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Documento do Banco Mundial SOMENTE PARA USO OFICIAL Relatório nº 62267-BR BANCO INTERNACIONAL PARA RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DOCUMENTO DE PROGRAMA SOBRE EMPRÉSTIMO PROPOSTO NO MONTANTE DE US$ 450 MILHÕES AO ESTADO DE MINAS GERAIS COM A GARANTIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL PARA O TERCEIRO PROGRAMA DE PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DE MINAS GERAIS EMPRÉSTIMO PARA POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO (DPL) 25 de junho de 2012 Grupo do Setor Público Unidade de Redução da Pobreza e Gestão Econômica Unidade de Gestão Nacional - Brasil Região da América Latina e o Caribe O presente documento é de distribuição restrita e só pode ser usado por quem o receber no desempenho de suas funções oficiais. O seu conteúdo não pode ser divulgado sem a autorização do Banco Mundial. Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized Public Disclosure Authorized

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Documento do

Banco Mundial

SOMENTE PARA USO OFICIAL

Relatório nº 62267-BR

BANCO INTERNACIONAL PARA RECONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO

DOCUMENTO DE PROGRAMA

SOBRE EMPRÉSTIMO PROPOSTO

NO MONTANTE DE US$ 450 MILHÕES

AO ESTADO DE MINAS GERAIS

COM A GARANTIA DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL

PARA O

TERCEIRO PROGRAMA DE PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO

ESTADO DE MINAS GERAIS

EMPRÉSTIMO PARA POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO (DPL)

25 de junho de 2012

Grupo do Setor Público

Unidade de Redução da Pobreza e Gestão Econômica

Unidade de Gestão Nacional - Brasil

Região da América Latina e o Caribe

O presente documento é de distribuição restrita e só pode ser usado por quem o receber no desempenho de suas

funções oficiais. O seu conteúdo não pode ser divulgado sem a autorização do Banco Mundial.

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EXERCÍCIO FISCAL DO GOVERNO DO BRASIL

1º de janeiro a 31 de dezembro

EQUIVALÊNCIA MONETÁRIA

(Taxa de câmbio em 30 de abril de 2012)

Unidade monetária Real (R$) US$ 1,00 R$ 1,91

Pesos e medidas Sistema métrico

SIGLAS E ABREVIAÇÕES

AFD Agência Francesa de Desenvolvimento French Development Agency AGEI Assessorias de Gestão Estratégica e

Inovação Strategic Management and Innovation

Advisory Units ARMBH Agência de Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Belo Horizonte Agency of the Metropolitan Region of Belo

Horizonte BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento

Econômico e Social National Bank of Economic and Social

Development BsM Brasil Sem Miséria Brazil Without Extreme Poverty CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais Energy Company of Minas Gerais CGT Comissão de Gestão Territorial Territorial Management Commission COPASA Companhia de Saneamento de Minas Gerais Minas Gerais Sanitation Company CPS Estratégia de Parceria com o País Country Partnership Strategy CRAS Centros de Referência de Assistência Social Social Assistance Reference Centers CRC Conta de Resultados a Compensar Compensation Account DPL Empréstimo para Políticas de

Desenvolvimento Development Policy Loan

FDI Investimento Estrangeiro Direto Foreign Direct Investment FEAM Fundação Estadual do Meio Ambiente State Environment Foundation FEM Fundo de Erradicação da Miséria Fund for the Eradication of Extreme

Poverty FPE Fundo de Participação dos Estados State Participation Fund LRF Lei de Responsabilidade Fiscal Fiscal Responsibility Law FPE Fundo de Participação dos Estados States Participation Fund FUNDEB Fundo de Manutenção e Desenvolvimento

da Educação Básica Fund for Maintenance and Development of

Basic Education AF Ano Fiscal Fiscal year PIB Produto Interno Bruto Gross Domestic Product GERAES Gestão Estratégica de Recursos e Ações do

Estado Strategic Management of State Resources

and Actions GEE Gás de Efeito Estufa Green House Gas GoMG Governo de Minas Gerais Government of Minas Gerais IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística Brazilian Institute of Geography and

Statistics IBRD Banco Internacional para Reconstrução e

Desenvolvimento International Bank for Reconstruction and

Development ICMS Imposto sobre Operações relativas à

Circulação de Mercadorias e sobre

Prestações de Serviços de Transporte

State Value Added Tax

ii

Interestadual e Intermunicipal e de

Comunicação IEF Instituto Estadual de Florestas State Forest Institute IEG Grupo Independente de Avaliação Independent Evaluation Group

IGAM Instituto Mineiro de Gestão das Águas State Institute for Water Management IGP-DI Índice Geral de Preços Disponibilidade

Interna General Price Index

IGD-M Índice de Gestão Descentralizada Municipal Index of Decentralized Municipal

Management INPC Índice Nacional de Preços ao Consumidor National Consumer Inflation Index IMF Fundo Monetário Internacional International Monetary Fund IPCA Índice de Preços ao Consumidor Consumer price inflation IPI Imposto Sobre Produtos Industrializados Tax on Industrial Goods LDO Lei de Diretrizes Orçamentárias Budget Guidelines Law LIBOR Taxa Interbancária London Interbank Offered Rate LOA Lei de Orçamento Anual Annual Budget Law RCL Receita Corrente Líquida Net Current Revenue ONG Organização Não Governamental Non Governmental Organization RLR Receita Líquida Real Net Real Revenue OECD Organização para a Cooperação e

Desenvolvimento Econômico Organization for Economic Co-operation

and Development PAF Programa de Reestruturação e Ajuste Fiscal Fiscal Adjustment Program PDDI Plano Diretor de Desenvolvimento

Integrado da Região Metropolitana de Belo

Horizonte

Integrated Regional Development Master

Plan for the Metropolitan Region of Belo

Horizonte PEFA Método de despesa pública e

responsabilidade financeira Public Expenditure and Financial

Accountability PISA Programa Internacional de Avaliação de

Alunos Programme for International Student

Assessment PIP Programa de Intervenção Pedagógica Pedagogical Intervention Program PMDI Plano Mineiro de Desenvolvimento

Integrado

Minas Gerais Integrated Development Plan

PPA Plano Plurianual Multi-year Plan PPP Parcerias Público-Privadas Public-Private Partnerships PROEB Programa de Avaliação da Rede Pública de

Educação Básica Evaluation Program of the Public Basic

Education Network RMBH Região Metropolitana de Belo Horizonte Metropolitan Region of Belo Horizonte SEDESE Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Social State Secretariat of Social Development

SEDRU Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Regional e Política Urbana State Secretariat for Regional Development

and Urban Policy SEE Secretaria de Estado de Educação State Secretariat of Education SEGEM

Secretaria Extraordinária de Gestão

Metropolitana Secretariat for Metropolitan Governance

SEMAD Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável State Secretariat of Environment and

Sustainable Development SEPLAG Secretaria de Estado de Planejamento e

Gestão State Secretariat of Planning and

Management SIAFI-MG Sistema Integrado de Administração

Financeira Integrated System of Financial

Management SRE Subsecretaria da Receita Estadual State Revenue Under-Secretariat SUAS Sistema Único de Assistência Social Single System of Social Assistance

iii

SWAP Abordagem Setorial Ampla Sector Wide Approach IVA Imposto de Valor Agregado Value Added Tax

Vice-Presidente: Diretor de País:

Diretor de Setor: Gerente de Setor:

Líder de Setor Líderes do Grupo de Trabalho:

Hasan A. Tuluy Deborah L. Wetzel Rodrigo A. Chaves Arturo Herrera Gutierrez Pablo Fajnzylber Roland Clarke Tarsila Velloso

iv

BRASIL

TERCEIRO PROGRAMA DE PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO

DO ESTADO DE MINAS GERAIS (DPL)

ÍNDICE

I. INTRODUÇÃO 1

II. CONTEXTO NACIONAL E ESTADUAL 2

A. ACONTECIMENTOS ECONÔMICOS RECENTES NO BRASIL 2 B. PANORAMA MACROECONÔMICO 7 C. ESTRUTURA E DESEMPENHO RECENTE DA ECONOMIA DE MINAS GERAIS 11 D. REFORMAS NO SETOR PÚBLICO EM MINAS GERAIS 11 E. FINANÇAS PÚBLICAS EM MINAS GERAIS 13

III. PROGRAMA DO GOVERNO E PROCESSOS PARTICIPATIVOS 22

IV. APOIO DO BANCO AO PROGRAMA DO GOVERNO 27

A. RELAÇÃO COM A CPS 27 B. COLABORAÇÃO COM O FMI E OUTROS DOADORES 28 C. RELAÇÃO COM OUTRAS OPERAÇÕES DO BANCO 29 D. LIÇÕES APRENDIDAS 31 E. FUNDAMENTOS ANALÍTICOS 32

34

A. DESCRIÇÃO DA OPERAÇÃO 34 B. ÁREAS DE RESULTADOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS 38

VI. IMPLEMENTAÇÃO DA OPERAÇÃO 51

A. POBREZA E IMPACTOS SOCIAIS 51 B. ASPECTOS AMBIENTAIS 55 C. IMPLEMENTAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO 56 D. ASPECTOS FIDUCIÁRIOS 56 E. DESEMBOLSO E AUDITORIA 57 F. RISCOS E MITIGAÇÃO DE RISCOS 58

ANEXOS

ANEXO 1: CARTA SOBRE A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO 60

ANEXO 2: MATRIZ DE POLÍTICAS E INDICADORES DE RESULTADOS 93

ANEXO 3: PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS NA ÁREA DE GESTÃO DO SETOR PÚBLICO 101

ANEXO 4: MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO CIDADÃ 106

ANEXO 5: PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS EM MATERIA DE PROTEÇÃO SOCIAL 108

ANEXO 6: PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS NO SETOR DA EDUCAÇÃO 110

ANEXO 7: PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS EM GESTÃO AMBIENTAL 113

ANEXO 8: PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS PARA A GOVERNANÇA METROPOLITANA 117

ANEXO 9: ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE DA DÍVIDA 119

ANEXO 10: O PAÍS EM REVISTA 136

A operação DPL Terceira Parceria para o Desenvolvimento de Minas Gerais foi elaborada pela seguinte equipe do

BIRD: Roland Clarke, Tarsila Velloso, Pablo Fajnzylber, Patricia Miranda, Rafael Barroso, Gianfranco Bertozzi,

Miguel Navarro, Miguel-Santiago Oliviera, Barbara Bruns, Leandro Costa, Fanny Weiner, Anna Fruttero, Tiago

Peixoto, Garo Batmanian, Barbara Farinelli, Augusto Mendonça, Alberto Costa, Joseph Kizito, Rogerio Santarosa,

José Manuel Rodríguez, Alessandra Campanaro, Flavia Nahmias, Angela Nieves Porto, Tatianna Schlottfeldt,

Patricia Mendez, Rocio Manrique e Ana Mie Horigoshi Reis.

v

vi

BRASIL

TERCEIRO PROGRAMA DE PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO

DO ESTADO DE MINAS GERAIS (DPL)

RESUMO DO EMPRÉSTIMO E DO PROGRAMA

Mutuário Estado de Minas Gerais

Órgão

implementador

Secretaria de Planejamento e Gestão

Informações sobre

o empréstimo

Empréstimo no valor de US 450 milhões com a garantia da República Federativa do

Brasil.

Tipo de Operação Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento (DPL) em uma única parcela

Principais áreas de

políticas públicas

A operação proposta apoiará reformas políticas em quatro grandes áreas:

Fortalecimento da gestão pública e orçamentária

Inclusão social (contemplando educação)

Gestão ambiental

Governança metropolitana

Principais

indicadores de

resultados

Uma gestão eficaz e descentralizada de programas estratégicos baseada em

resultados

Maior número de programas estratégicos com índice de execução acima de 85%

Maior transparência e credibilidade na execução orçamentária

Redução de 50% do número de itens do orçamento que impliquem gastos acima da

dotação orçamentária anual

Ampliação das avaliações de procedimentos de programas do Governo de 0,79% para

9,12%

Maior participação da sociedade na identificação das prioridades regionais

Outros cinco “cadernos de prioridades estratégicas regionais” publicados,

identificando as prioridades regionais para mais cinco regiões do Estado, produzidos

por meio de consultas formais

Melhor prestação de serviços de assistência social, cofinanciado pelo Estado, através

do Piso Mineiro

A parcela de municípios que recebem cofinanciamento do Estado para a prestação de

serviços sociais aumentou de 25% para 70%

Redução de 50% no número de municípios com IGD-M abaixo de 0,55.

Fortalecimento da gestão e da qualidade do ensino

Aumento do número de estudantes que atingiram níveis de aprendizado adequados ou

superiores no PROEB.

Redução de 80% dos informativos de alteração de servidores da educação que

aguardam inclusão no SISAP-MG.

Melhorar a qualidade da gestão ambiental

100% dos empreendimentos comerciais irregulares são monitoradas após serem

identificados por Operação Especial de Fiscalização, para assegurar que as medidas

de mitigação estejam sendo implementadas.

São estabelecidos pelo menos 108.474 hectares de novas florestas plantadas para

produzir carvão vegetal.

Fortalecer a governança na Região Metropolitana de Belo Horizonte

Realização de reuniões periódicas (pelo menos uma a cada 60 dias) da Comissão de

Gestão Territorial da Região Metropolitana de Belo Horizonte

Redução de 27,52 para 23 dias do tempo de espera médio de análise de pedidos de

autorização prévia para parcelamento do solo na RMBH.

Objetivo(s) de

Desenvolvimento

do Programa e sua

contribuição para a

CPS

A operação proposta tem por objetivo auxiliar o Governo de Minas Gerais no

aprofundamento do seu modelo de gestão inovador e no fortalecimento da sua gestão

orçamentária e das políticas setoriais nas áreas de inclusão social, gestão ambiental e

governança metropolitana. Esta parceria entre o Estado de Minas Gerais e o Grupo Banco

Mundial se caracteriza pelo envolvimento e apoio a longo prazo deste às abordagens

inovadoras em matéria de reformas, consideradas um modelo a ser seguido por outros

vii

estados. A operação proposta está plenamente alinhada e estreitamente relacionada com os

objetivos da CPS. Esta operação é um dos vários Empréstimos para Políticas de

Desenvolvimento (DPL) e das várias Abordagens Multissetoriais (SWAp) subnacionais

concebidas para reforçar a disciplina fiscal, a gestão das finanças públicas e a prestação de

serviços públicos como parte da Estratégia de Parceria de País do Banco Mundial no

Brasil. Ao focar um estado como Minas Gerais, um dos maiores e mais importantes do

ponto de vista econômico, a operação abrangerá todos os quatro pilares da CPS. As

medidas de políticas públicas apoiadas pelo empréstimo estão alinhadas com os objetivos

da CPS de (i) aumentar a eficiência dos investimentos públicos e privados; (ii) melhorar a

qualidade dos serviços públicos oferecidos às famílias de baixa renda; (iii) promover o

desenvolvimento econômico regional; e (iv) melhorar o manejo sustentável dos recursos

naturais e a resiliência ao clima.

Riscos e mitigação

de riscos

Riscos econômicos e fiscais: O Estado de Minas Gerais está consideravelmente exposto à

situação econômica mundial e macroeconômica nacional. Uma desaceleração global de

grandes proporções, que afete particularmente a China (e os preços das commodities),

poderia ter um impacto no setor de mineração e em outras indústrias voltadas para a

exportação, bem como nas receitas do Estado, especialmente em decorrência da queda no

recolhimento do ICMS. De igual forma, uma redução na taxa de crescimento da economia

brasileira resultado de choques nas políticas macroeconômicas de outros países ou do

próprio Brasil pode afetar Minas Gerais. No entanto, esse risco é mitigado pela forte

arrecadação e por ganhos de eficiencia na administração fiscal, assim como pela

capacidade do Estado de se recuperar rapidamente de outras desacelerações e seu bom

histórico econômico ao longo dos últimos nove anos. Além desses riscos fiscais, há

aqueles associados a pressão nacional sobre os gastos com os servidores, incluindo a

possibilidade de novos pisos salariais instituídos por lei para certas categorias do

funcionalismo público. Mas o Governo já mostrou a sua capacidade de administrar essas

pressões no passado, tendo inclusive implementado algumas das reformas apoiadas por

esta operação.

Risco político e institucional: O principal risco político e institucional no Estado de

Minas Gerais é que a implementação da agenda de reformas depende de um número

relativamente pequeno de autoridades, entre as quais o Governador e os principais

Secretários Estaduais. O sucesso de vários componentes do programa de reformas

depende particularmente do comprometimento das Secretarias de Governo. Como

exemplos podemos citar a estratégia de descentralização e a implementação de medidas de

proteção social e de processos de participação popular. A substituição de um número

significativo de autoridades públicas poderia enfraquecer as ações de reforma. Esse risco é

mitigado pela estabilidade da equipe do alto escalão da administração ao longo dos

últimos nove anos, o que permitiu que fosse construída uma forte base de apoio para as

estratégias do Governo do Estado. Ademais, as principais autoridades vêm trabalhando

com o Governador há muito tempo e é pouco provável que deixem seus cargos. Embora

exista a possibilidade de que o programa venha a enfrentar obstáculos internos, estes

provavelmente seriam localizados e, portanto, mais fáceis de solucionar pela forte “cúpula

do governo”. A contratação de um grande número de gestores públicos formados pela

Escola Nacional de Administração Pública (recrutados como “Empreendedores

Públicos”), que vem se disseminando pela administração pública, também facilita na

adesão pelas secretarias de governo, uma vez que estes servidores estão mais em sintonia

com as modernas práticas de gestão pública. Os riscos enfrentados pelo programa de

reformas também serão mitigados graças ao apoio contínuo do Banco Mundial.

Código da

Operação

P121590

1

DOCUMENTO DE PROGRAMA DO BIRD PARA A

PROPOSTA DA TERCEIRA PARCERIA PARA O DESENVOLVIMENTO DO

ESTADO DE MINAS GERAIS - EMPRÉSTIMO PARA

POLÍTICAS DE DESENVOLVIMENTO

AO ESTADO DE MINAS GERAIS

I. INTRODUÇÃO

1. Este documento de programa apresenta uma proposta de Empréstimo para

Políticas de Desenvolvimento (DPL) no valor de US$ 450 milhões para o Estado de

Minas Gerais. O DPL foi concebido com a finalidade de apoiar o Governo de Minas Gerais

(GoMG) nas suas ações de promoção de um desenvolvimento fiscal, ambiental e socialmente

inclusivo com sustentabilidade no Estado de Minas Gerais. Apesar de ter sido solicitada como

um DPL independente, a operação faz parte de uma parceria de longa data do Banco Mundial

com o Estado, que remonta ao ano de 2003. Trata-se da quarta operação após o DPL1 em duas

parcelas da Parceria para o Desenvolvimento de Minas Gerais no montante de US$ 170

milhões; o Segundo Programa de Parceria para o Desenvolvimento de Minas Gerais, um

Empréstimo para Financiamento Específico com Abordagem Multissetorial (SWAp) no valor

de US$ 976 milhões; e seu Financiamento Adicional, no montante de US$ 461 milhões.2

A

operação proposta está plenamente alinhada e intimamente relacionada com os objetivos da

Estratégia de Parceria com o País (CPS) para a República Federativa do Brasil para o período

2012-2015 e apoia medidas relacionadas com os seus quatro pilares.3

2. Ao longo dos últimos nove anos Minas Gerais fez importantes avanços,

particularmente no que concerne ao desenvolvimento de práticas de gestão eficazes.

Após uma série de erros de gestão e de quase ter ido à falência nos anos que antecederam

2003, Minas Gerais conseguiu reestruturar tanto a sua situação fiscal como os seus processos

administrativos para prestação de servicos, tornando-se uma referência para os outros estados

brasileiros. Mesmo assim, o GoMG reconhece a necessidade de outras reformas e inovações

de forma a assegurar a sustentabilidade de seus avanços recentes e a continuidade do

desenvolvimento social e econômico do Estado. Os progressos na área fiscal, na gestão

pública e na prestação de serviços convivem com desafios persistentes associados a questões

como pobreza, desigualdade, educação e diversificação econômica, entre outras. Assim, o

GoMG enfrenta o duplo desafio de assegurar a sustentabilidade do processo de reformas e

1 Apesar de ser a quarta operação, ela representa o terceiro projeto, uma vez que o Segundo Projeto de Parceria

para o Desenvolvimento de Minas Gerais recebeu um Financiamento Adicional. 2O Empréstimo para Política de Desenvolvimento do Programa Parceria para o Desenvolvimento de Minas

Gerais (P088543; BIRD-73770) foi aprovado pela Direção Executiva do Banco em 11 de abril de 2006. O

Segundo Programa Parceria para o Desenvolvimento de Minas Gerais (P101324; BIRD-75470) foi aprovado

pela Direção Executiva do Banco em 1º de maio de 2008; e seu Financiamento Adicional (BIRD-78710) foi

aprovado em 6 de abril de 2010. 3Os pilares são: (i) aumentar a eficiência dos investimentos públicos e privados; (ii) melhorar a qualidade dos

serviços públicos oferecidos às famílias de baixa renda e expandir a cobertura destes por meio de canais públicos

e privados; (iii) promover o desenvolvimento econômico regional por meio de melhores políticas, investimentos

em infraestrutura estratégica e apoio aos atores do setor privado nas regiões de fronteira; e (iv) continuar a

aperfeiçoar o manejo sustentável dos recursos naturais, melhorar a resiliência à eventos climáticos extremos,

concomitantemente à maximização das contribuições ao desenvolvimento econômico local, e auxiliar no

atendimento à demanda crescente do mundo por alimentos.

2

intensificar a trajetória de inovação do setor público, estabelecendo, assim, as bases para um

desenvolvimento continuado.

3. Nos últimos nove anos, o GoMG vem liderando o processo de reformas do setor

público no Brasil, tornando-se referência nacional nessa área. Embora o programa

mineiro não seja a única iniciativa recente no sentido de reformar o setor público no país, a

magnitude do desafio enfrentado ao iniciarem as reformas e os esforços contínuos e as

inovações implementadas na gestão pública posicionaram o Estado de Minas Gerais entre os

casos mais notáveis de realização de uma ampla reforma do Estado no Brasil atual. Durante

esse período, o Banco Mundial desenvolveu uma parceria bem-sucedida e mutuamente

vantajosa com Minas Gerais. A operação de DPL proposta visa fornecer apoio para a nova

etapa de reformas concebidas pelo Governo do Estado para avançar em direção ao objetivo de

fazer de Minas Gerais o melhor estado brasileiro para se viver.

4. A operação proposta gira em torno do apoio para aprofundar o modelo de gestão

desenvolvido ao longo dos dois últimos governos. A terceira geração de reformas de gestão

iniciada em 2011 visa fortalecer as reformas institucionais, assegurando que a prática de

gestão por resultados seja incorporada em cada Secretaria de Governo e em cada órgão

estadual, ao invés de ser conduzida de maneira centralizada, como ocorria no passado. O

fortalecimento institucional da gestão é considerado fundamental para melhorar a prestação de

serviços em cada um dos quatro pilares da operação.

5. A operação proposta se sustenta sobre quatro pilares: (i) Orçamento e Gestão do

Setor Público; (ii) Inclusão Social; (iii) Sustentabilidade Ambiental; e (iv) Governança

Metropolitana. Cada um desses pilares contempla inovações substanciais de gestão e política,

desenvolvidas com base nos últimos oito anos de reformas e na parceria com o Banco

Mundial.

II. CONTEXTO NACIONAL E ESTADUAL

A. ACONTECIMENTOS ECONÔMICOS RECENTES NO BRASIL

6. A relativa resiliência do Brasil diante da crise financeira global foi reflexo de

uma boa gestão macroeconômica e de um sistema financeiro robusto. Após a crise global

de setembro de 2008, o Brasil sofreu uma redução brusca no crédito externo e interno e uma

desvalorização cambial considerável. A rápida queda na demanda externa, somada à redução

acentuada de investimentos, levou a uma retração de 4,2% no produto interno bruto (PIB) no

quarto trimestre de 2008, seguida por uma queda de 2% no primeiro trimestre de 2009.

Contudo, o período de recessão não foi além daqueles dois trimestres. A rápida resposta por

parte das autoridades evitou uma crise de crédito e mitigou o impacto da crise financeira

mundial sobre a economia brasileira, que conseguiu se recuperar rapidamente. A política

fiscal anticíclica adotada em 2009 foi acertada e continuou vigorando em 2010, impulsionada

por uma rígida contenção das despesas correntes, pelo ciclo político e pelas dificuldades em

reverter rapidamente as medidas anticíclicas implementadas no ano anterior. Após uma

contração de 0,3% em 2009, a economia cresceu a uma taxa anual de 7,5% em 2010.

7. Pelo menos até meados de 2011, a entrada de capital de grandes investidores

exerceu uma forte pressão de alta sobre o real, acompanhada por um aumento do

endividamento externo do setor privado. Após uma valorização de 11,9% em 2010, no

final de agosto de 2011 o real foi negociado em alta, a R$ 1,59 por dólar norte-americano,

uma valorização de 44% desde o início de 2009. O Banco Central (Bacen) acumulou reservas

3

internacionais rapidamente, indo de US$ 239,1 bilhões em dezembro de 2009 para US$ 374,3

bilhões em abril de 2012. No entanto, esse acúmulo de reservas veio acompanhado por um

aumento de cerca de 50% da dívida externa total de Brasil, que passou de US$ 198 bilhões em

dezembro de 2009 para US$ 297,3 bilhões no final de abril de 2012, dos quais 88% tinham

vencimento com mais de 360 dias. A dívida externa bruta, definida em termos amplos,

incluindo empréstimos entre empresas e participações de não residentes em instrumentos de

renda fixa concedidos no Brasil, aumentou de US$ 373,4 bilhões para US$ 534,6 bilhões

entre dezembro de 2009 e abril de 2012. Já a dívida externa bruta do setor privado teve um

aumento de 69% no período, totalizando US$ 351,9 bilhões. O maior aumento ocorreu no

setor bancário, no qual a dívida externa bruta atingiu US$ 136,9 bilhões em abril de 2012, um

aumento de 115% com relação a dezembro de 2009.

8. Ao mesmo tempo, nos últimos anos a relação entre a dívida pública externa e o

PIB apresentou uma queda acentuada no Brasil, refletindo em boa parte a prudência da

política fiscal adotada pelo país. A dívida externa bruta do setor público como percentual

do PIB caiu de 9,3% em 2005 para 2,7% em 2011 e deve permanecer estável nesse patamar

durante os próximos anos. Outros indicadores de vulnerabilidade do setor externo vem

apresentando um comportamento semelhante. Por exemplo, o total do serviço da dívida

externa (como porcentagem das exportações) apresentou uma queda de 39% entre 2007 e

abril de 2012. Mais impressionante ainda é que a dívida externa total como proporção das

reservas internacionais caiu de 557,1% em 2002 para uma projeção de 82% em 2012. Além

disso, a participação de não residentes na dívida pública, estimada em 3,8% em 2011,

continua relativamente baixa em comparação com a média de 20,4% em mercados

emergentes.

4

Tabela 1: Brasil - Principais indicadores macroeconômicos e projeções, 2005-2015

9. Para evitar o risco de superaquecimento, em 2010 o Banco Central adotou uma

política monetária contracionista, que foi complementada por uma política fiscal mais

restritiva em 2011. A inflação medida pelo índice de preços ao consumidor amplo (IPCA),

conforme calculada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), encerrou 2010

em 5,91%. Para controlar a inflação, a partir de abril de 2010 o Banco Central começou a

aumentar a taxa da política monetária em 375 pontos base, chegando a 12,5% em junho de

2011. Além disso, em fevereiro de 2011, o Governo anunciou cortes de R$ 50 bilhões nos

gastos orçados, o que somado ao bom desempenho das arrecadações permitiu uma projeção

do superávit primário de 3,1% do PIB em 2011, em comparação com os 2,4% de 2010 (veja

os principais indicadores macroeconômicos na Tabela 1).

10. Apesar do rápido aumento da inflação ao longo de boa parte de 2011, em agosto

de 2011 o Banco Central decidiu afrouxar a sua política em resposta ao agravamento da

situação econômica global e nacional. As condições do mercado de trabalho melhoraram

durante boa parte de 2011, com níveis recordes de geração de emprego e taxas de desemprego

historicamente baixas (4,7% em dezembro). A inflação atingiu 6,5% em 2011, um aumento

condizente com o limite superior da meta de inflação. No entanto, em resposta a uma aparente

deterioração da perspectiva de crescimento global, e sabendo que essa situação poderia ter um

impacto deflacionário no Brasil, desde 31 de agosto de 2011 o Banco Central reduziu a taxa

Indicator 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

National Accounts

Real GDP Growth 3.2 4.0 6.1 5.2 -0.3 7.5 2.7 2.5 4.3 4.3 4.2

Gross domestic investment 15.9 16.4 17.4 19.1 18.1 19.5 19.3 19.9 20.6 21.2 21.2

External Sector

Current account 14.0 13.6 1.6 -28.2 -24.3 -47.3 -52.5 -65.8 -69.4 -89.0 -101.9

Trade balance 44.7 46.5 40.0 24.8 25.3 20.1 29.8 18.2 14.8 4.4 1.0

Exports (fob) 118.3 137.8 160.6 197.9 153.0 201.9 256.0 263.4 277.9 295.3 325.5

Imports (fob) 73.6 91.4 120.6 173.1 127.7 181.8 226.2 245.2 263.1 290.9 324.5

Nonfactor services, net -8.3 -9.6 -13.2 -16.7 -19.2 -30.8 -38.0 -39.8 -45.2 -54.9 -59.3

Income and current transfers, net -22.4 -23.2 -25.3 -36.3 -30.3 -36.6 -44.3 -44.2 -39.0 -38.5 -43.5

Direct investment, net 12.5 -9.4 27.5 24.6 36.0 36.9 67.7 55.1 59.0 62.0 65.1

Portfolio investment, net 4.9 9.1 48.4 1.1 50.3 63.0 35.3 25.9 26.4 28.8 31.2

Gross international reserves 53.8 85.8 180.3 193.8 238.5 288.6 352.0 381.3 392.1 404.0 439.7

Current account (% of GDP) 1.6 1.3 0.1 -1.7 -1.5 -2.2 -2.1 -3.0 -2.9 -3.2 -3.4

General Government

Total Revenues and Grants 35.8 35.9 35.7 36.3 35.0 36.6 36.2 36.2 36.5 36.5 36.7

Total Expenditure 39.3 39.5 38.3 37.7 38.1 39.4 38.6 38.8 38.9 39.0 39.1

Current Expenditure 37.2 37.4 36.4 35.3 35.6 35.1 35.8 35.9 35.9 35.9 36.0

of which: Interest payments 7.3 6.8 6.1 5.4 5.2 5.2 5.5 5.8 5.6 5.5 5.4

Capital Expenditure 2.1 2.1 2.0 2.4 2.4 4.3 2.8 2.9 3.0 3.1 3.1

Primary Balance 3.8 3.2 3.4 4.0 2.1 2.4 3.1 3.1 3.1 3.0 3.0

Overall Balance -3.5 -3.5 -2.7 -1.4 -3.1 -2.8 -2.4 -2.6 -2.4 -2.5 -2.4

Gross Public Sector Debt 69.2 66.7 65.2 63.5 66.9 66.8 63.0 61.0 58.1 55.4 53.2

Domestic Debt 59.9 60.0 60.6 58.4 63.2 63.7 60.1 57.9 55.0 52.6 50.4

External Debt 9.3 6.7 4.6 5.1 3.7 3.1 2.9 3.1 3.0 2.9 2.8

Prices

GDP Deflator 7.2 6.2 5.9 8.3 7.2 8.2 7.0 5.5 5.0 5.0 5.0

Consumer Price Index (eop) 5.7 3.1 4.5 5.9 4.3 5.9 6.5 5.0 5.6 5.1 4.8

Producer Prices ( eop) -1.0 4.3 9.3 9.8 -4.1 13.8 4.1 6.0 4.9 4.8 4.7

Memorandum items:

Nominal GDP (in R$ billions) 2,147 2,369 2,661 3,032 3,239 3,770 4,143 4,366 4,781 5,236 5,729

Source: IMF, BCB, IBGE, EIU, WB Calculation

(in US$ billions, unless noted)

(in percent of GDP)

(annual percent change)

Projection

(annual real percent change)

(in percent of GDP)

5

da política monetária em 400 pontos base, até atingir 8,5%. Além disso, em novembro de

2011 o Banco Central reduziu significativamente os requisitos de capital para empréstimos ao

consumidor. Para empréstimos com prazos superiores a 60 meses essa redução foi de até

50%. De maneira análoga, em janeiro de 2012 o Banco Central permitiu que os grandes

bancos usassem até 36% do depósito compulsório sobre depósitos a prazo para garantir a

liquidez de bancos de pequeno e médio porte, e em maio de 2012 o Governo anunciou novas

regras para reduzir o rendimento mínimo garantido das aplicações em caderneta de poupança

isentas de imposto de renda, para facilitar novos cortes na taxa monetária. No que tange a

política fiscal, o Governo pretende manter sua postura política atual de neutralidade. O

Governo se comprometeu particularmente com metas de superávit primário de 3,1% do PIB

em 2012 e 2013. Esse compromisso, respaldado pelo anúncio feito em fevereiro de cortes de

R$ 55 bilhões nas despesas orçadas para 2012, gerou até agora um superávit primário de

R$ 60,2 bilhões nos quatro primeiros meses de 2012, o que representa cerca de 43% da meta

para o ano e acena com uma maior probabilidade de que o Governo atinja a sua meta.

11. O ritmo da atividade econômica caiu consideravelmente em 2011 em função de

fatores domésticos e externos. Por um lado, a desaceleração foi causada por uma postura

mais restritiva na política monetária e fiscal adotada pelo Governo no primeiro semestre. Por

outro, a crise fiscal na zona do Euro levou a um agravamento do quadro econômico global,

acompanhado por uma queda da confiança por parte do empresariado e dos consumidores.

Nesse contexto, o crescimento do PIB caiu para 2,7% em 2011. Após um período de

estagnação durante o terceiro trimestre de 2011, o PIB ensaiou uma tímida recuperação de

0,2% no último trimestre do ano, ficando abaixo da média observada nos quatro últimos

trimestres (de 0,5%). No primeiro trimestre de 2012, o PIB cresceu mais 0,2%. Do lado da

oferta, a fraca série de resultados se deve principalmente à contração do setor agrícola de

7,3% de trimestre a trimestre. A indústria e os serviços registraram um aumento de 1,7% e

0,6% respectivamente com relação ao trimestre anterior. Do lado da demanda, o crescimento

foi impulsionado pelo consumo público (1,5%) e privado (1%), enquanto a formação bruta de

capital fixo registrou queda de 1,8%.

12. Dados mais recentes sugerem que, apesar do crescimento robusto do consumo, o

setor industrial continua limitando o crescimento econômico. A vendas do comércio

varejista restrito registraram um aumento de 9,2% ao ano até abril, enquanto as vendas do

comercio varejista ampliado (incluídos automóveis e material de construção) cresceram 6,2%

ao ano. O desempenho mais tímido do comércio varejista ampliado se deveu principalmente à

desaceleração das vendas de veículos. As vendas no varejo e o consumo privado apresentam

perspectivas positivas, motivados pela queda nas taxas de juros, expansão do mercado de

trabalho, inflação moderada e incentivos fiscais dirigidos ao consumidor. Apesar disso, a

recuperação do setor industrial continua lenta, conforme ilustra a contração de 0,2% da

produção industrial em abril de 2012. Como resultado desse desempenho negativo do setor

industrial e da concomitante desaceleração de formação bruta de capital fixo associada à

crescente incerteza externa, o crescimento do PIB projetado para 2012 caiu radicalmente nos

últimos meses, mantendo-se em 2,5% desde meados de junho.

13. Para combater a recente desaceleração do crescimento, particularmente com

relação à produção industrial doméstica, o Governo tomou medidas para conter a

valorização da moeda e vem acenando com intervenções mais diretas na política

industrial. Em termos específicos, o Governo vem aumentando as restrições à entrada de

capital através da extensão do imposto sobre operações financeiras (IOF) aos fluxos de capital

estrangeiro, cobrindo assim todos os empréstimos com vencimento nos próximos cinco anos.

6

Além disso, o Banco Central aumentou mais recentemente suas intervenções no mercado de

câmbio primário. O resultado dessas ações, junto com a flexibilização da política monetária e

a instabilidade econômica mundial, tem sido uma rápida desvalorização do real de mais de

19% em relação ao dólar, entre fevereiro e meados de junho (de uma média de R$ 1,71/US$

em fevereiro, para R$ 2,04/US$ na primeira quinzena de junho). Além disso, em abril foi

lançado um novo pacote de medidas de estímulo à indústria, que visa reforçar o setor de

manufatura. Entre tais medidas podemos citar uma desoneração da folha de pagamentos nas

indústrias mais afetadas pelas condições internas e mundiais desfavoráveis, além de um novo

aporte de R$ 45 bilhões no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES). Para compensar uma possível queda na receita, incluindo perdas em impostos à

indústria retidos na fonte, estimados em R$ 7 bilhões atualmente, o Governo anunciou um

aumento nas alíquotas do PIS/Cofins, duas contribuições aplicadas a pessoas jurídicas

destinadas à seguridade social.

14. O sistema financeiro permanece estável e vem lidando bem com a intensificação

da turbulência nos mercados globais. O estoque de crédito ao setor privado chegou a R$ 2,1

trilhões em abril de 2012 ou 49,6% do PIB brasileiro, um salto considerável de 4,1 pontos

percentuais em um ano. Os indicadores de inadimplência em estágio inicial (empréstimos

entre 15 e 90 dias em atraso) vem aumentando gradualmente, sobretudo no segmento de

crédito ao consumidor (de 6,0% em dezembro de 2011 a 6,8% em abril de 2012). Embora

essa evolução leve a crer numa elevação dos índices de empréstimos improdutivos nos

próximos meses, a queda na taxa de juros deve ajudar a aliviar a pressão sobre os mutuários e

a manter a inadimplência em níveis estáveis. Além disso, os bancos parecem estar bem

preparados para resistir aos desdobramentos negativos na qualidade do crédito. Com a

aumento no nível mínimo de capital exigido pelos supervisores em antecipação ao Acordo de

Basiléia III e graças aos lucros substanciais obtidos e capitalizados pelos bancos, o índice de

solvência do sistema como um todo vem se mantendo perto de 16% (desde abril de 2012).

Além disso, a reserva para a cobertura de empréstimos não realizáveis continua amplamente

saudável, chegando a 150% dos empréstimos improdutivos em abril de 2012. Os empréstimos

imobiliários vem crescendo com força: 41% este ano até abril de 2012, respondendo assim

por 18,6% do aumento de 18,1% no crédito total concedido ao setor privado no período.

Contudo, existe um pequeno risco de que o mercado imobiliário brasileiro venha a

desenvolver uma “bolha de ativos”. Na verdade, esses empréstimos ainda representam apenas

10% do crédito total do setor privado e suas taxas de inadimplência caíram significativamente

graças a melhorias nos processos de execução de hipotecas.4

O sistema também contém vários

“colchões” não-tributários para amortecer o impacto de uma possível crise de liquidez: não só

as reservas internacionais atingiram um nível recorde como o Fundo de Garantia de Depósitos

(FGC) tem R$ 19 bilhões em ativos líquidos e os recolhimentos compulsórios chegaram a

R$ 396 bilhões.

15. A conta corrente manteve-se basicamente estável durante 2011, enquanto o

investimento estrangeiro direto (IED) registrou um crescimento robusto apesar da piora

do quadro econômico global. O déficit da conta corrente totalizou US$ 52,6 bilhões em

2011 (2,1% do PIB, contra 2,2% em 2010). No entanto, o investimento direto líquido

aumentou de US$ 36,9 bilhões em 2010 para US$ 67,7 bilhões em 2011. O deficit em conta

corrente deve aumentar em 2012, motivado pelo menor crescimento dos preços de exportação

4 Por exemplo, os empréstimos vencidos há mais de 90 dias caíram mais de 75% desde 2006. Além disso, a

demanda por crédito habitacional está sendo impulsionada principalmente por aqueles que estão adquirindo seu

primeiro imóvel, e não com fins especulativos.

7

e pela redução no superávit comercial. Os fluxos de IED somaram US$ 19,6 bilhões até abril

de 2012 e devem permanecer fortes no médio prazo, apesar das incertezas causadas pelo

cenário externo desfavorável e pela possibilidade de que alguns dos grandes fluxos de IED em

2011 tenham sido fluxos reversíveis sensíveis às taxas de juros que contornaram o IOF sobre

investimentos estrangeiros em renda fixa. A grande liquidez nos mercados internacionais e a

perspectiva de que a economia do país cresça mais nos próximos anos do que a maioria das

economias desenvolvidas deve fazer com que o IED se mantenha forte o bastante para

financiar a maior parte do déficit da conta corrente.

16. A perspectiva de crescimento dos investimentos estrangeiros de portfólio é menos

positiva. Motivados principalmente pelas altas taxas de juros reais no mercado doméstico em

um momento de taxas de juros excepcionalmente baixas no mercado internacional, esses

ingressos exercem forte pressão de alta sobre a cotação do real e levaram as autoridades a

aumentar o IOF sobre investimentos estrangeiros em renda fixa de 2% para 6% em outubro de

2010. Essa medida, junto com o recente aumento da aversão ao risco em nível mundial devido

à crise financeira na Europa, já levou a uma redução nos investimentos de portfólio. O

aumento da turbulência internacional pode vir a reduzir ainda mais essas entradas de capital.

Além disso, embora os diferenciais de juros reais devam continuar elevados, a recente decisão

do Banco Central de reduzir a taxa monetária deve desincentivar as operações de <i>carry

trade<i>. Em termos positivos, os fluxos de portfólio entrantes devem beneficiar-se da

suspensão do IOF sobre investimentos estrangeiros em renda variável, anunciada em

dezembro de 2011, assim como sobre emissões da dívida externa e empréstimos estrangeiros

com vencimento entre 2 e 5 anos. O IOF de 6% passará a ser cobrado apenas sobre títulos

externos e empréstimos com vencimento de até 2 anos. Não obstante o recente aumento dos

investimentos em portfólio, que chegaram a US$ 9,2 bilhões nos primeiros quatro meses de

2012, evidências preliminares sugerem que o efeito composto (mais IED, menos

investimentos de portfólio) foi mais pronunciado que as mudanças de volume que resultaram

das restrições à entrada de capital.

17. O aumento persistente das taxas de juros domésticas deve levar a um aumento

nas reservas, mas também deve servir de incentivo para o aumento do endividamento

externo por parte do setor privado. Nesse contexto, o Banco Central aumentou o

monitoramento dos riscos prudenciais e macroprudenciais relativos a possíveis descasamentos

cambiais por empresas financeiras e não financeiras, aumentando os requisitos de declaração

de empréstimos externos por empresas não financeiras. Além disso, o Bacen tomou medidas

para mitigar esses riscos endurecendo as regras relativas à posição aberta líquida dos bancos,

além de, pelo menos até bem recentemente, aumentar os requerimentos de capital para

desacelerar as concessões de crédito.

B. PANORAMA MACROECONÔMICO

18. O panorama macroeconômico de médio prazo indica que o PIB deve crescer a

uma taxa de 4% a 4,5% ao ano. No curto prazo, a previsão de crescimento é menor que em

períodos anteriores, já que a economia brasileira vem sofrendo as consequências da

deterioração da situação econômica mundial. No médio prazo, a forte demanda doméstica

agregada deve impulsionar o crescimento. O nível de investimento vai aumentar

particularmente devido à exploração de novos campos de petróleo offshore e os preparativos

para os megaeventos esportivos dos próximos anos.

19. Apesar da previsão de crescimento moderado, a inflação deve permanecer acima

da meta de 4,5%. As recentes medidas de estímulo renovaram a preocupação quanto ao

8

compromisso do Bacen de alcançar a meta central de inflação, e as expectativas inflacionárias

para 2012 e 2013 vem seguindo numa trajetória ascendente. A inflação média em 2012 deve

ficar perto de 5%, motivada pelo aumento constante nos preços de alimentos e serviços. A

previsão também leva em conta o repasse relativamente baixo para os preços de mercado da

maior depreciação da taxa de cambio, no contexto de queda dos preços das commodities e do

ritmo lento da atividade econômica.

20. No curto prazo, os possíveis impactos sobre o volume de comércio, termos

comerciais e flutuações da taxa de câmbio tornam o setor externo um dos setores mais

vulneráveis do Brasil a uma desaceleração global. Caso a crise da zona de euro estoure de

vez e agrave ainda mais a economia mundial, a desaceleração dos EUA e/ou da China pode se

traduzir em redução da demanda externa por exportações do Brasil devido à composição de

seu mercado de exportação. Em 2011, as exportações para os EUA, Europa e China

representaram 50% do total das exportações, com a China respondendo por 18%, a UE-25 por

21% e os EUA por 10%. A crescente participação da exportação de commodities, estimada

pelo Governo Federal em 59% em 2011 devido em boa parte ao aumento dos preços dos

principais produtos de exportação, também aumenta a vulnerabilidade do país a fatores

externos. À medida que diminuem as perspectivas de crescimento econômico da China, que

no passado sustentaram o alto preço das commodities, a expectativa é de que as condições

comerciais do Brasil continuem a se deteriorar, enfraquecendo o real ainda mais. No entanto,

a vulnerabilidade do Brasil a eventos externos continua moderada devido aos seus níveis

elevados de reservas e à composição favorável de sua dívida externa.

21. Não obstante a sua posição estável, o setor bancário está vulnerável a uma

persistente desaceleração global e doméstica. Os bancos de pequeno e médio porte, que

atualmente detêm, respectivamente, 8% e 12% dos ativos do sistema bancário, estão expostos

a riscos de liquidez devido à sua dependência de fontes de financiamento doméstico voláteis;

já os grandes bancos, que tem mais acesso a financiamento externo, podem vir a enfrentar

dificuldades em rolar a dívida externa. Na verdade, o crescente endividamento externo do

setor privado, refletindo em boa parte a emissão de títulos por empresas e bancos, vem

levantando dúvidas quanto à capacidade de algumas empresas de administrar suas dívidas.

Contudo, a maioria das métricas tradicionais de estrutura de capital sugerem que, nesta etapa,

o nível e a composição5

da dívida externa do setor privado não apresentam riscos específicos

para a estabilidade do setor financeiro. De modo geral, a avaliação do sistema bancário como

um todo indica que os riscos estão sendo bem gerenciados. O sistema bancário atualmente

apresenta níveis sólidos de liquidez e colchões adequados de capital; além disso, o sistema

tem uma exposição direta limitada em moeda estrangeira: 7,2% dos passivos e 4% dos ativos.

22. O agravamento da conjuntura económica mundial também representa um risco

para o cumprimento das metas fiscais. O cumprimento das metas de superávit primário

pode ser afetado pela desaceleração da atividade econômica, devido a uma possível queda na

receita pública e ao aumento da despesas com proteção social. Ademais, em que pese o atual

compromisso do Governo Federal de privilegiar o uso de alavancas de política monetária para

enfrentar a desaceleração econômica, as recentes medidas adotadas para impulsionar o setor

industrial sugerem que o Governo permanece aberto à adoção complementar de estímulos

fiscais e quase-fiscais caso a atividade econômica venha a desacelerar bruscamente. Existem

várias outras fontes de riscos fiscais para monitorar, como o aumento do salário mínimo de

5 Os níveis da dívida externa do setor privado a curto prazo continuam relativamente baixos, apesar do pequeno

aumento desde 2007.

9

janeiro de 2012, as eleições municipais que se aproximam, a desoneração concedida a certas

indústrias e as atividades quase-fiscais exercidas pelo BNDES.

23. No médio prazo, o Brasil enfrenta desafios estruturais que limitam o seu

potencial de crescimento a longo prazo. Entre os principais desafios estão o

desenvolvimento de um mercado privado para o financiamento a longo prazo e a melhoria do

ambiente de negócios (particularmente pela redução dos custos associados ao cumprimento

das obrigações tributárias e à obtenção de autorizações e licenças comerciais). A necessidade

de aumentar o investimento público e privado para lidar com os gargalos da infraestrutura e

acelerar o aumento da produtividade, bem como de melhorar a efetividade e a custo-

efetividade da despesa pública, também são questões importantes.

10

Quadro 1: O federalismo fiscal brasileiro e o controle do desempenho fiscal estadual

A postura fiscal dos estados brasileiros sempre foi um elemento importante na gestão macroeconômica do Brasil. Até

o final dos anos 90, as políticas tributárias expansionistas dos Estados e a falta de controles efetivos sobre o

endividamento resultavam em crises frequentes de endividamento estadual. Em três diferentes ocasiões (1989, 1993

e 1997), o Governo Federal teve que assumir e reagendar as dívidas dos estados. A maior operação ocorreu em 1997,

sob a Lei nº 9496, quando o Governo Federal reestruturou R$ 200 bilhões (12% do PIB nacional) das dívidas dos

estados.

Na operação de refinanciamento de 1997, as dívidas foram refinanciadas em 30 anos. A dívida refinanciada,

chamada de dívida intralimite, tem uma taxa de juros real de 6%, sendo que o valor nominal da dívida aumenta de

acordo com a inflação. O teto para o serviço da dívida foi estabelecido em 13% da receita corrente líquida dos

estados. Qualquer serviço da dívida que ultrapassar o teto de 13% é recapitalizado e adicionado ao estoque da dívida

intralimite. Caso existam saldos devedores residuais ao final dos contratos (em 2028), caberá ao Estado pagar o

restante em um prazo de 10 anos.

O resgate de 1997 foi condicionado ao cumprimento por parte dos estados de programas de reforma estrutural e

ajuste fiscal no médio prazo. Em troca do pacote de resgate, os contratos de renegociação da dívida obrigam à

implementação de Programas de Ajuste Fiscal (PAF) com três anos de rolagem, a serem acordados pela Secretaria do

Tesouro Nacional e os 25 estados que tiveram sua dívida resgatada pela Secretaria do Tesouro Nacional durante o

período do contrato. Os PAF estabelecem metas anuais de endividamento, saldos primários, gastos com pessoal,

arrecadação tributária e investimento público para garantir uma redução gradual do endividamento. Além disso, os

PAF incluem reformas estruturais como privatização ou outras iniciativas de modernização do setor público.

Os controles do desempenho fiscal estadual foram reforçados com a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal

(LRF) de 2000. A LRF institucionalizou a disciplina fiscal em todos os níveis de governo, incorporando rígidas

restrições orçamentárias em um marco único e unificador. A Lei proíbe explicitamente acordos de refinanciamento

da dívida entre os diferentes níveis de governo, resolvendo assim o problema de risco moral nas relações fiscais

intergovernamentais causadas por resgates em série. Resoluções complementares do Senado também proíbem

empréstimos sempre que: (i) a dívida consolidada líquida for superior a duas vezes a receita corrente líquida (RCL);

(ii) uma nova operação de crédito exceder 16% da RCL; e (iii) o serviço da dívida exceder 11,5% da RCL. Também

fica proibido tomar empréstimos caso estes deixem de cumprir os prazos de redução da dívida estabelecidos nos

contratos de renegociação da dívida previstos na Lei nº 9496. Por fim, os governos subnacionais ficam de modo geral

proibidos de emitir títulos da dívida até 2016, mas Estados cuja dívida líquida for inferior a sua receita corrente

líquida poderão emitir títulos após 2011, porém nesses casos o Governo Federal se reserva o direito de revisar a

decisão da emissão de títulos.

Esse sistema de controles vem levando os estados e municípios a obter repetidos superávits, um ajuste que vem sendo

mantido ao longo de quatro governos federais. Além disso, o sistema também tem favorecido a adoção de programas

apropriados de despesa por parte dos governos subnacionais. Além dos controles sobre o endividamento, as

exigências da LRF melhoraram a transparência e reforçaram as práticas orçamentárias.

Transparência: a LRF prevê a divulgação periódica de relatórios sobre casos de orçamento excedido e

descumprimento da LRF, incluindo as medidas corretivas tomadas em cada caso. Os Estados e Municipios que

ultrapassarem os limites fiscais do ano precedente também devem prestar contas ao Ministério da Fazenda. O

cumprimento das metas e tetos fiscais é monitorado pelo Poder Legislativo de cada esfera de governo, auxiliado pelo

seu respectivo Tribunal de Contas.

Instituições Orçamentárias: a LRF introduz requisitos mais rigorosos para as metas fiscais na elaboração da Lei de

Diretrizes Orçamentárias (LDO), reforçando o seu papel na elaboração do orçamento e na gestão fiscal em geral. A

LRF também prevê uma avaliação detalhada dos passivos contingentes do governo e reforça a ligação entre a Lei de

Orçamento Anual (LOA) e a LDO. A Lei complementar de Crimes Fiscais tem aplicação em todos os níveis da

administração pública e prevê pena de reclusão para qualquer servidor público que desobedecer à LRF.

24. Apesar dos riscos externos e desafios das políticas públicas domésticas descritos

acima, a estrutura macroeconômica geral do Governo é considerada adequada e

sustentável a médio prazo. A estrutura fiscal do Brasil (veja o Quadro 1 para mais detalhes

sobre o federalismo fiscal brasileiro) proporcionou ao Governo Federal a flexibilidade

necessária para responder com sucesso à crise financeira global de 2008/2009, bem como ao

agravamento da situação externa causada pela crise fiscal europeia, através da implementação

11

de uma série de medidas fiscais, monetárias e externas para estimular a demanda doméstica.

Apesar das dificuldades em manter o equilibrio fiscal em vista da grande necessidade de

investimentos e da pressão exercida pelo aumento das despesas correntes, a expectativa é de

que a dívida bruta do setor público caia de 63% do PIB em 2011 para 58,1% do PIB em 2013.

Além disso, as taxas de câmbio flexíveis e as reservas relativamente grandes de moeda

estrangeira devem ajudar o Brasil a lidar com as consequências de uma potencial crise

externa, entre elas uma possível mudança repentina nas percepções do mercado e a inversão

nos fluxos de capital relacionada a tal mudança.

C. ESTRUTURA E DESEMPENHO RECENTE DA ECONOMIA DE MINAS

GERAIS

25. Minas Gerais é um dos maiores e mais importantes estados brasileiros do ponto

de vista econômico, e tem se beneficiado com o maior crescimento e a estabilidade

econômica do país. O estado tem a segunda maior população do país, de 19,5 milhões de

habitantes (o equivalente a 10% da população do Brasil de acordo com o Censo de 2010). A

economia do estado é a terceira maior do Brasil e pode ser comparada à do Peru em tamanho.

Minas Gerais pode ser considerado um microcosmo do Brasil. O seu PIB per capita em 2008

foi ligeiramente inferior ao do Brasil como um todo (US$ 7.749 em comparação com

US$ 8.706). Além disso, Minas apresenta profundas disparidades regionais, que se

assemelham àquelas encontradas em nível nacional. Por exemplo, existe uma região pobre no

Norte de Minas cujas condições de miséria, agricultura de subsistência, clima semiárido e

seca intermitente assemelham-se às do Nordeste do Brasil, a região mais pobre do país. No

outro extremo, o Estado tem algumas das regiões económicas mais dinâmicas do país, como o

Triângulo Mineiro e a região metropolitana de Belo Horizonte, capital do Estado.

26. De 2003 a 2010, Minas Gerais cresceu a uma taxa média de 4,5% ao ano,

ligeiramente superior à taxa de crescimento da economia nacional de 4,4%. Após

enfrentar uma queda de produção de 4,0% em 2009 em decorrência da turbulência financeira

global, o estado tornou a alcançar taxas de crescimento de dois dígitos (10,3%) em 2010.

Embora tradicionalmente a taxa de crescimento do PIB do estado tenha basicamente

acompanhado as taxas de crescimento nacionais, as flutuações tendem a ter um efeito maior

no estado devido ao maior peso das exportações de minério na economia de Minas Gerais.

Assim, a queda na produção do estado e sua recuperação em 2009 e 2010 foram mais

pronunciadas do que no país como um todo. Em 2010, a produção industrial aumentou 14,8%

em Minas Gerais e 10,4% no país. Enquanto o setor agrícola cresceu cerca de 6% tanto no

estado como no país, os serviços aumentaram 7% em Minas, mas apenas 5% no Brasil como

um todo. Esse rápido crescimento desacelerou em 2011, quando o estado e o país cresceram

apenas 2,7%.

27. A estrutura econômica de Minas Gerais ainda reflete as suas raízes históricas de

mineração, com uma participação razoavelmente forte nas áreas de produtos químicos

industriais, ferro e aço, agroindústria e, mais recentemente, de produtos elétro-

eletrônicos. A indústria de manufatura é a mais importante do estado, respondendo por 59%

do seu PIB industrial.

D. REFORMAS NO SETOR PÚBLICO MINEIRO

28. Ao longo dos últimos nove anos a estratégia do Governo para o setor público

evoluiu em resposta aos principais desafios identificados em cada um dos períodos

administrativos (mandatos de quatro anos de duração). Em 2003, as principais

12

preocupações foram a evidente crise fiscal e a obsolescência, ineficiência e ineficácia das

instituições e procedimentos do setor público estadual. A partir de 2007, o Governo mudou de

foco para melhorar a prestação de serviços e os resultados de desenvolvimento. Desde 2011, o

Governo vem se preocupando cada vez mais em garantir a sustentabilidade das conquistas

alcançadas ao longo do tempo e assegurar a voz de seus cidadãos nas decisões políticas do

Estado. Essas três gerações de reformas ficaram conhecidas pelos seguintes nomes,

respectivamente: “Choque de Gestão”, “Estado para Resultados” e “Gestão para a Cidadania”.

O Choque de Gestão 2003 - 2006

29. Ao assumir o Governo do Estado em 2003, o novo governo se viu diante de uma

evidente crise fiscal, que serviu para colocar em evidência a disfuncionalidade das

instituições públicas. Consequentemente, a reorganização do aparato e dos procedimentos

estatais e a resolução da crise fiscal foram consideradas pré-requisitos para a restauração da

capacidade do Estado de prestar serviços de qualidade e promover o desenvolvimento

econômico.

30. O “Choque de Gestão” estabeleceu um novo modelo de gestão e mecanismos de

responsabilização. A terapia de choque teve por objetivo controlar o gasto público e

estabelecer as bases institucionais para melhorar a gestão pública. Para modernizar a estrutura

administrativa de base e introduzir um sistema de gestão baseado em resultados foram

introduzidas atividades inovadoras junto com as medidas de ajuste tradicionais.

O Estado para Resultados 2007 - 2010

31. Em 2007, o Governo já tinha posto em ordem boa parte das finanças públicas,

posicionando o Estado para a segunda fase (o Estado para Resultados), que viria a

melhorar a prestação de serviços e promover o crescimento econômico. Um dos

principais objetivos do Governo era a implementação mais efetiva de reformas na gestão de

setores críticos para obter uma melhoria significativa no desempenho do setor público no

curto prazo. Nesse sentido, o Banco Mundial apoiou um trabalho analítico focado tanto em

questões transversais de gestão pública como em desafios e estratégias setoriais específicas.

As estratégias setoriais foram incorporadas no plano de desenvolvimento do governo para os

próximos quatro anos, do qual o sistema de gestão baseado em resultados era parte

fundamental. O programa de reforma Estado para Resultados recebeu aportes do Segundo

Projeto de Parceria para o Desenvolvimento de Minas Gerais, uma operação SWAp no valor

de US$ 976 milhões. O projeto adotou um desenho SWAp com uma série de componentes

setoriais específicos articulados por um componente “guarda chuva” de gestão pública. A

operação SWAp concentrou-se em sete das áreas de resultados priorizadas pelo Governo.

A Terceira Geração de Reformas: Gestão para a Cidadania 2011 - 2014

32. Na terceira fase de reformas o Governo agregou novas dimensões e arranjos

participativos ao seu modelo de gestão. No entanto, o foco continua sendo a

descentralização da gestão estratégica e o aperfeiçoamento contínuo das funções centrais de

gestão para aumentar a sua eficiência e efetividade. Nesta fase, os esforços para a obtenção de

resultados têm se concentrado no lado da demanda. A delegação de funções-chave às

Secretarias de Governo permitirá uma maior institucionalização dos procedimentos de gestão

estratégica na administração pública.

33. Os contínuos esforços no sentido de fortalecer os sistemas centrais de gestão vêm

contribuindo para aumentar a eficiência e a efetividade da gestão pública. Nesse sentido,

13

as reformas em Minas Gerais têm se caracterizado principalmente pela melhoria constante nos

sistemas e procedimentos da administração central. No inicio das reformas, tais melhorias

foram fundamentais para a introdução de controles mais fortes sobre os gastos com pessoal e

outras despesas e para aumentar a eficiência das compras governamentais, pelo qual foram

também essenciais para as medidas de ajuste fiscal. As melhorias no planejamento e nos

procedimentos orçamentários também contribuiram para estreitar o vínculo entre as políticas

públicas e o orçamento. Essas mudanças produziram melhorias substanciais, particularmente

no que concerne à carteira de programas prioritários, mas a meta do Governo é melhorar

ainda mais a gestão orçamentária do exercício e introduzir elementos para fortalecer a gestão

de despesas no médio prazo.

E. FINANÇAS PÚBLICAS EM MINAS GERAIS

34. Desde 2003, Minas Gerais vem implementando reformas para a criação de

espaço fiscal no estado de modo a aumentar o investimento e melhorar a qualidade dos

serviços públicos. Até 2008, esse esforço também implicou uma progressiva consolidação

fiscal e a redução da razão da dívida. Durante esse periodo, o forte crescimento da receita

junto com a expansão moderada das despesas correntes permitiram que o saldo operacional

bruto e o saldo primário gerados pelo Estado fossem substanciais, permitindo o seu uso para

aumentar o investimento público e reduzir o endividamento (Figura 1).

Figura 1 - Variáveis Fiscais do GoMG, 2004-11 Receitas, Despesas e Saldos Fiscais Dívida Consolidada Líquida / Receita Corrente Líquida

Receitas

35. Entre 2004 e 2011, as receitas aumentaram 7,1% ao ano em termos reais devido a

uma combinação de forte atividade econômica e dos esforços para melhorar a eficiência

da arrecadação tributária.6

A taxa de crescimento foi maior entre 2004 e 2007 (9,1% ao

ano) do que no período de 2007 a 2011 (5,6%). A principal causa dessa diferença foi a crise

economica mundial, mas também o fato de que muitos dos ganhos rápidos obtidos na

administração pública ocorreram no primeiro período. As receitas fiscais como porcentagem

do PIB estadual aumentaram de 7,8% em 2004 para 9,7% em 20107. A principal fonte de

6 Salvo indicação em contrário, todos os dados históricos são expressos em preços constantes de 2011 e todas as

taxas de crescimento serão expressas em termos reais. Os valores das receitas também foram ajustados para que

levassem em consideração o aumento das contribuições do FUNDEB e dos repasses, bem como suas regras

contabilísticas e a reclassificação das contribuições sociais, garantindo a comparabilidade ao longo do período. 7 Os dados do PIB estadual de 2011 ainda não foram divulgados.

14

receita é o ICMS, um imposto semelhante ao IVA, que respondeu por 57,9% das receitas

correntes em 2011.

36. Em 2009, Minas Gerais foi o estado com a menor arrecadação de ICMS do

Brasil. A arrecadação de ICMS registrou queda de 6,9%. Os efeitos da crise foram mais

acentuados em Minas Gerais devido ao maior peso das atividades de extração de minério e da

indústria metalúrgica nesse estado do que no resto do Brasil. Na verdade, as receitas geradas

por essas atividades caíram 58,8% e 45%, respectivamente.

37. Os principais repasses recebidos pelo Estado vem do Fundo de Participação dos

Estados (FPE) e das dotações orçamentárias para as áreas de saúde e educação. Os

repasses para educação cresceram durante todo o período, enquanto os demais repasses

principais registraram uma diminuição de 2008 para 2009, em decorrência da crise. Na

verdade, o FPE só retornou ao seu nível pré-crise em 2011. A queda no FPE e na arrecadação

do imposto sobre produtos industrializados (IPI) resultou tanto da atividade econômica

deprimida quanto das desonerações concedidas pelo Governo Federal para mitigar os efeitos

da crise econômica mundial.

Despesas

38. As despesas totais aumentaram de R$ 31,1 bilhões em 2004 para 50,8 bilhões em

2011, o que equivale a uma taxa anual média real de 7,3%. A participação das despesas

correntes nas despesas totais diminuiu ligeiramente durante o período, de 91% para 88,9%,

em função do objetivo político específico de aumentar o espaço fiscal para investimentos.

Assim como ocorreu no caso das receitas, as despesas aumentaram mais rapidamente no

periodo de 2004 a 2007 (9% ao ano) do que no periodo de 2007 a 2011 (6% ao ano).

Tabela 2 - Composição da despesa em 2004 e 2011 (bilhões de reais - valores de 2011) 2004 2011 Taxa Média de Crescimento

(%)

Valor % Valor % 2011/04 2011/07 2007/04

Despesa com Pessoal 16,4 52.7 26.3 51.8 7,0 7,7 6,0

Funcionários Públicos

Ativos

7,7 24,7 12,6 24,7 7,2 6,6 8,1

Inativos e Pensionistas 6,4 20,7 9,2 18,1 5,2 6,0 4,1

Terceirizados 0,3 0,9 0,7 1,4 13,3 11,6 15,6

Outros 2,0 6,4 3,9 7,6 10,1 16,6 1,9

Serviço da Dívida 2,6 8,3 4,2 8,3 7,2 6,8 7,7

Repasses para os

Municípios

5,6 18,1 8,9 17,6 6,8 5,6 8,6

Bens e Serviços 4,3 13,9 7,4 14,5 7,9 6,2 10,2

Investimentos 2,2 7,0 4,0 7,9 9,0 -3,1 27,5

TOTAL 31,1 100,0 50,8 100,0 7,3 6,0 9,0

39. A evolução da despesa com pessoal apresentou um padrão diferente das outras

despesas. Durante o período de 2004 a 2011, a despesa com pessoal cresceu na mesma

proporção que a receita, e um pouco menos que a despesa total. No entanto, houve variações

significativas durante o período. De 2003 a 2005, o GoMG limitou os aumentos salariais de

modo a respeitar o teto de despesa com pessoal estabelecido pela LRF (equivalente a 60% da

receita líquida). De 2006 a 2008, o peso da folha aumentou significativamente. A taxa média

anual de crescimento real no período foi de 11,7%, devido em parte à introdução da gestão

por resultados. Os aumentos salariais foram interrompidos em 2009 devido à queda na

arrecadação mas foram retomados em 2010, quando a pressão do funcionalismo se somou a

15

exigências federais adicionais (incluindo, em particular, a instituição de um salário mínimo

nacional para os professores) e à competição salarial nacional no setor público em uma

economia dinâmica.

40. A despesa com investimentos aumentou de forma contínua de 2004 a 2008. Em

2004, o GoMG investiu apenas R$ 2,2 bilhões8, o equivalente a 9,5% da receita corrente

líquida (RCL). Esse valor atingiu um pico de 15% em 2008, antes de cair para 8,9% em 2011,

como reflexo da estratégia do Governo de aumentar o espaço fiscal para investimentos,

especialmente em estradas, saúde e educação. A queda do investimento em 2009 e 2010 foi

uma resposta à queda da arrecadação e à crescente pressão das despesas correntes,

particularmente dos gastos com pessoal.

8 Incluindo investimentos físicos e financeiros.

16

Quadro 2 – Despesa com Pessoal e Gestão de RH em Minas Gerais De 2004 a 2011, a despesa com pessoal aumentou devido a vários fatores, incluindo as políticas de

modernização de RH implementadas no Estado. De 2003 a 2005, o GoMG se esforçou em reduzir a despesa com

pessoal para cumprir a LRF, ao mesmo tempo em que preparava um pacote abrangente de medidas para lidar

com as questões de RH. Entre essas medidas estão a centralização da folha de pagamento na SEPLAG, o

estabelecimento de um teto salarial geral para os servidores públicos estaduais, o aumento da contribuição do

funcionalismo para a previdência social e a eliminação de mais de 1.300 cargos. Essas medidas, somadas ao

rápido aumento da receita, ajudaram o Governo a cumprir prontamente com o limite de 49% estabelecido pela

LRF para o Poder Executivo até o final de 2004.

Tabela B2.1 - Despesa com Pessoal - Poder Executivo (milhões de reais - valores nominais)

Obs.: A LRF estabelece um limite de 49% da RCL para a despesa com pessoal da esfera executiva.

A partir de 2005 foram implementados novos planos de carreira para os servidores públicos estaduais. O número

de carreiras foi reduzido de 893 para 137 e os aumentos salariais por antiguidade foram substituídos por critérios

baseados em desempenho e escolaridade. Essa política gerou um aumento de R$ 1,1 bilhão na folha de

pagamento (12% da folha em 2006). Além disso, o número total de servidores públicos aumentou em 21,3%

entre 2004 e 2011.

Tabela B2.2 - Funcionalismo público em números

O Governo conseguiu conter a despesa com pessoal em 2009, no rescaldo da crise financeira global. Em 2010,

no entanto, uma combinação de decisões judiciais, novas leis nacionais e efeitos tardios de decisões

governamentais prévias levaram a um reajuste salarial real de 12,1%, o maior desde 2004.

Entre os principais fatores do aumento da despesa com pessoal em 2010 estão a fixação por lei de um piso

salarial nacional para professores, que acrescentou R$ 1,1 bilhão à folha de pagamento do Estado, e a efetivação

das promoções previstas em lei que vinham sendo seguradas e foram implementadas de uma só vez, por ordem

judicial, a um custo adicional de R$ 506 milhões. Por último, muitas carreiras tiveram aumentos salariais que

tinham sido concedidos por leis previamente aprovadas e que tiveram que ser honrados pela administração em

2009 e 2010. Além disso, uma nova legislação estadual prevê um aumento salarial cumulativo de 107% para as

carreiras de segurança pública entre 2010 e 2015.

Daqui em diante, o Estado espera obter ganhos em eficiência e cortar despesas desnecessárias com pessoal por

meio de um grande projeto de reengenharia de recursos humanos e reformas no processamento da folha de

pagamento. Com isso, o Governo espera economizar de R$ 1,1 a R$ 2,1 bilhões nos próximos cinco anos. O

Governo também promulgou uma lei que condiciona os aumentos salariais ao aumento da receita fiscal e ao

cumprimento da LRF.

Resultados Fiscais

41. O Estado de Minas Gerais alcançou resultados fiscais impressionantes, em boa

parte graças ao rápido aumento da receita. As finanças estaduais foram equacionadas com

a LRF. Além da redução da dívida, o saldo operacional bruto cresceu de R$ 2,5 bilhões em

2004 (15,2% da RCL) para R$ 6,4 bilhões em 2008 (21,9% da RCL). No mesmo periodo, a

despesa com pessoal em percentual da RCL caiu de 58,2 para 52,2 entre 2004 e 2005, após o

2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Payroll Expenditures (A) 7,755 8,069 8,502 9,845 11,039 13,382 13,442 16,128 18,361

Net Current Revenues (B) 14,306 16,696 19,550 22,083 23,804 29,242 29,118 33,179 37,284

(A)/(B) 54.2% 48.3% 43.5% 44.6% 46.4% 45.8% 46.2% 48.6% 49.2%

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

Law Enforcement 54,328 56,601 57,392 60,083 64,241 68,028 69,928 70,584

Education 223,978 226,431 235,127 239,325 254,816 253,536 259,418 276,190

Health 18,069 18,996 18,681 18,574 18,420 19,243 18,569 20,015

Others 26,637 25,873 26,336 26,850 27,765 27,840 27,041 24,912

TOTAL 323,012 327,901 337,536 344,832 365,242 368,647 374,956 391,701

Active Civil Servants

17

qual apresentou uma tendência de alta até atingir 58% 9

em 2011. Ter atingido a meta relativa

ao limite de endividamento imposto pela LRF foi o que permitiu ao GoMG começar a tomar

empréstimos novamente a partir de 2006, para auxiliar no custeio de novos investimentos.

Além disso, o Estado tem conseguido cumprir a maioria das metas fiscais definidas nos

Programas de Ajuste Fiscal (PAF)10

. Embora os indicadores do PAF sejam substancialmente

semelhantes aos da Lei de Responsabilidade Fiscal, suas definições podem apresentar

pequenas diferenças.11

Minas Gerais concluiu a sexta avaliação sob o Contrato de

Renegociação da Dívida de 1998 e vem atingindo boa parte das metas dos PAF desde 2004.

Tabela 3 - Demonstrativos Financeiros do Governo do Estado de Minas Gerais: 2004-2011

(bilhões de reais - valores constantes de 2011) 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

I. RECEITA 33,2 36,4 39,3 43,2 50,1 48,0 52.7 55,3

Ib. RECEITA (excluído o FUNDEB) 31,2 34,1 37,0 40,2 46,2 44,0 48,2 50,4

Impostos 21,8 23,9 25,7 28,1 31,8 30,0 33,9 35,0

Contribuições Sociais 2,6 2,6 3,0 3,2 3,2 3,3 3,4 3,5

Repasses 6,7 7,2 7,7 8,4 10,4 10,3 11,1 11,7

Outras Receitas Correntes 2,2 2,7 3,0 3,5 4,8 4,5 4,3 5,0

II. DESPESAS 28,6 30,0 32,7 35,5 39,8 38,7 43,1 45,7

Remuneração dos servidores 16,4 16,7 18,1 19,5 21,6 21,8 24,4 26.3

Pagamento de juros 2,0 2,2 2,5 2,7 3,0 2,5 2,4 2,6

Outras Despesas Correntes 10,3 11,1 12,1 13,3 15,3 14,5 16,3 16,8

Repasses aos municípios 5,9 6,5 6,9 7,5 8,5 7,9 9,2 9,4

Bens e Serviços 4,3 4,6 5,2 5,8 6,8 6,6 7,1 7,4

III. SALDO OPERACIONAL BRUTO (Ib - II) 2,5 4,1 4,4 4,8 6,4 5,2 5,1 4,7

% da RCL 15,2 20,9 19,8 20,0 21,9 18,0 15,4 12,6

IV. TRANSAÇÕES COM ATIVOS NÃO

FINANCEIROS

2,2 3,7 4,4 4,5 6,1 5,4 5,2 4,0

V. EMPRÉSTIMO / ENDIVIDAMENTO

LÍQUIDO (III - IV)

0,3 0,4 0,0 0,2 0,3 -0,2 -0,1 0,7

VI. SALDO PRIMÁRIO (V + Juros Líquidos) 2,3 2,7 2,5 3,0 3,7 2,2 2,3 2,7

% da RCL 13,8 13,9 11,3 12,7 12,7 7,6 6,8 7,3

VII. TRANSAÇÕES COM ATIVOS NÃO

FINANCEIROS

-0,1 0,0 0,2 0,2 0,6 0,8 1,0 -0,6

VIII. SALDO GLOBAL (VI + VII) 2,2 2,7 2,7 3,2 4,4 3,0 3,2 2,0

Memo Items:

Receita Corrente Líquida (RCL) 16,7 19,6 22,1 23,8 29,2 29,1 33,2 37,3

Investimento Não Financeiro / RCL 9,5 13,9 15,8 14,7 15,0 13,8 12,8 8,9

Dívida / RCL 224,5 203,1 189,1 187,8 175,4 179,5 182,2 181,8

42. Contudo, alguns dos ganhos anteriores foram parcialmente revertidos devido aos

efeitos da crise. Em 2010, a taxa de endividamento atingiu 182,2% da RCL, enquanto a folha

de pagamento representou 57,7% da mesma. O saldo primário ficou em média em 7,2% da

9 Os dados foram informados conforme publicados pelo Governo nos relatórios da LRF até 2010. Em 2011, o

Governo informou um valor de 47,6% devido a uma revisão da metodologia. De acordo com a metodologia

anterior, para fins de comparação a razão entre folha de pagamento e RCL atinge 58%. Note-se ainda que esses

números incluem todos os poderes do Governo, em comparação com aqueles da Tabela B2.1, que se restringem

ao Executivo. 10

O PAF é um plano fiscal trianual permanente negociado com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e faz

parte do acordo de renegociação da dívida contraído em 1997. 11

Por exemplo, enquanto em 2011 a razão entre despesas com pessoal e receita corrente foi de 63% de acordo

com os critérios do PAF, na definição da LRF esse valor foi de apenas 58%.

18

RCL de 2009 a 2011, um índice inferior ao do período anterior, mas ainda suficiente para

cobrir o pagamento de juros. O retrocesso enfrentado pelo estado em 2008 e 2009 mostrou a

sua sensibilidade à perda de receita, mas também a sua capacidade de resposta, por exemplo

pela imposição de limites aos aumentos salariais em 2009.

43. Em resumo, de 2004 a 2008 Minas Gerais consolidou as ações de ajuste fiscal

iniciadas em 2003. O Estado manteve saldos operacionais brutos e superávits primários

substanciais, graças aos quais conseguiu reduzir consideravelmente o seu endividamento, se

manter em conformidade com a Lei de Responsabilidade Fiscal e alcançar a maioria das

metas estabelecidas como parte dos Programas de Ajuste Fiscal acordados com o Governo

Federal. Mais importante, a consolidação fiscal permitiu ao GoMG expandir o investimento e

restaurar sua capacidade de promover o crescimento e melhorar o fornecimento de bens e

serviços públicos. Em 2009 e 2010, os efeitos combinados da desaceleração do crescimento e

do aumento salarial no setor público reverteram alguns dos ganhos anteriores, mas mesmo

assim o Governo mostrou a sua capacidade de resposta.

Estrutura da Dívida

44. Apesar de ter piorado um pouco durante a crise, o grau de endividamento de

Minas Gerais vem diminuindo desde 2004. A relação dívida consolidada líquida (DCL) /

receita corrente líquida (RCL), um indicador monitorado pela LRF, caiu de 224,5% em 2004

para 175,4 em 2008. A desaceleração do arrecadamento devido à crise levou a taxa de

endividamento relativa a aumentar para 182,2% no final de 2010, mas tornou a cair

ligeiramente para 181,8% em 2011.

45. O Governo Federal é o maior credor do Estado, respondendo por 88% da dívida

do Estado. Isso se deve ao resgate da dívida que o Governo Federal promoveu com todos os

estados em 1997 (Lei nº 9.496/97), quando assumiu boa parte das dívidas estatais e concedeu

a Minas Gerais um prazo de pagamento de 30 anos com uma taxa real de juros de 6% a 7,5%,

indexada pelo índice geral de preços (IGP-DI), e estabeleceu um teto de 13% da receita

líquida real (RLR) para o serviço da dívida. O Estado tem ainda um grande contrato de dívida

com a Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG), que responde por 8% do estoque

total da dívida. Apenas 4% de sua dívida é com credores estrangeiros – instituições

multilaterais e agências governamentais estrangeiras.

Perspectivas Fiscais, Riscos e Sustentabilidade da Dívida em Minas Gerais

46. O GoMG projeta suas receitas e despesas com base nas previsões

macroeconômicas constantes da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do Governo

Federal. Para 2012, o crescimento do PIB está estimado em 5%. No entanto, essa estimativa

pode ter sido excessivamente otimista; o crescimento do PIB não deve ultrapassar 2,5% em

2012. Espera-se, portanto, que tanto o Governo Federal quanto o Governo Estadual ajustem

suas projeções de crescimento na próxima LDO.

47. No final de 2011 foram implementadas várias alterações na legislação que devem

afetar as estimativas de receita de 2012 em diante. A Assembléia Legislativa de Minas

Gerais aprovou oito leis relativas a impostos e tributos cobrados pelo GoMG. Entre elas está a

criação de um novo tributo sobre as atividades de mineração e um adicional de 2% na alíquota

do ICMS que incide sobre bebidas alcoólicas e cigarros, acompanhada de uma redução na

alíquota de outros itens, como etanol e insumos para a construção civil. O efeito líquido

esperado dessas mudanças é um aumento de R$ 1,1 bilhão na receita de 2012.

48. Do lado da despesa, o maior problema a médio prazo é o gasto com pessoal. A

pressão deve vir sobretudo das áreas de educação e segurança pública. O piso salarial nacional

19

para os professores tem aumento anual instituído por lei12

. De 2011 a 2012, por exemplo, o

aumento foi de 22,2% em termos nominais. Na área de segurança pública, o GoMG aprovou

vários aumentos salariais até 2015. De modo geral, o orçamento vai incorporar um adicional

de R$ 2 bilhões em 2012, enquanto a despesa adicional total no período de 2012 a 2015 será

de R$ 12,4 bilhões.

49. Além de mudanças nas premissas macroeconômicas aplicadas às estimativas

orçamentárias, a receita de Minas Gerais pode ser afetada pelas grandes reformas

institucionais que vem sendo discutidas na esfera federal. A primeira delas é a reforma

fiscal que vem sendo negociada, que afetará sobretudo as regras do ICMS. A redução da

alíquota do ICMS interestadual pode levar o Estado a perder até R$ 810 milhões ao ano. Para

contrabalançar essa perda, o Estado propõe a reintrodução do ICMS sobre as exportações de

bens não-renováveis como o minério de ferro, o que poderia gerar uma receita adicional de

R$ 1 bilhão a R$ 1,6 bilhão. Outras reformas incluem mudanças nos pagamentos feitos pelas

mineradoras ao Governo Federal, que são redistribuídos entre os governos subnacionais, e

mudanças na distribuição do Fundo de Participação dos Estados (FPE)13

, devido a uma

decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou a inconstitucionalidade das regras

atuais. A mudança nas regras deve levar a uma desaceleração no crescimento nominal dos

repasses do FPE. Finalmente, o Estado espera receber um adicional de R$ 280 milhões em

royalties do pré-sal, caso as novas regras de partilha que estão transitando no Congresso sejam

aprovadas.

Projeções

50. A receita deve aumentar em média 9,2% entre 2011 e 2015, enquanto a previsão

de aumento da despesa para o mesmo período é de 10,5% . A receita e a despesa foram

projetadas com base em uma taxa média de crescimento do PIB de 3,6% e uma inflação de

4,9% para o período.

51. As projeções mostram que embora o GoMG tenha tomado medidas para

aumentar a receita, terá de exercer cautela no que tange aos planos de investimento. O

aumento maior da despesa deve ocasionar uma leve queda no saldo operacional bruto (em

relação à RCL), especialmente em 2014 e 2015, após a incorporação na base tributária das

medidas para aumentar a receita. O saldo primário também apresenta uma tendência

semelhante. Para manter a tendência de queda da relação dívida/receita, o investimento terá

que ser limitado a menos de 8% da RCL entre 2012 e 2015, em comparação com a média de

13% no período de 2004 e 2011.

52. Além dos riscos de queda da receita destacados acima, existem também

perspectivas positivas. Entre elas está o aumento na receita do ICMS arrecadado de novas

empresas que já assinaram acordos com o Governo para expandir suas operações ou iniciar

novas operações no estado14

. Tais receitas não foram incluídas no cenário de linha de base, já

12

O salário mínimo aumenta na mesma proporção do gasto mínimo por aluno no Fundo de Manutenção e

Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB). O Congresso Nacional está apreciando projeto de lei que

propõe o ajuste do salário mínimo pelo índice de inflação (INPC). 13

O FPE é o maior repasse do Governo Federal para os estados. Ele é composto de 21,5% de receitas do imposto

de renda, tanto de pessoas jurídicas como físicas, e do imposto sobre produtos industrializados (IPI). Em 2011,

Minas Gerais recebeu R$ 2,7 bilhões, o que equivale a 5,4% da receita atual do Estado. Esse valor é

relativamente baixo para o Estado de Minas Gerais, mas pode representar até 35% nos estados mais pobres,

como Alagoas. 14

As receitas incluíram os montantes de R$ 793,2 milhões em 2012, R$ 930,5 milhões em 2013, R$ 1.083,3

milhões em 2014 e R$ 1.135,8 milhões em 2015. Os dados foram fornecidos pelo Governo.

20

que dependem da concretização de investimentos que ainda são incertos. Finalmente, o

Governo está propondo o refinanciamento da dívida da CEMIG (veja abaixo e Anexo 10), o

que vai resultar em receitas extraordinárias de dividendos pagos pela CEMIG ao Estado, no

montante de R$ 281 milhões em 2013, e numa redução no pagamento de juros entre 2013 e

2015. Esses efeitos positivos poderão ter como efeito combinado um crescimento anual da

receita de 11,4%, superando assim o crescimento anual da despesa de 11,2%.

53. O GoMG está adequadamente estruturado do ponto de vista macroeconômico. O

Governo de Minas tem demonstrado um claro compromisso com uma gestão fiscal prudente.

A recente deterioração é resultado da crise econômica mundial e das pressões políticas

nacionais sobre os salários. O GoMG reconhece que no curto prazo a despesa com pessoal

deve aumentar a um ritmo pouco prudente. No entanto, vem tomando medidas para aumentar

a receita e compromete-se a tomar mais medidas caso seja necessário. Mantendo um

crescimento moderado dos investimentos, o Estado será capaz de manter sua taxa de

endividamento em declínio e cumprir suas obrigações no âmbito da LRF. Na verdade, apesar

dos compromissos legais de aumento salarial assumidos pelo Estado, as políticas públicas em

vigor permitem a redução da dívida do seu nível atual de 180% da receita corrente líquida

para 140%. No entanto, as projeções indicam a importância de manter a despesa com pessoal

sob controle, uma vez que os compromissos legais tenham sido honrados.

Tabela 4 - Demonstrações Financeiras de Minas Gerais - Projeções de Linha de Base: 2012-2015

(em bilhões de reais) 2011 2012 2013 2014 2015

I. Receita 55,3 59,2 65,2 71,7 78,6

Ib. Receita (excluído o FUNDEB) 50,4 53,9 59,4 65,4 71,7

Impostos 35,0 38,6 42,6 47,0 51,7

Contribuições Sociais 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5

Repasses 11,7 12,2 13,3 14,5 15,8

Outras Receitas Correntes 5,0 4,4 4,8 5,2 5,6

II. Despesa 45,7 49,7 54,7 61,6 68,1

Remuneração dos servidores 26.3 28,6 31,3 36,1 40,1

Pagamento de Juros 2,6 2,8 3,0 3,3 3,6

Outras Despesas Correntes 16,8 18,3 20,3 22,2 24,3

Repasses aos municípios 9,4 10,3 11,4 12,5 13,7

Bens e Serviços 7,4 8,0 9,0 9,7 10,6

III. Saldo Operacional Bruto (Ib - II) 4,7 4,2 4,7 3,8 3,7

% da RCL 12,6 10,2 10,4 7,7 6,7

IV. Transações com Ativos não Financeiros 4,0 4,6 5,0 5,5 6,1

V. Empréstimo / Endividamento Líquido (III -

IV)

0,7 -0,4 -0,3 -1,7 -2,5

VI. Saldo Primário (V + Juros Líquidos) 2,7 2,2 2,4 1,2 0,8

% da RCL 7,3 5,2 5,4 2,5 1,5

VII. Transações com Ativos não Financeiros -0,6 0,2 0,1 1,9 2,6

VIII. Saldo Global (VI + VII) 2,0 2,2 2,3 3,0 3,3

Memo Items:

Receita Corrente Líquida (RCL) 37,3 41,2 45,3 49,9 54,6

Investimento Não Financeiro / RCL 8,9 7,6 7,3 7,4 7,5

Dívida Consolidada Líquida / RCL 181,8 177,7 164,6 155,9 146,1

54. Os arranjos fiscais entre o Governos do Estado e os Governos Federal e

Municipais também são considerados adequados, já que as transferências líquidas

devem se manter estáveis no médio prazo. Os repasses são o resultado de um sistema

baseado em regras estáveis, o que significa que as transferências líquidas devem continuar

acompanhando as receitas como um todo.

21

Sustentabilidade da Dívida em Minas Gerais

55. As estratégias projetadas para equacionar as questões fiscais e a dívida em Minas

Gerais são consideradas sustentáveis no médio prazo. As projeções da linha de base

apontam uma trajetória sustentável, embora com superavit operacional e superavit primário

menores que no passado. A dívida consolidada líquida deverá cair para 146% da receita

corrente líquida em 2015 (de 182% em 2011). No cenário de linha de base, a dinâmica da

dívida é sustentável e cumpre com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Análise de Risco

56. As projeções fiscais e da dívida foram feitas até 2020 e estão sujeitas a uma série

de choques. O cenário de base mostrou uma queda continua na relação dívida/receita,

chegando a 100,7% em 2020. A análise de risco explorou separadamente o impacto sobre a

trajetória da dívida do crescimento mais lento do PIB (1% menos por ano ao longo do

periodo), aumento mais rápido da despesa com pessoal (três pontos percentuais a mais por

ano) e um choque na receita com uma arrecadação 5% abaixo do previsto durante dois anos

sucessivos (como poderia acontecer em caso de uma crise econômica mundial). Para terminar,

a análise explorou a dinâmica de uma combinação das três condições (baixo crescimento do

PIB, alto crescimento salarial e choque na receita).

57. Em cada um dos choques individuais, a redução da relação dívida/receita se

manteve. O maior impacto veio do choque na receita (receita cinco por cento abaixo da

previsão por dois anos sucessivos), durante o qual a relação aumentou ligeiramente antes de

diminuir gradualmente até 2020. Nesse caso, o Estado só conseguiria atingir uma relação

dívida/receita de 121,6% em 2020. Em uma situação de crescimento mais lento e maior

aumento salarial o impacto seria muito semelhante, com a taxa de endividamento chegando a

111% e 120% por cento, respectivamente. A sustentabilidade só correria perigo no caso do

choque combinado. Nesse caso, contudo, a taxa de endividamento cairia para 155,7 após subir

para mais de 190% em 2014. Assim, mesmo nessa situação extrema a dinâmica da dívida não

se revelou instâvel.

58. A conclusão geral da análise de sustentabilidade da dívida é que, sob qualquer

conjunto plausível de condições externas, as dinâmicas da dívida e do déficit são

sustentáveis e consistentes com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Perfil de amortização e operação de refinanciamento

59. Embora a análise da dívida/déficit até 2020 mostre que a dívida é sustentável sob

qualquer conjunto plausível de condições externas, a análise do perfil de amortização do

estoque existente de dívida indica a possibilidade de que ocorra um problema em 2035.

O problema está na dívida da CEMIG com o Estado, como resultado da negociação

generalizada da dívida com o Governo Federal nos anos 90 (para uma explicação detalhada,

veja o Anexo 10). O contrato de dívida da CEMIG vai gerar um pico no cronograma do

serviço da dívida em 2035. Basicamente, o atual mecanismo de pagamento da dívida da

CEMIG, que envolve a compensação de 65% dos dividendos que a CEMIG deve ao Estado,

deixa restos a pagar no montante de R$ 23,5 bilhões, a serem pagos em um ano (2035).

Também vale notar que a dívida está indexada ao IGP-DI, a uma taxa de juros de 8,18%,

sendo assim a dívida mais cara do Estado de Minas Gerais.

60. O GoMG reconheceu que as disposições atuais representam uma ameaça à

sustentabilidade fiscal futura e entrou em negociações com a CEMIG para chegar um

acordo de refinanciamento. O GoMG e a CEMIG negociaram um desconto para pagamento

à vista de 35% sobre o valor nominal da dívida, desde que a dívida fosse paga imediatamente.

22

Tal desconto de fato reconheceu tanto os termos pouco razoáveis do acordo original da dívida

quanto a probabilidade de que as condições seriam insustentáveis no longo prazo. Com esse

desconto, o valor da dívida a ser refinanciado (em dezembro de 2011) passaria para R$ 3,6

bilhões (US$ 1,94 milhões). Por conseguinte, o refinanciamento da dívida da CEMIG com o

Estado é importante para garantir a sustentabilidade futura das finanças públicas. O

refinanciamento também reduziria o valor nominal da dívida do Estado e o custo do seu

pagamento, aumentando assim o espaço fiscal para investimentos ou fornecendo uma margem

adicional para lidar com eventuais choques externos.

61. Durante a preparação da operação atual, a Tesouro do Banco Mundial prestou

assessoria e orientação quanto à possível estrutura da operação de refinanciamento.

Nessas discussões, o GoMG explorou a possibilidade de uma garantia bancária para um

empréstimo do setor privado. No entanto, o GoMG foi finalmente capaz de obter um

compromisso da Secretaria do Tesouro Nacional de avalizar um empréstimo do setor privado

para refinanciar a dívida com a CEMIG.

62. O GoMG negociou um pacote financeiro com a Agência Francesa de

Desenvolvimento (AFD) e com o banco Credit Suisse, para refinanciar a dívida com a

CEMIG . A AFD fará um empréstimo de € 300 milhões com vencimento em 20 anos. O

Credit Suisse, selecionado em um processo competitivo com outros bancos privados, garantiu

ao GoMG que poderia emprestar até US$ 1,3 bilhões com vencimento em 15 anos e um

período de carência de 5 anos. Assim, o Estado poderia refinanciar 80% da dívida da CEMIG

a uma taxa de juros de 5,3%, com vencimentos entre 15 e 20 anos.

63. Esse pacote de refinanciamento representa uma das primeiras vezes desde a

entrada em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal que um governo estadual obtém

empréstimo do setor privado externo sem a garantia de uma agência de desenvolvimento

multilateral ou bilateral. Nesse sentido, constitui uma inovação importante e representa o

retorno do Estado de Minas Gerais ao mercado financeiro, servindo de exemplo para outros

estados bem administrados e reformistas no Brasil. O empréstimo do Credit Suisse será

coberto por uma garantia do Governo Federal, o que sinaliza para outros estados a

importância de se manter uma gestão fiscal sólida para ganhar acesso a financiamento

privado.

III. PROGRAMA DO GOVERNO E PROCESSOS PARTICIPATIVOS

64. O programa do Governo de Minas Gerais reitera o compromisso do Estado com

o desenvolvimento, que será atingido a partir de uma sólida gestão fiscal e do setor

público, tendo como objetivo maior gerar mais e melhores resultados para a população.

Desde 2003, o Governo de Minas Gerais reafirma seu compromisso no sentido de “tornar

Minas o melhor estado para se viver”. Embora a meta adotada pelo Governo não tenha

mudado, a estratégia para atingi-la foi evoluindo de maneira a responder aos principais

desafios identificados 15

no início de cada governo. Após a posse, o novo governo começou se

debruçou sobre a revisão e atualização plano estadual de desenvolvimento de longo prazo, o

Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI), para identificar as principais

prioridades e estratégias relativas à elaboração de projetos direcionados a estimular o

15

Conforme rege a Constituição do Estado, o Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado é um plano de

desenvolvimento estadual de longo prazo com um horizonte de vinte anos, que estabelece os objetivos gerais e

diretrizes para para as políticas governamentais.

23

desenvolvimento do estado e oferecer melhores condições de vida para a população. Nesse

sentido, foram identificados quatro elementos fundamentais para um melhor lugar para viver:

prosperidade, qualidade de vida, cidadania e sustentabilidade. A estratégia do Governo visa

apoiar melhorias em cada um desses elementos. A estratégia manteve seu foco na melhoria da

eficiência e da eficácia do setor público, tendo como base a gestão fiscal e da administração

pública. Por último, introduziu-se um novo elemento, o da participação popular.

65. A estratégia do Governo tem como foco central a participação da sociedade,

organizada em torno de 11 redes temáticas, que representam os principais desafios a ser

superados. Tais redes substituíram as anteriores “áreas de resultados” e foram criadas para

promover uma maior cooperação e integração entre os órgãos da administração pública de

maneira a atingir os resultados de desenvolvimento traçados. Cada rede tem metas centrais,

que são estabelecidas de acordo com os objetivos e estratégias para os quais está direcionada;

além disso, as metas foram definidas de forma que se possa monitorar o progresso na

consecução dos resultados de desenvolvimento. Por sua vez, os mecanismos de participação

visam incorporar a percepção dos cidadãos na definição de prioridades e no monitoramento

das políticas governamentais, promovendo, assim, uma ativa participação popular. As redes e

suas metas centrais estão representadas a seguir,Figura 2 acompanhadas de uma breve

descrição.

Figura 2 - Mapa Estratégico do Programa do Governo

66. Rede de Governo Integrado, Eficiente e Eficaz. Esta rede reflete a preocupação

central do Governo de Minas com uma gestão eficiente e eficaz como condição essencial à

adequada aplicação das políticas em todas as demais redes. Portanto, representa a base da

estratégia do Governo. Esta rede envolve uma busca constante pela inovação na gestão do

24

setor público e nas políticas públicas, bem como o desenvolvimento de novos instrumentos de

participação social. Ademais, considerando o papel fundamental do funcionalismo público na

geração de resultados, a divulgação da gestão para resultados em todas as áreas da

administração pública é um aspecto central da estratégia do Governo. São objetivos

estratégicos dessa área: (i) ampliar a efetividade das políticas públicas; (ii) ampliar a

capacidade de inovação do Governo para gerar mais e melhores resultados para a sociedade;

(iii) ampliar e melhorar a produtividade e a qualidade dos serviços e do gasto público; (iv)

ampliar a integração intragovernamental; e (v) aumentar a transparência, a participação e o

controle social das ações de governo.

67. Educação e Desenvolvimento Humano. O objetivo central desta rede é promover o

amplo acesso da população a uma educação de qualidade e melhorar sua empregabilidade.

Nos últimos anos, Minas Gerais tem feito grandes avanços na área da educação, tendo

conquistado o primeiro lugar na classificação de qualidade do ensino médio em 2010, e16

quarto entre os estados brasileiros na avaliação PISA. Apesar dos avanços recentes, ainda há

desafios a ser superados para atingir o acesso universal ao ensino e uma educação de

qualidade no Estado. Uma das preocupações centrais do Governo é poder capacitar a força de

trabalho, para elevar a sua produtividade e facilitar o seu ingresso no mercado de trabalho. Os

esforços do Governo para melhorar a qualidade da educação em todos os níveis se

concentram em três programas-chave: (i) Programa de Intervenção Pedagógica 2, que dá

continuidade a um bem sucedido programa de reforma curricular, desenvolvimento de

material didático-pedagógico e apoio direcionado às escolas do ensino médio que apresentem

deficiências; (ii) Reinventando o Ensino Médio, que envolve ações voltadas para reduzir o

número de escolas noturnas de baixa qualidade, bem como uma colaboração mais estreita

com o setor privado; e (iii) uma escola modelo para a formação continuada de professores.

Além disso, o Governo vem apoiando ações para aperfeiçoar a gestão do sistema de ensino,

particularmente com a realização de concursos para gestores educacionais e diretores de

escola.

68. Rede de Desenvolvimento Social e Proteção. A meta síntese desta rede é erradicar a

pobreza no estado e reduzir a desigualdade social. Com uma abordagem integrada de

desenvolvimento social que considera suas diferentes dimensões, visa promover o bem-estar

da população. Esta rede inclui ações de assistência social com foco nos direitos humanos e

sociais e em políticas voltadas para a juventude. Tais ações também levam em conta a

persistência da desigualdade de gênero e racial no estado, que se for medida em termos de

remuneração por hora de trabalho fica acima da média nacional17

. Além disso, as iniciativas

que tem como objetivo identificar os “pobres invisíveis” também têm potencial para reduzir

as desigualdades de gênero, uma vez que o número de lares comandados por mulheres está

superestimado neste grupo. Os objetivos estratégicos do Governo para esta rede são: (i)

erradicar a miséria em Minas Gerais; (ii) romper o ciclo da pobreza e reduzir a desigualdade

social; (iii) aumentar as expectativas dos jovens quanto ao futuro e o seu protagonismo na

16

O Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) é um estudo internacional para avaliar sistemas

educacionais do mundo inteiro por meio de provas de habilidades e conhecimentos aplicadas em alunos de 15

anos de idade nos paises/economias que participam do estudo. A pontuação de Minas Gerais foi de 422, melhor

que a média do Brasil, de 401, porém bem abaixo da média da OCDE, de 496,67. 17

Em 2009, a remuneração por hora trabalhada no principal emprego de trabalhadores negros e pardos foi de

56,8% e 64,3%, respectivamente, da remuneração de trabalhadores brancos, contra a média nacional de 57,4%

em ambos os casos. Quanto ao gênero, a renda média das trabalhadoras ocupadas de 16 anos de idade ou mais

em Minas Gerais foi de 68,7% da renda média dos trabalhadores do sexo masculino, contra uma média nacional

de 70,8%.

25

sociedade; (iv) promover os direitos humanos; e (v) ampliar e efetivar o sistema de garantias

de direitos da criança e do adolescente.

69. Rede de Desenvolvimento Econômico Sustentável. O Governo objetiva alcançar

uma economia dinâmica, mais diversificada e competitiva, com crescimento sustentável e

inclusivo. Apesar de ocupar uma posição central na economia nacional, o PIB per capita do

Estado é apenas o nono no país, inferior ao dos outros estados da região Sudeste. A

produtividade total dos fatores de produção do estado também é menor que a de outros das

regiões Sul e Sudeste, devido à menor produtividade da mão-de-obra. Assim, a estratégia

estadual busca promover uma maior produtividade da mão-de-obra e um desenvolvimento

econômico competitivo e estável, que atraia investidores. Esse desenvolvimento deve basear-

se em um crescimento mais limpo e mais inclusivo.

70. Rede de Cidades. Por se tratar de um estado predominantemente urbano (85% da

população vive em cidades), o Governo mineiro busca melhorar gradualmente a qualidade dos

centros urbanos como forma de melhorar a qualidade de vida da sua população. Portanto, esta

rede tem como objetivo garantir o acesso a serviços públicos e privados de qualidade e

assegurar o cumprimento das normas de uso do solo, por meio de uma governança e um

planejamento da infraestrutura adequados. Outro objetivo estratégico desta rede é reduzir as

desigualdades regionais.

71. Rede de Atenção à Saúde. O objetivo central desta rede é elevar a qualidade e a

expectativa de vida da população. Com a atual transição demográfica em Minas Gerais (e no

Brasil em geral), os desafios enfrentados pelo setor de saúde têm uma característica dupla. Por

um lado, é necessário assegurar o acesso universal ao atendimento básico com foco na

redução das desigualdades regionais no Estado e combatendo a mortalidade infantil. Por

outro, é necessário consolidar as redes de saúde do estado de maneira que possam atender às

mudanças no perfil de saúde causadas pelo aumento da morbidade e da mortalidade por

doenças crônicas e cardiovasculares e por causas externas. A estratégia do Governo para o

setor de saúde visa enfrentar esse duplo desafio.

72. Rede de Defesa e Segurança. O objetivo central desta rede é reduzir a violência e a

criminalidade em geral no Estado, com o qual aumentaria a sensação de segurança entre a

população. Desde 2005, Minas Gerais vem experimentando uma melhoria gradual no índice

de homicídios, passando do 15º maior do país em 2005 para o 5º18

menor em 2010. Outros

tipos de crime apresentaram reduções ainda mais impressionantes do que a de homicídios. No

entanto, a taxa de homicídios permanece acima dos níveis observados na década de 1990 e a

sensação de segurança por parte da população ainda é relativamente baixa: 51,3 % da

população teme ser vítima de algum crime. Assim, os objetivos estratégicos do Governo no

âmbito desta rede são reduzir a violência por meio do aperfeiçoamento da gestão estratégica

dentro das forças policiais19

(Polícias Militar e Civil), da integração das ações destas

corporações e do combate a fontes específicas de violência, como o consumo e o tráfico de

drogas.

73. Rede de Ciência, Tecnologia e Inovação. Com as ações empreendidas no âmbito

desta rede o Governo pretende promover o desenvolvimento, a difusão e a aplicação de

conhecimentos e tecnologias em diferentes áreas para aumentar a competitividade económica

e a qualidade de vida em Minas Gerais. O objetivo estratégico desta rede é reestruturar e

18

Núcleo de Estudos em Segurança Pública da Fundação João Pinheiro (NESP-FJP). 19

Centro de Estudos de Criminalidade e Segurança Pública de UFMG (CRISP-UFMG)

26

ampliar a oferta de ensino tecnológico de maneira alinhada à demanda do setor empresarial,

bem como ampliar os ambientes de inovação, atraindo e retendo talentos.

74. Rede de Desenvolvimento Rural. A meta síntese desta rede é elevar a produção e a

qualidade dos produtos da agricultura familiar e do agronegócio em Minas Gerais. Essa meta

será alcança por meio de medidas que promovam uma maior produtividade e mais

competitividade na área rural e que elevem o valor agregado da produção agrícola do estado.

75. Rede de Identidade Mineira. O Governo tem como objetivo desta rede promover a

produção cultural e o turismo no estado, bem como a prática de esportes. Minas Gerais tem

uma forte identidade, caracterizada pela importância histórica do estado no desenvolvimento

nacional. Essa singularidade representa uma oportunidade para o desenvolvimento do setor

turístico no estado. Nos últimos anos, Minas vem recebendo um número cada vez maior de

turistas estrangeiros e criou novos postos de trabalho em torno desse setor. O Governo

pretende apoiar novos empreendimentos na área, inclusive relacionados aos novos

investimentos em eventos esportivos internacionais no país.

76. Rede de Infraestrutura. Apesar dos avanços na última década, a infraestrutura de

Minas Gerais precisa ser ampliada e modernizada para suportar um novo ciclo de

desenvolvimento. Assim, o objetivo do Governo é desenvolver uma infraestrutura adequada

para proporcionar maior competitividade e qualidade de vida. Os objetivos estratégicos desta

rede incluem a redução do tempo e dos custos de deslocamento de bens, pessoas e cargas no

Estado; a ampliação e diversificação da infraestrutura, proporcionando maior dinamismo e

integração; e a expansão e modernização da infraestrutura econômica social.

Processos Participativos

77. Como descrito acima, o GoMG tem como tradição promover amplas consultas

durante o processo de elaboração do seu plano de desenvolvimento de longo prazo (o

Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado) e do seu plano plurianual (PPA).

Conforme determina a legislação estadual, ambos os documentos devem ser elaborados

através de um processo participativo, com a participação ativa da sociedade civil. As

consultas são realizadas com a participação de uma ampla gama de atores, entre eles os

governos municipais, o setor privado, a sociedade civil e organizações não governamentais. O

PMDI é desenvolvido pela Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que é

integrado por representantes do governo, do setor privado e da sociedade civil. Na

composição do Conselho, as organizações não governamentais têm mais da metade de

integrantes. A proposta do PPA é debatida em audiências públicas pela Comissão de

Participação Popular da Assembléia Legislativa, nas quais são incorporadas algumas

alterações a partir dos subsídios apresentados pelos cidadãos. Essa mesma Comissão de

Participação Popular analisa o PPA anualmente e realiza audiências públicas para debatê-lo.

Por último, há 41 Conselhos de Políticas Públicas, compostos por representantes de órgãos

governamentais estaduais e municipais e da sociedade civil organizada e atuante no Estado.

78. Todos estes processos se caracterizam pela total transparência com relação às

informações, que são divulgadas com a devida antecedência na internet e através de

redes da sociedade civil existentes no Estado. A participação da população com opiniões e

sugestões é um elemento inerente ao processo participativo, uma vez que o Governo presta

contas periodicamente às organizações da sociedade civil. Essas ocasiões são uma

oportunidade para colher as impressões dos diferentes setores da sociedade a respeito do

processo participativo em curso e para propor medidas corretivas no processo e no programa

de governo.

27

79. Em 2011, o Governo começou a introduzir novos mecanismos de participação como

parte do seu processo de planejamento. Tais mecanismos buscam promover consultas

intersetoriais e dentro do governo, porém com um foco regional para fomentar um diálogo

entre a administração pública estadual e as regiões e, ao mesmo tempo, consolidar a

coordenação entre os diferentes setores do Estado em nível regional. Numa segunda fase

serão realizadas reuniões regionais tendo como participantes organizações da sociedade civil

da região, com o objetivo de apresentar a estratégia do governo aos diferentes setores e áreas

de políticas públicas. Com a apresentação dessas estratégias, é dada à sociedade civil a

oportunidade de escolher que políticas priorizar na sua região. Nesse sentido, assegurar uma

representação adequada e diversa é um aspecto que recebe particular atenção. Além de

mapear as organizações da sociedade civil, o Governo empreendeu algumas iniciativas de

divulgação para garantir que o processo seja o mais abrangente possível. Cabe observar que

os resultados preliminares dos pilotos sugerem que o processo participativo vem tendo

sucesso em integrar sectores da sociedade que no passado foram sistematicamente excluídos

dos processos decisórios no Estado, e com isso ampliou-se a representatividade global das

preferências da sociedade, se comparada com a situação anterior.

80. Os produtos gerados pelo processo deliberativo conduzido junto aos atores da

sociedade civil são um “caderno de prioridades estratégicas regionais” e a eleição de

representantes para acompanhar as atividades do Governo na região, além da criação de

um Fórum Participativo Regional após a realização de dois encontros regionais, integrado por

representantes da sociedade civil e do governo e por outros atores, como membros do

legislativo estadual, empresários locais, associações da indústria e universidades. Do ponto de

vista de inovação na área de políticas públicas, a abordagem atual pode vir a representar uma

contribuição significativa para a segunda geração de arranjos participativos estaduais no

âmbito do sistema federativo, com um bom potencial de replicação.

IV. APOIO DO BANCO AO PROGRAMA DO GOVERNO

A. RELAÇÃO COM A CPS

81. O Estado de Minas Gerais tem uma parceria de longa data com o Grupo Banco

Mundial. Esta parceria se caracteriza pelo envolvimento e apoio a longo prazo do Banco às

abordagens inovadoras em matéria de reformas, que são consideradas um modelo a ser

seguido por outros estados. A 20

Estratégia de Parceria para o Brasil (CPS) 2012-2015

reconhece conquistas significativas no enfrentamento dos desafios ao desenvolvimento por

meio de abordagens inovadoras. A CPS também atende à demanda por produtos mais

flexíveis, eficazes e adequados às necessidades nacionais e, ao mesmo tempo, mantém a mira

nas principais questões relativas ao desenvolvimento a longo prazo.

82. O objetivo desta operação é a manter o apoio às reformas que Minas Gerais está

realizando e desenvolver soluções para os entraves ao desenvolvimento, que possam ser

usadas por outros Estados e outros países. Apesar de Minas ser um estado relativamente bem

desenvolvido, seus desafios refletem aqueles enfrentados de modo geral pelo país, tanto no

que se refere ao desenvolvimento institucional como à pobreza e marginalização. Trabalhando

com um Estado como Minas Gerais, que possui uma capacidade relativamente alta, as

políticas e inovações apoiadas pelo Banco podem servir de modelo para outros estados

20

Estratégia de Parceria com o País 2012-2015 (Relatório nº 63731-BR) discutido pela Direção Executiva em 1º

de novembro de 2011.

28

brasileiros. A operação proposta ajudará Minas a continuar desenvolvendo e

institucionalizando a sua capacidade de gestão e de prestação de serviços, ao mesmo tempo

em que fortalecerá a disciplina fiscal e financeira, em face da crescente pressão sobre as

despesas.

83. A operação proposta está plenamente alinhada e estreitamente relacionada com

os objetivos da CPS 2012-2015. Esta operação é um dos vários Empréstimos para Políticas

de Desenvolvimento (DPL) e das várias Abordagens Multissetoriais (SWAp) subnacionais

concebidas para reforçar a disciplina fiscal, a gestão das finanças públicas e a prestação de

serviços públicos como parte da Estratégia de Parceria com o País do Banco Mundial no

Brasil. Ao focar um estado como Minas Gerais, um dos maiores e mais importantes do ponto

de vista econômico do país, a operação abrangerá todos os quatro pilares da CPS. As medidas

de políticas públicas apoiadas pela operação estão alinhadas com os objetivos da CPS de (i)

aumentar a eficiência dos investimentos públicos e privados; (ii) melhorar a qualidade dos

serviços públicos oferecidos às famílias de baixa renda; (iii) promover o desenvolvimento

econômico regional; e (iv) melhorar o manejo sustentável dos recursos naturais e a resiliência

ao clima.

84. Ao apoiar políticas direcionadas a fortalecer o modelo de gestão por resultados e a

gestão do orçamento, a reduzir a exclusão social, melhorar a gestão ambiental e desenvolver a

governança metropolitana, a operação irá contribuir para melhorar em todo o país os

respectivos indicadores de resultados da CPS. Estão previstas contribuições indiretas na forma

de transferência de conhecimentos e de lições aprendidas no Brasil.

85.

B. COLABORAÇÃO COM O FMI E OUTROS DOADORES

Colaboração com o FMI

86. Como o Fundo Monetário Internacional (FMI) não trabalha diretamente com

governos estaduais, não houve colaboração direta com esse organismo na operação em

questão. No entanto, as equipes do Banco e do Fundo trabalham em estreita colaboração

quando se trata do programa geral para o Brasil. Essa colaboração atende ao disposto no

Plano de Ação de Gestão Conjunta, que orienta as equipes do Banco e do Fundo a se

consultar pelo menos uma vez por ano durante a preparação dos seus programas de trabalho, a

fim de melhorar sua coordenação no nível nacional. As equipes do Banco e do Fundo no

Brasil também se reuniram regularmente.

Colaboração com outros parceiros nacionais e internacionais

87. A equipe do Banco vem trabalhando em estreita colaboração com a Agence

Française de Développement (AFD), que está preparando um aporte paralelo de € 300

milhões destinado à redução das desigualdades sociais e regionais no Estado de Minas

Gerais. A AFD tem como mandato geral financiar investimentos que conduzam a um

crescimento inclusivo, de maneira ambientalmente sustentável. Assim, esta operação terá o

formato de complementação orçamentária e se baseará na estratégia do Governo de ampliar a

cobertura da infraestrutura básica e da habitação nas regiões mais carentes do estado. A

operação da AFD se direciona a apoiar o refinanciamento da dívida do estado com a CEMIG.

Embora o financiamento de amplas reformas na administração pública não figure entre os

mandatos da AFD , a agência reconhece o progresso feito pelo Governo de Minas Gerais com

o apoio do Banco Mundial e a importância do programa de reformas atual. Disso resulta que a

aprovação da operação proposta pela Direção Executiva do Banco Mundial seja condição para

a assinatura do acordo de empréstimo entre a AFD e o Estado de Minas Gerais. Na preparação

29

da presente operação houve uma estreita cooperação com a equipe da AFD, inclusive missões

conjuntas em Minas.

C. RELAÇÃO COM OUTRAS OPERAÇÕES DO BANCO

88. A operação proposta é o terceiro programa financiado pelo Banco no âmbito da

Parceria com Minas Gerais.21

O primeiro empréstimo, o DPL Parceria para o

Desenvolvimento de Minas Gerais (Empréstimo nº 73770) foi aprovado pela Direção

Executiva em 11 de abril de 2006 e acompanhou a primeira fase do “Choque de Gestão”. Suas

principais áreas de atuação foram gestão fiscal, gestão pública e desenvolvimento do setor

privado. O sucesso na execução desse projeto teve como resultado o fortalecimento da Lei de

Responsabilidade Fiscal e a geração de superávits fiscais, assim como um melhor

desempenho da economia e dos investimentos.

89. O segundo programa Parceria para o Desenvolvimento de Minas

Gerais(Empréstimo nº 75470) seguiu o modelo de sucesso da primeira operação. Aprovado pela Direção Executiva em 1º de maio de 2008, teve como objetivo estender as

principais realizações na área fiscal e de gestão para resultados alcançadas na segunda fase do

“Choque de Gestão” às principais Secretarias de Governo. As principais áreas apoiadas são os

programas de investimentos prioritários e as reformas dos setores público, privado, de saúde,

educação e transportes. Em 31 de março de 2010, foi aprovado pela Direção Executiva do

Banco o Financiamento Adicional (Empréstimo nº 78710) deste projeto.

90. O Programa também contempla o apoio a ações de capacitação no Ministério

Público de Minas Gerais. O Banco está implementando o Fundo de Desenvolvimento

Institucional (FDI) para o Fortalecimento Institucional do Ministério Público de Minas

Gerais (Carta-acordo TF095718), que tem como objetivo fortalecer a capacidade institucional

do MP e, particularmente, aperfeiçoar a administração do sistema de gestão ambiental. Este

projeto surgiu de uma solicitação do Ministério Público em consequência do sucesso dos dois

primeiros projetos com o Estado.

91. As iniciativas de redução dos gases de efeito estufa e de sustentabilidade

ambiental tem estado presentes nos programas de apoio do Banco no Estado de Minas

Gerais desde 2001. A área 3 da operação proposta se soma ao esforço do Estado para reduzir

a emissão de gases de efeito estufa e promover o crescimento verde. Essa área vem recebendo

apoio do Banco desde 2001 através do Projeto Plantar Minas Gerais em parceria com o

Fundo Protótipo de Carbono (TF050682), um fundo fiduciário que disponibiliza recursos a

projetos voltados para a redução das emissões de gases de efeito estufa. A experiência da

empresa Plantar, que é apoiada com recursos desse subsídio, é tida hoje como um modelo em

expansão do uso do carvão vegetal renovável no estado e no resto do país.

92. Fortalecer a eficiência do setor público é um tema transversal da carteira

estadual do Banco Mundial no Brasil. Na esteira do sucesso de operações estaduais bem-

sucedidas, o Banco tem uma parceria de longa data com vários estados por meio de sucessivas

operações DPL e SWAp. O Banco vem aprofundando a sua participação no nível estadual e

está preparando vários projetos com foco na reforma da gestão pública e em governança:

Paraná (Projeto de Desenvolvimento Multissetorial P126343), Recife (Programa de

Desenvolvimento da Educação e da Gestão Pública no Município de Recife - SWAp

P126372), Rio Grande do Norte (Desenvolvimento Regional e Governança P126452), Rio de

21

Apesar de ser o terceiro projeto, esta é a quarta operação, já que o Segundo Projeto de Parceria para o

Desenvolvimento de Minas Gerais recebeu um Financiamento Adicional.

30

Janeiro (Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro III

P126465), Bahia (DPL Desenvolvimento Econômico e Inclusão Social na Bahia P126351),

Pernambuco (Empréstimo para Políticas de Desenvolvimento de Expansão de Oportunidades

e Aumento da Equidade no Estado de Pernambuco P106753) e o SWAp Rio Grande do Sul

(P120830).

Escolha do Instrumento

93. DPL v. Empréstimo para investimento. A operação apoia uma abordagem

multissetorial diretamente ligada aos objetivos estratégicos traçados pelo Governo de Minas

Gerais no seu plano de desenvolvimento estratégico. O programa de reformas do Estado é

robusto e traz incorporados temas transversais como o aprofundamento da abordagem

gerencial, na qual Minas tem sido pioneiro nos últimos oito anos. A operação apoia o

processo de reformas políticas com o qual o governo estadual está firmemente empenhado. A

operação de DPL é, portanto, o veículo apropriado. A estratégia global de desenvolvimento,

as áreas prioritárias de gastos públicos e a gestão das finanças públicas dão sólidos motivos

para acreditar que os recursos vão contribuir para a redução da pobreza. Além disso, o

histórico de Minas Gerais na bem-sucedida implementação de dois programas de reformas ao

longo dos últimos oito anos – ambos apoiados pelo Banco – constitui uma garantia da

capacidade do Estado de ter êxito na implementação do programa proposto e de atingir seus

objetivos de desenvolvimento.

94. DPL v. Garantias de Apoio às Políticas (PBG). Nas primeiras fases de identificação

da operação proposta, explorou-se a opção pelo instrumento PBG, a pedido do Governo de

Minas Gerais. A principal vantagem do PBG era a possibilidade de alavancar um maior

volume de recursos do setor privado, em lugar de se recorrer a empréstimos tradicionais para

obter o mesmo valor. Como o Governo Federal conseguiu oferecer garantias para o

empréstimo pelo setor privado, acordou-se que a maneira mais eficiente de aplicar os recursos

do Banco seria na forma de uma operação DPL padrão, dado o custo mais baixo do

empréstimo.

95. DPL em parcela única v. DPL em duas parcelas. A opção por um DPL em uma

única parcela deveu-se a dois motivos. Em primeiro lugar, a parceria de longa data entre o

Banco e o Estado de Minas Gerais, através de duas operações anteriores que constituem um

apoio semiprogramático do Banco ao Estado. Em segundo lugar, a capacidade relativamente

maior do Governo mineiro em comparação com os outros estados e seu firme compromisso

com a elevação da capacidade e da eficiência da administração pública, que reafirmam a

escolha pela parcela única.

96. Empréstimo programático para políticas de desenvolvimento (DPL) v. série de

operações independentes. Embora uma série de DPLs programáticos pudesse ter sido um

bom veículo para apoiar as reformas em curso no Estado de Minas, as exigências impostas

pela legislação brasileira para que os estados tomem empréstimos inviabilizam esse tipo de

operação. Em consequência, desde o início da parceria com Minas o Banco vem utilizando

operações independentes para apoiar o programa de governo. Além disso, o uso de operações

independentes viabilizou o apoio ao estado tanto na forma de um DPL como de empréstimos

para investimento, em consonância com as reformas em questão. Por exemplo, a presente

operação proposta, semelhante à primeira, apoia as reformas transversais e setoriais lideradas

por secretarias-chave. No caso do Programa Parceria para o Desenvolvimento de Minas

Gerais II, um empréstimo para investimento com um enfoque SWAp foi a maneira ideal

31

encontrada para estimular mais as secretarias a focar na consecução de resultados. A operação

SWAp reforçou o sistema de Estado para Resultados introduzido pelo Governo.

D. LIÇÕES APRENDIDAS

97. Por tratar-se de um DPL subnacional, a operação se assemelha em termos de

projeto e natureza a outras operações do Banco junto a governos estaduais no Brasil. A

preparação e supervisão de diversas operações estaduais recentes no Brasil proporcionaram ao

Banco experiência substancial em apoiar programas de reformas na esfera subnacional. O

Banco encontra-se numa boa posição para apoiar Minas Gerais nas suas iniciativas

direcionadas a melhorar a igualdade, a eficiência e a governança. Entre as principais lições

baseadas na experiência do Banco encontram-se:

a. Manter um diálogo estreito com o Estado durante a preparação da operação proposta

é importante. A equipe do projeto trabalhou em estreita parceria com o Governo

estadual na definição das reformas e ações que serão apoiadas pelo DPL e para que

sejam estabelecidas medidas que auxiliem na sua implementação.

b. Saber utilizar o instrumento adequado é importante. O Governo de Minas Gerais está

bem preparado para uma operação DPL em uma única parcela graças à robustez da

sua estrutura política, à boa definição dos seus programas e à solidez de seus sistemas

de monitoramento e avaliação.

c. As ações prévias ao programa devem se restringir a um pequeno número de reformas

políticas e institucionais chave. Sem esse enfoque, tanto a implementação por parte do

mutuário como a supervisão pelo Banco correm o risco de perder de vista as

prioridades da operação. Esta operação consiste em 10 ações prioritárias, divididas em

quatro áreas: (i) fortalecimento da gestão pública e orçamentária; (ii) promoção da

inclusão social; (iii) melhoria da sustentabilidade ambiental; e (iv) desenvolvimento de

uma estrutura de governança metropolitana.

d. Apropriação do programa pelo cliente. Um firme comprometimento do cliente com o

programa de reformas é fundamental para a eficácia na elaboração e na

implementação do projeto. O GoMG desempenhou um papel proativo na definição do

seu programa de reformas no início do mandato e está comprometido com a sua

implementação. O sucesso de Minas na implementação dos programas de reformas

anteriores, contando para tanto com o DPL e o projeto SWAp, também sugere que o

GoMG possui um sólido histórico em implementação de reformas. O GoMG encontra-

se atualmente implementando a terceira fase dessa reforma, que acrescenta novas

dimensões e mecanismos de participação ao seu modelo de gestão e se volta para a

melhoria da sua eficiência e eficácia. A matriz política proposta contempla medidas

viáveis e de alto impacto para o curso da operação.

e. Forte liderança. É importante que haja uma liderança forte nos escalões mais altos do

Governo para que as reformas sejam bem-sucedidas. Como prova o histórico de mais

de oito anos no governo, o GoMG conta com a necessária liderança na cúpula do

Governo. O sucesso das reformas no âmbito das políticas públicas propiciaram um

ambiente político estável, que levou à reeleição em 2006 e 2010, com uma vantagem

esmagadora, o governo eleito em 2002. Minas Gerais tornou-se uma referência para

outros estados e municípios em reformas do setor público, além do que conta com um

forte estímulo para seguir avançando nesse caminho de reformas.

32

f. Estreita coordenação com o Governo Federal: A experiência com as operações DPL

estaduais mostra a importância da coordenação dos trabalhos com o Governo Federal.

Nesse sentido, a operação conta com a participação e o apoio do Tesouro Nacional

desde o início.

E. FUNDAMENTOS ANALÍTICOS

98. Resultados de estudos setoriais e nacionais utilizados como subsídios na

concepção da presente operação. Como já descrito em parágrafos anteriores deste

documento, a atual CPS e o plano de desenvolvimento do Estado de Minas Gerais constituem

a base para a seleção das áreas de políticas públicas e do alinhamento da operação com os

objetivos estratégicos desses dois documentos. Conforme descrito em vários Relatórios de

Conclusão de Execução (ICR) e na seção anterior, as lições aprendidas a partir das operações

anteriores também foram levadas em consideração e, o que é mais importante, foram

utilizadas na concepção do programa as lições aprendidas a partir da experiência de Minas

com reformas. Como foi mencionado, as medidas propostas objetivam promover o modelo de

gestão para resultados e trabalhar os pontos fracos identificados na implementação anterior.

99. Um estudo do IEG22

sobre o envolvimento do Banco Mundial no nível estadual

confirmou a relevância e o impacto das operações subnacionais para o desenvolvimento.

O IEG descobriu que o envolvimento do Banco com os estados brasileiros que apresentam

alto desempenho ajudou claramente a fortalecer a capacidade interna do Estado e estimulou

uma transferência de conhecimento entre estados. O IEG concordou com a ênfase dada pelo

Banco ao aperfeiçoamento da gestão no setor público estadual. A gestão das finanças públicas

continua sendo a principal área de envolvimento, servindo frequentemente de ponto de

entrada para estendê-lo a outras áreas. Descobriu-se também que o trabalho de análise e o

compartilhamento e a transferência de conhecimentos tem um impacto mais importante que

os conceitos e as teorias no que se refere à prática do que fazer e o que não fazer.

100. As avaliações das práticas adotadas pelo setor público nacional e estadual nas

áreas de gestão financeira e de investimentos identificaram problemas semelhantes entre

os governos estaduais brasileiros. Em 2009, o Banco realizou uma avaliação de Despesas

Públicas e Responsabilidade Financeira (PEFA) e uma da Gestão dos Investimentos Públicos

na esfera federal, bem como avaliações PEFA de algumas unidades federativas (Minas

Gerais, Ceará, Distrito Federal e Pernambuco), que indicaram em sua totalidade que os

problemas relativos a orçamento e investimentos do setor público mineiro são comuns em

muitos estados brasileiros. Minas Gerais tem sido pioneiro no campo das reformas e melhorou

significativamente sua relação entre orçamento e políticas públicas. No entanto, ainda há

espaço para melhorias na área de gestão das finanças públicas. Uma das áreas que atrai a

atenção do Banco é a de Gestão dos Investimentos Públicos, para a qual tem sido utilizada a

“Matriz de análise da eficácia dos investimentos públicos”.

101. Assim como ocorre em muitos outros países em desenvolvimento, o Brasil

enfrenta o duplo desafio de promover o desenvolvimento e de reduzir as emissões de

gases de efeito estufa. O Estudo de Baixo Carbono no Brasil aponta os desafios que o país

deve enfrentar para tornar sua matriz energética menos intensiva em carbono e que exigirão

mais investimentos em opções de baixas emissões. No entanto, tais iniciativas para reduzir as

22

O Grupo de Avaliação Independente (IEG) é uma unidade autônoma dentro do Banco Mundial que avalia o

resultado de projetos e programas.

33

emissões de gases de efeito estufa, que proporcionam outros importantes benefícios, não

deveriam encarecer o custo do desenvolvimento. Reduzir o congestionamento e a poluição

atmosférica no setor de transporte urbano, melhorar a coleta de resíduos, gerar empregos,

cortar custos na indústria e conservar a biodiversidade são alguns dos benefícios que essas

opções podem proporcionar. No futuro, tudo isso poderá representar uma vantagem

competitiva na produção de bens e serviços graças à associação de índices de emissões mais

baixos ao ciclo de vida dos produtos.

102. Um estudo recente sobre o sistema de educação no Brasil reconheceu as

melhorias significativas ocorridas nas últimas duas décadas. A média de escolaridade e a

parcela de adultos com o ensino médio completo quase dobraram nesse período, conforme

aponta o estudo; no entanto, o índice de desistência e a falta de incentivos para os professores

ainda são questões que precisam ser enfrentadas. O estudo sugere reforçar o desempenho dos

professores, apoiar as crianças na fase inicial de desenvolvimento e reformar o ensino médio.

Como o sistema educacional no Brasil é muito descentralizado, cabe ao Governo do Estado o

papel de aprofundar as iniciativas de reforma do sistema.

Quadro 3 : Fundamentos Analíticos Redução da

pobreza Uma perspectiva comparativa sobre redução da pobreza no Brasil, na China e na

Índia, Banco Mundial, 2009. Relatório nº WPS 5080 Educação Atingindo uma educação de nível mundial no Brasil: Próximos Passos. Estudo

sobre o Brasil, Banco Mundial, 2011 Meio

ambiente Estudo de Baixo Carbono no Brasil. Banco Mundial, 2010. Relatório nº 63029-

BR

Carbon Rights in Brazil, World Bank, 2010 Report No. 65866-BR Áreas

urbanas Brasil - Elementos para Uma Estratégia Urbana e de Cidades para o Brasil: uma

contribuição com foco nas cidades e municípios, Banco Mundial, 2008. Relatório

nº 35749-BR Estadual Participação do Banco Mundial no nível estadual: Os casos de Brasil, Índia,

Nigéria e Rússia. Banco Mundial, IEG, 2010.

Leis de responsabilidade fiscal para a disciplina subnacional - A experiência

internacional. Banco Mundial, 2011

Pro-cyclical Fiscal Policy in Brazil - Evidence from the States, World Bank 2009 CPS Estratégia de Parceria de País para a República Federativa do Brasil. Exercícios

Fiscais 2012-2015. Banco Mundial, 2011. Relatório nº 63731-BR

Relatório de Progresso da Estratégia de Assistência ao País para 2008-2011.

República Federativa do Brasil. Banco Mundial, 2010 ICRs Empréstimo para Política de Desenvolvimento do Programa Parceria para o

Desenvolvimento de Minas Gerais. Relatório nº ICR0000845, 2008

DPL do Projeto de Políticas de Sustentabilidade Fiscal, Desenvolvimento

Humano e Competitividade. Relatório nº ICR00001836, 2011

DPL do Programa de Sustentabilidade Fiscal para o Crescimento do Rio Grande

do Sul. Relatório nº ICR00001926 Budget and

Public

Sector

Management

The World Bank’s Approach to Public Sector Management 2011-2020: “Better

Results from Public Sector Institutions”, World Bank, 2012

Rajaram, A; Le Minh, T; Biletska, N. and Brumby, J. ‘Framework for Reviewing

Public Investment Efficiency’, World Bank, 2008

Brumby, J. et al. (2011) Investing in Public Investment: An Index of Public

Investment Efficiency. IMF, Washington DC.

“Minas Gerais-World Bank Partnership: Building on a Strong Foundation and

34

Leading to Next Steps” Report No. 40036-BR, June 2007

Minas Gerais. Escritório de Prioridades Estratégicas. (2011) Caderno de

Indicadores 2011: Indicadores da Gestão para Cidadania Governo de Minas

Gerais. Minas Gerais. Escritório de Prioridades Estratégicas, Belo Horizonte.

Relatórios do Projeto Agenda de Melhorias 23

Programa de

Governo Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado, PMDI 2011-2030 - Gestão para a

cidadania, 2011

O Choque de Gestão em Minas Gerais - Políticas da gestão pública para o

desenvolvimento, Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão, 2006

A. DESCRIÇÃO DA OPERAÇÃO

103. O objetivo da operação proposta é auxiliar o Governo de Minas Gerais a

aprofundar o seu modelo de gestão inovador, reforçar a sua gestão orçamentária e sua

gestão de políticas setoriais nas áreas de inclusão social, gestão ambiental e governança

metropolitana. Cada um desses objetivos está diretamente vinculado a aumentar a qualidade

da prestação de serviços e a assegurar que os ganhos obtidos nos últimos anos possam ser

sustentados no futuro, para além da atual administração. Além disso, a operação apoiará

reformas que irão fornecer lições úteis e a possibilidade de transferência de conhecimento

para outros estados do Brasil.

104. A operação proposta consiste em um Empréstimo de Política de Desenvolvimento

(DPL) independente, parte de um compromisso semiprogramático de longo prazo com o Estado de Minas Gerais. O empréstimo de US$ 450 milhões será desembolsado em uma

única parcela assim que a operação se tornar efetiva. O empréstimo está subordinado aos

seguintes fatores: (i) progresso satisfatório na realização do Programa de Governo, incluindo

notadamente a conclusão, por parte do Governo, de ações anteriores, (ii) manutenção de um

programa de despesas adequado, níveis sustentáveis de dívida e arranjos fiscais adequados

com o Governo Federal; e (iii) presença de um estrutura macroeconômica nacional aceitável

para o Banco. As quatro áreas de resultados apoiadas pela operação proposta são descritas na

próxima seção e maisTabela 5. As referidas áreas são: (i) fortalecimento da gestão pública e

orçamentária; (ii) promoção da inclusão social; (iii) melhoria da sustentabilidade ambiental; e

(iv) desenvolvimento de uma estrutura de governança metropolitana. As ações listadas como

pré-requisito à apresentação da operação à Direção Executiva do Banco Mundial para

aprovação foram acordadas entre o Banco e o Governo de Minas Gerais.

105. Além do conjunto de ações de políticas governamentais nas quatro áreas citadas

acima, o Banco continua apoiando a implementação do programa de reforma através do

23

Em 2010, com o apoio de parceiros, o Governo de Minas Gerais desenvolveu uma avaliação do seu sistema de

entrega de resultados e de práticas específicas, bem como propostas para o avanço da agenda de reformas. Os

relatórios estão disponíveis em: < http://www.agendademelhorias.org.br/>.

35

componente de assistência técnica da Parceria SWAp com Minas Gerais. A operação

SWAp vem apoiando as reformas no setor público e o desenvolvimento do Plano Integrado de

Desenvolvimento Metropolitano ao longo dos próximos 18 meses. Seguindo os princípios de

boas práticas de condicionalidades, a matriz de políticas da operação usará previamente um

número limitado de ações, escolhidas de acordo com sua importância para a consecução de

resultados. Essas ações fazem parte de um plano geral de reforma com um sólido histórico de

implementação.

36

Tabela 5. Resumo dos objetivos operacionais propostos, áreas de resultados de políticas e ações

prévias ao desembolso Objetivos Ações Prévias ao Desembolso do Empréstimo

Área 1. Fortalecimento do Setor Público e Gestão Orçamentária

1.1 Aumentar a robustez e

sustentabilidade do Modelo

de Gestão Baseada em

Resultados

Ação Prévia 1. O Mutuário: (i) estabeleceu 22 Assessorias de Gestão Estratégica

e Inovação com vistas a descentralizar as funções de gestão baseada em

resultados do Mutuário, como evidenciado pela Lei Delegada nº 180, de 20 de

janeiro de 2011, publicada no Diário Oficial do Mutuário, em 21 de janeiro de

2011; e (ii) operacionalizou as 22 Assessorias de Gestão Estratégica e Inovação,

como evidenciado por 22 Decretos promulgados pelo Mutuário e devidamente

publicados no seu Diário Oficial, cada Decreto estabelecendo a competência de

cada uma das 22 assessorias.

1.2 Aumentar a

previsibilidade e o controle

da execução orçamentária

Ação Prévia 2. O Mutuário adotou medidas para incentivar o plantio de florestas

em seu território com o objetivo de fornecer matéria-prima para as indústrias nele

localizadas, como evidenciado pelo Decreto nº 45.906, de 6º de março de 2012,

publicado no Diário Oficial do Estado em 7 de março de 2012.

Ação Prévia 3. O Mutuário adotou medidas para avaliar projetos de valor

superior a R$ 5 milhões e cofinanciados através de Transferências Voluntárias

pelo Garantidor, efetuadas no território do Mutuário antes de apresentar tais

projetos à Câmara de Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e Finanças para

aprovação, como evidenciado pelo Decreto nº 45.906 do Mutuário, de 6 de

fevereiro de 2012, publicado no Diário Oficial em 7 de fevereiro de 2012.

1.3 Aumentar a

participação cidadã na

definição de prioridades

regionais

Ação Prévia 4. O Mutuário: (i) criou dois comitês regionais no seu território, um

para a região Norte de Minas e um para a região do Rio Doce, para implementar

em caráter piloto um processo participativo para aumentar a participação da

sociedade. O objetivo é identificar as prioridades regionais no âmbito das

políticas públicas do Mutuário dentro das respectivas regiões sob jurisdição de

cada Comitê, como evidenciado pelo Decreto nº 45.584 do Mutuário, de 8 de

abril de 2011, publicado no Diário Oficial do Estado em 9 de abril de 2011, e

alterado pelo Decreto do nº 45.753 do Mutuário, de 6 de outubro de 2011,

publicado no Diário Oficial do Estado em 7 de outubro de 2011; e (ii)

operacionalizou os dois comitês regionais, como evidenciado por: (A) uma cópia

da ata da reunião do Comitê Regional para a região Norte de Minas, realizada em

16 de junho de 2011; (B) uma cópia da ata da reunião do Comitê Regional para a

região do Rio Doce, realizada em 31 de maio de 2011; (C) uma cópia da lista de

participantes da reunião do Comitê Regional para a região Norte de Minas com

organizações da sociedade civil, em 17 e 18 de outubro de 2011; (D) uma cópia

da lista de participantes da reunião do Comitê Regional para a região do Rio

Doce com organizações da sociedade civil, em 18 de agosto de 2011; (E) uma

cópia do Caderno Regional Norte de Minas; e (F) uma cópia do Caderno

Regional do Rio Doce.

Área 2. Promoção da Inclusão Social

2.1 Reduzir a pobreza nas

áreas mais desfavorecidas,

a fim de reduzir a exclusão

e as desigualdades regionais

Ação Prévia 5. O Mutuário, através da SEDESE: (i) estabeleceu o Piso Mineiro,

como evidenciado pela Resolução nº 459 da SEDESE, de 29 de dezembro de

2010, publicada no Diário Oficial do Estado, em 30 de dezembro de 2010; e (ii)

está implementando o Piso Mineiro, como evidenciado por carta enviada pela

SEPLAG em 2 de maio de 2012. A carta contém o relatório orçamentário de

janeiro até dezembro de 2011, que trata da transferência do orçamento necessário

do Mutuário para 214 municípios no seu território no âmbito do Piso Mineiro.

Essa transferência foi efetuada de acordo com o artigo 4º da Resolução da

SEDESE nº 459, de 29 de dezembro de 2010, publicado no Diário Oficial do

Estado em 30 de dezembro de 2010.

Ação Prévia 6. O Mutuário alterou a regulamentação sobre o Programa Travessia

de forma a incluir, entre outras disposições, uma que prevê a realização pelo

Mutuário de um diagnóstico sobre educação, saúde e qualidade de vida nos

municípios selecionados que se encontrem em áreas de vulnerabilidade social no

37

Objetivos Ações Prévias ao Desembolso do Empréstimo

território do Mutuário, como evidenciado pelo Decreto nº 45.694 do Mutuário, de

12 de agosto de 2011, publicado no Diário Oficial do Estado em 13 de agosto de

2011.

2.2 Fortalecimento da

gestão da educação

Ação Prévia 7. O Mutuário adotou e está implementando um processo de seleção

baseado no mérito para superintendentes escolares regionais e diretores escolares

do seu território, como evidenciado pelas seguintes disposições: (i) Lei Delegada

nº 182, de 21 de janeiro de 2011, publicada no Diário Oficial do Estado, em 22 de

janeiro de 2011; (ii) Resolução nº 1.812, publicada pela Secretaria de Educação

do Mutuário, de 22 de março de 2011, publicada no Diário Oficial do Estado em

23 de março de 2011; e (iii) carta enviada pela SEPLAG em 2 de maio de 2012,

que confirma a nomeação de superintendentes escolares regionais e diretores de

escola e remete cópias dos instrumentos formais para a sua nomeação. Área 3. Melhoria da Sustentabilidade Ambiental

3.1 Aumentar a capacidade

do Estado de fazer frente

aos desafios ambientais

Ação Prévia 8. O Mutuário estabeleceu, dentro de sua Secretaria de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, uma Subsecretaria de Gestão e

Regularização ambiental e uma Subsecretaria de Controle e Fiscalização

Ambiental, como evidenciado pelas disposições: (i) Decreto nº 45.824 do

Mutuário, de 20 de dezembro de 2011, publicado no Diário Oficial do Estado em

21 de dezembro de 2011; e (ii) Lei Delegada nº 180, de 20 de janeiro de 2011,

publicada no Diário Oficial do Estado, em 21 de janeiro de 2011.

Ação Prévia 9. O Mutuário adotou medidas para incentivar o plantio de florestas

em seu território com o objetivo de fornecer matéria-prima para as indústrias nele

localizadas, como evidenciado pelo Decreto nº 45.919, de 1º de março de 2012,

publicado no Diário Oficial do Estado em 2 de março de 2012.

Área 4. Desenvolvimento de uma estrutura de governança metropolitana

4.1 Fortalecer a

Governança Metropolitana

para permitir a

coordenação de políticas

públicas estaduais e

municipais na Região

Metropolitana de Belo

Horizonte (RMBH)

Ação Prévia 10. O Mutuário, através do Conselho Deliberativo de

Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, adotou um plano

diretor de desenvolvimento regional integrado para a região metropolitana de

Belo Horizonte, como evidenciado pela ata de reunião de 11 de julho de 2011,

que registra a reunião do Conselho Deliberativo de Desenvolvimento da Região

Metropolitana de Belo Horizonte naquele dia.

38

Quadro 4. Princípios das Boas Práticas em matéria de Condicionalidades Princípio 1: Reforçar a adesão A operação baseia-se na estratégia e nas prioridades do Governo, como refletido em seu plano multianual de

desenvolvimento integrado (PMDI), no seu plano plurianual (PPA) e em outros documentos de setores

específicos. As prioridades de desenvolvimento do Governo refletem não apenas as rigorosas análises técnicas

conduzidas, mas também um processo verdadeiramente participativo de tomada de decisão. A administração do

Estado tem um sólido histórico de reformas e de inovação na gestão do setor público e das políticas públicas.

Seu atual programa foi construído sobre os sólidos alicerces do Choque de Gestão e do Estado para Resultados, e

implementado com o objetivo de continuar avançando em direção aos seus objetivos de desenvolvimento. A

operação tem contado com uma forte adesão pelos altos níveis do Governo do Estado. Todas as Secretarias

envolvidas no DPL têm demonstrado compromisso com o programa de reformas do Governo. A equipe

trabalhou intensamente com o Governo para acordar o conjunto de ações prévias que ocupa o centro da

estratégia de desenvolvimento do Governo.

Princípio 2: Acordar, desde o início, uma estrutura de articulação de responsabilidades entre Governo e

outros parceiros financeiros. O apoio oferecido pelo Banco encontra-se resumido em uma matriz de políticas breve e específica, baseada nas

metas prioritárias do Governo. Indicadores de resultados e metas foram identificados e discutidos com o

Governo, que possui vasta experiência na definição e monitoramento de indicadores. Os indicadores de

resultados da operação serão monitorados pelo sólido sistema de monitoramento e avaliação do Governo.

Princípio 3: Personalizar a estrutura de responsabilidades e as modalidades de apoio do Banco às

circunstâncias de cada país O rigoroso regime de controle fiscal do Brasil, que tem contribuído muito para a sustentação da responsabilidade

fiscal desde a década de 90, tem proporcionado uma poderosa estrutura para garantir que todas as formas de

empréstimo, inclusive as do BIRD, sejam consistentes com um ambiente fiscal sustentável. O programa reflete

as prioridades do Governo do Estado. O Governo Federal deu sua autorização para que a operação seja

preparada.

Princípio 4: Escolher somente ações que sejam essenciais para a obtenção de resultados como condições para

o desembolso. A Matriz de Políticas do Banco utiliza um número limitado de ações prévias. Tais ações fazem parte de um

plano de reformas das políticas públicas abrangente com um histórico sólido. O compromisso do Governo com

seu programa de reformas está claramente expresso na Carta de Política de Desenvolvimento.

Princípio 5: Realizar avaliações de progresso transparentes que proporcionem um apoio financeiro previsível

e baseado em desempenho. O programa foi desenvolvido através de estreita e regular colaboração da equipe com o Estado. Essa colaboração

continuará durante o processo de supervisão de forma a garantir que o progresso esperado seja realizado. A

matriz de políticas contém um número limitado de indicadores que serão avaliados como parte da

implementação da operação e estão intimamente vinculados às ações das políticas apoiadas.

B. ÁREAS DE RESULTADOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS

Área 1: Fortalecimento do Setor Público e Gestão Orçamentária

106. O objetivo do Governo nesta área é aprofundar seu modelo de gestão inovador,

fortalecer a gestão do seu orçamento e promover maior uma participação da sociedade

na definição de suas prioridades regionais. Como mencionado acima, a base da estratégia

do GoMG consiste em fortalecer sua administração pública. Uma gestão eficaz e eficiente é

vista como pré-requisito para melhorar a prestação de serviços e a implementação de políticas

públicas. Portanto, esta tem sido uma das principais preocupações do Governo, tanto nos dois

governos anteriores quanto no atual.

1.1 Aumentar a robustez e sustentabilidade do Modelo de Gestão Baseada em Resultados

107. O Governo pretende continuar consolidando as práticas de gestão baseadas em

resultados na máquina do Estado através da descentralização das práticas de gestão

estratégica e do fortalecimento das competências das Secretarias de Governo. A

39

estratégia nesta área baseia-se na criação das Assessorias de Gestão Estratégica e Inovação em

22 secretarias estaduais e na delegação de funções-chave de gestão estratégica originalmente

detidas pela SEPLAG para secretarias de Governo. Esta delegação de funções está sendo

acompanhada por atividades de capacitação e monitorada de perto pela SEPLAG, de forma a

garantir que as secretarias de Governo sejam capazes de utilizar eficazmente as ferramentas e

metodologias de gestão baseada em resultados desenvolvidas pelo Governo ao longo dos

últimos dois governos. À medida que mais funcionários são treinados para realizar essas

atividades e que esses procedimentos são regularmente utilizados na gestão das Secretarias de

Governo, o modelo se torna cada vez mais institucionalizado e menos dependente da

existência de uma Secretaria de Planejamento central forte.

108. Um dos principais desafios identificados pelo Governo foi a necessidade de

consolidar os avanços obtidos em matéria de gestão do setor público para evitar deslizes

ao longo do ciclo político e superar as fraquezas restantes. Como discutido acima, as fases

anteriores da reforma tinham um forte viés de “centro do governo” e como tal eram altamente

dependentes dos papéis exercidos pelas Secretarias da Fazenda e Planejamento e da Unidade

de Estado para Resultados. Embora isto tenha sido fundamental para a introdução de novas

práticas e para a melhoria contínua do modelo baseado em resultados, em estágios mais

avançados da implementação das reformas do Estado para Resultados este “controle”

exercido pelo centro do governo na implementação das políticas setoriais começou a ser

considerado contraproducente. Além disso, uma fraqueza fundamental do modelo foi o fato

de que este poderia facilmente ser desmontado a partir do centro por uma futura

administração, bem como, por exemplo, pela definição de metas mais fáceis ou pelo

afrouxamento dos controles. Tais medidas poderiam manter a aparência de um modelo de

gestão baseado em resultados forte mas que de fato promoveria incentivos mais fracos no

campo da aplicação para a obtenção de resultados. Para corrigir tais deficiências, o Governo

desenvolveu uma estratégia de descentralização para delegar funções-chave para as

secretarias de Governo, promovendo, portanto, uma maior institucionalização dos

procedimentos de gestão estratégica na administração pública e a construção de capacidades

em todo o aparato administrativo.

109. O processo de criação das Assessorias de Gestão Estratégica e Inovação e de

institucionalização de novas funções de gestão estratégica dentro das Secretarias de

Governo constitui uma ação prévia para esta operação.

Ação Prévia 1. O Mutuário: (i) estabeleceu 22 Assessorias de Gestão Estratégica e

Inovação com vistas a descentralizar as funções de gestão baseada em resultados do

Mutuário, como evidenciado pela Lei Delegada nº 180, de 20 de janeiro de 2011,

publicada no Diário Oficial do Mutuário, em 21 de janeiro de 2011; e (ii)

operacionalizou as 22 Assessorias de Gestão Estratégica e Inovação, como evidenciado

por 22 Decretos promulgados pelo Mutuário e devidamente publicados no seu Diário

Oficial, cada Decreto estabelecendo a competência de cada uma das 22 assessorias.

110. As Assessorias de Gestão Estratégica e Inovação foram criadas em janeiro de

2011, por meio da Lei Delegada nº 180. Tais assessorias são responsáveis por liderar a

gestão estratégica dentro da Secretaria, incluindo o fornecimento de suporte direto às equipes

de programas e projetos sobre o uso de metodologias de gestão de projetos e na definição de

indicadores e metas de monitoramento. Estas unidades também oferecem suporte direto ao

Secretário de Estado na gestão da estratégia do setor e para assegurar que as metas do governo

sejam alcançadas. Algumas medidas foram introduzidas para garantir a coerência do trabalho

feito nas Assessorias de vários setores, tais como: (i) a adoção de Decretos uniformes

40

instituindo as competências das unidades; (ii) o desenvolvimento de planos de trabalho para

cada unidade, que são monitorados de perto pela SEPLAG; (iii) a revisão das metodologias e

ferramentas pela SEPLAG e o desenvolvimento de manuais; (iv) a condução de treinamentos

com o pessoal destas unidades; e (v) a adoção de um sistema de TI unificado para a gestão da

estratégia de governo com o objetivo de reunir informações sobre os progressos alcançados

em todas as Secretarias. Como próximos passos, a SEPLAG planeja revisar os planos de

trabalho, desenvolver indicadores de desempenho para facilitar o acompanhamento das

unidades, e atuar cada vez mais como uma empresa de consultoria, oferecendo suporte

imediato às unidades quando necessário. Como mencionado acima, o resultado esperado

dessas medidas é a consolidação de práticas de gestão baseada em resultados no aparato do

Estado. Espera-se que as Unidades setoriais sejam inicialmente capazes de pelo menos manter

os bons índices de execução dos programas estratégicos observados durante os últimos anos,

quando a administração estratégica foi realizada de maneira centralizada pela SEPLAG, e

aumentar esses índices ao longo do tempo. Espera-se também que ao longo do tempo as

práticas de gestão estratégica sejam usadas para um conjunto mais amplo de programas e

projetos de governo, melhorando a eficiência e eficácia da administração pública do Estado.

1.2 Aumentar a previsibilidade e o controle da execução orçamentária

111. Embora o Estado tenha sido bem sucedido em instituir ampla disciplina fiscal,

particularmente durante os primeiros anos do processo de reforma, reconheceu-se que o

simples controle agregado e centralizado de recursos não era uma ferramenta de gestão

eficiente para a gestão do orçamento. Apesar de terem sido observadas importantes

melhorias na credibilidade do orçamento e no alinhamento entre planejamento e orçamento

nos últimos anos, alguns pontos fracos têm persistido no processo de execução do orçamento,

que por vezes impediram que este fosse executado de forma ordenada e previsível,

especialmente quando as receitas ficavam aquém das estimativas iniciais. Além disso, a falta

de integração (ou mesmo a inexistência) de dados sobre os compromissos contratuais com o

sistema de execução orçamentária implicou que os ajustes no orçamento realizados durante o

curso da sua execução fossem conduzidos necessariamente de forma ad hoc e fossem

ineficientes no que se refere ao seu impacto na implementação do projeto. A crise de 2009

reforçou fortemente essa mensagem e mostrou a necessidade de controles mais eficazes que

sejam baseados em uma melhor gestão do processo de execução orçamentária dentro das

Secretarias. Uma análise do processo de execução orçamentária realizado em 2010 mostrou

que uma das grandes fraquezas no processo de execução orçamentária foi a má qualidade do

planejamento dentro das Secretarias para ajustes durante o exercício, além da ausência de tais

informações dentro do sistema de execução orçamentária.24

112. Na área de execução orçamentária, o principal objetivo das reformas é aumentar

a previsibilidade e eficiência da execução orçamentária, assim como garantir que os

projetos de investimento sejam rentáveis e sustentáveis a médio prazo. Isso está sendo

alcançado através da introdução e institucionalização de melhores controles sobre as despesas

e de requisitos de planejamento financeiro dentro das unidades de gastos. Além disso, o

Estado está introduzindo procedimentos para avaliar, e se necessário rever, todos os projetos

de investimento financiados por acordos com o Governo Federal. Os objetivos deste processo

incluem tanto melhorar a qualidade dos investimentos quanto garantir que seus custos sejam

24

Embora as Secretarias de Governo tenham preparado os planos de execução do orçamento que foram

apresentados à SEPLAG, o fizeram em planilhas de Excel. Isso basicamente tornou impossível para a SEPLAG

conciliar a informação e usá-la de forma eficaz para orientar a execução orçamentária.

41

sustentáveis no futuro. A intenção também é desenvolver esses processos e, no futuro,

institucionalizá-los para todos os programas principais em curso.

113. A falta de dados sistemáticos sobre os compromissos contratuais e de um

processo ordenado para rever investimentos prejudicou a alocação eficiente de recursos

ao longo do ciclo orçamentário. A outra área de fraqueza relacionada foi a falta de

programação abrangente sobre os compromissos contratuais dentro do sistema orçamentário.

Embora as Secretarias tivessem a obrigação de manter os registros de compromissos

contratuais, estes eram mantidos fora do sistema de execução orçamentária, em planilhas

Excel, com dados atualizados apenas esporadicamente e de forma não sistemática. O

resultado foi o aparecimento frequente de pagamentos “inesperados”, que acabaram exigindo

ajustes de orçamento no curto prazo, ou alegações de que tais pagamentos eram necessários

enquanto os fundos eram utilizados para outros fins. Por último, a iniciativa de avaliar

projetos de investimento cofinanciados pelo Governo Federal reflete uma resposta ao fato de

que esses projetos não foram previamente avaliados, e que, em alguns casos, acabaram sendo

muito mais caros do que o previsto ou apresentando mais dificuldades na implementação e

menos benefícios do que inicialmente previsto. No entanto, o desenvolvimento de

procedimentos de avaliação e seleção sistemáticos também é visto como parte de um amplo

processo de introdução de seleção prévia de todos os principais programas de despesas. O

mesmo pode ser dito da institucionalização de tais técnicas de avaliação para garantir que as

despesas sejam eficientes e sustentáveis.

114. A introdução de novos procedimentos de planejamento da execução

orçamentária e de avaliação de investimentos constituem uma ação prévia para esta

operação.

Ação Prévia 2. O Mutuário adotou o Módulo de Programação Orçamentária do

Sistema Integrado de Administração Financeira - SIAFI/MG, como evidenciado pelo

Decreto nº 45.906 do Mutuário, de 6 de fevereiro de 2012, publicado no Diário Oficial

em 7 de fevereiro de 2012.

115. Os procedimentos adotados para exigir o planejamento financeiro foram

concebidos com base em um estudo de processos de execução orçamentária conduzido

em 2010. Tais procedimentos foram introduzidos informalmente em meados de 2011 através

de adaptações no sistema de execução orçamentária, bem como com a integração dos sistemas

de compras e de execução orçamentária. Eles se tornaram obrigatórios em 2012 e tiveram

como efeito que os planos financeiros e o registo de compromissos contratuais se tornassem

pré-requisitos para a liberação de recursos para as unidades de gastos. Os novos

procedimentos asseguram que os compromissos futuros sejam completamente registrados e ao

mesmo garantem que haja incentivos no âmbito das unidades de gastos para que o

planejamento financeiro elaborado por elas seja preciso. Por sua vez, isso permite que a

execução orçamentária ocorra de forma mais organizada, com muito menos ajustes no meio

do exercício e permitindo um processo de ajuste orçamentário intra-exercício mais coerente

no caso de contingências externas. O resultado esperado destas medidas é o aumento da

previsibilidade e da eficiência na execução orçamentária.

Ação Prévia 3. O Mutuário adotou medidas para avaliar projetos de valor superior a

R$ 5 milhões e cofinanciados através de Transferências Voluntárias pelo Garantidor,

efetuadas no território do Mutuário antes de apresentar tais projetos à Câmara de

Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e Finanças para aprovação, como

42

evidenciado pelo Decreto nº 15.906 do Mutuário, de 6 de fevereiro de 2012, publicado

no Diário Oficial em 7 de fevereiro de 2012.

116. Esta reforma também foi precedida pelo desenvolvimento de uma metodologia de

triageme avaliação. Tal metodologia foi formalmente utilizada durante 2011 para avaliar 10

projetos de investimento (com valor total de R$ 296 milhões) e implementada informalmente

em caráter piloto para analisar o portfólio de 81 programas estratégicos (com valor total de

R$ 24 bilhões). O decreto de Programação Orçamentária tornou obrigatória a avaliação (e se

necessário o ajuste) de todos os projetos cofinanciados com valor superior a R$ 5 milhões. A

intenção é formalizar também a exigência de avaliação de programas estratégicos até 2013, à

medida que a metodologia é desenvolvida. O resultado esperado da medida é a progressiva

institucionalização de um processo de seleção de projetos de investimento e programas de

governo, garantindo assim que estes sejam rentáveis e sustentáveis a médio prazo. Embora o

Governo inicialmente pretenda estabelecer um processo de seleção para todos seus projetos e

programas de investimento, este também pretende (como parte de seus próximos passos)

desenvolver medidas adicionais para uma avaliação mais detalhada dos projetos de

investimento.

1.3 Aumentar a participação cidadã na definição de prioridades regionais

117. Uma das principais metas do Governo é introduzir a participação cidadã

inovadora e eficaz no planejamento e implementação de políticas, com representação

regional. As medidas apoiadas no âmbito desta área de resultados reúnem ferramentas

(p.ex., tecnologias da informação e comunicação) e metodologias (p.ex., modelos

descentralizados de participação) inovadoras para criar instituições participativas mais

inclusivas, eficazes e adaptadas às características do Estado (p.ex., sua grande área

geográfica e população). A nova abordagem participativa é estruturada de forma a promover

a integração e colaboração intersetoriais dentro do governo para resolver os desafios regionais

e promover a participação efetiva dos cidadãos no nível regional. O novo modelo foi,

portanto, organizado de acordo com as regiões do estado. Além disso, se divide em três fases:

mapeamento da sociedade civil regional, encontros regionais e, finalmente, criação de fóruns

participativos regionais. Este novo modelo de participação, que combina colaboração

intersetorial e processos participativos em nível regional, representa uma inovação

importante, com potencial de replicação em nível estadual no Brasil e em outros sistemas

federativos.25

118. Embora o GoMG tenha assegurado a participação através de consultas e

conselhos de políticas públicas, a participação mais ampla da sociedade civil ainda se

fazia necessária, especialmente com um foco regional, para permitir uma priorização

mais precisa das políticas voltadas para a redução das desigualdades regionais.

Anteriormente, o governo promoveu consultas significativas com uma ampla gama de atores

como parte do processo de desenvolvimento e aprovação de seus planos de desenvolvimento a

longo prazo e dos planos plurianuais. Além disso, por meio dos Conselhos de Políticas

25

A participação da população com opiniões e sugestões é um elemento inerente ao processo participativo, uma

vez que o Governo presta contas periodicamente às organizações da sociedade civil. Essas ocasiões são uma

oportunidade para colher as impressões dos diferentes setores da sociedade a respeito do processo participativo

em curso e para propor medidas corretivas no processo e no programa de governo. As informações sobre as

diversas etapas do processo participativo são totalmente abertas ao público com a devida antecedência pela

internet e pelas redes da sociedade civil existentes no estado.

43

Públicas foi assegurada a criação de um foro permanente de diálogo26

.No entanto, um grande

desafio identificado pelo Governo com este arranjo participativo permanente foi o fato de que

ele se limitou a uma dimensão setorial (saúde, por exemplo), o que tende a favorecer a

participação de alguns poucos setores da sociedade civil organizada: muitas vezes apenas os

maiores, aqueles com ampla cobertura estadual, forte representação na capital do Estado e

melhor capacidade organizacional. O novo modelo proposto pelo Estado atende a este

desafio, adicionando uma camada de representação territorial no arranjo participativo. Os

dados coletados durante os pilotos sugerem que o novo processo é de fato bem-sucedido na

integração de um número maior de organizações da sociedade civil (incluindo representantes

de minorias étnicas e comunidades tradicionais) caracterizadas por sua esfera de ação local e

estrutura organizacional pequena. Em outras palavras, a nova proposta de projeto participativo

obteve sucesso na integração de setores da sociedade civil que eram anteriormente excluídos

sistematicamente dos processos de tomada de decisão do Estado. Os resultados preliminares

dos pilotos sugerem que o processo participativo tem sido até agora bem-sucedido na

integração de setores da sociedade que anteriormente eram sistematicamente excluídos de

processos de tomada de decisão do Estado.27

119. A introdução e aplicação destes novos mecanismos participativos em caráter

piloto constituem uma ação prévia para esta operação.

Ação Prévia 4. O Mutuário: (i) criou dois comitês regionais no seu território, um para a

região Norte de Minas e um para a região do Rio Doce, para implementar em caráter

piloto um processo participativo para aumentar a participação da sociedade. O objetivo

é identificar as prioridades regionais no âmbito das políticas públicas do Mutuário

dentro das respectivas regiões sob jurisdição de cada Comitê, como evidenciado pelo

Decreto nº 45.584 do Mutuário, de 9 de abril de 2011, e alterado pelo Decreto do nº

45.753 do Mutuário, de 6 de outubro de 2011, publicado no Diário Oficial do Estado

em 7 de outubro de 2011; e (ii) operacionalizou os dois comitês regionais, como

evidenciado por: (A) uma cópia da ata da reunião do Comitê Regional para a região

Norte de Minas realizada em 16 de junho de 2011; (B) uma cópia da ata da reunião do

Comitê Regional para a região do Rio Doce realizada em 31 de maio de 2011; (C) uma

cópia da lista de participantes da reunião do Comitê Regional para a região Norte de

Minas com organizações da sociedade civil, em 17 e 18 de outubro de 2011; (D) uma

cópia da lista de participantes da reunião do Comitê Regional para a região do Rio

Doce com organizações da sociedade civil, em 18 de agosto de 2011; (E) uma cópia do

Caderno Regional Norte de Minas; e (F) uma cópia do Caderno Regional do Rio Doce.

26

Os Conselhos de Políticas Públicas foram instituídos pela Constituição Federal de 1988. Em Minas Gerais,

existem 48 conselhos. Estes conselhos podem ter funções variadas, entre elas as de: fiscalização, consulta,

deliberação, gestão, execução, normatização ou formulação de propostas. Os conselhos reúnem uma grande

variedade de atores, e alguns deles, como o Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (CONEPIR) e

o Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional Sustentável (CONSEA), incluem representantes de minorias

étnicas. O Estado também demonstra o seu compromisso com as minorias étnicas ao incluir a promoção dos

direitos humanos de minorias historicamente discriminadas como um dos principais objetivos do PMDI 2011-

2030. 27

Os pilotos têm se concentrado nas regiões mais pobres do estado, onde vive a maioria dos povos indígenas,

comunidades quilombolas e comunidades tradicionais. As reuniões e oficinas incluíram representantes desses

grupos sociais vulneráveis. Foi dada especial atenção a garantir uma representação adequada. Além de mapear as

organizações da sociedade civil em cada região, o Governo tem feito esforços de divulgação para garantir que o

processo seja o mais inclusivo possível.

44

120. Os pilotos foram conduzidos em duas regiões do Estado, mais especificamente as

regiões do Rio Doce e Norte Grande. Do ponto de vista legal, a descentralização

administrativa a e colaboração intersetorial em nível regional já fazem parte da legislação (Lei

Delegada nº 180/2011). De igual maneira, os Comitês Regionais, que têm o mandato

específico de conceber os processos participativos, já foram regulamentados legalmente

(Decreto nº 45.584/2011). O processo de consulta é realizado de forma sequencial. No

primeiro estágio, foi realizado um mapeamento das organizações da sociedade civil de acordo

com seu domínio de intervenção. Este mapeamento foi seguido por reuniões regionais

conduzidas com organizações da sociedade civil, que lhes permitiram priorizar políticas no

âmbito de suas regiões. Os resultados desse processo deliberativo realizado com os atores da

sociedade civil são um “Caderno de Prioridades Estratégicas Regionais” e a eleição de

representantes para monitorar as atividades governamentais na região. Após isso foi

estabelecido um Fórum Participativo Regional, que inclui membros da sociedade civil,

representantes do governo e outros atores, como membros da Assembleia Legislativa

Estadual, setor privado, associações da indústria e universidades. O resultado esperado dessas

medidas é aumentar a participação da sociedade na definição de prioridades de políticas para

reduzir desigualdades regionais.

Área 2. Promoção da Inclusão Social

2.1 Reduzir a pobreza nas áreas mais desfavorecidas, a fim de reduzir a exclusão e as

desigualdades regionais

121. O Governo reconhece que o fortalecimento da gestão dos serviços de proteção

social e o aumento da oferta de serviços para os mais pobres questões fundamentais para

erradicar a pobreza extrema em Minas Gerais. Nesse sentido, o Governo desenvolveu um

conjunto de medidas que expandem o quadro definido pelo Governo Federal para o Programa

Brasil Sem Miséria (BsM) e tem como objetivo reforçar e melhorar a coordenação entre os

programas de transferência de renda, inclusão produtiva e maior acesso a serviços públicos.

Estas medidas visam fortalecer a prestação de serviços através do cofinanciamento de

serviços sociais prestados pelos municípios, além da melhoria na identificação das famílias

pobres que têm direito a receber assistência de programas sociais federais, estaduais e

municipais.

122. Minas Gerais tem mostrado um bom progresso recentemente em termos de

redução da pobreza. No entanto, ainda há desafios a ser superados. 28

Em 2001, 9% da

população vivia na pobreza extrema, enquanto em 2009 esse número havia caído para apenas

3%, o que sugere uma redução maior que a observada nos demais estados da região Sudeste.29

No mesmo período, na região Sudeste a pobreza extrema diminuiu de 5,6% para 2,3%. No

entanto, cerca de 6% da população vive em áreas rurais em extrema pobreza e há uma grande

variação nas taxas de pobreza extrema nos 853 municípios do Estado. Um dos desafios em

um estado como Minas Gerais é a capacidade desigual de gestão entre os municípios, o que

prejudica a implementação de programas de inclusão social em nível municipal. Embora a

Constituição Federal de 1988 tenha estabelecido a responsabilidade compartilhada e a divisão

do trabalho com relação a políticas sociais entre entes federativos, por muitos anos o papel

dos estados foi marginal e dependia amplamente dos governos federal e municipal. Isso

mudou recentemente, e tem havido um movimento na direção do “federalismo social”. A

instituição do BsM e a criação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) fortaleceu o

28

Isto é, com uma renda mensal per capita inferior a R$ 67,07 por mês, em setembro de 2009. 29

As taxas nacionais são de 10,5% e 5,2% para 2001 e 2009, respectivamente (IPEA, 2012).

45

papel dos estados na complementação das ações tomadas pelos governos federal e municipal.

O GoMG está cumprindo seu papel e lançou um ambicioso programa de repasses para os

municípios, a fim de reforçar a oferta de serviços sociais.

123. Alinhado com as recentes mudanças no âmbito da assistência social no Brasil, o

GoMG tomou medidas para apoiar o esforço nacional para erradicar a pobreza

extrema. Desde 2008, o GoMG vem implementando um programa inovador para reduzir a

pobreza e a vulnerabilidade, focando os municípios com baixo Índice de Desenvolvimento

Humano. O Programa Travessia é coordenado pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento

Social (SEDESE) e implementado de forma integrada por diversos órgãos e entidades do

governo estadual com o objetivo de melhorar as condições de vida da população. As políticas

públicas são implementadas de forma coordenada e integrada às necessidades específicas de

cada município selecionado. Em 2011, o programa foi reestruturado para incluir ações de

apoio ao Cadastro Único de Beneficiários do Governo Federal (CadÚnico), que atualmente

representa um marco fundamental para vários programas sociais no país30

. A principal ação

nesse sentido é a realização de diagnóstico para identificar ativamente as principais

vulnerabilidades e necessidades de cada município, bem como a busca de famílias pobres que

deveriam estar cadastradas no CadÚnico. Esta iniciativa foi chamada de Programa “Porta-a-

Porta.

124. A instituição de um regime de cofinanciamento para apoiar a prestação de

serviços sociais no nível municipal e a implementação do programa “Porta-a-Porta”

constituem ações prévias para o DPL proposto.

Ação Prévia 5. O Mutuário, através da SEDESE: (i) estabeleceu o Piso Mineiro, como

evidenciado pela Resolução nº 459 da SEDESE, de 29 de dezembro de 2010, publicada

no Diário Oficial do Estado, em 30 de dezembro de 2010; e (ii) está implementando o

Piso Mineiro, como evidenciado por carta enviada pela SEPLAG em 2 de maio de

2012. A carta contém o relatório orçamentário de janeiro até dezembro de 2011, que

trata da transferência do orçamento necessário do Mutuário para 214 municípios no seu

território no âmbito do Piso Mineiro. Essa transferência foi efetuada de acordo com o

artigo 4º da Resolução da SEDESE nº 459, de 29 de dezembro de 2010, publicado no

Diário Oficial do Estado em 13 de dezembro de 2011.

125. Em consonância com a política nacional de assistência social, o GoMG tem

trabalhado com os municípios para fortalecer a rede de Centros de Referência de

Assistência Social (CRAS), que são responsáveis pelo prestação e coordenação de serviços

de assistência social no âmbito municipal, inclusive do Bolsa Família e do BsM. Para apoiar

os serviços de assistência social prestados pelos municípios, o GoMG estabeleceu sua Rede

de Seguridade Social (Piso Mineiro de Assistência Social). O Piso Mineiro consiste em uma

transferência básica para o cofinanciamento dos serviços e benefícios por parte do Estado,

complementando as verbas federais e municipais. Esta medida responde a uma antiga

reivindicação dos gestores municipais, tanto em termos do custo de cofinanciamento de

30

Embora na última década o CadÚnico tenha sido utilizado quase que exclusivamente como um registro para o

Bolsa Família, atualmente vem cumprindo o papel mais amplo para o qual foi concebido, servindo de

instrumento de identificação e caracterização de pessoas e famílias em situação de pobreza em todos os

municípios do Brasil, para todos os programas sociais. Na verdade, hoje em dia é visto como um meio de

promover a convergência de iniciativas governamentais dirigidas a pessoas de baixa renda. Considerando a

função central que o CadÚnico exerce como o cadastro único para os beneficiários de programas sociais, sua

qualidade e abrangência são essenciais. Estados e municípios de todo o Brasil estão trabalhando para melhorar o

sistema de identificação e registo de famílias que se enquadram no CadÚnico.

46

benefícios de assistência social e serviços, mas também em termos de assegurar os recursos

flexíveis necessários para atender às demandas e necessidades da população local em situação

de vulnerabilidade e risco social. O montante do cofinanciamento é regulamentado pela

Resolução da SEDESE nº 459/2010, em dezembro de 2010. A base de cálculo para a

transferência, nos primeiros quatro anos de implantação, é de R$ 1,80 por família cadastrada

no CadÚnico, com exceção dos 100 municípios que já recebem cofinanciamento estadual para

a manutenção de CRAS, que já vêm recebendo R$ 2,20 por família cadastrada. Até 2015,

todos os 853 municípios vão receber cofinanciamento de R$ 2,20 por família cadastrada. O

resultado que se espera desta medida é o aumento da oferta de serviços para as populações em

situação de pobreza extrema e moderada em Minas Gerais.

Ação Prévia 6. O Mutuário alterou a regulamentação sobre o Programa Travessia de

forma a incluir, entre outras disposições, uma que prevê a realização pelo Mutuário de

um diagnóstico sobre educação, saúde e qualidade de vida nos municípios selecionados

que se encontrem em áreas de vulnerabilidade social no território do Mutuário, como

evidenciado pelo Decreto nº 45.694 do Mutuário, de 12 de agosto de 2011, publicado

no Diário Oficial do Estado em 13 de agosto de 2010.

126. Com o objetivo de universalizar os benefícios para os pobres e a consolidação do

Sistema Único de Assistência Social no Estado, o GoMG está trabalhando em parceria

com os municípios para melhorar sua capacidade de gestão para a realização de buscas

ativas de famílias pobres e o desenvolvimento de programas sociais. O Governo reconhece

que aperfeiçoar a gestão das atividades de assistência social é fundamental para reduzir a

pobreza no estado. O programa Porta-a-Porta apoia os municípios mapeando as principais

vulnerabilidades, identificando famílias pobres ainda não incluídas no CadÚnico e dando

suporte à definição de programas sociais para abordar as principais necessidades sociais dos

municípios. Com este apoio, a GoMG desenvolve trabalhos de capacitação em nível

municipal e garante que os fundos de assistência social sejam melhor alocados pelos governos

municipais. Os resultados esperados desta medida são o fortalecimento da capacidade dos

municípios de identificar as famílias pobres e as suas principais necessidades e

vulnerabilidades, o desenvolvimento de programas adequados para abordá-las e a melhoria da

gestão dos serviços de proteção social no nível municipal.

2.2 Fortalecimento da gestão da educação

127. O setor da educação tem um papel fundamental na promoção da inclusão e da

igualdade social. Nos últimos 15 anos, o Brasil fez enormes progressos na melhoria da

igualdade e do acesso à educação. Enquanto em 1993 uma criança cujos pais não tinham

instrução formal completaria uma média de apenas quatro anos de estudo, em 2009 a média

de anos de estudo completos dos alunos brasileiros foi de 11 anos, independentemente do

nível de educação de seus pais. Isso representa um enorme passo para a conquista da

educação universal em uma única geração no Brasil. Além disso, ao contrário de muitos

outros países da América Latina, o Brasil elevou sua pontuação no teste PISA, da OCDE, para

estudantes de baixa renda mais rápido do que para estudantes de quinto ano de renda mais

alta. Em Minas Gerais, as estratégias-chave da Secretaria de Educação (SEE) estão bem

alinhadas com os objetivos de uma educação mais equitativa. Seus programas de melhoria da

qualidade (Planos de Intervenção Pedagógica - PIP 1 e PIP 2) têm forte ênfase em garantir

que todas as crianças desenvolvam sólidas habilidades de leitura e matemática, e incluem

programas com foco específico naquelas crianças que não acompanham a turma. O programa

da SEE de “reinventar o ensino secundário” está melhorando a qualidade do currículo,

47

oferecendo mais opções profissionais relevantes e reduzindo o número de alunos que

frequentam cursos noturnos, o que traz mais benefícios a alunos de grupos de baixa renda.

128. Embora com um público-alvo menos amplo, as ações da SEE criadas para

melhorar a eficiência global do sistema da gestão do sistema educacional apoiadas por

este DPL podem ter um grande impacto positivo sobre os alunos de baixa renda em

bairros mais pobres e com pior desempenho escolar. Garantir que todos os gestores do

sistema atendam aos padrões mais elevados de formação profissional e que sejam

selecionados e nomeados via concurso elevará a qualidade média dos gestores do

sistema, eliminando os menos eficazes e melhorando o desempenho dos piores distritos

escolares e escolas.

129. A introdução de novos processos meritocráticos para a seleção dos

superintendentes regionais e diretores de escola é, portanto, uma ação prévia para esta

operação.

Ação Prévia 7. O Mutuário adotou e está implementando um processo de seleção

baseado no mérito para superintendentes escolares regionais e diretores escolares do

seu território, como evidenciado pelas seguintes disposições: (i) Lei Delegada nº 182,

de 21 de janeiro de 2011, publicada no Diário Oficial do Estado, em 22 de janeiro de

2011; (ii) Resolução nº 1.812, emitida pela Secretaria de Educação do Mutuário, de 22

de março de 2011, publicada no Diário Oficial do Estado em 23 de março de 2011; e

(iii) carta enviada pela SEPLAG em 2 de maio de 2012, que confirma a nomeação de

superintendentes escolares regionais e diretores de escola e remete cópias dos

instrumentos formais para a sua nomeação.

130. Em janeiro de 2011, a Lei Delegada nº 182 determinou, pela primeira vez, a

condução de um processo transparente e meritocrático para a seleção dos 47 diretores

regionais da SEE. Os diretores regionais são responsáveis perante a Secretaria da Educação

pelo desempenho de todas as escolas de seu distrito, com cada diretoria regional

supervisionando cerca de 75 escolas. A aplicação do novo processo em 2011 resultou na

substituição de 26 dos 47 diretores regionais, com melhoria significativa na média de suas

qualificações técnicas. Ao mesmo tempo, foram criados departamentos de Recursos Humanos

em cada diretoria regional para substituir o sistema centralizado e ineficiente anteriormente

em vigor, que havia gerado uma acumulação de informativos de alteração de dados dos

servidores e na folha de pagamento. Os 47 novos diretores de RH estão sendo alocados nas

diretorias regionais de ensino com o objetivo de gerir o pessoal no nível regional, fazendo-o

com a orientação e supervisão técnica do Departamento de Recursos Humanos central da

Secretaria de Estado de Educação, mas sempre sob gestão direta dos Diretores Regionais, que

também têm o objetivo de melhorar a gestão de pessoal em seu distrito com um todo. Por

último, em março de 2011 a SEE aprovou um conjunto de novas reformas destinadas a tornar

o processo de seleção para diretores de escolas mais transparente e meritocrático. As

mudanças incluem um teste de conhecimentos pedagógicos e de gestão aplicado

externamente, uma avaliação objetiva da experiência e do histórico dos candidatos e um mesa

de entrevista. Como resultado do novo processo, 1.202 (de um total de 3.557) diretores do

sistema mineiro foram substituídos.

131. Os novos diretores regionais e de escolas assumiram suas funções em janeiro de 2012,

e espera-se que um melhor desempenho gerencial deste novo quadro seja visível a curto

prazo, além de gerar impactos a longo prazo no desempenho das escolas sob sua supervisão.

Os novos diretores de recursos humanos foram nomeados em 2011, com o objetivo específico

48

de reduzir a acumulação de alterações pendentes nos registros do pessoal. Os resultados

esperados com estas medidas são uma melhoria global na gestão de serviços de educação no

estado e uma melhoria na qualidade da educação, avaliada em termos de níveis de

aprendizagem dos alunos pelo exame anual PROEB (Programa de Avaliação da Rede Pública

de Educação Básica).

Área 3. Aumentar a Sustentabilidade Ambiental

3.1 Aumentar a capacidade do Estado de fazer frente aos desafios ambientais

132. Embora o sistema de regulação ambiental existente em Minas Gerais seja efetivo,

o Governo reconhece a necessidade de esforços contínuos no sentido de melhorar sua

eficiência. Até recentemente, uma empresa rural precisaria de até três licenças diferentes ou

autorizações de três órgãos diferentes para funcionar: uma para autorizar o uso da terra, outra

para estabelecer o volume de consumo de água permitido e, finalmente, uma como parte dos

requisitos de mitigação de impactos ambientais. Além disso, com a equipe

predominantemente envolvida na análise e expedição de licenças, o monitoramento pós-

licenciamento se mostrou ineficaz. E mesmo quando uma empresa não cumpre com as

normas ambientais, não há um real acompanhamento para garantir que as medidas de

mitigação definidas estejam sendo adotadas. Para mudar esse cenário, o GoMG tomou

medidas para integrar as funções de gestão ambiental na administração de maneira que as

ações de regulação e fiscalização ocorram de forma mais sistemática e coordenada. Uma

revisão dos papéis dos diferentes órgãos ambientais levou à centralização de todas as

competências regulatórias em uma única subsecretaria e de todas as funções de controle e

fiscalização em outra subsecretaria, subordinada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável (SEMAD).

133. Outro desafio é a necessidade de promover um crescimento de baixo carbono no

estado, especialmente no que se refere à produção de aço e ferro. Minas Gerais é o maior

produtor nacional de aço e ferro, responsável por 60% da produção nacional. O estado

tem 62 usinas de ferro-gusa para abastecer o setor. Muitas destas usam carvão vegetal para

gerar energia e como termo-redutor. No entanto, a maior parte do carvão vegetal provém do

desmatamento ilegal do bioma Cerrado (um mosaico que inclui de florestas secas a vegetação

tipo savana). Para lidar com esse problema, o GoMG promulgou a Lei nº 18.365/09, que

praticamente proíbe o uso de carvão vegetal oriundo de desmatamento a partir de 2018, já

que até essa data pelo menos 95% do carvão consumido no estado deverá vir de plantações

sob manejo. Um desafio importante, porém, é que o plantio de árvores tem que começar logo

para poder atender à demanda a partir de 2018. O risco é que, em resposta a esta lei, a

indústria decida usar carvão mineral em vez de carvão vegetal de origem nativa, com o qual

aumentariam as emissões de gases do efeito estufa (GEEs) do estado. O Governo do Estado

está preocupado com esta possibilidade e assinou um memorando de entendimento com o

Banco Mundial e a Agência Alemã de Desenvolvimento KfW em 2010, com o objetivo de

desenvolver alternativas para promover o plantio de árvores a fim de suprir a demanda de

carvão vegetal. Um objetivo-chave do governo é criar incentivos e condições para que essa lei

seja seguida como previsto originalmente, levando a uma redução de emissões de GEE.

134. A operação está apoiando duas ações prévias na área de gestão ambiental para adotar

medidas que reestruturem as instituições de gestão ambiental e promovam alternativas de

incentivo ao plantio de árvores para produção de carvão.

Ação Prévia 8. O Mutuário estabeleceu, dentro de sua Secretaria de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável, uma Subsecretaria de Gestão e Regularização Ambiental

49

e uma Subsecretaria de Controle e Fiscalização Ambiental, como evidenciado pelas

disposições: (i) Decreto nº 45.824 do Mutuário, de 20 de dezembro de 2011, publicado

no Diário Oficial do Estado em 21 de dezembro de 2011; e (ii) Lei Delegada nº 180, de

20 de janeiro de 2011, publicada no Diário Oficial do Estado, em 21 de janeiro de 2011.

135. Como mencionado acima, essas medidas irão melhorar a eficiência do sistema de

controle e fiscalização ambiental. Como ação prévia, aprovou-se a Lei Delegada nº

180/2011, que cria a Subsecretaria de Controle e Fiscalização Ambiental e a Subsecretaria de

Gestão e Regularização. As competências dessas novas duas Subsecretarias também foram

definidas e institucionalizadas por meio do Decreto nº 45.824. Esta medida consolida todas as

emissões de licenças numa única Subsecretaria e todas as funções de execução em outra

Subsecretaria. Como resultado, o processamento de licenças deve ser mais rápido e mais

completo, já que todos os aspectos regulatórios ambientais serão analisados em conjunto. No

lado do controle, o planejamento centralizado da fiscalização permitirá um acompanhamento

mais eficaz do cumprimento das normas. Tal acompanhamento terá também uma perspectiva

mais abrangente das diferentes dimensões ambientais (por exemplo, a do uso do solo, a gestão

de recursos hídricos e os impactos ambientais) que antes eram competência de diferentes

entidades. Por último, essa reestruturação permite a alocação de mais funcionários para

monitorar a adequada implementação das condições previstas nas autorizações/licenças. Tais

medidas de reestruturação também contemplam alterações nas competências de outros órgãos

ambientais do Estado, a saber, o Instituto Estadual de Florestas (IEF), o Instituto Mineiro de

Gestão das Águas (IGAM) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM). O resultado

que se deseja alcançar por meio dessas medidas é que 100% das empresas encontradas em

situação de não conformidade com a legislação ambiental sejam monitoradas de perto para

garantir que as medidas de mitigação sejam plenamente implementadas.

Ação Prévia 9. O Mutuário adotou medidas para incentivar o plantio de florestas em seu

território com o objetivo de fornecer matéria-prima para as indústrias nele localizadas,

como evidenciado pelo Decreto nº 45.919, de 1º de março de 2012, publicado no Diário

Oficial do Estado em 2 de março de 2012.

136. A medida proposta é um passo significativo para a promoção da produção de

carvão vegetal sustentável. O Decreto supracitado apoia a implementação da Política

Estadual de Biodiversidade e Florestas. Ele define os mecanismos financeiros e técnicos a ser

utilizados para promover o plantio de árvores sob rigorosos parâmetros de sustentabilidade

ambiental para propriedades rurais de todos os portes. Além disso, o Decreto estabelece o

processo para o desenvolvimento de um Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL)

programático no âmbito do Protocolo de Quioto, com o objetivo de aumentar a atratividade

das plantações e fornecer importantes recursos iniciais aos agricultores. Isso resolve uma das

principais limitações à promoção do plantio de árvores, já que os agricultores requerem

financiamento seis anos antes da primeira colheita de carvão vegetal. O processo descrito pelo

Decreto também assegura o envolvimento de toda a cadeia produtiva, desde o plantio até o

consumo nas usinas, incluindo o processo de carbonização. O resultado esperado almejado

por esta proposta de DPL para produção de carvão vegetal sustentável é que cerca de 108 mil

hectares de novas plantações para produção de carvão vegetal sejam estabelecidos até 2013.

50

Área 4. Desenvolvimento de uma estrutura de governança metropolitana

4.1 Fortalecer a Governança Metropolitana para permitir a coordenação de políticas

públicas estaduais e municipais na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH)

137. O Governo tem como objetivo melhorar a qualidade de vida de sua população

urbana através da promoção do desenvolvimento integrado das áreas metropolitanas,

conduzido com base em acordos de governança metropolitana. Desde 2004, o Governo

vem introduzindo a legislação necessária para permitir o reconhecimento formal das regiões

metropolitanas do Estado e para a criação de mecanismos de governança que promovam uma

maior coordenação entre as políticas estaduais e municipais nestas áreas. Atingir um nível

elevado de coordenação é visto como um requisito para a melhoria da qualidade dos serviços

públicos e, por conseguinte, da qualidade de vida nas áreas urbanas. É necessário que haja

uma coordenação eficaz não só entre o Estado e os municípios que compõem a RMBH, mas

também entre os órgãos do Governo estadual que têm competência no âmbito das políticas

públicas da área metropolitana, e a sociedade civil. Nos últimos anos, notadamente em 2011,

foram dados importantes passos na introdução efetiva de mecanismos de Governança

Metropolitana para a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), a capital do Estado.

138. Minas Gerais é um Estado predominantemente urbano, com 85%da população

vivendo em cidades. Portanto, o foco na melhoria do entorno urbano beneficia a maioria da

população. Diferente de outros estados, Minas Gerais tem um número significativo de cidades

de pequeno e médio porte. A RMBH concentra cerca de 25% da população de Minas Gerais,

enquanto esse percentual é de 74% no Estado do Rio de Janeiro. A Região Metropolitana de

Belo Horizonte é o grande centro de prestação de serviços avançados, seguido pela Região

Metropolitana do Vale do Aço e Juiz de Fora. A qualidade dos serviços públicos nas áreas

urbanas depende de um alto grau de coordenação das ações de Governo nas cidades.

139. O Estado de Minas Gerais adotou o conceito de “cidades sustentáveis”, que exige

um alto nível de governança e de compromisso tanto com a comunidade quanto com o meio

ambiente, envolvendo um novo conceito de gestão urbana e qualidade de vida. Tal conceito

também é crucial para atrair investimentos, especialmente para assegurar a disponibilidade de

mão-de-obra altamente especializada para incentivar o desenvolvimento de serviços

avançados. Embora a promoção de arranjos de governança seja vista como requisito para

alcançar tais metas, o Governo também se concentra em perseguir os seguintes objetivos

estratégicos: (i) intervir em áreas urbanas onde a pobreza e a vulnerabilidade social se

concentram através de uma combinação de investimentos estruturais e medidas coordenadas

de desenvolvimento social, qualidade ambiental, geração de empregos e distribuição de

serviços públicos locais; (ii) melhorar a mobilidade e a acessibilidade nas principais cidades

através da ampliação, integração e melhoria dos diferentes modais de transporte; (iii)

promover o fortalecimento do planejamento e das práticas de gestão no nível municipal; (iv)

apoiar a elaboração de planos de desenvolvimento regional de forma participativa e facilitar a

criação de consórcios intermunicipais, quando for o caso; e (v) promover a cooperação entre o

Estado, municípios e entidades privadas para acelerar a redução do déficit habitacional por

meio de projetos sustentáveis.

140. O fortalecimento dos mecanismos de Governança Metropolitana para a RMBH é

apoiado pelo DPL proposto. Embora várias medidas tenham sido tomadas pelo Governo no

ano passado, a ação prévia descrita a continuação foi selecionada porque representa a

culminação de um longo trabalho conduzido pelo Estado em estreita parceria com os

municípios que compõem a RMBH.

51

Ação Prévia 10. O Mutuário, através do Conselho Deliberativo de Desenvolvimento da

Região Metropolitana de Belo Horizonte, adotou um plano diretor de desenvolvimento

regional integrado para a região metropolitana de Belo Horizonte, como evidenciado

pela ata de reunião de 11 de julho de 2011, que registra a reunião do Conselho

Deliberativo de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte naquele

dia.

141. A aprovação do PDDI representa a conclusão bem-sucedida de um longo

processo de fortalecimento da coordenação de mecanismos de governança metropolitana

para a RMBH, considerados únicos tanto no Brasil quanto na América Latina. Um

primeiro passo rumo à implementação desse modelo foi a Emenda nº 65 da Constituição

Estadual, aprovada em 25 de novembro de 2004, que introduziu uma disposição que permite a

criação de regiões metropolitanas para facilitar a implementação de planos diretores de

desenvolvimento integrados. Outras leis complementares promulgadas entre 2006 e 2009

implementaram os mecanismos para a governança de fato da RMBH, como o Fundo

Metropolitano, a Assembleia Metropolitana, o Conselho Metropolitano e, finalmente, a

Agência Metropolitana, em 2009. Além disso, em 2011 o Estado criou uma Secretaria

Extraordinária de Gestão Metropolitana, separando os assuntos relacionados às áreas

metropolitanas da Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana e, portanto,

conferindo maior importância à governança metropolitana. O Estado vem promovendo desde

2008 um processo conjunto de planejamento para a RMBH, com ampla participação dos

municípios e da sociedade civil, para promover a coordenação política eficaz dos diferentes

atores governamentais na RMBH. Tal processo participativo culminou na produção do Plano

Diretor de Desenvolvimento Integrado da RMBH (PDDI), que foi aprovado pelo Conselho

Deliberativo de Desenvolvimento Metropolitano em julho de 2011. O PDDI é tido como o

principal instrumento que norteará a coordenação e articulação de políticas públicas na

RMBH e orientará a atualização dos planos diretores municipais para alcançar uma maior

coerência no desenvolvimento da RMBH. O PDDI é um plano estratégico para o

desenvolvimento integrado da RMBH. Como tal, traz diretrizes e sugestões de políticas

públicas e investimentos que possam promover o desenvolvimento da região. Não se trata de

um plano de investimento. Como resultado dessas medidas espera-se uma melhoria da

qualidade de vida da população da RMBH por meio da promoção do desenvolvimento

integrado da área metropolitana.

VI. IMPLEMENTAÇÃO DA OPERAÇÃO

A. POBREZA E IMPACTOS SOCIAIS

142. Ao focar as principais barreiras para o desenvolvimento sustentável, a inclusão

social e os processos democráticos de governança pública, as políticas apoiadas por esta

operação devem ter um impacto positivo considerável na redução da pobreza e das

desigualdades sociais e regionais em Minas Gerais. As mudanças nas politicas públicas

apoiadas pela operação visam: (i) aumentar a participação cidadã no planejamento das

políticas e processos decisórios, fortalecer o controle da sociedade civil sobre as políticas

públicas e promover o fortalecimento da cidadania; (ii) melhorar a eficiência, a qualidade e a

sustentabilidade fiscal do Estado; (iii) promover a sustentabilidade ambiental por meio da

criação de incentivos e instrumentos que facilitem o cumprimento de medidas para assegurar

um crescimento com baixa emissão de carbono, que são fundamentais paras as atividades

centrais da economia estadual (ferro-gusa, liga de ferro e aço); (iv) promover a inclusão social

52

pelo ajuste das politicas de assistência social e educação para alcançar os grupos sociais mais

vulneráveis nos municípios mais carentes; e (v) reduzir as disparidades regionais,

direcionando as ações para as regiões mais pobres do Estado. Espera-se que tais mudanças

tenham impactos sociais e econômicos positivos para a população mais vulnerável.

143. Para avaliar os potenciais efeitos distributivos que essas mudanças nas políticas

públicas tiveram na sociedade e na pobreza, a equipe se baseou na análise de dados

secundários, entrevistas e consultas com grupos focais envolvendo os principais atores e

especialistas.31

A análise enfocou o contexto socioeconômico de referência e seus atributos,

os potenciais impactos benéficos e adversos e os principais riscos relacionados com essas

políticas. Os efeitos distributivos dessas políticas foram desagregados de acordo com fatores

como região, situação rural/urbana, gênero e geração, que historicamente tem tido um papel

determinante na intensidade da pobreza e na desigualdade social.

144. A informação de linha de base que compõe o perfil de entrada contra o qual os

impactos das políticas poderão ser comparados revela uma redução na pobreza e na

pobreza extrema nos últimos anos. No entanto, 4,6% da população do estado ainda vive

abaixo da linha de pobreza extrema e 9,5% vive abaixo da linha da pobreza. A pobreza

extrema atinge com mais intensidade os domicílios chefiados por mulheres solteiras e/ou

pessoas analfabetas, os domicílios rurais e os habitantes de municipios pequenos. Os índices

de pobreza e de pobreza extrema variam bastante de uma região para outra. Apesar da

redução das desigualdades regionais, estas continuam significativas nas regiões do Norte de

Minas, Rio Doce, Jequitinhonha e Mucuri. Quase todos os municípios dessas quatro regiões

apresentam índices de pobreza e pobreza extrema acima da média estadual.

145. As consultas com os principais atores envolvidos mostraram que as mudanças

nas políticas públicas relativas a gestão pública, participação civil e inclusão social não

enfrentam oposição e devem ter impactos sociais e distributivos positivos. Ao aumentar a

transparência, a participação da sociedade, a apropriação social e a responsabilização, os

processos participativos são amplamente considerados como sendo capazes de aumentar a

legitimidade e o controle social no planejamento e na implementação de políticas públicas,

contornando assim as interferências políticas e o clientelismo e melhorando as respostas do

Estado às reais necessidades locais e regionais. Os resultados esperados das mudanças nas

políticas de gestão pública são os seguintes: uma sociedade civil mais consciente de seus

direitos e deveres, autoridades políticas que respondem mais por seus atos públicos e

instituições estaduais mais fortes e eficientes. Os atores envolvidos também expressaram o

seu forte apoio aos esforços envidados pelo estado para abordar a pobreza como fenômeno

multidimensional, buscando ativamente as famílias miseráveis e com frequência “invisíveis”,

e adequando os serviços de proteção social às suas demandas reais. Considerando que essas

políticas devem ajudar a superar as visões tradicionais da assistência social como caridade e

concessão de favores pessoais, que criam um sentimento de dívida para com os políticos, o

projeto deve produzir impactos positivos mais amplos. Espera-se ainda que as políticas

tenham um impacto forte e positivo na redução das desigualdades de gênero, já que os

31

As entrevistas foram realizadas durante os meses de setembro e outubro de 2011. Entre os entrevistados

participaram representantes das segunites entidades: AMDA (Associação Mineira de Defesa Ambiental), AMS

(Associação Mineira de Silvicultura), FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas

Gerais), FETAEMG (Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Estado de Minas Gerais), Sindifer

(Sindicato da Indústria de Ferro no Estado de Minas Gerais), Sinfersi (Sindicato da Indústria de Ferro Ligas e

Silício Metálico de Minas Gerais); Comissão Pastoral da Terra (CPT); Fundação João Pinheiro, a Procuradoria

do Estado e outros órgãos estaduais relevantes; e, finalmente, participantes da primeira oficina do “Estado em

Rede (Vale do Rio Doce)”.

53

domicílios chefiados por mulheres solteiras representam a vasta maioria entre os “pobres

invisíveis”. Tais domicílios são mais vulneráveis aos efeitos negativos das desigualdades de

gênero na medida em que a gravidez na adolescência e a responsabilidade única pela criação

dos filhos se somam às normas culturais tradicionais baseadas em gênero para aumentar a

pobreza das mulheres, comprometer o seu nível de escolaridade, restringir a sua entrada

formal (e mais bem remunerada) no mercado de trabalho e ameaçar as suas oportunidades e

realizações econômicas.

146. As reformas nas políticas públicas relativas à governança metropolitana foram

implementadas por meio de um amplo processo participativo e devem produzir

impactos sociais positivos no desenvolvimento metropolitano como um todo. As políticas

propostas fortalecerão a articulação entre os órgãos estaduais e municipais, promoverão uma

maior coerência e sinergia entre os planos diretores municipais elaborados no futuro e

aumentarão o engajamento da sociedade civil em processos decisórios sobre questões

metropolitanas. O Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de

Belo Horizonte (PDDI) foi elaborado de forma muito participativa, envolvendo milhares de

representantes da sociedade civil, e servirá de orientação para o processo de fortalecimento da

governança metropolitana. As melhoras nos processos de articulação e governança também

trarão resultados sociais positivos à medida que permitirem a implementação de ações para

lidar com as questões fundamentais e desafios relativos a condições de vida precárias em

áreas mais periféricas da região metropolitana. Entre elas estão o acesso limitado a

infraestrutura e serviços públicos, falta de oportunidades de emprego, insegurança nas

condições habitacionais, transporte caro e ineficiente, maior exposição à violência e ao crime

e maior vulnerabilidade aos riscos e desastres naturais. Os resultados gerais positivos dessas

políticas irão beneficiar sobretudo os grupos sociais mais vulneráveis, que representam a

maioria da população nessas periferias.

147. O nível de consenso em torno das mudanças nas políticas públicas para

promover a sustentabilidade ambiental e o crescimento verde é menor. As consultas

realizadas sugerem que as mudanças nas políticas relativas à centralização do ambiente

regulatório e às funções de fiscalização contam com apoio amplo e generalizado. Os

resultados esperados são (i) maior eficiência e efetividade no controle/resposta e menor

impunidade para os crimes ambientais; (ii) redução da concorrência desleal enfrentada por

aqueles que reduzem seus custos de produção pelo não cumprimento da legislação ambiental;

e (iii) acesso mais fácil e rápido aos órgãos estatais de regulação e fiscalização, com resposta

mais ágil às demandas. Espera-se que ao fortalecer a organização e a gestão do controle

ambiental e aumentar a capacidade de resposta do governo estadual aos desafios ambientais as

políticas possam reforçar o cumprimento da legislação ambiental e levar a uma ampliação das

áreas florestais protegidas (Reservas Legais e Áreas de Proteção Permanente). Caso isso

ocorra, poderão ainda reduzir as pressões sobre os recursos naturais advindas da expansão

tanto da fronteira agrícola quanto do setor florestal. Considerando que as comunidades

tradicionais e os agricultores familiares dependem destes recursos para sua subsistência e

bem-estar, as políticas devem trazer benefícios para as populações mais vulneráveis que

residem em áreas rurais. No entanto, e considerando as tendências históricas de

desenvolvimento do setor florestal, os atores envolvidos diferem quanto aos efeitos

distributivos que podem ser esperados das mudanças nas políticas públicas relativas ao

desenvolvimento das normas de implementação e dos arranjos institucionais necessários para

a efetivação da Lei nº 18.365/09, que proíbe o uso do carvão vegetal de fontes não renováveis

a partir de 2018.

54

148. O desenvolvimento do setor florestal está vinculado a um legado de degradação

ambiental e expectativas frustradas quanto à criação de empregos, redução da pobreza e

desenvolvimento socioeconômico nas regiões mais deprimidas do estado, o que têm

alimentado um debate acalorado. Por um lado, alguns movimentos sociais e ONGs

ambientais mostram-se desconfiados, relutantes ou radicalmente opostos à concessão de

incentivos para o carvão vegetal renovável, já que associam o desenvolvimento da silvicultura

para fins energéticos a impactos ambientais e sociais adversos. Por outro, aqueles que apoiam

o setor florestal e a proibição do uso de carvão vegetal de fontes não renováveis destacam o

papel fundamental dos setores florestal e metalúrgico na economia de muitos municípios das

regiões mais deprimidas do 32

estado. Os apoiadores também têm enfatizado o papel positivo

das florestas renováveis como sumidouros de carbono em um cenário de aquecimento global;

na proteção e recuperação de áreas degradadas pela erosão, pecuária extensiva e mineração;

na melhoria da fertilidade do solo, reciclagem de nutrientes e proteção de bacias e da

biodiversidade; e como barreiras às pressões sobre as matas nativas. Finalmente, foram

observadas melhorias nas condições socioeconômicas de municípios cuja principal atividade

econômica é o desenvolvimento da silvicultura. Outros benefícios incluem as melhorias que

estão acontecendo nas relações trabalhistas dentro do setor e os resultados sociais e

ambientais benéficos esperados da ampliação dos incentivos e do uso do carvão vegetal

renovável. 33

149. Apesar das controvérsias e riscos descritos acima, espera-se que as reformas nas

políticas propostas para promover o crescimento verde por meio da proibição do uso de

carvão vegetal renovável tragam impactos positivos e beneficiem algumas parcelas da

população rural nas regiões mais deprimidas do estado. Para começar, a expansão das

florestas renováveis é fundamental para atender à demanda de carvão vegetal dos segmentos

de ferro-gusa, ligas de ferro e aço, assim como para evitar o aumento da pressão sobre as

matas nativas dentro e fora de Minas Gerais que aumentará à medida que a indústria

metalúrgica baseada em carvão vegetal se recupere e alcance o seu nível médio de

produtividade. O estado apresenta um grande potencial para ampliar o uso e a produção de

carvão vegetal renovável em áreas de pastagens ociosas, subutilizadas e degradadas, motivo

este pelo qual a expansão de florestas renováveis não precisa competir com outros usos da

terra – sobretudo com a produção de alimentos – ou ameaçar o sustento dos agricultores

familiares. 34

Considerando que o desenvolvimento da silvicultura baseia-se em modelos que

limitam a área de cada terreno que pode ser destinada a florestas renováveis e/ou concedem

incentivos para a combinação de florestas renováveis e nativas, pode ocorrer uma diminuição

nos conflitos agrários entre o setor florestal e os pequenos e médios proprietários rurais e o

desenvolvimento da silvicultura pode vir a se tornar uma fonte de renda adicional e

ambientalmente sustentável em pequenas e médias propriedades rurais.35

Finalmente, espera-

32

Esses setores são responsáveis pela oferta de aproximadamente 511 mil postos de trabalho diretos e indiretos

no estado. O setor florestal desenvolve-se sobretudo nas regiões mais carentes e tem papel de destaque na

economia de 56 municípios, cujos índices de pobreza e de miséria são muito mais elevados que a média estadual. 33

Quais sejam: potencial de geração de empregos no setor florestal, fixação de pessoas em áreas rurais,

promoção de nova fonte de renda para produtores rurais e redução da pressão do setor florestal sobre pequenas

propriedades de agricultura familiar. 34

Na verdade, a área de pastagens plantadas degradadas é superior a 1,2 milhão de hectares, o equivalente a

quase 80% da área de florestas plantadas. 35

Há uma demanda garantida para o carvão vegetal renovável e mercados competitivos para produtos florestais.

Devido a economias de escala, é possível que os pequenos proprietários rurais não consigam se beneficiar do

desenvolvimento da silvicultura e continuem sendo assediados pelas carvoarias ilegais (que costumam se

oferecer para comprar as árvores de seus terrenos). Assim, na ausência de outras fontes de renda, continuarão

55

se que a intensificação das atividades de fiscalização por parte de órgãos ambientais federais e

estaduais e órgãos de fiscalização do trabalho reduzam as atividades ilegais, a degradação

ambiental e as condições de trabalho insatisfatórias.

B. ASPECTOS AMBIENTAIS

150. De modo geral, espera-se que ao promover melhorias na gestão pública e no

cumprimento da legislação ambiental as reformas das políticas públicas apoiadas por

este DPL tenham impactos ambientais positivos e significativos. Tais melhorias na gestão

do setor público podem ser muito importantes para melhorar a sustentabilidade ambiental. As

políticas apoiadas por esta operação, que visam fortalecer a capacidade de gestão pública para

o gerenciamento de riscos ambientais e promover o crescimento verde, deverão ter impactos

positivos diretos consideráveis nas condições ambientais do estado.

151. O fortalecimento da capacidade de gestão do setor público deve aumentar a

eficiência e a efetividade dos programas de manejo ambiental. Os principais desafios

ambientais identificados em Minas Gerais têm a ver com a ocupação não planejada de áreas

ambientalmente sensíveis. As melhorias na governança e na articulação do setor social devem

gerar efeitos regionais positivos, melhorando o cumprimento dos instrumentos de gestão

territorial e reduzindo o desmatamento.

152. É fundamental garantir e monitorar o cumprimento da legislação ambiental. A

criação da Subsecretaria de Controle e Fiscalização Ambiental Integrada, criada pela Lei

Delegada nº 180/2011, responsável pela implementação da legislação ambiental, é

fundamental para melhorar o seu cumprimento. A medida consolidou a emissão de

autorizações/licenças ambientais em um único lugar, permitindo uma análise mais abrangente

dos possíveis impactos causados por qualquer empreendimento. Além disso, a reorganização

do quadro do pessoal junto com a implementação de planos de monitoramento mais

abrangentes devem melhorar o monitoramento e a fiscalização do cumprimento da legislação,

após a emissão de autorizações/licenças.

153. Os programas associados devem contribuir para a proteção do meio ambiente na

região. O fortalecimento da capacidade de gerenciamento e avaliação do projeto tem

impactos positivos na proteção ambiental, e a inclusão de aspectos ambientais na elaboração

do projeto tem um papel importante para assegurar o desenvolvimento sustentável do estado.

154. A medida proposta para incentivar a produção de carvão vegetal renovável visa

promover resultados ambientais positivos. Tal medida deve contribuir para a redução da

pressão pelo desmatamento sobre o já ameaçado bioma Cerrado, diminuindo ao mesmo tempo

as emissões de GEE do estado e levando assim ao crescimento verde. Na ausência dessa

medida o maior cumprimento da legislação ambiental resultaria em uma diminuição do

desmatamento, porém também acabaria promovendo o uso do carvão mineral em substituição

do carvão vegetal, o que levaria ao aumento das emissões de GEE.

155. A capacidade jurídica, regulatória e institucional do Estado de Minas Gerais indica

que o programa proposto pode ser desenvolvido em conformidade com as práticas adequadas

de gestão ambiental, minimizando os efeitos ambientais negativos, mitigando os impactos de

implementação e produzindo resultados líquidos positivos para a sociedade.

sendo uma ameaça para as matas nativas. O programa estadual “Bolsa Verde”, que prevê incentivos para

proprietários rurais que preservam as florestas nativas em suas propriedades, junto com uma fiscalização

ambiental mais eficiente por parte dos órgãos estaduais, podem tornar essas ofertas menos atrativas e

contrabalançar a tentação das propostas feitas pelas carvoarias ilegais.

56

C. IMPLEMENTAÇÃO, MONITORAMENTO E AVALIAÇÃO

156. A Secretaria de Planejamento e Gestão (SEPLAG) responderá pela

implementação global da operação proposta, pela elaboração e apresentação de

relatórios de progresso e pela articulação das ações com as outras secretarias de

Governo envolvidas no programa. A SEPLAG ficará a cargo de liderar as ações da Área 1

(Orçamento e Gestão dos Órgãos do Setor Público), monitorar a implementação do programa

cuidadosamente e coletar as evidências e dados necessários. As Secretarias Estaduais de

Desenvolvimento Social (SEDESE) e Educação (SEE) serão co-responsáveis pela execução

das reformas da Área 2 (Inclusão Social e Produtiva). A Secretaria Estadual de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF)

liderará a implementação das reformas da Área 3 (Sustentabilidade Ambiental). Por último, a

Secretaria de Governança Metropolitana (SEGEM) e a Agência de Desenvolvimento da

Região Metropolitana de Belo Horizonte (ARMBH) responderão pelas ações da Área 4

(Governança Metropolitana).

D. ASPECTOS FIDUCIÁRIOS

157. O Banco Mundial realizou uma avaliação do ambiente fiduciário para a gestão de

recursos públicos em Minas Gerais. No geral, o Estado tem um forte histórico de

implementação de reformas na gestão pública destinadas a melhorar a eficiência, a

transparência e a responsabilização no uso dos recursos públicos. Entre elas estão atividades

para fortalecer os vínculos entre o planejamento estratégico e o processo de elaboração do

orçamento, aumentar a capacidade no que se refere às funções de contabilidade e auditoria

interna e modernizar os sistemas de informação. A estratégia de desenvolvimento do Governo

traduz o seu desejo de seguir fortalecendo a gestão dos recursos públicos no estado.

158. O ambiente de gestão financeira do setor público baseia-se em um marco jurídico

sólido caracterizado por sólidas regras e controles internos e uma definição clara das

responsabilidades e arranjos institucionais. O grau de transparência das informações

financeiras prestadas no Brasil, de modo geral, e no Estado de Minas Gerais, em particular,

costuma ser elevado. O processo de elaboração do orçamento é governado por regras claras e

um calendário; nos últimos anos houve um fortalecimento do vínculo entre as políticas

públicas e o orçamento. O Estado vem conseguindo sistematicamente preparar demonstrações

financeiras detalhadas dentro dos prazos estipulados. As obrigações relativas à preparação

dessas demonstrações financeiras estão claramente descritas nas leis e regulamentos

pertinentes. O Estado vem tomando medidas para garantir que essas obrigações sejam

cumpridas, incluindo, entre outras, a manutenção de um ambiente de forte controle interno.

159. Minas Gerais e o Governo Federal do Brasil possuem um grau elevado de

transparência orçamentária. O Governo Estadual publica oportunamente versões impressas

e eletrônicas de sua proposta orçamentária anual e de seu orçamento aprovado. Também

apresenta relatórios periódicos de execução orçamentária para o público em geral. O Governo

Federal, por sua vez, apresenta o mesmo nível de transparência. De fato, a avaliação PEFA

concedeu ao Governo Federal a pontuação “A” com relação ao acesso do público a

informações-chave sobre as finanças públicas (PI-10).

160. Destacam-se ainda as iniciativas do Estado de preparação para a convergência

das normas brasileiras de contabilidade aplicadas ao setor público com as normas

57

internacionais de contabilidade aplicadas ao setor público (IPSAS)36

e o progresso nesse

sentido. Em preparação para a convergência, o Estado criou um Comitê de Coordenação das

Atividades de Preparação e o Contador Geral vem participando ativamente no

desenvolvimento de diretrizes para apoiar a convergência. Além disso, Minas Gerais adotou e

adequou o Quadro dos Dados Contábeis Consolidados nacional, que será utilizado para

registrar as transações contábeis sob o novo regime e recebeu prioridade alta na

implementação do Sistema Integrado de Gestão Governamental (GRP Minas)37

.

161. Minas Gerais também vem implementando ações para fortalecer o controle

interno. A principal reforma da área nos últimos anos foi a reestruturação da Auditoria Geral

do Estado, com a atribuição de mais autonomia e a reestruturação de seus departamentos

internos. A modernização das metodologias de auditoria utilizadas está em andamento,

particularmente para introduzir uma abordagem mais baseada em riscos.

162. O Tribunal de Contas do Estado (TCE), órgão estadual de auditoria externa, tem

o mandato constitucional de auditar o uso de todos os recursos estaduais. A avaliação

inicial do Banco Mundial indica que esta é uma das instituições de auditoria mais fortes do

Brasil. A instituição vem implementando uma série de reformas dirigidas à introdução de

modernas práticas de auditoria e ao alinhamento de sua abordagem com as normas

internacionais.

Ambiente de Controle Cambial

163. O FMI realizou uma avaliação das medidas de salvaguarda tomadas pelo Banco

Central do Brasil (Bacen) e concluiu que este não apresenta vulnerabilidades

generalizadas que pudessem vir a comprometer os recursos do Fundo. O Banco Mundial

examinou ainda as demonstrações financeiras do Bacen referentes aos exercícios findos em

31 de dezembro de 2006 a 2010 para determinar se o ambiente de controle cambial

continuava adequado. O Banco Mundial concluiu que o ambiente de controle permanece

adequado.

E. DESEMBOLSO E AUDITORIA

164. O empréstimo proposto seguirá os procedimentos de desembolso do Banco

Mundial para empréstimos para políticas de desenvolvimento. Os recursos do

empréstimo serão desembolsados com a condição de que o programa de políticas de

desenvolvimento seja implementado de maneira satisfatória e não estarão vinculados a

compras específicas.O Banco Mundial depositará os recursos do empréstimo em conta

designada pelo Estado no Banco do Brasil S.A. (Nova Iorque) assim que o empréstimo for

aprovado pelo Conselho Diretor. (Nova Iorque). O Banco do Brasil S.A. (Nova Iorque) é um

banco comercial considerado aceitável pelo Banco Mundial por ser uma instituição financeira:

(i) financeiramente sólida; (ii) autorizada a manter a conta na moeda acordada entre o Banco

Mundial e o Estado; (iii) auditada regularmente, tendo recebido relatórios de auditoria

36

O Governo Federal vem liderando uma iniciativa para a convergência das normas brasileiras de contabilidade

aplicadas ao setor público com as normas internacionais de contabilidade aplicada ao setor público (IPSAS), e

estabeleceu um cronograma para que todos os entes federativos concluam o processo até 2013. Este processo de

convergência visa melhorar a qualidade e a relevância da informação financeira disponível para a tomada de

decisões pelos gestores públicos. 37

Espera-se que o Sistema Integrado de Gestão Governamental melhore o atual nível de integração de sistemas

dentro do SIAFI, o sistema estatal de informações financeiras, e facilite a introdução das novas normas

contáveis. Além disso, deve aumentar a capacidade dos sistemas de informação do Estado de coletar, manter e

gerar os dados financeiros necessários para a preparação de demonstrativos financeiros.

58

satisfatórios; (iv) capaz de executar um grande volume de transações de maneira expedita; (v)

capaz de desempenhar uma ampla gama de serviços bancários satisfatoriamente; (vi) capaz de

fornecer demonstrativos detalhados da conta; (vii) que integra uma rede satisfatória de

correspondentes bancários; e (viii) que cobra tarifas razoáveis pelos seus serviços.

165. A conta no Banco do Brasil S.A. (Nova Iorque) é mantida em moeda estrangeira e

não faz parte das reservas oficiais de moeda estrangeira do país. Contudo, o Bacen será

informado do depósito dessa quantia. O Estado garantirá o crédito de igual quantia no

sistema de gestão orçamentária do Estado assim que os recursos do empréstimo forem

depositados na conta supracitada.O Estado fornecerá uma confirmação ao Banco Mundial de

que: (i) os recursos do empréstimo foram recebidos na conta em moeda estrangeira, e (ii) uma

quantia equivalente foi creditada na conta que financia as despesas orçadas.Tal confirmação

deverá ser enviada ao Banco Mundial no prazo de 30 dias após o pagamento. Caso os recursos

do empréstimo forem utilizados para propósitos não elegíveis no âmbito do Contrato de

Empréstimo, o Banco Mundial solicitará ao Estado a restituição da quantia utilizada.Em

virtude das conclusões sobre a adequação do ambiente de gestão das finanças públicas do

Estado, não serão estabelecidas outras disposições fiduciárias para esta operação.

F. RISCOS E MITIGAÇÃO DE RISCOS

166. Considera-se que a operação proposta apresenta riscos moderados.

167. Riscos econômicos e fiscais: O Brasil tem boas condições de lidar com uma nova

crise, mas poderia ser afetado mesmo assim. Os seguintes riscos devem ser monitorados: a

dívida soberana e a crise financeira da Europa, um nova recessão da economia dos EUA, um

pouso forçado da economia chinesa e o aumento dos preços do petróleo. Os principais riscos

para o Brasil são a forte dependência da exportação de commodities e as necessidades

elevadas de financiamento bruto do setor público (perto de 20% do PIB). Também será

preciso monitorar de perto o endividamento externo do setor privado. Pelo lado positivo, as

crescentes reservas internacionais e o colchão fiscal do Brasil para pagamentos da dívida são

fortes fatores de mitigação de riscos. A exposição de Minas Gerais à economia global e

particularmente à economia chinesa é igualmente relevante devido à importância da

mineração e de outros setores de exportação na receita pública do Estado, particularmente

pelo impacto nas receitas do ICMS. A redução da taxa de crescimento da economia brasileira

também pode ter um impacto no Estado. No entanto, esse risco é mitigado pela forte

arrecadação e ganhos de eficiencia na administração fiscal, assim como pela capacidade do

Estado de se recuperar rapidamente de outras desacelerações e seu bom histórico econômico

ao longo dos últimos 9 anos. Além desses riscos fiscais, há aqueles associados a pressão

nacional sobre os gastos com os servidores, incluindo a possibilidade de novos pisos salariais

instituídos por lei para certas categorias do funcionalismo público. Mas o Governo já mostrou

a sua capacidade de administrar essas pressões no passado, tendo inclusive implementado

algumas das reformas apoiadas por esta operação.

168. Risco político e institucional: O principal risco político e institucional no Estado de

Minas Gerais é que a implementação da agenda de reformas depende de um número

relativamente pequeno de autoridades públicas, entre as quais o Governador e os principais

Secretários Estaduais. O sucesso de vários componentes do programa de reformas depende

particularmente do comprometimento das Secretarias de Governo. Entre estes componentes

estão a estratégia de descentralização, a implementação de medidas de proteção social e os

processos de participação da sociedade. A mudança de um número significativo de

autoridades públicas poderia enfraquecer as ações de reforma. Esse risco é mitigado pela

59

estabilidade do quadro superior da administração ao longo dos últimos nove anos pelo

Governo Estadual, o que permitiu que fosse construída uma forte base de apoio para as suas

estratégias. Ademais, as principais autoridades já trabalham com o Governador há muito

tempo e é pouco provável que deixem seus cargos. Embora exista a possibilidade de que o

programa venha a enfrentar obstáculos internos, estes provavelmente seriam localizados e

portanto mais fáceis de solucionar pela forte “cúpula do governo”. A contratação de um

grande número de gestores públicos formados pela Escola Nacional de Administração Pública

(recrutados como “Empreendedores Públicos”), que vem se disseminando pela administração

pública, também facilita na adesão pelas Secretarias de Governo, uma vez que estes

servidores estão mais em sintonia com as modernas práticas de gestão pública. Os riscos

enfrentados pelo programa de reformas também serão mitigados pelo apoio contínuo do

Banco Mundial.

60

ANEXOS

ANEXO 1: CARTA SOBRE A POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO

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Unofficial English translation

Belo Horizonte, 30 May, 2012

Mr. Robert Zoellick

President

World Bank

Washington, DC

United States

Dear Mr. Zoellick,

In this Letter of Development Policy, I intend to present the achievements of the strategy

adopted by the state of Minas Gerais for promoting the sustainability and enhancement of its

management model and the ongoing reforms, for which we would like to count on the

assistance of the World Bank. As you are aware, in 2003, the first round of public

administration reforms, called “Management Shock,” was launched and focused on the pillars

of fiscal adjustment and public sector modernization. In 2007, improvements were made to

the “Management Shock” program and a second round of reforms was started, called “State

for Results,” which sought to strengthen and enhance the change process started in 2003, with

priority being accorded to the monitoring and evaluation of results based on outcome

indicators. During both rounds of reforms, the World Bank served as an important partner for

the state, providing not only financial and technical resources, but also making it possible for

Minas Gerais to participate in international networks that offer public policy discussions and

learning opportunities.

At this juncture, we are seeking World Bank assistance with third generation public sector

reforms aimed at strengthening the quality of fiscal policy and public service delivery,

promoting social inclusion and reducing regional inequalities, improving metropolitan

governance and promoting environmentally sustainable growth. It is our hope that the

assistance sought be in the form of a Development Policy Loan. All the loan proceeds,

disbursement of which is being sought in a single tranche, will be used to put Minas Gerais on

a more viable fiscal path and expand its investment capacity.

Progress Made with Results-Based Management in Minas Gerais

The results obtained, as evidenced by the positive trend in outcome indicators,

demonstrate how the model implemented, which began with the “Management Shock”

program and was strengthened with the “State for Results” program, helped restore the role of

the state, significantly improved responsiveness to the needs of the people of Minas Gerais,

and fueled the growth of the state’s economy.

The achievement of fiscal balance and the improvement in public accounts made it

possible for the state to fulfill the requirements of the Fiscal Responsibility Law, which paved

the way for the state’s access to new sources of investment via credit operations that were

previously unavailable. Improvement in the state’s fiscal position was achieved in the context

of a new management policy focused on delivering results to the population. Brazil has a poor

track record with respect to its capacity to execute public programs and projects. Over the past

eight years, the government of Minas Gerais has improved its capacity in this area through the

adoption of intensive management approaches to priority projects as well as performance-

based contracts. As a result, in 2009, the average rate of execution for Strategic Projects,

80

which are a priority of the government of Minas Gerais and yield the highest benefit for

citizens, exceeds 80 percent.

More effective work by the state has produced tangible results for the citizens of

Minas Gerais, thus improving their quality of life. This improvement is reflected, based on

objective indicators, in the priority areas of education, health, public safety, economic

development, and the poverty level of the population. By combining management

improvements with tangible results for the population, Minas Gerais is now recognized as a

model of good practices in the area of public management.

Fostering Social Inclusion and Reducing Inequalities

Social assistance policies were only recently introduced in Brazil. The year 1993 is

viewed as a milestone year for social assistance in the country. That year, the Social

Assistance Organic Law [Lei Orgânica da Assistência Social LOAS] No. 8,742 was enacted.

It regulates social assistance public policies and establishes standards and criteria for the

organization of social assistance. The LOAS made decentralization and participation into

guidelines and gave states and municipalities more latitude with respect to the execution of

social assistance policies while paving the way for greater input by civil society in the

formulation of these policies.

Since 1993, social assistance policies have followed LOAS guidelines. A National

Social Assistance Policy [Política Nacional de Assistência Social PNAS] was formulated and

revised periodically, and in 2005 the Unified Social Assistance System [Sistema Único de

Assistência Social SUAS] was introduced. States were required to coordinate and execute

programs at the state level and provide technical and financial support to municipalities so

that they could offer social assistance services and technical and financial support to poverty

reduction services, programs, and projects.

In line with the new responsibilities assumed by states, given the LOAS and the

effects thereof, the government of Minas Gerais has been developing its capacity to formulate

social assistance policies. In June 2011, the Unified Social Assistance System (SUAS)

became a state law. As a result, social assistance was organized in a decentralized and

participatory manner. Two major programs should be noted in the context of the social

assistance policies of the state of Minas Gerais: the Social Assistance Floor Program [Piso

Mineiro de Assistência Social] and the Door-to-Door [Porta a Porta] Program, which is part

of the Travessia Program [Programa Travessia]. Each offers different but complementary

approaches in the broader effort to eradicate extreme poverty at the federal level, and we

would appreciate it if they were considered as priority actions by the World Bank in its

assistance.

In addition to the social assistance policies, we highlight the evolution of the state’s

educational policy, which can have a major impact in the lives of our young citizens. The

state of Minas Gerais has shown successive improvements in education indicators, and the

Basic Education Development Index [Índice de Desenvolvimento da Educação Básica IDEB],

for instance, places the state in the higher ranks among the states in the country, with regard to

both the initial and the final years of elementary school.

One of the goals of the education program of the state, and underlying these

advancements, is the improvement of the quality of education in state schools by way of a

more efficient management of the educational system. In this regard, the State Secretariat of

81

Education is renowned for its reforms and innovative programs that serve as examples for

education systems across the country. Therefore, we would like to select the actions to

improve management in education as priorities for the World Bank in its assistance.

Minas Gerais Social Assistance Floor Program. The Social Assistance Floor Program

offers a basic amount of state government funding, in addition to federal and municipal

funding (co-financing), for the payment of social assistance benefits and services. During the

first year of its implementation, the plan was to extend benefits to 214 municipalities. Of these

municipalities, 100 were already receiving state co-financing for their Social Assistance

Reference Centers [Centros Referenciais de Assistência Social CRASs]. The remaining 114

will be added based on the general priority criterion that has been adopted—i.e., population of

the municipality, from the smallest to the largest.

All 853 municipalities in Minas Gerais will receive state co-financing by 2014. They

will be gradually incorporated into the program as funds become available, following the

general priority criterion. Calculation of the pass-through to the municipalities will be based

on the number of families they have on the Unified Social Programs Registry [Cadastro

Único para Programas Sociais CADÚNICO]. The funds will be transferred to municipal

accounts after verifying that the computer-based service plans are consistent with the

municipal plans approved by the Municipal Social Assistance Councils.

The current state of implementation of the Unified Social Assistance System in the

country as a whole makes it challenging to improve current financing modalities as a means

of expanding opportunities for the investment of available resources. The old model for the

application of these resources would only allow them to be used to cover costs and services

provided by the CRASs; they could not be used to address other social assistance needs. With

establishment of the Social Assistance Floor, it is now possible to give social assistance

managers the flexibility to tailor allocation of the financial resources in the special funds so

that they can be used to meet the needs of the most vulnerable users of social assistance

services. Based on local diagnoses and planning, municipalities will be able to use the Social

Assistance Floor to finance social assistance projects and activities where the needs are

greatest.

Door-to-Door and Social Deprivation Map. The effort to eradicate extreme poverty and

inequality in the state’s population has involved not only more effective work with the

municipalities, but also the reorientation of public policy to incorporate socially vulnerable

groups. For this purpose, the government of Minas Gerais has adopted a Multidimensional

Poverty Index [Índice de Pobreza Multidimensional IPM], in keeping with the methodology

introduced by the UNDP in 2010, to gain a broader picture of conditions for people living in

deprivation. The IPM seeks to portray those aspects of poverty that go beyond economic

variables and include health, education, and living conditions.

The Door-to-Door Program was created in Minas Gerais because leaders recognized

the importance of identifying broader criteria to define the dimensions of poverty. The project

aims to perform a complete household diagnosis that will reveal the vulnerability status of

families in terms of the three dimensions of the IPM. The information gained will enable

public policies to reach the people who have been “invisible.” The information entered in the

database will make it possible to construct a Deprivation Map, a tool that will provide a

detailed picture, from the municipal level down to individual homes, of the critical variables

that are holding back the development of vulnerable groups.

82

Drawing up the Deprivation Map is a fundamental step in planning government

actions in the social area. It is also a requirement for implementing the Travessia Plan, which

contains specific and detailed plans of work based on local need, to be agreed upon by the

state and the municipalities in question. As of the end of 2011, a Deprivation Map will be

prepared for each of 61 municipalities in the state, to be selected according to the following

criteria: low Human Development Index (HDI) score, small population, and planning region

in which it is located. The methodology used to select the municipalities has made it possible

to cover all the planning regions in the state and to identify various situations of social

vulnerability, rather than focusing on a single region. In addition, the Door-to-Door Program

is also reaching out to shantytowns and poor neighborhoods in large cities such as Juiz de

Fora and Sabará.

Thus, the policies mentioned here are aimed at rectifying the weaknesses and

deficiencies that have pervaded social policies for many years. Working in concert with

federal poverty-reduction programs, the government of Minas Gerais is committed to making

an effective contribution toward enabling the people of the state to transition from exclusion

to inclusion in the social protection networks in the medium term, and ultimately, to eradicate

poverty in its multiple dimensions.

Strengthening Education Management. The State Secretariat of Education [Secretaría de

Estado de Educação SEE] has implemented two important actions that could have great

repercussions on the management of regional and local educational systems, and deliver

tangible medium and long term results to the improvement of the quality of education in the

state.

The first of these actions refers to a new selection process for Regional

Superintendence Directors of the SEE. This new procedure is based on the principle of

meritocracy, as determined under Delegated Law No. 182 of 2011. The certification of

superintendents was established under Bidding Document No. 02/2011, which outlines the

processes of certification, appointment and swearing-in of 47 new regional superintendents of

the SEE. Interviews and analyses of CVs are steps of the process that are worth mentioning.

Similarly, and in seeking to achieve excellence in the management of state schools, the

SEE restructured the selection process for school principals. SEE Resolution No. 1812,

published on March 22, 2011 determines that principals be nominated by the community, and

that occupational certification be a requirement.

It is expected that the quality of the service provided in the locations will improve as a

direct result of ensuring that all education managers fulfill professional qualification

requirements in order to perform their duties. And indirectly, this will contribute to improve

the performance of students in the public schools.

Strengthening Public Sector and Budgetary Management

In recent years, the state of Minas Gerais has been making progress in the

modernization of state-level public management. Following on what has already been

accomplished, a new round of reforms has been introduced under the title “Management for

Citizen Empowerment: The Networked State” [Gestão para Cidadania–Estado em Rede]. It

is premised on (i) planning and implementation of region-wide policies with a view to

reducing the regional inequalities that affect the state; and (ii) operating in a network, being

receptive to the needs of the people, and turning their requests into local results. At the same

83

time, the new reforms seek to enhance and consolidate the robustness of the latest

management model by drawing on the experience of previous rounds, and to guarantee that it

remains in place.

From this perspective, the government strategy for public management can be divided

into three sets of reforms: (i) enhancement and sustainability of the results-based management

model that has been adopted for the state; (ii) increased fiscal quality and sustainability, with

greater predictability and control of public spending and (iii) promotion of increased citizen

participation in setting regional priorities and implementing policies at the local level.

Enhancement and sustainability of the model. In recent years, the government has been

able to introduce a results-oriented management model that promotes greater assumption of

responsibility and commitment by civil service agencies, with the results passed on to the

population. The monitoring and evaluation systems that were implemented have been key to

this process because they have made it possible to construct verifiable indicators that are

capable of measuring the effects of an intervention outside the scope of the actual activities

that were carried out. The positive evolution of socioeconomic indicators and improvements

in the delivery of services to the population suggest that the new management model has been

capable of promoting major progress in the state.

Despite this progress, sizable challenges remain, especially the development of

crosscutting programs that enlist action from several areas of government. The planning and

implementation of projects and programs that involve different areas of intervention—health,

education, social welfare, transportation, etc.—call for a high degree of articulation between

the secretariats in order to achieve a synergistic effect. In the previous model, responsibility

for this articulation was concentrated in the secretariats at the central level (especially the

State Secretariat for Planning and Management [Secretaria de Estado de Planejamento e

Gestão SEPLAG] and the Office of the Vice Governor). Regular meetings of the so-called

“results committees” [comitês de resultados] brought together the responsible officials in the

different areas to work toward an intersectoral outcome. This strategy made it possible to

introduce an intersectoral approach in state-level public administration, even though it was

centered on the Governor and the Vice Governor.

Now, the government has decided to de-concentrate this existing and tested model in

an effort to turn the intersectoral approach into an ongoing central activity with project

planning and implementation carried out in all the secretariats. Thus, with a view to

promoting progress in enlisting the participation of all areas, the government is now seeking

to create arrangements in which not only the central agencies but also the secretariats assume

responsibility; encouraging the sectoral areas to commit to target outcomes; and offering

incentives for articulation between the different areas to become routine.

This approach implies the adoption of networking as a management tool for

strengthening the crosscutting programs. Networking, in turn, assumes that the sectoral areas

are ready to use management tools to ensure both horizontal and complementary articulation

between the different areas and, above all, to channel their interests toward shared results.

Two strategies were adopted within the framework of the new management round—i.e., the

“Networked State.”

In the first strategy, with the decision to de-concentrate the results-based management

model, support is being given to empower the sectoral secretariats and shore up their

institutional capacity. Accordingly, management tools and methodologies tested and adopted

84

under the leadership of SEPLAG have been disseminated to all the sectoral secretariats. Thus,

the secretariats now have their own management units, called Strategic Management and

Innovation Advisory Units (Assessorias de Gestão Estratégica e Inovação AGEIs). Creation

of the Advisory Units is intended to strengthen results-based management at all levels of

public administration, and in so doing, to expand the capillarity of this management

methodology to reach the sectors closest to the target areas. The aim is not only to enhance

the model, but also to promote its sustainability once its survival ceases to depend on the

presence of a strong central secretariat.

In the second strategy, designed to correct distortions in the previous model, in which

responsibility for crosscutting outcomes was concentrated at the center, the government has

introduced the concept of Program Managers and Project Managers. The Program Manager

will be responsible for ensuring intersectoral coordination and a crosscutting perspective in

the implementation of public policies. The Project Managers, in turn, will be responsible for

sectoral activities under specific programs. Thus, the Program Manager will be the main

liaison to ensure that the work of a given project is integrated with that of other projects in the

network, that they are complementary, and that optimal use has been made of resources.

In this model, the SEPLAG projects office will continue to monitor the programs

actively, but now from a crosscutting perspective, and it will also monitor and evaluate target

outcomes. On the other hand, the close monitoring of sectoral projects is the responsibility of

the respective sectoral project offices (in the AGEIs). This new institutional arrangement for

management introduces, in practice, a clear line of responsibility for sectoral and crosscutting

results, while also creating incentives for achieving the desired results for the networks.

Fiscal Quality and Sustainability. The reform process initiated under “Management Shock”

in 2003 was focused mainly on achieving fiscal balance, given a history of budget shortfalls

and the need to create a fiscal space for investment. At that time, the notion of fiscal quality

was still associated primarily with meeting the requirements of the Fiscal Responsibility Law

and reducing costs, based on a logic that emphasized improving public accounts. Once the

goal of fiscal balance was achieved starting in 2004, fiscal quality was expanded to include

the idea of optimizing allocation efficiency by gearing it to budget priorities using the

mechanism of Strategic Projects, in which expenditures are tied to actions, and the latter in

turn are linked to the government’s strategic objectives.

This model paved the way for what has been a positive fiscal path in recent years, but

the global financial crisis of 2008-2009 exposed the fragility of the fiscal quality approach

adopted by the government, which was not prepared with institutionalized contingency

mechanisms to deal with adverse conditions and had little control over expenditures

committed for future years. In this context, the government took on the challenge of retuning

its approach to fiscal quality and proceeded to incorporate new institutional tools for

improving risk management and adopt a multi-year approach to budget execution in order to

ensure the sustainability of outcomes.

The government strategy for fiscal management has two kinds of policies to ensure

that the new approach to expenditure quality will be effective: (i) reforms to the Integrated

System for the Administration of Materials and Services [Sistema Integrado de Administração

de Materiais e Serviços SIAD], for the management of contracts; and (ii) introduction of a

triage system for investments funded under Federal Government agreements.

85

Reforms in the SIAD system. The main weakness found in the above-mentioned system was

that despite being connected to the budget execution system, it did not permit the

programming of contractual payments during budget execution. For example, information on

the dates of financial disbursements under contracts was not computerized, so that obtaining

and managing this information was difficult. There was no mechanism to allow budget

managers to identify commitments for contract payment flows already recorded, and thus

there was no way to avoid making commitments in excess of the funds available under the

respective budget lines, especially when these payments referred to contracts recorded in

previous years. Moreover, without a general idea of the payments to be made, managers could

not prioritize payments in the event of falling revenues or identify the need for intra-year

budget adjustments.

The impact of this poor contract management became apparent when adjustments had to be

made in the budget as a result of the financial crisis. At that time, it was possible to delay

contract payments on an ad hoc basis. However, this solution ended up resulting in losses due

to not only the inefficient contract management but also higher contract costs, since suppliers

then incorporated these risks into their contract prices.

The recent reforms in the SIAD system are aimed at enabling policy makers to have control

over cumulative contract commitments so that they can make any budget adjustments that are

needed, especially in the event of adverse external conditions. Thus, in requiring the agencies

to use this operational and financial programming module, the government effectively

introduced multi-year management of commitments, which has helped to make budgetary

management more efficient and has provided the central secretariats—Planning and the

Treasury—with an important fiscal risk management tool for the future.

Screening system for investments funded under Federal Government agreements. With

regard to the introduction of a project evaluation checklist, the motivation behind the reform

has been to improve fiscal quality and reduce fiscal risks. The system was initially introduced

as a form of triage for projects funded at the federal level with co-financing by the state.

Traditionally, these projects have not been very precise in terms of their design, their

alignment with the strategic objectives of the state government, or their fiscal implications,

since the targeted areas, in a desire to capture resources, tended to adjust their needs to the

requirements of the funds being offered by the Federal Government, which did not always

coincide with the strategic objectives of the state government.

The state government recognizes that this practice poses the risk that projects of poor quality

or little relevance are agreed to with the Federal Government, resulting in co-financing

commitments at the state level, as well as a contingent liability in the form of financial

responsibility for covering the cost of project over-runs. Moreover, once project execution has

initiated, the state is responsible for future operating and maintenance costs.

Therefore, accepting resources from the Federal Government must take into account the

state’s ability to assume new financial commitments in the short and medium term and has to

be in line with the list of strategic projects. To make this initial assessment, a project triage

process has been introduced. It currently covers projects financed by agreements amounting to

over US$5 million and will eventually be extended to all large investment projects.

The selection methodology considers the following main points: (i) rationale for alignment

with the government’s strategic policy objectives; (ii) implementation methodology, including

how the project will be managed, participation of civil society, and the complementary and

86

maintenance activities required; (iii) technical viability of the project considering the

resources available; (iv) cost-benefit analysis; (v) analysis of impact on the parties and

partners concerned; and (vi) assessment of environmental impact.

Thus, the main objective of the prior review process is to gain a general overview of all

qualified projects in each network and indicate the extent to which they contribute to

attainment of the strategic objectives of the Minas Gerais Integrated Development Plan [Plano

Mineiro de Desenvolvimento Integrado PMDI]. Projects and programs can be classified to

allow identification of gaps and ensure consistency throughout the portfolio, but they can be

taken out of the portfolio if they make only limited contributions to the government’s strategic

objectives. In this way, prior analysis will provide a solid basis for the management and

monitoring of programs and contribute to the planning of a more realistic budget, including,

in particular, the ability to forecast future maintenance needs and operating costs.

Promotion of region-wide citizen participation. The government’s strategy to promote

increased intersectoral and crosscutting articulation in state-level public policies stems from

the need for public administration to establish stronger ties with citizens through participatory

arrangements. The intersectoral approach imposes the challenge to understand the people who

benefit from public policy in their totality, taking into account every aspect of their individual

and collective needs. In order for crosscutting policies to be deemed effective, they must take

into account the pressing needs of the most vulnerable groups, as well as the priorities

identified by the people in each territory.

In a state as large as Minas Gerais, a spatial approach involves considering the particular

circumstances in each region. Therefore, the government’s strategy for getting closer to the

people of Minas Gerais has two axes: on the first axis, reaching out to the regions, and on the

second axis, as a necessary consequence of the first, opening up to citizen participation.

With this perspective in mind, representatives of organized civil society from each of the

regions are being invited to participate in regional meetings for the purpose of setting

priorities for each territory within state-level public policies. Once the list of priorities has

been defined, these stakeholders will be called in to participate in monitoring and

implementing the policies on an ongoing basis. Incorporation of the regional dimension in the

state-level participatory process—a process that has heretofore been limited to a sectoral

perspective within the sectoral councils concerned with public policy—represents an

innovative approach to public policy-making before society.

The spatial focus, as opposed to the sectoral approach, makes it possible to include social

groups that had previously been excluded from decision-making processes, which in turn

makes it possible to go beyond the agenda proposed by organized civil society. Moreover,

holding regional meetings with members of civil society who are active locally offers the

opportunity to have a more qualified discussion of all aspects of a region’s needs. The first

round of meetings produced a List of Priorities [Caderno de Prioridades], which became the

subject of an agreement between the Governor and the representatives of each region.

Once the List of Priorities, which will guide government action with regard to each region,

citizen participation will also take place during implementation of the priority projects.

Representatives of organized civil society will be invited on a regular basis to follow the

status of execution of the projects, lending greater transparency and accountability to the

initiatives under way. In these meetings, the representatives will not only be briefed on the

87

initiatives, but also given access to information that will better qualify them to participate in

the process.

At the same time, the sectoral secretariats will be responsible for execution of the actions

itemized in the regional List of Priorities, thus guaranteeing that the needs expressed by civil

society have in fact been incorporated into the government’s agenda and that their solutions

are becoming a reality. It should be noted that the model is still in its pilot phase, but it is

already receiving strong support from various offices in the government, especially the

secretariats affected by the initiative, as well as from organized civil society.

Increasing Environmental Sustainability

In recent years, Minas Gerais has been recognized as a pioneer in the way it has

handled the environmental factor in public policy making. Making the brown, green, and blue

agendas operational at the state level has involved direct action by the State Secretariat of

Environment and Sustainable Development [Secretaria de Estado de Meio Ambiente e

Desenvolvimento Sustentável SEMAD] to establish baselines for the implementation of

policies. Still, many challenges remain, especially in terms of the state’s ability to respond to

the sometimes conflicting demands of civil society and the business sector. Moreover, despite

government efforts to create the legal and institutional parameters for promoting and

regulating environmental issues, there is still much to be done to extend the reach of these

policies throughout the state.

The government’s environmental strategy is based on two sets of reforms: (i)

increasing management capacity to address environmental challenges, and (ii) promoting a

low-carbon economy, especially in the steel sector, which is the linchpin of the state’s

economy.

Increasing management capacity to address environmental challenges. If the state is to be

capable of timely intervention in environmental matters, environmental management needs to

be more efficient, especially with regard to licensing businesses and agricultural modules,

regulating conservation areas, and, above all, overseeing compliance with environmental

legislation. The key lies in being able to generate a better business climate that evolves in the

context of environmental guidelines while at the same time ensuring protection of the

environment, since environmental supervision and regulation are the basis of an effective

environmental policy.

Recently, SEMAD implemented a policy to unify environmental supervision and

regulation by creating an Under-Secretariat for Environmental Control and Inspection

[Subsecretaria de Controle e Fiscalização Ambiental] and an Under-Secretariat for

Management and Regulation [Subsecretaria de Gestão e Regulamentação]. This institutional

reform is intended to improve the efficiency of the activities in question by centralizing the

management of both processes and, at the same time, decentralizing environmental actions. In

addition, the reform opens the way for more proactive policies focused on specific areas in

institutions that have also been engaged in these activities, namely: the State Institute for

Water Management [Instituto Mineiro de Gestão das Águas IGAM], the State Environment

Foundation [Fundação Estadual de Meio Ambiente FEAM], and the State Forest Institute

[Instituto Estadual de Florestas IEF], with operational support from the Minas Gerais

Military Police.

88

Supervision is handled by the State Environment System [Sistema Estadual de Meio

Ambiente SISEMA], an important player in environmental management. In addition to its

educational function and its enforcement power in dealing with environmental violations, its

environmental regulation component provides feedback from oversight that can give new

direction to the use of natural resources based on typologies shared by different ecosystems.

Up until 2011, the Steering Committee on Integrated Environmental Supervision

[Comitê Gestor de Fiscalização Ambiental Integrada CGFAI] was responsible for organizing

inspection operations, which were carried out by teams from agencies linked to SEMAD, IEF,

IGAM, and FEAM. The state considered that inspection had improved under CGFAI, which

sought to integrate the work of all SISEMA agencies. However, its uncoordinated execution

of inspection was perceived as a problem that was undermining the effectiveness of

government action. Under the old model, inspection ran into challenges because of the size of

the territory and the many settlements on the land. Minas Gerais has 550,000 rural

establishments and more than 700,000 producers engaged in a wide range of undertakings,

plus more than 100,000 industrial establishments in a variety of industries, and these are

spread across 853 municipalities and approximately 4,000 rural communities. The vast

distances made it logistically challenging to conduct inspection activities.

Other difficulties included lack of integrated procedures, inconsistent guidelines, and

poor coordination between the different SEMAD agencies responsible for supervision and

monitoring. In addition, there was a shortage of needed human resources, equipment, and

appropriate vehicles. In the face of these challenges, the model was the target of constant

public criticism, especially by the production sector. Response delays were common, with an

average of two years waiting time.

The need to restructure the environmental oversight process was clear. It was

concluded that decentralization, this time coordinated by only one agency, offered the

prospect of greater effectiveness in the deployment of environment-related resources. These

resources would be closer at hand to gauge the impact of environmental degradation and take

advantage of knowledge about the environment available in local communities.

The process of regulating the environment depends on consistent application of all the

enforcement measures included in the environmental standard popularly known as

Environmental Licensing [Licenciamento Ambiental]. In the state of Minas Gerais, the

regulatory process is integrated, taking into account the various agendas involved, and the

task is carried out by the nine regional offices of SEMAD, called Regional Superintendencies

for the Environment and Sustainable Development [Superintendências Regionais de Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável SUPRAMs]. In this scenario, the entrepreneur with

a business that is subject to regularization can meet the requirements by adopting

interventions that affect both forest and water resources, if applicable, in a single

administrative process.

In light of the criticisms and difficulties faced by SISEMA, similar to those cited in

connection with supervision, a bold project was undertaken by the government programs

involved, working in concert, to improve the management of environmental regulation

throughout the state. A number of initiatives have been taken over the last year, and this work

has been consolidated as part of a foundation for further progress.

In line with this effort, Delegated Law 180 of January 20, 2011, modified the organic

structure of the state’s Executive Power in the area of public administration. The new

89

structure of SEMAD includes an Under-Secretariat of Integrated Environmental Control and

Supervision [Subsecretaria de Controle e Fiscalização Ambiental Integrada SUCFIS] and a

newly created Under-Secretariat of Integrated Environmental Management and Regulation

[Subsecretaria de Gestão e Regularização Ambiental Integrada]. The actions of both these

under-secretariats are decentralized to the SUPRAMs and their many regional nuclei, but the

management of both processes continues to be centralized.

Promoting a low-carbon economy. Much of the state’s energy matrix is fueled by organic

matter, based on a cultural and economic tradition of using charcoal and firewood to produce

energy and other inputs. A high proportion of the firewood is used by the so-called “green

iron and steel industry,” which uses charcoal to produce pig iron and steel—a unique situation

in the world that traces back to the introduction of this practice in the state during the first half

of the twentieth century.

Since the 1970s, Minas Gerais has been investing in the scientific and technological

development of forest plantations. Currently, some 1.4 million hectares of eucalyptus forest

supply companies that produce pig iron, steel, alloy iron, paper, and cellulose. The state’s

forest plantation activity has nationwide impact. Today this sector represents 7 percent of

state GDP, accounts for R$3.8 billion in exports, and employs 731,000 people. According to

the State Secretariat of Science, Technology, and Higher Education [Secretaria de Estado de

Ciência, Tecnologia e Ensino Superior SECTES], forest plantations in Minas Gerais account

for approximately 20 percent of total national production. It is the state with the largest

planted area in Brazil.

Meanwhile, the production of pig iron for steel-making still exerts strong pressure on

the remaining indigenous peoples in Minas Gerais and neighboring states because a large

proportion of the charcoal comes from native species. In 2010, approximately 23.9 percent of

the charcoal used in the state’s iron and steel industry came from native plant species. The

demand is putting heavy pressure on this vegetation and thus posing a threat to the ecosystems

of Minas and other states.

Providing industries that make forest-based products with inputs that preserve

biodiversity and promote social inclusion in rural areas is a major challenge for the state and

its production sectors. In this regard, Law 18,365, enacted in 2009, on forest policy and

protection of the state’s biodiversity, provides an excellent opportunity to reduce greenhouse

gas emissions. Adoption of the measures established in this law and its regulatory decree

45,166/2009 has both direct and indirect implications for carbon balance in the agriculture

and forest sectors, since CO2 emissions and removal are addressed, as well as deforestation,

especially stemming from the collection of native wood for charcoal production, and

reforestation on rural lands.

With this concern in mind, the state published Decree No. 45919/2012 on 2 March

2012, which, inter alia, proposes a specific program for exchanging the use of charcoal from

native forests for charcoal from planted forests in order to meet the goal of reducing the use of

native charcoal to 5 percent by 2018, as announced in Law 18,365.

“Art. 4: As an additional instrument to comply with the obligations foreseen in

articles 64 and 66 of decree No. 43710 of 2002, the Executive will develop, within

one hundred days of the publication of this decree, a program of incentives for the

acquisition and planting of forests based upon sustainable production, including

existing systems for trading of carbon credits, such as the Clean Development

90

Mechanism (CDM), among others, in order to generate additional economic

incentives for the planting of new forests.

Metropolitan Governance Development

Although the consolidating and expansion of Brazil’s industrial sector has triggered

the rapid growth of cities, development has not always brought equal distribution of the

benefits and opportunities afforded by the country’s industrial and economic progress.

Urbanization has been an intense phenomenon in Brazil, characterized historically by such

processes as the rise of marginal communities on the outskirts of cities, metropolitan sprawl,

informalization, poor environmental quality, and social and spatial inequalities.

This situation means that it is essential for the country’s states and municipalities to

turn their attention to metropolitan governance. In Minas Gerais, the issue has been being

addressed since 1974, although the process has run into a number of setbacks. At that time, a

planning body was created, Belo Horizonte Metropolitan Region Planning [Planejamento da

Região Metropolitâna de Belo Horizonte PAMBEL], and entrusted with the task of preparing

a plan for the metropolitan region surrounding the state capital, Belo Horizonte, as well as

overseeing its implementation. However, the political influence of PAMBEL was undermined

by creation of the State Secretariat of Metropolitan Affairs [Secretaria de Estado de Assuntos

Metropolitanos] in 1987. In 1989, the administrative structure of the Belo Horizonte

Metropolitan Region [Região Metropolitana de Belo Horizonte RMBH] was modified

following promulgation of the Minas Gerais State Constitution [Constituição do Estado de

Minas Gerais CEMG/89], and as a result, PLAMBEL was sidelined. Metropolitan affairs

were turned over to the Belo Horizonte Metropolitan Assembly [Assembleia Metropolitana de

Belo Horizonte AMBEL]. Thus weakened, PLAMBEL was disbanded in 1996 under State

Law 12,153 and its functions were assumed by SEPLAG and the João Pinheiro Foundation

[Fundação João Pinheiro FJP].

Since 2004, it can be seen that the state of Minas Gerais has made a significant effort

to resume metropolitan planning and management, starting with the promulgation of State

Constitutional Amendment 65, which introduced a structural change. This amendment was

followed by Supplementary Laws 88, 89, and 90 of January 2006, which confirmed the new

institutional arrangement for planning and management of the Metropolitan Region and

established the following bodies: the Metropolitan Development Agency [Agência de

Desenvolvimento Metropolitano], the Metropolitan Assembly [Assembleia Metropolitana],

and the Metropolitan Development Consultative Council [Conselho Deliberativo de

Desenvolvimento Metropolitano CDDM].

In 2009, the executive arm of metropolitan governance became a reality when the

work of the Belo Horizonte Metropolitan Region Development Agency [Agência de

Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte ARMBH] got under way.

ARMBH is a territory-based independent body established under State Supplementary Law

107/2009, which has the specific functions of planning, overseeing urban regulation,

introducing integrated development solutions in the Belo Horizonte Metropolitan Region, and

supporting the execution of common interest public functions.

Capping this momentum, State Delegated Law 180/2011 created the Secretariat for

Metropolitan Governance [Secretaria Extraordinária de Gestão Metropolitana SEGEM],

which complements the institutional architecture already described. This move sends a clear

signal that metropolitan governance is a priority issue at the high levels of administration in

91

Minas Gerais. Under the new law, SEGEM is responsible for helping the government to put

the state’s metropolitan strategy into effect, which includes, specifically, strengthening

RMBH, implementing an arrangement for metropolitan governance of Vale do Aço (“Steel

Valley,” where the state’s steel industry is concentrated), and urban regulation of this region.

The new law also moves ARMBH from the Secretariat for Regional Development and Urban

Policy [Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana SEDRU], where it had

been until 2010, to SEGEM.

Democratic participation. The state’s current model of metropolitan governance has become

a national example for the resumption of metropolitan planning in the post-democratization

period. The agencies and instruments used in Brazil in the past to address metropolitan issues

were technocratic, managed from the top down, and imposed on society. By contrast, the

current arrangement is premised on the participative process, in which decisions at the

metropolitan level are submitted to deliberative bodies. In these forums—namely, the

Metropolitan Development Consultative Council and the Metropolitan Assembly—the

programs to be carried out in the metropolitan territory are discussed and agreed upon by

stakeholders representing civil society and the executive and legislative powers at the state

and municipal levels.

The strengthening of democratic institutions engaged in discussion and decision-

making on metropolitan public policies culminated in the preparation and consolidation of the

Master Plan for Integrated Development of the Belo Horizonte Metropolitan Region [Plano

Diretor de Desenvolvimento Integrado da Região Metropolitana de Belo Horizonte PDDI].

The plan sets medium- and long-term guidelines for the region and establishes an economic,

social, and environmental development strategy for implementing policies related to common

interest public functions. Just as important as the work outlined in the PDDI was the

democratic approach used to develop it. The process involved the participation of more than

3,000 stakeholders in society: representatives of the academic community, business, civil

society, municipal governments, and the state government. With validation of the PPDI by the

Metropolitan Assembly in August 2011, it became an effective instrument for guiding the

policies of ARMBH.

Integrated transverse planning. Use of this approach to planning, an innovation in

metropolitan governance, has created a new model for territorial governance and economic

planning in the state of Minas Gerais. Still in the development stage is a transverse directive

to promote planning, organization, and land use and settlement in the Belo Horizonte

Metropolitan Region. It is transverse because five state secretariats—Planning, Metropolitan

Governance, Economic Development, Environment, and Transportation and Public Works—

serve on a Mixed Commission that will be responsible for proposing policies to stimulate

constructive economic development as a basis for spatial planning, with observance of

environmental guidelines, as well as for assessing the economic impact of business

undertakings in the outlying municipalities on the urban fringe of the RMBH, among other

functions.

The Mixed Commission, formally established by a joint resolution, has seats for the

heads of each of the secretariats, thus creating a strategic and integrated perspective on issues

of regional governance. The value of this new forum that is about to become a reality lies in

the integrated perspective that it provides the state on the subjects of land use and land

settlement. Input is being received from not just one state secretariat but a technical

92

multisectoral deliberative body that is equipped to assess the viability and impacts of new

economic undertakings and infrastructure on the urban fabric.

Request for Financial Assistance

Bearing in mind the reform program that has been presented, the government of the

state of Minas Gerais stands firmly committed to the sustainability of the measures outlined

above and would appreciate financial assistance from the World Bank.

We would be grateful for early consideration of a Development Policy Loan to support

the reforms currently being implemented by the government of Minas Gerais.

Cordially,

Antonio Augusto Anastasia

Governor of the State of Minas Gerais

93

ANEXO 2: MATRIZ DE POLÍTICAS E INDICADORES DE RESULTADOS

Tabela A2.1. Matriz de Políticas

Objetivos do Governo Estratégia Ações prévias apoiadas por este DPL

Área 1. Fortalecimento do Setor Público e Gestão Orçamentária

1.1 Aumentar a robustez e

sustentabilidade do Modelo de Gestão

Baseada em Resultados

Continuar consolidando as práticas de gestão baseadas em

resultados na máquina do Estado através da descentralização

das práticas de gestão estratégica e do fortalecimento das

competências das Secretarias de Governo.

Ação Prévia 1. O Mutuário: (i) estabeleceu 22 Assessorias de

Gestão Estratégica e Inovação com vistas a descentralizar as

funções de gestão baseada em resultados do Mutuário, como

evidenciado pela Lei Delegada nº 180, de 20 de janeiro de

2011, publicada no Diário Oficial do Mutuário, em 21 de janeiro

de 2011; e (ii) operacionalizou as 22 Assessorias de Gestão

Estratégica e Inovação, como evidenciado por 22 Decretos

promulgados pelo Mutuário e devidamente publicados no seu

Diário Oficial, cada Decreto estabelecendo a competência de

cada uma das 22 assessorias.

1.2 Aumentar a previsibilidade e o

controle da execução orçamentária

Introdução e institucionalização de melhores controles sobre

as despesas e de requisitos de planejamento financeiro dentro

das unidades de gastos.

Introdução de procedimentos de avaliação em todos os

projetos de investimento financiados por acordos com o

Governo Federal, para melhorar a qualidade dos

investimentos e garantir que seus custos sejam sustentáveis no

futuro.

Ação Prévia 2. O Mutuário adotou o Módulo de Programação

Orçamentária do Sistema Integrado de Administração

Financeira - SIAFI/MG, como evidenciado pelo Decreto nº

45.906 do Mutuário, de 6 de fevereiro de 2012, publicado no

Diário Oficial em 7 de fevereiro de 2012.

Ação Prévia 3. O Mutuário adotou medidas para avaliar

projetos de valor superior a R$ 5 milhões e cofinanciados

através de Transferências Voluntárias pelo Garantidor, efetuadas

no território do Mutuário antes de apresentar tais projetos à

Câmara de Coordenação Geral, Planejamento, Gestão e

Finanças para aprovação, como evidenciado pelo Decreto nº

45.906 do Mutuário, de 6 de fevereiro de 2012, publicado no

Diário Oficial em 7 de fevereiro de 2012.

1.3 Aumentar a participação cidadã na

definição de prioridades regionais

Criar oportunidades para a participação cidadã na priorização

e no monitoramento das políticas públicas e promover uma

integração transversal e a colaboração dentro governo para

solucionar os desafios regionais.

Ação Prévia 4. O Mutuário: (i) criou dois comitês regionais no

seu território, um para a região Norte de Minas e um para a

região do Rio Doce, para implementar em caráter piloto um

processo participativo para aumentar a participação da

sociedade. O objetivo é identificar as prioridades regionais no

âmbito das políticas públicas do Mutuário dentro das respectivas

94

Objetivos do Governo Estratégia Ações prévias apoiadas por este DPL

regiões sob jurisdição de cada Comitê, como evidenciado pelo

Decreto nº 45.584 do Mutuário, de 8 de abril de 2011, publicado

no Diário Oficial do Estado em 9 de abril de 2011, e alterado

pelo Decreto do nº 45.753 do Mutuário, de 6 de outubro de

2011, publicado no Diário Oficial do Estado em 7 de outubro de

2011; e (ii) operacionalizou os dois comitês regionais, como

evidenciado por: (A) uma cópia da ata da reunião do Comitê

Regional para a região Norte de Minas realizada em 16 de junho

de 2011; (B) uma cópia da ata da reunião do Comitê Regional

para a região do Rio Doce realizada em 31 de maio de 2011;

(C) uma cópia da lista de participantes da reunião do Comitê

Regional para a região Norte de Minas com organizações da

sociedade civil, em 17 e 18 de outubro de 2011; (D) uma cópia

da lista de participantes da reunião do Comitê Regional para a

região do Rio Doce com organizações da sociedade civil, em 18

de agosto de 2011; (E) uma cópia do Caderno Regional Norte

de Minas; e (F) uma cópia do Caderno Regional do Rio Doce.

Área 2. Promoção da Inclusão Social

2.1 Reduzir a pobreza nas áreas mais

desfavorecidas, a fim de reduzir a

exclusão e as desigualdades regionais

Fortalecer a gestão de serviços de proteção social no âmbito

municipal e aumentar a oferta de serviços para a população

em situação de pobreza extrema a moderada.

Fortalecer a capacidade dos municípios para identificar as

famílias pobres e as suas principais necessidades e

vulnerabilidades, e desenvolver programas adequados para

abordá-las.

Ação Prévia 5. O Mutuário, através da SEDESE: (i) estabeleceu

o Piso Mineiro, como evidenciado pela Resolução nº 459 da

SEDESE, de 29 de dezembro de 2010, publicada no Diário

Oficial do Estado, em 30 de dezembro de 2010; e (ii) está

implementando o Piso Mineiro, como evidenciado por carta

enviada pela SEPLAG em 2 de maio de 2012. A carta contém o

relatório orçamentário de janeiro até dezembro de 2011, que

trata da transferência do orçamento necessário do Mutuário para

214 municípios no seu território no âmbito do Piso Mineiro.

Essa transferência foi efetuada de acordo com o artigo 4º da

Resolução da SEDESE nº 459, de 29 de dezembro de 2010,

publicado no Diário Oficial do Estado em 30 de dezembro de

2010.

Ação Prévia 6. O Mutuário alterou a regulamentação sobre o

Programa Travessia de forma a incluir, entre outras disposições,

uma que prevê a realização pelo Mutuário de um diagnóstico

95

Objetivos do Governo Estratégia Ações prévias apoiadas por este DPL

sobre educação, saúde e qualidade de vida nos municípios

selecionados que se encontrem em áreas de vulnerabilidade

social no território do Mutuário, como evidenciado pelo Decreto

nº 45.694 do Mutuário, de 12 de agosto de 2011, publicado no

Diário Oficial do Estado em 13 de agosto de 2011.

2.2 Fortalecimento da gestão da educação Garantir que todos os gestores do sistema atendam aos

padrões mais elevados de formação profissional para elevar a

qualidade média dos gestores do sistema, especialmente nos

distritos escolares e escolas que apresentam pior desempenho.

Ação Prévia 7. O Mutuário adotou e está implementando um

processo de seleção baseado no mérito para superintendentes

escolares regionais e diretores escolares do seu território, como

evidenciado pelas seguintes disposições: (i) Lei Delegada nº

182, de 21 de janeiro de 2011, publicada no Diário Oficial do

Estado, em 22 de janeiro de 2011; (ii) Resolução nº 1.812,

publicada pela Secretaria de Educação do Mutuário, de 22 de

março de 2011, publicada no Diário Oficial do Estado em 23 de

março de 2011; e (iii) carta enviada pela SEPLAG em 2 de maio

de 2012, que confirma a nomeação de superintendentes

escolares regionais e diretores de escola e remete cópias dos

instrumentos formais para a sua nomeação.

Área 3. Aumentar a Sustentabilidade Ambiental

3.1 Aumentar a capacidade do Estado de

fazer frente aos desafios ambientais

Integrar as funções de gestão ambiental na administração de

maneira que as ações de regulação e fiscalização ocorram de

forma mais sistemática e coordenada.

Criar incentivos para novos empreendimentos associados à

sustentabilidade ambiental e ao crescimento com baixa

emissão de carbono.

Ação Prévia 8. O Mutuário estabeleceu, dentro de sua Secretaria

de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, uma

Subsecretaria de Gestão e Regularização ambiental e uma

Subsecretaria de Controle e Fiscalização Ambiental, como

evidenciado pelas disposições: (i) Decreto nº 45.824 do

Mutuário, de 20 de dezembro de 2011, publicado no Diário

Oficial do Estado em 21 de dezembro de 2011; e (ii) Lei

Delegada nº 180, de 20 de janeiro de 2011, publicada no Diário

Oficial do Estado, em 21 de janeiro de 2011.

Ação Prévia 9. O Mutuário adotou medidas para incentivar o

plantio de florestas em seu território com o objetivo de fornecer

matéria-prima para as indústrias nele localizadas, como

evidenciado pelo Decreto nº 45.919, de 1º de março de 2012,

publicado no Diário Oficial do Estado em 2 de março de 2012.

96

Objetivos do Governo Estratégia Ações prévias apoiadas por este DPL

Área 4. Desenvolvimento de uma estrutura de governança metropolitana

4.1 Fortalecer a Governança

Metropolitana para permitir a

coordenação de políticas públicas

estaduais e municipais na Região

Metropolitana de Belo Horizonte

(RMBH)

Melhorar a qualidade de vida de sua população urbana através

da promoção do desenvolvimento integrado das áreas

metropolitanas, conduzido com base em acordos de

governança metropolitana.

Ação Prévia 10. O Mutuário, através do Conselho Deliberativo

de Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo

Horizonte, adotou um plano diretor de desenvolvimento

regional integrado para a região metropolitana de Belo

Horizonte, como evidenciado pela ata de reunião de 11 de julho

de 2011, que registra a reunião do Conselho Deliberativo de

Desenvolvimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte

naquele dia.38

38

O PDDI é um plano estratégico para o desenvolvimento integrado da RMBH. Como tal, traz diretrizes e sugestões de políticas públicas e investimentos que possam

promover o desenvolvimento da região. Não se trata de um plano de investimento.

97

Tabela A2.2. Indicadores de Resultados

Objetivos do Governo Próximos passos Indicadores de Resultados

(Linha de base 2011)

Resultados esperados em dezembro

de 2013

Protocolo/Evidências

para verificação

Área 1. Fortalecimento do Setor Público e Gestão Orçamentária

1.1 Aumentar a robustez e

sustentabilidade do Modelo de

Gestão Baseada em Resultados

Desenvolver procedimentos para

monitorar o progresso feito pelas

Assessorias de Gestão Estratégica e

Inovação e identificar as

necessidades de fortalecimento.

Parcela de Projetos Estratégicos com

índice de execução acima de 85%.

(Linha de base: Média 2009-2011:

61%)

Maior número de programas

estratégicos com índice de execução

acima de 85%. (Meta: 63%)39

Relatório de Progresso a ser

elaborado pela SEPLAG.

1.2 Aumentar a previsibilidade

e o controle da execução

orçamentária

Implementar o orçamento com base

nas informações fornecidas pela

nova estrutura de planejamento

financeiro.

Analisar a dispersão entre itens

planejados e executados e fornecer

feedback para os diferentes setores.

Revisar a matriz de avaliação do

projeto de investimento com base

nas lições aprendidas.

Treinar as Assessorias de Gestão

Estratégica e Inovação no uso e

aplicação da matriz de avaliação.

Percentual de itens do orçamento

com contratos acima da dotação

orçamentária anual. Linha de base

16,12% (1º trimestre de 2012)40

Percentual de programas e projetos

de governo para os quais os

procedimentos de triagem e

avaliação se encontram operacionais

(baseado no montante em relação ao

valor total do PPA) (Linha de base:

0,79%)

Redução no percentual de itens do

orçamento com contratos acima da

dotação anual. (Meta 8% - redução de

50% em 2013)

Maior número de programas e

projetos de governo para os quais os

procedimentos de triagem e avaliação

se encontram operacionais (baseado

no montante em relação ao valor total

do PPA) (Meta: 9,12%)

Relatórios trimestrais

elaborados SEPLAG a

partir de dados do data

warehouse identificando o

número de itens

contratados a mais.

Relatório de Progresso a ser

elaborado pela SEPLAG.

1.3 Aumentar a participação

cidadã na definição de

prioridades regionais

Conduzir a fase de planejamento

regional dentro do governo para

identificar as prioridades regionais

Nível de participação cidadã na

identificação de prioridades

regionais. (Linha de base: cinco

Maior participação da sociedade na

identificação de prioridades regionais.

(Meta: cinco prioridades estratégicas

Ata do Fórum Regional41

39

Este indicador tem por objetivo medir se o modelo de gestão descentralizada baseada em resultados continua sendo pelo menos tão eficaz como o modelo anterior,

centralizado. Portanto, o objetivo proposto encontra-se apenas ligeiramente acima da linha de base. 40

Não há dados disponíveis para o período anterior à implementação do novo sistema, em janeiro de 2012. No entanto, espera-se que com a implementação do sistema o

planeamento financeiro venha a melhorar com o tempo e reduzir o número de alterações pontuais introduzidas no orçamento. A maneira mais eficaz de se medir isso é o

número de itens do orçamento que tenham contratos por montantes acima das dotações orçamentárias. 41

Atualmente não são confeccionadas atas nos Fóruns Regionais. No entanto, a fim de facilitar a verificação deste indicador a SEPLAG irá preparar as atas dessas

reuniões nas próximas cinco regiões.

98

Objetivos do Governo Próximos passos Indicadores de Resultados

(Linha de base 2011)

Resultados esperados em dezembro

de 2013

Protocolo/Evidências

para verificação

para as demais oito regiões do

Estado.

Planejar o cronograma de consultas

para identificar as prioridades

regionais para as demais oito regiões

do estado.

prioridades estratégicas identificadas

para cada uma das duas regiões do

Estado - Norte e Rio Doce - com a

participação da sociedade civil).

identificadas para outras cinco

regiões do Estado com a participação

da sociedade civil).

Área 2. Promoção da Inclusão Social

2.1 Reduzir a pobreza nas áreas

mais desfavorecidas, a fim de

reduzir a exclusão e as

desigualdades regionais

Melhorar o cadastramento das

famílias no CadÚnico.

Aumentar a oferta de serviços para

as populações carentes.

Percentual de municípios que

recebem cofinanciamento do Estado

para prestação de serviços sociais

(Linha de base: 25%)

Número de municípios com IGD-M

abaixo de 0,55 (validação e

qualidade dos cadastros). (Linha de

base: 90 municípios)

Aumentar a porcentagem de

municípios que recebem

cofinanciamento do Piso Mineiro de

Assistência Social. (Meta: 70%)

Reduzir o número de municípios com

IGD-M abaixo de 0,55 (validação e

qualidade dos cadastros). (Meta: 45

municípios)

Declaração sobre o número

de Planos de Serviços

firmados com municípios e

relatório do SIAFI-MG

sobre transferências

(empenhos) efetuadas no

âmbito do Programa Piso

Mineiro para os municípios

participantes.

Relatório Bianual de

Desempenho do IGD-M

para os municípios.

2.2 Fortalecimento da gestão da

educação

Treinar os novos Superintendentes

Regionais e Diretores de Escola.

Acompanhar o trabalho dos recursos

humanos e dos funcionários de

contabilidade nas superintendências

regionais.

Acumulação de Informativos de

Alteração dos servidores da

educação que aguardam inclusão no

SISAP-MG42

.(Linha de base: 91.917

alterações a serem incluídas)

Percentual de estudantes que

atingiram níveis de aprendizado

adequados ou superiores no PROEB.

[Linha de base: Português: 5º ano -

42,1%; 9º - 33,7%; 12º - 29,7 %.

Redução do número de informativos

de alteração de servidores da

educação que aguardam inclusão no

SISAP-MG. (Meta: redução de 80%

em relação à linha de base de 2011)

Aumento do número de estudantes

que atingiram níveis de aprendizado

adequados ou superiores no PROEB.

[Meta: Português: 5º ano - 46,5%; 9º

- 36,3%; 12º - 37,5 % . Matemática:

Relatório de Progresso a ser

elaborado pela SEPLAG.

Relatório a ser elaborado

pela SEE a partir de dados

do PROALFA e PROEB

fornecidos pelo Centro de

Políticas Públicas e

42

O SISAP-MG é o Sistema de Administração de Pessoal do Estado.

99

Objetivos do Governo Próximos passos Indicadores de Resultados

(Linha de base 2011)

Resultados esperados em dezembro

de 2013

Protocolo/Evidências

para verificação

Matemática: 5º ano - 57%; 9º -

21,2% ; 12º - 3,7% (2011)]

5º ano - 61,5 %; 9º - 25,8% ; 12º -

5,5%

Avaliação da Educação da

Universidade Federal de

Juiz de Fora (CAEd /

UFJF).

Área 3. Aumentar a Sustentabilidade Ambiental

3.1 Aumentar a capacidade do

Estado de fazer frente aos

desafios ambientais

Percentual de empreendimentos

irregulares monitorados após serem

identificados em operações especiais

de fiscalização43

para garantir que as

medidas de mitigação sejam postas

em prática. (Linha de base: zero)

Área (em hectares) de florestas

plantadas para servir de matéria-

prima para a produção de carvão.

(Linha de base: 94.325 hectares,

2011)

Maior número de empreendimentos

irregulares monitorados após serem

identificados em operações especiais

de fiscalização para garantir que as

medidas de mitigação sejam postas

em prática. (Meta: 100%)

Maior área de florestas plantadas para

servir de matéria-prima. (Meta: pelo

menos 108.474 hectares de novas

plantações florestais )

Planilhas de monitoramento

para cada Operação

Especial de Fiscalização

identificando as empresas

irregulares (as atividades de

monitoramento também

devem ser registradas

nessas planilhas).

Relatório da Associação

Mineira de Silvicultura ,

publicado anualmente em

abril.

Área 4. Desenvolvimento de uma estrutura de governança metropolitana

4.1 Fortalecer a Governança

Metropolitana para permitir a

coordenação de políticas

públicas estaduais e municipais

na Região Metropolitana de

Belo Horizonte (RMBH)

Continuar aperfeiçoando a

coordenação intersectorial em

matéria de uso do solo na Região

Metropolitana de Belo Horizonte

Implementar o Plano Diretor de

Desenvolvimento Integrado da

RMBH

Realização de reuniões ordinárias da

Comissão de Gestão Territorial

(CGT) da RMBH. (Linha de base:

zero)

Duração média, em dias, da análise

de requerimento de autorização

prévia para parcelamento do solo na

RMBH. (Linha de base: 27,52 dias)

São realizadas reuniões ordinárias da

Comissão de Gestão Territorial da

Região Metropolitana de Belo

Horizonte (Meta: pelo menos uma a

cada 60 dias)

Reduzir a duração média, em dias, da

análise de requerimento de

autorização prévia para parcelamento

do solo na RMBH. (Meta: 23 dias)

Atas dessas reuniões.

Relatórios de progresso

elaborados pela SEGEM.

43

Essas operações especiais de fiscalização são planejadas pela SEMAD com base na percepção de risco de descumprimento da legislação ambiental. Foi acordado que

seriam realizadas pelo menos 10 dessas Operações Especiais de Fiscalização. O número de empreendimentos que se encontram em situação irregular com relação à

legislação ambiental identificados nestas operações será o conjunto-base que será considerado para avaliar este indicador.

100

101

ANEXO 3: PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS NA ÁREA DE GESTÃO DO

SETOR PÚBLICO

1. Ao longo dos últimos nove anos a estratégia do Governo para o setor público

evoluiu em resposta aos principais desafios identificados em cada um dos períodos

administrativos (mandatos de quatro anos). Em 2003, as principais preocupações foram a

evidente crise fiscal e a obsolescência, ineficiência e ineficácia das instituições e

procedimentos do setor público estadual. A partir de 2007, o Governo mudou de foco para a

melhoria do desempenho do setor público, a fim de melhorar a prestação de serviços e os

resultados de desenvolvimento. Desde 2011, o Governo vem se preocupando cada vez mais

em garantir a sustentabilidade das conquistas alcançadas ao longo do tempo e a voz de seus

cidadãos nas decisões políticas do Estado. Essas três gerações de reformas ficaram conhecidas

pelos seguintes nomes, respectivamente: “Choque de Gestão”, “Estado para Resultados” e

“Gestão para a Cidadania”. A figura A3.1 traz os elementos-chave de cada fase da reforma.

Figura A3.1 – Reformas no setor público em Minas Gerais

O Choque de Gestão e o Estado para Resultados

2. Em 2003, no início do mandato, o novo governo se viu diante de uma evidente

crise fiscal, que serviu para colocar em evidência a disfuncionalidade das instituições

públicas. Consequentemente, a reorganização do aparato e dos procedimentos estatais e a

resolução da crise fiscal foram consideradas pré-requisitos para a restauração da capacidade

do Estado de prestar serviços de qualidade e promover o desenvolvimento econômico.

3. O “Choque de Gestão” estabeleceu um novo modelo de gestão e mecanismos de

responsabilização. A terapia de choque teve por objetivo controlar o gasto público e

estabelecer as bases institucionais para melhorar a gestão pública. Para modernizar a estrutura

102

administrativa de base e introduzir um sistema de gestão baseado em resultados foram

introduzidas atividades inovadoras junto com as medidas de ajuste tradicionais. O Governo

criou a unidade de Gestão Estratégica de Recursos e Ações do Estado (GERAES) para

gerenciar a implementação de seus projetos estratégicos. Esta unidade recebeu funções de

controle orçamentário sobre a carteira de programas estratégicos, passando a poder fixar

estrategicamente tetos para empenhos e pagamentos ao longo do ano, em consonância com a

situação de execução dos projetos. Além disso, foram definidos acordos de resultados entre

cada secretaria e o Governador, que foram acompanhados de perto. Por último, para reforçar o

modelo geral o Estado introduziu novo talento gerencial para a administração pública, na

forma de “Empreendedores Públicos” (Empreendedores Públicos) Que eram jovens gestores

profissionais treinados, que poderiam ajudar a mudar a cultura burocrática da administração.

4. Em 2007, o governo tinha posto boa parte das finanças públicas em ordem,

posicionando o Estado numa segunda fase que iria melhorar a prestação de serviços e

promover o crescimento econômico.44

Um dos principais objetivos do Governo foi

implantar de maneira mais eficaz reformas de gestão em setores críticos para melhorar

significativamente o desempenho do setor público a curto prazo. Nesse sentido, o Banco

Mundial apoiou um trabalho analítico focado tanto em questões transversais de gestão pública

como em desafios e estratégias setoriais específicas. As estratégias setoriais foram

incorporadas no plano de desenvolvimento do governo para os próximos quatro anos, do qual

o sistema de gestão baseado em resultados, o chamado Programa “Estado para Resultados”,

era parte fundamental.

5. O Programa “Estado para Resultados” identificou 11 áreas de resultados, cada

uma com objetivos específicos para o médio e longo prazo. Além disso, o programa

estabeleceu uma lista de projetos e mudanças na gestão que contribuiriam para a consecução

desses objetivos, bem como definições claras para medir a consecução dessas metas. O

programa também introduziu um sistema de monitoramento e avaliação mais intensivo e

formal na Coordenação do Programa Estado para Resultados, bem como estabeleceu acordos

de resultados de segundo nível entre cada Secretário e suas equipes, que mostraram ser mais

flexíveis e eficazes do que os acordos de resultados estabelecidos no âmbito do Programa

“Choque de Gestão”. Os acordos de resultados especificam um conjunto de metas para

resultados, produtos (implementação de projetos estratégicos), aperfeiçoamento de processos

e utilização de insumos (redução das despesas correntes). Os gerentes são responsáveis não só

pelas metas de resultados de seus programas, mas também por melhorias na eficiência dos

gastos, pela introdução de inovações nos processos e pelo tempo de entrega de resultados.

6. O programa de reforma Estado para Resultados recebeu aportes do Segundo

Projeto de Parceria para o Desenvolvimento de Minas Gerais, uma operação SWAp no

valor de US$ 976 milhões. O projeto adotou um desenho SWAp com uma série de

componentes setoriais específicos articulados por um componente “guarda chuva” de gestão

pública. A operação SWAp concentrou-se em sete das áreas de resultados priorizadas pelo

Governo. Em cada uma dessas áreas o Banco prestou apoio técnico e financeiro ao governo,

para enfrentar questões transversais e fortalecer as estratégias setoriais correspondentes. No

início de 2010, um financiamento adicional no montante de US$ 461 milhões foi preparado

para o SWAp de Minas Gerais em virtude de um déficit de financiamento decorrente de

44

Veja “Minas Gerais-World Bank Partnership: Building on a Strong Foundation and Leading to Next Steps”

Relatório nº 40036-BR, de junho de 2007, preparado como parte do Programa de Assistência de Análise e

Assessoramento.

103

circunstâncias imprevistas relacionadas com a desaceleração económica ocorrida em 2009,

resultado da crise financeira de 2008.

A Terceira Geração de Reformas: Gestão para a Cidadania

7. Na terceira fase de reformas o Governo agregou novas dimensões e arranjos

participativos ao seu modelo de gestão. No entanto, o foco continua sendo a

descentralização da gestão estratégica e o aperfeiçoamento contínuo das funções centrais de

gestão para aumentar sua eficiência e efetividade. Nesta fase, os esforços para a obtenção de

resultados têm se concentrado no lado da demanda. Assim, foram criados mecanismos para

permitir uma participação mais explícita da sociedade no processo de planejamento e

implementação de políticas. Simultaneamente, o desafio de consolidar os avanços

conquistados na gestão do setor público e na superação dos pontos fracos existentes no

modelo deu origem a uma estratégia de descentralização. A delegação de funções-chave às

Secretarias de Governo permitiria uma maior institucionalização dos procedimentos de gestão

estratégica na administração pública.

8. Embora a orientação para resultados tivesse se disseminado amplamente em Minas

Gerais, uma grande preocupação do novo Governo foi a dependência que o modelo de gestão

baseado em resultados tinha da liderança do então Governador e de Secretarias Estaduais

chave. Contar com um “centro de Governo” forte era fundamental para a introdução de

medidas de ajuste fiscal durante a primeira fase de reformas e a implementação do Estado

para Resultados, mas o forte “controle” exercido a partir dele na execução de políticas

setoriais começou a ser considerado contraproducente à medida que se avançava na

implementação da segunda fase de reformas. Confrontado com esta situação, e com o objetivo

de continuar a melhorar o seu modelo de gestão, o GoMG desenvolveu a estratégia de

descentralizar para as Secretarias de Governo as principais práticas de gestão estratégica. Tal

estratégia tem a dupla vantagem de consolidar ainda mais o modelo de gestão, uma vez que

institucionaliza nos diferentes setores metodologias de gestão estratégica e ferramentas

comprovadas, e de fortalecer as secretarias, o que gera um maior apoio às reformas a médio e

longo prazo.

9. A principal medida desta estratégia de descentralização foi a criação de 22 Assessorias

de Gestão Estratégica e Inovação (AGEIS) no âmbito das Secretarias de Governo, por meio

da Lei Delegada nº 180/201145

. Esta medida veio acompanhada de mudanças na estrutura

organizacional da Secretaria de Planejamento com o objetivo de concentrar a supervisão das

práticas de gestão estratégica em uma Subsecretaria. A fim de garantir que tais unidades

agiriam conforme pretendido, bem como de assegurar o sucesso das reformas, foram

produzidos um plano de implementação detalhado e mecanismos de condução para a

estratégia. Por exemplo, embora a nomeação dos chefes das AGEIS fosse feita pelas

Secretarias do Governo, os nomes indicados tinham antes que ser aprovados pela SEPLAG,

de maneira a garantir que possuiam o perfil adequado e conhecimentos de práticas de gestão

estratégica. A fim de assegurar que todas as unidades estariam preparadas para o desempenho

de suas funções, foi implantado um programa de treinamento, foram revistas as metodologias

e ferramentas adotadas pelo Estado e foram preparados manuais. Por último, foi criado um

fórum de diálogo permanente para as AGEIS e a SEPLAG e foi desenvolvida uma dinâmica

45

Três outras AGEIS informais foram estabelecidos nas Secretarias Extraordinárias, dado que as metodologias e

ferramentas utilizadas pelas unidades foram consideradas muito úteis para garantir a consecução dos objetivos

dessas secretarias.

104

de monitoramento para permitir à SEPLAG identificar potenciais pontos fracos e

desempenhos deficientes a serem abordados.

10. Uma característica fundamental das reformas no Estado de Minas Gerais são os

esforços contínuos para fortalecer a gestão financeira pública e os sistemas de gestão centrais.

Ambos são vistos como pré-requisitos para se alcançar maior eficiência e eficácia na

administração do Estado e como elementos fundamentais para uma melhor gestão fiscal a

curto e médio prazo. Apesar de terem sido observadas importantes melhorias nos sistemas

subjacentes, na credibilidade do orçamento e no alinhamento entre planejamento e orçamento

nos últimos anos, alguns pontos fracos têm persistido no processo de execução do orçamento,

que por vezes impediram que este fosse executado de forma ordenada e previsível,

especialmente quando as receitas ficavam aquém das estimativas iniciais. Além disso, a falta

de integração (ou mesmo a inexistência) de dados sobre os compromissos contratuais com o

sistema de execução orçamentária implicou que os ajustes no orçamento realizados durante o

curso da sua execução fossem conduzidos necessariamente de forma ad hoc e fossem

ineficientes no que se refere ao seu impacto na implementação do projeto.

11. O planejamento financeiro foi elaborado pelas Secretarias de Governo em planilhas de

Excel até 2011, o que significa que era praticamente impossível consolidar a informação. Na

prática, isso significa que a SEPLAG não era capaz de monitorar de maneira eficaz se as

unidades de gastos estavam executando o orçamento como planejado. Embora as despesas

totais fossem controladas, a capacidade da SEPLAG de conduzir a execução do orçamento de

acordo com as prioridades do Governo era limitada, exceto no caso dos programas

estratégicos, que foram objeto de um acompanhamento intensivo pela GERAES46

.

12. Como resultado, o Governo desenvolveu uma estratégia para aumentar a

previsibilidade e eficiência da execução orçamentária, assim como garantir que os projetos de

investimento sejam rentáveis e sustentáveis a médio prazo.

13. As principais medidas do Governo com relação a esta situação foram: (i) adotar novos

requisitos e procedimentos para o planejamento financeiro nas unidades de gastos; (ii)

implementar o planejamento de compras; e (iii) introduzir novos requisitos para o registro de

despesas contratuais. Essas três medidas foram possibiltadas com a adoção de novos módulos

no sistema integrado de gestão financeira do Estado, o SIAFI-MG, e no Portal de Compras, e

foram estabelecidas através do Decreto de Programação do Orçamento de 2012. Esses novos

procedimentos e módulos no sistema mudaram significativamente as práticas em todo o

governo e parecem ter sido bem recebidos pelas secretarias de Governo, especialmente pelos

Superintendentes de Planejamento, Gestão e Finanças, que são responsáveis pela execução do

orçamento e pelas compras nas secretarias. Da mesma forma que ocorria com a SEPLAG,

eles não tinham dados sistematizados e abrangentes sobre os diferentes planos de despesas

dos programas e sobre os recursos empenhados, o que dificultou o seu trabalho. Os novos

módulos e a sua integração com o SIAFI-MG permitem um maior controle e um melhor

planejamento dos gastos; por conseguinte, espera-se que o planejamento geral da execução do

orçamento melhorará progressivamente no Estado.

14. No caso das mudanças introduzidas no processo de aprovação dos projetos de

investimento cofinanciados pelo Governo Federal, a explicação é que elas respondem ao fato

de que esses projetos não foram previamente avaliados, e que, em alguns casos, acabaram

sendo muito mais caros do que o previsto ou apresentando mais dificuldades na

implementação e menos benefícios do que inicialmente previsto. De modo geral, o Brasil

46

A GERAES é a Unidade de Gestão Estratégica de Recursos e Ações do Estado.

105

carece de uma tradição forte em matéria de realização de avaliações prévias de projetos de

investimento. Tais projetos geralmente estão sujeitos a um processo de seleção preliminar

para avaliar o seu vínculo com a estratégia global do Governo antes de entrar no orçamento, e

pouco mais além disso. Em Minas Gerais, essa situação começou a mudar em 2003 com o

desenvolvimento de uma Estratégia de Governo coesa, que foi usada na identificação de

projetos de investimento. Quase todos os investimentos públicos em Minas Gerais foram

feitos por meio de programas estratégicos, que representaram o cerne da Estratégia do

Governo. Uma exceção foram aqueles investimentos cofinanciados pelo Governo Federal,

que se basearam nas oportunidades oferecidas por determinados ministérios. Tais

investimentos geralmente são negociados pelas Secretarias de Governo e quando são

confirmados pelo Governo Federal requerem que o o Estado faça aportes. Como em muitos

outros estados do Brasil, normalmente são alocados recursos de contrapartida do Estado para

a execução do projeto. Uma característica comum desses projetos é que os custos excedentes

normalmente são responsabilidade do Estado.

15. As medidas tomadas pelo Governo para introduzir um processo de seleção e avaliação

desses investimentos buscam assegurar que os projetos cofinanciados estejam alinhados com

as prioridades do Governo e melhorar o desenho do projeto antes de iniciar sua

implementação. Além disso, esses procedimentos oferecem uma avaliação prévia dos custos

de manutenção e operação futuros, que geralmente não são cofinanciados pelo Governo

Federal, para avaliar sua sustentabilidade no futuro. Embora tais procedimentos sejam hoje

aplicáveis formalmente apenas aos investimentos cofinanciados, o Governo tem feito

avaliações dos seus Projetos Estratégicos usando a mesma matriz de avaliação. Com isso

pretende-se que no futuro esses processos estejam formalizados em todos os grandes

programas.

106

ANEXO 4: MECANISMOS DE PARTICIPAÇÃO CIDADÃ

1. “O Estado em rede: Gestão Regionalizada, Gestão Participativa” é o título da reforma

institucional sendo executada atualmente pelo Governo de Minas Gerais (GoMG), para

fomentar novos mecanismos de participação cidadã na definição de prioridades e no

monitoramento de políticas públicas. Embora o GoMG já conte com outros processos

participativos que garantem uma participação efetiva através de consultas e conselhos de

políticas públicas, a promoção de uma maior participação da sociedade civil em geral,

especialmente com um enfoque regional, foi considerada necessária para melhor priorizar as

políticas públicas de forma a reduzir desigualdades regionais. Como tal, a nova participação

cidadã tem um novo enfoque regional e é baseada em dois pilares de intervenção. O primeiro

refere-se à descentralização administrativa e à colaboração intersetorial entre diferentes áreas

(por exemplo, entre secretarias estaduais) do Governo Estadual, em nível regional. Este pilar

visa promover um diálogo entre a administração estadual e as regiões e, ao mesmo tempo,

reforçar a coordenação entre os diferentes setores do Estado em nível regional.

2. O segundo pilar de intervenção refere-se ao componente de “gestão participativa”

propriamente dito e introduz novos mecanismos de participação cidadã com foco regional,

baseando-se nas dez regiões do Estado. A implementação dos novos arranjos teve início em

2011, nas duas regiões mais pobres do estado, e será expandida para todas as 10 regiões até o

final de 2013. O modelo é dividido em três fases: mapeamento da sociedade civil regional,

encontros regionais e, finalmente, criação de fóruns participativos regionais. Na primeira

etapa, será conduzida a identificação e classificação das organizações da sociedade civil na

região. As organizações são classificadas de acordo com seus domínios de intervenção nas

diferentes áreas de políticas públicas (por exemplosaúde, educação). Este mapeamento é feito

tanto por meio de entidades da administração pública que operam em nível regional quanto

com 47

a assistência de uma organização sem fins lucrativos que trabalha com questões de

governança48

.

3. Posteriormente, serão realizados “encontros regionais” com organizações da sociedade

civil, onde será apresentada a estratégia do governo para as diferentes áreas e setores de

influência das políticas e para conduzir um processo participativo de priorização das políticas.

Os produtos gerados pelo processo deliberativo conduzido junto aos atores da sociedade civil

são um “caderno de prioridades estratégicas regionais” e a eleição de representantes para

acompanhar as atividades do Governo na região, além da criação de um Fórum Participativo

Regional após a realização de dois encontros regionais, integrado por representantes da

sociedade civil e do Governo e por outros atores, como membros do legislativo estadual,

empresários locais, associações da indústria e universidades.

4. O projeto institucional proposto surge como um ponto positivo do Estado em Rede. A

referida combinação de participação e colaboração intersetorial com um foco regional permite

que o Governo possa tanto perceber quanto resolver as preocupações e exigências da

sociedade civil de forma integrada. Entre outros aspectos positivos, o novo modelo inclui a

capacidade de promover a inclusão de setores da sociedade que se encontravam antes

excluídos dos processos de consulta mais tradicionais institucionalizados no Estado (como,

por exemplo, audiências públicas sobre o plano plurianual e Conselhos de Políticas Públicas)

e a introdução de uma dimensão territorial, indo além da dimensão setorial que prevalecia nos

47

As entidades regionais apresentam uma lista de organizações que operam em sua região e área de política. 48

Instituto de Governança Social

107

Conselhos de Políticas Públicas. A dimensão setorial tende a favorecer o predomínio de

alguns setores da sociedade civil organizada: em geral as maiores, com forte representação na

capital do Estado. Embora o novo projeto participativo tenha sido executado em caráter de

piloto em apenas duas regiões do estado (Rio Doce e Norte), os dados coletados durante as

reuniões sugerem que o novo processo integra de forma bem-sucedida setores da sociedade

civil anteriormente excluídos de outros processos participativos.49

5. Uma questão importante é o grau de influência da participação cidadã no processo de

tomada de decisão, ou seja, até que ponto os insumos gerados nas consultas são capazes de

subsidiar as ações do governo e alterar o seu curso. O novo modelo inclui mecanismos para

assegurar a visibilidade dos impactos. A partir das prioridades estratégicas e políticas públicas

selecionadas pelos encontros regionais, o Fórum Participativo Regional irá selecionar alguns

produtos específicos, que serão promovidos 50

na região. Tais produtos serão validados pelo

governador do Estado e formalizados através de um “acordo” com a região. Eles se tornarão

parte de uma Agenda Regional, que será incluída nos acordos de resultados das secretarias de

Governo, passando a ser monitorados no âmbito do modelo do Estado de gestão para

resultados51

. Finalmente, estes resultados também serão monitorados pelo Fórum Participativo

Regional, que representará uma instância adicional de supervisão externa e controle social.

Em resumo, o conjunto dos mecanismos acima descritos, contendo uma série de dispositivos

limitantes e de reforço, assegurará que os resultados do processo participativo se tornem

prioridades governamentais de fato.

6. Uma questão que resta resolver diz respeito a até que ponto o processo participativo

está institucionalmente incorporado à estrutura do Estado. O Governo optou por realizar a

experiência em caráter piloto durante o ano de 2011 como uma forma de gerar apoio político

e administrativo e de promover a colaboração na concepção do projeto. Nesse sentido, o

modelo atual foi moldado pela interação com as diferentes instituições governamentais,

organizações da sociedade civil e especialistas em participação pública. Do ponto de vista

legal, a descentralização administrativa e a colaboração intersetorial em nível regional já estão

previstas na legislação (Lei Delegada nº 180/2011). De igual maneira, os Comitês Regionais,

que têm o mandato específico de conceber os processos participativos, já foram

regulamentados legalmente (Decreto nº 45.584/2011).

7. Em conclusão, da perspectiva de inovação em políticas, a abordagem atual representa

uma contribuição significativa para uma segunda geração de arranjos participativos estaduais

inseridos nos sistemas federativos, com grande potencial de replicação em outros estados. A

existência de um ambiente propício a inovações institucionais, o que exige constante

experimentação, avaliação e adaptação, sugere que o governo também seria capaz de superar

quaisquer eventuais obstáculos. Isso fica reforçado pelo fato de que as reformas têm forte

apoio político e administrativo de diferentes segmentos do governo.

49

A maioria das organizações da sociedade civil que participam do piloto da região do Rio Doce se caracteriza

por sua esfera de ação local e pequena capacidade organizacional. 50

Estes produtos variam consideravelmente em termos de objeto e âmbito. Por exemplo, podem consistir de

objetivos de política (como o aumento da qualificação profissional) ou de obras públicas (como a construção de

escolas profissionalizantes). 51

É interessante notar que integrantes de diferentes Secretarias enfatizaram a capacidade fortalecedora dos

acordos de resultados e a posição privilegiada de que desfruta a Secretaria de Planejamento para exercer pressão

sobre os atores responsáveis pelos resultados.

108

ANEXO 5: PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS EM MATERIA DE PROTEÇÃO

SOCIAL

1. Apesar dos progressos recentes, Minas Gerais ainda enfrenta desafios no que se refere

à redução da pobreza e da extrema pobreza. Em 2001, 9% da população do estado vivia em

situação de extrema pobreza (isto é, com renda mensal per capita inferior a R$ 67,07 por mês

em valores de setembro de 2009), parcela que caiu para 3% em 2009 . No mesmo período, na

região Sudeste a pobreza extrema diminuiu de 5,6% para 2,3%. Nacionalmente, os índices de

pobreza caíram de 10,5% para 5,2% entre 2001 e 2009, respectivamente (IPEA 2012). No

entanto, ainda há desafios a ser superados. Cerca de 6% da população rural vive em situação

de extrema pobreza. Além disso, há uma grande variação entre os 853 municípios do estado.

2. O GoMG está empenhado em melhorar as condições de seus cidadãos e preparou um

conjunto de medidas para combater a pobreza e a pobreza extrema no estado. Suas ações

incluem um ambicioso programa de transferências para os municípios a fim de fortalecer os

serviços públicos prestados à população. O Programa Estadual complementa o Brasil Sem

Miséria (BsM), que tem por objetivo fortalecer os programas de transferência de renda, o

acesso a serviços públicos e a inclusão produtiva. O BsM foi criado para chegar até os

extremamente pobres, para quebrar barreiras sociais, políticas, econômicas e culturais que

segregam regiões e pessoas. Entre as ferramentas centrais dessa estratégia estão os Centros de

Referência de Assistência Social (CRAS) e o Cadastro Único de Beneficiários (CadÚnico).

Os CRAS são os pontos de atendimento dos programas englobados pelo BsM; o CadÚnico é

o registro utilizado para determinar a elegibilidade da população.

3. O GoMG reconhece a importância de fortalecer a gestão dos CRASs e do CadÚnico

para atingir esse objetivo, bem como de aumentar a oferta de serviços para os que vivem em

situação de pobreza extrema e moderada. Um dos desafios em um estado como Minas Gerais

é a disparidade de níveis de gestão entre os diferentes municípios. Nesse sentido, o programa

do Governo visa fortalecer a prestação de serviços através do cofinanciamento dos serviços

sociais prestados pelos municípios, além de melhorar a identificação das famílias pobres que

têm direito a receber assistência de programas sociais federais, estaduais e municipais.

4. Entre 2003 e 2010, o GoMG investiu R$ 5,9 bilhões para reduzir a pobreza e as

desigualdades regionais, tanto através de programas sociais como através de mais

investimentos em infraestrutura. O GoMG também desenvolveu um programa de combate à

pobreza rural no estado. Com um investimento de R$ 95,3 milhões, o Estado dá assistência a

115.800 famílias em 188 municípios, apoiando mais de 2.000 projetos de associações de

trabalhadores, pequenos agricultores, artesãos, pescadores e donas de casa. Nas áreas rurais,

86 mil famílias ganharam acesso à energia elétrica, graças a investimentos de R$ 770 milhões

do Programa Luz para Todos. O governo tem vários programas específicos para mitigar a

pobreza extrema: O programa Travessia , o Piso Mineiro de Assistência Social e o Fundo de

Erradicação da Miséria.

5. Em 2008, Minas iniciou um programa focado nos municípios com baixo Índice de

Desenvolvimento Humano. O programa Travessia é coordenado pela Secretaria de Estado de

Desenvolvimento Social (SEDESE) e implementado de forma integrada por diversos órgãos e

entidades do governo estadual com o objetivo de melhorar as condições de vida da população.

Ao contrário de ações setoriais, as políticas públicas são implementadas de forma coordenada

e integrada de acordo com as necessidades específicas de cada município selecionado. Em

2011, o programa foi reestruturado de maneira a incluir a busca ativa de cidadãos por meio do

109

Programa Porta a Porta , que visa identificar as principais vulnerabilidades e necessidades de

cada município de forma ativa.

6. O Governo também está trabalhando com os municípios na identificação de

mecanismos para fortalecer a rede de CRAS, onde convergirão todos os programas do Brasil

Sem Miséria.Esses centros, que são responsáveis pela prestação e coordenação dos serviços

de assistência social, também tratam de questões como documentação da população e acesso

ao Bolsa Família e a outros programas de assistência social. O Estado tem 1.111 CRAS e 237

CREA (CRAS especializados). Para apoiar os serviços de assistência social prestados, o

governo estabeleceu a o Piso Mineiro de Assistência Social). O Piso Mineiro de Assistência

Social consiste em um valor básico para o cofinanciamento estadual, dos serviços e

benefícios, em complementaridade ao financiamento federal e municipal. A base de cálculo

para a transferência, nos primeiros quatro anos de implantação, é de R$ 1,80 por família

cadastrada no CadÚnico, com exceção dos 100 municípios que já recebem cofinanciamento

estadual para a manutenção de CRAS, que já vêm recebendo R$ 2,20 por família cadastrada.

Até 2015, todos os 853 municípios receberão um cofinanciamento de R$ 2,20 por família

cadastrada.

7. O GoMG pretende universalizar os benefícios para a população pobre e consolidar no

estado as SUAS e o Sistema de Segurança Alimentar. Para alcançar esses objetivos, o GoMG

está trabalhando estreitamente com os municípios a fim de melhorar sua capacidade de gestão

para realizar buscas ativas de pessoas carentes e ao à sua inclusão nos programas de

assistência social. O Governo reconhece que aperfeiçoar a gestão das atividades de assistência

social é fundamental para reduzir a pobreza no estado. O Governo priorizou o

estabelecimento de um sistema de monitoramento e avaliação de programas de assistência

social para apoiar a SEDESE e outros órgãos estaduais no cumprimento dos objetivos

estaduais de combate à pobreza.

8. O Governo também aprovou a legislação que cria o Fundo de Erradicação da Miséria

(FEM), para financiará programas e ações de combate à pobreza e à pobreza extrema no

estado. O FEM receberá cerca de R$ 200 milhões por ano, que serão utilizados em programas

de capacitação, habitação, saneamento, acesso a serviços de água e assistência. O fundo está

alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio relacionados a Desenvolvimento

Social e Erradicação da Pobreza Extrema no Mundo, com o BsM e com o Programa

Travessia. Serão atendidas pelo FEM tanto famílias com renda abaixo de R$ 70 per capita

(valor definido pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome com base em

dados do censo/IBGE de 2010) ou aquelas identificadas pelo Programa Travessia que se

encontrem em situação de privação social. Os municípios e as localidades urbanas ou rurais

atendidas pelo Brasil Sem Miséria e pelo Programa Travessia também receberão recursos.

110

ANEXO 6: PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS NO SETOR DA EDUCAÇÃO

1. O Estado de Minas Gerais tem um longo histórico de inovações na área da educação e

possui alguns dos melhores resultados educacionais no país. Segundo a avaliação de qualidade

da educação nacional mais recente (2009), o Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico

(IDEB), Minas Gerais ficou em primeiro lugar no país nas primeiras séries do fundamental (1ª

a 5ª) e em terceiro lugar tanto no ciclo fundamental superior (6ª a 9ª) quando no ciclo

secundário (10ª a 12ª). A rede estadual é composta de 3.848 escolas e 2,4 milhões de alunos

matriculados (2009), ou cerca da metade do total de matrículas escolares em Minas. No

sistema escolar dos municípios, há 1,9 milhão de estudantes matriculados em cerca de 10.000

escolas, praticamente todas do ensino fundamental, a maioria de pequeno porte (menos de 5

salas de aula). A rede de 2.093 escolas secundárias administradas pelo governo de Minas tem

cerca de 700 mil alunos (86% do total de matrículas no ensino médio no estado); o restante

dos alunos estão matriculados em escolas particulares e escolas técnicas federais. O Estado

emprega 180 mil professores no ensino fundamental e 20.000 servidores da educação.

2. Qualidade da educação. Dois aspectos se destacam sobre o sistema de ensino de

Minas Gerais. O primeiro são os 20 anos de inovação na área de educação do estado. Minas

liderou a implementação da gestão participativa escolar no início dos anos 90: os diretores de

escolas são eleitos pela comunidade; as escolas têm controle de seus próprios orçamentos; e o

planejamento da escola é uma função bem desenvolvida. O programa mineiro de leitura nas

séries iniciais (Alfabetização no Tempo Certo) e os testes de habilidades de leitura no nível

fundamental (PROALFA), introduzidos em 2006, são considerados responsáveis por uma

melhoria substancial nos resultados de todo o estado e pelo primeiro lugar de Minas Gerais no

ranking nacional (Prova Brasil) para habilidades de leitura até a quarta série. A abordagem

mineira inspirou o governo federal a lançar um teste nacional de habilidade de leitura nas

séries iniciais (Provinha Brasil).

3. Em 2007, o Estado foi um dos primeiros no Brasil a introduzir um programa de bônus

para premiar escolas que atinjam melhorias nos resultados de aprendizagem dos aluno e nas

taxas de aprovação, algo que outros estados e municípios replicaram desde então. Outra

inovação recente é o programa de avaliação da nona série chamado Programa de Avaliação de

Aprendizagem Escolar (PAAE), introduzido em 2008, que oferece aos professores do ensino

médio um banco de dados on-line de exercícios e questões de provas que cobrem todas as

áreas do currículo. Ao entrar no sistema, o professor pode gerar uma prova de duas horas que

mede o domínio dos alunos daquela área do currículo. Como as provas do PAAE são

aplicadas em salas individuais para disciplinas específicas (e o professor também faz a prova),

o mecanismo oferece aos professores um feedback confidencial e em tempo real de cada sala

de aula sobre os níveis de aprendizagem dos alunos nas salas correspondentes no início e no

final do ano letivo, proporcionando uma medição verdadeira do valor agregado pelos

professores, um recurso valioso para professores que buscam aumentar a eficácia do ensino.

4. Outra iniciativa inovadora lançado em 2007 é o Programa de Ensino Profissionalizante

(PEP), um programa de vouchers para diversificar e expandir as opções de formação técnica e

profissional, voltado para jovens e jovens adultos. O Estado paga a taxa de matrícula para que

os estudantes possam participar de qualquer programa de treinamento credenciado pelo

estado, que pode ser oferecido por uma escola particular, escola municipal ou um centro

profissionalizante. Os cursos duram tipicamente de 14 a 24 meses e muitas vezes são

organizados em parceria com os empregadores, de maneira a garantir a relevância das

habilidades ensinadas. Muitos desses parceiros também se comprometem a contratar os

111

formandos ao longo dos cinco anos seguintes à sua formatura. Um bom exemplo é o centro de

treinamento localizado em Sete Lagoas, especializado em metalomecânica e eletrônica.

5. Em seus dois primeiros anos, o PEP foi um incentivo para o desenvolvimento de

novos cursos em 350 dos 853 municípios do estado e para o aumento do número de

instituições educacionais credenciadas, de 72 para 296. Em 2010, 158.000 estudantes se

candidataram para as 28.000 vagas disponíveis para cursos do PEP. As escolas recebem

incentivos para ajudar os alunos a permanecer na escola e a obter um bom desempenho

acadêmico: a Secretaria de Educação transfere pagamentos em forma de voucher para as

instituições a cada dois meses com base em um relatório auditado do número de alunos e da

sua assiduidade.

6. Uma segunda característica fundamental do sistema educacional do Estado de Minas

Gerais é a tradição de parceria com os sistemas municipais de educação. Minas há muito

disponibiliza suas avaliações de aprendizagem do PROEB (quarto e oitavo anos) e

PROALFA (leitura na terceiro ano) para todos os municípios, e a participação é praticamente

universal. Os programas de alta qualidade do estado para formação de docentes também são

sempre oferecidos aos professores dos municípios, contando com a assistência da maioria dos

professores. O Estado oferece às escolas municipais os mesmos livros didáticos e materiais

didáticos que utiliza em suas próprias escolas, e a iniciativa focada na alfabetização –

chamado de Alfabetização no Tempo Certo– foi implementada em coordenação com os

sistemas de ensino municipais.

7. Prioridades do governo atual. Minas continua a lutar para ter um dos sistemas

educacionais mais bem administrados do Brasil. As duas novas reformas de gestão apoiadas

no âmbito desta operação foram introduzidas em 2011, a fim de aumentar a qualidade técnica

dos superintendentes regionais e diretores de escola e de garantir que ambos os cargos sejam

selecionados (ou eleitos, no caso de diretores de escolas) somente após um processo de

verificação transparente e pautado na meritocracia.

8. Outras prioridades da SEE incluem:

O PIP 2 (Programa de Intervenção Pedagógica 2) está estendendo a abordagem

ampla que se mostrou bem-sucedida nos anos iniciais (PIP 1) para os anos finais do

fundamental, incluindo uma reforma curricular para garantir mais tempo para

matemática e linguagem, material didático de melhor qualidade, formação de

professores, extensão da jornada escolar (sempre que as restrições de espaço não o

impeçam) e aulas de reforço escolar.

O Programa Reinvenção do Ensino Médio envolve ações para eliminar as escolas

noturnas de baixa qualidade, focar o currículo escolar no desenvolvimento de

competências sólidas nas áreas de matemática, ciências, linguagem e pensamento

crítico, e promover uma colaboração mais estreita com o setor privado para oferecer

programas profissionalizantes que reflitam a evolução da indústria e das demandas

do mercado por serviços.

Magistra: A Escola da Escola, inaugurada em fevereiro de 2012, é um centro de ponta

para formação continuada de professores. A unidade inclui um grande Centro de

TI/videoconferência para dar suporte aos programas de formação a distância de

professores, através do canal de televisão da Secretaria de Saúde, e ao

desenvolvimento de novos cursos de formação baseados em evidências globais e

melhores práticas na formação docente, contando para tanto com dormitórios para os

professores que estejam participando de cursos presenciais de longa duração.

112

113

ANEXO 7: PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS EM GESTÃO AMBIENTAL

I. Situação ambiental no Estado de Minas Gerais

1. Durante os últimos 10 anos, Minas Gerais vem apresentando um crescimento

econômico significativo, e se tornou o segundo estado mais industrializado e o terceiro mais

rico do Brasil. A estrutura econômica do Estado ainda reflete suas raízes históricas na

mineração, com relativa força nos setores de produtos químicos, ferro e aço industriais,

agroindústria e, mais recentemente, eletroeletrônicos. A rápida industrialização e

desenvolvimento do estado aumentaram os impactos sobre o meio ambiente. De acordo com

as legislações ambientais federais e estadual, as licenças ambientais devem ser obtidas sempre

que estiver implicada a construção, instalação, ampliação ou operação de qualquer

empreendimento que utilize recursos naturais, cause degradação do meio ambiente, polua ou

tenha o potencial de causar degradação ou de poluir o meio ambiente. Consequentemente, a

demanda por serviços ambientais no Estado aumentou. De 2007 a 2011, a demanda por

licenciamento ambiental dobrou, passando de 942 para 2.225 pedidos por ano.

2. Em Minas Gerais, a legislação ambiental é gerida pelo Conselho Estadual de Política

Ambiental (COPAM), através das Câmaras Especializadas, das Unidades Regionais

Colegiadas (URCs), da Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável (Suprams), da Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), do Instituto de

Gestão de Recursos Hídricos (IGAM) e do Instituto Estadual de Florestas (IEF), como

regulamentado pelo Decreto Estadual nº 44.844/08.

3. O processo de licenciamento de empreendimentos com significativo impacto

ambiental segue um procedimento de três etapas, durante as quais as seguintes licenças devem

ser obtidas: (i) licença prévia, atestando que o projeto é ambientalmente viável; (ii) licença de

instalação, permitindo que as instalações seja construídas; e (iii) licença de operação, para o

início do projeto em si. Esse processo é feito de forma descentralizada nos nove escritórios

regionais da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável

(SEMAD) distribuídos pelo Estado.

4. Junto com as normas para o licenciamento ambiental e a licença ambiental de

operação, a SEMAD classifica violações à legislação que protege o meio ambiente e os

recursos hídricos. O Estado também estabeleceu programas de proteção ambiental para

desenvolver o marco legal e institucional para sua gestão ambiental. Os principais programas

são:

5. Zoneamento Ecológico-Econômico.Como em muitos outros países, a ocupação e o

uso do espaço urbano no Brasil é regulamentado pelo Plano Diretor de cada município, como

manda a Constituição. Desde a aprovação da primeira lei ambiental no Brasil (Lei do Sistema

Nacional de Meio Ambiente, nº 6.938, de 1981), a ocupação e o uso de paisagens rurais

também devem seguir os planos estabelecidos no “Zoneamento Ecológico-Econômico

(ZEE)”. Espera-se que o ZEE se baseie em conhecimentos técnicos e científicos e que seja

debatido democraticamente com a sociedade civil e o setor privado. O conceito subjacente é

que diferentes extensões de paisagem têm diferentes aptidões de uso (lavouras diversas,

pastagens e florestas) e necessidades variáveis de conservação ou mesmo preservação. O ZEE

foi aplicado pela primeira vez nos estados da Amazônia, mas está sendo gradualmente

considerado por outros estados brasileiros.

114

6. O GoMG baixou um decreto definindo o processo e os arranjos institucionais do

Zoneamento Econômico-Ecológico do Estado, no qual se cria uma Comissão de Coordenação

Interinstitucional de ZEE composta de representantes do governo estadual e dos seus órgãos,

de órgãos do governo federal, das procuradorias federais e estadual, de organizações da

sociedade civil, de associações do setor privado e do setor acadêmico. Os membros da

comissão já foram nomeados.

7. O zoneamento deverá gerar leis municipais e/ou estaduais e ser utilizado, entre outros

fins, na definição de novas áreas protegidas, na identificação de terras ambientalmente críticas

ou vulneráveis (onde a atividade agrícola não seria licenciada ou seria restrita, e onde não

haveria cessões ou venda de terras públicas), na orientação das decisões de investimento em

infraestrutura e na orientação aos bancos para a avaliação de pedidos de crédito oficial para

atividades econômicas com impacto no uso da paisagem.

8. Conservação do Cerrado e recuperação da Mata Atlântica. Minas Gerais tem hoje

grande parte de sua Mata Atlântica devastada, com apenas alguns bolsões isolados restantes.

Considerando que o Cerrado foi rapidamente ocupado por atividades humanas nos últimos 30

anos, se o processo não for revertido o bioma poderá ter o mesmo destino da Mata Atlântica.

Em Minas Gerais, a pressão sobre o Cerrado advém de atividades de mineração e do

processamento de minério de ferro em ferro-gusa e aço, bem como da expansão da fronteira

agrícola.

9. O objetivo do programa é promover a conservação do Cerrado e a recuperação da

Mata Atlântica, através das seguintes medidas: (i) expansão e intensificação de esforços para

controlar o desmatamento; (ii) promoção da eliminação de carvão vegetal proveniente de

vegetação nativa; (iii) incentivo ao plantio de florestas em parceria com a indústria florestal e

agricultores; (iv) criação de incentivos econômicos para os proprietários de terras que

preservem a vegetação nativa; (v) criação e expansão das áreas protegidas; (vi) ajuste e

recuperação das reservas legais; (vii) proteção da biodiversidade, inclusive por meio de

estímulos para a conservação de espécies da flora e da fauna ameaçadas de extinção no

estado; (viii) recuperação de florestas nativas através da criação de corredores ecológicos,

principalmente na Mata Atlântica; (ix) incentivo ao desenvolvimento de empresas e

mecanismos (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo - MDL) que operem de forma

sustentável.

10. Consolidação da gestão de recursos hídricos por bacias. Com um dos sistemas

hídricos mais importantes do Brasil, o Estado de Minas Gerais também registra recordes de

picos de contaminação ao longo de cursos d'água, com impactos negativos sobre a qualidade

de vida e as atividades produtivas. Assim, além de ações para combater o lançamento de

efluentes sem tratamento, é necessário otimizar a gestão de recursos para minimizar conflitos

e maximizar o uso da água existente.

11. As ações do Estado serão consolidadas da seguinte maneira: elaboração e execução de

planos de recursos hídricos; promoção e consolidação de cobrança de tarifas pelo uso de

recursos hídricos;

implantação de monitoramento da qualidade da água; elaboração de estudos sobre a

disponibilidade de água em relação à demanda; cadastramento de usuários; campanhas para a

regularização do uso dos recursos hídricos; e apoio aos comitês de bacia.

12. Gestão de resíduos sólidos. Até 2005, menos de 30% da população urbana de Minas

Gerais tinha infraestrutura adequada para o manejo de resíduos. A ausência de formas

adequadas de se eliminar resíduos é responsável por graves danos ambientais e pela

115

contaminação de águas subterrâneas e de superfície, além de prejudicar a saúde pública com a

proliferação de insetos, roedores e outros vetores. Além de causar problemas locais, os

resíduos não tratados geram gases de efeito de estufa em altas proporções, contribuindo para o

problema do aquecimento global.

13. O objetivo deste programa é promover e incentivar a não geração, a reutilização, a

reciclagem e a eliminação adequadas de resíduos sólidos com o objetivo de melhorar a

situação ambiental. Como parte das ações do programa, o Estado irá: desenvolver

instrumentos de incentivo para incentivar a implementação de estações de tratamento de

resíduos adequadas; promover a erradicação de aterros sanitários; realizar ações de educação

ambiental e de divulgação; e implantar a coleta seletiva, a reutilização e a reciclagem.

II. Principais questões ambientais

Reforma dos processos de licenciamento e fiscalização ambiental

14. Embora o marco regulatório ambiental de Minas esteja funcionando efetivamente, o

Governo reconhece a necessidade de se trabalhar continuamente para melhorar sua eficiência.

Até recentemente, um empreendimento rural precisaria de até três licenças diferentes ou de

autorizações de três órgãos diferentes: uma para autorizar o uso da terra, outra para

estabelecer o volume de consumo de água permitido e, finalmente, uma como parte dos

requisitos de mitigação de impactos ambientais. Além disso, com a equipe

predominantemente envolvida na análise e expedição de licenças, o monitoramento pós-

licenciamento se mostrou ineficaz E mesmo quando uma empresa não cumpre com as normas

ambientais, não há um real acompanhamento para garantir que as medidas de mitigação

definidas estejam sendo adotadas. Para mudar esse cenário, o GoMG tomou medidas para

integrar as funções de gestão ambiental no Estado de maneira que as ações de regulação e

fiscalização ocorram de forma mais sistemática e coordenada. Uma revisão dos papéis dos

diferentes órgãos ambientais levou à centralização de todas as competências regulatórias em

uma única subsecretaria e de todas as funções de controle e fiscalização em outra

subsecretaria, subordinada à Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento

Sustentável (SEMAD).

Uso de carvão na produção de ferro e aço

15. Outro desafio é a necessidade de promover um crescimento de baixo carbono no

estado, especialmente no que se refere à produção de aço e ferro. Minas Gerais é o maior

produtor nacional de aço e ferro, responsável por 60% da produção nacional. O estado tem 62

usinas de ferro-gusa para abastecer o setor. O carvão é uma das principais fontes de energia

utilizadas na produção do ferro-gusa usado pela indústria siderúrgica de Minas Gerais. A

grande maioria da produção de carvão vegetal atual provém de fontes não sustentáveis e

muitas vezes ilegais, de matas nativas, acarretando degradação ambiental e desmatamento.

Uma alternativa para reduzir a pressão sobre as florestas nativas no Brasil (além de reduzir as

emissões de CO2 ) é a substituição de fontes não renováveis por carvão vegetal renovável,

produzido de plantações florestais em terrenos de pastagem ociosos ou degradados. Para

resolver essa questão, o Governo promulgou a Lei nº 18.365/09, que praticamente proíbe o

uso de carvão vegetal de origem nativa a partir de 2018, ao estabelecer que até essa data pelo

menos 95% do carvão consumido no estado deverá vir de plantações sob manejo. Isso traz

consigo um importante desafio: o plantio de árvores precisa começar logo para atender à

demanda em 2018. O risco é que, em resposta a esta lei, a indústria decida usar carvão

mineral em vez de carvão vegetal de origem nativa, com o qual aumentariam as emissões de

116

gases do efeito estufa (GEEs) do estado. Para alcançar este objetivo, o Estado pode criar 1,5

milhão de hectares de novas plantações e trabalhar com investidores e empresas da área de

florestas plantadas para respaldar a credibilidade da capacidade de fornecimento e para

assegurar o sucesso de projetos de MDL e das decisões tomadas em políticas relacionadas.

16. O Governo de Minas Gerais reconheceu as proporções desses desafios e vem

ampliando sua capacidade para enfrentá-los de maneira sistemática. A fim de melhorar a

eficiência do sistema de controle e fiscalização ambiental, o Estado está adotando medidas

para reestruturar as instituições de gestão ambiental e promover alternativas que estimulem o

plantio de árvores para produção de carvão vegetal.

Projeto Plantar para a produção de ferro-gusa

17. Uma importante alternativa para estimular a oferta de carvão vegetal renovável é

replicar o Projeto de Biomassa Cultivada como Fonte de Energia Renovável para a Produção

de ferro-gusa (Projeto Plantar), financiado pelo Fundo Protótipo de Carbono do Banco

Mundial. Através deste projeto, o Grupo Plantar desenvolveu três metodologias aprovadas

pela UNFCCC que cobrem toda a cadeia de produção de energia do setor de ferro-gusa. A

primeira metodologia abrange o plantio de florestas plantadas de eucalipto em terras não

florestais, para a produção de carvão vegetal renovável. A segunda é visa reduzir as emissões

do processo de carbonização. A última trata da utilização de carvão vegetal renovável como

agente termorredutor, em substituição ao carvão de coque, no processo de produção do ferro.

18. Nesta operação, o Banco Mundial vai adquirir dois diferentes ativos do Grupo Plantar:

a) Certificados de Redução de Emissões temporária (CREts) do componente de

reflorestamento do projeto; e b) RCEs, ou Reduções Certificadas de Emissões (última versão,

iniciando em 2013) do componente de ferro-gusa (industrial). Na verdade, como resultado

desta iniciativa, em 25 de janeiro de 2012 a UNFCCC confirmou a emissão de RCEts para

esta atividade de MDL.

19. Em conclusão, tem-se que o modelo de negócios do Grupo Plantar para a produção de

ferro-gusa a partir de carvão vegetal renovável reduz a pressão sobre as florestas nativas, evita

o uso de combustíveis fósseis e sequestra carbono através do estabelecimento de novos

estoques de biomassa em plantações altamente produtivas de eucalipto. O modelo tem grande

potencial de ser replicado no Estado de Minas Gerais com empresas e outras instituições

financeiras capitalizadas e que planejam permanecer na indústria de ferro-gusa no longo

prazo.

117

ANEXO 8: PRINCIPAIS QUESTÕES E DESAFIOS PARA A GOVERNANÇA

METROPOLITANA

1. O Estado de Minas Gerais possui uma agenda metropolitana focada na promoção do

desenvolvimento sustentável de suas regiões metropolitanas através da coordenação de suas

diferentes políticas setoriais. A principal região metropolitana a se beneficiar dessa agenda é

Belo Horizonte, onde vive 25% da população do Estado. O modelo de coordenação adotado

na região não tem igual no Brasil e na América Latina. Esta experiência é de particular

relevância para o Banco Mundial por causa de seu valor como retrato de novas possibilidades

de governança metropolitana como parte de sua agenda de gestão do setor público, onde a

governança metropolitana é uma das arenas de “fronteira”.

2. Um primeiro passo para a implementação deste modelo foi a Emenda nº 65 da

Constituição do Estado, aprovada em 25 de novembro de 2004, que permitiu ao Estado a

criação de regiões metropolitanas. Esta alteração dispõe que (art. 46) cada região

metropolitana terá: (i) uma Assembleia Metropolitana; (ii) um Conselho Deliberativo de

Desenvolvimento Metropolitano; (iii) uma Agência de Desenvolvimento, com caráter técnico

e executivo; (iv) um Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI); e (v) um Fundo de

Desenvolvimento Metropolitano.

3. Diferentes leis complementares aprovadas em 2006 e 2009 expandiram este modelo e

facilitaram sua implementação:

a. A Lei Complementar nº 88/2006 regulamentou a criação e gestão de regiões

metropolitanas e o Fundo de Desenvolvimento Metropolitano;

b. A Lei Complementar nº 89/2006 criou a Região Metropolitana de Belo Horizonte;

c. A Lei Complementar nº 107/2009 criou a Agência da Região Metropolitana de

Belo Horizonte (ARMBH), cuja regulamentação detalhada foi aprovada pelo

Decreto nº 45.083/2009, de 3 de abril de 2009.

4. Em 2011, o Estado de Minas Gerais criou a Secretaria Extraordinária de Gestão

Metropolitana (SEGEM) através da Lei Delegada nº 180/2011, separando os assuntos

metropolitanos da Secretaria de Desenvolvimento Regional e Política Urbana (SEDRU) e

integrando-os à nova Secretaria da ARMBH. Antes de sua criação, entre 2007 e 2011 houve

uma Sub-secretaria de Desenvolvimento Metropolitano dentro da estrutura da SEDRU. A

decisão de criar esta nova instituição demonstra coerência na política metropolitana do

Governo do Estado. De acordo com a Lei Delegada, a SEGEM fica responsável por apoiar a

meta do Estado de estabelecer uma estratégia metropolitana coesa para ajudar a consolidar a

Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH) e facilitar a gestão metropolitana do Vale

do Aço.

5. Em junho de 2011, foi dado um novo passo em termos qualitativos com a aprovação

do Plano Diretor de Desenvolvimento Integrado (PDDI) da RMBH pelo Conselho

Deliberativo de Desenvolvimento Metropolitano da RMBH. Como resultado de um um amplo

processo de consulta com a participação de mais de 3.500 atores envolvidos, o PDDI

constituiu-se em um marco regulatório estratégico para o desenvolvimento territorial da

região metropolitana. O PDDI articulou a região metropolitana de Belo Horizonte, facilitando

a sua transição de um sistema urbano monocêntrico e radial para um policêntrico, criando

novas centralidades na região metropolitana de Belo Horizonte. O plano deve facilitar o

estabelecimento de planos estruturais para sistemas metropolitanos de informação, o

planejamento ambiental (“Belo Horizonte sem Lixões”) e a mobilidade e a criação e/ou

118

fortalecimento de novas centralidades na região metropolitana (“Nova Metrópole”). O PDDI

deve ainda ajudar a modelar os Planos Diretores municipais no sentido de promover um

desenvolvimento metropolitano coerente.

6. Por último, o Comitê de Gestão Territorial da RMBH (CGT RMBH) foi criado por

meio do Decreto nº 45.819/2011, de 16 de dezembro de 2011, fortalecendo a coordenação

intersetorial dentro dos órgãos estaduais e ampliando as competências da antiga “Comissão

Mista”, que desempenha importantes funções proativas no processo de gestão das regiões

metropolitanas. A criação do Comitê de Gestão Territorial da RMBH é um importante passo

dado na direção certa. O Comitê é integrado pelas Secretarias Estaduais de: (i) Planejamento e

Gestão; (ii) Desenvolvimento Econômico; (iii) Transporte e Obras Públicas; (iv) Meio

Ambiente e Desenvolvimento Sustentável; (v) Gestão Metropolitana; e a ARMBH. O Comitê

também inclui a Secretaria de Estado da Casa Civil e Relações Institucionais. As

competências mais amplas concedidas ao CGT da RMBH vão ajudar a fortalecer a

coordenação horizontal em nível estadual.

7. Há três principais desafios que devem ser enfrentados para se alcançar uma

governança metropolitana de sucesso no Estado de Minas Gerais:

a. Melhorar a coordenação no processo de formulação de políticas entre os diferentes

setores em nível estadual. A criação da Secretaria Extraordinária de Gestão

Metropolitana, em 2011, demonstrou a relevância dada pelo Poder Executivo Estadual

às questões metropolitanas. No entanto, a cooperação entre as secretarias precisa ser

melhorada. A criação do Comitê de Gestão Territorial da RMBH, em dezembro de

2011, é um importante passo dado na direção certa.

b. Envolver os governos municipais na política metropolitana. Os municípios têm

representação nos principais arranjos institucionais da RMBH, como a Assembleia de

Desenvolvimento Metropolitano e O Conselho Deliberativo de Desenvolvimento

Metropolitano, mas isso talvez não seja suficiente. A Secretaria Extraordinária de

Gestão Metropolitana e a ARMBH devem empregar todos os esforços necessários para

tornar a governança metropolitana não só uma questão de legalidade, mas também uma

de legitimidade. O processo de elaboração do PDDI, em que os municípios foram

consultados e em que o engajamento da sociedade foi incentivado em nível local na

região metropolitana de Belo Horizonte, é uma boa prática que deve ser seguida. Os

esforços feitos pela ARMBH para cooperar com os governos municipais da RMBH na

elaboração de seus Planos Diretores Municipais, seguindo as orientações do PDDI,

também são um passo na direção certa, já que permitem que as autoridades municipais

identifiquem o PDDI como um instrumento eficaz de planejamento.

c. Engajar a sociedade civil no processo decisório da política metropolitana do estado,

propiciando o sucesso das políticas implementadas no nível metropolitano e garantindo

sua legitimidade. Universidades, associações da sociedade civil, associações

empresariais, sindicatos, câmaras de comércio e outros atores devem ser formalmente

integrados aos diferentes estágios de planejamento urbano. O Governo de Belo

Horizonte deve expandir os espaços de participação para os atores da sociedade civil na

governança metropolitana.

119

ANEXO 9: ANÁLISE DE SUSTENTABILIDADE DA DÍVIDA

A. Finanças públicas em Minas Gerais

1. Desde 2003, Minas Gerais vem implementando reformas para a criação de espaço

fiscal no estado de modo a aumentar o investimento e melhorar a qualidade dos serviços

públicos. Até 2008, esse esforço também implicou uma progressiva consolidação fiscal e a

redução da razão da dívida. Durante esse periodo, o forte crescimento da receita, combinado

com a expansão moderada das despesas correntes, permitiu ao Estado gerar saldos

operacionais e primários robustos, que foram utilizados para aumentar o investimento público

e reduzir o endividamento (Figura A9.1).

Figura A9.1- Variáveis Fiscais do GoMG, 2004-11

Receitas, Impostos e Transferências Despesas com Pessoal, Investimentos e Bens e Serviços

120

B. Perspectiva Fiscal Atual

Receitas

2. As receitas aumentaram de R$ 30,8 bilhões em 2004 para R$ 49,7 bilhões em

2011, o que equivale a 7,1% de crescimento médio anual em termos reais.52

As receitas

aumentaram mais rápido entre 2004 e 2007 (9,1% ao ano) do que no período de 2007 a 2011

(5,6%). A diferença é principalmente devido à crise mundial, mas também para o fato de que

muitos dos ganhos rápidos na administração tributária foram implementadas no primeiro

período.

Tabela A9.1 - Composição de Receitas Corrente de 2004 e 2011

(R$ Bilhões - valores de 2011)

2004 2011 Taxa Média de Crescimento

Valor % Do total Valor % Do total abr/11 jul/11 abr/07

Receita Corrente 30.816,5 100,0% 49.728,0 100,0% 7,1% 5,6% 9,1%

Receita Tributária 21.794,5 70,7% 35.019,9 70,4% 7,0% 5,6% 8,9%

Imposto 20.995,1 68,1% 33.493,5 67,4% 6,9% 5,6% 8,7%

ICMS 18.526,6 60,1% 28.795,4 57,9% 6,5% 5,1% 8,3%

IPVA 1.335,1 4,3% 2.629,3 5,3% 10,2% 7,5% 13,9%

ITCMD 70,2 0,2% 408,5 0,8% 28,6% 27,1% 30,6%

Taxas 799,5 2,6% 1.526,4 3,1% 9,7% 7,1% 13,2%

Contribuições Sociais 2.571,0 8,3% 3.528,1 7,1% 4,6% 2,4% 7,7%

Receitas com Propriedades 604,7 2,0% 2.646,1 5,3% 23,5% 7,5% 48,6%

Receitas de Atividades Agropecuária, Industrial e de Serviços

558,2 1,8% 905,4 1,8% 4,7% 7,6% 1,8%

Transferências Correntes 4.276,3 13,9% 6.143,0 12,4% 6,1% 5,7% 6,5%

Outras Receitas Correntes 1.011,7 3,3% 1.485,4 3,0% 5,6% 13,4% -3,9%

3. O aumento das receitas se deveu a uma combinação de forte atividade econômica

e das iniciativas para melhorar a eficiência na arrecadação de impostos. Como

porcentagem do PIB estadual, as receitas fiscais aumentaram de 7,8% em 2004 para 9,7% em

201053

. A mais importante fonte de receitas é o ICMS, um imposto sobre valor agregado que

representou 57,9% das receitas correntes em 2011. De 2004 a 2011, as receitas do ICMS

aumentaram, em média, 6,5% ao ano. O recolhimento de ICMS se distribui da seguinte

maneira: indústria (52,7%), comércio (21,2%) e serviços (25,7%). Além disso, entre 2008 e

2010 as receitas de ICMS foram alavancadas por uma anistia fiscal especial que arrecadou

R$ 286 milhões e R$ 700 milhões, respectivamente, do pagamento de impostos atrasados, o

que também explica o aumento anual de 26% no item Outras Receitas Correntes de 2007 a

2010.

4. Em 2009, Minas Gerais foi o estado com a menor arrecadação de ICMS do

Brasil. Na comparação com o ano anterior, a arrecadação de ICMS registrou queda de 6,9%.

52

Ao longo deste texto, salvo indicação em contrário, os números são expressos em valores constantes de 2011 e

todas as taxas de crescimento estarão em termos reais. Os valores das receitas também foram ajustados de

maneira que levassem em consideração o aumento das contribuições do FUNDEB e dos repasses, bem como

suas regras contabilizarias e a reclassificação das contribuições sociais, garantindo compatibilidade ao longo do

período. 53

Os dados do PIB estadual de 2011 ainda não foram divulgados.

121

Os efeitos da crise foram mais acentuados em Minas Gerais devido à sua estrutura econômica,

na qual as atividades de extração de minério e a indústria metalúrgica têm mais peso do que

no resto do Brasil. Como resultado, as receitas provenientes do ICMS em setores como

atividades extrativistas e metalurgia de ferrosos caíram, respectivamente, para 58,8% e 45%.

Quadro A9.1 - Práticas de Administração Tributária em Minas Gerais

A Subsecretaria da Receita Estadual ( SRE) de Minas Gerais tem implementado diversas inovações

que lhe permitiram expandir a arrecadação de impostos em níveis acima do crescimento da atividade

econômica. A SRE opera dentro de uma estrutura de planejamento estratégico, elaborando diretrizes

plurianuais que, em última instância, se traduzem em planos operacionais anuais. Além disso, a SRE

gera relatórios regulares sobre a implementação da estratégia e os resultados alcançados. A mesma

também emprega técnicas de gestão baseada em resultados e remuneração baseada em desempenho.

Metas de receita são acordadas entre o Governador e o Secretário de Finanças e então repassadas para

todas as subdivisões da SRE. Também são acordadas metas específicas de resultados de fiscalizações

tributárias. A combinação de uma unidade para grandes contribuintes e de unidades setoriais permitiu

à SRE acompanhar de perto a contabilidade dos contribuintes que representam 85% das receitas do

ICMS. Entre seus próximos passos, a SRE investirá pesado em software de análise que a ajudará a

automatizar diversas rotinas de cruzamento de dados e melhorar a precisão de suas estimativas de

receitas, tanto agregadas quanto por empresa.

Quanto às estimativas de receitas fiscais, a SRE avalia cerca de 200 diferentes modelos e

especificações econométricas. As estimativas são feitas de maneira agregada, mas uma abordagem

“bottom-up” (de baixo para cima) será iniciada em breve. Além dessas estimativas se inclui um

componente de esforço fiscal para obter a chamada “supermeta”, que serve como a meta de resultados

acordada. Segundo suas estimativas, há uma correlação direta de quase 100% entre a inflação medida

pelo IPCA e as receitas fiscais do Estado. A relação entre as receitas fiscais e o crescimento do PIB é

estimada como positiva, da ordem de 75%. Desvalorizações de moeda tendem a impactar direta e

positivamente as receitas do Estado devido ao ICMS cobrado sobre as importações. Por fim, a cotação

do petróleo também tende a aumentar a arrecadação, especialmente quando a Petrobras repassa

aumentos de preços para os consumidores.

5. Os principais repasses recebidos pelo Estado vem do Fundo de Participação dos

Estados (FPE) e das dotações orçamentárias para as áreas de saúde e educação54

. O

montante dos repasses para o setor da educação cresceram durante todo o período analisado,

enquanto os outros repasses principais caíram entre 2008 e 2009 devido à crise. Na verdade, o

FPE só voltou ao seu nível pré-crise em 2011. O FPE e o IPI caíram não só devido à retração

da atividade econômica, mas também devido aos incentivos fiscais concedidos pelo governo

federal para minimizar os efeitos decorrentes da crise econômica mundial. Repasses de

Compensações Financeiras advieram de royalties de petróleo, mineração e atividades

relacionadas à geração de energia hidrelétrica. Estes representaram 5,2% de todos os repasses

54

Os repasses do FUNDEB foram excluídos da receita do Governo para evitar dupla contagem. O FUNDEB se

destina a financiar a educação básica, e seus recursos vêm dos governos estaduais e municipais. O governo

federal também contribui para o fundo no caso dos estados que não cumprem com o nível mínimo de gastos por

aluno definido por lei. Em 2011, o GoMG contribuiu com R$ 5,4 bilhões e recebeu R$ 4,9 bilhões, com uma

perda líquida de R$ 476 milhões.

122

em 2011, o maior nível desde 2007, recuperando as quedas em atividades de mineração e do

preço das commodities baseadas em metais, enfrentadas durante a crise.

6. Outros destaques na área de receitas incluem o aumento das receitas com

propriedades e taxas. O principal fator por trás do aumento das receitas patrimoniais são os

dividendos recebidos pelo governo das empresas estatais, que cresceram de R$ 208,6 milhões

em 2004 para R$ 1.054,2 milhões em 2010, caindo ligeiramente para R$ 820 milhões em

2011. O maior ativo do governo é a companhia energética CEMIG55

, mas os dividendos da

COPASA e da CODEMIG também são consideráveis. As receitas patrimoniais também são

influenciadas por receitas extraordinárias, como a venda do direito de fazer os pagamentos da

folha de pagamento para o Banco do Brasil entre 2007 e 2009 e em 2011. Receitas advindas

de taxas, por outro lado, cresceram lideradas pelas taxas judiciais, devido a uma melhor

execução de cobranças.

Gastos

7. As despesas totais aumentaram de R$ 31,1 bilhões em 2004 para 50,8 bilhões em

2011, o que equivale a uma taxa anual média real de 7,3%. A participação das despesas

correntes nas despesas totais diminuiu ligeiramente durante o período, de 91% para 88,9%,

em função do objetivo político específico de aumentar o espaço fiscal para investimentos.

Assim como ocorreu no caso das receitas, as despesas aumentaram mais rapidamente no

periodo de 2004 a 2007 (9% ao ano) do que no periodo de 2007 a 2011 (6% ao ano).

8. O pagamento de juros subiu de R$ 2 bilhões em 2004 para R$ 2,6 bilhões em

2011, um aumento de 30,7%. O pagamento de juros cresceu menos do que o resto das

despesas devido à restrição de endividamento imposta pela CRC-CEMIG, pela Lei nº

9.496/97 e pelo relativamente baixo volume de novos empréstimos. Por último, apesar do

volume de pagamentos da dívida, o peso do pagamento de juros caiu de 6,9% das despesas

correntes em 2004 para 5,7% em 2011. O endividamento total, no entanto, se manteve no

mesmo nível porque a queda do pagamento de juros foi alcançada pelo aumento das

amortizações.

Tabela A9.2 - Composição das despesas - 2004 e 2011

(R$ milhões - valores de 2011) 2004 2011 Taxa Média de Crescimento

(%)

Valor % Valor % 2011/04 2011/07 2007/04

Despesas de Pessoal 16,4 52,7 26,3 51,8 7,0 7,7 6,0

Servidores Públicos na

Ativa

7,7 24,7 12,6 24,7 7,2 6,6 8,1

Aposentados e

Pensionistas

6,4 20,7 9,2 18,1 5,2 6,0 4,1

Terceirizados 0,3 0,9 0,7 1,4 13,3 11,6 15,6

Outros 2,0 6,4 3,9 7,6 10,1 16,6 1,9

Pagamentos da Dívida 2,6 8,3 4,2 8,3 7,2 6,8 7,7

Repasses aos municípios 5,6 18,1 8,9 17,6 6,8 5,6 8,6

Bens e Serviços 4,3 13,9 7,4 14,5 7,9 6,2 10,2

Investimentos 2,2 7,0 4,0 7,9 9,0 -3.1 27,5

TOTAL 31,1 100,0 50,8 100,0 7,3 6,0 9,0

55

Os dividendos da CEMIG estão integralmente contabilizados nas contas do governo, apesar de 65% destes

estarem vinculados ao pagamento da dívida do governo com a Companhia.

123

9. A evolução da despesa com pessoal apresentou um padrão diferente das outras

despesas. Durante o período de 2004 a 2011, a despesa com pessoal cresceu na mesma

proporção que a receita, e um pouco menos que a despesa total. No entanto, houve variações

significativas durante o período. De 2003 a 2005, o GoMG limitou os aumentos salariais para

respeitar o teto de despesa com pessoal estabelecido pela LRF (equivalente a 60% da receita

líquida). De 2006 a 2008, o peso da folha aumentou significativamente. A taxa média anual

de crescimento real no período foi de 11,7%, devido em parte à introdução da gestão por

resultados. O aumento dos salários foi interrompido em 2009 devido à queda na arrecadação

mas foi retomado em 2010, quando a pressão do funcionalismo se somou a exigências

federais adicionais (incluindo, em particular, a instituição de um salário mínimo nacional para

os professores), à competição salarial nacional no setor público em uma economia dinâmica

(particularmente para a polícia e outros setores de segurança) e ao período eleitoral.

10. A despesa com investimentos aumentou de forma contínua de 2004 a 2008. Em

2004, o GoMG investiu apenas R$ 2,2 bilhões56

, o equivalente a 9,5% da receita corrente

líquida (RCL). Este número atingiu um pico de 15% em 2008, antes de cair para 8,9% em

2011, como reflexo da estratégia do Governo de aumentar o espaço fiscal para investimentos,

especialmente em estradas, saúde e educação. A queda do investimento em 2009 e 2010 foi

uma resposta à queda da arrecadação e à crescente pressão das despesas correntes,

particularmente dos gastos com pessoal.

Resultados Fiscais

11. O Estado de Minas Gerais alcançou resultados fiscais impressionantes, em boa

parte graças ao rápido aumento da receita. As finanças do estado passaram a estar em

conformidade com a LRF. Além da redução da dívida, o saldo operacional bruto cresceu de

R$ 2,5 bilhões em 2004 (15,2% da RCL) para R$ 6,4 bilhões em 2008 (21,9% da RCL). O

saldo primário manteve-se positivo ao longo do período, em média 12,9% da RCL. Essa

mudança permitiu maiores investimentos até 2008. No mesmo periodo, a despesa com pessoal

como porcentagem da RCL caiu de 58,2 para 52,2 entre 2004 e 2005, após o qual apresentou

uma tendência de alta até atingir 58% 57

em 2011. Ter atingido a meta relativa ao limite de

endividamento imposto pela LRF foi o que permitiu ao GoMG começar a tomar empréstimos

novamente a partir de 2006, para auxiliar no custeio de novos investimentos. Além disso, o

Estado tem conseguido cumprir a maioria das metas fiscais definidas nos Programas de Ajuste

Fiscal (PAF)58

. Embora os indicadores do PAF sejam substancialmente similares aos da Lei

de Responsabilidade Fiscal, suas definições são às vezes um pouco diferentes. 59

.

Adicionalmente, além de metas de pagamento de pessoal e de endividamento, o PAF inclui

metas para o superávit primário, arrecadação de receitas e despesas com investimento. Minas

Gerais concluiu a sexta reavaliação no âmbito do Contrato de Renegociação da Dívida de

1998, e desde 2004 tem alcançado a maioria das metas fixadas nos PAFs.

12. Contudo, alguns dos ganhos anteriores foram parcialmente revertidos devido aos

efeitos da crise. Em 2010, a taxa de endividamento atingiu 182,2% da RCL, enquanto a folha

56

Incluindo investimentos físicos e financeiros. 57

Os dados foram informados conforme publicados pelo Governo nos relatórios da LRF até 2010. Em 2011, o

Governo informou um valor de 47,6% devido a uma revisão da metodologia. De acordo com a metodologia

anterior, para fins de comparação a razão entre folha de pagamento e RCL atinge 58%. 58

O PAF é um plano fiscal trianual permanente negociado com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) e faz

parte do acordo de renegociação da dívida contraído em 1997. 59

Por exemplo, enquanto em 2011 a razão entre despesas com pessoal e receita corrente foi de 63% de acordo

com os critérios do PAF, na definição da LRF esse valor foi de apenas 58%.

124

de pagamento representou 57,7% da mesma. O saldo primário ficou em média em 7,2% da

RCL de 2009 a 2011, um índice inferior ao do período anterior, mas ainda suficiente para

cobrir o pagamento de juros. O revés enfrentado pelo estado em 2008 e 2009 deu uma

amostra da sua sensibilidade à quedas na arrecadação, mas também demonstrou sua

capacidade de responder, por exemplo, restringindo o crescimento de salários em 2009.

Tabela A9.3 - Demonstrações financeiras do Governo do Estado de Minas Gerais: 2004-2011

(em bilhões de reais - valores constantes de 2011) 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011

I. RECEITA 33,2 36,4 39,3 43,2 50,1 48,0 52,7 55,3

Ib. RECEITA (excluído o FUNDEB) 31,2 34,1 37,0 40,2 46,2 44,0 48,2 50,4

Impostos 21,8 23,9 25,7 28,1 31,8 30,0 33,9 35,0

Contribuições Sociais 2,6 2,6 3,0 3,2 3,2 3,3 3,4 3,5

Repasses 6,7 7,2 7,7 8,4 10,4 10,3 11,1 11,7

Outras Receitas Correntes 2,2 2,7 3,0 3,5 4,8 4,5 4,3 5,0

II. DESPESA 28,6 30,0 32,7 35,5 39,8 38,7 43,1 45,7

Remuneração dos servidores 16,4 16,7 18,1 19,5 21,6 21,8 24,4 26,3

Pagamento de juros 2,0 2,2 2,5 2,7 3,0 2,5 2,4 2,6

Outras Despesas Correntes 10,3 11,1 12,1 13,3 15,3 14,5 16,3 16,8

Repasses aos municípios 5,9 6,5 6,9 7,5 8,5 7,9 9,2 9,4

Bens e Serviços 4,3 4,6 5,2 5,8 6,8 6,6 7,1 7,4

III. SALDO OPERACIONAL BRUTO (Ib - II) 2,5 4,1 4,4 4,8 6,4 5,2 5,1 4,7

% da RCL 15,2 20,9 19,8 20,0 21,9 18,0 15,4 12,6

IV. TRANSAÇÕES COM ATIVOS NÃO

FINANCEIROS

2,2 3,7 4,4 4,5 6,1 5,4 5,2 4,0

V. EMPRÉSTIMO / ENDIVIDAMENTO

LÍQUIDO (III - IV)

0,3 0,4 0,0 0,2 0,3 -0.2 -0,1 0,7

VI. SALDO PRIMÁRIO (V + Juros Líquidos) 2,3 2,7 2,5 3,0 3,7 2,2 2,3 2,7

% da RCL 13,8 13,9 11,3 12,7 12,7 7,6 6,8 7,3

VII. TRANSAÇÕES COM ATIVOS NÃO

FINANCEIROS

-0.1 0,0 0,2 0,2 0,6 0,8 1,0 -0.6

VIII. SALDO GLOBAL (VI + VII) 2,2 2,7 2,7 3,2 4,4 3,0 3,2 2,0

Memo Items:

Receita Corrente Líquida (RCL) 16,7 19,6 22,1 23,8 29,2 29,1 33,2 37,3

Investimento Não Financeiro / RCL 9,5 13,9 15,8 14,7 15,0 13,8 12,8 8,9

Dívida / RCL 224,5 203,1 189,1 187,8 175,4 179,5 182,2 181,8

13. Em resumo, de 2004 a 2008 Minas Gerais consolidou as ações de ajuste fiscal

iniciadas em 2003. O Estado manteve saldos operacionais brutos e superávits primários

substanciais, graças aos quais o governo conseguiu reduzir significativamente o seu

endividamento, cumprir com a Lei de Responsabilidade Fiscal e alcançar a maioria das metas

estabelecidas menos parte dos Programas de Ajuste Fiscal acordados com o governo Federal.

Mais importante, a consolidação fiscal permitiu ao GoMG expandir o investimento e restaurar

sua capacidade de promover o crescimento e melhorar o fornecimento de bens e serviços

públicos. Em 2009 e 2010, os efeitos combinados da desaceleração do crescimento e do

aumento salarial no setor público reverteram alguns dos ganhos anteriores, mas mesmo assim

o Governo mostrou a sua capacidade de resposta.

Estrutura da Dívida

14. Apesar de ter piorado um pouco durante a crise, o grau de endividamento de

Minas Gerais vem diminuindo desde 2004. A relação dívida consolidada líquida (DCL) /

receita corrente líquida (RCL), um indicador monitorado pela LRF, caiu de 224,5% em 2004

125

para 175,4 em 2008. A desaceleração das receitas devido à crise levou a taxa de

endividamento relativa a aumentar para 182,2% no final de 2010. No entanto, em dezembro

de 2011 a relação DCL/RCL havia baixado para 181,8%.

15. O Governo Federal é o maior credor do estado, respondendo por 88% da dívida

do estado. Isso se deve ao resgate da dívida que o Governo Federal promoveu com todos os

estados em 1997 (Lei nº 9.496/97), quando assumiu boa parte das dívidas estatais e concedeu

a Minas Gerais um prazo de pagamento de 30 anos, com uma taxa real de juros de 6% a 7,5%

e indexação pelo índice geral de preços (IGP-DI), e estabeleceu um teto de 13% da receita

líquida real (RLR) para o serviço da dívida. Outra grande dívida contraída pelo Estado é com

a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais), que responde por 8% do estoque total da

dívida. Apenas 4% de sua dívida é com credores estrangeiros – instituições multilaterais e

agências governamentais estrangeiras.

16. 94% da dívida estão indexados a índices de preços e tem taxas de juros fixas. O

restante é indexado ao dólar e ao iene (contratos externos) ou ao índice da poupança (TR) e à

Taxa de Juros de Longo Prazo (TJLP). Com exceção de alguns contratos externos vinculados

à taxa LIBOR, todos os outros contratos de dívida têm taxas de juros fixas. No entanto, as

taxas de juros reais podem chegar a 8,2%, como no caso da dívida com a CEMIG.

17. O GoMG vai gastar cerca de 15% de sua RLR anual com o pagamento da sua

dívida até 2027. Depois disso, prevê-se que o endividamento deva diminuir

significativamente para a casa de 4% a 5% até 2035. No entanto, em 2035 o GoMG poderá ter

que honrar o pagamento de uma enorme parcela da dívida da CEMIG caso esta não seja

refinanciada.

Tabela A9.4: Estrutura da dívida do Estado do Minas Gerais, R$ milhões 2007 2008 2009 2010 2011

Dívida Consolidada - DC (I) 52.149 60.121 58.967 67.813 74.423

Dívida Contratual 48.960 55.993 56.406 64.476 69.230

Interna 48.398 54.751 54.561 61.409 65.614

Governo Federal - Lei nº 9.496/97 43.147 48.888 48.759 54.844 58.627

Governo Federal - Leis 7.976/89 e 8727/93 1.460 1.443 1.095 911 754

CRC/CEMIG 3.661 4.191 4.329 5.070 5.580

Externa 562 1.242 1.845 3.067 3.616

Precatórios 1.536 1.419 1.147 2.045 2.747

Outras Dívidas 1.652 2.710 1.415 1.292 2.445

Deduções (II) 7.456 8.560 6.711 7.313 6.643

Disponibilidade Bruta de Caixa 4.224 4.939 3.567 3.449 3.672

Outros Recebíveis Financeiros 6.093 5.107 4.507 5.358 5.141

(-) Restos a pagar 2.861 1.486 1.364 1.493 2.170

Dívida Consolidada Líquida (DCL) (III) = (I - II) 44.693 51.561 52.257 60.499 67.780

Receita Corrente Líquida- RCL 23.804 29.242 29.118 33.179 37.284

DCL / RCL (%) 187,8 176,3 179,5 182,3 181,8

C. Perspectivas Fiscais

18. O GoMG projeta suas receitas e despesas com base nas previsões

macroeconômicas constantes da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do Governo

Federal. Para 2011, a expansão do PIB foi projetada em 4,5%, enquanto para 2012 estima-se

um crescimento de 5%. O Brasil cresceu exatos 2,7% em 2011. Da mesma forma, espera-se

que o crescimento do PIB em 2012 seja de 2,5%, no máximo. Espera-se, portanto, que tanto o

Governo Federal quanto o Governo Estadual ajustem suas projeções de crescimento na

próxima LDO.

126

19. No final de 2011 foram implementadas várias alterações na legislação que devem

afetar as estimativas de receita de 2012 em diante. A Assembléia Legislativa de Minas

Gerais aprovou oito propostas de Lei do Executivo que mudarão a legislação tributária e os

tributos cobrados pelo GoMG. A título de exemplo, tais leis criaram um novo tributo sobre as

atividades de mineração e um adicional de 2% na alíquota do ICMS que incide sobre bebidas

alcoólicas e cigarros, acompanhada de uma redução na alíquota de outros itens, como etanol e

insumos para a construção civil. Outra lei mudou a contribuição do Estado para o plano de

aposentadoria dos servidores públicos. O efeito líquido esperado dessas mudanças é um

aumento de R$ 1,1 bilhão na receita de 2012.

Tabela A9.5 - Impactos estimados de mudanças na legislação da receita

Ato Legal Descrição Impacto (R$

Milhões - anual)

Lei 19.970/2011 Melhora a cobrança do ICMS sobre a energia vendida nos mercados grossistas

30,0

Lei 19.976/2011 Institui nova taxa sobre atividades de mineração

361,0

Lei 19.978/2011 Altera alíquotas do ICMS para charutos, munição, bebidas alcoólicas e outros itens

226,0

Lei 19.989/2011 Reduz alíquota do ICMS sobre o etanol -65,0

Lei 19.999/2011 Cria novas taxas e atualiza valores para as taxas existentes do Departamento de Trânsito

59,0

Decreto 45.728/2011 Aumenta alíquotas do ICMS sobre o óleo diesel

463,0

TOTAL 1074,0

20. Do lado da despesa, o maior problema a médio prazo é o gasto com a folha de

pagamento. A pressão deve vir sobretudo das áreas de educação e segurança pública. Na

educação, haverá novas contratações para substituir professores substitutos. O piso salarial

nacional para os professores tem aumento anual instituído por lei60

. De 2011 a 2012, por

exemplo, o aumento foi de 22,2% em termos nominais. Na área da segurança pública, o

governo aprovou vários aumentos salariais até 2015. De modo geral, o orçamento vai

incorporar um adicional de R$ 2 bilhões em 2012, enquanto a despesa adicional total no

período de 2012 a 2015 será de R$ 12,4 bilhões (veja tabela A9.6).

60

O salário mínimo aumenta na mesma proporção do gasto mínimo por aluno no FUNDEB. O Congresso

Nacional está apreciando projeto de lei que propõe o ajuste do salário mínimo pelo índice de inflação (INPC).

127

Tabela A9.6 - Aumentos Salariais Concedidos pelo GoMG: 2010-2015

Ato Legal Descrição Impacto (R$ Milhões - anual)

2010 2011 2012 2013 2014 2015

Lei 18.802/10

Aumento de 10% para diversas carreiras 163,9

Aumento de 15% para policiais, bombeiros e agentes penitenciários

685,9

Aumento de 10% e incorporação de bônus para médicos

23,5

Aumento de 10% e instituição do salário mínimo do professor de R$ 935

569,5

Realinhamento salarial para o pessoal administrativo da educação

81,0

Lei 18.798/10

Aumento de 15% para procuradores estaduais

5,6

Lei 18.975/10

Aumento de 5% para todos os servidores da educação e instituição do modelo de "subsídio"

1.060,0

Aumentos salariais para o pessoal administrativo da universidade

5,2

Lei 19.837/11

Implementação integral do modelo de subsídio e aumentos salariais para os servidores da polícia militar

828,8 1.320,0 1.720,0 2.110,0

Lei 18.801/11

Aumento de 45% para advogados do serviço público

ND ND

Lei 19.973/11

Benefícios concedidos para o pessoal técnico da saúde

2,7

Equaliza os salários dos agentes penitenciários com os da polícia militar

5,2 34,8 79,5 141,8

Aumento de 5% para diversas carreiras (outubro de 2011)

132,9

Aumento de 5% para diversas carreiras (abril de 2011)

91,6 45,8

Definição de salário mínimo para todos os funcionários públicos

24,2

Lei 19.576/11

Aumento de 100,7% para policiais, bombeiros e agentes penitenciários

199,3 910,1 952,2 2.570,9 1.428,3

TOTAL 1.529,4 1.264,5 1.995,5 2.352,8 4.370,4 3.680,1

21. Outros impactos de médio prazo sobre o orçamento virão das Parcerias Público-

Privadas (PPP) que entrarão em operação. Atualmente o Estado de Minas Gerais tem

apenas quatro PPPs contratadas, das quais apenas três em operação, o que demandará o

pagamento de R$ 81,8 milhões em 2012. No entanto, devido à intensificação dos atuais

contratos e a entrada em operação do quarto contrato, os pagamentos aumentarão para

R$ 286,6 milhões em 2013.

22. Outras pressões sobre as despesas estão sendo acomodadas de acordo com a

disponibilidade do orçamento. Essas despesas englobam novas instalações prisionais, tanto

para infratores juvenis como adultos, a implementação do”Piso Mineiro”, escolas de formação

técnica e profissional e seis universidades privadas, previstas para ser incorporadas à

128

Universidade Estadual. No geral, o crescimento das despesas correntes varia de 8 a 10% ao

ano, exceto para despesas nas áreas de saúde e educação, que aumentam de acordo com as

receitas vinculadas.

Riscos Fiscais

23. Além de mudanças nas premissas macroeconômicas aplicadas às estimativas

orçamentárias, a receita de Minas Gerais pode ser afetada pelas grandes reformas

institucionais que vem sendo discutidas na esfera federal. A primeira delas é a reforma

fiscal que vem sendo negociada, que afetará sobretudo as regras do ICMS. A redução da

alíquota do ICMS interestadual pode levar o Estado a perder até R$ 810 milhões ao ano. A

fim de compensar esta perda, o Estado propõe reintroduzir a tributação do ICMS sobre

exportações de bens não-renováveis, como minério de ferro, que poderia representar de R$ 1

bilhão a R$ 1,6 bilhão em receitas adicionais. Outras reformas incluem mudanças nos

pagamentos feitos pelas mineradoras ao Governo Federal, que são redistribuídos entre os

governos subnacionais, e mudanças na distribuição do Fundo de Participação dos Estados

(FPE)61

, devido a uma decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou a

inconstitucionalidade das regras atuais. A mudança nas regras deve levar a uma desaceleração

no crescimento nominal dos repasses do FPE. Finalmente, o Estado espera receber um

adicional de R$ 280 milhões em royalties do pré-sal, caso as novas regras de partilha que

estão transitando no Congresso sejam aprovadas.

24. Do lado das despesa, a aprovação pelo Congresso de um salário mínimo nacional

obrigatório para servidores da área de segurança pública é um risco para a

sustentabilidade fiscal do Estado. A proposta de emenda constitucional (PEC 300) tem

como objetivo estabelecer um salário mínimo nacional para policiais e bombeiros equivalente

aos salários pagos aos servidores do Distrito Federal62

. A discussão tem alimentado um debate

em todo o país sobre os salários dessa categoria, o que provavelmente continuará a pressionar

os salários desse setor.

25. O Estado também tem R$ 12,8 bilhões listados como passivos contingentes, de

acordo com a última LDO. Os passivos são diversos, no entanto 89% deles vêm de

apenas três itens: discussão judicial com o governo federal sobre contribuições

previdenciárias, compensações por desapropriações de terra além das que já foram pagas pelo

Estado e diferenças de salários decorrentes do Plano Real, de 1994. O primeiro já foi

resolvido pelo estado, tornando-se uma dívida de R$ 1,3 bilhões com o Governo Federal a ser

paga em 30 anos. O último está sendo gradualmente examinado pelo GoMG, a solução para o

qual seria a redução dos valores devidos pelo GoMG em até 80% com a inclusão dessa

parcela na dívida de Precatórios.

26. Finalmente, no final de 2011 o Estado de Minas Gerais teve um estoque de R$ 3,7

bilhões em Precatórios. Os Precatórios são ações judiciais movidas contra o Estado nas quais

a sentença tenha sido proferida contra ele (isto é, o GoMG perdeu a ação). Como resultado, o

Estado tem de pagar determinado valor, decidido pelo tribunal, como indenização. O governo

pagou R$ 185 milhões em Precatórios em 2011 e estima-se que irá pagar R$ 409 milhões em

61

O FPE é o maior repasse do Governo Federal para os estados. Ele é composto de 21,5% de receitas do imposto

de renda, tanto de pessoas jurídicas como físicas, e do imposto sobre produtos industrializados (IPI). Em 2011,

Minas Gerais recebeu R$ 2,7 bilhões, o que equivale a 5,2% da receita atual do Estado. Esse valor é

relativamente baixo para o Estado de Minas Gerais, mas pode representar até 35% nos estados mais pobres,

como Alagoas. 62

Os salários dos policiais e bombeiros do Distrito Federal são definidos pelo Congresso Nacional e pagos com

fundos repassados do Governo Federal, como deteminado pela Constituição.

129

2012. O Estado vem conduzindo negociações diretas com seus credores para amortizar parte

das dívidas com impostos atrasados e também para obter descontos para pagamentos diretos.

De acordo com a legislação em vigor, o Estado quitará suas dívidas com Precatórios até 2024,

porém estimativas recentes sugerem que tal dívida poderá ser quitada inclusive antes disso.

Projeções Fiscais

27. Com base nos pressupostos econômicos e fiscais descritos nos parágrafos

anteriores, foi construído um cenário de base para o desempenho fiscal até 2015. Os

cenários baseiam-se em um crescimento médio do PIB de 3,6% e em uma inflação de 4,9% ao

ano, entre 2012 e 2015. As alterações previstas nas receitas e salários causadas pela legislação

já aprovada (ver A9.5 e A9.6) também estão incluídas. A Tabela A9.7 detalha o conjunto

completo de pressupostos em que se baseou a projeção da linha de base. No cenário-base, as

receitas aumentam 9,8% em média de 2011 a 2015, enquanto o aumento das despesas no

mesmo período ficou em 10,8%.

Tabela A9.7 - Linha de base de projeções fiscais. Pressupostos Pressupostos

I. RECEITAS

ICMS Crescimento do PIB e inflação + 654 milhões em 2012 devido a mudanças na legislação + fator de crescimento da arrecadação (2013-15)

IPVA Crescimento do PIB e inflação

ITCMD Crescimento do PIB e inflação - 80 milhões em 2012 devido à receitas não-recorrentes em 2011

IRRF Aumentos no mesmo ritmo que a taxa de crescimento dos salários pagos aos empregados

Taxas Crescimento do PIB e inflação + 329,8 milhões em 2012 e 90,2 milhões em 2013 devido à mudanças na legislação

Contribuições Sociais Crescimento do PIB e inflação + 200 milhões em 2012 devido a alterações nas contribuições para o

IPSEMG Transferências Correntes Crescimento do PIB e inflação

Transferências de Capital Estimativas do governo de acordo com a LDO (até 2014) e crescimento do PIB e inflação (2015)

Receitas com Juros Média 2008-2011 ajustada pelo aumento da inflação

Receitas de Ativos Não-Financeiros Crescimento do PIB e inflação - 775 milhões em 2012 (venda da folha de pagamento para o Banco

do Brasil)

Outras Receitas Correntes Crescimento do PIB e inflação

II. DESPESA

Remuneração dos servidores Aumenta em montantes previstos pelo governo para os itens principais e com o crescimento do PIB

e da inflação (fator de menor redução) para o restante

Pagamento de juros Imputada por exercício de sustentabilidade da dívida + pagamentos da dívida do INSS

Repasses aos municípios Aumenta com a mesma taxa de crescimento das receitas fiscais

Serviços Contratados (Terceiros) Crescimento do PIB e inflação + pagamentos de PPPs contratadas

Outros Bens e Serviços Crescimento do PIB e inflação + projeção do governo para Precatórios + fator de redução em 2014 e 2015

IV. TRANSAÇÕES COM ATIVOS

NÃO FINANCEIROS

Investimento em Ativos Não Financeiros Estimativas do governo de acordo com a LDO (2012 e 2013) e crescimento do PIB e inflação +

fator de crescimento (2014 e 2015)

Investimento em Ativos Financeiros Estimativas do governo de acordo com a LDO (2012 e 2013) e crescimento do PIB e inflação + fator de crescimento (2014 e 2015)

Concessões de empréstimos Estimativas do governo de acordo com a LDO

VII. TRANSAÇÕES EM ATIVOS E PASSIVOS FINANCEIROS

Novos Empréstimos Estimativas do governo de acordo com o PAF (2012-2013) e soma de empréstimos líquidos + amortização líquida

Amortizações, líquido Estimativa fornecida pelo governo durante a última missão

Amortizações recebidas Estimativas do governo de acordo com a LDO

Amortizações pagas Imputada por exercício de sustentabilidade da dívida + pagamentos da dívida do INSS

Vendas de ativos Estimativas do governo de acordo com a LDO

130

28. Apesar das medidas tomadas pelo governo para aumentar as receitas, as

projeções mostram que será necessário ter cautela com os planos de investimento. O

aumento maior da despesa deve ocasionar uma leve queda no saldo operacional bruto (em

relação à RCL), especialmente em 2014 e 2015, após a incorporação na base tributária das

medidas para aumentar a receita. O saldo primário também apresenta uma tendência

semelhante. Para manter a tendência de queda da relação dívida/receita, o investimento terá

que ser limitado a menos de 8% da RCL entre 2012 e 2015, em comparação com a média de

13% no período de 2004 e 2011.

29. Além dos riscos de queda na receita destacados acima, também existem

perspectivas positivas. Entre elas está o aumento na receita do ICMS arrecadado de novas

empresas que já assinaram acordos com o Governo para expandir suas operações ou iniciar

novas operações no estado63

. Tais receitas não foram incluídas no cenário de linha de base, já

que dependem da concretização de investimentos que ainda são incertos. Finalmente, o

governo está propondo refinanciar o débito da Conta de Compensação CRC/CEMIG (veja

abaixo), que implicará em receitas extraordinárias de dividendos pagos pela Cemig ao Estado,

no montante de R$ 281 milhões em 2013, e uma redução dos pagamentos de juros de 2013 a

2015. Esses efeitos positivos poderão ter como efeito combinado um crescimento anual da

receita de 11,4%, superando assim o crescimento anual da despesa de 11,2%.

Tabela A9.8 - Projeções da Linha de Base das Demonstrações Financeiras de Minas Gerais:

2012-2015 (em bilhões de reais) 2011 2012 2013 2014 2015

I. Receita 55,3 59,2 65,2 71,7 78,6

Ib. Receita (excluído o FUNDEB) 50,4 53,9 59,4 65,4 71,7

Impostos 35,0 38,6 42,6 47,0 51,7

Contribuições Sociais 3,5 4,0 4,5 5,0 5,5

Repasses 11,7 12,2 13,3 14,5 15,8

Outras Receitas Correntes 5,0 4,4 4,8 5,2 5,6

II. Despesa 45,7 49,7 54,7 61,6 68,1

Remuneração dos servidores 26,3 28,6 31,3 36,1 40,1

Pagamento de juros 2,6 2,8 3,0 3,3 3,6

Outras Despesas Correntes 16,8 18,3 20,3 22,2 24,3

Repasses aos municípios 9,4 10,3 11,4 12,5 13,7

Bens e Serviços 7,4 8,0 9,0 9,7 10,6

III. Saldo Operacional Bruto (Ib - II) 4,7 4,2 4,7 3,8 3,7

% da RCL 12,6 10,2 10,4 7,7 6,7

IV. Transações com Ativos não Financeiros 4,0 4,6 5,0 5,5 6,1

V. Empréstimo / Endividamento Líquido (III -

IV)

0,7 -0.4 -0.3 -1.7 -2.5

VI. Saldo Primário (V + Juros Líquidos) 2,7 2,2 2,4 1,2 0,8

% da RCL 7,3 5,2 5,4 2,5 1,5

VII. Transações com Ativos não Financeiros -0.6 0,2 0,1 1,9 2,6

VIII. Saldo Global (VI + VII) 2,0 2,2 2,3 3,0 3,3

Memo Items:

Receita Corrente Líquida (RCL) 37,3 41,2 45,3 49,9 54,6

Investimento Não Financeiro / RCL 8,9 7,6 7,3 7,4 7,5

Dívida Consolidada Líquida / RCL 181,8 177,7 164,6 155,9 146,1

63

As receitas incluíram os montantes de R$ 793,2 milhões em 2012, R$ 930,5 milhões em 2013, R$ 1.083,3

milhões em 2014 e R$ 1.135,8 milhões em 2015. Os dados foram fornecidos pelo Governo.

131

30. O GoMG está estruturado adequadamente do ponto de vista macroeconômico. O

Governo de Minas tem demonstrado um claro compromisso com uma gestão fiscal prudente.

A recente deterioração é resultado da crise econômica mundial e das pressões políticas

nacionais sobre os salários. O GoMG reconhece que no curto prazo a despesa com pessoal

deve aumentar a um ritmo pouco prudente. No entanto, vem tomando medidas para aumentar

a receita e compromete-se a tomar mais medidas caso seja necessário. Mantendo um

crescimento moderado dos investimentos, o Estado será capaz de manter sua taxa de

endividamento em declínio e cumprir suas obrigações no âmbito da LRF. Na verdade, mesmo

com os compromissos legais existentes que influem nos salários, com o quadro de políticas

atuais é possível reduzir a dívida para 140% da receita corrente líquida (de seu nível atual de

mais de 180%). No entanto, as projeções indicam a importância de manter a despesa com

pessoal sob controle, uma vez que os compromissos legais tenham sido honrados.

31. Os arranjos fiscais entre o Governos do Estado e os Governos Federal e

Municipais também são considerados adequados, já que as transferências líquidas

devem se manter estáveis no médio prazo. Os repasses são o resultado de um sistema

baseado em regras estáveis, o que significa que as transferências líquidas devem continuar

acompanhando as receitas como um todo.

Sustentabilidade da Dívida em Minas Gerais

32. As estratégias projetadas para equacionar as questões fiscais e a dívida em Minas

Gerais são consideradas sustentáveis no médio prazo. As projeções da linha de base

apontam uma trajetória sustentável, embora com superavit operacional e superavit primário

menores que no passado. A dívida consolidada líquida deverá cair para 146% da receita

corrente líquida em 2015 (de 182% em 2011. No cenário de linha de base, a dinâmica da

dívida é sustentável e cumpre com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

33. Em particular, o crescimento médio das despesas excede ligeiramente o das

receitas, levando a um lento declínio do superavit primário. Do lado das despesas, as

despesas correntes estão subindo como resultado de aumentos reais nos salários,

especialmente em 2014 e 2015, para quando estão previstos os maiores aumentos salariais

nominais para os servidores da área de segurança. Do lado das receitas, os principais fatores

de crescimento são os impostos (principalmente o ICMS, fortemente dependente do

crescimento econômico) e os repasses do governo federal (a partir de Convênios e do

FUNDEB).

Análise de Risco

34. As dinâmicas fiscais e de endividamento foram projetadas para 2020 e estão

sujeitas a uma série de choques. Inicialmente, o cenário-base foi estendido para 2020. Tal

cenário estendido apontou um declínio continuado da relação dívidas/receitas até o valor de

100,7% do PIB em 2020, com base em um saldo operacional bruto médio de 8% das receitas

e um superávit primário médio de 2,1% das receitas ao longo do período 2016-2020 (ambos

inferiores aos do passado). A análise de risco explorou separadamente o impacto sobre a

trajetória da dívida do crescimento mais lento do PIB (1% menos por ano ao longo do

periodo), aumento mais rápido da despesa com pessoal (três pontos percentuais a mais por

ano) e um choque na receita com uma arrecadação 5% abaixo do previsto durante dois anos

sucessivos (como poderia acontecer em caso de uma crise econômica mundial significativa).

Para terminar, a análise explorou a dinâmica de uma combinação das três condições (baixo

crescimento do PIB, alto crescimento salarial e choque na receita).

132

35. Em cada um dos choques individuais, a redução da relação dívida/receita se

manteve. Os resultados dessas simulações são apresentados nas Figura 4 a 8. Em cada choque

houve simplesmente uma diminuição mais lenta na taxa de endividamento. Notadamente, o

choque que teve o maior impacto foi o choque na receita (receitas 5% abaixo da previsão por

dois anos sucessivos), durante o qual a taxa aumentou ligeiramente antes de diminuir

gradualmente até 2020. Neste caso, o Estado só seria capaz de atingir uma relação

dívidas/receitas de 121,6%. Em uma situação de crescimento mais lento e maior aumento

salarial o impacto seria muito semelhante, com a taxa de endividamento chegando a 111% e

120% por cento, respectivamente. A sustentabilidade só correria perigo no caso do choque

combinado. Nesse caso, porém, a taxa de endividamento cai para 155,7%, depois de subir

para mais de 190% em 2014. Assim, mesmo nessa situação extrema a dinâmica da dívida não

se revelou instâvel.

Figura A9.2: Dinâmica da dívida - menor crescimento

Figura A9.3: Dinâmica da dívida - crescimento de salários mais

elevado

Figura A9.4: Dinâmica da dívida - choque na receita

Figura A9.5: Dinâmica da dívida - choque combinado

36. A conclusão geral da análise de sustentabilidade da dívida é que, sob qualquer

conjunto plausível de condições externas, as dinâmicas da dívida e do déficit são

sustentáveis e consistentes com a Lei de Responsabilidade Fiscal.

Perfil de amortização e operação de refinanciamento

37. Embora a análise das dinâmicas da dívida e do déficit até 2020 mostre que a

dívida é sustentável sob qualquer conjunto plausível de condições externas, a análise do

perfil de amortização do estoque existente de dívida revela a possibilidade de problemas

em 2035. Como a maior parte da dívida é de longo prazo e de natureza contratual, a maioria

dos determinantes da dívida já está definida nos contratos. Além disso, uma vez que não

existem títulos pendentes, não houve necessidade de se partir de suposições sobre o seu

refinanciamento. O exercício exigiu fazer suposições quanto ao índice geral de preços (IGP-

DI) e às taxas de câmbio e LIBOR. O IGP-DI tem previsão de crescer 5% ao ano, enquanto a

taxa de câmbio deve desvalorizar a 3% ao ano. As projeções para a LIBOR foram fornecidas

pelo Tesouro do Banco Mundial. Partiu-se do pressuposto de que as Taxas de Juros de Longo

Prazo (TJLP) permanecerão constantes durante todo o período e, por último, de que a Receita

133

Líquida Real (RLR) deve aumentar em 3% em termos reais ao ano, número alinhado com as

regras da Secretaria do Tesouro Nacional (STN) que regem as projeções do PAF.

38. As principais dívidas contratadas são as da Lei nº 9.496/97 e a do CRC/CEMIG.

A dívida da Lei 9.496/97 originou-se do terceiro e último pacote de regaste das dívidas

estaduais promovido pelo governo federal. O vencimento da dívida ocorre em fevereiro de

2028, mas como seu pagamento se limita a 13% da RLR, isso gerou no passado dívidas

residuais que teriam de ser pagas até 2038. Atualmente, o Estado tem condições de cumprir

com o serviço da dívida na totalidade, ou seja, a parcela de 13% da RLR é suficiente para

pagar os juros e a amortização programados. Estimativas mostram que até o final do contrato

Minas Gerais terá um residual de R$ 36 bilhões a amortizar em 10 anos. Este pagamento não

será um problema para o governo, uma vez que se traduzirá em uma carga de dívida menor

que a presente.

39. No entanto, a dívida contratada com a CRC/CEMIG é responsável por um pico

no cronograma de endividamento em 2035, como pode ser visto na Figura A9.6. O

pagamento da dívida da CRC/CEMIG também tem um limite. Este limite de pagamento está

gerando um débito residual que terá de ser quitado até o final do contrato. (Veja o Quadro

A9.2 para uma explicação sobre a origem e o mecanismo de pagamento desta dívida). Seu

efeito no pagamento e no estoque de dívidas é apresentado na Figura A9.6. Basicamente, o

atual mecanismo de pagamento da dívida da CEMIG, que envolve a compensação de 65% dos

dividendos que a CEMIG deve ao estado, deixa restos a pagar no montante de R$ 23,5

bilhões, a serem pagos em um ano (2035). Vale observar que a dívida é indexada pelo índice

de preços IGP-DI com uma taxa de juros de 8,18%, estando entres as dívidas mais caras do

Estado de Minas Gerais.

Figura A9.6: Cronograma de serviço da dívida, contratos atuais

134

Quadro A9.2: Origem da dívida da CEMIG

A dívida do Governo de Minas Gerais com a CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) originou-se

como parte da ampla reestruturação da dívida da maioria dos estados com o Governo Federal. Durante os anos

80 e início dos 90, as tarifas dos serviços públicos, como a de energia, haviam sido congeladas como forma de

controlar a inflação. A diferença entre o preço real e o preço de mercado da energia tornou-se, assim, um crédito

do governo federal com as empresas de energia, que em sua maioria eram empresas públicas estaduais. A

CEMIG, por exemplo, tinha um crédito de cerca de R$ 600 milhões com o Governo Federal na chamada “Conta

de Resultados a Compensar - CRC”.

Em 1993, no contexto de um resgate geral das dívidas do governo estadual, o governo federal promoveu um

ajuste de contas entre o Estado, o Governo Federal e a CEMIG nos termos da Lei nº 8.727/93. O montante

devido pelo governo federal à CEMIG foi utilizado para abater a dívida com o estado, que foi refinanciada pelo

governo federal, e o GoMG se tornou um devedor da CEMIG. A dívida do Estado foi refinanciada em 20 anos,

sem período de carência. Por sua vez, o Governo do Estado prometeu pagar a dívida com a CEMIG em 36

parcelas mensais a partir de junho de 1995, garantidas por meio de repasses federais (FPE). Naquela época, a

dívida era de R$ 600 milhões.

O Estado não conseguiu honrar os pagamentos prometidos à Cemig devido à sua situação financeira. Como

resultado, o contrato original teve de ser renegociado cinco vezes (a última em 2005). Nos termos do contrato

atual, a CEMIG retém 65% dos dividendos e dos juros devidos por ela ao GoMG (que é seu acionista

majoritário) como pagamento da dívida. A taxa real de juros do contrato é de 8,18%, e o saldo e os juros a pagar

(os não cobertos pela retenção de 65% dos dividendos) são capitalizadas na dívida original e ajustados pelo

Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI), que na última década vem crescendo cerca de 1,8%

por ano acima do índice de preços ao consumidor (8,3% ao ano contra 6,5% ao ano, respectivamente).

A parcela de 65% dos dividendos alocados para pagamento e amortização da dívida com a CEMIG provou ser

insuficiente. O cronograma original de pagamento dependia de previsões otimistas de dividendos. Na prática, as

previsões não se mostraram realistas e não cobriram um nível de investimentos adequado pela CEMIG, de modo

que os dividendos foram menores do que os projetados e têm sido insuficientes para pagar os juros da dívida. O

resultado é que os juros não pagos foram capitalizados e a dívida, que era de R$ 2,8 bilhões no momento da

quinta renegociação em 2005, já atingiu R$ 5,6 bilhões.

A dívida do estado com a CEMIG representava 7,5% da dívida total do estado em dezembro de 2011, em

comparação com 5,8% desse total em 2005. Na verdade, enquanto a dívida total aumentou nominalmente 74%

entre 2004 e 2011, no mesmo período a dívida com a CEMIG aumentou 97%. Sob o cenário de base do

exercício de sustentabilidade da dívida e admitindo uma continuação dos acordos de pagamento atuais, a dívida

com a CEMIG aumentaria para R$ 23,2 bilhões em 2035, ano em que a dívida vence. O GoMG reconheceu que

as disposições atuais representam uma ameaça à sustentabilidade fiscal futura e entrou em negociações com a

CEMIG para chegar um acordo de refinanciamento.

40. O GoMG reconheceu que as disposições atuais representam uma ameaça à

sustentabilidade fiscal futura e entrou em negociações com a CEMIG para chegar um

acordo de refinanciamento. O GoMG e a CEMIG negociaram um desconto para pagamento

à vista de 35% sobre o valor nominal da dívida, desde que a dívida fosse paga imediatamente.

Esse desconto está prestes a ser aprovado pela diretoria da CEMIG, mas nem o governo nem a

CEMIG preveem qualquer dificuldade em conseguir aprová-lo. Tal desconto de fato

reconheceu tanto os termos pouco razoáveis do acordo original da dívida quanto a

probabilidade de que as condições seriam insustentáveis no longo prazo. Com esse desconto,

o valor da dívida a ser refinanciado (em dezembro de 2011) passaria para R$ 3,6 bilhões

(US$ 1,94 milhões). Por conseguinte, o refinanciamento da dívida da CEMIG com o Estado é

importante para garantir a sustentabilidade futura das finanças públicas. O refinanciamento

também reduziria o valor nominal da dívida do Estado e o custo do seu pagamento,

aumentando assim o espaço fiscal para investimentos ou fornecendo uma margem adicional

para lidar com eventuais choques externos.

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41. O Estado optou por tratar imediatamente este risco fiscal de longo prazo. As

alternativas para o refinanciamento da dívida com CEMIG seriam continuar com o atual

regime e buscar uma possível reestruturação ao longo dos anos ou aumentar os pagamentos da

dívida para garantir que a dívida seja totalmente paga quando do seu vencimento em 2035.

Nenhuma dessas opções é razoável em termos econômicos. A primeira implica uma

abordagem do tipo simplesmente empurrar o problema para o futuro, com o risco de que o

passivo da CEMIG possa, no futuro, prejudicar a credibilidade do Estado. A segunda implica

uma transferência desnecessária de recursos do Estado, dado que a opção do desconto já foi

negociada e, portanto, não representaria uma gestão fiscal prudente dos recursos públicos.

42. Durante a preparação da operação atual, a Tesouro do Banco Mundial prestou

assessoria e orientação quanto à possível estrutura da operação de refinanciamento.

Nessas discussões, o GoMG explorou a possibilidade de uma garantia bancária para um

empréstimo do setor privado. No entanto, o GoMG foi finalmente capaz de obter um

compromisso da Secretaria do Tesouro Nacional de avalizar um empréstimo do setor privado

para refinanciar a dívida com a CEMIG.

43. O GoMG negociou um pacote financeiro com a Agência Francesa de

Desenvolvimento (AFD) e com o banco Credit Suisse, para refinanciar a dívida com a

CEMIG . A AFD fará um empréstimo de € 300 milhões com vencimento em 20 anos. O

Credit Suisse, selecionado em um processo competitivo com outros bancos privados, garantiu

ao GoMG que poderia emprestar até US$ 1,3 bilhões com vencimento em 15 anos e um

período de carência de 5 anos. Assim, o Estado poderia refinanciar 80% da dívida da CEMIG

a uma taxa de juros de 5,3%, com vencimentos entre 15 e 20 anos.

44. Esse pacote de refinanciamento representa uma das primeiras vezes desde a

entrada em vigor da Lei de Responsabilidade Fiscal que um governo estadual obtém

empréstimo do setor privado externo sem a garantia de uma agência de desenvolvimento

multilateral ou bilateral. Nesse sentido, constitui uma inovação importante e representa o

retorno do Estado de Minas Gerais ao mercado financeiro, servindo de exemplo para outros

estados bem administrados e reformistas no Brasil. O empréstimo do Credit Suisse será

coberto por uma garantia do Governo Federal, o que sinaliza para outros estados a

importância de se manter uma gestão fiscal sólida para ganhar acesso a financiamento

privado.

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ANEXO 10: O PAÍS EM REVISTA

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