em tempo - 26 de abril de 2015

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ANO XXVII – N.º 8.695 – DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO O JORNAL QUE VOCÊ LÊ MÁX.: 30 MÍN.: 23 TEMPO EM MANAUS DENÚNCIAS • FLAGRANTES 98116-3529 FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700 ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ELENCO, CURUMIM, IMÓVEIS&DECOR. CURUMI M Pesquisa do Ministério da Saú- de alerta que o excesso de peso já atinge 52,5% da população adulta do Brasil. Especialistas indicam mais exercícios e menos televisão. Saúde F4 e F5 Série de sucesso exibida pela Netflix, “House of Cards” mostra como um deputado facínora se tornou presidente dos Estados Unidos. Plateia D4 O Curumim fala a linguagem do mundo moderno. O hábito que ficou conhecido como “sel- fie” - escolhida como a palavra do ano pelo dicionário britânico “Oxford” – é o tema da matéria de capa. Curumim Para a reforma do apartamento é preciso atender normas que vão desde a aprovação do condomínio até a contratação de engenheiro ou arquiteto. Imóveis & Decor 1 VENDA PROIBIDA EXEMPLAR DE ASSINANTE PREÇO DESTA EDIÇÃO R$ 2,00 A mania do momento é o Dubs- mash, aplicativo para smartphones e tablets que permite usar frases famosas para você dublar em vídeos curtos. Elenco 12 e 13 PLATEIA O BRASIL PRECISA DE DEUS’ O EM TEMPO ENTREVISTOU O BRASILEIRO VALDIR SAMPAIO, SOBREVIVENTE DOS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO DE 2001, EM NOVA YORK, NOS ESTADOS UNIDOS. PROFESSOR UNIVERSITÁRIO E GUIA TURÍSTICO, VALDIR MORA HÁ 14 ANOS EM NEW JERSEY. NA ENTREVISTA, ELE FAZ UMA ANÁLISE DA IMAGEM DO BRASIL NO EXTERIOR APÓS OS ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO QUE, SEGUNDO ELE, SÃO PROVOCADOS PELA IMPUNIDADE. NO ENTANTO, O PROFESSOR DESTACA A ALEGRIA, A DETERMINAÇÃO E A ESPERANÇA DO POVO BRASILEIRO DE QUE AS COISAS VÃO MUDAR PARA MELHOR. “O BRASIL PRECISA DE DEUS”, DIZ. COM A PALAVRA A5 Um terremoto deixou ao menos 900 mortos e muitos danos mate- riais no Nepal, incluindo o desaba- mento da histórica torre Dharahara de Katmandu. Última Hora A2 TERREMOTO MATA 900 NO NEPAL A bancada do PSDB diz que já existem elementos suficientes para o impeachment de Dilma Rousseff, cujo pedido será realiza- do na quarta-feira. Política A6 PSDB vai pedir saída de Dilma Órgãos tentam livrar trabalha- dores das condições degradantes – similares ao trabalho escravo – a que são submetidos nas olarias do Amazonas. Economia B4 a B6 Trabalho escravo no interior PÓDIO Desfalcados, Palmeiras e Santos começam a decidir, na tarde des- te domingo, quem será o campeão paulista de 2015. Pódio E7 Verdão e Peixe dão início à batalha final ARQUIVO PESSOAL RICARDO OLIVEIRA O vôlei brasileiro vai se despedir hoje de um dos maiores nomes de sua história, a levantadora Fofão, que se aposenta aos 44 anos. Pódio E8 Fofão encerra sua carreira na história do vôlei Botafogo e Vasco fazem o primeiro duelo da final do Cam- peonato Carioca, hoje, no Mara- canã. O Fogão tem a vantagem do empate. Pódio E7 DUELO DE GIGANTES NO MARACA O ALERTA É DE UM BRASILEIRO SOBREVIVENTE DO 11 DE SETEMBRO, QUE VIVE EM NEW JERSEY Valdir Sampaio foi morar nos EUA poucos meses an- tes do atentado terrorista de setembro de 2001 EXCLUSIVO

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EM TEMPO - Caderno principal do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: EM TEMPO - 26 de abril de 2015

ANO XXVII – N.º 8.695 – DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 – PRESIDENTE: OTÁVIO RAMAN NEVES – DIRETOR EXECUTIVO: JOÃO BOSCO ARAÚJO

O JORNAL QUE VOCÊ LÊ

MÁX.: 30 MÍN.: 23TEMPO EM MANAUS

DENÚNCIAS • FLAGRANTES

98116-3529

FALE COM A GENTE - ANÚNCIOS CLASSITEMPO, ASSINATURA, ATENDIMENTO AO LEITOR E ASSINANTES: 92 3211-3700ESTA EDIÇÃO CONTÉM - ÚLTIMA HORA, OPINIÃO, ECONOMIA, PAÍS, MUNDO, DIA A DIA, PLATEIA, PÓDIO, SAÚDE, ELENCO, CURUMIM, IMÓVEIS&DECOR.

CURUMIM

Pesquisa do Ministério da Saú-de alerta que o excesso de peso já atinge 52,5% da população adulta do Brasil. Especialistas

indicam mais exercícios e menos televisão. Saúde F4 e F5

Série de sucesso exibida pela Netfl ix, “House of Cards” mostra como um deputado facínora se tornou presidente dos Estados Unidos. Plateia D4

O Curumim fala a linguagem do mundo moderno. O hábito que fi cou conhecido como “sel-fi e” - escolhida como a palavra do ano pelo dicionário britânico “Oxford” – é o tema da matéria de capa. Curumim

Para a reforma do apartamento é preciso atender normas que vão desde a aprovação do condomínio até a contratação de engenheiro ou arquiteto. Imóveis & Decor 1

VIOLETAVIOLETA

VENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTEVENDA PROIBIDA

EXEMPLARDE

ASSINANTE

PREÇO DESTA EDIÇÃO

R$

2,00

A mania do momento é o Dubs-mash, aplicativo para smartphones e tablets que permite usar frases famosas para você dublar em vídeos curtos. Elenco 12 e 13

PLATEIA

‘O BRASIL PRECISA DE DEUS’

O EM TEMPO ENTREVISTOU O BRASILEIRO VALDIR SAMPAIO, SOBREVIVENTE DOS ATENTADOS DE 11 DE SETEMBRO DE 2001, EM NOVA YORK, NOS ESTADOS UNIDOS. PROFESSOR UNIVERSITÁRIO E GUIA TURÍSTICO, VALDIR MORA HÁ 14 ANOS EM NEW JERSEY. NA ENTREVISTA, ELE FAZ UMA ANÁLISE DA IMAGEM DO BRASIL NO EXTERIOR APÓS OS ESCÂNDALOS DE CORRUPÇÃO QUE, SEGUNDO ELE, SÃO PROVOCADOS PELA IMPUNIDADE. NO ENTANTO, O PROFESSOR DESTACA A ALEGRIA, A DETERMINAÇÃO E A ESPERANÇA DO POVO BRASILEIRO DE QUE AS COISAS VÃO MUDAR PARA MELHOR. “O BRASIL PRECISA DE DEUS”, DIZ. COM A PALAVRA A5

Um terremoto deixou ao menos 900 mortos e muitos danos mate-riais no Nepal, incluindo o desaba-mento da histórica torre Dharahara de Katmandu. Última Hora A2

TERREMOTO MATA 900 NO NEPAL

A bancada do PSDB diz que já existem elementos sufi cientes para o impeachment de Dilma Rousseff , cujo pedido será realiza-do na quarta-feira. Política A6

PSDB vai pedir saída de Dilma

Órgãos tentam livrar trabalha-dores das condições degradantes – similares ao trabalho escravo – a que são submetidos nas olarias do Amazonas. Economia B4 a B6

Trabalho escravo no interior

P Ó D I O

Desfalcados, Palmeiras e Santos começam a decidir, na tarde des-te domingo, quem será o campeão paulista de 2015. Pódio E7

Verdão e Peixe dão início à batalha fi nal

ARQ

UIV

O P

ESSO

ALRI

CARD

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IRA

CURO Curumim fala a linguagem

do mundo moderno. O hábito que fi cou conhecido como “sel-fi e” - escolhida como a palavra do ano pelo dicionário britânico “Oxford” – é o tema da matéria de capa.

Para a reforma do apartamento Para a reforma do apartamento Para aé preciso atender normas que vão desde a aprovação do condomínio até a contratação de engenheiro ou arquiteto.

O vôlei brasileiro vai se despedir hoje de um dos maiores nomes de sua história, a levantadora Fofão, que se aposenta aos 44 anos. Pódio E8

Fofão encerra sua carreira na história do vôlei

já existem elementos sufi cientes

Botafogo e Vasco fazem o primeiro duelo da fi nal do Cam-peonato Carioca, hoje, no Mara-canã. O Fogão tem a vantagem do empate. Pódio E7

DUELO DE GIGANTES NO MARACA

O ALERTA É DE UM BRASILEIRO SOBREVIVENTE DO 11 DE SETEMBRO, QUE VIVE EM NEW JERSEY

6ANO XXVII – N.º 8.6

Valdir Sampaio foi morar nos EUA poucos meses an-tes do atentado terrorista de setembro de 2001

EXCLUSIVO

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Page 2: EM TEMPO - 26 de abril de 2015

A2 Última Hora MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

Terremoto no Nepal mata mais de 900 pessoas

São Paulo (Folhapress) - Um terremoto de 7.9 graus na escala Richter atingiu o Nepal, ontem, causando a morte de centenas de pes-soas e grandes danos em Katmandu, capital do país, e em outras regiões.

O número de mortos chegou a 750 no Nepal, de acordo com o último ba-lanço das autoridades lo-cais. Cerca de 450 mortes ocorreram no vale de Kat-mandu, que é a região mais populosa do país.

“Recebemos a informação de que há grandes perdas materiais e humanas no Ne-pal”, disse Krishna Prasad Dhakal, diplomata na em-baixada do Nepal em Nova Déli. Vários edifícios antigos desabaram em Katmandu, incluindo templos e alguns monumentos, e milhares de pessoas foram às ruas por causa do risco de queda de outros prédios.

No Everest, vários monta-nhistas ficaram presos por

causa do tremor. “Estamos bem, mas está nevando e por isso não há helicópteros a caminho”, informou por mensagem um jornalista da AFP na região. O terremoto durou entre 30 segundos e dois minutos e foi o pior a atingir a região em 80 anos. “Ainda estamos buscando in-formações e tentando ajudar os afetados em nosso país e no Nepal”, disse no Twitter o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.

O tremor foi registrado às 11h56 locais deste sá-bado (3h11 no horário de Brasília), a 70 quilômetros do noroeste de Katmandu, informou o USGS. Após o tremor de maior potên-cia, outras quatro répli-cas de menor intensidade foram sentidas no país.

O tremor foi sentido tam-bém no norte da Índia, desde Calcutá até a fronteira do Paquistão, especialmente no leste e em regiões que fazem fronteira com o Nepal.

MAGNITUDE 7.9

MP dá parecer favorável a novo partido de Kassab

Brasília - Foco de um atrito político entre o Palácio do Planalto e o PMDB, o partido que o ministro Gilberto Kassab (Cidades) tenta colocar de pé recebeu parecer favorável do Ministério Público, em uma primeira análise da Procura-doria sobre o caso.

Tentando evitar a aplicação de uma lei que inibe a criação de legendas, aliados de Kassab entraram no Tribunal Superior Eleitoral com pedido de regis-tro do Partido Liberal mesmo sem ter conseguido reunir as quase 500 mil assinaturas de apoio necessárias. Os respon-sáveis pelo PL argumentaram que, apesar da exigência legal, a Justiça Eleitoral têm per-mitido que esse apoiamento seja apresentado concomi-tantemente à tramitação do pedido de registro.

Em parecer entregue ao TSE na última quinta-feira, o vice-procurador-geral Eleito-ral, Eugênio Aragão, afirmou que, embora o MP veja com preocupação essa brecha, ela deve ser estendida ao PL a

título de isonomia. Isso porque tribunal permitiu que essa ma-nobra fosse usada por outros partidos em formação, entre eles a Rede de Marina Silva.

Apesar disso, o MP registra que o PL apresentou até agora apenas um terço das assinatu-ras necessárias e “não juntou documentação comprobató-ria da constituição de órgãos de direção regional em pelo menos um terço dos Estados da federação”. Aragão afir-ma ainda que só após serem cumpridas essas exigências o Ministério Público irá opinar de forma conclusiva sobre o pedido, levando em conta as contestações à criação do PL feitas pelo PMDB e DEM.

Essas duas siglas afirmam que Kassab quer criar o PL com o objetivo de atrair in-tegrantes de siglas aliadas e da oposição, criando assim um superpartido governista que rivalize com o PMDB na coa-lizão de Dilma. Kassab diz que não participa da criação do PL, embora reconheça que a ação é tocada por aliados.

PARTIDO LIBERAL

Kassab quer criar outro partido para atender interesses

AGÊN

CIA

BRA

SIL

Tremor de magnitude 7.9 na escala Richter abalou Nepal

AP P

HO

TO

Operação registra 967 abordagens no primeiro dia

“Um choque de segurança”. É assim que o secretário-executivo-adjunto de Plane-jamento e Gestão da Secre-taria de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), coronel Dan Câmara, define a terceira edição da operação Espec-tro, que no primeiro dia de atuação registrou a aborda-gem de 967 pessoas, com 26 apreensões e 22 autuações nos bairros Alvorada e Com-pensa, Zonas Centro-Oeste e Oeste, respectivamente. A operação acontece até as 2h da segunda-feira.

“A operação tem como metas aumentar a sensação de segurança da sociedade, além de deixar um legado de restabelecimento do nível adequado dessa sensação, com ações que possam im-pactar a sociedade, e fazer a aproximação da polícia com a comunidade local. Essas ações positivas que os sis-temas de segurança públi-ca são feitas por meio dos distritos policiais, delegados, batalhões e todas as tropas

de polícia, Detran e Corpo de Bombeiros, possam interagir com mais responsabilidade. É um choque de segurança”, completou Câmara.

De acordo com as estatís-ticas da SSP-AM, acontecem, em média, 2,4 homicídios por final de semana nas regiões em que a operação acontece atualmente e, de acordo com o coronel, a expectativa é che-gar à zero. “Neste primeiro dia não aconteceu nenhum crime desse tipo. Apenas registramos um caso de en-torpecente no bairro da Com-pensa. A operação Espectro vai, sobretudo, mapear e analisar essas ocorrências e denúncias – que às vezes não podem ser checadas no cotidiano –, a fim de aplicar o modelo de segurança”, ob-servou.

As edições anteriores da operação Espectro, concen-tradas nos bairros Monte das Oliveiras, Colônia, e Jorge Tei-xeira, segundo Dan Câmara, registraram 100% de satis-fação entre a população.

ESPECTRO

Operação Espectro acontece até a madrugada desta segunda

DIV

ULG

AÇÃO

/SSP

-AM

Rodrigo Gularte poderá ser executado até terça-feiraDefesa do brasileiro ainda não conseguiu reverter pena. Itamaraty promete dobrar esforços com Jacarta para evitar execução

Brasília - Embora as autoridades indoné-sias tenham confirma-do, ontem, a execução

do brasileiro Rodrigo Muxfeldt Gularte – condenado à morte no país asiático por tráfico de drogas –, o governo brasileiro manterá os esforços diplomá-ticos para tentar evitar o fuzi-lamento, segundo informação da assessoria do Ministério das Relações Exteriores. Se-gundo o Itamaraty, Gularte foi notificado da execução neste sábado no presídio da Ilha de Cilacap, na Indonésia, após a mais alta corte indonésia ter rejeitado as últimas apelações de prisioneiros que integram o “corredor da morte”.

O paranaense, de 42 anos, foi preso em julho de 2004 depois de tentar ingressar na Indonésia com 6 quilos de co-caína escondidos em pranchas de surfe. Ele foi condenado à morte em 2005.

Anteontem, o subsecretá-rio-geral das Comunidades Brasileiras no Exterior, em-baixador Carlos Alberto Si-mas Magalhães, convocou o encarregado de negócios da Indonésia em Brasília à sede da chancelaria para trans-mitir ao diplomata asiático mais um pedido do Executivo

federal para que a pena de morte seja suspensa.

O Itamaraty ressaltou que, apesar de ter ocorrido a noti-ficação oficial, ontem, o gover-no brasileiro dará continuidade aos contatos regulares de “alto nível” com Jacarta para ten-tar convencer a Indonésia a reverter a execução. O Brasil tenta sensibilizar o governo

indonésio de que o quadro de saúde de Gularte é grave.

A família do paranaense apresentou vários laudos mé-dicos às autoridades indoné-sias que comprovariam que ele sofre de esquizofrenia na tentativa de reverter a pena de morte. Uma equipe médi-ca reavaliou o brasileiro na prisão em março a pedido da Procuradoria Geral indonésia,

entretanto, o resultado des-te laudo não foi divulgado. O Ministério das Relações Ex-teriores também afirmou que os diplomatas brasileiros em Jacarta continuarão prestan-do a assistência consular ca-bível “enquanto for possível”, defendendo os interesses do brasileiro. O Itamaraty, con-tudo, diz respeitar a soberania da Indonésia e reconhece a gravidade do crime cometido por Gularte.

Pelas leis indonésias, a partir da comunicação oficial, o con-denado pode ser executado, a qualquer momento, transcor-rido o prazo de 72 horas. Ou seja, Gularte pode vir a ser fuzilado já depois de amanhã. A data e o horário da execução não foram divulgados.

Gularte poderá ser o segundo brasileiro a ser executado na Indonésia. Em janeiro, o ca-rioca Marco Archer Cardoso Moreira foi fuzilado após ser condenado à morte por tráfi-co de drogas. O fuzilamento do brasileiro gerou uma crise diplomática entre o país asi-ático e o Brasil e a presiden-te Dilma Rousseff se disse “consternada e indignada” com o ocorrido e convocou o em-baixador brasileiro em Jacarta para consultas.

DIV

ULG

AÇÃO

Rodrigo Gularte foi preso na Indonésia em 2004 e condenado um ano depois por tráfico de drogas

APELAÇÕESMais da metade dos dez prisioneiros que estão no corredor da morte na Indonésia é de nacionalidade estrangeira. Além de Gularte, há prisioneiros da Austrália, França, Filipinas e Nigéria

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Page 3: EM TEMPO - 26 de abril de 2015

MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 A3Opinião

Alguns aspectos sobressaltam da intervenção do deputado Wanderley Dallas (PMDB) na pauta de trabalho da Assembleia Legislativa, nesta semana. O primeiro deles, mas não por ordem de importância, é que sendo um membro atuante da bancada evangélica legislativa do Amazonas, apresentou um projeto de lei reivin-dicando o reconhecimento ofi cial de palavras, palavrinhas e palavrões que já compõem “desde criancinha” o vocabulário dos falantes de língua portuguesa do Estado, quiçá da Amazônia.

Sabe-se – porque fazem questão de fazer saber – que os protestantes, também identifi cados como evangélicos de várias capilaridades cristãs têm cuidado na escolha do seu repertório vocabular, jamais admitindo palavras, palavrinhas, muito menos palavrões que repliquem energia negativa ou estejam em confronto com a “palavra de Deus”. Nesse sentido, e ele próprio justifi cou-se assim, Dallas legis-lava para a sociedade em geral, e não apenas para o seu agrupamento religioso, o que não é muito comum nesse contexto, em que parlamentares preferem omitir-se ou parcializar sua posição, para não fi carem “mal na fi ta dos irmãos”.

A postura republicana de Dallas, no entanto, não sustenta a defesa do projeto. As palavras, palavrinhas e palavrões estão todas devidamente catalogadas em dicionários que nenhum preconceito religioso vai recu-sar ou sentimento laico vai legitimar. Menos condição terão Dallas e outros bem intencionados fi lólogos de provar a “identidade amazonense” desse léxico, trazido pelos portugueses, e muito mais pelos nordestinos, que excederam o contingente luso nessas paragens. Os amazonenses já encontraram pronto.

Dallas e seus pares devem se preocupar com os índios que usam as mesmas palavras, em frente à prefeitura, para pedir de volta a terra que sempre foi deles.

Contexto3090-1017/8115-1149 [email protected]

Para os jornalistas Cid Moreira e Sérgio Chapelin, pela bela história que construíram no jornalismo brasileiro, à frente da banca-da do “Jornal Nacional”. A dupla apresentou o “JN” durante 18 anos, 11 deles con-secutivos, sendo referência para futuras gerações de apresentadores.

CID MOREIRA E SÉRGIO CHAPELIN

APLAUSOS VAIAS

Crime hediondo

O projeto de lei ainda acrescen-ta que essa prática seja incluída no rol de crimes hediondos, tor-nando-se inafi ançável.

Mistura mortal

Endurecer a legislação é mais do que necessário.

Estudo realizado pelo Minis-tério da Saúde em hospitais públicos revelou que o consu-mo do álcool tem forte impacto nos atendimentos de urgên-cia e emergência do Sistema Único de Saúde (SUS).

Estatística

Uma em cada cinco vítimas de trânsito atendidas nos pron-tos-socorros e hospitais públicos ingeriu bebida alcoólica.

Omar humaniza

O senador Cristóvam Buarque (PDT/DF), presidente da Comis-são de Ciência e Tecnologia, des-tacou que a atuação de Omar tem “humanizado a casa”.

Cristóvam disse isso após Omar Aziz propor, durante reu-nião da comissão, da qual é membro titular, trazer asso-ciações de pessoas com de-fi ciência para discutir sobre projetos na área.

Direitos humanos

Para o líder do PSD no Sena-do, trazer a Secretaria de Direi-tos Humanos para a discussão pode contribuir para o debate das propostas.

Inventando a roda

Omar disse que, como senado-res e deputados, muitos chegam chegam a Brasília e fazem uma

proposta “achando que estamos inventando a roda”.

— Mas, muitas vezes, ela não tem nenhum tipo de utilidade para aquelas pessoas que real-mente precisam –, concluiu.

Apoio de Sandra

Um grupo de servidores da Suframa foram ao en-contro da senadora Sandra Braga (PMDB-AM).

Missão: pedir apoio da parla-mentar para sensibilizar a presi-dente Dilma Rousseff a sancionar a lei resultante da medida provi-sória (MP) 660/2014, aprovada na última semana pelo Senado.

Chame o ministro

A nova lei possibilita o re-alinhamento das carreiras dos servidores da Sufra-ma às demais carreiras do serviço público federal.

Ao reiterar seu apoio à deman-da dos servidores, Sandra Braga pediu ao senador licenciado e ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, apoio à sanção do projeto.

A torcida é para que Dilma sancione a MP da forma como foi aprovada pelo Congresso Nacional.

De volta ao começo

Quem estava na frente da TV, na noite de sexta-feira, no horário do “Jornal Nacional”, não teve como não se emocionar.

De repente, Cid Moreira e Sergio Chapelin apareceram na telinha.

Porta-vozes da história

Os dois voltaram à bancada

do “JN” para celebrar os 50 anos da emissora.

E relembrar momentos da época em que comandavam o programa jornalístico.

Era como se o telespectador retornasse 20 anos no tempo.

Mirem-se no exemplo

Em tempos de crise e demis-sões aqui no Brasil, um empre-sário dá o exemplo.

Em vez de cortar empregados, o executivo Dan Price decidiu cortar o próprio salário e dividir com os empregados.

Mas isso é lá nos Estados Unidos.

Quem é o ‘maluco’?

Dan é CEO e fundador da empresa de processamento de compras com cartão de crédito Gravity Payments.

O empresário quer dar um salário mínimo de US$ 70 mil por ano - algo em torno de R$ 18 mil por mês - para todos os seus empregados.

Os funcionários ganhavam em média US$ 48 mil por ano.

Cortando na carne

Para fi nanciar a ideia, Dan quer cortar seu próprio pagamento em 90%.

Ele anunciou que vai cortar seu salário de US$ 1 milhão mensal para US$ 18 mil.

Homem simplesO executivo é conhecido por

ser um homem simples.Dan Price dirige um carro de 12

anos e não é fã de luxos.

Para empresas transportadoras de con-têineres que continuam transitando livre-mente pelas ruas de Manaus, em qualquer horário, colocando em risco a vida de outros condutores de veículos que trafegam ao seu redor.

Perigo, contêineres na pista

Projeto do deputado federal Marcos Rotta (PMDB-AM), sem dúvida, terá o apoio da sociedade.

Se aprovado, mortes em acidentes provocados por “rachas” serão consi-derados homicídios dolosos. E a pena será de 6 a 20 anos, além da proibi-

ção defi nitiva de dirigir veículo automotor.

Pilotos de ‘rachas’ na cadeia!

REPRODUÇÃO DIEGO JANATÃ

[email protected]

O dossiê Dallas

Sua originalidade começava pelo próprio nome de batismo, o que leva a crer que a excentricidade já era característica familiar anterior a ele, embora o pai atendesse pelo muito comum nome de José e tivesse a profi ssão usual de professor.

Aí já se apresentava um mistério, pois foi registrado e com muito or-gulho carregava o nome pomposo e híbrido de Valmiki Ramayana Paula e Souza de Chevalier, onde, além dos indicadores da origem familiar (Paula e Souza de Chevalier), juntaram-se o poeta e sábio hindu (Valmiki) com a obra a ele atribuída por tradição (o poema épico “Ramayana”). Mas o nosso Ramayana emancipou-se es-piritualmente e desde cedo assumiu a universalidade do conhecimento humano como meta de vida.

Formou-se em medicina na Bahia, àquela altura a sede da mais tradi-cional das faculdades do ramo, e chegou à patente de coronel-médico da nossa Polícia Militar. Destacou-se, contudo, mais como intelectual e humanista, orador poderoso e te-mido, escritor extremamente crítico e ácido que muito lembrava a acri-mônia do paradigmático “Boca do Inferno”, somente compensada pela mansidão da sua Neuza (nascida dos Magalhães Cordeiro).

Por mais de uma vez pôs seu enorme talento verbal ao serviço de certas correntes políticas, quan-do optava basicamente pelo ataque impiedoso às facções contrárias, ao invés de mostrar os méritos do seu grupo. Assim era o velho “Rama” que havia muito tempo eu conhecia de nome e referências passadas a mim pelo meu pai e cujo convívio direto só pude ter mais tarde, quando, es-tudante no Rio de Janeiro, fui levado a sua casa pelo Calderaro e passei a frequentá-la.

Como costumava dizer, habitava a “República Livre do Posto Seis” e lá pontifi cava, fazendo do amplo

apartamento ponto de reunião de artistas e intelectuais, quase to-dos ligados à TV RIO (equivalente na época ao que hoje é a Globo), sediada na vizinhança. Lá conheci Parodi, Jô Soares, Zé Otávio Castro Neves, Ronald Lowndes, Lúcio Cardo-so, Vinícius, Tom Jobim, Walter Clark (que depois, com pouco mais de 20 anos, foi feito Diretor Geral da Rede Globo e o grande responsável pelo sucesso da mesma).

Ramayana reinava no grupo, dan-do lições de erudição e deleitando a todos com o seu absolutamente imenso vocabulário, já que um dos seus gostos era ler dicionários de vários idiomas, principalmente do português, com o mesmo prazer com que lia um bom romance. O sarau só se desfazia nas noites de quarta-feira, quando infalivelmente Mestre Urdiel “baixava” nas sessões de umbanda, por sinal, muito bem frequentadas.

Além do próprio Ramayana, seus quatro fi lhos constituíam o que de mais pitoresco, pelo brilho e pela in-teligência, se poderia ter. A começar pelos nomes, naturalmente escolhi-dos e montados pelo pai: Stanley Emerson Carlyle de Chevalier era o mais velho, brilhante jornalista, um dos melhores textos que conheci; Ronald Russel Wallace de Chevalier, o famosíssimo “Roniquito”, que brilha-va nas rodas do Rio; Bárbara Beatriz de Chevalier, a única a ter um nome comum e que se tornou diplomata; fi nalmente a exuberante e esfuziante Scarlet Moon, que brilhava nos meios artísticos do teatro, da televisão e da literatura.

Muito difícil repetir um Ramaya-na de Chevalier e sua grei. Por si-nal, quase toda já morta, pois pelo que sei, apenas Bárbara ainda vive, e na Inglaterra.

Como ele mesmo dizia, quando desaparecesse, teria desaparecido o único descendente de Apolinário Maparajuba, o último dos cabanos.

João Bosco Araú[email protected]

João Bosco Araújoopiniao

João Bosco Araújo

Diretor Executivo do Amazonas

EM TEMPO

Um amazonense original

[email protected]

Regi

Muito difícil repetir um Ramayana de Chevalier e sua grei. Por sinal, quase toda já mor-ta, pois pelo que sei, ape-nas Bárbara ainda vive, e na Inglaterra.Como ele mesmo dizia, quando de-saparecesse, teria desapa-recido o único descendente de Apolinário Maparajuba, o último dos cabanos”

A03 - OPINIÃO.indd 3 25/4/2015 10:01:35

Page 4: EM TEMPO - 26 de abril de 2015

A4 Opinião MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

FrasePainelVERA MAGALHÃES

Convencida de que Miguel Reale Júnior sustentará a tese de que o mandato anterior não pode ser usado para pedir o impeachment de Dilma Rousseff , a bancada do PSDB na Câmara tenta convencer Aécio Neves a contratar pareceres de outros juristas. A ideia é submeter a Ives Gandra Martins, Sérgio Ferraz e José Eduardo Alckmin pedido de abertura de processo preparado pela coordenação jurídica da sigla, que tem como base a omissão nos desvios da Petrobras e a “pedalada” fi scal de 2014.

Plural Ives Gandra as-sina, juntamente com ou-tros constitucionalistas de peso, como José Afonso da Silva, Sepúlveda Pertence e Dalmo Dallari, carta de apoio à indicação de Luiz Edson Fachin ao Supremo Tribunal Federal.

Plural 2 O manifesto da Academia Brasileira de Di-reito Constitucional, enviado a os senadores, diz que Fa-chin “cumpre plenamente os requisitos constitucionais de notório saber jurídico e moral ilibada” e é um “democrata de espírito republicano”.

Vacinas Para afastar a su-posta ligação de Fachin com o PT, o texto cita frase do ad-vogado em que diz que não é “um integrante da política”. A carta atesta que, se aprovado pelo Senado, o gaúcho julga-rá com “precisão técnica e absoluta independência”.

Família Nas visitas que tem feito a senadores, o in-dicado por Dilma ao STF tem sido sempre acompanhado pela mulher, a desembarga-dora do Tribunal de Justiça do Paraná Rosana Fachin.

Alta... Fachin assinou na gestão Lula pelo menos

dois contratos com empre-sas elétricas controladas pelo governo, no valor total de R$ 340 mil. O primeiro, em 2003, foi para prestar serviços de advocacia para Itaipu Binacional por dois anos, por R$ 250 mil.

...voltagem Em 2008, seu escritório foi contratado por Furnas por R$ 90 mil para pro-duzir pareceres “para respal-dar a rescisão do contratos de arbitragem” celebrado com a EPE (Empresa Produtora de Energia Elétrica).

Superstar Os deputa-dos da CPI da Petrobras pediram ao juiz Sérgio Moro colaboração numa proposta de modernização da lei penal brasileira que pretendem apresentar ao fi m dos trabalhos.

Antiácido Em meio à que-da de braço com o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), ameaça colocar em votação uma pauta in-digesta para o governo nas próximas semanas.

Antiácido 2 O peemede-bista quer acelerar a discus-são da autonomia do Banco

Central, a limitação da dívida líquida da União e até projeto de José Serra (PSDB-SP) que derruba a exigência de parti-cipação mínima de 30% da Petrobras em consórcios de exploração do pré-sal.

Quem pisca O objetivo do Senado é avançar ante a Câ-mara, fortalecer a imagem de independência do Legislati-vo e manter o governo Dilma a reboque do Congresso.

Bom para... A estratégia do PSDB na disputa da Pre-feitura de São Paulo em 2016 inclui negociar a retirada de Celso Russomanno (PRB), hoje favorito, do páreo.

...ambas as partes? Diri-gentes do partido admitem convidar o deputado federal, cujo partido integra o governo de Geraldo Alckmin, para ser vice na chapa do candidato tucano, ainda indefi nido.

Por dentro O ex-presi-dente da comissão de lici-tações da CPTM Reynaldo Dinamarco, denunciado sob suspeita de envolvimento no cartel, ocupou diretoria na Secretaria Planejamen-to do governo paulista por quatro meses em 2010, na gestão Serra.

Tente outra vez

Contraponto

O deputado Zequinha Sarney (PV-MA) discutia a pauta de votação na semana passada com colegas da Câmara. Quando o grupo se deparou com vários projetos de lei que aumentam as penas previstas para crimes no código penal, o deputado sugeriu:– Por economia processual, esses projetos que entusiasmam tanto a tal “bancada da bala” poderiam ser reunidos em um só...Sob o olhar curioso de colegas, completou, com ironia:– Ficam todas as penas triplicadas, qualquer que seja o crime!

Publicado simultaneamente com o jornal “Folha de S.Paulo”

O triplo ou nada

Tiroteio

DO SENADOR AÉCIO NEVES (MG), presidente nacional do PSDB, sobre o prejuízo estimado com a corrupção no balanço da Petrobras de 2014.

Diante de R$ 6 bilhões pelo ralo, o Brasil exige dois pedidos de desculpas. Quem terá coragem de falar primeiro: Lula ou Dilma?”

No Evangelho, Jesus fala de si mesmo como Bom Pastor. Ao lado de outras imagens como Luz, Caminho, Verdade, Vida e Pão do Céu, a do Bom Pastor defi ne a sua vida e missão para aqueles que no decorrer dos tempos o seguem acreditando que nele encontram redenção. Para os contemporâ-neos de Jesus, a fi gura do pastor de ovelhas era bem conhecida e facilmente entendida no seu sentido comum de guardadores do rebanho.

Mas também devia ser conheci-da a invectiva do profeta Ezequiel contra os maus pastores, os di-rigentes do povo que no passado não cuidaram do rebanho e se locupletaram, causando assim a tragédia do exílio. Por isso, longe de ser uma imagem idílica, o Bom Pastor apresenta outra ordem so-cial possível e instauradora do Reino de Deus. Na comunidade de Jesus, poder é serviço.

Jesus dá as características do Bom Pastor. Ele conhece as ove-lhas e elas o conhecem, ele dá a vida para salvá-las e, sobretudo, ele se diferencia do mercenário que só trabalha por dinheiro e foge do lobo quando este ataca o rebanho, não tendo nenhum interesse na vida das ovelhas confi adas a sua guarda. Neste domingo, a Igreja Católica celebra o dia do Bom Pastor e reza pelas vocações, reconhecendo a imen-sidão da messe e a escassez de operários. Todo seguidor de Jesus de alguma maneira é chamado a se identifi car com ele.

Neste sentido, todo batizado é pastor. Pastor que se realiza em primeiro lugar identifi cando-se com o rebanho, sentindo-se parte de um povo, membro de uma comunidade. Afi rmativamen-te, sente-se responsável pelos outros, sabe que suas opções e

seu comportamento têm conse-quências. Tem compaixão dos que sofrem, preocupa-se com os excluídos, incentiva os sadios e capazes a oferecerem o melhor de si à comunidade.

Bons pastores ultrapassam os limites de suas famílias e insti-tuições e são bons profi ssionais, lutam pelo bem comum em as-sociações, sindicatos, conselhos e partidos políticos. Não fogem diante do mal, mas defendem direitos, lutam pela justiça e não temem a perseguição e, às vezes, a morte. Ao contrário, como é destrutiva a atitude do mercená-rio, que usa e abusa do poder e foge na hora do perigo. No mun-do de hoje, ser pastor pode ser perigoso. Em muitos lugares do mundo, cristãos são perseguidos e mortos junto com pastores que permanecem fi éis ao rebanho a eles confi ados.

Os católicos hoje pedem que Deus suscite no coração de mui-tos jovens o desejo de ser padre. A igreja precisa de pastores, que deem a vida pelo rebanho. Na nossa sociedade precisamos de pastores que não caiam na ten-tação de se aproveitarem dos que a eles são confi ados, ceden-do ao desejo de lucro, a busca do luxo confundido com confor-to, ao autoritarismo respaldado por uma falsa imagem de Deus. Em Manaus será ordenado, hoje, um sacerdote católico.

Filho da terra que optou por uma vida missionária. Depois de alguns meses de serviço na Arquidiocese voltará para a África, no Quênia, onde fez parte da sua formação. Escolheu dar a vida como Jesus. Da mesma forma se faz luz que não fi ca escondida, mas brilha indicando caminhos. Oxalá o Se-nhor faça de nós bons pastores. O mundo será bem melhor.

Dom Sérgio Eduardo Castriani [email protected]

Dom Sérgio Eduardo Castriani opiniao

Dom Sérgio Edu-ardo Castriani

Arcebispo Metropolitano de

Manaus

Na nossa so-ciedade, pre-cisamos de pastores que não caiam na tentação de se apro-veitarem dos que a eles são confi a-dos, cedendo ao desejo de lucro, a busca do luxo con-fundido com conforto, ao autoritarismo respaldado por uma falsa imagem de Deus”

O Bom Pastor

Olho da [email protected]

Muito incensados em prosa e verso na inauguração, os espaços comunitários dos con-juntos habitacionais do Prosamim estão relegados ao mais completo abandono. Se não existissem quadrilhas de jovens trafi cantes na área, se diria que esses equipamentos foram feitos só para gastar dinheiro e compor uma paisagem desde o início morta

IONE MORENO

Pinço, mais uma vez, os quatro grandes modelos de sociedade no mundo: o primeiro é o inglês, onde tudo

é permitido, com exceção do que é proibido; o segundo é a alemão, onde tudo é proibido, salvo o que for per-mitido; o terceiro é o totalitário, onde tudo é proibido mesmo o que for permitido. E o quarto é a brasileiro,

onde tudo é permitido mesmo o que for proibido

Gaudêncio Torquato, jornalista, professor titular da USP, seleciona, entre os diversos títulos que, para ele, formam a identidade do Brasil, um dos mais conhecidos: país da

permissividade.

Norte Editora Ltda. (Fundada em 6/9/87) – CNPJ: 14.228.589/0001-94 End.: Rua Dr. Dalmir Câmara, 623 – São Jorge – CEP: 69.033-070 - Manaus/AM

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Page 5: EM TEMPO - 26 de abril de 2015

MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 A5Com a palavra

ACER

VO D

E FA

MÍL

IA

VALDIR SAMPAIO

‘O Brasil precisa de Deus’

EM TEMPO – O senhor nas-ceu onde, tem quantos anos e é formado em quê, por qual universidade?

Valdir Sampaio – Sou alago-ano nascido em Arapiraca. Tenho 50 anos, me formei no bachare-lado, depois no mestrado e agora estou cursando o doutorado em teologia pela Flórida Christian University. Hoje faço parte do qua-dro de professores desta univer-sidade e também da Oral Robert University de Oklaroma.

EM TEMPO – Há quanto

tempo está fora do Brasil?VS – Cheguei nos Estados Uni-

dos no dia 1º de fevereiro de 2001, portanto, são 14 anos nesta nação sem nunca ter regressado ao Brasil. Eu e minha esposa so-mos sobreviventes do atentado terrorista de 11 de setembro, pois estávamos indo de metrô na manhã desta data para a estação que ficava embaixo das torres gêmeas onde muitos morreram. Minha esposa insistiu para irmos sondar o preço de um carrinho de levar roupa para a laundry (lavanderia) e por isso, graças a Deus, atrasamos...

EM TEMPO – Em que ano

o senhor deixou o Bra-sil e o que o levou a tomar essa decisão?

VS – O que nos motivou a vir aos Estados Unidos foi o espiritual. Eu e minha esposa somos coorde-nadores de Encontros de Casais com Cristo. Líder de ministérios da igreja Batista em New Jersey, estou à frente de um projeto missionário de ajuda a famílias carentes no Vale do Jequitinho-nha/MG, onde estamos adotando famílias inteiras que vivem em estado de miséria. Ali, sete fa-mílias já foram adotadas.

EM TEMPO – Qual o seu des-

tino inicial, foi Nova York?VS – Viemos direto para New

Jersey, onde estamos até hoje. Moramos na cidade de Kearny/NJ e da nossa casa podemos ver os prédios de Manhattan.

EM TEMPO – Como o senhor

foi recebido nos Estados Uni-dos? Teve que ralar muito ou, logo na chegada, as oportuni-dades começaram a surgir?

VS – Este país nos recebeu com todo carinho possível e até hoje só temos coisas boas para falar desta nação. Todos que aqui chegam precisam, sim, batalhar muito, já que encontram a dife-rença de cultura, problemas com a língua, ausência de documentos legais que facilitariam o ir e vir e abririam portas de trabalho me-lhores. Evidentemente que cada um tem sua história/experiência para contar. Eu digo por aqui que todos que vêm, têm que passar primeiro pelo batismo do sofri-mento até se adaptar.

EM TEMPO – Relate um fato

que que ilustra bem a máxima de que os Estados Unidos “são o país das oportunidades” ?

VS – A cultura de um primeiro mundo já faz toda diferença. Vi-vemos num país onde valoriza-se muito a criança e o idoso; não se pode consumir bebida alcoólica nas ruas; nossos filhos termina-ram o segundo grau com escolas boas e gratuitamente; através de plano de saúde do governo, hà 14 anos temos atendimento gratuito em excelentes hospitais; enfim, um país que pudemos vivenciar condições de uma vida digna e sem opressão.

EM TEMPO – Qual a ima-

gem do Brasil hoje nos Estados Unidos?

VS – No geral, o Brasil é muito querido por aqui, a maior parte dos

americanos, bem como as várias etnias que aqui vivem conseguem conviver em harmonia conosco. Amam nossa culinária, a forma como fazemos o nosso churrasco, elogiam muito o jeito alegre e envolvente do povo brasileiro. Um dos pontos que nos dava muito orgulho por aqui era o futebol, mais depois dos 7x1 passamos a sofrer escárnio, mais faz parte do processo “ganhar e perder”. Na festa do Brasilian Day do ano passado, tivemos mais de um mi-lhão pessoas na 6ª avenida, onde vários quarteirões são fechados para essa tradicional festa, que muito alegra o povo americano.

EM TEMPO – Como o senhor

avalia essa imagem negativa (olhando a matéria do “New York Times” sobre as manifesta-ções no Brasil) sobre um país tão bonito e rico como o nosso?

VS – De fato, nosso país é lindo e detém uma riqueza ab-surda, numa terra, que como diz o poeta,“onde se plantando, tudo dá”. Muitos turistas que vêm do Brasil me perguntam por que não volto para o meu país. E sempre respondo que apesar de toda sua beleza, a corrupção, a impunidade e a violência desanimam. Um país que é massacrado por toda rouba-lheira que temos presenciado, as leis ainda são tão arcaicas. Por exemplo: a legislação considera um crime inafiançavel quem mata um mico-leão-dourado, mas con-segue permitir que um assassino de um pai de família responda em liberdade caso ele fuja do flagrante e tenha residência fixa. Quer dizer, isto desencoraja qualquer um que já tenha vivido um bom tempo num país onde as “coisas funcionam”.

EM TEMPO – A impunidade

é mesmo a culpada pela cor-rupção que corrói as entranhas de nosso país?

VS – Eu não tenho dúvidas quanto a isso. Aqui nos Estados Unidos o jovem/adolescente começa a dirigir aos 16 anos de idade, porém exis-tem leis que colocam crianças/ado-lescentes com menos idade que isso em pena de prisão perpétua... Existe violência no mundo todo, mas tenho testemunhado o quanto os que aqui moram pensam duas vezes ou mais antes de fazer algo errado. Aqui sou capelão e após uma pesquisa feita, detectamos mais de 500 brasilei-ros presos nas penitenciárias de New York/New Jersey, e boa parte por baderna. Trazem a contracul-tura do Brasil e aqui se dão mal. Eu queria frizar que eu amo o meu país, não estou aqui levan-tando essas críticas com alegria no coração, mas a verdade está evidente: a cada novo escânda-lo, a imagem negativa de nosso país corre o mundo.

EM TEMPO – Como foi aquela história que o se-nhor contou sobre um pre-feito que foi condenado a 18 anos por ter desviado alguns dólares (US$ 400,00)?

VS – Esse fato ocorreu numa vizinha cidade de onde eu moro (Kearny). Ou seja, aqui o sapato aperta para quem faz o errado. Existe corrupção como no resto do mundo, mas se for pego...

EM TEMPO – Que mensagem

o senhor dirigiria aos brasilei-ros nesse momento difícil?

VS – Se tem uma coisa positiva em nosso povo é a alegria de vi-ver, a determinação e sobretudo uma insistente esperança de que as coisas vão mudar pra melhor. Como cristão que sou, não poderia terminar sem um versículo bíblico, que curiosamente foi mencionado um tempo atrás pela atual pre-sidente do Brasil: “Feliz a nação cujo Deus é o senhor” (Sl 33:12). O Brasil precisa de Deus!

Eu e minha esposa so-mos sobreviventes do 11 de setembro. Está-vamos indo de metrô para a estação que fi-cava embaixo das torres gêmeas onde muitos morreram. Minha esposa insistiu para sondar o preço de um carrinho de levar roupa para a laun-dry e por isso, graças a Deus, atrasamos...”

Nova York – São 08h10 de uma manhã gelada, em Nova York. Os termômetros acusam 4ºC. Estamos no café Starbucks,

em Times Square, folheando, ainda impactados, a página daquela edição do “N.Y. Times” de 16 de março. “Em protestos nacionais, brasileiros com raiva pedem afastamento de presi-dente”, diz o título da matéria, que tem como foco as manifestações do dia 15, em todo o Brasil, pedindo o impeachment da president Dilma Rousseff. Um homem se aproxima do balcão onde tomávamos um chocolate quente tentando afastar o frio.

— Vocês são brasileiro?— Sim…— Eu também… Que tristeza o que

está acontecendo com o nosso país, não é?

Concordamos, com o mesmo grau de indignação daquele brasileiro que hoje vive nos Estados Unidos. Ele se apre-sentou, dizendo que era professor uni-versitário, se chamava Valdir Sampaio, mas era conhecido pelos brasileiros que visitam New York como “Dinho”, pois também trabalha como guia turístico de compatriotas que visitam a cidade. O professor é sobrevivente do 11 de setembro. Naquela manhã fatídica, ele e a esposa estavam a caminho da estação do metrô que ficava embaixo das torres gêmeas do World Center, onde muitas

pessoas morreram. — Minha esposa insistiu para irmos

sondar o preço de um carrinho de levar roupa para a laundry (lavanderia) e por isso, graças a Deus, atrasamos...

— Estou aqui há 18 anos. Morro de saudades do meu país, mas nunca mais pretendo voltar.

— Diante dos fatos, qual a imagem do Brasil aqui nos Estados Unidos?

— É lametável e ao mesmo tempo triste. Um país tão bonito contaminado pela corrupção. O problema é a impuni-dade. A corrupção nunca vai acabar se a impunidade continuar.

Me apresentei como jornalista de Manaus e perguntei se o professor aceitaria falar isso numa entrevista. Ele topou. Confira:

MÁRIO ADOLFOEquipe EM TEMPO

Professor da Flórida Christian University e da

Oral Robert University de Oklaroma, Valdir Sam-paio diz que morre de

saudades do Brasil, mas não pretende voltar

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Page 6: EM TEMPO - 26 de abril de 2015

A6 Política MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

Chega de mico: PT quer Sibá fora da liderança

Correntes internas do PT, ainda minoritárias, se uni-ram para articular a queda de Sibá Machado (AC) da liderança petista na Câma-ra. É considerado primário, ingênuo, desinformado, de inteligência limitada e sem a dimensão do cargo que ocupa. Além disso, o de-putado tem feito declara-ções que envergonham os liderados, e não conseguiu se articular para evitar as várias derrotas do governo Dilma na Câmara.

Não tem nívelA queixa é que Sibá,

como o líder do PT, não tem envergadura nem in-teligência política para ajudar o PT a sair do impasse institucional.

ExagerouA defesa que Sibá fez do

ex-tesoureiro João Vacca-ri, após sua prisão, con-tribuiu para aumentar o desgaste do PT, segundo seus colegas.

Sem margem de erroAs facções Democracia

Socialista e Movimen-to PT querem outro líder, assim como antes da pri-são defendiam Vaccari fora da tesouraria.

Folha corridaSibá Machado pertence

à facção petista “Cons-truindo um Novo Brasil”, liderada por Lula, que é seu fi ador, assim como protege João Vaccari.

Por bandeira branca, Re-nan pode levar Anvisa

O vice Michel Temer foi escalado por Dilma para “acalmar” o senador Renan Calheiros, humilhado com sua decisão de tirar dele o Ministério do Turismo para entregar a Eduardo Cunha.

Após recusar a Conab (com-panhia de abastecimento do Ministério da Agricultura), Renan recebeu a oferta de cargos de menor expres-são, de segundo escalão. Não fi cou claro se ele re-agiu positivamente ou se mostrou ofendido.

Anvisa na mesaUm dos cargos ofertados

a Renan foi a direção da Anvisa, a agência de vi-gilância sanitária, um dos cargos mais ambicionados pelos políticos.

O medo de DilmaDilma não conhece Renan:

já confi denciou o medo de que ele difi culte a sabati-na de Luiz Fachin, que ela indicou para o STF. Burro, ele não é.

EsnobouDilma ofereceu cargos de

segundo escalão para o ex-ministro do Turismo Vinicius Lages, mas Renan preferiu nomeá-lo no Senado.

Vitória brasileiraA paranaense Renata

Bueno, que é deputada no parlamento italiano, come-morou a extradição do men-saleiro Pizzolato, pela qual trabalhou muito. Ela é fi lha de Rubens Bueno (PR), líder do PPS na Câmara.

Fechado com DilmaO PCdoB, assim como o

PP, prometeu fi delidade ao Planalto para tentar bar-rar no plenário o projeto do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que limi-ta em vinte o número de ministérios do Executivo.

Treinando com LulaLula fez pose trotando em

uma esteira só para mos-trar que está bem disposto. Aparece cercado por quatro personal trainers. O recado não poderia ser mais claro:

quer demonstrar que está pronto para 2018.

Oposição cautelosaApesar da posição fi rme

dos deputados federais tucanos, o líder do PSDB no Senado, Cássio Cunha Lima (PB), prega “cautela” no pedido de impeachment de Dilma – posição compar-tilhada por Aécio Neves.

Avanço na ignorânciaChama atenção, entre

muitos jovens converti-dos ao islamismo, o que chega a ser assustador, é que em geral pare-cem saídos da defi nição que fez Bertolt Brecht do “analfabeto político”.

Para enganar otárioNão durou muito a ideia de

trabalho às quintas-feiras na Câmara. Suas excelên-cias aprovaram resolução transferindo as sessões plenárias desse dia para o período da manhã, o que já esvaziou os trabalhos.

EspertalhõesApós propor e aprovar

o valor triplicado do fun-do partidário, provocan-do indignação em todo o País, o PMDB anunciou que não usará 25%. Ou seja, apenas vai dobrar sua parte nesse afano colossal ao cidadão.

Sentiu o golpeAliados acham Dilma

“muito cabisbaixa” com a prisão de João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do PT. Ela tem dito que não imaginava a prisão de um dos seus principais arrecadadores de campanha, em 2014.

Pergunta na esquinaDilma demorou uma se-

mana para visitar ao Xan-xerê (SC), devastada por um tornado, com medo do ruído surdo das panelas vazias?

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

Rapadura salgada

www.claudiohumberto.com.br

Não vou polemizar com o presidente da Câmara”

RENAN CALHEIROS, presidente do Senado, recuando do embate com Eduardo Cunha

Manoel Gomes da Silva, o Gominho, trocou o MDB pela Arena na eleição municipal de 1976, em Princesa Isabel (cidade histórica da Paraíba), e foi candidato a vice na chapa de Sebas-tião Feliciano dos Santos, o Batinho, mediante a promessa de assumir no meio do mandato. Passaram-se quatro anos e o compromisso não foi cumprido. Na eleição seguin-te, já rompido com a Arena e de volta ao MDB, Gominho se queixava no palanque:

“Meus amigos, mais vale uma rapadura salgada do que uma promessa doce!”

‘Sistema eleitoral está falido’O presidente da Câmara dos

Deputados, Eduardo Cunha, destacou na sexta-feira (24) a reforma política como a prin-cipal proposta em análise na casa. Segundo ele, o sistema proporcional atual está falido, pois permite que, muitas ve-zes, um candidato a deputado pouco votado possa ser eleito pelos votos de outro mais vo-tado. E aqueles que tiveram uma votação mais expressiva, complementou ele, acabam vi-rando suplentes.

A declaração foi feita em Cuiabá (MT) durante a 6ª edição do Câmara Itinerante,

programa que leva deputados a diversas cidades do País para discutir temas nacionais e ouvir demandas locais. No debate, Cunha ressaltou que “durante as eleições, todos defendem a reforma política, mas, na hora de votar, não há consenso e, por isso, a propos-ta não sai do papel”.

O presidente reafi rmou que vai votar em Plenário, em 26 de maio, a proposta da re-forma política (PEC 352/13), tendo ela sido votada antes em comissão especial ou não. Edu-ardo Cunha justifi cou o prazo para que algumas mudanças já

possam valer para 2016.Presente na reunião, o pre-

feito de Cuiabá, Mauro Men-des, também defendeu a refor-ma política para acabar com os vícios na administração pública que levam a esquemas de corrupção e atrapalham o desenvolvimento do País.

O relator da comissão es-pecial da reforma política, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), foi outro a desta-car a urgência de aprovar a proposta, pois, segundo ele, os partidos políticos e os políticos estão cada vez mais desacre-ditados pela população.

EDUARDO CUNHA

Até a próxima quarta-feira (29), partido deve dar entrada no pedido, conforme o deputado federal Carlos Sampaio

Impeachment de Dilma será solicitado pelo PSDB

Segundo o deputado Carlos Sampaio, não há o que aguardar, pois o impeachment é cabível

A bancada do PSDB na Câmara decidiu que já há elementos para apresentar imediata-

mente o pedido de impea-chment da presidente Dilma Rousseff (PT). E que não há ne-cessidade de aguardar novos fatos ou pareceres jurídicos.

O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), afi rmou sexta-feira (24) que irá infor-mar ofi cialmente essa posição ao presidente nacional da le-genda, o senador Aécio Neves (MG), na terça-feira (28). Se-gundo o deputado, a intenção é apresentar o pedido de impe-dimento da presidente entre terça e quarta-feira (29).

“O que vou dizer ao Aécio é que na visão da bancada não tem mais o que aguardar. A Câmara é quem decide sobre a abertura do impeachment, en-tão o protagonismo tem que ser da bancada da Câmara. Ela tem que tomar uma decisão e a decisão já foi tomada: o impeachment é cabível e

não temos que aguardar mais nenhum parecer”, afi rmou Sampaio num intervalo de uma reunião de treinamento parlamentar dos deputados tucanos, em Brasília.

Aécio chegou nos últimos dias a subir o tom contra Dilma e a indicar que o partido enca-beçaria o impeachment. Mas acabou recuando após o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra, entre outros, ma-nifestarem opinião contrária ao pedido de impedimento neste momento.

Aécio encomendou uma análise técnica sobre o tema, mas o jurista Miguel Reale Jú-nior pediu um prazo maior para elaborá-la. Segundo Sampaio, isso não é necessário porque a bancada na Câmara já tem pronto o pedido, que é basea-do principalmente na suposta responsabilidade de Dilma so-bre o escândalo na Petrobras e sobre as chamadas “peda-ladas fi scais”, as manobras

realizadas pelo Tesouro para fechar as contas públicas.

Eduardo CunhaO líder da bancada tucana

também afi rmou que irá re-correr ao plenário da Câmara contra eventual recusa ao pe-dido por parte do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). O peemedebista já deu declarações afi rmando não ver razões hoje para dar prosse-guimento a eventual processo contra Dilma. Pelo regimento da Câmara, cabe recurso dessa de-cisão, o que levaria ao plenário da Câmara a responsabilidade de dar a palavra fi nal.

Caso Cunha - ou o plená-rio da Câmara, na análise de eventual recurso contra sua decisão - autorize o desenrolar da tramitação do pedido, o pro-cesso só é aberto caso tenha o apoio de pelo menos dois ter-ços (342) dos 513 deputados federais. Se isso ocorrer, Dil-ma é afastada, e o julgamento é feito pelo Senado.

GEO

RGE

GIA

NN

I/PS

DB

Fachin teria usado verba pública

FUTURO MINISTRO

O advogado e professor de Curitiba (PR) Luiz Edson Fachin, indicado ao cargo de ministro do Supremo por Dil-ma Rousseff , realizou evento pago de direito com patro-cínio de empresas estatais como o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, a usina hidrelétrica Itaipu e a Sanepar, companhia de saneamento do Paraná.

O congresso de direito civil, oferecido em setembro de 2014 em Curitiba, foi realiza-do pelo Instituto Brasileiro de Direito Civil (IBDCivil), criado em 2012 por Fachin e pelos advogados Gustavo Tepedi-no e Paulo Luiz Netto Lôbo,

ex-integrante do Conselho Nacional de Justiça.

Segundo o site do instituto na internet, a entidade foi criada “sem fi ns lucrativos nem fi liação partidária”, com o objetivo de “pensar, de-bater e construir o direito civil contemporâneo à luz da legalidade constitucional”.

A inscrição para o con-gresso de 2014, a segun-da edição organizada pelo IBDCivil, custou de R$ 400 a R$ 500 para profi ssio-nais de direito, de R$ 180 a R$ 230 para estudantes e de R$ 230 a R$ 290 para fi liados ao instituto.

Além das estatais, também

colaboraram para o evento as seções nacional e para-naense da Ordem dos Advo-gados do Brasil (OAB) e as universidades Positivo e Fe-deral do Paraná, entre outros. Em 2010, Fachin havia de-clarado publicamente apoio e pedido votos para Dilma durante o segundo turno da campanha presidencial.

O BB confi rmou, em nota, ter patrocinado dois con-gressos organizados pelo IBDCivil em 2013 e 2014, com cotas de R$ 30 mil e R$ 40 mil, respectivamente. A Sanepar também confi rmou ter “colaborado com R$ 16 mil” com o evento de 2014.

Evento sobre direito civil promovido por Luiz Fachin teve patrocínio de estatais

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Page 7: EM TEMPO - 26 de abril de 2015

MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 A7Política

Com a aprovação da Lei Orçamentária do go-verno federal, que des-tinou R$ 867,6 milhões

ao Fundo Partidário, dirigen-tes das siglas que receberão a maior fatia na distribuição dos recursos no Amazonas comen-tam o assunto e a possibilidade de contingenciamento.

A proposta do governo para o repasse do fundo aos partidos era inicialmente de R$ 289,6 milhões (dotação inicial prevista no pro-jeto), mas o relator da matéria, senador Romero Jucá (PMDB-RR), aumentou para R$ 867,6, ale-gando que o valor havia sido negociado com o governo e que era menor do que o reivindicado pelos parlamentares. “O pedido era para destinar R$ 2 bilhões para o Fundo. Estabelecemos um valor possível de atender, que melhora a situação dos partidos e inicia o debate sobre o financiamento público de campanha”, justificou o

relator em março deste ano.Para os dirigentes dos partidos

no Amazonas, caso o contingen-ciamento seja ao Fundo Partidá-rio, esse valor de R$ 867 milhões não fará diferença.

“Ainda há uma discussão so-bre o contingenciamento, caso ele venha ser no Fundo Partidá-rio, não haverá diferença para os partidos. Mas como isso já está gerando polêmica, pode ser que haja uma reviravolta e a coisa mude”, pontua o secretário geral do Partido Social Democrático (PSD), Paulo Radin.

Já o presidente regional do Par-tido Republicano (PPR), deputado federal Alfredo Nascimento, infor-mou, por meio da assessoria de imprensa, que é contra o aumento da verba partidária no momento de crise econômica pela qual pas-sa o país e acredita que o contin-genciamento, se necessário, não haverá nenhum retrocesso para os partidos políticos.

“No momento em que o país vive uma crise econômica não seria justo aumentar a verba partidá-

ria, enquanto outros setores da sociedade sofrem com a crise. O partido conseguiu sobreviver sem esse montante e não será diferente, então sou a favor do contingenciamento, se necessá-rio”, defende Nascimento.

Para o presidente de honra do Partido Socialista Brasileiro (PSB) no Amazonas, o deputado estadu-al Serafim Corrêa, a verba prevista no orçamento é desproporcional, uma vez que cresceu muito além de qualquer outra verba. Serafim acredita que o montante de R$ 867 milhões só foi previsto no orçamento devido às pressões dos partidos maiores.

“O orçamento é uma peça de fic-ção. Não é o fato de estar previsto no orçamento que será repassado. Eu acredito que esse valor só foi fixado devido às pressões dos maiores partidos e que a presiden-te Dilma Rousseff (PT) não vetou devido à fragilidade de sua base aliada”, comenta Corrêa.

O parlamentar entende as ne-cessidades dos partidos, mas de-fende que no momento existem

outras prioridades mais urgen-tes. “Os partidos têm deman-das permanentes. Ser dirigente de um partido você paga um preço, mas acredito que exis-tem outras demandas mais emergentes”, avalia o socialista.

Já o secretário-geral do Partido do Movimento Democrático Bra-sileiro (PMDB), Miguel Capobian-go - um dos partidos que mais será beneficiado com o repasse, e que conforme a tabela divul-gada na Agência Senado, com o montante de R$ 92 milhões -, diz que o partido ainda não recebeu as informações oficiais de quanto será o aumento para os diretórios regionais e que aguardará a reforma política.

“Ainda não recebemos a infor-mação oficial de quanto será o aumento para os diretórios es-taduais, nem a possibilidade de contingenciamento. Quanto ao financiamento para o próximo pleito, aguardaremos a reforma política, pois poderá trazer altera-ções nos procedimentos e regras relativas à eleição propriamente

dita”, pondera Capobiango.

Dotes vultososOutro partido grande, e que de-

verá se o maior beneficiado com o recurso será o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). O repasse aos tucanos deverá cres-cer 182% com um aporte de R$ 95 milhões. A verba do Partido dos Trabalhadores (PT), sigla com mais cadeiras na Câmara deverá subir 133%. O partido receberá a quantia de R$ 116 milhões.

Quatro partidos não elegeram deputados federais nas últimas eleições e, por isso, terão direito de receber apenas o que lhes cabe da divisão dos 5% do fundo: PSTU, PPL, PCB e PCO.

Conforme a lei eleitoral, todos os partidos que tenham seus es-tatutos registrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) devem receber 5% do total do fundo partidário em partes iguais, os outros 95% são distribuídos às siglas na proporção dos votos obtidos na última eleição geral para a Câmara dos Deputados.

Conforme a lei eleitoral, todos os partidos que tenham seus estatutos registrados no TSE devem receber 5% do total da verba

Siglas não creem no repasse total do Fundo Partidário

MOARA CABRALEquipe EM TEMPO

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A8 Política MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

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EconomiaCa

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[email protected], DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 (92) 3090-1045Economia B2

Ministro do TST critica a terceirização

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AÇÃO

Alvo fácil dos bandidos que são atraídos pelos valores elevados dos aparelhos ce-lulares, que em alguns casos

chegam a custar quase R$ 5 mil, o usuário de telefonia móvel já pode usufruir de um serviço que promete amenizar as perdas por roubo de equipamentos eletrônicos portáteis. Para minimizar os prejuízos dos clien-tes e, consequentemente, aumentar o faturamento da empresa, operadoras e grandes lojas do varejo de Manaus disponibilizam seguro para celular, o qual garante a reposição de um novo aparelho ou parte de seu valor.

O serviço divide opiniões, mas a preocupação com roubo ou perda do aparelho com os arquivos, além do investimento feito com a compra do equipamento novo, tem feito alguns consumidores contratar o seguro aparelho. “Nunca sofri um assalto ou perdi meu celular, mas do jeito que a violência está, eu quis contratar o seguro, até porque gastei mais de R$ 2 mil com a compra dele”, disse a universitária Aline Brandão, 21.

A autônoma Maria Conceição da Silva, 34, prefere não gastar nenhum outro valor além do preço ofi cial do celular. Segundo ela, contratar o serviço de seguro pesa no bolso. “Quando comprei o celular, gostei do que custava R$ 849,90, mas no fi nal, se eu optasse pelo seguro, iria pagar mais de R$ 1 mil. Achei caro e

comprei apenas o celular”, revela.

LojasAlém das operadoras de telefonia

móvel, lojas de departamento da ca-pital amazonense também disponi-bilizam aos seus clientes o serviço de seguro para celular. A Ramsons, por exemplo, oferece desde 2012 o Seguro Equipamentos com o intuito

de proporcionar tranquilidade e se-gurança aos clientes, de acordo com informações do diretor de marketing da empresa, Thiago Rezende.

Segundo ele, todas as marcas de celulares, smartphones, tablets e auto-rádio que comercializam são segurados com um valor de taxa de venda de até 28% do valor do produto. O seguro cobre danos, roubos e fur-tos. “Protege o equipamento contra roubo ou subtração de bens mediante o rompimento ou destruição de obs-táculos e danos de causas externas, protegendo os nossos cliente no seu dia a dia”, frisa.

Apesar das vantagens, o economis-ta e presidente do Conselho Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM), Marcus Evangelista, alerta o consumidor a levar em conta, antes de contratar o seguro, o valor a mais que é cobrado pelo serviço.

Segundo ele, é precsiso ler direito o contrato para ver quais são as cláu-sulas contratuais contempladas pelo seguro. é fundamental. “É importante analisar bem e ser criterioso na hora de contratar o serviço para saber qual a cobertura que o seguro irá cobrir”, enfatiza o especialista.

SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO

OPÇÕESOperadoras também oferecem serviços que ajudam o cliente a achar o celular em caso de perda ou roubo, bloquear o aparelho, apagar arquivos via SMS e recuperar conteúdos

Na TIM, de todos os smartphones vendidos pela operadora, quase um terço sai das lojas segurado. Con-forme a assessoria de imprensa da TIM, a iniciativa de prover segurança aos aparelhos surgiu em 2012.

Na ocasião, a operadora lançou o seguro Conectado e Protegido, em parceria com a Assurant Solutions. Com ele, o usuário assegura os apa-relhos de celular, tablet e modem 3G contra roubos e furtos por valores mensais que variam de R$ 3,49 a R$ 24,99, dependendo do modelo. “O TIM Protect Seguro Aparelho não tem período de carência, possui uma cobertura exclusiva internacional e garante a reposição do dispositivo

móvel novo, igual ou similar, de até R$ 3 mil (sem TIMChip) de acordeo com o plano contratado. O seguro pode ser solicitado por usuários de planos pós e pré-pago, que ainda concorrem a prêmios mensais de R$ 10 mil durante o período de vigência do seguro”, destaca.

Tablets A Oi é outra operadora que dispo-

nibiliza o seguro para celular, tablet e modem em caso de roubo ou furto qualifi cado. O serviço pode ser con-tratado nas lojas da Oi e conta com cobertura 30 dias após a adesão do seguro. “Em caso de roubo ou furto, o cliente recebe em sua casa um

novo aparelho celular (sem chip), tablet ou modem (sem chip) igual ou similar, limitado ao valor máximo da cobertura contratada”, informa a assessoria de imprensa.

Nas ocorrências fora do Brasil, o equipamento estará coberto. Em caso de sinistro, a empresa orien-ta o cliente a fazer o registro da ocorrência em um distrito policial ou consulado brasileiro. A Oi ainda acrescenta que o início da vigência do produto será após 24h da data da adesão. Com pagamentos mensais em dia, vigerá por 12 meses, sendo renovável por mais 12 meses. O se-guro pode custar a partir de R$ 5,99 por mês, conforme o aparelho.

Ofertas abrangem perdas no exterior

Celulares seguros, porém mais carosServiço oferecido por empresas para amenizar prejuízos de clientes com roubos deixa aparelhos quase 30% mais “salgados” nas lojas de Manaus

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AÇÃO

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B2 Economia MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

No momento em que se discute a regula-mentação da ter-ceirização no Bra-

sil, a partir do projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados, uma voz contri-buirá para a fragmentação da classe trabalhadora. A afirmação é do ministro do Tribunal Superior do Traba-lho (TST), Cláudio Mascare-nhas Brandão, que conce-deu entrevista exclusiva ao EM TEMPO, em Manaus, no último dia 17, após pales-tra sobre o novo Código de Processo Civil e os possíveis reflexos na Justiça do Traba-lho, no auditório do Fórum Trabalhista de Manaus.

Mestre em direito pela Uni-versidade Federal da Bahia, Mascarenhas é ministro do TST desde julho de 2013. Também é membro do Ins-tituto Baiano de Direito do Trabalho, da Associacion Iberocamericana de Dere-cho del Trabajo e autor dos livros “Direito do Trabalho - Apontamentos para con-curso”, “Acidente do Traba-lho e Responsabilidade Civil do Empregador” e “Orien-tações Jurisprudenciais do TST Comentadas”.

Para ele, o projeto que pro-põe a regulamentação da ter-ceirização traz insegurança jurídica, uma vez que permiti-rá fazer uso desse recurso em todos os postos de trabalho. Na sua avaliação, o trabalha-dor não se sentirá mais parte da empresa e dificultará as negociações coletivas.

EM TEMPO - Qual a sua avaliação sobre esse projeto de lei que quer regulamentar o trabalho terceirizado?

Cláudio Brandão - A minha avaliação é muito clara. O PL 4330/2004 tem um viés que me parece bem claro no sentido de trazer medidas que só irão contribuir para a fragmentação da classe trabalhadora. Eu acho que o projeto não contribui, e ao contrário do que se mencio-na, ele não traz segurança jurídica, não importará em ampliação de empregos, não trará mais dinheiro para a classe trabalhadora, porque o fato de permitir que haja trabalhador terceirizado em qualquer atividade pode-se concluir que haverá empresa sem empregado. O motoris-

ta pode ser terceirizado pelo transporte coletivo, jornalista pode ser terceirizado em em-presa de jornalismo, então, não haverá trabalhadores empregados nas empresas, visto que se pode terceirizar qualquer atividade.

EM TEMPO - E como fica o trabalhador?

CB - Para o trabalhador, isso não traz segurança, por-que não vai ter mais aquele sentimento de pertencer à empresa que trabalha, pois trabalhará hoje em uma empresa, amanhã em outra, depois de amanhã numa ter-ceira e assim por diante. Será ruim até porque dificultará a negociação coletiva e você só avança construindo direi-to pela negociação coletiva. Nesse caso, ele irá nego-ciar com quem se ele hoje trabalha numa empresa do ramo da indústria, amanhã no ramo do comércio, depois no ramo do serviço, na área rural, numa ONG, desta for-ma como é que ele vai ter força coletiva para negociar direitos? Isso fragmentará o poder de pressão legítima que os sindicatos exercem pela classe trabalhadora.

EM TEMPO - Trata-se de uma lei permissiva?

CB - A meu sentir, esse viés inclusivo, de regulamentação nas entrelinhas do projeto, você não identifica. Mas não é só porque amplia a terceiri-zação em atividades fins, mas sim porque permite terceiri-zar outra empresa que tam-bém terceiriza seus serviços, com isso, você nem terá a cadeia produtiva, vai ter frag-mentada, uma vez que terá várias empresas num proces-so produtivo. Isso dificultará até para o trabalhador saber contra quem ele vai reivindi-car seus direitos, se não sabe sequer para quem está traba-lhando diante dessa cadeia de terceirização que está indo ao Senado. Espero que o projeto não seja aprovado.

EM TEMPO - E caso ele seja aprovado?

CB - Aí caberá aos tribunais decidirem. A jurisprudência terá o seu papel de definir o alcance da nova lei. Ninguém pode agora fazer um juízo ou um prognóstico de como os tribunais decidirão. Mas se-guramente levarão em con-sideração as consequências sociais que essa lei trará. O colegiado é sempre sábio,

encontrará o caminho e eu não posso prevê, mesmo por-que sequer sabemos o texto final que virá a ser aprovado diante das mudanças que já ocorreram e que poderão vir a acontecer. Então, é muito difícil saber o que aconte-cerá, mas seguramente o Judiciário terá seu papel de independência para interpre-tar a nova lei.

EM TEMPO - Muitas em-presas no Amazonas são multadas e até interdita-das por conta das condi-ções de trabalho dos seus servidores. O que é feito para inibir essa prática?

CB - A Justiça do Trabalho só atua quando provocada. Cabe ao Ministério Publico do Trabalho, à fiscalização esse papel de protagonista na atu-ação relacionada a cumprir as normais de saúde ocupa-cional. Quando isso demanda uma ação judicial, nós decidi-mos. Eventualmente, nós de-cidimos fazendo prevalecer as normas que protegem a saúde do trabalhador, por-que saúde ninguém recupera quando perdida.

EM TEMPO - Os emprega-dos domésticos tiveram há pouco mais de dois anos 16 direitos trabalhistas asse-gurados com a PEC das Do-mésticas. No entanto, sete benefícios ainda não fo-ram regulamentados. Qual o impacto que a demora da regulamentação desses direitos causa aos traba-lhadores deste setor?

CB - Só tenho a lamentar. O Congresso Nacional, la-mentavelmente, apesar de ter aprovado a Emenda Constitu-cional que alterou o artigo 7, parágrafo 1, da Constituição Brasileira, não regulamen-tou todos os direitos. Esse prolongamento causa inse-gurança nos empregadores e empregados doméstico, haja visto que os direitos ficam supostamente assegurados. Ou ainda, é até mesmo uma promessa vazia, porque essas pessoas não têm a dimen-são, muitas vezes, do que é uma norma ainda sem regu-lamentação. Tenho somente a lamentar na demora do Congresso Nacional, já são mais de dois anos que a norma foi consagrada, mas o direito não foi regulamentado, pro-vocando para o empregador e o empregado doméstico uma insegurança jurídica e uma falsa realidade.

CLÁUDIO BRANDÃO

‘A TERCEIRIZAÇÃO fragmentará A CLASSE trabalhadora’

SILANE SOUZAEquipe EM TEMPO

FOTOS: DIVULGAÇÃO

O motorista pode ser terceirizado pelo transporte coletivo, o jornalista pode ser terceirizado em empresa de jorna-lismo, então, não haverá trabalhado-res empregados nas empresas, visto que se pode terceirizar qualquer atividade”

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B3EconomiaMANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

Um ‘click’ mais saudávelParceria inédita fechada entre o governo federal e um dos mais populares sites de vendas on-line do país, o MercadoLivre, vai tornar mais seguras as compras realizadas pelos consumidores de produtos de saúde e beleza por meio da internet

Um instrumento de potencial incomen-surável. Estes foram os termos usados

pelo ministro da Saúde, Ar-thur Chioro, para definir o Click Saudável. Lançado na semana passada, o projeto é resultado de uma parceria firmada entre

a Anvisa e o site MercadoLivre para auxiliar o internauta a encontrar informações mais confiáveis sobre alguns dos produtos que consome.

A fase inicial conta com uma página na internet (www.click-saudavel.gov.br), que contém diversas informações para

orientar a população na com-pra de produtos de saúde em sites de comércio eletrônico.

Dentre os assuntos abor-dados, estão alimentação, medicamentos, tabaco, produtos químicos, saúde e beleza. O site também possibilita a realização de

enquetes sobre o perfil de comportamento e consumo dos usuários da internet.

Durante a cerimônia de lançamento do projeto, o di-retor-presidente da Agência ressaltou que as informações contidas no Click Saudável são instrumentos relevantes

do cidadão, já que internau-ta poderá conhecer eventuais riscos relacionados ao uso de um produto. “Não dá para achar que o poder público vai proteger o indivíduo dele mesmo. O cidadão tem que saber dos riscos que corre e precisa contar com informa-

ções corretas para a tomada de decisão”, explica.

A secretária nacional do Consumidor, Juliana Pereira, também destacou esses as-pectos. De acordo com ela, “a educação para o consumo é uma forma de empoderar o cidadão”.

Compras on-line de itens de saúde ficarão mais seguras no país

No lançamento, Juliana afirma que a iniciativa da Agência criou uma ferra-menta inovadora para o Es-tado. “Ferramentas como essa incluem a administra-ção pública em uma lingua-gem 2.0”, argumentou.

O diretor da Anvisa, José Carlos Moutinho, ressalta que o Click Saudável irá auxiliar as ações fiscali-zatórias de todo o Siste-ma Nacional de Vigilância Sanitária. “Vai ajudar na identificação precoce de ilegalidades e favorecer a rapidez das ações”, diz.

InserçãoA parceria da Anvisa com

o MercadoLivre prevê a in-serção de 12 milhões de anúncios publicitários com informações de utilidade pública do Click Saudável.

O objetivo é orientar os consumidores que procu-ram por produtos de saú-de no site. Além disso, a empresa vai fornecer à Anvisa os dados dos responsáveis por publici-dades irregulares e uma ferramenta de busca e re-moção desses anúncios.

As propagandas insti-tucionais terão mensa-gens chamando a aten-ção dos internautas para que eles se protejam de produtos irregulares e publicidades enganosas.

São frases como “Com-prando cosméticos pela internet? Saiba como pro-teger sua saúde”; “Vai fazer tatuagem ou maquiagem definitiva? Confira algumas dicas”, entre outras.

Todos os anúncios terão link para o portal, onde se-rão publicados conteúdos adequados, estimulando decisões de consumo mais conscientes. Pelo acordo, a Anvisa fará acompanha-mento direto dos anúncios relacionados à saúde no MercadoLivre para solici-tar imediata a remoção de anúncio veiculado por ven-dedor que não cumpra com as regras da Agência.

A próxima etapa do pro-jeto prevê a publicação de um edital de chamamento para outras empresas de comércio eletrônico que desejem aderir à inicia-tiva. A Agência pretende adequar a estratégia do Click Saudável a diferentes empresas que atuam no comércio eletrônico.

No chamamento, serão priorizados os sites com maior número de acesso e tipos de produtos divul-gados ou comercializados. O edital será publicado nos próximos dias e vai permi-tir mudança na forma de fiscalizar a publicidade e o comércio de produtos de saúde pela internet.

Ferramenta auxilia fiscalização

DIVULGAÇÃO

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

A libertação do escravo

contemporâneo no AM

“Antigamente, aqui nós trabalháva-mos que nem burro de carga no

sertão, sem equipamentos de proteção e às vezes não dava nem para comer, quase que em regime de escravidão”. É assim que o piauiense José da Silva, 54, resume sua pas-sagem na mão de obra do polo cerâmico de Iranduba (a 25 quilômetros de Manaus), desde os anos 1970.

Hoje vigilante, o nordestino, que veio ainda menino para o Amazonas atrás dos antigos garimpos da região, lembra que se livrou do “inferno” que era a realidade dos homens que buscavam o ouro, e encon-trou trabalho na produção de tijolos em Iranduba, como dia-rista diante dos fornos a mais de 800 graus centigrados.

Na época, José recorda que quase perdeu a vida, quando uma carrada de barro de apro-ximadamente 150 quilos caiu sobre ele. “Estava sem capace-te, sem luvas. Para conseguir uma bota era uma briga. Nós andávamos era de sandália mesmo”, salienta.

Ele conta que somente hoje passou a entender que traba-lhava em condições similares à de escravo. José lembra que além dos riscos à saúde por conta dos fornos pela falta de equipamentos de proteção ainda sob os créditos do pa-trão para conseguir comprar alimento. Nesses 40 anos ele avalia que muita coisa me-lhorou, no entanto, alerta as autoridades que há muito por fazer pelos trabalhadores da indústria cerâmica.

Segundo ele, o seu filho de 20 anos começou a trabalhar aos 15 na Cerâmica do Dou-tor Modesto, nas proximida-des do distrito do Cacau-Pi-rêra. O rapaz, que o pai pediu para ter o nome preservado, entra às 17h e sai às 7h do outro dia e sofre hoje com salários e férias atrasadas, a falta do pagamento por insalubridade e a ausência de assistência de médica.

“Ele trabalha como quei-mador e a sua Carteira de Trabalho é só de enfeite. Sem-pre falo para ele sair dessa vida, porque não quero que se acabe como eu me aca-bei. Muito jovem, meu filho

reclama demais de dores nas costas”, conta José.

O forneiro João Góes Pi-nheiro, 51, trabalhador da mesma cerâmica do filho do senhor José confirma o não pagamento pela insalubri-dade e diz que assistência médica só se tem quando há pressão dos órgãos de segurança do trabalhador.

Nascido na comunidade do Janauari, em Iranduba, João recorda que quando começou em 1989 pelo menos o paga-mento pelo serviço era “bom”, o que começou a retroceder depois dos anos 2000. “Invés de melhorar com o tempo o nosso salário caiu”, afirma.

Com sete filhos, o forneiro que começou no polo cerâmico há 27 anos, ainda mora no barraco sem reboco, constru-ído com tijolos na comunidade localizada pelo lado de fora da fábrica de tijolos. “Ganho R$ 280 por semana e é um sacri-

fício para nos manter. Mas a gente se vira”, sustenta.

No quilometro 42 da rodovia estadual AM-070, já no territó-rio do município de Manacapu-ru, na Cerâmica GL, durante a apuração da reportagem, tra-balhadores foram encontrados operando sob a chuva com bo-tas rasgadas, sem luvas, capa-cetes ou máscaras. Receosos quanto aos seus empregos, os trabalhadores disseram que o Ministério Público do Trabalho (MPT) estava cobrando me-lhorias, o que segundo eles acontece aos poucos.

Seu Francisco (nome fictí-cio), que trabalha há 25 anos no polo cerâmico e há cinco meses na GL, com olhar des-confiado, diz que nos últimos tempos as coisas ficaram mais difíceis para os trabalhadores quanto à qualidade, o salário tem atrasado, mas que o pa-trão tem cumprido. “Quando cheguei aqui (na GL) já tinha carteira assinada”, afirma.

Órgãos de defesa do trabalhador iniciaram operações para livrar trabalhadores de condições degradantes de trabalho no polo cerâmico do Amazonas, mas há muito a fazer no Estado em regiões de difícil acesso devido ao pequeno contingente das instituições federais

EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO

FATURAMENTODados da Associa-ção de Ceramistas do Estado do Amazonas (Aceram) apontam que, no período de verão, o faturamento médio do segmento é de aproximadamente R$ 400 mil por dia

Desde o ano passado, os pequenos empresários do polo cerâmico buscam se adequar às exigências quanto ao meio ambiente de trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) e dos direitos trabalhistas do Ministério do Trabalho e Emprego, que iniciou em se-tembro do ano passado, com audiência pública com os empresários do segmento.

Mas para garantir alo-jamento adequado, água potável, alimentação de qualidade e equipamentos de proteção, os pequenos empresários reclamam do alto custo, do prazo e do momento desfavorável para

o segmento no mercado.Proprietário da Cerâmica

Maniquara, no quilometro 45 da rodovia estadual AM-070, empresário Raimundo Barro-so preferiu receber a reporta-gem apenas no seu escritório, a cerca de cem metros do seu galpão oleiro.

“O prazo que nos deram até o final de maio está um pouco apertado. E nessa época então de muita chuva a produção cai pelo menos 50%. Nós, que somos peque-nos, não trabalhamos com estoque de argila e material de queima. Por isso fica mais difícil atender as normas téc-nicas”, diz Barroso.

O pequeno empresário

avalia que para cumprir com as Normas Regulamen-tadoras (NRs), pelo menos 60% dos ceramistas da região precisam de linha de crédito para financiar a regularização. Contudo,

Pequenos empresários alegam alto custoele observa que os agentes financeiros não estão com disponibilidade de crédito para o segmento.

“Estou conseguindo aos poucos. Mas, em breve terei que parar porque de onde tiro minha argila para pro-duzir tijolos, a enchente dos rios vai me empatar de reco-lher o barro e talvez eu tenha que parar com a produção”, argumenta Barroso. “Na re-gião do 40 (quilômetro) pelo menos sete fábricas devem parar”, aponta.

Arrendatário da Cerâmica Bezerra, no quilômetro 44, o ceramista Newton Ribeiro salienta que a renda da sua produção é pouco para ban-

car, por exemplo, um laudo técnico de um engenheiro elétrico que custa em média R$ 10 mil. “Fora o custo com os equipamentos. É um absurdo”, frisa.

Dos 60 milheiros de tijo-los que produzia em média durante o verão, Ribeiro diz que nos período de chuvas a produção cai para 20 ou 30 milheiros. Segundo ele, o preço também cai em média de R$ 420 para R$ 400. Ele reclama também da demora para a libera-ção de licenciamentos de órgãos ambientais como, por exemplo, do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).

APOIOEmpresários de olarias da região do quilôme-tro 40 da AM-070 afir-mam que o Sindicato da Indústria de Olarias do Estado do Amazo-nas (Sindcer/AM) tem dado apoio, mas preci-sam de mais atenção

Idosos também são chamados a trabalhar em condições quase degradantes num polo que vive em constante crescimento Trabalhador de olaria cumpre função descalço, sem capacete e debaixo de chuva na Cerâmica GL

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Com um olhar mais apu-rado sobre as condições de trabalho da mão de obra do polo cerâmico do Amazonas, os graves problemas no meio ambiente de trabalho encon-trados em várias empresas do segmento, o aproximava do chamado trabalho escra-vo contemporâneo.

Essa condição, no entan-to, de acordo com o procu-rador do Trabalho Jorsinei Dourado do Nascimento, coordenador no Amazonas da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambien-te do Trabalho (Codemat), ficou mais distante após uma força-tarefa de dois meses - de janeiro a feve-reiro desse ano -, quando em ação com o Ministério do Trabalho e Emprego pelo menos 34 das 36 ola-rias instaladas na região foram inspecionadas.

Segundo o procurador, a iniciativa atacou pontos inerentes ao meio ambien-te de trabalho, que na oca-sião não utilizaram o termo “degradante” para não en-quadrar como trabalho es-cravo e causar paralisação total da produção.

Entre os mais de 30 itens recomendados aos empre-sários, o procurador afirma que o os órgãos monitora-ram a aplicação dos mes-mos e perceberam altos investimentos com a con-tratação de profissionais para Programa de Preven-

ção dos Riscos Ambientais (PPRA) e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

“As pessoas saíam para fazer suas necessidades fisiológicas no meio do mato, perto da região do barro, e bebiam da mesma água muitas vezes mistu-rada com piolho de cobra. Era uma situação muito próxima a isso (trabalho escravo), sem as mínimas condições de trabalho”, sustenta Jorsinei.

Entre os mais de 30 itens recomendados aos empre-sários, o procurador afirma que o os órgãos moni-toraram a aplicação dos mesmo e perceberam altos investimentos com a con-tratação de profissionais para Programa de Preven-ção dos Riscos Ambien-tais (PPRA) e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

Deu-se também encami-nhamento às questões de saúde e segurança como na parte elétrica – havia muitas olarias com fiação exposta - e de esmagamen-to de membros. A próxima etapa é monitoramento sobre o cumprimento da re-gularização do pagamen-to, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e também a qualificação da mão de obra.

MPT monitora regularização

Órgãos cobram equipamentos de proteção individual ao operário

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B4 Economia MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 B5EconomiaMANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

A libertação do escravo

contemporâneo no AM

“Antigamente, aqui nós trabalháva-mos que nem burro de carga no

sertão, sem equipamentos de proteção e às vezes não dava nem para comer, quase que em regime de escravidão”. É assim que o piauiense José da Silva, 54, resume sua pas-sagem na mão de obra do polo cerâmico de Iranduba (a 25 quilômetros de Manaus), desde os anos 1970.

Hoje vigilante, o nordestino, que veio ainda menino para o Amazonas atrás dos antigos garimpos da região, lembra que se livrou do “inferno” que era a realidade dos homens que buscavam o ouro, e encon-trou trabalho na produção de tijolos em Iranduba, como dia-rista diante dos fornos a mais de 800 graus centigrados.

Na época, José recorda que quase perdeu a vida, quando uma carrada de barro de apro-ximadamente 150 quilos caiu sobre ele. “Estava sem capace-te, sem luvas. Para conseguir uma bota era uma briga. Nós andávamos era de sandália mesmo”, salienta.

Ele conta que somente hoje passou a entender que traba-lhava em condições similares à de escravo. José lembra que além dos riscos à saúde por conta dos fornos pela falta de equipamentos de proteção ainda sob os créditos do pa-trão para conseguir comprar alimento. Nesses 40 anos ele avalia que muita coisa me-lhorou, no entanto, alerta as autoridades que há muito por fazer pelos trabalhadores da indústria cerâmica.

Segundo ele, o seu filho de 20 anos começou a trabalhar aos 15 na Cerâmica do Dou-tor Modesto, nas proximida-des do distrito do Cacau-Pi-rêra. O rapaz, que o pai pediu para ter o nome preservado, entra às 17h e sai às 7h do outro dia e sofre hoje com salários e férias atrasadas, a falta do pagamento por insalubridade e a ausência de assistência de médica.

“Ele trabalha como quei-mador e a sua Carteira de Trabalho é só de enfeite. Sem-pre falo para ele sair dessa vida, porque não quero que se acabe como eu me aca-bei. Muito jovem, meu filho

reclama demais de dores nas costas”, conta José.

O forneiro João Góes Pi-nheiro, 51, trabalhador da mesma cerâmica do filho do senhor José confirma o não pagamento pela insalubri-dade e diz que assistência médica só se tem quando há pressão dos órgãos de segurança do trabalhador.

Nascido na comunidade do Janauari, em Iranduba, João recorda que quando começou em 1989 pelo menos o paga-mento pelo serviço era “bom”, o que começou a retroceder depois dos anos 2000. “Invés de melhorar com o tempo o nosso salário caiu”, afirma.

Com sete filhos, o forneiro que começou no polo cerâmico há 27 anos, ainda mora no barraco sem reboco, constru-ído com tijolos na comunidade localizada pelo lado de fora da fábrica de tijolos. “Ganho R$ 280 por semana e é um sacri-

fício para nos manter. Mas a gente se vira”, sustenta.

No quilometro 42 da rodovia estadual AM-070, já no territó-rio do município de Manacapu-ru, na Cerâmica GL, durante a apuração da reportagem, tra-balhadores foram encontrados operando sob a chuva com bo-tas rasgadas, sem luvas, capa-cetes ou máscaras. Receosos quanto aos seus empregos, os trabalhadores disseram que o Ministério Público do Trabalho (MPT) estava cobrando me-lhorias, o que segundo eles acontece aos poucos.

Seu Francisco (nome fictí-cio), que trabalha há 25 anos no polo cerâmico e há cinco meses na GL, com olhar des-confiado, diz que nos últimos tempos as coisas ficaram mais difíceis para os trabalhadores quanto à qualidade, o salário tem atrasado, mas que o pa-trão tem cumprido. “Quando cheguei aqui (na GL) já tinha carteira assinada”, afirma.

Órgãos de defesa do trabalhador iniciaram operações para livrar trabalhadores de condições degradantes de trabalho no polo cerâmico do Amazonas, mas há muito a fazer no Estado em regiões de difícil acesso devido ao pequeno contingente das instituições federais

EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO

FATURAMENTODados da Associa-ção de Ceramistas do Estado do Amazonas (Aceram) apontam que, no período de verão, o faturamento médio do segmento é de aproximadamente R$ 400 mil por dia

Desde o ano passado, os pequenos empresários do polo cerâmico buscam se adequar às exigências quanto ao meio ambiente de trabalho do Ministério Público do Trabalho (MPT) e dos direitos trabalhistas do Ministério do Trabalho e Emprego, que iniciou em se-tembro do ano passado, com audiência pública com os empresários do segmento.

Mas para garantir alo-jamento adequado, água potável, alimentação de qualidade e equipamentos de proteção, os pequenos empresários reclamam do alto custo, do prazo e do momento desfavorável para

o segmento no mercado.Proprietário da Cerâmica

Maniquara, no quilometro 45 da rodovia estadual AM-070, empresário Raimundo Barro-so preferiu receber a reporta-gem apenas no seu escritório, a cerca de cem metros do seu galpão oleiro.

“O prazo que nos deram até o final de maio está um pouco apertado. E nessa época então de muita chuva a produção cai pelo menos 50%. Nós, que somos peque-nos, não trabalhamos com estoque de argila e material de queima. Por isso fica mais difícil atender as normas téc-nicas”, diz Barroso.

O pequeno empresário

avalia que para cumprir com as Normas Regulamen-tadoras (NRs), pelo menos 60% dos ceramistas da região precisam de linha de crédito para financiar a regularização. Contudo,

Pequenos empresários alegam alto custoele observa que os agentes financeiros não estão com disponibilidade de crédito para o segmento.

“Estou conseguindo aos poucos. Mas, em breve terei que parar porque de onde tiro minha argila para pro-duzir tijolos, a enchente dos rios vai me empatar de reco-lher o barro e talvez eu tenha que parar com a produção”, argumenta Barroso. “Na re-gião do 40 (quilômetro) pelo menos sete fábricas devem parar”, aponta.

Arrendatário da Cerâmica Bezerra, no quilômetro 44, o ceramista Newton Ribeiro salienta que a renda da sua produção é pouco para ban-

car, por exemplo, um laudo técnico de um engenheiro elétrico que custa em média R$ 10 mil. “Fora o custo com os equipamentos. É um absurdo”, frisa.

Dos 60 milheiros de tijo-los que produzia em média durante o verão, Ribeiro diz que nos período de chuvas a produção cai para 20 ou 30 milheiros. Segundo ele, o preço também cai em média de R$ 420 para R$ 400. Ele reclama também da demora para a libera-ção de licenciamentos de órgãos ambientais como, por exemplo, do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam).

APOIOEmpresários de olarias da região do quilôme-tro 40 da AM-070 afir-mam que o Sindicato da Indústria de Olarias do Estado do Amazo-nas (Sindcer/AM) tem dado apoio, mas preci-sam de mais atenção

Idosos também são chamados a trabalhar em condições quase degradantes num polo que vive em constante crescimento Trabalhador de olaria cumpre função descalço, sem capacete e debaixo de chuva na Cerâmica GL

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Com um olhar mais apu-rado sobre as condições de trabalho da mão de obra do polo cerâmico do Amazonas, os graves problemas no meio ambiente de trabalho encon-trados em várias empresas do segmento, o aproximava do chamado trabalho escra-vo contemporâneo.

Essa condição, no entan-to, de acordo com o procu-rador do Trabalho Jorsinei Dourado do Nascimento, coordenador no Amazonas da Coordenadoria Nacional de Defesa do Meio Ambien-te do Trabalho (Codemat), ficou mais distante após uma força-tarefa de dois meses - de janeiro a feve-reiro desse ano -, quando em ação com o Ministério do Trabalho e Emprego pelo menos 34 das 36 ola-rias instaladas na região foram inspecionadas.

Segundo o procurador, a iniciativa atacou pontos inerentes ao meio ambien-te de trabalho, que na oca-sião não utilizaram o termo “degradante” para não en-quadrar como trabalho es-cravo e causar paralisação total da produção.

Entre os mais de 30 itens recomendados aos empre-sários, o procurador afirma que o os órgãos monitora-ram a aplicação dos mes-mos e perceberam altos investimentos com a con-tratação de profissionais para Programa de Preven-

ção dos Riscos Ambientais (PPRA) e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

“As pessoas saíam para fazer suas necessidades fisiológicas no meio do mato, perto da região do barro, e bebiam da mesma água muitas vezes mistu-rada com piolho de cobra. Era uma situação muito próxima a isso (trabalho escravo), sem as mínimas condições de trabalho”, sustenta Jorsinei.

Entre os mais de 30 itens recomendados aos empre-sários, o procurador afirma que o os órgãos moni-toraram a aplicação dos mesmo e perceberam altos investimentos com a con-tratação de profissionais para Programa de Preven-ção dos Riscos Ambien-tais (PPRA) e Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

Deu-se também encami-nhamento às questões de saúde e segurança como na parte elétrica – havia muitas olarias com fiação exposta - e de esmagamen-to de membros. A próxima etapa é monitoramento sobre o cumprimento da re-gularização do pagamen-to, do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), e também a qualificação da mão de obra.

MPT monitora regularização

Órgãos cobram equipamentos de proteção individual ao operário

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B6 Economia MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

do trabalho escravo Órgãos federais fi cam além do alcance da realidade da exploração do trabalho escravo no Estado de pequeno contingente

Dimensões continentais difi cultam erradicação

Os casos de trabalho escravo contempo-râneo no Amazonas são combatidos so-

mente a partir de demandas, o que interfere num alcance maior do que seria a realida-de dos casos espalhados pelo Estado de dimensões conti-nentais e de difícil acesso. A avaliação é do procurador do Trabalho Jeibison dos Santos Justiniano, coordenador no Amazonas da Coordenadoria Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo (Conaete).

Para ele, é equivocada a visão sobre o contingente de mem-bros dos órgãos federais para o Amazonas e Região Norte, limi-tada a demandas. “A avaliação é puramente estatística. A nossa demanda não refl ete a realida-de do Estado, porque estamos falando de uma demanda na capital que tem um grande polo industrial, e no interior, onde é muito provável que, por difi culdade de comunicação e de transporte, não chega ao conhecimento das instituições federais”, aponta.

Nos últimos anos, de acordo com o procurador, a participa-ção da sociedade foi essencial para pôr fi m a casos de trabalho degradantes análogos aos de escravo como ocorreu na extra-ção da piaçava no município de Barcelos (a 405 quilômetros de Manaus), ao norte do Estado, no ano passado, e na expansão de fazendas nos municípios de Lábrea e Boca do Acre, no sul do Amazonas, em 2012.

A operação resgatou na épo-ca 13 trabalhadores em comu-nidades rurais localizadas nos rios Preto, Aracá e Padauini, a 15 horas de voadeira da sede de Barcelos, na divisa com o município de Santa Izabel do Rio Negro. As investigações sobre a exploração da mão de obra de ribeirinhos e in-

dígenas durou quatro anos e constatou que os trabalhado-res, entre outras coisa, eram obrigados a contrair dívidas com o empregador a partir de intermediários, segundo rela-tou na época o procurador do Trabalho Renan Bernardi.

Em Lábrea e Boca do Acre, Jeibison conta as denúncias das pessoas da comunidade levaram à formação do Grupo Móvel de Fiscalização do Tra-balho (GMFT), formado pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego, Polícia Federal e Rodoviária Federal. Nas fazen-das, o resgate de trabalhadores em condições análogas às de escravo resultaram em indeni-zações aos trabalhadores no valor de R$ 2 milhões.

Muitas vezes, o trabalhador, por uma questão cultural e pela necessidade de manutenção do seu posto de trabalho, ou até por conta de um processo de alienação total mesmo, não in-forma, não sai daquele cenário porque tem receio de denunciar e muitas nem entende que está dentro de um processo explora-tório. Eu conheci trabalhadores com 30 anos que pareciam ter 60 anos porque viveram em condições análogas às de es-cravo. “Considerando que o PIB de Boca do Acre era de quase R$ 200 mil, uma operação teve uma importância de dez anos do município”, observa.

Segundo o procurador, houve instauração de procedimento criminal que tramita na Justiça Federal a partir de demandas ajuizadas pelo MPF. “O proprie-tário fi rmou um acordo judicial com o compromisso de adequar o meio ambiente de trabalho. Mas, como estamos falando de atividade exercida no meio do mato, aonde não chega água encanada nem energia elétrica. A solução encontrada foi com-prar contêineres com suporte para manter a alimentação adequada e fornecimento de água potável”, conta.

EMERSON QUARESMAEquipe EM TEMPO

A situação da explora-ção do trabalho escravo dos piaçaveiros em condições de insalubridade foi tema de dissertação da pesqui-sadora Elieyd de Souza Menezes, vencedora do prêmio ABA/GIZ de 2013, promovido pela Associação Brasileira de Antropologia. Um estudo de quatro anos que começou com um Pro-jeto de Iniciação Científi ca fomentado por bolsa da Fa-peam se tornou projeto de

mestrado fi nanciado pela Coordenação de Aperfei-çoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) do Ministério da Educação.

Na busca por com compre-ender a dinâmica e os confl i-tos setoriais nos piaçabais de Barcelos, no rio Curu-duri, afl uente do rio Aracá, que também é afl uente do rio Negro, a pesquisado-ra constatou nas relações sociais atreladas à prática extrativista dos piaçaveiros

o regime do sistema de avia-mento. Segundo ela, nesse sistema existem os patrões e os fregueses, que eram os próprios piaçaveiros. “Eles já seguiam endividados para a atividade extrativis-ta com um patrocínio que os trabalhadores teriam como pagar no retorno devido aos juros”, explica.

De acordo com a pesqui-sadora, muitos dos piaça-veiros são indígenas que reivindicam a terra como

terra Indígena, o que oca-siona outros confl itos em Barcelos com outros agen-tes sociais, como pescado-res, ribeirinhos e artesãos. Elieyd relata na dissertação que no rio Aracá as co-munidades indígenas das etnias baré, tucano, pirata-pú e dessana reivindicam a terra para o uso dos recur-sos naturais, que até então estavam fechados pelos pa-trões que se dizem donos daquelas áreas.

Insalubridade na extração da piaçava

Crianças brincam sobre a piaçava extraída no município de Barcelos, em condições semelhantes às da época da borracha

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B7MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 País

Senado começa a discutir PL da Terceirização amanhãPL 4330/04 tem causado muita polêmica no Congresso e gerado uma briga de forças entre governo, oposição e aliados

Brasília - O Projeto de Lei 4.330/2004, que regulamenta a tercei-rização de trabalhado-

res, deve chegar ao Senado nesta segunda-feira. Depois de ter recebido mais de 200 emendas, o texto foi aprovado na noite do último dia 22 na Câmara, onde está sendo con-cluída a redação final.

Polêmica, a proposta deve receber alterações. O presiden-te do Senado, Renan Calhei-ros (PMDB-AL), e os líderes das duas maiores bancadas, Eunício de Oliveira (PMDB-CE) e Humberto Costa (PT-PE), já disseram que não concordam com alguns pontos. Além disso, outros senadores já foram à tribuna criticar o projeto.

Renan decidiu convocar uma sessão temática em plenário para debater a proposição com os senadores e chegou a dizer que a terceirização não poderia ser “ampla, geral e irrestrita” e não permitiria um drible contra o trabalhador.

“Vamos fazer uma discussão criteriosa no Senado. O que não vamos permitir é ‘pedalada’ contra o trabalhador. O projeto tramitou 12 anos na Câmara. No Senado, terá uma tramitação normal”, afiançou Renan.

Assim como o presidente do

Senado, o líder petista Humber-to Costa mostrou-se contrário à mudança central feita pelo projeto, que permite às em-presas contratar trabalhadores terceirizados para suas ativi-dades-fim. Ele garantiu que, se depender do PT, a proposta não passará no Senado do jeito que foi aprovada pela Câmara. “Não há qualquer negociação

que possamos abrir sobre ati-vidade-fim das empresas. Ou ela sai do projeto, ou votare-mos contra”, advertiu. O líder do PMDB, Eunício de Oliveira (CE) também defende alterações. Para ele, terceirizar atividade-fim é um erro. “A terceirização é importante e moderniza o país, mas não pode ocupar espaço na atividade-fim de qualquer empresa do Brasil”.

O PL 4.330 foi apresen-tado em 2004 pelo de-putado por Goiás Sandro Mabel, filiado na época ao Partido Liberal. E só teve a tramitação acele-rada em 2015.

A proposição libera a terceirização de todas as atividades de uma empresa, cria regras de sindicalização dos tercei-rizados e prevê a res-ponsabilidade solidária da empresa contratante e da contratada nas obri-gações trabalhistas.

O texto também abre a possibilidade de terceiri-zação de atividades-fim na administração públi-ca, como em socieda-des de economia mista e nas empresas públicas. Trata-se de outro ponto polêmico, pois é uma forma de enfraquecer o concurso público.

Projeto de lei tramita há 11 anos

RAPIDEZO projeto que regula-menta a terceirização tramita na Câmara des-de 2004. Entretanto, 11 anos depois, sob a tu-tela do novo presidente da casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a matéria ganhou fôlego

Sessão do plenário da Câmara, na noite do último dia 22, quando foi aprovado o PL 4.330/2004LU

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B8 Mundo MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

Armênia dá sinal verde para reatar relação com TurquiaNo centenário do genocídio, país sinalizou que não há reivindicação territorial, e presidente está otimista para reabertura de fronteiras

Cidadãos armênios seguram fotos de familiares vítimas do massacre, em cerimônia em memória do genocídio armênio ocorrida no último dia 24. Apesar disso, país pensa em reatar com Turquia

Ierevan (Armênia) - O presidente da Armênia, Serzh Sargsian, afirmou que seu país está “pre-

parado para normalizar re-lações com a Turquia, sem precondições”. Em entrevista publicada no jornal turco Hur-riyet, na última sexta-feira, 24, data que marcou o cen-tenário do genocídio armê-nio perpetrado pelos turcos, Sargsian ressaltou que “não há nenhuma reivindicação territorial por parte da Ar-mênia”, sinalizando também uma eventual reabertura das fronteiras entre os países.

A declaração de Sargsian pode ser um passo para a retomada do diálogo entre os dois países, já que nenhuma precondição — como o re-conhecimento do genocídio armênio — seria imposto para as conversas.

O presidente armênio dis-se ainda que “a abertura da fronteira entre a Turquia e

a Armênia criaria uma at-mosfera de confiança, bene-ficiaria negócios e ajudaria a desenvolver as províncias do leste da Turquia”. A fron-teira entre os dois países está fechada desde 1993, por decisão da Turquia em solidariedade ao Azerbaijão, que perdeu territórios para a Armênia em uma guerra que durou 6 anos (1988-1994).

Para Sargsyan, “a abertura das fronteiras proporciona-ria um contato mais ativo entre as sociedades civis (dos dois países), fazendo com que eles se informas-sem melhor sobre o ponto de vista um do outro”.

HostilidadesO otimismo do presidente

armênio não parece ser com-partilhado pela população do país. Apenas metade (51%) dos armênios é favorável à reabertura das fronteiras, segundo pesquisa do Cen-

tro de Pesquisa do Cáucaso (CRRC, na sigla em inglês), e 82% dos entrevistados acreditam que não se pode confiar na Turquia.

“Não acho que seja uma boa ideia abrir as fronteiras. Isso vai prejudicar a nossa economia, já que eles são mais fortes e contam com o apoio dos EUA. Os pequenos empreendedores locais não vão conseguir competir com a Turquia”, conta o economista armênio Tigris Barsamian. “E tem mais: tudo é possível vindo dos turcos”.

Do lado turco, o clima tam-bém é de hostilidade. Quase 74% dos entrevistados di-zem ter uma visão negativa dos armênios, de acordo com pesquisa do think tank tur-co, Fundação para Pesquisa Econômica e Social (Seta, na sigla em turco).

Genocídio armênioO tema mais controverso

na relação entre a Turquia e a Armênia é o não reco-nhecimento, por parte dos turcos, do massacre orga-nizado pelo Império Turco-

Otomano contra a população armênia, em 1915.

O primeiro-ministro turco, Ahmet Davutoğlu, declarou recentemente que “partilha a dor comum” e defende que os dois países devem “curar suas feridas e restabelecer suas relações humanas”. Mas

não usou o termo genocí-dio para se referir ao mas-sacre de 1915. O governo turco alega que as mortes foram “lamentáveis conse-quências da guerra”, mas sem a intenção deliberada por parte dos otomanos em eliminar os armênios.

O historiador brasileiro Hei-tor Loureiro, especialista em genocídio armênio, está em Ierevan e discorda da posi-ção oficial da Turquia. Em conversa com Opera Mundi, ele disse que há provas de que o governo otomano agiu com intenção de eliminar a população armênia.

“Há documentos oficiais otomanos e leis promulgadas pelo governo da época que legitimavam a deportação e a expropriação (dos armê-nios). E há também relatos de observadores internacionais, como o do embaixador dos EUA no Império Otomano, que ouviu da boca do Talaat

Paxá (acusado de ser o perpe-trador do genocídio) que eles queriam exterminar os armê-nios”, explica Heitor. “Foi cria-da também uma organiza-ção especial paramilitar com esse fim”, completa.

Segundo o historiador, o negacionismo turco vem do medo de que o reconhecimen-to do genocídio implique em futuras punições. “Genocídio é classificado como crime sob o direito internacional desde 1948. Usar o termo genocídio significa abrir a possibilidade de pedido de reparação, inclu-sive territorial, por parte da Armênia”, pontua Loureiro.

De acordo com a Con-venção das Nações Unidas sobre a Prevenção e Puni-ção do Crime de Genocídio, sua ocorrência é fruto da ação deliberada para infrin-gir a uma minoria étnica, nacional, racial ou religiosa um estado físico ou mental de degradação.

GENOCÍDIONo último dia 24, a Ar-mênia lembrou os cem anos do massacre de seus irmãos pelo im-pério Turco, em 24 de abril de 1915, durante a 1ª Guerra Mundial. Genocídio não é reco-nhecido pela Turquia

AGÊNCIA EFE

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[email protected], DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 (92) 3090-1041

O defensor da história de Urucurituba

Dia a dia C7

RICARDO OLIVEIRA

Uma parceria entre o Instituto Nacional de Pesquisas da Ama-zônia (Inpa/MCTI) e

a Fundação de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (Hemoam) pretende reali-zar uma pesquisa inovadora e inédita na Região Ama-zônica para diagnosticar a presença do Vírus Linfotró-pico de células T Humanas (HTLV) em pacientes comdoenças hematológicas.

O HTLV é um retrovírus da mesma família do Vírus da Imunodefi ciência Humana (HIV), que infecta a célula T humana, um tipo de linfócito (células brancas do sangue) importante para o sistema de defesa do organismo. Não existe vacina e nem trata-mento para a infecção ou para as doenças relaciona-das a esse vírus.

De acordo com o pesquisador do Inpa, o biomédico Gemilson Pontes, doutor em ciências mé-dicas com ênfase em imunolo-gia, microbiologia e patologia, vinculado ao Laboratório de Virologia e Imunologia da Coor-denação de Ciências, Ambiente e Saúde (CSAS), estima-se que existam, no mundo, mais de 20 milhões de pessoas infectadas pelo HTLV tipo 1 e tipo 2

(HTLV-1/2). O Brasil é onde se encontra uma das maiores pre-valências da infecção por esse vírus, com cerca de 2,5 milhões de pessoas infectadas.

“Estudos demonstram uma prevalência signifi cativa da infecção na Região Norte, no entanto, em relação à Amazô-nia Ocidental, não se sabe qual é esta prevalência, porque são escassos os estudos epidemio-lógicos voltados para infecção

pelo HLTV-1/2 na região”, ex-plica o pesquisador.

Para Pontes, é importante que se conheçam quais são os subtipos virais circulantes e as patologias associadas à infecção por esse vírus. “Como nossa região apresenta índi-ces elevadíssimos de doenças hematológicas, é importante

investigar se essas patologias estão associadas a infecções virais, nesse caso, à infec-ção pelo HTLV-1/2”, explica Pontes, acrescentando que no Hemoam são atendidos cerca de três mil pacien-tes portadores de doençashematológicas por ano.

Segundo o pesquisador, o projeto foi fundamentado há um ano, porém, começou a ser colocado em prática so-mente este ano. A pesquisa se baseia no diagnóstico so-rológico, molecular e análises fi logenéticas da infecção pelo HTLV-1/2, em pacientes com doenças hematológicas. O pro-jeto também visa avaliar as variáveis sociodemográfi cas que possam estar associadas à susceptibilidade à infecção pelo vírus. Além disso, o estudo também avaliará, por meios de dados laboratoriais, a possível correlação entre a infecção pelo HLTV-1/2 e prognóstico das doenças hematológicas.

O projeto está na fase ini-cial e é coordenado pelo pes-quisador do Inpa, juntamente com colaboradores do Hemo-am e o aluno de mestrado e de iniciação científi ca da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Hygor Haly-son Ribeiro e Diana Mota.

Inpa e Hemoam irão fazer pesquisa sobre vírus HTLVEstudo visa diagnosticar a presença do vírus - da mesma família do HIV - em portadores de doenças hematológicas

Segundo o pesquisador Gemilson Pontes, o Brasil é onde se encontra uma das maiores prevalências da infecção pelo vírus HTLV, com cerca de 2,5 milhões de pessoas por ele infectadas

ACERVO DO PESQUISADOR

Trabalho será feito com triagemPontes explica que a pes-

quisa será conduzida, num primeiro momento, com a triagem dos pacientes pelo Hemoam, sendo que o critério de inclusão no estudo será o diagnós-tico de alguma doençahematológica.

Caso o paciente aceite participar da pesquisa, será coletada uma amostra do sangue para a realização de exames sorológicos e mole-culares no Laboratório de Virologia e Imunologia do Inpa para identifi car se o indivíduo apresenta ou não a infecção pelo HTLV.

O pesquisador ressalta que um estudo dessa natu-reza, realizado pela primeira vez na região, tem um cunho científi co e social importan-te. “O paciente que não sabe se tem a infecção poderá passar a dispor de estra-tégias de tratamento mais adequadas”, diz Pontes.

“A partir desses resul-tados, os pacientes serão aconselhados e poderão ter

um prognóstico melhor da doença, uma vez que será conhecida uma infecção que pode estar relacionada com aquela patologia”, pondera o pesquisador.

Antecedentese difi culdadesPontes explica que o

HTLV foi o primeiro re-trovírus humano desco-berto em 1980, e o HIV, em 1982. Posteriormente, com pesquisas aplicadas em pacientes infectados foram identifi cadas duas patologias relacionadas à infeção pelo HTLV: a pa-ralisia dos membros in-feriores, conhecida como Paraparesia Espática Tro-pical/Mielopatia associa-da ao HTLV-1 (PET/HAM) e a Leucemia de Células T Humanas. Estas patolo-gias estão associadas ao vírus tipo 1.

Quanto ao vírus tipo 2, o pesquisador do Inpa explica que ainda não existem pro-vas concretas de patologias

associadas à infecção por esse tipo de vírus, contudo, segundo Pontes, há dedu-ções que relacionam a vários outros tipos de doenças.

Para o pesquisador, a im-portância que se deu an-teriormente e continua se dando até hoje ao HIV é pelo simples fato de que apenas de 2% a 5% das pessoas que são infectadas pelo HTLV irão desenvolver as patologias correlatas.

Segundo ele, é uma por-centagem relativamente baixa, o que gera pouco in-teresse público e científi co em desenvolver pesquisas relacionadas a esse vírus.

Na opinião de Pontes, este fato difi culta a aprovação de projetos junto às Funda-ções de Amparo à Pesquisa. “Isso é um dos fatores que difi culta o avanço no de-senvolvimento de um tra-tamento padronizado para infecções pelo HTLV, como o que existe, ainda que paliativamente, para o HIV”, fi naliza o pesquisador.

ORIGEMO HTLV é um retroví-rus da mesma família do Vírus da Imunodefi -ciência Humana (HIV), que infecta a célula T humana, um tipo de linfócito importante para o sistema de de-fesa do organismo

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C2 Dia a dia

No Amazonas, como em praticamente todos os Estados, nenhum município enviou seu Plano de Mobilidade Urbana ao Ministério das Cidades. Parece haver falta de incentivo para que seja possível buscar mudanças qualitativas no setor

Aspecto da avenida Constantino Nery em um dia “normal” de trânsito: soluções para a mobilidade urbana, até agora, não passaram de paliativos em grande expressão para o caos urbano

O prazo para os muni-cípios com mais de 20 mil habitantes entregarem seus

Planos de Mobilidade Urba-na ao Ministério das Cidades terminou no último dia 12. O ministério não soube informar se alguma cidade do Amazo-nas apresentou o plano até agora. A reportagem apurou que Manaus está entre as cidades sem plano concluído, mas criou uma equipe para elaborar o documento – ainda sem data de término.

A equipe é formada pelas secretarias de Infraestrutura, Trânsito, Planejamento Urba-no e a Casa Civil. A ausência de Plano de Mobilidade Urbana deixa a cidade impossibilitada de obter recursos federais do Orçamento Geral da União para investir em transporte. A falta de plano não tem ingerência em projetos já aprovados.

O EM TEMPO consultou es-pecialistas em planejamento urbano para descobrir quais aspectos de Manaus deveriam ser apreciados no plano. O geógrafo e professor da Uni-versidade Federal do Amazo-nas (Ufam) Geraldo Alves, 53, deu duas sugestões: impedir o aumento da mancha de ocu-pação populacional e instalar um sistema de Veículo Leve sobre Pneus (VLP).

A primeira proposta é para frear o crescimento desor-denado em áreas periféricas da cidade, enquanto ainda há locais para uso no períme-

tro urbano ocupado, segundo Alves. “Manaus tem muitas áreas em desuso. São terre-nos abandonados ou áreas particulares fechadas, sem destinação, que poderiam ser usadas para moradia, que hoje é o principal motivo de aumen-to da mancha”.

Quando a cidade tem uma mancha (ocupação) superior ao volume populacional, o cus-to de vida aumenta. “Aumenta preço de transporte em qual-quer modal. Fica mais caro manter um carro particular e a passagem de ônibus também sobe. E ainda cresce o nível de poluição”, explicou Alves, que tem doutorado em engenharia de trânsito e leciona na Ufam há 22 anos.

VLPA outra sugestão do espe-

cialista é substituir parte da frota atual por VLP. Na práti-ca, são ônibus conduzidos por um circuito elétrico na via e funcionam como um metrô de superfície.

“Os veículos teriam hora certa para passar em cada ponto e o horário seria verda-deiramente respeitado, já que

chegadas e partidas seriam controladas por computador. Os passageiros poderiam se programar e ter certeza de não chegarem atrasados ao seu destino”, garantiu.

A confi abilidade sobre o horário dos veículos seria sufi ciente para incentivar o uso de transporte coletivo frente a veículos particulares. “Quanto mais sério, quanto mais respeitoso o sistema for com o passageiro, mais gente vai usar coletivos e isso deve desafogar o trânsito”.

O modelo funciona com êxito na Europa e, no Brasil, o professor disse que está em operação nas cidades de Fortaleza e Brasília, mas na versão sobre trilhos, ao invés de pneus.

Ônibus fl uvialA arquiteta e urbanista

Sammya Cury, 36, disse que Manaus poderia usar o rio Negro e os igarapés que cor-tam a cidade como via de transporte. Ela citou os exem-plos de Paris (França), Veneza (Itália) e Amsterdã (Holanda), onde embarcações servem como veículos de transpor-te coletivo comum, usados diariamente por habitantes e turistas.

“Os nossos rios e igarapés são desprezados pelo poder público e pela sociedade. Po-deríamos ter voadeiras ou barcos maiores como trans-porte de linha. Todo o mundo utiliza de forma inteligente os rios como via de transporte de pessoas. Só em Manaus que não [utilizam]. É uma pena”, lamentou Sammya.

PARADOManaus está entre as cidades sem plano con-cluído, mas criou uma equipe para elaborar o documento – ainda sem data de término.A equipe é formada por várias secretarias e órgãos municipais

DIEGO JANATÃ/ARQUIVO EM TEMPO

RAFAEL S. NOBREEquipe EM TEMPO

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MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 C3

Usar rios e igarapés não se-ria sufi ciente para melhorar o trânsito da capital. A arqui-teta Sammya Curi sugeriu aumentar as vias e ter um sistema de transporte públi-co de massa efi ciente, como o monotrilho suspenso.

“Participei da equipe que fez o projeto do monotri-lho, em 2009. Ainda seria possível colocar o projeto em prática. O monotrilho não interferiria na cai-xa viária [via] existente,

desafogando o trânsito e transportando muitas pessoas em pouco tem-po”, pontuou Sammya, que é professora universitária com mestrado em técnicas construtivas e saneamen-to urbano.

Sem pressaNo sul do Amazonas, o

prefeito de Humaitá, José Cidenei Lobo do Nascimen-to (PMDB), vai terminar o Plano de Mobilidade Urba-

na “quando der”. Segundo a Associação Amazonen-se de Municípios (AAM), ele foi o único prefeito a pedir auxílio técnico da entidade para elaboração do plano.

O prefeito disse que desde fevereiro aguarda retorno da associação, mas não tem pressa. “Não temos obras de mobilida-de previstas, mas é bom garantir. Estamos fazendoaos poucos”.

Opções existem e são ignoradas

Amsterdã, na Holanda: um exemplo de modais alternativos que poderiam dar certo

Nascimento justifi cou a falta de preocupação com a conclusão do plano, cujo prazo expirou em 12 de abril. “O governo federal só faz muito é enrolar a gente. Tudo que pedem a gente faz e eles não ajudam em nada. Só co-bram. Nem acredito mais nas promessas de ajuda”,disparou o prefeito.

Assim como o ministério,

a AAM também desconhece quais cidades têm plano de mobilidade em elabo-ração ou concluídos, até por esta não ser uma de suas funções. Entretanto, a associação adiantou que dispõe de equipe para aju-dar prefeitos interessados na elaboração do plano. Até a publicação desta matéria, a única cidade que procurou a entidade foi Humaitá.

LeiA necessidade de Plano

de Mobilidade Urbana para receber dinheiro federal em obras de transporte é determinada na lei núme-ro 12.587/2012. A lei não obriga qualquer cidade a ter ou apresentar seu pla-no ao ministério, porém deve fazê-lo para receber dinheiro da União. É umaobrigação indireta.

‘O governo federal só faz enrolar’

Orla de Humaitá, no sul do Amazonas, onde o plano de mobilidade segue a passos lentos

REPRODUÇÃO

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C4 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015 C5

Assunto pouco discutido e conhecidoQuem conhece a real importância de um Plano de Mobilidade Urbana cobra mudanças que podem tornar mais suportável a complicada organização do espaço das cidades em meio ao descaso com uma série de situações

Parintins (AM) – Cal-çadas de ruas comer-ciais ocupadas por mercadorias. Residên-

cias onde o pedestre passa e consegue enxergar até a co-zinha pelo fato da construção ter sido feita no limite da rua. Prédios que não permitem, pela forma convencional, o acesso de cadeirantes. Junte-se a isso um trânsito desorga-nizado, confuso e quase sem-pre letal. Pior: sem nenhuma perspectiva de melhorar nos próximos dez anos.

Esses são alguns dos proble-mas mais imediatos de uma cidade como Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), com cerca de 120 mil habitantes. Problemas que não teriam se agravado tanto nos últimos anos se, a longo prazo, os administradores municipais tivessem se empenhando para desenvolver políticas de mo-bilidade urbana.

No início deste ano, o mo-vimento popular “Educar para

Cidadania”, da Associação de Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua), com apoio de movimentos populares e de associações de Parintins, realizou ações de conscientização acerca das políticas públicas voltadas para mobilidade urbana.

O jornalista Floriano Lins foi um dos coordenadores da ação e disse que o passo inicial foi buscar a interven-ção da comunidade junto aos poderes constituídos para a elaboração de um plano ou mesmo de uma minuta que pudesse ser objeto de refl exão num possível chamamento do poder público para se debater a questão. “Na ocasião, pre-cisávamos saber mais sobre mobilidade urbana, conhecer mais, conhecer o que pode e o que não pode ser feito, en-tão, elaboramos ofi cinas para estudo da questão”, informa Floriano Lins.

Segundo o jornalista, duran-te a elaboração dessa pauta de discussões sobre mobilida-de urbana em Parintins, houve uma participação direta do

governo do Estado, por meio do Departamento Estadual de Trânsito (Detram/AM). “Con-seguimos trazer a Parintins um diretor técnico do De-tran e um engenheiro para discutir com os segmentos da sociedade civil a questão

do trânsito na cidade, que é um dos mais graves gargalos do tema mobilidade urbana”, assina Lins.

Segundo ele, depois des-sas ofi cinas os movimentos aguardam apenas o chamado da Câmara Municipal para de-bater o tema. “Hoje sabemos como tratar o assunto e temos

propostas para apresentar as-sim que a sociedade civil for chamada pelo município para as audiências públicas que de-verão ser realizadas”.

A dona de casa Úrsula Santa Pantoja, 56, cadeirante, disse que mensalmente faz uma ver-dadeira corrida de obstáculos para receber sua aposentado-ria. “É muito difícil, andamos nas ruas de teimosos, mas sabendo dos riscos”.

Outro que espera mudança com o plano de mobilida-de urbana é o aposentado Luis Sardenha Pantoja, 78. “Nós, idosos, somos sempre esquecidos e nos desloca-mos com muita difi culdadeem Parintins”.

O ex-prefeito e ex-deputa-do Raimundo Reis apontou o crescimento desordenado como um dos maiores dilemas de Parintins. Segundo ele, o inchaço da cidade se dá em ra-zão do êxodo rural acentuado a partir da década de 1980 pela ausência de políticas públicas que mantenham o homem tra-balhando e gerando divisas no campo.

Em Parintins, associações se reúnem com órgãos da prefeitura para tentar colocar em ordem a cidade no quesito mobilidade. O crescimento desordenado é um dos grandes dilemas da ilha

TAD

EU D

E SO

UZA A dona de casa Eclair

Moreira, 54, reforçou que a mobilidade urbana entra nas estratégias políticas. “Nos últimos anos, o que mais te-mos ouvidos nas promessas políticas é a melhoria da mo-bilidade urbana, porém nosso transporte público continua com as precariedades que conhecemos”, disse.

A dona de casa contou que uma vez, quando precisou ir ao Centro, fi cou toda a viagem apreensiva, pois tinha a cer-teza de que a porta do ônibus iria cair a qualquer momento, com a soltura das diversas remendas que a seguravam. “Na última eleição para pre-feito de Manaus, a maior parte da discussão estava na situação da mobilidade urbana, mas continuamos a utilizar o meio de transporte sucateado e nada de novidade além de uma simples faixa em um pequeno trecho nacidade”, relembrou.

Além da precariedade dos coletivos, a dona de casa afi r-mou que é necessário que os condutores do transpor-te público passem por uma reciclagem. “Os motoristas precisam entender que nas mãos deles está a respon-

sabilidade de várias vidas e não de cargas, pois hoje o que mais vemos é motoris-tas cometendo barbaridade no trânsito. Precisamos de um transporte que nos traga segurança e condutores mais capacitados para este tipo de trabalho”, reforçou.

HoráriosPara o empresário Mário

Souza, 46, mobilidade urbana é ter um sistema de transpor-te público confortável e com horários fi xos para incentivar as pessoas a deixar os carros em casa, e que esse sistema seja abrangente a toda a ci-dade, para evitar que as pes-soas arrisquem a vida em um mototáxi, “costurando” pelo meio dos carros para não se atrasar para o trabalho.

“O usuário tem que saber a hora que o ônibus passa, quanto tempo ele leva até o destino, que não vai entrar numa lata de sardinha e nem vai fi car ‘no prego’. Outra coisa que o manauense tem que entender é que moramos numa cidade grande, então não há possibilidade de pe-gar um ônibus na esquina de casa e ir direto ao Centro, precisamos ter uma solução

para isso e creio que esteja nos terminais”, explicou.

Segundo o empresário, os terminais de integração ou a integração temporal são par-tes importantes para a mo-bilidade urbana. Para realizar o trajeto dos bairros para o terminal, Mário sugeriu que os ônibus menores o realizassem, e nos terminais a população poderá utilizar os articulados que serão exclusivos para as vias de maior fl uxo. “Assim te-remos menos ônibus rodando nas avenidas Djalma Batista e Constantino Nery e menos tempo entre um ônibus e outro nos bairros”, garantiu.

EstratégiasPara o agente de trânsi-

to Lima Matos, mobilidade urbana é um planejamento estratégico que tem como base a infraestrutura além do transporte público, quando se mexe no todo para que se possa colocar os planos de melhoria na mobilidade.

“A mobilidade urbana envol-ve a construção de ciclovias, ciclofaixas, uma tecnologia de transporte e toda a ade-quação dos projetos de mo-bilidade na sociedade. A ideia é garantir conforto para a

população e tranquilidade no fl uxo, mas no caso de Manaus a população cresceu, então é necessário alargar as vias e projetar outros modais de mobilidade”, explicou.

O agente explicou um dos principais problemas que o plano de mobilidade urbana encontra hoje é a promes-sa da liberação de verbas. “O governo tem investido verbas nesses projetos de mobilidade urbana, e para a liberação deste dinheiro, muitos realizam um projeto sem estudos, e isso pode até no futuro prejudicar ainda mais o fl uxo de veículos nas principais ruas”, disse.

Para o bancário Marco Oli-veira, 41, a mobilidade urbana visa o acesso ao transporte coletivo de massa e também os modais não motorizados como a bicicleta. Para ele, a importância de ter planos nesse setor para cidade é mantê-la mais humana e com menos poluição, proporcio-nando bem-estar à popula-ção. “Esta é uma forma de inventivo para a população deixar seus carros particula-res em casa e usar um meio de transporte mais efi ciente”, explicou. (IV)

O que se pensa a respeito de mobilidade?

Vista aérea do Terminal de Integração 5, na Zona Leste de Manaus: assunto é de imediato ligado ao transporte público

A Mobilidade Urbana Sustentável pode ser defi -nida como o resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação para proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço ur-bano, por meio da priorização dos modos não motorizados e coletivos de transportes, de forma efetiva, que não gere segregações espaciais, socialmente inclusiva e eco-logicamente sustentável.

A Política Nacional de Mo-bilidade Urbana Sustentável trouxe prioridades e objeti-vos, dentre eles o direito à cidade, a consolidação da democracia, a promoção da cidadania e da inclusão social, a modernização re-gulatória e desenvolvimento institucional e o fortaleci-mento do poder local. Des-sa forma, trabalha-se com três macro-objetivos, além de seus desdobramentos: o desenvolvimento urbano, a sustentabilidade ambiental e a inclusão social.

Sancionada pela presi-dente Dilma Roussef em 3 de janeiro de 2012, a lei número 12.587 esta-belece a Política Nacional de Mobilidade Urbana, cujo objetivo é melhorar a aces-sibilidade e mobilidade de pessoas e cargas por meio da integração dos vários meios de transporte.

O Sistema Nacional de Mo-bilidade Urbana é o conjunto

organizado e coordenado dos modos de transporte, de ser-viços e de infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no terri-tório do município. Defi ne as categorias de transporte (de acordo com os modos, servi-ços, características e nature-za dos serviços) e infraestru-tura (vias, estacionamentos, terminais e instrumentos de fi scalização), entre outras.

O chamado desenvolvi-mento sustentável serve como base de alguns princí-pios da Política Nacional de Mobilidade Urbana.

A prioridade do pedestre e das bicicletas sobre o transporte individual é uma proposta que ganha adep-tos e vem sendo adotada com êxito no mundo inteiro. Aprovado neste mês, o plano da cidade de Búzios, um dos polos turísticos do Rio de Janeiro, prevê a criação de rede de calçadas para estimular o deslocamento de pedestres pelo interior e entre os bairros; uma rede de ciclovias em toda a penín-sula; criação de um sistema de transporte coletivo de qualidade para desestimu-lar o tráfego de automóveis nas vias próximas à rua das Pedras, entre outros.

O plano é uma exigência do governo federal para 1.718 cidades brasileiras, mas apenas 25% aprova-ram seus planos.

Um conjunto de estratégias

Ciclofaixa em Manaus: tema que ainda gera discussões

Reis lembrou que nas duas vezes que administrou o mu-nicípio, estabeleceu políticas de apoio ao pequeno e médio produtor rural criando, com apoio da diocese de Parin-tins, as agrovilas de Mo-cambo e Caburi, além de estimular as colônias nas áreas de terra fi rme.

“No segundo mandato de prefeito, implantei a Escola Agrícola de Vila Amazônia que, para minha tristeza, nunca funcionou como tal. Tenho

certeza que ações como essa impediriam a realidade que se vê hoje nos bairros de Parin-tins”, afi rma.

Em março deste ano, a pre-feitura municipal anunciou os membros da Comissão Especial para Elaboração do Plano Municipal de Mobili-dade e Acessibilidade Urba-na de Parintins.

O grupo, coordenado pelo auditor municipal Marcos Au-rélio da Luz, é formado pelos advogados Manuel Marcos

da Silva e Juliana Ferreira, coordenador de Planejamento Joselito Pimentel e Assistentes Administrativos Hudson Lo-pes e Aluizio Bentes.

Marcos da Luz informou que a prefeitura já deu início aos debates com representantes de associações. Ele disse que a Comissão Especial terá 180 dias para atuação em conjunto com o Conselho Municipal da Cidade de Parintins.

“Após a conclusão dos tra-balhos, o plano devidamente

sistematizado será encami-nhado à Câmara Municipal para que sejam marcadas as audiências públicas para discussão e aprovação”, res-salta Da Luz.

O prefeito atual de Parintins, Alexandre da Carbrás, disse que os trabalhos da Comissão Especial para elaboração do Plano Municipal de Mobilida-de Urbana, por ele nomeada, estão sendo norteados pelo Estatuto da Cidade e pela Constituição Federal. (TS)

Debates sociais impulsionam as iniciativas

Um dos temas mais deba-tidos em políticas públicas é o planejamento estratégico de mobilidade urbana. Quan-do a prefeitura executa um projeto viário, gera vários comentários e discussões na sociedade, mas o que real-mente a população entende sobre o assunto?

Para a maior parte da po-pulação, a mobilidade urba-na tem relação com um único tema: o transporte coletivo. Mas o tema é extenso e atin-ge desde a infraestrutura da massa viária, os modais que podem fazer parte da mobi-lidade urbana e o transporte público coletivo.

Em Manaus, um dos pro-blemas mais enfrentados é a série de congestionamen-tos em diversas áreas da cidade. O que antigamente era presenciado em horários

de pico, hoje é visto emqualquer momento.

O motivo específi co está no fato de os planejamentos relativos à mobilidade urba-na não terem acompanhado o crescimento populacional. Quando a cidade não oferece um bom modal de mobilida-de, as famílias com melhores situações fi nanceiras inves-tem nos automóveis como meio de transporte.

Para a população de baixa renda, a mobilidade urbana não passa de um simples “programa para cidade”. É caso do autônomo Pedro Costa, 51. Ele reconheceu não saber muito do assunto, mas acompanha diariamen-te as análises sobre o tema nos veículos de comunica-ção. “Os projetos são impor-tantes para toda a cidade e principalmente na melhoria do transporte público que atende a maior parte da população”, afi rmou.

Transporte coletivo, o dilema

Infraestrutura do sistema viário: um ponto questionado

PRINCÍPIOO jornalista Floriano Lins foi um dos coor-denadores da ação em Parintins e disse que o passo inicial foi bus-car a intervenção da comunidade junto aos poderes constituídos para elaborar o plano

TADEU DE SOUZAEquipe EM TEMPO

ISABELLE VALOISEquipe EM TEMPO

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Assunto pouco discutido e conhecidoQuem conhece a real importância de um Plano de Mobilidade Urbana cobra mudanças que podem tornar mais suportável a complicada organização do espaço das cidades em meio ao descaso com uma série de situações

Parintins (AM) – Cal-çadas de ruas comer-ciais ocupadas por mercadorias. Residên-

cias onde o pedestre passa e consegue enxergar até a co-zinha pelo fato da construção ter sido feita no limite da rua. Prédios que não permitem, pela forma convencional, o acesso de cadeirantes. Junte-se a isso um trânsito desorga-nizado, confuso e quase sem-pre letal. Pior: sem nenhuma perspectiva de melhorar nos próximos dez anos.

Esses são alguns dos proble-mas mais imediatos de uma cidade como Parintins (a 369 quilômetros de Manaus), com cerca de 120 mil habitantes. Problemas que não teriam se agravado tanto nos últimos anos se, a longo prazo, os administradores municipais tivessem se empenhando para desenvolver políticas de mo-bilidade urbana.

No início deste ano, o mo-vimento popular “Educar para

Cidadania”, da Associação de Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Adua), com apoio de movimentos populares e de associações de Parintins, realizou ações de conscientização acerca das políticas públicas voltadas para mobilidade urbana.

O jornalista Floriano Lins foi um dos coordenadores da ação e disse que o passo inicial foi buscar a interven-ção da comunidade junto aos poderes constituídos para a elaboração de um plano ou mesmo de uma minuta que pudesse ser objeto de refl exão num possível chamamento do poder público para se debater a questão. “Na ocasião, pre-cisávamos saber mais sobre mobilidade urbana, conhecer mais, conhecer o que pode e o que não pode ser feito, en-tão, elaboramos ofi cinas para estudo da questão”, informa Floriano Lins.

Segundo o jornalista, duran-te a elaboração dessa pauta de discussões sobre mobilida-de urbana em Parintins, houve uma participação direta do

governo do Estado, por meio do Departamento Estadual de Trânsito (Detram/AM). “Con-seguimos trazer a Parintins um diretor técnico do De-tran e um engenheiro para discutir com os segmentos da sociedade civil a questão

do trânsito na cidade, que é um dos mais graves gargalos do tema mobilidade urbana”, assina Lins.

Segundo ele, depois des-sas ofi cinas os movimentos aguardam apenas o chamado da Câmara Municipal para de-bater o tema. “Hoje sabemos como tratar o assunto e temos

propostas para apresentar as-sim que a sociedade civil for chamada pelo município para as audiências públicas que de-verão ser realizadas”.

A dona de casa Úrsula Santa Pantoja, 56, cadeirante, disse que mensalmente faz uma ver-dadeira corrida de obstáculos para receber sua aposentado-ria. “É muito difícil, andamos nas ruas de teimosos, mas sabendo dos riscos”.

Outro que espera mudança com o plano de mobilida-de urbana é o aposentado Luis Sardenha Pantoja, 78. “Nós, idosos, somos sempre esquecidos e nos desloca-mos com muita difi culdadeem Parintins”.

O ex-prefeito e ex-deputa-do Raimundo Reis apontou o crescimento desordenado como um dos maiores dilemas de Parintins. Segundo ele, o inchaço da cidade se dá em ra-zão do êxodo rural acentuado a partir da década de 1980 pela ausência de políticas públicas que mantenham o homem tra-balhando e gerando divisas no campo.

Em Parintins, associações se reúnem com órgãos da prefeitura para tentar colocar em ordem a cidade no quesito mobilidade. O crescimento desordenado é um dos grandes dilemas da ilha

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UZA A dona de casa Eclair

Moreira, 54, reforçou que a mobilidade urbana entra nas estratégias políticas. “Nos últimos anos, o que mais te-mos ouvidos nas promessas políticas é a melhoria da mo-bilidade urbana, porém nosso transporte público continua com as precariedades que conhecemos”, disse.

A dona de casa contou que uma vez, quando precisou ir ao Centro, fi cou toda a viagem apreensiva, pois tinha a cer-teza de que a porta do ônibus iria cair a qualquer momento, com a soltura das diversas remendas que a seguravam. “Na última eleição para pre-feito de Manaus, a maior parte da discussão estava na situação da mobilidade urbana, mas continuamos a utilizar o meio de transporte sucateado e nada de novidade além de uma simples faixa em um pequeno trecho nacidade”, relembrou.

Além da precariedade dos coletivos, a dona de casa afi r-mou que é necessário que os condutores do transpor-te público passem por uma reciclagem. “Os motoristas precisam entender que nas mãos deles está a respon-

sabilidade de várias vidas e não de cargas, pois hoje o que mais vemos é motoris-tas cometendo barbaridade no trânsito. Precisamos de um transporte que nos traga segurança e condutores mais capacitados para este tipo de trabalho”, reforçou.

HoráriosPara o empresário Mário

Souza, 46, mobilidade urbana é ter um sistema de transpor-te público confortável e com horários fi xos para incentivar as pessoas a deixar os carros em casa, e que esse sistema seja abrangente a toda a ci-dade, para evitar que as pes-soas arrisquem a vida em um mototáxi, “costurando” pelo meio dos carros para não se atrasar para o trabalho.

“O usuário tem que saber a hora que o ônibus passa, quanto tempo ele leva até o destino, que não vai entrar numa lata de sardinha e nem vai fi car ‘no prego’. Outra coisa que o manauense tem que entender é que moramos numa cidade grande, então não há possibilidade de pe-gar um ônibus na esquina de casa e ir direto ao Centro, precisamos ter uma solução

para isso e creio que esteja nos terminais”, explicou.

Segundo o empresário, os terminais de integração ou a integração temporal são par-tes importantes para a mo-bilidade urbana. Para realizar o trajeto dos bairros para o terminal, Mário sugeriu que os ônibus menores o realizassem, e nos terminais a população poderá utilizar os articulados que serão exclusivos para as vias de maior fl uxo. “Assim te-remos menos ônibus rodando nas avenidas Djalma Batista e Constantino Nery e menos tempo entre um ônibus e outro nos bairros”, garantiu.

EstratégiasPara o agente de trânsi-

to Lima Matos, mobilidade urbana é um planejamento estratégico que tem como base a infraestrutura além do transporte público, quando se mexe no todo para que se possa colocar os planos de melhoria na mobilidade.

“A mobilidade urbana envol-ve a construção de ciclovias, ciclofaixas, uma tecnologia de transporte e toda a ade-quação dos projetos de mo-bilidade na sociedade. A ideia é garantir conforto para a

população e tranquilidade no fl uxo, mas no caso de Manaus a população cresceu, então é necessário alargar as vias e projetar outros modais de mobilidade”, explicou.

O agente explicou um dos principais problemas que o plano de mobilidade urbana encontra hoje é a promes-sa da liberação de verbas. “O governo tem investido verbas nesses projetos de mobilidade urbana, e para a liberação deste dinheiro, muitos realizam um projeto sem estudos, e isso pode até no futuro prejudicar ainda mais o fl uxo de veículos nas principais ruas”, disse.

Para o bancário Marco Oli-veira, 41, a mobilidade urbana visa o acesso ao transporte coletivo de massa e também os modais não motorizados como a bicicleta. Para ele, a importância de ter planos nesse setor para cidade é mantê-la mais humana e com menos poluição, proporcio-nando bem-estar à popula-ção. “Esta é uma forma de inventivo para a população deixar seus carros particula-res em casa e usar um meio de transporte mais efi ciente”, explicou. (IV)

O que se pensa a respeito de mobilidade?

Vista aérea do Terminal de Integração 5, na Zona Leste de Manaus: assunto é de imediato ligado ao transporte público

A Mobilidade Urbana Sustentável pode ser defi -nida como o resultado de um conjunto de políticas de transporte e circulação para proporcionar o acesso amplo e democrático ao espaço ur-bano, por meio da priorização dos modos não motorizados e coletivos de transportes, de forma efetiva, que não gere segregações espaciais, socialmente inclusiva e eco-logicamente sustentável.

A Política Nacional de Mo-bilidade Urbana Sustentável trouxe prioridades e objeti-vos, dentre eles o direito à cidade, a consolidação da democracia, a promoção da cidadania e da inclusão social, a modernização re-gulatória e desenvolvimento institucional e o fortaleci-mento do poder local. Des-sa forma, trabalha-se com três macro-objetivos, além de seus desdobramentos: o desenvolvimento urbano, a sustentabilidade ambiental e a inclusão social.

Sancionada pela presi-dente Dilma Roussef em 3 de janeiro de 2012, a lei número 12.587 esta-belece a Política Nacional de Mobilidade Urbana, cujo objetivo é melhorar a aces-sibilidade e mobilidade de pessoas e cargas por meio da integração dos vários meios de transporte.

O Sistema Nacional de Mo-bilidade Urbana é o conjunto

organizado e coordenado dos modos de transporte, de ser-viços e de infraestruturas que garante os deslocamentos de pessoas e cargas no terri-tório do município. Defi ne as categorias de transporte (de acordo com os modos, servi-ços, características e nature-za dos serviços) e infraestru-tura (vias, estacionamentos, terminais e instrumentos de fi scalização), entre outras.

O chamado desenvolvi-mento sustentável serve como base de alguns princí-pios da Política Nacional de Mobilidade Urbana.

A prioridade do pedestre e das bicicletas sobre o transporte individual é uma proposta que ganha adep-tos e vem sendo adotada com êxito no mundo inteiro. Aprovado neste mês, o plano da cidade de Búzios, um dos polos turísticos do Rio de Janeiro, prevê a criação de rede de calçadas para estimular o deslocamento de pedestres pelo interior e entre os bairros; uma rede de ciclovias em toda a penín-sula; criação de um sistema de transporte coletivo de qualidade para desestimu-lar o tráfego de automóveis nas vias próximas à rua das Pedras, entre outros.

O plano é uma exigência do governo federal para 1.718 cidades brasileiras, mas apenas 25% aprova-ram seus planos.

Um conjunto de estratégias

Ciclofaixa em Manaus: tema que ainda gera discussões

Reis lembrou que nas duas vezes que administrou o mu-nicípio, estabeleceu políticas de apoio ao pequeno e médio produtor rural criando, com apoio da diocese de Parin-tins, as agrovilas de Mo-cambo e Caburi, além de estimular as colônias nas áreas de terra fi rme.

“No segundo mandato de prefeito, implantei a Escola Agrícola de Vila Amazônia que, para minha tristeza, nunca funcionou como tal. Tenho

certeza que ações como essa impediriam a realidade que se vê hoje nos bairros de Parin-tins”, afi rma.

Em março deste ano, a pre-feitura municipal anunciou os membros da Comissão Especial para Elaboração do Plano Municipal de Mobili-dade e Acessibilidade Urba-na de Parintins.

O grupo, coordenado pelo auditor municipal Marcos Au-rélio da Luz, é formado pelos advogados Manuel Marcos

da Silva e Juliana Ferreira, coordenador de Planejamento Joselito Pimentel e Assistentes Administrativos Hudson Lo-pes e Aluizio Bentes.

Marcos da Luz informou que a prefeitura já deu início aos debates com representantes de associações. Ele disse que a Comissão Especial terá 180 dias para atuação em conjunto com o Conselho Municipal da Cidade de Parintins.

“Após a conclusão dos tra-balhos, o plano devidamente

sistematizado será encami-nhado à Câmara Municipal para que sejam marcadas as audiências públicas para discussão e aprovação”, res-salta Da Luz.

O prefeito atual de Parintins, Alexandre da Carbrás, disse que os trabalhos da Comissão Especial para elaboração do Plano Municipal de Mobilida-de Urbana, por ele nomeada, estão sendo norteados pelo Estatuto da Cidade e pela Constituição Federal. (TS)

Debates sociais impulsionam as iniciativas

Um dos temas mais deba-tidos em políticas públicas é o planejamento estratégico de mobilidade urbana. Quan-do a prefeitura executa um projeto viário, gera vários comentários e discussões na sociedade, mas o que real-mente a população entende sobre o assunto?

Para a maior parte da po-pulação, a mobilidade urba-na tem relação com um único tema: o transporte coletivo. Mas o tema é extenso e atin-ge desde a infraestrutura da massa viária, os modais que podem fazer parte da mobi-lidade urbana e o transporte público coletivo.

Em Manaus, um dos pro-blemas mais enfrentados é a série de congestionamen-tos em diversas áreas da cidade. O que antigamente era presenciado em horários

de pico, hoje é visto emqualquer momento.

O motivo específi co está no fato de os planejamentos relativos à mobilidade urba-na não terem acompanhado o crescimento populacional. Quando a cidade não oferece um bom modal de mobilida-de, as famílias com melhores situações fi nanceiras inves-tem nos automóveis como meio de transporte.

Para a população de baixa renda, a mobilidade urbana não passa de um simples “programa para cidade”. É caso do autônomo Pedro Costa, 51. Ele reconheceu não saber muito do assunto, mas acompanha diariamen-te as análises sobre o tema nos veículos de comunica-ção. “Os projetos são impor-tantes para toda a cidade e principalmente na melhoria do transporte público que atende a maior parte da população”, afi rmou.

Transporte coletivo, o dilema

Infraestrutura do sistema viário: um ponto questionado

PRINCÍPIOO jornalista Floriano Lins foi um dos coor-denadores da ação em Parintins e disse que o passo inicial foi bus-car a intervenção da comunidade junto aos poderes constituídos para elaborar o plano

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C6 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

Escolas públicas evoluem indicadores de desempenhoInúmeras avaliações para diagnosticar os níveis de educação tem apontado bom desempenho em escolas do Amazonas

O tradicional Colégio Dom Pedro II, no Centro, tem alcançado índices de referência em sistemas de avaliação e investido em ações pedagógicas impactantes para seu corpo de estudantes

Realizado e aplica-do anualmente pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas

Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), o Exame Nacio-nal do Ensino Médio (Enem) é hoje a principal forma de acesso ao ensino superior no país, entretanto, confor-me especialistas da área de Educação e o próprio Inep, o exame não deve ser to-mado como parâmetro para diagnosticar a qualidade do ensino das redes públicas no Brasil, uma vez que ele (o Enem) não é censitário e por contar com a participação de pessoas que não fazem mais parte da rede de ensi-no. Pelos mesmos motivos, o “ranqueamento” de Estados a partir da nota obtida pela população no exame nacio-nal é prática combatida pelo Ministério da Educação e por entidades como o Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).

Avaliações nacionais e esta-duais realizadas com o intuito único de diagnosticar o nível de qualidade das redes públi-cas de educação, por sua vez, tem apontado uma evolução significativa dos indicadores das escolas da rede pública estadual do Amazonas.

A evolução destes indi-cadores regionais pode ser constatada por meio de sis-temas de avaliação externos e realizados em larga escala, como o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) – que gera o Índice de De-senvolvimento da Educação Básica (Ideb) – e também pelo Sistema de Avaliação do Desempenho Educacional do Amazonas (Sadeam).

Em tais sistemas, tem sido evidenciado o contínuo cres-cimento dos indicadores de qualidade da rede estadual do Amazonas, tanto nos seg-mentos de ensino fundamen-tal quanto de ensino médio.

Divulgado a cada dois anos

pelo mesmo Inep, o “Ideb” aponta a qualidade ou as deficiências educacionais do país e é o resultado de uma análise qualitativa que engloba o retrospecto de estudantes em avaliações realizadas em larga escala e também índices de ren-dimento que envolve taxas escolares de aprovação, re-provação e abandono.

De acordo com os dados ofi-ciais apresentados no último semestre do ano passado, a rede pública estadual do Ama-zonas superou todas as metas previstas pelo Governo Fede-ral. Igualmente ao Amazonas, somente dois outros Estados conseguiram este feito: Goiás e Pernambuco.

Os índices do último Ideb revelam que no Ensino Funda-

mental “Anos Iniciais” (corres-pondente ao ensino do 1º ao 5º ano) a média geral alcançada pela rede pública estadual do Amazonas foi “5,1”, superior à média “4,4” projetada para a rede estadual para este Ideb.

No Ensino Fundamental “Anos Finais” (corresponden-te ao ensino do 6º ao 9º ano) o resultado da rede também foi positivo, atingindo a média “3,9”, superior à média “3,5” projetada para o Estado pelo Ministério da Educação.

No Ensino Médio, por sua vez, a média da rede estadual do Amazonas foi de “3,0”, superando, também a média projetada pelo governo fede-ral que seria de “2,8”.

CONSTATAÇÃOA evolução desses indicadores regionais pode ser constatada por meio de sistemas de avaliação externos e realizados em larga es-cala, como o Saeb, que gera o Ideb, e também pelo Sadeam

Assim como no Ideb, a rede pública estadual tam-bém apresentou evolução significativa no Sistema de Avaliação do Desempenho Educacional do Amazonas (Sadeam), que é desenvol-vido pelo governo do Es-tado, via Seduc, e cujas avaliações em larga escala são aplicadas anualmente junto a alunos do 5º e 9º do ensino fundamental e também com alunos da 3ª série do ensino médio.

Conforme relatório do Sadeam 2014, a rede pú-blica estadual de educação

apresentou avanços signifi-cativos em proficiências de disciplinas como Matemá-tica e Língua Portuguesa.

Em Língua Portuguesa, em uma escala que vai de zero a quinhentos, a pro-ficiência alcançada pelos estudantes do 5º ano do ensino fundamental saltou de 184,0 na avaliação de 2012, para 194,5 na de 2014. Ainda em Língua Portuguesa, a proficiência dos alunos do 5º ano do ensino fundamental avan-çou de 230,6 em 2012 para 239,9 em 2014. Já a

proficiência dos alunos da 3ª série do ensino médio evoluiu de 475,4 (2012) para 495,7 (2014), um salto de ‘20,3’ pontos.

Em Matemática, de acordo com o relatório, a evolução nos indicado-res de proficiência tam-bém foi registrada. Nesta disciplina a proficiência dos estudantes do 5º ano avançou de 197,9 (2012) para 205,5 (2014) e a dos alunos da 3ª série do ensi-no médio evoluiu de 481,8 para 488,6 no mesmo período comparativo.

Destaque também no Sadeam

Escola Maria Amélia do Espírito Santo tem investido para melhorar a qualidade do ensino

Com média “6,0” na última avaliação do Sa-deam, a escola estadual Maria Amélia do Espíri-to Santo, localizada no bairro Dom Pedro, Zona Centro-Oeste de Ma-naus, tem apostado em projetos pedagógicos para intensificar a qua-lidade do ensino e auxiliar o ingresso de estudantes no ensino superior.

Segundo a gestora da escola, professora Lydia-ne Brito, o ensino foca-do na preparação para avaliações externas tem garantido bons resulta-dos. “Para assegurar resultados positivos em vestibulares e demais avaliações, investimos em ‘aulões’ para o ensi-no médio, que trabalham conteúdos do vestibular, três vezes na semana. Também elaboramos material de apoio e simu-lados a fim de preparar os estudantes da melhor forma possível”, ressal-tou a gestora, afirman-do que a escola aprovou mais de 40% de seus alunos em universidades públicas no último ano.

Localizado no centro de Manaus, o Colégio Amazonense Dom Pedro II também tem alcança-do índices de referência em sistemas de avalia-ção como o Ideb e o Sadeam e tem investido em ações pedagógicas impactantes, sobretudo para auxiliar o alunado em seu projeto de ingres-so no ensino superior.

Dois bons exemplos das estaduais

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C7Dia a diaMANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

Aposentado faz resgate da história de UrucuritubaComo historiador amador, o contador Carlos Alberto Limongi impediu que a história da cidade “passasse em branco”

Contador aposentado e historiador amador, Carlos Alberto Limongi, 72, o “Betinho, escreveu

uma cartilha para registrar a história de Urucurituba, a 207 quilômetros de Manaus. O do-cumento foi distribuído gratui-tamente em órgãos públicos municipais e escolas locais e, segundo Betinho, é o único re-gistro sobre o surgimento e desenvolvimento da cidade.

A ideia de produzir uma car-tilha sobre o nascimento da cidade era um desejo antigo de Betinho. Ele sabia que não havia documentos oficiais a respeito do município. “Não ti-nha registro em lugar nenhum. Nem na biblioteca de lá. No IBGE [Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística] tem pouca coisa. O restante de informações para a cartilha eu consegui com material próprio e da minha memória”.

Segundo Betinho, em uma de suas visitas à cidade, ele per-guntou de estudantes, profes-sores e funcionários públicos o que eles sabiam sobre a origem do município. A resposta, ou melhor, a falta dela, o deixou decepcionado e, ao mesmo

tempo, incentivado a “impedir que a história da cidade se perdesse no tempo”.

“Decidi fazer algo para pre-servar esse conhecimento que eu tinha, ainda tenho e que não pode morrer comigo. Fiz essa cartilha histórica e distribui 40 exemplares na cidade. Fiz tudo do meu próprio bolso”, disse o historiador amador sobre a cartilha “Urucurituba: realidade, passado e presente”, lançada em dezembro de 2013.

Betinho nasceu em Urucuritu-ba, mudou-se para Manaus aos 13 anos de idade, mas “sempre que podia visitava a cidade”. Foi secretário municipal de Fi-nanças e de Obras no período em que voltou a morar lá, mas não chegou a ser candidato a cargos públicos eletivos.

Dois aniversáriosUm dos pontos importantes

da cartilha é o esclarecimen-to sobre a verdadeira data de aniversário da cidade. “Os moradores, mesmo os mais antigos, só comemoram a data 24 de janeiro, que marca a transferência da sede munici-pal, no ano de 1976, para onde a cidade está hoje. Mas a data real é 27 de abril de 1896, ano de sua fundação”.

A data de fundação a qual

Betinho refere-se é quando o povoado Urucurituba foi eleva-do à vila por meio da lei estadual nº. 118, de 27 de abril de 1896 – mesmo ano de inauguração do Teatro Amazonas, em Manaus. O status de cidade só oficiali-zou-se com a lei estadual nº. 68, de 31 de março de 1938. A cidade foi instalada de fato em 5 de maio do mesmo ano, quando completava 42 anos de sua fundação.

“Meu interesse é de preservar a história. Não quero que façam mais festa, que gastem dinheiro com duas datas de aniversário. Só não queria deixar a história da minha cidade sumir”.

Atualmente, os moradores chamam a antiga sede muni-cipal de Urucurituba Velha, hoje vila Augusto Montenegro, área rural da cidade.

NomeSituada à margem direita do

rio Amazonas, o nome da cidade é a junção de duas palavras indígenas: urucuri (palmeira co-mum na época da fundação do lugar) e tuba (muito, abundân-cia). Urucurituba significa muito urucurizeiro ou urucurizal.

A cidade completa 119 anos de criação amanhã. Segundo o IBGE, para 2014, a cidade tem 20,8 mil habitantes.

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Carlos Alberto Limongi foi responsável pelo único registro sobre o surgimento de Urucurituba

RAFAEL S. NOBREEquipe EM TEMPO

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C8 Dia a dia MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

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Entrevista com Alexandre Pires, um ‘Gigante’

DIVULGAÇÃO

‘Turista Aprendiz’ lança obra com relatos regionaisInspiração que levou ao formato do projeto veio da obra “O Turista Aprendiz: viagens etnográfi cas”, de Mário de Andrade

“Não aguentamos de ansiedade e entramos no rio de água morna

e cor escura. Ao olharmos debaixo d’água, víamos tudo negro, como se nossos olhos estivessem vendados”. É as-sim que o adolescente Dou-glas De Paulo descreve o rio Negro, durante a vinda dele a Manaus pelo projeto Turista Aprendiz. O projeto integra o Programa Favela Criativa realizado no Rio de Janeiro (RJ) e dá oportunidade para jovens conhecerem melhor o país. Um grupo passou por Manaus, participou de saraus com grandes poetas da região, como Tenório Telles e, em se-guida, seguiu pelo Rio Madeira para Porto Velho (RO). Um livro com os relatos deles e de outros jovens que percorreram o Brasil deverá ser lançado na terça-feira (28), no Rio.

A ideia do projeto consis-te em oferecer passeios e viagens para que os parti-cipantes relatem, em forma de literatura, as experiências vividas pelos locais por onde passaram. Além de Douglas, Fabrícia Mello, Gabriel Mação, Thamires Bonifácio e Valeska Angelo também escolheram viajar para a Amazônia com o roteiro “Raízes indígenas e o canto das águas”. “O que mais me impressionou foi o tamanho dos rios. As pessoas também são muito receptivas e eu gostei muito da cidade, quero voltar um dia. O pro-jeto trouxe uma nova visão de mundo, vivenciando outras culturas. É um Brasil eu não co-nhecia”, afi rma Thamires (16), que participa do projeto.

Os autores do livro completo são 20 jovens de comunidades do Rio que se destacaram nas ofi cinas realizadas em 2014 nas Bibliotecas Parque Estadual, da Rocinha, de Man-guinhos e do Complexo do Alemão. Maria Pereira, coor-denadora do Turista Aprendiz, afi rma que o objetivo é, por in-

termédio de deslocamen-tos, leituras e exercícios do olhar antropológico, ampliar as referências culturais dos jovens e desenvolver suas ha-bilidades de criação literária. “O Projeto nasceu da vontade de proporcionar a jovens bra-sileiros a oportunidade de se relacionar com realidades e culturas diferentes da sua e, ao mesmo tempo, de desenvolver sua capacidade de escrita e leitura. A inspiração que levou ao formato do projeto veio do livro O Turista Aprendiz: via-gens etnográfi cas, de Mário de Andrade. Escrito no fi nal da década de 1920, a obra é fruto das andanças do autor pelas regiões norte e nordeste do país”, disse.

Segundo Maria, o que mais marcou os jovens em Manaus foi a culinária regional e a urbanização de uma cidade rodeada por rios e fl oresta. “A avaliação dos jovens que viajaram para Manaus sobre a cidade foi a melhor possível. Inicialmente acharam Manaus muito parecida com o Rio,

uma cidade grande com pré-dios, lojas, ônibus e tudo mais. Isso quebrou com a projeção que faziam sobre a capital do Amazonas. Logo descobriram que o tempo do manauense é outro, que a praia é de rio, o sorvete de tapioca, etc. Os sa-bores certamente marcaram todos os viajantes”.

Um simples sorvete de fru-tas da região rendeu um po-ema escrito pela adolescente Fabrícia Mello, que também consta no livro. “Ah o sor-vete / Nossos paladares se atentaram aos primeiros sa-bores peculiares amazonen-ses / Senhores, cogitem a possibilidade de experimentar uma dessas delícias / Mas, por favor, não idealizem nada comum, nenhum sabor tra-dicional, nada de morango ou chocolate / (...) Pensem no cupuaçu, açaí verdadeiro, tucumã das estrelas, buriti, camu-camu ou uma tapioca diferente/ transformados em sorvetes da massa, um sabor incrível e forte, nada leve”.

O projeto selecionou inicialmente 100 jovens para participar do pri-meiro módulo de quatro ofi cinas. Essa seleção levou em conta prin-cipalmente o interesse pela escrita e leitura. O aluno tinha que estar matriculado no Ensino Médio da rede pública de ensino. Ao chegar aos 20 nomes, os ado-lescentes participaram de um curso ministrado por escritores. Ao todo, foram 35 encontros, in-cluindo sete aulas em campo na cidade do Rio, três viagens de fi m de semana ao interior do Estado e uma viagem de 10 dias pelo Brasil.

A coordenadora ex-plica que o projeto é, acima de tudo, uma ação social porque “trabalha a formação literária e humana de jovens de contextos populares. Ao ampliar o repertório cultural, a rede de relações e a ca-pacidade de expressão na língua portuguesa, o “Turista Aprendiz” dá ferramentas para que esses jovens ingressem no Ensino Superior e compitam em melhores condições no mercado de trabalho. Conside-rando as condições econômicas e sociais da maioria dos alunos, majoritariamente mo-radores de comunida-des e/ou subúrbios do Grande Rio, tais ferra-mentas são um enorme diferencial para trans-formarem sua histó-ria”, salienta.

O lado social do projeto carioca

Inicialmente acha-ram Manaus muito parecida com o Rio. Isso quebrou com a projeção que faziam sobre a capital do

Amazonas

Maria Pereira, coordenadora do projeto

O projeto trouxe para mim uma nova

visão de mundo, vivenciando outras

culturas. É um Brasil que eu não conhecia

até então

Thamires Bonifácio, participante

DANIEL JORDANO Especial para o EM TEMPO

FOTOS: DIVULGAÇÃO

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D2 Plateia MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

Fernando Coelho [email protected] - www.conteudochic.com.br

Polícia espanhola matou LorcaSão Paulo, SP - Do-

cumentos divulgados na quarta (22) comprovam, pela primeira vez na his-tória, a responsabilidade do governo espanhol no fuzilamento do poeta e dra-maturgo Federico García Lorca, morto em 1936, um mês após o início da Guerra Civil Espanhola.

O informe redigido pela polícia em 9 de julho de 1965, 29 anos após a morte de Lorca, revela que solda-dos das Guardias de Asalto (forças de segurança do re-gime franquista) detiveram o poeta e o levaram aos “calabouços [da sede do] Governo Civil” de Granada, cidade onde o escritor nas-ceu e viveu.

O registro, que identifi -ca Lorca como “socialis-ta”, “maçom” e lhe atribui “práticas de homossexua-lismo e aberração”, diz ain-

da que ele foi conduzido a Viznar, cidade próxima a Granada, onde foi fuzilado após “confessar”.

O autor de “Bodas de San-gue” e “A Casa de Bernarda Alba” foi assassinado aos 38 anos, em 19 de agosto de 1936. Seus restos mortais nunca foram encontrados.

EngavetadoO documento encontrado

agora, obtido pela emissora da Espanha Cadena SER, havia sido escrito em 1965 em resposta a um pedido da hispanista francesa Marcel-le Auclair (1899-1983), que trabalhava em uma biogra-fi a sobre o poeta.

Auclair fez o pedido à Em-baixada espanhola em Paris - que, por sua vez, transmi-tiu a demanda ao ministro de Relações Exteriores. A requisição chegou à polícia de Granada, e o relatório

foi escrito à máquina por um policial da 3ª Brigada Regional de Investigação Social de Granada.

Mas a pesquisadora nunca chegou a ver a resposta, que foi engavetada pelo gover-no espanhol, como comprova correspondência entre minis-tros do regime franquista também encontrada agora. “É melhor não mexer com isso”, escreveu um ministro.

“Desde o ponto de vista histórico, é importante que exista um documento in-terno do regime de Franco reconhecendo que foi um crime político”, disse Laura García Lorca, sobrinha do poeta, ao jornal “El País”.

“A polícia reconhece o que já sabíamos: que foi um crime político porque o considera-vam, nessa ordem, socialista, amigo de [líder socialista] Fernando de los Ríos, maçom e homossexual.”

Responsabilidade do governo da Espanha na morte do dramaturgo é comprovada

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AÇÃO

REVELAÇÃO

. Um estudo elaborado pelo Centro de Negócios Familiares da Universidade de St. Gallen, da Suíça, incluiu 15 companhias brasileiras entre as 500 maiores empresas familiares do mundo em faturamento.

. Disparada no topo da lista aparece a rede varejista norte-americana Walmart, controlada pela família Walton, e cuja receita anual é de US$ 476 bilhões. A Volkswagen AG, controlada pela família Porsche, da Alemanha, aparece na segunda posição, com faturamento anual de US$ 261,6 bilhões.

. Entre as empresas brasileiras, os destaques são o Itaú Uniban-co e a JBS, as únicas daqui que aparecem entre as 25 primeiras colocadas da lista. O Itaú Uni-banco, controlado pelas famílias Moreira Salles, Villela e Setúbal, aparece na 18ª posição, com fa-turamento de US$ 57 bilhões. Já a JBS, da família Batista, aparece na 24ª posição, com receitas de US$ 43,2 bilhões por ano. Outras companhias tradicionais do Bra-sil, como a Odebrecht, a Gerdau, a Globo e o Magazine Luiza, todas controladas por famílias, também são mencionadas no estudo.

>> Empresas

. O professor de etiqueta e escritor Fábio Arruda ministrará curso em Manaus.

. Com temas como ‘Arte de servir’, ‘Como arrumar uma mesa’ e ‘Etiqueta e comportamento’ , Fabio dará aulas entre os dias 27 e 29 deste mês, no Patio Gourmet, sempre às 19h. Vale conferir.

>> Social

. O diretor-presidente da Funda-ção Vila Olímpica de Manaus, Aly Almeida, recebeu uma homena-gem na Assembleia Legislativa.

. Uma “moção de parabeniza-ção” por ter sido escolhido pelo governador José Melo para a função de diretor-presidente da instituição. A proposta foi enca-minhada pelo líder do governo do Amazonas na casa, deputado David Almeida.

. Aly Almeida está a três meses de completar um ano à frente da FVO e foi o único técnico amazo-nense a participar de uma Olim-píada, em 1992. Naquele ano, ele participou dos Jogos Olímpicos de Barcelona, numa parceria de sucesso com o nadador Eduardo Picininni, que gerou grandes con-quistas. Aplausos!

>> Moção

. Mesmo sendo proibida em vários locais, o bastão de selfi e continua fazendo a cabeça de muita gente. Pensando em atender a de-manda de mercado com um produto de qualidade a Nikon lança o seu Selfi e Stick.

. A novidade é que o bastão assinado pela Nikon foi pro-jetado para ser usado com as suas câmeras ao invés de smartphones. Podendo se estender por uma dis-tância de 28 centímetros o acessório é compatível com a maioria das máquinas Ni-kon Coolpix.

>> Objeto de desejo

Fernando Coelho Jr.

. A empresária Elizeth Lan-ge reuniu um grupinho de amigas no Vieiralves.

. Inaugurava a nova am-bientação de sua loja Lola, com coquetel. Noite cheia de charme.

>> Fashion

Tutu Nascimento

Angela Martini e Mercedes

Lucia Viana, a anfi -triã Elizeth Lange e

Mercedes, no coque-tel que movimentou

a loja Lola

Adriana Vilaça Ana Carolina de Miranda Leão

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D3PlateiaMANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

Alexandre Pires anuncia novidades na sua carreiraEm entrevista, o cantor mineiro revela que no próximo mês lançará um novo CD solo, além de estrear uma turnê, e fala sobre a experiência no show “Gigantes do Samba”

Ocantor mineiro Ale-xandre Pires retor-na a Manaus, no próximo mês, para

um show de despedida da turnê “Gigantes do Samba” e também do grupo Só Pra Contrariar (SPC). Mas antes disso o cantor adiantou duas novidades: mais um CD e nova turnê solo já para o próximo mês.

O artista desembarca em Manaus no dia 2 de maio, onde se apresenta com o grupo SPC, que dividirá o palco do Pavilhão do Studio 5 Convention Center (Dis-trito Industrial) com o Raça Negra no projeto “Gigantes do Samba”.

Alexandre Pires é um artis-ta que se destaca pelo bom humor e alto astral que leva para os seus shows. Com o fim da turnê dos “Gigantes do Samba”, ele adianta quais serão os próximos passos da sua carreira e também do grupo SPC.

“Ao final da turnê eu reto-mo o meu trabalho solo. No momento estou em estúdio gravando o próximo CD e estamos preparando também o novo show com estreia ain-da em maio. A música de trabalho será divulgada no final deste mês, em todas as rádios do Brasil. Já o Só Pra Contrariar segue também com um novo projeto, com os meus irmãos Fernando Pires e João Júnior nos vocais”, revela o artista.

No histórico do SPC, Ale-xandre deixou seu nome em oito álbuns lançados em por-

tuguês e dois gravados em es-panhol, que alcançaram nada menos que 10 milhões de cópias vendidas. Entre 2001 e 2012, Alexandre gravou nove CDs e três DVDs nacionais, além de quatro álbuns volta-dos para o público latino.

Para ele, que já teve um mo-mento de despedida do grupo Só Pra Contrariar, desta vez o sentimento é diferente. “Des-ta vez é um pouco diferente. Não me sinto ‘deixando’ o SPC. Pelo contrário. É o final de uma fase, de um trabalho

que eu tive a oportunidade de fazer parte. Realizar essa turnê com o SPC era um sonho antigo, então eu só tenho a agradecer por esses dois anos maravilhosos que estivemos na estrada, juntos mais uma vez”.

HitsO projeto “Gigantes do

Samba” estreou em abril de 2014 e reuniu os grupos Raça Negra e Só Pra Contrariar para relembrar os hits que fizeram o sucesso desses artistas durante a década

de 1990.Com os “Gigantes do Sam-

ba”, o SPC fez show por todo o Brasil. Alexandre Pires não cansa de elogiar o amigo Luiz Carlos, líder do Raça Negra, há mais de 30 anos. “Foi um projeto muito especial, muito prazeroso de se fazer. Nós sempre fomos fãs do Raça Negra, já cantávamos músicas da banda em nos-sos shows, então essa turnê para nós foi uma honra, um presente”, ressalta.

Juntos, SPC e Raça Negra já venderam mais de 50 milhões de discos e somam mais de 20 milhões de fãs em todo o mundo. Parte desse sucesso se deve ao carisma e talento do vocalista mineiro.

O talento de Alexandre Pires como cantor e compositor é reconhecido quando o as-sunto é a união entre samba, pagode e romantismo. Com esses atributos, ele tem in-fluenciado muitos cantores em início de carreira.

“Isso é maravilhoso! O sur-gimento de novos talentos é sempre bom para a música e quem ganha é o público e todos nós também. Saber que alguns desses talentos se inspiraram no meu trabalho é uma honra”, finaliza.

O show “Gigantes do Sam-ba” será apresentado em Ma-naus mais uma vez no dia 2 de maio (sábado). Alexandre Pires se despede da cidade com o grupo Só Pra Contra-riar, mas deixa o gostinho de “quero mais” para sua próxi-ma apresentação na região, já em carreira solo.

Para o cantor Alexandre Pires, dividir o palco com o Raça Negra foi “uma honra, um presente”

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DE VOLTAShow que marca a união entre os grupos de pagode Só Pra Con-trariar e Raça Negra, o “Gigantes do Samba” será apresentado no-vamente em Manaus, dia 2 de maio, no palco do Studio 5

SERVIÇOALEXANDRE PIRES ANUNCIA NOVOS RUMOS

Quando

OndeQuanto

Dia 2 de maio

Studio 5Pista R$ 50; Área Vip R$ 130 e R$ 150 (valores de meia-entrada)

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D4 Plateia MANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

Nunca consegui fazer a linha do coitadinho, do indefeso, do que fi ca caladinho no canto escuro. Na verdade, sempre estive mais para vilão do que para mocinho. Mas não porque eu haja com maldade, mas porque não faço com que os outros sintam pena de mim e, geralmente, a sociedade tende a se compadecer de pessoas que possuem esse perfi l. Sempre esti-ve a frente dos meus problemas, me defendendo, lutando pelo que acredito, assim fui educado. Foi assim que meus pais me criaram, sendo o mais forte que posso.

É claro que, como qualquer ser humano, tenho os meus momen-tos de fraqueza. Também choro, me sinto sozinho, me sinto in-justiçado e, até mesmo, incom-preendido. E me sinto no direito de pedir ajuda dos meus amigos e pessoas próximas. Não vejo problema nisso. O fato é que exis-tem pessoas que se aproveitam desses momentos para vestirem

a camisa de coitadinhos e esco-lhem essa síndrome que tanto me incomoda. (Nota: acredito que existam pessoas que sofrem de forte depressão e, por isso, aca-bam tendo esse comportamento. Mas não são sobre esses que me refi ro no texto. Esses, chamo de falsos coitadinhos).

Dia desses me peguei assistin-do a versão de “Cinderela” dirigida por Kenneth Branagh e que conta com as participações maravilho-sas de Cate Blanchett e Helena Bonham Carter. Pois bem, ao fi nal do fi lme só consegui chegar a uma conclusão: ô personagem chata essa tal Cinderela. Quando que eu, fi lha de pais relativamente ricos, deixaria a minha madras-ta me fazer de empregada? É inconcebível se fazer de coitada nesse nível, ser tão subserviente possuindo todos os artifícios para virar o jogo.

E quando eu digo virar o jogo, não me refi ro a vingança ou qual-

quer coisa parecida, não. Me refi ro ao fato de pegar a madrasta pelo braço e dizer: Olha, eu sou a fi lha, sou a dona da casa e se você estiver incomodada, por favor, a porta da rua é a serventia da casa. Agora, não, ao invés disso, começo a lavar, passar, cozinhar, esfregar e, ainda por cima, permi-to ser violentada por estranhas. Que pessoa, em sã consciência, chega nessa ponto? E faço essa comparação por mostrar que Cin-derela, acima de qualquer coisa, é forte sim.

Pois bem. Atualmente, o que não falta são coitadinhos. Pessoas que se fazem de humilhadas e jogam para cima dos outros a responsabilidade de enfrentarem seus problemas de frente, de ca-beça erguida e de peito aberto. É preciso saber diferenciar quando alguém possui uma depressão – que sim, existe – e quando o outro faz isso apenas para tirar proveito de uma situação. Sabe

a linha do faz, mas esconde as unhas? É basicamente isso. Se eu tenho vontade de fazer algo, eu vou lá e faço, não penso duas vezes. Agora fazer a linha de quero fazer, tenho o desejo de fazer, mas não faço porque desejo ser adulado é completamente dife-rente e ponto. Isso para mim vai além da síndrome do coitado e já beira aquilo que chamamos de pessoas sonsas.

E sabe quem levar a pior nessa história toda? Aquele que falou e fez o que quis e não teve medo das consequências. Em uma so-ciedade que vive injustiçada, leva os louros quem fi ca caladinho e é apedrejado quem põe a cara a tapa, que não tem medo de se expor e não tem medo de falar o que pensa. Ué, o ideal não é falar a verdade sempre? Ser verdadeiro sempre?

Como se pode viver em um mundo onde me faço de coitado para passar de bom moço, de

bonzinho e, com isso, conquistar a solidariedade alheia. Caro leitor, ninguém precisa disso. Os seus apoiadores surgirão mesmo você falando o que pensa, fazendo o que quer, sem precisar chorar as pitangas. Nada de fi car pelos cantos se queixando de injustiça. Seja forte!

O mundo é feito para os for-tes. Todos os dias passamos por provações, por problemas e a nossa missão é resolver da me-lhor maneira possível. Se hoje eu não consegui, amanhã posso tentar novamente de uma outra maneira. Todo ser humano é forte o sufi ciente para tentar resolver sua vida e, caso isso não aconteça, peça ajuda sim, não é feio. Mas peça sabendo que você tentou de tudo e, quem está lhe ajudando, está vendo em você alguém que lutou até o último momento.

Acredito que o mundo não tenha mais espaço para falsos coitadinhos.

Bruno Mazieri*[email protected]

A síndrome do falso coitadinho*Bruno Mazieri

jornalista

O mundo é feito para os fortes. Todos os dias pas-samos por provações e nossa mis-são é resol-ver da me-lhor maneira. Se hoje não, amanhã posso tentar novamente”

O homem que só Deus pode deter

TRICIA CABRALEquipe EM TEMPO

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Frances Underwood é um desses sujeitos ines-crupulosos que a gente infelizmente encontra

por aí... do tipo que não mede esforços para conseguir o que quer, nem que para isso tenha de aniquilar tudo e todos. A diferença é que Frank – muitos costumam chamá-lo pelo apeli-do – é o presidente dos Estados Unidos da América, o homem mais poderoso do mundo.

Ele é o personagem central de “House of Cards” (“Castelo

de Cartas”), série criada para o Netfl ix –serviço de TV pela internet –, que estreou em 2013 e encerrou, em fevereiro deste ano, sua terceira temporada, somando 39 episódiospolitica-mente incorretos, porém não menos inebriantes. Encabeçan-do o elenco está o brilhante Kevin Spacey (vencedor do Os-car de melhor ator por “Beleza Americana”). Ele dá vida ao mau caráter Frank Underwood, que de corregedor da Câmara dos Deputados pela Carolina do Sul sai atropelando todos os obs-táculos – humanos ou não – e consegue se tornar presidente dos EUA. Não, Frances não é um vilão republicano, mas um ditador democrata, acredite.

Sua companheira, Claire Un-derwood (sob perfeita atuação

“House of Cards” conquista o público com o facínora que se torna presidente dos EUA

de Robin Wright) também não tem escrúpulos, mas é um pou-quinho menos pior que Frank. De coordenadora de uma or-ganização fi lantrópica ela passa a primeira-dama da América e embaixadora dos EUA na Or-ganização das Nações Unidas (mas isso tudo tem um desdo-bramento cujo resultado – caso você ainda não tenha assistido – não pretendo revelar).

Não estranhe se em algum momento você for fl agrado(a) torcendo por Frank Un-derwood e até que-rendo a reeleição dele. Apesar de ser dotado dos piores defei-tos que alguém pode ter, o cara é um irônico se-

dutor, especialmente quando resolve soltar suas pérolas para a câmera como se estivesse comentando aquela cena com cada um de nós. Na maioria delas rir é inevitável.

O lado tortuoso da política, os meandros da corrupção, o confl ito ético no jornalismo e ila ções a respeito da intimidade entre o poder e o sexo permeiam essa história, que acabou se tor-nando um nocaute na realidade. Para deleite dos fãs, a quarta

temporada da série está confi rmada. A pergun-

ta é: será que Frank Underwood vai ser reeleito?

Faça sua aposta!

A série é uma adaptação do romance de Michael Dobbs

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“Nenhum escritor de respeito pode resistir a uma boa história. Assim como nenhum polí-tico pode re-sistir a fazer promessas que não pode cumprir”

“Para aqueles de nós esca-lando até o topo da ca-deia alimen-tar não pode haver miseri-córdia. Só há uma regra. Cace ou seja caçado”

“Evite as guerras que você não pode ganhar e nunca levante uma bandeira por uma causa estúpida”

“Dinheiro é a mansão no bairro errado, que começa a desmoro-nar após 10 anos. Poder é o velho edifício de pedra que se mantém por séculos. Não respeito quem não sabe distin-guir os dois”

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D5PlateiaMANAUS, DOMINGO, 26 DE ABRIL DE 2015

Canal [email protected]

Flávio Ricco

Colaboração:José Carlos Nery

TV TudoCorreria As gravações de “Cúm-

plices de um resgate”, subs-tituta de “Chiquititas” no SBT, agora estão aconte-cendo em dois estúdios, 7 e 8. E com o diretor Reynaldo Boury à frente de quase todos os trabalhos. A pro-dução tem estreia prevista para julho.

Estúdio reservadoO cenário do novo pro-

grama das manhãs da Rede TV! começou a ser desenhado. E a sua equipe de produção começa a ser montada. Aliás, o “Melhor pra você” terá um estúdio, o G, inteiramente destinado para ele.

Aniversário Carlos Alberto e Andréa

de Nóbrega estão organi-zando uma grande festa para comemorar o ani-versário de 15 anos dos gêmeos Maria Fernanda e João Vitor. Festa para 300 convidados, dia 16, no Le-opolldo, em São Paulo.

Último a saberA direção da Rede TV! tem

todo direito de mexer na sua programação e buscar aquilo que pode ser melhor para ela. Isso é indiscutível. A reclamação de alguns, em especial dos diretamente

envolvidos, é que essas mu-danças são sempre comuni-cadas pela imprensa.

Reclamação de agoraO último caso em ques-

tão diz respeito direta-mente ao novo programa das manhãs, com apresen-tação da Mariana Leão, Celso Zucatelli e Edu Guedes. Ele irá ocupar os horários do João Kleber e “Bola Dividida”, que só souberam disso através dos sites e jornais.

Freio de mão puxadoNão está fácil para

ninguém. Na televisão, das mais às menos po-derosas, todas têm pro-curado a se adaptar a realidade de agora. Algo que pode servir de expli-cação até mesmo para as transmissões do fu-tebol e outros eventos esportivos “diretamente dos estúdios”.

Vai bemSe a Globo tem proble-

mas com “Babilônia” e “Alto Astral” vai tocando a sua vidinha, é preciso reconhecer o bom mo-mento de “Sete Vidas”.

A mulher do próximoBrendha Haddad se prepara para gravar suas

primeiras cenas em “Os Dez Mandamentos”, que serão mostradas a partir da terceira fase.

Ela fará Inês, mulher de Eleazar (Bernardo Velasco), e será assediada por Nadabe (Marco Antônio Gimenez).

Bate-rebate• O último convite recebido

por SS para dar entrevista partiu da Xuxa...

• ... Diante das dificuldades que todos encontram, ela se utilizou das redes sociais para fazer o pedido...

• ... E até agora está na espera de uma resposta.

• O ex-ministro Delfim Neto será o convidado do “Canal Livre”, neste domingo, na Band, depois do “Pânico”.

• Entre junho e julho, Buddy Valastro virá novamente ao Brasil para acelerar o pro-cesso de produção do pro-grama “The Cake Show”...

• ... O grande mistério é sobre o dia da semana que será escolhido para a sua apresentação. Serão 13 programas nesta primeira temporada...

Jornalismo por sobrevivência

O mundo da televisão está mudando. É preciso ter consciência dessa mu-dança, que talvez pela sua velocidade ainda não fez cair a fi cha de muita gente. Hoje a necessidade de se inves-tir no bom jornalismo se transformou em uma obrigação ou questão de sobrevivência. Ou atentam para isso ou morrem. Não há outra saída para as emissoras convencionais.

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Silvio Santos, mais do que ninguém, sabe acontecer. No mesmo dia, na semana que passou, ele mandou fazer um simpático anúncio, cumpri-mentando a Globo pelos seus 50 anos e tomou a decisão de colocar o programa do Edir Macedo neste domin-go. Está sempre com a luz em cima.

Ficamos assim. Mas ama-

nhã tem mais. Tchau!

C’est fi ni

Impactante. É assim que podemos resumir o espetáculo “Wayra” do grupo argentino Fuerza Bruta apre-sentado na noite da última quinta feira no Ginásio Mauro Pinheiro em São Paulo. Trata-se, como su-gere o release do grupo, de uma “performance” que mistura teatro e tecnologia, onde não há falas, a não ser pequenas intervenções de saudações ao público.

O que mais surpreende a um espectador habitual de arte é a profusão estética e os sentidos que emanam dos mais diferentes modelos de espetáculo. Em “Esta Criança”, por exemplo, espetáculo dirigido por Márcio Abreu contando com Renata Sorrah no elenco, es-tamos diante de um teatro na sua forma mais pura, onde os atores in-terpretam de forma plena pequenas histórias entre pais e fi lhos, relações de confl ito, de amor, de perda e cumplicidade. Somos tocados por sentimentos dos mais envolventes e isto graças à linguagem escolhida e ao amor ao bom teatro.

O espetáculo “Wayra” é apresen-tado em um ginásio todo coberto com o que chamamos de rotunda, um enorme tecido preto que evita a difusão da luz. Ao entrarmos, a primeira ideia é a de que estamos numa have: o piso do ginásio é todo coberto com o easyfl oor, aquele material cobertor de solo, usado nos hows em estádios de futebol para não danifi car o gramado. O público assiste e participa o tempo todo em pé, e de repente somos surpreendi-dos por coisas das mais inusitadas: blocos de caixas que se chocam com os performers; ciclorama gigante em material prateado que circun-da toda a área de encenação com duas bailarinas sob rapel execu-tando coreografi a; bolhas gigantes infl áveis sobre à mesa, e o mais fantástico, uma imensa piscina que, por vezes, estava sob às mãos do

espectador, onde eram executadas coreografi as e nados.

Percebam que, assim como acon-tece quando discutimos o universo do pós-dramático, não há aqui, por enquanto, expressões cujo con-ceito possam melhor enquadrar o espetáculo – o que não é e nem deve ser uma preocupação do artista, e sim do crítico. Per-formance? Intérpretes? Coreogra-fia? Teatro? Bem, pode ser tudo isso e mais um pouco, o que vale é a experiência.

O universo da performance, chamemos assim, encontra sua energia da smais diversas for-mas. No Sesc Pompeia, a sérvia Marina Abramovic apresenta um panorama do seu trabalho numa exposição chamada “Terra Comu-nal” onde vídeo-artes e artistas convidados aplicam o chamado “Método Abramovic” que vai des-de acompanhar o surgimento de um planta até escrever pequenas histórias durante dois meses, oito horas por dia, numa máquina de datilografar relatando impressões e descrevendo pessoas e ambien-tes que passam pelo espaço.

O pós-dramático, ou o além-drama como preferem alguns, é o espaço da experimentação, de formas e conteúdos, que buscam inserir o espectador numa expe-riência única, onde seus sentidos são despertados e estimulados. A quem critique o perfil de espetácu-los que se desenham desta forma, mas na verdade há mais incom-preensão e falta de conhecimento do que propriamente veracidade nas afirmações. A maioria dos que criticam se veem diante de uma arte cênica linear, que parece ter um limite para a mais incisiva ex-perimentação. Mas quem ganha é o público, e que mais experiências surjam, afinal, a arte é desafiadora o bastante para tanto.

Márcio Braz E-mail: [email protected]

Márcio Braz ator, diretor,

cientista social e membro do Con-

selho Municipal de Política Cultural.

O que mais surpreende a um especta-dor habitual de arte é a profusão estética e os sentidos que emanam dos mais diferentes modelos de espetáculo”

Fuerza Bruta

Mario Adolfo

Elvis

Regi

Gilmal

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ÁRIES - 21/3 a 19/4 Excepcional momento para eliminar, desapegar, mudar, fi -nalizar um ciclo, deixe para traz tudo que já não te encanta é tempo de virar à página. Favorecimento em questões fi nanceiras pode ser o resultado de antigas ações, ou uma ação judicial esquecida. Coloque pontos fi nais em uma relação difícil com a pessoa amada. Energia para realizar mudanças que lhe serão muito benéfi cas, use este benefício em todas as áreas da sua vida.

TOURO - 20/4 a 20/5 Aqueles aborrecimentos que a muito vem acontecendo, deve hoje ser colocados em pratos limpos, aproveite e se livre de antigos problemas no trabalho. Fique calmo e expresse sua opinião diretamente. Vai sair fortalecido dessa situação, o momento é protegido astral mente. No amor, prefi ra a tranquilidade do lar, passando a noite com a família, desfrute da afetividade que está no ar. Continue com a dieta e evite alimentos gordurosos.

GÊMEOS - 21/5 a 21/6 Pare de sofrer calada (o), procure a pessoa que te interessa e se declare o máximo será não ser aceito! Nos próximos dias, você receberá um reforço planetário que incentivará as suas coragem e iniciativa. Mas pode já estar sentindo essa infl uência como certa pressão. Não se rebele contra os conselhos dos outros, ao contrário aprenda a ouvir e separar o que te serve.

CÂNCER - 22/6 a 22/7 Não adianta correr para concluir o trabalho logo, vá com calma sabendo o que realmente faz e por que faz. Controle essa pressa e a vontade de dizer o que pensa às vezes o mais prudente é engolir a fala. Caso contrário, poderá ofender seriamente alguém da sua família. O que parecia paixão já está virando amizade, e ai como explicar se o outro continua apaixonado. Procure seus amigos e saia para se divertir.

LEÃO - 23/7 a 22/8 Na vida profi ssional é preciso um pouco mais de foco e projetos para decolar sua carreira, invista em línguas. Mesmo com toda sua difi culdade para tomar decisões, importantes resoluções vão mudar sua vida afetiva. Pode ser um compromisso sério ou um casamento. Mas, se estiver indo depressa, respire fundo e procure se acalmar a pessoa amada pode fi car um pouco assustada com a sua pró-atividade.

VIRGEM - 23/8 a 22/9 Você pode passar a atuar na vida artística, poderá descobrir novos talentos e valores. Coloque seu foco na conscientização do planeta. Além de engajar novos desafi os e projetos, poderá ser surpreendido (a) com um novo convite para trabalhar em outra cidade. No amor, de oportunidade ao seu coração de se apaixonar loucamente, não coloque freios no coração!

LIBRA - 23/9 a 22/10 As preocupações com o futuro e com a realização pessoal têm diminuído sua disponibilidade para a relação. Se estiver só, um romance poderá começar, com afi nidades intelectuais, Um encontro inesperado promete paixão, boa perspectiva nos negócios criará um clima de segurança.

ESCORPIÃO - 23/10 a 21/11 É preciso tomar cuidado com dívidas e gastos que podem surgir de forma inesperada. Examine com cautela seu orça-mento e evite qualquer coisa que envolva risco, por menor que seja. Faça com que tudo tenha começo, meio e fi m. Peça e aceite orientação diante do que for desafi ador demais. A pessoa amada está lhe oferecendo apoio e carinho, estreite os laços de intimidade.

SAGITÁRIO - 22/11 a 21/12 Bom dia para estreitar os seus laços com as pessoas da família ou com quem há muito você não vê. Uma viagem pode ser bem-sucedida neste momento. O setor afetivo recebe boas vibrações do astral. Guie-se pela intuição, mas não deixe de ouvir a opinião de quem tem mais experiência do que você, a humildade em ouvir o outro ajudará muito. Carta do dia: O carro: Só cabe a você tomar a direção.

CAPRICÓRNIO - 22/12 a 19/1 Não provoque ciúmes na pessoa amada, evite fi car de conversas com outras pessoas, a sensibilidade da pessoa amada está em alta! Não há dúvidas de que os astros estão lhe preparando surpresas agradáveis para o dia de hoje. Poderá contar com a generosidade de amigos distantes para se aventurar em uma atividade profi ssional ou para abrir um negócio, aceite conselhos e ajuda fi nanceira, não é tempo de recusas.

AQUÁRIO - 20/1 a 18/2 Bom dia para tratar dos seus interesses profi ssionais. Seu desempenho pode estar sendo avaliado, por isso tente dar o melhor de si. Bom dia para compartilhar a sua vida amorosa, faça declaração sincera! Carta do dia: O Enforcado: Na vida não existe vitima, livre-se deste pensamento.

PEIXES - 19/2 a 20/3 Procure respirar mais vezes antes de se estressar, tem estado muito acelerada (o). E com isso se zangar com o ritmo moroso de outras pessoas, faça uso de um fl oral. Profi ssionalmente, o momento não poderia ser melhor, a uma nova promoção está a caminho, saiba negociar. Poderá receber convite para uma festa, se prepare com cuidado, haverá um encontro com abalará seu coração.

Programação de TV

CruzadinhasHoróscopo Cinema

CONTINUAÇÕES

Chappie: EUA. 16 anos. Kino-plex 4 – 22h05 (dub/diariamen-te); Playarte 10 – 13h20, 15h50, 18h20, 20h50 (dub/diariamente), 23h20 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Cada Um Na Sua Casa: EUA. Livre. Kinoplex 4 – 13h05, 15h10, 17h20 (dub/diariamente); Playar-te 4 – 13h, 15h, 17h, 19h (dub/diariamente).

Velozes e Furiosos 7: EUA. 14 anos. Kinoplex 2 – 13h15, 16h15, 19h15, 22h15 (dub/diaria-mente); Multiplex 2 – 18h30, 21h (dub/diariamente), Multiplex 3 – 16h30, 21h30 (dub/diariamente), 14h, 19h (3D/dub/diariamente); Playarte 3 – 12h50, 15h35, 18h20, 21h05 (dub/diariamente), Playar-te 4 – 21h06 (dub/diariamente), 23h46 (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 7 – 14h15,

17h15, 20h15 (leg/diariamente), 23h05 (leg/somente sexta-feira e sábado).

Cinderela: EUA. Livre. Kino-plex 4 – 19h40 (dub/diariamente); Multiplex 2 – 14h, 16h15 (dub/diariamente); Playarte 8 – 15h20, 20h45 (leg/diariamente), 23h10 (leg/somente sexta-feira e sába-do), Playarte 9 – 12h50, 15h15, 17h40, 20h05 (dub/diariamente),

22h25 (dub/somente sexta-feira e sábado),

Golpe Duplo: EUA. 14 anos. Playarte 8 – 13h30, 18h20 (dub/diariamente).

Kingsman – Serviço Secreto: RUS. 16 anos. Playarte 2 – 12h50, 15h20, 17h50, 20h20 (dub/dia-riamente), 22h50 (dub/somente sexta-feira e sábado).

Jessica Alba é “fantástica” em sequência “Quarteto Fantástico e o Surfi sta Prateado”, hoje

GLOBO

SBT

5h - Santo Culto Em Seu Lar5h30 - Desenhos Bíblicos8h30 - Record Kids - Pica Pau10h - Domingo Show 14h30 - Hora Do Faro 18h30 - Domingo Espetacular 22h15 - Repórter Em Ação 23h15 - Roberto Justus + 0h15 - Programação Iurd

5h - Power Rangers – Na Galáxia Perdida6h30 - Santa Missa No Seu Lar7h30 - Sabadão Do Baiano8h30 - Maskate9h30 - Palavra Cantada10h45 - Verdade E Vida11h05 - Pé Na Estrada11h30 - Porsche Cup

4h45 Jornal Da Semana Sbt6h Brasil Caminhoneiro6h30 Planeta Turismo7h30 Vrum8h Chaves10h Domingo Legal14h Eliana 18h Roda A Roda Jequiti 18h45h Sorteio Da Telesena 19h Programa Silvio Santos 23h Conexão Reporter 0h Sobrenatural 1h Rizzola & Isles 2h Crimes Grave 3h Big Bang 3h30 Igreja Universal

RECORD

5h27 - Santa Missa 6h28 - Amazônia Rural 6h55 - Pequenas Empresas, Grandes Negócios 7h30 - Globo Rural8h25 - Auto Esporte9h - Esporte Espetacular (Super-liga Feminina De Vôlei - Rio De

BAND

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Os Vingadores 2 – A Era de Ultron: EUA. 16 anos. A sequência épica do maior fi lme de super-heróis de todos os tempos. Quando Tony Stark tenta reiniciar um programa de manutenção de paz, as coisas não dão certo e os super-heróis mais poderosos da Terra, incluindo Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Hulk, Viúva Negra e Gavião Arqueiro, terão que passar no teste defi nitivo para salvar o planeta. Com o aparecimento do vilão Ultron, a equipe dos Vingadores tem a missão de neutralizar seus terríveis planos. Alianças complicadas e ação ines-perada marcam o caminho para uma aventura épica global. Kinoplex 1 – 15h, 18h, 21h (dub/somente segunda-feira, terça-feira e quarta-feira), 12h15, 15h, 18h, 21h, 23h59 (dub/somente quinta-feira, sexta-feira e sábado e domingo), Kinoplex 3 – 13h, 16h, 19h (3D/dub/diariamente), 22h (3D/leg/diariamente), Kinoplex 5 – 13h30, 16h30, 19h30, 22h30 (3D/dub/diariamente); Multiplex 1 – 15h45, 18h30, 21h15 (dub/diaria-mente), Multiplex 4 – 13h30, 16h15, 19h, 21h45 (3D/dub/diariamente), Multiplex 5 – 15h30, 18h15, 21h (diariamente), Multiplex 6 – 15h, 17h45, 20h30 (3D/dub/diariamente); Playarte 1 – 12h50, 15h15, 18h10, 21h10 (3D/dub/diariamente), Playarte 5 – 14h, 17h, 20h (dub/diariamente), 23h (dub/somente sexta-feira e sábado), Playarte 6 – 14h30, 17h30, 20h30 (leg/diariamente), 23h30 (leg/somente sexta-feira e sábado).

ESTREIA

Janeiro X Osasco - Final)12h - Esquenta13h - Temperatura Máxima - Quarteto Fantástico E O Surfista Prateado15h - Campeonato Carioca - Botafogo X Vasco 17h - Domingão Do Faustão20h - Fantástico22h18 - Superstar23h27 - Tuf - Um Busca De Campeões0h23 - Domingo Maior - Conan, O Bárbaro2h15 - Sessão De Gala - Rio Congelado3h52 - Mentes Criminosas

12h30 - Band Esporte Clube14h - Gol - O Grande Momento Do Futebol14h30 - Futebol 2015 – Ao Vivo17h50 - 3º Tempo19h10 - Sabe Ou Não Sabe20h10 - A Liga21h30 - Pânico Na Band0h15 - Canal Livre1h15 - Como Conheci Sua Mãe1h50 - Show Business – Reapresentação2h40 - Igreja Universal

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COZINHA

Festival de hambúrgueres artesanais termina hoje

Termina hoje o “Manauara Burgers Festival”, primeira edição do festival de ham-búrgueres artesanais reali-zado pelo Manauara Sho-pping em parceria com o evento gastronômico Rota dos Chefs. A estrutura do festival, que acontece das 17h às 22h, está monta-da no estacionamento G8 vermelho, com mesas de madeira e apresentação da banda Band&Donna. O acesso é gratuito e a média de preço dos hambúrgueres varia entre R$ 15 e R$ 20. O Manauara Shopping fi ca na avenida Mário Ypiranga, 1.300, Adrianópolis.

Um total de 12 hambur-guerias de Manaus – Eighty’s Burger, BoraLá, WTF Chef Burger, Dan Burger, Urba-no, Federal Burguer, Barão, Veraneio, Six Burger, Guilher-me Valente, Eddy’s Burger

e Hamburgueria Fofi nhos – irão oferecer opções como sanduíches com hambúrgue-res feitos com pernil e carnes bovinas como costela, cupim e picanha. Destaque, para os molhos com blue cheese e os pães também artesanais.

Durante o evento, que co-meçou ontem, houve diver-sos lançamentos culinários de seus participantes. A Hamburgueria Fofi nhos, por exemplo, apresentou dois novos sanduíches, o “Fofo Relich Polenguinho” e o “Fofo Patrão”. “Vamos aproveitar o festival para oferecer op-ções que ainda não temos em nosso cardápio. Depois do evento, elas vão ser dispo-nibilizadas para nossos clien-tes todos os dias”, explica Thiago Freire, proprietário da Fofi nhos. O público po-derá apreciar ainda cervejas premium e artesanais.

Hamburgueria apresenta “Fofo Relich Polen-guinho” e “Fofo Patrão”

Eliana Jú Lemos, Marcelo Guilherme Pe-reira, Ana Cláudia Ja-tahy, Jussara Pordeus e Giulianne Souza es-tão trocando de ida-de hoje. Amanhã quem aniversaria é Érika Leal. Os cumprimentos da coluna.

Amanhã, Samira Mousse de Carvalho vai ganhar jan-tarzinho intimista do ma-ridão Júnior Carvalho para celebrar mais uma prima-vera, no endereço do Barão do Rio Negro.

Ontem, os fãs da can-tora Márcia Novo ga-nharam de presente um pocket show exclusivo para eles. Márcia, que atualmente mora em São Paulo, está em Manaus para participar da Alvo-rada do Garantido (em Parintins) no próximo dia 30.

Charufe Nasser agendou para o próximo dia 28, sua sessão parabéns, anteci-pando as festividades juni-nas. O lugar escolhido foi o Morada Buff et.

A primeira-dama do Grupo Raman Neves de Comunicação, Iara Cha-ves Raman, estará ani-versariando amanhã. A coluna deseja muita saú-de à bela empresária.

Hoje, às 19h, no Parque dos Bilhares, o Sesc Ama-zonas realiza, com entrada grátis, a Final do Festival de Calouros 2015. Serão entregues R$ 6 mil em prê-mios para os três primeiros colocados, entre os dez fi -nalistas.

Antônia Brito pilota-rá no próximo dia 7, no Fran’s Café, chá benefi -cente para celebrar o Dia das Mães.

Sala de Espera

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Noite de jantar-degustação, no Zefi nha Bistrô: Zamir Musta-fa, Selma Reis e Lídia Mota – em reunião despretensiosa da Confraria dos ChefsJander Vieira

[email protected] - www.jandervieira.com

O UniNorte convida para conferir a inauguração, na próxima quarta-feira, às 15h, dos novos laboratórios da Escola de Ciências da Saúde, incluindo um moderno Centro de Simulação Realística. A solenidade acontece na unidade 1, da Joaquim Nabuco, e contará com a presença do diretor nacional de Ciências da Saúde da Laureate Brasil, Sérgio Timerman.

Descerramento

Queridos leitores, a distribuição de sinal das operadoras da nossa região está um desastre. Durante a semana o sinal – que já não é dos melhores – simplesmente desa-pareceu, deixando os milhares de clientes desesperados. O que se conseguiu foi enviar (por muito insistir) um ou dois “WhatsApps”, uma ou outra curtida no Instagram. As ofertas de internet ilimitadas, ligações-bônus e tantas outras, não existem, creia. É um verdadeiro deboche.

Reclamar para quem?

Para a ala feminina que não dispensa uma bolsa grifada a precinhos convidativos vale a nota: marcas como Dior, Chanel, Louis Vuitton, Prada, Gucci, Salvatore Ferragamo e Fendi estão à venda com lance inicial a partir de R$ 70. De olho nesse mercado promissor, a Dédalo Leilões realiza até amanhã leilão das preciosidades. São 197 peças novas, seminovas e vintage com valores iniciais entre 60% e 90% inferiores aos de varejo no mercado nacional. A venda será realizada por meio da plataforma on-line da Superbid (www.superbid.net) com lances pela internet.

Bolsas de luxo

O Millennium Shopping é só promoção. No período do pró-ximo dia 30 a 14 de junho, os consumidores que efetuarem compras no valor de R$ 150 ou mais, terão direito a cupons para participar da campanha “Amor”, em comemoração ao Dia das Mães e Dia dos Namorados. Serão sorteados quatro vale-presentes no valor de R$ 10 mil (cada) para o cliente gastar como quiser no centro de compras. Que tal?

Atrativo a mais

Menga Junqueira com o festejado chef Paulo Fortu-nato nos domí-nios do Zefi nha Bistrô

Pela relevância nas atividades desempenhadas pelo vice-almi-rante Domingos Savio Noguei-ra, à frente do comando do 9º Distrito Naval, nos últimos dois anos, entidades empresariais do Amazonas promoveram, anteontem, sessão espe-cial em reconhecimento ao comandante que no próximo dia 6 vai repassar o cargo ao vice-almirante Wagner Lopes de Moraes Zamith, que veio do Ministério da Defesa. Na foto: o homenageado Savio, com o anfi trião-empresário Antonio Silva – presi-dente da Fieam, mais Zamith

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