caderno educacao especial e educacao inclusiva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO COORDENADORIA DE INTEGRAÇÃO DE POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SETOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA-EaD EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA Autora Maria Augusta Bolsanello Caderno elaborado para o Curso de Graduação em Pedagogia/EaD/UFPR/MEC/. Utilização somente para fins acadêmicos na disciplina Fundamentos da Educação Especial. Proibida a sua reprodução. CURITIBA 2010

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Page 1: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO

COORDENADORIA DE INTEGRAÇÃO DE POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA

SETOR DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA-EaD

EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA

Autora

Maria Augusta Bolsanello

Caderno elaborado para o Curso de Graduação em

Pedagogia/EaD/UFPR/MEC/. Utilização somente

para fins acadêmicos na disciplina Fundamentos da

Educação Especial. Proibida a sua reprodução.

CURITIBA

2010

Page 2: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

APRESENTAÇÃO

Prezado (a) acadêmico (a)!

Este material constitui um importante instrumento para que

cumpramos com nossos propósitos em relação à disciplina Educação

Especial e Inclusiva.

Por se tratar de um curso à distância, você encontra aqui um texto

que pretende dialogar com você. Ele o orientará e o auxiliará em seus

estudos. O conteúdo da disciplina está dividido em sete unidades. Em cada

parte você encontrará de forma sucinta aspectos centrais e de contexto

mais significativos do conteúdo sugerido para o estudo

As sete unidades foram pensadas de forma seqüencial e lógica,

considerando tanto a discussão/reflexão sobre a educação especial e inclusiva,

quanto as características pessoais, afetivas e sociais de seu alunado.

A Unidade I visa esclarecer o significado de termos como necessidades

educacionais especiais, educação especial, educação inclusiva, adaptações

curriculares, entre outros.

Nas Unidades II, III, IV e V abordam-se sucessivamente as diferentes

Deficiências: intelectual, surdez, visual e física.

A Unidade VI é dedicada ao estudo de algumas características gerais

dos Transtornos Globais do Desenvolvimento.

Finalizando, a Unidade VII versa sobre o alunado com Altas

Habilidades/Superdotação.

Esperamos que esta disciplina seja também um processo de

experimentação, investigação, formação. Ao se apropriar dos conteúdos da

disciplina, esperamos que você o faça de modo progressivo, com postura

interativa. Você deve proceder à leitura compreensiva dos textos, isto é,

refletindo sobre as possibilidades de aplicação dos conhecimentos adquiridos

na sua própria realidade.

Aproveite ao máximo esta oportunidade: consulte as fontes

complementares indicadas, elabore síntese e esquemas, realize as atividades

propostas.

Desejamos a você um excelente estudo!

Professora Maria Augusta Bolsanello

Page 3: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

UNIDADE I

EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA - INTRODUÇÃO

Esta unidade trata de questões básicas sobre a especificidade de

alunos com necessidades especiais na Educação Especial, na proposta da

Educação Inclusiva, e sua implicação na aprendizagem escolar. Visa

conceituar termos como necessidades educacionais especiais, educação

especial e educação inclusiva. Discute os benefícios da educação inclusiva

e a importância das adaptações diferenciadas no currículo, nas

metodologias e nos critérios e procedimentos de avaliação. Reflete também

sobre alguns encaminhamentos possíveis de serem adotados na escola

bem como oferecer subsídios para auxiliar na construção de uma escola

inclusiva de qualidade.

O QUE SIGNIFICA ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS

ESPECIAIS (NEE)?

Antes de se falar sobre alunos com necessidades educacionais especiais é

importante saber que:

TODOS os alunos têm necessidades

educacionais COMUNS, que são

atendidas pelos professores e se

relacionam às aprendizagens dos

conteúdos escolares.

TODOS os alunos têm necessidades

educacionais INDIVIDUAIS, uma vez

que possuem diferentes capacidades,

interesses, níveis, ritmos e estilos de

aprendizagem.

ALGUNS alunos tem necessidades

educacionais especiais, exigindo tanto

uma atenção diferenciada quanto

recursos e metodologias educacionais

adicionais.

Page 4: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

QUEM SERIAM ESTES ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS

ESPECIAIS?

Muitos professores definem estes alunos como aqueles que possuem

deficiências.

No entanto a conceituação atual é muito mais ampla:

Na Educação Especial, os alunos com necessidades especiais seriam

aqueles que apresentam:

Deficiências

Transtornos globais do desenvolvimento (antes denominados de

Condutas Típicas)

Altas Habilidades/Superdotação

Alunos com DEFICIÊNCIAS são aqueles que têm impedimentos de longo

prazo, de natureza física, mental ou sensorial, podendo ter restringida sua

participação plena e efetiva na escola e na sociedade. São alunos que

apresentam deficiência intelectual, visual, física ou surdez.

Alunos com TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO são

aqueles que apresentam alterações qualitativas das interações sociais

recíprocas e na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito,

estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com síndromes do

espectro do autismo e psicose infantil.

Alunos com ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO demonstram potencial

elevado em qualquer uma das seguintes áreas, isoladas ou combinadas:

ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS são aqueles

que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações

no processo de desenvolvimento, decorrentes de circunstâncias que

podem ser de ordem biológica, psicológica, social e cultural, exigindo

uma atenção mais específica e maiores recursos sociais e educacionais

para o desenvolvimento de suas potencialidades.

Page 5: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

intelectual, acadêmica, liderança, psicomotricidade e artes, além de apresentar

grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realização de tarefas em

áreas de seu interesse.

O QUE É EDUCAÇÃO ESPECIAL?

A Educação Especial pode ser definida como “uma modalidade de

educação escolar que visa promover o desenvolvimento das potencialidades

dos educandos que apresentam necessidades próprias e diferentes dos

demais alunos no domínio das aprendizagens curriculares correspondentes à

idade, necessitando de recursos pedagógicos e metodologias educacionais

específicas”. (Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva –MEC/SEESP).

A educação especial deixa de centrar-se nos déficits de aprendizagem e

dificuldades dos alunos, como em décadas passadas, para centrar-se no

desenvolvimento de suas potencialidades.

Cabe à educação especial oferecer um conjunto de recursos educativos que

devem ser colocados à disposição dos alunos, a fim de facilitar ao máximo sua

participação nas situações educativas, objetivando a busca de um ambiente o

menos restritivo possível para dar respostas às suas necessidades

educacionais. Estas respostas devem estar mais próximas possíveis de cada

situação individual de aprendizagem, convertendo-se assim a escola em um

marco educativo no que condiz ao respeito à diversidade, visando uma escola

inclusiva.

O QUE É EDUCAÇÃO INCLUSIVA?

O conceito de escola inclusiva advém de um consenso emergente de

que alunos com necessidades educacionais especiais devem ser incluídos em

arranjos educacionais na escola regular. Inserir tais arranjos nas escolas é um

passo crucial no sentido de modificar atitudes preconceituosas e

discriminatórias, de criar comunidades acolhedoras e desenvolver uma

sociedade inclusiva, fazendo com que as diferenças entre as pessoas não se

transformem em desigualdades.

Page 6: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

De acordo com o artigo 8 da Declaração de Salamanca:

Você conhece a Declaração de Salamanca? Já ouviu falar nela?

A Declaração de Salamanca foi proclamada em assembléia durante a

Conferência Mundial de Educação Especial, pelos delegados representantes

de 88 governos, entre eles o Brasil, e 25 organizações internacionais. Esta

conferência ocorreu na cidade de SALAMANCA, na Espanha, entre 7 e 10 de

junho de 1994, tornando-se um importante referencial para a educação

inclusiva.

Na perspectiva da educação inclusiva, a educação especial passa a integrar

a proposta pedagógica da escola regular, promovendo o atendimento às

necessidades educacionais especiais de alunos com deficiência, transtornos

Dentro das escolas inclusivas, crianças com necessidades educacionais

especiais deveriam receber qualquer suporte extra requerido para

assegurar uma educação afetiva. Educação inclusiva é o modo mais

eficaz para a construção de solidariedade entre crianças com

necessidades educacionais e seus colegas. O encaminhamento da

criança a escolas especiais ou a classes especiais ou a seções

especiais dentro da escola em caráter permanente deveriam constituir

exceções, a ser recomendado somente naqueles casos infreqüentes

onde fique claramente demonstrado que a educação na classe regular

seja incapaz de atender às necessidades educacionais ou sociais da

criança ou quando sejam requisitados em nome do bem estar da criança

ou de outras crianças.

CONHEÇA, na sua íntegra, A DECLARAÇÃO DE SALAMANCA:

Sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades

educativas especiais.

Acesse:

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf

Page 7: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Nestes casos e

outros, que implicam em transtornos funcionais específicos, a educação

especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o

atendimento às necessidades educacionais especiais desses alunos.

A educação especial direciona suas ações para o atendimento às

especificidades desses alunos no processo educacional e, no âmbito de uma

atuação mais ampla na escola, orienta a organização de redes de apoio, a

formação continuada, a identificação de recursos, serviços e o

desenvolvimento de práticas colaborativas.

Quando tem início a educação inclusiva?

O acesso à educação tem início na educação infantil, na qual se

desenvolvem as bases necessárias para a construção do conhecimento e

desenvolvimento global do aluno. Nessa etapa, o lúdico, o acesso às formas

diferenciadas de comunicação, a riqueza de estímulos nos aspectos físicos,

emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivência com as

diferenças favorecem as relações interpessoais, o respeito e a valorização da

criança.

Na educação superior, a educação especial se efetiva por meio de ações que

promovam o acesso, a permanência e a participação dos alunos. Estas ações

CONHEÇA A POLÍTICA NACIONAL DE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA

PERSPECTIVA DA EDUCAÇÃO INCLUSIVA.

Acesse:

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf

Este documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial nº 555, de 5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria nº 948, de 09 de outubro de 2007, apresenta as as concepções sobre a Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva e orienta a organização dos sistemas de ensino para o atendimento ao aluno com necessidades educacionais. BRASIL, Ministério da Educação. Política Nacional de Educação Especial

na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.

Page 8: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

envolvem o planejamento e a organização de recursos e serviços para a

promoção da acessibilidade arquitetônica, nas comunicações, nos sistemas de

informação, nos materiais didáticos e pedagógicos, que devem ser

disponibilizados nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as

atividades que envolvam o ensino, a pesquisa e a extensão.

QUAIS OS BENEFÍCIOS DA ESCOLA INCLUSIVA?

TODOS são BENEFICIADOS quando se incluem alunos com necessidades

especiais na escola regular.

Agrupamentos heterogêneos: todos os alunos são educados juntos

com e sem necessidades educacionais especiais. Os estudos

mostram que os alunos se desenvolvem melhor, em uma proporção

natural, em presença física, social, emocional e intelectual. Por sua vez,

alunos sem NEE perdem o medo e o preconceito em relação ao colega

e desenvolvem a cooperação. Desde cedo aprendem a conviver com as

diferenças.

Sentimentos de pertencer a um grupo. Todos os alunos devem se

considerar membros do grupo. Dentro do grupo, o aluno com NEE deve

sentir-se bem recebido e assim desenvolver o sentimento de pertença a

este grupo.

Planejamento de atividades de distinto nível de dificuldade. Os

alunos recebem experiências educativas diferenciadas (aulas, grupos de

trabalho, grupos de aprendizagem) ao mesmo tempo. Alunos com NEE

demonstram crescente responsabilidade e melhor aprendizagem por

meio de trabalhos em grupos.

Uso de ambientes compartilhados. Ambientes freqüentados

igualmente por alunos com e sem NEE favorecem o entrosamento social

e o combate a atitudes discriminatórias.

Experiências educativas compartilhadas. A educação inclusiva deve

estabelecer um equilíbrio entre os aspectos acadêmico/funcionais e os

componentes sociais/pessoais dos alunos com e sem NEE.

Page 9: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

COMO PROMOVER A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM NECESSIDADES

ESPECIAIS?

Fazendo adaptações diferenciadas no currículo, nas metodologias e nos

critérios e procedimentos de avaliação. Para atender o aluno com

necessidades especiais é preciso ter objetivos diferentes.

Adaptações Curriculares

Para que o sistema educacional favoreça a todos os alunos, e dentre

estes, os que apresentam necessidades educacionais especiais, deverá

fornecer respostas educativas que tanto facilitem o acesso ao currículo, a

participação integral, efetiva e bem sucedida em um programa da escola

regular quanto leve em consideração as peculiariedades e necessidades

especiais dos alunos no processo de elaboração do planejamento escolar.

Estas respostas educativas são chamadas ADAPTAÇÕES CURRICULARES

(Brasil, 2002b).

Adaptações de Grande Porte

As adaptações curriculares de GRANDE PORTE são aquelas que

extrapolam a área específica do professor e que são da competência formal

dos órgãos superiores da política e da administração educacional.

Muitas são as modalidades de adaptações curriculares de grande porte.

Exemplos:

a aquisição de equipamentos específicos para alunos cegos, que

favorecerão a sua comunicação escrita e sua participação nas diversas

atividades escolares;

construção de rampas, barras de apoio, banheiros adaptados para o

aluno com deficiência física;

Adaptações curriculares consistem em qualquer ajuste ou modificação que

se faça no currículo (nos objetivos, conteúdos, metodologias ou critérios e

procedimentos de avaliação), para atender aos alunos com necessidades

educacionais especiais. Elas podem ser de grande porte e de pequeno porte.

Page 10: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

aquisição de computadores, softwares específicos, para o aluno com

Altas Habilidades/Superdotação;

provisão do ensino de LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais) para

professorese e alunos, que contribuirá para a comunicação do aluno

surdo;

adequações nos objetivos, conteúdos, metodologia e organização

didática, avaliação e temporalidade no nível do projeto pedagógico

(currículo escolar).

Adaptações de Pequeno Porte

As adaptações de pequeno porte são modificações promovidas no

currículo, pelo professor, a fim de que seus alunos com necessidades especiais

participem produtivamente do processo ensino-aprendizagem, na escola

regular, junto aos demais colegas de turma.

São chamadas de pequeno porte, porque sua implementação decorre da

responsabilidade e ação exclusivas dos professores, independendo de

autorização ou ação de qualquer outra instância superior.

O professor pode implementar adaptações curriculares de pequeno

porte em várias áreas e em vários momentos de sua atuação:

na promoção do acesso ao currículo;

nos objetivos de ensino;

no método de ensino;

no processo de avaliação;

na temporalidade.

Ajustes que Cabem ao Professor Realizar:

criar condições físicas, ambientais e materiais para a participação do

aluno com necessidades especiais na sala de aula;

favorecer os melhores níveis de comunicação e de interação do aluno

com as pessoas com as quais convive na comunidade escolar;

favorecer a participação do aluno nas atividades escolares;

atuar para a aquisição dos equipamentos e recursos materiais

específicos necessários;

Page 11: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

adaptar materiais de uso comum em sala de aula;

adotar sistemas alternativos de comunicação, para os alunos impedidos

de comunicação oral, tanto no processo de ensino e aprendizagem

quanto no processo de avaliação;

favorecer a eliminação de sentimentos de inferioridade, de menos valia

ou de fracasso.

Há alunos que podem necessitar somente de adaptações curriculares de

grande porte. Outros podem necessitar somente de adaptações de pequeno

porte. E outros podem necessitar das duas formas de adaptações curriculares.

AVALIAÇÃO PEDAGÓGICA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A avaliação pedagógica como processo dinâmico considera tanto o

conhecimento prévio e o nível atual de desenvolvimento do aluno quanto as

possibilidades de aprendizagem futura, configurando uma ação pedagógica

processual e formativa que analisa o desempenho do aluno em relação ao seu

progresso individual, prevalecendo na avaliação os aspectos qualitativos que

indiquem as intervenções pedagógicas do professor.

No processo de avaliação, o professor deve criar estratégias considerando

que alguns alunos podem demandar ampliação do tempo para a realização dos

trabalhos e o uso da língua de sinais, de textos em Braille, de informática ou de

tecnologia assistiva como uma prática cotidiana.

Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educação especial na

perspectiva da educação inclusiva, disponibilizar as funções de instrutor,

tradutor/intérprete de Libras e guia-intérprete, bem como de monitor ou

cuidador dos alunos com necessidades de apoio nas atividades de higiene,

alimentação, locomoção, entre outras, que exijam auxílio constante no

cotidiano escolar.

CARACTERÍSTICAS DO PROFESSOR NA ESCOLA INCLUSIVA

Para atuar na educação especial, o professor deve ter como base da sua

formação, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exercício da

docência e conhecimentos específicos da área. Essa formação possibilita a sua

atuação no atendimento educacional especializado, aprofunda o caráter

Page 12: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

interativo e interdisciplinar da atuação nas salas comuns do ensino regular, nas

salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos

núcleos de acessibilidade das instituições de educação superior, nas classes

hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos serviços e

recursos de educação especial.

PROFESSOR, saiba que uma atitude positiva de sua parte é um primeiro

passo para uma educação inclusiva:

A inclusão depende das atitudes dos professores face aos alunos com

necessidades especiais, da sua capacidade para melhorar as relações

sociais, das suas formas de perceber as diferenças na sala de aula e da

sua capacidade para gerir eficazmente estas diferenças.

Para responder eficazmente a esta diversidade no seio das salas de

aula, os professores precisam dispor de um conjunto de competências,

de conhecimentos, de abordagens psicológicas e pedagógicas, de

métodos, de materiais e de tempo.

Os professores tem necessidade de apoio tanto dentro quanto fora da

escola. A liderança do diretor da escola, da comunidade e dos governos

é crucial. A cooperação regional entre serviços e pais constitui um pré-

requisito para uma efetiva inclusão.

Os governos devem expressar, claramente, o seu ponto de vista sobre a

inclusão e facultar condições adequadas, que permitam uma utilização

flexível dos recursos.

ATITUDES PRECONCEITUOSAS

O maior obstáculo à educação de alunos com necessidades educacionais

especiais são as atitudes preconceituosas.

ALEIJADO, EXCEPCIONAL, DEFICIENTE ...

Apesar das conquistas, as pessoas com deficiências ainda se deparam com

termos que são quase sempre pejorativos e carregados de preconceitos. Por

exemplo, pessoas com deficiência intelectual muitas vezes são designadas

Page 13: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

como burras, idiotas, imbecis, loucas, mongolóides. Pessoas com deficiência

física ainda são chamadas de aleijadinhas. Ceguinho, mudinho, surdinho

também são termos usados para alunos surdos ou cegos. Estas designações

geram exclusões de pessoas com necessidades especiais das atividades,

privilégios e facilidades da sociedade.

Termos como PORTADORES de deficiências estão sendo substituídos na

nomenclatura atual por pessoas com deficiências.

A IMPORTÂNCIA DA PARCERIA FAMÍLIA, ESCOLA E COMUNIDADE

Não se pode esquecer a importância da família, da escola e da comunidade

para o sucesso do processo ensino-aprendizagem. A Declaração de

Salamanca, em seus artigos 57, 58 e 59 preconiza:

Art. 57. A educação de crianças com necessidades educacionais

especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma

atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social.

Pais necessitam de apoio para que possam assumir seus papéis de pais

de uma criança com necessidades especiais. O papel das famílias e dos

pais deveria ser aprimorado através da provisão de informação

necessária em linguagem clara e simples; o enfoque na urgência de

informação e de treinamento em habilidades paternas constitui uma

tarefa importante em culturas aonde a tradição de escolarização seja

pouca.

Art. 58. Pais constituem parceiros privilegiados no que concerne às

necessidades especiais de suas crianças e, desta maneira, eles

deveriam, o máximo possível, ter a chance de poder escolher o tipo de

provisão educacional que eles desejam para suas crianças.

Art. 59. Uma parceria cooperativa e de apoio entre administradores

escolares, professores e pais deveria ser desenvolvida e pais deveriam

ser considerados enquanto parceiros ativos nos processos de tomada

de decisão. Pais deveriam ser encorajados a participar em atividades

educacionais em casa e na escola (aonde eles poderiam observar

técnicas efetivas e aprender como organizar atividades extra-

Page 14: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

curriculares), bem como na supervisão e apoio à aprendizagem de suas

crianças.

ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

De acordo com o DECRETO Nº 6.571, DE 17 DE SETEMBRO DE 2008

considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades,

recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente,

prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no

ensino regular.

O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta

pedagógica da escola, envolver a participação da família e ser realizado em

articulação com as demais políticas públicas.

São objetivos do atendimento educacional especializado: - prover

condições de acesso, participação e aprendizagem no ensino regular aos

alunos com necessidades especiais; - garantir a transversalidade das ações da

educação especial no ensino regular; - fomentar o desenvolvimento de

recursos didáticos e pedagógicos que eliminem as barreiras no processo de

ensino e aprendizagem; e - assegurar condições para a continuidade de

estudos nos demais níveis de ensino.

O atendimento educacional especializado tem como função identificar,

elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as

barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas

necessidades específicas. As atividades desenvolvidas no atendimento

educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula

comum, não sendo substitutivas à escolarização. Esse atendimento

complementa e/ou suplementa a formação dos alunos com vistas à autonomia

e independência na escola e fora dela.

Dentre as atividades de atendimento educacional especializado são

disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de

linguagens e códigos específicos de comunicação e sinalização e tecnologia

assistiva. Ao longo de todo o processo de escolarização esse atendimento

deve estar articulado com a proposta pedagógica do ensino comum. O

Page 15: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

atendimento educacional especializado é acompanhado por meio de

instrumentos que possibilitem monitoramento e avaliação da oferta realizada

nas escolas da rede pública e nos centros de atendimento educacional

especializado públicos ou conveniados.

Do nascimento aos três anos, o atendimento educacional especializado se

expressa por meio de serviços de estimulação precoce, que objetiva otimizar

o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os serviços

de saúde e assistência social.

Em todas as etapas e modalidades da educação básica, o atendimento

educacional especializado é organizado para apoiar o desenvolvimento dos

alunos, constituindo oferta obrigatória dos sistemas de ensino. Deve ser

realizado no turno inverso ao da classe comum, na própria escola ou centro

especializado que realize esse serviço educacional.

Na modalidade de educação de jovens e adultos e educação profissional, as

ações da educação especial possibilitam a ampliação de oportunidades de

escolarização, formação para ingresso no mundo do trabalho e efetiva

participação social.

A interface da educação especial na educação indígena, do campo e

quilombola deve assegurar que os recursos, serviços e atendimento

educacional especializado estejam presentes nos projetos pedagógicos

construídos com base nas diferenças socioculturais desses grupos.

SAIBA MAIS

ACESSE O SITE:

http://www.mec.gov.br/seesp

Nele você terá acesso aos dados sobre educação especial, legislação

específica nacional e documentos internacionais e também um catálogo

de publicações importantes para o trabalho pedagógico do professor

como, por exemplo, saberes e práticas da inclusão (educação infantil e

ensino fundamental), portal de ajudas técnicas, entre outros.

Page 16: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

AVALIAÇÃO

Acesse o SciELO (Biblioteca Científica Eletrônica On Line):

http://www.scielo.org/php/index.php

Em pesquisa de artigos, digite: Educação inclusiva.

Selecione um dos artigos elencados, à sua escolha, e após leitura

cuidadosa, elabore um texto de até duas páginas, contendo:

Síntese principal das idéias, dos resultados e das conclusões

feitas pelo autor do artigo.

Faça uma conclusão sua sobre o artigo lido.

Não esqueça de incluir a referência completa do artigo.

Page 17: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

UNIDADE II

ALUNOS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

A Deficiência Intelectual se manifesta em diferentes graus, desde

àqueles indivíduos que possuem condições de desenvolver-se sem

grandes dificuldades para responder às exigências da vida atual, até os que

tem uma autonomia limitada e precisam de apoios mais ou menos

permanentes.

Esta unidade trata de questões básicas sobre a Deficiência

Intelectual como a evolução da terminologia, as diferenças entre deficiência

intelectual/doença mental/problemas de aprendizagem, suas causas, seu

conceito atual. Também se espera fornecer indicadores para a prática

profissional do professor, levando-o a compreender o processo ensino-

aprendizagem de seu aluno com deficiência intelectual e oferecer subsídios

para auxiliar na construção de uma escola inclusiva de qualidade.

Deficiência Intelectual ou Deficiência Mental?

Antes de 1980, muitos termos foram utilizados para designar o aluno

com deficiência intelectual: idiota, imbecil, oligofrênico, débil mental,

mongolóide, excepcional. Gradativamente, por conta dos estereótipos que

geravam, estes termos foram substituídos por “deficiência mental”.

Atualmente, a Association on Intellectual and Developmental Disabilities –

AAIDD (2010) recomenda a utilização do termo deficiência intelectual. O

principal motivo desta modificação decorre do caráter pejorativo que o

significado de deficiência mental foi ganhando com o tempo e também

porque este termo fica reduzido ao diagnóstico na perspectiva

psicopatológica. Outra razão é a semelhança que tem com a palavra

doença mental. Por conta de trazerem o adjetivo mental, estes termos

foram e ainda são considerados, muitas vezes, como sendo sinônimos, o

que é um grave engano.

Deficiência Intelectual não é o mesmo que Doença Mental?

Page 18: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

É importante não confundir deficiência intelectual com doença mental. A

pessoa com deficiência intelectual mantém a percepção de si mesma e da

realidade que a cerca, interessa-se pelo meio, relaciona-se afetivamente e

seu desenvolvimento é persistente, lento, mas harmônico. Já na doença

mental a pessoa perde o senso da realidade, costuma apresentar delírios e

alucinações, o desenvolvimento é cíclico com presença de surtos, ocorrendo

desinteresse pelo ambiente e embotamento afetivo.

Todo aluno com Dificuldades de Aprendizagem tem Deficiência

Intelectual?

Embora se possa afirmar que alunos com deficiência intelectual possuem

dificuldades de aprendizagem, não é verdadeiro afirmar que aqueles com

dificuldades de aprendizagem possuam deficiência intelectual. Entretanto, esta

diferença algumas vezes não é muito clara entre os educadores. Basta ver o

número de alunos classificados como “deficientes” pelos seus professores,

porque não apresentam bom aproveitamento escolar e ou que não seguem as

normas disciplinares da escola.

É necessário compreender que existem alunos que, embora apresentem

inteligência, visão, audição, capacidade motora e equilíbrio neuropsicológico

adequados, manifestam dificuldades para aprender conteúdos escolares.

Isto significa que estes alunos aprendem muitas coisas no cotidiano, na sua

vida diária. Suas dificuldades de aprendizagem situam-se no âmbito escolar.

Estes alunos geralmente podem ser denominados “alunos com dificuldades

de aprendizagem” (Delval, 2001).

Por outro lado, existem alunos que apresentam dificuldades de aprender

não só conteúdos escolares, mas apresentam um desenvolvimento lento e

tardio na aquisição de conhecimentos e habilidades sociais e da vida diária,

apresentando um ritmo de aprendizagem mais lento, maior dificuldade em

abstrair e generalizar e uma adaptação mais lenta a novas situações. Estes

alunos podem ser denominados “alunos com deficiência intelectual”.

Page 19: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Quais são as causas da Deficiência Intelectual?

As causas e os fatores de risco que podem ocasionar a deficiência

intelectual são muitos e complexos, sendo que em 40 a 50% dos casos ela

não chega a ser identificada. Entre as alterações cromossômicas de maior

ocorrência destaca-se a Síndrome de Down. Fatores pré, peri e pós-natais

destacam-se como relevantes causadores de deficiência intelectual, na

realidade brasileira, como infecções e intoxicações na gravidez; problemas

no parto e prematuridade; infecções e traumatismos após o nascimento.

Entre os fatores sociais e educacionais destacam-se o abuso e a

negligência infantil, falta de estimulação adequada, indisponibilidade dos

apoios educativos que possam promover o desenvolvimento mental e maior

capacidade adaptativa.

Como a Deficiência Intelectual é diagnosticada?

Por muito tempo (e ainda hoje isto ocorre) o diagnóstico de

deficiência intelectual era baseado fundamentalmente em resultados de

testes de QI (Quociente de Inteligência), focalizando a deficiência como um

traço absoluto, invariável de uma pessoa, o que contribuiu para rotular o

aluno e levar o professor a ter poucas ou nenhuma expectativa em relação

ao progresso de seu desenvolvimento.

Atualmente se preconiza uma avaliação psicológica assistida, dinâmica

ou interativa com o objetivo de conhecer o potencial de aprendizagem do aluno

com deficiência intelectual, sua capacidade de tirar proveito da instrução

oferecida, saber o tipo de ajuda que lhe é útil, indicando o papel e a atuação do

professor (Tzuriel & Haywood, 1992).

Avaliação I

Acesse os sites:

http://www.down21.org/latinoamerica/brasil/marco.htm

http://sindromedownpuc.blogspot.com/

Elabore um texto básico contendo as informações principais

sobre a pessoa com Síndrome de Down (causas, características

físicas e psicológicas, necessidades educativas).

Page 20: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Mas o que é Deficiência Intelectual?

Historicamente, o conceito de deficiência intelectual tem sofrido inúmeras

mudanças no que concerne à terminologia, às pontuações de QI (Quociente de

Inteligência) e ao papel relacionado à conduta adaptativa. Estas mudanças

resultam da necessidade de se compreender melhor esta deficiência e de se

criar métodos de classificação, investigação, educação e reabilitação mais

confiáveis e eficazes.

A conceituação da deficiência intelectual evoluiu nos últimos anos e hoje

representa uma mudança significativa do paradigma tradicional.

Segundo a nova conceituação, a deficiência intelectual

é definida por limitações significativas tanto no

funcionamento intelectual (raciocínio, aprendizagem,

resolução de problemas) quanto no comportamento

adaptativo do indivíduo, que se expressam nas

habilidades conceituais, práticas e sociais e ocorrem

antes dos 18 anos de idade (AAIDD, 2010).

A importância deste novo conceito é que ele deixa de identificar a deficiência

intelectual como um atributo exclusivo do indivíduo, para entendê-la como um

estado de funcionamento da pessoa, na sua interação com o contexto social

em que vive.

Conheça mais sobre avaliação assistida!

Leia o texto “Avaliação assistida para crianças com necessidades

educacionais especiais: um recurso auxiliar na inclusão escolar”, da Profa

Sônia Regina Fiorim Enumo. Você pode acessá-lo na internet:

http://www.scielo.br/pdf/rbee/v11n3/v11n3a03.pdf

ENUMO, S. R. F. Revista Brasileira de Educação Especial, v. 11, n. 3,

março/setembro, 2005.

Page 21: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Cinco dimensões são essenciais para a efetiva aplicação deste conceito são

preconizadas pela AAIDD (American Association on Intellectual and

Developmental Disabilities):

(a) As limitações do funcionamento intelectual devem ser consideradas nos

contextos ambientais da comunidade típicos dos indivíduos iguais em idade e

cultura.

(b) A avaliação deve considerar a diversidade cultural e lingüística, assim

como as diferenças na comunicação e nos aspectos sensoriais, motores e

comportamentais.

(c) Em um indivíduo, as limitações coexistem com as potencialidades.

(d) Ao se levantar as limitações do indivíduo é muito importante traçar um

perfil de apoios necessários.

(e) Com apoios apropriados e personalizados durante um período

prolongado, o desenvolvimento (pessoal, social, educacional) da pessoa com

deficiência intelectual será beneficiado.

Como se pode observar, as dimensões propostas envolvem aspectos

diferenciados da pessoa e do ambiente, com vistas a melhorar os apoios que

permitam, por sua vez, um melhor funcionamento individual.

A avaliação do funcionamento intelectual é um aspecto crucial para

diagnosticar a deficiência intelectual e deve ser feita por um psicólogo

especializado e suficientemente qualificado. Deve levar em conta as dimensões

descritas acima e considerar que, em alguns casos, vai requerer a colaboração

de outros profissionais. Esta avaliação tem a intenção de eliminar o

reducionismo e a excessiva confiança no diagnóstico feito pelo uso de testes

psicométricos como, por exemplo, os testes de QI.

Page 22: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Por sua vez, a conduta adaptativa pode ser entendida como o conjunto de

habilidades conceituais, sociais e práticas que as pessoas aprendem para seu

desempenho na vida diária. Limitações significativas no comportamento

adaptativo afetam tanto as atividades da vida diária quanto as habilidades para

responder às situações particulares, educacionais e ambientais (AAIDD,2010).

Alguns exemplos destas habilidades:

Habilidades conceituais: linguagem (receptiva e expressiva); leitura e

escrita; conceitos de dinheiro, tempo e número.

Habilidades sociais: relacionamento interpessoal; responsabilidade;

auto-estima; certa desconfiança; seguimento de regras; obediência das

leis; evitar de ser enganado ou manipulado.

Habilidades práticas: atividades de vida diária e cuidados pessoais

(comer, vestir-se, fazer a higiene, preparação de comida, limpeza da

casa); uso de dinheiro, remédios, transporte, viagens; rotinas, horários,

uso do telefone.

Habilidades ocupacionais (qualificação profissional).

A conceituação de deficiência intelectual da AAIDD também enfatiza a

importância de se avaliar as interações com as demais pessoas e o papel

social desempenhado pela pessoa com deficiência mental. De acordo com

Navas, Verdugo & Gómez (2008), a participação se avalia por meio da

observação direta das interações do indivíduo com seu mundo material e social

nas atividades de vida diária. Os papéis sociais se referem a um conjunto de

atividades consideradas como normais para um grupo específico de idade, e

podem orientar-se para os aspectos pessoais, escolares, laborais,

comunitários, de lazer e outros.

Vale lembrar que a falta de recursos e serviços comunitários, assim

como a existência de barreiras físicas e sociais podem limitar

significativamente a participação e interações das pessoas com

Page 23: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

deficiência intelectual. E esta falta de oportunidades terá um

impacto decisivo no desempenho de um papel social valorizado.

Os suportes ou apoios são definidos como os recursos e estratégias

individuais necessários para promover o desenvolvimento, educação,

interesses e bem estar da pessoa com deficiência intelectual. Estes apoios

podem ser providenciados pela família, pelos professores, por outros

profissionais envolvidos ou instituição apropriada. São importantes na

promoção do desenvolvimento pessoal, da auto-determinação, da qualidade de

vida. Constituem-se no caminho para o acesso à educação, ao emprego, à

recreação, entre outros e, sobretudo, para a inclusão escolar e social.

Com esta nova compreensão, já não é suficiente classificar a deficiência

intelectual em leve, moderada, severa ou profunda, mas sim especificar o

grau de comprometimento funcional adaptativo. É importante determinar, por

exemplo, em que áreas (habilidades sociais, de comunicação, entre outras),

a pessoa com deficiência intelectual necessita de mais apoios.

As considerações acima não esgotam o assunto, mas podem auxiliar

professores e profissionais a discernir características da conceituação da

deficiência intelectual e seu diagnóstico.

A Escola e o Aluno com Deficiência Intelectual

Os primeiros anos de vida da criança são determinantes para um

desenvolvimento físico e psicológico harmonioso bem como para a formação

das faculdades intelectuais e o desenvolvimento da personalidade.

Pesquisas atuais sobre a plasticidade do sistema nervoso central

demonstram que um ambiente estimulador, nos três primeiros anos de vida,

é capaz de modificar a função e a estrutura cerebral de forma muito

positiva (Dierssen, 1994).

Desta maneira, prevenir e detectar possíveis atrasos já na educação

infantil e a pronta intervenção é uma das funções dos professores em

colaboração com equipes psicopedagógicas.

Page 24: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

A estimulação da criança pequena que já apresenta atrasos no

desenvolvimento é de fundamental importância e se deve levar em

consideração que: (a) esta criança necessita de estimulação maior e ou

diferente das outras crianças; (b) além da escola, é necessário que ela

conte com atendimento especializado (estimulação precoce) com

envolvimento familiar.

Programas educacionais direcionados à criança de zero a seis anos

centrados na participação da família e da comunidade podem (a) promover

ganhos de desenvolvimento; (b) reduzir sentimentos de isolamento, estresse

e frustração vivenciados pelos familiares; (c) reduzir custos futuros com

educação especial.

Atitudes do Professor em relação ao aluno com deficiência

intelectual

As percepções dos professores podem condicionar sua atuação e

levar a comportamentos como a superproteção ou expectativas limitadas

sobre o aluno com deficiência intelectual. Quando o professor pensa que as

dificuldades de aprendizagem são de responsabilidade exclusiva do aluno

isto pode influenciar negativamente seu trabalho na sala de aula. Neste

sentido, a etiqueta de “retardado” pode traduzir-se em menor empenho do

professor no progresso do aluno e consequentemente resultará em um

pobre rendimento do aluno.

Este modo de pensar, bastante freqüente, mostra a importância do

professor refletir sobre sua atuação e rever suas percepções e pré-

conceitos sobre as necessidades especiais dos alunos, suas capacidades

para aprender e a importância de sua mediação na aprendizagem deles.

Você deve ler o documento publicado pela Secretaria de Educação Especial do MEC

sobre temas específicos da Educação Infantil, que contribui para a formação docente e

elaboração de projetos pedagógicos.

Acesse o site:

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/dificuldadesdeaprendizagem.pdf

BRASIL. Ministério da Educação. Educação Infantil: Saberes e Práticas da Inclusão.

Dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitações no processo de desenvolvimento.

Brasília: MEC/SEESP, 2006c.

Page 25: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Docentes também podem, assim como os pais, superproteger o

aluno com deficiência intelectual, propondo-lhe tarefas repetitivas ou pouco

relevantes para sua aprendizagem ou então lhe dando atividades muito

diferenciadas das realizadas pelos demais alunos, a fim de “poupá-los”.

Professor, a sua atuação na sala de aula, seu modo de gerenciar

a classe, de orientar a comunicação e as interações que nela se

produzem, geram um clima social que pode ou não

comprometer a aprendizagem que nela se desenvolve!

Se o professor estimula a participação na aula, melhora o

interesse dos alunos em aprender e eleva o autoconceito dos

mesmos.

As tarefas quando estão claramente planejadas, com objetivos

concretos, melhoram o rendimento dos alunos.

A criatividade e o interesse dos alunos são prejudicados quando o

clima da aula é competitivo e controlador.

O Planejamento da Aula

A adaptação do currículo tem uma importância fundamental e vale a

pena que professores dediquem um tempo a se perguntar:

a partir do conhecimento que agora tenho sobre as

necessidades de meus alunos incluindo os que possuem

deficiência intelectual, quais mudanças tenho que fazer em

LEMBRE SEMPRE QUE:

Alunos com deficiência intelectual levam mais tempo para aprender,

mas podem desenvolver muitas habilidades além de revelar

potencialidades.

Podem ter comprometimentos em sua saúde com a utilização de

medicamentos, o que pode influenciar o seu processo de

aprendizagem.

Deficiência intelectual não é uma doença! Não é contagiosa! A

convivência com o aluno não provoca nenhum prejuízo para nas

pessoas sem deficiências!

Page 26: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

minha classe para que todos possam ter suas necessidades

atendidas?

O tempo dedicado a esta reflexão levará o professor a tomar

decisões mais adequadas, sobretudo no ensino infantil e séries iniciais.

Priorizar determinados objetivos e conteúdos

O professor deve priorizar os objetivos e conteúdos que sendo

importantes para todos os alunos resultem especialmente relevantes para

aqueles que apresentem deficiência intelectual. Por exemplo, nas séries

iniciais é interessante ressaltar os objetivos ou conteúdos relacionados

com: (a) desenvolvimento da comunicação como elemento facilitador da

interação com os demais e a adaptação social do aluno; (b)

desenvolvimento da leitura e da escrita, levando em conta que os alunos

com deficiência intelectual não somente apresentam dificuldades no

processo de decodificação como também na compreensão do texto e na

expressão escrita; (c) a habilidade para usar os números e as operações

básicas, nas diferentes situações da vida cotidiana; (d) o desenvolvimento

das relações interpessoais e a adaptação social dos alunos.

Muitas vezes estes objetivos e conteúdos podem exigir decisões no

âmbito das adaptações curriculares individuais, como por exemplo, na

questão da temporalidade.

Metodologia

A metodologia implica na organização do trabalho pedagógico em

torno dos conteúdos selecionados para que os alunos atinjam os objetivos

propostos.

Andrés & Vilar (s.d.), propõem algumas sugestões para adequar a

metodologia para os alunos com deficiência intelectual:

Ao planejar uma nova unidade didática, determinar e atualizar

os conhecimentos prévios dos alunos. Assim, poderá

determinar com mais precisão se as tarefas previstas são

adequadas ou se é necessário incluir ou excluir uma ou outra.

Globalizar os conteúdos em torno de centros de interesse que

se conectem com experiências ou interesses dos alunos.

Page 27: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Usar estratégias que incluam experiências diretas e a reflexão

sobre elas.

Utilizar técnicas que permitam a colaboração entre os alunos e

a adoção da aprendizagem cooperativa ou do ensino tutelado.

Adequar a linguagem ao nível de compreensão dos alunos,

utilizando sempre perguntas para verificar se o aluno com

deficiência intelectual é capaz de entender o que lhes é dito e

para ter segurança de que sabe o que tem que fazer e como

vai realizá-lo.

Outras sugestões que podem ser de grande ajuda ao professor em

relação às atividades a serem desenvolvidas na aula consiste em planejar

atividades que possam ser trabalhadas em distintos graus de dificuldade

sobre um mesmo conteúdo.

Quase sempre livros de texto e cadernos de trabalho iniciam as

atividades com menor dificuldade indo aos poucos tornando-se mais

complexas. Porém, em várias ocasiões é necessário modificar este

repertório de tarefas para facilitar a aprendizagem do aluno com deficiência

intelectual, sendo necessário: (a) Incorporar algumas atividades prévias às

propostas pelo livro de texto; (b) substituir algumas das atividades do texto

por outras mais adequadas ao aluno; (c) modificar algumas atividades

propostas, como por exemplo, na proposição de um problema que exija o

uso de duas operações combinadas, cabe várias modificações: simplificar e

reduzir o texto, substituir as quantidades por outras mais familiares, propor

sobre o mesmo conteúdo, atividades individuais ou em grupo; prever

atividades de livre execução, de interesse dos alunos, a serem feitas na

aula, em casa, no bairro.

Avaliação da aprendizagem

A avaliação dos alunos com deficiência intelectual visa conhecer os

seus avanços no entendimento dos conteúdos curriculares durante o ano

letivo de trabalho, seja ele organizado por série ou ciclos. O mesmo é

válido para os demais alunos para que não sejam feridos os princípios da

inclusão escolar. O que é importante para que um novo ano de estudos se

Page 28: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

inicie é o quanto o aluno com ou sem deficiência intelectual aprendeu no

ano anterior, pois nenhum conhecimento é aprendido sem base no que se

conheceu anteriormente.

Pode ser que o aluno com deficiência intelectual não atinja todos os

conteúdos propostos pela grade curricular do ensino regular, por ter

apresentado outras necessidades no decorrer da escolaridade. Assim, é

importante que ao final dos estudos concluídos, ele saia da escola com um

termo de terminalidade específico no qual será relatado as suas condições

atuais de aprendizagem, nele constando ainda os possíveis

encaminhamentos. Este processo só é possível quando se realizou a

adaptação curricular e uma avaliação responsável em toda a sua vida

escolar.

Alunos com severas limitações intelectuais devem ter garantido o

direito à convivência na escola, entendida como espaço privilegiado de

formação das novas gerações.

O aluno com Deficiência Intelectual e os Colegas da Escola

Os demais alunos sem deficiência devem receber orientações dos

professores sobre como acolher e tratar adequadamente o colega com

deficiência mental em suas necessidades.

Pesquisas mostram que o aluno com deficiência intelectual tem

benefícios no seu desenvolvimento quanto convive com alunos sem

deficiências. Por sua vez, alunos sem necessidades especiais perdem o

medo e o preconceito em relação ao diferente e desenvolvem a

cooperação.

Leia o capítulo „A escola comum diante da deficiência mental: o que era/o que precisa ser” no

documento publicado pela Secretaria de Educação Especial do MEC sobre Educação Inclusiva e

Deficiência Intelectual.

Organize um esquema com as principais idéias do texto.

Acesse o site: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/defmental.pdf

BRASIL. Ministério da Educação. Educação Inclusiva: Atendimento Educacional Especializado para a

Deficiência Mental. Brasília: MEC/SEESP, 2006m.

Page 29: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

A Parceria da Escola com a Família

O professor deve explicar aos pais a importância da participação

deles na aprendizagem do filho, pois é no ambiente familiar que a criança

tem maior liberdade de expressar-se.

Criar o caderno pedagógico (ou portfólio) para comunicar-se com a

família, onde, por exemplo, poderão ser colocadas fotografias das aulas e

os pais poderão relatar experiências com os filhos em casa ou como foi

realizada a tarefa solicitada pelo professor.

É muito importante que os pais tenham a oportunidade de se

reunirem frequentemente com o professor, participando de modo ativo no

desenvolvimento do programa e compartilhando responsabilidades

A Parceria da Escola com outros Profissionais

Crianças com deficiência intelectual necessitam, na maioria das

vezes, de atendimento especializado com equipe interdisciplinar

(fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, psicologia, terapia ocupacional,

entre outros). É extremamente relevante a parceria entre esta equipe

interdisciplinar e a escola, em um trabalho conjunto com o professor,

informando e auxiliando de forma prática, nas dificuldades motoras, de

linguagem, sociais, cognitivas, que influenciam o desenvolvimento global do

educando.

Incentive cada aluno a construir um recorte de sua história pessoal

(utilizando fotografias e desenhos para atrair o interesse), onde todos

deverão identificar uma característica que fazem bem e outra na qual

tenham dificuldade. Ressaltar que todos têm diferenças e, cada um com

sua história, é importante para a família, para os amigos, para a

sociedade.

AVALIAÇÃO II

Elabore um texto acadêmico de duas páginas, respondendo à

seguinte questão:

Em que medida eu posso contribuir para uma escola inclusiva, na

promoção do desenvolvimento do aluno com deficiência intelectual?

Page 30: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

UNIDADE III

ALUNOS COM SURDEZ

Esta unidade trata de questões básicas sobre a Surdez e suas

implicações na aprendizagem escolar. Visa conhecer as necessidades

lingüísticas diferenciadas de alunos surdos e refletir sobre alguns

encaminhamentos possíveis de serem adotados em sala de aula bem como

oferecer subsídios para auxiliar na construção de uma escola inclusiva de

qualidade.

Pessoas e vários animais percebem sons com o sentido da

audição, o que permite saber a distância e a posição da fonte sonora.

Os sons são usados de várias maneiras, muito especialmente para

comunicação por meio da fala ou da música, por exemplo. A

percepção do som também pode ser usada para adquirir informações

sobre o ambiente.

Uma pessoa ouve quando é capaz de captar estímulos vibratórios,

arquivá-los e interpretá-los. Para que a pessoa entenda a mensagem

veiculada ao estímulo auditivo, necessita de uma aprendizagem prévia

(ouvimos um inglês falar, porém não entendemos nada se previamente não

estudamos este idioma). Por último, uma pessoa escuta quando dirige sua

atenção de modo voluntário para a fonte emissora do som (podemos estar

ouvindo o rádio porém não escutamos se estamos imersos na leitura de um

livro).

No ser humano, a audição é normalmente limitada por freqüências

entre 20 Hz (hertz) e 20,000 Hz (20 kHz), embora estes limites não sejam

absolutos. Freqüência é o número de vibrações por segundo que a onda

provoca no meio gasoso, líquido ou sólido. Quando uma onda sonora é

emitida em baixa freqüência, o som é mais grave; sons de alta freqüência

são mais agudos.

Page 31: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

O decibel (dB), por sua vez, é a unidade usada para medir a

intensidade de um som. O ouvido humano é capaz de ouvir sons entre 0 e

120 dB.

Alguns sons e seus índices de decibéis:

0 dB : limiar da sensação sonora

20 dB: conversa em voz baixa; cochicho

40 dB: tom de voz normal, som rádio

65 dB: voz muito alta

80 dB: tráfego intenso

110 dB: show de rock ou motor de avião a jato

120 dB: limiar sensação dolorosa

QUAL EXAME AVALIA A AUDIÇÃO?

A audiometria é um exame que avalia a audição. Ao detectar

qualquer anormalidade permite medir o grau e tipo de alteração e orientar

as medidas preventivas ou curativas a serem tomadas. É realizada pelo

fonoaudiólogo ou otorrinolaringologista. A audiometria é feita com a pessoa

dentro de uma cabine acústica (sem ruído) e utiliza um equipamento

chamado audiômetro.

QUAIS SÃO OS TIPOS DE SURDEZ?

Não há consenso entre os estudiosos, muitas vezes, quanto à

utilização de termos como deficiência auditiva, surdez, hipoacusia. Muitos

consideram os três termos como sinônimos (Alonso et al., 1991). Abaixo

transcrevemos a classificação adotada pela Secretaria de Educação

Especial/MEC (Brasil, 2006f) com suas principais características.

1 - PARCIALMENTE SURDO: compreende a surdez leve e

moderada

Surdez Leve - perda auditiva entre 20 e 40 dB

A pessoa tem dificuldade em ouvir voz baixa ou distante e em perceber igualmente

Page 32: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

todos os fonemas das palavras. Exige frequentemente a repetição do que lhe falam

e parece ser desatento. Aprende a linguagem oral, com bom domínio do português,

mas pode apresentar problema articulatório na leitura e ou escrita.

Surdez moderada: perda auditiva entre 40-70 dB

A pessoa desenvolve a linguagem oral mas apresenta dificuldades frente a fala

normal, sendo comum o atraso na linguagem e dificuldades articulatórias. Na

criança pequena é necessário o uso de prótese e apoio fonoaudiológico precoce

para que possa adquirir a linguagem e evitar discordâncias fonoarticulatórias e

sintáticas com dislalias freqüentes.

2 - SURDO: compreende a surdez severa e profunda

Surdez severa: perda auditiva entre 70-90 dB

A pessoa percebe palavras amplificadas e não adquire a linguagem de

forma natural; a criança pequena vai necessitar de ajudas técnicas e intervenção

fonoaudiológica, podendo apresentar dificuldades na construção da linguagem oral.

Geralmente neste grau se incluem alunos com implante coclear, com possibilidade

de desenvolver uma audição até 30 ou 40 dB.

Surdez profunda: perda auditiva superior a 90 dB

A pessoa não percebe nem identifica a voz humana o que a impede de

adquirir a línguagem oral. Geralmente utiliza uma linguagem gestual e pode ter

pleno desenvolvimento lingüístico por meio da língua de sinais.

Um bebê que nasce surdo balbucia como um de audição normal, mas suas

emissões logo desaparecem à medida que não tem acesso à estimulação auditiva

externa, fator da máxima importância para a aquisição da linguagem oral.

É SURDO ou SURDO-MUDO?

A expressão surdo-mudo é denominação incorreta para pessoas

surdas. A pessoa surda não fala porque não ouve os sons que a circunda,

tanto que há surdos que falam quando recebem treinamento específico.

São muito poucos os surdos que também apresentam mudez

(incapacidade fonoarticulatória de produzir a fala).

QUAIS SÃO AS CAUSAS DA SURDEZ?

Conhecer as causas da surdez pode ser importante para prevenir

dificuldades, prever possibilidades evolutivas e planejar estratégias de

Page 33: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

intervenção e educação. As principais causas da surdez são: genéticas,

pré-natais (como, por exemplo, rubéola, toxoplasmose, sífilis,

medicamentos, incompatibilidade Rh), perinatais (como traumatismos de

parto, falta de oxigênio), pósnatais (como traumatismos, infecções,

medicamentos).

IMPLANTE COCLEAR: O QUE É ISSO?

É um tipo de prótese que transforma sons e ruídos do meio ambiente

desencadeando uma sensação auditiva na pessoa. O implante coclear requer

intervenção cirúrgica para substituir a cóclea prejudicada e a reabilitação é

necessária, pois a criança necessita aprender a decodificar os sons.

COMPORTAMENTOS DO ALUNO QUE PODEM EVIDENCIAR

PERDA AUDITIVA:

Falta evidente e crônica de atenção

Falta freqüente de resposta em situação de comunicação

Acentuado atraso ao iniciar a fala ou articulação muito defeituosa

Atraso escolar evidente

Queixas de dores de ouvido, desconforto ou assobios, zumbido

Secreção \ acúmulo de cera

Má articulação, sobretudo de sons consonantais

Aumentar exageradamente o som para ouvir

SAIBA MAIS

Veja o que é implante coclear, seu funcionamento, para quais

pessoas é recomendado, acessando:

http://www.implantecoclear.com.br/index.php?pagina=oquee

Page 34: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Colocar as mãos em concha nos ouvidos para ouvir ou vira a

cabeça em direção aos sons

Pedir freqüentemente para repetir o que acabou de ser dito

Não responder ou ser desatento ao se falar com ele

Relutar em participar em atividades orais, parecendo não entender

as instruções verbais das atividades

MÉTODOS E ABORDAGENS DE ENSINO PARA ALUNOS

SURDOS

No decorrer dos séculos muitas abordagens e métodos foram

propostos para a educação de alunos surdos. Na realidade, não existe um

único método para todas as crianças com surdez. Crianças que possuem

resíduos auditivos podem ter acesso para o código da fala dentro de uma

abordagem oral. Já para as que têm pouco resíduo ou dificuldades em

desenvolver a oralidade, a educação bilíngüe pode ser a mais indicada.

Na atualidade, os métodos de ensino dividem-se em três abordagens

principais: Oralismo, Comunicação Total e Bilinguismo.

O oralismo tem por objetivo integrar a criança surda na comunidade

de ouvintes e para tanto preconiza o desenvolvimento da linguagem oral,

leitura orofacial e amplificação sonora, enquanto se expressa por meio da

fala. Gestos, língua de sinais e alfabeto digital não são permitidos

(Goldfield, 1997). Esta abordagem exige intensa dedicação por parte da

criança e da família, a participação de profissionais especializados e requer

o uso de aparelhos específicos como a amplificação sonora individual.

A Comunicação Total defende o uso de qualquer recurso lingüístico,

seja a língua de sinais, a linguagem oral ou códigos manuais para propiciar

a comunicação com as pessoas surdas.

Já o Bilinguismo é a abordagem que vem ganhando força na última

década no Brasil.

SAIBA MAIS

Acesse o site da FENEIS (Federação Nacional de Educação e

Integração dos Surdos): http://www.feneis.com.br/page/

Page 35: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

BILINGUISMO - EDUCAÇÃO BILINGUE

A educação bilíngüe tem como maior função dar suporte ao

pensamento e estimular o desenvolvimento cognitivo e social da pessoa

surda (Fernandes, 2003). Por outro lado, pesquisas evidenciam que esta

educação é a mais adequada sobretudo para o ensino de alunos surdos

profundos.

É muito importante que a criança já tenha contato com a LIBRAS desde

o nascimento e também conviva com pessoas que dominem a língua de sinais.

Se os pais forem ouvintes há necessidade de que eles aprendam também a

LIBRAS, a fim de garantir um ambiente lingüístico adequado à criança surda

nos diferentes contextos onde ela vive.

Pesquisas mostram que bebês e crianças pequenas com surdez, filhos de

pais surdos, que estiveram desde cedo expostos à língua de sinais, têm

um desenvolvimento lingüístico, cognitivo, afetivo e social adequados,

demonstrando melhores resultados acadêmicos, em relação àquelas que não

tiveram acesso à língua de sinais na infância. Crianças surdas, cujos pais são

ouvintes mas submetem os filhos à língua de sinais precocemente, também

demonstram desenvolvimento simbólico-cognitivo satisfatório.

As etapas de aquisição da língua de sinais são semelhantes àquelas

apresentadas por crianças ouvintes com a língua oral, demonstrando que para

o cérebro não importa se a língua é oral-auditiva ou visual-espacial para o

desenvolvimento da linguagem. Ou seja, a capacidade de representação, a

simbolização e a formação de conceitos ocorrem tanto em alunos ouvintes

quanto em alunos surdos expostos à língua de sinais (Marchesi, 1995).

A proposta bilíngüe visa assegurar o acesso dos surdos às duas línguas, no

contexto escolar e é dever da escola oferecer, à criança surda, oportunidade

Defende que o surdo deve adquirir a língua de sinais como

a sua primeira língua (língua materna), a fim de facilitar o

desenvolvimento de conceitos e sua relação com o mundo. A

língua portuguesa é ensinada como segunda língua, na

modalidade escrita e, quando possível, na modalidade oral.

Page 36: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

de adquirir a sua primeira língua e de se constituir como sujeito lingüístico, da

mesma maneira como essa oportunidade é oferecida à criança ouvinte (Lodi &

Harrison, 1998).

VOCÊ CONHECE AS DIFERENTES LÍNGUAS DE SINAIS?

As línguas de sinais são línguas de modalidade visual-espacial

utilizadas pelas comunidades surdas e apresentam um conjunto de regras

fonológicas, morfológicas e sintáticas, isto é, uma gramática própria.

Cada país tem a sua própria língua de sinais que decorre das

variações linguísticas da cultura e das tradições de cada povo. Conheça

algumas delas:

LIBRAS Língua Brasileira de Sinais

LGP Língua Gestual Portuguesa

ASL Língua Americana de Sinais

LSF Língua Francesa de Sinais

HSE Hausa Sian Language (Nigéria)

LIS Língua Italiana dei Segni

LSA Lengua de Senas Argentina

JSL JSL - Japanese Sign Language

VOCÊ CONHECE A LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS – LIBRAS?

A Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS – é uma língua visual-

espacial articulada por meio das mãos, das expressões faciais e do corpo.

Page 37: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Possui regras gramaticais próprias, como por exemplo:

o Grafia: sempre em letra maiúscula: CASA, AMOR, BRASIL.

o Verbos: representados no infinitivo: GOSTAR, USAR, FALAR.

o Frases: EU GOSTAR MORANGO. EU QUERER AJUDA.

o Pronomes pessoais: representados pelo sistema de

apontação.

ALFABETO MANUAL COMO RECURSO DA LIBRAS

O alfabeto manual ( ou dactilologia) é a representação, por meio das

mãos, das letras das línguas orais e dos seus principais caracteres. É um

recurso para o aluno surdo soletrar nomes próprios ou empréstimos da

língua portuguesa.

DICIONÁRIO DE LIBRAS DIGITAL

Para conhecer melhor os sinais e as palavras correspondentes, consulte

o dicionário digital de Libras, acessando:

http://www.acessobrasil.org.br/libras/

Fonte: http://aprendolibras.blogspot.com/2009/02/por-onde-comecar-alfabeto-manual-e.html

Page 38: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

É muito importante que o professor e os alunos tenham o apoio de um

intérprete de Libras em sala de aula, auxiliando na mediação da comunicação

em todas as situações em que estejam envolvidos surdos e ouvintes.

QUEM É O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS?

É o profissional que traduz e interpreta a língua de sinais para a língua

falada e vice-versa na modalidade oral e escrita. No Brasil, o intérprete deve

dominar a Libras (Língua Brasileira de Sinais) e a língua portuguesa. Precisa

também ter qualificação específica em tradução e interpretação e formação

específica na área onde atua (por exemplo, na educação). A atuação do

intérprete está prevista na legislação federal, já disponível para muitos surdos

da rede pública de ensino. Muito recentemente, a Lei Federal de no 12.319, de

1o de setembro de 2010, regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da

Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

PORQUE O INTÉRPRETE DE LÍNGUA DE SINAIS É

IMPORTANTE?

Porque na sua ausência, a interação entre surdos e pessoas que não

dominam a Libras fica prejudicada. Assim, os surdos acabam não

participando de várias atividades sociais, culturais, educacionais; não

conseguem avançar em termos educacionais; ficam desmotivados para

participarem em situações sociais; não tendo acesso aos veículos de língua

falada ficam excluídos das interações sociais e da própria cidadania.

O PROFESSOR E O ALUNO SURDO

ESTRATÉGIAS ORGANIZATIVAS

Algumas das principais adaptações para o desenvolvimento da

comunicação relacionadas com o planejamento das aprendizagens são as

estratégias organizativas que o professor deve providenciar.

O aluno deve sentar onde melhor possa perceber por meio de

seus resíduos auditivos, leitura labial e acesso visual à

informação (perto do professor e com uma visão geral da

classe).

Page 39: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Ministrar a aula de forma flexível, donde nas situações

interativas grupais todos os alunos possam ver-se entre si.

Situar o aluno surdo longe de áreas ruidosas.

Evitar reflexos no quadro-negro.

Seguir um horário fixo de rotinas e informar o aluno das

modificações que se realizam.

FAVORECENDO AS RELAÇÕES ENTRE ALUNOS SURDOS

E OUVINTES

o Informar aos alunos as características dos colegas surdos, a

maneira como devem chamá-los, porque possuem dificuldades

para falar, o que são próteses e sua utilidade, etc.

o Tentar evitar qualquer comportamento de superproteção.

o Mostrar a inadequação em zombar do colega surdo pelo uso

de prótese auditiva, pela sua maneira de falar ou de sua não

compreensão em situações comunicativas.

o Ensinar estratégias comunicativas aos alunos surdos e

ouvintes.

o Ensinar aos demais alunos um sistema de comunicação

alternativo ou complementar.

o Ensinar aos alunos surdos normas de jogos comuns como

futebol, voleibol, entre outros, e realizar jogos de socialização

na escola.

o Trabalhar com as famílias para que favoreçam as relações

entre os alunos surdos e ouvintes fora da escola (convites de

aniversário, saírem juntos ao parque, etc.).

FACILITANDO REGRAS E NORMAS

Para facilitar a assimilação de regras e normas pelo aluno surdo, o

professor pode adotar as seguintes medidas: (a) as regras devem ser

poucas, formuladas positivamente e serem escritas, desenhadas e

Page 40: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

sublinhadas; (b) devem ser colocadas em cartazes à vista de todos; (c)

regras cumpridas devem ter um efeito positivo.

ESTRATÉGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA

COMUNICAÇÃO

O professor deve utilizar uma linguagem clara e fácil de

compreender (articular de forma pronunciada e com

velocidade moderada).

Não deve ficar de costas para a luz e nunca falar de costas

para a classe. O uso de barba espessa, bigodes, mascar

chicletes ou falar com objetos diante da boca podem prejudicar

a leitura labial pelo aluno surdo.

Diante de explicações que necessitam do código escrito,

escrever primeiro no quadro-negro e logo continuar a

explicação olhando para os alunos.

Escrever no quadro um pequeno guia, esquema ou resumo e

utilizar ilustrações ou diagramas sempre que possível.

ATIVIDADES COMPLEMENTARES EM SALAS DE RECURSO

A criança surda que freqüenta a escola regular, provavelmente vai

necessitar de atendimento em outro turno, em salas de recursos para o

desenvolvimento da LIBRAS, da língua portuguesa e para complementar as

informações obtidas na classe comum. Poderá também necessitar de

atendimento especializado para sua reabilitação com fonoaudiólogo,

pedagogo, professor especializado e psicólogo. Muitas vezes é preciso

reforço escolar para acompanhar os conteúdos escolares.

A PARCERIA DA ESCOLA COM A FAMÍLIA

A parceria da escola com a família tem um papel essencial no

processo educativo do aluno surdo, uma vez que são os pais que deverão

ir tomando decisões sobre os filhos. Os pais quando apoiados percebem a

Page 41: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

importância do ensino em LIBRAS, empenham-se em aprender a língua de

sinais, engajam-se na busca de melhor qualidade de ensino.

A PARCERIA DA ESCOLA COM OUTROS PROFISSIONAIS

Muitas vezes o aluno surdo deve contar com apoio de profissionais como

fonoaudiólogo, apoio pedagógico ou intérprete de LIBRAS. Estes profissionais,

por sua vez, devem manter estreita interlocução com o professor na busca da

melhor maneira de atender as necessidades do aluno.

CAMINHOS PARA A PRÁTICA PEDAGÓGICA

Concebido como material instrucional para a capacitação de professores de

língua portuguesa da Educação Básica no atendimento de alunos surdosez, o

livro Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: Caminhos para a Prática

Pedagógica parte do pressuposto de que a modalidade vísuo-espacial é o

canal perceptual adequado à aquisição e utilização da linguagem pelas

pessoas surdas, tendo implicações cruciais para seu desenvolvimento

cognitivo, sua afirmação social e realização pessoal, do que decorre ainda o

entendimento de que, na adoção do bilingüismo, a língua portuguesa é

segunda língua para o surdo.

Publicado em dois volumes, relacionados abaixo, é leitura imprescindível

para auxiliar o professor na sua prática pedagógica com o aluno surdo.

SALLES, H. M. M. L. et al. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica. Volume 1. Brasília: MEC/SEESP, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol1.pdf.

SALLES, H. M. M. L. et al. Ensino de Língua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prática pedagógica. Volume 2. Brasília: MEC/SEESP, 2004. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol2.pdf.

Page 42: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Avaliação II

Baseando-se no texto “Idéias para ensinar português para alunos surdos”, elabore

uma atividade que pode envolver alunos surdos e ouvintes.

Acesse o site:

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf

QUADROS, R. M.; SCHMIEDT, M. L. P. Idéias para ensinar português para alunos

surdos. Brasília: MEC/SEESP, 2006.

Page 43: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

UNIDADE IV

ALUNOS COM DEFICIÊNCIA VISUAL

Esta unidade trata de questões básicas sobre a Deficiência Visual e

suas implicações na aprendizagem escolar. Visa conhecer as necessidades

diferenciadas de alunos cegos e de baixa visão e refletir sobre alguns

encaminhamentos possíveis de serem adotados em sala de aula bem como

oferecer subsídios para auxiliar na construção de uma escola inclusiva de

qualidade.

A cegueira não é apenas perda, uma dificuldade, um problema, mas, ao

contrário, pode converter-se no exato desafio, na privação que tornará o sujeito

forte o suficiente para lutar no mundo. Se toda adversidade é pedagógica, a

cegueira pode ser fonte de superação. Porém, isso não é um processo natural.

É preciso educação! É preciso organizar todos os recursos já desenvolvidos,

convertê-los em pedagogia adequada e propor os desafios que promovam a

autonomia intelectual, social, econômica e política da pessoa cega (Prof. Dr.

Paulo Ricardo Ross).

O QUE É DEFICIÊNCIA VISUAL?

Termos deficiência visual, visão subnormal, baixa visão, visão residual, entre

outros, referem-se a uma redução da acuidade visual central ou a uma perda

parcial do campo visual, devido a um processo patológico ocular ou cerebral.

Page 44: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Desta maneira, pessoa com deficiência visual é aquela que sofre de uma

alteração permanente nos olhos ou nas vias de condução do impulso visual,

exigindo recursos sociais e educacionais para a promoção de seu

desenvolvimento.

QUAIS SÃO OS TIPOS DE DEFICIÊNCIA VISUAL?

Didaticamente podemos considerar três tipos de deficiência visual:

Cegueira

Baixa visão

Visão reduzida

Na avaliação funcional da visão considera-se a acuidade visual, o campo

visual e o uso eficiente do potencial da visão. Acuidade visual é a distância de

um ponto ao outro em uma linha reta por meio do qual um objeto é visto.

Campo visual é a amplitude e a abrangência do ângulo da visão em que os

objetos são focalizados.

A CEGUEIRA, em sua definição educacional, refere-se aos alunos que não

têm visão suficiente para aprender a ler e escrever do modo convencional e

necessitam utilizar outros sentidos (tátil, auditivo, olfativo, gustativo e

cinestésico) em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.

Alunos cegos podem não enxergar absolutamente nada, mas também podem

ter alguns resíduos como: percepção de luz, perceber claro e escuro, perceber

contornos de objetos, vultos, cores. Estes resíduos são muito úteis para a

orientação no espaço, movimentação e outras habilidades.

Page 45: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

O acesso à leitura e escrita destes alunos ocorre por meio do SISTEMA

BRAILLE e o ensino da matemática utilizará como recurso o SOROBAN.

A BAIXA VISÃO compreende alunos que, apesar de uma redução

considerável da sua capacidade visual, possuem resíduos que possibilitam ler

e escrever da forma convencional e desenvolver muitas habilidades.

Estes alunos se diferenciam muito nas suas possibilidades visuais, sendo

necessário que a escola e a família recebam orientações do oftalmologista e do

professor especializado no funcionamento visual específico de cada criança.

Os alunos com baixa visão podem recorrer a ajudas ópticas ou eletrônicas

para escrever ou ler um documento. As lentes podem ser de diversos tipos e

incluem as lupas de mão, lupas iluminadas, telelupas, telescópios para

melhorar a leitura e escrita, telescópio para visão ao longe e prismas.

A VISÃO REDUZIDA é a condição das pessoas cujos problemas visuais

(como miopia, hipermetropia, astigmatismo) podem ser corrigidos por cirurgias

ou pela utilização de óculos de grau ou lentes de contato. No entanto, se esta

visão não for corrigida, pois muitas vezes passa desapercebida em crianças

pequenas, pode interferir na escolarização das mesmas.

VARIÁVEIS INTERFERENTES

Muitas crianças já nascem com deficiência visual ou perdem a visão muito

cedo. Estas crianças terão necessidades sociais e educacionais diferentes

Page 46: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

daquelas que perderam a visão mais tarde. Por exemplo, se a deficiência

ocorrer após os cinco anos de idade, a criança já terá desenvolvido

praticamente seu potencial visual, podendo conservar noções de espaço,

tempo, imagens e memória visual.

Portanto, idade da manifestação, o tempo transcorrido desde a perda, o tipo

de manifestação, a causa da deficiência são variáveis que podem interferir no

desenvolvimento educacional do aluno com deficiência visual.

CAUSAS DA DEFICIÊNCIA VISUAL

As principais causas da deficiência visual são: genéticas/hereditárias

(destacando-se o glaucoma congênito, miopia, hipermetropia); pré-natais

(como rubéola congênita, toxoplasmose, sífilis, retinoblastoma); perinatais

(como traumatismos de parto, falta de oxigênio, retinopatia); pósnatais

(como traumatismos, infecções).

SISTEMA BRAILLE

O sistema Braille é um código universal de leitura tátil e de escrita usado por

pessoas cegas. Foi desenvolvido na França por um jovem cego chamado Louis

Braille.

O sistema é composto por seis pontos em relevo que forma a célula Braille,

configurados seguindo a numeração de um a seis. Estes seis pontos formam

63 combinações diferentes com as quais se representam as letras do alfabeto,

os sinais de pontuação, os números, a notação musical e científica.

Page 47: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Por sua vasta aplicabilidade e eficiência, o sistema Braille se constitui no

melhor meio de leitura e escrita para as pessoas cegas.

Entretanto, a maioria das pessoas que enxergam, incluindo os professores,

não conhecem o Braille, o que dificulta a comunicação escrita com a pessoa

cega. Como uma ação afirmativa para a inclusão, a Universidade de São Paulo

(USP) desenvolveu o Braille Virtual, com o qual professores que enxergam

podem rapidamente aprender o sistema.

Célula

Braille

ACESSE O CURSO BRAILLE VIRTUAL

Conheça e aprenda sobre o Braille no site:

http://www.braillevirtual.fe.usp.br/pt/Portugues/braille.html

Alfabeto Braille

Page 48: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

A escrita Braille é realizada por meio de uma reglete e punção ou de uma

máquina de escrever Braille.

A reglete é uma régua de madeira, metal ou plástico com um conjunto de

células Braille dispostas em linhas horizontais sobre uma base plana.

A punção é um instrumento em madeira ou plástico no formato de pêra ou

anatômico, com ponta metálica, utilizado para a perfuração dos pontos na

Célula Braille.

O movimento de perfuração deve ser realizado da direita para a esquerda

para produzir a escrita em relevo de forma não espelhada. Já a leitura é

realizada, com a ponta dos dedos, da esquerda para a direita.

Reglete e

punção

Page 49: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

A escrita em relevo e a leitura tátil requer o desenvolvimento de habilidades

do tato que envolvem conceitos espaciais e numéricos, sensibilidade, destreza

motora, coordenação bimanual, discriminação, dentre outros aspectos. Por

isso, o aprendizado do sistema Braille deve ser realizado em condições

adequadas, de forma simultânea e complementar ao processo de alfabetização

dos alunos cegos.

A máquina de escrever tem seis teclas básicas correspondentes aos pontos da

célula Braille. O toque simultâneo de uma combinação de teclas produz os

pontos que correspondem aos sinais e símbolos desejados.

Os meios informáticos tem ampliado significativamente as possibilidades de

produção e impressão Braille. Muitas pessoas cegas hoje preferem digitar em

computadores e servir-se dos diferentes tipos de impressoras com capacidade

de produção de pequeno, médio e grande portes que representam um ganho

qualitativo e quantitativo no que se refere à produção braille em termos de

velocidade, eficiência, desempenho e sofisticação. Programas especiais

permitem que pessoas com deficiência visual façam publicações, leituras de

textos inseridos no computador e naveguem na Internet

SOROBAN

O soroban é um instrumento destinado às pessoas cegas e com baixa visão

na efetuação de operações matemáticas.

Instrumento de origem milenar chinesa, aperfeiçoado pelos japoneses, nele

se pode efetuar vários tipos de operação matemática. É uma espécie de ábaco

de forma retangular, com hastes verticais compostas de elementos móveis que

Page 50: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

permitem a realização de contas de valor 1 e de valor 5, separados por uma

haste horizontal.

O ENSINO DO NÚMERO

A metodologia utilizada atualmente no Soroban aliada às regras do ensino da

matemática fazem com que o uso deste instrumento por pessoas com

deficiência visual muitas vezes se torne aborrecido, rígido e pouco motivador.

Fernandes et al. (2006) propõem um conjunto de subsídios teórico-práticos,

oriundo das novas tendências metodológicas que repensam o ensino da

Matemática, que deve ser conhecido por todos os profissionais que atuam com

alunos com deficiência visual.

Soroba

n

ACESSE A ESTE DOCUMENTO REPLETO DE INOVAÇÕES

PEDAGÓGICAS COM JOGOS DIDÁTICOS-PEDAGÓGICOS

FERNANDES, C. T. et al. A construção do conceito de número e o pré-

soroban. Brasília : MEC/SEED, 2006.

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/pre_soroban.pdf

APRENDA A CONSTRUIR BRINQUEDOS PARA SEUS ALUNOS

COM E SEM DEFICIÊNCIA VISUAL!

Acesse:

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/brincartodos.pdf

SIAULYS, M. Brincar para todos. Brasília: MEC/SEESP, 2005.

Page 51: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

ORIENTAÇÃO E MOBILIDADE

Quando a criança tem uma deficiência visual é necessário motivá-la e dar-

lhe condições de explorar e ter contato com o seu ambiente para promover o

seu desenvolvimento e aprendizagem.

O treinamento em Orientação e Mobilidade ajuda a criança cega ou com

baixa visão perceber em que lugar ela está e aonde deseja ir (orientação) e

colocar em prática o seu plano em mover-se para um determinado lugar

(mobilidade).

O desenvolvimento das habilidades de orientação e mobilidade devem ter

início na infância, iniciando pela conscientização corporal e movimento. Esta

conscientização deve continuar sem interrupção até a idade adulta, de modo

que a pessoa aprenda habilidades que lhe permitam deslocar-se em vários

contextos de modo eficiente, eficaz e seguro.

Atualmente foram desenvolvidas estratégias e técnicas eficientes de

orientação e mobilidade que devem ser aplicadas desde a infância por

profissionais qualificados e supervisionadas pelos pais e professores.

O auxiliar de mobilidade mais conhecido e também o preferido da maioria das

pessoas com deficiência visual é a bengala. Existem vários tipos de bengalas,

cada uma tendo funções diferentes e cobrindo necessidades também

diferentes. Embora com menos freqüência, cães-guias também são utilizados.

SAIBA MAIS

Conheça um programa seqüencial de Orientação e Mobilidade

Acesse: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ori_mobi.pdf

MACHADO, Edileine V. et. al. Orientação e Mobilidade: conhecimentos básicos para a inclusão do

deficiente visual. Brasília: MEC/SEESP, 2003.

Page 52: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Muitas vezes a visão reduzida e a baixa visão são percebidas pelos professores

somente quando aumentam os níveis de exigência ao desempenho visual da criança.

É importante que o professor saiba detectar alguns sinais e sintomas para um

possível encaminhamento.

SINAIS E SINTOMAS DE DEFICIÊNCIA VISUAL

o Irritação crônica dos olhos (lacrimejamento, pálpebras inchadas, vermelhas,

ramelosas).

o Tonturas, náusea, dor de cabeça.

o Desconforto ou intolerância à claridade.

o Visão dupla e embaçada.

o Tentar remover manchas.

o Esfregar excessivamente os olhos.

o Franzir a testa, fechar e cobrir um dos olhos.

o Balançar a cabeça ou movê-la para frente ao olhar para um objeto próximo

ou distante.

o Levantar para ler o que está escrito no quadro negro, em cartazes ou

mapas.

o Copiar do quadro negro faltando letras.

o Tendência de trocar palavras e mesclar sílabas.

o Dificuldade na leitura ou em outro trabalho que exija o uso concentrado dos

olhos.

o Piscar mais que o habitual.

o Chorar com freqüência ou irritar-se com a execução de tarefas.

o Tropeçar ou cambalear diante de pequenos objetos.

o Aproximar livros ou objetos pequenos para bem perto dos olhos ou ao

contrário, para longe.

o Trocar a posição do livro e perder a seqüência das linhas em uma página

ou mesclar letras semelhantes.

o Falta de interesse ou dificuldade em participar de jogos que exijam visão de

distância.

(Fonte: SÁ, Campos e Silva., 2007)

Page 53: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

O ALUNO DE BAIXA VISÃO NO AMBIENTE DA SALA DE AULA

O professor deve seguir algumas recomendações em relação ao seu aluno

com deficiência visual a fim de garantir-lhe as condições necessárias para a

sua aprendizagem.

Sá, Campos e Silva (2007) recomendam aos professores:

• Sentar o aluno a uma distância de aproximadamente um metro do quadro

negro na parte central da sala.

• Evitar a incidência de claridade diretamente nos olhos da criança.

• Estimular o uso constante dos óculos, caso seja esta a indicação médica.

• Colocar a carteira em local onde não haja reflexo de iluminação no quadro

negro.

• Posicionar a carteira de maneira que o aluno não escreva na própria sombra.

• Adaptar o trabalho de acordo com a condição visual do aluno.

• Em certos casos, conceder maior tempo para o término das atividades

propostas, principalmente quando houver indicação de telescópio.

• Ter clareza de que o aluno enxerga as palavras e ilustrações mostradas.

• Sentar o aluno em lugar sombrio se ele tiver fotofobia (dificuldade de ver bem

em ambiente com muita luz).

• Evitar iluminação excessiva em sala de aula.

• Observar a qualidade e nitidez do material utilizado pelo aluno: letras,

números, traços, figuras, margens, desenhos com bom contraste figura/fundo.

• Observar o espaçamento adequado entre letras, palavras e linhas.

• Utilizar papel fosco, para não refletir a claridade.

Page 54: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

• Explicar, com palavras, as tarefas a serem realizadas.

COMO TRABALHAR ATIVIDADES VISUAIS COM ALUNOS

CEGOS?

Atividades com e sem predomínio da visão devem ser adaptadas

com antecedência pelo professor, por meio de descrição, informação tátil,

auditiva, visual, olfativa, entre outras, que favoreçam a compreensão do

cenário ou do ambiente pelo aluno surdo.

No caso de exibição de filmes ou documentários, excursões e

exposições, o professor deve descrever oralmente as imagens, cenas

mudas e leitura de legenda se não houver dublagem. É recomendável

apresentar com antecedência um resumo ou contextualizar a atividade

programada para este aluno.

Esquemas, símbolos e diagramas presentes nas diversas disciplinas

devem ser explicados oralmente. Desenhos, gráficos e as ilustrações

devem ser adaptados e apresentados em relevo.

O ensino de língua estrangeira deve priorizar a conversação e os

recursos visuais explicados verbalmente.

Experimentos de ciências e biologia devem remeter ao conhecimento por

meio de outros canais de coleta de informação.

As atividades de educação física podem ser adaptadas com o uso de

barras, cordas, bolas com guiso. O aluno deve ficar próximo do professor.

AVALIAÇÃO

Acesse o site: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/alunoscegos.pdf

Produza um texto elencando algumas adequações curriculares para

a aprendizagem de alunos cegos e com baixa visão.

BRASIL. Saberes e práticas da inclusão: desenvolvendo competências para o atendimento

às necessidades educacionais especiais de alunos cegos e de alunos com baixa visão.

Brasília : MEC/SEESP, 2006.

Page 55: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Recursos tecnológicos, equipamentos e jogos pedagógicos contribuem

para que as situações de aprendizagem sejam mais agradáveis e motivadoras

em um ambiente de cooperação e reconhecimento das diferenças. Com bom

senso e criatividade, é possível selecionar, confeccionar ou adaptar recursos

abrangentes ou de uso específico.

ELIMINANDO ALGUMAS BARREIRAS ARQUITETÔNICAS

É conveniente revisar os caminhos que habitualmente realiza o aluno cego ou

de baixa visão para eliminar ou prevenir obstáculos que possam dificultar a

mobilidade e causar perigo.

Especial atenção deve ser prestada às escadas, sendo indicada a colocação

de um adesivo tátil no solo precedendo as escadas e indicadores que

comecem e terminem no princípio e final delas.

É interessante que professores e alunos sempre verbalizem o lugar por onde

se deslocam (corredor, sala, pátio, outras dependências) para que o aluno com

deficiência visual possa integrar-se melhor.

Também é importante colocar pequenas placas ou adesivos em Braille

identificando as distintas dependências da escola.

LEIA MAIS SUGESTÕES INTERESSANTES

Acesse: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/aee_dv.pdf

SÁ, E. D.; CAMPOS, I. M.; SILVA, M. B. C. Atendimento

Educacional Especializado: Deficiência Visual. Brasília:

MEC/SEESP, 2007.

Page 56: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

As escolas devem providenciar recursos materiais e tecnológicos (textos,

livros em Braille, fotocopiadoras, impressora Braille, computador), que

permitam a acessibilidade de alunos com deficiência visual ao currículo.

PROFESSOR! Veja como se comportar com uma pessoa com Deficiência Visual:

Ao encontrar a pessoa cega, procure saber se ela precisa de ajuda e em

que poderá ajudá-la.

Ao acompanhá-la, deixe que ela tome o seu braço.

Ao mencionar direção, use corretamente os termos: direita, esquerda.

Nunca, aqui ... ali ...

As portas devem estar ou totalmente abertas ou totalmente fechadas.

Em ambientes desconhecidos descreva de modo geral o local.

Avise-a quando deixá-la ou sair do ambiente, para que ela não fique

falando sozinha.

À mesa, pergunte se ela deseja auxílio para cortar a carne, adoçar o

café, etc.

Fale sempre diretamente com ela e nunca através de seu

acompanhante.

Avise sobre sua aparência: roupas pelo avesso, meias trocadas, zíper

aberto, etc.

Nunca, ao chegar, diga: “Adivinhe quem está aqui?” – pessoa com

deficiência visual não é Adivinha!

Page 57: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

UNIDADE V

ALUNOS COM DEFICIÊNCIA FÍSICA/NEURO-MOTORA

Esta unidade trata de questões básicas sobre a Deficiência Física e

suas implicações na aprendizagem escolar. Visa conhecer as necessidades

diferenciadas de alunos com transtornos físicos e motores, como na

Paralisia Cerebral e Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação e

refletir sobre alguns encaminhamentos possíveis de serem adotados em

sala de aula bem como oferecer subsídios para auxiliar na construção de

uma escola inclusiva de qualidade.

O QUE É DEFICIÊNCIA FÍSICA?

Também conhecida por deficiência motora, é a condição do indivíduo que

apresenta, em graus variáveis, de maneira transitória ou permanente, um

comprometimento em seu aparelho locomotor, oriundo de alterações no

funcionamento ósteo-articular, muscular e/ou nervoso, necessitando de

serviços sociais e educacionais especializados.

Caracteriza-se por uma variedade de condições que afeta a mobilidade e a

coordenação motora geral de membros ou da fala, exigindo dos professores

cuidados específicos em sala de aula.

Muitos transtornos físicos podem afetar o rendimento acadêmico dos alunos,

destacando-se os ortopédicos, neurológicos e casos de amputação de

Page 58: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

membros. Alguns destes transtornos são congênitos, isto é, acham-se

presentes desde o nascimento, outros surgem no decorrer do desenvolvimento

devido a doenças, acidentes ou causas desconhecidas.

Os transtornos ortopédicos afetam os ossos, as articulações, as

extremidades e os músculos.

Os transtornos neurológicos afetam o sistema nervoso, comprometendo a

capacidade de mover, sentir ou usar e controlar certas partes do corpo.

Tanto os transtornos ortopédicos quanto os neurológicos, de acordo com as

partes do corpo que afetam, podem ser classificados em:

Monoplegia: só um membro é afetado.

Hemiplegia: só um lado do corpo é afetado (braço e perna do mesmo

lado).

Paraplegia: as duas pernas são afetadas.

Tetraplegia: os quatro membros são afetados.

CAUSAS DA DEFICIÊNCIA FÍSICA

As causas são muitas e variadas destacando-se as de: origem cerebral

(paralisia cerebral, traumatismos crâneo-encefálicos, tumores); origem espinhal

(poliomielite, espinha bífida, traumatismos medulares, lesões medulares

degenerativas); origem muscular (miopatias, distrofia muscular progressiva de

Duchenne, outras distrofias); origem ósteo-articular (malformações congênitas,

distróficas, microbianas, reumatismo na infância, lesões da coluna como cifose,

Page 59: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

lordose, escoliose). Na atualidade, são relevantes as causas relacionadas aos

acidentes de trânsito, de trabalho, situações de violência.

DISTROFIAS MUSCULARES ou MIOTROFIAS

As distrofias musculares, chamadas atualmente de miotrofias, são alterações

genéticas das mais comuns em todo o mundo, causando uma degeneração

progressiva dos músculos esqueléticos e afetando principalmente meninos.

Entre elas destacam-se:

- a distrofia muscular do tipo Duchenne: manifesta-se entre três e cinco anos

de idade, inicia com dificuldades para correr, subir escadas, quedas freqüentes,

levando progressivamente à impossibilidade de andar, comumente no início da

adolescência.

- a distrofia muscular do tipo Becker: manifesta-se entre cinco e quinze anos,

com sintomas parecidos à de Duchenne, mas de uma forma mais leve e de

evolução mais lenta.

Apesar das limitações físicas, a grande maioria dos afetados pelas distrofias

musculares tem preservada sua capacidade intelectual.

PARALISIA CEREBRAL

Também conhecida por encefalopatia crônica não progressiva na infância, a

PARALISIA CEREBRAL é conseqüência de uma lesão no sistema nervoso

central, em fase de maturação estrutural e funcional, acarretando distúrbios no

tônus muscular, postura e movimentação voluntária.

A paralisia cerebral:

Não é progressiva.

Causa alterações variáveis na coordenação e ação muscular.

Em algumas ocasiões, está associada a alterações perceptivas,

sensoriais, intelectuais e da fala, dificuldades para comer e beber.

Page 60: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Causas da Paralisia Cerebral

Existe uma alta incidência de malformações genéticas que ocasionam

alterações funcionais e estruturais no cérebro e como conseqüência levam a

um parto com complicações. Outros fatores que causam a paralisia cerebral

são: prenatais (como rubéola, toxoplasmose, abuso de medicamentos);

perinatais (como traumatismos e dificuldades no parto, anoxia, prematuridade);

posnatais (alterações metabólicas, traumatismos, meningite, intoxicações).

Na educação infantil é necessário atenção com as crianças pequenas pois

alguns incidentes podem ocasionar a lesão cerebral, interrompendo o

suprimento de oxigênio do cérebro, como: - levar tombos e bater com a

cabeça; submergir na água; engasgar com alimentos ou brinquedos.

A paralisia cerebral pode ser leve, moderada, grave e profunda

A paralisia cerebral pode manifestar-se desde uma alteração mínima até

uma total dependência.

Na paralisia cerebral LEVE, a criança apresenta dificuldades de coordenação

e movimento que só são percebidas em atividades motoras como correr, saltar,

escrever. Esta criança pode necessitar de mais tempo para realizar estas

atividades e outras tarefas.

Na paralisia cerebral MODERADA, a criança apresenta limitações funcionais

para andar, sentar, realizar mudanças posturais, manipular ou falar. Pode

necessitar de algum material adaptado.

Na paralisia cerebral GRAVE, ocorrem alterações importantes no equilíbrio,

na manipulação e na comunicação. A criança terá dificuldades nas atividades

de vida diária e dependerá de ajudas técnicas.

Page 61: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Na paralisia cerebral PROFUNDA, a capacidade motora é muito reduzida e a

criança é dependente para todas as atividades de vida diária.

Tipos de paralisia cerebral

Existem três tipos básicos de paralisia cerebral: espástica, atetóide e atáxica.

Estes tipos se diferenciam em suas características que geralmente refletem a

região do cérebro que sofreu a lesão.

Paralisia Cerebral Espástica

Paralisia Cerebral Atetóide

A lesão ocorre sobretudo nos gânglios basais do cérebro. Caracteriza-se por

constantes movimentos involuntários de contorção das extremidades

(sobretudo mãos e braços). As contorções podem começar no ombro e

avançar até a direção dos dedos. Com freqüência há comprometimento da fala

e excesso de saliva.

É a mais comum, atingindo aproximadamente 70% dos

casos. A lesão pode ocorrer no córtex motor, na área pré-

motora e no trato piramidal. A criança apresenta hipertonia

(tensão ou rigidez do tônus muscular), contração

involuntária dos músculos afetados quando subitamente

distendidos, resultando em tensão e dificuldades para

realizar movimentos voluntários.

Page 62: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Paralisia Cerebral Atáxica

É mais rara e a área afetada é geralmente o cerebelo ou o trato cerebelar.

Caracteriza-se por transtornos de locomoção e equilíbrio, refletindo-se na

postura e coordenação dos movimentos. A pessoa caminha batendo os pés,

pernas afastadas e oscilações do tronco, como se fosse cair. A fala pode ser

pastosa e sem entonação.

Quem tem paralisia cerebral sempre tem deficiência intelectual?

NÃO! Existem fatores associados que podem ou não vir associados à paralisia

cerebral, como epilepsia, deficiência visual, perda de audição, distúrbios da fala

e da linguagem e, em alguns casos, deficiência intelectual.

Você sabe o que é epilepsia?

A epilepsia consiste em uma descarga anormal do cérebro que se expressa

geralmente por crises convulsivas. Dois tipos de crises se destacam: as

generalizadas, que envolvem todo o cérebro e as parciais, em que a descarga

se limita a uma área cerebral.

De todas as crises generalizadas, a mais comum é a tônico-clônica. Nesta

crise, a pessoa perde subitamente a consciência, cai ao solo, o corpo torna-se

inicialmente rígido e logo após é percorrido por convulsões; segue uma fase de

relaxamento muscular e a consciência vai se recuperando. Como há contratura

nos músculos faciais, pode haver excesso de saliva e também mordedura da

língua.

Assista ao filme: “Meu pé esquerdo” (disponível em locadoras). Trata da história real de

Christy Brown, filho de uma humilde família irlandesa, que nasce com paralisia cerebral

espástica que lhe tira todos os movimentos do corpo, com a exceção do pé esquerdo. Com

apenas este movimento, Christy consegue, no decorrer de sua vida, se tornar escritor e

pintor.

Page 63: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

O que fazer se um aluno tiver uma crise tônico-clônica?

Primeiramente, manter a calma; deitar o aluno no chão e afrouxar suas roupas;

não tentar conter os seus movimentos; retirar de perto objetos que possam

oferecer perigo; colocar algo macio embaixo da sua cabeça; colocar a cabeça de

lado para que a saliva escorra para fora da boca; não colocar nada em sua boca;

aguardar ao seu lado até a crise passar.

Lembre-se! A saliva não é contagiosa. Este é um mito que deve ser combatido.

E as crises parciais? Entre elas, destaca-se a crise de ausência, que se

caracteriza por uma breve interrupção da consciência, que pode traduzir-se em

um breve pestanejar, um movimento involuntário dos olhos ou de um membro,

olhar no vazio, entre outros.

O PROFESSOR E OS ALUNOS COM DEFICIÊNCIAS

FÍSICAS / NEURO-MOTORAS

A maioria dos alunos que têm deficiências físicas é beneficiada com somente

algumas modificações no ambiente físico, nos materiais e equipamentos

utilizados para a atividade escolar.

Quando não apresentam deficiência intelectual podem aprender por

meio dos mesmos métodos empregados com crianças sem deficiência.

Podem ser necessárias certas adequações em programas de estudo,

sobretudo nos casos em que a deficiência é permanente e influenciará

grandemente a aptidão vocacional e social futura.

Page 64: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

A falta de experiências comuns, a ausência às aulas e a necessidade

de produzir lentamente podem aumentar o tempo requerido para

completar os cursos previstos.

Um currículo rígido, inflexível, certamente falhará em satisfazer as

necessidades desses alunos, mas não há razão para que a habilidade e

a flexibilidade dos professores e administradores educacionais não

resultem em soluções satisfatórias para a maioria dos problemas

escolares.

De modo geral, a finalidade da educação é a mesma, em essência, tanto

para os alunos com deficiência, quanto para os sem deficiência. Pode,

entretanto, haver necessidade de se elaborar um plano de ensino

específico para uma determinada criança, em função de sua condição

física e na medida em que esta última continue a ser um fator limitativo

de sua capacidade.

Para que alunos com deficiência física ou motora, seja leve ou severa,

tenham suas necessidades educacionais atendidas é necessário que a escola

desenvolva, entre outras, as seguintes ações:

Dentro da sala de aula:

Deverão ocupar um lugar relativamente próximo ao professor.

Mesas adaptadas devem ser providenciadas para os alunos que utilizam

cadeira de rodas.

O professor deve dar atenção aos horários necessários para o aluno

realizar suas necessidades fisiológicas a fim que evitar que surjam

situações embaraçosas.

Page 65: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Ao conversar com o aluno em cadeira de rodas, o professor deve sentar-

se ao seu nível para que ele não fique com a cabeça levantada por um

tempo que lhe traga desconforto e incômodo. Os colegas de classe

devem ser orientados da mesma maneira.

A escola e o professor devem promover o máximo de independência no

âmbito das capacidades e limitações do aluno, mas atendendo sempre

às necessidades inerentes a cada caso de deficiência, pois cada caso é

um caso e deve-se encontrar sempre uma solução específica adequada.

No espaço físico da escola

Colocação de pequenos degraus inclinados ou rampas; colocação de

corrimões próximos a bebedouros, assentos dos banheiros e junto ao quadro-

negro; remoção de carteiras, de forma a possibilitar a passagem de cadeira de

rodas, ou facilitar a locomoção de alunos com muletas; modificação, no

mobiliário, de forma a promover maior conforto a crianças que usam tipóia,

órteses e próteses; tapetes antiderrapantes, nas áreas escorregadias; portas

largas; cantos arredondados no mobiliário.

No espaço físico da sala de aula

Forrar a carteira com papel, prendendo-o com fita adesiva, de forma a

facilitar a escrita para as crianças que apresentem dificuldades de

coordenação motora e espasticidade.

Colocar canaletas de madeira ou de plástico em toda a volta da carteira,

para evitar que os lápis e objetos caiam ao chão.

Providenciar suportes para livros e um vira-páginas mecânico.

Providenciar assentos giratórios nas carteiras, para facilitar o movimento

de levantar e de sentar. Descansos para os pés podem ser necessários.

Providenciar extensões adicionais com dobradiças em carteiras, para

crianças que têm pouco equilíbrio para permanecer sentadas.

Page 66: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Aumentar o calibre do lápis, enrolando-o com fita crepe, cadarço ou

ainda espuma, para facilitar a preensão.

Providenciar mobília que atenda problemas específicos de levantar e de

sentar.

Providenciar ajudas técnicas conforme as necessidades do aluno.

Há muitos recursos e apoios que o professor pode utilizar para a

educação de uma criança com deficiência física/ neuro-motora - são as

chamadas AJUDAS TÉCNICAS.

Todos os alunos, em determinado momento de sua vida escolar podem

apresentar necessidades educacionais especiais e seus professores em geral

conhecem diferentes estratégias para dar respostas a elas. No entanto,

existem necessidades educacionais que requerem, da escola, uma série de

recursos e apoios de caráter mais especializado que proporcionem ao aluno

meios para acesso ao currículo.

Com a finalidade de apoiar a escola e contribuir com o profissional de

educação, no sentido de encontrar soluções para minimizar limitações

funcionais, motoras e sensoriais do aluno com deficiência física, no que se

refere a recursos pedagógicos adaptados a situações educacionais, a

Secretaria de Educação Especial do MEC lançou o PORTAL DE AJUDAS

TÉCNICAS.

OBSERVE O ESPAÇO DE SUA ESCOLA, DE SEU BAIRRO, DE

SUA COMUNIDADE

Reflita se estes espaços estão preparados e o que é necessário

fazer para melhorar sua estrutura e facilitar a acessibilidade de

pessoas com necessidades especiais.

Page 67: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

O QUE É COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA?

Quem geralmente tem contato com pessoas com deficiência nota que algumas

delas possuem dificuldades para se expressar ou falar.

A comunicação alternativa e/ou suplementar vem sendo utilizada para designar

um conjunto de procedimentos técnicos e metodológicos direcionado a

pessoas acometidas por alguma doença, deficiência, ou alguma outra situação

momentânea que impede a comunicação com as demais pessoas por meio dos

recursos usualmente utilizados, mais especificamente a fala.

Pensando, então, na interação entre professor e aluno com necessidades

especiais na área da comunicação, os sistemas alternativos de comunicação

são um meio eficaz para garantir a inclusão desses alunos. Assim, a criança ou

o jovem que esteja impedido de falar poderá comunicar-se com outras pessoas

ACESSE O PORTAL DE AJUDAS TÉCNICAS!

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/rec_adaptados.pdf

Brasil. Portal de ajudas técnicas para educação: equipamento e material

pedagógico para educação, capacitação e recreação da pessoa com

deficiência física: recursos pedagógicos adaptados. Brasília: MEC/ SEESP,

2002c.

Page 68: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

e expor suas idéias, pensamentos e sentimentos se puder utilizar recursos

especialmente desenvolvidos e adaptados para o meio no qual está inserido.

Vários podem ser os sistemas alternativos para comunicação. A criança ou

jovem pode usar um tabuleiro de comunicação que contenha símbolos gráficos

como fotos, figuras, desenhos, letras, palavras e sentenças, e construir

sentenças ao apontar para fotos, desenhos ou figuras estampadas, de modo a

se fazer entender no ambiente escolar e social. Há ainda sistemas que utilizam

tecnologia avançada, como os sistemas computadorizados e softwares

específicos.

TRANSTORNO DO DESENVOLVIMENTO DA COORDENAÇÃO (TDC) –

VOCÊ SABE O QUE ISTO SIGNIFICA?

O Transtorno do Desenvolvimento da Coordenação (TDC) é um transtorno

da habilidade motora que interfere com a habilidade da criança para

desempenhar muitas das tarefas que são exigidas no dia-a-dia, incluindo as

escolares. Muitas vezes este transtorno não é percebido nem pelos pais nem

pelos professores.

Crianças com TDC podem ser vistas como preguiçosas ou desmotivadas.

Podem apresentar atrasos no desenvolvimento de habilidades motoras, como

SAIBA MAIS!

ACESSE o Portal de Ajudas Técnicas para Educação: Recursos para

Comunicação Alternativa.

Nele você encontrará recursos a serem utilizados em diversas situações

de ensino e aprendizagem, numa linguagem simples, com fotos que

ilustram as possibilidades práticas do uso dos recursos para comunicação

alternativa.

Manzini, E. J.; Deliberato, D. Portal de ajudas técnicas para educação : equipamento e

material pedagógico especial para educação, capacitação e recreação da pessoa com

deficiência física : recursos para comunicação alternativa Brasília: MEC/SEESP, 2006.

http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ajudas_tec.pdf

Page 69: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

andar de velocípede, manejar os talheres, abotoar/desabotoar a roupa e

escrever. Ela pode colidir, derramar e derrubar coisas com freqüência, bem

como ter dificuldades em aprender habilidades novas.

Na escola, a letra pode ser muito boa, mas a escrita é extremamente lenta.

O aluno pode ter dificuldades na organização de sua mesa, armário, dever de

casa, em disciplinas como matemática, ditado ou redação que requerem escrita

organizada na página.

Cheryl Missiuna (s.d.), do Centre for Childhood Disability Research,

Hamilton, Canadá, preconiza as seguintes ações que devem ser feitas

pelos professores visando o aproveitamento escolar do aluno com TDC:

Traçar metas realístas e de curto prazo. Isso garante que tanto a

criança quanto a professora continuem motivados.

Dar um tempo extra para a criança completar atividades motoras finas,

tais como matemática, escrita, redação, atividades práticas de ciências e

trabalhos de arte. Se há necessidade de velocidade, aceitar um produto

de menor qualidade.

Quando copiar não for o objetivo, preparar folhas de exercício impressas

ou pré-escritas para permitir que a criança se focalize na tarefa. Por

exemplo: dar-lhe folhas com exercícios de matemática previamente

preparados; páginas com perguntas já escritas, ou em exercícios de

compreensão de texto, oferecer lacunas para preencher. Para estudar

em casa, fazer

fotocópia das anotações feitas por outro aluno.

Introduzir computador o mais cedo possível, para reduzir a quantidade

de escrita à mão que é exigida em períodos mais avançados de

escolaridade.

Ensinar ao aluno estratégias específicas de escrita à mão, que o

encoraje a escrever com letras de forma ou cursiva, de maneira

consistente ou a reduzir a pressão do lápis no papel.

Page 70: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

. Usar canetas hidrográficas finas ou seguradores de lápis, quando

necessário.

Usar papel de acordo com as dificuldades de escrita da criança. Por

exemplo: (a) linhas bem espaçadas para a criança que escreve com

letras muito grandes; (b) papel com linha ressaltada para a criança que

tem dificuldade para escrever dentro das linhas; (c) papel quadriculado

para a criança cuja escrita é muito grande ou mal espaçada; (d) papel

quadriculado, com quadrados grandes, para a criança que tem

problema para alinhar os números na matemática.

Focar no objetivo da lição. Se a meta é uma história criativa, então

ignorar a escrita bagunçada, mal espaçada ou as várias apagações. Se

a meta é que a criança aprenda a formar um problema de matemática

corretamente, então dê tempo para que isso seja feito, mesmo que o

problema de matemática acabe não sendo resolvido.

Considerar a possibilidade da criança usar métodos alternativos de

apresentação para demonstrar compreensão ou domínio do assunto.

Por exemplo: a criança pode apresentar o relatório oralmente; pode usar

desenhos para ilustrar suas idéias; digitar a redação ou o relatório no

computador; gravar a história ou o exame no gravador.

Considerar a possibilidade de permitir que a criança use o computador

para fazer o rascunho ou a cópia final de relatório, da redação ou outros

deveres. Se a professora quiser ver o produto antes das correções, pedir

à criança que entregue tanto o rascunho como a versão final.

Dar tempo adicional, ou acesso a computador, para rascunhos,

realização de provas e exames que requeiram muita escrita.

A intervenção em crianças com TDC pode incluir encaminhamento a um

terapeuta ocupacional ou outros profissionais. O terapeuta ocupacional vai

ajudar a criança a aprender a desempenhar muitas das atividades diárias com

mais sucesso. Também pode fazer recomendações aos pais e professores

sobre a participação da criança com TDC em casa, na sala de aula e nas

atividades de lazer na comunidade.

Page 71: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

PARA REFLETIR

Avaliação

Pesquise na internet, em sites de busca como o Google, e responda às

seguintes perguntas:

1) O que é ACESSIBILIDADE? Dê exemplos.

2) O que são TECNOLOGIAS ASSISTIVAS? Dê exemplos.

O professor compromissado com o ato de educar é capaz de encontrar

soluções para o desenvolvimento físico, intelectual e emocional de seus

alunos, inclusive na diversidade.

Como você, educador, reage diante de um aluno com necessidades

educacionais especiais, mesmo sua escola não tendo os recursos físicos,

didáticos e pedagógicos para atendê-lo?

Page 72: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

UNIDADE VI

TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO

Esta unidade trata de questões básicas sobre os Transtornos Globais

do Desenvolvimento e suas implicações na aprendizagem escolar. Visa

conhecer as principais características de alunos com autismo, síndromes

do espectro autista e psicose infantil, bem como refletir sobre alguns

encaminhamentos possíveis de serem adotados em sala de aula e oferecer

subsídios para auxiliar na construção de uma escola inclusiva de qualidade.

QUEM SÃO ALUNOS COM TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO? A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva (MEC/SEESP) define alunos com transtornos globais do

desenvolvimento como sendo aqueles que:

A expressão “transtornos globais do desenvolvimento” vem a substituir o

termo anteriormente adotado – “condutas típicas”. Assim, ainda em literatura

relativamente recente este termo é encontrado em várias publicações.

FAZEM PARTE DOS TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO

SÍNDROMES COMO:

“apresentam alterações qualitativas das interações sociais recíprocas e

na comunicação, um repertório de interesses e atividades restrito,

estereotipado e repetitivo”.

Page 73: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

PSICOSE INFANTIL

SÍNDROMES DO ESPECTRO AUTISTA

O QUE É PSICOSE INFANTIL?

A psicose infantil é muito rara na infância. A presença de delírio é

fundamental para o diagnóstico da psicose infantil que formalmente só poderá

ser detectada após os 7-8 anos de idade. Geralmente caracteriza-se pelo

comprometimento em pensar com clareza, responder emocionalmente,

comunicar-se eficazmente, compreender a realidade e se comportar

adequadamente. Alucinações também são comuns. Não há comprometimento

da interação social nas idades precoces, assim como não é comum atrasos de

linguagem. Atualmente há medicamentos eficazes no controle da psicose.

O QUE SIGNIFICA „SÍNDROMES DO ESPECTRO AUTISTA”?

Diversas síndromes apresentam características autistas, as quais variam

amplamente, o que explica por que atualmente refere-se a elas como

síndromes do espectro autista. Estas síndromes manifestam-se em diferentes

níveis de comprometimento, do mais leve ao mais grave.

Os atuais critérios de diagnóstico do autismo estão formalizados na norma

DSM-IV- Manual de Diagnóstico e Estatístico (DSM-IV) da Associação

Americana de Psiquiatria. Um esquema de diagnóstico bem parecido é

encontrado na Classificação Internacional de Doenças (CID-10) publicado pela

Organização Mundial de Saúde.

Page 74: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

As síndromes do espectro autista englobam um conjunto de síndromes que

tem em comum três comprometimentos principais: (a) da interação social; (b)

da comunicação verbal e não verbal; (c) presença de comportamentos

repetitivos e estereotipados.

As síndromes do espectro autista mais comuns são: Autismo Clássico,

Síndrome de Asperger, Síndrome de Rett e outros transtornos do

espectro autista não especificados.

SÍNDROME DE ASPERGER: caracteriza-se por pensamento concreto,

obsessão por certos temas, excelente memória e comportamento tido como

“excêntrico”; a maioria das pessoas com a síndrome é capaz de manter um

trabalho e viver independentemente. Geralmente as crianças com Síndrome

de Asperger não apresentam atrasos na linguagem, possuem habilidades

cognitivas, não evitam as interações sociais e podem ter interesses intensos

em determinados assuntos.

SÍNDROME DE RETT: caracteriza-se por um transtorno degenerativo que

afeta principalmente as mulheres e surge geralmente entre seis e 18 meses; a

criança apresenta comportamentos autistas e podem também apresentar

deficiência intelectual.

Causas

Não há uma causa única conhecida para o espectro autista, mas sabe-se que

ele ocasiona anormalidades na estrutura cerebral ou função. As varreduras do

cérebro mostram diferenças na forma e na estrutura do cérebro em crianças

com autismo contra crianças neurotípicas. Os pesquisadores estão

Page 75: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

investigando uma série de teorias que reforçam, atualmente, uma base

genética para a síndrome.

Em qual idade o espectro autista se manifesta?

Geralmente são os pais os que observam primeiramente a aparição dos

indicadores. Embora exista uma enorme variabilidade que se estende entre os

seis meses de idade e os 3 anos e meio, a maior parte dos casos surge entre

dezoito meses e dois anos de idade.

CARACTERÍSTICAS DE SÍNDROMES DO ESPECTRO AUTISTA

Para uma criança ser considerada com uma síndrome do espectro

autista, deve apresentar PELO MENOS sete das seguintes características

(Garza-Fernández, s.d.):

Linguagem limitada ou ausente: a criança deixou de falar, nunca

falou ou o fez de forma tardia ou sua compreensão da linguagem

prática (intenção das palavras) está muito comprometida.

Ecolalia: responde repetindo a mesma palavra ou frase que ouviu; ao

falar repete a última palavra mais de uma vez; às vezes, recita frases

ou monólogos que escutou na televisão ou no rádio.

Parece surda, não se incomoda com os sons: ocorre sobretudo nos

primeiros anos de vida; não responde a nenhum estímulo porém reage

ao som do papel de uma bala; muitos pais suspeitam que a criança é

surda, fato que não é confirmado pelo especialista.

Page 76: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Obsessão pelos objetos: tem uma fixação excessiva por certos

objetos, trazendo-os sempre consigo, sem razão ou propósito algum;

também apresenta obsessão por partes de objetos, muitas vezes

fixando-os ou girando-os por longos períodos.

Não se interessa por brinquedos ou não os usa adequadamente:

por exemplo, pega uma boneca, atira para cima e a deixa cair no chão.

Amontoa os objetos ou tende a colocá-los em fila: não brinca com

eles mas os mantem ou agrupados ou colocados em linha.

Evita o contato visual: evita olhar nos olhos dos outros e quando olha

é por um curto período e com olhar enviezado.

Não brinca nem interage com outras crianças: não participa em

nenhuma atividade em grupo, mesmo quando convidada. Às vezes

pode ficar simplesmente sentada ou ficar correndo ao redor de onde

estão as demais crianças.

Não responde quando é chamada: não se volta quando ouve o seu

nome ou só o faz quando chamada muitas vezes e em voz muito alta.

Mostra total desinteresse pelo ambiente: fica alheia a qualquer

movimento ou barulho, mesmo quando muito intenso.

Não obedece nem segue instruções: não obedece ordens, como por

exemplo, sabe apagar a luz mas não o faz quando se lhe pede.

Pede as coisas pegando na mão de alguém e dirigindo-se ao que

deseja: não pede coisas pelo nome, se quer algo, pega a mão da

pessoa mais próxima, mesmo que não a conheça, e a leva até aquilo

que quer para si.

Evita o contato físico: irrita-se quando a tocam, a carregam ou a

abraçam.

Page 77: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Movimento das mãos: move as mãos e os braços horizontal ou

verticalmente em forma rítmica e constante ou brinca com seus dedos

seguindo sempre o mesmo padrão de movimento. Ao andar ou correr

parece querer voar.

Caminha na ponta dos pés: Ao caminhar, tende a fazê-lo na ponta

dos pés.

Apresenta balanceios: seja no chão, sentada ou em pé, gira ou mexe

o corpo em forma rítmica por tempos prolongados, em movimentos de

balanceio.

Olhar fixo no vazio: fica quieta observando um ponto no espaço, como

se estivesse hipnotizada.

Hipersensibilidade a certos sons ou luzes. Irrita-se facilmente com

certos sons ou luzes, como por exemplo, o liquidificador, o forno de

micro-ondas, o som do vento e certas cores. Ao retirá-la de perto do

estímulo, fica mais tranquila.

Pode ser hiperativa ou muito passiva: pode ser muito inquieta, com

muita energia, mantendo-se em uma atividade por segundos, dormindo

pouco; pode também ser muito passiva, não se interessando por nada e

ficando quieta durante todo o dia.

Agressiva ou auto-agressiva: agride os demais sem motivo algum ou

se auto agride, golpeando a si própria com a mão ou atirando-se contra

o piso, a parede ou algum móvel; pode morder os outros ou morder-se

a si mesma e parece não sentir nenhum dor.

Obsessão pela ordem e pela rotina: tem obsessão por manter

exatamente igual a rotina diária ou mantém seu quarto arrumado; irrita-

se frente a mudança desta ordem ou de seus horários; muitas vezes

quer comer sempre a mesma coisa.

Irritabilidade e acesso de raiva: Irrita-se ou chora constantemente

sem razão aparente. Se deseja alguma coisa ou não a obtém, fica com

Page 78: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

raiva e grita ou atira-se ao chão até que consiga o que quer.

Riso sem razão aparente: ri muito ou tem ataques de riso sem

nenhuma razão aparente, fixando a visão em algum ponto do ambiente.

Comportamento repetitivo: estabelece padrões de comportamento, os

quais repete constantemente.

Estas características são apenas indicadores, já que é necessário o

diagnóstico de um neurologista e a avaliação de um psicólogo para que se

determine se realmente a criança tem ou não o espectro autista.

ABORDAGENS EDUCACIONAIS PARA ALUNOS COM TRANSTORNOS

GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO

Abordagens educacionais adequadas e um ambiente favorável permitem que

crianças com transtornos globais do desenvolvimento se desenvolvam,

aprendam e consigam alcançar progressos significativos (Shea e Bauer, 2000).

Estratégias educativas devem ser selecionadas de acordo com as

características individuais de cada criança.

Para Alber et al. (2005), o professor deve possuir duas características

afetivas importantes para relacionar-se de modo eficaz e positivo com alunos

com transtornos globais do desenvolvimento. São elas: aceitar a diferença e

empatia.

Aceitar a diferença consiste na capacidade do professor presenciar e

receber atos freqüentes e às vezes extremos, como por exemplo, de

indiferença, cólera, agressão por parte do aluno, sem responder do

mesmo modo. Isto, no entanto, não significa aprovar o comportamento

anti-social: o aluno deve aprender que está agindo de forma

inadequada. Mas é preciso compreender sem revidar, sem condenar.

Page 79: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

A empatia é a capacidade do professor em reconhecer e compreender

as diversas sinalizações não verbais que muitas vezes servem para

entender as necessidades individuais dos alunos com transtornos

globais do desenvolvimento.

É importante que o professor se comunique direta e sinceramente com seu

aluno. Deve estar consciente de que seus atos constituem um poderoso

modelo de conduta e, portanto, suas atitudes devem mostrar maturidade e

autocontrole.

Alguns comportamentos de toda a equipe escolar são muito importantes,

como fornecer aos alunos com transtornos globais do desenvolvimento,

exemplos de comportamentos não agressivos, ou ainda aprovar e elogiar

comportamentos desejáveis não agressivos. E sempre procurar desenvolver

uma relação positiva com este alunado, reconhecendo seus ganhos e avanços,

procurando identificar suas motivações.

Ao elaborar seu planejamento e avaliação, o professor deve compreender o

aluno enquanto pessoa e fazer o levantamento de suas necessidades e das

prioridades. As atividades devem ser significativas para ele para que possam

auxiliá-lo no desenvolvimento da auto-estima e do equilíbrio emocional.

A previsibilidade das ações e de acontecimentos é muito importante,

pois ajudam a diminuir a ansiedade do aluno que apresenta transtornos

globais do desenvolvimento.

Converse com ele, passo a passo, o que vai acontecer durante a aula.

Leia as tarefas antes de iniciá-las.

Estruture o uso do tempo, do espaço, dos materiais.

Priorize os conteúdos que estejam de acordo com as reais

possibilidades do aluno.

Page 80: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Recorra à assistência de membros da equipe técnica (supervisor,

coordenação pedagógica) e de outros profissionais no caso de situações

de crise a fim de conseguir o devido suporte.

O professor deve organizar sua prática pedagógica tendo em vista os

seguintes princípios básicos: (a) usar seus conhecimentos sobre as

características do autismo como um meio de compreender o seu aluno com

autismo e seu estilo de aprendizagem; (b) construir novas habilidades

desenvolvendo os pontos fortes de cada aluno e seus interesses; (c) usar

informação visual para ajudar os alunos a entender seu horário, conteúdo

acadêmico ou expectativas de conduta (Hogan, 1998).

Verdejo Bolonio et al. (s.d.) elencam algumas estratégias pedagógicas

que devem ser levadas em consideração pelo professor de alunos com

transtornos globais do desenvolvimento:

O professor deve levar em conta, ao planejar as atividades pedagógicas,

os níveis de competência do aluno, realizar as adaptações adequadas

nos elementos básicos do currículo, programar sobre ambientes

significativos, adequar as atividades às características da criança,

apresentar a informação de forma compreensível e motivadora.

É importante também intervir sobre aspectos ambientais como a luz,

ruído, distribuição de espaços, agrupamentos, entre outros, que possam

favorecer o comportamento do aluno com transtornos globais do

desenvolvimento, a fim de que ele vá se acomodando e assimilando

situações reais que lhe permitam uma conduta adaptativa em seu

ambiente.

A estruturação espaço-temporal é muito importante. Uma organização

adequada ajuda o aluno a compreender melhor o ambiente e a predizer

os acontecimentos que ocorrem habitualmente nele,

A organização do espaço pode ser feita por meio de sinalizações como

pictogramas, símbolos, cartazes nas diferentes dependências da escola:

marcadores de portas, de mobiliário e diferentes espaços das aulas.

A ordenação temporal pode ser feita mediante fotos, desenhos,

pictogramas, cartazes e outro tipo de ajuda, com o objetivo de ordenar

Page 81: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

temporalmente as ações principais da jornada diária com painéis

informativos, agendas pessoais, relógios adaptados, calendários, entre

outros. Estas ajudas facilitam ao aluno organizar seu espaço e seu

tempo: favorecem a aprendizagem para programar os acontecimentos

sociais da vida diária, conseguindo com isto maior grau de autonomia e

independência possível.

Estabelecer planos e horários de trabalho ajudam estes alunos. Os

horários informam o aluno sobre a sequência de atividades que ocorrem

ao longo do dia enquanto os planos de trabalho indicam que tarefas têm

de realizar. Ambos podem e devem ser adaptados ao nível funcional de

cada aluno. Os planos/horários são um suporte eficaz para a

comunicação e interiorização de conceitos. A vantagem é fornecer à

criança informação clara e objetiva sobre o que vai ocorrer ao longo do

dia e em que sequência, proporcionando um ambiente calmo, seguro e

previsível.

É importante que, além do trabalho da sala de aula, os processos de

ensino e aprendizagem ocorram em contextos naturais. Muitos dos

alunos tem dificuldades para generalizar as habilidades aprendidas na

aula; por isso, conteúdos curriculares podem ficar integrados em rotinas

funcionais de cada dia, organizando atividades signficativas que

possibilitem à criança desenvolver-se nas atividades de vida diária.

Trata-se de organizar ambientes motivantes, significativos, afetivos,

positivos, previsíveis e ajustados às suas necessidades, interesses e

capacidades.

O professor também deve escolher o sistema de comunicação mais

adequado para seu aluno com transtorno global do desenvolvimento,

incrementar a comunicação e melhorar a linguagem compreensiva, isto

é, deve buscar uma comunicação efetiva e possível por meio de todas

as estratégias possíveis.

A Comunicação Alternativa é bastante eficaz para o aluno com transtornos

globais do desenvolvimento. Reveja o item sobre ela na unidade V.

Page 82: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Destaca-se que qualquer plano de intervenção escolar deve ter um

acompanhamento adequado, contínuo, visando sempre a promoção do

desenvolvimento do aluno com transtornos globais do desenvolvimento.

Hoogan (1998) faz as seguintes recomendações:

Alunos com síndromes do espectro autista devem ser integrados em

salas de aula que sejam interessantes para eles e que se relacionem

com seus pontos fortes. Por exemplo, estes alunos provavelmente

teriam mais êxito em atividades de matemática, ciências, computador

– em ambiente estruturado – do que em atividades de educação física.

Muitos alunos com transtornos globais do desenvolvimento são

beneficiados quando são apoiados por um monitor ou ajudante

individual.

Convidar os colegas de classe para brincar jogos estruturados é um

modo especial de dar ao aluno oportunidades de interagir enquanto

mantém a atenção focada em determinado jogo.

Em alguns casos, dar informações simples sobre o autismo aos colegas

de classe para que compreendam comportamentos que lhes pareçam

estranhos.

O aluno também pode beneficiar-se ao ter um colega designado para

acompanhá-lo em algumas situações sociais menos estruturadas. Por

exemplo, um aluno maior pode oferecer-se para sentar e comer com

ele um ou dois dias na semana e ajudá-lo a agir com os outros

colegas.

Muitos alunos se beneficaim ao usar um caderno que os ajudem a

organizar o trabalho e materiais. Pode ser uma destas pastas divididas

por compartimentos para as tarefas de cada dia.

Às vezes os pais de alunos com transtornos globais do desenvolvimento

têm dificuldades para saber o que ocorreu na escola. Assim, métodos

para melhorar a comunicação entre a escola e a casa devem ser

adotados.

Page 83: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Os alunos com transtornos globais do desenvolvimento necessitam também

de abordagens terapêuticas específicas. A metodologia TEACCH (Tratamento

e Educação de Crianças com Autismo e outros Problemas de Comunicação)

baseada fundamentalmente na estrutura e ajudas visuais, tem-se mostrado

uma boa alternativa para a intervenção com estas crianças. Intervenção

precoce, programas terapêuticos ajustados às necessidades individuais,

necessidade de transferir programas de ensino para os ambientes naturais e

implicar as famílias como agentes ativos nos processos de ensino-

aprendizagem são imprescindíveis para garantir a promoção do

desenvolvimento destes alunos.

Page 84: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

UNIDADE VII

ALUNOS COM ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO

Esta unidade trata de questões básicas sobre a Altas

Habilidades/Superdotação (AH/SD) e suas implicações na aprendizagem

escolar. Visa conhecer as principais características de alunos superdotados

e refletir sobre alguns encaminhamentos possíveis de serem adotados em

sala de aula bem como oferecer subsídios para auxiliar na construção de

uma escola inclusiva de qualidade.

Criança superdotada, precoce, prodígio, gênio, são denominações que

fazem parte de um mesmo fenômeno que vem sendo estudado com

destaque nas últimas décadas.

Criança precoce é aquela que apresenta alguma habilidade específica

precocemente desenvolvida em qualquer área do conhecimento, seja na

música, na matemática, na linguagem ou na leitura (por exemplo, criança que

lê antes dos quatro anos).

Criança prodígio é aquela que, numa idade precoce (até dez anos) demonstra

um desempenho a nível de um profissional adulto em alguma área específica,

como por exemplo, Mozart (música), Akiane (pintura), Macaulay Culkin

(cinema).

Já o gênio é aquele que, além de deixar sua marca pessoal no seu campo de

atuação, leva a sociedade a pensar de forma criativa e diferente, dando

Page 85: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

contribuições significativas à humanidade (por exemplo, Einstein, Freud,

Mozart).

Todas estas denominações -precoce, prodígio, gênio - podem ser

enquadradas em um termo mais amplo – ALTAS

HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO (AH/SD).

Embora existam outras teorias que expliquem as altas

habilidades/superdotação, a presente unidade enfocará a Teoria das

Inteligências Múltiplas de Howard Gardner e a Teoria dos Três Anéis de

Joseph Renzulli por serem as mais conhecidas e abordadas no campo

educacional brasileiro.

AS NOVE INTELIGÊNCIAS DE HOWARD GARDNER

Formado no campo da psicologia e da neurologia, o cientista norteamericano

Howard Gardner causou forte impacto na área educacional com sua teoria das

inteligências múltiplas, divulgada no início da década de 1980.

Até ali, o padrão mais aceito para a avaliação de inteligência eram os testes

de QI (Quociente de Inteligência), criados nos primeiros anos do século 20 pelo

psicólogo francês Alfred Binet.

Para Gardner (1995), cada pessoa nasce com um vasto potencial de talentos

ainda não moldado pela cultura, o que só começa a ocorrer por volta dos 5

anos. Segundo ele, o que leva os alunos a desenvolverem suas capacidades é

a educação que recebem e as oportunidades que encontram. Infelizmente a

educação não leva em conta os vários potenciais de cada aluno. É comum que

Page 86: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

essas aptidões sejam sufocadas pelo hábito nivelador de grande parte das

escolas. Preservá-las já seria um grande avanço.

Inicialmente, Gardner apresentou sete inteligências, mas mais tarde

acrescentou mais duas à sua lista, em um total de nove.

As nove inteligências preconizadas por Gardner são:

(1 ) Inteligência Lógico-matemática

Capacidade de realizar cálculos, quantificar e considerar proporções,

estabelecer e comprovar hipóteses. Matemáticos, cientistas, informáticos,

pesquisadores são algumas das pessoas que demonstram esta inteligência.

(2) Inteligência Linguística

Capacidade para manejar e estruturar os significados e as funções da

palavras e da linguagem, aprender idiomas com facilidade. Escritores, oradores

e poetas são algumas das profissões que requerem uma boa inteligência

lingüística.

(3) Inteligência Viso-Espacial

Capacidade de perceber com precisão o mundo visual e espacial; é a

disposição para reconhecer e manipular situações que envolvam apreensões

visuais. Profissões que exigem este tipo de inteligência são os marinheiros,

engenheiros, escultores, pintores, arquitetos e pilotos, entre outras.

(4) Inteligência corporal-cinestésica

Habilidade necessária para controlar os movimentos do corpo e manejar

objetos com destreza. Destaca-se em atletas, bailarinos, artesãos, cirurgiões.

Page 87: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

(5) Inteligência Musical

Habilidade para apreciar, discriminar, transformar e expressar as formas

musicais, assim como a sensibilidade ao ritmo, tom e timbre. Destaca-se em

compositores, músicos, cantores.

(6) Inteligência Interpessoal

Capacidade de discernir e responder de modo adequado aos estados de

ânimo, os temperamentos, as motivações e os desejos de outras pessoas.

Ressalta-se em conselheiros, vendedores, professores, líderes políticos,

assistentes sociais.

(7) Inteligência Intrapessoal

Capacidade para acessar aos sentimentos próprios e discernir as emoções

íntimas, pensar sobre os processos de pensamento (metacognição). Ressalta-

se em filósofos, psicólogos, líderes religiosos.

(8) Inteligência Naturalista

Capacidade de reconhecer e classificar espécies na natureza (plantas e

animais), bem como a sensibilidade para outras características do mundo

natural. Destaca-se em agricultores, botânicos, zoólogos, ecologistas.

(9) Inteligência Existencial

Capacidade e sensibilidade de refletir sobre as questões profundas da

existência humana, tais como o sentido da vida, da morte, entre outras. Esta

inteligência ainda está em processo de validação empírica.

Page 88: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

RENZULLI E A TEORIA DOS TRÊS ANÉIS

Renzulli (1978), para a definição da superdotação, propõe o Modelo dos Três

Anéis, apontando três características interrelacionadas que definem uma

pessoa superdotada:

Habilidade acima da média, tendo mais facilidade para aprender que os

demais colegas da mesma faixa etária.

Envolvimento com a tarefa e elevada motivação, que se evidencia pela

perseverança, interesse e dedicação.

Alto nível de criatividade, buscando soluções ou alternativas diferentes

frente a um dado problema, apresentando idéias novas e originais.

A idéia de que existem várias inteligências além do raciocínio lógico-

matemático, apresentada por Howard Gardner, causou grande impacto

nos meios pedagógicos. Este autor afirma que todas as pessoas

possuem estas inteligências em algum grau, mas algumas pessoas se

destacam em uma ou outra destas inteligências: são as que possuem

ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAÇÃO.

Page 89: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

O importante, segundo Renzulli, para se definir um superdotado, é a

interação dinâmica entre estes três fatores ou anéis interligados. O modelo de

Renzulli é um dos mais aceitos tanto na pesquisa sobre superdotação quanto

na prática educativa com estes alunos.

O teste de QI não é suficiente por si só para afirmar a existência da

superdotação de uma pessoa, mesmo que ele seja elevado. O QI é somente

uma das formas, e não necessariamente a mais confiável, de se obter

informação sobre a capacidade intelectual de um aluno.

Com base nas duas teorias acima como se pode definir o ALUNO com

superdotação/altas habilidades?

Aluno SUPERDOTADO/ALTAS HABILIDADES é aquele que, quando

comparado com a média geral da população, apresenta uma

habilidade significativamente superior em alguma área do

conhecimento, podendo se destacar em uma ou várias áreas,

demonstrando elevada motivação e alta criatividade.

Criatividade

Habilidade

acima da

média

AH/SUPERDOTAÇÃO

Envolvimento com a

Tarefa

Page 90: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Como reconhecer o aluno superdotado na escola?

É muito importante que o professor saiba reconhecer um aluno superdotado,

a fim de efetuar os encaminhamentos necessários. A escola deve apresentar

propostas que atendam as suas particularidades, seja na classe comum ou em

programas específicos de enriquecimento em salas de recursos.

Alguns indicativos que facilitam esta identificação (Brasil, 2006h):

Possui vocabulário avançado e incomum para a idade ou nível escolar,

possui riqueza de expressão, elaboração e fluência verbal.

Possui grande concentração de informações sobre variados assuntos.

Tem raciocínio rápido sobre causas e efeitos, tenta descobrir o como e o

porquê das coisas, faz perguntas provocativas, exigindo muito

conhecimento de quem é questionado.

Gosta muito de ler, preferindo geralmente livros de nível adulto,

biografias, autobiografias, enciclopédias, atlas.

Reage positivamente a elementos novos, estranhos e misteriosos de seu

ambiente.

É curioso, gosta de investigar, faz muitas perguntas.

Apresenta forma original de resolver problemas, propondo muitas vezes

situações inusitadas.

Tem grande imaginação e fantasia, sempre expressando idéias.

O professor deve estar alerta à sua preferência por idéias complexas, por

interesse mais precoce pelas palavras, leitura e por números. Irrita-se com a

rotina e tem tendência em compartilhar amizade com crianças mais velhas. É

persistente mesmo quando aparecem dificuldades inusitadas.

Page 91: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

As características apresentadas podem ser observadas em várias situações

e em diferentes amplitudes. Alguns alunos apresentam de forma mais

específica algumas destas características enquanto outros podem apresentar

muitas delas.

PROGRAMAS EDUCATIVOS PARA O ALUNO COM AH/SD

São necessárias medidas educativas para atender a diversidade do aluno

superdotado na sala de aula. Estas medidas devem ser ofertadas por meio de

apoios específicos que formam parte do currículo escolar.

Entre os vários programas educativos, encontram-se a Aceleração de

Estudos, Tutoria e Enriquecimento Escolar.

Programa de Aceleração de Estudos

Refere-se a possibilidade do aluno aprender em um ritmo superior a de seus

companheiros de classe, acelerando a formação deste aluno, ou seja, passá-lo

para séries mais adiantadas. Prevista pela legislação educacional brasileira,

CONHEÇA MAIS SOBRE O ALUNO COM AH/SD

Acesse: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altashabilidades.pdf

Brasil. Saberes e Práticas da Inclusão: Desenvolvendo competências

para o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos

com altas habilidades / superdotação. Brasília: MEC/SEESP, 2006k.

Page 92: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

permite com que o aluno superdotado conclua seus estudos em tempo inferior

ao esperado. Visa proporcionar ao aluno maior disponibilidade de tempo para

dedicar-se a outras áreas de seu interesse, dando-lhe oportunidade de

começar sua vida profissional antes do ano previsto. Quando a aceleração se

dá através da admissão precoce na escola, deve-se dar atenção especial a

maturidade física, social e emocional da criança, considerando-se seu nível

intelectual, as suas motivações e interesses (Alencar & Fleith, 2001).

Tutoría

Consiste em recorrer aos especialistas da comunidade educativa para que

ajudem o aluno com AH/SD a desenvolver alguma área de seu interesse que

não possa ser satisfeita pela escola. O tutor é especialista no tema e pode

atender concretamente ao aluno. É uma boa medida para utilizar os recursos

da comunidade e favorecer a interação sócio-emocional.

Enriquecimento Curricular

Programas de enriquecimento curricular baseiam-se em experiências variadas

de estimulação, e têm como objetivo um maior desenvolvimento das

habilidades e dos interesses dos superdotados, visando aumentar e aprofundar

seus conhecimentos. O enriquecimento curricular pode ser realizado em

diversos ambientes, entre eles, a própria sala de aula (com a utilização de

técnicas de trabalho diversificado aplicado pelo professor da turma, orientado

ou não, por um especialista); em grupos especiais submetidos a um programa

de enriquecimento paralelo ao das atividades comuns, atendidos por um

professor especialista ou pelo próprio professor da turma, orientado por um

especialista; em grupos especiais com programa diferente ao da turma que

freqüentam, realizado por um professor especialista.

Page 93: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

Modelo de Enriquecimento Escolar de Renzulli

Joseph Renzulli ( Renzuli & Reis, 1997), propôs o Modelo de Enriquecimento

Escolar para os alunos superdotados, com o objetivo de tornar a escola um

lugar onde os talentos fossem identificados e desenvolvidos. Este modelo pode

ser implementado sem exigir grandes mudanças no contexto escolar.

Conforme Chagas, Maia-Pinto & Pereira (2007, p.57), o “Modelo de

Enriquecimento Escolar” valoriza a prática docente e as propostas pedagógicas

em andamento na escola, integrando e expandindo os serviços educacionais,

no sentido de:

o Desenvolver o talento potencial dos alunos de forma sistemática.

o Oferecer um currículo diferenciado, no qual os interesses, estilos de

aprendizagem e habilidades sejam prioritariamente considerados.

o Estimular um desempenho acadêmico de excelência por meio de

atividades enriquecedoras e significativas.

o Promover o crescimento auto-orientado, contínuo e reflexivo por meio de

atividades que estimulem a liderança e o pensamento criativo.

o Criar um ambiente de aprendizagem propício ao ensino de valores

éticos, que promovam o respeito à diversidade cultural, étnica ou de

gênero, o respeito mútuo e os princípios democráticos.

o Implementar uma cultura colaborativa na escola, de maneira que

direção, corpo docente e discente, outros membros da equipe escolar,

família e comunidade possam contribuir para a promoção de

oportunidades e tomada de decisão sobre as atividades escolares,

formando, assim, uma ampla rede de apoio social no desenvolvimento

dos talentos.

o Criar oportunidades e serviços que não são comumente desenvolvidos a

partir do currículo regular da escola.

Page 94: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

No entanto, para a implementação deste Modelo na escola, alguns passos

devem ser seguidos:

Tanto a comunidade escolar quanto a equipe escolar (direção e

professores) devem estar de acordo no desenvolvimento do

modelo a fim de garantir o suporte e o apoio necessários durante

o processo.

Metas, prioridades e objetivos devem ser estabelecidos .

Deve ser organizada a equipe de professores que executarão o

planejamento estabelecido, organizando e divulgando

cronogramas de atividades, reunindo pais e alunos e avaliando o

processo de implementação.

Um banco de dados de monitores deve ser formado, com

profissionais disponíveis para orientar projetos dos alunos.

Ressalta-se que o Modelo de Enriquecimento Escolar é bastante flexível, o

que viabiliza a sua adaptação a qualquer realidade escolar e sua aplicação em

qualquer série ou modalidade de ensino, independente do contexto social.

Antes de tomar qualquer decisão sobre qual programa adotar é

aconselhável que os alunos, os pais e os professores entendam o que

significa a adoção destes programas. A aceleração, o enriquecimento ou

qualquer outro que se adote deve estar de acordo com as necessidades,

interesses e capacidades da criança.

CONHEÇA ESTRATÉGIAS DE ENRIQUECIMENTO CURRICULAR.

Acesse: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/altashab3.pdf

FLEITH, D. S. A. (Org.). Construção de Práticas Educacionais para Alunos com Altas

Habilidades/Superdotação. Brasília: MEC/SEESP, 2007.

Page 95: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

O QUE É SALA DE RECURSOS?

A Sala de Recursos consiste num serviço de apoio pedagógico

especializado, de caráter diversificado, oferecido pela Escola Regular, no

período contrário àquele em que o aluno está matriculado na série que

freqüenta. Conta com um professor especialista em Educação Especial, um

espaço físico (sala de aula) apropriado e equipado com os instrumentos e

materiais necessários para o desenvolvimento das atividades a que se propõe.

A Sala de Recursos tem como característica a suplementação ou

enriquecimento dos conteúdos escolares do currículo formal, bem como de

temas que não estão presentes nos currículos, mas que sejam considerados

pertinentes pelos professores e de interesse dos alunos. As atividades

desenvolvidas no programa podem ser realizadas em grupos ou

individualmente, de acordo com um cronograma a ser organizado pelo

professor. A utilização de uma metodologia diferenciada, com recursos que

atendam às necessidades específicas dos alunos com AH/SD, contempla,

segundo seus idealizadores, as reivindicações de uma escola inclusiva,

democrática e para todos.

Page 96: CADERNO Educacao Especial e Educacao Inclusiva

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