eleições 2014 - 21 de setembro de 2014

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Especial MANAUS, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019 Eleições 2014 Eleições 2014 Especial C om as relações homo- afetivas no centro das discussões da disputa presidencial, as cobran- ças por políticas públicas de inclusão do segmento eleitoral, tomam mais espaço e chegam ao Executivo e Legislativo Es- tadual. Mesmo não tendo atri- buições jurídicas, para legislar diretamente sobre o tema, os candidatos ao cargo de gover- nador do Amazonas, marcam posição é apresentam o que pensam e como pretendem inserir o público gay, em seus mandatos. Candidato pelo PMN, o de- putado estadual, Chico Preto, afastou qualquer possibilidade de permitir que um dos agen- tes públicos participantes da sua gestão, imponha qualquer tipo de constrangimento a um homem ou mulher por conta da sua orientação sexual. “Não é a orientação sexual de uma pessoa que vai fazer com que a prestação do serviço público seja diferente. Como governa- dor afirmo isso, não tolero atos de homofobia, eu respeito con- vicções, mas não tolero atos de homofobia”, destacou. Governador do Estado e lutando pela reeleição, José Melo (PROS), ressaltou já no mandato que compartilhou com Omar Aziz (PSD), as di- versidades foram tratadas com respeito e com o espa- ço. O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CEDDPH), segundo Melo, é o símbolo dessa preocupação e deve continuar a existir caso seja alçado ao cargo mais uma vez. “O CEDDPH é imprescindível para a promoção e divulgação do conteúdo e significado de cada um dos Direitos da Pes- soa Humana, assim como para propor medidas destinadas a assegurar a proteção dos di- reitos humanos e sociais e as garantias das liberdades individuais e coletivas”, co- mentou. Vulnerabilidade Marcelo Ramos, que repre- senta o partido de Marina Silva (PSB), constantemente bom- bardeada, sob a acusação de permitir a influência de pastores da igreja Evangélica, nas diretri- zes do seu plano de governo para o segmento, diz que o primeiro ponto a ser combatido em seu mandato, será a vulnerabilidade dos gays e lésbicas no Ama- zonas. Para o candidato, que também é deputado estadual, faltam políticas especiais para o público em setores como edu- cação, saúde e segurança. “Admitindo que o segmento sofre e muito com a vulnerabi- lidades nesses três eixos, vamos pensar de modo diferenciado nos problemas dessas pessoas. Entendo que, falta tolerância e é essa tolerância que plantare- mos em nosso governo. Vamos dialogar, com os representantes LGBT no Amazonas, fortalecere- mos as atividades do núcleo que existe no Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. A ideia é fortalecer esses laços”. Na vertente dos demais candidatos, o comunista Luiz Navarro (PCB), asse- gura que o diálogo será um dos pontos principais da relação de seu gover- no com os homossexuais. Navarro, diz que será por meio do Conselho Popular de Saúde, que integra o conjunto de propostas da sua campanha, que a rela- ção será intensificada. “A escolha sexual é algo de cada um, e nós temos que aceitar. Mas, é lógico que determinadas doenças vem crescendo muito dentre o segmento, por isso temos que olhar de modo especial para a questão. No nosso governo, também vamos combater veementemente a violência e o preconceito contra eles”, ponderou. A reportagem tentou contato com os candidatos Herbert Amazonas (PSTU) e Abel Alves (PSOL), mas até o fechamento da edição não teve as ligações atendi- das. A demanda foi enviada ao candidato Eduardo Bra- ga (PMDB), mas também não foi respondida. Diálogo será ponto de partida NAVARRO Para o candidato Na- varro será por meio do Conselho Popular de Saúde, que integra o conjunto de propos- tas da sua campanha, que a relação homo- afetiva será intensifi- cada com o governo JOELMA MUNIZ Equipe EM TEMPO Público gay no centro dos debates políticos Candidatos ao governo do Estado debatem o tema e apresentam suas propostas para atender um público que está no centro Com o primeiro casamento homoafetivo realizado no Amazonas, o debate sobre a questão gay passa a ser tema nas discussões dos postulantes ao cargo de governador do AM CASAMENTO GAY DO NORTE RAIMUNDO VALENTIM ... Presidenciáveis discutem o assunto Um dia após lançar progra- ma de governo em que defen- dia a aprovação de projetos e emendas constitucionais que assegurassem o casamento civil entre homossexuais, a campanha da candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) à Presidência da Re- pública, Marina Silva, recuou. Agora, a nova redação não defende alterações na le- gislação. Ressalta apenas a garantia “de direitos oriundo da união civil entre pessoas do mesmo sexo”, o que já foi reconhecido pelo Supre- mo Tribunal Federal (STF). Também foi suprimido o trecho em que o PSB fazia menção à aprovação da PLC 122/06, que torna crime a homofobia. Em nota publicada, o PSB comunicou que o programa divulgado oficialmente “não retrata com fidelidade os re- sultados do processo de dis- cussão sobre o tema durante as etapas de formulação do plano de governo”. O partido garante que, apesar da mo- dificação, continua apoiando a causa. “Convém ressaltar que, apesar desse contra- tempo indesejável, tanto no texto com alguns equívocos como no correto, permanece irretocável o compromisso ir- restrito com a defesa dos di- reitos civis dos grupos LGBT e com a promoção de ações que eduquem a população para o convívio respeitoso com a diferença e a capacida- de de reconhecer os direitos civis de todos”. O pastor Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, ameaçou fazer um discurso duro contra Marina Silva. O texto do programa de governo da candidata Dilma Rousseff (PT) protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) causou manifesta- ções de descontentamento na comunidade gay. O motivo está na página 20 do docu- mento, que trata da ques- tão dos direitos humanos. O texto utiliza a expressão “opção sexual” ao se referir a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. A expressão utilizada em or- ganizações internacionais de direitos humanos é “orien- tação sexual”. Quem ainda recorre ao termo “opção” são sobretudo fundamentalistas religiosos, defensores da chamada “cura gay”. Já o presidenciável Aécio Neves disse: “Sou favorável ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Isso já está incorporado ao mundo mo- derno”, disse o político. ELEIÇÕES 2014 - 01.indd 1 20/9/2014 01:13:09

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Eleições 2014 - Caderno especial do jornal Amazonas EM TEMPO

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Page 1: Eleições 2014 - 21 de setembro de 2014

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MANAUS, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 2014 [email protected] (92) 3090-1019

Eleições 2014Eleições 2014Espe

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Com as relações homo-afetivas no centro das discussões da disputa presidencial, as cobran-

ças por políticas públicas de inclusão do segmento eleitoral, tomam mais espaço e chegam ao Executivo e Legislativo Es-tadual. Mesmo não tendo atri-buições jurídicas, para legislar diretamente sobre o tema, os candidatos ao cargo de gover-nador do Amazonas, marcam posição é apresentam o que pensam e como pretendem inserir o público gay, em seus mandatos.

Candidato pelo PMN, o de-putado estadual, Chico Preto, afastou qualquer possibilidade de permitir que um dos agen-tes públicos participantes da sua gestão, imponha qualquer tipo de constrangimento a um homem ou mulher por conta da sua orientação sexual. “Não é a orientação sexual de uma pessoa que vai fazer com que

a prestação do serviço público seja diferente. Como governa-dor afi rmo isso, não tolero atos de homofobia, eu respeito con-vicções, mas não tolero atos de homofobia”, destacou.

Governador do Estado e lutando pela reeleição, José Melo (PROS), ressaltou já no mandato que compartilhou com Omar Aziz (PSD), as di-versidades foram tratadas com respeito e com o espa-ço. O Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CEDDPH), segundo Melo, é o símbolo dessa preocupação e deve continuar a existir caso seja alçado ao cargo mais uma vez.

“O CEDDPH é imprescindível para a promoção e divulgação do conteúdo e signifi cado de cada um dos Direitos da Pes-soa Humana, assim como para propor medidas destinadas a assegurar a proteção dos di-reitos humanos e sociais e as garantias das liberdades individuais e coletivas”, co-mentou.

VulnerabilidadeMarcelo Ramos, que repre-

senta o partido de Marina Silva (PSB), constantemente bom-bardeada, sob a acusação de permitir a infl uência de pastores da igreja Evangélica, nas diretri-zes do seu plano de governo para o segmento, diz que o primeiro ponto a ser combatido em seu mandato, será a vulnerabilidade dos gays e lésbicas no Ama-zonas. Para o candidato, que também é deputado estadual, faltam políticas especiais para o público em setores como edu-cação, saúde e segurança.

“Admitindo que o segmento sofre e muito com a vulnerabi-lidades nesses três eixos, vamos pensar de modo diferenciado nos problemas dessas pessoas. Entendo que, falta tolerância e é essa tolerância que plantare-mos em nosso governo. Vamos dialogar, com os representantes LGBT no Amazonas, fortalecere-mos as atividades do núcleo que existe no Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana. A ideia é fortalecer esses laços”.

Na vertente dos demais candidatos, o comunista Luiz Navarro (PCB), asse-gura que o diálogo será um dos pontos principais da relação de seu gover-no com os homossexuais. Navarro, diz que será por meio do Conselho Popular de Saúde, que integra o conjunto de propostas da sua campanha, que a rela-ção será intensifi cada. “A escolha sexual é algo de cada um, e nós temos que aceitar. Mas, é lógico que determinadas doenças vem crescendo muito dentre o segmento, por isso temos que olhar de modo especial para a questão. No nosso governo, também vamos combater veementemente a violência e o preconceito contra eles”, ponderou.

A reportagem tentou contato com os candidatos Herbert Amazonas (PSTU) e Abel Alves (PSOL), mas até o fechamento da edição

não teve as ligações atendi-das. A demanda foi enviada ao candidato Eduardo Bra-ga (PMDB), mas também não foi respondida.

Diálogo será ponto de partida

NAVARROPara o candidato Na-varro será por meio do Conselho Popular de Saúde, que integra o conjunto de propos-tas da sua campanha, que a relação homo-afetiva será intensifi -cada com o governo

JOELMA MUNIZEquipe EM TEMPO

Público gay no centro dos debates políticos Candidatos ao governo do Estado debatem o tema e apresentam suas propostas para atender um público que está no centro

Com o primeiro casamento homoafetivo realizado no Amazonas, o debate sobre a questão gay passa a ser tema nas discussões dos postulantes ao cargo de governador do AM

CASAMENTO GAY DO NORTE

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Presidenciáveis discutem o assuntoUm dia após lançar progra-

ma de governo em que defen-dia a aprovação de projetos e emendas constitucionais que assegurassem o casamento civil entre homossexuais, a campanha da candidata do Partido Socialista Brasileiro (PSB) à Presidência da Re-pública, Marina Silva, recuou. Agora, a nova redação não defende alterações na le-gislação. Ressalta apenas a garantia “de direitos oriundo da união civil entre pessoas do mesmo sexo”, o que já

foi reconhecido pelo Supre-mo Tribunal Federal (STF). Também foi suprimido o trecho em que o PSB fazia menção à aprovação da PLC 122/06, que torna crime a homofobia.

Em nota publicada, o PSB comunicou que o programa divulgado ofi cialmente “não retrata com fi delidade os re-sultados do processo de dis-cussão sobre o tema durante as etapas de formulação do plano de governo”. O partido garante que, apesar da mo-

difi cação, continua apoiando a causa. “Convém ressaltar que, apesar desse contra-tempo indesejável, tanto no texto com alguns equívocos como no correto, permanece irretocável o compromisso ir-restrito com a defesa dos di-reitos civis dos grupos LGBT e com a promoção de ações que eduquem a população para o convívio respeitoso com a diferença e a capacida-de de reconhecer os direitos civis de todos”.

O pastor Silas Malafaia, da

Assembleia de Deus Vitória em Cristo, ameaçou fazer um discurso duro contra Marina Silva.

O texto do programa de governo da candidata Dilma Rousseff (PT) protocolado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) causou manifesta-ções de descontentamento na comunidade gay. O motivo está na página 20 do docu-mento, que trata da ques-tão dos direitos humanos. O texto utiliza a expressão “opção sexual” ao se referir

a lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais. A expressão utilizada em or-ganizações internacionais de direitos humanos é “orien-tação sexual”. Quem ainda recorre ao termo “opção” são sobretudo fundamentalistas religiosos, defensores da chamada “cura gay”.

Já o presidenciável Aécio Neves disse: “Sou favorável ao casamento de pessoas do mesmo sexo. Isso já está incorporado ao mundo mo-derno”, disse o político.

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2 MANAUS, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

Agenda dos candidatos

Candidato fará visita na região do Baixo Amazonas.

EDUARDO BRAGA

Candidato realiza às 8h caminhada na região Cen-tro-Oeste, e à noite participa de comício da candidata Marina Silva.

MARCELO RAMOS

Candidato não divulgou agenda.

HERBERT AMAZONAS

Candidato fará caminhada no bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste e no fi m da tarde caminhada no núcleo 16 do bairro Cidade Nova, Zona Norte.

ABEL ALVES

Candidato realiza comícios e caminhadas em municí-pios do Alto Solimões.

JOSÉ MELO

Candidato não divulgou agenda.

CHICO PRETO

Candidato não dovulgou agenda.

NAVARRO

Parlamento jovem aposta na renovação da Aleam Engajados cada vez mais cedo no meio político, candidatos jovens entram na briga por uma cadeira na Assembleia

Este será o ano da re-novação do parlamen-to amazonense. Pelos menos é isso que di-

zem os jovens de menos de 35 anos que disputam o par-lamento estadual e federal. De diferentes matrizes ideológi-cos, pensamentos e classes sociais, eles garantem que a sociedade brasileira, em espe-cial a amazonense, quer reno-vação de seus líderes políticos e que este será o momento em que os eleitores darão este recado nas urnas.

Inseridos no advento das mídias digitais, afi nados com a juventude que se mobili-zou pela internet para sair às ruas nos protestos de junho de 2013, os jovens

Candidatos dizem empunhar bandeiras como o fi m da cor-rupção, mais investimentos na educação, saúde, segurança pública e qualidade dos servi-ços públicos. Eles lembram que a juventude brasileira tem sido esquecida pelo poder público nestes últimos anos.

Filiada ao PSDC há cerca de três meses, Diana Antonielle, de 20 anos, ainda nem termi-nou o ensino médio, mas já se lançou candidata a deputada estadual. A estudante diz que o fez por um motivo maior que a inspirou a começar a tentar entrar na vida pública. A adolescente sofreu abuso sexual no passado e agora quer levar o combate a esse tipo de crime como sua bandeira no parlamento. Segundo ela, o poder público “fecha os olhos” para o assunto.

“Com a minha coragem, eu quero encorajar outras víti-mas. Já tenho inclusive alguns projetos de lei sobre a ques-tão. Na campanha, recebo muito apoio, muita gente me manda mensagens apoiando a minha causa. Essa é uma questão social e é preciso que alguém defi nitivamente concentre as atenções nesse

assun to . É preciso encorajar as víti-mas”, dis-se Diana.

Há tam-bém os j o v e n s candida-tos que estréiam na disputa após um longo período ao redor da política. O advogado João Vitor, de 23 anos, é fi liado ao PSB desde 2012, quando conheceu o deputado e atual candidato do partido ao gover-no, Marcelo Ramos. João Vitor então passou a trabalhar na assessoria jurídica de Ramos,

serviço que durou até meses atrás, quando o advogado se desligou do cargo para se dedicar a disputa pelo parla-mento estadual.

“Eu, mesmo na faculdade, sempre me interessei por direi-to eleitoral, esse sempre meu foco. Portanto, a convivência com Marcelo me encorajou muito a tentar a carreira públi-ca. Meu objetivo no parlamento é manter a linha combativa, a exemplo de Ramos. Principal-mente contra casos de corrup-ção e desperdício de dinheiro público, algo que já tem des-gastado muito a credibilidade na política”, disse o candidato. Além de João Victor e Diana, outros jovens como Reizo Cas-telo Branco, Arthur Bisneto, Henrique Oliveira Filho.

Na disputa pela primeira vez, Diana quer defender as mulheres

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Público estratégico da campanha dos candidatos ao governo nestas eleições, o eleitorado jovem do Ama-zonas, entre 16 e 24 anos, aumentou 7% desde as últi-mas disputas estaduais, em 2010. Fatia do eleitorado que registra forte desânimo com a política, os jovens amazonenses representam hoje 21,6% de todo o colégio eleitoral do Estado, mais que o dobro do grupo de eleitores considerados tra-dicionais, de 60 anos para cima.

Dados disponibilizados pelo relatório virtual do Tribunal Regional Eleito-ral do Amazonas (TRE-AM) revelam que apesar do au-mento de 7% do número de eleitores jovens em relação a 2010, a representativida-de dessa fatia do eleitorado registra sucessivas quedas desde 2006. Naquele ano, o grupo somava 25,2% de todo o colégio eleitoral. Nas eleições seguintes, em 2010, o percentual enco-lheu para 22%. Agora, a parcela registra o menor ín-

dice dos últimos oito anos, de 21,2%.

Somente 2% dos candi-datos são jovens

Dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que somente 2% dos candidatos à eleição de 2014 são consi-derados jovens. Ao todo, de 24.899 candidaturas registra-das no TSE, apenas 502 são de pessoas com menos de 25 anos. Pela classifi cação do Ins-tituto Brasileiro de Geografi a e Estatística (IBGE), é conside-rada jovem qualquer pessoa

com menos de 25 anos.Pelos números do TSE,

148 pessoas com menos de 25 anos são candidatas ao cargo de deputado fede-ral, outras 345 candidatas a deputado estadual e outras nove a deputado distrital (cargo existente apenas no Distrito Federal). Destes 502 jovens, apenas 23 pessoas que se candidataram a car-gos eletivos nas eleições de 2014 tem menos de 20 anos. A candidata mais jovem do Brasil tem 16 anos e mora no Rio de Janeiro.

No AM, jovens são 21,2% do eleitorado

MUDANÇA De diferentes matrizes ideológicas, pensamen-tos e classes sociais, os jovens estão garan-tido na sociedade seu espaço. Aposta é no conceito de renovação que a sociedade vem pregando

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Vereador mais votado na CMM, Reizo almeja carreira da Aleam

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3MANAUS, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

As pessoas que têm criticado esse projeto da Cidade Universitária são contra o conheci-mento das pessoas que moram no Amazonas. Quem fala mal é gen-te de visão medíocre”

Eleito em 2013 o go-vernante brasileiro com maior aprovação popular pela Confede-

ração Nacional da Indústria (CNI) e pelo Instituto Bra-sileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). Omar José Abdel Aziz é um político nato. Ex-líder estudantil nos anos da ditadura, Aziz iniciou sua carreira política no começo da década de 80, como dire-tor do Centro Acadêmico de Engenharia da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e participou também de vários movimentos visando a rede-mocratização do País, entre eles o das “Diretas Já”.

Nascido numa família de descendências árabe e ita-liana, já exerceu mandatos de vereador e deputado es-tadual, foi eleito vice-pre-feito de Manaus na chapa com Alfredo Nascimento e, em 2000, reelegeu-se vice-prefeito, novamente com Al-fredo Nascimento, mas em maio de 2002 deixou o cargo para concorrer ao governo do Amazonas.

Após dois mandatos na administração do Estado, li-cenciou-se do cargo em 2008 para se candidatar a prefeito de Manaus, fi cando na tercei-ra colocação. Em março de 2010, com a renúncia de Edu-ardo Braga, que foi disputar o Senado, Omar Aziz assumiu o governo do Amazonas e, em seguida, concorreu à reelei-ção onde recebeu mais de 940 mil votos, quase 64% do eleitorado amazonense.

Ao lado de Nejmi Aziz, pai de quatro fi lhos, Omar disputa a única vaga de senador do Amazonas nestas eleições. Disparado nas pesquisas, ele dispensa o rótulo de “já ga-nhou” e diz que diariamente vai às ruas ouvir a população e apresentar suas propostas.

EM TEMPO – O que lhe diferencia dos demais can-didatos que estão na dis-puta ao Senado?

Omar Aziz – Passei quatro anos no governo do Estado e aprendi muito administrando uma região do tamanho que é o Amazonas, conheço de perto as necessidades que temos aqui. E estou preparado para defender nossos direitos lá no Senado Federal, em Brasília. Temos demandas que podem ser resolvidas com a atua-ção fi rme de um senador que não seja subserviente e que não seja passivo. Uma coisa é apoiar um governo, outra é ser subordinado, deixando de defender os direitos do seu Estado só porque tem compromissos políticos que

o impedem de colocar a cara para defender propostas. Isso não acontecerá comigo.

Quero ir à Brasília sabendo o que precisamos fazer em todos os segmentos, como na saúde, na educação, in-fraestrutura, logística e ou-tros. Temos um polo indus-trial fortíssimo, mas com um alto custo portuário. Temos a construção de um porto apro-vado pelo Governo Federal para ser construído na extinta Siderama há quatro anos e não vemos um parlamentar defender a construção deste porto.

Outra coisa é que não se pode ir ao Senado achando que prejudicando o governa-dor estará se benefi ciando politicamente. Em primeiro lugar, está a população.

EM TEMPO - Uma das re-clamações do prefeito Ar-thur Neto é a não liberação de recursos federais para Manaus, por causa a diver-gências partidárias. Como o senhor avalia isso?

Omar Aziz – Isso não é um prejuízo para o Arthur Neto, mas para Manaus. Temos que separar a questão política da administrativa. A Prefeitura precisa da ajuda dos governos estadual e federal. Quando estava à frente do Governo, fi z uma parceria positiva com a prefeitura. Se hoje temos água nas zonas Leste e Norte foi porque eu e o Arthur nos despimos de vaidades e colo-camos os projetos em prática. É fácil falar da falta d’água, se temos água em casa. Hoje, essa questão não entra nos debates políticos porque já foi resolvida.

A questão da mobilidade urbana, que é tão discutida, já poderia ter sido amenizada. Sabemos que a prefeitura não tem condições fi nanceiras de resolver sozinha, mas se o Governo Federal não viabili-zar esses recursos, aí é que não conseguiremos resolver o problema. Serei um senador atento às questões das ne-cessidades do Estado.

EM TEMPO – Se eleito, como será a sua relação com o seu colega de ban-cada, seja Eduardo Braga, Sandra Braga ou Lírio Pa-risotto?

Omar Aziz – Será Eduardo, pois o José Melo é quem será o nosso governador. A minha relação com a bancada será meramente política.

EM TEMPO – Durante o período da votação da PEC da Zona Franca de Manaus (ZFM), o senhor era gover-nador do Estado e teve uma participação importante da aprovação da matéria.

Caso seja eleito senador, o que o senhor fará para se destacar? Vai lutar para ser líder de bancada?

Omar Aziz – Eu ainda estou pensando nas eleições do dia 5 de outubro, quero dar um passo de cada vez. Não tenho esse alvoroço de ser líder ou buscar destaque. Quero sim, fazer o meu papel. Ninguém se elege para ser líder, se elege para ser senador. E eu serei senador com conhecimento do Amazonas. Quero honrar a confi ança do povo.

EM TEMPO – Na sua administração, uma das questões mais debatidas foi a segurança pública. E nas últimas semanas esta-mos acompanhando fatos que têm dado à população uma sensação de medo. O senhor acredita que esses acontecimentos têm cará-ter eleitoreiro?

Omar Aziz – A forma como estão tratando, sim. Quem está abordando esse assunto teve a oportunidade de fazer algo em 8 anos. Se me apon-tarem um programa, projeto ou ideia que o Eduardo Bra-ga tenha tido nesta área, eu não conheço. O refl exo hoje é menor do que se não tivés-semos feito investimentos no período que estive à frente do Governo. Quando eu assumi o mandato de governador, a cri-minalidade tinha aumentado em 86% e nós reduzimos para 22%, mesmo sem o Programa Ronda no Bairro.

Com o Ronda no Bairro, o número de presos também dobrou. Agora fazem críticas ao programa? É normal haver falhas. Todo projeto precisa se adequar, mas sem dúvi-da, ele é muito bom. Outro investimento que fi z foram as construções de Distritos Integrados de Polícia (DIPs). Foram 13 no total, aumentan-do o número de delegacias para 30, só na capital.

Implantei, além do Ron-da no Bairro, o programa Galera Nota Dez. Dobramos para R$ 1,3 bilhão os in-vestimentos para esse setor, valorizamos o policial, que muitas vezes trabalhava até sem armamento adequado, e com as viaturas que eram empurradas. Não tem nem como comparar. Agora, não avançamos ainda mais de-vido a omissão de algumas pessoas, que estão junto com a presidente Dilma Rousseff e não tomaram providências. Agora, estão falando em pro-vidências.

EM TEMPO – Na semana passada, tivemos mudan-ças na cúpula da Polícia Militar, em meio a uma crise interna. A que o se-

nhor atribui isso?Omar Aziz – Temos que

oxigenar sempre. O comando da PM é muito estressante, o coronel Almir David assu-miu com muita altivez a sua função, mas precisou sair. Quando eu assumi o gover-no, o comandante era o Dan Câmara, que foi um ótimo técnico. A instituição não pode ser a pessoa.

EM TEMPO – O senhor tem sofrido ataques de ad-versários constantemen-te, mas tem se mantido neutro. Por quê?

Omar Aziz – A população não quer saber desse bate-boca e sim do que você irá falar em nome dela. Esse confronto não constrói um Amazonas melhor. O que considerar injusto eu vou buscar meus direitos na Justiça, pedindo direitos de resposta, o que já fi z nesta campanha. Não vou fi car batendo boca com ninguém.

EM TEMPO – Um dos pro-jetos implantados no seu governo, que vem sendo criticado, é a criação da Cidade Universitária. Isso tem lhe tirado o sono?

Omar Aziz – As pessoas que têm criticado esse projeto são contra o conhecimento do Estado do Amazonas. A Universidade Federal do Ama-zonas (Ufam) levou 35 anos para ser construída. Estamos criando o maior centro de conhecimento para o futuro do Amazonas em uma área onde será possível fazer pesquisas. Agora, é claro, isso não é obra para um ano e sim para uma década. Quem fala mal é gente de visão medíocre, que pensa somente na próxima eleição. Ali, iremos formar o futuro do Estado. Fui eu quem democratizou a Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e não retirei nenhum recurso para aquela instituição. Fiz o Plano de Cargos Carreiras e Salários para os servidores. Fiz eleição direta para Defen-soria Pública do Estado (DPE) também.

Só eu sei o quanto sofri tendo apenas uma arqueólo-ga para avaliar uma obra do tamanho que será a Cidade Universitária. Os senadores amigos da Dilma poderiam ter visto isso, pedindo mais mão-de-obra, mas o pior é o melhor para eles.

Tenho a consciência de que meu governo fez muita coisa, entre elas, pagamos a cons-trução da Ponte Rio Negro e fi zemos um evento de Copa do Mundo excelente, com a Arena da Amazônia o está-dio mais bonito do mundial. Demos uma “tapa com luva” na cara de muita gente.

Omar AZIZ

‘Nunca envergonheiO POVO DO AMAZONAS’

Passei quatro ano no governo e aprendi mui-to administrando uma região do tamanho que é o Amazonas. Conheço de perto as necessida-des que temos aqui. E estou preparado para defender nossos direitos lá no Senado Federal, em Brasília”

ISABELLA SIQUEIRAEquipe EM TEMPO

FOTOS: DIEGO JANATÃ

Meu colega de bancada no Senado será o Edu-ardo Braga, pois José Melo será o governador. E nosso rela-cionamento será político”

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4 MANAUS, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

Governo já sabe seus en-volvidos no Petrolão

O governo federal dá como certo que persona-gens das gestões de Lula e Dilma foram citados na delação premiada do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. Ao pressio-nar pela obtenção de cópia dos depoimentos, o governo acabou por confi rmar, pela via informal, o envolvimento de políticos aliados, inclusi-ve do PT, outros ministros, além de Edison Lobão (Mi-nas e Energia), e fi gurões da Presidência.

Íntimo do poderO ex-diretor tinha rela-

ções próximas com o pe-tismo: Lula o chamava de “Paulinho” e guarda um macacão da Petrobras au-tografado por ele.

Convidado especialAlém de também ter ma-

cacão autografado por Pau-lo Roberto, Dilma o teria incluído na seleta lista de convidados para o casa-mento da fi lha.

Resolvedor-geralPaulo Roberto era “resol-

vedor-geral” de problemas dos poderosos, da compra de imóveis ao pagamento de despesas pessoais.

AutonomiaDiretor de Abastecimen-

to, Paulo Roberto Costa tinha “carta branca” do Planalto para agir com au-tonomia nos negócios da Petrobras.

Campanhas gastam mais que STF e CNJ em 1 ano

A previsão de gastos dos candidatos a presidente, nos três meses de campa-nha, é maior que os orça-mentos anuais do Supremo Tribunal Federal e do Con-selho Nacional de Justiça

somados. Os R$ 916,3 mi-lhões que os presidenciá-veis disseram ao Tribunal Superior Eleitoral que vão gastar representam quase o dobro do orçamento do STF (R$ 564,1 milhões) e quatro vezes maior que o do CNJ (R$ 219,2 milhões.

CampeõesSó o gasto da candidata

petista, Dilma Rousseff (RS 298 milhões), e do tucano Aécio Neves (R$ 290 mi-lhões) já bancam um ano de Supremo.

Com ajudinhaPara bancar o CNJ por um

ano, seriam sufi cientes os R$ 150 milhões de Marina (PSB) somados aos R$ 90 milhões de Eduardo Jorge (PV).

Nanicos?Os R$ 50 milhões a serem

gastos pelo Pastor Everal-do, R$ 12 milhões de Levy Fidelix e R$ 25 milhões de Eymael dão uma mega-acu-mulada.

Missão impossívelO presidente do Conselho

de Ética da Câmara, de-putado Ricardo Izar (PSD-SP), duvida de quórum, a 5 dias da eleição, para votar parecer do relator sobre a cassação de Luiz Argôlo: “Ninguém vai aparecer”.

Ei, você aíAlvo de processo de cassa-

ção Conselho de Ética, Luiz Argôlo (SD-BA) – acusado de ser sócio do megadolei-ro Alberto Youssef – segue na campanha pela reelei-ção, como se nada tivesse ocorrido.

Veneno na CPMIResponsável pela compra

superfaturada da refi naria de Pasadena, nos EUA, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró ganhou dois apelidos maldosos na CPMI

da Petrobras: Corcunda de Notre Dame e Goonies.

VerborragiaLula debochou do senador

Pedro Simon (PMDB-RS), em visita ao Rio Grande do Sul, e pegou mal. Simon é respeitado no Estado. Dil-ma fi cou irritada. “Isso mais atrapalha do que ajuda”, dis-se a assessores.

Briga na BahiaA avaliação no DEM é que

a vitória de Paulo Souto es-taria consolidada. Na briga pelo Senado, Geddel Vieira Lima (PMDB) estabilizou e Oto Alencar, candidato do governador Jaques Wagner (PT), cresceu.

Vai dar roloA cúpula da Globo, no Rio,

colocou sob observação a sua fi liada no Ceará, acu-sada de ignorar uma ordem do TRE para não veicular comerciais do candidato do PT ao governo, Camilo Santana.

Siga o mestreNo Rio Grande do Norte,

Henrique Alves (PMDB) e Ro-binson Faria (PSD) contam com Dilma no 2º turno, mas com PMDB e PT em lados opostos, é provável que ela não dê as caras, como fez Lula antes.

P de PetrobrasO edital do novo concurso

da Petrobras trouxe nova defi nição do termo PPP. Em vez de Parceria Público-Pri-vada, ideia que raramente dá certo em gestões pe-tistas, PPP na estatal virou Pessoa Preta ou Parda.

Pergunta no tribunalO que é mais suspeito:

convidar o ex-diretor para o casamento da fi lha ou pressionar a Justiça para saber o que ele contou, na delação premiada?

PODER SEM PUDOR

Cláudio HumbertoCOM ANA PAULA LEITÃO E TERESA BARROS

Jornalista

Deputado plural

www.claudiohumberto.com.br

Se a campanha cometeu equívoco,vai prestar conta

DILMA (PT) sobre o uso da estrutura dosCorreios para distribuir seus ‘santinhos’

O falecido deputado Luiz Eduar-do Magalhães (PFL-BA) presidia as sessões da Câmara com instantes de bom humor. Certa vez, ele se dirigiu assim ao deputado Fernan-do Gabeira (RJ), na época o único representante do PV:

- Deputado, use a palavra para orientar sua bancada!

- Presidente – respondeu Gabeira – minha bancada sou apenas eu, uma pessoa muito dividida. Nem sempre posso me orientar bem...

Tucano compara história de adversárias e aponta semelhanças entre elas. “É colocar o PT de novo no governo”, alertou

‘Na essência, Marina é do PT’, diz Aécio Neves

Durante evento em Belo Horizonte, Aécio Neves disse que sua candidatura é a única viável

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AÇÃO

O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afi rmou

ontem em evento de cam-panha em Belo Horizonte que trocar a presidente Dilma Rousseff , candidata do PT à reeleição, por Marina Sil-va, presidenciável do PSB, é como trocar “seis por meia dúzia”. O tucano voltou a afi rmar que a sua candida-tura é a única que viabilizará uma “mudança consistente” e que, na sua avaliação, está crescendo nas pesquisas de intenção de voto.

“A única candidatura que cresce de forma consistente no plano nacional é a nossa candidatura, porque a popu-lação está chegando a uma conclusão muito simples, porque trocar a Dilma pela

M a r i n a é trocar seis por meia dú-zia. É co-locar o PT de novo no gover-no, o que não que-remos”, disse Aécio.

O presidenciável também fez comparações da partici-pação de Dilma e Marina no governo do PT. “Eu respeito todas as candidaturas, mas a Marina é, na essência, do PT. Quando nós estávamos lá atrás, brigando para acabar com a infl ação, essa infl ação que a Marina diz hoje que quer domar, ela estava no PT votando contra o Plano Real e contra a Lei de Responsa-bilidade Fiscal”, disse.

“Quando nós estávamos denunciando o mensalão, e cobrando que a Justiça bo-tasse na cadeia aqueles que desviaram dinheiro público, Marina e Dilma eram colegas de ministério do PT. E lá estavam”, completou.

O candidato do PSDB con-versou com jornalistas após fazer caminhada por dois quarteirões da região de Venda Nova, na Zona Norte de Belo Horizonte. Ele disse ter uma candidatura cons-truída “ao longo de 30 anos de dedicação” a Minas Ge-rais, seu Estado de origem, e pediu o voto dos eleitores mineiros. “Existe uma can-didatura que significa uma mudança clara no Brasil e o início de um novo ciclo. E essa candidatura é uma can-didatura mineira”, disse.

Renan acusado de improbidade A Procuradoria da Repú-

blica, no Distrito Federal, informou, na última sexta-feira (19), que apresentou à Justiça ação civil contra o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por suposto recebimento de propina da construtora Mendes Junior quando era presidente da casa (2005 a 2007). O órgão acusa o senador de improbidade administrativa e defende a perda de mandato.

A ação é um desdobra-mento na área cível de um inquérito aberto em 2007, para investigar suspeitas de que Renan teria despesas pessoais pagas pela em-

preiteira em troca de verbas do orçamento, liberada por emendas parlamentares, que benefi ciariam a Mendes Junior. Na época, ele renun-ciou ao cargo de presidente do Senado.

Segundo informou a as-sessoria de imprensa do Mi-nistério Público Federal em Brasília, a ação afi rma que o senador teve despesas de um relacionamento extra-conjugal pagas pela Mendes Júnior. O órgão aponta que Renan enriqueceu ilicita-mente, forjou documentos para comprovar sua renda e teve evolução patrimonial incompatível com o cargo.

Os fatos são os mesmos analisados na esfera penal, que ainda não foi julgada pela Justiça. O Supremo Tri-bunal Federal (STF), a quem cabe julgar parlamentares por suposto cometimento de crimes.

MP diz que Renan enriqueceu de forma ilícita e teve evolução patrimonial incompatível

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ULG

AÇÃO

ACUSAÇÃO

AÇÃO A ação é um desdobra-mento na área cível de um inquérito aberto em 2007, para investigar suspeitas de que Renan teria despesas pessoais pagas pela empreiteira em troca de verbas do orçamento

‘CGU está vivendo na penúria’ Responsável pelo comba-

te à corrupção no governo federal, o ministro da Con-troladoria-Geral da União (CGU), Jorge Hage, afi rmou ontem, que a redução de R$ 7,3 milhões no orçamento do órgão em 2014, em relação ao ano passado, gerou uma situação de “penúria orça-mentária” na pasta.

Segundo o ministro, o corte no orçamento com-prometeu o pagamento de despesas básicas, como água, luz e telefone, além de diárias e passagens aos

auditores encarregados de fi scalizar a aplicação dos recursos federais no país, o que, afi rmou, pode difi cultar a identifi cação de eventuais irregularidades na adminis-tração pública.

Na semana passada, o Sin-dicato Nacional dos Analis-tas e Técnicos de Finanças e Controle (Unacom Sindical) promoveu, em Brasília e em 14 Estados, atos de protesto contra o “enfraquecimento” da CGU. Em Brasília, cerca de 25 servidores se reuniram nesta quinta em frente à

sede do órgão para reivin-dicar a liberação de verbas para o custeio dos serviços essenciais.

Atribuições Entre as atribuições da

CGU, está o combate à cor-rupção no serviço público federal, a auditoria pública e a aplicação das ferramentas de transparência. O órgão também exerce o papel de corregedor e ouvidor do go-verno federal, além de garan-tir o acesso às informações públicas.

CORTES

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5MANAUS, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

A casa de dois an-dares com varanda herdada pelos pais é simples, antiga,

localizada na rua Santos Dumont, bairro Praça 14, Zona Sul de Manaus. Pare-ce que não recebe reparos há muito tempo, por conta das rachaduras e paredes com vergalhões expostos. Na garagem, um pequeno compressor, algumas es-ponjas e sabão fazem do local um lava a jato, frequen-tado por vizinhos e alguns taxistas que fazem ponto ali perto. A placa de isopor no pé da castanholeira, com um escrito a pincel, indica que ali se lava carros. Mas, quem passa em frente a esta casa, não imagina que ali reside um ex-vereador, que durante seu mandato foi vice-presidente e presi-dente da Câmara Municipal de Manaus (CMM).

César Roberto Cerqueira Bonfim, 56, homem que mar-cou a história política local na década de 1990, hoje é professor de matemática formado pela Universidade

Federal do Amazonas (Ufam) e atual-mente dá aulas no Centro de Educação de Jovens e Adultos (Ceja) na a v e n i -da André A r a ú j o , bairro Aleixo, também na Zona Sul, nos altos de uma agência bancária. A vida parlamentar ele deixou para trás. Bonfim mora na casa antiga com o irmão mais novo, de 50 anos, que não é casado. Casou-se duas vezes, separou das duas esposas e tem três filhos adultos. “Eles vêm aqui, com frequência, me visitar. Estou sozinho, mas feliz”, disse. Bomfim rece-beu a reportagem do EM TEMPO no pátio da casa antiga que ele usa como lava a jato. “Não estou falido, não. Meu mundo é este e sei tirar bom proveito dele. Não adianta ganhar o mundo e perder alma”, salientou.

Bonfi m entrou jovem na política, sendo vereador de Manaus aos 31 anos, no

período entre 1988 a 1996. No primeiro mandato, viveu uma época de forte turbulên-cia, que resultou na cassação do mandato e, consequente-mente, na perda da credibi-lidade. Na época, durante a administração do então prefeito Arthur Neto, ele foi alvo de escândalos por sus-peita de desvio de recursos da Câmara Municipal.

O principal deles foi o uso indevido de um fundo para cobrir gastos pessoais dos vereadores com saúde, já que o parlamento não oferecia plano. Enquanto esteve na presidência, al-guns parlamentares usaram recibos falsos para terem acesso ao dinheiro, que, na época, foi descoberto que era usado até mesmo para pagar academia de ginás-tica. Houve caso em que um vereador usou o recibo de um ginecologista para pedir o ressarcimento. O escândalo durou mais de três anos e uma CPI resultou na cassação do mandato de César Bonfim, já no segundo mandato, na administração do prefeito Amazonino Men-des. “Maioria dos vereado-res envolvidos nesse golpe

ressarciu os cofres públicos, mas permanecem no po-der até hoje e nunca foram apontados como culpados. Não fizeram a mesma ‘caça às bruxas’ com eles. Esse escândalo envolvia vários parlamentares, porém, fui o único alvo”, lamentou.

Bonfim contou que, en-quanto esteve à frente da presidência da Câmara

Municipal, não era aliado de Arthur Neto. “Projetos que não eram do interesse da população não tinham o meu apoio. Isso incomodou. Como presidente, tinha de ser submisso ao prefeito e eu não fui”, disse. Ele citou que, na época, comandou a votação de um projeto

de lei, de autoria do Poder Executivo, que previa o au-mento em dobro do valor do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU). Numa mano-bra, maioria dos vereado-res votou contra. Também à frente da presidência, ele determinou a dispensa de mais de 2 mil servidores “celetistas” da casa, ou seja, contratados por meio das Consolidações das Leis do Trabalho (CLT), e extinguiu o plano de aposentadoria à vereadores que exerceram mais de três mandatos, o que beneficiaria vários colegas. “Fui contra muita coisa suja e paguei caro por preser-var meu caráter. Certo dia, em meio a minha cassação, um colega vereador, antes amigo meu, disse: ‘Me des-culpa, mas a ordem de cima era ferrar com você’. Acho que nenhum político des-se Estado apanhou tanto quanto eu”, contou.

Os escândalos envolvendo César Bonfim o tiraram da vida pública. Ele não assu-miu nenhum cargo político em órgãos municipais ou estaduais. Reservado, nos últimos anos ele tem se dedicado ao lava-jato e à

única cadeira de professor da rede estadual de ensino e dá aulas à tarde. “Não dá para viver só com salário de professor”, comentou ele. Bonfim não considera esta vida um declínio, mas uma forma que ele arranjou de viver e reconstruir o que o passado político destruiu. “Aqui, ninguém segura meu braço, me obriga a nada. Faço o que eu quero, meus filhos me amam, tenho mui-tos amigos e assim levo uma vida tranquila, feliz, sem am-bições”, ressaltou.

O professor de matemá-tica disse que agora está limpo na Justiça e no Tribunal de Contas do Estado (TCE), onde respondeu a proces-so por vários anos, pensa em candidatar-se a verea-dor, em 2016. “Quem votou em mim naquela época, vai votar de novo. Fui eleito pela pessoa de bom caráter que sou. Não precisei com-prar votos, na época, para entrar na Câmara Munici-pal. Tenho muitos amigos e vou precisar deles daqui a dois anos. Eu voltaria à política, sim, mas desta vez tentando me proteger dos espinhos”, afirmou.

Ex-presidente da Câmara faz ‘extra’ lavando carrosAlvo de escândalo na década de 1990, César Bonfi m afastou-se da vida pública e hoje vive como professor e lavador de carros

CARLOS EDUARDO MATOSEquipe EM TEMPO

EX-VEREADOR César Roberto Cerquei-ra Bonfim, 56, homem que marcou a história política local na década de 1990, hoje é profes-sor de matemática e faz bico lavando carros na porta da sua casa na Praça 14

O professor e lavador de carros, César Bomfi m, diz que apesar de toda perseguição deverá tentar voltar ao cenário político em 2016 e brigar novamente por uma cadeira na Cãmara Municipal

RAIMUNDO VALENTIM

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6 MANAUS, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

Presidente Dilma vai pedir informações ao STF sobre caso da Petrobras. Ela afi rmou que não pode agir “com base em disse me disse” da imprensa

‘Imprensa não investiga e sim divulga informações’

A presidente Dilma Rous-seff disse que vai pedir ao Supremo Tribunal Federal (STF) acesso

ao depoimento do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, dentro do processo em que ele é benefi ciado pela delação premiada. Enfática, Dilma disse que “não é possível” a imprensa ter informações e que, como presidente da República, não pode tomar providências com base no “disse me disse”. A pe-tista disse que vai fazer o pedido ao ministro Teori Zavascki, que é o relator do caso no STF. Para a candidata, o papel da imprensa “não é de investigar e sim de divulgar informações”.

A reação de Dilma ocorreu porque o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ne-gou acesso ao depoimento de Paulo Roberto Costa. Ela disse que não faz prejulgamentos e que, sem as informações ofi ciais, não pode “tomar providências”. Para Dilma, a impunidade é o maior mal do país atualmente.

“Pedirei ao ministro Teori a mesma coisa: quero ser in-formada se no governo tem alguém envolvido. Não tenho porque dizer que tem alguém envolvido, porque não reconhe-

ço na revista “Veja” e nem em nenhum órgão de im-prensa o sta-tus que tem a PF, o MP e o Supremo.

Críticas Não é função da imprensa fa-

zer investigação e sim divulgar informações. Agora, ninguém diz que a informação é cor-reta. Não prejulgo, mas tam-bém não faço outra coisa: não comprometo prova. Porque o câncer que tem nos processos de corrupção é que a gente investiga, investiga, investi-ga e ainda continua impune”, disse Dilma, acrescentando: “ Não é possível que a revista “Veja” saiba de uma coisa e o governo não saiba quem é que está envolvido. Pedi primeiro para a PF, que me disse: não posso entregar, a investigação está em curso e peça ao MP. E o MP me disse a mesma coisa: se ele me disser, ele contamina a prova. Se ele me disser, ele contamina a prova. E reiterou, irritada: “Quando sai uma denúncia na “Veja” ou em qualquer outro jornal, eu não tomo medida, porque

sou presidente da República, baseada no disse me disse. Tomo medida baseada inclu-sive naquilo que sou a favor, que é da investigação absoluta. Vamos deixar uma coisa clara aqui: Quem é que descobre as práticas de corrupção no Brasil? A PF. Porque a PF tem hoje uma autonomia integral para investigar quem quer que seja. Sempre que vazam infor-mações que estão em investi-gação, sabe o que acontece? Compromete-se a prova”.

VazamentoPara Dilma, os crimes fi cam

impunes no Brasil por causa do vazamento de informações. “O que queria saber? Queria saber sim, para eu tomar providên-cias. O que eles me dizem? Se entregar a prova para você, estarei comprometendo a in-vestigação. Acho que nessa investigação, ela está sendo diferente. A própria revista Veja diz que o inquérito, os depoimentos, a delação estão criptografados e guardados num cofre. Isso signifi ca que nenhuma das falas é garantida. Ninguém sabe o que é”, disse a presidente, afi rmando que tem um “imenso compromisso contra a impunidade”.

A presidente se irritou ao ser perguntada sobre a de-claração de Paulo Roberto de que teria recebido R$ 1,5 mi-lhão de propina no processo de compra da refi naria Pasa-dena. Ela já tinha encerrado a entrevista e voltou para falar sobre o assunto.

“Se você me disser para quem ele disse, quem disse e como é que disse, eu res-pondo. Recebo informações de juiz, de procurador e de delegado da PF. Sou a favor de investigar, nada colocar para debaixo do tapete. Acho que

o maior mal atual é a impuni-dade. Se investiga, descobre o mal feito e não condena, cria a sensação de que não teve pena nenhuma. Sabe por que protege com a impunidade? Porque você não prende, não pune e só tem um jeito: tem que punir. Por isso é que se diz: tolerância zero”, disse ela, irritada e falando enquanto caminhava na rampa interna do Palácio da Alvorada.

Dilma ainda criticou a es-peculação na Bolsa de Valo-res e no mercado fi nanceiro com base no resultado de

pesquisas eleitorais. “Acho ótima a reação da Bolsa. Quando a Bolsa cai, eu falo: será que eu subi? Tá fi cando ridículo isso. Especulação tem limite! E acho que tem gente ganhando com isso. Eu não sou, eu perco, tá? Acho desagradável o fato de acharem que uma coi-sa está vinculada à outra. Quando sobe, ou quando desce. Não comentei e não comento pesquisa nem quando sobe e nem quando desce. Nunca comentei na vida”, disse, irônica.

Tolerância zero com impunidade

Na série de depoimentos que vêm prestando na con-dição de delator, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa fez uma revelação que surpreendeu os investigado-res. Segundo eles, Costa disse que a propina paga pela es-trutura da corrupção gira em torno de 3% sobre o lucro das empresas e não sobre o valor global dos contratos entre es-sas empresas e a Petrobras.

Costa disse ainda que o lucro das empresas que executam obras ou pres-tam serviços para a estatal

fi ca entre 18% e 20% em cada contrato. Nesses valo-res estariam embutidos os gastos com a propina para políticos e para os interme-diários dos contratos entre as empresas e a Petrobras. Para os investigadores do caso, a propina incluída no lucro seria uma espécie de refi namento da corrupção.

As empresas conseguiam pagar a propina e, ao mes-mo tempo, obter altos lucros porque, como disse Paulo Roberto Costa, o setor esta-ria cartelizado. As empresas

faziam combinações prévias de preços e, com isso, podiam ampliar as margens de lucros sem sofrer contestações. O superfaturamento, prática co-mum em casos de corrupção em obras públicas, estaria sendo minimizado porque é mais fácil de ser identifi cado pelos órgãos de fi scalização. “O problema não é mais o superfaturamento de tubos e outros equipamentos. Isso teria sido ultrapassado. O problema estaria na combi-nação de preços”, informou um investigador.

Costa: suborno chegava a 3%

Paulo Roberto Costa disse, em depoimento, que lucros da Petrobras eram desviados

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AÇÃO

Em entrevista no Palácio do Planal-to, Dilma se irritou com as pressões da imprensa

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7MANAUS, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 2014 Eleições 2014Eleições 2014

Eleitores não sabem em quem votarDe cada 10 eleitores, 7

não sabem em quem irão votar para deputado fede-ral nem estadual. É o que mostra pesquisa Datafolha fi nalizada no fi nal de sema-na, a pouco mais de duas semanas da eleição. O grupo com maior taxa de gente sem candidato a federal é o dos jovens. Entre os que têm 16 a 24 anos, 80% ainda não escolheram. No caso dos estaduais, a maior taxa está entre os que têm ensino fundamental: 75% es-tão sem nome defi nido para votar. Em todas as regiões do país essas taxas estão sempre acima de 60%.

Os valores são muito al-tos se comparados com os da eleição presidencial, por exemplo. Na disputa pelo Planalto, segundo a mesma pesquisa, 67% citam algum nome quando o instituto per-gunta ao eleitor em quem ele irá votar e pede uma resposta espontânea (sem a apresentação dos nomes dos candidatos).

Há várias hipóteses para explicar essa disparidade. Uma delas é a coincidência de cinco eleições na mesma

ocasião. Além das disputas para as Assembleias Legisla-tivas, para a Câmara e para o governo central, há ainda as eleições de governador e de senador.

OfuscadasComo a da Presidência e

as de governadores natural-

mente recebem muito mais destaque e atenção, as elei-ções parlamentares acabam sendo ofuscadas.

Outra hipótese é o de-salento dos eleitores com o Congresso e com as As-sembleias. Em pesquisas de confi ança e credibilidade, os parlamentos invariavelmen-te têm as piores notas.

Sistema não ajuda na decisão do eleitorO sistema eleitoral brasi-

leiro também não ajuda o eleitor na hora da escolha. O modelo de voto propor-cional em lista aberta faz com que cada votante te-nha que escolher um en-tre centenas de candidatos inscritos em cada Estado. Em São Paulo, por exem-plo, há mais de mil opções, somando os candidatos dos mais de 30 partidos.

Uma oferta tão gigantesca pode mais atrapalhar do que ajudar. Ideias como voto em lista fechada (o eleitor só pode votar no número do partido, que apresenta uma relação de nomes antes) ou distrital (só pode votar nos candidatos de sua região) minimizaria esse problema.

O mais provável é que a alta taxa de elei-tores sem candidatos seja uma combinação de todos esses fatores.

O Datafolha fez 5.340 en-trevistas em 265 municípios entre nos dias 17 e 18 de setembro. A margem de erro da pesquisa é de dois pontos para mais ou para menos.

DIZ DATAFOLHA

TAXASMaior taxa de gente sem candidato a federal é a dos jovens. Entre os que têm 16 a 24 anos, 80% ainda não esco-lheram. No caso dos estaduais, a maior taxa vem de quem não tem ensino fundamental

Marina: não vou entrar em ‘vale-tudo’ para ganharCandidata diz não estar preocupada com pesquisas e que quer continuar apresentando ao país suas propostas

A candidata do PSB à Presidência da República, Marina Silva, afi rmou que

não está “preocupada” com sua queda nas pesquisas e que não vai “entrar em vale-tudo para ganhar as eleições” de outubro. “Não estou preocupada (com a queda nas pesquisas) por-que, para mim, estamos dando uma contribuição cidadã”, disse Marina, em entrevista a jornalistas em São Bernardo do Campo, no ABC paulista. “Vamos continuar apresentando nossas propostas e fazen-do uma campanha limpa. Não queremos entrar no jogo de que vale de tudo para ganhar as eleições. Não vamos sacar mentiras e boatos a quem quer que

seja”, completou.

O comitê de Dilma Rous-seff , por outro lado, come-morou os números. Com o resultado, coordenadores da campanha petista que-rem ampliar a operação para ‘’desconstruir’’ a can-didata do PSB, explorando na TV e nas redes sociais o que chamam de ‘’du-biedades’’ e ‘’fragilidades’’ da concorrente.

PesquisaPesquisa Datafolha di-

vulgada na sexta-feira (19) mostrou Marina com 30% das intenções de voto, sete pontos atrás da presidente Dilma Rousseff (PT), que tem 37%. Aécio Neves (PSDB), com 17%, está em terceiro lugar.

Nas projeções para o se-gundo turno, a diferença entre Marina e Dilma caiu de dez para dois pontos nos últimos dias. As duas aparecem agora empata-

das tecnicamente: Mari-na com 46% e Dilma

com 44%.A pessebista voltou a falar

que é vítima de ataques

“menti-r o s o s ” dos ad-v e r s á -rios e que PT e PSDB “ e s t ã o u n i d o s pela primeira vez na his-tória do país em uma cruzada” contra ela.

“O PT quer permanecer no mesmo lugar, com in-fl ação alta que ameaça as conquistas da sociedade. Voltar atrás com PSDB é o mesmo temor”, disse Ma-rina, cobrando ainda que a presidente Dilma explique os dados do Pnad divul-gados nesta quinta-feira (18), que apontam para uma estagnação da que-da na desigualdade social do Brasil.

Estratégias de defesa No comitê de campanha

a ordem é “resistir”. A ava-liação é a de que a perda de substância de Marina nas pesquisas chegou ao limite e que o tom emocional, como o programa de TV em que a candidata falou da fome que passou na in-fância teve efeito positivo e deve se repetir.

De acordo com aliados de Marina, o confronto direto com o PT ou com o PSDB não é a melhor estraté-gia para a presidenciável. Marina tem apenas dois minutos de propaganda na TV, contra onze de Dilma e pouco mais de quatro minutos de Aécio.

SILO

VA/E

BC

Marina Silva (PSB) diz que sua queda nas pesquisas não é preo-cupante

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8 MANAUS, DOMINGO, 21 DE SETEMBRO DE 2014Eleições 2014Eleições 2014

EXPEDIENTEEDIÇÃO Isabella Siqueira de Castro e Costa e Náis Campos

REPORTAGEMJoelma Muniz, Raphael Lobato, Carlos Eduardo Matos eAssessorias

REVISÃOGracycleide Drumond e João Alves

DIAGRAMAÇÃOAdyel Vieira, Kleuton Silva, Klinger Santiago, Leonardo Cruz e Mário Henrique Silva

TRATAMENTO DE FOTOSAdriano Lima

A presença de candida-tos jovens entre os 25.919 nomes que vão concorrer neste ano a

12 cargos federais e estaduais ainda está muito abaixo do esperado, segundo o levanta-mento da Sub-representação de Negros, Indígenas e Mu-lheres: Desafi o à Democracia lançado na sexta-feira, pelo Instituto de Estudos Socioeco-nômicos (Inesc), em Brasília.

O estudo feito a partir de dados divulgados pelo Tribunal Superior Eleitoral destaca que os candidatos com menos de 29 anos somam 6,8% do to-tal, enquanto essa faixa etária responde por mais de 50% da população, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geogra-fi a e Estatística (IBGE).

Apesar da baixa representati-vidade desse segmento entre os que disputam a corrida eleitoral, a assessora política do Inesc, Carmela Zigoni, afi rma que há sinais positivos nos dados le-vantados. Como esta é a primei-ra eleição em q u e os candida-tos tiveram que declarar - além do sexo, raça e cor, a partir do corte usado pelo IBGE, foi possí-vel identifi car que entre os candi-datos jovens está a maior participação

de negros (45,4%) e mulhe-res (52,3%). “A gente acredita que tem um caminho de maior equidade acontecendo nas can-didaturas”, afi rmou, apesar de reconhecer que a participação ainda é inexpressiva.

“Muitas vezes isso aconte-ce porque a juventude não compreende o sistema político como representativo de suas demandas e busca outras for-mas de organização política”, completou a pesquisadora.

A distância entre o perfil da popula-ção brasi-

leira - que será representada por alguns destes nomes - e o perfi l dos possíveis represen-tantes identifi cados no levan-tamento também confi rmou o desequilíbrio em relação às can-didaturas de mulheres. Apesar do sexo feminino representar a maior parte da população, elas são apenas 30,7% entre os candidatos a deste pleito.

De acordo com os pesquisa-dores do instituto, os partidos “somente cumprem as cotas de 30% previstas em lei” e o resultado é que as candidatas pretas, pardas e indígenas “per-manecem invisibilizadas entre as candidaturas majoritárias”.

Jovens são apenas 6,8% dos candidatos nestas eleiçõesCandidatos com menos de 29 anos somam 6,8% do total, enquanto essa faixa etária responde por mais de 50% da população

A composição das candi-daturas de mulheres bran-cas, mulheres negras e in-dígenas que têm a menor representação no pleito é superada inclusive pelas de homens negros que já estão em desvantagem em ter-mos de candidaturas. Dos quase 26 mil candidatos registrados, 38,6% são ho-mens brancos e 30% são homens negros, enquanto 16,5% são mulheres bran-cas e 14,2% mulheres ne-gras. “Ao que tudo indica, na hora do voto, a dupla

discriminação opera

– a de gênero, raça e cor – uma vez que contam-se nos dedos as parlamenta-res mulheres negras pre-sentes hoje no parlamento. No caso das mulheres in-dígenas, a situação é mais grave: o Congresso Nacio-nal não conta com nenhum representante desse grupo da população”, concluíram os pesquisadores.

Os dados do levantamen-to serão divulgados hoje, em um encontro em Brasí-lia, aberto ao público. Todas as informações foram reu-nidas em uma publicação

que será d i s t r i -b u í d a g ra t u i -tamente no lo-cal. No período da tar-de, re-presentantes de diversas organizações sociais vão discutir como a sub-repre-sentação pode ser solucio-nada em uma reforma po-lítica mais completa do que as que vêm sendo propostas no Congresso.

Brancos, negros e indígenasSEGMENTOApesar da baixa repre-sentatividade desse segmento, entre os que disputam a corrida eleitoral, a assessora política do Inesc, Car-mela Zigoni, afi rma que há sinais positivos nos dados levantados

A baixa representativi-dade dos jovens como candidatos não preocu-pa especialistas

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