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1 Economia e Finança para Gestores Economia e Finança para Gestores Prof.º Antonio Carlos Colangelo Luz

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Economia e Finança para Gestores

Economia e Finança para Gestores

Prof.º Antonio Carlos Colangelo Luz

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Economia e Finança para Gestores

Conceito de Finanças ......................................................................................................3Tipos de Empresas ..........................................................................................................4

a) Firma individual ..........................................................................................................4b) Limitada ...................................................................................................................4c) Sociedade Anônima ...................................................................................................4

Estrutura Organizacional ................................................................................................5Objetivo de Finanças .......................................................................................................6Governança Corporativa .................................................................................................7Sarbanes Oxley Act .........................................................................................................8Economia .........................................................................................................................9Contabilidade Financeira ................................................................................................9Balanço Patrimonial .......................................................................................................10Demonstrativo do Fluxo de Caixa .................................................................................13Fluxo de Recursos na Empresa ......................................................................................13Análise das Demonstrações Financeiras .......................................................................14Estrutura de capital da empresa ...................................................................................14Fluxo de Recursos e Sistema Financeiro .......................................................................15Mercado Financeiro ........................................................................................................16Sistema Financeiro Nacional .........................................................................................16Mercado Monetário ........................................................................................................21Mercado de Crédito ........................................................................................................23Mercado de Capitais .......................................................................................................25Mercado Cambial ............................................................................................................32Balanço de Pagamentos .................................................................................................36Organismos Financeiros Internacionais .......................................................................38Globalização ...................................................................................................................38

SUMÁRIO

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Economia e Finança para Gestores

Conceito de Finanças

No nível macro, a ciência financeira é o campo de estudo de instituições financeiras e mercados financeiros e como funcionam dentro do sistema financeiro.

No nível micro, finanças envolvem o estudo do planejamento financeiro, da gestão de

ativos e da captação de fundos por empresas e instituições financeiras.

Portanto, a administração financeira estuda o fluxo de recursos dentro de uma empresa. O gráfico abaixo auxilia o entendimento: a função do administrador financeiro é tomar decisões de curto prazo (capital de giro da empresa) e decisões de longo prazo

Fonte: Princípios de Administração Financeira – Lawrence Gitman

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(investimento dos recursos da empresa e formas de financiamento destes recursos).

O administrador financeiro gere ativamente a área financeira de qualquer tipo de organização, seja ela pública ou privada, grande ou pequena, com ou sem fins lucrativos.

A crescente globalização tem aumentado a complexidade da função de administração financeira.

Novas condições econômicas e regulatórias também tornam mais complexa a função de administração financeira.

Tipos de Empresas

• Firma individual• Limitada• Sociedade Anônima

Há vantagens e desvantagens para cada um dos tipos anteriores, como segue:

a) Firma individual

VANTAGENS• Formação fácil e barata• Sujeita a poucas regras governamentais• Evita o imposto de renda sobre a

pessoa jurídica• Baixos custos operacionais• Sigilo• Facilidade de dissolução

DESVANTAGENS• Responsabilidade ilimitada (bens do

proprietário podem ser reclamados para saldar dívidas)

• Crescimento limitado pela dificuldade de obter fundos

• Proprietário deve ser capaz de realizar qualquer atividade

• Poucas oportunidades de carreira para os empregados

• Perda de continuidade com a morte do proprietário

b) Limitada

VANTAGENS• Maior capacidade para obter

empréstimos do que as firmas individuais

• Maior disponibilidade de pessoas peantes e capacidade administrativa

• Consegue reter bons empregados

DESVANTAGENS• Proprietários poderão ter de cobrir

dívidas dos sócios com menor capacidade financeira

• Morte de um sócio dissolve sociedade• Dificuldade para liquidar ou transferir

sociedade• Dificuldades para alcançar operações de

grande escala

c) Sociedade Anônima

VANTAGENS• Responsabilidade limitada dos

proprietários• Pode alcançar grandes dimensões• Direitos de propriedade são facilmente

transferíveis• Vida longa da empresa• Administração profissional• Maior capacidade de expansão

(mercado de capitais)• Vantagens tributárias

DESVANTAGENS• Impostos incidem sobre lucros e

dividendos• Maiores gastos organizacionais• Maior controle governamental• Empregados podem não possuir

interesse pessoal na empresa• Ausência de sigilo

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Estrutura Organizacional

• O porte e a relevância da função de administração financeira dependem do tamanho da empresa.

• Nas pequenas empresas, a função financeira geralmente é desempenhada pelo departamento de contabilidade.

• À medida que a empresa cresce, a função financeira se transforma em um departamento separado, diretamente ligado ao presidente da empresa (CEO – Chief Executive Officer), com a supervisão do diretor financeiro (CFO – Chief Financial Officer).

Fonte: Princípios de Administração Financeira – Lawrence Gitman

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Em uma sociedade anônima moderna, de capital fechado (ações pertencentes a um grupo de acionistas, principalmente famílias) ou de capital aberto (ações pulverizadas no público investidor), a estrutura organizacional obedece o seguinte esquema:

A primeira observação importante é a separação entre os proprietários (acionistas) da empresa e os administradores (profissionais contratados).

As principais funções da Área Financeira são as de:

a) Tesouraria – oferece maiores oportunidades de carreira na área financeira:

Gerente de gastos de capital ou Gerente de investimento – avalia e recomenda a aquisição de ativos. Possui, geralmente, analistas de investimentos, responsáveis pelas previsões financeiras, comparações e obtenção das informações junto à contabilidade.

Gerente de planejamento financeiro e captação de fundos ou Gerente de financiamento – obtém financiamentos para os investimentos aprovados. É a área que prepara os planos financeiros e orçamentos da empresa e coordena consultores de projetos, bancos de investimentos e assessores jurídicos.

Gerente de Caixa – mantém e controla os saldos diários de caixa. Coordena o financiamento de curto prazo (capital de giro) e relações bancárias.

Gerente de Crédito – administra a política de crédito, avaliando a solicitação de crédito dos clientes. Monitora e executa a cobrança de contas a receber.

Gerente de fundo de pensão – nas grandes empresas, administra os ativos e passivos do fundo de pensão dos funcionários (responsável pela complementação da aposentadoria dos funcionários).

Gerente de operações de câmbio – é responsável pela gestão das operações internacionais da companhia e da exposição

dos negócios à flutuação das taxas de câmbio.

b) Controller – área específica de contadores e tributaristas:

Gerente de contabilidade gerencial – registro de todas as operações realizadas pela empresa e elaboração das demonstrações contábeis e financeiras.

Gerente de contabilidade de custos – registro e acompanhamento dos custos da companhia. Separação em centros de custos e por tipo de custo e/ou despesa (fixos, semi-variáveis e variáveis).

Gerente de contabilidade financeira – analisa as informações contábeis e elabora os relatórios financeiros essenciais para as áreas de planejamento e orçamento.

Gerente de assuntos fiscais – responsável pelo controle tributário e planejamento fiscal da empresa.

Objetivo de Finanças

O objetivo da administração financeira é maximizar o valor da empresa num ambiente de recursos escassos. Ou ainda, é a maximização da riqueza do acionista.

A maximização da riqueza do acionista considera adequadamente os fluxos de caixa, a distribuição dos fluxos no tempo e seu risco, ao contrário do lucro que considera, por exemplo, as vendas a prazo que entrarão no caixa no futuro.

A maximização da riqueza do acionista também pode ser descrita por meio do seguinte diagrama de fluxo:

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O valor econômico adicionado (EVA®) é uma medida popular utilizada por muitas empresas para determinar se um investimento — proposto ou existente — contribui de maneira positiva para a riqueza dos acionistas. É calculado subtraindo dos lucros operacionais líquidos de um investimento o custo dos fundos utilizados para financiá-lo. Se o resultado for positivo, o investimento aumenta a riqueza do acionista e ser negativo diminui sua riqueza.

Governança Corporativa

Atingir o objetivo de maximizar a riqueza dos acionistas (shareholders) deve ser perseguido pelo administrador financeiro, mas sem ferir os direitos dos demais stakeholders (grupos de interesse) da companhia.

Os outros grupos de interesse incluem todos os indivíduos com algum vínculo econômico direto com a empresa, como:

• funcionários;• clientes;

• fornecedores;• credores;• proprietários;• comunidade.

Esse ponto de vista, que leva em conta os outros grupos de interesse, é chamado de Governança Corporativa e indica que a empresa deve fazer um esforço deliberado para evitar ações prejudiciais à riqueza desses grupos. Essa visão é também denominada “socialmente responsável” e envolve os seguintes procedimentos principais:

• Transparência nas operações,• Acuracidade das demonstrações

financeiras,• Finalidade de otimizar o desempenho

da empresa e facilitar o acesso ao capital,

• Respeito aos interesses de todos que se relacionam com a empresa, particularmente seus acionistas, usado como estratégia de negócios (diferencial),

• Ética, boas práticas, acuracidade e respeito. Ética é o conjunto de padrões de conduta ou julgamento moral — tem-se transformado numa questão

Fonte: Princípios de Administração Financeira – Lawrence Gitman

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fundamental tanto em nossa sociedade quanto na comunidade financeira. As violações éticas geram enorme publicidade negativa e produzem, em geral, impactos também negativos sobre uma empresa.

O resultado esperado de tais programas é um impacto positivo sobre o preço da ação da empresa.

Sempre que o administrador for um profissional contratado, há um possível problema de agency (agência ou agenciamento). Teoricamente, os administradores deveriam atuar de acordo com a maximização da riqueza do acionista. Entretanto, eles também se preocupam com sua riqueza pessoal, com a segurança de seu emprego, com benefícios indiretos e com seu estilo de vida. Assim, os administradores não atuam de maneira a sempre beneficiar os acionistas da empresa. Existem duas formas de solução ou minimização dos problemas de agency, a saber:

• Forças de mercado – admitir investidores institucionais (fundos de investimento, fundos de pensão e outros institucionais com equipe técnica de análise de investimento) como os principais acionistas e a ameaça de conquista de controle por outra empresa ajudam a pressionar os administradores a se preocuparem com o desempenho da empresa.

• Custos de restrições ou monitoramento do comportamento dos administradores (assessorias externas, auditorias e outros métodos de compliance), bem como a montagem de esquemas de remuneração que alinhem os interesses deles aos dos acionistas.

Sarbanes Oxley Act

Lei criada em 2002, por dois senadores americanos, visando evitar a repetição de fraudes financeiras, que abalaram o mercado de capitais dos Estados Unidos em 2000/2001 (WorldCom e Enron). O objetivo foi restabelecer a confiança do investidor, reforçando as práticas de Governança Corporativa nas empresas abertas (Proteção aos investidores contra fraudes).

A Sox está presente em todas as operações que podem afetar as demonstrações financeiras. As companhias com ações na Bolsa, inclusive brasileiras e de outros países do mundo, e suas subsidiárias são obrigadas a se adequar às exigências da Sox.

A Lei regulamenta o que antes estava vinculado apenas às práticas do negócio: procedimentos financeiros documentados, rígidos controles das operações que afetam as demonstrações financeiras, transparência nas decisões financeiras e punições severas para os principais executivos. Para tanto, a lei possui 11 capítulos, como segue:

1. PCAOB – Public Company Accounting Oversight Board2. Independência do Auditor3. Responsabilidade Corporativa4. Realce da Transparência nas Demonstrações Financeiras5. Conflito de Interesse6. Autoridade da Comissão e seus Recursos7. Estudos e Relatórios8. Corporate and Criminal Fraud Accountability9. Punições para o Crime do Colarinho Branco10. Corporate Tax Returns11. Corporate Fraud and Accountability

As seções mais importantes são as seguintes:

- Seção 302 – Corporate responsibility for financial reports - Diretores Executivos e Diretores Financeiros devem declarar

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pessoalmente que são responsáveis pelos controles e procedimentos de divulgação das Demonstrações Financeiras. Cada arquivo trimestral deve conter a certificação de que eles executaram a avaliação do desenho e da eficácia desses controles.

- Seção 404 – Management assessment of internal controls - Determina uma avaliação anual dos controles e procedimentos internos para a emissão de relatórios financeiros. Além disso, a Auditoria Externa deve emitir um relatório distinto que ateste a asserção da administração sobre a eficácia dos controles internos e dos procedimentos executados para a emissão das Demonstrações Financeiras.

Economia

A ciência financeira está intimamente relacionada com a economia, razão pela qual alguns autores chamam finanças de economia financeira.

Os administradores financeiros precisam compreender o ambiente econômico dentro do qual atuam para poderem reagir às mudanças de condições ou se anteciparem a elas.

Os princípios econômicos fundamentais usados pelos administradores financeiros são:

- a idéia de benefício (utilidade). A utilização de um bem está associada não somente à receita gerada por ele (entrada de recursos de caixa), mas também ao benefício advindo de sua utilização (economia de outros fatores de produção).

- o conceito de custo de oportunidade. Da mesma forma, a aquisição de um bem está associada não somente ao valor pago pela sua compra (saída de recursos do caixa), mas também ao custo de oportunidade do dinheiro utilizado, ou seja, o que se deixou de obter em outra atividade pela decisão de compra do bem.

- a análise marginal, segundo a qual uma decisão financeira deve ser tomada apenas

quando os benefícios adicionais superam os custos adicionais.

Contabilidade Financeira

Contabilidade é o processo de registro de todas as transações de uma empresa, expressas em termos monetários, mostrando os reflexos dessas transações na situação econômico-financeira da companhia e auxiliando a administração a tomar decisões. Portanto:

CONTABILIDADE É A LINGUAGEM DOS NEGÓCIOS

A importância da informação contábil está associada aos seguintes fatores:

• Demonstrar a performance da empresa durante o ano / trimestre / mês

• Mostrar a situação atual da empresa em termos de origem e aplicação de recursos

• Permitir o planejamento: Orçamento / Tomada de Decisão

• Facilitar e atribuir confiabilidade à área de controladoria: Análise de Performance / Avaliação de Desempenho

Os usuários da informação contábil e as principais questões por eles observadas são:

• Proprietários - Rentabilidade / Valor do negócio / Aumentar / diminuir investimentos

• Administradores - Que operações devem ser incrementadas / reduzidas

• Fornecedores - Aumentar / diminuir crédito

• Bancos - Ceder empréstimos• Governo - Impostos calculados

corretamente

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• Empregado - A companhia é lucrativa (manutenção e melhoria de seu rendimento no futuro)

• Concorrentes - Vendas / Margens de lucro / Rentabilidade

Os Demonstrativos Financeiros exigidos pela Legislação das Sociedades Anônimas são:

• Balanço Patrimonial (BP)• Demonstração do Resultado do

Exercício (DRE)• Demonstrativo do Fluxo de Caixa (DFC)• Mutações do Patrimônio Líquido (MPL)• Demonstração de Lucros ou Prejuízos

Acumulados – optativo

Igualmente importantes são os relatórios de complementação às Demonstrações Financeiras são:

• Relatório da Administração • Notas Explicativas• Balanço Social (comunidade, meio

ambiente)• Demonstração do Valor Adicionado –

não obrigatório• Parecer dos Auditores

Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil que apresenta a situação patrimonial da empresa em dado momento. Portanto, relaciona o patrimônio total da empresa em dois grupos de contas denominados de:

ATIVO: Bens e direitos de propriedade da empresa, mensurados monetariamente, e que visam benefícios presentes (circulante ou capital de giro) e futuros (não circulantes ou de longo prazo e fixos). Trata-se, dessa forma, da relação das aplicações (usos) dos recursos da empresa.

PASSIVO: Compromissos a serem cumpridos pela empresa, sendo obrigações

para com terceiros (exigível) e para com os acionistas, uma vez que os proprietários empregaram seus recursos próprios no negócio (patrimônio líquido ou não exigível). Refere-se, portanto, à relação das origens (fontes) de recursos da empresa.

Resumidamente, a estrutura do Balanço Patrimonial é a seguinte:

ATIVO PASSIVO

Circulante Circulante

Não Circulante:

Realizável a Longo Prazo

Permanente

Não Circulante

Patrimônio Líquido

O Ativo Circulante está constantemente em giro, ou seja, as contas transformam-se em caixa (dinheiro) no curto prazo (até um ano).

O Ativo Não Circulante é composto por bens e direitos que se transformarão em caixa após 1 ano, grupo chamado anteriormente de Realizável a Longo Prazo, e por ativos (bens) e investimentos (direitos) permanentes ou fixos, isto é, que não se destinam a venda.

Os bens do Ativo Permanente, também chamados de Imobilizado Técnico ou Ativo Fixo podem ser classificados de duas formas:

1) tangíveis a) bens componentes da planta - máquinas, equipamentos, etc.,

sujeitos à depreciação. - terrenos e obras de arte, não

sujeitos à depreciação. b) recursos naturais - minas, florestas, etc., sujeitos à

exaustão. - terrenos para uso imobiliário, não

sujeitos à exaustão.

2) intangíveis - patentes, direitos autorais, etc.,

sujeitos à amortização. - marcas, etc., não sujeitos à

amortização.

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Além disso, o Ativo Permanente engloba os investimentos em participações acionárias em outras empresas, controladas ou coligadas.

O Passivo Circulante é composto pelas obrigações que serão liquidadas antes de 1 ano (curto prazo).

O Passivo Não Circulante representa as obrigações a serem liquidadas após 1 ano (longo prazo).

O Patrimônio Líquido engloba os recursos dos proprietários aplicados na empresa e as reservas e lucros acumulados pela companhia durante suas operações.

Conclusão – O Balanço Patrimonial é a fotografia da situação patrimonial da empresa

em um determinado momento. Representa o valor dos ativos da empresa e o montante de recursos utilizados para adquiri-los.

9. Demonstrativo de Resultados

A Demonstração de Resultado do Exercício mostra:

- A receita originária das vendas da empresa. Uma venda ocorre quando um produto é vendido a um cliente ou um determinado serviço é prestado. Ao final, o cliente paga à empresa a vista ou a prazo.

- O gasto (Custo ou Despesa) incorrido para a obtenção da receita, que ocorre quando um recurso é usado. Por exemplo,

DISCRIMINAÇÃO VALOR EM R$RECEITA BRUTA DE VENDAS(-) Devoluções, Descontos e Abatimentos(-) Impostos sobre VendasRECEITA LÍQUIDA(-) Custo dos Produtos VendidosLUCRO BRUTO(-) Despesas OperacionaisDespesas com VendasDespesas Administrativas

LUCRO OPERACIONAL antes do Resultado Financeiro e ImpostosResultado da Equivalência PatrimonialResultado FinanceiroReceitas / Despesas Não OperacionaisLUCRO antes do Imposto de Renda (LAIR)(-) Provisão para o Imposto de Renda e Contribuição SocialLUCRO LÍQUIDO

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quando um treinamento é pago ou quando um equipamento é usado.

- O resultado da companhia no período, que é a diferença entre receita e gasto e pode gerar lucro ou prejuízo.

A estrutura de uma DRE pode ser resumida da seguinte forma:

A Receita Bruta de Vendas, ou Vendas Brutas, ou ainda Receita Operacional Bruta é a quantidade de produtos vendidos em um período específico multiplicada pelo preço de cada produto ou a quantidade de horas de serviço prestado multiplicada pelo preço/hora.

Os principais impostos que incidem sobre as vendas efetuadas ou sobre os serviços prestados são: PIS – Programa de Integração Social, COFINS - Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social, ISS – Imposto sobre Serviços, ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços e IPI – Imposto sobre Produtos Industrializados.

O Custo dos Produtos Vendidos ou dos Serviços Prestados é o valor do inventário (estoque) vendido durante um determinado período de tempo. É o valor dos gastos incorridos na compra das matérias primas, no pagamento de salários e de gastos gerais de fabricação (energia, água, telefone, limpeza, etc.) incorridos na produção de bens e serviços que foram vendidos no período.

Também é custo contábil, embora não represente saída de recursos de caixa, o valor da depreciação, amortização e exaustão dos bens do ativo permanente, referente ao custo amortizado no período, ou seja, o desgaste dos equipamentos e instalações pelo seu uso.

O Sistema de Custeio geralmente utilizados pelas empresas brasileiras é o Custeio por Absorção, uma vez que é o único aceito pelo Receita Federal (Imposto de Renda) e pelas Auditorias Externas, por atender aos seguintes princípios contábeis:

• Princípio da Realização da Receita: Ocorre a realização da receita quando da transferência do bem vendido para terceiros;

• Princípio da Confrontação: As despesas devem ser reconhecidas à medida que são realizadas as receitas que ajudam a gerar (direta ou indiretamente) e

• Princípio da Competência: As despesas e receitas devem ser reconhecidas nos períodos a que competirem, ou seja, no período em que ocorrer o seu fato gerador.

O Lucro Bruto revela se a firma está auferindo lucro sem considerar as despesas da companhia.

As Despesas Operacionais englobam os gastos não diretamente relacionados à produção, tais como as Despesas com Vendas e Administrativas.

O Lucro Operacional antes do Resultado Financeiro e Imposto de Renda – LAJIR é um importante termômetro da capacidade de geração interna de recursos da empresa, ou seja, a atividade operacional gera resultado positivo (as operações da companhia são lucrativas).

O Resultado da Equivalência Patrimonial engloba o resultado obtido nas operações das empresas controladas e coligadas à companhia. Os resultados são proporcionais à participação de empresa no capital das outras companhias.

O Resultado Financeiro é a diferença entre as receitas financeiras, obtidas a partir da aplicação temporária de recursos ociosos da empresa no mercado financeiro e as despesas financeiras, referentes ao pagamento de juros e amortização do valor do principal de empréstimos e financiamentos obtidos, também, no mercado financeiro.

As Receitas e Despesas Não Operacionais são os resultados obtidos em operações que não constam do objeto social da companhia e ocorrem ocasionalmente, como, por exemplo: a venda de um imóvel não destinado ao uso,

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a venda de uma máquina ou de um veículo já depreciado, etc.

O Lucro Líquido (ou Prejuízo) do Exercício é um indicador de eficiência dos administradores na gestão dos ativos e passivos da companhia.

Conclusão – O Demonstrativo de Resultados pode ser comparado a um filme, ou seja, mostra o fluxo de eventos ocorridos em um determinado período de tempo. O demonstrativo representa as vendas menos os custos e despesas incorridos para realizá-las no período passado, ou seja, quanto a empresa lucrou no ano passado.

Demonstrativo do Fluxo de

Caixa

Conceito: Demonstração das entradas e saídas de recursos do caixa em um determinado período.

Objetivo: Recomposição do Lucro Líquido com o Caixa.

Pontos Importantes: • Caixa gerado pelo lucro• Autofinanciamento das operações

• Dependência de empréstimos bancários de curto prazo

• Capacidade de amortização da dívida• Capacidade de geração de recursos

Função: Mostrar os efeitos das atividades operacionais de investimento e financiamento da empresa, como:

- As operações que afetam a liquidez da empresa (se a geração bruta de caixa atende às necessidades de capital de giro),

- O nível de investimentos de capital necessários para a empresa manter ou aumentar suas atividades (capacidade de investimentos) e

- As alterações no financiamento da empresa (grau de dependência de financiamento de terceiros).

Uma diferença importante em termos de perspectiva e ênfase entre finanças e contabilidade é que os contadores geralmente usam o regime de competência, enquanto as finanças se concentram em fluxos de caixa. A importância dessa diferença pode ser ilustrada com o exemplo a seguir: Uma indústria náutica produz e vende iates. Em 2010, as suas vendas foram de R$ 100.000 (um iate vendido a prazo, isto é,

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100% a receber). Por outro lado, os custos e despesas incorridas na venda do iate somaram R$ 80.000 (pagos integralmente aos fornecedores). Compare as diferenças, em termos de desempenho, entre o regime de competência e o fluxo de caixa:

Fluxo de Recursos na

Empresa

Análise das Demonstrações

Financeiras

A análise das Demonstrações Financeiras é realizada por intermédio de algumas técnicas, onde são observadas as participações das várias contas em relação ao ativo e ao passivo da empresa, a evolução dessas contas ao longo dos três ou cinco últimos exercícios e o cálculo de indicadores de desempenho, dentre os quais destacamos os índices de liquidez, endividamento, lucratividade e rentabilidade. Os principais objetivos desse estudo são:

• Interpretar a situação econômica e financeira da empresa

• Identificar os pontos fortes e fracos da empresa

• Medir a capacidade da empresa em gerar lucro

• Identificar a eficiência da empresa em gerenciar seus ativos

Estrutura de capital da

empresa

A estrutura de capital corresponde à parte da estrutura financeira formada pelos recursos próprios e pelas exigibilidades de longo prazo.

a) Recursos PrópriosAs duas fontes de recursos próprios dentro

de uma empresa são:

- Lucro: reinvestimento dos lucros acumulados nos períodos anteriores e

- Emissão de Ações: venda de ações para outros acionistas/investidores e obtenção dos recursos necessários à implementação dos projetos de investimento.

No mercado de capitais nacional, as ações podem ser de dois tipos:

- Ordinárias Nominativas (ON): direito a voto e participação nos lucros

- Preferenciais Nominativas (PN): prioridade no recebimento de dividendos, recebimento de um dividendo 10% maior do que o pago às ordinárias e prioridade no reembolso do capital no caso de dissolução da sociedade.

b) Recursos de TerceirosO mercado financeiro brasileiro oferece

algumas modalidades de exigibilidades de longo prazo para as companhias. São chamados recursos de terceiros ou capital de terceiros.

Financiamentos – normalmente para capital fixo

Financiamentos BNDES (FINAME e outros): baixas taxas de juros

Financiamentos com recursos externos: ACC, etc

Debêntures – mercado amplo no BrasilArrendamento Mercantil

Ambas as partes da estrutura de capital de uma empresa (recursos próprios e recursos de terceiros) possuem custo. Portanto, o Custo de Capital de uma empresa é composto da seguinte forma:

a) Custo do Capital Próprio:O custo do capital próprio pode ser

calculado por dois modelos principais:Modelo de Gordon – considera o dividendo

atual e a taxa de crescimento dos dividendos no futuro

CAPM (Capital Asset Pricing Model) – considera o custo de oportunidade dos recursos (Taxa livre de risco), o prêmio pelo

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Economia e Finança para Gestores

risco (Retorno do mercado de renda variável) e o índice Beta (indicador de risco).

b) Custo do Capital de Terceiros: juros

pagos às instituições financeiras nacionais e internacionais.

Fluxo de Recursos e Sistema

Financeiro

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Economia e Finança para Gestores

O fluxo de recursos da economia flui das unidades superavitárias, geralmente as famílias, para as unidades deficitárias, geralmente as empresas, passando pelo Governo e pelo Sistema Financeiro, de acordo com o diagrama a seguir:

Mercado Financeiro

O mercado financeiro é o mercado onde os recursos excedentes da economia (poupança) são direcionados para o financiamento de empresas e de novos projetos (investimentos).

No mercado financeiro tradicional, o dinheiro depositado em bancos por poupadores é utilizado pelas instituições financeiras para financiar alguns setores da economia que precisam de recursos. Portanto, a função da Instituição Financeira é realizar a intermediação financeira, canalizando recursos de agentes superavitários para os deficitários, utilizando instrumentos financeiros. Suas atividades estão relacionadas à transformação de ativos em prazos, volumes de capital e riscos.

Pela intermediação, os bancos pagam uma taxa de juros de captação para os poupadores e cobram uma taxa de empréstimo dos tomadores dos recursos. A diferença entre estas taxas é chamada de “spread bancário” e corresponde à remuneração dos bancos, para cobrir os custos operacionais, os impostos, o risco da operação e propiciar uma margem de lucro.

Os fatores que influenciam as Taxas de Juros são:

• inflação,• risco (de mercado, de crédito, de

liquidez, etc.),• prazo de vencimento,• políticas do Banco Central,• déficits federais (impostos) e

• ambiente internacional.

Espera-se que as taxas de longo prazo sejam maiores do que as de curto prazo. Por quê?

A captação de recursos pelos bancos é realizada mediante a utilização dos seguintes instrumentos principais:

• CDB – Certificado de Depósito Bancário que podem ser negociados antes do prazo de vencimento

• RDB – Recibo de Depósito Bancário que permanecem com o investidor até o final do prazo de vencimento

• CDI – Certificado de Depósito Interfinanceiro ou Interbancário

• Caderneta de poupança• Fundos de Investimento• Repasses de recursos do BNDES –

Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

• Emissão de ações / debêntures• Venda de títulos públicos da carteira

própria do Banco• • A aplicação de recursos ocorre sob

a forma de contrato nas seguintes modalidades:

• Hot Money• Empréstimo para Capital de Giro• Desconto de duplicatas• Conta garantida / cheque especial• Vendor• Adiantamento sobre Contratos de

Câmbio - ACC• Resolução 63

Sistema Financeiro Nacional

O Mercado Financeiro é onde o dinheiro é gerido, intermediado, oferecido e procurado, por meios de canais de comunicação que se entrelaçam na formação de sistemas.

O Sistema Financeiro Nacional é um conjunto de instituições responsáveis pelo funcionamento do mercado financeiro

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brasileiro. É subdividido em dois sub-sistemas:

- Subsistema normativo: responsável pela regulação e fiscalização dos mercados. É composto por órgãos normativos e entidades supervisoras.

- Subsistema operativo: responsável pelo funcionamento dos mercados. É composto por instituições operadoras dos vários mercados.

O Conselho Monetário Nacional (CMN), criado pela lei 4.595 de 31/12/1964, é o órgão deliberativo máximo do Sistema Financeiro Nacional. Desde 1995, é constituído pelo Ministro de Estado da Fazenda (Presidente), pelo Ministro de Estado do Planejamento, Gestão e Orçamento e pelo Presidente do Banco Central do Brasil.

Os objetivos do CMN são os seguintes:• Adaptar o volume dos meios de

pagamento às reais necessidades da economia nacional e seu processo de desenvolvimento;

• Regular o valor interno da moeda, para tanto prevenindo ou corrigindo os

surtos inflacionários ou deflacionários de origem interna ou externa, as depressões econômicas e outros desequilíbrios oriundos de fenômenos conjunturais;

• Regular o valor externo da moeda e o equilíbrio no balanço de pagamento do País, tendo em vista a melhor utilização dos recursos em moeda estrangeira;

• Orientar a aplicação dos recursos das instituições financeiras, quer públicas, quer privadas, tendo em vista propiciar, nas diferentes regiões do País, condições favoráveis ao desenvolvimento harmônico da economia nacional;

• Propiciar o aperfeiçoamento das instituições e dos instrumentos financeiros, com vistas à maior eficiência do sistema de pagamentos e de mobilização de recursos;

• Zelar pela liquidez e solvência das instituições financeiras e

• Coordenar as políticas monetárias, creditícia, orçamentária, fiscal e da dívida pública, interna e externa.

Órgãos normativos

Entidades supervisoras

Operadores

Conselho Monetário Nacional - CMN

Banco Central do Brasil - Bacen

Instituições financeiras captadoras de depósitos à vista

Demais instituições financeiras

Outros intermediários financeiros e administradores de recursos de terceirosComissão de Valores

Mobiliários - CVMBolsas de mercadorias e futuros

Bolsa de valores

Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP

Superintendência de Seguros Privados - Susep

Sociedades seguradoras

Sociedade de capitalização

Entidades abertas de previdência complementar

IRB - Brasil Resseguros

Conselho de Gestão da Previdência Complementar - CGPC

Secretaria de Previdência Complementar - SPC

Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão)

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Economia e Finança para Gestores

O Banco Central cumpre e faz cumprir

as disposições que lhe são atribuídas pela legislação em vigor e as normas expedidas pelo CMN. Seus principais objetivos são:

• Órgão executivo central do Sistema Financeiro Nacional - SFN;

• Banco dos Bancos: Depósitos compulsórios, redescontos de liquidez;

• Gestor do SFN: Normas / Autorizações / Fiscalização / Intervenção;

• Executor de Política Monetária: Controle dos Meios de Pagamento, Orçamento Monetário / Instrumentos de Política Monetária;

• Banco Emissor: Emissão de meio circulante (papel moeda e moeda metálica, nas condições e limites autorizados pelo CMN);

• Financiamento do Tesouro Nacional (via emissão de títulos);

• Administração da dívida pública interna e externa do país e

• Representante junto às instituições financeiras internacionais.

A CVM: Comissão de Valores Mobiliários (Lei 6404/76) tem por objetivos:

• Normatização e fiscalização do mercado de valores mobiliários (ações, debêntures e fundos de investimento);

• Fiscalizar a emissão, registro, distribuição e negociação de títulos das S.A. de capital aberto e

• Disciplinar o funcionamento das bolsas de valores.

As características da Superintendência de Seguros Privados – SUSEP são:

• Subordinada ao Ministério da Fazenda, fiscaliza as companhias de seguros privados (seguradoras) e as entidades abertas de previdência (PGBL – Plano Gerador de Benefícios Livres e VGBL - Vida Gerador de Benefícios Livres) e

• Assumirá as funções de regulação do mercado de resseguros, permitindo a privatização do IRB.

A Superintendência de Previdência Complementar - PREVIC, substituiu a antiga SPC – Secretária de Previdência Complementar e seu objetivo é:

Ligada ao Ministério da Previdência e Assistência Social, fiscaliza as entidades fechadas de previdência complementar, tenham elas patrocinadores públicos ou privados.

Existem, ainda, no SFN, três instituições especiais importantes, que possuem características do sistema normativo e do sistema operativo, como segue:

a) BB: Banco do Brasil que:• Administrar a Câmara de Compensação

de cheques e outros papéis;• Efetuar os pagamentos e suprimentos

necessários à execução do Orçamento Geral da União;

• Aquisição e o financiamento dos estoques de produção exportável;

• Agenciamento dos pagamentos e recebimentos fora do país;

• Operação de Fundos de Investimento Setorial;

• Crédito rural;• Política de preços mínimos para

produtos agropastoris;• Execução do serviço da dívida pública

consolidada;• Compra e venda de moeda estrangeira

por ordem própria ou do BC e• Arrecadação de tributos federais e

estaduais.

b) BNDES: Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, cuja finalidade é:

• Impulsionar o desenvolvimento econômico e social do país;

• Fortalecer o setor empresarial do país;• Atenuar os desequilíbrios regionais,

criando novos pólos de produção;• Promover o crescimento e a

diversificação das exportações e

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Economia e Finança para Gestores

• Manter carteiras especiais de crédito, como o FINAME – Financiamento de Máquinas e Equipamentos e o FINEM – Financiamento a Empreendimento.

c) CEF: Caixa Econômica Federal responsável por:

• Políticas do Governo Federal para habitação popular e saneamento básico - Banco de apoio ao trabalhador de baixa renda;

• Prestação de serviços de natureza social delegada pelo Governo Federal e

Crédito de Curto Prazo Bancos ComerciaisCaixas EconômicasBancos Cooperativos/Cooperativas de CréditoBancos Múltiplos com Carteira Comercial

Crédito de Médio e LP Bancos de DesenvolvimentoBancos de InvestimentoCaixas EconômicasBancos Múltiplos com Carteira Comervial de Invest. e Desenv.

Crédito para Financiamento de Bens de Consumo Duráveis

Sociedades de Crédito, Financiamento e Investimento - FinanceirasCaixas EconômicasBancos Múltiplos com Carteira de Aceite

Sistema Financeiro de Habitação

Caixas EconômicasAssociações de Poupança e EmpréstimoSociedades de Crédito ImobiliárioCias HipotecáriasBancos múltiploes com carteira hipotecária

Intermediação no Mercado de Capitais

Sociedades CorretorasSociedades DistribuidorasBancos de InvestimentoBancos Múltiplos com Carteira de InvestimentoAgentes Autônomos de investimento

Seguros e Capitalização SeguradorasCorretoras de SeguroEntidades Abertas de Previdência PrivadaEntidades Fechadas de Previdência PrivadaSociedades de Capitalização

Arrendamento mercantil (leasing)

Sociedades de Arrendamento MercantilBancos Múltiplos com Carteira de Arrendamento Mercantil

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Economia e Finança para Gestores

O Mercado Financeiro pode ser dividido em quatro grandes segmentos, como segue:

Cada um desses segmentos possui características próprias, conforme resumimos no quadro a seguir:

Mercadofinanceiro Prazo Objetivo Intermediação Financeira

Mercado de Crédito Curto, Médio e Aleatório Financiamento do consumo e do capital de giro das empresas

Bancário e não-Bancário

Mercado de Capitais Médio, Longo e Indeterminado

Financiamento de capital de giro e capital fixo das empresas e habitação

Não-Bancário

Mercado Monetário Curto e Curtíssimo Controle da liquidez monetária da economia e suprimentos de desencaixes

Bancário e não-Bancário

Mercado Cambial Curto e à Vista Transformação de valores em moeda estrangeira em nacional e vice-versa

Bancário e Auxiliares (Corretoras)

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• Administrar os recursos do FGTS – Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, PIS, loterias e Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social – FAS.

O subsistema operativo é composto por 18 agentes, caracterizados de acordo com sua atuação, da seguinte forma:

Mercado Monetário

O mercado monetário é o segmento onde se concentram as operações para controle da oferta de moeda e das taxas de juros de curto prazo, com vistas a garantir a liquidez (quantidade de moeda em circulação) na economia. O Banco Central do Brasil atua neste mercado praticando a chamada Política Monetária. Segundo os economistas monetaristas, esta intervenção é necessária e extremamente delicada, uma vez que:

• se a liquidez de sistema financeiro estiver muito elevada, esse excesso de recursos chega à economia real e pode gerar ou acentuar o processo de inflação dos preços (elevação da demanda e oferta estável) e

• se a liquidez do sistema financeiro estiver muito reduzida, podem faltar recursos na economia real e, assim, ocorrer uma redução da atividade econômica, com desemprego (excesso de oferta em relação à demanda).

Para o controle da liquidez do sistema, o Banco Central utiliza títulos com vários prazos e alta liquidez (ampla aceitação e negociação entre os agentes financeiros). Esses títulos negociados são escriturais (não são emitidos fisicamente).

O Banco Central e a ANDIMA – Associação Nacional das Instituições de Mercado Aberto criaram, em 1979, o SELIC - Sistema Especial de Liquidação e Custódia, desenvolvido para o controle, liquidação e custódia das

operações com títulos públicos. O SELIC possui uma taxa de juros, que representa a remuneração dos títulos públicos, chamada Taxa Selic ou D0.

A Taxa Selic permite a compra diária de títulos públicos, operação conhecida como overnight (taxa diária de juros). Como os títulos negociados no Selic são de grande liquidez e risco mínimo, a taxa definida nesse ambiente é reconhecida como uma taxa livre de risco da economia nacional.

De acordo com o emitente, os títulos públicos podem ser destinados a duas finalidades distintas, como segue:

a) Títulos do Tesouro Nacional: voltados à execução da política fiscal do Governo, antecipando receitas ou financiando déficits públicos.

• LTN - Letras do Tesouro Nacional• LFT - Letras Financeiras do Tesouro• NTN - Notas do Tesouro Nacional

b) Títulos do Banco Central: tem por objetivo a implantação e execução da política monetária, regulando o montante de moeda no sistema.

• BBC - Bônus do Banco Central• LBC - Letras do Banco Central• NBC - Notas do Banco Central

Atualmente, somente os títulos emitidos pelo Tesouro estão em circulação no mercado e servem para cumprir os dois objetivos. Suas principais características são:

LFT - Letras Financeiras do Tesouro:

rendimentos definidos pela taxa Selic. Papéis atraentes para o investidor sendo seus prazos de emissão definidos pelo Tesouro Nacional.

LTN - Letras do Tesouro Nacional: emitidas por diversos prazos (mínimo de 28 dias) e negociadas com deságio. Os rendimentos desses títulos são pré-fixados.

NTN - Notas do Tesouro Nacional: oferecem rendimento pós-fixado e atrelado a um indexador da economia. Prazo de emissão

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Economia e Finança para Gestores

mínimo de 3 meses e os juros são pagos periodicamente.

O Banco Central realiza a venda dos títulos, em nome do Tesouro, para as instituições financeiras, que fazem propostas por intermédio de dealers. Os dealers são autorizados pelo Banco Central para receber propostas das outras instituições financeiras. Este é o chamado Mercado Primário de títulos públicos, ocorre a primeira venda daqueles títulos e os recursos arrecadados das instituições financeiras são transferidos para o Tesouro Nacional. Em um segundo momento, as instituições financeiras negociam os títulos adquiridos do Tesouro com seus clientes e com outras instituições, formando o Mercado Secundário ou Mercado Aberto, onde ocorrem, inclusive, as operações OVER NIGHT, de curtíssimo prazo (até 1 dia) e é formada a taxa Selic.

Visando a captação de recursos pelo Governo, o Tesouro Nacional atua, também, por intermédio do Banco Central, no Mercado de Títulos da Dívida Externa, constituído pelos papéis emitidos pelas diversas economias do mundo na renegociação de suas dívidas externas com credores privados e organismos financeiros internacionais como o FMI e o Banco Mundial. Esses papéis são chamados de Bônus (Bonds). O principal papel representativo da dívida do Brasil é o Global Bond, título de renda fixa que identifica uma obrigação de pagamento do Brasil, diante de um empréstimo concedido por um investidor.

A atuação dos Bancos no Mercado Monetário, portanto, diz respeito à aplicação de suas reservas monetárias (Volume de Depósitos Voluntários junto Autoridade Monetária; Volume de Depósitos Compulsórios junto Autoridade Monetária e Dinheiro no caixa das instituições) na compra de títulos públicos.

Além disso, os Bancos captam recursos no mercado financeiro (Depósitos a Vista e Colocação de Títulos) para aplicações em ativos (Créditos, Carteiras de Títulos e Valores e Moeda Estrangeira). Para manter o equilíbrio diário de suas contas, os Bancos recorrem ao Mercado Interfinanceiro, segmento onde ocorrem operações lastreadas em CDI – Certificado de Depósito Interfinanceiro, de emissão dos próprios participantes e de circulação restrita a esse mercado. Este mercado também é conhecido como Mercado DI.

Semelhante ao Selic, o mercado de títulos privados (emitidos pelos Bancos) criou a CETIP - Central de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos Privados, em 1986, para abrigar títulos como CDB, RDB, debêntures, CDI, etc. A CETIP também tem uma taxa de juros chamada Taxa Cetip ou D1. Na Cetip, a liquidação é feita no dia seguinte ao da operação e, por isso, D1. A taxa Cetip é ligeiramente maior que a Selic também devido à esse dia adicional.

Caso alguma instituição financeira não consiga o equilíbrio de suas contas (caixa) em um determinado dia, poderá recorrer a operações de redesconto no Banco Central, para cobrir posições desfavoráveis de caixa.

Além das Taxas Selic e Cetip, existem outras taxas de juros no mercado financeiro brasileiro, a saber:

a) TR - Taxa Referencial: apurada e anunciada mensalmente pelo governo. Calculada de acordo com a remuneração média mensal (taxas pré-fixadas) dos CDB/RDB dos maiores bancos e utilizada para remunerar as cadernetas de poupança.

b) TBF - Taxa Básica Financeira: calculada pelo BC com base nos rendimentos médios mensais dos CDB de 30 dias.

c) TBC - Taxa do Banco Central: apurada com o objetivo de definir o nível

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de juros das operações do mercado aberto. Formada livremente pela oferta e a procura de títulos públicos.

d) TBAN - Taxa de Assistência do Banco Central: apurada e divulgada mensalmente, também se aplica ao mercado aberto. A TBC e a TBAN são usadas nas operações de redesconto. Indica o percentual a ser adotado como referência nas operações com títulos públicos.

e) TJLP ou Taxa de Juros de Longo Prazo: calculada com base nas taxas de juros dos títulos da dívida externa e interna do Brasil, e revista trimestralmente. Esta taxa é usada para remunerar os recursos dos programas sociais do governo (PIS/PASEP e FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador) e para indexar os financiamentos concedidos pelo BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.

Mercado de Crédito

O mercado de crédito é composto pelo conjunto de instituições e instrumentos financeiros destinados a possibilitar operações de prazo curto, médio ou aleatório. Neste último caso, temos o exemplo dos depósitos à vista, pois há a possibilidade do “uso – consumo” e a disponibilidade de capital de giro para as empresas. Caracteriza-se por funcionar a partir de normas contratuais, que estabelecem o valor da operação, o custo do crédito, o prazo, as eventuais garantias e a forma de liquidação.

Portanto, esse mercado objetiva suprir as necessidades de caixa de curto e médio prazo dos vários agentes econômicos, por meio de

créditos a pessoas físicas ou empréstimos e financiamento às empresas.

A captação de recursos pelos Bancos ocorre por intermédio de:• Depósitos a vista• Depósitos a prazo com emissão de

Certificados de Depósitos Bancários• Cadernetas de Poupança

A aplicação dos recursos dos Bancos é realizada através das seguintes modalidades:

• Empréstimos de Curto e Médio Prazo• Desconto Bancário de Títulos: operação

de crédito típica do sistema bancário, envolvendo duplicatas e promissórias. O empréstimo é concedido contra a garantia do título representativo de um crédito futuro.

• Contas Garantidas: similar ao cheque especial, ou seja, um limite colocado à disposição do cliente.

• Créditos Rotativos: para financiar capital de giro. Como as contas garantidas, tratam-se de limites liberados para utilização, mas com garantia de duplicatas. À medida que as duplicatas vencem, devem ser substituídas por outras para manter o limite e a rotatividade do crédito. Movimentadas por meio de cheques.

• Operações denominadas de Hot Money: empréstimos de curto e curtíssimo prazo (de 1 à 7 dias), para atender as necessidades permanentes de caixa das empresas. Taxas formadas com base nas taxas dos CDI´s. São as taxas CDI over (1 dia) as que estabelecem os juros para as operações de hot money.

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• Empréstimos para Capital de Giro e Pagamento de Tributos

• Capital de Giro: garantias por meio de avais, notas promissórias, etc.

• Pagamento de Tributos: adiantamentos para liquidação de impostos e tarifas públicas.

• Operações de VENDOR: financiamento das vendas baseado no princípio da cessão de crédito, que permite a uma empresa vender a prazo e receber o pagamento a vista.

• Resolução 63: repasse às empresas nacionais de recursos contratados por meio de captações efetuadas pelos bancos comerciais e múltiplos e os bancos de investimento em moeda estrangeira (mercado europeu). O custo destas operações é composto da seguinte forma:

- Encargos: Taxa Libor (do mercado interbancário de Londres) + spread + comissão de repasse + variação cambial.

• Crédito Direto ao Consumidor (CDC): operação destinada a financiar a compra de bens e serviços por consumidores ou usuários finais. É concedido por sociedades financeiras e a garantia é a alienação do próprio bem.

• O CDC com interveniência representa o crédito concedido às empresas para que elas repassem aos clientes.

• ACC: Adiantamento de Contratos de Câmbio são adiantamentos aos exportadores lastreados nos contratos de câmbio firmados com clientes externos. Tem características de financiamento à produção exportável.

• ACE: Adiantamento sobre Cambiais Entregues são adiantamentos concedidos caso o exportador solicite os recursos após o embarque. Assim, o adiantamento será realizado sobre as cambiais entregues e esta operação caracteriza o financiamento da venda ao exterior.

• Cessão de Crédito: realizada entre instituições financeiras interessadas em negociar carteiras de crédito.

Além dos Bancos, atuam no mercado de crédito as empresas de Factoring, especializadas em adquirir (não descontar), os títulos de crédito provenientes da atividade empresarial de forma definitiva, assumindo todo o risco inerente ao crédito em pauta. Na prática, estas empresas atuam em geral com cheques pré-datados.

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Os Serviços Bancários são remunerados, ainda, pela cobrança de tarifas ou do floating, como segue:

a) Floating: retenção temporária de recursos de terceiros, que proporciona ganhos financeiros até a data da entrega desses recursos a seus proprietários.

b) Tarifas:Emissão de saldos e extratos de conta

corrente.• DOC - Documento de Ordem de Crédito

- transação financeira de transferências interbancárias de valores entre correntistas. Por norma do Banco Central, o valor do DOC deve ser inferior a R$ 5 mil.

• TED - Transferência Eletrônica Disponível - transferências eletrônicas, no mesmo dia, de valores iguais ou superiores a R$ 5 mil, entre os clientes pessoas físicas e jurídicas dos bancos.

• Cartões eletrônicos e cartões de crédito.• Acesso eletrônico a saldos.• Extratos por fax.• HomeBank.• Fornecimento de cheques• Caixas eletrônicos.• Sustação de pagamento de cheques.• Cobranças bancárias e empréstimos.• Cofres de aluguel.• Débito automático em conta corrente

de tarifas públicas.

Mercado de Capitais

Objetivo: Estruturado para suprir as necessidades de investimento dos agentes econômicos, por meio de diversas modalidades de fornecimento de recursos de prazo médio e longo de vencimento, destinados, em especial, para investimento em capital fixo. É um mercado de transferência de propriedade. As instituições financeiras realizam a intermediação das operações entre as empresas, tomadoras dos recursos, e os investidores, tomadores dos

títulos emitidos pelas empresas. Portanto, diferentemente do mercado de crédito, as instituições não assumem os riscos das operações, que são transferidos para os investidores.

As principais modalidades de operações de mercado de capitais são:

a) Commercial papers ou notas

promissórias de prazo de até 9 meses (360 dias se emitidas por S.A. de capital aberto) - instrumento ágil e de custo menor pela eliminação da intermediação financeira.

b) Arrendamento Mercantil - modalidade praticada mediante a celebração de um contrato de aluguel (arrendamento) entre um cliente (arrendatário) e uma sociedade de arrendamento mercantil (arrendadora), visando à utilização, pelo primeiro, de certo bem durante um prazo determinado.

Vantagens:Permite a renovação periódica de

equipamentos, atendendo às exigências tecnológicas e do mercado.

Evita problemas e dificuldades da imobilização, reduzindo o risco da empresa.

Permite maior flexibilidade na utilização dos recursos financeiros, deixando os mesmos disponíveis para outros usos.

Oferece benefícios fiscais pela dedutibilidade integral das contraprestações do contrato, no cálculo da provisão para o Imposto de Renda das pessoas jurídicas.

c) Mercado a Vista de AçõesAções - são títulos representativos da

menor fração do capital social de uma empresa e representam uma fração de todo o Patrimônio Líquido da companhia. O acionista é um co-proprietário da empresa, com direito a participação nos resultados. As ações são emitidas, atualmente, só na forma escritural, que dispensa a emissão física de certificado. O controle das ações é mantido em contas de depósitos em nome dos titulares. Uma ação

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não tem prazo de resgate. Pode ser comprada ou vendida a qualquer momento.

Ações de companhias abertas: são distribuídas entre um número mínimo de acionistas e podem ser negociadas na Bolsa de Valores.

Ações de companhias fechadas: restritas a um grupo de poucos investidores (empresas familiares) e podem ser negociadas por intermédio de instrumento particular de contrato entre as partes, registrado em cartório.

Formas de circulação das ações:

Nominativas: trazem o nome e o CPF do investidor registrado em livro de registro das ações nominativas. A transferência ocorre pela averbação do nome do novo titular neste livro.

Escriturais: sem emissão física da cautela, tem seu controle executado por instituição fiel depositária dos títulos.

Valor das ações pode ser calculado de várias maneiras, a saber:

Nominal: valor atribuído a uma ação previsto no estatuto social da companhia.

Patrimonial: representa a parcela do capital próprio da sociedade que corresponde a cada ação. É determinado pelo patrimônio líquido dividido pelo número de ações emitidas.

Intrínseco: equivale ao valor presente de um fluxo esperado no futuro de benefícios de caixa, descontado pelo custo médio ponderado do capital (sigla em inglês = WACC - Weighted Average Cost Of Capital).

De liquidação: determinado quando do encerramento das atividades de uma companhia, indicando quanto corresponde do resultado da liquidação a cada ação.

De subscrição: preço definido no lançamento das ações novas, em operações

de abertura de capital (sigla em inglês = IPO - Initial public offering) ou operação de aumento de capital (OPA – Operação Pública de Ações), ambas com o objetivo de captação de recursos dos investidores (novos acionistas) por parte das empresas para realizar seus investimentos.

De mercado: efetivo preço de negociação da ação no mercado, ou seja, na Bolsa de Valores.

O rendimento das ações é composto de:

- Dividendos: representam a distribuição de parte dos lucros auferidos pela empresa aos seus acionistas, sendo pagos normalmente em dinheiro. Os investidores utilizam o indicador denominado pay out para mensurar o percentual do lucro líquido da companhia distribuído sob a forma de dividendos aos seus acionistas, como segue:

A legislação brasileira (Lei das Sociedades Anônimas) determina que o dividendo mínimo obrigatório a ser distribuído aos acionistas deve ser de 25% do Lucro Líquido Ajustado. Portanto, quanto maior o payout, maior a parcela de rendimento pago como dividendo às ações. As empresas mais maduras costumam apresentar um payout maior do que as empresas mais novas, que ainda precisam reinvestir uma parcela maior do seu lucro em projetos de crescimento e no desenvolvimento de seus negócios.

- Valorização: é consequência do comportamento de mercado e do desempenho da empresa em determinado período.

Portanto, o rendimento das ações depende do lucro e do desempenho futuro da empresa, razão pela qual o investimento em ações é considerado uma aplicação de renda variável e sujeito ao risco, que

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Economia e Finança para Gestores

é a probabilidade de ocorrerem eventos não previstos. O risco é formado por dois componentes, a saber:

- Risco da empresa ou do negócio, composto de:

• Risco econômico: inerente a própria atividade e às características do mercado em que opera.

• Riscofinanceiro:reflete o risco associado ao endividamento da empresa, ou seja a capacidade da companhia de liquidar seus compromissos financeiros.

- Risco de mercado: decorrente das variações imprevistas no comportamento do mercado, determinadas por mudanças ocorridas na economia (Nível de atividade econômica – PIB, taxa de juros, taxa de câmbio, etc.).

A aplicação em ações para ser atraente deve apresentar equilíbrio na relação risco/retorno do investimento.

Existem várias razões para uma empresa realizar a abertura de seu capital social, como: prazo indeterminado dos recursos levantados, menor risco financeiro da empresa por maior capitalização, melhores condições de liquidez do patrimônio do acionista, melhor imagem institucional, etc. Em contrapartida, a companhia assume novas exigências e responsabilidades referentes ao tratamento dos novos acionistas, transparência de informações e adoção de práticas modernas de governança corporativa.

Dentre as vantagens da abertura do capital, destaca-se a captação de recursos destinados à realização de seus projetos de investimento. O financiamento de uma empresa com recursos próprios pode ser feito pela retenção de seus resultados líquidos

Empresa

Emitente denovas ações

Instituição

Financeira

intermediadora

Mercado

Primário Mercado

Secundário

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Economia e Finança para Gestores

(autofinanciamento) e pelo lançamento de ações ao público. O lançamento de ações pode ocorrer de duas formas:

- Emissão de novas ações (underwriting): colocação dos valores mobiliários no mercado primário por meio de Instituição Financeira ou

- Oferta pública de ações de um investidor: distribuição secundária de ações, conhecida como block trade. Não resulta em entrada de recursos na empresa. A transação secundária com lotes expressivos de ações se adota nos processos de transferência de controle acionário no mercado.

A subscrição pública de novas ações obedece ao fluxo indicado a seguir:

As características da operação de subscrição de ações novas são:

- a Empresa Emitente deve ter atratividade econômica

- o Intermediário Financeiro é o elo de ligação entre a empresa tomadora dos recursos e os agentes poupadores identificados no mercado primário (Investidores Institucionais)

- existem três tipos de operação de subscrição de ações:

• Tipo puro ou firme, quando a intermediadora financeira assume amplamente o risco da colocação das ações no mercado. Prevê a subscrição e integração do total das novas ações por parte da Instituição Financeira.

• Tipo residual (stand by): a Instituição Financeira não se responsabiliza pela integralização total das ações. Há um acordo para oferecer as ações durante certo tempo, findo o qual a intermediadora poderá subscrever o volume não negociado.

• Tipo melhor esforço (best effort): o risco da colocação corre por conta da sociedade emitente. A Instituição Financeira se compromete a dedicar seu melhor esforço para conseguir a colocação do maior número possível de ações no mercado.

- o preço de emissão da ação é importante para o sucesso da subscrição pública. É fundamental fixar um preço que viabilize a colocação integral das novas ações no mercado. O preço de subscrição muito baixo pode gerar o que a lei chama “diluição injustificada da participação acionária”. O preço menor que o preço de mercado torna o direito de subscrição do acionista um bom negócio.

- Direito de Subscrição é o direito de todo acionista de adquirir as ações novas emitidas por uma empresa na proporção de sua posição acionária. O valor teórico de mercado de uma ação após seu titular ter exercido seu direito de subscrição é:

onde:PEX = preço ex-direito de subscrição teórico

de mercadoPC = preço correntePS = preço de subscriçãoS = percentual de subscrição, por ação

antiga

O preço do direito de subscrição (Dir) se calcula pela diferença entre o preço corrente (PC) e o preço teórico (PEX) ou pela diferença entre o preço corrente (PC) e o preço de subscrição (PS), conforme indicado abaixo:

ou

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Exemplo: Uma empresa emitiu 10 milhões de ações, cujo preço de mercado é de R$ 1,15 por ação. A assembléia de acionistas autorizou um aumento de capital de 25%, ou seja, a subscrição de uma ação nova por cada quatro antigas. O preço das novas ações foi definido em R$ 1,07 por ação. Que direitos tem um acionista possuidor de 600.000 ações e quanto deve pagar pelas ações? Qual é o preço teórico da ação após a subscrição? Qual é o preço do direito de subscrição?

- Bonificação é o direito do acionista de receber ações, proporcionais aos títulos possuídos, em decorrência do aumento de capital social por incorporação de reservas patrimoniais, que pode ser processado das seguintes formas:

• Emissão de novas ações, chamada “bonificação em ações” e

• Alteração do valor nominal das ações (ou sem valor nominal), não havendo necessidade de emitir novos títulos.

Exemplo: Uma empresa tem R$ 300.000 de capital e R$ 200.000 de reservas patrimoniais. O seu patrimônio líquido é de R$ 500.000 e decide incorporar 60% das reservas ao capital social.

1ª) Ações com valor nominal: $1,00/ação

Antes = 300.000 x 1 = $ 300.000 Reservas $ 200.000

$ 500.000 Depois = 420.000 x 1 = $ 420.000 Reservas $ 80.000

$ 500.000

2ª) Alteração no valor nominal: 420/300 = $1,40

Capital = 300.000 x 1,40 = $ 420.000 Reservas $ 80.000

$ 500.000

- Desdobramento de ações ou Split é a emissão de novas ações em substituição às antigas, sem apresentar interferência no capital da empresa. É usado para dar maior liquidez aos papéis. Não deve ser confundido com bonificação em ações. O aumento da quantidade de ações por bonificação ou desdobramento não eleva o lucro, não diminui as despesas, não altera o fluxo de caixa nem a capacidade de geração de lucros da empresa.

- Mercado Primário: neste mercado ocorre a canalização direta dos recursos monetários superavitários para o financiamento das atividades das empresas, por meio da colocação inicial (venda) de ações. As empresas procuram recursos

Solução: Direitos = 0,25 x 600.000 = 150.000 açõesPreço a pagar = R$ 1,07 x 150.000 = R$ 160.500

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Economia e Finança para Gestores

para a consecução dos seus objetivos neste mercado.

- Mercado Secundário: nele são estabelecidas as renegociações entre os agentes econômicos, das ações adquiridas no mercado primário. Os valores destas negociações não são transferidos para o financiamento das empresas, sendo simples transferências de recursos entre os investidores. A Bolsa de Valores registra a transferência de propriedade dos títulos e valores mobiliários no mercado secundário, não determinando variações diretas sobre os fluxos de recursos das sociedades emitentes.

O objetivo básico das Bolsas de Valores é o de manter um local em condições adequadas para a realização, entre seus membros, de operações de compra e venda de títulos e valores mobiliários. São supervisionadas pela CVM - Comissão de Valores Mobiliários. O pregão é o local onde são realizadas as transações de compra e venda de ações. Opera das 10:00 horas às 13:00 horas e das 14:00 horas às 17:00 horas, em dias úteis. Os demais objetivos da Bolsa de Valores são:

• Preservar valores éticos nas negociações.

• Divulgação rápida e eficiente dos resultados das transações.

• Promover segura e eficiente liquidação das operações.

• Desenvolver sistema de registro e liquidação.

• Desenvolver sistema de negociação que proporcione segurança e liquidez aos títulos e valores.

• Fiscalizar o cumprimento das normas e disposições que disciplinam as operações em bolsas de valores.

As ordens de execução dos negócios na Bolsa são dos seguintes tipos:

• Ordem de mercado: não há qualquer limitação quanto ao preço da negociação, procurando o operador de bolsa executar a ordem recebida pelo

melhor preço possível identificado no momento da realização do negócio.

• Ordem limitada: estabelece um limite ao preço da negociação, fixando geralmente um preço mínimo para venda e um preço máximo para compra.

• Ordem casada: envolve a realização obrigatória de compra e outra de venda. A execução da ordem casada somente é possível se as duas transações puderem ser realizadas.

As modalidades de operação na Bolsa são:

• Operações a vista: pagamento da operação efetuado 3 dias após o fechamento do negócio. Nesse tempo a corretora recebe os títulos e os repassa ao investidor.

• Operações a termo: formalizadas por meio de contrato firmado entre comprador e vendedor, estipulando a liquidação do negócio em determinada data futura a um preço prefixado. Prazos de 16 a 999 dias são permitidos atualmente.

• Operações com opções: envolvem negociações de direitos de compra e venda de ações, a prazo e preço preestabelecidos. O comprador de uma opção, para exercer seu direito numa data futura, paga ao vendedor um prêmio. Pode negociar o prêmio no mercado.

O IBovespa é o índice que mede o desempenho médio dos preços de uma suposta carteira de ações, atualmente composta por 69 ações, refletindo o comportamento do mercado em determinado período. As variações são entendidas como a lucratividade.

A carteira deve ser representativa do mercado e atingir percentual expressivo do volume transacionado diariamente (cerca de 85%).

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Economia e Finança para Gestores

n = número de negócios a vista realizados com a ação

N = número total negócios realizados na bolsa no período

v = montante R$ dos negócios realizados com a ação no período

V = montante de todos os negócios realizados na bolsa no período

Principais Índices de Bolsas de Valores do mundo:

• Ibovespa: criado em 1968, com valor inicial = 100, mantém a mesma sistemática de cálculo até hoje.

• Dow Jones Industrial: constituído por uma carteira fixa de 30 ações.

• Nasdaq: índice da Bolsa Eletrônica de ações de empresas de alta tecnologia.

• Standard & Poor ou S&P: amostragem de 500 empresas.

• Nikkei: mais conhecido índice acionário japonês. Constituído por mais de 200 ações.

• Topix: substitui o Nikkei na bolsa de Tóquio, por ser mais abrangente e informativo.

• Financial Times Index: índice mais antigo adotado na Bolsa de Valores de Londres. Calculado pela média geométrica dos preços de uma carteira composta pelas mais representativas ações do mercado.

d) Debêntures: são títulos privados de crédito, emitidos por sociedades por ações e colocadas no mercado entre investidores institucionais. Visam o levantamento de recursos, por parte das empresas, com horizonte de vencimento de médio e longo

prazos. Podem ser emitidas das seguintes formas:

• Emissão privada: quando os investidores são identificados previamente, geralmente investidores institucionais.

• Emissão pública: por intermédio de intermediários financeiros constituídos por uma instituição ou um conjunto delas (pool), que se responsabilizam pela coordenação da colocação das debêntures junto aos investidores no mercado.

O lançamento público segue o mesmo procedimento do lançamento de ações e deve ser registrado e ter autorização da CVM. A emissão de debênture também é realizada na forma escritural, ou seja, não há emissão física do título, devendo ser registrada na Cetip/SND - Sistema Nacional de Debêntures. Essas operações exigem a existência de agente fiduciário, contratado para zelar pelos direitos dos debenturistas.

Existem dois tipos de debênture:

• Debênture Simples – título de renda fixa com taxa pré ou pós-fixada e prazos determinados.

• Debênture Conversível - concede a seu titular o direito de trocar os ativos possuídos por outros. As debêntures costumam ser emitidas com cláusula de conversibilidade em ações da empresa. No momento do resgate, o debenturista faz a opção de receber em dinheiro ou em ações. O valor da debênture conversível é formado de duas fontes de remuneração: debênture e conversão.

e) Securitização de Recebíveis são captações financeiras por meio de títulos emitidos pelos próprios tomadores de recursos. Este tipo de operação de mercado de capitais é realizado por empresas com

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Economia e Finança para Gestores

uma carteira pulverizada de valores a receber e que negocia essa carteira com uma empresa criada para essa finalidade, chamada de Sociedade de Fins Especiais (SFE) ou Sociedade de Propósito Específico (SPE), que levanta os recursos no mercado mediante a emissão de títulos (debêntures) lastreados nos valores a receber.

A SFE forma um caixa (títulos de longo prazo) para financiar os títulos de curto prazo. Essas operações também exigem um Agente Fiduciário (Trustee), nomeado para monitorar a situação da SFE e proteger os debenturistas.

f) Mercado de Bônus - o mercado internacional de divisas permite o levantamento de recursos por meio da emissão de títulos pelos próprios tomadores. As captações de recursos podem ser efetuadas pela emissão dos seguintes títulos principais: Commercial Papers e Bônus.

Bônus são títulos de renda fixa, representativos de dívidas de maior maturidade, emitidos diretamente pelos tomadores de recursos, que podem ser empresas privadas, governos e instituições públicas. Possuem, geralmente, garantia bancária e suas taxas podem ser fixas ou flutuantes, compostas da seguinte forma:

• Remuneração definida com base nas taxas dos Bônus do Tesouro dos Estados Unidos (T´Bond).

• Prêmio pelo risco ou default Premium, para compensar pela eventual insolvência do emitente. Esse prêmio inclui o risco País do emitente.

• Os adquirentes são investidores institucionais como fundos de pensão, instituições financeiras, governos, grandes corporações, fundos de investimento e similares.

• O emitente do título capta os recursos junto aos investidores, eliminando a presença de instituições financeiras nas funções tradicionais de reserva e fonte

natural dos fundos. Portanto, trata-se de uma operação de mercado de capitais, onde as instituições financeiras atuam como prestadoras de serviços, dentre os quais:

• Aproximação dos tomadores de recursos (emissores) com os investidores.

• Incorporação dos títulos à sua carteira de aplicações.

• Formação de pool de instituições, diluindo o risco da operação.

• Atuando no mercado secundário, dando liquidez ao título.

As dívidas atribuem risco aos bônus e, assim, é fundamental o processo de rating dessa dívida, ou seja, avaliação de risco que é atribuído a partir dos demonstrativos financeiros publicados e outras informações conjunturais e/ou setoriais, que expressam a qualidade da dívida em termos de inadimplência e garantias de crédito.

As principais empresas de rating, reconhecidas internacionalmente são a Standard & Poors e a Moodys (EUA) e a Fitch (Inglaterra).

Os títulos que representam dívidas de baixa qualidade são chamados junk bonds. A taxa de juros destes títulos é maior do que a de outros títulos. Os Bônus do Tesouro dos EUA são os únicos considerados sem risco (livre de risco).

Mercado Cambial

Segmento financeiro em que ocorrem operações de compra e venda de moedas internacionais conversíveis. Os operadores de câmbio, especialistas vinculados às instituições financeiras na função de transacionar divisas, são os profissionais responsáveis pela execução desses negócios. Os intermediários entre os operadores e os agentes econômicos interessados em comprar ou vender moeda são as corretoras de câmbio. As taxas básicas de juros utilizadas nessas operações são:

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Economia e Finança para Gestores

• Taxa LIBOR: taxa interbancária de juros de Londres e

• Taxa PRIME: taxa de juros cobrada pelos bancos norte-americanos aos clientes preferenciais.

As principais operações do setor externo da economia que geram negócios no mercado cambial são:

• Exportações (X): são as compras dos estrangeiros de nossos bens e serviços. São os gastos do setor externo com nossas empresas.

• Importações (M): são as aquisições de bens do exterior. Parte da renda gerada no país que “vaza” para fora.

• Renda enviada ao exterior: parte do que foi produzido internamente não pertencente aos agentes nacionais (Exemplo: capital e tecnologia). A remuneração desses fatores vai para fora do país, na forma de remessa de lucro, royalties (licenças de fabricação) e juros.

• Renda recebida do exterior: recebemos renda devido à produção de nossas empresas operando no exterior.

As relações de troca entre países devem ser efetuadas em uma única moeda, normalmente a moeda do país mais desenvolvido e forte financeiramente. A moeda mais utilizada nas transações de todos os países é o dólar norte americano.

Para tanto, é utilizada a Taxa de Câmbio, que é o preço da moeda (divisa) estrangeira em temos da moeda nacional ou vice-versa. No caso do Brasil, representa quanto se precisa da moeda nacional (Real) para se comprar uma unidade da moeda estrangeira. Seu preço é determinado pela oferta e demanda de divisas dentro do país.

No Brasil, o aumento da taxa de câmbio em relação ao dólar norte americano implica na desvalorização do Real (valorização do

Dólar) e a redução da taxa de câmbio implica na valorização do Real (desvalorização do Dólar).

Exemplo: • Momento 1 - US$ 1,00 = R$ 1,75• Momento 2 - US$ 1,00 = R$ 2,00 à

Desvalorização do Real• Momento 3 - US$ 1,00 = R$ 1,60 à

Valorização do Real

A oferta de divisas depende do volume de exportações e da entrada de capitais externos e a demanda de divisas depende do volume das importações e da saída de capitais externos (amortização de empréstimos, remessa de lucros, pagamentos de juros, etc.). Quando:

• a oferta de divisas > demanda de divisas - aumenta a disponibilidade de moeda estrangeira no país (desvalorização cambial)

• a oferta de divisas < demanda de divisas - diminui a disponibilidade de moeda estrangeira (valorização cambial)

Política Cambial – é o instrumento utilizado pelo governo para regular e equilibrar a oferta com a demanda de divisas externas, com vistas a manter o poder de compra da moeda nacional em relação à estrangeira.

A desvalorização cambial significa que os estrangeiros pagam menos pela moeda desvalorizada ou que os residentes do país que desvalorizou a moeda pagam mais por moedas estrangeiras. Uma desvalorização cambial estimula as exportações e desestimula as importações.

A valorização cambial significa que os estrangeiros pagam mais pela moeda valorizada ou que os residentes do país que valorizou a moeda pagam menos por moedas estrangeiras. Seus impactos são inversos ao de uma desvalorização, isto é, beneficia atividades relacionadas à importação e

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Economia e Finança para Gestores

desestimula atividades relacionadas à exportação.

A valorização cambial ou apreciação da taxa de câmbio torna a moeda nacional mais forte. Os importadores pagarão menos reais por dólar e tendem a importar mais, aumentando a concorrência com os produtores nacionais (âncora cambial) e gerando pressão pela queda dos preços internos. O aumento da eficiência produtiva, pelo aumento da competição, aliado a uma Política de Abertura Comercial (liberação de importação) poderá implicar nos seguintes custos:• Setor exportador - perde mercado

pelo alto custo relativo de seu produto. • Setores protegidos no país - passam

a sofrer concorrência do produto importado.

A desvalorização cambial ou depreciação da taxa de câmbio torna a moeda nacional mais fraca e pode proporcionar um aumento nas exportações e redução das importações. Contudo, esta situação poderá resultar em uma pressão sobre os custos de produção das empresas nacionais, uma vez que ocorre aumento no custo das importações, incluindo produtos essenciais, com demanda inelástica, como por exemplo: petróleo, produtos químicos e petroquímicos, etc. O custo para a economia do país que praticou a desvalorização cambial é:

Aumento do nível geral de preços – inflação de custos (pass-through)

O efeito benéfico sobre a economia do país é que a desvalorização da sua taxa de câmbio faz com que os investimentos externos no

país ganhem incentivos, dado que com o mesmo volume de moeda estrangeira, é possível ao aplicador estrangeiro adquirir maior número de recursos nacionais. Por outro lado, os empréstimos obtidos no exterior pela empresas sediadas no país encarecem, dificultando o pagamento da dívida.

Existem dois tipos principais de Sistemas Cambiais:

a)Taxasfixasdecâmbio- os bancos centrais fixam a taxa de câmbio e suprem todas as demandas por moedas estrangeiras que surgirem (via balança comercial, oscilações do mercado financeiro, pagamentos de dívidas externas públicas e privadas, etc.). Para tanto, utiliza suas reservas internacionais. Este sistema promove maior previsibilidade aos agentes do mercado e evita aumentos de preços de produtos importados, sendo, portanto, útil para controle da inflação.

b)Taxasdecâmbioflexíveis - a demanda e a oferta de moeda estrangeira determinam, livremente, a taxa de câmbio. Este sistema possui três variações:

Flutuação limpa onde não há nenhuma intervenção do Banco Central no processo de formação da taxa de câmbio.

Flutuação Suja (Dirty Floating) quando há intensa atuação do Banco Central, na compra e na venda de divisas, para manter a taxa de câmbio relativamente estável.

Mini-bandas cambiais que consiste em um regime flutuante, porém dentro de limites fixados pelo Banco Central.

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Economia e Finança para Gestores

Os governos utilizam outros instrumentos de Política Cambial, como segue:

• Estímulos e desestímulos às importações também podem ocorrer pela manipulação de alíquotas de importação. Tarifas elevadas tornam os produtos importados mais caros no mercado interno, o que por si só age como fator desestimulador das importações. Por outro lado, quando as tarifas são nulas ou pequenas há maior disposição para a importação do bem ou serviço.

CâmbioFixo CâmbioFlutuante(Flexível)Características • BC fixa a taxa de câmbio;

• BC é obrigado a disponiblizar reservas cambiais.

• O mercado determina a taxa de câmbio;

• BC não é obrigado a disponiblizar reservas cambiais

Vantagens • Maior controle de inflação (custo das importações).

• Política monetária mais independente do câmbio

• Reservas cambiais mais protegidas de ataques especulativos

Desvantagens • Reservas cambiais vulneráveis a atques especulativos;

• A política monetária (taxa de juros) fica dependente do volume de reservas cambiais.

• A taxa de câmbio fica muito dependente da volatilidade do mercado financeiro nacional e internacional;

• Maior dificuldade de controle das pressões inflacionárias, devido às desvalorizações cambiais.

As características, vantagens e desvantagens de cada sistema estão resumidas no quadro abaixo:

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Economia e Finança para Gestores

• Desestímulos a exportação de produtos essenciais ao mercado interno (priorizar o consumo local), por meio de tributação pesada sobre o setor em questão.

• O governo também pode estimular exportações por meio de incentivos fiscais, como isenções de impostos, recursos mais baratos e formas de subsídios.

• Controle Cambial define unilateralmente quem pode ou não trocar a moeda local por moeda estrangeira. Em geral, os governos adotam o controle de câmbio em momentos de crises econômicas, para evitar a fuga de divisas. Embora seja justificado no curto prazo, o controle cambial promove desconfiança da comunidade internacional, gerando ainda retaliação por parte dos outros países, e internamente facilita a corrupção.

No mercado cambial, são utilizadas frequentemente operações financeiras futuras e de arbitragem de câmbio, a saber:

• Na modalidade de operação cambial futura, a moeda é negociada no presente para ocorrer sua entrega efetiva no futuro. Esta operação permite a proteção contra eventuais variações da moeda no período considerado, eliminando os riscos cambiais tão comuns nos negócios do comércio internacional.

• As diferenças de cotações temporárias de uma moeda em diferentes centros financeiros permitem tirar vantagens através do processo chamado de arbitragem. São, normalmente, operações de prazo quase imediato.

Balanço de Pagamentos

Conceito: O Balanço de Pagamentos de um país é o registro contábil de todas as

operações desse país com o resto do mundo. Envolvem operações que representam:

- Créditos:• Exportações de Bens e Serviços• Recebimento de Doações e Indenização

de Estrangeiros• Recebimento de Empréstimos de

Estrangeiros• Recebimento de Reembolso de Capital

do Estrangeiro• Venda de Ativos para Estrangeiros• Recebimento de Fretes

- Débitos: • Importações de Bens e Serviços • Pagamentos de Doações e Indenizações

a Estrangeiros• Pagamentos de Capital Emprestado por

Estrangeiros• Reembolsos de Capital a Estrangeiros• Compras de Ativos de Estrangeiros• Pagamentos de fretes

A estrutura do Balanço de Pagamentos envolve dois grandes segmentos, como segue:

• Balança de Transações Correntes (balança comercial + balança de serviços + transferências unilaterais) - formada pelo fluxo de bens reais, movimentando bens e serviços, além lucros e dividendos.

• Balança de Capitais - formada pelo fluxo de moedas, crédito e títulos representativos de investimentos.

O resultado do Balanço de Pagamentos pode ser:

• Negativo, quando as saídas de recursos do país são maiores do que as entradas – Déficit. O déficit pode ser financiado com utilização das reservas internacionais ou mediante a captação de recursos no exterior (lançamento de títulos ou empréstimos).

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• Positivo, quando as entradas de recursos no país são maiores do que as saídas - Superávit. Nesse caso, os recursos são transferidos e acrescem as reservas internacionais.

A seguir, resumimos a estrutura de um Balanço de Pagamentos:

A – Balança de Transações Correntes (BTC ou Saldo em Conta Corrente do BP = A1 + A2 + A3)

A1 – Balança Comercial A1.1 – Exportações (FOB): débito

A1.2 – Importações (FOB): créditoA2 – Balança de Serviços e Rendas A2.1 – Transportes (fretes, etc) e

Seguros A2.2 – Viagens Internacionais e

Turismo A2.3 – Rendas de Capital (lucros,

dividendos, lucro reinvestido pelas multinacionais)

A2.4 – Royalties e outras licenças A2.5 – Diversos (serviços

governamentais – embaixadas, consulados, etc.)

Discriminação 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005

A1. Balança Comercial

10,5 (3,5) (5,6) (6,8) (6,6) (1,2) (0,7) 2,7 13,1 24,8 33,7 44,8

Exportações FOB

43,5 46,5 47,7 53,0 51,1 48,0 55,1 58,2 60,4 73,1 96,5 118,3

Importações FOB

(33,1) (50,0) (53,3) (59,7) (57,7) (49,2) (55,8) (55,6) (47,2) (48,3) (62,8) (73,6)

A2. Serviços e Rendas

(14,7) (18,5) (20,4) (25,5) (28,3) (25,8) (25,0) (27,5) (23,1) (23,5) (25,3) (34,1)

Juros (6,4) (8,2) (9,8) (10,6) (12,1) (15,2) (15,9) (14,9) (13,1) (13,0) (13,4) (13,5)

Lucros e Divid. (2,5) (2,6) (2,4) (5,6) (6,9) (4,1) (3,6) (5,0) (5,2) (5,6) (7,3) (12,7)

Viagens Intern. (1,2) (2,4) (3,6) (4,4) (4,3) (1,4) (2,1) (1,5) (0,4) 0,2 0,4 (0,9)

Royalties, fretes (4,6) (5,3) (4,6) (4,9) (5,0) (5,1) (3,4) (6,1) (4,4) (5,0) (4,9) (7,0)

A3. Transf. Uni-. Transf. Uni-lat.

2,4 3,6 2,4 1,8 1,5 1,7 1,5 1,6 2,4 2,9 3,3 3,6

A. BTC = A1+A2+A3

(1,8) (18,4) (23,5) (30,5) (33,4) (25,3) (24,2) (23,2) (7,6) 4,2 11,7 14,2

B. Capital e Fi-nanceira

19.1 29,1 34,0 25,8 29,7 17,3 19,3 27,1 8 4,4 (7,3) (8,8)

Investim. Dire-tos

8,1 4,7 9,4 17,1 26,1 30,1 29,8 24,9 16,6 10,1 18,2 12,7

Emprést/Fi-nanc.

11,0 24,4 24,6 8,7 3,6 (12,8) (10,5) 2,2 (8,6) (5,7) (25,5) (21,5)

C. Erros e Omis-sões

0,3 2,2 (1,8) (3,3) (4,3) 0,2 2,6 (0,5) (0,07) (0,1) (2,1) (1,1)

SBP = A+B+C 17,6 12,9 8,7 (7,9) (8,0) (7,8) (2,3) (0,5) 0,3 8,5 2,2 4,3

FONTE: Banco Central

(US$ bilhões)

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Economia e Finança para Gestores

A3 – Transferências Unilaterais Correntes (donativos)

B – Conta Capital e Financeira (Balança de Capitais)

B1 – Investimento direto líquido (instalação e participação do capital de multinacionais no país)

B2 – Re-investimentos de multinacionais já instaladas no país

B3 – Empréstimos e Financiamentos a Longo e Médio Prazo (Banco Mundial, etc)

B4 – Empréstimos de Curto Prazo B5 – Amortizações de Empréstimos e

Financiamentos B6 – Empréstimos de Regularização do

FMI (problemas de liquidez) B7 – Capitais de Curto Prazo

(aplicações no mercado financeiro)

C – Erros e Omissões

Saldo do Balanço de Pagamentos (A + B + C)

O Balanço de Pagamentos brasileiro apresentou o seguinte comportamento, até 2005:

Organismos Financeiros

Internacionais

Mudanças na economia após a Segunda Guerra Mundial levaram ao surgimento de órgãos de fomento ao desenvolvimento econômico e financeiro.

I. Acordo de Bretton Woods• Estabeleceu o padrão dólar-ouro,

consagrando o dólar como moeda internacional e baseando sua conversibilidade nas reservas de ouro.

II. Criação do Fundo Monetário Internacional - FMI

• Tem como objetivo promover a cooperação monetária entre as nações,

Países 1980 1990 1998ALEMANHA 28,7 30,8 25,7

ARGENTINA 8,0 7,5 11,7

AUSTRÁLIA 17,4 17,1 20,7

BRASIL 10,0 6,8 8,9

CANADÁ 27,4 25,4 40,6

CHILE 21,0 32,7 27,7

CHINA n.d. 15,7 20,1

COLÔMBIA 13,6 17,7 17,1

CORÉIA DO SUL 37,6 30,1 42,2

ESTADO UNIDOS 10,4 10,4 12,1

FRANÇA 22,1 22,5 24,7

ÍNDIA 8,3 8,4 11,9

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Economia e Finança para Gestores

ajudando quando ocorrem problemas conjunturais no Balanço de Pagamentos e estimulando o comércio internacional.

III. Criação do Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD (atual Bano Mundial)

• Instituição captadora e fornecedora de crédito para investimentos produtivos em países subdesenvolvidos.

IV. Acordo Geral de Tarifas e Comércio (GATT) – origem da OMC – Organização Mundial do Comércio

• Adoção de regras e instituições que regulam o comércio internacional, buscando torna-lo efetivamente livre.

Globalização

Conceito: é um processo em que os fluxos comerciais e financeiros internacionais crescem a taxas maiores que o próprio crescimento da economia mundial.

a) Globalização Comercial - O Grau de Abertura da Economia aumentou em quase todos os países, na década de 1990. Considerando a seguinte fórmula:

pode-se avaliar o grau de globalização comercial atingido pelos países, como segue:

b) Globalização Produtiva - produção e distribuição de valores dentro de redes em escala mundial, com o acirramento da concorrência entre grandes grupos multinacionais. Contribui para a melhoria do padrão de vida em escala mundial, mas exige a necessidade de maior atuação do Estado, especialmente na área de regulamentação para minimizar as suas consequências indesejáveis:

• Aumento do desemprego estrutural em muitos países

• Tendência de desnacionalização do setor produtivo

• Concentração da produção e comércio em grandes empresas

c) Globalização Financeira - crescimento do fluxo financeiro internacional, baseado mais no mercado de capitais que no sistema de crédito. São afetados por expectativas e políticas cambiais e monetárias. Principais características:

• perda da importância do crédito bancário e crescimento dos mercados de títulos

• crescimento dos chamados investidores institucionais (fundos de pensão, seguradoras, fundos mútuos etc.)

• processo de liberalização financeira• crescimento da participação dos

países emergentes nos mercados internacional de títulos (beneficiado pelas baixas taxas de juros nos países desenvolvidos)

• inovações financeiras: derivativos, modelos de risco etc.

• progressos na tecnologia de comunicação

Vantagens:Eleva a liquidez internacional: maiores

possibilidades de financiamento de déficits em transações correntes

No Brasil, a entrada de capitais de curto prazo teve uma vantagem adicional, ao possibilitar a valorização da taxa de câmbio, contribuindo para o sucesso do Plano Real (âncora cambial).

Desvantagens:Eleva a vulnerabilidade externa do país

frente a crises financeiras internacionais. Exemplo: vulnerabilidade da economia brasileira nos anos 90 – crises do México, dos Tigres Asiáticos, da Rússia, etc.

Taxas de câmbio e juros mais instáveisEfeito contágioConspira contra a globalização produtiva