direito empresarial iii - títulos de crédito

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TÍTULOS DE CRÉDITO I - INTRODUÇÃO 1. CONCEITO - É um papel, documento formal, com força executiva , representativo de dívida líquida e certa, de circulação desvinculada do negócio que o originou - Título de Crédito é um documento formal necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado (aspecto jurídico Cezar Vivant art. 887, NCC), capaz de realizar imediatamente o seu valor (aspecto econômico) - A 1ª parte da definição acima foi copiada pelo legislador pátrio no art. 887 - CC/2002; 2. CARACTERÍSTICAS 2.1. CIRCULAÇÃO - A circulação do título tem por objetivo facilitar a transmissão dos direitos contidos nele , facilitando assim as operações de crédito. - Finalidade precípua dos títulos de crédito, para facilitar as operações e circulação do crédito (via tradição ou endosso); 2.2. FACILIDADE PARA A COBRANÇA - FORÇA EXECUTIVA: o art. 585, I do CPC; >> OBSERVAÇÃO: TÍTULOS EXECUTIVOS se dividem em TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS e EXTRAJUDICIAIS. Títulos Executivos são chamados de EXECUTIVOS , pois são passíveis de serem EXECUTADOS de uma forma direta sem necessitar conhecer qual a sua origem, qual a finalidade etc... São TÍTULOS DE CRÉDITO pois são créditos que se transformarão em débito quando há um inadimplemento e poderão ser cobrados dentro do prazo legal. Pertencem ao CREDOR . Art. 585 CPC : Títulos Executivos Extrajudiciais: I) Letra de câmbio , nota promissória , duplicata e o cheque (...) Art. 586 CPC : A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título certo, liquido e exigível. Art. 584 CPC : Títulos Executivos Judiciais : I. Sentença condenatória proferida no processo civil ; II. Sentença penal condenatória transitada em julgado ; III. Sentença homologatória de conciliação ou de transação , ainda que verse matéria não posta em juízo ; IV. Sentença estrangeira, homologada pelo STF; V. Formal e certidão de partilha VI. Sentença arbitral. 3. PRINCÍPIOS DO DIREITO CAMBIÁRIO 3.1. CARTULARIDADE (cártula, documento físico) Significa que o crédito materializa-se em um documento (cártula), não existindo título verbal (oral). A apresentação do documento original é necessária para o exercício do direito de crédito (inclusive na ação executiva) Somente quem exibe a cártula (isto é, o papel em que se lançaram os atos cambiários constitutivos de crédito) pode pretender a satisfação de uma pretensão relativamente ao direito documentado pelo título. Nos dizeres de Fábio Ulhoa: "É a garantia de que o sujeito que postula a satisfação do direito é mesmo o seu titular" (Fabio Ulhoa Coelho, ob. cit. P. 364) Cópias autênticas não conferem a mesma garantia, porque quem as apresenta não se encontra necessariamente na posse do documento original, e pode já tê-lo transferido a terceiros. Mitigam o Princípio da Cartularidade (questões de segurança): 1) Há juízes que autorizam custodiar o TC, de forma que nos autos do processo conste apenas a sua cópia autenticada, ficando a cártula segura no Cartório. 2) Duplicata virtual

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direito empresarial

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TÍTULOS DE CRÉDITO

I - INTRODUÇÃO

1. CONCEITO - É um papel, documento formal, com força executiva, representativo de dívida líquida e certa, de circulação desvinculada do negócio que o originou

- Título de Crédito é um documento formal necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele mencionado (aspecto jurídico – Cezar Vivant – art. 887, NCC), capaz de realizar imediatamente o seu valor (aspecto econômico) - A 1ª parte da definição acima foi copiada pelo legislador pátrio no art. 887 - CC/2002; 2. CARACTERÍSTICAS

2.1. CIRCULAÇÃO - A circulação do título tem por objetivo facilitar a transmissão dos direitos contidos nele , facilitando assim as operações de crédito.

- Finalidade precípua dos títulos de crédito, para facilitar as operações e circulação do crédito (via tradição ou endosso);

2.2. FACILIDADE PARA A COBRANÇA - FORÇA EXECUTIVA: o art. 585, I do CPC; >> OBSERVAÇÃO:

TÍTULOS EXECUTIVOS se dividem em TÍTULOS EXECUTIVOS JUDICIAIS e EXTRAJUDICIAIS. Títulos Executivos são chamados de EXECUTIVOS, pois são passíveis de serem EXECUTADOS de

uma forma direta sem necessitar conhecer qual a sua origem, qual a finalidade etc... São TÍTULOS DE CRÉDITO pois são créditos que se transformarão em débito quando há um inadimplemento e poderão ser cobrados dentro do prazo legal. Pertencem ao CREDOR .

Art. 585 CPC : Títulos Executivos Extrajudiciais:

I) Letra de câmbio , nota promissória , duplicata e o cheque (...) Art. 586 CPC : A execução para cobrança de crédito fundar-se-á sempre em título certo, liquido e

exigível. Art. 584 CPC : Títulos Executivos Judiciais :

I. Sentença condenatória proferida no processo civil ; II. Sentença penal condenatória transitada em julgado ;

III. Sentença homologatória de conciliação ou de transação , ainda que verse matéria não posta em juízo ;

IV. Sentença estrangeira, homologada pelo STF; V. Formal e certidão de partilha

VI. Sentença arbitral.

3. PRINCÍPIOS DO DIREITO CAMBIÁRIO 3.1. CARTULARIDADE (cártula, documento físico) Significa que o crédito materializa-se em um documento (cártula), não existindo título verbal

(oral). A apresentação do documento original é necessária para o exercício do direito de crédito (inclusive na ação executiva) Somente quem exibe a cártula (isto é, o papel em que se

lançaram os atos cambiários constitutivos de crédito) pode pretender a satisfação de uma pretensão relativamente ao direito documentado pelo título.

Nos dizeres de Fábio Ulhoa: "É a garantia de que o sujeito que postula a satisfação do direito é mesmo o seu titular" (Fabio Ulhoa Coelho, ob. cit. P. 364)

Cópias autênticas não conferem a mesma garantia, porque quem as apresenta não se encontra necessariamente na posse do documento original, e pode já tê-lo transferido a terceiros.

Mitigam o Princípio da Cartularidade (questões de segurança): 1) Há juízes que autorizam custodiar o TC, de forma que nos autos do processo conste apenas a

sua cópia autenticada, ficando a cártula segura no Cartório. 2) Duplicata virtual

3.2. LITERALIDADE

Consiste em dizer que somente produzem efeitos jurídicos-cambiais os atos constantes no

TC. Só se pode reclamar, então, aquilo que constar do título, nem mais nem menos. Implicações:

- Atos documentados em instrumentos apartados, ainda que válidos e eficazes entre os sujeitos diretamente envolvidos, não produzirão efeitos perante o portador do título.

- Nenhum credor pode pleitear mais direitos do que os resultantes exclusivamente

do conteúdo do TC; isso corresponde, para o devedor, a garantia de que não será obrigado a mais do que o mencionado no documento.

Assim, um recibo (quitação no verso), um endosso ou um aval devem constar na própria cártula Havendo divergência no campo de valores expressos, irá prevalecer o que está escrito por

extenso. Se o pagamento for parcial, deve estar mencionado no título a parcela paga .

Se o avalista se obrigou em Instrumento apartado, dá-se a inexistência de AVAL. Para ter validade o avalista deverá assinar no próprio Título em razão do Princípio da Literalidade.

Para a DUPLICATA não se aplica pois a quitação pode ser dada pelo legítimo portador do título em documento separado - L.Duplicata art. 9º § 1º .

3.3. AUTONOMIA

- É o princípio segundo o qual as obrigações representadas por um TC são independentes entre si (art.13 da lei 7353/85). Se uma dessas obrigações for eivada de algum vício jurídico, tal fato não compromete a validade e eficácia das demais constantes do título. Portanto: Cada devedor cambiário (avalista, emitente, endossante) a sua própria obrigação cambiária, embora sejam devedores solidários Assim, as obrigações contidas no título devem ser cumpridas porque as obrigações derivadas do

título são abstratas e autônomas em relação à sua emissão e seu efetivo pagamento. A vende para B um carro, consentindo receber o preço no prazo de 60 dias, mediante a emissão

de uma Nota Promissória por B A transfere o crédito que titulariza em razão da Nota (é endossada) para uma factoring (C) Se o carro adquirido por B possui vício redibitório, isso não

exonera de satisfazer a obrigação cambial perante C

o No caso acima pode até haver problema com a compra e venda do carro entre A e B , mas não

poderá influir na relação originária do Título ( A e B) e nem poderá interferir com os direitos de

terceiros de boa-fé para quem o mesmo Título foi transferido. o Verifica-se que B deve pagar o valor da Nota Promissória a C e depois demandar A , para receber

o ressarcimento do valor despendido , bem como a indenização correspondente aos danos que sofreu.

Assim, tendo em vista o Princípio da Autonomia, quem transaciona o crédito como possuidor legítimo do Título tem sua boa-fé tutelada pelo direito cambiário

A emite uma NP em favor de B pq este está ameaçando matar a mãe do A caso ele não emita aquela NP em favor do B A emite a NP e pede o aval para Y Então, Y concorda e se torna o avalista de A Neste contexto, B ajuíza uma ação cambiária em face de A Cabe ao A embargar a execução e alegar o vício de consentimento. Este vício é uma defesa pessoal que A tem contra o B Mas se o B resolve executar o Y, este não poderá alegar o vício existente no momento da formação do TC

Trata-se de um vício intrínseco do TC - VÍCIO INTRÍNSECO é aquele que NÃO pode ser verificado com a mera análise do título. Vício intrínseco NÃO contamina a obrigação Ou seja, o Y não poderia

embargar a execução alegando o vício existente de A com B justamente por causa do princípio da

autonomia. Seria diferente se houvesse algum VÍCIO DE FORMA, como por exemplo, a falta de algum requisito

essencial do TC. Neste caso caberiam os embargos para opor aqueles defeitos extrínsecos, defeitos que podem ser verificados com a mera análise do TC.

SUBPRINCÍPIOS DA AUTONOMIA

3.3.1. ABSTRAÇÃO - Pelo subprincípio da abstração, o TC, quando posto em circulação, se desvincula da relação fundamental que lhe deu origem (desligamento entre o documento cambial e a relação em que teve origem). Implicações:

Não se discute sobre a causa que deu origem ao título, apenas sobre a real obrigação de pagar o título.

Impossibilidade de o devedor exonerar-se de suas obrigações cambiárias, perante terceiros

de boa-fé, em razão de irregularidades, nulidades ou vícios de qualquer ordem que

contaminem a relação fundamental. Abstração – quando o título circular, ele se abstrai.

3.3.2. INOPONIBILIDADE CONTRA TERCEIROS DE BOA-FÉ (art. 17) - Significa que o obrigado em um TC, não pode recusar o pagamento ao portador do título, alegando as suas relações pessoais com outros obrigados anteriores do mesmo título. Este referido princípio, decorre da garantia da circulação dos TC´s. O 3º de boa fé recebe o título PURIFICADO, livre de qualquer vício ou defeito que o negócio anterior por acaso possua. É interessante lembrar que, caso o título não tenha circulado, o devedor poderá opor-se a seu pagamento por exceções pessoais.

Em outras palavras:

Na relação originária ou fundamental (entre o emitente e o beneficiário) qualquer tipo de exceção é alegável (ex: parte incapaz, dívida de jogo ...).

Entretanto, após a circulação do título se o 3º estiver de boa-fé a ele serão inoponíveis exceções fundadas nas relações pessoais do devedor com os portadores anteriores do título, DESDE QUE não haja (1) vício de forma ou (2) defesa processual (art. 906, CC) capaz de descaracterizar o documento como tc (quando passaria a ser transferível por mera cessão de

crédito, não configurando um título cambiário); Inopobilidade – só pode alegar as defesas pessoais que se tem com a relação. Ex.: título de compensação – João deve R$ 10,00 para Pedro, Pedro deve R$ 10,00 para João – compensam-se. - Lei Uniforme - art. 17 : As pessoas acionadas em virtude de uma letra não podem opor ao portador exceções fundadas sobre as relações pessoais delas com o sacador ou com os portadores anteriores, a

menos que o portador, ao adquirir a letra, tenha procedido conscientemente em detrimento do devedor .

4. NATUREZA JURÍDICA DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

Título de Crédito é um título executivo extrajudicial = art. 585 do CPC.

Os TC possibilitam a ação executiva que é denominada ação cambiária. A ação cambiária nada mais é do que uma ação de execução fundada em um TC.

Os TC também têm natureza de bens móveis.

II - LETRA DE CÂMBIO - DEC. 57.663/66 (LUG) e DEC. 2044/1908 - O Brasil incorporou a LUG na forma do Dec. 57.663/66. - Se a LUG for omissa ou se a LUG tiver algum artigo com reserva, aplica-se o Decreto 2044/08. 1. CARACTERÍSTICAS - “A LC configura um TC próprio, de modelo LIVRE (isto é, pode ser elaborado em qq circunstância, devendo obedecer apenas aos seus requisitos - art. 1°, LUG), que documenta uma ordem de

pagamento, onde o emitente da letra (sacador) ordena que o devedor (sacado) pague uma

determinada quantia, em uma data futura , em favor de si próprio (em favor do próprio sacador) ou em favor de 3º denominado tomador (beneficiário)”. - Então a LC está entre os TC que documentam uma ORDEM DE PAGAMENTO. (O cheque e a duplicata também documentam uma ordem de pagamento, embora sejam TC diferentes da LC).

A LC tem necessariamente, 3 figuras jurídicas originárias.

São as figuras do Sacador , sacado e tomador – mas nada impede que a LC tenha figuras derivadas, que figurarão na LC através do aval ou através do endosso.

a) Sacador: Aquele que EMITE a carta (é quem DÁ A ORDEM de pagamento) b) Sacado: Aquele que RECEBE a ordem para pagar (é quem DEVE EFETUAR O PAGAMENTO).

c) Tomador: É a pessoa que porta a cártula e, portanto, é quem RECEBERÁ o pagamento (é o beneficiário da ordem).

O TC é emitido pelo sacador e em seguida entregue ao beneficiário ou tomador, cabendo a este procurar o sacado para que proceda ao aceite. Isto concretizado, na data do vencimento o sacado deverá pagar ao beneficiário a quantia estabelecida na letra.

2. ACEITE DA LETRA DE CÂMBIO

- “A LC exige que o sacado se vincule à mesma através da figura do aceite, que é opcional (art. 21,

LUG). Em caso de não ocorrer o aceite, o sacador ficará responsável integralmente pelo cumprimento da obrigação contida no TC”. - O aceite é o ato facultativo praticado pelo sacado que se compromete a pagar a letra de câmbio no vencimento, assinando no anverso do título. É através do aceite que o sacado se torna efetivamente obrigado cambiário, aceitando expressamente a obrigação representada pelo título e

crédito. É ato que existe apenas no direito cambiário. O sacado tem a faculdade de aceitar a ordem que lhe é endereçada, aceita se quiser porque:

1) Não participou da criação do título (o sacado não estava presente na negociação). 2) O sacado não está obrigado a documentar sua dívida por um título de crédito (pode não

querer se vincular ao TC). Não há meios jurídicos que possam vincular o sacado ao pagamento da letra de câmbio, contrariamente à sua vontade.

- A falta de aceite não extingue a letra de câmbio. O sacador continua o responsável pela ordem que ele havia emitido e o sacado nenhuma obrigação assumiu em relação ao título, embora haja a menção do seu nome na letra Assim, LC sem aceite não enseja execução forçada contra o sacado

- “O saque da letra é ato unilateral do sacador. O aceite é que a transforma num contrato perfeito e

acabado, completando-lhe a cambiariedade” (in RT 495/225). - “Sem o aceite o sacdo não se vincula, não se torna devedor, não se gerando para ele qualquer

obrigação decorrente do título” (in RT 625/188).

- O Sacado não é devedor cambiário pq ele ainda não assinou a LC. Em razão do principio da

literalidade, para que algum sujeito possa se vincular ao TC, é preciso assinar a cártula. Uma vez havendo a assinatura, o Sacado se vincula à LC e passa a ser ACEITANTE (e, assim devedor do TC). - Na letra de câmbio, como o aceite é sempre facultativo, a recusa do sacado é ato plenamente válido,

nada podendo reclamar contra ela o sacador, o tomador ou os demais envolvidos com o título. Opera-se, contudo, o VENCIMENTO ANTECIPADO DO TÍTULO, isto é, reconhece-se ao tomador o direito de exigir prontamente do sacador a garantia pela ordem que ele havia emitido. >> CLÁUSULA NÃO-ACEITÁVEL:

- Cláusula que pode ser introduzida pelo sacador na LC, PROIBINDO A SUA APRESENTAÇÃO AO SACADO ANTES DO VENCIMENTO (LU, art, 22). Inserida a cláusula, o tomador (ou portador)

somente poderá apresentar o TC ao sacado na data designada para o seu vencimento. Atua, assim, como LIMITAÇÃO QUE PROTEGE O SACADOR contra a antecipação da exigibilidade da

obrigação porque a recusa do aceite somente poderá ocorrer depois de vencida a LC. - Atentar para o fato de que esta cláusula NÃO é exonerativa da responsabilidade do sacador

(este sempre responderá pela ordem que expediu) mas apenas evita o vencimento antecipado.

>> Pergunta da Magistratura: O sacado pode ser executado?

R: Não, pois o sacado não é devedor cambiário. O Sacado que não assina a cártula, não se vincula na relação cambiária. Pode ser que o sacado seja devedor do Sacador em alguma outra relação jurídica. Neste caso, o Sacador poderá cobrar a sua dívida do sacado, mas em uma ação não cambiária.

3. ESTRUTURA DA LETRA (art.1°, LUG) - Cumprimento dos requisitos legais do art. 1°, LUG Produção dos efeitos da LC Princípio da

Literalidade e Segurança Jurídica Título com omissões: Sem o atendimento desses, o escrito poderá eventualmente servir à tutela

de direitos, no âmbito civil (no máximo como confissão de dívida na esfera contratual - quer dizer, como simples instrumento de prova da existência da obrigação, numa ação de conhecimento),

mas não poderá circular, ser protestada ou executada como uma cambial. - Art. 2°: Trata da falta de um dos requisitos Este artigo perdeu um pouco o sentido pela Súmula

387, STF, segundo o qual, no momento da constituição do TC NÃO é obrigatório que todos os requisitos essenciais estejam preenchidos, desde que sejam completados pelo credor de boa-fé antes da cobrança, ou antes, do protesto. Com efeito, quem assina título de crédito em branco ou incompleto, outorga ao portador mandato para o seu oportuno preenchimento.

Devem ser respeitadas as condições do negócio pactuado. Caso venha a exorbitar as instruções

recebidas, ou lance dado inverídico (por exemplo, a data incorreta do saque), não poderá executar o título de crédito. Esta regra vale para todos os TC´s.

Se o credor altera a data de pagamento (por ex, coloca que é à vista, embora o negócio

pactuado tenha sido a prazo), cabe ao devedor provar que não foi essa a condição combinada. Se não conseguir provar, o pagamento deverá ser à vista, em razão do Princípio da

Literalidade.

Cumpre lembrar que o título de crédito deve estar perfeito no sentido de atender aos

respectivos requisitos legais, no momento que antecede ao PROTESTO ou à COBRANÇA

JUDICIAL. Quer dizer, o cartório não pode receber, para protesto, cambial incompleta; e é nula a execução do TC não preenchido na forma da lei.

4. PAGAMENTO

- O pagamento da letra de câmbio extingue uma, algumas ou todas as obrigações cambiais nela mencionadas, dependendo de quem paga:

1) Como o DEVEDOR PRINCIPAL é o primeiro dos devedores, não há nenhum anterior a ele. Desse modo, o seu pagamento extingue a totalidade das obrigações porque todos os demais devedores são posteriores.

2) Se, contudo, é o CO-DEVEDOR que paga – tal como ocorreu no caso em tela – , o pagamento

extingue a obrigação de quem pagou e a dos devedores posteriores, e aquele que pagou pode exercer, em regresso, o direito creditício contra os devedores anteriores.

O credor, no vencimento, deve procurar o devedor principal, para dele obter o pagamento da

LC. Se o aceitante paga, todos os devedores são liberados de suas obrigações. Se ele não paga, surge

daí o direito de cobrança dos co-devedores. Deve-se ressaltar que a apresentação da LC ao devedor principal, para fins de pagamento, é condição inafastável para a exigibilidade do

crédito contra os co-devedores. Se o credor não tentou o recebimento do crédito, amigavelmente, do principal devedor do TC, ele não tem, no direito cambiário, condições de ajuizar ação contra os co-devedores.

Portanto: A tentativa de cobrança extrajudicial do devedor principal é condição sine qua non da exigibilidade do crédito cambial contra os co-devedores (= a apresentação da LC ao aceitante é ato preliminar e obrigatório, a que se encontra condicionado por lei o pagamento do título).

Apresentada a LC para pagamento ao aceitante, se ele não pagar, o credor (depois de providenciar o protesto do TC) pode escolher qq um dos co-devedores para, amigável ou judicialmente, exigir o valor do crédito. Se escolhe, por exemplo, o avalista X, o pagamento da LC opera a desobrigação dos co-devedores posteriores; e X poderá cobrar, em regresso, qq um dos anteriores, posto que passa a ser titular do crédito.

5. CLASSIFICAÇÃO DOS TÍTULOS DE CRÉDITO

a) QUANTO AO MODELO a.1) Vinculados - Devem atender ao padrão exigido em lei, sob pena de não produzir efeitos cambiais.

- Cheque (o emitente do cheque de necessariamente fazer uso do papel fornecido pelo Banco sacado) - Duplicata (os empresários que emitem duplicata devem confeccioná-las obedecendo as normas de padronização formal definidas pelo Conselho Monetário Nacional . L. Duplicatas art. 27) a.2) Livres - São os TC´s cuja forma não precisa observar um padrão normativamente estabelecido. A lei não determina uma forma específica para sua constituição, embora os requisitos legais de cada espécie

devam ser observadas. - Ex. LC, NP

b) QUANTO À ESTRUTURA b.1) Ordem de pagamento

- Sua criação gera 3 figuras distintas: - a do sacador (ordena a realização do pagamento) - a do sacado (para quem a ordem foi dirigida) - a do tomador (beneficiário da ordem)

- Cheque, duplicata, LC b.2) Promessa de pagamento

- São os TC´s cuja criação (saque) faz surgir apenas 2 figuras distintas: I) O promitente pagador (devedor): promete pagar II) O beneficiário da promessa (tomador): aguarda o pagamento no prazo respectivo

- NP

c) QUANTO AS HIPÓTESES DE EMISSÃO

c.1) Limitada (causal) - É aquele título para o qual o ordenamento jurídico estabelece uma causa para a sua criação. - Duplicata: somente é criada para representar uma obrigação decorrente de compra e venda mercantil.

c.2) Não limitada (não causal ou abstrato) - Pode ser criado (sacado) por qualquer causa para representar obrigação de qualquer natureza (exceto compra e venda mercantil) - Cheque e NP d) QUANTO À CIRCULAÇÃO

d.1) Ao portador - Não possui o nome do credor e por isso circula por mera tradição; basta a entrega do documento para que a titularidade do crédito se transfira do antigo detentor da cártula para o novo .

d.2) À ordem (endossável) - Transferível mediante endosso no próprio título. - São transferidos (circulam) mediante tradição* manual + endosso

* Tradição = transferência do título Ex. cheque, nota promissória etc. - A cláusula à ordem é implícita nas cambiais d.3) Não à ordem (não endossável). - Contém a cláusula “não à ordem”, o que impede a sua transferência por endosso. No entanto,

conforme se vê no art. 11, ainda que estiver inserta no título a cláusula ‘não à ordem’, a cambial é transmissível, porém, pela forma e com os efeitos de uma cessão ordinária de crédito. É preciso assinar um termo de transferência para que esta se efetue. Haverá a Cessão de Crédito Civil (isto é, será CIVIL o regime de transferência da titularidade do crédito).

Portanto, são transferidos (circulam) mediante tradição + cessão civil de crédito (ato que transfere a titularidade de crédito de natureza civil).

- A cláusula não à ordem pode ser inserida pelo sacador ou pelo endossante: a) Se pelo sacador: a LC não poderá ser endossada b) Se pelo endossante: proíbe-se a circulação cambial a partir do endosso que a inseriu.

e) CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO CONTEÚDO

Inobstante tratar-se de classificação de extrema polêmica e pouca relevância na doutrina, insta

referenciar a caracterização quanto ao conteúdo TÍTULOS DE CRÉDITO PRÓPRIOS E IMPRÓPRIOS, tendo em vista que, na análise da temática central da natureza jurídica do cheque, se apontam posicionamentos que indicam ser o cheque um título de crédito impróprio, daí a relevância na classificação em análise.

TÍTULOS DE CRÉDITO PRÓPRIOS:

Consubstanciam operação de crédito Inserem-se no contexto de documentos de legitimação por ensejar constituição de direito novo,

autônomo e cartular inteiramente distinta da causa que lhe deu origem. Conferem ao portador uma prestação de coisa fungível, em mercadoria ou dinheiro. Neste ínterim

se enquadram a letra de câmbio e a nota promissória.

TÍTULOS DE CRÉDITO IMPRÓPRIOS:

São aqueles que se destinam a facilitar a execução do contrato de venda, agilizando para o comprador a prova do contrato em si, ou do direito adquirido de propriedade da coisa, prova esta a ser fornecida ao detentor da coisa a fim de que a identifique e entregue ao comprador, tornando viável a transferência daquele direito sem a forma de uma cessão de crédito: v.g.a ordem de entrega sobre parte fracionária da carga, conhecimento de transporte consolidado, à medida que o transportador pode recusar-se a fazer entregas parciais da carga transportada

Caracterizam-se por se adequar, parcialmente, ao regime jurídico cambial.

São enquadráveis nesta hipótese:

o Títulos representativos: representam obrigação de ordem não pecuniária, conferindo direitos

sobre coisa determinada, v.g., conhecimento de embarque, conhecimento de depósito,

warrant. o Títulos de investimento: títulos destinados a captação de recursos, como partes beneficiárias,

bônus de subscrição e debêntures. o Títulos de financiamento: documentos vinculados a operações de crédito, v.g., cédulas de

crédito.

o Títulos que conferem qualidade de sócio, v.g., as ações. o Títulos que conferem acesso a serviços, como os bilhetes de passagem e entradas de cinema,

teatro, etc. Nos termos de referência precedente, a doutrina diverge quanto à caracterização do cheque como

título de crédito próprio tendo em vista ser enquadrado legalmente como ordem de pagamento a vista e assim configurar mero instrumento de retirada de fundos, título de exação de vida brevíssima e que se extingue com o pagamento do valor pelo banco, não sendo instrumento de crédito, mas

instrumento de entrega de dinheiro. A duplicata é considerada TÍTULO IMPRÓPRIO tendo em vista documentar o saque do

vendedor/prestador de serviço da importância faturada.

6. VENCIMENTO DA LETRA (art. 33)

Classificação das letras segundo o vencimento: a) À vista - Vence com a apresentação do título ao sacado

b) A certo termo de vista - É fixado pelo sacador e se inicia na data do aceite do título c) A certo termo de data - Vence no transcurso de prazo igualmente fixado pelo sacador que começa a fluir da data do saque – “ a seis meses desta data , pagará V.Sª por essa única via de letra de câmbio”

d) A prazo 7. SOLIDARIEDADE PASSIVA DO TC - A LUG, no seu art. 47, preceitua que o sacador, aceitante, endossantes ou avalistas são SOLIDARIAMENTE RESPONSÁVEIS pelo pagamento da Letra de Câmbio (art. 264).

- No que tange à solidariedade passiva do TC, 2 são as características principais:

1) Os co-obrigados anteriores garantem os posteriores 2) O co-obrigado responde integralmente pelo valor do TC, não podendo dividir tal quantia

com os demais co-obrigados.

- O devedor solidário que paga ao credor a totalidade da dívida tem direito de regresso contra os demais devedores (art. 283, CC). É o regresso típico da solidariedade passiva, com algumas diferenças :

1. Nem todos os co-devedores cambiais têm o direito de regresso: - O ACEITANTE da LC ou o SUBSCRITOR da nota promissória, por exemplo, após pagarem o título

NÃO poderá cobrá-lo de ninguém mais. - O endossante de Letra de Câmbio pode cobrá-la do sacador, mas este não tem ação contra

aquele. - Os posteriores podem regredir contra os anteriores, mas não vice-versa - O avalista pode cobrar em regresso de seu avalizado, mas o inverso não se admite

2. A regra do regresso cambiário se exerce pela TOTALIDADE e não pela quota-parte do valor da obrigação da obrigação; apenas excepcionalmente, como na hipótese de avais simultâneos, é que se verifica , entre os co-avalistas , a partição da obrigação .

* Por isso os devedores de Títulos de Crédito não são propriamente SOLIDÁRIOS. Existe um complexo sistema de regressividade que é exclusivo de natureza cambial

* Exemplo:

Credor cobra mas aceitante não paga Aceitante Endossante 1 Endossante 2 Endossante 3 Credor

Avalista 1 Avalista 2 * Supondo que Av2 pague, ele terá direito de regresso pois ele não é o devedor principal. Terá 6

meses para cobrar dos demais e deve observar as regras: 1) “Os anteriores garantem os posteriores”: Significa que Av2 só pode cobrar do co-obrigados

anteriores. Se cobrasse do End3, este estaria pagando 2x. Então, Av2 pode cobrar do End2, End1, Aceitante.

2) Supondo que Av2 tenha pago o valor do TC (100.000), ele poderá cobrar os 100.000 de todos. Isso é diferente do que ocorre no DCivil, onde o co-obrigado que cobrar dos demais

tem que descontar a sua cota-parte (todos dividiriam a cota-parte).

8. SOLIDARIEDADE CAMBIÁRIA x SOLIDARIEDADE CIVIL

Os devedores do TC são devedores solidários. Há uma solidariedade cambiária que o Fábio Ulhoa Coelho chama de regressividade, que NÃO SE CONFUNDE em hipótese nenhuma com a SOLIDARIEDADE CIVIL, eis que vigora no direito cambiário o principio da autonomia e

consequentemente a inoponibilidade das exceções. A solidariedade civil decorre da lei ou do contrato. Nesta solidariedade o credor poderá cobrar de

um e/ou de todos os devedores toda a dívida. Uma vez que um dos devedores paga a dívida inteira, ele terá o direito de regresso, ou seja, poderá cobrar dos demais devedores a cota parte que cada um deles devia. Os devedores são ligados ao mesmo credor através de uma única obrigação. Se uma obrigação estiver viciada, este vício alcança a todos os devedores pq as obrigações civis não

possuem autonomia. Por exemplo: se a obrigação de pagar a dívida prescrever para um devedor, ela também prescreverá para todos os outros.

A solidariedade cambiária é diferente da solidariedade civil. Na solidariedade cambiária há

autonomia nas relações jurídicas. Cada devedor possui a sua própria obrigação. As obrigações cambiárias são autônomas e independentes. Cada devedor possui a sua própria obrigação. Se houver um vício intrínseco em uma obrigação cambiária, este vício não será estendido aos

demais devedores. E o vício de uma relação cambiária não pode ser oposto pelo sujeito que figurar em outra relação cambiária.

A solidariedade cambiária só tem em comum com a solidariedade civil a possibilidade do credor executar qualquer um dos devedores ou todos conjuntamente.

Na solidariedade cambiária NÃO SE ADMITE O CHAMAMENTO AO PROCESSO previsto no art. 77, III

do CPC (devedores solidários em relação à uma dívida comum) pq na solidariedade cambiária há o principio da autonomia e conseqüentemente, há o principio da inoponibilidade de exceções pessoais, o que demonstra que cada devedor cambiário tem a sua própria obrigação, que não se

confunde com as obrigações dos demais devedores, pois são autônomas e independentes.

Agora vejamos um exemplo sobre solidariedade:

João, casado com Maria, celebra com o Banco ITAÚ contrato de conta corrente conjunta com a

sua mulher, estabelecendo solidariedade, sendo que as assinaturas poderão ser isoladas, ou seja, a mulher tem o talonário dela e o marido tem o talonário dele. Maria, emite dezenas de cheques pós-datados para seu deleite pessoal, os quais são devolvidos por falta de fundos. Os credores ajuízam ações cambiárias em face dos correntistas com fundamento no art. 51 da lei 7357/85. Pergunta-se:

Se João ficar insatisfeito juridicamente, poderá se valer de que instrumento? Os credores poderão executar ambos os correntistas?

A resposta desta pergunta está no principio da literalidade!!!! O art. 51 da lei do cheque diz que todos os obrigados respondem SOLIDARIAMENTE. A questão diz que a Maria emitiu os cheques para o seu deleite pessoal. Se a Maria emitiu os cheques, ela quem assinou o título. Se no cheque só há a assinatura da

Maria, ela é que é a obrigada eis que vigora o principio da literalidade. João não assinou nada, logo ele

não se vinculou. Se João tivesse assinado a cártula ele estaria obrigado ao pagamento. Se João está sendo executado em razão das dividas contraídas por Maria, ele poderá opor

embargos de terceiro pq a execução deverá recair sobre os bens da Maria, emitente dos cheques. João não assinou os cheques emitidos por Maria, logo ele não é um obrigado nesta relação cambiária.

Se os cheques tivessem sido pagos pelo Banco Itaú e após o pagamento o banco viesse a

executar os correntistas, neste caso sim haveria a solidariedade e o João responderia. Perante o

Banco, a solidariedade contratual da conta corrente conjunta faria com que Maria e João se obrigassem a pagar. Mas perante terceiros, credores, portadores do cheque apenas Maria seria obrigada pq neste caso a solidariedade é cambiária e somente se obriga a pagar o TC quem nele houver assinado.

A 2a turma do STJ entende que no contrato de conta conjunta somente o emitente que

assina a cártula responderá pelo pagamento perante os credores, portadores do título. A solidariedade de que se refere o art. 51 da lei do cheque existe no contrato de abertura de conta corrente. Trata-se de uma solidariedade civil e não cambiária. Logo, esta solidariedade, por ser contratual, só pode ser alegada pelo Banco, que celebrou o contrato com os correntistas. A solidariedade contratual não pode ser alegada pelos credores que receberam o cheque pq o cheque é um TC e as relações jurídicas à ele referentes são relações cambiárias onde vigora o principio da literalidade. Somente quem assina na cártula poderá ser executado.

SOLIDARIEDADE CIVIL SOLIDARIEDADE CAMBIÁRIA ou SISTEMA DA REGRESSIVIDADE

- Decorre da lei ou do Contrato - Decorre apenas da lei =>EX: art. 914 NCC; art. 51 da Lei do cheque

- NÃO há autonomia. - Há autonomia.

- NÃO há inoponibilidade das exceções pessoais. Uma vez que a obrigação de um

devedor for viciada, todas as demais obrigações dos devedores solidários serão contaminadas.

Há a inoponibilidade das exceções pessoais. Eventuais vícios existentes em uma

obrigação cambiária não contaminam as demais obrigações cambiárias.

- O devedor solidário que paga a dívida pode cobrar de qualquer outro devedor a

cota parte que for devida respectivamente. Não há uma ordem de preferência entre os devedores solidários. Todos são devedores de uma cota parte da dívida e ao mesmo tempo são devedores da divida toda.

- O devedor solidário que paga não pode cobrar de todos os demais devedores. Só pode cobrar

dos devedores anteriores à ele. Sendo assim, não há o que se falar em cota parte na solidariedade cambiária. O devedor que paga ao credor pode cobrar dos demais devedores a dívida inteira.

9. PROTESTO - Protesto é o ato praticado pelo credor, perante o competente cartório, para fins de incorporar ao TC a prova de fato relevante para as relações cambiais.

I) Ex. Se o tomador da letra procura o SACADOR, antes do vencimento, e lhe exibe o título sem a assinatura do SACADO, exigindo sob a alegação de recusa do aceite, que a dívida seja

imediatamente satisfeita, como poderá o mesmo SACADOR certificar-se da veracidade desse fato? Note-se que somente se opera o vencimento antecipado da obrigação, se o título foi apresentado realmente ao SACADO e esse o recusou. Assim a PROVA DA FALTA DO ACEITE É O PROTESTO DA LETRA .

II) Ex. Se o endossatário após o vencimento do título, procura o endossante, para dele exigir o pagamento, como poderá o co-devedor certificar-se de que o devedor principal foi, realmente,

procurado no prazo , para a tentativa amigável de solução da obrigação? Se tal pressuposto , não existe a obrigação do co-devedor. É O PROTESTO POR FALTA DE PAGAMENTO QUE O PROVARÁ.

> Para executar devedor principal e seus avalistas não é necessário protestar a Letra, mas para executar qualquer dos coobrigados é necessário protestar o devedor principal e/ou seus avalistas.

> O protesto é sempre sobre o devedor principal, para depois poder executar os coobrigados.

9.1. PROTESTO POR FALTA DE PAGAMENTO - “O TC deve ser pago em seu vencimento. Quando isso não acontece, deverá o credor demonstrar, de forma concreta, que COBROU o devedor principal. O instrumento competente para tal prova será o protesto. No caso da LC, o protesto deverá ocorrer:

1) Até o dia seguinte do fim do prazo no caso da falta de aceite ou 2) Nos 2 dias úteis seguintes ao vencimento, por falta de pagamento (art. 44, LUG).

Será possível cobrar a LC nos prazos prescricionais previstos no art. 70, LUG, com as observações relativas à interrupção da prescrição contida no art. 71, LUG”.

- A LC pode ser sacada com a cláusula “sem despesas” também chamada “sem protesto”. Neste

caso o CREDOR está dispensado do protesto cambial, contra quaisquer devedores..

O ENDOSSANTE e o AVALISTA também podem incluir, nos respectivos atos, a mesma cláusula e, assim, dispensar o credor da efetivação tempestiva do protesto por falta de pagamento , para fins de conservação do direito creditício contra eles. Ex. C endossa a letra e escreve “pague-se , sem despesas”, a B; e D assina “por aval, sem despesas”; o Credor J, perdendo o prazo legal para o protesto por falta de pagamento, poderá ainda

cobrar o título de E (aceitante), l (avalista de aceitante), M (avalista “sem despesas”), C(endossante “sem despesas”).

9.2. PROTESTO POR FALTA DE ACEITE

9.3. PROTESTO POR FALTA DE DATA DE ACEITE (FUC) - Diz respeito à LC a certo termo de vista, em que o sacado aceita o TC mas se esquece de

mencionar a data em que pratica o ato. Como a LC dessa categoria tem o seu vencimento definido a partir da aceitação da ordem dada pelo sacado, o portador pode protesta-la para suprir a falta do termo inicial do respectivo prazo. Por evidente, a necessidade do protesto existirá apenas se o aceitante, procurado para escrever a data do aceite no TC, recusar-se a faze-lo. Nesse caso, ele será

intimado para comparecer ao Cartório e datar o ato, sob pena de protesto. - Hipótese raríssima porque o credor tem 2 outras alternativas:

a) Preencher, ele mesmo, a letra, datando o aceite (Súmula 387, STF)

b) Considerar o aceite praticado no último dia do prazo de apresentação da letra (LU, art. 35).

10. AÇÃO CAMBIAL - É a Execução de Títulos Extra-judiciais. - Ela se diferencia das demais ações de cobrança unicamente porque apresenta a particularidade de

limitar as matérias de defesa do devedor, quando o credor é 3° de boa-fé.

11. PRESCRIÇÃO (art. 70, LUG) - A EXECUÇÃO da letra deve ser ajuizada :

a) Contra o devedor principal (aceitante) e seu avalista: em 3 ANOS a contar do vencimento b) Contra os co-devedores (endossante e sacador): em 1 ANO, contado do protesto (se na letra

constar cláusula “sem despesas”, não é necessário o protesto e o prazo para prescrição é de 1

ano a contar do vencimento) c) Para o exercício do direito de regresso contra o co-devedor (ações dos endossantes uns

contra os outros e contra o sacador): em 6 MESES a partir (1) do pagamento ou (2) do ajuizamento da Execução em que ele próprio foi acionado.

Por exemplo, se o endossante paga a LC e quiser cobrar em regresso de outro endossante que o antecede, ele terá o prazo de 6 meses para ingressar com esta ação de regresso. A partir do momento que um devedor de regresso paga o TC, ele tem 6 meses para cobrar dos devedores de regresso

anteriores à ele.

- Havendo PRESCRIÇÃO ninguém poderá ser acionado em virtude de Letra de Câmbio. No entanto, se a obrigação que se encontrava representada pelo TC tinha origem extracambial, seu devedor poderá ser demandado por ação de conhecimento (Dec. 2044/08, art. 48) ou por monitória, nas quais a LC serve, apenas, como elemento probatório. Essas ações são chamadas de

“CAUSAIS” porque discutem a causa da obrigação e não o seu documento. O devedor cuja

obrigação tenha se originado exclusivamente no TC (como é, em geral, o caso do avalista), após a prescrição da execução cambial, não poderá ser responsabilizado em nenhuma hipótese perante o seu credor. A ação causal (seja de conhecimento ou monitória) prescreve, por sua vez, de acordo com o disposto na legislação aplicável ao vínculo extracambiário que une as partes da demanda. Por ex: O contrato de compra e venda que deu origem ao TC, o mútuo que foi cumprido através do endosso,

etc. As AÇÕES CAUSAIS prescrevem conforme o art. 205 do C.C. E não existindo regra específica prescrevem em CINCO ANOS - art. 205 § 5º I.

III - ENDOSSO - Ato pelo qual o credor de um título de crédito com a cláusula à ordem transmite os seus direitos a outra pessoa (transferência da titularidade do direito cambiário). - Natureza jurídica: é uma declaração unilateral de vontade e autônoma. O endosso transfere um direito de crédito sem nenhum vício intrínseco.

- A simples assinatura no VERSO da cártula já demonstra o endosso. Mas o endosso só fica realmente

perfeito e acabado com a entrega da cártula ao endossatário, para que este possa apresentar o

TC ao devedor a fim de que seja efetuado o pagamento. Logo, para que o endosso seja perfeito e produza efeitos será necessária a assinatura e a tradição. Art. 910 do NCC c/c 11, n.13 da LUG; art. 17 ao 19 da lei 7357/85.

1. FIGURAS a) Endossante (credor)

- O credor do título que resolve transferi-lo a outra pessoa - Assume a responsabilidade pelo aceite e pelo pagamento, na condição de solidário (no

pagamento, e por uma sucessão, até chegar no endossante que será o único devedor). b) Endossatário - Para quem o crédito foi passado.

2. EFEITOS DO ENDOSSO

Transfere a titularidade do crédito ao ENDOSSATÁRIO;

Vincula o ENDOSSANTE ao pagamento do TC, pq ele se torna um devedor cambiário indireto e de regresso (torna-se solidariamente responsável – art. 15, LUG)

O ENDOSSATÁRIO se torna novo CREDOR da Letra ; o ENDOSSANTE passa a ser um de seus co-devedores .

- Apenas NÃO SE ADMITE O ENDOSSO caso a LC contenha a cláusula “não à ordem”. O ato de transferência deste título não é o endosso, mas a cessão civil de crédito. A cláusula à ordem é implícita nos títulos de crédito.

- Se não for intuito do ENDOSSANTE assumir a responsabilidade pelo pagamento do título, e com isso concordar o ENDOSSATÁRIO, operar-se-á a exoneração da responsabilidade pela cláusula “sem garantia”, que apenas o ENDOSSO admite. - O endosso feito POSTERIORMENTE AO PROTESTO tem efeito de CESSÃO ORDINÁRIA DE

CRÉDITO (art. 20, LUG). Da mesma forma, o endosso dado depois de expirado o prazo fixado

para fazer o protesto também produz os efeitos de uma cessão ordinária de crédito. Art. 20: “tem os mesmos efeitos que o endosso anterior” Ou seja, transfere a titularidade do

crédito >> OBSERVAÇÕES:

1) No endosso com cláusula sem garantia há a transferência de um direito autônomo, um direito limpo, e, portanto, incide o principio da autonomia e abstração. A cláusula sem garantia apenas suprime o efeito da garantia do pagamento. O endosso com cláusula sem garantia é um endosso próprio em que o endossante que insere esta cláusula não garantirá o pagamento a ninguém.

2) Nem todos os sujeitos da relação cambiária poderão inserir a cláusula sem garantia. O Sacador da LC ou o constituidor de outros TC não podem inserir a cláusula sem garantia, assim

como o avalista também não pode inserir a cláusula sem garantia, pois caso estes sujeitos insiram esta cláusula o TC poderá ficar sem devedor.

3) A cláusula sem garantia não se confunde com a cláusula proibitiva de novo endosso. A cláusula proibitiva de novo endosso é inserida no TC e transfere o direito de crédito autônomo constante no TC, entretanto, o endossante que insere a cláusula proibitiva de endosso não vai

garantir o pagamento dos endossos que forem realizados após o seu. Mesmo inserindo esta cláusula o endossante garante o pagamento das relações cambiárias existentes naquele TC e

anteriores ao seu endosso. Na verdade quem insere a cláusula proibitiva de novo endosso está apenas dizendo que não garantirá o pagamento dos futuros endossos posteriores ao seu.

3. FORMAS DE ENDOSSO

a) EM BRANCO - O ato de transferência da titularidade do crédito não identifica o ENDOSSATÁRIO - Feita por:

simples assinatura do CREDOR no verso do título ou assinatura do CREDOR , no verso ou no anverso + expressão “pague-se”, ou outra

equivalente

- Como aqui NÃO se identifica a pessoa para quem o crédito foi transferido, o portador de uma letra

endossada em branco pode transferi-la a outras pessoas, sem assiná-la; ou seja, sem se tornar

responsável pelo cumprimento da obrigação creditícia nela documentada. b) EM PRETO - Neste caso, identifica-se o ENDOSSATÁRIO - Feita por:

assinatura do CREDOR , no verso ou no anverso + sob a expressão “pague-se a X”. 1. A (sacador) saca letra contra B (aceitante) em favor de C (TOMADOR); este último pode, antes do

vencimento, negociar seu crédito nela representado e de que é titular, junto a D. 2. Ao transferir o TÍTULO – o próprio crédito – C se identifica como ENDOSSANTE e D como

ENDOSSATÁRIO . 3. Assim a LETRA DE CÂMBIO documenta crédito titularizado por D , do qual são devedores B

(devedor principal) , A e C (co-devedores).

Se C assinar a letra, sob a expressão “pague-se , sem garantia a D“, o TÍTULO terá dois devedores , o aceitante B e o sacador A .

Se C deseja exonerar-se do débito colocará no título: pague-se a D “sem garantia”; assim os DEVEDORES serão A e B .

c) ENDOSSO PRÓPRIO

- Através do endosso, o ENDOSSANTE deixa de ser credor do TÍTULO pois o crédito passa para as mãos do ENDOSSATÁRIO . d) ENDOSSO IMPRÓPRIO - Através do ENDOSSO IMPRÓPRIO, lança-se na cláusula cambial um ato que torna legítima a POSSE DO ENDOSSATÁRIO sobre o documento , sem que ele torne credor . - Há 2 modalidades :

d.1) ENDOSSO-MANDATO (art. 18, LUG) - O ENDOSSATÁRIO é investido na condição de mandatário do endossante, para efetuar a cobrança do valor nele mencionado e dar a respectiva quitação. Age como mero mandatário do endossante. Ex. Cobrança bancária. - Escreve-se: “Endosso por procuração a Fulano” Não se está transferindo o crédito, apenas dando

o direito de representação (tem que constar no TC por causa do princípio da Literalidade) O PROCURADOR poderá protestar o título, executá-lo ou mesmo constituir outro mandatário

através de novo endosso-mandato. O EXECUTADO(DEVEDOR) poderá opor ao ENDOSSATÁRIO MANDATÁRIO as exceções que tiver

contra o ENDOSSANTE-MANDANTE(PROCURADOR), na medida em que aquele o aciona em nome deste (art. 18)

O ato praticado pelo mandatário continua valendo, ainda que sobrevenha a morte ou a

incapacidade legal do mandatário (art. 18) d.2) ENDOSSO-GARANTIA - O TC é transferido ao endossatário como garantia de alguma obrigação assumida, sendo devolvido após o seu cumprimento. Caso não seja cumprida a obrigação por parte do endossante, esse endosso-caução transforma-se em endosso PRÓPRIO, transferindo a titularidade do documento.

C é o tomador da LC e pretende contrair empréstimo junto à D, que exige, para isso, uma

garantia real Essa garantia pode recair, se as partes concordarem, sobre bens móveis (caso em que se denomina penhor), entre os quais se consideram os TC´s Como a garantia pignoratícia

se constitui, via de regra, pela efetiva coisa empenhada , faz-se necessária a entrega da Letra ao Credor (caucionado), sem que se transfira a titularidade do Crédito representado pela cambial .

Expressa-se : “pague-se , em garantia , a D” , ou outra equivalente , escrita sobre a assinatura do

Credor da Letra . O ENDOSSATÁRIO por ENDOSSO-CAUÇÃO, para fins de promover a efetivação de sua garantia

pignoratícia, pode protestar e cobrar judicialmente a letra .

>> Nas relações entre os empresários e os bancos, as modalidades de ENDOSSO podem existir das seguintes formas :

1. ENDOSSO PRÓPRIO - o empresário pode descontar os TC´s que possui junto ao banco,

recebendo o valor deles ou parte antecipadamente. Aqui, os títulos se transferem mediante

ENDOSSO PRÓPRIO ou TRANSLATIVO. 2. ENDOSSO IMPRÓPRIO:

ENDOSSO-MANDATO - empresário pode contratar os serviços de cobrança de TC. A

instituição financeira aqui atua como simples representante do credor e a posse dela

sobre o título ENDOSSO-CAUÇÃO - Neste caso , se o empresário tomou dinheiro emprestado do banco, é

possível a constituição de garantia do cumprimento de suas obrigações através do penhor de TC.

>> Uma vez caiu uma questão na Magistratura perguntando o que era o ENDOSSO MANDATO. O endosso mandato é um endosso impróprio. E o mandato é uma representação. Quem realiza um

endosso mandato transfere o exercício do direito existente na cártula, mas não transfere o crédito. É endosso impróprio pq houve a transferência da cártula sem haver a transferência do direito de credito representado no TC.

Como já caiu uma questão sobre o endosso mandato, que é uma espécie de endosso impróprio,

pode ser que daqui a pouco caia uma questão sobre outro endosso impróprio, que é o endosso pignoratício.

>> CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO (art. 296, CC) - Instituto do Direito Civil, pela qual o credor de uma obrigação a transfere (cede) a 3° (cessionário). - Aquele que transfere (cedente), responde pela existência do crédito, mas não pela solvência do devedor (cedido) Vale dizer, o cessionário, ao apanhar esse título NÃO TERÁ O CEDENTE COMO

CO-GARANTIDOR, tal qual ocorreria se fosse um endosso com efeitos cambiários. Sendo uma cessão,

o cedente só se responsabiliza pela existência do crédito, mas se o devedor principal não pagar, o cessionário não pode reaver seu dinheiro exigindo do cedente. - O cedente responde pela existência do crédito no momento da cessão, mas não responde pelo pagamento, pois ele transfere um direito derivado, ou seja, NÃO há o efeito purificador, que é inerente ao endosso. O cedente transfere ao cessionário o mesmo direito que ele tem. Ou seja, quando ocorre uma cessão de crédito NÃO há autonomia nas obrigações assumidas e

conseqüentemente NÃO incide o principio da inoponibilidade das exceções pessoais.

Ex: Se há algum vício na relação do cedente com o devedor, este vício será transferido ao cessionário Neste exemplo, se havia algum vício na relação entre A e B, este vício será transferido para o C Quando o C executa A, o A poderá, através de EMBARGOS À EXECUÇÃO, opor as defesas pessoais que tiver em relação ao B Isto é possível pq não há autonomia nesta relação cambiária

Não havendo autonomia, também não há inoponibilidade das exceções eis que não ocorreu o efeito

purificador pois a NP circulou através de uma cessão de crédito.

* Em suma: - Sob o efeito de cessão civil de crédito, o devedor poderá opor contra o cessionário (3° de boa-fé) TODAS AS DEFESAS QUE TERIA PARA OPOR CONTRA O CREDOR ORIGINÁRIO. - Sendo uma cessão civil, aquele que apanha o título na condição de cessionário, NÃO USUFRUI DE TODAS AS GARANTIAS A QUE TERIA ACESSO SE FOSSE UM ENDOSSO, pois, no endosso, todos os endossantes são garantes do título.

>> DIFERENÇAS ENTRE CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO E ENDOSSO

ENDOSSO

CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO

- O endossante responde, de regra, pela (1) existência do crédito e pela (2) solvência do devedor

- O cedente responde apenas pela EXISTÊNCIA DO CRÉDITO (não pela solvência do devedor -CC, arts. 295 e 296).

- Se o devedor principal não honrar o pagamento a dívida poderá ser cobrada do endossante

- O cedente apenas responde pela existência do crédito.

- Ao se endossar, transfere-se o título com seus direitos incorporados, mas não os vícios contidos ou as relações com qualquer obrigado anterior.

- O cessionário recebe o mesmo direito do cedente, seja este um direito viciado ou não. A cessão de credito não purifica os vícios intrínsecos.

- O devedor principal do título também NÃO poderá defender-se, quando executado pelo endossatário, argüindo matérias atinentes a sua relação jurídica com o endossante (principio da autonomia das obrigações cambiais e subprincipio da inoponibilidade das exceções

- O devedor do título poderá defender-se, quando executado pelo cessionário, argüindo matérias atinentes à sua relação jurídica com o cedente (CC, art. 294).

pessoais aos terceiros de boa-fé - art. 17, LUG e 916, CC).

- Ex: Só se pode defender-se da cobrança do título alegando a quitação

- Ex: Pode-se argüir que referido crédito é fruto de agiotagem, prática ilegal em nosso direito.

- Assim, diga-se que X vendeu um automóvel a Y, e este o revendeu a Z. Para documentar a

transação, Y sacou LC em favor de X, contra Z, que o aceitou. Posteriormente, o tomador (X), transferiu o seu crédito a Q. Se, no vencimento, o aceitante está insolvente, não tem patrimônio para responder por sua obrigação, Q poderá acionar X para reclamar o pagamento da obrigação? Depende:

a) Se recebeu o TC por endosso, poderá fazê-lo, porque o endossante (salvo na hipótese de cláusula sem garantia) responde pela solvência do devedor.

b) Se recebeu a LC por cessão civil de crédito, Q não poderá cobra-la de X porque o cedente só

responde pela existência do crédito. Quer dizer, para executar X, Q deve provar que lhe foi transmitido um direito inexistente, simulado.

Por outro lado, se Z não é insolvente mas, nos prazos da lei, havia rescindido o contrato de compra e venda do automóvel, feito com Y, em razão de vícios ocultos manifestados na coisa, estará ele obrigado a honrar o TC junto a Q? De novo, depende do ato translativo do crédito:

a) Se a circulação se deu por endosso, será inoponível a exceção contra o credor do TC; b) Se se deu por cessão civil de crédito, os vícios no automóvel poderão servir à defesa de Z

contra Q. * Em suma, no exemplo acima:

a) Se a LC havia sido emitida com a cláusula não à ordem, a transferência do crédito, de X para Q é ato sujeito ao direito civil, e A CIRCULAÇÃO NÃO DESVINCULA O TÍTULO DE SEU NEGÓCIO JURÍDICO.

b) Já se a LC foi sacada com a cláusula à ordem, aquela transferência é endosso, e se submete ao

direito cambiário. Com a circulação, nesse caso, O TC SE DESVINCULA do negócio originário.

* Para concluir, deve-se lembrar que o ENDOSSO PRODUZ OS EFEITOS DE UMA CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO em 2 situações: 1) Quando praticado após o protesto por falta de pagamento, ou depois de expirado o prazo

para a sua efetivação (art. 20, LUG) 2) Quando praticado em TC em que se inseriu a cláusula NÃO À ORDEM (art. 15, LUG)

IV - AVAL DA LETRA DE CÂMBIO 1. CONCEITO - O aval é o ato cambiário pelo qual uma pessoa (avalista) se compromete a pagar título de crédito, nas mesmas condições que um devedor desse título (avalizado).

(Fábio Ulhoa Coelho)

O TOMADOR que não conhece o SACADO ou tem dúvidas sobre a aceitação do título, pode exigir que o SACADOR, antes de lhe entregar a letra, encontre quem esteja disposto a garantir o seu pagamento, como avalista do DEVEDOR PRINCIPAL. - Garantia típica, ESPECÍFICA de um TC O aval é um instituto exclusivo dos títulos de crédito. Ou seja, não se avaliza contrato. O aval é

dado em LC, NP, duplicata ou cheque.

- A lei admite o AVAL PARCIAL (art. 30, LUG). O C.C. no art. 897 § único diz ao contrário portanto não é o correto.

Tem que constar no TC o “aval na quantia X” Já caiu várias vezes na OAB

2. CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DO AVAL a) AUTONOMIA - O avalista assume perante o credor do título uma OBRIGAÇÃO AUTÔNOMA Da autonomia do aval seguem-se importantes conseqüências:

1) A sua existência, validade e eficácia NÃO estão condicionadas à da obrigação avalizada

2) Eventuais direitos que beneficiam o avalizado não se estendem ao avalista

>> Portanto, não pode o avalista, quando executado em virtude do título de crédito, valer-se das

exceções pessoais do avalizado, mas apenas as suas próprias exceções (por exemplo, pagamento

parcial da letra, falta de requisito essencial, etc), o que significa dizer que o aval subsiste, ainda que haja invalidade da obrigação jurídica avalizada, salvo se se tratar de invalidade do próprio título. - Exemplos:

Se o devedor em favor de quem o AVAL é prestado era incapaz (não foi devidamente representado ou assistido no momento da assunção da obrigação cambial), ou se a assinatura

dele no título foi falsificada, esses fatos não desconstituem nem alteram a extensão da obrigação do avalista. Eventuais direitos que beneficiam ao AVALIZADO não se estendem ao AVALISTA .

Se uma empresa, devedora principal de um TC, impetra concordata preventiva, e obtém o direito de postergar o pagamento da LC, o seu avalista não pode se furtar ao cumprimento da obrigação, no vencimento constante do título.

b) EQUIVALÊNCIA - O avalista assume perante o credor do título uma obrigação autônoma mas equivalente ao avalizado. - A equivalência do AVAL em relação à obrigação avalizada , significa que o avalista é devedor do

título NA MESMA MANEIRA QUE A PESSOA POR ELE AFIANÇADA (art. 32 L.U).

2. PARTICIPANTES - Avalizado: recebe a garantia - Avalista: dá o aval

- Art. 30: “O pagamento de uma letra pode ser no todo ou em parte garantido por aval. Esta garantia é dada por um terceiro ou mesmo por um signatário da letra”

O próprio sacador pode ser avalista

Evidentemente o tomador não pode ser pois ele é credor

3. FORMAS DO AVAL (art. 31) - O aval não pode ser dado em instrumento à parte. - O aval se pratica por uma das seguintes formas:

a) Assinatura do avalista, lançada no anverso do título;

b) Assinatura do avalista no verso ou anverso, sob a expressão “por aval”; c) Assinatura do avalista no versou ou anverso, sob a expressão “por aval de fulano”

(1) Nos itens a) e b), como o avalizado não é identificado, reputa-se o aval em branco No caso da LC, o avalizado no aval em branco é o SACADOR.

Vale salientar que, se o aval é dado ao aceitante, o avalista perderá o direito de ação contra endossadores ou sacador, pois o aceitante é obrigado direto, principal.

(2) Já na c), o aval é considerado em preto, porque nele se encontra a identificação do avalizado.

4. AVAIS SIMULTÂNEOS E SUCESSIVOS - Avais simultâneos: Os avalistas têm responsabilidade solidária entre eles - Avais sucessivos: O anterior é avalista do avalista

Sobre o tema esclarece a Súm. 189, STF que “consideram-se avais superpostos como sucessivos”,

ou seja, os simultâneos devem ser expressos (não cabe a aplicação desta súmula no caso dos

cheques, das LC´s e da nota promissória, casos em que leis especiais mais especializadas e posteriores determinam como avalizado aquele cuja assinatura se encontra em cima). 5. AVAL E FIANÇA

, ao passo que a fiança é obrigação acessória, portanto, totalmente dependente do contrato principal; se for nulo o principal, nula será a fiança, não havendo ligações ou vínculos com aquela.

Desse modo, se a obrigação do avalizado, por qualquer razão, não puder ser exigida pelo credor, isto não prejudicará os seus direitos em relação ao avalista.

Já, se a obrigação afiançada é inexigível, a causa da inexigibilidade macula igualmente a fiança, que, sendo acessória, tem a sorte da principal.

AVAL FIANÇA

- Aval e fiança são institutos gerados com o FIM DE GARANTIR O CUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO DE

OUTREM.

- É instituto específico do Direito Cambiário - É instituto do Direito Civil

- Decorre de um ato unilateral de vontade - Decorre de um contrato

- O aval é autônomo em relação à obrigação avalizada, mas estará sempre vinculado a um título de crédito

- É obrigação acessória de uma obrigação principal, portanto, totalmente dependente do contrato principal.

duas obrigações autônomas com dois devedores obrigação de dois devedores

- Para ao avalista não existe “benefício de ordem”. - Pode ser invocada o “benefício de ordem”

- Só incide em obrigação líquida - Dívidas ilíquidas podem ser seu objeto

Responsabilidade do avalista O avalista ocupará A MESMA POSIÇÃO daquele a quem avalizou. “Não toma o avalista o lugar do avalizado, pois, na verdade, pagando, poderá receber do mesmo a importância paga. Mas, apesar disso, a sua obrigação é semelhante à do avalizado, donde o credor poder agir contra um ou contra outro, indiferentemente.” (Fran Martins)

Efeitos da Fiança: O credor tem o direito de exigir do fiador o pagamento da dívida na hipótese de inadimplemento do devedor. Mas, como a obrigação do fiador, além de acessória, é subsidiária, uma vez demandado, tem o direito de exigir que antes dos seus sejam executados os bens do devedor. Para assegurar-se desse direito, é indispensável que o fiador nomeie bens do devedor. É o chamado benefício de ordem.

- Se um dos fiadores paga a dívida por completo, opera-se, de pleno direito, o regresso contra cada

um dos co-fiadores, lembrando-se que referidos co-fiadores só podem ser demandados pela cota respectiva, ou seja, pela parte que tiver garantido.

- Não precisa de outorga, basta a assinatura do cônjuge

- Tem que ter outorga do cônjuge

“Ressalvado o disposto no art. 1.648, nenhum dos cônjuges pode, sem autorização do outro, exceto no regime da separação absoluta: (...) III – prestar fiança ou aval.”

- BENEFÍCIO DE ORDEM: É a exoneração da responsabilidade do prestador da garantia suplementar em razão da prova da solvência do devedor garantido.

* Observações sobre a FIANÇA:

1) A fiança é um contrato unilateral, pois cria, quanto ao efeito, obrigação para somente uma parte. É um contrato acessório porque pressupõe a existência de um contrato principal cujo

cumprimento, em caso de inadimplemento do devedor, será feito pelo fiador que aceitar encargo.

É consensual porque resulta apenas do consentimento das partes, afastando qualquer

condicionamento exigido por lei. 2) A fiança desenvolve 2 tipos de relação: uma entre o fiador e o credor e outra entre 1 fiador e o

devedor. 3) Na fiança, o benefício de ordem não poderá ser invocado pelo fiador se:

I) A ele renunciou expressamente; II) Se obrigou como principal pagador ou devedor solidário;

III) O devedor for insolvente ou falido. 4) Quando a fiança é prestada a um só débito por diversas pessoas em conjunto, importa o

compromisso de solidariedade entre elas, se declaradamente não se reservaram ao benefício da divisão.

5) Havendo pagamento de perdas e danos pelo fiador ao credor, o primeiro terá o direito do reembolso delas.

6) Os “juros de desembolso” mencionados no art. 833, CC são aqueles decorrentes de tudo quanto

o fiador houver desembolsado no cumprimento da obrigação assumida com a fiança, contados a partir do pagamento efetuado. E esses juros o fiador também terá o direito de cobrá-los.

7) Com a demora, causada pelo credor, na execução contra o devedor para o pagamento da dívida, mais alta pode esta ficar e maior será a responsabilidade do fiador caso tenha que responder pelo pagamento. Com isso, pode o fiador promover o andamento da execução.

8) No caso de prestação de fiança sem limitação de tempo, tem o fiador o direito de exonerar-se a qualquer tempo. Porém, ficará obrigado por todos os efeitos da fiança no prazo de 60 dias após o

credor ser notificado.

9) Caso ocorra o falecimento do fiador, ocorrerá a extinção da fiança. Porém, a responsabilidade desta

até o evento da morte transmite-se aos herdeiros, que só respondem pela obrigação já vencida e

pelos encargos até às forças da herança. * Observação: AVAL E GARANTIAS EXTRACARTULARES Observamos que AVAL é ato exclusivo de títulos de crédito e não pode ser firmado senão nos

documentos dessa natureza . E no que diz respeito ao exemplo de que o sócio que possui maior número de quotas numa Sociedade Empresária geralmente deve ser avalista , na verdade deveria ser fiador pois é um Contrato . “Os avalistas do título de crédito vinculado a Contrato de Mútuo também responde pela obrigações pactuadas , quando no Contrato figurar como devedor solidário” (Súm. 26 STJ).

V - NOTA PROMISSÓRIA

1. CONCEITO - É UMA PROMESSA DE PAGAMENTO, onde uma pessoa se compromete a pagar quantia

LÍQUIDA, CERTA e EXIGÍVEL. Certa: Por ex, não pode ser quantia atualizável pela correção monetária

Exigível: Para isso, há 2 requisitos: (1) NP toda preenchida; (2) Tem que ter vencido

- É título não-causal (abstrato), isto é, atendidos seus requisitos formais de validade, não se exige demonstrar a relação de direito material que a engendrou. - É de modelo livre (pode ser feita à mão, por ex) - Não é permitido NOTA PROMISSÓRIA AO PORTADOR, pois o nome do TOMADOR é exigido - A data de pagamento é fixa (não existe certo termo de vista ou certo termo de prazo) - Faltando época do pagamento, reputa-se TÍTULO À VISTA; faltando o lugar considera-se pagável no

local do saque ou no mencionado ao lado do nome do subscritor. - Admite endosso - Admite o aval Para efeitos cambiários, assinatura no anverso (“por aval” + assinatura ou só assinatura)

> Observe o seguinte exemplo: Subscritor X Tomador Y (endosso) Credor

Avalista Z * Se for dado aval em branco (isto é, se não estiver expresso que o TOMADOR é o avalizado), o aval estará sendo dado ao subscritor. Se Z pagar, ele só terá direito de regresso contra X. 2. REQUISITOS - O saque da NP gera as situações jurídicas seguintes:

a) SUBSCRITOR (ou SACADOR ou EMITENTE PROMITENTE): Emitente da NP; devedor principal Aquele que, mediante o saque, concorda em representar sua dívida perante o TOMADOR,

através de um documento de efeitos cambiários. b) TOMADOR (BENEFICIÁRIO ou SACADO): Credor

Caso o Documento não apresente requisitos prescritos por lei será transferido através de CESSÃO CIVIL DE CRÉDITO - LU art. 75/76 : a) a expressão NOTA PROMISSÓRIA inserta no texto do título , na mesma língua utilizada para a

sua redação; b) promessa incondicional de pagar quantia determinada ;

c) nome do tomador ; d) data do saque; e) assinatura do subscritor ; f) lugar do saque ou menção de um lugar ao lado do nome do subscritor. 3. REGIME JURÍDICO

- É o da letra de câmbio , apenas com quatro particularidades:

a) Inaplicabilidade das regras incompatíveis com a natureza de promessa de pagamento

da NP: porque as LC´s são ordens de pagamento. Assim, cláusula não aceitável, forma do aceite,

recusa parcial, vencimento antecipado e outras são insuscetíveis de aplicação às NP´s. b) Equiparação do subscritor da NP ao aceitante da LC (art. 78, LU). A equiparação decorre do

fato de serem ambos os devedores principais dos respectivos títulos. Desse modo: - PRESCRIÇÃO contra o subscritor – TRÊS ANOS – mesma que a LC (art. 70, LU). - O protesto do TC é facultativo contra o subscritor da NP pois assim o é em relação ao

aceitante da LC - A falência do subscritor antecipa o vencimento da NP, já que a do aceitante produz o mesmo

efeito em relação à LC (art. 19, II, Dec. 2044/08). c) No aval em branco, SUBSCRITOR da NP é o AVALIZADO d) Define a lei que se aplica ao subscritor da NP as regras do aceitante da LC (art. 78, LU). A

equiparação decorre do fato de serem ambos DEVEDORES PRINCIPAIS dos respectivos títulos.

Quanto ao ENDOSSO , SAQUE , AVAL , VENCIMENTO , PAGAMENTO , PROTESTO , AÇÃO CAMBIAL , PRESCRIÇÃO são idênticas as normas aplicáveis ao dois títulos.

DUPLICATA MERCANTIL – Lei 5.474/1968

1. INTRODUÇÃO - A duplicata é um TC que pode ser emitido em 2 circunstâncias:

a) Compra e Venda mercantil (duplicata mercantil)

b) Prestação de serviços (duplicata de prestação de serviços)

* Assim, a duplicata é TC de EMISSÃO LIMITADA À CAUSA: sua emissão somente pode se dar para a documentação de crédito nascido dessas 2 hipóteses Conseqüência imediata da causalidade: Insubsistência da duplicata originada de ato / negócio

jurídico diverso Ex. Se o mutuante saca DUPLICATA para representar crédito concedido ao mutuário, o

documento não pode ser tratado como tal , malgrado atender aos requisitos formais da lei.

- Veio para substituir a LC A diferença essencial entre a LC e a duplicada reside no regime

aplicável ao ACEITE (Fábio Ulhôa): LC: O ATO DE VINCULAÇÃO DO SACADO à cambial é sempre FACULTATIVO (quer dizer, mesmo

que devedor, o sacado não se encontra obrigado a documentar sua dívida pela letra) Duplicata: A SUA VINCULAÇÃO É OBRIGATÓRIA, isto é, O ACEITE É OBRIGATÓRIO (

irrecusável) – portanto esse TC comporta execução mesmo sem assinatura do

devedor - Para que uma compra e venda seja caracterizada como MERCANTIL, é preciso que:

1) Nos 2 pólos da relação, os sujeitos exerçam, necessariamente, ATIVIDADE EMPRESÁRIA 2) O sujeito que compre o produto utilize-o como MEIO DE PRODUÇÃO, e não como destinatário

final Há uma forte corrente majoritária no STJ que entende que deva prevalecer a máxima aplicação

do CDC, mesmo nas hipóteses de compra e venda mercantil. Assim, a compra de uma máquina por uma fábrica deve ser considerado como relação de consumo. Da mesma forma, a compra de computadores por um escritório de advocacia é relação de consumo. Esse entendimento leva a um alargamento da utilização da duplicata.

- O empresário que opta pelo saque da DUPLICATA terá que escriturar um livro obrigatório – LIVRO

DE REGISTRO DE DUPLICATAS – L.D. art. 19. Esse livro também serve de prova de que, de fato, a duplicata foi emitida. A falência de emitente do título , sem a devida escrituração , caracteriza crime falimentar – art.

186 , L.F., VI. > Vantagem das duplicatas: O vendedor consegue antecipar o crédito com o seu próprio banco (ou factoring)

2. FATURA (art. 1°) - Documento obrigatório que deve ser emitido em qq CV mercantil cujo prazo para pagamento exceda 30 dias Se o prazo é menor que 30 dias, a fatura é facultativa

- Documento semelhante uma nota fiscal mas sem recolhimento tributário. Obrigatoriamente, junto com a duplicata deverá ser emitida a FATURA, que qualifica e quantifica as mercadorias vendidas. - Hoje em dia, existe a “nota fiscal-fatura”, união das duas, apesar de terem finalidades distintas

- No ato da EMISSÃO DA FATURA, dela poderá ser EXTRAÍDA UMA DUPLICATA

- Comprova que a duplicata foi emitida a partir de uma CV mercantil. Por isso, a duplicata deve estar

sempre acompanhada da respectiva fatura (se não estiver, será a chamada “duplicata fria”). 3. TRIPLICATA (art. 23): Cópia da duplicata (mesmos efeitos, requisitos e formalidades desta) nos casos de extravio ou perda desta.

4. REMESSA E DEVOLUÇÃO DA DUPLICATA. ACEITE (art. 7°) - Realizada a CV mercantil, com a entrega da mercadoria para o estabelecimento do sacado seguem:

- Nota fiscal-Fatura - Duplicata Ficam com o sacado - Mercadoria

No momento da entrega das mercadorias, o sacado deve assinar a duplicata no campo próprio para o aceite e restituí-la ao sacador em até 10 dias (entrega o canhoto da NF) O mecanismo para o

aperfeiçoamento da duplicata deve passar obrigatoriamente pelo ACEITE FORMAL DO TÍTULO (*) pelo comprador ou tomador do serviço. Assim, o vendedor das mercadorias ou o prestador de serviço, após enviar a duplicata ao comprador, deve aguardar no prazo de 10 dias a devolução da mesma com o respectivo aceite (art. 7°) Nesse prazo de 10 dias (a contar do recebimento das

mercadorias), o sacado confere a mercadoria (confere o estado, a quantidade, etc) e 2 situações podem ocorrer (art. 7°: Aceite ou recusa do aceite):

1) O sacado dá o aceite (assina a duplicata no campo próprio e restitui ao sacador dentro desse prazo)

2) O sacado recusa a dar o aceite, hipótese em que a duplicata é devolvida ao vendedor acompanhada da exposição dos motivos (LD, art. 7° e §1°). É possível para o comprador se recusar a aceitar o TC, desde que o faça (1) no PRAZO

LEGAL, (2) de MANEIRA EXPRESSA e (3) pelos MOTIVOS CONTIDOS NO ART. 8° DA LEI.

A falta de devolução do TC ou do aceite de forma INJUSTIFICADA dará ao vendedor o

DIREITO DE PROTESTAR O COMPRADOR por falta de aceite ou de devolução (art. 13).

(*) ACEITE FORMAL x ACEITE PRESUMIDO: vide item 5

- Art.7° § 2º - Porque, de certa forma, houve aceite

- Obs: A duplicata tem 2 vias: o comprador assina na 1ª via e fica com a 2ª via para pagar

> Se o comprador não devolver a duplicata?

A lei prevê o protesto por aceite presumido. O vendedor junta a prova de que entregou as mercadorias (canhoto da NF) + prova de que não houve recusa e isso servirá para o protesto.

> E se a mercadoria foi entregue com avaria?

O comprador deverá escrever no verso do TC que recusa a duplicata e os motivos pelos quais o faz. O vendedor deverá emitir nova duplicata com os valores descontados.

5. MODALIDADES DE ACEITE - Há 3 modalidades:

a) ORDINÁRIO - Resulta da assinatura do devedor no campo próprio do documento (canto esquerdo inferior ao título

segundo o padrão do CMN) - A Duplicata com aceite ordinário é título executivo extrajudicial contra o sacado e seu avalista , independentemente de se encontrar protestada ou não L.D. art. 15 , I. b) PRESUMIDO

- Decorre do recebimento das mercadorias pelo comprador , quando inexistente recusa formal. - Trata-se da forma mais corriqueira de se vincular o sacado ao pagamento da Duplicata . - Caracteriza-se o aceite presumido, mesmo que o comprador tenha retido ou inutilizado a duplicata, ou a tenha restituído sem assinatura. Desde que recebidas as mercadorias, sem a manifestação formal de recusa é o comprador devedor cambiário, independentemente da atitude que adota em relação ao documento que lhe foi enviado.

c) POR COMUNICAÇÃO - Introduzida em 1968 ; essa modalidade, das três é a menos usual. - Opera-se (desde que a instituição financeira descontadora, mandatária ou caucionada o autorize) mediante a retenção da duplicata pelo comprador e envio de comunicação escrita ao vendedor,

transmitindo seu aceite. O instrumento da comunicação, necessariamente em suporte papel, pode ser

carta, telegrama ou telecópia (fax), não se admitindo mensagens transmitidas e arquivadas em meio

magnético (e-mail). O documento, em que o comprador comunicou ao vendedor o aceite, substitui a duplicata para fins de protesto e execução (L.D. art. 7º § 2º). - Essa figura brevemente será extinta na medida em que se choca de fente com o processo de despapelização do registro do crédito.

6. RECUSA DO ACEITE (art. 8°) > O comprador só poderá recusar a duplicata nas hipóteses elencadas no art. 8°:

a) avaria ou não-recebimento das mercadorias, quando transportadas por conta e risco do vendedor;

b) vícios, defeitos e diferenças na qualidade ou na quantidade; c) divergência nos prazos ou preços combinados.

Assim, a recusa do aceite da duplicata não pode ocorrer por simples vontade do sacado. A falta de aceite pode ser suprida nas seguintes hipóteses:

a) quando houver expressa concordância por parte do sacado ou seu representante, o sacado retém a duplicata até a data do vencimento, enviando comunicado escrito a respeito da retenção e do aceite ao apresentante (Lei das Duplicatas, art. 7º, §1º);

b) quando a duplicata ou triplicata não aceita e protestada esteja acompanhada de documento que comprove a entrega e o recebimento da mercadoria, não tendo o sacado recusado o aceite no prazo e condições determinados pelos arts. 7º e 8º da Lei da Duplicata (Lei da Duplicata, art. 15, II);

c) quando a duplicata ou triplicata não aceita e não devolvida haja sido protestada por indicação do credor ou do apresentante do título, desde que acompanhada de documento que comprove a

entrega e recebimento da mercadoria (Lei da Duplicata, art. 15, § 2º) Em suma, tratando-se o aceite de evento obrigatório no que se refere à duplicata, ou ele efetivamente

é dado pelo sacado, mediante a aposição de sua assinatura no anverso do título ou em documento apartado (Lei da Duplicata, art. 7º § 1º), chamado de aceite ordinário, ou então sua falta é suprida nos termos acima indicados, situação esta que dá azo ao surgimento do que se entende por ACEITE PRESUMIDO.

7. PROTESTO (art. 13) - A duplicata é protestável por (art. 13):

1) FALTA DE ACEITE: o credor encaminha a cartório a duplicata sem a assinatura do devedor, antes do vencimento 2) FALTA DE DEVOLUÇÃO: o credor encaminha a triplicata não assinada ou as indicações relativas à duplicata retida, também antes do vencimento

3) FALTA DE PAGAMENTO: o credor encaminha a duplicata ou triplicata, assinadas ou não, ou apresenta as indicações da duplicata, depois de vencido o título * Na verdade, pouco importa o tipo de protesto, porque os seus efeitos são idênticos, em qq hipótese.

- Documentos necessários para o protesto: Triplicata (é a 2ª via “geral” da duplicata) + Canhoto do recebimento das faturas + Cópia do Livro de Registro das Duplicatas = Leva tudo para o Cartório, o qual primeiramente comunica o comprador de que deve pagar Se ele não paga, é feito o protesto Com a confirmação do protesto + Juntada dos documentos supra-citados, pode-se ajuizar a ação

executiva

- Por que protestar? Se não houver a devolução do TC, o protesto é obrigatório

Art. 13 § 2º O fato de não ter sido exercida a faculdade de protestar o título, por falta de aceite ou de devolução, não elide a possibilidade de protesto por falta de pagamento.

Ex: Comprador não devolve a duplicata O vendedor poderia já protestar por falta de devolução

da duplicata mas opta por esperar para ver se o comprador vai pagar ou não no vencimento (em geral, essa é a opção escolhida, embora com a não devolução da duplicata já haja uma presunção de que a pessoa não vai pagar) Se o comprador não paga no vencimento, o vendedor pode

protestar por falta de pagamento Obs: No protesto por falta de devolução da duplicata o comprador é compelido a pagar

§ 4º O portador que não tirar o protesto da duplicata, em forma regular e dentro do prazo da 30 (trinta) dias, contado da data de seu vencimento, perderá o direito de regresso contra os endossantes e respectivos avalistas

Prazo máximo para protestar a duplicata: 30 dias, DO VENCIMENTO (não é da entrega das

mercadorias) Portanto, o protesto deve ser providenciado, pelo credor, no PRAZO DE 30 DIAS, SEGUINTES

AO VENCIMENTO DA DUPLICATA, sob pena de PERDA DO DIREITO CREDITÍCIO CONTRA OS CO-DEVEDORES DO TÍTULO E SEUS AVALISTAS (art. 13 §4°, LD).

Lembrar que o ACEITE tem que OCORRER ANTES DO VENCIMENTO

8. DUPLICATA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS (art. 20) - Art. 20: Autoriza as firmas individuais, as sociedades e as fundações a fazerem extração de duplicatas que correspondam à prestação de serviços em quantias iguais às respectivas faturas, que discriminarão a natureza dos serviços prestados.

- O protesto, tratando-se de duplicata de prestação de serviços, também poderá ser feito por indicações, caso em que o prestador dos serviços deverá apresentar ao cartório documento que comprove a efetiva prestação dos serviços, bem como o respectivo contrato (Lei da Duplicata, art. 20, § 3º). - Art. 22: Traz a possibilidade de os profissionais liberais e aqueles que prestam serviços de natureza eventual, que, portanto, não são empresários prestadores de serviços, emitirem fatura ou

conta de serviço, sendo lhes vedada a possibilidade da emissão de duplicata. Tal fatura ou conta

deverá mencionar a natureza e valor dos serviços prestados, data e local do pagamento, e vínculo contratual que deu origem aos serviços executados. Referido documento poderá, a exemplo do que ocorre com a duplicata, ser protestado e instrumentalizar processo de execução contra o sacado. 8.1. RECUSA DO ACEITE (art. 21) - O sacado poderá RECUSAR O ACEITE nas hipóteses do art. 21 (motivos + subjetivos) - AÇÃO DE SUSTAÇÃO DE PROTESTO: Existe para TC´s. Natureza de liminar pois deve-se provar

de imediato ao juiz que o serviço foi mal prestado. 9. DUPLICATA VIRTUAL - O Banco criou o DESCONTO ANTECIPADO DE DUPLICATA (natureza de contrato bancário), que é uma cessão de crédito: o vendedor que vende por duplicata, necessitando de dinheiro

antecipadamente, firma contrato com o Banco Crédito representado pela Antecipação do crédito, descontados os juros

duplicata (Empresa) e taxas (Banco)

(*)

Continua como garante da operação (fica como endossante) - AQUELE QUE DEVE PAGAR A DUPLICATA, receberá do Banco uma FICHA DE COMPENSAÇÃO para poder quitar seu débito. (*) Peculiaridades:

a) Natureza: Contrato de adesão b) No caso de a duplicata não ser paga, o Banco tem o direito de buscar na C/C da

empresa o valor integral do título. Em razão dessa operação, essa cessão de crédito figura como ENDOSSO.

- Procedimento: O VENDEDOR, via computador, SACA A DUPLICATA e a ENVIA PELO MESMO PROCESSO AO BANCO, que, igualmente por meio magnético, REALIZA A OPERAÇÃO DE DESCONTO, creditando o valor correspondente ao sacador, expedindo, em seguida, GUIA DE COMPENSAÇÃO

BANCÁRIA que, por correio, é enviada ao devedor da duplicata virtual, para que o sacado, de posse do

boleto, proceda ao pagamento em qualquer agência bancária. - O CC, em seu art°. 869, § 3°, assim dispõe: “O título poderá ser emitido a partir dos caracteres criados em computador ou meio técnico equivalente e que constem da escrituração do emitente, observados os requisitos mínimos previstos neste artigo”. Trata-se do reconhecimento por lei do titulo virtual, ou seja, não materializado em papel mas registrado em meios magnéticos. - Se o comprador não paga a ficha de compensação, o Banco pode devolver a duplicata para o

vendedor e tirar da c/c do cliente o valor que antecipou ou pode, ele mesmo, executar. - Se o comprador não dá o aceite, o Banco emite nova duplicata e desconta os novos juros da c/c do cliente (por ex, antecipou 10.000 mas agora, para a emissão de nova duplicata, descontará 3.000 da c/c do cliente referente aos juros). - O cliente (vendedor) firma com o Banco um contrato de mútuo / cessão ordinária de crédito - Há uma modalidade muito semelhante com essa transação: o FACTORING.

O factoring serve para auxiliar o comércio no capital de giro. As empresas de factoring são empresas de fomento mercantil, inscritas no Banco Central. Recebem o cheque por cessão de crédito das lojas e antecipam o crédito, descontando juros.

- Diferença com o Banco:

1) O Banco pode retirar da C/C do cliente o crédito não recebido. Natureza de endosso.

2) A factoring compra o crédito. Natureza de cessão ordinária de crédito – por isso, ela não pode descontar do cliente o valor não recebido (o cliente não garante a solvência). Isso lhe daria razão para cobrar juros mais altos mas na prática não é isso que ocorre pois, nessas situações, a factoring pressiona o cliente para reaver o valor (embora a lei não permita).

- Ex: Ficha de compensação da NET “Cedente”: É a empresa, que cedeu para o Bradesco o crédito do consumidor Em regra, é cessão de crédito Houve transação de uma duplicata 10. EXECUÇÃO (art. 15)

- O art. 15 da Lei da Duplicata disciplina que a duplicata somente poderá aparelhar o processo de execução em duas hipóteses:

a) duplicata ou triplicata ACEITA, tratando-se de título no qual o devedor apõe sua assinatura e reconhece a existência da dívida por ele representada e

b) duplicata ou triplicata NÃO ACEITA desde que, cumulativamente: - haja sido protestada - esteja acompanhada de documento que comprove a entrega da mercadoria e

- o sacado não tenha recusado o aceite nos termos previstos nos arts. 7º e 8º. Se a duplicata não aceita deixar de contar com qualquer desses requisitos, caberá ao seu

portador o manejo de AÇÃO ORDINÁRIA DE COBRANÇA para fazer valer seu direito de crédito (LD, art. 16), por meio da qual terá o credor de buscar a declaração judicial da existência do seu crédito.

- Contra o SACADOR, ENDOSSANTES E RESPECTIVOS AVALISTAS caberá o processo de execução independentemente da forma e condições do protesto. O sacador somente será executado na qualidade de endossante do título, na medida em que a duplicata sempre é sacada em seu favor. 11. PRESCRIÇÃO (art. 18)

- A execução da duplicata prescreve:

a) Contra o SACADO E SEUS AVALISTAS: em 3 anos, contados da data do vencimento do título b) Contra o ENDOSSANTE E SEUS AVALISTAS: em 1 ano, contado da data do protesto, c) Para o exercício do DIREITO DE REGRESSO: em 1 ano, contado da data do pagamento

Os prazos acima referem-se à prescrição para ações de Execução e de Falência. Para ação Ordinária de Cobrança, contra o devedor, a prescrição é de 20 anos.

“Atualmente, o comércio tem adotado a emissão da duplicata virtual, isto é, o vendedor da mercadoria não envia a cártula ao comprador mas, sim, de forma eletrônica, ao seu próprio Banco, visando ao desconto antecipado da mesma. O vendedor e o Banco onde aquele é correntista estabelecem um contrato de antecipação de duplicata, onde o cliente cede, com natureza de ENDOSSO, o TC (duplicata) ao Banco, que

automaticamente deposita os valores referentes ao título, descontados de juros e taxas bancárias, passando a ser o cobrador oficial da duplicata. No dia do vencimento, não havendo pagamento do referido TC, o Banco terá o direito de

sacar da C/C do seu cliente os valores anteriormente antecipados. Existe, ainda, uma outra modalidade de antecipação de valores, que é realizada pelas chamadas empresas de factoring (faturização), que apresenta um mecanismo semelhante ao da

antecipação bancária, tendo como diferença principal que, neste caso, a cessão do TC tem natureza de cessão ordinária de crédito. A duplicata deve ser cobrada via ação de execução, desde que esteja ainda dentro do prazo prescricional previsto no art. 18, Lei 5474/68.” 12. DUPLICATA SIMULADA – art. 172 Código Penal

Duplicata “fria”: sacador e aceitante incorrem em crime de ESTELIONATO A duplicata é titulo cuja existência depende de um contrato de compra e venda comercial ou de prestação de serviço. Toda duplicata deve corresponder a uma efetiva venda de bens ou prestação de serviços. A emissão de duplicatas que não tenham como origem essas atividades é considerada infração penal. Trata-se da chamada " duplicata fria" ou duplicata simulada O Código Penal assim define essa infração:

Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que não corresponde à mercadoria vendida, em quantidade

ou qualidade, ou ao serviço prestado

Pena: detenção de dois à quatro anos, e multa ( Código Penal, art. 172 ). 13. OS PRINCÍPIOS DOS TÍTULOS DE CRÉDITO EM FACE DA DUPLICATA VIRTUAL Faremos, agora, uma breve análise de compatibilidade dos princípios dos títulos de crédito com a

duplicata virtual. Princípio da Cartularidade - O devedor deve ter o título em mãos para exercitar o seu direito sobre ele. O credor deve provar que se encontra na posse do documento. - Esse princípio é totalmente incompatível com a duplicata virtual, já que não como se provar a posse de um documento eletrônico, muito menos anexá-lo em sua petição para executá-lo. - É previsto, então, pela lei das duplicatas, o protesto por indicações, através do qual o credor informa

ao cartório os dados identificadores. Para a execução desse título, então, basta o citado protesto e a prova de entrega das mercadorias.

Princípio da Literalidade - O direito decorrente do título será exercido nos limites do que está literalmente escrito. - Igualmente, esse princípio não se adequa à duplicata virtual, já que não há papel que materialize o

título. Princípio da Autonomia - Os vícios que comprometem a validade de uma relação jurídica não comprometem as demais. Não interessa se o ato que originou o título era ilícito. Isso não prejudica as relações que surgiram a partir dessa. Elas são autônomas.

- Esse princípio é uma forma de assegurar a circulação dos títulos de crédito e tem total adequação com a duplicata virtual.

CHEQUE – Lei 7.357/85

1. ESPÉCIE DE TÍTULO - É ORDEM DE PAGAMENTO À VISTA , emitida contra um banco , em razão de provisão que o emitente possui junto ao sacado, proveniente essa de Contrato de depósito bancário ou de abertura de crédito. Ver arts. 3º e 4º da L.C.

- Figuras jurídicas: 1) Sacador (emitente); emite a ordem para o Banco 2) Sacado: necessariamente é o Banco 3) Tomador

2. NATUREZA (art. 32 e § único) - Ordem de pagamento À VISTA (é o que diz a lei) Apesar disso, o costume desnaturou a

natureza do cheque, consolidando o cheque a prazo e a jurisprudência aceitou-o, já que o costume é fonte do Direito - CIRCULAÇÃO LIVRE (não tem restrições, como a duplicata, que só pode ser emitida na CV mercantil) - MODELO VINCULADO, só podendo ser eficazmente emitido no papel fornecido pelo banco sacado

(em talão ou avulso).

O Banco pode recusar a ordem de pagar o cheque, dada pelo sacador?

Só pode recusar se for caso de uma das alíneas contidas na lista de pendências elaborada pelo Banco Central (cheque sem fundo, conta encerrada, etc). Por mera liberalidade, o sacado não pode recusar a ordem. 3. CIRCULAÇÃO DO CHEQUE O cheque tem implícita a CLÁUSULA “À ORDEM”, significa dizer que se transmite

normalmente mediante endosso. O endossante, é claro, torna-se co-devedor do título e está sujeito à execução, caso o cheque seja devolvido pelo banco sacado por insuficiência de fundos.

O endosso do cheque admite a CLÁUSULA “SEM GARANTIA” pela qual o ENDOSSANTE não assume, em relação ao título, NENHUMA RESPONSABILIDADE CAMBIAL (art. 21 L.C).

Cabe, também, no cheque, o ENDOSSO-MANDATO, em que o endossatário se investe na

condição de mandatário do endossante e não se torna o titular do crédito (art. 26 L.C).

Poderá o emitente inserir no cheque a CLÁUSULA “NÃO À ORDEM”, hipótese em que a sua

circulação será regida pelo direito civil, mas a sua transmissão e negociação não são vedadas.

Já o CHEQUE “NÃO TRANSMISSÍVEL”, ostenta cláusula obstativa de qualquer ato de circulação do crédito, definindo-se, no momento do saque, a única pessoa em favor da qual o cheque poderá ser liquidado.

3.1. PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DO TC E CIRCULAÇÃO

Ex: Compra de um móvel a prazo e por encomenda Cheques endossados para 3° e o

produto não foi entregue na data aprazada O consumidor pode sustar os cheques? Não, tem que pagar tudo pois ele não pode impor uma exceção contra um 3° de boa-fé (se estivesse em conluio com o vendedor, sim). Terá, no entanto, direito de regresso em face do vendedor (isso se for possível localiza-lo). Se os cheques estiverem nas mãos do vendedor, caberá o não pagamento e a argüição da exceção do contrato não cumprido.

O comprador saberá quem está com os seus cheques pois, após sustá-los, certamente, quem tentou sacá-los entrará em contato com ele.

Precaução do emitente: Escrever “NÃO À ORDEM” no cheque, impossibilitando o seu endosso.

Ex: Pague por este cheque a quantia de .... trezentos mil reais ..... a......João da Silva...(não à ordem).

Portanto, cheque a prazo é possível?

Jurisprudencialmente, sim. Legalmente, não.

4. REQUISITOS (art. 1°) - Art. 1° § único: Mandatário com poderes especiais. Procuração por instrumento público Entrega para o Banco, que vai elaborar um cartão de assinaturas para o mandatário - Não preenchimento dos campos do cheque (com exceção da assinatura): Súmula 387, STF 5. PRAÇA DO CHEQUE (= município onde está situada a agência) (art. 33)

O cheque deve ser apresentado, pelo credor, ao banco sacado, para liquidação, dentro do prazo

assinalado pela lei. Para os “da mesma praça”, o prazo é de 30 dias; para os “de praças diferentes”, 60, sempre a contar do saque.

a) Mesma praça: 30 dias PRAZO DE APRESENTAÇÃO para depósito ou b) Praças distintas: 60 dias saque na boca do caixa

- Se o LOCAL DA EMISSÃO DO CHEQUE (= lugar do saque, é aquele em que se encontra o sacador no momento em que preenche o cheque) é diverso do LOCAL DA PRAÇA, isso tem que constar no cheque. Apesar disso, as pessoas têm o hábito de lançar, como local de emissão, o município de suas residências, ainda que estejam em viagem pelo país. - Os prazos acima referidos determinam o início da contagem do prazo prescricional. Portanto: Fim dos 30 / 60 dias = Termo inicial da prescrição

|--------------- Banco deve pagar ---------------||-- Se o Banco pagar, ele responde--

30 dias |---------------- 6 meses----------------| 60 dias |---------------- 6 meses----------------|

Inobservância Acarreta a PERDA DO DIREITO DE EXECUTAR os ENDOSSANTES do prazo de do cheque, e SEUS AVALISTAS, se o título é devolvido por apresentação insuficiência de fundos (art. 47, II, LC).

No entanto, O CREDOR CONSERVA O DIREITO DE EXECUTAR O EMITENTE, E SEUS AVALISTAS, mesmo que não tenha apresentado o cheque no prazo. Trata-se de possibilidade

reconhecida pela jurisprudência (Súm. 600, STF: “Cabe ação executiva contra o emitente e seus avalistas, ainda que não apresentado o cheque ao sacado no prazo legal, desde que não prescrita a ação cambiária”).

EXCEÇÃO DO ART. 47, §3º - LC: O tomador (ou endossatário) perderá o DIREITO À

EXECUÇÃO CONTRA O EMITENTE numa hipótese particular. Se HAVIA FUNDOS NA CONTA DE

DEPÓSITO correspondente, durante o prazo de apresentação, e esses deixaram de existir, por ato não

imputável ao emitente, o credor não dispõe mais da execução para receber o valor do título.

Ex1: Emiti cheque para daqui a 1 mês mas o tomador não deposita dentro desse prazo. O STF entende que o cheque pode ser depositado ATÉ O FIM DO PRAZO PRESCRICIONAL (30 dias + 6 meses) mas, passado o prazo de apresentação (30 / 60 dias), o SACADOR NÃO É OBRIGADO A TER FUNDOS. Assim, caberia uma SUSTAÇÃO DE NEGATIVAÇÃO se a reapresentação do cheque for muito rápida (entendimento jurisprudencial) pois não daria tempo hábil para o correntista realizar

o depósito na conta. Já no caso de estar dentro do prazo de apresentação não cabe essa sustação de negativação pois é obrigação do correntista ter dinheiro em conta.

Ex2: Um CHEQUE foi emitido por um dos titulares de conta bancária conjunta, e o tomador negligenciou na apresentação tempestiva do CHEQUE ao sacado. Posteriormente , o outro titular da conta retirou todo o dinheiro nela depositado. Nesse caso a inobservância do prazo da lei importa a impossibilidade de executar o Emitente do Cheque .

Contra o AVALISTA DO EMITENTE, a falta de apresentação do título ao sacado no prazo prescrito em lei NÃO gera nenhuma conseqüência. * Portanto:

APRESENTAÇÃO TARDIA (após 30/60 dias): O banco deve pagar a qualquer tempo, até a prescrição (6 meses do término do prazo de apresentação). Caso haja INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS para o pagamento do cheque apresentado fora do prazo, o

portador poderá mover ação executiva contra o SACADOR (exceto na hipótese prevista no art. 47 §3°) E SEUS AVALISTAS, mas NÃO PODERÁ ACIONAR OS ENDOSSANTES E SEUS AVALISTAS (Lei do Cheque – Art. 47, II e Súmula nº 600, STF)

6. ESPÉCIES a) CRUZADO (art. 44)

- O cruzamento se realiza pela aposição, no anverso do cheque, de dois traços transversais e paralelos (pode ser em qq lugar, mas tem que ser aparente) - Há duas espécies de cruzamento:

em branco (ou cruzamento GERAL): não identifica nenhum banco no interior dos 2 traços em preto (ou cruzamento ESPECIAL): Aquele que identifica em qual banco deve ser feito o

depósito – basta escrever entre as linhas o nome do banco

- O cruzamento se destina a tornar SEGURA a liquidação de cheques ao portador, já que uma vez cruzado o título, sempre seria possível, a partir de consulta aos assentamentos do banco, saber em favor de que pessoa ele foi liquidado É possível rastrear o cheque Dá tempo para sustar O cheque não cruzado ao portador pode ser pago diretamente no caixa da agência sacada, hipótese em que não se poderá conhecer a pessoa que recebeu o correspondente valor.

b) VISADO - É aquele em que o BANCO SACADO, a pedido do emitente ou do portador legítimo, lança e assina, no verso, declaração confirmando a existência de fundos suficientes para a liquidação do título (é como se o banco estivesse avalizando). Ao visar o cheque, o banco sacado deve reservar, da conta de depósito do emitente, numerário bastante para o pagamento do título realizando o lançamento de débito correspondente. O visto do cheque não exonera o emitente, endossantes e

demais devedores, e não importa nenhuma obrigação cambial do banco sacado.

c) ADMINISTRATIVO - É o CHEQUE EMITIDO PELO BANCO SACADO, para liquidação por uma de suas agências (o Banco retira o valor X da c/c do correntista e coloca em sua própria conta). Nele, emitente e sacado são a

mesma pessoa, ou seja, a instituição financeira ocupa, simultaneamente, a situação jurídica de quem dá a ordem de pagamento e a de seu destinatário. - Essa modalidade de cheque aumenta da segurança no ato recebimento de valores (porque, por ser nominativo, pode ser sustado). 7. CHEQUE PÓS OU PRÉ-DATADO

- A lei diz que o cheque é uma ordem de pagamento À VISTA. Assim, ainda que no cheque conste uma data diversa da atual, se a conta tiver fundos, o cheque será pago.

Art . 32, Lei 7.357/85: O cheque é pagável à vista. Considera-se não-estrita qualquer menção em contrário.

Parágrafo único - O cheque apresentado para pagamento antes do dia indicado como data de emissão é pagável no dia da apresentação.

Diz-se que é errônea a denominação “cheque pré-datado”, pois a data do cheque é de sua

emissão, não do pagamento. O cheque é datado para momento futuro, ou seja, para depois da criação, sendo, pois, pós-datado.

Por que não se substitui o cheque pré-datado pela nota promissória?

Porque na NP há a desvantagem para o promitente pagador resgata-lo. Já o cheque, tem a vantagem da compensação nacional.

Se a loja deposita o cheque pré-datado antes da data aprazada e há fundos, o Banco

deve pagar? Sim, o Banco DEVE liquidar os cheques se houver, em conta, fundos bastantes ou recursos disponíveis. Se a conta não tiver fundos, o Banco devolve. * Obs: Duas reapresentações por falta de fundos negativam a conta.

Há sanção para o lojista que deposita o cheque antes da data acordada?

Sim. A jurisprudência entende que há um contrato tácito de compra e venda com cláusula explícita de pagamento a prazo, daí ser possível ajuizar uma ação por descumprimento contratual c/c indenização por danos materiais e/ou morais. Cuidados do emitente:

1) Sempre caracterizar o pagamento a prazo, escrevendo a data acordada no cheque 2) No verso do cheque, escrever: “Cheque destinado ao pagamento da parcela 2/5 à loja

X”. Essa anotação em nada prejudica o portador do cheque. Isso é importante pois o Banco sempre filma o cheque (a chamada micro-filmagem, hoje

em dia, é digitalizado), possibilitando provar as condições da compra. Por que escrever no verso?

Porque às vezes o lojista repassar para um 3° (geralmente, uma factoring), e fica o nome deste no nominativo. Se isso for feito, ficará difícil provar que o cheque foi fruto da transação

do consumidor com a loja X. 7.1. DEPÓSITO ANTECIPADO DO CHEQUE PÓS-DATADO

O consumidor que emite e entrega cheques pós-datados, corre o risco de os ver apresentados

ao sacado, antes da data estabelecida de comum acordo com o fornecedor. Não poderá, com efeito, o banco, nessa hipótese, negar-se a liquidar os cheques se houver, em conta, fundos bastantes ou recursos disponíveis. É plenamente lícito ao emitente e ao credor do cheque definirem, de comum

acordo, prazo mínimo para a apresentação do título à liquidação. CHEQUE PÓS-DATADO * CONTRATO VERBAL

O pagamento com cheque pré normalmente é, do ponto de vista jurídico, um CONTRATO

VERBAL, mediante o qual o comprador, adquirindo um produto ou serviço, paga o preço com um ou mais títulos (cheques), sendo certo que o vendedor se compromete a somente resgatar o título (isto é, apresentar o cheque pré no banco) nas datas acertadas entre ele e o comprador.

Quase tudo verbal, mas rigorosamente legal. As garantias são recíprocas: o consumidor-comprador promete que terá fundos quando do saque; o vendedor promete que só apresentará o cheque na data acertada.

* A QUEBRA DA PROMESSA Na verdade, se nessa transação houver alguma quebra, ela será de dois tipos: ou o comprador

não terá fundos na data aprazada; ou o vendedor quebrará a promessa e apresentará o cheque antes. Em ambos os casos, A QUEBRA É CONTRATUAL e, desse modo, há de ser interpretada. * OBRIGAÇÃO DO FORNECEDOR

Além disso tudo, com a entrada em vigor do CDC, a transação efetuada entre o vendedor e o

comprador, firmando a forma de pagamento através do cheque pré-datado, passou a ter regulação expressa em lei, mediante a figura da OFERTA: o comerciante oferece ao consumidor a oportunidade de pagar com cheque pré-datado. Essa oferta, vale dizer, essa forma de pagamento posta à disposição do consumidor, VINCULA O COMERCIANTE e INTEGRA O CONTRATO DE COMPRA E VENDA (seja verbal ou escrito).

Ora, verbal ou escrito, o contrato foi celebrado e a operação de compra e venda foi efetuada.

Como a oferta é parte integrante do contrato por força expressa de lei, e como tanto o preço como a forma de pagamento são partes da oferta do vendedor, eles integram o negócio realizado.

* DEVER DE APRESENTAR O CHEQUE NA DATA COMBINADA

Daí conclui-se que, se o vendedor oferece ao comprador como forma de pagamento a entrega

de cheque que ele (vendedor) só vai levar ao banco em determinado dia futuro, isso é uma verdadeira cláusula contratual, que não pode ser por ele (vendedor) quebrada, sem que seja responsabilizado pelo rompimento.

Por isso, trato a seguir de um outro aspecto de bastante relevo, que é o da quebra da promessa e dos danos dela provenientes.

* O QUE ACONTECE SE O VENDEDOR APRESENTA AO BANCO O CHEQUE PRÉ ANTES DA DATA COMBINADA?

Se o cheque for apresentado pelo vendedor na data combinada e não tiver fundos, ele tem a seu dispor as alternativas legais para tentar receber seu crédito e que são por demais conhecidas, posto que usuais e corriqueiras.

Contudo, é importante abordar a questão dos danos relativos à quebra da promessa por parte

do vendedor ou, em outras palavras, pergunta-se: o que acontece se o vendedor descumpre o pactuado e apresenta o cheque pré antes do dia combinado? Não sofre nenhuma sanção, além do natural repúdio do consumidor?

Claro que a resposta somente pode ser a da responsabilização do vendedor pelos eventuais

danos que sua quebra de promessa venha a acarretar ao consumidor. A responsabilidade do vendedor é evidente. Vejamos.

* OS FATOS Na apresentação do cheque pré antes da data aprazada, duas coisas podem acontecer: o

cheque ter fundos e ser pago; ou o cheque não ter fundos e ser devolvido pelo banco. Em ambos os casos o consumidor é prejudicado.

No caso de o cheque ter fundos e ser pago, o consumidor sofre um prejuízo material direto e imediato, pois passa a não dispor do dinheiro que era seu, que lhe pertencia. Simultaneamente, ou

logo após, o consumidor pode sofrer uma série de outros danos, tais como não ter mais dinheiro para arcar com outros compromissos, o que lhe pode gerar outros tantos danos diretos.

Outros cheques de sua emissão podem vir a ser devolvidos por falta de fundos, uma vez que podem estar já em circulação, e o estavam porque o consumidor sabia que tinha suficiente provisão de fundos na sua conta corrente. O consumidor pode, também, sofrer danos materiais e morais como decorrência desses fatos.

No caso de o cheque não ter fundos, o consumidor sofre imediatamente danos materiais e

morais. * FORNECEDOR DEVE INDENIZAR O CONSUMIDOR

Como em qq hipótese de descumprimento de obrigação contratual, o fornecedor que não observa os termos do seu acordo com o consumidor, deve indenizar as perdas provocadas. Trata-se de mera aplicação de princípio mais que assente na teoria da RESPONSABILIDADE CONTRATUAL.

Portanto, se o cheque pós-datado, apresentado ao sacado ANTES da data combinada entre

consumidor (emitente) e fornecedor (tomador), for LIQÜIDADO, cabe a INDENIZAÇÃO PELA INADIMPLÊNCIA DA OBRIGAÇÃO DE NÃO FAZER, contratualmente assumida pelo credor. A indenização corresponderá à perda do consumidor em virtude da antecipação do desembolso, e será medida (1) pelos padrões gerais de remuneração de capital no período, ou (2) pelos juros e encargos derivados da utilização do crédito aberto pelo sacado (isto é, pelo uso do limite do cheque especial) ou, ainda, (3) pela não-remuneração de recursos do correntista alocados em aplicações financeiras

(fundos de investimento geridos pelo banco sacado). Por outro lado, se o cheque pós-datado apresentado em data anterior à combinada RETORNAR

ao empresário fornecedor, em razão de INSUFICIÊNCIA DE FUNDOS, uma vez promovida a sua

EXECUÇÃO JUDICIAL, terá o consumidor o direito de, nos embargos, exigir a REDUÇÃO PROPORCIONAL DO VALOR DA COBRANÇA, para compensação dos prejuízos que sofreu, em particular com o pagamento da taxa do serviço de compensação bancária e demais encargos contratuais. Além disso, deve o fornecedor suportar integralmente os ônus da sucumbência,

prosseguindo a execução pelo saldo remanescente, se houver. Se for o caso, além da responsabilidade pelos danos materiais experimentados pelo consumidor,

cabe a condenação do credor do cheque pós-datado de apresentação precipitada, pelos DANOS MORAIS que o emitente sofre na hipótese de devolução por insuficiência de fundos. A comunicação aos bancos de dados mantidos pelo empresariado, para a proteção do crédito (SERASA, Telecheque, etc) ou a inscrição no CCF (Cadastro de Emitentes de Cheques Sem Fundos) envolve, normalmente, o consumidor em situações de extremo constrangimento.

Em suma, quem concorda em documentar o crédito concedido por cheque pós-datado, deve zelar pela estrita observância do acordo oral feito com o emitente, quanto à oportunidade da apresentação à liquidação do título.

8. CONTA CONJUNTA

- Há SOLIDARIEDADE PASSIVA DOS CORRENTISTAS em relação ao banco, pois aqui temos uma

obrigação conjunta, sujeita ao princípio da divisão, mas sem os efeitos cambiais. A solidariedade decorre do contrato firmado entre os correntistas e o sacado 9. CHEQUE SEM FUNDOS

- Por norma do Banco Central, cada cheque comporta apenas 2 apresentações, mas o credor não se encontra obrigado a realizá-las em nenhum caso. Devolvido o cheque sem fundos, pode o credor promover a cobrança judicial de imediato, sem a seguinte apresentação. - Diz a lei que o cheque sem fundos DEVE SER PROTESTADO DURANTE O PRAZO DE APRESENTAÇÃO (art. 48). Desse modo, sendo título da mesma praça, o credor deve encaminhá-lo ao cartório de protesto nos

30 dias seguintes ao saque; se de praças diferentes, em 60 . - Cheque devolvido 2x por insuficiência de fundos A c/c é suspensa até que tudo seja resolvido O

carimbo no verso do cheque é a declaração do Banco de que ele não foi pago, por isso, NÃO HÁ NECESSIDADE DE PROTESTAR (art. 47 §1°).

A inobservância do prazo para o protesto do cheque é, contudo, inócua, já que a lei confere os mesmos efeitos conservativos do direito de cobrança à declaração do sacado ou de Câmara de Compensação, atestando a insuficiência de fundos. Quer dizer, se o cheque é sem fundos, ele foi apresentado à liquidação perante o sacado e por esse devolvido com a respectiva declaração

(firmada por ele mesmo, ou por Câmara de Compensação). Caso isso se tenha verificado no prazo de apresentação, a realização ou não do protesto, dentro ou além desse prazo, não terá mais nenhum efeito cambiário, já que está assegurada a execução contra endossantes e seus avalistas (LC, art. 47, II).

Se houve devolução com a respectiva declaração firmada por ele mesmo ou por câmara de compensação não será necessário o protesto, e além do mais está assegurada a execução contra

endossantes e seus avalistas através da declaração de “sem fundos” pelo banco (art. 47 , II , L.C).

O credor não estará impedido de protestar pois terá apenas efeitos extracambiais . Somente para conservação do direito de execução contra co-devedor e respectivos avalistas opera-se a equiparação de efeitos entre os dois atos (declaração de sem fundos e protesto).

Para FALÊNCIA, é indispensável o protesto do título não bastando somente a declaração

quando se trata de devedor comerciante (protesto especial para fins falimentares).

10. AÇÃO CAMBIAIS

A partir de que momento já se pode EXECUTAR o emitente?

A partir da 2ª devolução do cheque (pois aí fica caracterizada a inadimplência).

- As ações cambiais do cheque são duas: a) AÇÃO DE EXECUÇÃO (art. 47) - Art. 47, II: “declaração do sacado” = carimbo do Banco b) AÇÃO DE ENRIQUECIMENTO INDEVIDO (art. 61, LC) - Prescrita a ação de execução, temos outra espécie de ação cambial para o cheque: ação de

enriquecimento indevido ou de locupletamento. O portador do cheque, através do processo de conhecimento pede a condenação judicial de qualquer devedor cambiário no pagamento do título

(principal) sob o fundamento de que se operou o enriquecimento indevido . - Tem natureza cognitiva, rito ordinário - Pode ser proposta nos 2 anos seguintes à prescrição da ação de execução em face do emitente ou dos outros obrigados (desde que se prove a existência da dívida e o não pagamento). - Esta ação perdeu força com a criação da ação monitória

Nas duas operam-se os princípios do direito cambiário, e assim, o demandado não pode argüir

na defesa, matéria estranha a sua relação com o demandante, em razão do princípio da inoponibilidade das exceções pessoais ao terceiros de boa-fé.

Na execução o portador pode reclamar do demandado o principal, mais os juros legais, despesas e correção monetária.

Após a prescrição das ações cambiais, será ainda possível ao portador do cheque sem fundos

promover a AÇÃO CAUSAL (art. 62, Lei 7.357/85), para fins de discutir as obrigações decorrentes da relação originária.

Ex. Entre C e A não existe nenhuma outra relação, a não ser o próprio cheque; por essa razão,

C, depois de prescritas as ações cambiais, não é mais titular de qualquer direito contra o segundo.

Poderá apenas intentar algum processo contra B, para discutir a relação jurídica que havia justificado a transferência do título de crédito (mútuo, responsabilidade civil)...

APÓS PRESCRITO O CHEQUE, a jurisprudência tem hodiernamente admitido a utilização da AÇÃO MONITÓRIA (Art. 1102 – A , CPC).

* Súmula 299 do STJ diz: " É admissível a ação monitória em cheque prescrito". 11. PRESCRIÇÃO (art. 59) - O PRAZO PRESCRICIONAL é de 6 meses a contar do término do prazo de apresentação (considera-se o último dia do prazo de apresentação)

- Para contagem da prescrição do cheque conta-se, a partir da data de emissão: Prazo de apresentação (30 / 60 dias) + 6 meses

- Assim, se se tratar de cheque da mesma praça, a ação cambial prescreve em 30 dias mais 6 meses. Tratando-se de cheque de outra praça, o prazo prescricional será de 60 dias mais 6 meses".

- Art. 64, § único, Lei 7.357/85:

A ação do portador contra o sacador, os endossantes e seus respectivos avalistas prescrevem em 6 meses, contados do término do prazo de apresentação.

A ação de um dos coobrigados (endossantes e seus avalistas) contra os outros também prescreve em 6 meses, contados do dia em que tenha pago o cheque ou do dia em que ele

próprio foi acionado. 12. SUSTAÇÃO DE CHEQUE (arts. 35 E 36)

- É um ATO ESCRITO, DIRIGIDO AO BANCO SACADO. O Banco Central autoriza a sustação por telefone, que tem efeito por até 72hs, desde que

o correntista compareça, depois, à agência, para formalizar o ato por escrito. Caso o correntista não confirme, o Banco deve efetuar o pagamento.

- Em ambas as espécies de sustação, o objetivo é IMPEDIR A LIQUIDAÇÃO DO CHEQUE, pelo banco sacado. - Não cabe ao Banco sacado apreciar as razões do ato (art. 36, §2º) (só acata, não avalia a

contra-ordem). Deve apenas adotar os procedimentos administrativos (geralmente, com cobrança de tarifas para operacionalizar o ato) aptos a atender a vontade do correntista (declaração unilateral de vontade). Se a sustação é injusta, isto deve ser decidido pelo juiz, em ação própria – do prejudicado contra o emitente - de indenização; - A SUSTAÇÃO DE CHEQUE poderá ser realizada em 2 hipóteses:

a) Revogação ou contra-ordem (art. 35 L.C)

É ato exclusivo do emitente O ato de revogação somente produz efeitos a partir do término do prazo de

apresentação (com esta não ocorrendo) Produz efeito definitivo

Não se exige a existência de saldo disponível.

b) Oposição (art. 36 L.C.) Pode ser efetivada pelo emitente ou pelo portador legitimado. Os efeitos da oposição são imediatos. A oposição não revoga ou desfaz a ordem (apenas impede o pagamento àquele que não

seria seu legítimo beneficiário) Há necessidade da existência de saldo

- Conseqüências da sustação: Não compensação do cheque. Impossibilidade de reapresentação. O emitente não é penalizado.

- É + fácil sustar se o cheque é cruzado - Art. 35: “aviso epistolar” = carta

Art. 36: “relevante razão de direito”

- A doutrina firmou 3 hipóteses: furto, roubo, extravio (em tese, são hipóteses taxativas)

- Caso o tomador entenda que a sustação foi de má-fé, ele poderá PROTESTAR o título. - Se a sustação é, no caso em particular, MEDIDA JUSTA ou ABUSO DE DIREITO, isto não é coisa

com que se deva preocupar o banco. A validade ou invalidade da sustação somente pode ser determinada pelo juiz, cabendo ao prejudicado demandar o emitente e provar o abuso no exercício do direito.

- SUSTAÇÃO POR DESACORDO CONTRATUAL: Em tese, esta hipótese não poderia fundar uma sustação, uma vez que o cheque é um TC autônomo.

No entanto, a jurisprudência tem reconhecido a sustação por descumprimento contratual (além daquelas 3 hipóteses) se ela for dada contra quem não cumpriu sua parte no contrato, com fundamento na EXCEÇÃO DO CONTRATO NÃO CUMPRIDO. Além de sustar, o emitente lesado poderia mover AÇÃO DE RESCISÃO DE NEGÓCIO JURÍDICO.

Contudo, se o cheque estiver nas mãos de TERCEIROS DE BOA-FÉ, não será cabível a sustação (se for caso de conluio, sim). Depois que sustar o cheque, o emitente só saberá que o cheque estava nas mãos de 3° quando esse 3° protestar ou entrar em contato com ele.

13. APRESENTAÇÃO DO CHEQUE PRÉ-DATADO - O PRAZO DE APRESENTAÇÃO inicia-se da DATA DA EMISSÃO (art. 33) !!! - A PRESCRIÇÃO inicia-se da data da EXPIRAÇÃO DO PRAZO DE APRESENTAÇÃO (art. 59) - Se o cheque for pré-datado e o beneficiário apresentou antes da data acordada?

Ex: Cheque para 30/06/08 Sacador deposita 2x antes do dia 30/06 e o cheque volta nas 2x por insuficiência de fundos A PRESCRIÇÃO começará a correr a partir da 1ª APRESENTAÇÃO porque não há como se balizar por outra data (fundamento: art. 32 § único). Portanto, desconsidera-se o prazo de apresentação para os cheques pré-datados, começando a conta logo o prazo prescricional.