eleições 2014 - 28 de setembro de 2014

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Especial MANAUS, DOMINGO, 28 DE SETEMBRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019 Eleições 2014 Eleições 2014 Especial FALA, POVO “Tenho acom- panhado os resultados das últimas pesqui- sas eleitorais, mas elas não vão mudar meu voto. Estou decidido” Douglas Araújo, 23, fiscal “Saber quem está na frente nas pesquisas e quem não está não muda a minha deci- são sobre meu candidato” Célio Santiago, 42, fiscal Você acredita nas pesquisas de intenções de voto? FOTOS: RAIMUNDO VALENTIM “Acho que essas pesquisas de intenções de votos são manipuladas. Eu vejo os resul- tados pela TV, mas prefiro não acreditar neles” Taís Oliveira, 23, vendedora “Vejo as pesqui- sas apenas para acompanhar o desempenho dos candidatos na campanha eleitoral. Mas acredito que os resultados não são 100% reais” Ivone Martins, 25, cabeleireira “Não acredito nestas pesqui- sas de intenções de voto. Para mim, o que vale é o resultado nas urnas. Elas não mudam em nada a minha opinião” Maikon Silva, 26, vendedor Pesquisas aquecem a reta final da campanha eleitoral A uma semana do 1º turno das eleições, candidatos se apegam aos números das pesquisas e miram nos indecisos E m cada resultado divul- gado na TV, no rádio ou na internet, acende a luz verde ou amarela para os candidatos. É assim a campanha eleitoral, com as pesquisas de intenções de votos, feitas por empresas es- pecializadas. Para o eleitor, o sobe e desce das estatísticas de opinião serve apenas para ele acompanhar o desempenho de seu candidato até o dia 5 ou 26 de outubro (primeiro e segundo turnos, respectiva- mente). Mas para quem tra- balha com marketing político e estratégia, essas pesquisas são mais que números: são dados valiosos que servem de diretrizes para se chegar até os eleitores indecisos e também garantir até o dia da eleição o voto daqueles que já se consideram decididos. O empresário Durango Du- arte, da empresa Perspectiva, que trabalha há 25 anos neste ramo, explica que as pesquisas de intenções de votos refletem a performance dos candidatos em contato com os eleitores. Para quem está no front, tra- balhando para que o candidato seja eleito, os números mos- tram o que deve ser aprimo- rado ao longo da campanha eleitoral, que dura pouco mais de três meses. “As estatísticas não mentem e podem virar pelo avesso a estratégia de campanha política”, alertou. As pesquisas, disse Durango, além de apontarem os rumos da campanha eleitoral, são ferramentas também para motivar os correligionários, as pessoas que caminham ao lado do candidato e estão sempre presentes nos comícios e ca- minhadas. “Uma pesquisa com resultados positivos, por exem- plo, deixa os militantes felizes e agitados. Mas, se os números forem negativos, pode ocorrer um certo descontentamento”, acrescentou. Grandes empresários que in- vestem em campanhas políti- cas também usam os números das pesquisas eleitorais para determinar em qual candidato irá investir mais. “A pesquisa não é capaz de mudar o voto, mas tem um papel estratégico muito importante”, ressaltou o empresário. Capital e interior De acordo com o professor universitário e sócio da empre- sa de pesquisa Action, Afrânio Soares, Manaus representa 55,4% da concentração total de eleitores no Amazonas, o restante está nos municípios do interior. Para desenvolver uma pesquisa séria de intenções de votos em todo o Estado, é preciso montar uma grande es- trutura de pesquisadores para percorrer, simultaneamente, no mínimo 15 municípios. A pes- quisa é feita em dois dias, por meio de um sistema informati- zado de coleta de informações. “O trabalho do pesquisador é árduo. Ele não vai até uma praça e conversa com várias pesso- as. Ele vai de porta em porta, aborda os moradores e aplica um questionário com perguntas específicas, as quais geram um resultado preciso”, explicou. Segundo Afrânio, entre 2 mil e 3 mil pessoas são pes- quisadas durante uma coleta de intenções de voto. Como por exemplo, na última par- cial, divulgada pela Action, este mês, foi divulgado que o candidato Eduardo Braga (PMDB) aparece à frente do governador José Melo (Pros) e do deputado estadual, Marcelo Ramos (PSB). Para o professor, as pesqui- sas de intenções de voto não servem de parâmetro para o eleitor decidir seu voto na urna, porém, sem elas, é im- possível pensar em uma cam- panha vitoriosa. Decididos Nos dias que antecedem as eleições, pelo menos 80% dos eleitores estão decididos em quem irão votar, por isso, as pesquisas de boca de urna têm resultados mais próximos da realidade. Os 20% restantes decidem o voto momentos antes da votação. Uma pequena parce- la, cerca de 3%, representa o “voto útil”, ou seja, os eleitores indecisos que votam nos can- didatos que estão vencendo ou perdendo. “As pesquisas refletem a vontade do eleitor, mas tudo pode mudar à medida que o candidato altera seu discurso político, melhora as suas propostas”, afirmou. A pesquisa não é capaz de mudar o voto, mas tem um papel estratégico muito importante”, ressaltou o empresário Durango Duarte, empresário - Perspectiva Nas ruas, há quem diga que as pesquisas de inten- ção de voto não refletem o sentimento do eleitor. Para a estudante universitária Da- niela Caetano, 21, os resul- tados são manipulados em favor de certos candidatos, por isso, prefere não acredi- tar nos números divulgados pela mídia. “Eu decidi meu voto com base nas pro- postas que meu candidato apresentou. Lamento que muita gente acredita que pesquisa ganha eleição e acaba acompanhando uma falsa tendência”, afirmou. Já a cabeleireira Ivone Martins, 25, e o marido Sílvio César, 25, disseram que têm acom- panhado as últimas pes- quisas, porém, os números servem apenas para saber quem está melhor nas in- tenções de voto. “Estas pesquisas são apenas ter- mômetro e não me influen- ciaram para escolher o meu candidato”, afirmou. Voz das ruas podem não refletir o voto nas urnas FOTOS: DIVULGAÇÃO ELEIÇÕES 2014 - 01.indd 1 26/9/2014 22:36:19

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Eleições 2014 - Caderno especial do jornal Amazonas EM TEMPO http://www.emtempo.com.br

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MANAUS, DOMINGO, 28 DE SETEMBRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019

Eleições 2014Eleições 2014Espe

cial

FALA, POVO“Tenho acom-panhado os resultados das últimas pesqui-sas eleitorais, mas elas não vão mudar meu voto. Estou decidido”

Douglas Araújo, 23, fi scal

“Saber quem está na frente nas pesquisas e quem não está não muda a minha deci-são sobre meu candidato”

Célio Santiago,42, fi scal

Você acredita nas pesquisas de intenções de voto?FOTOS: RAIMUNDO VALENTIM

“Acho que essas pesquisas de intenções de votos são manipuladas. Eu vejo os resul-tados pela TV, mas prefi ro não acreditar neles”

Taís Oliveira,23, vendedora

“Vejo as pesqui-sas apenas para acompanhar o desempenho dos candidatos na campanha eleitoral. Mas acredito que os resultados não são 100% reais”

Ivone Martins,25, cabeleireira

“Não acredito nestas pesqui-sas de intenções de voto. Para mim, o que vale é o resultado nas urnas. Elas não mudam em nada a minha opinião”

Maikon Silva,26, vendedor

Pesquisas aquecem a reta fi nal da campanha eleitoralA uma semana do 1º turno das eleições, candidatos se apegam aos números das pesquisas e miram nos indecisos

Em cada resultado divul-gado na TV, no rádio ou na internet, acende a luz verde ou amarela

para os candidatos. É assim a campanha eleitoral, com as pesquisas de intenções de votos, feitas por empresas es-pecializadas. Para o eleitor, o sobe e desce das estatísticas de opinião serve apenas para ele acompanhar o desempenho de seu candidato até o dia 5 ou 26 de outubro (primeiro e segundo turnos, respectiva-mente). Mas para quem tra-balha com marketing político e estratégia, essas pesquisas são mais que números: são dados valiosos que servem de diretrizes para se chegar até os eleitores indecisos e também garantir até o dia da eleição o voto daqueles que já se consideram decididos.

O empresário Durango Du-arte, da empresa Perspectiva, que trabalha há 25 anos neste ramo, explica que as pesquisas de intenções de votos refl etem a performance dos candidatos em contato com os eleitores. Para quem está no front, tra-balhando para que o candidato seja eleito, os números mos-tram o que deve ser aprimo-rado ao longo da campanha eleitoral, que dura pouco mais

de três meses. “As estatísticas não mentem e podem virar pelo avesso a estratégia de campanha política”, alertou.

As pesquisas, disse Durango, além de apontarem os rumos da campanha eleitoral, são ferramentas também para motivar os correligionários, as pessoas que caminham ao lado do candidato e estão sempre presentes nos comícios e ca-minhadas. “Uma pesquisa com resultados positivos, por exem-plo, deixa os militantes felizes e agitados. Mas, se os números forem negativos, pode ocorrer um certo descontentamento”, acrescentou.

Grandes empresários que in-vestem em campanhas políti-cas também usam os números das pesquisas eleitorais para determinar em qual candidato irá investir mais. “A pesquisa não é capaz de mudar o voto, mas tem um papel estratégico muito importante”, ressaltou o empresário.

Capital e interiorDe acordo com o professor

universitário e sócio da empre-sa de pesquisa Action, Afrânio Soares, Manaus representa 55,4% da concentração total de eleitores no Amazonas, o restante está nos municípios do

interior. Para desenvolver uma pesquisa séria de intenções de votos em todo o Estado, é preciso montar uma grande es-trutura de pesquisadores para percorrer, simultaneamente, no mínimo 15 municípios. A pes-quisa é feita em dois dias, por meio de um sistema informati-zado de coleta de informações.

“O trabalho do pesquisador é árduo. Ele não vai até uma praça e conversa com várias pesso-as. Ele vai de porta em porta, aborda os moradores e aplica um questionário com perguntas específi cas, as quais geram um resultado preciso”, explicou.

Segundo Afrânio, entre 2 mil e 3 mil pessoas são pes-quisadas durante uma coleta

de intenções de voto. Como por exemplo, na última par-cial, divulgada pela Action, este mês, foi divulgado que o candidato Eduardo Braga (PMDB) aparece à frente do governador José Melo (Pros) e do deputado estadual, Marcelo Ramos (PSB).

Para o professor, as pesqui-sas de intenções de voto não servem de parâmetro para o eleitor decidir seu voto na urna, porém, sem elas, é im-possível pensar em uma cam-panha vitoriosa.

DecididosNos dias que antecedem as

eleições, pelo menos 80% dos eleitores estão decididos em quem irão votar, por isso, as pesquisas de boca de urna têm resultados mais próximos da realidade.

Os 20% restantes decidem o voto momentos antes da votação. Uma pequena parce-la, cerca de 3%, representa o “voto útil”, ou seja, os eleitores indecisos que votam nos can-didatos que estão vencendo ou perdendo. “As pesquisas refl etem a vontade do eleitor, mas tudo pode mudar à medida que o candidato altera seu discurso político, melhora as suas propostas”, afi rmou.

A pesquisa não é capaz de mudar o voto, mas tem um papel estratégico

muito importante”, ressaltou o empresário

Durango Duarte, empresário - Perspectiva

Nas ruas, há quem diga que as pesquisas de inten-ção de voto não refl etem o sentimento do eleitor. Para a estudante universitária Da-niela Caetano, 21, os resul-tados são manipulados em favor de certos candidatos, por isso, prefere não acredi-tar nos números divulgados pela mídia. “Eu decidi meu voto com base nas pro-postas que meu candidato apresentou. Lamento que muita gente acredita que

pesquisa ganha eleição e acaba acompanhando uma falsa tendência”, afi rmou. Já a cabeleireira Ivone Martins, 25, e o marido Sílvio César, 25, disseram que têm acom-panhado as últimas pes-quisas, porém, os números servem apenas para saber quem está melhor nas in-tenções de voto. “Estas pesquisas são apenas ter-mômetro e não me infl uen-ciaram para escolher o meucandidato”, afi rmou.

Voz das ruas podem não refl etir o voto nas urnas

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‘A vida cobra coragem do Judiciário’, diz ministra Ao lado da ministra Cármen Lúcia, desembargadora Graça Figueiredo participou do 100º Encontro de Presidentes dos Tribunais

A presidente em exercí-cio do Supremo Tribu-nal Federal (STF), mi-nistra Cármen Lúcia,

deu uma injeção de ânimo no Judiciário brasileiro ao citar Guimarães Rosa no discurso de abertura do 100º Encon-tro do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil, que está sendo realizado em Imbassaí, distrito do município de Mata de São João, Bahia.

“O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer de nós é co-ragem”, disse a ministra, para incentivar os 18 mil juízes que existem no Brasil, afi rmando que “somos capazes, sim, de mudar a vida daqueles que precisam de justiça”.

O 100º Encontro do Colégio Permanente de Presidentes dos Tribunais de Justiça do Brasil foi aberto na última quinta-feira (25), no salão de

convenções do Palladium Ho-tels Resort, reunindo os presi-dentes de todos os tribunais brasileiros, além do governa-dor da Bahia, Jaques Wagner. A presidente do Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), desembargadora Graça Fi-gueiredo, e o desembargador João Simões, que compõe a diretoria do colégio perma-nente, também participam do evento. Acompanharam a presidente, a juíza auxiliar, Lia Guedes, e o diretor de im-prensa do tribunal, jornalista Mário Adolfo.

Graça disse que o Colégio Permanente de Presidentes nasceu “sob o signo da união do Judiciário em busca de uma melhor prestação jurisdicio-nal para o povo brasileiro. É isso que viemos buscar aqui”, disse a presidente, que foi cumprimentada pelo governa-dor da Bahia, Jaques Wagner, e conversou rapidamente com a ministra Cármen Lúcia.

Antes de entregar a pala-

vra à ministra Cármen Lúcia, o presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJB), Erseval Rocha, e o presidente do co-légio, desembargador Milton Nobre, fi zeram a saudação aos participantes. “Não foi por acaso quem escolhemos a Bahia para o 100º encontro. Foi fruto de uma decisão cons-ciente e justa para homena-gear o Estado onde começou a Justiça brasileira”, afi rmou Milton Nobre.

O governador Jaques Wag-ner disse esperar que os dias sejam proveitosos para o aperfeiçoamento do Judiciá-rio mas, lembrando o velho estilo baiano, aconselhou aos participantes do evento a reservarem um “tempinho e curtirem a hospedagem e as belezas da Bahia”.

“Todos falam que, dos po-deres, o mais forte é o Exe-cutivo. E eu digo que não. O poder mais forte é o Judiciário porque ele mantém o império da lei, que, por sua vez, as-

segura a democracia”, disse o governador.

Aula de cidadania A presidente em exercício do

STF, ministra Cármen Lúcia, mais uma vez foi brilhante em

seu discurso de abertura. Disse que, quando foi criado, em Belo Horizonte, há 26 anos, o Colé-gio Permanente de Presidentes tinha por objetivo se manter unido para buscar realizar a Justiça estatal, para que o povo não busque a “barbárie e o

sentimento de vingança”, por não encontrar mais justiça.

“Precisamos estar unidos para passar à frente o bas-tão, quando tivermos que ir embora”, disse a ministra.

Em relação à morosidade da Justiça brasileira, a ministra fez uma comparação do trâ-mite de um processo com o fu-tebol, que aprendeu com seus irmãos, assistindo aos jogos. “Quem está perdendo xinga o juiz porque quer mais tempo para fazer gols. E quem está ganhando quer que a partida acabe logo”, citado o exemplo, Cármen Lúcia disparou. “Se todos nós queremos o fi m da morosidade na Justiça, porque ela não acabou?”, destacou.

A presidente em exercício do STF observou que a Constitui-ção vai completar 20 anos. E o cidadão brasileiro se consi-dera um republicano e a Fede-ração precisa de um Judiciário forte e independente.

“Agora nós precisamos saber que Judiciário nós, os

mag is t ra -dos, quere-mos. Está na hora de acabar com essa cultura de coloni-zação, onde tudo tem que ir para a corte (Brasília). A Justiça tem que terminar nos Estados”, disse a ministra.

O 100º Encontro do Colé-gio Permanente de Presiden-tes dos Tribunais de Justiça do Brasil foi encerrado neste sábado (27). Nesta sexta-feira (26), o ministro Marco Aurélio (STF) falou sobre a indepen-dência do Poder Judiciário. Os conselheiros do CNJ, Saulo Ca-sali Bahia e Rubens Curado, respectivamente, ministraram palestras sobre celeridade pro-cessual e política de atenção ao 1º Grau. O encontro foi en-cerrado com uma exposição do Instituto Brasiliense de Direito Público sobre capacitação e aperfeiçoamento.

Acompanhada da ministra Cármen Lúcia e demais presidentes, a desembargadora do TJAM, Socorro Guedes, disse que o colégio dos presidentes nasceu sob o signo da união dos judiciários

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de Justiça

UNIÃO Graça disse que o Colégio

Permanente de Presiden-tes nasceu “sob o signo da união do Judiciário, em busca de uma melhor pres-tação jurisdicional para o povo brasileiro. É isso que viemos buscar aqui”, disse a presidente

Agenda dos candidatos

Candidato não terá agenda política neste domingo.

EDUARDO BRAGA

Candidato não divulgou agenda.

MARCELO RAMOS

Candidato não divulgou agenda.

HERBERT AMAZONAS

Candidato faz visita ao município de Manacapuru.

ABEL ALVES

Candidato realiza comício pela manhã na cidade de Anamã. À tarde, faz novo comício em Careiro da Várzea e à noite prepara comcío e carreata em Manacapuru.

JOSÉ MELO

Candidato não tem agenda política neste domingo.

CHICO PRETO

Candidato participa de reunião com os moradores do ramal do Leão, Zona Ribeirinha do Estado.

NAVARRO

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3MANAUS, DOMINGO, 28 DE SETEMBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

Dentro do que prevê a lei é permi-tido o uso de cavaletes, bonecos, placas ou pinturas com até quatro metros. Até uso de redes sociais como disseminador nhas tam-bém está permitido”

Às vésperas das elei-ções, os candidatos intensifi cam a propa-ganda eleitoral na ten-

tativa de angariar o máximo de votos possíveis. Com uma série de normas que devem ser obedecidas pelos postulantes, a comissão de fi scalização de propaganda do Tribunal Re-gional Eleitoral (TRE-AM) tem se desdobrado para atender as constantes demandas que surgem dos quatro cantos da cidade. Responsável por co-mandar a equipe que conta com 20 profi ssionais, o juiz Henrique Veiga Lima diz estar satisfeito com o andamento dos trabalhos e acredita que, mesmo com o contingente pequeno frente ao tamanho da cidade, vem sendo possível agir com efi cácia durante as diligências.

EM TEMPO - Há seis dias para a concretização do pleito, quais as difi culdades que a comissão comandada pelo senhor encontra para trabalhar? Existe compre-ensão por parte dos candi-datos e partidos na tenta-tiva de diminuir os crimes relacionados à propaganda eleitoral?

HENRIQUE VEIGA - As di-fi culdades que encontramos estão relacionadas à reinci-dência no descumprimento das normas, principalmente no que se refere à disposi-ção dos chamados cavaletes, bastante utilizados nestas elei-ções. A quantidade de vezes que passarmos pelos locais onde materiais dessa espécie já foram apreendidos, é quase certeza encontrarmos novos elementos. Mas, desde que en-tramos na comissão sabíamos que não seria fácil, e agora, à medida que se avizinha a data do pleito, nós temos a consciência de que o traba-lho será muito mais pesado. Até porque na reta fi nal, como acontece em todas as eleições, todos os candidatos vão jogar todas as fi chas para formar o

convencimento do eleitor.Apesar dessas situações, a

cooperação dos partidos para o tribunal tem sido satisfatória, sim. O exemplo é a pouca uti-lização de carro de som, o uso de foguetes de modo desen-freado que tem sido evitado, os debates junto às emissoras de televisão que já não vemos aquela multidão em frente ao local, que atrapalhava o trân-sito. E isso tudo aconteceu a custo de muito diálogo.

EM TEMPO - Quais as irregularidades mais cor-riqueiras identifi cadas pela comissão?

HL: Além da colocação de placas a despeito do que rege a legislação eleitoral, os cha-mados cavaletes, estão sendo usados de forma epidêmica. Eles estão no topo de apre-ensões, Manaus é uma cida-de que sofre com a falta de passeios públicos, e as poucas calçadas estão sendo usadas para a disposição desse ma-terial. Um cavalete daquele tem em média 80 centímetros, e toma o espaço da calçada inteira.

Isso tem nos preocupado muito e temos recolhido em maior número. Espaços como os da avenida Brasil, Bola do Produtor, Bola do Eldorado, Ponta Negra, Jacira Reis, ave-nida das Torres, estrada do Tarumã e Noel Nutels estão sendo bem visados pelos can-didatos e, por isso, estamos intensifi cando as ações de fi scalização nesses locais.

EM TEMPO - O TRE con-ta com novos mecanismos para combater as irregula-ridades nas propagandas, a exemplo das redes sociais. O uso dessas tecnologias tem sido satisfatório?

HL - Estamos presentes nas redes sociais, o que inclui o whatssApp. Temos uma sala, onde servidores estarão de-vidamente capacitados para agir com essas ferramentas tecnológicas. A população entendeu o nosso objetivo e tem feito a sua parte. As re-des sociais são hoje o nosso

maior canal de recebimento de denúncias.

EM TEMPO - Qual o trâmi-te que uma denúncia segue após ser ofi cializada?

HL - Primeiro o denunciante deve escolher o mecanismo que lhe é mais acessível. Pode ser o telefone 3663-5859, o email [email protected], ou pode nos procu-rar na sede do TRE, no bairro Aleixo e nas instalações da Universidade Nilton Lins, no bairro Parque das Laranjei-ras, e ainda por meio das redes sociais, que estão sen-do formuladas para atendê-lo. Depois disso, aquilo que for apresentado como prova do delito será catalogado e, dependendo do grau da irregu-laridade, o Ministério Público será acionado.

EM TEMPO - O que pode ser considerado propagan-da irregular?

HL - Crime eleitoral é muito subjetivo, porque temos vá-rias situações dentro de ques-tões como: abuso econômico, abuso político, uso indevido dos meios de comunicação, captação ilícita de sufrágio, gasto indevido. Uma das proi-bições mais combatidas é a veiculação de propagada no dia do pleito, colaboradores com objetos que remetam a um determinado candida-to, showmícios, outdoors ou placas com mais de quatro metros, entre outros. Além disso, a distribuição de qual-quer objeto para a obtenção de vantagens continua sendo expressamente proibido.

EM TEMPO - E qual pro-paganda é prevista pela legislação?

HL - Dentro do que prevê a lei 9.504 de 1997, é permitido o uso de cavaletes, bonecos, placas ou pinturas com até quatro metros, o uso das redes sociais como disseminador das campanhas. Mesas para a dis-tribuição de material de cam-panha e bandeira ao longo de logradouros públicos, porém, é exigido que ao fi nal do dia,

eles sejam retirados a fi m de evitar transtorno na circulação de pedestres e veículos.

EM TEMPO - Caso uma irregularidade fi que eviden-ciada, a coligação a qual pertence o candidato tam-bém pode sofrer sanções?

HL - Não. Apenas o candi-dato será punido.

EM TEMPO - Como se dá essa punição?

HL - Por meio de multa, que é calculada pelo potencial do delito cometido.

EM TEMPO - Como acon-tece o trabalho de fi scali-zação nas cidades do in-terior?

HL - Por força da Cons-tituição Federal, cada re-presentante de comarca no interior fi ca responsável por acompanhar o desenrolar da propaganda eleitoral em sua cidade. Mas, como viveremos eleições gerais, a comissão de propaganda poderá in-terferir em situações de grande complexidade. Esse juiz ganha poder de polícia para impedir que determina-do delito tenha continuidade. Essa parceria, que vem desde as primeiras eleições, e que também é consolidada com a participação até das polí-cias, incluindo a F ederal, é essencial para a lisura e a efi ciência do processo.

EM TEMPO - Para o se-nhor, a legislação eleitoral vigente é satisfatória?

HL - A grande verdade é que estamos debruçados em cima de uma colcha de reta-lho. Acredito que devem ser feitas reformas substanciais, para que as legislações fi quem agrupadas. É por conta de desencontros na lei que vive-mos comumente problemas de jurisprudência. As interpre-tações têm mudado conforme o sabor de cada eleição e isso é um complicador. Mas, se essa é a ferramenta que nós temos, é com ela que vamos trabalhar sempre na procura de fazer o melhor.

Henrique LIMA

‘EstamosDEBRUÇADOSem umaCOLCHA DEretalhos’

Manaus é uma cidade que sofre com a falta de espaço público e não iremos permitir ainda que candidatos usem as calçadas para colo-car vários cavaletes”

JOELMA MUNIZ Equipe EM TEMPO

Acho que as coisas melhoraram. O exemplo é a pouca utilização de carros de som e o uso de foguetes de modo desenfreado. Tudo isso foi conseguido à base de conversa”

FOTOS IONE MORENO

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lidera divulgação de informações nas eleições

Desde o início da cam-panha, ao menos 137 ações judiciais foram registradas na Justiça

Eleitoral até o dia 24 de se-tembro contra a divulgação de informações sobre candidatos que disputam as eleições ge-rais. O cálculo é da Associação Brasileira de Jornalismo Inves-tigativo (Abraji), que desde o início do processo alimenta o site Eleições Transparentes, um mapa interativo com as ori-gens dessas ações. Os dados, alimentados com a colabora-ção das próprias empresas de mídia, indicam que a maioria esmagadora das ações é contra o Google. Sozinha, a empresa concentra mais de três quartos das ações (103). Bem atrás vem o instituto de pesquisas Ibope, que é réu em 16 processos.

O número de ações sofridas pelo Google é justifi cado pelo tamanho e pela abrangência da empresa, de acordo com Guilherme Alpendre, secretá-rio-executivo da Abraji. Ele ex-plica que a maioria das ações catalogadas pede a retirada de vídeos do canal Youtube — pertencente ao Google. “Mui-tos dos blogs (com conteúdo considerado difamatório pelos candidatos) estão abrigados na plataforma Blogger, do Goo-gle”, acrescenta Guilherme.

Em comunicado, a empresa afi rma que “não é surpresa o Google estar no topo da lista”, pois a “web é a maior vitrine para todos os conteúdos”. “Importan-te salientar que normalmente nós teríamos divulgados estes números por meio do “Transpa-rency Report do Google” — mas como o “Transparency Report” sai muito depois do período eleitoral, achamos que valeria a pena dar transparência a estes pedidos de remoção em tem-po real”, afi rma o Google, em nota. A companhia acrescenta que o Brasil “é um dos países onde o Google tem recebido tradicionalmente o maior nú-mero de pedidos de remoção de conteúdo na web durante períodos eleitorais”.

IbopeDepois do Google, a empresa

que mais recebeu ações foi o instituto de pesquisas Ibope — Alpendre explica que em-presas que prestam esse tipo de serviço geralmente são pro-cessadas porque candidatos

questionam critérios de levan-tamentos de dados que podem ser desfavoráveis a eles. De acordo com a Abraji, Twitter e Facebook não quiseram parti-cipar do levantamento.

Ranking estadualNo ranking dos Estados, o

Paraná é o que tem mais regis-tros de ações: são 25, ou 18% do total do país. O segundo lugar fi ca com Alagoas, com 19 ações, ou 13% do total. De acordo com Guilherme Alpen-dre, os dados corroboram com uma conjuntura já existente em outros pleitos. “A gente, em eleições passadas, tinha notado que no Paraná já tinha bastan-te casos de cerceamento em época eleitoral. Conseguimos comprovar numericamente que o Paraná é o principal Estado em que isso acontece”.

Mapa interativoO mapa interativo aponta

ainda que a maioria dos au-tores pertence ao PMDB, com 28 ações ou 20% do total, seguido por PSDB, com 25 (17%) e PP, com 16 (ou 11%). Já o cargo que contabiliza mais autores de processos judiciais é o de governador, com 58% (82 ações). O candidato que mais acionou a Justiça — 14 vezes — foi Benedido de Lira, candidato do PP ao governo de Alagoas. Alpendre afi rma que o cargo de governador, ao mesmo tempo que possui mais representantes numéricos que o de presidente, permite que os candidatos fi quem mais em evidência. “Governador é o cargo com mais visibilidade, com um número bem maior de candidatos. Por isso que é mais comum que as ações partam dos que concorrem a esse cargo”, diz.

O Brasil é um dos países onde o Google tem recebido tradi-

cionalmente o maior número de pedidos de remoção de conteúdo durante as eleições

Google, empresa de web

Para Fabro Steibel, espe-cialista em comunicação e política e membro do Ins-tituto de Tecnologia e So-ciedade do Rio de Janeiro, o Marco Civil da Internet, sancionado em abril deste ano, desestimula o acordo entre as empresas de mídia e os políticos, e acaba fazendo com que as disputas pela veiculação de conteúdos na web terminem na Justiça.

“O Marco Civil, apesar de não proibir, desestimula isso (o pedido direto para a retira-da de material) a acontecer. Isso é bem claro no Marco Civil. Ele incentiva as empre-

sas a exigirem uma ordem judicial. Isso deveria acon-tecer durante as eleições de forma muito clara. O que acontece no Brasil durante as eleições é que ocorre uma excepcionalidade nas garan-tias à liberdade”, argumenta Steibel, para quem o Tribunal Superior Eleitoral não defi ne claramente o que é propa-ganda irregular na internet.

Ele critica os critérios para que uma publicação seja considerada irregular. Fabro acredita que, por causa da celeridade carac-terística da Justiça Eleito-ral, muitos conteúdos são

barrados por liminares, sem que haja uma refl exão pro-funda sobre sua natureza

“A liberdade de comunica-ção acaba comprometida, porque quem tem o melhor time de advogados ou de mo-nitoramento das redes sociais acaba tendo um poder de-sigual. O entendimento nos Estados Unidos, por exemplo, é que é mais importante a democracia. Em vez de você impor restrições, o que você faz é com que mais e mais pessoas possam falar. Lá, a ideia é que quanto mais as pessoas falarem, mais dados bons aparecem”.

Especialistas discordam das açõesPor outro lado, o vice-

presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-RJ, André Miranda, pondera que o histórico da Justiça Eleitoral não é de respaldar medidas de censura prévia e que ela foi criada para zelar pela manutenção da igualdade dos candidatos e da lisura do pleito. O advogado acredita que as ações dos candidatos são em geral legítimas, “porque o Google é um instrumento de divulgação como qualquer outro”.

“Você tem ali uma praça pública, e como tal, tem

que ter alcançada uma tu-tela jurisdicional. Você hoje tem no Google um instru-mento célere de divulgação de notícias. E a Legisla-ção Eleitoral garante que você proteja o candidato contra notícias inverídicas, com divulgação infundada. A Justiça ajuda o candidato a obter a tutela adequada para se proteger desse veículo. Você tem cada vez mais esse tipo de pedido, dado o aumento progres-sivo do número de notícias que o Google divulga. A internet é o veículo que as pessoas buscam”.

Ponderações da OAB no caso

Depois de fazer testes nos processos eleitorais da Ale-manha e da Índia, a Google decidiu lançar no Brasil uma plataforma para ajudar os cidadãos a conhecer os can-didatos à presidência da república e aos governos estaduais. O site se cha-ma Google Eleições 2014 e concentra informações con-cisas sobre cada pleiteante, trazendo notícias, vídeos e outros conteúdos de parcei-ros da imprensa.

A Google explica que pre-

tende tornar sua platafor-ma o mais neutra possível e, por isso, os candidatos não aparecem com descri-ções elaboradas. Para ver conteúdo sobre cada um deles, você precisa fazer isso ativamente. Os únicos elementos que fi cam desta-cados são os últimos vídeos adicionados.

Há entrevistas com os candidatos à Presidência divididas em blocos de as-suntos correlatos e também sessões na íntegra.

‘Eleições 2014’, o programa

De acordo com especialistas, o grupo que aparece mais vezes como réu nas ações impetradas por partidos políticos é a empresa Google, e Estado com mais processos é o Paraná

Pesquisa Google Estou com sorte

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4 MANAUS, DOMINGO, 28 DE SETEMBRO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014 5MANAUS, DOMINGO, 28 DE SETEMBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

lidera divulgação de informações nas eleições

Desde o início da cam-panha, ao menos 137 ações judiciais foram registradas na Justiça

Eleitoral até o dia 24 de se-tembro contra a divulgação de informações sobre candidatos que disputam as eleições ge-rais. O cálculo é da Associação Brasileira de Jornalismo Inves-tigativo (Abraji), que desde o início do processo alimenta o site Eleições Transparentes, um mapa interativo com as ori-gens dessas ações. Os dados, alimentados com a colabora-ção das próprias empresas de mídia, indicam que a maioria esmagadora das ações é contra o Google. Sozinha, a empresa concentra mais de três quartos das ações (103). Bem atrás vem o instituto de pesquisas Ibope, que é réu em 16 processos.

O número de ações sofridas pelo Google é justifi cado pelo tamanho e pela abrangência da empresa, de acordo com Guilherme Alpendre, secretá-rio-executivo da Abraji. Ele ex-plica que a maioria das ações catalogadas pede a retirada de vídeos do canal Youtube — pertencente ao Google. “Mui-tos dos blogs (com conteúdo considerado difamatório pelos candidatos) estão abrigados na plataforma Blogger, do Goo-gle”, acrescenta Guilherme.

Em comunicado, a empresa afi rma que “não é surpresa o Google estar no topo da lista”, pois a “web é a maior vitrine para todos os conteúdos”. “Importan-te salientar que normalmente nós teríamos divulgados estes números por meio do “Transpa-rency Report do Google” — mas como o “Transparency Report” sai muito depois do período eleitoral, achamos que valeria a pena dar transparência a estes pedidos de remoção em tem-po real”, afi rma o Google, em nota. A companhia acrescenta que o Brasil “é um dos países onde o Google tem recebido tradicionalmente o maior nú-mero de pedidos de remoção de conteúdo na web durante períodos eleitorais”.

IbopeDepois do Google, a empresa

que mais recebeu ações foi o instituto de pesquisas Ibope — Alpendre explica que em-presas que prestam esse tipo de serviço geralmente são pro-cessadas porque candidatos

questionam critérios de levan-tamentos de dados que podem ser desfavoráveis a eles. De acordo com a Abraji, Twitter e Facebook não quiseram parti-cipar do levantamento.

Ranking estadualNo ranking dos Estados, o

Paraná é o que tem mais regis-tros de ações: são 25, ou 18% do total do país. O segundo lugar fi ca com Alagoas, com 19 ações, ou 13% do total. De acordo com Guilherme Alpen-dre, os dados corroboram com uma conjuntura já existente em outros pleitos. “A gente, em eleições passadas, tinha notado que no Paraná já tinha bastan-te casos de cerceamento em época eleitoral. Conseguimos comprovar numericamente que o Paraná é o principal Estado em que isso acontece”.

Mapa interativoO mapa interativo aponta

ainda que a maioria dos au-tores pertence ao PMDB, com 28 ações ou 20% do total, seguido por PSDB, com 25 (17%) e PP, com 16 (ou 11%). Já o cargo que contabiliza mais autores de processos judiciais é o de governador, com 58% (82 ações). O candidato que mais acionou a Justiça — 14 vezes — foi Benedido de Lira, candidato do PP ao governo de Alagoas. Alpendre afi rma que o cargo de governador, ao mesmo tempo que possui mais representantes numéricos que o de presidente, permite que os candidatos fi quem mais em evidência. “Governador é o cargo com mais visibilidade, com um número bem maior de candidatos. Por isso que é mais comum que as ações partam dos que concorrem a esse cargo”, diz.

O Brasil é um dos países onde o Google tem recebido tradi-

cionalmente o maior número de pedidos de remoção de conteúdo durante as eleições

Google, empresa de web

Para Fabro Steibel, espe-cialista em comunicação e política e membro do Ins-tituto de Tecnologia e So-ciedade do Rio de Janeiro, o Marco Civil da Internet, sancionado em abril deste ano, desestimula o acordo entre as empresas de mídia e os políticos, e acaba fazendo com que as disputas pela veiculação de conteúdos na web terminem na Justiça.

“O Marco Civil, apesar de não proibir, desestimula isso (o pedido direto para a retira-da de material) a acontecer. Isso é bem claro no Marco Civil. Ele incentiva as empre-

sas a exigirem uma ordem judicial. Isso deveria acon-tecer durante as eleições de forma muito clara. O que acontece no Brasil durante as eleições é que ocorre uma excepcionalidade nas garan-tias à liberdade”, argumenta Steibel, para quem o Tribunal Superior Eleitoral não defi ne claramente o que é propa-ganda irregular na internet.

Ele critica os critérios para que uma publicação seja considerada irregular. Fabro acredita que, por causa da celeridade carac-terística da Justiça Eleito-ral, muitos conteúdos são

barrados por liminares, sem que haja uma refl exão pro-funda sobre sua natureza

“A liberdade de comunica-ção acaba comprometida, porque quem tem o melhor time de advogados ou de mo-nitoramento das redes sociais acaba tendo um poder de-sigual. O entendimento nos Estados Unidos, por exemplo, é que é mais importante a democracia. Em vez de você impor restrições, o que você faz é com que mais e mais pessoas possam falar. Lá, a ideia é que quanto mais as pessoas falarem, mais dados bons aparecem”.

Especialistas discordam das açõesPor outro lado, o vice-

presidente da Comissão de Direito Eleitoral da OAB-RJ, André Miranda, pondera que o histórico da Justiça Eleitoral não é de respaldar medidas de censura prévia e que ela foi criada para zelar pela manutenção da igualdade dos candidatos e da lisura do pleito. O advogado acredita que as ações dos candidatos são em geral legítimas, “porque o Google é um instrumento de divulgação como qualquer outro”.

“Você tem ali uma praça pública, e como tal, tem

que ter alcançada uma tu-tela jurisdicional. Você hoje tem no Google um instru-mento célere de divulgação de notícias. E a Legisla-ção Eleitoral garante que você proteja o candidato contra notícias inverídicas, com divulgação infundada. A Justiça ajuda o candidato a obter a tutela adequada para se proteger desse veículo. Você tem cada vez mais esse tipo de pedido, dado o aumento progres-sivo do número de notícias que o Google divulga. A internet é o veículo que as pessoas buscam”.

Ponderações da OAB no caso

Depois de fazer testes nos processos eleitorais da Ale-manha e da Índia, a Google decidiu lançar no Brasil uma plataforma para ajudar os cidadãos a conhecer os can-didatos à presidência da república e aos governos estaduais. O site se cha-ma Google Eleições 2014 e concentra informações con-cisas sobre cada pleiteante, trazendo notícias, vídeos e outros conteúdos de parcei-ros da imprensa.

A Google explica que pre-

tende tornar sua platafor-ma o mais neutra possível e, por isso, os candidatos não aparecem com descri-ções elaboradas. Para ver conteúdo sobre cada um deles, você precisa fazer isso ativamente. Os únicos elementos que fi cam desta-cados são os últimos vídeos adicionados.

Há entrevistas com os candidatos à Presidência divididas em blocos de as-suntos correlatos e também sessões na íntegra.

‘Eleições 2014’, o programa

De acordo com especialistas, o grupo que aparece mais vezes como réu nas ações impetradas por partidos políticos é a empresa Google, e Estado com mais processos é o Paraná

Pesquisa Google Estou com sorte

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6 MANAUS, DOMINGO, 28 DE SETEMBRO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

Dinheiro farto na campa-nha do presidente de CPIs

Presidente das CPIs da Petrobras no Senado e no Congresso, Vital do Rêgo tem remotíssimas chance de conquistar o governo da Paraíba: agarrado ao 4º lugar, é de longe o que tem o pior desempenho nas pesquisas, entre os 18 candidatos do PMDB a governador no país. Apesar disso, é também de longe um dos que mais re-cebem doações em dinheiro: ofi cialmente, até agora, fo-ram quase R$ 3 milhões.

ComparaçãoA campanha à reeleição

do governador de Sergipe, Jackson Barreto (PMDB), que lidera as pesquisas, atraiu doações de apenas R$282 mil.

FarturaMesmo sem chances, Vital

do Rêgo na Paraíba arreca-dou quase o triplo da soma de 8 candidatos nanicos a presidente da República.

Costas largasO PMDB também investe

em Vital do Rêgo, que recebeu mais recursos do partido que Iris Rezende (Goiás) e Rober-to Requião (Paraná).

Suplente solidárioEntre os doadores de Vital

do Rêgo destaca-se, claro, seu primeiro suplente, o ex-senador e empresário Rai-mundo Lira.

Campanha eleitoral faz a alegria da área jurídica

As campanhas fazem a ale-gria de advogados que atu-am na Justiça Eleitoral que, como jabuticaba, só existe no Brasil. E tanta alegria se justifi ca: de acordo com a segunda parcial da presta-ção de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral, as bancas de advocacia já faturaram mais de R$ 4,6

milhões só com os principais candidatos à Presidência, Dilma (PT), Aécio (PSDB) e Marina (PSB).

Os gastos do PTDos R$ 56 milhões gastos

por Dilma para se reeleger, mais de R$ 2 milhões foram utilizados para pagar sua es-trutura de advogados.

Despesa tucanaO candidato do PSDB, Aé-

cio Neves, gastou mais de R$ 40 milhões na campanha, mas reservou até agora, R$ 1,7 milhão para a área ju-rídica.

PSB gasta menosMarina (PSB) ainda não

prestou contas, mas dos R$ 17 milhões gastos até Eduardo Campos, os advo-gados já haviam custado R$ 750 mil.

Controle da tevêUm dos planos de Dilma, se

reeleita, é impor a regionali-zação da produção da televi-são aberta, com o objetivo de acabar com a grade nacional. Seria o fi m das telenovelas nacionais, por exemplo. Daí a determinar o que pode ou não ser divulgado será um passo.

Tiro ao alvo Ex-secretário nacional de

Justiça no governo Lula, Ro-meu Tuma Jr diz que duvida-ria da seriedade da delação premiada do ex-diretor Paulo Roberto Costa, se ele não tivesse mencionado a presi-dente Dilma.

Tá feia a coisaO ministro Gilberto Carva-

lho jogou a toalha. Admitiu em uma roda que restam ao PT duas esperanças de eleição em governos esta-duais: Tião Viana, no Acre, e Wellington Dias, no Piauí. O olhe lá.

Dupla de anõesNa ONU, enquanto o Bra-

sil se envergonhava com o discurso de Dilma criticando os países que combatem os cruéis terroristas do “Estado Islâmico”, seu aspone Marco Aurélio Top-Top Garcia a tudo assistia na plateia, sem dar palpites, ao lado do anão di-plomático Antonio Patriota.

Tucanos, 24Caso confi rme a vitória

no primeiro turno em São Paulo, Geraldo Alckmin ga-rantirá mais quatro anos do PSDB no governo paulista e baterá recorde: os tuca-nos vencem o governo do Estado desde 1994.

Deu erradoNa intimidade, Dilma res-

ponsabiliza o ex-presidente Lula pelo seu desempenho baixo em São Paulo. Ela adora seu ex-ministro da Saúde Ale-xandre Padilha, mas avalia que não era mesmo o melhor candidato.

Vai entenderPreso em agosto por porte

de drogas, Marcelo Valente, candidato do Psol a deputado no DF, divulgou vídeo em defesa da legalização e, vá entender, criticando a “im-punidade” da família Perrella, em Minas.

A dupla do QuintoA OAB vai comemorar o

Quinto Constitucional em 16 de julho, data da Constitui-ção de 1934, que fi xou 20% das vagas dos tribunais a advogados e membros do Ministério Público. Não fosse isso, Ricardo Lewandowski não presidiria o STF, nem Francisco Falcão o STJ.

Pensando bem......problemas na voz só apa-

recem quando Dilma tem comícios marcados com pe-tistas que ela detesta, como Tarso Genro (RS).

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

Profi ssão, genro

www.claudiohumberto.com.br

O solo está rachado, com sede”

AUGUSTO JOSÉ PEREIRA FILHO, PROFESSOR DA USP, sobre o reservatório da Cantareira

O governador Plácido Castelo perfi lou o secreta-riado no aeroporto, para saudar o marechal Castello Branco na primeira visita a Fortaleza após o golpe de 64. Castello se impressionou com o jovem chefe da Casa Civil:

- Tenho 21 anos, presidente – disse-lhe o rapaz.- Você é muito jovem. E a sua profi ssão? – interessou-se o marechal.- Jornalista...- ...muito jovem, muito jovem... – balbuciou o presidente.- ...e genro, presidente – fi nalizou o secretário.Castelo Branco deu uma sonora gargalhada. Estava diante de Dário Macedo, jornalista que

depois faria carreira de sucesso em Brasília.

Combater o tráfi co de drogas e melhorar o sistema prisional brasileiro são desafi os do novo mandatário a partir de 2015

Tráfi co é o desafi o para o novo presidente brasileiro

Reduzir o número de homicídios, combater o tráfi co de drogas e melhorar o sistema

prisional brasileiro são alguns dos principais desafi os que o próximo presidente do Brasil terá que enfrentar na área de segurança de acordo com a análise de especialistas.

Com 154 pessoas assassi-nadas por dia e uma média de 29 mortes violentas para cada 100 mil habitantes, o Brasil tem uma taxa alta de homi-cídios, segundo a especialista em segurança da Universida-de de Brasília (UnB), Lia Za-notta. Para ela, a preocupação maior é o número de jovens vítima da violência urbana.

“A taxa de homicídios no Brasil, comparativamente, in-ternacionalmente, ela é mui-

to alta. Ela varia de 27, 26, ou 23 homicídios, conforme o ano, por 100 mil pessoas. Você compa-ra com três a quatro homicídios por 100 mil nos Estados Unidos e taxas menores ainda na Europa. En-tão, no global das estatísticas, são os jovens que mais matam e que mais morrem”, afi rmou a especialista.

Para o membro do conselho federal da Ordem dos Advo-gados do Brasil (OAB), Ariel de Castro Alves, é impossível dissociar segurança de educa-ção. “O aumento de empregos e de escolarização não tem chegado aos setores que es-

tão mais vulneráveis, princi-palmente aos adolescentes.”

Outro problema, de acordo com especialistas, é o grande número de detentos provisó-rios presos nas cadeias de todo o país.

Levantamento do Institu-to de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) aponta que não há defensor público em 72% das comarcas do país. Segundo a presidente da Associação Nacional dos Defensores Públicos, Patrícia Keterman, com a estrutura atual, é impossível atender toda a população carcerária que aguarda julgamento.

“É um problema seríssi-mo, porque se trata de pri-vação de liberdade dessas pessoas que ainda sequerforam condenadas”.

O combate ao tráfi co e ao uso de drogas é um dos principais desafi os do novo gestor do país

Dilma quer uso das forças nacionaisA presidente Dilma Rousseff

em visita a Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte citou, duran-te entrevista, ações de seu governo para a mobilidade urbana e voltou a prometer maior integração das forças de segurança pública, em um eventual segundo mandato.

No Dia Mundial Sem Carro, a candidata defendeu as ações que vêm realizando no trans-porte público. Segundo ela, o governo federal já estudou a abertura de uma linha de fi -nanciamento específi ca para

as bicicletas, além da isenção de tributos que já existe na Zona Franca de Manaus.

Mesma teclaDilma voltou a mencionar

que foram aplicados R$ 143 bilhões, como fi nanciamento, e recursos do Orçamento para ações de mobilidade. Antes das manifestações de junho do ano passado, o aporte estava em torno de R$ 93 bilhões, porém, mais R$ 50 bilhões entraram na pro-messa, priorizando capitais eregiões metropolitanas.

Antes de repetir que a par-ticipação dos bancos públicos é importante para que ações como as de mobilidade se-jam viabilizadas, a candidata enumerou investimentos no transporte público, para a construção de metrôs, veículos leves sobre trilhos e corredores exclusivos de ônibus, citando obras que já foram construídas e outras ainda em construção. “O tempo é algo de que todos precisamos para viver com a família, com os amigos. Enfi m, desfrutar da vida, e garanti-mos isso”, disse.

PROMESSA

Segurança hoje no país é tragédia

AÉCIO

O candidato à Presidência da República pelo PSDB, Aécio Neves, afi rmou que a “segu-rança era um problema e hoje é uma tragédia”. Ele partici-pou de sabatina organizada pelo jornal “O Globo”. Segundo Aécio, “os governos não têm condições estruturais de con-frontar o problema”.

“A marca do governo é a ter-ceirização (dos problemas). Está na hora de termos um

governo que assuma as res-ponsabilidades”, disse.

Questionado sobre a apro-vação do fi m da reeleição, Aécio disse que, “se as cir-cunstâncias permitirem, ele poderia se comprometer a mudar a lei, e isso poderia virar um compromisso”.

Ele reconheceu que “a ree-leição faz mal ao Brasil”. “Digo isso porque fui reeleito, e sei como é. A atual presidente

acabou por desmoralizar a reeleição. Não tem diferença entre o público e o privado”.

Outro assunto abordado na sabatina desta quarta-feira foi a proposta do tucano com relação à reforma política. “Defendo a reforma política no primeiro dia do meu go-verno. O governo precisa de um apoio de três ou quatro partidos. Porque é bom ter oposição também”, disse.

Em sabatina promovida por um jornal carioca, tucano também se disse contrário à reeleição

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Aids: tema desprezado nos debates dos presidenciáveisEspecialistas afi rmam que a Aids é só mais uma entre inúmeras questões esquecidas pelos candidatos em seus planos de governo

Vontade política também foi o motivo apontado por Marcio Villardi, coordena-dor do Grupo Pella Vida Rio de Janeiro, para a ausência do tema Aids da atual cam-panha. “É um reflexo do que vem acontecendo em todas as esferas do governo”, diz Marcio. “Para você ter uma ideia, divulgamos há umas três semanas, por meio do Fórum de Ongs/Aids do Rio, uma carta de compromis-sos para os candidatos de nosso Estado. O retorno foi

quase zero”.Marcio diz que a candidata

a presidente Luciana Genro, do Psol, acabou assinando a carta porque soube dela por meio dos candidatos a de-putado de seu partido, Jean Wyllys (federal) e Marcelo Freixo (estadual). “Fora isso, nem o presidente da Frente Parlamentar de Luta Contra HIV/Aids e Tuberculose do Estado, o deputado Gilberto Palmares (PT), nos deu retor-no”, continua Marcio.

“O enfrentamento da Aids

está ausente da cabeça dos candidatos”, reforça Mar-cio. “Mesmo com toda a atenção que o movi-mento social cha-ma para a causa, mesmo depois de a mídia ter divulgado tanto o relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mostrando aumento de 11% no re-gistro de novos casos nosúltimos anos”.

Falta vontade política para debater assunto

debates dos presidenciáveisEspecialistas afi rmam que a Aids é só mais uma entre inúmeras questões esquecidas pelos candidatos em seus planos de governo

Falta vontade política para debater assunto

Se os candidatos à Presi-dência da República de-pendessem da defesa da Aids, ou, pelo menos,

de uma simples menção a ela, nenhum deles seria eleito. O tema só não foi absolutamente esquecido dos programas de governo porque Aécio Neves, do PSDB, o incluiu no item 21 de sua proposta, da seguinte ma-neira: “Retomada da prioridade necessária para a manutenção do programa HIV/Aids, com a qualidade que o tornou mun-dialmente reconhecido”.

Levando em conta justamen-te o fato de que o programa bra-sileiro de combate à Aids é re-ferência mundial, a reportagem foi ouvir algumas lideranças no tema sobre a ausência dele da campanha para as eleições 2014. A doença, afi nal, também tem fi cado de fora dos debates e não só dos programas re-gistrados no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Todos os entrevistados dis-seram que o fato de um com-promisso estar registrado num programa não signifi ca que

será cumprido. “Em 2010, Dilma Rousseff e José Serra assinaram uma carta de compromisso do Fórum de ONGs/Aids do Estado de São Paulo (Foaesp) e nada aconteceu”, lembra o professor e pesquisador Jorge Beloqui, ativista do Grupo de Incentivo

à Vida (GIV), de São Paulo.José Araújo Lima, presiden-

te do Espaço de Prevenção e Atenção Humanizada (Epah), de São Paulo, diz que a Aids é apenas mais uma entre inúme-ras questões esquecidas pelos

candidatos. “A política b ras i l e i r a nestas elei-ções tem a marca de a t a q u e s pessoais e do conser-vadorismo”, avalia Araújo. Ele também reclama do fato de Dilma não ter cumprido “com nenhum dos itens” da carta de compromisso assinada nas eleições passadas.

Beloqui destaca que as taxas de incidência de Aids hoje são maiores ou iguais as de 1996, entre os homens, e só esse dado já seria preocupante o bastante para chamar a aten-ção dos políticos e exigir deles compromisso.

Mortes ainda assustamVando Oliveira, coordena-

dor da Rede Nacional de Pes-soas Vivendo com HIV/Aids (RNP+) do Ceará, enumera outros dados. “A Aids é uma doença que não tem cura, ainda há muitos registros de

óbitos em consequência dela, sem contar que o tratamen-to provoca inúmeros efeitos colaterais”, diz Vando.

Falta, na opinião de Rodrigo Pi-nheiro, presi-dente do Foa-esp, vontade política para tratar do as-sunto. “A Aids é um problema de saúde públi-ca mas deixou de ser priorida-de para os go-vernos. Entre en-frentar a doença, e tudo o que a cerca, e manter as bases alia-das conservado-ras que vão lhes dar suporte, tal-vez os candida-tos prefiram não se comprometer. E, assim, vamos re-gredindo no contex-to mundial da Aids”, analisa Rodrigo.

está ausente da cabeça dos candidatos”, reforça Mar-cio. “Mesmo com toda a atenção que o movi-mento social cha-ma para a causa,

Nações Unidas (ONU) mostrando aumento de 11% no re-gistro de novos casos nos

Ativista afi rma que poucos políticos se interessam em assinar cartas de compromisso com o tema

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A política brasileira nestas eleições tem a marca de ataques pessoais e do con-

servadorismo. Dilma não cumpriu o que

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8 MANAUS, DOMINGO, 28 DE SETEMBRO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

EXPEDIENTEEDIÇÃO Isabella Siqueira de Castro e Costa e Náis Campos

REPORTAGEMJoelma Muniz, Raphael Lobatoe Assessorias

REVISÃOGracycleide Drumond e João Alves

DIAGRAMAÇÃOAdyel Vieira, Kleuton Silva eMário Henrique Silva

TRATAMENTO DE FOTOSAdriano Lima

Conservador: só em 9 Estados os favoritos são ‘novidades’Onda regressista do pós-protestos predomina nas disputas regionais. Em 2/3 dos Estados, os favoritos querem a reeleição

Um 1,3 ano após as manifestações que, entre outras bandeiras, protestaram contra os

partidos políticos em junho de 2013, uma onda regressista e conservadora predomina nas disputas regionais. Em dois terços dos Estados, os favori-tos apontados pelas pesquisas de intenção são candidatos à reeleição, ex-governadores que querem voltar ao cargo ou in-tegrantes de oligarquias locais. Só nove concorrentes com chan-ces de serem eleitos poderiam ser defi nidos como “novidade” - nunca exerceram o cargo nem integram famílias tradicionais -, ainda que a maioria já tenha exercido mandato eletivo.

Sete ex-governadores que tentam retornar ao posto são líderes da disputa em seus Es-tados, de acordo com as pesqui-sas. Três desses candidatos são peemedebistas: Eduardo Braga (Amazonas), Paulo Hartung (Es-pírito Santo) e Marcelo Miranda (Tocantins). Cada um dos outros quatro partidos neste bloco tem um representante cada. São o DEM, com Paulo Souto (Bahia); o PDT, com Waldez Góes (Amapá); o PSDB, com Cássio Cunha Lima (Paraíba); e o PT, com Wellington Dias (Piauí).

Outros dois ex-governadores que lideravam as pesquisas de-sistiram da corrida eleitoral, por causa da Lei da Ficha Limpa. Re-nunciaram à disputa José Rober-

to Arruda (PR, Distrito Federal) e Neudo Campos (PP, Roraima), ambos considerados fi cha-suja pela Justiça.

Mais 4 anosOs eleitores de oito Estados

têm dado preferência aos atuais governadores. Este bloco é do-minado por candidatos do PSDB, que elegeu oito mandatários em 2010. São tucanos os governa-dores Geraldo Alckmin (São Pau-lo), Beto Richa (Paraná), Marconi Perillo (Goiás) e Simão Jatene (Pará). Também são favoritos à reeleição o acriano Tião Viana (PT), o catarinense Raimundo Colombo (PSD), o sergipano Ja-ckson Barreto (PMDB) e o fl u-minense Luiz Fernando Pezão

(PMDB). O governador do Rio está numericamente à frente de Anthony Garotinho (PR), mais um ex-governador que tenta voltar ao cargo e mostra força eleitoral. Segundo a mais recente pesqui-sa Ibope no Estado, os dois estão tecnicamente empatados.

Candidatos de grupos oligár-quicos lideram a disputa em dois Estados. Um deles é o alagoano Renan Filho (PMDB), herdeiro e correligionário do presidente do Senado, Renan Calheiros. Também é do PMDB o favorito no Rio Grande do Norte - Hen-rique Eduardo Alves. No Pará, Helder Barbalho (PMDB), fi lho do senador Jader Barbalho, está tecnicamente empatado com o tucano Simão Jatene.

Os partidos políticos, bandeira dos protestos de junho de 2013, não refl etem em dois terços dos Estados, onde os favoritos pelas pesquisas de intenção são candidatos à reeleição

TERR

ADois partidos têm qua-

tro dos nove candidatos “novatos” em disputas pelo governo estadu-al. Com Delcídio Amaral (Mato Grosso do Sul) e Fernando Pimentel (Mi-nas Gerais), o PT é um deles. O outro é o PSB, com Rodrigo Rollemberg, no Distrito Federal, e Pau-lo Câmara, em Pernambu-co. Único desse quarteto a nunca ter disputado uma eleição, Câmara está em

empate técnico com o se-gundo colocado, Armando Monteiro (PTB). Os ou-tros cinco partidos nesta lista têm um postulante cada na liderança, todos já com passagem pelo parlamento. Eles são PP (Ana Amélia, Rio Grande do Sul); PMDB (Eunício Oliveira, Ceará); PDT (Pe-dro Taques, Mato Grosso); PCdoB (Flávio Dino, Ma-ranhão); e PSDB (Expedito Júnior, Rondônia).

PT e PSB lideram ‘novatos’

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