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Matéria do 10º ano Unidade 1 – Porquê estudar a economia  A presença da economia na realidade Os fenómenos económicos  A Economia está presente no quotidiano, pois, grande parte dos nossos actos diários são económico s. Ao reflec tir mos sobre os aconte cimentos ocorri dos a nível nacional ou internacional que os meios de comunicação social relatam damo-nos conta, seguramente, da presença da economia. “Inflação bem, finanças públicas mal”, “prevêem-se despedimentos e enc erramento de fáb ricas”, “moeda única só com mais disciplina orç ame ntal”, são alguns exemplos de problemas noticiados que dizem respeito à Economia. Se prestarmos atenção aos nossos actos diários damo-nos conta de que grande parte deles são actos económicos relativos ao consumo, à produção, à acumulação de rendimento, ao investimento, etc. Durante o nosso dia-a-dia, quase todos os nossos actos são económicos relativos ao consumo de determinados bens e ser viç os par a sat isf azer as nos sas necessidades. Satisfazer as necessidades de consumo da população é um dos grandes problemas que se coloca às economias dos países. A Economia é a “ciência da escassez”. Mas também os nossos actos diários são económicos, no caso de um trabalhador, na medida em que esse indivíduo além de consumir é um produtor. Ser operário ou engenheiro numa fábrica, economista, médico ou ter qualquer outra profissão, são certamente actividades económicas produtoras de bens e serviços indispensáveis à nossa vida. Estes indivíduos produtores de bens e serviços recebem remunerações pelo seu trabalho, ficando parte do rendimento criado para o dono da empresa. Desse montante recebido, uma parte será gasta na aquisição de bens de consumo e outra, se possível, poupada e depositada no banco. Por sua vez, o banco com o dinheiro dos depósitos dos indivíduos poderá financiar o investimento de que as empresas carecem para o decorrer da sua actividade produtiva, pelo que remunerará o indivíduo que depositou as suas poupanças com um juro. A produção, a repartição do rendimento, o consumo e a acumulação são exemplos de aspectos da actividade económica.  A actividade económica encontra-se presente no nosso dia-a-dia e em grande parte dos nossos actos, competindo à Economia estudar os problemas que com ela se prendem para os tentar resolver. A interligação com outras ciências - O objecto da ciência económica - A observação e registo da realidade económica  A vida económica é muito importante e está fortemente presente na vida social. No entanto, a vida económica encontra-se intrinsecamente ligada a outros aspectos da nossa vida em sociedade. Por exemplo, a educação/ensino de uma população pode contribuir para que ela produza mais e melhor, dados os seus conhecimentos científicos e técnicos, a possibilidade de invest igar cientific ament e e de aplica r esses conhecimentos na produ ção e satis fação das necessidades da população. Mas para o Estado poder desviar recursos para a educação e ensino dos jovens terá de os ir buscar à economia. Temos assim dois domínios sociais em interdependência – economia e educação. Outro exemplo poderá ser dado pela estreita ligação entre a saúde e a economia. Quanto mai s ver bas for em des tin ada s à saúde, tanto no seu asp ecto pr eve nti vo como profiláctico, mais saúde a população terá e mais produtiva será. Da mesma forma, quanto maiores for em as pos sibilidades de um individuo adq uir ir uma habita ção con dig na, num ambiente saudável, bem servido de infra-estruturas, melhor será preservada a sua saúde e, consequentemente, mais elevado poderá ser o seu rendimento no trabalho. Devido à importância que a economia tem na vida dos indivíduos em sociedade, privil egia-s e muit as vezes a dimensão económica, esquecendo que ela se articula com outr as áreas da vida social. Por vezes surgem soluções exclusivamente económicas para os problemas que, esquecendo a dimensão social dos mesmos, podem causar graves danos às populações. Por exemplo, para aumentar a produtividade de uma empresa, podem-se substituir os operários

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Matéria do 10º ano

Unidade 1 – Porquê estudar a economia A presença da economia na realidadeOs fenómenos económicos

 A Economia está presente no quotidiano, pois, grande parte dos nossos actos diáriossão económicos. Ao reflectirmos sobre os acontecimentos ocorridos a nível nacional ouinternacional que os meios de comunicação social relatam damo-nos conta, seguramente, dapresença da economia. “Inflação bem, finanças públicas mal”, “prevêem-se despedimentos eencerramento de fábricas”, “moeda única só com mais disciplina orçamental”, são algunsexemplos de problemas noticiados que dizem respeito à Economia. Se prestarmos atenção aosnossos actos diários damo-nos conta de que grande parte deles são actos económicos relativosao consumo, à produção, à acumulação de rendimento, ao investimento, etc. Durante o nossodia-a-dia, quase todos os nossos actos são económicos relativos ao consumo de determinadosbens e serviços para satisfazer as nossas necessidades. Satisfazer as necessidades deconsumo da população é um dos grandes problemas que se coloca às economias dos países. AEconomia é a “ciência da escassez”. Mas também os nossos actos diários são económicos, nocaso de um trabalhador, na medida em que esse indivíduo além de consumir é um produtor. Ser 

operário ou engenheiro numa fábrica, economista, médico ou ter qualquer outra profissão, sãocertamente actividades económicas produtoras de bens e serviços indispensáveis à nossa vida.Estes indivíduos produtores de bens e serviços recebem remunerações pelo seu trabalho,ficando parte do rendimento criado para o dono da empresa. Desse montante recebido, umaparte será gasta na aquisição de bens de consumo e outra, se possível, poupada e depositadano banco. Por sua vez, o banco com o dinheiro dos depósitos dos indivíduos poderá financiar oinvestimento de que as empresas carecem para o decorrer da sua actividade produtiva, pelo queremunerará o indivíduo que depositou as suas poupanças com um juro. A produção, a repartiçãodo rendimento, o consumo e a acumulação são exemplos de aspectos da actividade económica.

 A actividade económica encontra-se presente no nosso dia-a-dia e em grande parte dos nossosactos, competindo à Economia estudar os problemas que com ela se prendem para os tentar resolver.

A interligação com outras ciências- O objecto da ciência económica- A observação e registo da realidade económica

 A vida económica é muito importante e está fortemente presente na vida social. Noentanto, a vida económica encontra-se intrinsecamente ligada a outros aspectos da nossa vidaem sociedade. Por exemplo, a educação/ensino de uma população pode contribuir para que elaproduza mais e melhor, dados os seus conhecimentos científicos e técnicos, a possibilidade deinvestigar cientificamente e de aplicar esses conhecimentos na produção e satisfação dasnecessidades da população. Mas para o Estado poder desviar recursos para a educação eensino dos jovens terá de os ir buscar à economia. Temos assim dois domínios sociais eminterdependência – economia e educação.

Outro exemplo poderá ser dado pela estreita ligação entre a saúde e a economia.

Quanto mais verbas forem destinadas à saúde, tanto no seu aspecto preventivo comoprofiláctico, mais saúde a população terá e mais produtiva será. Da mesma forma, quantomaiores forem as possibilidades de um individuo adquirir uma habitação condigna, numambiente saudável, bem servido de infra-estruturas, melhor será preservada a sua saúde e,consequentemente, mais elevado poderá ser o seu rendimento no trabalho.

Devido à importância que a economia tem na vida dos indivíduos em sociedade,privilegia-se muitas vezes a dimensão económica, esquecendo que ela se articula com outrasáreas da vida social. Por vezes surgem soluções exclusivamente económicas para os problemasque, esquecendo a dimensão social dos mesmos, podem causar graves danos às populações.Por exemplo, para aumentar a produtividade de uma empresa, podem-se substituir os operários

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por máquinas. Esta solução, embora aceitável do ponto de vista exclusivamente económico, éanti-social dado que, em princípio, irá causar desemprego tecnológico com todas asconsequências que esse problema acarreta. Naturalmente isso não significa que não se devammodernizar as empresas, procurando níveis mais elevados de competitividade, só que adimensão humana não deve ser esquecida. O mesmo se passará se para aumentar os lucros deuma empresa se utilizarem processos produtivos mais baratos, mas altamente poluentes para aregião. É efectivamente um processo gerador de mais riqueza, mas é agressor do ambiente e écontra a vida sã dos indivíduos. Assim, o estudo e resolução de problemas económicos obriga oseconomistas a terem em conta outras dimensões da vida social, como a preservação do meioambiente, o bem-estar das populações, o desenvolvimento articulado de regiões, etc. Nodomínio do social há uma interdependência entre o económico e as outras dimensões da vidahumana.

 A interdependência entre o domínio económico e os outros domínios sociais resultanteda complexidade da vida social é também evidente se alargarmos a análise para o nível mundial.Sabemos, pelas notícias veiculadas pelos órgãos de comunicação social e por filmes que temosvisto, que aquilo que acontece num país tem sempre, em maior ou menor grau, repercussão nosoutros países. Por exemplo, o derrube do Muro de Berlim, a unificação das duas Alemanhas e oprocesso de democratização dos países de Leste que tanta alegria trouxe aos defensores daliberdade e da democracia, vai obrigar a transferir verbas dos fundos da U.E. para as respectivaseconomias. Este facto poderá afectar a ajuda a outros países comunitários ou aos países do

Terceiro Mundo. Este exemplo pretende demonstrar que as economias, hoje, se encontramestreitamente ligadas, isto é, interdependentes, fazendo com que qualquer acontecimento numadelas tenha sempre consequências sobre as restantes. A este fenómeno damos o nome deglobalização, que decorre da problemática económica ter atingido a dimensão mundial(mundialização da economia). Deste modo, o estudo de qualquer problema económico nacionalobriga, naturalmente, a pensar nessa economia em inter-relação com as outras e não isolada docontexto mundial. De facto, o mundo contemporâneo é um mundo de interdependências e éessa característica fundamental que devemos ter presente na análise da problemática social.

Para que uma disciplina possa ser considerada uma ciência deve-se verificar trêscondições: ter um campo de estudo especifico, isto é, ter um objecto de   estudo; ter umaterminologia própria, isto é, possuir um corpo de conceitos específicos; utilizar o métodocientífico na pesquisa. A Economia tem por objecto os fenómenos económicos como por 

exemplo, a produção, o consumo, o comércio, o desenvolvimento, a acumulação, etc. Osfenómenos económicos traduzem-se em comportamentos ou situações geradas pela e na vidacolectiva dos povos. Assim, pelo facto de estudar parte da realidade decorrente da vida social, aEconomia é uma ciência social. A Economia procurará dar resposta aos problemas da criação erepartição da riqueza, da organização social da produção, da maximização da satisfação dasnecessidades da população, do desenvolvimento integrado do país, etc.

 A Economia tem uma terminologia própria, cuja utilização permite o entendimento docampo de estudo de que se ocupa. Assim, termos como poupança, economias de escala,investimento, juro, procura, oferta, mercado, etc., pertencem à terminologia da ciênciaeconómica.

 A Economia utiliza o método científico que lhe confere o estatuto de ciência. Tem umaatitude científica a que corresponde um método particular de pesquisa – o método científico. Ométodo científico caracteriza-se pelo facto da pesquisa percorrer as seguintes etapas: a

observação, a experimentação, a formulação de hipóteses explicativas e a conclusão. Estudar oque acontece de uma forma objectiva é ter uma atitude científica. Ao percorrer as diferentesetapas do método científico e uma vez confirmada a relação existente entre a hipóteseconcebida e os dados recolhidos, poderemos tirar a conclusão e formular uma lei explicativa docomportamento económico. Explicada a lei, isto é, encontrada a relação causal entre asvariáveis, teremos uma explicação pronta para dar resposta a situações que se enquadrem nodomínio da lei. No campo das ciências sociais a validade da lei é mais limitada, representandoapenas tendências comportamentais. A nível individual a lei pode não se verificar, mas a nívelglobal, ela verifica-se. Mas, esta observação não tira o carácter científico às leis sociais.Pretende-se apenas salientar que tratando-se de comportamentos humanos onde a liberdade é

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uma premissa, as leis apenas poderão indicar grandes linhas de conduta e não a verificaçãocaso a caso. Por exemplo, quando na Lei da Procura se afirma que a procura dos indivíduosvaria inversamente ao nível dos preços, não se pode garantir que todos os indivíduos terão essecomportamento, contudo, no conjunto dos indivíduos que constituem a sociedade, essecomportamento verificar-se-á.

 A Economia sozinha não nos poderá dar respostas completas aos problemas por elaestudados. Os problemas económicos ao resultarem da vida social são, antes de mais,problemas sociais. Numa perspectiva de abordagem mais abrangente, deveremos conjugar asexplicações dadas pela Economia com as produzidas por outras ciências sociais capazes de dar respostas aos problemas em estudo. Por exemplo, o desenvolvimento económico de uma regiãonão pode ser só estudado pela Economia. O estudo profundo da realidade exige o recurso avarias ciências. Neste caso específico, a Geografia deverá proporcionar dados importantes comoas características do solo e do clima, etc. A Demografia poderá esclarecer acerca dascaracterísticas populacionais da região, etc. Desse modo, ao abordarmos a problemáticaeconómica, deveremos ter sempre presente que esta é apenas uma faceta do assunto queestamos a tratar devendo o seu estudo complementar ser entregue a outras ciências sociaiscapazes de enriquecer a perspectiva exclusivamente económica. Outras ciências, não sociais,são também imprescindíveis ao estudo da realidade económica, como a Matemática e aEstatística. A Economia é uma ciência social que deverá estudar de uma forma articulada com

outras ciências sociais a problemática económica tendo em vista o bem-estar e o progresso daHumanidade.

Unidade 2 – A Actividade Económica e os Agentes Económicos

Tema 1Conceitos Básicos:- Necessidades e Bens: sua classificação

Necessidades e sua classificação

O objectivo da actividade económica é satisfazer as necessidades através da produção.O termo necessidade é utilizado muito frequentemente no nosso quotidiano e designa,

geralmente, um estado de carência ou de mal-estar que se sente pela falta de qualquer coisa oupela não realização de qualquer acto, por exemplo, a necessidade de comer ou de ir ao cinema.Contudo, na terminologia económica, a noção de necessidade engloba tudo aquilo que sedeseja, desde uma refeição num restaurante até uma jóia mais cara. As necessidades renovam-se e diversificam-se constantemente, podendo ser consideradas ilimitadas. Apresentam aindaoutras características tais como a multiplicidade, pois os indivíduos desejam cada vez maiscoisas, para além daquelas que são indispensáveis à sua sobrevivência; a saciabilidade, ouseja, a intensidade de uma necessidade diminui à medida que é satisfeita; a interdependência,isto é, as necessidades ou são substituíveis umas pelas outras, por exemplo, o cinema peladiscoteca, ou são complementares, como é o caso do automóvel e da gasolina.

 A classificação das necessidades pode ser feita de acordo com os seguintes critérios: anatureza das necessidades, o modo de satisfação das necessidades e o custo dasnecessidades. Assim, de acordo com estes critérios, teremos a seguinte classificação das

necessidades:

• Critério da natureza das necessidades:

- Necessidades primárias: são aquelas cuja satisfação é indispensável para assegurar asobrevivência do indivíduo (alimentação, vestuário, etc.)

- Necessidades secundárias: dizem respeito a tudo aquilo que é necessário, mas não éindispensável à sobrevivência do ser humano (leitura, divertimentos, etc.)

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- Necessidades terciárias: compreendem o supérfluo (por exemplo, as jóias, os perfumes, etc.)

 As necessidades variam de país para país, de modo de vida para modo de vida e, dentroda mesma sociedade, variam consoante os grupos sociais. Assim, enquanto na Alemanhapossuir um frigorifico é considerada uma necessidade primária, nos países subdesenvolvidos talnecessidade pode ser considerada um “luxo”. Igualmente as necessidades variam no tempo.Com efeito, muitas das necessidades primárias dos nossos dias, eram há décadas atrásconsideradas supérfluas.

• Critério do modo de satisfação das necessidades:

- Necessidades individuais: são aquelas cuja satisfação é pessoal. No entanto, a sua nãosatisfação individual não impede que os outros membros da colectividade satisfaçam essamesma necessidade (o facto de um individuo ter fome não significa que tal aconteça a todos osmembros da colectividade).

- Necessidades colectivas: são aquelas que resultam da vida em sociedade e dizem respeito atodos os seus membros. Estas necessidades são satisfeitas por bens necessários a toda acolectividade (necessidade de segurança, de justiça, etc.)

Estas duas categorias de necessidades são interdependentes, pois para a colectividadese interessar por exemplo por comprar carro (uma necessidade individual), é necessário que asinfra-estruturas como as estradas (necessidade colectiva) estejam ao nível dessa satisfação.

• Critério do custo das necessidades:

- Necessidades não económicas: são aquelas cuja satisfação não implica o dispêndio demoeda (por exemplo, a necessidade de respiração, pois nada pagamos pelo ar)

- Necessidades económicas: as necessidades não económicas são uma excepção porquegeralmente somos obrigados a dispender moeda para satisfazer as nossas necessidades

Bens e sua classificação

Podemos dizer que um bem é tudo aquilo que se utiliza para satisfazer as necessidadesdo Homem. Contudo, nem todos os bens que satisfazem necessidades são bens económicos.Por exemplo, como já vimos, o ar que respiramos existe em quantidades ilimitadas e por isso osconsumidores nada pagam para o obter – é um bem livre, isto é, um bem que satisfaznecessidades não económicas. No entanto, a maior parte dos bens existe em quantidadeslimitadas e o Homem necessita de desenvolver um esforço para os obter através da produção.Estes bens, que satisfazem necessidades económicas, designam-se por bens económicos.

Os bens económicos podem ser objecto de diferentes classificações, de acordo com osseguintes critérios: a natureza física dos bens, a utilização dos bens, a duração dos bens eas relações entre os bens. Assim, teremos a seguinte classificação dos bens:

• Critério da natureza física dos bens:

- Bens materiais: os bens podem assumir uma forma material, tais como uma cadeira, umamáquina, etc.

- Serviços: os bens podem, no entanto, não se concretizar num objecto físico, limitando-se aconstituir um acto, ou seja, um serviço, como os serviços prestados pelos Bancos e pelasCompanhias de Seguros.

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• Critério da utilização dos bens:

- Bens de produção: são bens que permitem produzir outros bens, por exemplo, o tear utilizadona indústria têxtil.

- Bens de consumo: são bens que satisfazem de imediato as necessidades dos consumidorescomo a alimentação, vestuário, serviços, etc.

• Critério da duração dos bens:

- Bens duradouros: são aqueles cuja utilização se estende por um período de tempo bastantelongo – é o caso das empilhadoras, das televisões, etc.

- Bens não duradouros: são os bens que são destruídos durante o acto de utilização – por exemplo, o pão, as bebidas, etc.

• Critério das relações entre os bens:

- Bens substituíveis: são aqueles que podem ser substituídos uns pelos outros para satisfazer a mesma necessidade – o café pela chicória ou o vinho pela cerveja

- Bens complementares: são os bens que só satisfazem a necessidade a que se destinamdesde que utilizados conjuntamente com outros bens – caso do automóvel e a gasolina

Relação bens/necessidades:- O Problema Económico:

Necessidades múltiplas/bens escassosA escolha e a racionalidade económica

 A noção de escassez permite definir os bens económicos: um bem económico é um bemraro relativamente às necessidades que dele se sentem, porque são raros. Os bens económicostêm um valor que é medido por um preço. Os bens não escassos, aqueles cujas quantidadessão muito abundantes relativamente às utilizações que deles se fazem, são bens livres (a águado mar, a areia do deserto) que não tem preço. A analise económica preocupa-se com aprodução, a repartição e o consumo dos bens e serviços que são escassos ou, maisprecisamente, dos bens e dos serviços produzidos com a ajuda de recursos produtivos (trabalho,matérias-primas) que são eles próprios escassos. Por exemplo, se o progresso técnico permitehoje em dia fabricar automóveis em grande escala e de uma forma automática, esta produçãoexige aço, vidro, borracha, utensílios, horas de trabalho…, tudo recursos que podem fazer faltapara fabricar tractores, alojamentos ou bicicletas. Produzir automóveis em grande escala é, pois,renunciar a produzir outros bens.

Todos sentimos um grande número de necessidades. Por isso se fala de umamultiplicidade de necessidades. Quaisquer que sejam as necessidades que sintamos, verifica-se

que todos somos levados a procurar a sua satisfação. Porém, as necessidades são concorrentesumas com as outras, na medida em que a satisfação de umas impede ou dificulta a satisfação deoutras. A mesma situação acontece a nível mundial, dada a natureza escassa dos recursosexistentes e a infinidade das necessidades humanas. Assim, todos nós elaboramos, com maior ou menor rigor, consciente ou inconscientemente, uma escala de preferências quanto àsnecessidades a satisfazer. Deste modo, dispomo-las por ordem decrescente de intensidade e deurgência, para sabermos qual a ordem por que devem ser satisfeitas. Uma vez realizado oescalonamento das necessidades a satisfazer, irão encontrar-se os bens e serviços aptos paraas suprir. Este facto permite falar de uma qualidade dos bens que é a sua utilidade. Um bem

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pode considerar-se útil se for susceptível de satisfazer uma necessidade. Naturalmente, todas asquestões que se prendem com a existência de necessidades e sua satisfação são deincomparável importância quando se ultrapassa a escala individual e nos orientamos para acolectividade: os recursos naturais são escassos, muitos deles não renováveis, enquanto que asnecessidades individuais e colectivas acompanham o desenvolvimento e são ilimitadas. Estamospois em presença de uma situação contraditória: de um lado a multiplicidade das nossasnecessidades, de outro, a escassez de recursos capazes de as satisfazer. Deste facto revela aindispensabilidade de optar entre as diversas necessidades, no sentido de satisfazer, emprimeiro lugar, as urgentes e de realizar um inventário dos recursos existentes e encontrar aforma de os afectar à satisfação daquelas necessidades. Dependendo das respostas dadas àsnossas necessidades, estaremos ou não a comprometer a sobrevivência das gerações futuras –tudo depende de, no quotidiano, se fazerem realmente as opções certas, no sentido demaximizar a satisfação das necessidades individuais e colectivas, mas garantindo a liberalizaçãode recursos que permitam continuar a produzir bens e serviços capazes de satisfazeremnecessidades de gerações vindouras. Não esqueçamos que um dos mais importantes actos daactividade económica é exactamente este acto de acumular, pois só a acumulação permite acontinuidade do processo produtivo.

Evolução Histórica da Actividade Económica

 A actividade económica das primeiras comunidades era muito simples. Com efeito, oHomem, para satisfazer as suas necessidades essenciais, limitava-se a caçar, pescar e recolher frutos e raízes – era um recolector . Uma vez esgotados estes recursos deslocava-se para outrolocal – era um nómada. Passaram-se muitos milhares de anos. Há cerca de 10 000 anos, adescoberta da agricultura e a criação de animais provocaram grandes transformações navida do Homem. A agricultura e a criação de gado são responsáveis pelo processo desedentarismo do Homem. Estas novas actividades permitiram que o Homem passasse a ser umprodutor . Assim se foram criando condições para que se produzisse um excedente dealimentos relativamente às necessidades e estes tornaram-se objectos de troca entre os homens

 – revolução neolítica.Houve evolução na agricultura e criação de gado motivada pelo melhoramento dos

instrumentos de trabalho – foram descobertos nesta altura e utilizados metais como o cobre, obronze e o ferro contribuindo para esta evolução.

 A criação de excedentes está, contudo, na origem do aparecimento de desigualdadessociais isto porque a apropriação dos excedentes irá provocar divisões. Estas divisões irão dar origem ao Estado, forma de organização politica para manter a ordem. A actividade económicaque passou a basear-se, em grande parte, no trabalho de escravos, originou a acumulação deriquezas. Depois este modelo estagnou devido à decadência da produção. Os proprietários nãoutilizavam novas técnicas de produção devido à aparente rentabilidade da mão-de-obra dosescravos. Com o fim do Império Romano do Ocidente, a economia europeia sofreu profundasmodificações. A circulação dos homens e as comunicações comerciais tornaram-se mais difíceis.

 As relações comerciais, marítimas e terrestres diminuíram e a produção agrícola e artesanalpassou a limitar-se às produções de auto-subsistência, consumidas nos domínios. Aqui se iamdefinindo relações de dependência entre os homens. Criava-se a sociedade feudal. Neste novotipo de sociedade os servos tomam o lugar dos escravos na manutenção das exploraçõesagrícolas. Os servos eram obrigados a entregar aos senhores feudais prestações em espécies

de rendas ou dinheiro. Estes cada vez exigiam mais e assim os servos sem condições desobrevivência devido ao facto dos senhores feudais ficaram com o excedente da produção todo,migraram em massa para as cidades. O suporte de toda a actividade económica – o trabalho dosservos – enfraquece e o sistema entra em crise. Na Idade Média o comércio desenvolveu-se eas cidades cresceram. Surge um novo grupo que enriquece e se desenvolve junto à nobreza – aburguesia. A burguesia surge ligada a novas actividades da cidade, actividades não agrícolas,como o artesanato, indústria primitiva (minas, trabalho de lã, metalurgia). É a vida urbana que vaipermitir as primeiras manifestações de capitalismo na Idade Média, pelo menos na sua forma decapitalismo comercial. Com efeito, é o comércio que, apoiado numa indústria nascente,permite a acumulação de excedentes, que formam a base do poder da burguesia. Estavam

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lançadas as bases da sociedade capitalista que constitui hoje o modo de organização socialdominante e se caracteriza por: propriedade privada dos meios de produção, dos resultados daprodução, produção essa para venda, com o objectivo de obter um lucro e utilização da força dotrabalho assalariado durante o processo produtivo, mediante uma remuneração – o salário. Ocapitalismo não deixou de evoluir até aos nossos dias tendo já ultrapassado a dimensãonacional. Efectivamente o cenário económico é, hoje, o de mundialização e interdependênciaentre as economias.

Os Agentes Económicos

 A actividade económica é o conjunto de tarefas realizadas pelos homens com vista aassegurar a sua sobrevivência – produção, distribuição, repartição, acumulação e consumo.

Quando se analisa a actividade económica interessa considerar o comportamento doconjunto de agentes que intervêm no processo produtivo, para termos uma visão global darealidade económica. Agente económico é todo o indivíduo que desempenha pelo menos umafunção na actividade económica. Existem duas espécies de agentes económicos, os micro-sujeitos, unidades individuais de produção (empresa) ou de consumo (individuo/família), e osmacro-sujeitos que agregam todas as unidades individuais que exercem a mesma função, noâmbito da actividade económica. Nesta situação, quando falamos, por exemplo, em Famílias ouem Empresas, queremos referir o conjunto de todas as famílias e de todas as empresas de

determinado país ou região. À Economia interessa o comportamento dos macro-sujeitos. Os agentes económicos

são as Famílias, cuja principal função na actividade económica é de consumir, as Empresascuja função principal é a produção de bens e serviços não financeiros, as InstituiçõesFinanceiras que prestam serviços financeiros, como o financiamento aos que pretendemproduzir, adquirir algo e não o conseguem suportar por si, onde depositamos as nossaspoupanças, a Administração Pública (Estado), que garante a satisfação das necessidadescolectivas da população e o Resto do Mundo (Exterior) com os quais trocamos bens, serviços ecapitais, pois nenhum país sobrevive sozinho, estabelecendo-se relações com os restantespaíses.

Tema 2Famílias e Consumo

Noção e tipos de consumo

 A actividade económica tem como objectivo a produção de bens e serviços que sedestinam à satisfação das necessidades. É através do consumo que o homem satisfaz as suasnecessidades. Podemos dizer que o consumo consiste na utilização de um bem ou de umserviço para a satisfação de uma necessidade. O consumo não se restringe, unicamente, àsfamílias, pois também as empresas e outros agentes económicos efectuam consumos que sãonecessários à sua actividade. Podemos distinguir o consumo final e o consumo intermédio.Consumo Final, quando um produto permite a satisfação directa e imediata das necessidades.Constitui consumo final a aquisição de umas calças, o refrigerante que bebemos, o espectáculoa que assistimos. Consumo Intermédio, quando os bens são utilizados no decorrer do processode produção de outros bens. Isto pode ocorrer quer pela incorporação desses bens (matérias-

primas) nos produtos acabados (por exemplo, a farinha no fabrico do pão), quer pela destruiçãodesses bens (matérias-subsidiárias) no processo de produção (por exemplo, a energiaeléctrica na produção do pão). Podemos dizer, então, que o consumo intermédio está maisdirectamente relacionado com o processo produtivo, enquanto que o consumo final está maisrelacionado com o consumo das famílias.

 As famílias, enquanto agentes económicos, utilizam o rendimento que obtêm naactividade produtiva, na compra dos bens e serviços de que precisam para satisfazer as suasnecessidades (alimentação, vestuário, etc.). É pois, no consumo que se dispende a maior partedo rendimento das famílias. Este consumo, que constitui a quase totalidade do consumoprivado, apresenta valores muito elevados, comparativamente ao consumo do Estado, o

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consumo público ou colectivo. Outro tipo de consumo é o auto-consumo, as famíliassatisfazem necessidades com produtos produzidos por si. O consumo é fundamental para odesenvolvimento da actividade económica de qualquer sociedade. O consumidor é o motor dequalquer economia. O consumo não é apenas um acto económico, é, também, um acto socialque reflecte hábitos, costumes, sistemas de valores, etc.

 A maioria das famílias destina uma parte do seu rendimento à poupança. Rendimento –consumo e poupança; o acto de consumir condiciona o acto de escolher. O consumo implicaescolhas entre bens alternativos. Estas escolhas irão ter repercussão sobre a actividadeeconómica e em especial sobre a produção. Cada indivíduo faz parte de um enorme sistemaeconómico. As opções de consumo têm efeitos sobre o sistema produtivo, determinando asestruturas de consumo, ou seja, a repartição percentual dos gastos de consumo por diversosgrupos de bens e serviços. Esta repartição está condicionada também pelo nível dedesenvolvimento da actividade económica. O consumo é também um indicador do bem-estar dapopulação. A estrutura de consumo dos agregados familiares por grupos de despesa(alimentação, serviços médicos, cultura, etc.) varia consoante o nível de desenvolvimento e derendimento. As estruturas de consumo traduzem-nos então o nível de vida.

Factores de que depende o consumo- Económicos e Sociais

São muitos os factores que influenciam o consumo. Estes factores podem ser económicos e sociais.

Factores Económicos

- rendimento- nível dos preços- inovação cientifica e tecnológica

Rendimento: o Rendimento de que se dispõe influencia o consumo. Engel demonstrou que ocoeficiente orçamental das despesas alimentares, isto é, o peso das despesas da alimentaçãonas despesas totais de consumo, decresce quando o rendimento se eleva – é a chamada Lei de

Engel. Este coeficiente orçamental exprime-se pela seguinte razão:

Coeficiente Orçamental = Valor das despesas alimentares x 100das despesas alimentares Despesas totais de consumo

Exemplo:

Um indivíduo com um rendimento mensal de 500 euros, poderá apresentar a seguinte estruturado consumo:

Rubricas de Despesas Despesas Coeficientes Orçamentais

 Alimentação 200 euros 40% Alojamento 100 euros 20%Vestuário e Calçado 50 euros 10%Transportes 50 euros 10%Diversos 100 euros 20%TOTAL 500 euros 100%

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Se, por hipótese, este individuo passar a ter um rendimento mensal de 1000 euros, a estruturado consumo poderá ser a seguinte:

Rubricas de Despesas Despesas Coeficientes Orçamentais Alimentação 300 euros 30% Alojamento 100 euros 10%Vestuário e Calçado 200 euros 20%Transportes 150 euros 15%Diversos 250 euros 25%TOTAL 1000 euros 100%

Neste exemplo, um aumento do rendimento originou um aumento, em valor absoluto,das despesas alimentares de 200 euros para 300 euros, mas, em valor relativo, verifica-se umadiminuição de 40% para 30% do peso das despesas alimentares nas despesas totais deconsumo. Foi a esta constatação a que chegou Engel.

Nível dos Preços: a quantidade de um bem que o consumidor está disposto a comprar, e quetem possibilidade de pagar, depende, fundamentalmente do preço desse bem.

 Assim, se o preço de determinado bem aumenta, o seu consumo diminui e, pelo contrário, sediminuir o preço, o seu consumo aumentará. O consumo de determinado bem também poderádepender dos preços dos outros bens. Se os bens forem substituíveis (ou sucedâneos), oaumento do preço de um deles vai levar ao aumento do consumo do outro, bem como adiminuição do preço de um deles vai provocar uma diminuição do consumo do outro. Por exemplo, o aumento do preço da manteiga provoca um aumento do consumo da margarina.Logo, a manteiga e a margarina são bens substituíveis. Se os bens forem complementares, asubida do preço de um deles leva, normalmente, à diminuição do consumo do outro. Igualmente,se diminuir o preço de um dos bens, verificar-se-á um aumento no consumo do outro bem. Por exemplo, o aumento do preço dos automóveis pode originar uma diminuição do consumo dagasolina. Assim, o automóvel e a gasolina são bens complementares.

Inovação Tecnológica e Cientifica: a inovação científica e tecnológica concretizou-se noaparecimento de novos bens e serviços. Estes passam a fazer parte dos hábitos de consumo deuma percentagem cada vez maior da população. No entanto, estes novos consumos traduziram-se, muitas vezes, no decréscimo ou desaparecimento do consumo de outros bens e serviços.Por exemplo, a generalização da televisão a cores levou quase ao desaparecimento do consumoda televisão a preto e branco.

Factores Sociais (extra-económicos)

- factores demográficos- meio onde se vive- factores sociais e culturais (modos de vida, grupos sociais e profissionais, moda, publicidade)

Factores Demográficos: a estrutura da população, em especial a sua composição etária (por idades) e a constituição dos agregados familiares, também influenciam os modelos de consumo.Com efeito, os indivíduos jovens, que habitam sós, têm hábitos de consumo que reflectem umavida voltada para o exterior. Isto é, comem muitas vezes em restaurantes e consagram,possivelmente, uma parte importante do seu orçamento às despesas de cultura e dedivertimentos. Por outro lado, o orçamento dos jovens casais será, mais provavelmente, utilizadona compra de equipamento para a casa ou na compra de um automóvel, em detrimento,porventura, dos gastos em cultura e divertimentos. Nos grupos etários de idade mais avançada,o orçamento dos idosos, em geral reduzido (reforma), é, em grande parte, gasto em despesas de

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saúde. Em síntese, poder-se-á afirmar que as disparidades de consumo entre as famílias estãointimamente ligadas à sua estrutura etária. De facto, os jovens celibatários não têm os mesmospadrões de consumo que os casais ou que os idosos.

Meio onde se vive: o meio onde se vive pode influenciar, também, as despesas de consumo,nomeadamente as de alimentação. Com efeito, enquanto nos meios rurais o auto-consumo éainda muito importante e o consumo nos restaurantes reduzido, nos meios urbanos tal nãoacontece, sendo elevados os consumos nos restaurantes e em alimentos pré-confeccionados.Também a localização geográfica influencia a estrutura do consumo. Por exemplo, algunsconsumos próprios de um país de clima frio, normalmente não se efectuam num pais de climaquente, como é o caso dos casacos de peles.

Factores sociais e culturais:

- modos de vida: o modo de vida pode ser entendido como o quadro no qual cada um organizaa sua vida e este irá determinar as suas preferências de consumo (estrutura de consumo). Por isso, na análise dos modos de vida verificamos que, por exemplo, os Japoneses preferem peixecru e os muçulmanos não comam carne de porco. De facto, os indivíduos não podem ser isolados do seu contexto social e cultural, pois são estes que determinam as normas e oscomportamentos que irão reger a sua vida.

- grupos sociais e profissionais: os modos de vida também variam consoante os grupossociais ou grupos profissionais em que o individuo se insere. Ser assalariado ou ser profissionalindependente, ter um nível de instrução mais ou menos elevado, etc., tudo isto enforma osgostos e os comportamentos dos consumidores e por conseguinte a sua estrutura de consumo.O consumo poderá, então, ser considerado um indicador do status social do indivíduo. De facto,usar roupas de um costureiro de renome e gravatas de seda, residir numa vivenda de luxo, sãoconsumos que denotam um determinado estatuto social. Mas, tem-se assistido a umahomogeneização do consumo. Esta surge, nomeadamente, com a tendência para a redução dasdesigualdades dos rendimentos, com a baixa do preço de muitos produtos em consequência daprodução em série, com o crédito ao consumo, com o impacto da publicidade, etc. Há umatentativa de imitação dos grupos sociais de rendimentos mais elevados por parte dos grupossociais de rendimentos mais baixos. Este fenómeno denomina-se efeito de demonstração ou

imitação. Por exemplo, um novo produto é consumido a princípio por um grupo mais reduzido edepois este generaliza-se ao resto da sociedade, como é o caso dos telemóveis.

- moda: existem valores dominantes num determinado período que levam as pessoas aconsumir, como a moda. Através da moda, as empresas suscitam novas necessidades nascategorias sociais superiores, que depois se generalizam a toda a população (pelo efeito deimitação), quando os preços baixam.

- publicidade: a publicidade consiste em pôr em pratica diversos processos que têm por objectivo fazer com que os consumidores conheçam e desejem determinado produto. Os meiosaudiovisuais são os meios que a publicidade privilegia: imprensa, rádio, televisão. A publicidadeprocura associar determinado bem de consumo a representações que atraiam o consumidor eque sejam do seu agrado. A publicidade utiliza técnicas que condicionam psicologicamente o

consumidor, levando-o à aquisição do produto.A Sociedade de Consumo

 A Sociedade de Consumo tem a sua origem na expansão industrial (revolução industrial)e caracteriza-se pela abundância e variedade de bens e serviços postos à disposição dosconsumidores. Nesta sociedade, os incentivos ao consumo são diversos e renovam-se. Comefeito, as facilidades de crédito e a publicidade induzem o consumidor à aquisição de um númerocada vez maior de produtos. Nesta sociedade, poderemos dizer que a produção condiciona oconsumo, através depois da publicidade e afins que leva o consumidor a consumir 

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desaforadamente. Por outro lado, também o consumo incontrolável de matérias-primas que nãosão renováveis, pode levar ao seu esgotamento, com prejuízo para toda a humanidade (por exemplo, o petróleo, a floresta amazónica, etc.). Todo este comportamento, que leva aoconsumo sem critério e por vezes até perigoso, é normalmente designado de consumismo, oconsumo pelo consumo. Face a este consumo incontrolado as instituições responsáveis têmadoptado medidas legislativas para proteger quer o consumidor, quer o meio ambiente. Destemodo, tem-se vindo a promover a consciencialização dos consumidores no sentido deconsumirem racionalmente – consumerismo. Cada vez mais é imprescindível defender oconsumidor e promover nele o consumo do que precisa e não o consumo pelo consumo. Emconsequência, nos últimos anos, temos vindo a ser ajudados por  organismos de defesa doambiente e do consumidor , que pretendem contribuir para uma maior racionalidade no acto deconsumir. Em Portugal temos o INDC (Instituto Nacional de Defesa do Consumidor) e a DECO(Associação de Defesa do Consumidor). O consumidor tem direitos e deveres, sendo umelemento fundamental na actividade económica este deve conhece-los. O consumidor deveráentender o consumo como um meio e não um fim. O consumo deve ser entendido como ummeio de satisfação das suas necessidades. O consumidor tem a obrigação de recusar consumir bens agressivos na sua produção ou biologicamente não degradáveis, optar por bio produtos eprodutos reciclados, entre outros aspectos que deverá ter em conta, consciente do meioambiente e dos outros seres humanos. O consumidor tem direito à protecção da sua saúde, dasegurança, à informação, qualidade dos bens e serviços, à protecção dos seus interesses

económicos e direito à reparação de danos.

Tema 3Produção e Mercado

Produção

Sectores de actividade (Colin Clark)

Sector primário: inclui as actividades relacionadas com a extracção de produtos do mar, do soloe do subsolo, ou seja, a pesca, a agricultura, a pecuária, a silvicultura e a indústria extractiva(extracção mineira);

Sector secundário: abrange as indústrias transformadoras, isto é, as actividades quetransformam em produtos utilizáveis, os bens, as matérias-primas, fornecidas pelo sector primário. Podemos dentro deste sector distinguir as indústrias pesadas e indústrias ligeiras;

Sector terciário: sector dos serviços – o comercio, os bancos, os seguros, os transportes, acomunicação social, a educação, a defesa, a justiça, o turismo, etc;

Noção de Produção: As necessidades são satisfeitas através do consumo de bens e serviços.Mas, a maioria dos bens de que o Homem pode dispor não são bens livres, mas benseconómicos. Para a obtenção destes bens económicos, é necessário que o Homem desenvolvauma actividade: a actividade produtiva ou produção. A produção é, assim, a actividade doHomem que tem por fim a obtenção dos bens e serviços que se destinam à satisfação das suasnecessidades.

Elementos Necessários à Produção; Os Factores de Produção

Para realizar a actividade produtiva, o Homem necessita de dispender energia física eintelectual (trabalho) e de assegurar a utilização de outros bens ( capital). Assim, trabalho ecapital são dois factores essenciais à produção e produzir consiste em combiná-los, de forma aobter bens e serviços. Da combinação dos factores trabalho e capital dependerá também aeficácia da produção.

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Factores de Produção TrabalhoOu

Factores Produtivos Capital

O Trabalho é então o esforço humano físico e intelectual desenvolvido na produção e oCapital é as diversas formas de riqueza empregues na obtenção de novas riquezas, por exemplo, bens de equipamento, edifícios, matérias-primas, terra, etc.

O Capital

No sentido vulgar, o termo capital pode ser utilizado como sinónimo de património ouriqueza, ou seja, um conjunto de bens que um indivíduo ou grupo de indivíduos possui. Noentanto, em sentido económico, nem todo o património constitui capital. Com efeito, o conceitoeconómico de capital abrange apenas o conjunto de bens (riqueza) que são utilizados naactividade produtiva, isto é, aqueles que se destinam à obtenção de novas riquezas.

 Assim, quando o património não é utilizado na actividade produtiva, ele constitui apenasriqueza. Se por exemplo, um industrial adquirir um andar para habitação própria, este seráconsiderado riqueza ou património. No entanto, se o mesmo individuo adquirir um andar parainstalar os escritórios da sua empresa, então, neste caso, será considerado capital.

Capital financeiro e Capital técnico

Capital financeiro: o capital financeiro é constituído pela moeda e pelo conjunto de valoresmobiliários, tais como, acções, obrigações, títulos de tesouro, etc. Igualmente se inclui no capitalfinanceiro, o ouro e os movimentos de capitais entre países e/ou entre organismos internacionais(empréstimos, lucros de empresas, etc.);

Capital técnico: é o conjunto dos bens de produção que permitem a obtenção dos bens deconsumo (por exemplo: edifícios, máquinas, matérias-primas).

O capital técnico inclui o Capital Circulante e o Capital Fixo:

Capital circulante: os bens que são destruídos ou transformados durante o processo produtivo,constituem o capital circulante, como por exemplo, a energia eléctrica (matéria-subsidiária) e asmatérias-primas.

Capital fixo: os bens que são utilizados no decorrer de vários processos de produção, como por exemplo, as máquinas, as viaturas, etc., constituem o capital fixo.

Formação de Capital

No decurso da actividade económica nem tudo aquilo que se produz é consumido nasua totalidade. Com efeito, é precisamente esta parcela do rendimento que não é consumida queconstitui a poupança. A poupança dá origem à formação de capital desde que seja utilizada eminvestimento, pois é este que permite a manutenção do processo produtivo. A formação de

capital fixo é crucial no crescimento e no desenvolvimento duma economia. Afinal, é esse capitalfixo que aumenta e assegura a capacidade produtiva da economia. Notemos que a formação decapital exige o sacrifício do consumo. Se todo o produto nacional for aplicado em bens deconsumo, se não fizermos aquisições de bens de capital fixo, não haverá formação de capital e opróprio capital fixo existente diminuirá de valor, por não ter sido, sequer, compensada adepreciação (desgaste) do capital utilizado na produção. Para haver  investimento é necessáriohaver, em contrapartida, uma certa parcela de rendimento nacional não aplicada em consumo,isto é, poupada.

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Investimento

Existem diversos tipos de investimento produtivo. O investimento produtivo tem por objectivo imediato o aumento ou melhoria da produção. Podemos, então, considerar oinvestimento destinado à substituição dos equipamentos antigos, quando, por exemplo, secompram novas máquinas, o investimento destinado ao aumento da capacidade produtiva,quando, por exemplo, há o alargamento das instalações e o investimento destinado àmodernização da economia, para que esta possa usufruir do progresso técnico, por exemplo,investimentos em investigação e desenvolvimento (I&D), gastos em formação profissional, etc. Oinvestimento desempenha, portanto, um triplo papel: substitui equipamento usado, aumenta acapacidade produtiva e integra o progresso tecnológico. Estas funções estão quase sempreinterligadas, pois o investimento de substituição também o é, normalmente, de modernização.Com efeito, quando se substitui um equipamento, substitui-se por outro mais moderno e amodernização, por sua vez, permite, em regra, um aumento da capacidade produtiva. Para alémdo investimento produtivo fala-se, muitas vezes, no investimento financeiro. Este consiste,geralmente, na aquisição de valores mobiliários (por exemplo, acções e obrigações) com oobjectivo de obter um rendimento. Os meios financeiros de que necessitam as empresas pararealizar o seu investimento podem ser obtidos dentro da empresa, isto é, quando utiliza os seuspróprios recursos no investimento (auto financiamento) ou fora da empresa, quando esta

recorre a empréstimos (em especial das Instituições de Crédito) ou recorre ao mercadofinanceiro. Mas a decisão de investir na formação de capital por parte do agente económicoempresas é condicionada por diversos factores como a rentabilidade esperada (nas decisõesde investimento as empresas entram em linha de conta com a taxa de lucro que esperam obter),as previsões (quanto ao futuro da economia do país, quando se prevê uma evolução positiva domercado), a situação financeira da empresa (situação sólida), o custo relativo do capital edo trabalho (se o custo do factor trabalho aumenta mais do que o custo do factor capital asempresas preferem automatizar a produção, substituindo o trabalho pelo capital, desde quetecnicamente possível).

O investimento constitui o motor do desenvolvimento económico e depende emgrande da poupança realizada pelo país. Hoje em dia, um dos grandes problemas daseconomias do Terceiro Mundo, reside precisamente na dificuldade que estas têm em realizar poupanças, devido aos seus baixos rendimentos. As fontes de acumulação de capital de que

podem dispor as economias dos diferentes países, podem ser  internas ou externas, consoantesão geradas, respectivamente, dentro ou fora do país. Nos países mais desenvolvidos osinvestimentos realizam-se, fundamentalmente, à custa das fontes internas de acumulação. Comefeito, a poupança privada (das famílias e das empresas) e a poupança pública (da

 Administração Pública), dão origem, respectivamente, ao investimento privado e ao investimentopúblico, que constituem as fontes de acumulação de capital mais importantes dessas economias.Já nos países subdesenvolvidos o investimento realiza-se, fundamentalmente, à custa dasfontes externas de acumulação. A poupança pode ter várias aplicações, como oentesouramento, o investimento e a colocação financeira.

Trabalho

Um dos factores de produção é a força de trabalho. Esta é a capacidade do Homem

desempenhar uma tarefa que se concretiza na transformação de objectos de trabalho através dautilização de determinados meios de trabalho. Em sentido lato, podemos dizer que o trabalho étoda a actividade humana que leva à produção de bens e serviços e pela qual se aufere umaremuneração.

Formas de Trabalho

O trabalho pode assumir diversas formas, tendo em conta as características das funçõesdesempenhadas no processo produtivo, consoante o tipo de esforço predominantementedesenvolvido e a natureza das funções desempenhadas. Assim, podemos distinguir:

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trabalho directo: o trabalhador transforma as matérias-primas em produtos acabados, utilizandopara tal os meios de trabalho, está a realizar uma actividade que exige o contacto directo com asmatérias-primas e realiza-se, sobretudo, nas oficinas e nos campos;

trabalho indirecto: existem actividades que não exigem o contacto do trabalhador com asmatérias-primas, como acontece com a generalidade das actividades comerciais, administrativase de prestação de serviços;

trabalho não qualificado (simples): para a execução deste trabalho não são requeridosconhecimentos ou técnicas especiais. Por exemplo, o trabalho executado pelo porteiro ouservente de pedreiro pode ser executado por qualquer indivíduo, não exigindo para esse efeitoqualquer qualificação ou preparação específica, são trabalhos simples;

trabalho qualificado (complexo): para a sua execução são necessários conhecimentosespecíficos. Por exemplo, o trabalho executado na indústria, serviços, etc., a generalidade dastarefas que os indivíduos desempenham exige preparação escolar ou profissional prévia;

trabalho físico: aquele em que predomina o esforço directo do Homem. No entanto o Homempode utilizar quer máquinas, quer ferramentas e utensílios. No primeiro caso consideraremos

que se trata de trabalho mecânico, como por exemplo, o trabalho de um tractorista, de umserralheiro, mecânico, etc. No segundo caso tratar-se-á de trabalho manual, como por exemplo,o trabalho de um jardineiro ou de um pedreiro de construção civil;trabalho intelectual: é aquele em que o esforço desenvolvido é predominantemente intelectual.Teremos como exemplo, entre outros, o trabalho dos médicos, dos advogados, dos professores,dos programadores, etc.

trabalho de execução: é aquele que consiste, em grande parte, na aplicação de conhecimentosou técnicas já adquiridas, como por exemplo, o trabalho do empregado de escritório, dovendedor, etc.

trabalho de invenção: é o trabalho de carácter investigativo ou de pesquisa nos vários domíniosdo saber, por exemplo, o trabalho do investigador científico, etc.

trabalho de direcção: é a actividade desenvolvida que consiste em orientar e coordenar gruposde trabalhadores. Por exemplo, as actividades desenvolvidas pelos gestores, pelos chefes dedepartamento, etc.

Divisão do Trabalho

Nos finais do século XVII surge a manufactura, uma nova unidade de produção que secaracterizava por concentrar no mesmo local vários trabalhadores e a sua grande inovação foi ofacto de cada um dos trabalhadores executar uma tarefa determinada. Esta especialização dotrabalhador só foi possível porque se tinha decomposto a produção de um dado bem em váriastarefas ou operações elementares. Este acontecimento designa-se por divisão do trabalho.

 A divisão do trabalho pressupõe que cada tarefa ou operação seja realizada por um ou

vários trabalhadores, ou seja, os trabalhadores passam a efectuar um trabalho especializado eparcelar. As vantagens da divisão do trabalho foram desde logo reconhecidas, pois aespecialização do trabalhador numa única tarefa permitiu que estes aumentassem a precisão e arapidez na execução dessa tarefa e consequentemente, economizasse tempo. Deste modoestão criadas as condições para se obter uma maior eficácia do factor trabalho.

 A Revolução Industrial e as inovações tecnológicas introduziram a maquinofactura, istoé, a fábrica. Esta nova unidade de produção requeria uma especialização do trabalho cada vezmaior, devido às novas tarefas que surgiram associadas à introdução das máquinas na produçãoindustrial; por sua vez, a especialização do trabalho não parou de contribuir para uma maior eficácia da fábrica. A especialização do trabalho contribuiu de varias formas para a eficiência da

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fábrica. Dividindo o trabalho em pequenas tarefas, o processo de produção era muitosimplificado e os trabalhadores podiam tornar-se rapidamente peritos nas suas actividades. Alémdisso, a produção transformou-se num processo contínuo: demoras dispendiosas no transportede um local para outro foram eliminadas. E como o trabalho passou a consumir menos energiado trabalhador, a velocidade de produção foi acelerada. Mas por outro lado, o trabalho torna-secada vez mais mecanizado, monótono, impessoal e repetitivo. A realização contínua dasmesmas tarefas podem provocar o enfraquecimento das capacidades intelectuais e criativas dotrabalhador. Um perigo a ter em conta, a cristalização profissional, o desemprego tecnológico e adesmotivação.

População activa; Taxa de Actividade; Taxa de Desemprego

No conjunto da economia o factor de produção trabalho é constituído pela população emidade de trabalhar e que deseja trabalhar, isto é, pela população activa. A população activa éconstituída por pessoas que exercem uma actividade remunerada (empregados),desempregados e indivíduos a cumprir o serviço militar. Por outro lado, constituem populaçãoinactiva as crianças, os reformados e pensionistas, os que, embora exercendo algumaactividade, não auferem remuneração. É o caso dos estudantes e das donas de casa. Apopulação activa é integrada em sectores de actividade: sector primário, secundário e terciário.

 A estrutura da população activa pode ser analisada através da sua distribuição pelos

sectores de actividade, mas também pela sua composição por sexo ou nacionalidade dostrabalhadores (imigrantes ou nacionais). A população activa não é unicamente determinada por factores demográficos ou culturais, ela varia também em função de factores económicos eprogresso económico-social.

 A percentagem da população activa relativamente à população total do país designa-sepor  taxa de actividade. A taxa de actividade depende basicamente da estrutura etária dapopulação total. No entanto, existem também factores de ordem económica e cultural que podeminfluenciar a taxa de actividade, por exemplo, a entrada das mulheres no mercado de trabalho émuitas vezes condicionada por factores de ordem cultural.

População ActivaTaxa de actividade = x 100

População Total

Outro fenómeno que surge nos nossos dias com muita acuidade é o do desemprego.Para quantificar este fenómeno teremos que calcular a taxa de desemprego.

Total da pop. DesempregadaTaxa de desemprego = x 100

Total da pop. Activa

 A situação de desemprego é provocada por várias causas. Assim, podemos distinguir vários tipos de desemprego, nomeadamente o desemprego tecnológico ou temporário, odesemprego repetitivo e o desemprego de exclusão. O desemprego é um fenómeno actual quepoderá aumentar e criar problemas às economias dos países.

Produtividade

 A eficácia da produção depende da combinação do factor trabalho e do factor capital.Esta eficácia é normalmente medida através da produtividade, a qual permite comparações notempo e no espaço.

 A produtividade representa a relação existente entre o que se gasta e o que se produz,permitindo conhecer o valor da produção por unidade de recurso utilizada. Pode definir-se aprodutividade geral (produtividade total dos factores de produção) como a relação entre ovalor total da produção e o valor total de recursos utilizados para a obter. Este indicador permite-

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nos, portanto, analisar quais os reflexos na produção total, das possíveis combinações dosfactores produtivos:

Valor de Produção TotalProdutividade Geral =

Valor dos Factores de Produção

Podemos determinar a produtividade média de um factor de produção X . Definimoscomo produtividade média de um factor de produção X a relação existente entre a quantidade daprodução obtida e a quantidade do factor de produção X que foi utilizado para obter essaprodução, mantendo-se os outros factores invariáveis. É possível, portanto, determinar aprodutividade de um trabalhador, de uma máquina, isto é, generalizando, é possível determinar aprodutividade do trabalho e a produtividade do capital.

 A produtividade do trabalho mede-se através da seguinte relação:

Valor de Produção TotalProdutividade do trabalho =

Valor da Força de Trabalho

Com efeito, quanto maior for o volume de produção relativamente ao volume de trabalhoempregue, maior será a produtividade do trabalho. Mas o crescimento da produção depende,não apenas, da quantidade utilizada do factor trabalho (número de trabalhadores, número dehoras de trabalho), mas também da eficácia do trabalho realizado durante o mesmo período detempo. As empresas sentem cada vez mais necessidade de proporcionar  formação ereciclagem aos trabalhadores, para assim poderem aumentar a eficácia do trabalho econsequentemente a produtividade.

 A produtividade do capital (capital fixo) é calculada através da seguinte razão:

Valor de Produção TotalProdutividade do Capital =

Valor do Factor Capital

 Assim, quanto maior for o volume de produção relativamente ao volume de capitalutilizado, maior será a produtividade do capital. Tal como acontece com o factor trabalho, ocrescimento da produção depende não só da quantidade utilizada de capital fixo, mas tambémda eficácia desse mesmo capital, utilizado no mesmo período de tempo. Com efeito, se acapacidade produtiva não for totalmente utilizada, pode-se aumentar a sua eficácia, fazendo umautilização plena desse mesmo capital.

Produtividade Marginal: define-se produtividade marginal de um factor de produção X,como sendo o aumento da quantidade produzida, provocado pela utilização de mais umaunidade desse factor de produção, mantendo constantes os restantes factores. Deste modo, arazão entre o acréscimo da quantidade produzida e o acréscimo de uma unidade do factor deprodução X será igual à produtividade marginal do factor de produção X.

Combinação dos factores produtivos

Quando falamos de produção e produtividade já vimos que existe uma certa relaçãoentre a produção realizada e os factores de produção empregues. Sendo a produção o resultadoda combinação dos diversos factores de produção é evidente que ela pode ser obtida pelautilização de trabalho e capital em proporções variadas, seja a nível de uma unidade deprodução seja a nível de um país ou de uma região. O agricultor, por exemplo, pode amanhar aterra utilizando a enxada (capital) e vários dias de trabalho ou, pelo contrário, pode utilizar otractor (capital) e despender, apenas, algumas horas de trabalho. A experiência mostra que é

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possível obter o mesmo bem através de diferentes combinações dos factores produtivos ,variando a proporção existente entre eles, do tipo e qualidade de recursos disponíveis, do nívelde qualificação dos trabalhadores, etc. para além de factores éticos, sociais, culturais, numapalavra, factores que decorrem do tempo e do espaço. As possíveis formas de combinação dosfactores produtivos no acto de produzir – mais capital/menos trabalho; mais trabalho/menoscapital – podem ser representadas através da função de produção.

É a função de produção que define a relação entre a utilização de factores (input) e aprodução realizada (output), ou seja, a função de produção exprime a relação existente entre aprodução e os factores produtivos, trabalho e capital, utilizados no processo produtivo. A funçãode produção pode ser traduzida por:

P = f (k, t), onde P representa a produção e k e t exprimem, respectivamente, o capitale o trabalho utilizados durante a produção.

Deste modo, para aumentar ou reduzir esta produção, o empresário pode fazer variar um só factor, ou dois factores simultaneamente, desde que estes sejam substituíveis.

 A curto prazo, supõe-se que a tecnologia é invariável e, neste caso, apenas se pode

fazer variar o trabalho. Portanto, a função de produção será Y = f (t);

 A longo prazo, pode fazer-se variar ambos os factores, isto é, pode escolher-se entretécnicas de capital intensivo (investimentos tecnológicos) e/ou técnicas de trabalho intensivo. Afunção de produção será Y = f (k, t).

Lei dos Rendimentos Decrescentes

 A produção de um bem pode ser obtida pela conjugação de trabalho e capital, emproporções variáveis. As opções tomadas na combinação dos factores produtivos dependem devários factores. Interessa, em cada momento, conhecer o modo como os factores de produçãose podem combinar, tendo em conta os reflexos que diferentes combinações podem ter na

produção e na produtividade e, em consequência, no nível de vida das populações e nocrescimento da economia. Vamos, primeiramente, considerar o caso em que um dos factores éfixo. A importância deste conhecimento é imediata se quisermos determinar a quantidade óptimade um factor a utilizar para, em cada momento, maximizarmos a produção. Esta relação permitiuenunciar a Lei dos Rendimentos Decrescentes.

Exemplo:

Suponhamos que certa unidade de produção possui determinada quantidade de capital,por hipótese, 50 hectares de terra (preparada para a produção de um cereal), um tractor e umaceifeira-debulhadora. Consideremos, ainda, que esse capital se encontra, inicialmente,combinado com uma força de trabalho de 10 trabalhadores, sendo a produção anual de 400

toneladas de cereal por ano. Aceitemos que o factor trabalho é susceptível de variar sendo o factor capitalconsiderado como uma grandeza fixa. Naturalmente, e mesmo antecipando os valoresnuméricos que de seguida se apresentam, é imediato dizer que a partir de certa altura maistrabalhadores não significam acréscimo de produção pois, por exemplo, a ceifeira-debulhadorasó pode ser utilizada por um trabalhador de cada vez. Mas, vejamos:

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Gradualmente, foram-se contratando mais trabalhadores que se combinaram com ocapital existente, tendo sido apurados os seguintes resultados:

- a admissão do 11º trabalhador trouxe um aumento de produção de 30 toneladas/ano;- a admissão do 12º trabalhador trouxe um aumento de produção de 42 toneladas/ano;- a admissão do 13º trabalhador só acarretou um aumento de produção de 36 toneladas/ano;- a utilização do 14º trabalhador saldou-se por um acréscimo de 24 toneladas/ano;- com a admissão do 15º trabalha a produção foi de 14 toneladas/ano;

Este exemplo já nos permite inferir sobre a Lei dos Rendimentos Decrescentes e podetraduzir-se no quadro seguinte:

Lei dos Rendimentos Decrescentes

 Assim, podemos verificar que a introdução sucessiva de novas unidades de trabalho –trabalhadores – implica sempre um acréscimo de produção mas que a partir de certo número detrabalhadores esse acréscimo é sucessivamente menor, até que, no limite, será nulo. Este factosignifica que a produtividade conseguida com a utilização de mais uma unidade de trabalho, istoé, a produtividade marginal é decrescente. É esta a essência da Lei dos RendimentosDecrescentes.

Esta situação pode explicar-se de uma forma simples. De facto, o capital possível de ser utilizado não aumentou, pelo que, a dada altura, ele se encontrava totalmente utilizado – aunidade de produção estava a utilizar a totalidade da sua capacidade produtiva, não havendomais capital, terreno, tractor, ceifeira-debulhadora para serem utilizados por novos trabalhadores.

Naturalmente, situação semelhante se obteria numa situação inversa, ou seja, umasituação em que o factor trabalho permaneceria fixo e o factor capital variava.

Na verdade, por muito capacitada que fosse a mão-de-obra, ser-lhe-ia impossívelresponder às novas solicitações do capital. De facto, seria impossível a um conjunto de 10trabalhadores, por hipótese, trabalharem convenientemente a terra em quantidade ilimitada,mesmo recorrendo a mais instrumentos de trabalho, pois o trabalho humano tem limites físicos.Como é óbvio numa situação inicial, mais terra proporcionaria maior produção, no mínimo, pelofacto de poder empregar melhor a mão-de-obra com a utilização de novos instrumentos detrabalho ou por ocupar efectivamente a já existente que se encontra, por vezes, numa situaçãode desemprego oculto.

No entanto, à medida que os trabalhadores se encontrassem numa situação de plenoemprego, mais terra saldar-se-ia por acréscimos decrescentes de produção, pois ela não poderiaser convenientemente trabalhada.

Este estudo sobre o decrescimento da produtividade marginal dos factores de produçãoé de extrema importância, pois mostra-nos que a partir de certa altura não vale a pena utilizar-semais uma unidade de um factor produtivo sem se utilizar mais quantidade do outro. Deste modo,pode dizer-se que existe uma combinação óptima dos factores produtivos que se situará,exactamente, na altura em que os acréscimos iniciais de rendimento, obtidos por acréscimosunitários de um factor de produção variável, começam a decrescer, tornando mais caro o custo

Capital (sempre fixo) TrabalhadoresProdução

(toneladas)Produtividade

Marginal50 hectares 10 400 ------1 tractor 11 430 301 ceifeira-debulhadora 12 472 42

13 508 3614 532 24

15 546 14

Produtividade marginal: é a produtividade resultante da utilizaçãode mais uma unidade de factor produtivo (neste caso, um trabalhador);

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de cada unidade de produto e pondo em risco o equilíbrio geral, pois corresponde a produçãocom subutilização e eventual desperdício de algum dos factores de produção. Assim, no casoapresentado, a combinação óptima dos factores produtivos seria:

Capital = 50 hectares, 1 tractor, 1 ceifeira-debulhadoraTrabalho = 12 trabalhadores

Os Custos de Produção- custos fixos, variáveis;- custos médios, totais e marginais;- economias de escala

Uma combinação óptima de factores produtivos é indispensável a uma produçãoracional. A Lei das Economias de Escala, para além da questão da combinação óptima dosfactores produtivos, leva-nos a considerar a dimensão óptima das unidades produtivas. De facto,contrariamente à situação de que se parte para o estudo da Lei dos Rendimentos Decrescentes

 – variação de um dos elementos da produção mantendo-se invariável os restantes – coloca-se-nos a hipótese de podermos fazer variar alguns ou todos os elementos produtivossimultaneamente e, a partir das alternativas possíveis, encontrar a dimensão óptima daunidade produtiva.

Em princípio, a dimensão óptima será aquela em que se atinjam os menores custos

por cada unidade de produto produzida, com evidentes vantagens para a empresa e para acolectividade – menores custos significam melhor produtividade, poupança de recursos, menorespreços. Se nos dispusermos a aumentar as proporções dos factores produtivos utilizados,trabalho, matérias-primas, equipamentos, etc., obteremos, naturalmente, mais produção. Aquestão que se coloca prende-se com a existência, ou não, de proporcionalidade entre oacréscimo de gastos e o acréscimo da produção, isto é, se duplicarmos os factores de produçãoutilizados obteremos o dobro da produção – mantendo-se constante o custo unitário? Ouestaremos perante uma situação diversa, nomeadamente a de diminuírem os custos médiosunitários por força dos ganhos/poupanças que resultam de uma maior dimensão da produção –as chamadas economias de escala?

A compreensão desta questão exige que percebamos a forma como varia o custode produção, total e por unidade, ao longo do processo produtivo, bem como dosrespectivos componentes.

De forma simplificada pode dizer-se que o custo de produção comporta doiselementos distintos, dois tipos de custos: os custos fixos e os custos variáveis.Os custos fixos (Cf) representam despesas que uma unidade de produção tem de

realizar, independentemente das quantidades produzidas, dentro da dimensão para que aempresa foi projectada.

Os custos variáveis são os que variam consoante as quantidades produzidas. Por exemplo, o custo das matérias-primas, das matérias-subsidiárias e de quaisquer outros factoresenvolvidos no processo produtivo, mas que dependam da quantidade produzida.

O custo médio corresponde ao custo total por cada unidade produzida e o customarginal é definido como sendo o acréscimo do custo que se verifica na produção de mais umaunidade de produto. O custo total é igual à soma de todas as despesas efectuadas pelaempresa para realizar a sua produção.

Portanto, quanto às economias de escala, podemos dizer que a dimensão de uma

empresa está relacionada com a sua capacidade produtiva. Quando aumenta a dimensão deuma empresa, aumenta a sua capacidade produtiva, pois serão utilizadas maiores quantidadesdos factores trabalho e capital. Deste modo, se utilizarmos duas vezes mais quer o factor trabalho, quer o factor capital e se a quantidade produzida aumentar mais que duas vezes, entãodizemos que estamos perante uma economia de escala. Nas economias de escala verifica-se adiminuição do custo de produção unitário , devido a um aumento da dimensão da empresa.De uma maneira geral, verificamos que nas empresas de pequena dimensão se registam custosunitários elevados. Este facto é normalmente atribuído à exiguidade dos capitais existentes, àsdificuldades de acesso ao crédito e à dificuldade da utilização de novas tecnologias, entre outrosfactores. Mas, se estivermos perante uma empresa de grande dimensão, então verificamos que

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os custos médios diminuem devido a uma melhor organização do trabalho e da direcção, umamelhor especialização e acesso a equipamentos tecnologicamente mais avançados, maior facilidade de acesso ao financiamento e economias no que se refere à comercialização dosprodutos. No entanto, se continuarmos a aumentar a dimensão da empresa, até atingirmos umaempresa de muito grande dimensão, verificamos que os seus custos médios são elevadosdevido a diversos motivos.

Mercado

 A expressão mercado aparece associada à possibilidade de encontrar bens e serviços ede conhecer o respectivo preço. Mercado é uma forma de confrontar a oferta dos vendedores e aprocura dos compradores, com o objectivo de realizar uma troca (compra e venda) de produtos,de serviços ou de capitais. Esta troca é ajustada mediante um preço. Nos dias de hoje o mundointeiro pode ser considerado como um só mercado para determinado número de produtos, comopor exemplo os metais preciosos, determinadas matérias-primas como o açúcar, o café, oalgodão, o petróleo, etc.

A Procura- factores determinantes da procura

 A procura designa a quantidade de bens, serviços ou capitais que os compradoresestão dispostos a adquirir  a um determinado preço, num dado período, tendo em conta osseus rendimentos e as suas preferências. A procura e o consumo são duas realidades distintasque não devem confundir-se. Com efeito, enquanto a procura reflecte a intenção de compraface a determinado preço, o consumo traduz-se numa despesa que já foi efectuada pelocomprador.

Para cada bem existe uma procura individual e uma procura agregada. A procuraindividual é a quantidade desse bem que um consumidor está disposto a adquirir a umdeterminado preço. A procura agregada (ou global) é a soma de todas as procuras individuais. Aprocura é uma função decrescente em relação ao preço , quer isto dizer que quando o preçode um bem se eleva, a quantidade procurada desse bem diminui. Pelo contrário, quando desce opreço aumenta a quantidade procurada. São duas as razões normalmente apontadas para estefacto:

- O aumento de preço de um bem A torna mais atraente a compra de um outro bem quesatisfaça a mesma necessidade a um preço mais baixo. É o “efeito substituição”.- Por outro lado, se tudo o resto se mantiver constante, baixando o preço do bem A, o

consumidor fica com maior poder de compra, ou seja, é como se o seu rendimento tivesseaumentado. É o chamado “efeito rendimento”.

Para além do preço, existem outros factores que podem alterar a procura numdeterminado período de tempo. Entre eles iremos referir o rendimento e os preços relativos:

O Rendimento

Quando se verifica um aumento do rendimento das pessoas, estas estão predispostas acomprar mais. Tomemos como exemplo a procura das bananas:

- Antes de um aumento de rendimento da população

Preço kg Quantidade procurada (kg)100 1000150 625200 500300 250

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- Depois do aumento do rendimento considerando que o preço se manteve:

Preço kg Quantidade procurada (kg)100 1500150 1000200 750300 500

Este exemplo demonstra que quando o rendimento aumentou, a quantidade procuradade bananas aumentou também. Se representarmos a curva da procura antes do aumento derendimento (D1) e a curva da procura depois do aumento do rendimento (D2), obteremos oseguinte gráfico:

Constatamos, então, que a curva da procura se desloca para a direita (de D1 paraD2) quando o rendimento aumenta.

Existe, no entanto, uma excepção a esta regra:- o aumento de rendimento pode reduzir o consumo de batatas, por exemplo, devido ao facto dese passar a comer mais carne, um alimento mais caro mas que em virtude do aumento derendimento passou a ter um consumo maior. Neste caso o consumo de batata diminui e arespectiva curva da procura desloca-se para a esquerda. Este bem, diz-se, então bem inferior .

Preços Relativos

Os preços de alguns bens podem influenciar as quantidades procuradas de outros.Estão neste caso os bens substituíveis e os bens complementares.

Igualmente a moda e a publicidade podem influenciar os níveis de procura de um dadobem, e fazer deslocar a curva da procura.

A Oferta- Factores determinantes da oferta

 A oferta consiste na quantidade de bens e serviços que os vendedores estão dispostosa vender por um determinado preço, num dado período de tempo.

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 Assim, o conjunto da produção de fruta de um país pode não constituir a ofertareal dos produtores, porque estes podem muito bem decidir destruir uma parte dessaprodução, se considerarem que não vão ser remunerados convenientemente.

Logo, só a quantidade de bens que os vendedores estão na disposição de vender éque constitui a oferta. Tal como a procura, a oferta é função do preço de mercado. Significaisto que as quantidades oferecidas dependem dos níveis de preços. Com efeito, a ofertaaumenta sempre que sobem os preços e diminui sempre que os preços descem. Assim, a ofertaé uma função crescente em relação ao preço.

Mas, não é apenas o preço do bem que influencia o nível da oferta desse bem. Comefeito, outros factores podem ter influência, nomeadamente os custos dos factores deprodução, a tecnologia, os preços dos bens complementares e dos bens substituíveis, etc.

Os custos dos factores de produção 

Quando, por exemplo, sobem os custos dos adubos e fertilizantes, os agricultoresestarão menos motivados a produzir. Logo, a oferta diminui e a curva da oferta desloca-separa a esquerda. Tomemos como exemplo a oferta de cenouras antes do aumento do preçodos fertilizantes e depois deste aumento (mantendo-se constantes os preços de venda):

- Antes do aumento dos fertilizantes:

Preço kg Quantidade oferecida (kg)100 12500150 22500200 27500300 35000400 37500

- Depois do aumento:

Preço kg Quantidade oferecida (kg)100 5000

150 12500200 20000300 30000400 35000

Quando o custo dos fertilizantes aumenta, a oferta de cenouras diminui. Podemosrepresentar esta situação graficamente, ou seja, representar a curva da oferta antes do aumento(S1) e depois do aumento de preço dos fertilizantes (S2):

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A curva da oferta deslocou-se, assim, para a esquerda devido ao aumento dos custos deprodução.

A tecnologia 

Os custos de produção diminuem com a inovação tecnológica . Assim, com umcusto unitário mais baixo os produtores estão dispostos a produzir mais. Neste caso , a curva daoferta desloca-se para a direita.

O preço de bens complementares 

Quando, por exemplo, o abate de bovinos aumenta por ter aumentado a procura dacarne, a produção da pele de bovino (couro) aumenta simultaneamente. Assim, um aumento daprodução de carne, vai levar a uma deslocação para a direita da curva da oferta de couro.

O preço de bens substituíveis 

Com efeito, quando aumenta, por exemplo, o preço do girassol, os agricultores decártamo são levados a substituir este cultivo pelo do girassol. Assim, a oferta do cártamo diminuie a curva da oferta desloca-se para a esquerda. 

Classificação dos Mercados:- Concorrência Perfeita e Imperfeita- Oligopólio e Monopólio

O Mercado e a Formação dos Preços:- Noção de Preço- Formação de Preços em Concorrência

- Condições de Concorrência Perfeita

O Mercado e a Formação de Preços

Noção de Preço

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Nas economias monetárias, todos os bens e serviços se trocam por uma certaquantidade de moeda, a qual traduz o seu preço. O preço é, assim, a expressão monetária dovalor desses bens e serviços.

Formação de Preços em Concorrência

Cada mercado tem as suas características próprias, em função, nomeadamente, dosprodutos transaccionados, do número de vendedores e compradores, da influência que estestêm sobre o preço, da forma como está organizado, etc.

Podemos então sintetizar os principais tipos de mercado:

Tipo de Estrutura de Mercado

O número de participantes num mercado afecta, assim, significativamente, o modo comose determina o preço. De facto, quando o mercado é caracterizado pela existência de muitoscompradores e de muitos vendedores e nenhum deles, isoladamente, tem controlo sobre afixação do preço, dizemos que estamos num mercado de concorrência perfeita.

Por outro lado, quando alguns compradores ou vendedores são suficientemente grandespara influenciar os preços, isto é, quando têm “poder de mercado”, estamos perante ummercado de concorrência imperfeita.

Os principais tipos de mercados são:

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Mercados de ConcorrênciaPerfeita

Mercados de Concorrência MonopólioImperfeita Oligopólio

Concorrência Monopolista

Condições de Concorrência Perfeita (condições e características):

Atomicidade: Grande número de empresas produtoras e grande número de compradores. Assim, devido à pequena importância de cada um, estes não conseguem influenciar quer aprodução, quer o preço do produto.

Homogeneidade: Os produtos não têm diferenças significativas, isto é, todas as empresasfabricam produtos homogéneos.

Transparência: A todo o momento, compradores e vendedores são informados das condiçõesgerais de mercado (nível real da oferta e da procura, preços, etc.), o que permite a adaptaçãodos agentes económicos a situações imprevistas.

Permeabilidade: Existe livre entrada no mercado, ou seja, é possível, em qualquer altura, entrar ou sair do mercado, pois não existem barreiras de qualquer tipo.

Mobilidade:  As empresas podem mudar de actividade ou deixar de produzir um produto epassar a produzir outro.

Este é o modelo de condições de concorrência perfeita. Na economia moderna arealidade afasta-se bastante do modelo teórico, nomeadamente porque:

- Os produtos não são homogéneos, pois através da publicidade, por exemplo, o vendedor procura mostrar o seu produto como diferente dos outros aos olhos do consumidor;- A mobilidade dos factores nem sempre é fácil porque, por exemplo, a evolução tecnológica

dificulta a mudança de uma actividade para outra;- Nem sempre existe uma transparência de mercado. Com efeito, muitas vezes a informação nãoé completa e total sobre os preços e condições praticados.

 A noção de mercado de concorrência fundamenta-se na hipótese de que todos osclientes que constituem o mercado reagem do mesmo modo às variações de preços praticadospelos diferentes vendedores. Mas nos mercados reais, esta hipótese é falível, pois o cliente temem conta, para além do preço, um grande número de outros factores.

Lei da Procura

 A ligação que se estabelece entre a procura e o preço de um bem x, pode exprimir-se

por uma função linear de uma só variável:Qx = f (Px)

Nesta função a quantidade procurada do bem x, isto é, Qx, é uma função decrescentedo preço, Px.

Exemplo:

O quadro relativo ao bem x:

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preços unitários (Px) quantidades procuradas (Qx)

10 20

8 30

6 45

4 602 100

Esta relação entre o preço e quantidade poderá ser representada graficamente:

Esta curva mostra-nos que a quantidade procurada de um bem varia em função dopreço de mercado, mantendo-se todos os outros factores que influenciam a procuraconstantes.

 A curva da procura dá-nos, assim, as quantidades de um bem ou serviço que oscompradores estariam dispostos a comprar a diferentes preços e num determinado período detempo.

Podemos então enunciar a Lei da Procura: “A diminuição do preço de um bem provocaum aumento da sua procura. Pelo contrário, o aumento de preço de um bem provoca umadiminuição da respectiva procura”.

Lei da Oferta A relação que se estabelece entre a oferta e o preço de um bem, pode exprimir-se por 

uma função linear de uma só variável:Sx = f (Px)

Nesta função, a quantidade oferecida do bem x (Sx) é função crescente do preçodesse bem (Px), ou seja, sempre que o preço aumenta, aumentam também as quantidadesoferecidas. Uma explicação para este facto está nas melhores expectativas de lucro que osvendedores têm quando praticam preços mais elevados. Estes preços elevados, possibilitam,

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mesmo às empresas tecnologicamente mais atrasadas (e que produzem a custos maiselevados), a permanência no mercado.

Exemplo:

preços unitários (Px) quantidades procuradas (Sx)

5 4510 100

20 150

30 200

50 250

Verifica-se que sempre que o preço do bem x (Px) aumenta, a quantidade desse bemque os vendedores estão dispostos a oferecer (Sx) aumenta também.

 A curva da oferta descreve o comportamento dos vendedores, mostrando aquantidade do bem x (Qx) que os vendedores estão dispostos a vender para cada nível depreços, num determinado período de tempo.

 A curva da oferta mostra-nos, então, de que modo a quantidade oferecida varia emresposta a uma alteração do preço, num determinado período de tempo, considerando que todosos outros factores que influenciam a oferta (com excepção do preço) se mantêm constantes. Alei da oferta poderá ser enunciada do seguinte modo: “Em condições normais de troca nomercado, verifica-se que sempre que sobem os preços aumentam as quantidades oferecidas.Pelo contrário, as quantidades oferecidas diminuem sempre que descem os preços”.

Lei da Oferta e da Procura e o Preço de Equilíbrio

Todo o produto objecto de troca no mercado é sujeito a uma oferta e a uma procura,variável segundo o nível de preços. Se traçarmos sobre um mesmo gráfico cartesiano a curvada oferta e a curva da procura, podemos determinar graficamente o preço de equilíbrio.

Este preço é aquele em que a oferta iguala a procura, ou seja, aquele preço em que

as intenções dos produtores (oferta) e as intenções dos compradores (procura) são iguais.

Traduzida esta situação graficamente teremos:

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 As duas curvas encontram-se no ponto E que corresponde ao preço de equilíbrio. Estepreço é aquele em que a quantidade oferecida é igual à quantidade procurada, isto é, aqueleem que as vontades dos compradores e dos vendedores se harmonizam.

Consideremos agora, como exemplo, os valores relativos a um determinado bem x:

Preço Quantidade Procurada Quantidade Oferecida400 5 35300 10 30200 20 20150 25 15

100 40 10

 A representação gráfica será então:

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Neste exemplo, o preço de equilíbrio situa-se nos 200. Qualquer outro preço nãopermitirá realizar o equilíbrio entre a oferta e a procura.

 Assim, neste exemplo, para o preço 400 ou para o preço 300 (superiores ao preço deequilíbrio) a quantidade procurada é sempre inferior à quantidade oferecida. Mas, para evitar queuma parte da sua produção fique por vender, os produtores baixam o preço (por exemplo, para150), o que provocará uma baixa na oferta e um aumento na procura.

As variações do preço continuarão até que se estabeleça o equilíbrio entre a ofertae a procura (no exemplo, 200).

Formação de Preços em Monopólio

Em monopólio existe uma só empresa do lado da oferta. A empresa monopolista tem aprocura de mercado nas suas mãos. Assim, e ao contrário do que acontece no mercado de

concorrência perfeita, a empresa monopolista tem “poder de mercado”, pois é ela queestipula o preço uma vez que actua sozinha.No entanto, este “poder de mercado” pode ser limitado pelo Governo através,

nomeadamente da fixação do preço.Mas, mesmo exceptuando o caso da intervenção do Governo, o “poder de mercado” da

empresa monopolista não é absoluto. Com efeito, embora esta esteja sozinha a produzir oproduto, tal não significa que não esteja sujeita a determinada concorrência, pois todos osprodutos têm, normalmente, substitutos. Por exemplo, o aquecimento doméstico tanto pode ser feito a electricidade como a gás. Então, o monopólio da produção de electricidade não éabsoluto.

 Assim, a empresa monopolista ao fixar o preço do seu produto, tem que ter emconta os preços dos bens substituíveis.

 Além disso, o monopolista pode, de uma forma voluntária e inteligente, limitar o seu lucrovendendo a um preço inferior àquele que lhe proporcionaria o máximo lucro. De facto, os lucrosexagerados do monopólio podem atrair outras empresas e podem também, no caso de preçosespeculativos, fazer com que o Estado intervenha procurando salvaguardar os direitos dosconsumidores. Para tal, o Estado tem ao seu alcance diferentes formas de o fazer (fixação depreço máximo, lançamento de impostos, legislação de defesa da concorrência, nacionalizações,etc.).

A moeda- Noção- Funções da Moeda

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- Evolução da Moeda e Tipos de Moeda

Noção

 A dinâmica que a actividade comercial tomou e a multiplicidade de produtos a trocar exigiu o aparecimento de um bem que servisse para medir o valor de todos os outros, facilitandoe permitindo, assim, o desenvolvimento das trocas. O desenvolvimento da actividade produtivaexigiu a criação da moeda. A moeda é, portanto, um bem de aceitação generalizada que seutiliza como intermediário nas trocas, isto é, em todos os actos de compra e de venda de bens eserviços. A moeda surge, assim, como um bem que todos os indivíduos aceitam semcontestação e que é utilizada para medir o valor de todos os bens e serviços.

Funções da Moeda

 A moeda tem as seguintes funções na actividade económica:

- Instrumento de medida de valor (unidade de medida): a moeda é o instrumento de medida devalor dos bens e serviços transaccionados. É através da moeda que se expressam os valoresdos bens e dos serviços, permitindo comparar o valor entre estes que se transaccionam nomercado.

- Meio de Pagamento (geral e definitivo): a moeda é um instrumento universal de aquisição debens e serviços, isto é, serve de intermediária nos actos de compra e venda. A moeda permitetambém liquidar imediata e definitivamente as dividas.

- Instrumento de Reserva de Valor : a moeda pode ser retida, ou seja, a moeda permite apoupança, não se tornando imprescindível a sua utilização imediata, podendo os seuspossuidores, pelos mais diversos motivos, optar por conservá-la durante algum tempo e utilizá-lafuturamente.

Evolução da Moeda e Tipos de Moeda

 As trocas começaram por se realizar com bens naturais, o que consistia na troca de um

bem por outro. Estabelecia-se, de comum acordo, uma proporção entre os dois bens a trocar.Era uma economia de troca directa mas que tinha alguns inconvenientes, pois era necessárioque existissem duas pessoas, uma a querer o bem da outra para trocar, havia a impossibilidadede determinar o valor de uma mercadoria em relação a todas as outras e a necessidade deatribuir o mesmo valor aos bens a trocar ou de arranjar outros bens para compensar a diferençade valores, devido ao problema da indivisibilidade dos bens. Logo este sistema de troca foiprogressivamente abandonado surgindo então o sistema de troca indirecta, ou seja, a troca emque a unidade de valor de uma dada mercadoria era aceite e reconhecida por toda acomunidade (moeda-mercadoria) – por exemplo as conchas na África, o chá no Tibete,cabeças de gado dos pastores, etc. Mas também este sistema trouxe inconvenientes e odesenvolvimento das trocas acabou por favorecer o recurso à troca monetária – existe um bemintermediário, a moeda, que serve de medida de valor a todos os outros bens, em duasoperações sucessivas, a compra, que consiste na entrega de moeda em troca do bem

pretendido, e a venda, que consiste na entrega de um bem em troca de moeda. A moeda funciona como um denominador comum para determinar o valor dos bensexistentes no mercado, expressos por um preço em unidades monetárias. Primeiramente, eramutilizados o ouro e a prata para as moedas, surgindo a moeda-pesada – em que se pesava ometal para verificar a sua pureza e proceder a troca, o que se tornava um processo moroso, quedificultava a transacção. Depois surge a moeda-metálica – também de metal mas com aindicação do peso e do título do metal precioso. As peças metálicas passaram a ser autenticadaspelas autoridades religiosas, para garantir o seu valor e passou a ser então moeda-cunhada.Era o sistema do bimetalismo que fez surgir dificuldades devido ao recurso simultâneo do ouro eda prata, pois a moeda de ouro era entesourada devido ao facto do seu valor comercial ser mais

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alto do que o seu valor nominal. Caminhou-se então para o monometalismo, ou seja, para ometal menos apreciado. Nos nossos dias, estas moedas não têm curso legal, não existem emcirculação moedas feitas destes metais, mas ainda desempenham um papel importante noentesouramento e nos pagamentos internacionais.

 A existência de moeda metálica reduz-se, hoje, à moeda de trocos ou divisionária, que éutilizada no pagamento de pequenas quantias. Esta tem um valor real (valor comercial) muitoinferior ao valor nominal (valor facial). Mas a par destas moedas surgiu a moeda de papel(notas de banco).

Desde a Antiguidade que os particulares podiam depositar no Banco ouro e/ou prata,recebendo em troca um documento comprovativo desse depósito – moeda representativa. Eraaceite pela comunidade como forma de pagamento pois havia confiança no banco emissor dodocumento e sabia-se que em qualquer momento podia ser trocado por moeda-metálica nobanco, designava-se então por moeda fiduciária. Mas, em situações de crise, havia uma corridaaos bancos para efectuar o reembolso do papel. Isso trazia consequências graves para aeconomia, pelo que o Estado decidiu intervir instituindo o curso forçado, ou seja, converteu amoeda de papel em papel-moeda, a aceitação do documento era obrigatória e a confiança namoeda é imposta pelo Estado.

No século XIX, com o desenvolvimento da indústria e da actividade bancária, surgiu umanova moeda, a moeda escritural. Esta é constituída por depósitos bancários, ou melhor dizendo, pelos saldos credores das contas correntes dos particulares dos Bancos. Assim, por 

exemplo, se um particular faz um depósito ou levantamento no Banco, o seu montante é inscrito,respectivamente, a crédito e a débito da conta aberta em seu nome. O conjunto dos saldoscredores dos agentes económicos não bancários (famílias, empresas, Administração Pública,etc.) constitui a moeda escritural. A utilização desta moeda faz-se nomeadamente através decheques, ordens de transferência, créditos, etc. Os pagamentos em moeda escritural realizam-seapenas mediante a movimentação das contas que os clientes possuem nos Bancos.

 Através das operações de crédito realizadas pelos Bancos, a moeda escritural permiteaumentar a quantidade de moeda existente na economia, isto é, dá-se a criação de moeda pelosistema bancário. Assiste-se a uma desmaterialização da moeda visto que o seu valor nominalser muito maior que o seu valor real. A moeda representa apenas o valor nela inscrito. Adesmaterialização da moeda acentuou-se com as formas actuais de moeda como os cartõeselectrónicos (Multibanco, Visa, etc.) sendo a moeda electrónica e a moeda informática,quando podemos efectuar transacções através de um computador, efectuando os negócios de

uma forma muito mais eficaz.

O Crédito- Noção- O Preço do Crédito: taxas de juro- Tipos de Crédito

Noção

O desenvolvimento da actividade económica exige a aplicação de vastos recursosfinanceiros por parte dos agentes económicos. Nem todos os agentes dispõem dos recursosnecessários à sua actividade e por isso têm de utilizar valores pertencentes a outros agenteseconómicos que os não desejam utilizar directamente.

O empresário que não possua os recursos próprios para a manutenção ou ampliação dasua actividade empresarial terá de recorrer às poupanças (valores) constituídos por outrosagentes económicos.

A cedência temporária desses valores faz-se mediante uma determinadaremuneração, o juro, e é vulgarmente conhecida por crédito.

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O crédito constitui a principal fonte de investimento, cabendo às instituições financeiras atarefa de recolher as poupanças da sociedade que canalizam para o processo produtivo (atravésda concessão de crédito).

O preço do Crédito. As Taxas de Juro

 A remuneração (preço) do crédito corresponde à taxa de juro. No entanto, a livreformação do preço do dinheiro (taxa de juro), pelo confronto entre a oferta e a procura de moeda,frequentemente não se verifica devido a limitações directas à concessão de crédito feitas pelasautoridades monetárias.

Com efeito, se a quantidade de moeda em circulação é excessiva pode causar tensõesinflacionistas. Por outro lado, se for insuficiente para financiar a expansão da Economia, teráreflexos negativos, nomeadamente na produção e no emprego.

 Assim, o Estado, através da política monetária, pode controlar a taxa de juro. Amanipulação das taxas de juro é, assim, uma das formas de controlo directo da liquidezbancária.

Com efeito, elevadas taxas de juro dos depósitos (operações passivas) poderãoconstituir um incentivo à elevação da poupança dos particulares (por contenção do consumo).

Mas, por outro lado, taxas de juro elevadas para os empréstimos (operações activas)

poderão também conduzir a uma retracção da actividade económica, já que aumenta a parcelados encargos financeiros nos custos das empresas.

Este aumento poderá provocar um efeito inflacionista se os empresários repercutirem osacréscimos de custos, resultantes do agravamento dos encargos financeiros, nos preçospraticados pelas empresas. Para obviar estes efeitos negativos das elevadas taxas de juro, asautoridades monetárias estabelecem taxas de juro bonificadas para o investimento emdeterminadas actividades consideradas fundamentais para a Economia do país.

Por sua vez, uma descida da taxa de juro pode ser posta em prática, tendo em vistaaumentar a procura e, consequentemente, o investimento.

 Assim, a manipulação das taxas de juro terá que ser reflexo da política económica globaldefinida.

Em resumo, por taxa de juro entende-se uma remuneração correspondente à cedênciade capital, constitui o juro do capital emprestado. O acesso ao crédito depende do valor da

taxa de juro, influenciando, assim, o volume do consumo. A fixação das taxas de juro apraticar pelas instituições de crédito é um acto de grande responsabilidade pois do seu valor dependerá o acesso ao crédito e o incremento da actividade produtiva.

Tipos de Crédito

O crédito desempenha duas funções fundamentais: promover o consumo e estimular a produção. Assim, atendendo ao seu destino, podemos falar de crédito ao consumo e decrédito à produção.

O crédito ao consumo apresenta hoje uma tendência expansionista em sectores comoo crédito para aquisição de habitação própria e o crédito para a compra de automóveis. Muitosbancos vêm hoje praticando novas modalidades de crédito ao consumo: possibilidade delevantamento antecipado dos vencimentos/ordenados, crédito para viagens, crédito paraaquisição de material informático, etc.

O crédito à produção é concedido às empresas no sentido de estimular a produção edestina-se a vários fins:

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- crédito ao investimento, quando se destina a financiar a formação, a ampliação ou asubstituição dos capitais fixos, isto é, a aquisição de terrenos, edifícios, máquinas, etc.

- crédito de funcionamento, quando se destina à aquisição de matérias primas ou aopagamento de salários, colmatando assim uma falha temporária de liquidez da empresa.

- contrato de leasing, um contrato que surgiu com o desenvolvimento da actividade económicae com o aparecimento de sociedades cujo objectivo fundamental é fornecer os equipamentosnecessários à actividade produtiva de outras empresas.

Quanto à duração, podemos considerar o crédito a curto prazo, quando é concedidopor um período inferior a um ano, crédito a médio prazo, quando é concedido por um períodocompreendido entre um e cinco anos e crédito a longo prazo, quando é concedido por umperíodo superior a cinco anos.

Tendo em conta a natureza do beneficiário há que distinguir o crédito particular ,quando a entidade que a ele recorre é de natureza privada e o crédito público, quando é a

 Administração Pública que o contrai.

No que respeita à sua origem, podemos classificar o crédito em crédito interno,

quando o beneficiário e o credor residem no mesmo país e crédito externo, quando obeneficiário e o credor são unidades institucionais residentes em países diferentes.

A Inflação

Noção

O fenómeno da inflação é duma maneira geral conhecido por todos. A subida dos preçosdos bens e serviços reflecte-se no quotidiano de todos nós. Mas, a inflação não se podeconfundir com uma subida acidental dos preços dos bens e serviços como a verificada nospreços dos bens agrícolas fora da época própria para a sua produção. Também o aumento daprocura de certos bens em determinados períodos do ano pode originar uma subida acidental

dos preços. É o que acontece, por exemplo, na época do Natal. Assim, podemos definir  inflação com sendo um fenómeno que se caracteriza peloaumento generalizado do preço dos bens e serviços de uma dada economia, de forma contínua.No entanto, a intensidade da inflação é variável. De facto, tanto podemos verificar inflaçãorastejante – em que a subida dos preços é quase imperceptível – como também inflaçãogalopante, em que a subida dos preços é incontrolável.

Causas da Inflação

O excesso de moeda em circulação

O aumento da moeda em circulação, sem o correspondente aumento de produção debens e serviços (ou a diminuição da produção, sem a correspondente diminuição da quantidade

de moeda em circulação) acarreta um excesso de procura de bens e de serviços face àrespectiva oferta por parte dos produtores, originando a consequente subida do preço.

O aumento do preço das matérias-primas

 A subida dos preços das matérias-primas vai fazer aumentar os custos de produção dasempresas e em consequência, os preços de venda. Foi o que aconteceu em 1973, 1978 e 1990com a subida acentuada dos preços do petróleo.

As relações comerciais entre países

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 As próprias relações comerciais entre países por vezes originam ou incrementam oprocesso inflacionário. Nestas circunstâncias fala-se de inflação importada e afecta os paísesdependentes dos países com maior inflação.

O aumento da massa salarial distribuída sem aumento da produtividade

 A elevação dos salários pode contribuir para o desenvolvimento da inflação, a doisníveis: por um lado, pode concretizar-se num aumento da procura de bens e de serviços, nãosatisfeito pela respectiva oferta e, por outro, vem onerar os custos de produção e,consequentemente, os preços de venda, a fim de que possam manter-se as margens de lucrodos empresários.

As práticas de açambarcamento

O açambarcamento de alguns bens por parte dos produtores ou dos distribuidoresorigina uma escassez desses bens no mercado e, consequentemente, a subida dos respectivospreços.

A política de crédito prosseguida pelas entidades oficiais

Todos sabemos que os empresários recorrem ao crédito para financiarem a suaactividade. Naturalmente, se as taxas de juro forem elevadas, os empréstimos são muito “caros”e o preço dos bens será forçado a subir. Inversamente, a descida das taxas de juro podecontribuir para a diminuição do preço dos bens e, portanto, para combater a inflação.

Consequências da Inflação

A depreciação do valor da moeda

Com efeito, o aumento dos preços faz com que o consumidor compre, com o mesmodinheiro, cada vez menos produtos.

O entesouramento de ouro ou de divisas estrangeiras

Estes não se desvalorizam em consequência da quebra de confiança na moedanacional.

A deterioração das condições de vida dos cidadãos

Em geral, a qualidade de vida é inferior e para aqueles cujo rendimento é fixo, pois esteé desvalorizado progressivamente.

O agravamento do próprio processo inflacionário

Na verdade, a depreciação da moeda cria nos cidadãos uma predisposição para aaquisição de bens de consumo, o que contribui para a expansão do consumo e,consequentemente, para a elevação do nível de preços, quando uma das formas de combater aalta do nível de preços é, exactamente, diminuir o consumo de bens e serviços finais.

A medida da inflação

Índice de Preços no Consumidor 

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Os índices de preços no consumidor traduzem, estatisticamente, as variações dospreços dos bens e serviços numa dada economia e num determinado período de tempo,permitindo-nos assim medir o fenómeno da inflação.

Para determinar o aumento do preço do pão do ano de 1990 em relação ao ano-base de1985, teremos que estabelecer a relação percentual entre os dois preços. Esta relação édesignada por índices de preço no consumidor (I.P.C.) que neste exemplo será calculado comose segue:

Com efeito, se quisermos, por exemplo, analisar a evolução do preço do pão, teremosde considerar um ano-base que servirá de referência e que poderá ser o ano de 1985.Suponhamos que um quilograma de pão custava nesse ano 80$00. Em 1990 o custo de umquilograma do mesmo tipo de pão foi, por exemplo, de 160$00.

80 = 100160 x

x = 160 x 10080

x = 200

Este valor – 200 – permite-nos concluir que o preço de cada quilograma deste tipo depão aumentou 100% entre 1985 e 1990.

Generalizando, podemos então dizer que:

I.P.C. ano x/ano y = Preços do ano x x 100Preços do ano y

Em Portugal, a instituição que tem a seu cargo a elaboração dos índices de preços noconsumidor (I.P.C.) é o I.N.E. Assim para a determinação do I.P.C. é necessário elaborar inquéritos, a fim de saber qual a percentagem do orçamento familiar que, em média, cadaagregado familiar atribui às diversas rubricas do consumo. Estas rubricas do consumoconstituem um cabaz de bens e serviços considerados representativos do consumo de uma

família média e com importância no respectivo orçamento familiar.É com base nas variações de preços deste cabaz de bens e serviços que se determinamas variações do índice de preços no consumidor em relação a um ano-base.

Por exemplo, se o cabaz de bens e serviços custava em 1990 160.000$00 e, em 1991,176.000$00, o I.P.C. de 1991 relativamente ao ano-base será calculado como se segue:

|91/90 = 176 000 x 100 = 110  160 000

Neste exemplo, o I.P.C. passou de 100 para 110; então podemos concluir que em 1991com 176 contos se comprava os mesmos bens e serviços que em 1990 se adquiria por 160contos. O índice de preços no consumidor tal como a taxa de inflação revela o aumento do custode vida da população, sendo por isso considerados, equivalentes.

 Assim, podemos concluir que a taxa de inflação foi de 10% (110-100).

Nível de Vida e Custo de Vida

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É vulgar associar-se a expressão “custo de vida” a outra, de sentido por vezes oposto,“nível de vida”.

Normalmente um aumento do custo de vida dos indivíduos corresponde a umadiminuição dos seus hábitos e padrões de consumo, isto é, do nível de vida.

Quando falamos em nível de vida, falamos na possibilidade de efectuar determinadoconsumo (alimentação, vestuário, educação, etc.). Com efeito, o nível de vida corresponde àquantidade de bens e serviços que uma determinada população pode adquirir com o rendimentode que dispõe. São indicadores do nível de vida todo o conjunto de elementos estatísticosrelativos ao consumo. O nível de vida traduz-se na qualidade desses bens e serviços. Ascondições de habitação, a saúde, instrução, o consumo de bens duradouros, entre outros, dão,no seu conjunto, a informação sobre o nível de vida. A inflação tem reflexos negativos no nívelde vida das populações.

Repartição dos Resultados da Produção

 A repartição consiste na distribuição dos rendimentos gerados no decorrer do processoprodutivo pelos diferentes agentes económicos de uma dada sociedade.

Repartição Funcional do Rendimento

 A repartição funcional do rendimento mostra-nos como são remunerados osdiferentes intervenientes no processo produtivo, tendo em atenção as funções por elesdesempenhadas. Com efeito, os salários são a contrapartida da função desempenhada pelostrabalhadores no processo produtivo, enquanto que a contrapartida para os detentores do capitalse traduz em juros, rendas e lucros.

A Remuneração do Trabalho

O salário é a remuneração atribuída ao factor trabalho, isto é, o preço do trabalhorealizado. No entanto, temos de distinguir entre salário nominal e salário real. O salário nominal

é a quantidade de moeda que o trabalhador recebe pelo trabalho prestado num determinadoperíodo de tempo. O salário real corresponde à quantidade de bens e serviços que otrabalhador pode adquirir com o salário nominal. O salário real traduz, assim, o poder de comprados trabalhadores.

A Remuneração do Capital – Renda, Juro e Lucro

 A remuneração do factor capital no processo produtivo assume as formas de juros,rendas e lucros.

O juro constitui a remuneração que os detentores de capital auferem pelos empréstimosdos seus capitais. Esta remuneração varia consoante a taxa de juro e a duração (tempo) do

empréstimo. A renda, actualmente, corresponde aos rendimentos recebidos pelos proprietários dosprédios urbanos em virtude da sua cedência a terceiros.

O lucro designa a remuneração dos empresários como contrapartida da sua iniciativa edos riscos assumidos nos investimentos realizados. O lucro é variável e depende do resultado daactividade produtiva da empresa. O lucro é o resultado da diferença entre o preço de venda e opreço de custo dos produtos produzidos. L = PV – PC;

Repartição Pessoal do Rendimento

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 A repartição pessoal do rendimento permite-nos analisar como é que os rendimentos sedistribuem pelos agregados familiares de uma dada comunidade. Através da análise podemosapreciar o grau de desigualdade dessa distribuição, as desigualdades salariais.

Rendimento Pessoal Disponível

O rendimento pessoal disponível é um indicador do rendimento pessoal. Comosabemos, as famílias têm por principal função consumir. Os seus recursos são constituídos,fundamentalmente, pelas remunerações pagas pelos outros sectores institucionais.

Vamos verificar, por exemplo, quais os recursos de que dispõe a família Silva,constituída por pai, mãe, avô e dois filhos:

 Assim, o rendimento de que esta família pode dispor é constituído quer por rendimentosprimários, isto é, aqueles que provêem do capital e do trabalho (no exemplo, os salários e os

 juros), quer ainda pelas prestações sociais (abono de família, reforma, subsidio de desemprego).Podemos, pois, afirmar que o rendimento das famílias tem origem nas receitas provenientes:

- Da actividade produtiva: salários, juros, rendas, lucros;- Das transferências internas: as prestações sociais feitas pela Administração Pública ePrivada (pensões, abonos, diversos subsídios, etc.);- Das transferências externas: nestes têm especial relevância as remessas dos emigrantes eoutras;

No entanto, as famílias têm que pagar impostos sobre o rendimento (impostosdirectos) e outras contribuições sociais à Administração Pública. Deste modo, o seurendimento ficará diminuído.

O Rendimento Disponível das Famílias é, então, constituído pelo total dosrendimentos recebidos pela participação na actividade produtiva e pelas transferências (internase externas) depois de subtraídos os impostos directos e as contribuições sociais.

Rendimento Pessoal Disponível = Rendimento do Trabalho + Rendimentos do Capital +Transferências – Impostos Directos – Contribuições Sociais

Redistribuição

Noção e Objectivo

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 A repartição do rendimento pode ser analisada, quer segundo a óptica da repartiçãofuncional, quer ainda através da repartição pessoal. Na repartição pessoal verificamos aexistência de desigualdades de rendimentos. Para reduzir as desigualdades existentes narepartição dos rendimentos, torna-se necessário garantir a toda a comunidade,independentemente dos rendimentos provenientes da actividade exercida por cada um, umconjunto de prestações sociais consideradas fundamentais. Este objectivo é atingido através daredistribuição dos rendimentos segundo um processo de transferência de rendimentos,principalmente do Estado para a população mais carenciada (idosos, doentes, famílias pobres,desempregados, etc.). Este processo tem como finalidades a protecção individual e a correcçãodas desigualdades sociais.

O sistema de redistribuição pode intervir na economia quer através das transferênciassociais (prestações sociais e serviços gratuitos), quer também pela desigual incidência da cargafiscal, por exemplo, ao isentar dos impostos os detentores de rendimentos mais baixos.

 A redistribuição realiza-se através de diferentes instituições, como por exemplo, a Administração Pública Central e Local, a Segurança Social e o Fundo de Desemprego e outrasorganizações.

Estas instituições canalizam as transferências quer para as empresas quer para asfamílias, sob diversas formas, nomeadamente:

Para as famílias:- fornecimento de bens e serviços colectivos, gratuitamente ou através de pagamento parcial;- pensões e subsídios vários;

Para as empresas:- subsídios à produção em determinados sectores;- isenção de impostos;

O essencial da redistribuição é feito através da Segurança Social.

Politicas de Actuação

Politicas de Preços para combater as desigualdades;

Politica Fiscal para adequar o consumo ao rendimento, actuando sobre os impostos (directosou indirectos), agir sobre a procura através da regulação fiscal; criação de impostos cuja matériacolectável é os rendimentos dos cidadãos, com taxas progressivas, ou seja, dependendo dosrendimentos, estão sujeitos a maiores ou menores taxas (IRS). Com as receitas que arrecadaem termos de impostos, o Estado intervém na actividade económica na perspectiva de minimizar as desigualdades existentes entre os cidadãos;O Estado

O Estado é a forma que a organização do poder politico assume na maior parte dassociedades. A sua função principal consiste em manter a ordem social dentro dos limites da leifundamental (a Constituição). O Estado nem sempre se limita a garantir a segurança politica dos

cidadãos, ele pode intervir nos diferentes domínios da vida social, de forma a garantir, também, asegurança económica e social da comunidade. Isto exige que o Estado preste serviços àcomunidade (por exemplo satisfazendo algumas necessidades colectivas da população, taiscomo a educação, saúde, etc.). A realização dessa actividade produtiva obriga o Estado arealizar despesas e, consequentemente, a obter receitas. O Estado está a actuar como qualquer outro agente económico e integra-se no sector institucional que se costuma designar Administração Pública. Este sector engloba a Administração Pública Central, as AutarquiasLocais e a Segurança Social.

O Estado Intervencionista e o Estado Liberal

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Estado Liberal

No século XIX, a organização política e económica da sociedade estava marcada pelodesenvolvimento industrial (permitiu o desenvolvimento da actividade económica e o reforçodo poder dos empresários) e pela Revolução Francesa que tinha instaurado a nível político osregimes democráticos que garantiam as liberdades individuais e a participação dos cidadãos nopoder político (através das eleições). Este contexto de expansão económica e de difusão dosideais liberais reflectiu-se nas teorias elaboradas pelos economistas da época – economistasclássicos.

 As teorias económicas desse período partiam do pressuposto que a nova ordemeconómica deveria assentar no princípio da liberdade.

 Assim, para estes economistas (Adam Smith, Jean-Baptiste Say, etc.) o indivíduo erasoberano e livre, deveria ter liberdade de iniciativa – poder utilizar e aplicar livremente os seusmeios de produção na actividade económica.

 As empresas deveriam ter liberdade de concorrência – mas como seria assegurado oequilíbrio da actividade económica? A resposta encontrava-se no mercado. Os mecanismosdo mercado (leis da oferta e da procura) eram auto-reguladores, determinavam o que produzir eem que quantidades, as remunerações dos factores produtivos, etc. Adam Smith afirmava que:

“uma mão invisível regularia a ordem natural das coisas e permitiria conciliar o interesseindividual e geral”.

 A intervenção do Estado na esfera económica era considerada inútil, ou até mesmoprejudicial para o seu funcionamento. Deveria limitar-se a promover o consenso a nível dasociedade, de forma a garantir o desenvolvimento harmonioso da economia. Poderia tambémregulamentar juridicamente a actividade económica no sentido de fazer respeitar a livreconcorrência, garantir a estabilidade monetária e orçamental, etc. – esta concepção de Estadocostuma designar-se por Estado Liberal.

De acordo com a concepção liberal de Estado este deveria:- defender a ordem social e garantir as liberdades individuais (segurança interna);- representar os interesses da comunidade face ao exterior e assegurar o respeito pela

integridade do território (segurança externa);- regulamentar juridicamente a organização da actividade económica por forma a permitir a livreconcorrência e apenas quando estritamente necessária (desenvolvimento harmonioso daeconomia);

Estado Intervencionista

No início do século XX, verificam-se alterações na actividade económica – a 1ª GuerraMundial (1914-1918) e a Grande Depressão 1929/30 – obrigaram o Estado a intervir directamente na Economia.

Nos países afectados pela Guerra, o Estado desempenhou um papel importante nareconstrução económica e também a grande crise económica de 1929/30 só pôde ser ultrapassada recorrendo a um conjunto de medidas de intervenção directa do Estado. O Estadonão poderia continuar a ser inútil mas sim passar a intervir em áreas específicas da economia,tais como o investimento, o emprego, o consumo – Estado Intervencionista. Keynes propunhauma intervenção directa do Estado para combater a crise.

Esta concepção também se costuma designar por  Estado Providencia, pois o Estadodeixou de assegurar apenas a segurança interna e externa da comunidade no plano político. Aoprocurar compatibilizar o pleno emprego com o crescimento económico e com a justiça social,pretende também garantir a segurança económica e social dos cidadãos.

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 A partir da Segunda Guerra Mundial (1939/45) a intervenção do Estado na economia foireforçada e concretizou-se pela utilização de um conjunto de instrumentos:- estabelecimento de politicas económicas (controlar os preços, as taxas de juro, o emprego,etc.);- produção de bens e serviços não comercializáveis (defesa, justiça, educação, etc.) oucomercializáveis (através de empresas públicas, telecomunicações, etc.);- elaboração de planos indicativos para o sector privado (para reduzir a incerteza dosinvestimentos e definir os sectores prioritários para o desenvolvimento económico, etc.);

 A partir da década de 70 o Estado Providência entrou em crise. O choque petrolíferode 1973 gerou uma crise económica e financeira. O choque petrolífero de 1979 marcou umanova fase dessa crise. Assim, os instrumentos de intervenção económica utilizados pelo Estadorevelam-se ineficazes e entra em crise:

- crise financeira: o abrandamento do crescimento económico tem implicado o aumento dodesemprego, que provoca uma diminuição das receitas do Estado e um acréscimo das despesasde protecção social;

- crise de eficácia: os recursos públicos são aplicados na prestação de serviços à sociedade,

mas algumas desigualdades que o Estado Providência se tinha proposto fazer desaparecer,persistem;

- crise de legitimidade: algumas correntes de opinião começam a pôr em causa a forma comotem sido levada a cabo pelo Estado a redistribuição dos Rendimentos;

Funções do Estado – Políticas Sociais e Económicas

A divisão tradicional dos poderes do Estado divide as funções em funçãolegislativa, função executiva e função judicial, correspondendo a cada poder uma função.

 As funções do Estado nas sociedades contemporâneas são:

Funções Políticas

O Estado, para garantir a segurança politica dos cidadãos, tem de manter a ordemsocial. Para isso, dispõe de um conjunto de instituições (polícia, exército, tribunal, etc.) queasseguram a manutenção da ordem a nível interno, quer a integridade do próprio território. Amanutenção da ordem social inclui também a produção de legislação que permita atingir oconsenso social.

Funções Sociais

O Estado, para promover o bem-estar social da comunidade deverá:

- proteger os indivíduos dos riscos decorrentes da sua actividade (desemprego, doenças,

acidentes, idade, etc.);- garantir uma maior   justiça social através de uma distribuição mais equilibrada dosrendimentos;- satisfazer as necessidades colectivas;

Funções Económicas

O principal objectivo do Estado é estabilizar a actividade económica, evitar e corrigir desequilíbrios que possam provocar uma crise económica, ou seja, assegurar o crescimento, opleno emprego, a estabilidade dos preços e o equilíbrio das relações comerciais com o exterior.

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Para realizar com eficácia esta função o Estado deverá fixar as metas a atingir eescolher os meios que poderá utilizar para atingir esses objectivos.

O Estado para isso dispõe de instrumentos de intervenção na actividade económicacomo a regulamentação jurídica da actividade económica, a elaboração de planos reguladoresda economia, a produção de bens e serviços para satisfazer necessidades colectivas ou paraserem comercializados (empresas públicas).

Sector Empresarial do Estado

Geralmente, o sector público engloba, através da Administração Pública central, aprodução de bens e serviços gratuitos, ou que são vendidos muito abaixo do seu preço de custo,nas seguintes áreas:- satisfação das necessidades colectivas (educação, saúde, etc.);- garantia da segurança individual (polícia, exército);- construção de infra-estruturas (estradas, pontes, escolas, etc.);

No entanto, o Estado também pode produzir bens e serviços comercializáveis que, por vezes, entram em concorrência com os dos outros sectores da propriedade (privada ecooperativa). Esta produção é realizada pelas empresas públicas, as quais constituem o sector empresarial do Estado. As empresas públicas resultam, na maior parte das vezes, de um

processo de nacionalizações. Este processo consiste na passagem da propriedade do capitalpara as mãos do Estado, com ou sem indemnização aos anteriores proprietários.

O sector empresarial do Estado pode ter uma importância significativa na actividadeeconómica dependendo do seu peso na economia. Por exemplo, ao fomentar a produção emdeterminadas áreas pouco atractivas para a iniciativa privada, o sector público está a incentivar oemprego, o investimento, o consumo, etc., contribuindo para a manutenção do equilíbrio globalda economia.

Em Portugal, até ao 25 de Abril de 1974, o sector empresarial do Estado não tinhaqualquer peso significativo. É só a partir do período pós-25 de Abril que o Estado portuguêscomeça a intervir directamente na actividade produtiva. Este processo decorre de uma formarápida. O sector empresarial do Estado passou a controlar totalmente alguns sectores. A partir 

da década de 80 este processo começou a inverter-se e iniciou-se o processo de privatizações. Actualmente, o sector empresarial do Estado continua a ter uma importância muito grande.

Orçamento do Estado

O Estado para poder desempenhar com eficácia as suas funções, necessita de realizar gastos quer para suportar os encargos decorrentes da administração do território(vencimentos dos funcionários, compra de equipamentos, etc.) quer para satisfazer as

necessidades colectivas (segurança, justiça, educação, etc.). Estes gastos efectuados peloEstado denominam-se despesas públicas. Mas para poder realizar estas despesas, o Estadonecessita de assegurar, previamente, os recursos que permitam o seu funcionamento. Essesrecursos financeiros costumam designar-se por receitas públicas.

Os poderes públicos, de acordo com os objectivos definidos como prioritários, efectuauma previsão da natureza e do montante das despesas e das receitas públicas, em geralrealizada anualmente – o Orçamento do Estado.

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O Orçamento do Estado adapta as receitas ás despesas , limita  as despesas eexpõe o plano financeiro do Estado. Este é aprovado pela Assembleia da República e exprimeas grandes opções do plano anual que o Estado se propõe efectuar, em áreas diferentes(educação, saúde, etc.).

Despesas Públicas

Encontram-se agrupadas em despesas correntes e despesas de capital. As despesascorrentes constituem a rubrica com maior peso, mais de 70%, enquanto as despesas de capital,que incluem os investimentos do Estado (por exemplo em infra-estruturas) não atingem os 30%do total das despesas.

Receitas Públicas

Estão subdivididas em receitas correntes e receitas de capital. As receitas correntes,que englobam as receitas fiscais, constituem mais de 90% das receitas totais do Estado. Asreceitas fiscais provêem da cobrança de impostos directos (sobre o rendimento) e indirectos(sobre o consumo), tendo estes últimos um peso superior aos dos impostos sobre o rendimento.

 As receitas do capital, que provêem das propriedades públicas, dos juros deempréstimos, etc., estes apresentam um peso mínimo nas receitas totais do Estado (cerca de

5,5%).

Dívida Pública

Pode acontecer que o Estado não consiga obter, a partir das taxas, dos impostos e dasreceitas patrimoniais, todos os rendimentos de que necessita para fazer face às despesaspúblicas. Nesse caso, o Estado é forçado a recorrer aos empréstimos originando a dívidapública interna ou externa. O recurso ao crédito deve ser de carácter excepcional.

Políticas de Intervenção do Estado

O Estado para levar a cabo os objectivos que se propõe atingir, põe em prática políticas

de intervenção na actividade económica e social. Daí que se possa falar em: políticaseconómicas e politicas sociais.

O Estado fixa os grandes objectivos económicos (satisfazer as necessidades colectivas,etc.), elabora políticas económicas e sociais a seguir .

Instituições Financeiras

Noção de Instituição Financeira e Mercado Financeiro

Instituições Financeiras As Instituições Financeiras são instituições cuja função principal consiste em captar poupanças,canalizando-as para a actividade produtiva através da concessão de créditos.

Com efeito, alguns agentes económicos, como por exemplo, as empresas e a Administração Pública, não conseguem poupanças suficientes para fazer face à totalidade dosinvestimentos que necessitam de realizar no decurso da sua actividade, pois a sua capacidadede gerar poupanças é inferior ao nível do seu investimento.

No entanto, outros agentes económicos, como as Instituições Financeiras eparticularmente as famílias, têm uma poupança líquida positiva, pois após terem financiado os

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seus próprios investimentos dispõem ainda de capacidade financeira, ou seja, possuemexcedentes de receitas que lhes permitem uma acumulação de poupanças. Assim, as empresas,para financiar os seus investimentos, recorrem frequentemente a fundos de fora da empresa, istoé, recorrem ao financiamento externo.

De facto, são poucas as empresas que possuem capacidade de financiamento interno,ou seja, capacidade para, com o seu próprio capital (auto financiamento), garantir a execução deprojectos de investimento, de modernização e reconversão da sua actividade económica.

Logo, o recurso ao crédito externo, por intermédio das Instituições Financeiras,assume um papel fundamental no financiamento da actividade económica. As InstituiçõesFinanceiras desempenham, assim, um papel de intermediários entre os agentes que necessitamde financiamento (investidores) e os que têm excedentes a esse nível (aforradores).

Estas diferentes transferências de capitais entre os agentes económicos realizam-seatravés do Sistema Financeiro. As instituições que constituem o Sistema Financeiro Portuguêssão:

No primeiro grupo, as Instituições de Crédito:

- Autoridade Monetária (Banco de Portugal)- Outras Instituições Monetárias (OIM’S)- Outros Intermediários Financeiros

No segundo grupo, encontramos os Auxiliares Financeiros (Sociedades)

Por último, as Outras Instituições Financeiras:

- Seguradoras- Mediadoras de Seguros- Fundos de Pensões

Dentro do Sistema Financeiro Português podemos distinguir:

- O sector monetário, isto é, as Instituições Financeiras monetárias;- O sector não monetário, ou seja, as Instituições Financeiras não monetárias;

Mercado Financeiro

É através do Mercado Financeiro (ou de capitais) que os agentes económicos, e em especialas empresas, encontram os meios financeiros que necessitam para o financiamento da suaactividade. O mercado financeiro (ou de capitais) é um mercado onde se transaccionam fundos(activos financeiros) com prazo superior a 1 ano.

Estes activos financeiros, são disponibilidades financeiras, como acções, obrigações,etc. e podem converter-se em meios de pagamento, depois de se proceder à sua venda. Esta éfeita através dos intermediários financeiros, que são aqueles que põem em contacto aforradorese investidores. O mercado de capitais é, assim, o mercado no qual certos agentes podemprocurar os recursos a longo prazo que necessitam para expandir a sua actividade.

O Crédito e a Taxa de JuroO mercado monetário é o ponto de encontro entre a procura e a oferta de moeda. A

oferta de moeda realiza-se, por exemplo, através da concessão de crédito pelas instituiçõesbancárias.

 A remuneração (preço) desse crédito corresponde à taxa de juro. No entanto, a livreformação do preço do dinheiro (taxa de juro), pelo confronto entre a oferta e a procura de moeda,frequentemente não se verifica devido a limitações directas à concessão de crédito feitas pelasautoridades monetárias. Com efeito, se a quantidade de moeda em circulação é excessiva, podecausar tensões inflacionistas. Por outro lado, se for insuficiente para financiar a expansão da

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Economia, terá reflexos negativos, nomeadamente, na produção e no emprego. Assim, o Estado,através da política monetária, pode controlar o preço e a quantidade de moeda existente numaeconomia, isto é, pode controlar a taxa de juro.

A Oferta e a Procura de Fundos Financeiros

É no mercado financeiro que os agentes económicos procuram os recursos a longoprazo para investimento, emitindo e colocando os títulos junto dos aforradores. Neste mercado,as entidades públicas e privadas procuram captar poupanças para obter os capitais de quenecessitam para cobrir as suas necessidades de financiamento. Para isso, emitem,fundamentalmente, valores mobiliários – acções e obrigações – os quais materializam osdireitos adquiridos pelos seus subscritores. A emissão de acções e obrigações é o meioprivilegiado para os agentes económicos obterem os recursos de longo prazo de que têmnecessidade.

 As acções são emitidas quando da constituição da sociedade (sociedade anónima) ouquando tem lugar um aumento de capital. Cada acção representa uma parcela do capital social etem inscrito um valor (valor nominal). Os titulares das acções são chamados de accionistas.

Os accionistas (como sócios da empresa) têm o direito a receber, sob a forma dedividendos, uma parte dos lucros realizados pela sociedade. Como estes rendimentos variam

de ano para ano, as acções são valores de rendimento variável. As obrigações são emitidas quando a empresa contrai junto do público um empréstimo

obtendo, assim, o dinheiro de que necessita para realizar novos investimentos.Para facilitar a obtenção desse dinheiro, o empréstimo é dividido em partes iguais. Aos

títulos representativos dessas partes é que se chamam obrigações. Os possuidores dessasobrigações designam-se obrigacionistas, e são credores da empresa.

Quando contrai o empréstimo, a empresa compromete-se a pagar, periodicamente, os juros do empréstimo e a proceder ao seu reembolso (amortização do empréstimo), de acordocom as modalidades previstas no contrato de emissão. Os juros das obrigações, previstos nocontrato de emissão, não se alteram, daí que as obrigações sejam chamadas valores derendimento fixo.

Quando os títulos com estas características são emitidos pelo Estado denominam-se deDívida Pública.

É na Bolsa que se trocam os valores mobiliários por dinheiro. Cada título (valor mobiliário) tem um preço que na Bolsa se designa por cotação. Esta cotação pode variar. Assim,quando iguala o valor nominal diz-se que os títulos estão ao par . Quando desce a nível inferior ou superior ao valor nominal diz-se que estão, respectivamente, abaixo do par e acima do par .

O Mercado de Títulos. A Bolsa.

 A Bolsa é o local onde os valores mobiliários (títulos atrás mencionados) sãotransaccionados. Nesta transacção intervêm aqueles que desejam vender os títulos e aqueles

que os desejam adquirir. A Bolsa de Valores é um mercado de títulos. Em Portugal existem duas Bolsas deValores mobiliários: a de Lisboa e a do Porto.

 A Bolsa constitui um segmento do mercado financeiro.

Instituições Financeiras de Crédito

São instituições que têm capacidade para receber depósitos e conceder crédito.Em Portugal, as instituições financeiras monetárias, por excelência, são o Banco de

Portugal e o Sector Bancário propriamente dito.

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Os Bancos

 A actividade bancária concretiza-se num conjunto de operações que se relacionam,nomeadamente, com a:

- criação de moeda;- concessão de crédito;- circulação de moeda;

Esta actividade subordina-se à política monetária do país, o qual por sua vez, faz parteda política económica global. Assim, o facto de o Estado intervir, em regra directa ouindirectamente, na actividade bancária. Em Portugal, esta intervenção é realizada através doBanco Central (Banco de Portugal).

Banco Central

É a instituição que tem por missão tutelar a estrutura financeira do país. É o banco queestá no topo da hierarquia do sistema bancário, é o “Banco dos Bancos”.

O Banco de Portugal, enquanto Banco Central, é o banco que tem poderes de

fiscalização sobre as outras instituições bancárias e parabancárias. O Banco de Portugal é,assim, o banco que:

- procede ao redesconto de títulos;- é depositário das reservas de caixa das outras instituições bancárias;- preside à criação e funcionamento das câmaras de compensação de títulos de crédito- centraliza e compila as estatísticas monetárias, financeiras e cambiais, tornando-seespecialmente apto para consultor do governo;

O Banco Central é:

- o banco dos bancos: é o depositário das reservas de caixa dos outros bancos e “socorre-os”em caso de dificuldades de tesouraria;

- emissão de notas e moedas: com curso legal, objecto de programação anual em colaboraçãocom o Ministro de Finanças;- intermediário nas relações monetárias internacionais: é o Banco Central que possuireservas em ouro e divisas que garantem a solvência e a aceitação internacional da moedaportuguesa, fazendo face aos pagamentos externos, que têm de ser autorizados pelo BancoCentral. O Banco Central é o porta-voz do país (junto, por exemplo do F.M.I. e outrosorganismos monetários internacionais- autoridade monetária: orienta e fiscaliza a politica monetária, financeira e cambial, emcoordenação com o Ministro das Finanças.Banco Emissor 

O Banco de Portugal é o Banco Central e também o Banco Emissor. Como BancoEmissor tem a exclusividade de emissão de notas. As moedas metálicas, embora emitidas

directamente pelo Estado (Casa da Moeda), só são postas em circulação por intermédio e sobrequisição do Banco de Portugal.

Bancos Comerciais, de Poupança e Investimento

Bancos Comerciais

Os Bancos Comerciais têm por objecto exclusivo o exercício da actividade bancária comfins lucrativos. Utilizam as disponibilidades oferecidas através de depósitos em operações decrédito a curto prazo. Hoje em dia, podem aplicar este recursos provindos dos depósitos em

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créditos a médio e a longo prazo. Essencialmente, os Bancos Comerciais realizam dois tipos deoperações:- operações passivas: recepção de fundos em depósitos e depósitos para abertura de contasespeciais (poupança-reforma, poupança-habitação);- operações activas: concessão de crédito (aos particulares e às empresas) tendo comocontrapartida o juro ou primeira comissão. O crédito pode ser ou não em dinheiro.

Bancos de Poupança

São instituições especiais de crédito que podem praticar operações que cabem quer aosbancos comerciais quer aos bancos de investimento. Realizam portanto operações activas epassivas e praticam uma vasta gama de operações activas e passivas de médio e longo prazo –Caixa Geral de Depósitos.

Bancos de Investimento

São instituições especiais de Crédito que têm por objecto a concessão de crédito amédio e longo prazo.

Produtos Financeiros

- Obrigações: são títulos de rendimento fixo que podem se emitidos e reembolsados;

- Acções: títulos imobiliários que representam uma quota-parte da empresa que as emitiu;

- Depósitos a prazo: é uma opção estável e é daqui que as instituições retiram também fundospara concessões de crédito;

- Poupança-Reforma: é idêntico a um depósito a prazo, exclusivo a reformados (não confundir com Plano Poupança Reforma);

- Bilhetes de Tesouro: são títulos de crédito a curto prazo emitidos pelo Estado;

- Crédito em leilão no Investimento Público: são títulos de crédito a médio prazo emitidos peloEstado;

- Fundos de Investimento Mobiliário

- Fundos de Tesouraria

- Fundos de Obrigações e Certificados de Aforro

Resto do Mundo

Necessidade e Importância do Comércio Internacional

Os indivíduos sentem necessidades cuja satisfação dá origem ao consumo de bens eserviços, os quais se adquirem em estabelecimentos específicos. Esta actividade de compra evenda (troca) é designada por comércio e o seu objectivo é, precisamente, colocar à disposiçãodos consumidores os bens e serviços de que necessitam. Assim, quando consumimos pastéisde nata, adquirimos um romance português, compramos um televisor japonês ou um automóvelalemão, estamos a realizar actos económicos de compra que se inscrevem no domínio dastrocas ou do comércio. No entanto, como se pode verificar pelo exemplo dado, nem todos osprodutos que compramos são fabricados em Portugal. Com efeito, muitos dos produtos queconsumimos são fabricados no exterior , isto porque por um lado, a produção nacional é

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insuficiente para assegurar as necessidades da população e por outro, muitos produtos não sãosequer produzidos em Portugal.

Por estes motivos, a circulação de mercadorias não se realiza unicamente dentro doespaço português – comércio interno. De facto, todos aqueles produtos que não são fabricadosem Portugal, ou cuja produção é insuficiente, terão de ser comprados ao exterior. Por outro lado,também se verifica que alguns produtos portugueses são vendidos no exterior. Estas trocas demercadorias que se realizam entre um dado país e o exterior (Resto do Mundo) designam-se por comércio internacional ou comércio externo.

O comércio internacional tem-se desenvolvido de uma forma prodigiosa desde o séculoXIX. Este crescimento foi também acompanhado por uma alteração da natureza das trocas.

Os países não são auto-suficientes, isto é, não produzem tudo aquilo de quenecessitam. Alguns países têm-se especializado. Os países, de acordo com os recursosnaturais e humanos de que dispõem, podem, por exemplo, especializar-se nalgumas produçõescujos excedentes vendem ao exterior (é o caso dos países ricos em petróleo que vendem estamatéria-prima para o exterior).

Como resultado da especialização destes países surgiram as trocas internacionais.Esta especialização tem-se traduzido no aumento, cada vez maior, do fosso que separa ospaíses pobres dos países ricos. Por um lado, os países mais desenvolvidos especializaram-se na produção industrial, mas são deficitários, nomeadamente, em produtos primários,energia, etc., que compram a baixos preços aos países subdesenvolvidos;

Por outro lado, os países subdesenvolvidos são deficitários em produtos industriaisque compram a preços elevados aos países desenvolvidos e são excedentários em produtosprimários que vendem ao exterior a baixos preços.

O comércio internacional é apenas um dos factores que contribuem para a cada vezmaior interdependência entre as economias nacionais. A multinacionalização e amundialização da economia são características do mundo contemporâneo.

Comércio Externo

O Comércio Internacional (comércio externo) origina duas relações económicasfundamentais: a importação (compras de mercadorias ao exterior) e a exportação (vendas demercadorias ao exterior).

 A importação corresponde a uma entrada de mercadorias num determinado país

provenientes do exterior. A essa entrada de mercadorias terá de corresponder a saída de umfluxo monetário em direcção ao exterior, ou seja, essas mercadorias terão de ser pagas. Essepagamento é geralmente efectuado em moeda ou em ouro. Os meios de pagamento nacionaisque são trocados em moeda estrangeira costumam designar-se por  divisas. As importaçõescorrespondem a uma saída de divisas.

 As exportações correspondem a uma saída de mercadorias. A esta saída demercadorias contrapõe-se um fluxo monetário proveniente do exterior, isto é, entram divisas nopaís.

O aumento das trocas internacionais tornou necessária a elaboração de registos querealçassem a situação económica de cada país, em relação aos seus parceiros comerciais.Surgiram assim as Balanças Comerciais onde se regista o valor das importações e das

exportações de mercadorias.Por  Balança Comercial entende-se o registo, em quadros comparativos, dos valores

das importações e das exportações de mercadorias realizadas por um país durante determinadoperíodo de tempo, normalmente 1 ano. A Balança Comercial apresenta-se habitualmente sob aforma de 1 quadro com três colunas, onde se inscrevem, respectivamente, os valoresrespeitantes às importações, às exportações e aos saldos (diferenças entre os valores dasimportações e das exportações).

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 As importações e exportações de mercadorias dão origem a fluxos monetários: saída dedividas que corresponde à importação de mercadorias e entrada de divisas que corresponde àexportação de mercadorias.

Estes fluxos monetários costumam ser registados num quadro que, como já foi dito, sedesigna por Balança Comercial. As Balanças Comerciais são, então, quadros onde se registamos valores das importações e das exportações realizadas por um país, da seguinte forma: asaída de divisas (importações) regista-se como um débito; a entrada de divisas (exportações)regista-se como um crédito e o saldo apura-se efectuando a diferença entre os valores dasimportações e os das exportações.

Suponhamos que no País A, durante um ano, o valor das importações de mercadoriastinha sido de 1000 u.m., enquanto as exportações de mercadorias tinham apenas atingido as500 u.m. A Balança Comercial desse país apresentaria, então, o seguinte aspecto:

  débito crédito SaldoMercadorias 1000 500 -500

Neste caso, o saldo apurado é negativo; no entanto, ele também poderá ser positivo.Vejamos, então, qual o significado dos diferentes tipos de saldos da Balança Comercial:

- saldo negativo ou deficitário quando o valor das importações é superior ao valor dasexportações. Neste caso, a situação pode ser  desfavorável para o país em causa, poiscorresponde a uma saída de divisas para o exterior;

- saldo positivo ou superavitário quando o valor das exportações é superior ao valor dasimportações. Neste caso, a situação é favorável ao país em causa, dado que corresponde auma entrada de divisas do exterior.

 A análise do saldo da Balança Comercial de um dado país permite-nos avaliar a suasituação face às trocas comerciais com o exterior, isto é, a sua dependência relativamente aoResto do Mundo. Existem, no entanto, outros indicadores para analisar o comércio externo talcomo a taxa de cobertura.

Taxa de Cobertura

 A taxa de cobertura indica-nos em que medida as importações estão cobertas pelasexportações, isto é, qual a parte do valor das importações de um dado país que é paga pelovalor das suas exportações. Calcula-se do seguinte modo:

Taxa de Cobertura = Valor das Exportações x 100Valor das Importações

 Assim, se a relação for inferior a 100, o valor das exportações não cobriu totalmente ovalor das importações; se a relação for superior a 100, as importações foram cobertas pelo valor das exportações. No exemplo referido anteriormente, a taxa de cobertura seria, então,

calculada da seguinte forma:

Taxa de Cobertura = 500 x 100 = 501000

Uma taxa de cobertura de 50 significa que apenas metade do valor das importações(50%) foi coberta pelas exportações.

Balança de Transacções Correntes – B.T.C.

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 As entradas e saídas de divisas correspondentes ás trocas de mercadorias e deserviços, aos rendimentos de capital e às transferências unilaterais, designam-se transacçõescorrentes.

Estas transacções são registadas na Balança de Transacções Correntes, a qualenglobará a Balança Comercial e a Balança de Serviços, Rendimentos e TransferênciasUnilaterais.

B.T.C. = B. Comercial + B. de Serviços, Rendimentos e Transferências Unilaterais

Esta Balança constitui o melhor indicador sobre a situação das trocas de um dadopaís com o Resto do Mundo, isto porque:

- as trocas de mercadorias não são, actualmente, as únicas transacções com o exterior, pois osserviços começam a ter uma importância cada vez maior;

- os rendimentos dos capitais permitem—nos analisar a situação das Balanças de TransacçõesCorrentes anteriores, pois dizem respeito a juros de empréstimos anteriormente contraídos, etc.;

Balança de Serviços, Rendimentos e Transferências Unilaterais

Para além das trocas de mercadorias, os países também trocam serviços e capitais,movimentam pessoas, etc. De facto, uma grande parte dos fluxos que se estabelecem entre osEstados têm a ver com:

- compra e venda de serviços;- os rendimentos dos capitais;- as transferências unilaterais.

Estes movimentos registam-se numa Balança específica que se denomina Balança deServiços, Rendimentos e Transferências Unilaterais. Neste quadro, tal como na BalançaComercial, as entradas de dívidas registam-se nos créditos e as saídas de divisas nos débitos,apurando-se, também, o respectivo saldo. Mas, vejamos, mais detalhadamente, cada um destesfluxos: serviços, rendimentos de capitais e transferências unilaterais.

Serviços

 As trocas de serviços entre os diferentes países são de vária ordem e têm a ver comactividades como os transportes, os seguros, o turismo, etc. Nalguns países, as trocas deserviços poderão ter um peso bastante importante. Tal é o caso de Portugal, onde o turismo ea actividade hoteleira a ele associada são uma das principais fontes de entrada de divisas nopaís.

Rendimentos de Capitais

O sector privado e o sector público recorrem muitas vezes ao crédito externo, para

poderem realizar os investimentos de que necessitam. Com efeito, quando o financiamentointerno é insuficiente, os investidores são obrigados a pedir empréstimos ao exterior.Mas, esses empréstimos têm de ser pagos, bem como os  juros devidos por esse capital

emprestado. Estes juros constituem os rendimentos do capital.No entanto, estes rendimentos também incluem os dividendos (lucros) da actividade

das empresas nacionais no exterior. Por exemplo, uma empresa do país A instalada noutro paísreceberá os lucros desse investimento que entrarão como divisas no seu país.

Transferências Unilaterais

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Os indivíduos também se instalam nos diferentes países, dando origem a movimentosmigratórios. Por exemplo, indivíduos de países pouco industrializados deslocam-se para paísesmais ricos, onde normalmente constituem mão-de-obra barata.

Estas migrações dão origem, em regra, a transferências monetárias dos emigrantes paraos seus países de origem, as quais se costumam designar por remessas dos emigrantes.

Estas remessas dos emigrantes constituem a quase totalidade das transferênciasunilaterais entre países. No entanto, estas transferências também poderão incluir a ajudainternacional pública (por exemplo, quando um Estado oferece ajuda monetária a outro semexigir qualquer pagamento).

Balança de Capitais

Os movimentos registados na Balança de Capitais têm a ver com os investimentosdirectos estrangeiros (participação no capital das empresas), com o montante dos créditosrecebidos ou concedidos (empréstimos), etc. Estes fluxos designam-se por  movimentosinternacionais de capitais.

Movimentos de capitais

Os movimentos de capitais (a médio e longo prazo) correspondem a dois grandes

tipos de operações: o crédito e o investimento.

- As operações de crédito resultam, nomeadamente, da necessidade de financiamento docomércio externo, dos empréstimos não ligados ao comércio e do endividamento externo.- As operações de investimento resultam, por exemplo, da instalação das empresasmultinacionais estrangeiras num determinado país (investimento directo) e da compra de valoresmobiliários por estrangeiros.

Os movimentos de capitais costumam registar-se na Balança de Capitais, cujamovimentação é idêntica à das outras balanças.

 A leitura do saldo da Balança de Capitais poderá não ser tão simples pois um saldopositivo poderá não reflectir uma situação favorável para a economia do país em questão.

Balança de Pagamentos

 A Balança de Pagamentos é o quadro onde se registam todas as transacções que dãoorigem a transferências monetárias entre um determinado país e o Resto do Mundo. Um dosseus componentes é a Balança Básica.

Balança Básica

 A Balança Básica obtém-se agregando a Balança de Transacções Correntes à Balançade Capitais de médio e longo prazo.

Balança Básica = Balança de Transacções Correntes + Balança de Capitais de médio e longoprazo

Taxa de Câmbio

 As trocas internacionais, ao darem origem a pagamentos a outros países (caso dasimportações), colocam o problema do câmbio. Com efeito, será necessário converter a moedanacional em unidades monetárias do país com o qual se efectuou a transacção ou em qualquer outra moeda por este aceite. A conversão da moeda nacional noutra quantidade de moedaestrangeira designa-se por operação de câmbio. No entanto, para que tal operação se realize,é necessário saber a taxa de câmbio, isto é, a quantidade de moeda nacional necessária para

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obter uma unidade monetária de outro país. Assim, por intermédio das operações de câmbio, amoeda nacional é convertida noutras unidades monetárias.

Circuito Económico Global

No decorrer da actividade económica as unidades que nela intervêm estabelecemrelações económicas entre si. Por exemplo, as unidades de produção (Empresas) vendem osseus bens e serviços às unidades de consumo (Famílias).

Estes movimentos que se estabelecem entre as unidades económicas designam-se por fluxos. Consoante dizem respeito às trocas de bens e serviços – fluxos reais, ou às trocas demoeda – fluxos monetários. Podemos representar graficamente os fluxos que se estabelecementre as diferentes unidades económicas. Esta representação designa-se por  circuitoeconómico.

O circuito económico é, então, constituído pelas unidades económicas e pelosrespectivos fluxos (reais ou monetários) que se estabelecem entre elas, como podemos observar a seguir:

Factores de produção (capital e trabalho)

Rendimentos distribuídos (s+j+r+l) 

Despesas de consumo

Bens e serviços produzidos

- - - fluxo monetário _____ fluxo real

 Assim, neste circuito simplificado, as famílias, cuja função principal é o consumo,recebem salários, juros, rendas e lucros (fluxo monetário) em troca da utilização de factoresprodutivos (fluxos reais). Estes rendimentos vão ser empregues na obtenção de bens e serviçosproduzidos pelo sector produtivo (fluxo real), isto é, realizando despesas de consumo (fluxomonetário).

Deste modo, em termos monetários e esquematizando a conta das famílias, temos:

FamíliasEmpregos dos rendimentos Recursos

- Despesas de consumo - Rendimentos- Poupanças

 Assim, o rendimento das famílias terá de ser igual à soma das despesas de consumomais o valor das poupanças, isto é, os recursos são iguais aos empregos dos rendimentos.

Unidades

de

Produção

Unidades

de

Consumo

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 As unidades económicas correspondem aos agentes económicos agregados quedesempenham funções semelhantes na economia. Como a seguir está indicado:

Famílias: representam as unidades de consumo e são constituídas pelos conjuntos de pessoasque vivem na mesma habitação.

Empresas: representam unidades de produção e a sua função principal consiste na produção debens e serviços.

As instituições de crédito: a função destas instituições corresponde basicamente ao papel dosbancos e das companhias de seguros.

Estado ou AdministraçãoPública: este agente económico agregado compreendealém das Administrações Públicas Centrais e Locais, aSegurança Social. Não estão incluídas as empresaspúblicas.

Resto do Mundo: é o ponto de destino de todos osfluxos que saem do circuito nacional para o exterior.

Igualmente também se consideram os fluxos que vêmdo exterior para o circuito nacional.

A Contabilidade Nacional

Sectores Institucionais e os Ramos de Actividade

 As unidades institucionais são os centros de decisão económica que dispõem deautonomia de decisão relativamente à sua função principal de contabilidade, isto é, dedocumentos relativos às operações realizadas. Esta autonomia relaciona-se com o exercício dasua actividade e com a percepção e distribuição do seu rendimento. Assim, as famílias, por 

exemplo, não dispõem de contabilidade completa, mas constituem centros de decisão, sãoautónomas relativamente às suas decisões sobre o consumo. As unidades institucionaiscaracterizam-se, pois, pela autonomia de decisão e gestão.

Os sectores institucionais agrupam unidades institucionais que têm comportamentosanálogos, tendo em conta a sua função principal. Com efeito, podemos analisar decisões deconsumo, de poupança, de acumulação, etc.

Deste modo, é com base na função principal, na natureza e na origem dos recursos quese faz a afectação dessas unidades institucionais a um determinado sector institucional.

Os sectores institucionais são sete.

Sociedades e quase sociedades não financeiras

Neste sector agrupamos as unidades residentes cuja função económica principal éproduzir bens e serviços não financeiros. Os seus recursos têm origem na venda da produçãoefectuada. Este sector pode dividir-se em dois: as sociedades e quase sociedades públicas e associedades e quase sociedades privadas.

Instituições de Crédito

Este sector é constituído por unidades institucionais residentes cuja função principal éfinanciar , ou seja, conceder crédito através da captação de poupanças. Este sector divide-se

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em dois subsectores: as Instituições de crédito monetário e Instituições de crédito monetário. Osseus principais recursos são os depósitos e os fundos provenientes dos empréstimos.

Empresas de Seguros

Este sector agrupa as unidades cuja função principal é segurar , isto é, transformar osriscos individuais em riscos colectivos. Os seus recursos são constituídos, principalmente, por prémios de seguros.

Administração Pública

Neste sector, agrupam-se as unidades cuja função económica principal consiste quer naprodução de serviços não mercantis, quer na repartição do rendimento ou do patrimónionacional. Os seus recursos provêm dos impostos ou de quotizações obrigatórias pagas pelasoutras unidades institucionais. Este sector decompõem-se em três subsectores: AdministraçãoPública Central, que compreende o Estado e todos os organismos que dele dependem, comopor exemplo os Ministérios, a Administração Pública Local que integra as câmaras municipais, as

 juntas de freguesia e os governos civis e a Segurança Social, que tem por função receber quotizações sociais e distribuir prestações sociais.

Administrações Privadas

Neste sector, agrupam-se unidades muito diversas, como por exemplo, sindicatos,partidos políticos, associações de consumidores, associações culturais e desportivas, etc.

Estas associações têm por função produzir serviços, mas o seu objectivo não élucrativo. Os seus recursos têm origem nas contribuições voluntárias dos seus associados ounos seus recursos próprios, provenientes, por exemplo, de doações. Todas estas instituiçõestêm personalidade jurídica.

Famílias (e empresas individuais)

Este sector, como já vimos, tem por função principal o consumo. Contudo, também aprodução pode ser, eventualmente, a sua função principal quando se trata de empresas em

nome individual. Este sector agrupa tanto os indivíduos que pertencem aos agregados familiares,como aqueles que se encontram em instituições, como, por exemplo, os internatos, os lares de3ª idade, etc. Do mesmo modo se integram neste sector as empresas em nome individual. Osseus recursos resultam das remunerações pagas pelos outros sectores institucionais. Quandoorganizadas em empresas individuais, os seus recursos são os provenientes das receitas dasvendas.

Resto do Mundo

Não se trata de um sector institucional no verdadeiro sentido do termo, mas inclui todosos fluxos entre unidades institucionais residentes e não residentes.

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Este quadro resume a caracterização dos sectores institucionais.

Este quadro representa os fluxos monetários que se estabelecem entre os sectoresinstitucionais, isto é, o circuito económico completo, embora de forma simplificada:

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Ramos de actividade

 As actividades económicas podem ser repartidas pelos sectores de actividade: primário,secundário e terciário. No domínio da Contabilidade Nacional, as actividades produtivasagrupam-se, de acordo com as características dos bens e serviços produzidos, segundo osdiversos ramos de actividade. Assim, os ramos de actividade são constituídos por unidades deprodução homogéneas, isto é, unidades que produzem bens e serviços com as mesmas

características e através de processos de produção análogos. Em Portugal existem 49 ramos deactividade definidos pelas contas nacionais.

A conta da produção do sector empresas

Esta conta tem como recursos o valor da produção ao preço de mercado e comoempregos os consumos intermédios necessários para realizar essa produção. Assim, mostra-

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nos a ligação que existe entre a produção e o consumo intermédio de bens e serviçosnecessários para obter essa produção. Deste modo, esta conta é estabelecida por ramos deactividade.

Conta de Produção

Empregos Recursos

Consumo Intermédio Valor da Produção

Saldo

 Assim, o saldo desta conta é o Valor Acrescentado Bruto (V.A.B.) que é constituídopela contribuição das unidades produtivas para o Produto Interno Bruto (P.I.B.).

Cálculo do Valor da Produção

O valor da produção realizada num país, num determinado período de tempo, é um

indicador da maior importância, pois é a partir da produção que se inicia o processo de criaçãoda riqueza. O cálculo do valor da produção pode ser efectuado a partir de três ópticasdiferentes:

- óptica do produto;- óptica do rendimento;- óptica da despesa.

O valor da produção é sempre o mesmo qualquer que seja a óptica utilizada para o seu cálculo.

Cálculo da Produção pela Óptica do Produto

Produto a custo de factores e produto a preços de mercado

 A contabilização do valor do produto varia com o preço a que esse valor é calculado. Assim, podemos considerar os seguintes preços:

- preços a custo de factores- preços de mercado

No primeiro caso calcula-se o valor da produção com base nos custos de produção. Nosegundo caso, a produção é calculada com base nos preços de venda. De facto, para além dopreço dos custos de produção, o Estado lança impostos sobre este preço (preço de custo): é ocaso dos impostos indirectos. No entanto, também pode conceder subsídios a determinadas

produções que considera essenciais, para que o preço de venda desses bens se torne acessívelà população mais carenciada.

 Assim, o produto a preços de mercado (Ppm) traduz-se pela igualdade seguinte:

Ppm = Pcf + Ti – Subsídios

 V.A.B.

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Ti – impostos indirectos ou sobre o consumo

Por outro lado, o produto a custo de factores pode ser explicitado através da igualdade que sesegue:

Pcf = Ppm – Ti + Subsídios à produção

Neste caso, os valores da produção (a custo de factores), não podem incluir os impostosindirectos. Por outro lado, no caso de existirem subsídios à produção, estes terão de ser adicionados de forma a obtermos o valor do custo real da produção.

Produto a preços correntes e produto a preços constantes

Quando se pretende efectuar comparações sobre a evolução do valor do produto emvários anos, põe-se o problema dos preços através dos quais é efectuado o cálculo do valor daprodução. De facto, as comparações temporais podem induzir-nos em erro na avaliação dosníveis de produção. Com efeito, se considerarmos para cálculo do produto os preços correntes,isto é, os que vigoram no mercado, podemos verificar neste período variações nos preços

motivadas, nomeadamente, pela inflação. Neste caso, os valores calculados podem dar-nos ailusão de que houve uma variação do volume da produção sem que esta tenha existência real.

Vejamos um exemplo que ilustre este problema:Vamos supor que a produção de canetas esferográficas, num dado país e num

determinado ano, é igual a 1 milhão e que o seu preço no mercado é de 20$00 cada. Então, ovalor da produção total nesse ano será de 20 000 contos. Se no ano seguinte, se verificar umaumento de preço de 10% relativamente ao do ano anterior, cada caneta passará a custar 22$00. No caso da produção anual se manter, o valor da produção será de 22 000 contos.Portanto ao aumento do valor da produção, neste exemplo, não correspondeu um aumentoefectivo da produção visto que ela se manteve.

Para evitar esta situação e podermos fazer comparações temporais, o produto terá deser calculado a preços constantes. Assim, o valor dos bens e serviços produzidos calculados apreços constantes tem como referência os preços de um dado ano considerado como ano-base.

Na prática, utilizam-se os números-índice para deflaccionar os preços relativamente ao ano-base. Só deste modo será possível uma comparação eficaz.

Produto Interno e Produto Nacional

O Produto Interno corresponde ao valor da produção realizada no território económiconacional, isto é, tem por base um critério espacial.

Deste modo, o Produto Interno de um país engloba a produção realizada a partir dosfactores produtivos quer nacionais, quer estrangeiros, desde que a produção tenha lugar noterritório económico nacional. Assim o Produto Interno não inclui o saldo dos Rendimentos doResto do Mundo. Este saldo resulta da diferença entre rendimentos dos factores produtivosvindos do exterior (Rendimentos do Resto do Mundo) e os rendimentos dos factoresprodutivos pagos ao exterior (Rendimentos para o Resto do Mundo).

Saldo dos Rendimentos = Rendimentos do - Rendimentos parado Resto do Mundo Resto do Mundo o Resto do Mundo

O Produto Nacional corresponde à produção realizada pelas unidades institucionaisresidentes, qualquer que seja o espaço económico em que essa produção seja efectuada. OProduto Nacional tem por base, pois, o critério de residente.

Tomemos agora como exemplos as seguintes situações, para ilustrar estes doisconceitos:

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- Uma empresa de construção civil residente em Portugal que esteja a operar em Angola. O valor acrescentado por esta empresa inclui-se no Produto Interno de Angola, uma vez que a produçãose realiza no território económico angolano. Mas, por outro lado, inclui-se no Produto Nacionalde Portugal o correspondente aos rendimentos que vêm para Portugal.

- Uma empresa estrangeira não residente que explora uma mina em Portugal. O valor acrescentado por esta empresa inclui-se no Produto Interno português; contudo, os rendimentosprovenientes dos factores produtivos são enviados para o país de origem, logo fazem parte doProduto Nacional desse país e têm que ser subtraídos ao Produto Nacional português.

De facto, o Produto Nacional tem origem nas unidades institucionais residentes e neleinclui-se o saldo dos rendimentos do Resto do Mundo.

 Assim, podemos traduzir o Produto Nacional pela igualdade que se segue:

PN = PI + Saldo dos Rendimentos do Resto do Mundo

Cálculo da Produção pela Óptica da Despesa

Despesa Interna e Despesa Nacional

Para calcular o valor da Despesa de um país, teremos que retirar ao valor da procuraglobal o valor dos bens e serviços que foram adquiridos e utilizados nesse país, mas produzidosnoutros – importações. De facto, esta despesa (nas importações) não corresponde a umaprodução realizada no país em questão. Assim, podemos obter o valor da Despesa Interna:

DI = Consumo Total + F.B.C.F. + Variações Existências + Exportações – Importações

Com efeito, no cálculo da Despesa Interna apenas consideramos o critério espacial,isto é, as despesas efectuadas na aquisição de bens e serviços produzidos no territórioeconómico do país em análise. Assim a Despesa Interna corresponde ao valor do produtointerno. Por outro lado a despesa é sempre calculada a preços de mercado, uma vez que setem em conta as despesas efectuadas na aquisição de bens e serviços. Além disso, também nãose entra em linha de conta, para o cálculo da despesa, com a despesa de consumo de capital

fixo (amortizações). Quer isto dizer que a despesa se exprime a preços de mercado e em valor bruto. Por este motivo podemos afirmar que a Despesa Interna é igual ao PIBpm:

DI = PIBpm

Se considerarmos o critério das unidades institucionais residentes, então teremosque ter em conta o Saldo dos Rendimentos do Resto do Mundo.

Se ao valor da Despesa Interna adicionarmos o saldo dos Rendimentos do Resto doMundo obtemos o valor da Despesa Nacional que corresponde ao PNBpm.

DN = PNBpm = PIBpm + Saldo dos Rendimentos do Resto do Mundo

DN = Consumo Privado + Consumo Público + F.B.C.F. + Variação das Existências +Exportações – Importações + Saldo dos Rendimentos do Resto do Mundo

Componentes da Despesa

Na Despesa integram-se todas as aquisições de bens e serviços produzidos. Estes bense serviços podem ser destinados quer ao consumo, quer ao investimento. Vamos então analisar as duas grandes componentes da despesa:

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- consumo- investimento

O Consumo Total subdivide-se em consumo público e consumo privado. Não sãoapenas as famílias que efectuam consumos de bens e serviços. Também a AdministraçãoPública, para funcionar, tem de efectuar despesas de consumo por forma a satisfazer necessidades colectivas.

O investimento subdivide-se entre Formação Bruta do Capital Fixo e Variação deExistências, isto é:

Investimento Bruto = F.B.C.F. +/- Variação de Existências

Para a formação bruta do capital fixo podem contribuir quer as empresas, quer a Administração Pública através da aquisição de bens de equipamento. A variação de existênciascorresponde a um saldo, isto é, à diferença entre os valores calculados no início e no fim do ano,relativos às matérias-primas, produtos semi-acabados e produtos acabados que se encontremem armazém. Por este motivo, pode apresentar valores positivos, negativos ou ser nulo.

Cálculo da Produção pela Óptica do Rendimento

Componentes do Rendimento

 As classes de rendimento consideradas na Contabilidade Nacional são as seguintes:

- Remunerações- Excedente Bruto de Exploração

 As remunerações constituem o conjunto de todos os valores recebidos pelostrabalhadores por conta de outrem, incluindo os trabalhadores da função pública, e também ascontribuições sociais que financiam a maioria das prestações sociais.

O excedente bruto de exploração corresponde ao saldo da conta de exploração eengloba os rendimentos provenientes do factor capital.

O valor dos impostos indirectos, depois de deduzidos os subsídios à produção pagospelo Estado às empresas também fazem parte do Rendimento Nacional. Assim, o Rendimento Nacional corresponde ao PNBpm.

Rendimento Disponível

O Rendimento Nacional Bruto Disponível considera a utilização do rendimentosegundo a óptica da despesa, ou seja, a sua aplicação em consumo e poupança bruta, pelo queo Rendimento Nacional Bruto Disponível será:

R.N.B. disponível = Consumo final + Poupança Bruta

Limitações à Contabilidade Nacional

 A utilização da Contabilidade Nacional revela várias vantagens, nomeadamente comoinstrumento de análise da actividade económica. Com efeito, a Contabilidade Nacional permite:

- recolher informações relativas a situações presentes e passadas;

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- conhecer e ter informações completas sobre a actividade económica de um país;- fazer comparações no tempo e no espaço;- medir os resultados das acções dos poderes públicos;- prever as reacções dos agentes económicos perante novas situações, como, por exemplo,aumento ou diminuição de lucros, da procura, do poder de compra, etc.

De facto, a Contabilidade Nacional constitui uma fonte de informação para os poderespúblicos, parceiros sociais e economistas. Mas ela é também um instrumento de previsão eplanificação. Com efeito, o estudo dos resultados passados e dos comportamentos verificadospermite estabelecer previsões e fazer projecções a curto e a médio prazo. Estas projecçõespermitem aos poderes públicos tomar decisões.

Todavia, e apesar das vantagens evidentes, existem algumas limitações à utilizaçãoda Contabilidade Nacional, nomeadamente no que se refere aos dados estatísticos que têm deser utilizados com precaução.

 Assim, mau grado todas as verificações que se possam efectuar, subsiste sempre umacerta margem de erro que não pode ser ignorada. Por outro lado, a Contabilidade Nacional nãopode abranger toda a actividade económica, uma vez que:

Existem actividades não remuneradas, como por exemplo:- os bens produzidos pelas famílias nos seus lares;

- o trabalho voluntário realizado em certas instituições não lucrativas;

 A economia subterrânea escapa à Contabilidade Nacional. Com efeito, existem actividades quesão efectuadas à margem da legislação social e fiscal, por exemplo, o trabalho clandestino, otrabalho infantil, o tráfico de droga, o contrabando, etc.

 A contabilidade, por outro lado, não é feita para medir o bem-estar ou o progresso social,pois o P.I.B. tanto aumenta quando aumenta a produção de armas, como a de produtosalimentares ou os gastos em saúde. De facto o P.N.B. aumenta com os engarrafamentos detráfego, com os acidentes de automóvel, com a perda de tempo e o desgaste provocado peloslongos percursos residência-emprego. Também a poluição provocada por algumas produçõesnão é registada na Contabilidade. Deste modo, não restam dúvidas de que a ContabilidadeNacional presta muitos serviços e o alargamento do seu campo tem boas perspectivas. Todavia,

existem limitações. Com efeito, tanto em relação ao bem-estar e progresso de uma sociedadecomo no domínio social e ecológico uma grande parte da informação é qualitativa, não pode ser quantificada. Mas, poder-se-á medir tudo o que é essencial à vida?

Matéria do 11º ano

Unidade 1 – A problemática do Desenvolvimento

Problemas fundamentais que se levantam a qualquer economia

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Qualquer sociedade, desde os países mais industrializados do mundo até umacomunidade rural ou uma ilha dos mares do Sul, tem de resolver, de uma forma ou de outra,problemas de natureza económica. Os problemas não surgiriam se os recursos fossemilimitados. Se fosse possível produzir todos os bens necessários, se fosse possível satisfazer completamente as necessidades humanas, não se tinham problemas de organizaçãoeconómica. Como todos poderiam ter tudo o que quisessem, a forma como os bens erendimentos fossem distribuídos pela população também deixaria de ter importância. Mas arealidade é bem diferente. Os bens são escassos, não é possível satisfazer de igual modo asnecessidades de todos e, por isso, é necessário organizar a economia para que os bensescassos sejam utilizados de forma a satisfazer o máximo das necessidades . Surgementão problemas/questões que se levantam a qualquer economia:

- O quê e quanto produzir? Atendendo a que os recursos são escassos, deverá ser decidido quais as

necessidades que devem ser prioritariamente satisfeitas e que quantidades de bens eserviços devem ser produzidos para as satisfazer .

- Como produzir?Há que decidir pela melhor combinação dos factores produtivos, com vista à

maximização da satisfação das necessidades. A opção pela tecnologia a utilizar depende

essencialmente do nível de desenvolvimento das sociedades, da maior ou menor preparação damão-de-obra existente e dos recursos naturais e financeiros disponíveis. Mas as decisões sobreestas matérias não podem ser tomadas numa lógica estritamente economicista, impondo-seconsiderações de natureza ambiental. O ambiente é cada vez mais encarado como “capital”,envolvendo um “custo” de utilização que deve ser tomado em conta. As opções dedesenvolvimento económico têm de ter em consideração aspectos qualitativos e não podem pôr em risco o bem-estar das gerações futuras, devendo implicar uma combinação eficiente e umaóptima afectação dos recursos existentes.

- Onde e quando produzir? A decisão da localização das unidades produtivas depende de múltiplos factores:

natureza dos bens e serviços produzidos, proximidade das matérias-primas, quantidade equalidade da mão-de-obra, acessibilidades, etc.

 A localização das unidades produtivas, bem como a oportunidade das produções, devemtraduzir-se na adopção de opções que satisfaçam as necessidades colectivas.

- Para quem produzir? A produção cria riqueza que irá ser repartida pelos diversos intervenientes na actividade

produtiva: salários, rendas, juros e lucros. Uma das questões que se colocam às economias édecidir em que termos se processa a repartição da riqueza entre o trabalho (salários) e o capital(rendas, juros e lucros) de modo a promover a justiça distributiva.

 A organização da actividade económica encontra-se relacionada com a solução destas questõesfundamentais.

Economias de Mercado. Funcionamento.

O sistema de funcionamento das economias de mercado defende que a resposta aosproblemas económicos é dada pelo livre funcionamento do mecanismo de mercado e pelosistema de preços.  A característica essencial da economia de mercado é a propriedadeprivada dos meios de produção. Como apenas alguns indivíduos são detentores dos meios deprodução, tal significa que os outros (a larga maioria) têm de vender a sua força de trabalho, atroco de um salário, para poderem sobreviver.

O papel animador da economia pertence à empresa, cabendo ao empresário asdecisões quanto aos bens a produzir. A empresa é, assim, o local onde se combinam oselementos de produção, oriundos de agentes económicos distintos, para se obter um produto

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que se vende no mercado ao preço que garante o máximo lucro. Para que se obtenha o lucropretendido os bens que são adquiridos satisfazem necessidades.

É o mercado que sanciona a exactidão dos cálculos da empresa . O mecanismodos preços  assegura a adaptação entre a oferta e a procura, permitindo a subsistência daeconomia e o equilíbrio entre o que se produz e o que se consome.

O conhecimento do comportamento previsível dos consumidores, bem como aactuação das outras empresas concorrentes, constituem assim elementos fundamentais paraque a empresa possa planear a sua produção. Existem dois aspectos que influenciam osempresários nas suas tomadas de decisão: os custos de produção e a concorrência. Cabetambém à empresa a repartição dos rendimentos entre os intervenientes da produção: os jurose as rendas, os lucros e os salários.

São os mecanismos livres do mercado que orientarão a oferta e a procura dosfactores produtivos e determinarão os salários, as rendas, os juros e os lucros, que vãoconstituir os rendimentos das pessoas.

 A intervenção do Estado assume especial significado na planificação, apontada comoum instrumento técnico fundamental ao serviço do desenvolvimento. Contudo, a planificação émeramente indicativa, porque o Estado não pode impor planos para não violar os direitos quederivam da propriedade privada.

Economias de Direcção Central. Funcionamento.

Um exemplo deste sistema económico é o da Rússia; é um modelo influenciado peladoutrina marxista. Podemos dizer que o traço fundamental de uma economia de direcçãocentral é a concentração nas mãos do Estado da responsabilidade de organizar aEconomia, controlando quase todos os meios de produção. A propriedade colectiva é umapropriedade social e pode revestir a forma de: propriedade estatal (resultante denacionalizações ou de empresas públicas criadas de raiz) e de propriedade cooperativa.

Nestas economias, a actividade produtiva está virada para a maximização dasatisfação das necessidades colectivas, segundo um critério de rendibilidade nacional, social.O predomínio das actividades do Estado permite através do Plano, substituir os mecanismos demercado. Um organismo central de planeamento fixa os objectivos da actividade económica,cabendo a essa autoridade central a determinação dos bens e serviços a produzir, das técnicasa utilizar e o modo de repartir os resultados da produção.

 A planificação surge, assim, como um instrumento técnico imprescindível aofuncionamento das economias de direcção central. Pretende-se, através da melhor gestãopossível dos recursos disponíveis, maximizar os resultados da produção no interesse dacolectividade. A produção realiza-se em função dos objectivos previamente fixados no Plano. Opapel das empresas é executar o Plano, o qual fixa igualmente os preços. Estes constituemum instrumento de orientação da procura. Os preços são fixados no Plano de tal modo que,para um período dado, o valor dos bens de consumo produzidos (ou a oferta global dos bens deconsumo) seja igual à despesa global dos consumidores. Sendo fixados antes de se realizar aprodução (preços antecipados), são independentes dos custos de produção. Os preçosconstituem, assim, um importante instrumento de politica económica . Por exemplo, ospreços dos bens de primeira necessidade podem ser inferiores ao seu custo de produção, aopasso que os bens considerados supérfluos poderão ter preços muito inferiores àqueles custos.

É ainda o órgão central de planeamento que decide sobre a repartição da produção

nacional, de modo a conseguir o equilíbrio da produção e da procura, por um lado, da poupançae do investimento por outro. A propriedade privada não é totalmente abolida: a casa dehabitação, o direito à propriedade de poupança e dos rendimentos do trabalho, os direitoshereditários, é reconhecida. Admite-se ainda a propriedade privada dos meios de produção,desde que não sejam objecto de trabalho assalariado, uma vez que só se distribuemrendimentos a título de trabalho.

Economias Mistas. Funcionamento.

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Quando analisamos as economias reais constatamos que todas elas apresentamcaracterísticas das duas formas “puras”, ou seja, todas elas são sistemas mistos. Nos sistemasmistos a intervenção do Estado é parcial, sendo-lhe reconhecidas funções económicas como oenquadramento legal da actividade económica, a eficiência na afectação de recursos, aequidade na redistribuição dos rendimentos e a estabilidade económica e social. Nos sistemasmistos há a coexistência da propriedade privada e estatal dos meios de produção. Ainiciativa empresarial está sob vigilância do Estado. Nas economias mistas o mercado eplaneamento indicativo são orientadores do processo económico.

Diferentes Níveis de Desenvolvimento das Sociedades- Crescimento e DesenvolvimentoA medida do desenvolvimento: os indicadores.

Crescimento e Desenvolvimento

O crescimento económico corresponde ao aumento da produção numa dada economia econsequentemente ao aumento do consumo. Podemos afirmar que o crescimento económico sepode manifestar pelo aparecimento de mais produtos no mercado: mais automóveis, maisalimentos, mais vestuário, mais electrodomésticos ou mais divertimentos e cultura. A medida docrescimento económico pode ser feita através da evolução do PNB. Podemos assim dizer que

há crescimento económico quando a produção aumenta, isto é, aumenta o PNB e quando oaumento da produção não é meramente ocasional. Mas, o crescimento e o desenvolvimento sãofenómenos dinâmicos que traduzem realidades diferentes. O desenvolvimento humano é um fime o crescimento económico é um meio. O desenvolvimento é o crescimento mais a mudança, ouseja, a mudança na qualidade de vida da pessoa, a nível social e cultural. O desenvolvimentocompreende a ideia de crescimento, mas é mais do que o simples aumento da produção de umpaís. O desenvolvimento é um processo essencialmente humano e o crescimento éessencialmente económico. Questões de carácter eminentemente social como o emprego e adistribuição do rendimento, serviços sociais básicos e a saúde e educação estão no centro daproblemática do desenvolvimento. O conceito de desenvolvimento compreende assim a ideia decrescimento, superando-o. O desenvolvimento implica crescimento mas o crescimento nãoimplica desenvolvimento, ou seja, um país poderá ter um PNB elevado e apresentar lacunas anível social, ora, não é desenvolvido. A qualidade de vida da população pode ser baixa mesmo

no meio da abundância. Uma economia nacional pode então crescer, ou seja, aumentar a suaprodução de bens e serviços sem que isso signifique necessariamente que ela se desenvolva.Tal é a situação que ocorre nos países ditos subdesenvolvidos cujas economias são não sóatrasadas como dependentes. Como conclusão, pode ser referido que o crescimento éessencialmente quantitativo e o desenvolvimento é sobretudo qualitativo.

A Medida do Desenvolvimento: os Indicadores.(indicadores do subdesenvolvimento)

- são medidas/índices relativos (são só validos se comparados com indicadores de outrospaíses);

- dão-nos uma visão parcial de um fenómeno;

- é necessário observar o maior número de indicadores para o estudo de qualquer país;

- dão-nos um valor médio (da realidade da assimetria da distribuição do rendimento).

São numerosos os índices que nos permitem analisar o desenvolvimento dedeterminado país ou local.

O melhor indicador de crescimento de um país é o PNB pois este representa a riquezagerada pelo país.

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 A medida do desenvolvimento exige o uso de para além de índices económicos, índicesdemográficos e sócio-culturais, ou seja, indicadores sócio-económicos que comparados nos dãoa medida do desenvolvimento.

 Ao analisarmos o nível de desenvolvimento de um país é preciso ter em atenção o factode o comportamento global da economia não se reflectir do mesmo modo em toda a populaçãodo país. Com efeito, nem sempre o aumento do Produto ou do Rendimento per capitasignificam um avanço em termos de desenvolvimento. Não podemos esquecer que se trata deuma média que frequentemente esconde enormes assimetrias na distribuição do rendimento.Daí a necessidade de se recorrer a outros indicadores para realmente termos uma visão dodesenvolvimento de um país.

 Alguns indicadores demográficos, como a taxa de mortalidade infantil, taxa demortalidade geral e esperança de vida à nascença, são extraordinariamente importantes namedida em que reflectem largamente as condições económicas e sociais de um país. É queestes indicadores estão em estreita relação com os hábitos de higiene e alimentação, com ascondições de assistência médica e com o nível de vida das populações.

Questões básicas de desenvolvimento como água potável, saneamento básico,profilaxia de certas doenças, terão de ser resolvidas pelos poderes públicos.

Outros indicadores como os económico-sociais são de extrema importância, onúmero de médicos por hospital, as comunicações, o consumo de energia por habitante, entreoutros indicadores muito importantes.

Existe um indicador que por ser composto oferece uma avaliação mais precisa dodesenvolvimento económico de um país. Este índice de desenvolvimento é o IDH, um indicador que engloba valores de três indicadores: o rendimento per capita, a esperança de vida e ataxa de alfabetização da população adulta . Tirando uma média destes três indicadores de umdeterminado país obteremos uma medida: o IDH. O IDH é considerado fraco quando o seu valor é inferior a 0,5, médio quando o valor do IDH é menor ou igual que 0,8 e elevado quando ovalor deste indicador é superior a 0,8.

Subdesenvolvimento- Perspectiva Histórica- Características do Países Subdesenvolvidos

O Subdesenvolvimento

Chamam subdesenvolvidos aos países que, actualmente, têm uma população com baixonível de vida e um baixo nível cultural e onde a fome e a miséria imperam. Os seus sistemasprodutivos são pouco organizados e descapitalizados e, consequentemente, pouco produtivos.

Estas situações são normalmente agravadas por conflitos e epidemias que dizimam assuas populações.

Perspectiva Histórica

 A actual situação dos países subdesenvolvidos deve-se em parte a uma herança dopassado colonial e à forma como as metrópoles exploravam as suas colónias.

Os países hoje industrializados nunca foram dependentes economicamente nemsofreram os desequilíbrios estruturais nos seus sectores produtivos por imperativos de mercados

e capitais estrangeiros, como aconteceu aos subdesenvolvidos. Mas, para além de factoresexternos, o subdesenvolvimento deve-se também a factores inerentes aos próprios países e aocomportamento das suas elites dirigentes. Através da análise económica verificamos aexistência de dois mundos: o dos países desenvolvidos, em que a generalidade da populaçãousufrui de boas condições de vida e o dos países subdesenvolvidos, frequentemente designadospor países do Terceiro Mundo.

 A desigualdade começa então a partir da descoberta do caminho marítimo para a Índia. Antes das descobertas as desigualdades não eram assim tão significativas. A Europa, através doseu plano de organização do espaço económico mundial consegue unir os diferentes continentesnum sistema planetário de trocas, produzindo o modo de pagamento que lhe convém. A Europa

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vai cada vez mais aumentando o seu domínio. As inovações técnicas e científicas do séculoXVIII provocaram um aumento dos produtos e a necessidade de novos mercados alargando-seassim o mercado internacional. O sistema mundial de trocas assegura mercados e fontes deaprovisionamento aos industriais europeus, fornecendo-lhes lucros avultados e fortesinvestimentos. A expansão do comércio mundial aparece como o motor de crescimentoindustrial. É a partir da Revolução Industrial assiste-se a um crescimento ilimitado da produção.Não se assistiu à generalização do crescimento porque as economias das grandes potênciasexigem cada vez mais novos mercados e matérias-primas e por isso o movimento decolonização é retomado e inicia-se a fase do imperialismo. A colonização subverteu radicalmenteas estruturas económicas de produção e de consumo em todos os continentes, submetendo-as àlógica da divisão internacional do trabalho, ou seja, os países coloniais e dependentesconservam, em geral, o seu papel de fornecedor de matérias-primas e produtos agrícolas, assimcomo são mercados importadores de manufacturas e passam a ser zonas de investimento paraos capitais excedentes da metrópole.

Cria-se então assim esta divisão de países, de hemisférios, em que o hemisfério norteproduz as novas tecnologias e é desenvolvido e o hemisfério sul é dependente e é exploradopelos países desenvolvidos, fornecendo as matérias-primas que estes necessitam para a suaprodução. Mas para além da colonização, outros aspectos levam ao subdesenvolvimento depaíses e outros abandonam esta situação de subdesenvolvidos através de medidas desuperação do subdesenvolvimento.

Características dos Países Subdesenvolvidos

- Explosão Demográfica- Escassez de Capital- Impreparação da Mão-de-Obra- Estrutura Económica Deformada- Estrutura Social Heterogénea- Dependência Estrutural relativamente ao Centro

Explosão Demográfica

 Após a Revolução Industrial, a Explosão Demográfica provocou um aumento gradual da

população mundial que já ultrapassou os 6 biliões no início deste século e estabiliza-se agora,uma vez que a maior parte dos países do Terceiro Mundo (grandes responsáveis por estaexplosão demográfica) já iniciaram a fase de transição demográfica, ou seja, a passagem detaxas elevadas de mortalidade e natalidade para taxas baixas, como acontece nos paísesdesenvolvidos.

 Actualmente o comportamento demográfico dos países é muito diferente: nos paísesindustrializados a população estabiliza ou até mesmo regride (em alguns países acontece umnovo problema, o do envelhecimento da população); nos países subdesenvolvidos o crescimentodemográfico é muito acentuado. O problema que se coloca é: se a população cresce a um ritmosuperior ao da produção, o país não consegue romper com o subdesenvolvimento – são maispessoas para alimentar, aumenta significativamente a percentagem da população inactiva,sobretudo jovens e idosos e todos os problemas sociais que daí decorrem.

No Terceiro Mundo, a mortalidade diminuiu, não resultante de desenvolvimento

económico mas da melhoria dos cuidados médicos e sanitários levados pelo exterior (OMS,ONG’s) e originou o aumento brutal da população uma vez que as taxas de natalidademantiveram-se elevadas.

Na Ásia, por exemplo, tenta solucionar o problema do aumento de nascimentos compoliticas antinatalistas, através de medidas de planeamento familiar (embora se confrontem comvalores culturais e religiosos).

Mas, porque é que o crescimento económico leva a uma queda da natalidade? Nomundo rural, as despesas com as crianças são baixas e elas são muitas vezes força de trabalhosuplementar. A urbanização e a industrialização suscitam um aumento do seu custo,nomeadamente pela necessidade de escolarização. A elevação do nível educacional e

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sobretudo a melhoria do estatuto social das mulheres – que se podem valorizar pelo seu trabalhoe não apenas pela maternidade – levam a uma baixa da natalidade. O aumento da idade docasamento e a divulgação dos contraceptivos agem no mesmo sentido.

Escassez de Capital

É um dos aspectos marcantes do subdesenvolvimento. A inexistência de capital impedea realização de infra-estruturas básicas, tais como vias de comunicação, saneamento,equipamentos de saúde e educação, etc.

 A falta de todas estas infra-estruturas, ou seja, estas deficiências implicam fracacapacidade produtiva, com elevadas taxas de desemprego, subutilização dos recursos naturais ebaixo nível de produtividade. Também implica a falta de incentivos a investimentos produtivosgeradores de emprego que possibilitem o aumento da riqueza e consequentemente dosrendimentos a distribuir.

Como o PNB é menor que a população, não dá para constituir poupanças e claro, nãose geram condições para o investimento. O problema da escassez de capital tem de ser relacionado também com a estrutura de repartição dos rendimentos nos paísessubdesenvolvidos.

Nos países subdesenvolvidos, apesar da pobreza a que se assiste (a maior parte dapopulação não ganha para a sua subsistência e portanto não poupa) existe a minoria rica que

aplica frequentemente os seus rendimentos em bens supérfluos, de luxo e coloca as suaspoupanças em lugar seguro no exterior – o que constitui uma fuga de capitais. Por vezes, parasuprir esta lacuna, recorrem a empréstimos, quer junto dos países ricos, quer junto dasorganizações mundiais (internacionais), mas a verdade é que os resultados deixam muito adesejar, visto que aumentam a divida externa que constitui um grande bloqueio aodesenvolvimento do país.

Impreparação da Mão-de-Obra

 As pessoas dos países subdesenvolvidos não são capazes, não estão preparadas paralidarem com as tecnologias próprias de uma economia moderna, o que constitui um dos maioresobstáculos à superação do estado em que encontram.

Ora, a mão-de-obra destes países encontra-se, na sua maior parte, na agricultura.

Quanto aos outros sectores, verifica-se um grande peso das indústrias extractivas e dasactividades tradicionais apoiadas numa tecnologia rudimentar de baixa produtividade.Os baixos níveis de alfabetização e de educação, a dificuldade de acesso a meios de

informação e o reduzido número de equipamentos são factores que explicam a fracaprodutividade do trabalho.

 Apenas uma minoria inferior a 5% possui formação e constitui a elite que domina o poder político e económico, isto quando não opta por ir trabalhar para o exterior, frequentemente parapaíses desenvolvidos – isto constitui uma fuga de cérebros que é outro problema com que ospaíses subdesenvolvidos se deparam (as pessoas com mais conhecimento saem dos países).

Impõe-se um investimento sério na educação como forma de superar este autênticobloqueio ao desenvolvimento, pela fraca produtividade que origina.

Estrutura Económica Deformada (dualismo económico / monoprodução, monoexportação,

monomercado) A estrutura económica deformada dos países subdesenvolvidos deve-se sobretudo a

factores de distorção introduzidos pelas relações coloniais impostas pelas antigas metrópoles. Omodelo de crescimento ligado ao sector exportador de produtos primários e alimentares não sóconduziu à desintegração do modo de produção tradicional como desajustou toda a economia.

 A estrutura económica deformada apresenta traços fundamentais:

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- Monoprodução: desenvolvimento unilateral e relativamente exagerado de um ou dois ramosde produção pertencentes ao sector primário ou à indústria extractiva (café, cacau, cobre, etc.).Produz-se alguns ou só um produto.

- Monoexportação: exportação de um ou dois produtos do sector primário, cujas receitas são aúnica fonte de divisas. Esta estrutura conduz a uma enorme dependência dos mercadosestrangeiros – como só produzem um ou alguns produtos, só exportam esses.

- Monomercado: o país subdesenvolvido depende do país desenvolvido porque se encontramligados nas exportações e nas importações (só têm um mercado). Com efeito, os países estãofechados a outros mercados e não podem participar de forma autónoma no comércio mundial.

Há o desequilíbrio dos sectores nos países subdesenvolvidos, visto que o sector primário é que predomina (agricultura de exportação), o sector secundário é pouco significativo(só poucas indústrias ligeiras e actividades artesanais), mas pode existir indústria mais avançadaquando buscam lá mão-de-obra barata e a produção está virada para o exterior; o sector terciário é pouco desenvolvido (serviços escassos e mal organizados).

 A estrutura económica deformada origina estes fenómenos:

Dualismo Económico

Coexistem duas realidades diferentes – uma Economia Tradicional – de sobrevivência –e uma Economia virada para o exterior).

Há a presença de enclaves modernos numa economia que permanece tradicional.Coexistem uma sociedade tradicional, sobretudo rural, que funciona como um prolongamentodas economias dos países mais avançados (são dependentes dos países desenvolvidos) e umasociedade industrializada, moderna, com uma agricultura mecanizada virada sobretudo para aexportação e controlada frequentemente por empresas estrangeiras – é autónoma, desligada daprimeira.

Devido ao dualismo económico há uma desarticulação da sociedade. Podemos referir também um sector informal, das vendas ambulantes, pequenas oficinas e restaurantes, etc.

Estrutura Social Heterogénea

Nos países subdesenvolvidos a disparidade de rendimentos e consequentes níveis devida criam uma estrutura social heterogénea. Há uma desigualdade na distribuição dosrendimentos, o fosso que se cava nos países em desenvolvimento é um dos indicadoresessenciais do subdesenvolvimento. O que provoca e que choca mais é a injustiça na repartiçãoda riqueza.

Dependência Estrutural relativamente ao Centro

O país subdesenvolvido é incapaz de superar o estado de dependência em que seencontra relativamente ao exterior, por si só e de forma autónoma. Esta dependência ésobretudo comercial, tecnológica, financeira e também política e cultural.

Existem as:

- Economias centrais: são aquelas que têm capacidade para crescer e para se transformar autonomamente numa economia desenvolvida (com autonomia para o desenvolvimento);

- Economias periféricas: são aquelas cujo ritmo, orientação e capacidade de crescer estãosubordinadas aos ritmos e orientações de um “centro”, o que gera a dependência estrutural(estas economias estão subordinadas aos países desenvolvidos).

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Dependência Comercial

 A dependência comercial é uma barreira grave ao desenvolvimento. Os paísessubdesenvolvidos exportam essencialmente produtos agrícolas, minérios e combustíveis (têmvalores baixos) – este relacionado com a monoprodução, monoexportação e monomercado.

Os países desenvolvidos exportam produtos manufacturados de elevado valor acrescentado. Para piorar a situação os preços dos produtos exportados pelos paísessubdesenvolvidos têm sofrido ao longo dos anos baixas consideráveis em comparação com ospreços dos produtos manufacturados. Ainda por cima os preços das matérias-primas exportadasdos países subdesenvolvidos são fixados nas Bolsas de Nova Iorque, Londres ou Paris emfunção da procura e especulação e isto leva a forte instabilidade.

Tudo isto dá origem a défices comerciais pois o dinheiro que os paísessubdesenvolvidos ganham é nos poucos produtos que exportam e não dá para o crescimentoeconómico (as maquinas são muito caras).

Todos este aspectos são estudados a partir da relação das razoes de troca, ou seja,termos de troca:

Índice de preços de exportaçãoT = x 100

Índice de preços de importação

Os termos de troca desfavoráveis empobrecem os países subdesenvolvidos, asmáquinas que precisam são cada vez mais caras. Observamos os termos de troca da seguinteforma: se a taxa é superior a 100 (vende-se ao estrangeiro mais caro do que se compra) e se for inferior a 100 indica uma deterioração – é o que se passa.

Troca desigual – dar muito para receber pouco.

 A dependência comercial também se manifesta pela progressiva substituição dosprodutos tradicionalmente exportados pelos países subdesenvolvidos – matérias-primas eprodutos alimentares por sucedâneos sintéticos resultantes da aplicação de novas tecnologias.Por isso deixam cada vez mais de exportar o que leva ao agravamento dos défices das balançascomerciais os países subdesenvolvidos.

Dependência Tecnológica

“Know-How” – além de importarem as tecnologias precisam dos técnicos paratrabalharem com elas.

Os países subdesenvolvidos não possuem a capacidade endógena (própria) paracriarem as suas próprias inovações tecnológicas – têm que recorrer aos países industrializados oque resulta na importação dos produtos que incorporam a tecnologia, sejam bens de consumoou bens de capital; compra de patentes, licenças e técnicas de utilização. Daqui resultam oscontratos de modernização da estrutura produtiva – os países desenvolvidos tecnologicamentefornecem os projectos e a tecnologia e os países subdesenvolvidos obrigam-se a pagamentos.

Dependência Financeira

O FMI e outras instituições bancárias mundiais emprestam dinheiro aos paísessubdesenvolvidos.

 A escassez de capital obriga a recorrer ao financiamento externo, o que muitas vezessignifica que o total das receitas das exportações é absorvido pelo pagamento do serviço dedivida (juros+amortizações) diminuindo cada vez mais a capacidade de investimento dessespaíses. Têm capital em divida e nos países subdesenvolvidos são em alta, é elevada a divida.

Existem investimentos estrangeiros (financiados pelo capital estrangeiro) só que os PVDsó beneficiam limitadamente uma vez que os excedentes aí gerados acabam por ser transferidospara as economias desenvolvidas (as multinacionais instalam-se porque a mão-de-obra é

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barata). Os mecanismos que permitem a transferência desses excedentes para os paísesdesenvolvidos são: sob a forma de lucros (são expatriados, para o país que investiu, é umatransferência legal) e existe outra maneira de expatriar os lucros, através de uma “cosméticacontabilística” pois as receitas são colocadas no pais de origem através da apresentação desubfacturação das exportações (preço abaixo do valor real dos bens) ou sobrefacturação dasimportações (preço dos bens acima do preço real). Quando vende às filiais vende mais caro equando compra às filiais é mais barato. O investimento estrangeiro é quase exclusivamente paraactividades de exportação.

Dependência Política

No plano económico há fragilidades enormes e há o recurso a ajudas exteriores. Adependência económica gera dependência política. Os países subdesenvolvidos alémdependerem politicamente tem dependência militar (armamento, exército, etc.).

Dependência Cultural

 As diversas formas de dependência referidas geram inevitavelmente uma dependênciacultural que abrange os mais diversos aspectos.

Podemos concluir que o Poder e Decisão estão concentrados nos países desenvolvidosdo Mundo, o poder financeiro, a inovação e informação, etc.

A Superação do Subdesenvolvimento

Estratégias de Desenvolvimento- Industrialização por Substituição de Importações- Industrialização virada para a Exportação

Industrialização por Substituição de Importações

Este modelo assentava numa industrialização virada para o mercado interno e optavapela promoção de produtos locais em vez de importações. Defendia-se que a política de

industrialização por substituição de importações conduziria os países subdesenvolvidos a umcrescimento equilibrado, assente na configuração da procura interna. Uma vez consolidadas asindustrias e satisfeito o mercado interno, a industrialização passaria a orientar-se para o mercadoexterno. A experiência veio demonstrar que, afinal, os problemas internos eram bem maiscomplexos do que se supunha, com efeito:

- A exiguidade do mercado interno, não só em termos populacionais, como em termos de poder de compra;

- Por outro lado, o equilíbrio da balança comercial não foi conseguido, uma vez que foramnecessárias importações de bens e equipamentos indispensáveis ao arranque da actividadeindustrial e que eram inexistentes nestes países;

- Esta política exigia um elevado proteccionismo por parte do Estado (para liberalização daeconomia), levando à adopção de medidas que colidiam com as regras do comerciointernacional, defensores da livre concorrência.

Resumindo:

Estratégia – por substituição das importações;

Objectivo Primário – estimular a produção nacional;

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Tipo de Actividade – indústrias ligeiras de produtos de grande consumo;

Pontos Críticos – mercado externo exíguo, excessivo proteccionismo, défice na balança depagamentos por resultado de financiamento do investimento;

Países representativos – Brasil, México, Portugal.

Industrialização virada para as Exportações

Esta estratégia assenta no desenvolvimento de indústrias competitivas com o objectivode concorrer no mercado mundial. As indústrias baseiam a sua actividade em tecnologias queprivilegiam o factor trabalho, uma vez que os reduzidos custos salariais desses países garantema sua competitividade e inserção na divisão internacional do trabalho.

Nesta politica o Estado assume papel relevante pois tem de actuar ao nível da políticamonetária, desvalorizando a moeda nacional para tornar as exportações mais competitivas, e, aonível mais geral, criando condições de atracção do investimento estrangeiro. A desvalorizaçãoda moeda é um desincentivo às importações mas um incentivo às exportações.

O modelo apesar de ter permitido aos países que o seguiram um crescimentoeconómico relevante, teve custos sociais elevados, podendo falar-se na pauperização do

ploretariado e na instauração de regimes mais ou menos ditatoriais.

Resumindo:

Estratégia – por promoção das exportações, o crescimento aumenta, há muita produção mas opaís não se desenvolve o que leva à criação de uma estrutura social deformada;

Objectivo primário – inserção no mercado mundial;

Tipo de Actividade – indústrias ligeiras (têxteis), indústrias de elevado valor acrescentado(electrónica;

Pontos Críticos – sobreexploração da mão-de-obra, dependência dos capitais estrangeiros,

Balança de Capitais, Serviços de Divida Externa;

Países representativos – NPI do Pacifico, Portugal.

Algumas disparidades de situações- Países Produtores de Petróleo- Novos Países Industrializados

Países Produtores de Petróleo (OPEP)

Trata-se de países em que a indústria petrolífera se sobrepõe a todas as outrasestruturas de produção. A grande viragem nestes países deu-se a partir da criação da OPEP. Talorganização teve por objectivo a unificação das políticas petrolíferas dos diversos países

membros, determinando as melhores formas de salvaguardar os seus interesses, ela funcionacomo um cartel do lado da oferta, controlando o preço do petróleo no mercado mundial. Nestacategoria de países incluem-se dois casos distintos: aqueles cuja actividade produtiva éinteiramente dominada pela extracção petrolífera, sendo pouco industrializados. Como a suapopulação é pouco numerosa, apresentam um aumento do produto per capita. Todavia, dada asua monoprodução, são países altamente dependentes. Desde logo, estão dependentes dasvariações dos preços do petróleo no mercado mundial. Por outro lado, têm de importar tecnologia (máquinas e pessoal técnico – “know-how”), alimentos e outros bens de consumo (por exemplo o Kuwait, a Arábia Saudita, o Emiratos Árabes Unidos). E aqueles que apresentam jáum grau de industrialização razoável, sendo menor o peso das receitas do petróleo no PIB, uma

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vez que a sua produção é mais diversificada, nomeadamente no sector agrícola. Mesmo assim,alguns são grandes exportadores, como a Argélia e a Venezuela. Refira-se que o petróleo sedestina fundamentalmente para a exportação, sendo reduzido o impacto da industrializaçãovirada para o mercado interno (por exemplo, Argélia, Indonésia, Angola, Irão).

 A estrutura do mercado do petróleo assenta em 4 princípios básicos:

- o petróleo é a fonte principal de energia no Mundo e não se antevê a curto prazo a suasubstituição, sobretudo nos transportes;

- o petróleo encontra-se mal repartido na crosta terrestre, os 10 maiores produtores superam60% do mercado mundial;

- o petróleo é uma energia não renovável, daí a importância das reservas

- os maiores consumidores são os países industrializados do Ocidente, para os quais o petróleoé um bem estratégico.

Novos Países Industrializados (NPI)

 A designação genérica de Novos Países Industrializados aplica-se a um conjunto deestados muito heterogéneos, quer quanto à superfície e população, quer quanto a recursosnaturais, características culturais e sistemas políticos. Os primeiros a entrar nesta categoriaforam os quatro “dragões asiáticos”: Coreia do Sul, Singapura, Hong Kong e Taiwan, seguidosdo Brasil, Indonésia, (…).

Como se explica este fenómeno? As elevadas taxas de poupança e investimento e o ênfase na acumulação de capital

humano e na internacionalização da economia são factores fundamentais. Os contratos deassistência técnica foram umas das formas privilegiadas de transferência de tecnologia, com asempresas asiáticas a celebrarem acordos de importação de pacotes tecnológicos com líderesmundiais. Não importavam apenas o produto mas também o “know-how” da produção, o treinode pessoal local, componentes e processos de montagem. No processo de industrialização dosNPI asiáticos podem-se considerar duas fases:

- Começou por produtos de consumo corrente, que exigiam pouco capital, aproveitando a mão-de-obra barata e alfabetizada, procurando obter economias de escala com as exportações.

- Orientaram a sua industria para sectores mais sofisticados seleccionam os seus mercados,conquistando quotas de mercado mundial.

Muitos destes países mostram notáveis capacidades de adaptação e inovaçãotecnológica e alguns deles conseguiram um acentuado crescimento económico semagravamento das desigualdades sociais.

Outras Medidas Adoptadas- Ajuda dos Países Desenvolvidos- O problema da Divida; A Divida como obstáculo ao Desenvolvimento- Novas Perspectivas nas relações Norte/Sul

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Ajuda dos Países Desenvolvidos

No estudo da problemática do desenvolvimento verificamos que as politicas seguidasimplicam o recurso às ajudas prestadas pelo mundo desenvolvido.

Existem diversas acções para ajudar os países subdesenvolvidos, abrangendodoações, empréstimos e investimentos directos.

Podemos referir tipos de ajuda como a Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD), queconsiste na ajuda prestada por entidades públicas e compreende doações e empréstimosconcedidos a taxas de juro inferiores às do mercado, a Ajuda Privada, ou seja, é a ajuda feitapor ONG com doações e por outras entidades privadas como empresas, bancos, multinacionais;temos ainda a Ajuda Multilateral quando a ajuda transita por organizações internacionaisespecializadas (FMI, BIRD, UNICEF, etc.) e a Ajuda Bilateral, quando é fornecida directamentepor um país a outro.

Os defensores das ajudas argumentam a favor das ajudas referindo que estas sãouma obrigação das antigas potências coloniais, que assim repõem parte da riqueza extraída dasex-colónias. As ajudas não são mais do que um dever moral de solidariedade dos ricos para comos pobres e permitem aos países em desenvolvimento queimar etapas no caminho para odesenvolvimento, pois vão beneficiar dos avanços conseguidos pelos desenvolvidos, favorecem

a criação de postos de trabalho, quer nos países beneficiários, quer nos doadores e estimulam ocomércio entre países ricos e países pobres, criando assim novos mercados.

Por melhores que sejam as intenções, os “efeitos perversos” que as ajudas podemprovocar levam ao seu questionamento. Só uma pequena parte das ajudas constitui dádivadesinteressada, mas a maior parte das ajudas assumem a natureza de empréstimos, muitasvezes sob a forma de linha de crédito, em que o país receptor tem de comprar bens e serviçosao país doador. Esta situação é geradora de dependências, que podem constituir uminstrumento de desestabilização intencional através da ameaça de interrupção das ajudas por parte dos países doadores.

Quanto à Ajuda Pública ao Desenvolvimento, multilateral ou bilateral, tem sido malrepartida pois dão-se prioridade a questões não tão prioritárias.

 As ajudas prestadas pelas multinacionais e pelos organismos financeiros

internacionais também têm trazido alguns problemas. As multinacionais por um lado geramempregos nos países em que se instalam mas por outro repartiam a maior parte dos lucrosimpedindo o investimento e quando já não vêm vantagens no local encerram as empresasprovocando assim o desemprego. Por vezes adoptam medidas de desenvolvimento que podemnão ser as mais adequadas para o local e para as populações.

Os organismos financeiros internacionais, sobretudo o Fundo Monetário Internacional eo Banco Mundial, condicionam as suas ajudas à adopção de “programas de ajustamentoestrutural” que visam sobretudo controlar ou reduzir a inflação, eliminar o défice da balança depagamentos e incrementar o crescimento da economia. Os efeitos destes programas são muitovariáveis de país para país. As exigências impostas pelos organismos internacionais levamà tomada de medidas extraordinariamente gravosas para as populações, sobretudo os maispobres. Prevalece sempre a lógica dos equilíbrios financeiros em detrimento do desenvolvimentohumano.

Os efeitos perversos  das ajudas têm também causas internas nos paísesbeneficiários que limitam a sua eficácia, assim, o que acontece é que por vezes dá-se oabandono da agricultura porque as ajudas são para a industrialização, deixam de cultivar parasubsistência, pois são ajudados e sentem-se assistidos pelos países desenvolvidos e a entradade ajudas monetárias diminuem a acumulação e poupança.

Hoje em dia é necessário garantir que as ajudas sejam realmente canalizadas paraprojectos de desenvolvimento das populações carenciadas.

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Então, é necessário consagrar a ajuda essencialmente a questões sociais prioritárias,tomar em consideração os níveis de pobreza nos critérios de repartição da ajuda pública aodesenvolvimento, ligar as ajudas às preocupações comuns, satisfazendo os interesses dosbeneficiários e dos doadores.

Para isso, os doadores necessitam promover uma boa gestão dos negócios públicos nospaíses subdesenvolvidos, utilizar a assistência técnica para contribuir para o reforço dascapacidades nacionais, permitir às nações pobres tirarem benefício do mercado mundial e criar uma nova motivação para a ajuda dos países desenvolvidos.

 A Comunidade Europeia dá uma ajuda aos países subdesenvolvidos. Esta ajudacomunitária, multilateral, promove a solidariedade humana, tem o interesse político pela paz,pelo que a fome é má conselheira e a instabilidade tem tendência a manifestar-se em todos ospaíses e há interesses económicos mútuos, os PVD são mercados potenciais, assim, ajudandoos países a desenvolverem-se, criam-se novos mercados.

O Problema da Dívida; A Divida como obstáculo ao Desenvolvimento

A Dívida do Terceiro Mundo

O endividamento do Terceiro Mundo não é uma questão de hoje. Após asindependências, a maior parte destes países recorreu a empréstimos externos para financiar oseu processo de industrialização.

Metade do valor da dívida do Terceiro Mundo cabe apenas a meia dúzia de paísesgrandes produtores de matérias-primas. Quando a crise atingiu a economia mundial, as taxas de

 juro internacionais fizeram surgir uma crise. A partir daqui, o endividamento externo dos países do Terceiro Mundo constitui um

verdadeiro obstáculo ao seu desenvolvimento. Isto é um entrave ao desenvolvimento destespaíses pois a divida absorve todos os excedentes. Mas este entrave ao desenvolvimentoacaba por ser prejudicial aos próprios países credores dada a interdependência económica efinanceira das relações internacionais. O endividamento do Terceiro Mundo torna-se assim umproblema que interessa a todos.

A Dívida como obstáculo ao Desenvolvimento

Os países em vias de desenvolvimento recorreram a empréstimos para resolver os seusproblemas de financiamento mas depois começaram a surgir as dificuldades. Um volume dadívida excessivo vai acarretar efeitos nefastos sobre a economia do país .

Como não podiam pagar recorreram a novos empréstimos seguindo-se um processocumulativo: os países devedores tinham de obter novos empréstimos para pagar os encargoscom os empréstimos anteriores, ficando na total dependência dos credores.

Mas a culpa deste endividamento excessivo não cabe apenas ao países do TerceiroMundo, apesar de estes terem efectuado muitas despesas improdutivas pois apenas gerouenriquecimento de elites com prejuízo para um processo de desenvolvimento. Os credorestambém têm responsabilidade no meio de todo este processo de endividamento devido aoincitamento excessivo ao longo dos anos 70, através da concessão de empréstimos em

condições pouco onerosas, configurando actos de pura imprevidência. Concederam créditossem terem em conta a situação económica destes países.Os países devedores não conseguem reequilibrar a sua balança de pagamentos até

porque o meio internacional não é favorável.

Novas Perspectivas nas Relações Norte/Sul

Comércio, matérias-primas, ajuda e endividamento são quatro palavras que surgeminevitavelmente no centro de qualquer debate sobre as relações Norte/Sul.

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Tem vindo a ocorrer uma evolução nas relações Norte/Sul, com o projecto de uma NovaOrdem Internacional que surge no contexto da crise do choque petrolífero, a Assembleia Geraldas Nações Unidas aprova a Carta dos Direitos e Deveres Económicos dos Estados onde sereconhecem os princípios mais importantes da NOEI. A NOEI não é mais do que a tradução deum conjunto de reivindicações do Terceiro Mundo no sentido da alteração da estruturaeconómica mundial pois foi reconhecido que o desenvolvimento do Terceiro Mundo seencontrava bloqueado pelo próprio sistema, que favorecia o centro em prejuízo dos países daperiferia.

Hoje encontramo-nos num período problemático e as mudanças ocorridas nos últimostempos têm despertado uma nova consciência cujas linhas de força andam à volta das seguintesideias: interdependência, universalismo, incorporação da dimensão histórica, resoluçãopacifica dos conflitos. Uma intervenção sobre estes problemas deverá incidir a três níveis: alongo prazo, nível de sensibilização em que se impõem transformações estruturais profundasnas relações internacionais, a médio prazo, nível de cooperação, as politicas de cooperação,entreajuda e interpenetração de culturas permitirão questionar o nosso próprio desenvolvimento,num clima de solidariedade. Finalmente a curto prazo, a nível de emergência, ajuda alimentar eauxilio de emergência, em situações de catástrofe.

Para se promover um desenvolvimento auto-sustentado é necessário que hajamudanças estruturais que terão de partir do princípio da satisfação das necessidades básicas

em consumo e serviços públicos das colectividades mais atrasadas. Isso implica a introdução demecanismos de redistribuição do rendimento à escala mundial.

A ideia de cooperação passou a presidir às relações entre os paísesindustrializados e os países em vias de desenvolvimento.

Em 1987 constituiu-se oficialmente a Comissão Sul como fruto das preocupaçõessentidas por esses países. Desejam substituir a relação de subordinação por interdependência,em benefício mútuo.

Quanto às relações Norte/Sul, parte-se do princípio que o objectivo para o Sul é aobtenção de um crescimento acelerado, equitativo e sustentado, apoiado num esforçocomum de solidariedade, cooperação e autoconfiança.

Mas o progresso do Sul deverá estar baseado no seu próprio esforço e em relações demutuo interesse com o Norte. Preconiza-se além disso o desenvolvimento das relações Sul-

Sul. Economicamente o Norte precisa do Sul: como fonte de matérias-primas e como mercadode exportação. Todas as alterações conduzem a um Nova Ordem Mundial.

Para fazer face às questões mais urgentes da economia mundial, globalmenteconsiderada, é necessário acabar com a divida para que os excedentes possam ser canalizadospara o crescimento económico destes países. É necessário o estabelecimento de mecanismosmultilaterais com vista à protecção do meio ambiente. É urgente cobrir as necessidadesalimentares, as necessidades básicas, é urgente o controlo demográfico e atenuar problemas daenergia e do meio ambiente. Deve haver uma avaliação objectiva, neutra das necessidades dosPVD. As barreiras proteccionistas do Norte têm de ser progressivamente suspensas e deveexistir um apoio aos preços dos produtos primários. Deve existir a protecção dos PVD no que dizrespeito a flutuações de câmbios e taxas de juro que possam deteriorar os termos de troca.

O Problema do Desenvolvimento na Actualidade- Novos Problemas- Novos Conceitos de Desenvolvimento:Desenvolvimento autocentrado

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Desenvolvimento humanoDesenvolvimento sustentável

Novos Problemas

Pressão Demográfica e Urbanização

O crescimento rapidíssimo das cidades do Terceiro Mundo chamou a atenção para adependência alimentar , pois o êxodo rural leva ao abandono dos campos e das tradicionaisculturas de subsistência que, pelo menos, permitiam combater a fome. A hipertrofia do sector terciário, devido sobretudo ao sector informal, contrabando e tráfico de estupefacientes queassegura muitos empregos. O desemprego urbano que atinge níveis elevadíssimos.

 A expansão urbana tem ainda outras consequências indesejáveis. À medida que ascidades crescem absorvem as terras agrícolas circundantes . A produção de alimentação debase fica assim prejudicada e estes países não se podem dar ao luxo de abandonar as terras.

Degradação Ambiental

 As razões da degradação ambiental nos PVD relacionam-se com situações desobreexploração dos recursos, quer para pagar a dívida externa e importar produtos

manufacturados, quer para sobrevivência imediata das populações. As populações destes países procuram novas terras para a prática da agricultura de

subsistência ou para pastagens. Os solos, em poucos anos, encontram-se esgotados. As zonassão então abandonadas e inicia-se um novo ciclo destrutivo que conduz à desertificação. Hojeem dia, milhões de pessoas são afectadas pela desertificação. As florestas tropicais sãobastante degradadas ou totalmente destruídas. A maior ameaça ao ambiente é a pobreza.

O Aumento da Pobreza

 A insuficiência ou ausência de atenção aos aspectos sociais do crescimento tambémcontribui para o facto de não se ter reduzido a pobreza nem suavizado as desigualdades socio-económicas. Os grandes privilegiados do progresso verificado nos PVD foram pequenos estratosda população privilegiada; a distribuição pessoal da riqueza continua concentrada em poucas

mãos. Quase 1/3 da população mundial vivem na pobreza. É necessário, para solucionar estegrave problema, que nos atinge a todos, as urgentes mudanças a nível social e institucional queterão de ocorrer neste países.

Novos Conceitos de Desenvolvimento

Desenvolvimento Autocentrado

Este modelo de desenvolvimento preconiza a reabilitação da agricultura e o apoio aprojectos locais. Defende o reconhecimento de microempresas saídas da economia informal.

 Apoia a adopção de tecnologias apropriadas e a mobilização dos recursos humanos.Denunciando a situação de dependência em que se encontra a generalidade das

economias subdesenvolvidas, defende, que cada nação tem de contar sobretudo com as suaspróprias forças, sendo, em última análise, responsável pelo seu desenvolvimento.

Desenvolvimento Humano

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Definido como um processo que permite o alargamento do leque de escolhas que sãooferecidas ao individuo: saúde, educação, emprego, condições de vida e gozo das liberdadeseconómicas e politicas.

O crescimento económico deve constituir um meio para se atingir um fim – odesenvolvimento humano. O desenvolvimento não pode estar divorciado do crescimento, eletambém não se restringe apenas a uma orientação para os grupos mais débeis e ainda não serestringe a sectores: é uma estratégia para o desenvolvimento humano durável e sustentável notempo. O que exige: a eliminação da pobreza, diminuição do crescimento demográfico, gestãoracional dos recursos, melhoria do nível de instrução e formação, sistema de trocas maisequitativo e o governo descentralizado e participado.

O IDH deve ser tomado por aquilo que é: um instrumento de medida dinâmico que seafirma progressivamente e não como indicador acabado. Quando se tenta medir odesenvolvimento a nível mundial surgem duas dificuldades: a multidimensionalidade dosproblemas e o carácter normativo que tudo isto tem.

O desenvolvimento humano é desenvolvimento das pessoas, investir no potencialhumano permitindo às pessoas trabalhar de forma criativa e produtiva, desenvolvido para aspessoas, garantir a repartição equilibrada do crescimento económico, desenvolvimento pelaspessoas, dar a todos e a cada um oportunidade de participar no mercado através de umemprego produtivo e remunerado.

Desenvolvimento Sustentável

O crescimento pode ser destrutivo e poluir os rios e oceanos, destruir as florestas,esgotar os recursos naturais. Ora, se estes efeitos são nefastos para as gerações presentes,podem tornar-se insustentáveis para as gerações futuras. A construção do desenvolvimentosustentável exige que o mundo reoriente os esforços tecnológicos de forma a assegurar que nãose atinjam os limites. A degradação dos recursos renováveis, através da poluição ou daexploração descontrolada e o perigo do esgotamento dos recursos não renováveis, sãoproblemas que cada vez mais se revelam com limites ao crescimento.

 A sustentabilidade, no fundo é o equilíbrio entre o presente e o futuro. Em essência, odesenvolvimento sustentável é um processo de mudança orientada, em que a exploração derecursos, o sentido do investimento, o norteamento do desenvolvimento e as mutaçõesinstitucionais estão todos em harmonia e incrementam a capacidade presente e futura de dar 

satisfaça às necessidades e aspirações humanas. Objectivos primordiais para a políticaecológica e de desenvolvimento que decorreram do conceito de desenvolvimento sustentávelsão: reactivar o crescimento, alterar a realidade do crescimento, dar satisfação às necessidadesessenciais por campos de emprego, alimentação, energia, água e saneamento, manter apopulação num número sustentável, conservar a base dos recursos, reorientar e atenuar osriscos e integrar o ambiente e a economia na tomada de decisões.

Unidade 2 – A Integração Económica

Formas de Integração Económica:- Sistema de preferência aduaneira- Zonas de Comércio Livre- Uniões Aduaneiras

- Uniões EconómicasZonas de Comércio Livre

 As zonas de comércio livre são a forma de integração mais simples e que implicam ummenor envolvimento dos países membros.

Consiste num acordo em que os países membros aceitam abolir entre si todos dosdireitos aduaneiros e restrições quantitativas ao comércio de mercadorias . No entanto,cada país é livre de manter as suas pautas próprias e as restrições quantitativas que entender em relação a países não membros.

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O exemplo mais típico de uma zona de comércio livre é a EFTA, e, mesmo assim, eralimitada aos produtos industriais e alguns produtos agrícolas transformados e para tal tratadoscomo industriais.

Um dos problemas levantados nesta forma de integração é o da origem das mercadoriasenvolvidas no comércio entre países membros. Como cada país mantém as suas tarifas emrelação a países terceiros e, à partida, essas tarifas não são iguais, pode acontecer quemercadorias vindas do exterior entrem na área através do país com pautas aduaneiras maisbaixas e depois circulem livremente para os restantes países, neutralizando as suas políticas decomércio externo.

Imaginemos um país A, membro de uma zona de comércio livre, que, por razões deprotecção à sua indústria nascente, impunha tarifas altas a países concorrentes. Esses paísespodiam ultrapassar essa barreira fazendo entrar os seus produtos no país através de outrospaíses parceiros do país A na zona de comércio livre, boicotando assim a política de protecção àindústria deste país.

Estes problemas obrigaram os países membros das zonas de comércio livre aestabelecer regras rígidas para a definição da origem dos produtos.

União Aduaneira

 As uniões aduaneiras são formas de integração mais avançadas que implicam um maior 

comprometimento dos países membros. A união aduaneira, para além da eliminação dos direitos aduaneiros e das

contingentações no que se refere aos movimentos de mercadorias no interior da união,obriga à aplicação da mesma estrutura tarifária em relação às mercadorias vindas doexterior.

Isto significa que cada país membro tem que adoptar para com terceiros uma PautaExterior Comum. A Comunidade Económica Europeia assumiu, na sua primeira fase, a forma deuma união aduaneira.

União Económica

 A união económica é uma forma de integração ainda mais elaborada e que exige dospaíses membros um elevado grau de comprometimento pois que, para além da supressão das

restrições aos movimentos de mercadorias e factores de produção, associa a harmonizaçãodas políticas económicas nacionais de forma a acabar com as descriminações resultantes dasdisparidades existentes entre essas políticas.

 A adopção de politicas económicas e sociais visa alcançar uma maior convergênciaeconómica e social, particularmente a redução do desnivelamento entre as regiões maisdesfavorecidas e as que acusam atraso económico ou que se encontram em crise.

União Europeia

Evolução Histórica: do Tratado de Roma aos nossos dias

 As origens do processo de integração económica na Europa remontam aos anos que seseguem à Segunda Guerra Mundial, que teve como principal palco das batalhas a Europa,

deixando-a completamente destruída. Muitas mortes, uma economia, poder e influência perdidasforam as consequências e os verdadeiros vencedores desta guerra foram os E.U.A. e a UniãoSoviética. É neste contexto de destruição e de submissão às duas superpotências que surgemas primeiras ideias de integração europeia com o objectivo de pôr em comum os destinos dospovos europeus de forma a conseguir uma integração económica e política.

Em 1949 institui-se a Organização Europeia da Coordenação Económica (OECE)que visava assegurar a coordenação do auxílio americano à Europa através do Plano Marshal.Depois, mais tarde, nasce em 1950 a primeira experiência de integração económica quando emParis é assinado o tratado que institui a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA).Em 1957, com o impulso da CECA, que perspectivou uma união muito maior de toda a Europa,

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deu-se um passo decisivo ao ser assinado o Tratado de Roma que criou a ComunidadeEconómica Europeia (CEE), com o objectivo de integrar as economias dos países membros e aComunidade Europeia de Energia Atómica (Euratom), destinada a fomentar a cooperação nautilização pacífica da energia nuclear e no seu desenvolvimento. Estes três tratados, a CECA, aCEE e a Euratom, assinados pelos seis países – Bélgica, Holanda, Luxemburgo, França, Itália e

 Alemanha – formam juntos a Comunidade Europeia.Perante a criação da CEE, a Grã-Bretanha, pretendendo evitar o isolamento e manter 

poder de negociação face a esta comunidade, toma a iniciativa de constituir uma zona de trocaslivres, a Associação Europeia de Comércio Livre (que passa a ser conhecida por  EFTA,iniciais da expressão inglesa).

 A Comunidade Europeia, desde a sua origem, foi concebida como uma estruturaaberta. Os anos que se seguiram após a assinatura do Tratado de Roma são muito importantesno que diz respeito a realizações no campo da cooperação e integração. Os progressosregistados atraem novos países e a CEE foi-se alargando, para nove em 1973, em seguida paradez em 1981 e para doze em 1986. Em 1995 transformada em União Europeia, alargou-se aosactuais 15 países membros e tem mais candidatos à União.

Desde o primeiro alargamento que a EFTA perdeu importância e os países quecontinuaram a fazer parte desta estabeleceram uma série de acordos com a CEE que acabarampor se traduzir na criação do Espaço Económico Europeu (EEE).

O Tratado de Roma, ao criar a Comunidade Económica Europeia, visava

fundamentalmente a criação de um mercado comum, através da junção dos diversosmercados nacionais. Nesta primeira fase, tratava-se apenas de uma união aduaneira. Mas,desde então, até à actualidade, a Comunidade tem evoluído, alargando o seu âmbito eobjectivos. O Acto Único Europeu, assinado em 1986 alterou e completou o Tratado de Roma.O seu grande objectivo era o relançamento da integração europeia – Mercado Único Europeu –em 1993 e o reforço da coesão económica e social.

Concretizar-se-iam assim as quatro liberdades fundamentais prescritas no Tratado deRoma: livre circulação de pessoas, mercadorias, serviços e capitais . O Tratado da União,assinado em Maastricht, instituiu a União Europeia, sendo o seu objectivo essencial arealização da União Económica e Monetária e aprofundar as formas de cooperação.

O Tratado de Roma, o Acto Único Europeu e o Tratado de União Europeiaconstituem marcos fundamentais no processo de construção europeia.

 A etapa seguinte foi a de criar uma moeda única através da qual se concretizou a

União Económica e Monetária. A moeda única, o Euro, já é uma realidade que aproxima ospaíses membros, não apenas a nível económico.

Objectivos e Órgãos: sua composição e funcionamento

Comissão

 A Comissão é simultaneamente um órgão de iniciativa, uma vez que lhe competeelaborar propostas de interesse geral, e um órgão executivo. É ela que impulsiona a vida daUnião Europeia, que gere as políticas comuns, que dirige a administração e executa oorçamento.

 A Comissão desempenha a função de “Guardiã dos Tratados”, velando pela correcta

aplicação das suas disposições. Elabora relatórios, particularmente o Relatório Geral anual queapresenta ao Parlamento. Compete-lhe a representação da União Europeia, nas organizaçõesinternacionais (OCDE, OMC, OIT, etc.).

Conselho Europeu

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O Tratado da União Europeia consagrou oficialmente o Conselho Europeu(Conselhos de Ministros + Presidente da U.E.). Nele se precisa que o Conselho Europeu reúne,pelo menos duas vezes por ano, a nível de Chefes de Estado e de Governo , com o Presidenteda Comissão.

O Conselho Europeu é presidido pelo Chefe de Estado ou de Governo que exerce apresidência do Conselho da União. O Conselho Europeu é o órgão impulsionador dasdecisões políticas no seio da U.E., definindo as orientações gerais da mesma.

Conselho da União Europeia

O Conselho da União Europeia é constituído por  um representante de cada Estado-membro a nível ministerial, habilitado a representar o respectivo governo.

 A Presidência do Conselho é exercida rotativamente. O Conselho dispõe de um poder de decisão geral para assegurar os objectivos do Tratado, delegando na Comissão ascompetências das regras que estabelece. Em alguns casos pode reservar-se o direito de exercer directamente competências executivas.

Paralelamente à Comissão, incumbe ao Conselho garantir a coerência e acontinuidade da acção externa da União, nomeadamente graças à Presidência do Conselho,cujo papel é fundamental.

Nas tomadas de decisão, a cada país é atribuído um certo número de votos. Desde o

Tratado de Maastricht que a unanimidade se tornou excepção e a maior parte das decisões étomada por maioria qualificada, sendo os votos dos Estados-membros ponderados.

Parlamento Europeu

O Parlamento Europeu controla a vida legislativa da Comunidade, aprova o orçamento epode exercer voto de censura sobre a Comissão. O Parlamento dispõe de um poder legislativoverdadeiro, graças ao processo de cooperação com o Conselho. Exerce um poder de controlosobre o conjunto da actividade da Comissão. No exercício dos seus poderes orçamentais oParlamento examina o orçamento elaborado pela Comissão e aprovado pelo Conselho deMinistros, podendo rejeitá-lo globalmente ou propor modificações. Tem ainda um papel deimpulsão política, podendo solicitar à Comissão que apresente propostas no sentido dodesenvolvimento ou regressão de algumas políticas. O Tratado de Maastricht confirmou o direito

de o Parlamento receber petições de qualquer cidadão ou pessoa colectiva da União Europeia.Está também encarregado de nomear um provedor de Justiça habilitado a receber queixas.

Tribunal de Justiça

O Tribunal de Justiça é o órgão jurisdicional da União Europeia. Como autoridade judiciária independente, vela pela aplicação uniforme do direito comunitário.

Tribunal de Contas

Trata-se da instituição de fiscalização das finanças europeias estando encarregadode verificar a rigorosa execução do orçamento.

A fiscalização pode ser exercida pelos Estados-membros, mas também nos países

terceiros que beneficiem da ajuda da U.E.Tem ainda uma função consultiva na medida em que participa no processo legislativoda U.E. no domínio financeiro e orçamental.

O Tribunal de Contas pretende a harmonização fiscal (uniformidade de impostos).

Comité Económico e Social

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É um órgão consultivo com representantes das diferentes categorias da vidaeconómica e social. Funciona como concertação social, todas as actividades económicas dumpaís tem um órgão que as representa (sindicatos que reivindicam os direitos, discutem eelaboram propostas).

Comité das Regiões

É um órgão consultivo que permite às autoridades regionais tentar ver quais osproblemas das regiões e eliminar as assimetrias entre as mesmas, para acabar com asdisparidades e alerta para necessidades das regiões.

O Comité das Regiões é obrigatoriamente consultado nos domínios da intervenção anível da educação, da cultura, da saúde pública, das redes transeuropeias de transportes,telecomunicações e energia e dos fundos estruturais.

Banco Europeu do Investimento

O Banco Europeu do Investimento tem como função financiar investimentos quecontribuam para o desenvolvimento equilibrado da Comunidade Europeia.

É, portanto uma instituição comunitária autónoma e tem por missão, medianteconcessão de empréstimos ou de garantias, apoiar projectos conformes aos objectivos das

políticas comunitárias.Na U.E. financia sobretudo investimentos que visem: o desenvolvimento de regiões

desfavorecidas, tecnologias de ponta para a industria, protecção do ambiente e redestranseuropeias.

No exterior , participa no financiamento da política de desenvolvimento no âmbito dasConvenções de Lomé.

Os Instrumentos Financeiros

Para que a Comunidade possa financiar as suas políticas e concretizar os seusobjectivos precisa de meios financeiros. Para concretizar as políticas estruturais, a Comunidadecriou diversos instrumentos financeiros que, de uma forma articulada, permitem atingir osobjectivos comunitários. São 3 os principais instrumentos das políticas estruturais:

FEOGA – Orientação: serve a política das estruturas agrícolas (anda a par com a PAC);FSE – Fundo Social Europeu: serve a política social e do emprego;FEDER – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional: serve a política regional.

O FEOGA – Fundo Europeu de Orientação e de Garantia Agrícola – apoia a política dasestruturas agrícolas, em grande parte em ligação com a política regional (anda de acordo com aPAC – Política Agrícola Comum).

O FSE – Fundo Social Europeu – serve a política social e do emprego. Apoia a Política Social edo emprego em ligação com a política regional, as políticas de reestruturação, reconversão e dasestruturas agrícolas. Tem por principais funções financiar os programas de formação profissionale o recrutamento ligado aos novos empregos.

O FEDER  – Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional – serve a política regional e servepara facilitar a correcção dos principais desequilíbrios. O FEDER tem a finalidade de reforçar opotencial económico das regiões mais atrasadas, favorecer o ajustamento estrutural docrescimento e criar empregos. Os dois principais tipos de investimentos financiados pelo FEDERsão para desenvolvimento de infra-estruturas (comunicações, redes de transporte, zonasindustriais) e para os investimentos industriais que impliquem a criação de emprego oumantenham os empregos existentes.

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Existe como reforço da política de coesão económica e social o Fundo de Coesão, quetem por objectivo apoiar projectos que contribuam para o desenvolvimento das regiões maisdesfavorecidas da Comunidade.

Políticas da Comunidade

Política Agrícola Comum – PAC

 A Política Agrícola Comum (PAC), que é de longe a mais desenvolvida de todas aspolíticas comunitárias, foi criada, após renhidas negociações, em Janeiro de 1962. Antes de seinstaurar, a liberdade de circulação para os produtos agrícolas foi necessário tomar um certonúmero de precauções e medidas adequadas.

Objectivos da PAC:

- aumentar a produtividade na agricultura;- assegurar um nível de vida aceitável à população agrícola;- estabilizar os mercados;- garantir a segurança dos abastecimentos;- assegurar preços razoáveis aos consumidores.

O FEOGA é constituído pela secção garantia, responsável pelas medidas de execuçãoda PAC e pela secção orientação que financia a promoção da eficiência económica do sector agrícola comunitário.

 Apesar do sucesso da PAC, muitos são os problemas que se levantam aos Estados-membros:

- problema dos excedentes, que tem provocado grandes crises na agricultura dos diversosEstados-membros e tem levantado problemas financeiros à Comunidade, pelos gastosexcessivos que esta tem feito para controlar a produção ou fazer desaparecer os excedentes.

- problema dos subsídios à agricultura, que vem provocar conflitos entre a Comunidade e

países terceiros.

 A necessidade de reforma da PAC é importante, perante alguns sinais de alarme, se aComunidade quiser sair do círculo vicioso criado pelos preços elevados e pelos excedentesproduzidos. As reformas destinam-se também a transformar a PAC num elemento essencial deestratégia de desenvolvimento da Comunidade.

Objectivos para a Reforma da PAC:

- manter a posição da Comunidade Europeia enquanto maior produtora e exportadora deprodutos agrícolas tornando os agricultores mais competitivos (nos mercados internos e deexportação);

- reduzir as quantidades produzidas (equilibrar a produção com a procura);- canalizar os apoios aos rendimentos dos agricultores para as regiões onde precisam mais;

- encorajar os agricultores a permanecerem nas áreas rurais;

- proteger o ambiente e desenvolver as potencialidades naturais.

Política Social

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 A realização do Mercado Único deve resultar numa verdadeira melhoria em termos deemprego e das condições de vida e de trabalho de todos os cidadãos da Comunidade . Noentanto, não tem sido fácil a concretização dos objectivos sociais, pois existem dificuldadesdevido à diversidade de situações.

Nos últimos anos têm sido desenvolvidos esforços no sentido de promover uma politicasocial para a Comunidade.

 A política social europeia proposta assenta em dois pilares, o Fundo Social Europeu ea Carta Social.

O Fundo Social Europeu tem por objectivo promover a mobilidade geográfica eprofissional dos trabalhadores e é o principal instrumento de politica social. Tendo em conta osinúmeros desempregados e as inadequadas habilitações dos jovens para o mercado detrabalho, o FSE tem centrado os seus esforços em programas para apoiar estes problemas.

 A Carta Social dos Direitos Fundamentais dos Trabalhadores estabelece osprincípios fundamentais relativos aos direitos dos trabalhadores e às relações laborais daComunidade Europeia.

Crescimento, Competitividade e Emprego (medidas)

- desenvolvimento do modelo social europeu

- emprego como questão prioritária- consolidação da base legislativa- reforço da cooperação e da acção para integrar pessoas excluídas do mercado de trabalho

Cada Estado também desenvolve medidas tais como:

- melhoria dos sistemas de educação- aumento da flexibilidade das empresas e do emprego- investigação a nível das empresas- melhor utilização dos fundos na luta contra o desemprego- acções especificas para jovens que abandonam o sistema escolar - desenvolvimento de novas fontes de postos de trabalho

Política Regional

Perante uma Europa com grandes disparidades regionais, o objectivo central daComunidade é conseguir o progresso económico e social de todos os territórios levando a cabouma política de desenvolvimento regional.

O objectivo principal definido para a política regional comunitária é a redução dasdisparidades regionais existentes e a prevenção de novos desequilíbrios regionais.

Este objectivo será conseguido através de instrumentos financeiros, nomeadamente doFundo de Coesão e do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).

 A cada Estado-membro compete resolver os problemas das suas regiões, promovendoinfra-estruturas e apoiando financiamentos e investimentos criadores de emprego. ÀComunidade cabe harmonizar as políticas regionais nacionais formulando orientações e fixando

princípios. Cabe-lhe igualmente coordenar as diferentes políticas e os instrumentos financeirosdando-lhes dimensão regional e aumentando o seu impacto nas regiões mais carenciadas. A Política Regional comunitária é indispensável para reforçar a Comunidade pois o

êxito da UEM depende da coesão económica e social de todas as regiões.

U.E. no Mundo

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Caracterização da União Europeia- Indicadores Económicos e Sociais

 A Comunidade Europeia encerra múltiplas diversidades nos campos cultural, económicoe social. Para conhecer melhor a Europa em comparação ao Resto do Mundo podemos analisar diversos dados económicos, sociais e culturais.

Com a análise de indicadores de desenvolvimento dos diversos países europeus e nãoeuropeus podemos tirar conclusões quanto ao nível de desenvolvimento e às disparidadesexistentes dentro da U.E.

Os Indicadores Demográficos dão-nos a ideia da comparação da população da U.E.com os outros países do Mundo. A população da União Europeia eleva-se a mais de 370milhões de habitantes e representa 6,5 da população mundial e provavelmente atingirá perto de5% no ano 2020. Esta diminuição em importância, à escala mundial, deve-se ao fracodinamismo demográfico da U.E. comparada com o Resto do Mundo. A visão pode ser pessimista ou optimista em relação ao futuro do desenvolvimento da U.E., no que diz respeito àevolução demográfica. O envelhecimento demográfico poderá ser um problema a atingir aUnião Europeia. O aumento da proporção de pessoas idosas numa população pode resultar deuma baixa da natalidade ou de uma vida mais longa. São estes dois factos que sucedem naUnião Europeia. Este fenómeno atinge todos os Estados-membros, apesar de o envelhecimento

ser nitidamente mais pronunciado em alguns países. A recente baixa de fecundidade vaiprovocar uma aceleração do processo de envelhecimento em alguns países. Sendo umfenómeno social importante, o envelhecimento levanta problemas múltiplos: a redução da partedos activos determinará problemas para o financiamento das reformas, porá em perigo oequilíbrio dos orçamentos de protecção social e exigirá cada vez mais serviços especializados.

Os principais indicadores dos países membros da U.E. são: o número da populaçãototal, a taxa de actividade, a taxa de desemprego, emprego na agricultura, emprego na indústria,emprego nos serviços, Agricultura, Indústria, Serviços, PIB per capita, etc.

Os Indicadores Económicos mostram-nos que a nível global, ou seja, com uma análisegeral do Produto Interno Bruto surge-nos uma Comunidade relativamente rica, mas, analisandomais aprofundadamente surgem nítidas disparidades regionais na União Europeia.

Os valores da repartição do rendimento na Comunidade também nos dão uma noçãodo nível de desenvolvimento entre países e em comparação com outros países não europeus.

 A Evolução do PIB também nos revela factos interessantes quando procedemos àanálise dos seus valores.Quando atentamos na distribuição da população activa pelos ramos de actividade

também ficamos com a noção do desenvolvimento destes países.O Turismo abrange toda uma gama de serviços e de indústrias, não apenas de

alojamento e de restauração e de viagens, mas também de artesanato, ocupação de temposlivres, bancos, serviços comerciais, actividades do poder local ligadas a parques naturais,monumentos históricos.

 A indústria do Turismo oferece frequentemente emprego em regiões maisdesfavorecidas no plano económico e favorece, assim, de modo bastante sistemático, odesenvolvimento regional de algumas zonas periféricas.

O Turismo desempenha um papel muito importante na balança de pagamentos denumerosos países.

 Ao longo dos anos, a Comunidade tem vindo a reforçar a sua posição de maior potência comercial do mundo. Por conseguinte, a U.E. tem um papel de primeiro plano nasnegociações comerciais internacionais. A União Europeia é o maior operador ao nível docomércio mundial.

 A Comunidade é o maior mercado do mundo industrializado. Para financiar as suassubstanciais importações de produtos alimentares e de matérias-primas (é o maior importador mundial de produtos agrícolas) a Comunidade tem de exportar. Quanto às trocasintracomunitárias também não têm parado de crescer.

Os Indicadores Sociais (nível de vida) podem ser analisados para nos dar a ideia dobem-estar das populações. A repartição das despesas dá a noção do nível de vida. Mas ao nível

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do consumo, há um crescimento desigual tal como nos equipamentos privados (telefones,viaturas particulares, televisões, etc.). O índice de preços no consumidor é um óptimo indicador do bem-estar das populações, tal como a evolução do consumo privado.

O desemprego é um problema que atinge a U.E., existindo grandes assimetriasregionais a este nível, do emprego.

Relações da U.E. com outros países- Relações Norte/Sul- Convenções de Lomé

Relações Norte/Sul

 A Comunidade não é nem quer ser um espaço fechado, pois mantém relações desolidariedade e de ajuda com outros países, como os países em vias de desenvolvimento.

Para os seus parceiros desenvolvidos a Comunidade será um aliado esimultaneamente um concorrente ao domínio tecnológico e comercial.

Em relação aos países em vias de desenvolvimento do Terceiro Mundo, aComunidade será o parceiro que ajudará no desenvolvimento das suas economias e o aliadohistórico e solidário.

 A política global de relacionamento da União Europeia com todos os países do mundo

assenta no reconhecimento da interdependência e da igualdade. A União Europeia utiliza diversos instrumentos para concretizar a sua política de ajuda

ao Terceiro Mundo tal como Acordos de Cooperação e o Sistema Geral de Preferências.O Terceiro Mundo é um mercado essencial para a Europa na medida em que as

matérias-primas do Terceiro Mundo são indispensáveis para a Europa. Portanto, a Europatem interesse no desenvolvimento dos países do Terceiro Mundo.Convenções de Lomé

 A política de Lomé é a mais importante de todas as políticas comunitárias dedesenvolvimento. A Convenção de Lomé representa, em média anual, 62% da ajuda total daComunidade.

 Aquando do Tratado de Roma, a França conseguiu que os seus parceiros aceitassemque o Tratado proclamasse “a solidariedade que liga a Europa e os países ultramarinos” e

afirmasse a necessidade de “assegurar o desenvolvimento da prosperidade destes”, comotambém a criação do primeiro Fundo Europeu do Desenvolvimento.É assim que a Europa nascente se compromete com estes países e começa a pensar 

numa verdadeira política de cooperação e de desenvolvimento. Em 1963 é selada a primeiraConvenção de Laundé. É o primeiro acordo negociado livremente entre a Comunidade e umgrupo de países do Terceiro Mundo. Esta convenção representa a base da futura “política deLomé”.

Desde logo a Europa começa a manifestar o desejo de alargar a cooperação a outrospaíses saídos do processo de independência. As negociações não são fáceis, com os países daComunidade a criarem obstáculos às reivindicações dos novos países.

 A partir daqui o jogo Norte/Sul assume um novo contorno político e os responsáveiseuropeus tomam consciência disso.

Em 1971 a Comissão Europeia diz que “chegou a altura de definir uma política

comunitária de cooperação para o desenvolvimento”. A partir daqui iniciam-se as negociaçõesque culminam com o convite a diversos países de África, Caraíbas e Pacífico para que venhamnegociar com a Comunidade acordos de associação e acordos comerciais. Destas negociaçõesresulta o mais vasto acordo colectivo de cooperação da história das relações entre países doNorte e países do Sul – a Convenção de Lomé – assinada em 1975.

Desde Fevereiro de 1975 até aos nossos dias já foram assinadas quatro Convenções deLomé. Cada nova convenção, para além de alargar o número de países que entram nos

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acordos, estabelece novos objectivos e amplia os campos de actuação. Independentemente dassuas diferenças, as Convenções de Lomé representam uma política e uma certa maneira deabordar o diálogo entre os países desenvolvidos e o Terceiro Mundo.

Este “espírito de Lomé” pode definir-se por quatro características fundamentais:- uma cooperação duradoura, resultante de um acordo livremente negociado entre parceiros;- um acordo colectivo, fundado no respeito das opções políticas e sociais de cada parceiro;- uma abordagem global que define e combina todos os instrumentos de cooperação;- uma cooperação fundada num diálogo permanente entre dois grupos de Estados cujo grau deorganização colectivo é simultaneamente insuficiente e desigual.

Lomé I

Esta primeira Convenção foi assinada por 46 países ACP. Tinha por objectivos acoordenação comercial, garantindo a liberdade de acesso ao mercado comunitário de quasetodos os produtos dos países ACP, assegurar a estabilidade das receitas de exportação para 36produtos-base, protegendo-as contra as flutuações de preços do mercado mundial – “Stabex”,cooperação industrial e financeira e criação de instituições mistas destinadas à gestão emcomum do conjunto de acordos.

Lomé II

Foi assinada por 58 países ACP e tinha quase os mesmos objectivos da primeiraConvenção. Esta Convenção veio aprofundar os acordos anteriores e estabelecer a cooperaçãomineira e energética, criação do “Sysmin”. Também nesta Convenção se estabeleceu acooperação no domínio das pescas, medidas a favor da mão-de-obra e definição de dispositivosde promoção comercial.

 A Convenção de Lomé II trouxe uma nova abordagem, pensando no desenvolvimentoautocentrado e no apoio a políticas sectoriais.

Lomé III

Esta III Convenção foi assinada por 65 países ACP e para além do aprofundamento dos

anteriores inclui uma definição clara dos objectivos da cooperação ACP/CEE, incluindo acooperação cultural; o financiamento para a prospecção dos mercados internacionais por partedos países ACP, incentivando as trocas Sul/Sul, nomeadamente a promoção do mercado local eregional e finalmente o tratamento expresso da questão dos Direitos do Homem e do respeitopela dignidade humana.

Lomé IV

Lomé IV deverá reforçar a nova abordagem de Lomé III. “É necessário prosseguir na viado apoio às políticas sectorais, aprofundar o diálogo e reafirmar o objectivo central de Lomé, istoé, apoiar os esforços de desenvolvimento duradouro e em longo prazo”.

Surge a ideia de transformar as convenções em cooperação de carácter permanente. Apesar das ajudas concedidas até à data, as economias dos Estados ACP não se

encontram suficientemente desenvolvidas, as infra-estruturas deterioraram-se, a agricultura e aindústria não arrancaram por falta de quadros e de técnicos, o ambiente degradou-se, a dívidaagravou-se.

Perante este panorama a Convenção Lomé IV propõe, para o período 90-95, ofinanciamento de programas e projectos muito variados e ligados à política sectorial dedesenvolvimento dos países ACP.

 A Convenção de Lomé IV prevê apoiar através do FED, políticas de reestruturaçãoeconómica destinadas a restabelecer as balanças de pagamento, a equilibrar, a apoiar ainiciativa privada e a reduzir a inflação e o peso da dívida. Também foi pensado o apoio a

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medidas de protecção do ambiente, em particular a luta contra a desertificação e proibição deresíduos perigosos.

No domínio agrícola a inclusão de uma dimensão regional das políticas de segurançaalimentar concede especial atenção ao papel das mulheres no desenvolvimento rural e define acooperação descentralizada, o que implica encorajar as iniciativas do desenvolvimento dosindivíduos e dos grupos.

Para além do desenvolvimento industrial e desenvolvimento dos serviços, apoio aocomércio externo, promoção do turismo, desenvolvimento dos transportes, das comunicações eda informática.

No domínio cultural e social o reforço e alargamento a outros campos: população,nutrição, equilíbrio entre população e recursos, diálogo intercultural.

Outro dos objectivos desta Convenção foi a generalização da cooperação inter-regionalentre os Estados ACP e o alargamento do Stabex e do Sysmin, que passam a poder ser considerados como elementos concretos de uma nova ordem económica internacional.

Portugal e a União Europeia

- Portugal, da autarcia à integração- Evolução da política portuguesa, nas últimas décadas- dos anos 50 ao 25 de Abril

- Do 25 de Abril à entrada na C.E.E.

 A integração de Portugal na CEE é o reflexo das políticas seguidas anteriormente. Parase compreender o processo de integração de Portugal na Comunidade é necessário conhecer aevolução da política económica nas últimas décadas.

Evolução da Política Portuguesa nas últimas décadas

Do pós-guerra até ao momento da assinatura do Tratado de adesão, a economiaportuguesa sofreu alterações estruturais profundas, nomeadamente no seu posicionamentoperante as economias dos outros países. Este período da nossa história pode ser dividido emtrês fases distintas, separadas entre si por acontecimentos políticos marcantes: o início daGuerra Colonial, a Revolução do 25 de Abril e, para fechar o período em causa, a adesão à

CEE.

Dos anos 50 ao 25 de Abril

Este período, de cerca de vinte e cinco anos, não foi sempre igual, quer do ponto devista económico, quer do ponto de vista social. O início da Guerra Colonial, no início dos anos60, inflectiu a política até então seguida. Assim podemos dividir este período em duas fases:- do pós-guerra aos anos 60- dos anos 60 ao 25 de Abril

1ª fase – Do pós-guerra aos anos 60

Durante esta fase foi adoptado um modelo de crescimento para o país que se

caracterizava por ser um modelo de crescimento fechado, com o sector industrial a funcionar como alavanca do crescimento e com a agricultura a desempenhar o papel de mero suporte dodesenvolvimento industrial.

Os princípios políticos e sociais defendidos pelos governantes da altura, de isolamentodo país de toda a influência vinda do estrangeiro, condicionaram o modelo de crescimentoindustrial adoptado. Assim, este assentava na industrialização por substituição deimportações. Para que as empresas portuguesas pudessem vencer, era necessário protegê-lasda concorrência interna e externa e dar-lhes condições para obterem grandes lucros queincentivassem os empresários a investir. Da concorrência externa, protegia-se a indústria com aadopção de medidas proteccionistas que impunham restrições às importações.

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Da concorrência interna, as indústrias eram defendidas pela Lei do CondicionamentoIndustrial, que regulava as condições de criação de novas empresas, protegendo as jáexistentes de possíveis concorrentes internos.

 A obtenção de grandes lucros pelas empresas era conseguida pela manutenção decustos de produção baixos, sobretudo de uma mão-de-obra barata.

O modelo de crescimento económico adoptado na década de 50 estava assente naideia do desenvolvimento da agricultura e da industrialização, pois crescendo as indústrias oresto iria atrás.

Outra ideia importante deste modelo era a entrega ao sector privado ou à iniciativalivre das empresas e o Estado teria apenas uma função supletiva (não interferia muito naeconomia).

Sendo o lucro o motor da iniciativa privada, haveria que criar lucros altos e paraisso os custos de produção seriam baixos e os preços elevados.

Contra a concorrência externa usou-se a arma pautal (impostos aduaneiros) e a nívelinterno o condicionamento industrial protegeu da concorrência.

Os salários eram baixos e as matérias-primas pagas também mal, o Governo queriaque os empresários tivessem muito lucro para que o país se desenvolvesse.

 A década de 50 foi uma época de isolamento.

2ª fase – Dos anos 60 ao 25 de Abril

 A partir do início dos anos 60 apareceram elementos novos, alguns exteriores, que vãoexercer uma influência muito acentuada na economia e na sociedade portuguesa.

Podemos destacar desses elementos a guerra colonial, a emigração e a adesão àEFTA como os que mais contribuíram para a mudança da política portuguesa no sentido deabertura ao exterior.

A Abertura ao Exterior 

Perante o movimento de integração económica que se desenvolvia na Europa, o poder político não teve outra alternativa que não fosse o da abertura da nossa economia e integraçãonuma das organizações em formação na Europa e a escolha foi a EFTA, até por causa docomércio externo para salvaguardar mais a independência dos países-membros.

O governo, devido ao desenrolar da guerra colonial e ao aumento da pressão sobre oregime, precisa de ajuda para o prosseguimento da sua política em África. Assim, o governo élevado a liberalizar o regime da entrada de capitais estrangeiros. O fluxo migratório, que temgrande desenvolvimento durante os anos 60 devido às más condições económicas do país e àguerra, é outro dos factores que vai condicionar a abertura ao exterior, não apenas no campoeconómico, mas também no social e cultural.

A Emigração

Nos anos 60 o movimento migratório intensificou-se de tal maneira que se pode falar de uma autêntica fuga dos nossos recursos humanos.

Este aumento da emigração tem também novos contornos. A par das motivaçõeseconómicas, com origem na degradação do nível de vida das populações, surge uma nova

causa: o regime político e a guerra colonial. Assim, nos anos 60, assiste-se à intensificação da emigração clandestina, sobretudopara França.

Guerra Colonial

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Esta guerra deflagrou em Angola, Moçambique e Guiné entre 1961 e 1964,fundamentalmente como resposta dos povos desses países ao não reconhecimento, peloGoverno Português, do seu direito à autodeterminação e à independência, já reconhecido pelaONU. Esta posição do governo não só conduziu à guerra, mas também ao isolamento político dePortugal no contexto internacional.

 A guerra colonial teve, para além dos efeitos sociais, consequências económicascomo o aumento das despesas públicas e a redução da mão-de-obra disponível.

Em 1968, quando se dá a substituição de Salazar por Marcelo Caetano no governo,inicia-se o movimento de integração da economia portuguesa na economia mundial.

Este movimento caracteriza-se por uma aceleração do ritmo da concentração industrial,uma modificação nas ligações entre o Estado e os grupos económicos, alterações na políticaeconómica e procura de uma saída política para a guerra colonial.

Do “25 de Abril de 1974” à assinatura do Tratado de Adesão

É perante um país com uma política económica ambígua e indefinida, com umaenorme dependência externa (verificado pelo défice da balança de pagamentos), com condiçõesde vida más e o constante agravamento do fraco poder de compra das populações e com umaguerra colonial num impasse político e militar a conduzir o país para o isolamento internacional ecom um poder político contestado internamente, que se criam as condições para o golpe de

Estado de 25 de Abril de 1974.O golpe de Estado de 25 de Abril de 1974 levado a cabo pelos capitães do exército

português consegue uma grande convergência das forças politicas, económicas e sociais, oque demonstra bem o descontentamento que grassava no país.

O 25 de Abril de 1974 pode ser considerado como um ponto de ruptura política mas,com o desenrolar dos acontecimentos, passa a ser um mecanismo de transformação daestrutura do poder económico.

 As mutações observadas no domínio da estrutura do poder económico foram adescolonização, que teve como consequência um grande afluxo de colonos ao nossocontinente, os militares foram desmobilizados e o desemprego alastrou em consequência destesfactos.

Deu-se um processo de nacionalizações e intervenções nos sectores básicos daeconomia. Forma-se assim, o Sector Empresarial do Estado. As nacionalizações tiveram na

sua origem um processo de carácter anti capitalista. A reforma agrária foi outra das medidas tomadas no sentido da destruição dasestruturas económicas vigente.

Surge o movimento cooperativo e autogestionário para garantir os postos detrabalho.

Dá-se o aparecimento de um forte movimento sindical para defesa dos interesses dostrabalhadores.

O período pré-revolucionário de 74/75 que acabámos de analisar foi interrompido pelo“25 de Novembro de 1975”, que marca um ponto de ruptura em todo o processo. A partir daquimuitas coisas recuam, não sem luta, e muito do poder económico começa a ser recuperado.Toda esta situação se desenvolve num quadro económico de crise: desemprego, inflação,desequilíbrio da balança de pagamentos o que apoia ainda mais as medidas a tomar nesta

altura. Esta crise é provocada fundamentalmente por desestruturação da economiaprovocada pela Revolução de Abril, impacto do aumento do preço do petróleo, verificado a partir de 1973/74 e crise na economia mundial.

 A resolução da crise vai ser decidida pelo recurso ao crédito internacional por intermédiodo FMI. Esta via escolhida para a resolução da crise vai alterar toda a política interna e vaicontribuir para uma maior integração na economia mundial.

 A integração da economia mundial vai fazer-se pela via do investimento directoestrangeiro e pela implantação das firmas transnacionais. Assiste-se, paralelamente, a umendividamento do país, e consequente fluir dos recursos para pagamento da dívida. Os acordoscom o FMI obrigam a adoptar programas de estabilização económica e uma redução das

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despesas públicas e privadas. Era necessário reduzir o consumo privado, as despesas públicase o investimento privado e público. Estas medidas resultaram mas com elevados custos sociais.

No entanto, a partir de 1985, o país entrou num período de expansão da actividadeeconómica que se deveu, em parte, à existência de uma conjuntura económica internacionalfavorável.

 A partir de 1980 entra-se numa nova fase da economia portuguesa com a adesão àCEE a tornar-se “prioridade das prioridades” no domínio da política externa portuguesa. Estafase termina com o acto formal da adesão em 1 de Janeiro de 1986.