dossie teka ribau

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52 / Entrevista Teka Portugal Sérgio Ribau, Diretor Industrial NA ATUAL CONJUNTURA, AS EMPRESAS TÊM TIDO DIFICULDADES ACRESCIDAS NO ACESSO AO FINANCIAMENTO. ESTA É UMA DAS PRINCIPAIS BARREIRAS PARA A INOVAÇÃO? Sem dúvida que a inovação exige muitas vezes fortes investimentos, seja ao nível do estudo de tendências, como ao nível da procura de novos materiais e de novas soluções técnicas, associadas quer ao desenvolvimento do produto quer ao seu processo de industrialização. A dificuldade de financiamento existe, e em termos muito gerais o finan- ciamento disponível é na maior parte das empresas, encaminhado para manter a atividade e não tanto para a inovação. No entanto a Teka con- traria essa tendência através da constante procura de programas de incentivo à inovação, e reinvestindo parte dos resultados obtidos. Assim mantém dinamizado o investimento em inovação, o que lhe per- mite lançar produtos com novas especificações técnicas. O rejuvenes- cimento dos produtos é essencial para fazer crescer a atividade, dado que os produtos com características mais básicas têm uma concorrên- cia muito agressiva nos mercados. Contudo, não nos podemos esque- cer que muitas vezes é possível inovar praticamente sem custos, repensando os produtos e os processos. Esta atitude de melhoria con- tínua é fundamental nos dias de hoje. A inovação requer investimento e recursos humanos qualificados. COMO CARACTERIZA A EMPRESA E QUAL O SEU PERCURSO NOS ÚLTI- MOS ANOS? COMO QUALIFICA O SECTOR ONDE ESTÁ INSERIDO EM TER- MOS DE DESIGN E INOVAÇÃO? A Teka Portugal é uma das principais subsidiárias do Grupo Teka, dispondo no nosso país de atividade comercial relaciona- da com a venda dos diversos produtos do Grupo e de uma uni- dade fabril na qual tem sido feita uma forte aposta. A Teka apre- senta-se como uma empresa multisserviço e multiproduto, com uma crescente área de atuação. A Teka tem apostado e inves- tido na flexibilidade e inovação a vários níveis: no processo pro- dutivo, nos produtos desenvolvidos e nos seus recursos huma- nos. Atualmente na nossa fábrica são produzidos micro-ondas, for- nos de vapor, fornos combi, placas, gavetas de aquecimento e exaustores, para o grupo Teka mas também para muitas outras marcas. Este investimento é fundamental para uma empresa que se quer afirmar num sector tão competitivo como o dos ele- trodomésticos. Este sector é marcado por uma grande dinâmica ao nível da inovação nas funcionalidades e no design do produ- tos, numa forte aposta para acompanhar, e até antecipar, as cada vez mais exigentes necessidades do consumidor. FUNDADA EM 1978, A TEKA INICIOU A SUA ATIVIDADE APENAS COM A PRODUÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO DE LAVA-LOUÇAS EM AÇO INOXIDÁVEL. NESTE MOMENTO A EMPRESA FEZ UMA FORTE APOSTA NA DIVERSIFICAÇÃO DAS SUAS ÁREAS DE INTERVENÇÃO. SÉRGIO RIBAU, DIRETOR INDUSTRIAL DA EMPRESA, EM ENTREVISTA À REVISTA “MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO”, FALOU-NOS SOBRE A EMPRESA E AS SUAS VÁRIAS ÁREAS DE ATUAÇÃO NO MERCADO.

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52 /

Entrevista Teka PortugalSérgio Ribau, Diretor Industrial

NA ATUAL CONJUNTURA, AS EMPRESAS TÊM TIDO DIFICULDADES ACRESCIDAS

NO ACESSO AO FINANCIAMENTO. ESTA É UMA DAS PRINCIPAIS BARREIRAS PARA

A INOVAÇÃO?

Sem dúvida que a inovação exige muitas vezes fortes investimentos,

seja ao nível do estudo de tendências, como ao nível da procura de

novos materiais e de novas soluções técnicas, associadas quer ao

desenvolvimento do produto quer ao seu processo de industrialização.

A dificuldade de financiamento existe, e em termos muito gerais o finan-

ciamento disponível é na maior parte das empresas, encaminhado para

manter a atividade e não tanto para a inovação. No entanto a Teka con-

traria essa tendência através da constante procura de programas de

incentivo à inovação, e reinvestindo parte dos resultados obtidos.

Assim mantém dinamizado o investimento em inovação, o que lhe per-

mite lançar produtos com novas especificações técnicas. O rejuvenes-

cimento dos produtos é essencial para fazer crescer a atividade, dado

que os produtos com características mais básicas têm uma concorrên-

cia muito agressiva nos mercados. Contudo, não nos podemos esque-

cer que muitas vezes é possível inovar praticamente sem custos,

repensando os produtos e os processos. Esta atitude de melhoria con-

tínua é fundamental nos dias de hoje. A inovação requer investimento

e recursos humanos qualificados.

COMO CARACTERIZA A EMPRESA E QUAL O SEU PERCURSO NOS ÚLTI-MOS ANOS? COMO QUALIFICA O SECTOR ONDE ESTÁ INSERIDO EM TER-MOS DE DESIGN E INOVAÇÃO?

A Teka Portugal é uma das principais subsidiárias do Grupo

Teka, dispondo no nosso país de atividade comercial relaciona-

da com a venda dos diversos produtos do Grupo e de uma uni-

dade fabril na qual tem sido feita uma forte aposta. A Teka apre-

senta-se como uma empresa multisserviço e multiproduto, com

uma crescente área de atuação. A Teka tem apostado e inves-

tido na flexibilidade e inovação a vários níveis: no processo pro-

dutivo, nos produtos desenvolvidos e nos seus recursos huma-

nos.

Atualmente na nossa fábrica são produzidos micro-ondas, for-

nos de vapor, fornos combi, placas, gavetas de aquecimento e

exaustores, para o grupo Teka mas também para muitas outras

marcas. Este investimento é fundamental para uma empresa

que se quer afirmar num sector tão competitivo como o dos ele-

trodomésticos. Este sector é marcado por uma grande dinâmica

ao nível da inovação nas funcionalidades e no design do produ-

tos, numa forte aposta para acompanhar, e até antecipar, as

cada vez mais exigentes necessidades do consumidor.

FUNDADA EM 1978, A TEKA INICIOU A SUA ATIVIDADE APENAS COM A PRODUÇÃO E

COMERCIALIZAÇÃO DE LAVA-LOUÇAS EM AÇO INOXIDÁVEL. NESTE MOMENTO A EMPRESA

FEZ UMA FORTE APOSTA NA DIVERSIFICAÇÃO DAS SUAS ÁREAS DE INTERVENÇÃO.

SÉRGIO RIBAU, DIRETOR INDUSTRIAL DA EMPRESA, EM ENTREVISTA À REVISTA

“MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO”, FALOU-NOS SOBRE A EMPRESA E AS SUAS VÁRIAS

ÁREAS DE ATUAÇÃO NO MERCADO.

CONSIDERA QUE A CRESCENTE PREOCUPAÇÃO COM A SUSTENTABILIDADE E

A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA TEM UM PESO IMPORTANTE NO APARECIMENTO DE

NOVOS PRODUTOS E TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS? DE QUE FORMA?

Claro que sim. Quer relativamente à sustentabilidade financeira e

ambiental do processo produtivo em causa, quer perante a eficiên-

cia energética do próprio produto. Atualmente, quando desenvol-

vemos um novo produto ou idealizamos o seu método produtivo, a

eficiência ao nível dos materiais consumidos, da energia despen-

dida na sua produção, e na energia consumida pelo próprio produ-

to, são fatores muito ponderados. A rentabilidade da industrializa-

ção e o consumidor estão cada vez mais sensíveis a estas ques-

tões e há uma consciência coletiva de que é este o único caminho

a trilhar.

TÊM ALGUM PRODUTO E/OU OBRA RECENTE COM A VOSSA INTERVENÇÃO,QUE GOSTASSE DE DESTACAR?

Destaco o produto que estamos a apresentar neste momento, que

é um forno de vapor combi que permite num só equipamento jun-

tar as vantagens da cozinha a vapor, com as funcionalidades da

convecção, como num forno elétrico tradicional. Este produto é já

muito procurado nos mercados do norte da Europa, um importante

destino das nossas exportações, e estamos em crer que será bre-

vemente uma realidade também na cozinha dos portugueses.

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NA VOSSA EMPRESA, O DESIGN É UM FATOR DECISIVO NA CONCEÇÃO

DO PRODUTO, OU SÃO MAIS VALORIZADOS OUTROS ASPETOS?

O design é sem dúvida um fator decisivo na conceção dos

nossos produtos pois, seja na marca Teka, seja em outras

marcas, existe uma preocupação extrema em que estes com-

binem na perfeição com os restantes produtos da gama, prin-

cipalmente se estivermos a falar de fornos e de micro-

-on das. Para além do design, e aquando da conceção de um

novo produto, são inúmeros os fatores que temos de ter em

conta: as funcionalidades requeridas por esse produto, os

materiais a usar, os meios produtivos associados à sua indus-

trialização, o target price, etc. Nenhum destes elementos é

esquecido ou descurado.

QUAIS SÃO OS PRODUTOS COM MAIOR PROCURA? QUE CARACTERÍS-TICAS E QUE APLICAÇÕES POSSUEM? QUAL DESTACARIA COMO SENDO

O MAIS INOVADOR?

Industrialmente o produto com mais procura na nossa fábrica é

o micro-ondas. Com mais de 25 anos de experiência na produ-

ção deste produto, e sendo a única fábrica da península ibérica

e das poucas da Europa especialista neste produto, temos um

know-how que é procurado por muitas marcas de eletrodomés-

ticos. Temos a sorte de ser um produto com uma aplicabilidade

cada vez maior, essencial no dia-a-dia de cada vez mais pes-

soas.

A nossa aposta neste produto é constante e, fruto dos mais

recentes desenvolvimentos, lançámos um novo modelo full

built-in que dispensa a utilização de aro de encastre e que per-

mite a utilização da sua capacidade total de uma forma mais efi-

ciente, uniformizando a energia útil no produto através de um

distribuidor oculto, ou seja, dispensando a utilização do prato

rotativo.

Nos últimos anos temos de destacar também o forno de vapor,

projeto totalmente desenvolvido aqui em Portugal, e que veio

romper com tudo o que até aí existia, permitindo a obtenção da

maior superfície útil do mercado, através da inovadora coloca-

ção do depósito de água.

FREQUENTEMENTE, A OBSOLESCÊNCIA FUNCIONAL OU ESTÉTICA TORNA

NECESSÁRIO SUBSTITUIR UM PRODUTO QUE AINDA NÃO SE DEGRADOU

FISICAMENTE. DE QUE FORMA É QUE ESTE FENÓMENO PODE INFLUEN-CIAR A SELEÇÃO DE UM DETERMINADO PRODUTO?

Do ponto de vista do consumo o cliente nesta situação é, à par-

tida, um consumidor com um maior poder de compra e que

valoriza a tecnologia e o design de uma forma marcante. A sele-

ção do produto em princípio irá dar primazia a algo com um

maior valor acrescentado, e o preço será um fator menos deter-

minante.

Industrialmente, e em primeira instância, tanto o processo pro-

dutivo como o próprio produto têm de estar desenvolvidos de tal

forma que ao longo da vida do produto seja possível realizar

algum restyling com o mínimo de investimento. Sabemos que o

consumidor valoriza a tecnologia e a fiabilidade, mas também

sabemos bem que as tendências estéticas são alteradas com

elevada e marcante frequência na compra de um eletrodomés-

tico. Por isso essa preocupação tem de estar na génese do pro-

duto de modo a prolongar o mais possível a sua vida.