ecos europeus na beira interior sul

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No ano em que se comemora o Ano Europeu dos Cidadãos e em vésperas de eleições europeias, agendadas em Portugal para 25 de maio de 2014, o Europe Direct Beira Interior Sul edita uma publicação que pretende ser uma súmula dos impactos diretos e indiretos de uma comunidade económica, e com aspirações de união social e cultural, sobre a vida das populações da Beira Interior Sul e com apostas em estratégias para o desenvolvimento sustentável desta tipologia de territórios.

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2 ’

É preciso uma nova abordagem Agro-

-Rural, que permita dar valor aos terri-

tórios e aos produtos rurais e criar auto-

-estima nos produtores rurais.

É importante criar dinâmicas de desenvol-

vi mento em 80% dos nossos territórios,

com uma visão larga do futuro, associan-

do produção agro-alimentar com uma

flo resta multifuncional, com a produção

energética e com a conservação da natu-

re za, promo ven do novas formas de visita-

ção, fruição e recreação nesses enormes

espaços eco-ru rais. O futuro das áreas ru-

rais faz-se pelas eco nomias da produção,

da conservação e da recreação.

Os produtos valorizam-se pela qualidade,

genuinidade e ligação à terra. É preciso que

se criem ligações à economia local, para

criar a aglomeração de atividades em tor-

no de uma ideia, de um projeto, público ou

pri vado, e a criação de uma gama de pro-

dutos diversificado. O futuro é dos merca-

dos de pro ximidade. Significa pro duzir para

trazer gente ao local, em nichos de merca-

do, devi da mente organizados.

A auto-estima cria-se demonstrando por

um lado o capital social e simbólico das

áreas e produções rurais e mudando o

discurso quan to ao presente e ao futu-

ro. A aposta na qua li ficação dos agentes

e pessoas do mundo rural é um outro

aspecto da política de desenvolvimento

rural que deve ser valo rizado. A qualifica-

ção é crítica para o com ba te à exclusão

social do mundo rural.

Os serviços prestados pela agricultura e

pelas atividades rurais vão para além dos

produtos em si. São muitos os bens pú-

blicos gerados por essas atividades: (1) o

montado de sobro em Portugal é o mais

À PROCURA DE UM NOVO MODELOINSTITUCIONAL AGRO-RURAL

belo exemplo de preservação de biodiver-

sidade na Europa, além de produzir o único

produto em que Portugal é líder mundial

– a cortiça; (2) a produção de raças au-

tóctones é, além da produção da magnífi-

ca carne mirandesa, arouquesa, barrosã ou

alentejana, a forma de preservarmos raças

portuguesas; (3) o regadio da Cova da Bei-

ra é a opor tu ni dade para se desenvolve-

rem culturas de regadio, de que o olival,

com elevadas produtividades e azeite de

excelente qualidade, é um bom exemplo;

(4) o Douro, o Douro rio e socalcos, patri-

mó nio da Humanidade, onde os agriculto-

res são produtores de vinho e de uma das

paisagens mais belas do mundo; (5) as al-

deias históricas da Beira Interior, exemplos

vivos do património rural do país, que deve

ser preservado como um serviço à história

e cultura nacional.

É preciso um discurso positivo, que re-

coloque a questão agrícola, não numa

perspetiva sectorial, mas de uma nova

“causa nacional”.

Uma nova cultura rural, que crie a ideia de

um mundo rural moderno, na senda do

futuro. Uma cultura rural de modernidade,

das novas tecnologias, das energias alter-

nativas, dos produtos alimentares seguros

e de qualidade, da produção de ambiente

limpo e perene, com a preservação da bio-

di ver sidade e das nossas potencialidades

en dó genas, com aposta em mais inves ti ga-

ção e ino va ção. Com sectores orga nizados,

compe titi vos, rentáveis e sus ten táveis.

Com atividades geradoras de emprego.

É preciso um discurso de envolvimento,

dos atores, mas também de todos os

ci da dãos para uma nova causa: o nosso

mundo rural..

É também neste prisma que é importan-te envolver a comunidade escolar para a percepção da importância do mundo rural e a promoção da educação para a alimen-tação saudável, através de um programa de distribuição gratuita de fruta e legumes nas escolas, pode ser o catalizador para o conhecimento da riqueza e diversidade do nosso mundo rural nas escolas.

É preciso mostrar o muito que temos e fa ze mos de bom no nosso muito rural.

É preciso uma nova institucionalidade, com uma administração de missão.

Um novo modelo de intervenção, pas-sando de uma visão agro-sectorial para uma visão agro-rural. Um novo modelo de intervenção, recriando projetos numa perspetiva de aglomeração de atividades. O país deve ter um pro gra ma RURIS à imagem do que fez para a cidade com o POLIS. Em cada região, há pelo menos dois projetos que merecem apoio, ou na lógica de fileira ou nu ma perspetiva de projeto territorial. O programa LEADER constitui um im por tante elemento de demonstra-ção de como pode funcionar o novo RU-RIS, já não apenas para a diversificação de atividades, mas para o desen vol vimento integral do mundo rural em Portugal.

É preciso concentrar esforços, que ge-rem uma verdadeira mudança. Recursos humanos e financeiros. Com uma nova engenharia no apoio aos projetos, atra-vés da subvenção global; com maior par-ticipação e responsabilização dos agen-tes associativos na gestão e execução dos programas. E uma admi nis tra ção de missão em cada um desses projetos. Com objetivos, prazos e neces sidade de resultados. Missão significa dedicação,

mas também, eficiência e efi cácia.

Miguel Freitas

[Ex-Coordenador de Agricultura e Pescas da REPER (Representação Portuguesa junto da UE). Ex-Porta-voz de Portugal no comité especial de agricultura. Deputado na XII Legislatura]

3 ’

No ano em que se comemora o Ano Europeu dos Cidadãos

e em vésperas de eleições europeias, agendadas em Portugal

para 25 de maio de 2014, o Europe Direct Beira Interior Sul

edita uma publicação que pretende ser uma súmula dos impac-

tos diretos e indiretos de uma comunidade económica, e com

aspirações de união social e cultural, sobre a vida das popula-

ções da Beira Interior Sul e com apostas em estratégias para o

desenvolvimento sustentável desta tipologia de territórios.

“Ecos Europeus na Beira Interior Sul” pretende refletir sobre

a influência da União Europeia sobre este território rural, que

pode ser traduzida pela melhoria das condições de vida das

pessoas residentes nas áreas e regiões rurais, através de pro-

cessos sociais que respeitem e articulem os seguintes princí-

pios: eficiência económica, equidade social e territorial, quali-

dade patrimonial e ambiental, sustentabilidade, participação

democrática e responsabilidade cívica.

A diversidade dos relevos, climas, paisagens e densidades popu-

lacionais corresponde à variedade das atividades económicas,

produções agrícolas, problemas e oportunidades. A Europa é um

mosaico heterogéneo de pessoas, culturas, espaços geográficos…

Os obstáculos que as regiões rurais devem hoje ultrapassar não

são apenas naturais, antes resultam igualmente da intervenção

humana e do modo de desenvolvimento escolhido desde a Se-

gunda Guerra Mundial, com o nascimento de uma Europa co-

mum, unida, em primeira instância, para evitar confrontos bélicos

no espaço europeu. Criar uma Europa unida na diversidade nem

sempre tem sido fácil, e a aplicação de políticas de desenvolvi-

mento rural, ora de modernização, ora de reparação ou de pro-

teção, resulta em adaptações e instrumentos diversos que nem

sempre satisfazem as regiões europeias em igual grau.

Particularmente em Portugal, sobretudo após o 25 de Abril de

1974, e com a adesão de Portugal à CEE (Comunidade Econó-

mica Europeia) em 1986, estes dois acontecimentos permitiram

uma maior abertura da sua economia ao exterior, com maior

proveito das vantagens comparativas do comércio internacio-

nal. No entanto, o país foi lançado num mercado global e livre

europeu, mantendo décadas de atrasos sociais, com população

cada vez mais envelhecida em meios rurais, devido aos altos

êxodos de mão-de-obra para os grandes centros urbanos loca-

lizados no litoral. Simultaneamente, os territórios rurais foram

sendo catalogados como espaços caracterizados por baixos ní-

veis de formação e dificuldades em ter acesso à informação,

num país que desde sempre tem enfrentado sucessivos atra-

sos económicos associados a um aparelho produtivo a denotar

algumas fragilidades e dificuldades de superação de diversas

crises económicas cíclicas.

No entanto, é inegável o papel fundamental e imprescindível

que as políticas europeias desempenharam na transformação

e dinamização dos territórios rurais dos Estados-membros. Sa-

liento, desde logo, o programa de Iniciativa Comunitária LE-

ADER que, prosseguindo o objetivo da inovação, abriu novas

janelas de oportunidades no mundo rural. Solicitou a sua capa-

cidade de modernização e de invenção das atividades econó-

micas locais e, em troca, deu grande visibilidade às experiências

existentes, baseadas em tradição e técnicas artesanais, de for-

ma a preservar as raízes de pertença de cada um.

Este programa veio comprovar que a inovação rural resulta,

ao mesmo tempo que nos lança numa terceira dimensão de

ordem cultural e política: a da integração europeia. A Europa

entrou-nos em casa. E, esperemos, veio para ficar.

António RealinhoDiretor do Centro de Informação Europe Direct Beira Interior Sul

A EUROPA EM NOSSA CASA

4 ’

Manuel Porto

[Professor Universitário (Universidades de Coimbra e Lusíada)]

Não pode deixar de ser preocupante, não pode além disso

deixar de causar estranheza, a perda progressiva de relevo do

interior do nosso país, com a perda de população da generali-

dade dos seus municípios.

Assim acontece apesar das repetidas afirmações de políticos,

exprimindo a sua preocupação por esse facto, ficando por se

saber se estão de facto convencidos de que vale a pena pro-

mover o interior. Será que em alguns casos, no íntimo, não es-

tará de facto a convicção de que não vale a pena esse esforço,

devendo antes concentrar-se todos ou quase todos os esforços

no litoral, ainda aqui em dois ou em apenas um polo.

Assim deveria ser na lógica de que o que importa são as pes-

soas, a people prosperity, não o território, a place prosperity.

Não tendo o interior condições de maior progresso, há que

aceitar como bom, ainda que tal não seja dito, a emigração das

pessoas para os grandes centros, mesmo para um único grande

centro: tendo aqui melhores condições de vida do que as que

poderiam almejar nas suas terras de origem.

5 ’

Nesta lógica, são criticadas as melhorias nas acessibilidades ao

interior (sem se pensar nas vidas que são assim salvas e no

acesso a ofertas culturais que pode ser assim conseguido…),

ou a manutenção e mesmo promoção de serviços sem grande

escala: numa linha alicerçada com a internacionalização da eco-

nomia, desde logo com a integração plena do país na União Eu-

ropeia, tendo de ter uma cidade que na sua dimensão se apro-

xime da dimensão de Madrid, de Paris ou de Londres. Só assim

se conseguiriam as economias de escala indispensáveis num

mundo global, sendo ingénua uma dispersão de esforços no

nosso território, com a valorização também de outras cidades.

O exemplo europeu aponta todavia sem equívocos no sen-

tido contrário, por muito que custe aos defensores do cen-

tralismo (não querendo vê-lo…). Havendo sem dúvida outras

razões a justifica-lo, não pode seriamente desconhecer-se o

muito maior êxito dos países regionalizados e territorialmente

equilibrados, sem nenhuma cidade relevante da dimensão de

Madrid, de Paris, de Londres, de Lisboa ou mesmo do Porto.

Olhando para as estatísticas, que não “mentem”, vê-se que na

Europa, na União Europeia e fora dela, só têm economias alta-

mente eficientes, com enormes superavit nas suas balanças dos

pagamentos, a Alemanha, com um superavit de 239,5 milhares

de milhões de dólares1 (o maior do mundo, acima do da Chi-

na), a Holanda, com um superavit de 75,8 milhares de milhões

de dólares, e a Suíça, com um superavit de 78,7 milhares de

milhões. Com exceção de Berlim, com uma dimensão popula-

cional de mais do que um milhão de habitantes, mas que não

é a sede de nenhuma das grandes empresas desse país, verifi-

camos que estas estão, na Alemanha, na Holanda ou na Suíça,

em cidades diferentes, cidades que não chegam a ter sequer

metade da população do Porto: lembrem-se os casos de em-

presas, algumas das maiores do mundo, como a Volkswagen, a

Mercedes, a BMW, a Siemens, a Philips ou a Nestlé.

Cai pois por terra a lógica da necessidade de concentração de

meios basicamente num ou dois grandes centros. Havendo

sem dúvida outras razões para o êxito, pode pelo menos dizer-

-se que a dispersão de recursos por vários centros de média

dimensão não impede a competitividade mundial. Vê-se pelo

contrário a França, com a sua grande Paris (e as inerentes dese-

conomias da aglomeração…), a ter um défice na balança dos pa-

1 Sem fontes de energia ou matérias-primas de espacial significado, com salários elevados liberdades sindical e política…

gamentos de 64,9 milhares de milhões de dólares, ou o Reino

Unido, com a sua Londres (e a sua praça financeira), a ter um

défice de 75,3 milhares de milhões (sendo também assinalável

o défice da Espanha).

Por outro lado, com a exceção da Holanda, onde nada é longe

do mar (…), estão bem no interior todas as grandes empresas

da Alemanha (alguém consegue indicar uma das suas grandes

empresas que esteja no litoral?) e obviamente todas as gran-

des (e pequenas…) empresas da Suíça.

Ao longo dos séculos poderia invocar-se, para justificar o maior

favorecimento do litoral português, o predomínio do transpor-

te marítimo. Mas a acentuação do empobrecimento do interior

verificou-se precisamente nos últimos anos, quando a Espanha,

mais perto do nosso interior do que do nosso litoral (…), passou

a ser o principal mercado para as nossas exportações: com mais

do que um quarto do total, quando em 1985 ia para Espanha

apenas 4% das nossas exportações. E passam por lá todas as

mercadorias que vão por terra para os outros países da Europa,

de longe o principal destino das nossas exportações. Para além

de Madrid, com a sua função de capital, a Espanha é aliás mais

um exemplo europeu de cidades pujantes no interior, benefi-

ciado designadamente com a regionalização. Algumas dessas

cidades, como é o caso mais notório de Badajoz, têm aliás efei-

tos de polarização sobre o nosso interior, contribuindo para a

sua debilidade.

O abandono do interior está pois em contradição com a lógica

das coisas e o exemplo dos demais países da Europa: só poden-

do ser alterado com uma política do Governo Central que pro-

mova o seu desenvolvimento, bem como com um poder local

(desejavelmente regional) dotado de recursos bastantes. Não

pode designadamente continuar a situação de estarmos em

segundo lugar em termos de pouco relevo da despesa local no

conjunto da despesa pública, com 14,7% do total, estando abai-

xo de nós apenas a Grécia (sendo fortemente descentralizados

países de muito menor dimensão).

Face aos exemplos da Europa, é pena que “prefiramos” seguir o

exemplo grego, com a sua “grande Atenas”; e não exemplos de

países, como a Alemanha e a Holanda, que não estão por certo

arrependidos de ter seguido um modelo de descentralização,

com territórios exemplarmente equilibrados.

6 ’

É POSSÍVEL VIVER NA TERRA

E DA TERRAAlberto Melo1

[Docente aposentado da Universidade do Algarve e cofundador e antigo presidente da Direção da Associação de Desenvolvimento Local In Loco]

1. Portugal foi dos países ocidentais que

melhor resistiu à Grande Depressão

que se seguiu ao crash da bolsa ame-

ricana em 1929. E Portugal foi igual-

mente um país onde (contrariamente

à França) a inserção dos que deixaram

as antigas colónias se processou de

forma bastante positiva. As sociedades

rurais tiveram em ambos os casos um

papel muito importante como “amor-

tecedores” sociais e económicos destas

situações críticas, constituindo espaços

de acolhimento e de integração e, em

simultâneo, “apólices de seguro” contra

a fome e a pobreza extrema.

2. Atualmente, perante as políticas im-

postas pela finança globalizada aos au-

toenfraquecidos governos, a perspetiva

é de um empobrecimento significativo

da grande maioria das populações e du-

rante um largo período de tempo (“não

menos de 10 anos… ”, segundo Angela

Merkel). De facto, da austeridade a que

estão condenados os países da perife-

ria europeia e daquela que se prevê, a

curto prazo, para os demais países da

euro-zona, não poderá resultar senão

a estagnação e o declínio da atividade

económica. Qualquer economista sabe

que a atividade económica exige investi-

mentos, quer públicos, quer privados. Se

os últimos faltam, cabe ao Estado inter-

vir “em contraciclo”, injetando capital e

moeda na sociedade, para fomentar o

emprego, as transações e garantir assim

um ritmo sustentado da vida económica

e um nível razoável de satisfação das ne-

cessidades coletivas e individuais.

3. A fórmula atualmente adotada, que só

convém aos erroneamente chamados

“mercados financeiros” e em detrimento

de mais de 90% da população, conduzirá

a uma das mais graves crises sociais e

económicas dos últimos cem anos. Isto,

claro está, se não for oportunamente

corrigida e invertida. A crise que se pre-

vê vai reduzir em muito a massa mo-

netária disponível no nosso país, quer

através de um aumento brutal do de-

semprego, quer pelas reduções salariais

que se anunciam, quer ainda pelos cor-

7 ’

tes na despesa pública, nomeadamente

em obras de interesse geral e nos sub-

sídios sociais. Iremos assistir a uma su-

bida dramática de necessidades huma-

nas por satisfazer, em paralelo com um

stock crescente de recursos disponíveis

mas inaproveitáveis (por falta de dinhei-

ro que os possa mobilizar).

4. Dentro deste contexto mais que preo-

cupante, poderá uma vez mais o mun-

do rural fornecer um contributo deter-

minante para reduzir os impactos da

crise e para criar até alguns vislumbres

da sua superação? Há que dizer que o

mundo rural de hoje, em Portugal, é

já bem diferente do que foi nos anos

30 e até do que existia na década de

70. Foi entretanto dizimado por políti-

cas de concentração dos investimentos

nas áreas de maior rendibilidade eco-

nómica e financeira (pelo menos, à luz

dos critérios reducionistas da economia

neoliberal, que varre para debaixo do

tapete os efeitos sociais e ambientais

negativos dessas políticas, apelidando-

-os de “externalidades”).

5. Apesar de tudo, as características do

mundo rural - pelo menos nos territó-

rios onde ainda não foi substituído pela

agricultura petroquímica, a pecuária in-

tensiva ou a florestação de crescimento

rápido - podem ainda fazer deste seg-

mento vital do país, por um lado, uma

reserva de resistência ao empobreci-

mento e, por outro, de experimentação

de germens de uma nova economia,

que assente nas reais necessidades das

pessoas e não nas exigências impostas

pelos potentados financeiros de lucros

em constante maximização.

6. Para que Portugal reduza a tendência

de endividamento em que se afundou,

deverá em primeiro lugar baixar as

suas importações. Nestas, uma parte

significativa tem a ver com a alimen-

tação, através de produtos frescos ou

transformados. Teremos, pois, que

gizar um plano de substituição das

importações no campo alimentar,

tomando medidas que fomentem a

reutilização dos terrenos aráveis que

foram entretanto abandonados.

7. Neste aspeto, parece hoje evidente

que não será do nível central - quer de

Lisboa, quer de Bruxelas (ou Berlim) -

que surgirão as medidas necessárias à

superação da crise de empobrecimen-

to que nos prometem. A “localização”

das iniciativas e dos programas está,

portanto, na ordem do dia. Torna-se

necessário que os diferentes territó-

rios elaborem os seus planos locais

de desenvolvimento social e eco-

nómico, recenseando necessidades,

identificando recursos, organizando

atividades e inventando soluções. Por

exemplo, em muitos países submersos

em graves crises de corte de financia-

mentos., as localidades mais atingidas

criaram “moeda local”, complementar,

a fim de poderem articular oferta e

procura de bens e serviços essenciais,

sem recurso ao dinheiro “global” (cada

vez mais caro e inacessível) que se en-

contra na posse do sistema bancário.

8. Nas localidades que adotem estratégias

de combate ao empobrecimento desta

natureza, será sem dúvida possível or-

ganizar programas de instalação de po-

pulações urbanas em situação difícil ou

insustentável, oferecendo-lhes condições

de alojamento e de subsistência e refor-

çando assim ao mesmo tempo o respe-

tivo tecido social, laboral e empresarial.

Sublinho ainda a origem rural das grandes

inovações que “mudaram a face do mun-

do”, desde a estrutura e maneio da vela

da caravela (resultantes do profundo co-

nhecimento das velas de moinhos de ven-

to) às primeiras utilizações industriais da

força motriz da água ou do vapor. Ficou

igualmente demonstrado que os países

hoje mais desenvolvidos são precisamen-

te aqueles que começaram por investir,

através de redistribuição de terras e de

educação-formação de adultos, numa

agricultura dinâmica e inovadora. A Histó-

ria oferece-nos sem dúvida exemplos ins-

piradores que nos permitem crer que hoje

ainda é possível olhar para o mundo rural

como um espaço privilegiado de invenções

e experimentações capazes de colocar as

sociedades numa nova via de desenvolvi-

mento justo, inteligente e sustentável.

É um facto que muitas das áreas rurais

portuguesas, particularmente as que se

localizam no interior, sofrem de um forte

despovoamento e de um relativo abando-

no. Uma condição para que se inicie uma

dinâmica de desenvolvimento será pois a

instalação permanente de nova população

e, igualmente, um maior influxo de visitan-

tes. No primeiro caso, atraindo famílias ain-

da relativamente jovens, com qualificações

e experiência profissional, para introduzir

novas atividades geradoras de riqueza nos

territórios; e, além disso, os seus filhos irão

assegurar a manutenção das escolas locais

e inverter a tendência de envelhecimento

demográfico. As zonas rurais de interior e,

mais especificamente, a Beira Interior Sul

no seu conjunto, têm condições de quali-

dade de vida e de ambiente suscetíveis de

atrair pessoas e famílias de meios urbanos,

já desiludidas da cidade, quer pela falta de

ofertas de emprego, quer pela poluição ou

pela criminalidade. Para isso, as autarquias

em meio rural deverão criar, oferecer e

publicitar um conjunto de facilidades, que

vão desde estímulos à atividade empresa-

rial até à disponibilidade de alojamento de

boa qualidade (nomeadamente, através

do restauro de casas abandonadas) e de

terrenos aráveis a custos razoáveis (graças,

por exemplo, à criação de “bancos muni-

cipais de solos) ou ainda à oferta de bons

equipamentos sociais, culturais, desporti-

vos – como os que já existem.

Por outro lado, os reformados, incluindo

os mais idosos e menos autónomos, cons-

tituem um outro setor da população que

pode ser também atraído para o interior

rural em virtude de uma rede de equipa-

mentos de saúde, de lazer e de habitação

vocacionados para lhes proporcionar uma

velhice ativa e confortável: lares instalados

em locais aprazíveis ou até habitações,

quintas ou aldeias especificamente restau-

radas para receber estas pessoas e lhes

proporcionar um quadro de vida ativo e

agradável. A fixação de cidadãos seniores,

em grande número, nos territórios do inte-

rior rural, para além do emprego especiali-

zado que vai gerar, contribuirá ainda para o

aumento dos visitantes, pois as famílias não

deixarão de os contactar presencialmente

com alguma regularidade.

8 ’

Para além da instalação definitiva de novos

setores populacionais, o influxo de base

temporária, tendo embora um impacto

menos intenso e permanente, desempe-

nha igualmente um papel deveras positivo

para o desenvolvimento das áreas rurais.

De facto, para os produtos locais de pe-

quena escala, que enfrentam uma enorme

dificuldade em atingir os grandes merca-

dos, a via mais económica para o seu esco-

amento é sem dúvida a sua venda direta a

consumidores que circulem pelo território:

“exportar a produção no estômago do tu-

rista”, como por vezes se diz. No entanto,

não é uma só aldeia, como não é um único

produto ou um artesão isolado, que con-

seguem suscitar um nível significativo de

procura. Uma zona rural deverá ganhar

um grau elevado de escala e de diversida-

de para poder apostar em seguida numa

campanha de “marketing territorial” capaz

de convencer o potencial visitante de que,

durante uma estada de fim de semana, de

uma semana ou de um mês, encontrará,

para si ou para toda a família, um conjunto

único e apetecível de atividades, de estru-

turas, de artefactos e de especialidades.

É, pois, essencial elaborar e divulgar um

abrangente e coerente plano de comuni-

cação voltado para o exterior, focado nos

diferentes círculos concêntricos (o distrito,

a região, o país, a Europa, o resto do mun-

do) e assegurando espaços de visibilidade

nestas dimensões, desde a área de serviço

na autoestrada à feira de turismo ou de

agricultura, nacional ou internacional. Para

além de uma promoção virada para o pú-

blico em geral, é da maior importância vi-

sar igualmente as redes especializadas de

instituições e organizações que, nos dife-

rentes países, pretendem dar a conhecer e

apoiar as comunidades rurais e promover

o “contacto direto com a Natureza”.

Uma regra fundamental, no que se refere

ao desenvolvimento rural, é que qualquer

território só será atrativo para o exterior se

for, internamente, um espaço vivo, possui-

dor de uma grande diversidade de ofertas

e capaz de proporcionar elevada qualida-

de de vida aos seus próprios habitantes. O

espaço rural que seja simples museu de

uma comunidade e de uma paisagem do

passado não terá sucesso em conquistar e

em assegurar duradouramente um fluxo

significativo de visitantes.

Neste sentido, a questão essencial é des-

de logo a de viabilizar e valorizar todo o

território, revitalizando certas atividades,

conservando outras, inventando as res-

tantes. Num território rural, hoje em dia,

a atividade agrícola não deverá ser a úni-

ca, nem será por vezes o elemento es-

tratégico, mas terá de afirmar-se sempre

como uma dimensão indispensável; entre

outras funções, como base material para

a emergência de outras atividades pro-

dutivas, nomeadamente fileiras de trans-

formação de matérias-primas endógenas,

como garantia de subsistência e fator de

redução de custos para os produtores lo-

cais, como atividade “escultora” de uma

paisagem harmoniosa e humanizada.

Constata-se, no entanto, que “o setor ali-

mentar não é viável, porque os grandes

distribuidores não deixam”. Que soluções

procurar? Através de agrupamentos de

produtores capazes de negociar com a

grande distribuição numa posição mais

favorável? Ou virando costas às redes

de hipermercados e organizando circui-

tos curtos de ligação entre produtores

e consumidores, numa base de venda

direta e entrega a domicílio? Considera-

-se que 30 famílias poderão manter um

produtor, desde que haja, por um lado,

um esforço deste na entrega regular dos

produtos e, por outro, uma encomenda

prévia e uma antecipação de pagamento

por parte dos consumidores.

A fim de integrar este tipo de iniciativas

e de muitas outras, como elementos de

revitalização social e económica, torna-se

necessário debater e definir uma estraté-

gia para o território da Beira Interior Sul

com a participação, real e regular, do con-

junto das suas populações. Nesse sentido,

defendo o lançamento de “fóruns locais de

cidadãos”, que permitam um debate cons-

trutivo entre decisores políticos, técnicos e

os demais residentes e que conduzam a

deliberações sobre prioridades, medidas,

experiências piloto e estruturas embrio-

nárias de concertação territorial. Assim se

poderia elaborar, gradualmente mas sem

perdas de tempo, um “Pacto Territorial de

Revitalização”, como plano coerente e ade-

quado para o desenvolvimento rural, inte-

grado e sustentável, da Beira Interior Sul.

“Irreverência social, precisa-se!”.

9 ’

A guerra dos mercados eclodiu e o rosto mais visível desta guer-

ra tem sido, desde 2008, a União Europeia, enquanto bloco re-

gional da macro-economia mundial, aparentemente liderada até

há pouco, pelos EUA. O ritmo vertiginoso a que as mudanças e

as clivagens reveladoras de ruturas das economias nacionais se

têm sucedido, deflagrou com a declaração de incumprimento

e o pedido de intervenção externa das instituições financeiras

internacionais, na Grécia, na Irlanda e em Portugal, cujas realida-

des sócio-económicas se têm vindo a agravar, nomeadamente

no que se refere às taxas de desemprego e de endividamento.

Contudo, o problema não se confina às dívidas soberanas destes

Estados-membros da UE e o risco de incumprimento com ame-

aça de necessidade de intervenção financeira externa ameaça

as economias de países como a Itália, a Espanha e a Bélgica,

afetando já outras economias até há pouco tempo consideradas

“fortes”, como é o caso da França e da Alemanha, onde as medi-

das de austeridade integram as respetivas orientações políticas.

A gravidade e extensão da crise é de tal ordem que, finalmente,

após, meses e anos de recomendações e decisões políticas no

sentido de reforçar as medidas de austeridade em cada Estado

membro, os órgãos centrais da UE, Conselho e Comissão decidi-

ram reformular os prazos de pagamento das dívidas soberanas

e, consequentemente, baixar as taxas de juros que atingem ní-

veis insustentáveis, dada a especulação promovida pela avaliação

do “rating” das agências de notação financeira. Desta vez, depois

de muitos avisos de boa parte da sociedade, o fantasma da es-

peculação abateu-se sobre os mercados como uma realidade

incontornável, obrigando as economias “fortes” à coo-

peração com as dos chamados “países periféricos”,

de modo a “travarem”, quer ao nível dos próprios

mercados, quer dos cidadãos, uma nova e muito

empobrecida imagem do estádio de desenvolvi-

mento dos seus países e das suas econo-

mias, reveladora de uma situa-

ção social deficitária no

que se refere à

qualidade e con-

dições de vida

das populações.

UNIR ESFORÇOS… PELO DESENVOLVIMENTO

SUSTENTÁVEL!Ana Paula Fitas[Doutora em Ciências Sociais – Estudos Portugueses – Cultura Portuguesa do Século XX]

O culminar desta crise ficou expresso recentemente com o

acordo do Senado norte-americano em que, mais uma vez,

foi aprovada uma “subida do teto” do endividamento da dívida

dos EUA, de modo a evitar que a “maior economia do mun-

do” entrasse, também ela!, em incumprimento relativamente às

exigências que os compromissos financeiros internacionais im-

põem. E se, neste momento, começo por gastar o espaço que

me é reservado para escrever neste extraordinário testemunho

da realidade social portuguesa, é para lançar o alerta: quando

os blocos económico-políticos “mais poderosos” estão em pro-

funda crise (apesar da resistência dos “lobbies” de cada um dos

seus membros), precisam de recorrer à união de esforços para

fazer face ao inimigo comum (no caso, as agências de rating,

isto é, de notação financeira dos mercados), torna-se óbvia e

indispensável a consolidação dos esforços regionais e locais a ní-

vel micro-económico, para que as economias locais e regionais

não sejam extintas pelo efeito “dominó” causado internamente

pela dinâmica de afundamento da economia nacional. Cabe, por

isso, aos agentes políticos, económicos, sociais e culturais locais

e regionais, a responsabilidade de desencadear mecanismos de

sustentabilidade capazes de reforçar as incipientes dinâmicas

locais de desenvolvimento, tornando-as muito mais autónomas

do que são no presente em relação ao poder central e con-

seguindo deste poder e do poder europeu (designadamente,

pelo recurso aos fundos comunitários) apoio para a consolidação

desta autonomia, de que depende, afinal, a sobrevivência das

regiões - e, em última análise, a qualidade de vida

das populações, cujo nível decorre das taxas de

produtividade e de emprego que conseguir-

mos sustentar local e regionalmente! Por

isso, a palavra de ordem, nos tempos que

correm, é: Unir Esforços para o Desen-

volvimento!

10 ’

O Despacho nº 4680/2012, determina a constituição

de um grupo de trabalho para propor medidas de

valorização da produção agrícola local, atendendo a

que, quer na estratégia “Europa 2020” a nível da UE,

quer no programa do atual Governo, se incluem nos

respetivos objetivos estratégicos a promoção de ca-

deias de abastecimento curtas e a dinamização de

mercados de proximidade, no âmbito do apoio a um

desenvolvimento sustentável das zonas rurais.

Este grupo de trabalho denominado GEVPAL «Estra-

tégia para a valorização da produção agrícola local»

engloba representantes de vários setores e organiza-

ções e tem como missão:

a) Caraterizar a pequena produção agrícola local

e as suas formas de comercialização, suscetíveis

de licenciamento simplificado;

b) Identificar e analisar o enquadramento legislati-

vo, institucional e formulação de políticas relati-

vas à produção agrícola local ao nível da UE;

c) Identificar os constrangimentos e oportunidades

de desenvolvimento e de promoção da pequena

produção agrícola local;

d) Propor as necessárias alterações à regula-

mentação enquadradora da transformação e

comercialização da produção agrícola local; no-

meadamente ao nível das normas e limiares;

e) Propor medidas de política para a valorização da

produção agrícola local, a inscrever no próximo

programa de desenvolvimento rural, atentas as

orientações da proposta de Regulamento relati-

vo ao apoio ao desenvolvimento rural pelo FEA-

DER.

O GEVPAL é coordenado pela Direção Geral de

Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR) e

engloba também a Rede Rural Nacional (RRN), o

Gabinete de Política e Planeamento (GPP), a Dire-

ção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), a

Autoridade de Segurança Alimentar e Económica

(ASAE), a Direção-Geral de Atividades Económicas

(DGAE), a Associação Nacional de Municípios Por-

tugueses (ANMP), a Federação Minha Terra (FMT)

e um representante da Universidade de Trás-os-

-Montes e Alto Douro.

Podem ser convidadas outras entidades sempre que

tal se justifique e devem ser apresentadas propostas

até 31 de dezembro de 2012.

A expressão “produção agrícola local” relaciona-se em

grande medida com o conceito de circuitos curtos

OS CIRCUITOSVictor Oliveira[Técnico Superior da Direção Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural (DGADR)]

CURTOS ALIMENTARES

alimentares, CCA, sendo o objetivo geral do GEVPAL

contribuir para a valorização dos produtos locais dos

territórios, com enfoque no desenvolvimento e criação

dos CCA.

Importa então fundamentar e esclarecer aspetos

que se relacionam com esta questão:

A intensificação crescente da agricultura que ocor-

reu após a II Grande Guerra Mundial, deu origem

a um modelo produtivista globalizado, utilizando

circuitos longos de comercialização. Este modelo

estimulou a concentração e especialização das ex-

plorações agrícolas, a preços menos compensadores

para os produtores, produtos mais uniformes e uma

distribuição da oferta durante todo o ano, em quan-

tidades cada vez maiores.

Nesta situação, o agricultor ocupa uma posição frágil

em termos da distribuição do valor acrescentado nas

fileiras dos produtos e em termos de decisão.

Este sistema alimentar provocou algumas conse-

quências graves não só a nível ambiental e da saúde

humana, como também no desenvolvimento dos

territórios e comércio local, contribuindo para o êxo-

do rural.

É neste contexto que surge progressivamente uma

reação de consumidores e produtores, que inclui o

encurtamento dos circuitos de comercialização; os

consumidores melhor informados, com níveis de

rendimento mais elevados, passam a valorizar outros

valores além dos preços e a criar laços de identidade

com os produtos consumidos.

Os produtores, por sua vez, vêm os CCA como uma

solução para recuperarem os seus rendimentos, ga-

nhar autonomia e valorizar o seu trabalho.

Desenvolvem-se novas estratégias de desenvolvi-

mento rural, que contemplam os sistemas alimenta-

res locais no âmbito dos territórios.

O que se entende então por circuito curto alimentar

(CCA)? :

“É um modo de comercialização dos produtos ali-

mentares, que se efetua pela venda direta do pro-

dutor ao consumidor, ou pela venda indireta através

de um único intermediário”

Para além da restrição do número de intermediários,

os circuitos curtos também se referenciam pela re-

dução da distância geográfica e proximidade relacio-

nal entre produtores e consumidores.

Implicam igualmente um conjunto de características

próprias, das quais se realçam:

– A qualidade dos produtos, que é multidimen-

sional, comportando critérios organoléticos, de

segurança alimentar, de saber-fazer tradicional,

do serviço ao consumidor, do respeito pelo am-

biente.

– A rastreabilidade, que consiste na possibilidade

de se detetar a origem do produto ao longo de

todas as fases da produção, transformação e dis-

tribuição.

– A sustentabilidade, que se refere à utilização de

práticas agrícolas e alimentares, que não com-

prometa a durabilidade dos recursos ambientais,

económicos e sociais.

– A implantação territorial, que beneficia o de-

senvolvimento e diversificação da economia do

território e a manutenção/criação de emprego.

O processo de produção e comercialização em cir-

cuitos curtos é diferenciado a diferentes níveis: tipo

de agricultores aderentes, tipo de produtos abran-

gidos e modalidades de comercialização envolvidas;

no que se refere a esta última, a respetiva tipologia

pode resumir-se do seguinte modo:

– A venda direta, definida como uma transação efe-

tuada entre um produtor e um consumidor final

sem intervenção de comerciantes ou intermedi-

ários.

Ela pode ser na exploração, no domicílio do consumi-

dor, em venda ambulante, em mercados, em feiras,

na restaurante ou loja comercial do produtor, entre

outras.

– A venda indireta, definida como uma transação

efetuada através de um único intermediário, poden-

do este ser individual (comércio retalhista local, res-

taurantes locais), ou coletivo (restauração coletiva,

indústria transformadora, entre outros). O interme-

diário bem como as respetivas vendas, devem estar

localizados na área geográfica de referência.

Pretende-se, que o trabalho do GEVPAL na missão

que lhe foi conferida neste quadro de referências,

permita contribuir para um conjunto de benefícios:

benefícios sociais no reforço da coesão social dos ter-

ritórios, benefícios culturais na preservação de siste-

mas culturais tradicionais, benefícios económicos na

adição de valor acrescentado à produção e benefícios

ambientais através de uma agricultura menos polui-

dora e de conservação dos recursos.

11 ’

“POR UMA UE MAIS SOLIDÁRIA: O QUADRO FINANCEIRO PLURIANUAL

2014-2020”

O Tribunal de Contas é a instituição da União Europeia (UE) criada

pelo Tratado de Bruxelas em 1975 para realizar a auditoria das finanças

da União. Enquanto auditor externo da UE, contribui para melhorar a

gestão financeira e atua como guardião independente dos interesses

financeiros dos cidadãos da União, fomentando a prestação de contas

e a transparência na utilização dos fundos públicos da União e, deste

modo, a confiança dos cidadãos nas respetivas instituições.

Ao longo de mais de 30 anos, o trabalho do TCE conferiu acrescentado

valor ao domínio da auditoria pública da União, através dos seus relató-

rios e pareceres. Exemplo disso é o contributo dado nos últimos anos

pelo Tribunal no contexto da reforma do orçamento da União. O Tribu-

nal pronunciou-se sobre os principais riscos e desafios que se colocam

à melhoria da gestão financeira da UE, sobre a revisão do Regulamento

Financeiro Geral aplicável ao orçamento da União, bem como sobre

as consequências da crise financeira e económica para a prestação de

contas e a auditoria pública na UE e o papel do Tribunal de Contas

Europeu. Atualmente, o Tribunal acompanha de perto os desenvolvi-

mentos relativos à governação económica europeia na sequência da

crise económica e financeira que afeta a União, bem como as novas

propostas legislativas sobre a gestão financeira da UE a partir de 2013.

Estes dois últimos aspetos revestem-se da maior relevância para re-

alizar plenamente os valores fundamentais da União Europeia. Uma

União solidária, próspera, pacífica e justa com um papel essencial no

contexto global. Enfim, valores que traduzem efetivamente a ideia de

que “a união faz a força”.

A crise financeira e económica mundial teve consequências de grande

importância para a UE. Em resposta à crise, a União adotou medidas

destinadas a apoiar a sustentabilidade do setor financeiro, a promover

a recuperação e o crescimento económicos, a prestar apoio financeiro

aos Estados Membros, bem como a reforçar a coordenação da política

orçamental e económica dos Estados Membros. Tais medidas alteraram

a condução da política económica e monetária, criaram novos organis-

Vítor Caldeira [Presidente do Tribunal de Contas Europeu]

12 ’

mos e instrumentos, tendo ainda conduzido ao estabelecimento de no-

vas estruturas e processos políticos. Por sua vez, o aumento dos fundos

públicos dirigidos à recuperação da economia colocou novos desafios

em matéria de prestação de contas, transparência e auditoria pública.

Em 2008, a Comissão Europeia avançou com o Plano de Relançamento

da Economia Europeia, destinado a apoiar a economia real e a reforçar

a confiança. O orçamento da UE desempenhou um papel importante

nesta iniciativa, concedendo nomeadamente adiantamentos suplemen-

tares no âmbito da política de coesão, que atingiram um montante de

11 mil milhões de euros. Além disso, o Banco Europeu de Investimentos

reforçou as suas possibilidades de concessão de empréstimos às PME

em 15 mil milhões de euros.

Em 2010, o Conselho Europeu adotou a estratégia “Europa 2020” que

estabelece metas concretas a atingir durante a próxima década em áreas

como o emprego, a educação, a utilização da energia e a inovação, a fim

de ultrapassar o impacto da crise económica e colocar a União Europeia

na via do crescimento inteligente, sustentável e inclusivo.

Estas linhas de orientação informam as propostas apresentadas pela

Comissão Europeia para o próximo Quadro Financeiro Plurianual (QFP)

da UE para o período 2014-2020, incluindo a proposta de um novo sis-

tema de recursos próprios. Com estas propostas, a Comissão pretende

que os recursos públicos da UE gerem sinergias e economias de escala

que façam a diferença em relação ao plano nacional. Trata-se do prin-

cípio do valor acrescentado europeu, vetor chave de um orçamento

inovador cujas prioridades em matéria de despesas, em sintonia com as

novas realidades da globalização, deverão centrar-se nas infraestrutu-

ras pan-europeias de energia e transporte, na investigação e inovação,

na segurança nas fronteiras externas da UE, na proteção do ambiente

e na luta contra as alterações climáticas.

A solidariedade constitui igualmente uma prioridade transversal da pro-

posta de QFP: a solidariedade com os Estados Membros e as regiões

mais pobres, neles concentrando a maior parte das despesas de Coesão,

como se verá mais adiante; a solidariedade na resposta comum ao desa-

fio da migração e a catástrofes; a solidariedade em termos de segurança

energética e a solidariedade com países terceiros.

Ao contrário dos orçamentos nacionais, o orçamento da União tem

uma lógica pan-europeia e é, na sua quase totalidade, um orçamento

de investimento, que tem a sua razão de ser no facto de existirem po-

líticas de índole comunitária (políticas comuns, como a política agrícola

comum). O financiamento destas políticas carece obviamente de finan-

ciamento adequado. As propostas da Comissão preveem um aumento

de 5% de recursos para o próximo QFP, tendo em consideração os es-

forços de consolidação orçamental que estão a ser desenvolvidos pelos

Estados Membros, bem como a necessidade de cumprir os objetivos de

crescimento da estratégia “Europa 2020”.

Um total de 1.025 mil milhões de euros é previsto para o período em

causa (376 mil milhões correspondem à Coesão social, económica e

territorial, e 282 mil milhões à Política agrícola comum e ao Desenvolvi-

mento rural). Este montante de 1.025 mil milhões corresponde a cerca

de 1,05% do produto nacional bruto (PNB) do conjunto dos Estados

Membros. Para o financiar, a Comissão propõe a possibilidade de gerar

novas receitas (verdadeiros recursos próprios), bem como a mobiliza-

ção do financiamento privado (“efeito alavanca”).

Os programas e instrumentos financeiros do próximo QFP deverão,

segundo a Comissão, caracterizar-se pelos seguintes quatro eixos fun-

damentais:

• Enfoque nos resultados: trata-se de concentrar os programas

num número limitado de prioridades, o que passa nomeadamente

pela reformulação dos programas em domínios como os da inves-

tigação e da coesão, a fim de garantir uma programação integrada

e um único conjunto de procedimentos de gestão e controlo;

• Simplificação: regras complexas são difíceis de aplicar e contro-

lar. Os trabalhos atualmente em curso de revisão do Regulamento

Financeiro Geral e das regulamentações sectoriais, que visam no-

meadamente a sua simplificação, não produzirão efeito útil se não

forem acompanhadas por esforços de idêntica natureza, ao nível

nacional, nos domínios de gestão partilhada (ex. Coesão);

• Condicionalidade: os Estados Membros e os beneficiários terão

que demonstrar que os fundos recebidos são utilizados na realiza-

ção das prioridades da política da União, o que se revela particular-

mente pertinente nas áreas mais importantes em termos financei-

ros (Coesão e Agricultura);

• Efeito de alavanca dos investimentos: a cooperação com o setor

privado no que respeita a instrumentos financeiros inovadores (ex.

obrigações-projeto, parcerias público-privadas) permitirá aumentar

o impacto do orçamento da UE e, deste modo, o potencial de cres-

cimento da União.

Como acima referi, a política de Coesão é uma importante manifes-

tação de solidariedade, tendo contribuído para o crescimento dos Es-

tados membros e das regiões mais pobres e desfavorecidas da União,

bem como para a melhoria do nível de vida dos seus cidadãos. Os

efeitos sociais devastadores provocados pela crise em alguns Estados

membros e regiões da União exigem que os investimentos favoráveis

ao crescimento nos domínios das infraestruturas, da competitividade

regional e do desenvolvimento empresarial sejam acompanhados, en-

tre outras, de medidas relacionadas com a educação, a formação, bem

como a capacidade de adaptação dos trabalhadores, das empresas e

das autoridades públicas.

A fim de reforçar a eficácia das despesas de Coesão e em conformidade

com a abordagem territorial consagrada pelo Tratado de Lisboa, a Co-

missão propõe estabelecer um Quadro Estratégico Comum para todos

os Fundos Estruturais (FEDER, FSE, Fundo de Coesão, FEADER e o futu-

ro fundo europeu das questões marítimas e das pescas), que traduz os

objetivos da estratégia “Europa 2020” em prioridades de investimento.

Em termos operacionais, a Comissão Europeia propõe a celebração

de um contrato de parceria com cada Estado Membro, que definirá o

compromisso, assumido pelos parceiros a nível nacional e regional, de

13 ’

consagrar os fundos afetados à aplicação da estratégia “Europa 2020”,

e incluirá um quadro de resultados que permitirá avaliar os progressos

alcançados (condicionalidade ex ante e ex post).

O financiamento visará um número limitado de prioridades: as regiões

de competitividade e as regiões de transição (mais ricas) afetarão prio-

ritariamente a totalidade dos fundos, com exceção do FSE, à eficiência

energética, às energias renováveis, à competitividade e inovação das

PME, enquanto as regiões da convergência (mais pobres) consagrarão

os seus fundos a um leque mais alargado de prioridades (que incluem,

quando necessário, o reforço da sua capacidade institucional).

Dadas as políticas fortemente restritivas seguidas no plano orçamen-

tal por alguns Estados Membros, o que dificultará a disponibilização

da contrapartida nacional, a Comissão propõe um conjunto de medi-

das destinadas a aumentar a capacidade de absorção dos fundos de

Coesão, nomeadamente a possibilidade de poder ser autorizado um

aumento temporário da taxa de cofinanciamento comunitário (de 5

a 10 pontos percentuais), sempre que um Estado Membro beneficie

da assistência financeira da União, limitando assim os esforços exigi-

dos por parte dos orçamentos nacionais em períodos de consolidação

orçamental.

A Comissão propõe afetar a maior parte dos fundos de Coesão no

período 2014-2020 aos Estados Membros e regiões mais pobres (zo-

nas rurais, desertificadas, fronteiriças, ultraperiféricas), sendo proposto

afetar 163 mil milhões de euros às regiões de convergência e 53 mil

milhões às regiões de competitividade (mais ricas).

A afirmação dos princípios da solidariedade e do valor acrescentado

europeu constituem o fio condutor da proposta de Quadro Financeiro

Plurianual para o período 2014-2020. Efetivamente, numa economia

global a única possibilidade para defender o bem-estar e os valores da

Europa consiste em promover, de acordo com o espírito (e a letra) dos

Tratados, a cooperação entre Estados Membros e regiões e a solidarie-

dade, através nomeadamente de uma política eficaz de Coesão.

Independentemente das decisões finais que o Conselho e o Parlamen-

to Europeu venham a tomar na sequência destas propostas, o certo é

que a União Europeia necessita de forma vital de reafirmar inequivoca-

mente o adágio “a união faz a força”, ao mesmo tempo que se adapta

às realidades do mundo de hoje.

A atual crise do Euro é ilustrativa das lições a tirar. Uma nova estratégia

de crescimento da União Europeia deve ser ancorada numa combinação

ótima entre disciplina orçamental e ações concretas e efetivas que tor-

nem a UE mais competitiva através do aprofundamento da integração

económica e de instrumentos que a tornem mais coesa e solidária.

Sem esta perspetiva não será possível à União promover a sua compe-

titividade no mercado global e, por essa via, melhor assegurar um futu-

ro sustentável para os seus cidadãos. Salvaguardar este futuro implica

igualmente restaurar a confiança dos cidadãos europeus nas respetivas

instituições. O Tribunal de Contas Europeu tem aqui um papel mui-

to importante através das suas auditorias e relatórios independentes,

através dos quais fomenta a prestação de contas e a transparência na

utilização dos fundos públicos da União.

Este é um momento em que convém recordar Jean Monnet, um dos

fundadores do projeto europeu, para quem, mais do que uma coligação

de Estados, a construção europeia deve ser vista como uma união que

tem na base os seus cidadãos: «nous ne coalisons pas des États, nous

unissons des hommes». Não esqueçamos que sem a confiança dos

cidadãos será muito mais difícil demonstrar que, na União Europeia, a

união também faz a força.

14 ’

Financiamento da agricultura, do de-

senvolvimento rural e da coesão terri-

torial para o após 2013.

“O ponto de vista da Associação “Ru-

ralité Environnement et développe-

ment- RED” da sua contribuição sobre

a reforma do orçamento da U.E.”

Os agricultores, num contexto orçamen-

tal difícil e com os fi nan ciamentos do

primeiro pilar da PAC garantidos somen-

te até 2013, receiam que este segundo

pilar dito do desen vol vi mento rural, hoje

suportado por um fundo específico ali-

men tado principalmente pela modulação,

não seja o pre nún cio do desaparecimento

OS FUNDOS EUROPEUSE A SUA UTILIZAÇÃO

dos financiamentos euro peus do segundo

pilar. Um bom número de sindicatos agrí-

colas considera que o FEADER devia estar

orientado prin cipal mente para o financia-

mento de projetos dos agri cul tores.

O risco de se verificarem profundas alte-

rações no finan cia mento da agricultura,

com a reafetação de uma parte signi-

fica tiva do orçamento da PAC a outras

políticas ou objetivos da UE é real. Basta

olhar para o projeto de orçamento atual-

mente em debate e aproximá-lo das di-

ferentes prio ri dades da União, para nos

convencermos dessa realidade.

O financiamento da agricultura pela PAC

é essencial e absolutamente determinan-

te. A Associação RED de que sou Presi-

dente defende convictamente este ponto

de vista e esta necessidade. Mas… consi-

derar conveniente, numa perspetiva das

evoluções futuras, reservar, por princípio,

a maior parte dos financiamentos do se-

gundo pilar da PAC para a agricultura, é

uma opção contra-producente em rela-

ção aos objetivos definidos. Isso poderia

significar, em última análise, a supressão

do financiamento do desenvolvimento

rural pela PAC.

Gérard Peltre[Presidente da “Association Internacionale Ruralité Environement – RedPresidente do “Mouvement Européen de La Ruralité – MerPresidente do Grupo Consultivo da Comissão Europeia Para o Desenvolvimento RuralMaire de Lachaussée1º. Vice-Presidente do “Parc Naturel Regional de Lorraine”]

15 ’

1. Financiamento da agriculturaÉ ao primeiro pilar da PAC que o finan-

ciamento estrutural da agricultura (finan-

ciamento das reformas dos agricul to res,

apoio à instalação de jovens agricultores,

formação, etc., deve ser duradouramente

afectado. A dependência desta atividade

aos contextos climáticos e o seu impacto

espacial e ambiental justificam-no ple-

namente. Todos os atores rurais deviam,

como RED, apoiar sem hesitações esta

opção, dado sabermos que a sua imple-

mentação será, se o primeiro pilar da PAC

se mantiver, muito mais “objetivada”.

2. Financiamento do desenvolvimento ruralAs ajudas do FEADER (em particular), ou

eventualmente de um fundo específico

novo, deverão ser principalmente diri-

gidas, como no programa 2007 a 2013,

para o finan cia mento de ações inscritas

nos projetos territoriais e inte grados de

desenvolvimento durável ou destinados a

acom panhar a implementação e enqua-

dramento de projetos em par ceria. O fi-

nanciamento durável do desenvolvimento

ru ral, em nossa opinião, assim o exige.

Esta opção deixa plenamente em aberto

as opções para o finan ciamento de proje-

tos territorializados (produção de energia

renovável territorialmente valorizada, pro-

jetos agro-turísticos inscritos na estratégia

territorial de desen vol vimento, etc.)

RED inscreve-se plenamente nesta

orientação do finan cia mento rural para

o após 2013. Continuamos a propor a

estruturação do financiamento do de-

senvolvimento rural num fundo único,

organizado em volta de três eixos:

Eixo 1. Apoio ao financiamento dos

projetos de desenvol vi mento durável,

tendo por referência a abordagem LE-

ADER (em particular tomando o espí-

rito do LEADER 1 como referência);

Eixo 2. Apoio ao desenvolvimento da

agricultura territoria li zada;

Eixo 3. Apoio ao desenvolvimento da

engenharia e dispo si ti vos ou ofertas de

formação territorializada (formação para

o desenvolvimento territorial integrado).

3. Financiamento da coesão territorialRED luta desde 2002 para que a coe-

são territorial se organize especialmen-

te através de pólos urbanos e rurais em

inter-relações fortes e equilibradas. A

Direção-Geral Regiões (DG REGIO) par-

tilha deste nosso ponto de vista.

Para nós, tratar-se-ia de articular da se-

guinte forma três Fun dos específicos ins-

critos no orçamento da União Europeia:

• Um fundo urbano encarregado de

acompanhar o finan cia mento dos

projetos integradores dos Pólos Ur-

banos.

• Um fundo rural, de acordo com o an-

teriormente descrito.

• Um fundo regional, encarregado de

financiar as grandes infra-estruturas

Regionais e as ações encarregadas

de or ga nizar os intercâmbios entre

pólos rurais e urbanos.

Um instrumento ou dispositivo comuni-

tário: o GEDT - Agrupamento Europeu

de Desenvolvimento Territorial, com a

vocação de servir de suporte à concep-

ção e imple men tação de projetos de

desenvolvimento integrado, durável e

solidário e de cooperações entre pólos

rurais e urbanos.

No futuro os financiamentos Europeus

para o desenvolvimento regional, para a

coesão em geral ou ainda para a agri-

cultura e o desenvolvimento rural em

particular, dependerão diretamente dum

contexto orçamental difícil

• Da visibilidade e do efeito produzido

por ações prece den tes semelhantes.

• Da capacidade dos territórios e dos

seus atores para demonstrar a perti-

nência das suas propostas em relação

aos grandes objetivos da competitivi-

dade e do desen vol vimento durável.

A competição mundial cada dia mais viva,

o combate a travar contra as mudanças

climáticas, as ações de ma nu ten ção da

Paz cada dia mais numerosas, tudo a

exigir maiores compromissos da U.E., im-

põem crescentes ten sões sobre a políti-

ca orçamental da União.

Para além do acompanhamento atento

das negociações já iniciadas, durante as

quais nos devemos mobilizar para con-

seguir o melhor orçamento possível, é

sobre o impacto e resultados da aplica-

ção dos fundos do presente quadro de

programação que devemos concentrar

os nossos esfor ços, cientes que é disso

que podemos retirar os melhores argu-

mentos para o reforço dos financiamen-

tos futuros.

FICHA TÉCNICA Título Ecos Europeus na Beira Interior Sul

Edição Centro de Informação Europe Direct Beira Interior Sul/ADRACES

Textos Manuel Porto, Alberto Melo, Ana Paula Fitas, Vítor Caldeira, Gérard Peltre, Miguel Freitas, Victor Oliveira, António Realinho

Design e Direção Gráfica DallDesign, Lda.

Produção Gráfica (Paginação/Impressão) DallDesign, Lda.

Capa DallDesign, Lda.

Tiragem 500 exemplares

Propriedade

ADRACES – Associação para o Desenvolvimento da Raia Centro Sul

Rua de Santana, 277 6030-230 Vila Velha de Ródão

Telef +351 272540200

Fax + 351 272540209

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E-mail [email protected]