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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CENTRO DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO OBSERVATÓRIO DE EDUCAÇÃO CURSO “ESCOLA E PESQUISA: UM ENCONTRO POSSÍVEL” JOSÉ RICARDO LEDUR ALUNOS DA 8 a SÉRIE DA E.E.E.F. PIO XII AS MÍDIAS DE COMUNICAÇÃO E A EDUCAÇÃO: O USO DE CELULARES NAS ESCOLAS Projeto de pesquisa apresentado junto ao curso de Extensão “Escola e Pesquisa: um encontro Possível”. Orientador(a): Jeronimo Becker Flores Coordenadora do curso: Profª.: Nilda Stecanela Caxias do Sul 2009

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UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO OBSERVATÓRIO DE EDUCAÇÃO

CURSO “ESCOLA E PESQUISA: UM ENCONTRO POSSÍVEL”

JOSÉ RICARDO LEDUR

ALUNOS DA 8a SÉRIE DA E.E.E.F. PIO XII

AS MÍDIAS DE COMUNICAÇÃO E A EDUCAÇÃO: O USO DE CELULARES NAS

ESCOLAS

Projeto de pesquisa apresentado junto ao curso de Extensão “Escola e Pesquisa: um encontro Possível”. Orientador(a): Jeronimo Becker Flores Coordenadora do curso: Profª.: Nilda Stecanela

Caxias do Sul

2009

SUMÁRIO

1 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO........................................................................................ 03

1.1Dados dos Pesquisadores............................................................................... 03

2 TEMA.............................................................................................................................. 03

2.1 Delimitação do Tema.....................................................................................

2.2 Problema.......................................................................................................

2.3 Contextualização do Problema.....................................................................

03

03

03

3 JUSTIFICATIVA............................................................................................................. 04

4 HIPÓTESES................................................................................................................... 05

5 OBJETIVOS................................................................................................................... 05

5.1 Objetivo Geral................................................................................................ 05

5.2 Objetivos Específicos.................................................................................... 05

6 METODOLOGIA........................................................................................................... 06

7 POPULAÇÃO/AMOSTRA........................................................................................... 07

8 RECURSOS.................................................................................................................. 08

8.1 Recursos Humanos...................................................................................... 08

8.2 Recursos Materiais....................................................................................... 08

9 CRONOGRAMA........................................................................................................... 09

10 REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO....................................................... 09

11 REFERÊNCIAS.......................................................................................................... 15

1. DADOS DE IDENTIFICAÇÃO

UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL

CENTRO DE FILOSOFIA E EDUCAÇÃO

CURSO DE EXTENSÃO: “Escola e Pesquisa: um encontro Possível”

Orientador(a) do projeto: Jeronimo Becker Flores

Coordenadora do curso: Professora Nilda Stecanela

Período: março a agosto de 2009

Autores: José Ricardo Ledur e alunos da 8a série da E.E.E.F. Pio XII

2. TEMA: As Mídias de Comunicação e a Educação

2.1. Delimitação do Tema: O Uso de Celulares nas Escolas

2.2. Problema: O uso de celulares nas escolas deve ser permitido ou proibido?

2.3. Contextualização do Problema:

O município de Bom Princípio foi criado oficialmente em 12 de maio de 1982,

pela Lei Estadual nº 7.653, a partir de um território emancipado de São Sebastião do

Caí e de Montenegro. Localiza-se na mesorregião metropolitana de Porto Alegre na

qual se encontra a microrregião de Montenegro. Tem divisas ao norte com São

Vendelino, ao sul com São Sebastião do Caí, a leste com Feliz e a oeste com Barão,

Tupandi e Harmonia.

Localização - Latitude 29º29'20" Sul e longitude 51º21'12" Oeste, a 76 quilômetros

de Porto Alegre

Altitude – 37 metros acima do nível do mar

Área – 89 Km2

População – 11.792 (IBGE-2010)

Eleitores – 7.815

PIB per capita – R$ 16.903,05

Gentílico – bom-principiense

O município, assim como a região onde se encontra, é de colonização

tipicamente alemã. Nos últimos anos tem ocorrido um intenso movimento migratório

de pessoas provenientes de outras regiões do estado e que buscam aqui

oportunidades de emprego e atendimento social pois a região como um todo tem

apresentado nesse período um grande desenvolvimento econômico e que reflete

numa elevação da qualidade de vida.

Na região central da cidade encontram-se as duas maiores escolas de ensino

fundamental: a escola Pio XII (estadual) e a 12 de Maio (municipal). A primeira conta

com aproximadamente 280 alunos e a segunda com cerca de 500 alunos

matriculados. Há, ainda uma escola que oferece ensino médio.

Os alunos da escola Pio XII são em sua maioria provenientes de famílias com

nível sócio econômico médio. A escola tem se destacado em avaliações externas

(IDEB, SAERS, prova Brasil), apresentando médias acima das observadas no

município e estado. Praticamente todos os professores realizaram cursos superiores

em suas áreas de atuação e a grande maioria também possui curso de

especialização.

A escola 12 de Maio, além do ensino fundamental , oferece também a

modalidade EJA – séries finais. A diversidade dos alunos aí é mais expressiva,

considerando que ela recebe a maioria dos alunos provenientes de escolas de

ensino fundamental incompleto, do interior, e que são da rede municipal. E é em

muitas dessas localidades interioranas que se estabelecem os migrantes. Os

professores também via de regra possuem curso superior e/ou algum tipo de

especialização.

Quanto ao uso de aparelhos celulares dentro da escola e especialmente

durante as aulas, não tem sido diferente do que ocorre nas demais escolas do país

nesse aspecto: os alunos que possuem o aparelho não abrem mão de tê-lo em suas

mochilas e até mesmo de utilizá-lo em sala de aula e cada escola vem adotando

medidas que buscam uma solução para o problema.

3. JUSTIFICATIVA

A utilização das mídias de comunicação, especialmente dos aparelhos de

telefones celulares tem crescido de forma acentuada nos últimos anos. De modo

geral, os jovens tem sido o segmento que mais se utiliza dessa tecnologia para os

mais diversos fins – realizar e receber chamadas, ouvir música, enviar mensagens,

assistir videoclipes, acessar a internet, entre outros. Some-se a essa multiplicidade

de funções os apelos da indústria que cria um apelo consumista por aparelhos de

desing mais atraente e incorporação de novas funções aos aparelhos e teremos

uma legião de usuários crescente. Entretanto, o uso de celulares tem se tornado

também um sério problema nas escolas pois é cada vez mais frequente a sua

utilização durante as aulas para finalidades não pedagógicas, o que tem gerado

controvérsia entre os que defendem a sua liberação e os que firmemente apoiam a

sua proibição nos espaços escolares. Assim, acreditamos que seja importante

aprofundarmos o estudo do tema a fim de conhecer não apenas as diversas

opiniões da comunidade escolar mas, especialmente, através da pesquisa e da

reflexão estimular o pensamento crítico a fim de que as pessoas possam posicionar-

se de forma coerente e adequada frente ao problema.

4. HIPÓTESES

a) Os alunos não veem problema na utilização de celulares na escola.

b) Os professores acreditam que os celulares devem ser proibidos nas

escolas.

c) Os alunos desconhecem a Lei que proíbe o uso de celulares durante as

aulas.

d) Professores não apostam no celular como recurso pedagógico.

e) A maioria dos estudantes usa o celular na escola.

5. OBJETIVOS

5.1. Objetivo Geral

- Averiguar a opinião da comunidade escolar sobre o uso de celulares no

espaço escolar a fim de estimular a sua utilização racional.

5.2. Objetivos Específicos

- Pesquisar a opinião de alunos e professores sobre a liberação/proibição de

celulares nas escolas para elaborar um panorama do posicionamento das pessoas

em relação ao assunto.

- Ler textos que expressem a opinião de outras pessoas a respeito desse tema a

fim de aprofundá-lo e oferecer subsídios à discussão.

- Interpretar os dados obtidos a fim de realizar uma análise da realidade local.

- Integrar algumas disciplinas do currículo escolar através da utilização das

informações obtidas (textos, tabelas, gráficos) de modo que se possa contextualizar

a pesquisa com outras áreas do saber, estimulando a leitura, a interpretação e a

reflexão crítica.

- Pesquisar medidas adotadas pelas escolas no cumprimento da lei a fim de

avaliar o alcance das mesmas.

- Criar um blog com temas para reflexão e discussão para que os alunos e a

comunidade possam expressar suas opiniões sobre o assunto.

6. METODOLOGIA E MÉTODO

O trabalho será realizado adotando-se a metodologia NEPSO, orientada para

a pesquisa de opinião.

O NEPSO – Nossa Escola Pesquisa Sua Opinião- é um programa

desenvolvido pelo Instituto Paulo Montenegro e IBOPE que busca desenvolver

projetos de pesquisa de opinião com finalidade educativa de modo a ressignificar o

processo de ensino e aprendizagem.

A pesquisa será realizada entre alunos, professores e diretoras de duas

escolas da cidade.

A pesquisa terá caráter predominantemente quantitativo.

Inicialmente buscaremos informações disponíveis em sites da internet, textos

em livros, jornais ou revistas de modo a estabelecer-se uma fundamentação teórica

sobre o assunto, de modo a proporcionar conhecimentos que fundamentem a

análise e interpretação dos dados coletados e propiciando a elaboração de

conclusões.

A coleta de dados será feita mediante a aplicação de um questionário,

constituído por questões de informações gerais (sexo, idade) e 12 perguntas

fechadas (di ou tricotômicas) ou mesmo de múltipla escolha, entre alunos e

professores das duas escolas de ensino fundamental. Na redação das questões

tomou-se o cuidado em utilizar uma linguagem clara e cujo entendimento pudesse

ser obtido por todos os entrevistados. As perguntas foram ordenadas buscando-se

seguir uma sequência iniciando com perguntas simples e gerais seguindo-se com as

mais específicas.

A partir dos questionários realiza-se a tabulação dos dados transportados,

posteriormente para tabelas e gráficos, considerando-se a frequência absoluta e

relativa. das respostas dadas às questões propostas, observando-se inicialmente se

todas questões foram respondidas, se o entrevistado seguiu as orientações de

preenchimento e se não há incoerência nas respostas, caso em que esses dados

são descartados.

Após, procede-se a análise dos resultados com vistas a uma conclusão.

Às Direções das escolas será proposto um questionário diferente que indicará

as medidas que a escola adota em relação ao uso do celular em suas dependências

e quais os resultados obtidos com essa adoção a fim de que se possa estabelecer

um olhar crítico sobre a eficácia das medidas.

Pretende-se que os resultados da pesquisa sejam disponibilizados a

professores de outras disciplinas para que possam ser aprofundados e discutidos

mais amplamente, como por exemplo: elaboração de textos argumentativos em

Língua Portuguesa, interpretação de gráficos e cálculos estatísticos em Matemática,

discussão sobre ética em Ensino Religioso, entre outros.

Considera-se importante a disponibilização dos dados para um trabalho

integrado com outros componentes curriculares pois além de ampliar as

possibilidades de aprendizagem para outros campos do conhecimento, o problema

gerador do projeto pode ser amplamente discutido sob diferentes enfoques,

enriquecendo o trabalho realizado e tornando o processo de ensino mais dinâmico.

7. POPULAÇÃO/AMOSTRA

A população definida para esta pesquisa será formada por alunos,

professores e equipes diretivas de duas escolas do município – Escola Estadual de

Ensino Fundamental Pio XII e escola Municipal de Ensino Fundamental 12 de maio -

num total aproximado de 800 indivíduos.

Para nosso projeto, optou-se por uma amostra não aleatória intencional.

Serão pesquisadas as opiniões de alunos 7as e 8as séries do Ensino Fundamental

por entender-se que aí se encontra o grupo mais expressivo de alunos que utilizam

telefones celulares no campo de abrangência do Ensino Fundamental. A pesquisa

será realizada também entre professores que atuam nas séries finais dessa

modalidade de ensino pois são nas aulas desses educadores que ocorrem a maioria

dos casos relatados de uso indevido desses aparelhos. Também participam as

diretoras das escolas. Dessa forma, nossa amostra constitui-se 160 alunos, 20

professores e 2 diretoras.

No questionário aplicado aos alunos buscou-se obter informações não apenas

quanto à opinião sobre o uso do celular na escola e o conhecimento da lei estadual

que restringe seu uso no ambiente escolar (perguntas 1, 7, 9 e 10) como também

forma de utilização (perguntas 2 e 6), hábitos de consumo (perguntas 3 e 4) e

destinação dos aparelhos usados (pergunta 5) no que se pretendeu dar um enfoque

ambiental em relação aos aparelhos. Ainda, procurou-se identificar a possível

utilização pedagógica dos recursos disponíveis nos celulares (pergunta 11).

O questionário aplicado aos professores buscou identificar os principais

problemas que o uso de telefones móveis possam estar causando no decorrer das

aulas. Também solicitava-se que opinassem sobre os aspectos negativos possíveis

devido ao uso dos aparelhos em sala de aula e, por fim, se acreditavam na

possibilidade de utilização pedagógica dos mesmos.

Já às direções das escolas a pesquisa visava identificar medidas que as

instituições aplicavam para o controle do uso de celulares e avaliar se as mesmas

estavam produzindo algum efeito positivo. Ainda, buscou-se averiguar ações

preventivas que estivessem sendo desenvolvidas a fim de solucionar ou minimar os

problemas existentes em relação a esse tema.

8, RECURSOS

8.1. Recursos Humanos: alunos da 8ª série da escola Pio XII e professor

orientador.

8.2. Recursos Materiais: questionários, papel milimetrado, canetas

coloridas, câmera fotográfica, computadores.

9. CRONOGRAMA

Período Descrição da ação Responsáveis Observações 23/03 a 29/03 Sensibilização e

apresentação dos objetivos e metodologia do projeto

Alunos e orientador

30/03 a 18/05 Escolha do tema de pesquisa, elaboração de hipóteses, definição da população e da amostra

Alunos e orientador

Elaboração do

instrumento de pesquisa,

aplicação do teste em grupo controle, ajustes

Alunos e orientador

19/05 a 20/06 Aplicação do instrumento

de pesquisa nas escolas Alunos e orientador

21/06 a 05/07 Tabulação e análise dos

dados coletados,

construção de gráficos

Alunos e orientador

09/07 a 04/08 Discussões para

finalização do projeto e

sua redação

Alunos e orientador

10. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO

Os avanços e inovações cada vez mais velozes nos meios de comunicação

estão produzindo novas percepções e formas de interação entre as pessoas,

moldando comportamentos e abrindo espaço para possibilidades que não podiam

ser imaginadas há poucos anos atrás.

Não é de surpreender que crianças e jovens sejam os indivíduos que mais

facilidades apresentam na utilização dos recursos tecnológicos disponíveis e que

sejam também seus mais expressivos usuários já que praticamente cresceram

envolvidos por uma infinidade de tecnologias que lhes chegam cada vez mais cedo

às mãos.

É fato que no mundo contemporâneo, as pessoas necessitem ter acesso a

informações obtidas por mais diferentes meios, comunicando-se à distância e

obtendo informações de modo rápido de modo a obter soluções cada vez mais

atuais e competentes para seus problemas. Verifica-se que na educação as

transformações não ocorrem de forma tão rápida como nas tecnologias gerando um

distanciamento que necessita ser superado de forma eficiente.

Dentre esses recursos, o computador e os telefones celulares sejam, talvez,

aqueles que mais se popularizaram, não apenas pela acessibilidade com a redução

de custos como também pela infinidade de aplicativos que podem oferecer. Como

observa Tapscott (1999, p. 7)

desenvolvimento infantil inclui a evolução das habilidades motoras, as habilidades da linguagem e habilidades sociais. Inclui também o desenvolvimento da cognição, inteligência, raciocínio, personalidade e, durante a adolescência, a criação da autonomia, um sentido de individualidade e valores. Tudo isso é intensificado num mundo interativo. Quando controlam seu meio, em vez de observá-lo passivamente, as crianças se desenvolvem mais rapidamente.

Entretanto, apesar de proporcionar benefícios no desenvolvimento de

crianças e jovens, as novas tecnologias vêm acompanhadas de incerteza e

apreensões por parte de pais e educadores, devido ao uso inadequado dessas

tecnologias.

Aparelhos celulares tornaram-se sonho de consumo de praticamente todos os

jovens mas relatos de problemas relacionados a uso desses aparelhos,

principalmente em salas de aula, tem sido divulgados constantemente em noticiários

e gerado reações diferenciadas, entre o apoio e a proibição ao seu uso nos espaços

escolares.

Diante do paradigma do novo, inevitavelmente surge o questionamento:

permitir ou proibir? Diversos Estados brasileiros já criaram leis restringindo o uso do

celular em escolas. Mas, como observam Viana e Bertocchi (2009), “essas

legislações passam a seguinte mensagem: quando não se sabe o que fazer ou lidar

com algo, é melhor proibi-lo pura e simplesmente”, como já havia ocorrido com

jogos, filmes, televisão, entre outros.

Vídeos que circulam na internet registrando atitudes extremadas de

professores diante de usos indevidos desse aparelho em suas aulas, alunos

distraídos e distantes do processo de aprendizagem por estarem preocupados em

conferir mensagens recebidas ou por estarem envolvidos com jogos digitais são

algumas facetas e alegações que apontam para os prejuízos causados por

celulares.

As novas tecnologias chegam à escola e é preciso que ela esteja preparada

para recebê-las de modo a não ser surpreendida a ponto de ter como opção

imediata uma reação negativa, não permitindo que essas inovações se tornem

aliadas do trabalho pedagógico. É preciso romper visões estáticas e inflexíveis frente

aos desafios que o novo traz embutido e criar estratégias que priorizem os aspectos

positivos que qualquer recurso tecnológico possa oferecer para a qualificação da

educação.

A questão mais premente parece ser, na verdade, a forma como esse recurso

é utilizado. Há problemas relacionados com o uso ético do aparelho, o que requer

diálogo que conduzam à conscientização por parte de todos os envolvidos no

problema. A proibição por si própria não garante o cumprimento das leis e sempre

haverá a criação de algum mecanismo para burlá-las. O estímulo ao uso racional

parece ser uma alternativa mais viável.

Importante, também, deslocar-se o foco das discussões para uma outra forma

de utilização dos recursos tecnológicos. Dispondo de diversas funcionalidades que

extrapolam o simples recurso de realizar ligações telefônicas, esses aparelhos

apresentam possibilidades que, segundo Monteiro (2006, p. 9) representam um

grande desafio para professores e alunos e que

assumem outro papel quando deixamos de vê-los como algo banal ou não pertencente ao que consideramos material escolar. Dando um novo olhar ao que habita o lugar comum, trabalhá-lo com fenômenos do cotidiano pode significar deixar de considerar esses aparelhos como objetos de consumo num sentido mecadológico. Ele também pode tornar-se referência para novos hábitos, atitudes e ações pedagógicas, que, sutilmente, vai provocando ações que discutem as raízes de preconceitos, classificações ou como ídolo sedutor ao alcance de apenas alguns.

Desta forma, a incorporação do telefone celular como recurso pedagógico

pode representar uma alternativa inovadora ao impasse criado pela sua presença no

ambiente escolar. Os diversos recursos que ele pode oferecer, como acesso à

internet, calculadora, tradutores, conversores bem como sua utilização para registros

fotográficos e filmagens necessitam ser mais amplamente explorados de modo a

tornarem-se aliados na qualificação do ensino.

A utilização das novas tecnologias de informação e comunicação precisam e

podem contribuir para uma formação mais dinâmica e significativa, tanto para

professores como para alunos. Não se pode negar que, apesar da presença maciça

e marcante da tecnologia nos mais diferentes campos de atuação humana, a escola

de um modo geral e muitos professores relutam em usar determinados

equipamentos.

Diversas discussões sob essa ótica muitas vezes são canalizadas para uma

visão reducionista da questão e limitam-se a tomadas de posição rígidas,

especialmente contrárias aos seus usos. Mas, de acordo com Tapscott (1999, p.

150)

à medida que a mídia digital for entrando nas escolas e sendo imediatamente abraçada por alunos articulados e destemidos, o que será do professor? Dadas as crescentes evidências de que a mídia interativa pode melhorar substancialmente o processo de aprendizado, os professores claramente precisarão mudar seu papel. Em vez de repetidores de fatos, poderão tornar-se motivadores e facilitadores.

Nesse contexto, entende-se ser importante a contribuição da pesquisa de

opinião à medida que, buscando respostas a um questionamento, suscita

discussões e reflexões que dinamizam e contextualizam problemas reais e cuja

análise e interpretação podem produzir alternativas de solução, apontam caminhos e

possibilidades para novas percepções e estimulam o exercício da cidadania.

A análise dos dados obtidos permitiu avaliar as hipóteses elaboradas

inicialmente bem como estabelecer algumas considerações sobre os resultados.

Houve participação efetiva de 160 alunos (75 na escola Pio XII e 85 na escola 12 de

Maio), duas diretoras e 10 professores (7 da escola Pio XII e 3 da escola 12 de

Maio).

Em relação às hipóteses levantadas, constatou-se que a maioria dos alunos

entende que o celular deve ser permitido na escola, confirmando o que se havia

previsto inicialmente. Nos gráficos comparativos, percebe-se, entretanto, que a

proporção de alunos que apoia o uso na escola Pio XII é significativamente maior

que na escola 12 de Maio (81% e 65%, respectivamente).

Em relação ao conhecimento da lei, contrariando a previsão, a maioria dos

alunos de ambas escolas diz ter conhecimento da mesma. Porém, apesar de

estarem cientes da restrição legal, mais da metade de cada grupo admitiu já ter feito

uso do celular durante as aulas.

Os jovens confirmam a tendência geral mostrando-se capazes de dominar ao

menos a maioria das funcionalidades oferecidas nos aparelhos atualmente

No aspecto relativo a hábitos de consumo, os dois grupos mostraram-se

bastante homogêneos, indicando que a grande maioria não troca de aparelhos

frequentemente (em torno de 65%). Quanto aos motivos que os levariam a trocar o

celular com mais frequência seria, para a grande maioria (mais de 90%) o desejo de

possuir um aparelho mais moderno, havendo quase nenhuma influência o fato de

amigos terem realizado uma troca recente.

As funcionalidades mais utilizadas pelos alunos confirmam uma regularidade

nos dois grupos: as que a maioria, nos dois grupos, utilizam são o envio/recebimento

de mensagens e para ouvir músicas. O acesso à internet ainda parece ser uma

função pouco utilizada (em torno de 10%) bem como a utilização para realizar

ligações.

No aspecto do cuidado ambiental, constatou-se que mais de 60% dos

entrevistados afirmam guardar o celular usado após a troca por um novo e uma

parcela menor diz vendê-lo ou doá-lo. Apenas um pequeno percentual (4%)

confirmou destiná-lo ao lixo, demonstrando falta de informação sobre os riscos ao

meio ambiente produzidos principalmente pelas baterias, ou por descaso

simplesmente.

Por fim, aproximadamente dois terços dos entrevistados, nas duas escolas,

consideram que é possível utilizar-se os celulares com alguma finalidade

pedagógica mas cerca de um terço não acreditam nessa possibilidade.

Em relação às respostas fornecidas pelos professores, verificou-se que

apenas um deles relatou ter tido problemas com aluno utilizando celular em aula. Já

os outros nove professores afirmam não ter problemas nesse sentido.

Entre os aspectos negativos da utilização desse recurso por parte dos alunos

houve unanimidade em apontar a desatenção dos estudantes em relação aos

conteúdos e atividades desenvolvidos em aula, prejudicando a aprendizagem e

rendimento. Outras preocupações levantadas pelos professores foram a

possibilidade de acesso a páginas de conteúdo impróprio, envio de mensagens,

muitas vezes ofensivas, e também o envio de respostas de questões durante

provas.

Apenas dois professores alegaram não acreditar no uso pedagógico do

celular por entenderem que os alunos não respeitam regras estabelecidas e

acabariam acessando outros conteúdos em vez daqueles programados para a

atividade proposta. No entanto, os demais docentes pensam que é possível utilizar-

se as diferentes funções de um celular na execução de atividades ou projetos, tais

como a calculadora, os conversores e tradutores, jogos como o sodoku e filmagem e

gravação de vídeos.

Na prática, entretanto, nota-se que mesmo sendo favoráveis à incorporação

do celular nas práticas educativas, são poucos os professores que realmente se

propõem a utilizá-lo, seja pela dificuldade em controlar a real utilização por parte do

aluno, seja pela dificuldade em lidar com as novas tecnologias que a cada dia se

fazem mais presentes na realidade escolar.

As direções das escolas confirmam a aplicação da lei estadual, proibindo o

uso do celular em aula. Em caso de aluno ser flagrado desrespeitando a

determinação legal, o aparelho é retido e devolvido apenas para os pais. Ambas

alegam que essa medida tem contribuído para a redução de casos de

descumprimento da lei. Afirmam, ainda que existe divulgação da determinação

estadual que restringe o uso de celulares mas no aspecto do desenvolvimento de

ações que visem conscientizar os alunos sobre as questões éticas e o uso

adequado de seus aparelhos, percebe-se que elas ficam restritas a comentários

unilaterais e apenas quando ocorre algum caso mais específico.

A realização desta pesquisa representou um momento bastante significativo

na aprendizagem e mostrou um novo caminho possível para a concretização de uma

ação educativa capaz de renovar os métodos rotineiros em sala de aula. Temos

consciência das limitações do projeto executado, tanto pela pouca experiência tida

até então com esta metodologia como pelas circunstâncias que envolveram o

trabalho: envolvimento com outras atividades, problemas técnicos no laboratório de

informática, entre outros.

Não se teve a pretensão de esgotar o tema abordado e entendemos que

muito ainda se poderá explorá-lo e atribuir-lhe uma dimensão ainda maior do que a

alcançada até este momento. Entretanto, acreditamos que com a realização desta

etapa, o caminho está aberto para diversas outras experiências no campo da

pesquisa de opinião como uma ferramenta pedagógica inovadora e capaz de auxiliar

na construção do conhecimento, no desenvolvimento de habilidades e promoção da

cidadania.

11. REFERÊNCIAS

MONTEIRO, Castellano Fernandes. Celular na Sala de Aula como Alernativa Pedagógica

no Cotidiano Escolar. Disponível em www.febf.uerj.br/periferia/V1N2/07.pdf. Acesso em

30 mar 2012.

TAPSCOTT, Don. Geração Digital: a Crescente e Irreversível Ascenção da Geração

Net. São Paulo: Makron Books, 1999.

VIANA, Claudemir Edson. BERTOCCHI, Sônia. Pelo Celular...lá na Escola.

Disponível em

http://www.educared.org/educa/index.cfm?pg=revista_educarede.especiais&id_espe

cial=493. Acesso em 04 abr 2012.

OLIVEIRA, Ivanete Nunes de. A TV, o vídeo e o Celualr em Sala de Aula: Relato de

uma Experiência com o Projeto “Noite da Poesia”. Disponível em

http://vozesdaeducacao.org.br/ivanetenunes/2012/01/10/artigo-a-tv-o-video-e-o-

celular-em-sala-de-aula-relato-de-uma-experiencia-com-o-projeto-

%E2%80%9Cnoite-da-poesia%E2%80%9D/. Acesso em 24 abr 2012.

A N E X O S

ANEXO 1: QUESTIONÁRIO (Aluno)

Sexo: a) Masculino b) Feminino Idade: ______ anos

01) Você tem celular? a) sim b) não

02) Qual das seguintes funções é a que você mais utiliza em seu aparelho?

a) fazer/receber chamadas b) ouvir música

c) enviar mensagens (torpedos) d) acessar a internet

03) Você troca de aparelho celular com freqüência (ou se pudesse trocaria

frequentemente)?

a) sim b) não

04) Que razão leva/levaria você a trocar o aparelho com freqüência?

a) porque meus colegas também trocam

b) para ter um aparelho mais moderno

05) Qual o destino dado ao celular antigo quando compra um novo?

a) guarda em casa b) coloca no lixo c) vende d) dá para alguém

06) Você sabe utilizar todas as funcionalidades disponíveis em seu aparelho?

a) sim b) não c) a maioria delas

07) Você já utilizou seu celular durante a aula?

sim não

08) Você conhece a lei estadual que proíbe o uso de celulares em sala de aula?

sim não

09) A respeito do uso de celulares nas escolas você acha que eles devam ser:

a) permitidos b) proibidos

10) Se fosse permitido, em que momento você acha que o celular poderia ser usado:

a) a qualquer momento b) somente na hora do recreio

c) durante as aulas, se o professor autorizasse

11) Você acredita que o celular possa ser usado em sala de aula com algum objetivo

pedagógico?

a) sim b) não

ANEXO 2: QUESTIONÁRIO (DIREÇÃO DAS ESCOLAS):

01) Que medidas a escola adota em relação ao uso do celular no ambiente escolar?

02) Essas medidas tem demonstrado resultados satisfatórios?

03) A escola divulga entre seus alunos a Lei estadual que proíbe o uso de celulares em aula?

04) A escola desenvolve ações que conscientizem os alunos a respeito do uso do celular?

ANEXO 3: QUESTIONÁRIO (PROFESSORES)

1) Quais os principais problemas que você tem enfrentado em relação ao uso do celular pelos

alunos em sala de aula?

2) Quais os aspectos negativos, no seu entender, do uso do celular pelos alunos na escola?

3) Você acredita que seria possível utilizar o celular, de forma pedagógica, em atividades na

sua disciplina?

4) Qual é a sua disciplina de atuação na escola?

ANEXO 4: GRÁFICOS DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE OPINIÃO

RESULTADOS PIO XII RESULTADOS 12 DE MAIO