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Documento digitalizado pela equipe de Mundorama - Divulgação Científica em Relações Internacionais (http://www.mundorama.net)

resenhade política exterior do brasil

ministério das relações exteriores

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entre as publicações editadas pelo itamaraty insere-se agora a

resenha de política exterior do brasil.

terá ela a periodicidade trimestral e o caráter

documental, reunindo discursos, pronunciamentos, notícias e textos de

atos oficiais relacionados com a política externa brasileira.

destina-se a resenha,

especialmente, à consulta dos que, por força das funções

que exercem ou dos estudos a que

estão dedicados, necessitem conhecer em tempo útil os princípios, os

objetivos e o desenvolvimento de nossas

relações exteriores.

brasília, 1.° de novembro de 1974.

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1. Em seu pronunciamento na primeira reuniãoministerial, o Presidente Ernesto Geisel traça asdiretrizes do seu Governo, que, continuando aRevolução modernizadora de 1964, fundamentasua doutrina estratégica no binômio do Desenvol-vimento e da Segurança. No que se refere especi-ficamente à política externa, obedece ela a umpragmatismo responsável e consciente dos deveresda Nação, bem mais adulta, no terreno da soli-dariedade e cooperação internacionais, em proldo progresso da humanidade e da paz mundial.A ação diplomática estará sempre alerta "paraa detecção de novas oportunidades e a serviço,em particular, dos interesses de nosso comércioexterior, da garantia do suprimento adequado dematérias-primas e produtos essenciais e do acessoà tecnologia mais atualizada de que não dispomosainda, fazendo para tanto, com prudência e tato,mas com firmeza, as opções e realinhamentosindispensáveis". pág. 7

2. O encontro dos Presidentes doBrasil e da Bolívia, na histórica cidadede Cochabamba representa, nas palavras

do próprio Presidente Geisel, "não um início,mas uma nova etapa no tradicional

processo de identificação de objetivos e ideaisdas duas nações". Os documentos assinados

~mtre os dois países constituirão um passodecisivo no caminho da aceleração dos seus

respectivos processos de desenvolvimento,possibilitando maior intercâmbio nos diversos

campos da atividade humana e tornandomais promissoras as perspectivas de mútua

complementação econômica. póg. 173. Ao assumir o cargo de Ministro das RelaçõesExteriores, o Embaixador Azeredo da Silveira fixaas linhas fundamentais que nortearão sua tarefade assistir o Presidente da República na formu-lação e execução da política externa do Brasil.Ressaltando que a primeira responsabilidade dadiplomacia brasileira é para com a América latina,reconhece também que não menos relevantes sãoas tarefas da nossa diplomacia em esferas maisamplas ou mais distantes geograficamente. A polí-tica exterior do Governo brasileiro caracteriza-sepelo claríssimo propósito de abrir para o Brasil asopções do futuro e de preservá-Ias integralmente,pág. 19

4. Perante a IV Assembléia daOrganização dos Estados Americanos, em

Aflanta, o Ministro de Estado, Azeredoda Silveira, analisa as relações interamericanas

e fala das necessidades da América latina,advertindo que nossa visão não deve deformar-se

por uma timidez excessiva, nem por umentusiasmo exagerado. A América, e em particulara América latina, possuem característicaspróprias, que exigem, mesmo no quadro maiordas relações globais, soluções adequadas àsnecessidades particulares da região. Princípiose normas devem ser estabelecidos para quese garanta uma segurança econômica coletivapara o desenvolvimento, através da qual nossospaíses possam fazer sempre o melhoruso de suas potencialidades econômicas ede suas forças de trabalho. Fala tambémsobre a necessidade de uma reestruturaçãodo Sistema Interamericano, de um maiorsentido programático que atenda à necessidadede buscar não só soluções tópicas paracada problema, mas também uma novaestrutura para as relações interamericanasnos campos econômico e social. pág. 25

5. Em Brasília, ao formalizar, através da trocade Notas, o consenso dos Governos brasileiro euruguaio, no ampliação das finalidades da Co-missão do lagoa Mirim, o Ministro de Estadolembra que o Brasil tem dado prova eloqüentedo desejo de tornar cada vez mais operativa acolaboração bilateral. A assinatura do acordoabre amplas possibilidades de desenvolvimentointegral da lagoa Mirim. pág. 336. Pregando um sistema de maiorcooperação econômica com desenvolvimentoregional e integração física e, ao mesmotempo, lembrando a necessidade da criaçãodo Fundo Financeiro para o Desenvolvimentodo Bacia do Prata, o Chanceler brasileiroreafirma, no Plenário da VI Reuniãode Chanceleres, que o Brasil jamais faltoucom seu apoio firme e decidido à política desolidariedade continental e, de modo especial,à entidade regional da Bacia do Prata. pág. 357. No seu primeiro contacto com as Comissõesde Relações Exteriores do Senado e da Câmara,no Dia das Nações Unidas, o Ministro de Estadofala sobre a importância do diálogo entre legis-lativos e Chancelarias. Reconhece as realizaçõesda ONU, preocupa-se com o tratamento de ummeio-ambiente ameaçado pela poluição e fazmenção especial à questão da independência dosterritórios portugueses na África, que tantopreocupa as Chancelarias de todo o mundo. Reite-ra, ainda, a fé e confiança do Brasil na ONU enos propósitos e princípios da Carta de São Fran-cisco e proclama que é dever de todas as naçõesconstruir a nova ordem pública dos oceanos.pág. 41

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Discurso do Presidente Geiselna primeira reunião ministerial realizada no

Palácio do Planalto, Brasília, em 19 de março de 1974

diretrizesdo governo Geisel

Excelentíssimo Senhor Vice-Presidente daRepública,

Excelentíssimos Srs. Ministros,

Esta primeira reunião ministerial é o marco inicialde uma ação de equipe que. espero venha a seestender, coordenada e perseverantemente, portodo o nosso período governamental, para o de-vido cumprimento das pesadas responsabilidadesque assumimos.Entendo que, na ampla e complexa escala da pro-blemática nacional, não cabe atribuição que sejaestritamente da responsabilidade única e total dedeterminado Ministério. Toda ação de governo éhoje necessariamente integrada, em face dasrepercussões inevitáveis de dependência, mais oumenos estreita, entre os vários setores em que,através de planos, programas e projetos, se des-dobra a multiforme atividade — gerencial, pro-motora ou simplesmente incentivadora — doGoverno. Essa realidade indiscutível exige máximacoesão da equipe ministerial, assegurada porfreqüentes e francas discussões de grupo, emreuniões formais ou informais, dos problemas quea defrontem. Não pode, nem deve haver comparti-mentações, pois estas, geralmente, são frustrantese propiciadoras de erros, por vezes irreparáveis.Estou certo de contar com a total adesão dosSenhores Ministros a este processo de trabalho.De outra parte, não Ihes faltará, a qualquertempo e em tudo que o requerer, a minha inter-ferência coordenadora, exercida pessoalmente ouatravés de delegação. Em todos os casos, assumi-

rei plena responsabilidade pela decisão final que,de direito e de fato, couber ao Presidente daRepública.Em contrapartida à ampla liberdade de debateque assegurarei e espero ver implantada nosvários escalões da administração pública, devehaver, necessariamente, leal e disciplinado aca-tamento à decisão que afinal for tomada, nomomento certo, pelo Chefe responsável.Em pronunciamento público já salientei que aRevolução modernizadora de 1964 fundamentatoda sua doutrina estratégica no binômio do De.senvolvimento e da Segurança, reconhecido desdelogo que, em essência, o primeiro é dominante.Em termos mais precisos pode dizer-se que aação estratégica da Revolução tem sido e conti-nuará a ser exercida de modo a promover, paraa Nação brasileira, em cada etapa, o máximo dedesenvolvimento possível, com o mínimo de se-gurança indispensável.0 desenvolvimento de uma Nação é, necessaria-mente, um desenvolvimento integrado, o que nãoimplica, de forma alguma, progresso linear, pa-ralelo, entre os vários setores, admitindo-se, aocontrário, defasagens impostas por fatores con-junturais e pela sempre limitativa disponibilidadede recursos e, bem assim, por decisão estratégicade avanço mais rápido, a princípio, em setoresconsiderados prioritários. Importa reconhecer, en-tretanto, que retardos excessivos em qualquerparte da ampla frente da ação governamentalacabarão, inevitavelmente, por frear o progressoem todos os outros setores.

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De forma semelhante, no quadro da segurançanacional, o processo de seu reforço é tambémessencialmente integrado, de vez que esse pro-cesso é o mesmo do próprio desenvolvimentonacional, aplicado apenas em campo especializadoe mais restrito. O mínimo de segurança indispen-sável resulta, pois, da interação devidamentebalanceada dos diferentes graus de segurançaalcançados ou desejados, em cada um dos seussetores componentes.

Cabe salientar, ainda, a estreita vinculação quese estabelece entre esses dois processos aquiapresentados distintamente — o do desenvolvi-mento nacional e o da segurança — ambos inte-grados nas suas áreas peculiares, mas, também,integrados entre si.

Organicidade, integração e articulação sistemáti-ca devem reger, portanto, em todas as atividadesdo governo, tanto na área do desenvolvimentoquanto na esfera mais limitada da segurançanacional. Daí, a exigência de planejamento, pro-gramas e projetos integrados, ação governamentalintegrada e, pois, um Ministério também inte-grado, coeso e bem coordenado.Na escolha dos destacados nomes que compõema minha equipe de governo, levei especialmenteem conta o elevado potencial de cada um parao trabalho em grupo e espero não me ter enga-nado. Quanto a mim, zelarei sempre para queassim funcione o escalão superior do governo,inspirando, de alto a baixo, a praxis administra-tiva. Estou convicto de que, só deste modo, so-mando energias e livremente confrontando idéias,poderemos dar conta da ingente tarefa que nosfoi cometida, de impulsionar este portentoso país,em mais uma etapa, decisiva e larga, de pro-gresso acelerado para seus grandes destinos.Certo é que recebemos valiosa herança dos go-vernos da Revolução, os quais, nesses últimos dezanos, conseguiram alçar o Brasil à posição dedestaque no quadro das novas potências emer-gentes, com um mercado interno que se situaentre os dez maiores do mundo ocidental e umProduto Interno Bruto, este ano, da ordem desessenta e seis bilhões de dólares. Após uma fasede sacrifícios inadiáveis, onde se impuseram comoprioridades o combate à inflação, a remodelaçãodas instituições econômicas e a instauração dacredibilidade externa e, paralelamente, a criaçãode um clima de ordem, estabilidade, dedicaçãoao trabalho e confiança no futuro — passamosa colher índices de desempenho altamente satis-fatórios: taxas de crescimento do produto real.

desde 1968, entre 9 e 11,5% ao ano; inflaçãocadente e neutralizada, em suas maiores distor-ções, pela correção monetária e pelo sistema dasminidesvalorizações cambiais; balanço de paga-mentos superavitários, permitindo o acúmulo dereservas que, em dezembro de 1973, se elevarama mais de seis bilhões de dólares.

Principalmente no governo do Presidente Médici,com o alto dinamismo da economia, registraram-se os maiores indicadores de prosperidade dahistória moderna do país, esperando-se atingir,em 1974, um nível de renda per capita superiora 600 dólares.

A grande expansão e diversificação de nosso setorexterno, realizadas nesses dez anos, levou o co-mércio exterior do Brasil ao valor de doze bilhõesde dólares em 1973, o que possibilita ao paísenfrentar confiantemente os desafios mais sériosdo futuro.Não é menos certo, porém, que drásticas mu-danças ocorridas no cenário mundial — como agrave crise de energia, escassez de alimentos ematérias~primas essenciais, em geral, a do pe-tróleo e seus derivados, em particular, a insta-bilidade no sistema monetário internacional, ain-da em dolorosa busca de nova ordenação, a infla-ção que se generaliza pelo mundo todo a taxasalarmantes, as tensões políticas e sociais, exa-cerbadas pelo fermento do apelo irresponsável àviolência e que intranqüilizam a vida das nações,num cenário de transição para nova ordem inter-nacional de contornos ainda indefinidos — deter-minarão sérias repercussões no panorama nacio-nal, sobretudo num ano de intensa atividadepolítica, como este de 1974, em que significativoseventos ocorrerão na vida nacional.Os grandes êxitos alcançados e o espírito deunidade dos governos da Revolução, mantido adespeito do salutar rodízio de pessoas própriodo regime democrático, recomendam uma linhamestra de continuidade de ideais e de planospara a ação governamental.

Continuidade, todavia, não significa imobilismo.E, se temos forçosamente de nos adaptar àquelasnovas circunstâncias externas, as quais represen-tam sérios desafios, devemos não só aperfeiçoaros mecanismos institucionais de coordenação dapolítica do desenvolvimento e segurança, mas, poroutro lado, atender a novos objetivos e a novasprioridades que decorram, naturalmente, do es-tágio de progresso mais elevado já alcançadopelo país.

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Assim, em alguns casos, variará o esforço prin-cipal do ação do governo e graduar-se-ão dife-rentemente os esforços secundários. Isso não sig-nifico, entretanto, que se pretendo abandonar oPrimeiro Plano Nacional de Desenvolvimento,ainda vigente poro este ano, mos que, de foto,tratar-se-á de completá-Io, prolongá-Io e de com-plementá-Io através do Segundo Plano em elabo-ração, dentro de diretrizes básicos análogos,porém adequados à presente situação e à suopossível evolução nos próximos anos.Poro tonto, contamos com o confiança e coope-ração que o povo de nosso terra tem dado aosgovernos do Revolução de 1964 e que certamentetambém não nos faltarão.

política externa. pragmatismo responsável

Assim, no campo da política externa, obedecendoa um pragmatismo responsável e consciente dosdeveres da Noção, bem mais adulta, no terrenoda solidariedade e cooperação internacionais emprol do progresso da humanidade e da paz mun-dial, daremos relevo especial 00 nosso relaciona-mento com as nações-irmãs do circunvizinhançade aquém e além-mar. Impulsionaremos o açãodiplomático alerta sempre para a detecção denovas oportunidades e a serviço, em particular,dos interesses de nosso comércio exterior, dagarantia do suprimento adequado de matérias-primas e produtos essenciais e do acesso à tec-nologia mais atualizada de que não dispomosainda, fazendo para tanto, com prudência e tato,mas com firmeza, as opções e realinhamentosindispensáveis.

segurança e ordem

Quanto 00 setor político interno, envidaremos sin-ceros esforços para o gradual, mas seguro, aper-feiçoamento democrático, paraogradual,ampliando o diálogohonesto e mutuamente respeitoso e estimulandomaior participação das elites responsáveis e dopovo em geral, para a criação de um clima salutarde consenso básico e a institucionalização acaba-da dos princípios da Revolução de 1964. Os ins-trumentosdadosprincípios excepcionais de que o Governo se achaarmado para manutenção da atmosfera de se-gurança e de ordem, fundamenta! porá o própriodesenvolvimento econômico-social do país, sempausas de estagnação nem, muito menos, retro-cessos sempre perigosos, almejo vê-Ios não tantoem exercício duradouro ou freqüente, antes como

potencial de ação repressiva ou de contenção maisenérgica e, assim mesmo, até que se vejam supe-rados pela imaginação político criadora, capazde instituir, quando for oportuno, salvaguardaseficazes e remédios prontos e realmente eficientesdentro do contexto constitucional.É evidente que isso não dependerá tão-somente,do Poder Executivo federal, pois reclama, em largamedida, colaboração sincera e efetivo dos outrosPoderes da Nação, bem como a dos demais órgãosde Governo nas esferas estaduais e mesmo muni-cipais, inclusive para seu próprio saneamento econsciente autodisciplina. Dependerá necessaria-mente de que o espírito de contestação de mino-rias trêfegas ou transviadas, perturbador da vidado país, irresponsável ou demagógico, com apeloaté às armas do embuste, da intrigo ou do vio-lência, acabe por exaurir-se, ante repúdio geral,pelo reconhecimento pleno da realidade hojeincontestável que é a da implantação definitivade nossa doutrina revolucionária.E não se acoime esta de antidemocrática quandoao que ela visa, em verdade, é o aperfeiçoamento,em termos provadamente realistas, das práticasdemocráticas, adequando-as melhor às caracterís-ticas de nossa gente e ao estágio alcançado peloevolução social e política do país, a salvo porémde atentados, declarados ou solertes, por partedos que, em nome da democracia liberal, só de-sejam de fato destruí-Ia ou, em proveito próprio,viciá-Ia.

Aos organismos intermediários que, nos mais va-riados setores de atividade, compõem todo o ricocomplexo da sociedade brasileiro, não só Ihesreconheceremos e garantiremos o pleno exercíciodentro das limitações estatuídas em lei, mas po-deremos até aceitar-Ihes a colaboração desinteres-sada, leal e nunca impositiva, ou mesmo incentivare auxiliá-Ios em seus nobres e elevados propósitos,desde que julgados de benemerência ou utilidadereal para o país. O que Ihes não poderemos nemdevemos outorgar, no resguardo da próprio digni-dade do poder federal, será o intromissão, sempreindevida, em áreas de responsabilidade privativodo Governo, a crítica quando desabusada ou men-tirosa, as pressões insistentes e descabidos quepartam de quem não tem o mínimo de compromissoinerente ao múnus público.

estratégia econômica

No quadro do desenvolvimento econômico, nadopretendemos inovar pelo mero desejo de mudança.

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Ao contrário, adotaremos as mesmas linhas-mes-tras da política que até agora vem sendo seguidacom benefícios comprovados para o país e extraor-dinários êxitos por todos atestados. Estamosconvencidos, porém, de que a própria continuidadedepende da capacidade de mudança em face dealterações sensíveis do quadro conjuntural internoe externo.

Às fortes influências inflacionárias que ora noschegam do exterior, responderemos com redobradavigilância na contenção da inflação, mantendo osmecanismos de controle de preços e salários aindaindispensáveis à contenção de pressões altistas.Buscaremos enquadrar o controle dos preços emesquemas normativos melhor definidos e, no quefor possível, semi-automáticos, a salvo, portanto,do arbítrio pessoal sujeito a erro~ de julgamentoe até a impulsos não de todo conscientes, e demodo que nunca se penalizem os esforços válidosde melhoria da produtividade nem se estabeleçamprivilégios indefensáveis ou disparidades entreprodutores. A par disso, as medidas monetárias efiscais cabíveis deverão ser tomadas, para prote-ção do consumidor em geral e das iniciativas em-presariais, das quais depend,.!! o próprio desenvol-vimento acelerado do país.

Deve admitir-se, no entanto, que a crise interna-cional de matérias-primas críticas exigirá o rea-linhamento de vários preços internos como os dederivados de petróleo, que terão de ascender ne-cessariamente a um justo patamar mais elevado,admitido um escalonamento como, por exemplo,entre óleo diesel e gasolinas comum ou de superioríndice de octanagem, em função da significaçãoeconômica do consumo. A alternativa a esse rea-linhamento seria a criação ou mar.utenção desubsídios expressos ou insumidos, por todos ostítulos desaconselháveis e mesmo injustos, por in-centivar desperdícios e obrigar muitos, se nãotodos, a pagar pelo consumo conspícuo de poucos.A verdade também deve reger no setor da eco-nomia.

Em todo caso, tais reajustes corretivos não de-verão servir de pretexto à retomada de corrosivase irresponsáveis expectativas inflacionárias. Nessesentido estaremos vigilantes.Por outro lado, impacto diverso, não menos im-portante, das mudanças ocorridas na estruturainternacional de preços deverá sentir-se emnosso balanço de pagamentos. Serão bem maisaltas, por conseguinte, as necessidades de in-gresso líquido de capitais estrangeiros — pos-sivelmente o dobro em 1974 do que precisamos no

ano anterior. Torna-se pois recomendável a ma-nutenção, em áreas não-estratégicas, da mesmapolítica sábia de tratamento equânime e até mes-mo favorecedor que vem sendo concedido ao ca-pital estrangeiro, sobretudo capitais de risco, paraos quais o Brasil constitui uma área singular deelevada atração.

Os altos níveis de liquidez mundial, em particulara disponibilidade, em busca de aplicações rendosase garantidas, de vultosos e crescentes recursos emcapital livre no mundo árabe, ao qual nos ligamantigos e sólidos laços de amizade, pela extraordi-nária participação em nossa vida financeira, eco-nômica e cultural de representantes seus, hoje tãobem integrados na sociedade brasileira e, de outrolado, a credibilidade internacional que o Brasilgrangeou, pelo seu excepcional desempenho eco-nômico e, mais concretamente, pelo alto nível desuas reservas cambiais, tornam muito viável oingresso desses recursos, sob a forma tanto de ca-pitais de empréstimo como de risco.Devemos evitar porém que, no futuro, a dívidaexterna cresça despropositadamente às nossasexportações. Para tanto, importará sobremaneiraaumentar as vendas ao exterior, agressivamente,e eliminar quaisquer desperdícios na pauta dasimportações. Insistiremos, ao mesmo tempo, paraque tratamento justo, se não preferencial comodeveria ser, seja dado às nossas exportações pelospaíses mais desenvolvidos, os quais sempre tim-braram, por longos anos, em estimular a indus-trialização das áreas subdesenvolvidas e não po-dem agora, paradoxal e irresponsavelmente, blo-quear-Ihes a exportação de manufaturados sob aalegação de competição favorecida.

Prioridade número um da estratégia econômicaserá a de manter altas taxas de crescimento doproduto real, compatíveis com as registradas nosúltimos anos, objetivando nova etapa, superior, deconsolidação de uma economia moderna, princi-palmente nas áreas mais desenvolvidas do país.0 alto nível de investimentos públicos e privados,a vitalidade de nossa indústria e a potencialidadede nossa agricultura justificam a esperança de quepossamos continuar crescendo rapidamente, nãoobstante as vicissitudes que assaltam hoje a eco-nomia mundial. Para isso, impor-se-ão, natural-mente, a revisão de prioridades e, não menosessencialmente, a eliminação de todo desperdício,de modo a extrair-se o máximo resultado de nossocontinuado e intenso esforço de desenvolvimento.

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Assim, a par de uma ação tenaz no sentido de re-duzir nossa dependência quanto a fontes externasde energia — e vai nisso um redobrado apelo àpesquisa em áreas petrolíferas promissoras e aoaumento continuado de nossa capacidade de re-fino — ou, r 10 menos, de assegurar o suprimentoa prazo médio e se possível longo, de mercadonacional a preços dos mais reduzidos, atenção toda!!specia! será dada, na área da infra-estrutura, aoimpulsionamento do programa nacional de corre-dores de transportes, como solução moderna eintegrada para os problemas da circulação debens, criados por uma economia já complexa ediversificada — tanto corredores de exportaçãocomo os que atendam à importação ou a interessesindustriais — mas com ênfase particular à mo-dernização, eletrificação e desenvolvimento do sis-tema ferroviário, à ampliação e maior eficiênciado transporte fluvial e marítimo, dispensando, namedida do possível, onerosos afretamentos ao re-aparelhamento dos portos e à pavimentação dosrodovias. A escassez de combustíveis líquidos con-fere ênfase ainda maior a essa prioridade, aliásjá considerada no Governo Médici, recomandan-do-se também esforços prioritários quanto ao apro-veitamento racional de novos recursos hidrelétricosainda disponíveis e quanto à intensiva preparaçãodo país para a era da energia nuclear, seja atravésda pesquisa de jazimentos de minerais físseis,seja pela absorção da tecnologia de alta especia-lização, característica desse setor sofisticado, semque se esqueçam, ademais, as possibilidades doaproveitamento de outras fontes de energia comoo carvão, o xisto e a energia solar, por exemplo.

redução de dependência

No setor industrial, cabe salientar a importânciade alcançarmos, no mais curto prazo, nossa maio-ridade em dois setores básicos, além do siderúrgico— o da indústria eletrônica, especialmente quantoa computadores, e o da indústria de bens de ca-pital que ainda nos oferece a possibilidade desubstituir importações. Da mesma forma devere-mos reduzir nossa dependência de fontes externasno que respeita a matérias-primas básicas como,principalmente, metais não-ferrosos e produtosquímicos, inclusive fertilizantes e petroquímicos.

incentivo à pesquisa

Em particular, na mineração — desafio priori-tário a que devemos atender decididamente até

fins desta década — urge incentivar a pesquisa ea lavra em moldes adiantados, atraindo a colabo-ração indispensável da iniciativa privada, comvistas tanto a satisfazer nossas próprias neces-sidades cada dia mais acrescidas de um consumoainda excessivamente dependente do exterior,como desenvolver mais a exportação de mineraisabundantes no país na forma mais nobre possí-vel.

tecnologia

No que se refere ao setor crítico do desenvolvi-mento tec:nológico, com aplicação especial nossetores industrial, da agropecuária e da infra-estrutura, trataremos de criar instrumentos queinduzam as empresas, privadas e públicas, na-cionais e as estrangeiras com sede no país, a seengajarem no esforço primacial de elaboração eadaptação da tecnologia. Nesse particular, sendonotoriamente escassas nossos disponibilidadestanto em capital como, sobretudo, em pessoalqualificado, daremos nítida prioridade à tecnolo-gia relativa ao aproveitamento de recursos tro-picais autóctones, não disponível por certo noexterior, recorrendo sem vexame, no demais, 00cabedal de conhecimentos já desenvolvidos emoutros países, pelo qual pagaremos nada mais queo justo preço, tanto em termos de divisas comode garantias, sob estrita vigilância que resguardeuma antêntica transferência de tecnologia sempreatualizado e, assim, a futuro autonomia do país.Às grandes empresas estatais caberá proeminentepapel no desenvolvimento tecnológico nacional —pois são evidentes as deficiências, para tonto, doempresariado privado em geral. Proeminência ca-berá também aos órgãos de pesquisa mantidos ouapoiados pelo Governo, cujas atividades precisamser bem coordenados e orientadas especialmentepara o setor do pesquisa aplicada e devidamenteentrosadas com as atividades dos possíveis usuá-rios no campo empresarial.Não descuidaremos, por outro lado, de limitar, omais possível, as alarmantes deseconomias queentre nós resultam do desperdício irresponsável nautilização de recursos naturais, mesmo os maisescassos, assim como de velar pela adoção depráticos racionais contra a poluição ambiental,valendo-nos do dramático experiência de outrospaíses, embora sem descabidos exageros que ve-nham o tolher o nosso desenvolvimento econômico.Nossa estratégia de desenvolvimento continuarávoltada, por outro lado, para o conjugação daocupação econômico do território brasileiro com

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o impulsionamento à produção agrícola, pecuária,agro-industrial e à indústria de mineração, emáreas novas do Nordeste, Centro-Oeste e Amazô-nia, tendo em vista inclusive a exportação.Trata-se, muito em especial, pela expansão dafronteira agrícola nessas áreas, bem como peloaumento da produção em áreas já ocupadas ondeo preço da terra em exagerada ascensão impõemilagres de produtividade, de dar ao Brasil con-dições efetivas para realizar plenamente sua vo-cação de grande supridor mundial de produtosagrícolas, pecuários e agro-industriais não tra-dicionais — a soja, o sorgo, miJho, carne, madeirae celulose, frutas tropicais e alimentos industria-lizados. As oportunidades que se oferecem ao país,nesse particular, são excelentes em face da fomemundial por produtos tais e das exigências cres-centes de nossa população em franca expansão,seja numérica, seja em sua capacidade de demandaefetiva, tratando-se, ademais, de setor em que sepode esperar resposta bem mais rápida às medidasde promoção e incentivo.Justo é reconhecer que, desde 1964, muito se temfeito pela nossa agricultura, se não tanto pelapecuária especialmente no campo do crédito rural€ do mecanismo dos preços mínimos. Ressaltemos,por outro lado, que os preços médios recebidospelos agricultores têm subido, nos últimos anos,em proporção bem superior aos preços industriais.Contudo, em matéria de agropecuária ainda temoslongo caminho a percorrer, seja no aperfeiçoa-mento dos próprios mecanismos de crédito e depreços, de seguro e extensão rural, assistênciatécnica, pesquisa e seleção genética, seja tambémna difusão do uso de insumos modernos, de arma-zenagem e formação de estoques reguladores, sejaainda no aperfeiçoamento dos mecanismos de co-mercialização. E isso, no fundo, é bastante promis-sor pois mostra quanto poderemos multiplicarnossa produção, a prazo curto, se aplicados re-médios adequados a tais deficiências.Nesse quadro, talvez o problema mais importantea enfrentar seja o de como levar ao setor agrícola,em amplas proporções, a capacidade empresarialque já se mostrou capaz de criar a economia in-dustrial e urbana que o país hoje apresenta. Ins-trumentos novos e eficazes deverão ser criadoscom vistas a implantar-se, nas diferentes regiõesagrícolas e a exemplo do que já se vem fazendoem áreas do Centro-Sul, a empresa agrícola, comestrutura e comportamento comparáveis à empresaindustrial e de serviços. Isso, sem prejuízo daspreocupações sociais do Governo quanto ao de-senvolvimento rural.

Programas como o de Integração Nacional,PROTERRA, PROVALE e PRODOESTE, em sua novaetapa, deverão levar em conta a diretriz antes de-finida. Serão complementados por novos progra-mas diretamente orientados para essa frente prio-ritária, como o Programa de Áreas Integradas doNordeste, já em início de execução, e o Programada Agro-indústria do Nordeste, com projeto emfase final de elaboração.

Desta forma, o esforço de integração nacionaladquire nova dimensão — a ocupação de espaçospraticamente virgens irá, não apenas contribuirpara a expansão do emprego e do produto internobruto, mas permitirá ao país, ademais, sem pre-juízo do abastecimento interno, ampliar expressi-vamente o volume de suas exportações paraobtenção de divisas cada dia mais indispensáveis.

No panorama mais amplo da estrutura empresa-rial do país cabe assinalar que, da evolução re-cente da economia nacional, tem resultado o espe-tacular aumento, em eficiência e dimensões, dasgrandes empresas estatais e a participação cadavez maior da empresa privada estrangeira, ao mes-mo passo que relativa estagnação da empresaprivada nacional. Urge, pois, cuidar do fortaleci-mento deste último setor empresarial para quevenha a ocupar o lugar de equilíbrio que lhe com-pete, até mesmo para maior conforto e estímuloaos outros dois setores, hoje praticamente emconfrontação direta.

saneamento financeiro

No campo estritamente financeiro, ao ressaltar osurpreendente potencial de poupança da popula-ção que as estatísticas comprovam, cumpre reco-nhecer que se impõe ao Estado cuidar do prontosaneamento e do paulatino e seguro fortaleci-mento do mercado de capitais, não receando acaptação de recursos externos sob ajustado con-trole, nem abandonando, à própria sorte, os pe-quenos investidores, inclusive nas minorias nota-damente desprotegidas das sociedades anônimas.Meu Governo reconhece as suas responsabilidadesnesse particular e buscará adotar prontas e efica-zes medidas.

Os setores bancário e securitário receberão, porsua vez, redobrada atenção, com vistas também asaneá-Ios e fortalecê-Ios, orientando-se convenien-temente a aplicação das reservas.Nisso tudo, cumpre ao Governo, em primeira linha,dar o bom exemplo, pela austeridade nos gastospúblicos, vigilante controle da aplicação dos re-

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cursos orçamentários e extra-orçamentários, pron-to correiçõo dos desmandos que venham a ocorrer.E algumas medidas, de valor antes simbólico quereal, deverão ser adotadas desde logo, como nasviagens 00 exterior de membros do Governo, porexemplo, a fim de que se caracterize o modelo decontenção das despesas, desde o mais elevadoescalão do administração.

plano social. novos rumos

No campo social do bem-estar do povo, importaressaltar que a estratégia de desenvolvimento ado-tada, respeitando embora a prioridade essencialque se deve dar ao crescimento do produto real,preocupa-se, sobremaneira, com a universalizaçãodos benefícios que se forem alcançando, a fim deque o elevado aumento esperado na renda percapita do país, para esta década — da ordem de100% — não seja apenas um indicador abstrato,nlas conduza realmente à melhoria dos padrõesde vida dE' todas as camadas sociais.O Censo de 1970, a despeito de suas imprecisões,revelou que as desigualdades individuais de rendase mostravam muito mais acentuadas entre nósdo que na maioria dos países do mundo ocidental;que os benefícios do desenvolvimento, na décadade 1960, foram colhidos, em sua maior parte, pelacamada mais rica da população economicamenteativa; e que o hiato entre os salários damão-de-obra qualificada e não-qualificada eradesmedidamente intenso em relação aos padrõesinternacionais. Ao mesmo tempo persistem agudasdisparidades econômicas regionais que expõemo contraste de um Centro-Sul razoalmente desen-volvido com um Norte e Nordeste ainda flagran-temente contaminados pelo subdesenvolvimento.A política de incentivos fiscais, se impediu que osdesníveis regionais se agravassem, não teve forçasuficiente para corrigir, de forma significativa, osdesníveis de produtividade e de renda per capita.

Um exame detido do problema revela que amelhoria da distribuição de renda, para com-patibilizar-se com a manutenção de altas taxasde crescimento econômico, é processo que demandatempo e racionalidade. O distributivismo fácil quetenta atenuar as desigualdades individuais pelaprodigalidade no reajuste dos salários nominais,está fadado ao fracasso pelo que gera de tensõesinflacionárias, de limitação das oportunidades deemprego e de mutilação do potencial de poupançae de desenvolvimento. Nossa experiência anterior àRevolução de 1964 e experiências semelhantes em

outros países desabonam definitivamente esse dis-tributivismo emocional. A melhoria da distribuiçãopessoal da renda terá que resultar, em primeirolugar, da valorização do homem pela educaçãoe pela política de desenvolvimento e de criação deempregos e, em segundo lugar, do aperfeiçoamentoda política fiscal, da criação de fundos institucio-nais de poupança pertencentes aos trabalhadorese da melhoria da saúde e da assistência social. Apropósito, é alvissareiro registrar a atual escassezde mão-de-obra, inclusive nos menores níveis dequalificação — sinal de que os frutos do desenvol-vimento estão atingindo as camadas menos favo-recidos da força de trabalho, num sintoma suges-tivo de melhoria da distribuição de renda.

No que diz respeito às desigualdades econômicasregionais cabe, em primeiro lugar, aprimorar osmecanismos de utilização dos incentivos do Im-posto de Renda, melhorando os critérios de seleçãodos projetos, adaptando-os às vantagens compa-rativas de cada região e assegurando o equilíbrioentre a oferta e a procura de incentivos. E, emsegundo lugar, aperfeiçoar o sistema de distri-buição das rendas tributáveis, de modo a permitirmaior equilíbrio entre as taxas de desenvolvi-mento das diferentes Unidades da Federação. Nesseparticular, cabe dizer que o Imposto sobre Circula-ção de Mercadorias, se representou notável pro-gresso em relação ao antigo Imposto Sobre Vendase Consignações, ainda distribui inadequadamentea renda fiscal entre regiões.

educação, cultura e saúde

No quadro mais geral do aperfeiçoamento de nossopotencial humano — e o Homem brasileiro, semdistinção de classe, raça ou região onde viva etrabalhe, é o objeto supremo de todo o planeja-mento nacional — o Governo Federal, nas suasprioridades, colocará recursos suficientes paranovos programas especiais nos campos principal-mente da Educação, da Cultura e da Saúde, emmoldes a serem definidos no novo Plano Nacionalde Desenvolvimento.

De qualquer modo, coordenando, apoiando, contro-lando ou complementando as atividades a cargodos Estados da Federação e dos Municípios, cuidar-se-á muito especialmente:

da universolização do ensino de 1.° grau,buscando atingirem-se as metas, ambiciosasmas justas, da recente reforma básica do en-sino, em implantação;

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da melhoria, em qualidade, do ensino de 2.°grau, dando-lhe o saudável conteúdo profissio-nalizante e terminativo que ora deve inspirá-Io,mas que exige tempo e abundantes recursosnovos em professores habilitados e em materialdidático e de treinamento — todo um amploprograma a cumprir-se, inclusive através debem orientada política de incentivos aos esta-belecimentos particulares do ramo;

do ensino técnico e preparação de mão-de-obraqualificada, nos vários níveis exigidos pelodesenvolvimento do país;

de uma reforma universitária que objetive ainstituição de universidades polivalentes emultifuncionais, bem integradas na sociedade,multiplicando-se as ofertas de cursos de curtaduração e incentivando-se, sob vigilância maissevera, os cursos de pós-graduação, mas sem-pre visando prioritariamente a melhoria dafinalidade e eficiência do ensino superior cujanotável expansão acelerada dos últimos anos,dentro da idéia generosa e democrática de am-pliar as oportunidades de formação universi-tária, não poderia deixar de abrir margens aoperigo da redução qualitativa;da erradicação definitiva do analfabetismo deadultos, transferindo-se desde logo os recursosque paulatinamente venham a ficar disponíveispara o ensino supletivo de 1.° grau, voltadopara as necessidades dos recém-alfabetizadosmais jovens e aproveitando-se, em ambos oscasos, a válida experiência do MOBRAL paracampanhas nos setores da educação sanitária,da medicina preventiva, da coleta de dadosestatísticos e da difusão da cultura, entreoutras;

do apoio às atividades culturais, estimulandoa criatividade, de um lado, e possibilitandomaior acesso a nosso rico patrimônio cultural,ainda insuficientemente conhecido;da educação física e da prática dos desportos,como valiosos elementos de aperfeiçoamentodos valores morais do indivíduo e de elevaçãode sua capacidade física, componentes indis-pensáveis de uma política de desenvolvimentosocial e de integração nacional;do saneamento básico e da medicina preventiva,para o que se tratará de dar remédio à carên-cia crítica de profissionais especializados quehoje limita quaisquer esforços, e de promover,desde logo, a integração dos institutos depesquisa nas atividades programadas;

do fortalecimento da estrutura sindical tantona cidade como no campo, possibilitando-se aseleção de uma liderança autêntica e mobili-zando-se os sindicatos para sadia cooperaçãoàs atividades culturais e educativas, inclusivea educação sanitária e educação física;

da implantação efetiva das regiões metropo-litanas, para cobertura do deficit de serviçosbásicos nas grandes áreas urbanas do país,principalmente quanto a transportes coletivos,água, esgotos, combate ao crime e zoneamento,dando-se relevo ao papel que assume, hoje em

dia, o encaminhamento de soluções modernase de grande porte para os transportes de mas-sa, como único meio eficaz de reduzir, realisti-camente, a dependência excessiva em relaçãoao uso do transporte individual;

do aperfeiçoamento do mecanismo técnico,administrativo e financeiro dos programas doBanco Nacional da Habitação, ampliado emsuas funções como principal agente financeiroespecializado para o complexo das atividadesbásicas do desenvolvimento urbano, objetivan-do-se em particular, no setor de habitação, pro-porcionar melhores oportunidades para asclasses da população de menor poder aquisiti-vo e recorrendo a uma descentralização ope-racional por todo o território nacional, emarticulação com Estados e Municípios;do atendimento urgente ao grave problema domenor abandonado que infesta sobretudo osgrandes centros urbanos; eda modernização do arcaico e desumano sis-tema penitenciário existente no país.

Tal conjunto de atividades exigirá a aplicação derecursos vultosos, sem dúvida, mas corstitui, defato, investimento de alta rentabilidad~ reflexa,a prazo médio ou longo, no próprio desenvolvi-mento econômico do país e exige imperiosamentea implantação de um rigoroso sistema de controlena base da computação de índices da produtivi-dade real pelo confronto entre custos e benefícios.Por outro lado, a experiência t.~umulada nosúltimos anos em matéria de política de desenvol-vimento recomenda uma série de aperfeiçoamentosinstitucionais na legislação geral e no funciona-mento da cúpula governamental. Nesse sentido,estou remetendo ao Congresso Nacional dois pro-jetos de lei, o primeiro reformulando a estruturaministerial, o segundo modificando a composiçãoe as atribuições do Conselho Monetário Nacional,

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além de um projeto de lei complementar visandoà programação integrada dos recursos do PIS edo PASEP.0 primeiro projeto transforma o atual Ministériodo Planejamento e Coordenação Geral em Secre-taria do Planeja mento, órgão de assessoramentodireto da Presidência da República; cria o Minis-tério da Previdência e Assistência Social, o qualse encarregará do sistema previdenciá ri o e daassistência social que assim ganha um statuscorrespondente à alta prioridade que o Governoatribui a esse setor; cria o Conselho Nacional doDesenvolvimento e aperfeiçoa os mecanismos decoordenação interministerial.O segundo projeto remodela o Conselho MonetárioNacional, simplificando a sua estrutura, assegu-rando harmonia entre as suas deliberações e asdiretrizes traçadas pelo Poder Executivo e reti-rando-Ihe as atribuições relativas à política na-cional do abastecimento. Estas passarão a serexecutadas conjuntamente pelos Ministros-Chefeda Secretaria do Planejamento, da Fazenda, dosTransportes e da Agricultura, sob a coordenaçãodeste último.

Os dois projetos de lei citados, ressaltando o ca-ráter orgânico e integrado que se quer emprestarà ação do Governo, representam o primeiro passono sentido de aperfeiçoar as nossas instituiçõesdentro da linha de continuidade administrativa.Outros aperfeiçoamentos naturalmente se imporãocom o correr do tempo, a começar pela simplifi-cação do esquema administrativo, diminuindo-sea prejudicial duplicação de órgãos e a superpo-sição de funções, sempre que possivel, e peloremanejamento dos que não se encontram bemenquadrados em alguns Ministérios, devendo serdeslocados para outro.

O desenvolvimento do nosso sistema financeiro, osmecanismos de acompanhamento e de controle depreços, a participação das empresas multinacionaistêm sido guiados por muitas regras não escritas epor critérios nem sempre explícitos que vêm sendoformados pelo consenso das autoridades no seudiálogo com o setor privado. Já adquirimos su-ficiente experiência para que, agora, explicitemosas regras do jogo, de modo a simplificar a admi-nistração pública, a fortalecer a confiança dosempresários e assegurar a igualação das oportu-nidades. Do mesmo modo, precisaremos aprimo-rar o funcionamento do nosso sistema financeiro,agilizando-o de acordo com as exigências do de-senvolvimento e aperfeiçoar o sistema fiscal, par-ticularmente o Imposto de Renda e o ImpostoSobre Circulação de Mercadorias, tornando-ossocialmente mais eqüitativos e economicamentemais funcionais.Outra preocupação que assalta, desde logo, oGoverno, diz respeito à excessiva multiplicidade deleis, decretos e regulamentos, muitas vezes difi-cultando a interpretação e a correta aplicação;será empreendido grande esforço para a neces-sária consolidação e, em certos casos, atualização.Para finalizar, devo recomendar aos SenhoresMinistros interesse particular por um melhor en-trosamento dos órgãos ministeriais e das centraisdo sistema nacional de informações, assim comoarticulação bem coordenada entre as assessoriasde imprensa da Presidência e dos diversos Minis-térios.

Quanto às Forças Armadas, reservar-me-ei paraapresentar minhas diretrizes gerais na primeirareunião do Alto Comando que se realizará nospróximos dias.

Muito obrigado.

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Texto da saudação do PresidenteErnesto Geisel ao Presidente Hugo Banzer,

em Cochabamba, no dia 22 de maio de 1974

presidente geiselvisita bolívia

Constitui para mim pessoalmente e para a naçãobrasileira motivo de especial júbilo e de renovadaesperança a visita que ora realizo a esta históricacidade de Cochabamba. Sinto-me particularmentehonrado em poder expressar, neste momento, afraterna amizade que une o Brasil à Bolívia.Impulsionados por estes sentimentos, temos pro-curado, ao longo de nossa história, intensificare ampliar a solidariedade aos ideais de progressoe bem-estar dos nossos povos.Este encontro representa, portanto, não um início,mas uma nova etapa no tradicional processo deidentificação de objetivos e ideais de nossas duasnações. O futuro confirmará o alcance deste esfor-ço de colaboração que estamos agora empreen-dendo, do qual o presente já é um eloqüentetestemunho. Estou seguro, Senhor Presidente, deque os documentos, que vão ser assinados entre

os nossos países, constituirão um passo decisivono caminho da aceleração dos seus respectivosprocessos de desenvolvimento.À medida que o desenvolvimento econômico seirradia por uma gama cada vez mais numerosa depaíses latino-americanos, mais amplas se tornamas possibilidades de intercâmbio nos diversos cam-pos da atividade humana, mais promissoras sãoas perspectivas de complementação econômica e,conseqüentemente, mais estreitos vínculos se esta.belecem entre todos os povos da América Latina.Com a preocupação de responder às solicitaçõesdo presente e de respeitar os profícuos ensina-mentos do passado, de modo a inteligentementepreparar o amanhã de nossos povos, tenho a cer-teza de que este encontro frutificará em prol doengrandecimento de nossas pátrias.

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Discurso do Ministro de Estado dasRelações Exteriores, Antonio Francisco Azeredo

da Silveira, pronunciado no PalácioItamaraty, ao assumir o cargo, el.. i5 de março de 1974

a melhortradição do itamaraty é

saber renovar-se

Senhor Embaixador Mario Gibson Barboza,Senhoras e SenhoresMeus colegas do Itamaraty; diplomatas,funcionários administrativos e pessoal auxiliar,Sejam minhas primeiras palavras de agradecimen-to ao Senhor Presidente da República, a quem pro-meto dedicação integral na tarefa de assisti-Iona formulação e execução da política externa doBrasil. Servir assim será o modo de corresponderò confiança da escolha que tomo com desvaneci-mento, pois não pode haver, para funcionário dacarreira, responsabilidade maior e mais grata doque a de ocupar o cargo máximo da diplomaciabrasileira. Por outro lado, desejo assegurar querecebo a pasta das Relações Exteriores com hu-mildade, mas também com orgulho das tradiçõesdesta Casa, vivamente preservadas na gestão deVossa Excelência, Senhor Embaixador Mario Gib-son Barboza. Os resultados da colaboração, cons-trutiva e harmônica, que Vossa Excelência soubedar ao Terceiro Governo da Revolução, demons-tram que, nos momentos decisivos da evoluçãonacional, o Itamaraty sempre soube realizar econtinuará realizando uma política que reflitaadequadamente os mais legítimos interesses doBrasil. A Vossa Excelência e a seus colaboradoreso país saberá sempre agradecer os relevantesserviços prestados no campo das relações inter-nacionais.

Do ponto de vista. pessoal, Vossa Excelência, comas palavras que acaba de proferir, comoveu-meprofundamente. Muito mais do que o reflexo dos

meus méritos, elas são a imagem do Chefe com-preensivo, competente e humano, com que tivea felicidade de contar r.estes últimos anos deminha carreira. Essa imagem vinha precedida dalarga amizade e do identidade de pontos de vistaque sempre nos uniu, pessoal e profissionalmente.0 Itamaraty o vê partir com carinho e admiração.Nesta carreira, o que passa o bastão de comandoo faz com a mesma satisfação e sentido de res-ponsabilidade daquele que o recebe.

o desafio

Acredita-se, pelas próprias circunstâncias de seuofício, que o diplomata esteja exposto ao riscode afastar-se de suas raízes nacionais, tornando-se mero espectador da diversidade do mundo.Mas este não é o caso da diplomacia de um paísque deve afirmar-se e que, para fazê-Io, precisavencer toda sorte de obstáculos e incompreensões.Nessas condições, a vivência no exterior não cons-titui motivo de descaracterização. Ao contrário,colocado na linha avançada da defesa do inte-resse nacional e com a nítida visão de conjuntoque a distância pode proporcionar, o diplomatacarrega consigo, permanentemente, a imagem deum país em marcha, sem distorções casuísticasou conjunturais. Por isso mesmo, creio que, naorigem de toda ação válida da Chancelaria bra-sileira, deve estar presente um esforço de percep-ção lúcida de tudo o que compõe o nosso paíse a consciência de que o Brasil não se contém

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apenas no inventário de suas dimensões presen-tes, mas antes se completa na perspectiva fecundada superação do que é hoje.Inspirar-se no passado, viver corajosamente opresente e projetar-se no futuro — este é o de-safio constante do Brasil e, portanto, do Itama-raty. Uma Chancelaria nóo é torre de marfim, daqual se possa observar o mundo passivamente.Constitui o principal canal de vinculação de umanação c;om outras nações e um dos pilares bá-sicos da segurança do país. Tenho, portanto, plenaconsciência de que, à medida que se multiplicamas dimensões do Brasil, crescem paralelamenteas exigências de operatividade e eficácia de cadaum dos órgãos do Governo. Nesta seqüência denecessidades que se multiplicam, o Itamaratyprecisa estar em condições de movimentar-se comvelocidade e fluidez, a fim de ampliar, cada vezmais, a presença do Brasil no exterior. Por isso,tem feito e continuará a fazer ajustamentos sis-temáticos na sua capacidade de atuar. A melhortradição do Itamaraty é saber renovar-se.

tarefa diplomática

A integração dos interesses nacionais e dos in-teresses externos produz três áreas de ação paraa diplomacia: a da coincidência, a da negociaçãoe a da divergência. Explicitar as convergênciastácitas, maximizar o produto das negociações eprocurar criar as condições para a dissolução dosimpasses: esta é a tarefa da diplomacia. A estemodelo devem ajustar-se as relações bilaterais eas atuações nos planos regionais e multilaterais,pois a política externa do país é um processo con-seqüente e global. Daí ser indispensável sintonizaradequadamente esses três níveis.Devo afirmar que a diplomacia brasileira tem sidocapaz de desempenhar o papel que lhe coube nosdiversoscapazde momentos da História nacional e temsido invariavelmente um instrumento a serviçodo Brasil. invariavelmenteNo Império, umfoi o fator decisivo paraa consolidação da Independência e para a afir-mação da soberania sobre o território que nosfoi legado; na Primeira República, traçou o mapado Brasil tal como o conhecemos e, atualmente,está ela decisivamente engajada no processo na-cional de desenvolvimento econômico e social,cuja conseqüência externa é, sem dúvida, propor-cionar uma maior e mais concreta cooperaçãocom os países irmãos do Continente e o estreita-mento dos làços com os países amigos de todoo mundo.

Essas tarefas históricas se têm encadeado, cor-respondendo aos imperativos e às oportunidadesda evolução da nacionalidade brasileira. À medidaque o país se transforma e se engrandece surgemnovas oportunidades e imperativos e é assim quenão pode cessar o esforço de revisão dos objetivosda nossa diplomacia.

diretrizes da política exterior

Para o período que passaremos a viver, o SenhorPresidente da República definiu claramente quaissão as diretrizes básicas da política exteriordo Brasil: "senso de responsabilidade comogrande Nação adulta cuja voz já se faz ouvir,espírito de colaboração, aberto aos problemasecumênicos da paz e do progresso, convicção dodever de participar também da ajuda mútua entreos povos, crença na solidariedade continental quese alicerça no imperativo geográfico e na histó-ria de vários séculos — devem inspirar-lhe o ro-teiro a seguir, neste mundo intranqüilo e perplexode nossos dias".

País característico e dinâmico, inserido num mun-do que não perdoará quantos forem estáticos eanódinos, o Brasil caminha de um passado ondeainda era possível o conformismo das projeçõespessimistas e a resignação dos destinos inespecí-ficos para um futuro, já imediato, onde a auto-confiança será o reflexo e não a base de expres-sões inequívocas de grandeza nacional.

Está em curso, sem dúvida, uma maior coopera-ção entre países altamente desenvolvidos, mas,ao lado disso, os próprios países desenvolvidossão levados a aproximar-se dos países em desen-volvimento e estes adquirem, cada dia que passa,maior operatividade e eficiência. Estes são osmarcos da nova ordem internacional e já é pra-ticamente impossível contrarrestar a tendênciapara uma diversidade, na qual, ao lado dos atuaiscentros de poder, consolida-se o fortalecimentoe uma maior autonomia de outros pólos.Nesse quadro global, a primeira responsabilidadeda diplomacia brasileira é obviamente para coma América Latina. Aí será nossa tarefa a de expli-citar as coincidências essenciais que existem entreos países da Região, acima e além dos desacordosocasionais e dos traumatismos episódicos. Essaresponsabilidade particular, com os deveres quelhe são próprios, devem ampliar-se a todo o Con-tinente. O Brasil pode e deve ser um dos cataliza-dores do diálogo que já está em curso, do qualdeverá resultar, cada vez mais nítida, uma genuí-

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na expressão da vontade lati no-a me ri ca na que seprojete no Continente e no Mundo.Essa precípua responsabilidade regional e conti-nental não significa, porém, que sejam menos re-levantes as tarefas que aguardam a nossa diplo-macia em esferas mais amplas ou mais distantesgeograficamente. Elevado nas dimensões de suaeconomia e do seu poder nacional, projetando-senum mundo onde se estreita a convivência entreas nações, não será possível ao Brasil alhear-sedo que ocorre em outras áreas, do que emergecomo novas urgências na África, no Oriente Próxi-mo, na Ásia e na Europa.De todos os modos, cabe-nos ter sempre em menteas possibilidades concretas e reais do Brasil, nãoconfiando apenas no automatismo de um c'resci-mento inevitável, mas sim, trabalhando tenaz-mente o presente e projetando com fé o futuro,"olhos postos no bem-estar crescente do povobrasileiro e na maior grandeza da Pátria", como

disse o Presidente Geisel. Por isso, a política ex-terior do Governo brasileiro, hoje assinalada,repito, pela busca do desenvolvimento econômicoe social — em que deve repousar a segurança dopaís — se caracteriza pelo claríssimo propósitode abrir para o Brasil as opções do futuro e depreservá-Ias integralmente.Devo dizer, ao concluir, que não há tarefa maisrelevante do que a de participar com total en-gajamento desta mobilização criadora do IV Go-verno da Revolução. Acredito que o Ministériodas Relações Exteriores deva ser uma peça in-dispensável neste esforço uníssono de construção.Desejo, por esta razão, reiterar ao Senhor Presi-dente da República as expressões de meu agra-decimento pela honra com que me distinguiu.Possam a confiança que deposito no Itamaratye a fé que tenho no destino do Brasil ser o fun-damento de minha promessa renovada de bemservir.

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Pronunciamento do Ministro de Estado das

Relaçoes Exteriores feito a uma Estadocadela

de rádio e televisão, em 28 de março de 1914

objetivos da revoluçãona política exterior

0 que a Revolução fez em primeiro lugar, afir-mou o Chanceler Azeredo da Silveira, foi salvar opaís de um caos que era iminente, imprimindo aoGoverno dinamismo, seriedade, rigor, capacidadede atuação em todos os setores da administraçãopública. O Itamaraty também sentiu esta forçaintrínseca de renovação, que deu maior volumee maior dimensão ao País. O Brasil adquiriu novasresponsabilidades, novos deveres, e também novasoportunidades no campo internacional. A Revolu-ção é obra de todos os setores nacionais, e a polí-tica exterior é a projeção dos interesses nacionaisno estrangeiro. Se o Brasil cresceu, também cres-ceu sua influência no contexto internacional. Nãose pode comparar o Brasil de 1964 com o Brasildeste ano. Tudo que aí se vê indica qual a Missãoque o nosso País tem no mundo e qual vai sero seu papel: papel de um País gigantesco terri-torialmente e que se transformou numa potênciaemergente, uma potência ecumênica, que não de-seja influenciar nem obter vantagens de outrospaíses, conforme disse o Presidente Geisel. O queo Brasil deseja é contribuir cada vez mais paraa paz e a harmonia entre as nações, e, natural-mente, exercer a missão que lhe cabe para o seudesenvolvimento econômico e social. Uma Chan-celaria que não vive o momento histórico de seupaís não tem direito de ser assim denominada.Não teria nenhum sentido se hoje ainda estivésse-mos fazendo o que Rio-Branco fez, que foi tãoimportante: a consolidação da estrutura nacional.Hoje a projeção do Brasil no exterior é a buscado desenvolvimento econômico, da felicidade do

povo brasileiro. Os diplomatas que estão no exte-rior não vêem o Brasil apenas com entusiasmo,olham também, e com emoção, o povo brasileiro,a necessidade que todo país tem de saber daresposta àquilo de que o povo necessita na suavida simples e generosa. O ltamaraty não é umatorre de marfim, como não é instituição fora doBrasil, mas que está dentro do Brasil e tem dese transformar num dos seus maiores instrumen-tos do desenvolvimento econômico e social.

pragmatismo responsável

Ao deter-se na exposição das diretrizes gerais dogoverno sobre a política externa, afirmou aindaAzeredo da Silveira que o Presidente da Repúblicajá fizera esta síntese ao defini-Ia como de prag-matismo responsável. Isto quer dizer, esclareceu,que o Brasil não está interessado em discussõessemânticas, terá linha de política externa simplese compreensível. O que pretendemos é que todosos países nos respeitem, como nós os respeita-mos, o que desejamos é cooperação, como estamosprontos para cooperar. O que não queremos épredominar, como não aceitamos que outros paí-ses pretendam predominar sobre os interessesnacionais. Nossa política exterior é uma buscapara harmonizar os interesses nacionais. Em pri-meiro lugar com os países que nos são vizinhos,e, em segundo, com os países do continente ame-ricano, da nosso fronteira marítima, dos paísesafricanos e que essa projeção se lance sobre todos

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os países do mundo. Dentro desse pragmatismo,reconhecemos, realisticamente, que temos rela-ções mais estreitas, ou melhores, com determina-dos países. Mas isso não impede que o Brasilbusque uma relação de respeito recíproco comtodos os países do mundo. E não pretendemos,nessa harmonização, fazer com que o interessenacional predomine, como também estamos se-guros de que não é intenção dos outros paísesfazerem isso, de funcionarem dentro de um siste-ma de defesa egoísta de seus interesses. Mas nãose coloca este problema. O problema da harmo-nização é aquele que garante a continuidade dosacordos. Os acordos verdadeiramente sustentados

dão satisfação a todos os países que deles fazemparte. ~ isso que o Brasil buscará. O Brasil nãoterá alinhamentos que não representem a defesade seus interesses. Não pretendemos satelitizarninguém mas consideramos que o nosso país,pela sua grandeza, pela sua importância, é umpaís essencialmente insatelitizável. Temos coin-cidências ocidentais enormes, e essas coincidên-cias serão cada vez mais ampliadas, mas, sem-pre, fruto de uma decisão nacional brasileira. Ointeresse brasileiro é irrenunciável, e as perspec-tivas desse interesse, as aberturas, não são re-nunciáveis para o Brasil.

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chanceler brasileiroDiscurso do Ministro Azeredo da Silveira

perante a IV Assembleia da Organização do; Estado;Americanos, em Atlania, EUA, em 20 de abril de 1974

na oea

Senhor Presidente,Senhores Chanceleres, Senhores Delegados,Sennor Secretário Geral da Organização dos Esta-dos Americanos,Senhores e Senhoras,

Honrado com a escclha do Presidente ErnestoGeisel para exercer as funções de Ministro deEstado das Relações Exteriores da República Fe-derativa do Brasil, é com grande satisfação quevolto a participar das atividades da Organizaçãodos Estados Americanos, a que estive tão direta-mente ligado, em particular na reunião da Co-missão Especial da Reforma da Carta, no Panamá,em 1966. É com prazer também que vejo, ao redordesta mesa, tantos eminentes amigos, com quemtive a honra de cruzar no curso de minha jálonga carreira. Minha satisfação não é menorao apresentar-lhe, Senhor Presidente, as felicita-ções do Governo brasileiro e as minhas próprias,pela escolha de Vossa Excelência para dirigir osdebates desta IV Assembléia Geral, no curso daqual serão considerados temas da maior impor-tôncia e interesse para o continente. A experiên-cia de estadista e tirocínio demonstrados porVossa Excelência à frente do Departamento deEstado constituem a garantia do êxito dos tra-balhos ontem iniciados.

Gostaria também de agradecer a generosa ecordial hospitalidade da cidade de Atlanta e doestado da Georgia,. tão de acordo com as tra-dições de fidalguia do sul deste grande país.

necessidades da américa latina

Senhor Presidente,Cabe analisar as relações interamericanas dentrodo contexto global de um mundo em plena tran-sição, cuja própria dinômica o está tornando cadavez mais interdependente. No entanto, ao inserira problemática do Hemisfério nesse contextoglobal, nossa visão não deve deformar-se por umatimidez excessiva, nem por um entusiasmo exa-gerado. Por isso, desejo ressaltar que a América,e em particular a América Latina, possuem carac-terísticas próprias, que exigem, mesmo no quadromaior das relações globais, soluções próprias ouadequadas às necessidades particulares da região.

Assim, ao mesmo tempo em que se torna necessá-rio analisar os problemas que enfrentamos dentrodo panorama mais vasto das questões que atual-mente afligem o mundo, impõe-se preservar,nesse exercício, a consciência de nossas caracte-rísticas próprias e necessidades prioritárias.Quando me referi a um mundo em transição, quisapontar essencialmente um mundo em plenatransformação de sua estrutura econômica e,conseqüentemente, social. A nova Era Tecnológicaem que estamos ingressando passou a exigir umnovo dimensionamento das relações econômicasinternacionais. As bases em que repousam essasrelações no presente momento foram forjadas noperíodo imediato do após-guerra. As conferênciasde Bretton Woods e de Havana lançaram os prin-

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cípios para uma ordem monetária e comercialque, hoje, não mais atendem a complexidade daeconomia moderna. Os países em desenvolvimento,cujos anseios foram quase esquecidos, tanto emBretton Woods como em Havana, foram as prin-cipais vítimas da ordem econômica que emanoudessas conferências e, por essa mesma razão, hámais de dez anos lutam para uma transformaçãoda estrutura comercial e financeira mundial.Apesar de grandes esforços e de inúmeras deci-sões e recomendações em diferentes foros inter-nacionais, muito pouco se logrou fazer de con-creto. Há POtlCO mais de dois anos atrás, o abalode uma inesperada crise monetária e suas re-percussões no terreno comercial e econômicodemonstraram cabalmente a necessidade de seproceder a uma revisão da própria estrutura dasrelações econômicas internacionais. A eclosão dacrise de energia e da escassez de matérias-primasdramatizou essa situação, revelando a nova etapade interdependência a que chegara o mundo, e oabismo do caos econômico que se nos apresentacomo única alternativa a uma cooperação maisefetiva entre as Nações. E a tônica dessa coope-ração tem de ser uma só: o tratamento desigualpara nações desiguais, ou seja, uma estruturaeconômica mundial que acelere o pleno desenvol-vimento econômico e social de todas as áreas domundo. Embora o desenvolvimento seja a res-ponsabilidade primordial de cada país e de seupovo, ele só poderá realizar-se através dos ca-minhos da cooperação, da solidariedade e dadiscussão dos problemas comuns no nível inter-nacional.

Assim é que, nesse mundo em transição, temosde buscar soluções comuns que orientem suatransformação estrutural no terreno econômico,e não sermos confrontados por mudanças episó-dicas, ditadas pelo trauma e pelo medo, impul-sionadas por interesses egoístas, em vez de ins-piradas pela harmonização de interesses legítimos.Devemos, inclusive, procurar estabelecer princí-pios ou normas que garantam uma segurançaeconômica coletiva, que concebemos como umaestratégia global de desenvolvimento, através daqual nossos países possam fazer sempre o melhoruso de suas potencialidades econômicas e desuas forças de trabalho, garantindo o aproveita-mento soberano dos recursos naturais dentro deseus territórios, de acordo com suas necessidadese interesses.

obietivos da política externa brasileira

Três objetivos, Senhor Presidente, identificamoscomo os de nossa política externa: o de explicitaras convergências tácitas, maximizar o produtodas negociações e procurar criar as condições paraa dissolução dos impasses. Isso abrirá para nossasnações as opções do futuro, as quais é nossamissão preservar integralmente. Tal se fará tam-bém através do diálogo franco e aberto, do qualdeverá resultar, cada vez mais nítida, uma genuí-na expressão da vontade latino-americano que seprojete no continente e no mundo.

reestruturação do sistema interamericano

Senhor Presidente,As relações interamericanas devem inspirar-senum esforço conjunto, de âmbito continental,para alcançar esse ambicioso objetivo da criaçãode uma nova estrutura, uma nova ordem, parao pleno desenvolvimento econômico e social denossos povos. Cabe-nos ter presente, como pontode partida, a característico básico deste Conti-nente: o fato de ele conter, ao mesmo tempo,um pólo de alto desenvolvimento e poder econô-mico e vastas áreas de subdesenvolvimento epobreza. Qualquer nova programação para nossasrelações, seja no nível regional, seja no âmbitointernacional, não terá operatividade se não partirdessa premissa essencial e dela tirar todas asconseqüências.

Acolhemos com satisfação o "Novo Diálogo" quese está realizando entre os Estados Unidos e aAmérica Latina e estou incluindo, nesta últimaexpressão, as nações irmãs do Caribe, pois todosnós, brasileiros, qualquer que seja a nossa ori-gem, somos latino-americanos. Entendemos, con-tudo, que esse diálogo terá em seu espírito oque acabei de assinalar e, assim sendo, estoucerto de que contribuirá para uma maior com-preensão dos interesses e das necessidades decada um; e das soluções comuns a que se devechegar. Será mister impedir que as conclusõesque resultem do diálogo se percam, porém, porfalta de um mecanismo institucional capaz depermitir sua operatividade e eficácia no tempo.É nesse contexto que se justifica uma reestrutu-ração do sistema interamericano.Os trabalhos até agora empreendidos na revisãoda carta e outros instrumentos têm sido decep-cionantes, talvez por haver faltado à Comissãode Reformo um sentido programático. Assim, pa-

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rece-me que a Assembléia Geral deveria dedicar-se à difícil mas importante tarefa de estabelecernovas bases para o trabalho da Comissão. Comoprimeiro passo, proporia que se estudassem osmeios de aperfeiçoar um elenco; de princípios bá-sicos, de natureza econômico, que deveriam regeras relações do Continente. lembro que a AtaEconômica e Social do Rio de Janeiro, elaboradaem 1965, estabeleceu princípios dessa natureza,que deveriam ser reexaminados e revigorados àluz do que já se logrou acordar, em recentes anos,em diferentes foros do sistema. O aperfeiçoamen-to de tais princípios permitiria melhor ordenaros mecanismos e os recursos da organização paradar-Ihes uma dimensão concreta e palpável. Devoassinalar que, para cumprir seus objetivos, nãobastará dar à Organização maior dinamismo prag-mático, mas também maior sentido programático,que atenda à necessidade de buscar não só solu-ções tópicas para cada problema, mas tambémuma nova estrutura para as relações interame-ricanas nos campos econômico e social.

Senhor Presidente,

Os graves problemas que enfrenta o mundo dehoje, nos quais se inserem, como tentei indicar,os problemas de nosso hemisfério, só poderão serresolvidos com espírito criador, dosado pelo ne-cessário pragmatismo. Não devemos perder devista a realidade em que vivemos, mas tampoucodevemos tentar superar problemas do presenteatravés de soluções do passado. Será nossa aresponsabilidade de buscar realisticamente medi-das em todos os campos, do comércio, do finan-ciamento, da tecnologia, que dêem o impulso ea estabilidade necessárias em nossas relações,para assegurar o pleno desenvolvimento, a har-monia e, numa escala mais alta, a própria paz.Para isso não bastará a criação de novos "slogans"ou a invenção de novos mecanismos.

política de cooperação

Senhor Presidente,

No primeiro pronunciamento que faço num forointernacional em minha condição de titular dapasta das Relações Exteriores do meu país, tragodo Presidente Ernesto Geisel, uma mensagem depaz e de harmonia para todo o continente: nossalinguagem será direta e simples, pois o que buscao Brasil, repito, é a manutenção da paz e doentendimento entre todas as nações.

Estamos, Senhor Presidente, convencidos de quea convivência internacional não se coaduna comatitudes de isolamento ou com preocupações au-tárquicas. A colaboração e a solidariedade naapreciação dos problemas comuns são as únicasatitudes compatíveis com a conduta de naçõesdesejosas de darem sua contribuição ao estabe-lecimento de uma comunidade internacional justa,pacífica, livre e próspera. Como afirmou o Presi-dente de meu país, ao receber a primeiro visitade um Chefe de Estado latino-americano, o emi-nente Presidente Figueres, estamos firmementeempenhados em estabelecer, dentro de uma normade invariável respeito, uma política de coopera-ção com todos os países e, em especial, com osdo nosso Continente. Não desejamos de nenhumaforma predominar, porquanto não aceitamos he-gemonias no seio da comunidade das nações.Nossa política exterior buscará harmonizar os in-teresses do Brasil com os de nossos vizinhos eamigos, os das nações do hemisfério sobretudo,certos de que esta é a nossa maneira tranqüilae segura de garantir uma atuação contínuo e per-manente de cooperação e solidariedade.É dentro desse modelo de pragmatismo respon-sável, Senhor Presidente, que se movimentará adiplomacia brasileira, como uma atividade nacio-nal em busca do entendimento, da cooperação eda compreensão ecumênicas, no concerto das na-ções. Não estamos interessados em discussõessemânticas ou em divagações retóricas, assimcomo desejo também deixar claro que o Brasil éuma país insatelitizável, da mesma formo comonão deseja e nem pretende satelitizar ninguém.Essa posição, vinculada aos objetivos permanentesda nação brasileira, é fruto de sua vocação histó-rica e da decisão consciente de seus governantes.No mesmo sentido, o Brasil não é país sujeitoa alinhamentos automáticos, pois, antes e acimade todas as considerações, estará sempre presen-te a defesa permanente de seus interesses nacio-nais, que procuraremos, como expressei, harmoni-zar com os interesses dos outros países.

Senhor Presidente,

Ao concluir, desejo igualmente ressaltar que opressuposto básico dessa política externa é orespeito recíproco entre as nações. Assim comorespeitamos os nossos parceiros da comunidadeinternacional, da mesma forma esperamos mere-cer o respeito por parte de todos os demais.

Muito obrigado.

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Discurso do Ministro de Estodo dasRelaçoes~oMinist~o Extenores por Estadoocaslao

da formatura da turma de 1973 doInst i tuto Rio-Bronco, no Palócio I tamaraty, Brasílio,

em 26 de abri l de 1974, Dia do Dipfomatà

azeredo da silveirasaúda novos diplomatas

Excelentíssimo Senhor Presidente da República,

meus Colegas,

Senhoras e Senhores,

Tenho hoje tão cedo após a minha investiduracomo Ministro das Relações Exteriores a gratae muito honrosa oportunidade de receber VossaExcelência nesta Casa, Senhor Presidente, ondevem presidir a solenidade de formatura de umanova turma de diplomatas, preparada pelo Ins-tituto Rio-Branco. Não poderia haver, para mim,circunstância mais auspiciosa do que esta paradirigir, aos jovens Secretários que ingressam nacarreira, algumas palavras de estímulo e de ava-liação sucinta do papel do diplomata do Brasilcontemporâneo.

Seja, antes de mais nada, constatado que o nossoPaís se vê defrontado, na conjuntura atual, comoportunidades sem precedentes de atuação e depresença no plano internacional. Tais oportuni-dades, se resultam, por um lado, de fatores exó-genos, também se originam nos esforços de todosos brasileiros, pois, derivam da projeção maisampla dos interesses nacionais multiplicados pelocrescimento do Brasil.

Nesta hora, de amplo descortínio para o mundo,cabem aos diplomatas tarefas de especial urgên-cia e responsabilidade, as mesmas de sempre eque Ihes são próprias, exaltadas, porém, pelosignificado excepcional do momento.

funções do diplomata

Como para todo aquele que elege a profissãode servir a pátria, o primeiro obrigação do di-plomata é a de executar o política do Governo,ditada pelos objetivos e pelos interesses nacio-nais. Mas, se o todos eles compete desincumbir-sedo dever executivo de forma criadora, de modo atornar fecunda e renovadora o seiva do organis-mo público, de uns mais do que de outros seespera que no exercício de suas profissões, sejamparticularmente conscientes e atentos. Tal é ocaso do diplomata, em virtude das próprias carac-terísticas de sua função.

Nem sempre tem sido fácil ao grande públicocompreender a natureza especial da atividade di-plomática. ~ que a diversidade dos requisitos quea integram torna precário o seu entendimento porquem não tem com ela um trato mais familiar.A tarefa do diplomata é necessariamente discre-ta, e até mesmo, muitas vezes, tanto mais eficazquanto obscura. Flexível e adaptável, desvia-seela dos modelos programóticos~ que facilitam ocontabilidade dos êxitos ou a definição dos in-sucessos. Imaginativa e versátil, pode parecerexpediente quando está sendo tático, inconscientequando pragmática, fria quando realista. E porser eminentemente política, é, sobretudo, umaarte do possível. O que não significo, nem podesignificar, que, num país como o Brasil, lhe falteo parâmetro ético. Ao contrário, porque nos or-gulhamos de ser um povo responsável, o nosso

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pragmatismo deverá, portanto, exercer-se sempredentro dessa moldura, que lhe confere a dimensãohumana.

Voltado a um tempo para o lado externo e o ladointerno das fronteiras do país, o diplomata é oagente da integração dos destinos nacionais, nocontexto mais amplo do cenário internacional.Suas atribuições específicas são informar, nego-ciar e representar. Estes três elementos se fun-dem no objetivo de vincular a realidade nacionalcom a sua projeção no exterior. Longe de ser oude poder ser desligado da intimidade nacional, odiplomata tem que nela poder situar-se com totalnaturalidade, para poder representá-Ia em seusentido mais amplo. Se permitir que suas raízesnacionais sejam cortadas, estará perdendo a efí-cácia e a própria representatividade. Recomendo-Ihes, meus jovens colegas, que nunca se permitameste alheiamento estéril.

informar

Ao cumprir a função de informar, o diplomatatem que estar alerta para o panorama externo,cambiante e multifacetado, a fim de reagir àsoportunidades que surjam e às ameaças que seapresentem. Essa conceituação já evidencia a re-levância do papel do diplomata no conjunto daação do Governo. Como evidencia, também, anecessidade de uma modernização constante desua máquina operacional.

De fato, as atividades diplomáticas de avaliação,num mundo altamente tecnificado, têm necessa-riamente que ser revistas continuamente para se-rem exercidas num contexto de eficiência defi-nido pelo aproveitamento das modernas técnicas,em função dos objetivos próprios da atividade di-plomática. Nesse sentido, pode ser inestimávela cooperação que a diplomacia presta aos demaisórgãos do Governo, voltados para as tarefas deconstrução e de segurança internas.

negociar

Da mesma forma, a atividade negociadora se defi-ne, hoje, em moldes distintos dos do passado. Maise mais, é imprescindível uma coordenação de todoo Governo, pois, é para atender a objetivos porele traçados que o diplomata negociará no exte-rior. Assim, boa. parte da substância na formu-lação da missão negociadora que cabe ao Itama-raty tende a concentrar-se nos aspectos da polí-tica externa. E, em virtude da responsabilidade

que tem de conectar a realidade nacional comsua projeção externa, o Itamaraty deve ajustarao máximo sua capacidade profissional de nego-ciar, bem e com rigor, cabendo-Ihe, sem dúvida,a tarefa básica de executar as negociações, namais íntima colaboração com os órgãos governa-mentais interessados.

representar

A terceira função do diplomata é representar.Dele se espera que reflita nosso povo, nossastradições, nossas aspirações, nossa cultura. Porisso, viver no exterior não é exercício hedonísticoou fútil vilegiatura de privilegiados. Esta missãoencerra uma grande responsabilidade e certamen-te comporta os conhecidos sacrifícios do exílio.Força é ter sempre em mente que, até no coti-diano e na simplicidade, o diplomata é um frag-mento da imagem do Brasil e precisa, sobretudo,transmiti-Ia bem.

compreender e interpretar

Meus jovens e bem preparados Colegas,

A diplomacia nem sempre se presta à formulaçãode programas rígidos. Não se pode, assim, fazerum elenco de metas ou propor calendários paraalcançá-Ias. Em sua função de projetar no exte-rior o interesse nacional, cabe à diplomacia com-preender e interpretar o quadro externo, sobuma luz atual e real, com o entendimento límpi-do dos princípios básicos que devem reger-nos eque nos encaminham para a busca do desenvol-vimento econômico e social do Brasil em climade segurança, pois que, como definiu Vossa Ex-celência, Senhor Presidente da República, este éo objetivo global do Governo do Brasil.

0 Brasil é um país de vocação pacífica, desafeitoao isolamento e avesso aos sonhos de hegemonia.Somos, por temperamento e por vocação geopolí-tica, abertos à cooperação e voltados ao ecume-nismo. Nosso maior interesse é o de abrir o lequedas coincidências e trabalhar pelo progresso co-letivo. Não nos fascinam as manipulações ma-quiavélicas, que exploram a desunião para forçara cunha de interesses nacionais espúrios. Paranós, poder e responsabilidade são duas facetasde uma realidade única. A ambas encaramos den-tro de uma moldura ética, que nos faz ver apátria como uma projeção do homem. Para ser-vi-Io, aspiramos à criação de uma sociedade maisrica e mais justa. Tais objetivos brasileiros tende-

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rão a refletir-se, mais e mais, no cenário inter-nacional. Por suas dimensões, por suas potencia-lidades, o Brasil tende a aumentar o pesoespecífico de sua presença no mundo. Essa pre-sença nunca será negativa, matizada por anta-gonismo ou impregnada por preocupações depreponderância. Não nos movem, tampouco, pre-conceitos herdados ou impostos. País de um povogeneroso, o Brasil busca a convivência e a coope-ração e estendemos a nossa simpatia a todos osque comungam conosco aspirações semelhantes.Zelosos de nossa independência, entendemos eapoiamos aqueles que aspiram manifestar, livresde imposições exógenas, os legítimos anseios na-cionais. Abominamos toda sorte de prepotência,mas, mesmo com a brandura que é um dos apa-nágios históricos do Brasil, estaremos sempre.

como no passado, preparados para enfrentá-Iafirmemente. Tranqüilos em nossas fronteiras, ne-gociadas pacificamente com vizinhos que hoje sãotodos amigos e irmãos, vemos com inquietaçãoa violação territorial contra a vontade dos povos.E acreditamos que os caminhos da paz e do pro-gresso, pela compreensão e pela convivência, sãonumerosos e acessíveis.

Senhor Presidente da República,Mais uma vez agradeço a presença de Vossa Ex-celência nesta Casa. O desafio constante do Ita-maraty, dada a forma por que se insere uma Chan-celaria no processo decisório nacional, é sempreo da eficácia. Dedicação, rigor operativo e amáxima atenção aos imperativos do interessenacional é o que prometemos todos a VossaExcelência.

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Discurso do Ministro de Estado dasExteriores quando da assinatura do

sobre o Plano de daOperaçaoassin~turado do ProJetoDesenvolvimento da Bacia da Lagoa M i r i m " , celebrado

no Palácio Itamaraty, Brasíl ia, a 20 de maio de 1974

importância doProjeto lagoa mirim

Senhor Embaixador,

Ao formalizarmos, através da troca de notas queacabamos de realizar, o consenso de nossos Go-vernos em relação às novas e mais amplas fina-lidades da Comissão da Lagoa Mirim, estamosdando uma prova eloqüente do empenho mútuoem que nos encontramos de tornar cada vez maisoperativa nossa colaboração bilateral, no quadromais amplo de uma verdadeira integração latino-americana.

colaboração bilateral

Mediante esforços somados através dos anos,Senhor Embaixador, nossos Governos têm reitera-do, cotidianamente, o exemplar empenho de am-pliar as áreas de convergência entre os interessesnacionais de nossos dois países, maximizando oproduto das negociações tendentes a promover odesenvolvimento, sabiamente dosando, com es-pírito realista, o pragmatismo necessário à ace-leração do processo de crescimento econômicocom a inata generosidade que sempre caracte-rizou nossos povos na busca incessante da maisperfeita realização de suas potencialidades huma-nas e históricas.Voltados, por completo, para as preocupaçõesadvindas da vontade de expandir nossos propó-sitos de cooperoção, buscamos incansavelmentemelhor aproveitar as positivas transformaçõeseconômico-sociais do mundo contemporâneo, que

acenam com um esboço de futuro que a nós cabe,na exata medida de nossas possibilidades, tornarmelhor, mais rico e mais justo.Alheios a qualquer ambição, condenável e peque-na, que se volte, quer para inúteis devaneios dehegemonia ou preponderância, quer para um im-possível isolamento, de per si anacrônico, em ummundo que exige, cada vez mais, a superação dasdivergências, tendo em vista, inclusive, a prospe-ridade solidária de todos, preferimos devotar omelhor de nossa tenacidade e de nossa imagina-ção criadora para este projeto de integração ecooperação, cujos resultados concretos estamo-nospreparando para colher.

0 propósito de enfocar conjuntamente, com es-pírito de fraterna e leal amizade, os problemasde desenvolvimento que enfrenta a área da Baciada Lagoa Mirim não é novo. Tem, como pontode partida, as notas trocadas em 26 de abrilde 1963 e em 5 de agosto de 1965, quandoBrasil e Uruguai estabeleceram as bases de fun-cionamento e as metas iniciais a serem alcança-das pela Comissão da lagoa Mirim, isto é, equa-cionar os problemas técnicos, econômicos esociais referentes ao aproveitamento daquelaárea fronteiriça, tendo em vista estipular as con-dições indispensáveis ao desenvolvimento regional.Hoje, podemos justamente orgulhar-nos de estar-mos encerrando, na prática, esta fase inicial eindispensável de estudos em que se conjugaramos esforços brasileiros e urugu(!lios à significativa

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cooperação da FAO e do PNUD. Passamos, dora-vante, a um estágio mais decisivo, mais desafia-dor e sobretudo infinitamente mais atraente, paratodos aqueles que aspiram a efetivamente parti-cipar da justa construção do desenvolvimento deambos países. Chegamos, Senhor Embaixador, aoestágio da ação concreta.

novo estágio

0 ato que acabamos de firmar consagra a sa-bedoria da manutenção de um organismo quese revelou de tão extrema utilidade no contextodas nossas relações, ao mesmo tempo em queconfere à Comissão da Lagoa Mirim novas fina-lidades, condizentes com o atual estágio do apro-veitamento da Bacia da Lagoa Mirim. De órgãocoordenador de estudos, a Comissão passa à ca-tegoria de instituição supervisora da implemen-tação dos projetos indispensáveis ao desenvol-vimento da região. Terminados os projetos deengenharia, passaremos imediatamente à cons-trução das obras que seguramente transformarãoa fisionomia de toda a região da Bacia da LagoaMirim.

plano iaguarão

Nesse contexto, avulta o Plano Jaguarão, primeirapromessa, a ser cumprida no mais breve prazo,de efetiva aceleração do ritmo de desenvolvimen-to econômico-social da área. Na pluralidade deseus aproveitamentos, que incluem a construçãode barragens, a instalação de uma usina hidrelé-trica, a elaboração de todo um sistema de irri-gação e controle de cheias, a racionalização emodernização da agricultura, e a transformaçãoeconômica advinda do desenvolvimento industrial,manifesta-se, concretamente, a preocupação dosGovernos de nossos países pelo integral aprovei-tamento dos recursos regionais.Uma vez implementado, o Projeto terá as maissalutares repercussões econômico-sociais sobretoda aquela bacia fluvial, que se estende por7.491 km2. Uma população total estimada em100.000 pessoas (55.000 no Brasil e 45.000 noUruguai) será a beneficiária imediata do Projeto,mas seus efeitos derivados alcançarão uma área

de influência que atinge os centros urbanos maispróximos, dentre os quais se destacam, no Brasil,Pelotas, Rio Grande, Bagé, Jaguarão, Pedro Osó-rio, Arroio Grande e Pinheiro Machado, e, noUruguai, Meio, Treinta y Tres e Rio Branco.

passo do c:enturião

Se, todavia, me fosse perguntado, qual dentretodos esses objetivos me parece o mais urgente,aquele que melhor atende, sobretudo na conjun-tura atual, às necessidades de crescimento eco-nômico da área, não teria eu qualquer dúvida emindicar o projeto da usina hidrelétrica de Passodo Centurião. Com os seus 40 MW de capacidadeinstalada projetada e sua capacidade de gerarquantidade de efeitos multiplicadores sobre ocrescimento regional, Passo do Centurião podebem representar o espírito de solidariedade, rea-lismo, e a preocupação com a melhoria da qua-lidade da vida das populações fronteiriços quetêm sido os traços característicos a nortear ostrabalhos da Comissão.

Por isso mesmo, ao assinarmos este novo acordo,que abre margem a um trabalho ainda mais pro-fícuo e compensador, para todos os que, ao longodos anos, têm doado generosamente seu esforçoe capacidade ao projeto de desenvolvimento inte-gral da Lagoa Mirim, é com profunda satisfaçãoque manifesto a decisão tomada pelo Governobrasileiro de, irmanado com o Governo oriental,implementar, no menor prazo possível, o projetode Passo do Centurião. ~-me, outrossim, extrema-mente grato manifestar a Vossa Excelência, Se-nhor Embaixador, em nome do Governo brasileiro,o nosso propósito de celebrar com o Governo daRepública Oriental do Uruguai, no mais breveprazo, um tratado que consagrará, em um quadrojurídico amplo e flexível, os pontos básicos quedeverão orientar não somente o aproveitamentocomum deste trecho contíguo do rio Jaguarão,mas também explicitar a maneira pela qual osdois Governos unirão seus esforços para imple-mentar o projeto de desenvolvimento integradoda Bacia da Lagoa Mirim, cujo perfil simbolizaráo desejo brasileiro e uruguaio de estreitar osvínculos de amizade que tradicionalmente unemos dois países e que consideramos um dos im-perativos históricos de nossas nacionalidades.

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chanceler brasileiroprega maior cooperaçao

entre países do prataPronunciamento do Ministro de

Estado dos Relações Exteriores no Plenório doVI Reunião de Chanceleres do Bacia do Prato, em 10 de junho

de 1974, no cidade de Buenos Aires

Senhor Presidente,

Senhores Ministros,

A VI Reunião de Chanceleres dos Países da Baciado Prata celebra-se em Buenos Aires, sob a égidedo Tratado, para apreciar os múltiplos aspectosda problemática regional e, uma vez mais, rea-firmar, com a palavra e a ação, nosso firme pro-pósito de conduzir a bom termo a missão de queestamos investidos pela história e pelo mandatode nossos povos.No curso dos últimos anos, e sobretudo a partirda assinatura do Tratado que nos congrega, oprocesso de integração física da Bacia do Pratae do aproveitamento de suas potencial idades, de-senvolveu-se a um ritmo acentuado e logrou re-sultados francamente animadores. As realizaçõesjá cumpridas, os projetos em andamento e asiniciativas em estudo são de natureza a nos per-mitir considerar que o labor executado justificaos anseios e as esperanças dos negociadores esignatários do original e imaginoso instrumentofirmado em 1969.

desenvolvimento regional e integração física

Os fatos animadores a que me acabo de referirsão devidos sem dúvida à firmeza e à decisãode nossos povos e governos no sentido de desen-volver todas as possibilidades da Bacia do Prata.Cumpre ter presente, porém, que a flexibilidade

do Tratado, seu espírito realista e o sentido prag-mático de suas disposições, nascidos de umaavaliação criteriosa das peculiaridades da região,tornaram possível utilizar, de modo adequado, asenergias de nossas coletividades nacionais dirigi-das, como acentuei, ao propósito do desenvolvi-mento regional.

Todos esses fatos, Senhor Presidente, estão a de-monstrar, de modo inequívoco, que o foro regio-nal é o mais propício a um esquema de coope-ração do tipo preconizado pelo Tratado. O co-nhecimento profundo da região, de suas riquezase de suas particularidades, somente se pode en-contrar em um organismo ad hoc, no caso, o Co-mitê Intergovernamental Coordenador (CIC), ondeme coube representar o meu país, e cujo tarefaincessante e alto sentido de responsabilidade me-recem um crédito ponderóvel ao serem apreciadasas novas e promissoras condições reinantes naárea.

A contemplação dos resultados alcançados nãonos deve levar, entretanto, Senhor Presidente, adeixar de proclamar o muito que cabe ainda rea-lizar. Os grandes caminhos terrestres da uniõoentre nossos países estão, de fato, abertos ou emmarcha acelerada; as vias navegáveis, mercê doprojeto A-4, se acham em processo de melh ra-mento ou com estudos em andamento; importan-tes centrais elétricas se encontram em construçõoou em projeto.

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fundo financeiro para o desenvolvimento

da bacia do prata

Nesse contexto, cumpre salientar, como um dostemas prioritários desta Reunião, o do Fundo Fi-nanceiro para o Desenvolvimento da Bacia doPrata que, estruturado em suas linhas mestrasna Resolução 44 da V Reunião de Chanceleres,conta com um projeto de Convênio Constitutivoelaborado pelo CIC, a respeito do qual nos caberá,nesta oportunidade, manifestar o pensamento denossos governos. Contribuirá essa entidade, tãologo esteja sua estrutura aprovada, para tornarcada vez mais efetivos nossos esforços em prolda integração física e do desenvolvimento daregião.

Todo esse quadro alentador está longe, porém, decorresponder aos propósitos maiores de todos nós,bem como às reais possibilidades da área. ~, poroutro lado, evidente que os objetivos de desen-volvimento e de integração física, metas priori-tárias do Tratado, guardam estreitas relaçõescom o propósito de estabelecer correntes comer-ciais intensas, crescentes e proveitosas entre osEstados signatários. A integração física, a ligaçãoeficiente entre todos eles, sempre foi consideradao pressuposto indispensável àquele fim.Por esse motivo, e como tantas vezes me coubeexpressar no Comitê lntergovernamental Coorde-nador (CIO, inclusive ao ensejo da criação de seuGrupo de Intercâmbio Comercial e Complemento-ção Industriàl, cumpre ao CIC assumir, em todaa sua extensão, as amplas responsabilidades quelhe cabem no particular. Os estudos já procedi-dos, seja pelo organismo regional, seja pelaAlAlC, indicam, sem lugar a dúvidas, quais osóbices, tarifários ou não, que estorvam as corren-tes normais de comércio na região, bem longeainda de atingir os níveis que se poderiam ra-zoavelmente esperar.

Estou, assim, persuadido, e submeto a idéia àconsideração dos eminentes Chanceleres aquipresentes, que seria da mais alta conveniênciaque o CIC — eventualmente assistido por espe-cialistas de nossos Governos em assuntos daAlAlC — procedesse a um exame da possibilidadede, através de iniciativas solidárias voltadas parao desenvolvimento e de desgravações aduaneirasamplas, se se fizerem necessárias, ou da elimi-nação de obstáculos não tarifários, intensificarao máximo as relações econômicas na extensaregião do Prata, elevando-as a níveis adequados,

compatíveis com o desenvolvimento já alcançadona área. Os resultados desse estudo, uma vezanalisados por nossos Governos, seriam aprecia-dos em conjunto, pelo CIC e a AlAlC. Estou pro-penso a considerar que, através de medidas prá-ticas e objetivas, esse intercâmbio poderia ser— pelo menos — duplicado em prazo surpreen-dentemente curto.

novos caminhos

A articulação dessa série de providências entreo CIC e a AlAlC, na moldura dos Tratados deMontevidéu e da Bacia do Prata, não é incompa-tível nem com a letra, nem com o espírito dessesdocumentos. Estaríamos, assim, dando os primei-ros passos para a instituição de um sistema demaior cooperação econômica, entre países comuma estrutura de transportes e alto grau de com-plementação econômica, suscetível de servir debase a uma experiência dessa natureza. Estouconvencido, insisto, de que este é um dos cami-nhos hábeis e seguros de dar cumprimento atodos os propósitos do Tratado da Bacia do Prata.

Senhor Presidente,Não poderia deixar de expressar a Vossa Exce-lência, Senhor Chanceler Alberto Vignes, a par-ticular satisfação com que o vejo na direção dosnossos trabalhos. A reconhecida capacidade dehomem público de Vossa Excelência, os seus dotescomprovados de diplomata e o seu espírito vol-tado para as grandes realidades da América,constituem uma certeza adicional de que osnossos trabalhos se incorporarão em lugar de re-levo nos anais da história da integração da Baciado Prata. Desejo também expressar a Vossa Ex-celência quanto me foi grato rever Buenos Airese retomar o contato direto, que tive o privilégiode entreter, por tantos anos, com a nobre genteargentina e seu Governo. Considero dos pontosaltos de minha carreira diplomática as duas opor-tunidades em que me coube servir nesta Capitalò causa da harmonia e do entendimento entre osnossos países.Senhor Presidente,

O Brasil, invariavelmente fiel a seu destino denação americana e à vocação de trabalhar emconsonância com os povos do Hemisfério, tem de-dicado o melhor de sua atenção, no plano interno,à tarefa do desenvolvimento econômico e da jus-tiça social. Estamos seguros de que esse é ogrande mandato da atual geração de homens pú-

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blicos da América e o título maior que ditará overedito da história a respeito do seu desempe-nho. O desenvolvimento não é, porém, comotantas vezes já foi assinalado, uma tarefa soli-tária, embora constitua precipuamente, inclusivepelas peculiaridades de cada povo, responsabili-dade primordial de cada um deles.

segurança econômica coletiva

0 Brasil tem sido um constante propugnador dasidéias de cooperação internacional e dos primei-ros a levantar, nos foros mundiais, a bandeira dasegurança econômica coletiva para o desenvolvi-mento. Essa convicção, que sempre nos animou,e a constante de nossa atuação no particular noslevam a reconhecer que existe, de parte de todosos nossos países, uma iniludível responsabilidadeno tocante ao desenvolvimento continental. OSenhor Presidente da República expressou, a esserespeito, que lIao aceitarmos essas responsabili-dades, fazemo-Io com a inteligência de que aobrigação prioritária de promover o desenvolvi-

mento de nossos respectivos países não pode serconseguido senão em harmonia com justos e equi-librados anseios da comunidade fraterna de quetodos somos partes igualmente relevantes".O Brasil, por todos esses motivos, jamais faltoucom seu apoio firme e decidido à política de so-lidariedade continental e, de modo especial, àentidade regional da Bacia do Prata; Aqui estive-mos sempre cooperando, em todos os terrenos, eparticipando de todas as iniciativas, de modo agarantir a essa região privilegiada os benefíciosda paz, do desenvolvimento e da solidariedade,de conformidade com as melhores tradições daAmérica.É dentro desse espírito, Senhor Presidente, a men-sagem que o Brasil, por minha voz, leva a todosos países da Bacia do Prata, onde, mercê denossos esforços conjugados, estamos construindouma forte comunidade regional, um solar deprosperidade e tranqüilidade, sob os auspícios daliberdade, da justiça e da solidariedade entre to-dos os seus componentes.Muito obrigado.

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Discurso do Ministre de Estado dos RelaçõesExteriores, doMinistrr.AntoniodeEstado Francisco Azeredo

da Silveira, em 11 de junho de 1974, naVI Reunião de Chanceleres da Bacia do Prata,

ao receber os insígnias da "Gra-Cruz da Ordemdo Libertador General San Mar t rn" , conferidos pelo Presidente da Argentina,

Tenente-General Juan Domingo Per6n, na cidade de Buenos Aires

chanceler brasileiroagradece homenagemdo governo argentino

Senhor Chanceler,

Concede-me a VI Reunião dos Chanceleres da Ba-cia do Prata a grata oportunidade de retornar aBuenos Aires, da qual me afastei ao ser convida-do pelo Presidente Ernesto Geisel para a pastadas Relações Exteriores.

Ao rever esta grande metrópole e sentir, de novo,o alto espírito que a vivifica, não me é possíveldeixar de recordar, com especial saudade, o tem-po em que aqui vivi, nas duas ocasiões em queme foi dado o privilégio de exercer funções naEmbaixada do Brasil, como Secretário, nos já dis-tantes anos de 1949 e 1950, e, como Chefe deMissão, de 1969 a 1974.Esses sentimentos se explicam não só por motivospessoais, mas também, e principalmente, porque,durante esses sete anos, me foi dado conhecer,de perto, o nobre povo argentino, admirar-lhesuas excepcionais qualidades e me compenetrar,cada vez mais, da importância do estreitamentocrescente das relações de nossos países, impe-rativo que nos apontam a história, a geografia,os sentimentos de afeto e os interesses nacionaisda Argentina e do Brasil.No momento, pois, em que, graças à confiançado Senhor Presidente da República, me cabe coadojuvá-Io na execução da política externa do Go-verno brasileiro, sinto-me particularmente à von-

tade no tratamento das questões que dizem res-peito à amizade brasileiro-argentina.Por todos esses motivos, considero profundamen-te sugestiva e emocionante esta cerimônia, du-rante a qual teve Vossa Excelência a gentilezade impor-me as insígnias da Grã-Cruz da Ordemdo Libertador General San Martín, galardão queme confere Sua Excelência o Senhor Presidenteda Nação Argentina, Tenente-General Juan Do-mingo Perón. Ao fazê-Io, teve Vossa Excelênciaa bondade de endereçar-me palavras generosasque tornaram ainda mais significativa essa ho-menagem que tanto e tão particularmente mepenhora.

Ao solicitar, pois, a Vossa Excelência, tenha agentileza de elevar ao ilustre Primeiro Mandatá-rio da Nação Argentina o meu reconhecimentopela honra que me confere, é-me especialmentegrato reiterar, neste momento, meus sentimentosde amizade pelo povo argentino, no que interpretofielmente o sentir do povo e do governo brasilei-ros, e nosso firme propósito de incrementar ovasto campo de efetiva colaboração que o mo-mento presente nos sugere.Estou certo, Senhor Chanceler, de que a granderesponsabilidade com que nos defrontamos nestaetapa significativa da História de nossos povosé a de, com imaginação criadora e olhos postos

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nos altos destinos de nossos países, procurar ex- Essas circunstâncias, entre as quais ocupam lu-plicitar e valorizar as coincidências de nossas po- gar destacado a admiração profissional e a ami-sições e procurar criar as condições propícias para zade pessoal que lhe dedico, fazem com que asolucionar, a contento, as dificuldades que epi- honra que acaba de me ser conferida adquira,sodicamente possam surgir justamente da intimi- para mim, um sentimento todo especial. Simbolizadade, variedade e magnitude dessas nossas rela- ela, na extraordinário figuro do Libertador Sanções. Martín, os mais nobres tradições do Noção Ar-Posso assegurar, e o faço com especial alegria, gentino, e, no gesto que tonto me desvanece, oque tenho encontrado em Vossa Excelência um penhor do amizade entre nossos Pátrias, amizadeinterlocutor franco e aberto, sempre pronto a que, por se apresentar, como assinalei, como umencarar com espírito criador as questões que de- imperativo histórico, não deixo de ser tambémvem muito mais aproximar do que separar nossos uma grande empresa à qual devemos dedicar odois países. nosso entusiasmo e o melhor de nossos esforços.

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Discurso do Ministro de Estado dasRelações Exteriores na Sessão Conjunta

das Relaçõe~Comlssoes~xteriores de Relaçoesna-Sessão Ex tenores doSenado Federal e da Camara dos Deputados , em 19 de j unho

de 1974, d u r a n t e as comemorações do Dia das Nações Unidas

políticos e diplomatas:o diáIogo indispensável

Nada me poderia ser mais grato, no exercício deminhas responsabilidades de Ministro de Estado,do que este primeiro contacto com as Comissõesde Relações Exteriores do Senado e da Câmara,na sessão comemorativa da assinatura da Cartade São Francisco.0 diálogo entre os legislativos e as chancelariasconstitui uma peça indispensável da engrenageminstitucional que permite aos Estados modernosdar maior representatividade à sua política exter-na, tornando-a um instrumento autêntico de ex-pressão das aspirações e realidades na esfera in-ternacional.

A cooperação com o Congresso é, assim, de altavalia para o bom desempenho da tarefa com queme honrou o Senhor Presidente da República, ade assisti-Io na formulação e na execução da po-lítica externa do Brasil. Atrevo-me a crer quecontarei, em todas as oportunidades, com a ex-periência e o patriotismo dos eminentes parla-mentares que compõem as duas comissões de Re-lações Exteriores e, em particular, com a dos seusilustres Presidentes, o Senador Carvalho Pinto eo Deputado Raymundo Diniz.

diplomacia parlamentar

Do ponto de vista das relações internacionais, osegundo após-guerra se caracteriza pela formaçãoe desenvolvimento de um sistema de cooperaçãomultilateral, cujo órgão de cÓpula é a Organiza-ção das Nações Unidas.

Este sistema multilateral resultou de um longoprocesso de ampliação do campo diplomático, ou,antes, do aumento do número dos sujeitos dasrelações internacionais, os Estados soberanos.

Iniciado no Século XIX com o concerto europeu,que passou a requerer conferências mais ou me-nos periódicas de representantes das principaisnações do ocidente europeu, este processo seacentuou a partir de 1918 e se acelerou a partirde 1945. Ficou, então, evidente que a ação di-plomática das principais potências se planetari-zara. A paz se tornou indivisível, na medida emque mesmo as áreas mais remotas ou excêntricasconstituíam potencialmente o cadinho de crisesque poderiam engolfar o mundo inteiro nos hor-rores de um terceiro conflito mundial. Como pro-duto dessa nova situação, nasceu o que se con-vencionou chamar de "diplomacia parlamentar",vale dizer, a aplicação das técnicas e métodosde tomada de decisões multilaterais aos enten-dimentos diplomáticos.

A questão fundamental que coloca a diplomaciaparlamentar é a de determinar seu lugar e papelno conjunto da ação internacional do país. ~claro que isto dependerá, basicamente, de con-dições históricas, permanentes, umas, circunstan.ciais outras. E, entre estas, das que têm a vercom o tipo de conjuntura internacional predomi-nante num dado momento e com o interesse na-cional específico de um ou de determinados Es-tados.

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Quaisquer que sejam, porém, estas condicionan-tes, nenhum Estado pode ignorar a diplomaciaparlamentar e os organismos que lhe dão vida.Cada Estado tem, hoje, o dever de avaliar e desopesar a contribuição que a diplomacia multi-lateral pode trazer à consecução dos seus obje-tivos nacionais, bem como a contribuição própriaque poderá proporcionar para a criação de umaordem internacional justa e estável.

diplomacia multilateral e a onu

Não negarei que prevalece um generalizado ceti-cismo sobre a diplomacia multilateral e a Organi-zação das Nações Unidas em particular. Quer-meparecer que, em grande parte, tal ceticismo re-presenta uma espécie de reação ao otimismo in-gênuo, e até messiânico, com que os homens deEstado e a opinião mundial haviam saudado afundação da ONU e o aparecimento das suasagências especializadas. Este desapontamento,proporcional na sua intensidade às esperançasiniciais, traduz-se com freqüência em crítica àeficácia do sistema na consecução dos seus obje-tivos, especialmente no tocante à preservação dapaz e da segurança internacionais. A experiênciada ONU, nesse campo vital, não corresponde in-teiramente às expectativas dos seus criadores.Não há dúvida, também, de que, devido à proli-feração de organismos, de comitês e de gruposde trabalho, os custos globais do sistema resul-tam substancialmente elevados e que aos Estadosé que cabe arcar com os ônus crescentes quedaí decorrem.

A questão não pode ser reduzida, porém, a ter-mos estritos de custos e rendimentos, pois não éassim que se avalia a operação de uma entidadepolítica. Não há alternativa para conduzir as re-lações entre Estados soberanos no tratamento deassuntos que afetam os interesses de numerosospaíses, quer em escala regional, quer em escalauniversal.

pragmatismo responsável

A diplomacia brasileira parte de uma avaliaçãosóbria e objetiva das possibilidades e das limita-ções, das oportunidades e das frustrações que osistema multilateral oferece à sua atuação. Evita,de um lado, o irrealismo de posições utópicas, quevêem nas Nações Unidas a solução de todos osmales, e, de outro, o ceticismo sistemático que

descrê da possibilidade de ação construtiva me-diante a cooperação entre as nações. Cabe afastarambos os extremos, perseguindo-se, também aqui,aquela linha de "pragmatismo responsável" queorienta a política exterior do Brasil, segundo ainspirada definição do Senhor Presidente da Re-pública.

reaUzações da onu

Ora, essa avaliação objetiva e sem preconceitos,nos leva a reconhecer que têm sido muitas, emuito positivas, as realizações da Organizaçãodas Nações Unidas nestes conturbados anos desua existência. Não Ihes vou fazer o inventário,mas gostaria de mencionar, aqui, aquelas quemais de perto nos tocam.

força de paz internacional

Apesar das dificuldades inerentes à solução deconflitos de poder na sociedade internacional, asNações Unidas puderam agir de maneira efetivaem várias das crises mundiais que ocorreramdesde 1945. Entre 1957 e 1967, o Oriente Médiopôde conhecer uma fase de relativa estabilidadegraças à presença de uma Força de Paz Interna-cional, a quem não faltou um contingente donosso Exército. Graças a outra força internacio-nal, em que esteve presente a Força Aérea Brasi-leira, pôde o Zaire preservar a sua independênciae a sua integridade territorial em meio aos ventosdifíceis da guerra fria. Atualmente outra forçainternacional, sob a égide das Nações Unidas,cria em Chipre as condições indispensáveis à obrade paz e de entendimento entre as comunidadesde origem grega e turca que ali vivem.

desenvolvimento econômico e social

Pode-se dizer que, sem o debate político nas Na-ções Unidas, o desenvolvimento econ6mico e socialnão teria passado das especulações teóricas doseconomistas para o plano da consciência inter-nacional e para o da ação coordenada dos Es-tados. Graças aos esforços das Nações Unidas,existe hoje, igualmente, uma consciência mais ní-tida da responsabilidade coletiva no suprimentoadequado de alimentos para uma população cres-cente e confrontada com o perigo da desnutrição.

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meio-ambiente

0 tratamento do problema real, iniludível, de ummeio-ambiente ameaçado em escala global pelasformas mais variadas de poluição e de contami-nação não teria seguramente se libertado de es-treitas concepções neo-maltusianas, próprias àssociedades pós-industriais, se as Nações Unidasnão tivessem trazido a contribuição dos paísesem via de desenvolvimento, para os quais, a des-peito de grave, a questão não comporta uma so-lução simplista que, em última anólise, implicariaapenas em congelar as desigualdades econômicasentre regiões do mundo.Seria longo o inventário. Quero deter-me apenasem mais dois aspectos da atuação da ONU quenos são mais presentes no atual momento.

eliminação de formas de dominação colonial

Refiro-me, primeiro, ao problema da eliminaçãodas formas de dominação colonial em todas assuas modalidades de dominação econômica, polí-tica e racial. ~ indubitável a contribuição pres-tada nesse sentido pela ONU desde os primeirosanos de sua existência. Dezenas de países foramcriados, centenas de milhões de pessoas foramtransformadas em cidadãos de países independen-tes durante os anos de atuação da ONU e, paraesse resultado, largamente contribuiu a Organi-zação. O ideal de criação de uma comunidadeuniversal de povos livres ainda não foi alcançado.Continuamos a manter, pois, nos foros interna-cionais, uma atitude de constante condenação àdominação exógena em todas as suas formas, asquais, em última análise, se identificam, se su-perpõem e se reforçam mutuamente. Estaríamostraindo a nossa própria história e o caráter multi-racial da nação brasileira se assim não o fizésse-mos.

independência de territórios portuguesesna áfrica

Nesse contexto, devo fazer uma menção especialà questão da independência dos territórios sobadministração portuguesa na África, que aconte-cimentos recentes vieram trazer à tona das preo-cupações das chancelarias. Temos a consciêncianítida de uma rl!sponsabilidade histórica pelofuturo dessas comunidades africanas, comunida-des a que não só estamos ligados pelo sanguee pela cultura, mas que, também como o Brasil,

surgiram do mesmo movimento irreprimivelmentecriador que foi a expansão ultramarina portu-guesa.Esta especial responsabilidade histórica do Brasilexige de nós que estejamos preparados a prestara colaboração de nossa voz e de nossos atos noencaminhamento de soluções justas e urgentes.Não nos iludamos, contudo. Por mais engenhosasque sejam as fórmulas e por melhor inspiradasque sejam as negociações, não haverá obra au-têntica e duradoura de engenharia política senão se assegurar a consecução das legítimas as-pirações da África e o respeito aos direitos dascomunidades locais, inclusive no que têm deportuguesas, pois a realidade humana dos terri-tórios africanos sob administração lusitana nãose esgota em apenas uma de suas facetas.

Na longa história do "mundo que o portuguêscriou" nunca se esperou tanto da imaginação eao mesmo tempo da sabedoria política de homensde Estado, daquele equilíbrio de qualidades quecaracterizou a ação de estadistas portugueses ebrasileiros, sobre quem recaiu no passado a ta-refa ingente da construção nacional.

direito do mar

Tendo aludido à questão da eficiência do meca-nismo multilateral, não poderia silenciar sobreo novo teste que ele enfrentará a partir de ama-nhã, com o início, em Caracas, da 111 Conferênciadas Nações Unidas sobre o Direito do Mar, con-vocada para rever e completar o sistema jurídicoque regula as atividades dos Estados e dos seusnacionais no espaço marítimo.Como sabem os senhores, a questão central dadelimitação do mar territorial não pôde jamaisser objeto de acordo internacional, pois malogra-ram as três tentativas feitas pela Conferênciada Haia, em 1931, e pelas duas Conferências deGenebra, de 1958 e de 1960. Desde então, a tec-nologia marinha veio permitir a exploração eutilização de recursos minerais, especialmente depetróleo, a profundidades créscentes. Ao mesmotempo, os países em desenvolvimento tomavamconsciência da necessidade de mobilizar os recur-sos das águas adjacentes às suas costas em be-nefício de seus povos.

zona econômica exclusiva

Foram os países lati no-a me rica nos, em particularo Chile, o Peru, a Argentina, o Uruguai e o Equa-

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dor, os primeiros a defender uma revisão do ve-lho direito do mar e a propor um novo direitoque reconhecesse aos Estados ribeirinhos a possi-bilidade de estender suas jurisdições sobre umafaixa ampla do seu litoral, no caso, 200 milhasnáuticas. Em 1970, o Brasil uniu-se a eles. A De-claração de Santo Domingo veio trazer a adesãodas Nações irmãs da América Central e do Caribeao que então já se tornara uma idéia-força dasrelações internacionais. Pouco tempo depois, fo-ram os países africanos que avançaram o concei-to de uma "zona econômica exclusiva", estrita-mente aparentada ao mar de 200 milhas, nasduas formas latino-americanas de mar territoriale de mar patrimonial. Para indicar a evoluçãopor que passou o assunto nos últimos anos, bastaassinalar que, em 1970, apenas 11 países de-fendiam o direito de estender sua jurisdição paraalém dos limites tradicionais das 12 milhas cos-teiras, enquanto que, atualmente, mais de 70nações apoiam a tese de que o Estado costeirotem ou deve ter o direito de estender sua sobe-rania até o limite que Ihes pareça adequado.

o brasil na conferência de caracas

A atuação do Brasil na Conferência de Caracasestá balizada pelos princípios contidos no Decreto-lei n.O 1.098, de março de 1970, pelo qual oBrasil estendeu suo soberania sobre uma faixade 200 milhas náuticas. No exercício desta sobe-rania, o Brasil se reserva o pleno controle dosrecursos vivos e minerais, renováveis e não-reno-váveis, que existem na coluna de água, no soloe no subsolo de seu mar territorial, sem falar nacompetência de aplicar as medidas necessáriasà preservação do meio marinho e ao controle dapoluição e da pesquisa científica.

mar territorial

Quanto à navegação e ao sobrevôo no mar terri-torial o Brasil acredita que pelo próprio exer-cício da soberania, que é na verdade um soma-

tório de jurisdições, é possível chegar a umasolução internacional que satisfaça tanto os in-teresses do país costeiro como as indispensáveisgarantias objetivas à navegação.0 Brasil comparecerá à Conferência de Caracasanimado da vontade política de procurar a maisampla área de entendimento entre as várias po-sições nacionais, sem prejuízo do que consideraos seus legítimos interesses. Após décadas defrustração, a comunidade internacic~nal dispõeagora da possibilidade real de criar uma ordemverdadeiramente estável e eqüitativa para osmares e para os oceanos. É convicção do Governobrasileiro que esta oportunidade não pode sersacrificada às considerações estreitas de poderde um punhado de nações para as quais o velhoprincípio da liberdade dos mares significa apenasuma carta branca para o exercício, de facto, deantiquadas aspirações de hegemonia ou domi-nação.É dever de todos os países colaborar nesta tarefade construir a nova ordem pública dos oceanos— e o Brasil não se furtará a ele, tendo semprepresentes as diretrizes básicas de política exte-rior já definidas nestas palavras do Senhor Pre-sidente Ernesto Geisel: "senso de responsabilida-de como grande nação adulta cuja voz já se fazouvir, espírito de colaboração aberto aos proble-mas ecumênicos da paz e do progresso, convic-ção do dever de participar também da ajudamútua entre os povos, crença na solidariedadecontinental que se alicerça no imperativo geográ-fico e na história de vários séculos — deveminspirar-lhe o roteiro a seguir, neste mundo in-tranqüilo e perplexo de nossos dias".Quero concluir estas palavras reiterando a fé ea confiança do Brasil nas Nações Unidas e nospropósitos e princípios da Carta de São Francisco.Essa fé e essa confiança é que nos leva a em-prestar apoio à Organização e a procurar darà nosso atuação diplomática nos seus forosaquela dimensão ao mesmo tempo criadora eoperativa, sem a qual não há grandeza na políticaexterno de um país.

Muito obrigado.

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brasil defendeIntervenção feito pelo Delegado do Brasil, Embaixador

Ramiro Elysio Saraivo Guerreiro, Brasi l~Embaixador no d e b a t egeral da li! Conferência das Nações Unidos sobre Direito do Mar,

em Caracas, Venezuela, em 28 de iunho de 1974

Passados três anos de preparação para esta con-ferência, é de esperar possam os participantes,estimulados pelo magnífico hospitalidade do povoe Governo venezuelano, ter idéias mais precisossobre o nível de harmonização possível dos inte-resses em jogo, nível o partir do qual seria fac-tível criar uma normatividade universalmenteaceitável poro o uso do mar.Grupos de países, que partiram de posições di-vergentes e mesmo opostos, certamente têm hojeuma compreensão mais justo dos interesses e doslegítimos motivações dos demais. Este fato nãopode levar-nos o otimismos fáceis, pois os dife-renças são ainda substanciais. Além disso, nemsempre empregamos as mesmas expressões como mesmo sentido.

Sempre foi convicção do Brasil, como o dos outrospaíses que haviam estendido sua soberania o 200milhas, que essa extensão, em oceanos abertos,era adequado e necessária à proteção dos inte-resses dos ribeirinhos e, 00 mesmo tempo, nãoimplicava prejuízo real a qualquer interesse legí-timo do comunidade internacional. Só temos ra-zões, passados três anos, poro confirmarmosessa convicção.Ficou bastante claro e, com maior ou menor ên-fase, foi aceito por grande número de países— talvez o maioria — que o antigo noção de umestreito mar territorial não assegurava, nas cir-cunstâncias econômicas e tecnológicas de hoje,os interesses fundamentais dos países costeiros,que buscam o desenvolvimento econômico acele-

rodo em benefício de suas populações, na explo-ração dos recursos marítimos, no preservaçãoda ecologia do meio onde se encontram tais re-cursos, no controle, desde suo autorização atéo acesso a seus resultados, das investigaçõescientíficos destinadas ao melhor conhecimentodesse meio.

0 exercício da soberania para proteger esses in-teresses jamais foi visto, por aqueles que o es-tenderam o 200 milhos, como prejudicial ao in-teresse de todos os países de manter abertos eseguras as comunicações internacionais. Essa ga-rantia dos comunicações é que constitui legíti-mo interesse da comunidade internacional. Sejaqual for o nome que se lhe dê, esse direito detrânsito não poderá ser a liberdade de navega-ção classicamente admitida poro o alto mar, poisnecessariamente estará sujeito às limitações queresultarão do exercício dos poderes do Estadocosteiro. Mas nem estas deverão ser arbitráriasnem, por suo natureza, deverão ocasionar difi-culdades mensuráveis 00 uso do mar paro onavegação de qualquer espécie.Sob formos diferentes, e às vezes emprestandoa expressões preexistentes um conteúdo novo, osEstados que adotaram as 200 milhas procuraramdor garantias à navegação internacional. Unscontinuaram o reconhecer, nos óreas novos queincorporaram à suo soberania, o liberdade de na-vegação, como se se tratasse de alto mar, o quedemonstrava o impropriedade dos velhos concei-tos para reger os situações novas, pois de foto os

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restrições limitadas, mas necessárias à fiscaliza-ção nessa área, criam um regime que não coin-cide com o do alto mar. Outros, e este é o casodo Brasil, aplicaram a todo o mar territorial,logicamente, o regime que lhe é tradicionalmentepróprio, de "passagem inocente", mas o enten-deram, nessa nova amplitude geográfica, de formamenos subjetiva do que Ihes seria permitido pelodireito costumeiro internacional, ou pela Conven-ção sobre Mar Territorial e Zona Contígua, de1958. Na verdade, a legislação e a prática bra-sileiras sempre garantiram o livre trânsito nomar territorial, desde que não fossem exercidosatividades estranhas à navegação.

A partir, portanto, dessa legislação e dessa prá-tica, em perfeita consonância com os motivosque nos levaram — como tantos outros países —a estender soberania e jurisdição a 200 milhas,ser-nos-ia possível encontrar o conceito inovadorque corresponda ao regime da navegação na faixaque foi acrescentada à soberania nodonal pelaampliação do mar territorial. Ainda rer-antemente,por ocasião de Sessão Conjunta das Comissõesde Relações Exteriores do Senado e da Câmarados Deputados do Brasil, o Chanceler Azeredo daSilveira teve oportunidade de declarar: "Quantoà navegação marítima e ao sobrevôo do mar ter-ritorial, o Brasil acredita que pelo próprio exer-cício da soberania, que é na verdade o somatóriodas jurisdições, é possível chegar a uma soluçãointernacional que satisfaça tanto aos interessesdo país costeiro como às indispensáveis garantiasobjetivas à navegação".Em tese, haveria, pelo menos, três formas de de-finir o regime de navegação na extensão de marsob a soberania ou jurisdição nacional, entre afaixa contígua à costa, em que prevalece o re-gime da passagem inocente, e a zona internacio-nal, em que se mantém o regime clássico da li-berdade de navegação. Pode-se dizer que nessaárea intermédio se admite uma liberdade da na-vegação e sobrevôo diferenciada, porque restrin-gido pelos poderes do Estado costeiro de fisca.lizar a observância de seus direitos soberanossobre os recursos naturais, sobre a pesquisacientífica e a poluição. Ou se pode dizer que,nessa área de soberania, se aplica um regime depassagem inocente também modificado, liberali-zado pela não-imposição, pelo Estado costeiro, dezonas de segurança a serem evitadas pela nave-gação e de regulamentos estritos sobre a passa.gem de navios de guerra, reservado talvez apenaso direito de autorizar exercícios com armas e

explosivos. Uma terceira fórmula, que nos pa-rece mais simples e cujos termos refletem maisespecífica e legitimamente a realidade, consistiráem dizer-se que na área referida será livre otrânsito para os fins exclusivos da navegação,do transporte e das comunicações em geral. Taldispositivo faria a contrapartida daquele em quea soberania, ou os direitos soberanos do Estadoribeirinho, sobre a mesma faixa de seu mar,seriam definidos em função, também, de suas fi-nalidades.

Essas são possibilidades a considerar, para umasolução conciliatória e equilibrada, como partede um eventual acordo geral.Por outro lado, já tivemos oportunidade de mani-festar, no Comitê dos Fundos Marinhos, em marçode 1973, a satisfação com que registramos, numcontexto temático mais amplo, a apresentaçãode conceitos que, embora não coincidindo intei-ramente com os que temos sustentado, delesbastante se aproximam, como o do mar patri-monial, consagrado por bom número de paíseslatino-ame rica nos na declaração de Santo Domin-go, e o de zona econômica exclusiva, que os paí-ses africanos têm afirmado em diversos documen-tos. Ambos os conceitos visam a atender aspreocupações dos países costeiros, preocupaçõesque deram origem às medidas legislativas dospaíses que, como o Brasil, proclamaram um marterritorial de duzentas milhas.

A aceitação crescente desses conceitos indicaclaramente a irreversibilidade da tendência a umanova ordem de justiça para os mares de que omar territorial de duzentas milhas foi o precursore, a nosso ver, é ainda a enunciação mais sim-ples, mais lógica e mais coerente.Mais importante que precisar os fundamentos ju-rídicos dos poderes exercidos será, cremos, de-finir com clareza em que consistem esses poderese definir os direitos que no mar nacional nãodevem ser negados a terceiros Estados, como ode usar o mar para as comunicações.O fundo deve prevalecer sobre a forma e a ter-minologia, por importante que seja, o é menosque o conteúdo. Por isso, consideraríamos queos conceitos de mar patrimonial e zona econô-mica só podem ser construtivos se guardarem asubstância e o sentido com que foram apresen-tados. Caberia estarmos atentos e nos opormosa iniciativas confusionistas que visem a cobrir,com tais designações, propostas novas, de outranatureza e com características e objetivos dife-

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rentes, as quais só podem dificultar a busca deuma solução conciliatória e equilibrada.Preferi, Senhor Presidente, limitar-me a abordarnesta declaração uma das questões que nos de-vem ocupar, a da natureza e extensão dos po-deres do Estado costeiro sobre o mar adjacente,questão cuja importância consideramos funda-mental. Não desejaria porém terminar sem refe-rir-me a outro problema também importante: odos Estados sem litoral. Minha Delegação com-preende as aspirações desses Estados e sente-seno dever de unir-se aos esforços para atender aseus legítimos interesses. Pensamos, naturalmente,em todos os países sem litoral, mas pensamosmuito especialmente nos países em desenvolvi-mento e, sobretudo, em nossos vizinhos e amigos,Bolívia e Paraguai. Examinaremos com ~mpenhoa possibilidade de desenvolver em fórmulas geraisa política de amizade e cooperação que temossempre mantido em relação a esses dois países,facilitando-Ihes, através de nosso território, omais amplo acesso para que possam fazer usoefetivo do mar.

Não por ser menos importante, deixo de tratardo regime e mecanismo para a exploração dosfundos marinhos além da jurisdição nacional,tema sobre o qual a posição do Brasil é bemconhecida. lutamos pelo reconhecimento de que

a área e seus recursos constituem um patrimô-nio comum da humanidade, e lutaremos agorapara que esse princípio, hoje universalmente con-sagrado, se traduza em um sistema operativo,que assegure a igualdade do direito de todos ospovos aos benefícios da exploração da área, eque constitua um instrumento a mais no esforçointernacional dos países em desenvolvimento pa-ra superar a barreira do atraso econômico e tec-nológico.

0 clima em que se desenrolaram os entendimen-tos nestes primeiros dias da 111 Conferência doDireito do Mar permite-nos sermos razoavelmenteotimistas quanto ao encaminhamento das ques-tões substantivas que mais preocupam a todosnós. Confiamos em que esse espírito de respeitoe compreensão dos legítimos interesses de cadaum continue a prevalecer. Esta Conferência, comoassinalou de maneira tão precisa e eloqüente SuaExcelência o Senhor Presidente Carlos AndrésPerez, "es un concilio universal de ideas, de ini-ciativas y de propósitos destinados a realizartambién Ia paz internacional, Ia auténtica pazque se sustente en el bienestar y en Ia igualdadde todas Ias naciones". Possamos nós atingir oobjetivo comum: um novo direito do mar, quecorresponda às aspirações mais altas de eqüidadee justiça de todos os homens.

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relações diplomáticas

0 Presidente da República, Ernesto Geisel, porDecreto n.O 73.931, de 10 de abril de 1974, re-vogou o artigo 2.° do Decreto n.° 61.034, de 17de julho de 1967, que atribuía caráter cumulativocom a Embaixada na Tunísia à Embaixada doBrasil na República Árabe da Líbia. A nova Missãodiplomática passa a ter sua sede na cidade deTrípoli.

Em 14 de maio de 1974, o Governo brasileiro de-cidiu abrir uma representação diplomática, em

nível de Embaixada, em Daca, capital da Repúbli-ca Popular de Bangladesh.A República Federativa do Brasil estabeleceurelações diplomáticas, ao nível de Embaixadoresnão-residentes, com os seguintes Estados:

Em 10 de junho de 1974, com o Governo dosEmirados Árabes Unidos.

Em 26 de junho de 1974, com o Estado deBahrain.

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relações comerciais

missão de alberta: canadenses deseiamincrementar intercâmbio comercialcom o brasil

Esteve no Brasil, de 17 a 19 de junho de 1974,para uma série de contatos com autoridades e em-presários brasileiros, uma Missão Comercial doGoverno da Província canadense de Alberta, che-fiada pelo Senhor Frederick H. Peacock, Ministroda Indústria e do Comércio daquela província, eintegrada por outras seis autoridades canadenses.

O objetivo da Missão foi o de dar continuidade acontatos que vinham sendo mantidos desde agostode 1973, entre a Embaixada do Brasil em Ottawae aquele Governo provincial, com vistas a analisara viabilidade de operação vinculada, no sentido dobarateamento dos fretes marítimos, da venda decarvõo metalúrgico de Alberta ao Brasil e comprade minério de ferro brasileiro para as usinas si-derúrgicas de Alberta e da Costa do Pacífico ca-nadense.

Em janeiro último, Missão técnica brasileira doCONSIDER e da Companhia Vale do Rio Doce vi-sitara Alberta. Aprofundando os contatos iniciaisefetuados em nível diplomático, concluiu pela via-bilidade técnica, em princípio, da operação, tendoo Governo de Alberta decidido pelo envio de Mis-são a ser chefiada pelo Senhor Peacock.Em sua vinda ao Brasil, a Missão de Alberta esteveem Brasília, São Paulo, Santos, Salvador, Rio de

Janeiro e Vitória. O programa da visita esteve acargo do Ministério da Indústria e do Comércioque, com a assistência do Ministério das RelaçõesExteriores e da Embaixada do Canadá e, em cola-boração com os Ministérios das Minas e Energiae dos Transportes, elaborou uma série de entre-vistas e reuniões de trabalho para discutir, nãosó a operaçõo minério de ferro-carvão metalúrgi-co, que foi o objetivo principal da Missão, mastambém outros assuntos que passaram a integrarsua agenda. Entre estes: vendo de equipamentosagrícolas pesados ao Brasil; política habitacionalbrasileira; desenvolvimento dos sistemas de trans-portes no Brasil; possibilidades de incrementar ointercâmbio comercial entre os dois países; assis-tência técnico entre os dois países; assistênciatécnica canadense ao projeto de levantamento dopotencial mineral de Goiás, incluindo o interessebrasileiro em importar know-how e tecnologio ca-nadenses.

A Missão visitou usinas siderúrgicas brasileiras,instalações portuárias e de transportes, o CentroIndustrial de Aratu e o complexo mineral e side-rúrgico em Vitória e Tubarão.Em Brasília, foi recebida pelos Ministros do In-dústria e do Comércio, das Relações Exteriores edas Minas e Energia, além de outras altos auto-ridades brasileiras. Realizaram-se reuniões de tra-

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bolho com o CONSIDER, a SIDERBRÁS, a CompanhiaVale do Rio Doce S.A. e os Ministérios da Agricul-ra e dos Transportes.Nessas reuniões, constituiu-se objeto de conside-ração especial o intercâmbio de carvão canaden-se por minério de ferro brasileiro. Considerou-setambém a possibilidade de associação de empresasbrasileiras a firmas canadenses em joint ventures,destinadas à ampliação da capacidade extra-tiva de carvão em Alberta; de estudos conducentesà participação de empresas de Alberta em empre-endimentos mineiros no Brasil, nos setores deminério de ferro e, eventualmente, no de bauxita.Os representantes canadenses e brasileiros mani-festaram interesse em que empresas dos dois paí-ses realizem empreendimentos conjuntos para aextração, beneficia mento e exportação de rochasfosfatadas.

austrália quer investir no brasil

De 18 a 30 de maio de 1974, visitou o Brasil umamissão exploratória de investimentos da Austrá-lia, chefiada pelo Senhor P. J. Dixon, Primeiro-Secretário Adjunto do Departamento de ComércioExterior australiano, e integrada por seis repre-sentantes dos setores público e privado daquelepaís.

A Missão, que visitou Manaus, Brasília, Belo Ho-rilonte, São Paulo e Rio de Janeiro, teve comoobletivos a tomada de contato com a realidadeeconômica brasileira e a identificação das áreasmais promissoras para o investimento direto aus-traliano, no nosso país. Nesse sentido, o Ministériodas Relações Exteriores promoveu, no Itamaraty,em Brasília, um seminário sobre o desenvolvi-mento brasileiro, com a colaboração dos Ministé-rios da Agricultura, Minas e Energia, Indústria eComércio, Interior (SUDAM e SUDENE), Fazenda(Banco Céntral do Brasil) e da Secretaria de Pla-nejamento.

feira internacional de lisboa.brasil vai montar carros em portugal

Participaram da Feira Internacional de Lisboa,iniciada em 12 de junho último, 25 empresasnócionais de produtos manufaturados, bens deequipamentos industriais e de engenharia de pro-jetos.Além dos stands da Volkswagen do Brasil S.A.,o FIL contou com as seguintes empresas brasilei-ras: Hidroservice — Engenharia de Projetos, Com.

panhia Brasileira de Entrepostos e Comércio(COBEC); Indústria Sul-Americana de Metais S.A.;Indústria Metalúrgica Brogotá S.A.; Metal YannesS.A. Indústria e Comércio; Sociedade Brasileirade Móveis de Ferro e Aço; Eucatex S.A.; BaumerEquipamento Médico Hospitalar S.A.; Dismac In-dustrial Ltda.; Ferros Elétricos Tupy S. A. ; Dimasde Meio Pimenta S.A. Indústria de Relógios; eManufatura de Brinquedos Estrela S.A.

A aceitação pelos portugueses dos carros bra-sileiros foi considerada excepcional e, uma semanaapós a inauguração do pavilhão brasileiro, foi rea-lizado um acordo entre a Volkswagen do BrasilSociedade Anônima e sua congênere portuguesapara a montagem, a partir do mês de agosto, na-quele país, de veículos da linha "Brasília". Alémdisso, começarão, ainda este ano, as exportaçõespara o mercado português dos veículos — desmon-tados — do modelo "Fuscão" 1500 e da linha"Variant" para os primeiros meses de 1975.

seminário em manchester: aumento deexportações é fator decisivo para ocrescimento econômico

Realizou-se em 22 de maio de 1974, em Manches-ter, o Seminário "The Industrialist's Approach toDoing Business in Brazil", sob o patrocínio da"British European Industrial Review" e da Câmarade Comércio e Indústria daquela cidade.O Seminário foi aberto pelo Embaixador SérgioCorrêa da Costa e contou com a participação debanqueiros e industriais ingleses. Seu objetivo foio de fornecer um quadro atualizado do mercadobrasileiro a companhias interessadas em operar noBrasil.

Conferencistas brasileiros e ingleses, entre osquais o Dr. José Fernandes Luna, Gerente da Agên-cia do Banco do Brasil em Londres, abordaram osvários aspectos do atual estágio do desenvolvi-mento brasileiro, as relações comerciais anglo-brasileiras, a expansão industrial do Brasil, desde1968, as oportunidades abertas aos capitais ingle-ses e o sistema tributário e legislação social noBrasil.

0 Embaixador Sérgio Corrêa da Costa assinalou asimilaridade de situações, em que o aumento dasexportações, tanto no Brasil como no Reino Unido,é fator decisivo para o crescimento econômico. Re-feriu-se ao aumento substancial nas trocas anglo-brasileiras a partir de 1968, salientando: "Nosúltimos anos o comércio entre o Brasil e o Reino

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Unido cresceu a uma taxa superior ao total das com outros países industrializados em preço, qua-trocas brasileiras com o exterior - o que é uma lidade, prazos de entrega.1Iconquista bastante favorável — tendo em vista Do lado brasileiro, explicou ainda o Embaixador,que o comércio total do Brasil cresceu cerca de "as perspectivas para o aumento das exportações220% naquele período". para o Reino Unido são bastante promissoras a"A manutenção da taxa de expansão do comércio longo prazo, prevendo-se aumento no forneci-brasileiro dependerá fundamentalmente da capaci. mento de minério de ferro, soja e alguns manu-dade de os exportadores britânicos competirem faturados".

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l I I

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acordo sobrefornecimento de material a itaipu

Notas trocados entre os Ministros de Estado das Relo-ções Exteriores do Brasil e do Paraguai, em 17 demaio de 1974

nola brasileira

Senhor Ministro,Tenho a honra de dirigir-me a Vossa Excelência,

com relação ao Artigo XI do Tratado de Itaipu, assi.nado em 26 de abril de 1973 entre os Governos daRepública Federativa do Brasil e da República doParaguai, para a aproveitamento hidrelétrico dosrecursos hldricos do rio Paraná, pertencentes em can-domlnio aos dois países, desde e inclusive o SaltoGrande de Sete Quedas ou Salto de Guairá até a fozdo rio Iguaçu.2. A respeito, e com o propósito de alcançar umautilização "eqüitativa" dos "equipa mentos e materiaisdisponíveis nos dois palses", meu Governo, atravésde conversações prévias, tomou conhecimento de queo Paraguai se propõe estimular, desde já, a formaçãode empresas nacionais, binacionais e trinacionais noParaguai, com participação brasileira nesses dois úl.timos casos e com capacidade de prover as necessi.dades de cimento, madeira, cal, pedra e areia. Essesprodutos terão sua aquisição recomendada por ambosos Governos à entidade binacional ITAIPU, sempreque as ofertas se encontrem dentro de margens ra.zoáveis de competitividade, correspondam às necessi.dades da entidade binacional e às da segurança daobra.3. O Governo brasileiro se propõe, pois, a examinar,quanto a uma empresa binacional paraguaio-brasi leiraadequadamente dimensionada, uma garantia de mer-cado, com duração de tempo e mecanismo de preços aserem definidos, para o cimento excedente da pro-dução que for destinada à ITAIPU.4. No caso de empresas trinacionais, com partici.pação paraguaia e brasileira, o terceiro país teria queoferecer iguais facilidades de fornecimento a obrassemelhantes e de reserva de mercado.5. Informo, igualmel1te, Vossa Excelência de que, po-ro a constituição e operação das referidas empresas, oGoverno da República Federativa do Brasil ou a ini.

ciativa privada brasileira estariam em condições deconsiderar a possibilidade de cooperação técnica efinanceira.6. Caso o Governo do Paraguai concorde com o queprecede, esta Nota e a de Vossa Excelência, em res-posta à presente, constituirão acordo entre os doisGovernos.Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce-lência os protestos da minha mais alta consideração.

Antonio F. Azereclo da SilveiraMinistro de Estado das Relações Exterioresdo Brasil

nola paraguaia

Senor Ministro,T8Ogo el honor de dirigirme a Vuestra Excelencia

en ocasión de acusar recibo de su Nota dei dia deIa fecha, cuvo texto en espanol es el seguinte:

"Senor Ministro,Tengo el hO"lor de dirigirme a Vuestra Excelencia,

con relación 01 ortícul" XI dei Tratado de Itaipu, sus-crito el 26 de abril de 1973 entre los Gobiernos deIa República Federativa dei Brasil V de Ia Repúblicadei Paraguav para el aprovechamiento hidroeletricode los recursos hidróulicos dei rio Paranó, perteneci-entes en condomlnio a Ias dos países, desde e inclusiveel Salto Grande de Sete Quedas o Salto dei Guairáhasta Ia boca dei rio Yguazu.2. AI respecto, V con el propósito de alcanzar unautilización "equitativa" de Ias "equipos y materialesdisponibles en Ias dos palses", mi Gobiemo, a travésde ccnversaciones prévias, toma conocimiento de queel Paraguav se propone estimular, desde ya, Ia formo-ción de empresas nacionales, binacionales y t ri nacio-nal es en el Paraguav, con participaci6n brasilena enesos dos últimos casos V con cClpacidad de suplir Iasnecessidades de cemento, madera, cal, piedra y arena.Esos productos tendrón su adquisición recomendadapor ambos Gobiemos a Ia entidad binacional "Itaipu".siempre que Ias ofertas se encuentren dentro de mar.

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genes razonables de competencia, correspondam aIas necessidades de Ia entidad binacional y a Ias deseguridad de Ia obra.3. EI Gobierno brasileiío se propone, pués, examinar,9n el caso de una empresa binacional paraguayo.brasileiía adecuadamente dimensionada, una garantiade mercado, con duración de tiempo y mecanismo deprecios a ser definidos, para el cemento excedente deIa produción que fuere destinada a Ia / lltaipu /l.4. En el caso de empresas trinacionales, con partici-pación paraguaya y brasileiía, el tercer país tendriaque ofrecer iguales facilidades de suministro a obrassemejantes y de reserva de mercado.5. Informo, igualmente, a Vuestra Excelencia de que,para Ia constitución y operación de Ias referidas em.presas, el Gobierno de Ia República Federativa deiBrasil o Ia iniciativa privada brasileiía estariam encondiciones de considerar Ia posibilidad de coopera.ción técnica y financiera.6. En caso de que el Gobierno dei Paraguayconcuerde con 10 que precede, esta Nota y Ia de Vues-tra Excelencia, en respuesta a Ia presente, constitui-rán Acuerdo entre los dos Gobiernos.Hago propicia Ia oportunidad para renovar a VuestraExcelencia el testimonio de mi más alta considerdción.Fdo, Antonio F. Azeredo da Silveira".En respuesta, me es grato transmitir a Vuestra Exce-lencia Ia conformidad dei Gobierno de mi país con eltexto de Ia Nota procedentemente transcripta y porconsiguiente, Ia misma y Ia presente Nota constituyenun acuerdo entre los dos Gobiernos.Aprovecho Ia oportunidad para renovar a Vuestra Ex-celência Ias seguridades de mi más alta consideración./I

Raul Sapena PastorMinistro de Relaciones Exteriores y Cultodei Paraguay

brasil e bolívia firmam acordos

acordo de cooperaçãoe complementação industrial

Desejosos de diversificar a cooperação que já existeentre eles nos mais diversos campos, como expressãoda tradicional e ininterrupta amizade entre os doispaíses;Conscientes de que a cooperação mútua entre seusGovernos e povos reveste-se de grande importânciapara o desenvolvimento de suas respectivas economias,pelas possibilidades de complementação que se ofere-cem em diversos campos;Convencidos de que, ampliando essa complementa-ção no campo industrial e dos serviços, estarão con-tribuindo para uma mais rápida transformação estru-tural das economias do Brasil e da Bolívia, com vistasa acelerar os respectivos processos de desenvolvimentoeconômico e social em seus âmbitos nacionais;E tendo em conta a "Ata de Cooperação entre oBrasil e a Bolívia no Campo dos Hidrocarbonetos, Si-derurgia e outros projetos industriais correlatos/l,assinada em Brasília em 30 de novembro de 1973, ea "Ata dO Reunião sobre Cooperação e Complemen-tação Industrial entre o Brasil e a Bolívia", assinadaem La Paz em 8 de abril de 1974;

Resolveram celebrar o presente Acordo, e para essefim, designaram seus Plenipotenciários, a saber:Pela República Federativa do Brasil,Sua Excelência o Senhor Ministro das Relações Exte-riores, Embaixador Antonio Francisco Azeredo daSilveira.Pela República da Bolívia,Sua Excelência o Senhor Ministro das Relações Exte-riores e Culto, General-de-Brigada Alberto GuzmánSoriano.

artigo I

Os Governos do Brasil e da Bolívia concordam empromover, com a possível brevidade, a realização dosseguintes objetivos:1 . A implantação de um pólo industrial de desen.volvimento na região sudeste da Bolívia, baseado noaproveitamento do gás natural boliviano e das diver-sas matérias-primas existentes na mencionada região.As principais indústrias e obras previstas para o pólosão:

a) Siderurgia integrada e combinada com a mine-ração de ferro;

b) Petroquímica, com um complexo de fertilizan-tes nitrogenados;

c) Indústria de cimento;d) Geração de energia elétrica para abastecer as

necessidades do pólo;

e) Infra-estrutura necessária para o pólo.2. A aquisição pelo Brasil de gás natural bolivianopara suas necessidades energéticas e industriais.Parágrafo único. A Bolívia está disposta a concre-tizar a venda de gás natural ao Brasil em conjunçãocom a implantação de um pólo de desenvolvimentona região sudeste de seu território. O Brasil, além deadquirir gás natural boliviano, está disposto a garan-t i r mercado para produtos industriais do pólo de de-senvolvimento boliviano, a cooperar para o necessáriofinanciamento e a proporcionar assistência técnicapor solicitação do Governo da Bolívia.

artigo 11

Os Governos do Brasil e da Bolívia cooperarão parao realização de estudos sobre os seguintes programase projetos industriais e obras em território boliviano:

a) Um complexo siderúrgico com capacidade mí-nima em redução direta de novecentas mil(900.000) toneladas métricas anuais de ferro-esponja; e, em aciaria e laminação, de apro-ximadamente quinhentas mil (500.000) tone-ladas métricas anuais em termos de aço cru.

b) Um complexo de fertilizantes nitrogenados comcapacidade de produção de mil (1.000) tone-ladas métric!ls diárias de uréia.

c) Uma fábrica de cimento com capacidade deprodução de mil <1.000) toneladas métricasdiárias.

d) Todas as obras de infra-estrutura necessáriasà instalação e operação eficiente das unidadesindustriais indicadas no presente artigo.

artigo 111

0 Governo da Bolívia apresentará ao Governo do Brasilum estudo de reservas de gás certificando a existênciasuficiente para fornecer ao Brasil-uma média de du-zentos e quarenta milhões de pés cúbicos diários (240

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MMPCD) de gás natural pelo prazo de vinte (20) anos.Parágrafo 1.° O Governo da Bolívia realizará os es-tudos de um gasoduto com capacidade suficiente paraatender òs necessidades das indústrias a serem ins-taladas em território boliviano e ao abastecimento de240 MMPCD de gás natural ao Brasil.Parágrafo 2.° O Governo do Brasil realizará os es-tudos do gasoduto desde a fronteira de ambos ospaíses até seus centros de consumo.

artigo IV

No coso de os estudos dos programas e proietos pre-vistos nos Artigos 11 e 111 demonstrarem sua viabili-dade técnico-econômico, os Partes Contratantes assu-mem os seguintes compromissos:

1. O Governo do Brasil compromete-se a coope-rar, por solicitação do Governo da Bolívia, naimplantação e execução harmônico e coordena-da dos projetos e obras de infra-estrutura con-templados nos Artigos 11 e 111, nos termos econdições dos Anexos I, 11 e 111.

2. O Governo do Brasil compromete-se a garantirmercado para os produtos industriais do pólode desenvolvimento boliviano, nos termos e con-dições do Anexo 11.

3. O Governo da Bolivia compromete-se a vendere o Governo do Brasil compromete-se a compraruma média de 240 MMPCD de gás natural du-rante um prazo de vinte (20) anos, nos termose condições que forem oportunamente acorda-dos entre Petróleo Brasileiro S.A. - PETROBRÁS— e a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivia-nos - Y.P.F.B.

artigo V

Paro o execução dos estudos previstos no Artigo 11, oGoverno do Brasil financiará 00 Governo da Bolíviaaté um montante de dez milhões de dólares dos Es-tados Unidos da América, em fundos de livre disponi-bilidade e conversibilidade, a uma taxo de juros decinco por cento ao ano, pagáveis em quinze anos comtrês anos de carência.Parágrafo único. O convênio deste financiamento seformalizará em um prazo máximo de trinta dias opartir do dota de assinatura do presente Acordo.

artigo VI

Outros financiamentos do Governo do Brasil que even-tualmente forem concedidos ao Governo da Bollviapara fins do presente Acordo, e que não estejam com-preendidos nos termos e condições consignados noArtigo V e no Anexo I, serão acordados oportunamenteentre os dois Governos.

artigo VII

Os Governos do Brasil e da Bolívia constituirão um"Comitê Brasileiro-Boliviano de Cooperação Econômicae Técnico" para coordenar o cooperação e complemen-tação industrial a que se refere o presente Acordo.

artigo VIII

Os Governos do Brasil e da Bolivia convêm em estu-dar, em uma fase posterior, o viabilidade econômico

da instalação, no pólo de desenvolvimento, de umcomplexo petroquímico poro a fabricação de etilenoe seus derivados, e o possibilidade de que o Brasiladquira estes produtos, eopossibilidadeem condições que serão es-tabelecidos oportuna mente.

artigo IX

Com o mesmo espírito de cooperação entre ambos ospaíses, os Governos do Brasil e do Bolivia manifestama intenção de ampliar os compromissos objeto desteAcordo e chegar o outros que sejam de interessecomum.

artigo X

Formam parte do presente Acordo:a) Anexo I — de cooperação e assistência finan-

ceiro;b) Anexo 11 — de garantia de mercados Q estru-

tura de preços;

c) Anexo Ml — de assistência técnica.

artigo XI

O presente Acordo entrará em vigor na data da trocados respectivos Instrumentos de Ratificação, e terávigência até que as Partes Contratantes, mediantenovo Acordo, adotem a decisão que estimarem con-veniente.Feito na cidade de Cochabamba, aos 22 dias do mêsde maio de mil novecentos e setenta e quatro, emquatro exemplares igualmente autênticos, dois na lín-gua espanhola e dois na língua portuguesa.

Pelo Governo da República Federativado BrasilAntonio F. Azeredo da Silveira

Pelo Governo da Repúblicada BoliviaAlberto Guzmán Soriano

ANEXO I

cooperação e assistência financeira

Os Governos do Brasil e da Bollvia concordam emque o Governo da Bolivia poderá optar por ser assis-tido financeiramente pelo Governo do Brasil no im-plantação e execução harmônico e coordenado dosprogramas, projetos e obras da infra-estrutura previstonos Artigos 11 e 111 do presente Acordo, nos seguintescondições:

a) O Governo do Brasil compromete-se a financiarem suo totalidade os aquisições que efetue oGoverno do Bolívia de equipamentos e serviçosoriginários ou procedentes do Brasil.As taxas de juros e prazos de pagamento dosfinanciamentos serãa iguais aos melhores quehaja concedido o Gaverno do Brasil o outrospaíses, no época do solicitação dos créditoscorrespondentes.

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b) o Governo do Brasil compromete-se a garantir0 financiamento de até a metade do total dasaquisições que efetue o Governo da BoHvia deequipamentos e serviços procedentes de ter-ceiros países, destinados aos projetos e obrasprevistos no Artigo 11 do presente Acordo, ataxas de juros e prazos de pagamento preva-lecentes no mercado internacional à data daassinatura dos contratos pertinentes.

c) O Governo do Brasil compromete-se a financiarem moeda brasileira, por solicitação do Gover-no da Bolívia, os custos e serviços locais dosprogramas e projetos contemplados no presen-te Acordo, em montantes, taxas de juros eprazos de pagamento a serem estabelecidos.

d) Quanto ao financiamento da construção dotrecho boliviano do gasoduto, o Governo doBrasil compromete-se a cooperar com o Go-verno da Bolívia na obtenção dos recursos ne-cessários junto a organismos internacionaistais como o Banco Interamericano de Desen-volvimento e o Banco Internacional da Recons-trução e Desenvolvimento.

ANEXO 11

garantia de mercados e estrutura de preços

1. mercados

A. Nos termos dos Artigos 11, 111 e IV do presenteAcordo, o Governo do Brasil compromete-se a:

a) aaquirir, a partir de 1978, as quantidades mi-nimas de cento e cinco mil (l05.000) toneladasmétricas anuais de ferro-esponja e cem mil(l00.000) toneladas métricas anuais de lami-nados de aço não-planos.

b) adquirir, a partir de 1981, as quantidades mí-nimas de duzentas e dez mil (210.000) tone-ladas métricas anuais de fe-ro-esponja e du.zentas mil (200.000) toneladas métricas anuaisde laminados de aço não-planos. Se o mercadobrasileiro puder absorver quantidades adicio-nais de laminados de aço não-planos, o com.promisso de compra de laminados não-planosampliar-se-á, ademais, até o total de ferro-es-ponja antes indicado (210.000 toneladas mé-tricas anuais) em forma de aço laminado.Também se prevê, em função da evolução domercado brasileiro, a instalação de uma unida-de adicional de redução para ferro-esponja.

c) adquirir cem mil (100.000) toneladas métricasanuais de uréia produzida na Bolívia. Se o mer-cado brasileiro puder absorver quantidades adi-do,mis, o compromisso de compra de uréiaampliar-se-á para adquirir até cem mil(l00.000) toneladas métricas anuais adicionaisde uréia produzida na BoHvia; ademais, a Bo-Hvia poderá colocar no mercado brasileirooutras quantidades adicionais de uréia.

d) manter a isenção de impostos de importaçãopara cimento, na forma atualmente vigente,para que possa ser comercializado no mercadobrasileiro em igualdade de condições com a

produção similar brasileira. Se variarem ascondições de liberação atualmente vigentes,este compromisso será firme até uma quanti-dade máxima média de quinhentas (500) tone-ladas métricas diárias, pelo prazo de supri-mento de gás natural ao Brasil.

e) que os compromissos brasileiros relativos aprodutos siderúrgicos, fertilizantes nitrogena-dos e cimento tenham a mesma duração dofornecimento de gás natural boliviano ao Brasil(20 anos). A utilização total ou parcial dos re-feridos mercados será sempre opcional paraa Bolívia, a qual dará ao Brasil pré-avisosmínimos de um ano.

f) garantir, para todos os produtos bolivianosadquiridos pelo Governo brasileiro que ingres-sem no Brasil como resultado deste Acordo,isenção total de gravames aduaneiros e umtratamento fiscal interno igual ao aplicado aprodutos similares brasileiros.

B. O fornecimento de gás natural ao Brasil porparte da Bolívia dar-se.á em data definida pelo cro-nogroma do gasoduto e dependerá da conclusão detodos os estudos, da demonstração da viabilidade dosprojetos e da assinatura dos respectivos contratos re-lativos a mercados, preços, financiamento e assistên-cia técnica dos projetos industriais constantes desteAcordo.

2. preços

Os Governos do Brasil e da BoHvia estão de acordoem que, no referente a: a) Siderurgia, os preços dosprodutos laminados não-planos e de ferro-esponjaserão estabelecidos em negociações posteriores à rea-lização dos estudos de viabilidade e deverão ser com-petitivos no mercado brasileiro; b) Fertilizantes, opreço será equivalente ao preço CIF Santos da uréiaimportada de terceiros países para o produto postoem Corumbá; c) Gás natural, o preço, os critérios desua correção e as demais condições do suprimentodo gás serão fixados no contrato previsto no ArtigoIV, inciso número 3, do presente Acordo. Nesta data,fica estabelecido que haverá revisões semestrais dopreço, em função das flutuações internacionais dospreços dos hidrocarbonetos.

ANEXO 111

assistência técnica

Nos termos dos Artigos 11, 111 e IV do presente Acordo,os Governos do Brasil e da Bolívia concordam em queo Governo do Brasil proporcionará, na medida de suaspossibilidades e por solicitação da BoHvia, cooperaçãotécnica para a implantação dos projetos industriaisque são contemplados neste Acordo, dentro do quadroBásico de Cooperação Técnica e Científica, datado de10 de julho de 1973, nos campos da mineração deferro, beneficiamento e preparação de minerais e si-derurgia, consoante as seguintes modalidades:

a) Informação tecnológica não-reembolsável refe-rente aos seguintes aspectos: — planejamento,

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realização de estudos, organização e adminis-tração de empresas, aquisição de equipamen-tos, construção e montagem de unidades in-dustriais e execução de obras de infra-estrutura;— resultados obtidos no operação do indústriade mineração do ferro e em usinas siderúrgicosque utilizam gás natural como elemento re-dutor.

b) Estudos e pesquisas em laboratórios e unidadesindustriais brasileiros.

c) Preparação e treinamento de pessoal: outorgode bolsos de estudo e estágios remunerados noindústria de mineração do ferro e no siderur-gia, relativos à organização e administraçãode empresas, construção e operação de unida-des industriais e serviços. A preparação inclui-rá pessoal técnico de todos os níveis e seutreinamento prático em todos os campos.A Empresa Siderúrgico Boliviano S.A. —SIDERSA — apresentará oportunamente, atravésdos canais previstos, os programas de suasnecessidades no matéria.

acordo de cooperação econômica

Texto da Nota entregue pelo Chaneeler Azeredo daSilveira ao Ministro das Relações Exteriores e Cultoda Bolívia, G ene ral.de.Brigada Alberto Guzmán Soriano,na cidade de Coehabamba, em 22 de maio de 1974

Senhor Ministro,Tenho o honro de levar 00 conhecimento de Vosso Ex-celência que, no quadro do Trotado sobre VinculaçãoRodoviário, de 4 de abril de 1972, e em atenção àsolicitação do Governo boliviano, o Governo brasileiropropõe-se o ampliar de US$ 5.000.000,00 (cinco mi-lhões de dólares dos Estados Unidos da América) poroUS$ 17.000.000,00 (dezessete milhões de dólares dosEstados Unidos do América) o valor do crédito quelhe concedeu, mediante troco de Notas de 4 de abrilde 1972.2. O acréscimo resultante, no valor deUS$ 12.000.000,00 (doze milhões de dólares dos Es-tados Unidos do América) deverá ser utilizado poroa aquisição, no mercado brasileiro, de maquinaria,equipamento e sobressalentes destinados à execuçãode programas viários bolivianos de interesse paro osdois pafses.3. Os termos e condições para ampliação do créditode que trata a presente Noto serão estabelecidos emconvênio a ser firmado pelos autoridades competentesdos dois países, no entendimento de que, em linhosgerais, prevalecerão os mesmos que foram acordadosno Convênio de Crédito, de 16 de março de 1973,assinado entre o Banco do Brasil S.A. e o ServicioNacional de Cominos, da Bolívia.4. Se o Governo de Vosso Excelência estiver deacordo com o que precede, sua Noto de resposta ea presente constituirão um acordo imediatamente vi-gente entre nossos Governos.Aproveito o oportunidade para renovar a Vossa Exce-lência os protestos do minha mais alto consideração.

Antonio F. Azeredo da SilveiraMinistro de Estado das Relações Exte-riores do Brasil

brasil e uruguai assinamacordo sobre o

plano de operações do proietode desenvolvimento da

bacia da lagoa mirim

Notas troeadas entre o Chaneeler Azeredo da Silveirae o Embaixador do Uruguai, Doutor Carlos ManiniRios, em 27 de maio de 1974

nota brasileira

Senhor Embaixador,Tendo em conta as Declarações Conjuntos formuladospelos Presidentes da República Federativo do Brasile do República Oriental do Uruguai, em Brasília, nodia 5 de maio de 1969, e no Chul, em 11 de maiode 1970, e dando cumprimento às disposições da Atode Conversações do Rio de Janeiro, de 8 de dezembrode 1961, 00 Acordo por troco de Notas de 26 deabril de 1963 e às Notas Complementares trocadosem 5 de agosto de 1965, foi elaborado, pela Organi.zação das Noções Unidos para Agricultura e Alimen-tação — FAO, e recebido por ambos os países, oRelatório Final do Projeto Regional, apresentado em3 de maio de 1972, tendo sido, o 6 de julho de 1972,firmado, em Porto Alegre, acordo especifico, entre osdois Governos interessados e a Organização das No-ções Unidos, que aprovou o Plano de Operações doprojeto de desenvolvimento do Bacia do Rio Jaguarão.2. Chegado o essa fase dos trabalhos, porece-me detodo conveniência manter a referido Comissão Mista,conferindo-lhe novos finalidades, condizentes com oatual estágio do aproveitamento do Bacia da LagoaMirim, através do realização dos obras necessáriosao desenvolvimento do área.3. Com esse desejo e o propósito de consignar, talcomo feito nos trocos de Notas anteriores, os carac-terfsticas e atribuições do aludida Comissão Mista,tenho o honro de levar 00 conhecimento de VossaExcelência que o Governo do República Federativa doBrasil está de pleno acordo com os seguintes pontos:

1. À Comissão Misto Brasileiro-Uruguaia, consti-tufda de acordo com o item 3 do parágrafo 1dos Notas trocados entre os dois Governos,em 26 de abril de 1963, competirá o supervi-são ("controle") dos obras e serviços con-juntos relativos 00 desenvolvimento integra-do da área do Bacia do Lagoa Mirim.

2. Objetivando concretizar o primeira fase doaludido desenvolvimento, a Comissão Mistoimplementará os trabalhos referentes 00projeto de desenvolvimento da Bacia do RioJaguarão.

3. Poro o cumprimento de seus fins especlficos,a Comissão Mista disporá de capacidade ju-rfdica e de autonomia técnico-financeira eadministrativa, compatlveis com as respec-tivas legislações nacionais.

4. Os Governos de ambos os países tomarãoos providências necessárias que visem à ar-ticulação do plano de desenvolvimento daBacia da Lagoa Mirim com os demais planosde desenvolvimento nacionais, regionais elocais de seus respectivos países.

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5. A Comissão Misto deverá providenciar o con-tratação de pessoal e serviços que considerenecessários ao desenvolvimento de suas ati-vidades.

6. As autoridades competentes de ambos os paí-ses outorgarão aos integrantes do ComissãoMista, e aos servidores munidos do carteirode identificação fornecido pelo referido Co-missão, todos os facilidades administrativosnecessários ou úteis 00 bom desempenho desuas funções, tendo em conto o necessidadedecorrente do próprio natureza dos traba-lhos do Comissão, de freqüentes cruzamentosdo fronteira e de permanência em territóriodo país de que não são nacionais. Iguais fa-cilidades serão concedidos no. região frontei-riço 00 pessoal a serviço das Nações Unidase dos empresas contratadas.

7. As autoridades competentes de ambos ospaíses concederão todos os facilidades poroa livre circulação dos veículos e embarcaçõesa serviço do Comissão Mista, quando utili-zados no desempenho de suas atividades.

8. As autoridades competentes de ambos ospaíses concederão, outrossim, todos os- faci-lidades para o livre circulação de equipamen-tos que o Comissão Misto venho o empregarem suas atividades.

9. A fim de facilitar o execução dos dispositivosdos itens 7 e 8 acima, o Comissão Mista emi-tirá documento de identificação dos veículose embarcações a seu serviço.

10. Quando se trotar de cruzamento do fronteirados equipamentos o que se refere o item 8,os Chefes de Seção, seus substitutos ou osCo-Diretores do Projeto emitirão, em cadacoso, autorização poro o respectivo movimen-tação, que especificará todos os dados refe-rentes ao veículo ou embarcação, ao pessoalque os acompanho, e à natureza e destina-ção dos equipamentos.

11. Os documentos a que se referem os itens 6,9 e 10 obedecerão o modelos padronizados,aprovados pela Comissão Mista.

12. Anualmente a Comissão Misto submeterá àaprovação de ambos os Governos, por inter-médio de suas respectivas Seções, relatóriode suas atividades.

13. Cada Seção da Comissão Mista será respon-sável por suas próprias despesas. A coberturadas despesas que afetem simultaneamente osdois países será regulada pela Comissão Mis-ta.

4. A presente Nota e a de Vossa Excelência, destamesma data e idêntico teor, constituem Acordo entrenossos Governos, complementar aos atos internacionaisaeima referidos.Aproveito a oportunidade para renovar a Vossa Exce-lência os protestos da minha alta consideração.

Antonio f. Azaredo da Silvelra

Ministro de Estado das Relações Exterio-res do Brasil

nota uruguaia

Brasília, mayo 20 de 1974.

Senor Ministro:Con gran satisfacción y con fundado optimismo recojoIas palabras con que Su Excelencia ha tenido a biendestacar Ia importancia de este acto formal por elcual Uruguay y Brasil institucionalizan Ia permanenciade Ia Comisión Mixta de Ia Laguna Merin, como órganosupervisor de Ias obras conjuntas a realizar-se en IaCuenca.Senala Su Excelencia el ejemplar empeno de nuestrosgobiernos, reiterado cotidianamente, de ampliar Iasáreas de convergencia entre los intereses nacionales denuestros dos países. De ello es nuva y concreta pruebaesta decisión que ahora confirmamos.En nombre de mi Gobierno reitero el interés de efectuaren general, obras comunes con el Brasil, y por 10pronto, de dar todos los pasos necesarios para cons-truir el proyecto Yaguaron, coincidiendo con Ias ma-nifestaciones formuladas por Su Excelencia, a fin de"pasar de inmediato a Ia construcción de esas obras,comenzando por este proyecto, en Ia pluralidad de susaprovechamientos", coo Ias importantes repercusioneseconómicas y sociales que habrá de tener, según SuExcelencia 10 ha senalado.Tuve Ia feliz oportunidad de participar de Ias trabajosde Ia Comisión Mixta desde 1908; y hoy, por unagrata coincidencia, tengo Ia honra de representar ami país en este acto solemne que confirma y da razóna aquellos trabajos y abre Ias puertas para Ias reali-zaciones inmediatas que son su consecuencia.Si alguna vez encontramos contratiempos, sufrimosdecepciones y aún desanimo, a 10 largo de estos anos,los frutos que hoy vemos próximos nos recompensansobradamente. Por 10 demás, en todo momento nossostuvo no solamente el apoyo de nuestros gobiernosy Ia confianza en el superior designio dei proyecto,sino también Ia íntima colaboración y Ia permanentecomprensión nunca turbada, entre los ilustrados miem-bros brasilenos y uruguayos de Ia C.L.M. en unademonstración cabal de Ia posibilidad de lIevar ade-lante ambiciosos planes de desarrollo en proyectosbinacionales.En esta oportunidad y en este caso, 01 hablar de Ialaguna Merín y dei Rio Yaguarón, no puedo omitir unareferencia histórica:Fueron estas aguas, frontera pleiteada entre nuestraspatrias, por causa de Ias condiciones en que Ias fijóentre Espana y Portugal el tratado de Badajoz de 1801,Ias cuales luego recayeron sobre Ia República Oriental;pero desde principios de este siglo se transformaronen cloros y límpidas corrientes de una profunda amis-tad y vinculación, desde que, orientado por el granRio Branco, el gobierno brasileno, decidió el condo-minio en 1909, y nuestros países firmaron el tratadode 16 de abril de 1910.En esos tiempos, según refiere luis Viana Filho en suadmirable y tan humana "Vida dei Barón de RioBranco", dijo éste 01 embajador argentino RamónCárcano:"Já fiz o mapa do Brasil. Agora o meu objeto é contri-buir paro a união e a amizade dos países sul-ameri-canos". Y a fe que se empenó en cumplirlo.

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Poco después, otro gran canciller brasileno, louroMuller, completaba esa tarea con el tratado de con-dominio dei arroyo San Miguel, de 7 de mayo de 1913.Algunos anos más tarde, en el último dia dei ano 1930,se inauguró el puente internacional que hermana Iaciudad brasilena de Yaguarón con 10 uruguaya quelIeva en nombre de Río Bronco en homenaje 01 ilustreCanciller — poniéndose de manifiesta, con uno obromaterial, el propósito definitivo de hacer de estasfronteras, en vez de divisorios, medios poro uno intimavinculación entre los pueblos y poro el impulso deidesarrollo común de 10 región en que ambos gobiernosestán empenados.la creación de 10 Comisión Mixta poro el Desarrollode Ia euenca de Ia laguna Merin, no fué sino una con-secuencia evolutiva de este espíritu, con los mismosfines de cooperación binacional ya enunciados en eltratado de 1910.Cuando ahora nuestros gobiernos ratifican su reso-lución de construir en el mas breve plano posible Iasobras hidroeléctricas aguas arribo dei Yaguarón y aimismo tiempo establecen un nuevo estatuto perma-nente para esta Comisión, corroboran Ia importanciadei esfuerzo realizado hasta ahora y 10 transcendenciaque le atribuyen para 10 futuro.A mayor abundamiento, resulta dei más vivo interésel propósito dei Gobierno brasileno, que acaba decomunicarnos Su Extelencia, de celebrar en el másbreve plazo, un tratado que dentro de un cuadro jurídi-co amplio y flexible que consagre los puntos básicosque deherán orientar no solamente el aprovechamientocomún dei Rio Yaguarón sino también Ia mejor formapara unir nuestros esfuerzos a fin de implementar eldesarrollo integrado de 10 euenca.Tomo nota de esta intención que estimo sumamenteconstructiva y sugiero que de inmediato en nuestrasrespectivas Cancillerías se inicien los estudios liminarespara Ia preparación de este Tratado.Es con este género de actividad internacional que seenaltecen los Gobiernos que, en tiempos de tan desarre-glados conflictos, temores y amenazas entre otras na-ciones, muestran esta decisión de colaborar en pacíficoentendimiento, "agenos" — como recalcó Su Excelencia— "o cualquier ambición, condenable y pequena, quetienda sea a inútiles devaneos de hegemonia o prepon-derancia, sea a un imposible aislamiento, de por sianacrónico, en un mundo que exige, cada vez más, Iasuperación de Ias divergencias; teniendo en vista, in-clusive. Ia prosperidad solidaria de todos, preferimosdedicar 10 mejor de nuestra tenacidad y de nuestraimaginación creadora para este proyecto de integra-ción y de cooperación cuyos resultados concretos nosestamos preparando a recoger".AI solemnizar esta nueva etapa de fraternal calabora-ción en Ia frontera fluvial entre Uruguay y Brasil, mees muy grato senalar ai seiíor Canciller que estamoscontinuando una tarea iniciada hace cerca de setentaanos, con el tratado de 1910.

Carlos Manini RiosEmbajador de Ia República Oriental deiUruguay

brasil e república federal da alemanhafirmam acordo para evitar

a dupla tributação de renda

Um acordo para evitar a dupla tributação de rendaentre o Brasil e a Alemanha foi f i rmado, em niveltécnico, no Ministério das Relações Exteriores em I r a .sílía, a 14 de junho de 1974, pelos Senhores HelmutDebatin, Subsecretário-Geral para Assuntos Internacio.nais do Ministério da Fazenda da República Federal daAlemanha, e Francisco Neves Dornelles, Presidente daComissão de Estudos Tributários Internacionais do M i .nistério da Fazenda do Brasil

Os objetivos do acordo são os seguintes:a) incrementar o fluxo de novos investimentos ale-mães para o Brasil e o reinvestimento de lucrosde empresas alemãs que já operam no país;

b) empresasreduzir para as empresas brasileiras o custodo dinheiro e da tecnologia importados da Ale-manha;c) permitir que as subsidiárias de empresas ale-mãs no Brasil participem dos programas de incen-tivos fiscais regionais e setariais estabelecidos pelolegislação brasileira, inclusive os de exportação,impedindo que esses incentivos seíam anulados exportação,pelolegislação tributária alemã;d) permitir que as empresas brasileiras mante-nham na Alemanha, isentos de imposto de renda,escritórios, armazéns e depósitos para a exportaçãode produtos brasileiros;e) facilitar a exportação da tecnologia brasileirapara a Alemanha.

Para que tais objetivos possam ser atingidos foraminseridas no acordo cláusulas que:

a) isentam de imposto na Alemanha as dividendosderivados do Brasil;b) reduzem na Alemanha o imposto sobre os jurosincidentes sobre os empréstimos e financiamentosefetuados a empresas brasileiras, bem como sobreos juros dos títulos da dívida público brasileira;c) reduzem na Alemanha o imposto sobre os ren-dimentos de assistência técnica prestada por em-presas alemãs a empresas no Brasil;d) eliminam na Alemanha o imposto incidente so-bre estabelecimentos permanentes de empresas bra-sileiras constituídos naquele pois para a exporta-ção de produtos brasileiros.

0 imposto brasileiro sobre dividendos pagos a domici-liados na Alernanha será reduzido para 15%, o partirde 1.° de janeilro de 1978; e o imposto sobre royaltiese sobre juros será reduzido para 15%, a partir res-pectivamente, de 1.° de janeiro de 1976 e 1977.0 acordo constituirá um importante instrumento para oincremento do fluxo de capitais da Alemanha para oBrasil, devendo ter um impacto altamente positivo parao Balanço de Pagamentos Brasil-Alemanha.

convênio itamaraty.senai

Convênio assinado entre o Ministro Azeredo da Silvei.ra, pelo Ministério das Relações Exteriores, e TomazPompeu Brasil Neto, pelo Serviço Nacional de Aprendi.zado Industrial (SENAI), em Brasília, no dia 27 dejunho de 1974

Desejosos de coloborarem no estabelecimento de umprograma brasileiro de cooperação técnica ao exterior;

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Conscientes de que o Brasil tem condições de prestarassistência técnica no campo de atuação do SENAI;Interessados em estabelecer uma estrutura adequadapara a prestação eficaz de assistência técnica aos paí-ses que a solicitarem;Resolvem firmar o presente Convênio de colaboração,em que definem as atribuições específicas que, de partea parte, Ihes corresponderão neste empreendimento.

cláusula 1

O Ministério das Relações Exteriores e o Serviço Na-cional de Aprendizagem Industrial (SENAI) examinarãoconjuntamente as solicitações de assistência técnica nocampo de atuação do SENAI, recebidas de países estran-geiros. Caberá ao Ministério das Relações Exterioresexaminar essas solicitações do ponto de vista de suacompatibilidade com os objetivos da política externabrasileira, e ao SENAI avaliar sua qualidade técnica everificar se possui condições para executá-Ias.

cláusula 2

A assistência técnica objeto do presente Convênio pode-rá consistir no seguinte:

a) organização de viagens de estudos ao Brasilpara representantes de alto nível das entidadesincumbidas do aperfeiçoamento de mão-de-obrade países estrangeiros;

b) estágios nos estabelecimentos do sistema doSENAI;

c) coordenação de programas de estágios em em-presas brasileiras para engenheiros, especialis-tas e técnicos de países estrangeiros;

d) envio de especialistas do SENAI para assesso-rarem Governos estrangeiros na formulação deprogramas de habilitação de mão-de-obra ououtras atividades afins;

e) qualquer outra forma de assistência técnicaconsiderada exeqüível.

cláusula 3

O Ministério das Relações Exteriores e o SENAI prepa-rarão, com a necessária antecedência, e com base nassolicitações recebidas de países estrangeiros, um pro-grama anual de cooperação técnica no campo de atua-ção específica do SENAI, com o objetivo de incluir a

previsõo dos recursos correspondentes nos respectivosorçamentos.

cláusula 4

Uma vez aprovada uma solicitação de assistência téc-nica, o Ministério das Relações Exteriores e o SENAIdefinirão, de comum acordo, a repartição das respec-tivas responsabilidades na execução e no custeio doprograma. Quanto ao custeio, caberá, em princípio, aoMinistério das Relações Exteriores o pagamento daspassogens internacionais e internas dos visitante's eestagiários estrangeiros, bem como as passagens in-ternacionais e as diárias dos técnicos do SENAI emmissõo de assistência técnica no exterior. Incumbirãoao SENAI, em princípio, as despesas com a organizaçãodos programas, bem como a manutenção no Brasil dosvisitantes e estagiários estrangeiros.

cláusula 5

Caso a solicitação de assistência técnica por partede um Governo estrangeiro exija o concurso de outrosórgãos governamentais para o seu atendimento, o Mi-nistério das Relações Exteriores convidará esses órgãosa, juntamente com o SEN AI, examinar a forma deprestação da assistência solicitada e a acertar as con-dições para a participação conjunta no programa.

cláusula 6

Se o SENAI julgar conveniente, o Ministério das Rela-ções Exteriores poderá solicitar o concurso de organis-mos internacionais que prestam assistência técnica pa-ra participarem no atendimento de um pedido de assis-tência técnica formulado por um país estrangeiro. OMinistério das Relações Exteriores procurará, igual-mente, com a concordância prévia do SENAI, colocarà disposição de organismos internacionais que prestamcooperação técnica, técnicos do SENAI para participa-rem dos projetos e programas de assistência técnicano campo da formação profissional a outros países.

cláusula 7

0 presente Convênio vigorará a partir da data de suaassinatura, por prazo indeterminado, podendo ser mo-dificado por acordo mútuo ou rescindido por solicitaçãode qualquer das duas Partes.

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Do discurso do Ministro de Estado Azeredo da Silveirapor ocasião do almoço oferecido, no Palácio Ita.maraty, ao Embaixador William O. Eberle, Represen.ty,tante do Presidente Nixon Williampara as negociações sobrecomércio no âmbito do G A n , em 24 de abril de 1974

"Reconhecemos a tradição ocidental comum de nossospaíses e nossa vocação para uma harmonização e coo-peração ampla em nossas relações bilaterais e inter-nacionais. Reconhecemos, da mesma maneira, que aaproximação e a harmonização da atuação de nossospaíses no cenário mundial têm de ser um processonatural, através de convergência de nossas posiçõesnacionais, e dos interesses que nos são vitais, e nãoatravés de um processa de alinhamento automático.""Creio que ambos os nossos países compartilham, nopresente momento, sérias preocupações sobre o bem-estar econômico mundial, e desejamos, de igual forma,encontrar soluções satisfatórias para os problemassérios que ameaçam esse bem-estar. Os recentes aba-los econômicos que atingiram a comunidade de nações,nos terrenos monetário e de abastecimento de matérias-primas, não só levantaram o espectro de uma gravea talvez inédita crise mundial econômica, mas tambémcomprovaram irreversivelmente a necessidade prementede se modificarem as atuais estruturas das relaçõeseconômicas internacionais, principalmente nas áreasdo comércio e monetária.""Essa reforma da estrutura econômica mundial é algopelo qual o Brasil — e os países em desenvolvimentoem geral — se vêm batendo por muito tempo. Enquantoa antiga ordem econômica, forjada nos anos imedia-tamente após a 11 Guerra Mundial, se fundamentavanuma falsa premissa de tratamento igual para par-ceiros econômicos desiguais, essa nova ordem, con-forme tive oportunidade de assinalar recentementena Assembléia Geral da OEA, tem de basear-se numprincípio de maior justiça e eqüidade, que preveja umtratamento desigual para parceiros desiguais.""No terreno comercial, a Declaração de Tóquio, queinaugurou as Negociações Comerciais Multilaterais,acolheu essa premissa, ao prever a concessão de van-tagens adicionais para os países em desenvolvimentoatravés de um tratamento diferenciado e mais favo-rável. Resta agora transformar esses princlpios emmeios operativos destinados a impulsionar o desenvol-vimento econômico dos países em desenvolvimento eassegurar maior estabilidade e bem-estar mundiais."

"Na recente Conferência dos Chanceleres em Washing-ton, acolhi com imensa satisfação a declaração doSecretário de Estado Kissinger, no sentido de reafir-mar os compromissos assumidos pelos Estados Unidosem questões de comércio, e de buscar uma maior har-monização de posições sobre esses problemas, essen-ciais para nós todos. Creio, porém, e desejo ressaltá-Io,

que será igualmente essencial resolver as divergênciasque nos separam dos Estados Unidos nessas questões,antes de poder alcançar uma autêntica harmonizaçãode posições. Espero seja esta sua visita, Senhor Embai-xador, o primeiro passo nesse sentido."

Do discurso do Ministro de Estado Azeredo da Silveira,no almoço oferecido a o General Carlos Galvâo deMeio, membro da Junta de Salvação Nacional de Por.tugal e ao Major Vicente Rodrigues Alves, Conselheirode Estado, em 14 de junho de 1974

"Os laços especiais que unem Portugal e Brasil nãopermitem, como mencionei, que nossa amizade sejacircunstancial e retórica. mencionei,Mas os episódios da históriapodem permitir que ela seja mais expressiva e pro-dutiva. Cremos que este é o desafio que se nos ofereceneste momento. Acreditamos que passaram a existirentre nossas pátrias irmãs maiores coincidências glo-bais na maneira de apreciar os problemas de interessegeral, no mundo interdependente em que vivemos. Eé preciso que saibamos viver de forma construtiva essaoportunidade.Temos presente neste almoço de confraternização umconviva invisível. Presente porque está na mente detodos nós, brasileiros e portugueses. Não quero deixarde mencioná-Io porque calar poderia ser tão significati-vo quanto falar. Mas o silêncio poderia ser mais diflcilde interpretar.Refiro-me, evidentemente, à África e ao seu povo, prin-cipalmente aos que na África se sentem ligados a Por-tugal da maneira como outrora, nesta parte da Amé-rica, se sentiam ligados a Portugal os que fizeram doBrasil a pátria do povo brasileiro.""O Brasil acompanha com interesse o que acontece emPortugal e os desenvolvimentos relativos a suas rela-ções com os povos africanos. Não poderia ser de outraforma, peia fraternidade histórica que nos une nostrês continentes."

Do discurso de Ministro de Estado Azeredo da Silveira,no almoço de despedida oferecido ao EmbaixadorSerguei S. Mikhai lov, da URSS, em 19 de junho de 1974

"O intercâmbio comercial entre a União Soviética eo Brasil triplicou durante os últimos nove anos e sãopromissoras as tendências para o futuro próximo. Mes-mo assim, porém, ainda está longe de corresponderao potencial real dos dois países. Desenvolvè-lo foiuma obra à qual Vossa Excelência dedicou um esforçoconstante, a cujos resultados o seu nome ficará cer-tamente associado. Na verdade, bem sabemos, hoje,que esse esforço não foi feito em vão, para mútuobenefício de nossas grandes Nações.O trabalho de Vossa Excelência, consciente e paciente,nós o pudemos apreciar desde os protocolos Patolicheve Alkimov-Valente, de 1966 a 1969, protocolosrespectivamente,

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que, mesmo sem r.eceber a implementação que mere-ciam, constituíram instrumentos apreciáveis para odesenvolvimento harmonioso do comércio entre nossospaíses.""Várias ocorrências marcaram a presença de VossaExcelência no Brasil: a abertura do Escritório Comer-cial da União Soviética em São Paulo; a reunião da2.a Comissão Mista Brasil—União Soviética, no Rio deJaneiro, em 1968; o Acordo de 1969, que instituiu oregime de pagamentos em moeda conversível; a l.aExposição Soviética da Indústria e Comércio, conversível;realizadaem São Paulo, em 1973."

Do discurso do Ministro de Estado Azeredo da Silveira,por ocasião do almoço oferecido ao Ministro do Pe.tróleo da Líbia, doalmoçoSenhor Ezxedin Ai-Mabruk, em 21 dejunho de 1974

"São recentes as visitas recíprocas de Missões espe-ciais, em alto nível, com o propósito de ampliar e di-versificar o intercâmbio, entre as nossas nações, nosmais variados setores. A acolhida dispensada por VossaExcelência à Missão brasileira, que visitou Trfpoli, emnovembro do ano passado, garantiu-Ihe um êxito pro-missor e permitiu que avançássemos na concretizaçãode acordos que certamente irão marcar a associaçãodos dois países em empreendimentos mutuamente van-tajosos.""Creio existir entre os dois países uma grande apro-ximação de pontos de vista a respeito de algumasquestões básicas, depontoscomo a referente arespeitoao direito inalie-nável de cada país à plena utilização dos seus recursosnaturais.Estou, igualmente, persuadido, Senhor Ministro, de quese abrem, com a visita de Vossa Excelência, novasperspectivas para uma fecunda cooperação entre oBrasil e a libia. Esta cooperação não se esgota noaproveitamento das potencia lidades do intercâmbiocomercial e financeiro. Pode e deve estender-se, na-turalmente, a todos os interesses comuns que nos cabedefender."

Do discurso do Ministro de Estado Azeredo da Silveira,por ocasião do almoço oferecido ao Ministro de Estadodos Negócios Estrangeiros da Austrália, Senhor DonaldR. Willesee, no Palácio Itamaraty, em 27 de junhode 1974

"O Brasil e a Austrólia estão separados por longasdistâncias. As circunstâncias de nossas evoluções só-cio-culturais são as mais distintas. Os contactos detoda ordem entre brasileiros e australianos são espar-sos. Nada disso, porém, tem constituído obstáculo aque as afinidades que encontramos entre nós se te-nham traduzido em uma aproximação constante de

nossos Governos. No plano multilateral, temos tido aoportunidade de uma cooperação fecunda em buscade soluções para os problemas da paz e do desenvol-vimento geral, econômico e social. No plano bilateral,temos estreitado as nossas relaçães, buscando maiorconhecimento reciproco, expandindo o nosso comércioe explorando novas oportunidades de cooperação eco-nômica. Destaco, nesse sentido, duas iniciativas quebem revelam as possibilidades multiformes dessa co-operação no benefício recíproco. Refiro"me, primeira-mente, aos esforços do novo Governo australiano edo Governo brasileiro no sentido de buscar o or-denamento do mercado para produtos de interessecomum, em especial o da comercialização de matérias-primas não-renováveis, como o minério de ferro. Estãoambos os nossos Governos convencidos de que umapolítica de estreita cooperação nesse terreno é a quemelhor consulta os interesses superiores de nossasnações. A segunda iniciativa a que desejo referir-meé a que tem por objetivo aprofundar o conhecimentode oportunidades para empreendimentos industriaiscomuns, como a vinda ao Brasil, no mês de maio, damissão exploratória de investimentos da Austrália."

Do discurso do Ministro de Estado Azeredo da Silveira,por ocasião da assinatura do Convênio Itamaraty—SENAI, sobre a Prestação de Cooperação Técnica aoExterior, no Palácio Itamaraty, em 27 de junho de1974

"Compreendemos que não há desenvolvimento internosem um correspondente aumento das responsabilidadesno plano das relações exteriores, onde se projetaminelutavelmente os interesses nacionais. Para o Brasi!,essa projeção se insere num contexto de cooperação,pois acredi,tamos, sem hesitação, que não há paz du-radoura sem o progresso harmônico dos povos. Damesma forma, acreditamos que esse progresso harmô-nico não é alcançável sem um genuíno esforço parasuperar impulsos egoístas de isolamento ou de pre-ponderância. Sinto-me orgulhoso de pertencer a umpaís que sempre teve nítida essa compreensão de queo interesse esclarecido da nação mede-se em termosde sUl;! própria generosidade.""Desde a elaboração dos primeiros programas de pres-tação brasileira de cooperação técnica, o Ministro dasRelações Exteriores tem recorrido inúmeras vezes aosserviços do SENAI, sempre que se tratou de cooperaçãona área do aperfeiçoamento profissional. Assim, soli-citamos estágios de treinamento profissional.para técnicos latino-americanos e africanos em oficinas do SENAI ou emindústrias brasileiras, e convidamos peritos do SENAIa se deslocarem para o exterior a fim de assessorarGovernos estrangeiros. Desejo ressaltar que o Itama-raty sempre encontrou no SENAI um colaborador ex-traordinariamente prestativo e eficiente."

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150.° aniversário do estabelecimentodas relações diplomáticas entre os

estados unidos da américa e o brasil

do Presidente Ernesto Geisel, do Brasil, ao PresidenteRichard Nixon, dos Estados Unidos da América, em 28de maio de 1974

Senhor PresidenteSua mensagem de 26 de maio, por ocasião do trans-curso do sesquicentenário do estabelecimento de re-lações diplomáticas entre os Estados Unidos e o Brasil,rememora que o Governo dos Estados Unidos da Amé-rica foi o primeiro a conceder reconhecimento ao pri-meiro Governo do Brasil como nação independente.~-me grato assinalar que, desde então, nossos povose nossos Governos consta ntemente se encontraram nabusca de objetivos similares e, por isso mesmo, coope-rando em estreita associação.

Meu Governo tem a esperança de que esses laços deamizade e de cooperação continuarão a ser reforçadospara o benefício de nossos países e, como Vossa Ex-celência assinalou, para a causa da paz e do pro-gresso entre os povos de todo o mun~o.

Atenciosamente,Ernesto Geisel

Presidente da República Federativa doBrasil

do Secretário de Estado Norte.Americano, Henry A.Kissinger ao Ministro de Estado das Relações Exterioresdo Brasil, Antonio F. Azeredo da Silveira, em 26 demaio de 1974

Senhor MinistroTenho grande prazer em assinalar que no dia 26 demaio comemoramos o 150.° aniversário do estabele-cimento de relações formais entre nossos dois países.Ao comemorar essa data envio-lhe os meus melhoresvotos de felicidade.Nesta era de crescente interdependência entre as na-ções, é para mim oportuno e gratificante relembrara época em que nossos dois povos, então recentementeindependentes, seguiram seu destino comum. Paísesverdadeiramente independentes como os nossos, tra-balhando em conjunto e em espírito de associação, es-tarão aptos a atingir o tipo de cooperação que tãourgentemente necessitamos neste hemisfério e nomundo.

Henry A. KissingerSecretário de Estado dos

Estados Unidos da América

do Ministro de Estado das Relações Exteriores do Brasil,Antonio F. Azeredo da Silveira ao Secretário de EstadoNorte.Americano, Henry A. Kissinger, em 28 de maiode 1974

Senhor SecretárioFoi com satisfação que recebi, em 26 de maio, a men-sagem de Vossa Excelência relativa ao sesquicentená-rio do estabelecimento de relações formais entrenossos dois países.Revendo a história de nossas relações no correr desselongo período, é-me grato notar que nossas duas Na-ções encontraram inúmeras ocasiões de trabalhar emíntima cooperação. Estou certo de que, no futuro,assim como o foram no passado, muitas serão asáreas de convergência de nossos interesses nacionaise de que o espírito de associação a que Vossa Exce-lência se referiu em sua carta prevalecerá em nossasrelações.

Muito cordialmente,Antonio F. Azeredo da SilveiraMinistro de Estado das RelaçõesExteriores do Brasil

11.° aniversário da organização daunidade africana

do Presidente Ernesto Geisel, do Brasil, ao Generallakubu Gowon, Presidente da Unidade Africana, em 29de maio de 1974

Neste mês, em que se celebra mais um aniversárioda Organização da Unidade Africana, quero congratu-lar-me com Vossa Excelência, em sua qualidade dePresidente da Conferência de Chefes de Estado e deGoverno Africanos, pelo êxito com que essa Organi-zação tem promovido os ideais de paz e desenvolvi-mento, aspirações que igualmente animam o povo bra-sileiro em sua busca por uma fraterna cooperaçãoentre as nações.Cordiais saudações.

Ernesto GeiselPresidente da República Federativa doBrasil

do Ministro das Relações Exteriores do Brasil, AntonioF. Azeredo da Silveira, ao Doutor Okoi Arikpo, Minis.tro dos Negócios Exteriores da República da Nigéria,em 29 de maio de 1974

A celebração do 11.° aniversário da Organização daUnidade Africana, pela qual me congratulo com VossaExcelência, representa um marco de alto significado

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para um continente cônscio do papel que lhe cabeno mundo de hoje. O empenho e as deliberações dasNações irmãs da África no fortalecimento de sua or-ganização continental são acompanhados com espe-cial interesse pelo Brasil, parceiro do mesmo empenhopela paz e pelo desenvolvimento, f.irmado na dignidadedo homem e na convivência fraternal dos povos.Minha mais alta consideração.

Antonio F. Azeredo da SilveiraMinistro de Estado das

Relações Exteriores do Brasil

do Doutor Okoi Arikpo, Ministro dos Negócios Exterio-res da República da Nigéria, ao Embaixador AntonioF. Azeredo da Silveira, Ministro das Relações Exterioresdo Brasil, em 5 de junho de 1974

Caro colegaTenho o prazer de acusar recebimento de seu calorosotelegrama de 29 de maio de 1974, congratulando-mepor ocasião do undécimo aniversário da OUA.

Senhor Ministro, desejo assegurar"lhe que compartilhoseus sentimentos e desejos expressos em seu telegra-ma. ~ nossa esperança a de que o esplrito de amorfraternal que guia a Organização continental ultra-passará as fronteiras deste Continente. ~ nosso arden-te anseio que o mundo atual de interdependência, derespeito pela dignidade e valores humanos venha apromover cada vez mais as relações e a cooperaçãointernacionais para o desenvolvimento total da huma-nidade.Senhor Ministro, permita-me, por seu intermédio, ex-pressar meu sincero e caloroso apreço pelos nossosirmõos do Brasil e, particularmente, pelo Governobrasileiro, por terem feito de minha última visita umavaliosa e memoróvel experiência.Rogo-lhe aceitar, Excelência, minhas saudações frater-nais e a garantia de minha mais alta consideraçõo.

Okoi ArikpoMinistro dos Negócios Exterioresda República da Nigéria

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oua pede ajuda ao brasil

Em 4 de junho de 1974, o Itamaraty distribuiu a se-guinte Nota oficial:"Na sexta-feira pasada, dia 31 de moio, foi recebidano Itamaraty uma comunicação na qual a Organizaçãoda Unidade Africana solicitou do Governo brasileiroque, como amigo de Portugal, exerça sua influênciajunto ao novo Governo português em favor da con-cessão da independência de Moçambique e de Angolae do reconhecimento da República de Guiné-Bissau.Em atenção a este pedido, o Governo brasileiro deuconhecimento ao Governo português, pelos canais di-plomáticos competentes, do texto da referida comu-nicação."

problema português na áfriea:posição

brasil define

Em 8 de junho de 1974, o Itamaraty, através de suaAssessoria de Imprensa, definiu a posição do Governobrasileiro em relação aos territórios portugueses naÁfrica, com a seguinte nota distribuída à Imprensa:"Dada a evolução do problema, considera o Governobrasileiro ser este o momento oportuno para tornar

pública a sua posição em relação aos territórios por-tugueses na África e que é a seguinte:

I — Os laços especiais de amizade que unem oBrasil a Portugal e a todas as Nações africanas,e, de modo particular, o natural interesse do povobrasileiro pelo destino dos povos irmãos dos terri-tórios sob administração portuguesa na África,evidentemente colocam o Governo brasileiro nodever de colaborar para o encontro de uma solu-çõo que assegure o destino a que esses povos têmdireito na comunidade das Nações.II — O Governo brasileiro está convencido de queas circunstâncias que se criaram em relação aoproblema português na Africa poderão enseiaruma solução pacífica, que assegure o respeito àslegítimas aspirações dos povos interessados.III — O Brasil condena toda política de carótercolonialista ou racista. Por isso, tem sempre re-pudiado soluções desse tipo, taxativamente conde-nadas, com o apoio do Brasil, nos foros interna-cionais.IV — O Governo brasileiro não aspira a exercermediação, e, por isso, não a oferece. Estó, contudo,preparado para prestar toda a colaboração quelhe seja solicitada pelas partes interessadas àsquais o Brasil se sente ligado pela história, pelaraça e pela cultura."

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cooperação lílrio-brasileira

Chefiada pelo Coronel Hamed Belkacem visitou o Brasil,em março, missão de autoridades líbias. Veio conheceraspectos da experiência de desenvolvimento do Brasile inteirar-se de seu potencial econômico. Depois deobservar os principais centros industriais do país, es-teve em Brasilia tendo sido recebida no Ministério dasRelações Exteriores.A vinda ao Brasil dos autoridades Hbias representapasso de grande importôncia, no sentido de maiorcooperação Iíbio-brasileira.

lapan airlines vai operar no brasil e varigpode aumentar freqüência semanal para tóquio

Na Reunião de Consulta Aeronáutica Brasil—Japão,realizada no Rio de Janeiro de 20 a 22 de maio, asDelegações do Brasil e do Japão examinaram todos osaspectos das relações aeronáuticas entre os dois paísese, ao concluírem seus trabalhos, decidiram que a em-presa "Japan Airlines — JAL" iniciará seus serviçospara o Brasil, num futuro próximo, pela rota do Pa-cifico Sul. Por sua vez, a VARIG poderá operar umaquarta freqüência semanal para Tóquio, a partir desetembro de 1974.

brasil examina implantação de transporteintermodal

Em 21 de junho, realizou-se, no Itamaraty, em Brasí-lia, reunião do Grupo de Trabalho Interministerial, in-tegrado por representantes dos Ministérios dos Trans-portes, Fazenda, Marinha, Indústria e Comércio e daSecretaria do Planejamento e Coordenação Geral daPresidência da República, a fim de examinar os pro-blemas concernentes à implantação de transporte in-termodal, ou seja, aquele que abrange o transportede mercadorias por mais de um tipo de transporte.A introdução dos sistemas de unitização de carga, emparticular dos "containers", facilitou a operação detransporte intermodal, uma vez que permitem sua uti-lização por qualquer modalidade de transporte.O transporte intermodal está a exigir uma legislaçãoe prática uniformes, sobretudo no que tange aos as-pectos de responsabilidade e documentação, em subs-tituição à pletora atual de leis internacionais e na-

cionais. Por isso, o Conselho Econômico e Social dasNações Unidas (ECOSOC) solicitou à UNCTAD quecriasse um Grupa Intergovernamental com a finali-dade de elaborar um projeto de Convenção sobre Trans-porte Internacional Intermodal, a ser submetido à Con-ferência Plenipotenciária, convocado pela ONU.A primeira sessão desse Grupo Intergovernamentalrealizou-se, de 21 de outubro a 2 de novembra de1973, em Genebra; a segunda terá lugar, na mesmacidade, de 11 a 29 de novembro de 1974; e a terceirae última, antes da Plenipotenciária, de 25 de julhoa 15 de agosto de 1975.A participação brasileira nos foros internacianaisonde a matéria vem sendo objeto de exame está sendocoordenada pelo Itamaraty, desde 1970, através decontatos periódicos com os diversos órgãos governa-mentais e privados.

embaixador da colômbia no méxiconega noticiário sobre afirmações suasreferentes ao brasil

Com referência às declarações que o Embaixador daColômbia no México, Sr. Alvaro Uribe, teria feito eque foram objeto de recente noticiário na Imprensa,o Senhor Geraldo de Carvalho Silos, Embaixador doBrasil naquele país, recebeu, no dia 30 de maio de1974, carta datada de 27 do mesmo mês, na qual odiplomata colombiano declara:"Em nenhum parágrafo (do que foi publicado na refe-rida entrevista) aparece que eu me tivesse referidoao Brasil como potência imperialista do Século XX".E ainda: "Não me referi, em momento algum, à atualpolítica internacional do Brasil, pais vizinho da Co-lômbia, com o qual mantemos ai melhores relaçõese cujo Governo tem efetuado muitos atos de coopera-ção com o Governo de meu país, do que é testemunhoo tratamento da exportação de café, realizado pornossos dois palses em perfeita consonôncia, que temapresentado como conseqüência, o melhor dos êxitos.Junto à presente, minha informação sobre o PactoAndino ou Acordo de Cartagena, por mim apresentadaao Senado da Colômbia como Senador-relator, e emcujas páginas 15 e 16 se encontram consignadasminhas opiniões sobre o desenvolvimento brasileiro,escritas em principio da ano passado, as quais sãotestemunho prévio de minha amizade e admiração pelopovo brasileiro e pelo Brasil."

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índice

diretrizes do governo geisel. discurso do presidente da república na primeira reunião ministerial 7

presidente geisel visita bolívia. texto da saudação ao presidente hugo banzer 17

a melhor tradição do itamaraty é saber renovar-se. discurso de posse do ministro de estado dasrelações exteriores, antonio francisco azeredo da silveira 19

objetivos da revolução na política exterior. pronunciamento do ministro de estado a uma cadeianacional de rádio e televisão 23

chanceler brasileiro na oea. discurso pronunciado em atlanta perante a IV assembléia da oea 25

azeredo da silveira saúda novos diplomatas. discurso do ministro de estado das relações exteriorespor ocasião de formatura da turma de 1973 do instituto rio-branco 29

importância do projeto lagoa mirim. discurso do ministro azeredo da silveira quando da assinaturado "acordo sobre o plano de operações do projeto de desenvolvimento da lagoa mirim" 33

chanceler brasileiro prega maior cooperação entre países do prata. pronunciamento do ministrode estado no plenário da VI reunião de chanceleres da bacia do prata 35

chanceler brasileiro agradece homenagem do governo argentino. discurso do ministro de estadoao receber as insignias da "grã-cruz" da ordem do libertador general san martin" 39

políticos e diplomatas: o diálogo indispensável. discurso do ministro de estado na sessão conjuntadas comissões de relações exteriores do senado federal e da câmara dos deputados 41

brasil defende 200 milhas. texto da intervenção do delegado do brasil no debate da 111 conferência dasnações unidas sobre o direito do mar 45

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relações diplomáticas 49

relações comerciais 51

tratados, acordos e convênios

acordo sobre fornecimento de materiais a itaipu 55

brasil e bolívia firmam acordos

acordo de cooperação e complementação industrial 56

acordo de cooperação econômica 59

brasil e uruguai assinam acordo sobre o plano de operações do projeto de desenvolvimento da

bacia da lagoo mirim 59

brasil e república federal da alemanha firmam acordo para evitar a dupla tributação de renda 61

convênio itamaraty-senai 61

excertos e ênfases 63

mensagens150.° aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre os estados unidos da américa e o

brasil 65

11.° aniversário da organização da unidade africana 65

notas 67

notícias 69

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