honrar os compromissos de curto prazo, falta de liquidez, ou seja, os ativos de curto prazo são inferiores ao passivo de curto prazo. O que dispor no momento para atender as obrigações é insuficiente. Os ativos de curto prazo que são os direitos passíveis de ser transformados em dinheiro como conta caixa, conta banco, duplicatas, credores, etc. Os ativos de curtos prazos e os passivos de curto prazo extraem-se a insolvência financeira quando os ativos são inferiores aos passivos. Fica a mercê do poder jurídico dos credores – primeira categoria de insolvência. Para efeito da Lei 11101/2005 permite a aplicação da técnica de recuperação de empresa porque a insolvência é financeira e através de aplicações de disposições técnicas pode ser superada.Ex: estender e colocar as dívidas em longo prazo – alienando bens – técnica de recuperação.

A insolvência financeira é menos cruel porque pode ser superada com a Recuperação – desequilíbrio financeiro.

- Insolvência econômica: é perversa, pois demonstra que o ativo total é inferior ao passivo total. Nessa categoria é passível de aplicar a Lei da falência, pois coloca numa situação de maior fragilidade porque não tem onde tirar – o passivo total (passivo de curto, médio e longo prazo) é superior ao ativo total (curto, médio e longo prazo). Todos os direitos que podem ser reunidos são insuficientes – análise financeira patrimonial.

Obs: essas situações não se aplicam no caso de autofalência.

No caso de o devedor contestar, quais as matérias que ele pode alegar em contestação (exitosamente), ou seja, que tenha eficácia, que podem levar a improcedência do pedido de falência. São as relacionadas no art. 96, lei 11.101/05, ex:

Falsidade do título; Prescrição; Nulidade de obrigações ou de título; Pagamento da dívida, etc.

O inciso VI, do art. 96, fala em vício do protesto, significa que o protesto para caso de falência tem que ser o protesto especial, conforme previsão do art. 94, § 3º.

Estas são as defesas que devem ser alegadas na contestação, combinadas com o art. 98.

Recebida a Petição Inicial, feita a contestação, o juiz vai decidir a respeito da pretensão do autor que é a decretação da falência. Após isso gera a sentença.

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SENTENÇA: inaugura uma nova relação jurídica. Para ser válida, precisa ser distribuída em 3 momentos distintos:

RELATÓRIO – o juiz vai descrever todas as situações do autor e do demandado, para que chegasse a sua conclusão.

FUNDAMENTAÇÃO – descrever, identificar as questões pertinentes aos fatos relatados. É onde será destacado os fundamentos jurídicos da decisão.

DISPOSITIVO/ CONCLUSÃO – é a decisão do juiz ( isto posto, julgo ...).

SENTENÇA DECLARATÓRIA DA FALÊNCIA: A sentença declaratória da falência tem o conteúdo genérico de q u a l q u e r s e n t e n ç a j u d i c i a l e m a i s o e s p e c í f i c o q u e a l e i l h e prescreve. Deve o Juiz ao julgar procedente o pedido de falência, atentar-se tanto ao disposto no art. 458 do CPC quanto no art. 99da LRE.

A sentença declaratória deve, como qualquer sentença judicial,con te r : a ) re la tó r io , com a suma do ped ido e da respos ta , e o registro das principais ocorrências da fase pré-falimentar; b) os fundamentos ado tados para exame das ques tões de fa to e de direito; c) dispositivo legal que embasa a decisão.

Da sentença declaratória cabe agravo de instrumento. O prazo é o previsto pela legislação comum (art. 189) .

Obs. A sentença declaratória de falência deverá atender aos incisos do artigo 99 da lei nº 11.101/2005.

SENTENÇA DENEGATÓRIA DA FALÊNCIA: A sentença denegatória da falência pode fundar-se em duas razões bem distintas, que são, de um lado, a elisão do pedido em razão do depósito do v a l o r e m a t r a s o p e l o r e q u e r i d o , e , d e o u t r o , a p e r t i n ê n c i a d a s r a z õ e s articuladas na contestação. O juiz ao julgar improcedente o pedido de falência, deve examinar o comportamento do requerente. Se ocorreu dolo na propositura da ação, o juiz na própria sentença denegatória de falência, deve condená-lo ao pagamento de indenização em favor do Requerido (art. 101).Por essa razão é que o c redor domic i l i ado no ex te r io r deve p res ta r caução para legitimar-se no pedido (art. 97, §2º).

A sentença que denega o pedido de falência pode ser objeto de recurso de apelação (artigo 100 da lei nº 11.101/2005 e art. 198 do C.P.C.).

Além destes requisitos gerais, existem outros que deve conter a sentença, conforme previsão no art. 99, da lei 11.101/05.

Dos requisitos previstos no art. 99, o mais importante é nomeação do administrador, neste requisito é tratar dos Órgãos da Falência.

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Falência pela lei 11.101/05 é tratada como um negócio que tenta salvar algo que está deteriorado. Depois da sentença, o juiz deve verificar se tem administrador habilitado e então entra os órgãos da falência.

Questões para tratarmos do assunto ( art. 21 a 46 da lei 11.101/05):

1. Quais são os órgãos da Administração da falência?2. Como se constitui o comitê de credores?3. Como se delibera neste comitê?4. Qual a função da Assembleia geral na falência?5. Qual o critério de votação nas assembleias?6. Quem poderá ser administrador?7. Quais as principais atribuições do administrador?8. Quais as responsabilidades do administrador? E como poderá se

desonerar dessas responsabilidades?9. Quem suporta as despesas dos órgãos da falência?10.Deverá o juiz participar das Assembleias? Explique e justifique sua

resposta.