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**-mtmmW~. - - —. ST. SU TisffiÇA. irom-a. a a. ©as Aumia ao-fi© PUBIIGÃO--SE SKIS M MKItOS >l KNSAIdS COM QDATIiO riGUSINOS Dai ultima* Modas de Paria Eli 1, G, 11, ÍO, 21 r 20 dr cAnA mkz ASSIGXA-SK NA I.l VIU BI A UNI VRRS Al, DK E. e II. I.AEM.MKRT rDITOUtS Rua da Quitanda N.° 77 Por um anno IU. 12^, por 6 meiej U#. ESPELHO FLUMINENSE ou SOVO GABUETE DE LEITURA * I*W&.&8 9 5?<i>3S $&&ff 8 <B3H^1B4!»3I>^^ , 58 .??*£* UTILIDADE DOS TOLOS. # « Os tolos sâo a vocação da natureza , seu trabalho de todos os dias, quando ella faz um homem de engenho, perde; sào-lhe precisos dez tolos para ressarcir seus avanços. » Driden's OEdipus. Donde provêm que o mundo mostra tanta acrimonia contra a asneira ? Os tolos formam a base commum da creaçao, e sahem das iriãos de Deus da inesma forma que os maiores homens. Da massa do gênero humano a melhor parte se com- põe de tolos, raça pura: o resto não se distingue d'estes sinão pela mistura de ai- gumas gottas de sabedoria, que bastam precisamente para os impedir de queimar os dedos, e é esta raça cruzada que de ordinário se distingue pelo nome de gente hábil. Porém ainda os mais sábios pagão também seu tributo á fraqueza humana, e ás vezes com tal superioridade de extra- vagancia, que os mais .estúpidos se mara- vilham do excesso de seu absurdo. É em verdade uma dita que assim seja! porque, na falta de alguma enfermidade que os proteja, elles se veriam banidos da hunia- nidade, e rejeitados como indignos do commerçio de seus semelhantes. Um ho mem sem defeitos é um monstro na ordem social; sua presença no mundo daria escan- dalo, como a de um sábio em uma aca- demia, ou de um orangista em um mectlne de quakers,° N'este mundo a asneira é a regra , a ¦ sabedoria não é sinão a excepção; assim o estabeleceu a natureza: queixar-se, é pôr a culpa na humanidade. Toda reclamação contra esta lei é uma verdadeira revolta contra o céo. Esses descontentes revelam ou profunda ignorância de si mesmos, ou pretenções insupportaveis, Pedir a sabedo- ria para todo o gênero humano: singular presumpção! exigência de facciosos que devem, por esta razão, incorrer no des- prezo universal! A Providencia não faz nada de balde: o facto da multiplicidade dos tolos é decisivo; implica sua utilidade, e demonstra claramente que elles constituem, no Estado, uma classe mui respeitável. Por isso as boas cabeças que lem profundado a philosophia não farão difliculdade alguma em reconhecer (em pequena junta, se entende) que todo o edifício social tem por base a asneira do gênero humano. Uma leve dose de bom senso de mais, teria produzido uma perturbação geral, e o homem assim organisado teria sido o fia- gello do globo destinado a recebêl-o. De resto, todo o equilíbrio da sociedade de- pende da simples relação da asneira com a astucia; e, salvo alguns visionários assaz depravados para desejarem como João Jacques, a volta ao estado selvagem, não ha ninguém que não acceite com prazer esta condição, sine quâ non, do systema social. O fito de todo governo é estabelecer uma espécie de caça legal, e, sob a f p- parençia de os proteger contra os caçadores furtivtis, encurralar todos os tolos em vaita d.

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**-mtmmW~. - - —.

ST. SU TisffiÇA. irom-a. a a. ©as Aumia ao-fi©

PUBIIGÃO--SESKIS M MKItOS >l KNSAIdS

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COM

QDATIiO riGUSINOS

Dai ultima* Modas de Paria

Eli 1, G, 11, ÍO, 21 r 20 dr cAnA mkz

ASSIGXA-SK

NA I.l VIU BI A UNI VRRS Al,

DK E. e II. I.AEM.MKRTrDITOUtS

Rua da Quitanda N.° 77

Por um anno IU. 12^, por 6 meiej U#. 7£

ESPELHO FLUMINENSEou

SOVO GABUETE DE LEITURA*

I*W&.&8 9 5?<i>3S $&&ff 8 <B3H^1B4!»3I>^^ , 58 .??*£*

UTILIDADE DOS TOLOS.#

« Os tolos sâo a vocação da natureza , seutrabalho de todos os dias, quando ella fazum homem de engenho, perde; sào-lheprecisos dez tolos para ressarcir seusavanços. »

Driden's OEdipus.

Donde provêm que o mundo mostratanta acrimonia contra a asneira ? Os tolosformam a base commum da creaçao, esahem das iriãos de Deus da inesmaforma que os maiores homens. Da massado gênero humano a melhor parte se com-põe de tolos, raça pura: o resto não sedistingue d'estes sinão pela mistura de ai-gumas gottas de sabedoria, que bastamprecisamente para os impedir de queimaros dedos, e é esta raça cruzada que deordinário se distingue pelo nome de gentehábil. Porém ainda os mais sábios pagãotambém seu tributo á fraqueza humana,e ás vezes com tal superioridade de extra-vagancia, que os mais .estúpidos se mara-vilham do excesso de seu absurdo. É emverdade uma dita que assim seja! porque,na falta de alguma enfermidade que osproteja, elles se veriam banidos da hunia-nidade, e rejeitados como indignos docommerçio de seus semelhantes. Um homem sem defeitos é um monstro na ordemsocial; sua presença no mundo daria escan-dalo, como a de um sábio em uma aca-demia, ou de um orangista em um mectlnede quakers, °

N'este mundo a asneira é a regra , a

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sabedoria não é sinão a excepção; assimo estabeleceu a natureza: queixar-se, é pôra culpa na humanidade. Toda reclamaçãocontra esta lei é uma verdadeira revoltacontra o céo. Esses descontentes revelamou profunda ignorância de si mesmos, oupretenções insupportaveis, Pedir a sabedo-ria para todo o gênero humano: singularpresumpção! exigência de facciosos quedevem, por esta razão, incorrer no des-prezo universal! A Providencia não faz nadade balde: o só facto da multiplicidade dostolos é decisivo; implica sua utilidade, edemonstra claramente que elles constituem,no Estado, uma classe mui respeitável. Porisso as boas cabeças que lem profundadoa philosophia não farão difliculdade algumaem reconhecer (em pequena junta, seentende) que todo o edifício social tem porbase a asneira do gênero humano. Umaleve dose de bom senso de mais, teriaproduzido uma perturbação geral, e ohomem assim organisado teria sido o fia-gello do globo destinado a recebêl-o. Deresto, todo o equilíbrio da sociedade de-pende da simples relação da asneira coma astucia; e, salvo alguns visionários assazdepravados para desejarem „ como JoãoJacques, a volta ao estado selvagem, nãoha ninguém que não acceite com prazeresta condição, sine quâ non, do systemasocial. O fito de todo governo é estabeleceruma espécie de caça legal, e, sob a f p-parençia de os proteger contra os caçadoresfurtivtis, encurralar todos os tolos em vaita

¦

d.

BsiPiitM© msmssimmsm

reserva, aberta ás batidas de alguns caça-dores devidamente aulorisados. Uma com-munidade dc vclhacos sem mistura sedestruiria a si mesma, como duas mós demoinho, si não estivessem separadas pelogrão que esmagam; de outro lado, umanação de tolos seria cm breve presa deseus visinhos. Mas uma sociedade com postade numero igual de tra tan tes e de tolos,com uma feliz mistura d'aquelles que reu-nem, em proporção conveniente, a asneirae atratantice, ficaadmiravelmente dispostapara a manutenção da ordem social, c dasrelações da civilisação.'A asneira é pois,em ultima instância, a fonte de tudo quantoha de brilhante e dc elevado ern toda aorganisaçao social. Sem ella, arriscamo-nos muito a não lermos nem príncipes,nem bispos, nem juizes, nem generaes,nem officiaes de policia, nem constables ,ou, ao menos, si tudo isto subsistisse,haveriam tão notáveis diíferencas enlre oque são e o que teriam sido as cousas, quenão poderiam ter o mesmo nome; seriamdespidas, logo no principio , d esse appa-Fato fastoso que constitue seu orgulho esua alegria: findariam as sinecuras, as pen-soes, os privilégios reversivos, as colôniasproconsulares, e os bourgs pourris, emuma palavra, não haveria mais nada detudo o que eleva o homem acima da besta.Tirae tudo isto, o edificio se desmorona;e entretanto que de astutos personagens,»abusando da credulidade dos simples, vãocondeínnando todos estes privilégios, con-teslão-lhes a utilidade, e os aceusam de$eretn prejudieiaes ao pobre povo. Vamosporém mais longe: tirae a tolice do logarque oecupa no systema intellectual, e ar-ruinareis pela base uma multidão de pro-fissões honrosas, apagaes-lhes até os no-mes* O inundo ficará sendo o tonei deDiogenes engrandecido, e os habitantesnada terão que invejar á miséria e á im-mundicia da Irlanda.

Si á escolha de nossos vestidos presidissesomente o desejo de nos protegermos contraa intempérie das estações, e si nada seconcedesse á vaidade eá ostentação, queviria a ser de nossos alfaiates e de nossasmodistas? L a asneira e a vaidade quefazem d'este commercio uma fonte debem-estara tantos cidadãos honrados, e,si ^ll&s íião fossem, os Stullz e os Herbotcaminhariam de hombros eom um mo-4f#s*o a|gibfèe de aldêa. Dos vinte covados

de seda que minha mulher reclama comonecessários para fazer um vestido de baile,que larga parle é dada á casqutlharia ,com o nome de presuntos, de volantesrecortados, de fofos e dc folhos! E dessamagnífica peça de architectura (1), conhe-cida pelo nome de toucado , que parte tocaá capacidade da cabeça, que lhe supporlatodo o peso? O pinaculo do casteílo deOtranto é o typo primitivo d'e3ta maravi-lhosa disproporçáo. Como o interior deS. Pedro de Rorna, o aspecto d'este enfeitemonumental opprime o espectador de pro-fundo sentimento de temor, e lhe fazcomprehender, tâo vivamente como a mor-le, que não somos nada : Quantula sinthominum corpuscula!

Quanto ás outras necessidades da vida,o beber e o comer, não eslá a asneiramenos bem partilhada. Não que eu sejainsensível às vantagens de uma boa cozinha,ou esteja disposto a degradar os trabalhosdos lides e dosLointier entre as vaidades dasvaidades : longe d'isso , creio firmementena verdade do provérbio que nos ensinaque, no momento em que a divina provi-dencia dava ao homem os fructos da terrae os habitantes dos tres elementos paracom elles carregar sua meza, o demônio,de seu lado, por espirito de malícia e deopposição, lançava no mundo o mais peri-goso dos desmancha-praieres, um ruimcozinheiro. « Aquelle que não se lembrade sua barriga, dizia o doutor Johnson,o oráculo da Igreja, o grande moralista,e o heroe do apophthegma, com muitocuslo poderá pensar em alguma cousa. »A indifferença em matéria de cozinha éum verdadeiro atheismo; é a confusão dobem e do mal, e uma dessas extravagânciaspouco numerosas que são perigosas porsi mesmas e dignas do vituperio universal.Não fallo pois d^queiles manjares deliciosose indispensáveis que constituem o essencialde uma boa meza, mas sim d^ssaslnnume-raveis invenções destinadas a satisfazer osolhos á custa do estômago: os templos ,as flores> os macacos, as montanhas, e\por cima de tudo, a bandeja, monstruosoabuso, cujo volume e immensidade nãosatisfazem sinão o orgulho do fastoso Am-

(i) Alguns toucados sobem insensivelmente, euma revolução os faz descer de repente. Tempo»houve em que sua altura immensa punha a carade uma mulher no meio dc seu corpo.

Motítesq. Lettres pérsanez.

»—'¦» mw i iu.ii— mm, -m».

lESPiffiBfM© iP-í-OTinisfníaysis s

phitryào. Nada de todo esle luxo é útil ao• con for t de um banquete, e no entanto o

hospede que os recusasse a seus convivasse veria em breve reformado. Seria lambemum dia aziago, um dia dc cólera para osvendedores de tabaco aquelle cm que opovo dos curiosos limitasse as precisões doindispensável charuto, e á pitada dc tabaconegro, A loja do perfumista me fornecenovo argumento a favor da tolice : não énem o sabão de Windsor, nem a esco-vinha de dentes, que faz rodar a caleçado mercador, nem que mantém sua casade recreio; é um beneficio das essências,dos atars, dos cosméticos, e dc todo essesupérfluo tào necessário a uma casquilhariasupersticiosa. Paremos entretanto, porquenão seria generoso levar mais longe ademonstração; bem distantes porém estarãode conhecer lodo o proveito da toliceaquelles de nossos leitores que não podemconcluir do particular para o geral: essesnão comprehenderão que, sem seu adju-torio, pereceria o commercio, e que porconseguinte é a tolice o unico sustentaculod'este maravilhoso systema, o orgulho dogênero humano, o epilome de todas asperfeições, o typo de toda moralidade....em uma palavra, a velha Inglaterra!

A utilidade da tolice, nos diversos ramosda lilleratura, deveria ficar como um se-gredo de familia: confessemol-o comtudo;si não fosse ella, não haveriam gabinetesde leitura; si não fossem os gabinetes deleitura, não haveriam romances no gêneroda moda, nem brilhantes poesias, nemmemórias, e, devo dizel-o?nem lUvistas eMagazines, e por conseguinte nem autoreselivreiros. Eis uma tristíssima serie de syllo-gismos. Mas que! a lógica é inexorável:os livros os mais elegantes, e os melhores(estylo de livreiro) são exclusivamente pu-blicados era intenção dos tolos. Si nãofossem estes uteis auxiliares, fallo igual-mente dos autores e dos compradores,cahiriain de envolta as facções litterarias,os partidos politicos , o azedume das dis-cussões , a obscuridade das sciencias , okantismo, o magnetismo animal, a crano-logia, e essas eternas disputas sobre oscereaes e a concurrencia; os fabricantesde papel poderiam fechar seus moinhos,e a milicia dos impressores passaria todaarregimentada ao scsryiço de um patrão denavio. A critica, por seu turno, pereceriabalda de alimentos: apenas se veria appa-

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recer, uma ou duas vezes por século, oin-oclavo coberto de amarello e dc azul (1).A penúria da imprensa quotidiana naoseria menor: a quem se dirigiriam essesartigos de estrondo, e.ssas malcdicenciasescandalosas,.essas insulsas descripções decavalgadas, essas longas columnas encar-regadas de dar valia a tantos velhacos hon-rados, e a tantas interessantes casas dejogo, essas narrações de festas , essasbesbilliotices do servilismo e da hypocrisiasobre os passeios e as façanhas prematurasdos príncipes em menoridade, os lords deserviço, e as ladies do circulo doméstico (2);e, o que é ainda mais, a quem interes-sariam todos esses avisos, esses arrazoadosem estylo poético em honra do champagneessas combinações de esposos por mediação, esses mercadores que fingem retirar-sedos negócios, e esses abatimentos de 50por 0/0 sobre os pannos de algodão? Estamultiplicidade infinita deannuncios prova,,até á evidencia, que debaixo do sol não hapovo mais basbaque do que o povo inglez ,e no entanto não é elle o mais florecentede todos, e não excita sua prosperidade ainveja de seus visinhos, e admiração domundo ?

Que mais quererieis? Todavia, não épreciso um pequeno reforço de tolos para,servir de matéria prima a esses exércitospermanentes que são olhados como osprimeiros elementos dos governos moder-nos. Na verdade, a miséria e a genebra,,estes poderosos recrutadores, não estariam?longe de fornecer, em Alexandres de sei»soldos por dia, o contingente necessáriode victimas da guerra. Imagino porém queseria difficil persuadir a homens de bomsenso, favorecidos da fortuna3 que searruinem em uniformes, e^que troquemseu bem-estar e sua independência pelosimples prazer de se pavonearem com farda^agaloadas, c barretinas forradas, comoos nossos jovens e imberbes porta-estan-dar tes.

A multiplicidade dos tolos é também afonte da prosperidade dos médicos: é àtolice que a medicina deve a metade, pelomenos, das moléstias de que trata, e avoga de seus principaes remédios. As nossasbrilhantes pharmacias são provas irreçu-

¦*¦»

{i ) A Iie\isla de Edimburgo.(2) É assim que se chamam as damas da inti-

midade do rei.

ffisnmíBK-) mwsmmmmsavcisdacredulidadee da fraqueza humana:na rica variedade dos medicamentos queellas ostentam, ha quando muito, meiaduzia dc drogas cujas propriedades justi-ficam o rotulo; as outras são meios inno-centes de surprehender os papalvos: mui-tissimas vezes também são verdadeirosvenenos positivos ou negativos, nas mãosd'esses empíricos contra os quaes reclamamincessantemente os collegios e as corpora-ções, posto que, a fallar a verdade, nemsempre os peiores charlatães se encontramentre ospraxistas sem diplomas. De resto,não ha duas cousas mais difíerentes entresi do que o oííicio e a profissão de medico,a sciencia e a industria: uma se dirige ásmoléstias do padecente , a outra a seuscaprichos. O sábio se instrne dissecandoos mortos; o industrioso se enriquece ta-lhando òs vivos. Si á lisonjaria e a maledi-cencia elle junta uma boa dose de hypo-crisia, e si prova a sua competência em

-" medicina por seus progressos em theologia,está feita a sua fortuna. Os tolos se lhepertencem de direito: é a sua clientelaobrigada, e a fortuna lhe sorri, emquantoqué o erudito, de posse de tratar dos sa-bios, vive magramente, graças â sua abs-tinencia, e morre na miséria. Nos pro-cessos.... mas para que fallar de processos?Aíndulgencia é intempestiva em semelhantematéria, os excessos n'ella são demasiadograves: demais, são somente os tolos quese lançam voluntariamente nas garras dachicana. Além d'isso, processos e jogosde azar orçam pela mesma cousa: ora, naespécie, os dados e o copo são ainda oque ha de melhor; poder-se-hia, seminconveniente, substituil-os aos proces-sos (1). -

Em politica* é inapreciavel a utilidadedos tolos: si a innuineravel legião dostolos se não interpozesse incessantementeeiítre os chefes de partido, estes se tocariamde tão perto, que todas as questões, deuma maneira ou de outra, seriam forço-samente resolvidas sem demora, e o mundoperderia o divertimento de seus interoii-naveis debates. Si os tolos não se tivessemitotromettido, teríamos nós o agradávelpassatempo do club de Brunswick, assem-bíéa-modelo, nobre flor d'esses Bretõesque tem a singular pretenção de tomarem

(1) Assim fazia o Bridoie de Rahelais, e deu-seein durante quarenta annos. Vide Pantagraeb

o largo, e de navegarem sem piloto? Semo auxilio d'esscs provedores da alegria *

publica, teríamos sido privados da engra-cada correspondência do duque de New-caslle com lord Renyon, a qual, inde-pendentemente de seu valor politico, tema singular vantagem de dar, por umaexperiência psychologica, a medida exactada estupidez humana, da qual até ao pre-sente se nào tinha sondado toda a profun-deza. Si não fosse esta indiscreção, aindase estaria procurando a ultima palavra doorangismo. Mas devemos parar, por issomesmo que nem trinta volumes in-folioesgotariam a matéria.

Considerando as immensas vantagensda tolice, c os desvelos da Providencia,que, em suainexhaurivel bondade, renovaincessantemente a raça dos tolos, somosnaturalmente levados a suppôr que suacondição pão é despida de gostos, e o factojustifica esta presumpção. Com effeito, nãoha homem que vivar tão satisfeito de simesmo como seja um tolo perfeito. É otriste privilegio da rasão revelar-nos a ricavariedade de nossas misérias, e o nadados bens que a humanidade persegue comseus desejos. A mais alta capacidade dasabedoria é alcançar essa paciência estoicaque se resigna a soffrer os males da vida,pela convicção de sua necessidade. Otolo, pelo contrario, não suspeita nada detudo isso.

A perda do espirito, disse o trágicogrego (1), torna a vida mais doce, e é,de todos os males, aquelle que menospenas engendra. Champfort observa comjusteza que a natureza, tomando dó denossa sorte, nos livra do fardo da vidalogo que as paixões cessão cie cegar-nossobre as misérias que apoquenlão a huma-nidade. Quem de nós ouviu nunca dizerque um tolo se suicidou ou commetteu>algum desses crimes que nascem dá-enrr-gia do sentimento? Os Francezes, antesda revolução .tinham da nossa philosophiauma idéa muito subida, porém exagerada,e essa opinião errônea explica e justificaoutro preconceito que elles tinham adop-tado acerca de nossa tendência á melan-colia. De certo, seria uma feliz mistura ada ^ sabedoria e da tolice, mas que não éfácil realisar. Não são também os quakers,tão citados por seu bom senso, e por suai >mttmmm**smmmmmmWmsm*mmiMmsammmmmsmmmmmsm^^^^^^—^^^-—————^.^^^^^^^^'^^l^lfsmmsfsWmWmm^ ¦

(1) SOPHOCLES. AjaX,

S-SaPEM:© WMtWSim^Sm &

sabedoria pratica, os mais tristes c os maisinsipidos de todos os mortaes? Os vossoshomens dc engenho nao se riom sinãoem oceasiões opporlunas; um tolo, pelocontrario, ri-se em toda parle, ri-se detudo, ri-se de nada. Os nossos antepas-sados, cuja sabedoria passou em provérbioe nâo é posta em duvida sinão por velhosjacobinos e radicaes incorrigiveis, recor-riam a tolos de profissão que faziam osgastos de sua alegria. Era uma raça dema-siado grave, demasiado sisuda, para serir de mota próprio; e nós, que, paranossa segurança, nunca deveríamos darum passo sinào sob a fé de nossos ante-passados, em vez de os imitarmos, faze-mos nós mesmos os nossos negócios, eenlretemos nossa alegria, rindo-nos infi-nitamente de nossos bons ditos, e dastolices de nossos visinhos. O dispensadorsoberano bem mereceu da nossa especie,multiplicando os tolos, e limitando o nu-mero d'esses fanaticofc que não podem versem indignação o triumpho dos màos, eque se desesperam do aspecto das misériashumanas.

Defender a tolice é pois um acto devirtude, e denuncial-a é um crime de lesa-natureza e de aíla traição para com oEstado. Aquelle que despreza (1) o lordcamarista não pôde amar o seu rei, e otemerário que escarnece da cabelleira deum bispo caminha pela estrada do atheis-mo. Desdenhar o pedanlismo é um casolão grave como o de subscrever para auniversidade de Londres (2), e gracejar desir Thomaz Letlibrige é descer ao niveldos conspiradores de becco. À superiori-dade da tolice sobresahe d'este faclo, queos maiores gênios ás vezes maravilham-sepor fazer d ella uma salvaguarda, e o quenào é menos digno do reparo é que osnossos grandes senhores, que graças á suafortuna e á sua nobreza, podem escolhero seu circulo, chamam raras vezes paraa sua intimidade altas capacidades inlellec-fÇl) Qui méprise Coitin n'eslime pas son roi,

Et na, selun Coitin, ni Dieu, ni foi, ni loi.B01I.EAU.

(2 ) E sabido qne Londres esteve, alé estes ullimosannos, sem meios de inslrurçào que lhe fossempróprios. Koi para remediar este inconveniente qneMv Brongham e alguns ontros provocaram o esla-belecimcnto da Universidade de Londres, concebidasobre um plano plnlosopbico, e por isso mesmointeiramente diffcrente do de Oxford c dc Cam-bndge.

tuaes, e outorgam uma preferencia mani-festa aos espíritos da mais baixa esphera.Si por uma vaidade desarrasoada, algumdc entre elles ambiciona a lama de homemengenhoso, e tem a lembrança de fran-quear sua casa aos litteràtos, aos sábios,aos pensadores, sua escolha ordinária-mente recahe sobre algum charlatão, so-bre algum remendüo de ferros velhoslatinos, ou sobre alguma cabeça pesada,cuja tolice natural terá sido revelada peloestudo (1). O homem de merecimento ,que quer ter adiantamento no mundo ,deve oceultar com grande cuidado suasuperioridade; si tem a imprudência dea deixar transluzir, excita immediatamentea desconfiança e ódio. Suppocm-o descon-tente do que vê; por consequencia, de-claram-o perigoso: por isso, confessemol-ofrancamente, não são os simples dé espiritoque transtornam o mundo, mas sim essesmalditos philosophos, raça de perversos,odiada dos deuses e dos homens. Sua pene-tração é malevolencia, e seu saber desleal-dade. Si não tivessem havido grandes ho-mens em França, o mundo não leriagemido sob a oppressão de Napoleao , eesta nação teria gozado sem intermittenciado regimen doce, sereno e pàternal quedevia á Providencia. Assim poi$, não nosdevemos maravilhar si os governos os maissábios se applicão, de propósito deliberado,a ganhar as boas graças dos tolos. Foi emintenção d'elles que forain estabelecidas asceremonias as mais custosas, e que serepresenta a grande e ruinosa comediado governo representativo : si só se houvessede consultar homens de senso, não haverialogar para todos esses longos debates, essas *fastidiosas explicações dos arengueiros mi-nisteriaes, e se pouparia a pena de pagaros votos de um parlamento. O sic volo, sic

jubeo, de Wellington responde a tudo, tãobem como um gabinete responsarei, estaoutra burla que os tolos tomam boamentepor uma garantia. A diplomacia mesma,e todo o código internacional, que outracousa são em realidade sinão um sacrifíciode deferencia feito á tolice universal? Estaconsideração nos revela quanto é philoso-phico o celebre axioma de Oxenstiern,que proclama a cxcellencia dos tolos para

(1) Tris. La sotlise chez i'un se montre toute purcGlit. Et 1 étude cliez lautre ajoule à Ia nature~

Molière. Femme» Savanies»,

<s mspmsM® WMvmmmmm

ministros. Com effeito, elles sympathisãocom o publico cujos negócios dirigem, eo publico sympathisa com elles: o instinctoda tolice os impelle, sem esforço, ás me-didas as mais appropriadas ás necessidadesda maioria. Nunca a alta capacidade desuas concepções perturba a ordem decousas estabelecida; o mundo com ellespôde seguir em paz sua marcha costumada,sem se arrecear d'esses violentos abalosque põem em jogo a reflexão e a intelli-gencia à custa da digestão. O rei Jacques,o mais paUta de todos os reis, manteve oesplendor de seu throno durante longosannos, e lançou os fundamentos d'essaprosperidade sempre crescente que collocoua Inglaterra na frente da civilisação euro-péa, emquanto que Frederico, Luiz XIV,Francisco I, Carlos V, com todo o seugênio, guerreando sem interrupção, tingi-ram suas mãos com o sangue de seussemelhantes, e fizeram a desgraça de seussubditos.

. Vós pois que ledes estas paginas, si arazão não é o que vos convém, si sois maisdigno de Bedlamdoque de Athenas, tomaesem hesitação o vosso logar entre os privi-legiados da sociedade: marchae de cabeçalevantada, e subi sem pejo ao posto o maiselevado; desprezae, como se deve fazer,esses homens presumpçosos que se vanglo-riam de sua superioridade intellectual, ese repu tão insolentemente melhores queseus visinhos, porque são mais sábios, eporque não partilham os preconceitos deseu século. Excite o talento vossos clamores,e o gênio vossos desprezos; decidi que asciencia é boa para os villões e para a*plebe, e sobretudo, tanto quanto se estendeo vosso patronato, arredae com grandecuidado dos empregos e das distineções ,que não são feitas para elles, essas espéciesde indivíduos tão olvidosos da decência ,que não são ou pelo menos parecem ver-dadeiros tolos.

(Nem Morithly Magazine.)£f/''í

~Çr§ÇiSSBm

UMA HESPAMOLA EM PAR1Z.1702.

----Oh! que bella moça!... Quanto maisa considero, mais suas feições me fazemlembrar as da marqueza de Estiva, queconheci egi Madrid, haí alguns mezes, eque estava loucamente namorada d'esse

fatuo de Lauzun, addido á nossa embai-xada.... Por S. Denis! não a perderei devista sem ter esclarecido todas as minhasduvidas.

Este monólogo tinha logar, em uma noilede Natal, n'uma das capellas lateraes de N.Senhora, e o autor d'ellc, encostado indo-lentemenle à parede, se abandonava semdiscreção á sua extutica admiração, esque-cendo a santidade do logar, e os olharesde cólera cias velhas devotas que escanda-Usava.... Seu trajo, de apurado gosto, sefazia notar por uma excessiva profusão defitas, e fácil era reconhecer aquelle que otrazia como um taful da corte de Luiz XIV:era M. de Livry, capitão das guardas dorei. Moço, e de rosto agradável, ao qualuns bigodes pretos graciosamente retorcidosdavam uma apparcncia de gravidade mar-ciai, o capitão contava brilhantes façanhasjunto das damas, e tinha chegado a pontosde pensar que nenhuma mulher podia terbastante virtude para lhe resistir. Seu gêniocavalheiresco, aventuroso, lhe fazia buscartudo o que parecia extraordinário, e todosos meios, mesmo os reprovados pelas leisde uma delicadeza rigorosa, eram-lhebons,com tanto que o conduzissem a seu fim.Com semelhante systema-* segundo dizia,elle tinha sido constantemente bem suecedido, e não curava de renunciar a elle.

A moça que era o objecto de suas reflexões parecia absorta em religiosa meditação,porque sua cabeça estava inclinada, suasmãos postas, eera tão completa sua immo-bilidade que parecia uma estatua; a pai-lidez de sua testa, e a alvura deslumbrantede seu rosto sobresa liam adrniravelmentesobre vestidos de côr sombria, e cuja ex-trema simplicidade constrastava com a ele-gancia de seu talhe. Pelo perfil oval desuas feições, por seus cabellos pretos elustrosos, pela fôrma original de seu nariz,tel-a-hiam tomado por uma d'essas bellas.cabeças que não se encontram sinão nasprovincias da Andaluzia ou da Galiza.

M. de Livry a estava contemplando semfazer um movimento, quando os sons doórgão, misturando-se com a voz angélicados meninos do choro, se elevaram derepente, graves e solemnes, para a abobadada immensa cathe&ral. Â dama ergueubrandamente a cabeça; seu olhar, cheiode calma religiosa, se fitou n'uma imagemda Virgem, collocada defronte d'ella, e ocapitão pôde ver como um raio de ineffavel

iespeimbi© immmmsssmfelicidade illuminar-lhe o nobre rosto ;depois ella recahiu no mesmo recolhi-mento.

M. de Livry, que aguardava o fim dooííicio para a ver de rnais perto, se achougrandemente contrariado quando chegouesse momento , porque a dama cobriua cara com um longo véo prelo, cujo tecidobastante compacto a encobriu inteiramenteàs vistas dos curiosos. Ella sahiu da igrejae se encaminhou sozinha, sem comitiva esem liteira, a través da multidão que enchiao adro da igreja.

Então nao c a marqueza, disse ocapitão comsigo, e no enlanlo esta seme-lhança.... Não importa, sigamol-a....

E precipitou-se em seu seguimento.As esporas deM. de Livry resoavam sobre

as lages, e a joven mulher, assustada d'csteruido que parecia seguil-a com obstinação,apressou o passo e se achou em poucotempo no angulo da rua S. Paulo, diantede um hotel cuja porta abriu, e tornoua fechar com violência depois de estardentro.

Diabo! disse M. de Livry, que searrependia de não a ter abordado. Que! estaaventura acabaria já?...

Depois encostou-se á porta da casa queficava fronteira.O hotel diante do qual elle se achava era

ornado de relevos e de esculpturas gothicasmutiladas pelo tempo; n'elle pareciamreinar o silencio c a obscuridade a maisprofunda; porém nao tardou que umajanella do primeiro andar se não illumi-nasse fracamente, e a sombra de uma mu-lher se desenhou nos cortinados, posto quede um modo informe.

Não ha duvida nenhuma que foi allique ella entrou, disse comsigo o capitão.

Approximou-se então ao velho edifício,examinou attentamente a janella, e, depoisde ter medido com os olhos a altura ap-proximativa, deixou escapar algumas pala-vras de satisfação:

Optimamenle!... uma sacada de bordabastante estreita, e caxilhos cie chumbo....Com minha escada, chegarei facilmenteá janella, e meu punhal fará o resto....

M. de Livry desenrolou uma escada deseda muito fina, porém engenhosamentetrabalhada, e que em uma de suas extre^midades tinha dous ganchos de ferro. Es-queci-me de vos dizer que elle nunca sahia

de noite sem levar comsigo este pequenoapparelho dc seducçao.- ü'ahi a pouco a janella tornou a ficar

escura; depois de um quarto de hora dcexpectação que passou a passear pelo cáes,para aquecer seus pés dormentes, o capitãolançou destramente sua escada e subiu....Chegando á sacada, cortou com a laminade seu punhal o chumbo de um dos vidrosda janella, passou a mão pela abertura epuxou o fechinho que retinha as duas meiasportas. Empurrou então a janella, que seabriu sem ruido e sem esforço, e se achoun'um vasto aposento cuja mobilia nova eelegante contrastava com as obras de ma-deira negras e esculpidas que cobriam asparedes e o tecto. Defronte d'elle eslavauma porta, á direita uma vasta chaminé,na qual ardiam alguns tições que derrama-vam na sala sua vacillante claridade, e áesquerda uma alcova semi-oceulta por umaarmação de seda escarlate, e fracamenteallumiada por uma alampada. Depois dealguns momentos de hesitação, approxi-mou-semansamente da alcova; n'ella estavarepousando uma mulher, coberta de longoroupão branco, que só lhe deixava ver orosto. Elle a reconheceu, e seus olhosreceberão tal impressão da serenidade querespirava sobre sua bella physionomia, quenão ousou fazer um movimento.... sentiacomo uma espécie de remorso de sua acção,e em sua alma parecia dar-se um combateinterno.... Ia talvez retirar-se, quandoouviu um ruido de passos no pateo, e oranger de uma chave na fechadura; e aporta se abriu.... Elle só teve o tempo dese esconder atraz de um genuflexorio collo-cado no fundo da alcova. O homem queacabava de entrar se adiantou com precau-ção, e o capitão reconheceu M. de Lauzun.

Não ha mais duvida, disse comsigo , éa marqueza de Estiva.

Mas suspendeu suas reflexões para ob-servar.

M. de Lauzun parou junto do leito ,chegou a alampada ao rosto da marquezapara se certificar si estava dormindo, edepois conlemplou-a em silencio. N'essemomento, sem duvida, a joven mulherestava sonhando, porque sua testa acabavade se colorear de vivo rubor, seus lábiosestremeciam e deixavam escapar como umasupplica misturada de palavras de amor ede felicidade. ^

Meu Deus! dizia ella, fazei com que

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«

o isiPiiH© wMmmTmmelle me ame sempre como eu o amo, cminha bocca se abrirá todos os dias paravos abençoar! j^-.

M. de Lauzun estava visivelmente com-movido; debruçou-se mansamente, e ap-plicou um beijo nos lábios da marqueza,a qual abriu os olhos, e, vendo-o juntoa si, descobriu dous braços de uma alvurae de uma perfeição admiráveis, e com ellesenlaçou o pescoço de seu amante.

— Ah! sois vós, meu bello Lauzun!disse-lhe ella com uma expressão de ternagratidão.... como sou dilosa por ver-vos!...Sabeis que fui orar esta noite, orar paraque Deus me conserve o vosso amor?...

E fitava n'elle um olhar cheio de paixão.:—Sois um anjo, do qual temo não ser

nunca digno, respondeu-lhe elle, porquepor amor de mim vos arrancastes á socie-dade de que ereis o mais bello ornamento,porque me sacrificastes fortuna, famiíia,pátria. *v.— Que é isso! disse ella em meia voz,c com um sorriso encantador; que é issoem comparação da felicidade que todos osdias me trazeis ? Que me importão as honras*que me importa a fortuna?... Viver obscura,mas ser amada de vós, amada sempre.... étudo o que dezejo.

—Sim, sempre.... dora em diante serásminha única paixão, porque eu seria irí-fame e cruel si te enganasse!...

(Continua.)

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O URSO D A NÇ ADOR.(Do alleinão dc tivllcrk)

Üm felpudo guerrilha (urso malreiroLhe chamavam camponios)

Nas selvas de Kozlov outrora havia.D astutos caçadores, d armadilhas

Zombara largo tempo :Mas, o que é fortuna! acaso, ou nada.Um dia, quando menos tal pensava,Dos pés lhe foge o chão: eil-o amarrado.

E amarrado ira o menos,Sc por ahi nâo passa um lal Bohemio,

Qne promelle compral-o.

Lá vai o; pobre : a cá ino, e acorrentadoA cidade o conduzem ,

Onde, á força de páo, a dança aprende,E deslrezas sem conto.

jV v.'V:'í '¦¦yy-.-.-y,;:' ."'¦.* .* .¦¦7"'»".,-'• "¦**¦ • ' ' .7"£'"? ¦ -' '¦'•"•

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Arrastando a corrente, olhava o miseroA selva a verdejar lá, tào distante!Mordia os ferros, c.... ficava preso ,Mas também a desgraça teni seu termo.Tanto fez oacoitado, que , em fim, poude

Cobrar a liberdade.

Que folia entre os seus! que de cariciasPer onde elle passava lhe faziam !Abriam claro ao vel-o aproximar-se;Mil queslões lhe propunham; mudos eram

Quando elle falia va.«Que viste? um lhe dizia : —» Que aprendeste« Com os homens9 lhe perguntava um outro.

« Muitas cousas eu vi; aprendi muitas:(A uns , a outros respondia o urso).« Sei dançar como o homem.... — « Que mentira !

(Lhe volve um invejoso).o Alio lá, camarada! eu vol-o mostro.

E dito e feito: o bicho se empertiga :E eil-o a valsar que é goslo vel-o.

— « Pois é islo, o que sabes !« Outro tanto faço eu, sem que aprendesse.

E querendo imilal-o,No chão, com todo o garbo, se espichara.Esfregando as costellas se levanta:Baixo, em cólera, aos companheiros faliaDWarle: « Vede-o vós! quanto era estúpido

« Antes de viajar!!« Agora quererá ser rei; mandar-nos

« Por um pouco que sabe.« Soffrel-o-hemos nós? dc que nos serve

« Um bobo na floresta,« Sc bobo só pretende ser este urso ?!

« Haveis muita razão! (gritara a turba)« Mudaram seus costumes;o Não é mais dos nossos.

« Se aprendeo cum os homens torne a elles I!Tu, que viajas, quando á pátria tornes,

Se modesto nas f a lias.Não cales teu saber! seria um crime !!Mas se a inveja te falia vai com ella.Não se pódc soífrer um sábio mesmo

Repassado de orgulho.Vicente Pereira Carvalho Guimarães.

CHARADA.Duas somos, entretantoEu vivo sem companhiah côr dc meu dia, a noite :É côr da noite, o meu dia.

CONCEITO*

Quem na sualmaFeliz me tem,Tào puro bemDcsfrucla mesmoNa multidão.

Mas ao contrarioQuem hade achar-me,Mesmo a huscar-mcLá bem no centroDa solidão?

^A. J. de A,

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A significação da l.a Charada inserta no numeroantecedente é: Serpente; e da 2.* Sofa\

Uio de Janeiro, 18/<3. —Typographia Unifoisal de UE1ÍMERT,rua do l.avrudio, 53.