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Júlio Montezano Rossi Estudante de Agronomia Wagner da Silva Machado Estudante de Zootecnia A água é um recurso natural de extrema impor- tância para a produção de leite, uma vez que o leite contém 87% de água, portanto, a água deve estar disponível em quantidade e qualidade sufi- ciente para garantir a produção. Além da produ- ção de leite, a água é um alimento que participa de todas as funções vitais em um organismo vivo, sendo assim essencial para que qualquer função fisiológica ocorra de modo correto. O animal pode perder praticamente toda a gordura e até 50% da proteína do corpo e ainda sim se man- ter vivo, porém, se perder entre 10% e 20% de sua água poderá morrer. Além da água fornecida pelo volumoso e pelo concentrado, aquela que é disponibilizada nos be- bedouros para os animais é de vital importância. Quando pensamos em consumo de alimentos, seja concentrado ou volumoso, devemos pensar indiretamente em consumo de água nos bebe- douros. O aumento no consumo de água pode ser influenciado, entre outros fatores, pelo tipo de ali- mento ingerido. Quando este alimento possui al- tos teores de matéria seca, de proteína e sais como o caso dos concentrados proteicos, haverá maior consumo de água. Verificamos isto com muita fa- cilidade quando observamos o consumo de água na primeira hora após a ordenha, pois além da perda de água para o leite, houve também o con- sumo de volumoso e concentrado que aumenta a necessidade de água. Deve-se então oferecer pelos alimentos e por ingestão voluntária, cerca de 3 a 4 Litros de água para cada litro de leite produzido, o que nos con- fere grande responsabilidade, pois o consumo de água voluntário depende de uma água de qualida- de. Uma vaca que produz 25 litros de leite por dia, consome em torno de 100 litros de água diaria- mente. A presença de sujeira propicia condições ideais para o crescimento bacteriano, que influen- ciará não só o consumo desta água, mas também poderá nestas condições, modificar a microbiota ruminal. Neste caso, a água passa a ser então não somente um importante alimento, mas também assume um papel de veículo de bactérias não de- sejáveis ao processo digestivo, ou até mesmo de patógenos. Além da alimentação, a temperatura influencia consideravelmente o consumo de água, já que sua ingestão é um método muito eficiente para re- duzir a temperatura corporal. Por consequência, a temperatura da água também influencia o seu consumo pelo animal. Existem então condições da água ideais para uma nutrição adequada, livre de carga bacteriana excessiva, de patógenos e fato- res que causam a queda no consumo de água. Ela deve estar entre 16 a 28 o C, límpida e fresca, pH de 6 a 9 (água mais acida ou mais básica influencia- rá negativamente o metabolismo ruminal) e deve estar ausente de odores. Estes fatores podem ser controlados pela limpeza dos bebedouros, pois a troca de água poderá oferecer condições sanitá- rias e de temperatura ideais caso a fonte ofereça água de qualidade. Tratando-se da produção de leite, não podemos esquecer que, para conseguirmos produzir leite, as categorias mais jovens devem ter suas exigên- cias atendidas, assim demonstrando seu potencial através do ganho de peso atingindo uma idade ao primeiro parto menor. O consumo de água pelos animais jovens, como a recria, que tem a necessidade de ganho de peso, deve ser observada nos mesmos parâmetros das vacas. Para se ter uma ideia de sua importância, para cada Kg de gordura depositado no corpo do animal, são armazenados 1,1 Kg de água, já para a carne, para cada Kg de músculo depositado, são armazenados no corpo do animal 4,1 Kg de água. Isto nos faz perceber a grande importância do fornecimento de água limpa e fresca, mantendo os bebedouros da propriedade sempre em condi- ções ideais para que o animal não a recuse mesmo nestas categorias. Este manejo poderá influenciar significativamente o ganho de peso, e assim aju- dar a garantir uma idade ao primeiro parto ideal, mantendo o condicionamento metabólico ideal para o pleno desenvolvimento de sua futura vaca. Amigo produtor, água boa para você é aquela que você tem coragem de beber. Pense nisto, as suas vacas e o seu bolso irão lhe agradecer. Edição 296 Ano XXII Janeiro de 2014 Viçosa-MG Dica do Veterinário: A importância do pedilúvio para os problemas de casco Desmistificando a Suplementação Mineral Momento do Produtor: Luciano Sampaio Fazenda Santo André Tanque de expansão Localização e temperatura Monitoramento da cetose subclínica p. 2 p. 2 p. 3 p. 4 A silagem é uma importante fonte de energia na dieta de ru- minantes por reunir caracterís- ticas favoráveis à nutrição ani- mal. Para que se produza uma silagem com alto valor nutritivo é necessário que a forragem ver- de colocada no silo reduza o pH até níveis suficientes para inibir o crescimento de microorganismos indesejáveis, promovendo a com- pleta estabilização da massa en- silada. Com intuito de melhorar o processo de fermentação de al- gumas forrageiras, como silagem de cana-de-açúcar e silagens de capins tropicais, faz-se necessá- ria a utilização de inoculantes no processo de ensilagem. O uso do inoculante conserva melhor a forrageira utilizada para a produção de uma silagem de boa qualidade e, para produtores que necessitam antecipar a aber- tura do silo, o mesmo permite a abertura com 14 dias após o fe- chamento, enquanto que para si- lagem que não se utilizou inocu- lante, a abertura ocorre em torno de 25 dias. É necessário lembrar que o inoculante não corrige fa- lhas técnicas, como uma silagem colhida fora do ponto, com tama- nho de partícula inadequado, mal compactada e vedada. A produtora Wilma Lúcia de Paiva, da região de Pedra do An- ta-MG adotou a silagem de cana- -de-açúcar como alternativa para seus animais. Com isso ela conse- guiu aproveitar a cana-de-açúcar não utilizada da safra passada, renovou seu canavial e economi- zou na mão-de-obra. Foram uti- lizados dois tipos de inoculantes, sendo um constituído por 4 enzi- mas (celulase, hemicelulase, pen- tosanase e amilase) e 4 tipos de bactérias (Streptococcus faecium, Lactobacillus plantarum, Pedio- coccus acidilactici e Lactoba- cillus salivarius). A ação conjunta de enzimas e bactérias aceleram o processo de fermentação e pro- porcionam o melhor consumo da silagem pelos animais. O outro inoculante utilizado era constitu- ído da bactéria Lactobacillus bu- chneri, importante controladora das atividades dos fungos e das leveduras no interior do silo. É importante sempre seguir as recomendações do fabricante do inoculante e de um técnico du- rante o processo de ensilagem para obter o melhor resultado possível. Limpeza do bebedouro. A importância de água de qualidade Uso de inoculantes na produção de silagem Canavial que foi ensilado iago, filho do produtor José Maria, Fazenda Lima Itapeva, município de Presidente Bernardes Arthur Frederico Magalhães Estudante de Medicina Veterinária Jovana Luiza de Azevedo Estudante de Zootecnia Lucas Silva Marques Estudante de Zootecnia

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Júlio Montezano RossiEstudante de Agronomia

Wagner da Silva MachadoEstudante de Zootecnia

A água é um recurso natural de extrema impor-tância para a produção de leite, uma vez que o leite contém 87% de água, portanto, a água deve estar disponível em quantidade e qualidade sufi-ciente para garantir a produção. Além da produ-ção de leite, a água é um alimento que participa de todas as funções vitais em um organismo vivo, sendo assim essencial para que qualquer função fisiológica ocorra de modo correto. O animal pode perder praticamente toda a gordura e até 50% da proteína do corpo e ainda sim se man-ter vivo, porém, se perder entre 10% e 20% de sua água poderá morrer.

Além da água fornecida pelo volumoso e pelo concentrado, aquela que é disponibilizada nos be-bedouros para os animais é de vital importância. Quando pensamos em consumo de alimentos, seja concentrado ou volumoso, devemos pensar indiretamente em consumo de água nos bebe-douros. O aumento no consumo de água pode ser influenciado, entre outros fatores, pelo tipo de ali-mento ingerido. Quando este alimento possui al-tos teores de matéria seca, de proteína e sais como o caso dos concentrados proteicos, haverá maior consumo de água. Verificamos isto com muita fa-cilidade quando observamos o consumo de água na primeira hora após a ordenha, pois além da perda de água para o leite, houve também o con-sumo de volumoso e concentrado que aumenta a necessidade de água.

Deve-se então oferecer pelos alimentos e por ingestão voluntária, cerca de 3 a 4 Litros de água para cada litro de leite produzido, o que nos con-fere grande responsabilidade, pois o consumo de água voluntário depende de uma água de qualida-de. Uma vaca que produz 25 litros de leite por dia, consome em torno de 100 litros de água diaria-mente. A presença de sujeira propicia condições ideais para o crescimento bacteriano, que influen-ciará não só o consumo desta água, mas também poderá nestas condições, modificar a microbiota ruminal. Neste caso, a água passa a ser então não somente um importante alimento, mas também assume um papel de veículo de bactérias não de-sejáveis ao processo digestivo, ou até mesmo de patógenos.

Além da alimentação, a temperatura influencia consideravelmente o consumo de água, já que sua ingestão é um método muito eficiente para re-duzir a temperatura corporal. Por consequência,

a temperatura da água também influencia o seu consumo pelo animal. Existem então condições da água ideais para uma nutrição adequada, livre de carga bacteriana excessiva, de patógenos e fato-res que causam a queda no consumo de água. Ela deve estar entre 16 a 28oC, límpida e fresca, pH de 6 a 9 (água mais acida ou mais básica influencia-rá negativamente o metabolismo ruminal) e deve estar ausente de odores. Estes fatores podem ser controlados pela limpeza dos bebedouros, pois a troca de água poderá oferecer condições sanitá-rias e de temperatura ideais caso a fonte ofereça água de qualidade.

Tratando-se da produção de leite, não podemos esquecer que, para conseguirmos produzir leite, as categorias mais jovens devem ter suas exigên-cias atendidas, assim demonstrando seu potencial através do ganho de peso atingindo uma idade ao primeiro parto menor.

O consumo de água pelos animais jovens, como a recria, que tem a necessidade de ganho de peso, deve ser observada nos mesmos parâmetros das vacas. Para se ter uma ideia de sua importância, para cada Kg de gordura depositado no corpo do animal, são armazenados 1,1 Kg de água, já para a carne, para cada Kg de músculo depositado, são armazenados no corpo do animal 4,1 Kg de água. Isto nos faz perceber a grande importância do fornecimento de água limpa e fresca, mantendo os bebedouros da propriedade sempre em condi-ções ideais para que o animal não a recuse mesmo nestas categorias. Este manejo poderá influenciar significativamente o ganho de peso, e assim aju-dar a garantir uma idade ao primeiro parto ideal, mantendo o condicionamento metabólico ideal para o pleno desenvolvimento de sua futura vaca.

Amigo produtor, água boa para você é aquela que você tem coragem de beber. Pense nisto, as suas vacas e o seu bolso irão lhe agradecer.

Edição 296 • Ano XXII • Janeiro de 2014 • Viçosa-MG

Dica do Veterinário:A importância do pedilúvio para

os problemas de casco

Desmistificando a Suplementação Mineral

Momento do Produtor: Luciano Sampaio

Fazenda Santo André

Tanque de expansão Localização e temperatura

Monitoramento da cetose subclínicap. 2 p. 2 p. 3 p. 4

A silagem é uma importante fonte de energia na dieta de ru-minantes por reunir caracterís-ticas favoráveis à nutrição ani-mal. Para que se produza uma silagem com alto valor nutritivo é necessário que a forragem ver-de colocada no silo reduza o pH até níveis suficientes para inibir o crescimento de microorganismos indesejáveis, promovendo a com-pleta estabilização da massa en-silada. Com intuito de melhorar o processo de fermentação de al-gumas forrageiras, como silagem de cana-de-açúcar e silagens de capins tropicais, faz-se necessá-ria a utilização de inoculantes no processo de ensilagem.

O uso do inoculante conserva melhor a forrageira utilizada para a produção de uma silagem de boa qualidade e, para produtores que necessitam antecipar a aber-tura do silo, o mesmo permite a abertura com 14 dias após o fe-chamento, enquanto que para si-lagem que não se utilizou inocu-

lante, a abertura ocorre em torno de 25 dias. É necessário lembrar que o inoculante não corrige fa-lhas técnicas, como uma silagem colhida fora do ponto, com tama-nho de partícula inadequado, mal compactada e vedada.

A produtora Wilma Lúcia de Paiva, da região de Pedra do An-ta-MG adotou a silagem de cana--de-açúcar como alternativa para seus animais. Com isso ela conse-guiu aproveitar a cana-de-açúcar não utilizada da safra passada, renovou seu canavial e economi-zou na mão-de-obra. Foram uti-lizados dois tipos de inoculantes, sendo um constituído por 4 enzi-mas (celulase, hemicelulase, pen-tosanase e amilase) e 4 tipos de bactérias (Streptococcus faecium, Lactobacillus plantarum, Pedio-coccus acidilactici e Lactoba-cillus salivarius). A ação conjunta de enzimas e bactérias aceleram o processo de fermentação e pro-porcionam o melhor consumo da silagem pelos animais. O outro inoculante utilizado era constitu-ído da bactéria Lactobacillus bu-chneri, importante controladora das atividades dos fungos e das leveduras no interior do silo.

É importante sempre seguir as recomendações do fabricante do inoculante e de um técnico du-rante o processo de ensilagem para obter o melhor resultado possível.

Limpeza do bebedouro. A importância de água de qualidade

Uso de inoculantes na produção de silagem

Canavial que foi ensiladoThiago, filho do produtor José Maria, Fazenda

Lima Itapeva, município de Presidente Bernardes

Arthur Frederico Magalhães Estudante de Medicina Veterinária

Jovana Luiza de AzevedoEstudante de Zootecnia

Lucas Silva MarquesEstudante de Zootecnia

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PDPL Programa de

Desenvolvimento da Pecuária Leiteira

PCEPL Programa de Capacitação

de Especialistas em Pecuária Leiteira

Publicação editada sob a responsabilidade do

Coordenador do PDPL:Adriano Provezano

Gomes

Redação:Christiano Nascif

Zootecnista

Marcus Vinícius C. MoreiraMédico Veterinário

André Navarro LobatoMédico Veterinário

Thiago Camacho RodriguesEngenheiro Agrônomo

Diagramação e coordenação gráfica:

João Jacob Rita M. M. Jesus

Endereço do PDPL:Ed. Arthur Bernardes

Subsolo/Campus da UFVCep: 36570-000

Viçosa - MG

Telefax: (31) 3899 5250E-mail: [email protected]: www.pdpl.ufv.br

Facebook: Pdpl Minas Gerais

Jornal da Produção de Leite

Dica do Veterinário:

A importância do pedilúvio para os problemas de casco

O que é pedilúvio? Trata-se de um recipiente de

alvenaria contendo substâncias que irão atuar enrijecendo e desinfetando os cascos dos ani-mais.

Por que usar o pedilúvio?O pedilúvio é um grande alia-

do do produtor no controle de

Jéssica Gonçalves de OliveiraEstudante de Medicina Veterinária

problemas de casco, pois se trata de uma alternativa prática, bara-ta e eficaz. Por atuar enrijecendo e diminuindo a transmissão de doenças do casco de um animal para o outro, o pedilúvio dimi-nui, consideravelmente, a quan-tidade de afecções podais em sis-temas de produção de leite.

Com que freqüência as vacas devem passar?

A freqüência de passagem dos animais varia com a intensidade das lesões nos cascos. Em fazen-das com bom nível de higiene e controle das lesões, recomenda--se passar duas vezes na semana. Em situações de muita umidade e sujeira além de pisos desregu-lados, pode-se aumentar essa freqüência e em alguns casos podendo chegar ao uso diário, durante o ano todo.

E qual a freqüência de troca dos produtos?

A solução do pedilúvio deve ser trocada semanalmente ou a cada 250 passadas. Essa medida

garante uma maior eficiência na sua utilização, além de impedir que o pedilúvio sirva como um meio de contaminação devido ao acúmulo de fezes.

Quais os produtos devem ser utilizados no pedilúvio?

As substâncias mais utilizadas são o formol a 5%, que além de “matar” as bactérias atua enrije-cendo os cascos, proporcionan-do maior resistência e o sulfato de cobre a 5%, que é um excelen-te germicida. As soluções devem ser usadas alternadamente, pois

cada substância possui caracte-rísticas próprias e ao misturá-las poderá acarretar em inativação de ambas.

Qual o dimensionamento ade-quado? É necessário o lava-pés? Qual seria o melhor lugar?

Recomenda-se colocar o pe-dilúvio na saída da ordenha, mas antes dele deve ser feito um lava-pés contendo água para a remoção do excesso de maté-ria orgânica presente nos cas-cos. Tanto o pedilúvio quanto o lava-pés devem ter entre 2 e

2,5 metros de comprimento, 70 cm de largura e 30 cm de pro-fundidade. A solução deve ficar a uma altura de 20 cm, sendo o suficiente para abranger todo o casco e evitar o transbordamen-to. A distância entre eles deve ser entre 2 e 3 metros. Tanto pedilú-vio quanto lava-pés devem pos-suir uma saída para limpeza, e o pedilúvio deverá ser coberto.

Qual o custo de implantação do pedilúvio? E dos produtos?

A construção de um pedilúvio de alvenaria, com o dimensio-namento adequado, incluindo o valor gasto com a mão-de-obra, custa em torno de R$500,00 a R$750,00. O sulfato de cobre, saco de 30Kg, R$180,00 e o for-mol, R$4,50/l.

Os problemas de casco estão entre os maiores prejuízos da pe-cuária leiteira, que além de gasto com medicamentos, acarreta em descarte prematuro de animais. Portanto, vale ressaltar a impor-tância da prevenção e utilização do pedilúvio.

Apesar do crescente desenvol-vimento de práticas com foco na qualidade do solo e na sus-tentabilidade dos sistemas de produção, 70% das pastagens brasileiras se encontram em al-gum estágio de degradação, se apresentando pouco produtivas e de baixo valor nutritivo. A oferta de forragens de baixa qualidade para os animais resulta na de-ficiência de nutrientes, que são insuficientes para suprir a de-manda. Além disso, a reposição destes através da adubação ainda é pouco comum, quando surge a necessidade de suplementação do rebanho.

Essa é a realidade da maioria dos sistemas de produção, que acarreta em perdas econômicas em função da queda na pro-dutividade. Os minerais estão envolvidos nos mais variados

Desmistificando a Suplementação Mineral

Alex Cabral Estudante de Veterinária

Antônio VianaEstudante de Zootecnia

Bruna LeonelEstudante de Zootecnia

processos no organismo animal, desenvolvendo diversas funções, por isso os sintomas de deficiên-cia nem sempre são bem defini-dos. É comum a observação dos mais diversos sinais, desde perda de apetite, aspecto fraco e doen-tio, susceptibilidade a doenças, queda no desempenho e na pro-dução, até efeitos diretos sobre a reprodução, com queda na ferti-lidade e qualidade do leite, com o aumento da CCS. Geralmente, a percepção e diagnóstico desses quadros só se tornam possível depois de um longo período de carência desses nutrientes, bem como a reversão destas situações também é um processo lento.

É importante ressaltar que o consumo de minerais no cocho de forma a vontade em bovinos não segue um padrão regular. Sendo assim, não se deve contar com este tipo de fornecimen-to para atender a exigência de animais de alta produtividade. Com isso, o concentrado passa a assumir o papel de grande im-portância para a ingestão força-da de minerais, proporcionando mineralização mais homogênea e constante. As exigências mi-nerais devem ser balanceadas no concentrado, considerando

o consumo de concentrado e, da mesma forma, a fonte e disponi-bilidade biológica a ser utiliza-da, lembrando que este método somente é possível para ani-mais que recebem volumoso e/ou concentrado no cocho, pois a pasto o modelo deverá ser de disponibilidade de sal mineral à vontade em cochos cobertos para o rebanho.

Tendo em vista a pequena par-ticipação dos suplementos mine-rais no custo de produção, pode-mos afirmar que a mineralização do rebanho com produtos de qualidade e de segurança com-provada é um investimento com alta relação benefício custo e de retorno garantido. É importante ressaltar a necessidade da correta aplicação das técnicas para ob-tenção dos resultados esperados. Alguns aspectos práticos devem ser destacados como o forneci-mento do produto em cochos cobertos, de fácil acesso e com al-tura condizente com a categoria de animais. E mais, deve-se asse-gurar a disponibilidade de mine-rais para o rebanho durante todo o ano uma vez que a deficiência é proveniente das características das nossas forrageiras e não ex-clusiva à época do ano.

A suplementação mineral par-ticipa com somente 3% do custo de produção do leite, não justi-ficando a ideia de que a suple-mentação mineral aumenta o custo de produção. E o que se vê, muitas vezes, é o produtor adquirindo o suplemento mine-ral se baseando somente no pre-ço, sem levar em consideração a sua qualidade, que, geralmente, eleva o preço do produto. Po-rém, ao levar o mineral mais barato para uma propriedade (com a falsa ideia de que esta fazendo economia), além de di-minuir muito pouco o custo de produção de leite, o produtor não resolve o problema de de-ficiência que os animais de sua propriedade apresentam.

A mineralização do rebanho é então um investimento rela-tivamente baixo, que otimiza o aproveitamento de recursos bá-sicos, resultando em melhores resultados em termos nutricio-nais, sanitários e reprodutivos. Estes, por sua vez, são eviden-ciados no incremento dos índi-ces zootécnicos, retratando um rebanho saudável e produtivo, responsável pela lucratividade e rentabilidade nos sistemas de produção de leite.

Disposição de lava-pés e pedilúvio

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Localizada no município de Teixeiras, zona da mata mi-neira, a fazenda Santo André é de propriedade do Sr. Lucia-no Sampaio Marques. Desde 2011, a mesma é assistida pelo PDPL e PCEPL, obtendo gran-des avanços com a implantação desta parceria.

No início, o sistema de pro-dução era todo a pasto, onde se utilizava piquetes de Tifton, apesar da existência de um free--stall que se encontrava inutili-zado. A partir de 2012 o siste-ma de produção foi modificado para o sistema de confinamento (free-stall) e as áreas de pique-tes tornaram-se lavouras de mi-lho.

A fazenda possui uma área total de 70 ha, destes, 43 ha

Momento do Produtor: Luciano Sampaio Fazenda Santo André

Joana Fortes ToledoEstudante de Medicina Veterinária

Rafael Gomes PaesEstudante de Agronomia

são destinados para a pecuária leiteira e os restantes represen-tam reservas naturais e áreas de eucalipto. Na safra deste ano foi plantado 17,33 ha de milho para silagem, onde se espera uma produtividade de aproxi-madamente 40 ton/ha. Para su-prir a demanda de volumoso há um projeto de fazer a safrinha de milho onde será necessário produzir aproximadamente 300 toneladas, totalizando 6 ha.

Atualmente, a propriedade conta com um rebanho de 43 vacas em lactação, 21 vacas se-cas, 60 animais de recria e 10 em aleitamento. O alto núme-ro de animais na recria é uma preocupação, pois a IPP (Idade ao Primeiro Parto) encontra-se bem acima do desejado. Algu-mas mudanças estão sendo fei-tas para melhorar essa situação, como manter o lote reproduti-vo sempre mais perto do curral, fornecer uma dieta adequada às necessidades dessas novilhas e descartar animais que não pos-suem características e histórico

desejáveis ao sistema de con-finamento. O grau de sangue desses animais varia de ¾ HZ a PC HZ (Puro por Cruza), con-tando com a boa genética e me-lhorando o manejo e a nutrição, espera-se para o futuro vacas de alta produção, obtendo-se uma maior produção de leite e maior rentabilidade.

A fazenda conta com 4 lo-tes de vacas em lactação, que são agrupados de acordo com a produção e os dias em lacta-ção (DEL). Há também um lote pré-parto, um lote enfermaria, 5 lotes para recria e um bezer-reiro de modelo contínuo para alojar a cria.

Atualmente a propriedade conta com 3 funcionários (Édio, Gessi e Alessandra) envolvidos na atividade. A fazenda está passando por um momento de investimentos, reformando o free-stall, construiu-se cochos para os lotes da recria, reno-vação das cercas e está perto de se tornar auto-suficiente na produção de volumoso. Mui-

tos investimentos ainda estão na mente do produtor, como: a melhoria do conforto térmico dos animais com a instalação de aspersores, a implantação de um sistema de limpeza do free-stall, bem como o aumen-to e estabilização da produção, já que a propriedade possui um grande potencial de crescimen-to.

Abaixo, segue a tabela com a evolução dos índices zootécni-cos da propriedade a partir da assistência técnica gerencial fei-ta pelo PDPL e PCEPL, os da-dos iniciais são do ano de 2011.

Apesar de ter muito a ser fazer

ainda, a melhora é visível, com apenas 3 anos de assistência técnica os índices zootécnicos da fazenda evoluíram, sendo que alguns estão perto do ide-al. O percentual de VL/TV teve aumento de 27%, VL/TR de 30%, a produção anual de leite e produção por área duplicaram de valor.

O produtor procura sempre investir na melhoria da proprie-dade, com a ajuda do PDPL/PCEPL e de seus funcionários, espera-se alcançar a produção média diária desejada de 1000 L/dia e assim tornar a atividade um negócio mais rentável.

Free-stallLote de novilhas em reprodução

Luciano Sampaio Vista parcial da propriedade

Antes do PDPL Hoje Metas

VL/TV (%) 64,92 88,06 > 83 (atingido)VL/TR (%) 28,69 40,98 > 45VL/Área (cab) 1,05 1,56 2Prod. Anual (L/Ano) 133.112 296.379 395.000Prod. Área para pecuária (L/ha/Ano) 3.762,36 7.813 10.000

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Qualidade do leiteTanque de expansão

Localização e temperaturaMonitoramento da

cetose subclínicaGustavo Martins Falcão de Souza Estudante Zootecnia

Henrique de Oliveira VolpeEstudante de medicina veterinária

Renato Barbieri ShinyashikiEstudante de zootecnia

Considerado por muitos técnicos um dos pontos mais críticos ao longo do processo de produção, o resfriamento é uma prática indispensável para a produção de leite com qualidade no mundo. Nesse período o leite precisa ser res-friado a uma temperatura de 4°C em até 3 horas após a or-denha, caso contrário poderá promover um rápido cresci-mento bacteriano e compro-metimento da qualidade.

A tabela abaixo indica a influência do tempo de res-friamento com a taxa de cres-cimento das bactérias, desse modo, quanto maior o tempo de resfriamento mais rápido será seu crescimento e que-da na qualidade do leite. Isto reforça a importância do res-friamento a uma temperatura e tempo adequados.

Para isso deve-se atentar a algumas medidas para im-plantação do tanque de res-friamento que proporcione um correto funcionamento e atenda as exigências da pro-priedade:

•Deve ser implantadopróxi-mo a sala de ordenha com boa estrutura elétrica, água de qualidade, fácil acesso do caminhão, bem iluminado;

•Deve ser posicionado emlocal fresco e arejado para evitar incidência solar dire-ta prejudicando seu resfria-mento e o rápido desenvol-vimento bacteriano;

• Sempremonitorar todos oscomponentes como: medi-dor de temperatura, de pres-são e outros, pois são indis-

Cetose é uma doença me-tabólica, muito comum em vacas, principalmente de alta produção, que estão passan-do pelo período de transição. Vacas acima do escore de pa-rição ideal (3,5), costumam ter maiores problemas com tal enfermidade. Esse distúrbio metabólico ocorre quando o animal não consegue ingerir sua necessidade energética diária. Com isso, passa a usar suas reservas energéticas acu-muladas. A cetose pode ser classificada como clínica, em torno de 10% dos casos, na qual o animal apresenta falta de apetite, emagrecimento e diminuição da produção lei-teira. Porém, as maiores per-das na pecuária leiteira, são

pensáveis para que o tanque possa funcionar de maneira adequada sem causar preju-ízo econômico ao produtor.

•Fazer a limpeza com uten-sílios próprios afim de re-tirar as sujidades contidas no tanque após seu esvazia-mento. Não é recomendado utilização de esponja de aço pois esta pode danifica-lo;

•Devesercapazderesfriaroleite a 4°C em um periodo de no máximo 3 horas.

•Atentar-se para limpeza daválvula

Quanto aos tanques pode-mos classifica-los em relação ao número de ordenhas: os de 2 tem a capacidade de resfriar 50% de seu volume nominal, podendo então ser esvaziado a cada 24 horas. Já o de 4 or-denhas resfria 25% de seu vo-lume podendo ser esvaziado em 48 horas. Desse modo em uma propriedade de 1000 li-tros de leite por dia que possui um tanque de 2 ordenhas terá ao final de 24 horas resfriado 500 litros, enquanto que um de 4 ordenhas, no mesmo pe-ríodo, terá resfriado 250 litros. Por isso, deve-se ficar atento com a potência de resfriamen-to do tanque na propriedade e os dias de coleta do leite, pois pouco leite pode congelar, e o excesso pode não resfria-lo à temperatura adequada.

Os tanques de resfriamento são nos dias de hoje indis-pensáveis para a manutenção da qualidade do produto, pois proporcionam um melhor rendimento no seu proces-samento e comercialização. Para o produtor, ter um leite de qualidade significa uma renda extra em decorrência da remuneração paga por alguns laticínios.

decorrentes do quadro sub-clínico, que representa apro-ximadamente 30% dos casos e por ter os sintomas mais brandos, passam despercebi-dos e conseqüentemente não são tratados.

Em rebanhos de alta produ-ção, é de extrema importância a preocupação e monitora-

As 10 maiores produções do mês de DEZEMBRO de 2013

Ord Produtor Município Produção

1 Antônio Maria Cajuri 132580

2 José Afonso Frederico Coimbra 69661

3 Hermann Muller Visc. Rio Branco 56070

4 Marco Túlio Kfuri Araújo Oratórios 52122

5 Joaquim Campos Júnior Dores do Turvo 47306

6 Paulo Frederico Araponga 36464

7 Paulo Cupertino Coimbra 36060

8 Cristiano José Lana Piranga 35459

9 Rafaela Araújo de Castro Guaraciaba 31438

10 Ozanan Moreira Ubá 26438

As 10 maiores produtividades do mês de DEZEMBRO de 2013 Ord Produtor Município Produtividade por Produtividade por vaca em lactação vaca total 1 Ozanan Moreira Ubá 27,51 22,44 2 Antônio Maria Cajuri 26,40 21,60 4 Áureo de Alcântara Ferreira Guaraciaba 22,14 20,50 3 Davi C. F. de Carvalho Senador Firmino 25,03 18,95 6 José Afonso Frederico Coimbra 20,43 18,42 5 Antônio Saraiva da Silva Porto Firme 20,87 16,69 8 Rafaela Araújo de Castro Guaraciaba 18,78 16,36 7 Cleber Luís de O.Magalhães Divinésia 20,24 16,19 9 Cláudio Cacilhas Sabioni Visc. Rio Branco 18,65 15,68 10 Sérgio H. V. Maciel Coimbra 18,29 14,19

mento da cetose subclínica. Na propriedade Varginha, do senhor Ozanan Luiz Moreira, localizada em Ubari – MG, esse controle é feito com um medidor portátil, disponibili-zado pelo PDPL/PCEPL, que avalia as concentrações de beta-hidroxi-butirato, corpo cetônico formado a partir da oxidação dos ácidos graxos não esterificados, na corrente sanguínea. Vacas no pré e pós parto são submetidas a esse teste e quando positivo, são tratadas com solução à base de propilenoglicol, o conheci-do Drench, mais administra-ção endovenosa de solução de glicose 50% e dexametasona intramuscular.

O monitoramento, aliado a uma alimentação de qualida-de direcionada ao pré-parto e controle do escore corporal dos animais, garantiu uma significativa redução de pro-blemas metabólicos no pe-ríodo pós-parto na fazenda Varginha.

Medidor portátil de beta-hidroxi-butirato

Influência da temperatura no crescimento bacteriano em leite cru

Fonte: Dairy Processing Handbook – Tetra Pak