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Centro Universitário de Brasília
Instituto CEUB de Pesquisa e Desenvolvimento - ICPD
EDUARDO DE SOUZA SERAFIM ARAÚJO
DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA DE BEBEDOUROS DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA
Brasília 2017
EDUARDO DE SOUZA SERAFIM ARAÚJO
DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA DE BEBEDOUROS DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA
Trabalho apresentado ao Centro Universitário de Brasília (UniCEUB/ICPD) como pré-requisito para obtenção de Certificado de Conclusão de Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Análise Ambiental e Desenvolvimento Sustentável.
Orientadora: Profa. Dra. Maria José de Souza Serafim
Brasília 2017
EDUARDO DE SOUZA SERAFIM ARAÚJO
DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DA ÁGUA DE BEBEDOUROS DO CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA
Trabalho apresentado ao Centro Universitário de Brasília (UniCEUB/ICPD) como pré-requisito para a obtenção de Certificado de Conclusão de Curso de Pós-graduação Lato Sensu em Análise Ambiental e Desenvolvimento Sustentável.
Orientadora: Profa. Dra. Maria José de Souza Serafim
Brasília, 05 de julho de 2017.
Banca Examinadora
_________________________________________________ Profa. Dra. Regina Célia Rebouças Dalston
_________________________________________________ Prof. MSc. Júlio César Sebastiani Kunzler
_________________________________________________ Profa. Dra. Tânia Cristina da Silva Cruz
Dedico este trabalho à minha mãe, Maria José, que está sempre me apoiando na vida e em meus estudos.
AGRADECIMENTOS
À Deus, que permitiu que tudo fosse realizado. À minha mãe, Maria José de Souza Serafim, pelo incentivo na minha realização pessoal e profissional.
À Profa. Dra. Maria José de Souza Serafim, pela disponibilidade em me orientar e por suas contribuições para a construção e conclusão deste trabalho. Aos professores integrantes da banca, Dra. Maria José de Souza Serafim, Dra. Regina Célia Rebouças Dalston, MSc. Júlio César Sebastiani Kunzler e Dra. Tânia Cristina da Silva Cruz, pelas sugestões e considerações que muito contribuíram para o aperfeiçoamento deste trabalho.
Aos professores e colegas do curso pela convivência agradável e estudos vivenciados durante todo o curso.
“Somente depois da última árvore derrubada, depois do último animal extinto e o último rio poluído o homem perceberá que dinheiro não se come”.
(Provérbio indígena)
RESUMO
A água é uma substância necessária aos seres vivos, sendo importante para a manutenção da vida. Para o consumo humano a água deve ser potável, ou seja, de boa qualidade. Tomando como base a importância da água para o ser humano, o presente trabalho buscou verificar amostras de água de bebedouros do campus da Asa Norte do UniCEUB em Brasília-DF, com finalidade de avaliar a qualidade da água fornecida. Coletou-se amostras de água de três bebedouros e, para cada uma delas, analisou-se os parâmetros flúor, turbidez, pH, cloro residual livre, cor aparente, alumínio, ferro total, coliformes totais e coliformes termotolerantes e calculou-se o IQA. Encontrou-se, para as amostras 1 e 3, IQA igual a 100 e, para a amostra 2, IQA igual a 94 sendo classificados como ‘em conformidade’. Os valores de todos os parâmetros encontram-se dentro dos limites estabelecidos pela Portaria nº 2.914 de 2011 do Ministério da Saúde. Portanto, após verificar os resultados obtidos, pode-se observar que todas as amostras analisadas encontram-se em nível de potabilidade adequado para o consumo humano.
Palavras-chave: Índice de Qualidade da Água. Bebedouros. Potabilidade.
ABSTRACT
Water is a substance needed by living things, which is important for the maintenance of life. For human consumption the water must be potable, or good quality. Based on the importance of water to humans, this study sought to examine samples of water from drinking fountains of the campus from the Asa Norte of UniCEUB in Brasília-DF, with the purpose to evaluate the quality of water supplied. Collected samples of water of three drinking fountains and, for each of them, analyzed the parameters fluorine, turbidity, pH, free residual chlorine, apparent color, aluminum, total iron, total coliforms and fecal coliforms and calculated the WQI. It was found, for the samples 1 and 3, WQI equal to 100 and, for the sample 2, WQI equal to 94 is classified as ‘in conformity’. The values of all parameters are within the limits established by Ordinance nº 2.914 of 2011 of the Ministry of Health. Therefore, after checking the results obtained, it can be seen that all samples were in potability level appropriate for human consumption.
Key words: Water Quality Index. Drinking fountains. Potability.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
CAESB Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal
DF Distrito Federal
ETAs Estações de Tratamento de Água
IEC International Electrotechnical Commission
IQA Índice de Qualidade da Água
ISO International Organization for Standardization
Km3 quilômetro cúbico
L/s litro por segundo
mg/L miligrama por litro
mL mililitro
NBR Norma Brasileira
NMP Número Mais Provável
OMS Organização Mundial de Saúde
pH potencial hidrogeniônico
SANEAGO Saneamento de Goiás S.A.
uH unidade Hazen
UniCEUB Centro Universitário de Brasília
UNT Unidade Nefelométrica de Turbidez
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 10
1 REFERENCIAL TEÓRICO 11
1.1 Índice de Qualidade da Água 13
1.1.1 Flúor 14
1.1.2 Turbidez 15
1.1.3 pH 15
1.1.4 Cloro residual livre 15
1.1.5 Cor aparente 16
1.1.6 Alumínio 16
1.1.7 Ferro total 17
1.1.8 Coliformes 17
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 19
2.1 Metodologia para o cálculo do IQA 21
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO 24
CONCLUSÃO 27
REFERÊNCIAS 28
ANEXO A – Relatórios analíticos dos bebedouros do UniCEUB 31
10
INTRODUÇÃO
A água é um recurso natural indispensável ao ser humano, sendo que a
sua qualidade e oferta condicionam a saúde e o bem-estar das populações.
A qualidade necessária à água distribuída para consumo humano é a
potabilidade, ou seja, deve ser tratada, limpa e estar livre de qualquer contaminação,
seja de origem microbiológica, química, física ou radioativa, não devendo, em
hipótese alguma, oferecer riscos à saúde humana.
Para atender a este padrão de potabilidade, a água de abastecimento
deve apresentar quantidades limites para diversos parâmetros físico-químicos e
microbiológicos que são definidos atualmente pela Portaria nº 2.914, de 12 de
dezembro de 2011, do Ministério da Saúde.
O presente estudo se propõe a verificar amostras de água de bebedouros
do campus da Asa Norte do UniCEUB em Brasília-DF.
Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo geral avaliar a
qualidade da água de bebedouros do campus da Asa Norte do UniCEUB em
Brasília-DF e teve, como objetivos específicos, calcular o IQA dos bebedouros e
analisar os parâmetros de acordo com a Portaria nº 2.914 de 2011 do Ministério da
Saúde.
Para alcançar esses objetivos, procedeu-se as seguintes etapas:
pesquisa bibliográfica, coleta de amostras, realização das análises laboratoriais,
cálculo do IQA, análise dos resultados e conclusão.
Este estudo se justifica devido a extrema importância da água potável de
boa qualidade para a saúde e o bem estar humano.
O presente trabalho foi então estruturado em 3 capítulos.
O primeiro capítulo apresenta o referencial teórico; o segundo capítulo
descreve as etapas realizadas no trabalho e a metodologia para o cálculo do IQA; no
terceiro e último capítulo são apresentados os resultados obtidos e a discussão.
11
1 REFERENCIAL TEÓRICO
A água é uma substância vital para as atividades humanas e para a
manutenção da vida animal e vegetal; é um recurso natural renovável de extrema
importância para a sobrevivência humana (SANTOS; COZER, 2013). É o
componente mais abundante encontrado na natureza e cobre aproximadamente
75% da superfície da Terra (GAUTO; ROSA, 2011). O volume total de água na Terra
é estimado em torno de 1,4 bilhão de Km3 (MUNIZ, 2013).
A maior quantidade da água encontra-se distribuída formando os oceanos
e os mares (em torno de 97,5%), sendo imprópria para uso na agricultura, na
indústria e no consumo humano em razão de seu alto grau de salinidade (AZEVEDO
et al., 2014). Dos 2,5% restantes, que perfazem o total de água doce existente,
aproximadamente 2/3 (dois terços) encontra-se aprisionada sob a forma de gelo,
formando geleiras e calotas polares, estando, assim, a priori, indisponível para
atender às demandas humanas (AZEVEDO et al., 2014; GRASSI, 2001).
Apenas cerca de 0,77% da reserva de água do mundo é composta por
água doce disponível para uso humano, sendo encontrada na forma de rios, lagos,
água subterrânea, incluindo ainda a água presente no solo (umidade), na atmosfera
(vapor de água) e na biota (GRASSI, 2001; MILLER JÚNIOR, 2008).
A Figura 1 apresenta a proporção e as formas de distribuição da água na
superfície terrestre.
Figura 1 – Distribuição da água na Terra
Fonte: Grassi (2001)
12
A quantidade de água na Terra é constante, sendo garantida a constância
pelo ciclo hidrológico (AZEVEDO et al., 2014). No entanto, a distribuição é
extremamente desigual e não está de acordo, na maioria dos casos, com a
população e as necessidades para a indústria e a agricultura (MOTA, 2012).
Enquanto há regiões com grande escassez de água (p.ex., algumas regiões da
África), em outras esse recurso encontra-se distribuído abundantemente (p.ex., na
Amazônia) (AZEVEDO et al., 2014).
Além da má distribuição, deve ser considerada a crescente degradação
dos recursos hídricos, resultado da ação antrópica, tornando parte da água
imprópria para diversos usos (MOTA, 2012). Problemas relacionados com a poluição
da água se intensificaram principalmente após a Segunda Guerra Mundial, quando
foram observados aumentos significativos nos processos de urbanização e
industrialização (GRASSI, 2001).
Assim, muitas regiões do mundo apresentam problemas relacionados
com a água, seja pela escassez, ou seja pela qualidade inadequada da mesma
(MOTA, 2012).
Com o crescimento populacional e por suas funções no abastecimento
público, na indústria, na agricultura, na preservação da vida aquática, no transporte
e na recreação, a água constitui, atualmente, uma das principais preocupações
mundiais no que diz respeito aos seus usos preponderantes e à sua manutenção
como um bem de todos, em quantidade e qualidade adequadas (GRASSI, 2001;
SCURACCHIO, 2010).
A água destinada ao consumo humano tem prioridade aos demais usos e
como nenhuma água encontrada na natureza pode ser considerada potável, esta
deve passar por um conjunto de etapas denominado “tratamento da água” afim de
que possa ser utilizada pelo homem, sem que lhe represente risco à saúde. Este
tratamento é feito nas ETAs (PEZENTE, 2009; SOUSA, 2013).
Hoje, sabe-se da importância do tratamento da água destinada ao
consumo humano, pois, através dela, muitas doenças podem ser transmitidas ao
homem. São as chamadas “doenças de veiculação hídrica” (CORRÊA; AMARAL,
2012; SANTANA, 2012). Essas doenças são causadas principalmente por micro-
organismos patogênicos de origem entérica, animal ou humana, transmitidas
basicamente pela rota fecal-oral, ou seja, são excretados nas fezes de indivíduos
infectados e ingeridos na forma de água ou alimento contaminado por água poluída
13
com fezes (CORRÊA; AMARAL, 2012). Dentre as mais comuns, citam-se: febres
tifoide e paratifoide, disenterias bacilar e amebiana, cólera, diarreia, poliomielite,
hepatite e giardíase (SCURACCHIO, 2010).
A água contém, geralmente, diversos componentes, os quais provêm do
próprio ambiente natural ou foram introduzidos a partir de atividades humanas
(MOTA, 2012).
Para caracterizar uma água, são determinados diversos parâmetros, os
quais representam as suas características físico-químicas e microbiológicas. Esses
parâmetros são indicadores da qualidade da água e constituem impurezas quando
alcançam valores superiores para determinado uso (MOTA, 2012). Assim, podemos
analisar uma amostra de água do ponto de vista físico-químico e microbiológico
(GAUTO; ROSA, 2013).
No Brasil, a Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério
da Saúde, dispõe sobre os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade
da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade (BRASIL, 2011).
Para os fins desta Portaria, são adotadas as seguintes definições:
a) água potável: água que atenda ao padrão de potabilidade estabelecido
nesta Portaria e que não ofereça riscos à saúde (BRASIL, 2011).
b) padrão de potabilidade: conjunto de valores permitidos como parâmetro
da qualidade da água para consumo humano, conforme definido nesta Portaria
(BRASIL, 2011).
c) padrão organoléptico: conjunto de parâmetros caracterizados por
provocar estímulos sensoriais que afetam a aceitação para consumo humano, mas
que não necessariamente implicam risco à saúde (BRASIL, 2011).
d) água tratada: água submetida a processos físicos, químicos ou
combinação destes, visando atender ao padrão de potabilidade (BRASIL, 2011).
1.1 Índice de Qualidade da Água
Para simplificar a expressão dos valores obtidos pela análise de diversos
parâmetros físico-químicos e microbiológicos da água, determinações de IQA têm
sido utilizadas para converter uma série de dados referentes à qualidade da água
14
em um único número, capaz de representar de forma simples e objetiva a qualidade
da água de maneira geral (FERNANDES, 2013).
No estado de Goiás, a SANEAGO desenvolveu um IQA para avaliar a
água potável tratada pelos diversos sistemas de abastecimento por ela operados. A
metodologia leva em consideração os resultados obtidos por meio das análises dos
parâmetros flúor, turbidez, pH, cloro residual livre, cor aparente, alumínio, ferro total,
coliformes totais e coliformes termotolerantes e adota, como critério de aceitação, as
especificações da portaria de potabilidade vigente no Ministério da Saúde - Portaria
2.914 de 2011 (FERNANDES, 2013).
A seguir são apresentados os parâmetros envolvidos neste trabalho.
1.1.1 Flúor
A etapa de fluoretação, no tratamento da água para consumo humano,
consiste na aplicação de compostos de flúor para prevenção da cárie dentária
(CAESB, 2016). Os compostos de flúor empregados são: ácido flúor silícico (H2SiF6),
fluorsilicato de amônia [(NH4)2SiF6], fluorsilicato de sódio (Na2SiF6) e fluoreto de
sódio (NaF) (GAUTO; ROSA, 2013).
Nessa etapa, o que ocorre é a dissociação iônica do composto com
liberação do íon fluoreto (F-) em meio aquoso (CASTANIA, 2009).
A adição de flúor na água de abastecimento é considerada uma medida
importante para a saúde pública, pois é um método eficiente, prático e econômico de
prevenção da cárie dentária, desde que respeitadas a continuidade e regularidade
dos teores adequados (CASTANIA, 2009).
Por outro lado, a exposição excessiva ao flúor pode provocar alterações
da estrutura óssea ou a fluorose dentária, que é uma anomalia que afeta a estética
do esmalte dos dentes sob a forma de manchas (CASTANIA, 2009; MOTA, 2012;
SCURACCHIO, 2010).
O teor de flúor na água é definido de acordo com o clima e a temperatura
de cada região, pois isso afeta o consumo médio diário de água por pessoa. Para a
região Centro-Oeste, o teor ideal de flúor é de 0,7 mg/L, podendo variar entre 0,6 a
0,8 mg/L (SOUSA, 2013).
15
1.1.2 Turbidez
A turbidez é um parâmetro influenciado pela presença de sólidos em
suspensão na água, que reduzem a transparência da mesma (SOUSA, 2013).
Não representa risco direto à saúde. Porém, causa mau aspecto à água,
tornando-a turva e, além disso, prejudica a ação dos agentes desinfetantes, como o
cloro, por exemplo, pois os sólidos em suspensão podem proteger ou servir de
abrigo para micro-organismos patogênicos (GAUTO; ROSA, 2013; VON SPERLING,
1996).
1.1.3 pH
Representa o equilíbrio entre íons H+ e íons OH-; é um parâmetro
adimensional que varia de 0 a 14; indica se uma água é ácida (pH inferior a 7),
neutra (pH igual a 7) ou básica/alcalina (pH maior do que 7); pH baixo torna a água
corrosiva; águas com pH elevado tendem a formar incrustações nas tubulações
(MOTA, 2012).
Os valores de pH não tem implicação em termos de saúde pública a
menos que os valores sejam extremamente baixos ou elevados, a ponto de causar
irritação na pele ou nos olhos (SCHLEMPER et al., 2014).
1.1.4 Cloro residual livre
Na etapa de desinfecção, no tratamento da água para consumo humano,
o cloro é utilizado na eliminação de micro-organismos nocivos à saúde, atuando
também como uma barreira de proteção em casos de uma possível contaminação
futura (CAESB, 2016). O cloro existente na água, sob as formas de ácido
hipocloroso (HClO) e de íon hipoclorito (ClO-), é definido como cloro residual livre
(SCURACCHIO, 2010).
No entanto, é importante destacar que, o cloro utilizado para proteger a
água pode contaminá-la ao reagir com as substâncias orgânicas presentes nela,
16
formando os nocivos trihalometanos (p.ex., clorofórmio – HCCl3) (SILVA et al., 2011;
VON SPERLING, 1996).
1.1.5 Cor aparente
A cor é um parâmetro influenciado pela presença de substâncias
dissolvidas na água, que resultam na coloração da mesma (SOUSA, 2013; VON
SPERLING, 1996).
Quando de origem natural, devido à decomposição da matéria orgânica
(principalmente vegetais), além do ferro e manganês, não representa risco direto à
saúde. Porém, quando de origem industrial, pode ou não apresentar toxicidade
(SOUSA, 2013; VON SPERLING, 1996).
Quando a água, além da cor, apresenta turbidez, utiliza-se o termo cor
aparente; removida a turbidez, obtém-se a cor verdadeira (SCURACCHIO, 2010).
1.1.6 Alumínio
A etapa de coagulação/floculação, no tratamento da água para consumo
humano, consiste em adicionar um produto químico denominado
coagulante/floculante, que faz com que as impurezas se aglutinem formando flocos,
para serem mais facilmente removidos nas etapas posteriores do tratamento
(CAESB, 2016).
O sulfato de alumínio [Al2(SO4)3] é o agente coagulante/floculante mais
frequentemente utilizado (GRASSI, 1999). No entanto, a sua utilização pode levar ao
aumento das concentrações residuais de alumínio (ROSALINO, 2011). Essas
concentrações, em excesso, conduzem à degradação da qualidade da água,
provocando turbidez e depósito nas canalizações (CLETO, 2008).
A presença desse metal na água de consumo humano tem sido bastante
debatida e estudada nas últimas décadas, no entanto existe ainda bastante
controvérsia da sua implicação na saúde dos consumidores. O alumínio tem sido
frequentemente associado à doença de Alzheimer, não sendo, no entanto, ainda
possível referi-lo como elemento causal da doença (ROSALINO, 2011).
17
Devido a esta lacuna, o limite estabelecido pela legislação (até 0,2 mg/L)
não tem origem num possível dano que uma quantidade maior poderia causar à
saúde, mas apenas nas questões relacionadas com a qualidade organoléptica da
água (CARVALHO, 2004; ROSALINO, 2011).
1.1.7 Ferro total
Basicamente, o ferro pode se apresentar nas águas nos estados de
oxidação Fe2+ e Fe3+. O íon ferroso (Fe2+) é mais solúvel do que o férrico (Fe3+).
Portanto, os inconvenientes que o ferro traz às águas devem ser atribuídos
principalmente ao íon ferroso, que, por ser mais solúvel, é mais frequente (PIVELI,
2006). O ferro total é a porção de ferro constituída por ferro solúvel e ferro insolúvel
nos estados bivalente e trivalente (ABNT, 2017).
A presença de ferro na água, apesar de não representar risco à saúde
pública, pode trazer diversos problemas para o abastecimento público. Altas
concentrações desse metal conferem coloração avermelhada à água, provocando
manchas em roupas e utensílios sanitários; conferem sabor metálico à água;
favorecem o desenvolvimento das ferrobactérias, que causam maus odores e
coloração à água e obstruem as canalizações (MOTA, 2012; PIVELI, 2006; RAMOS,
2016).
Portanto, o limite estabelecido pela legislação (até 0,3 mg/L) não tem
origem num possível dano que uma quantidade maior poderia causar à saúde, mas
apenas nas questões relacionadas com a qualidade organoléptica da água
(CARVALHO, 2004; ROSALINO, 2011).
1.1.8 Coliformes
O grupo de bactérias denominado coliformes é dividido em coliformes
totais e coliformes termotolerantes, anteriormente denominados coliformes fecais;
são os indicadores de contaminação mais usados para monitorar a qualidade
microbiológica da água (MUNIZ, 2013; SCURACCHIO, 2010).
18
A determinação de coliformes assume importância como parâmetro
indicador da possibilidade da existência de micro-organismos patogênicos,
responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre
tifoide, febre paratifoide, disenteria bacilar e cólera (CASTANIA, 2009). Geralmente,
na determinação de coliformes, realiza-se a diferenciação entre os de origem fecal e
não-fecal (SCURACCHIO, 2010).
A detecção de coliformes totais em amostras de água não é
necessariamente um indicativo de contaminação fecal, pois este grupo inclui
representantes de origem não-fecal (SCURACCHIO, 2010).
Os coliformes termotolerantes tem como principal representante a
Escherichia coli, de origem exclusivamente fecal. Sua ocorrência é considerada,
assim, um indicador específico de contaminação fecal e de possível presença de
micro-organismos patogênicos (CORRÊA; AMARAL, 2012; SCURACCHIO, 2010). A
presença desses coliformes na água potável é, portanto, o melhor indicador de que
existe risco a saúde do consumidor (SCURACCHIO, 2010).
19
2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Este capítulo descreve a metodologia utilizada para a realização deste
trabalho. As etapas desenvolvidas estão descritas no Fluxograma 1.
Fluxograma 1 – Etapas realizadas no trabalho
Fonte: do autor (2017)
A pesquisa bibliográfica teve como objetivo obter conhecimento sobre a
utilização de metodologias de IQA para água potável.
As amostras de água foram coletadas, acondicionadas e preservadas
utilizando como referências o Standard Methods for the Examination of Water and
Wastewater – 22st Edition, 2012 e a ABNT NBR 9898:1987 – Preservação e
técnicas de amostragem de efluentes líquidos e corpos receptores.
20
Foram coletadas amostras de três bebedouros, em três blocos distintos
do UniCEUB conforme Tabela 1, por se tratar de locais onde existe um grande fluxo
de pessoas. As amostras foram coletadas no dia 28 de julho de 2016.
Tabela 1 – Local da coleta das amostras de água dos bebedouros do UniCEUB
Amostra Identificação Local da coleta
1 03876 Bloco 2 - Entrada principal 2 67454 Bloco 3 - Ao lado da sala 3018 3 028638 Bloco 9 - Entrada principal
Fonte: do autor (2017)
As análises laboratoriais foram realizadas pela Tommasi Analítica
utilizando como referências as técnicas recomendadas pelo Standard Methods for
the Examination of Water and Wastewater – 22st Edition, 2012. A Tommasi Analítica
está em total conformidade com a ABNT NBR ISO/IEC 17025:2005 – Requisitos
gerais para a competência de laboratórios de ensaio e calibração.
Para cada uma das amostras coletadas, foram analisados nove
parâmetros, sendo sete físico-químicos e dois microbiológicos, conforme a Tabela 2,
onde consta também os limites estabelecidos pela Portaria 2.914 para potabilidade.
Tabela 2 – Parâmetros analisados e os limites estabelecidos pela Portaria 2.914
PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS
Parâmetro Unidade VMin VMax
Flúor mg/L NA 1,5 Turbidez UNT NA 5,0
pH NA 6,0 9,5 Cloro residual livre mg/L 0,2 2,0
Cor aparente uH NA 15 Alumínio mg/L NA 0,2
Ferro total mg/L NA 0,3 PARÂMETROS MICROBIOLÓGICOS
Parâmetro Unidade VMin VMax Coliformes totais NMP/100 mL NA Ausência
Coliformes termotolerantes NMP/100 mL NA Ausência Fonte: Fernandes (2013) VMin: Valor Mínimo Permitido VMax: Valor Máximo Permitido NA: Não se aplica
Os valores de IQA foram determinados individualmente para cada um dos
bebedouros e, posteriormente, foram analisados os resultados obtidos para a
conclusão do trabalho.
21
2.1 Metodologia para o cálculo do IQA
O modelo de cálculo do IQA, adotado pela SANEAGO, corresponde a um
valor entre 1 e 100. Consiste num produtório que envolve, para cada parâmetro,
duas variáveis: “q” e “w” (FERNANDES, 2013).
A variável “q” corresponde a uma nota que varia de 1 a 100. Tem a
função de traduzir, em termos numéricos, os limites estabelecidos pela Portaria
2.914 (PIERIN et al., 2005).
A variável “w” corresponde ao peso atribuído ao grau de significância do
parâmetro na saúde pública. É distribuída de tal forma que o somatório dos pesos
dos parâmetros seja igual a 1 (PIERIN et al., 2005).
Para os parâmetros coliformes totais e termotolerantes, devido ao
resultado não ser numérico, o critério adotado foi de que a nota seja estabelecida
em função da presença ou ausência de coliformes na amostra, sendo que a nota
100 seja atribuída para a ausência.
A Tabela 3 relaciona os valores atribuídos para cada um dos parâmetros
integrantes do cálculo conforme o resultado das análises realizadas. São detalhados
também os pesos atribuídos a cada um dos parâmetros, bem como as respectivas
notas e conceitos.
22
Tabela 3 – Valores, notas, pesos e conceitos atribuídos aos parâmetros do IQA Parâmetro Valores Nota (q) Peso (w) Conceito
< 0,55 1 Fraco 0,55 – 0,59 50 Regular
Flúor 0,60 – 0,80 100 0,09 Ótimo 0,81 – 1,5 50 Regular > 1,5 1 Fraco
< = 5,0 100 Ótimo Turbidez 5,1 – 7,5 50 0,12 Regular
> 7,5 1 Fraco
< 6,0 1 Fraco pH 6,0 – 9,5 100 0,07 Ótimo
> 9,5 1 Fraco
< 0,20 1 Fraco Cloro residual livre 0,20 – 2,00 100 0,16 Ótimo
> 2,00 1 Fraco
Cor aparente < = 15 100 0,12 Ótimo > 15 1 Fraco
Alumínio < = 0,2 100 0,06 Ótimo > 0,2 1 Fraco
Ferro total < = 0,3 100 0,06 Ótimo > 0,3 1 Fraco
Coliformes totais Ausência 100 0,16 Ótimo Presença 1 Fraco
Coliformes termotolerantes Ausência 100 0,16 Ótimo Presença 1 Fraco
Fonte: Fernandes (2013)
O IQA da SANEAGO é calculado conforme Equação 1 abaixo:
(1)
onde:
: Produtório
q: Nota do parâmetro
w: Peso do parâmetro
i: Parâmetro
n: Número de parâmetros que entram no cálculo do IQA
23
O valor obtido pelo cálculo do IQA é classificado conforme faixas
descritas na Tabela 4:
Tabela 4 – Classificação do IQA da SANEAGO
Classificação IQA
Em não-conformidade 1 – 63 Em conformidade 64 – 100
Fonte: Fernandes (2013)
24
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tratamento da água é o termo genérico aplicado à conversão da água
não potável em potável, pela modificação de suas características iniciais. Tem como
finalidade não só a remoção de produtos nocivos à saúde e desagradáveis ao
paladar, ao olfato e à visão, mas também a introdução de produtos benéficos á
saúde humana, a exemplo do flúor (GAUTO; ROSA, 2011).
A CAESB atende a área urbana do DF com água proveniente de cinco
sistemas produtores (Torto/Santa Maria, Descoberto, Sobradinho/Planaltina, São
Sebastião e Brazlândia), constituídos de captações superficiais e subterrâneas com
capacidade total para produzir 9.443 L/s, abastecendo 99,0% da população. O
tratamento da água da empresa consiste das etapas de coagulação/floculação,
decantação ou flotação, filtração, desinfecção, fluoretação e alcalinização (CAESB,
2016).
O Laboratório Central da CAESB é responsável pelo monitoramento diário
da qualidade da água distribuída e o executa em conformidade com que é
estabelecido pela legislação vigente (CAESB, 2016).
Dessa forma, existe a preocupação com o controle da qualidade da água
para que a mesma chegue até a população, em condições de potabilidade
adequadas para o consumo humano.
Além do tratamento realizado pela CAESB, é necessário fazer
periodicamente a higienização dos reservatórios de água, bebedouros, torneiras e
outros equipamentos para que as impurezas presentes nestes, não venham a
comprometer todo o trabalho de potabilidade realizado na água.
A Tabela 5 apresenta os resultados das análises das amostras de água
coletadas dos 3 bebedouros, bem como o valor do IQA.
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Tabela 5 – Resultados das análises e o valor do IQA dos bebedouros
PARÂMETROS AMOSTRAS
1 2 3
Flúor mg/L
0,80 0,84 0,78
Turbidez UNT
1,10 1,20 1,00
pH -
7,56 8,79 8,49
Cloro residual livre mg/L
0,13 < 0,02 < 0,02
Cor aparente uH
3,0 4,0 2,0
Alumínio mg/L
0,129 0,071 0,060
Ferro total mg/L
0,038 0,047 0,028
Coliformes totais NMP/100 mL
A A A
Coliformes termotolerantes NMP/100 mL
A A A
IQA 100 94 100 Fonte: do autor (2017)
A: Ausência
Para as amostras 1 e 3, encontrou-se IQA igual a 100 e, para a amostra
2, IQA igual a 94 sendo classificados como ‘em conformidade’. Segundo o modelo
da SANEAGO, para estar ‘em conformidade’, o IQA deve estar entre 64 e 100
(Tabela 4).
No que se refere a nota (q) (Tabela 3), as amostras 1 e 3 tiveram nota
100 em todos os parâmetros. Já a amostra 2 obteve nota 50, no flúor, e nota 100
nos demais parâmetros. No flúor, para uma amostra receber a nota máxima, o
resultado da análise deve estar entre 0,60 e 0,80 mg/L. A amostra 2 apresentou 0,84
mg/L e, por isso, recebeu nota 50 e, consequentemente, o valor do IQA foi um pouco
menor em comparação com as amostras 1 e 3.
Os parâmetros flúor, turbidez, pH, cor aparente, alumínio, ferro total,
coliformes totais e coliformes termotolerantes, das três amostras, encontram-se
dentro dos limites estabelecidos pela Portaria 2.914.
O parâmetro cloro residual livre, apesar do valor abaixo do recomendado
(entre 0,2 e 2,0 mg/L), mostrou-se eficiente na sua função de desinfecção, uma vez
que há ausência de coliformes em todas as amostras. Dessa forma, considerou-se
este parâmetro dentro dos limites estabelecidos pela legislação.
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Os resultados podem ser justificados pelas boas condições de
manutenção dos reservatórios de água e dos bebedouros do UniCEUB, bem como,
das boas condições das tubulações que ligam a rede de distribuição à saída do
bebedouro. Sendo assim, não se coloca em risco a saúde dos alunos, funcionários e
quaisquer pessoas que consumam essa água.
Sabe-se que os reservatórios podem acumular impurezas trazidas pela
própria rede de distribuição de água ou, por falta de vedação e limpeza. A matéria
orgânica depositada no fundo dos reservatórios pode causar alterações do pH, da
cor, dentre outros parâmetros, além de criar condições para o crescimento e
proliferação de bactérias (MUNIZ, 2013).
Em relação aos bebedouros, a falta de manutenção, tal como a falta de
higienização, pode provocar problemas de saúde aos que consomem a água, devido
à formação de biofilmes, ou seja, de paredes bacteriológicas. Essas formações
contribuem para entupimentos e contaminações microbiológicas que alteram
parâmetros da água, como o odor ou gosto.
Já as tubulações têm um tempo de vida útil que pode ser maior ou menor
dependendo do tipo de material e das condições de utilização. É importante ressaltar
que o valor de pH abaixo de 6,0 apresenta um risco importante de agressividade
contra os materiais que constituem as tubulações, diminuindo sua vida útil, podendo
deteriorar a qualidade da água tratada pela dissolução de produtos oriundos da
própria corrosão e/ou do meio externo (SAM, 2017; SCURACCHIO, 2010).
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CONCLUSÃO
A determinação do IQA dos bebedouros, pelo modelo da SANEAGO,
mostrou-se viável, pois é de fácil aplicação e entendimento.
Diante desse contexto, a partir das análises nos bebedouros do campus
da Asa Norte do UniCEUB, observou-se que a qualidade da água está adequada. É
possível considerar que há um controle eficiente para garantir uma qualidade
aceitável da água potável consumida no centro universitário.
Este fato não descarta a necessidade de atenção com os reservatórios de
água, bebedouros e tubulações da instituição.
Nesse contexto, aplica-se a importância da limpeza e desinfecção
rotineira dos reservatórios que deve ser realizada a cada seis meses, e sempre que
houver suspeita de contaminação da água tanto por substâncias químicas quanto
por animais que podem se abrigar em seu interior, como roedores, baratas, pombos
e mosquitos. A análise microbiológica de amostras de água do reservatório é o
procedimento mais eficaz para se verificar a qualidade da água destinada ao
consumo humano e deve ser providenciada sempre após cada limpeza ou quando
houver suspeita de sua qualidade (SAM, 2017).
No que se refere aos bebedouros, a OMS, bem como os fabricantes,
recomendam uma manutenção e higienização a cada seis meses para evitar
contaminações da água.
Em relação à tubulação, a partir de certo tempo em operação, os
incômodos com vazamentos e gastos com reparos pontuais de uma tubulação
passam a ser significativos e, nesse caso, recomenda-se trocar a tubulação antiga
por uma mais moderna e resistente. No entanto, não basta simplesmente trocar a
tubulação obsoleta, danificada ou corroída por outro de material idêntico ou
diferente, tido como mais durável. É fundamental o conhecimento das causas da
degradação e principalmente saber se o novo material terá durabilidade adequada
nas condições locais (IBDA, 2017).
O estudo permitiu constatar que a verificação periódica da qualidade da
água é imprescindível, uma vez que o seu consumo, fora dos padrões de
potabilidade, pode trazer riscos à saúde do consumidor.
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REFERÊNCIAS
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ANEXO A – Relatórios analíticos dos bebedouros do UniCEUB