educacao filosofia perene parte 1

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Nossa intenção neste trabalho será examinar os princípios básicos daeducação segundo a filosofia perene. Por filosofia perene entendemos aquela filosofia que,embora transcenda as circunstâncias históricas em que se desenvolveu, tem como seusrepresentantes mais conhecidos Platão, Aristóteles, Santo Agostinho e Santo Tomás deAquino, embora a ela pertençam, de fato, a maioria dos filósofos gregos, patrísticos emedievais, além de uma multidão de outros pensadores posteriores e mesmocontemporâneos.

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  • A EDUCAO SEGUNDO

    A FILOSOFIA PERENE

    Sntese sobre a educao do homem

    Virgem Maria.

    Dizendo Sim ao nascimento de Jesus permitiu o anncio do Evangelho

  • 2

    SUMRIO

    I. Introduo Geral ................................................................................ 3

    II. O Fim ltimo do Homem ................................................................. 25

    II-A. Apndice sobre Teoria da Causalidade ...................................... 64

    III. Pressupostos Histricos................................................................... 71

    IV. Pressupostos Psicolgicos ............................................................... 132

    V. A Pedagogia da Sabedoria - I Parte ............................................... 159

    VI. A Pedagogia da Sabedoria - II Parte............................................. 209

    VII. A Pedagogia da Sabedoria - III Parte.......................................... 244

    VIII. Pressupostos Metafsicos............................................................... 252

    IX. Pressupostos Polticos ...................................................................... 281

    X. Perspectiva Teolgica ........................................................................ 306

    XI. Referncias Bibliogrficas ............................................................... 431

  • 3

    I

    INTRODUO GERAL I.1) Apresentao e justificativa.

    Nossa inteno neste trabalho ser examinar os princpios bsicos da

    educao segundo a filosofia perene. Por filosofia perene entendemos aquela filosofia que, embora transcenda as circunstncias histricas em que se desenvolveu, tem como seus representantes mais conhecidos Plato, Aristteles, Santo Agostinho e Santo Toms de Aquino, embora a ela pertenam, de fato, a maioria dos filsofos gregos, patrsticos e medievais, alm de uma multido de outros pensadores posteriores e mesmo contemporneos.

    Devido, entretanto, vastido do assunto, para manter nossa dissertao

    dentro dos limites do razovel, faremos algumas restries que, esperamos, sejam mais de mtodo do que de contedo, sem comprometer o alcance do presente trabalho.

    Veremos, de fato, ao longo de nossa dissertao, que aquilo que na filosofia

    perene se denomina de contemplao desempenha um lugar central na educao que dela deriva; limitaremos, portanto, em primeiro lugar, nossa dissertao ao papel que desempenha a contemplao na educao segundo a filosofia perene. Faremos, porm, gravitar em torno da contemplao um grande nmero de outros aspectos educacionais, os quais, alm disso, sero tambm necessrios para esclarecer o que se pretende dizer quando se fala de contemplao.

    Restringiremos, ademais, nosso estudo aos escritos filosficos de apenas um

    dos representantes da filosofia perene. possvel que seja o mais profundo de todos. O que certo, porm, que, por se tratar de um autor posterior no tempo filosofia grega, filosofia patrstica e a boa parte da filosofia medieval, incorpora em seus escritos muito do que h de mais significativo no pensamento de quantos o precederam. Falamos de Santo Toms de Aquino, em cujos escritos filosficos nos basearemos, mas em torno do qual, quando necessrio, faremos gravitar os textos de outros autores antigos e modernos, tantos quantos se faam necessrios para uma compreenso mais completa do que se encontra em seus escritos.

  • 4

    Por questes metodolgicas, portanto, pode-se dizer que este trabalho trata das relaes que existem entre a contemplao e a educao nos escritos filosficos de Santo Toms de Aquino; entretanto, o que se deseja com isto atingir os prprios princpios da educao segundo um modo de pensar que transcende espao, tempo e autores.

    Colocado assim nosso objetivo e nosso mtodo, a primeira coisa que devemos

    dizer que, primeira vista, apesar de tudo quanto dissemos, parece que escolhemos um mau incio, pois S. Toms de Aquino no escreveu nenhuma obra tematicamente dedicada filosofia da educao. Se quisssemos ser mais exatos, na verdade escreveu uma s, to minscula que pode ser resumida nas poucas linhas de um nico pargrafo; so as Quaestiones Disputatae de Magistro, nas quais Toms de Aquino afirma que no ensino o professor no pode, por uma necessidade ontolgica, ser a causa principal do conhecimento. Esta causa a atividade do aluno; o papel do mestre no o de infundir a cincia, mas o de auxiliar o discpulo. "Assim como o mdico dito causar a sade no enfermo atravs das operaes da natureza, assim tambm o mestre, diz Toms de Aquino, dito causar a cincia no discpulo atravs da operao da razo natural do discpulo, e isto ensinar" (1). Se o mestre tentar seguir uma conduta diversa, diz ainda Toms, o resultado ser que ele "no produzir no discpulo a cincia, mas apenas a f" (2).

    Eis tudo, pois, quanto num primeiro e rpido exame, S. Toms de Aquino

    parece nos ter a dizer sobre filosofia da educao; sua filosofia da educao isto ou pouco mais do que isto. Aparentemente, uma verdadeira decepo.

    E, no entanto, que engano, e que tremendo engano, cometeriam aqueles que

    assim pensassem. De fato, conforme diz Ansio Teixeira em Filosofia e Educao,

    "as relaes entre filosofia e educao so to intrnsecas que John Dewey pde afirmar que as filosofias so, em essncia, teorias gerais de educao. Est claro que se referia filosofia como filosofia de vida" (3).

    Diz tambm Lauand em sua introduo ao livro sobre a filosofia da educao de Josef Pieper que

    "A filosofia da educao sempre algo derivado e relativo, decorrendo da antropologia filosfica. Pode-se recolher e apresentar a filosofia da Universidade (e da educao) em

    1 Quaestiones Disputatae De Veritate: Q.11 a.1. Ibidem, C. .30. 2 Idem, loc. cit.. 3 Teixeira, Ansio: "Filosofia e Educao"; in Educao e o mundo moderno; So Paulo, Companhia Editora Nacional, 1977; pg. 9.

  • 5

    articulao com (qualquer) quadro maior da antropologia filosfica"(4).

    Porm, segundo o testemunho de muitos filsofos, toda a filosofia, e, por conseguinte, toda a filosofia da educao, se articula em torno da questo do fim. So, neste sentido, eloqentes as palavras com que Santo Toms de Aquino inicia a Summa contra Gentiles, em que ele afirma que toda a articulao da sabedoria, ou da filosofia, se d em torno do fim de todas as coisas:

    "Dentre o que os homens atribuem ao sbio, Aristteles reconhece que prprio do homem sbio ordenar. Ora, a regra da ordem e do governo de todas as coisas a serem governadas e ordenadas ao fim deve ser tomada deste prprio fim. De fato, qualquer coisa est disposta otimamente quando est convenientemente ordenada ao seu fim.

    Por isto o nome de sbio simplesmente est reservado apenas quele cuja considerao versa sobre o fim de todas as coisas"(5).

    Torna-se assim manifesto como, segundo Santo Toms, o conhecimento do

    fim o ponto de partida da sabedoria, da filosofia em geral, e, de um modo especial, das filosofias particulares, como a filosofia da educao.

    Este fato, conforme dissemos, reconhecido no apenas por Toms, mas tambm por grande quantidade de outros autores de todas as provenincias e pocas. Podemos citar, como exemplo, outro educador brasileiro, Fernando de Azevedo, que em um texto histrico, a Introduo ao Manifesto dos Pioneiros da Educao Nova, escreveu que

    "com o documento do Manifesto dos Pioneiros da educao Nova o problema da educao, o maior e o mais difcil problema proposto ao homem, se transportou da atmosfera do empirismo didtico para os domnios das cogitaes cientficas e filosficas de que dependem os sistemas de organizao escolar. As divergncias que suscitou e no podia deixar de despertar o Manifesto provm dos diferentes pontos

    4 Lauand, Luiz Jean: O que a Universidade; So Paulo, EDUSP-Perspectiva; 1987; pgs. 23-4. 5 Summa contra Gentiles, I, 1.

  • 6

    de vista de que pode ser apreciado o problema fundamental dos fins da educao. Na fixao deste ideal que surgem as divergncias, que variam em funo de uma concepo de vida, e, portanto, de uma filosofia"(6).

    O que h de especial, entretanto, em S. Toms de Aquino quando ele coloca esta mesma questo dos fins que nele no se trata mais de uma questo apenas metodolgica. O conhecimento do fim em pedagogia no ser necessrio porque somente deste modo poderemos apreciar de maneira clara os pressupostos de cada filosofia da educao. No caso de S. Toms de Aquino o problema dos fins, mesmo em educao, um problema tambm ontolgico, porque nele, como na tradio da filosofia perene, o mundo em que o homem est inserido possui uma ordenao intrnseca independente da subjetividade do homem, e ordenao segundo ele significa ordenao a um fim.

    A mesma Summa contra Gentiles afirma isto em vrias de suas passagens:

    "Quem quer que considere com ateno, encontrar que a diversidade das coisas se completa gradativamente, de onde que Dionsio diz no Livro dos Nomes Divinos que a sabedoria uniu os fins dos primeiros aos princpios dos segundos, ficando manifesto que a diversidade das coisas exige que elas no sejam todas iguais, mas que haja ordem e graus nas mesmas"(7).

    "Pertence, portanto, perfeio do universo que no somente haja muitos indivduos, mas que haja diversas espcies de coisas, e por conseguinte diversos graus nas mesmas. Daqui que se diz:

    `Viu Deus tudo o que fez, e que era imensamente bom',

    (Gen. 1,31) embora das coisas singulares tivesse dito (apenas) que eram boas. Pois, de fato, as coisas singulares so boas em sua natureza; todas juntas, porm, so imensamente boas por causa da ordem do universo, que a perfeio ltima e mais nobre que h nas coisas"(8).

    6 Azevedo, Fernando: "Introduo ao Manifesto de 1932"; in A Educao entre Dois Mundos; So Paulo, Melhoramentos; pg. 50. 7 Summa contra Gentiles, III, 97. 8 Idem, II, 45.

  • 7

    O que estes dois textos da Summa contra Gentiles querem dizer que,

    diferena dos outros filsofos da educao em que o problema dos fins pode ser uma questo metodolgica, em S. Toms de Aquino a questo tambm cosmolgica. Neste sentido, Santo Toms se situa no prolongamento da filosofia grega que se iniciou quando os primeiros pr-socrticos , como Tales, Anaximandro, Herclito, Parmnides, Anaxgoras, se entregaram contemplao da natureza e, admirando o universo, o chamaram de Cosmos, uma palavra que deriva do verbo grego ordenar(9).

    Ocorre porm que em Santo Toms a questo do fim tambm mais

    profunda do que um problema cosmolgico. De fato, quando na Summa Theologiae ele demonstra a existncia de Deus por meio das cinco vias, na quarta via, partindo dos "graus que existem nas coisas"(10), chega-se concluso de que

    "existe algo que para todas as coisas causa do ser e da bondade e de qualquer perfeio, a quem chamamos Deus"(11).

    Portanto, a ordem que S. Toms descreve como existindo no universo implica necessariamente a existncia de Deus, que , por sua vez, a causa final desta ordem, e, portanto, o problema da ordem e do fim no mais apenas um problema cosmolgico, mas metafsico. Ora, no nosso caso isto significa que, se na antropologia filosfica de Santo Toms de Aquino o problema do fim no apenas metodolgico, mas tambm cosmolgico e metafsico, na realidade no apenas a antropologia filosfica que est implicada em uma filosofia da educao, mas toda a sua filosofia. E justamente isto que torna a filosofia da educao implcita no conjunto da obra de S. Toms de Aquino algo de uma profundidade excepcional. O ponto chave para se entender esta afirmao est no perceber que o fim a que S. Toms de Aquino se refere no est apenas na mente do educador, mas na realidade das coisas.

    neste sentido que devem ser entendidas as palavras de Josef Pieper, que

    to profundamente se inspira em S. Toms:

    "O homem um ser tal que a sua realizao, a sua suprema felicidade, se encontra na contemplao.

    Esta sentena de uma extraordinria relevncia para a antropologia filosfica e para a educao.

    9 Vlastos, Gregory: O Universo de Plato; Braslia; Editora Universidade de Braslia; 1987; pgs. 11-12. 10 Summa Theologiae, I, q.2 a.3. 11 Idem, loc. cit..

  • 8

    Ela expressa toda uma concepo csmica, especialmente uma concepo que busca as razes da natureza humana"(12).

    Ora, conforme vemos no Comentrio ao Dcimo Livro da tica a Nicmaco de Aristteles, tambm S. Toms de Aquino, seguindo aqui a Aristteles, afirma que o fim do homem a contemplao:

    "A perfeita felicidade consiste na contemplao da verdade"(13).

    "A felicidade maximamente encontrada na operao da sabedoria"(14).

    "A felicidade maximamente consiste na operao da contemplao"(15).

    "A perfeita felicidade do homem consiste na contemplao do intelecto"(16).

    "A vida especulativa compara-se vida moral assim como a divina humana"(17).

    "Esta vida encontrada perfeitissimamente nas substncias separadas; nos homens, porm, imperfeita e como que participativamente. E, todavia, este pouco maior do que todas as outras coisas que h no homem"(18).

    Conforme veremos, as implicaes contidas em afirmaes como estas iro colocar o homem em uma perspectiva de horizontes amplssimos; dela surgir uma primeira conseqncia prtica para a educao:

    "Se o homem, por natureza, tende para a contemplao, a Universidade, (a educao), deve realizar em termos

    12 Pieper, Josef: in "O que Filosofia" e "Felicidade e Contemplao"; citado em Lauand, L. J.: "O que Universidade", pg 69. 13 In Libros Ethicorum Expositio, L. X, l. 10, 2092. 14 Idem, L. X, l. 10, 2096. 15 Idem, L. X, l. 10, 2097. 16 Idem, L. X, l. 11, 2104. 17 Idem, L. X, l. 11, 2106. 18 Idem, L. X, l. 11, 2110.

  • 9

    institucionais este anseio fundamental da natureza humana"(19).

    Como, porm, pode o homem alcanar tal objetivo? O Comentrio tica a Nicmaco, que no seu livro X, conforme vimos, afirma que o fim do homem e a sua felicidade consistem na contemplao, na realidade um profundo estudo dos meios pelos quais o homem se eleva mesma. Toda esta obra pode ser vista como um texto de filosofia da educao no mesmo sentido e mais ainda do que a Repblica de Plato tem sido assim considerada.

    Levar o homem contemplao , pois, a finalidade ltima de todo esforo

    educacional, segundo os textos filosficos de Santo Toms de Aquino. Porm, temos ainda uma outra faceta do mesmo problema: este esforo educacional no pode se limitar apenas ao trabalho do educador. Em seus textos de filosofia, comentando Aristteles, Santo Toms de Aquino coloca a felicidade do homem, a tanto quanto pode chegar a razo humana sem o auxlio dos dados da revelao, como estando na contemplao. Mas no Comentrio Poltica ele explica como a sociedade perfeita no aquela que apenas tutela a liberdade dos cidados, mas aquela que garante efetivamente todas as possibilidades para estes chegarem a ser felizes. No somente para viver, mas para viver felizes, que os homens estabeleceram entre si a sociedade, j que a finalidade dela a felicidade na vida. Portanto, "quando se deseja investigar qual a melhor forma de governo, deve-se comear a expor qual o gnero de vida que se deve preferir a todos os demais"(20).

    Temos, pois, aqui, uma concepo de educao que, mediante o tema da

    contemplao, pressupe tambm toda uma ordenao poltica. O notvel desta relao entre os fins da educao e a ordenao poltica que, segundo ela, no sistema perfeito de governo, a sociedade poltica que deve ordenar-se para o fim do homem, que so os mesmos fins da educao, e no a educao que deve ordenar-se ao fim da sociedade poltica.

    No est isso em flagrante contraste com aquilo que a sociedade

    contempornea pratica? Seno vejamos o que Cludio Abramo, matemtico e filsofo, escreveu na Folha de So Paulo em meados de 1991, num artigo sobre educao:

    "No a falta de educao que causa o subdesenvolvimento. o subdesenvolvimento que a origem da ausncia de educao adequada. As sociedades somente investem recursos

    19 Lauand, L. J.: "O que Universidade", pg. 77. 20 "Qui vult facere inquisitionem certam et convenientem de republica optima simpliciter necesse habet prius considerationem facere quae vita sit eligibilissima simpliciter". Cfr. In Libros Politicorum Expositio, L. VII, l. 1, 1047; Santo Toms comentou os trs primeiros livros; posteriormente um de seus alunos, com base nas obras de S. Toms, terminou a redao de todo o Comentrio. A partir da o Comentrio tem sido publicado como um s todo, com uma indicao do local em que termina o texto de Santo Toms e se inicia o texto segundo S. Toms.

  • 10

    na educao quando tm alguma idia dos motivos pelos quais se deve fazer isso. O fundamental para a formulao das polticas educacionais a existncia de uma poltica industrial de longo prazo, que especifique as metas de produo em algumas reas chaves. Disso decorre a necessidade de formar anualmente milhares de engenheiros, de qumicos industriais, etc., com determinadas habilidades. Da derivam as exigncias aos egressos dos cursos secundrios e assim por diante, em cascata, at o primeiro ano do primeiro grau"(21).

    Qual o cosmos, - se que existe - , em que est inserida esta concepo de educao? A gravidade das questes colocadas por Santo Toms de Aquino fica manifesta quando se percebe at que ponto a manipulao do ser humano pode parecer legtima para toda uma sociedade quando ela se prope a relegar tais questes ao esquecimento. I.2) Fontes de referncia fundamentais.

    Conforme afirmamos, iremos nos basear ao longo deste trabalho nos textos filosficos de Santo Toms de Aquino. Por textos filosficos no entenderemos aqui apenas as obras de S. Toms cujos ttulos afirmem explicitamente tratar-se de um trabalho filosfico; entenderemos por textos filosficos todos aquelas passagens das obras de Santo Toms de Aquino, qualquer que seja o seu ttulo, em que haja algum argumento cuja validade no dependa necessariamente de algum princpio que somente possa ser conhecido por meio da Revelao.

    Desta maneira, no sero apenas os Comentrios de Santo Toms s obras

    de Aristteles que sero considerados textos filosficos; todas as passagens, mesmo de uma obra como a Summa Theologiae, desde que contenham argumentos cuja validade no dependa necessariamente de um dado revelado, sero consideradas neste trabalho como textos filosficos.

    Para julgar, portanto, se um texto deve ser tido como filosfico no ser

    relevante a presena ou a ausncia de citaes das Sagradas Escrituras; se a citao das Sagradas Escrituras for utilizada apenas como um exemplo, do qual independa o valor do argumento, o texto ser considerado filosfico. Por este critrio, a maior parte da Summa contra Gentiles, apesar das copiosssimas citaes de passagens das Escrituras, ser, no obstante isso, uma obra filosfica. J algumas passagens dos comentrios a Aristteles, por outro lado, podero pelos mesmos critrios no ser considerados textos filosficos.

    21 Abramo, Claudio Weber: "Iluses Rumo ao Abismo", in Folha de So Paulo, 5 de julho de 1991.