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Entrevista Teka PortugalSérgio Ribau, Diretor Industrial
NA ATUAL CONJUNTURA, AS EMPRESAS TÊM TIDO DIFICULDADES ACRESCIDAS
NO ACESSO AO FINANCIAMENTO. ESTA É UMA DAS PRINCIPAIS BARREIRAS PARA
A INOVAÇÃO?
Sem dúvida que a inovação exige muitas vezes fortes investimentos,
seja ao nível do estudo de tendências, como ao nível da procura de
novos materiais e de novas soluções técnicas, associadas quer ao
desenvolvimento do produto quer ao seu processo de industrialização.
A dificuldade de financiamento existe, e em termos muito gerais o finan-
ciamento disponível é na maior parte das empresas, encaminhado para
manter a atividade e não tanto para a inovação. No entanto a Teka con-
traria essa tendência através da constante procura de programas de
incentivo à inovação, e reinvestindo parte dos resultados obtidos.
Assim mantém dinamizado o investimento em inovação, o que lhe per-
mite lançar produtos com novas especificações técnicas. O rejuvenes-
cimento dos produtos é essencial para fazer crescer a atividade, dado
que os produtos com características mais básicas têm uma concorrên-
cia muito agressiva nos mercados. Contudo, não nos podemos esque-
cer que muitas vezes é possível inovar praticamente sem custos,
repensando os produtos e os processos. Esta atitude de melhoria con-
tínua é fundamental nos dias de hoje. A inovação requer investimento
e recursos humanos qualificados.
COMO CARACTERIZA A EMPRESA E QUAL O SEU PERCURSO NOS ÚLTI-MOS ANOS? COMO QUALIFICA O SECTOR ONDE ESTÁ INSERIDO EM TER-MOS DE DESIGN E INOVAÇÃO?
A Teka Portugal é uma das principais subsidiárias do Grupo
Teka, dispondo no nosso país de atividade comercial relaciona-
da com a venda dos diversos produtos do Grupo e de uma uni-
dade fabril na qual tem sido feita uma forte aposta. A Teka apre-
senta-se como uma empresa multisserviço e multiproduto, com
uma crescente área de atuação. A Teka tem apostado e inves-
tido na flexibilidade e inovação a vários níveis: no processo pro-
dutivo, nos produtos desenvolvidos e nos seus recursos huma-
nos.
Atualmente na nossa fábrica são produzidos micro-ondas, for-
nos de vapor, fornos combi, placas, gavetas de aquecimento e
exaustores, para o grupo Teka mas também para muitas outras
marcas. Este investimento é fundamental para uma empresa
que se quer afirmar num sector tão competitivo como o dos ele-
trodomésticos. Este sector é marcado por uma grande dinâmica
ao nível da inovação nas funcionalidades e no design do produ-
tos, numa forte aposta para acompanhar, e até antecipar, as
cada vez mais exigentes necessidades do consumidor.
FUNDADA EM 1978, A TEKA INICIOU A SUA ATIVIDADE APENAS COM A PRODUÇÃO E
COMERCIALIZAÇÃO DE LAVA-LOUÇAS EM AÇO INOXIDÁVEL. NESTE MOMENTO A EMPRESA
FEZ UMA FORTE APOSTA NA DIVERSIFICAÇÃO DAS SUAS ÁREAS DE INTERVENÇÃO.
SÉRGIO RIBAU, DIRETOR INDUSTRIAL DA EMPRESA, EM ENTREVISTA À REVISTA
“MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO”, FALOU-NOS SOBRE A EMPRESA E AS SUAS VÁRIAS
ÁREAS DE ATUAÇÃO NO MERCADO.
CONSIDERA QUE A CRESCENTE PREOCUPAÇÃO COM A SUSTENTABILIDADE E
A EFICIÊNCIA ENERGÉTICA TEM UM PESO IMPORTANTE NO APARECIMENTO DE
NOVOS PRODUTOS E TECNOLOGIAS CONSTRUTIVAS? DE QUE FORMA?
Claro que sim. Quer relativamente à sustentabilidade financeira e
ambiental do processo produtivo em causa, quer perante a eficiên-
cia energética do próprio produto. Atualmente, quando desenvol-
vemos um novo produto ou idealizamos o seu método produtivo, a
eficiência ao nível dos materiais consumidos, da energia despen-
dida na sua produção, e na energia consumida pelo próprio produ-
to, são fatores muito ponderados. A rentabilidade da industrializa-
ção e o consumidor estão cada vez mais sensíveis a estas ques-
tões e há uma consciência coletiva de que é este o único caminho
a trilhar.
TÊM ALGUM PRODUTO E/OU OBRA RECENTE COM A VOSSA INTERVENÇÃO,QUE GOSTASSE DE DESTACAR?
Destaco o produto que estamos a apresentar neste momento, que
é um forno de vapor combi que permite num só equipamento jun-
tar as vantagens da cozinha a vapor, com as funcionalidades da
convecção, como num forno elétrico tradicional. Este produto é já
muito procurado nos mercados do norte da Europa, um importante
destino das nossas exportações, e estamos em crer que será bre-
vemente uma realidade também na cozinha dos portugueses.
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NA VOSSA EMPRESA, O DESIGN É UM FATOR DECISIVO NA CONCEÇÃO
DO PRODUTO, OU SÃO MAIS VALORIZADOS OUTROS ASPETOS?
O design é sem dúvida um fator decisivo na conceção dos
nossos produtos pois, seja na marca Teka, seja em outras
marcas, existe uma preocupação extrema em que estes com-
binem na perfeição com os restantes produtos da gama, prin-
cipalmente se estivermos a falar de fornos e de micro-
-on das. Para além do design, e aquando da conceção de um
novo produto, são inúmeros os fatores que temos de ter em
conta: as funcionalidades requeridas por esse produto, os
materiais a usar, os meios produtivos associados à sua indus-
trialização, o target price, etc. Nenhum destes elementos é
esquecido ou descurado.
QUAIS SÃO OS PRODUTOS COM MAIOR PROCURA? QUE CARACTERÍS-TICAS E QUE APLICAÇÕES POSSUEM? QUAL DESTACARIA COMO SENDO
O MAIS INOVADOR?
Industrialmente o produto com mais procura na nossa fábrica é
o micro-ondas. Com mais de 25 anos de experiência na produ-
ção deste produto, e sendo a única fábrica da península ibérica
e das poucas da Europa especialista neste produto, temos um
know-how que é procurado por muitas marcas de eletrodomés-
ticos. Temos a sorte de ser um produto com uma aplicabilidade
cada vez maior, essencial no dia-a-dia de cada vez mais pes-
soas.
A nossa aposta neste produto é constante e, fruto dos mais
recentes desenvolvimentos, lançámos um novo modelo full
built-in que dispensa a utilização de aro de encastre e que per-
mite a utilização da sua capacidade total de uma forma mais efi-
ciente, uniformizando a energia útil no produto através de um
distribuidor oculto, ou seja, dispensando a utilização do prato
rotativo.
Nos últimos anos temos de destacar também o forno de vapor,
projeto totalmente desenvolvido aqui em Portugal, e que veio
romper com tudo o que até aí existia, permitindo a obtenção da
maior superfície útil do mercado, através da inovadora coloca-
ção do depósito de água.
FREQUENTEMENTE, A OBSOLESCÊNCIA FUNCIONAL OU ESTÉTICA TORNA
NECESSÁRIO SUBSTITUIR UM PRODUTO QUE AINDA NÃO SE DEGRADOU
FISICAMENTE. DE QUE FORMA É QUE ESTE FENÓMENO PODE INFLUEN-CIAR A SELEÇÃO DE UM DETERMINADO PRODUTO?
Do ponto de vista do consumo o cliente nesta situação é, à par-
tida, um consumidor com um maior poder de compra e que
valoriza a tecnologia e o design de uma forma marcante. A sele-
ção do produto em princípio irá dar primazia a algo com um
maior valor acrescentado, e o preço será um fator menos deter-
minante.
Industrialmente, e em primeira instância, tanto o processo pro-
dutivo como o próprio produto têm de estar desenvolvidos de tal
forma que ao longo da vida do produto seja possível realizar
algum restyling com o mínimo de investimento. Sabemos que o
consumidor valoriza a tecnologia e a fiabilidade, mas também
sabemos bem que as tendências estéticas são alteradas com
elevada e marcante frequência na compra de um eletrodomés-
tico. Por isso essa preocupação tem de estar na génese do pro-
duto de modo a prolongar o mais possível a sua vida.