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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES AVM FACULDADE INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A GESTÃO DA ROTINA ALINHADA À PRODUTIVIDADE, SAÚDE, BEM ESTAR E SEGURANÇA DO TRABALHADOR Por: Patrícia De Simone Gonçalves ORIENTADOR: Prof. (Nelsom Magalhães) orientador) Rio de Janeiro 2016 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A GESTÃO DA ROTINA ALINHADA À PRODUTIVIDADE,

SAÚDE, BEM ESTAR E SEGURANÇA DO TRABALHADOR

Por: Patrícia De Simone Gonçalves

ORIENTADOR: Prof. (Nelsom Magalhães) orientador)

Rio de Janeiro 2016

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

AVM – FACULDADE INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração da Qualidade. Por: Patrícia De Simone Gonçalves

A GESTÃO DA ROTINA ALINHADA À PRODUTIVIDADE,

SAÚDE, BEM ESTAR E SEGURANÇA DO TRABALHADOR

Rio de Janeiro 2016

3

AGRADECIMENTOS

A Deus, pois sem ele nada seria

possível.

Aos meus pais Valdevino e Silvana,

que estiveram comigo em cada passo, me dando

forças para continuar. Vocês são tudo para mim!

E em especial, a todos os meus

Mestres da Faculdade Integrada A Vez do Mestre

pela grande contribuição para a minha formação

profissional. Considerem as minhas vitórias como

suas, pois sem dúvida vocês são os maiores

responsáveis pelo meu desenvolvimento pessoal

e profissional.

A todos os colegas de classe, com as

suas contribuições a cada aula e trabalhos em

equipe fizeram do curso uma grande oportunidade

de agregar novos conhecimentos.

E a empresa em que trabalho e aos

meus superiores que desde o inicio me

incentivaram e me apoiaram durante toda a

realização do curso.

4

DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus pais Valdevino

Gonçalves e Silvana De Simone Gonçalves.

5

RESUMO

A presente monografia possui como área de interesse a Qualidade

Total e a partir desta área o tema escolhido foi a Segurança do Trabalhado e a

Saúde Ocupacional. A pergunta que se baseia este trabalho é por que é tão

difícil executar as boas práticas da Qualidade Total no dia a dia das

Organizações para garantir a Segurança do Trabalhador?

A hipótese principal é a relação da gestão da qualidade nas

empresas terceirizadas (fornecedoras de serviços) com a segurança do

trabalho, o conceito de cultura da segurança, o papel da liderança nas

atividades administrativas e de campo e a Gestão de Pessoas com foco na

criatividade, inovação e o orgulho de pertencer, resultando em Segurança do

Trabalho e Saúde Ocupacional.

O objetivo principal é mostrar que o uso das boas práticas da Gestão

da Qualidade Total (como por exemplo, o uso da metodologia da Gestão da

Rotina) deve ser utilizado para alavancar a Gestão da Segurança e Saúde no

Trabalho, desenvolvendo uma cultura de segurança.

Para isto, este trabalho será desenvolvido em uma empresa do setor

elétrico da região sudeste do Brasil. Será abordado o seu sistema de gestão da

segurança do Trabalho, focando nos programas e iniciativas criadas através do

uso da Metodologia da Gestão da Rotina (PDCA) para garantir um

comportamento seguro, na busca pela redução dos níveis de acidentes em seu

ambiente de trabalho.

Ao final, apresentam-se as conclusões onde verificaremos que com

o uso da metodologia da Gestão da Rotina foi possível diminuir, e muito, os

níveis de acidentes de trabalho da empresa “A” chegando a patamares de

excelência. Isto é bom para todos, para as organizações que se tornam mais

produtivas, competitivas e reconhecidas por diversos órgãos e principalmente

para o trabalhador final e suas famílias.

6

METODOLOGIA

A metodologia apresentada na elaboração da pesquisa do presente

trabalho quanto aos fins a que se propôs foi exploratória, pois evidencia o

sistema de gestão da segurança de uma empresa do setor elétrico da região

sudeste do Brasil, passando por cada ferramenta utilizada, além de mostrar os

meios de controle para acompanhamento do processo. Serão obtidas ainda

informações com os técnicos, analistas e engenheiros da área de Segurança

do Trabalho ligados ao RH da empresa e a área de Gestão da Qualidade

contida dentro da diretoria de Planejamento e Controle da organização em

questão.

Todos os dados e informações serão levantados mediante

pesquisas de referências bibliográficas de textos e artigos na internet, bem

como em livros e periódicos de circulação nacional.

7

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO 1 – Causas Fundamentais dos Acidentes de Trabalho 10

CAPÍTULO 2 – Plano de Ação para Prevenção de Acidentes e Melhoria da

Saúde Ocupacional 17

CAPÍTULO 3 – A Cultura de Segurança por meio da Gestão da Rotina 30

CONCLUSÃO 42

BIBLIOGRAFIA 43

WEBGRAFIA 45

ÍNDICE 46

ÍNDICE DE FIGURAS 48

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 49

8

INTRODUÇÃO

Atualmente, segurança no trabalho é um tema trabalhado e

disseminado em todo o mundo, ultrapassando fronteiras, mesmo que ainda em

estágios diferentes em cada continente. Independentemente do porte da

organização, este assunto deve ser destaque na rotina de qualquer empresa. A

meta é o desenvolvimento de empregados conscientes e motivados que

possam trazer melhorias, porém, sozinhos não irão garantir sucesso.

As empresas que buscam “a todo custo” a implantação de Sistemas

de Qualidade e de Produtividade, em detrimento de Sistemas de Gestão da

Segurança e da Saúde no Trabalho estão menosprezando o “custo humano”

(relacionado a dor da vítima e de seus familiares) e os custos financeiros,

decorrentes destes acidentes sobre os empregados, às empresas e à

sociedade como um todo.

O envolvimento da alta direção ao tema da segurança e saúde

ocupacional é fundamental. Deve fazer parte da estratégica de toda

organização. Um ambiente seguro deve existir no local como suporte para as

pessoas trabalharem com segurança. Este trabalho visa buscar melhores

resultados em segurança do trabalho por meio de um caminho inovador, que

une as ferramentas aplicadas na Gestão da Qualidade Total (como a

metodologia da Gestão da Rotina) e Gestão da Segurança.

A monografia está estruturada em três capítulos. No Capítulo 1,

busca-se compreender as principais causas dos acidentes de trabalho na

maioria das organizações, independentes se estes funcionários são próprios da

organização ou prestadores de serviços por meio de empresas terceirizadas.

No Capítulo 2, apresentam-se os custos de um acidente de trabalho

e como a metodologia da Gestão da Rotina (por uso de várias ferramentas

como o PDCA, Gráfico de Pareto, 5W2H, dentre outros) pode nos ajudar a

reduzir os níveis de acidentes de trabalho.

9

No Capítulo 3, apresenta-se o trabalho que vem sendo desenvolvido

em uma empresa do setor elétrico do sudeste do Brasil, seus Programas e

Iniciativas criados por meio do uso da Metodologia da Gestão da Rotina para

garantir um comportamento seguro, na busca pela redução dos níveis de

acidentes e melhora da saúde ocupacional em seu ambiente de trabalho.

E, ao final, apresentam-se as conclusões, onde o objetivo é verificar

como podemos monitorar a rotina diária das atividades operacionais de uma

empresa, promovendo em primeiro lugar a Segurança e Saúde de seus

empregados e, como conseqüência, melhores resultados para a organização,

para o bem estar de seus funcionários e familiares e o orgulho de pertencer.

10

CAPÍTULO I

CAUSAS FUNDAMENTAIS DOS ACIDENTES DE

TRABALHO

O risco de acidentes é inerente à atividade de todo trabalhador. O

advento da máquina, após a revolução industrial e até os dias de hoje, veio a

acentuar esse risco. Um acidente nunca tem apenas uma causa como origem,

mas, sim, resulta de diversas causas acumulativas, que ocorrem até que uma

última ação precede o ato imediato que ativa situação do acidente.

Mas, o que é um acidente de trabalho?

1.1. Um Breve Histórico

Os estudos realizados por Heinrich (HEINRICH, 1960) evidenciam que o

trabalho se faz presente desde o início da humanidade, onde a partir dos

primeiros movimentos do ser humano que a história tem registrado, destacam-

se as suas atividades laborais, como na construção de suas moradias em

cavernas, construção de pirâmides, tapeçarias e antiguidades similares. Pela

necessidade de conservação da própria vida e pelo temor de danos, a

prevenção de acidentes era praticada, sem dúvida, num certo grau, nas

civilizações mais remotas.

Verifica-se que o surgimento organizado da Segurança Industrial ocorreu

inicialmente na Inglaterra e Alemanha, em decorrência da Revolução Industrial,

no final do século XVIII e início do século XIX, com a transformação das

oficinas de trabalhos manuais e artesanais em corporações industriais. Por

serem realizadas em condições ambientais bastante precárias, as tarefas

industriais proporcionaram a ocorrência elevada de acidentes e doenças no

trabalho.

Desenvolvendo-se num processo desordenado, onde a mão de obra era

abundante e inexperiente, as fábricas foram sendo instaladas em locais

inadequados, galpões, armazéns, e até em estábulos desativados onde

homens, mulheres e crianças eram colocados para trabalharem sob condições

desumanas: ausência de ventilação, ruídos elevados, equipamentos

11

desprovidos de proteções, jornadas de trabalho indefinidas, iluminação

inadequada, inexistência de instalações sanitárias, contribuindo sobremaneira

para o desencadeamento de um elevado número de morte e invalidez, diante

de um sistema que se admitia a “comercialização” de crianças para o trabalho

(MENDES, 1995).

Até então, praticamente não se pensava em nenhuma ação, atitude ou

medida de prevenção, constatando-se que havia apenas uma preocupação na

reparação de danos à saúde e integridade física dos trabalhadores.

Em 1802, como resposta às pressões da opinião pública, Robert Peel –

do Parlamento Britânico – liderou a comissão de inquérito que conseguiu a

aprovação da primeira lei de proteção aos trabalhadores, “Lei de Moral e

Saúde dos Aprendizes”, determinando:

Limite de trabalho equivalente a 12 horas por dia;

Proibição do trabalho noturno;

Ventilação obrigatória;

Lavagem da fábrica pelo menos duas vezes por ano.

Nesta época, grande parte dos proprietários acreditava que a adoção de

melhorias das condições de trabalho em suas indústrias provocaria uma

elevação significativa de seus custos, colocando-as em desvantagem em

relação à concorrência. Assim, procuravam despersuadir os políticos a

apoiarem qualquer projeto direcionado a essas melhorias (VIEIRA, 1994).

Por volta de 1926, o norte-americano H. W. Heinrich - considerado o

precursor, o pai do prevencionismo - que trabalhava em uma companhia

americana de seguros, por meio de pesquisas, pôde observar com bastante

nitidez o alto custo que representava para a seguradora reparar os danos

decorrentes de acidentes e doenças do trabalho. A partir daí, desenvolveu uma

série de idéias e de formas desses problemas serem gerenciados dentro das

empresas, privilegiando a prevenção acima de tudo (CICCO, 1995).

Finalmente, no século XX, através da Lei de 11/10/1946, na França,

torna-se obrigatória a existência dos serviços médicos em estabelecimentos

industriais e comerciais, independente do número de funcionários. Sendo que,

a partir das ações levadas a efeito pela Grã-Bretanha, os serviços médicos

industriais americanos foram voluntariamente instalados nas fábricas pelos

12

próprios empregadores. Com isso, a American Medical Association, por

intermédio do seu Council of Industrial Health, estabeleceu em 1954 as

diretrizes básicas de funcionamento desses serviços médicos, sendo revistos

em 1960 pelo Council on Occupational Health.

Neste período, aproximadamente em 1950, constata-se a realização de

estudos mais consistentes na área da Segurança Industrial, principalmente nos

Estados Unidos, onde as primeiras leis sobre indenização de acidentes do

trabalho fizeram com que os empresários criassem serviços de segurança

industrial na tentativa de minimizar seus custos nesse setor. A essa idéia

básica de aumentar a proteção e diminuir as despesas com seguros, deu-se o

nome de Gerência de Riscos. Constituindo-se numa forma de incentivar as

organizações a tomarem medidas efetivas para reduzirem seus níveis de riscos

com acidentes (CICCO, 1995).

No Brasil, somente em 1972, após inúmeros movimentos científicos e

legislativos, o governo brasileiro determinou através da Portaria nº 3.237 a

obrigatoriedade dos Serviços de Segurança e Medicina do Trabalho em todas

as empresas com mais de 100 empregados. Assim, o Brasil inicia sua

caminhada pela segurança do trabalhador.

A Constituição Federal da República de 1988 marca a inclusão da saúde

do trabalhador no ordenamento jurídico nacional, passando a considerá-la

como direito social e, conseqüentemente, garantindo aos trabalhadores a

redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde e

segurança (ROCHA, 1997).

Em 1911, Frederick Taylor publicou o livro “Principles of Scientífic

Management” (Princípios de Administração Científica), no qual estabeleceu

como principal objetivo da administração “... assegurar o máximo de

prosperidade ao patrão e, ao mesmo tempo, o máximo de prosperidade ao

empregado”. Sendo que, “o máximo de prosperidade somente pode existir

como resultado do máximo de produção” (TAYLOR, 1990, p.31).

Assim, com a consolidação de seus métodos, após os expressivos

resultado obtido através da experimentação, Taylor evidenciou “a

administração científica, em sua essência, consiste em certa filosofia que

13

resulta em uma combinação dos quatro grandes princípios fundamentais da

administração” (TAYLOR, 1986, p.120):

Desenvolvimento de uma verdadeira ciência que fosse aplicada a

cada fase do trabalho humano, substituindo os métodos rotineiros;

Seleção científica do trabalhador para cada serviço;

Instrução e treinamento científico do trabalhador;

Cooperação íntima e cordial entre a direção e os trabalhadores, com

o objetivo de que as atividades se desenvolvessem de acordo com

os princípios da ciência aperfeiçoada.

Considerando a importância da participação de vários estudiosos no

processo evolutivo da segurança no trabalho, percebe-se uma variedade de

procedimentos que já mostravam a necessidade de se estabelecer uma

estrutura básica fundamentada em alguns critérios comuns, dentre eles:

Comprometimento da alta direção;

Enfoque sistêmico;

Participação de todos os envolvidos;

Valorização das pessoas;

Ação pró-ativa;

Interação dos métodos utilizados na prevenção de acidentes com os

requeridos para o controle da qualidade, do custo e da quantidade

da produção;

Divulgar por escrito a política de segurança adotada pela própria

gerência;

Analisar a situação atual da empresa considerando os programas de

prevenção existentes;

Adequar os programas de prevenção de acidentes à realidade da

empresa.

1.2. O Conceito de Acidente

"Acidente de trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta lei,

14

provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho". (BRASIL. Lei 8213, 1991, art.19).

Doenças profissionais e ocupacionais também são consideradas

acidentes de trabalho, conforme define o artigo 20 da mesma lei nas seguintes

situações:

a. Doença Profissional: quando produzida ou desencadeada pelo

exercício do trabalho peculiar a determinada atividade e constante

da respectiva relação elaborada pelo Ministério do Trabalho;

b. Doença do trabalho: quando adquirida ou desencadeada em

função de condições especiais em que o trabalho é realizado e

com ele se relacione diretamente, constante da relação

mencionada no inciso I.

É considerado como circunstância dos acidentes de trabalho qualquer

tipo de lesão ocorrida no local de trabalho e a caminho ou volta do trabalho;

fora dos limites da empresa e fora do local de trabalho, fora do local da

empresa, mais em função dele. Quanto às causas, os acidentes

de trabalho são classificados como ato inseguro ou condição insegura de

acordo com a NBR 14280 da ABNT (Associação Brasileira de Normas

Técnicas).

1.3. Causas Fundamentais dos Acidentes de Trabalho

O Ato Inseguro é decorrente da execução das tarefas de forma contrária

às normas de segurança. É aquele consciente ou não, capaz de provocar

algum dano ao trabalhador, aos seus companheiros ou a máquinas, materiais

ou equipamentos, estando diretamente relacionado à falha humana. É a

maneira como as pessoas se expõem, consciente ou inconscientemente, a

riscos de acidentes. São esses os atos responsáveis pela maioria dos

acidentes de trabalho atualmente. Situações relacionadas ao Ato Inseguro:

Agir sem permissão;

Trabalhos em altura, sem o uso do cinto de segurança;

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Brincadeiras, brigas, farras ou correria no local de trabalho;

Excesso de autoconfiança;

Trabalhador com sono operando equipamento;

Uso de equipamentos de forma inadequada;

Trabalhador que recusa a usar EPI (Equipamento de Proteção

Individual);

Trabalhador correndo em escadarias;

Dirigir perigosamente;

Trabalhar operando equipamento com atenção dispersa;

Fazer uso de bebidas alcoólicas, ou qualquer outra substância

entorpecente no local de trabalho.

Já a Condição Insegura é tida como falhas técnicas, que podem estar

presentes no ambiente de trabalho e que comprometem a integridade física

e/ou mental dos trabalhadores e a própria segurança das instalações e dos

equipamentos. Geralmente acontece alheio a vontade do trabalhador.

Exemplos:

Máquina sem proteção;

Falta de treinamento;

Fios e cabos desencapados;

Não possuir vestuário adequado ao trabalho;

Gambiarras em máquinas, equipamentos, ferramentas;

Falta de limpeza ou organização;

Falta de EPI;

Iluminação deficiente ou imprópria;

Piso estragado;

Falta de sinalização de risco.

Por outro lado, não se devem confundir condições inseguras com o risco

inerente a algumas operações industriais. A corrente elétrica presente em

praticamente todo ambiente de trabalho, por exemplo, é um risco inerente a

trabalhos que envolvem instalações elétricas. Mas a eletricidade, em si, não

pode ser considerada uma condição insegura, por ser perigosa. Condições

inseguras relacionadas à corrente elétrica são instalações mal feitas, fios

16

expostos. A energia elétrica propriamente dita, não. A energia elétrica, quando

devidamente isolada das pessoas, passa a ser um risco controlado e não

constitui uma condição insegura.

Como essas situações estão nos locais de trabalho, podemos deduzir

que foram instaladas por decisão ou mau comportamento de pessoas, que

permitiram situações de risco a aqueles que lá executam suas atividades.

Conclui-se, portanto, que as condições inseguras existentes são, via de

regra, geradas por problemas comportamentais do homem, independente do

seu nível hierárquico dentro da empresa.

17

CAPÍTULO II

PLANO DE AÇÃO PARA PREVENÇÃO DE ACIDENTES

E MELHORIA DA SAÚDE OCUPACIONAL

2.1. Quanto custa um acidente no Brasil?

Os acidentes de trabalho no Brasil ostentam números de uma epidemia.

As vítimas registradas no período entre 2007 e 2013 – dados mais atuais do

Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) demonstram que os acidentes de

trabalho matam seis vezes mais do que a dengue. Foram 5 milhões de vítimas

num intervalo de apenas sete anos, com 19,5 mil mortos e 101 mil inválidos.

Esses brasileiros não estavam em conflitos e tampouco pegavam em

armas quando morreram ou ficaram mutilados. Eles estavam trabalhando. No

mesmo período de sete anos, o país teve 5,3 milhões de casos de dengue,

número equivalente aos acidentes de trabalho. Menos letal, a doença matou

3.331 pessoas, média de 475 por ano, contra 19.478 óbitos no trabalho, ou

2.780 por ano – os 720 mil acidentes anuais ainda deixam 14,5 mil inválidos

permanentes.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/acidentes-de-trabalho-no-

brasil/index.jpp

Figura 1: Número de Acidentes e Mortes entre 2007 e 2013

18

Dos 5 milhões de acidentes de trabalho ocorridos no Brasil entre 2007 e

2013, data da última atualização do anuário estatístico da Previdência Social,

45% acabaram em morte, em invalidez permanente ou afastamento temporário

do emprego. Só nesse período, o desembolso do Instituto Nacional do Seguro

Social (INSS) com indenizações aos acidentados foi de R$ 58 bilhões. Além da

pensão por morte e invalidez, o INSS paga ainda o salário do segurado a partir

do 16º dia de ausência no emprego.

Só em 2013, o INSS pagou R$367 milhões em benefícios por acidentes

de trabalho. Uma parte se refere a afastamentos temporários do emprego, mas

ano após ano a conta vai crescendo porque uma parte desses benefícios se

destina a pensões por morte ou invalidez permanente. Numa conta atualizada

para 2015, somente o custo gerado pelos acidentes entre trabalhadores com

carteira assinada que são notificados e identificados nas estatísticas oficiais é

estimado em R$ 70 bilhões.

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/acidentes-de-trabalho-no-

brasil/perdas-humanas-em-cifras-bilionarias.jpp

Figura 2: Gastos com acidentes (2007 a 2013) e por Estado (2013)

19

“Estudos feitos pelo “Health and Safety Executive” indicam que o custo global, para os empregadores, de acidentes de trabalho com lesão, doenças relacionadas ao trabalho e acidentes evitáveis sem lesões, é estimado, aproximadamente, ao equivalente de 5 a 10% do lucro bruto sobre vendas de todas as empresas britânicas. Um estudo mostrou que, nas organizações pesquisadas, os custos não-segurados de perda por acidentes eram entre 8 e 36 vezes maiores que o custo dos prêmios de seguro. Há, por isso, razões de ordem econômica para reduzir acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, assim como razões éticas e regulamentares. Juntamente com a redução de custos, a gestão efetiva da SST (Segurança e Saúde do Trabalho) promove a eficiência dos negócios” (CICCO, 1996, p. 13).

2.2. Onde ocorrem mais acidentes?

Os serviços de atenção à saúde humana lideram o ranking de acidentes

laborais no Brasil, com 66,4 mil ocorrências só em 2013, devido sobretudo à

falta de segurança no ambiente de trabalho. “Apesar de o profissional ser

capacitado e saber dos riscos, nem sempre ele consegue se proteger por

causa das condições inadequadas” (MORONTE, 2015, p. 7).

O trabalhador da saúde sofre acidentes com material biológico, com uma

potencialidade de danos muito grande. A atividade lidera o ranking das

atividades mais perigosas em 2013. O trabalhador se expõe a riscos num

ambiente repleto de portadores de doenças infectocontagiosas, onde há

procedimentos sujeitos a acidentes pelo uso de equipamentos de alta

tecnologia ou de técnicas rudimentares de assistência, com a aplicação de

agentes físicos e químicos com fins terapêuticos. Também estão expostos a

situações de elevada tensão emocional, associadas a longas jornadas de

trabalho, condições de insalubridade e duplo emprego.

20

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/acidentes-de-trabalho-no-

brasil/index.jpp

Figura 3: Atividades Mais Perigosas em 2013

2.3. Falta Prevenção

A falta de investimento em prevenção é o maior obstáculo para reduzir

os acidentes de trabalho. Embora não seja barato investir em máquinas

apropriadas e bons equipamentos de proteção, o custo compensa não só por

motivos econômicos, mas, sobretudo humanos. A reparação dos danos ao

acidentado é mais onerosa ao país do que o custo da prevenção.

A legislação obriga a empresa a oferecer um meio ambiente de trabalho

saudável e seguro. Mas, não basta o empregador fornecer os equipamentos de

proteção, ele também precisa fiscalizar o uso. Se o empregado não usar, a

responsabilidade é do empregador. A legislação fornece ao empregador

mecanismos para cobrar do empregado o uso do equipamento, como

advertências, suspensão e até demissão por justa causa.

21

A cultura de não priorizar a prevenção no ambiente laboral é só a

primeira das causas do alto índice de acidentes de trabalho. Soma-se a isso, a

ineficiência do poder público ao criar políticas preventivas e fiscalizar os locais

de trabalho e o uso de máquinas inadequadas, pois muitos fabricantes não

cumprem as normas de segurança e orientações previstas em lei. Por fim,

ainda temos a precariedade das condições de trabalho, devido à flexibilização

equivocada dos direitos trabalhistas.

2.4. Acidentes com Terceirizados

Dados de sindicatos de todo o país mostram que o mercado formal de

trabalho era formado por 26,8% de terceirizados em 2013. Dos 47,4 milhões de

trabalhadores formais da época, 34,7 milhões estavam em setores contratantes

e 12,7 milhões em setores terceirizados. Se depender do empresariado, essa

participação deve aumentar. Oito em cada dez acidentes de trabalho no país

acontecem com terceirizados, que respondem ainda por quatro de cada cinco

mortes nessas circunstâncias.

Alguns números retratam essa relação. Entre 2005 e 2012 a mão de

obra terceirizada cresceu 2,3 vezes na Petrobras e o índice de acidentes de

trabalho aumentou 12,9 vezes. No período, 14 contratados da estatal morreram

enquanto trabalhavam. Número que sobe para 85 entre os terceirizados.

Podemos concluir que ao terceirizar as empresas contratantes transferem para

empresas menores a responsabilidade pelos riscos do seu processo de

trabalho. Isto é, terceiriza os riscos inerentes às suas atividades para empresas

que nem sempre têm condições tecnológicas e econômicas para gerenciá-los.

Além disso, os terceirizados ocupam os postos de trabalho mais

precários e arriscados, em setores onde adoecem e morrem lentamente em

acidentes laborais.

O critério de menor preço nas licitações aprofunda a precarização

porque em geral se obtém esse ganho financeiro à custa da negligência na

segurança do trabalhador e da intensificação do trabalho – jornada maior, ritmo

mais acelerado, metas a cumprir. Isso decorre dos prazos contratuais

estabelecidos entre a empresa principal e as terceirizadas, prática comum em

quase todos os segmentos produtivos.

22

Fonte: http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/acidentes-de-trabalho-no-

brasil/terceirizados-e-mais-vulneraveis.jpp

Figura 4: Acidentes com Terceirizados

2.5. A Qualidade e a Segurança do Trabalhador

Nos últimos anos, tem havido um crescente interesse das empresas

brasileiras pela busca da qualidade e melhoria da produtividade. Atualmente,

fabricar um produto ou prestar um serviço com alto nível de qualidade significa

postura de liderança empresarial, sendo uma poderosa vantagem competitiva.

A segurança do trabalho se caracteriza por uma série de medidas de

prevenção, que visam evitar acidentes graves ou fatais no ambiente de

trabalho. As conseqüências não afetam só a gerência da empresa, que além

de perder em força de mão de obra, pode sofrer processos judiciais, devido a

possíveis negligências por parte da instituição. Por isso a importância do ciclo.

A Gestão da Rotina por meio do uso do PDCA na segurança do trabalho

deve ser amplamente valorizada, pois além de preservar a integridade física de

funcionários, evita futuros prejuízos financeiros.

De acordo com Todeschini (2007, apud, SOARES, 2008, p. 24 ),

(...) de cada 100 acidentes de trabalho, 25 trabalhadores se tornam inválidos, situação similar a de uma guerra: Na data de hoje, em todo o país, 45 trabalhadores diariamente saíram de casa e não voltarão mais ao trabalho, tanto por causa de acidentes quanto por motivos de morte.

2.5.1. O PDCA

O ciclo PDCA foi idealizado por Walter A. Shewhart, pioneiro do controle

estatístico da qualidade na década de 1920, e amplamente utilizado e

23

divulgado por seu amigo, o também estatístico William Edwards Deming. Por

esse motivo, hoje em dia muitas vezes é citado inapropriadamente apenas

como ciclo de Deming, quando seria mais correto chamá-lo de ciclo de

Shewhart-Deming.

O ciclo PDCA é um sistema gerencial de 4 (quatro) passos, aplicado em

diversos processos decorrentes em uma organização. Os 4 passos do ciclo

PDCA são:

Planejar (Plan) – Estabelecer um plano diretor, que guiará todo o

processo;

Executar (Do) – Colocar o planejamento em prática;

Verificar (Check) – É a hora de comparar os resultados da prática,

com o planejamento inicial;

Corrigir (Act) – Adequar os resultados que destoaram do

planejamento inicial.

Fonte: http://www.radardeprojetos.com.br/2015/04/pdca-e-um-metodo-ou-uma-ferramenta.html

Figura 5: Ciclo do PDCA

2.5.1.1. PLAN - Planejar é importante

É de extrema importância a necessidade de se desenvolverem

programas de segurança no trabalho, que tem como principal objetivo

identificar os riscos, condições insalubres e implementar a correção destes no

trabalho. Enfatizando o envolvimento dos profissionais da segurança, demais

profissionais e dirigentes da empresa, considerando as regras e os

24

regulamentos, para proporcionar um ambiente em condições de segurança

adequada para o desenvolvimento dos diferentes tipos de trabalho.

Para que ocorra a implantação de um programa de gestão de saúde e

segurança no trabalho, é necessário que se faça uma análise preliminar das

condições de trabalho. Com quatro indagações bem simples, pode-se ter uma

visão simplificada do processo. São elas:

a. O trabalhador está exposto à fonte de perigo?

b. O trabalhador está em contato com a fonte de perigo?

c. Qual o tempo e a freqüência do contato entre o trabalhador e a fonte

de perigo?

d. Qual a distância entre o trabalhador e a fonte de perigo?

O mapeamento dos setores/locais da empresa, que apresentam riscos a

segurança do trabalho (Identificação do Problema) é o ponto de partida para o

planejamento. Existem duas modalidades básicas de avaliação de riscos, seja

para sua eliminação ou neutralização:

a. Avaliação Qualitativa (conhecida como preliminar);

b. Avaliação Quantitativa, para medir, comparar e estabelecer medidas

de eliminação, neutralização ou controle dos riscos.

Um dos recursos mais utilizados para se fazer uma simples avaliação

qualitativa dos riscos existentes no local de trabalho é o mapa de riscos, que

nada mais é do que a representação gráfica dos riscos por meio de círculos de

diferentes cores e tamanhos, permitindo fácil elaboração e visualização.

Fonte: http://www.uff.br/enfermagemdotrabalho/mapaderisco.htm

Figura 6: Exemplo de Mapa de Riscos

25

O principal objetivo do mapa de riscos é a identificação prévia dos riscos

existentes nos locais de trabalho aos quais os trabalhadores poderão estar

expostos, além de possibilitar a troca e a divulgação de informações entre os

trabalhadores, bem como estimular sua participação nas atividades de

prevenção. Os principais benefícios da adoção do mapa de riscos são:

Diminuição das despesas relacionadas com acidentes e doenças,

medicação, indenização e substituição de trabalhadores;

Facilitação da gestão de saúde e segurança no trabalho com

aumento da segurança interna e externa;

Identificação prévia dos riscos existentes nos locais de trabalho aos

quais os trabalhadores poderão estar expostos;

Conscientização quanto ao uso adequado das medidas e dos

equipamentos de proteção coletiva e individual.

O próximo passo é identificar as suas possíveis causas, analisá-las e

priorizá-las (Identificação de causas). Utilizaremos o Gráfico de Pareto e o

Diagrama de Causa e Efeito.

O chamado princípio de Pareto decorre das pesquisas realizadas pelo

economista Vilfredo Pareto no final do século XIX que o levaram à conclusão

de que a menor parte da população detinha a maior parte da riqueza na Itália.

Em meados do século XX, Joseph Juran percebeu que essa constatação pode

ser estendida a inúmeros outros fenômenos, ou seja, que poucas causas são

responsáveis pela maior parte dos efeitos. Alguns exemplos:

A menor parte dos empregados responde pela maior parte dos

atrasos.

A menor parte das contas são responsáveis pela maior parte dos

pagamentos.

A menor parte dos cientistas escreve a maior parte dos artigos

científicos.

No final dos anos 40, J.M. Juran identificou a larga aplicação que uma

descoberta de um economista do século XIX, chamado Vilfredo Pareto, tinha

para a melhoria dos processos. Pareto tinha estudado naquela época a

distribuição de riqueza na Itália e descobriu que grande parte da renda dos

italianos provinha de cerca de 20% da população. Ele estabeleceu o princípio

26

dos “poucos, mas vitais, e muitos, mas triviais”. Apesar de o nome do gráfico

ser dado a Pareto, foi Juran quem primeiro reconheceu o fenômeno dos

poucos vitais e muitos triviais como universal, sendo aplicável a muitos

campos, principalmente da indústria e serviços.

Fonte: http://www.blogoutbox.com/analise-de-pareto/

Figura 7: Exemplo de Gráfico de Pareto

O Diagrama de Causa e Efeito ou Diagrama de Ishikawa ou ainda

Espinha de Peixe é uma ferramenta utilizada para correlacionar o resultado de

um processo, chamado de efeito, e os fatores que geraram esse efeito,

chamados de causas. Foi utilizado pela primeira vez por Kaoru Ishikawa em

1953 e seu objetivo é organizar as informações, para facilitar a identificação

das possíveis causas do efeito em estudo. Quando se trata de problemas em

processos industriais, as causas geralmente podem ser subdivididas em seis

tipos de causas primárias: matéria-prima, mão de obra, máquina, método,

medição e meio ambiente.

Fonte: http://blog.qualidadesimples.com.br/tag/espinha-de-peixe/

27

Figura 8: Diagrama de Causa e Efeito (ou Espinha de Peixe)

Mão de obra - Analisar a competência e qualificação dos

colaboradores envolvidos no problema. Considerar também o

treinamento, o absenteísmo, a pontualidade, o cumprimento das

regras e o comportamento em geral.

Máquina - Considerar a capacidade e as boas condições do

equipamento. Verificar se a máquina está adequada ao processo e

detectar desgaste, deterioração, folgas e falta de manutenção.

Método - Verificar a existência de falhas nos procedimentos e nas

especificações.

Meio ambiente - Analisar se os aspectos do ambiente de trabalho,

como iluminação, ruídos, temperatura, vibração, interferem no

processo.

Medida - Verificar as condições dos meios de medição quanto à

manutenção e à calibração. Analisar a adequação do meio de

medição no processo.

Material - Verificar se as matérias-primas estão de acordo com as

especificações. Analisar como foram controladas a entrada de lotes

novos e os fornecedores homologados.

As etapas para elaboração do diagrama de causa e efeito são:

Identificar o efeito: selecionar um problema a ser resolvido através

da estratificação e do gráfico de Pareto;

Identificar os grupos de causas aplicáveis: verificar quais os grupos

de causas que são aplicáveis para o problema selecionado;

Identificar as causas secundárias: analisar, dentro de cada grupo de

causas dos 6 Ms, quais são as causas secundárias possíveis. Se for

necessário, para entender melhor o problema, identificar causas

terciárias, e assim por diante;

Analisar a causa-raiz: analisar as causas mais prováveis e identificar

a causa-raiz, ou seja, aquela que verdadeiramente está ocasionando

o problema.

28

Identificadas as possíveis causas dos acidentes de trabalho, o próximo

passo é preparar as medidas de proteção, programas de prevenção de

acidentes e veículos de divulgação para fazer ciente a cada funcionário

dos riscos envolvidos (Definição de Planos de Ação). Importante que o plano

de ação contenha, pelo menos, as seguintes informações:

Fonte: https://clubeempreender.wordpress.com/2010/08/18/11/

Figura 9: Plano de Ação 5W2H

Este modelo de plano de ação conhecido como 5W2H é uma ferramenta

de gestão inventada no Japão para facilitar o planejamento de qualquer

atividade. Foi aplicada primeiramente em sistemas de gestão da qualidade,

visando facilitar o planejamento de melhorias dentro das empresas.

2.5.1.2. DO - É hora de executar

Após o planejamento concluído (Plano de Ação definido), é hora de

executar. É importante que o profissional designado para a tarefa, venha a

seguir a risca o planejamento, evitando assim erros e imprevistos, aumentando

a porcentagem de acerto. Portanto, a utilização de placas de sinalização e a

distribuição de folhetos servindo como lembretes também ajudam. Bem como,

a implantação de equipamentos, procedimentos e programas que venham a

evitar fatos gravíssimos. E quando necessário, estabelecer advertências e

punições para aqueles que descumprirem as regras de segurança do trabalho.

2.5.1.3. CHECK - Verificando e comparando

O ciclo PDCA na segurança do trabalho tem como uma de suas etapas

importantes à comparação da execução com o planejamento estabelecido.

Bem como, identificar se a taxa de acidentes diminuiu ou se ocorreu à ausência

29

deles. É importante avaliar de forma global a execução do plano de ação e os

resultados obtidos. Mensurar a real melhoria obtida, questionar se a não

conformidade e suas causas foram identificadas adequadamente, se a solução

adotada foi realmente a melhor, se o sistema de acompanhamento adotado foi

eficaz, se houve integração e envolvimento das áreas/pessoas envolvidas e por

último se os resultados esperados foram obtidos.

2.5.1.4. ACT - Corrigindo

Se os objetivos não foram alcançados dentro das metas estipuladas, a

correção é uma etapa primordial no ciclo PDCA na segurança do trabalho. É

onde o projeto se renova e se alinha. Por isso, é imprescindível analisar os

resultados obtidos, avaliar a necessidade de outras ações corretivas ou ações

de melhorias, a necessidade de atuar em outros problemas e realizar uma

reflexão das lições aprendidas e os pontos que devem melhorar. Deste modo,

estabelecem-se a concretização efetiva dos programas de prevenção de

acidentes, o cumprimento pleno dos procedimentos de segurança, o

alinhamento de novas tecnologias e até a substituição dos profissionais da

empresa.

O ciclo PDCA na segurança do trabalho é o norte para a preservação da

vida. A padronização de processos e a busca contínua pela melhoria sempre

resultou em ótimos resultados na administração de uma empresa.

Historicamente grandes instituições alcançaram resultados acima da média,

porque valorizaram as técnicas de padronização de processos (estabelecer o

novo procedimento, comunicar e treinar os envolvidos na nova sistemática, e

acompanhar a utilização da nova sistemática) e a busca contínua pela

evolução da organização.

30

CAPÍTULO III

A CULTURA DE SEGURANÇA POR MEIO DA GESTÃO

DA ROTINA

“O desempenho do ser humano na execução de suas atividades de trabalho está relacionado às condições de trabalho que lhe são impostas. Em particular, às condições organizacionais e às condições ambientais e técnicas, que determinam respectivamente sua motivação e satisfação no trabalho.” (SANTOS, 1997, p.268).

Além disso, os líderes de uma empresa têm como responsabilidade

estabelecer a finalidade e a orientação da organização, criando um ambiente

no qual todos os colaboradores estejam envolvidos para atingir as metas. O

líder é aquele que assume sua responsabilidade não apenas pela parte

técnica, mas também pela parte motivacional de seus colaboradores.

Os colaboradores são a essência de qualquer organização. Assim, é

necessário que cada um conheça as suas atribuições e seja visto efetivamente

com uma pessoa que contribui para que a organização possa atingir suas

metas. Portanto, devem ser proporcionadas oportunidades de desenvolvimento

pessoal, para que todos utilizem suas habilidades para o benefício da

organização.

A busca pela melhoria contínua deve ser constante e deve englobar o

desempenho da organização sob todos os aspectos.

Não se pode produzir coisa alguma sem fornecedores. Assim, um bom

relacionamento com estes, com benefícios para todas as partes, significa maior

capacidade para toda a cadeia de valor.

3.1. Estudo de Caso – Empresa Setor Elétrico

A Empresa “A” pertence a um grupo europeu que está entre as

empresas de energia líderes na Europa em termos de capacidade instalada e

presente em 30 países e mais de 61 milhões de clientes. No Brasil, a empresa

“A” é uma concessionária de serviço público do setor elétrico. Fechou o ano de

31

2014 com mais de 2,8 milhões de clientes, servindo cerca de oito milhões de

habitantes, distribuídos em mais de 50 municípios da região sudeste. Sua

cadeia de valor é formada pelos macroprocessos de Negócio – diretamente

ligados ao setor de energia e pelos macroprocessos de Apoio - que dão

suporte ao negócio.

Um dos pilares do seu mapa estratégico é a garantia da segurança de

seus colaboradores (inclusive os terceirizados).

Por ser estratégico, a empresa “A” possui diversas práticas relacionadas

com o tema da segurança de seus funcionários. Os indicadores relacionados a

segurança estão dentro dos padrões estabelecidos e são acompanhados

fortemente pela alta direção do grupo, o que faz com que constantemente as

áreas de negócio necessitem estar revisando os seus processos para

identificar onde possuem oportunidades de melhorias (busca da melhoria

contínua).

Na empresa “A” os acidentes de trabalho são registrados

separadamente entre funcionários próprios e terceirizados (chamados

internamente por Parceiros). São medidos: Taxa de Freqüência de Acidentes,

Acidentes Fatais, Acidentes Graves e Acidentes com Afastamento.

Indicador Maior/Menor

Melhor Índice

Real 2014

Meta 2014

Taxa de Freqüência de Acidentes Menor Melhor Qtd 0,43 2

Acidentes Fatais Menor Melhor Qtd 0 0

Acidentes Graves Menor Melhor Qtd 0 0

Acidentes com Afastamento Menor Melhor Qtd 1 3

Taxa de Freqüência de Acidentes に Terceirizados Menor Melhor Qtd 1,24 2,39

Acidentes fatais に Terceirizados Menor Melhor Qtd 2 0

Acidentes Graves に Terceirizados Menor Melhor Qtd 1 0

Acidentes com Afastamento に Terceirizados Menor Melhor Qtd 23 25

Fonte: https://intranet.endesabr.br/relatorioseapresentacoes/relatorios/pnq2015/rg2015.html

Figura 10: Quantidade de Acidentes da Empresa “A” em 2014

Para os indicadores Acidentes Fatais e Graves para funcionários

próprios a empresa “A” foi líder do seu setor de atuação e o referencial de

excelência. Mas, nem sempre foi assim.

32

3.2. Aplicando o PDCA

Como ponto de partida a empresa “A” a partir de 2005 realizou o mapeamento

dos setores e locais da empresa que apresentam riscos a segurança do

trabalhador. Este mapeamento está representado no Mapa de Riscos exposto

em todas as suas instalações (sedes administrativas, pólos operacionais,

subestações).

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 11: Foto do Mapa de Riscos da Empresa “A”

Em seguida realizou o levantamento das causas dos acidentes de trabalho

ocorridos entre os anos de 2005 e 2009 entre seus funcionários (próprios e

terceirizados).

33

Fonte: Elaborado pela autora com base em informações da CIPA da Empresa “A”

Figura 12: Causas de Acidentes da Empresa “A” entre 2005 e 2009

A partir do levantamento das causas, elaborou planos de ação para

tratamento de cada causa de acidente de trabalho. Estes planos de ação

continham ações, tanto para os funcionários nos níveis mais baixos da

operação, como também para os níveis mais altos da hierarquia. Além disso,

muitas das ações eram voltadas para treinamento e comprometimento de todos

os níveis. O funcionário que não conhece o seu trabalho, não sabe como

realizar as suas tarefas, não entende onde o seu trabalho impacta em toda a

organização e não se sente envolvido e parte da mesma, não terá o

comprometimento necessário e que as empresas buscam para as atividades

do dia a dia.

34

O QUE? QUANDO? QUEM? ONDE? POR QUE? COMO?QUANTO CUSTA?

Implantar programa Principios do Saber Viver

30/07/2009 RHEmpresa

A

Para conscientizar toda a força de trabalho sobre a importancia da segurança

Definindo os principios; Disseminando em oficinas

N/D

Implantar Programa Bem Viver

30/03/2010 RHEmpresa

AMostrar boas práticas de saúde

Através de práticas esportivas, academia nas dependencias, estimulo a circuitos de corridas, implantação da cantina saudável, disponibilização de médicos e nutricionistas na sede da empresa, campanhas de voluntariado em azilos, creches, etc

N/D

Ginástica Laboral 30/06/2010 RHEmpresa

APrevenção de acidentes

Contratação de Professor de Educação Física para aplicar alguns exercicios em ginástica laboral

N/D

Estruturação da CIPA 30/01/2009 RHEmpresa

APrevenção de acidentes votação da CIPA N/D

Criar brigada de incêndio 30/01/2009 RHEmpresa

APrevenção de acidentes

treinar alguns funcionários para atuar em caso de incêndio

N/D

Aplicar simulações de incêndio

30/01/2009 BombeirosEmpresa

APrevenção de acidentes

palestras do corpo de bombeiros em conjunto com evacuação do predio

N/D

Criar pesquisa de clima interno

30/06/2011 RHEmpresa

A

Para ter uma percepção de como a empresa está e onde ainda é preciso atuar

aplicando questionario da pesquisa a todos os funcionários

N/D

Participar de pesquisas de clima externas

30/06/2011 EMPRESA A

Exame e Great

Place to Work

Para ter uma percepção de como a empresa está e onde ainda é preciso atuar

aplicando questionario da pesquisa a todos os funcionários

N/D

Aplicar DDS 30/08/2009Áreas

Operacionais

Áreas Operacio

naisPrevenção de acidentes

através de palestras rápidas sobre segurança

N/D

Implantar circuito de moto 30/08/2015Áreas

Operacionais

Áreas Operacio

naisPrevenção de acidentes

antes de sair preparar circuito de moto para verificar condições do funcionário

N/D

Preparar café da manhã 30/01/2011Áreas

Operacionais

Áreas Operacio

naisPrevenção de acidentes

Antes de sair disponibilizar café da manhã aos funcionários

N/D

Implantar programa de criatividade e inovação (Inspire)

30/01/2012 RHEmpresa

A

Para motivar, desenvolver o funcionário e agregar valor para a empresa

Programa Inspire para cadastro de ideias N/D

Implantar programa de Reconhecimento por produtividade

30/05/2013 RHEmpresa

APara motivar o funcionário Eficiencia Premiada N/D

Implantar programa de reconhecimento por mérito

30/05/2013 RHEmpresa

APara motivar o funcionário Ações inesperadas N/D

Desenvolver PDI (Plano de Desenvolvimento Individual)

30/03/2013 RHEmpresa

APara desenvolver o funcionário

Através de treinamentos especificos N/D

Fonte: Elaborado pela autora com base em informações do RH da Empresa “A”

Figura 13: Plano de Ação adotado na Empresa “A”

No plano de ação apresentado, não foi divulgado o custo de cada ação,

mas todas cabiam no plano orçamentário anual da empresa. A seguir, algumas

práticas adotadas a partir de 2009/2010 advindas do plano de ação elaborado

do levantamento de causas dos acidentes de trabalho da empresa “A”.

3.3. Boas Práticas de Prevenção de Acidentes - Empresa “A”

35

Princípios do Saber Viver - Aplicado a toda força de trabalho

(próprios e terceirizados) desde 2009. Utiliza oficinas e dinâmicas de

grupo com exemplos práticos voltados à divulgação e entendimento

dos valores e princípios do grupo. Foram definidos 12 princípios

ligados a segurança do trabalho. Abaixo citaremos alguns.

1. Coloque a vida sempre em primeiro lugar e busque estar o

tempo todo em seu melhor estado;

2. Busque a perfeição em tudo o que fizer e seja um profissional

de respeito e que respeita os outros e se respeita;

3. Cuide de todos ao seu redor como alguém que ama e cuida

da própria família;

4. Tenha em mente o tempo todo que você é o maior

responsável pela integridade das pessoas ao seu redor;

5. Exerça e respeite o direito de recusa sempre que necessário;

6. Lembre-se que o fator humano está presente em qualquer

trabalho, por mais técnico que seja;

Bem Viver – Programa com diversas ações voltadas a ajudar a

promover o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Focado na

promoção do bem estar físico e mental e na integração dos

colaboradores por meio de ações diversificadas, como atividades

esportivas, palestras, atendimentos de saúde e eventos

comemorativos. O Bem Viver está estruturado em cinco pilares:

família, cidadania, esporte, saúde e cultura.

Ginástica Laboral - a cada 15 dias por todos os andares do prédio

percorre um profissional de educação física para realizar exercícios

juntos aos colaboradores exercícios laborais, prevenindo doenças

como a LER.

CIPA - Comissão Interna de Prevenção de Acidentes responsável

por coordenar todas as ações voltadas para prevenção dos

acidentes. A divulgação e disseminação de ações e valores quanto a

segurança também são de sua responsabilidade. Por todos os

lugares das instalações podemos encontrar cartazes, folders,

36

ilustrações que mostram o quanto a segurança se faz presente e

deve ser sempre monitorada.

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 14: Foto de Lembretes sobre Segurança na Empresa “A”

Bragada de incêndio – funcionários do grupo de diversas áreas

voluntariamente são treinados como brigadistas.

Simulação de incêndio – periodicamente são realizados exercícios

de simulação de incêndio, onde todos os funcionários, orientados

pelos brigadistas são orientados a evacuarem o prédio pelas rotas

de fuga.

Pesquisas de Clima internas e externas (por exemplo: Great Place to

Work e Exame) onde um dos pilares é a Segurança.

DDS - Diálogo Diário de Segurança, realizado diariamente pelas

áreas operacionais, disseminando as práticas adequadas, além de

refletir sobre as falhas realizadas no trabalho que ocasionaram ou

poderiam ocasionar algum acidente de trabalho.

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 15: Foto de Diálogo Diário de Segurança na Empresa “A”

Circuito moto – ação advinda de um benchmarking realizado em

2015. Antes que a força de trabalho de uma área se dirigisse para

37

realizar as suas atividades na rua, pela manhã todos realizam uma

prática de condução: Uma mini-pista é montada com alguns cones,

para que todos os motociclistas executassem algumas manobras

antes de sair. Somente com a sua aprovação neste circuito, eles

estão liberados para seguirem para rua. Caso seja detectado que o

colaborador não tem condições de dirigir, o mesmo é retido no pólo

operacional e o seu serviço redistribuído para os demais

colaboradores.

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 16: Foto de Circuito de Moto na Empresa “A”

Café da manhã – Como o horário de chegada aos pólos

operacionais é bem cedo (por volta de 7:00hs) e muitos

colaboradores moram distantes do pólo em que trabalham, e para

evitar que estes colaboradores saiam para a rua sem que estejam

bem alimentados e dispostos, pela manhã os pólos operacionais

dispõem de um café da manhã com pão com manteiga e café com

leite. Esta é uma simples ação, que não possui um custo muito

elevado, mas que pode evitar acidente, evitando, por exemplo, uma

possível sonolência normal pela manhã.

Inspire - Tem como objetivo promover melhorias nos processos ou

nas atividades já executadas, assim como a criação de novos fluxos,

procedimentos e até mesmo de ferramentas de trabalho. Diversas

idéias relacionadas a prevenção de acidentes já foram cadastradas,

aprovadas e implantadas através do Programa Inspire. Muitas

destas idéias chegam a trazer também economia na ordem de

milhões de reais. As equipes premiadas no programa Inspire são

reconhecidas durante reunião de coordenação realizada no auditório

38

do prédio sede e cada equipe reconhecida, de acordo com o

benefício trazido pela idéia recebe um valor em dinheiro a ser

dividido entre os mesmos.

A cultura de segurança entre os funcionários está tão presente que

oportunamente acontecem algumas ações involuntárias por parte de

funcionários do grupo. Por exemplo, uma equipe, logo pela manhã,

estava em uma estrada, para realizar o seu serviço como todos os

dias. Chovia muito, quando no meio do caminho se deparou com um

carro que parecia ter acabado de ter capotado. A equipe não pensou

duas vezes e ao invés de continuar o seu trajeto, parou a viatura e

foi prestar socorro aos possíveis sobreviventes do acidente.

Perceberam que era um casal com uma criança que estava na

cadeirinha. Todos ainda estavam com vida, mas bastante

acidentados. A equipe então, avisou aos seus supervisores que

estariam interrompendo a viagem para prestar socorro e

imediatamente colocaram os três passageiros na viatura e os

levaram até o hospital mais próximo. Infelizmente a mulher, veio a

falecer, mas duas vidas foram salvas. Esta ação da dupla de

funcionários não está escrita em nenhum procedimento e não é

exigida por nenhum representante da alta direção da empresa “A”,

mas é um grande exemplo do terceiro e o décimo segundo princípios

do programa Saber Viver, e nos mostra que a cultura da segurança

já faz parte de cada funcionário, seja com um funcionário próprio ou

com qualquer outra pessoa ao seu redor.

“(...) 3º Princípio: Cuide de todos ao seu redor como alguém que

ama e cuida da própria família;

12º Princípio: Assuma responsabilidade pelo todo. Não fique

preso apenas às tarefas que são atribuídas a você.”

Esta situação, assim como muitas outras não são tão raras de

acontecer. Por este motivo, foi criado em 2015 mais uma forma de

reconhecimento a estas ações que não estão previstas. Certamente

a equipe nem imaginou que com o ato que tiveram ganhariam algum

tipo de reconhecimento, mas ações como esta são cada vez mais

39

reconhecidas pelas empresas. Este acontecimento, no caso da

empresa “A” foi exposto durante reunião de resultados onde toda a

força de trabalho é convocada e a dupla recebeu uma placa de

reconhecimento e um vale presente no valor de R$1000,00 para

cada funcionário.

Eficiência premiada - reconhece monetariamente os melhores

resultados individualizados, mensalmente. A comunicação dos

premiados acontece mensalmente na reunião de resultados, com a

participação de toda organização. Este programa envolve tanto

funcionários próprios, quanto os parceiros e em atividades

administrativas e de campo. No caso das atividades de campo, além

da produtividade os parceiros necessitam realizar as tarefas

seguindo os procedimentos de segurança. Como as atividades são

todas monitoradas por câmeras, é possível verificar se realmente

foram executadas conforme os procedimentos.

Bola cheia e bola murcha do mês – além dos funcionários destaques

do mês reconhecido pelo programa Eficiência Premiado, também

são escolhidos o funcionários Bola Cheia e Bola Murcha do mês,

assim como no programa Fantástico da TV Globo. Das as atividades

de campo monitoradas no mês escolhe-se uma equipe que sempre

executaram suas atividades corretamente e com segurança para ser

o Bola Cheia e também uma equipe que teria cometido no mês

alguma infração/não conformidade segundo os procedimentos. Na

reunião de resultados são exibidos os vídeos com comentários

explicando porque da escolha de cada. As equipes selecionadas não

são identificadas nos vídeos. A intenção é mostrar que é possível

realizar as atividades de campo com qualidade e segurança. E caso

isso não ocorra, o risco que estaria correndo. A equipe bola murcha

do mês, conforme o grau de infração é encaminhada a novos

treinamentos de reciclagem ou até mesmo uma demissão

dependendo do ato cometido.

Churrasco de 100 dias sem acidentes – toda área que possui

atividades de campo, caso completem 100 dias consecutivos sem

40

qualquer tipo de acidente é premiada com um churrasco para todos

da área, integralmente pago pela empresa “A”.

TV um ano sem acidentes – toda área que possui atividades de

campo, que além de conseguir cumprir 100 dias, conseguiu cumprir

um ano sem qualquer tipo de acidente ganha uma TV de 50

polegadas para ser sorteada dentre os membros desta área. Esta

TV é dada a cada 365 dias sem acidentes na área. Ou seja, se a

mesma área conseguir completar outros 365 dias sem acidentes

novamente é premiada com a TV.

Fonte: Elaborado pela autora

Figura 17: Foto de Equipes com mais de um ano sem acidentes

Cada área também possui autonomia para mapear como devem

ser realizados os treinamentos conforme os procedimentos de

suas atividades. Sendo identificada a necessidade de algum

treinamento específico (como por exemplo Direção Defensiva,

NR-010, NR-005), é verificado junto ao RH, datas, orçamento,

consultoria.

Outras ações de treinamento que também envolvem o RH são os

treinamentos mapeados no PDI (Plano de Desenvolvimento

Individual) de cada funcionário. Anualmente os colaboradores

passam por alguns treinamentos conforme as suas atribuições e

necessidades de aprimoramentos e oportunidades identificadas.

A partir da implantação das práticas mencionadas a empresa “A” dia

após dia foi reduzindo o numero de acidentes de trabalho ocorridos com seus

próprios funcionários e com funcionários terceirizados, chegando em 2014 a

41

ser reconhecida como líder no seu setor de atuação quando se trata de

acidentes fatais e graves com funcionários próprios. Abaixo o gráfico de Pareto

com as causas dos acidentes entre 2010 e 2014.

Fonte: Elaborado pela autora com informações da CIPA da Empresa “A”

Figura 18: Gráfico de Pareto na Empresa “A” entre 2010 e 2014

É possível perceber quando comparado com o mesmo gráfico de Pareto

entre 2005 e 2009 que muitas das causas de acidentes foram extintas e as

outras que ainda ocorrem diminuíram consideravelmente. A busca por zero

acidentes é um trabalho contínuo e a Gestão da Rotina é uma metodologia que

pode nos ajudar a alcançar esta meta. Todos os dias, se faz necessário

reforçar a cultura de segurança e o papel de cada um para promover a

segurança e saúde ocupacional de todos de uma organização.

42

CONCLUSÃO

O presente trabalho buscou apresentar como pode-se utilizar da

metodologia da Gestão da Rotina para prevenir a ocorrência de acidentes de

trabalho e garantir a saúde ocupacional do trabalhador. Para tanto foi

apresentado por meio de um estudo de caso de uma empresa “A” do setor de

energia do estado da região sudeste.

No Capítulo 1 definiu-se o que é acidente de trabalho e as suas

principais causas.

No Capítulo 2 mostrou-se em linhas gerais quanto custa a

ocorrência de um acidente, os setores que mais ocorrem acidentes e porque os

empregados terceirizados são os mais atingidos. A partir de então, como se

utilizar da Gestão da Rotina para realizar a gestão e controle dos acidentes de

trabalho em uma organização.

E, finalmente no Capítulo 3, apresentou-se a empresa estudada, a

análise de seus números de acidentes antes e depois da aplicação da

metodologia da Gestão da Rotina (aplicação do ciclo do PDCA, Gráfico de

Pareto, 5W2H) e a implantação de boas práticas de gestão, verificando-se uma

redução significativa do número de acidentes com seus colaboradores próprios

e terceirizados.

43

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São Paulo: 06 jul. 2015. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-

e-cidadania/especiais/acidentes-de-trabalho-no-brasil/perdas-humanas-em-

cifras-bilionarias.jpp>. Acesso em: 09 jan. 2016.

______________. O Brasil nas mãos de terceiros. Parte 3. São Paulo: 07 jul.

2015. Disponível em: <http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-

cidadania/especiais/acidentes-de-trabalho-no-brasil/terceirizados-e-mais-

vulneraveis.jpp>. Acesso em: 09 jan. 2016.

MORONTE, E. Andrade. Setor de saúde lidera ranking de perigos. São

Paulo: 05 jul. 2015. Entrevista concedida a Gazeta do Povo. Disponível em:

<http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/especiais/acidentes-de-

trabalho-no-brasil/index.jpp>. Acesso em: 09 jan. 2016.

NETO, Nestor W. Causas de Acidente de Trabalho – DDS. São Paulo, 2011.

Disponível em: < http://segurancadotrabalhonwn.com/causas-de-acidente-de-

trabalho-dds/>. Acesso em: 09 jan. 2016.

46

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02 AGRADECIMENTOS 03 DEDICATÓRIA 04 RESUMO 05 METODOLOGIA 06 SUMÁRIO 07 INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I CAUSAS FUNDAMENTAIS DOS ACIDENTES DE TRABALHO 10

1.1. Um Breve Histórico 10 1.2. O Conceito de Acidente 13 1.3. Causas Fundamentais dos Acidentes de Trabalho 14 CAPÍTULO II PLANO DE AÇÃO PARA PREVENÇÃO DE ACIDENTES E MELHORIA DA SAÚDE OCUPACIONAL 17 2.1. Quanto custa um acidente no Brasil? 17 2.2. Onde ocorrem mais acidentes? 19 2.3. Falta Prevenção 20 2.4. Acidentes com Terceirizados 21 2.5. A Qualidade e a Segurança do Trabalhador 22

2.5.1. O PDCA 22 2.5.1.1. PLAN - Planejar é importante 23 2.5.1.2. DO - É hora de executar 28 2.5.1.3. CHECK - Verificando e Comparando 28 2.5.1.4. ACT – Corrigindo 29

CAPÍTULO III A CULTURA DA SEGURANÇA POR MEIO DA GESTÃO DA ROTINA 30 3.1. Estudo de Caso – Empresa Setor Elétrico 30 3.2. Aplicando o PDCA 32 3.3. Boas Práticas de Prevenção de Acidentes – Empresa “A” 34 CONCLUSÃO 42 BIBLIOGRAFIA 43 WEBGRAFIA 45

47

ÍNDICE 46 ÍNDICE DE FIGURAS 48 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS 49

48

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Número de Acidentes e Mortes entre 2007 e 2013 17

Figura 2 – Gastos com acidentes (2007 a 2013) e por Estado (2013) 18

Figura 3 – Atividades mais Perigosas em 2013 20

Figura 4 – Acidentes com Terceirizados 22

Figura 5 – Ciclo do PDCA 23

Figura 6 – Exemplo de Mapa de Riscos 24

Figura 7 – Exemplo de Gráfico de Pareto 26

Figura 8 – Diagrama de Causa e Efeito (ou Espinha de Peixe) 26

Figura 9 – Plano de Ação 5W2H 28

Figura 10 – Quantidade de Acidentes da Empresa “A” em 2014 31

Figura 11 – Foto do Mapa de Riscos da Empresa “A” 32

Figura 12 – Causas de Acidentes da Empresa “A” entre 2005 e 2009 33

Figura 13 – Plano de Ação adotado na Empresa “A” 34

Figura 14 – Foto de Lembretes sobre Segurança na Empresa “A” 36

Figura 15 – Foto de Diálogo Diário de Segurança na Empresa “A” 36

Figura 16 – Foto de Circuito de Moto na Empresa “A” 37

Figura 17 – Foto de Equipes com mais de um no sem acidentes 40

Figura 18 – Gráfico de Pareto na Empresa “A” entre 2010 e 2014 41

49

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas.

CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidente.

DDS Diálogo Diário de Segurança.

EPI Equipamento de Proteção Individual.

INSS Instituto Nacional de Seguro Social.

LER Lesão por Esforço Repetitivo.

NBR Norma Brasileira aprovada pela ABNT.

NR-005 Norma Regulamentadora 5 – Comissão Interna de Prevenção de

Acidentes (CIPA).

NR-010 Norma Regulamentadora 10 – Segurança em Instalações e

Serviços em Eletricidade.

PDCA Ferramenta da qualidade no controle do processo. Apresenta

quatro fases: P (Plan), D (Do), C (Check) e A (Act).

PDI Plano de Desenvolvimento Individual.

RH Recursos Humanos.

SST Segurança e Saúde do Trabalho.

5W2H Ferramenta administrativa a fim de registrar de maneira organizada

e planejada como serão efetuadas as ações, assim como por

quem, quando, onde, por que, como e quanto irá custar.