caderno educação especial e educação inclusiva

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO COORDENADORIA DE INTEGRAÇÃO DE POLÍTICAS DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA SETOR DE EDUCAÇÃO CURSO DE PEDAGOGIA-EaD EDUCAÇÃO ESPECIAL E INCLUSIVA Autora Maria Augusta Bolsanello Caderno elaborado para o Curso de Graduação em Pedagogia/EaD/UFPR/MEC/. Utilização somente para fins acadêmicos na disciplina Fundamentos da Educação Especial. Proibida a sua reprodução. CURITIBA 2010

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  • UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARAN

    PR-REITORIA DE GRADUAO

    COORDENADORIA DE INTEGRAO DE POLTICAS DE EDUCAO A

    DISTNCIA

    SETOR DE EDUCAO

    CURSO DE PEDAGOGIA-EaD

    EDUCAO ESPECIAL E INCLUSIVA

    Autora

    Maria Augusta Bolsanello

    Caderno elaborado para o Curso de Graduao em

    Pedagogia/EaD/UFPR/MEC/. Utilizao somente

    para fins acadmicos na disciplina Fundamentos da

    Educao Especial. Proibida a sua reproduo.

    CURITIBA

    2010

  • APRESENTAO

    Prezado (a) acadmico (a)!

    Este material constitui um importante instrumento para que

    cumpramos com nossos propsitos em relao disciplina Educao

    Especial e Inclusiva.

    Por se tratar de um curso distncia, voc encontra aqui um texto

    que pretende dialogar com voc. Ele o orientar e o auxiliar em seus

    estudos. O contedo da disciplina est dividido em sete unidades. Em cada

    parte voc encontrar de forma sucinta aspectos centrais e de contexto

    mais significativos do contedo sugerido para o estudo

    As sete unidades foram pensadas de forma seqencial e lgica,

    considerando tanto a discusso/reflexo sobre a educao especial e inclusiva,

    quanto as caractersticas pessoais, afetivas e sociais de seu alunado.

    A Unidade I visa esclarecer o significado de termos como necessidades

    educacionais especiais, educao especial, educao inclusiva, adaptaes

    curriculares, entre outros.

    Nas Unidades II, III, IV e V abordam-se sucessivamente as diferentes

    Deficincias: intelectual, surdez, visual e fsica.

    A Unidade VI dedicada ao estudo de algumas caractersticas gerais

    dos Transtornos Globais do Desenvolvimento.

    Finalizando, a Unidade VII versa sobre o alunado com Altas

    Habilidades/Superdotao.

    Esperamos que esta disciplina seja tambm um processo de

    experimentao, investigao, formao. Ao se apropriar dos contedos da

    disciplina, esperamos que voc o faa de modo progressivo, com postura

    interativa. Voc deve proceder leitura compreensiva dos textos, isto ,

    refletindo sobre as possibilidades de aplicao dos conhecimentos adquiridos

    na sua prpria realidade.

    Aproveite ao mximo esta oportunidade: consulte as fontes

    complementares indicadas, elabore sntese e esquemas, realize as atividades

    propostas.

    Desejamos a voc um excelente estudo!

    Professora Maria Augusta Bolsanello

  • UNIDADE I

    EDUCAO ESPECIAL E EDUCAO INCLUSIVA - INTRODUO

    Esta unidade trata de questes bsicas sobre a especificidade de

    alunos com necessidades especiais na Educao Especial, na proposta da

    Educao Inclusiva, e sua implicao na aprendizagem escolar. Visa

    conceituar termos como necessidades educacionais especiais, educao

    especial e educao inclusiva. Discute os benefcios da educao inclusiva

    e a importncia das adaptaes diferenciadas no currculo, nas

    metodologias e nos critrios e procedimentos de avaliao. Reflete tambm

    sobre alguns encaminhamentos possveis de serem adotados na escola

    bem como oferecer subsdios para auxiliar na construo de uma escola

    inclusiva de qualidade.

    O QUE SIGNIFICA ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS

    ESPECIAIS (NEE)?

    Antes de se falar sobre alunos com necessidades educacionais especiais

    importante saber que:

    TODOS os alunos tm necessidades

    educacionais COMUNS, que so

    atendidas pelos professores e se

    relacionam s aprendizagens dos

    contedos escolares.

    TODOS os alunos tm necessidades

    educacionais INDIVIDUAIS, uma vez

    que possuem diferentes capacidades,

    interesses, nveis, ritmos e estilos de

    aprendizagem.

    ALGUNS alunos tem necessidades

    educacionais especiais, exigindo tanto

    uma ateno diferenciada quanto

    recursos e metodologias educacionais

    adicionais.

  • QUEM SERIAM ESTES ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS

    ESPECIAIS?

    Muitos professores definem estes alunos como aqueles que possuem

    deficincias.

    No entanto a conceituao atual muito mais ampla:

    Na Educao Especial, os alunos com necessidades especiais seriam

    aqueles que apresentam:

    Deficincias

    Transtornos globais do desenvolvimento (antes denominados de

    Condutas Tpicas)

    Altas Habilidades/Superdotao

    Alunos com DEFICINCIAS so aqueles que tm impedimentos de longo

    prazo, de natureza fsica, mental ou sensorial, podendo ter restringida sua

    participao plena e efetiva na escola e na sociedade. So alunos que

    apresentam deficincia intelectual, visual, fsica ou surdez.

    Alunos com TRANSTORNOS GLOBAIS DO DESENVOLVIMENTO so

    aqueles que apresentam alteraes qualitativas das interaes sociais

    recprocas e na comunicao, um repertrio de interesses e atividades restrito,

    estereotipado e repetitivo. Incluem-se nesse grupo alunos com sndromes do

    espectro do autismo e psicose infantil.

    Alunos com ALTAS HABILIDADES/SUPERDOTAO demonstram potencial

    elevado em qualquer uma das seguintes reas, isoladas ou combinadas:

    ALUNOS COM NECESSIDADES EDUCACIONAIS ESPECIAIS so aqueles

    que apresentam dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitaes

    no processo de desenvolvimento, decorrentes de circunstncias que

    podem ser de ordem biolgica, psicolgica, social e cultural, exigindo

    uma ateno mais especfica e maiores recursos sociais e educacionais

    para o desenvolvimento de suas potencialidades.

  • intelectual, acadmica, liderana, psicomotricidade e artes, alm de apresentar

    grande criatividade, envolvimento na aprendizagem e realizao de tarefas em

    reas de seu interesse.

    O QUE EDUCAO ESPECIAL?

    A Educao Especial pode ser definida como uma modalidade de

    educao escolar que visa promover o desenvolvimento das potencialidades

    dos educandos que apresentam necessidades prprias e diferentes dos

    demais alunos no domnio das aprendizagens curriculares correspondentes

    idade, necessitando de recursos pedaggicos e metodologias educacionais

    especficas. (Poltica Nacional de Educao Especial na Perspectiva da

    Educao Inclusiva MEC/SEESP).

    A educao especial deixa de centrar-se nos dficits de aprendizagem e

    dificuldades dos alunos, como em dcadas passadas, para centrar-se no

    desenvolvimento de suas potencialidades.

    Cabe educao especial oferecer um conjunto de recursos educativos que

    devem ser colocados disposio dos alunos, a fim de facilitar ao mximo sua

    participao nas situaes educativas, objetivando a busca de um ambiente o

    menos restritivo possvel para dar respostas s suas necessidades

    educacionais. Estas respostas devem estar mais prximas possveis de cada

    situao individual de aprendizagem, convertendo-se assim a escola em um

    marco educativo no que condiz ao respeito diversidade, visando uma escola

    inclusiva.

    O QUE EDUCAO INCLUSIVA?

    O conceito de escola inclusiva advm de um consenso emergente de

    que alunos com necessidades educacionais especiais devem ser includos em

    arranjos educacionais na escola regular. Inserir tais arranjos nas escolas um

    passo crucial no sentido de modificar atitudes preconceituosas e

    discriminatrias, de criar comunidades acolhedoras e desenvolver uma

    sociedade inclusiva, fazendo com que as diferenas entre as pessoas no se

    transformem em desigualdades.

  • De acordo com o artigo 8 da Declarao de Salamanca:

    Voc conhece a Declarao de Salamanca? J ouviu falar nela?

    A Declarao de Salamanca foi proclamada em assemblia durante a

    Conferncia Mundial de Educao Especial, pelos delegados representantes

    de 88 governos, entre eles o Brasil, e 25 organizaes internacionais. Esta

    conferncia ocorreu na cidade de SALAMANCA, na Espanha, entre 7 e 10 de

    junho de 1994, tornando-se um importante referencial para a educao

    inclusiva.

    Na perspectiva da educao inclusiva, a educao especial passa a integrar

    a proposta pedaggica da escola regular, promovendo o atendimento s

    necessidades educacionais especiais de alunos com deficincia, transtornos

    Dentro das escolas inclusivas, crianas com necessidades educacionais

    especiais deveriam receber qualquer suporte extra requerido para

    assegurar uma educao afetiva. Educao inclusiva o modo mais

    eficaz para a construo de solidariedade entre crianas com

    necessidades educacionais e seus colegas. O encaminhamento da

    criana a escolas especiais ou a classes especiais ou a sees

    especiais dentro da escola em carter permanente deveriam constituir

    excees, a ser recomendado somente naqueles casos infreqentes

    onde fique claramente demonstrado que a educao na classe regular

    seja incapaz de atender s necessidades educacionais ou sociais da

    criana ou quando sejam requisitados em nome do bem estar da criana

    ou de outras crianas.

    CONHEA, na sua ntegra, A DECLARAO DE SALAMANCA:

    Sobre princpios, polticas e prticas na rea das necessidades

    educativas especiais.

    Acesse:

    http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf

  • globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotao. Nestes casos e

    outros, que implicam em transtornos funcionais especficos, a educao

    especial atua de forma articulada com o ensino comum, orientando para o

    atendimento s necessidades educacionais especiais desses alunos.

    A educao especial direciona suas aes para o atendimento s

    especificidades desses alunos no processo educacional e, no mbito de uma

    atuao mais ampla na escola, orienta a organizao de redes de apoio, a

    formao continuada, a identificao de recursos, servios e o

    desenvolvimento de prticas colaborativas.

    Quando tem incio a educao inclusiva?

    O acesso educao tem incio na educao infantil, na qual se

    desenvolvem as bases necessrias para a construo do conhecimento e

    desenvolvimento global do aluno. Nessa etapa, o ldico, o acesso s formas

    diferenciadas de comunicao, a riqueza de estmulos nos aspectos fsicos,

    emocionais, cognitivos, psicomotores e sociais e a convivncia com as

    diferenas favorecem as relaes interpessoais, o respeito e a valorizao da

    criana.

    Na educao superior, a educao especial se efetiva por meio de aes que

    promovam o acesso, a permanncia e a participao dos alunos. Estas aes

    CONHEA A POLTICA NACIONAL DE EDUCAO ESPECIAL NA

    PERSPECTIVA DA EDUCAO INCLUSIVA.

    Acesse:

    http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf

    Este documento elaborado pelo Grupo de Trabalho nomeado pela Portaria Ministerial n 555, de 5 de junho de 2007, prorrogada pela Portaria n 948, de 09 de outubro de 2007, apresenta as as concepes sobre a Educao Especial na perspectiva da Educao Inclusiva e orienta a organizao dos sistemas de ensino para o atendimento ao aluno com necessidades educacionais. BRASIL, Ministrio da Educao. Poltica Nacional de Educao Especial

    na Perspectiva da Educao Inclusiva. Braslia: MEC/SEESP, 2008.

  • envolvem o planejamento e a organizao de recursos e servios para a

    promoo da acessibilidade arquitetnica, nas comunicaes, nos sistemas de

    informao, nos materiais didticos e pedaggicos, que devem ser

    disponibilizados nos processos seletivos e no desenvolvimento de todas as

    atividades que envolvam o ensino, a pesquisa e a extenso.

    QUAIS OS BENEFCIOS DA ESCOLA INCLUSIVA?

    TODOS so BENEFICIADOS quando se incluem alunos com necessidades

    especiais na escola regular.

    Agrupamentos heterogneos: todos os alunos so educados juntos

    com e sem necessidades educacionais especiais. Os estudos

    mostram que os alunos se desenvolvem melhor, em uma proporo

    natural, em presena fsica, social, emocional e intelectual. Por sua vez,

    alunos sem NEE perdem o medo e o preconceito em relao ao colega

    e desenvolvem a cooperao. Desde cedo aprendem a conviver com as

    diferenas.

    Sentimentos de pertencer a um grupo. Todos os alunos devem se

    considerar membros do grupo. Dentro do grupo, o aluno com NEE deve

    sentir-se bem recebido e assim desenvolver o sentimento de pertena a

    este grupo.

    Planejamento de atividades de distinto nvel de dificuldade. Os

    alunos recebem experincias educativas diferenciadas (aulas, grupos de

    trabalho, grupos de aprendizagem) ao mesmo tempo. Alunos com NEE

    demonstram crescente responsabilidade e melhor aprendizagem por

    meio de trabalhos em grupos.

    Uso de ambientes compartilhados. Ambientes freqentados

    igualmente por alunos com e sem NEE favorecem o entrosamento social

    e o combate a atitudes discriminatrias.

    Experincias educativas compartilhadas. A educao inclusiva deve

    estabelecer um equilbrio entre os aspectos acadmico/funcionais e os

    componentes sociais/pessoais dos alunos com e sem NEE.

  • COMO PROMOVER A APRENDIZAGEM DO ALUNO COM NECESSIDADES

    ESPECIAIS?

    Fazendo adaptaes diferenciadas no currculo, nas metodologias e nos

    critrios e procedimentos de avaliao. Para atender o aluno com

    necessidades especiais preciso ter objetivos diferentes.

    Adaptaes Curriculares

    Para que o sistema educacional favorea a todos os alunos, e dentre

    estes, os que apresentam necessidades educacionais especiais, dever

    fornecer respostas educativas que tanto facilitem o acesso ao currculo, a

    participao integral, efetiva e bem sucedida em um programa da escola

    regular quanto leve em considerao as peculiariedades e necessidades

    especiais dos alunos no processo de elaborao do planejamento escolar.

    Estas respostas educativas so chamadas ADAPTAES CURRICULARES

    (Brasil, 2002b).

    Adaptaes de Grande Porte

    As adaptaes curriculares de GRANDE PORTE so aquelas que

    extrapolam a rea especfica do professor e que so da competncia formal

    dos rgos superiores da poltica e da administrao educacional.

    Muitas so as modalidades de adaptaes curriculares de grande porte.

    Exemplos:

    a aquisio de equipamentos especficos para alunos cegos, que

    favorecero a sua comunicao escrita e sua participao nas diversas

    atividades escolares;

    construo de rampas, barras de apoio, banheiros adaptados para o

    aluno com deficincia fsica;

    Adaptaes curriculares consistem em qualquer ajuste ou modificao que

    se faa no currculo (nos objetivos, contedos, metodologias ou critrios e

    procedimentos de avaliao), para atender aos alunos com necessidades

    educacionais especiais. Elas podem ser de grande porte e de pequeno porte.

  • aquisio de computadores, softwares especficos, para o aluno com

    Altas Habilidades/Superdotao;

    proviso do ensino de LIBRAS (Lngua Brasileira de Sinais) para

    professorese e alunos, que contribuir para a comunicao do aluno

    surdo;

    adequaes nos objetivos, contedos, metodologia e organizao

    didtica, avaliao e temporalidade no nvel do projeto pedaggico

    (currculo escolar).

    Adaptaes de Pequeno Porte

    As adaptaes de pequeno porte so modificaes promovidas no

    currculo, pelo professor, a fim de que seus alunos com necessidades especiais

    participem produtivamente do processo ensino-aprendizagem, na escola

    regular, junto aos demais colegas de turma.

    So chamadas de pequeno porte, porque sua implementao decorre da

    responsabilidade e ao exclusivas dos professores, independendo de

    autorizao ou ao de qualquer outra instncia superior.

    O professor pode implementar adaptaes curriculares de pequeno

    porte em vrias reas e em vrios momentos de sua atuao:

    na promoo do acesso ao currculo;

    nos objetivos de ensino;

    no mtodo de ensino;

    no processo de avaliao;

    na temporalidade.

    Ajustes que Cabem ao Professor Realizar:

    criar condies fsicas, ambientais e materiais para a participao do

    aluno com necessidades especiais na sala de aula;

    favorecer os melhores nveis de comunicao e de interao do aluno

    com as pessoas com as quais convive na comunidade escolar;

    favorecer a participao do aluno nas atividades escolares;

    atuar para a aquisio dos equipamentos e recursos materiais

    especficos necessrios;

  • adaptar materiais de uso comum em sala de aula;

    adotar sistemas alternativos de comunicao, para os alunos impedidos

    de comunicao oral, tanto no processo de ensino e aprendizagem

    quanto no processo de avaliao;

    favorecer a eliminao de sentimentos de inferioridade, de menos valia

    ou de fracasso.

    H alunos que podem necessitar somente de adaptaes curriculares de

    grande porte. Outros podem necessitar somente de adaptaes de pequeno

    porte. E outros podem necessitar das duas formas de adaptaes curriculares.

    AVALIAO PEDAGGICA NA EDUCAO INCLUSIVA

    A avaliao pedaggica como processo dinmico considera tanto o

    conhecimento prvio e o nvel atual de desenvolvimento do aluno quanto as

    possibilidades de aprendizagem futura, configurando uma ao pedaggica

    processual e formativa que analisa o desempenho do aluno em relao ao seu

    progresso individual, prevalecendo na avaliao os aspectos qualitativos que

    indiquem as intervenes pedaggicas do professor.

    No processo de avaliao, o professor deve criar estratgias considerando

    que alguns alunos podem demandar ampliao do tempo para a realizao dos

    trabalhos e o uso da lngua de sinais, de textos em Braille, de informtica ou de

    tecnologia assistiva como uma prtica cotidiana.

    Cabe aos sistemas de ensino, ao organizar a educao especial na

    perspectiva da educao inclusiva, disponibilizar as funes de instrutor,

    tradutor/intrprete de Libras e guia-intrprete, bem como de monitor ou

    cuidador dos alunos com necessidades de apoio nas atividades de higiene,

    alimentao, locomoo, entre outras, que exijam auxlio constante no

    cotidiano escolar.

    CARACTERSTICAS DO PROFESSOR NA ESCOLA INCLUSIVA

    Para atuar na educao especial, o professor deve ter como base da sua

    formao, inicial e continuada, conhecimentos gerais para o exerccio da

    docncia e conhecimentos especficos da rea. Essa formao possibilita a sua

    atuao no atendimento educacional especializado, aprofunda o carter

  • interativo e interdisciplinar da atuao nas salas comuns do ensino regular, nas

    salas de recursos, nos centros de atendimento educacional especializado, nos

    ncleos de acessibilidade das instituies de educao superior, nas classes

    hospitalares e nos ambientes domiciliares, para a oferta dos servios e

    recursos de educao especial.

    PROFESSOR, saiba que uma atitude positiva de sua parte um primeiro

    passo para uma educao inclusiva:

    A incluso depende das atitudes dos professores face aos alunos com

    necessidades especiais, da sua capacidade para melhorar as relaes

    sociais, das suas formas de perceber as diferenas na sala de aula e da

    sua capacidade para gerir eficazmente estas diferenas.

    Para responder eficazmente a esta diversidade no seio das salas de

    aula, os professores precisam dispor de um conjunto de competncias,

    de conhecimentos, de abordagens psicolgicas e pedaggicas, de

    mtodos, de materiais e de tempo.

    Os professores tem necessidade de apoio tanto dentro quanto fora da

    escola. A liderana do diretor da escola, da comunidade e dos governos

    crucial. A cooperao regional entre servios e pais constitui um pr-

    requisito para uma efetiva incluso.

    Os governos devem expressar, claramente, o seu ponto de vista sobre a

    incluso e facultar condies adequadas, que permitam uma utilizao

    flexvel dos recursos.

    ATITUDES PRECONCEITUOSAS

    O maior obstculo educao de alunos com necessidades educacionais

    especiais so as atitudes preconceituosas.

    ALEIJADO, EXCEPCIONAL, DEFICIENTE ...

    Apesar das conquistas, as pessoas com deficincias ainda se deparam com

    termos que so quase sempre pejorativos e carregados de preconceitos. Por

    exemplo, pessoas com deficincia intelectual muitas vezes so designadas

  • como burras, idiotas, imbecis, loucas, mongolides. Pessoas com deficincia

    fsica ainda so chamadas de aleijadinhas. Ceguinho, mudinho, surdinho

    tambm so termos usados para alunos surdos ou cegos. Estas designaes

    geram excluses de pessoas com necessidades especiais das atividades,

    privilgios e facilidades da sociedade.

    Termos como PORTADORES de deficincias esto sendo substitudos na

    nomenclatura atual por pessoas com deficincias.

    A IMPORTNCIA DA PARCERIA FAMLIA, ESCOLA E COMUNIDADE

    No se pode esquecer a importncia da famlia, da escola e da comunidade

    para o sucesso do processo ensino-aprendizagem. A Declarao de

    Salamanca, em seus artigos 57, 58 e 59 preconiza:

    Art. 57. A educao de crianas com necessidades educacionais

    especiais uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma

    atitude positiva da parte dos pais favorece a integrao escolar e social.

    Pais necessitam de apoio para que possam assumir seus papis de pais

    de uma criana com necessidades especiais. O papel das famlias e dos

    pais deveria ser aprimorado atravs da proviso de informao

    necessria em linguagem clara e simples; o enfoque na urgncia de

    informao e de treinamento em habilidades paternas constitui uma

    tarefa importante em culturas aonde a tradio de escolarizao seja

    pouca.

    Art. 58. Pais constituem parceiros privilegiados no que concerne s

    necessidades especiais de suas crianas e, desta maneira, eles

    deveriam, o mximo possvel, ter a chance de poder escolher o tipo de

    proviso educacional que eles desejam para suas crianas.

    Art. 59. Uma parceria cooperativa e de apoio entre administradores

    escolares, professores e pais deveria ser desenvolvida e pais deveriam

    ser considerados enquanto parceiros ativos nos processos de tomada

    de deciso. Pais deveriam ser encorajados a participar em atividades

    educacionais em casa e na escola (aonde eles poderiam observar

    tcnicas efetivas e aprender como organizar atividades extra-

  • curriculares), bem como na superviso e apoio aprendizagem de suas

    crianas.

    ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO

    De acordo com o DECRETO N 6.571, DE 17 DE SETEMBRO DE 2008

    considera-se atendimento educacional especializado o conjunto de atividades,

    recursos de acessibilidade e pedaggicos organizados institucionalmente,

    prestado de forma complementar ou suplementar formao dos alunos no

    ensino regular.

    O atendimento educacional especializado deve integrar a proposta

    pedaggica da escola, envolver a participao da famlia e ser realizado em

    articulao com as demais polticas pblicas.

    So objetivos do atendimento educacional especializado: - prover

    condies de acesso, participao e aprendizagem no ensino regular aos

    alunos com necessidades especiais; - garantir a transversalidade das aes da

    educao especial no ensino regular; - fomentar o desenvolvimento de

    recursos didticos e pedaggicos que eliminem as barreiras no processo de

    ensino e aprendizagem; e - assegurar condies para a continuidade de

    estudos nos demais nveis de ensino.

    O atendimento educacional especializado tem como funo identificar,

    elaborar e organizar recursos pedaggicos e de acessibilidade que eliminem as

    barreiras para a plena participao dos alunos, considerando suas

    necessidades especficas. As atividades desenvolvidas no atendimento

    educacional especializado diferenciam-se daquelas realizadas na sala de aula

    comum, no sendo substitutivas escolarizao. Esse atendimento

    complementa e/ou suplementa a formao dos alunos com vistas autonomia

    e independncia na escola e fora dela.

    Dentre as atividades de atendimento educacional especializado so

    disponibilizados programas de enriquecimento curricular, o ensino de

    linguagens e cdigos especficos de comunicao e sinalizao e tecnologia

    assistiva. Ao longo de todo o processo de escolarizao esse atendimento

    deve estar articulado com a proposta pedaggica do ensino comum. O

  • atendimento educacional especializado acompanhado por meio de

    instrumentos que possibilitem monitoramento e avaliao da oferta realizada

    nas escolas da rede pblica e nos centros de atendimento educacional

    especializado pblicos ou conveniados.

    Do nascimento aos trs anos, o atendimento educacional especializado se

    expressa por meio de servios de estimulao precoce, que objetiva otimizar

    o processo de desenvolvimento e aprendizagem em interface com os servios

    de sade e assistncia social.

    Em todas as etapas e modalidades da educao bsica, o atendimento

    educacional especializado organizado para apoiar o desenvolvimento dos

    alunos, constituindo oferta obrigatria dos sistemas de ensino. Deve ser

    realizado no turno inverso ao da classe comum, na prpria escola ou centro

    especializado que realize esse servio educacional.

    Na modalidade de educao de jovens e adultos e educao profissional, as

    aes da educao especial possibilitam a ampliao de oportunidades de

    escolarizao, formao para ingresso no mundo do trabalho e efetiva

    participao social.

    A interface da educao especial na educao indgena, do campo e

    quilombola deve assegurar que os recursos, servios e atendimento

    educacional especializado estejam presentes nos projetos pedaggicos

    construdos com base nas diferenas socioculturais desses grupos.

    SAIBA MAIS

    ACESSE O SITE:

    http://www.mec.gov.br/seesp

    Nele voc ter acesso aos dados sobre educao especial, legislao

    especfica nacional e documentos internacionais e tambm um catlogo

    de publicaes importantes para o trabalho pedaggico do professor

    como, por exemplo, saberes e prticas da incluso (educao infantil e

    ensino fundamental), portal de ajudas tcnicas, entre outros.

  • AVALIAO

    Acesse o SciELO (Biblioteca Cientfica Eletrnica On Line):

    http://www.scielo.org/php/index.php

    Em pesquisa de artigos, digite: Educao inclusiva.

    Selecione um dos artigos elencados, sua escolha, e aps leitura

    cuidadosa, elabore um texto de at duas pginas, contendo:

    Sntese principal das idias, dos resultados e das concluses

    feitas pelo autor do artigo.

    Faa uma concluso sua sobre o artigo lido.

    No esquea de incluir a referncia completa do artigo.

  • UNIDADE II

    ALUNOS COM DEFICINCIA INTELECTUAL

    A Deficincia Intelectual se manifesta em diferentes graus, desde

    queles indivduos que possuem condies de desenvolver-se sem

    grandes dificuldades para responder s exigncias da vida atual, at os que

    tem uma autonomia limitada e precisam de apoios mais ou menos

    permanentes.

    Esta unidade trata de questes bsicas sobre a Deficincia

    Intelectual como a evoluo da terminologia, as diferenas entre deficincia

    intelectual/doena mental/problemas de aprendizagem, suas causas, seu

    conceito atual. Tambm se espera fornecer indicadores para a prtica

    profissional do professor, levando-o a compreender o processo ensino-

    aprendizagem de seu aluno com deficincia intelectual e oferecer subsdios

    para auxiliar na construo de uma escola inclusiva de qualidade.

    Deficincia Intelectual ou Deficincia Mental?

    Antes de 1980, muitos termos foram utilizados para designar o aluno

    com deficincia intelectual: idiota, imbecil, oligofrnico, dbil mental,

    mongolide, excepcional. Gradativamente, por conta dos esteretipos que

    geravam, estes termos foram substitudos por deficincia mental.

    Atualmente, a Association on Intellectual and Developmental Disabilities

    AAIDD (2010) recomenda a utilizao do termo deficincia intelectual. O

    principal motivo desta modificao decorre do carter pejorativo que o

    significado de deficincia mental foi ganhando com o tempo e tambm

    porque este termo fica reduzido ao diagnstico na perspectiva

    psicopatolgica. Outra razo a semelhana que tem com a palavra

    doena mental. Por conta de trazerem o adjetivo mental, estes termos

    foram e ainda so considerados, muitas vezes, como sendo sinnimos, o

    que um grave engano.

    Deficincia Intelectual no o mesmo que Doena Mental?

  • importante no confundir deficincia intelectual com doena mental. A

    pessoa com deficincia intelectual mantm a percepo de si mesma e da

    realidade que a cerca, interessa-se pelo meio, relaciona-se afetivamente e

    seu desenvolvimento persistente, lento, mas harmnico. J na doena

    mental a pessoa perde o senso da realidade, costuma apresentar delrios e

    alucinaes, o desenvolvimento cclico com presena de surtos, ocorrendo

    desinteresse pelo ambiente e embotamento afetivo.

    Todo aluno com Dificuldades de Aprendizagem tem Deficincia

    Intelectual?

    Embora se possa afirmar que alunos com deficincia intelectual possuem

    dificuldades de aprendizagem, no verdadeiro afirmar que aqueles com

    dificuldades de aprendizagem possuam deficincia intelectual. Entretanto, esta

    diferena algumas vezes no muito clara entre os educadores. Basta ver o

    nmero de alunos classificados como deficientes pelos seus professores,

    porque no apresentam bom aproveitamento escolar e ou que no seguem as

    normas disciplinares da escola.

    necessrio compreender que existem alunos que, embora apresentem

    inteligncia, viso, audio, capacidade motora e equilbrio neuropsicolgico

    adequados, manifestam dificuldades para aprender contedos escolares.

    Isto significa que estes alunos aprendem muitas coisas no cotidiano, na sua

    vida diria. Suas dificuldades de aprendizagem situam-se no mbito escolar.

    Estes alunos geralmente podem ser denominados alunos com dificuldades

    de aprendizagem (Delval, 2001).

    Por outro lado, existem alunos que apresentam dificuldades de aprender

    no s contedos escolares, mas apresentam um desenvolvimento lento e

    tardio na aquisio de conhecimentos e habilidades sociais e da vida diria,

    apresentando um ritmo de aprendizagem mais lento, maior dificuldade em

    abstrair e generalizar e uma adaptao mais lenta a novas situaes. Estes

    alunos podem ser denominados alunos com deficincia intelectual.

  • Quais so as causas da Deficincia Intelectual?

    As causas e os fatores de risco que podem ocasionar a deficincia

    intelectual so muitos e complexos, sendo que em 40 a 50% dos casos ela

    no chega a ser identificada. Entre as alteraes cromossmicas de maior

    ocorrncia destaca-se a Sndrome de Down. Fatores pr, peri e ps-natais

    destacam-se como relevantes causadores de deficincia intelectual, na

    realidade brasileira, como infeces e intoxicaes na gravidez; problemas

    no parto e prematuridade; infeces e traumatismos aps o nascimento.

    Entre os fatores sociais e educacionais destacam-se o abuso e a

    negligncia infantil, falta de estimulao adequada, indisponibilidade dos

    apoios educativos que possam promover o desenvolvimento mental e maior

    capacidade adaptativa.

    Como a Deficincia Intelectual diagnosticada?

    Por muito tempo (e ainda hoje isto ocorre) o diagnstico de

    deficincia intelectual era baseado fundamentalmente em resultados de

    testes de QI (Quociente de Inteligncia), focalizando a deficincia como um

    trao absoluto, invarivel de uma pessoa, o que contribuiu para rotular o

    aluno e levar o professor a ter poucas ou nenhuma expectativa em relao

    ao progresso de seu desenvolvimento.

    Atualmente se preconiza uma avaliao psicolgica assistida, dinmica

    ou interativa com o objetivo de conhecer o potencial de aprendizagem do aluno

    com deficincia intelectual, sua capacidade de tirar proveito da instruo

    oferecida, saber o tipo de ajuda que lhe til, indicando o papel e a atuao do

    professor (Tzuriel & Haywood, 1992).

    Avaliao I

    Acesse os sites:

    http://www.down21.org/latinoamerica/brasil/marco.htm

    http://sindromedownpuc.blogspot.com/

    Elabore um texto bsico contendo as informaes principais

    sobre a pessoa com Sndrome de Down (causas, caractersticas

    fsicas e psicolgicas, necessidades educativas).

  • Mas o que Deficincia Intelectual?

    Historicamente, o conceito de deficincia intelectual tem sofrido inmeras

    mudanas no que concerne terminologia, s pontuaes de QI (Quociente de

    Inteligncia) e ao papel relacionado conduta adaptativa. Estas mudanas

    resultam da necessidade de se compreender melhor esta deficincia e de se

    criar mtodos de classificao, investigao, educao e reabilitao mais

    confiveis e eficazes.

    A conceituao da deficincia intelectual evoluiu nos ltimos anos e hoje

    representa uma mudana significativa do paradigma tradicional.

    Segundo a nova conceituao, a deficincia intelectual

    definida por limitaes significativas tanto no

    funcionamento intelectual (raciocnio, aprendizagem,

    resoluo de problemas) quanto no comportamento

    adaptativo do indivduo, que se expressam nas

    habilidades conceituais, prticas e sociais e ocorrem

    antes dos 18 anos de idade (AAIDD, 2010).

    A importncia deste novo conceito que ele deixa de identificar a deficincia

    intelectual como um atributo exclusivo do indivduo, para entend-la como um

    estado de funcionamento da pessoa, na sua interao com o contexto social

    em que vive.

    Conhea mais sobre avaliao assistida!

    Leia o texto Avaliao assistida para crianas com necessidades

    educacionais especiais: um recurso auxiliar na incluso escolar, da Profa

    Snia Regina Fiorim Enumo. Voc pode acess-lo na internet:

    http://www.scielo.br/pdf/rbee/v11n3/v11n3a03.pdf

    ENUMO, S. R. F. Revista Brasileira de Educao Especial, v. 11, n. 3,

    maro/setembro, 2005.

  • Cinco dimenses so essenciais para a efetiva aplicao deste conceito so

    preconizadas pela AAIDD (American Association on Intellectual and

    Developmental Disabilities):

    (a) As limitaes do funcionamento intelectual devem ser consideradas nos

    contextos ambientais da comunidade tpicos dos indivduos iguais em idade e

    cultura.

    (b) A avaliao deve considerar a diversidade cultural e lingstica, assim

    como as diferenas na comunicao e nos aspectos sensoriais, motores e

    comportamentais.

    (c) Em um indivduo, as limitaes coexistem com as potencialidades.

    (d) Ao se levantar as limitaes do indivduo muito importante traar um

    perfil de apoios necessrios.

    (e) Com apoios apropriados e personalizados durante um perodo

    prolongado, o desenvolvimento (pessoal, social, educacional) da pessoa com

    deficincia intelectual ser beneficiado.

    Como se pode observar, as dimenses propostas envolvem aspectos

    diferenciados da pessoa e do ambiente, com vistas a melhorar os apoios que

    permitam, por sua vez, um melhor funcionamento individual.

    A avaliao do funcionamento intelectual um aspecto crucial para

    diagnosticar a deficincia intelectual e deve ser feita por um psiclogo

    especializado e suficientemente qualificado. Deve levar em conta as dimenses

    descritas acima e considerar que, em alguns casos, vai requerer a colaborao

    de outros profissionais. Esta avaliao tem a inteno de eliminar o

    reducionismo e a excessiva confiana no diagnstico feito pelo uso de testes

    psicomtricos como, por exemplo, os testes de QI.

  • Por sua vez, a conduta adaptativa pode ser entendida como o conjunto de

    habilidades conceituais, sociais e prticas que as pessoas aprendem para seu

    desempenho na vida diria. Limitaes significativas no comportamento

    adaptativo afetam tanto as atividades da vida diria quanto as habilidades para

    responder s situaes particulares, educacionais e ambientais (AAIDD,2010).

    Alguns exemplos destas habilidades:

    Habilidades conceituais: linguagem (receptiva e expressiva); leitura e

    escrita; conceitos de dinheiro, tempo e nmero.

    Habilidades sociais: relacionamento interpessoal; responsabilidade;

    auto-estima; certa desconfiana; seguimento de regras; obedincia das

    leis; evitar de ser enganado ou manipulado.

    Habilidades prticas: atividades de vida diria e cuidados pessoais

    (comer, vestir-se, fazer a higiene, preparao de comida, limpeza da

    casa); uso de dinheiro, remdios, transporte, viagens; rotinas, horrios,

    uso do telefone.

    Habilidades ocupacionais (qualificao profissional).

    A conceituao de deficincia intelectual da AAIDD tambm enfatiza a

    importncia de se avaliar as interaes com as demais pessoas e o papel

    social desempenhado pela pessoa com deficincia mental. De acordo com

    Navas, Verdugo & Gmez (2008), a participao se avalia por meio da

    observao direta das interaes do indivduo com seu mundo material e social

    nas atividades de vida diria. Os papis sociais se referem a um conjunto de

    atividades consideradas como normais para um grupo especfico de idade, e

    podem orientar-se para os aspectos pessoais, escolares, laborais,

    comunitrios, de lazer e outros.

    Vale lembrar que a falta de recursos e servios comunitrios, assim

    como a existncia de barreiras fsicas e sociais podem limitar

    significativamente a participao e interaes das pessoas com

  • deficincia intelectual. E esta falta de oportunidades ter um

    impacto decisivo no desempenho de um papel social valorizado.

    Os suportes ou apoios so definidos como os recursos e estratgias

    individuais necessrios para promover o desenvolvimento, educao,

    interesses e bem estar da pessoa com deficincia intelectual. Estes apoios

    podem ser providenciados pela famlia, pelos professores, por outros

    profissionais envolvidos ou instituio apropriada. So importantes na

    promoo do desenvolvimento pessoal, da auto-determinao, da qualidade de

    vida. Constituem-se no caminho para o acesso educao, ao emprego,

    recreao, entre outros e, sobretudo, para a incluso escolar e social.

    Com esta nova compreenso, j no suficiente classificar a deficincia

    intelectual em leve, moderada, severa ou profunda, mas sim especificar o

    grau de comprometimento funcional adaptativo. importante determinar, por

    exemplo, em que reas (habilidades sociais, de comunicao, entre outras),

    a pessoa com deficincia intelectual necessita de mais apoios.

    As consideraes acima no esgotam o assunto, mas podem auxiliar

    professores e profissionais a discernir caractersticas da conceituao da

    deficincia intelectual e seu diagnstico.

    A Escola e o Aluno com Deficincia Intelectual

    Os primeiros anos de vida da criana so determinantes para um

    desenvolvimento fsico e psicolgico harmonioso bem como para a formao

    das faculdades intelectuais e o desenvolvimento da personalidade.

    Pesquisas atuais sobre a plasticidade do sistema nervoso central

    demonstram que um ambiente estimulador, nos trs primeiros anos de vida,

    capaz de modificar a funo e a estrutura cerebral de forma muito

    positiva (Dierssen, 1994).

    Desta maneira, prevenir e detectar possveis atrasos j na educao

    infantil e a pronta interveno uma das funes dos professores em

    colaborao com equipes psicopedaggicas.

  • A estimulao da criana pequena que j apresenta atrasos no

    desenvolvimento de fundamental importncia e se deve levar em

    considerao que: (a) esta criana necessita de estimulao maior e ou

    diferente das outras crianas; (b) alm da escola, necessrio que ela

    conte com atendimento especializado (estimulao precoce) com

    envolvimento familiar.

    Programas educacionais direcionados criana de zero a seis anos

    centrados na participao da famlia e da comunidade podem (a) promover

    ganhos de desenvolvimento; (b) reduzir sentimentos de isolamento, estresse

    e frustrao vivenciados pelos familiares; (c) reduzir custos futuros com

    educao especial.

    Atitudes do Professor em relao ao aluno com deficincia

    intelectual

    As percepes dos professores podem condicionar sua atuao e

    levar a comportamentos como a superproteo ou expectativas limitadas

    sobre o aluno com deficincia intelectual. Quando o professor pensa que as

    dificuldades de aprendizagem so de responsabilidade exclusiva do aluno

    isto pode influenciar negativamente seu trabalho na sala de aula. Neste

    sentido, a etiqueta de retardado pode traduzir-se em menor empenho do

    professor no progresso do aluno e consequentemente resultar em um

    pobre rendimento do aluno.

    Este modo de pensar, bastante freqente, mostra a importncia do

    professor refletir sobre sua atuao e rever suas percepes e pr-

    conceitos sobre as necessidades especiais dos alunos, suas capacidades

    para aprender e a importncia de sua mediao na aprendizagem deles.

    Voc deve ler o documento publicado pela Secretaria de Educao Especial do MEC

    sobre temas especficos da Educao Infantil, que contribui para a formao docente e

    elaborao de projetos pedaggicos.

    Acesse o site:

    http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/dificuldadesdeaprendizagem.pdf

    BRASIL. Ministrio da Educao. Educao Infantil: Saberes e Prticas da Incluso.

    Dificuldades acentuadas de aprendizagem ou limitaes no processo de desenvolvimento.

    Braslia: MEC/SEESP, 2006c.

  • Docentes tambm podem, assim como os pais, superproteger o

    aluno com deficincia intelectual, propondo-lhe tarefas repetitivas ou pouco

    relevantes para sua aprendizagem ou ento lhe dando atividades muito

    diferenciadas das realizadas pelos demais alunos, a fim de poup-los.

    Professor, a sua atuao na sala de aula, seu modo de gerenciar

    a classe, de orientar a comunicao e as interaes que nela se

    produzem, geram um clima social que pode ou no

    comprometer a aprendizagem que nela se desenvolve!

    Se o professor estimula a participao na aula, melhora o

    interesse dos alunos em aprender e eleva o autoconceito dos

    mesmos.

    As tarefas quando esto claramente planejadas, com objetivos

    concretos, melhoram o rendimento dos alunos.

    A criatividade e o interesse dos alunos so prejudicados quando o

    clima da aula competitivo e controlador.

    O Planejamento da Aula

    A adaptao do currculo tem uma importncia fundamental e vale a

    pena que professores dediquem um tempo a se perguntar:

    a partir do conhecimento que agora tenho sobre as

    necessidades de meus alunos incluindo os que possuem

    deficincia intelectual, quais mudanas tenho que fazer em

    LEMBRE SEMPRE QUE:

    Alunos com deficincia intelectual levam mais tempo para aprender,

    mas podem desenvolver muitas habilidades alm de revelar

    potencialidades.

    Podem ter comprometimentos em sua sade com a utilizao de

    medicamentos, o que pode influenciar o seu processo de

    aprendizagem.

    Deficincia intelectual no uma doena! No contagiosa! A

    convivncia com o aluno no provoca nenhum prejuzo para nas

    pessoas sem deficincias!

  • minha classe para que todos possam ter suas necessidades

    atendidas?

    O tempo dedicado a esta reflexo levar o professor a tomar

    decises mais adequadas, sobretudo no ensino infantil e sries iniciais.

    Priorizar determinados objetivos e contedos

    O professor deve priorizar os objetivos e contedos que sendo

    importantes para todos os alunos resultem especialmente relevantes para

    aqueles que apresentem deficincia intelectual. Por exemplo, nas sries

    iniciais interessante ressaltar os objetivos ou contedos relacionados

    com: (a) desenvolvimento da comunicao como elemento facilitador da

    interao com os demais e a adaptao social do aluno; (b)

    desenvolvimento da leitura e da escrita, levando em conta que os alunos

    com deficincia intelectual no somente apresentam dificuldades no

    processo de decodificao como tambm na compreenso do texto e na

    expresso escrita; (c) a habilidade para usar os nmeros e as operaes

    bsicas, nas diferentes situaes da vida cotidiana; (d) o desenvolvimento

    das relaes interpessoais e a adaptao social dos alunos.

    Muitas vezes estes objetivos e contedos podem exigir decises no

    mbito das adaptaes curriculares individuais, como por exemplo, na

    questo da temporalidade.

    Metodologia

    A metodologia implica na organizao do trabalho pedaggico em

    torno dos contedos selecionados para que os alunos atinjam os objetivos

    propostos.

    Andrs & Vilar (s.d.), propem algumas sugestes para adequar a

    metodologia para os alunos com deficincia intelectual:

    Ao planejar uma nova unidade didtica, determinar e atualizar

    os conhecimentos prvios dos alunos. Assim, poder

    determinar com mais preciso se as tarefas previstas so

    adequadas ou se necessrio incluir ou excluir uma ou outra.

    Globalizar os contedos em torno de centros de interesse que

    se conectem com experincias ou interesses dos alunos.

  • Usar estratgias que incluam experincias diretas e a reflexo

    sobre elas.

    Utilizar tcnicas que permitam a colaborao entre os alunos e

    a adoo da aprendizagem cooperativa ou do ensino tutelado.

    Adequar a linguagem ao nvel de compreenso dos alunos,

    utilizando sempre perguntas para verificar se o aluno com

    deficincia intelectual capaz de entender o que lhes dito e

    para ter segurana de que sabe o que tem que fazer e como

    vai realiz-lo.

    Outras sugestes que podem ser de grande ajuda ao professor em

    relao s atividades a serem desenvolvidas na aula consiste em planejar

    atividades que possam ser trabalhadas em distintos graus de dificuldade

    sobre um mesmo contedo.

    Quase sempre livros de texto e cadernos de trabalho iniciam as

    atividades com menor dificuldade indo aos poucos tornando-se mais

    complexas. Porm, em vrias ocasies necessrio modificar este

    repertrio de tarefas para facilitar a aprendizagem do aluno com deficincia

    intelectual, sendo necessrio: (a) Incorporar algumas atividades prvias s

    propostas pelo livro de texto; (b) substituir algumas das atividades do texto

    por outras mais adequadas ao aluno; (c) modificar algumas atividades

    propostas, como por exemplo, na proposio de um problema que exija o

    uso de duas operaes combinadas, cabe vrias modificaes: simplificar e

    reduzir o texto, substituir as quantidades por outras mais familiares, propor

    sobre o mesmo contedo, atividades individuais ou em grupo; prever

    atividades de livre execuo, de interesse dos alunos, a serem feitas na

    aula, em casa, no bairro.

    Avaliao da aprendizagem

    A avaliao dos alunos com deficincia intelectual visa conhecer os

    seus avanos no entendimento dos contedos curriculares durante o ano

    letivo de trabalho, seja ele organizado por srie ou ciclos. O mesmo

    vlido para os demais alunos para que no sejam feridos os princpios da

    incluso escolar. O que importante para que um novo ano de estudos se

  • inicie o quanto o aluno com ou sem deficincia intelectual aprendeu no

    ano anterior, pois nenhum conhecimento aprendido sem base no que se

    conheceu anteriormente.

    Pode ser que o aluno com deficincia intelectual no atinja todos os

    contedos propostos pela grade curricular do ensino regular, por ter

    apresentado outras necessidades no decorrer da escolaridade. Assim,

    importante que ao final dos estudos concludos, ele saia da escola com um

    termo de terminalidade especfico no qual ser relatado as suas condies

    atuais de aprendizagem, nele constando ainda os possveis

    encaminhamentos. Este processo s possvel quando se realizou a

    adaptao curricular e uma avaliao responsvel em toda a sua vida

    escolar.

    Alunos com severas limitaes intelectuais devem ter garantido o

    direito convivncia na escola, entendida como espao privilegiado de

    formao das novas geraes.

    O aluno com Deficincia Intelectual e os Colegas da Escola

    Os demais alunos sem deficincia devem receber orientaes dos

    professores sobre como acolher e tratar adequadamente o colega com

    deficincia mental em suas necessidades.

    Pesquisas mostram que o aluno com deficincia intelectual tem

    benefcios no seu desenvolvimento quanto convive com alunos sem

    deficincias. Por sua vez, alunos sem necessidades especiais perdem o

    medo e o preconceito em relao ao diferente e desenvolvem a

    cooperao.

    Leia o captulo A escola comum diante da deficincia mental: o que era/o que precisa ser no

    documento publicado pela Secretaria de Educao Especial do MEC sobre Educao Inclusiva e

    Deficincia Intelectual.

    Organize um esquema com as principais idias do texto.

    Acesse o site: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/defmental.pdf

    BRASIL. Ministrio da Educao. Educao Inclusiva: Atendimento Educacional Especializado para a

    Deficincia Mental. Braslia: MEC/SEESP, 2006m.

  • A Parceria da Escola com a Famlia

    O professor deve explicar aos pais a importncia da participao

    deles na aprendizagem do filho, pois no ambiente familiar que a criana

    tem maior liberdade de expressar-se.

    Criar o caderno pedaggico (ou portflio) para comunicar-se com a

    famlia, onde, por exemplo, podero ser colocadas fotografias das aulas e

    os pais podero relatar experincias com os filhos em casa ou como foi

    realizada a tarefa solicitada pelo professor.

    muito importante que os pais tenham a oportunidade de se

    reunirem frequentemente com o professor, participando de modo ativo no

    desenvolvimento do programa e compartilhando responsabilidades

    A Parceria da Escola com outros Profissionais

    Crianas com deficincia intelectual necessitam, na maioria das

    vezes, de atendimento especializado com equipe interdisciplinar

    (fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, psicologia, terapia ocupacional,

    entre outros). extremamente relevante a parceria entre esta equipe

    interdisciplinar e a escola, em um trabalho conjunto com o professor,

    informando e auxiliando de forma prtica, nas dificuldades motoras, de

    linguagem, sociais, cognitivas, que influenciam o desenvolvimento global do

    educando.

    Incentive cada aluno a construir um recorte de sua histria pessoal

    (utilizando fotografias e desenhos para atrair o interesse), onde todos

    devero identificar uma caracterstica que fazem bem e outra na qual

    tenham dificuldade. Ressaltar que todos tm diferenas e, cada um com

    sua histria, importante para a famlia, para os amigos, para a

    sociedade.

    AVALIAO II

    Elabore um texto acadmico de duas pginas, respondendo

    seguinte questo:

    Em que medida eu posso contribuir para uma escola inclusiva, na

    promoo do desenvolvimento do aluno com deficincia intelectual?

  • UNIDADE III

    ALUNOS COM SURDEZ

    Esta unidade trata de questes bsicas sobre a Surdez e suas

    implicaes na aprendizagem escolar. Visa conhecer as necessidades

    lingsticas diferenciadas de alunos surdos e refletir sobre alguns

    encaminhamentos possveis de serem adotados em sala de aula bem como

    oferecer subsdios para auxiliar na construo de uma escola inclusiva de

    qualidade.

    Pessoas e vrios animais percebem sons com o sentido da

    audio, o que permite saber a distncia e a posio da fonte sonora.

    Os sons so usados de vrias maneiras, muito especialmente para

    comunicao por meio da fala ou da msica, por exemplo. A

    percepo do som tambm pode ser usada para adquirir informaes

    sobre o ambiente.

    Uma pessoa ouve quando capaz de captar estmulos vibratrios,

    arquiv-los e interpret-los. Para que a pessoa entenda a mensagem

    veiculada ao estmulo auditivo, necessita de uma aprendizagem prvia

    (ouvimos um ingls falar, porm no entendemos nada se previamente no

    estudamos este idioma). Por ltimo, uma pessoa escuta quando dirige sua

    ateno de modo voluntrio para a fonte emissora do som (podemos estar

    ouvindo o rdio porm no escutamos se estamos imersos na leitura de um

    livro).

    No ser humano, a audio normalmente limitada por freqncias

    entre 20 Hz (hertz) e 20,000 Hz (20 kHz), embora estes limites no sejam

    absolutos. Freqncia o nmero de vibraes por segundo que a onda

    provoca no meio gasoso, lquido ou slido. Quando uma onda sonora

    emitida em baixa freqncia, o som mais grave; sons de alta freqncia

    so mais agudos.

  • O decibel (dB), por sua vez, a unidade usada para medir a

    intensidade de um som. O ouvido humano capaz de ouvir sons entre 0 e

    120 dB.

    Alguns sons e seus ndices de decibis:

    0 dB : limiar da sensao sonora

    20 dB: conversa em voz baixa; cochicho

    40 dB: tom de voz normal, som rdio

    65 dB: voz muito alta

    80 dB: trfego intenso

    110 dB: show de rock ou motor de avio a jato

    120 dB: limiar sensao dolorosa

    QUAL EXAME AVALIA A AUDIO?

    A audiometria um exame que avalia a audio. Ao detectar

    qualquer anormalidade permite medir o grau e tipo de alterao e orientar

    as medidas preventivas ou curativas a serem tomadas. realizada pelo

    fonoaudilogo ou otorrinolaringologista. A audiometria feita com a pessoa

    dentro de uma cabine acstica (sem rudo) e utiliza um equipamento

    chamado audimetro.

    QUAIS SO OS TIPOS DE SURDEZ?

    No h consenso entre os estudiosos, muitas vezes, quanto

    utilizao de termos como deficincia auditiva, surdez, hipoacusia. Muitos

    consideram os trs termos como sinnimos (Alonso et al., 1991). Abaixo

    transcrevemos a classificao adotada pela Secretaria de Educao

    Especial/MEC (Brasil, 2006f) com suas principais caractersticas.

    1 - PARCIALMENTE SURDO: compreende a surdez leve e

    moderada

    Surdez Leve - perda auditiva entre 20 e 40 dB

    A pessoa tem dificuldade em ouvir voz baixa ou distante e em perceber igualmente

  • todos os fonemas das palavras. Exige frequentemente a repetio do que lhe falam

    e parece ser desatento. Aprende a linguagem oral, com bom domnio do portugus,

    mas pode apresentar problema articulatrio na leitura e ou escrita.

    Surdez moderada: perda auditiva entre 40-70 dB

    A pessoa desenvolve a linguagem oral mas apresenta dificuldades frente a fala

    normal, sendo comum o atraso na linguagem e dificuldades articulatrias. Na

    criana pequena necessrio o uso de prtese e apoio fonoaudiolgico precoce

    para que possa adquirir a linguagem e evitar discordncias fonoarticulatrias e

    sintticas com dislalias freqentes.

    2 - SURDO: compreende a surdez severa e profunda

    Surdez severa: perda auditiva entre 70-90 dB

    A pessoa percebe palavras amplificadas e no adquire a linguagem de

    forma natural; a criana pequena vai necessitar de ajudas tcnicas e interveno

    fonoaudiolgica, podendo apresentar dificuldades na construo da linguagem oral.

    Geralmente neste grau se incluem alunos com implante coclear, com possibilidade

    de desenvolver uma audio at 30 ou 40 dB.

    Surdez profunda: perda auditiva superior a 90 dB

    A pessoa no percebe nem identifica a voz humana o que a impede de

    adquirir a lnguagem oral. Geralmente utiliza uma linguagem gestual e pode ter

    pleno desenvolvimento lingstico por meio da lngua de sinais.

    Um beb que nasce surdo balbucia como um de audio normal, mas suas

    emisses logo desaparecem medida que no tem acesso estimulao auditiva

    externa, fator da mxima importncia para a aquisio da linguagem oral.

    SURDO ou SURDO-MUDO?

    A expresso surdo-mudo denominao incorreta para pessoas

    surdas. A pessoa surda no fala porque no ouve os sons que a circunda,

    tanto que h surdos que falam quando recebem treinamento especfico.

    So muito poucos os surdos que tambm apresentam mudez

    (incapacidade fonoarticulatria de produzir a fala).

    QUAIS SO AS CAUSAS DA SURDEZ?

    Conhecer as causas da surdez pode ser importante para prevenir

    dificuldades, prever possibilidades evolutivas e planejar estratgias de

  • interveno e educao. As principais causas da surdez so: genticas,

    pr-natais (como, por exemplo, rubola, toxoplasmose, sfilis,

    medicamentos, incompatibilidade Rh), perinatais (como traumatismos de

    parto, falta de oxignio), psnatais (como traumatismos, infeces,

    medicamentos).

    IMPLANTE COCLEAR: O QUE ISSO?

    um tipo de prtese que transforma sons e rudos do meio ambiente

    desencadeando uma sensao auditiva na pessoa. O implante coclear requer

    interveno cirrgica para substituir a cclea prejudicada e a reabilitao

    necessria, pois a criana necessita aprender a decodificar os sons.

    COMPORTAMENTOS DO ALUNO QUE PODEM EVIDENCIAR

    PERDA AUDITIVA:

    Falta evidente e crnica de ateno

    Falta freqente de resposta em situao de comunicao

    Acentuado atraso ao iniciar a fala ou articulao muito defeituosa

    Atraso escolar evidente

    Queixas de dores de ouvido, desconforto ou assobios, zumbido

    Secreo \ acmulo de cera

    M articulao, sobretudo de sons consonantais

    Aumentar exageradamente o som para ouvir

    SAIBA MAIS

    Veja o que implante coclear, seu funcionamento, para quais

    pessoas recomendado, acessando:

    http://www.implantecoclear.com.br/index.php?pagina=oquee

  • Colocar as mos em concha nos ouvidos para ouvir ou vira a

    cabea em direo aos sons

    Pedir freqentemente para repetir o que acabou de ser dito

    No responder ou ser desatento ao se falar com ele

    Relutar em participar em atividades orais, parecendo no entender

    as instrues verbais das atividades

    MTODOS E ABORDAGENS DE ENSINO PARA ALUNOS

    SURDOS

    No decorrer dos sculos muitas abordagens e mtodos foram

    propostos para a educao de alunos surdos. Na realidade, no existe um

    nico mtodo para todas as crianas com surdez. Crianas que possuem

    resduos auditivos podem ter acesso para o cdigo da fala dentro de uma

    abordagem oral. J para as que tm pouco resduo ou dificuldades em

    desenvolver a oralidade, a educao bilnge pode ser a mais indicada.

    Na atualidade, os mtodos de ensino dividem-se em trs abordagens

    principais: Oralismo, Comunicao Total e Bilinguismo.

    O oralismo tem por objetivo integrar a criana surda na comunidade

    de ouvintes e para tanto preconiza o desenvolvimento da linguagem oral,

    leitura orofacial e amplificao sonora, enquanto se expressa por meio da

    fala. Gestos, lngua de sinais e alfabeto digital no so permitidos

    (Goldfield, 1997). Esta abordagem exige intensa dedicao por parte da

    criana e da famlia, a participao de profissionais especializados e requer

    o uso de aparelhos especficos como a amplificao sonora individual.

    A Comunicao Total defende o uso de qualquer recurso lingstico,

    seja a lngua de sinais, a linguagem oral ou cdigos manuais para propiciar

    a comunicao com as pessoas surdas.

    J o Bilinguismo a abordagem que vem ganhando fora na ltima

    dcada no Brasil.

    SAIBA MAIS

    Acesse o site da FENEIS (Federao Nacional de Educao e

    Integrao dos Surdos): http://www.feneis.com.br/page/

  • BILINGUISMO - EDUCAO BILINGUE

    A educao bilnge tem como maior funo dar suporte ao

    pensamento e estimular o desenvolvimento cognitivo e social da pessoa

    surda (Fernandes, 2003). Por outro lado, pesquisas evidenciam que esta

    educao a mais adequada sobretudo para o ensino de alunos surdos

    profundos.

    muito importante que a criana j tenha contato com a LIBRAS desde

    o nascimento e tambm conviva com pessoas que dominem a lngua de sinais.

    Se os pais forem ouvintes h necessidade de que eles aprendam tambm a

    LIBRAS, a fim de garantir um ambiente lingstico adequado criana surda

    nos diferentes contextos onde ela vive.

    Pesquisas mostram que bebs e crianas pequenas com surdez, filhos de

    pais surdos, que estiveram desde cedo expostos lngua de sinais, tm

    um desenvolvimento lingstico, cognitivo, afetivo e social adequados,

    demonstrando melhores resultados acadmicos, em relao quelas que no

    tiveram acesso lngua de sinais na infncia. Crianas surdas, cujos pais so

    ouvintes mas submetem os filhos lngua de sinais precocemente, tambm

    demonstram desenvolvimento simblico-cognitivo satisfatrio.

    As etapas de aquisio da lngua de sinais so semelhantes quelas

    apresentadas por crianas ouvintes com a lngua oral, demonstrando que para

    o crebro no importa se a lngua oral-auditiva ou visual-espacial para o

    desenvolvimento da linguagem. Ou seja, a capacidade de representao, a

    simbolizao e a formao de conceitos ocorrem tanto em alunos ouvintes

    quanto em alunos surdos expostos lngua de sinais (Marchesi, 1995).

    A proposta bilnge visa assegurar o acesso dos surdos s duas lnguas, no

    contexto escolar e dever da escola oferecer, criana surda, oportunidade

    Defende que o surdo deve adquirir a lngua de sinais como

    a sua primeira lngua (lngua materna), a fim de facilitar o

    desenvolvimento de conceitos e sua relao com o mundo. A

    lngua portuguesa ensinada como segunda lngua, na

    modalidade escrita e, quando possvel, na modalidade oral.

  • de adquirir a sua primeira lngua e de se constituir como sujeito lingstico, da

    mesma maneira como essa oportunidade oferecida criana ouvinte (Lodi &

    Harrison, 1998).

    VOC CONHECE AS DIFERENTES LNGUAS DE SINAIS?

    As lnguas de sinais so lnguas de modalidade visual-espacial

    utilizadas pelas comunidades surdas e apresentam um conjunto de regras

    fonolgicas, morfolgicas e sintticas, isto , uma gramtica prpria.

    Cada pas tem a sua prpria lngua de sinais que decorre das

    variaes lingusticas da cultura e das tradies de cada povo. Conhea

    algumas delas:

    LIBRAS Lngua Brasileira de Sinais

    LGP Lngua Gestual Portuguesa

    ASL Lngua Americana de Sinais

    LSF Lngua Francesa de Sinais

    HSE Hausa Sian Language (Nigria)

    LIS Lngua Italiana dei Segni

    LSA Lengua de Senas Argentina

    JSL JSL - Japanese Sign Language

    VOC CONHECE A LNGUA BRASILEIRA DE SINAIS LIBRAS?

    A Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS uma lngua visual-

    espacial articulada por meio das mos, das expresses faciais e do corpo.

  • Possui regras gramaticais prprias, como por exemplo:

    o Grafia: sempre em letra maiscula: CASA, AMOR, BRASIL.

    o Verbos: representados no infinitivo: GOSTAR, USAR, FALAR.

    o Frases: EU GOSTAR MORANGO. EU QUERER AJUDA.

    o Pronomes pessoais: representados pelo sistema de

    apontao.

    ALFABETO MANUAL COMO RECURSO DA LIBRAS

    O alfabeto manual ( ou dactilologia) a representao, por meio das

    mos, das letras das lnguas orais e dos seus principais caracteres. um

    recurso para o aluno surdo soletrar nomes prprios ou emprstimos da

    lngua portuguesa.

    DICIONRIO DE LIBRAS DIGITAL

    Para conhecer melhor os sinais e as palavras correspondentes, consulte

    o dicionrio digital de Libras, acessando:

    http://www.acessobrasil.org.br/libras/

    Fonte: http://aprendolibras.blogspot.com/2009/02/por-onde-comecar-alfabeto-manual-e.html

  • muito importante que o professor e os alunos tenham o apoio de um

    intrprete de Libras em sala de aula, auxiliando na mediao da comunicao

    em todas as situaes em que estejam envolvidos surdos e ouvintes.

    QUEM O INTRPRETE DE LNGUA DE SINAIS?

    o profissional que traduz e interpreta a lngua de sinais para a lngua

    falada e vice-versa na modalidade oral e escrita. No Brasil, o intrprete deve

    dominar a Libras (Lngua Brasileira de Sinais) e a lngua portuguesa. Precisa

    tambm ter qualificao especfica em traduo e interpretao e formao

    especfica na rea onde atua (por exemplo, na educao). A atuao do

    intrprete est prevista na legislao federal, j disponvel para muitos surdos

    da rede pblica de ensino. Muito recentemente, a Lei Federal de no 12.319, de

    1o de setembro de 2010, regulamenta a profisso de Tradutor e Intrprete da

    Lngua Brasileira de Sinais LIBRAS.

    PORQUE O INTRPRETE DE LNGUA DE SINAIS

    IMPORTANTE?

    Porque na sua ausncia, a interao entre surdos e pessoas que no

    dominam a Libras fica prejudicada. Assim, os surdos acabam no

    participando de vrias atividades sociais, culturais, educacionais; no

    conseguem avanar em termos educacionais; ficam desmotivados para

    participarem em situaes sociais; no tendo acesso aos veculos de lngua

    falada ficam excludos das interaes sociais e da prpria cidadania.

    O PROFESSOR E O ALUNO SURDO

    ESTRATGIAS ORGANIZATIVAS

    Algumas das principais adaptaes para o desenvolvimento da

    comunicao relacionadas com o planejamento das aprendizagens so as

    estratgias organizativas que o professor deve providenciar.

    O aluno deve sentar onde melhor possa perceber por meio de

    seus resduos auditivos, leitura labial e acesso visual

    informao (perto do professor e com uma viso geral da

    classe).

  • Ministrar a aula de forma flexvel, donde nas situaes

    interativas grupais todos os alunos possam ver-se entre si.

    Situar o aluno surdo longe de reas ruidosas.

    Evitar reflexos no quadro-negro.

    Seguir um horrio fixo de rotinas e informar o aluno das

    modificaes que se realizam.

    FAVORECENDO AS RELAES ENTRE ALUNOS SURDOS

    E OUVINTES

    o Informar aos alunos as caractersticas dos colegas surdos, a

    maneira como devem cham-los, porque possuem dificuldades

    para falar, o que so prteses e sua utilidade, etc.

    o Tentar evitar qualquer comportamento de superproteo.

    o Mostrar a inadequao em zombar do colega surdo pelo uso

    de prtese auditiva, pela sua maneira de falar ou de sua no

    compreenso em situaes comunicativas.

    o Ensinar estratgias comunicativas aos alunos surdos e

    ouvintes.

    o Ensinar aos demais alunos um sistema de comunicao

    alternativo ou complementar.

    o Ensinar aos alunos surdos normas de jogos comuns como

    futebol, voleibol, entre outros, e realizar jogos de socializao

    na escola.

    o Trabalhar com as famlias para que favoream as relaes

    entre os alunos surdos e ouvintes fora da escola (convites de

    aniversrio, sarem juntos ao parque, etc.).

    FACILITANDO REGRAS E NORMAS

    Para facilitar a assimilao de regras e normas pelo aluno surdo, o

    professor pode adotar as seguintes medidas: (a) as regras devem ser

    poucas, formuladas positivamente e serem escritas, desenhadas e

  • sublinhadas; (b) devem ser colocadas em cartazes vista de todos; (c)

    regras cumpridas devem ter um efeito positivo.

    ESTRATGIAS PARA O DESENVOLVIMENTO DA

    COMUNICAO

    O professor deve utilizar uma linguagem clara e fcil de

    compreender (articular de forma pronunciada e com

    velocidade moderada).

    No deve ficar de costas para a luz e nunca falar de costas

    para a classe. O uso de barba espessa, bigodes, mascar

    chicletes ou falar com objetos diante da boca podem prejudicar

    a leitura labial pelo aluno surdo.

    Diante de explicaes que necessitam do cdigo escrito,

    escrever primeiro no quadro-negro e logo continuar a

    explicao olhando para os alunos.

    Escrever no quadro um pequeno guia, esquema ou resumo e

    utilizar ilustraes ou diagramas sempre que possvel.

    ATIVIDADES COMPLEMENTARES EM SALAS DE RECURSO

    A criana surda que freqenta a escola regular, provavelmente vai

    necessitar de atendimento em outro turno, em salas de recursos para o

    desenvolvimento da LIBRAS, da lngua portuguesa e para complementar as

    informaes obtidas na classe comum. Poder tambm necessitar de

    atendimento especializado para sua reabilitao com fonoaudilogo,

    pedagogo, professor especializado e psiclogo. Muitas vezes preciso

    reforo escolar para acompanhar os contedos escolares.

    A PARCERIA DA ESCOLA COM A FAMLIA

    A parceria da escola com a famlia tem um papel essencial no

    processo educativo do aluno surdo, uma vez que so os pais que devero

    ir tomando decises sobre os filhos. Os pais quando apoiados percebem a

  • importncia do ensino em LIBRAS, empenham-se em aprender a lngua de

    sinais, engajam-se na busca de melhor qualidade de ensino.

    A PARCERIA DA ESCOLA COM OUTROS PROFISSIONAIS

    Muitas vezes o aluno surdo deve contar com apoio de profissionais como

    fonoaudilogo, apoio pedaggico ou intrprete de LIBRAS. Estes profissionais,

    por sua vez, devem manter estreita interlocuo com o professor na busca da

    melhor maneira de atender as necessidades do aluno.

    CAMINHOS PARA A PRTICA PEDAGGICA

    Concebido como material instrucional para a capacitao de professores de

    lngua portuguesa da Educao Bsica no atendimento de alunos surdosez, o

    livro Ensino de Lngua Portuguesa para Surdos: Caminhos para a Prtica

    Pedaggica parte do pressuposto de que a modalidade vsuo-espacial o

    canal perceptual adequado aquisio e utilizao da linguagem pelas

    pessoas surdas, tendo implicaes cruciais para seu desenvolvimento

    cognitivo, sua afirmao social e realizao pessoal, do que decorre ainda o

    entendimento de que, na adoo do bilingismo, a lngua portuguesa

    segunda lngua para o surdo.

    Publicado em dois volumes, relacionados abaixo, leitura imprescindvel

    para auxiliar o professor na sua prtica pedaggica com o aluno surdo.

    SALLES, H. M. M. L. et al. Ensino de Lngua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prtica pedaggica. Volume 1. Braslia: MEC/SEESP, 2004. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol1.pdf.

    SALLES, H. M. M. L. et al. Ensino de Lngua Portuguesa para Surdos: caminhos para a prtica pedaggica. Volume 2. Braslia: MEC/SEESP, 2004. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/lpvol2.pdf.

  • Avaliao II

    Baseando-se no texto Idias para ensinar portugus para alunos surdos, elabore

    uma atividade que pode envolver alunos surdos e ouvintes.

    Acesse o site:

    http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf

    QUADROS, R. M.; SCHMIEDT, M. L. P. Idias para ensinar portugus para alunos

    surdos. Braslia: MEC/SEESP, 2006.

  • UNIDADE IV

    ALUNOS COM DEFICINCIA VISUAL

    Esta unidade trata de questes bsicas sobre a Deficincia Visual e

    suas implicaes na aprendizagem escolar. Visa conhecer as necessidades

    diferenciadas de alunos cegos e de baixa viso e refletir sobre alguns

    encaminhamentos possveis de serem adotados em sala de aula bem como

    oferecer subsdios para auxiliar na construo de uma escola inclusiva de

    qualidade.

    A cegueira no apenas perda, uma dificuldade, um problema, mas, ao

    contrrio, pode converter-se no exato desafio, na privao que tornar o sujeito

    forte o suficiente para lutar no mundo. Se toda adversidade pedaggica, a

    cegueira pode ser fonte de superao. Porm, isso no um processo natural.

    preciso educao! preciso organizar todos os recursos j desenvolvidos,

    convert-los em pedagogia adequada e propor os desafios que promovam a

    autonomia intelectual, social, econmica e poltica da pessoa cega (Prof. Dr.

    Paulo Ricardo Ross).

    O QUE DEFICINCIA VISUAL?

    Termos deficincia visual, viso subnormal, baixa viso, viso residual, entre

    outros, referem-se a uma reduo da acuidade visual central ou a uma perda

    parcial do campo visual, devido a um processo patolgico ocular ou cerebral.

  • Desta maneira, pessoa com deficincia visual aquela que sofre de uma

    alterao permanente nos olhos ou nas vias de conduo do impulso visual,

    exigindo recursos sociais e educacionais para a promoo de seu

    desenvolvimento.

    QUAIS SO OS TIPOS DE DEFICINCIA VISUAL?

    Didaticamente podemos considerar trs tipos de deficincia visual:

    Cegueira

    Baixa viso

    Viso reduzida

    Na avaliao funcional da viso considera-se a acuidade visual, o campo

    visual e o uso eficiente do potencial da viso. Acuidade visual a distncia de

    um ponto ao outro em uma linha reta por meio do qual um objeto visto.

    Campo visual a amplitude e a abrangncia do ngulo da viso em que os

    objetos so focalizados.

    A CEGUEIRA, em sua definio educacional, refere-se aos alunos que no

    tm viso suficiente para aprender a ler e escrever do modo convencional e

    necessitam utilizar outros sentidos (ttil, auditivo, olfativo, gustativo e

    cinestsico) em seu processo de desenvolvimento e aprendizagem.

    Alunos cegos podem no enxergar absolutamente nada, mas tambm podem

    ter alguns resduos como: percepo de luz, perceber claro e escuro, perceber

    contornos de objetos, vultos, cores. Estes resduos so muito teis para a

    orientao no espao, movimentao e outras habilidades.

  • O acesso leitura e escrita destes alunos ocorre por meio do SISTEMA

    BRAILLE e o ensino da matemtica utilizar como recurso o SOROBAN.

    A BAIXA VISO compreende alunos que, apesar de uma reduo

    considervel da sua capacidade visual, possuem resduos que possibilitam ler

    e escrever da forma convencional e desenvolver muitas habilidades.

    Estes alunos se diferenciam muito nas suas possibilidades visuais, sendo

    necessrio que a escola e a famlia recebam orientaes do oftalmologista e do

    professor especializado no funcionamento visual especfico de cada criana.

    Os alunos com baixa viso podem recorrer a ajudas pticas ou eletrnicas

    para escrever ou ler um documento. As lentes podem ser de diversos tipos e

    incluem as lupas de mo, lupas iluminadas, telelupas, telescpios para

    melhorar a leitura e escrita, telescpio para viso ao longe e prismas.

    A VISO REDUZIDA a condio das pessoas cujos problemas visuais

    (como miopia, hipermetropia, astigmatismo) podem ser corrigidos por cirurgias

    ou pela utilizao de culos de grau ou lentes de contato. No entanto, se esta

    viso no for corrigida, pois muitas vezes passa desapercebida em crianas

    pequenas, pode interferir na escolarizao das mesmas.

    VARIVEIS INTERFERENTES

    Muitas crianas j nascem com deficincia visual ou perdem a viso muito

    cedo. Estas crianas tero necessidades sociais e educacionais diferentes

  • daquelas que perderam a viso mais tarde. Por exemplo, se a deficincia

    ocorrer aps os cinco anos de idade, a criana j ter desenvolvido

    praticamente seu potencial visual, podendo conservar noes de espao,

    tempo, imagens e memria visual.

    Portanto, idade da manifestao, o tempo transcorrido desde a perda, o tipo

    de manifestao, a causa da deficincia so variveis que podem interferir no

    desenvolvimento educacional do aluno com deficincia visual.

    CAUSAS DA DEFICINCIA VISUAL

    As principais causas da deficincia visual so: genticas/hereditrias

    (destacando-se o glaucoma congnito, miopia, hipermetropia); pr-natais

    (como rubola congnita, toxoplasmose, sfilis, retinoblastoma); perinatais

    (como traumatismos de parto, falta de oxignio, retinopatia); psnatais

    (como traumatismos, infeces).

    SISTEMA BRAILLE

    O sistema Braille um cdigo universal de leitura ttil e de escrita usado por

    pessoas cegas. Foi desenvolvido na Frana por um jovem cego chamado Louis

    Braille.

    O sistema composto por seis pontos em relevo que forma a clula Braille,

    configurados seguindo a numerao de um a seis. Estes seis pontos formam

    63 combinaes diferentes com as quais se representam as letras do alfabeto,

    os sinais de pontuao, os nmeros, a notao musical e cientfica.

  • Por sua vasta aplicabilidade e eficincia, o sistema Braille se constitui no

    melhor meio de leitura e escrita para as pessoas cegas.

    Entretanto, a maioria das pessoas que enxergam, incluindo os professores,

    no conhecem o Braille, o que dificulta a comunicao escrita com a pessoa

    cega. Como uma ao afirmativa para a incluso, a Universidade de So Paulo

    (USP) desenvolveu o Braille Virtual, com o qual professores que enxergam

    podem rapidamente aprender o sistema.

    Clula

    Braille

    ACESSE O CURSO BRAILLE VIRTUAL

    Conhea e aprenda sobre o Braille no site:

    http://www.braillevirtual.fe.usp.br/pt/Portugues/braille.html

    Alfabeto Braille

  • A escrita Braille realizada por meio de uma reglete e puno ou de uma

    mquina de escrever Braille.

    A reglete uma rgua de madeira, metal ou plstico com um conjunto de

    clulas Braille dispostas em linhas horizontais sobre uma base plana.

    A puno um instrumento em madeira ou plstico no formato de pra ou

    anatmico, com ponta metlica, utilizado para a perfurao dos pontos na

    Clula Braille.

    O movimento de perfurao deve ser realizado da direita para a esquerda

    para produzir a escrita em relevo de forma no espelhada. J a leitura

    realizada, com a ponta dos dedos, da esquerda para a direita.

    Reglete e

    puno

  • A escrita em relevo e a leitura ttil requer o desenvolvimento de habilidades

    do tato que envolvem conceitos espaciais e numricos, sensibilidade, destreza

    motora, coordenao bimanual, discriminao, dentre outros aspectos. Por

    isso, o aprendizado do sistema Braille deve ser realizado em condies

    adequadas, de forma simultnea e complementar ao processo de alfabetizao

    dos alunos cegos.

    A mquina de escrever tem seis teclas bsicas correspondentes aos pontos da

    clula Braille. O toque simultneo de uma combinao de teclas produz os

    pontos que correspondem aos sinais e smbolos desejados.

    Os meios informticos tem ampliado significativamente as possibilidades de

    produo e impresso Braille. Muitas pessoas cegas hoje preferem digitar em

    computadores e servir-se dos diferentes tipos de impressoras com capacidade

    de produo de pequeno, mdio e grande portes que representam um ganho

    qualitativo e quantitativo no que se refere produo braille em termos de

    velocidade, eficincia, desempenho e sofisticao. Programas especiais

    permitem que pessoas com deficincia visual faam publicaes, leituras de

    textos inseridos no computador e naveguem na Internet

    SOROBAN

    O soroban um instrumento destinado s pessoas cegas e com baixa viso

    na efetuao de operaes matemticas.

    Instrumento de origem milenar chinesa, aperfeioado pelos japoneses, nele

    se pode efetuar vrios tipos de operao matemtica. uma espcie de baco

    de forma retangular, com hastes verticais compostas de elementos mveis que

  • permitem a realizao de contas de valor 1 e de valor 5, separados por uma

    haste horizontal.

    O ENSINO DO NMERO

    A metodologia utilizada atualmente no Soroban aliada s regras do ensino da

    matemtica fazem com que o uso deste instrumento por pessoas com

    deficincia visual muitas vezes se torne aborrecido, rgido e pouco motivador.

    Fernandes et al. (2006) propem um conjunto de subsdios terico-prticos,

    oriundo das novas tendncias metodolgicas que repensam o ensino da

    Matemtica, que deve ser conhecido por todos os profissionais que atuam com

    alunos com deficincia visual.

    Soroba

    n

    ACESSE A ESTE DOCUMENTO REPLETO DE INOVAES

    PEDAGGICAS COM JOGOS DIDTICOS-PEDAGGICOS

    FERNANDES, C. T. et al. A construo do conceito de nmero e o pr-

    soroban. Braslia : MEC/SEED, 2006.

    http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/pre_soroban.pdf

    APRENDA A CONSTRUIR BRINQUEDOS PARA SEUS ALUNOS

    COM E SEM DEFICINCIA VISUAL!

    Acesse:

    http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/brincartodos.pdf

    SIAULYS, M. Brincar para todos. Braslia: MEC/SEESP, 2005.

  • ORIENTAO E MOBILIDADE

    Quando a criana tem uma deficincia visual necessrio motiv-la e dar-

    lhe condies de explorar e ter contato com o seu ambiente para promover o

    seu desenvolvimento e aprendizagem.

    O treinamento em Orientao e Mobilidade ajuda a criana cega ou com

    baixa viso perceber em que lugar ela est e aonde deseja ir (orientao) e

    colocar em prtica o seu plano em mover-se para um determinado lugar

    (mobilidade).

    O desenvolvimento das habilidades de orientao e mobilidade devem ter

    incio na infncia, iniciando pela conscientizao corporal e movimento. Esta

    conscientizao deve continuar sem interrupo at a idade adulta, de modo

    que a pessoa aprenda habilidades que lhe permitam deslocar-se em vrios

    contextos de modo eficiente, eficaz e seguro.

    Atualmente foram desenvolvidas estratgias e tcnicas eficientes de

    orientao e mobilidade que devem ser aplicadas desde a infncia por

    profissionais qualificados e supervisionadas pelos pais e professores.

    O auxiliar de mobilidade mais conhecido e tambm o preferido da maioria das

    pessoas com deficincia visual a bengala. Existem vrios tipos de bengalas,

    cada uma tendo funes diferentes e cobrindo necessidades tambm

    diferentes. Embora com menos freqncia, ces-guias tambm so utilizados.

    SAIBA MAIS

    Conhea um programa seqencial de Orientao e Mobilidade

    Acesse: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/ori_mobi.pdf

    MACHADO, Edileine V. et. al. Orientao e Mobilidade: conhecimentos bsicos para a incluso do

    deficiente visual. Braslia: MEC/SEESP, 2003.

  • Muitas vezes a viso reduzida e a baixa viso so percebidas pelos professores

    somente quando aumentam os nveis de exigncia ao desempenho visual da criana.

    importante que o professor saiba detectar alguns sinais e sintomas para um

    possvel encaminhamento.

    SINAIS E SINTOMAS DE DEFICINCIA VISUAL

    o Irritao crnica dos olhos (lacrimejamento, plpebras inchadas, vermelhas,

    ramelosas).

    o Tonturas, nusea, dor de cabea.

    o Desconforto ou intolerncia claridade.

    o Viso dupla e embaada.

    o Tentar remover manchas.

    o Esfregar excessivamente os olhos.

    o Franzir a testa, fechar e cobrir um dos olhos.

    o Balanar a cabea ou mov-la para frente ao olhar para um objeto prximo

    ou distante.

    o Levantar para ler o que est escrito no quadro negro, em cartazes ou

    mapas.

    o Copiar do quadro negro faltando letras.

    o Tendncia de trocar palavras e mesclar slabas.

    o Dificuldade na leitura ou em outro trabalho que exija o uso concentrado dos

    olhos.

    o Piscar mais que o habitual.

    o Chorar com freqncia ou irritar-se com a execuo de tarefas.

    o Tropear ou cambalear diante de pequenos objetos.

    o Aproximar livros ou objetos pequenos para bem perto dos olhos ou ao

    contrrio, para longe.

    o Trocar a posio do livro e perder a seqncia das linhas em uma pgina

    ou mesclar letras semelhantes.

    o Falta de interesse ou dificuldade em participar de jogos que exijam viso de

    distncia.

    (Fonte: S, Campos e Silva., 2007)

  • O ALUNO DE BAIXA VISO NO AMBIENTE DA SALA DE AULA

    O professor deve seguir algumas recomendaes em relao ao seu aluno

    com deficincia visual a fim de garantir-lhe as condies necessrias para a

    sua aprendizagem.

    S, Campos e Silva (2007) recomendam aos professores:

    Sentar o aluno a uma distncia de aproximadamente um metro do quadro

    negro na parte central da sala.

    Evitar a incidncia de claridade diretamente nos olhos da criana.

    Estimular o uso constante dos culos, caso seja esta a indicao mdica.

    Colocar a carteira em local onde no haja reflexo de iluminao no quadro

    negro.

    Posicionar a carteira de maneira que o aluno no escreva na prpria sombra.

    Adaptar o trabalho de acordo com a condio visual do aluno.

    Em certos casos, conceder maior tempo para o trmino das atividades

    propostas, principalmente quando houver indicao de telescpio.

    Ter clareza de que o aluno enxerga as palavras e ilustraes mostradas.

    Sentar o aluno em lugar sombrio se ele tiver fotofobia (dificuldade de ver bem

    em ambiente com muita luz).

    Evitar iluminao excessiva em sala de aula.

    Observar a qualidade e nitidez do material utilizado pelo aluno: letras,

    nmeros, traos, figuras, margens, desenhos com bom contraste figura/fundo.

    Observar o espaamento adequado entre letras, palavras e linhas.

    Utilizar papel fosco, para no refletir a claridade.

  • Explicar, com palavras, as tarefas a serem realizadas.

    COMO TRABALHAR ATIVIDADES VISUAIS COM ALUNOS

    CEGOS?

    Atividades com e sem predomnio da viso devem ser adaptadas

    com antecedncia pelo professor, por meio de descrio, informao ttil,

    auditiva, visual, olfativa, entre outras, que favoream a compreenso do

    cenrio ou do ambiente pelo aluno surdo.

    No caso de exibio de filmes ou documentrios, excurses e

    exposies, o professor deve descrever oralmente as imagens, cenas

    mudas e leitura de legenda se no houver dublagem. recomendvel

    apresentar com antecedncia um resumo ou contextualizar a atividade

    programada para este aluno.

    Esquemas, smbolos e diagramas presentes nas diversas disciplinas

    devem ser explicados oralmente. Desenhos, grficos e as ilustraes

    devem ser adaptados e apresentados em relevo.

    O ensino de lngua estrangeira deve priorizar a conversao e os

    recursos visuais explicados verbalmente.

    Experimentos de cincias e biologia devem remeter ao conhecimento por

    meio de outros canais de coleta de informao.

    As atividades de educao fsica podem ser adaptadas com o uso de

    barras, cordas, bolas com guiso. O aluno deve ficar prximo do profes