ed. ambiental_unidade 2

Núcleo de Educação a Distância - NEAD

Universidade de Fortaleza - Unifor

Unidade 2: Princípios de Educação Ambiental e Conservação da Natureza

Núcleo de Educação a Distância - NEADUniversidade de Fortaleza - Unifor

Sumário


AULA 1 - Noções Iniciais

AULA 2 - Mecanismos de funcionamento natural do planeta e dos principais

biomas mundiais e brasileiros

AULA 3 - Visão sobre os limites e a capacidade de suporte do planeta

AULA 4 - Conservação da biodiversidade e desenvolvimento no século XXI


Núcleo de Educação a Distância - NEADUniversidade de Fortaleza - Unifor 3

Olá! Seja bem-vindo ao Material Didático, Unidade 2, da disciplina de Educação Ambiental. Nesse material você encontra o texto produzido pelo professor conteudista, além de outras fontes de pesquisa. Não esqueça de complementar seus estudos assistindo às web aulas, que são o complemento direto desse material. Agora veja a seguir o que você vai aprender nessa unidade. Boa leitura!

Na Unidade 2 você será capaz de reconhecer os diferentes processos naturais, isto é, como a natureza funciona: o ciclo da água, a formação da crosta terrestre, o efeito da radiação solar, entre outros fenômenos. Verificando a relação destes com a qualidade de vida dos indivíduos e, desse modo, sendo capaz de compreender o sistema e entender que, ao alterá-lo, afetamos a nós mesmos.

Objetivo

Aula 1: Noções Iniciais

Na unidade 1 foram abordados os aspectos que dizem respeito à questão ambiental e suas repercussões em nosso cotidiano. Discutiu-se sobre a importância da Educação Ambiental como instrumento de sensibilização e construção de uma nova lógica formal que nos remeta a atuar de maneira sustentável.

Nesta unidade trataremos de enforcar os aspectos vinculados aos princípios da Educação Ambiental relacionados aos mecanismos de funcionamento da natureza, aos limites da capacidade de carga e a conservação da biodiversidade. Embora já tenha transcorrido algum tempo da Segunda Conferência de Tbilisi (1977) e de alguns outros encontros internacionais sobre Educação Ambiental, muitas orientações advindas destes eventos continuam sendo válidas.

Alguns aspectos dizem respeito às finalidades e características da educação ambiental, buscando resgatar a dimensão sistêmica e global desta. Veja, logo abaixo, quais são eles:

Conferência Intergovernamental sobre Educação

Ambiental, organizada pela UNESCO

em colaboração com o PNUMA e realizada

na cidade de Tbilisi (Geórgia), de 14 a 26 de

outubro de 1977.

Educação Ambiental Unidade 2: Princípios de Educação Ambiental e Conservação da Natureza


৵ A abordagem da natureza pela educação deve ser sistêmica, complexa, concreta e vinculada à realidade;

৵ As dimensões socioculturais e econômicas devem ser orientadas pelos aspectos biológicos e físicos, que constituem a base natural do meio ambiente;

৵ Os propósitos da Educação Ambiental devem estar vinculados à realidade sociocultural, econômica e ecológica de cada sociedade e de cada região, integrando-se aos objetivos do seu desenvolvimento;

৵ A finalidade primordial da Educação Ambiental é permitir que o ser humano compreenda a natureza complexa do meio ambiente, ou seja, entenda-a como resultante das interações entre os seus aspectos biológicos, físicos, sociais e culturais;

৵ A Educação Ambiental deve favorecer uma participação responsável e eficiente das populações no que se refere a qualidade do meio natural, social e cultural;

৵ A Educação Ambiental possui enfoque educativo interdisciplinar e orientado para resolução de problemas concretos das comunidades;

৵ A Educação Ambiental constitui-se no modo mais adequado para promover uma educação mais próxima da realidade e das necessidades e problemas dos indivíduos e das sociedades contemporâneas.

Porém, ainda é possível observar muitos problemas relacionados ao meio ambiente. Podemos mencionar alguns deles, como:

৵ A fome, a degradação dos ecossistemas e das paisagens, a desertificação, a escassez cada vez mais intensa dos recursos naturais, as contaminações e a degradação da qualidade de vida;

৵ A vulnerabilidade dos países, agravada pela miséria;

৵ O planejamento fragmentado, que nos países subdesenvolvidos é responsável por agredir os ecossistemas em função da busca pelo máximo benefício econômico;

৵ O consumo excessivo dos recursos e o rápido crescimento demográfico, exercendo uma pressão crescente sobre o meio ambiente;

৵ A descaracterização do significado de desenvolvimento, confundindo-o com crescimento;

৵ Questões relativas ao desenvolvimento, capacidade de assimilação e regeneração da biosfera.

Sendo assim, a partir das observações, conceitos, estratégias e objetivos sociais discutidos nas conferências e encontros, emergiram importantes princípios vinculados à Educação Ambiental e à conservação da natureza, como:

Importante

...



৵ A evolução biológica não pode acompanhar o ritmo dos desequilíbrios ambientais produzidos pela evolução sociocultural;

৵ Os problemas ambientais são sempre complexos e exigem uma abordagem interdisciplinar;

৵ A população humana deve ser responsável por ações corretivas e preventivas no que tange aos danos ambientais;

৵ O bem-estar e a sobrevivência da humanidade dependem do valor que as pessoas atribuem ao meio ambiente;

৵ Deve prevalecer na relação sociedade-meio ambiente os princípios éticos, com foco na conservação e melhoria das condições ambientais.

Aula 2: Mecanismos de funcionamento natural do planeta e dos

principais biomas mundiais e brasileiros

A vida na Terra é mantida pelo fluxo de energia proveniente do Sol, pelo ciclo da matéria ou nutrientes essenciais na biosfera e pela gravidade, a qual evita que as moléculas na atmosfera escapem para o espaço. Neste contexto, alguns organismos produzem alimento e outros o consomem. O ciclo se processa permitindo que a biodiversidade encontrada nos genes, nas espécies, nos ecossistemas e em seus processos constitua-se como um recurso renovável vital.

O solo, por sua vez, fornece a maioria dos nutrientes necessários para o crescimento das plantas, ajuda a purificar a água e armazena o carbono que auxilia no controle dos níveis de dióxido de carbono na atmosfera. Perceberam o significado de complexidade e visão sistêmica? Pois é assim que funciona o mecanismo natural do planeta, as interações são profundas e permanentes, e as atividades humanas estão alterando os fluxos de energia e o ciclo dos principais nutrientes no ecossistema.

Para compreendermos profundamente esta abordagem, torna-se necessário realizarmos algumas incursões sobre as conexões que ocorrem na natureza. Para tanto, utilizamos como ferramenta a ecologia, por esta preocupar-se com a forma como os organismos interagem uns com os outros e com seu ambiente não-vivo (abiótico). A ecologia, portanto, examina as conexões da natureza, buscando explicar as interações entre organismos, populações, comunidades, ecossistemas e biosfera.

Considera-se organismo qualquer forma de vida, independente da sua dimensão e magnitude. Os organismos se classificam em espécies, grupos de organismos que se assemelham uns com os outros no que diz respeito à aparência, ao comportamento, à química e à composição genética. Não se sabe bem a quantidade de espécies que existem no planeta, calcula-se estimativamente algo em torno de 3,6 milhões a 100 milhões. O certo é que interagimos diretamente com cerca de 10 milhões a 14 milhões de espécies.

...

A maioria dos micro-organismos são pequenos demais para

serem vistos a olho nu.



É interessante considerar que uma quantidade imensa de minúsculos micróbios, como bactérias, protozoários, fungos e leveduras ajudam a nos manter vivos. Existem trilhões deles e estão por toda a parte. Bilhões inclusive são encontrados dentro de nossos corpos, ou mesmo em um punhado de terra ou dentro de um copo de água retirado de uma lagoa.

Ouvimos sempre más notícias sobre os micróbios, entretanto são eles os responsáveis por inúmeras atividades benéficas aos seres

humanos e ao ambiente como um todo. Os micróbios convertem o gás nitrogênio presente na atmosfera em formas que as plantas

podem absorver do solo, como nutrientes. Eles ajudam a:

৵ produzir alimentos; ৵ decompor os resíduos orgânicos em nutrientes que podem ser

absorvidos pelas plantas; ৵ auxiliar na purificação da água;

৵ auxiliar no controle de doenças que afetam as plantas e populações de espécies de insetos e que atacam as safras de alimentos;

৵ também são fontes de antibióticos que combatem doenças;

As populações de diferentes espécies vivem interagindo em uma área formando uma comunidade, que por sua vez interagem com seu meio físico de matéria e energia formando um ecossistema. Um ecossistema pode variar de tamanho: de uma poça d’água a um riacho, de um trecho de uma mata a uma fl oresta inteira ou um deserto. Os ecossistemas podem ser classifi cados em naturais ou artifi ciais, quando criados pela ação antrópica.

O fl uxo de energia cria condições favoráveis para o desenvolvimento do sistema de suporte de vida na Terra. Estes sistemas são formados por quatro esferas interligadas que contém ar, água, solo, minerais e vida.

A esfera de ar é denominada de atmosfera, uma fi na membrana de ar que envolve o planeta. Sua estrutura pode ser assim defi nida:

a. Troposfera: contém a maior parte do ar do planeta, principalmente nitrogênio (78%) e oxigênio (21%).

b. Estratosfera: sua porção inferior possui ozônio (O3) suficiente para filtrar a radiação ultravioleta, permitindo o desenvolvimento da vida na superfície terrestre e nas camadas superficiais dos corpos d’água.

A atmosfera terrestre é essencialmente composta por nitrogênio (78%) e oxigênio (21%), seguindo de argônio (0,9%) e dióxido de carbono (0,03%), além de outros gases importantes, mas em quantidades menos signifi cativas.

responsáveis por inúmeras atividades benéficas aos seres

gás nitrogênio presente na atmosfera em formas que as plantas

decompor os resíduos orgânicos em nutrientes que podem ser

auxiliar no controle de doenças que afetam as plantas e populações



Figura 1: Dinâmica e intervenções no subsistema atmosférico. Fonte: http://storadeciencias.wordpress.com/7%C2%BA-ano/a-terra-e-

os-seus-subsistemas/

A esfera de água é denominada de hidrosfera. Encontra-se na forma de água líquida, gelo e vapor na atmosfera. É o somatório de toda a água existente na superfície terrestre, assim sendo, os oceanos, os rios, os lagos, os glaciares e as águas subterrâneas fazem parte da hidrosfera.

Figura 2: Aspectos do subsistema hídrico no planeta. Fonte: Fonte: http://storadeciencias.wordpress.com/7%C2%BA-ano/a-terra-e-

os-seus-subsistemas/

A litosfera é a esfera rochosa. Uma camada rígida que engloba imensas massas continentais e o assoalho oceânico, bem como o restante dos materiais que se encontram no interior da Terra. É nessa esfera rochosa que a maior parte dos seres vivos encontra o suporte para se deslocar e habitar.



Figura 3: Composição da litosfera. Fonte: http://e-teacher.blogs.sapo.pt/500.html

A litosfera forma a crosta e o manto superior terrestre. Assim, todas as partes da biosfera estão interligadas e qualquer alteração nos componentes ou processos da biosfera pode ter um efeito em cadeia em outras partes.

Figura 4: A biosfera e seus limites. Fonte: http://faqbio.blogspot.com.br/2011/03/ficha-resumo-ecologia-biosfera-e-seus.html

Em síntese, a vida na Terra depende do fluxo unidirecional de energia proveniente do Sol (o qual passa pela biosfera), dos ciclos dos elementos cruciais e da gravidade, que impede que os gases atmosféricos escapem para o espaço e permite que os elementos químicos percorram os ciclos das matérias. Veja, logo abaixo, explicações que o farão compreender melhor acerca destes processos:



৵ O fluxo unidirecional de energia de alta qualidade advinda do Sol passa pelos materiais e seres vivos em sua interações

alimentares, encaminha para o meio ambiente em forma de energia de baixa qualidade e retorna ao espaço em forma de calor.

৵ O clico da matéria através de partes da litosfera é responsável pelo suprimento de nutrientes continuamente reciclados

suficientes para sustentar a vida. Os trajetos de nutrientes nos ecossistemas são de ida e volta.

৵ A gravidade, por sua vez, permite que a Terra retenha sua atmosfera e proporciona o movimento dos elementos químicos

entre o ar, a água, o solo e os organismos nos ciclos da matéria.

A vida no Planeta Terra depende da água líquida que domina a superfície. Entretanto, a temperatura também é um fator crucial, pois a maior parte da vida na Terra necessita de temperaturas médias entre os pontos de fusão e ebulição da água. Todas essas conjunções de fatores são importantes para gerar os componentes dos ecossistemas.

A vida existe em sistemas terrestres denominados biomas e em zonas de vida aquática nas águas doces e nos oceanos. Os biomas correspondem às porções terrestre da biosfera. Cada uma destas porções, tais como fl orestas, desertos e pastos, é caracterizada por um clima particular e espécies específi cas adaptadas a ela. As partes aquosas da biosfera são divididas em zonas de vida aquática, cada uma contendo inúmeros sistemas, que incluem: zonas de vida em água doce e zonas de vida oceânica ou marinha.

Características Físicas e Biológicas dos Biomas da Terra

Bioma Precipitação e Umidade Temperatura Vegetação Solo Diversidade

Tundra Umidade e chuvas moderadas

Frio perpétuo e verão muito

curto

Herbáceas, líquens e musgos

Congelado na maior parte do

anoBaixíssima

Taiga (Florestas Boreais)

Umidade e chuvas moderadas

Inverno muito frio e verão

frio

Arbóreas perenifólias e

arbustosRaso, pedregoso Muito baixa

Florestas Temperadas

Chuvas homogêneas e

moderadas

Estações quente e fria

Arbóreas caducifólias Fértil Moderada

Campos e Gramíneas

Estação seca longa

Inverno frio e verão moderado

Principalmente gramíneas Moderado a fértil Baixa

Florestas Tropicais

Muita chuva, umidade

alta, pouca sazonalidade

Quente o ano todo

Arbóreas perenes,

arbustos, cipós e epífi tas

Pobre a moderadamente

fértil Altíssima

O clico da matéria através de partes da litosfera é responsável

suficientes para sustentar a vida. Os trajetos de nutrientes nos



Savanas Tropicais

Estações seca e úmida, bem mascaradas

Alta a moderada

Gramíneas, árvores baixas e

arbustos

Pobre a moderadamente

fértilAlta

Desertos Pouca umidade e chuva

Grande variação diária

Arbustos e cactos Pobre a fértil Baixa a

moderada

Fonte: http://www.bv.am.gov.br/portal/conteudo/meio_ambiente/biomas_tabela_01.php

Os ecossistemas são formados de componentes não-vivos, chamados de abióticos, e componentes vivos, chamados de bióticos. Água, ar, nutrientes e energia solar são os componentes abióticos, enquanto as plantas, os animais e os micróbios são os componentes biológicos, bióticos ou vivos. Tais componentes possuem intensa interação e assim definem os diversos biomas, tais como os que podem ser observados no quadro acima, sobre as características físicas e biológicas dos biomas da Terra, e no esquema a seguir, que apresenta a visão da complexidade de um ecossistema.

Ecosistema Produtores AUTOTRÓFICOS

Heterotroficos

1 ordem Herbivoros

Consumidores

Decompositores

Sucessao ecologica Incia-secomcomunidade pioneira

Pode dar lugar a uma

comunidade climax

Onde

existemTeias

alimentares

Sucessao

primaria(Se

o

local nunca

teve

vida.)

Sucessao

secundaria(Se

o

local já

teve

vida.)

Constituídos por váriasCadeias alimentares

2 ordem

3 ordem

Materia organica Materia Mineral

Carnivoros

Figura 5: Visão da complexidade de um ecossistema. Fonte:http://www.blogcienatur.blogspot.com.br/

Espécies diferentes crescem sob condições físicas distintas. Algumas necessitam da luz solar, outras nascem à sombra; algumas precisam de ambiente quente, outras preferem o frio; algumas se desenvolvem melhor em condições de umidade, outras evoluem em condições secas. O certo é que cada população em um ecossistema tem uma faixa de tolerância a variações em seu ambiente físico e químico. As diversas situações retratadas nos ajudam a compreender a diversidade de condições apresentadas pelos ambientes no globo terrestre. Isto concorre para a geração da diversidade biológica ou biodiversidade.

A diversidade biológica, ou biodiversidade, é um dos recursos renováveis mais importantes. A biodiversidade da Terra é a riqueza ou capital biológico que ajuda a nos manter vivos. Ela fornece os alimentos, as fibras, a energia, as matérias-primas, os elementos químicos industriais e os medicamentos, auxiliando também na qualidade do ar e da água, na manutenção da fertilidade dos solos, descartes de resíduos e controle das populações de pestes que atacam plantações e florestas.

Importante



Atmosfera

Solo

Água

EvaporaçãoLibertaçãode gases

Consumo de gases

Reações entre os

seres vivos

Liberação de detritos orgânicos

Matéria orgânica

Consumo de reações químicas celulares

Reações químicascom os gases atmosféricos

Liberação devapor H2O

Elementosquímicos em

solução

Matéria mineral

Precipitação

Alteração da rochae transporte de

sedimentos

Seres vivos

Figura 6: Interação dos subsistemas. Fonte: http://storadeciencias.files.wordpress.com/2008/11/subsistemasrelacoesarealeditores.png

Por fim, abordaremos o fluxo de energia nos ecossistemas, fator essencial para que compreendamos a teia de relações entre os diversos componentes que formam o Sistema Terra, bem como os mecanismos de funcionamento natural do planeta e dos principais biomas mundiais e brasileiros. Trataremos, portanto, das cadeias e teias alimentares.

Figura 7: Cadeia alimentar terrestre e marinha. Fonte: http://www.jureia.com.br/Cadeia_Alimentar.asp



Todos os organismos, vivos ou mortos, são fontes potenciais de alimentos para outros organismos. Portanto, uma sequência de organismos, na qual um serve como fonte de alimento para o próximo, recebe o nome de cadeia alimentar. Esta cadeia determina como a energia e os nutrientes passam de um organismo a outro pelo ecossistema.

Atribui-se um nível alimentar ou nível trófi co a cada organismo em um ecossistema, dependendo se ele come ou se decompõe. Os produtores pertencem ao primeiro nível trófi co, os consumidores primários ao segundo nível trófi co, os consumidores secundários ao terceiro nível, e assim por diante. Os detritívoros processam os detritos de todos os níveis trófi cos.

Figura 8: Ciclo da matéria. Fonte: http://www.portefolionaturas.net/8.ppt.prof.fl uxo.energia.pdf

Com base nestas informações, concluímos que os ecossistemas são muito complexos. A maioria dos consumidores se alimenta de mais de um tipo de organismo que, por sua vez, são consumidos por mais de um tipo de consumidor, levando-nos a perceber que a maior parte das espécies participa de diversas cadeias alimentares, formando uma complexa rede de cadeias alimentares interligadas denominada teia alimentar.

Figura 9: Teia alimentar. Fonte: http://www.jureia.com.br/Cadeia_Alimentar.asp



Todas as abordagens apresentadas nos deixam uma lição ecológica, sempre que interferimos na natureza devemos questionar: “Quais as repercussões? O que acontece depois? Com que intensidade estamos interferindo e comprometendo o funcionamento dos mecanismos de funcionamento natural do planeta e dos principais biomas?”.

Refl exão

AULA 3 – Visão sobre os limites e a capacidade de suporte do planeta

No desenvolvimento deste tema, utilizaremos inicialmente uma afirmativa de Miller Jr. (2011, p. 128), que diz que

“[...] nenhuma população pode aumentar seu tamanho indefinidamente, pois recursos como luz, água e nutrientes são

limitados e os competidores ou predadores, em geral, são em grande número”.

Para o autor, as populações variam quanto às suas capacidades de crescimento, ou o potencial biótico de uma população. Por sua vez, a taxa intrínseca de aumento corresponde à taxa na qual uma população cresceria se tivesse recursos ilimitados. Grande parte das populações cresce a uma taxa abaixo desse valor máximo, ou seja, nenhuma população pode aumentar seu tamanho indefi nidamente, e isto acontece porque sempre há limites ao crescimento de uma população de qualquer natureza.

Já a resistência ambiental expressa os fatores que atuam para limitar o crescimento de uma população. Desta forma, a junção do potencial biótico e da resistência ambiental, defi ne a capacidade de suporte no planeta, o número de indivíduos de uma determinada espécie, que pode ser sustentado, indefi nidamente, em um determinado espaço. Isto quer dizer, que a taxa de crescimento de uma população diminui conforme seu tamanho e aproxima-se da capacidade de suporte de seu ambiente, já que os recursos como: alimento e água, começam a sofrer redução.

Para Miller Jr. (2011), quando uma população ultrapassa seus suprimentos de recursos, muitos de seus membros podem morrer, a não ser que possam alternar para novos recursos ou mudar-se para uma área com mais recursos.

O seres humanos não estão isentos do excedente populacional e morte progressiva (colapso). Porém, mudanças tecnológicas, sociais e outros tipos de mudanças culturais aumentaram a capacidade de suporte do planeta para a espécie humana. A produção de alimentos cresceu e são utilizadas grandes quantidades de recursos energéticos e de materiais para tornar áreas inabitáveis em habitáveis. Entretanto, este processo tem um limite: “Por quanto tempo os seres humanos serão capazes de continuar a realizar isso, em um planeta que apresenta espaço e recursos fi nitos diante de uma população humana, cujo tamanho e consumo de recursos por pessoa crescem exponencialmente?” Este é um tipo de indagação com resposta no âmbito da imaginação e, quem sabe, até no campo do inimaginável para alguns.



De acordo com Earth Sciences for Society Foundation, uma fundação situada na Holanda para o desenvolvimento das Ciências da Terra para a Sociedade, ao referir-se aos limites e capacidade de suporte do planeta, considera-se que:

৵ É fácil considerar os recursos terrestres como fáceis e disponíveis;

৵ O ser humano move mais materiais na superfície terrestre que todos os agentes erosivos naturais;

৵ Para resolver os problemas ambientais globais necessitamos de investigação interdisciplinar.

No seu Unifor Online, na seção Artigos, você encontra o texto “Mantendo o Equilíbrio...”, que fala sobre conscientização e equilíbrio. Aprimore seus estudos!

AULA 4 – Conservação da biodiversidade e desenvolvimento

no século XXI

Daremos início à aula 4 com uma discussão sobre a conservação da biodiversidade do planeta e de que forma poderemos ajudar a sustentar os biomas terrestres e aquáticos, protegendo, assim, os lugares onde vivem e interagem as espécies.

Como já foi mencionado, utilizamos a tecnologia para alterar a natureza e atender às nossas necessidades e desejos crescentes de oito maneiras, as quais põem em risco a sobrevivência de muitas outras espécies, promovendo a redução da qualidade de vida do planeta (MILLER JR, 2011). Vejamos:

ASPECTO AÇÃO HUMANA CONSEQUÊNCIAS

Redução da biodiversidade ao destruir, fragmentar, degradar e simplificar os habitats de vida selvagem.

Desmatamento de florestas, aterramento de áreas alagadiças, rodovias, estacionamentos etc.

Perda da biodiversidade global e degradação do capital natural da Terra.

Desperdício ou destruição da produtividade primária líquida da Terra.

Poluição, contaminação e desperdício dos recursos hídricos.

Deslocamento ou eliminação de habitats e estoque de alimentos de um número crescente de espécies.

Fortalecimento de espécies nocivas e bactérias causadoras de doenças.

Uso excessivo de pesticidas e antibióticos.

Aceleração natural entre as populações de bactérias e pragas de reprodução rápida.

Eliminação de determinados predadores.

Erradicação de espécies da cadeia alimentar, interferindo na teia alimentar.

Simplificação e prejuízo às cadeias alimentares e aos ecossistemas naturais.



Introdução de espécies novas e não-nativas em comunidades.

Melhoramento de grãos para cultivo e gado domesticado.

Aparecimento de espécies nocivas para os seres humanos e para outras espécies.

Intensidade da utilização dos recursos renováveis.

Permitir pastagens excessivas, utilização excessiva dos nutrientes do solo, pesca em excesso, caça ilegal, bombeamento intenso dos aquíferos.

Transformação de áreas de pastagens em desertos ou semidesertos, exaustão dos nutrientes do solo, redução das espécies de peixes, ameaça de extinção de animais selvagens, redução dos aquíferos.

Ciclagem química e fluxos de energia nos ecossistemas.

Prática de monoculturas, plantações de árvores, canteiros de obras. Queima de combustíveis fósseis, desmatamento e queima de florestas e pastos.

Produz sobrecarga e prejudica outras comunidades, como lagos e águas litorâneas. Produção de gases do efeito estufa, alteração do fluxo de energia da biosfera, redução dos níveis de ozônio.

Sistemas humanos e energias não-renováveis.

Utilização de combustíveis fósseis nos sistemas humanos.

Sistemas humanos dependentes cada vez mais de energias não-renováveis, geração de poluição, acréscimo de dióxido de carbono na atmosfera.

Fonte: MILLER JR, 2011.

A partir do quadro, constatamos que, para sobreviver, é preciso explorar e modificar partes da natureza. Entretanto, estamos começando a compreender que qualquer intervenção do ser humano na natureza provoca inúmeros efeitos. Portanto, enfrentamos dois grandes desafios: o primeiro relaciona-se à manutenção do equilíbrio entre as comunidades simplificadas, alteradas pela ação antrópica, e as comunidades naturais mais complexas, das quais nossa e outras espécies dependem. O segundo desafio diz respeito à velocidade de simplificação, homogeneização e degradação da natureza para atender aos interesses humanos. Desta forma, acentuamos que o que está em risco não é o Planeta Terra e sim a nossa espécie e a existência de outras espécies que conduzimos à extinção prematura.

Miller Jr. (2011) afirma em sua obra que nós não podemos salvar a Terra, mas quando aprendemos sobre o funcionamento deste sistema, e ao trabalhar em conjunto com seus processos naturais, podemos contribuir para sustentar as qualidade de vida para a espécie humana, evitando a extinção prematura de metade das espécies do mundo, prevista para o século XXI.

Importante

De acordo com os ecologistas, é possível descobrir como a natureza sobreviveu e se adaptou durante vários bilhões de anos e tentar aprender sua estratégia. Os biólogos utilizaram as lições do estudo ecológico da natureza para formular quatro diretrizes para o desenvolvimento das sociedades, conservação da biodiversidade e implantação de estilos de vida mais sustentáveis:

1. A vida, estilos de vida e economias são totalmente dependentes do Sol e da Terra;

2. Todas as coisas estão relacionadas e interdependentes;



3. Qualquer intromissão humana na natureza tem efeitos colaterais inesperados e indesejados. Nunca fazemos uma ação única;

4. Não se pode sustentar indefinidamente um modelo de civilização que exaure e degrada o capital natural da Terra, mas podemos sustentar um que sobreviva do rendimento biológico fornecido por este.

Cada vez mais buscamos orientar nossos esforços para evitar causar danos ao sistema de suporte à vida da Terra. No princípio da precaução, ou seja, quando as evidências indicam que uma atividade pode prejudicar seriamente a saúde humana ou o meio ambiente, devemos adotar medidas preventivas para evitar ou minimizar danos.

É consenso que a biodiversidade deve ser protegida da degradação, pela sua própria existência e porque ela traz benefícios vitais para a conservação da vida no planeta, para nós e para outras espécies.

Bom, aluno, aqui finalizamos a Unidade 2. Aprimore seus estudos lendo o texto “Temas ambientais em evidência e desenvolvimento no século XXI”, que se encontra disponível na seção Artigos do seu Unifor Online.

Lembre-se de complementar seus estudos assistindo às web aulas disponibilizadas no seu Unifor Online. Na próxima Unidade iremos estudar sobre o Meio ambiente e cidadania. Até lá!

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AT

Referências

Earth Sciences for Society Foundation, Leiden, The Netherlands. Disponível em: <http://storadeciencias.wordpress.com/7%C2%BA-ano/a-terra-e-os-seus-subsistemas/>. Acesso em: 01 Abr 2012.

MILLER JR, G. Tyler. Ciência Ambiental (tradução). São Paulo: Cengage Learning, 2011.

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AT

Quem faz

Núcleo de Educação a Distância

O conteúdo estudado por você nessa disciplina foi planejado, desenvolvido e implementado por uma equipe composta por profissionais de diversas áreas e com o objetivo de apoiar e facilitar o processo ensino-aprendizagem.

Coordenação GeralCarlos Alberto Batista

Supervisão AdministrativaGraziella Batista de Moura

Produção de Conteúdo DidáticoJoão Batista Vianey Silveira Moura

Desenvolvimento de Projetos

Projeto InstrucionalBárbara Mota BarrosTiciane Soares de Morais

Roteiro de Áudio e VídeoBárbara Mota BarrosTiciane Soares de MoraisJosé Moreira de Sousa

Produção de Áudio e VídeoVaneuda Almeida de PaulaNatália Magalhães Rodrigues

Identidade VisualNatália Soares Sousa

ArteJoão José Barros MarreiroSérgio Oliveira Eugênio de Souza

ProgramaçãoRaimundo Bezerra Lima JúniorAntônia Suyanne Lopes Alves

Diagramação de Material DidáticoSávio Félix MotaRégis da Silva Pereira

Revisão GramaticalLuís Carlos de Oliveira Sousa

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AT

Anotações


Texto Complementar da Unidade 2

TEMAS AMBIENTAIS EM EVIDÊNCIA E DESENVOLVIMENTO

NO SÉCULO XXI

1. Água subterrânea – reservatório para um planeta com sede?

Quase toda a potencial água potável da Terra existe sob a forma de água subterrânea. Novas técnicas de exploração e produção, e uma melhor compreensão da dinâmica dos reservatórios naturais de água, estão a ajudando a encontrar este precioso bem.

2. Desastres naturais – minimizar o risco, maximizar a conscientização

A Terra pode ser um local perigoso, tornando-se, por vezes, ainda mais perigoso pela intervenção humana. Crucial para minimizar o perigo potencial resultante das diferentes ameaças geológicas para a população de todo o mundo, é a avaliação correta e a comuni-cação do risco.

3. Terra e saúde – construir um ambiente mais seguro

Toda a gente que habita numa cidade poluída apercebe-se de que as condições am-bientais de onde se vive podem afetar a saúde. A justificação, total ou parcial, para um ambiente saudável, ou não, no local onde vivemos está sob o nossos pés, e resulta da geoquímica ambiental.

4. Alterações climáticas – registros nas rochas

Entender as mudanças do clima, é vital para a segurança do Planeta Terra, e assenta sobre os registros preservados em vários tipos de rochas sedimentares. Contudo, estes testemunhos são raros e preciosos e devem ser conservados antes que o desenvolvimento os destrua para sempre.

5. Recursos – a caminho de um uso sustentável

Os geocientistas têm consistentemente alterado as suas previsões catastróficas sobre o esgotamento dos recursos, ao melhorar a sua compreensão da Terra e sobre a origem de potenciais minerais úteis.

A humanidade tem a responsabilidade de usar estes recursos com inteligência, ou en-contrar novas formas, mais limpas, de utilizar a energia.

Educação Ambiental Texto Complementar da Unidade 1


6. Megacidades – o nosso futuro global

As áreas urbanas, muitas vezes concentradas em limitados espaços junto à costa, estão a ficar sem capacidade de expansão e o preço dos terrenos crescem para valores muito elevados. Cada vez mais, os arquitetos desejam mudar da construção em altura para construir em profundidade. Isto é mais caro a curto prazo, mas muito mais sustentável a longo prazo.

7. Interior da Terra – da crosta ao núcleo

Toda a longa história e evolução da Terra, bem como aquilo que podemos atualmente observar à superfície é reflexo de uma potente máquina termodinâmica. A Terra é consti-tuída por um núcleo central de níquel e ferro (um núcleo interior sólido e um núcleo exterior líquido que gera grande parte do campo magnético da Terra), por um manto, que apesar de sólido, apresenta movimentos de convecção que movem as placas da crusta terrestre, sendo este motor que dá vida ao nosso planeta.

8. Oceano – abismo do tempo

Os oceanos, que começaram a ser cientificamente explorados há 200 anos atrás, de-têm a explicação do funcionamento da Terra. O aumento do conhecimento sobre os ocean-os tem revolucionado a compreensão do planeta como um todo, havendo, contudo, muito mais para descobrir – não só sobre o uso dos oceanos para benefício da humanidade, mas também na prevenção das rupturas nas margens continentais, onde a maioria da popula-ção humana está concentrada.

9. Solo – a pele da Terra

Os solos são o principal sistema de suporte da vida e do bem-estar humano. Forne-cem o substrato para as raízes, retêm água o tempo suficiente para esta ser utilizada pelas plantas e fixam nutrientes essenciais para a vida – sem os solos, a paisagem da Terra seria tão estéril como a de Marte.

10. Terra e vida – as origens da diversidade

A evolução da vida e da biosfera começou há cerca de 4.2 mil milhões de anos e, há cerca de 2.7 mil milhões de anos, a vida desencadeou mudanças significativas na atmos-fera, nos oceanos e na litosfera. Torna-se imperativo compreender que os processos abióti-cos (físico-químicos), quer os bióticos, sustentam a evolução da vida.

Fonte: Earth Sciences for Society Foundation, Leiden, The Netherlands. Disponível em: http://storadeciencias.wordpress.com/7%C2%BA-ano/a-terra-e-os-seus-subsistemas/

Educação Ambiental Texto Complementar da Unidade 1


MANTENDO O EQUILÍBRIO...

Para bem das gerações futuras devemos ser capazes de usar as riquezas da Terra sem desperdiçar os recursos que não podem ser renovados e sem perturbar o equilíbrio do Sistema Terrestre que a todos nos suporta. Vejamos o caso da água potável.

70% da superfície da Terra esta coberta de água; 2,5% corresponde a água doce, da qual grande parte está em glaciares e calotes polares. Isto deixa apenas 0,26% da água do planeta disponível para manter a Humanidade. Destes 0,26%, quase toda (>90%) encon-tra-se armazenada nos vazios existentes nas rochas sob a superfície terrestre. A maioria da água subterrânea começa como chuva que penetra no solo e fica armazenada nas rochas permeáveis ou “aquíferos”.

A necessidade crescente de água por parte da população mundial e suas várias ativi-dades poluentes impõem sérias ameaças a esta pequena quantidade de água. Além disso, tal como o povo do Bangladesh descobriu, nem toda a água subterrânea é potável.

Fonte: Earth Sciences for Society Foundation, Leiden, The Netherlands. Disponível em: http://storadeciencias.wordpress.com/7%C2%BA-ano/a-terra-e-os-seus-subsistemas/

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