edição fevereiro - 2015

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C have DE ão S edro P Paróquia de são pedro do Tremembé Jornal Ano 12 • n o 144 • Fevereiro de 2015 www.FAcebook.com/pAscomsAopedro Conversão de São Paulo Veja como foi a celebração do patrono da nossa cidade Pág. 7 Pena de morte Leia uma reflexão do nosso pároco sobre a execução do brasileiro na Indonésia Pág. 3 Por que tanta nota zero? Especialista analisa o resultado da prova de redação do Enem Pág. 6 Um sinal de esperança Às vésperas da Campanha da Fraternidade, que terá como lema Eu vim para servir, conheça o serviço prestado pelo Arsenal da Esperança. A entidade, que funciona na antiga Hospedaria dos Imigrantes, na Mooca, acolhe e dá chance de uma vida nova a mil e duzentos moradores de rua Pág. 4 EDMILSON FERNANDES VÂNIA DE BLASIIS E TELMA FELETO

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Esta é uma publicação da Pascom da Paróquia de São Pedro - Tremembé - São Paulo - SP

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ChaveDE ãoS edroPParóquia de são pedro do Tremembé

JornalAno 12 • no 144 • Fevereiro de 2015

www.FAcebook.com/pAscomsAopedro

Conversão de São PauloVeja como foi a celebração do patrono da nossa cidade Pág. 7

Pena de morteLeia uma reflexão do nosso pároco sobre a execução do brasileiro na Indonésia Pág. 3

Por que tanta nota zero?Especialista analisa o resultado da prova de redação do Enem Pág. 6

Um sinal de esperançaÀs vésperas da Campanha da Fraternidade, que terá como lema Eu vim para servir, conheça o serviço prestado pelo Arsenal da Esperança. A entidade, que funciona na antiga Hospedaria dos Imigrantes, na Mooca, acolhe e dá chance de uma vida nova a mil e duzentos moradores de rua Pág. 4

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2 Jornal Chave de São Pedro

Estamos dialogando nas paróquias e comuni-dades sobre a necessidade de renovar a paró-quia para torná-la efetivamente missionária.

Neste processo, surgem muitas ideias, propostas e projetos. Todos são importantes, mas no processo de renovação paroquial precisamos pensar menos em estruturas e mais nas relações, nas pessoas.

Os bispos do Brasil, na última assembleia geral, afirmaram que ‘Quando se propõe renovar a paró-quia em comunidade de comunidades, mais do que imaginar ou criar novas estruturas se trata de re-cuperar as relações interpessoais e de comunhão’ (CNBB. Doc. 100, n. 260).

Há muitas pastorais e movimentos que não dialogam; gastam energias vitais disputando quem tem mais força na paróquia, quem é mais impor-tante e esquecem que a vida de comunidade não

se faz brigando por cargos, mas se constrói no es-forço comum em ser discípulo missionário de Jesus Cristo. “Algumas comunidades não conseguem ser missionárias justamente porque vivem de forma tão apática ou conflituosa em suas relações que mais afastam do que atraem novos membros” (CNBB. Doc. 100. N. 259).

Essas palavras de nossos bispos encontram seu fundamento no Evangelho de São João, quando Nosso Senhor, na última ceia, colocou como distin-tivo da comunidade dos discípulos o relacionamen-to fraterno: “Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisso conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13,34-35).

No processo de formação de uma comunidade missionária precisamos levar muito a sério o rela-

cionamento fraterno. É necessário superar a inveja, a fofoca e os interesses pessoais para nos tornarmos verdadeiros discípulos missionários. A vivência do amor fraterno, a amizade cultivada entre os membros de uma comunidade e a caridade com todos os que dela se aproximam estão no funda-mento, na base, de uma comunidade mis-sionária.

Caso queiramos construir de verdade comunidade missionária, precisamos rever o relacionamento humano e construir uma comunidade acolhedora. É certo e seguro que testemunhando o amor fraterno a paró-quia será missionária.

Dom Sergio de Deus Borges é bispo auxiliar de São Paulo e vigário episcopal para a Região Santana

Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos...

Carta ao leitor espiritualidade

Por Dom Sergio de Deus Borges

Um tempo de serviço

Quero uma Igreja solidária, servidora e missionária, que anuncia e saiba ouvir. A lutar por dignidade, por justiça e igualdade, pois “Eu vim para servir” (Mc 10,45)

Este é o refrão do hino da Campanha da Fraternidade deste ano, que começa na Quarta-Feira de Cinzas e vai até a Pás-coa. A CNBB nos convida a refletir sobre o papel da Igreja e do cristão na sociedade. Reforça que a missão do cristão não é o poder, o privilégio, o status, mas o serviço. Na nossa comunidade, várias entidades prestam um importante serviço aos mais necessitados à luz do Evangelho. Temos os vicentinos, o Abrigo Frederico Oza-nam, a Creche Pedro Apóstolo, a Pastoral da Criança e outros grupos que se dedi-cam a melhorar a vida das pessoas. Temos destacado a importância dessas institui-ções neste jornal. Nesta edição, você vai conhecer o trabalho do Arsenal da Espe-rança, que funciona na antiga Hospedaria dos Imigrantes, na Mooca. Coordenada por um grupo de missionários italianos, a casa acolhe mais de mil moradores de rua. Mais do que uma cama, comida e abrigo, esses homens, que têm um histórico de sofrimento, recebe m ferramentas para buscar uma vida digna.

Aproveite o tempo quaresmal para fa-zer as mudanças que precisam ser feitas na sua vida.

Boa leitura!

Equipe Pascom - Paróquia de São Pedro

expediente - pasCom

PARÓQUIA DE SÃO PEDRO DO TREMEMBÉAv. Maria Amália Lopes de Azevedo, 222 A | Tremembé | São Paulo | CEP: 02350-000 | Tel.: (11)2203-2159e-mail: [email protected]

Orientador: Pe. Edimilson da SilvaCoordenação da Edição: Pastoral da Comunicação - e-mail: [email protected]: Edmilson Fernandes - MTB: 25.451/SPDireção de Arte: Toy Box IdeasRevisão: Oswaldo de CamargoImpressão: Atlântica Gráfica Tiragem: 3.000 exemplaresColaboradores: Telma Feleto e Vânia De Blasiis

Comunidade Santa Rosa de Lima R. Luiz Carlos Gentile de Laet, 1302, Tremembé Missas: sábados, às 16h | Domingos, às 9h e 19h | Primeira sexta-feira do mês, às 20h

Comunidade São José (Itinerante) Missas: todos os dias 19 do mês, às 16h Momento de Oração e Estudo Bíblico: 3as feiras, às 20h

Comunidade Nossa Senhora Aparecida Av. N. S. Aparecida da Cantareira, 22, Tremembé Missas: dom., às 8h30 | Missa todos os dias 12 do mês, às 20h

Comunidade Nossa Senhora da Providência R. Vilarinhos, 95, Tremembé. Missa: domingo, às 10h30

Comunidade São Marcos R. Luiz da Silva, 24, Tremembé Missas: sábados, às 17h. Estudo Bíblico: 5as feiras, às 20h

Av. Maria Amália Lopes de Azevedo, 222 ATel.: (11) 2203-2159

ATENDIMENTO DA SECRETARIADe 2a a 6a feira: 8h às 12h e 14h às 18h | Sábados: 8h às 12h

MISSAS2as e 4as feiras, às 19h30 | 3as, 5as e 6as feiras, às 7h30 | Sábados, às 17h | Domingos: às 8h, 10h e 18h30

DIREçÃO ESPIRITUAL E CONfISSÃO3a feira, das 15h às 18h | 4a feira, das 20h às 22h | 6a feira, das 9h às 12h

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3Fevereiro | 2015

Em meados de janeiro deste ano, os brasileiros ficaram estarrecidos com a notícia do fuzilamento de Marco Archer Moreira, condenado à morte por transportar 13,4 quilos de cocaína, escondidos na armação de uma

asa delta. Segundo as leis e costumes da Indonésia, o traficante recebe pena de morte por descumprir a lei.

Marco nasceu, filho da Pátria Amada Brasil, e certamente viveu em um con-texto em que se vê, ouve e se lêem nos noticiários tanta corrupção, violência acompanhada da impunidade que anestesia as consciências, em que o errado é o certo e vice versa. Quem sabe se Marco tenha pensado que aqui as leis não são levadas a sério, os crimes não têm punição severa, os bandidos, muitos de-les, são tratados como celebridade, quando presos têm regalias, como indulto de Natal, Ano Novo, visita íntima, cela especial, também para muitos, e outros benefícios para quem tem bom comportamento.

Penso que tudo isso pode ter influenciado na decisão de Marco na hora de transportar a droga; se fosse pego, teria penas brandas e até mesmo poderia ser absolvido. Em terra estranha, bem longe de nós, sentiu na pele o peso da deso-bediência à lei de outro país. Agora que está morto, só ele sabe os reais motivos de suas atitudes.

Qual deveria ter sido a sua punição? Quanto à sua condenação à morte, nem o pedido da Presidente Dilma, da Embaixada brasileira, apelos dos Direitos Hu-manos conseguiram fazer o “todo- poderoso” Joko Widodo ser misericordioso e rever a sentença. Ele cumpriu a lei da Indonésia, segundo a qual o traficante deve ser punido com pena de morte, fuzilado diante do olhar dos curiosos, para que sirva de exemplo. Para os indonésios, o presidente Joko não cometeu crime

algum, pois agiu dentro da lei, fez cumprir o veredicto. Pode ser que tenha rece-bido aplausos por seu ato, que, ao meu ver, foi uma atitude insana, autoritária e contrária ao Evangelho que nós anunciamos e não sei se Ele conhece.

O que também observei ao ler um site de notícia é que o brasileiro foi exe-cutado por transportar drogas, mas a atitude do presidente da Indonésia, que fez cumprir a lei, entra em contradição, porque ele pediu clemência para uma mulher da Indonésia que foi condenada à pena de morte na Arábia Saudita por assassinato e roubo.

Será que os únicos que devem ser poupados da pena de morte são os cida-dãos da Indonésia? São os únicos dignos de serem perdoados? Perdoar aqui não significa compactuar com o erro e sim prolongar sua permanência na prisão.

Podemos pensar, analisar e abrir vários caminhos de reflexão sobre o fato ocorrido. Não sei o que chocou o Brasil, se foi a morte do condenado Marco Moreira ou foi o espanto ao ver um presidente cumprir a lei. Aqui não quero fazer apologia à pena de morte e sim refletir a respeito das razões de termos tanta dificuldade para viver e observar as leis em nosso pais. O “jeitinho brasilei-ro não serviu na Indonésia”. Mas, se continuar sendo aplicado aqui o “jeitinho”, continuaremos na terra sem lei, decretando a pena de morte para muitos que vivem na terrível miséria do desemprego, da violência, das drogas, os que vivem à margem da sociedade. Você pode nem concordar, mas podemos refletir e pen-sar sobre o que aprender com tudo isso que aconteceu.

Padre Edimilson da Silva é jornalista e pároco da Paróquia de São Pedro do Tremembé

A sentença de morte da droga e as contradições de quem manda apertar o gatilhoSou contra a pena de morte e a favor de leis mais rígidas que visem fazer com que o condenado chegue a resgatar sua dignidade perdida para o crime

diálogo Com a Comunidade

Por Pe. Edimilson da Silva

pastoral

Campanha da Fraternidade 2015

No próximo dia 18, começa a Campanha da Fraternida-de deste ano, com o tema

“Fraternidade: Igreja e Sociedade” e o lema “Eu vim para servir” (cf. Mc 10, 45). Com este lema, a cam-panha buscará recordar a vocação e missão de todos os cristãos e das comunidades de fé, a partir do di-álogo e colaboração entre Igreja e Sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II.

O texto base utilizado para au-xiliar nas atividades da Campanha reflete a dimensão da vida em socie-

dade, que se baseia na convivência coletiva, com leis e normas de con-dutas, organizada por critérios e, principalmente, com entidades que “cuidam do bem-estar daqueles que convivem” (veja reportagem nas pá-ginas 4 e 5).

Na apresentação do texto, o bis-po auxiliar de Brasília (DF) e secretá-rio-geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner, explica que a Campa-nha da Fraternidade 2015 convida a refletir, meditar e rezar pela relação entre Igreja e S ociedade.

“Será uma oportunidade de

retomarmos os ensinamentos do Concílio Vaticano II. Ensinamentos que nos levam a ser uma Igreja atu-ante, participativa, consoladora, mi-sericordiosa, samaritana. Sabemos que todas as pessoas que formam a sociedade são filhos e filhas de Deus. Por isso, os cristãos trabalham para que as estruturas, as normas, a or-ganização da sociedade estejam a serviço de todos”, comenta dom Leonardo.

Participe das atividades da Cam-panha da Fraternidade durante a Quaresma na paróquia de São Pedro.

4 Jornal Chave de São Pedro

destaque

Arsenal da Esperança

“Eu não tinha nenhuma profissão. Fiz o curso de panificação. Entrei como ajudante e hoje sou o padeiro do abrigo.” Histórias como a do ex-

morador de rua Valdeci Alves da Silva, 42 anos, fazem da antiga Hospedaria dos Imigrantes, na Mooca, um lu-gar de esperança. Oriundo de Maceió, ele foi acolhido na casa, depois de passar quatro anos morando nas ruas de Campinas e de São Paulo. “Dormia em rodoviárias, bebia muito, usava drogas...”. Recuperado, Valdeci mora fora do abrigo há sete anos e atualmente faz as centenas de pães que são servidos todos os dias a mil e duzentos ho-mens de rua que dormem todas as noites no Arsenal da Esperança.

Em 2016, o Arsenal completa 20 anos. A entidade é coordenada pelo Serviço Missionário Jovem, que come-çou em Turim, na Itália, em 1964. O movimento foi fun-dado pelo casal Ernesto Olivero e Maria Cerrato, para concretizar um sonho: derrotar a fome e as injustiças so-ciais no mundo, viver a solidariedade para com os mais pobres e dar uma especial atenção aos jovens.

Em 1983, a Fraternidade da Esperança começa a mo-rar numa antiga fábrica de armas de Turim, que foi trans-formada em uma casa a serviço da paz, hoje chamada de ARSENAL DA PAZ.

O então arcebispo de Mariana (MG), dom Luciano Mendes de Almeida, que havia sido bispo auxiliar de São Paulo, conheceu o serviço na Itália e teve a ideia de trazer para o Brasil. O Estado cedeu as instalações da antiga Hospedaria dos Imigrantes – que do final do século XIX até os anos 1970 recebeu milhares de imigrantes do mun-do todo. O lugar histórico continua cumprindo o papel de acolher quem está de passagem.

Por Edmilson Fernandes

Um exemplo concreto de vivência do lema da Campanha da Fraternidade deste ano:”Eu vim para servir”. Todos os dias, o Arsenal da Esperança acolhe e dá chance de uma vida digna para mais de mil moradores de rua

Como funciona o Arsenal da EsperançaDe acordo com o último censo, quase 15 mil pessoas vivem nas ruas de São Paulo. Desse

total, mais de 80% são homens. O Arsenal da Esperança acolhe essas pessoas, ouve as suas histórias e dá chances de uma nova vida. A casa acolhe apenas homens: 1.200. São mil e du-zentas histórias diferentes que entram ali. Cada morador tem direito a uma cama, roupa limpa, um armário, banho, jantar e café da manhã. “Isso ajuda a pessoa a entender que tem alguém que a está respeitando; tem alguém nesta cidade imensa que se preocupa com ela”, dizem os coordenadores.

Durante a semana, eles entram às 16h30. Sábados, domingos e feriados, um pouco mais cedo, às 14h. Cada um tem a sua cama nos três grandes alojamentos que abrigaram os imi-grantes. De manhã, quem não trabalha na casa tem que deixar o local às 7h. Por isso, o café da manhã começa a ser servido por volta das 4h30. Quem é acolhido tem que respeitar as regras, horários, não beber, não usar drogas e nem brigar. Essas regras básicas de convivência podem parecer óbvias, mas são essenciais para manter um ambiente de paz com tanta gente desco-nhecida junto. Apesar do histórico de muito sofrimento e violência que cada um carrega, den-tro da casa não há grandes brigas. “Só temos pequenas discussões”, conta a assistente social Celeste Vieira, que há 18 anos trabalha no Arsenal. Quando saem de manhã, cada um entrega a chave do armário onde ficam os pertences.Ernesto Olivero e Maria Cerrato,

fundadores do Arsenal da Esperança

A bandeira da paz: na Itália, a Fraternidade da Esperança transformou um arsenal de guerra numa casa a serviço da paz. Em São Paulo, os mesmos símbolos da primeira casa, em Turim

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5Fevereiro | 2015

FRATERNIDADE DA ESPERANÇA

Coordena o Arsenal. São consagrados, consagradas, casais e jovens que se dedicam ao serviço dos pobres e dos jovens, com o desejo de viver o Evangelho e de ser sinal de esperança. O Arsenal da Esperança foi fundado pelo missionário italiano Gianfranco Mellino, que deixou a família na Itália para se dedicar a esta causa. Cinco jovens italianos da fraternidade da Esperança também vivem no abrigo. Eles rezam juntos várias vezes por dia, trabalham com os acolhidos e jovens da vizinhança.

Uma profissão e dignidadeQuem procura o Arsenal da Esperança recebe ferramentas

para começar de novo. Além de moradia e alimentação, a institui-ção oferece cursos profissionalizantes – panificação e confeitaria; construção civil; informática; encadernação; restauração... Os cursos de panificação e construção civil são ministrados pelo Senai e pelo Senac. Além da chance de aprender uma profissão, os aco-lhidos que precisam também podem frequentar cursos de alfabe-tização, à noite. Como em toda a cidade, no Arsenal também tem aumentado o número de estrangeiros. “São os novos imigrantes, principalmente do Haiti e de países africanos.”

Desde a fundação, há 19 anos, mais de 48 mil homens em situ-ação de rua já passaram pelo Arsenal. Milhares deles retornaram várias vezes.

Muitos acolhidos acabam atuando na casa como voluntários ou funcionários temporários, enquanto buscam um emprego aqui fora. Durante a nossa visita ao Arsenal, encontramos homens var-rendo, limpando banheiros, separando material reciclável, cavando valas... “Muitos chegam aqui procurando um trabalho, porque não têm condição de voltar para o lugar de origem. Contratamos por um mês. Eles ficam morando aqui e recebem o dinheiro líquido no fim do contrato”, conta a assistente social Celeste Vieira.

Alguns acolhidos também participam do coral, que anima as celebrações e faz apresentações fora da instituição ou na igreja de Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, que fica nas proximi-dades.

Para sustentar uma estrutura tão grande, o Arsenal da Espe-rança utiliza o espaço cedido pelo Estado e recebe uma verba da Prefeitura de São Paulo. Mas o dinheiro é insuficiente. Tanto que a instituição não tem nenhum médico e nem dentista. Por isso mesmo, pessoas da comunidade também atuam como voluntárias, organizando o bazar, que vende uma vez por mês os produtos do-ados.

Há 18 anos atuando como assistente social no Arsenal da Espe-rança, Celeste Vieira se sente realizada por ver tantas pessoas mu-darem de vida. “Às vezes, recebemos pessoas desiludidas, achando que tudo está perdido. E, graças ao acolhimento, respeito, eles re-cuperam a vida. Isso é muito gratificante”.

O abrigo em números

Eles também ajudamPor meio do projeto Planta que Cresce, os moradores de rua acolhidos no Arsenal da Esperança também participam de ações solidárias. Ajudam a limpar uma praça, uma creche...

35 kg de açúcar

140 kg de legumes

50 kg de verduras

150 kg de carne

70 kg de feijão

220 kg de arroz

1.500 refeições por dia:

Valdeci Alves da Silva, ex-morador de rua que virou padeiro do abrigo

Alojamento onde dormem 300 abrigados

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6 Jornal Chave de São Pedro

eduCação

Por que tivemos tantas notas zero no Enem?Como todos sabem, é na base que tudo come-

ça, é na base que a formação intelectual do ser humano toma corpo. Nossa cultura ainda

engatinha no quesito “estimular a criança a ser um leitor por excelência”. É desde pequeno, dentro do seio familiar, que a criança deve ser despertada para o gosto da leitura. E esse exercício deve ser pratica-do para sempre em suas vidas. Mas como falar em estimular os filhos se nem os pais lêem?

E nas escolas? As coisas não são diferentes, pois os professores se deparam com uma grande dificuldade nas técnicas que levam os alunos a tornarem a leitura um prazer. Precisamos de mais alunos criativos, refle-xivos e questionadores para, sempre, buscar novos desafios. Aí, quando esse aluno surgir, a argumenta-

ção começará a fluir naturalmente, sem padrões “de-corebas” e pré-estabelecidos por estruturas pouco interessantes. A maioria dos nossos alunos não tem hábito de ler. Os professores, em geral, também não são leitores, por falta de tempo em suas jornadas ex-tenuantes de trabalho ou mesmo por falta de investi-mento próprio na compra de livros. Quem não é leitor efetivo não pode estimular a que outros sejam.

O brasileiro está lendo pouco demais, os estu-dantes estão lendo pouco. O tema leitura não é tão popular nos dias de hoje em que nos deparamos com pessoas que digitam em segundos palavras em seus celulares, mas não conseguem estruturar uma frase simples e colocar no papel. Tudo isso dificulta. O ensino brasileiro está muito aquém do desejado.

Talvez seja por isso que, quando esses jovens são avaliados, surgem tantas notas baixíssimas no Enem.

Elis Carvalho Ferreira da Silva Plauska - Pós graduada em Psicopedagogia pela UGF

saúde

O calor e a hidratação

Este verão tem sido um dos mais intensos em São Paulo. Muita gente não consegue nem dormir direito com tanto calor. Com tem-

peraturas tão altas, é preciso redobrar os cuidados com a hidratação. O calor intenso nos faz perder lí-quido com o suor em excesso e doenças que provo-cam vômito e diarreia. Desde o início do ano, cerca de 25 pessoas são internadas por dia em hospitais públicos do Estado de São por causa do calor. O diretor de Nutrição do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, Daniel Magnoni, explica que muitos problemas provocados pelo calor podem ser evita-

dos com atitudes básicas, como a hidratação com água, sucos e chás. Ele também orienta a evitar ali-mentos em forma de cremes e molhos, que têm fácil contaminação.

Apenas em 2013, o último com dados consolida-dos, foram nove mil e 43 internações por desidra-tação, sendo que 37% delas foram de crianças ou adolescentes com até 14 anos. Naquele ano, hou-ve quase mil e quinhentas internações de crianças entre um e quatro anos. Junto com os idosos, essa faixa etária é a mais afetada. Os médicos alertam que esses dois grupos são os mais desprotegidos e às

vezes não têm o reflexo da sede. Para evitar o câncer de pele, a recomendação

dos médicos é o uso de protetor solar, principalmen-te durante exposição prolongada ao sol em horários inapropriados, entre as nove da manhã e quatro da tarde.

A Secretaria de Saúde de São Paulo alerta ain-da para o crescimento do número de pacientes com pedras nos rins durante o verão. O índice de casos pode subir até 30%. Para evitar o cálculo renal, mé-dicos recomendam aumentar a ingestão de água e diminuir o consumo de sal, carnes e frituras.

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embé.

Dos 6,2 milhões de estudantes que fizeram o último Enem, 529 mil tiraram nota zero na prova de redação. Apenas 250 candidatos, ou 0,004% tiraram 1.000, a nota máxima. O tema proposto na prova foi “Publicidade Infantil no Brasil”.

7Fevereiro | 2015

agenda

Clipping

Dia 02 19h30 Missa de Cura e Libertação (unção dos enfermos)

Dia 03 19h30 Missa de São Brás - Bênção da Garganta

Dia 08 18h30 Celebração da Iniciação à Vida Cristã (Crisma) para jovens e adultos. Missa presidida por Dom Sergio de Deus Borges – Igreja de São Pedro

Dia 11 19h30 Missa de Nossa Senhora de Lourdes

Dia 18

Quarta-Feira de Cinzas

18h Adoração ao Santíssimo

19h30 Bênção do Santíssimo

20h Missa de abertura da Campanha da Fraternidade

Pe. Edimilson visita as famílias

No mês de fevereiro, Pe. Edimilson começará a visitar as famílias da comunidade para abençoá-las. Se você tem alguém idoso ou enfermo em casa e quer receber a unção, deixe na secretaria da Paró-quia o nome e o telefone para agendar a visita.

Conversão de São Paulo

A milagrosa conversão de Saulo, celebrada no dia 25 de janeiro, teve profunda reper-cussão na história da Igreja. Um de seus

mais ativos perseguidores tornou-se o mais zelo-so e incansável missionário. Numa viagem entre Jerusalém e Damasco, em mais uma missão para prender discípulos de Cristo, ele teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz e, ofiscado, caiu do cavalo que montava. Aquela luz intensa que o deixou momentaneamente cego abriu-lhe os olhos para a obra redentora de Cristo. Escre-veu treze epístolas e foi um dos principais res-ponsáveis pela propagação do Evangelho.

Momentos da celebração da Conversão de São Paulo na Igreja de São Pedro

“Sou o menor dos apóstolos. Nem sou digno de ser chamado apóstolo, porque persegui a Igreja de Deus. Mas pela graça de Deus sou o que sou: e sua graça a mim dispensada não foi estéril.”

(I Cor 15)

CUCAJovens da Paróquia de São Pedro no

Acamp’s (Acampamento de Jovens Shalom), em Itapecerica da Serra, entre os dias 22 e 25 de janeiro.

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8 Jornal Chave de São Pedro

diCas Culturais

religiosidade

Abrigo vai receber imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima

No primeiro sábado de fevereiro, dia 7, a imagem de Nossa Senhora de Fátima Peregrina, que desde Portugal percorre o mundo todo, vai visitar a capela de Nossa Senhora da Divina Providência, no Abrigo Frederico Ozanam. A imagem será recebida às 9h com a celebração da missa. Durante toda a semana, será rezado o terço com as vovós e a comunidade, sempre às 15h30.

Enquanto a imagem estiver no abrigo, a capela fi-cará aberta à comunidade para visita, das 8h às 17h.

A despedida da imagem de Nossa Senhora de Fá-

tima Peregrina será no domingo, dia 15 de fevereiro, após a missa das 10h30.

Seguindo as indicações da Irmã Lúcia, a primeira imagem da Virgem Peregrina de Fátima foi coroada so-lenemente no dia 13 de maio de 1947. “A fim de dar resposta ao grande número de pedidos, foram, entre-tanto, feitas várias réplicas da primeira imagem pere-grina”, informa o Santuário de Fátima na sua página na internet.

O Abrigo Frederico Ozanam fica na Rua Vilari-nhos, 95 – Tremembé.

Mostra de humor no Museu da Língua Portuguesa

Ainda sob o impacto do ataque à revista fran-cesa Charlie Hebdo, este passeio é uma boa oportunidade para refletir sobre a importân-

cia da charge.O Museu da Língua Portuguesa, no bairro da

Luz, realiza mais uma edição da mostra “Esta Sala é uma Piada”, que entra em seu 4º ano consecutivo de exibição. A exposição conta com mais de 200 obras entre charges, caricaturas e histórias em qua-drinhos, selecionados do 41º Salão Internacional de Humor de Piracicaba, o evento mais importante do gênero no mundo. A mostra começou no dia 20 de dezembro e ficará em exibição até dia 1º de março.

A exposição tem como linha temática a “Indig-nação” e uma área exclusivamente dedicada ao Golpe Militar de 64. Logo na entrada, é possível

ver as charges que foram publicadas em um dos jornais mais importantes do País em um dos perío-dos de maior repressão, o AI-5.

Ao todo são mais de 200 obras, entre car-toons, charges, caricaturas e histórias em quadri-nhos.

O visitante também pode ouvir uma trilha so-nora que traz músicas da época, como a canção Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré, um dos hinos contra a ditadura.

Além dos trabalhos brasileiros, a exposição tem obras de artistas do México, Cuba, Espa-nha, Polônia, Romênia, Montenegro, Irã, Indoné-sia e do artista iraniano Afshin Nazari, vencedor da categoria cartum e do Troféu Zélio de Ouro de 2014.

Museu da Língua PortuguesaExposição “Esta Sala é Uma Piada”Até 1º de março de 2015Endereço: Praça da Luz, s/nº - Luz - São Paulo - SPMetrô e CPTM LuzTel.: (11) 3322-0080funcionamento: de terça a domingo das 10h às 18h. Aberto até 22h toda última terça-feira do mês (bilheteria fecha às 21h).

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