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resenhade política exterior do brasil

ministério das relações exteriores

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a posse do presidentejoão figueiredo

Discurso do Presidente João Figueiredo, no Paláciodo Planalto, em Brasília, em 15 de março de 1979 aoreceber, do Presidente Ernesto Geisel, o cargode Presidente da República.

Excelentíssimo Senhor Presidente Ernesto Geisel:

Os passos de Vossa Excelência, eu os acompanheiem toda a minha vida. Para mim, Ernesto Geiselsempre foi exemplo de virtudes militares e cívi-cas a seguir e emular.

Deus me premiou ao fazer-me receber esta faixa,insígnia da mais alta magistratura da nossaPátria, das mãos honradas de Vossa Excelência.

0 elogio de seu governo, melhor do que eu, tocfaa Nação o faz. Toda a Nação aí está para dar tes-temunho da história real dos cinco anos que hojese encerram. Como seu antigo ministro, tudo oque diga será pouco.

Vi Vossa Excelência sofrer com os que sofrem.Jamais tomar para si os momentos de alegriae de realização. Examinar as questões e decidir,no interesse exclusivo do bem da Nação e doPovo.

Vi quando mudou convicções amadurecidas, dian-te de soluções mais adequadas.

Vi quando entre tantas propostas conflitantes— ousou escolher a melhor, ainda que a menospopular.

Vi a serena e patriótica lucidez de Vossa Exce-lência quando — a despeito de duras crises, no

âmbito nacional e internacional — soube condu-zir o País a um real progresso social e político.

E peço a Deus que, ao sair deste Palácio, daquia seis anos, tenha percorrido o caminho exem-plo de Vossa Excelência: caminho que é a própriaHistória da nossa Pátria.

Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente AdalbertoPereira dos Santos:

Dos cargos e funções públicas, poucos serão tãonobilitantes quanto aquele que é o próprio símbo-lo da continuidade constitucional.

Ser Vice-Presidente da República — como tão bemdemonstrou Vossa Excelência — é um constanteexercício de humildade, modéstia e confiabilida-de. A um passo do poder, cabe-lhe sobretudo,estar pronto a servir.

Ao deixar a Vice-Presidência, sai Vossa Excelên-cia cercado do respeito dos brasileiros e agasa-lhado na estima de todos, que tanto o apreciamos.

Excelentíssimo Senhor General-de-Exército AlfredoStroessner, Presidente da República do Paraguai;

Excelentíssimo Senhor General-de-Divisão DavidPadilla Arancibia, Presidente da República daBolívia,-

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Excelentíssimo Senhor Doutor Carlos Alberto daMota Pinto, Primeiro-Ministro da República Por-tuguesa,-

Excelentíssimo Senhor Doutor Henck AlphonsusArron, Ministro-Presidente e Ministro para Assun-tos Gerais e Estrangeiros da República do Suri-name,-

Excelentíssimos Senhores e Senhoras Chefes emembros das Missões Especiais que aqui vierampara assistir à minha posse:

Honra-me especialmente a presença, nesta ceri-mónia, dos altos Representantes de um númerotão expressivo de nações, com as quais mantémo Brasil as melhores relações de amizade e decooperação.

convivência harmoniosa caracterizaa diplomacia brasileira

A inalterável tradição de convivência harmo-niosa, que caracteriza a diplomacia brasileira,inspira-me a reafirmar, neste momento, o roteiroproposto pelo Barão do Rio-Branco, no começodo século, para a política externa brasileira. "OBrasil do futuro", disse ele, "há de continuarinvariavelmente a confiar, acima de tudo, na for-ça do Direito e no bom senso e, como hoje, pelasua cordura; desinteresse e amor da justiça, pro-curar merecer a consideração e o afeto de todosos povos".

Saúdo, com fraterno sentimento, os representan-tes das Nações de nossa comunidade latino-americana. Ao expressar o apreço pela presençade Vossas Excelências, ressalto a convicção deque os laços que nos unem serão ainda mais re-forçados e enriquecidos.

Vejo com satisfação a presença dos representan-tes de nações que, como o Brasil, se empenhamna luta pela superação do subdesenvolvimento epela construção de uma sociedade mais justa,nos planos nacional e internacional. Rogo quelevem de volta a seus povos, na América Latina,África e Ásia, a expressão da solidariedade, emtão nobre causa, do Governo e do povo brasi-leiro.

Recebo com especial contentamento a presença=de representantes de nações africanas de recenteindependência. Toca-me profundamente o significa-do histórico de tal fato. Considero-o marco im-portante de um relacionamento, cujas perspecti-vas são tão amplas quanto entrelaçadas nossasraízes étnicas, linguísticas e culturais.

Aos Senhores representantes de todas as naçõesirmãs da África, transmito a certeza do continua-do apoio do Brasil às aspirações dos povos da-quele Continente.

Aos países desenvolvidos, da Europa Ocidental,das Américas e do Pacífico, aos quais nos ligamum precioso acervo de laços históricos e tantasidentidades culturais, desejo expressar o cons-tante empenho do Brasil numa aproximação cres-cente para ainda maior benefício de nossos povos,e engrandecimento dos valores comuns.

Às Nações com sistemas diferentes do nosso, rei-tero a disposição de manter um relacionamentoprofícuo e dinâmico. Desejamos aproveitar cons-trutivamente todas as oportunidades de coopera-ção, com resguardo das singularidades sociais epolíticas, na esperança de um caminho de paz.

Senhores e Senhoras: de regresso a seus países,a todos peço transmitir a seus governos a afir-mação de que o Brasil será sempre um interlo-cutor amistoso, um parceiro leal.

A mensagem deste Brasil generoso e hospitaleiro— que peço levar de volta a seus povos — é deotimismo e confiança em nosso futuro comum.

Os meus votos pessoais são de prosperidade epaz.

Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente AntónioAureliano Chaves de Mendonça,-

Excelentíssimo Senhor Senador Luiz Vianna Filho,Presidente do Senado Federal;

Excelentíssimo Senhor Deputado Homero Santos,Presidente em exercício, da Câmara dos Depu-tados,-

Excelentíssimo Senhor Ministro António Neder,Presidente do Supremo Tribunal Federal;

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Excelentíssimos Senhores Ministros de Estado do dias — de propiciar condições dignas de vida agoverno Geisel; cada cidadão.

Meus Ministros de Estado,-

Meus senhores, minhas senhoras:

Para o Vice-Presidente Aureliano Chaves e paramim, as palavras do nosso juramento, peranteo Congresso Nacional, não são expressões rituaisou protocolares. São o penhor de dedicarmos aobem do povo brasileiro todas as nossas forças,todo o nosso caráter. Nele empenhamos honrae vida.

assegurar uma sociedade livree democrática

Reafirmo, portanto, os compromissos da Revolu-ção de 1964, de assegurar uma sociedade livree democrática. Por todas as formas a seu alcan-ce, assim fizeram nas circunstâncias de seu tem-po, os presidentes Castello Branco, Costa e Silva,Emílio Mediei e Ernesto Geisel.

Reafirmo.- é meu propósito inabalável — dentrodaqueles princípios — fazer deste País uma de-mocracia. As reformas do eminente presidenteErnesto Geisel, prosseguirão até que possam ex-pressar-se as muitas facetas da opinião públicabrasileira, purificado o processo das influênciasdesfigurantes e comprometedoras de sua repre-sentatividade.

Reafirmo: sustentarei a independência dos pode-res do Estado e sua harmonia, fortalecendo, paraque atinja sua plenitude, a Federação sonhadapelos fundadores desta Pátria.

Reafirmo: não descansarei até estar plenamenteassegurado — sem sobressalto — o gozo de todosos direitos do homem e do cidadão, inscritos naConstituição.

Reafirmo o meu gesto: a mão estendida em con-ciliação. Para que os brasileiros convivam paci-ficamente. Para que as divergências se discutame resolvam na harmonia e na boa vontade, tãoda índole de nossa gente.

Reafirmo a dedicação total, minha e de meu go-verno — ao ideal, plenamente atingível em nossos

Para que melhor se distribuam, entre todos, osfrutos do trabalho de todos.

Para que a riqueza nacional não seja meio deostentação de uns e de opróbrio de outros.

Para que não sobre a uns poucos o que a muitosfalta.

Para que as regiões e os Estados se diferenciemuns dos outros pela personalidade e pela tradi-ção cultural. Não pelo contraste entre a opulên-cia e a privação injusta e inumana.

Reafirmo a prioridade ao desenvolvimento agro-pecuário. Como meio de prover rapidamente àelevação dos padrões alimentares do povo. Comoforma de melhorar substancialmente a qualidadede vida nos campos.

Reafirmo.- o combate à inflação é condição pre-liminar ào desenvolvimento. E será mantido comintensidade proporcional aos malefícios da eleva-ção contínua dos preços.

Reafirmo a decisão de promover o equilíbrio denossas contas internacionais. Muito do progressoaté hoje alcançado só foi possível pelo aporte derecursos de poupança externa. Penso, porém,dada a dimensão da economia brasileira, quedevemos financiar, nós mesmos, os custos donosso desenvolvimento.

Reafirmo o propósito de fazer da cidade umchão e teto habitáveis. Não a troca da misériapela promiscuidade. Não o câmbio de uma formade pobreza por outra — tão mais cruel, porquemais próximos os bens da civilização.

Reafirmo a minha determinação de garantir acada trabalhador a remuneração justa — e*mrelação ao trabalho produzido às suas necessi-dades como chefe de família e à harmonia entreos vários segmentos da sociedade. Recordandoas imortais palavras do Santo Padre Leão XIII:"Do trabalho do operário nasce a grandeza dasNações".

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Reafirmo: cada brasileiro tem direito de receberdo Estado os cuidados básicos com sua saúde,com a própria educação e a dos filhos; assistên-cia médico-social na enfermidade, no desempregoe na velhice; habitabilidade nas casas; meios detransporte que não sacrifiquem nas filas e nasconduções, o tempo destinado ao lazer e ao con-vívio.

assegurar uma administraçãoeficiente e proba

Brasileiros e Brasileiras:

Vou entregar-me de corpo e alma às tarefas dogoverno, para assegurar uma administração efi-ciente e proba.

Rápida nas decisões.

Simples nas relações com as pessoas e as enti-dades.

Preocupada com o bem comum.

Vigilante na preservação da ordem pública e dosdireitos das pessoas e da sociedade.

Firme na segurança das instituições. Prudentes eserena na utilização dos instrumentos legais exis-tentes para esse fim.

Numa nação jovem, como a nossa, é natural umacerta dose de impaciência, na promoção dosanseios populares. Ai de nós se nos faltasse oentusiasmo da juventude. Reafirmo meu desejode encontrar os jovens; com eles confraternizar;e com eles avançar democraticamente na constru-ção da Pátria de nossos filhos e netos.

É o que espero fazer, com a ajuda de Deus e dosbrasileiros.

Muito obrigado.(*)

(*) O discurso de despedida do Presidente Ernesto Geisel foi publicado por esta Revista, em seu número 20.

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saraiva guerreiro anunciaas metas do itamaraty

Discurso do Chanceler Ramiro Saraiva Guerreiro, noPalácio Itamaraty de Brasília, em 15 de março de 1979,ao receber do Embaixador António Azeredo da Silveira ocargo de Ministro de Estado das Relações Exteriores.

Excelentíssimo Senhor Embaixador

António F. Azeredo da Silveira,

Minhas Senhoras e meus Senhores

Com grande honra, recebo das mãos de VossaExcelência o cargo de Ministro de Estado dasRelações Exteriores. As palavras que Vossa Exce-lência acaba de pronunciar bem ilustram a inte-ligência, a dedicação e a tenacidade que soubemobilizar para a condução eficaz da diplomaciabrasileira em sua gestão à frente do Itamaraty.Fico-lhe grato pelas referências pessoais queVossa Excelência a meu respeito fez, as quais sóposso atribuir à nossa longa amizade, e pelasque fez a minha mulher, estas, sim, justificadas.

Permita-me dizer-lhe, com toda a objetividade, queos anos em que esta Pasta esteve confiada à suadireção muito honram a diplomacia brasileira.Vossa Excelência, com o talento e o dinamismoque lhe são reconhecidos, soube impulsionar apolítica externa, mantendo um perfil diplomáticosintonizado com os interesses do país e as aspi-rações da gente brasileira.

Receba, portanto, a homenagem e o agradecimen-to pelo muito que realizou.

Essa homenagem — desejo acrescentar — se es-tende na íntegra a May que, com graça feminina,simpatia e dotes de personalidade forte, esteveao seu lado, confirmando, por sua dedicação esenso de medida, o respeito e a admiração quesempre teve de todos nós.

Ao convidar-me para exercer as altas funções deMinistro de Estado das Relações Exteriores, SuaExcelência o Senhor Presidente da República JoãoBaptista de Oliveira Figueiredo distinguiu-me comsua confiança generosa. Profundamente agrade-cido pela honra que me fez, procurarei correspon-der, com lealdade e imaginação, ao desafio quea esse dignificante encargo corresponde. Com omaior empenho pessoal, buscarei expressar, noquotidiano, ao Senhor Presidente da República,minha total adesão à tarefa que me cometeu, dechefiar a diplomacia brasileira, numa época emque tantos horizontes se abrem à ação criativado Brasil, no plano externo.

A ascensão à chefia da Casa de Rio-Branco cons-titui, para o diplomata, ocasião excepcional e re-quer o exercício em sua plenitude das potenciali-dades políticas que seu ofício encerra. Assumo,pois, o Itamaraty consciente da responsabilidadepolítica indeclinável e intransferível que, sob aalta direção do Presidente da República, cabe aoMinistro de Estado das Relações Exteriores, pelodesempenho da diplomacia brasileira.

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diplomacia passa por transformaçõesaceleradas

Como todas as demais atividades, a Diplomaciapassa por transformações aceleradas e se torna,a cada dia, mais ágil e flexível. Nessa época demudança, é particularmente importante valorizaras tradições que esta Casa pôde construir, mas aopreservá-las, não devemos permitir que se trans-formem em obstáculos ou entraves à nossa capa-cidade de iniciativa. Inspirados em nossa históriae tradições, devemos estar preparados para en-frentar com espírito aberto os cambiantes desa-fios da política internacional.

É igualmente parte de nosso tempo que os assun-tos diplomáticos, ressalvados os aspectos de na-tureza sigilosa, sejam tratados de público e que,para seu encaminhamento político, dependam dorespaldo da opinião nacional.

O momento brasileiro é, felizmente, de diálogoe, conseqúentemente, especial atenção será de-dicada ao aperfeiçoamento dos canais de comu-nicação do Itamaraty com o Congresso Nacionale com os seus membros. 0 Itamaraty estará igual-mente preparado para estreitar seus contactoscom a imprensa, com as universidades e comcada setor da sociedade que revele, com ânimopatriótico, genuíno interesse no campo das rela-ções exteriores. Desse modo, nosso permanenteexercício profissional será, sempre que possível,enriquecido pela contribuição que esses setorespossam prestar.

É necessário «pie essa abertura para o diálogoseja acompanhado, em nossa instituição, por umsentimento de cooperação com responsabilidade.Nenhuma política externa é descompromtssada efuncionário algum pode fugir, sem grave falta,aos deveres da discrição profissional e do com-pleto engajamento com as funções que exerce.

Os diplomatas, como todos os brasileiros, somosdevedores de nosso grande país e, nesse espírito,devemos atuar na execução de nossas tarefas. 0sentido de disciplina, a diligência e a observân-cia da correta forma diplomática devem ser mar-cas permanentes de nossa Casa. Constituam elaso quadro dentro do qual podem fazer-se sentir,plenamente, a desejável capacidade individual de

imaginação e iniciativa, assim como a permanen-te preocupação de cada funcionário com a subs-tância das questões externas de interesse dopaís, sem prejuízo da indispensável unidade e se-gurança da ação.

Todas essas são virtudes requeridas de uma Orga-nização que precisa conciliar o necessário espraia-mento geográfico de suas repartições e de seupessoal com o dever de dar resposta pronta, efi-ciente e unificada ao comando político. No atualquadro internacional, é especialmente importan-te que o Itamaraty desempenhe com exação o seudever de representar o país no exterior, que es-teja cada vez mais preparado para acompanharas variações na conjuntura mundial e regional eque tenha condições concretas para desempenharsuas tarefas de negociação, na indeclinável defesados interesses nacionais.

Atuaremos num panorama internacional marca-do por transformações rápidas e, às vezes, dra-máticas. Apesar de continuados esforços em fa-vor da paz, multiplicam-se os sintomas da tensãointernacional. Parece triunfar a concepção mini-malista da détente, que a reduz a simples roupa-gem de um prolongado impasse estratégico. Tar-dam em dar frutos as negociações com vistas aodesarmamento nuclear, persistindo o quadro detemor que tem caracterizado nossos tempos. Emvariados quadrantes, materializam-se conflitosque contribuem para fixar uma inquietante sen-sação de insegurança internacional. Até mesmonossa região não escapa de controvérsias, quepassam às vezes por fases agudas. Mas nela, porfelicidade, está presente um autêntico sentimen-to de identidade comum que alimenta a visãodo futuro e tende a superar episódios. Além disso,do outro lado do Atlântico, na África, a que nosligam tantos laços, permanecem sem soluçãoquestões relativas à autodeterminação e sobera-nia dos povos, bem como subsistem inaceitáveispolíticas e práticas racistas, que se constituemem verdadeiras ameaças à paz e à segurançainternacional.

crise económica internacionalnão retrocedeu

No plano económico — não menos do que no po-lítico —, estão presentes motivos para sérias apre-ensões. A crise da economia internacional não

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dá sinais de retroceder, o que gera toda sorte deincompreensões e dificuldades. A instabilidadecambial continua a afligir o sistema monetário ea lançar dúvidas sobre a qualidade de sua ge-rência. Apesar de reiterados protestos de adesãoaos princípios de liberalismo económico, o prote-cionismo comercial continua em expansão nomundo desenvolvido e impede ou limita a acessode nossos produtos manufaturados aos mais im-portantes mercados consumidores. E, no entanto,para que o Brasil possa aumentar sua presençana economia internacional como país importadore como tomador de recursos financeiros, o queé do interesse e todos, é imprescindível que exis-tam condições externas para que possamosampliar e diversificar nossas exportações. Não secontenta o país — nem isso se compadeceria comseu modelo económico — que as exportações cres-çam lentamente ou que se restrinjam a uma listade poucos produtos. Por outro lado, as atuaiscondições do mercado petrolífero — sua instabi-lidade e a continuada elevação dos preços — re-presentam sérios problemas que deveremos en-frentar com todo o empenho.

A evolução da conjuntura económica internacionalpenaliza diferentemente os países e, ao criarnovos obstáculos às nações que lutam por desen-volver-se, faz necessário o reforço dos vínculosde solidariedade que as unem.

Para responder a esse panorama a política ex-terna estará organizada, conceitualmente, comoacentuou Sua Excelência o Senhor Presidente daRepública, de acordo com três vetores fundamen-tais: o universalismo, a dignidade nacional e avocação brasileira para a boa convivência. Va-mos, pcis, utilizar ao máximo o nosso potencialdiplomático e a nossa capacidade de convenci-mento. A política externa se guiará por princí-pios cardeais, entre os quais sobressaem a inde-pendência nacional, a igualdade soberana dos Es-tados, a autodeterminação dos povos, a não-intervenção, a solução pacífica de controvérsiase a cooperação para o desenvolvimento e o bem-estar.

A política exterior visará a preservar o Brasilcomo parceiro confiável, como país que cumpreseus compromissos e que se desincumbirá, comânimo de paz e desenvolvimento, de suas respon-sabilidades internacionais. 0 compromisso exter-

no do país buscará corresponder, de forma orde-nada e precisa, às realidades e aspirações nacio-nais. Nesse contexto, o desenvolvimento pacíficoem todos os domínios e o acesso completo dopaís ao conhecimento científico e tecnológicoconstituem direitos irrenunciáveis a preservar emsua inteireza.

País de aspirações legítimas que não são apenascompatíveis com os princípios e propósitos daCarta das Nações Unidas, senão também que nelesse inspiram, o Brasil pode e deve desempenharseu papel, crsecentemente protagônico, como fa-tor de paz, progresso e esperança internacional.

Atuaremos sem preconceitos e de forma constru-tiva tanto no plano bilateral, quanto no multila-teral. Ambos os caminhos são válidos e a escolhaentre eles deve depender tão somente de circuns-tâncias a serem examinadas em cada caso con-creto.

O que realmente importa é que a ação externado Brasil se caracterize pela seriedade nas ne-gociações e guarde harmonia nos diferentes pla-nos, foros e temas. Velarei para que isso ocorrae para que os meios funcionais e administrativossejam adequados às tarefas políticas que incum-bem ao Itamaraty. Estimularei, inclusive, a abor-dagem planejada e integrada das atividades des-ta Casa, com o propósito de assim incrementar anossa capacidade de atuar.

Nossa conduta externa refletirá uma atitude derespeito mútuo, de franqueza e lealdade, despidade preconceitos inibitórios ou critérios apriorís-ticos. Para o resguardo dos interesses nacionais,teremos sempre cuidado da boa e correta forma,à qual se ligará a imagem de uma diplomaciaconhecida por suas tradições de decoro e repre-sentatividade e por sua vontade de negociar.

unidade na ação externa brasileira

A ação externa do País deve ser unívoca. O de-senvolvimento nacional, o processo de descentra-lização administrativa e o adensamento de nossasrelações exteriores exigem atenção redobradapara essa tarefa de coordenação interna. Ao sepreocupar, politicamente, com a globalidade ecom cada um dos aspectos da face externa doPaís, o Itamaraty funciona como órgão central

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de um verdadeiro sistema governamental voltadopara o exterior.

Em estreita cooperação com outros órgãos esta-tais ou entidades e empresas privadas, o serviçodiplomático brasileiro empenhar-se-á, cada vezmais, na identificação e aproveitamento das opor-tunidades para ampliar e racionalizar as relaçõesdo Brasil com os países amigos, quer no campoeconómico e comercial, quer no político e cultu-ral. Da mesma forma, estaremos interessados emcooperar com os países amigos que desejem par-ticipar, com proveito mútuo, do desenvolvimentodo Brasil, em todos os setores.

Dentro de nossa Casa, prosseguirei no esforço damodernização e atualização. Para que o Itamaratyatue como dele se espera, é necessário não ape-nas que seus integrantes tenham plena consciên-cia das renúncias inerentes ao desempenho dafunção pública, mas também que disponham, poroutro lado, de condições práticas para bemcumprir suas tarefas e para realizar os objetivosprofissionais a que validamente ambicionam.Essas serão preocupações constantes da Adminis-tração, no intuito de manter as tradições de pre-sença e de atuação do Ministério das Relações Ex-teriores.

Minhas Senhoras e meus Senhores,

Sob a chefia ilustre do Presidente João Baptistade Oliveira Figueiredo, o Brasil hoje inicia umanova etapa da sua vida nacional e, consequen-temente, de sua política externa. Nosso país é

dotado de um conjunto de qualidades que o indi-vidualiza. Nossas particularidades nacionais nospredispõem a entender o mundo exterior e a par-ticipar da cena internacional. Mais ainda, o vigorde nossa personalidade nacional nos estimula auma atitude aberta, segura e sem preconceitoscom relação à comunidade das nações. País for-mado por variadas etnias, com ampla extensãoterritorial, ecologias diversificadas e regiões emdiferentes estágios de desenvolvimento, tem oBrasil sabido, entretanto, através de sua história,sintetizar em profundidade a sua unidade nacio-nal e a boa convivência de seu povo. O Brasil é,assim uma nação autêntica e solidária. Nossasrealizações no passado são a melhor garantia deque saberemos encontrar os nossos caminhos.

O Brasil exige uma diplomacia capaz de conciliaragilidade com lucidez e de combinar senso deoportunidade com espírito de inovação, uma di-plomacia marcada por um dinamismo sereno, queintegre de forma harmoniosa, os elementos defirmeza e flexibilidade necessários para o efi-ciente resguardo dos interesses nacionais. A diplo-macia brasileira se norteará pela incansável dis-posição de negociar e pela tranquila e pacientebusca da composição de interesses, o que nãosignificará, entretanto, transigência quanto a le-gítimas aspirações e interesses do Brasil.

Estou certo de que, nessa tarefa, poderei contarcom a dedicação de cada um dos funcionários doItamaraty e que, em conjunto, prestaremos acontribuição que nos cabe no esforço nacional emprol do desenvolvimento autónomo e integradoe do bem-estar de todos os brasileiros.(*)

(*) O discurso de despedida do Chanceler Azeredo da Silveira foi publicado por esta Revista, em seu n.â 20,

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joão clemente baena soares assumea secretaria-geral

das relações exterioresDiscurso do Embaixador João Clemente Baena Soares,no Palácio Itamaraty de Brasília, em 16 de março de 1979, aoreceber, do Embaixador Dário Moreira de Castro Alves, ocargo de Secretário-Geral das Relações Exteriores.

Cinco anos atrás, era Vossa Excelência, SenhorMinistro de Estado, quem assinava o termo deposse como Secretário-Geral das Relações Exte-riores.

Tendo dado ao cargo a dimensão de seu talentoe rigor intelectual, marcou Vossa Excelência umcaminho que somente sua amizade generosa podeencontrar em mim condições de percorrer.

Aceite Vossa Excelência toda minha gratidão pelogesto de confiança. Peço-lhe ser o alto intérpretejunto ao Senhor Presidente João Baptista de Oli-veira Figueiredo de meu profundo agradecimentopela designação feita.

Assumo o cargo de Secretário-Geral das RelaçõesExteriores com o mesmo ânimo e o mesmo objeti-vo que, desde o início, têm inspirado e orientadominha carreira: servir ao país, bem servindo aoItamaraty.

Com essa disposição, enfrentarei a tarefa e odever regimental de zelar para que seja dadocumprimento diligente e estrito às diretrizes depolítica exterior e firme execução às linhas deação diplomática, conforme determinadas peloSenhor Presidente da República e por Vossa Exce-lência.

Estou certo de receber, para esse fim, o apoio demeus amigos e colegas na Secretaria de Estado

e no exterior. Desejo com eles desenvolver amplodiálogo e beneficiar-me de suas ideias e su-gestões.

Dirijo uma palavra muito especial aos colegasmais jovens: espero que, confiantes, tragam suaimaginação — e mesmo suas inquietações — paratornar mais fértil esse diálogo.

Entendo que a Secretaria-Geral pode estimulare canalizar a criatividade desta Casa; que devesei,ir como ponto de convergência e, ao mesmotempo, de irradiação de propostas e iniciativas —atuar, mediante um planejamento integrado, comvistas a eliminar descompassos e possíveis con-flitos de competência que lhe cabe velar peloconstante aperfeiçoamento dos meios de traba-lho do Ministério e das condições profissionaisde todos os seus funcionários.

A ampliação dos horizontes externos e as soli-citações crescentemente complexas que recaemsobre o Itamaraty, consequência do progressoacelerado do país, exigem de todos os setores daCasa e de cada um de seus membros uma per-feita sintonia com a realidade nacional e a cons-ciência sempre mais aguda do conteúdo eminen-temente político de todos os seus atos. 0 paísprecisa contar, em sua diplomacia, com um ins-trumento institucional cada vez menos atado àreiteração de fórmulas e soluções rotineiras, ecada vez mais afinado, ágil, inovador — cadavez mais capaz de prever e planejar.

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Queremos obra fecunda. Para isso, vamos traba-lhar juntos, coesos, solidários. Os resultados deações fragmentárias são incertos e frágeis. Osesforços setoriais somente adquirem sentido,equilíbrio e consistência quando integrados emprojetos diretores de ação.

A responsabilidade da Secretaria-Geral consistejustamente em apresentar a Vossa Excelência, aresultante de uma tarefa coordenadora, em quetenham estado presentes e atuantes as unidadesda Secretaria de Estado e os postos no exterior.Essa tarefa será cumprida.

Senhor Ministro de Estado,

Permita-me recordar que, durante a gestão deseu antecessor, exerci funções que me deram aoportunidade de participar de uma fase de gran-des e significativas transformações na presençaexterna do Brasil e me propiciaram conviver deperto com as qualidades pessoais e a sensibili-dade humana do Embaixador António Azeredo da

Silveira, a quem deixo registrado meu sinceroreconhecimento.

Essa experiência assinala também um ponto emcomum com o Embaixador Dário Castro Alves,velho companheiro, de cujas mãos recebo a Se-cretaria-Geral, por ele ocupada com a mesma de-dicação e elevado espírito público com quedesempenhou tantas e importantes funções nesteMinistério. Desejo-lhe bom êxito nos novos encar-gos que lhe confie o Governo e formulo votospor sua felicidade pessoal.

Senhor Ministro de Estado,

Tem Vossa Excelência a admiração e o respeitode todos os que trabalham no Itamaraty, emsuas diversas carreiras e escalões, aqui e no ex-terior. Deles, terá também a lealdade e o entu-siasmo, a disciplina e o espírito criador.

Para o cumprimento de sua alta missão de Che-fe da diplomacia brasileira, pode contar VossaExcelência com todos nós.

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viagem do chancelerhelmut schmidt ao brasil

Discursos do Presidente João Figueiredo edo Chanceler Federal da República Federal da Alemanha,Helmut Schmidt, no Palácio Itamaraty de Brasília, em03 de abril de 1979, por ocasião do banqueteoferecido ao representante alemão.

JOÃO FIGUEIREDO

Excelentíssimo Senhor Chanceler FederalHelmut Schmidt,

Excelentíssima SenhoraDoutora Hannelore Schmidt,

É com especial satisfação que saúdo a presençade Vossas Excelências e de sua ilustre comitiva,em nosso País.

Esta visita, que se realiza logo nos primeiros diasdo meu governo, é testemunho vivo dos laços deamizade que unem o Brasil e a República Federalda Alemanha. É também, claro indício da perse-verança e da fortitude de brasileiros e alemães,no esforço profícuo de cooperação, que distingueas relações entre nossos países.

Para estreitá-las ainda mais, o meu antecessor,presidente Ernesto Geisel, teve a grata oportuni-dade de visitar a República Federal, no anopassado.

Agora, é a nossa vez — minha e de meus conci-dadãos — de retribuir, nas pessoas de VossasExcelências, a amistosa acolhida e os gestos de

cordialidade e deferência então tributados aoBrasil e ao seu Presidente.

Senhor Chanceler Federal:

A República Federal da Alemanha está presenteonde quer que se coloquem temas de interessepara o futuro da humanidade. As responsabilida-des alemãs ocupam o primeiro plano, tanto nascomplexas questões de relacionamento Leste-Oeste, quanto no longo diálogo — nem sempreprodutivo — entre as nações industrializadas dohemisfério Norte e as vastas áreas em desenvol-vimento do Terceiro Mundo.

De Vossa Excelência, sei que é mundialmenteconhecido e respeitado, como estadista de talen-to. No breve contacto que hoje mantivemos, pudeapreciar o rigor intelectual, o desassombro e alucidez política, que marcam sua personalidade.

Não é favor dizer, portanto, que a inspiração ea capacidade do seu governo constituem preciosofator de confiança, no conturbado panorama in-ternacional da atualidade. É nessas circunstânciasque Vossa Excelência tem feito ouvir a voz mode-rada e realista de seu país — invariavelmenteem favor da paz, da segurança e do bem-estardos povos.

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Vivemos uma época em que novos e dinâmicosequilíbrios se estabelecem entre as nações. Omundo está em mudança. Nele não mais prospe-ram esquemas discriminatórios, ou que visem aoretorno de relacionamentos ultrapassados.

Por felicidade, nossos países têm sabido harmo-nizar seus interesses, em moldes altamente satis-fatórios. A cada dia, o diálogo entre Brasília eBonn ganha mais substância, porque lastreadopelos valores fundamentais da igualdade sobera-na dos Estados, e da não-ingerência nos assuntosinternos de cada um. Nossas relações revestem-sede significado cada vez maior, porquanto volta-das para o respeito mútuo e a convivência har-moniosa. Para a cooperação em prol do desen-volvimento pacífico de ambas as nações.

êxitos importantes na intensificação das

relações políticas

Vimos alcançando êxitos importantes na intensi-ficação de nossas relações políticas. Em poucosanos, superamos o distanciamento recíproco. Ini-ciamos a operação de um sistema de consultasem alto nível, que muito tem contribuído para anossa aproximação e esclarecimento. É minhaopinião que devemos prosseguir na trilha de en-tendimento aberta por esses contactos, e buscarsempre novas formas de intercâmbio de ideiasentre nossos Governos.

Vossa Excelência, Senhor Chanceler Federal, jános conhece desde a visita feita ao Brasil, antesde assumir a chefia do governo da AlemanhaFederal. Pode, portanto, bem avaliar o caminhopercorrido pela nação brasileira na procura doseu desenvolvimento.

Embora sejamos parte de um mundo interdepen-dente, estamos conscientes de que a responsabi-lidade primordial pelo progresso nacional incumbeao próprio povo brasileiro. Em consequência, oBrasil está profundamente empenhado em levaradiante sua luta pelo desenvolvimento. Já con-seguimos vencer alguns obstáculos importantes.Contamos, na verdade, com apreciável acervo derealizações, alcançadas à custa de trabalho esacrifício.

Assim, para vencermos os obstáculos externos aodesenvolvimento, que persistem em sobreviver —buscqmos a cooperação construtiva dos paísesmais desenvolvidos. Nesse particular — assinalo-ocom justiça — encontramos na República Federalda Alemanha a correspondência amistosa às nos-sas preocupações e anseios.

Acredito, portanto, que Vossa Excelência saberáapreciar a determinação nacional de incorporarà sociedade brasileira todos os benefícios da civi-lização contemporânea. Da mesma forma, poderáreconhecer os profundos compromissos deste país:com o desenvolvimento económico; com a justiçasocial; e com as liberdades cívicas, dentro da or-dem democrática.

Senhor Chanceler Federal:

No árduo esforço que a Nação brasileira em-preende, a cooperação económica, científica etecnológica entre nossos dois países é de especialimportância.

O intercâmbio comercial teuto-brasileiro, que em1971 somava 700 milhões de dólares, alcançouno ano passado a significativa marca de doisbilhões de dólares.

Tal crescimento é sobremodo satisfatório, peladinâmica e pelo volume das transações. Nos pró-ximos anos, novos e mais altos patamares pode-rão ser ainda alcançados. E isso acontecerá, comcerteza, na medida da nossa capacidade de mo-bilizar as agências de nossos governos e os seto-res privados, interessados no intercâmbio entre oBrasil e a República Federal.

A adaptação do comércio bilateral às realidadeseconómicas dos dois países justifica um renovadoesforço conjunto, para aperfeiçoar a estrutura denossas trocas de mercadorias e serviços. Napauta das exportações brasileiras, ainda predo-minam, de longe, os produtos primários. Entre-tanto, os objetivos comerciais do Brasil não serestringem à sustentação e ao incremento dessasvendas.

O parque industrial brasileiro, como bem sabeVossa Excelência, continua a desenvolver-se e adiversificar-se. Os próprios investimentos alemães

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têm sido de extrema valia na ampliação da capa-cidade produtiva brasileira. Além de atender aomercado interno, a indústria contribui, de formacada vez mais intensa, para dinamizar nossasexportações.

Só assim o progresso brasileiro manterá seu ritmo.Só assim poderá o Brasil pagar importações con-dizentes com as necessidades de seu desenvolvi-mento e as aspirações de bem-estar de seu povo.

Nesse contexto, estamos certos de continuar con-tando com o valioso apoio do governo de VossaExcelência, na luta comum para fazer recuar astendências protecionistas na Comunidade Econó-mica Europeia e nos demais países industrializa-dos.

A respeito dessa matéria, a posição de VossaExcelência é bastante conhecida e respeitada.Relembro, em especial, o recente apelo que fezem Frankfurt, concitando os países industrializa-dos a renovar sua oposição às manifestações cres-centes de protecionismo. Vossa Excelência afir-mou, então, ser preciso resistir à tentação de usaro protecionismo para eternizar as atuais estru-turas do comércio internacional.

protecionismo é mal para todos

Efetivamente, as práticas protecionistas são ummal para todos. Restringem o acesso aos merca-dos dos países desenvolvidos. Subtraem indispen-sáveis receitas de exportação aos países em de-senvolvimento. Reduzem sua capacidade de im-portar e de comprometer-se com serviços exter-nos.

No mercado interno dos países desenvolvidos,aquelas práticas ajudam a agravar a pressão in-flacionária, sem dúvida um dos principais proble-mas de nossos dias.

No campo da cooperação bilateral, o Brasil e aRepública Federal da Alemanha conjugaram seusesforços de modo verdadeiramente exemplar.

O Acordo de Cooperação no campo dos usos pací-ficos da Energia Nuclear, existente entre nós desde1975, espelha a grandeza de nossas relações.Demonstra, também, a viabilidade da cooperaçãohorizontal e equitativa entre países em diferentesestágios de desenvolvimento.

O Governo brasileiro está decidido a assegurarnormalmente a implementação de nosso Acordo.Reafirmo nossa posição de cumprir as obrigaçõesnele previstas e de garantir o acesso do País àstecnologias do ciclo completo do combustívelnuclear, mediante a aplicação das salvaguardasda Agência Internacional de Energia Atómica.

O Acordo Básico de Cooperação Técnica, o AcordoGeral sobre Cooperação em setores de pesquisae de desenvolvimento tecnológico compõem, ainda,o quadro de nossa profícua colaboração. Alémdisso, facilitam a ambos os Governos a adoçãode novas e diversificadas iniciativas, em muitoscampos de atividade. É meu firme propósito que,do lado brasileiro, sejam criadas condições paraprosseguir na expansão e na diversificação siste-máticas de nossos amplos programas de coopera-ção.

Senhor Chanceler Federal,

A tradicional amizade que une os nossos povos,-a mútua confiança que caracteriza nossa coope-ração; a substancial convergência de muitas denossas posições; o próprio caminho que já per-corremos juntos — tudo isso basta para encarar-mos com otimismo o futuro de nossas relações.Eventuais dificuldades em relações de tal enver-gadura jamais arrefecerão a vontade de nossospovos e Governos de ampliá-las e diversificá-las,com ânimo fraterno e maduro.

Com esses votos, peço a todos os presentes quelevantem as suas taças e brindem comigo à saúdee felicidade pessoal de Sua Excelência o Chance-ler Federal Helmut Schmidt, e de sua estimada edistinta esposa, Doutora Hannelore Schmidt àcrescente prosperidade da República Federal daAlemanha, e à duradoura amizade e cooperaçãoteuto-brasileira.

Muito obrigado.

HELMUT SCHMIDT

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Excelentíssima Senhora Figueiredo,

Excelências, Minhas Senhoras e Meus Senhores!

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Também em nome da minha mulher, das Senhorase Senhores da minha comitiva, desejo agradecersinceramente a Vossa Excelência, Senhor Presi-dente, as palavras de saudação extremamenteamáveis a nós dirigidas. Bem sabemos apreciar acalorosa acolhida e a hospitalidade que VossaExcelência nos oferece, tão pouco tempo após asua investidura no cargo.

Esta é minha primeira visita oficial à AméricaLatina. Com surpresa verifiquei ser eu também oprimeiro Chefe de Governo alemão que, no decor-rer da longa e tradicional história das relaçõesentre a Alemanha e a América Latina, vem visi-tá-la. Isso talvez seja uma coincidência históricaou uma manifestação do conceito de que Chefesde Governo devem governar em casa, deixandoviagens longas a cargo dos seus Ministros doExterior.

Mas, certamente, não é por acaso que minhaviagem à América Latina me conduz primeiro aoseu país ao qual, em função de sua grandeza, donúmero de seus habitantes e do seu rápido desen-volvimento, cabe uma grande responsabilidade naAmérica Latina e no mundo, e ao qual nos ligaum entendimento baseado em amizade.

Senhor Presidente, há um ano atrás, por ocasiãoda visita à República Federal da Alemanha do seupredecessor, o Senhor Presidente Ernesto Geisel,na Declaração Conjunta, de 10 de março de 1978,manifestamos o nosso propósito de aperfeiçoar eaprofundar a compreensão e cooperação, bemcomo de intensificar a troca de pontos de vista.Desde então temos registrado grande progressonesse caminho.

Os Ministros do Exterior acordaram, numa trocade cartas, a realização de consultas periódicas.Os pormenores da nossa cooperação foram dis-cutidos em reuniões regulares da Comissão MistaTeuto-Brasileira de Cooperação Económica e daComissão Mista Teuto-Brasileira de Ciência eTecnologia. Um fluxo de visitantes graduadosem ambas as direções tem assegurado uma trocade experiência em quase todos os campos dapolítica, da economia e da cultura.

estreita e sólida a cooperação teuto-brasileira

A cooperação teuto-brasileira é estreita e sólida.Empresas industriais alemãs prestam uma impor-tante contribuição aos impressionantes esforçosempreendidos pelo Brasil para transformar-se numpaís industrializado moderno. O nosso intercâm-bio comercial cresce de ano para ano, tornando-sesempre mais diversificado. A época em que umparceiro fornecia apenas matérias-primas e ':outro apenas produtos manufaturados há muitotempo pertence ao passado.

Também por outra razão nós alemães estamosligados aos brasileiros por elos de amizade: atédependemos um pouco dos senhores em nossavida cotidiana: tomamos seu café que nos esti-mula, fumamos seu tabaco que nos proporcionasatisfação, e finalmente, às vezes assistimos aojogo de futebol de um time brasileiro, e isso nosvem causando certa inveja, pois ultimamente im-portamos mais gois do que exportamos. Só possofelicitá-los pelo seu futebol da melhor categoriainternacional. Relembro com certa saudade ostempos em que Pele e seu colega alemão Becken-bauer demonstraram juntos no Cosmos em NovaIorque como se joga futebol.

Cientistas e técnicos alemães trazem sua expe-riência e seus conhecimentos para a construçãodo seu País, seja no campo da geologia ou da eco-nomia florestal, seja no combate às doenças tro-picais ou na pesquisa de fontes alternativas deenergia.

A nossa estreita cooperação no campo dos usospacíficos da energia nuclear é caracterizada porum senso de responsabilidade, por realismo eequilíbrio.

O ativo intercâmbio cultural e científico contri-bui para melhorar o conhecimento reciproco e oentendimento entre os nossos Povos. Professoresuniversitários alemães ministram cursos e reali-zam estudos no Brasil, professores brasileiros, naAlemanha, estudantes alemães procuram satisfa-zer sua curiosidade no seu País, enquanto queestudantes brasileiros procuram estímulos nonosso.

Generoso, o seu País abriu as portas a muitoscompatriotas meus, proporcionando-lhes uma nova

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existência, quando a fome, o desemprego e, nastrevas da ditadura de Hitler, a perseguição polí-tica obrigaram esses homens a deixar a sua pá-tria alemã.

Em resumo, Senhor Presidente, podemos estar sa-tisfeitos com o estado das nossas relações. A di-nâmica intrínseca e as profundas raízes históri-cas dessas relações permitem-nos considerar jus-tificadas as nossas esperanças quanto à contínuaintensificação e ao vigoroso desdobramento des-sas relações também no futuro.

Senhor Presidente, minhas Senhoras e meusSenhores, não seria porém suficiente julgarmosas nossas relações apenas sob um ângulo bilate-ral. Devemos manter viva a consciência do ele-vado grau em que continuamos a depender daestabilidade e da evolução pacífica também detodos os outros países.

cooperação internacional para um justo

equilíbrio de interesses

A interdependência económica no plano mundiale o desnível Norte-Sul requerem de nós umacooperação e uma política orientada para umjusto equilíbrio de interesses também no âmbitointernacional. Nem os fornecedores de produtosindustriais nem os fornecedores de matérias-pri-mas ou de petróleo têm o direito de exercer do-mínio ou tutela sobre os outros. Como a Repúbli-ca Federal da Alemanha também o Brasil temsentido nesses dias o quanto dependemos dosgrandes produtores e fornecedores de energia, oquanto nós temos de confiar em que os países daOPEP — embora sejam justificados os esforços deassegurarem seus interesses nacionais — não per-cam de vista o que pode ser exigido à economiamundial e, notadamente, aos países em desenvol-vimento em termos de restrições ao consumo deenergia ou à solvência com relação a outras im-portações.

Assim como nos esforçamos para desenvolver no-vas fontes alternativas de energia como, porexemplo, energia solar e eólica, e juntamente comoutros países industrializados implementar umapolítica energética adequada, assim também esta-mos dispostos a promover uma cooperação inter-

nacional com relação a outras matérias-primas eprodutos básicos. Trata-se, em primeiro lugar, demanter e aprimorar uma economia internacionalaberta ao comércio e aos investimentos, e capazde funcionar. Atingir esse objetivo é possível ape-nas, se todos nós nos compreendermos como parceiros igualitários e procurarmos, num diálogofranco, compromissos que garantam uma ordemeconómica livre, flexível e eficaz, uma ordem eco-nómica que permita também aos países em de-senvolvimento alcançar o progresso que lhes cabe.

Senhor Presidente, todos os esforços envidadospor nossos, sim, por todos os governos que dãovalor à justiça social e às condições de vidadignas do homem, poderão ser inúteis, se nãoconseguirmos manter a paz, que é o fundamentoda existência de todos nós. Com preocupação,acompanhamos os conflitos no Oriente Próximo eno Extremo Oriente, bem como os desenvolvimen-tos bélicos na África. A ameaça não está elimi-nada. Meu povo vive numa Europa dividida, numpaís dividido,- por Berlim, a antiga capital daAlemanha, passa a linha de separação entre oLeste e o Oeste.

Indispensável para a segurança da República Fe-deral da Alemanha é a nossa integração na Alian-ça do Atlântico Norte, cujo fundamento — exce-tuando os nossos parceiros na Aliança — é a só-lida amizade com os Estados Unidos e o Canadá.Este destino, ou seja, vivermos na junção entreo Leste e o Oeste na Europa, é uma grande dife-rença entre o meu país e o seu.

Terminando, gostaria de mencionar ainda umaoutra diferença característica, mas uma que nosinspira otimismo. Um olhar a essa façanha semigual que é a sua capital Brasília, onde aterrisseiapenas poucas horas atrás, mostra o que tenhoem mente. A silhueta elegante, bem proporciona-da desta obra sem par evidencia: o Brasil é jo-vem, o Brasil é audaz, o Brasil constrói para ofuturo. Somente um povo tão jovem, constituídoem sua maioria por jovens com menos de 18 anos,tem a audácia de construir uma capital milioná-ria, em pouco mais de uma década, na imensidãodo cerrado.

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Apenas uma nação — permitam-me dizer isso comcerta inveja como cidadão de uma nação dividida— uma nação que soube preservar a unidade deseu Estado do tamanho de um subcontinente estátambém em condições de concentrar as suas for-ças centrifugais no campo cultural, social, étnicoe económico nesse monumento à identidade co-mum.

Como hamburguês, a quem repugna a ostentação,e como homem que já sentiu o impulso de se tor-nar urbanista e arquiteto, o que mais me comoveé a harmonia que irradia deste magnífico edifí-cio do Itamaraty e do Palácio da Alvorada: digni-dade do poder público em serena harmonia!

Para a evolução deste país contribuem homenscujos antepassados provêm de quatro continen-

tes. Isso determina a dinâmica do Brasil e possi-bilita um papel especial na política internacional.

Este país, no aperfeiçoamento de sua cultura mul-tissecular, é rico em tradições e muito jovem noseu ímpeto indomável para o futuro, particular-mente graças a sua composição étnica. Comoacontece na sua maravilhosa e multifacetada mú-sica popular, essa mistura produz continuamenteo novo, o qual por sua vez influencio o resto domundo.

Esse povo jovem, corajoso e alegre merece umfuturo feliz.

Neste sentido peço que comigo ergam as suastaças para brindar à saúde do Presidente da Re-pública Federativa do Brasil e da ExcelentíssimaSenhora Figueiredo e à amizade entre os nossospovos.

visita de helmut schmidt cria oportunidadepara intensificar a cooperação brasil-rfa

Discurso do Presidente João Figueiredo por ocasiãodo jantar que lhe foi oferecido pelo Chanceler

Helmut Schmidt, na sede da Embaixada alemã, emBrasília, em 04 de abril de 1979.

Excelentíssimo Senhor Chanceler Federal

Helmut Schmidt

Muito me sensibilizam os votos que Vossa Exce-lência acaba de formular, e que bem expressama amizade teuto-brasileira, e o espírito que pre-side a visita de Vossa Excelência e da SenhoraSchmidt ao Brasil.

Nestes dois dias de conversa, pudemos iniciar umconhecimento pessoal, que rapidamente se trans-formou em entendimento e compreensão mútua.Fico reconhecido a Vossa Excelência, pela disposi-ção de atender ao meu convite, e de vir ao nossoPaís, logo no início de meu Governo. Criou-se,assim, uma oportunidade para que possamos, des-

de já, intensificar a cooperação entre nossos doispaíses.

As nações brasileira e alemã têm-se conhecido eestimado, inclusive pela importante contribuiçãogermânica à formação do povo deste País. Ago-ra, temos diante de nós novos e promissores ho-rizontes. Seu desbravamento depende apenas decoragem, de confiança recíproca, e da vontadede trabalharmos em comum.

Nesse espírito, permita-me convidar os presentesa que ergam suas taças em homenagem à amiza-de perene entre nossos países, ao progresso daAlemanha Federal, e à felicidade e ao êxito pes-soais de Vossa Excelência e da Senhora HanneloreSchmidt.

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figueiredo a helmut schmidt: amplos camposabertos à cooperação entre brasil e rfa

Discursos do Presidente João Figueiredo e do ChancelerHelmult Schmidt, no Palácio do Planalto, em Brasília,

em 04 de abril de 1979, por ocasião dasolenidade de assinatura de atos entre o Brasil e

a República Federal da Alemanha.

JOÃO FIGUEIREDO

Excelentíssimo Senhor chanceler federal,Helmult Schmidt.

No breve espaço de um dia tive o prazer de en-contrar-me duas vezes com Vossa Excelência, paraproveitosas reuniões de trabalho. Ao mesmo tem-po, ilustres membros de sua comitiva discutiramcom representantes do meu governo temas bila-terais e multilaterais, de interesse comum.

Agora que as discussões oficiais se encerram, noclima do mais perfeito entendimento, Vossa Ex-celência traz até aqui não só os altos funcioná-rios do seu governo, que o acompanharam, mastambém, os homens de ciência e da cultura, e oslíderes empresariais e sindicais, que convidouporá virem ao Brasil.

Excelentíssimos senhores:

É para mim motivo de especial satisfação recebê-los aqui. Sei que Vossas Excelências representamalguns setores que fazem a República Federal tãorespeitada em todo o mundo. A capacidade cien-tífica e tecnológica, o espírito empreendedor, ge-rencial e de trabalho de sua população estão bemsimbolizados em Vossas Excelências.

Suas presenças entre nós testemunha a variedadee a importância das relações que unem nossospovos. Indica, também, os amplos campos aber-tos a cooperação entre nossos dois países.

A todos quero reafirmar a certeza de que o Brasile a República Federal da Alemanha, depois desta

visita e destes encontros, continuarão, por muitosanos, a trilhar o caminho das relações interna-cionais baseadas nas discussões de boa fé, dacooperação profícua, e, em geral da boa vontaderecíproca. Tudo isso encontra um fundamento noslaços culturais e económicos que brasileiros ealemães souberam criar e fortalecer.

Agora, Vossa Excelência, Senhor chanceler federale seus companheiros, se preparam para conheceroutras cidades, situadas em diferentes regiõesbrasileiras. Elas bem exprimem, em sua diversi-dade a alma do povo brasileiro e as aspiraçõesque unem esta Nação. Vossas Excelências terãoocasião de encontrar-se com meus concidadãosque trabalham nas fábricas e nos campos.

Espero que esses contatos contribuam para queconheçam as realidades deste País. Sei que detodos receberão a mesma acolhida sincera, fran-ca, leal e ampla que é tão característica da gentebrasileira. Essa é a confiança que espero tenhamde volta a República Federal.

Por fim, na reafirmação da amizade brasileira,desejo-lhe uma feliz estada entre seus fraternosamigos brasileiros.

Muito obrigado.

HELMUT SCHMIDT

Todos nós estamos muitíssimo satisfeitos com oestágio da cooperação dos nossos dois países e écom grande confiança que encaramos o futuro de-senvolvimento das nossas relações. Quanto ao es-tágio de nossas relações, desejo chamá-lo de exce-lente. Nos setores que tem o nosso especial inte-

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resse e a nossa especial simpatia, por um lado, odesenvolvimento económico do seu país que tam-bém, no futuro, vamos encanar de forma positivae, por outro lado, a normalização política queVossa Excelência se propôs, a si próprio e esta,particularmente, acompanhamos com especialsimpatia. Em nome dos meus colegas desejo agra-

decer a Vossa Excelência, Senhor Presidente, e aseus Ministros, pela hospitalidade e pela fran-queza que caracterizou as nossas conversações.Tudo correspondeu plenamente às nossas expec-tativas. Permita que eu lhe dirija, por fim, con-vite para visitar o meu país, como presidente,naturalmente ainda durante o seu mandato.

chanceler alemão, em são paulo, falasobre as perspectivasdas relações teuto-brasileiras

Discurso do Chanceler Heimut Schmidt no Clube Transatlânticode São Paulo, em 05 de abril de 1979, por ocasião da

reunião da Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha. O discurso de Heimut Schmidt foi precedido

de uma saudação do presidente da Federação eCentro do Comércio do Estado de São Paulo, José Papa Júnior,

HELMUT SCHMIDT

Minhas Senhoras, meus Senhores!

Permitam-me iniciar com uma constatação sim-ples mas importante. Os poucos dias que tenhoestado no seu país e as poucas horas aqui emSão Paulo me têm impressionado de uma maneiraque francamente — não havia esperado.

Talvez os Senhores saibam que há mais de 20anos atrás, como jovem político, já estive noBrasil e em São Paulo e que também tenho pa-rentes que vivem no Brasil.

Entretanto, somente o contato pessoal nesses úl-timos dias, me fez apreciar o grande salto que oseu país deu nos últimos decénios. São Paulo, agigantesca metrópole, é o centro industrial maisimportante do Brasil, o maior do hemisfério sul.Considero São Paulo um exemplo do impressio-nante trabalho de construção que este país vemrealizando e do dinamismo dos empresários eempregados que aqui trabalham, que orientaramo Brasil para o caminho de um grande país indus-trializado.

Sua energia, seu engenho e sua disposição de seimpor e se afirmar na concorrência internacio-

nal contribuíram essencialmente para que oBrasil hoje, com justa razão, seja consideradouma potência emergente. Eu também consideroo Brasil um país emergente económica e politica-mente, de crescente importância.

Quase sempre comerciantes e empresários têmsido os primeiros a encontrar o caminho paranovas fronteiras, e sua contribuição ainda hoje éde importância decisiva para a boa qualidade dasrelações entre os nossos dois países.

Sendo de Hamburgo, me alegro especialmente porterem sido comerciantes hanseáticos os pioneirosno relacionamento entre a Alemanha e o Brasil.Voltados para o mundo, sóbrios e, ao mesmotempo, audazes, eles cedo reconheceram o papele a importância especial do Brasil. Já em 1827— isto é, há 152 anos atrás — por iniciativa daliga comercial foi concluído o primeiro tratadode comércio e navegação entre o império doBrasil e as três cidades hanseáticas Bremen, Ham-burgo e Lubeque.

No decorrer da história temos desenvolvido umagrande amizade pelo Brasil; impressiona-nos sem-pre de novo a comunhão do Brasil com o espí-rito da Europa.

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O que admiramos acima de tudo, é o dom dobrasileiro de improvisar com serenidade e tran-quilidade, onde nós alemães, às vezes, cremospoder alcançar o êxito apenas através de enér-gico planejamento.

brasil deveria servir de modelo

A essa simpatia pela maneira de viver e pela es-pontaneidade brasileiras associa-se mais um sen-timento: um aguçado interesse pelo Brasil e mais,por toda América Latina, baseado na história.Penso nos inúmeros imigrantes alemães, bem comonas contribuições de cientistas, artistas e escri-tores alemães que todas conduziram a uma inten-sificação do nosso relacionamento e ao respeitomútuo. O Brasil é um país sem discriminação ra-cial, sem ódio entre raças e sem destruição dasociedade humana, a estes aliada. Seu país deve-ria servir de modelo para muitos outros países,onde convivem homens de proveniência distinta.

O peso da América Latina no mundo e, nomea-damente, a importância do Brasil têm crescidocontinuamente nos últimos tempos.

Consideráveis progressos no desenvolvimento dasua economia e das suas sociedades trouxeram aesses países, sem dúvida, mais independência nocampo externo. Sua margem de ação aumentou.

Nas Nações Unidas e no diálogo entre os paísesindustrializados e os em desenvolvimento têmgrande peso.

Com especial interesse acompanhamos também aevolução interna nos países latino-americanos.Confiamos em que esses países resolvam as suasdificuldades estruturais e sociais de uma maneiraque garanta ao Homem liberdade e uma partici-pação justa na prosperidade económica.

Como social-democrata, a liberdade individual épara mim um bem augusto, Ê importante saber epersuadir-se de que a liberdade só pode ser dura-doura no âmbito de um equilíbrio pacífico de in-teresses sociais, que deve ser conquistado sem-pre de novo, tanto na República Federal da Ale-manha como no seu país.

Com grande interesse acompanho, por isso, osesforços envidados pelo seu país para a constru-ção de uma sociedade aberta, democrática e jus-ta, para os quais já o Presidente Geisel durante asua visita oficial no ano passado chamou a minhaatenção. Desejo aos Senhores e ao Senhor Presi-dente Figueiredo muita boa sorte no soluciona-mento dessa tarefa.

Tentamos prestar nossa contribuição para tanto.Dentro da nossa cooperação económica com aAmérica Latina, o Brasil ocupa o primeiro lugar.Até agora colocamos à disposição o montante deaproximadamente 1,3 bilhão de marcos alemãesem forma de créditos e subsídios, ocupando assimo segundo lugar depois dos Estados Unidos.

Procuramos essa cooperação com a América La-tina e, notadamente, com o Brasil, também parao futuro. Pois, pelo menos desde a crise do pe-tróleo e a subsequente recessão económica inter-nacional deve ter ficado claro a todos os respon-sáveis politicamente, que uma atuação isolada eunilateral de diversos países, terá sempre meno-res perspectivas de êxito. Necessitaremos de umaação coordenada internacional que leve em con-sideração tanto os requisitos de uma cooperaçãointernacional igualitária quanto os interesses na-cionais.

Minhas conversações com o Presidente Figueiredonos reafirmaram: isto é possível entre alemães ebrasileiros. Entre ambos os Governos existem es-treitas consultas periódicas. Tenho certeza que,a longo prazo, conduzirão também a uma maiorconvergência no âmbito multilateral e a umaapreciação diferenciada da nossa política nas re-soluções internacionais. Nós alemães sempre nostemos esforçado por compreensão dos interessesbrasileiros, e continuaremos a fazê-lo.

medidas para eliminar desnível

económico e social

Outro aspecto comum é que ambos os Governosiniciam medidas para a eliminação do desníveleconómico e social no mundo, isto é, entre Nortee Sul, de maneira pragmática e, ao mesmo tempo,sensata. Desejo sublinhar o judicioso papel que oBrasil desempenha nesse diálogo.

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Desse grande país que, ao mesmo tempo, deveenfrentar problemas de grandes diferenças regio-nais, de subdesenvolvimento regional com a ne-cessidade de alcançar progressos na agriculturae, ao mesmo tempo, atender os requisitos de umvertiginoso ritmo de industrialização são espera-das, por isso, contribuições conceituais específicas— nascidas da experiência própria — para o so-lucionamento dos problemas Norte-Sul. Isso aten-de aos intrínsecos interesses brasileiros e corres-ponde, ao mesmo tempo, a sua função de líder nogrupo dos países do Terceiro Mundo.

Não consigo compreender porque precisamentealguns países exportadores de petróleo desempe-nham o papel de representantes dos países emdesenvolvimento nesse diálogo. Pois seus interes-ses são obviamente bem diferentes dos interessesdos Estados com pouco petróleo e especialmenteatingidos pela alta do preço de petróleo comopor exemplo, o Brasil, cuja demanda de energiaprecisamente em virtude do seu desenvolvimentoindustrial cresce desproporcionadamente. Muitospaíses em desenvolvimento, dependentes de im-portações de petróleo, foram atingidos bem maisseriamente pelo exorbitante aumento do preço depetróleo, nos últimos cinco anos, que os po^esindustrializados, consumidores de petróleo.

O desenvolvimento económico do Brasil pode serpara os Senhores motivo de satisfação e justo or-gulho. Alegro-me que o Governo brasileiro, em ja-neiro deste ano, tenha tomado uma atitude clara,resolvendo reduzir gradativamente as restriçõesàs importações e os incentivos às exportações,introduzidos há alguns anos atrás, f um passocorajoso. I um passo na direção certa. Ele de-monstra em que elevado grau o Brasil tem cons-ciência das suas obrigações económicas à escalainternacional.

Tenho ouvido aqui, algumas vezes, palavras críti-cas sobre a política comercial da Comunidade Eu-ropeia. Partilho a sua crítica a todo tipo de pro-tecionismo. Ele não só prejudica os interessesvitais prementes dos países em desenvolvimento,como também ameaça, a médio prazo, o nível devida das grandes massas de empregados nos paí-ses industrializados. Poderia conceber perfeita-mente para a Comunidade Económica Europeiauma política comercial mais liberal ainda. Pois

tenho a firme convicção de que todos, afinal,tiram proveito de um comércio internacional li-beral. A República Federal da Alemanha, por isso,sempre defenderá dentro da Comunidade Europeiaci redução dos obstáculos ao comércio.

Examinando o desenvolvimento do comércio exte-rior brasileiro com a Comunidade Europeia, sóposso felicitar o seu país. Pois, segundo sua pró-pria estatística, o Brasil, no ano passado, regis-trou em relação à Comunidade Europeia na balan-ça comercial um superavit maior do que comqualquer outro país ou grupo de países (1,25 bi-lhão de dólares).

Os empresários brasileiros, num notável esforço,valeram-se — também no setor industrial — daschances que o mercado da Europa Ocidental lhesoferece. Isso inclui o hábil e determinado apro-veitamento do Sistema Geral de Preferência quea Comunidade Europeia coloca à disposição dospaíses do Terceiro Mundo.

Dentro da Comunidade, a República Federal absor-ve a maioria dos produtos brasileiros — nemsempre para o agrado dos produtores e emprega-dos alemães.

relações económicas teuto-brasileirasdesenvolvem-se positivamente

No quadro das relações comerciais brasileiro-eu-ropéias já há muito tempo não são trocados ape-nas matérias-primas por produtos industriais, masem escala crescente também produtos industriaispor outros produtos industriais. O Brasil temprovado que a exigência de maior integração dospaíses em desenvolvimento na economia mundialnão é uma utopia.

A sólida base do nosso entrelaçamento económi-co inclui também grandes projetos, como a coo-peração teuto-brasileira no setor da energia nu-clear ou a participação de empresas alemães naconstrução da usina hidrelétrica de Itaipu. Essesexemplos justificam minha expectativa de que asrelações económicas teuto-brasileiras continuemse desenvolvendo positivamente em proveito recí-proco. Do nosso lado estamos dispostos a prestara contribuição necessária para tanto.

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Minhas palavras sobre a disposição de abrir omercado alemão às importações dos países emdesenvolvimento, não são palavras vazias. Nós,entrementes, já agimos na prática e, realmente,registramos nas importações de países em desen-volvimento não produtores de petróleo em 1978um superavit de aproximadamente 1,5 bilhão demarcos alemães. As taxas de crescimento das im-portações alemãs, provenientes desses países emdesenvolvimento, são sensivelmente superiores aocrescimento da totalidade das importações alemãs.Isso, efetivamente, é a integração praticada comos países em desenvolvimento na divisão de tra-balho dentro da economia mundial.

A abertura do Brasil para investimentos estran-geiros foi um fator muito importante para o rá-pido desenvolvimento do seu país nos últimos 15anos. Naturalmente, também as empresas alemãsnão vieram ao Brasil simplesmente por amor aopróximo. Sentiantrse atraídos por um: mercadopromissor, por ricas fontes de maférias-primas eum grande potencial de mão-de-obra. Possivelmen-te a esperança de poder superar barreiras tarifá-rias e obstáculos às importações através de inves-timentos diretos terá sido de certa relevância. Epor fim, as condições para investimentos estran-geiros, no Brasil eram favoráveis. As vantagensficam, sobretudo no país receptor — isto é, natransferência de tecnologia e na geração de em-oregos na indústria. Digo isso, expressamente,mesmo sabendo que problemas, muitas vezes, sur-gem com empresas multinacionais.

Considero imprescindível a rigorosa observaçãodo code of conduct, elaborado pela OCDE. Emtodos os encontros que tive, nos passados anos,com dirigentes de empresas multinacionais, sem-pre indiquei que isso corresponde aos interessestanto dos países atingidos como das próprias em-presas multinacionais.

Baseando-se nisso, os investimentos estrangeirostrazem os seguintes benefícios:

— aportam capital a longo prazo,

— importam know-how técnico e empresarial,

— inspiram a diversificação das estruturas eco-nómicas,

— fortalecem a capacidade de exportação do paísreceptor, e criam, através da ampliação daspossibilidades de trabalho e sobretudo, tambémde formação, a precondição para a melhoriadas condições de vida.

A indústria alemã criou apenas no Estado de SãoPaulo, direta ou indiretamente, cerca de 600.000lugares de trabalho. Seu desempenho na forma-ção técnica e na transferência de tecnologia éconsiderável.

Aqui, no entanto, cabe uma observação: cadamarco alemão ou cada cruzeiro, investido pelaindústria alemã, por exemplo no Brasil, natural-mente não pode ser investido, simultaneamente,na República Federal. Isso significa: com essemarco ou cruzeiro não podem ser criados lugaresde trabalho no nosso país. Por isso, lá os empre-gados e os seus sindicatos vêem os investimen-tos no exterior, realizados por empresários ale-mães, com uma mescla de sentimentos. Mas, poroutro lado, são suficientemente solidários paraaceitarem o necessário sacrifício das própriaschances.

governo brasileiro deseja manter oafluxo de capital e tecnologia

Minhas conversações fortaleceram a minha im-pressão de que o Governo brasileiro deseja man-ter o afluxo de capital e de tecnologia.

Nomeadamente as pequenas e médias empresaspossuem tecnologia sofisticada. Formam o poten-cial de uma segunda onda de investimentos, quecomplementa a das grandes empresas já aquipresentes.

Com satisfação ter-lhes-ia dito que a situaçãoeconómica mundial justifica, na minha opinião,um cauteloso otimismo. Realmente, os dados eco-nómicos ao final do ano passado e no início doano em curso indicaram uma tendência ascenden-te da economia mundial.

Mas não quero esconder que os recentes aconte-cimentos no mercado mundial de petróleo mepreocupam. Isso novamente conduzirá a um ónusdos balanços de pagamentos, em particular, dos

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países em desenvolvimento. Do mesmo modo fo-ram agravados os problemas de adaptação dospaíses em desenvolvimento e dos países indus-trializados.

E, do mesmo modo, todos nós, os países industria-lizados e os em desenvolvimento, sofremos umrevés na luta contra a inflação. Isso também mepreocupa muito.

Pois, estou firmemente persuadido, e o desenvol-vimento da economia mundial desde o início dadécada de 70 mostra, que os pilares de umaordem económica internacional estável, que pos-sa garantir também aos países do Terceiro Mundouma parcela justa na produção e no comérciomundiais, não podem ser erigidos no solo panta-noso da inflação.

Hoje ainda não podemos avaliar em que medidaresultarão, além disso, problemas de abasteci-mento de energia.

É certo entretanto, que devemos acelerar consi-deravelmente nossos esforços no sentido de eco-nomizar energia e aproveitar fontes energéticasalternativas.

Independentemente disso, porém, creio que asperspectivas do comércio teuto-brasileiro são po-sitivas. A troca de mercadorias continuará cres-cendo. Desejo que os esforços brasileiros pela ex-portação tanto à escala mundial como na Repúbli-ca Federal da Alemanha sejam coroados de êxito.

0 Papa João Paulo II, na sua primeira encíclicaRedemptor hominis, em poucas palavras chamoua atenção para a importância de uma ordem eco-nómica internacional justa: "Essa situação dramá-tica não nos pode deixar indiferentes: . . . Afebre da inflação e o flagelo do desemprego sãooutros sintomas da grave desordem moral a nívelmundial que exige por isso decisões ousadas ecriativas . . .

Realizar essa tarefa não é impossível . . . O pro-gresso nesse difícil caminho da indispensável re-modelação de estruturas da vida económica sóserá possível, se houver uma verdadeira conver-são da mentalidade, do propósito e do coração.Essa tarefa requer o determinado empenho dos

homens e dos povos em liberdade e solidarie-dade . . . "

Minhas Senhoras e meus Senhores, creio que nósprecisamos uns dos outros nesse determinado em-penho dos homens na Europa e na América La-tina, no empenho de nossos povos, ao qual nosconvoca o Papa.

Por este motivo, procuramos a cooperação polí-tica com a América Latina e, notadamente, como Brasil como parceiro igualitário num mundo in-terdependente.

Nós precisamos dos Senhores e temos muito quelhes oferecer,- os Senhores precisam de nós e tam-bém muito nos oferecem.

Assim, existem boas condições para solucionar-mos juntos as tarefas que ainda teremos pelafrente.

JOSÉ PAPA JÚNIOR

Senhor Chanceler Helmut Schmidt:

Saudando a presença de Vossa Excelência em SãoPaulo, desejamos, desde logo, manifestar o nossoreconhecimento pela valiosa contribuição alemãao enriquecimento do património cultural e ma-terial brasileiro.

Toda humanidade vive, hoje, sob o signo de umacivilização que une, no mesmo destino, a sortedos povos e nações, que fazem da terra a grandemorada fraternal do homem. Porque estamos che-gando a este grau de universalidade planetária,a interdependência é a vocação básica dessestempos em que, sob o impacto de extraordinárioprogresso, desmoronam velhas doutrinas isolacio-nistas. Desaparecimento dos limites culturais nãodecreta, porém, a extinção da individualidade decada país e de cada povo. A grande beleza desseprocesso de universalização que estamos come-çando a viver reside, precisamente, em promovera unidade na mutiplicidade. Guardando as suascaracterísticas próprias, cada povo trabalha hoje,mais do que em qualquer época histórica, parapreservar a unidade do espírito humano, irredu-tível na sua essência, mas diversificado em suasmanifestações.

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No mundo em que vivemos é crescente a integra-ção da humanidade, que a cada instante da his-tória contemporânea, se sente idêntica nas suasaspirações de bem-estar, paz, concórdia e pro-gresso.

Esta civilização solidária, que o vertiginoso de-senvolvimento vem ampliando em ritmo incessan-te, corresponde, no plano dos valores morais, àsensibilidade mais profunda do povo brasileiro,que sempre entendeu a vida internacional comouma realidade fundada na cooperação material ena permuta das ideias, uma vez que, na troca debens comerciais, está implícita a permuta dos va-lores técnico-científicos, que permitiram a suacriação.

A noção de países autárquicos, que se bastam asi mesmos, atenta contra o princípio da univer-salidade humana. Por mais pobre que seja umpovo, ele não é tão pobre que não possa dar algodo melhor de si para o progresso geral da huma-nidade. Por mais rica que seja uma nação, elanão será bastante rica para que possa dispensaras contribuições que o resto da humanidade estádisposta a oferecer à sua grandeza. E porque éassim, povos e nações não têm outro caminho atrilhar fora de um roteiro balizado pelo mútuoentendimento e ajuda recíproca.

um povo e um país determinados a alcançar a sua

predestinação histórica. Mas a alcançá-la pelo

trabalho, nas fábricas e nos laboratórios, nas em-

presas, nas universidades e nos campos, onde

quer que o esforço do homem represente domínio

da ciência sobre a natureza e, sobretudo, a glo-

riosa conquista do homem sobre si mesmo, repre-

sentada pela adoção de estilos de vida fundamen-

talmente humanísticos.

Herdeiros da civilização ocidental, da qual a Ale-manha é uma das grandes construtoras, ao mes-mo tempo em que nos sentimos co-participantesdos destinos da Europa, nossa célula máter, nãoperdemos de vista os nossos compromissos com aAmérica Latina, na qual a figura maior da culturaalemã — Goethe — identificou novas possibilida-des de vida para a espécie humana.

A consciência dessas possibilidades dirige parti-cularmente, a ação dos empresários paulistas, queme atribuíram a honra de vos saudar, neste en-contro, que simboliza a função de nossa vontadede progresso com a ideia profundamente alemãde que o progresso, antes de se exprimir em rea-lizações materiais, exprime-se nas aventuras doespírito e da cultura — a kultur de que semprefalou a Alemanha com religiosa veneração.

jovem capitalismo busca o desenvolvimentoeconómico e tecnológico

Essa é a ideia que o empresariado paulista possuisobre o intercâmbio com outras nações, até por-que o nosso jovem capitalismo busca o desenvol-vimento económico e tecnológico, na pauta dobem-estar social. A cooperação económica naqual acreditamos é, pois, aquela que vê o desen-volvimento não como um simples episódio dos in-teresses políticos e comerciais, mas como reali-zação da vontade de promover o bem comum.

Vossa Excelência, Senhor Chanceler Helmut

Schmidt, nesta visita ao Brasil, defronta-se com

Senhor Chanceler,

As classes produtoras de São Paulo, reafirmandoseu apreço pela Alemanha democrática e huma-nista, renova sua convicção de que a maior apro-ximação de nossos países, através do intercâm-bio comercial e cultural, e da colaboração parao desenvolvimento científico, tecnológico, inde-pendente dos múltiplos benefícios que produzirá,há de significar passo avante no novo tipo derelacionamento internacional, que tem, na pro-cura do progresso, o seu pressuposto e a sua jus-tificativa mais alta. É com essa crença que vossaudamos, fazendo votos pela crescente prospe-ridade de vossa pátria.

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helmut schmidt: o brasil é uma naçãoemergente e cada vez mais importante

Discursos do Governador do Estado de São Paulo,Paulo Maluf, e do Chanceler da República Federal

da Alemanha, em 05 de abril de 1979,por ocasião de almoço oferecido a Helmut Schmidt

no Palácio dos Bandeirantes.

PAULO MALUF

Excelentíssimo Senhor Chanceler,

Não há aspecto da cultura alemã, Senhor Chance-ler, que não tenha sido estudado. A sua literaturaé bem conhecida das camadas intelectuais. Masnunca será demais enaltecer a contribuição alta-mente positiva que o nosso desenvolvimento re-cebeu da Alemanha. Identificamo-nos com os ale-mães em vários campos, notadamente no cientí-fico e tecnológico.

Permita-me Vossa Excelência, Senhor Chanceler,que lembre, embora brevemente, a contribuiçãoalemã em vários setores da nossa evolução. HansStaden foi o primeiro visitante alemão de umelenco que iria formar tradição. Sua obra é fun-damental para a compreensão dos nossos diasinaugurais.

Lembro o nome do grande cientista alemãoWilheem Ludwig von Eschwege, que nos visitouno século passado. Geólogo, mineralogista e en-genheiro de minas, esse notável homem de ciênciaprestou relevantes serviços em sua profissão, e,ainda, fez pesquisas sobre tribos indígenas, algu-mas das quais, tendo-se extinguido, são conheci-das somente através de seus trabalhos.

De 1815 a 1817 esteve no Brasil o príncipe Maxi-miliano de Wied-Neuwied, antropólogo formadona famosa Universidade de Geottingen. Sua obrafoi traduzida para o português, e é, sempre, fon-te de informação para todos os estudiosos.

Deixando de lado outros nomes, cito ainda os dedois dos maiores cientistas alemães, que estuda-

ram profundamente o Brasil. Refiro-me a Karl Frie-drich Philipp von Martius, botânico, e Johann Bap-tista von Spix, zoólogo. Ambos empreenderam via-gem pelo Brasil, e escreveram alentada obra, tra-duzida e editada várias vezes, em nossa língua.Martius iniciou os estudos etnológicos no Brasil.Não fossem esses dois cientistas, e não teríamosconhecimento pormenorizado das culturas e lín-guas indígenas brasileiras.

No mesmo período, aqui esteve George Henrichvon Langsdorff, alemão a serviço da Rússia, naépoca. Com ele veio um dos pintores ao qual maisdeve a nossa iconografia do século passado, ojovem Johann Maritz Rugendas. Este pintor fixouos usos e costumes brasileiros das cidades e dasfazendas, imprimindo-se todos em gravuras, queilustram livros e decoram interiores das casasbrasileiras. Cito, ainda, para não me alongar, opríncipe Adalberto da Prússia, que viajou peloBrasil, e Hermann Burmeister, Frans Keller Leu-zinger e a princesa Tereza da Baviera.

Como vê Vossa Excelência, a lista é significativamas deve ser especialmente citado o maior detodos, o naturalista Alexandre Humboldt, um dosgrandes sábios da Humanidade. Esse cientista pro-vocou emulação na Europa, tornando o Brasil co-nhecido dos estudiosos e chamando a atençãopara a nossa natureza.

primeiros imigrantes foram alemães

Quando, logo depois da nossa Independência, noséculo passado, se cogitou de substituir o braçoescravo pelo braço livre, os primeiros imigrantes

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a pisarem terras brasileiras foram alemães. Fixa-ram-se no Rio Grande do Sul Depois passarampara Santa Catarina, onde os traços dos usos,costumes e folclore germânicos são tão profun-dos, que é raro haver quem não fale ou, ao me-nos, não conheça o alemão, sendo ali nativo.

Em meados do século passado, os paulistas tam-bém trataram de substituir o braço escravo pelolivre, e o Senador Nicolau de Campos Vergueirofoi o primeiro a introduzir imigrantes alemãesem sua fazenda, situada a cento e cinquenta qui-lómetros desta Capital. Vieram em seguida suces-sivas levas de imigrantes germânicos.

Ademais da ciência, os alemães especializados emartes técnicas, também para aqui vieram. E tive-mos os mecânicos, os marceneiros, os mestres deobras, os eletricistas, que concorreram para ini-ciar o processo de desenvolvimento económico emSão Paulo. Os primeiros mestres cervejeiros a seinstalarem em São Paulo eram todos alemães.Como se não bastasse, informo que um dos maio-res plantadores de café de São Paulo foi alemão.Sozinho, contando apenas com sua energia e ca-pacidade de trabalho, Francisco Schmidt foi pro-prietário de dezenas de fazendas e de milhões decafeeiros.

Os alemães fundaram empresas, clubes, socieda-des culturais, colégios, abriram fazendas, monta-ram oficinas profissionais, dando um forte supor-te ao nosso desenvolvimento. Tão vigorosa é acoletividade alemã, que circula em São Paulo umjornal diário, de boa tiragem, o Deutsche Zeitung.Um dos maiores clubes esportivos do Brasil, emnúmero de sócios, foi fundado por alemães. Naciência, na tecnologia, nas faculdades, no direito,na medicina, na engenharia, nas artes, os ale-mães têm brilhado sempre no Brasil, através deseus descendentes. Uma das características da ci-vilização paulista, na era da opulência do café,era a educação alemã dos meninos e jovens. Po-de-se dizer que numerosas famílias paulistas ti-nham na fraulein a preceptora de seus filhos.

Enorme foi, pois, a participação alemã no desen-volvimento do Brasil. Desde o século passado,São Paulo contou com grandes firmas alemãs,que exportavam café. Casas comerciais alemãstrouxeram a civilização a este planalto. Grandes

empreendimentos contaram e continuam a contarcem o concurso dos alemães, em nosso Estado.

capitais alemães fortaleceram a

economia brasileira

Depois da segunda grande guerra, quando a Ale-manha não havia, ainda, cicatrizado as feridasda conflagração, afluíram para o Brasil grandescapitais e tecnologia alemãs. Aqui os seus em-preendedores e seus técnicos fundaram e edifica-ram empresas, que, em pouco tempo, fortalece-ram a nossa economia e geraram milhares de em-pregos. Hoje São Paulo é um dos mais importan-tes centros industriais alemães, comparável, pelonúmero de empresas, a algumas das regiões maisindustrializadas da própria Alemanha.

Nos círculos culturais brasileiros, e, em parti-cular, de São Paulo, o pensamento alemão é co-nhecido, estudado e alguns de seus filósofos, têmdiscípulos fiéis. Somos, como pode observar VossaExcelência, admiradores da cultura alemã.

Posso, pois, afirmar, senhor Chanceler, que a sim-patia com que Vossa Excelência foi recebido eestá sendo homenageado, expressa a nossa admi-ração pela Alemanha, por tudo o que sua naçãorepresenta para a civilização e a cultura, aciência e a tecnologia. Cientistas, técnicos, pen-sadores, imigrantes encontraram no Brasil umaterra acolhedora, simples e amável. Essa terracontinua a mesma para os alemães, Senhor Chan-celer. Saúdo em Vossa Excelência a sua grandepátria. Reafirmo que o Brasil a sente como umanação amiga, e faço votos que Vossa Excelênciaseja feliz nesta sua viagem pelo nosso país.

HELMUT SCHMIDT

Excelentíssimo Senhor Governador; Exma. Sra.Salim Maluf.

Agradeço particularmente pelo discurso que V.Sa. acaba de proferir em que lembra contri-buições prestadas durante séculos pelos ante-cessores da atual geração alemã para o de-senvolvimento de seu país. A sede de seu gover-no nos impressiona e nos deixa invejosos, eu te-nho que confessar isso pelo que vi e ouvi e todosconcordam comigo. Nós estamos invefosos destasua sede de governo, não só por ela ser gene-

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rosa, mas também por ela simbolizar a grandiosahistória de um Estado que, sozinho, tem o tama-nho da RFA. Um Estado, uma cidade Capital deum Estado gigantesco. E a sede de seu governorecebeu a sua forma pela audácia dos bandeiran-tes e ela ainda inspira um dinamismo atualmenteque ela certamente continuará inspirando no fu-turo. Aos nossos pés se descortina o panoramada São Paulo de hoje, uma megalópolis de cresci-mento explosivo, uma cidade Capital portantodeste Estado, trabalhadora, e de vida ativa. Euestive aqui há um quarto de século atrás e jápude verificar como esta Capital deste Estado setem desenvolvido neste ínterim.

Compreende-se à primeira vista o quão gigantescaé a tarefa de acompanhar este desenvolvimentodinâmico do seu Estado por uma infra-estruturaadequada posta à disposição há tempo. E tam-bém se percebe à primeira vista quão difícil é atarefa de garantir um equilíbrio social dentrodesse desenvolvimento. E, no fundo, se trata, noseu Estado, de uma concentração de problemasque todos os governantes do Brasil têm. E asse-guro-lhe, Sr. Governador, que meus colegas e eudesejamos a V. Exa. como governador deste Esta-do, a este Estado e também a todo Brasil, prudên-cia, boa sorte e êxito na superação dos comple-xos problemas que têm.

É para mim, que sou natural de uma cidade alemãde comércio e indústria, um conhecimento natu-ral, mas eu creio que também a grande maioriados meus compatriotas está consciente de quemais da metade da produção industrial brasileira,e de que mais da metade das exportações brasi-leiras, provêm de São Paulo. E aqui não estamospensando só no café. As realizações que foramconseguidas nas últimas décadas só foram pos-síveis, a meu ver, no âmbito de uma economialiberal, no âmbito de uma economia de mercado.E nós alemães também devemos ao sistema se-melhante o surto económico que houve nos últi-mos 30 anos, a partir das destruições da Segun-da Guerra Mundial. Devemos a este sistema eco-nómico também o nosso bem-estar, desconhecidoaté então.

Quanto à ordem económica da RFA, desejo aindafazer uma observação, para que não haja umaimpressão errada. Nós tivemos a experiêrvcia de

que a convivência harmónica e antagónica, aomesmo tempo aplicada com responsabilidade eprudência, entre os trabalhadores e os empresá-rios — entre, portanto, os sindicatos, os conse-lhos de empresa —, que essa convivência podecontribuir para a solução dos problemas que sur-gem naturalmente com o crescimento económico,problemas principalmente sociais. E essa convi-vência também pode garantir um desenvolvimen-to equilibrado, no campo da distribuição derendas.

V. Exa. Sr. Governador, lembrou a contribuiçãoprestada pelas grandes, médias e pequenas em-presas alemãs para o progresso económico deseu Estado. Existem empresas alemãs que fordmfundadas até aqui em São Paulo. Pelo que eu sei,prestam uma considerável contribuição para odesenvolvimento industrial, tanto para o seu Es-tado como para o País inteiro, e criaram direta-mente mais de cem mil ou até mais de duzentosmil lugares de trabalho. Empresas, portanto, quedevemos à confiança que a nossa indústria depo-sita no seu progresso económico. E isto não é sóorque os investimentos no estrangeiro de nossa

indústria cause satisfação, mas há consideráveispreocupações da parte dos sindicatos, pois acon-tece que, através dos investimentos de capitalalemão no estrangeiro e através da criação de lu-gares de trabalho, em consequência não aconteceo mesmo em casa, na Alemanha.

Mas os sindicatos, entre nós, conseguem esque-cer essas preocupações porque se sentem solidá-rios com os trabalhadores no Brasil, com os tra-balhadores aqui em São Paulo, com os trabalha-dores do Terceiro Mundo. E este sentimento desolidariedade existe também entre aquelas pes-soas que lideram a Alemcnha, ou seja, o governoe o Parlamento. Nós acreditamos na necessidadede uma divisão internacional do trabalho. Somosadeptos de um comércio livre e combatemos qual-quer espécie de protecionismo. A médio prazonão é vantajoso para ninguém um se fechar con-tra o outro. Pelo contrário, devemos — e isto nostrará vantagem a médio e a longo prazo —,abrir os nossos mercados mutuamente, reci-procamente e devemos ajudar-nos da mesmaforma. E nós pretendemos fazer precisamente issotambém no futuro em todos os setores. Um exem-plo que eu gostaria de citar que muito me satis-

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faz é o seguinte: muitas empresas teuto-brasilei-ras praticam uma política social muito equilibra-da, muito progressista, proporcionam formação atrabalhadores qualificados, transferem experiên-cias no setor da Manesmann, experiência técnicaem quase todos os setores, num contato diárioentre a matriz alemã e a filial brasileira e assimcontribuem para a substituição das importações epara um aumento das exportações deste País.

V. Exa., Sr. governador, falou de uma maneiraque muito me comoveu das nossas relações dahistória cultural. Eu não fiz uma contribuiçãoneste sentido — eu antes contribuí com a descri-ção de nossas relações económicas que são exce-lentes —, mas eu não pretendo terminar semmencionar que a frutífera cooperação económicaentre nós é acompanhada por relações culturaismuito felizes, seja no setor escolar, seja no âm-bito da Universidade Estadual, a maior aliás, daAmérica Latina, seja dentro do Instituto HansStaden, do Instituto Goethe, e há muitos certa-mes, muitas instituições que aproximam paulis-tanos e alemães, cientistas e educadores, de umaforma muito estreita e muito frutífera.

A amizade e a boa cooperação que existe par-ticularmente no Estado de São Paulo entre bra-sileiros e alemães baseia-se em interesses mútuos,em simpatias recíprocas e isto é uma garantia,vm asseguramento também para o futuro.

Permita que diga uma palavra sobre o futuro doseu País. Há muitos anos atrás eu tinha a impres-são de que devido ao seu crescimento económicoo Brasil devia não só assumir um papel económi-co no mundo mas também um papel político, deescala internacional. A meu ver, o Brasil é umaNação emergente que se torna cada vez mais im-portante. E esta não é só a minha opinião. É aopinião de muitos outros que cheios de esperan-ça dirigem o seu olhar para o Brasil, para estePaís. Portanto, não é só por causa do impressio-nante desenvolvimento económico do qual espe-ramos que tenha continuidade, mas também porcausa da política de abertura anunciada pelopresidente Figueiredo, que o Brasil deve desen-penhar este papel do qual eu acabo de falar. Nóstivemos a oportunidade de nos convencer da se-riedade, da motivação, do presidente Figueiredoa este respeito. Ficamos, portanto, com essa im-pressão durante as longas conversações que man-tivemos nos últimos dois dias.

É no espírito da confiança, no futuro do Brasil,que eu peço aos hóspedes alemães aqui presentesque comigo ergam as suas taças num brinde aofuturo dos paulistanos, à saúde pessoal do sr.governador deste Estado, à Exma. Senhora SalimMaluf e à amizade teuto-brasileira.

helmut schmidt visita indústria demáquinas em são paulo

Discurso do sócio-gerente da Traubomatic — Indústriae Comércio Ltda., Karlheinz Meister, e do Chanceler

da República Federal da Alemanha, em São Paulo, em05 de abril de 1979, por ocasião da visita de Helmut Schmidt

àquela indústria alemã, que é filial da Hermann Traub,com sede em Reichenbach/Fils, Baden Wuerttemberg.

KARLHEINZ MEISTER

Excelentíssimo Sr. Chanceler Federal!

Minhas senhoras e meus senhores!

As empresas teuto-brasileiras do Estado de SãoPaulo agradecem a honra desta visita. A empresa

Traub se vangloria pela distinção que lhe coubede recebê-lo em nome das empresas com vínculosna República Federal da Alemanha.

Nossas boas vindas!

Somos produtores de máquinas-ferramenta. Den-tro do setor de máquinas em geral existem em-

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presas teuto-brasileiras desde o início do presen-te século. A implantação e o decorrente desen-volvimento da indústria automobilística brasilei-ra, a partir da década de 1950, ensejaram o sur-gimento das indústrias de autopeças e conexas.Daí decorre também o impulso superveniente paraa instalação da indústria brasileira de bens decapital. Realmente, aqui no Brasil, no decursodos anos transatos, com a cooperação das em-presas brasileiras do setor, numerosos novos em-preendimentos foram realizados, assim como im-primiram-se marcantes ampliações aos já, atéentão, existentes. É sobremaneira relevante a par-ticipação das indústrias teuto-brasileiras no mer-cado específico de máquinas-ferramenta brasilei-ro, considerado globalmente.

A Traubomatic, como filial da Fábrica de Máqui-nas Hermann Traub, sediada em Reichenbach, nasproximidades de Stuttgart, foi fundada em 1962,tendo iniciado, no ano de 1964, neste local, a fa-bricação de tornos automáticos e outras máqui-nas-ferramenta de usinagem por desprendimentode cavaco. O Governo brasileiro fomentou o em-preendimento por intermédio de incentivos fiscais.

Além disso, para concretizar seu programa de in-vestimento no Brasil, a Traubomatic recebeu sub-sídio do Governo Federal Alemão, no valor de ummilhão de marcos alemães, mediante a participa-ção na sua composição societária, com um per-centual de 30%, da (D.E.G.) Sociedade Alemã deDesenvolvimento.

Em 1971, uma vez cumprido o objetivo a que sepropusera, a D.E.G. retirou-se desta sociedade.Onze por cento do capital social atual, que é decento e cincoenta milhões de cruzeiros, equiva-lente a 12,5 milhões de DM, é brasileiro.

Desde 1965 produzimos no Brasil mais de seis milmáquinas, dentro das quais se incluem produtosde outras sociedades alemãs, fabricados sob li-cença destas. Daquela quantia, 30% foram ex-portadas, principalmente para os países latino-americanos que integram a ALALC. No ano de1978, nosso faturamento, expressado em marcosalemães, foi de trinta milhões. Integra nossos pro-dutos um pequeno residual importado, uma vezque atingimos um índice de nacionalização acimade 95%, na média. Mas, do incremento de nossas

vendas resultou também o aumento das entregasa partir da República Federal da Alemanha.

Hoje trabalham nesta fábrica 580 pessoas. Destas,396 exercem funções técnicas. 33 funcionárioscontam com dez ou mais anos de casa. A trans-missão de conhecimentos técnicos a empregadosrecrutados no país tornou possível a redução donúmero de empregados originários da matriz, li-mita ndo-os a 5.

No que respeita ao campo social, é expressiva acolaboração espontânea que oferecemos aos nos-sos colaboradores: Incluem-se nele:

— Assistência médico-dentária aos funcionários erespectivos familiares,-

— Ajuda financeira para aquisição de remédios;

— Ajuda financeira de natalidade,-

— Prémio de permanência no quadro de empre-gados da empresa,-

— Seguros de vida e de acidentes pessoais emgrupo;

— Jornada de trabalho aquém do limite legal,porém integralmente paga.

Desde o início de nossas atividades ansiávamospromover a formação profissional de jovensaprendizes. Na concretização desse desiderato,demos este ano um grande passo para a frente:Inauguramos, com estreita colaboração do SENAI,entidade brasileira voltada ao assunto, um centrode formação profissional que comportará, até1980, sessenta jovens aprendizes.

Nosso muito obrigado!

HELMUT SCHMIDT

Caro Senhor Meister, prezado senhor Kaempten,minhas senhoras e senhores,

Agradeço sinceramente as suas amáveis palavrasde saudação. Naturalmente estamos cônscios deque há um número bastante grande de firmas

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teuto-brasileiras que trabalham em São Paulo, al-gumas dentre elas muito grandes, que não dese-jamos citar. Mas foi de propósito que viemosvisitar uma empresa de porte médio, e isto meproporcionou uma vivência extraordinária, inespe-rada e imprevista: ficar conhecendo um holandêsfalando dialeto suábio numa firma alemã emsolo brasileiro.

Nós temos um certo problema, como os senhorescertamente compreenderão. Nós fomos retidos porum tempo um pouco longo demais no Palácio doGovernador; para ser sincero, foi porque depoisdo almoço falei por tempo demasiado. Com ospolíticos é assim, não se pode entregar-lhes ummicrofone. Teremos agora que apressar um poucoo decurso da nossa visita, pois um público maisnumeroso aguarda a nossa visita na cidade e

seria descortês deixá-lo esperando por tempo de-masiado longo. Talvez os senhores possam mefazer o favor de restringir e concentrar a visitaprincipalmente à oficina de aprendizagem, quesempre me interessa particularmente tanto emsolo alemão como, particularmente, nas nossasempresas estabelecidas no exterior; são elas, emterritório estrangeiro, uma das contribuições maisimportantes que se pode dar ao desenvolvimentodo país que nos recebe.

Meus sinceros agradecimentos pela recepção aqui,e peço considerarem a nossa presença não so-mente como um gesto de boa vontade, mas tam-bém como uma demonstração intencional de so-lidariedade com empresas de porte médio e pe-queno.

as declarações de helmut schmidtao partir do brasil

Declaração do Chanceler Helmut Schmidt à imprensa,em Salvador, em 7 de abril de 1979, momentos antes de

embarcar para Lima, encerrando sua visita ao Brasil.

Eu gostaria de, no fim da minha visita ao Brasil,dizer uma palavra. Resumindo: os últimos quasecinco dias nos levaram a diversas regiões e diver-sas cidades deste país e, necessariamente, anossa impressão é curta, mas mesmo assim ex-tremamente viva. Eu estou particularmente im-pressionado com a capacidade desse país de assi-milar um legado cultural, histórico e intelectualtão diversos, de assimilar, portanto, tantos ele-mentos diferentes e de integrá-los com tolerân-cia numa nação orgulhosa e orientada para ofuturo.

Naturalmente existem urgentes problemas econó-micos, sociais e políticos nesse país gigantesco etambém exitoso. Fiquei comovido com a franque-za e senso de responsabilidade com que os diver-sos círculos e grupos deste país se esforçam pararesolver esses problemas.

Depois de todas as impressões que colhi, estouseguro que o Brasil, na comunidade das naçõesdesse globo, desempenhará um papel cada vezmais importante e de cada vez maior responsa-bilidade. Nos últimos tempos, tem-se falado mui-to de dependência mútua, de interdependênciaentre os Estados. E, de fato, essa interdependên-cia tem-se tornado cada vez maior, mais patentee mais palpável e, na medida em que os Estadose os povos dependem cada vez mais uns dosoutros, da solidariedade mútua, na mesma medi-da cresce também, e naturalmente, a necessidadede conversarem uns com os outros, de uns ouvi-rem aquilo que os outros dizem. Aumenta a ne-cessidade de haver um assessoramento mútuo ecresce, também a necessidade de cooperaçãoentre os Estados e Governos.

Mantive conversações detalhadas e muito amisto-sas com o Presidente Figueiredo, com muitos mi-nistros, senadores e deputados dos dois lados. Re-

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presentantes da Igreja, economistas e com pes- exemplo para contato mútuo, aquilo que eu cha-soas que se preocupam com o bem-estar do tra- mei de falar e escutar para a cooperação. E creiobalhador. Resumindo, encontrei a confirmação de que nós, na nossa estreita cooperação, que seminha opinião de qui o encontro entre o Brasil estende a todos os setores da vida, estamos dandoe a Alemanha representa um muitíssimo bom um excelente exemplo.

comunicado conjuntobrasil-república federal da alemanha

Comunicado Conjunto Brasil-República Federal daAlemanha, divulgado pelo Palácio Itamaraty

d? Brasília, em 04 de abri l de 1979, ao f inal da visitado Chanceler Federal Helmut Schmidt.

A convite do Presidente da República Federativado Brasil, João Baptista de Oliveira Figueiredo, eSenhora, o Chanceler Federal da República Fede-ral da Alemanha, Helmut Schmidt, e Senhora, vi-sitaram o Brasil, em caráter oficial, no período de3 a 7 de abril de 1979. Além de Brasília, o Chan-celer Federal visitará também os Estados de SãoPaulo, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco, o ideserá recebido pelos Governadores Paulo Maljf,Chagas Freitas, António Carlos Magalhães e Mar-co António Maciel.

2. O Chanceler Federal, além de sua esposa, veioacompanhado de sua filha, Dra. Susanne Schmidt,do Doutor Klaus Bolling, Chefe do Departamentode Imprensa e Informação do Governo Federal, edo Dr. Peter Hermes, Secretário de Estado do Mi-nistério das Relações Exteriores. A delegação ale-mã está ainda integrada por representantes cate-gorizados dos setores económico e sindical, cien-tifico e cultural.

3. 0 Presidente Figueiredo e o Chanceler FederalSchmidt mantiveram conversações sobre questõesatuais no âmbito das relações internacionais, bemcomo sobre o andamento e as perspectivas decooperação bilateral. Das conversações participa-ram, do lado brasileiro, o Ministro de Estado Sa-raiva Guerreiro, os Embaixadores Baena Soares eCarvalho e Silva, e do lado alemão, os Secretá-rios de Estado Hermes e Bolling, e o EmbaixadorKastl. O Embaixador Ramiro Saraiva Guerreiro,Ministro de Estado das Relações Exteriores rece-

beu o Secretário de Estado Dr. Peter Hermes. Osrepresentantes alemães de economia foram rece-bidos pelos Ministros Karlos Rischbieter, da Fa-zenda, e João Camilo Penna, da Indústria e Co-mércio. Os Ministros da Justiça, Senador Petrô-nio Portela, e da Comunicação Social, Said Fahrat,receberam o Doutor Klaus Bolling e um grupo dejornalistas. O Ministro da Educação e Cultura, Dr.Eduardo Portella, recebeu representantes do setorcultural e científico; os Ministros do Trabalho,Murillo Macedo, e da Previdência Social, Dr. JairSoores, receberam representantes sindicais.

4. Durante a visita, o Embaixador Ramiro Sa-raiva Guerreiro e o Dr. Peter Hermes assinaramo Acordo de Transporte Marítimo e seu ProtocoloComplementar. Concluíram-se também, dois Pro-tocolos de Cooperação Financeira, firmados, dolado brasileiro, pelo Ministro de Estado das Rela-ções Exteriores e, do lado alemão, pelo Secretá-rio de Estado do Ministério Federal das RelaçõesExteriores.

5. 0 Presidente Figueiredo e o Chanceler Fede-ral Schmidt atribuíram especial valor ao seu en-contro e reafirmaram a importância das relaçõesentre a República Federativa do Brasil e a Repú-blica Federal da Alemanha. O Presidente Figuei-redo ressaltou seu especial prazer em receber oChefe do Governo alemão e sua comitiva, logonos primeiros dias do novo Governo brasileiro.O Chanceler Federal Schmidt assinalou a impor-tância que o Brasil ocupa na política do Governo

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Federal e manifestou sua satisfação por ser oprimeiro Chefe de Governo alemão a visitar ofi-cialmente o Brasil.

6. Após o exame dos diversos aspectos das re-lações de cooperação entre os dois países, o Pre-sidente e o Chanceler Federal concluíram que taisrelações se vêm caracterizando por crescentesvantagens recíprocas e por um grau de maturi-dade e respeito mútuo que as tornam exempla-res e duradouras. Reafirmaram a amizade queune os povos brasileiro e alemão. Manifestaramsua profunda satisfação com o clima de entendi-mento e de compreensão recíproca que caracte-rizou as conversações que mantiveram. Ressalta-ram que a visita contribuiu para consolidar e in-tensificar as relações teuto-brasileiras.

7 Ao examinarem a situação internacional, oPresidente Figueiredo e o Chanceler FederalSchmidt reafirmaram sua determinação em apoiaros esforços de manutenção da paz, de fortaleci-mento da segurança internacional e de promoçãoda cooperação entre as nações. Afirmaram quea política de abrandamento das tensões interna-cionais, necessita ser revigorada e que deve serindivisível e universal. Reiteraram sua adesãoaos propósitos e princípios da Carta das NaçõesUnidas e à solução pacífica de controvérsias in-ternacionais, de acordo com o previsto na Carta.O Presidente e o Chanceler Federal manifesta-nm-se de forma decidida pelos princípios da so-berania, da igualdade dos Estados, da exclusãoda ameaça, ou uso da força, nas relaçõse inter-nacionais, bem como da não-ingerência em assun-tos internos. O Presidente Figueiredo e o Chan-celer Schmidt afirmaram que a garantia dos di-reitos humanos é um dos objetivos permanentesda política dos respectivos Governos.

8. O Presidente Figueiredo e o ChancelerSchmidt manifestaram sua profunda preocupaçãocem as tendências inflacionárias mundiais e coma difusão de políticas protecionistas de toda or-dem que afetam os interesses de todos os países.

Assinalaram a importância da adoção por todosos países de medidas que superem tais fenóme-nos, especialmente no que afetam os interessesdos países em desenvolvimento. Concordaram emque devem prosseguir esforços em favor de umaordem económica internacional justa e equitati-va. Reconheceram a necessidade de intensificar eampliar continuamente as relações entre o Brasile a Comunidade Europeia.

9. O Presidente Figueiredo e o ChancelerSchmidt reafirmaram a necessidade de diversifi-car cada vez mais as relações entre os dois paí-ses com vistas sempre ao equilíbrio de vantagensque deve resultar da cooperação recíproca. Nessesentido, ao passarem em revista a cooperaçãono campo da energia nuclear para fins pacíficosmanifestaram sua satisfação com os resultadosaté agora abtidos e sua determinação de darpleno cumprimento aos instrumentos celebradosentre os dois países. Ao reconhecerem a diversi-dade inerente ao relacionamento teuto-brasileiro,o Presidente e o Chanceler reafirmaram a impor-tôncia e a atualidade da troca de notas assina-das em 16 de junho de 1978, que estabelece con-sultas periódicas entre os Ministros das RelaçõesExteriores dos dois países.

10. O Presidente e o Chanceler Federal exami-naram o estado de implementação do AcordoBásico de Cooperação Técnica, de 30 de novem-bro de 1963, Acordo Cultural e do Acordo Geralsobre Cooperação nos Setores da Pesquisa Cien-tífica e do Desenvolvimento Tecnológico, de 9 dejunho de 1969, e concordaram em que tais ins-trumentos têm proporcionado valiosas experiên-cias de trabalho conjunto e de confiança mútua.Reafirmaram, nesse contexto, a determinação dedar dinâmica implementação a esses Acordos.

11. O Chanceler Federal Schmidt agradeceu aacolhida que lhe foi dispensada no Brasil, bemcomo a hospitalidade com que foi recebida suacomitiva.(*)

*) Os Acordos entre o Brasil e a República Federal da Alemanha estão na seçôõ Tratados, Acordos, Con-vénios, página 107; na seção Mensagens, página 132, o texto do telegrama do Chanceler Helmut Schmidtao Presidente João Figueiredo, enviado ao término de sua visita ao Brasil.

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aureliano chaves a mondale:novos passos nas relações

brasil-euaDiscursos dos Vice-Presidentes do Brasil, António AurelianoChaves de Mendonça, e dos Estados Unidosda América, Walter Mondale (tradução não-oficial), noPalácio Itamaraty de Brasília, em 22 de março de1979, por ocasião do almoço oferecido ao representantenorte-americano.

AURELIANO CHAVES

Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente

Walter Mondale,

Saúdo Vossa Excelência e os membros de sua co-mitiva, em nome do Governo brasileiro, com gra-ta satisfação. A iniciativa do Presidente JimmyCárter de enviar Vossa Exclência ao Brasil, logoaos primeiros dias do Governo do Presidente JoãoBaptista Figueiredo, é uma prova adicional deconsideração e amizade pelo nosso país.

Revejo Vossa Excelência, nesta oportunidade desua visita à capital brasileira, com especialprazer. Retomamos, assim, um proveitoso con-tacto que havíamos mantido em Washingtonantes de minha posse como Vice-Presidente daRepública. Nestas permutas de ideias Vossa Exce-lência evidenciou inconfundível lucidez e agudotalento político que ornam a sua personalidade,a par de seu interesse pelo desenvolvimento dasrelações entre os nossos dois países.

Os brasileiros ficamos sensibilizados com o ges-to do Presidente Cárter de — diante da impossi-bilidade de Vossa Excelência comparecer às so-lenidades de posse do novo Governo — enviar ao

nosso país uma delegação de alta representati-vidade, tendo à frente, a Senhora Joan Mondale,cujos dotes pessoais marcaram-lhe a presença en-tre nós, ao lado do ilustre Secretário do Traba-lho Ray Marshall.

Senhor Vice-Presidente,

A visita de Vossa Excelência, neste momento, éuma significativa oportunidade para nos voltar-mos às amplas possibilidades, que existem, deincrementar a cooperação entre os nossos doispaíses e juntos trabalharmos para concretizá-las.

Para tanto, temos à nossa disposição, além derecíproca boa vontade, os mecanismos criadospelo Memorandum de Entendimento entre nossospaíses, que facilita a realização periódica deconsultas em alto nível. Estamos, portanto, emcondições de dar novos e eficazes passos no ro-teiro de nosso relacionamento, que sempre tevepor característica a estabilidade.

O Brasil compreende o papel que os Estados Uni-dos da América desempenham no mundo e noOcidente. Conhecemos as preocupações e os es-forços do Governo norte-americano, sob a lide-rança do Presidente Jimmy Cárter, em favor dapaz e da cooperação entre os povos. Vivemos

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diariamente a realidade das relações entre osEstados Unidos da América e os países da Amé-rica Latina e temos a convicção de que, nessaárea, muito há que fazer para que os povos dasAiréricas tenham uma convivência mais produti-va e para que os benefícios do progresso e dobem-estar sejam mais equilibradamente repartidosentre eles.

Estamos realizando, no Brasil, um esforço parti-cularmente intenso em prol dos valores que sãocaros ao nosso povo: a liberdade, a independên-cia e o desenvolvimento económico e social. Paravencer carências e recuperar atrasos, esse esfor-ço nacional tem exigido muito da Nação e re-querido especial empenho para manter, no planointernacional, relacionamentos equânimes, quepermitam ao país perfeito e natural acesso àsconquistas da civiliação contemporânea.

Confiamos em que o sentido aberto, pacífico eprogressista desse esforço seja bem entendidopor todos os países amigos, e me particular pelopaís de Vossa Excelência, ao qual estamos uni-dos por valores comuns que identificam os nossospovos.

Senhor Vice-Presidente,

Ao encerrar estas breves palavras, permita-meelevar um brinde ao continuado progresso deseu país sob o Governo Jimmy Cárter, à amizadee cooperação entre o Brasil e os Estados Unidosda América e à felicidade pessoal de Vossa Exce-lência e da Senhora Mondale.

WALTER MONDALE

Senhor Vice-Presidente,

Senhor Chanceler,

Ilustres convidados,

Senhores,

Muito obrigado, Senhor Vice-Presidente, por suasamáveis palavras, como também pela sabedoriade seus comentários feitos em seu brinde e pelahospitalidade que o Senhor nos oferece hoje,aqui. Realmente, constitui para mim um grande

prazer não só retribuir a visita que o Senhornos fez em Washington, em dezembro do anopassado, mas como ensejo de nós festejarmosjuntos a crescente importância da Vice-Presidên-cia em nossos dois países. Acho que é uma tra-dição que nós devemos nos empenhar muito paramanter.

É esta a minha primeira visita ao Brasil e queneste momento dura menos de um dia. Contudo,nesta espetacular Capital, já tive a oportunidadede recolher as mesmas impressões que minhaesposa me relatou que sentiu durante sua visitana semana passada, especialmente o calor huma-no e a simpatia tão da índole do povo brasileiro.Acima de tudo, pude perceber o clima de auto-confiança dinâmica que tem sido o símbolo doextraordinário progresso do Brasil.

E esses antecedentes de realização e de conquis-tas por parte do Brasil continuarão com todacerteza. Considerando o tamanho do Brasil, suavasta riqueza material e a dedicação de seupovo, é difícil imaginar qualquer limite ao po-tencial deste grande país.

Mais de quatro décadas atrás, o PresidenteFranklin Roosevelt fez uma visita histórica aoBrasil. E, nessa ocasião, declarou o seguinte:

"Os ótimos antecedentes de nossas relações cons-tituem a melhor resposta aos pessimistas quedesprezam a ideia da verdadeira amizade entreas nações... Encorajador é o fato de que os doismaiores países deste continente têm sido capa-zes, pelo exercício da boa vontade, do bom âni-mo, do bom juízo, de conduzirem suas relaçõesna sua totalidade sem choque ou conflito ouazedume."

Desde a visita do Presidente Roosevelt, muito temmudado no mundo. E já ocorreu que em váriasocasiões nossos dois países discordaram sobrecertas questões. Mas a nota constante em todomomento tem sido o espírito de franqueza e odesejo de cooperar, graças aos quais tem sidopossível sempre conciliarmos as nossas diver-gências.

Eis aí a essência da nossa amizade. E foi nessemesmo espírito, Senhor Vice-Presidente, que nos-

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sas conversações em Washington foram tão pro- Vice-Presidente, ò amizade entre nossos Gover-veitosas, e que já levaram ao estabelecimento nos, entre nossos povos. E que essa amizade sejapelos nossos dois Governos de um relacionamento permanente e cada vez mais forte,tão estreito entre nossos dois países.

Peço que levantem comigo suas taças para brin-darmos ao Presidente da República do Brasil, ao Obrigado.

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vice-presidente do iraquevisita brasília

Discursos dos Vice-Presidentes do Brasil, António AurelianoChaves de Mendonça, e do Iraque, Taha Muhyiddin Ma'rouf,no Palácio Itamaraty de Brasília, em 14 de maio de1979, por ocasião do jantar oferecido ao representanteiraquiano.

VICE-PRESIDENTE BRASILEIRO

Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente,

Em nome do Governo brasileiro, tenho a honrade saudar Vossa Excelência e a importante comi-tiva que o acompanha. A visita de Vossa Exce-lência ao Brasil é motivo de intensa satisfaçãopara o povo e o Governo de meu país.

0 caminho que Vossa Excelência percorreu parachegar até nós foi, em essência, o mesmo que,ao longo dos anos, milhares de árabes do Iraquee de países vizinhos seguiram para chegar aoBrasil, aqui criar raízes e trazer inestimável co-laboração à construção da Pátria, que adotarampor vontade e sentimento.

Vossa Excelência, Senhor Vice-Presidente, mesmoque rodeado por descendentes desses imigrantesárabes, aqui no Brasil, os verá inteiramente inte-grados nos usos e costumes de nossa terra. Obser-vará que, somado ao calor da hospitalidade bra-sileira, haverá um elemento de cordialidade eafeto que é um dos componentes da contribuiçãoenriquecedora que o povo árabe trouxe ao Brasil.

Vossa Excelência vem de uma terra extraordina-riamente rica em sua história e em suas tradi-ções. Vossa Excelência vem de Bagdá, cidade de

fecunda sabedoria e de civilização árabes. A essabagagem tão rica, soma-se o exemplo vigorosodo Iraque de hoje, onde se constrói com dedica-ção e austeridade uma sociedade moderna, fiela suas tradições culturais.

Deste novo Iraque, o Brasil tem sido parceiro emempreendimentos que exaltam a capacidade derealizar de nossos respectivos povos. Vale acen-tuar ser o Iraque o maior fornecedor de petróleopara o Brasil; é o nosso maior cliente no mundoárabe e um dos dez maiores parceiros comer-ciais do Brasil. Desejamos o prosseguimento des-se dinamismo e que, no futuro, ele seja acelera-do e diversificado. Creio, que cada um de nossosdois países tem muito a oferecer ao outro.

intensa a cooperação entre brasil e iraque

Neste momento, vivemos nós mesmos, brasileiros,uma experiência que põe em evidência a conhe-cida hospitalidade do povo do Iraque e os laçosde simpatia que unem nossos países. Nos últimostrês anos, a intensificação da cooperação entreo Brasil e o Iraque fez nascer um importante flu-xo de profissionais brasileiros de todos os níveis— operários, técnicos e executivos —, que, junta-mente com suas famílias, trabalham no país deVossa Excelência. Estamos confiantes de que, an-

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tes do final do corrente ano, o número de brasi-leiros nas generosas terras iraquianas certamen-te alcançará a uma dezena de milhar, todos elesempenhados em nossa crescente cooperação, queabrange principalmente os campos de pesquisageológica, construção civil e engenharia ferroviá-

ria.

Nossa experiência constitui demonstração elo-quente do que pode alcançar a cooperação pací-fica, horizontal e franca entre dois países emacelerado desenvolvimento. E o que mais nosanima é que esse esforço, embora já significa-tivo, é, na verdade, apenas um início de umacooperação cada vez mais pujante entre nossospaíses, geradora de crescentes benefícios recípro-cos.

Não é apenas. Senhor Vice-Presidente, no campodas atividades comerciais que vislumbro um po-tencial rico de futura cooperação entre o Brasile o Iraque. Temos sido, nos foros internacionaisem que atuamos, vozes solidárias na defesa dospropósitos e princípios que a Carta das NaçõesUnidas definiu, e na procura de uma nova ordemeconómica internacional, mais justa e equitativa.

0 Brasil acompanha a evolução da situação noOriente Médio com atenção e cuidado. Não nosfurtamos a trazer, com clara firmeza, nossa voze, quando necessário, nosso voto, à definição detemas que legitimamente incumbem à comunida-de internacional.

O Brasil é um país voltado para a paz e a jus-tiça. Não acreditamos que a manutenção de si-tuações injustas consulte aos interesses dos po-vos. Desejamos ver no Oriente Médio uma pazfundada no reconhecimento dos direitos legítimosdo povo palestino à autodeterminação e indepen-dência na desocupação dos territórios árabesocupados pela força e na segurança de todos osEstados da região. Os esforços internacionais comrelação ao Oriente Médio devem ser conduzidosà luz desses princípios fundamentais, aprovadosnas Nações Unidas.

0 Iraque tem papel muito relevante no OrienteMédio e no mundo islâmico e seu conselho deve

ser ponderado. 0 Brasil confia em que se enca-minhem soluções de alcance regional que permi-tam o encontro de uma paz justa e duradourapara todos os países e povos da região.

Senhor Vice-Presidente,

Temos acompanhado as viagens de Vossa Exce-lência, das quais resultaram excelentes frutospara o prestígio internacional do seu país. Esta-mos confiantes em que a visita que ora realizaao Brasil será igualmente proveitosa e marcaráetapa decisiva no relacionamento de nossos doispaíses.

Vossa Excelência e os ilustres membros de suacomitiva, amanhã e nos dias seguintes, manterãocontatos com altas autoridades brasileiras, e,em especial, com Sua Excelência, o Senhor Pre-sidente João Baptista de Oliveira Figueiredo. Te-rão oportunidade de encontrar-se, igualmente,com destacados representantes de setores denosso empresariado, encaminhando assuntos queou bem frutificarão agora, ou bem serão objetode madura consideração na próxima sessão daComissão Mista Brasil-lraque, que se realizará emBagdá, já em junho próximo.

Peço a Vossa Excelência que aceite, com as nos-sas calorosas boas-vindas, o testemunho da con-sideração e do apreço que o Governo brasileirotem pelo seu Governo e muito especialmente aestima que nosso povo tem pelo do Iraque.

Peço a todos que brindem comigo pela saúde epela felicidade de Sua Excelência Taha MuhyiddinMa'rouf, pela continuada prosperidade do Ira-que e pela crescente amizade entre o Brasil e oIraque.

Muito obrigado.

VICE-PRESIDENTE IRAQUIANO

Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente daRepública Federativa do Brasil,

Excelentíssimos Senhores Ministros de Estado,

Prezados Senhores.

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É uma feliz oportunidade visitar seu país amigoe poder ver de perto as grandes realizações le-vadas a efeito em todos os campos. Temos a fir-me convicção de que esta visita será um passoavante para o fortalecimento e aprofundamentodas relações entre nossos dois países e nossosdois povos amigos, e para incrementar a coope-ração nos diversos campos. A distância entre oIraque e o Brasil não representa e não represen-tará obstáculo algum diante da nossa mútua esincera vontade de estreitar nossas relações àbase do respeito recíproco e dos interesses co-muns.

Avaliamos o quanto o Brasil vem oferecendo deimportante no movimento do não-alinhamento.Não podemos deixar de afirmar a relevância des-se movimento nas relações internacionais, poisele contribui objetivamente no fortalecimento dapaz e da segurança mundial, trabalha para solu-cionar as divergências entre os países por meiospacíficos e com respeito à soberania dos países,não interfere nos assuntos de um país e de ou-tro, denuncia as alianças e blocos militares quevisam a divisão do mundo em áreas de influên-cia submetidas ao domínio das grandes potên-cias para alcançar seus objetivos e interesses àcusta dos demais países do mundo, em particularos países do Terceiro Mundo ao qual nossos doispaíses pertencem.

Senhor Vice-Presidente,

Peço permissão a Vossa Excelência para referir-

me à situação na nossa região árabe. Em primei-

ro lugar quero referir-me à 9.a Conferência de

Cúpula Árabe, que teve lugar em Bagdá no mês

de novembro de 1978, por iniciativa do Iraque,

para unir a fileira árabe e enfrentar firmemente

as intrigas imperialistas e sionistas e políticas

de intriguismo. Também aponto o Tratado de

Ação Nacional Mútuo entre os dois países, Iraque

e Síria, assinado em Bagdá em outubro de 1978.Esse tratado concretizou um passo básico no ca-

minho da união árabe e também consolidou maisas forças contra as intrigas sionistas e imperia-listas...

Finalmente aponto as reuniões dos Ministros deRelações Exteriores e de Economia árabes, quetiveram lugar em Bagdá em fins de março de1979, em execução das resoluções da 9.a Confe-rência de Cúpula Árabe, que teve resultados po-sitivos e firmes contra as soluções intriguistasna nossa região árabe, e provou a vontade dopovo árabe em todos os cantos da pátria árabsem estar firmes contra os desafios sejam quaisforem seus perigos e forças, uma única fileira euma decisão sincera e uma vontade firme.

Senhor Vice-Presidente,

Tenho a honra de transmitir a Vossa Excelênciaas saudações de Sua Excelência o Senhor Mare-chal Ahmad Hassan Albakr, Presidente da Repú-blica do Iraque, a Sua Excelência o Senhor JoãoBaptista de Oliveira Figueiredo, Presidente daRepública Federativa do Brasil, e também os votosdo Iraque, governo e povo, ao governo e povo doBrasil amigo.

Finalmente desejo expressar em meu nome pes-soal e em nome de todos os membros da minhacomitiva, os profundos agradecimentos pela hos-pitalidade e acolhida de que estamos sendo alvo,e convido Vossa Excelência oficialmente a visi-tar o Iraque, a fim de poder ver pessoalmente oque o povo do Iraque concretizou e realizou deprogresso sob a liderança do Partido Baath Ára-be Socialista.

Convido os Senhores presentes a comigo levantarum brinde à prosperidade do Brasil e para o pro-gresso de seu povo amigo, e para a saúde deVossa Excelência, Senhor Vice-Presidente da Repú-blica, e para a continuação da amizade do Iraquee Brasil.

Muito obrigado.

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comunicado conjuntobrasileiro-iraquiano

Comunicado Conjunto Brasil-lraque, divulgado peloPalácio Itamaraty de Brasília, em 18 de maio

de 1979, ao final da visita do Vice-Presidente iraquiano,Taha Muhyiddin Ma'rouf.

A convite do Governo brasileiro, Sua Excelência oSenhor Taha Muhyiddien Ma'rouf, Vice-Presiden-te da República do Iraque, visitou oficialmente aRepública Federativa do Brasil no período de 14a 18 de maio de 1979, acompanhado de Sua Ex-celência Dr. Sadoon Hammadi, Ministro dos Negó-cios Estrangeiros, de Sua Excelência o Senhor SaadQassem Hammoudi, Ministro da Informação e deuma delegação oficial iraquiana de alto nível.

2. A visita realizou-se no quadro das relaçõesde amizade e de cooperação existentes entre osdois países.

3. Sua Excelência o Senhor João Baptista deFigueiredo, Presidente da República Federativa doBrasil, recebeu Sua Excelência o Senhor TahaMuhyiddin Ma'rouf, ocasião em que ambos man-tiveram conversações abrangendo as estreitasrelações bilaterais existentes entre os dois paísese povos. Foram igualmente examinados a situa-ção na região árabe assim como assuntos inter-nacionais de interesse comum.

4. O Vice-Presidente da República do Iraque vi-sitou o Senado Federal, a Câmara dos Deputadose o Supremo Tribunal Federal, onde manteve conversações construtivas e proveitosas.

5. O Senhor Taha Muhyiddin Ma'rouf, Vice-Pre-sidente da República do Iraque e o Senhor Antó-nio Aureliano Chaves de Mendonça, Vice-Presi-dente da República Federativa do Brasil, mantive-ram, igualmente, em clima de amizade, confian-ça e respeito mútuos, conversações sobre assuntosregionais e internacionais de interesse comum,sobre todos os setores das relações bilaterais,bem como sobre os meios e modos de promoverseu desenvolvimento adicional, em consonânciacom os estreitos laços existentes entre os doispaíses amigos.

6. O Ministro dos Negócios Estrangeiros da Re-pública do Iraque, Sua Excelência o Dr. SadoonHammadi, manteve, igualmente, proveitosas reu-niões com o Ministro das Relações Exteriores doBrasil, Sua Excelência o Senhor Ramiro SaraivaGuerreiro, sobre importantes temas de relevânciabilateral e internacional.

7. Sua Excelência o Senhor Saad QassemHammudi, Ministro da Informação da Repúblicado Iraque, manteve, por sua vez, úteis encontroscom Sua Excelência o Senhor Said Farhat, Minis-tro Extraordinário para Assuntos de Comunica-ção Social da República Federativa do Brasil, du-rante os quais foram abordados assuntos relati-vos aos campos cultural e de comunicação social.

8. Sua Excelência o Senhor Taha MuhyiddinMa'rouf e sua delegação, após os contatos dealto nível mantidos em Brasília, visitaram o Es-tado de São Paulo, onde foram recebidos peloGovernador e outras autoridades locais.

9. Em todas as oportunidades, as duas partesmanifestaram sua satisfação sobre o desenvolvi-mento das relações entre a República do Iraquee a República Federativa do Brasil. Sublinharamsua vontade e determinação de promoverem oestreitamento dessas relações nos campos econó-mico, cultural, científico e técnico, no interessecomum dos povos brasileiro e iraquiano, sobreuma base de respeito aos princípios de sobera-nia e não-intervenção nos assuntos internos dosEstados.

10. O Vice-Presidente da República do Iraquepassou em revista as medidas tomadas pelas lide-ranças síria e iraquiana visando a unificar osdois países de acordo com a Carta Nacional Con-junta. O Vice-Presidente da República do Iraque

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examinou, igualmente, de forma minuciosa, osresultados da IX Conferência Árabe de Cúpula,realizada em Bagdá bem como as resoluções dareunião dos Ministros dos Negócios Estrangeiros,das Finanças e da Economia Árabes, realizadaem Bagdá entre 27 e 31 de março de 1979.

11. O Governo brasileiro tomou nota, com in-teresse, dessas informações e expressou sua es-perança de que os esforços ora empreendidoscom vistas à união da Síria e do Iraque possamresultar em benefício do povo destes dois países,bem como da nação árabe, e que os resultadosalcançados nas reuniões de Bagdá ajudem a re-forçar a unidade e solidariedade entre os doispaíses árabes.

12. Ao considerarem a situação no OrienteMédio, as duas partes manifestaram sua gravepreocupação com o aumento das tensões e con-flito na área e acentuaram que uma paz justa eduradoura na área não poderá ser alcançada sema retirada completa das forças de ocupação detodos os territórios árabes e sem que se assegu-rem os direitos inalienáveis do povo palestino,inclusive o direito de regresso, e o direito à auto-determinação, independência nacional e sobera-nia na Palestina, de acordo com a Carta das Na-ções Unidas. As duas partes reconhecem a Orga-nização para a Libertação da Palestina comoúnico e legítimo representante do povo palestino.A parte brasileira manifestou seu apoio às reso-luções das Nações Unidas aplicáveis com vistasa assegurar uma paz justa e global na área.

13. As duas partes examinaram a atual situa-ção internacional e enfatizaram novamente a po-sição comum de seus governos de apoio à lutados povos do mundo contra todas as formas decolonialismo, discriminação racial e apartheid demodo a assegurar sua independência nacional etotal soberania de seus países sobre recursosnaturais. As duas partes enfatizaram tambémseu apoio integral aos Movimentos de LiberaçãoAfricanos no Zimbabwe e Namíbia.

14. As duas partes dedicaram atenção especialaos problemas dos países em desenvolvimentocuja situação económica continua a se deteriorar.Enfatizaram a necessidade de se envidarem es-forços para implementar as resoluções da Assem-bleia Geral das Nações Unidas adotadas em suasSessões Especiais relativas ao estabelecimento de

uma nova ordem económica internacional funda-da na justiça e igualdade.

15. As duas partes manifestaram sua satisfa-ção pelo trabalho que vem sendo realizado peloGrupo dos 77 e pelo Movimento dos Países Não-Alinhados, bem como por diversos agrupamentosregionais de países em desenvolvimento com vis-tas a fortalecer a cooperação internacional e es-tabelecer um relacionamento justo e equitativoentre os países desenvolvidos e em desenvolvi-mento.

16. As duas partes reiteraram seu total apoioàs Nações Unidas e aos princípios e propósitosinscritos em sua Carta.

17. As duas partes também salientaram a im-portância da necessidade de que se continuem amanter contatos, nos vários níveis, entre os doispaíses a fim de fortalecer as relações entre eles.

18. A este respeito, a próxima reunião, a nívelministerial, da Comissão Mista Brasil-lraque, arealizar-se em Bagdá, constituirá excelente opor-tunidade para que se alcancem resultados signi-ficativos.

19. Os dois lados sublinharam em particular oexcelente estado das relações entre o Iraque e oBrasil caracterizadas pelo espírito de amistosacolaboração que constitui um exemplo de vigo-rosa cooperação entre dois países em desenvol-vimento.

20. O Vice-Presidente da República do Iraqueexpressou sua profunda gratidão pela calorosarecepção e cordial hospitalidade que lhe foi dis-pensada, bem como à sua delegação, durante suaestada no Brasil.

21 . Sua Excelência, o Senhor Taha MuhyiddinMa'rouf, Vice-Presidente do Iraque, estendeu umconvite oficial a Sua Excelência o Senhor Antó-nio Aureliano Chaves de Mendonça, Vice-Presi-dente da República Federativa do Brasil, para vi-sitar o Iraque. Sua Excelência o Dr. SadoonHammadi, Ministro dos Negócios Estrangeiros doIraque, estendeu um convite oficial a Sua Exce-lência Embaixador Ramiro Saraiva Guerreiro, Mi-nistro das Relações Exteriores do Brasil, para vi-sitar o Iraque. Estes convites foram aceitos comprazer e as datas das visitas serão fixadas pos-teriormente.

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delegação angolana abre nova fasenas relações brasília-luanda

Discursos, de improviso, do Ministro de Estadodas Relações Exteriores, Ramiro Saraiva Guerreiro, e doMinistro do Comércio Exterior de Angola, RobertoVictor Francisco de Almeida, no Palácio Itamaratyde Brasíllia, em 19 de março de 1979, por ocasiãodo almoço oferecido à delegação daquele país.

CHANCELER BRASILEIRO

Senhor Roberto de Almeida, Ministro do ComércioExterior de Angola,

Ilustres membros da Missão de Angola que oranos honra com sua visita,

Queria dizer apenas algumas palavras para ex-pressar o apreço que temos pela designação, porparte do Governo angolano, de uma Missão Es-pecial à posse do Presidente João Baptista deOliveira Figueiredo e ainda de um grupo maior,de um grupo de trabalho, para que mesmo nessesprimeiros dias do presente Governo tenham con-tatos com autoridades e entidades diversas bra-sileiras.

A cooperação entre Brasil e Angola se faz numclima de franqueza, simplicidade e boa vontade.Estamos convencidos de que é nosso interesse —brasileiro — sermos tão abertos, tão dispostosa essa cooperação, quanto os nossos meios ne-cessariamente limitados o permitam.

Temos plena consciência da perspectiva históricae da significação que as ligações de todo géneroentre Brasil e Angola — esse substrato, étnico.

linguístico, cultural — nos impõem um dever. Enem é preciso tomarmos muita consciência dele,porque é imediato de tão aparente, no desenvol-vimento dessa cooperação.

Desejo que a estada dos Senhores aqui seja feliz,que seja proveitosa, que ela tenha frutos no fu-turo, que dela resultem medidas e oportunidadesvindouras, concretas e precisas, para o desenvol-vimento dessa cooperação.

Queria terminar, dizendo aos presentes que be-bessem pela felicidade pessoal do Chefe de Esta-do angolano, que é um grande poeta da línguaportuguesa, Agostinho Neto, pela paz e pela pros-peridade da República de Angola.

MINISTRO ANGOLANO

Excelentíssimo Senhor Ministro das Relações Ex-teriores, Dr. Saraiva Guerreiro,

Excelentíssimos Ministros,

Excelentíssimos Responsáveis do Itamaraty,

Em nome da Delegação da República Popular deAngola que tenho a honra de conduzir nesta vl-

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sita à República Federativa do Brasil, gostaria te para possibilitar um entendimento cada vezde, uma vez mais, exprimir nosso agradecimento maior, para levar ao estabelecimento de umapelo acolhimento fraternal que nos foi dispensa- cooperação cada vez mais estreita entre nossosdo desde nossa chegada a este país. dois países.

Estamos bastante sensibilizados pela forma cari-nhosa como temos sido tratados até este mo-mento. Estamos convencidos de que esta Missãoabre nova fase nas relações entre Brasil e Angola.

Há laços comuns que vêm do colonialismo quequalquer dos nossos povos sofreu. Estamos liga-dos hoje pela raça, pela língua, por uma certaidentidade no que respeita à maneira de encarar-mos o desenvolvimento de nossos países. E pen-samos que tudo isso constitui uma base suficien-

Gostaríamos também de exprimir ao Chefe deEstado brasileiro recentemente empossado nossosvotos de maiores sucessos, extensivos a todos osMinistros, a todos os Responsáveis que, com ele,têm a partir deste momento a responsabilidadede conduzir o povo brasileiro,- e, nesse sentido,gostaria que me acompanhassem num brinde aosucesso do Governo deste grande país, para queeste Governo conduza realmente à felicidade deseu povo inteiro.

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no dia do diplomata, chanceleranalisa as relações internacionaisDiscurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, no Palácio Itamaratyde Brasília, em 20 de abril de 1979, por ocasião dasolenidade comemorativa do Dia do Diplomata, que contoucom a presença do Presidente João Figueiredo.

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

Minhas Senhoras, meus Senhores,

Meus novos colegas.

Celebramos hoje, 20 de abril, o aniversário denascimento do Barão do Rio Branco, patrono dadiplomacia brasileira, por sua grande obra e poruma vida caracterizada pelo desprendimento,pela inteligência e cultura e, sobretudo, pela de-dicação na defesa dos interesses da pátria.

O Itamaraty é a Casa do Barão do Rio-Branco.É o depositário fiel e orgulhoso das tradições denossa política externa: a preservação da digni-dade, a convivência pacífica com todos os povos,em especial aqueles que lutam pelo desenvolvi-mento e pela superação das desigualdades entreas nações.

Honramo-nos todos, mais do que saberia dizer,com que as cerimónias de hoje sejam presididaspelo Chefe de Estado. Meus jovens colegas têmassim, profundamente marcada, a relevância doscompromissos permanentes que assumem com anação, na defesa de seus interesses e objetivos.

Principiantes na carreira, têm desde cedo res-ponsabilidades de assessoramento e, muitas ve-

zes, de chefia interina, em matérias de substân-cia. Devem pesquisar e pensar como se do quedigam ou escrevam possam vir a depender as de-cisões, de nível superior, que devem, entretanto,ser aceitas com estrita disciplina. É esta dedica-ção à tarefa, seja ela particularmente interes-sante, seja ocasionalmente rotineira, que lhespermitirá enfrentar as mudanças das condições devida entre postos muito diversificados, que lhesdará versatilidade para cuidar, conforme as ne-cessidades do momento, de matéria política, jurí-dica, económica, cultural e administrativa, e paraatender às atividades de representação. Serãomais eficientes, como é natural, em certos setoresdo que em outros, mas não refugarão nenhum,nem fracassarão em qualquer deles. Nem sequer avida privada será irrelevante para o cumprimen-to de seus deveres, mas se inserirá de váriasformas na especial função pública que abraça-ram e que, no cotidiano, não desaparece com oencerramento do expediente, nem no espírito,nem na ação dos que a exercem.

Se assim não fosse, os que hoje se iniciam, ecujas carreiras ultrapassarão este século, esta-riam comprometendo sua dignidade e sua felici-dade, pois não conseguiriam crescer harmonica-mente com as responsabilidades que o Brasil terácie assumir em sua evolução internacional cadavez mais complexa, mais exigente.

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uma nação autêntica,de personalidade marcante

Já vai superada a época em que éramos um paísde horizontes apenas regionais. Hoje, a amplia-ção do comércio, a intensificação dos fluxos fi-nanceiros e de investimentos e a diversidade dasrelações políticas e culturais do Brasil rompe-ram horizontes e estenderam nossas vistas e in-teresses a todos os quadrantes. Hoje, nada ocorreno plano internacional que não nos interesse, quenão nos afete ou, pelo menos, que não exija nossacuidada atenção. A forma, a gradação, a opor-tunidade das reações a estímulos e solicitaçõesexternas, tanto quanto das iniciativas que nosconvierem refletirão o que é o Brasil, uma naçãoautêntica, de personalidade marcante. A políticaexterna deve manter estreita sintonia com os an-seios permanentes do país — anseios de paz, dedesenvolvimento, de fraternidade —, ao mesmotempo em que, pela participação franca no cená-rio internacional, resguarda os interesses brasi-leiros. Temos de estar preparados, com seguran-ça para conduzir um diálogo permanente e simul-tâneo, em diferentes níveis, com países em va-riadas situações. Aí estará talvez o maior desa-fio da política externa de um país-ponte, sobmuitos aspectos intermédio, como é o Brasil. Ser-vir com lucidez à especificidade brasileira nomundo será o grande desafio dos funcionáriosdesta Casa.

0 caráter multifacetado de cada tema de nossasrelações internacionais, as interconexões entreesses temas e suas repercussões internas e exter-nas indicam a necessidade que temos, cada umde nós, de manter uma atitude alerta e de refle-xão ponderada e minuciosa em nossa atividadediária no Itamaraty. Todos nós, antigos e novoscolegas, Chefes e Secretários, estamos comprome-tidos com a política externa.

0 panorama internacional se caracteriza por mo-dificações tópicas frequentes, que requerem ava-liação rápida, mas segura e serena para que nãose perca a clareza da visão a longo prazo. Naesfera propriamente política, as Superpotênciasse confrontam nas áreas periféricas e procuramo diálogo e o entendimento, nas áreas essenciais.Os países industrializados no Ocidente, estimula-

dos pelo êxito do seu processo de crescimentoeconómico, reivindicam um papel internacionalmais ativo.

No mundo em desenvolvimento, a importânciapolítica dos diversos atores cresceu, em parte de-vido às variadas disputas para englobar novasregiões e áreas de influência, em parte devido aonovo papel dos países produtores de petróleo e,por toda parte, como resultado de processos na-turais de afirmação nacional.

Na esfera económica, a inflação e o desempregoestimulam os países desenvolvidos a exportar di-ficuldades, impor barreiras protecionistas ao co-mércio e procurar novos esquemas que contro-lem ou limitem o jogo da livre concorrência emsetores em que suas economias não são as maiseficientes, embora continuem a aconselhar polí-ticas liberais.

Por outro lado, as questões económicas ficaramdefinitivamente contagiadas pela política, comose pode verificar diariamente, quando se vê a im-portância do relacionamento político para a con-clusão de grandes transações comerciais e finan-ceiras.

Meus jovens colegas,

Neste panorama internacional, sobra pouco espa-ço à percepção dos interesses comuns de longoprazo que poderiam ser os inspiradores de solu-ções equitativas e de objetivos que aliciassem aconfiança dos povos. Prevalece, ao contrário, apreocupação pequena de estabelecer esquemas derestrição do acesso aos mercados, à tecnologiae ao processo de decisão política.

brasil busca soluções construtivas

0 Brasil, porém, não esmorece. Procura partici-par de modo sereno, firme e amistoso, na buscade soluções construtivas para os conflitos e con-trovérsias e para a defesa de propostas que per-mitam reduzir o grau de insegurança política eeconómica internacionais, de modo a garantir atodos os países, sem dís+inção, melhores condi-ções de sobrevivência, independência e coope-ração.

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Internamente, vive nosso país momento de pro-funda significação em que a Sociedade e o Esta-do, sob a liderança do Senhor Presidente da Re-pública, se unem para a construção de um futuromais democrático, em que os frutos do desenvol-vimento propiciem uma gama de oportunidadesmais ricas para o aprimoramento de cada brasi-leiro como homem e como cidadão.

Meus novos colegas,

É para atuar neste momento tão crucial que osconvoco: todos devem contribuir com o seu es-forço profissional para que se criem condiçõesfavoráveis e permanentes para o desenvolvimen-to da nação brasileira.

Em tarefa de tal magnitude, na execução da po-lítica externa, formulada pelo Senhor Presidenteda República, os novos diplomatas contarão coma orientação amiga dos Chefes, com a colabora-ção dos colegas mais antigos — no Brasil e emqualquer parte do mundo — e com o exemplodaquele cujo aniversário comemoramos hoje, quedeu seu nome à exemplar instituição de ensinoque os formou, que dedicou sua vida à defesados interesses internacionais do Brasil e cujomoto sintetiza a essência do espírito do bom di-plomata: ubique patriae memor.

Muito obrigado.

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o sexto aniversário daitaipu binacional

Discursos cio Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e do Diretor-Geral Adjuntoda Itaipu Binacional, Enzo Debernardi (tradução não-oficial),no Palácio Itamaraty de Brasília, em 26 de abril de1979, por ocasião de almoço oferecido aos membros daDiretoria Executiva e do Conselho de Administraçãodaquela empresa brasileiro-paraguaia, no sexto aniversárioda conclusão do Tratado de Itaipu.

SARAIVA GUERREIRO

Senhor Ministro César Cais,

Senhores membros do Congresso Nacional,

membros do Conselho de Administração da Itaipu

e da Diretoria da Itaipu,

É com grande prazer que hoje nesta Casa os re-cebemos em comemoração do sexto aniversárioda conclusão do Tratado da Itaipu, que resultoude negociações tão complexas e levadas a caboentretanto, naquele espírito de amizade, de com-preensão e de respeito mútuo que caracteriza asrelações entre o Paraguai e o Brasil. Não precisodizer nada sobre a grandeza de Itaipu; tudo foidito, e provavelmente os fatos é que serão elo-quentes e não haverá palavras suficientes paradescrever; não preciso tampouco demorar-me emassinalar as peculiaridades da própria filosofiajurídica, digamos, que caracteriza este tratado:a perfeita igualdade entre as partes, num em-preendimento extraordinário em que as duas par-tes terão responsabilidades diferentes de exe-cução, mas absoluta igualdade tanto no que res-

peita ao esforço e a dedicação na construçãoquanto, a longo prazo, aos respectivos proveitosindividuais, de um país e do outro. E assim deveser; por isso, ela será uma obra perdurável, quemarcará permanentemente esta magnífica amiza-de e cooperação entre os dois países.

Eu queria aproveitar o momento para despedir-mede alguns dos membros do Conselho de Adminis-tração e Diretoria que estão deixando seus pos-tos, e que conheci em outras ocasiões e que mui-to apreciei, e ao mesmo tempo dar as boas-vindasaos que os substituirão nesses dois órgãos dire-tores centrais da Itaipu. Queria congratular-me,em particular, com os trabalhos que o Conselhode Administração e a Diretoria vêm realizando. Aeficiência, a fluidez, a precisão com que eles têmdirigido esta obra monumental. Muitas vozesogourentas sempre se referiam, e ainda hoje sereferem, às dificuldades de levar avante um em-preendimento empresado, digamos, por uma com-panhia binacional paritária. E, no entanto, o quenós vemos, na prática, é que essa organizaçãoparitária, igualitária, de uma companhia bina-cional funciona com uma eficiência, com uma ca-pacidade de decisão e de execução que raramen-te se encontram naquelas empresas dominadas,

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digamos, por uma maioria acionária. Portanto, oproblema não é tanto o da forma, é o do espírito,como já tem sido dito, o espírito tem presididoà Itaipu e que é uma faceta fundamental do es-pírito que preside às relações entre o Paraguai eo Brasil.

Tomo então esta oportunidade para beber peloêxito da grande obra e pelo êxito de cada um dosmembros do Conselho de Administração e da Dire-toria, e pela felicidade pessoal dos mesmos.

ENZO DEBERNARDI

Excelentíssimo Senhor Chanceler,

Senhores Ministros de Estado,

Excelências, companheiros de trabalho

da Itaipu Binacional,

Cabe-nos aos da Itaipu Binacional agradecer aeste olmoço que os Senhores tão gentilmente ofe-receram para nós. Este encontro, este almoço noItamaraty já se tornou tradicional na história denosso empreendimento. Cada vez que comparece-mos a ele, marcamos uma etapa; não nos dete-mos um momento a pensar no caminho andado.Até agora, desde a última vez que nos encontra-mos, temos falado sempre com um acento postomais no futuro que no presente. Quer dizer, temosfalado mais da obra que tem de ser realizada, daobra em que se tem de pôr esforço e desta vez,hoje, podemos dizer que podemos colocar umacento mais no presente que no futuro, no sen-tido de que a obra está culminando. A obra é umarealização, a obra está chegando a sua etapa

maior. Dentro de muitos poucos dias veremos, seDeus nos permite, com nossos próprios olhos edos homens de Itaipu, o ponto mais alto da re-presa chegar a sua culminação e colocar sobreela os últimos metros cúbicos de concreto. Entãoisso que parecia um sonho, que parecia algo dofuturo, se torna não somente irreversível mas setorna real, se torno algo que já se pode tocarcom as mãos.

Senhor Chanceler, a última vez que estive aqui eque me tocou tomar a palavra, quis acentuar umconceito, e este conceito é de que a obra deItaipu como a única produtora de quilowatts/hora para o Paraguai e o Brasil alcança somentea metade de seu significado e de suas intenções.Que a outra metade vai constituir-se num elemen-to e numa etapa da união, da colaboração efe-tiva e real entre nossos dois países. E, agora, aoconstatar com os nossos próprios olhos que Itaipuchega à sua culminação e é algo absolutamentereal, não resisto à tentação de dizer que, com omesmo espírito, com o mesmo coração com quetemos cuidado de que ela se torne uma realiza-ção material, real. Com esse mesmo espírito de-vemos seguir cuidando que os outros cinquentapor cento sigam cuidando-se com essa mesma for-ça; quer dizer, que ela complete o objetivo para oqual foi traçada; quer dizer, ser o elemento in-dissolúvel de união entre os dois países. E se Deusme der forças e se tenho o privilégio, eu e todosos meus companheiros de Itaipu de voltar a estamesa, no futuro, espero ter o privilégio e o or-gulho de dizer que Itaipu cumpriu com 100 porcento o seu objetivo. E isso é a meta para qualnós, os paraguaios, nos dispusemos com todo onosso coração, com todo o nosso entendimento e,se me permite, Senhor Chanceler, com todo onosso afeto. Muito obrigado.

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ministro dos negóciosestrangeiros da itália no brasilDiscursos do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e do Ministro dosNegócios Estrangeiros da Itália, Arnaldo Forlani,no Palácio Itamarcty de Brasília, em 26 de abril de 1979, porocasião do jantar oferecido ao representante italiano.

SARAIVA GUERREIRO

Excelentíssimo Senhor Ministro,

É com grande honra que, em nome do Governobrasileiro, saúdo Vossa Excelência e a comitivaque o acompanha em sua visita ao Brasil. A pre-sença de Vossa Excelência entre nós reafirma osprofundos e antigos laços de fraternal amizadeque unem nossos dois países; testemunha a dis-posição de nossos Governos de manterem cons-tante diálogo sobre a evolução da política inter-nacional e das nossas relações bilaterais,- e, so-bretudo, subinha o interesse do Brasil e da Itáliade tornar ainda mais densa a cooperação tão fe-cunda que, felizmente, existe entre nós.

Vossa Excelência encontrará, no Brasil, uma sim-patia toda especial pelo seu país. Encontrará, naverdade, um sentimento de afeto pelos italianos,que tão generosamente contribuíram para o pro-gresso do Brasil e para a própria formação étnicado povo brasileiro. Nosso relacionamento seestende aos mais variados setores de atividade re-fletindo uma cultura comum, latina, que moldanosso conhecimento, nossa psicologia social enossos respectivos idiomas. Muitos são, portanto,os fatores culturais que nos aproximam e quenos estimulam na tarefa de fortalecer, aindamais, os laços de amizade que nos ligam.

Nos últimos anos, variados eventos contribuírampara acelerar a aproximação ítalo-brasileira. Ofluxo de visitas realizadas por personalidades go-vernamentais brasileiras e italianas se torna, pro-gressivamente, mais importante, o que nos tempermitido identificar novas áreas de cooperação.Restringindo-me apenas a 1978, assinalo que doisMinistros de Estado brasileiros visitaram a Itáliae que, no Brasil foram, igualmente, recebidos doismembros do Gabinete italiano. Desejo, também,lembrar que, por ocasião das solenidades de possede Sua Excelência o Senhor Presidente João Baptis-ta de Oliveira Figueiredo, a Itália fez-se repre-sentar por importante delegação, chefiada peloeminente Senhor Amintore Fanfani, Presidente doSenado da República italiana.

avanços significativos no relacionamentoeconómico bilateral

No campo do relacionamento económico bilateraltemos conseguido avanços significativos, sendode notar-se que o valor das trocas de mercado-rias quintuplicou em menos de uma década. A cir-cunstância de nosso intercâmbio comercial nãose encontrar, no presente momento, em equilí-brio deve incentivar-nos a buscá-lo em patamaresmais altos de trocas, como estratégia gradualpara solucionar essa situação.

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O influxo de capitais e tecnologia italianos noBrasil, por sua vez, reforça-se continuamente, emespecial nos setores automotriz, siderúrgico,aeronáutico e de telecomunicações da economiabrasileira.

Outro fator positivo, que nos inspira crescenteconfiança no ulterior desenvolvimento das rela-ções bilaterais, é o aperfeiçoamento constante doseu arcabouço institucional. Em anos recentes, fo-ram firmados diversos instrumentos, entre osquais merecem realce o Acordo sobre Previdên-cia Social, o Acordo Básico de Cooperação Técni-ca e o Acordo sobre Bitributação. Nas áreas dastelecomunicações, criamos o Comité de Comu-tação Eletrônica, que funciona sob a égide dosMinistérios técnicos correspondentes. Por seu tur-no, na órbita da iniciativa privada, instituiu-se oComité Empresarial Italo-Brasileiro, cujo primeiroencontro, segundo entendimentos entre os respec-tivos órgãos de classe, deverá realizar-se em Mi-lão, ainda no presente semestre.

A Comissão Mista económica entre o Brasil e aItália celebrou, em fins do ano passado, em Roma,a sua Terceira Reunião. No entender do Gover-no brasileiro, essa Comissão está cumprindo, deforma satisfatória, as suas inestimáveis funçõesde foro de conversações para a coordenação dointercâmbio entre os dois países. Esperemos possaprosseguir em suas atividades com êxito cres-cente.

Também no plano da cooperação cultural, queigualmente valorizamos, progressos significativosvêm sendo obtidos, embora muito falte a reali-zar nesse terreno, fundamental para o conheci-mento recíproco entre nossos povos. Os progra-mas já acordados nas áreas do intercâmbio de li-vros e bibliotecas-modelo, da restauração de obrasde arte e de monumentos e de treinamentos emesportes olímpicos, já nos permitem avaliar a uti-lidade dessa cooperação e nos incentivam a ex-pandi-la significativamente.

Encorajados pela amplitude assumida pelo rela-cionamento ítalo-brasileiro, os dois Governos ins-tituíram a Comissão de Consulta Política, meca-nismo ágil e flexível que veio institucionalizar odiálogo bilateral em alto nível. É-me especialmen-te grato ressaltar que a presente visita de Vossa

Excelência se insere no quadro das consultas pre-vistas por essa Comissão.

consultas regulares sãoparticularmente úteis

Tenho a convicção de que essas consultas regula-res são particularmente úteis, pois permitem am-pla troca de ideias, impressões e esclarecimentossobre assuntos de interesse comum. É nosso dese-jo que as relações entre o Brasil e a Itália nãoapenas conservem a importância que sempre ti-veram, mas também que possam ser incrementa-das e aperfeiçoadas e que tenham relevânciacrescente no plano de nossa política europeia.Nosso relacionamento bilateral, além da esferadas trocas comerciais, está assumindo feiçõesmais complexas, que se refletem nas própriasconversações que a visita de Vossa Excelência en-seja.

Desejo salientar que o Governo brasileiro apreciao relevante papel que a Itália desempenha tantono quadro da Comunidade Económica Europeia,quanto no âmbito mais amplo do Ocidente. OBrasil está interessado em contar mais intensa-mente com a valiosa experiência política da Itá-lia e de sua sempre renovada criatividade. Refi-ro-me, aqui, particularmente às conversações quemantemos com a Comunidade Europeia sobre anecessidade de dispormos em nosso relaciona-mento de um quadro institucional adequado, as-sim como às preocupações que, frequentemente,temos expressado com a intensificação do prote-cionismo comercial. Temos interesse, também, nacontribuição italiana ao chamado diálogo Norte-Sul, diálogo esse que, em nosso entender, nãodeve restringir-se, exclusivamente, ao domínioeconómico, nem ser conduzido apenas no forodas grandes conferências multilaterais.

Senhor Ministro,

Nas conversações que hoje mantivemos, pude re-conhecer o talento e a habilidade política quetêm valido a Vossa Excelência o justo renome quedesfruta dentro e fora de seu país. Tenho a es-perança de que, durante sua estada na terra bra-sileira, Vossa Excelência terá ocasião de apre-ciar todos os sentimentos de boa vontade e desimpatia que, nós, brasileiros, nutrimos pelo seupaís e pelo seu povo.

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Nesse espírito, convido os presentes a comigoerguerem suas taças em homenagem à paz e àprosperidade da Nação italiana, ao progresso dasrelações ítalo-brasileiras e à saúde e felicidadepessoal do Ministro Forlani.

ARNALDO FORLANI

Senhor Ministro de Estado,

Sou-lhe muito grato pelas palavras de amizadeque Vossa Excelência quis endereçar a mim e aosmembros da delegação que me acompanha. Con-sentir-me-á que eu retribua estes sentimentoscom a sinceridade fraternal que deriva de vín-culos tão profundos e antigos.

Consentir-me-á, igualmente, Senhor Ministro, queeu lhe externe toda minha admiração por estanova Capital que o Brasil doou-se. Ela não é ape-nas o testemunho do trabalho e do espírito deempreendimento do povo brasileiro. É, esta, umaobra que expressa uma vontade política precisa.Um convite dirigido à construção do Brasil mo-derno. Pela austeridade e elegância dos seus mo-numentos, a Brasília de hoje é também um gran-de exemplo de cultura. Seja-me lícito afirmá-lodeste Palácio, no limiar de uma praça que, atra-vés das vias da arte, reproduz a concepção dosTrês Poderes.

Senhor Ministro de Estado,

No começo da atividade da nova Administraçãobrasileira, é-nos grato formular os votos maissinceros para o sucesso da empresa que visa alevar adiante a construção e o desenvolvimentodeste grande País, segundo as linhas traçadaspelo ilustre Presidente do Brasil. A elevada pala-vra do Presidente Figueiredo, proferida em 15 demarço deste ano, apontou os caracteres aos quaisserá inspirada a ação de sua grande Nação, nestemomento.

Nós, como todos vocês temos fé no futuro doBrasil. Temos fé em que ele — como tem lembra-do o Presidente - se apoie, acima de qualqueroutro valor, na força do direito e do bom senso.

A luta para vencer os problemas do desenvolvi-mento, para a construção de sociedades maisjustas, por uma distribuição da renda que alivie

a inquietude dos trabalhadores e das jovens le-vas,- os esforços para garantir maior estabilida-de à ordem monetária internacional, a procurados pontos de colimação entre as exigências dospaíses industrializados e dos países em via deindustrialização, uma mais adequada e amplaconsciência dos problemas do tempo presente: eisoutros tantos desafios que nos são propostos.

novas exigências da comunidadeinternacional

Vivemos numa época, Senhor Ministro de Estado,na qual novas exigências, incertezas e contradi-ções fervilham por dentro das nações e da pró-pria Comunidade Internacional. São interrogati-vos que concernem ao papel do homem com rela-ção à sua vida agregada.

Pela força de suas ideias, pela continuidade e afecundidade que a cultura representa na vidadas nações, o homem projeta-se como o grandeprotagonista dos eventos que unem e separam asnações. É motivo de conforto constatar que, postoque atribuladas pelos problemas da hora atual,as sociedades mais arrojadas e criativas são ain-da aquelas que mais tomaram consciência destesvalores.

Nós acolhemos com vivo agrado o empenho, ex-pressado pelo Presidente da República Federati-va do Brasil, de ampliar passo a passo precisa-mente aqueles valores graças aos quais o Brasile a Europa confraternizam.

Eles repisam vínculos históricos e culturais aosquais nós também somos profundamente sensí-veis. Estamos convencidos de que a afirmação,nas duas margens do Atlântico, de instituiçõesque se identifiquem nos mesmos princípios, poderepresentar a condição e ao mesmo tempo a ga-rantia mais sólida para a necessária colabora-ção entre Europa e América Latina, entre Itáliae Brasil. As metas delineadas pelo PresidenteFigueiredo apontam o caminho que empreendeuo Brasil e nesta sua perspectiva acompanha ovoto fraternal da Nação italiana.

É justo, Senhor Ministro de Estado, que estegrande País projete no exterior a própria civili-zação de trabalho, a energia dos seus empreen-

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dedores e a visão de um mundo a um tempo avan-çado e pacífico.

Minha presença em Brasília facultou verificar asimpressões que o Brasil e a Itália têm se forma-do no tocante aos complexos problemas do mo-mento.

relações bilaterais estão emexcelente nível

Juntos fizemos hoje e iremos fazer ainda ama-nhã, um exame das relações bilaterais. Elas, cer-tamente, estão num excelente nível pela facili-dade com que italianos e brasileiros são capazesde se entenderem, e nós estamos resolvidos adesenvolvê-las ulteriormente da melhor forma eem cada direção.

Senhor Ministro de Estado,

Em se tratando do Brasil e da Itália, a evocaçãode uma matriz comum não é um floreio de retó-

rica: milhões de italianos e de descendentes deitalianos encontraram no Brasil sua nova pátriae por geral reconhecimento tanto têm-se empe-nhado para o dessnvolvimento deste grande País,ao ponto de se tornarem um elemento essencialdesta tão original e sugestiva civilização brasi-leira. A eles seja-me consentido transmitir, tam-bém nesta oportunidade, a saudação do Governoe do povo italiano.

Senhor Ministro de Estado,

Desejo agradecer-lhe de coração pela esplêndidahospitalidade e gostaria de pedir a todos levan-tarem comigo a taça ao futuro do Brasil, ao seudesenvolvimento, às aspirações desta grande Na-ção, à amizade entre nossos dois países, para queprossigam juntos e solidários, parte ativa no mun-do, em um empenho de paz, de justiça e de pro-gresso.

comunicado conjuntobrasil-itália

Comunicado Conjunto Brasil-itália, divulgado pelo PalácioItamaraty de Brasília, em 27 de abril de 1979,

ao final da visita do Ministro italiano dos NegóciosEstrangeiros, Arnaldo Forlani.

A convite do Ministro de Estado das Relações Ex-teriores, da República Federativa do Brasil, Em-baixador Ramiro Saraiva Guerreiro, o Ministrodos Negócios Estrangeiros da República Italiana,Arnaldo Forlani, visitou oficialmente o Brasil, nosdias 25 a 29 de abril de 1979, para manter con-versações no âmbito do mecanismo de consultasperiódicas estabelecido por Troca de Notas de28 de outubro de 1975. O Senhor Arnaldo Forlanifez-se acompanhar de altos funcionários do Mi-nistério dos Negócios Estrangeiros da Itália.

2. O Ministro Arnaldo Forlani foi recebido peloPresidente da República, Senhor João Baptista deOliveira Figueiredo.

3. O Ministro Arnaldo Forlani visitou o SenadorLuiz Vianna Filho, Presidente do Senado Federal,

o Deputado Homero Santos, Primeiro Vice-Pre-sidente da Câmara dos Deputados, o Ministro An-tónio Neder, Presidente do Supremo Tribunal Fe-deral, e o Senhor Aimé Alcebíades Lamaison, Go-vernador do Distrito Federal.

4. Os dois Ministros lembraram com satisfaçãoa tradicional amizade que une os povos italiano ebrasileiro, para a qual muito têm contribuídoa origem cultural comum e a presença de umagrande e operosa comunidade brasileira de pro-cedência italiana.

5. Os dois Ministros procederam a ampla tro-ca de pontos de vista sobre a situação interna-cional, em ambiente que se caracterizou pela vivacordialidade e espírito de cooperação. Manifesta-ram também seu apoio aos princípios de respeito

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mútuo, de nõo-intervençõo, de solução pacífica decontrovérsias e ao respeito aos direitos humanos,como indispensáveis para o fortalecimento dapaz, da segurança e da cooperação internacional.

6. Ao examinarem a situação económica mun-dial e tendo em vista inclusive a participaçãoitaliana na Reunião dos Sete (Tóquio), expressa-ram sua preocupação com as medidas protecio-nistas de toda ordem, em especial as que afetamos países em desenvolvimento, e confirmaram seufirme apoio ao estabelecimento de uma nova or-dem económica internacional. Neste sentido, ex-primiram sua convicção de que a expansão docomércio internacional dependerá cada vez maisda solidariedade e de um espírito de compreen-são entre as nações. Manifestaram também suadecisão de contribuir de maneira positiva para oêxito da V Sessão da Conferência das NaçõesUnidas sobre Comércio e Desenvolvimento que serealizará em maio, em Manila.

7. Os dois Ministros passaram em revista asprincipais questões bilaterais de mútua relevân-cia. O Ministro Forlani enumerou as principaisiniciativas de cooperação económica, industrial efinanceira de que participam, ou desejariam par-ticipar, empresas italianas dos setores público eprivado e realçou o interesse do Governo italianoem facilitar e tornar mais eficaz essa coopera-ção. 0 Ministro Guerreiro, por sua vez, salientouas mútuas vantagens que essa cooperação ofe-rece para os dois países e a crescente importân-cia dos investimentos italianos no Brasil.

8. Reiterou o Ministro Forlani o empenho doseu país em que o vigente Acordo de CooperaçãoEconómica de 30 de abril de 1956 seja substituí-do por novo instrumento de cooperação económi-ca, industrial e financeira. O Ministro Guerreirorenovou a disposição brasileira de atualizar oquadro institucional do relacionamento bilateral,de molde a torná-lo mais adequado às exigênciasda cooperação económica entre os dois países.

9. Os dois Ministros manifestaram a satisfaçãode seus Governos com os progressos obtidos du-rante a III Sessão da Comissão Mista Brasil-ltá-lia, realizada em Roma de 29 de novembro a 1.°de dezembro de 1978. Também concordaram emque as soluções alcançadas na mencionada reu-nião principalmente, no que toca às atividades,na Itália, do Banco do Brasil S.A. e do InstitutoBrasileiro do Café, sejam, quanto antes, postasem execução.

10. Notaram com satisfação os entendimentosem curso pelos órgãos competentes do setor pri-vado de ambos os países para que se realize,ainda no corrente semestre, a reunião inauguraldo Comité Empresarial Ítalo-Brasileiro.

11 . Os dois Ministros reconheceram a importân-cia dos contatos mantidos entre o ConsiglioNazionale delle Ricerche e o Conselho Nacional dePesquisas, e verificaram com sasifação os pro-gressos realizados no tocante à cooperação nocampo das telecomunicações, no quadro do Comi-té de Comutação Eletrônica. O Ministro ArnaldoForlani expressou o vivo interesse do seu Gover-no em que as iniciativas nessa área possam ex-pandir-se e diversificar-se, tornando-se um mode-lo de ação para a cooperação técnica e industrialentre as duas nações.

12. Os dois Ministros manifestaram particularinteresse pelo desenvolvimento da cooperaçãocultural entre os dois países com base nos traba-lhos realizados pela Comissão Mista de Coopera-ção Cultural Brasil-ltália. Nesse sentido, indica-ram que a intensificação dos contactos bilaterais,nesse campo, contribui para o melhor conhecimen-to recíproco e permitirá identificar novas áreasde cooperação, no interesse mútuo.

13. O Ministro Forlani expressou seu vivo reco-nhecimento ao Ministro Guerreiro pela calorosa ecordial acolhida que lhe foi dispensada durantea sua permanência no Brasil e lhe dirigiu con-vite para visitar a Itália. O Ministro Guerreiroaceitou com prazer esse convite.

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brasil e hungria assinam acordode comércio e pagamentos

Discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, no Palácio Itamaratyde Brasília, em 30 de abril de 1979, por ocasião daassinatura do Acordo de Comércio e Pagamentoscom a República Popular da Hungria; e resumo dodiscurso pronunciado na mesma ocasião pelo Vice-Ministrode Comércio Exterior da Hungria, Bela Szalai.

0 CHANCELER

Senhor Secretário de Estado,

É com grande satisfação que assino hoje, comVossa Excelência, o Acordo de Comércio e Paga-mentos entre o Brasil e a Hungria. Este novo ins-trumento, resultado de cuidadosa negociação, coma participação de todos os órgãos competentes,foi rubricado por ocasião da V Reunião da Comis-são Mista Brasil-Hungria e vem atualizar os prin-cipais mecanismos e disposições estabelecidos noAcordo de Comércio, Pagamentos e CooperaçãoEconómica, assinado em maio de 1961.

0 funcionamento do Acordo que agora deixa devigorar, bem como as Reuniões da Comissão Mis-ta que se realizaram sob sua égide, revelaramamplas possibilidades de cooperação que come-çam a ser exploradas no crescente intercâmbiocomercial entre nossos países. Assim, sobretudonos últimos cinco anos, registraram-se valoressem precedentes em nosso comércio bilateral, quealcança hoje a cifra de cem milhões de dólares.Esse nível de trocas foi alcançado graças aos es-forços que, de parte a parte, realizamos no sen-tido de procurar ampliar e diversificar nosso in-tercâmbio, dentro do quadro de complementari-dade existente entre as duas economias.

Como resultado desses esforços, a Hungria for-nece equipamentos destinados ao aumento denossa capacidade portuária e à expansão e me-lhoramento de nossa assistência hospitalar. Alémdisso, perspectivas de cooperação em terceirosmercados vêm sendo estudadas entre empresasde ambos países.

O Acordo que acabamos de assinar reflete jus-tamente ânimo de dotar nossas relações comer-ciais de um sistema atualizado que lhes propicieagilidade consentânea com as realidades econó-micas dos dois países.

Nessa linha de ação, apraz-me registrar a assina-tura, no início do corrente ano, do acordo entreo Banco Central do Brasil e o Banco do ComércioExterior da Hungria, e de um Acordo de coope-ração entre a Câmara de Comércio da Hungria ea Confederação Nacional da Indústria do Brasil,os quais, estou certo, servirão de estímulo ao in-tercâmbio bilateral.

Essa breve retrospectiva é suficiente para reve-lar o alto nível de entendimento que nossos paísesvêm alcançando na área do comércio exterior,com resultados significativos e mutuamente van-tajosos.

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Ao finalizar, congratulo-me com Vossa Excelênciapela celebração deste Acordo de Comércio e Pa-gamentos, na certeza de que ele representa maisum importante passo no desenvolvimento das re-lações entre a Hungria e o Brasil.

Muito obrigado.

O VICE-MINISTRO

O Vice-Ministro de Comércio Exterior da Hungria,Bela Szalai, chamou a atenção para a importân-cia do Acordo de Comércio e Pagamentos entreos dois países, com vistas ao futuro das relaçõescomerciais entre Brasil e Hungria, e manifestousua satisfação por firmá-lo.

Ele disse que o intercâmbio comercial entre osdois países não é ainda o ideal, mas revelou queexistem amplas possibilidades para intensificá-lo,graças ao potencial de ambos os países, cujaseconomias, em muitos pontos, são complementa-res.

Bela Szalai lembrou também que o Brasil já ex-porta, atualmente, muitos produtos manufatura-dos e não apenas os tradicionais produtos primá-rios e matérias-primas. Ressaltou que esses pro-dutos manufaturados interessam ao mercado hún-garo e pediu o apoio do Itamaraty para as ne-gociações que sua missão está mantendo no Bra-sil, com outros Ministérios.(*)

(*) Na seçáo Tratados, Acordos, Convénios, página 121, o texto do Acordo de Comércio e Pagamentos entre oo Brasil e a Hungria.

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a visita do ministro dos petróleosde angola, jorge morais

Discurso do Chanceler Saraiva Guerreiro,no Palácio Itamaraly de Brasília, em 2 de maiode 1979, por ocasião de almoço oferecido aoMinistro dos Petróleos de Angola, Jorge Morais.

Excelentíssimo Senhor Ministro,

0 Governo brasileiro sente-se honrado com a vi-sita de Vossa Excelência ao nosso país, à frentede tão ilustre comitiva. Sua presença entre nósconstitui demonstração do dinamismo que esta-mos imprimindo às relações entre o Brasil eAngola.

Não poderia ser outra a nossa atitude, já quetantos e tão valiosos são os fatores de naturezahistórica e cultural que lastreiam a amizade fra-terna entre os nossos povos e tão importantes asperspectivas de cooperação bilateral que se abremna presente quadra de nossas relações.

Seu país se encontra hoje plenamente engajadonas árduas tarefas da construção nacional. NoBrasil, acompanhamos com especial atenção e in-teresse os esforços que Angola vem empreenden-do para superar os graves problemas herdadosdo passado colonial, para preservar sua integri-dade e para impulsionar seu processo de desen-volvimento económico e social. Essa obra, quemobiliza hoje a nobre nação angolana, deve me-recer o apoio de todos os países amigos.

Já em seu discurso de posse, a 15 de março úl-timo, o Presidente João Baptista de Oliveira Fi-gueiredo, dirigindo-se aos representantes das na-ções irmãs da África, transmitiu-lhes a certeza

de que o Brasil continuará solidário com as as-pirações dos povos daquele Continente.

cooperação do brasil com países africanosnão se limita ao plano declaratório

A cooperação brasileira com os países africanoscertamente não se limita ao plano declaratório.Nossa comum condição de países em desenvolvi-mento, nos estimula a reforçar laços e a pro-pugnar, em conjunto, pela reformulação da atualordem económica internacional, em busca de pa-drões mais justos de relacionamento entre os paí-ses do Norte e do Sul.

A cooperação brasileira é prestada em bases deigualdade, através da troca de experiências, dointercâmbio de ideias e de projetos. Não nos se-duzem resultados imediatistas de esquemas decooperação vertical, incapazes de criar raízes, degerar atividades auto-sustentadas e, na verdade,pouco diversos de práticas colonialistas. Quandofalamos em cooperação, temos em mente, acimade tudo, os princípios das vantagens recíprocase da mutualidade de interesses. Nada desejamosimpor. Sabemos que cooperação verdadeira e fru-tífera é a que une os países soberanamenteiguais.

As perspectivas abertas para o Brasil e Angolasão hoje promissoras. Foram animadores os con-

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tatos mantidos, em março último, no Brasil, pela"missão de prospecção" chefiada pelo Ministrodo Comércio Externo da República Popular deAngola, Doutor Roberto Almeida. Tanto na áreagovernamental, quanto junto ao setor privado,identificaram-se oportunidades de cooperação bi-lateral, sobretudo nos setores comercial, de infra-estrutura e cultural. A visita de Vossa Excelên-cia constitui novo e significativo passo para odesenvolvimento da cooperação entre Brasil eAngola. Outras e importantes iniciativas suce-der-se-ão, sem dúvida já que é inequívoca a vo-cação de aproximação de nossos dois países. Nodomínio petrolífero, diante da complementarida-de de nossos interesses, a visita de Vossa Exce-lência poderá ensejar o fortalecimento dos vín-culos de natureza comercial e industrial entrenossos países. Vossa Excelência encontrará emseus interlocutores brasileiros permanente dispo-sição de identificar novas formas de cooperação,equitativas e reciprocamente vantajosas.

Nossa aproximação progride com base no respei-to mútuo, na não-ingerência nos respectivos as-suntos internos e na convicção de que as diferen-ças de opinião ou posição que existem entre nos-sos dois países não devem impedir que explore-mos as oportunidades de diálogo e cooperação.

Os princípios de igualdade soberana dos Estadose da autodeterminação dos povos, cuja observân-cia é indispensável para a convivência harmo-niosa entre as nações, encontram-se, no entan-to, continuamente ameaçados, nos dias de hoje,em diversas regiões do mundo, inclusive na Áfri-ca. A persistência de situações fundamentalmen-te injustas e anacrónicas no continente africano,remanescentes do colonialismo e de doutrinas ra-cistas, constitui talvez a principal barreira queenfrentam os países africanos em sua caminha-da em direção ao progresso económico e social.Eliminar estes obstáculos, que consideramos ver-dadeira ameaça à paz internacional, é tarefa pri-mordial para todos os países que, como nós,pautam suas políticas externas na observânciados Propósitos e Princípios da Carta das NaçõesUnidas.

Peço, pois, a todos que me acompanhem em brin-de, que ora proponho, pelo bom êxito da missãodo Ministro Jorge Morais, pela paz e prospe-ridade de sua pátria, sob a liderança do Presi-dente Agostinho Neto, e pelo desenvolvimentodos laços de amizade e cooperação que unem nos-sos dois países.

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no brasil, o ministro das minase energia da nigéria

Discursos do Chanceler Saraiva Guerreiro e do Ministrodas Minas e Energia da Nigéria, Justin Tseayo(tradução não-oficial), no Palácio Itamaraty de Brasília,em 3 de maio de 1979, por ocasião da recepçãooferecida ao representante nigeriano.

SARAIVA GUERREIRO

Senhor Ministro,

É com grande satisfação que recebo, hoje, emnome do Governo brasileiro, a visita de Vossa Ex-celência. Sua presença, no Brasil, à frente de ex-pressiva delegação, vem atestar o alto nível emque vêm se desenvolvendo, em todos os setores,as relações entre Brasil e Nigéria.

A herança étnico-cultural que recebemos da Áfricaconstitui elemento fundamental na formação dohomem brasileiro e sua força se faz presente emtodos os contornos de nossa personalidade. Esselegado forjou os sólidos vínculos de solidariedadeque nos unem aos países irmãos da África.

Em janeiro de 1977, tivemos o privilégio de re-ceber, em Brasília, o então Comissário de Negó-cios Estrangeiros, Brigadeiro Joseph Garba, e, ain-da recentemente, em janeiro último, o Governobrasileiro foi honrado pela visita oficial de SuaExcelência o Major General Shehu Yar'Adua, Che-fe do Estado-Maior do Conselho Militar Supremoda República Federal da Nigéria.

Em ambas as ocasiões, nossos dois Governos ti-veram a oportunidade de examinar as principaisquestões internacionais de interesse para os paí-

ses que, como o Brasil e a Nigéria, estão na van-guarda da luta por uma ordem económica inter-nacional mais justa e equitativa. Propiciaram,ainda, aquelas duas visitas a ocasião oportunapara que analisássemos os múltiplos aspectos emque se vêm desenvolvendo nossas relações bila-terais. Ofereceram-nos, ao mesmo tempo, a opor-tunidade para dar-lhes ordenamento jurídico atra-vés da assinatura de importantes acordos, queconstituem a moldura adequada a quadro tão ricoe diversificado.

Como o Major General Yar'Adua salientou em de-curso proferido nesta Casa, "o campo da coope-ração entre nossos dois países não conhece limi-tes". Por essa razão, é para mim motivo de satis-fação verificar que a visita de Vossa Excelênciaamplia o escopo de intercâmbio entre o Brasil ea Nigéria, por incidir sobre área até então poucoexplorada conjuntamente. Desejo que a experiên-cia brasileira nos setores de construção de bar-ragens e de geração e distribuição de energiahidroelétrica, acumulada e aperfeiçoada no cursode longos anos, possa vir a ser útil aos interes-ses e objetivos nigerianos.

Senhor Ministro,

É para nós, igualmente, motivo de contentamentoverificar que, no correr das próximas semanas,

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outras delegações representativas dos setores pú-blico e privado de seu grande país, virão ao Bra-sil travar contatos. Poderemos, então, intercam-biar conhecimentos e experiências em áreas tãodiversas como as da formação de mão-de-obraespecializada, agricultura, pecuária, petróleo,aviação civil, engenharia ferroviária e indústriatêxtil. Da mesma forma, tem sido substancial ofluxo de brasileiros que, cruzando o Atlântico,aportam às costas nigerianas, demonstrando comodois países em desenvolvimento podem conduzirum relacionamento interno e fecundo, marcadopelo equilíbrio e pela maturidade.

Senhor Ministro,

Não poderia deixar de expressar-lhe a solidarie-dade que o Brasil, por seu povo e Governo, em-presta à elevada e justa política seguida pela Ni-géria para a eliminação dos resíduos do colonia-lismo na África e pela supressão das práticasodiosas do apartheid. Nesse sentido, temos ma-nifestado, em todos os foros internacionais, nos-sa repulsa ao regime ilegal da Rodésia e nossoapoio à imediata independência da Namíbia, nostermos do plano aprovado pelo Conselho de Se-gurança das Nações Unidas. O Brasil acredita,pois, que somente com a eliminação final dessasfontes de injustiça e de opressão poderá a pazser implantada no sul do Continente Africano.

Peço, agora, a todos que comigo se unam embrinde à saúde do Tenente General Olusegum Oba-sanjo, Chefe de Estado e Comandante em Chefedas Forças Armadas da República Federal da Ni-géria pela prosperidade da grande nação nige-riana, pelo desenvolvimento das relações de ami-zade e cooperação entre o Brasil e a Nigéria epela felicidade pessoal de Vossa Excelência.

JUSTIN TSEAYO

Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado dasRelações Exteriores,

Excelentíssimo Senhor Ministro das Minas eEnergia,

Senhoras e Senhores,

É um grarrde prazer para mim responder às amá-veis palavras a mim dirigidas pelo Senhor Minis-

tro das Relações Exteriores. Eu desejo expressartambém, em meu nome e no da minha delegação,o agradecimento não só pela gentileza expressaem suas palavras como também pela atenção quetem sido dispensada a nós desde que chegamosa este grande e fraterno país.

Não foi acidentalmente que as relações entre nos-sos dois países apresentam-se em crescimento. Es-tas relações, como Vossa Excelência corretamen-te apontou, estão profundamente marcadas naHistória e nos desígnios de nossos dois povos eelas começaram a ser reforçadas com a visita àNigéria do então Ministro das Relações Exterio-res, Mário Gibson Barboza, em 1972, quando osgovernos dos dois países redescobriram um aooutro. A partir da visita do Chefe de Estado daRepública Federal da Nigéria, Major-General ShehuMusa Yar'Adua, um grande número de delegaçõesministeriais tem visitado o Brasil num ou noutrotempo. Eu estou informado que desde a visita denosso Chefe de Estado tem havido um grande nú-mero de delegações oficiais da Nigéria em visitaao Brasil e que muitas outras são esperadas. Es-tas visitas só podem refletir o alto grau com queo Brasil é considerado aos nossos olhos e a con-fiança com que nós temos o Brasil como nossoreal amigo.

Minha ligeira estada aqui confirmou tudo o queeu havia previamente aprendido sobre o Brasil.E eu poderia acrescentar também que eu fiqueiprazeirosamente surpreso com o estágio de de-senvolvimento que observei neste país e estoumuito feliz em ter tido essa experiência. De tudoo que eu vi e ouvi, eu estou agora convencidomais do que nunca que uma grande avenida decooperação existe entre nossos dois países. Comoresultado dessa observação sobre o Brasil e sobreo desenvolvimento brasileiro que eu tive, eu es-pero que muitas delegações nigerianas possamvisitar o Brasil e que na Nigéria nós possamosesperar mais ainda pela sua cooperação nos vá-rios campos em que Vossa Excelência apontou.E estou muito feliz que a sua disposição em par-ticipar sua experiência conosco, manifestada aonosso Chefe de Estado durante sua visita, foitambém confirmada a mim e eu desejo assegu-rar que nós damos muito valor à oportunidadeque nos foi oferecida.

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Como Vossa Excelência sabe, a África continuasendo o pivô da política externa da Nigéria. Eo apartheid continua sendo o inimigo número umda África. Nós estamos felizes com o entendi-mento demonstrado pelo Governo de seu país emrelação à situação africana. A Nigéria continua-rá a contar com o suporte moral do Brasil najusta luta da África pelo respeito e pela dignida-de humana. De nossa parte, a Nigéria não desis-tirá desse esforço até que o apartheid tenha sidoeliminado do nosso continente. Como em Zimbawee na Namíbia, a Nigéria considerou vergonhosaa recente eleição em Zimbawe e também tem re-petidamente condenado a continuação da ocupa-ção na Namíbia pelo regime racista e fascistade Pretória. Nós esperamos que os amigos da

África mostrem mais compreensão dos nos-sos problemas e, de forma nenhuma fiquem numaposição de dificultar suas resoluções. A Nigériaconta com o Brasil como um dos amigos da Áfricae nós esperamos a cooperação brasileira não sóno campo económico, como também no social epolítico.

Senhor Ministro, uma vez mais eu quero agrade-cer a sua gentileza e esperar que eu tenha al-gum dia o privilégio de recebê-lo em meu país.Convido agora a todos os presentes que brindemcomigo para que Brasil e Nigéria continuem sem-pre amigos e para a saúde e felicidade de SuaExcelência o Senhor Presidente do Brasil e do seuMinistro das Relações Exteriores.

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o brasil na quinta reuniãoda unctad, em manila

Discurso do Embaixador George Alvares Maciel, Chefeda Delegação brasileira à Quinta Reunião da UNCTAD, emManila, Filipinas, em 8 de maio de 1979.

Em primeiro lugar, gostaria de cumprimentarVossa Excelência por sua eleição à presidênciada V UNCTAD, por decisão da conferência e ho-menagem da comunidade internacional à perso-nalidade de Vossa Excelência, à chefia da dele-gação filipina e à contribuição de seu país à cau-sa da cooperação e do entendimento entre asNações. Desejo também agradecer ao Governo dasFilipinas por todas as atenções com que nos temcumulado e, acima de tudo, gostaria de registrarminha profunda gratidão pela calorosa acolhidaque nos reservou o povo deste país, o que, aliás,não surpreende àqueles que, como nós, já estive-ram anteriormente em Manila e tiveram o privi-légio de conhecer os seus cidadãos.

A delegação do Brasil participa dessa Conferên-cia como representante de um país que não só émembro do Grupo dos 77, mas que também man-tém inteira solidariedade com os outros membrosdesse Grupo, a cujas primeiras origens está his-toricamente vinculado. É universalmente reconhe-cida a validade moral e política do Grupo dos 77como grupo de pressão, integrado por países emdesenvolvimento soberano, com o objetivo de pro-mover a aceitação de certos princípios fundamen-tais da cooperação internacional para o desen-volvimento económico.

É reconhecida a utilidade do Grupo dos 77 comoinstrumento para a negociação de medidas prá-

ticas com vistas à execução de políticas no cam-po internacional. E, por último, o Grupo dos 77é tido como importante foro para desenvolver,em escala mundial, as possibilidades realistas decooperação económica entre os países em desen-volvimento.

Acreditamos que as funções do Grupo dos 77 queacabo de mencionar, ou seja, a de foro para acooperação económica e técnica entre os paísesem desenvolvimento, e de instrumento para efe-tiva negociação com os países industrializados,tanto capitalistas, como socialistas, são elemen-tos essenciais tanto para lograr a plena aceitaçãoconceituai de uma nova ordem económica mun-dial, quanto para aperfeiçoar esse conceito, e parapô-lo em prática gradualmente, por meio de acor-dos internacionais nos campos do comércio, dasfinanças e do desenvolvimento económico e tec-nológico.

nações em desenvolvimento são responsáveispor suas próprias decisões

Enquanto foro para cooperação económica e téc-nica entre seus próprios membros, cabe exclusi-vamente às nações em desenvolvimento a respon-sabilidade por suas decisões. É óbvio, por outrolado, que essas nações necessitam, para a exe-cução de muitas das suas decisões, do apoio e daassistência da comunidade internacional, através

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da UNCTAD e de outras organizações internacio-nais. Evidente, do mesmo modo, que o apoio e aassistência, de que o Grupo dos 77 necessita, eque espera receber, produzirão resultados provei-tosos para a comunidade internacional como umtodo.

Os resultados a que acabo de me referir devemser paralelos e complementares a outros, que de-veriam ter origem na negociação — entre os paí-ses em desenvolvimento e os desenvolvidos — demedidas e de acordos internacionais. Por ser uminstrumento de cooperação e de negociação, oGrupo dos 77 não tem por objetivo a confronta-ção. Esta só é inevitável quando os grupos depaíses industrializados decidem entrincheirar-seem posições incompreensivelmente rígidas.

Que a confrontação é evitável, que a cooperaçãoé possível, foi recentemente demonstrado quan-do, há algumas semanas atrás, em Genebra, che-gou-se a um entendimento sobre o fundo comumpara produtos de base. Não obstante as inúme-ras e sérias dificuldades que tiveram de ser su-peradas, e o tempo que se levou para isso, nãoobstante termos ainda que negociar o articuladoáo convénio constitutivo ou os estatutos do fun-do, e não obstante a modéstia e insuficiência doentendimento básico acordado em Genebra, mi-nha delegação é de opinião que o entendimentoconstitui boa base sobre a qual construir um fun-do operacional.

Estamos prontos a cooperar plenamente com osrepresentantes dos demais países, em Genebra,para elaborar o articulado do convénio constitu-tivo, a fim de que o fundo se torne interessantetanto para importadores quanto para exportado-res de matérias-primas. As insuficiências iniciaisdo fundo comum não nos devem impedir de fazertodos os esforços para que o fundo entre em fun-cionamento o mais rapidamente possível. A expe-riência que será adquirida com a operação domecanismo nos possibilitará corrigir, a curto pra-zo, suas falhas de origem, inclusive as de recur-sos financeiros.

Importante exportador de produtos de base e ma-térias-primas, o Brasil está igualmente interessa-do na conclusão de diversos dos acordos que es-tão sendo negociados no quadro do programa in-

tegrado. Esperamos que todos os países interes-sados unam esforços para agilizar os trabalhosde Genebra para que as negociações se concluamcom a brevidade possível e resultem no bem docomércio e do desenvolvimento dos membros doGrupo dos 77, e no bem do comércio mundial emgeral.

Este foi — e ainda é — o objetivo maior das ne-gociações comerciais multilaterais, que entraramna sua fase final recentemente mas que aindanão estão concluídas nem foram completadas. Pelomenos duas áreas fundamentais da rodada deTóquio estão abertas e por completar. Uma delascliz respeito às negociações tarifárias bilaterais;outra — e talvez mais importante — à negocia-ção do projeto do código sobre salvaguardas.Este é, na verdade, peça essencial no conjuntodas negociações, tal como delineado pela declara-ção de Tóquio, que contém menção explícita aoproblema das salvaguardas no GATT.

País para o qual o comércio assume importânciacada vez maior e país em desenvolvimento fre-quentemente atingido, em suas exportações, pormedidas de salvaguadas injustas e orbitarias, oBrasil atribui especial importância à rápida con-clusão de um acordo que discipline a adoção demedidas restritivas ao comércio, coibindo o re-curso a ações unilaterais e arbitrárias.

Na ausência de acordo sobre salvaguardas queproteja os interesses comerciais e os imperativoscie desenvolvimento dos países em desenvolvimen-to, é difícil vislumbrar uma nova ordem do co-mércio internacional. Não fora pelas posições rí-gidas adotadas por uns poucos países, o acordosobre salvaguardas já teria sido concluído. Ospaíses em desenvolvimento têm mostrado gran-de flexibilidade, e graças a isso foi possível avan-çar na direção de um acordo aceitável por todasas partes. Esperamos — como esperam os paísesem desenvolvimento em geral — que seja possí-vel obter-se um entendimento final em matériade salvaguardas nos próximos meses.

resultados das negociações foram

decepcionantes

Estamos decepcionados com a falência das nego-ciações nesta área das NCM's; decepcionados

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igualmente com outros resultados das negocia-ções, insatisfatórios para um país em desenvolvi-mento como o Brasil.

Estamos particularmente decepcionados com osresultados obtidos na área de reforma do GATT,onde se tinha por objetivo promover o comérciodos países em desenvolvimento. É para mim mo-tivo de orgulho que tenha sido o Governo brasi-leiro o responsável pela iniciativa de trazer estaquestão à rodada de Tóquio, de negociações co-merciais e por ter o Brasil apresentado ao comi-té de negociações comerciais em Genebra as pro-postas originais sobre o assunto. Não temos, con-tudo, motivos de orgulho pelo que restou de nos-sas propostas ao final das negociações. Os resul-tados ficaram muito aquém de nossas expectati-vas mínimas.

Por outro lado, não se pode considerar como ter-minadas as negociações, se se verificar que osacordos das NCIWs deixaram de satisfazer os paí-ses em desenvolvimento, e se se confirmarem asindicações preliminares de que serão modestos osbenefícios no campo tarifário. Mais tarde, quan-do os acordos forem adotados e executados, se oforem, por um número significativo de países eestiverem concluídos os trabalhos de adaptaçãodo GATT às novas regras do comércio mundial,teremos, então, nova oportunidade para assegu-rar aos países em desenvolvimento a possibilida-de de uma participação mais ampla e mais justano comércio internacional.

Aplicados os acordos finais das NCM's, teremos,na realidade, um novo arcabouço de regras co-merciais, contendo em seu bojo um processo per-manente de negociações; neste processo, será ne-cessário que os interesses dos países em desen-volvimento sejam levados em conta, com vistasa se criarem os fundamentos adequados à expan-são, em escala mundial, da economia e do comér-cio.

0 objetivo declarado dos próprios países desen-volvidos nas NCM's foi o de proporcionar a cria-ção de base para a expansão, a longo prazo, docomércio mundial. Este objetivo foi, em muitoscasos, sacrificado para acomodar interesses ouproblemas de curto prazo, em detrimento dos in-teresses dos países em desenvolvimento. É neces-sário, agora, que procuremos meios e modos para

corrigir essa situação, evitando soluções simplis-tas para os problemas fundamentais com que ain-da nos deparamos, e aos quais continuaremos anos deparar no período imediato após as nego-ciações da rodada de Tóquio. Confiamos em quea convocação, ainda no decurso de 1979, da Con-ferência das Nações Unidas sobre práticas restri-tivas ao comércio produzirá resultados comple-mentares — mas melhores — às modestas tenta-tivas de liberalização e disciplina internacional aque nos referimos antes.

Todas essas realizações são realmente modestasse comparadas à nova onda protecionista nospaíses desenvolvidos, e da qual as maiores víti-mas são sempre os países em desenvolvimento.De todas as partes do mundo têm havido exor-tações nobres, algumas até realistas, para que seresista às forças protecionistas. Infelizmente, es-tas intenções, muito válidas, são temperadasconforme se trate de um país fraco ou forte. Alongo prazo, todos perderemos com esta atitude.A interdependência económica mundial exige sem-pre cooperação crescente entre países desenvol-vidos e em desenvolvimento. Obviamente, não háum remédio único contra o protecionismo, e distoé demonstração a série dos diversos acordos emfase de negociação. Na verdade, o desafio queenfrentamos é duplamente complexo: propiciarmaior expansão do comércio mundial e descobriros meios que permitirão aos países altamente in-dustrializados se reajustarem à nova divisão in-ternacional do trabalho e aos imperativos de in-dustrialização do mundo em desenvolvimento.

A par do comércio em bens e serviços, outro ele-mento vital para o desenvolvimento acelerado éa aquisição de tecnologia moderna e de conheci-mentos científicos. Diria mesmo que o processode transferência de tecnologia será de fundamen-tal interesse para os países em desenvolvimento,a curto e médio prazos, que lhes permitirá au-mentar as taxas do seu desenvolvimento econó-mico.

governo brasileiro reconhece importância docódigo de transferência de tecnologia

A esse respeito, quero referir-me à importânciaespecial que atribuímos à próxima Conferência

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das Nações Unidas sobre Ciência e Tecnologia,cujos resultados, confiamos, serão positivos eproveitosos para todos.

Desejo também, muito especialmente, ressaltar opapel que a UNCTAD vem desempenhando sejacomo foro de negociações no campo da tecnolo-gia, seja como fonte de estudos e assistência téc-nica para criação da infra-estrutura tecnológicapara o desenvolvimento do potencial dos paísesem desenvolvimento.

Meu Governo sempre reconheceu a fundamentalimportância da negociação e da conclusão de umcódigo de transferência de tecnologia. Acredita-mos que será possível concluir, no futuro pró-ximo, os trabalhos sobre o código e que este seráum instrumento efetivo tanto para facilitar atransferência de tecnologia aos países em desen-volvimento, como para controlar práticas abusi-vas em contratos de transferência de tecnologia.Para ser um instrumento eficaz, é óbvio que ocódigo deverá ter aplicação universal e ser juri-dicamente mandatário, ainda que esta última ca-racterística leve algum tempo para lhe ser incor-porada.

Neste campo, desejo também fazer constar o in-teresse do Governo brasileiro pela conferência aser convocada pela OMPI com o objetivo de re-ver a convenção de Paris sobre marcas e paten-tes. Devemos todos fazer o possível para assegu-rar que a convenção prevista incorpore as tesesessenciais defendidas pelo Grupo dos 77. E assimestarmos contribuindo para a aceitação de umacordo eficaz e universal, compatível com as rea-lidades do mundo moderno.

Se fosse possível resumir alguns dos temas cen-trais de interesse do Governo brasileiro, ressal-taria uma vez mais que a complexidade das

atuais relações económicas internacionais nãoautoriza soluções excludentes ou discriminatórias,que não levem na devida conta os interesses dospaíses em desenvolvimento e a crescente diver-sidade de suas relações com o mundo desenvol-vido. Os países em desenvolvimento, no mundointerdependente de nossos dias, representam fa-tor essencial para o bem-estar económico, sejacomo um mercado para bens e serviços, seja comofornecedores de recursos importantes e produto-res crescentemente competitivos.

O Brasil reconhece plenamente o direito de dife-rentes agrupamentos de países reunirem-se com oobjetivo de examinar grandes temas económicosmundiais. Estamos preocupados, porém, com apossibilidade de que decisões unilaterais e medi-das sejam tomadas no círculo restrito das naçõesaltamente industrializadas, em ocasiões como aconferência de cúpula que se realizará no próximomês de junho, em Tóquio, na qual temas que sãotambém de fundamental interesse para os paísesem desenvolvimento serão tratados sem consultasprévias ou entendimentos subsequentes entre ossete participantes e o mundo em desenvolvimen-to. Tememos que esta espécie de reunião de cúpu-la possa conduzir a uma visão distorcida e a umjulgamento preconceituoso dos problemas queafetam as nações em desenvolvimento, a menosque um diálogo permanente com o mundo em de-senvolvimento seja adequadamente mantido.

Os trabalhos da V UNCTAD, que se insere no diá-logo norte-sul, são muito amplos e complexos.Meu desejo é o de que a delegação brasileirapossa colaborar com todas as demais delegaçõespara o êxito das diversas tarefas da Conferênciade Manila, assim contribuindo para a prosperi-dade económica de todos os países e a paz en-tre as nações.

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itamaraty explica andamento do tratadoamazônico à comissão de relações

exteriores da câmaraPalestra do Chefe da Divisão da AméricaMeridional-ll, do Ministério das Relações Exteriores,Rubens Ricúpero, na Comissão de Relações Exterioresda Câmara dos Deputados, em 9 de maio de 1979.

Dentre as razões que conquistaram para a Comis-são de Relações Exteriores da Câmara dos Depu-tados o respeito da opinão pública, destaca-se asensibilidade para identificar, desde a origem,temas como o Tratado Amazônico, destinados ouma trajetória ascendente na política externa dopaís.

Não é esta a primeira vez que a Comissão seocupa do Tratado, encontrando, da parte do Ita-maraty, sempre a mesma receptividade imediata,no comum desejo de promover amplo debate es-clarecedor em torno deste e de outros grandesproblemas da vida internacional do Brasil.

Em 19 de outubro de 1977, quando o TratadoAmazônico não passava ainda de ideia a ensaiaros primeiros passos, coube-me abrir neste recin-to, com uma palestra sobre o assunto, o painel"Valores e Rumos do Mundo Ocidental".

O honroso convite para voltar a falar à Comissãotem, por isso, para mim, o sabor de um reencon-tro e de uma retomada do diálogo no ponto emque o deixamos há 16 meses.

Serve também para dar balanço à evolução dacooperação regional na Amazónia, tomando comopontos de referência os três momentos em queeste órgão dedicou atenção específica à matéria,em estreito contacto com o Itamaraty: em 1977,

ao ter início a negociação do Tratado, no anopassado, quando a Comissão teve a oportunida-de de apreciar e aprovar a Mensagem do Executi-vo submetendo-lhe o texto já assinado e agoraque o processo de ratificação avança, abrindo,para breve, a perspectiva do começo da sua im-plementação.

Ao buscar as origens do Tratado Amazônico, oque primeiro se descobre é uma tendência uni-versal em favor do tratamento adequado, em acor-dos cooperativos, de certos problemas das baciashidrográficas e das regiões geográficas mais am-plas de sua influência direta e ponderável.

Em todos os tempos, os rios e as áreas de sua in-fluência sempre foram grandes geradores de co-operação internacional. Veja-se, por exemplo, acompilação realizada no início da década de 60,na "Série Legislativa das Nações Unidas", dos tra-tados das mais diversas concepções relativos àutilização dos rios internacionais para outros pro-pósitos do que a navegação. Apesar das omissõese da exclusão da navegação, a obra enumerava,já então, nada menos do que 253 tratados. Des-tes, muitos eram bilaterais. Alguns dos mais im-portantes, porém, eram tratados multilaterais quese referiam a temas do interesse de importantesregiões geográficas como as do Reno e do Danú-bio, na Europa, a do Baixo Mekong, na Ásia, e asdo Senegal, Volta e Níger, na África.

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Na América, a primeira manifestação dessa ten-dência contemporânea ocorreu na Bacia do Pra-ta, cujo Tratado acaba, em abril, de completar dezanos de sua assinatura em Brasília.

vazio humano e económico retardou

processo de colaboração na amazônia

A demora em cristalizar na Amazônia processosemelhante se deve, é sabido, ao vazio humano eeconómico da região. A muralha da Cordilheiraconteve a população dos países vizinhos em fran-jas ao longo do Pacífico e do Caribe e em nódulosno Altiplano. No lado brasileiro, a dependênciaem relação aos rios navegáveis amarrou as cida-des às barrancas fluviais.

Na base da economia de subsistência, criou-seuma civilização de periferia, descontínua e es-parsa, à margem da Hiléia, que teve mais forçapara dividir e isolar do que teriam tido as águasde um oceano. Na ausência de ocupação contínua,os contactos internacionais na Bacia se limitavama três ou quatro portos fluviais de fronteira,Iquitos, Letícia, Benjamin Constant, Tabatinga,com comércio e navegação esporádicos e insigni-ficantes.

O "tempo" amazônico era sem pressa. Regia-senão pelo homem mas pela lentidão dos ciclos bio-lógicos e pelos mitos do "Cobra Norato". Haviaconsenso, dentro e fora dos países amazônicos,de que a Amazônia, como o Espaço Planetário,não se inscrevia no horizonte e na agenda dohomem contemporâneo. Aguardava-se o próximomilénio.

Brasília veio perturbar essa modorra. Depois dafalsa arrancada da borracha, foi a iniciativa po-lítica de interiorizar em Brasília o centro das de-cisões nacionais que lançou a Amazônia no sé-culo 20.

A transferência da Capital operou a revoluçãopsicológica que atraiu a atenção do país para oscerrados e para a Amazônia. Sua primeira con-sequência prática foi a colonização espontâneada Belém-Brasília por centenas de milhares debrasileiros.

O marco seguinte no processo de transformaçãoocorreu em 1966 com a adoção da política de in-centivos fiscais e a organização da SUDAM, se-guidas mais tarde pela ressurreição de Manauscom a Zona Franca.

Pela primeira vez, a abordagem dos problemasamazônicos se faria com continuidade e de acor-do com filosofia radicalmente nova. Não mais osequívocos passados de uma economia ilusória efrágil, vulnerável às oscilações dos mercados ex-ternos e aos ciclos da economia mundial, mas umdesenvolvimento harmonioso de todos os setores,auto-sustentável e integrado ao resto do país.

Foram etapas desta fase a implantação de maisde 500 projetos pela SUDAM, a abertura das rodo-vias pioneiras e a colonização acelerada de Ron-dônia, as descobertas, através do RADAM e ou-tras pesquisas, do alumínio de Trombetas, doferro e ouro de Carajás, a revelação de que aságuas do Xingu, do Tocantins, do Tapajós escon-dem o potencial energético de vários Itaipus, arealidade de Tucuruí e do Polamazônia.

Essas transformações vieram a criar, internamen-te, a condição básica para que se pudesse pensarem propor uma cooperação mais ampla aos paí-ses da área. Pela primeira vez, o Brasil teve umapolítica definida para a Amazônia e, em conse-quência, teve a seu alcance, para partilhar comos vizinhos, não apenas o marasmo e a frustra-ção de 30 anos atrás, mas um acervo concretode experiências e de realizações, um receituáriode fórmulas e técnicas de desenvolvimento regio-nal, merecedoras de estudo, e quem sabe, de pos-sível aplicação em condições similares.

Ao mesmo tempo que isso se passava dentro doBrasil, nos demais países a aceleração da Histó-ria conseguia também contagiar o ritmo de seusterritórios amazônicos. Focos de dinamismo co-meçavam a arrancar do atraso a região, apoian-do-se na exploração do petróleo e na colonizaçãono Peru, Equador e Colômbia, no fomento à pe-cuária na Bolívia, na implantação da siderurgia,da indústria pesada e da segunda maior usinahidrelétrica do mundo na Venezuela, nos gran-des projetos hidrelétricos e de alumínio planeja-dos para o Suriname e a Guiana.

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relações entre governos eram cordiais

mas pouco substanciosas

Esse rápido desenvolvimento da vida materialcontamina a diplomacia amazônica, que se diver-sifica e muda de natureza. As relações entre osGovernos da área eram até então cordiais maspouco substanciosas. Faltava-lhes conteúdo con-creto, substância económica e comercial.

Nos anos recentes, os contactos diplomáticos semultiplicam, sobem de nível, frutificam em acor-dos objetivos, produiem, não a retórica das boasintenções, mas projetos tangíveis.

Em menos de uma década, o intercâmbio comer-cial do Brasil com os países amazônicos salta de187, em 1972 para 750 milhões de dólares, em1977, um aumento de mais de 400%, em seisanos. Cresce, dia a dia, a importância das rela-ções com um conjunto de países que formam, de-pois do Brasil, a maior massa territorial e demo-gráfica do Continente, com seus 5.200.000 km2

e 92 milhões de habitantes e nos superam emparticipação no comércio mundial, com 31 bilhõesde dólares de intercâmbio global, comparados aosnossos 25,7 bilhões.

É preciso ter presente que, das dez fronteiras in-ternacionais do Brasil, sete se encontram quaseintegralmente dentro da área drenada pelo Ama-zonas. São 12.967 km, ou quase 80% do totalde 16.396 km da fronteira terrestre, se incluir-mos toda a linha divisória com a Bolívia, em par-te platina.

Como se vê, as relações amazônicas do Brasilnão cessam, ano a ano, de ganhar densidade ede passar por mudanças qualitativas. Entre estasúltimas, um dos setores que vem revelando maiordinamismo é o da colaboração especificamentedirigida à Amazónia, onde, só com o Peru, con-cretizamos recentemente nove acordos internacio-nais e criamos uma Subcomissão de assuntosamazônicos.

Uma das mudanças qualitativas a que me referié a crescente necessidade de se buscar na coope-ração regional a solução para certos aspectosdos problemas da zona. Embora se esteja longe

de haver esgotado o potencial da colaboração bi-lateral entre o Brasil e cada um dos seus vizi-nhos, há desafios que exigem a intervenção detrês, quatro ou de todos os países da Bacia. É oque se refletiu, por exemplo, na Ata do Rio-Bran-co, que demandou a participação dos responsá-veis pelos transportes no Brasil, na Bolívia e noPeru, a fim de planejar as interconexões da rederodoviária na área de convergência de três fron-teiras.

Outro exemplo é o do Comité Intergovernamen-tal para Proteção e Manejo da Flora e FaunaAmazônicas, para o qual se tornou necessária aadesão do Brasil, do Peru, da Bolívia, da Colôm-bia, do Equador e da Venezuela com vistas à pro-teção ecológica mais ampla e à repressão de prá-ticas predatórias. Ao ser constituído o grupo, oSuriname não era ainda independente e não foi in-cluído. A existência dessa brecha, em vias de sersanada graças à iniciativa espontânea das auto-ridades surinamenses, foi o bastante para que ostraficantes de peles tentassem desviar o contra-bando por aquele país.

0 exemplo indica que, em certo tipo de proble-ma, não é suficiente contar com a colaboraçãode somente alguns países. Para ser eficiente, acolaboração terá de incluir a totalidade das na-ções da área.

A linguagem de todos estes fatos é clara: elesprovam que a cooperação regional na Amazónianão é um ente de razão, uma elocubração supér-flua de diplomatas. Trata-se, ao contrário, de di-retriz imposta pela força das coisas, de uma ideiacujo tempo finalmente chegou.

processo político regional amadureceu emconsequência das transformações económicas

Não se pode já negar a evidência de um processopolítico regional na Amazónia, amadurecido emconsequência das transformações económicas epolíticas, dentre as quais não se deve esqueceruma pré-condição indispensável: a ascensão daGuiana e do Suriname à vida independente.

O que antes parecia difícil ou remoto, torna-se derepente não só viável mas urgente. Daí haver o

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Brasil concluído que se impunha, através de umtratado, o reconhecimento de direito do que jáocorria de fato: a existência na área de um pro-cesso de cooperação em nível regional.

A diplomacia brasileira encaminhou a iniciativade acordo com cronograma ponderado e cuida-doso. De início, o Brasil fez questão de sondartodos os países da zona, em março de 1977, arespeito da reação genérica que lhes despertavaa sugestão de celebrar-se um acordo desse tipo.Foi só depois de registrar receptividade unânimee positiva que se apresentou ao exame das Chan-celarias convidadas um anteprojeto articulandoas linhas essenciais da proposta.

Em seguida, as sugestões e subsídios de cada paísforam sendo harmonizados no contexto de nego-ciações desenvolvidas ao longo de três reuniões,as duas primeiras em Brasília, em novembro de1977 e março de 1978 e a última, em maio doano passado, em Caracas, onde se alcançou oconsenso de todos em torno do texto final.

Em apenas quinze meses, tempo recorde paratema de tal complexidade, tornou-se possível ela-borar um texto que é verdadeiramente obra co-letiva, enriquecida por contribuições originais decada país.

Durante o processo de negociação sempre predo-minou, entre todos os países, um clima de har-moniosa colaboração e de construtiva participa-ção, sem distinções de grau, na tarefa de edifi-cação comum.

Pouco depois, em 3 de julho de 1978, Brasília as-sistia, com a presença do Presidente da Repú-blica, a assinatura do Tratado de CooperaçãoAmazônica, em cerimónia que demonstrava a for-ça aglutinadora de uma ideia capaz de reunir, nacapital do Brasil, os Chanceleres de oito das dozenações da América do Sul.

Em sua forma definitiva, o Tratado apresenta ca-racterísticas de um amplo Acordo-Quadro, queestabelece as coordenadas gerais da cooperação,com a flexibilidade suficiente para amoldá-la àscircunstâncias e exigências das Partes.

Seu principal objetivo é instituir um mecanismopermanente que regularize e intensifique os con-tatos entre os Governos e setores técnicos dazona, eliminando o caráter episódico e descon-tínuo que os tem prejudicado até agora.

A aproximação entre os dirigentes e as popula-ções da Amazónia é, no fundo, a meta-síntese doTratado e a chave que conduzirá a uma colabo-ração diversificada e crescente.

Os princípios que presidiram à construção do me-canismo formam em conjunto uma articulaçãoequilibrada e realista, cuja concepção procurouconciliar o máximo aproveitamento do potencialde cooperação com o mínimo possível de incon-venientes ou riscos.

os cinco princípios fundamentaisdo tratado amazônico

Debaixo do arcabouço formado pelos 28 artigosdo Tratado podem distinguir-se as vigas-mestresdos seus cinco princípios fundamentais:

1.°) a competência exclusiva dos países da Re-gião no desenvolvimento e proteção da Ama-zónia,-

2.°) a soberania nacional na utilização e pre-servação dos recursos naturais e a consequenteprioridade absoluta do esforço interno na políti-ca de desenvolvimento das áreas amazônicas decada Estado;

3.°) a cooperação regional como maneira de fa-cilitar a realização desses dois objetivos;

4.°) o equilíbrio e a harmonia entre o desenvol-vimento e a proteção ecológica,-

5.°) a absoluta igualdade entre todos os par-ceiros.

A responsabilidade exclusiva dos países amazô-nicos é exigência decorrente da própria naturezatransnacional da Bacia. Com uma extensão dequase 7 milhões de km2, cerca de 35% da Amé-rica do Sul, a Amazónia não cabe por inteiro den-tro da soberania de um só país, nem mesmo doBrasil, que responde por pouco mais de 60%, di-vidindo-se os restantes 40% pelos demais países.O próprio Amazonas tem fora do país as suasnascentes.

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Nada mais correto, portanto, do que reservar àsnações amazônicas e a ela só, a responsabili-dade pelo destino da área. Numa região aindaem grande parte por ocupar, constitui dever bá-sico impedir que o vazio demográfico estimule de-sígnios de interferência do género do defuntoPacto da Hiléia ou do mais recente Projeto dosLagos. Nessa ordem de preocupações, a regiona-lização ou consagração da vocação regional daAmazónia é o melhor antídoto para coibir o apa-recimento de modernas reencarnações da desmo-ralizada mas persistente manobra da internacio-nalização.

Um corolário da regionalização é que o bilhetede ingresso ao Tratado terá de ser a condição deamazônico e essa não pode ser outorgada ou ne-gada por ninguém pois decorre de um fato obje-tivo: a presença soberana e independente naAmazónia.

tratado reconhece contornodas esferas de soberania

Ao mesmo tempo, teve-se o cuidado de claramen-te reconhecer o contorno das esferas de sobera-nia. Não se tenciona, de forma alguma, superporcritérios multinacionais aos nacionais. Ao contrá-rio, proclama-se que o esforço interno continua-rá a ser o fator primordial no desenvolvimentodos territórios amazônicos.

A ocupação da Amazónia, a definição de técnicasde exploração agrícola ou florestal, a aprovaçãode projetos de empresas privadas continuarão,como agora, assuntos da exclusiva decisão decada Governo, sem ingerência de quem quer queseja.

O que se deseja não é invadir ou confundir es-feras, mas reservar à cooperação regional asquestões que transcendem a soberania interna ereclamam, para eficiência de tratamento, a par-ticipação cooperativa de vários ou de todos in-tegrantes da região.

Uma das marcas de modernidade do TratadoAmazônico é a sensibilidade que seus negocia-dores revelaram para com uma das principaisidéias-forças do nosso tempo: o despertar da

consciência ecológica e a importância dos pro-blemas do meio ambiente. Talvez não exista ou-tro tratado regional dessa magnitude que hajaatribuído, desde o preâmbulo, igual hierarquia àsexigências do desenvolvimento e às da preserva-ção ecológica e realçado a necessidade de man-ter entre elas harmonioso equilíbrio.

Esse equilíbrio estamos seguros de conquistá-lo,não pela omissão e renúncia ao progresso, masatravés da ação entusiasta e racional, aberta à re-visão de métodos, quando a realidade e a pes-quisa científica o aconselharem. Ninguém maisdo que nós possui títulos ou motivos para velarpor um equilíbrio de que depende de perto o nos-so futuro e por um meio ambiente que ganha seupleno sentido em função do homem que nelehabita.

Constitui também princípio cardeal do sistema aabsoluta igualdade das Partes, com expressãoprática na regra da unanimidade das decisões. Oconsenso terá de ser a marca das operações, eli-minando-se, assim, qualquer possibilidade de he-gemonia, proveito unilateral ou de confronto en-tre maioria e minoria. Apenas um sistema decooperação como esse, que ofereça a todos e acada um dos participantes benefícios equitativos,terá, a longo prazo, condições de solidez e dura-bilidade.

Além dos princípios que o estruturaram, uma im-portante nota característica do Tratado Amazô-nico é sua preocupação de compatibilidade comoutros esquemas de cooperação no Continente. AALALC, o Grupo Andino, o Tratado da Bacia doPrata ou o SELA são iniciativas que não se ex-cluem ou hostilizam, já que suas respectivas ju-risdições se exercem sobre assuntos ou áreas di-ferentes. O que caracteriza cada uma dessas en-tidades é a presença de um fator aglutinador,com força bastante para servir de comum deno-minador a vários países.

Da mesma forma, o Tratado Amazônico não dese-ja usurpar áreas ocupadas. O que ele busca épreencher uma lacuna e mobilizar para a coope-ração um espaço até agora deixado virgem einativo.

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É certo que alguns dos países amazônicos, a co-meçar pelo Brasil, já tomam parte em outrosforos. É o caso também dos cinco membros doGrupo Andino. Não é demais por isso repetir queas duas iniciativas são complementares e nãocompetitivas.

É estruturalmente diferente a natureza dessesprojetos. O Grupo Andino, de caráter económicoe comercial, procura a integração das economiase dos mercados, mediante a unificação tarifáriae sobretudo a programação setorial do desenvol-vimento. O Tratado Amazônico não tem compe-tência nessas matérias e dirige a atenção para acooperação em assuntos outros que a economiaou o comércio.

Se, no caso dos Andinos, o fator aglutinador é aambição de criar um mercado ampliado pela somade cinco economias, para o Tratado Amazônicoo elemento catalizador é a própria realidade fí-sica de uma imensa região que é preciso vincular,povoar e desenvolver.

Em relação a Bacia do Prata, que constitui o ou-tro grande sistema regional da América do Sul,o Tratado Amazônico se diferencia pelo menorgrau de desenvolvimento, pelos contatos menosintensos entre os participantes e por uma espe-cificidade de questões que não se confundem comas do Sul.

Estruturado ao longo do maior eixo fluvial domundo, o sistema de cooperação estabelecido peloTratado terá seu conteúdo definido pelos proble-mas comuns.- o aperfeiçoamento das condições denavegabilidade, a realização de estudos hidroló-gicos e de clima, o planejamento integrado dainfra-estrutura de transportes e comunicações,ampliando a «cala das facilidades a serviço daspopulações.

Num mundo preocupado com a contração dos re-cursos naturais, a Amazónia surpreende pela ri-queza e variedade dos elementos fundamentais àvida. Água, terra, energia formam a trindadebásica que, junto com os minerais e a madeiraasseguram a viabilidade económica amazônica,devem ser valorizados em proveito do homem daRegião.

Em favor desse mesmo homem, será desenvolvida,em caráter prioritário, a cooperação em matériade prevenção e erradicação das enfermidadesamazônicas, já que os problemas de saúde nãorespeitam fronteiras e se converteram num dosprincipais fatores limitativos da ocupação hu-mana.

É lógico esperar que dois dos campos onde seregistrarão nível mais intenso de cooperação fu-tura serão os do desenvolvimento regional e o dapesquisa científica e tecnológica.

Já é considerável, hoje em dia, o acervo de rea-lizações nesse primeiro domínio, tanto na Ama-zónia brasileira como em alguns dos países vizi-nhos. No caso do Brasil, terá certamente inte-resse para os demais estudar a experiência bra-sileira com a política de incentivos fiscais, a or-ganização e funcionamento da SUDAM, daSUFRAMA, do Banco da Amazónia, o mecanismode aprovação e avaliação de projetos, a técnicade levantamento de recursos consagrada peloProjeto RADAM, etc.

são ilimitadas as perspectivasde ação conjunta

Da mesma forma, são quase ilimitadas as pers-pectivas de ação conjunta na investigação da rea-lidade amazônica e das técnicas para seu apro-veitamento económico, sem dano ao equilíbrioecológico. O Brasil reúne atualmente um volumeapreciável de informações sobre essas questões,como fruto dos trabalhos do Instituto Nacionalde Pesquisas da Amazónia, do antigo InstitutoAgronómico do Norte, dos centros de pesquisada Embrapa, da CEPLAC, da Floresta Nacional doTapajós, do agrónomo brasileiro Paulo de TarsoAlvim, etc.

Entretanto, o que resta a fazer nesse domínio éimenso. O muito que se desconhece da Amazóniajustifica considerá-la a última grande fronteirado homem. As outras áreas do Continente apre-sentavam condições ecológicas conhecidas ou, nocaso da faixa tropical litorânea, foram conquis-tadas pela originalidade da fórmula portuguesada plantação extensiva de cana-de-açúcar, mo-delo agrário inexistente na Europa e logo imita-do por ingleses e holandeses nos Trópicos.

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O espaço equatorial, contudo, é ainda uma gran-de interrogação. No seu estudo sobre as zonasde habitação humana, o geógrafo Preston Jamesdefinia o desafio amazônico como a necessidadede criar uma tecnologia de produção e de saúdeadequada à floresta equatorial. Essa tarefa vital,ninguém a fará por nós. De nada serve, nessecaso, recorrer ao hábito conformista de esperarque a solução tecnológica nos seja presenteadaou vendida pelos países industrializados. Ecolo-gicamente ligados a outros climas, não serão osamericanos ou os europeus que hão de encontrara chave da civilização nos Trópicos. Cabe a nós,países amazônicos, essa busca através da pes-quisa em comum, meta por si só justificadora doTratado Amazônico.

É justamente a reação contra os condicionamen-tos tradicionais que dá ao Tratado sua dimensãoinovadora. Essa obra de criação do futuro, essadiplomacia de projeto é a que melhor convém auma situação de fronteira, onde não valem osmétodos de outras terras e tudo tem de ser rea-prendido e reinventado.

Em contraste com as funções predominantementereguladoras de sistemas surgidos em zonas deocupação antiga, a vocação do Tratado Amazô-nico será a de funcionar como catalizador, des-pertando interesses, precipitando prioridades,multiplicando as oportunidades de trabalho emcomum.

A força criativa desse impacto já se fez sentirem âmbito mais amplo, pois, ao renovar as basesda convivência internacional na Amazónia, o Tra-tado veio reafirmar que não existem alternativasválidas para a cooperação, num momento de re-lativo imobilismo e frustração em muitos forosinternacionais e regionais.

Seu sentido modernizador se traduz, ao mesmotempo, no impulso para transformar o atual cará-ter desvantajoso da dependência expressa no eixoNorte-Sul, mediante a criação, entre os paísessul-americanos, de vínculos que anulem as distân-cias artificialmente geradas pela dependência.

Nascida de uma iniciativa do Brasil, que dedicacompreensível prioridade a essa parcela prepon-derante do seu património territorial, o Tratado

Amazônico pertence hoje por igual a todos osparceiros, que o acolheram com entusiasmo e es-perança. Esse espírito é que vem conduzindo aatual etapa de ratificação, inaugurada pelo Brasilem dezembro passado, graças à pronta aprova-ção do Congresso Nacional e logo prosseguidapelo Equador e pela Guiana. Encontra-se adianta-do, em todos os demais países, o processo deaprovação e ratificação, que, quando completo,permitirá que o Tratado ingresse em sua fase ope-racional.

É indispensável que ao chegar esse momento, en-contre-nos preparados para a ação imediata.Para isso, impõe-se mobilizar, desde já, a capa-cidade de planejamento dos setores técnicos e acontribuição insubstituível das populações ama-zônicas, capazes, melhor do que ninguém, de ar-ticular suas aspirações e necessidades.

cmazônia pode transformar-se em

experiência modelar de cooperação

Somente esse esforço participante e democrático,no qual já se insere uma iniciativa como este en-contro patrocinado pela Comissão de RelaçõesExteriores, terá condições para transformar real-mente a Amazónia numa experiência modelar dacooperação, a serviço dos povos do Continente.

Para esta vocação de terra de contatos, a Ama-zónia está predestinada por sua condição de úni-co denominador comum, de exclusivo traço deunião, entre o continente à parte que é o Brasil,as nações andinas e a família das Guianas.

É significativo que o primeiro passo desse pro-cesso se dê em Brasília, símbolo da afirmação davontade do homem sobre o espaço geográfico eponto de convergência dos grandes caminhos flu-viais do Continente.

A poucos quilómetros da Capital, um Parque Na-cional assinala o ponto onde se entrelaçam e con-fundem as águas formadoras do Amazonas e doPrata, antes de buscarem o oceano em desagua-douros opostos e distantes.

Que este símbolo, que predestinou Brasília a ce-nário dos tratados do Amazonas e do Prata, sejaum auspício seguro do papel que confiamos a esteprocesso como vínculo de aproximação e concór-dia entre todos os povos irmãos deste Continente.

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chanceler homenageiacomissão de relações exteriores

do congresso nacionalDiscursos do Chanceler Saraiva Guerreiro e do Presidentedo Senado Federal, Senador Luís Viana Filho, noPalácio Itamaraty de Brasília, em 10 de maio de 1979,por ocasião de almoço oferecido aos Deputados eSenadores membros da Comissão de Relações Exterioresdo Senado Federal e da Câmara dos Deputados.

SARAIVA GUERREIRO

Excelentíssimo Senhor Presidente do SenadoFederal,

Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara dosDeputados,

Excelentíssimos Senhores Senadores,

Excelentíssimos Senhores Deputados,

Meus companheiros de Ministério,

Eu não vou fazer discurso. Os senhores estãoacostumados a discursos e cansados disso. Ape-nas um pequeno brinde, para poder expressarcom toda a sinceridade, a nossa satisfação, ahonra que sentimos pela presença dos Senhoresnesta Casa, e sobretudo para sublinhar o inte-resse que temos de manter constantemente con-tatos com os Senhores.

É da maior importância para um país como oBrasil, e cada vez mais, neste mundo difícil emque estamos e nesse país em transição, é damaior importância não nos perdermos numa con-cepção baseada apenas nas nossas experiênciasno exterior, mas sim, sentirmos constantementeaquela experiência, aprofundar aquele conheci-

mento, aguçar aquela sensibilidade para com opovo brasileiro, experiência, conhecimento e sen-sibilidade que os Senhores têm muito mais de-senvolvidos do que nós, pela própria força das cir-cunstâncias.

Devo dizer, ao fazer o meu brinde, além de ex-pressar meu agradecimento e satisfação pela pre-sença dos Senhores, que eu estou extremamenteotimista, apesar de tudo, não só quanto à evo-lução do país mas também quanto à posição quenós teremos, com cada vez maior responsabili-dade no campo internacional — o que nos trará,evidentemente, dificuldades crescentes e a ne-cessidade de pensarmos com extraordinária sere-nidade e com o máximo de informação, com omáximo de competência, na conduta dos assun-tos exteriores do Brasil. E a minha atitude, comoa de todos nesta Casa, é a de pedir a ajuda doCongresso, a ajuda que, aliás, nunca foi negada.

Muito obrigado aos Senhores e pela saúde e pelosêxitos de todos os senhores como membros doCongresso Nacional.

LUÍS VIANA

Senhor Ministro Saraiva Guerreiro,

Senhores Embaixadores,

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Senhor Presidente da Câmara dos Deputados,

Senhores Líderes de Partidos,

Senhor ex-Ministro Magalhães Pinto,

Senhores Deputados, Senhores Senadores,

Senhor ex-Ministro Amaral Peixoto,

Meus Senhores,

Senhor Ministro,

Os fatos são sempre mais importantes do queas palavras.

Ter Vossa Excelência reunido aqui, nesta opor-tunidade, membros do Congresso Nacional, Sena-dores e Deputados, sem qualquer distinção departidos, de ideias, de sentimentos, é uma notarealmente marcante da posição que longamentetem influído o Ministério das Relações Exterioresdo Brasil, ou seja, o Itamaraty, na vida públicabrasileira.0 Itamaraty sempre aceitou essa posição de serantes de tudo uma Casa a serviço do país. Porisso mesmo, ninguém sente qualquer constrangi-mento em estar aqui ao lado de Vossa Excelên-cia, dos seus colaboradores, componentes, mem-bros integrantes e fiéis de um Governo que é evi-dentemente político. Mas o Itamaraty, fielmente,como deve ser e como tem entendido através dotempo, não é o episódio atual, nem de ontem,mas como tem entendido sempre as forças polí-ticas brasileiras, ele se coloca como um elemen-to de aglutinação e, por isso mesmo, a serviçoda nossa política internacional, dos interesses in-ternacionais do Brasil, que não são eventuais,mas permanentes. A política interna, ela pode tercolorações eventuais. A política internacional do

Brasil, os grandes interesses do Brasil, esses sãopermanentes, e são esses interesses acima detudo que o Itamaraty representa e defende. To-dos nós que participamos da vida pública brasi-leira temos, por isso mesmo, uma noção bastan-te nítida, bastante exata do muito que o Brasildeve a esta Casa, do muito que o Brasil deve àsua diplomacia, que fielmente, através do tempo,já não digo apenas do Barão do Rio-Branco, masantes disto, naquela tradição longamente manti-da na personalidade do Visconde de Cabo Frio,tem sido uma constante, na defesa dos mais al-tos e dos maiores interesses do nosso país.

Vossa Excelência hoje lidera no campo interna-cional esta política do Brasil e todos nós somose estamos confiantes de que a política exteriordo Brasil, confiada às mãos e à inteligência ex-periente, tranquila e sábia de Vossa Excelência,continuará a trilhar aqueles mesmos caminhosque fizeram do Itamaraty esta grande Casa, per-manentemente a serviço do nosso país e dos nos-sos interesses, destacando-se mesmo e, eu peçolicença para dizê-lo, como uma das diplomaciasmais competentes, mais capazes que há em todoo mundo ocidental. Não há, realmente, nenhumexagero no que digo. O Itamaraty, pela sua tra-dição, pela tradição que mantém desde os seusmais jovens colaboradores, até os seus mais altosrepresentantes, é realmente um motivo não ape-nas de confiança, mas também de orgulho paratodos nós e para o nosso país.

Agradeço a Vossa Excelência não apenas em meunome, mas de todos os meus colegas e compa-nheiros do Congresso Nacional que estou certotambém comungam dessas ideias, a oportunidadede aqui nos reunirmos para, na companhia deVossa Excelência e de seus ilustres colabora-dores, sentirmos tão de perto a vida, a eficiên-cia, a continuidade desta grande Casa do Brasil.

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em brasil ia,o vice-primeiro-ministro

da república popular da chinaDiscursos do Chanceler Saraiva Guerreiro e doVice-Primeiro-Ministro da República Popularda China, Kang Shien, no Palácio Itamaraty de Brasília,em 21 de maio de 1979, por ocasião do banqueteoferecido ao representante do Governo chinês.

SARAIVA GUERREIRO

Senhor Vice-Primeiro-Ministro,

Em nome do Governo brasileiro desejo estendera Vossa Excelência e a sua comitiva as boasvindas a nosso país. A presença de tão ilustresdignitários chineses entre nós é motivo de honrae satisfação para o Governo brasileiro e atestacom propriedade o amadurecimento experimenta-do pelas relações sino-brasileiras desde 1974. Es-tamos certos de que esta visita que Vossa Exce-lência se dispôs a empreender, numa longa jor-nada desde o outro lado do globo, será mais umimportante marco para o estreitamento da ami-zade e cooperação entre nossos povos.

Encaramos o futuro de nossas relações com oti-mismo e confiança. O fato de termos escolhido,soberanamente, diferentes caminhos para a rea-lização de nossos projetos nacionais não tem ini-bido nossa propensão à boa convivência, nemobstado a identificação de óreas para uma coope-ração mutuamente benéfica. Desde o estabeleci-mento das relações oficiais entre nossos Gover-nos, temos desenvolvido, gradualmente, um pro-missor intercâmbio comercial que alcançou suainstitucionalização plena através do Acordo deComércio assinado em 1978. Com o Acordo deTransporte Marítimo a ser agora firmado, am-

pliam-se ainda mais as condições para a intensi-ficação de nossas trocas.

Senhor Vice-Primeiro Ministro,

Vossa Excelência e sua comitiva terão a oportu-nidade de verificar, pessoalmente, que o Brasilapresenta, em sua composição, uma rica diversi-dade humana e cultural, que, numa síntese har-moniosa, molda nossa personalidade como nação.Através da História, isso nos predispôs ao diálo-go aberto à cooperação com todos os povos.

Essa predisposição se acha amplamente refletidana política externa que praticamos. Considera oBrasil que a estrita observância dos princípiosda igualdade soberana dos Estados, da não-inge-rência em assuntos internos e da cooperação embenefício mútuo, além de ser um requisito morale um compromisso jurídico, é hoje também umaexigência prática de natureza política. Qualqueroutra atitude colocaria em risco a autodetermi-nação dos povos e o seu direito de escolheremos seus próprios modelos de desenvolvimento e,consequentemente, a própria paz e segurança in-ternacionais.

o brasil favorece a cooperação

internacional

Como países em desenvolvimento, o Brasil e aChina têm feito valer, com pertinácia, esses prin-

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cípios e esse direito. Por índole e por convicção,o Brasil favorece a cooperação internacional, masuma cooperação baseada na soberania, sem vin-culações de dependência. Almejamos uma ordemeconómica internacional, mais justa e equitativa,que permita aos Estados iguais oportunidades dedesenvolvimento e de acesso aos seus benefícios.Essas aspirações dependem, para sua concretiza-ção, de nossos esforços racionais, e de que ospaíses em desenvolvimento tenhamos a capacida-de de nos apresentarmos solidários nas questõesque envolvem interesses comuns. Nesse contexto,não posso deixar de expressar o nosso reconheci-mento pela atitude firme e construtiva que o Go-verno chinês tem adotado nas questões relativasà Conferência das Nações Unidas sobre o Direitodo Mar, colocando-se invariavelmente ao lado dospaíses em desenvolvimento, em especial os daAmérica Latina.

As aspirações de desenvolvimento que nos unemestão refletidas no progressivo amadurecimentodas relações entre o Brasil e a China. Sobre asbases construídas ao longo dos últimos anos, onosso esforço de cooperação pode agora ser am-pliado e diversificado. Esse potencial de coopera-ção deve merecer a nossa atenção e o nosso tra-balho para que ganhe, de forma gradativa, mascontinuada, dimensões compatíveis com nossos in-teresses e necessidades.

Temos em comum a continentalidade de nossasproporções, não apenas geográficas, mas tam-bém das tarefas a enfrentar em busca de nossodesenvolvimento pleno. Temos à consciência dagrandeza de nossos desafios e das responsabili-dades a eles inerentes. Nossas diferenças não nosafastam, antes estimulam o diálogo. No processode nossas respectivas modernizações, temos en-contrado e continuaremos a encontrar soluçõesoriginais, adequadas às nossas realidades de paí-ses em desenvolvimento, o que possibilita um in-tercâmbio de experiências relevantes entre nós.

Durante sua permanência no Brasil, Vossa Exce-lência e sua comitiva manterão conversações comautoridades governamentais e empresários brasi-leiros. Por outro lado, poderão apreciar direta-mente os esforços que vêm sendo feitos no Brasilno campo do desenvolvimento sócio-econômico.Espero que a programação preparada pelo Gover-no brasileiro ofereça a Vossa Excelência e a sua

ilustre comitiva ocasião para uma construtivatroca de ideias acerca das realizações chinesas ebrasileiras, assim como a identificação de seto-res concretos para o fortalecimento da coopera-ção bilateral.

Senhor Vice-Primeiro Ministro,

Graças à extraordinária operosidade e inteligên-cia de seu povo, a China deu uma inestimávelcontribuição à civilzação humana e assume cadavez mais os deveres inerentes à sua condição depaís proeminente na família das nações.

Fazemos votos para que sua estada no Brasil sejaproveitosa e que leve ao seu país a visão de umpovo que vem construindo seu futuro com perse-verança e determinação.

Convido os presentes a erguerem um brinde àsaúde do Senhor Vice-Primeiro Ministro KangShien e de sua comitiva, às boas relações entrenossos dois países e à contínua prosperidade dopovo chinês.

KANG SHIEN

Excelentíssimo Senhor ChancelerRamiro Saraiva Guerreiro,

Excelentíssimos Senhores Ministros,

Senhores e Amigos,

A convite do governo brasileiro, chegamos avosso país para uma visita amistosa, trazendoconosco a profunda amizade do povo chinês paracom o povo brasileiro. Ao desembarcarmos, emBrasília, vossa original e bela capital, fomos alvode calorosas boas-vindas e de atenção generosa.Agora, Sua Excelência, o Senhor Chanceler RamiroSaraiva Guerreiro oferece-nos este magnífico jan-tar e proferiu palavras calorosas e amistosas,pelo que gostaríamos de apresentar nossos since-ros agradecimentos. Aproveitamos também estaoportunidade para transmitir as cordiais sauda-ções e os melhores votos do Governo e povo chi-neses ao Governo e povo brasileiros.

Apesar da longa distância, o Brasil não é um paísestranho para o povo chinês. Seu caudaloso rio

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Amazonas e seu mundialmente famoso café eramconhecidos pelo povo chinês desde há muito tem-po. Sua vasta extensão territorial, seus ricos re-cursos naturais, seu bravo e laborioso povo sãosempre admirados e louvados pelo povo chinês.

Detentor de uma história e tradição gloriosasvosso povo lutou heróica e tenazmente pela con-quista da independência nacional e pela salva-guarda da integridade territorial durante longosanos. O nome de vosso herói nacional JoaquimJosé da Silva Xavier é, até hoje, elogiado portodos.

O Brasil é um país repleto de vigor. O Governoe o povo brasileiros desfecharam lutas decididasem defesa da independência e da soberania na-cionais. Empenhando-se com persistência na explo-ração de seus ricos recursos nacionais e aprovei-tando outros fatores, vosso Governo e povoobtiveram um rápido desenvolvimento econó-mico na edificação do país. Nos assuntosinternacionais, juntamente com os demais paí-ses do Terceiro Mundo, o Brasil defende a re-forma da velha e injusta ordem económica inter-nacional, combate a ingerência nos assuntos in-ternos de outros países, salvaguarda a autodeter-minação dos diversos povos e esforça-se por pro-mover a unidade e a cooperação com os paísesda América Latina, da Ásia e da África, desem-penhando assim um papel cada vez mais impor-tante na arena internacional e prestando contri-buição positiva para a causa da paz mundial. Es-tamos contentes e admirados com vossos êxitosem todos os aspectos e desejamos sinceramenteque obtenham novas e sucessivas conquistas nocaminho do progresso.

Tal como o Brasil, a China é um país vasto epopuloso, com abundantes recursos naturais.Nosso país, que conta com uma história e umacultura antigas, é ainda um país em desenvolvi-mento, devido a longo período feudal ou semi-feudal e semicolonial antes da libertação de1949, e do qual resultou o atual nível relativa-mente baixo em que se acham tanto a nossaeconomia nacional como a nossa ciência e tec-nologia. 0 povo chinês está decidido a fazer daChina um país socialista moderno dentro do sé-culo corrente. Para alcançar este objetivo, nosapoiaremos principalmente em nossos próprios es-forços, seguiremos um caminho de desenvolvimen-

to adequado às circunstâncias chinesas e neces-sitamos também desenvolver ativamente o inter-câmbio e a cooperação com o exterior. Atual-mente, povos de todas as nacionalidades existen-tes na China dedicam-se unanimemente à edifica-ção do país. Atingiremos nosso objetivo com de-terminação e confiança.

a china advoga o tratamento igualitárioentre todos os países

Nas relações internacionais, a China sustenta demaneira coerente o estabelecimento e o desenvol-vimento das relações com todos os países combase nos cinco princípios de coexistência pacífi-ca, a saber, respeito recíproco à integridade ter-ritorial e à soberania, não-agressão, não-inter-venção nos assuntos internos de um dos paísespor parte do outro, igualdade e benefício mútuoe coexistência pacífica. A China advoga o tra-tamento igualitário entre todos os países semdistinção de dimensão e riqueza, e opõe-se aospaíses ricos que oprimam os pobres e aos paísesfortes que afrontam os fracos. Combatemos fir-memente a agressão, a expansão e outras açõesque ameaçam a paz e a segurança mundial porparte de qualquer país, através de qualquer mé-todo e a qualquer pretexto que seja. Particular-mente, combatemos os hegemonistas tanto de ca-ráter mundial como regional, que pretendam, emvão, exercer dominação sobre outros países, agin-do como tiranos. Nossa política externa e nossaposição nos assuntos internacionais adquirem acompreensão e simpatia de um número cada vezmaior de países e nossas relações com os diver-sos países desenvolvem-se constantemente. O quemais nos agrada é que nosso relacionamento comos países latino-americanos conheceu uma novaevolução com o aumento da compreensão e aconfiança mútuas e expansão das relações eco-nômico-comerctais. Estamos dispostos a estabele-cer e desenvolver relações com mais países latino-americanos e a incrementar a compreensão e aamizade com eles.

A China e o Brasil estão separados um do outro,mas a distância geográfica e a diferença ddscircunstâncias naturais nunca constituíram obstá-culos para o intercâmbio entre os dois povos. Osvínculos amistosos entre nossos dois povos cres-cem dia a dia e sua origem data de longe,

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tal como as impetuosas águas dos Rios Yangtsee Amazonas, que têm suas fontes remotas. No iní-cio do século XIX, um bom número de trabalha-dores chineses, tendo atravessado mares e ocea-nos, chegou a esta terra bela e rica, para con-viver e trabalhar juntamente com o povo brasilei-ro, semeando deste modo sua amizade. Foi assi-nado, há cerca de cem anos, o Tratado de Amiza-de, Comércio e Navegação entre a China e oBrasil. Agora, com o estabelecimento das rela-ções diplomáticas em 1974, a China e o Brasiliniciaram um novo e brilhante capítulo, bem mar-cado nos anais de seu relacionamento amistoso.

Ambos nossos países defendem firmemente suaindependência nacional e soberania. Necessitamosambos de um ambiente internacional pacífico afim de construir nossos países. Temos muitos pon-tos em comum quanto aos importantes proble-mas internacionais. Depois do reatamento dasnossas relações diplomáticas e com os esforçosdas duas partes, o intercâmbio humano bilateral,vem sendo incrementado, e alargam-se as vias dointercâmbio económico, comercial, científico, tec-nológico e cultural. Pode-se afirmar com todaconfiança que existem amplas perspectivas paraa cooperação amistosa entre nossos países. O queparticularmente nos encoraja é que os dirigentesde ambos os países dão muita importância ao de-senvolvimento das relações bilaterais. Sua Exce-

lência o Presidente João Baptista de Figueiredomanifestou, em várias ocasiões, a disposição dereforçar as relações do Brasil com a China du-rante o seu mandato. Pessoalmente, sinto-memuito honrado em ter a ocasião de conhecer vos-so país, de trocar ideias com vossos dirigentessobre o relacionamento bilateral e os problemasinternacionais de interesse comum, e de estudare assimilar as experiências adquiridas pelo povobrasileiro na edificação de seu país. Também es-tamos de braços abertos para acolher a visita dosdirigentes e amigos de diversos setores do Brasila nosso país.

Ao terminar, proponho um brinde-.

Pela prosperidade da República Federativa doBrasil e felicidade de seu povo.

Pelo maior desenvolvimento das relações amisto-sas sino-brasileiras e da amizade entre os doispovos,

À saúde de Sua Excelência, o Presidente JoãoBaptista de Figueiredo,

À saúde de Sua Excelência, o Senhor Ministro doExterior Ramiro Saraiva Guerreiro,

À saúde de todos os senhores e amigos presen-tes.

Saúde!

a chegada de kang shiena brasil ia

Saudação do Vice-Primeiro-Ministro da China, Kang Shien,ao chegar a Brasília, em 21 de maio de 1979.

É com grande prazer que vim ao Brasil fazer umavisita oficial e amistosa, a convite do Governo doBrasil. Permitam-me apresentar sinceros agrade-cimentos ao Chanceler brasileiro e aos demaisamigos de diversos setores que nos vieram aco-lher.

Sendo ambos países em desenvolvimento, a Chinae o Brasil têm muito em comum. Embora sepa-rados por oceanos, os dois povos têm uma longahistória de intercâmbios amistosos. 0 estabeleci-

mento das relações diplomáticas em 1974 marcouuma nova etapa nas relações entre os dois países.Nos últimos cinco anos, vem aumentando a nossacompreensão e confiança mútuas e apresenta-sesatisfatória a marcha de nosso relacionamento.

Nós sentimo-nos muito honrados e aprazidos emter oportunidade de conhecer o Brasil e apreendercom vossas experiências através de encontros ami-gos e contatos amplos com o povo irmão brasileiroe seus dirigentes. Creio que esta nossa visita con-

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tribuirá para desenvolver ainda mais as relaçõesde cooperação amistosa entre os nossos dois paí-ses e a amizade entre nossos povos.

Eu gostaria de aproveitar esta oportunidade paradirigir ao grande povo brasileiro e à população

hospitaleira de Brasília a minha alta consideraçãoe os meus melhores votos.

Obrigado!

comunicado de imprensabrasil-china

Atendendo a convite do Governo da República Fe-derativa do Brasil, o Vice-Primeiro-Ministro doConselho de Estado da República Popular da China,Kang Shien, realiza uma visita oficial ao Brasil de21 a 27 de maio de 1979. O Vice-Primeiro Minis-tro Kang Shien se faz acompanhar pelo SenhorSong Zhenming, Ministro da Indústria Petrolífera,pelo Senhor Li Rui, Vice-Ministro da Indústria Elé-trica e por outras autoridades. Durante sua per-manência no Brasil, o Vice-Primeiro-Ministro KangShien e sua comitiva visitam, além de Brasília, osEstados de São Paulo e do Rio de Janeiro, bemcomo a obra hidrelétrica de Itaipu, as instalaçõespetrolíferas da plataforma marítima de Campos eo porto de Tubarão.

Durante sua estada em Brasília, o Vice-Primeiro-Ministro Kang Shien visitou Sua Excelência oSenhor João Baptista de Oliveira Figueiredo, Pre-sidente da República, a quem transmitiu os cumpri-mentos dos Senhores Ye Jianying e Hua Guofeng,respectivamente, Presidente do Comité Permanen-te da Assembleia Popular Nacional e Primeiro Mi-nistro do Conselho de Estado da República Popu-lar da China.

O Presidente João Baptista de Oliveira Figueiredoexpressou sua satisfação em receber a missão chi-nesa e agradeceu os votos das altas autoridadesda República Popular da China. Por sua parte, pe-diu ao Vice-Primeiro-Ministro Kang Shien quetransmitisse seus cumprimentos àqueles dirigenteschineses.

O Vice-Primeiro-Ministro Kang Shien teve encon-tros com o Ministro de Estado das Relações Exte-

Comunicado do Itamaraty à imprensa, divulgadoem Brasília, em 23 de maio de 1979, ao final

da visita ao Brasil do Vice-Primeiro-Ministro daRepública Popular da China, Kang Shien.

riores, Embaixador Ramiro Saraiva Guereiro, e comos Ministros de Estado das Minas e Energia, SenhorCésar Cais de Oliveira Filho, dos Transportes,Senhor Eliseu Resende, da Agricultura, Senhor An-tónio Delfim Netto, e com o Ministro Chefe da Se-cretaria de Planejamento da Presidência da Repú-blica, Senhor Mário Henrique Simonsen. Mantevecontatos também com outras autoridades e em-presários.

O Vice-Primeiro-Ministro Kang Shien, pelo Governochinês, e o Chanceler Saraiva Guerreiro, pelo Go-verno brasileiro, assinaram o Convénio sobre Trans-portes Marítimos entre o Governo da RepúblicaPopular da China e o Governo da República Fede-rativa do Brasil.

Os encontros e conversações mantidos durante avisita desenvolveram-se em clima de sinceridade eamizade. As duas partes manifestaram sua satis-fação com a evolução das relações bilaterais des-de o estabelecimento de suas relações diplomáti-cas e concordaram em que, entre a China e o Bra-sil, países em desenvolvimento, existem amplasperspectivas de cooperação, em benefício do pro-gresso e bem-estar dos respectivos povos. Foramexaminados assuntos de interesse comum, sobre-tudo no campo económico e comercial, com vistasa incrementar de forma efetiva a cooperação bila-teral.

No campo internacional notaram com satisfaçãoque adotam posições semelhantes numa amplagama de questões. Ambas as partes estão deter-minadas a colaborar e a envidar esforços para ofortalecimento da cooperação e solidariedade en-

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tre os países em desenvolvimento, bem como na Ihida e hospitalidade. O Governo brasileiro, porinstituição de uma nova ordem económica inter- seu lado, manifestou a satisfação com que rece-nacional mais justa e equitativa, e na manuten- beu a visita de tão expressiva missão chinesa. Oção da paz e segurança internacionais. Governo brasileiro e o Governo chinês consideram

que a visita feita pelo Vice-Primeiro-Ministro KangO Vice-Primeiro-Ministro Kang Shien manifestou Shien incrementou a compreensão mútua e a ami-grande satisfação por ser o primeiro alto dirigen- zade entre os dois povos e contribuirá para a con-te do Governo chinês a visitar o Brasil e agrade- solidação e o fortalecimento dos laços sino-brasi-ceu ao Governo e povo brasileiros a calorosa aco- leiros.(*)

(*) Na seção Tratados, Acordos, Convénios, página 125, o texto do Convénio sobre Transportes Marítimos en-tre o Brasil e a China.

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a segunda reunião dacomissão mista brasil-coveite

Ata da Segunda Reunião da Comissão MistaBrasil-Coveite, divulgada pelo Palácio Itamaraty de Brasília,em 29 de maio de 1979.

De acordo com o Artigo 8.° do Acordo de Coope-ração assinado pelo Coveite e pelo Brasil em mar-ço de 1975, realizou-se em Brasília a SegundaReunião da Comissão Mista Brasil-Coveite, nos dias28 e 29 de maio de 1979, da qual participaramos seguintes representantes do Brasil e do Coveite:

Delegação Brasileira

1.

2.

Ministro Marcos Castrioto de Azambuja, Che-fe do Departamento da África, Ásia e Ocea-nia do Ministério das Relações Exteriores,-

3. Secretário Flávio Miragaia Perri, do Gabi-nete do Ministro das Relações Exteriores;

4.

5.

6.

Secretário Sérgio Tutikian, Chefe, Substitu-to, da Divisão do Oriente Próximo, Minis-tério das Relações Exteriores;

Secretário Sérgio Simas Carriço, Divisão dePolítica Financeira, Ministério das RelaçõesExteriores;

7. Secretário José Roberto de Almeida Pinto,Divisão de Operações Comerciais, Ministériodas Relações Exteriores;

8. Secretário Thaís Eleonora do Rego, Divisãode Energia e Recursos Minerais, Ministériodas Relações Exteriores;

9. Senhor Sérgio Zappa, Banco Nacional doDesenvolvimento Económico;

10. Senhor Ary Pinto, Secretaria de Planejamen-to da Presidência da República;

11Secretário Affonso Emílio de Alencastro Mas-sot, do Departamento da África, Ásia eOceania do Ministério das Relações Exte-riores; 12

Secretário Sérgio Tapajós, Subchefe da Di-visão de Cooperação Técnica, Ministério dasRelações Exteriores; 16

Senhor João Alfredo Guimarães de Oliveira,Ministério da Indústria e Comércio,-

Senhor Sidney Vieira de Mello, CACEX, Ban-co do Brasil;

13. Senhor Luiz Fernando Spíndola, CACEX, Ban-co do Brasil;

14. Senhor Fernando de Souza Oliveira, Inter-brás,-

15. Senhor Carlos Alberto Amorim Júnior, BancoCentral do Brasil;

Conselheiro Lauro Barbosa da Silva Moreira,Ministério da Fazenda;

17. Senhor Tito Rocha Filho, Ministério da Fa-zenda,-

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18. Senhor Renato Magalhães, Petrobrás,-

19. Senhor Fernando Souto, Ministério da Indús-tria e Comércio,-

20. Senhora Rebecca Arkader, Ministério da In-dústria e Comércio,-

2 1 . Senhor Waldemir de Araújo, Banco do Brasil.

Delegação Coveitiana

1. Embaixador Ali Zakaria Al Ansari, Embaixa-dor do Coveite em Brasília e Chefe da Dele-gação Coveitiana;

2. Conselheiro Jasem Ismail Al Juna's, Ministé-rio dos Negócios Estrangeiros,-

3. Doutor Faisal Alkazemi, Diretor-Gerente da"Kuwait Foreign Trading, Contracting andInvestment Company";

4. Senhor Abdulla Al Roumi, Diretor do Depar-tamento de "marketing" do Ministério doPetróleo;

5. Senhor Nabil Khalid Ja'afar, do Departamen-to de Investimento do Ministério das Finan-ÇOS;

6. Senhor Khalid Al Rubaian, Ministério do Co-mércio e Indústria;

7. Senhor Mohammad Al-Lumai, Ministério dosNegócios Estrangeiros;

As duas partes aprovaram a seguinte Agenda:

1. Exame da cooperação nos setores económi-co, financeiro e técnico;

2. Cooperação no setor comercial:

a) Participação brasileira em projetos industriaisdesenvolvidos no Coveite. Informações sobreos Planos de Desenvolvimento Coveitianos,-

b) Participação brasileira em projetos financia-dos pelo Coveite em terceiros países;

c) Intensificação de contatos entre autoridades eempresários;

3. Exame das questões relativas ao Projeto deAcordo para Evitar a Bitributação;

4. Cooperação no campo de petróleo e deri-vados,-

5. Possibilidade de cooperação no campo datransferência de tecnologia,-

6. Data e lugar da próxima reunião da Comis-são Mista.

A delegação coveitiana, além de participar dasreuniões da Comissão Mista Brasil-Coveite, visitouas seguintes autoridades e entidades brasileiras:

S.E. o Ministro das Relações Exteriores,-

S.E. o Ministro das Minas e Energia;

Ministério da Indústria e Comércio,-

Ministério da Fazenda,-

Ministério da Agricultura,-

Banco do Brasil,-

Petrobrás e Interbrás,-

Banco Nacional do Desenvolvimento Económico.

As partes concordaram em continuar a trocarpontos de vista e a incrementar a cooperaçãoneste campo.

4. Cooperação com o Brasil em terceiros países

As duas partes examinaram a cooperação entreo Banco do Brasil e as companhias de investi-mento do Coveite no financiamento de empreen-dimentos conjuntos tais como o Banco Árabe La-tino-Americano, a "Kuwait Pacific Finance Com-pany" (Hong Kong), o Banque Árabe et Interna-tionale d'lnvestissement (Paris), a Compagnie Ára-be et Internationale d'lnvestissement (Luxembur-go).

As duas partes manifestaram sua satisfação comessa cooperação e decidiram encorajar o desenvol-vimento das relações neste campo. A parte bra-sileira expressou seu desejo de cooperar na imple-mentação de projetos de desenvolvimento finan-ciados pelo Coveite em terceiros países. A partecoveitiana afirmou que encorajará tal coopera-ção dentro dos moldes dn política do Kuwait Fundfor Economic Development e dos governos interes-sados.

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5. Cooperação no Setor de Investimentos noBrasil

6. Impostos relativos a Investimentos de EstadosSoberanos.

As duas partes examinaram a cooperação no cam-po de investimentos coveitianos no Brasil. Expres-saram seu desejo de tornar a Companhia Árabe-Brasileira de Investimento (ABICO) um veículo maiseficaz para a cooperação no campo dos empreen-dimentos como meio de atrair novos investidorescoveitianos para o Brasil. A parte coveitiana ex-pressou igualmente sua preocupação com os obs-táculos criados pela nova lei brasileira que nãopermite a investidores estrangeiros a representa-ção em Juntas e Conselhos de empreendimentosconjuntos. Por esta razão, os membros coveitia-nos da ABICO não teriam mais de participar doprocesso de decisão para investimento de em-preendimentos conjuntos. A parte coveitiana assi-nalou que isso constitui obstáculo para os inves-tidores coveitianos no Brasil. A parte coveitianasolicitou da parte brasileira ajuda para encontraruma solução para este problema para que se pos-sa desenvolver diálogo e troca de pontos de vistasobre empreendimentos conjuntos mais proveito-sos. A parte coveitiana também registrou que, re-solvido este problema, o Banco Nacional para oDesenvolvimento Económico deveria recomendarapenas projetos comercialmente viáveis de natu-reza complementar às economias coveitiana e bra-sileira. A parte brasileira declarou que examinaráo assunto e proporá proximamente uma soluçãoquanto à representação na ABICO. As duas partesdecidiram incentivar o BNDE e as autoridadescompetentes coveitianas para se reunirem e dis-cutirem as atividades futuras da "Arabian Braii-lian Investment Company (ABICO).

A parte coveitiana afirmou que a maior parte dospaíses industrializados oferece isenções de impos-tos a Estados soberanos ou investimentos gover-namentais no exterior. Essas isenções dizem res-peito a dividendos, juros, renda de aluguéis e ga-nhos de capital. A parte coveitiana indagou se alegislação brasileira contempla tais isenções parao Ministério das Finanças do Coveite — Departa-mento de Investimentos. A parte brasileira decla-rou que estudará o assunto e informará a partecoveitiana tão logo seja possível.

7. Projeto de Acordo para Evitar a Bitributação

As duas partes examinaram o projeto de acordopara evitar a bitributação dentro do quadro deatividades da ABICO. A parte coveitiana afirmouque no Coveite não se cobram impostos de espé-cie alguma, o que faz com que a questão de seevitar a dupla tributação seja irrelevante. Entre-tanto, foi prometido às companhias de investimen-to que participam da ABICO um tratamento maisfavorável no que diz respeito a impostos. O as-sunto será examinado pela parte brasileira que in-formará a parte coveitiana tão logo seja possível.

Os trabalhos da Segunda Reunião se desenvolve-ram numa atmosfera de cordialidade e amizade.A parte coveitiana manifestou sua apreciação sin-cera pela calorosa hospitalidade e recepção ofe-recidas pelo Governo brasileiro. As duas partesconcordaram em que a próxima reunião da Comis-são Mista será no Coveite, em 1980.

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brasília é sede da reunião dajunta de governadores do brasilinvestDiscursos do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e do empresário Mário Garnero,no Palácio Itamaraty de Brasília, em 6 de junho de1979, por ocasião de almoço oferecido aos membrosda Junta de Governadores do Brasilinvest.

SARAIVA GUERREIRO

Senhores Embaixadores,

Senhores Senadores e Deputados,

Senhor Presidente do Brasilinvest,

Senhores membros da Junta de Governadoresdo Brasilinvest,

Senhoras e Senhores,

Foi com grande prazer que convidei os Senhorespara este almoço.

Espero que para os Senhores tenham sido de in-teiro aqrado os resultados desta II Reunião daJunta de Governadores do Brasilinvest.

As relações económicas e comerciais têm, na polí-tica externa, uma prioridade básica, que se refle-te no cotidiano do nosso trabalho.

Estamos, por isso mesmo, acostumados a tratarcom os empresários, brasileiros e estrangeiros —e acostumados também a admirar seus esforçose realizações. Não sou dos que acreditam que ape-nas o lucro move a empresa privada. No contatocom os Senhores sempre me dou conta de outroscomponentes e motivações de interesse geral.

Acompanho meus colegas de outros Ministérios nafavorável avaliação que fazem dos resultados quevêm sendo alcançados pelo Brasilinvest. Trata-se,decerto, de um empreendimento inovador. No Bra-silinvest vemos, mais do que ponto de encontropara interesses de variadas procedências, um ativofoco de atração para a valorização de oportunida-des de associação, colaboração e participação. Ficaaqui, portanto, o testemunho da atenção com queo Ministério das Relações Exteriores tem conside-rado as iniciativas dos empresários, e procurado,de sua parte, dar-lhes o apoio possível.

o brasil é uma boa opção para investimentos

Já pertence ao acervo dos lugares comuns da eco-nomia internacional a afirmação de que o Brasilé uma boa opção para investimentos. Mas nin-guém melhor do que os Senhores conhece o Brasilcomo alternativa para investimentos. Meus colegasda área mais especificamente económica já lhesterão falado, ou lhes falarão no mesmo sentido.Desejo, porém, salientar.- do Itamaraty, que porforça de suas funções tem olhos atentos a todo omundo, vemos o Brasil como país no caminho cer-to do desenvolvimento, rico em opções para o fu-turo e plenamente capaz de gerir seu presente.

Dificuldades existem, e numerosas: a reiterada ca-pacidade de superá-las dá, entretanto, confiançaem que o progresso não será interrompido. Se as

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crises que abolam o mundo também afetam o Bra-sil, no exame retrospectivo da evolução recentedo país já se começa a enxergar, cada vez maisnítida, as soluções que emergem. E, curiosamente,a partir de problemas conjunturais, em muitoscasos já caminhamos para soluções definitivas, va-mos administrando a crise de maneira que delapossamos tirar mais até do que teríamos alcança-do, não houvesse ela existido.

0 mesmo não se pode dizer do tratamento que omundo em geral, como um todo, vem dando asuas crises. Essa é a avaliação do Itamaraty, tam-bém calejado nas numerosas arenas (evito inten-cionalmente a palavra foro) das relações económi-cas internacionais. Não lhes falarei dos proble-mas, que todos conhecem, do protecionismo, doaumento crescente e desordenado dos custos daenergia — aumento agravado pela pressão de paí-ses importadores de maior poder aquisitivo — ouda inércia nas negociações Norte-Sul. Tampouco énecessário falar das soluções, que estão à vista,faltando, sobretudo, vontade política para adotá-las, a consciência de que, para dificuldades coleti-vas, são imperativas soluções igualmente coletivase concertadas de comum acordo.

Não há, de nossa parte, desejo de confrontação— mas sim preocupação de entendimento. Umapreocupação impaciente, é certo. Às vezes se es-quece que, nos países desenvolvidos, os problemasocorrem em patamar de conforto e bem-estar eco-nómico de que ainda estão distantes os países emdesenvolvimento. O sentimento de que todos sãoafetados pelas dificuldades atuais não pode obs-curecer a diversidade de seu impacto em econo-mias e populações com diferentes graus de resis-tência para sofrê-las. Alguns países podem dar-seao luxo de esperar, até mesmo de parar, se ne-cessário: os países em desenvolvimento só podemsobreviver avançando. Por isso a impaciência anteas demoras, as dilações — a angústia pelos pre-juízos da omissão. Também no processo do desen-volvimento se poderia cogitar da figura jurídicade dano por lucros cessantes, pela frustração deexpectativas legítimas e inadiáveis.

Não tem essa impaciência, porém, um sentido ne-gativista ou de reivindicação gratuita; é, na ver-dade, uma impaciência construtiva, pressuposto decriação, que se traduz por inconformismo e ex-pressa vontade de progredir e esperança de con-segui-lo. Aqui, talvez, uma das razões mais im-

portantes para que o Brasil seja aquela boa alter-nativa de investimentos a que me referi. Nestepaís os Senhores não encontrarão - e recorro aquia um grande poeta de nossa língua — os Senhoresnão encontrarão a atitude submissa do cansaçoantecipado pelo que não se espera ser capaz dealcançar.

Senhores,

Quero que os Senhores levem a certeza de que esteencontro constitui marco importante no relaciona-mento do Itamaraty com os empresários, brasilei-ros e estrangeiros, relacionamento fecundo, dequem trabalha com o mesmo objetivo de bem ser-vir a nossos países. Por nossos países, os convidoa erguer comigo uma taça, brindando por seu con-tinuado progresso.

Muito obrigado.

MÁRIO GARNERO

Senhor Ministro Saraiva Guerreiro,

Senhores Embaixadores,

Senhores Senadores,

Senhores Deputados,

Ministro Mário Henrique Simonsen,

Senhores Membros da Junta de Governadores doBrasilinvest,

Ao agradecer neste momento, formalmente, estealmoço que nos foi oferecido pelo Senhor Ministrodas Relações Exteriores, não podia deixar passar aoportunidade de, além do agradecimento formal,de quem recebe uma tão cativante homenagemcomo os senhores do Brasilinvest hoje recebem nes-ta Casa, de dizer também algumas coisas que re-fletem o pensamento do mundo empresarial pau-lista, do mundo empresarial brasileiro, permitemque, por delegação eu falo também por uma dele-gação da Confederação Nacional de Indústria eda própria FIESP de São Paulo, e também dos em-presários estrangeiros que aqui conviveram conos-co nestes três dias, seja levada e seja absoluta-mente posta em alta a presença do Itamaraty noencaminhamento e no aperfeiçoamento das rela-

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ções económicas entre os países de todo o Conti-nente, entre os países que hoje representam fun-damentalmente, pelo comércio, uma cliança cadavez mais próxima entre esses países.

Temos tido, no Itamaraty, e Vossa Excelênci: mepermita dizer em nome de alguns empresários queestão aqui presentes, um apoio evidente em nos-sos esforços de exportação. E vejo aqui conoscosócios do Brasilinvest que são hoje, talvez, osmaiores exportadores privados do país, e delestenho ouvido constantemente as palavras de apoioao trabalho desenvolvido pelo Itamaraty. Eviden-temente que a diplomacia com este assento naparte económica que caracteriza hoje o Itamara-ty, tem sido, fundamentalmente, um instrumentoextremamente útil para o empresariado brasileiro.Para o empresariado também estrangeiro que temtido aqui no Brasil a abertura necessária para in-vestir e confiar no Brasil, tem ele, muitas vezes,ou na maioria das vezes, recebido dos serviços co-merciais do Itamaraty um apoio extraordinário.

Eu mesmo agora, vindo de uma longa viagem napreparação do Fórum das Américas, pude notarcomo os serviços comerciais estão absolutamenteintegrados a trabalhos que são na sua origem, fei-tos por homens que fizeram isto na iniciativa pri-vada. Este testemunho, Senhor Ministro, eu fizquestão de dar a Vossa Excelência porque nósapresentamos e agora, me permita falar um poucona qualidade, na outra função de presidentede uma outra entidade de classe, que é respon-sável hoje, no setor privado, pelo contingentede dólares exportados por ano, neste país. Eestes homens que dirigem no momento as com-

panhias que compõem a ANFAVEA, não têm dei-xado de dizer aquilo que realmente é a verda-de. 0 apoio do Itamaraty tem sido extraordinárioneste saito de exportações que o Brasil teve. Per-mita-me também Vossa Excelência que diga, parafinalizar, que as dificuldades a que aludiu VossaExcelência, são dificuldades que os homens de ne-gócios compreendem e eu estou certo que ao finaldesta jornada de três dias, eles entendem, tam-bém, que algum clima de eventual incerteza, algu-mas dificuldades e restrições que o Governo tomehoje, não representam nada dos pequenos inciden-tes no percurso desta grande Nação. Eu estou cer-to que eles estão convencidos, brasileiros, empre-sários brasileiros e empresários estrangeiros, queo Brasil é um país decididamente condenado aoprogresso, como diz muito bem Vossa Excelência, ea capacidade de gerir as nossas crises tem con-tinuamente mostrado que nós não estamos, demaneira nenhuma, ameaçados de deixar passar obarco do progresso. A Vossa Excelência mais umavez e, espero estar aqui representando a enormepalavra dos 80 membros da Junta de Governado-res, quero deixar consignado o nosso agradecimen-to e a certeza de que a iniciativa privada brasilei-ra e a iniciativa privada internacional não falta-rão a este chamamento que o Itamaraty liderahoje, que é aquilo que todos nós almejamos, é de,pela iniciativa privada, criar as bases de uma de-mocracia cada vez mais estável, de um sistemapolítico mais aberto efetivamente baseado na ca-pacidade de empreender, na liberdade de empreen-der, na liberdade de ir e de vir.

Muito obrigado.

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saraiva guerreiro na primeira sessãoplenária do fórum das américas

Discurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, por ocasião da aberturada Primeira Sessão Plenária do Fórum das Américas, noParque Anhembi de São Paulo, em 11 de junho de 1979.

Senhoras e Senhores,

Com grande prazer aceitei o convite do Fórum dasAméricas para vir hoje falar-lhes. Era natural queo fizesse. Há vários meses, as Embaixadas e Con-sulados brasileiros nas Américas vinham dandoapoio aos organizadores do encontro. 0 Ministé-rio das Relações Exteriores sempre compreendeu ointeresse de que esta reunião alcançasse dimensãoe âmbito verdadeiramente americanos.

A iniciativa de organizar este Fórum repousa naconsciência de que os povos das Américas estãounidos por valores e aspirações que se traduzemno apreço que todos têm pela liberdade, pela in-dependência e pelo desenvolvimento.

Nossas próprias raízes nos indicam que essa co-munidade de sentimentos pode e deve inspirarnovos e mais eficazes empreendimentos coopera-tivos para o benefício comum. Todos reconhece-mos que nem sempre a grandeza e a permanên-cia de nossos sentimentos têm-se refletido no pla-no das realizações concretas. Não fiquemos, porém,presos a essa visão retrospectiva. Dediquemo-nosa ações confiantes, que correspondam à nossa per-cepção de que a cooperação regional é indispen-sável e pode ser cada vez mais proveitosa.

Prova do ânimo do Brasil nesse sentido é a ên-fase que atribuímos ao aperfeiçoamento dos me-canismos da ALALC, com vistas à consecução de

seus elevados objetivos. Permanecem válidos, semdúvida, os objetivos que inspiraram o Tratado deMontevidéu e os propósitos comuns de propiciara integração continental de forma gradual e pro-gressiva,- impossível, no entanto, deixar de admi-tir que os procedimentos multilaterais de desgra-vação tarifária do Tratado já não mais se ajus-tam nem às realidades nem às necessidades dospaíses da região. Está, pois, o Brasil disposto aempenhar seus melhores esforços no processo, jáprevisto, de reestruturação da ALALC, do qual re-sultarão, estou certo, mecanismos novos, que ha-verão de acelerar o processo de integração eco-nómica latino-americana.

Na América Latina, a evolução havida nas estru-turas de nossas nações deu origem a esperançasrevigoradas. Surgem novas complementaridades.Mesmo em áreas onde pareceria sermos concor-rentes, identificam-se oportunidades de coopera-ção. Vamos elevando o intercâmbio a graus demaior sofisticação. Trocamos serviços, participa-mos de esquemas novos de transporte. Muitos denossos países — e é o caso do Brasil — já figu-ram como fornecedores e recipientes de tecnolo-gia concebida na própria América Latina. Há situa-ções nas quais, para tirar partido de potenciaiscomuns, nossos países congregam esforços, embase de igualdade e mútuo respeito, para a rea-lização de projetos de forte e positiva repercussãona sociedade regional. Permito-me lembrar doisexemplos que mais de perto tocam o Brasil: a

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grande obra de Itaipu e as potencialidades demútua cooperação que encerra o Tratado de Co-operação Amazônica.

Em outro plano, não podemos deixar de constatar,nas relações interamericanas, a intersecção dosvínculos horizontais, entre os países latino-ame-ricanos, com o relacionamento assimétrico entreestes e as nações altamente industrializadas daAmérica do Norte. É verdade que as dificuldadesnos laços Norte-Sul se fazem sentir em termosmuito amplos, em escala mundial. Não deixam,entretanto, de ser particularmente penosas tais di-ficuldades, quando ocorrem no quadro específicode um Continente que se quer, há século e meio,solidário. São tanto mais fortes as frustrações,quanto mais altas as expectativas. E estas foramcultivadas com especial ênfase no âmbito de umconvívio, como disse antes, marcado pela comu-nhão de ideais e de esperanças.

esforço criativo contribui para a

prosperidade de todo o continente

Inspirado pela essência do nosso convívio e pelafundamental reciprocidade de nossos interesses, oBrasil acredita que a vontade política e o esforçocriativo de nossos países devem levar, no campoda cooperação para o desenvolvimento, a umaação adequada às circunstâncias e necessidadesespecíficas da América Latina e, por isso mesmo,capaz de contribuir para a prosperidade de todo oContinente.

As relações francas e amistosas entre nossos paí-ses nos propiciam oportunidades permanentes dediálogo. Em nossa própria Organização dos Esta-dos Americanos temos um foro de ainda muitopotencial.

Senhores,

Se o mundo já passou por crise económica maisgrave, não há como negar que a situação atualassume configuração inédita, pela amplitude doscampos em que se desdobra e pela complexidadeda interação de fatores conjunturais e causas degrande profundidade.

Não caberia, nesta ocasião, entrarmos a discutiras dificuldades que ora enfrenta a comunidadeinternacional, em questões específicas como co-

mércio, inflação, energia, instabilidade cambial.Desejo ressaltar, entretanto, uma característica dasituação que ora vivemos. Ela é qualitativamentenova em um aspecto essencial: o mundo em de-senvolvimento está, como nunca antes, colocadono âmago da vida económica internacional.

Como provedores de recursos cada vez mais es-cassos, como tomadores de capital, como recepto-res de investimentos privados e importadores detecnologia, e também como produtores crescente-mente eficientes em várias áreas industriais, ospaíses em desenvolvimento vêm aportando contri-buição significativa à prosperidade global. Os paí-ses em desenvolvimento são, em suma, cada vezmais relevantes para o mundo industrializado. Bas-ta verificar, por exemplo, que, a partir de 1960,mais de 30% do acréscimo nas exportações rea-lizadas pelos países desenvolvidos teve por des-tino os mercados de nações em desenvolvimento.Estas, segundo assinala o Banco Mundial, surgi-ram, nas últimas duas décadas, como importantemercado para produtos manufaturados, absorven-do atualmente mais de 25% do total das vendasefetuadas nesse setor pelos países altamente in-dustrializados.

Tendo em vista tal fato, a questão que se colocaé saber se, dada a nova situação da economiamundial, o sistema económico internacional podefuncionar com aceitável eficiência, sem modifica-ções que integrem os países em desenvolvimentoa seus processos decisórios, e que propiciem tra-tamento adequado a seus problemas e necessida-des.

A interdependência de nossos dias torna obsoletasas soluções exclusivistas. Se a interdependência —ironicamente — torna mais complexos e difíceis osproblemas, as soluções não estarão no recuo paraposições solitárias e simplistas. Muito pelo con-trário, o que se faz necessário é elevar as rela-ções entre os povos a níveis mais altos, e dar-lhessentido mais equilibrado. No mundo de hoje,maior equidade entre as nações é fator de eficiên-cia, e portanto condição para a prosperidadeglobal.

Senhores,

Dias atrás, perante os membros da Junta de Go-vernadores do Brasilinvest, uma das entidades pa-trocinadoras deste encontro, salientei que não nos

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anima, no diálogo que buscamos estabelecer comos países desenvolvidos, qualquer vontade de con-frontação. O que nos impacienta é a necessidadepremente de entendimento. Neste Continente, emque tantos projetos e promessas ficaram nisso— em projetos e promessas — a impaciência émaior diante de posturas negativas, passos malo-grados, demoras e dilações. Impaciência, porém,que não significa reivindicação gratuita, mas simexpressa atitude construtiva, inabalável decisãode progredir e confiança em consegui-lo.

solução não deve vir dos países desenvolvidos

Não se veja no que precede o desejo de que dospaíses desenvolvidos venha a solução para nossosproblemas. 0 Presidente Figueiredo assinalou, emseu discurso de posse, e reiterou depois, ao saudaro Chanceler Helmut Schmidt, da República Federalda Alemanha, que, embora parte de um mundo in-terdependente, estamos conscientes de que in-cumbe a nós próprios a responsabilidade primor-dial por nosso desenvolvimento. Achamos todaviaessencial que caminhemos juntos, ajudando e sen-do ajudados — essencial, igualmente, que não seacrescente a nossas dificuldades, antes se facilitenossa marcha para níveis de bem-estar que nossaspopulações, como quaisquer outras, também depleno direito merecem.

Para tanto, é preciso, de qualquer modo, que acomunidade internacional evolua para a supera-ção de toda uma série de atitudes protecionistas,que afetam o acesso dos países em desenvolvimen-to às duas áreas onde se concentra a essênciamesma da vida económica atual: o comércio e atecnologia. Pois todos os fluxos económicos entreas nações se reduzem, em última análise, às tro-cas de bens e serviços. É preciso não esquecerque, a longo prazo, o comércio é gerado por co-mércio, não podendo ser ele sustentado indefi-nidamente pela simples repetição cumulativa daintermediação financeira, desacompanhada deexpansão sustentada dos fluxos reais de merca-dorias. Quanto à tecnologia, pode-se dizer que é

hoje a fonte última de riqueza. Assim, se o en-caminhamento das soluções para os problemaseconómicos da atualidade não pode prescindirdo concurso das nações em desenvolvimento, éigualmente inegável a necessidade de que se re-movam os obstáculos à expansão comercial e aodesenvolvimento tecnológico dessas nações.

É preciso, de outra parte, que se evite o surgi-mento de novas e mais sutis formas de protecio-nismo, já agora na própria área dos fluxos de in-vestimento privado. Preocupações legítimas comos problemas do desemprego no mundo desenvol-vido não devem servir de motivo para tentativasde cercear a ação dinâmica dos empresários e oconsequente movimento internacional de investi-mentos, ou limitar a capacidade de atuação, nes-sas áreas, de países que são estruturalmente im-portadores de capital. Tais tentativas, ademais deinjustificáveis, resultariam prejudiciais aos pró-prios interesses — comerciais além de financeiros— dos países altamente industrializados exporta-dores de capital.

0 Brasil, se está empenhado em ter acesso dres-cente ao comércio internacional, em ampliar suacapacidade tecnológica e diversificar sua estruturaprodutiva, não o faz apenas pelo interesse muitonatural e legítimo, por seu próprio desenvolvimen-to. Seu compromisso com uma crescente integra-ção à economia internacional reflete, também, avocação brasileira pela cooperação amistosa comoutros povos, e nossa consciência do muito quetemos a oferecer à prosperidade regional e global.

Senhores,

A contribuição dos homens de negócio ao progres-so de nosso Continente não se limita à mobiliza-ção de recursos produtivos. Talvez mais significa-tivo seja o aporte que oferecer ao entendimentoe à aproximação entre nossos países, graças à vi-vência que têm das realidades e aspirações de va-riados povos. Congratulo-me, portanto, com osSenhores pela realização deste Fórum das Améri-cas, a cujos trabalhos desejo pleno êxito.

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arábia saudita busca a cooperaçãodo brasil no setor agrícola

Discurso do Chanceler Saraiva Guerreiro, no Palácio Itamaratyde Brasília, em 12 de junho de 1979, por ocasião dojantar oferecido ao Ministro da Agricultura e RecursosHídricos da Arábia Saudita, Abdul Rahman Aziz Alsheik.

Excelentíssimo Senhor Ministro,

Com especial satisfação recebo hoje no ItamaratyVossa Excelência e a Delegação que o acompanha.

Sua viagem ao Brasil, embora rápida, lhe terá per-mitido conhecer diferentes áreas de atividades deinteresse direto de sua pasta e poderá propiciaruma colaboração eficaz entre o Brasil e o Gover-no do Reino da Arábia Saudita.

Espero que nos contatos e visitas que realizaram,Vossa Excelência e os membros de sua comitivatenham podido identificar novas possibilidades deproveitoso intercâmbio entre os nossos dois paí-ses. 0 Brasil se considera em condições excepcio-nais para fornecer, em termos competitivos, pro-dutos agropecuários à Arábia Saudita. Acredita,também, que existem condições favoráveis para oestabelecimento de empresas associadas brasileiro-sauditas com o objetivo de atender às necessida-des do mercado saudita, no que diz respeito auma vasta gama de produtos presentemente im-portados de outras origens. Ao manifestar-lhe essadisposição positiva, tenho especialmente presenteque apesar dos avanços alcançados nos útimosanos, o país de Vossa Excelência continua a serum significativo importador de alimentos, in naturaou processados, de origem animal e vegetal.

Noto, também, com satisfação, como o fizeram asdelegações de nossos dois países à recente reu-

nião da Comissão Mista Brasil-Arábia Saudita quese realizou em Jeddah, em abril último, que exis-te uma disposição favorável do Governo de VossaExcelência de procurar a cooperação e a assistên-cia brasileiras para importantes projetos de flo-restamento e reflorestamento, para o desenvolvi-mento de parques nacionais e para a realizaçãode serviços de aerofotogrametria. Importante,também, foi o interesse manifestado pelo Gover-no de Vossa Excelência pela aquisição de aviõese equipamento para a pulverização de lavourasagrícolas, campo em que o Brasil dispõe, afor-tunadamente, de madura experiência.

Espero que nos contatos que Vossa Excelênciamanteve com altas autoridades estaduais e fede-rais, bem como com líderes do setor privado, te-nha sido possível avançar ainda mais no encontrodos terrenos propícios ao nosso crescente co-mércio e cooperação.

O dia de amanhã ainda reserva novas visitase entrevistas que espero culminem este profícuotrabalho de aproximação, especialmente no cam-po da agricultura a que hoje dedicamos interesseprioritário como fator decisivo de promoção denosso desenvolvimento e bem-estar nacional.

Senhor Ministro,

Naturalmente, estas considerações específicas me-lhor caberiam na seara dos nossos amigos aqui pre-

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sentes, do Ministério da Agricultura do Brasil, Peço a Vossa Excelência que se faça intérpretecom cujo titular Vossa Excelência manteve, na junto ao Ministro das Relações Exteriores, Suatarde de hoje, profícuo encontro. Alteza Real o Príncipe Saud Al Faiçal, da mensa-

Desejo apenas assinalar que, além dos resultados gekm d e ; P r e ç 0 e f ™ ^ 6 l h e , e n v í ° e p e ç ° - | h e '

concretos que sua visita possa produzir - e es- sobretudo' < u e acei te ° testemunho de nossos sen-pero que sejam efetivados a curto prazo -, ela timentos extremamente cordiais pelo povo e pelomarca as excelentes e amistosas relações que Governo sauditas,existem entre o Reino da Arábia Saudita e o Bra-sil fundadas no respeito mútuo e na procura debenefícios recíprocos. Muito obrigado.

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a posição do brasil na reuniãode consulta de chanceleres da oea

sobre a nicaráguaPronunciamento do Delegado do Brasil na XVII Reuniãode Consulta de Chanceleres da Organização dosEstados Americanos (OEA), Embaixador Alarico Silveira Júnior,em 23 de junho de 1979, logo após a aprovaçãoda Resolução sobre a Nicarágua.

0 Brasil reconhece que a situação da Nicaráguase tornou, pela extensão e gravidade da violên-cia, pela existência de violações maciças e con-tinuadas dos direitos humanos, por suas reper-cussões na tranquilidade e paz regionais, uma si-tuação que requer, como efetivamente ocorreu, aespecial atenção da Organização dos Estados Ame-ricanos.

Não ficamos indiferentes a esse estado de coisase por isso nos perguntamos o que fazer nestaOrganização para ajudar a se chegar a uma so-lução política que pusesse fim à mortandade eaos graves sofrimentos do povo nicaraguense.

Tal solução deveria eliminar a violência e facili-tar um resultado que permitisse alcançar a pazna família nicaraguense, bem como a recomposi-ção democrática de sua vida política.

Este esforço cabe, essencialmente, aos própriosnicaraguenses, que são os únicos donos de seudestino. O que os outros países desta Organiza-ção podem fazer, no futuro, é cooperar para faci-litar e tornar menos penosa a própria evoluçãoendógena na Nicarágua. Não temos quer o direi-to, quer a intenção de nos substituir à vontadedo próprio povo nicaraguense.

Verificamos, por outro lado, todos os países daregião, que o povo nicaraguense deseja, como énormal, um Governo que represente todos os se-tores de opinião, que tenha condições de enfren-tar as graves emergências e que seja capaz delevar adiante a tarefa de reconstruir democrati-camente o país.

Formado um Governo que evidencie possuir amplabase consensual, caberá a todos os nossos paísesfazer um esforço excepcional de ajuda humani-tária e económica para que a Nação nicaraguen-se possa cumprir a tarefa de reconstruir-se e denormalizar sua vida. A respeito, devo afirmar queo Brasil, em nome dos ideais de solidariedadecontinental, se dispõe a fazer o máximo ao seualcance para contribuir à rápida recuperação dosgrandes sofrimentos que afligem o nobre povoirmão da Nicarágua.

Assim sendo, a Delegação do Brasil votou a favordo Projeto, porque compartilha de suas grandeslinhas. Lamenta, contudo, que, a despeito dos es-forços desenvolvidos por esta Delegação, o Pro-jeto apresenta ainda certas lacunas, principalmen-te a ausência de um apelo claro a todos os paí-ses no sentido de não contribuírem de nenhumaforma, como por exemplo através do fornecimen-to de armas, para o agravamento da situação.

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ministro do comércio exteriore navegação da polónia visita brasíliaDiscurso do Ministro de Estado das Relações Exteriores,Remiro Saraiva Guerreiro, no Palácio Itamaratyde Brasília, em 28 de junho de 1979, por ocasião daassinatura do Protocolo Brasil-Polônia, em solenidade quecontou com a presença do Ministro polonês do ComércioExterior e Navegação, Jerzy Olszewski.

Senhor Ministro do Comércio Exterior,

É com grande satisfação que assino hoje, comVossa Excelência, o Protocolo que sintetiza os re-sultados dos entendimentos mantidos com osdiversos órgãos da administração federal bra-sileira.

Desde 2.a feira mantivemos conversas e trocasde pontos de vista, em ambiente de cordialidadee franqueza, sobre os diversos aspectos de nossocomércio bilateral.

Por sua significação no contexto do comércio ex-terior brasileiro, é lícito ressaltar a dinâmica evo-lução do intercâmbio econômico-comercial entrenossos países que, de um modesto total de 33milhões de dólares em 1970, alcançou a expres-siva soma de cerca de 350 milhões em 1978, oque colocou a Polónia como o primeiro parceiro doBrasil entre os países da Europa Oriental.

Esta evolução satisfatória de nosso comércio bila-teral foi realçada pela assinatura, em 1975, do"Protocolo de Intenções", que prevê a compra deminério de ferro brasileiro e de carvão siderúrgi-co polonês, e que estabeleceu um tipo de relacio-namento bilateral a longo prazo com resultadosmutuamente satisfatórios. Posteriormente, VossaExcelência visitou nosso país e contribuiu para dar

novo impulso a essas relações a partir do "Pro-tocolo sobre a Expansão do Comércio de Coope-ração Económica para os anos 1976-1980".

Como resultado das novas oportunidades abertaspor esses instrumentos, cabe mencionar o incre-mento nas operações de comércio entre empre-sas brasileiras e polonesas, notadamente sob aforma de "pacotes" de compra e venda entre con-sórcios de tradings. A expansão e a diversifi-cação das relações económicas entre os dois paí-ses permitiram também o estabelecimento decooperação conjunta em terceiros mercados, comoé o caso da colaboração da Kopex com a Sider-brás para o estudo das minas de carvão da Co-lômbia.

Por ocasião da visita à Polónia do Ministro daIndústria e Comércio do Brasil, em 1978, foramabertas novas vias para a expansão contínua dointercâmbio bilateral, por meio do acordo inter-bancário destinado ao financiamento das impor-tações polonesas de produtos brasileiros, o qualacaba de ser renovado. Nos mais variados seto-res económicos, verificam-se novas formas deinteresse recíproco como se verificou, nos últimosanos, pela criação de empresas em regime deassociação. Nos setores naval e de equipamentoferroviário, em colaboração com a indústria na-cional, a Polónia tem-se apresentado como ativoparceiro do Brasil.

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Os documentos agora assinados destinam-se aincrementar o nosso já dinâmico comércio bilate-ral. O acordo de crédito entre o Banco Central doBrasil e o Handlowy Bank de Varsóvia assegura ofornecimento de diversos produtos brasileiros deexportação, dos quais a Polónia é tradicionalcomprador.

C acordo entre a Siderbrás e a Weglokokspor sua vez, permitirá a continuidade dos supri-mentos de carvão siderúrgico ao Brasil, no qua-dro dos fornecimentos recíprocos de carvão e mi-nério de ferro que representam parte importanteda pauta comercial bilateral.

Em diversos outros campos, aprofunda-se a coo-peração mútua, estando abertas possibilidadespromissoras no setor naval — tanto com o forne-cimento de navios por cada parte à outra, quantoatravés da colaboração entre estaleiros dos doispaíses — e na indústria de mineração, notada-mente a carbonífera.

Senhor Ministro,

Ao finalizar, desejo congratular-me com o êxitode sua visita ao Brasil, e manifestar a esperançade que os contatos mantidos por Vossa Excelên-cia estimulem a contínua expansão e diversifica-ção do nosso relacionamento económico.

os entendimentos deierzy olszewski em brasília

Nota do Itamaraty à imprensa, divulgada em 28 dejunho de 1979, a propósito dos entendimentos

mantidos em Brasilia pelo Ministro do Comércio Exteriore Navegação da Polónia, Jerzy Olszewski.

Com a assinatura de atos no Palácio Itamaraty,encerrou-se hoje a visita oficial ao Brasil do Mi-nistro do Comércio Exterior e Navegação da Poló-nia, Sr. Jerzy Olszewski.

Durante sua es-tada em Brasília, iniciada no dia25 último, o Ministro Olszewski foi recebido emaudiência pelo Presidente da República, JoãoFigueiredo, e entrevistou-se com os Ministros dasRelações Exteriores, das Minas e Energia, da Fa-zenda, da Indústria e do Comércio, da Agricultu-ra e dos Transportes, e com o presidente do Ban-co Central.

Nos encontros foram examinados diferentes assun-tos de interesse mútuo no campo econômico-comercial, com vistas a incrementar os níveis dointercâmbio bilateral. Os entendimentos mantidospermitiram identificar setores para cooperaçãoentre os dois países, notadamente no terreno damineração de carvão e na indústria de construçãonaval.

Os dois instrumentos assinados por ocasião davisita do Ministro do Comércio e Navegação daPolónia são:

1. Um Acordo entre o Banco Central e o BankHandlowy pelo qual se estabelece um meca-nismo para promover exportações brasileirasde Drodutos manufaturados primários.

2. Protocolo de intenção que sintetiza os enten-dimentos mantidos pela Delegação polonesa,entre os quais podem ser ressaltados: a)cooperação no setor de mineração (entendi-mentos com a Siderbrás para fixação de pre-ços e eventual colaboração no Brasil e emterceiros países); b) cooperação no setor deconstrução naval (entendimentos com esta-leiros privados); c) entendimentos prelimina-res para o estabelecimento de representaçãodo Bank Handlowy no Brasil; c) cooperaçãoem terceiros países.

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relações diplomáticas

entrega de credenciais S. A. H. Ahsani, do Paquistão, em 15 de maiode 1979.

De Embaixador estrangeiro:

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os acordos entre o brasile a república federal da alemanha

Acordo sobre Transporte Marítimo eseu Protocolo Complementar e Protocolossobre Cooperação Financeira entre o Brasile a República Federal da Alemanha,assinados no Palácio do Planalto, emBrasília, em 04 de abril de 1979,pelo Ministro de Estado das RelaçõesExteriores, Ramiro Saraiva Guerreiro, epelo Secretário-Geral do Ministériodos Negócios Estrangeiros da RFA,Peter Hermes.

ACORDO SOBRE TRANSPORTE MARÍTIMO

A República Federa! da Alemanha,eA República Federativa do Brasil,

Desejando assegurar o desenvolvimento harmoniosodo intercâmbio marítimo entre a República Federativado Brasil e a República Federal da Alemanha, fun-dado na reciprocidade de interesses e na liberdade doseu comércio exterior,-

Reconhecendo que o intercâmbio bilateral de produ-tos deve ser acompanhado de um intercâmbio eficazde serviços;

Reconhecendo a necessidade de assegurar a eficiênciae regularidade dos transportes marítimos com tarifasde frete economicamente viáveis;

Convêm no que se segue:

artigo I

Para os efeitos do presente Acordo:

1. Entende-se pela expressão "navio da Parte Con-tratante" qualquer navio de bandeira dessa Parte, emconformidade com a sua legislação. Entretanto, essaexpressão não abrange:

a) navios de guerra,-

b) outros navios armados por uma tripulação per-tencente à Marinha das Forças Armadas Na-cionais;

c) navios de pesquisas executando as atividadescorrespondentes; e

d) barcos de pesca.

2. A expressão "membro da tripulação do navio"refere-se ao capitão e a uma pessoa, que esteja in-cumbida de funções ou serviços de bordo durante umaviagem, munida de um documento de identidade refe-rido no artigo VII e cujo nome esteja incluído no rolde equipagem do navio.

artigo II

1. Os navios de cada Parte Contratante têm o direi-to de trafegar entre os portos de ambas as PartesContratantes, abertos ao comércio internacional, e detransportar passageiros e mercadorias entre ambas asPartes Contratantes, ou entre uma delas e terceirospaíses, respeitados os acordos concluídos com essesterceiros países.

2. Navios que portem a bandeira de terceiros paí-ses e sejam afretados por empresas de navegação ma-rítima de uma das Partes Contratantes também po-derão participar dos transportes referidos, gozando

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das mesmas regalias como se portassem a bandeirade uma das Partes Contratantes.

artigo III

1. As Partes Contratantes prestarão toda assistên-cia possível ao desenvolvimento da navegação mer-cante entre seus países e se absterão de qualqueração que possa causar prejuízo ao desenvolvimentonormal da livre navegação mercante internacional e àparticipação das empresas de navegação marítima dasPartes Contrantantes no transporte marítimo entreambos os países, bem como entre estes e terceirospaíses.

2. As Partes Contratantes concordam, em particular,no que se segue:

a) promover a participação, com igualdade dedireitos e vantagens recíprocas, dos navios dasempresas de navegação marítima das PartesContratantes e dos navios referidos no item2 do Artigo II, no transporte da carga resul-tante do intercâmbio comercial entre ambos ospaíses,- e

b) promover a cooperação efetiva entre as auto-ridades responsáveis pela Marinha Mercantede ambos os países e entre as respectivas em-presas de navegação marítima, com a finalidadede atingir a melhor implementação possíveldo presente Acordo.

artigo IV

1. Cada Parte Contratante concederá aos navios daoutra Parte Contratante, em seus portos e águas ter-ritoriais, na base de reciprocidade, o mesmo trata-mento que concede a seus próprios navios emprega-dos em transportes internacionais no tocante ao aces-so aos portos e sua utilização, à distribuição de lugarno cais, ao embarque e desembarque de mercadoriase passageiros, ao pagamento de taxas, taxas portuá-rias e outros.

2. As disposições contidas no item 1 do presenteArtigo não se aplicarão:

a) ao comércio marítimo de cabotagem, aos ser-viços da solvatage, reboque e outros servi-ços portuários que, de acordo com a legislaçãode cada país, sejam reservados às suas pró-prias empresas, companhias e cidadãos;

b) aos regulamentos de praticagem obrigatóriapara navios estrangeiros; e

c) aos regulamentos referentes à admissão e es-tada de cidadãos estrangeiros.

artigo V

As Partes Contratantes tomarão, nos limites de sualegislação e regulamentação portuários, todas as me-didas necessárias para facilitar e incrementar ostransportes marítimos, para impedir demoras desne-cessárias dos navios e para acelerar e simplificar, tan-

to quanto possível, o atendimento de formalidadesalfandegárias e outras em vigor nos portos.

artigo VI

1. Os documentos sobre a nacionalidade dos navios,os certificados de arqueação, e outros documentos debordo expedidos ou reconhecidos por uma das PartesContratantes, serão também reconhecidos pela outraParte.

2. Os navios de cada Parte Contratante, providosde certificado de arqueação devidamente emitido, se-rão dispensados de nova modificação nos portos daoutra Parte. Esses documentos servirão de base para0 cálculo de todas as taxas portuárias.

artigo VII

Cada Parte Contratante aceitará e reconhecerá os do-cumentos de identidade do capitão e dos membros datripulação dos navios, emitidos pelas autoridades daoutra Parte Contratante. Tais documentos são, no queconcerne à República Federativa do Brasil, a Cader-neta de Inscrição e Registro, emitida pelas Capitaniasdos Portos — Diretorias de Portos e Costas (DPC) —Ministério da Marinha do Brasil e, no que concerneà República Federal da Alsmanha, para o capitão, opassaporte, e para os membros da tripulação, oSeefahrtsbuch, expedido por um Serviço Estadualde Recrutamento de Marinheiros ("Seemannsamt").

artigo VIII

1 . As pessoas detentoras dos documentos de iden-tidade referidos no Artigo VII que figurem no rol deequipagem e na relação apresentada às autoridadesdo porto, poderão descer à terra e movimentar-selivremente no porto, onde o navio permaneça, e nacomunidade à qual pertença o porto, em conformida-de com a legislação e os regulamentos pertinentes emvigor no respectivo país. O mesmo valerá, quando umtripulante deixar seu navio para embarcar como mem-bro da tripulação num outro navio da mesma ban-deira.

2. As autoridades competentes da respectiva ParteContratante permitirão a um membro da tripulaçãoque, no território de uma das Partes Contratantes, pormotivo de doença, tenha sido internado em um hos-pital, a permanência pelo prazo necessário à recupe-ração da saúde.

artigo IX

As Partes Contratantes se reservam o direito de inter-ditar a entrada em seu território, às pessoas possui-doras de documentos de identidade marítima, confor-me mencionado no Artigo VII, que sejam julgadas inde-sejáveis.

artigo X

Cada Parte Contratante concederá às empresas de na-vegação marítima da outra Parte Contratante o direi-to de aplicar, no seu território, os rendimentos oriun-

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dos de serviços de navegação marítima, em paga-mentos relacionados com a navegação marítima, oude transferi-los ao exterior.

artigo XI

Os navios e os membros da tripulação de uma dasPartes Contratantes deverão, durante sua permanên-cia em águas territoriais, interiores e portos da outraParte Contratante, observar sua legislação e seus re-gulamentos pertinentes.

artigo XII

1. Se um navio de uma das Partes Contratantes nau-fragar, encalhar ou sofrer qualquer avaria na costada outra Parte Contratante, ou se encontrar em pe-rigo nas águas territoriais da outra Parte Contratantedevido a outros fatores, as autoridades competentesda outra Parte Contratante concordam em concederao Capitão, aos membros da tripulação, aos passa-geiros, assim como ao navio e seu carregamento, amesma proteção e assistência que seja dispensada aum navio portando sua própria bandeira.

2. Quando um navio tiver sofrido acidente ou ava-ria, as Partes Contratantes concordam em não sujeitá-lo à cobrança de direitos aduaneiros que incidem so-bre a importação, impostos ou outros gravames dequalquer natureza, sobre a carga, equipamentos, ma-teriais, provisões e outros pertences do navio, desdeque não sejam destinados ao uso ou consumo no ter-ritório da outra Parte Contratante.

3. Nenhuma das disposições contidas no item 2 des-te Artigo exclui a aplicação das leis e regulamentosdas Partes Contratantes com relação ao armazena-mento temporário de mercadorias.

artigo XIII

1. Para alcançar os objetivos mencionados no Arti-go III, item 2, letra b, e para facilitar a aplicaçãodeste Acordo, as Partes Contratantes realizarão consul-tas. As consultas poderão também servir para anali-sar a aplicação deste Acordo e torná-la mais eficazou para examinar questões de mútuo interesse, comoo aproveitamento de navios das Partes Contratantese as respectivas condições de transporte.

2. Cada uma das Partes Contrantantes poderá pro-por consultas entre as Autoridades Marítimas com-petentes; essas consultas deverão ser iniciadas den-tro do prazo de 90 dias, a contar da data da noti-ficação da proposta.

3. As Partes Contratantes convêm em solucionar asquestões, objeto das consultas, segundo o princípiode igualdade de direitos e da vantagem recíproca.

4. Para os fins do presente Acordo, as AutoridadesMarítimas competentes são: no caso da RepúblicaFederativa do Brasil, a Superintendência Nacional daMarinha Mercante — SUNAMAM; no caso da Repú-blica Federal da Alemanha, o Ministro Federal dosTransportes.

artigo XIV

1. Este Acordo não afeta outros acordos internacio-nais concluídos pelas Partes Contratantes.

2. Com a entrada em vigor deste Acordo, deixaráde vigorar o Protocolo sobre Transporte Marítimo,concluído entre o Governo da República Federativa doBrasil e o Governo da República Federal da Alemanhaem 30 de novembro de 1963.

artigo XV

0 presente Acordo aplicar-se-á também ao "Land"Berlim, desde que o Governo da República Federal daAlemanha não apresente ao Governo da RepúblicaFederativa do Brasil declaração em contrário, dentrodos três meses após a entrada em vigor do presenteAcordo.

artigo XVI

1. O presente Acordo será ratificado e os instru-mentos de ratificação serão trocados tão logo sejapossível.

2. 0 presente Acordo entrará em vigor um mêsapós a troca dos instrumentos de ratificação.3. O presente Acordo permanecerá em vigor até queuma das Partes Contratantes o denuncie, mediante no-tificação prévia de seis meses.

Feito em Brasília, aos 4 dias do mês de abril de 1979,em dois exemplares, cada um nos idiomas portuguêse alemão, sendo ambos os textos igualmente válidos.

PROTOCOLO ADICIONAL AO ACORDOSOBRE TRANSPORTE MARÍTIMO

No interesse de facilitar e incrementar os transpor-tes marítimos das mercadorias resultantes do inter-câmbio comercial entre os dois países, nos navios dasempresas de navegação marítima das duas PartesContratantes, bem como para oferecer serviços delinhas regulares e efetivas com a finalidade de aten-der a todas as necessidades do transporte no inter-câmbio comercial teuto-brasileiro, as Partes Contra-tantes, por ocasião da assinatura do Acordo sobreTransporte Marítimo entre a República Federativa doBrasil e a República Federal da Alemanha, acordam oseguinte:

I — Para execução do artigo III do Acordo

1. Carga governamental: será transportada pelas em-presas de navegação marítima das duas Partes, comserviço de linha regular, mediante participação comigualdade de direitos no tocante à tonelagem e àsreceitas de fretes.

No momento da assinatura do presente Protocolo, fazemparte das cargas governamentais aquelas resultantesdos acordos entre os Governos da República Federati-va do Brasil e da República Federal da Alemanha so-

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bre cooperação financeira e sobre cooperação no cam-po dos usos pacíficos da energia nuclear.

Para o controle da participação com igualdade dedireitos, aplica-se o seguinte processo:

a) o Ministério dos Transportes da RepúblicaFederal da Alemanha informará ao Delegadoda SUNAMAM em Hamburgo quais os projetose os fornecimentos dos quais resultarem as car-gas governamentais acima referidas e cujotransporte deva ser realizado no decorrer dedeterminado prazo,-

b) com base nessas informações, o Delegado daSUNAMAM em Hamburgo elaborará, em coo-peração com o Ministério dos Transportes daRepública Federal da Alemanha, um plano quegaranta a participação com igualdade de direi-tos das empresas de navegação marítima dosdois países com serviço de linha regular, nostransportes das referidas cargas,- e

c) a participação com igualdade de direitos ba-seia-se nos fretes gerados desses transportesdevendo, na medida do possível, o volume decarga estar equilibrado.

2. As cargas incluídas nas Conferências de Fretesque servem ao tráfego entre as duas Partes, serãotransportadas em harmonia com as regras e as per-centagens dos "acordos de pool" hoje em vigor e apro-vados pelos Governos das Partes Contratantes, dosquais são signatárias as empresas brasileiras e alemãs.

Os Governos das Partes Contratantes aprovarão os fu-turos "acordos de pool" das referidas Conferências deFretes desde que estejam em concordância com as dis-posições legais de cada Parte Contratante. Caso ne-cessário, ambas as Partes Contratantes realizarão con-sultas conforme o Artigo XIII do Acordo.

3. As Partes Contratantes examinarão, nas consultasque forem efetuadas nos termos do Artigo XIII, osmeios para melhorar a participação das empresas denavegação marítima de ambas as Partes nos trans-portes a granel entre os dois países.

A primeira consulta para tratar do referido assuntodeverá ser realizada dentro de seis (6) meses após aentrada em vigor do Acordo sobre Transporte Maríti-mo entre a República Federativa do Brasil e a Repú-blica Federal da Alemanha.

4. 0 Governo da República Federal da Alemanha to-mará as medidas necessárias para anular a obrigato-riedade atualmente existente das autorizações, confor-me a legislação alemã do comércio externo, para con-clusão de contratos de transporte com as empresasbrasileiras de navegação marítima.

5. O Governo da República Federativa do Brasil con-cederá liberação para as empresas de navegação marí-tima alemãs participantes dos "acordos de pool", parao transporte de carga prescrita à bandeira brasileira,resultante do intercâmbio comercial entre a Repúbli-

ca Federativa do Brasil e a República Federal da Ale-manha, quando necessário ao cumprimento das dis-posições do presente Protocolo. Tomará medidas nosentido de que as liberações sejam concedidas semdemora.

0 Governo brasileiro concederá, para o transporte demercadorias resultantes do intercâmbio teuto-brasileiroe efetuado por empresas de navegação marítima daRepública Federal da Alemanha signatárias dos "acor-dos de pool" aprovados pelas Partes Contratantes, osmesmos benefícios fiscais estabelecidos para os trans-portes efetuados por empresas de navegação maríti-ma da República Federativa do Brasil, previstos noDecreto n.° 78.986, de 21-12-76, ou em outras dis-posições legais que o substituam para os mesmos fins.

II — Balanço de pagamento de fretes

Caso o balanço de pagamento de fretes entre os doispaíses, ao fim de dois períodos anuais consecutivos,apresente um desequilíbrio em favor de uma das Par-tes, as Partes Contratantes se reunirão, em conformi-dade com o Artigo XIII do Acordo sobre TransporteMarítimo entre a República Federativa do Brasil e aRepública Federal da Alemanha, com a finalidade deestabelecer medidas corretivas tendentes ao equilíbriono próximo período considerado, dentro das disposiçõeslegais de cada Parte Contratante.

III — Fixação de fretes

Quando dos estudos das alterações das tarifas de fre-tes das Conferências de Fretes que cobrem o tráfegoentre os dois países, serão levadas em consideraçãoas observações existentes das empresas de navegaçãomarítima e dos exportadores das duas Partes Contra-tantes. Caso necessário, consultas entre as PartesContratantes poderão ser realizadas em conformidadecom o Artigo XIII do Acordo.

IV — Dados estatísticos

Para um melhor acompanhamento do desenvolvimentodo transporte marítimo entre os dois países, bemcomo dos efeitos do Acordo e seu Protocolo Adicional,as Partes Contratantes intercambiarão anualmente osdados estatísticos necessários e disponíveis.

V — Convenção das Nações Unidas sobre um Códigode conduta para as conferências de fretes

Logo que entrar em vigor para ambas as Partes Con-tratantes a Convenção das Nações Unidas sobre umCódigo de Conduta para as Conferências de Fretes, asPartes Contratantes entrarão em negociações paraadaptar as disposições do item I do presente Proto-colo, ao referido Código de Conduta.

VI — Alterações e aplicação provisória e definitiva

As Partes Contratantes poderão, de comum acordo,alterar este Protocolo.

As disposições deste Protocolo serão aplicadas, pro-visoriamente, a partir de sua assinatura e, definitiva-

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mente, na data de entrada em vigor do Acordo sobreTransporte Marítimo, assinado nesta mesma data.

Se quinze (15) meses depois de sua assinatura, oAcordo sobre Transporte Marítimo ainda não houverentrado em vigor, a aplicação das disposições do pre-sente Protocolo será suspensa até que o Acordo en-tre em vigor.

Feito em Brasília, aos 4 dias do mês de abril de 1979,em dois exemplares, cada um nos idiomas portuguêse alemão, sondo ambos os textos igualmente válidos.

PROTOCOLO SOBRE COOPERAÇÃO FINANCEIRAPARA PROJETO DE IRRIGAÇÃO

0 Governo da República Federativa do BrasileO Governo da República Federal da Alemanha,

No espírito das relações amistosas existentes entre aRepública Federativa do Brasil e a República Federalda Alemanha,

No desejo de consolidar e intensificar tais relaçõesamistosas, através de uma cooperação financeiraigualitária,

Conscientes de que a manutenção destas relações cons-titui a base do presente Protocolo,

No intuito de promover o desenvolvimento económicoe social no Brasil,

Convierem no seguinte:

artigo I

1 . 0 Governo da República Federal da Alemanhapossibilitará ao Governo da República Federativa doBrasil ou a um outro mutuário, a ser designado con-juntamente por ambos os Governos, contratar um em-préstimo até o montante de vinte e seis milhões demarcos alemães junto ao Instituto de Crédito para aReconstrução, Frankfurt-sobre-o-Meno, para o projetode irrigação Curu-Paraipaba (fase II) no Ceará, se esseprojeto, depois de examinado, for considerado dignode promoção.

2. O projeto, mencionado no parágrafo 1, poderáser substituído por outros projetos, de comum acor-do entre o Governo da República Federativa do Brasile o Governo da República Federal da Alemanha.

artigo II

1 . A utilização desse empréstimo, bem como ascondições de sua concessão, serão estabelecidas peloscontratos a serem concluídos entre o mutuário e oInstituto de Crédito para a Reconstrução, contratosesses que estarão sujeitos às disposições legais vigen-tes na República Federal da Alemanha.

2. O Governo da República Federativa do Brasil,desde que não seja ele próprio o mutuário, garantiráao Instituto de Crédito para a Reconstrução todos ospagamentos em marcos alemães necessários ao cumpri-

mento dos compromissos do mutuário, decorrentes doscontratos a serem concluídos de acordo com o pará-grafo 1.

artigo III

O Governo da República Federativa do Brasil isentaráo Instituto de Crédito para a Reconstrução de todosos impostos e demais gravames fiscais a que possa es-tar sujeito na República Federativa do Brasil com re-lação à conclusão e execução dos contratos referidosno artigo I I .

artigo IV

Com relação ao transporte de passageiros e bens notráfego marítimo e aéreo, decorrente do presente Pro-tocolo, uma Parte Contratante não excluirá nem difi-cultará a participação, com igualdade de direitos, dasempresas de transporte regulares da outra Parte Con-tratante e concederá as autorizações necessárias paraa realização do referido transporte.

artigo V

Para os fornecimentos de bens e serviços, relativos aprojetos financiados pelo empréstimo, deverão serabertas concorrências públicas internacionais, salvoquando, em caso especial, estiver disposto diversa-mente.

artigo VI

0 Governo da República Federal da Alemanha atribuiespecial importância a que, nos fornecimentos de bense serviços resultantes da concessão do empréstimo,sejam de preferência utilizadas as possibilidades eco-nómicas do "Land" Berlim.

artigo VII

Com exceção das disposições do artigo IV, relativasao tráfego aéreo, o presente Protocolo aplicar-se-átambém ao "Land" Berlim, desde que o Governo daRepública Federal da Alemanha não apresente ao Go-verno da República Federativa do Brasil declaração emcontrário, dentro de três meses após a entrada emvigor do presente Protocolo.

artigo VIII

0 presente Protocolo entrará em vigor na data da suaassinatura.

Feito em Brasília, aos 4 dias do mês de abril de milnovecentos e setenta e nove, em dois originais, cadaum nos idiomas português e alemão, sendo ambos ostextos igualmente autênticos.

PROTOCOLO SOBRE COOPERAÇÃO FINANCEIRAPARA PROGRAMA DA CHESF

O Governo da República Federativa do Brasile0 Governo da República Federal da Alemanha,

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No espírito das relações amistosas existentes entre aRepública Federativa do Brasil e a República Federalda Alemanha,

No desejo de consolidar e intensificar tais relaçõesamistosas, através de uma cooperação financeira igua-litária.

Conscientes de que a manutenção destas relaçõesconstitui a base do presente Protocolo,

No intuito de promover o desenvolvimento económicoe social no Brasil,

Convieram no seguinte:

artigo I

1. O Governo da República Federal da Alemanha pos-sibilitará ao Governo da República Federativa do Bra-sil ou a um outro mutuário, a ser designado conjun-tamente por ambos os Governos, contratar um emprés-timo até o montante de vinte e quatro milhões demarcos alemães junto ao Instituto de Crédito para aReconstrução, Frankfurt-sobre-o-Meno, para o finan-ciamento das despesas de divisas, provenientes daaquisição de mercadorias e serviços destinados ao Pro-grama de Ampliação do Sistema Interligado de Ener-gia da Companhia Hidrelétrica do São Francisco noNordeste do Brasil, se esse Programa, depois de exa-minado, for considerado digno de promoção.

2. O Programa, mencionado no parágrafo 1, pode-rá ser substituído por outros projetos, de comum acor-do entre o Governo da República Federativa do Bra-sil e o Governo da República Federal da Alemanha.

3. O Governo da República Federal da Alemanha de-clara sua disposição de assumir, no quadro das dire-trizes internas vigentes e preenchidos as demais con-dições, garantias pela parcela do valor do pedido, nãofinanciada pelo empréstimo no âmbito da cooperaçãofinanceira, até o montante máximo de dezenove mi-lhões e duzentos mil marcos alemães para exportaçõescomerciais, acordadas por empresas com sede na par-te alemã da área de vigência do presente Protocoloe destinadas à implementação do Programa de Amplia-ção do Sistema Interligado de Energia no Nordeste doBrasil.

A par do empréstimo concedido no âmbito da coope-ração financeira para o financiamento do Programado Sistema Interligado de Energia no Nordeste doBrasil, as disposições dos artigos abaixo aplicar-se-ãotambém ao empréstimo previsto, desde que o Governobrasileiro venha a autorizá-lo e o Instituto de Créditopara a Reconstrução seja o mutuante.

artigo II

1. A utilização do empréstimo, a que se refere oartigo I, parágrafo 1, bem como as condições de suaconcessão, serão estabelecidas pelos contratos a seremconcluídos entre o mutuário e o Instituto de Créditopara a Reconstrução, contratos esses que estarão su-

jeitos às disposições legais vigentes na RepúblicaFederal da Alemanha.

2. O Governo da República Federativa do Brasil,desde que não seja ele próprio o mutuário, garantiráao Instituto de Crédito para a Reconstrução todos ospagamentos em marcos alemães necessários ao cumpri-mento dos compromissos do mutuário, decorrentesdos contratos a serem concluídos de acordo com oparágrafo 1.

artigo III

0 Governo da República Federativa do Brasil isentaráo Instituto de Crédito para a Reconstrução de todosos impostos e demais gravames fiscais a que possaestar sujeito na República Federativa do Brasil comrelação à conclusão e execução dos contratos referi-dos no artigo I I .

artigo IV

Com relação ao transporte de passageiros e bens notráfego marítimo e aéreo, decorrente do presente Pro-tocolo, uma Parte Contratante não excluirá nem difi-cultará a participação, com igualdade de direitos, dasempresas de transporte regulares da outra Parte Con-tratante e concederá as autorizações necessárias paraa realização do referido transporte.

artigo V

Para os fornecimentos de bens e serviços, relativos aprojetos financiados pelo empréstimo, deverão serabertas concorrências públicas internacionais, salvoquando, em caso especial, estiver disposto diversa-mente.

artigo VI

O Governo da República Federal da Alemanha atribuiespecial importância a que, nos fornecimentos de bense serviços resultantes da concessão do empréstimo,sejam de preferência utilizadas as possibilidades eco-nómicas do "Land" Berlim.

artigo VII

Com exceção das disposições do Artigo 4, relativasao tráfego aéreo, o presente Protocolo aplicar-se-átambém ao "Land" Berlim, desde que o Governo daRepública Federal da Alemanha não apresente ao Go-verno da República Federativa do Brasil declaraçãoem contrário, dentro de três meses após a entradaem vigor do presente Protocolo.

artigo VIII

O presente Protocolo entrará em vigor na data dasua assinatura.

Feito em Brasília, aos 4 dias do mês de abril de milnovecentos e setenta e nove, em dois originais, cadaum nos idiomas português e alemão, sendo ambos ostextos igualmente autênticos(*).

(*) Na seção Mensagens, página 132, o texto do telegrama do Chanceler Helmut Schmidt ao Presidente JoãoFigueiredo, enviado logo apãs o término de sua visita ao Brasil.

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sete ajustes complementares entreo brasil e a rfa

Troca de Notas entre o Ministrode Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e o Embaixadorda República Federal da Alemanha, JorgKastl, para os seguintes AjustesComplementares a Protocolos e Acordosentre os dois países: Ajuste ao Protocolosobre Cooperação Financeira de 26 milhõesde marcos alemães e Ajuste ao Protocolosobre Cooperação Financeira de 24milhões de marcos alemães, ambos datadosde 04 de abril de 1979; Ajuste sobreprojeto "Implantação das RegiõesMetropolitanas/CNPU", de 19 de abril de1979; Ajuste sobre Tecnologia de Alimentos,de 23 de abril de 1979; Ajuste sobreHidrologia Aplicada e Aproveitamento deRecursos Hídricos na Universidade Federalda Paraíba e Ajuste Complementar aoprojeto "Cooperação Científica com oInstituto Central de Química da UniversidadeFederal de Santa Maria" de 12 de junhode 1979; e Ajuste sobre a Promoção daEconomia de Pastos no Estado de SantaCatarina, de 20 de junho de 1979.

AJUSTE AO PROTOCOLO SOBRE COOPERAÇÃOFINANCEIRA DE 26 MILHÕES DE MARCOS ALEMÃES

A Sua Excelência o Senhor Jorg Kastl,Embaixador da República Federal da Alemanha.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar recebimento da Nota deVossa Excelência, de número 290, datada de hoje,cujo texto reproduzo a seguir:

"Senhor Ministro,

Com referência ao Protocolo sobre Cooperação Finan-ceira, no montante de vinte e seis milhões de marcosalemães, acordado hoje entre os nossos dois Governos,tenho a honra de propor a Vossa Excelência, em nomedo Governo da República Federal da Alemanha, emaditamento ao artigo IV (cláusula de transporte) doreferido Protocolo, o seguinte Ajuste:

1. As Cargas cobertas pelo Protocolo sobre Coope-ração Financeira acima referido, serão transportadaspelas empresas de navegação marítima das duas Par-tes, com serviço de linha regular, com participaçãocom igualdade de direitos no tocante à tonelagem eàs receitas de fretes.

Para o controle da participação com igualdade dedireitos aplica-se o seguinte processo:

a) o Ministério dos Transportes da República Fede-ral da Alemanha informará ao Delegado doSUNAMAM em Hamburgo quais os projetos e os

fornecimentos dos quais resultarem as cargasacima referidas;

b) com base nessas informações, o Delegado daSUNAMAM em Hamburgo elaborará, em coope-ração com o Ministério dos Transportes daRepública Federal da Alemanha, um plano quegaranta a participação, com igualdade dedireitos, das empresas de navegação marítimados dois países com serviço de linha regular,nos transportes das referidas cargas;

c) a participação com igualdade de direitos baseia-se nos fretes gerados desses transportes de-vendo, na medida do possível, o volume decarga estar equilibrado.

2. De resto aplicar-se-ão, também, ao presente Ajus-te as disposições do Protocolo acima referido, inclusi-ve a cláusula de Berlim (artigo VII).

Caso o Governo da República Federativa do Brasilconcorde com as propostas contidas nos itens 1 e 2,a presente Nota e a de resposta de Vossa Excelênciaem que se expresse a concordância de seu Governo,constituirão um Ajuste entre os nossos dois Governos,a entrar em vigor na data da Nota de resposta deVossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar os protestosde minha mais alta consideração".

2. Apraz-me informar Vossa Excelência da concor-dância do Governo brasileiro com a proposta contidana Nota em apreço, a qual, com a presente resposta,constitui um Ajuste entre os nossos dois Governos, aentrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce-lência os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exterioresda República Federativa do Brasil

AJUSTE AO PROTOCOLO SOBRE COOPERAÇÃOFINANCEIRA DE 24 MILHÕES DE MARCOS ALEMÃES

A Sua Excelência o Senhor Jorg Kastl,Embaixador da República Federal da Alemanha.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar recebimento da Nota deVossa Excelência, de número 291, datada de hoje, cujotexto reproduzo a seguir:

"Senhor Ministro,

Com referência ao Protocolo sobre Cooperação Finan-ceira, no montante de vinte e quatro milhões de mar-cos alemães, acordado hoje entre os nossos dois Go-vernos, tenho a honra de propor a Vossa Excelência,

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em nome do Governo da República Federal da Alema-nha, em aditamento ao artigo IV (cláusula de trans-porte) do referido Protocolo, o seguinte Ajuste:

1. As Cargas cobertas pelo Protocolo sobre Coope-ração Financeira acima referido, serão transportadaspelas empresas de navegação marítima das duas Par-tes, com serviço de linha regular, com participaçãocom igualdade de direitos no tocante à tonelagem eàs receitas de fretes.

Para o controle da participação com igualdade de direi-tos aplica-se o seguinte processo:

a) o Ministério dos Transportes da RepúblicaFederal da Alemanha informará ao Delegadoda SUNAMAM em Hamburgo quais os projetose os fornecimentos dos quais resultarem ascargas acima referidas,-

b) com base nessas informações, o Delegado daSUNAMAM em Hamburgo elaborará, em coope-ração com o Ministério dos Transportes daRepública Federal da Alemanha, um plano quegaranta a participação, com igualdade de direi-tos, das empresas de navegação marítima dosdois países com serviço de linha regular, nostransportes das referidas cargas;

c) a participação com igualdade de direitos baseia-se nos fretes gerados desses transportes de-vendo, na medida do possível, o volume decarga estar equilibrado.

2. De resto aplicar-se-ão, também, ao presente Ajus-te as disposições do Protocolo acima referido, inclu-sive a cláusula de Berlim (artigo VII).

Caso o Governo da República Federativa do Brasil con-corde com as propostas contidas nos itens 1 e 2, apresente Nota e a de resposta de Vossa Excelência emque se expresse a concordância de seu Governo, cons-tituirão um Ajuste entre os nossos dois Governos, aentrar em vigor na data da Nota de resposta de VossaExcelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar os protestosde minha mais alta consideração".

2. Apraz-me informar Vossa Excelência da concordân-cia do Governo brasileiro com a proposta contida naNota em apreço, a qual, com a presente resposta,constitui um Ajuste entre os nossos dois Governos, aentrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce-lência os protestos da minha mais alta consideração.

Rantiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exterioresda República Federativa do Brasil

AJUSTE SOBRE PROJETO "IMPLANTAÇÃO DASREGIÕES METROPOLITANAS/CNPU"

A Sua Excelência o Senhor Jorg Kastl,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário daRepública Federal da Alemanha.

"Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar o recebimento da Nota n.° EZ445/114/355/79, datada de hoje, cujo teor em por-tuguês é o seguinte:

"Senhor Ministro,

Com referência à Nota verbal DCOPT/DE-l/83/644 (B46)(F36), de 21 de abril de 1978, bem como ao Ajuste de14 de março de 1977, e em execução do Acordo Bási-co de Cooperação Técnica, de 30 de novembro de1963, concluído entre os nossos dois Governos, tenhoa honra de propor a Vossa Excelência em nome do Go-verno da República Federal da Alemanha, o seguinteAjuste sobre o projeto "Implantação das Regiões Me-tropolitanas/CNPU":

I. 1. 0 Governo da República Federal da Alemanhae o Governo da República Federativa do Brasil con-tinuarão a apoiar conjuntamente a Comissão Na-cional de Regiões Metropolitanas e Política Urba-na (CNPU) — doravante denominada CNPU — naexecução de suas atribuições, sobretudo:

a) na montagem de sistema de planejamento econtrole;

b) na elaboração de diretrizes para o planeja-mento e execução de programas de desen-volvimento metropolitano;

c) na conceituação e criação de instrumentosoperativos de ação a nível regional; e

d) no assessoramento das instituições federais,estaduais e municipais, responsáveis pelo de-senvolvimento urbano e regional, no que dizrespeito à implementação dos programas deação.

2. Em execução do programa de trabalho men-cionado notadamente no Parágrafo 1, alínea d,tarefas dos diversos campos de trabalho da CNPU— POLURB deverão agora ser transferidas para osseguintes subprojetos com o objetivo de testar ealterar na prática do planejamento as propostaselaboradas:

a) apoio do órgão "metropolitano" de planeja-mento "Fundação de Desenvolvimento da Re-gião Metropolitana do Recife" (FIDEM) nacriação de um sistema de informações parafins de planejamento metropolitano;

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b) apoio do órgão estadual de planejamento doEstado do Espírito Santo "Fundação Jonesdos Santos Neves" (FJSN) na solução de pro-blemas organizacionais e de planejamento naregião de crescente aglomeração em Vitória,- e

c) apoio do grupo de planejamento junto àadministração municipal de Florianópolis"Instituto de Planejamento de Florianópolis"(IPUF) na solução de tarefas de planejamentono Município de Florianópolis, bem como naárea circunvizinha.

I I . Contribuições do Governo da República Federalda Alemanha:

1. Para integração ao grupo de assessores ale-mães existente, enviará adicionalmente técnicospor um período total de até 210,5 homens/mês(incluídos serviços conexos na República Federalda Alemanha e férias), com vistas a atuar:

a) na regulamentação da organização e do pro-cedimento quanto à criação e implantação deuma política de regiões metropolitanas e de-senvolvimento urbano;

b) na criação de sistemas de informações parao planejamento e processamento gráfico dedados;

c) no planejamento do uso do solo e cadastra-mento de bens imóveis;

d) nos planos de desenvolvimento e de uso dosolo, bem como na coordenação do planeja-mento;

e) no planejamento urbanístico,-

f) no planejamento do uso do solo urbano/plann-diretor para a construção;

g) na política estrutural regional;

h) na administração do projeto,- e

i) a curto prazo, em setores específicos.

2. Proporcionará cursos de aperfeiçoamento nosetor do planejamento do desenvolvimento urba-no, fora do projeto, para até 15 técnicos brasi>leiros, que após o seu regresso atuarão no pro-jeto e darão prosseguimento, autonomamente, àstarefas dos técnicos enviados.

III. No Item 2, alínea b do Ajuste de 14 de mar-ço de 1977, o mencionado número "200" será supridoe substituído por "171,5".

IV. Contribuições do Governo da República Federati-va do Brasil:

1. Garantirá através da CNPU, mediante conclu-são de contratos de cooperação com a FIDEM emRecife, a FJSN em Vitória e o IPUF em Florianó-polis, a base financeira e de quadros dos subpro-jetos.

2. Arcará com as despesas:

a) da colaboração de técnicos brasileiros cuidan-do para que a cada perito alemão correspon-da sempre um técnico brasileiro, durante todoperíodo da sua atividade;

b) da disponibilidade, em número suficiente, dedesenhistas, intérpretes, tradutores, datilógra-fos bilíngues e auxiliares,-

c) da disponibilidade de salas de trabalho paraos peritos alemães e dos serviços correlatosnecessários para a realização dos trabalhos,custeando inclusive as publicações e a utili-zação de computadores e de fotografiasaéreas,-

d) do fornecimento e da manutenção de veículosde serviço e das viagens em território brasi-leiro, relacionadas com a execução do proje-to, incluindo passagens e diárias adequadas,tanto para os técnicos alemães quanto paraos técnicos brasileiros;

e) da organização de seminários,- e

f) do fornecimento de moradia adequada e con-venientemente mobiliada para os peritos ale-mães referidos no Item II, Parágrafo 1, alí-neas a — h, bem como do alojamento paraos peritos alemães referidos no Item II. Pará-grafo 1, alínea i, durante suas atividadesno Brasil.

V. 1. Os subprojetos são, quanto a questões orga-nizacionais, elementos integrantes do projeto"CNPU" (grupo POLURB).

2. Os técnicos enviados em conformidade como Item II, Parágrafo 1, aos subprojetos:

a) serão agregados à respectiva entidade localresponsável pelo projeto; e

b) formarão, juntamente com os técnicos brasi-leiros, grupos teuto-brasileiros regionais deassessores para a solução dos problemas emquestão.

3. Resultados e soluções básicas, decorrentes dasatividades no local, serão postos à disposiçãoda CNPU que, por sua vez, examinará a possibi-lidade de transferi-los e aplicá-los adequadamentea outras áreas de aglomeração no Brasil.

VI. 1. O Governo da República Federal da Alemanhaencarregará da execução de suas contribuições a"Deutsche Gesellschaft fur Technische Zusamme-narbeit (GTZ) GmbH" (Sociedade Alemã de Coope-ração Técnica), em 6236 Eschborn.

2. O Governo da República Federativa do Brasilencarregará da execução do projeto a CNPU.

3. Os órgãos encarregados nos termos dos pará-grafos 1 e 2 poderão estabelecer conjuntamen-te os pormenores da execução do projeto num

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plano operacional ou de outra maneira adequada, e,em caso necessário, adaptá-los ao andamento do pro-jeto.

VII. De resto, aplicar-se-ão também ao presente Ajus-te as disposições do acima referido Ajuste, de 14 demarço de 1977, e do Acordo Básico, de 30 de novem-bro de 1963, inclusive a cláusula de Berlim (artigo X).

Caso o Governo da República Federativa do Brasil con-corde com as propostas contidas nos Itens I a VII,esta Nota e a de resposta de Vossa Excelência, emque se expresse a concordância de seu Governo, cons-tituirão um Ajuste entre os nossos dois Governos, aentrar em vigor na data da Nota de resposta de VossaExcelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar a Vossa Exce-lência os protestos da minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que oGoverno brasileiro concorda com os termos da Notaacima transcrita, a qual, juntamente com a presente,passa a constituir um Ajuste entre os nossos dois Go-vernos, a entrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce-lência os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exterioresda República Federativa do Brasil

AJUSTE SOBRE TECNOLOGIA DE AUMENTOS

A Sua Excelência o Senhor Jorg Kastl,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário daRepública Federal da Alemanha.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar recebimento da Nota n.°EZ 445/109/356/79, datada de hoje, cujo teor em por-tuguês é o seguinte:

"Senhor Ministro,

Com referência à Nota verbal DCOPT/DE-l/167/644(B46) CF36), de 29 de julho de 1978, e, ao Ajuste de6 de maio de 1976, bem como ao Acordo Básico deCooperação Técnica, de 30 de novembro de 1963, exis-tente entre os nossos dois Governos, tenho a honrade propor a Vossa Excelência, em nome do Governoda República Federal da Alemanha, o seguinte Ajustesobre Tecnologia de Alimentos:

I. 1. O Governo da República Federal da Alemanhae o Governo da República Federativa do Brasildarão prosseguimento à promoção conjunta deum projeto de cooperação científica, orientadopara problemas de ordem prática, entre a "Bun-desforschungsanstalt fiir Ernahrung" (InstitutoFederal de Pesquisa de Alimentos), em Karlsruhe,

e o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL),em Campinas, até 30 de junho de 1982.

2. A cooperação tem por objetivo estudar problemasda produção, da armazenagem, da conservação, datransformação e do transporte de produtos alimentí-cios e elaborar propostas para sua solução, a que de-vsrão ter acesso os firmas e organizações partici-pantes.

I I . Contribuições do Governo da República Federal daAlemanha:

1. a) enviará até 12 cientistas alemães, por umperíodo de até 16 homens/mês, ao Institu-to de Tecnologia de Alimentos, em confor-midade com um cronograma a ser acordadocom este,-

b) custeará as despesas de viagem e estadada duas viagens de informação técnica àRepública Federal da Alemanha, de 14 diasrespectivamente, para, de cada vez, doisperitos brasileiros vinculados ao projeto,- e

c) fornecerá (CIF porto de desembarque noBrasil) aparelhos para ensaios técnicos,equipamentos de laboratório, bem comosubstâncias químicas e peças de reposição,necessários para o desempenho das ativi-dades do projeto e não produzidos no Bra-sil. Este equipamento será definido de co-mum acordo entre o ITAL e os peritos ale-mães até o montante de DM 90.000, (no-venta mil marcos alemães) CIF.

2. Facultará estágios de aperfeiçoamento nocampo da tecnologia de alimentos para até8 técnicos brasileiros, por um prazo totalde até 12 homens/mês, na RepúblicaFederal da Alemanha, custeando as despe-sas de viagem e estada.

III. Contribuições do Governo da República Federa-tiva do Brasil:

a) Isentará o equipamento mencionado no Item II,Parágrafo 1.°, alínea c de taxas portuárias,alfandegárias e de importação e dos demaisgravames e direitos fiscais;

b) providenciará o pronto desembaraço alfandegá-rio e o transporte do equipamento do portode desembarque ao local de destino, arcandocom as despesas daí decorrentes,- e

c) fornecerá, através do ITAL, os equipamentosde fabricação brasileira necessários para asatividades do projeto. Tais equipamentos serãodiscriminados pelo ITAL e pelos peritos ale-mães, sendo de responsabilidade do ITAL ocusto de sua aquisição.

IV. 0 equipamento mencionado no Item II, Pará-grafo 1.°, alínea c passará, quando de sua chegadaao porto de desembarque no Brasil, ao património da

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República Federativa do Brasil, que, por sua vez otransferirá ao ITAL, sob a condição de ser colocadoà inteira disposição dos peritos alemães, pelo prazode suas atividades no projeto.

V. 1. O Governo da República Federal da Alemanhaencarregará da execução de suas contribuições a"Deutsche Gesellschaft fiir Technische Zusammener-beit (GTZ) GmbH" (Sociedade Alemã de Cooperação

Técnica Ltda.), em 6236 Eschborn, e a "Bundes-forschugsanstalt fiir Ernehrung" (Instituto Federalde Pesquisa de Alimentos), em Karlsruhe.

2. O Governo da República Federativa do Brasilencarregará da implementação do projeto o Insti-tuto de Tecnologia de Alimentos (ITAL).

3. Os órgãos encarregados nos termos dos Pará-grafos Io e 2° fixarão conjuntamente os pormeno-res da implementação do projeto num plano opera-cional ou de outra maneira adequada, adaptando-os, caso necessário, ao andamento do projeto.

VI . De resto aplicar-se-ão também ao presente Ajus-te as disposições do acima referido Acordo Básico, de30 de novembro de 1963, inclusive a cláusula de Ber-lim (Artigo 10).

Caso o Governo da República Federativa do Brasilconcorde com as propostas contidas nos Itens I a VI,esta Nota e a de resposta de Vossa Excelência, emque se expresse a concordância de seu Governo, cons-tituirão um Ajuste entre os nossos dois Governos, aentrar em vigor na data da Nota de resposta deVossa Excelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar a Vossa Exce-lência os protestos da minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que oGoverno brasileiro concorda com os termos da Notaacima transcrita, a qual, juntamente com a presente,passa a constituir um Ajuste entre os nossos doisGovernos, a entrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce-lência os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exterioresda República Federativa do Brasil

AJUSTE SOBRE HIDROLOGIA APLICADAE APROVEITAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS

A Sua Excelência o Senhor Jorg Kastl,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário daRepública Federal da Alemanha.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar o recebimento da Notan.° EZ-445/130/537/79, datada de hoje, cujo teor emportuguês é o seguinte.-

"Senhor Ministro,

Com referência à Nota verbal DCOPT/83/644 (B46)(F36), de 19 de abril de 1977, do Ministério das Re-lações Exteriores, bem como ao Acordo Básico de Co-operação Técnica, de 30 de novembro de 1963, celebra-do entre os nossos dois Governos, tenho a honra depropor a Vossa Excelência, em nome do Governo daRepública Federal da Alemanha, o seguinte Ajuste so-bre Hidrologia Aplicada e Aproveitamento de RecursosHídricos na Universidade Federal da Paraíba, em Cam-pina Grande:

I. 1. 0 Governo da República Federal da Alemanhae o Governo da República Federativa do Brasilapoiarão conjuntamente o Centro de Ciências eTecnologia (CCT) da Universidade Federal da Paraíba(UFPb), em Campina Grande, na área da Hidrolo-gia Aplicada e do Aproveitamento de Recursos Hí-dricos, visando a consolidá-lo como centro de for-mação em pós-graduação e pesquisa.

2. Para colocar a cooperação numa ampla basetécnica, bem como criar contatos científicos efi-cazes a longo prazo, pretende-se estabelecer co-operação entre a UFPb e uma universidade alemã.

I I . Contribuições do Governo da República Federal• da Alemanha:

1. Enviará:

a) até dois pesquisadores alemães por umprazo total de 60 homens/mês, podendouma parte desse tempo ser transformada,caso necessário, em atuações a curtoprazo,-

b) um técnico ou um engenheiro pelo prazode até 24 homens/mês; e

c) até seis professores-visitantes alemães peloprazo total de até 12 homens/mês.

2. Fornecerá (CIF porto de desembarque) instru-mentos hidrométricos e um dispositivo para a vi-sualização de dados, bem como revistas e livrosespecializados para o Centro de Ciências e Tecnolo-gia da Universidade Federal da Paraíba.

3. Facultará até seis estágios de pesquisa a pes-quisadores brasileiros na República Federal da Ale-manha pelo prazo total de até 36 homens/mês.

4. Custeará bolsas de estudo de pós-graduadosbrasileiros para obtenção de doutoramento numauniversidade alemã pelo prazo total de até 120homens/mês.

II I . Contribuições do Governo da República Federati-va do Brasil.

1. Colocará à disposição do projeto:

a) o necessário pessoal científico e técnico,-

b) os recintos necessários, inclusive instala-ções com abastecimento adequado de ener-gia elétrica e água, equipamentos, bem

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como material de ensino e de pesquisa,desde que esses bens não sejam fornecidospelo Governo da República Federal da Ale-manha em conformidade com o Item II,Parágrafo 2.°;

c) os recursos necessários para o funciona-mento das instalações científicas e a ma-nutenção de seus equipamentos; e

d) os recursos necessários para as viagens deserviço indispensáveis dos pesquisadores edos técnicos alemães no Brasil, inclusivediárias adequadas.

2. Além disso, caberá ao Governo da RepúblicaFederativa do Brasil:

a) preencher os cargos, em regime de tempointegral, na Universidade Federal da Pa-raíba, necessários para a consecução doobjetivo do projeto, referido no Item I,Parágrafo 1.°,-

b) designar, com a devida antecedência, ostécnicos a serem enviados para estágio deaperfeiçoamento, pagando-lhes, durante omesmo, seus vencimentos na íntegra,-

c) isentar, de conformidade com o Artigo 4.°,Parágrafo 2.°, do Acordo Básico de Coope-ração Técnica, de 30 de novembro de1963, os equipamentos referidos no ItemII, Parágrafo 2.° do presente Ajuste, detaxas portuárias e alfandegárias, d'rei tosde importação e demais gravames fncais,-

d) providenciar o transporte dos equipamen-tos do porto de desembarque ao local dedestino, arcando com as despesas daí de-correntes;

e) cuidar da instalação, tecnicamente ade-quada, sob observação dos preceitos desegurança brasileiras, dos equipamentosfornecidos pelo Governo da RepúblicaFederal da Alemanha; e

f) tomar providências para que os pesquisa-dores e os técnicos alemães obtenham sedee voto nos grémios da Universidade Federalda Paraíba, responsáveis pelos programasde formação e ensino.

IV. Os equipamentos fornecidos conforme o item II,Parágrafo 2.°, passarão, quando da sua chegada noBrasil, ao património da Universidade Federal da Pa-raíba, em Campina Grande, sob a condição de que es-tejam ò inteira disposição dos peritos alemães peloprazo da cooperação.

V. Tarefas básicas dos peritos alemães:

I. Os pesquisadores enviados nos termos do ItemII, Parágrafo 1, alínea a representam o seu ramonas atividades de ensino e de pesquisa da Univer-sidade Federal da Paraíba e terão, além disso, asseguintes tarefas:

— ministrar cursos de pós-graduação nas áreas daHidrologia, do Aproveitamento de Recursos Hí-dricos e da Engenharia Hidráulico-Agrícola, dan-do ênfase aos setores de Hidrometria, HidrologiaComputável, Planejamento de Recursos Hídricose Irrigação'; e

— desenvolver trabalhos de pesquisa relevantes aoensino e supervisionar trabalhos de mestradosobre problemas da realidade hidrológica e dosrecursos hídricos do país.

2. O técnico enviado nos termos do Item II, Pará-grafo 1.°, alínea b terá, notadamente, as seguintestarefas:

— trabalhos práticos em Hidrologia Experimental;— seleção de dados;

— preparação de programas de cálculo; e

— avaliação e representação gráfica de resultadosde cálculo.

VI. O Governo da República Federal da Alemanhaencarregará da execução de suas contribuições a"Deutsche Gesellschaft fiir Technische Zusammenarbeit(GTZ) GmbH", (Sociedade Alemã de Cooperação Técni-ca), em 6236 Eschborn.

VII. De resto, aplicar-se-ão também ao presenteAjuste as disposições do acima referido Acordo Básico,de 30 de novembro de 1963, inclusive a cláusula deBerlim (Artigo 10).

Caso o Governo da República Federativa do Brasil con-corde com as propostas contidas nos Itens de I e VII,esta Nota e a de resposta de Vossa Excelência, emque se expresse a concordância de seu Governo, cons-tituirão um Ajuste entre os nossos dois Governos, aentrar em vigor na data da Nota de resposta de VossaExcelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar os protestosda minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que oGoverno brasileiro concorda com os termos da Notaacima transcrita, a qual, juntamente com a presente,passa a constituir um Ajuste entre os nossos dois Go-vernos, a entrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce-lência os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exterioresda República Federativa do Brasil

AJUSTE COMPLEMENTAR AO PROJETO"COOPERAÇÃO CIENTÍFICA COM O INSTITUTOCENTRAL DE QUÍMICA DA UNIVERSIDADEFEDERAL DE SANTA MARIA"

A Sua Excelência o Senhor Jorg Kastl,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário daRepública Federal da Alemanha.

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Senhor Embaixador,Tenho a honra de acusar o recebimento da Notan.° EZ-624.40/536/79, datada de hoje, cujo teor emportuguês é o seguinte:

"Senhor Ministro,

Com referência às negociações entre o Governo daRepública Federativa do Brasil e o Governo da Repú-blica Federal da Alemanha, realizadas de 9 a 12 deoutubro de 1978, e ao Ajuste de 18 de fevereiro de1977, bem como em execução do Acordo Básico deCooperação Técnica, de 30 de novembro de 1963, ce-lebrado entre os nossos dois Governos, tenho a honrade propor a Vossa Excelência, em nome do Governoda República Federal da Alemanha, o seguinte AjusteComplementar ao projeto "Cooperação Científica como Instituto Central de Química da Universidade Federalde Santa Maria":

1. 0 Governo da República Federal da Alemanha for-necerá (CIF porto de desembarque) material científicoadicional, instrumentos e material de consumo, nãofabricados no Brasil, destinados à ampliação do labo-ratório para a realização de estágios no âmbito docurso básico de Química e para apoio da pesquisacientífica no Instituto Central de Química da Univer-sidade Federal de Santa Maria, no valor total de atéDM 235.000 (duzentos e trinta e cinco mil marcosalemães).

I I . De resto, aplicar-se-ão também ao presente Ajus-te as disposições do Ajuste de 18 de fevereiro de 1977e as disposições do acima referido Acordo Básico, de30 de novembro de 1963, inclusive a cláusula de Ber-lim (Artigo 10).

Caso o Governo da República Federativa do Brasil con-corde com as propostas contidas nos Itens de I a II,esta Nota e a de resposta de Vossa Excelência, emque se expresse a concordância de seu Governo, cons-tituirão um Ajuste entre os nossos dois Governos, aentrar em vigor na data da Nota de resposta de VossaExcelência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar os protestosde minha mais alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de que oGoverno brasileiro concorda com os termos da Notaacima transcrita, a qual, juntamente com a presente,passa a constituir um Ajuste entre os nossos dois Go-vernos, a entrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce-lência os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exterioresda República Federativa do Brasil

AJUSTE SOBRE A PROMOÇÃO DA ECONOMIADE PASTOS NO ESTADO DE SANTA CATARINA

A Sua Excelência o Senhor Jorg Kastl,Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário daRepública Federal da Alemanha.

Senhor Embaixador,

Tenho a honra de acusar o recebimento da Notan.° EZ-445/32/538/79, datada de hoje, cujo teor emportuguês é o seguinte:

"Senhor Ministro,

Com referência à Nota verbal DCOPT/DE-l/189/662(B46), de 21 de agosto de 1978, e ao Ajuste de 25de julho de 1975, bem como em execução do AcordoBásico de Cooperação Técnica, de 30 de novembrode 1963, celebrado entre os nossos dois Governos, te-nho a honra de propor a Vossa Excelência, em nomedo Governo da República Federal da Alemanha, o se-guinte Ajuste sobre a Promoção da Economia de Pas-tos no Estado de Santa Catarina.-

1 . 1 . 0 Governo da República Federal da Alemanhae o Governo da República Federativa do Brasil da-rão prosseguimento à cooperação, iniciada no anode 1975, que visa à promoção da economia depastos no Estado de Santa Catarina, até 30 desetembro de 1980, sob a denominação de "adoçãode nova tecnologia para bovinocultura em SantaCatarina".

2. A Secretaria da Agricultura e Abastecimentodo Estado de Santa Catarina assumirá a responsa-bilidade pela execução do projeto e encarregaráa Empresa Catarinense de Pesquisa AgropecuáriaS.A. (EMPASC) da implementação do mesmo.

3. 0 Governo da República Federal da Alemanhaincumbirá da execução das medidas, mencionadasno Item II, abaixo, a "Deutsche Gesellschaft fiirTechnische Zusammenarbeit (GTZ) GmbH" (Socie-dade Alemã de Cooperação Técnica), em 6236Eschborn.

I I . Contribuições do Governo da República Federal daAlemanha:

1. Enviará ao Brasil:

a) os seguintes especialistas por um períodode até 24 homens/mês, respectivamente:

— um especialista em agrostologia;

— um especialista em fertilidade do soloe experimentação agrícola; e

b) peritos a curto prazo, se necessário, parao equacionamento de questões específicas,por um período total de até 10 homens/mês.

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2. Fornecerá (CIF, porto de desembarque) os se-guintes materiais, desde que não sejam os mesmosproduzidos no Brasil:

— máquinas e implementos agrícolas com peçasde reposição;

— equipamento e acessórios para laboratório, ma-terial de consumo e peças de reposição,-

— instrumentos, material auxiliar, bem como equi-pamentos de medição para a realização e ava-liação de ensaios, e peças de reposição,-

— sementes de forrageiras,-

— livros especializados;

— materiais de consumo e meios de produção emquantidade limitada para ensaios de campo.

As contribuições em material referidas serão equi-valentes a DM 500.000 (quinhentos mil marcosalemães).

3. Proporcionará cursos de aperfeiçoamento, forado projeto, para até 3 técnicos brasileiros nos se-tores da fertilidade do solo e da experimentação,economia de pastos tropical e subtropical e desistemas de produção, que, ao regressarem, atua-rão no projeto e darão prosseguimento às tarefasdos especialistas alemães enviados. A seleção dostécnicos a serem formados será realizada de co-mum acordo com os especialistas alemães.

III. 1. O equipamento referido no Item II, Parcgrafo2.°, quando da sua chegada ao porto de desembar-que no Brasil, ou quando da sua aquisição no Bra-sil, passará ao património da República Federativado Brasil, sob a condição de que seja aplicado nomencionado projeto e fique à inteira disposiçãodos especialistas alemães durante a execução domesmo.

2. 0 equipamento de laboratório referido, porém,só poderá ser fornecido após a montagem da re-ferida infra-estrutura na estação experimental deLages.

IV. Contribuições do Governo da República Federati-va do Brasil-.

1. Designará:

a) dois engenheiros diplomados para a exe-cução dos programas de experimentos naqualidade de contrapartida permanenteaos especialistas alemães enviados;

b) dois engenheiros agrónomos diplomadospara o planejamento, a instalação e arealização de sistemas de produção,-

c) um técnico de nível superior, com expe-riência profissional, para a direção dolaboratório de pesquisas para análises desubstâncias vegetais; e

d) o respectivo pessoal técnico e auxiliar,necessário para a execução das tarefas.

2. Colocará à disposição do projeto, áreas adequa-das e suficientes para a implantação do sistemade produção de gado de leite em Itajaí, bem comopara a instalação de experimentos com pastos edemonstrações em Lages, sobretudo, para o previs-to sistema de produção de gado de corte.

3. Colocará à disposição do projeto na estaçãoexperimental de Lages, em número suficiente, re-cintos adequados para a instalação dos aparelhose instrumentos a serem fornecidos pelo Governoda República Federal da Alemanha para um labo-ratório de pesquisas.

4. Concordará em reservar as possíveis receitas,provenientes do funcionamento do sistema de pro-dução, para investimento nesse sistema, não per-mitindo a sua aplicação em outras atividades.

5. Isentará, em conformidade com as disposiçõesdo Artigo 4.°, Parágrafo 2.°, do acima referido Acor-do Básico, o equipamento mencionado no Item II,Parágrafo 2.°, de taxas portuárias, alfandegárias,direitos de importação, bem como dos demais gra-vames e encargos fiscais.

6. Cuidará do transporte do equipamento do por-to de desembarque ao focal de destino, arcandocom as despesas daí decorrentes.

7. Encarregar-se-á da manutenção e do funcio-namento do equipamento referido no Item II, Pa-rágrafo 2.°, já fornecido durante a primeira fase doprojeto, arcando com as despesas daí decorrentes.

8. Proporcionará todos os outros equipamentosnecessários à execução do projeto, conquanto nãosejam fornecidos pelo Governo da República Federalda Alemanha, de acordo com o Item II do presen-te Ajuste. Nesses equipamentos, estão incluídos osveículos destinados aos especialistas alemães, des-de que sejam necessários à execução de suas ta-refas .

9. Prestará aos especialistas alemães o apoionecessário ao cumprimento de suas tarefas.

10. Providenciará salas e material de escritórioadequados e suficientes.

11. Custeará as despesas das viagens de serviçodos especialistas alemães no Brasil, pagando-lhes,além das despesas de transporte, uma diária ade-quada.

12. Concordará em que um especialista alemão,para executar os correntes trabalhos de pesquisae supervisionar o sistema de produção de gado deleite, tenha sede permanente de serviço em Itajaí.

13. Permitirá aos especialistas alemães a trans-missão de resultados das pesquisas e de dados doprojefo a um projeto supra-regional "Avaliação de

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Pesquisa e Computação de Dados Centrais", emBraunschweig, para seu aproveitamento no plane-jamento de novos projetos de pesquisa agropecuá-ria e na assessoria dos projetos em curso, noâmbito da cooperação técnica com outros países emvias de desenvolvimento.

14. Permitirá o, treinamento de um assistentealemão dentro do projeto.

V. 1. Os especialistas terão a incumbência de darprosseguimento aos trabalhos de pesquisa emcurso nas estações experimentais de Lages eItajaí, realizados no âmbito do planejamento daEmpresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária S.A.(EMPASC), e dos Centros Nacionais de pesquisa degado de leite e gado de corte da EMBRAPA, bemcomo de tomar as medidas necessárias em faceda extensão do projeto à implantação de sistemasde produção. Sua atuação deverá estender-se àsregiões mais importantes e representativas do Es-tado de Santa Catarina, isto é, ao Planalto Cata-rinense e ao Vale do Itajaí, incluindo nomeada-mente:

a) assessoramento da Secretaria da Agricultura eAbastecimento do Estado de Santa Catarinaem todas as questões de economia de pastose fertilidade do solo;

b) seleção das plantas forrageiras apropriadaspara as duas regiões, através de coleções deforrageiras e ensaios com espécies;

c) determinação de quantidades económicas decalcário e adubos minerais no cultivo de for-rageiras através de ensaios;

d) elaboração de métodos para a melhoria dospastos nativos e transferências dos resultadosa áreas maiores, incluindo gado de pasto nostrabalhos de experimentação e demonstração;

d) elaboração de métodos para a melhoria dospastos nativos e transferência dos resultadosa áreas maiores, incluindo gado de pasto nostrabalhos de experimentação e demonstração;

e) elaboração de métodos para o aproveitamentode campos não cultivados, para a produção deforragem adicional;

f) planejamento, implantação e funcionamento desistemas de produção de gado de leite emItajaí e posteriormente de gado de corte, in-cluindo ensaios de pastagem,-

g) assistência aos órgãos brasileiros no planeja-mento de um aumento de sementes de forra-geiras;

h) assistência e assessoramento na instalação deum laboratório para análises de substância ve-getal quanto ao valor nutritivo,-

i) orientação e aperfeiçoamento do pessoal téc-nico e auxiliar brasileiro no âmbito dos tra-balhos experimentais; e

j) intensificação da cooperação com a Associa-ção de Crédito e Assistência Rural do Estadode Santa Catarina — ACARESC, visando a trans-ferir com brevidade resultados de pesquisaaplicáveis na prática às empresas agrícolaspara o aperfeiçoamento das técnicas de pro-dução.

2. Os especialistas alemães enviados serão, den-tro das suas atividades descritas no Parágrafo 1.°,acima, responsáveis perante a Secretaria da Agri-cultura e Abastecimento do Estado de Santa Cata-rina e obedecerão às instruções técnicas desta.

VI. De resto, aplicar-se-ão também ao presente Ajus-te as disposições do acima referido Acordo Básico,de 30 de novembro de 1963, inclusive a cláusula deBerlim (Artigo 10).

Caso o Governo da República Federativa do Brasil con-corde com as propostas contidas nos itens I a VI, estaNota e a de resposta de Vossa Excelência, em quese expresse a concordância do seu Governo, constitui-rão um Ajuste entre os nossos dois Governos, a entrarem vigor na data da Nota de resposta de Vossa Exce-lência.

Permita-me, Senhor Ministro, apresentar os protestosda minha alta consideração".

2. Em resposta, informo Vossa Excelência de queo Governo brasileiro concorda com os termos da Notaacima transcrita, a qual, juntamente com a presente,passa a constituir um Ajuste entre os nossos dois Go-vernos a entrar em vigor na data de hoje.

Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce-Inêcia os protestos da minha mais alta consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exterioresda República Federativa do Brasil

o acordo de comércio e pagamentosbrasil-hungria

Acordo de Comércio e Pagamentos entreo Brasil e a República Popular da Hungria,assinado no Palácio Itamaraty deBrasília, em 30 de abril de 1979, peloMinistro de Estado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e peloVice-Ministro húngaro do Comércio ExteriorBela Szalai.

0 Governo da República Federativa do BrasileO Governo da República Popular da Hungria,

a seguir denominados "Partes Contratantes",

Tendo em vista que ambos os Países são membros doAcordo Geral sobre Tarifas Aduaneiras e Comércio —em harmonia com o qual se regerá o seu intercâmbiobilateral — e que reconhecem mutuamente seus direi-tos e obrigações derivados da respectiva participaçãono referido Acordo Geral,

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Animados pelo propósito de fortalecer e desenvolveras relações comerciais entre ambos os Países em basede igualdade e de interesse mútuo,

Havendo constatado que o Acordo de Comércio, Paga-mentos e Cooperação Económica, assinado em 15 demaio de 1961, não mais se ajusta à dinâmica atualdo intercâmbio comercial entre os dois Países, deci-diram revogá-lo e concluir um novo Acordo de Comér-cio e Pagamentos, nos seguintes termos:

artigo I

As Partes Contratantes, animadas pelo interesse dedesenvolver as relações económicas mútuas, esforçar-se-ão, por todos os meios a seu alcance, para oaumento do intercâmbio comercial entre os dois Países.

artigo II

Com relação a impostos de importação e a taxas dequalquer natureza, incidentes ou relativos à importa-ção ou à exportação ou impostos sobre transferênciasinternacionais para pagamentos de importação ou deexportação, e com respeito ao método de aplicaçãodesses impostos e gravames e com respeito a todas asregras e formalidades relacionadas com a importação ecom a exportação, qualquer vantagem, favor, privilégioou imunidade outorgado por uma das Partes Contra-tantes a qualquer produto originário ou destinado aterceiro país, será imediata e incondicionalmenteoutorgado ao produto semelhante originário ou des-tinado ao território da outra Parte Contratante.

artigo III

As disposições do presente Acordo não serão aplica-das às vantagens, isenções, facilidades e tratamentoque-.

a) cada Parte Contratante concedeu ou venha aconceder a países limítrofes, ou a fim de faci-litar o comércio fronteiriço,-

b) cada Parte Contratante concedeu ou venha aconceder aos demais membros da zona de livrecomércio ou união aduaneira, de que seja par-te integrante;

c) cada Parte Contratante concedeu ou venha aconceder em decorrência de ajustes comerciaismultilaterais entre países em desenvolvimentoe dos quais a República Popular da Hungrianão faça parte; e

d) a República Popular da Hungria concede, deacordo com o Artigo 3 (a) e Anexo "A" do Pro-tocolo de sua Adesão ao Acordo Geral sobreTarifas Aduaneiras e Comércio.

artigo IV

As mercadorias e serviços importados e exportados noquadro do presente Acordo serão objeto de contratos,os quais serão feitos com a observância das disposi-ções legais relativas à atividade do comércio exteriordas Partes Contratantes.

Parágrafo único — A execução dos contratos comer-ciais será da responsabilidade exclusiva dos respecti-vos contratantes, cabendo aos Governos a responsa-bilidade somente nos casos em que sejam partes inter-venientes.

artigo V

Respeitada a legislação da República Popular da Hun-gria, os cidadãos e pessoas jurídicas da RepúblicaFederativa do Brasil, que exercerem as atividadesmencionadas no Artigo IV do presente Acordo, gozarão,na Hungria, dos mesmos direitos que os cidadãos epessoas jurídicas de qualquer outro Estado, no quese refere ò proteção de sua pessoa e propriedade.

Respeitada a legislação da República Federativa doBrasil, os cidadãos e pessoas jurídicas da RepúblicaPopular da Hungria, que exercerem as atividades men-cionadas no Artigo IV do presente Acordo, gozarão,no Brasil, dos mesmos direitos que os cidadãos e pes-soas jurídicas de qualquer outro Estado, no que serefere à proteção de sua pessoa e propriedade.

artigo VI

As Partes Contratantes, pelos meios ao seu alcance esempre que possível, procurarão fazer com que ascorrentes recíprocas de exportação estejam constituí-das, progressivamente, de produtos manufaturados esemi-manufaturados de interesse para ambas as Partes,sem prejuízos da exportação de novos produtos pri-mários e daqueles que se tenham até agora consti-tuído em suas exportações tradicionais.

artigo VII

A fim de promover o intercâmbio de mercadorias en-tre ambos os Países, as Partes Contratantes procura-rão estimular a troca de informações comerciais, bemcomo a realização de feiras e exposições em seus res-pectivos territórios, e providenciarão, sempre que ne-cessário, visitas recíprocas de especialistas da áreaeconômico-comercial.

Com esse objetivo, serão concedidas, de parte a par-te, as facilidades previstas em suas respectivas legis-lações.

artigo VIII

As Partes Contratantes permitirão a importação e aexportação, livres de direitos aduaneiros ou gravames,consideradas as disposições específicas existentes noterritório da Parte Contratante respectiva, dos seguin-tes itens:

a) produtos e mercadorias sem valor comercial ematerial de publicidade comercial, destinadosa mostras;

b) produtos e materiais destinados a feiras e ex-posições permanentes ou temporárias, sob acondição de que tais produtos e materiais se-rão admitidos em caráter temporário; e

c) máquinas, ferramentas e materiais cujo ingres-so no território de uma das Partes Contratan-tes vier a ser admitido em caráter temporário

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e que constituam instrumentos necessários àprestação de serviços contratados, inclusivepara fins de montagem ou conserto, sob a con-dição prévia de que tais bens não serão ven-didos.

artigo IX

Os preços dos produtos e mercadorias objeto de inter-câmbio entre os dois Países se determinarão nos con-tratos respectivos, concluídos entre as pessoas físicas,jurídicas e organizações mencionadas no Artigo V dopresente Acordo, com base nas cotações internacio-nais de produtos e mercadorias de qualidade e carac-terística iguais ou comparáveis. Aos produtos e àsmercadorias, para os quais não se possa dar uma co-tação estabelecida no mercado mundial, deverão seraplicados preços competitivos internacionais paraoutros semelhantes, reconhecidos nos respectivos mer-cados.

artigo X

As mercadorias objeto do presente Acordo serão ori-ginárias das Partes Contratantes e destinadas exclu-sivamente ao consumo interno, ou à transformaçãopelas indústrias do país importador.

Em consequência, a reexportação e as mercadoriasoriginárias de terceiros países, adquiridas por umadas Partes Contratantes, não poderão ser consideradasno quadro do presente Acordo, salvo se uma das Par-tes Contratantes obtiver o prévio consentimento daoutra. Na falta de aprovação prévia do Banco Cen-tral do Brasil e do Banco do Comércio Exterior daHungria, o pagamento será exigível em moeda livre-mente conversível.

artigo XI

Os navios de cada Parte Contratante, bem como suascargas e tripulações gozarão, nos portos marítimos ounas águas marítimas interiores ou território da outraParte Contratante, do tratamento de nação mais fa-vorecida.

Estas disposições não serão aplicadas à cabotagemnacional, à pesca e ao reboque, e aos serviços dos pilo-tos nas águas territoriais de ambas as Partes Con-tratantes.

artigo XII

As Partes Contratantes se comprometem a considerarválidos todos os documentos emitidos ou aprovadospelas autoridades competentes da outra Parte Con-tratante.

O Banco Central do Brasil, que opera sob a autori-zação do Governo da República Federativa do Brasil,abrirá uma conta (daqui por diante denominada Con-ta), em dólares livres dos Estados Unidos da América,em nome do Banco do Comércio Exterior da Hungria,que opera sob a autorização do Governo da RepúblicaPopular da Hungria, necessária à execução dos-paga-mentos decorrentes das operações de comércio disci-plinadas pelo presente Acordo.

Parágrafo Primeiro — Nessa Conta serão registradosos recebimentos e os pagamentos relacionados com:

a) exportação e importação de mercadorias des-tinadas a consumo, a utilização e transforma-ção nos dois Países, conforme previsto noArtigo X do presente Acordo;

b) despesas comerciais e bancárias relativas a ex-portações e importações, tais como fretes demercadorias transportadas sob a bandeira deum dos dois Países, comissões, prémio de se-guro e resseguro, juros comerciais e bancáriose outras despesas referentes às transações,-

c) despesas com reparos de navios de bandeirade um dos dois Países das Partes Contratantes,realizados no Brasil ou na Hungria;

d) despesas com material de consumo de bordo,ressalvado que neste item não se incluirão osfornecimentos de combustíveis e lubrificantes, e

e) outras operações que, em cada caso, forempreviamente aprovados pelo Banco Central doBrasil e pelo Banco do Comércio Exterior daHungria.

Parágrafo Segundo — A Conta estará livre de comis-sões e despesas.

Parágrafo Terceiro — As transações reguladas pelopresente Acordo serão faturadas em dólares dos Esta-dos Unidos da América.

artigo XIII

A fim de facilitar o intercâmbio comercial entre osrespectivos Países, as Partes Contratantes concederão,de modo recíproco, um crédito técnico cujo limiteserá fixado por mútuo acordo entre o Banco Centraldo Brasil e o Banco do Comércio Exterior da Hungria.

Sobre o saldo dessa Conta computar-se-ão juros cal-culados e lançados mensalmente e, se for o caso, naocasião do encerramento da mesma. A fixação da taxade juros será objeto de entendimentos entre os doisBancos, nos termos do Artigo XIV do presente Acordo.

artigo XIV

Excedido o limite do crédito técnico rotativo recíproco,a Parte Contratante devedora esforçar-se-á por aumen-tar suas exportações, devendo a Parte Contratantecredora, por seu lado, adotar as providências adequa-das que estimulem a elevação de suas importações.

Parágrafo Primeiro — A fim de possibilitar o desen-volvimento do comércio, entretanto, os dois Bancospromoverão, a qualquer tempo, e por mútuo entendi-mento, operações que contribuam para a manutençãodo equilíbrio das Contas em nível adequado à finali-dade do presente Acordo, estejam ou não excedidos oslimites do crédito técnico previsto no Artigo XIII.

Parágrafo Segundo — As providências mencionadasneste Artigo não prejudicam a faculdade do Banco cre-

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dor de exigir do Banco devedor o pagamento, a qual-quer tempo, do referido excesso, em moeda de livreconversibilidade, indicada pelo credor, exigência essaque o Banco devedor se obriga a cumprir de imediato.

artigo XV

No limite de suas atribuições, o Banco Central doBrasil e o Banco do Comércio Exterior da Hungriafixarão, tão logo tenham ambas as Partes Contratan-tes mutuamente se notificado do cumprimento das for-malidades necessárias à vigência deste Acordo, asmedidas técnicas adequadas para sua execução.

artigo XVI

As transferências de rendas consulares não serão feitasatravés da Conta, mas, a pedido de qualquer das Par-tes Contratantes, serão autorizadas em moedas delivre conversibilidade, de acordo com os regulamentospertinentes.

artigo XVII

Ao entrar em vigor o presente Acordo, o saldo da Con-ta a que se refere o Acordo de Comércio, Pagamen-tos e Cooperação Económica, de 15 de maio de 1961,será transferido, na forma que for acordada, entreos dois Bancos para a Conta prevista no Artigo XIIdeste Acordo.

artigo XVIII

Expirado o presente Acordo, a Conta referida no Arti-go XII permanecerá aberta, a fim de nela serem lan-çados os valores dos pagamentos resultantes de ope-rações autorizadas pelas autoridades competentes deambos os países durante a vigência do Acordo e nãoliquidadas.

Parágrafo Primeiro — Serão também lançados na Con-ta os valores dos pagamentos resultantes de novastransações autorizadas com o objetivo de liquidar osaldo remanescente.

Parágrafo Segundo — Ao fim de cada período de 180dias, contados a partir da data em que expirar o pra-zo de validade do presente Acordo, o saldo remanes-cente na Conta, bem como os juros respectivos, serãoliquidados imediatamente pelo Banco devedor, a pedi-do do Banco credor e em moeda de livre conversibili-dade a ser acordada entre os dois Bancos.

artigo XIX

Os pagamentos decorrentes de contratos relativos aosfornecimentos de máquinas e equipamentos financia-dos a longo prazo, aprovados pelas autoridades com-petentes de ambos os Países, serão lançados na Con-ta referida no Artigo XII.

Parágrafo Único - Para os efeitos deste Artigo, com-preender-se-ão como de longo prazo as operações definanciamento cujo prazo de pagamento se estendapor mais de 360 dias, contados a partir da data doembarque da mercadoria.

artigo XX

As autoridades competentes das Partes Contratantesreservam-se o direito de exigir, quando necessário,certificado de origem para as mercadorias importa-das, emitido pelas autoridades competentes do paísexportador.

artigo XXI

A expiração do presente Acordo não prejudicará:

a) a validade das autorizações concedidas, du-rante sua vigência, pelas autoridades das duasPartes Contratantes,-

b) a validade dos contratos comerciais e financei-ros celebrados, e ainda não concretizados, du-rante sua vigência; e

c) a plena aplicação de todos os seus dispositivosaos supracitados contratos, e, em particular,do disposto nos Artigos XVIII e XIX desteInstrumento.

artigo XXII

Com o propósito de promover as relações comerciaisentre os dois Países e estimular a cooperação econó-mica e o intercâmbio comercial entre a RepúblicaFederativa do Brasil e a República Popular da Hungria,as Partes Contratantes concordam em estabelecer umaComissão Mista, constituída por representantes deambos os Países e que, a pedido de uma das Partes,se reunirá alternadamente nas respectivas capitaispelo menos a cada dois anos.

artigo XXIII

Fica revogado o Acordo de Comércio, Pagamentos eCooperação Económica assinado no dia 15 de maio de1961. A revogação não prejudicará a validade doscontratos comerciais e financeiros celebrados durantesua vigência.

artigo XXIV

0 presente Acordo será submetido à aprovação dasautoridades competentes de cada uma das Partes Con-tratantes, de conformidade com as respectivas dispo-sições legais.

As Partes Contratantes notificarão uma à outra ocumprimento das formalidades necessárias à vigênciado Acordo, o qual entrará em vigor a partir da datada troca dessas notificações, por um período de 2 anos,prorrogável automaticamente por períodos sucessivosde 1 ano, salvo denúncia, comunicada por via diplomá-tica, com antecedência mínima de 180 dias do térmi-no de qualquer período.

artigo XXV

Feito em Brasília, aos 30 dias do mês de abril de1979, em dois originais nas línguas portuguesa e hún-gara, sendo ambos igualmente autênticos.

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convénio sobre transportes marítimosbrasil-china

Convénio sobre Transportes Marítimosentre o Brasil e a República Popular daChina, assinado em Brasília, em 22de maio de 1979, pelo Ministro deEstado das Relações Exteriores,Ramiro Saraiva Guerreiro, e peloVice-Primeiro-Ministro chinês, Kang Shien.

0 Governo da República Federativa do Brasile0 Governo da República Popular da China,

Inspirados no desejo de desenvolver as relações amis-tosas existentes entre os dois países,

Com o objetivo de incrementar suas relações econó-micas e intensificar a cooperação no transporte marí-timo, com base nos princípios da igualdade e do bene-fício mútuo,

Convêm no que se segue:

artigo I

1. Os navios mercantes de bandeira da RepúblicaFederativa do Brasil e os navios mercantes de bandeirada República Popular da China poderão navegar entreos portos das Partes Contratantes que estejam aber-tos ao comércio exterior, bem como realizar os ser-viços de transporte marítimo de cargas e passageirosentre os dois países, de conformidade com as dispo-sições do presente Convénio.

2. Com o consentimento das autoridades competen-tes de ambas as Partes Contratantes, os navios mer-cantes de terceiras bandeiras afretados por empresasde transporte marítimo de cada uma das Partes Con-tratantes, durante o tempo de duração do contratode afretamento, poderão participar no transporte pre-visto no presente Convénio.

artigo II

Consideram-se, para efeito deste Convénio, os naviosMercantes mencionados no Artigo I, não estando in-cluídos:

a) navios de guerra,-

b) outros navios quando em serviço exclusivo dasforças armadas;

c) navios de pesquisa (hidrográficos, oceanográ-ficos e científicos); e

d) barcos de pesca.

artigo III

1. O transporte marítimo das mercadorias objetodo intercâmbio entre ambas as Partes Contratantes

se efetuará, preferencialmente, nos navios mercantesoperados por empresas de transporte marítimo dasPartes Contratantes.

2. Tal preferência se aplicará de modo que não re-sulte encarecimento nas tarifas de frete nem demorano transporte das cargas, com a finalidade de nãoafetar o intercâmbio comercial entre ambos os países.

artigo IV

1. Cada Parte Contratante concederá aos navios daoutra Parte Contratante, em seus portos e águas ter-ritoriais, o tratamento da nação mais favorecida, notocante ao acesso aos portos, à utilização dos portospara carga e descarga, ao embarque e desembarquede passageiros, ao pagamento de taxas, impostos por-tuários e outros, à utilização dos serviços relaciona-dos com a navegação e às operações comerciais ordi-nárias dela decorrentes, sem prejuízo dos direitos so-beranos de cada país de delimitar certas zonas porrazões de segurança nacional.

2. As disposições relativas ao item 1 do presenteArtigo não se aplicarão:

a) aos portos não abertos a navios estrangeiros,-

b) às atividades que, de acordo com a legislaçãode cada país, estejam reservadas às suas pró-prias empresas, companhias e a seus cidadãos,incluindo, em particular, o comércio marítimode cabotagem, "salvatage", reboque e outrosserviços portuários. Não se considerará cabo-tagem quando os navios mercantes da bandeirade uma Parte Contratante navegarem de umporto a outro porto da outra Parte Contratan-te para descarregar mercadorias ou desembar-car passageiros transportados pelos referidosnavios desde o exterior, ou para carregar mer-cadorias ou embarcar passageiros com destinoao exterior;

c) aos regulamentos de praticagem obrigatóriapara navios estrangeiros; e

d) aos regulamentos referentes à admissão e es-tada de cidadãos estrangeiros no território dasPartes Contratantes.

artigo V

1. A nacionalidade dos navios mercantes de bandei-ra de uma Parte Contratante será reconhecida pelaoutra Parte Contratante mediante a documentação quetenha sido devidamente emitida pelas autoridadescompetentes do país de sua bandeira e se encontre abordo do navio.

2. Cada Parte Contratante reconhecerá, da mesmaforma, todos os demais documentos do navio devida-mente emitidos pelas autoridades competentes daoutra Parte Contratante de conformidade com suasrespectivas leis e regulamentos.

3. Os navios de cada Parte Contratante, providos decertificado de arqueação devidamente expedido, serão

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dispensados de uma nova medição nos portos da outraParte.

artigo VI

1. Cada Parte Contratante aceitará os documentosdos membros da tripulação dos navios mercantes debandeira da outra Parte Contratante emitidos pelasautoridades competentes dessa Parte Contratante.

2. O documento emitido pela República Federativado Brasil será a "Caderneta de Inscrição e Registro" epela República Popular da China, "Caderneta de Ma-rítimo".

3. No caso de qualquer das Partes Contratantes emi-tir novos documentos para substituírem os menciona-dos no item anterior, comunicará à outra Parte Con-tratante através das respectivas autoridades.

artigo VII

1. Os membros da tripulação portadores do do-cumento de identidade do marítimo mencionado noArtigo VI estão autorizados a desembarcar nos portosda outra Parte Contratante e permanecer na cidadeonde o porto estiver situado, durante a estadia do na-vio no referido porto. O desembarque e a permanên-cia dos membros da tripulação na área urbana doporto da outra Parte Contratante e a volta a bordodo navio devem ser feitos de acordo com os regula-mentos válidos no respectivo país.

2. O portador do documento de identidade do marí-timo, mencionado no Artigo VI do presente Convénio,poderá, com visto das autoridades competentes daoutra Porte Contratante, como passageiro de qualquermeio de transporte, locomover-se no território da outraParte Contratante ou cruzá-lo em trânsito, para diri-gir-se para bordo de seu navio ou para trocar de na-vio, para voltar a seu país ou por qualquer outromotivo reconhecido como justificado pelas autoridadescompetentes da outra Parte Contratante. O menciona-do visto será expedido pelas autoridades competen-tes dentro de um prazo o mais breve possível, comvalidade determinada pelas referidas autoridades.

3. Se os membros da tripulação dos navios das Par-tes Contratantes precisarem receber assistência mé-dica no território da outra Parte Contratante, as auto-ridades competentes da outra Parte Contratante da-rão permissão para que permaneçam o tempo neces-sário no seu território.

4. As Partes Contratantes outorgarão ao comandan-te e aos demais membros da tripulação do navio mer-cante da outra Parte Contratante as facilidades ne-cessárias para que possam entrevistar-se com os re-presentantes diplomáticos e funcionários consulares deseu país.

artigo VIII

1. Se um navio de uma das Partes Contratantes nau-fragar, encalhar, der à praia ou sofrer qualquer outraavaria na costa da outra Parte Contratante, o navio,

o comandante, a tripulação, os passageiros e a cargagozarão, no território desta última Parte, do mesmosocorro, da mesma proteção e assistência que estaParte Contratante concede em situações semelhantesaos navios mercantes da nação mais favorecida. Ne-nhuma disposição do presente Artigo prejudicará qual-quer reclamação de "salvatage" com relação aqualquer ajuda ou assistência prestadas ao navio,seus passageiros, tripulação e carga.

2. A carga, o equipamento, materiais, provisões eoutros pertences salvos de navio que tenha sofridoacidente, não estarão sujeitos à cobrança de direitosaduaneiros, impostos ou outros gravames de qualquernatureza que incidam sobre as importações, desdeque não sejam destinados ao uso ou consumo no ter-ritório da outra Parte Contratante.

3. O naufrágio, encalhe ou avaria mencionados noitem 1 deste Artigo serão comunicados, o mais brevepossível, à outra Parte Contratante.

artigo IX

As Partes Contratantes tomarão; nos limites de sualegislação e regulamentos portuários, todas as me-didas necessárias para facilitar e incrementar os trans-portes marítimos, para impedir demoras desnecessá-rias dos navios e para acelerar e simplificar, tantoquanto possível, o atendimento de formalidades alfan-degárias e outras em vigor nos portos.

artigo X

As autoridades marítimas competentes deverão inter-cambiar as mais amplas informações destinadas aalcançar a maior eficiência do transporte marítimoentre as Partes Contratantes.

artigo XI

1. Observado o princípio da reciprocidade, cadaParte Contratante compromete-se a isentar as empre-sas de navegação marítima da outra Parte Contra-tante do pagamento de impostos de qualquer naturezaque incidam sobre as receitas auferidas no transportede passageiros e mercadorias efetuado pelos naviosmercantes operados pelas referidas empresas de na-vegação, inclusive os navios de terceiras bandeiraspor elas afretados.

2. Quanto à isenção do pagamento de impostos pre-vistos no item anterior, os navios de terceiras ban-deiras afretados por empresas de transporte marítimode uma das Partes Contratantes deverão portar osdocumentos correspondentes, expedidos pelas autori-dades marítimas competentes.

artigo XII

1. Para efeito do presente Convénio, entende-se porautoridade marítima competente, na República Federa-tiva do Brasil, a Superintendência Nacional da Mari-nha Mercante-SUNAMAM, do Ministério dos Transpor-tes, e na República Popular da China, o Ministériodos Transportes.

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2. Se, por alteração da legislação de alguma dasPartes Contratantes, for modificada a competência daautoridade marítima mencionada no item 1 deste Arti-go, a nova autoridade será comunicada à outra Par-te Contratante mediante nota diplomática.

artigo XIII

As Partes Contratantes se comprometem a facilitar,com base na reciprocidade, a fluente e rápida liqui-dação e transferência dos montantes resultantes dopagamento de frete às empresas de transporte marí-timo das Partes Contratantes, autorizadas a participardo tráfego abrangido por este Convénio, de acordocom as disposições que regulam os pagamentos recí-procos entre ambas as Partes, em moeda conversívelacordada entre elas.

artigo XIV

1. Ao finalizar o primeiro ano de vigência do pre-sente Convénio, as Partes Contratantes se reunirãopara trocar opiniões sobre sua aplicação.

2. A fim de promover a cooperação nos transpor-tes marítimos entre as duas Partes Contratantes e re-solver os eventuais problemas resultantes da aplica-ção do presente Convénio, as autoridades competentesdas duas Partes Contratantes indicarão seus represen-tantes para se reunirem em data e local mutuamenteacordados.

artigo XV

1. Este Convénio entrará em vigor trinta (30) diasapós a data da última notificação de uma das PartesContratantes, comunicando o cumprimento de suasformalidades legais internas.

2. Se uma Parte Contratante desejar denunciar opresente Convénio, deverá notificar, por escrito, àoutra Parte Contratante. O Convénio deixará de vigo-rar seis (6) meses após a data de tal notificação.

Feito em Brasília, aos 22 dias do mês de maio de1979, em dois exemplares, nas línguas portuguesa echinesa, sendo ambos os textos igualmente válidos.

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na despedida, embaixador japonêsrecebe a cruzeiro do sul

Do discurso do Chanceler Saraiva Guerreirono Palácio Itamorary de Brasília, em

19 de abril de 1979, por ocasião dasolenidade de condecoração, com a Ordem

do Cruzeiro do Sul, do Embaixador doJapão, Kenzo Yoshida, que deixou suas

funções no Brasil:

"Durante o tempo em que permaneceu entre nós.Vossa Excelência, além de impulsionar as relações ofi-fiais entre nossos Governos, incentivou, sobremaneira,os contatos entre homens de empresas e represen-tantes de entidades privadas de ambos os países. Noperíodo de sua gestão, foram numerosas as visitastrocadas entre Ministros de Estado, autoridades esta-duais e parlamentares do Brasil e do Japão e cons-tante o intercâmbio de empresários, banqueiros, cien-tistas e jornalistas.

Nesse contexto, desejo realçar, pelo seu significadopara as relações nipo-brasileiras, a visita que o Pre-sidente Ernesto Geisel realizou ao Japão, de 15 a 20de setembro de 1976. Realizada em retribuição às visi-tas ao Brasil dos Primeiros-Ministros Kakuei Tanaka,em 1974, e Takeo Fukuda, em 1975, esse evento repre-sentou mais um passo significativo nos progressivosesforços de aproximação entre os dois países e abriunova e auspiciosa etapa na cooperação bilateral. Coma visita presidencial, além da consolidação da parce-ria económica, refletida no aumento da participação

'japonesa em grandes projetos de desenvolvimento noBrasil — alguns já em operação, outros em fase deimplantação — alcançou-se uma intensificação do diá-logo político entre ambos os países.

Ainda com relação à viagem presidencial ao seu país,importa, igualmente, mencionar a instalação solene eos trabalhos da I Reunião Consultiva Ministerial Brasil-Japão, um mecanismo de consulta cuja criação refleteos resultados políticos da visita e que institucionali-zou, em alto nível governamental, o exame periódicoe sistemático das relações bilaterais.

Em 1978, celebramos o septuagésimo aniversário dachegada dos primeiros imigrantes japoneses ao Brasil.

Para participar das comemorações, suas Altezas Impe-riais do Japão, o Príncipe Herdeiro Akihito e a Prin-cesa Michiko visitaram o Brasil, ocasião em que forammais uma vez realçados os laços de profunda amizadeentre os dois povos e ampla simpatia mútua.

Senhor Embaixador,

Longo e desnecessário seria, nesta ocasião, enumeraros vários projetos binacionais de grande vulto que,ora, estamos empenhados em implementar. Permito-me,entretanto, citar outros pontos relevantes das relaçõesbilaterais em que se verificaram importantes pro-gressos.

0 comércio bilateral tem registrado crescimento firmee constante e já se situa ao redor da faixa dos 2bilhões de dólares. Nos últimos anos, o Japão conso-lidou sua posição de terceiro parceiro comercial doBrasil.

Continuam, igualmente, a expandir-se os investimen-tos privados do Japão no Brasil, que, em dezembro de1978, atingiam a cifra de 1 bilhão e 403 milhões dedólares, ou seja, 10,21% dos investimentos e rein-vestimentos privados estrangeiros em nosso país.

Ainda no quadro das relações econômico-financeiras,cabe mencionar a crescente importância do mercadofinanceiro japonês para lançamento de títulos e bónusdo Governo brasileiro e de empresas estatais do Bra-sil e para a obtenção de créditos e financiamentos.

Senhor Embaixador,

Vossa Excelência, que deverá assumir, em breve, novase importantes funções, leva os nossos melhores votospor uma gestão frutuosa. Quanto ao exercício de suasfunções em Brasília, é meu prazer dizer-lhe que, comotestemunho do reconhecimento pelo seu eficiente tra-balho em favor de maior aproximação entre o Brasile o Japão, o Senhor Presidente da República houvepor bem conferir-lhe, no seu mais alto grau, a OrdemNacional do Cruzeiro do Sul, cujas insígnias tenho ahonra de nesta hora lhe impor. Ao fazê-lo, formuloos melhores votos pelo seu êxito profissional e pelafelicidade pessoal de Vossa Excelência e de sua fa-mília."

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cruzeiro do sul para o embaixadorde bangladesh

Do discurso do Ministro de Estadodas Relações Exteriores, Ramiro Saraiva

Guerreiro, no Palácio Itamaraty de Brasília,em 9 de maio de 1979, por ocasião

da solenidade de condecoração, com aOrdem do Cruxeiro do Sul, do Embaixadorde Bangladesh, Ali Kaiser Hasan Morshed,

que deixou suas funções no Brasil:

"As relações amistosas, que unem o Brasil a Bangladeshdesde 1972, ganharam significativo impulso no correrda estada de Vossa Excelência em nosso país, como crescimento dos contatos bilaterais e a identifica-ção de vários campos de cooperação. As conversaçõesmantidas por missões brasileiras em Dacca e por mis-sões de Bangladesh em nosso país, especialmente nosúltimos anos, têm proporcionado aos nossos Gover-nos uma visão das potencialidades existentes para acolaboração nos campos comercial e técnico cuja con-cretização abrirá novos horizontes para o aprofunda-mento do diálogo bilateral. Nesse sentido, os esforçosrealizados por Vossa Excelência certamente servirãode estímulo e inspiração para os que lhe sucederemna representação do Governo de Bangladesh no Brasil.

Em que pesem a distância geográfica e as diferençashistóricas, o Brasil e Bangladesh, como países em de-

senvolvimento, têm muito em comum: nossas expe-riências de desenvolvimento nos fazem convergir comrelação ao futuro da ordem internacional. Ambos aqueremos justa e equitativa, alicerçada na igualdadesoberana dos Estados. Desejamo-la, também, pacífica efraterna, através de um diálogo horizontal entre todosos membros da comunidade internacional.

E, finalmente, esperamos que propicie a plena realiza-ção das aspirações humanas, através da cooperaçãoentre os povos. Sobre esses fundamentos, estamosempenhados em que o relacionamento entre o Brasile Bangladesh continue a desenvolver-se em benefíciodos povos de nossos dois países.

Senhor Embaixador,

Vossa Excelência tem à frente nova e importante mis-são que lhe foi atribuída pelo Governo de seu país.0 sentimento que nos traz sua partida é compensadopela certeza de que contaremos sempre em Vossa Exce-lência com um verdadeiro e dedicado amigo do Brasil.Assim, como testemunho do reconhecimento pelo seueficiente trabalho em favor de uma maior aproxima-ção entre o Brasil e Bangladesh, o Senhor Presidenteda República houve por bem conferir-lhe, no seu maisalto grau, a Ordem Nacional do Cruzeiro do Sul, cujasinsígnias tenho a honra de, nesta hora, lhe impor.Ao fazê-lo, formulo os melhores votos pelo seu êxitoprofissional e pela felicidade pessoal de Vossa Exce-lência e da Senhora Morshed."

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a mensagem de cártera figueiredo

Carta do Presidente dos Estados Unidosda América, Jimmy Cárter, aoPresidente João Figueiredo, datada de7 de março de 1979; e a respostado Presidente brasileiro, datada de 20 demarço de 1979:

JIMMY CÁRTER

Caro Senhor Presidente,Queira receber minhas mais calorosas congratulaçõespor sua investidura como Presidente da RepúblicaFederativa do Brasil.

A cooperação entre os dirigentes de grandes naçõesé imperativa para a construção da paz internacionale de cooperação económica duradoura. Estou con-fiante de que nos anos vindouros a amizade históricaentre o Brasil e os Estados Unidos servirá como inspi-ração para todas as nações. Espero poder trabalharcom Vossa Excelência com vistas a manter e forta-lecer os laços estreitos que existem entre os povosbrasileiros e americano.

Receba meus melhores votos para que Vossa Exce-lência tenha todo sucesso ao enfrentar os desafiosde uma nação cuja importância e influência tornaram-se verdadeiramente globais em sua significação.

Apreciei nossa conversa e estou feliz de que o Vice-Presidente Mondale possa encontrar logo com VossaExcelência e começar um diálogo que espero levaráa fortalecimento de nossas relações.

Queira receber, Senhor Presidente, minha mais calo-rosa saudação.

JOÃO FIGUEIREDO

Caro Senhor Presidente,

Recebi com grande satisfação a calorosa mensagemde felicitações que, por ocasião de minha posse naPresidência da República, Vossa Excelência teve agentileza de dirigir-me por intermédio da SenhoraJoan Mondale.

Conforme manifestei em nossa conversa telefónica,considero perfeitamente compreensível que a viagemde Vossa Excelência ao Oriente Médio houvesse im-possibilitado a presença do Vice-Presidente Mondalenas solenidades de posse.

Muito apreciei a iniciativa, que Vossa Excelênciaagora tomou, de enviar nos próximos dias o Vice-Presidente Mondale ao meu país. Será ele recebidocom cordialidade e simpatia. Suas opiniões serão ouvi-das por mim, pelo meu Vice-Presidente e outros mem-bros do meu Governo com a atenção e respeito quemerecem. De nossa parte, procuraremos retomar odiálogo iniciado na conversa breve, mas expressiva,que mantivemos com a Senhora Mondale.

Partilho amplamente dos sentimentos expressos porVossa Excelência em sua mensagem e aqui confirma-dos por sua representante a respeito das excelentesoportunidades, que temos diante de nós, de aindamais desenvolver e fortalecer as relações de amizadeentre nossos dois países. Ao trabalharmos concreta-mente nesse sentido, estaremos, na minha opinião,respondendo aos anseios de nossos povos e às neces-sidades e desafios de nosso tempo.

Antes de concluir, desejo agradecer os votos pessoaisa mim generosamente endereçados por Vossa Exce-lência.

Permita-me apresentar-lhe os protestos de minha maisalta consideração.

Jimmy CárterPresidente dos Estados Unidos da América

João FigueiredoPresidente da'República Federativa do Brasil

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helmut schmidt agradeceacolhida no brasil

Mensagem do Chanceler Helmut Schmidtao Presidente João Figueiredo, transmitidaem 06 de abril de 1979, logo apósdeixar o espaço aéreo brasileiro, edivulgada oelo Palácio do Planalto em09 de abril de 1979:

A Sua Excelência o Senhor João Baptista de OliveiraFigueiredo, Presidente da República Federativa doBrasil.

Senhor Presidente,

Ao deixar o Brasil, gostaria de agradecer a amiga egenerosa hospitalidade com que Vossa Excelência eseus assessores receberam a mim, à minha esposa eà minha delegação.

Encontrei em seu país uma atmosfera calorosa, deconfiança mútua, extremamente útil e frutífera.Nossos encontros confirmaram a tradicional amizadeentre nossos povos e ajudaram a identificar e forta-lecer os muitos fatores de nossa intensa cooperaçãobilateral e internacional. Desejo, a Vossa Excelência,uma vez mais, sucesso no desempenho de suas res-ponsabilidades de liderança, para o bem do povo bra-sileiro.

Helmut SchmidtChanceler Federal da República Federal da Alemanha

presidentes do brasil e da guinétrocam correspondência

Carta do Presidente da República PopularRevolucionária da Guiné, Ahmed SékouToure, ao Presidente João Figueiredo, datadade 19 de março de 1979; e acarta-resposta do Presidente brasileiro,datada de 25 de abril de 1979:

PRESIDENTE DA GUINÉ

Excelentíssimo Senhor Presidente,

Aproveitamos a oportunidade que nos oferecem ascerimónias de investidura de Vossa Excelência paraexprimir nossos votos sinceros de êxito e bem-estarpara Vossa Excelência pessoalmente e de prosperidadepara o povo amigo brasileiro.

0 Governo da República Popular Revolucionária daGuiné será representado nesta investidura por umadelegação composta de:

— Senhora Jeanne Martin Cissé, Membro do Bu-reau político do Partido-Estado da Guiné, Minis-tro de Assuntos Sociais, Chefe da Delegação,-

— Senhor Senaninon Behanzin, Secretário Perma-nente do Bureau Político, Ministro da Informa-ção e da Ideologia, Membro,-

— Senhor Mamadou Bah, Ministro dos Correios eTelecomunicações, que temos a honra e o prazerde apresentar a Vossa Excelência.

Acompanhamos, com grande interesse, os imensos re-sultados que o povo brasileiro obteve em todos oscampos, na construção de uma nação forte e próspera.

Nossas aspirações comuns de paz, de liberdade e dedignidade, os laços históricos seculares entre o povodo Brasil e os povos da África em geral, e os do golfoda Guiné, em particular, os laços geográficos entre aÁfrica e o Brasil, terras da zona intertropical que oAtlântico deve unir, laços fortificados pela vontadecomum da Guiné e do Brasil de desenvolver noplano internacional relações sólidas não-somenteNorte-Sul, mas igualmente Sul-Sul, estão na fonte dadeterminação do Partido-Estado da Guiné e de seu Go-verno a promover, entre a República Popular Revolu-cionária da Guiné e a República Federativa do Brasil,uma cooperação ampla, profunda e fecunda em todasas esferas da vida nacional.

A República Revolucionária da Guiné está pronta aver iniciada esta cooperação desde logo.

Para materializá-la com solenidade, temos a honrae o grande prazer de convidar Vossa Excelência a efe-tuar uma visita oficial à Guiné, em data que espera-mos seja o mais breve possível.

Nosso desejo profundo seria de ver Vossa Excelênciaparticipar da próxima celebração de nossa Festa Na-cional, em 14 de maio de 1979, data do 32.° ainver-sário da criação do Partido Democrático da Guiné,partido do povo guineense.

Estamos convencidos que, apesar das múltiplas ocupa-ções de Vossa Excelência, será de seu agrado recebera Delegação Governamental da Guiné e de manter comela troca de pontos de vista.

Pedimos a Vossa Excelência, Senhor Presidente, dedar fé e crédito a tudo o que lhe dirá, de nossa parte,nossa Delegação, sobretudo quando esta tiver a honra,como nós a incumbimos, de transmitir a Vossa Exce-lência pessoalmente e a todo o Povo brasileiro, aexpressão de nossos sentimentos de amizade e da maisalta consideração.

Ahmed Sékou TouréPresidente da República Popular Revolucionáriada Guiné

PRESIDENTE DO BRASIL

A Sua Excelência o Senhor Ahmed Sékou Touré,Presidente da República Popular Revolucionáriada Guiné

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Senhor Presidente,

Tenho a honra de acusar recebimento de sua cartade 9 de março último, pela qual Vossa Excelência tevea gentileza de designar expressiva delegação chefiadapelo Ministro dos Assuntos Sociais, Senhora JeanneMartin Cissé, às cerimónias que marcaram minha pos-se na Presidência da República Federativa do Brasil.

Muito agradeço a Vossa Excelência as amáveis pala-vras com que se referiu a meu país e à minha posse.

A herança étnico-cultural que recebemos da Áfricarepresenta, Senhor Presidente, testemunho dos sólidosvínculos que ligam o Brasil ao Continente Africano.Essa identidade nos leva a conferir alta prioridade àsrelações com as nações africanas, com vistas a comelas desenvolvermos laços duradouros de amizade ede cooperação em todos os domínios de atividade.

Nesse contexto, ressalto a particular significação queGoverno e povo brasileiro atribuem às relações coma República da Guiné e sinto-me feliz com o honrosoconvite para visitar seu país, que Vossa Excelênciame fez transmitir por intermédio de seus representan-tes oficiais à minha posse, convite esse que recebocom prazer. Infelizmente, não me será possível parti-cipar das comemorações da Data Nacional da Repú-blica da Guiné, no próximo dia 14 de maio, confor-me sugerido por Vossa Excelência, em razão dos inú-meros afazeres decorrentes do inicio de minha gestão,mas é minha determinação fazer-me representar.

Aproveito a oportunidade. Senhor Presidente, para re-novar os protestos da mais alta consideração com queme subscrevo,

De Vossa Excelência

João FigueiredoPresidente da República Federativa do Brasil

chanceler brasileiro envia mensagem aoconselho das nações unidas para a namíbia

Mensagem do Ministro de Estado dasRelações Exteriores, Ramiro SaraivaGuerreiro, à Presidência do Conselhodas Nações Unidas para a Namíbia, lida,em 8 de maio de 1979, pelo EmbaixadorSérgio Correira da Costa, Chefe daDelegação do Brasil junto à ONU, por•casião da cerimónia de abertura doAno Internacional de Solidariedade com oPovo da Namíbia:

Senhora Presidente,

O Brasil associa-se ao Conselho da Namíbia e aos de-mais Estados Membros das Nações Unidas ao inaugurar-

se o Ano Internacional de Solidariedade com o Povoda Namíbia.

Reafirmamos, nesta ocasião, o firme apoio do Gover-no brasileiro às decisões das Nações Unidas sobre aNamíbia.

Reiteramos nosso apoio ao Conselho das Nações Uni-das para a Namíbia como órgão responsável pelos des-tinos do Território até que este, de acordo com osparâmetros determinados pelo Conselho de Segurança,possa alcançar a sua plena independência.

A próxima sessão reconvocada da Assembleia Geralservirá para, mais uma vez, expressar inequivocamen-te o desejo da comunidade internacional de que asnegociações sobre o futuro do território não venhama colocar em risco o direito inalienável da Namíbiaà integridade territorial, autodeterminação e indepen-dência .

Obedecendo a estes critérios, o Brasil continuará acolaborar com os esforços do Conselho e do Secretário-Geral com vistas à plena implementação das Resolu-ções 385, 431 e 432 do Conselho de Segurança.

Queira aceitar. Senhora Presidente, os protestos deminha estima e consideração.

Ramiro Saraiva GuerreiroMinistro de Estado das Relações Exteriores

figueiredo agradece felicitaçõesdo papa joão paulo II

Mensagem do Presidente João Figueiredoao Papa João Paulo II, enviada em junhode 1979:

Agradeço os votos de felicidade que Vossa Santidadedirigiu a todos que se chamam João Batista, certode que as bênçãos vindas do alto muito me ajudarãona tarefa de conduzir o povo brasileiro a um maiorprogresso económico e social, segundo as suas maislegítimas tradições democráticas e cristãs. O apoioda Igreja e o estreitamento de seus laços com o Esta-do são indispensáveis a que se cumpram os propósi-tos de meu Governo no sentido de assegurar melhorescondições de bem-estar à Nação brasileira. Cordiaissaudações em Cristo,

João FigueiredoPresidente da República Federativa do Brasil

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vice-ministro do comércio exterior da rdamantém contatos comerciaiscom firmas brasileiras

0 Vice-Ministro do Comércio Exterior da RepúblicaDemocrática Alemã, Wilheim Bastian, chegou a Bra-sília no dia 23 de abril, depois de manter contatoscomerciais com várias firmas em São Paulo. No dia24, em Brasília, manteve conversações com o Secre-tário-Geral da Secretaria de Planejamento da Presidên-cia da República, Marcos Amorim, com o presidenteda COLESTE (Coordenação do Comércio com o LesteEuropeu), Embaixador João Paulo Paranhos do Rio-Branco, com o Coordenador do Memorandum de Enten-dimento sobre Pacote Comercial Brasil-RDA, Conse-lheiro Rubens Barbosa, e com o Coordenador de Assun-tos Internacionais do Ministério da Agricultura, Minis-tro José Botafogo Gonçalves. Foi ainda homenageadocom um almoço no Palácio Itamaraty de Brasília, ofe-recido pelo Embaixador João Paulo Paranhos do Rio-Branco e seguiu no mesmo dia para o Rio de Janeiro,onde, no dia seguinte, manteve contatos com a In-terbrás.

De acordo com dados divulgados pelo Itamaraty, ointercâmbio comercial Brasil-RDA evoluiu de US$ 65milhões em 1974 para US$ 151 milhões em 1977,embora em 1978 tenha apresentado um declínio de29% (US$ 107 milhões), queda que foi atribuída àredução das exportações brasileiras. Os principais pro-dutos constantes da pauta de exportação brasileirapara a RDA são café em grão, farelo de soja, miné-rio de ferro, óleo de mamona, manteiga de cacau,tecidos de algodão, enquanto que as importações jun-to àquele país se concentram na compra de máqui-nas e aparelhos mecânicos, fertilizantes, instrumentose aparelhos de ótica, de fotografia e médico-cirúrgicos.

a conferência da comissão mista de limitese caracterização da fronteirabrasil-uruguaiBrasil e Uruguai realizaram, em Brasília, no mês deabril, a 41.a Conferência da Comissão Mista de Limi-

tes e de Caracterização da Fronteira entre os doispaíses, que se reúne alternadamente em territóriobrasileiro e uruguaio.

Da agenda da 41. a Reunião, constaram os seguintesassuntos: atividades levadas a cabo pela ComissãoMista para cumprimento do Acordo relativo às obrasde fixação da barra do Arroio Chuí; resultados dainspeção geral da fronteira efetuada de acordo com aresolução da 40.° Conferência,- programação para ospróximos trabalhos.

brasil acolheurefugiados vietnamitas

Um grupo de refugiados vietnamitas, resgatados emalto-mar pelo navio "José Bonifácio", da Petrobrás,a 30 de maio deste ano, será encaminhado ao Brasil,por razões humanitárias, conforme decisão do Gover-no federal. O grupo, composto de 15 homens, 4 mu-lheres e 7 crianças, foi recolhido a 290 milhas a no-roeste do Vietnam e desembarcado posteriormente emCingapura, onde aguarda, sob assistência daquele Go-verno e do Alto Comissariado das Nações Unidas paraRefugiados, o seu próximo embarque para o Brasil.Fato semelhante já ocorreu em 1978, quando o naviobrasileiro "Jurupema", também da Petrobrás, resgatouem alto-mar 66 refugiados vietnamitas, dos quais 37vieram para o Brasil e o restante para outros países.

a primeira reunião da comissãomista brasil-noruega

Vinte empresas norueguesas manifestaram seu inte-resse na formação de "joint-ventures" com grupos bra-sileiros por ocasião da Primeira Reunião da ComissãoMista Brasil-Noruega, realizada em Oslo, entre os dias6 e 8 de junho deste ano. Os resultados dos trabalhosforam considerados positivos e verificou-se que o va-lor do intercâmbio comercial entre os dois países, queduplicou no período de 1973 a 1978, atingiu a cifrade 200 milhões de dólares FOB somente no ano pas-sado.

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A delegação brasileira foi chefiada pelo EmbaixadorJoão Paulo do Rio-Branco, Chefe do Departamento daEuropa do Ministério dos Relações Exteriores, enquan-to que o senhor Per Olberg, Subsecretário do Ministé-rio do Comércio e Navegação da Noruega, presidiu adelegação daquele pais. Com grande consumo de cafébrasileiro, a Noruega também importa volume apre-ciável de minérios e tem aumentado suas compras desucos de frutas, têxteis e calçados. Os principais pro-dutos fornecidos ao Brasil são bacalhau, navios e equi-pamentos marítimos e metais não-ferrosos.

guiné-bissau busca cooperaçãotécnica com o brasil

O Diretor-Geral de Cooperação Internacional da Guiné-Bissau órgão diretamente subordinado ao Primeiro-Ministro), Inácio Semedo, chegou ao Brasil no dia 8de junho, pela manhã, tendo, à tarde do mesmo dia,visitado as instalações do SENAI e SENAC, no Rio deJaneiro. No dia 10, embarcou para Brasília, onde, nodia seguinte, teve entrevista com os Chefes dos De-partamentos Cultural e Tecnológico, Guy Brandão, eda Ásia, África e Oceania, Marcos Azambuja, do Minis-tério das Relações Exteriores. Teve contatos na áreada Secretaria de Planejamento da Presidência da Re-pública e foi homenageado no Itamaraty com um almo-ço oferecido pelo Chefe do Departamento Cultural eTecnológico.

No dia 12, Inácio Semedo visitou a Coordenadoia In-ternacional do Ministério da Agricultura (CINGRA), aEmpresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias (EM-BRAPA), a Coordenadoria de Assuntos Internacionaisdo Ministério da Fazenda e, à noite, viajou para SãoPaulo, onde, no dia 13, visitou a Universidade de São

Paulo, o Instituto de Tecnologia de Alimentos (ITAL)e d Unicamp, em Campinas. No dia 14, embarcou parao Rio de Janeiro, mpntendo contatos com a CACEX.

Segundo nota do Itamaraty à imprensa, o representan-te do Governo guineense veio ao Brasil para tratar doandamento do Programa de cooperação técnica Brasil-Guiné-Bissau, "que está sendo implantado por etapas".Os principais pontos desse programa de cooperação, noprincipais pontos desse programa de cooperação, nomomento, são: montagem de um laboratório de fito-patologia em Bissau para estudo do crescimento dasplantas, pragas e doenças; 12 técnicos guineenses es-tão fazendo no Brasil cursos especiais no setor dapesca, que abrangem a industrialização pesqueira (apesca na Guiné-Bissau, embora seja artesanal, é im-portantíssima para o comércio exterior daquele país).Também estão no Brasil: 40 técnicos para estágioem diversos setores (agricultura, sementes e fitopato-logia, além da pesca); 40 professores secundaristas,-e técnicos de diversas especializações estão concluindoestudos sobre conservação de alimentos, administra-ção municipal, hotelaria e mecânica. Há também doisbolsistas da Guiné-Bissau no Instituto Rio-Branco e,com frequência, têm vindo ao Brasil estudantes deBissau para cursos no SENAI, no SENAC e em outrosórgãos dessa área.

dia internacional para a eliminaçãoda discriminação racialPresidida pelo Ministro de Estado das Relações Exte-riores, Ramiro Saraiva Guerreiro, realizou-se, no dia21 de março de 1979, no Auditório do Itamaraty,sessão solene em comemoração ao Dia InternacionalPara a Eliminação da Discriminação Racial. Na ocasiãoo Presidente do Supremo Tribunal Federal, MinistroAntónio Neder, proferiu discurso alusivo à data.

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índice

a posse do presidente joão figueiredodiscurso do presidente joão figueiredo ao receber, do presidente ernesto geisel, o cargo de presi-dente da república 3

saraiva guerreiro anuncia as metas do itamaratydiscurso do chanceler ramiro saraiva guerreiro ao receber, do embaixador antonio azeredo da sil-veira, o cargo de ministro de estado das relações exteriores 7

joão clemente baena soares assume a secretaria-geral das relações exterioresdiscurso do embaixador João clemente baena soares ao re "ber, do embaixador dário moreira decastro alves, o cargo de secretário-geral das relações exteriores 11

viagem do chanceler heimut schmidt ao brasildiscursos do presidente |'oão figueiredo e do chanceler da república federal da alemanha, heimutschmidt, por ocasião de banquete oferecido ao representante alemão 13

visita de heimut schmidt cria oportunidade para intensificar a cooperação brasil-rfadiscurso do presidente figueiredo por ocasião do jantar que lhe foi oferecido pelo chanceler heimutschmidt 18

figueiredo a heimut schmidt: amplos campos abertos à cooperação entre brasil e rfadiscursos do presidente joão figueiredo e do chanceler da rfa por ocasião da solenidade de assi-natura de atos entre o brasil e a rfa 19

chanceler alemão em são paulo fala sobre as perspectivas das relações teuto-brasileirasdiscurso do chanceler heimut schmidt no clube transatlânti co de são paulo, por ocasião da reuniãoda câmara de comércio e indústria brasil-alemanha,- e dis curso do presidente da federação e cen-tro do comércio do estado de são paulo, josé papa júnior 20

heimut schmidt: o brasil é uma nação emergente e cada vez mais importantediscursos do governador paulo maluf e de heimut schmidt, por ocasião de almoço no palácio dosbandeirantes 26

heimut schmidt visita indústria de máquinas em são paulodiscurso do sócio-gerente da traubomatic, karlheinz méis ter, e do chanceler heimut schmidt, por

ocasião da visita àquela indústria, em são paulo 29

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as declarações de helmut schmidt ao partir do brasildeclaração do chanceler da rfa, em salvador, momentos antes de embarcar para lima 31

comunicado conjunto brasil-república federal da alemã nhacomunicado conjunto brasil-rfa, divulgado pelo itamaraty ao final da visita de helmut schmidt 32

aureliano chaves a mondale: novos passos nas relações brasil-euadiscursos dos vice-presidentes do brasil, aureliano chaves, e dos estados unidos, walter mondale,por ocasião do almoço oferecido ao chefe da missão oficial do governo norte-americano ao brasil 35

vice-presidente do iraque visita brasíliadiscursos dos vice-presidentes do brasil, aureliano chaves, e do iraque, taha muhyddin ma'rouf, porocasião do jantar oferecido ao representante do governo iraquiano 39

comunicado conjunto brasileiro-iraquianocomunicado conjunto brasil-iraque, divulgado pelo itamaraty ao final da visita de taha ma'rouf 42

delegação angolana abre nova fase nas relações brasília-luandadiscursos do chanceler saraiva guerreiro e do ministro do comércio exterior de angola, robertovictor francisco de almeida, por ocasião de almoço ofereci do à delegação angolana que visitou obrasil 45

no dia do diplomata, chanceler analisa as relações internacionaisdiscurso do chanceler saraiva guerreiro na solenidade comemorativa do dia do diplomata 47

o sexto aniversário da itaipu-binacionaldiscurso do ministro de estado das relações exteriores, saraiva guerreiro, e do diretor-geral adjuntoda itaipu binacional, enzo debernardi, por ocasião do almoço oferecido aos membros da diretoriaexecutiva e do conselho de adminisração daquela empresa brasileiro-paraguaia, no sexto aniversáriode conclusão do tratado de itaipu 51

ministro dos negócios estrangeiros da itália no brasildiscursos do chanceler saraiva guerreiro e do ministro dos negócios estrangeiros da itália, arnaldoforlani, por ocasião do jantar oferecido ao representante italiano 53

comunicado conjunto brasil-itáliacomunicado conjunto brasil-itália, divulgado pelo palácio itamaraty de brasília ao final da visita dearnaldo forlani 56

brasil e hungria assinam acordo de comércio e pagamentosdiscurso do chanceler saraiva guerreiro, por ocasião da assinatura do acordo de comércio e paga-mentos com a hungria,- e resumo do discurso pronunciado na mesma solenidade pelo vice-ministrode comércio exterior daquele país, bela szalai 59

a visita do ministro dos petróleos de angola, jorge moraisdiscurso do chanceler saraiva guerreiro por ocasião do almoço oferecido ao ministro dos petróleos deangola, jorge morais 61

no brasil, o ministro das minas e energia da nigériadiscursos do chanceler saraiva guerreiro e do ministro das minas e energia da nigéria, justin tseayo,por ocasião da recepção oferecida ao representante do governo nigeriano 63

o brasil na quinta reunião da unctad, em maniladiscurso do embaixador george alvares maciel, chefe da delegação brasileira à quinta reunião daunctad, em manila, filipinas 67

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itamaraty explica andamento do tratado amazonico à comissão de relações exteriores dacâmarapalestra do chefe da divisão da américa meridional-2, do ministério das relações exteriores, ru-bens ricúpero, na comissão de relações exteriores da câmara dos deputados 71

chanceler homenageia comissão de relações exteriores do congresso nacionaldiscursos do chanceler saraiva guerreiro e do presidente do senado federal, lufs viana filho, porocasião de almoço oferecido aos deputados e senadores membros da comissão de relações exterioresdo senado federal e da câmara dos deputados 79

em brasília, o vice-primeiro-ministro da república popular da chinadiscursos do chanceler saraiva guerreiro e do vice-primeiro-ministro da república popular da china,kang shien, por ocasião do banquete oferecido ao representante do governo chinês 81

a chegada de kang shien a brasíliasaudação do vice-primeiro-ministro da china, kang shien, ao chegar a brasilia 84

comunicado de imprensa brasil-chinacomunicado do itamaraty à imprensa, divulgado ao final da visita de kang shien ao brasil 85

a segunda reunião da comissão mista brasil-coveiteata da segunda reunião da comissão mista brasil-coveite, divulgada pelo palácio itamaraty debrasília 87

brasília é sede da reunião da junta de governadores do brasilinvestdiscursos do chanceler saraiva guerreiro e do empresário mário garnero, por ocasião do almoço ofe-recido aos membros da junta de governadores do brasilinvest 91

saraiva guerreiro na primeira sessão plenária do fórum das américasdiscurso do chanceler saraiva guerreiro por ocasião da abertura da primeira sessão plenária do fó-rum dos américas, no parque anhembi de são paulo 95

arábia saudita busca a cooperação do brasil no setor agrícoladiscurso do chanceler saraiva guerreiro por ocasião do jantar oferecido ao ministro da agriculturae recursos hídricos da arábia saudita, abdul rahman aziz alssheik 99

a posição do brasil na reunião de consulta de chanceleres da oea sobre a nicaráguapronunciamento do delegado do brasil na XVII reunião de consulta de chanceleres da oea, embai-xador alarico silveira júnior, logo após a aprovação da resolução sobre a nicarógua 101

ministro do comércio exterior e navegação da polónia visita brasíliadiscurso do ministro de estado das relações exteriores, saraiva guerreiro, por ocasião da assina-tura do protocolo brasil-polônia, em solenidade que contou com a presença do ministro polonêsdo comércio exterior e navegação, jerzy olszewski 103

os entendimentos de jerzy olszewski em brasílianota do itamaraty à imprensa, a propósito dos entendimentos mantidos em brasília pelo ministro

do comércio exterior e navegação da polónia, jerzy olszewski 104

relações diplomáticasentrega de credenciais 105

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tratados, acordos, convénios

os acordos entre o brasil e a república federal da alemanhaacordo sobre transporte marítimo 107protocolo adicional ao acordo sobre transporte marítimo 109protocolo sobre cooperação financeira para projeto de irrigação 111protocolo sobre cooperação financeira para programa da chesf 111

sete ajustes complementares entre o brasil e a rfaajuste ao protocolo sobre cooperação financeira de 26 milhões de marcos alemães 113ajuste ao protocolo sobre cooperação financeira de 24 milhões de marcos alemães 113ajuste sobre projeto "implantação das regiões metropolitanas/cnpu" 114ajuste sobre tecnologia de alimentos 116ajuste sobre hidrologia aplicada e aproveitamento de recursos hídricos 117ajuste complementar ao projeto "cooperação científica com o instituto central de química da univer-sidade federal de santa maria" 118ajuste sobre a promoção da economia de pastos no estado de santa catarina 119

o acordo de comércio e pagamentos brasil-hungriaacordo de comércio e pagamentos entre o brasil e a hungria, assinado pelo chanceler saraiva guerrei-ro e pelo vice-ministro húngaro de comércio exterior, bela szalai 121

convénio sobre transportes marítimos brasil-chinaconvénio entre o brasil e a república popular da china sobre transportes marítimos, assinado pelochanceler saraiva guerreiro e pelo vice-primeiro-ministro, nês, kang shien 125

excertos e ênfasesna despedida, embaixador japonês recebe a cruzeiro do sul 129cruzeiro do sul para o embaixador de bangladesh 130

mensagensa mensagem de cárter a figueiredo 131helmut schmidt agradece acolhida no brasil 132presidente do brasil e da guiné trocam correspondência 132chanceler brasileiro envia mensagem ao conselho das nações unidas para a namíbia 133figueiredo agradece felicitações do papa joão paulo II 133

notíciasvice-ministro do comércio exterior da rda mantém contatos comerciais com firmas brasileiras 135a conferência da comissão mista de limites e caracterização da fronteira brasil-uruguai 135brasil acolheu refugiados vietnamitas 135a primeira reunião da comissão mista brasil-noruega 135guiné-bissau busca cooperação técnica com o brasil 136dia internacinal para a eliminação da discriminação racial 136

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