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Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações Internacionais Curso Superior de Economia Curso Superior de Relações Internacionais Disciplina: Economia Internacional I Docente da Cadeira: Dr. Sabino P. Ferraz Ano: 3.º Tipo: Anual Carga Horária Semanal: 5 horas E c o n o m i a I n t e r n a c i o n a l I - D i s c i p l i n a C u r r i c u l a r d o s C u r s o s S u p e r i o r e s d e E c o n o m i a e d e R e l a ç õ e s I n t e r n a c i o n a i s 1

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Apresentação em power point das aulas ministradas aos estudantes do CIS - Instituto Superior de Ciências Sociais e relações Internacionais

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Page 1: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações InternacionaisCurso Superior de Economia

Curso Superior de Relações Internacionais

Disciplina: Economia Internacional I Docente da Cadeira: Dr. Sabino P. Ferraz Ano: 3.º Tipo: Anual Carga Horária Semanal: 5 horas

Econom

ia Internacional I - Disciplina C

urricular dos Cursos

Superiores de E

conomia e de R

elações Internacionais

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Instituto Superior de Ciências Sociais e Relações Internacionais

ECONOMIA INTERNACIONAL I

Econom

ia Internacional I - Disciplina C

urricular dos C

ursos Superiores de E

conomia e de R

elações Internacionais

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• Objectivo da Disciplina

•A Economia Internacional, enquanto disciplina enquadrada no universo mais geral da Ciência Económica estuda:

as relações económicas entre países; os factores que as influenciam;as consequências económicas delas

decorrentes; e o seu quadro institucional de regulação.

Page 3: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

OBJECTIVOS DA DISCIPLINA

• Na disciplina de Economia Internacional serão ministrados conhecimentos sobre:• A teoria da economia internacional e os movimentos

internacionais de mercadorias;• As determinantes do padrão da vantagem comparativa; • A estrutura e as políticas de comércio externo• A balança de pagamentos;• O movimento dos factores de produção e seus efeitos

sobre o comércio internacional;• O investimento estrangeiro:

O investimento estrangeiro directoe a actuação das empresas multinacionais.

Econom

ia Internacional I - Disciplina

Curricular dos C

ursos Superiores de

Econom

ia e de Relações Internacionais

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Page 4: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Metodologia de Ensino

• Para a administração da disciplina será adoptada a metodologia subjacente às ciências económicas e sociais.

– Nas aulas teóricas serão utilizadas as metodologias de tipo directivo e, simultaneamente, os meios expositivo e interrogativo.

– Nas aulas práticas resolver-se-á exercícios.

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Page 5: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

PRINCIPAIS TÓPICOS

• Génese das teorias do comércio internacional. • Vantagens absolutas e vantagens comparativas.• Modelos e factores específicos do C. I.: • Políticas de comércio internacional• Balança de pagamentos.• Determinantes das taxas de câmbio e dos fluxos de

capital.

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Page 6: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

AVALIAÇÃO NA DISCIPLINA• A disciplina tem por base a avaliação contínua

(aulas, apresentações de grupo, debates)• Por isso, é essencial que o aluno tenha em conta a

assiduidade para que obtenha aprovação geral na disciplina.

• O sistema de avaliação realizar-se-á de acordo com as regras definidas no “Regulamento de Ensino, Frequência e Avaliação do CIS”. • Neste sentido, será tida em conta a avaliação contínua

– nomeadamente a assiduidade e a participação nas aulas e actividades curriculares – bem como as provas de frequência obrigatórias e os exames finais.

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Page 7: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

AVALIAÇÃO NA DISCIPLINA

• Critérios: – Avaliação contínua; – Prova escrita de frequência; – Exames finais (escritos).

• As notas serão atribuídas aos estudantes numa escala de 0 (zero) a 20 (vinte) valores para a prova de frequência e também para a avaliação contínua.

• Obterá aprovação o estudante que alcançar nota final igual ou superior a dez (10) valores, calculada de acordo com uma das alternativas do esquema seguinte:

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Page 8: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

AVALIAÇÃO DA DISCIPLINATIPO DE AVALIAÇÃO →

Avaliação Contínua

Prova de Fre-

quência

Média Antes de Exame

Nota do Exame Regular

Média FinalExame

de Recurso1.ª Prova

Parcial2.ª Prova

ParcialTraba-lhos

Escritos

Partici-pação nas

Aulas

Total da Avaliação ContínuaRegime Académico ↓

Geral

Símbolo→

P1 P2 TE PA AC PF ME NE MF

ER

Peso (%) →

30%.AC 30%.AC 20%.AC 20%.AC 40%.ME 60%.ME 50%.MF 50%.MF ------- 100%

Cálculo→ 0… 20 0… 20 0… 20 0… 20

AC = (P1x30%)+ (P2x30%)+(TEx20%) +(PAx20%)

0… 20ME = (Acx40%) +(PFx60%)

0… 20MF= (MEx50%) +(NEx50%)

0… 20

Espe-cial

Símbolo→

P1 P2 TE PA AC PF ME NE MF

ER

Peso (%) →

Não Faz Não Faz Não Faz Não Tem Não Tem Não Faz Não Tem 100% ------- 100%

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Conteúdo Programático da Cadeira1.º SEMESTRE

ECONOMIA INTERNACIONAL ICapitulo I - IntroduçãoConceitoObjecto de estudo da economia internacionalMetodologia de investigação em economia internacionalCapítulo II – Comércio InternacionalO comércio internacional na antiguidadeConcepções mercantilistas do comércio internacionalTeoria das vantagens absolutas de Adam SmithTeoria das vantagens comparativas de David RicardoLei dos valores internacionais de John Stuart MillTeoria neo-factorial do comércio mundialTeoria de dotações factoriais de produção de Heckscher-Ohlin e Samuelson

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Conteúdo Programático da Cadeira• Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

– Efeitos da mobilidade do trabalho– Efeitos da mobilidade do capital– Empresas multinacionais e determinantes do Investimento Externo Directo

• Capitulo IV - Politica Comercial Externa– Elementos de definição– Objectivo e tipos de política comercial externa– Classificação da politica comercial externa– Princípios e Métodos– Instrumentos de política comercial externa– Barreiras tarifárias e não tarifárias

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Page 11: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Conteúdo Programático da Cadeira Capitulo V - Balança de Pagamentos

Definição de balança de pagamentos Utilidade da balança de pagamentos As transacções internacionais e a sua inscrição na balança de pagamentos As principais contas da balança de pagamentos Balança de transacções correntes Balança de capitais Exercícios

Capitulo VI - Taxas de Câmbio A taxa de câmbio Determinação da taxa de câmbio Taxas de câmbio fixas e taxas de câmbio flexíveis Taxas de câmbio e estabilidade económica Efeitos das variações da taxa de câmbio sobre a economia Sistemas de câmbios alternativos

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Page 12: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo I - Introduçãoo Conceito de Economia Internacional

• Enquanto disciplina é o ramo da ciência económica que estuda as relações económicas entre os países, os factores que as influenciam, as consequências económicas delas decorrentes e o seu quadro institucional de regulação. Para além de examinar os movimentos internacionais de mercadorias, também

examina os movimentos internacionais de factores de produção, dando especial destaque ao investimento estrangeiro, à cooperação económica internacional, e à integração regional.

Estuda a actuação das empresas multinacionais e os seus efeitos sobre o comércio internacional, em particular sobre a mobilidade dos factores de produção.

Estuda a balança de pagamentos, a definição e o comportamento das suas contas e as diversas teorias de determinação da taxa de câmbio.

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Page 13: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo I - Introdução• O estudo da Economia Internacional inclui:

• A sua contextualização como ramo da Economia e a importância do comércio internacional e do investimento directo estrangeiro (IDE) enquanto fenómenos da economia real;

• A análise e interpretação de dados estatísticos do comércio internacional (utilização de indicadores quantitativos e qualitativos);

• O estudo das principais teorias explicativas do comércio internacional, i.e., dos principais determinantes do padrão das trocas internacionais e do padrão da especialização produtiva;

• A política comercial (externa): • Os seus instrumentos e efeitos sobre o mercado e o bem-estar;• Os seus pontos de vista normativo e da economia política;• O enquadramento institucional e a Organização Mundial do Comércio.

• Alguns elementos introdutórios ao estudo das políticas industriais e suas implicações no padrão de especialização das trocas entre os países;

• A análise do fenómeno do investimento directo estrangeiro traduzindo a mobilidade factorial e o seu impacto no padrão das trocas e especialização dos países.

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Page 14: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo I - Introdução• Metodologia de investigação em economia internacional

• O método é o caminho a seguir na descoberta da verdade. • Constitui um processo lógico que conduz não só à formulação das leis

científicas mas também ao estabelecimento de quaisquer relações entre fenómenos.

• Tradicionalmente a investigação económica baseava a sua metodologia em processos dedutivos e indutivos• O conflito tradicional dos métodos dividiu , no século XIX, os economistas

quanto a saber se os problemas económicos deveriam ser analisados por via dedutiva ou por via indutiva.

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Page 15: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo I - Introdução• A tendência dedutiva parte do princípio que o homem

procede sempre racionalmente, sob o impulso do seu interesse pessoal, extraindo daí, de forma abstracta e dedutiva, conclusões lógicas, de rigor implacável, sem preocupação de as confrontar com as realidades objectivas

• Entendiam os precursores do método dedutivo que importava partir do geral para o particular, deduzindo dos princípios formulados conclusões individuais.

• A tendência indutiva, duvidando da existência dessas leis, punha em relevo a necessidade de, constantemente, auscultar a vontade e os sentimentos dos grupos humanos, variáveis no tempo e no espaço, para, desses sentimentos e vontade, induzir soluções.

• Os precursores do método indutivo entendiam que a Economia não dispunha de princípios suficientemente vigorosos para enveredar pela via dedutiva. Entendiam que era necessário analisar materiais para, com base neles, tentar induzir princípios.

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Page 16: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo I - Introdução• Processo monográfico

• A sua base é a observação directa dos factos. A monografia estuda um ponto particular de um ramo cientifico. Focaliza um, ou vários factos económicos, vistos nos seus detalhes sob diversos ângulos.

• Processo estatístico • É importante para a economia moderna, nos estudos dos fenómenos

económicos quantitativos, e também no estudo das teorias económicas. Hoje em dia, cada vez mais, não só os economistas, mas as pessoas comuns acompanham as estatísticas económicas.

• Método dos modelos• Surgiu a partir da síntese dos modelos dedutivo e indutivo. • Consiste na representação simplificada e numérica da evolução económica de

uma nação no seu conjunto e relativa a determinado período de tempo.

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Page 17: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo I - Introdução

• O Problema da Opção Metodológica• O problema da opção metodológica consiste em saber qual

o método que conduz com maior celeridade e segurança de resultados aos fins em vista.

• Todos os métodos e processos são importantes e compete ao analista escolher e aplicar um ou outro, ou a junção de vários métodos, para as suas pesquisas e análises económicas.

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Page 18: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• O comércio internacional na Antiguidade– Na antiguidade (período em que predominavam as relações de

produção de tipo esclavagista) o comércio internacional teve pouco desenvolvimento.

– O desenvolvimento das trocas e outras relações entre os povos eram dificultadas pela péssima rede de vias de comunicação e o fraco desenvolvimento dos meios de transporte.

– Mas eram, fundamentalmente, o fraco desenvolvimento das forças produtivas, a consequente exiguidade da produção e a insipiência das relações monetário mercantis que restringiam o comércio.

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Page 19: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

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Page 20: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

Uma das civilizações mais antigas que se conhece é a egípcia. No Egipto, o comércio exterior era inexpressivo. As importações e exportações limitavam-se apenas a artigos de luxo.

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Page 21: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

Já os fenícios foram grandes navegadores, o que permitiu que se tornassem também grandes comerciantes. Instalaram postos de vendas em diversos pontos da Europa.

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Page 22: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A expansão (pela ocupação militar) de impérios como o grego e o romano levaram a algumas relações económicas resultantes fundamentalmente da aplicação de políticas tributárias sobre as regiões ocupadas.– A Grécia Antiga não tinha produção suficiente de alimentos. Isso fez

com que ela comprasse estes produtos do exterior e os pagasse com azeite e vinho.

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Page 23: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

O Império Romano desenvolveu bastante o comércio exterior, baseado na sua política expansionista, mesmo porque Roma dominava o mundo. Negociaram até com países distantes, como a China e a Índia.

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Page 24: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• O comércio internacional na Idade Média• A Idade Média teve início com o fim do Império Romano

provocada pelas invasões dos chamados povos bárbaros à Europa.

• No início deste período os povos bárbaros espalharam o terror, atacando cidades, saqueando e, por fim, estabelecendo-se e miscigenando com os povos nativos dando origem aos actuais povos e países europeus.

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Capítulo II – Comércio Internacional

• Estas invasões obrigaram, por razões de defesa, que os povos europeus construíssem castelos fortificados que os protegeriam dos invasores.

• As pessoas passaram a viver em torno e sob protecção desses castelos estabelecendo com os seus proprietários relações de vassalagem.

• Para a sua subsistência e pagamento de tributos aos senhores (feudais) praticavam actividades agrícolas e artesanato.

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Capítulo II – Comércio Internacional

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Capítulo II – Comércio Internacional

• Durante a primeira fase da idade média (em que predominaram as relações de produção feudais) as restrições à mobilidade e a insegurança dos caminhos contraíram ainda mais as relações comerciais entre os povos devido:

• À existência de estruturas fechadas, de base predominantemente agrícola, originadas pelas invasões de povos bárbaros e a instabilidade social subsequente;

• Aos baixos níveis de produção e produtividade provocados pelas relações feudais e a economia de castelo.

• À acção da igreja cristã que reagia negativamente contra o desenvolvimento da ciência e da tecnologia.

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Capítulo II – Comércio Internacional

Economia na 1ª fase daIdade média:

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Estruturas fechadas, de base acentuadamente agrícola

Baixos níveis de produção e produtividade devido às relações feudais e à economia de

castelo

Influência negativa da Igreja Católica sobre o desenvolvimento das ciências e da tecnologia

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Capítulo II – Comércio Internacional

• Paradoxalmente, foram a acção feudal e a acção do cristianismo que permitiram a formação de cidades e a abertura de novos mercados: • A paz relativa conseguida por acção dos exércitos dos senhores

feudais permitiu algum desenvolvimento das actividades comerciais e o surgimento de cidades (burgos).

• A esta fase de relativa segurança e incremento da produção das trocas e do consumo, corresponde, no Ocidente, à organização corporativa.

• A acção da igreja católica levou os reinos católicos a mobilizarem-se na “guerra santa” contra os “bárbaros orientais” para proteger os “lugares sagrados”.

• As cruzadas abriram novas perspectivas a essas cidades de comerciantes.

• As cruzadas favoreceram as actividades comerciais, e ampliaram os horizontes geográficos.

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Capítulo II – Comércio Internacional

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A acção dos exércitos dos senhores feudais permitiu alcançar uma paz relativa o que propiciou o desenvolvimento das cidades medievais

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Capítulo II – Comércio Internacional

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A acção da igreja católica levou os reinos católicos a mobilizarem-se na “guerra santa” contra os “bárbaros orientais” para proteger os

“lugares sagrados”

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Capítulo II – Comércio Internacional

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O desenvolvimento das trocas e do consumo propiciado pela acção dos exércitos feudais permitiu o aparecimento de cidades.

No contexto do aparecimento e desenvolvimento das cidades nasceu o corporativismo medieval. O espírito fundamental do corporativismo era o de uma comunidade de trabalho e de uma solidariedade produtiva. Os princípios da competência, qualificação e hierarquia natural actuavam como eixos sólidos, tendo como próprio um estilo de impessoalidade activa, de desinteresse e de dignidade.

Page 33: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Os Descobrimentos o Renascimento e a Reforma À semelhança das cruzadas, os descobrimentos, mais do que

alargarem a comunidade cristã, estenderam o comércio dos cristãos a nações estranhas que nem sempre haviam de obedecer, no trato estabelecido, aos comandos da economia cristã.

A realização de empreendimentos ultramarinos era muito dispendiosa e arriscada. O seu custo tinha que ser coberto pelos ganhos do comércio, para não sobrecarregar as populações das metrópoles alheias a tais empreendimentos.

Para além disso na maior parte das vezes não era possível recrutar para tais expedições homens levados pelo espírito cristão da evangelização. Vencidos os perigos e os riscos da empreitada havia que buscar recompensas.

O fluxo de artistas e pensadores orientais para as cidades do ocidente contribuiu para o renascimento do gosto e interesse pela cultura e pela ciência.

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Page 34: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 34

A ligação da Europa à Índia e a descoberta da

América promovem uma nova ordem

económica mundial.

Os descobrimentos deram um contributo essencial para delinear o mapa do mundo, impulsionados

pela Reconquista e pela procura de alternativas às rotas do comércio

no Mediterrâneo.

Page 35: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• O renascimento da antiguidade, num primeiro momento limitado ao plano estético, da literatura e das artes plásticas, havia de ameaçar toda a cultura medieval.

• Envolveu também um renascimento não cristão, incompatível com o entendimento medieval das questões económicas.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 35

Page 36: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Paralelamente, os frutos dos descobrimentos, reservados a Portugal e à Espanha, começavam a suscitar os apetites das outras nações (Inglaterra, Holanda, França, etc.);

• Mas era impossível destruir, nos limites da Respublica Christiana a divisão do “Mundo por conhecer” que Roma (a Igreja Católica) estabelecera ou sancionara.

• Tal era a doutrina do “mare clausum” – os mares fechavam-se para serem cruzados apenas por aqueles que os tinham descoberto.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 36

Page 37: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A autoridade da igreja foi abalada por vários eventos:

• Lutas entre Roma e o Império• Grande cisma do ocidente• Heresias patentes e latentes, contágio dos hábitos luxuosos e

das práticas sexuais do Oriente• Avanço dos Otomanos pela Europa• Ameaças directas à Igreja

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Page 38: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• O exclusivo ultramarino concedido a portugueses e espanhóis muito contribuiu para a reforma.

• Se os monarcas se afastassem da Respública Christiana já a autoridade papal lhes não vedaria o acesso aos mares descobertos por portugueses e espanhóis.

• Os Estados que tinham ficado de fora do Tratado de Tordesilhas puderam, por essa via, encaminhar as suas armadas para esses mares.

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Economia e de Relações Internacionais 38

Page 39: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A reforma foi amplamente influenciada pelas ambições materiais, quer em relação ao ultramar como em relação ao interior dos estados.

– Para além das lutas pela posse das posições ocupadas no ultramar por Portugal e Espanha, nos países de religião reformada foram feitas expropriações de propriedades da igreja.

• Sem “descobrimentos” e sem “reforma” não se teriam desenhado as correntes mercantilistas

– O fluxo de ouro da América à Espanha concedeu aos reis espanhóis uma posição económica que teve reflexos políticos profundos e lhes facilitou a oposição aos Estados protestantes.

– Esse fluxo alterou profundamente as condições da economia europeia: Houve uma subida generalizada dos preços, resultando dela dificuldades para os países que não tinham acesso directo ao ouro proveniente da América.

– Governantes e pensadores debruçaram-se sobre a nova conjuntura, sendo o francês Jean Bodin orientado para formular um esboço da teoria quantitativa da moeda.

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Page 40: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

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Page 41: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio InternacionalO Mercantilismo

• O período entre os séculos XVI e XVIII é comunmente descrito como mercantilismo.

• Neste período assistiu-se:• À exploração geográfica conhecida como os descobrimentos;• Á exploração de mercados estrangeiros principalmente

pela Inglaterra e Países Baixos; • À colonização europeia das Américas; • Ao rápido crescimento no comércio exterior.

• Neste período as commodities ainda eram em grande parte produzidas por métodos de produção não-capitalista (manufacturas corporativas).

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 41

Page 42: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Concepções mercantilistas do comércio internacional• Deve-se a Adam Smith a designação de mercantilismo,

atribuída às correntes de pensamento económico e às práticas de política económica geralmente seguidas na Europa entre o século XV e finais do século XVIII.

• Consistiu num conjunto de medidas económicas diversas caracterizadas por uma forte ingerência do Estado na economia.

• Visava a unificação do mercado interno e tinha como finalidade a formação de fortes Estados-nação, baseado na crença da época que a riqueza das nações dependia da acumulação de metais preciosos.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 42

Page 43: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 43

Page 44: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Características do Mercantilismo• Metalismo – A opulência que coincidiu, sobretudo em Espanha, com o

fluxo de metais preciosos vindos da América levou à convicção que a riqueza provém desses metais. Por isso se afirma que o mercantilismo é metalista.

• Nacionalismo – Os mercantilistas, políticos e doutrinadores, não visavam, nem sequer em teoria uma prosperidade de todos os povos. Pretendiam, pela obtenção e conservação dos metais preciosos concentrar riqueza nos seus países. Nesse sentido o mercantilismo era nacionalista.

• Dirigismo – Utilizando a concentração de poderes característica da época, o pensamento mercantilista não confiou na livre iniciativa dos particulares para assegurar o acréscimo de riqueza para os países. Este acréscimo haveria de resultar de uma orientação do poder central. Por isso se qualifica o mercantilismo como dirigista.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 44

Page 45: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Formas de Mercantilismo• Mercantilismo bulionista• Mercantilismo industrial• Mercantilismo de balança comercial positiva

• Críticas ao mercantilismo• A ordem social não pode ser arbitrariamente estabelecida pelo Estado;

• A moeda constitui apenas um instrumento de circulação;

• O saldo positivo da balança comercial, da balança de transacções correntes, ou a balança de pagamentos não oferecem, por si só, indícios seguros de prosperidade para um país, nem pode pretender-se que um país mantenha, eternamente, saldos positivos da sua balança comercial, porque isso implica que os outros tenham saldos negativos. Como a teoria económica é aplicada a todos a situação favorável de um estado não poderia manter-se indefinidamente, devido à retaliação que certamente sofreriam dos seus parceiros.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 45

Page 46: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• No período compreendido entre os séculos XVI e XVIII, comerciantes europeus, apoiados por controlos, subsídios e monopólios estatais, realizaram a maioria dos seus lucros a partir da compra e venda de mercadorias;

• A fase comercial do capitalismo, origina-se a partir do século XVIII com a constituição da Companhia Britânica das Índias Orientais e da Companhia das Índias Orientais Holandesas, caracterizadas pela protecção imperialista das suas potências coloniais que lhes atribuíam amplos poderes de administração.

• Durante esta época, os comerciantes, que haviam beneficiado com o estágio anterior do mercantilismo, investiram capital nas companhias britânica e holandesa das Índias Orientais e de outras colónias, buscando retorno dos seus investimentos.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 46

Page 47: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

A Revolução Industrial • Consistiu num conjunto de mudanças tecnológicas com profundo

impacto no processo produtivo ao nível económico e social. • Iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII, expandiu-se

pelo mundo a partir do século XIX.• Ao longo deste processo:

• a era da agricultura foi superada;• a máquina substituiu o trabalho humano;• impôs-se uma nova relação entre capital e trabalho; • estabeleceram-se novas relações entre nações;• surgiu o fenómeno da cultura de massa.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 47

Page 48: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Essa transformação foi possível devido à combinação dos seguintes factores:

• Liberalismo económico;• Acumulação de capital;• Inovações tecnológicas (ex.: tear mecânico e o motor a vapor).

• O capitalismo tornou-se o sistema económico vigente:• O industrial substituiu o comerciante como um actor dominante no

sistema capitalista e efectuou o declínio das habilidades de artesanato tradicional de artesãos, associações e artífices.

• O excedente gerado pelo aumento da agricultura comercial encorajou o aumento da mecanização da agricultura.

• O capitalismo industrial marcou o desenvolvimento do sistema fabril de produção, caracterizado por uma complexa divisão do trabalho entre e dentro do processo de trabalho e a rotina das tarefas de trabalho;

• Finalmente, estabeleceu a dominação global do modo de produção capitalista.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 48

Page 49: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 49

A descoberta da máquina a Vapor…

… propicia o desenvolvimento dos transportes…

…e da indústria.

A manufactura dá lugar à indústria, a máquina substitui o homem!

Page 50: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Com o advento do liberalismo económico:• Começa-se a autonomizar e a desenvolver a teoria

do comércio internacional. • Procura-se edificar uma teoria da especialização

internacional;• Esforça-se por evidenciar as vantagens que a

especialização internacional, associada às condições de livre comércio pode assegurar aos países intervenientes.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de

Relações Internacionais 50

Page 51: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A análise da especialização é colocada no centro desta doutrina, pretendendo dar solução a três questões:1) A explicação das condições que determinam a

especialização internacional;2) A evidenciação das vantagens, retiradas por cada nação,

de uma especialização óptima;3) A definição das normas duma política económica

desejável (o livre câmbio/a livre troca).

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 51

Page 52: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Questões fundamentais da teoria clássica do comércio internacional1. Ao nível do comércio:

• Quais os bens importados e exportados? E porquê?

2. Ao nível dos ganhos do comércio:• Qual o beneficio dos países com o comércio internacional? • Quais os custos da protecção?

3. Ao nível dos termos de troca:• A que preços são trocados os bens importados e

exportados?Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos

Superiores de Economia e de Relações Internacionais 52

Page 53: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A teoria das vantagens absolutas de Adam Smith (1776)• Adam Smith estudou as vantagens da divisão do trabalho ao

nível internacional e viu nelas não só o meio de assegurar para um país maior acumulação de metais preciosos, mas, fundamentalmente, o de conseguir satisfação para os países envolvidos em trocas comerciais.

• Cada nação, especializando-se na produção dos bens para os quais tivesse mais aptidões, trocá-los-ia por aqueles bens que outras nações estariam mais habilitadas a produzir.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 53

Page 54: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Argumentos (críticas) de Adam Smith contra o mercantilismo:– Do ponto de vista prático – o proteccionismo limitaria o

processo de desenvolvimento inglês;– Do ponto de vista teórico – o saldo permanentemente

positivo da balança comercial seria insustentável;– Do ponto de vista normativo – as exportações diminuiriam

devido a acções de retaliação.

• Ao contrário da lógica mercantilista, Adam Smith considera que o comércio internacional trás ganhos para os países intervenientes na troca.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 54

Page 55: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 55

Teoria do comércio internacional:“A especialização internacional e as trocas

trazem ganhos para os países nela intervenientes”

Page 56: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Pressupostos básicos do modelo clássico das relações internacionais:

1. Existe um único factor de produção, o trabalho;

2. A produtividade do trabalho nos vários países é diferente, contudo, a diferença tecnológica motivadora das diferenças internacionais de produtividade não é explicada pelos clássicos;

3. Os custos de produção são constantes; i.e., o número de horas de trabalho por unidade de produto não se altera com a quantidade produzida, nem com o tempo;

4. O trabalho é perfeitamente móvel entre indústrias de um mesmo país (pelo que o seu preço é o mesmo entre usos alternativos) mas imóvel entre países (pelo que o seu preço pode diferir entre os países antes do comércio);

5. A dotação factorial (de trabalho) de cada país é fixa;

6. O trabalho é homogéneo (todas as unidades são idênticas);

7. Existe pleno emprego;

8. Existem rendimentos constantes à escala;

9. Em livre troca não há quaisquer impedimentos ao comércio (ausência de tarifas e custos de transporte nulos);

10. Todos os mercados são de concorrência perfeita.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 56

Page 57: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Um exemplo numérico da teoria das vantagens absolutas:

Tendo em conta os pressupostos já referidos, considere-se o quadro acima com os custos unitários de produção de dois bens X e Y, por parte de dois países A e B

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 57

Bens, X e Y

Países, A e B

Custo (horas de trabalho necessárias

para produzir 1 unidade do bem)

Produtividade (produção de bens por hora de

trabalho)

X Y X YA 1 2 1 0,5B 2 1 0,5 1

Page 58: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Constata-se que:a) A é absolutamente mais eficiente a produzir X; b) B é absolutamente mais eficiente a produzir Y. c) A produz X com menor custo, por isso diz-se que tem uma

vantagem absoluta em X, pelo que deve especializar-se completamente na sua produção.

d) B produz Y com menor custo, por isso diz-se que tem uma vantagem absoluta em Y, pelo que deve especializar-se completamente na sua produção.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 58

Page 59: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Será o livre comércio benéfico para ambas as partes, com base na especialização, sustentada nas vantagens absolutas?– Suponha-se que, em autarquia (economia fechada), cada

país produz uma unidade de cada bem para satisfazer as necessidades internas.

• Com livre troca:– A vai produzir duas unidades de X – uma para consumo interno e

outra para exportação; – B vai produzir duas unidades de Y – uma para consumo interno e

outra para exportação;– A importa de B uma unidade Y e B importa de A uma unidade de X.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 59

Page 60: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• O comércio internacional origina um ganho repartido entre os dois países intervenientes no comércio internacional:

• Na primeira situação cada país gasta 3 horas de trabalho para obter as unidades de bens que necessita para o seu consumo interno;

• Na segunda situação cada país gasta apenas 2 horas de trabalho, originando assim uma poupança de uma hora em cada país.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 60

PaísBens

PaísBens

X Y Total X Y Total

A 1 2 3 A 2 -- 2B 2 1 3 B -- 2 2

Total 3 3 6 Total 2 2 4

Page 61: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Críticas à teoria das vantagens absolutas• O principal objectivo de Adam Smith, ao propor a livre

troca, era a abertura dos mercados internacionais aos produtos industriais ingleses.

• Desse modo, a Inglaterra deixaria de estar relativamente bloqueada na sua industrialização pelo facto do mercado interno ser bastante diminuto para absorver toda a produção.

• A teoria das vantagens absolutas apresenta uma limitação séria: um país ineficiente em termos absolutos em ambos os bens não poderia participar no comércio internacional.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 61

Page 62: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A teoria das vantagens comparativas de David Ricardo– David Ricardo levou às últimas consequências o princípio

formulado por Adam Smith e enunciou a sua teoria das vantagens comparativas.

– Segundo esta teoria, nas relações comerciais entre dois países um podia ter vantagens absolutas nos custos de produção de dois produtos. No entanto, ainda assim haveria vantagem em cada um dos países se especializar naquele produto em que obtivesse maiores vantagens.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 62

Page 63: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Com o seu modelo (teoria) das vantagens comparativas David Ricardo tentou demonstrar que mesmo quando um país fosse absolutamente menos eficiente a produzir todos os bens, poderia continuar a participar no comércio internacional produzindo e exportando os bens que produzisse de forma relativamente mais eficiente.

• Para uma melhor compreensão da teoria das vantagens comparativas, vejamos o exemplo proposto por David Ricardo, que tem como países Portugal e a Inglaterra e como produtos o Tecido e o Vinho.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 63

Page 64: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Cada um dos países consagra à produção de uma unidade de cada produto as seguintes quantidades de horas de trabalho:

– Tal como no modelo de Smith, também no de David Ricardo é a tecnologia dos países que determina os custos unitários ou as produtividades.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 64

Países

Bens: Tecido e VinhoCusto

(horas de trabalho necessárias para produzir 1 unidade do bem)

Produtividade (produção de bens por hora de

trabalho)

TECIDO VINHO TECIDO VINHOINGLATERRA 100 120 1/100

1/120

PORTUGAL 90 80 1/901/80

Page 65: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• No contexto da teoria das vantagens absolutas, o comércio entre os dois países seria nulo, uma vez que Portugal detinha vantagens absolutas ou era absolutamente mais eficiente na produção de ambos os bens, não havendo da sua parte qualquer interesse na troca.

• Ou seja, o conceito de vantagem absoluta não é, num caso destes, suficiente para determinar a especialização.

• Pelo contrário, o conceito de vantagem comparativa ou relativa permite determinar padrões de especialização e troca.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de

Relações Internacionais 65

Page 66: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Formalmente, dado que em economia fechada se verifica uma troca de equivalentes; i.e., uma equivalência nos valores globais da produção em ambos os bens, pode determinar-se as Razões de Troca Autárquicas (RTA) em cada um dos países – com Q a representar Quantidades, C a representar Custos Unitários:

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 66

Page 67: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Em matriz:

– Portugal é relativamente mais eficiente na produção de Vinho e a Inglaterra é relativamente mais eficiente na produção de Tecido.

– Devido aos diferentes custos relativos ambos os países têm incentivos à troca. – Assim, Portugal deve especializar-se completamente na produção de Vinho e

a Inglaterra na produção de Tecido.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 67

PAÍSESCUSTOS RELATIVOS

TECIDO VINHOINGLATERRA 0,83 1,2PORTUGAL 1,125 0,88

Page 68: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Determinado o padrão de especialização, a troca apenas se concretizará se, de facto, existirem incentivos para tal, em termos de uma Razão de Troca Internacional (RTI) que beneficie a especialização em ambos os países;

• A especialização portuguesa em Vinho só se realizará se, se obtiver no mercado internacional mais do que 0,88 unidades de Tecido (p. ex. metros), por cada unidade de Vinho (p. ex. litro), isto é, mais Tecido do que se obtém internamente por unidade de Vinho;

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 68

Page 69: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• De igual modo, os Ingleses só estarão dispostos a especializar-se na produção de Tecido se conseguirem comprar no mercado internacional o Vinho ‘mais barato’, isto é, se ‘pagarem’ por uma unidade de Vinho menos de 1,2 unidades de tecido que é quanto pagam internamente.

• Em suma, a especialização não se deve fazer em termos de vantagens absolutas, mas segundo as vantagens comparativas: neste caso, cada nação deve especializar-se na produção do bem para o qual possui relativamente maior vantagem ou menor desvantagem relativa.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 69

Page 70: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Para que os dois países tenham interesse na troca e esta de facto se efective, a RTI deverá estar compreendida entre os valores das RTA’s.

• Ricardo definiu os limites para a RTI (no interior dos quais a troca é possível e vantajosa para ambos os países intervenientes), i.e., Ricardo demonstrou o seu objectivo primordial: a eficácia da troca – ambos os países ganham e, uma vez que cada país ganha, também o conjunto ganha (lógica do ganho mútuo).

• Porém não avançou para a definição exacta da RTI:– De facto, a RTI final não poderia ser determinada sem informação adicional. – Ela seria determinada pelo jogo da oferta e da procura e o modelo só considera o lado da

oferta na produção de cada país. – No exemplo anterior, caso a RTIT/1V obedeça aos limites estabelecidos, os Portugueses ganham

porque vendem mais caro do que no mercado interno e os Ingleses também ganham porque compram mais barato.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 70

Page 71: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• O ponto importante é que, após a troca, existirá um preço do Vinho em termos do Tecido que será comum aos dois países:

– A Inglaterra importa Vinho e exporta Tecido pelo que o preço do Tecido relativamente ao Vinho deverá aumentar.

– Em Portugal o preço relativo do Vinho deverá aumentar. – Com os novos preços determinados pelo comércio, os produtores aumentam a produção do

bem em que têm vantagem comparativa.

• Ricardo não se preocupou com a definição clara da divisão dos ganhos por cada país

– Em todo o caso é possível provar-se, no que respeita aos ganhos da troca, que o país mais beneficiado é aquele para o qual a RTI mais se afasta da interna;

– Suponha-se que a RTIT/1V = 1 e que cada país necessita de uma unidade de cada um dos bens para satisfazer as necessidades internas;

– Face ao exposto, pode desde já dizer-se que o país que mais beneficiará com a troca vai ser a Inglaterra pois 1,2 – 1 > 1-0,88

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 71

Page 72: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Em matriz:

• O ganho à escala mundial traduziu-se na poupança de 30 horas de trabalho para as mesmas unidades dos bens.

• Portugal poupa 10 horas e a Inglaterra poupa 20 horas. – Donde, também em David Ricardo o comércio internacional é um ‘jogo’ de soma

positiva (contrariamente ao pensamento mercantilista). – Contudo, como previsto, os ganhos da troca não são equitativos: a Inglaterra sai

favorecida pois a RTI considerada aproxima-se mais da RTA portuguesa.Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 72

PaísBens

PaísBens

Tecido Vinho Total Tecido Vinho Total

Inglaterra 100 120 220 Inglaterra 200 --- 200

Portugal 80 90 170 Portugal --- 160 160

Total 180 210 390 Total 200 160 360

Page 73: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Segundo alguns autores, o princípio das vantagens comparativas não conduz senão a um “óptimo relativo”.

• No exemplo anterior se a produção total fosse efectuada em Portugal (país em que a Inglaterra investiria), o ganho seria maior, dado que toda a produção seria realizada em 340 horas (correspondendo a um óptimo absoluto à escala mundial)

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 73

País

Gasto em horas de trabalho em situação de Autarcia

País

Gasto de horas trabalho concentrando a produção no país mais eficiente

Bens Bens

Tecido Vinho Total Tecido Vinho Total

Inglaterra 100 120 220 Inglaterra -- -- --

Portugal 90 80 170 Portugal 180 160 340

Total 190 200 390 Total 180 160 340

Page 74: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Tal situação suscitaria, contudo, vários problemas, de que sobressaem os de circulação de capitais.

• Daí que Ricardo tenha considerado uma situação de imobilidade de factores e, então, o melhor a que se pode chegar é ao óptimo relativo.

• Ou seja, o comércio internacional permitiria assegurar uma situação de “second best”.

• Tal como Adam Smith, também David Ricardo considerou a especialização internacional indissociável dos fenómenos do crescimento económico, da distribuição do rendimento e da acumulação de capital, articulando-se estes mediante a função esperada do comércio externo(1).

(1) Embora se observe, ao nível desta função, diferenças sensíveis entre os dois autores referidos, associadas fundamentalmente às diferentes conjunturas histórico económica em que viveram.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 74

Page 75: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Críticas ao modelo de Ricardo:1. Por um lado o modelo é um tanto irrealista (sobretudo atendendo à estrutura

de custos considerada);2. Por outro lado, a especialização que suscita não é totalmente “inocente”. Ela

defende uma especialização industrial para a Inglaterra, a qual, a longo prazo, conduziria a ganhos maiores que os obtidos por quem se especializasse na agricultura (problemática implícita do confronto das vantagens de curto prazo face às vantagens de longo prazo).

3. O livre comércio é mutuamente benéfico se e só se existir vantagem comparativa. No caso especial e hipotético de igual vantagem, no qual nenhum país tem vantagem comparativa em nenhum bem, não há interesse em realizar trocas, i. é, não há bases para o comércio mutuamente benéfico.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 75

Page 76: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

o Muitas vezes pensa-se que um país grande, devido à sua dimensão e poder económico, pode obter todos os ganhos do comércio, estando em vantagem relativamente a uma nação de pequena dimensão e sem poder.

o No entanto, no quadro da teoria clássica este pensamento é incorrecto. De facto, quando dois países de dimensão muito diferente trocam entre si, todos os ganhos podem reverter para a nação mais pequena, e o país grande não ganhar nada.

o Exemplo:o Suponhamos que o mundo consiste em dois países – país A de grande dimensão e país B de

reduzida dimensão –, que produzem dois bens, X e Y, com a seguinte matriz de produtividades:

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 76

PAÍSES

Unidades de bem por unidade de factor(output por unidade de trabalho)

X Y

A 4 8

B 1 6

Page 77: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

– A é absolutamente mais eficiente a produzir ambos os bens, pelo que, de acordo com a teoria das vantagens absolutas, não haveria troca.

– Porém, prosseguindo com a teoria das vantagens comparativas ou relativas de David Ricardo, a matriz de custos relativos viria:

• Portanto, A teria vantagem comparativa em X e B teria vantagem comparativa em Y. • Devido à grande diferença de dimensão, é impossível a B satisfazer a totalidade do mercado de A

para o bem Y:– Assim, A também tem de produzir Y, pelo que os preços mundiais reflectirão os custos de A, ou seja, os

termos de troca coincidirão com os preços relativos em autarcia de A;– Nestas circunstâncias, A não ganha nada. Todos os ganhos do comércio reverterão para B.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 77

PAÍSESUnidades de bem por unidade de factor

(output por unidade de trabalho)X Y

A ¼ : 1/8 = 2 1/8 : ¼ = 0,5B 1/1 : 1/6 = 6 1/6 : 1/1 = 0,16

Page 78: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Quando a relativa superioridade de um dos parceiros comerciais é idêntica nos dois produtos o livre comércio não oferece vantagem comparativa.

• Exemplo:

– De acordo com a teoria das vantagens absolutas não haveria troca (A é absolutamente mais eficiente a produzir ambos os bens).

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 78

PAÍSESUnidades de bem por unidade de factor

(output por unidade de trabalho)X Y

A 4 8B 1 2

Page 79: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• E, em termos de custos relativos:

• Neste caso não há bases para o comércio mutuamente benéfico porque a relativa superioridade de A é idêntica em X e em Y.

• Trata-se de um caso especial de igual vantagem, no qual nenhum país tem vantagem comparativa em nenhum bem.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 79

PAÍSES

Unidades de bem por unidade de factor(output por unidade de trabalho)

X Y

A ¼ : 1/8 = 2 1/8 : ¼ = 0,5

B 1/1 : 1/2 = 2 1/2 : 1/1 = 0,5

Page 80: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• O modelo de Ricardo lido à luz da teoria dos custos de oportunidade– Para que a troca internacional seja possível e vantajosa não é necessário

que cada país tenha vantagens absolutas num dos bens, basta que cada país tenha vantagens comparativas num bem.

– Contudo, essa conclusão depende da aceitação da hipótese restritiva da teoria do valor trabalho, a qual é extremamente simplificadora da realidade.

– A questão que se coloca é então a seguinte: o que acontecerá à teoria das vantagens comparativas se a teoria do valor trabalho for rejeitada e substituída por uma teoria geral da produção? Será que também tem de ser rejeitada?

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 80

Page 81: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

– Gottfried Haberler em defesa da teoria das vantagens comparativas, libertou-a da hipótese restritiva da teoria do valor trabalho:

• Para tal releu a teoria das vantagens comparativas de David Ricardo à luz da sua teoria dos custos de oportunidade; i.e., em vez do custo do trabalho, o conceito de custo utilizado é o de custo de oportunidade dos bens.

• O custo de oportunidade de um bem X é dado pela quantidade de outro bem qualquer Y que tem de ser sacrificada de modo a libertar recursos suficientes para produzir uma unidade adicional de X.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 81

Page 82: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Exemplo: – Considerando preenchidas as condições de validade do modelo de Ricardo,

suponha-se a existência de dois países, A e B, que produzem os bens X e Y, com as seguintes produtividades do factor trabalho:

– A dotação factorial corresponde a 200 unidades de trabalho em A: LA = 200; e 100 unidades de trabalho em B: LB = 100.

– O consumo de X em A antes e depois da troca é de 480 unidades: Cons A = 480 X

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 82

PAÍSES

Unidades de bem por unidade de factor(output por unidade de trabalho)

X Y

A 6 3

B 5 4

Page 83: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• O consumo de Y em B, antes e depois da troca, é de 100 unidades:Cons B = 100 Y

• Qual o sentido esperado da especialização? De acordo com o conceito de custo de oportunidade, verifica-se que:

a) Custo de oportunidade de X (custo de X relativamente a Y) em A; b) Custo de oportunidade de X (custo de X relativamente a Y) em B; c) Custo de oportunidade de Y (custo de Y relativamente a X) em A; d) Custo de oportunidade de Y (custo de Y relativamente a X) em B.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 83

PAÍSES

Unidades de bem por unidade de factor(output por unidade de trabalho)X Y

A 3/6 = 0,5 a) 6/3 = 2 b)

B 4/5 = 0,8 c) 5/4 = 1,25 d)

Page 84: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Donde, A tem vantagem comparativa em X dado que para produzir uma unidade adicional de X tem que sacrificar apenas 0,5 unidades de Y.

• B tem vantagem comparativa em Y dado que para produzir uma unidade adicional de Y tem que sacrificar apenas 1,25 unidades de X.

• Assim, ao definir a vantagem comparativa em termos de custo de oportunidade, deixa de fazer qualquer diferença que os bens sejam produzidos só a partir do factor trabalho, ou com qualquer outro tipo de factores de produção.

• Porque uma economia tem recursos limitados, existem limites para as quantidades a produzir e existem sempre “trade-offs”.

• Para produzir mais de X a economia tem de sacrificar alguma produção de Y. Este “trade-off” é ilustrado graficamente pela fronteira de possibilidades de produção (ou curva/linha de transformação).

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 84

Page 85: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• As bases para o comércio e os ganhos do comércio também podem ser demonstrados com Fronteiras de Possibilidades de Produção (FPP). – Estas representam o conjunto de combinações eficientes de

produção de dois bens por uma economia, dada a completa utilização dos seus recursos produtivos e a sua tecnologia.

– Quando existe um único factor de produção, o custo de oportunidade de um bem é constante (= declive da FPP) e a FPP é uma linha recta.

– A Linha FPP (LFPP) mostra a quantidade máxima de X que pode ser produzida dada qualquer produção de Y e vice-versa.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 85

Page 86: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Tendo por base o exemplo anterior, o output total (máximo) – i.e., a produção máxima de cada bem, em cada país, caso todos os recursos produtivos sejam direccionados para a produção do bem – virá:

– As LFPP no contexto dos modelos clássicos são lineares, situação resultante de existir apenas um factor de produção, o trabalho, e de a sua produtividade se manter constante qualquer que seja a escala de produção (custos de produção constantes).

– Por sua vez, a inclinação das LFPP indica-nos o custo de oportunidade de X.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 86

PAÍSES

Unidades de bem por unidade de factor(output por unidade de trabalho)X Y

A 6 x 200 = 1.200 3 x 200 = 600

B 5 x 100 = 500 4 x 100 = 400

Page 87: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

– Como |tgα|= 600 /1200 = 0,5 < |tgβ| = 400 / 500 = 0,8 , confirma-se que é menor em A.

– A dispõe, por isso, de uma vantagem comparativa em X.

– Note-se que o conceito de LFPP traduz perfeitamente a ideia de escassez, já que cada país não consegue produzir tanto como desejaria todos os bens (o país não pode produzir fora da LFPP). Note-se ainda que atendendo aos custos de produção (ou de oportunidade) constantes, a especialização é, em geral, completa.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 87

Page 88: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Em autarquia, a LFPP é também a Linha Fronteira (ou Limite) de Possibilidades de Consumo (LFPC), pois o país não pode consumir mais do que aquilo que produzir. • Estas traduzem o conjunto de combinações eficientes de

consumo de dois bens numa economia (quantidade máxima que se pode consumir de X dado qualquer consumo de Y e vice-versa).

• Como veremos de seguida (com base no exemplo) o benefício do comércio internacional materializa-se na possibilidade de os países poderem consumir mais do que na situação de autarquia, isto é, acima da LFPP, ou seja, na expansão da LLPC.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 88

Page 89: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Comecemos por identificar o intervalo de valores possíveis para a RTI. Como já referimos, o padrão de especialização determinado apenas se concretizará se, de facto, existirem incentivos para tal, em termos de uma RTI que beneficie ambos os países. Resulta daí que:

como, alias, está reflectido na matriz de custos de oportunidade.Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos

Superiores de Economia e de Relações Internacionais 89

Page 90: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Donde, 1,25 < RTIX/1Y < 2– B só se especializará em Y se obtiver, por cada unidade, no mercado internacional,

mais de1,25 unidades de X, isto é, mais do que aquilo que obtém internamente. – A só importará Y de B (e irá especializar-se em X), se, por cada unidade adquirida,

tiver de pagar menos de 2 unidades de X.

• Suponha-se, por exemplo, que a RTIX/1Y = 2. Então, no limite, B poderá exportar 400 de Y em troca de 800 de X:

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 90

Em B, com comércio internacional, QR converte-se na nova LLPC (QR’). A alteração da LLPC reflecte os ganhos desse comércio. Para qualquer quantidade de Y, B pode agora consumir mais de X.

Page 91: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Alternativamente, pode considerar-se 0,5 < RTIY/1X < 0,8:– A só se especializará em X se obtiver, por cada unidade, no mercado internacional,

mais de 0,5 unidades de Y, que é quanto obtém internamente. – B só importará X de A (especializando-se em Y), se por cada unidade adquirida,

tiver de pagar menos de 0,8 unidades de Y.

• Suponha-se, por exemplo, que RTIY/1X = 0,8, então, no limite, A poderá exportar 1200 unidades de X em troca de 960 de Y.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 91

Page 92: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

N’M converte-se, no país A, na LLPC com comércio internacional.

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Page 93: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

De seguida iremos analisar o fluxo de comércio internacional entre os dois países decorrente da sua abertura à troca internacional:•Sabendo que em autarcia ProdA

X= ConsAX=480, então:

– a quantidade de trabalho afecta à produção de X e Y em A é, respectivamente:

LAX=480/6=80 L⇒ A

Y=200-80=120 e ProdA

Y= ConsAY=120x3=360.

•Sabendo ainda que em autarquia ProdBY= ConsB

Y=100, então:– a quantidade de trabalho afecta à produção de X e Y em B é,

respectivamente: LB

Y=100/4=25 L⇒ BX=100-25=75

a ProdBX= ConsB

X=75x5=375.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 93

Page 94: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Em resumo:

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 94

Page 95: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Com livre troca:– A especializa-se na produção de X e, portanto, ProdA

X=200x6=1200 (toda a dotação total de trabalho de A é afecta à produção de X).

Considerando que ConsAX=480 se mantém,

então: ExpAX= 1200-480=720=ImpB

X=ConsBX.

– B especializa-se na produção de Y e, portanto, ProdBY=100x4=400 (toda

dotação de trabalho de B é afecta à produção de Y). Considerando que ConsB

Y=100 se mantém,

então: ExpBY= 400-100=300=ImpA

Y=ConsAY.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 95

Page 96: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Após a troca:

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 96

Page 97: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

• Resta-nos verificar a possibilidade da RTI implícita nos fluxos internacionais anteriormente considerados: – Constata-se que RTIX/1Y = ComércioY/ComércioX = 720/300 = 2,4

(RTI mais próxima da RTA de A), mas RTIX/1Y [1,25;2] pelo que, nestas ∉condições, a troca benéfica para ambos os países não seria possível.

– Ou, alternativamente: RTIY/1X=ComércioY/ComércioX=300/720=0,41

(A RTI afasta-se mais da RTA de B), mas RTIY/1X [0,5;0,8] e, portanto, a ∉troca não seria possível, já que A perderia com a troca.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 97

Page 98: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Vejamos:1. ∆ConsA

X=0 e ∆ConsAY=300-360=-60,

confirmando-se que a troca se faria em condições desfavoráveis para A porque RTIX/1Y> RTAX/1Y;

2. ∆ConsBX=720-375=375 e ∆ConsA

Y=0,

donde a troca se faria em condições bastante vantajosas para B.

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Page 99: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Algumas reacções ao modelo de Ricardo– A reacção dos Marxistas deu origem à ideia da troca internacional de

valores não equivalentes: • a especialização não é vantajosa para todos porque existem situações de

exploração.

– Mais recentemente, neste quadro teórico sobressai a polémica em torno da ‘troca desigual’:

• a existência de factores de ordem extra-económica (por exemplo a dominação colonial ou neocolonial) origina a troca de valores desiguais entre países, havendo nações que desse modo, se apropriam de excedentes criados noutras;

• ao contrário do que pensavam os clássicos, considera-se que a troca, em vez de suscitar benefícios mútuos, tende a agravar as desigualdades entre os países.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 99

Page 100: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Outros autores colocaram restrições à aplicação universal do princípio das vantagens comparadas, designadamente em países em situação pré-industrial. Alguns autores, como por exemplo Henry Clay, nos EUA e Georg Friedrich List (1), na Alemanha, denunciaram os perigos da especialização, defenderam medidas proteccionistas e realçaram o possível conflito entre vantagem comparada de curto prazo e vantagem comparada de médio e longo prazo decorrentes do padrão de especialização prosseguido: “as vantagens de curto prazo não coincidem com as de longo prazo”.

• Refira-se, ainda, que houve tentativas de reformulação da análise ricardiana por parte dos neoclássicos, bem como tentativas de adaptação do modelo de Ricardo a questões actuais, introduzindo os preços monetários na análise, para além do trabalho incorporado nos bens – “modelo de Ricardo com moeda”.

(1) - De acordo com o seu pensamento económico, as empresas nacionais não se poderiam desenvolver se o mercado já estivesse ocupado por empresas de países estrangeiros economicamente mais avançados. Nessas circunstâncias justificava-se um proteccionismo educador, tendo por objectivo proteger temporariamente o mercado nacional para assegurar a consolidação das indústrias nacionais para que a médio prazo pudessem concorrer com sucesso num ambiente de livre concorrência que não se transformasse rapidamente num sistema de sentido único pelo esmagamento das indústrias do território economicamente menos desenvolvido.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 100

Page 101: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A lei dos valores internacionais de J. S. Mill– Trata-se de um complemento e uma extensão da teoria de Ricardo

sobre as vantagens comparativas:David Ricardo estabeleceu que há vantagens no comércio e que as

trocas não se regulam pelos custos de produção (os quais apenas fixam os limites das proporções de troca) que tornam o comércio vantajoso;

John Stuart Mill explica o que determina as proporções efectivas das trocas (valores), indicando como são repartidos os ganhos do comércio

Esta contribuição é original e importante, sendo ainda hoje a principal teoria ortodoxa dos preços internacionais

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Page 102: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A análise pressupõe o equilíbrio nas transacções de cada país: os valores exportados são iguais aos valores importados:– O valor relativo das mercadorias depende das condições de procura em cada

país, dados os custos de produção;– Conforme a extensão e a intensidade da procura pelos seus produtos, um país

obtém mais ganhos;– Depende também da medida em que a capacidade produtiva do pais está

virada para exportação, comparada com a medida em que a capacidade produtiva dos parceiros comerciais esta voltada para os respectivos mercados;

– Quanto menos capacidade produtiva tiver de ser dedicada por um pais à exportação/importação, mais favoráveis serão as relações de troca.

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Page 103: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A Lei dos valores internacionais de John Stuart Mill é uma “lei de equilíbrio da procura internacional” e constitui uma aplicação mais geral da equação entre a oferta e a procura:

• Os produtos de um pais trocam-se pelos produtos dos outros países, na proporção daqueles valores que são necessários para que a totalidade das suas exportações possa pagar exactamente a totalidade das suas importações;

• Trata-se de uma teoria da “procura recíproca” (demanda mútua).

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Page 104: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

Exemplo numérico da procura recíproca determinando o valor de troca

– Condições de produção e valores relativos antes do estabelecimento do comércio:

– Na Inglaterra: 1,0t = 1,5l ou 1l = 0,67t

– Na Alemanha: 1,0t = 2,0l ou 1l = 0,50t

– Para a Inglaterra interessa importar linho e para a Alemanha, importar tecido de lã.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 104

Produto (em jardas)UNIDADES DE PRODUTO, PARA A MESMA

QUANTIDADE DE TRABALHO NACIONAL

Inglaterra Alemanha

Tecido (t) fino de lã preta 10 10

Linho (l) 15 20

Page 105: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Após o estabelecimento do comercio, 10 jardas de tecido (10t) terão o mesmo valor* em linho nos dois países (desconsiderando os custos de transporte);*Que valor? Entre 15 e 20 jardas de linho, será por

exemplo 18, ou qualquer outro valor que equilibre a procura recíproca entre os dois países. Se for 18, a Inglaterra ganha 3 a cada 15 e Alemanha economiza 2 a cada 20.

• Supondo que seja 10t = 17l o valor estabelecido pelo mercado, cabe ver se ele equilibra as procuras dos dois países.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 105

Page 106: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Caso 1– Na Alemanha, ao valor de 17l por 10t, a quantidade procurada

de tecido é de 1000 vezes (10t)

– Na Inglaterra, ao valor de 10t por 17l, a quantidade procurada de linho é de 1000 vezes (17l)

– Então, ao valor vigente, o linho que a Inglaterra precisa, pagará exactamente o tecido que a Alemanha precisa!A procura dos dois lados é exactamente suficiente para

absorver a oferta do outro lado; Fica assim atendido o principio da equação Oferta = Procura

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 106

Page 107: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Caso 2:– Se a procura da Inglaterra fosse diferente daquele valor – procura

menor de linho, de 800 vezes (17l);– Na troca, a Alemanha obteria apenas 800 vezes (10t);– Para obter as outras 200, deveria oferecer mais que 17l, (forçar o

preço do linho a baixar), o que levaria a maior absorção de linho na Inglaterra, enquanto o encarecimento da lã reduziria a sua absorção na Alemanha.

– Vamos supor que a oferta é de 18l por 10t, procurando, então, apenas 900 vezes (10t):

• A Inglaterra procura mais linho a preço menor: suponha-se 900 vezes (18l);

– Então haveria equilíbrio com o novo valor de troca.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 107

Page 108: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Caso 3:• Se a procura na Inglaterra fosse maior - procura de linho de 1200 vezes

(17l) – não seria atendida, teria de oferecer mais tecido

• 10t valeria menos que 17l, até que a oferta e a procura se ajustassem nos dois países.– Poder-se-ia conceber um caso extremo, em que, após o comercio, não

aumentasse em nada a procura (por exemplo, de tecido pela Alemanha) com o valor menor

• A Inglaterra procurando linho faria cair o valor do tecido ate 15l por 10t, ou quase isso, deixando quase toda a vantagem para a Alemanha

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 108

Page 109: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• CONCLUSÕES:– Os valores internacionais dependem das preferências e

condicionamentos dos consumidores dos dois (ou mais) lados, não sendo possível estabelecer uma regra geral.

– Quando se abre o comércio, os valores que equilibram a procura recíproca podem ser múltiplos, dependendo da medida em que reagem às procuras nacionais frente às variações de valor.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 109

Page 110: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

• Vimos que David Ricardo formulou sua teoria comparando o custo de produção de uma unidade de uma mesma mercadoria em dois países diferentes.– Portanto, a base de comparação é a unidade do produto.

Exemplificando:- 100 barris de vinho no país A custam 80 horas/homem.- 100 barris de vinho no país B custam 120 horas/homem.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 110

Capítulo II – Comércio Internacional

Page 111: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

• Posteriormente, John Stuart Mill formula a Teoria da Demanda Recíproca de modo inverso ao de Ricardo.

• A base não é agora a unidade de produto, mas o que no mesmo número de horas dois países diferentes podem produzir.– Exemplificando:

- Em 10 horas o país A produz 20 toneladas de aço.- Em 10 horas o país B produz 10 toneladas de aço.

– Aparentemente, não haverá muita diferença mas, pelas análises que vamos fazer, distinguiremos essas diferenças.

– John Stuart Mill procura evidenciar a eficiência comparativa.

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Capítulo II – Comércio Internacional

Page 112: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

• Pelo Quadro seguinte acompanharemos com mais facilidade o desenvolvimento da questão:

A: Tem vantagem absoluta nos dois produtos (aço e trigo). Tem maior vantagem comparativa no aço.

B: Não tem vantagem absoluta nos dois produtos. Tem menor desvantagem comparativa no trigo.

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Produção Comparativa dos dois PaísesInsumo de Trabalho

(Homens/horas)País Produção de aço Produção de

trigo

10 A 20 t 20 t

10 B 10 t 15 t

Capítulo II – Comércio Internacional

Page 113: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

• Possíveis Condições de Troca– Se não houver comércio entre os dois países, as

trocas internas serão realizadas nas seguintes condições:

- Em B: troca-se10 toneladas de aço por 15 toneladas de trigo (base: 10 homens/hora).

- Em A: troca-se 10 toneladas de aço por 10 toneladas de trigo (base: 5 homens/hora).

• Vamos admitir que B troque 15 toneladas de trigo por 11 toneladas de aço. É um bom negócio, porque o custo de produção dele é de 15 toneladas de trigo por 10 toneladas de aço.

• Vamos admitir que A aceite vender 11 toneladas de aço por 15 toneladas de trigo. Também é um bom negócio, porque o custo da produção em A é de 11 toneladas de aço por 11 toneladas de trigo.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 113

Capítulo II – Comércio Internacional

Page 114: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

• Em presença dos números anteriores, B exportaria trigo para A e compraria aço de A, desde que houvesse alguma vantagem.

• O mesmo é dizer que B exportaria trigo para A e compraria aço de A:

- Se B: conseguisse mais de 10 toneladas de aço por 15 toneladas de trigo (ou + 10a = 15tr.)

- Se A: conseguisse, pelo menos, 10 toneladas de aço por mais de 10 toneladas de trigo (ou 10a = +10tr)

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 114

Capítulo II – Comércio Internacional

Page 115: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

• Limites de Possibilidades de Troca– Vimos no item anterior as condições vantajosas para A (trocar

10 toneladas de aço por mais de 10 toneladas de trigo) e para B (trocar mais de 10 toneladas de aço por 15 toneladas de trigo).

– Esses números constituem os limites de possibilidades de troca.

– Portanto, poderá ser realizado o comércio entre os dois países dentro desses limites.

– Porém, há um factor novo que vai estabelecer o valor exato de troca.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 115

País Aço Trigo

A 10 toneladas por + 10 toneladas

B + 10 toneladas por 15 toneladas

Capítulo II – Comércio Internacional

Page 116: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

– Esse factor é a procura por essas mercadorias nos dois países: Daí o nome de Teoria da Procura Recíproca.

– De acordo com essa teoria o comércio realizar-se-á quando os preços igualarem a procura nos dois países.

– Por outras palavras, suponhamos que os preços desses produtos sejam:

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Valor de Troca Procura de A Procura de B

a=açotr=trigo

Grau de interesse Grau de interesse

10a : 10tr Não há interesse em comprar trigo em B

Há grande interesse em comprar aço de A

Capítulo II – Comércio Internacional

Page 117: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Face à situação anterior, B propõe nova condição de troca:

Para que haja comércio, B melhora as condições de troca:

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 117

Valor de Troca Procura de A Procura de B

10a : 12tr Há interesse, porém pequeno

Continua grande o interesse

Valor de Troca Procura de A Procura de B

10a : 14tr Aumenta o interesse de A

Há interesse de B

Capítulo II – Comércio Internacional

Page 118: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

– Vejamos o que ocorreria se as condições de troca fossem:

– Assim, sucessivamente os preços vão se alterando até chegar ao ponto de equilíbrio, que poderia ser 10 toneladas de aço por 14 toneladas de trigo.

– Entretanto, essa relação de troca (10a : 14tr) altera-se de acordo com a maior ou menor procura pelos respectivos produtos.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 118

Valor de Troca Procura de A Procura de B

10a : 15tr Há interesse Há pouco interesse

10a : 20tr Há interesse muito grande de A na troca

Neste caso, não háinteresse de B na troca.

Capítulo II – Comércio Internacional

Page 119: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

– Essa procura sofre os efeitos dos problemas conjunturais, isto é, maior ou menor necessidade momentânea que cada país tem das mercadorias negociadas.

• CONCLUSÃO– David Ricardo não determina a relação quantitativa de

troca. – John Stuart Mill apresenta uma tese onde esse

problema é equacionado: É a Teoria da Procura Recíproca.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 119

Capítulo II – Comércio Internacional

Page 120: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A Teoria Neo-factorial do Comércio Mundial– Ricardo nunca se preocupou em explicar porque é que as

produtividades diferiam entre os países. – No seu caso, o que explica as vantagens comparadas é o

facto de os países beneficiarem de diferentes tecnologias, logo de diferentes produtividades do factor trabalho.

– Por sua vez, na abordagem neoclássica pela via da procura são as diferenças ao nível da procura que determinam diferentes preços em autarcia e, portanto, que fornecem os incentivos à troca internacional.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 120

Page 121: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

– Eli Heckscher (1879-1952) e Bertil Ohlin (1899-1979) construíram uma explicação alternativa baseada nas seguintes duas premissas:

– (i) A produção dos bens requer diferentes quantidades de cada um dos factores (intensidade factorial dos bens); e

– (ii) Os países caracterizam-se por diferentes dotações factoriais (abundância factorial dos países).

– Tendo em conta essas premissas, o modelo de Heckscher-Ohlin (HO) conclui: • Cada país goza de vantagens comparativas nos bens que usam mais

intensivamente o seu factor mais abundante (relativamente mais barato).

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Page 122: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Referências iniciais: algumas relações fundamentais e sua explicação económica– Antes de considerarmos a abertura ao exterior,

analisemos algumas relações fundamentais que, no quadro dos pressupostos neoclássicos, se estabelecem entre:

• (i) – a intensidade factorial relativa ou proporções factoriais, K/L, e a remuneração relativa dos factores, w/r;

• (ii) – entre as variações de K/L e a variação da quantidade produzida relativa, QX/QY;

• (iii) – Relação entre w/r e o preços relativos dos bens pX/pY.

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Page 123: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• (i) Relação entre w/r e K/L• Se w/r aumenta – i.e., se o trabalho se tornar

relativamente mais caro –, então K/L também aumenta. Por outras palavras, se o custo relativo de determinado factor aumentar, a indústria irá diminuir a quantidade relativa utilizada desse factor, ou seja, aumentar a quantidade relativa utilizada do outro factor, por forma a manter a condição de optimização TMSTK/L = w/r.

• Em suma, se w/r aumenta, a indústria irá utilizar relativamente mais capital e, portanto, relativamente menos trabalho, pelo que K/L também aumenta.

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Page 124: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

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Page 125: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• (ii) Relação entre w/r e as quantidades produzidas em cada indústria QX e QY– Observemos o modo como os factores se repartem pelas

duas indústrias. Em termos algébricos, deve começar por notar-se que cada economia dispõe de uma quantidade limitada de K e L. Em particular, o pleno emprego de K requer que KY +KX =K, pelo que podemos escrever:

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 125

Page 126: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

– Vimos anteriormente que a resposta imediata a um aumento de w/r se traduz na elevação de K/L em ambas as indústrias, Y e X.

– Considerando que o rácio agregado K/L é constante e que a indústria Y é K intensiva (X é L intensiva) – i.e., (K/L)X < (K/L)Y – e tendo em conta a expressão anterior, então os aumentos de KY/LY e KX/LX só serão possíveis se LY/L se reduzir em favor de LX/L. Ou seja, dado que a indústria Y é K intensiva, a quantidade de K/L libertada por cada unidade que se deixa de produzir é muito significativa (quando comparada com a que seria libertada por via da diminuição da produção de X).

• Dado o pressuposto de pleno emprego dos factores, essa quantidade vai ter que ser empregue na produção de X. Ou seja, para aumentar a intensidade de capital em ambas as indústrias (em pleno emprego) é necessário reduzir a produção do bem que usa esse factor mais intensivamente, de forma a distribuir os factores assim libertos pela produção a realizar dos dois bens.

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Page 127: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Assim, em termos relativos, ambas as indústrias estarão a poupar L relativamente a K, enquanto em termos absolutos se verifica uma redistribuição dos factores afectos à produção, a qual determina a quebra de QY e aumento de QX.

• Em resumo, quando variam os preços relativos dos factores, ambas as indústrias utilizarão relativamente mais o factor cujo preço relativo diminui.

• Em termos absolutos haverá uma reafectação dos factores à produção das duas indústrias, levando a uma diminuição na sua utilização na indústria intensiva no factor cujo preço relativo diminui, o que significa que em tal indústria se observa uma quebra na produção.

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Page 128: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• (iii) Relação entre w/r e o preços relativos dos bens pX/pY– Considerando a classificação anterior das indústrias em termos de intensidade

factorial, acabou de se verificar que, face a um aumento de w/r, os rácios K/L aumentam em ambas as indústrias, que a produção da indústria K intensiva diminui (i.e., QY) e que a produção da indústria L intensiva aumenta, (i.e., QX).

– Ora, a taxa marginal de transformação (TMT) no novo ponto de produção sobre a LFPP tem associado um preço relativo de X superior (i.e., pX/pY ).

– Assim sendo, é possível afirmar que o aumento no preço relativo de um determinado factor leva, ceteris paribus, ao aumento do preço relativo do bem que é relativamente intensivo nesse factor.

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Page 129: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

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Page 130: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Descrição e implicações dos pressupostos do modelo de Heckscher-Ohlin:

• (i) Pressupostos de enquadramento:• (i.1) Número de países, factores e bens (2x2x2): o modelo considera dois países, A e

B, dois bens homogéneos, X e Y, e dois factores produtivos também eles homogéneos, L e K.

• (i.2) Em ambos os países, há concorrência perfeita nos mercados de bens e de factores.

• Implicações:• Os preços são determinados pela oferta e procura;• Em equilíbrio de longo prazo, os preços dos bens igualam os seus custos (médios e

marginais) de produção;• - Todos os compradores e vendedores são price-takers (cada um é muito pequeno, não

tendo qualquer influência no preço), estando perfeitamente informados dos preços em vigor. Consequentemente este pressuposto assegura a identidade dos preços quer dos factores quer dos produtos.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 130

Page 131: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• (i.3) Perfeita mobilidade interna e completa imobilidade internacional dos factores.• Implicações:• - Igualização das remunerações dos factores entre indústrias do mesmo país. A

mobilidade total de factores dentro do país assegura que w e r são idênticos em todas as indústrias de um país. Se uma indústria beneficiar de ganhos supranormais ou se pagar salários superiores, os factores produtivos movem-se imediatamente (porque são homogéneos e existem em quantidades fixas) no sentido de igualar a remuneração dos factores entre indústrias.

• - Remunerações relativas dos factores diferentes entre os países, em situação de autarcia. A imobilidade entre países permite que as diferentes remunerações dos factores resultantes da diferente abundância factorial entre países não sejam eliminadas com migrações de factores de um país para outro. Assim, em autarcia, w é relativamente mais baixo no país relativamente abundante em L, sem que isso origine um êxodo de L.

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Page 132: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• (i.4) Inexistência de custos de transporte e de outros elementos susceptíveis de provocar distorções nos preços (exemplo, tarifas, quotas ou outras barreiras), o que implica que, com livre troca, o preço de cada bem será igual nos dois países.

• Nota: (i.2) e (i.4) asseguram a igualização dos preços dos produtos e dos factores entre os países após comércio.

• (ii) Pressupostos quanto à oferta• (ii.1) Os factores são homogéneos e existem em quantidades fixas; i.e., a

dotação factorial é constante.• (ii.2) A função de produção é caracterizada por rendimentos constantes à escala,

para ambos os bens, em ambos os países: significa que se, por exemplo, duplicarmos a quantidade de cada um dos factores simultaneamente, obteremos o dobro do output.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 132

Page 133: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• (ii.3) Os factores de produção obedecem à lei dos rendimentos decrescentes; i.e., custos de oportunidade de produção crescentes (implicando especialização incompleta). Assim, mantendo constante a quantidade utilizada de um factor, aumentos na quantidade de outro factor resultam em aumentos do output menos que proporcionais e cada vez menores.

• (ii.4) Irreversibilidade factorial; i.e., uma vez classificados os bens em termos de intensidade factorial não há possibilidade de haver alterações. Assim, se X é L intensivo relativamente a Y, Y será K intensivo relativamente a X qualquer que seja o rácio entre os preços dos factores.

• (ii.5) As funções de produção são idênticas nos dois países, ou seja, a tecnologia é universal. Este pressuposto, juntamente com a neutralidade da procura, conduz a que diferenças nos preços relativos dos bens resultem exclusivamente de distintas dotações factoriais.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 133

Page 134: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• iii) Pressupostos quanto à procura:• (iii.1) A procura é idêntica nos dois países, isto é, as preferências são similares nos dois

países. Isto resulta na neutralidade da procura, conduzindo a que diferenças nos preços relativos dos bens apenas resultem de distintas condições da oferta.

• (iii.2) As preferências dos dois países são dadas pelo mesmo mapa social de indiferença.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 134

Page 135: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Determinante das trocas do modelo de Heckscher-Ohlin

• A intensidade factorial: classificação das indústrias/bens• Para ser válido, o modelo requer que um bem seja L intensivo relativamente ao outro.

Por exemplo, admitindo o seguinte exemplo para os bens Vestuário e Máquinas – onde por simplicidade se consideram coeficientes de produção fixos (uma única técnica de produção):

(Resulta que (K/L)Vestuário = 2/6 = 1/3 e (K/L)Máquinas = 4/8 = 1/2.)– Assim, podemos concluir que a produção de máquinas é relativamente intensiva em K face à produção de vestuário. Ou seja, por unidade de L, a produção de máquinas requer mais unidades de K que a produção de vestuário. Consequentemente, o vestuário é L intensivo relativamente às máquinas.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 135

Trabalho (L) Capital (K)

Vestuário 6 2

Máquinas 8 4

Page 136: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• A abundância factorial e a classificação dos países:

• Note-se que, conjugados os pressupostos (ii.5) tecnologia universal e (iii.1) neutralidade da procura acima expostos, a única fonte de diferença entre os países reside nas diferentes dotações factoriais dos países. Dados os pressupostos (ii.5) e (iii.1), os conceitos de dotações factoriais físicas e dotações factoriais económicas conduzem à mesma classificação dos países, embora não sejam idênticos.

• O critério físico (lado da oferta) determina a abundância factorial dos países na base das quantidades físicas de K e L existentes. Assim, por exemplo, se (K/L)A > (K/L)B diz-se que, com base na abundância factorial em termos físicos, A é relativamente abundante em K pois possui uma maior quantidade de K por unidade de L.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 136

Page 137: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• O critério económico atende à oferta e à procura, ao classificar os países com base na comparação de w/r em autarcia. Assim, por exemplo, se (w/r)A > (w/r)B diz-se que, com base na abundância factorial em termos económicos, A é relativamente abundante em K porque este factor é relativamente mais barato do que em B.

• Repare-se que a diferença pode ser significativa. Imagine-se que Portugal é L abundante quando comparado com Espanha em termos físicos e que ambos produzem dois bens, vestuário (L intensivo) e máquinas (K intensivo). Neste caso seria normal que o vestuário fosse relativamente mais barato em Portugal que em Espanha. Contudo, a consideração das condicionantes da procura leva-nos necessariamente a assumir a possibilidade dos consumidores portugueses terem uma preferência tão grande por vestuário que os preços relativos dos bens nos dois países não são os atrás apontados. Ou seja, a grande procura de vestuário em Portugal implica grande produção de vestuário e, por isso, grande procura de L e aumento de w/r. Ou seja, em termos económicos Portugal seria abundante em capital.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 137

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Capítulo II – Comércio Internacional

o Intensidade e abundância factorial, formulação e explicação teórica da proposta do modelo

• Da consideração da abundância factorial resulta uma classificação dos países e da consideração da intensidade factorial, resulta uma classificação das indústrias.

• Da conjugação das duas informações, torna-se possível enunciar o postulado pelo modelo de Heckscher-Ohlin:

“Cada país tem vantagem comparativa no bem relativamente mais intensivo no factor de produção em que o país é relativamente mais abundante.”

• Ou, dito de outro modo, torna-se possível evidenciar a existência de incentivos e vantagens na troca internacional se cada país se especializar na produção do bem em cuja função de produção se incorpora relativamente mais o factor de produção em que o país é relativamente mais abundante.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 138

Page 139: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• De facto, se determinado país é relativamente abundante em K, terá um preço relativo mais baixo (em autarquia) para o seu produto K intensivo.

• Se o outro país é relativamente abundante em L, terá um preço relativamente mais baixo (em autarquia) para o seu produto L intensivo.

• Uma vez que os preços em autarquia são distintos, há ganhos potenciais na troca. • Quando esta se verifica, os preços equilibram-se entre os países. Em cada país a

produção altera-se: cada país especializa-se na produção e exportação do bem que produz relativamente mais barato, o que significa que o país irá exportar o bem que usa mais intensivamente o factor em que é relativamente abundante.

• Note-se que o conceito de vantagem comparativa se mantém: simplesmente, enquanto no modelo ricardiano ela derivava da diferença tecnológica, aqui deriva da diferença nas dotações factoriais em termos relativos.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 139

Page 140: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Em termos gráficos (diagrama de Harrod-Johnson):

• A parte direita do diagrama mostra a relação entre a remuneração relativa dos factores e a proporção factorial (intensidade factorial de cada indústria). Se w/r aumenta, então K/L aumenta, isto é, se o preço relativo de uma factor aumenta a indústria tenderá a recorrer mais ao factor cujo preço não aumentou.

• A parte esquerda do diagrama ilustra a relação entre a remuneração relativa dos factores e o preço dos bens. Assim, o gráfico relaciona os preços relativos dos bens com as intensidades factoriais relativas, através das remunerações relativas dos factores.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 140

Page 141: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• O país A é relativamente mais abundante em K uma vez que K/L é superior em qualquer das indústrias relativamente ao país B (que é então relativamente abundante em L).

• O bem Y é relativamente intensivo em K e o bem X é relativamente intensivo em L (quer em A quer em B). Assim, tomando o resultado do teorema de Heckscher-Ohlin, A irá especializar-se em Y e B em X. A observação dos preços em autarquia torna evidente este sentido de especialização: Y é relativamente mais barato em A, pelo que é nesse bem que o país se deverá especializar. Existindo diferentes preços em autarcia, existe um claro incentivo à troca.

• O modelo de Heckscher-Ohlin, tal como o de Ricardo, apenas contempla o lado da oferta na explicação das trocas. É, no entanto, distinto do modelo de Ricardo, ao procurar explicar as trocas internacionais com base nas diferentes dotações factoriais dos países.

• Há uma outra diferença a salientar: no modelo de Ricardo, consideravam-se apenas os custos em trabalho; aqui consideram-se também os custos em capital.

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Page 142: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo II – Comércio Internacional

• Os três corolários do modelo: efeitos da abertura à troca

• I. se entre dois países, A e B, que produzem dois bens, X e Y, para os quais apresentam funções de produção idênticas, não houver restrições ao comércio nem custos de transporte, a remuneração dos factores, relativa e absoluta, é a mesma nos dois países. Ou seja, como consequência do comércio internacional produz-se uma tendência para a igualização dos preços dos factores.

• II. Verificando-se um aumento no preço relativo de um bem, então o factor em que ele é relativamente intensivo vê subir o seu preço relativo e o outro factor vê diminuir a sua remuneração. A livre troca beneficia, em cada país apenas os detentores do factor de produção em que o país é abundante.

• III. Quando os coeficientes de produção são constantes, um aumento na dotação de um factor aumenta o output do bem que usa esse factor intensivamente e reduz o output do outro bem.

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Page 143: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• O movimento de bens e serviços não é a única forma de integração internacional.

• Outra forma de integração são os movimentos internacionais de factores de produção (movimentos de factores).

• Entre os movimentos de factores, incluem-se: – migração do trabalho; – transferências de capital por meio de empréstimos

internacionais;– ligações internacionais subtis envolvidas na formação das

empresas multinacionais.

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Page 144: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• Mobilidade Internacional do Trabalho– Efeitos da mobilidade do trabalho

• No mundo moderno são várias as restrições ao fluxo de trabalho (quase todos os países impõem limites à imigração).

• Na prática a mobilidade do trabalho é menos difundida do que a de capitais.

– Mas a mobilidade do trabalho continua, ainda assim, importante e é mais simples de analisar do que o movimento de capitais.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 144

Page 145: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• Modelo com um bem, sem mobilidade de factores:– Suponhamos que temos, como de costume, um mundo que não

seja integrado economicamente (fechado ao comércio). – Esse mundo é formado por dois países, o Local e o Estrangeiro,

cada um com dois factores de produção, terra (S) e trabalho (L).– Por enquanto vamos supor que esse mundo é muito simples e

cada país produz apenas um bem, ao qual nos referimos apenas como “produção”.

– Desse modo não haverá oportunidades para o comércio comum, a troca de bens diferentes.

– A única forma dessas economias se integrarem é pelo movimento de factores (terra ou trabalho).

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 145

Page 146: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

– A terra, quase que por definição, não se pode mover; logo, o modelo de integração (abertura ao comércio) far-se-á por meio da mobilidade internacional do trabalho.

• Determinantes do nível de produção em cada país– Antes de introduzir os movimentos de factores vamos

analisar os determinantes do nível de produção em cada país.

– A terra (S) e o trabalho (L) são os únicos recursos escassos – desse modo, a produção de cada país dependerá, ceteris paribus, da quantidade disponível desses factores.

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Page 147: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

– A relação entre as ofertas de factores, de um lado e a produção da economia, por outro, é chamada de função de produção da economia e vamos representá-la por Q(S,L).

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 147

Q(S,L)

Trabalho, L

Produção, Q

Page 148: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

– A função Q(S,L) mostra como a produção varia de acordo com as mudanças na quantidade de trabalho empregada, caso a quantidade de terra, S, se mantenha fixa: “Quanto maior a quantidade oferecida de trabalho maior a produção”. Contudo, o produto marginal diminui à medida que mais trabalhadores são empregados.• Uma forma interessante de examinar a função de produção consiste em

perguntar como é que a produção depende da variação da oferta de um factor de produção, mantendo o outro constante.

• O declive da função de produção mede o aumento que será obtido na produção ao utilizar-se um pouco mais de trabalho e é, dessa forma, chamado de produto marginal do trabalho.

• O produto marginal do trabalho decresce à medida que aumenta a razão entre trabalho e terra.

• À medida que um país procura empregar mais trabalho em uma quantidade de terra dada, ele muda para técnicas de produção cada vez mais trabalho intensivas e isso, normalmente, vai-se tornando mais difícil à medida que a substituição de terra por trabalho aumenta.

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Page 149: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

O produto marginal do trabalho diminui à medida que o emprego cresce. A área sob a curva do produto marginal é igual à produção total. Dado o nível de emprego, o produto marginal determina o salário real: desse modo

o pagamento total para o trabalho (salário real x n.º de empregados) é mostrado pelo retângulo no gráfico.

O restante da produção corresponde às rendas das terra.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 149

Produto Marginal do Trabalho, PMgL

Salário real

Renda da Terra

PMgL

Trabalho, L

Salários

Page 150: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• Este gráfico contém a mesma informação do anterior, porém mostrada de forma diferente.

• Através dela verificamos como o produto marginal do trabalho depende da quantidade empregada.

• Também verificámos que o salário real recebido por unidade de trabalho é igual ao produto marginal do trabalho. Isso é verdade desde que exista concorrência perfeita, como pressupomos neste caso.

• A Renda da Terra – A produção total é medida pela área sob a curva do produto marginal.– Daquela produção total, os salários recebidos pelos trabalhadores são iguais ao salário

real multiplicado pelo emprego de trabalho (rectângulo indicado no gráfico).– As rendas recebidas pelos proprietários das terras serão a parte restante (no gráfico

forma aproximadamente um triangulo sobre o rectângulo dos salários).

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 150

Page 151: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• Vamos admitir que o “Local ” e o “Estrangeiro” possuem a mesma tecnologia, mas possuem razões terra/trabalho totais diferentes.

• Se o “Local” é o país trabalho-abundante, os seus trabalhadores receberão salário mais baixos do que os do “Estrangeiro”, ao passo que os seus proprietários de terras receberão rendas mais altas do que os do “Estrangeiro”.

• Isso cria incentivos para que os factores de produção se movam: os trabalhadores do “Local ” gostariam de emigrar para o “Estrangeiro” e os proprietários de terras do “Estrangeiro” gostariam de mover as suas terras para o “Local ” (isto porém é impossível).

• A nossa análise vai verificar agora o que acontece se o movimento dos trabalhadores for livre entre os dois países.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 151

Page 152: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• Movimento internacional do trabalho – Supondo que os trabalhadores podem mover-se entre os dois

países. • Os trabalhadores vão imigrar do Local para o Estrangeiro.• Esse movimento reduzirá a força de trabalho e elevará o salário real

do Local. Ao mesmo tempo aumentará a força de trabalho e reduzirá o salário real do país do Estrangeiro.

• Se não houver obstáculos ao movimento do trabalho, esse processo continuará até que o produto marginal do trabalho seja o mesmo nos dois países.

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Page 153: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

Causas e efeitos da mobilidade internacional do trabalho

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 153

PMgL PMgL*

Emprego local

A

B

PMgLPMgL*

C

L2 L1Emp. no Estrang.

Migração de Trabalho do Local para o Estrangeiro

Força de Trabalho Total Mundial

0 0*

Page 154: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

O gráfico anterior ilustra as causas e os efeitos da mobilidade internacional do trabalho. O eixo horizontal representa a força de trabalho total mundial. A partir da esquerda, mede-

se o número de trabalhadores empregados no Local e, a partir da direita, o dos empregados no Estrangeiro.

O eixo vertical esquerdo mostra o produto marginal do trabalho no Local e o eixo vertical direito mostra o produto marginal do trabalho no Estrangeiro.

Inicialmente supomos que haja OL1 trabalhadores no Local e L1O* no Estrangeiro. Dada essa alocação o salário real seria mais baixo no Local (ponto C) do que no Estrangeiro

(ponto B). Se os trabalhadores se moverem livremente eles vão para o país que paga salários mais altos,

saindo do Local para o Estrangeiro até que os salários reais se equiparem. A distribuição final da força de trabalho mundial será aquela com OL2 trabalhadores no Local

e L2O* no Estrangeiro (ponto A).

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Page 155: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

Três pontos importantes sobre a redistribuição da força de trabalho mundial:

– Ela leva à convergência dos salários reais. • Os salários reais aumentam no país trabalho abundante e decrescem no

país terra abundante.– Ela aumenta a produção mundial como um todo.

• De acordo com as respectivas áreas sob a curva de produto marginal, a produção do Estrangeiro aumenta de L1 para L2, enquanto a do local diminui. A partir da figura vemos que o ganho do Estrangeiro é maior que a perda do Local – essa diferença é representada pela área ABC.

– Apesar desse ganho algumas pessoas são prejudicadas pela mudança.• As pessoas que de início trabalhavam no Local receberiam após a abertura

salários reais mais elevados, mas aqueles que no princípio trabalhavam no Estrangeiro receberiam após a abertura salários reais mais baixos. Da mesma forma os proprietários de terras no Estrangeiro beneficiariam com a oferta de mais mão-de-obra mas os proprietários de terra do Local sairiam perdendo.

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Page 156: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

Ampliando a análise• A mobilidade internacional do trabalho, tal como o comércio, é influenciada

por diferenças em termos de recursos entre países• Tal como o comércio a mobilidade internacional do trabalho é benéfica na

medida em que aumenta a produção mundial, ainda que exerça forte impacto sobre a distribuição da renda, o que torna os seus benefícios controversos.

O que acontece à nossa análise se adicionarmos algumas complicações que não havíamos incluído no modelo inicial? Em primeiro lugar vamos supor que em vez de um bem os países produzem dois

bens, um mais trabalho intensivo do que o outro.

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Page 157: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• Já vimos que o comércio pode oferecer uma alternativa à mobilidade dos factores.

• O Local pode, de certa forma, exportar trabalho e importar terra ao exportar o bem trabalho-intensivo e importar o bem terra intensivo.

• É possível, em princípio, que tal comércio leve a uma equalização completa dos preços dos factores sem a necessidade da mobilidade dos factores.

• Se isso acontecesse, seria removido naturalmente qualquer incentivo à mobilidade do trabalho do Local para o estrangeiro.

• Na prática, embora o comércio efetivamente substitua o movimento internacional de factores, ele não é um substituto perfeito.

• A equalização completa dos preços dos factores não se observa no mundo real porque os países às vezes são diferentes demais no que se refere aos recursos para permanecerem sem especialização. Há barreiras ao comércio, tanto naturais como artificiais; e há diferenças tanto de tecnologia como de recursos.

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Page 158: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• Por outro lado poderíamos perguntar-nos se os movimentos de factores não eliminariam o incentivo para o comércio internacional.

• A resposta é a seguinte: “embora o movimento de factores possa tornar o comércio desnecessário num modelo simples, na prática há barreiras substanciais ao movimento livre de trabalhadores, capital e outros recursos potencialmente móveis. E alguns recursos, pura e simplesmente não podem ser reunidos”.

• Assim, a ampliação do modelo simples de mobilidade dos factores não muda a sua mensagem fundamental: o comércio de factores é, em termos económicos puros, muito parecido com o comércio de bens. Ocorre pelos mesmos motivos e produz resultados semelhantes.

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Page 159: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• Empréstimos Internacionais– Os movimentos internacionais de capitais destacam-se

como uma característica do cenário da economia internacional.

– É tentador analisá-los de forma idêntica à da mobilidade internacional do trabalho e, às vezes, esse expediente dá certo.

– Há contudo algumas diferenças fundamentais: • Quando falamos de mobilidade internacional do trabalho fica

claro que os trabalhadores se estão a mover, fisicamente, de um país para o outro, já os movimentos de capitais não são tão simples.

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Page 160: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

– Quando se fala de fluxos de capitais dos EUA para o México, não que dizer, literalmente, que a maquinaria dos EUA esteja a ser desmontada e embarcada para o México. Em vez disso, está-se a falar de uma transacção financeira.

• Um banco norte-americano concede um empréstimo a uma empresa mexicana, ou investidores norte-americanos compram acções no México, ou uma empresa norte-americana investe no México por intermédio de uma filial.

– A partir de agora vamos focalizar-nos no primeiro tipo de transacção: os residentes norte-americanos concedem empréstimos aos mexicanos, isto é, concedem-lhes o direito de gastar mais do ganham hoje em troca de uma promessa de pagamento futuro.

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Page 161: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• As transacções financeiras não existem só no papel. Elas têm consequências reais. Os empréstimos internacionais podem ser interpretados como um tipo de comércio internacional.

• É um tipo de comércio intertemporal no qual não se troca um bem por outro num momento determinado, mas se trocam bens presentes por bens futuros.

• Possibilidade de produção intertemporal:– Mesmo quando não há movimentos internacionais de capitais, qualquer

economia se confronta com um dilema: consumir agora ou no futuro?– As economias normalmente não consomem toda a sua produção corrente.

Parte dela toma a forma de máquinas, edifícios e outros bens de capital produtivo.

– Quanto mais investimento na economia se faz hoje, mais apta ela estará para consumir no futuro.

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Page 162: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

Para investir mais, contudo, a economia deve libertar recursos consumindo menos (a não ser que haja recursos ociosos, possibilidade essa que temporariamente desconsideramos).

Assim coloca-se o dilema entre consumo corrente e consumo futuro. Imaginemos uma economia que produz e consome apenas um bem e que

existirá por dois períodos designados presente e futuro. Haverá então um dilema entre a produção presente e a produção futura

do bem de consumo. Podemos resumir o dilema desenhando a linha de fronteira de

possibilidade de produção intertemporal. Ela é parecida com as LFPP que desenhamos para dois bens num certo

momento (um ponto certo no tempo).

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Page 163: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

A fronteira de possibilidades de produção intertemporal

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 163

Consumo Presente

Consumo Futuro

Um país pode trocar consumo presente por consumo futuro, do mesmo modo que pode produzir mais de um bem ao produzir menos do outro.

Page 164: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

A forma da linha de fronteira de possibilidade de produção intertemporal difere entre países. Alguns terão possibilidades de produção viesadas1 para a produção presente, enquanto outros as terão viesadas para a produção futura.

Vamos supor que existem dois países, o Local e o Estrangeiro, com possibilidades de produção intertemporal diferentes: as do Local são viesadas para o consumo corrente, enquanto as do Estrangeiro, para o consumo futuro.

Raciocinando por analogia, já sabemos o que esperar: Na ausência de empréstimos internacionais seria espectável que o

preço relativo do consumo futuro fosse mais alto no Local do que no Estrangeiro. Desse forma, se abríssemos a possibilidade de comércio ao longo do tempo, esperaríamos que o Local exportasse consumo presente e importasse consumo futuro.

_________________1- Viesado - tendente; inclinado.

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Page 165: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

Isto pode, porém, parecer um pouco estranho: Qual é o preço relativo do consumo futuro? E como é que alguém faz comércio ao longo do tempo?

A taxa real de juro: Assim como um indivíduo, um país pode fazer comércio ao longo do tempo

tomando empréstimos ou emprestando. Vejamos o que ocorre quando um indivíduo toma dinheiro emprestado: de

início ele pode gastar mais do que o seu rendimento, ou dito de outra forma, pode consumir mais do que produziu.

Entretanto, depois ele precisará de pagar o empréstimo com juros. Assim, no futuro, consumirá menos do que o que vai produzir.

Então, na verdade, ao tomar dinheiro emprestado cada indivíduo troca consumo presente por consumo futuro. O mesmo raciocínio é aplicável aos países.

Torna-se evidente que o preço do consumo futuro em termos de consumo presente tem relação estreita com as taxas de juros.

Quando um país toma dinheiro emprestado adquire o direito de comprar uma quantidade de consumo presente em troca do pagamento de uma quantia maior no futuro.

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Page 166: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

Especificamente, a quantia a ser paga no futuro será (1+r) vezes a quantidade que se tomou emprestada no presente, donde r é a taxa real de juros do empréstimo.

Como o dilema envolve uma unidade de consumo no presente que é trocada por (1+r) unidade no futuro, o preço relativo do consumo futuro é 1/(1+r).

Se os empréstimos são permitidos, o preço relativo do consumo futuro ( e, dessa forma, a taxa de juros mundial) será determinada pela oferta relativa e procura relativa mundial de consumo futuro.

O Local emprestará ao Estrangeiro no primeiro período e receberá o pagamento no segundo.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de

Economia e de Relações Internacionais 166

Page 167: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• Vantagem comparativa intertemporal– O nosso pressuposto é o de que as possibilidades de

produção intertemporal do Local são viesadas para a produção presente. Mas o que é que isso significa?• As fontes de vantagem comparativa intertemporal são um

pouco diferentes das que geram o comércio comum.• Um país que tem vantagem comparativa na produção futura

de bens de consumo é aquele que, na ausência de empréstimos internacionais, apresenta um preço relativo baixo do consumo futuro, ou seja, uma taxa real de juros baixa.

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Page 168: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

Essa taxa de juros alta corresponde a um retorno elevado sobre o investimento, ou seja, um retorno elevado pelo desvio de recursos da produção corrente de bens de consumo para a produção de bens de capital, construção e outras actividades que aumentam a capacidade futura de produção da economia.

Os países que tomam dinheiro emprestado no mercado internacional são aqueles onde estão disponíveis oportunidades de investimento altamente produtivas em relação à capacidade produtiva corrente, enquanto os países que emprestam são aqueles onde tais oportunidades não estão disponíveis.

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Page 169: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

Investimento Externo Directo e Empresas Multinacionais Uma parte importante do movimento internacional

de capitais toma a forma de investimento estrangeiro directo.

Por investimento estrangeiro directo entende-se os fluxos internacionais de capitais pelos quais uma empresa de determinado país cria ou expande uma filial em outro país.

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Page 170: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

A característica diferenciadora deste tipo de investimento é que ele não envolve só uma transferência de recursos, mas também a aquisição do controlo.

A filial não tem só uma obrigação financeira para com a matriz. Ela é parte da mesma estrutura organizacional.

As empresas multinacionais: São um veículo para empréstimos internacionais; Fornecem capital às suas subsidiárias estrangeiras.

Por que se escolhe o investimento estrangeiro direto, e não alguma outra maneira de transferir fundos? Para permitir a formação de organizações multinacionais (ampliação do controle).

Porquê que as empresas procuram ampliar o seu controlo? A resposta é resumida pela teoria da empresa multinacional.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 170

Page 171: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• A teoria da empresa multinacional– Para conhecer os elementos básicos necessários a uma teoria

das empresas multinacionais é aconselhável recorrer a um exemplo:• Consideremos as operações que os fabricantes de

automóveis norte-americanos realizam na Europa: A Ford e a General Motors, por exemplo, vendem muitos carros no mercado europeu mas praticamente todos eles são fabricados em instalações na Alemanha, Grã-Bretanha ou Espanha.

• Esse arranjo é familiar, mas devíamos dar-nos conta de que existem duas alternativas óbvias a ele:

– Por um lado, as empresas norte-americanas, em vez de produzirem na Europa poderiam produzir nos EUA e exportar;

– Por outro lado as empresas europeias (Renault, Volkswagen, etc.) poderiam atender a toda a procura.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 171

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Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

– Porque é que nos confrontamos então com esse arranjo particular no qual as mesmas indústrias produzem em países diferentes?

– A teoria moderna da empresa multinacional começa por diferenciar as duas questões em que se reparte essa questão maior:

1. Localização:Por que é que um bem é produzido em dois (ou mais) países diferentes em vez de em um

só?2. Internalização:Por que é que a produção em locais diferentes é feita pela mesma empresa e não por

empresas diferentes?– A teoria da localização não é difícil de perceber. Ela corresponde

exactamente à teoria do comércio.– A localização da produção é frequentemente determinada pela localização dos recursos;– Custos de transporte e outras barreiras ao comércio também podem influenciar a

decisão sobre a localização.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 172

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Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

– A teoria da internalização é outra questão: “por que não ter empresas automobilísticas independentes na Europa?” – Podemos notar em primeiro lugar que há sempre transacções

importantes entre as operações de uma multinacional em países diferentes.

• Normalmente, o output de uma filial é um input de outra filial ou a tecnologia desenvolvida num país é utilizada em outros países.

• A administração da empresa pode coordenar de maneira mais eficiente as actividades das fábricas em diversos países. Essas transacções são o que une a empresa multinacional e a empresa supostamente existe para facilitá-las.

• Mas as transacções internacionais não precisam de ser levadas a cabo dentro da mesma empresa: os componentes podem ser vendidos num mercado aberto e a tecnologia licenciada para outras empresas.

• As multinacionais existem porque se torna mais barato e lucrativo realizar essas transacções dentro da mesma empresa do que entre várias.

• A razão de ser das multinacionais é a internalização.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 173

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Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

– Até aqui definimos o termo mas ainda não explicamos o que a ocasiona.

– Porque é que algumas transações são mais lucrativas dentro de uma só empresa do que entre várias?

– Há, pelo menos, dois pontos de vista importantes pelos quais as actividades em países diferentes podem ser integradas de forma mais eficiente numa única empresa:

1. O primeiro ponto de vista enfatiza as vantagens da internalização para a transferência de tecnologia.

A tecnologia pode ser vendida ou licenciada, mas não é tão fácil fazer isso. Normalmente a tecnologia envolvida num processo produtivo nunca foi registada. Ela está incorporada ao conhecimento de um grupo de indivíduos e não pode ser embalada e vendida. Também é difícil para um comprador potencial determinar quanto é que vale determinado conhecimento. Finalmente os direitos de propriedade sobre o conhecimento são controversos. Se uma empresa europeia licencia tecnologia para uma empresa norte-americana, outras empresas americanas podem legalmente imitar essa tecnologia.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 174

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Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

Todos esses problemas talvez sejam reduzidos se a empresa, em vez de vender tecnologia, passar a capturar os retornos da tecnologia em outros países, montando filiais estrangeiras.

2.O segundo ponto de vista enfatiza as vantagens da internalização para a integração vertical Se uma empresa ( a empresa “mais acima”, ou upstream) produz um bem utilizado como input por outra empresa (empresa “mais abaixo” ou downstream), muitos problemas podem surgir.

Por um lado, se as duas são monopolistas, há o risco de conflito na medida em que a upstream tentará manter o preço alto enquanto a downstream tentará baixá-lo.

Também poderá haver problemas de coordenação caso a procura ou a oferta seja incerta.

Finalmente, um preço flutuante pode impor riscos excessivos sobre uma parte ou outra. Se as upstream e as downstream são combinadas em uma única empresa “integrada verticalmente” esses problemas podem ser evitados ou, pelo menos, reduzidos.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 175

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Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

• As empresas multinacionais na prática– As empresas multinacionais desempenham um importante papel no

comércio e no investimento mundiais.• Exemplo: Metade das importações norte-americanas pode ser considerada

fruto de transacções entre filiais de firmas multinacionais, e 24% dos activos dos Estados Unidos no exterior consistem no valor das filiais estrangeiras de firmas norte-americanas.

– As empresas multinacionais podem ser domésticas ou de propriedade estrangeira.

– As empresas multinacionais estrangeiras desempenham um papel fundamental na maioria das economias, especialmente na dos Estados Unidos.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 176

Page 177: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 177

Page 178: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo III – Mobilidade Internacional dos Factores

França, Reino Unido e Estados UnidosParcela das empresas de propriedade estrangeira nas vendas de

manufacturas, no valor acrescentado e no emprego entre 1985 e 1990

(percentagens)

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 178

PaísVendas Valor Acrescentado Emprego

1985 1990 1985 1990 1985 1990

França 26,7 28,4 25,3 27,1 21,1 23,7

Reino Unido 20,3 24,1 18,7 21,1 14,0 14,9

EUA 8,0 16,4 8,3 13,4 8,0 10,8

Page 179: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Noção de Política– Política é o conjunto de actividades que visam a direcção e

administração de nações ou Estados. Integra a aplicação das actividades ligadas aos negócios internos da nação (política interna) e aos negócios externos (política externa).

• O termo política deriva do grego antigo politeía, que indicava todos os procedimentos relativos à pólis, ou cidade-estado. Por extensão, poderia significar tanto cidade-estado quanto sociedade, comunidade, colectividade e outras definições referentes à vida urbana.

• Política e poder– O conceito de política, como forma de actividade ou de praxis

humana, está estreitamente ligado ao de poder. – Poder que tem sido tradicionalmente definido como:

• "consistente nos meios adequados à obtenção de qualquer vantagem" (Hobbes) ou,

• "conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados" (Russell).

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 179

Page 180: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Poder político– O poder político baseia-se na posse dos instrumentos com os

quais se exerce a força coerciva: é o poder coercivo no sentido mais estrito da palavra.

• A possibilidade de recorrer à força distingue o poder político das outras formas de poder.

Isso não significa que ele seja exercido exclusivamente pelo uso da força; A possibilidade do uso da força é condição necessária, mas não

suficiente para a existência do poder político.

• A característica mais notável é que, o poder político, detém a exclusividade do uso da força em relação à totalidade dos grupos sob sua influência.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 180

Page 181: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• A Política Económica• É constituída pelo conjunto de intervenções dos poderes públicos (poder

político) na economia, caracterizadas por uma escala de prioridades dos objectivos a alcançar e pela selecção dos instrumentos coerentes para os atingir. – Permite beneficiar do conhecimento teórico para influenciar a realidade

económica e, sobre muitos aspectos, o próprio desenvolvimento da sociedade e sobretudo sobre as forças produtivas.

• A política económica pode caracterizar-se por uma perspectiva de curto prazo e denomina-se então por política conjuntural ou caracterizar-se por efeitos que se fazem sentir a médio ou longo prazo através duma política estrutural.

• Há necessidade de articular a política conjuntural com a política estrutural sempre que haja uma relação entre ambas.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 181

Page 182: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• A política económica desempenha uma função normativa no tocante à situação económica.

– O carácter, a orientação social e a extensão da influência que a política económica exerce são, na sua totalidade, determinadas pelo regime político-social e pelas leis objectivas do seu desenvolvimento.

• Tais objectivos podem resumir-se a partir das três funções do Estado: – i) A função de atribuição, com o fim de criar condições favoráveis ao

crescimento e ao desenvolvimento económicos; – ii) A função de redistribuição, a incidir sobre a repartição dos rendimentos,

justificada por um interesse que deveria ser colectivo; – iii) A função de estabilização que tem relação com a regulação conjuntural da

actividade económica.

• Por vezes, os objectivos pretendidos são contraditórios, estão sujeitos a restrições que impedem de os levar à prática ou dependem de condições históricas favoráveis à sua concretização.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 182

Page 183: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Um dos aspectos fundamentais na metodologia da política económica consiste em que não é apenas a ciência económica que contribui para a sua aplicação de acordo com os objectivos a atingir. – É indispensável um conhecimento das realidades económicas, culturais e sociais

do espaço sobre o qual vão incidir as acções a levar à prática, sem o que a política seguida pode desencadear forças susceptíveis de provocar a desagregação do processo económico concreto dum país ou região.

– Sobre a política económica do Estado influem as condições históricas concretas do desenvolvimento da sociedade em causa, a correlação de forças das classes, o grau de luta de classes no plano interior e exterior.

– Daí que a política económica se aplique segundo formas e métodos distintos dependentes das condições e tarefas de cada etapa de desenvolvimento duma dada formação económico-social.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 183

Page 184: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• A política económica procura modificar a evolução natural da actividade económica com o fim de responder a certas finalidades ou interesses do Estado ou das classes dominantes. – Pode ser definida a partir dos agentes que a executam, como o Estado, no sentido

restrito, ou as comunidades locais no seu campo de aplicação rural ou urbano. – Se o Estado tem de agir sobre a economia por meio duma política específica é

porque a ausência de intervenção afecta as expectativas do poder político ou económico. Pode tentar melhorar o funcionamento do sistema económico ou visar a sua transformação.

– Num sentido lato, deve incluir a política social, ou seja, o conjunto de acções que, normalmente, compreendem a saúde, a educação, a habitação social, etc., como fim de atingir objectivos de regulação social.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 184

Page 185: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Instrumentos tradicionais de política económica:– Política fiscal – Conjunto de decisões e acções relacionadas com as

despesas e receitas do Estado.– Política económica externa – Conjunto de medidas que tem por

finalidade manter o equilíbrio da Balança de Pagamentos, proteger determinados sectores e desenvolver relações comerciais externas.

• Política Comercial • Política Cambial.

– Política de rendimentos - Conjunto de medidas visando a redistribuição de renda e justiça social.

– Política monetária - Conjunto de medidas objectivando controlar o volume de liquidez (moeda) à disposição dos agentes económicos.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 185

Page 186: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• No âmbito dos nossos estudos, vamos centrar a nossa atenção na política comercial e nos seus instrumentos bem como naqueles elementos de política económica que influenciam as trocas comerciais entre as nações e as condicionam, nomeadamente a política cambial.

A política comercial diz respeito aos instrumentos de incentivos às exportações e estímulo e desestímulo às importações.A política cambial refere-se à actuação do Governo sobre a taxa de câmbio. O Governo, através do Banco Central, pode fixar a taxa de câmbio (regime de taxas fixas), ou permitir que ela seja flexível e determinada pelo mercado (regime de taxas flutuantes).

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 186

Page 187: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Política Comercial Externa – A política comercial externa (também conhecida apenas por

política comercial ou política de comércio internacional) é uma política governamental que rege o comércio com países terceiros.

– Inclui a utilização de: tarifas, subsídios ao comércio, quotas de importação, restrições voluntárias à exportação, restrições à criação de empresas de capital estrangeiro, regulamentação do comércio de serviços e outras barreiras ao comércio internacional.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 187

Page 188: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

– Objectivos que persegue: Protecção da indústria e agricultura do país Garantia dos empregos internos Incentivo ao desenvolvimento de novas tecnologias ao país O abrir das fronteiras para o comércio Aumentar o lucro e abrir fronteiras Incentivar o desenvolvimento do comércio

– Constrangimentos em que esbarra: Aumento de preços internos Falta de incentivo na indústria interna na busca de melhorias Atraso tecnológico ao país frente a inovações externas Perda de mercados externos Perder os seus mercados Pouco lucro

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 188

Page 189: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Evolução das Políticas Comerciais Externas– Mercantilismo, Livre Cambismo e

Proteccionismo– O Mercantilismo

• É a primeira construção de uma teoria sobre o comércio internacional.• Admitindo que a acumulação de metais preciosos em quantidade superior ao

possuído pelos outros países constituía a causa da superioridade económica de um Estado, assumiu-se que o comércio internacional seria o meio mais adequado, para as nações que não tinham acesso directo às minas de ouro e de prata, de conquista dessa superioridade.

• Se vendessem para o exterior bens mais valiosos do que os que compravam, em quantidade e qualidade, uma nação desprovida de ouro e prata acabaria por adquiri-las como resultado do excesso das suas vendas sobre as suas compras.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 189

Page 190: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Livre Cambismo– É um sistema de comércio que permite transacções sem interferência

do governo. – De acordo com a lei da vantagem comparativa, este sistema permite

que os parceiros comerciais obtenham ganhos mútuos com o comércio.

– Num sistema de comércio livre, os preços são um reflexo da verdadeira oferta e procura e são a única causa determinante da alocação de recursos.

– Devido à preocupação de adquirir ouro e prata, por via do excesso das exportações sobre as importações, os mercantilistas analisaram profundamente os problemas do comércio internacional.

– Thomas Mun na primeira metade do século XVII, já incluía na balança comercial as diversas rubricas que ainda hoje a integram.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 190

Page 191: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

– Preços artificiais são resultado de políticas comerciais proteccionistas, com as quais os governos intervêm no mercado através de ajustes aos preços e de restrições sobre a oferta. Estas intervenções governamentais tanto podem aumentar como diminuir o custo de bens e serviços, para os consumidores e produtores.

– As intervenções incluem subsídios, impostos e tarifas; barreiras não-tarifárias tais como legislação regulatória e quotas de importação ou mesmo acordos comerciais intergovernamentais, como o Tratado Norte-Americano de Livre Comércio (NAFTA) e Tratado de Livre Comércio entre Estados Unidos e América Central (CAFTA) (ao contrário dos seus títulos formais), ou qualquer intervenção governamental no mercado resultando em preços artificiais.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 191

Page 192: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Proteccionismo– É uma forma em que os Estados, com o objectivo declarado

de proteger os sectores económicos nacionais, colocam entraves ao comércio internacional livre.

• Os primeiros defensores desta doutrina, Friedrich List e Henry Clay, justificavam a sua aplicação pela necessidade de se exercer um proteccionismo de infância às indústrias nascentes. Entendiam ter um país o direito, sempre que um país (ou vários) cria uma vantagem específica numa dada área tecnológica, de proteger as indústrias nacionais nascentes (e, portanto, ainda pouco robustas) até elas atingir em um nível de competitividade mínimo.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 192

Page 193: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

» Um outro argumento comummente aduzido a favor do proteccionismo é o direito de qualquer país realizar certas produções estratégicas (mesmo que isso contrarie o princípio das vantagens comparativas), com o objectivo de garantir um certo grau de independência nacional. O exemplo mais frequente deste tipo de independência é o desejo de manter um certo nível de auto-suficiência alimentar.

• O proteccionismo clássico é aplicado por intermédio de direitos aduaneiros e de restrições quantitativas às importações (contingentação).

– No entanto, após a Segunda Guerra Mundial surgiram novas modalidades de entraves ao comércio entre os países.

– Este neoproteccionismo concretizou-se de várias formas, de que se destacam os regulamentos sanitários e administrativos, acordos de auto-limitação voluntária das exportações, fixação de critérios de classificação e determinação do valor aduaneiro das mercadorias, etc.

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Page 194: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Instrumentos de Política Comercial– As alfândegas

• São repartições governamentais oficiais de controlo do movimento de entradas e saídas de mercadorias para o exterior do país ou dele provenientes e responsáveis pela cobrança dos tributos pertinentes (direitos alfandegários).

– Não é conhecida a origem das organizações alfandegárias, sabendo-se somente que elas remontam a períodos muito antigos. Sabe-se que as alfândegas tiveram largo desenvolvimento na Grécia e em Roma. Admite-se que até ao século XVI as alfândegas desempenhavam apenas papéis fiscais. Já na época do mercantilismo as alfândegas começaram a ser usadas como instrumento de protecção das economias nacionais. Através da imposição de impostos aduaneiros as mercadorias importadas ou exportadas teriam de ser vendidas a preços mais altos que os das mercadorias dos países a que se destinavam, mesmo quando o custo daquelas fosse substancialmente menor.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 194

Page 195: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• As pautas aduaneiras– As pautas aduaneiras consistem numa enumeração legal das

mercadorias cuja importação ou exportação é prevista e das taxas de imposto que lhe correspondem.

• Quando se elevam as pautas de exportação a venda de mercadorias no estrangeiro torna-se mais difícil porque os preços dessas mercadorias fica mais caro.

• Quando se elevam as pautas de importação, os bens provenientes do estrangeiro tornam-se mais caros, o que dificulta a sua venda nos mercados nacionais.

• Os territórios aduaneiros– Em geral, o território aduaneiro corresponde ao espaço geográfico de

um Estado. • Contudo, há situações em que isso não acontece. É o exemplo da União

Europeia, onde o conjunto dos países membros formam um território aduaneiro comum, ou o caso de territórios pertencentes a um mesmo Estado onde são fixados regimes aduaneiros especiais.Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos

Superiores de Economia e de Relações Internacionais 195

Page 196: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Taxas aduaneiras específicas e “ad valorem”– As taxas constantes das pautas podem ser “específicas” ou “ad valorem”.

• As taxas específicas incidem sobre uma certa medida da própria mercadoria (peso, comprimento superfície, volume, etc.).

• As taxas “ad valorem” incidem sobre o valor das mercadorias.

• Unicidade e pluralidade de pautas– Num determinado território aduaneiro pode-se adoptar um sistema de pauta

única ou de pautas múltiplas. • Pelo sistema de pauta única aplica-se uma só taxa de imposto a cada mercadoria, seja

qual for a sua origem ou a forma como se apresenta na linha aduaneira. • Pelo sistema de pautas múltiplas a mesma mercadoria será tributada de forma diversa,

consoante a sua origem, ou conforme as condições de importação.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 196

Page 197: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Regimes aduaneiros especiais• Às vezes as mercadorias atravessam a linha alfandegária sem se destinarem ao

respectivo território aduaneiro. • Essa circunstancia determinou a criação de alguns regimes aduaneiros especiais, ou

condições especiais de importação, já que o comércio internacional seria afectado negativamente se a simples passagem por um território aduaneiro determinasse o pagamento de impostos alfandegários.

– Portos francos e zonas francas• São espaços dentro dos quais as mercadorias podem ser importadas

temporariamente sem pagamento de impostos aduaneiros. • Essa importação destina-se ou a aguardar negociações comerciais que encaminhem

as mercadorias para mercados compensadores, ou a sujeitar as matérias primas à transformação.

• Por isso é comum encontrar-se essas zonas francas em núcleos industriais, tendo em vista aquela transformação.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 197

Page 198: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Outros Instrumentos de Política Comercial Externa– Cotas de importação– Restrição voluntária às exportações– Necessidades de requisitos locais– Subsídios de crédito à exportação– Aquisição nacional de bens– Barreiras burocráticas (“não tarifárias”)– Exigências de procedimentos

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 198

Page 199: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Os Efeitos da uma Política Comercial (resumo)

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 199

Usando ▶

O ▼

Tarifas Subsídios às exportações

Cotas de importação

Restrições voluntárias

Excedente do produtor Aumenta Aumenta Aumenta AumentaExcedente do consumidor Diminui Diminui Diminui Diminui

Receitas do governoAumentam

Diminuem (Gastos ) Não mudam Não mudam

Bem-estar económico geral

Ambíguo ( para países pequenos) Diminui

Ambíguo ( para países

pequenos)Diminui

Page 200: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Política cambial – Conjunto de acções e orientações ao dispor do Estado destinadas a

equilibrar o funcionamento da economia através de alterações das taxas de câmbio e do controle das operações cambiais ou, simplesmente conjunto de medidas e acções do governo que influem no comportamento do mercado de câmbio e da taxa de câmbio.

• Taxa de câmbio é o preço de uma unidade monetária de uma moeda em unidades monetárias de outra moeda.

• Mercado de Câmbio é o ambiente físico ou virtual, onde se realizam as operações de câmbio entre os agentes autorizados pelo Banco Central e entre esses e seus clientes.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 200

Page 201: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Regimes de Câmbio:– Câmbios Fixos vs Câmbios Flutuantes (Flexíveis)

• Em regime de Câmbios Fixos a taxa de câmbio é definida pelas autoridades monetárias nacionais,

• Em regime de Câmbios Flutuantes a taxa de câmbio é determinado no mercado de divisas através de interacção das forças de oferta e procura.

• Em Flutuação o valor da taxa de câmbio no mercado altera-se à medida que há mudança noutras variáveis que influenciam a procura e a oferta de divisas.

• A procura por divisas é afectada, para além da taxa de câmbio, pelas seguintes variáveis:

i. Nível do Produto Interno (Y);ii. Nível geral de Preços Interno (Pi) e Externo (Pe)iii. Taxa de Juros Interna (Ii) e Externa (Ie)

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Page 202: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 202

Page 203: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

Determinantes da Procura de Divisas• i) Nível do Produto Interno (Y)

– É de se esperar que, quanto maior Y, maior será a demanda por importações do País e, portanto, a demanda por moeda estrangeira;

• ii) Nível geral de Preços Interno (Pi) e Externo (Pe) – Ceteris paribus, caso Pi aumente, o preço real das importações em moeda

nacional diminuirá e, portanto as importações e a procura por divisas serão incentivadas; caso Pe aumente, o preço real das importações em moeda nacional elevar-se-á e, portanto, as importações e a procura por divisas serão desestimuladas;

• iii) Taxas de Juros Interna (Ii) e Externa (Ie) – ceteris paribus, caso Ii, se eleve, haverá um incentivo à entrada líquida de

capitais no País; caso contrário, se Ie aumentar, ocorrerá um estímulo á saída líquida de capitais para o exterior.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 203

Page 204: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• Guerra Comercial e Guerra Cambial– A Guerra comercial

• Consiste na adopção por parte de um, ou vários países, de barreiras ao comércio com um ou vários países.

• Os economistas em regra geral afirmam que este tipo de guerra é muto pouco produtiva, com uma grande influência negativa sobre o bem-estar social e económico das nações implicadas; contudo, os politólogos consideram a ameaça que supõe uma guerra comercial como uma importante ajuda no momento de obter concessões de outros tipos.

• Alguns economistas argumentam que algumas protecções económicas são mais gravosas que outras que poderiam conduzir à guerra comercial:

– Por exemplo, se um país eleva as suas tarifas o outro poderia, como represália, subir as suas da mesma forma mas, ademais, incrementar os subsídios num certo sector económico.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 204

Page 205: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capitulo V - Balança de Pagamentos

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 205

GUERRA COMERCIAL

Page 206: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Capítulo IV – Política Comercial Externa

• É uma estratégia de mais difícil repressão por parte de um país estrangeiro. • Muitos países pobres, por exemplo, não têm a possibilidade de elevar os subsídios

aos seus sectores económicos, pelo que são mais vulneráveis a este tipo de guerra comercial (veja-se por exemplo o caso da agricultura na Europa, cujos subsídios impedem em certa medida a concorrência procedente do exterior ou, ao menos, limitam-na).

• Guerra Cambial – O termo é usado por diversos governos e economistas para descrever uma

suposta disputa entre os países envolvendo as suas moedas.– O argumento é de que alguns países “forçam” a desvalorização das suas

moedas para beneficiar em ganhos com a exportação.

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 206

Page 207: Apresentação-Aulas Econ Int 1º Semestre

Economia Internacional I - Disciplina Curricular dos Cursos Superiores de Economia e de Relações Internacionais 207

Guerra Cambial