military review edição brasileira janeiro fevereiro 2015

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REVISTA PROFISSIONAL DO EXÉRCITO DOS EUA JANEIRO-FEVEREIRO 2015 CENTRO DE ARMAS COMBINADAS, FORTE LEAVENWORTH, KANSAS Arremessados em Direção ao Fracasso p3 Maj Donald L. Kingston Jr., Exército dos EUA Sargentos, Subtenentes e o Comando de Missão p32 S Ten Dennis Eger, Exército dos EUA A Guerra como Trabalho Político p62 Mahew J. Schmidt

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    O

    BRASILEIRA

    JAN

    EIRO-FEV

    EREIRO 2015

    REVISTA PROFISSIONAL DO EXRCITO DOS EUA JANEIRO-FEVEREIRO 2015

    CENTRO DE ARMAS COMBINADAS, FORTE LEAVENWORTH, KANSAS

    Arremessados em Direo ao Fracasso p3

    Maj Donald L. Kingston Jr., Exrcito dos EUA

    Sargentos, Subtenentes e o

    Comando de Misso p32S Ten Dennis Eger, Exrcito dos EUA

    A Guerra como Trabalho Poltico p62

    Matthew J. Schmidt

  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEWCover 2

    Um sargento observa o horizonte, em 18 Nov 13, durante uma patrulha a p entre a base de operaes avanada Torkham e um posto de controle afego perto da aldeia de Goloco.(Foto do Exrcito dos EUA/Sgt Eric Provost, FT Patriot)

    12 O Frum de Empreendedores da DefesaO Desenvolvimento da Cultura da Inovao

    Ten Cel Curtis D. Taylor e Maj Nathan K. Finney, Exrcito dos EUAA natureza burocrtica das nossas Foras Armadas til para prover a defesa comum, mas pode limitar severamente a inovao. O Frum de Empreendedores da Defesa buscou proporcionar, aos seus participantes um ambiente livre dos nus burocrticos e sem restries de reas para estudos.

    18 Cadetes Envolvidos no Poder Terrestre EstratgicoComo Administrar o Talento que Necessitamos

    Ten Cel Adrian T. Bogart III e Cap J.D. Mohundro, Exrcito dos EUAComo o Exrcito pode desenvolver comandantes que sero bem-sucedidos na aplicao do Poder Terrestre Estratgico? A resposta comear o mais cedo possvel na carreira dos oficiais, que precisam obter habilidades essenciais como cadetes, quando a educao pode formar uma fundao na cincia, tecnologia, engenharia, matemtica, idiomas e culturas.

    A R T I G O S

    3 Arremessados em Direo ao FracassoA Complexidade das Operaes do Exrcito

    Maj Donald L. Kingston Jr., Exrcito dos EUAO desastre do voo 447 da Air France prov um estudo de caso que mostra como a complexidade, emergindo de sistemas de informaes planejados para apoiar as operaes, pode contribuir para um fracasso catastrfico.

    8 A Maior Ameaa Profisso MilitarDan JohnsonCom frequncia, profissionais do Exrcito escolhem no manifestar-se quando o superior est errado devido ao poder cultural da lealdade. O sistema de instruo e educao refora esse conceito de lealdade e, medida que homens e mulheres assimilam a Profisso Militar, esse conceito se torna uma parte ativa de sua identidade.

    52

    1MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    ndice Janeiro-Fevereiro 2015Tomo 70 Nmero 1

    26 Voc Est DemitidoGen Bda (Res) Michael W. Symanski, Exrcito dos EUAA dispensa uma experincia dolorosa, tanto para quem afastado como para quem tem a responsabilidade dessa deciso. Para o leitor que nunca passou por algo assim, este artigo buscar envolv-lo nas emoes da situao.

    32 Sargentos, Subtenentes e o Comando de MissoS Ten Dennis Eger, Exrcito dos EUATodos os graduados reconhecem que os comandantes comandam, e os graduados os apoiam no cumprimento da misso. Devido a essa mentalidade, muitos graduados tm dificuldade em visualizar seu papel no Comando de Misso.

    39 Como Manter o Esprito do GuerreiroMaj Andrew J. Knight, Exrcito dos EUASe a liderana superior no criar agressivamente, em tempo de paz, um ambiente de comando que fomente a aceitao de risco, a confiana e a responsabilizao pelo comandante, provvel que o esprito do guerreiro se dissipe totalmente, logo depois da concluso das operaes de combate no Afeganisto.

    52 Experimentao do Exrcito dos EUADesenvolvendo a Fora do Futuro Army 2020

    Van Brewer e CMG (Res) Michala Smith, Marinha dos EUAO Exrcito dos EUA est diante de um momento decisivo e precisa definir como continuar a ser uma fora efetiva em mbito mundial, considerando as atuais restries de recursos.

    18

  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEWCover 2

    Um sargento observa o horizonte, em 18 Nov 13, durante uma patrulha a p entre a base de operaes avanada Torkham e um posto de controle afego perto da aldeia de Goloco.(Foto do Exrcito dos EUA/Sgt Eric Provost, FT Patriot)

    12 O Frum de Empreendedores da DefesaO Desenvolvimento da Cultura da Inovao

    Ten Cel Curtis D. Taylor e Maj Nathan K. Finney, Exrcito dos EUAA natureza burocrtica das nossas Foras Armadas til para prover a defesa comum, mas pode limitar severamente a inovao. O Frum de Empreendedores da Defesa buscou proporcionar, aos seus participantes um ambiente livre dos nus burocrticos e sem restries de reas para estudos.

    18 Cadetes Envolvidos no Poder Terrestre EstratgicoComo Administrar o Talento que Necessitamos

    Ten Cel Adrian T. Bogart III e Cap J.D. Mohundro, Exrcito dos EUAComo o Exrcito pode desenvolver comandantes que sero bem-sucedidos na aplicao do Poder Terrestre Estratgico? A resposta comear o mais cedo possvel na carreira dos oficiais, que precisam obter habilidades essenciais como cadetes, quando a educao pode formar uma fundao na cincia, tecnologia, engenharia, matemtica, idiomas e culturas.

    A R T I G O S

    3 Arremessados em Direo ao FracassoA Complexidade das Operaes do Exrcito

    Maj Donald L. Kingston Jr., Exrcito dos EUAO desastre do voo 447 da Air France prov um estudo de caso que mostra como a complexidade, emergindo de sistemas de informaes planejados para apoiar as operaes, pode contribuir para um fracasso catastrfico.

    8 A Maior Ameaa Profisso MilitarDan JohnsonCom frequncia, profissionais do Exrcito escolhem no manifestar-se quando o superior est errado devido ao poder cultural da lealdade. O sistema de instruo e educao refora esse conceito de lealdade e, medida que homens e mulheres assimilam a Profisso Militar, esse conceito se torna uma parte ativa de sua identidade.

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    1MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    ndice Janeiro-Fevereiro 2015Tomo 70 Nmero 1

    26 Voc Est DemitidoGen Bda (Res) Michael W. Symanski, Exrcito dos EUAA dispensa uma experincia dolorosa, tanto para quem afastado como para quem tem a responsabilidade dessa deciso. Para o leitor que nunca passou por algo assim, este artigo buscar envolv-lo nas emoes da situao.

    32 Sargentos, Subtenentes e o Comando de MissoS Ten Dennis Eger, Exrcito dos EUATodos os graduados reconhecem que os comandantes comandam, e os graduados os apoiam no cumprimento da misso. Devido a essa mentalidade, muitos graduados tm dificuldade em visualizar seu papel no Comando de Misso.

    39 Como Manter o Esprito do GuerreiroMaj Andrew J. Knight, Exrcito dos EUASe a liderana superior no criar agressivamente, em tempo de paz, um ambiente de comando que fomente a aceitao de risco, a confiana e a responsabilizao pelo comandante, provvel que o esprito do guerreiro se dissipe totalmente, logo depois da concluso das operaes de combate no Afeganisto.

    52 Experimentao do Exrcito dos EUADesenvolvendo a Fora do Futuro Army 2020

    Van Brewer e CMG (Res) Michala Smith, Marinha dos EUAO Exrcito dos EUA est diante de um momento decisivo e precisa definir como continuar a ser uma fora efetiva em mbito mundial, considerando as atuais restries de recursos.

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  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW2

    THE PROFESSIONAL JOURNAL OF THE U.S. ARMY

    Janeiro-Fevereiro 2015 Tomo 70 Nmero 1Professional Bulletin 100-15-1/2Authentication no.1432102

    Comandante, Centro de Armas Combinadas: General Robert B. BrownEditora-Chefe da Military Review: Coronel Anna R. Friederich-MaggardEditor-Chefe das Edies em Ingls: William M. DarleyEditor-Chefe, Edies em Lnguas Estrangeiras: Miguel SeveroGerente de Produo: Major Efrem GibsonAdministrao: Linda Darnell

    Edies Ibero-AmericanasAssistente de Traduo: VacantDiagramador/Webmaster: Michael Serravo

    Edio Hispano-AmericanaTradutora/Editora: Albis ThompsonTradutor/Editor: Ronald Williford

    Edio BrasileiraTradutor/Editor: Shawn A. SpencerTradutora/Editora: Flavia da Rocha Spiegel Linck

    Assessores das Edies Ibero-americanasOficial de Ligao do Exrcito Brasileiro junto ao CAC/EUA e Assessor da Edio Brasileira: Cel Luiz Henrique Pedroza MendesOficial de Ligao do Exrcito Chileno junto ao CAC/EUA e Assessor da Edio Hispano-Americana: Ten Cel Jorge Leon Gould

    Military Review Publicada pelo CAC/EUA, Forte Leavenworth, Kansas, bi-mestralmente em portugus, espanhol e ingls. Porte pago em Leavenworth Kansas, 66048-9998, e em outras agncias do correio.

    A correspondncia dever ser endereada Military Review, CAC, Forte Leavenworth, Kansas, 66027-1293, EUA. Telefone (913) 684-9338, ou FAX (913) 684-9328; Correio Eletrnico (E-Mail) [email protected].

    A Military Review pode tambm ser lida atravs da internet no Website: http://www.militaryreview.army.mil/. Todos os artigos desta revista constam do ndice do Public Affairs Information Service Inc., 11 West 40th Street, New York, NY, 10018-2693.

    As opinies aqui expressas pertencem a seus respectivos autores e no ao Departamento de Defesa dos EUA ou seus elementos constituintes, a no ser que a observao especfica defina a autoria da opinio. A Military Review se reserva o direito de editar todo e qualquer material devido s limitaes de seu espao.

    Military Review Edio Brasileira (US ISSN 1067-0653) (UPS 009-356) is published bimonthly by the U.S. Army, Combined Arms Center (CAC), Ft. Leavenworth, KS 66027-1293.

    Periodical paid at Leavenworth, KS 66048, and additional maling offices. Postmaster send corrections to Military Review, CAC, Truesdell Hall, 290 Stimson Ave., Ft. Leavenworth, KS 66027-1293.

    Raymond T. OdiernoGeneral, United States Army Chief of Staff

    Official:

    Gerald B. OKeefeAdministrative Assistant to the Secretary of the Army

    58 Como Definir a Fora 2025Ten Cel Brandon Smith, Exrcito dos EUAA perspectiva de cortes oramentrios e de pessoal significa que o Exrcito dos EUA ter de fazer mais com menos. A Fora precisa de uma estratgia para o futuro, alm de 2020, que estabelea metas interinas para sua estrutura e seu desenvolvimento. O conceito para satisfazer essa necessidade conhecido como Fora 2025.

    62 A Guerra como Trabalho PolticoComo Utilizar as Cincias Sociais para o xito Estratgico

    Matthew J. SchmidtA guerra no envolve apenas derrotar o inimigo. Tambm consiste em criar ordem social e poltica quando sistemas anteriores houverem se desintegrado ou houverem sido derrubados intencionalmente com o emprego de fora militar.

    71 A Ascenso da China nas AmricasR. Evan EllisA anlise de atividades chinesas na Amrica Latina e no Caribe apresentada neste artigo contribui com alguns entendimentos novos sobre teorias tradicionais de estudos latino-americanos, relaes internacionais e economia poltica internacional.

    84 O Domnio HumanoA Necessria Iniciativa do Exrcito dos EUA em Direo s Cincias Sociais

    Maj Mark Herbert, Exrcito dos EUAEssa abordagem revela a necessidade de ampliar os paradigmas intelectuais utilizados para pesquisar e analisar o empreendimento humano da guerra. A ampliao do conjunto de ferramentas conceituais para analisar a guerra de modo mais abrangente deve incluir o uso das Cincias Sociais.

    3MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    Arremessados em Direo ao FracassoA Complexidade das Operaes do ExrcitoMaj Donald L. Kingston Jr., Exrcito dos EUAO Maj Donald L. Kingston Jr. serve, atualmente, como Oficial Administrativo do 2o Batalho, 1o Regimento de Infantaria, 2 Brigada de Combate Stryker, localizado na Base Conjunta Lewis-McChord, Washington. bacharel e mestre em Engenharia Qumica pela University of Rochester. Desempenhou uma variedade de funes em diversas unida-des operacionais do Exrcito dos EUA.

    Por muitos anos, soldados, pesquisadores militares, tericos e escritores discutiram a necessidade de que os modelos de processo de-cisrio e de planejamento do Exrcito levem em conta a complexidade. A doutrina do Exrcito sobre a Arte Operacional, por exemplo, incorpora formas criativas para administrar efetivamente as foras militares como parte de situaes complexas. Segundo a Publicao de Referncia Doutrinria do Exrcito 3-0 (ADRP 3-0), a Arte Operacional uma abordagem cognitiva para desenvolver estratgias, campanhas e operaes que tentam levar em conta as relaes complexas entre aes tticas e objetivos estratgicos1. Os comandantes e os estados-maiores podem usar essa abordagem para visualizar e compreender um ambiente operacional complexo.

    Comandantes e estados-maiores usam sistemas de informaes para apoiar um enten-dimento compartilhado. Supostamente, os sistemas de informaes estruturados para apoiar o Comando

    de Misso ajudam o comandante e seu estado-maior a visualizar seu ambiente operacional por meio da coleta, organizao e disseminao de informaes. No en-tanto, no esforo de obter mais e mais informaes por meio da tecnologia, temos incrementado a complexida-de das operaes militares mais do que temos melho-rado nossa capacidade de entender o que se passa no campo de batalha. A crescente complexidade que foi produzida por ns aumenta o risco de fracasso catastrfico durante qualquer misso, independentemente da abordagem utilizada pelo coman-dante para entender a situao.

    Os Sistemas de

    Comando de Misso do Exrcito

    Este artigo descreve o emprego de sistemas de informaes do Exrcito no

    Um A330-203 F-G-ZCP aterrissa no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, 28 Mar 07. O avio caiu durante o Voo 447 da Air France.(Pawel Kierzkowski)

  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW2

    THE PROFESSIONAL JOURNAL OF THE U.S. ARMY

    Janeiro-Fevereiro 2015 Tomo 70 Nmero 1Professional Bulletin 100-15-1/2Authentication no.1432102

    Comandante, Centro de Armas Combinadas: General Robert B. BrownEditora-Chefe da Military Review: Coronel Anna R. Friederich-MaggardEditor-Chefe das Edies em Ingls: William M. DarleyEditor-Chefe, Edies em Lnguas Estrangeiras: Miguel SeveroGerente de Produo: Major Efrem GibsonAdministrao: Linda Darnell

    Edies Ibero-AmericanasAssistente de Traduo: VacantDiagramador/Webmaster: Michael Serravo

    Edio Hispano-AmericanaTradutora/Editora: Albis ThompsonTradutor/Editor: Ronald Williford

    Edio BrasileiraTradutor/Editor: Shawn A. SpencerTradutora/Editora: Flavia da Rocha Spiegel Linck

    Assessores das Edies Ibero-americanasOficial de Ligao do Exrcito Brasileiro junto ao CAC/EUA e Assessor da Edio Brasileira: Cel Luiz Henrique Pedroza MendesOficial de Ligao do Exrcito Chileno junto ao CAC/EUA e Assessor da Edio Hispano-Americana: Ten Cel Jorge Leon Gould

    Military Review Publicada pelo CAC/EUA, Forte Leavenworth, Kansas, bi-mestralmente em portugus, espanhol e ingls. Porte pago em Leavenworth Kansas, 66048-9998, e em outras agncias do correio.

    A correspondncia dever ser endereada Military Review, CAC, Forte Leavenworth, Kansas, 66027-1293, EUA. Telefone (913) 684-9338, ou FAX (913) 684-9328; Correio Eletrnico (E-Mail) [email protected].

    A Military Review pode tambm ser lida atravs da internet no Website: http://www.militaryreview.army.mil/. Todos os artigos desta revista constam do ndice do Public Affairs Information Service Inc., 11 West 40th Street, New York, NY, 10018-2693.

    As opinies aqui expressas pertencem a seus respectivos autores e no ao Departamento de Defesa dos EUA ou seus elementos constituintes, a no ser que a observao especfica defina a autoria da opinio. A Military Review se reserva o direito de editar todo e qualquer material devido s limitaes de seu espao.

    Military Review Edio Brasileira (US ISSN 1067-0653) (UPS 009-356) is published bimonthly by the U.S. Army, Combined Arms Center (CAC), Ft. Leavenworth, KS 66027-1293.

    Periodical paid at Leavenworth, KS 66048, and additional maling offices. Postmaster send corrections to Military Review, CAC, Truesdell Hall, 290 Stimson Ave., Ft. Leavenworth, KS 66027-1293.

    Raymond T. OdiernoGeneral, United States Army Chief of Staff

    Official:

    Gerald B. OKeefeAdministrative Assistant to the Secretary of the Army

    58 Como Definir a Fora 2025Ten Cel Brandon Smith, Exrcito dos EUAA perspectiva de cortes oramentrios e de pessoal significa que o Exrcito dos EUA ter de fazer mais com menos. A Fora precisa de uma estratgia para o futuro, alm de 2020, que estabelea metas interinas para sua estrutura e seu desenvolvimento. O conceito para satisfazer essa necessidade conhecido como Fora 2025.

    62 A Guerra como Trabalho PolticoComo Utilizar as Cincias Sociais para o xito Estratgico

    Matthew J. SchmidtA guerra no envolve apenas derrotar o inimigo. Tambm consiste em criar ordem social e poltica quando sistemas anteriores houverem se desintegrado ou houverem sido derrubados intencionalmente com o emprego de fora militar.

    71 A Ascenso da China nas AmricasR. Evan EllisA anlise de atividades chinesas na Amrica Latina e no Caribe apresentada neste artigo contribui com alguns entendimentos novos sobre teorias tradicionais de estudos latino-americanos, relaes internacionais e economia poltica internacional.

    84 O Domnio HumanoA Necessria Iniciativa do Exrcito dos EUA em Direo s Cincias Sociais

    Maj Mark Herbert, Exrcito dos EUAEssa abordagem revela a necessidade de ampliar os paradigmas intelectuais utilizados para pesquisar e analisar o empreendimento humano da guerra. A ampliao do conjunto de ferramentas conceituais para analisar a guerra de modo mais abrangente deve incluir o uso das Cincias Sociais.

    3MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    Arremessados em Direo ao FracassoA Complexidade das Operaes do ExrcitoMaj Donald L. Kingston Jr., Exrcito dos EUAO Maj Donald L. Kingston Jr. serve, atualmente, como Oficial Administrativo do 2o Batalho, 1o Regimento de Infantaria, 2 Brigada de Combate Stryker, localizado na Base Conjunta Lewis-McChord, Washington. bacharel e mestre em Engenharia Qumica pela University of Rochester. Desempenhou uma variedade de funes em diversas unida-des operacionais do Exrcito dos EUA.

    Por muitos anos, soldados, pesquisadores militares, tericos e escritores discutiram a necessidade de que os modelos de processo de-cisrio e de planejamento do Exrcito levem em conta a complexidade. A doutrina do Exrcito sobre a Arte Operacional, por exemplo, incorpora formas criativas para administrar efetivamente as foras militares como parte de situaes complexas. Segundo a Publicao de Referncia Doutrinria do Exrcito 3-0 (ADRP 3-0), a Arte Operacional uma abordagem cognitiva para desenvolver estratgias, campanhas e operaes que tentam levar em conta as relaes complexas entre aes tticas e objetivos estratgicos1. Os comandantes e os estados-maiores podem usar essa abordagem para visualizar e compreender um ambiente operacional complexo.

    Comandantes e estados-maiores usam sistemas de informaes para apoiar um enten-dimento compartilhado. Supostamente, os sistemas de informaes estruturados para apoiar o Comando

    de Misso ajudam o comandante e seu estado-maior a visualizar seu ambiente operacional por meio da coleta, organizao e disseminao de informaes. No en-tanto, no esforo de obter mais e mais informaes por meio da tecnologia, temos incrementado a complexida-de das operaes militares mais do que temos melho-rado nossa capacidade de entender o que se passa no campo de batalha. A crescente complexidade que foi produzida por ns aumenta o risco de fracasso catastrfico durante qualquer misso, independentemente da abordagem utilizada pelo coman-dante para entender a situao.

    Os Sistemas de

    Comando de Misso do Exrcito

    Este artigo descreve o emprego de sistemas de informaes do Exrcito no

    Um A330-203 F-G-ZCP aterrissa no Aeroporto Charles de Gaulle, em Paris, 28 Mar 07. O avio caiu durante o Voo 447 da Air France.(Pawel Kierzkowski)

  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW4

    contexto da Arte Operacional e da complexidade das operaes militares. A discusso usa a frase sistemas de Comando de Misso (plural) como utilizada comu-mente para referir-se aos sistemas de informaes que apoiam o Comando de Misso. A doutrina do Exrcito na ADRP 6-0, porm, usa o termo sistema de Comando de Misso (singular) para incluir pessoal, re-des, sistemas de informaes, processos, procedimentos, instalaes e equipamento2. Em termos doutrinrios, um sistema de informaes consiste em equipamento que coleta, processa, armazena e dissemina informaes, incluindo hardware, software, comunicaes, polticas adotadas e procedimentos3. Alm disso, para fins desta discusso, as distines feitas pela doutrina entre dado e informao so insignificantes.

    Os sistemas de Comando de Misso reunidos para apoiar uma operao formam um complexo sistema de sistemas semelhante, at certo ponto, aos sistemas de informaes complexos usados por grandes avies comerciais. Os comandantes das operaes do Exrcito e os pilotos desses avies precisam gerenciar grandes quantidades de dados e informaes fornecidas por seus sistemas de informaes. O desastre do voo 447 da Air France (AF) prov um estudo de caso que mos-tra como a complexidade, emergindo de sistemas de informaes planejados para apoiar as operaes, pode contribuir para um fracasso catastrfico.

    Informao DemaisEm 1 de junho de 2009, o voo AF 447, do Rio de

    Janeiro para Paris, caiu no sul do Oceano Atlntico, ma-tando todos a bordo. O relatrio final da queda, publi-cado em 2012, atribuiu a causa da queda a uma srie de eventos e situaes que incluam deficincias no treina-mento, falhas de equipamento, problemas processuais e erros humanos4. Embora o avio fosse equipado com sis-temas de segurana eletrnicos atualizados, as informa-es fornecidas algumas incorretas confundiram a tripulao. Eles no entenderam sua situao, e seus comportamentos e decises levaram queda.

    Segundo o autor Andrew Zolli, o uso de muitos sistemas de segurana em avies e em qualquer tipo de operaes aumenta a complexidade como um todo at que os sistemas de segurana tornam-se fontes de risco5. O nmero de interaes potenciais entre os sistemas aumenta tanto, que as informaes tornam-se incontrolveis e imprevisveis. Os autores J.M. Carlson e

    John Doyle descrevem como sistemas complexos, sejam naturais ou artificiais, podem ser fortes, mas frgeis porque so fortes em gerenciar o que esperado, mas frgeis quando enfrentados com um cenrio inesperado, onde aparece uma srie de pequenas falhas ou proble-mas ou, ainda, uma falha no desenho industrial, de fabricao ou de manuteno6.

    A tripulao da Air France experimentou... um tipo de avalanche de dados... No puderam analisar tudo efetivamente e perderam suas vidas.

    Desde que Clausewitz descreveu como uma fric-o inerente guerra faz com que at as tarefas mais simples tornem-se difceis, comandantes militares tm buscado a certeza no campo de batalha, como um meio para obter a vitria7. Conseguir a certeza depende, em parte, da aquisio das informaes necessrias para tomar decises, no sendo surpresa de que as Foras Armadas tm buscado coletar o maior nmero de dados e de informaes em seus mtodos de planejamento e tomada de deciso. A doutrina do Exrcito codificou uma abordagem para o processo decisrio, pela primeira vez, em 1932. Desde ento, a doutrina evoluiu conside-ravelmente, aumentando o nmero de variveis, bem como a complexidade dos processos. Hoje, o Exrcito tem seu processo operacional e processos de planejamento subordinados conhecidos como a metodologia de design do Exrcito, o processo decisrio militar e os procedimentos de liderana de tropas. As operaes so consideradas to complexas que a doutrina no prev utilizar um modelo nico para todos os casos do processo decisrio; esperado que os comandantes escolham um processo ou processos apropriados para sua situao. A Arte Operacional serve como uma abordagem abrangente que foi concebida para ajudar comandantes a entender situaes complexas e integrar muitas variveis nos nveis ttico e operacional.

    5MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    COMPLEXIDADE DAS OPERAES

    Complexidade DemaisA teoria da complexidade um termo abrangente

    que refere-se ao estudos de organizaes como siste-mas adaptveis complexos que precisam ser capazes de receber e adaptar-se ao feedback. Em princpio, a Arte Operacional incorpora a adaptabilidade. Segundo a ADRP 3-0, os comandantes buscam atingir os objeti-vos estratgicos por meio de aes tticas. Combinam suas habilidades, conhecimento, experincia e juzo para superar a ambiguidade e complexidades do am-biente operacional complexo, incerto e sempre mutvel para melhor compreender o problema ou os problemas que se apresentam. A Arte Operacional [...] integra os fins, os mtodos e os meios, enquanto leva em conside-rao o risco8.

    As decises dependem do entendimento, o qual depende da informao que, por sua vez, depende dos dados e da anlise dos mesmos. Conforme a tecnologia evolui, o Exrcito explora vrios meios para prover informaes relevantes e oportunas ao comandante e ao estado-maior. Por exemplo: no Vietn o Exrcito usava helicp-teros para o comando e controle aerotransportado9. A partir dos anos 80, o Exrcito comeou a in-corporar tecnologia de informaes e redes de computadores.

    Os sistemas de Comando de Misso so uma consolidao de redes de computadores, sistemas de sensores, redes rdio e comu-nicaes por satlite. Os esforos recentes da comunidade dos sistemas de Comando de Misso (referindo a todos os criadores, usurios e interessados dos sistemas de informaes do Exrcito) concentra-ram-se em aumentar as redes de sensores e de coleta e o seu compartilhamento de informaes horizontal e verticalmente. Conforme os sistemas e redes cresce-ram em tamanho e capacidade, tambm aumentaram em complexidade. Por exemplo, um sistema principal que apoia o Comando de Misso conhecido como o Posto de Comando do Futuro (Command Post of the Future CPOF). Essa complexa rede de computa-dores abrange mais de nove redes subordinadas, cada

    uma com sua prpria rede de sensores ou de coleta10. Pode-se argumentar que o CPOF um sistema-de-sis-temas complexo por si prprio. No entanto, apenas uma pequena parte de qualquer arquitetura geral de sistemas de apoio do Comando de Misso e os sistemas se diferenciam por cada misso, porque cada comandante escolhe e emprega os sistemas com base na misso.

    A complexidade introduzida por tais sistemas no limitada pela sua estrutura fsica. Acrescenta-se complexidade enfrentada pelos comandantes devido ao volume dos dados e informaes que proporcionam. Rotineiramente, o Exrcito usa sistemas de informa-es em experimentos, rodzios nos centros de adestra-mento de combate e nas operaes no mundo real. Em vrios experimentos, eventos de instruo e operaes, dados e informaes inundam estados-maiores e

    comandantes muito das quais so sem importncia, imprecisos, conflitantes e irrelevantes. Esse fenme-no no singular para as Foras Armadas. Anukool Lakhina, blogueiro da tecnologia, discute as preocupa-es sobre as empresas perdendo discernimentos-cha-ve em uma grande avalanche de dados (significando a chegada rpida ou repentina de grandes dados) oriunda dos sistemas de informaes, enquanto a tec-nologia analtica permanece inadequada para tornar os dados pertinentes11. As redes do Departamento de Defesa (DOD) e do Exrcito so maiores em tamanho

    O CF Giucemar Tabosa Cardoso, da Marinha do Brasil, mostra uma imagem de satlite com a localizao dos destroos do Airbus A330-203 da Air France.

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  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW4

    contexto da Arte Operacional e da complexidade das operaes militares. A discusso usa a frase sistemas de Comando de Misso (plural) como utilizada comu-mente para referir-se aos sistemas de informaes que apoiam o Comando de Misso. A doutrina do Exrcito na ADRP 6-0, porm, usa o termo sistema de Comando de Misso (singular) para incluir pessoal, re-des, sistemas de informaes, processos, procedimentos, instalaes e equipamento2. Em termos doutrinrios, um sistema de informaes consiste em equipamento que coleta, processa, armazena e dissemina informaes, incluindo hardware, software, comunicaes, polticas adotadas e procedimentos3. Alm disso, para fins desta discusso, as distines feitas pela doutrina entre dado e informao so insignificantes.

    Os sistemas de Comando de Misso reunidos para apoiar uma operao formam um complexo sistema de sistemas semelhante, at certo ponto, aos sistemas de informaes complexos usados por grandes avies comerciais. Os comandantes das operaes do Exrcito e os pilotos desses avies precisam gerenciar grandes quantidades de dados e informaes fornecidas por seus sistemas de informaes. O desastre do voo 447 da Air France (AF) prov um estudo de caso que mos-tra como a complexidade, emergindo de sistemas de informaes planejados para apoiar as operaes, pode contribuir para um fracasso catastrfico.

    Informao DemaisEm 1 de junho de 2009, o voo AF 447, do Rio de

    Janeiro para Paris, caiu no sul do Oceano Atlntico, ma-tando todos a bordo. O relatrio final da queda, publi-cado em 2012, atribuiu a causa da queda a uma srie de eventos e situaes que incluam deficincias no treina-mento, falhas de equipamento, problemas processuais e erros humanos4. Embora o avio fosse equipado com sis-temas de segurana eletrnicos atualizados, as informa-es fornecidas algumas incorretas confundiram a tripulao. Eles no entenderam sua situao, e seus comportamentos e decises levaram queda.

    Segundo o autor Andrew Zolli, o uso de muitos sistemas de segurana em avies e em qualquer tipo de operaes aumenta a complexidade como um todo at que os sistemas de segurana tornam-se fontes de risco5. O nmero de interaes potenciais entre os sistemas aumenta tanto, que as informaes tornam-se incontrolveis e imprevisveis. Os autores J.M. Carlson e

    John Doyle descrevem como sistemas complexos, sejam naturais ou artificiais, podem ser fortes, mas frgeis porque so fortes em gerenciar o que esperado, mas frgeis quando enfrentados com um cenrio inesperado, onde aparece uma srie de pequenas falhas ou proble-mas ou, ainda, uma falha no desenho industrial, de fabricao ou de manuteno6.

    A tripulao da Air France experimentou... um tipo de avalanche de dados... No puderam analisar tudo efetivamente e perderam suas vidas.

    Desde que Clausewitz descreveu como uma fric-o inerente guerra faz com que at as tarefas mais simples tornem-se difceis, comandantes militares tm buscado a certeza no campo de batalha, como um meio para obter a vitria7. Conseguir a certeza depende, em parte, da aquisio das informaes necessrias para tomar decises, no sendo surpresa de que as Foras Armadas tm buscado coletar o maior nmero de dados e de informaes em seus mtodos de planejamento e tomada de deciso. A doutrina do Exrcito codificou uma abordagem para o processo decisrio, pela primeira vez, em 1932. Desde ento, a doutrina evoluiu conside-ravelmente, aumentando o nmero de variveis, bem como a complexidade dos processos. Hoje, o Exrcito tem seu processo operacional e processos de planejamento subordinados conhecidos como a metodologia de design do Exrcito, o processo decisrio militar e os procedimentos de liderana de tropas. As operaes so consideradas to complexas que a doutrina no prev utilizar um modelo nico para todos os casos do processo decisrio; esperado que os comandantes escolham um processo ou processos apropriados para sua situao. A Arte Operacional serve como uma abordagem abrangente que foi concebida para ajudar comandantes a entender situaes complexas e integrar muitas variveis nos nveis ttico e operacional.

    5MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    COMPLEXIDADE DAS OPERAES

    Complexidade DemaisA teoria da complexidade um termo abrangente

    que refere-se ao estudos de organizaes como siste-mas adaptveis complexos que precisam ser capazes de receber e adaptar-se ao feedback. Em princpio, a Arte Operacional incorpora a adaptabilidade. Segundo a ADRP 3-0, os comandantes buscam atingir os objeti-vos estratgicos por meio de aes tticas. Combinam suas habilidades, conhecimento, experincia e juzo para superar a ambiguidade e complexidades do am-biente operacional complexo, incerto e sempre mutvel para melhor compreender o problema ou os problemas que se apresentam. A Arte Operacional [...] integra os fins, os mtodos e os meios, enquanto leva em conside-rao o risco8.

    As decises dependem do entendimento, o qual depende da informao que, por sua vez, depende dos dados e da anlise dos mesmos. Conforme a tecnologia evolui, o Exrcito explora vrios meios para prover informaes relevantes e oportunas ao comandante e ao estado-maior. Por exemplo: no Vietn o Exrcito usava helicp-teros para o comando e controle aerotransportado9. A partir dos anos 80, o Exrcito comeou a in-corporar tecnologia de informaes e redes de computadores.

    Os sistemas de Comando de Misso so uma consolidao de redes de computadores, sistemas de sensores, redes rdio e comu-nicaes por satlite. Os esforos recentes da comunidade dos sistemas de Comando de Misso (referindo a todos os criadores, usurios e interessados dos sistemas de informaes do Exrcito) concentra-ram-se em aumentar as redes de sensores e de coleta e o seu compartilhamento de informaes horizontal e verticalmente. Conforme os sistemas e redes cresce-ram em tamanho e capacidade, tambm aumentaram em complexidade. Por exemplo, um sistema principal que apoia o Comando de Misso conhecido como o Posto de Comando do Futuro (Command Post of the Future CPOF). Essa complexa rede de computa-dores abrange mais de nove redes subordinadas, cada

    uma com sua prpria rede de sensores ou de coleta10. Pode-se argumentar que o CPOF um sistema-de-sis-temas complexo por si prprio. No entanto, apenas uma pequena parte de qualquer arquitetura geral de sistemas de apoio do Comando de Misso e os sistemas se diferenciam por cada misso, porque cada comandante escolhe e emprega os sistemas com base na misso.

    A complexidade introduzida por tais sistemas no limitada pela sua estrutura fsica. Acrescenta-se complexidade enfrentada pelos comandantes devido ao volume dos dados e informaes que proporcionam. Rotineiramente, o Exrcito usa sistemas de informa-es em experimentos, rodzios nos centros de adestra-mento de combate e nas operaes no mundo real. Em vrios experimentos, eventos de instruo e operaes, dados e informaes inundam estados-maiores e

    comandantes muito das quais so sem importncia, imprecisos, conflitantes e irrelevantes. Esse fenme-no no singular para as Foras Armadas. Anukool Lakhina, blogueiro da tecnologia, discute as preocupa-es sobre as empresas perdendo discernimentos-cha-ve em uma grande avalanche de dados (significando a chegada rpida ou repentina de grandes dados) oriunda dos sistemas de informaes, enquanto a tec-nologia analtica permanece inadequada para tornar os dados pertinentes11. As redes do Departamento de Defesa (DOD) e do Exrcito so maiores em tamanho

    O CF Giucemar Tabosa Cardoso, da Marinha do Brasil, mostra uma imagem de satlite com a localizao dos destroos do Airbus A330-203 da Air France.

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  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW6

    e alcance que, at mesmo, as grandes redes de compu-tadores empresariais, em termos de insumos e ns de comutao. Se os chefes empresariais se preocupam com esse problema, talvez a liderana superior militar deva se preocupar tambm, porque o problema das Foras Armadas muito maior.

    A tripulao da Air France experimentou uma torrente de informaes repentina um tipo de avalanche de dados. Eles ficaram incapazes de tomar as decises que talvez pudessem ter poupado seu avio, devido, em parte, quantidade opressiva de informa-es relevantes, irrelevantes, conflitantes e imprecisas. No puderam analisar tudo efetivamente e perderam suas vidas. Sem dvida, as unidades do Exrcito, usan-do sistemas de informaes planejados para apoiar o Comando de Misso, tm se encontrado em um estado semelhante de paralisia, devido ao excesso de informaes.

    Os proponentes dos sistemas de Comando de Misso do Exrcito alegam que seus sistemas permi-tem que as unidades possam integrar informaes ver-tical e horizontalmente, compartilh-las velozmente e tomar decises com mais rapidez12. Como defendido pelo Gen Stanley McChrystal, o compartilhamento rpido de informaes deve ajudar soldados e coman-dantes, em cada nvel, a desenvolver um entendimento holstico, adquirir discernimentos-chave e agir de forma decisiva no campo de batalha13. Tudo isso pre-tende, supostamente, reduzir a incerteza. O General McChrystal foi o primeiro a utilizar outras formas de melhorar o compartilhamento de informaes du-rante operaes militares, mas foram os comandantes adaptveis, treinados para receber, processar e agir de acordo com as informaes que fizeram com que a sua abordagem fosse efetiva. Contudo, o Exrcito continuou a enfatizar a tecnologia como a soluo para a incerteza e, portanto, continuou a aumentar a quantidade de sistemas de informaes. A abordagem representada tipicamente pelas publicaes de lies aprendidas do Exrcito semelhante, enfatizando solues tecnolgicas acima das solues de instruo ou de liderana.

    Comandantes, Sistemas e Foras Resistentes

    As foras militares precisam de uma forma para reduzir a incerteza sem, simultaneamente,

    aumentar a complexidade. Com certeza, precisam de sistemas de Comando de Misso resistentes que possam capacitar foras resistentes. Os sistemas resistentes e as foras resistentes so adaptveis, versteis e flexveis, mas a adaptabilidade (ou adap-tao) a caracterstica mais importante. A declara-o de G. Scott Gorman sobre soldados adaptveis, escrita em 1998, ainda vlida hoje: A adaptao, embora talvez envolva solues tecnolgicas, no se origina na tecnologia. A adaptao surge das mentes tanto de lderes quanto de seguidores14. Os lderes e seguidores adaptveis precisam ser capazes de analisar e interpretar informaes corretamente e tomar decises com rapidez vrias vezes, conforme as informaes mudam ou quando os dados pare-cem incongruentes. O U.S. Army Capstone Concept de 2012 (Conceito Fundamental do Exrcito de 2012, em traduo livre) aborda a necessidade da adaptabilidade pela perspectiva institucional15. Discute avanos cientficos, tecnolgicos e sociais em termos de interaes humanas, dizendo que tais avanos devem ser combinados com a devida doutrina e integrados efetivamente na organizao e no treinamento das foras do Exrcito16. A impor-tncia de garantir a integrao e o treinamento na execuo desse conceito no pode ser desprezada. O documento tambm declara:

    O Exrcito precisa buscar tecnologias emergentes para manter seus pontos fortes, eliminar as fraquezas, explorar oportuni-dades e desenvolver contramedidas para as capacidades das ameaas futuras e preservar sua vantagem tecnolgica sobre essas17.

    O Exrcito conseguir preservar sua vantagem tecnolgica somente ao complementar os avanos na tecnologia com o simultneo e correspondente desen-volvimento da liderana. Para evitar fracassos catastr-ficos no campo de batalha, semelhantes ao desastre da Air France, o Exrcito precisa considerar como usar os sistemas de Comando de Misso em uma forma que no aumente a complexidade at nveis descontrolveis. Durante seu esforo para ajudar comandantes a entender seus ambientes operacionais, o Exrcito construiu sistemas que aumentam a complexidade geral das operaes e, consequentemente, a incerte-za. Os sistemas de Comando de Misso do Exrcito so robustos, porm frgeis.

    7MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    COMPLEXIDADE DAS OPERAES

    Referncias

    1. Army Doctrinal Reference Publication (ADRP) 3-0, Unified Land Operations (Washington, DC: U.S. Government Printing Office [GPO], 16 may 2012), p. -1.

    2. ADRP 6-0, Mission Command (Washington, DC: GPO, 17 May 2012).

    3. Ibid.4. Bureau dEnqutes et dAnalyses (BEA) pour la scurit de

    laviation civile, traduzado de francs pela, Final Report on the accident on 1st June 2009 to the Airbus A330-203 registered F-GZCP operated by Air France flight AF 447 Rio De Janeiro-Paris (Relatrio Final sobre o acidente em 01 Jun 09 do Airbus A330-203 registrada F-GZCP operada pela Air France Voo AF 447 Rio de Janeiro-Paris) (Paris, France: BEA, Ministre de lcologie, du Dveloppement durable, des Transports et du Logement, 2012), disponvel em: http://www.bea.aero/docspa/2009/f-cp090601.en/pdf/f-cp090601.en.pdf.

    5. Andrew Zolli, Want to Build Resilience? Kill the Complexi-ty, Harvard Business Review (2 Dec. 2012).

    6. J.M. Carlson e John Doyle, Complexity and Robustness, Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 99 Suppl 1 (19 Feb. 2002), disponvel em: http://www.pnas.org/content/99/suppl_1/2538.full.pdf.

    7. Para uma discusso interessante sobre o processo decisrio militar e a tecnologia de informao, veja John W. Charlton, Digi-tized Chaos: Is Our Military Decision Making Process Ready for the Information Age? (School of Advanced Military Studies [SAMS] monograph, Washington, DC: GPO, 1997), disponvel em: http://oai.dtic.mil/oai/oai?verb=getRecord&metadataPrefix=html&iden-tifier=ADA339521.

    8. ADRP 3-0.9. Para mais informao sobre a evoluo dos sistemas de

    informaes do Exrcito como um meio para reduzir a incerteza, veja Richard S. Jeffress, The Continuing Quest for Certainty: Decision Superiority and the Future Force (SAMS monograph, Washington, DC: GPO, 2004).

    10. As principais redes subordinadas integradas no Posto de Combate do Futuro so: Sistema de Dados Tticos de Artilharia

    de Campanha Avanada (Advanced Field Artillery Tactical Data System), Ferramenta de Controle de Efeitos (Effects Management Tool), Sistema Terrestre Comum Distributivo-Exrcito (Distributive Common Ground Systems-Army), Sistema de Anlise de Todas as Fontes (All Source Analysis System), Sistemas de Apoio e Susten-tao dos Comandos de Batalha (Battle Command Support and Sustainment Systems), Rastreador da Fora Azul (Blue Force Tracker) e Computador Pessoal de Comando e Controle (Command and Control Personal Computer). Para uma lista detalhada veja o site Complexo de Treinamento de Misso da Guarda Nacional, dispo-nvel em: http://www-bctc.army.mil/cpof.htm.

    11. Anukool Lakhina, We Need to Prevent Data Insights from Dying in the Big Data Avalanche, postagem de blog no site GigaOM.com, 6 out. 2012, disponvel em: http://gigaom.com/data/we-need-to-prevent-insights-from-dying-in-the-big-data-ava-lanche/.

    12. Como exemplo das alegaes funcionais dos proponentes dos sistemas de informaes do Exrcito, veja o site da internet do Program Executive Office Command Control Communications-Tac-tical, disponvel em: http://peoc3t.army.mil/mc/tmc.php.

    13. Para obter mais informaes sobre a abordagem do Gen Ex McChrystal quantoao compartilhamento de informaes, veja Stanley A. McChrystal, The Power of Sharing, videorecording, 7 May 2014, disponvel em: http://www.trendhunter.com/keynote/information-sharing-talk ; e It Takes a Network: The New Front Line of Modern Warfare, Foreign Policy.com, 22 Feb. 2011, disponvel em: http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/02/22/it_takes_a_network.

    14. G. Scott Gorman, Adapting to Chaos: American Soldiers in Siberia, 1918-1920 (SAMS monograph, Washington, DC: GPO, 1998),p. 43, disponvel em: http://www.dtic.mil/dtic/tr/fulltext/u2/a366245.pdf.

    15. Training and Doctrine Command, Department of the Army, TRADOC Pamphlet 525-3-0, The U.S. Army Capstone Con-cept (Washington, DC: GPO, 19 December, 2012).

    16. Ibid.17. Ibid.

  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW6

    e alcance que, at mesmo, as grandes redes de compu-tadores empresariais, em termos de insumos e ns de comutao. Se os chefes empresariais se preocupam com esse problema, talvez a liderana superior militar deva se preocupar tambm, porque o problema das Foras Armadas muito maior.

    A tripulao da Air France experimentou uma torrente de informaes repentina um tipo de avalanche de dados. Eles ficaram incapazes de tomar as decises que talvez pudessem ter poupado seu avio, devido, em parte, quantidade opressiva de informa-es relevantes, irrelevantes, conflitantes e imprecisas. No puderam analisar tudo efetivamente e perderam suas vidas. Sem dvida, as unidades do Exrcito, usan-do sistemas de informaes planejados para apoiar o Comando de Misso, tm se encontrado em um estado semelhante de paralisia, devido ao excesso de informaes.

    Os proponentes dos sistemas de Comando de Misso do Exrcito alegam que seus sistemas permi-tem que as unidades possam integrar informaes ver-tical e horizontalmente, compartilh-las velozmente e tomar decises com mais rapidez12. Como defendido pelo Gen Stanley McChrystal, o compartilhamento rpido de informaes deve ajudar soldados e coman-dantes, em cada nvel, a desenvolver um entendimento holstico, adquirir discernimentos-chave e agir de forma decisiva no campo de batalha13. Tudo isso pre-tende, supostamente, reduzir a incerteza. O General McChrystal foi o primeiro a utilizar outras formas de melhorar o compartilhamento de informaes du-rante operaes militares, mas foram os comandantes adaptveis, treinados para receber, processar e agir de acordo com as informaes que fizeram com que a sua abordagem fosse efetiva. Contudo, o Exrcito continuou a enfatizar a tecnologia como a soluo para a incerteza e, portanto, continuou a aumentar a quantidade de sistemas de informaes. A abordagem representada tipicamente pelas publicaes de lies aprendidas do Exrcito semelhante, enfatizando solues tecnolgicas acima das solues de instruo ou de liderana.

    Comandantes, Sistemas e Foras Resistentes

    As foras militares precisam de uma forma para reduzir a incerteza sem, simultaneamente,

    aumentar a complexidade. Com certeza, precisam de sistemas de Comando de Misso resistentes que possam capacitar foras resistentes. Os sistemas resistentes e as foras resistentes so adaptveis, versteis e flexveis, mas a adaptabilidade (ou adap-tao) a caracterstica mais importante. A declara-o de G. Scott Gorman sobre soldados adaptveis, escrita em 1998, ainda vlida hoje: A adaptao, embora talvez envolva solues tecnolgicas, no se origina na tecnologia. A adaptao surge das mentes tanto de lderes quanto de seguidores14. Os lderes e seguidores adaptveis precisam ser capazes de analisar e interpretar informaes corretamente e tomar decises com rapidez vrias vezes, conforme as informaes mudam ou quando os dados pare-cem incongruentes. O U.S. Army Capstone Concept de 2012 (Conceito Fundamental do Exrcito de 2012, em traduo livre) aborda a necessidade da adaptabilidade pela perspectiva institucional15. Discute avanos cientficos, tecnolgicos e sociais em termos de interaes humanas, dizendo que tais avanos devem ser combinados com a devida doutrina e integrados efetivamente na organizao e no treinamento das foras do Exrcito16. A impor-tncia de garantir a integrao e o treinamento na execuo desse conceito no pode ser desprezada. O documento tambm declara:

    O Exrcito precisa buscar tecnologias emergentes para manter seus pontos fortes, eliminar as fraquezas, explorar oportuni-dades e desenvolver contramedidas para as capacidades das ameaas futuras e preservar sua vantagem tecnolgica sobre essas17.

    O Exrcito conseguir preservar sua vantagem tecnolgica somente ao complementar os avanos na tecnologia com o simultneo e correspondente desen-volvimento da liderana. Para evitar fracassos catastr-ficos no campo de batalha, semelhantes ao desastre da Air France, o Exrcito precisa considerar como usar os sistemas de Comando de Misso em uma forma que no aumente a complexidade at nveis descontrolveis. Durante seu esforo para ajudar comandantes a entender seus ambientes operacionais, o Exrcito construiu sistemas que aumentam a complexidade geral das operaes e, consequentemente, a incerte-za. Os sistemas de Comando de Misso do Exrcito so robustos, porm frgeis.

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    COMPLEXIDADE DAS OPERAES

    Referncias

    1. Army Doctrinal Reference Publication (ADRP) 3-0, Unified Land Operations (Washington, DC: U.S. Government Printing Office [GPO], 16 may 2012), p. -1.

    2. ADRP 6-0, Mission Command (Washington, DC: GPO, 17 May 2012).

    3. Ibid.4. Bureau dEnqutes et dAnalyses (BEA) pour la scurit de

    laviation civile, traduzado de francs pela, Final Report on the accident on 1st June 2009 to the Airbus A330-203 registered F-GZCP operated by Air France flight AF 447 Rio De Janeiro-Paris (Relatrio Final sobre o acidente em 01 Jun 09 do Airbus A330-203 registrada F-GZCP operada pela Air France Voo AF 447 Rio de Janeiro-Paris) (Paris, France: BEA, Ministre de lcologie, du Dveloppement durable, des Transports et du Logement, 2012), disponvel em: http://www.bea.aero/docspa/2009/f-cp090601.en/pdf/f-cp090601.en.pdf.

    5. Andrew Zolli, Want to Build Resilience? Kill the Complexi-ty, Harvard Business Review (2 Dec. 2012).

    6. J.M. Carlson e John Doyle, Complexity and Robustness, Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America 99 Suppl 1 (19 Feb. 2002), disponvel em: http://www.pnas.org/content/99/suppl_1/2538.full.pdf.

    7. Para uma discusso interessante sobre o processo decisrio militar e a tecnologia de informao, veja John W. Charlton, Digi-tized Chaos: Is Our Military Decision Making Process Ready for the Information Age? (School of Advanced Military Studies [SAMS] monograph, Washington, DC: GPO, 1997), disponvel em: http://oai.dtic.mil/oai/oai?verb=getRecord&metadataPrefix=html&iden-tifier=ADA339521.

    8. ADRP 3-0.9. Para mais informao sobre a evoluo dos sistemas de

    informaes do Exrcito como um meio para reduzir a incerteza, veja Richard S. Jeffress, The Continuing Quest for Certainty: Decision Superiority and the Future Force (SAMS monograph, Washington, DC: GPO, 2004).

    10. As principais redes subordinadas integradas no Posto de Combate do Futuro so: Sistema de Dados Tticos de Artilharia

    de Campanha Avanada (Advanced Field Artillery Tactical Data System), Ferramenta de Controle de Efeitos (Effects Management Tool), Sistema Terrestre Comum Distributivo-Exrcito (Distributive Common Ground Systems-Army), Sistema de Anlise de Todas as Fontes (All Source Analysis System), Sistemas de Apoio e Susten-tao dos Comandos de Batalha (Battle Command Support and Sustainment Systems), Rastreador da Fora Azul (Blue Force Tracker) e Computador Pessoal de Comando e Controle (Command and Control Personal Computer). Para uma lista detalhada veja o site Complexo de Treinamento de Misso da Guarda Nacional, dispo-nvel em: http://www-bctc.army.mil/cpof.htm.

    11. Anukool Lakhina, We Need to Prevent Data Insights from Dying in the Big Data Avalanche, postagem de blog no site GigaOM.com, 6 out. 2012, disponvel em: http://gigaom.com/data/we-need-to-prevent-insights-from-dying-in-the-big-data-ava-lanche/.

    12. Como exemplo das alegaes funcionais dos proponentes dos sistemas de informaes do Exrcito, veja o site da internet do Program Executive Office Command Control Communications-Tac-tical, disponvel em: http://peoc3t.army.mil/mc/tmc.php.

    13. Para obter mais informaes sobre a abordagem do Gen Ex McChrystal quantoao compartilhamento de informaes, veja Stanley A. McChrystal, The Power of Sharing, videorecording, 7 May 2014, disponvel em: http://www.trendhunter.com/keynote/information-sharing-talk ; e It Takes a Network: The New Front Line of Modern Warfare, Foreign Policy.com, 22 Feb. 2011, disponvel em: http://www.foreignpolicy.com/articles/2011/02/22/it_takes_a_network.

    14. G. Scott Gorman, Adapting to Chaos: American Soldiers in Siberia, 1918-1920 (SAMS monograph, Washington, DC: GPO, 1998),p. 43, disponvel em: http://www.dtic.mil/dtic/tr/fulltext/u2/a366245.pdf.

    15. Training and Doctrine Command, Department of the Army, TRADOC Pamphlet 525-3-0, The U.S. Army Capstone Con-cept (Washington, DC: GPO, 19 December, 2012).

    16. Ibid.17. Ibid.

  • O Cb Kevin March, um integrante de blindados da 4a Div Inf, est acima de um penhasco com vista para o vale do rio Arghandab, 31 Jan 11.(Exrcito dos EUA)

    Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW8

    A Maior Ameaa Profisso MilitarDan JohnsonDan Johnson consultor do Praevius Group em Salado, Texas. bacharel pela Academia Militar dos EUA (West Point) e mestre pela Webster University e pela Texas A&M University. Seu servio militar inclui vrios desdobramentos no Iraque e uma nomeao como instrutor no Departamento de Histria em West Point.

    sobre os homens ao seu lado. S isso. Isso tudo. Essas so as palavras finais do filme Falco Negro em Perigo, ditas pelo Sargento Norm Hoot Gibson (o papel desempenhado por Eric Bana das Foras Especiais). O trecho engloba uma ideia de que a maioria dos norte-americanos e todos os militares est familiarizada. Ele fala sobre lealdade.

    Formular o conceito de lealdade como os laos que unem soldados durante um conflito uma forma comum para pensarmos sobre a lealdade nas Foras Armadas especialmente quando a aplicamos ao Exrcito. um conceito que tem sido explorado para explicar por que soldados americanos lutam ou, ainda, mostrar a necessidade de um esprito de pro-fissionalismo ou a fora das experincias traumticas de combate.

    Frequentemente, contudo, a lealdade sentida entre companheiros simplesmente a fidelidade mais facilmente entendida e comunicada e ns, sendo profissionais militares, precisamos transmitir esse sentimento. um dos valores do Exrcito, o primeiro no acrnimo mnemnico LDRSHIP [Loyalty; Duty; Respect; Selfless service; Honor; Integrity; Personal courage ou seja, Lealdade; Servio; Respeito; Servio abnegado; Honra; Integridade; Coragem pessoal N. do T.]. A definio que podemos prover oficialmente :

    Demonstrar f verdadeira e lealdade Constituio dos EUA, ao Exrcito, sua unidade e aos outros militares. Demonstrar f verdadeira e lealdade uma questo de crena e dedicao a algo ou algum. Um sol-dado leal apoia a liderana e defende outros

    9MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    PROFISSO MILITAR

    soldados. Ao usar o uniforme do Exrcito dos EUA voc expressa sua lealdade e, ao fazer a sua parte, mostra lealdade sua unidade1.

    Essa explicao declara o que a Profisso Militar espera de seus novos integrantes. Ela lhes proporciona uma estrutura pela qual podem alinhar suas lealdades. No entanto, muitos soldados americanos se desviam dos valores do Exrcito, com ideias erradas sobre a lealdade. No entender, e no viver de acordo com os valores que preconizamos o maior perigo a ser enfren-tado pela Profisso Militar na prxima dcada.

    Como seres humanos, naturalmente, sentimos laos emocionais mais fortes nos sentimos mais fiis com aqueles mais prximos de ns. Nossos laos emocionais evocam um forte sentido de lealdade famlia, a equipe no campo, aos grupos de pessoas locais ou unidade mi-litar2. Essa fidelidade a configurao padro a que nossa cultura estadunidense refora com filmes como O Resgate do Soldado Ryan, com programas de televiso como Band of Brothers e com a cmara de ressonncia interminvel da mdia. Acadmicos militares frequente-mente revertem mesma configurao padro.

    Na monografia Why They Fight (Por que Eles Lutam, em traduo livre), o Dr. Leonard Wong, et al., concordam entusiasticamente com as observaes so-bre a lealdade do historiador S.L.A. Marshall. No livro Men Against Fire (Publicado no Brasil com o ttulo Homens ou Fogo?), Marshall escreveu, Eu defendo que uma das verdades mais simples da guerra que a coisa que capacita um infante de continuar avanando com suas armas a presena prxima ou a presena presu-mida de um companheiro [...] Ele apoiado por seus colegas principalmente e secundariamente por suas armas. Quando Marshall observou que Homens no lutam por uma causa, mas porque no querem decep-cionar seus companheiros, os autores do Army War College foram mais alm. Argumentaram que, nesta era moderna, soldados americanos vo guerra por razes grandiosas de ideologia: patriotismo, altrusmo e coisas semelhantes. Esses homens e mulheres con-fiam no Exrcito para conduzir a direo estratgica da guerra, mas colocam a sua lealdade em seus colegas3.

    Ento? O Que H de Errado Com Isso?O problema que acreditamos, ao longo da carreira

    militar na noo de um conflito de lealdades. Os instru-tores de procedimentos militares, de pequenos grupos e

    de plataformas despenderam tanta energia para incul-car aos profissionais aspirantes o credo de lealdade aos homens e mulheres prximos a voc que, na hierarquia criada pela definio oficial do Exrcito, o nvel mais baixo de autoridade obteve primazia em nossas mentes4.

    Combine essa primazia, desenvolvida pelo treina-mento e instruo, com nossas tendncias emocionais e, com muita frequncia, essa lealdade com o pequeno grupo torna-se o valor principal. O Capito Walter Sowden e o Subtenente David Stewart incluem isso em seu artigo The Dilemma of Competing Loyalties in the Profession of Arms (O Dilema de Lealdades Conflitantes na Profisso das Armas, em traduo livre). Na ltima dcada, em mdia uma vez por ano, a Profisso Militar sofreu uma sria violao pblica da tica do Exrcito e o fato ocorreu em uma pequena unidade, coesa e fiel5.

    A tolerncia que americanos tm para com lderes nocivos, dentro da profisso, revela as lealdades din-micas e conflitantes: homens e mulheres que esperam o momento propcio e medem suas palavras, em face ao desrespeito incrvel, fazem isso porque no querem parecer desleais. Esse desejo influenciou subordinados a tolerar as ameaas comuns do Gen Div Patrick OReilly de estrangular aqueles ao seu redor e as frequentes ameaas do Cel Frank Zachar de cegar os olhos dos desleais6. Os profissionais do Exrcito sentem a neces-sidade de ser fiis, escreveu o Gen Div Walter Ulmer: Subordinados so relutantes em identificar seu chefe como um elemento nocivo. Eles sentem lealdade e no querem embaraar a sua unidade7. Com muita frequncia, profissionais do Exrcito escolhem no manifestar-se quando o superior est errado, com uma atitude antitica ou um comportamento nocivo devido ao poder cultural da lealdade8.

    Nosso sistema de instruo e educao refora esse conceito de lealdade to frequentemente que, medida que homens e mulheres assimilam a Profisso Militar, esse conceito se torna uma parte ativa de sua identidade. Torna-se parte da cultura, um elemento da composio emocional do profissional do Exrcito ele fiel aos seus companheiros, aos seus companheiros de combate e sua unidade, no incio, no final e para sempre9.

    Isso importante, pois muito bom para a coeso, para o esprito combativo e para o esprito de soli-dariedade. No entanto, terrvel para garantir que a Profisso Militar tenha boa gesto at a prxima

  • O Cb Kevin March, um integrante de blindados da 4a Div Inf, est acima de um penhasco com vista para o vale do rio Arghandab, 31 Jan 11.(Exrcito dos EUA)

    Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW8

    A Maior Ameaa Profisso MilitarDan JohnsonDan Johnson consultor do Praevius Group em Salado, Texas. bacharel pela Academia Militar dos EUA (West Point) e mestre pela Webster University e pela Texas A&M University. Seu servio militar inclui vrios desdobramentos no Iraque e uma nomeao como instrutor no Departamento de Histria em West Point.

    sobre os homens ao seu lado. S isso. Isso tudo. Essas so as palavras finais do filme Falco Negro em Perigo, ditas pelo Sargento Norm Hoot Gibson (o papel desempenhado por Eric Bana das Foras Especiais). O trecho engloba uma ideia de que a maioria dos norte-americanos e todos os militares est familiarizada. Ele fala sobre lealdade.

    Formular o conceito de lealdade como os laos que unem soldados durante um conflito uma forma comum para pensarmos sobre a lealdade nas Foras Armadas especialmente quando a aplicamos ao Exrcito. um conceito que tem sido explorado para explicar por que soldados americanos lutam ou, ainda, mostrar a necessidade de um esprito de pro-fissionalismo ou a fora das experincias traumticas de combate.

    Frequentemente, contudo, a lealdade sentida entre companheiros simplesmente a fidelidade mais facilmente entendida e comunicada e ns, sendo profissionais militares, precisamos transmitir esse sentimento. um dos valores do Exrcito, o primeiro no acrnimo mnemnico LDRSHIP [Loyalty; Duty; Respect; Selfless service; Honor; Integrity; Personal courage ou seja, Lealdade; Servio; Respeito; Servio abnegado; Honra; Integridade; Coragem pessoal N. do T.]. A definio que podemos prover oficialmente :

    Demonstrar f verdadeira e lealdade Constituio dos EUA, ao Exrcito, sua unidade e aos outros militares. Demonstrar f verdadeira e lealdade uma questo de crena e dedicao a algo ou algum. Um sol-dado leal apoia a liderana e defende outros

    9MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    PROFISSO MILITAR

    soldados. Ao usar o uniforme do Exrcito dos EUA voc expressa sua lealdade e, ao fazer a sua parte, mostra lealdade sua unidade1.

    Essa explicao declara o que a Profisso Militar espera de seus novos integrantes. Ela lhes proporciona uma estrutura pela qual podem alinhar suas lealdades. No entanto, muitos soldados americanos se desviam dos valores do Exrcito, com ideias erradas sobre a lealdade. No entender, e no viver de acordo com os valores que preconizamos o maior perigo a ser enfren-tado pela Profisso Militar na prxima dcada.

    Como seres humanos, naturalmente, sentimos laos emocionais mais fortes nos sentimos mais fiis com aqueles mais prximos de ns. Nossos laos emocionais evocam um forte sentido de lealdade famlia, a equipe no campo, aos grupos de pessoas locais ou unidade mi-litar2. Essa fidelidade a configurao padro a que nossa cultura estadunidense refora com filmes como O Resgate do Soldado Ryan, com programas de televiso como Band of Brothers e com a cmara de ressonncia interminvel da mdia. Acadmicos militares frequente-mente revertem mesma configurao padro.

    Na monografia Why They Fight (Por que Eles Lutam, em traduo livre), o Dr. Leonard Wong, et al., concordam entusiasticamente com as observaes so-bre a lealdade do historiador S.L.A. Marshall. No livro Men Against Fire (Publicado no Brasil com o ttulo Homens ou Fogo?), Marshall escreveu, Eu defendo que uma das verdades mais simples da guerra que a coisa que capacita um infante de continuar avanando com suas armas a presena prxima ou a presena presu-mida de um companheiro [...] Ele apoiado por seus colegas principalmente e secundariamente por suas armas. Quando Marshall observou que Homens no lutam por uma causa, mas porque no querem decep-cionar seus companheiros, os autores do Army War College foram mais alm. Argumentaram que, nesta era moderna, soldados americanos vo guerra por razes grandiosas de ideologia: patriotismo, altrusmo e coisas semelhantes. Esses homens e mulheres con-fiam no Exrcito para conduzir a direo estratgica da guerra, mas colocam a sua lealdade em seus colegas3.

    Ento? O Que H de Errado Com Isso?O problema que acreditamos, ao longo da carreira

    militar na noo de um conflito de lealdades. Os instru-tores de procedimentos militares, de pequenos grupos e

    de plataformas despenderam tanta energia para incul-car aos profissionais aspirantes o credo de lealdade aos homens e mulheres prximos a voc que, na hierarquia criada pela definio oficial do Exrcito, o nvel mais baixo de autoridade obteve primazia em nossas mentes4.

    Combine essa primazia, desenvolvida pelo treina-mento e instruo, com nossas tendncias emocionais e, com muita frequncia, essa lealdade com o pequeno grupo torna-se o valor principal. O Capito Walter Sowden e o Subtenente David Stewart incluem isso em seu artigo The Dilemma of Competing Loyalties in the Profession of Arms (O Dilema de Lealdades Conflitantes na Profisso das Armas, em traduo livre). Na ltima dcada, em mdia uma vez por ano, a Profisso Militar sofreu uma sria violao pblica da tica do Exrcito e o fato ocorreu em uma pequena unidade, coesa e fiel5.

    A tolerncia que americanos tm para com lderes nocivos, dentro da profisso, revela as lealdades din-micas e conflitantes: homens e mulheres que esperam o momento propcio e medem suas palavras, em face ao desrespeito incrvel, fazem isso porque no querem parecer desleais. Esse desejo influenciou subordinados a tolerar as ameaas comuns do Gen Div Patrick OReilly de estrangular aqueles ao seu redor e as frequentes ameaas do Cel Frank Zachar de cegar os olhos dos desleais6. Os profissionais do Exrcito sentem a neces-sidade de ser fiis, escreveu o Gen Div Walter Ulmer: Subordinados so relutantes em identificar seu chefe como um elemento nocivo. Eles sentem lealdade e no querem embaraar a sua unidade7. Com muita frequncia, profissionais do Exrcito escolhem no manifestar-se quando o superior est errado, com uma atitude antitica ou um comportamento nocivo devido ao poder cultural da lealdade8.

    Nosso sistema de instruo e educao refora esse conceito de lealdade to frequentemente que, medida que homens e mulheres assimilam a Profisso Militar, esse conceito se torna uma parte ativa de sua identidade. Torna-se parte da cultura, um elemento da composio emocional do profissional do Exrcito ele fiel aos seus companheiros, aos seus companheiros de combate e sua unidade, no incio, no final e para sempre9.

    Isso importante, pois muito bom para a coeso, para o esprito combativo e para o esprito de soli-dariedade. No entanto, terrvel para garantir que a Profisso Militar tenha boa gesto at a prxima

  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW10

    dcada. Essa importantssima fidelidade ao pequeno grupo pode conflitar com a lealdade ao Exrcito, a f verdadeira e a lealdade Constituio dos EUA.

    Considerando que os laos emocionais e de identi-dade superaro facilmente a ideia intangvel da lealdade aos ideais, esse conflito raramente resolvido. O eco-nomista comportamental Dan Ariely, em seu livro The Upside of Irrationality (Publicado no Brasil com o ttulo Positivamente Irracional - Os Benefcios Inesperados de Desafiar a Lgica em Todos os Aspectos), discute algo chamado auto-arrebanhar. Segundo o autor, tomamos decises com base nas aes que fizemos e nas decises que tomamos no passado baseados em nossas ideias sobre quem somos10. Consultar os altos ideais incorpo-rados na Constituio demasiadamente difcil, e como o psiclogo Daniel Kahneman observa em sua lei de menor esforo: A preguia est profundamente en-raizada na nossa natureza11. Poucos norte-americanos leram a Constituio e assimilaram mentalmente os valores e princpios manifestados para utilizar o poder de seu juramento com a finalidade de superar o lao emocional com um colega das Foras Especiais.

    No entanto, a lealdade no apenas uma expresso de emoo. Tambm uma funo da identidade. Em seu livro Sociology of Loyalty (A Sociologia da Lealdade, em traduo livre) escreveu que Nossas lealdades fornecem a identidade12. Somos fieis s coisas mais estreitamente vinculadas nossa identidade. O problema que, hoje, grande parte da identidade do profissional do Exrcito est formada sobre a vinculao emocional da lealdade entre combatentes, indo alm do campo de batalha. Muito embora precisemos da conexo emocional para

    obter o esprito de solidariedade, tambm precisamos afastarmo-nos dela e reforar, cuidadosamente, uma identidade que venere a Constituio.

    ...a lealdade no apenas uma expresso de emoo. Tambm uma funo da identidade.

    A construo dessa identidade um processo ao longo da carreira. A doutora Pauline M. Kaurin apre-sentou uma dissertao na Joint Services Conference on Professional Ethics (A Conferncia das Foras Armadas sobre a tica Profissional) em 2006, dizendo, Em vez de considerar a identidade como uma posse, a identidade [mesmo para os profissionais do Exrcito mais antigos] algo que uma pessoa se torna no pro-cesso de crescimento, deixando aberta a possibilidade de mudar, evoluir e alterar a prpria identidade, em resposta s influncias e preocupaes individuais ou sociais (ou ambos)13.

    Como profissionais do Exrcito, precisamos reco-nhecer que os elementos-chave de nossa identidade o nosso juramento em apoiar e defender, demonstrar f verdadeira e lealdade Constituio dos Estados Unidos da Amrica. Compartilhar uma ideia centrada na Constituio constri vnculos mais abrangentes em vez de insulares, porm vnculos mais coesos de comba-te. Os vnculos forjados para apoiar um ideal, ao invs de forjados durante dificuldades, deixam espao para mais confiana institucional. Como Michael Wheeler escreveu na Air University Review:

    [Essa] uma viso diferente de como a leal-dade pode ser inspirada, em uma maneira na qual o objetivo militar de manter a disciplina pode ser atingido junto com a meta social de se ter bons soldados que so, ainda, homens conscientemente morais e refletivos. Esse conceito de lealdade inspirado pela con-fiana que reside na integridade moral do comandante14.

    Essa confiana a fundao da Profisso Militar. Se, propositalmente, construirmos e refinarmos continua-mente as identidades centradas no desejo de estabelecer

    O Sgt Richard Grimsley cumprimenta uma menina iraquiana em um centro de controle na regio Madain nos arredores do lado oriental de Bagd, 19 Ago 09.

    Exr

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    11MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    PROFISSO MILITAR

    a Justia, assegurar [sic] a tranquilidade interna, prover defesa comum, promover o bem-estar geral, e garantir para ns e para os nossos descendentes os benefcios da Liberdade15, ns:

    No teremos mais conflitos de lealdade. Uma deci-so ou uma ao refletir nossa f verdadeira. Se nossos grupos menores agirem contra a Constituio, esse grupo que desleal.

    Entenderemos mais claramente nosso dever de lutar pela excelncia em apoiar e defender a Constituio e a misso definida por ela.

    No nos perguntaremos como tratar pessoas com respeito, mas reconheceremos que cada pessoa tem um valor intrnseco e que precisamos reconhecer sua dignidade.

    No nos perguntaremos o que significa oferecer servio abnegado, mas reconheceremos que sentimos uma autorrealizao e um valor ao servir ao povo ameri-cano, em uma profisso singular com percia individual.

    No discutiremos sobre a honra, mas saberemos que uma reverncia para a honestidade, franqueza e a verdade.

    Nos esforaremos todos os dias para ter a coragem suficiente para viver esses valores abertamente, com in-tegridade, reconhecendo nossas deficincias, mas mesmo assim, esforando-nos.

    Estamos trabalhando para uma meta alcanvel e lutando para sermos profissionais do Exrcito, dignos de confiana, que juraram apoiar e defender a Constituio dos Estados Unidos da Amrica.

    Referncias

    1. Disponvel em: http://www.army.mil/values/.2. Simon Keller, The Limits of Loyalty (Cambridge University

    Press, 2007), p. 31; James Connor, The Sociology of Loyalty (New York: Springer, 2007), p. 44, 69.

    3. Leonard Wong, Thomas A. Kolditz, Raymond A. Millen e Terrence M. Potter, Why They Fight: Combat Motivation in the Iraq War, US Army War Colleges Strategic Studies Initiative (Carlisle Barracks, PA, 2003). A citao de Marshall est na pgina 2, e o argumento do autor est na pgina 19.

    4. Walter J. Sowden e David L. Stewart, The Dilemma of Com-peting Loyalties in the Profession of Arms, Paper Submission: Fort Leavenworth Ethics Symposium Applying the Military Ethic Across the Spectrum of Operations (Fort Leavenworth, KS, 7-10 Nov. 2011), p. 19.

    5. Sowden e Stewart, p. 3. Os autores citam o seguinte para apoiar sua alegao: a Baa de Guantnamo, Abu Ghraib (2003), Ten Cel West (2003), Ten Cel Sassaman/Samarra (2004), Pat Tilman (2004); Haditha (Fuzileiros Navais dos EUA em 2005), Campo de Aviao de Bagram (2005), Hamdania (Fuzileiros Navais dos EUA em 2006), Mahmudiyah/Black Hearts (Coraes Negros (2006), Opera-o Iron Triangle (2006), Assassinatos do Canal de Bagd (2007), os incidentes do Time da Morte (2010), e o surto dos comandantes antigos (o Exrcito e da Marinha dos EUA) sendo afastados ao longo do ltimo ano (2011).

    6. Inspector General, Report of Investigation, Lt. Gen. Patrick J. OReilly, U.S. Army, Missile Defense

    Agency, Alexandria, VA, 2 May 2012; Joe Gould, Germa-ny-based colonel relieved of duty, Army Times, 6 Mar. 2011, disponvel em: http://www.armytimes.com/news/2011/03/army-report-finds-toxic-command-climate-zachar-030611w/.

    7. Walter F. Ulmer Jr., Toxic Leadership: What Are We Talking About? Army June (2012): p. 50.

    8. Fred Kaplan, The Insurgents: David Petraeus and the Plot to Change the American Way of War (Simon and Schuster: New York, 2013), p. 190. Kaplan elucida esse ponto quando ele observa que o Gen Bda Peter] Chiarelli no era o tipo que protesta ou se demi-te. Ele se voluntariou para esse posto, para essa guerra. Valorizava a hierarquia do Exrcito e seu etos de lealdade. Ele rangeu os dentes sobre Casey quase todos os dias, mas sempre se manifestou em prol dele e nunca pelo menos na poca se manifestou contra ele.

    9. Sowden e Stewart, p. 18.10. Dan Ariely, The Upside of Irrationality: The Unexpected Bene-

    fits of Defying Logic (Harper Perennial: New York, 2010), p. 262.11. Daniel Kahneman, Thinking, Fast and Slow (Farrar, Straus and

    Giroux: New York, 2011), p. 35.12. Connor, p. 51.13. Pauline M. Kaurin, Identity, Loyalty and Combat Effective-

    ness: A Cautionary Tale, JSCOPE (2006), p. 2, disponvel em: http://isme.tamu.edu/JSCOPE06/Kaurin06.html.

    14. Michael O. Wheeler, Loyalty, Honor, and the Modern Military, Air University Review, May-June (1973): p. 4.

    15. A Constituio dos Estados Unidos.

  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW10

    dcada. Essa importantssima fidelidade ao pequeno grupo pode conflitar com a lealdade ao Exrcito, a f verdadeira e a lealdade Constituio dos EUA.

    Considerando que os laos emocionais e de identi-dade superaro facilmente a ideia intangvel da lealdade aos ideais, esse conflito raramente resolvido. O eco-nomista comportamental Dan Ariely, em seu livro The Upside of Irrationality (Publicado no Brasil com o ttulo Positivamente Irracional - Os Benefcios Inesperados de Desafiar a Lgica em Todos os Aspectos), discute algo chamado auto-arrebanhar. Segundo o autor, tomamos decises com base nas aes que fizemos e nas decises que tomamos no passado baseados em nossas ideias sobre quem somos10. Consultar os altos ideais incorpo-rados na Constituio demasiadamente difcil, e como o psiclogo Daniel Kahneman observa em sua lei de menor esforo: A preguia est profundamente en-raizada na nossa natureza11. Poucos norte-americanos leram a Constituio e assimilaram mentalmente os valores e princpios manifestados para utilizar o poder de seu juramento com a finalidade de superar o lao emocional com um colega das Foras Especiais.

    No entanto, a lealdade no apenas uma expresso de emoo. Tambm uma funo da identidade. Em seu livro Sociology of Loyalty (A Sociologia da Lealdade, em traduo livre) escreveu que Nossas lealdades fornecem a identidade12. Somos fieis s coisas mais estreitamente vinculadas nossa identidade. O problema que, hoje, grande parte da identidade do profissional do Exrcito est formada sobre a vinculao emocional da lealdade entre combatentes, indo alm do campo de batalha. Muito embora precisemos da conexo emocional para

    obter o esprito de solidariedade, tambm precisamos afastarmo-nos dela e reforar, cuidadosamente, uma identidade que venere a Constituio.

    ...a lealdade no apenas uma expresso de emoo. Tambm uma funo da identidade.

    A construo dessa identidade um processo ao longo da carreira. A doutora Pauline M. Kaurin apre-sentou uma dissertao na Joint Services Conference on Professional Ethics (A Conferncia das Foras Armadas sobre a tica Profissional) em 2006, dizendo, Em vez de considerar a identidade como uma posse, a identidade [mesmo para os profissionais do Exrcito mais antigos] algo que uma pessoa se torna no pro-cesso de crescimento, deixando aberta a possibilidade de mudar, evoluir e alterar a prpria identidade, em resposta s influncias e preocupaes individuais ou sociais (ou ambos)13.

    Como profissionais do Exrcito, precisamos reco-nhecer que os elementos-chave de nossa identidade o nosso juramento em apoiar e defender, demonstrar f verdadeira e lealdade Constituio dos Estados Unidos da Amrica. Compartilhar uma ideia centrada na Constituio constri vnculos mais abrangentes em vez de insulares, porm vnculos mais coesos de comba-te. Os vnculos forjados para apoiar um ideal, ao invs de forjados durante dificuldades, deixam espao para mais confiana institucional. Como Michael Wheeler escreveu na Air University Review:

    [Essa] uma viso diferente de como a leal-dade pode ser inspirada, em uma maneira na qual o objetivo militar de manter a disciplina pode ser atingido junto com a meta social de se ter bons soldados que so, ainda, homens conscientemente morais e refletivos. Esse conceito de lealdade inspirado pela con-fiana que reside na integridade moral do comandante14.

    Essa confiana a fundao da Profisso Militar. Se, propositalmente, construirmos e refinarmos continua-mente as identidades centradas no desejo de estabelecer

    O Sgt Richard Grimsley cumprimenta uma menina iraquiana em um centro de controle na regio Madain nos arredores do lado oriental de Bagd, 19 Ago 09.

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    PROFISSO MILITAR

    a Justia, assegurar [sic] a tranquilidade interna, prover defesa comum, promover o bem-estar geral, e garantir para ns e para os nossos descendentes os benefcios da Liberdade15, ns:

    No teremos mais conflitos de lealdade. Uma deci-so ou uma ao refletir nossa f verdadeira. Se nossos grupos menores agirem contra a Constituio, esse grupo que desleal.

    Entenderemos mais claramente nosso dever de lutar pela excelncia em apoiar e defender a Constituio e a misso definida por ela.

    No nos perguntaremos como tratar pessoas com respeito, mas reconheceremos que cada pessoa tem um valor intrnseco e que precisamos reconhecer sua dignidade.

    No nos perguntaremos o que significa oferecer servio abnegado, mas reconheceremos que sentimos uma autorrealizao e um valor ao servir ao povo ameri-cano, em uma profisso singular com percia individual.

    No discutiremos sobre a honra, mas saberemos que uma reverncia para a honestidade, franqueza e a verdade.

    Nos esforaremos todos os dias para ter a coragem suficiente para viver esses valores abertamente, com in-tegridade, reconhecendo nossas deficincias, mas mesmo assim, esforando-nos.

    Estamos trabalhando para uma meta alcanvel e lutando para sermos profissionais do Exrcito, dignos de confiana, que juraram apoiar e defender a Constituio dos Estados Unidos da Amrica.

    Referncias

    1. Disponvel em: http://www.army.mil/values/.2. Simon Keller, The Limits of Loyalty (Cambridge University

    Press, 2007), p. 31; James Connor, The Sociology of Loyalty (New York: Springer, 2007), p. 44, 69.

    3. Leonard Wong, Thomas A. Kolditz, Raymond A. Millen e Terrence M. Potter, Why They Fight: Combat Motivation in the Iraq War, US Army War Colleges Strategic Studies Initiative (Carlisle Barracks, PA, 2003). A citao de Marshall est na pgina 2, e o argumento do autor est na pgina 19.

    4. Walter J. Sowden e David L. Stewart, The Dilemma of Com-peting Loyalties in the Profession of Arms, Paper Submission: Fort Leavenworth Ethics Symposium Applying the Military Ethic Across the Spectrum of Operations (Fort Leavenworth, KS, 7-10 Nov. 2011), p. 19.

    5. Sowden e Stewart, p. 3. Os autores citam o seguinte para apoiar sua alegao: a Baa de Guantnamo, Abu Ghraib (2003), Ten Cel West (2003), Ten Cel Sassaman/Samarra (2004), Pat Tilman (2004); Haditha (Fuzileiros Navais dos EUA em 2005), Campo de Aviao de Bagram (2005), Hamdania (Fuzileiros Navais dos EUA em 2006), Mahmudiyah/Black Hearts (Coraes Negros (2006), Opera-o Iron Triangle (2006), Assassinatos do Canal de Bagd (2007), os incidentes do Time da Morte (2010), e o surto dos comandantes antigos (o Exrcito e da Marinha dos EUA) sendo afastados ao longo do ltimo ano (2011).

    6. Inspector General, Report of Investigation, Lt. Gen. Patrick J. OReilly, U.S. Army, Missile Defense

    Agency, Alexandria, VA, 2 May 2012; Joe Gould, Germa-ny-based colonel relieved of duty, Army Times, 6 Mar. 2011, disponvel em: http://www.armytimes.com/news/2011/03/army-report-finds-toxic-command-climate-zachar-030611w/.

    7. Walter F. Ulmer Jr., Toxic Leadership: What Are We Talking About? Army June (2012): p. 50.

    8. Fred Kaplan, The Insurgents: David Petraeus and the Plot to Change the American Way of War (Simon and Schuster: New York, 2013), p. 190. Kaplan elucida esse ponto quando ele observa que o Gen Bda Peter] Chiarelli no era o tipo que protesta ou se demi-te. Ele se voluntariou para esse posto, para essa guerra. Valorizava a hierarquia do Exrcito e seu etos de lealdade. Ele rangeu os dentes sobre Casey quase todos os dias, mas sempre se manifestou em prol dele e nunca pelo menos na poca se manifestou contra ele.

    9. Sowden e Stewart, p. 18.10. Dan Ariely, The Upside of Irrationality: The Unexpected Bene-

    fits of Defying Logic (Harper Perennial: New York, 2010), p. 262.11. Daniel Kahneman, Thinking, Fast and Slow (Farrar, Straus and

    Giroux: New York, 2011), p. 35.12. Connor, p. 51.13. Pauline M. Kaurin, Identity, Loyalty and Combat Effective-

    ness: A Cautionary Tale, JSCOPE (2006), p. 2, disponvel em: http://isme.tamu.edu/JSCOPE06/Kaurin06.html.

    14. Michael O. Wheeler, Loyalty, Honor, and the Modern Military, Air University Review, May-June (1973): p. 4.

    15. A Constituio dos Estados Unidos.

  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW12

    O Frum de Empreendedores da DefesaO Desenvolvimento da Cultura da InovaoTen Cel Curtis D. Taylor e Maj Nathan K. Finney, Exrcito dos EUAO Ten Cel Curtis D. Taylor, da Arma de Cavalaria Blindada, est atualmente integrando o Programa de Estudos de Liderana Estratgica Avanada, no

    Forte Leavenworth, Kansas. Ele serviu como Comandante do 3-66o Regimento Blindado em Paktika, Afeganisto e Grafenwoehr, Alemanha. mestre em Cincias e Artes Militares, sendo designado para vrias comisses ao longo da sua carreira, incluindo rodzios no Iraque e no Afeganisto.

    O Maj Nathan K. Finney estrategista do Exrcito e ex-oficial da Arma de Cavalaria Blindada servindo atualmente em Washington D.C. Ele era membro fundador do Defense Entrepreneurs Forum (Frum de Empreendedores da Defesa). Possui ttulos de Mestrado em Administrao Pblica pela Harvard University e pela University of Kansas e o de Bacharel em Antropologia pela University of Arizona. Comisses anteriores incluem rodzios no Iraque e no Afeganisto.

    Quando voc combina uma cultura de disciplina e uma tica empreendedora, consegue a alquimia mgica do de-sempenho extraordinrio.

    Jim Collins, Good to Great: Why Some Companies Make the Leap and Others Dont (publicado no Brasil com o ttulo Empresas

    Feitas para Vencer: Por que apenas algumas empresas brilham?)

    Em uma tarde fria de outubro de 1920, dois jovens oficiais que compartilhavam um apar-tamento dplex no Forte Meade, Maryland, se reuniram com suas esposas para um jantar

    descontrado que provavelmente mudou o rumo da Histria americana. Por anos, esses dois oficiais defen-diam uma opinio impopular e quase hertica que carros de combate, usados com modesto sucesso na Primeira Guerra Mundial, era a chave para a vitria em qualquer guerra terrestre futura na Europa. Os no-mes deles eram Cap Dwight Eisenhower e Maj George Patton. Os dois tinham sido criticados pelas suas ideias. No caso de Eisenhower, seu artigo no Infantry Journal sobre foras blindadas lhe ganhou uma reprovao dura do chefe da Arma de Infantaria, que lhe assegurou

    Retrato oficial de Dwight D. Eisenhower, na Casa Branca.( James Anthony Wills)

    13MILITARY REVIEW Janeiro-Fevereiro 2015

    CULTURA DA INOVAO

    que sua opinio no ortodoxa lhe garantiria um apogeu de carreira como treinador principal de uma equipe de futebol no Forte Meade1. Patton causou uma sensao semelhante com uma carta no Cavalry Journal defen-dendo a criao de uma Arma de Carros de Combate independente2. Historiadores mais tarde citariam esses artigos como nada menos do que uma proposta de doutrina de carros de combate para a prxima guerra [...] o que esses dois pretensiosos oficiais de blindados sugeriam alteraria toda a doutrina da guerra terrestre3.

    Seu convidado nessa tarde era uma estrela ascen-dente no Exrcito na poca chamado Gen [de uma es-trela] Fox Connor. Connor conhecera Patton por mui-tos anos, mas somente agora conheceu o jovem capito Eisenhower. Aps o jantar, os trs oficiais e suas esposas foram ao centro de manuteno de viaturas para que o Gen Connor desse um passeio em um carro de combate britnico Whippet. O general ficou to impressionado com Eisenhower e sua opinio sobre o futuro da guerra blindada que lhe convidou, com a insistncia de Patton, a ser o seu oficial administrativo de brigada. Umas d-cadas depois, o Presidente Eisenhower citaria Connor como seu mentor mais importante durante sua longa jornada de tenente at comandante em chefe.

    Patton e Eisenhower eram, usando uma frase moderna, inovadores disruptivos. Aplicavam solues inovadoras e abordagens criativas para um problema original enfrentado pela sua Fora Singular (como usar carros de combate efetivamente)4. Suas ideias, porm, desafiavam e at ameaa-vam as organizaes e tradies estabelecidas de suas Armas respectivas. A histria da inovao militar mostra que isso no um fenmeno novo. De fato, a maioria das ideias revolucionrias emerge dos subalternos que normal-mente so incapazes de refinar ou implementar suas inovaes dentro da camisa de fora da burocracia militar. O que esses inovadores precisam : um meio de se vincularem entre si para fins de refinar e incubar suas ideias; um frum para discutir suas ideias; e um mentor simpatizante que possa ajudar-lhes a eliminar os

    empecilhos burocrticos e para superar ou controlar a resistncia institucional da inovao.

    Nossa capacidade de inovar e adaptar-nos s cir-cunstncias mutantes uma das grandes vantagens as-simtricas das Foras Armadas dos EUA. Uma grande quantidade da inovao dentro das Foras Singulares veio de pessoas ligadas Instituio, particularmente dos postos subalternos gente que v problemas no nvel ttico e pode criar e compartilhar solues inova-doras. Os inovadores internos que implementam com xito suas ideias geralmente as desenvolvem e refinam por meio de redes informais, perifricas s pessoas com quem trabalham diariamente. Essas redes proporcio-nam apoiadores energticos e uma rea onde erros no tm consequncias negativas.

    Quase um sculo depois de Eisenhower e Patton desafiarem os dogmas da sua poca, continuamos a observar um processo semelhante. Militares jovens e energticos esto saindo de mais de uma dcada de conflito cheios de ideias e armados com a autonomia que descobriram em um campo de batalha complexo. Muitas inovaes que provaram ser essenciais para nossos sucessos no Iraque e no Afeganisto desde adaptaes de viaturas que protegem soldados contra dispositivos explosivos improvisados at programas de software que varrem grandes quantidades de relatrios de informaes eram, de fato, desenvolvidos por ofi-ciais subalternos e sargentos inovadores servindo nas linhas de frente. Esses eram os inovadores do campo de

    Militares da 1a Brigada de Combate da 1a Diviso de Cavalaria realizam tiro com carros de combate na base do Exrcito Grafenwoehr, durante o exerccio de adestramento multina-cional, Combined Resolve II, 10 Jun 14.

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  • Janeiro-Fevereiro 2015 MILITARY REVIEW12

    O Frum de Empreendedores da DefesaO Desenvolvimento da Cultura da InovaoTen Cel Curtis D. Taylor e Maj Nathan K. Finney, Exrcito dos EUAO Ten Cel Curtis D. Taylor, da Arma de Cavalaria Blindada, est atualmente integrando o Programa de Estudos de Liderana Estratgica Avanada, no

    Forte Leavenworth, Kansas. Ele serviu como Comandante do 3-66o Regimento Blindado em Paktika, Afeganisto e Grafenwoehr, Alemanha. mestre em Cincias e Artes Militares, sendo designado para vrias comisses ao longo da sua carreira, incluindo rodzios no Iraque e no Afeganisto.

    O Maj Nathan K. Finney estrategista do Exrcito e ex-oficial da Arma de Cavalaria Blindada servindo atualmente em Washington D.C. Ele era membro fundador do Defense Entrepreneurs Forum (Frum de Empreendedores da Defesa). Possui ttulos de Mestrado em Administrao Pblica pela Harvard University e pela University of Kansas e o de Bacharel em Antropologia pela University of Arizona. Comisses anteriores incluem rodzios no Iraque e no Afeganisto.

    Quando voc combina uma cultura de disciplina e uma tica empreendedora, consegue a alquimia mgica do de-sempenho extraordinrio.

    Jim Collins, Good to Great: Why Some Companies Make the Leap and Others Dont (publicado no Brasil com o ttulo Empresas